Revista Pensamento Biocêntrico - Construção de Vínculos Inter-pessoais e Constituição de...

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05/11/2014 Pensamento Biocêntrico http://www.pensamentobiocentrico.com.br/content/ed03_art02.php 1/11 EDIÇÕES EDITORIAL CORPO EDITORIAL OUTROS SITES BIBLIOTECA VIRTUAL CONTATOS Home l Fale Conosco ISSN 1807- 8028 EDIÇÃO Nº 3 CONSTRUÇÃO DE VÍNCULOS INTER-PESSOAIS E CONSTITUIÇÃO DE GRUPOS Liane Keitel Este trabalho consiste numa revisão teórica acerca dos processos de construção de vínculos nas relações humanas e sua função no desenvolvimento afetivo dos indivíduos, e como este processo se correlaciona com a qualidade e quantidade das relações estabelecidas nos grupos. A compreensão do processo de desenvolvimento das relações interpessoais se torna importante no processo Biodanza, pois segundo Rolando Toro, a mesma se objetiva justamente a oferecer vivências de qualidade afetiva que possibilitem novas formas de contato interpessoal, fundadas no amor e na ética e, por conseguinte a médio e longo prazo possibilitar a reparentalização, reorganizando formas de estabelecer os vínculos afetivos, que advém de matrizes muito primitivas de nosso desenvolvimento psicológico. I - CONSTRUÇÃO DE VÍNCULOS INTERPESSOAIS 1.1. Contextualização histórica do Tema A vinculação humana, segundo Zazzo (1973), é observado por Bowlby e Harlow (a partir de 1958), o primeiro observou e estudou a infância humana e o segundo a infância animal, de onde surgiu a Teoria da Vinculação - como um processo que funda as relações sociais e a afetividade dos homens. Inicia-se na vinculação mãe- bebê e trata das relações de ternura e amor nos homens, como base para seu desenvolvimento. Anteriormente a isto as idéias dominantes eram de que a criança passa de um estado puramente biológico a ser social por aprendizagem. Miller, Dollard (1941 in Zazzo 1973), e Mussen e Cogar (1956 in Zazzo 1973), consideram a dependência emocional do lactente à mãe resultado de um reforço secundário , provindo da satisfação da fome e sede. A dependência física produz pouco a pouco a dependência psíquica quando a mãe é associada à satisfação das necessidades. A satisfação fisiológica é que produz emocionalmente a necessidade do outro. A Teoria Freudiana fundamenta-se no mesmo modelo: as pulsões têm por objetivo a satisfação, a redução de uma tensão. O bebê possui necessidades fisiológicas de fome e sede que necessita satisfazer, a mãe é o objeto para atingir o objetivo; o alimento. Este, ao ser fornecido ao lactente pela mãe com o tempo a torna objeto de relação, fundando um vínculo. Fromm (in Zazzo 1973) entende que estas hipóteses de Freud acerca da busca primária de prazer do lactente e do humano é uma construção produzida a partir de um modelo econômico e social, e não como algo da natureza humana: [...] o mesmo assinala o homo sexualis de Freud a uma variante do Homo economicus clássico. É o homem isolado [...] que tem de entrar em relação com outrem a fim de, reciprocamente, puderem satisfazer as suas necessidades [...]. Nos dois casos, os indivíduos continuam essencialmente estranhos uns aos outros apenas ligados pelo objetivo comum da satisfação pulsional. (1973, pág 43).

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Este trabalho consiste numa revisão teórica acerca dos processos de construçãode vínculos nas relações humanas e sua função no desenvolvimento afetivo dosindivíduos, e como este processo se correlaciona com a qualidade e quantidade das relações estabelecidas nos grupos. A compreensão do processo dedesenvolvimento das relações interpessoais se torna importante no processo Biodanza, pois segundo Rolando Toro, a mesma se objetiva justamente a oferecervivências de qualidade afetiva que possibilitem novas formas de contatointerpessoal, fundadas no amor e na ética e, por conseguinte a médio e longo prazo possibilitar a reparentalização, reorganizando formas de estabelecer osvínculos afetivos, que advém de matrizes muito primitivas de nossodesenvolvimento psicológico

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    EDIES EDITORIAL CORPO EDITORIAL OUTROS SITES BIBLIOTECA VIRTUAL CONTATOS

    Home l Fale Conosco

    ISSN 1807- 8028

    EDIO N 3

    CONSTRUO DE VNCULOS INTER-PESSOAIS E CONSTITUIO DE GRUPOSLiane Keitel

    Este trabalho consiste numa reviso terica acerca dos processos de construode vnculos nas relaes humanas e sua funo no desenvolvimento afetivo dosindivduos, e como este processo se correlaciona com a qualidade e quantidadedas relaes estabelecidas nos grupos. A compreenso do processo dedesenvolvimento das relaes interpessoais se torna importante no processoBiodanza, pois segundo Rolando Toro, a mesma se objetiva justamente a oferecervivncias de qualidade afetiva que possibilitem novas formas de contatointerpessoal, fundadas no amor e na tica e, por conseguinte a mdio e longoprazo possibilitar a reparentalizao, reorganizando formas de estabelecer osvnculos afetivos, que advm de matrizes muito primitivas de nossodesenvolvimento psicolgico.

    I - CONSTRUO DE VNCULOS INTERPESSOAIS1.1. Contextualizao histrica do TemaA vinculao humana, segundo Zazzo (1973), observado por Bowlby e Harlow (apartir de 1958), o primeiro observou e estudou a infncia humana e o segundo ainfncia animal, de onde surgiu a Teoria da Vinculao - como um processo quefunda as relaes sociais e a afetividade dos homens. Inicia-se na vinculao me-beb e trata das relaes de ternura e amor nos homens, como base para seudesenvolvimento.

    Anteriormente a isto as idias dominantes eram de que a criana passa de umestado puramente biolgico a ser social por aprendizagem. Miller, Dollard (1941 inZazzo 1973), e Mussen e Cogar (1956 in Zazzo 1973), consideram a dependnciaemocional do lactente me resultado de um reforo secundrio , provindo dasatisfao da fome e sede. A dependncia fsica produz pouco a pouco adependncia psquica quando a me associada satisfao das necessidades.A satisfao fisiolgica que produz emocionalmente a necessidade do outro.

    A Teoria Freudiana fundamenta-se no mesmo modelo: as pulses tm por objetivoa satisfao, a reduo de uma tenso. O beb possui necessidades fisiolgicasde fome e sede que necessita satisfazer, a me o objeto para atingir o objetivo; oalimento. Este, ao ser fornecido ao lactente pela me com o tempo a torna objetode relao, fundando um vnculo.

    Fromm (in Zazzo 1973) entende que estas hipteses de Freud acerca da buscaprimria de prazer do lactente e do humano uma construo produzida a partirde um modelo econmico e social, e no como algo da natureza humana:

    [...] o mesmo assinala o homo sexualis de Freud a uma variante do Homoeconomicus clssico. o homem isolado [...] que tem de entrar em relao comoutrem a fim de, reciprocamente, puderem satisfazer as suas necessidades [...].Nos dois casos, os indivduos continuam essencialmente estranhos uns aos outrosapenas ligados pelo objetivo comum da satisfao pulsional. (1973, pg 43).

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    Tambm Fairbairn e Melanie Klein a partir da Teoria das Relaes Objetaiscriticam esta posio freudiana, colocando que ... a libido essencialmentebuscadora de objetos e no de prazer... (cit in OSRIO, 1973, p. 20). Para estesautores a busca explcita de prazer uma deteriorao da conduta com fim apenasde alvio de tenso, revelando o fracasso em estabelecer uma relao satisfatria.

    Harry Harlow, em experimentos com macacos rhesus, percebeu a importncia docontato corporal com a me macaca, os macacos bebs diante de privaesrelacionais aps buscar alimentao que provinha dos macacos de arame,preferiam o contato fsico com macacos de peluche. Para Harlow (cit in BOLWBY,1984), o contato que assegura bem-estar, segurana e proteo.

    Assim assume-se teoricamente que os vnculos so necessidades primrias.Estudos antropolgicos em diferentes culturas confirmam a caracterstica gregriados humanos, que desde os primrdios vive em associaes, facilitando asegurana, a reproduo, a sexualidade e a inibio da agresso .

    1.2. Os vnculos e as Relaes Interpessoais no Desenvol-vimento Ontolgico doIndivduo Eibesfeld (1973) no encontrou nenhum grupo tnico em que as mesno abracem, acariciem e beijem seus filhos encostando seu rosto no deles. Oscomportamentos de ternura, como o abrao, o beijo, e o sorriso, desenvolvidos narelao me-filho so observados no trato entre os adultos. ... em certo modoestamos pr-programados para o amor ao prximo... (EIBESFELDT, 1973, p. 179).Zazzo sintetiza da seguinte maneira:

    [...] os etlogos, pela observao de pssaros e manferos, descobrem, nas origensdo comportamento animal, a reao de vinculao e de ternura, a necessidadeabsoluta de amor [...] assim se entrecruzam brutalmente as imagens do homem edo animal. (1973, p 28).

    Bowlby (1984) percebe que j ao nascimento h uma quantidade grande, masfinita de sistemas comportamentais estruturados para vinculao que, atravs deprocessos de aprendizagem e integrao, resultam em comportamentos sociais,que possibilitam a formao de smbolos e o desenvolvimento cultural deespantosa variedade e plasticidade.

    A vinculao um processo que se organiza a partir de pr-competncias inatasno ser humano, de recursos psquicos dos fetos e dos bebs contidos no genoma,para a interao. Estas aparecem em movimentos pr-organizados na forma dereflexos, como o sorriso, a suco, a ternura, facilitando a proximidade com a me.Este vnculo tem uma funo gentica, a de proteo para a sobrevivncia daespcie e desenvolve as relaes que possibilitam o crescimento edesenvolvimento do indivduo. Para S (1997) tambm a beleza dos bebspossibilita a proximidade, pois estes seduzem chamando ateno sobre si.

    Associando as competncias dos bebs a um ambiente com condies deadaptabilidade e disponibilidade para interao, organizam-se segundo Stern(1997), as experincias em ato das relaes me - bebe. As representaes que ame tem da maternidade, do bebe e de si mesma agregaro diferentes qualidadesafetivas a estas experincias relacionais, trazendo para esta nova relao suaprpria histria de filiao, um modelo de vinculao, de parentalizao.

    Nesta relao o corpo da me funciona como continente, que recebe o corpo dobeb como contedo, ao passo que o beb se entrega ao acolhimento. Estarelao se estabelece em diferentes posturas, ao ser sustentado, nos balanceiosem posio vertical. um processo de assimilao e, sobretudo de acomodaoentre o corpo da me e do beb, onde o beb gradualmente passa a usar sinaisesperando uma resposta da me, abrindo um espao comunicacional, de toques,contato, gritos-choros, sons olhares, sorrisos, as expresses motoras. Estacomunicao com reciprocidade tem o valor de um discurso por haver adecodificao de sinais (monlogos a dois, dilogo implcito). Leboyer apud Rolando Toro coloca que:

    Atravs do contato das mos a criana capta tudo: o nervo-sismo ou a calma, aincerteza ou a insegurana, a ternura ou a vio-lncia. Sabe se as mos o desejamou se esto indiferentes. Ou o que pior, se o recusam. Diante de mosatenciosas, afetuosas, a criana se abandona, se abre. LEBOYER, apud TORO,2002, p 146)

    Segundo Bolwby (1984), inicialmente as pr-competncias do beb para a relaoso comportamentos dirigidos a uma meta pr-fixada, atravs de padres fixos deao verificados no sugar, seguir, chorar, sorrir, focinhar, agarrar. Os mesmos somediadores do apego e facilitam a sua organizao, pois so desencadeadoresdos comportamentos maternais da me, desempenhando papel importante nasfases iniciais da interao social.

    Entre os 9 e os 18 meses desenvolvem-se sistemas comportamentais maisrefinados, os padres comportamentais corrigidos para a meta. O beb j capazde utilizar esquemas cognitivos assimilando informaes e corrigindo as aespara manter o contato desejado.

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    Atravs da interao scio-afetiva dos primeiros meses, constri-se o caminhopara o apego.

    [...] os determinantes principais do curso desenvolvido pelo comportamento deapego de uma pessoa e o padro pelo qual ele se torna organizado so asexperincias que a pessoa teve com suas figuras de apego durante seus anos deimaturidade, quando beb, criana, e adolescente [...] (BOWLBY, in MONTORO,1994, p 45).

    Mary Ainsworth, (projeto Baltimore, 1978), estudou dades me-filho recrutadasantes do nascimento e observadas durante todo primeiro ano de vida e osresultados destas pesquisas, confirmados por reaplicaes, mostram trs padrestpicos de relacionamento me-filho. Cada padro de relacionamento pressupe ainternalizao de uma organizao ou aquisio de um modelo mental no beb dedoze meses, verificando a existncia de um campo de interao me-filho comconfiguraes prprias, uma estrutura interna, e organizao de diferentescomportamentos em distintos contextos, desenvolvendo as capacidades derelaciona-mento interpessoal.

    Estes modelos de comportamento foram motivos de estudos longitudinais, que severificaram estveis ao longo do tempo. Sroufe (1983), Matas, Arend, Sroufe(1978), in Montouro, concluram que as qualidades que de incio pertencem a umarelao, e dela emergem com o passar do tempo se tornam qualidades intrnsecasdo indivduo (conforme quadro a seguir). A natureza da figura para a qual ocomportamento de apego dirigido durante a infncia tem, portanto, numerososefeitos em longo prazo.

    O processo de desenvolvimento dos vnculos, das relaes iniciais funda matrizesrepresentacionais de si do outro e do mundo, que funcionam como filtros para oestabelecimento da relao com os outros e com a realidade, expressa naafetividade.

    Afetividade pode ser definida como um conjunto de comportamentos e seus

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    processos complexos subjacentes, que criam e sustentam as relaes sociaisindividuais, ligando entre si os membros de uma espcie. O termo afetividadeimplica que existam certos fatores comuns entre todos estes laos de afetividadesocial, mas tambm que cada uma destas afetividades aja parcialmente segundovariveis diferentes. (Zazzo, pg 47)

    Harlow (1974), descreve distintas afetividades, como sistemas de afetointerpessoal que se desenvolvem a partir vinculao me-beb.

    O ambiente, e sua capacidade de prover relaes de qualidade e quantidade essencial para o desenvolvimento social afetivo e cognitivo do indivduo. Apossibilidade materna de prover calor e receptividade no incio da vida possibilita odesenvolvimento interno de sensaes de confiana bsica, denominado porMelanie Klein de ncleo de bondade do self, ao passo que a falta pode predisporao isolamento autstico em idade posterior. Decorrente para Winnicott (1988): [...] Aincapacidade materna de se adaptar na fase mais inicial no produz mais que umaaniquilao do self do beb [...] (p. 496). Com o desenvolvimento neuropsicomotorda criana, ela precisa ser encorajada pelas figuras paternas, a buscar e explorar oambiente circundante.

    Assim, as relaes de apego, desenvolvidas a partir dos vnculos parentais iniciaispossibilitam o desenvolvimento scio-afetivo do ser humano, e tambm dematrizes de dificuldades scio-afetivas.Segundo Lebovici (1989) vrios fatores podem funcionar como desencadeadoresde perturbaes nas relaes precoces, o que implica na internalizao dedeterminadas matrizes vinculares, que funcionaro como base para oestabelecimento de novas relaes.Keitel (1998), em estudo realizado acerca das interaes precoces em relaesme bebs, onde estes possuam atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor,verificou a estruturao de vnculos que possuem uma qualidade potencializadorado desenvolvimento, da mesma maneira que em determinadas configuraesrelacionais, as mes no so capazes de mediar adequadamente a evoluo dospotenciais dos seus filhos.

    As relaes de apego, desenvolvidas a partir dos vnculos parentais iniciais,fundam matrizes para interaes sociais e as distintas formas do homem viver ocoletivo.

    1.3. As Relaes Interpessoais e os GruposO ser humano um animal gregrio. No pode evitar ser membro de um grupo,ainda naqueles casos em que sua pertinncia ao grupo consista em comportar-sede um modo que d a sensao de no pertencer a grupo algum. As experinciasgrupais so as que permitem observar as caractersticas polticas do ser humanono porque estas sejam criadas neste momento, mas sim porque necessrio quehaja um grupo reunido para que estas caractersticas possam se manifestar [...]Bion sustenta o ponto de vista de que nenhum indivduo, ainda que esteja isolado,pode ser considerado como marginal em relao a um grupo. (BION, inGRINGBERG, 1973, p 19).

    A primeira vivncia grupal do indivduo acontece em sua famlia , de onde vm osprimeiros contatos interpessoais. A qualidade destes contatos e suaspeculiaridades so de profunda importncia para o desenvolvimento de novasrelaes. Segundo Bion (1973), as ansiedades internalizadas a partir destasvivncias podem ser reativadas em muitas situaes adultas atravs do contatocom grupos. O encontro no grupo significa confrontar-se com o dilema de evoluir ediferenciar-se enfrentando os temores desta evoluo e o enfrentamento deansiedades reativadas.

    Bion (1975), ao estudar grupos coloca da necessidade de um exame maisprofundo da estrutura dos grupos, pelas relaes interpessoais estabelecidas, daao recproca das foras dentro deles, e de sua vida emocional.No seu livro Experincias com Grupos (1975) coloca sobre distintas formas de

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    funcionamento dos grupos definindo grupos de trabalho e grupos de supostosbsicos.

    Qualquer grupo que se rene assumindo coletivamente objetivos e viabilizandoatividades/tarefas para a concretizao destes objetivos, Bion denomina grupos detrabalho, os quais funcionam com bom esprito de grupo, demandam as seguintescaractersticas:

    Propsito comum em vencer um desafio, defender e nutrir um ideal ou umaconstruo criativa no campo das relaes sociais ou das comunidades fsicas.Reconhecimento comum, por parte dos membros do grupo, dos limites deste e suaposio e funo em relao s unidades ou grupos maiores.

    Capacidade de absorver novos membros e perder outros, sem medo de perder aindividualidade grupal o carter grupal, deve ser flexvel.

    Liberdade dos subgrupos internos de terem limites rgidos. Se um subgrupo achar-se presente, ele no deve ser centrado em nenhum de seus membros nem em siprprio, tratando os outros membros do grupo principal como se eles no fizessemparte da principal barreira grupal, o valor do subgrupo para o funcionamento dogrupo principal deve ser reconhecido.

    Os membros individuais so valorizados por sua contribuio ao grupo e possuemliberdade de movimento dentro dele, com sua liberdade de locomoo sendolimitada apenas pelas condies aceitas, esperadas e impostas pelo grupo.

    O grupo deve ter a capacidade de enfrentar o descontentamento dentre o de si epossuir meios de tratar com ele.

    O tamanho mnimo de um grupo trs, dois membros tm relaes pessoais.Grupos incapazes de enfrentar as tenses emocionais surgidas, Bion coloca comogrupos que funcionam a partir de uma Mentalidade Grupal definida por SupostosBsicos. Entende Mentalidade Grupal como uma atividade mental que se produzquando as pessoas se renem em grupos, fazendo o grupo funcionar em muitasoportunidades como uma unidade. O interjogo entre a mentalidade grupal e osdesejos do indivduo, a conduta dos integrantes do grupo, os papis quedesempenham, os lderes que atuam, e o comportamento do grupo comototalidade a Cultura de Grupo.

    A organizao que o grupo adota em determinado momento surge do conflito entrea vontade coletiva annima e inconsciente e os desejos e necessidadesindividuais.

    Suposto Bsico a qualificao da mentalidade grupal; o continente de todas ascontribuies feitas pelos membros do grupo, um continente de emoes intensase de origem primitiva, que determina a organizao que o grupo adota e o modopelo qual encara a tarefa que deve realizar. As suposies bsicas soinconscientes e muitas vezes opostas s opinies conscientes e racionais dosmembros que compem o grupo.

    O supostos bsicos so o equivalente para o grupo, de fantasias onipotentes arespeito do modo pelo qual sero resolvidas suas dificuldades, as tcnicasutilizadas para evitar a frustrao so mgicas, ao invs de criar abertura para oaprendizado pela experincia que muitas vezes implica dor, esforo, e contato coma realidade. A suposio bsica que as pessoas se renem em grupo para finsde preservao do grupo (Bion, 1975, pg 55), nesta cultura os grupos utilizamtcnicas de autopreservao, a luta e fuga, e a formao de pares onde oacasalamento tambm funciona como fins da preservao da espcie.

    Os supostos bsicos funcionam ao redor de emoes que implicam no temor deser destrudo ou de ter destrudo.

    O temor de ser destrudo de estar numa situao de ameaa implica em umacultura de grupo com comportamentos sob o instinto de luta e fuga. Neste supostobsico existe uma convico grupal de que existe um inimigo, que necessrioatacar ou fugir dele. O objeto mau externo, e a nica atividade defensiva diantedele consiste em destru-lo (ataque) ou evita-lo (fugir).

    O temor de ter destrudo se v cultura de grupo com atitudes baseadas nadependncia e no acasalamento. No suposto bsico de dependncia o gruposustenta a convico de que est reunido para que algum proveja a satisfao detodas as suas necessidades, e de todos os seus desejos, algum de quem o grupodepende de uma forma absoluta, que d segurana ao grupo. O suposto bsico deacasalamento vive sob uma crena coletiva e inconsciente, de que qualquer quesejam os problemas e necessidades atuais do grupo, um fato futuro ou um serainda por nascer, os resolver, h esperana. O importante neste estadoemocional a idia de futuro, e no a resoluo do presente. Muitas vezes aesperana colocada num par cujo filho ainda no concebido, como sendo osalvador do grupo.

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    Bion coloca que, grupos com funcionamento mental baseado numa cultura degrupo de suposto bsico organizam-se apresentando futilidade nas suasconversas, possuem um desempenho quase despido de contedo intelectual, eainda as suposies de alguns elementos passam incontestadas, comodeclarao dos fatos, e so aceitas como tal, parece claro que o juzo crtico acha-se quase inteiramente ausente.

    O grupo essencial para a realizao da vida do homem, e vida mental do grupo essencial para a vida integral do indivduo inteiramente parte de qualquernecessidade temporria ou especfica, e que a satisfao dessa necessidade temde ser buscada atravs da filiao a um grupo, da mesma maneira que necessrio procurar As causas do fracasso do grupo em conceder ao indivduouma vida plena. Esta satisfao depender da cultura do grupo.

    O grupo potencialmente capaz de suprir ao indivduo com a satisfao de umcerto nmero de necessidades de sua vida men-tal que s podem ser fornecidaspor um grupo. (Bion 1975, p 47).

    Enquanto que a frustrao causada pelo grupo tanto maior quanto maior for aexpresso num grupo de impulsos que os indiv-duos desejam satisfazeranonimamente, os quais se encontram inconscientemente projetados na rea daMentalidade de Grupo.

    Grupos com funcionamento de grupos de trabalho estabelecem entre si umarelao continente sendo capazes de operar com pacincia sobre as experinciasemocionais de angstia e sofrimento at chegar a uma nova significao e, porconseguinte, a novos nveis de integrao. Esta forma de funcionamento secorrelaciona com uma prevalncia de matrizes vinculares de confiana, fundadasna prevalncia do positivo sobre o negativo.

    Situaes em que a mentalidade do grupo permanece intoxicada por emoesdesintegradoras, no sendo o grupo capaz de aliviar os estados de angstias e darproteo aos seus objetivos e atividades, se potencializam estados afetivos, queincapacitam os indivduos de dar sentido as experincias vividas, gerandofrustrao e dio, que se direciona com violncia a realidade interna e externa,dificultando o desenvolvimento da conscincia e o crescimento mental. Esta formade funcionamento se correlaciona com a personalidade psictica, havendo umaprevalncia de matrizes vinculares fundadas no medo, abandono e nos objetosmaus.

    A intensidade com que cada forma de funcionamento vivenciada e internalizadadefinir padres de integrao e crescimento dos grupos. Grupos incapazes deenfrentar tenses so grupos com continente afetivo frgil para dar proteo e sercapaz de dar sentido as vivncias.

    II. A BIODANZA NUM GRUPO UNIVERSITRIO 2.1. Uma breve discusso a partir da utilizao simultnea de Biodanza e aabordagem de grupos de Wilfred Bion

    Trago aqui algumas questes baseadas em observaes realizadas em2001/2002, durante o estgio da Formao em Biodanza Escola/Espumoso RS,utilizando o sistema Biodanza nas aulas de Vivncias do curso de Enfermagem daUnochapeco de Chapec/SC.

    A Biodanza busca estimular diferentes maneiras de convvio, j quenecessariamente trabalha com o grupo, e no qualquer grupo, mas um grupoque se encontre no amor, no resgate da afetividade. No encontro com o outrofundado no afeto, na ternura, no belo e, portanto, no tico, Cria-se uma basevincular positiva para o encontro consigo mesmo e o desenvolvimento dospotenciais de vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendncia decada um. Para que isto acontece o grupo pode assumir distintas funes segundo

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    a fase do desenvolvimento da sesso, a partir da fora indutora da msica e aseqncias dos exerccios.

    O encontro consigo mesmo a todo o momento flui para o encontro com o outro eo encontro com o outro revela o consigo mesmo em grande emoo esensibilidade como a mais linda das canes.

    Em sesses de Biodanza o grupo levado a se sensibilizar atravs da msica, domovimento, e situaes de encontro formar um continente afetivo, que recebe eintegra a todos os participantes possibilitando vivncias que funcionem segundoRolando Toro como uma matriz de renascimentos, se encontrando ereencontrando no amor o que nos fundamenta como humanos.O grupo um biogerador, um centro gerador de vida. A concentrao de energiaconvergente dentro do grupo produz um potencial maior que a soma das partes.Esta energia biolgica compromete a unidade do organismo. Cria-se um campomagntico que se refletem e projetam emoes, desejos e sensaes fsicas degrande intensidade, se produz uma percepo da essncia das outras pessoas,com isso um novo modo de identificao. A atmosfera que cria quando o grupoalcana um nvel bsico de integrao, de um mundo sem barreiras, em que aspessoas no representam um limite real da expresso interior. Esta atmosferapermite que os corpos se deixem tocar pela presena e potencial do outro, quemanifestem emoes integradoras de grande intensidade. (TORO, Apostila daFormao).

    As vivncias em grupo tm o intuito de desenvolver a afetividade e pelodesenvolvimento da afetividade criar novas formas de convvio em grupo. RolandoToro coloca que em funo da afetividade se possibilita:

    [...] um estado de afinidade profunda frente aos seres, capaz de originarsentimentos de amor, amizade, altrusmo, maternidade, paternidade,companheirismo, e tambm sentimentos de raiva, insegurana, medo [...].Possibilitando a identificao com outras pessoas, sendo capaz de compreende-las, am-las e proteg-las, no entanto tambm rejeit-las ou agredi-las. (Toro,Apostilas de Formao em Biodanza).

    Para Toro , a afetividade est profundamente enraizada na Identidade, sendo queas pessoas com identidade frgil tm dificuldades de amar, tm medo dadiversidade, dos vnculos com outras pessoas e so defensivas, no conseguemse identificar com o outro, h medo da diversidade pela insegurana eliciada pelosestranhos. O outro no visto como semelhante.

    Pela patologia da linha da afetividade verificamos a expanso da destrutividade,da discriminao social, do racismo, da injustia, dos impulsos autodestrutivos, edo relativismo tico.

    Outra questo importante que envolve a afetividade das pessoas sua capacidadede vincular-se a tudo que est vivo, possibilitado por experincias de expanso daconscincia. Uma precria conscincia da totalidade define pessoas que vivemgirando em torno de conflitos miserveis.

    Um terceiro aspecto que tm haver com o desenvolvimento da afetividade aqualidade da comunicao que acompanha as relaes interpessoais. H formasde comunicao semntica, de transmisso dos fatos cotidianos acompanhadacom frases de gentilezas. Tambm existe uma comunicao sutil que acompanhatom de sinceridade, de compreenso ntima que comunica alm das palavras comintensidade, calor, sensaes, que fala com a alma no com o intelecto. Asdificuldades de expresso dificultam a aproximao.

    Segundo Toro , alguns indivduos podem se aproximar nas situaes de encontrocom uma expresso feliz ou reservada, comunicando-se atravs de mscaras esimulaes, ou criando vnculos atravs do olhar. A busca deste vnculo pode seratravs de um rosto tenso, indiferente, vazio, ou evasivo, que busca no alto, no ar,mostrando uma no presena. Para Toro esto no sorriso e no olhar as chaves deum vnculo interior.

    Alm das dificuldades nos encontros enquanto embotamento afetivo, tambm adesqualificao uma patologia da convivncia, assassinando as possibilidadesdo ser.

    Para Toro a patologia da afetividade define a destrutividade, a discriminaosocial, o racismo, a injustia, os impulsos autodestrutivos, o relativismo tico, aconscincia reduzida acerca do mundo, dificuldades nos encontros entre aspessoas e o estabelecimento de vnculos de intimidade, com uma comunicaoque reconhea e valorize a presena do outro. Entendemos que estas formas defuncionamento implicam a internalizao de determinadas matrizes vinculares apartir de vivncias infantis, que definem reaes emocionais atravs de funesneuroendcrinas, num nvel orgnico, e tendncias afetivas adultas de amor e diointernalizadas atravs de vivncias infantis . Segundo Toro o contexto social podedesencadear respostas agressivas nas massas.

    Entendemos que nos grupos de supostos bsicos propostos por Bion h uma

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    potencializao das dificuldades na linha da afetividade conforme descreve Toro,onde as caractersticas de funcionamento so de dificuldades de contato, decomunicao nos distintos nveis, com dificuldades bsicas de integrao para queo grupo possa criar um campo magntico, produzindo emoes, desejos esensaes que facilitem uma percepo da essncia das outras pessoas, e comisso um novo modo de funcionamento. Enquanto que um grupo de trabalho denotaencontros de indivduos com um adequado desenvolvimento afetivo, capaz daexpresso de sua identidade atravs de comunicao espontnea, sincera entima que reconhece e capaz de qualificar.

    Quando um grupo j vem de uma histria com conflitos mal administrados, mgoase decepes no elaboradas que se constituram em esteretipos relacionais,aconteceram muito mais dificuldades quanto introduo da abordagem daBiodanza, verificando a partir do envolvimento com as atividades propostas, dasrelaes entre os membros dos grupos e da relao estabelecida conosco, formasde funcionamento, nos grupos, com caractersticas dos grupos de suposto bsicode Bion, onde acontecem:

    - Dificuldades no grupo em enfrentar tenses emocionais surgidas.

    - Ambivalncia na realizao das atividades propostas atravs dosexerccios/vivncias.

    - Dificuldades dos indivduos em administrar o interjogo entre seus desejospessoais e os desejos do grupo.

    - Fragilidade na atitude reflexiva para resolver os problemas do grupo.Os problemas so resolvidos por tcnicas que Bion denomina de autopreservao,luta, fuga e a formao de pares. A evitao se verifica nos grupos quando osmembros se afastam atravs do silncio, das sadas, e da falta de ateno assituaes de aprendizagem e aos outros. Enquanto que o ataque visto ematitudes constantes de ataque as tarefas, a alguma situao e ou pessoa(s) tantode sala aula como externos que se sobrepem possibilidade de lidar com assituaes do momento com abertura para aprender com a experincia.O dilogo dificultado, as suposies sobre fatos, ou de uma pessoa aceitacomo tal, sem maiores questionamentos, diminuindo a participao da totalidadedo grupo. Viu-se isto em uma das turmas quando quatro pessoas defendem aposio de que completamente desnecessrio aulas para trabalhar o desenvolvi-mento pessoal j que a turma no teria dificuldades e que as mesmas sotremenda bobagem, neste dia a turma no aceita participar de atividades. Somenteem outro encontro quando se coloca a posio dos demais professoras acerca dasdificuldades de relacionamento dos grupos de estgio que outros alunos seposicionam e colocam que h problemas de relaes interpessoais e neste diatodo grupo participa prontamente das atividades. Em vrios momentos algumatemtica especfica trazida por algum do grupo como algo de todos se polemiza edificulta a evoluo para outras atividades.

    Verificam-se dificuldades em realizar leituras de realidade contextualizadas,entender a inter-relao das coisas. (Claro que isto conseqncia da nossahistria e educao positivista).

    A expresso de sentimentos acontece com intensidade nos momentos de ataque aalgum ou alguma situao, no entanto sentimentos como ternura, afeto, e choro,so reprimidas. Quando algum se emociona geralmente busca sair da atividade,ou at da sala. Percebe-se no grupo uma fragilidade em ser continente afetivo paraseus membros.

    A ateno muitas vezes autocentrada, verificam-se dificuldades em ouvir osoutros, realizar exerccios em dupla, colocar ateno no movimento conjunto, e ocontato facilmente rompido, impacincia diante de atividades que no secentralizam em seu prprio problema.

    O interesse pela discusso das situaes, dos problemas, de necessidades emclima de envolvimento e tenso emocional intenso, no entanto quando surgealguma alternativa/possibilidade de soluo, h grande dificuldade em semobilizar para a realizao das aes.

    Facilmente cria-se uma expectativa de que algo externo seja provedor do bemestar dos indivduos e ou grupo, mantendo-se com a Instituio e/ou professores eoutros esta expectativa, por exemplo, diante de situaes pessoais de horrios. Situaes em que o grupo consegue realizar atividades com maior integrao ecom qualidade comunicacional, podem ser seguidas facilmente com um padro defuncionamento anterior.

    Podemos dizer, baseado em Toro que estas condutas, so equivalentes daexpresso da patologia da linha da afetividade, com uma preponderncia deacordo com Bion de dificuldades num nvel bsico de integrao .

    Nestes grupos segundo Bion (1975), acontece uma acentuada incapacidade porparte dos indivduos no grupo de acreditar que se tenha possibilidade de aprender

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    algo de valor com o outro, a expectativa de que algum num patamar superiorpossa ter algo a ensinar, no h f em aprender pela experincia, pela vivncia,ressaltando um dio ao processo de desenvolvimento.

    Quando as condutas citadas acima foram com mais intensidade, torna-se maisdelicado em muitos momentos envolver um grupo na perspectiva da Biodanzacomo mediao do desenvolvimento pessoal. Os exerccios de Biodanza buscamna troca, no encontro trazer experincias de desenvolvimento. A partir destasquestes possvel entender o motivo da desqualificao em alguns momentosdas situaes de encontros. Percebendo que em muitos momentos exercciosindividuais, de contato mais intenso consigo mesmo facilita a liberdade de viver aexperincia, e a entrega vivncia, enquanto que exerccios de dupla, de contatocom o outro leva mais facilmente um grupo sair de vivncias, e trazendo o grupopara estereotipias, pela fala ou por brincadeiras.

    Observamos que, o envolvimento nas aulas de Biodanza est diretamenterelacionado com o funcionamento mental dos grupos. Quanto mais caractersticasde funcionamento mental de suposto bsico, com mecanismos de luta e fuga oudependncia maior a dificuldade com as atividades.

    A Biodanza se traduz em uma perspectiva terica metodol-gica totalmenteexperiencial vivencial realizada em grupo que necessita do envolvimento e daparticipao de seus membros para que se alcancem os objetivos de estimulaodos potenciais humanos. De acordo com Bion (1991), um grupo capaz de seorganizar para alcanar objetivos comuns assumindo no seu coletivo as tarefasinerentes, e isto um grupo que funciona como grupo de trabalho. Trabalhar com Biodanza criar estratgias que possam levar o coletivo a funcionarcomo grupo de trabalho, assumindo no espao coletivo, o crescimento pessoal egrupal atravs da construo coletiva, a integrao afetiva das pessoas, oaprender pela experincia. Entendendo que a Biodanza uma metodologia quepermite a realizao destas propostas. Para isto preciso romper com a culturauniversitria, e conceitos de aprendizagem vigente.

    O rompimento destas concepes fundamental para que as pessoas consigamse envolver com qualidade e quantidade numa sesso de Biodanza, das relaesinterpessoais, isto tambm romper com um modelo social e econmico neoliberalvigente. Tambm preciso assumir o envolvimento com uma proposta dedesenvolvimento pessoal, pelas pessoas e das Instituies como um todo. Transformar estas concepes nos grupos de supostos bsicos tm haver com orompimento das prprias concepes criadas para a proteo contra os medosprimitivos inconscientes da dor e o dilema em evoluir e diferenciar-se. Contatar-see contatar com o outro justamente contatar o que se evita ou se ataca para criarproteo. Ao passo que a abordagem da Biodanza prope, assim como os estudosacerca da vinculao trazidos anteriormente neste estudo, que a proteo est naintimidade do colo continente do outro, num resgate consigo mesmo nesta paz.

    Trabalhar com o modelo terico da Biodanza com grupos em Instituies quemuitas vezes j tem uma histria, e esta em muitas situaes foi histria dedesencontros, de mgoas, de impossibilidade de desenvolvimento criando aconfirmao da falta, enquanto facilitador, lidar com o paradoxo de possuir emsua mo uma abordagem terica metodolgica construda para oferecer aspessoas vivncias que as possibilitem resgatar o desenvolvimento afetivo, adimenso do ser e do conviver pelo afetivo, pelo ser e pelo conviver, exatamente oque em determinadas grupos o que mais assusta.

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    OUTROS ARTIGOS

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