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Volkswagen do Brasil

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Novo FOX

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A revista Palavra Sonora foi criada para informar, entreter e inspirar os amantes da música.

Expediente

Jornalista responsável: Moacir Assunção.

Editoras: Patrícia Silva e Mayara Franzini.

Equipe de reportagem: Ana Paula Teles, Elaine Barbosa, Liliane Rodrigues, Mayara Franzini, Paloma Corte, Patrícia Silva, Talita Ribeiro e Vinicius

Cordoni.

Editor de arte: Caio Melzer.

Administrador financeiro: Vinicius Cordoni

Colaboradores: Adriana Rota, Vinicius Dias, Fabiano Estanislau, Renato Gilioli,

Samuel Barreto e Guilherme Bucheb.

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crônicawoodstock

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Ligeiro, ele observa atentamente, por baixo da mesa, o armário da cozinha. Seus olhinhos bril-ham ao vislumbrarem o maravilhoso armário branco, cheio de panelas, as mais variadas possíveis, grandes e pequenas, panelas de pressão e bules. Sente um pouco de medo, mas logo passa. Coça o cabelinho cacheado, quer fazer uma traquinagem, sabe que irá apanhar no final das contas, mas isso, neste momento, não lhe parece relevante. Arrasta uma cadeira que está próxima à mesa evitando fazer barulho, mas acidentalmente der-ruba um copo de plástico. Os olhinhos se arregalam de medo quando do outro cômodo surge a voz alta:- Que foi isso?- Nada não mãe!- “Nada não”, pois eu ouvi um barulho aí na cozinha. Que você “tá” aprontando rapazinho!- Nada mãe, foi só um copo que caiu no chão.- Ah! - Ufa! Respira aliviado.A empreitada ainda não acabou, empurra a cadeira até encostar na borda do armário, sobe nela procurando fazer o mínimo de barulho possível, se equilibra com cuidado para não cair; sabe que se cair, além do dolorido tombo, também receberá uma surra. Fica atento à porta do outro cô-modo, a mãe ou um dos irmãos mais velhos pode aparecer a qualquer momento, e aí será o fim dos seus planos.Abre lentamente a porta do armário e de imediato avista o objeto de sua procura, na verdade, os objetos, duas tampas de panela. São tampas comuns, mas para este menininho são as mais lindas do mundo. O alumínio reluz o castanho de seus olhos brilhantes. Ele não hesita e pega as duas tampas com rapidez, dá um pulo da cadeira ao chão e sai correndo. Da sala, a mãe ouve o barulho e vai à coz-inha ver o que acontece, deixa de lado as costuras e o “Vale a Pena, Ver de Novo”, e isto, diga-se de passagem, já lhe deixa bem brava.Ela observa o armário aberto, as panelas desorganizadas e cadeira fora de lugar e entende a cena. Vai até a porta da cozinha e olha a escada que dá para a rua. Qual não é a sua surpresa ao ver o traquinas, nos últimos degraus, com as tampas nas mãozinhas.Ao perceber que foi descoberto ele foge, corre pela rua descalço como está, sabe que quando voltar irá tomar uma surra daquelas, mas se ficar ali também irá apanhar, por isso a única solução que lhe parece plausível é correr.Você pensa, leitor, que a mãe, ao ver isso, deixou o garoto correr pela rua com a tampa das pan-elas nas mãos? Se enganou, pois se assim o fizesse, não seria uma mãe de verdade. Ela passou a mão num chinelo velho e disparou atrás dele mais rápida que o Jaspion:- Volta aqui “cas” minhas “tampa” seu “muleque”!Mas o menino já estava longe.- Ele vai ter que voltar pra jantar! E quando voltar... Conseguiu. Está livre das chineladas, pelo menos por enquanto, e agora segue para um terreno baldio na rua de trás, onde estão outros tantos meninos e meninas. As crianças, ao avistá-lo, começam a celebrar de alegria.- Chegou! Chegou!Um dos garotos tinha nas mãos uma lata de “Nescau” cheia de bolinhas de gude, outro havia enchido uma garrafa pet com areia; uma menina segurava uma folha de metal, que ao ser agitada ressoava como trovão; um carequinha assoprava um apito; a lata de tinta vazia, de ponta cabeça, virou atabaque; a vasilha com grãos de feijão se transformou num chocalho; e o nosso amigo batia as tampas das panelas. Era a farra da criançada e a alegria corria solta.Quem passasse por ali naquela tarde imaginaria se tratar de uma bagunça de moleques, mas para os pequenos que brincavam naquela ciranda era uma verdadeira orquestra. Samuel Barreto é estudante de jornalismo da Universidade São Judas Tadeu.

O Ladrão de Tampaspor Samuel Barreto

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Tudo o que você precisa saber sobre

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Escobore, 24 anos, recém-formado pelo Departamento de Música da Universi-dade de São Paulo (USP). Há exatos 40 anos, durante três dias de muita música e paz ocorria em uma cidadezinha de Nova York, o Festival de Woodstock, ou como é popular-mente chamado, Woodstock.

Não sendo apenas um simples evento musical e tendo hippies e jovens como adep-tos, “o concerto ao ar livre” marcou sua época, e para compreender sua história é preciso uma viagem ao tempo.

Realizado na cidade de Bethel, em 1969, dia 15 de agosto, o festival atraiu cer-ca de um milhão de pessoas. Eram jovens repletos de ideologias, movidos pelo slogan “três dias de música e paz” que por meio do comportamento alternativo buscavam lutar contra a Guerra do Vietnã. Assim, no inicio dos anos 70 surgia a era hippie e a contracul-tura.

Woodstock superou expectativas e foi considerado um verdadeiro fenômeno artísti-co. Mais de 30 dos principais nomes da música dos anos 60 se apresentaram, dentre eles os legendários da música, como Jimmy Hendrix, Janis Joplin, The Who, Joan Baez e Santana, nomes que mudaram a história da música mundial.

Mesmo considerado um investimento ar-riscado, o projeto foi montado tendo em vista o retorno financeiro. Nem mesmo seus organi-zadores esperavam tanta gente em Bethel-Woodstock. A festa era apenas uma celebração hippie, que apenas contaria com a presença de algumas pessoas e bandas. Porém, devido a alguns fatores da época, como a guerra do Vietnã que oprimia os cidadãos americanos, o evento tomou gigantescas proporções. Ho-mens e mulheres compareceram derrubando cercas, o que tornou o festival, antes restrito, em um show aberto ao público.

Woodstock conseguiu concretizar sua

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wood

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stock

proposta de um fim de semana de paz e músi-ca, e ganhou posição como um marco histórico e cultural, por seu caráter libertário e inova-dor. Assim, a visibilidade maior do aconteci-mento se deu pela atitude

Entretanto, qual é a real herança deix-ada pelo festival à moda? De fato, o começo dos olhares para a vestimenta hippie iniciou-se em Woodstock, o que representou com ex-celência a cultura jovem e determinante da época.

Essas roupas, de estilo casual, inde-terminada, influenciadas pela liberdade de expressão tornaram-se um símbolo dessa ger-ação.

Embora tenha tornado mítico o slogan “paz e amor”, o evento mostrou que havia uma enorme demanda de público para a in-dústria do rock e isso não passou despercebido das confecções de roupas e de todos os outros setores que estivessem (ou não) relacionados

com a música. Tanto que, mesmo passados 40 anos, ainda surgem no mercado produtos que remetem ao evento, como DVDs e CDs com as trilhas originais e relançamentos de artistas que se apresentaram no primeiro Woodstock.

Viva Sociedade Alternativa No cenário brasileiro, um grande destaque da música em lembrança ao festival do início dos anos 70, é o cantor e composi-tor Raul Seixas, que levava a proposta místico-liberal ao público, com ritmos como Sociedade Alternativa, de 1974. Mesmo após a sua morte, Raul é considerado um ícone do rock nacional e é tido como o símbolo da contracultura, o que faz com que sua obra tenha uma grande reper-cussão até hoje.

Ainda segundo Escobare, “Se considerar-mos que a história parece crescer a cada vez que é relatada, fica difícil avaliar qual foi o im-pacto real de Woodstock sobre nossa história cultural. Não estou dizendo que deve dizer, da

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por Ana Paula Teles

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música em geral, como forma de manifestação da sociedade, mas o conceito de contracultura da época acabou se refletindo nas gerações posteriores de uma maneira tão diferente da pro-posta inicial que não dá para dizer que tenha sido o marco primário de alguma coisa”.

Para milhares de pessoas, o evento de Woodstock foi o ambiente e o contexto propulsor da tentativa de se disseminar ao mundo os poderes da paz, do amor e da música universal.

“Tantos adultos reunidos naquelas condições, sem comida ou segurança poderiam resultar em grandes problemas. Mas todo mundo se uniu e se comportou de maneira respeitosa e gen-til. Era mesmo algo que merecia ser visto. Era uma verdadeira comunidade de ideais hippies, mesmo que muitos dos garotos presentes só fossem hippies naquele final de semana”, declara William Melo, 21 anos de idade, estudante de jornalismo da Universidade Cásper Líbero.

As discussões sobre a importância deste acontecimento musical persistem, mesmo qua-tro décadas depois. E até hoje o evento divide opiniões. Muitos dizem que o festival foi o fim de toda a ingenuidade que cercava os anos 60. Outros afirmam que foi o apogeu de todas as mudanças sociais. No entanto, todos concordam com uma coisa, que o Woodstock foi um marco importante não só para a história da música, mas também para a história do homem.

Confira alguns livros que tratam do Festival de Woodstock

Woodstock de Pete FornataleA publicação conta com depoimentos de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Joe Cocker, Jerry Garcia, Joan Baez Santana e outros...

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tilo foi Waldick Soriano, já nas décadas de 1950 e 1960. O principal sucesso de Soriano foi “Eu não sou Cachorro não”.

Muitos cantores também seguiram essa temática “romântica”, pelos ritmos, samba-canção e bolero, e que se fundiram num fenômeno de grande popularidade, nas chamadas serestas, nas vozes de can-tores como Anísio Silva, Nelson Ned e Ag-naldo Timóteo.

Podemos dizer que o movimento Brega teve três fases, a primeira nas deca-das de 60 e 70, a segunda nas decadas de 80 até 2000, e hoje vivemos a terceira fase com a introdução de instrumentos de out-ros ritmos, como a guitarra e bateria.

Em uma balada na Vila Olímpia foi feito um levantamento de quantos jovens com idade aproximada entre 18 a 25 anos, gostam de ouvir o famoso som Brega nas baladas.O resultado foi surpreendente a cada 10 jovens 9 se divertem ouvindo o som.”É gostoso ouvir as músicas bregas, a alegria ressurge, parece um alucinógeno,

a música toca você se solta”, afirma o es-tudante de publicidade André Machado, de 22 anos.

Os DJs também opinaram sobre o assunto,“Em casamentos e festinhas de 15 anos, é um dos ritmos mais pedidos, e quando tocamos a alegria contagia o salão”, comenta o DJ Diego Silvério, de 28 anos, que atualmente faz o som das bala-das da Vila Madalena.

Hoje em dia já existem baladas especializadas em músicas brega, como é o caso da “TRASH 80”, a balada reune aproximadamente 300 pessoas por noite, o público alvo varia entre pessoas de 30 a 56 anos, “É um tipo de balada diferente, quem vem não espera apenas o brega para se divertir, mas sim para lembrar os tem-pos de adolescência” conclui o empresário e dono da balada Sérgio Soares, que com 42 anos de idade também se diverte todas as noites.

Confira o top 10 feito pela nossa re-vista, das músicas bregas mais tocadas nas baladas de São Paulo.

1 - Garçom - Reginaldo Rossi2 - Sandra Rosa Madalena-Sidney Magal3 - Pare o mundo que eu quero descer - Silvio Brito4 - Severina chic chic - Genival Lacerda5 - Vem fazer glu-glu - Sergio Malandro6 - Risca faca - Pepe moreno7 - Adocica - Beto Barbosa8 - Uma Vida Só (Pare De Tomar A Pílula) - Odair José9 - Princesa - Amado Batista10 - A raposa e as uvas - Reginaldo Rossi

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Quantas vezes, independente do nosso estilo musical, não nos pegamos cantando uma música brega? No carro, no ônibus indo ao serviço, nos deveres domés-ticos, muitas vezes soltamos um “comprei um quilo de farinha, pra fazer farofa” ou até mesmo “isto me dá tic tic nervoso”, é só um exemplo de como a música brega está no nosso cotidiano.

O brega tradicional é característico pela música com melodias fortes, geral-mente tratando de temas como declaração de amor, casamento, traição, desilusões amorosas, entre outros assuntos. Muitos artistas usam o brega em um tom humor-ístico, geralmente com letras de duplo-sentido ou fazendo sátira do cotidiano. O nome “brega” é motivo de controvérsia no meio musical. Muitos artistas rejeitam esse rótulo, outros assumem com maior fa-cilidade

A palavra brega deriva-se da Rua Manuel da Nóbrega, em Salvador, rua esta que ficava em uma região do mer-etrício da capital baiana. Com o tempo, a primeira sílaba da placa com o nome da rua foi ficando corroída e as pessoas pas-

saram a se referir aos prostíbulos dessa região como “brega”. A partir disso, o ter-mo se espalhou e, até os anos 1970, tinha também o sentido de “desordem”, “con-fusão”, através de expressões como: “isto aqui está o maior brega!”, “que brega é esse?”, associando um ambiente, ou situ-ação qualquer, ao caos de um “brega” . No início dos anos 1980, o compositor Eduardo Dusek, depois de uma passagem por Salva-dor, usou a expressão na composição “E o Vento Levou Black”, mas conhecida como “Brega-Chic”, porém com um sentido dif-erente da gíria baiana: no novo sucesso de Dusek, a palavra “brega” estava associada a tudo o que fosse “deselegante”, “cafo-na” ou “fuleiro”, em uma clara referência ao estilo dos freqüentadores da “Zona do Brega”.

Historicamente, no Brasil, diversos artistas de alguma forma exibiram em seu repertório canções de melodia forte, mas letras simples e excessivamente românti-cas e que pode ser encontrada desde a dé-cada de 1930, em Vicente Celestino, como em O Ébrio e Coração Materno.

Porém o grande introdutor desse es-

Não sinta vergonha de ser feliz e se jogue neste ritmo.por Vinicius Cordoni

ReginaldoRossi

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Clássicossolitários

De repente, como em um toque de mágica, um grupo ou até mesmo um cantor desconhecido começa a ter o seu trabalho divulgado em todas as estações de rádio, a todo instante a sua música é tocada. por Talita Ribeiro

Provavelmente, a faixa em questão é daquelas “chicletes”, som que você escuta durante dez segundos e sofre no mínimo 24 horas repetindo o refrão, por mais que se esforce para que isso não aconteça.

Os chamados one hit wonders, maravilhas de um sucesso só, em por-tuguês, é o nome dado a cantores ou bandas que possuem apenas um sin-gle bem sucedido. É uma prática co-mum nos mercados musicais de vários países. Em geral, a divulgação do hit, se dá, normalmente, com artistas es-trangeiros que fazem sucesso em sua língua nativa em mercados não conven-cionais.

O sucesso é tão grande, que acaba com a carreira do próprio artista, pois tudo que é criado posteriormente é comparado ao seu trabalho mais con-hecido. Ele tenta mais algumas vezes, por fim, some do mapa, sem deixar ras-tros. Os exemplos são inúmeros, como é o caso das seguintes canções:

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Esse cara era a sen-sação teen do momento, depois, Dylon tentou ser VJ da MTV, apostou em se tornar rapper e arriscou-se como metaleiro.

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Quando criança, Patrícia Marx foi uma das integrantes do grupo infantil Trem da Alegria. Ela cresceu, se dedicou à música e então se lançou como cantora solo. Em 1990, com “Sonho de Amor” fez um grande sucesso, não ficava mais que uma semana sem par-ticipar de algum grande programa de TV ou rádio. Patrícia, hoje, ainda trabalha como cantora, possui vários outros CDs, entretanto, suas músicas pararam de repercutir em grandes emissoras de São Paulo.

Patrícia Marx - Sonho de Amor

A canção foi fruto do grupo criado a partir do programa de Popstars, do SBT, em 2002. Com menos de um ano de carreira, o pri-meiro disco da banda teve mais de 350 mil cópias vendidas. O Br’oz se separou em 2005, e agora os ex-integrantes trabalham com outros projetos musicais.

Br’oz – Prometida

Vinny Luka Jordy Pepê e Neném

P.O. Box - Papo de Jacaré

O refrão grudou na mente de todos no verão de 2000, “Vou te bater uma real/ Vou dizer que sou o tal/ Bater um papo no café/ É papo de jacaré/ Mas vê se fala, por favor,/ A minha língua/ Que já tem até uma íngua/ Por causa do seu inglês”. De-pois desse sucesso, a banda de Goiânia saiu da mídia. Twister - 40 Graus

O grupo entrou na estrada em 2000. O disco de estréia, que levava o nome da banda como título, levou os músicos ao ápice, alcançando 250 mil cópias vendidas.

O hit “40 Graus” se firmou como primeiro lugar nas paradas de sucesso de várias rá-dios.

A banda, que também arrancava suspiros das adolescentes, teve problemas sérios durante o ano de 2002, dentre eles, o fim da gravadora Abril Music, e a prisão do cantor Sander, por posse de drogas. As-sim, o Twister chegou ao fim.

As Meninas - Xibom bom

Axé politizado, com um grupo de meninas cantoras, entretanto, o único hit das meninas foi xibom bom.

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Você se lembra deles?Cantores que brilharam com seus hits solitários e logo após sumiram na carreira.

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narquia musical

Com o princípio de autonomia do “faça você mesmo” (originalmente DIY – Do It Yourself), a cultura punk, iniciada na década de 70, foi um dos fatores mais importantes para a expansão de bandas independentes. Por isso, até hoje é o movimento em que mais se encontra garotos e garotas que abriram mão do reconhecimento midiático e do desejo de ganhar dinheiro para tocar músicas, na maioria das vezes, sem muitos recursos sonoros, mas sempre com letras fortes e com tom de crítica social. A cultura punk surgiu originalmente nos Estados Unidos por volta de 1975, baseada em música, moda e comportamento. Mas foi na Inglaterra, entre 1980 e 1984, logo depois de um show desajeitado da banda norte-americana Ramones, que o conceito “qualquer um pode montar uma banda” inspirou o surgimento de diversos grupos independentes. Nolivrointitulado“Afilosofiadopunk–maisqueumbarulho”,oautorCraigO’Haradefineo FVM - Faça Você Mesmo, como “a ética motriz por trás dos esforços mais sinceros do punk”, e declara: “não precisamos depender dos ricos homens de negócios para organizar nossa diversão e lucrar com ela – podemos fazê-la nós mesmos, sem visar o lucro.” Essaideologiainfluenciounãosóamúsica,mastambémtodaumaposturadeindepend-ência entre seus adeptos. “Podemos organizar shows e passeatas, lançar discos, publicar livros e fanzines, distribuir nossos produtos via mala direta, dirigir lojas de discos, distribuir literatura, estimularboicoteseparticipardeatividadespolíticas”,declaraO’Hara.

E o autor destaca a atitude entre as demais contraculturas. “Fazemos todas essas coisas e asfazemosbem.Algumaoutracontraculturadejovensdosanos80e90podeafirmarquefaztudoisso?.” Mas o desejo de tomar a frente do acontecimento não se limitou ao passado. Nos últimos anos,comocrescimentodasredessociaisnainternet,comoMyspace,Orkut,FacebookeTwitter,novas bandas descobriram como sair de uma vez por todas da “dependência” de produtores.

Fronteiras ultrapassadas O“façavocêmesmo”,fenômenodosanos80,ultrapassoufronteirasechegouaoBrasil,comodiscoGritoSuburbano,umauniãodetrêsbandasdepunkrock,Cólera,OlhoSecoeInoc-entes.

SegundoFabioSampaio,vocalistadaOlhoSeco,oobjetivodabandaeraapenascriarum

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Mayara Franzini

por Mayara Franzini

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disco para marcar o final do conjunto. “Primeiramente, o Olho Seco iria gravar um compacto ( vinil) e acabar com o grupo, essa era a ideia, aí apareceram os Inocentes e o Cólera, então notei que deveria lançar um LP( formato de áudio utilizado para gravação completa de álbuns).” Ele diz que, além das dificuldades financeiras, apenas os artistas mais privilegiados da Música Popular Brasileira conseguiam gravar um LP. “Era muito difícil comprar um instrumento. Gravar um disco, então, você nem pensava nisso, era só para os monstros sagrados da MPB.”

A banda brasileira The Nowadays surgiu em 2006 com a idéia de “fazer um som” influen-ciada por bandas de punk rock de 1977, como Ramones e The Clash. Originalmente, os quatro rapazes se reuniam para tocar alguns covers e não tinham pretensão alguma de fazer um disco. Entretanto, com o tempo, as músicas próprias surgiram e eles decidiram investir grana do próprio bolso para gravar o primeiro CD, que leva o nome do quarteto. O produto acaba de ser lançado e está disponível gratuitamente na internet. Para quem não tem acesso à rede, a banda vende os discos nos shows, mas com um detalhe: o público paga o quanto achar justo. “Acho que essa é a melhor maneira de divulgar nosso trabalho. Não somos banda grande e não dependemos de ninguém; então fazemos com as músicas o que bem entend-ermos,” diz Moicano, o baterista do grupo. E os sonhos da banda vão além. Eles agora querem gravar um vídeo clipe e criar o próprio site. Confira abaixo uma entrevista exclusiva com o The Nowadays:

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Por que vocês decidiram gravar um álbum totalmente independ-ente? Temos regras a seguir a todo instante, em casa, no trabalho, na escola, então decidimos não receber ordens para fazer o que gostamos. Isso cria uma certa liberdade, podemos expor nos-sas idéias, não ficamos preso à vontade de uma gravadora ou produtor, e a qualidade é quase a mesma, às vezes, é até melhor

O que foi mais difícil no processo de gravação do disco? Foi o dinheiro, por isso o disco demorou a sair. Nem sempre tínhamos grana para bancar o alu-guel do estúdio. Já a parte técnica ficou ao cuidados do Rodrigo Pêra (dono do estúdio), que produziu e mixou todas as faixas de graça. Sem sombra de dúvidas, a falta de dinheiro foi a parte mais difícil nesse processo todo.

Vocês tiveram prejuízo financeiro? Sim, é o preço que se paga para criar um CD independente, mas sempre tem algo que compen-sa. Os amigos ouviram e gostaram, isso já pagou tudo.

E, pelo jeito, vocês não querem recuperar esse prejuízo? De forma alguma, nosso CD está disponível para download na web, totalmente gratuito. Nos shows, as pessoas pagam o quanto quiserem pelo disco, o quanto acham justo. Essa é a melhor forma de divulgar nosso trabalho.

Qual o próximo projeto da banda? Vamos gravar o videoclipe, temos muitos amigos, com muitos conhecimentos, pegaremos um pouco de cada e faremos um bom trabalho. Também queremos fazer um site. Temos o Myspace, mas com algumas limitações para nós, então, queremos um próprio espaço na web para democ-ratizar ainda mais nosso trabalho.

Podemos dizer que vocês são adeptos da cultura do “faça você mesmo”? Não tenha dúvidas disso. Criamos nosso CD, inclusive a capa, as fotos, os textos e a arte. Vamos criar o nosso clipe, o site e, quem sabe, mais pra frente uma escola de música para ampliar essa cultura.

Crédito da Fotografia: Mayara FranziniLegenda: A banda The Nowadays foi influencida pelo movimento punk rock

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MetallicaThat Was Just Your LifeLike a siren in my head that always threatens to repeat, Like a blind man that is strapped into the speeding driver’s seat, Like a face that learned to speak when all it knew was how to fight, Like a misery that keeps me focus though I’ve gone astray, Like an endless nightmare that I must awken from each day. Like Conviction, A premonition, Not worthy of so I deny, I deny. I blind my eyes and try to force it all into place, I stitch them up, see not my fall from grace. I blind my eyes, I hide and feel it passing me by, I open just in time to say goodbye. Almost like your life, Almost like your endless fight, Curse the day is long, Realize you don’t belong, Disconnect somehow, Never stop the bleeding now, Almost like your fight, And there it went, Almost like your life. Like a wound that keeps on bleeding to remind me not to think, Like a raging river drowning when I only need a drink, Like a poison that I swallow, but I want the world to die. Like a release from a prison that I didn’t know I was in, Like a fight to live the past I prayed to leave from way back then, Like a general without a mission until the war will start again, Start again. I blind my eyes and try to force it all into place, I stitch them up, see not my fall from grace. I blind my eyes, I hide and feel it passing me by, I open just in time to say goodbye. Almost like your life, Almost like your endless fight, Curse the day is long, Realize you don’t belong, Disconnect somehow, Never stop the bleeding now, Almost like your fight,

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And there it went, Almost like your life. (Solo) Like a touch from hell to feel how hot that it can get if you get caught, Like a strike from heaven turn that key, That brings you straight down to your knees, Like a touch from hell, I feel how hot that it can get if I get caught, Like a strike from heaven to reprieve, That brings you straight down to your knees. (Dual guitar solo) Almost like your life, Almost like your endless fight, Curse the day is long, Realize you don’t belong, Disconnect somehow, Never stop the bleeding now, Almost like your fight, And there it went, Almost like your life. That was just your life.

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TraduçãoAquilo Era Só Sua Vida Como uma sirene em minha cabeça que eu fui colocado para repetir Como um homem cego que foi forçado a sentar no banco do motorista em movimento Como um rosto que aprende a falar quando tudo que sabia era brigar Como uma miséria que me impede de simplesmente sair da linha Como uma doença que estou para acordar de seu estado Uma convicção Uma premonição Agora valiosa então eu nego Eu nego Eu cego meus olhos e tento e forço tudo no lugar Eu os forjo, não veja eu perder minha glória Eu cego meus olhos, eu quase não sinto isso passar por mim Eu abro bem a tempo de dizer adeus Quase como sua vida Quase como sua luta sem fim Amaldiçoado, o dia é longo Perceba que você não faz parte Desconectado de alguma forma Nunca pare o sangramento agora Quase como sua luta A então continuou Quase como sua vida Como um machucado que continua sangrando para te lembrar de não pensar Como um rio nervoso, afogando quando eu só quero beber Como um veneno que eu engulo, mas eu quero que o mundo morra Como uma libertação de uma prisão que eu não sabia que estava lá Como uma luta para viver o passado eu trarei o jeito mortal como eu fiz Como um general sem missão até que as guerras comecem de novo Comecem de novo Eu cego meus olhos e tento e forço tudo no lugar Eu os forjo, não veja eu perder minha glória Eu cego meus olhos, eu quase não sinto isso passar por mim Eu abro bem a tempo de dizer adeus Quase como sua vida Quase como sua luta sem fim Amaldiçoado, o dia é longo Perceba que você não faz parte Desconectado de alguma forma Nunca pare o sangramento agora Quase como sua luta

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A então continuou Quase como sua vida Como um toque do inferno, eu sinto o quão quente pode ficar você for for pego Como um golpe do céu que vira aquela chave que te deixa direto de joelhos Como um toque do inferno, eu sinto o quão quente pode ficar se eu for pego Como um golpe do céu para perdoar que te deixa direto de joelhos Quase como sua vida Quase como sua luta sem fim Amaldiçoado, o dia é longo Perceba que você não faz parte Desconectado de alguma forma Nunca pare o sangramento agora Quase como sua luta A então continuou Quase como sua vida

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METALICAvolta ao Brasil após 11 anos

(Confirmados dois shows em estádios de Porto Alegre e São Paulo)

Pela última vez no Brasil em 1999, a banda Metallica volta em janeiro de 2010 com a turnê “World Magnetic Tour”, que promove o álbum mais recente, “Death Magnetic” (2008). James Hetfield (voz e guitarra), Lars Ulrich (bateria), Kirk Hammett (guitarra) e Robert Trujillo (baixo) vão tocar em Porto Alegre no dia 28 de janeiro, no Estádio Zequinha, e em São Paulo no dia 30 do mesmo mês, no Estádio do Morumbi.

Na estrada desde outubro de 2008, o show já esgotou ingressos nos Estados Unidos, Inglaterra, Suécia, Canadá, Alemanha, Bélgica, França e Holanda, e, só em 2009, teve mais de 70 apresentações.

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METALLICA EM PORTO ALEGREQuando: 28/01 (quinta-feira), a partir das 21h30 Onde: Estádio Zequinha (av. Assis Brasil, 1.200). Quanto: R$ 120 (pista e arquibancada de 1º lote - R$ 140 no 2º lote), R$ 160 (cadeira) e R$ 250 (pista vip) Ingressos: a partir de 03/12 pela internet a meia-noite, a partir das 9h pelo telefone 4003-8282, a partir das 10h nos pontos de venda credenciados e a partir das 11h na bilheteria oficial do show na Loja Multisom (rua dos Andradas, 1.001, Centro) Censura: 16 anos; de 12 a 15 anos somente acompanhados dos pais ou responsáveis.

METALLICA EM SÃO PAULOQuando: 30/01 (sábado), a partir das 21h30 Onde: Estádio Morumbi (Praça Roberto Gomes Pedrosa, nº 1, Morumbi) Quanto: R$ 150 (arquibancada laranja), R$ 170 (arquibancadas azul e vermelha), R$ 190 (ar-quibancada vermelha especial), R$ 250 (pista e cadeira inferior), R$ 300 (cadeira superior) e R$ 500 (pista vip) Ingressos: a partir de 01/12 pela internet a partir da meia-noite, a partir das 9h pelo telefone 4003-8282, a partir das 10h nos pontos de venda credenciados e a partir das 12h na bilheteria oficial do show, no estacionamento anexo do Credicard Hall (av. das Nações Unidas, 17.981, Santo Amaro). Censura: 16 anos; de 12 a 15 anos somente acompanhados dos pais ou responsáveis.

O ano de 2010 será repleto de shows eletrizantes pelo Brasil, e a Palavra Sonora lista alguns para vocês:

Dia: 21/01/2010Local: Via Funchal – São Paulo/SPIngressos: De R$100,00 a R$200,00Venda de IngressosBilheterias da Via Funchal – Rua Funchal, 65 Newness (Livros e Revistas) – Av. Yojiro Takaoka, 4528, Lj. 02, La Ville Mall, Alphaville, Santana do Parnaíba Fujji Turismo – Rua Tapajós 33C, Guarulhos

No Fun At AllDias: 28/01; 29/01; 30/01; 31/01Locais: Curitiba Master Hall – Curitiba/PR; Fenix Café – Santos/SP; Hangar 110 – São Paulo/SP; Hey Ho Rock Bar – Fortaleza/CEIngressos: De R$30,00 a R$100,00Venda de IngressosVenda online – http://www.ticketbrasil.com.br

The CranberriesDias: 28/01; 30/01; 31/01; 03/02Locais: Citibank Hall – Rio de Janeiro/RJ; Credicard Hall – São Paulo/SP; Chevrolet Hall – Belo Horizonte/MG; Pepsi On Stage – Porto Alegre/RSDeicideDias: 15/01; 16/01; 17/01Locais: Nitra club – Cascavel/PR; Lions Clube – Taguatinga Sul/DF; Carioca Club – São Paulo/SPIngressos: De R$60,00 a R$520,00Venda de IngressosVenda online – www.ticketbrasil.com.br

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Tom Jobim, bossa nova e romantismo

por Renato Sousa Porto Gilioli

A Música Popular Brasileira (MPB) foi um movimento que mudou o panorama de nosso país. Nele, Tom Jobim é uma referência. Quando pensamos em suas obras, lembramos de sua projeção internacional, da qualidade das composições e de seu prestígio artístico. Mas como tudo isso foi possível? Se já havia uma cultura radiofônica bem desenvolvida desde a década de 30 entre nós, ela se ampliou sensivelmente durante 1950. Foi uma era que respirava nacionalismo (“o petróleo é nosso”), desen-volvimento das relações de trabalho, pros-peridade econômica (governo de Juscelino Kubitschek), consumo e urbanização. A coroação desse período foi a construção e inauguração de Brasília. No meio de tudo, começou a surgir de uma classe média nova, que olhava para vários desses elementos, mas também queria mais, inclusive em ter-mos de música.

A bossa nova anunciou novos tempos já em 1959. Os anos seguintes foram de muita criatividade e de expansão do movi-mento, até que, em meados dos anos 60, configurou-se o que convencionamos chamar de MPB. Era um novo estilo que se apro-priava de elementos nacionalistas como o ritmo, certas sonoridades influenciadas por compositores eruditos como Villa Lobos, mas também almejava ser uma linguagem inter-nacional.

Nesse ponto, o caminho trilhado pela bossa nova e pela MPB foi diferente daquele do movimento modernista, celebrizado pela Semana de 1922. Naquelas décadas anteri-ores, buscava-se uma afirmação da música erudita nacional, um resgate do folclore e, em certa medida, um combate à música popular urbana, especialmente alguma tradições culturais como o samba e o max-ixe.

A bossa nova e a MPB se utilizaram da rítmica do samba dos morros e transformar-am-na em uma linguagem mais internacionali-zada. Revalorizaram o violão e modernizaram o modo de se tocar piano popular no Brasil. Esses instrumentos tornaram-se o foco das at-enções, que antes estava na potência de voz dos cantores e nas orquestras.

O estilo de interpretação vocal, antes lírico, se tornou intimista. Os acordes incor-poraram dissonâncias, ficaram mais conden-sados. Embora Tom Jobim tenha mantido orquestrações, elas deixaram de ser a parte mais importante – exceto em suas peças espe-cificamente do gênero sinfônico. Letras incor-poraram elementos mais intelectualizados, mas sem perder o romantismo. A bossa nova, especificamente, se estabeleceu em contrap-osição à defesa do chamado “nacional-popu-lar”, que era mais politizado. Ela e a MPB se afastaram dos sambas-canções e boleros.

Mas uma faceta especial foi o resgate de características eruditas. Tom Jobim apren-deu a mistura entre erudito e popular com compositores como Guerra Peixe e Radamés Gnattali. Eles tinham um percurso de for-mação e criação erudita, mas se inseriram, em especial nos anos 40, no mercado de tra-balho das rádios populares, uma oportunidade de ouro para a categoria musical, que nunca teve vida fácil em nosso país. Lá faziam os arranjos para compositores populares e para intérpretes.

Tom aprendeu com esses mestres a arte de “sofisticar” músicas vistas como “mais simples”. A bossa nova e a MPB fizeram, com diferenças, movimento similar. Se o nacional estava no ritmo cuja origem era o samba, tinha divisão rítmica diferente (voltada mais para a escuta e não para ser acompanhamen-to da dança ou de desfiles). As letras eram

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eram românticas, mas sem dor de cotovelo. O cantor era valorizado, mas quase falava aos ouvintes.No que se refere ao instrumental, Villa-Lobos foi revalorizado, mas as tendências eruditas do romantismo do século XIX não foram esquecidas. Ao contrário, algumas músicas se utilizaram de citações diretas de estruturas e melodias de Chopin, por exemplo. Essa foi a magia da bossa nova e da MPB. Elas criaram um produto tipicamente nacional, mas que se estruturava com uma linguagem erudita palatável (ao contrário das tendências contemporâneas, como o dodecafonismo, que nunca fizeram sucesso junto ao público). O romantismo erudito do século XIX e o piano como centro tinham sido referência de apre-ciação musical durante décadas. Tom Jobim havia sido formado também por essas tendências, dentre outras, e percebeu que o uso delas nas composições poderia dar um toque de “sofisticação” à música brasileira.

Não à toa, alcançou prestígio internacional. O jazz havia feito algo parecido nos Estados Unidos da América (EUA), o que também favoreceu o sucesso das criações de Tom. Somado a isso, a curiosidade por um país então visto como distante, o Brasil, com seus estereótipos tropicais e fascínio de subdesenvolvimento aos olhos dos estrangeiros. Enquanto isso, aqui, cada vez mais o consumo e a classe média se ampliavam. A bossa nova e a MPB se tornaram atrativos de gosto, que talvez tenham inaugurado o consumo cultural cult entre nós, que se distanciava do gosto das classes negras e pobres, a quem se destinou o brega ou, no máximo, o folclore.

Essa trama complicada e fascinante da música brasileira nos traz marcas até hoje. A MPB eternizou a sua batida e os estilos e gêneros dela derivados continuaram, em maior ou menor medida, buscando uma linguagem “sofisticada” e brasileira, internacional e popular, semi-erudita e acessível a todos. Mesmo assim, ainda hoje olhamos com certo preconceito social e cultural para o que se afasta desses padrões. Para onde caminhará o gosto musical brasileiro nas próximas décadas?

Renato de Sousa Porto Gilioli é professor de “Estética e História da Arte” na Universidade São Judas Tadeu (USJT). Autor de Representações do negro no modernismo brasileiro: artes plásticas e música (São Paulo, Best Book, 2009).

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Palavra Sonora recomenda: visite esses sites de música

Eles possuem vários estilos musicais, além de letras, cifras, vídeos clipes e muitas fotos. Tudo que os fãs desejam para acompanhar seus ídolos.

1-Kboing2-Vagalume

3-Planeta música4-Uol música

5-Baixa hits6-Cotonete7- Giro 95

8-Youtube

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Insatisfeitos com a repressão, com-positores disseminaram suas críticas por meio de letras que se tornaram a trilha sonora da ditadura no Brasil. Os militares eram implacáveis com quem destoasse dos valores ultramoralistas, antidemocráticos e anticomunistas do regime, entretanto, os critérios de corte eram pouco claros, faltava diálogo entre os diferentes órgãos de censu-ra e sobrava arbitrariedade. Para o pesquisa-dor Alexandre Stephanou, em razão disso, o ato de vetar determinada obra acabava se tornando uma questão pessoal. “A censura é uma decisão de foro íntimo, misturada com as necessidades sociais do momento e com padrões estéticos e artísticos”.

Pela lógica da ditadura vigiar a cena musical garantia a desmobilização política da sociedade. Os artistas da Música Popu-lar Brasileira (MPB), movimento estudantil e operário, além da inteligência de esquer-da, conspiravam para desestabilizar o re-gime, segundo a concepção militar. “Foi um período de efervescência musical na qual a chamada música de protesto floresceu e se tornou a grande trincheira contra o autori-tarismo”, diz a escritora Maria Paula Alvim, 45 anos. Na década de 70, a MPB driblava a censura com letras repletas de metáforas. Chico Buarque, como bardo opositor, teve 40 músicas vetadas, a metade por razões políti-cas. Abusando de duplo sentido são dele “Cálice” e “Apesar de você”. Com o endure-cimento do regime, Chico espontaneamente exilou-se na Itália.

Vários artistas brasileiros tiveram a sua produção proibida, como: Belchior, Zé Rodrix, Gilberto Gil, Vinicius de Morares, Caetano Veloso, Raul Seixas e Geraldo Van-dré. Odair José chegou a ser perseguido por compor versos que feriam a hipocrisia lusi-tana. Teve a “Pílula” perseguida por pressão da Igreja Católica.

O Fim da CensuraCom a abertura política de 1979, possibili-tada após a anistia concedida pelo gener-al João Batista Figueiredo, é criado o CSC

(Conselho Superior de Censura) que tem como objetivo abrandar a forte atuação dos censores do governo federal.

Assim, muitos artistas aderem à “potên-cia de paz e amor”. Don e Ravel, por exemplo, assinam a marchinha “Eu te amo, meu Brasil”. Jorge Ben compõe “País Tropical” e “Brasil”.O historiador e jornalista Ricardo Cravo Albin, no livro Driblando a Censura, relata o abranda-mento trazido pela nova organização. “O CSC funcionava como uma instituição de colegiado do ministro da Justiça para dirimir, amenizar, tornar mais digerível a brutalidade do órgão no qual a censura era exercitada, a famigerada DCDP”.

Neste cenário, Chico Buarque e Francis Hime compõem o samba “Vai passar”. Hino das Campanhas das Diretas. Em 1988, é promulga-da a nova constituição pelo deputado Ulisses Guimarães. Assim, finalmente ocorre o fim da censura, atendendo às antigas e constantes reivindicações da classe artística.

Exemplos de músicas censuradas na dé-cada de 60Fonte: Discoteca Pública

1. Odair José - A Primeira Noite 2. Chico Buarque - Tanto Mar 3. Belchior/ Toquinho - Os Doze Pares de França4. Belchior - Pequeno Mapa do Tempo5. Caetano Veloso - Deus e o Diabo6. Gilberto Gil/ Torquato Neto - Geléia Geral7. Chico Buarque - Partido Alto8. Carlos Lyra - Herói do Medo9. Luiz Ayrão - Quem Eu Devo é Que Deve Morrer10. Odair José - O Motel

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Crítica e Risos

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Música, todos deveriam

aprenderpor Paloma Corte

Muitosjáouviramfalarsobreainfluênciadaartenavidadaspessoas.OcasodapaulistanaCecíliaMielle,22anos,professorademúsica,nãoéomaisincomum.Contudo,demonstracomoamelodiacontribuiparaoaprendizadoinfantileasatisfaçãopessoal.

Cecíliaseencantoupelacançãocomape-nas12anosdeidade.Avontadedeestudarcantoeviolãofezcomqueagarotaseinteressassepelaarteepelariquezadosinstrumentos.Depoisdecrescida,ajovemprincipiouatrabalharemumalojadeanimais.Porém,nãodeixoudesededicaraoquemaisgostava.

Nafasedaescolhaprofissional,elachegouaprestarovestibulardeveterinária,entretanto,

optoupelamúsica.“Eraumapessoamuitosensível,nãosuportavaaidéiadaspessoasmaltrataremavida”,explicaaprofessora.

No início, após a sua decisão sur-giram “preconceitos” por parte de suafamília. Pois, para os pais da jovem, aprofissãodeveterináriagarantiriaagarotaestabilidadeeconfortonomercadodetra-balho.Chegaramatépensarqueelahaviaenlouquecido.

Ameninaseempenhounaquiloquerealmenteafaziafeliz,amúsica.Sefor-moupeloConservatórioMusicalBeethoven(localizado na rua Bento Frias, zonaOeste),alémdeseespecializarempianoe instrumentos de corda.Assim, diversasoportunidadessurgiram,pormeiodecur-sos, congressosmusicais e trabalhos comcrianças. O que despertou a sua paixãoparaotrabalhoinfantil.

Ao concluir seus estudos, Cecíliateveaexcelenteideiadetransmitiroquehaviaaprendido,esetornoueducadoradeumaescolademúsica.

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Hoje, explica que o progresso do aluno em aprender a tocar ou cantar se dá por sua dedicação diante das aulas. Além disso, o jovem que estude, sempre terá um bom rendimento na escola. “Por meio da música, desenvolve-se a coordenação motora, pulsão, ritmo, raciocínio (habilidades matemáticas), trabalho em con-junto, paciência e controle das emoções” afirma Cecília. Assim, a história da jovem é apenas um exemplo de como a música pode contribuir para a satisfação pessoal e ainda estimular a educação infantil.

Dicas para se escolher uma boa escola de músi-ca

Bons profissionais, um material de quali-dade e aulas prazerosas são essenciais para o seu rendimento.

Muitas escolas oferecem cursos experi-mentais. Dessa forma, os interessados podem observar como funciona o trabalho dos profes-sores.

Não tenha pressa. Esse é o principal em-pecilho para o aprendizado. Saiba que para can-tar ou tocar um instrumento, é necessário tem-po.

As aulas mais procuradas, em geral, são as de violão, guitarra, bateria, teclado e vocal. Lembre-se que a música é uma arte que exige disciplina e paciência.

Muitos locais de ensino realizam festivais. Assim, os alunos têm a chance de mostrar suas habilidades ao público.

Em média, o valor de uma aula de música sai em torno de R$ 100,00 a R$ 300,00. Entretan-to, compare os preços entre cada instituição.

Dessa forma, não se esqueçam: “Pessoas que estudam música saem-se melhor na escola da vida.”

Onde procurar:

Escola FrissonEnd. Av. Engenheiro Saraiva de Oliveira, 272 - ATel. (11) 2843-3199

Escola de música SI MaiorAv. José de Andre de Moraes, Taboão da Serra Tel. (11) 4135-5311 Saraiva Escola de músicaAv. Paulo Aires, Taboão da Serra Tel. (11) 4701-5738 Music Center - Núcleo de ensino musical R: José Maria Lisboa, Jd. São Paulo Tel. (11) 3889-9084

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A luta que provoca um canto e se torna instrumento de cidadania

“Os meninos do Morumbi impressionam o público ao tocar, dançar e can-tar”

A Associação Meninos do Morumbi é formada por mais de quatro mil crianças e adolescentes. A maioria é moradora dos bairros de Campo Limpo, Paraisópolis, Morumbi, Vila Sônia, Jardim Jaqueline, Real Parque, Caxingui, em São Paulo, e dos municípios de Taboão da Serra e Embu. O grupo foi criado em 1996 pelo músico, percursionista e baterista Flávio Pimenta. Para ele, por meio da música é possível dar um novo horizonte aos jovens e afastá-los das drogas.

Hoje, o conjunto Meninos do Morumbi faz shows por todo o Brasil. Em suas apresentações há uma mistura de sons, danças e ritmos. A agenda tem sido extensa e as apresentações se destacam pela qualidade musical, rara em projetos de caráter social, segundo Pimenta.

Cada vez mais requisitados, os meninos impressionam o público ao tocar, cantar e dançar mais de 20 arranjos diferentes como jongo, maracatu, funk, samba, maxixe, aguerê, o que os diferencia de qualquer outro grupo artístico. Nasapresentações,elessãofilmadoseentrevistados,ganhamespaçoemTVs,rádiosenaimprensaescrita. Em consequência, a auto-estima passa por mudanças, construindo novas histórias pessoais em um novo contexto. Cada participante passa a ter uma nova identidade e a se compreender como cidadão.PedroSouza(euporianomefictício),aos15anos,tinhaproblemascomdrogas.Apósconheceraassociaçãoe começar a frequentá-la, teve uma nova percepção de vida, ocupando mais o seu tempo com os projetos realizados na entidade, Hoje, aos 17, é ex-usuário.

Aorganizaçãonão-governamentaloferecediversostiposdecurso,comofotografia,inglês,informáti-ca, programação de computador??????? e outras atividades, como capoeira, futsal e jiu-jitsu, que têm como objetivo valorizar o potencial das crianças e jovens, desenvolver suas habilidades pessoais e contribuir para o enriquecimento cultural. A equipe é formada por psicólogos, pedagogos, professores e monitores. A associação também oferece apoio às famílias, servindo como um espaço de escuta e acolhida: são fei-tas entrevistas individuais, reuniões, atendimentos em situações de crises emocionais e encaminhamento psicológico.Oobjetivoéencontrarsaídaspositivasparaosproblemasfamiliareseosdesafiosdoprocessodeeducaçãodosfilhos.Aaçãoédesenvolvidaporprofissionaisvoluntários.

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Pimenta conta que uma das grandes dificuldades ao criar a associação foi encontrar parcerias. Nos dois primeiros anos ele trabalhou praticamente sozinho. A primeira empresa foi a Federação de Obras Sociais, no final de 1997. Hoje, conta com patrocinadores como a Sadia, Faber Castell, Cultura Inglesa, Unicef, dentre outros. O local é grande e aconchegante e faz com que as crianças e jovens sintam como se estivessem em casa. De acordo com o fundador da ONG, “a receita para o sucesso é compartilhar, ou seja, é tornar-se pró-ativo, não se conformar com o sofrimento dos outros, fazer com que todo mundo tenha uma vida melhor”. E prossegue: “quem é mais forte protege o mais fraco, quem sabe ensina quem ainda não sabe. O projeto é mais que um desafio, é uma luta no qual os tambores, como clarins guerreiros, chegam para provocar um canto, e os direitos à liberdade, ao respeito, à dignidade, à vida e ao ser cidadão tornam-se instrumentos para a construção da cidadania e dos direitos humanos.”

A Associação Meninos do Morumbi fica no bairro de mesmo nome, à rua José Jannarelli, 485. Para participar é necessário ter entre sete e 17 anos de idade, e realizar a inscrição de segunda a sexta, das 8 às 18 horas. O telefone, para mais informações, é 55 11 3722-1664, e o e-mail, [email protected]. Empresas que queiram se tornar parceiras também podem fazer contato por esses canais.

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Musicoterapia garante equilíbrio físico e mental

por Talita Ribeiro

Mais do que um entretenimento ou hobby, a música tem se revelado um instru-mento importante nas terapias

Ouvir uma melodia pode ser um remé-dio tão eficaz quanto as fórmulas vendidas nas farmácias. A música é um auxilio para o bem-estar e para o tratamento de muitas doenças - da asma ao câncer, passando por lesões cerebrais. Tudo cientificamente com-provado.

“A música atinge o sistema límbico, região do nosso cérebro responsável pelas emoções, pela motivação e pela afetivi-dade”, explica Suzana Brunhara, coorde-nadora da Clínica de Musicoterapia de Soro-caba, interior de São Paulo. Esse é o ponto chave da musicoterapia: um método que usa o passado sonoro para tratar males de todos os tipos.”Pacientes portadores do Mal de Alzheimer, por exemplo, resgatam aspectos da memória com o auxílio de canções e sons de rotina”, diz a especialista.

A musicoterapia é considerada uma ciência paramédica que estuda a relação do homem com o som e a música. A influência fisiológica e psicológica do som no cérebro traz inúmeros benefícios. O trabalho é feito por meio da pesquisa sobre a vida e o ambi-ente no qual está inserido o paciente. Assim, o tratamento busca identificar e equilibrar o ritmo interno do doente, para possibilitar uma melhora.

A terapia musical surgiu como dis-ciplina no século 20, após as duas guer-

ras mundiais, quando músicos amadores e profissionais passaram a tocar nos hospitais de vários países da Europa e Estados Unidos para os soldados veteranos. Logo os médi-cos e enfermeiros puderam notar melhoras no bem-estar dos pacientes. De lá para cá, a música vem sendo cada vez mais incor-porada às práticas alternativas e terapêuti-cas. Em 1972, foi criado o primeiro curso de graduação no Conservatório Brasileiro de Música, do Rio de Janeiro. No mundo, exis-tem mais de 127 cursos, que vão da gradu-ação ao doutorado.

Atualmente, as principais pesqui-sas sobre musicoterapia têm sido feitas em países como Estados Unidos, França, Ale-manha, Noruega, Inglaterra, Itália e Argen-tina, lugares nos quais o uso terapêutico da música é amplamente difundido. No Brasil, nos últimos dois anos, os benefícios dessa terapia têm sido mais aceitos por fisioter-apeutas, fonoaudiólogos e psicólogos.

Sabe-se que a música é uma neces-sidade básica humana, uma forma de comu-nicação e expressão poderosa. Os sons, que formam os fonemas, que, por sua vez, for-mam as palavras, são provenientes da natu-reza, assim como os objetos utilizados para reproduzir esses sons. Os instrumentos fo-ram inventados para evocar e se assemel-har aos trovões, aos cataclismas e a todos os fenômenos naturais. Do tambor africano ao sutil solo de violino de uma partitura de Debussy, o homem sempre tenta reproduzir a maneira como percebe a vida a sua volta. Além de proporcionar formas de comuni-

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cação e expressão, a música pode alterar estados emocionais, acalmar e equilibrar os sentimentos.

Segundo o musicoterapeuta Mar-lus Jüssen Avanc, entre as inúmeras apli-cações da musicoterapia, destaca-se o trabalho com pacientes portadores de de-ficiências físicas, como paralisia e distrofia muscular progressiva. As deficiências sen-soriais (visual e auditiva) e as síndromes genéticas (Down, Turner e Rett) também contam com essa opção como tratamento complementar. Distúrbios neurológicos (lesões cerebrais, dislexias, disfonias, en-tre outros) e doenças mentais, como esqui-zofrenia, depressões e distúrbio obsessivo compulsivo também podem se beneficiar com essa terapêutica.

A musicoterapia pode ser aplicada desde a vida intra-uterina, pois pesquisas feitas na Universidade de São Paulo (USP) provaram que o feto reage ao som e, por ser estimulado desde cedo, nasce com maior capacidade de desenvolver seu po-tencial.

Essa terapia divide-se em etapas: a primeira é a músico diagnóstica, em que são coletados dados relativos à história pessoal, clínica e sonoro-musical do pa-ciente. Em seguida, o terapeuta detalha seus objetivos e submete seu plano de ação ao doente. Começa, então, a segunda etapa de trata-

mento em uma sala especial, com acústica adequada. As sessões incluem música e recur-sos sonoros variados CDs, vozes, instrumentos e até mesmo ruídos. O especialista avalia a reação do paciente diante de cada som, doc-umenta tudo e vai comparando os resultados com seu projeto inicial. O musicoterapeuta pode utilizar apenas um som, recorrer a ape-nas um ritmo, escolher uma música conhecida e até mesmo fazer com que a pessoa crie sua própria música. Tudo depende da disponibili-dade e da vontade do tratado e dos objetivos do musicoterapeuta

Existem também correntes de estudio-sos no assunto que voltam seus interesses para a ação curativa de determinado som. No livro “O Poder Terapêutico da Música”, do america-no Randall McClellan, o autor trata os efeitos da música sobre o indivíduo como um todo. Ele diz que a melodia pode alterar de algum modo o estado de consciência. O que não foi ainda determinado é como ela afeta o indivíduo e de que modo é útil para fins de cura. As inda-gações de McClellan, doutor em Filosofia em Composições Musicais pela Eastman School of Music e também graduado no Cincinnati Col-lege Conservatory of Music, têm sido temas de inúmeras pesquisas realizadas principalmente nos Estados Unidos.

“Efeitos positivos com o tratamento de musicoterapia têm sido verificados logo nas dez primeiras sessões, principalmente, no que diz respeito ao desenvolvimento da percepção global do paciente”, conclui Avanc.

Onde fazer:Centro de musicoterapia Benenzon BrasilTel: (11) 3862.2688www. centrobenenzon.com.br

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Jimi Hendrix- Hey Joey

Letra Hey Joe. Where you goin' with that gun in your hand. Said, Hey Joe. Where you goin' with that gun in your hand. I'm goin' down to shoot my old lady, you know I caugth her messin' round with another man. I'm goin' down to shoot my old lady, you know I caught her messin' round with another man. (Ain't that too cool.) Hey Joe. I heard you shot your woman down, you shot her down now. Hey Joe. I heard you shot your old woman down, you shot her down in the ground. Yes I did, I shot her, you know I caught her messin' round with another man. Oh yes I did i shot her, you know I caught my old lady messin round town. (And I gave her the gun - I shot her !). Cifra Intro: Let ring E|----0---0----------|-----0----------------0-|--------------------------B|--3s5-5s3----------|-----0----------------0-|-----0------7-----7-------G|----------4s2--0h1-|-1---1------4---4---3-1-|---9-1--7---7-7---7-------D|---------------0h2-|-2-----2----5---5---4---|---9-2--7h9---7h9---9----A|-------------------|-------2--4s5---5---4---|-6s7-2--------------------E|-------------------|-0-----0------0---0-----|-----0-------------------- Verses: (C) (G) (D) (A) (E)E|-------------------|------------------------|----------0---------------B|----1---------3----|---------------5--------|----0-----0---------------G|----0---------4----|-------7-------6--------|----1--1--1---------------D|-------2---------5-|-7---7-7h9-------7------|-2--2--2------------------A|-3-----3---------5-|-7h9---------7----7-----|-2-----2------------------E|-----------3-------|------------5-----------|-0------------------------ Hey__ joe__ where you goin' with that gun in your hand. (E)E|-----------------------------------------------------------------------B|--------------5--------------------------------------------------------G|--------------x---9-----7----------------------------------------------D|---------5b---6---9-----7----------------------------------------------A|-----5------7-7---7-7h9------------------------------------------------E|-6s7 --7---------------------------------------------------------------

(C) (G) (D) (A) (E)E|--------------3----|---------2--------------|-------0------------------B|----1---------3----|---3-3---3------2-3p2---|-------0------------------G|----0---------0----|---2-2h4---2----2-2-2-2-|-------1--1---------------D|-------2---------0-|-0---------0--2---4p2-2-|-2-2------2---------------A|-3-----3---2-------|--------------0-------0-|-2-2------2---------------E|-----------3-------|------------------------|-0-0---------------------- Hey__ Joe__ said where you goin' whith that gun in your hand. (E)E|---------------------------------0--0----------------------------------B|-----3------------0--2-2h3-2p0---0--0----------------------------------G|-2-s-4-4s2p0-1--1-1--2-2-----0-1-1--1----------------------------------D|-------------2--2-2--2-2h4-2p0-2----2----------------------------------A|-------------2--2-2------------2----2----------------------------------E|----------------0--------------0----0---------------------------------- All right. Solo: (C) (G) Slight bend.E|--------12-------------------------------------------------------------B|--15b17----15-12-------------------------------------------------------G|--------------12-14p12----12b------------------------------------------D|-----------------------14----------------------------------------------A|-----------------------------------------------------------------------E|----------------------------------------------------------------------- (D) (A) Hold.E|-------12-12-----------------------------------------------------------B|-15b17----15-12--------------------------------------------------------G|----------------14-12--14p12-14b16-12~---------------------------------D|------------------------------------------14--------------------------A|-----------------------------------------------------------------------E|----------------------------------------------------------------------- (E) Slight bend. Hold Bends.E|-----------------------------------------------------------------------B|------------------12-------15b~---15b~---------------------------------G|-12----12-12b-----12---------------------------------------------------D|-12----12-----14--12---------------------------------------------------A|-12h14-----------------------------------------------------------------E|----------------------------------------------------------------------- Let (C) (G) ring.E|-12-12-12-------12-----------------------------------------------------B|-12-15-12-12----12-15-------12-----------------------------------------G|----------14b16-------14b16----------14-12~----------------------------D|-------------------------------12-14-----------------------------------A|-----------------------------------------------------------------------E|-----------------------------------------------------------------------

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Qualidade sem selo: a hora dos independentesBandas alternativas ganham espaço na mídia e aproveitam a internet para agitar o público sem o apoio das grandes gravadoras

por Elaine Barbosa A internet trouxe a diversas bandas e artistas em geral novas possibilidades, que lhes permitem “driblar” o até então convencional e quase obrigatório caminho das gravadoras. A facilidade do mundo digital propicia divulgação ampla e irrestrita de diversos conteúdos e a formação de uma legião de fãs, muitos deles, que só conhecem seus músicos preferidos pela rede.

NaeradoMP3edacrisedaindústriafonográfica,umaondadebandasselançamecriampopularidade pela web, via sites de relacionamento e blogs. Um exemplo é o My Space, em que podem ser divulgados trabalhos e informações de eventos, shows e projetos para uma rede de amigos própria, sem custo, criando uma cadeia de seguidores de diversos lugares. A ousadia está na possibilidade oferecida de baixar as músicas gratuitamente.

Dá certoO Venice, banda de Perus, na capital paulista, é um exemplo de que a divulgação na rede dá certo. Composta por cinco integrantes - Renan Rodrigues, 18 anos (vocalista), Diogo Alves, 17 anos (baixista), Jéferson Menezes, 17 anos (guitarrista), Fabio Lourenço, 18 anos (baixista), e GustavoFerreira,20anos(baterista),ogrupofoiformadoem2006,influenciadoporgrandesnomes do rock, como Red Hot Chili Peppers, Audioslave e Dead Fish.

Osintegrantes,queseconheceramnoensinomédio,sedepararamcomdiversasdificul-dades para lançar suas músicas. Eles explicam que as grandes gravadoras não investem em grupos pequenos e, para se conseguir lançar um CD, é necessário muito dinheiro, coisa que os meninos não tinham. Daí a feliz ideia de usar a internet. Hoje, a preocupação é somente tocar, produzir, gravar e investir os poucos recursos no marketing da banda.

Sucesso conquistado Um exemplo de sucesso obtido pela internet é da trupe do Teatro Mágico. Com formação independente, sem apoio de gravadoras desde 2003. Em 2006 alcançou 85 mil CDs vendidos, diferente de algumas bandas consagradas, que têm o apoio de grandes gravadoras.

O boca-a-boca foi o complemento para a divulgação do trabalho, cada vez mais conhe-cido e respeitado. O grupo se consolidou como um dos mais importantes da cena independente do Brasil já no lançamento do primeiro álbum e não fez diferente com o segundo e com o DVD.

O segredo? Vender os CDs e DVDs a preços populares, sem deixar de disponibilizar gratui-tamente as músicas na internet. O trabalho comprova que o formato independente permite que se faça algo de qualidade e acessível.

Segundo o vocalista e compositor do Teatro Mágico, Fernando Anitelli, “o grupo torna possível que cada um se mostre como é, que cada verdade interna seja revelada. Essa é a grandebrincadeira:seroqueseé,afinaltodossomosrarosetemosqueterconsciênciadisso",poetiza. Optar pela internet se mostra, portanto, como um importante caminho para garantir a autenticidade de sentimentos e da visão de mundo de um artista ou banda, o que nem sempre a lógica de mercado permite.Visite: www.oteatromagico.mus.br

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Podcast e suas possibilidades

Muitos sucessos existentes no meio musical se devem aos podcasts. Bom, você agora se pergunta o que é podcast?

São arquivos de áudio no formato mp3, e que podem ser compartilhados na web, pois são transmitidos via internet. Neles, os internautas oferecem seleções de músicas ou falam sobre os mais variados assuntos, exatamente como acontece nos blogs. A palavra que determina esta nova tecnolo-gia surgiu da fusão de iPod (tocador-MP3 da Apple) e broadcast (transmissão via rádio). Além de permitir a divulgação de di-versos temas, os podcasts propiciam a mui-tos músicos a possibilidade de inserir as suas músicas na rede, gerando uma procura en-tre os internautas.

E não podemos deixar de esquecer que tudo isso é de graça. Outro ponto im-portante para quem se desenvolve são as rádios web, que difundem e libertam os ouvintes da grade programática das emisso-ras. Os arquivos baixados em computadores ou toca fitas portáteis podem ser escutados a qualquer hora.

Como ouvir Primeiramente, o usuário deve in-stalar um agregador de informação em seu micro. Hoje, um dos mais popu-lares é o software gratuito iTunes, da Apple, que atualiza os programas sel-ecionados. iPodder e Primetime Podcast Receiver também estão entre as opções.

É necessário cadastrar estes programas para que a atualização aconteça automatica-mente. Assim, o internauta deve entrar na pági-na de um podcast, clicar com o botão direito no link “RSS” ou “XML”, selecionar o item “copiar atalho” e colar o endereço selecionado no agre-gador. Do computador, estes arquivos podem ser transferidos para tocadores portáteis. Boa sorte! e baixe com moderação!

Vini Dias é especialista em mídias digitais e foi o responsável pela criação das redes sociais da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Es-tado de São Paulo.

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por Vini Dias

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Luis Calanca, o “porforoso” da Galeria do Rock

por Mayara Franzini

Assim que meu alvo foi decidido, liguei para a loja Baratos Afins e, de pronto, meu pedido de entrevistá-lo foi atendido para o mesmo dia. Percorri um comprido caminho que mais longo ficava à medida que me ob-servava com uma série de desrespeitos, como ofensas aos idosos no ônibus e motorista ao celular, até que 40 minutos depois, na rua 24 de Maio, 62, no 2º andar da Galeria do Rock, ponto de encontro underground de São Paulo, me deparo com uma infinidade de discos e no centro do espaço que eles - ainda - não ocuparam, um senhor pequeno, naquela ocasião, um ouvinte de uma longa história ao telefone.

O Luis Enfim, posso me apresentar ao entre-vistado. Com um forte aperto de mão, cumpri-mento Luis Calanca, nascido em Flórida Pau-

lista no ano de 1953, proprietário de uma das primeiras lojas de discos da Galeria do Rock, a Baratos Afins, e também do primeiro selo in-dependente do Brasil, que carrega o mesmo nome.

Casado com Vitória e pai de Carolina, cujo nascimento foi responsável pela revolução que conduziu a vida de sua família.Muito receptivo e bem humorado, ele aguarda que eu pergunte, então, digo que li muita coisa a seu respeito na internet e tudo muito igual, por isso, gostaria de bater um papo ao vivo, sem muitas perguntas, queria ouvi-lo! Nesse momento já revela sua posição em relação à rede, “É assim mesmo, tudo é cópia da cópia, e tudo se perde nessa poeira cósmica.”Pelos tantos anos de história, Calanca carrega títulos como visionário, legendário e Dom Quix-ote, então pergunto como ele próprio se de-

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nominaria, e ele se traduz como “por-foroso”, e explica o motivo do adjetivo: “Eu sou um cara meio estranho, porforoso, es-tou por fora de tudo, não gosto de futebol, internet, não tenho celular nem cartão de crédito.” Prefere colecionar vitrolas, ampli-ficadores antigos e claro, seus discos, que hoje somam cerca de 15 mil LPs e dois mil compactos.

O dono da Baratos Afins

Logo depois, ele começa a dizer os seus tí-tulos. O Dom Quixote, por exemplo. “Pois como a própria história, iniciei a gravadora sozinho e isso começou por acaso, com um disco do Arnaldo Baptista, ex-Mutantes, que após ficar em coma pediu para que eu o con-cluísse.”

Em meio a todas suas lembranças, o sexa-genário, ou seja, o homem mais sexy da Galeria, como ele se autointitula, tem também muitas histórias de suas jornadas. Conta que alguns amigos jornalistas e músi-cos iam até a loja para jogar conversa fora. Três desses eram da revista Bizz - Alex An-tunes, Valter Silva e Zé Augusto Lemos, e automaticamente falavam das produções de Calanca, sempre elogiando muito. “Às vezes os achava meio falsos, não porque queriam, mas porque éramos como chamam, uma panela, então tudo que fazia eles achavam o melhor. Até que chegou uma carta de um rapaz do Paraná à redação da revista recla-mando que na cidade dele nunca tinha os CDs que eram indicados e perguntou quanto a Baratos Afins pagava para falarem bem dela em toda edição. Eu pensei que a rec-lamação era por conta de que queria o CD e, para me redimir, enviei uma outra carta oferecendo uma cópia ao rapaz. Nunca me respondeu. A partir daí, fiquei meio bode-ado e saí de cena.”

Ele prossegue: “foi quando comecei a sosse-gar, a produzir MPB. O marco foi o relança-mento de um disco do Tom Zé. Pensei que iria ter uma grande procura, mas por fim não vendeu nada”, diz.

Nesse momento pergunto se teve mágoa de alguma banda que deixou seu selo inde-

pendente para ir à outro maior. “Olha, às vezes fico um pouco chateado sim, acho que foi um pouco de traição por parte de alguns caras. Eles não tinham paciência, achavam que tinha que estar à disposição na hora que queriam e nem sempre era assim. Produzia, editava, corria atrás de gráfica, tudo sozinho, e muitas vezes no meio da produção de outra banda queriam que eu os produzisse. Tinha duas bandas que se achavam astros, sabe”, desabafa, fazendo pose para mos-trar como era a postura das bandas.

Liverpool brasileira

Entre muitos outros detalhes que Calanca cos-tura em seus relatos, pergunto sobre a época da Praça do Rock, em Itaquera. “Ah, para mim Itaquera é a Liverpool brasileira. Os covers eram muitos bons, se fechasse o olho ouvia a banda de verdade cantando. Lá tinha meu amigo Flash – o Fly, na época ele era como o Mick Jagger. Apre-sentou-me todas as coisas loucas da vida. O fes-tival começou a crescer e mudou para o Parque do Carmo. Os caras tocavam porque gostavam, não tinha cachê, era pura curtição”. Mas com o crescimento, começaram as brigas. “A banda Salário Mínimo iria tocar depois do Made in Brasil e precisavam de um instrumento emprestado, o Made não quis emprestar, aí começou a dis-cussão. Nesse dia fiquei com medo”, conta em risos, e fala como foi a ameaça. ”Um cara ´4x4` ameaçou enfiar o microfone na minha boca, foi aí que o Perci (da banda Platina) empurrou o rapaz longe. Sem ressaltar que em um desses festivais, que não tinham nenhuma estrutura, faltava ban-heiro. Um amigo, Ivan Buzique, urinou no copo de cerveja e botou atrás do amplificador. Aiála (amigo de Calanca) saiu do palco, ele era louco igual ao Sid Vicious (Sex Pistols). Na hora de le-var o amplificador embora, viu o copo e tomou a urina inteira e depois cuspiu tudo para cima. Foi muito engraçado. Essa cena deveria ser re-produzida e gravada.”

Luis Calanca carrega em seu currículo a produção do disco Descanse em Paz, de 1986, dos Ratos de Porão. Considera esse disco crossover maldito pelos seguidores do movimento punk, pois não sabia produzir o estilo e os integrantes não sabi-am tocar. Nesse período teve uma convivência intensa com os músicos. “Lembro-me de uma vez que fomos todos ao Bar Brahma e o Gordo (vocalista) começou a cortar os alimentos com a

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faca errada. O garçom veio com aquela pose e o avisou. O João disse: “ah eu não sabia, é porque geralmente eu costumo comer assim. Pegando a comida com a mão e socando na boca. Todos que viram ficaram espantados, nós rimos muito das caras chocadas das pessoas”. E continua lem-brando de acontecimentos com os integrantes.

O Político

Calanca é diretor da Defesa Civil do Centro de São Paulo e se declara anarquista, mesmo assim, ele se mostra preocupado com os problemas do país.

Calanca e a tecnologia

Totalmente contra as novas tecnologias, ele comenta: “a tecnologia digital é como alguém que lavou o neném, jogou a água fora e o bebê junto,” referindo-se à evolução de LP para o CD. Deixa claro que não gosta de nenhuma evolução além dos LP’s, pois todos as outras acabam com a quali-dade das músicas, em sua opinião.Em fevereiro de 1992 fez uma matéria para a revista Veja sobre o assunto, “mas floreei demais, e, pelas minhas declarações perdi alguns amigos”, relembra Calanca que “prega” assumidamente a morte do CD.Ele também diz que acreditou muito no começo no que se falava da internet, mas com o passar do tempo viu que não era “bem aquilo”. “O admirável mundo novo não é tão novo assim. Tem aquele ditado de 15 minutos de fama, mas a realidade é que todo mundo é famoso para 15 pessoas”.

Baratos AfinsAvenida São João, 439 - lojas 314/ 318.Galeria do Rock - Rua 24 de Maio, 62 - Centro - São Paulo / SPTel: (11) 3223-3629http://www.baratosafins.com.br

Quer saber mais sobre a Baratos Afins:Márcia Tosta Dias que é graduada em Ciências Sociais (Unesp – Arar-aquara), mestre em Sociologia (Unicamp), doutora em Ciência Políti-ca (USP), pesquisadora do Centro de Documentação e Memória da Unesp (Cedem) e autora do livro “Os donos da voz” está para lançar

Onde encontrar:

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Esses dias, confabulava com amigos e uma pergunta surgiu no cenário: existe alguma coisa que todas as pessoas gostem de ter, fazer ou criar?

Projetamos várias luzes ao palco, mas nada de iluminar a resposta da questão. Al-guém dizia: comida. E logo, aparecia um estraga prazer lembrando-se da anorexia. Nem a paixão nacional escapou: “eu odeio futebol, faz as pes-soas ficarem irracionais”, soltou uma amiga murchando a bola das idéias.

Ficamos um bom tempo nessa tempes-tade de adivinhações. Até que uma criatura, com menos de 18 anos, começa a tocar no violão, emite daquelas cordas as ondas que iriam clarear todas as faces com nossos perturbados gestos.Começamos a sentir a vibração, todos entraram na mesma sintonia e a resposta veio certa: músi-ca.

A partir daí, apareceram diversos argu-mentos para provar que ela á a queridinha de to-dos os seres humanos. Você conhece alguém que não goste de música? Tenho a certeza que não encontrará uma alma viva que afirmará, “eu não gosto”. A pessoa pode ser a mais chata, ranzinza, mal humorada que ela vai encontrar algum estilo musical que a agrade, que a faça cantar, relaxar e se soltar. A música tem o poder de levar a pes-soa a entrar na freqüência harmônica dos sons. Existem tantas maneiras de construir essa har-monia, que é impossível uma não cair no gosto do ouvinte.

Lembrei-me de dois fatos que vivenciei no mesmo dia. Combinei com mais duas amigas

de irmos a um concerto de câmara em São Paulo. Mar-camos de nos encontrar em um metrô próximo ao teatro, saindo uma do ABC, a outra da zona leste e eu da zona sul. Quando chegamos ao local, começamos a contar a aventura que tivemos pelo percurso e caímos na gargal-hada. Todos nós passamos pela mesma experiência musi-cal: as plataformas dos metrôs estavam repletas de pes-soas e grupos com suas características próprias, como linguagem, roupas, modos. Um grupo de adolescentes cir-culava cantando funk, axé e pagode, faziam uma tremen-da algazarra. Por lei de Murphy, eles entraram no mesmo vagão em que eu estava acomodado. Fui ouvindo todas as músicas até minha descida, com a aprovação de vários usuários do vagão e, claro, com caras feias e discussões para que parassem com a “festa matinal”.

Ouvimos o concerto que também promovia uma campanha para cegos. Eles estavam lá, ao som do vio-lino, da flauta, do clarinete e dos outros instrumentos. À tarde, completamos nosso dia com uma apresentação do coral lírico que trazia uma intérprete de libras para que os surdos pudessem acompanhar o trabalho do grupo.

Essas experiências demonstram o quanto a música é universal por incorporar todas as particularidades hu-manas: “diga-me os estilos musicais de que gosta, que eu te direi quem és”.

A música está na sua casa, na escola, no hospital, como a musicoterapia, no cinema, no teatro, no estádio, nos seus momentos tristes e alegres, na sala de jantar. Para Friedrich Nietzsche: “sem a música, a vida seria um erro”. Talvez você não consiga exprimir o que pensa ou sente por meio da pintura, do desenho, da oratória, da en-cenação... Mas quem não se lembra de uma canção que tem tudo a ver com o contexto daquele momento em que você está vivendo.

“Minha música quer serDe categoria nenhuma

Minha música querSó ser músicaMinha música

Não quer pouco...” Adriana Calcanhoto

Cantando, a gente acha a resposta

porFabiano Estanislau

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Agenda de Shows em São Paulopor Talita Ribeiro

Coldplay - Viva la Vida - Pop Rock Dia 02/03 - Ter Horário: às 21h30 Preço: De R$80,00 a R$500,00 - $$$$ Estádio do Morumbi Praça Roberto Gomes Pedrosa - s/nº Morumbi Fone: 3749-8000 A banda inglesa formada por Chris Martin (voz, piano/teclado e guitarra), Jon Buckland (guitarra, violão e gaita), Guy Berryman (baixo, sintetizador e gaita) e Will Champion (bateria/percussão e piano) apresenta show da turnê Viva la Vida.A apresentação faz parte da divulgação do álbum Viva la Vida or Death and All his Friends, lançado em 2008, e traz no repertório músicas como Strawberry Swing, Violet Hill, Viva la Vida, Lost! e Death and All his Friends, além de antigos sucessos, como Yel-low e God Put a Smile upon your Face.

Elza Soares - MPB A partir de 21/01 - Qua

Horário: às 22h30 Preço: R$55,00 - $$$

Bar Brahma

Av. São João (esquina Av. Ipiranga) - 677 Centro

Fone: 3333-0855

Elza, que foi eleita no ano 2000, pela BBC de Londres, a Cantora do Milênio, apresenta o show Uma Canja de Elza, todas as quartas-feiras.

Jay Vaquer - Pop

Dia 27/03 - Sab Horário: às 22h

Preço: De R$40,00 a R$100,00 - $$$$

HSBC Brasil R. Bragança Paulista - 1.281

Chácara Santo Antônio Fone: 2163-2100

O cantor carioca faz show de lançamento do DVD Alive Brazil e mostra seus sucessos.

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Rita Lee - Multishow ao Vivo - Pop Rock De 05/03 a 06/03 - Sex e Sab Horário: às 22h Preço: De R$30,00 a R$160,00 - $$$$ Credicard Hall Av. das Nações Unidas - 17.955 Santo Amaro Fone: 6846-6010 A cantora faz apresentação de lançamento do CD e DVD Multishow ao Vivo Rita Lee, gravado em janeiro, que comemora os 43 anos de sua carreira.No repertório, Flagra, Mutante, Insônia, Baby, Vingativa, O Bode e a Cabra, versão de I Wanna Hold your Hand dos Beatles, entre outras.Para a apresentação, Rita divide o palco com Roberto de Carvalho e Beto Lee, nas guitarras e vocais, Brenno di Napoli no baixo, Edu Salvitti na bateria, Danilo Santana nos teclados, Débora Reis e Rita Kfouri nos backings vocals.

Claudia Leitte - Axé A partir de 28/01 - Qui

Horário: às 21 Preço: De R$140,00 a R$230,00 - $$$$

Via Funchal

R. Funchal - 65 Vila Olímpia

Fone: 3846-2300

A cantora continua as apresentações de sua turnê Sette, que teve início em julho passado, no Farol da Barra, em Salvador. Um dos pontos altos de sua carreira, foi a gravação de seu primeiro

DVD solo, na praia de Copacabana, em fevereiro do ano passado. Caludia sobe ao palco acompanhada por sua banda e bailarinas, para apresentar sucessos anti-

gos, além da atração maior, que é mais uma canção inédita. (Fotos: Divulgação)

The Cranberries - Pop Rock Dia 29/01 - Sex Horário: às 22h Preço: De R$50,00 a R$300,00 - $$$$ Credicard Hall Av. das Nações Unidas - 17.955 Santo Amaro Fone: 6846-6010 A banda irlandesa faz apresentação e mostra os seus maiores sucessos.Formada por Dolores O’Riordan, Noel Hogan, Mike Hogan e Fergal Lawler, essa é a primeira vez que o grupo faz show no País. No repertório, Dreams, Linger, Zombie, Ode to my Family, Salvation, Free to Decide, When You’re Gone, Stars, entre outros hits que marcaram a trajetória do quarteto.

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A música gospel foi criada com o in-tuito de demonstrar a fé, a devoção e o agradecimento que religiosos têm em res-peito à vida cristã. Muito mais que isso, hoje ela se tornou uma das principais formas de divulgação das religiões em todo o mundo, movimentando um mercado que se expande a cada ano.

O termo gospel é inglês e significa evangel-ho. Esse estilo musical pode ser definido como uma composição escrita para expres-sar a crença individual ou de uma comuni-dade.

Com uma grande variedade de gêneros e ritmos cada vez mais adequados aos novos tempos, rompe barreiras e desfaz precon-ceitos. As suas músicas são ouvidas por pes-soas de diversas raças, credos e cultura. Um exemplo disso é o grande número de artis-tas que depois de algum tempo de carreira ingressam no mundo religioso e mudam to-talmente os seus estilos musicais. Mas qual será realmente o motivo de tantas transfor-mações?

A maioria desses cantores atribui a mu-dança ao fato de terem se convertido a uma religião e quererem dar um novo rumo às suas vidas, dedicando-se a louvar a Deus. Famosos como Mara Maravilha, Simony, Ro-dolfo Abrantes (ex-vocalista dos Raimundos e Rodox), além de Waguinho (ex-pagodeiro do grupo Os Morenos), se renderam ao estilo cristão. No caso de Waguinho e Rodolfo, essa alteração se tornou ainda mais radical, pois eles se converteram e passaram a ministrar cultos em igrejas evangélicas.

Mas se no mundo das celebridades essa transição é comum, no dos que buscam a fama não é diferente. Foi o que ocorreu com a banda mineira Raio de Sol, formada pelos jovens Priscila Rodrigues, 16 anos, Ricardo Martins, 17, Lucas Aguiar, 16, Leiliane Magal-hães, 19, e Eric Gomes, 20.

O grupo, apesar de tocar todos os tipos de música em festas e eventos, prefere a canção evangéli-ca. “Sinto uma paz muito grande quando toco e ao chegar de uma apresentação, fico renovada”, diz Leiliane.

“Como nosso sonho é tocar e cantar, não po-demos recusar nenhum tipo de convite, mas a preferência pelo estilo existe”, completa Eric, o baixista da banda.

Ao serem perguntados sobre o aumento de gravadoras e cantores nessa área, os jovens são claros: “Apesar de acreditarmos que a maioria dos artistas muda porque teve realmente um en-contro com Deus, alguns aproveitam dessa con-dição para tentar modificar sua imagem perante a sociedade, tanto que depois de algum tempo voltam a fazer tudo o que faziam antes”, afirma Ricardo, guitarrista do grupo.

O estudante de jornalismo Thiago Baltazar, 20 anos, que sempre cantou e dançou street dance na igreja e pretende seguir carreira musical por acreditar que mais do que entretenimento, a música é comunicação, conta que a melodia deve transmitir idéias e produzir sentimentos, causar percepções nas pessoas que ouvem.

“Pretendo me dedicar ao trabalho artístico, mas não deixarei o jornalismo de lado. Quero uma carreira mista. Além de cantar, desejo ter uma coluna sobre canções e ensinamentos bíbli-cos, ou quem sabe, até escrever um livro sobre o assunto”, declara Baltazar.

De acordo com o universitário, muitos can-tores de músicas religiosas mudam de gênero so-mente para ganhar dinheiro, porém, sem muita visibilidade. Em contrapartida, há os religiosos que se lançam no mundo artístico e se tornam verdadeiras celebridades, chegam até mesmo a disputar espaço em rádios de músicas populares, como o padre Jonas Abib, fundador da Canção Nova (Comunidade Católica Brasileira), padre Marcelo Rossi e, mais recentemente, o padre Fá-bio de Melo. Sem falar nos diversos pastores e missionários espalhados pelo Brasil.

Um estilo que cresce e faz a cabeça de jovens e veteranos cantores ganha cada vez mais adeptos

A influência gospel por Liliane Rodrigues

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JAZZ

Música popular, com origem nos bairros negros da cidade de Nova Orle-ans, nos Estados Unidos, o Jazz é hoje um dos mais importantes estilos music-ais. Pois combina elementos originados da musica africana, de ritmos populares europeus, da polca e de hinos protes-tantes. As primeiras manifestações deste estilo encontram-se nas músicas tocadas pelas bandas de instrumentos de metal, conjuntos que atualmente são compos-tos por pistão, clarinete, trombone, ban-jo, contra baixo, saxofone e bateria. É normal o improviso durante as apresen-tações das bandas de Jazz, enquanto um dos integrantes brinca com seu instru-mento os outros levam a melodia. Um dos maiores nomes deste estilo musical é  Louis Armstrong  (foto),  figuram  tam-bém Jelly Roll, Buddy Bolden, Sidney Becket. Para os amantes da música de qualidade, o jazz pode ser apreciado na cidade de São Paulo no Bourbon Street Music Club que fica no bairro de Moema.

por Guilherme M.

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SMD promete acabar com a Pirataria

por Vinicius Cordoni

Uma das mais prazerosas sensações da vida é ouvir uma música interessante de uma banda que toque e cante bem. Tristes ou apaixonados é na melodia que as pessoas encontram um alívio diante dos problemas. Porém, ultimamente, essa distração vem saindo um pouco cara.

Tendo como base o salário mínimo (R$ 465,00), um CD (compact disc) chega a custar quase 10% do ordenado, e assim, a pirataria ganha lugar no cenário brasileiro. A cada dez vendidos, seis são ilegais, por isso, o país ocupa o 4º lugar no ranking da pirataria. O mercado fonográfico leva um prejuízo de dez milhões de reais. “Dinheiro que poderia ser investido na revelação musical de crianças desse tão talentoso Brasil de Elis Regina e Cazuza”, afirma Jéferson Brito, 47 anos, produtor e dono de uma loja de CDs.

O produto custa em média de R$ 10,00 a R$ 40,00. Já na rua 25 de Março, sinônimo do comércio popular, localizada no centro de São Paulo, é possível comprar três pelo preço de um.

Brito culpa as gravadoras por não diminuírem o valor e diz ser impossível concorrer com os ambulantes. “Até eu compraria três CDs a preço de um, o povo não pensa em qualidade, e sim no bolso.”

Em relação ao valor pago pelo produto, Arnaldo Sacomany, produtor e jurado de reality show musical defende os custos. “Os CDs são caros, porém são completos, eles vêm com encarte interativo. Além disso, o público tem de reconhecer o trabalho do seu ídolo”, afirma Sacomany.

Nesse cenário, um novo recurso brasileiro promete ser a solução para minimizar os gastos do produto. “A saída é falar a língua do cliente e apelar para a tecnologia. Dessa forma, os preços se tornarão acessíveis”, declara Ralf Richardson da Silva, da dupla sertaneja Christian e Ralf, o inventor do item chamado SMD.

O SMD (semimetal-disc) tem a parte metálica reduzida, o que barateia o produto em 30%. Porém, o espaço interno continua próximo do comum, com 7.000 minutos. A embalagem é simpli-ficada e feita em papel cartão. O governo libera a venda do SMD em bancas de jornal, ambulantes e lojas, com o preço de R$ 5,00 estampado na capa.

Para evitar a pirataria, a banda Inglesa Radiohead tomou uma iniciativa revolucionária: dis-ponibilizou suas músicas para download na internet, assim, os fãs decidem o valor que será pago pelas canções.

Além de combater a venda ilegal é uma forma dos novos artistas divulgarem o seu trabalho. “É um pacote contra bandidos”, completa Ralf.

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Luz,Câmera

e SomOs Primórdios do Som no Cinema.

Ana Paula Teles

Sofisticação, praticidade e conforto fazem parte da vida daspessoas.Ninguémmaisconsegueseimaginarsemocelular,computa-dor,internetouaTVdigital.Todosestãoligadosaosrecursosaudio-visuais. Imaginevocê, leitor, sentadona saladecinemaenadadasgrandes explosões ou efeitos sonoros, justamente aqueles, que ga-rantemvibraçãoacena.Aproduçãocinematográficasurgiudofilmemudo,ehoje,osoméextremamenteimportanteparacomposiçãodaimagem.Assim,arevistaPalavraSonoracontasobreatrajetóriadosomnastelinhasdocinema.

“O somépercebidocomoumanovadimensãoda imagem,aexemplodafala,quequandoutilizada,modificaarepresentaçãodoator.Nocinemamudo,acompreensãodosacontecimentossedáuni-camentepelagesticulaçãodospersonagens.”ExplicaJoséLuizSasso,ex-professordaEscoladeComunicaçõeseArtesdaUniversidadedeSãoPaulo(USP),ementrevistaaocanalindependenteFIZTV.

Noiníciodaobracinematográfica,osatoresapenasdialogavamao vivo na sala de cinema junto ao projetor. Os acompanhamentossonoros,nesseperíodo,tinhamoobjetivodedivertiropúblico,efa-cilitar o entendimento da história, criando agradáveis condições deexibição.

Atrilhamusicalsurgiucomotentativadeabafarobarulhodaprojeçãoe,alémdisso,procuravadistrairopúblicodiantedasimper-feiçõesdaimagem.Ocuriosoéqueosmúsicostocavamsimultanea-menteàsprojeções,entretanto,executavamtemasquenãotinhamnadaavercomoenredodofilme.Asmúsicasparacomporascenastambémeramescolhidasaleatoriamente.Atéquehouveaexperiênciadetocarcomumpianista,eleimprovisavatemasdeacordocomcadaprojeção.Essatendênciamudouaformadeinterpretaçãodosartistaseamaneiradoautorcomporsuashistórias

Emseguida,ocorreuoaparecimentodeorquestraspré-ensai-ediçãoespecial|PALAVRA SONORA 63

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adas, a melodia era escolhida pelo re-gente. O som passava a ser sincronizado à cena. O público se deparava com uma nova sensação diante do filme, pois se co-movia, chorava e se alegrava com os per-sonagens.

Os diretores começavam a en-comendar partituras adequadas às suas produções, e isso causava maior interação das pessoas diante da imagem.

Com a chegada da televisão em 1945, houve uma queda significativa nas idas ao cinema. Entretanto, com o tem-po, os espectadores passaram a notar o diferencial dos filmes quando assistidos em um local fora do ambiente doméstico. Assim, ocorreu um estímulo a produção e ao consumo.

Nessa época, os longas-metragens já contavam com recursos mais sofistica-dos, como exemplo, o processo tecnicolor, utilizado no clássico “E O Vento Levou”. Diante disso, Hollywood trouxe imagens a cores e telas mais largas. A partir de en-tão, inúmeros formatos e tecnologias fo-ram criados, o que revelou o cinema como um espetáculo diferente da televisão.

O primórdio do som no cinema res-salta ideias mirabolantes e geniais para

atingir a incrível junção do som e imagem.

Eduardo Santos Mendes, edi-tor de som, explica que é muito importante a ambientação sonora dentro de um roteiro. Ele cita o filme “Contra Todos”, feito no ano de 2003, e com direção de Roberto Moreira. Uma relevante obra que exemplifica o papel do som dentro de uma história.

Conta que o ambiente urba-no pode interferir nos papéis e diz que o público fica tenso ou comovi-do com o acréscimo sonoro. “Outro recurso é inverter o ponto de es-cuta, ou seja, ao invés de se ouvir todo som uniformemente, passa-se a escutar ´por dentro da cabeça` do ator, isso faz com que o espe-ctador sinta as reações do person-agem”, afirma Mendes.

Ele também comenta sobre os principais elementos para com-por um filme. “O fundamental na hora de produzir um roteiro é val-orizar a imagem, o ruído e a voz. Sem esquecer que o som estabe-lece a sua contribuição associado à montagem. Assim, consegue tornar o cinema uma experiência cada vez

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Não é fácil decidir que tipo de aparelho comprar ou qual será a marca do produto. A procura pela loja ideal tem a mesma relevância que o equipamento e o seu preço. O comércio que você visitará, cheio de lágrimas nos olhos em busca de descontos poderá contribuir para a con-tenção de gastos. Na rua Teodoro Sampaio, não faltam pontos de venda para serem in-specionados.

Muitos estabelecimentos estão nesse endereço há mais de cincos anos, e todos possuem filiais espalhadas pela cidade de São Paulo. A loja Playtech, por exemplo, famosa por seus equipamentos tem fran-quias até no interior do estado.

Atila Plínio, repositor da rede diz que os vendedores encontram muito tra-balho. “Sem contar que ainda temos os pedidos dos compradores e a limpeza do acervo. Além disso, precisamos saber to-das as informações sobre o produto, com o objetivo de esclarecer às dúvidas dos cli-entes”, afirma Plínio.

Dessa forma, toda equipe da loja também deve entender de música e equi-pamentos sonoros. Alguns funcionários até mesmo possuem bandas ou tocam em even-tos.

Atendimento, o diferencial Elucidar as perguntas dos freqüentadores soma pontos positivos na escolha da loja. Segundo Erivelton Mesquita, vendedor da X5 music, a atitude demonstra a qualidade das mercadorias, procedência da marca e credibilidade do estabelecimento e equipe.

O público da X5 music tem um perfil variado. Aparecem músicos, professores, amadores e religiosos. “Enfim, vem gente de todos os lugares”, considera Mesquita.

Em qualquer loja do ramo, os preços dos instrumentos variam de acordo com a experiência do freguês.

O gasto maior ocorre devido à dis-tinção de cada equipamento para se captar o som, a maneira como o aparelho é feito. Já a garantia dos produtos pode variar de três meses a um ano, conforme a loja.

A busca por menores custos é um ato comum entre os compradores da Teo-doro Sampaio. As propostas para “fisgar” o público são inúmeras. Na loja Tango, por exemplo, os vendedores aproveitam o fi-nal de ano para fazerem kits promocion-ais. Ivan Valle, estoquista, diz: “Os itens são compostos por guitarra, amplificador e pedal. Assim, o garoto conseguirá fazer um barulho e tanto na casa dele”, alerta.

Onde encontrar:Playtech - Rua Teodoro Sampaio Funcionamento: Segunda a Sexta das 9h às 19h Aos sábados das 9h 16h30

X5music - Rua Teodoro Sampaio Funcionamento: Segunda a Sexta das 9h às 19h Aos sábados das 9h 17h

Tango - Rua Teodoro SampaioFuncionamento: Segunda a Sexta das 9h às 19h Aos sábados das 9h 17h

A rua Teodoro Sampaio é o lugar certo para os amantes da música

Instrumento musical, uma decisão impor-tante para quem vive no ritmo da melodia

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