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Bacillus Subtilis e vacinas Bacillus Subtilis e vacinas Avanços na pesquisa de veículos vacinais baseados em linhagens geneticamente modificadas de B. subtilis Avanços na pesquisa de veículos vacinais baseados em linhagens geneticamente modificadas de B. subtilis ISSN 1982-1301 Biocombustíveis e a sustentabilidade Biocombustíveis e a sustentabilidade Ciência in Foco 06 outubro/novembro/dezembro - 2008 informativo sbm • ano 2 • www.sbmicrobiologia.org.br A revista do Microbiologista.

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Bacillus Subtilise vacinasBacillus Subtilise vacinasAvanços na pesquisa de veículos vacinais baseados em linhagens geneticamente modificadas deB. subtilis

Avanços na pesquisa de veículos vacinais baseados em linhagens geneticamente modificadas deB. subtilis

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Biocombustíveis e a sustentabilidade

Biocombustíveis e a sustentabilidade

Ciência in Foco

06outubro/novembro/dezembro - 2008

informativo sbm • ano 2 • www.sbmicrobiologia.org.br

A revista doMicrobiologista.

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Editorial

03

Índice

ExpedienteEditores: Tiragem:Carlos Taborda e Walderez Gambale 2000 exemplares - Circulação Nacional

Distribuição gratuita para sócios SBMMarketing e Publicidade:Prix Eventos: Silvia Neglia - Diretora Responsabilidade editorial:Fone/fax: 51.32496164 Todos os artigos [email protected] são de responsabilidade dos

respectivos autores.Editoração e Impressão:Dolika Afa Artes Gráfica: (51) 3343.5533Diagramação: André Saboia

SBM in FocoRevista da Sociedade Brasileira deMicrobiologia

Ano 2, nº 6 (Outubro, Novembro, Dezembro)São Paulo: SBM, 2008

Periodicidade Trimestral

Ciência in Foco

NOTÍCIAS in Foco

PURIFICAÇÃO DE

BIOMOLÉCULAS

INTRACELULARES

PRODUZIDAS POR

MICRORGANISMOS . . . . . . . 04

BIODIVERSIDADE DE

FUNGOS E SEU POTENCIAL

COMO AGENTES

PRODUTORES DE

FÁRMACOS. . . . . . . . . . . . . . . 12

BACILLUS SUBTILIS E

VACINAS: AVANÇOS NA

PESQUISA DE VEÍCULOS

VACINAIS BASEADOS EM

LINHAGENS GENETICAMENTE

DE B. SUBTILIS. . . . . . . . . . . . 18

PROFESSOR:

OBSOLESCÊNCIA

PROGRAMADA?. . . . . . . . . . . 23

BIOCOMBUSTÍVEIS

E A SUSTENTABILIDADE. . . . 26

. . . . . . . . . . 29

A revista

deseja a seus leitores um 2009 repleto de

paz e felicidade.

Microbiologia In Foco

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1. Francislene Andréa Hasmann

2. Priscila Gava Mazzola

3. Pérola de Oliveira Magalhães

4. Thereza Christina Vessoni Penna

5. Adalberto Pessoa Junior

Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo. Caixa Postal: 116 – 12.602 810. Lorena/SP. Email: [email protected]; São Paulo – SP

Universidade de São Paulo - Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Departamento de Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, CEP 05508-000

Universidade de Brasília - Faculdade de Ciências da Saúde - Curso de Ciências Farmacêuticas; CEP 70910-900 Brasília.

Universidade de São Paulo - Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Departamento de Tecnologia Bioquímico-Farmacêutica, CEP 05508-000

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INTRODUÇÃOOs produtos de origem microbiana (bio-

produtos ou biomoléculas), dos mais ela-borados (como os vetores de terapia gêni-ca) aos tradicionais (como o etanol), ocu-pam posição central nas sociedades atua-is. A obtenção destes produtos normal-mente é efetuada por processos de bio-conversão, síntese bioquímica ou ainda por extração de fontes naturais. Assim, o produto desejado pode ter sido liberado pe-las células num meio complexo após a bio-conversão, ser a própria célula, ou ainda ser um metabólito celular que deve ser reti-

PURIFICAÇÃO DE BIOMOLÉCULASINTRACELULARES PRODUZIDAS POR MICRORGANISMOS

Ciência in Foco

rado do interior das células. Em bioproces-sos, qualquer tratamento aplicado com o intuito de se extrair uma biomolécula é co-nhecido como “downstream processing”, ou seja, operações unitárias aplicadas em bioprocessos e biomoléculas.

O processo de purificação de biomolé-culas intracelulares (aquelas que são pro-duzidas pelas células, mas não são natu-ralmente liberadas) constitui etapa com-plexa do processo produtivo por dois prin-cipais motivos: i) envolve uma etapa adici-onal de rompimento celular, gerando as-sim um meio ainda mais complexo, cha-

mado homogeneizado, com debris celula-res, organelas, ácidos nucléicos, proteí-nas contaminantes, componentes do meio de cultura, pigmentos, polissacarídeos, en-tre outros, os quais além de aumentar a complexibilidade do meio podem ainda da-nificar a estrutura biológica da biomolécula e ii) devido às características das biomolé-culas de interesse, as quais no geral, são sensíveis à temperatura, pH, entre outros. Dentre as biomoléculas intracelulares de interesse merecem destaque aquelas pro-duzidas por leveduras, tais como: enzimas (glicose-6-fosfato desidrogenase, hexo-

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Figura 1: Etapas de um processo genérico de purificação de uma biomolécula intracelular (Adaptado de Pessoa-Jr & Kilikian 2005).

quinase), peptídeos (antígeno de superfí-cie da Hepatite B) e proteínas (HIV-1 gp 120, interferon-á8) (Kula 1982, Mazzola et al. 2006).

Embora cada esquema de purificação envolva etapas diferentes, a Figura 1 apre-senta uma seqüência genérica de etapas de purificação de biomoléculas intracelu-lares.

A produção industrial de biomoléculas de interesse depende estritamente das téc-nicas de purificação adotadas. Dada a sua complexibilidade - número de operações unitárias necessárias, entre outros fatores - a etapa de purificação contribui substan-cialmente para os custos totais da obten-ção de uma biomolécula. Estima-se apro-ximadamente que a razão entre os custos da produção e os de purificação seja de 60:40 (upstream e downstream, respecti-vamente). No entanto, estes custos tor-nam-se maiores quando são exigidos gra-us de pureza elevados, uma vez que po-dem ser necessárias: etapas de alto custo, tais como cromatografia de afinidade e tro-ca iônica (Chang & Chase 1996), número elevado de etapas, ou ainda, quando es-tas biomoléculas são obtidas em baixas concentrações nas células ou biorreato-res.

Assim, a pesquisa e o desenvolvimen-to de técnicas mais econômicas e simplifi-cadas para a purificação de enzimas e bio-moléculas apresentam grande interesse tecnológico. Dentre as técnicas estudadas para recuperação e/ou purificação de bio-moléculas, destaca-se a extração líquido-líquido devido à sua eficiência, versatilida-de, baixo custo e facilidade de ampliação em escala. Esta operação unitária é em-pregada na indústria, e consiste basica-mente na utilização de sistemas formados de água/solventes orgânicos para extra-ção de diversas substâncias, como por exemplo, na purificação de antibióticos e ácidos orgânicos. A extração convencional aplicada na indústria química, entretanto, consiste em sistemas água-solvente orgâ-nico, de forma que apresenta elevado ris-co de danos às biomoléculas. Na purifica-ção de biomoléculas, com a finalidade de capitalizar os benefícios da extração líqui-do-líquido convencional, fluidos aquosos complexos têm sido utilizados nos proces-sos de extração, formando sistemas mais amenos (Belter et al. 1988).

Destacam-se as extrações líquido-líquido por sistemas micelares de duas fa-ses aquosas, sistemas de micelas rever-sas, e sistemas poliméricos de duas fases aquosas. Estes processos de extração lí-

quido-líquido têm sido usados com êxito na purificação de biomoléculas, entre elas as enzimas glicose-6-fosfato desidroge-nase, hexoquinase, xilitol desidrogenase e outras.

A extração líquido-líquido é um proces-so de transferência de um soluto de uma fa-se líquida para outra fase líquida imiscível em contato com a primeira. Dentre os dife-rentes tipos de sistemas de extração líqui-do-líquido propostos para este fim, estão os Sistemas Micelares de Duas Fases Aquosas (SMDFA), constituídos primaria-mente por moléculas de tensoativos que tendem a formar micelas. Oferecem simul-taneamente um ambiente hidrofóbico e ou-tro hidrofílico, o que permite a seletividade na partição das biomoléculas (Rangel-Yagui 2003).

Na composição destes sistemas, são empregados polímeros hidrofílicos ou ten-soativos não-iônicos adicionados a solu-ções aquosas, que formam duas fases imiscíveis. O elevado teor de água das fa-ses formadas, de 75 a 90% em massa, ga-rante a manutenção das propriedades bio-lógicas das biomoléculas de interesse. Assim, biomoléculas podem ser purifica-das em decorrência da partição diferencia-da da molécula-alvo e impurezas entre as fases líquidas.

São fatores decisivos as propriedades de superfície das proteínas, tais como: car-ga elétrica, hidrofobicidade e massa mole-cular (Albertsson 1986).

O método de separação de biomolécu-las por SMDFA explora a característica

PROCESSOS DE EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO

que alguns sistemas possuem de que, quando submetidos a determinadas con-dições, podem espontaneamente se sepa-rar em duas fases líquidas aquosas e imis-cíveis. Considerável interesse tem sido ve-rificado na utilização destes sistemas para purificar e concentrar compostos como BSA, bacteriófagos, antibióticos, lisozima e outras enzimas, vitaminas lipossolúveis e compostos orgânicos (Rangel-Yagui 2003; Quina & Hinze 1999).

Agentes tensoativos são moléculas tipi-camente compostas por duas partes qui-micamente distintas: uma porção hidrofíli-ca e outra, hidrofóbica. Em função desta estrutura química diferenciada, quando es-tas moléculas de agentes tensoativos são dissolvidas em água ocorre formação es-pontânea de estruturas agregadas nano-métricas conhecidas como micelas. Nes-tas, as caudas hidrofóbicas se atraem mini-mizando o contato com a água, enquanto que as cabeças hidrofílicas permanecem na superfície externa da micela para maxi-mizar esse contato (Chevalier & Zemb 1990). A formação de micelas reflete um balanço complexo de várias forças inter-moleculares, incluindo forças de Van der Waals, interações eletrostáticas e intera-ções hidrofóbicas (Israelachvili 1991).

Sob determinadas temperaturas e con-centrações de agentes tensoativos, uma solução aquosa micelar homogênea pode se separar em duas fases macroscópicas, ambas contendo micelas, porém, com uma delas apresentando maior concentra-ção destes agregados. Esta separação de fases é induzida pelo "aumento da tempe-ratura" do sistema e pode ser representa-do por uma curva em forma de sino deno-

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minada de curva binodal, que é construída variando-se a concentração do tensoativo e a temperatura. Esta representa o limite de separação na qual a solução micelar se separa em duas fases macroscópicas, co-mo resultado da competição entre os efei-tos da "energia interna" que promove a se-paração das micelas da água e os efeitos entrópicos, que promovem a miscibilidade das micelas na água (Blankschtein et al. 1986).

Embora os agentes tensoativos, em particular os iônicos (dodecil sulfato de só-dio), possam se ligar a proteínas resultan-do em sua desnaturação, existem tensoa-tivos não-carregados (Triton X-114, óxido de n-decil-tetraetileno (C E )) que não se 10 4

ligam de forma intensa a estas biomolécu-las e, portanto, não as desnaturam. Desse modo, os SMDFA constituídos por agentes tensoativos não-carregados podem pro-porcionar um ambiente ameno e compatí-vel com as biomoléculas. As micelas, por serem susceptíveis a modificações em sua estrutura, possibilitam o controle e oti-mização da partição de biomoléculas pelo ajuste das suas características como tama-nho e forma através da variação da tempe-ratura, concentração do tensoativo e adi-ção de sais. Além disso, a seletividade da partição pode ser melhorada com a utiliza-ção de ligantes de afinidade específicos à biomolécula-alvo ou misturas de tensoati-vos iônicos e não-iônicos (Makino et al. 1973).

O trabalho pioneiro que mostrou a pos-sibilidade de extração de proteínas por sis-temas micelares, utilizando-se o tensoati-vo não-iônico Triton X-114, foi o de Bordier,

em 1981. Soluções aquosas de Triton X-114 se separam em duas fases quando a temperatura é aumentada acima de 20 °C. Posteriormente, Minuth et al. (1996) reali-zaram a purificação da enzima colesterol oxidase em somente duas etapas, SMDFA seguido de cromatografia de troca-iônica, obtendo um fator de purificação de 160 e recuperação enzimática total de 80%.

Adicionalmente, a seletividade na par-tição de proteínas em SMDFA pode ser oti-mizada pela presença de ligantes de afini-dade. Se o ligante de afinidade apresentar partição preferencial para uma das fases, existe a possibilidade deste influenciar a partição da proteína-alvo sem necessida-de de ligação covalente do ligante ao ten-soativo. É desejável, portanto, que o ligan-te de afinidade particione de maneira desi-gual entre as fases e influencie a partição da proteína-alvo para a mesma fase à qual ele migra (Quina & Hinze 1999).

Semelhantemente ao que ocorre em meio aquoso, quando substâncias anfifíli-cas como os tensoativos são dissolvidas em meio solvente orgânico, formam agre-gados nanométricos denominados mice-las reversas. Estas estruturas se formam tanto na ausência quanto na presença de água, todavia, se a estrutura é completa-mente livre de água, os agregados são mui-to pequenos e polidispersos. Esta agrega-ção em meio solvente é mais complexa do que a formação de micelas em meio aquo-so, dependendo adicionalmente de fato-res tais como tipo e concentração de ten-soativo e/ou solvente empregado.

Na extração líquido-líquido por siste-mas micelares reversos (SMR), é possível

não somente purificar biomoléculas, mas também concentrá-las, uma vez que ge-ralmente são obtidas em baixas concen-trações nos biorreatores. É um método de purificação no qual com a alteração de pa-râmetros como pH, concentração de ten-soativo, tipo e concentração de solvente, temperatura, entre outros, pode-se alterar a especificidade do sistema, melhorando o processo de extração. Esta técnica apre-senta-se promissora para purificação de bi-omoléculas, e está fundamentada em tra-dicionais e bem estabelecidas operações de engenharia, tornando simples a sua execução em sistema descontínuo e con-tínuo, possibilitando ainda a ampliação de escala. O método tem despertado o inte-resse de pesquisadores sendo que a na-no-solubilização de componentes biologi-camente ativos tais como aminoácidos (Fu-rusaki et al. 1990), peptídeos (Leodidis & Hatton 1990), enzimas (Hasmann et al. 2007b) entre outros, tem sido amplamente estudada.

As micelas reversas possuem três áre-as nas quais as biomoléculas podem ser nano-encapsuladas: i) no centro aquoso, ii) na interface entre as porções hidrofílicas do tensoativo; e iii) na fase orgânica exter-na. Os tensoativos mais comumente em-pregados em sistemas de micelas rever-sas podem ser divididos com relação à car-ga da sua porção polar em: i) aniônicos, como o aerosol-OT (AOT); ii) catiônicos, como o brometo de cetiltrimetilamonio (CTAB); iii) neutros, como o Triton; e iv) zwiteriônicos, como a lecitina de soja. A escolha do tensoativo num processo de pu-rificação deve considerar o ponto isoelétri-co (pI) da biomolécula e o tamanho da mi-cela desejada.

O mecanismo de nano-encapsulação por micelas reversas não está totalmente elucidado. No entanto, a teoria mais aceita descreve a formação das micelas rever-sas como um mecanismo cooperativo en-tre biomoléculas e tensoativo: a interface entre as duas fases (aquosa e micelar) se deforma em torno da biomolécula, forman-do a micela reversa e transferindo-a para a fase orgânica, conforme ilustrado na Figu-ra 4 (Dungan, et al. 1991).

Vários fatores têm sido reportados co-mo significativos para a extração de bio-moléculas por SMR, como: grau de hidra-tação, pH, solventes e co-solventes (tipo e concentração), temperatura, dentre ou-tros.

O comportamento de proteínas é de-pendente do pH da solução, pois este de-termina a rede de cargas da proteína. Figura 2: Mecanismo de formação de micelas reversas.

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Usando soluções com valores de pH inferi-ores aos do ponto isoelétrico da proteína, esta apresentará carga líquida positiva, ao contrário, terá carga líquida negativa. Por-tanto, para que o não-encapsulamento da proteína ocorra, através de interações ele-trostáticas, é necessário que exista dife-rença de cargas entre esta e o tensoativo (Hasmann et al. 2001), sendo possível que as extrações ocorram tanto por interações eletrostáticas quanto por forças hidrofóbi-cas (Hasmann et al. 2000 e 2001).

Várias correlações têm sido estabele-cidas entre os solventes e co-solventes e as suas propriedades no tocante a mudan-ças no comportamento e estabilidade das biomoléculas e o tamanho das micelas (Hou et al. 1988). Hilhorst et al. (1995) estu-dando a extração de -amilase, utilizando Aliquat 336, verificaram ser o processo sensível às variações no tipo de co-solvente utilizado no sistema, alterando a sua capacidade de extração.

A temperatura é também um fator de im-portância na absorção de biomoléculas por micelas reversas, pois influencia a ca-pacidade máxima de absorção das mice-las reversas. Dentro de uma determinada faixa de temperatura, as micelas reversas são formações estáveis, o que favorece a absorção de moléculas, a temperaturas mais elevadas vai depender mais da sua termoestabilidade do que da capacidade de absorção da micela (Krei & Hustedt 1992, Pessoa & Vitolo 1998). Outros fato-res também têm sido estudados e de-monstram a influência sobre o processo: força iônica, tipo e concentração do tenso-ativo, emprego de aditivos, etc.

Vários estudos empregando SMR têm sido conduzidos com êxito. Hasmann et al. (2007a,b) empregando SMR formado pelo tensoativo zwiteriônico lecitina de soja (em isooctano e hexanol) em estudos de purifi-cação da enzima glicose-6-fosfato desi-drogenase (presente em células de S. ce-revisiae) obtiveram um aumento de pure-za de 5,4 vezes para enzima presente no homogeneizado livre de células. Cortez et al. (2004), empregando CTAB em isoocta-no/hexanol/butanol, alcançaram fatores de purificação de 5,6 e 1,6 vezes respecti-vamente, para as enzimas intracelulares xilose redutase e xilitol desidrogenase, pre-sentes no homogeneizado celular de Can-dida guilliermondii. Empregando este SMR, Peffi e colaboradores (2005) alcan-çaram valores de recuperação superiores a 90% para a enzima glicose oxidase obti-da de Aspergillus niger.

Outra possibilidade tecnológica, o uso

de sistemas aquosos bifásicos ou siste-mas de duas fases aquosas (SAB ou SDFA), tem sido avaliada como alternativa aos métodos tradicionais de extração lí-quido-líquido desde 1956. A técnica é utili-zada na purificação de diferentes biomolé-culas de origem animal, vegetal e microbi-ana, na extração de vírus, organelas e áci-dos nucléicos, devendo-se destacar a apli-cação na purificação de enzimas.

Estes sistemas são formados pela reu-nião de determinados polímeros, poliele-trólitos, ou ainda, polímeros em combina-ção com solutos de baixa massa molar, em uma mesma solução, formando quatro ti-pos de sistemas possíveis. Em todos os ca-sos, são obtidas duas fases aquosas imis-cíveis com elevado teor de água, de 75% a 80% em massa, garantindo, desta forma, a integridade das biomoléculas. A purifica-ção é resultado de uma partição diferenci-ada da molécula alvo e impurezas entre as duas fases (Silva & Franco 2000).

Num primeiro grupo de SDFA podem ser englobados os sistemas formados por dois polímeros não iônicos, como o polieti-lenoglicol PEG/Dextrana (Dx) e polipropi-lenoglicol (PPG)/dextrana. Num segundo, sistemas formados por um polieletrólito e um polímero, como sulfato dextrana de só-dio/polipropileno glicol e carboximetilcelu-lose de sódio /metil celulose. Os SDFA for-mados por dois polieletrólitos constituíri-am um terceiro grupo. São exemplos, os sistemas sulfato dextrana de só-dio/carboximetildextrana de sódio e carbo-ximetildextrana de sódio / carboximetilce-lulose de sódio. E, num quarto grupo, tem-se um polímero não iônico e um composto de baixa massa molar, tais como PPG/fosfato de potássio e PEG/fosfato de potássio. Os sistemas formados por PEG e sal, são muito empregados devido à rápi-da separação das fases, baixos custos e al-

ta seletividade na separação (Silva & Fran-co 2000).

O SDFA é representado em um diagra-ma de fases no qual a ordenada, represen-ta a composição em massa da molécula que apresenta maior concentração na fa-se de topo (PEG, por exemplo) e a abscis-sa, representa a composição da molécula de maior concentração na fase de fundo (sal ou dextrana, por exemplo). Composi-ções representadas por pontos acima da curva de equilíbrio, também denominada curva binodal, levam à formação de duas fases e, abaixo da curva, a uma só fase, co-mo representado na Figura 5.

Após o estabelecimento do equilíbrio, o sistema cuja composição inicial era dada pelo ponto M, apresenta as composições indicadas pelos pontos T (fase de topo) e B (fase de fundo), de tal modo que ambos os componentes do sistema estão presentes nas fases líquidas. A reta TMB é chamada linha de amarração (``tie-line´´). Os siste-mas cuja composição inicial encontra-se sobre uma mesma linha de amarração pos-suem a mesma composição final (fases de topo e fundo). Porém, a relação de volu-mes entre as fases é diferente para cada composição, de acordo com a razão entre os segmentos TM e BM, a qual é igual à ra-zão entre os volumes de fase de fundo e to-po. As diversas linhas de amarração são paralelas entre si.

Os principais fatores que influenciam a posição do equilíbrio em um SDFA são a massa molar do polímero, tipo de sal e con-centração dos componentes (Kula et al. 1982). A literatura apresenta significativa variedade de modelos e teorias, o que de-nota o pouco conhecimento sobre os fun-damentos que explicam a formação de du-as fases líquidas imiscíveis, sobretudo no equilíbrio de sistemas polímero-polímero e polímero-sal. A grande maioria dos mode-

Figura 3: Curva de equilíbrio do sistema PEG/fosfato (Pessoa-Jr & Kilikian 2005).

Fosfato (%massa)

PEG (%massa) T

M

B

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los está contida em dois grupos básicos: um grupo baseado na teoria da solução de polímeros e outro com teorias adaptadas dos tratamentos termodinâmicos do equi-líbrio de fases líquidas (Pessoa Jr. & Kiliki-an 2005).

A diferença de viscosidade entre as du-as fases líquidas, bem como a diferença de força iônica (relacionadas à condição de menor potencial químico), sobretudo no caso dos sistemas PEG/sal, auxilia na manutenção da segregação das fases. A partição de proteínas ou outras biomolé-culas entre as duas fases é regida pela con-dição de menor potencial químico ou mai-or solubilidade, isto é, a biomolécula apre-sentará maior concentração na fase em que o seu potencial químico for menor ou a sua solubilidade for maior. Desta forma, as características físico-químicas das proteí-nas (hidrofobicidade, carga superficial e massa molar) e da solução (pH e força iôni-ca), serão determinantes para a partição. Considerando-se que a maior parte da so-lubilidade de proteínas está baseada nas interações das cargas superficiais com íons em solução, a distribuição de cargas é fator importante na extração em SDFA. Portanto, pH e força iônica são importan-tes ao processo.

A influência da força iônica do meio ocorre, sobretudo, em sistemas contendo sulfatos ou fosfatos, devido à alta concen-tração dos sais, entre 0,5 e 2 M, que atua reduzindo a solubilidade da molécula na fa-se salina, que migra para a fase menos po-lar na qual apresentará maior solubilidade, um efeito de “salting-out”´. O tipo de polí-mero e a sua massa molar também influ-em na partição, sistemas constituídos por PEG de massa molar superior a 1500 Da, a partição é favorável à fase salina devido ao mecanismo da exclusão molecular.

Além da exclusão molecular, a elevada massa molar gera alta área de contato en-tre biomoléculas e componentes do siste-ma e, de acordo com as características da molécula e tipo de interação, ela terá mais afinidade por uma das fases. Este fator é importante quando da separação de molé-culas com massas molares diferentes. De modo geral, a partição é menos eficiente e diminui com o aumento da massa molar da proteína. Células e seus fragmentos po-dem ser extraídos em um SDFA, o que é particularmente vantajoso quando se trata de sólidos de pequena dimensão, como os fragmentos celulares, e bolores, cuja den-sidade próxima à da água, dificulta ou até mesmo inviabiliza a clarificação por centri-fugação. Além disso, pode-se integrar o processo, uma vez que freqüentemente cé-lulas e os seus fragmentos localizam-se na interface do sistema ou na fase de fun-do, quando esta fase é rica em sal.

As leveduras são organismos eucarió-ticos unicelulares que existem no solo, ar, plantas, frutos e alimentos. A espécie mais estudada é a Saccharomyces cerevisae e encontra-se no centro da Biotecnologia tra-dicional, pelo seu papel milenar na produ-ção de pão, vinho e cerveja, devido à sua capacidade de produzir álcool (sobretudo o etanol, presente em bebidas fermenta-das) e dióxido de carbono (que permite a expansão da massa do pão), a partir de açúcares. Além de desempenhar um im-portante papel em processos biotecnológi-cos relevantes, esta levedura é ampla-mente utilizada como modelo experimen-tal eucariótico em estudos de biologia fun-damental e aplicada.

BIOMOLÉCULAS INTRACELULARES DE LEVEDURAS DE INTERESSE COMERCIAL

Outros gêneros de levedura como Schwanniomyces, Kluyveromyces, Pichia, Hansenula, Yarrowia e Candida também têm sido amplamente usadas na biotecno-logia moderna, como hospedeiros na pro-dução de proteínas recombinantes. Desta-que às leveduras metilotróficas, P. pastoris e H. polymorpha, os hospedeiros escolhi-dos por várias companhias biofarmacêuti-cas no desenvolvimento de proteínas tera-pêuticas obtidas por tecnologia de DNA re-combinante (Cereghino & Cregg 1999; Geymonat, et al. 2007). Na Tabela 2 en-contram-se algumas leveduras e as suas biomoléculas de interesse comercial.

Uma série destas biomoléculas purifi-cadas de leveduras foram secretadas no meio de cultivo pelo microrganismo, tor-nando o processo de downstream menos complexo. Deve-se à engenharia genética a possibilidade de hoje muitas proteínas in-tracelulares serem secretadas extracelu-larmente. Entretanto, existem inúmeras bi-omoléculas intracelulares produzidas por leveduras, as quais apresentam interesse para aplicações na saúde e na alimenta-ção humana e animal. Dentre as biomolé-culas intracelulares de importância exis-tem enzimas (glicose-6-fosfato desidroge-nase), peptídeos (antígeno da hepatite B) e proteínas (interferon-á8).

Diferentes técnicas foram utilizadas no processo de purificação destas biomolé-culas. O antígeno de superfície da hepatite B (HBsAg) derivado de H. polymorpha é de grande importância no desenvolvimento te-rapêutico e foi purificado por cromatografia de interação hidrofóbica por diferentes pes-quisadores (Zhou, et al. 2007). O interferon-á 8 produzido por S. cerevisiae, foi purificado usando cromatografia de afi-nidade e cromatografia de troca iônica (Di Marco et al. 1996).

H. polymorpha

K. lactis

P. pastoris

TABELA 2: BIOMOLÉCULAS PRODUZIDAS POR LEVEDURAS

LEVEDURAS LEVEDURAS PRODUTOSPRODUTOS

a-galactosidase

Glicoamilase

Glicose oxidase

Albumina sérica humana

Antígeno de superfície

a-galactosidase

Lisozima bovina

a-amilase

Proquimiosina

Insulina humana

Estreptoquinase

Fator de necrose tumoral

Fragmento C (toxina tetânica)

S. cerevisiae

S. pombe

Y. lipolytica

a-galactosidase

Interferon-g Humano

Pro-uroquinase humana

tPA humana

Prochymosin

Antitrombina III

Fator XIIa

ß-galactosidase

Bacterio-rhodopsin

Proquimiosina Bovina

Invertase

ß-galactosidase

Anafilatoxina humana C5a

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A enzima glicose-6-fosfato desidroge-nase (G6PD), produzida por S. cerevisiae teve a sua purificação por extração liquido-liquido estudada (Hasmann et al. 2007). Esta enzima catalisa a primeira etapa da via das pentoses fosfato. Devido à sua alta atividade catalítica e especificidade ao substrato, G6PD tem sido amplamente usada como reagente em muitos dosea-mentos enzimáticos, como na determina-ção da concentração de ATP e hexoses. Estes autores obtiveram em processo con-tínuo um rendimento de aproximadamente 100%.

A proteína verde fluorescente recombi-nante, GFPuv, é expressada intracelular-mente por bactérias, tais como Escheri-chia coli, podendo ser produzida em maior quantidade por processos fermentativos. No entanto, para se utilizar GFP como indi-cador biológico é necessário que seja de-senvolvido um método de purificação sim-ples e com boa relação custo-benefício. A proteína verde fluorescente (GFP) pode ser empregada como indicador biológico devido a facilidade de sua detecção por es-pectrofluorimetria ou por inspeção visual utilizando lâmpada UV portátil (Penna et al., 2004). A proteína GFP demonstrou em trabalhos anteriores resistência à exposi-ção à agentes químicos e à temperaturas elevadas (Penna et al., 2004). A resistên-cia da GFP possibilita sua utilização como indicador biológico, pois após um determi-nado tratamento a ausência ou diminuição da intensidade de fluorescência emitida in-dica que microrganismos presentes tam-bém foram afetados.

Outro composto interessante e que vem ganhando importância atualmente, devido a necessidade de substituir políme-ros sintéticos por compostos naturais bio-degradáveis é o polihidroxibutirato (PHB).

BIOMOLÉCULAS INTRACELULARES PRODUZIDAS POR BACTÉRIAS DE INTERESSE COMERCIAL

O PHB é um composto de uma classe dos polímeros termoplásticos chamados “poli-hidroxialcanoatos” que atuam como reser-va de carbono para obtenção de energia. Tais polímeros, em condições apropriadas de cultivo bacteriano, são acumulados na forma de grânulos intracelulares, que po-dem ser removidos após rompimento celu-lar, gerando resina plástica com proprieda-des semelhantes às dos plásticos de ori-gem petroquímica (Coutinho et al., 2004). O PHB pode ser produzido a partir do culti-vo de diversas bactérias gram-negativa, in-cluindo Ralstonia eutropha, Alcaligenes la-tus e Escherichia coli recombinante (Lee et al., 1999; Coutinho et al., 2004).

As bactérias Gram-negativas apresen-tam toxinas estáveis que constituem a es-trutura da membrana celular, denomina-das endotoxinas, as quais participam na in-teração com o ambiente e com possíveis hospedeiros (Park et al., 2004). Ainda que ligadas às células, as endotoxinas continu-amente se liberam ao meio (Piluso, Marti-nez, 1999). Estas toxinas não atuam dire-tamente sobre células ou órgãos, mas sim através do sistema imunológico, principal-mente por ação dos monócitos e macrófa-gos os quais desencadeiam reações que geram determinados mediadores como as interleucinas e fator de necrose tumoral, além de radicais livres. Estas substâncias constituem potentes agentes biológicos e são responsáveis pelos efeitos adversos decorrentes da exposição às endotoxinas, os quais incluem: alterações na função e estrutura de células e órgãos, alteração de funções metabólicas, aumento da tempe-ratura corpórea, ativação da cascata de co-

agulação sanguínea, modificações hemo-dinâmicas, culminando com choque sépti-co (Bamba, 1996; Martich et al., 1993; Po-xon, Hughes, 1999). A extração de endoto-xinas pode ter dois objetivos distintos: (i) re-moção de contaminante, neste caso, alto grau de pureza e alto teor de atividade bio-lógica não constituem o objetivo principal; e (ii) concentração e purificação para uso como ferramenta de análise, uma vez que o LPS é utilizado como agente de controle de infecção em ensaios imunológicos, uma vez que estimula em diferentes graus (dependendo da concentração) o sistema imune de modelos animais para ensaios com novos fármacos e vacinas.

Outros exemplos de biomoléculas in-tracelulares produzidas por bactérias são a á-amilase de Thermotoga maritima e a peroxidase de Bacillus sphaericus.

Além destas biomoléculas, várias ou-tras poderiam ser citadas, considerando que as leveduras tornaram-se importantes no desenvolvimento da biotecnologia mo-derna, com as suas aplicações nas indús-trias farmacêuticas e alimentícias (Walker 1999).

A obtenção de diferentes biomoléculas de valor comercial e de interesse farma-cêutico impetrou nos últimos anos inten-sos avanços. No entanto, os processos de purificação não alcançaram o mesmo grau de desenvolvimento tecnológico, o que tor-na fundamental o estudo de métodos e téc-nicas que possibilitem a purificação destes bioprodutos e que ofereçam ao mesmo tempo boa relação custo-benefício, resí-

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Figura 4: Células de E. coli transformadas expressando a proteína verde fluorescente (GFP), sob luz UV.

(fonte: http://www.conncoll.edu/ccacad/zimmer/GFP-ww/chalfie.html)

Figura 5: Proteína verde fluorescente (GFP), sob luz UV, após extração em

Sistema Micelar de Duas Fases Aquosas, no qual a proteína particiona

preferencialmente para a fase inferior.

Figura 6: Grânulos de PHB acumulados em Alcaligenes latus. (fonte: http://www.nrc-cnrc.gc.ca/highlights/2007/0703maplesap_e.html)

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duos de fácil descarte e facilidade de am-pliação de escala, especialmente quando comparados aos métodos tradicionais.

Assim, os processos de extração líqui-do-líquido têm apresentado resultados re-levantes na purificação de biomoléculas, e a compreensão dos mecanismos de extra-ção, identificação de fatores críticos e oti-mização das condições de condução dos processos têm crescido consideravelmen-te.

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3

7

2

6

1

5 8

4

1. Janice A. Rafael

2. Nilton S. Arakawa

3. Gláucia H. Braun

4. Henrique P. Ramos

5. Vânia C. Foster

6. Fernando B. da Costa

7. Mônica T. Pupo

8. Suraia Said

Depto. de Ciências Farmacêuticas. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento, Laboratório de Farmacognosia, Universidade do Vale do Paraíba.

Depto. de Ciências Farmacêuticas. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Depto. de Ciências Farmacêuticas. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Depto. de Ciências Farmacêuticas. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Depto. de Ciências Farmacêuticas. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Depto. de Ciências Farmacêuticas. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Depto. de Ciências Farmacêuticas. Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. E-mail: [email protected]

BIODIVERSIDADE DE FUNGOS E SEU POTENCIAL COMO AGENTES PRODUTORES DE FÁRMACOS

Ciência in Foco

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INTRODUÇÃOPor muitos anos os fungos foram vis-

tos somente como causadores de inú-meras doenças em plantas e animais, in-cluindo o homem. Porém, principalmen-te no último século, com o advento de co-nhecimentos em áreas como a bioquími-ca, a microbiologia, a fisiologia e a gené-tica microbiana, dentre outras, os fungos tornaram-se agentes importantes na de-gradação de matéria orgânica, como agentes primários no ciclo do carbono e do nitrogênio e passaram a fazer parte, também, dos laboratórios em indústrias. Surge assim a microbiologia industrial ou a biotecnologia microbiana. Os fun-gos tornaram-se produtores de enzimas de interesse industrial e farmacêutico, de vitaminas, ácidos orgânicos, polissa-carídeos, pigmentos naturais, agentes antibióticos, antitumorais, imunossu-pressores, antiparasitários e outros (STROBEL et a l . 2004; ADRIO; DEMAIN, 2003; DEMAIN, 1999).

Após a elucidação da estrutura do DNA, técnicas em biologia molecular ex-pandem a genética, que deixa de ser so-mente uma área que estuda a hereditarie-dade para tornar-se arma precisa em ou-tras áreas como na ciência forense. Devi-do à facilidade de cultivo e aos estudos ge-néticos e bioquímicos, que já existiam so-bre as bactérias e os fungos, esses mi-crorganismos foram importantes para a sedimentação desses métodos e para o aprimoramento seja em rendimento ou em eficácia de vários produtos de interes-se.

Os fungos ou os seus produtos fazem parte de vários processos industriais in-cluindo a indústria farmacêutica. Entre os vinte medicamentos mais prescritos mun-dialmente seis são originários ou deriva-dos de fungos como a penicilina, a tetraci-clina e a cefalosporina (DEMAIN, 1999; SCHULZ; BOYLE, 2005). Apesar deste enorme potencial, estima-se que apenas 5% das espécies de fungos, presentes na natureza, já foram descritas e dentre es-sas, a maioria ainda não foi avaliada co-mo fonte de substâncias bioativas, tor-nando os fungos um dos grupos menos estudados quanto aos seus metabólitos secundários (STROBEL et al., 1996; PEARCE 1997; HAWKSWORTH, 2001).

Vale ressaltar que várias enzimas são uti-lizadas como agentes terapêuticos como a L-asparaginase ou como coadjuvantes de princípios ativos.

Na Fig.1 está ilustrado um método rá-pido (Gulati; Saxena,1997) de selecionar fungos produtores da enzima L-asparaginase, empregada no tratamento de leucemias humanas, um método utili-zado no laboratório de Enzimologia Industrial – FCFRP-USP, no programa de bioprospecção de fungos (FAPESP proc. no 2004/07935-6)

Alguns microrganismos habitam o inte-rior de plantas e são designados como en-dofíticos. Fungos endofíticos geralmente colonizam, em algum período de seu ciclo de vida, o interior de plantas, sem causa-rem visíveis sintomas de doenças ao ve-getal (PETRINI et al., 1992; SCHULZ; BOYLE, 2005). Também são endofíticos microrganismos como os fungos micorrí-zicos e as bactérias que formam nódulos nas raízes de plantas; estes, entretanto, são muito mais bem estudados e, por esta razão, considerados separadamente dos que habitam preferencialmente as partes aéreas dos vegetais. As distinções entre microrganismos endofíticos, epifíticos e patogênicos são de natureza apenas didá-tica. Como quase tudo em Biologia, não existe um limite claro entre grupos e sim um gradiente entre eles. Um fungo endo-fítico, por exemplo, pode tornar-se um pa-tógeno conforme as condições de ambi-ente ou equilíbrio com outros endofíticos; um microrganismo epifítico pode, eventu-almente, entrar em uma planta e lá per-manecer por certo período, causando ou não danos à mesma (AZEVEDO, 1999).

FUNGOS ENDOFÍTICOS

Os fungos podem habitar seu hospedeiro intracelularmente ou intercelularmente (CABRAL; STONE; CARROLL, 1993; BOYLE et al., 2001), e podem estar pre-sentes em quaisquer órgãos das plantas e em todos os estágios de seu desenvol-vimento, colonizando assim, todos os ni-chos ecológicos existentes (SAIKKONEN et al., 1998; TAN; ZOU, 2001, KNIGHT et al., 2003, SCHARDL; LEUCHTMANN; SPIERING, 2004; SCHULZ; BOYLE, 2005). Fungos endofíticos classificam-se entre ascomicetos, basidiomicetos, deu-teromicetos e oomicetos, e podem ser co-lonizadores generalistas ou apresenta-rem alta especificidade a uma determina-da planta hospedeira (SAIKKONEN et al., 1998). A reprodução dos fungos endofíti-cos pode se dar através da produção de esporos assexuadamente ou através de reprodução sexuada, sendo os esporos transmitidos verticalmente pela presença em sementes, ou horizontalmente atra-vés da infecção de folhas (WILSON, 1995).

As interações entre fungos endofíti-cos e plantas são dinâmicas podendo vari-a r desde s imbiose mutua l ís t i ca (REDMAN et al., 2002) a comensalismo (DECKERT; MEVILLE; PETERSON, 2001) e até mesmo um fitopatógeno la-tente pode estabelecer colonização como fungo endofítico (PHOTITA et al., 2004). Em todas as interações endofíticas, o ca-ráter assintomático de colonização dá-se através de um equilíbrio de antagonis-mos, entre a virulência do fungo e a defe-sa da planta, no qual há produção de me-tabólitos de interesse opostos por parte de ambos, pois fungos secretam enzimas e outros metabólitos, necessários ao pro-cesso de infecção, e a planta por sua vez,

Figura 1: Seleção de fungos produtores de L-asparaginase. Fungos, de solo e endofíticos, foram inoculados em meio contendo asparagina (B) e asparagina com o

indicador vermelho de fenol (A). O halo vermelho indica a produção de L-asparaginase

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produz metabólitos responsáveis pela contenção da infecção (SCHULZ; BOYLE, 2005). Isto não impede que a inte-ração seja benéfica para ambos, pois fun-gos endofíticos produzem uma ampla di-versidade de metabólitos bioativos que agem na planta, como hormônios de cres-cimento (de BATTISTA et al., 1990), pro-movendo tolerância a estresse abiótico (GAO et al., 2005) e influenciando na fo-tossíntese (SCHARDL; LEUCHTMANN; SPIERING, 2004) além de inibirem herbi-voria e infecção por patógenos (ARNOLD et al., 2003); em troca são supridos com nutrientes e favorecidos quanto à repro-dução e d ispersão (RUDGERS; KOSLOW; CLAY, 2004).

Os fungos endofíticos adquiriram im-portância quando BACON et al. em 1977 descobriram a correlação positiva entre a intoxicação em bovinos e a incidência do fungo Acremonium coenophialum Mor-gan-Jones Gams em talos da gramínea Festuca arundinacea Schreb. Esta des-coberta deu início à busca por microrga-nismos endofíticos e sua relação ecológi-ca na produção de toxinas as quais po-dem causar desordens em animais (LATCH, 1993).

A síntese de metabólitos secundários por fungos endofíticos corresponde ao respectivo nicho ecológico ocupado na planta. As interações metabólicas entre fungo e planta, assim como o bioma no

METABÓLITOS SECUNDÁRIOS DE

FUNGOS ENDOFÍTICOS

qual se encontram inseridos, podem influ-enciar as vias biogenéticas da produção de metabólitos secundários (SCHULZ et al., 2002). Evidencia-se desta forma a plasticidade fenotípica de fungos endofí-ticos, resultante de processos evolutivos entre fungo-planta que culminam com a di-versidade de metabólitos secundários produzidos por estes fungos (SCHULZ; BOYLE, 2005; TEJESVI et al., 2006).

O interesse farmacêutico pelos meta-bólitos secundários produzidos por fun-gos endofíticos recebeu grande impacto

®quando o paclitaxel (taxol ), uma subs-tância comprovadamente antitumoral ini-cialmente isolada de uma planta do pací-fico denominada Taxus brevifolia também foi isolada do fungo endofítico Taxomyces andreanae que habita esta planta

(STIERLE; STROBEL; STIERLE, 1993). Após esta descoberta, vários fungos en-dofíticos isolados de diferentes plantas, não pertencentes ao gênero Taxus, foram relatados como produtores de paclitaxel como, por exemplo, os fungos endofíticos Pestalotiopsis spp, isolados de diversas plantas tropicais, Seimatoantlerium tepu-iense, isolado da planta venezuelana Ma-guireothamnus speciosus Rubiaceae, e Periconia spp, isolada de Torreya grandi-folia (LI et al., 1998; STROBEL, 2003; YUAN et al., 2006).

Os fungos endofíticos são fontes ri-quíssimas de produtos naturais que po-dem promover um amplo espectro de ati-vidades biológicas. O isolamento destas substâncias tem aumentado significativa-

mente, pois aproximadamente 80% dos fungos endofíticos produzem substânci-as que são ativas em bioensaios, sendo que 51% destas são estruturalmente des-conhecidas, contra 38% observada para fungos de solos (SCHULZ; BOYLE, 2005; ZHANG; SONG; TAN, 2006).

Várias classes de metabólitos secundári-os isolados de fungos endofíticos são relata-das tais como biomacromoléculas (polissa-carídeos, enzimas ou proteínas), alcalóides (pirrolidínicos, pirrolizidínicos, indólicos, qui-nolzínicos), esteróides, terpenóides (sesqui-terpenos, diterpenos), isocumarinas, quino-nas, fenóis, (ácidos fenólicos, fenipropanói-des, lignanas), lactonas e outros (ZHANG; SONG; TAN, 2006). Os fungos endofíticos mais conhecidos que produzem metabólitos secundários são: Acremonium sp, Alternaria sp, Chephalosporium sp, Cunninghamella sp, Curvularia sp, Epichlë sp, Fusarium sp, Glomerella sp, Guignardia sp, Neotyphodi-um sp, Pestalotiopsis sp, Pleospora sp, Pho-mopsis sp, Rhizoctonia sp, Rhizopus sp, en-tre outros (ZHANG; SONG; TAN, 2006; ARNOLD, 2007, ALY et al., 2008)

Desde 2000 nosso grupo de pesquisa tem trabalhando com fungos de solo com o objetivo investigar suas capacidades de produzir metabólitos secundários com ati-vidades biológicas (FREITAS et al., 2002; ELIAS et al., 2006) e de biotransformar substâncias isoladas de plantas. Mais re-centemente essas propostas estende-ram-se aos fungos endofíticos e nos ex-tratos de dois fungos, PS1 e PS2 (Fig.1 e 2), isolados da planta medicinal yacón (Smallanthus sonchifolius, Asteraceae) foram detectadas as atividades antibac-terianas e antiparasitárias, especifica-mente por inibir a enzima adenina fosfor-ribosil-transferase (APRT) de Leishma-nia tarentolae (trabalhos em conclusão). Em nossos estudos, tem sido observada a forte influência que as condições de cul-tivo, e principalmente o tempo de incuba-ção, têm sobre a produção de um deter-minado metabólito secundário. Assim é aconselhável estabelecer-se as condi-ções ideais de produção de um metabóli-to secundário antes do isolamento do mesmo e da identificação de sua estrutu-ra química. Uma atividade biológica atri-buída a um composto que está presente no nono dia de cultivo pode não estar ma-

Figura 2: Estrutura do paclitaxel isolado de fungos endofíticos.

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is presente nos dias subseqüentes. O mesmo se aplica para processos de bio-transformação, quando o rigor com as condições de cultivo também deve ser mo-tivo de grande atenção porque um com-posto pode ser biotransformado em um determinado tempo de incubação e o pro-duto biotransformado pode ser novamen-te transformado num tempo posterior. Assim é preciso estabelecer rigorosa-mente as condições de trabalho, pois os fungos respondem às condições de culti-vo utilizando arsenal genético e bioquími-co bastante versáteis.

A biotransformação compreende um processo biológico no qual um composto orgânico é modificado em um produto recu-perável através de reações, as quais são catalisadas pelas enzimas contidas nas cé-lulas. Abrange um processo onde um cata-lisador biológico é utilizado para converter um substrato, envolvendo um número limi-tado de etapas enzimáticas (BU´LOCK; KRISTIANSEN, 1987).

O processo de biotransformação pos-sui histórico relativamente curto quando comparados aos processos fermentati-vos. O uso de um microrganismo, como um reagente químico “vivo”, foi realizado no início de 1930, quando cepas de Sac-charomyces cerevisiae foram utilizadas pa-ra a produção do alcalóide efedrina. Pos-teriormente, vários processos envolvendo passos mediados através de microrganis-mos foram desenvolvidos, tais como a bio-conversão de ácido ascórbico, produção de diidróxiacetona, vários processos de oxidações, reduções, hidrólises e resolu-ções racêmicas (ROSE, 1980).

Entretanto as primeiras tentativas com sucesso na utilização de métodos de biotransformação foram realizadas com os esteróides. Em 1937 Manoli e Vercel-lone observaram a bioconversão de pro-gesterona em 11- hidroxiprogesterona pe-lo fungo Rhizopus arrhizus promovendo rendimentos satisfatórios, pois a 11-hidr-oxiprogesterona pôde ser convertida em cortisona em aproximadamente seis pas-sos, tendo em vista que através de méto-dos sintéticos tal conversão era realizada por aproximadamente 36 passos. Este ex-perimento demonstrou notável melhora-

BIOTRANSFORMAÇÃO POR FUNGOS

mento na síntese de compostos químicos puros (ROSE, 1980; LIMA et al., 2001).

A grande façanha obtida através da pesquisa sobre a bioconversão de este-róides encorajou as companhias quími-cas, farmacêuticas e outros grupos de pesquisa a avaliarem a possibilidade de se utilizar microrganismos para produzir alterações em antibióticos e quimioterá-picos, na esperança de que estas bio-transformações pudessem produzir com-postos modificados estruturalmente com propriedades superiores (alta atividade antimicrobiana, amplo espectro, baixa to-xicidade e melhor absorção) comparados aos antibióticos padrões.

O sucesso comercial de biotransforma-ção mediada por enzimas na síntese de an-tibióticos é a hidrólise da penicilina em áci-do 6-amino-penicilânico (6-APA), uma rea-ção catalisada pela penicilina acilase e o primeiro passo na semi-síntese dos deri-vados penicilânicos comercializados atu-almente (CRUEGER; CRUEGER, 1993).

Existem várias pesquisas sobre a ob-tenção de antibióticos ativos através de transformações microbianas, entretanto, por razões puramente econômicas, ne-

nhuma destas bioconversões foi aprova-da como comercialmente viável. Um exemplo deste caso é a capacidade do fungo Curvularia lunata de hidroxilar mui-tos esteróides na posição 11-á e também a hidroxilar a 2-á-desoxitetraciclina, t rans formando-a em te t rac ic l ina (CRUEGER; CRUEGER, 1993).

Além dos clássicos processos de bio-transformações utilizados pelas indústri-as farmacêuticas, nos últimos anos a pes-quisa sobre as biotransformações envol-vendo produtos naturais puros tem rece-bido grande notoriedade, pois as bio-transformações normalmente ocorrem em temperatura ambiente (20 – 40ºC) e pressão normal. Esses processos são vantajosos sobre os processos químicos, nos quais freqüentemente são necessári-as quantidades significativas de energia. Além disso, as biotransformações polu-em menos que os solventes orgânicos uti-lizados nas conversões químicas.

A biotransformação de compostos quí-micos naturais ou sintetizados tem sido utili-zada em diversos setores da pesquisa cien-tífica tais como na obtenção de novas subs-tâncias, determinação dos padrões de ab-

A B

Figura 3: Visualização dos fungos endofíticos PS1 e PS2. Os fungos PS1 (A) e PS2 (B) foram cultivados em meio PDA a 30oC por 2 e 8 dias respectivamente

A B

Figura 4: Visualização microscópica das hifas vegetativas. Hifas vegetativas de PS1 (A) e PS2 (B) crescidas sobre membranas de diálise por 20 h. a 30°C e analisadas sob estereomicroscópio. Ampliação 56x (A e B).

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sorção alterando a solubilidade dos com-postos (VERZA, et al., 2008), metabolismo de medicamentos (BORGES et al., 2007; BORGES et al., 2008) e principalmente so-bre melhorias da atividade biológica destes compostos (CANELL, 1998).

Os fungos das espécies Rhizopus, Alternaria, Fusarium, Phomopsis, Cunning-hamella, Rhizoctonia, Chephalosporium, Curvularia e Glomerella são os gêneros ma-is utilizados em pesquisas na biotransfor-mação de substâncias naturais. Em nosso grupo as principais classes de substâncias naturais pesquisadas são as lactonas ses-quiterpênicas, lignanas, os esteróides, os mono, di e triterpenos, dentre outros. Em um trabalho recentemente concluído a bud-leína A (Fig. 4), uma lactona sesquiterpêni-ca isolada de Viguiera robusta Gardn. (Asteraceae) e que apresenta atividade anti-tumoral e antiinflamatória “in vitro” e “in vivo” (SIEDLE et al., 2004; VILLAREAL, et al., 1994; VALÉRIO et al. 2007) foi biotransfor-mada por fungos do gênero Aspergillus sp. O produto biotransformado, cuja estrutura ainda está em processo de elucidação, apresentou alterações na atividade citotóxi-ca frente a células leucêmicas JURKAT (ARAKAWA, 2008). Acredita-se que bio-transformações de alcalóides e micotoxinas serão muito promissoras, pois vários destes compostos químicos possuem altos índices de toxicidade e baixa seletividade, caracte-rísticas essas que podem ser melhoradas por processos de biotransformação.

Por ser um país extenso com distintas regiões e detentor de uma biodiversidade riquíssima, o Brasil possui, sem dúvidas,

CONCLUSÃO

nichos microbiológicos dignos de serem explorados. Por esse motivo projetos que visam selecionar, principalmente, fungos produtores das mais distintas classes de compostos químicos, devem ser estimu-lados, pois são esses verdadeiros esto-ques de genes que servirão à biologia mo-lecular. A busca por novos fármacos de ori-gem vegetal ou microbiana é de funda-mental importância tendo em vista a re-sistência adquirida por patógenos e célu-las tumorais, de maneira geral. O presen-te trabalho mostra a importância da pes-quisa que busca novos metabólitos pro-duzidos por fungos, sejam eles isolados do solo brasileiro ou das incontáveis espé-cies vegetais nas quais eles podem habi-tar. Enzimas farmacêuticas, imunossu-pressores, antimicrobianos, antiparasitá-rios, antitumorais e outros compostos com diversas atividades estão contidos em genomas de fungos e cabe a nós sele-cionarmos esses fungos, adequar as con-dições de cultivo para que esses genes se-jam expressos, isolar e elucidar as estru-turas dos metabólitos produzidos, assim como avaliar suas atividades biológicas. Mas, além disso, os fungos podem ainda potencializar a atividade biológica de uma substância extraída de um vegetal, graças à capacidade de biotransformar compostos com os quais convivem na na-tureza há séculos.

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Figura 4: Estrutura da budleína A.

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1.Juliano Domiraci Paccez

2.Wilson Barros Luiz

3. Luís Carlos de Souza Ferreira

Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas, Departamento de Microbiologia, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas, Departamento de Microbiologia, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas, Departamento de Microbiologia, Instituto de Ciências Biomédicas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Vacinas representam a estratégia com melhor custo-benefício, até hoje desco-berta, para o controle profilático de doen-ças infecciosas. Muitas doenças, respon-sáveis por milhões de óbitos no passado (sobretudo entre crianças e idosos), estão hoje erradicadas, como a varíola, ou em vi-as de desaparecer, como a poliomielite, o sarampo, a coqueluche, a difteria, entre ou-tras, conseqüência direta da descoberta, produção e aplicação generalizada de vaci-nas. No entanto, o problema das doenças infecciosas ainda persite e representa uma ameaça real para toda a humanida-de. A maioria das doenças infecciosas ain-da não dispõe de vacinas eficazes para o seu controle. Estimativas da Organização

BACILLUS SUBTILIS E VACINAS: AVANÇOS NA PESQUISA DE VEÍCULOS VACINAIS BASEADOS EM LINHAGENS GENETICAMENTE MODIFICADAS DE B. SUBTILIS

Ciência in Foco

Mundial da Saúde mostram que, anual-mente, pelo menos 10 milhões de pesso-as, sobretudo crianças em países em de-senvolvimento, morrem por doenças in-fecciosas para as quais não se dispõe de vacinas eficazes. É lamentável também re-conhecer que milhões de indivíduos tam-bém morrem anualmente por doenças fa-cilmente evitáveis por meio de vacinação, mas que não as recebem por questões po-líticas e, principalmente, econômicas. Tal realidade demonstra que a pesquisa de no-vas estratégias vacinais é uma necessida-de real e deve ser priorizada, sobretudo, em países, como o Brasil, que ainda so-frem com altos índices de mortalidade e morbidade associados a doenças infecci-

osas. As vacinas que hoje conhecemos são,

em geral, administradas por vias parente-rais, isto é, introduzidas pelas vias intra-muscular, subcutânea ou intra-dérmica. A aplicação de tais vacinas requer pessoal treinado e pode trazer riscos como a trans-missão de doenças disseminadas pelo sangue, particularmente em locais que não utilizam agulhas e seringas descartá-veis. Além disto, a aplicação parenteral de vacinas aumenta o custo e, por serem dolo-rosas, podem resultar na descontinuidade de regimes de múltiplas doses e, conse-quentemente, prejudicar a cobertura vaci-nal. Uma alternativa para contornar tais problemas é representada pelas vacinas

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de administração oral, como a vacina Sa-bin (vírus da poliomielite) ou vacinas con-tra a febre tifóide ou cólera. Algumas vaci-nas em fase de teste também são adminis-tradas por via nasal que, em conjunto com as vacinas administradas pela via oral, são denominadas vacinas de mucosas. Tais vacinas podem ser ingeridas ou inaladas de forma muito simples, não geram dor, evi-tam a transmissão de doenças e não ne-cessitam de pessoal treinado para a admi-nistração.

Uma diferença fundamental entre as vacinas de mucosa e as vacinas de admi-nistração parenteral é a indução de res-postas imunológicas locais, isto é, anticor-pos do tipo IgA continuamente secretados pelo organismo na superfície de epitélios, como os epitélios intestinal, pulmonar e va-ginal, e no leite materno (Figura 1). A ativa-ção do sistema imune de mucosa ocorre apenas em indivíduos que recebem vaci-nas aplicadas em sítios de mucosa ou são expostos a infecções naturais nesses síti-os. Vacinas administradas por vias paren-terais induzem preferencialmente respos-tas sistêmicas, sejam elas humorais (anti-corpos na corrente sangüínea) ou celula-res (linfócitos T), mas não são capazes de gerar proteção em mucosas, porta de en-trada para a maioria das infecções.

Vacinas de mucosas podem ser consti-tuídas pelos próprios microrganismos res-ponsáveis pelas doenças após serem sub-metidos a processos de inativação (menos eficazes) ou atenuação. A atenuação de microrganismos envolve a seleção de amostras, por processos espontâneos ou induzidos, que perdem ou reduzem drasti-camente a virulência natural. Os proces-sos de atenuação resultam, em geral, em vacinas seguras, mas o risco de reversão à virulência não pode ser descartado. De fato, tais vacinas não devem ser emprega-das em pessoas com algum tipo de imuno-deficiência, sejam elas de natureza congê-nita, patológica ou medicamentosa. Uma alternativa para o uso de microrganismos atenuados em vacinas de mucosas envol-ve o uso de veículos vacinais.

Na sua conceituação mais geral, um veículo vacinal representa o meio no qual estão suspensos todos os componentes que entram na composição de uma vacina (antígenos, adjvantes, conservantes ou an-tibióticos), como água ou salina. No entan-to, uma conceituação mais específica defi-ne veículos, ou vetores, vacinais como es-truturas ou complexos, bióticos ou abióti-cos, que atuam como transportadores ou carregadores dos antígenos presentes na

vacina. Os veículos adaptados para uso em vacinas de mucosa protegem os antí-genos vacinais durante o tráfego pela luz intestinal ou superfície respiratória e na, maioria dos casos, permitem o direciona-mento desses antígenos aos sítios celula-res/histológicos envolvidos na geração de resposta imunológicas em mucosas, co-mo o GALT ou o BALT (ver caixa texto 1). Os veículos vacinais, com freqüência, tam-bém possuem um papel importante na imu-nogenicidade de antígenos administrados por vias de mucosa e, portanto, exercem a função de adjuvantes, ou imunoestimula-dores, frente ao sistema imunológico de mamíferos. Os veículos vacinais podem ser constituídos por material abiótico (co-mo lipossomos, ISCOMS, ou micropartí-

culas formadas por material biodegradá-vel) ou bactérias ou vírus vivos não pato-gênicos ou atenuados (Tabela 1).

O advento da biologia molecular e a descoberta das técnicas de clonagem gêni-ca trouxeram conseqüências importantes na área de pesquisa em vacinas. Entre ou-tros avanços, pesquisadores podem transferir genes responsáveis pela síntese de antígenos oriundos de diferentes pató-genos e obter proteínas recombinantes ge-radas para microrganismos geneticamen-te modificados não patogênicos e de cres-cimento rápido, como a Escherichia coli e leveduras. Os antígenos utilizados nas va-cinas contra a hepatite B e o papiloma ví-rus são exemplos bem sucedidos dessa metodologia. Outro desdobramento relaci-

Figura 1: Representação do sistema imunológico de mucosas. A administração de vacinas por uma vai de mucosa gera à produção de IgA secretor

em diferentes sítios anatômicos ou epitélios de mucosa do organismo.

Sistemas abióticos

Lipossomos

Complexos imuno estimuladores (ISCOMS)

Micropartículas biodegradáveis

Sistemas bióticos

Virus atenuados (vaccinia, adenovirus)

Bactérias atenuadas (Salmonella enterica, Mycobaterium bovis, M. tuberculosis, Listeria monocytogenes, Vibrio cholerae)

Bactérias nao patogênicas (Lactococcus lactis, Lactobacillus sp, Streptococcus gordonii, Bacillus subtilis)

TABELA 1: VEÍCULOS MAIS COMUMENTE EMPREGADOS EM VACINAS DE MUCOSAS.

SISTEMAS REFERÊNCIA

Alving et al., 1995

Maloy et al., 1995

Jenkins et al., 1995

Graheam and Prevec, 1992

Lintermans et al., 1995

Wells and al., 1996

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onado ao uso da clonagem gênica no de-senvolvimento de vacinas consiste na ge-ração de veículos vacinais baseados em microrganismos geneticamente modifica-dos. Bactérias, vírus e até mesmo levedu-ras podem ser criados em laboratório de forma a expressar antígenos de um ou ma-is patógenos e utilizados como veículos va-cinais administrados por via parenteral ou de mucosa (ver tabela 1).

Os veículos vacinais baseados em bac-térias recombinantes são divididos em du-as categorias: bactérias patogênicas que passam por processos de atenuação, co-mo Salmonella, micobactérias (Mycobac-terium tuberculosis ou M. bovis), Listeria monocytogenes e o Vibrio cholerae, e bac-térias não patogênicas, como Lactococ-cus, Lactobacillus e, mais recentemente, Bacillus subtilis. Os veículos vacinais base-adas em bactérias vivas atenuadas, embo-ra possuam um caráter bivalente (prote-ção tanto para o veículo como para o pató-geno do qual o antígeno alvo é derivado) sofrem as mesmas restrições das vacinas baseadas em patógenos atenuados, isto é, risco de reversão e reações adversas mais pronunciadas, e não podem ser em-pregados em indivíduos com algum tipo de imunodeficiência. Por outro lado, os veícu-los vacinais que utilizam bactérias não pa-togênicas, como as bactérias lácticas (Lac-tococcus, Lactobacillus), também são utili-zados na alimentação humana e, portanto, não trazem qualquer risco à saúde, rece-bem por isto o grau de segurança para uso em humanos (ou GRAS do inglês “gene-rally regarded as safe”).

Linhagens da bactéria gram-positiva B. subtilis representam uma adição recente à lista de microrganismos empregados co-mo veículos vacinais seguros. Da mesma forma, como outros membros do grupo (co-mo L. lactis e o Lactobacillus casei), B. sub-tilis é utilizado na alimentação humana, com destaque para a culinária oriental (grãos de soja fermentados, ou natto) e co-mo probiótico para o tratamento de infec-ções intestinais no homem e em animais de criação. No entanto, ao contrário de ou-tras bactérias empregadas como veículos vacinais, B. subtilis forma endoesporos, ou simplesmente esporos, a forma de vida mais resistente até hoje descoberta em nosso planeta. De fato, esporos viáveis de Bacillus foram recuperados do interior de fragmentos de âmbar produzidos na era dos dinossauros. Além disto, o conheci-mento disponível sobre a genética e a fisi-ologia de B. subtilis só encontra paralelo com aquele obtido com a bactéria E. coli,

fato que facilita tremendamente a manipu-lação genética de linhagens para a ex-pressão de proteínas heterólogas. Tais ca-racterísticas fazem, portanto, do B. subtilis um excelente candidato a veículo vacinal seja na forma de células vegetativas ou co-mo esporos.

O emprego de veículos vacinais base-ados em linhagens geneticamente modifi-cadas de B. subtilis é feito, até o momento, por meio de duas abordagens experimen-tais. Na primeira estratégia, desenvolvida por pesquisadores italianos e britânicos, o antígeno vacinal é expresso na superfície de esporos como proteínas híbridas fusio-nadas proteínas nativas presentes na ca-mada mais externa do envoltório que reco-bre o esporo. Nessa estratégia experimen-tal o antígeno vacinal é produzido apenas durante o processo de esporulação e não é encontrado nas células durante o estado vegetativo. Conseqüentemente, o antíge-no vacinal administrado aos animais imu-nizados com esporos está limitado àquele produzido durante o cultivo in vitro uma vez que, após a germinação, as células do B. subtilis não o expressarão. Nesse mode-lo, o gene responsável pela codificação do antígeno é expresso sob o controle de um promotor ativo apenas durante a esporula-ção e, para conferir maior estabilidade à in-formação genética, o cassete de expres-são (promotor mais o gene estrutural) é in-serido em sítios específicos do cromosso-mo bacteriano (uma cópia por genoma). Esse modelo foi denominado “OUT” de mo-do a refletir o fato de que todo o antígeno vacinal produzido pela linhagem bacteria-na está localizado na superfície dos espo-ros, mas não no interior das células vege-tativas.

Na segunda estratégia experimental utilizada para criar linhagens vacinais de B. subtilis foi proposta pelo nosso grupo em conjunto com a equipe liderada pelo Prof. Wolfgang Schumann, da Universida-de de Bayreuth, Alemanha. Nessa estraté-gia, o antígeno alvo é expresso no interior de células vegetativas (modelo “IN”), mas não está presente nos esporos. O gene responsável pela síntese do antígeno é ex-presso sob o controle de um promotor indu-zido por estresse ambiental (como, por exemplo, temperatura elevada, pH reduzi-do, anaerobiose e carência de nutrientes) e está presente em um plasmídeo de múl-tiplas cópias (6 a 10 cópias por genoma) com replicação estável em B. subtilis. Nes-se sistema de expressão células vegetati-vas podem ser usadas como veículos vaci-nais. Curiosamente, os esporos gerados

A maioria dos patógenos, sejam eles virais ou bacterianos, entram em nosso organismo por uma via de mucosa, isto é, atingem células e tecidos mais profundos após atravessarem as superficies epiteliais do trato gastro-intestinal, respiratório ou genito-urinário. Para fazer frente às agressões externas, mamíferos desenvolveram o chamado “sistema imunológico comum de mucosas”, constituído por nichos de células especializadas que reconhecem microrganismos patogênicos, denominados sítios aferentes, e células que produzem anticorpos secretados (IgA secretor), chamados de sítios eferentes de resposta imunológica. Os sítios aferentes em mucosas são formados por células diferenciadas capazes de promover a captação de partículas (como microrganismos) e permitir a apresentação de antígenos a células fagocíticas subjacentes, encarregadas de promover a indução de respostas imunológicas específicas. Esses sítios são denominados GALT (do inglês “gut associated lymphoid tissue”), no intestino, ou BALT ('bronchial associated lymphoid tissue”), no epitélio respiratório. A produção de anticorpos do tipo IgA representa mais de 90% da produção diária de anticorpos produzidos por um ser humano adulto (mais de 50 mg por kilograma de peso). Esses anticorpos estão presentes no muco que recobre as superfícies epiteliais do trato gastro intestinal, respiratório, uro-genital e, também em secreções glandulares, como o leite materno. A presença desses anticorpos constitui a primeira linha de defesa imunológica frente a vírus, toxinas, bactérias e parasitos e impedem a entrada desses patógenos no corpo humano antes mesmo que ocorram danos a células e tecidos mais profundos. A princípio, o sistema imunológico “comum” de mucosa recebeu tal denominação por funcionar de forma integrada, a sensibilização em uma porta de entrada (uma superfície de mucosa) resultaria em respostas (IgA secretado) em diferentes sítios de mucosa do corpo. No entanto, foi constatado que as respostas imunológicas induzidas em indivíduos imunizados por vias de mucosa é compartimentalizada, isto é, prevalente no sítio de mucosa no qual o antígeno, ou o patógeno, foi inicialmente apresentado. Desta forma, indivíduos imunizados pela via oral desenvolvem respostas mais intensas ao longo do trato gastro intestinal enquanto que indivíduos imunizados pela via nasal desenvolvem respostas mais pronunciadas no trato respiratório e no genito-urinário.

Caixa texto 1

O sistema imunológico de mucosas

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por linhagens de B. subtilis recombinantes se mostram tão ou mais imunogênicas que esporos gerados por linhagens produzi-das no modelo “OUT”. Esse fato é atribuí-do à ativação do promotor empregado lo-go após a germinação dos esporos duran-te o trânsito pelo trato intestinal do hospe-deiro ou mesmo no interior de células fago-cíticas como macrófagos ou células den-dríticas, responsáveis em grande parte pe-la geração de respostas imunológicas es-pecíficas (Figura 2).

A primeira descrição do uso de linha-gens geneticamente modificadas de B. subtilis como veículo vacinal, a partir do modelo de expressão “OUT” foi publicada em 2003, enquanto a proposta do modelo de expressão “IN” ocorreu em 2006. Du-rante esse período, várias publicações descreveram a construção e a utilização de esporos ou células vegetativas de B. subtilis como veículos vacinais para ex-pressão de antígenos derivados de dife-rentes patógenos. Em todos os relatos fei-tos até o momento foi possível demonstrar que camundongos imunizados com espo-ros ou células vegetativas de B. subtilis de-senvolvem anticorpos específicos na cor-rente sanguínea (IgG sérico) ou secreta-dos na luz intestinal (IgA em fezes) e, em to-dos os estudos, os anticorpos gerados fo-ram capazes de conferir proteção a desafi-os com patógenos ou toxinas purificadas (Tabela 2).

O fragmento C da toxina tetânica (TTC), produzida pelo Clostridium tetani, é desprovida de toxicidade, mas gera anti-corpos protetores em animais imunizados. Camundongos imunizados, por via oral ou parenteral, com TTC ancorado na superfí-ce de esporos de B. subtilis desenvolvem anticorpos capazes de conferir proteção a doses letais da toxina nativa (Duc et al.,

2003, Mauriello et al., 2004). Resultados semelhantes foram obtidos com proteínas envolvidas com a virulência em linhagens de E. coli enterotoxigênica (ETEC), res-ponsável pela diarréia dos viajantes entre turistas e militares e um importante fator de mortalidade infantil em países em de-senvolvimento. Linhagens de B. subtilis modificadas geneticamente para expres-sar a subunidade B da toxina termo-lábil (LTB) ou a subunidade estrutural da fím-bria CFA/I (CfaB) conferem proteção a ca-mundongos imunizados com células vege-tativas ou esporos após desafios com a to-xina LT purificada (Paccez et al., 2007) ou com quantidades letais da bactéria (Luiz et al., 2008). Anticorpos protetores contra B.

anthracis também foram obtidos em ca-mundongos imunizados com linhagens recombinantes de B. subilis modifica-dos para expressar um antígeno prote-tor (Duc et al., 2007). Recentemente foi descrito que esporos recombinantes de B. subtilis modificados geneticamente para expressar uma proteína de super-fície do trematódeo parasita Clonorchis sinensis rediziram em cerca de 40% a carga parasitária em camundongos in-fectados experimentalmente (Zhou et al., 2008).

No Brasil, nosso grupo de pesquisa trabalha no aprimoramento de veículos vacinais baseados em linhagens gene-ticamente modificadas de B.subtilis.

Figura 2: Representação esquemática dos sistemas de expressão “OUT” e “IN” empregados na geração de veículos vacinais baseados em linhagens geneticamente

modificadas de B. subtilis. No modelo “OUT” a expressão do antígeno ocorre exclusivamente na capa externa do esporo bacteriano, enquanto que no modelo “IN”, o antígeno é produzido no citoplasma da célula vegetativa

ocorrendo após a germinação do esporo.

E. colienterotoxigênicaLTBCfaBClostridium tetaniFragmento C da toxina tetânica

B. anthracisAntígeno PAClonorchis sinensisCsTP22.3

+-

+

+

+

Duc et al., 2003Paccez et al., 2006,2007

Luiz et al., 2008

Duc et al., 2003Mauriello et al., 2004Uyen et al., 2007

Duc et al., 2007

Zhou et al., 2008

TABELA 2: ANTÍGENOS DE INTERESSE VACINAL EXPRESSOS EM LINHAGENS GENETICAMENTE MODIFICADAS DE B. subtilis.

IN ANTICORPOS PROTEÇÃOOUT

1ANTÍGENO REFERÊNCIA

++

+

+

+

++

+

+

+

++

+

-

-

2SISTEMA DE EXPRESSÃO

3 RESPOSTA IMUNOLÓGICA

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Além dos antígenos derivados de linha-gens de ETEC já citados, diversos outros antígenos derivados de patógenos bacte-rianos e virais foram expressos em B. sub-tili: a subunidade B da toxina Stx produzida por linhagens de E. coli enterohemorrági-ca (EHEC), responsável pela síndrome he-molítica urêmica; a proteína de membrana externa intimina ? produzida por linhagens E. coli enteropatogênica (EPEC), respon-sável por diarréia crônica em criancas; pro-teínas envolvidas na adesão e formação de biofilme de Streptococcus mutans, um dos agentes causadores da cárie, assim como antígenos derivados dos vírus her-pes simplex e vírus papiloma humano. To-das as linhagens vacinais de B. subtilis es-tão em fase de teste em modelo animal e, em futuro próximo, poderão ser validades em outros modelos animais e mesmo em seres humanos.

Os resultados obtidos até o momento, embora ainda iniciais, demonstram que li-nhagens geneticamente modificadas de B. subtilis representam uma alternativa in-teressante, e de baixo custo, para a produ-ção de vacinas de mucosa contra patóge-nos entéricos bacterianos assim como ví-rus e parasitas. A continuação das pesqui-sas, feitas no Brasil em outros países, de-verá esclarecer aspectos importantes vol-tados para a produção e utilização desses veículos vacinais, como a longevidade das respostas imunológicas induzidas, ativa-ção de respostas imunológicas com perfil celular, efeito da pré-exposição a esporos de B. subtilis na resposta às vacinas, ex-pressão de múltiplos antígenos em uma mesma linhagem, entre outros aspectos.

No momento, as perspectivas de aplica-ção deste novo sistema vacinal são favo-ráveis e poderão resultar em uma nova ge-ração de vacinas de mucosa tanto para se-res humanos como para animais domésti-cos.

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e-mail para contato: [email protected]

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Alexandre LourençoUNIP / UNISA / FMU / FMABC

PROFESSOR: OBSOLESCÊNCIA PROGRAMADA?

Ciência in Foco

O que o fechamento de uma tradicional loja de colecionadores de discos de vinil tem a ver com o ensino da MICRO-BIOLOGIA?

Mais do que parece.O jornal O Estado de São Paulo notici-

ou, no dia 26 de abril deste ano, o fecha-mento da loja Nuvem Nove, que comercia-lizava discos de vinil e CDs na cidade de São Paulo (1). Lendo a reportagem, sente-se um fio de melancolia no que parece ser mais um sinal dos tempos. Seria apenas is-so, não fosse um trecho em que o dono da loja, José Carlos Damiani, faz um desaba-fo e, involuntariamente, toca no nervo das discussões sobre o ensino na era da Internet:

As frases finais são reveladoras. Seu Zé recebeu uma rasteira do mundo digital. Enquanto antes apenas ele e mais uns poucos tinham acesso a um determinado nicho de valiosas informações, hoje qual-quer um com acesso à Rede pode obter o mesmo material. Ele perdeu o privilégio da fonte. E a Internet se tornou a grande fonte universal nestes tempos de mudanças ver-tiginosas (2).

Essas modificações profundas que es-tamos sofrendo com as novas tecnologias têm feito muitos analistas (e muitos ama-

Idores) decretarem o fim de muitas coisas .

Talvez não se devam dar ouvidos a vários desses profetas itinerantes, mas a fre-qüência com que algumas dessas predi-ções se têm repetido exige que elas sejam levadas a sério, se não por serem profeci-as fundamentadas, ao menos por pauta-rem o debate da sociedade e muitas vezes

I Enquanto escrevo estas linhas, uma outra reportagem do Estado de São Paulo noticia a Feira de Livros de Frankfurt (4), onde mais uma vez se proclama a morte do livro físico em detrimento do livro digital. Não sei se, desta vez, a profecia vai se cumprir (essa morte anunciada já foi ensaiada algumas vezes).

servirem como verniz retórico a propósitos não tão brilhantes.

Um desses casos, na minha opinião, é o papel do professor.

Com sua vastidão de dados e sua faci-lidade de acesso, a Internet tem estimula-do especulações se, com o avanço do au-todidatismo individual, professores se-rão realmente necessários em um futuro de médio prazo. Se alguém pensa que is-so é exagero, talvez valha a pena consul-tar, a título de exemplo, a manchete do ca-derno Link do Estado de São Paulo de ju-lho de 2008: “Será o fim das escolas de idi-omas?” (3). Nessa reportagem, o próprio papel das escolas é questionado. Mesmo descontando um certo sensacionalismo de imprensa, há algo importante de fato acontecendo. E é sintomático que uma ma-téria com esse foco esteja se tornando fre-qüente na imprensa.

Afinal, os professores vão ser dispen-sáveis no futuro?

Legislar em causa própria talvez possa parecer suspeito, mas na medida em que, além de professor, sou também um entusi-asta das novas tecnologias, me sinto à von-tade para desfiar de forma prosaica alguns dos meus argumentos.

Não vejo, pessoalmente, como se pos-sa estabelecer um autodidatismo que dis-

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II Comunicação informal de Agripino Alberto Domingues, que o conheceu pessoalmente quando ele esteve no Brasil.III Isso significa saber hierarquizar as informações e saber construir uma escala de prioridades pertinente.

IV Para o bem e para o mal (que pode se mostrar um bem): tenho reparado que os alunos das novas gerações têm mais dificuldade de trabalhar em grupo que turmas de anos anteriores. Isso está se refletindo não só

em grupos que se dissolvem precocemente por não conseguirem se entender a respeito das mais simples miudezas, mas também em algo inédito para mim: agressões físicas com direito a socos e pontapés, inclusive entre meninas.V Do original inglês “information overload” ou “data deluge”.

VI No fundo, a Internet não trouxe um novo problema, mas o intensificou de tal maneira que ele ganhou ares de novidade. Como diz um velho ditado, “a quantidade tem uma qualidade toda sua”.VII A Web 2.0 trouxe a novidade da participação popular na Rede, diferente da Web 1.0 (em que os usuários eram “observadores” da Rede)VIII

Misdirection é o nome dado a uma técnica da Arte Mágica largamente empregada desde há muitos séculos para iludir os expectadores. Basicamente consiste em distrair a platéia com algum movimento sem importância enquanto o verdadeiro e crucial movimento acontece sub-repticiamente diante de todos, mas longe de sua atenção, passando despercebido e possibilitando o efeito mágico final.

pense (ou torne secundária) a figura do professor. Há pontos que são notórios e já conhecidos em nossa área. Primeiro, um dos pilares do ensino da MICROBIO-LOGIA são as aulas práticas, que ser-vem como aprendizado da perícia mani-puladora e, mais importante, despertam um interesse e uma curiosidade genuínos e intensos entre os alunos. Pela sua pró-pria essência, não podem ser substituí-das por simulações virtuais. Segundo, aprendizagem e afetividade estão visce-ralmente ligadas e dependem de uma inte-ração humana. Há uma frase de Carl Ro-gers que aprecio muito e que sintetiza is-so: “A verdadeira aprendizagem passa,

IInecessariamente, pela afetividade” . Cri-ar um ambiente de afetividade construtivo (e de resultados objetivos) me parece tare-fa própria de quem simultaneamente do-mina a comunicação interpessoal e co-nhece de forma integrada e articulada o

IIIconteúdo , tendo noção clara da impor-tância da motivação presencial. Terceiro, o espaço de convivência presencial não tem um equivalente inequívoco em um aprendizado virtual solitário. Ainda que a Rede permita colaborar em grupo de ma-

A sobrecarga de informação dos dias atuais não é nenhum problema trivial, mas a atenção dada a ele, especialmente pela mídia, é inversamente proporcional à sua complexidade.

neiras inéditas, abolindo distâncias, não há simulação que substitua certos ele-mentos da convivência presencial media-

IVda por um facilitador .Mas há um quarto aspecto que trans-

cende esses que já eram conhecidos e que assume hoje proporções colossais: a

Vsobrecarga de informação .A sobrecarga de informação gera uma

ansiedade que é definida por RICHARD S. WURMAN como “Mal estar crônico, um medo generalizado de estarmos sendo es-magados pelo próprio material que ne-cessitamos dominar para agir neste mun-do” (5). E esse assunto não é, de forma al-guma, uma novidade.

Já em 1982, muito antes de a Internet entrar em domínio público e ser largamen-te utilizada, o problema do excesso de in-formação já era debatido, inclusive com es-peculações bastante provocativas (6):

“Are there too many journals for even the most enthusiastic reader? Are impor-tant discoveries being missing because vi-tal papers are buried in a mass of inferior ones? Could and should limits be set on the numbers of articles or journals publis-hed?”

Se esse problema já permeava os edi-toriais de uma revista como o British Medi-cal Journal há mais de 25 anos, agora é possível ver que ele transpassa a vida de quase qualquer um, embora não seja, infe-lizmente, tratado com a devida atenção (7).

E ele ganhou recentemente dois con-tornos novos. Um com a chegada da

VIInternet em si, que facilitou a disponibili-zação e o acesso a volumes incríveis de in-

VIIformação, e o outro com a Web 2.0 , em que os leitores se transformaram em auto-res. Nada se compara a esta última.

A Web 2.0 encarnou um apelo demo-crático de ares revolucionários: tornou-se possível a qualquer um publicar instanta-neamente suas idéias sobre o que quer que seja em uma escala global. Isso inun-dou a Rede com conteúdo de uma manei-ra sem precedentes. Falar em excesso an-tes da Web 2.0 fica parecendo coisa de cri-ança diante do efeito que essa participa-ção popular teve no conteúdo virtual.

Essa vastidão de dados produzida e disponibilizada introduziu um verdadeiro

VIII“Misdirection involuntário ” (8). Infini-tos sites e infinitas páginas a respeito dos mais variados assuntos concorrem por uma fração de tempo de nossa atenção, que não pode abarcar nem 0,1% deles (9). Como dar conta desse volume exas-perante de dados? Ainda mais que gran-de parte da informação disponibilizada não é confiável e incrivelmente superficial (10)? Umberto Eco já enfatizou certa vez que uma sociedade com excesso de infor-mação pode não ser muito diferente de uma sem informação (11).

“Brinco dizendo que não há diferença entre o jornal stalinista Pravda e o New York Times dominical. O primeiro não possui notícia alguma e o outro tem 600 páginas de informação. Uma semana não é suficiente para ler essas 600 páginas.”

UMBERTO ECO

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IX Parece haver um certo prazer mórbido de certos segmentos da sociedade em fazer pouco ou mesmo demonizar as pessoas que dedicaram a vida inteira pesquisando um assunto e se qualificando em detrimento

de outras que, ou não tiveram a oportunidade, ou não conseguem arregimentar a vontade para esse fim. Isso foi esplendidamente abordado em um artigo de J.R. Guzzo na revista Veja, “Pró-culpa” (14). Esse tipo de apelo populista parece estar fazendo sucesso com a Web 2.0.

– Hoje qualquer moleque tem aces-so às mesmas fontes que eu. Mas a ver-dade é que são fontes demais. E muitas delas estão incorretas ou se contradi-zem, principalmente aquelas produzi-das por amadores. Então eu reparo que o conhecimento deles não tem hierar-quia. Há uma montanha de informação que se esparrama sem ordem alguma. Muita coisa deformada e imprecisa, o im-portante sendo acessório e o secundá-rio sendo protagonista. As histórias que eles contam tem começo, mas não têm fim. Não se vê unidade de conhecimento nem profundidade. Há uma ansiedade de passar ao próximo assunto, e o vo-luntarismo toma o lugar da ponderação. Como costuma acontecer em certa fase da vida, abunda presunção e falta visão panorâmica.

– Então, eles não vêm mais aqui na sua loja?

– Não. Meu público pode ter diminuí-do, mas mantenho o negócio. Tive que diversificar os produtos, mas quem vem à loja, busca informação confiável que permita tomar decisões eficazes. E al-guns que se perdem na floresta de infor-mação acabam voltando aqui. Afinal, da análise infinita é preciso em algum ponto parar e fazer uma síntese. E aí é que eu entro na história.

Essa situação deveria suscitar uma abordagem atenta e reflexiva, mas tenho visto a imprensa seguindo uma trajetória monotônica de 1. fazer apologia bastante acrítica das novas tecnologias e 2. fazer uma certa demagogia ao promover o ama-dorismo como brilhante descoberta e subs-tituto perfeito e à altura de todos aqueles que são especialistas dedicados às suas áreas, sejam cientistas, veterinários, jor-nalistas, professores, médicos, nutricio-

IXnistas , etc.. Essa promoção unilateral cria uma miragem sedutora de que o simples acesso à essa vastidão é o suficiente para que qualquer um se torne uma autoridade no assunto. Uma expectativa ilusoriamen-te satisfeita, semelhante ao desnutrido que se entope com bolachas achando que está se alimentando corretamente. Não vai morrer de fome, mas certamente as de-ficiências de vitaminas, sais minerais e pro-teínas não deixam dúvidas: essa “refei-ção” é um grande embuste gastronômico. Estarão os jovens de 20 anos entupindo-se de carboidratos na crença ingênua de que estão ficando bem nutridos? Aonde vai nos levar essa refeição pantagruélica que é a Internet nos dias de hoje? A verda-de é que estamos criando uma geração de estudantes que são ricos em dados, mas pobres em informação (12), pois estamos diante de um universo virtual muito pouco organizado:

“There is too much, often conflicting, in-formation that is not easily digestible, insuf-ficient evidence-based, and not delivery in a timely, effective or coordinated manner.” (13)

Se houve período em que o professor era quem detinha um acesso privilegiado à informação, isso acabou definitivamente nos tempos atuais. Há conteúdo de fácil acesso para dar e vender. No entanto, o crescimento exponencial da informação de nossa época atual não é uma dádiva gratuita. Como se costuma dizer em eco-nomia, “não existe almoço grátis”. Essa avalanche exige uma contrapartida de quem interage com ela: é preciso uma pos-tura rigorosamente crítica, concentração cuidadosa e uma clara capacidade de jul-gamento para selecionar o que é impor-tante, algo que exige tempo, leitura com-parada, averiguação das fontes primári-as e análise da credibilidade do texto — caso contrário, a informação fica incom-preensível, ou muito pior, ilusoriamente

compreensível (9). Ao que me consta, isso é a antítese do que a Rede de computado-res está semeando atualmente, em que as pessoas saltam como pererecas de um si-te para o outro, antes mesmo de terminar a leitura de um parágrafo, de avaliar a proce-dência de determinada informação ou mes-mo piscar a pálpebra. Essa superficialida-de de atenção já foi motivo de um tímido destaque em algumas reportagens (15).

O canto da sereia está forte e muita gente continua se atirando no mar. O des-lumbramento com as novas tecnologias es-tá sufocando a análise crítica que deveria acompanhar qualquer avaliação racional. E se até para uma classe de pessoas gra-duadas, experientes e amadurecidas o pro-blema do dilúvio de informação tem sido tratado com atenção bem modesta e muita dificuldade, o que dizer de jovens que, com todas as características biológicas da sua idade, têm que lidar com volumes de in-formação espetaculares?

Quem sabe a história do seu Zé pudes-se ter outro final (e talvez responder à pro-vocação no título deste artigo):

1. BRANCATELLI, Rodrigo. Reduto de colecionadores de discos fecha as portas em SP. O Estado de São Pau-lo, 26.4.2008, Caderno Cidades/Metrópole, p. C8. Dispo-nível em <http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/ 20080426/not_imp163108,0.php>. Acesso em 16 de jul. 2008.

2. LOURENÇO, Alexandre et al. O oráculo de Delfos do século XXI: a MICROBIOLOGIA revelada pelo Google. Microbiologia in foco, São Paulo, n. 2, out/nov/dez 2007.

3. BRASIL, Marcus Vinicius. Será o fim das escolas de idi-omas? , O Estado de São Paulo, 14.07.2008, Caderno Link, p.L1. Disponível em <http://www.estado.com.br/ su-p l e m e n t o s / i n f o / 2 0 0 8 / 0 7 / 1 4 / i n f o -1.93.8.20080714.11.1.xml>. Acesso em 28 de jul. 2008.

4. BRASIL, Ubiratan. O futuro do livro na palma da mão. O Estado de São Paulo, 20.10.2008, Caderno Link, p.L1. Disponível em <http://www.estado.com.br/ suple-mentos/info/2008/07/14/info-1.93.8.20080714.11.1.xml>. Acesso em 20 de out. 2008.

5. WURMAN, Richard Saul. Ansiedade de informação. São Paulo, Cultura Editores Associados, 1991. 380 p.

6. LOCK, Stephen. Information overload: solution by qua-lity? British Medical Journal, 284:1289-1290, 1982.

7. CAMPBELL, N.J.H. Information overload? Take the 'Progress and prospects' cure. Gene Therapy, 9:1343, 2002.

8. Misdirection in magic: implications for the relationship between eye gaze and attention. Visual Cognition,

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

16(2/3):391-405, 2008.

9. DUDCZAK, Craig. Coping with information overload: generic argument as the least common denominator. Conference of Central States Speech Association, Lin-coln, Nebraska, 1983.

10. KEEN, Andrew. The cult of the amateur. New York, Doubleday/Currency, 2007. 228 p.

11.. MENAI, Tania. O dilúvio de informação – entrevista com Umberto Eco. Veja, VidaDigital 4. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/especiais/digital4/entrevista.html>. Acesso em 14 de out. 2008.

12. HALL, Don. Preparing for the data deluge. Learning & Leading Techonology, 32(2):32-35, 2004.

13. DAVIS, David A. et al. Solving the information overlo-ad problem: a letter from Canada. Medical Journal of Australia, 180(6):68-71, 2004.

14. GUZZO, J.R. Pró-culpa. Veja, 1 de out. 2008. p. 178.

15. COZER, Raquel. A Internet me deixou burro demais! Folha de São Paulo, 28.05.2008, caderno Ilustrada, p. E4.

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Flavio AlterthumDepto de Microbiologia ICBUSP

Depto de Morfologia e Patologia Básica FMJ

BIOCOMBUSTÍVEIS E A SUSTENTABILIDADE*

Ciência in Foco

Os biocombustíveis têm se consolida-do mundialmente como saída tanto para problemas climáticos resultantes da quei-ma de energia fóssil, como para os proble-mas atmosféricos de poluição e também quanto à finitude das reservas de petróleo.

A atual transição para os biocombustí-veis está cercada de uma aceitabilidade social revestida pelo discurso da preserva-ção ambiental, mas um olhar mais atento detecta a existência de ameaças no tocan-te a desmatamentos, a pressões sobre ecossistemas, a competição com plantios para alimentos e ao deslocamento de po-pulações rurais. Deste modo, urge per-guntar se os atuais padrões de consumo permitem uma boa relação entre biocom-bustíveis ou como querem alguns – os agrocombustíveis e a sustentabilidade.

Para países como o Brasil que tem vo-cação agrícola decorrente de abundancia de solo e clima favorável, cabe as seguin-tes perguntas: os biocombustíveis são os mocinhos ou os vilões? A sustentabilidade é uma ajuda ou um entrave ao desenvolvi-mento?

O conceito de desenvolvimento sus-tentável vem de um longo processo de his-tórica avaliação crítica da relação existen-te entre a sociedade civil e o seu meio natu-ral. É um processo complexo e hoje há uma variedade de abordagens que procu-

* Palestra apresentada na abertura do XI ENAMA – Encontro Nacional de Microbiologia Ambiental, realizado em Fortaleza, Ceará, de 4 a 7 de novembro de 2008.

ra explicar o conceito de sustentabilidade. Há muitas definições e saliento aquela pro-veniente do relatório Brunland que afirma que o desenvolvimento sustentável é aque-le que “atende as necessidades das gera-ções presentes sem comprometer a possi-bilidade das próximas gerações atende-rem suas futuras necessidades”. Pode-mos também aceitar a proposta de que uma sociedade pode ser considerada sus-tentável quando seus propósitos e inten-ções podem ser atendidos indefinidamen-te, fornecendo satisfação ótima para seus membros.

A sustentabilidade passa pelos as-pectos sociais, ambientais, geográficos, culturais e principalmente econômicos. Outrora a sustentabilidade não era foco de atenção uma vez que a carga provoca-da pela atividade humana sobre o siste-ma era de escala reduzida o que permitia uma resposta adequada e uma adapta-ção suficiente. As ameaças sobre a sus-tentabilidade começaram a requerer aten-ção da sociedade na medida em que o sis-tema ambiental não foi mais capaz de res-ponder adequadamente a carga que rece-be. Se a taxa de mudança ultrapassa a ha-bilidade do sistema de responder, ele aca-ba deixando de ser viável. Está claro que o conceito de desenvolvimento sustentá-vel é dinâmico, pois a sociedade e o meio

ambiente sofrem modificações contínuas e as tecnologias, as culturas, os valores e as aspirações se modificam constante-mente e uma sociedade sustentável deve permitir e sustentar estas modificações. Aceitando a sustentabilidade como um conceito dinâmico que envolve mudan-ças, devemos enfocar as sustentabilida-des: social, geográfica, cultural, ambien-tal e econômica.

A sustentabilidade social refere-se a um processo de desenvolvimento que leva a um crescimento estável com distribuição eqüitativa de renda, gerando com isso, a di-minuição das atuais diferenças entre os di-versos níveis na sociedade e a melhoria das condições de vida das populações.

A sustentabilidade geográfica pode ser alcançada por meio de uma melhor dis-tribuição dos assentamentos humanos e das atividades econômicas. Deve-se pro-curar uma configuração rural e urbana ma-is adequada para proteger a biodiversida-de, ao mesmo tempo em que se melhora a qualidade de vida das pessoas.

A sustentabilidade ambiental tem co-mo principal preocupação os impactos das atividades humanas sobre o meio ambien-te. Podemos ampliar a capacidade do pla-neta pela utilização do potencial encontra-do nos diversos ecossistemas, ao mesmo tempo em que se mantém a sua deteriora-

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ção a um nível mínimo. Deve-se reduzir a utilização de combustíveis fósseis, dimi-nuir a emissão de poluentes, adotar políti-cas de conservação de energia e de recur-sos, substituir recursos não renováveis por renováveis e aumentar a eficiência em relação aos recursos utilizados.

A sustentabilidade econômica numa sociedade capitalista é a que gera maiores conflitos, como pretendo salientar.

Nessa maquinaria de ampliação do uso de biocombustíveis, o Brasil se apre-senta como importante engrenagem, ten-do em vista que é o maior exportador mun-dial de etanol e já desponta como potenci-al fornecedor de biodiesel para o mercado externo. Vou apresentar alguns aspectos da produção de biodiesel e de etanol, em nosso país.

Em 2004 o governo federal lançou o programa nacional de produção e uso do biodiesel (PNPB) com a promessa de que seria um incremento de fortalecimento da agricultura familiar, uma vez que esta seria a principal produtora de matérias primas para o biodiesel. Norte e Nordeste recebe-riam financiamentos e incentivos para pro-dução de mamona, dendê e outras oleagi-nosas.

Hoje o óleo de mamona como fonte pa-ra produção de biodiesel não chega a 1% e outros óleos como de babaçu, palma, mi-lho, dendê, algodão não chegam a 10%. A soja atropelou este mercado, com cerca de 90% de fornecimento para as usinas produtoras. E por que isto aconteceu? Na minha visão, nestes últimos anos a de-manda por petróleo foi aumentando a cus-ta de países emergentes e industrializa-dos, fazendo com que o preço aumentas-se diariamente tendo chegado, há vinte di-as atrás a um valor de US$150,00 o barril. O consumo e conseqüente emissão de ga-ses da queima dos derivados do petróleo estavam e ainda estão elevados compro-metendo o meio ambiente e daí o apelo for-tíssimo ao uso de produtos menos poluen-tes e renováveis. Deste fato decorreu o ver-tiginoso aumento do plantio da soja aqui no Brasil, nos estados do sul, sudeste, de Mato Grosso, Tocantins, Pará entre ou-tros. Atualmente há 51 usinas autorizadas a produzir biodiesel e a maior parte delas está instalada onda há soja ou infra-estrutura de transporte para receber o grão.

O biodiesel é um combustível líquido derivado da biomassa renovável, produzi-do a partir de diferentes matérias primas ta-is como óleos vegetais extraídos das se-

BIODIESEL

mentes de soja, mamona, pinhão manso, palma, algodão, babaçu, dentre outros; po-dem ser usados também como matéria pri-ma gordura animal e até óleos residuais.

A produção do combustível ocorre por meio de diversas rotas tecnológicas, toda-via as pesquisas evidenciam que a adoção da transesterificação é o melhor processo. Consiste numa reação química, em meio alcalino, onde óleos vegetais ou gorduras animais reagem com um álcool (metanol ou etanol) para produzir ésteres de ácidos graxos e glicerina. Esta pode ser extraída como subproduto bem como a torta e o fa-relo que podem ser utilizados na fertiliza-ção do solo e como alimento para rações animais.

A legislação brasileira preconiza que o biodiesel será adicionado gradativamente ao diesel de petróleo em 2% e até 2013 es-te acréscimo deverá alcançar 5%.

Para se ter uma idéia deste montante de biodiesel, a necessidade hoje de diesel de petróleo é de 40 bilhões de litros anuais e o Brasil vai precisar, portanto de 800 mi-lhões de litros para alcançar a meta de 2% e daqui a cinco anos precisará produzir do-is bilhões de litros, mantida a demanda de 40 bilhões de litros anuais. Estas são me-tas que geram pressões num mercado de produção sem estrutura, sem experiênci-as com plantas industriais de larga escala, sem desenvolvimento tecnológico. Além disso, o transporte do biodiesel para ser misturado ao diesel convencional não con-templa o uso de estradas convenientes pa-ra o transporte de grandes volumes. A dis-tancia entre o produtor, o misturador o dis-tribuidor final será certamente um gargalo logístico e um fator econômico. As unida-des de produção não conseguem armaze-nar grandes volumes, pois requerem gran-des tanques consequentemente grandes investimentos.

Se o governo pretende difundir a pro-dução pelo Brasil será importante pensar e agir sobre toda a cadeia de produção des-de a aquisição e diversificação de semen-tes, passando pela preparação da terra, in-sumos agrícolas, plantação, colheita, esto-cagem, transporte, mistura e distribuição até o consumidor final.

O biodiesel a partir do óleo de soja é um competidor de alimentos embora os subprodutos possam ser usados nas ra-ções de animais como frangos e porcos que serão, por sua vez, nossos alimentos.

O outro biocombustível que o Brasil pro-duz há muitos anos é o etanol e vejamos qual a situação atual.

ETANOL

Já mencionei que quando comecei a preparar esta palestra o barril de petróleo custava US$ 140,00 e a produção e a de-manda estavam a todo vapor. Hoje está em US$60,00. E o que isto tem a ver com a sustentabilidade econômica e ambiental? Tem e muito e quero contar a vocês um pou-co do que vivi como pesquisador do tema.

Na década de 70 houve um chamado “choque do petróleo” e o custo do barril que era de nove dólares, chegou a 40 dólares. Os países não produtores se assustaram e o Brasil, na época praticamente dependen-te de 90% importado, decidiu criar o pró-alcool como forma de substituir a gasolina por etanol, sendo um combustível renová-vel e menos poluente ao ambiente. Com es-te custo de barril de petróleo o litro de álcool era competitivo com o preço da gasolina. No final da década de 80, houve a guerra no Oriente Médio e os Estados Unidos for-çaram o Irã a sair do Iraque e o barril de pe-tróleo voltou a custar 12 dólares. Com isto o preço do álcool deixou de ser economica-mente competitivo e o governo brasileiro da época estabeleceu que era melhor comprar gás da Bolívia e praticamente abandonou o pró-alcool. Vejam que, naquela ocasião, o aspecto econômico sobrepujou o ambien-tal. No final do século o Brasil descobriu o petróleo e caminhava para sua auto-suficiência. Mais recentemente a Bolívia dis-se que não iria mais vender seu gás tão ba-rato desbalanceando os custos da matriz energética - e novamente o álcool passou a ser considerado. As montadoras criaram modelos flex e a produção de álcool voltou a ser importante por decisões econômicas e problemas ambientais.

Do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico o Brasil é líder incontestável do etanol de 1ª. geração, aquele produzi-do pelas Usinas através do processo des-contínuo da fermentação a partir da saca-rose da cana de açúcar; a partir do amido de milho os Estados Unidos são os maio-res produtores e cerca de 90% da produ-ção mundial vem da soma das quantida-des produzidas por ambos países; o eta-nol de 2ª. geração agrega na produção também resíduos como bagaço de cana de açúcar hidrolisado para a utilização das pentoses e o de 3ª. geração irá usar toda a biomassa do canavial. O etanol proveni-ente desta geração irá ser o grande dife-rencial tecnológico e busca fazer a hidróli-se enzimática da biomassa e com este pro-cesso disponibilizar mais açúcar para o processo fermentativo. Todo este esforço é para melhorar os aspectos econômicos, ambientais e também o melhor aproveita-mento da terra.

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Comparativamente ao biodiesel, o eta-nol está mais bem equacionado, pois em-bora haja aumento da produção pelo au-mento do plantio aqui no Brasil, a cana de açúcar ainda é a 5ª. maior área plantada e os controles ambientais são mais rigoro-sos, o controle sobre a mão de obra tam-bém o é procurando registrar seus traba-lhadores e melhorando as condições de trabalho.

É problemático sim ter uma dependên-cia de uma só fonte de matéria prima; é ne-cessário diversificar caso alguma praga, condição climática ou de solo inviabilize a cana de açúcar. Desenvolver a tecnologia a partir do sorgo sacarínico é uma alterna-tiva que deve ser considerada.

No passado houve projetos de sus-tentabilidade com a criação de mini-desti-larias. Estas deveriam operar com uma capacidade de produção de 3 a 5 mil litros de etanol por dia e este combustível seria usado pela população regional. O bagaço serviria como ração para o gado e a vi-nhaça produzida e posteriormente trata-da geraria o chamado biogás. O gás pode-

ria ser queimado gerando eletricidade e servindo também como combustível. Os projetos não foram bem sucedidos por problemas técnicos de operação das mi-ni-destilarias, falta de interesse governa-mental (Petrobras) que perderia o contro-le e não arrecadaria mais em impostos e vários outros fatores que os inviabiliza-ram.

Projetos semelhantes de sustentabili-dade empregando o biodiesel também fo-ram feitos no nordeste, mas até agora não evoluíram, pois novamente a necessidade econômica impôs outro ritmo de produção.

Retornando a nossa formulação inicial se os biocombustíveis são os vilões ou os mocinhos e se a sustentabilidade é uma ajuda ou um entrave ao desenvolvimento sinto que a mentalidade que vigora e de-termina, é a econômica. Entretanto o de-senvolvimento sustentável força a socie-dade a pensar em termos de longo prazo e reconhecer o seu lugar dentro da biosfera. Ultimamente a sociedade tem gradativa-mente percebido que o estado atual da ati-vidade humana é inadequado para preen-

cher as necessidades vigentes além de ameaçar seriamente a perspectiva de vida das futuras gerações.

Se olharmos num contexto maior ob-servamos que os biocombustíveis estão dentro de uma matriz energética que abrange outros tipos de energia como as hidroelétricas, as termoelétricas que usam carvão ou gás, a nuclear, as provenientes dos derivados do petróleo e a eólica. Para cada uma destas devemos nos questionar se caminhamos em direção à sustentabili-dade.

Alcançar o progresso nesta direção é claramente, uma escolha da sociedade, das organizações, das comunidades e dos indivíduos. Espero que os microbiologis-tas aqui presentes, cidadãos do mundo, participem efetivamente em busca de uma sustentabilidade ampla e equilibrada.

Espero que os que iniciaram estas dis-cussões sintam desde já o orgulho de ter contribuído para um futuro melhor e que muitos possam abraçar as causas com consciência e tranqüilidade e não como um mero modismo.

Notícias in Foco

O XI Encontro Nacional de Microbi-

ologia Ambiental (ENAMA) aconteci-

do em Fortaleza, no Ponta Mar hotel,

do dia 04 ao dia 07 de novembro, reu-

niu cerca de 500 participantes, com

apresentação de 430 trabalhos apro-

vados e publicados no livro de resu-

mos expandidos.

Este ano tivemos a participação de

33 professores brasileiros distribuídos

em mesas redondas e em palestras, e

2 professores estrangeiros: um vindo

da Holanda e outro do Canadá. Os te-

ENAMA 2009mas principais do Evento foram : aque-

cimento global e biocombustíveis e

sua sustentabilidade.

Foi instituído o “ Prêmio Ernesto Ho-

fer” para o trabalho mais bem redigido

e o “ Prêmio Teresinha Martins” foi con-

ferido para melhor poster exposto no

Evento.

Os premiados de 2008:

Prêmio Ernesto Hofer

BACTERIAL DIVERSITY IN THE

ACID DRAINAGE SEDIMENTS OF

THE MINE OF TOURO (GALICIA,

SPAIN) . Adriano R. Lucheta; Marcio

R. Lambais; Xose L. Otero; Felipe Ma-

cias.

Prêmio Teresinha Martins

D I V E R S I D A D E G E N É T I C A

BACTERIANA NA FILOSFERA DE

CANA-DE-AÇÚCAR DE PLANTAS

NATIVAS DA MATA ATLÂNTICA.

NUNES, GISELE L., LAMBAIS,

MARCIO R., CROWLEY, D. E.

PRÓXIMO ENAMA: MANAUS 2010.

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Notícias in Foco

No período de 16 a 19 de outubro de 2008 foi realizado o “I Sim- “Primeiro quero parabenizar a todos pelo curso realizado no Sim-pósio Internacional de Microbiologia Clínica”, promovido pela Socie- pósio de Microbiologia em Gramado!”dade Brasileira de Microbiologia , o qual reuniu os principais microbi- ologistas clínicos do Brasil na aprazível cidade serrana de Gramado “Mais uma vez te agradeço pela oportunidade no Simpósio, esse no Rio Grande do Sul.O evento contou também com a destacada par- evento foi um "marco" na minha vida!”ticipação de convidados internacionais como a Dra Ellen Jô Baron dos Estados Unidos, o Dr. Tyrone Pitt da Inglaterra e o Dr. Laurent Poi- “…quero te parabenizar pelo evento que foi maravilhoso”rel da França os quais fizeram apresentações de alto impacto cientí- fico e, certamente, qualificaram em muito o evento. “Participei do 1º SIMC e gostaria de parabenizá-los pelo evento.

No total foram 7 cursos pré-congresso, 6 conferências e 10 A organização, a infra-estrutura e palestras, estavam fantásticas. mesas-redondas que abordaram diversos temas na área de Microbi- Sem falar que a escolhas dos conferencistas foi acertada. Profissio-ologia Clínica com destaque para Resistência Bacteriana, Antibio- nais que são referência na Microbiologia Clínica e Infectologia.”grama, Biologia Molecular aplicada a Microbiologia Clínica, Rotinas no Laboratório de Microbiologia, Sistemas Automatizados, etc. “Parabéns pelo Simpósio! Estava muito bom! Show de organiza-Outros destaques no I SIMC foram as áreas de virologia e de micolo- ção a meu ver.”gia, tendo esta ultima um espaço extremamente significativo no pri- meiro dia do evento. “Quero te parabenizar pelo simpósio!!! Foi um sucesso!!! As

O I SIMC também teve um caráter inovador em algumas de suas palestras foram de excelente nível e tudo estava muito bem organi-atividades, em especial a “Microbiologia: Nova Geração” que con- zado!!! Parabéns!!!”templou um espaço para os novos microbiologistas brasileiros cujas apresentações foram de ótima qualidade científica.E para fechar o evento no ultimo dia, foi reservado um momento ao “Consenso de Abraços à todos e até o próximo SIMC!! Microbiologia” que contou com a participação interativa de todos os Afonsocongressistas.

De forma paralela (mas não necessariamente científica) o I SIMC teve uma belíssima festa de abertura com um show que “con-tagiou” à todos e uma importante , inovadora e, porque não dizer ousada, atividade esportiva (corrida-caminhada rústica).

De uma forma geral, o Simpósio teve um saldo bastante signifi-cativo de pessoas envolvidas: mais de 700 participantes (com repre-sentação de todos os estados do Brasil) sendo que, destes, tivemos 410 inscritos nos cursos. Inegavelmente foi esta grande participação que, ao lado da qualidade científica, fez do I SIMC um grande suces-so.

Um evento do porte do I SIMC é bastante complexo de organizar e algumas atividades não ocorrem da forma como planejamos sendo que enfrentamos problemas durante a organização e realização efe-tiva do I SIMC os quais foram minimizados com o esforço de todas as pessoas envolvidas nas comissões científica e organizadora do even-to. No aspecto organizacional destacou-se também a participação da empresa Prix Eventos que foi uma parceira efetiva desde o momento inicial da concepção do evento ao seu momento mais final. Cabe ainda um agradecimento especial ao apoio e iniciativa da SBM por ter dado, em especial, o estímulo inicial para a realização desta atividade.

Como coordenador do evento gostaria de, publicamente, agra-decer mais uma vez à todos que, em consideração do sucesso do evento, concordaram em deixar prevalecer a opinião da maioria mesmo que esta não tenha sido sua opinião!!! Assim, ratifico que me senti muito gratificado no final do SIMC pois ficou claro que consegui-mos realizar um evento, que embora primeiro, apresentou um sucesso científico e organizacional igual (ou melhor) a muitos con-gressos já solidificados no Brasil. Não tenho dúvidas que o sucesso atingido foi diretamente proporcional ao empenho de todos!

Gostaria de terminar este texto com algumas frases recebidas via e-mail após o termino do evento:

“I have to congratulate you on organizing a wonderful meeting…” “Congratulations on your successful meeting. I know it will be

the first of many more.”

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Público Alvo:

Local do curso:

Calendário:

Seleção para o curso:

Ficha de Inscrição (www.sbmicrobiologia.org.br)

Duração:

Carga Horária:

Avaliação:

Coordenação:

Conteúdo Programático:

Graduados da área de saúde, biologia e microbiologia com atuação na área de mi-crobiologia médica.

Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Bloco 13 ACidade Universitária - ButantãAv. Prof Lineu Prestes 580

Início: 27/02/2009 | Término: 03/07/2010

Envio de curriculum

18 meses, sendo que as aulas são quinzenais, nas sextas das 19:00h as 23:00 e nos sábados das 9:00 as 18:00h

560 horas (360 horas presenciais + 200 horas monografia)

Provas durante o curso. O aluno será aprovado atendendo os seguintes critérios: mé-dia mínima 7,0 (sete) e freqüência mínima de 85%.

Profa. Dra. Marina B. MartinezProfa. Titular do Depto. de Análises Clínicas e Toxicológicas FCF-USP

1. Microbiologia Básica- Introdução- Considerações iniciais sobre microbiologia- Célula procariótica x célula eucariótica- Microscopia- Bacteriologia (metabolismo e crescimento bacteriano; envoltório celular, di-

versidade bacteriana, genética bacteriana, biossegurança e OGMs)- Fungos (biologia geral dos fungos; estrutura da célula fúngica; morfologia e

reprodução; nutrição, crescimento e metabolismo; taxonomia; genética)- Vírus (propriedades gerais dos vírus, estrutura viral, replicação viral, nomen-

clatura e classificação dos vírus, cultivos de vírus)

2. Microbiologia Clínica- Cocos Gram-Positivos- Família Enterobacteriaceae- Bacilos Gram Negativos Não Fermentadores- Haemophilus sp, Neisseria sp e Bordetella sp- Vibrio, Campylobacter e Helicobacter- Bacilos Gram Positivos- Micobactérias- Espiroquetídeos- Anaeróbios- Mycoplasma, Ricketsia, Chlamydia- Patogênese da Infecção Viral- Controle da Infecção Viral- Características Gerais das Micoses: (a)Micoses superficiais; (b)Micoses cutâ-

neas; (c) Micoses Subcutâneas; (d) Micoses sistêmicas; (e) Micoses Oportu-nistas e outras micoses.

- Diagnóstico microbiológico das infecções do trato genital feminino e masculi-no.

- Diagnóstico microbiológico das infecções das vias aéreas superiores e inferi-ores.

- Diagnóstico microbiológico das infecções do trato gastrointestinal- Diagnóstico microbiológico das infecções do trato urinário- Diagnóstico microbiológico das septicemias e das meningites- Exudatos e Transudatos- Diagnóstico microbiológico das infecções cutâneas- Diagnóstico Micológico- Infecção Hospitalar- Resistência Bacteriana à Antimicrobianos- Antibiograma- Automação em Microbiologia- Biologia Molecular no Diagnóstico das Doenças Infecciosas- Diagnóstico Laboratorial das Infecções Virais

Curso de Especializaçãoem Microbiologia Clínica

Tem como foco o diagnóstico laboratorial das doenças infecciosas

Público Alvo:

Local do curso:

Calendário:

Seleção para o curso:

Ficha de Inscrição (www.sbmicrobiologia.org.br)

Duração:

Carga Horária:

Avaliação:

Coordenação:

Conteúdo Programático:

Graduados na área da Saúde, em biologia, veterinária, engenheiros de alimentos e Microbiologistas com atuação na área de alimentos

Faculdade de Ciências Farmacêuticas Bloco 13 ACidade Universitária - ButantãAv. Prof Lineu Prestes 580

Início: 27/02/2009 | Término: 03/07/2010

Envio de curriculum

18 meses, sendo que as aulas são quinzenais, nas sextas das 19:00h as 23:00 e nos sábados das 9:00 as 18:00h

560 horas (360 horas presenciais + 200 horas monografia)

Provas durante o curso. O aluno será aprovado atendendo os seguintes critérios: mé-dia mínima 7,0 (sete) e freqüência mínima de 85%.

Dra Mariza Landgraf Prof. Livre-Docente do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da FCF-USP

1. Microbiologia BásicaIntroduçãoConsiderações iniciais sobre microbiologiaCélula procariótica x célula eucarióticaMicroscopiaBacteriologia (metabolismo e crescimento bacteriano; envoltório celular, diversi-dade bacteriana, genética bacteriana, biossegurança e OGMs)Fungos (biologia geral dos fungos; estrutura da célula fúngica; morfologia e re-produção; nutrição, crescimento e metabolismo; taxonomia; genética)Vírus (propriedades gerais dos vírus, estrutura viral, replicação viral, nomenclatu-ra e classificação dos vírus, cultivos de vírus)

2. Microbiologia de Alimentos- Microbiologia Básica- Parâmetros intrínsecos e extrínsecos do alimento que favorecem a multipli-

cação dos microrganimos.- Microrganismos ou grupos de microrganismos importantes em MA. Microrga-

nismos indicadores.- Microrganismos patogênicos de importância em alimentos:- Padrões microbiológicos de alimentos. Amostragem em análise microbiológi-

ca de alimentos- Microbiologia da água- Microbiologia de leite e derivados- Microbiologia de carne e derivados- Microbiologia de ovos e derivados- Microbiologia de pescados- Microbiologia de vegetais- Microbiologia de alimentos envasados- Controle do desenvolvimento microbiano- Métodos rápidos em análise microbiológica de alimentos.

Curso de Especializaçãoem Microbiologia de Alimentos

Tem como foco a origem e estabelecimento da microbiota de alimentos cárneos, lácteos e vegetais.

NOVAS TURMAS PARA 2009NOVAS TURMAS PARA 2009Informações

sobre os cursos

Informações sobre os

cursos

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Público Alvo:

Local do curso:

Calendário:

Seleção para o curso:

Ficha de Inscrição (www.sbmicrobiologia.org.br)

Duração:

Carga Horária:

Avaliação:

Coordenação:

Conteúdo Programático:

Microbiologistas com atuação na área ambiental

Faculdade de Ciências Farmacêuticas - Bloco 13 ACidade Universitária - ButantãAv. Prof Lineu Prestes 580

Início: 27/02/2009 | Término: 03/07/2010

Envio de curriculum

18 meses, sendo que as aulas são quinzenais, nas sextas das 19:00h as 23:00 e nos sábados das 9:00 as 18:00h

560 horas (360 horas presenciais + 200 horas monografia)

Provas durante o curso. O aluno será aprovado atendendo os seguintes critérios: mé-dia mínima 7,0 (sete) e freqüência mínima de 85%.

Dr. Adalberto Pessoa JrProf. Titular do Departamento de Tecnologia Farmacêutica da FCF-USP

1. Microbiologia BásicaIntroduçãoConsiderações iniciais sobre microbiologiaCélula procariótica x célula eucarióticaMicroscopiaBacteriologia (metabolismo e crescimento bacteriano; envoltório celular, diversi-dade bacteriana, genética bacteriana, biossegurança e OGMs)Fungos (biologia geral dos fungos; estrutura da célula fúngica; morfologia e re-produção; nutrição, crescimento e metabolismo; taxonomia; genética)Vírus (propriedades gerais dos vírus, estrutura viral, replicação viral, nomenclatu-ra e classificação dos vírus, cultivos de vírus)

2. Microbiologia Industrial- Microbiologia Básica- Objetivos- Referências Bibliográficas- Dinâmica do Curso- Vantagens dos Processos Microbianos- Conceitos Importantes- Processos Microbianos Genéricos- Fatores que Influenciam os Processos Microbianos- Seleção dos Microrganismos- Meios de Cultivo de Interesse Industrial- Equipamentos Utilizados nos Processos Microbianos- Tipos de Processos Microbianos Descontínuo, Descontínuo- Alimentado,

Contínuo- Crescimento Celular- Cinética de Processos Microbianos- Agitação e Aeração em Processos Microbianos- Ampliação de Escala de Processos Microbianos- Purificação de Produtos Microbianos- Imobilização de Microrganismos e Enzimas- Produtos de Origem Microbiana- Enzimas- Bebidas Alcoólicas- Vinho- Cerveja- Etanol- Fermento de Pão e Proteína Microbiana- Vinagre- Antibióticos- Vitaminas- Vacinas- Outros Produtos de Origem Microbiana- Aplicações Práticas de Microrganismos e seus Produtos- Tratamento de Resíduos Industriais- Mineração- Petróleo- Biossensores

Curso de Especializaçãoem Microbiologia Industrial

Público Alvo:

Local do curso:

Calendário:

Seleção para o curso:

Duração:

Carga Horária:

Avaliação:

Coordenação:

Conteúdo Programático:

Profissionais que atuas na área de microbiologia ambiental

Departamento de MicrobiologiaInstituto de Ciências Biomédicas-USPCidade Universitária - ButantãAv. Prof Lineu Prestes 1374

Início: 04/04/2008 | Término: 20/09/2008

Envio de curriculumFicha de Inscrição (www.sbmicrobiologia.org.br)

4meses, sendo que as aulas são quinzenais, nas sextas das 19:00h as 23:00 e nos sábados das 9:00 as 18:00h

180 horas

Provas durante o curso. O aluno será aprovado atendendo os seguintes critéri-os: média mínima 7,0 (sete) e freqüência mínima de 85%.

Dra. Vivian H. PelizzariProf. Doutora do Departamento de Microbiologia do ICB-USP

- Histórico e Discussão crítica sobre os conceitos de ecologia de microrganismos. Campo de atuação na Microbiologia Ambiental.

- Biodiversidade e biogeografia de microrganismos. Efeitos dos determinantes ambientais e sua importância na microbiologia do ar, ecossistemas terrestres e aquáticos. Interações microbiana.

- Ciclos biogeoquímicos. Geomicrobiologia suas aplicações.

- Ecologia Molecular Microbiana. Métodos e aplicações dos métodos moleculares na avali-ação de impactos antrópicos na biodiversidade.

- Medindo a biodiversidade microbiana. Métodos e índices de diversidade.

- Indicadores microbiológicos de poluição. Conceitos e metodologia.

- Pesquisa de patógenos no meio ambiente e Análise de Risco.

- Processos microbiológicos de tratamento de esgoto.

- Processos de controle microbiológicos de tratamento de água.

- Biofilme. Conceitos e aplicações.

- Microbiologia, biocombustíveis e mudanças climáticas globais.

- Importância do controle microbiológico de águas de reuso.

- Invasão e endemismo. Aplicações ao transporte por água de lastro dos navios.

Curso de Especializaçãoem Microbiologia Ambiental

Público Alvo:

Local do curso:

Calendário:

Seleção para o curso:

Ficha de Inscrição (www.sbmicrobiologia.org.br)

Duração:

Carga Horária:

Avaliação:

Coordenação:

Conteúdo Programático:

Profissionais que atuas na área de microbiologia ambiental

Departamento de MicrobiologiaInstituto de Ciências Biomédicas-USPCidade Universitária - ButantãAv. Prof Lineu Prestes 1374

Início: 27/02/2009 | Término: 03/07/2010

Envio de curriculum

18 meses, sendo que as aulas são quinzenais, nas sextas das 19:00h as 23:00 e nos sábados das 9:00 as 18:00h

560 horas (360 horas presenciais + 200 horas monografia)

Provas durante o curso. O aluno será aprovado atendendo os seguintes critérios: mé-dia mínima 7,0 (sete) e freqüência mínima de 85%.

Dra. Vivian H. PelizzariProf. Doutora do Departamento de Microbiologia do ICB-USP

1.Microbiologia BásicaIntroduçãoConsiderações iniciais sobre microbiologiaCélula procariótica x célula eucarióticaMicroscopiaBacteriologia (metabolismo e crescimento bacteriano; envoltório celular, diversi-dade bacteriana, genética bacteriana, biossegurança e OGMs)Fungos (biologia geral dos fungos; estrutura da célula fúngica; morfologia e re-produção; nutrição, crescimento e metabolismo; taxonomia; genética)Vírus (propriedades gerais dos vírus, estrutura viral, replicação viral, nomenclatu-ra e classificação dos vírus, cultivos de vírus)

2. Microbiologia Ambiental- Microbiologia Básica- Histórico e Discussão crítica sobre os conceitos de ecologia de microrganis-

mos. Campo de atuação na Microbiologia Ambiental.- Biodiversidade e biogeografia de microrganismos. Efeitos dos determinantes

ambientais e sua importância na microbiologia do ar, ecossistemas terrestres e aquáticos. Interações microbiana.

- Ciclos biogeoquímicos. Geomicrobiologia suas aplicações.- Ecologia Molecular Microbiana. Métodos e aplicações dos métodos molecu-

lares na avaliação de impactos antrópicos na biodiversidade.- Medindo a biodiversidade microbiana. Métodos e índices de diversidade.- Indicadores microbiológicos de poluição. Conceitos e metodologia.- Pesquisa de patógenos no meio ambiente e Análise de Risco.- Processos microbiológicos de tratamento de esgoto.- Processos de controle microbiológicos de tratamento de água.- Biofilme. Conceitos e aplicações.- Microbiologia, biocombustíveis e mudanças climáticas globais.- Importância do controle microbiológico de águas de reuso.- Invasão e endemismo. Aplicações ao transporte por água de lastro dos navi-

os.- Microbiologia de ambientes extremos e suas aplicações em biocatálise e bio-

prospecção.- Aspectos ecológicos do controle da deterioração ambiental.- Biodegradação de poluentes xenobióticos e Biorremediação

Curso de Especializaçãoem Microbiologia Ambiental

Sociedade Brasileira de MicrobiologiaAv. Prof. Lineu Prestes, 2415 - ICB IIIFones: 11 3037-7095 e 3813-9647

Informações sobre os

cursos

Informações sobre os

cursos

InscriçãoSócios: R$ 55,00Não Sócios: R$ 55,00

Valores(mensalidade)Sócios: R$ 625,00Não Sócios: R$ 715,00

Bolsas – Serão concedidas duas bolsas parciais e uma

bolsa integral, mediante prova classificatória.

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Procedimento:

Valores:

Formas de pagamento:

O interessado deverá preencher a ficha de adesão, especificando a categoria (Estudante de graduação, Estudande de Pós-Graduação ou Profissional).

Estudantes: R$ 90,00 (Anual)Profissionais: R$ 175,00 (Anual)

1. Depósito bancário identificado em nome da SOCIEDADE BRASILEIRA DE MICROBIOLOGIA (CNPJ 43.323.484/0001-12) e envio de uma cópia do comprovante via FAX (11) 3813-9647:Banco do Brasil: 001 - Agência: 3559-9 - c/c: 16509-3

2. Enviar a ficha de adesão por E-mail ([email protected]), solicitando o boleto bancário.

COMO ASSOCIAR-SECOMO ASSOCIAR-SE

FICHA DE ADESÃOFICHA DE ADESÃO

DATA:___________________________________________________________ ANO DE REFERÊNCIA:___________________________

Categoria: ( ) Estudante de Graduação ( ) Estudante de Pós-Graduação ( ) Profissional

Nome completo:__________________________________________________________________________________________________

RG:______________________________________________________ CPF:________________________________________________

Endereço Res:____________________________________________________________________________________________________

______________________________________________________________________ Bairro:___________________________________

Cidade:__________________________________________________________ UF:___________ CEP:__________________________

TEL.:____________________________________________________ FAX:________________________________________________

E-MAIL:_________________________________________________________________________________________________________

Instituição:_______________________________________________________________________________________________________

Departamento:___________________________________________________________________________________________________

Cargo que exerce:_________________________________________________________________________________________________

Titulação:________________________________________________________________________________________________________

Endereço:_______________________________________________________________________________________________________

___________________________________________________________________ Bairro:______________________________________

Cidade:__________________________________________________________ UF:___________ CEP:__________________________

TEL.:____________________________________________________ FAX:________________________________________________

E-MAIL:_________________________________________________________________________________________________________

Microbiologia Especializada em:

1.Alimentos (MAL); 2.Ambiental (MAM); 3.Básica (BAS); 4. Biotecnologia (BIO); 5.Clínica (MC); 6.Industrial (MIN); 7.Micologia (MI);

8.Micotoxinas (MX); 9.Oral (MO); 10.Solo (MS); 11.Veterinária (MV); 12.Virologia (VI); 13.Outros (especificar):

Endereço para correspondência: Residencial ( ) Comercial ( )

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Presidente

Vice-presidente

1º Secretário

2º Secretário

1º Tesoureira

2º Tesoureira

Conselho Fiscal:

Marina Baquerizo Martinez (USP-SP)

Maria José M. Giannini (UNESP-SP)

Carlos Taborda (USP-SP)

Loreny Giugliane (UNB-DF)

Adalberto Pessoa Jr. (USP-SP)

Alexandre S. Rosado (UFRJ-RJ)

Bernadete G. Franco (USP-SP)Sergio E. L. Fracalanzza (UFRJ-RJ)

Antonio Fernando Pestana de Castro (USP-SP)

Coleções de Cultura Micro Clinica Parasito-Hospedeiro- Lara D Sette, UNICAMP-SP - Lauro Santos Filho, UFPB-PB - Sandro R. de Almeida, USP-SP- Elisa Cupollilo, FIOCRUZ-RJ - Pedro D´Azevedo, FFFCMPA-RS - Marcelo Bozza, UFRJ-RJ

Ensino Micro Industrial Solo- Alexandre Lourenço, UNIP/UNISA/FMU -SP - José Gregório, USP-SP - Vivian H. Pelizzari, USP-SP- Maria Ligia C. Carvalhal, USP-SP - Eleni Gomes, UNESP-Rio Preto - Mariangela Hungria, EMBRAPA-PR

Infecção Hospitalar Micro Médica Veterinária- Ana Lúcia Darini, USP-RP - Elizabeth Marques, UERJ-RJ - Walter Lilenbaum, UFF-RJ- Jorge Sampaio Fleury, SP - Waldir P Elias Jr, I. Butantan, SP - Vasco Azevedo, UFMG-RJ

Micro de Alimentos Micologia Virologia- Bernadete G. Franco, USP - Rosana Puccia, UNIFESP-SP - Maurício L. Nogueira, FAMERP-SP- Ricardo Dias, FUNED -MG - Marilene Vainstein, UFRGS-RS

Presidente do CBM 2007Micro Ambiental Micotoxinas Prof. Dr. Marina B. Martinez- Irma Grivera, USP-SP - Marta Taniwaki ITAL-SP- Leda M. Hagler, UFRJ-RJ - Myrna Sabino Instituto Adolfo Lutz-SP

DiretoriaDiretoriaBiênio 2008-2009

Representantes de ÁreaRepresentantes de ÁreaSBM 2008-2009

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