Revista Ops! 2ª Edição

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Edição nº 02 / Ano 01 - Novembro 2012 A REVISTA SURPRESA VOCÊ É JOVEM? EU TAMBÉM! A IMPORTÂNCIA DO CONTATO E DAS AÇÕES INTERGERACIONAIS NO INTERIOR DO ESPÍRITO SANTO.

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2ª Edição da Revista Ops!

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Você éjoVem?EU TAmbém!A ImPoRTâNcIA do coNTATo E dAS AçõES INTERgERAcIoNAIS No INTERIoR do ESPíRITo SANTo.

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QUEm VAI coNTAR A

A Revista Ops tem um desejo ardente em falar da juventude e das relações que se estabelecem em seus territórios. As atividades desenvolvidas pelos tantos cole-tivos que despontaram em Muqui tem chamado atenção da sociedade atraindo membros de comunidades que apoiam as iniciativas e buscando promover o diálo-go na cidade. E é exatamente deste diálogo que a Revista Ops quer falar. Convidado pelo Grupo Muqui Contem-porâneo, o escritor Léo Alves desenvolveu uma matéria de capa sobre a importância do contato intergeracional para o futuro de uma cidade histórica e tradicional como

O Grupo Muqui Contemporâneo realizou, na noite de 11 de agosto, o lançamento da primeira edição da Revista Ops, projeto de publicação de jornalismo cultural na cidade de Muqui – ES. O evento, contou com a presença da imprensa lo-cal e de autoridades do município, foi realizado no Teatro Neném Paiva, no Sítio Histórico da cidade. Além da imprensa, parte da comunidade muquiense esteve presente. No evento, os envolvi-dos direta ou indiretamente na revista foram apre-sentados, bem como os colaboradores e coluni-stas da edição. A revista será disponibilizada na internet, em breve!

Durante as gravações da chamada para o 1º Festival de TV e Cinema Independente de Muqui – ES, do Grupo Cultural ETC, o autor de novelas Aguinaldo Silva comentou e curtiu a nossa Re-vista Ops! do grupo Muqui Contemporâneo! 

Muqui. Vale a pena folhear e sentir na pele, a importância que nossos avós, tios, pais e sobrinhos têm na construção de uma cidade criativa e com muita história para contar. E foi pensando nestas histórias que o Grupo Muqui Con-temporâneo procurou desenvolver o contato com os ido-sos do município, ampliando o acesso e possibilitando o desenvolvimento de projetos mais maduros e conscientes, que revelem, não só o Muqui Contemporâneo, como também, o Muqui do passado, fundamental para entender o Muqui do presente e construir o Muqui do futuro. Sin-tam-se em casa!

mARIANA cANdIdo gAbRIEl

Representante “muqui contemporâneo”, diretora da [email protected]

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edito

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história?

REVISTA oPS NA SAlA dE AUlA

lANçAmENTo dA REVISTA oPS!

 “Revista Ops” foi distribuída entre os alunos e professores da escola Senador Dirceu Cardoso, em Muqui, e disponibilizada em grande quantidade na biblioteca da instituição. As professoras inici-aram os trabalhos com as matérias abordadas na publicação, que contém críticas e conteúdo de jor-nalismo cultural escritos por colaboradores locais e nacionais.

AgRAdEcImENToAgradeço, muito comovida, a surpresa e homenagem prestada pela revista Ops, em sua

primeira edição, quando fui entrevistada por Leandra Passini.Agradeço também pelo carinho e atenção que recebi de amigos de várias gerações em pela

ajuda que lhes dei sem saber.Estou também muito orgulhosa por ter sido escolhida para ser a “Menina Centenária”.

Aproveito a oportunidade para dizer que esqueci de citar na minha entrevista, que embo-ra seja carioca, meus 3 irmãos nasceram em Muqui, Lélio, Lúcio e Irmã Cirillo.

Como veem, nossas raízes muquienses vêm de longa data, pois até meu bisavô, pai de minha avó materna, José Ribeiro de Oliveira Pires, em 1904, pedia ao Governo autorização para construir uma casa em um terreno de sua propriedade na Rua dos Operários. Ele, nes-ta época, assinava no cartório por ser Juiz de Paz, por isso, encontramos sua assinatura em documentos junto a de Marcondes de Souza, que em 1912, foi eleito Governador do Estado.

Tenho ou não tenho razões por ser apaixonada por Muqui?Meu coração é muquiense!

Obrigada, Muqui.Obrigada, Leandra, obrigada Revista Ops.

 Ketty Cirillo

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lANçAmENTo

ENTREVISTAS

O Grupo Cultural ETC, coletivo de jovens realizadores do Sul do Espírito Santo, e a escola de Músi-ca Manoel Vicente de Castro, re-alizaram, na noite do sábado de 11 de agosto, a Coletiva de Imprensa com lançamento oficial do Projeto “1º Festival de TV e Cinema Inde-

pendente de Muqui (ES) – FEC-IM”. O evento, que contou com a presença da imprensa local e de autoridades do município, foi real-izado no Teatro Neném Paiva, em Muqui – ES. Além da Imprensa, parte da comunidade muquiense esteve presente. Na coletiva, os

envolvidos no projeto foram apre-sentados, bem como toda a propos-ta e conceito do Festival, previsto para acontecer entre os dias 1 e 4 de novembro. O evento está com inscrições abertas para recebimento de curtas. Outras informações no site:  www.fecim.com.br.

O diretor do Fecim, Léo Alves, deu entrevista ao programa “9 Minutos”, da TV Tribuna (SBT), em Vitória. O assunto, é claro, foi o FECIM – Festival de Cinema Independente de Muqui. Na conversa, também foram comentados assuntos da Economia Criativa no desenvolvimento de municípi-os do interior do Estado, tema que tem sido explorado no programa que é apresentado por Eustáquio Palhares. Entre outros assuntos explorados, pelo apresentador, estão as realizações do Grupo Cultural ETC, as históri-as e os desafios de fazer cultura e arte no interior do Estado por jovens realizadores.

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PRogRAmAção do FEcIm!

gRAVAçõES com AgUINAldo SIlVA No RIo dE JANEIRo

O grupo “Moxuara” é um dos destaques na programação do FE-CIM. O Show “Aventura Moxuara” será apresentado na noite do dia 1 de novembro, na abertura do Festival na praça central da cidade. Não perca!

Mais um destaque na pro-

gramação do FECIM é a presença do ator Mouhamed Harfouch e das autoras globais Duca Rachid e Thelma Guedes. Também estarão presentes personalidades como Bernadette Lyra, Cavi Borges e Eduardo Nassife.

O autor de novelas Aguinaldo Sil-va recebeu os jovens do Grupo Cul-tural ETC, representado pelos re-alizadores Léo Alves e Jussan Silva, em sua casa na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, para a gravação de um clipe e entrevista para o 1º Festival de TV e Cinema Independente de Muqui (ES) – FECIM. A proposta do evento é discutir e refletir so-bre a telenovela no Brasil, abrindo espaço de debate, rompendo pos-síveis preconceitos acadêmicos e promovendo formas mais prazerosas de leitura e compreensão do uni-verso da TV.

Segundo os organizadores do FECIM, o Brasil, mesmo sendo referência na área da telenovela,

ainda possui poucos espaços de discussão sobre a temática, com participação efetiva do público telespectador. O objetivo do projeto é trazer esta reflexão para o interior do país, região que, ainda segundo os organizadores, está mais próxima da TV do que propriamente o Cinema.

As imagens feitas com o autor Aguinaldo Silva serão veiculadas na “TV FECIM”, ferramenta de divulgação audiovisual do Festi-val, e disponibilizadas também, em plataformas digitais e redes sociais. O FECIM acontece entre os dias 1 e 4 de novembro, no maior sítio histórico do Estado Espírito San-to. Mais informações: www.fecim.com.br

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Duca RachidCavi Borges Bernadette Lyra Mouhamed Harfouch Eduardo Nassife Thelma Guedes

Você já ouviu falar na FlIP? A FlIP foi uma iniciativa de jov-ens ousados de Paraty para colocar a cidade no mapa do mundo. é isso que vai acon-tecer com o FEcIm. é uma

iniciativa de jovens ousados de muqui, pra discutir cinema e televisão e que certamente vai levar a pequena cidade histórica do Espírito Santo ain-da mais longe. Não deixe de

participar”.

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“O Rede Cultura Jovem (RCJ) tem sido um dos mais importantes me-canismos de incentivo à juventude na cidade de Muqui. De 2011 pra cá tive-mos um salto de evolução maravilho-so, que só reflete o quanto a juventude deste Estado pode ir ainda mais longe, com criatividade, dinamismo e com-petência. Já percorri por Minas Gerais e Rio de Janeiro e ainda não encontrei um programa à altura dedicado aos jovens e núcleos de criação. O RCJ é, sem dúvida, o local onde a juventude se encontra, troca experiências e se realiza! E, em Muqui, este processo de evolução tem sido espantoso, in-clusive pra nós, que vivemos toda esta energia e aprendemos com a nossa própria caminhada e parcerias. Te-mos muito a evoluir, mas o presente tem se tornado tão significativo que só nos resta sonhar com um futuro cada vez melhor e cheio de produções incríveis. Estamos animados, empen-hados, com fé na Cultura, no Estado e nos projetos que ainda podem surgir de nossas mentes! A caminhada con-tinua!”

Léo Alves Agosto de 2012.

E SEUS ImPAcToS PoSITIVoS Em mUQUIrede cultura joVem

conheça aqui os resultados das ações juvenis que cresceram for-

temente com o apoio do Programa Rede cultura Jovem e da Secretaria de cultura do Espírito Santo (Secult):

oFIcINA dE modA Em mUQUI

“muqui na passarela – cultura no corpo e na alma”

o projeto, que teve aprovação do

Edital do RcJ e da Secult, ganhou gás com atividades culturais envolvendo o artesanato e as iniciativas com jovens

da cidade. As oficinas foram realizadas no prédio da escola de música manoel

Vicente de castro.

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“Sinto uma energia muito positiva durante as palestras e os encontros da oficina de Moda em Muqui. Percebo o brilho nos olhos dos adolescentes, e isso é mágico! Vejo crianças querendo desenhar roupas, vejo jovens queren-do desfilar a cultura de Muqui no corpo e na alma. Tem sido muito importante as ações da oficina no interior de Muqui, pois elas estão demonstrando a verdadeira capaci-dade do jovem em perceber seu território enquanto parte de projeção e repercussão de trabalhos mais moder-nos, dinâmicos e interativos. Estou feliz com os resulta-dos já alcançados e muito esperançoso na coleção que se iniciou. Estamos confeccionando as roupas e, em breve, realizaremos o desfile de Moda, parte das comemorações do centenário da cidade de Muqui – ES”.

A jovem Amanda Falcão, responsável pelo projeto “2ª Tenda Alternativa de Cinema” produziu um completo histórico das ações do Grupo Cultural ETC. Conheça abaixo um trecho do trabalho. Parabéns Amanda!

“A história de Muqui está fincada em diferentes valores culturais, quer seja na tradição religiosa, nas manifestações populares e nas iniciativas coletivas de seus habitantes. A falta de recursos e de uma perspectiva moderna de atração da participação da juventude despertou em alguns adoles-centes de talento o interesse em desenvolver projetos e ações culturais que visavam proteger e preservar a cultura e o Sítio Histórico. Em 2007, com a ajuda dos recursos tecnológicos de que tinham acesso e enfrentando todas as dificuldades que uma cidade tradicional do interior podia proporcionar , jovens que, na época, ainda estavam matriculados no ensino médio, começaram a desenvolver, mesmo que individualmente, práti-cas audiovisuais que, ao longo do tempo, foram evoluindo, amadurecendo e se enriquecendo com a própria formação de cada um e espírito de coletividade que se formava.

A primeira tentativa, mesmo que ainda realizada de forma amadora, despontou tímida no mesmo ano com uma pitada de ousadia: criar um longa-metragem durante as férias utilizando o Sítio Histórico como cenário, amigos e vizinhos como atores, uma câmera fotográfica digital e um computador como únicos instrumentos tecnológicos de trabalho. A surpresa do resulta-do foi sentida pelos próprios adolescentes e pela população, pois ambos desconheciam a importância de suas potenciali-dades individuais e coletivas para o contexto de uma produção audiovisual em pequenas mídias. O filme “Floresta Encantada” marcou o início de práticas permanentes de produção audio-visual em novas mídias por adolescentes na cidade de Muqui e, por conseguinte, o surgimento do Grupo Cultural ETC.

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WANdER PolATI, RESPoNSáVEl PElA oFIcINA dE modA, Em mUQUI

Wander Polati com a modelo muquiense Marcélia Fresz,

uma das convidadas para o desfile de Moda.PESQUISA RESUlTANTE do PRoJETo “TENdA AlTERNATIVA dE cINEmA”

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JoRNAl “ExPRESSoImPRESSo” E REVISTA “oPS” FESTIVAl dE cINEmA

E INTEgRAção dE PRoJEToS

As publicações resultaram em um produto diferenciado na ci-dade, atraindo o público jovem e adulto. Quem curte todas as formas de cultura e manifes-tação artística se sentiu benefi-ciado com as publicações, que também foram resultantes de aprovações dos Editais do Rede Cultura Jovem.

O FECIM tem sido o “carro chefe” das atividades no interior de Muqui. Com sua realização estará efetivada grande parte de todos os projetos previstos na cidade. Ele tem sido capaz de agregar muitas ini-ciativas, que complementam e enriquecem, ainda mais, o evento. O Festival acontece entre os dias 1 e 4 de novembro!

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teatro na praça,gARgAlhAdA NA RUA!

WEb TV: dENTRo E FoRA dE cASA

FESTIVAl dE cINEmA E INTEgRAção dE PRoJEToS

O projeto ousado de Wander Polati encheu as ruas e as escolas do município de Muqui com muita gargalhada através de apresentações teatrais cheias de bom humor. A iniciativa também foi contemplada nos Editais do Rede Cultura Jovem e conseguiu chamar a atenção de muitos adolescentes, cada vez mais interessados na capacitação em artes cênicas.

A série de Web TV “Dentro e Fora de Casa” percorreu os municípios de Marilândia, São Roque do Canaã e Santa Tereza. Como resultado, três episódios com muito conhecimento e aventura em cidades que os jovens de Muqui sequer conheciam! “A ex-periência foi muito enriquecedora”, resume a participante Paloma Corrêa. Abaixo, um texto da participante Mariana Candido, responsável pelo registro do 3º episódio, em Santa Tereza.

Despeço-me da pequena e so-lar Marilândia rumo à agitada São Roque. Cidade que me fez brindar com sua suprema aguardente os dias de calor e surpresas vividas pelo norte do ES.

Subindo a serra, assistindo a pai-sagem mudar pela janela e sentindo os ouvidos estalarem cada vez mais por conta da altitude de Santa Tereza. Me deparo com um clima frio gosto-so de 16 graus na terra dos colibris. 

Fim de tarde perfeito pra experi-mentar as delícias da culinária da ci-dade, percebo que come-se muito bem em Santa Tereza, principal-mente se for acompanhado de um vinho de jabuticaba numa mesa cheia de amigos num lugar cheio de história.

Lugar tranquiilo, bonito, ares eu-ropeus, com a simpatia do capixaba sempre acolhedor e bem humorado, gente animada com sangue italiano correndo nas veias, de fala alta e abraço apertado.

Lugar que abriga personagens do dia a dia, como um robusto abacaxi que enquanto guia seus passageiros em seu táxi, escuta do “arroxa” ao pop rock do Legião Urbana, cantando an-tecipadamente as letras das músicas. 

Povo empreendedor, que trabalha, apaixonado pelo que produzem pro-duzem.

Deixei Santa Tereza com gosto de quero mais, com a certeza de que

voltarei mais vezes pra sentir nova-mente o aroma da natureza tão perto de mim, ali mesmo na área externa da pousada. Volta com bagagem pesa-da, recheada de vinhos, mel, cachaça, doces, etc… 

Sair de casa pra cortar o ES com uma mochila nas costas, sem roteiro somente um mapa e muita vonta-de de conhecer pessoas e lugares era nosso objetivo, tornou - se mais que isso, conheci a diversidade do estado, identifiquei as influências e o mais importante, pude formar a identidade capixaba que procurava!

Curti muito tudo o que vivemos, mas confirmo o que digo sempre: A MELHOR PARTE DE UMA VIAGEM, É CHEGAR EM CASA!!!  Muqui nos esperava com um fim de tarde lindo, os paralelepípedos brilha-vam com o sereno que havia caído.

A nossa querida Cidade Menina nunca morrerá den-tro de nossos corações.

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o PRoblEmA NoSSo dE cAdA dIA

O nome dessa coluna eu achei bem suges-tivo e pontual para o que vou expressar.

Em meio esses dias em que vivemos, os problemas nos envolvem tanto que os tratamos como normais e até bem vindos.

Não vou dizer que uma vida sem proble-mas seja possível, mas vou afirmar que a forma como lidamos com eles nos definem como seres humanos felizes ou infelizes, prósperos ou não, como bons companhei-ros ou não.

Pense seriamente se você gosta de ficar ao lado daquela pessoa que passa todo tempo reclamando e dizendo mazelas da vida. Muitas vezes não só da vida dela, mas também da vida dos outros. Ter uma vida com problemas já é ruim, mas ficar fazen-do propaganda dos próprios problemas é lamentável.

Agora pense seriamente se você não é uma dessas pessoas que antes falamos! É fácil pensar na chatice dos outros, mas será que eu não sou esse chato que tanto me in-comoda?

Uma pessoa empreendedora poderia falar que os problemas nos impulsionam a criar novas estratégias de viver, de vencer os obstáculos. Mas será mesmo que devo pen-sar nos problemas como motivadores que me impulsionam.

Penso ser bem mais produtivo e saudável pensar que na vida há sim momentos, fatos, pessoas e coisa e tal que nos atrapalham, nos machucam nos ofendem, nos sugam a auto-estima, mas que esses podem ser “fa-tos problemas” se assim nos os tratarmos e dermos a eles essa autoridade.

Gosto de pensar que muitos dos proble-mas que vivenciamos são sim fatos que in-comodam e às vezes nos podam as forças, mas isso é muito potencializado de acorde com a importância que damos a eles.

Mudança de foco é o ponto de maior im-portância neste caso. Sim acordamos pela manhã e temos lá os problemas nossos de cada dia pra resolver. Meu dia esta acabado antes mesmo de começar. La vem outra se-mana de merda! Não tenho o dinheiro para pagar tal pessoa. Como vou terminar aque-le relacionamento chato? “um pouco mais de reclamação e coisa e tal”.

Uma vez uma amiga comentou: “não sei como você agüenta ouvir tantos problemas durante o dia”!

Então respondi: “não escuto problemas, escuto sim oportunidades de melhoras”.

Como disse antes o importante e mudar o foco. E a partir disso pensar nas estraté-gias a seguir.

Sim temos oportunidades de melhoras a cada momento. Mas como? Alguém per-guntaria!

Nossas vidas são sucessões de fatos, um comportamento após outro. O que as pes-soas parecem esquecer e que mudamos nosso ambiente para também alterar esses comportamentos.

Se resolvermos um problema e tempos depois ele volta, devemos pensar seri-amente no fato de que ele não foi resolvi-do, ai paramos e o resolvemos novamente, e ele some temporariamente, a questão que o resolvemos da mesma forma como da primeira vez, e então ele voltou. E hora de para e pensar, se quero resolver este problema de forma que ele não volte tenho que proceder de uma forma nova, já que a antiga não re-solveu, ou resolveu temporariamente.

Há uma definição de insanidade que gos-to muito, onde se diz que, se quer coisas novas então realize coisas novas. Ou seja, fazer sempre os mesmos comportamento e esperar um resultado diferente realmente parece um tanto quanto insanidade, não é?

Pois bem, vamos aceitar o fato que temos nossos problemas de cada dia, ou se preferi-rem oportunidades de melhoras. Vamos en-tão lidar com eles como tal. Então, como se procede para resolver problemas?

Temos que analisar a situação, pensar nas diversas formas de resolvê-lo, pensar em qual ação será mais eficiente para esta situ-ação. E o mais importante de tudo, tomar as ações. Tá certo que pensar já é uma ação, mas ela esta isolada, e muitas vezes o que precisamos fazer e agir em sociedade. Ex-pressar a resolução do problema que tínhamos.

E como você estar a fim de alguém, mas nunca dizer nada, esta pessoa não vai adi-vinhar e muito menos aparecer de repente cheio de amor por ti. Você deve agir, falar com alguém ou com a pessoa; deve gerar movimento.

Esta a meu ver é a frase de maior impac-to nesta coluna: “gere movimento”. Pense, planeje, converse, cante, se chateie, mas se movimente. Tenha sempre em mente que o que move nossas vidas são nossas escolhas, e que o próprio fato de ficar imóvel é uma escolha.

Então vamos escolher viver.

Eu fico muito feliz e satisfeito por vê-los se tornarem “excelentes” na arte de aproveitar as oportunidades e escolherem usá-las a fa-vor de um bem maior, sua felicidade.

SAUlo mAThEUS

PSIcólogo comPoRTAmEN-TAl. PRoFESSoR NA INSTITUIção dE ENSINo SUPERIoR FAFIA. TRAbAlhA NA APAc (ASSocIAçãoE PRoTEçãoE ASSISTêNcIA AoS coNdENA-doS Em cAchoEIRodE ITAPEmIRIm).

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mUQUI: A “cREATIVE cITy” do ESPíRITo SANTo

Nos últimos oito anos a produção cultural capixaba ganhou novo fôlego com os significa-tivos projetos produzidos pelos jovens indepen-dentes do Estado. A cidade de Muqui, sempre vocacionada à cultura, recebeu da juventude a força necessária para alcançar um novo para-digma para o desenvolvimento do município. Jovens sensíveis e cheios de talentos compreen-deram a dinâmica mundial e estão projetando a “cidade menina” para a conquista de um novo status.  

A participação dos jovens impulsionou a ci-dade para a criação de uma rede do conhecimen-to onde todos são responsáveis pela dimensão cultural gerando um novo sentido de pertenci-mento. O jovem passou a ser reconhecido pelo trabalho desenvolvido e a partir daí ele próprio sentiu-se como uma peça chave nesse processo de desenvolvimento. Nessa dimensão a interação entre educação e cultura deu nova compreensão à preservação do patrimônio histórico da cidade. A concepção do Sítio Histórico deixou uma marca de dúvida na população em virtude da falta dessa educação inclusiva, participativa e devidamente democrática. Agora, com a juven-tude ampliando os horizontes da cidade, com os inúmeros projetos culturais em desenvolvimen-to e, sobretudo; pela nova plataforma política que se inicia, Muqui configura-se como uma “creative city” por excelência.

O termo “cidade criativa” foi articulado pelo urbanista Charles Landry nos anos 80 e início dos anos 90 onde propunha através de seu prin-cipal livro; “The Creative City: A Toolkit for Ur-ban Innovators”, um movimento global a partir da reflexão e da livre interferência da criatividade nos espaços da cidade. Este novo conceito traduz a imaginação como uma ferramenta de desen-volvimento de qualquer espaço incentivando a criação de novas ideias produtivas impactando assim, sobre a economia e à vida social da co-munidade. A utilização da criatividade como matéria de produção é enxergada como um pres-suposto de crescimento individual e coletivo, pois dá sustentação aos talentos humanos proliferando o pensamento crítico e a sensibilidade.

Uma cidade criativa como Muqui alimenta olhares, sustenta talentos e é capaz de ser palco e cenário de inúmeros bens criativos. Entretan-to, para ser uma cidade criativa é preciso que além de riquezas culturais também existam pessoas com duas grandes características que darão a base estrutural para o desenvolvimen-to de qualquer ideia, são elas: sensibilidade e técnica. Ultimamente os gestores culturais do Estado, mas principalmente de Muqui não são dotados de tais valores e desenvolvem projetos de qualquer maneira acreditando que criar uma apresentação teatral ou uma sessão de cinema

seja só isso. É com sensibilidade que os gestores terão que lidar com a cidade com preocupação, zelo, discricionariedade, ouvindo as necessi-dades das pessoas e percebendo que cultura não é artigo de luxo. É com técnica, que esses mesmos gestores terão que encarar os desafios de um edital de grande porte, a vida política de uma cidade estratégica, os interesses da cole-tividade e a adequação das ideias filosóficas para a vida real.

É preciso reconhecer que as estruturas econômicas, sociais e culturais mudaram dra-maticamente, sobretudo pela revolução da tec-nologia da informação e da nova compreensão de educação, organização, gestão e liderança. Portanto, as mudanças sociais estão sendo as responsáveis pela transformação dos institutos, gerando uma nova dinâmica global: onde as pessoas estarão cada vez mais interligadas, os problemas mais conexos e as soluções deverão es-tar cada vez mais acessíveis. Para lidar com essas mutações é preciso que ocorra uma reavaliação dos recursos e uma reestruturação dos conceitos em todas as dimensões. Apesar de trabalhoso e intenso, foi assim que as juventudes de Muqui vêm batalhando por seu espaço e colaborando para que as pessoas, sobretudo os novos jovens, estejam cada vez mais dentro dessa perspectiva criativa.

A interdisciplinaridade também é ponto forte nessa nova fase global, pois a criatividade envolve uma gama de competências e busca o planejamento cultural por meio de interações entre pessoas, habilidades e talentos. O pro-fessor e pesquisador italiano Franco Bianchini afirma que “a arte de fomentar parcerias entre os diferentes setores da sociedade e garantir a justa distribuição dos recursos econômicos, so-ciais e culturais são as matérias primas para o desenvolvimento sadio de uma cidade criativa”. É através dessa conjuntura, que o professor de Direito da USP José Eduardo Faria trabalha em suas obras sobre a questão da educação integral sofisticada onde além do ensino jurídico, visa fidelizar o entendimento de que a sociedade ne-cessita de uma reflexão cada vez mais interligada, coerente com participação social e interferência nas decisões de grande difusão.

Portanto, como pode ser notado Muqui está sofrendo uma transformação intensa e progres-siva movimentada por uma juventude eclética, mas dotada de um sentimento comum; ver a ci-dade crescer de forma criativa e sustentável. Foi assim que desde 2005 os jovens mostraram que são capazes de construir um futuro cada vez mais presente e cheio de oportunidades sem esperar acontecer, mas sendo os personagens principais num processo permanente onde quem ganha é a cidade menina, agora uma “creative city”.

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JUSSAN SIlVA E SIlVA,

22 ANoS, NATURAl dE

mUQUI/ES. AcAdêmIco dE dIREITo

PElA UNIVERSI-dAdE mAckENzIE RIo (UPm) oNdE

ATUA como INTEgRANTE/

PESQUISAdoR No NúclEo dE ESTUdoS E PESQUISAS

SobRE dIREIToS E dIVERSIdAdES: gêNERo, ETNIA,

RAçA E RElIgIão.

ATUAlmENTE é RESPoNSáVEl

PElAS AçõES ESTRATégIcAS

do “FEcIm” E cooRdENA

o “hIPéRbolE - gESTão

cUlTURAl”, dESdE 2011.

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cenográficaINEVITAVElmENTE

O que faz de qualquer lugar um destino desejado, definitivamente não é seu estágio de desenvolvimento econômico.  A alma de uma cidade depende de fatores por vezes incom-preensíveis. Até mesmo inexplicáveis. Uma coisa é certa: a cultura - local e legítima - tem peso inquestionável na influência sensorial para a sedução de forasteiros. É condição determinante de uma personalidade coletiva que embriaga e encanta, porque germina sensibilidade e carisma no cerne de um universo de riquezas oportuniza-das aos olhos, ouvidos e corações. Nasci em Muqui, às 20h do dia 03 de fevereiro de 1962. Dizem os astrólog-os, que uma conjunção em Aquário colocou todos os planetas alinhados naquela noite. Será que isso explicaria minha latente inquietude? Bem, ten-ho certeza de que Léo Alves e Jussan Silva não nasceram no mesmo dia. E, no entanto, os observo igualmente perturbados, surfando sobre as mes-mas loucuras que me inspiravam a voar, muitas décadas antes, na mesma Ci-dade Menina. A diferença tecnológi-ca é marcante: os dois nasceram com uma filmadora digital nas mãos. O cinema que eu fazia nos anos 70, usa-va uma vela acesa, algumas figuras re-cortadas do papel e um lençol branco esticado à contra-luz, onde as som-bras em movimento deslumbravam espectadores ávidos.  O mais velho na platéia tinha pouco mais de dez anos. O Teatro Neném Paiva ainda era uma oficina mecânica revoltada, porque sempre sonhou tornar-se um palco iluminado, mas insistiam em mantê-la suja de graxa e banhada em óleo quei-mado. Felizmente, a força do sonho a alçou da condição de gata borralheira, coroando-a cinderela em pleno Sécu-

lo XXI. Creio que o sonho seja algo comum também a mim e aos jovens muquienses que decidi homenagear nesse texto.  O que nos une? O dese-jo latente de dar vazão audiovisual  à criatividade, porque ela é o único en-dereçamento eficaz que se pode dar à intensidade vulcânica da imaginação. A pequena Muqui cresceu. Muito mais em alma e projeção que em geografia. Paradoxalmente, sua maturidade não foi dada por decanos ex-alunos, sem-pre a repetir um modelo nostálgico e exumado pela eterna saudade de um tempo que não volta mais. Mas, por uma juventude sábia e precoce, que fez da vanguarda da inteligência a matéria-prima para se construir uma ponte iluminada entre um “passado de glória” e o que de melhor poderia haver antes de um “futuro de esperança”: um presente de reconhecimento, conquistas e sucesso! As gerações que se alternaram entre um tempo e outro, estiveram por demais ocupadas em abandonar a ci-dade, para perceberem o tesouro ador-mecido no relevo silencioso das facha-das de seu imponente casario. Cenário de um bom filme, Muqui exorciza nesse tempo a angústia da falência econômica pela queda do café, editan-do em longa-metragem a certeza de seu renascimento. Os belos afrescos na cúpula da igreja permanecem os mesmos. A imobilidade arquitetônica dos casarões observa, com entusias-mo, o esperado e inevitável fenômeno. Nas telas do presente, impossível não reconhecer a invasão do cinema e to-dos os spots voltados para uma cena ir-reversivelmente muquiense: a bicicleta acaba de tornar-se uma lembrança poética e caprichosamente assentada na memória da Cidade Menina; final-mente feita mulher.

Sidemberg Rodrigues é Membro Honorário da Academia Brasilei-ra de Direitos Humanos - ABDH; Presidente do Conselho Superior de Sustentabilidade e Responsa-bilidade Social da Federação das Indústrias do ES - FINDES e me-strando em Ciências Sociais na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP. Autor dos livros “Mensagens do Vento” (poe-mas), “Miséria Móvel” (crítica so-cial, editado em quatro idiomas) e “Espiritual e Sustentável” (sustent-abilidade em seis dimensões). Sem-pre teve afinidade com a literatura e a poesia. Foi articulista em veícu-los especializados em informática, comportamento, espiritualidade na gestão, cultura, economia e turis-mo, tanto no Espírito Santo quanto fora do Estado. É cineasta, poeta, músico, compositor, sendo, ainda, escultor. Ministra palestras dentro e fora do país, nas quais propõe a Espiritualidade - sem conotação religiosa, mas como uma visão holística - como a melhor alterna-tiva de sustentabilidade, para se equilibrar as relações no planeta Terra e equacionar a problemática social mundial. Nos últimos nove anos, atua como gerente de Comu-nicação, Responsabilidade Social e Relações Institucionais da Arce-lorMittal Tubarão.

Por SIdEmbERg RodRIgUES

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Artesanato: um importante instrumento de produtividade para milhões de famílias. Famílias essas que dependem de sua criação para a sua subsistência e através desta, sua inclusão social perante a sociedade. Criado por homens, mulheres, jovens e idosos que cor-tam, esculpem, pintam, bordam e assim criam uma verdadeira obra de arte digna de valor supremo. Ar-tesã e artesãos que tem a esperança que o artesanato seja cada vez mais conhecido e valorizado dentro e fora de cada região.

Há algo muito além a cidade de Muqui do que a tradicional cul-tura dos casarios, Boi Pintadinho e Folia de Reis. Seja por distração ou subsistência, o artesanato na ci-dade, já faz parte da vida de muitas famílias. O que até pouco tempo atrás não era reconhecido, hoje já se tornou conhecido por muitos. Artesã há muitos anos, dona Juraci conta que faz de tudo um pouco, desde os palhacinhos de folia até bordado.

“Faço artesanato há 30 anos, comecei com bolos e doces para fora, até que surgiu o artesanato em minha vida”, diz dona Juraci.

Segundo dona Juraci a maior dificuldade de ser artesã é de en-contrar matéria-prima para a pro-dução das peças, pois quase não se encontra material (palha, bucha, couro e tecido). Suas peças são feitas com maior carinho para que através de suas criações a cultura (folclore) e as tradições sejam rep-resentadas.

“O artesanato é minha vida”, diz a ar-tesã .

Desde que começou a criar suas peças, tirou através desta, sua renda. Hoje ex-põe suas peças na loja de artesanato (AGROART) que incentiva o coopera-tivismo e as associações a revitalizar seus valores culturais e, arquitetônicos, fol-clórico, artísticas (artesanato, artes plásti-cas) históricas e religiosas. A associação de economia solidaria (AGROART), surgiu como idéia para que cada um possa cri-ar e recriar suas peças e assim gerar suas próprias rendas. O artesanato está passan-do por um momento totalmente prolífero, o reconhecimento desta arte é um reflexo disto.

Senhor Juvenal Assis Alves, trabalhou maior parte de sua vida na “roça”. Começou a se interessar pelo artesanato como forma de ocupação com 73 anos de idade.

_ “Comecei a aprender fazer as peças praticando”.

“Meu mestre era Deus” _ diz seu JuvenalSuas primeiras peças produzidas foram

uma cobra e uma mão segurando pão. Assim desenvolveu sua arte através da ma-deira.

_ “Quando vejo um galho logo imagino com o que se pareça. Começo a produzir, quando chego a concluir a produção, logo

vem o orgulho e a satisfação de ver meu trabalho feito.” _ conta o artesão.

Além de artesão, seu Juvenal leva muito jeito para poesia (já tem até livro publica-do). Seu artesanato é uma de suas maiores paixões, tem uma infinidade de peças que guarda com maior supremacia.

QUANDO COMPLETEI 73 ANOSQuando completei 73 anos Cansado do trabalho duroPeguei outra atividadePara assegurar o futuro.

Andando pelo pasto Achei um galho de limão Levei para minha casa E fiz uma mão segurando um pão. Outra vez encontrei um broto Contando parece mentira Trabalhei com muito cuidadoE fiz uma cobra engolindo traíra.

Aí fui aperfeiçoando Pelo desenho do galho Fui fazendo, pássaros Alguns com pouco trabalho.

Mas tem um velho ditado Parece falar a verdade Quem teve sete ofícios Tem quatorze necessidades.

Mais mesmo assim Não posso chamar de sorte Tenho fama do meu trabalho Pelo sul e pelo norte.

Acho que posso dizer Sou a semente de mostarda pequenaOs que tenho acolhidoJá passam de uma centena.

O trabalho mais difícil É a corrente sem emendas

Essa dita peça Só faço por encomenda.

Juvenal Assis Alves

ARTESÃO

O ser humano é artista Seu trabalho desconhece Mas com arte se revelaE o talento aparece.

Em cada trabalho demonstraTamanha dedicaçãoMostra que se dedicaSem buscar consagração.Encontra inspiração em tudo Nas pessoas ou natureza Sua obra nos encanta Por sua delicadeza.

Seu trabalho se destaca É sensível em seu criar Cada detalhe impressiona Seu produto é singular.

Este ofício importante Mais parece uma missão Com orgulho homenageio A pessoa do artesão.

Autora: Rosane Morais e Silva

JORNAL EXPRESSO IMPRESSO

artesanato em muqui: produtividade e culturao ARTESANATo ESTá PASSANdo PoR Um momENTo ToTAlmENTE PRolíFERo E dE REcoNhEcImENTo

por paloma jacinto

edição 02 / ano 1 / junho 2012

JoRNAl ExPRESSo ImPRESSoAceita um café?

Uma realização do movimento “os muquiranas”

ExPEdIENTEdiretor: hélton da Silva Souza e Paloma Jacinto corrê[email protected] Assistentes: Amanda Falcão e Vinícius ValimRealização: os muquiranas

o Jornal “Expresso Impresso” é uma publicação (impressa e on-line) de jornalismo literário e cultural da cidade de muqui, com circulação gratuita produzida pelo grupo “os muquiranas”. Propõe colocar as-pectos da ruralidade muquiense, bem como a sustentabilidade, ag-ricultura e o café, como pauta das crônicas, entrevistas e ensaios produzidos. como sustentação de criação e divulgação, o projeto prevê oficinas de jornalismo com escolas rurais e a realização de eventos culturais para o lançamento do jornal.

A pequena cidade em que nasci,Onde cresci vendo a florestaOs pássaros, as flores, a vidaTudo faz parte desta festa.

Cidade menina encantadora,Minha vida é só alegria,As pessoas são amáveisE todos vivem com harmonia

Esta é minha cidade,Ela é bem pequenina.Tem até um apelidoQue é Cidade Menina.

Você já devem saberQue minha cidade é Muqui.Ela teve esse nomePor causa dos índios Tupis.

Aluna: Eduarda de Oliveira Pelages – 4ª SérieEscola Marcondes de SouzaProfessora: Tereza de Fátima Assis

Muqui é uma cidade cheia de carinho,Por isso temos o boi pintadinho!Em festa, sempre tem alguém que toca,Por isso tem o Boi do Bijoca.Muqui é uma cidade de ouroComo o Boi Az de OuroQuando a bateria toca, dá um eco,Aparecendo os bonecos.Muqui é uma cidade pequena,Por isso é chamada de “Cidade Menina”.Muqui é uma cidade históricaCom seus casarões, Igreja Matriz e muitas histórias.Muqui é uma cidade alegreCom muitas festas e povo feliz!!!

Aluno: Julio Ribeiro 4ª SérieEscola Ercy Arruda Bonfim (Camará)Professora: Luciana Maria Blasco Arruda

Muqui é uma cidade muito bonita e aconchegante.O que mais me chama atenção é o Patrimônio Histórico. Nela temos vári-

os lugares bonitos, como a Igreja, a biblioteca e outros.Ela me traz muita paz, felicidade, tranquilidade e amor, Muqui é uma

“Cidade Menina”. Aqui tem folclore, carnaval. Vem turistas de todo o lugar, para conhecer nossa cidade. Há também pessoas que escolhem esta cidade para passar suas férias. Eu amo minha cidade maravilhosa, agradeço a Deus sempre por morar nesse lugar abençoado.

Muqui mora no meu coração.

Aluna: Amanda Corrente 4ª sérieEscola Frei Pedro Domingo IzcaraProfessora: Lúcia de Fátima Edson de Souza

Muqui do povo humilde, acolhedorGente que batalha, trabalhador Berço do folclore, da tradiçãoDo boi pintadinho, casa de folião Cidade do ar puro,De belezas naturaisDe casarões antigosOnde não há iguais

 Muqui, Maria fumaça, lá vemA nostalgia tambémTu fazes 100 anosMeus sinceros parabéns! Tatiana da Silva Salvador

Vinte e dois de outubroDia do centenárioVamos saudar MuquiCidade extraordinária

Cem anos de emancipaçãoA cidade de MuquiJá havia há quatorze anosDo ano que eu nasci

Dá prazer em morarNa cidade de MuquiTem carnaval e boi pintadinhoPara a gente se divertir

Em Muqui morou gente finaFicou gravado na históriaPadre Pedro e Dirceu CardosoJamais me sai da memóriaPrefeitos que passaram

Na cidade de MuquiSaudoso Avides FragaComo este ainda não vi

A estrada da AliançaFeito à braço, aquela estradaObra da prefeituraDo saudoso Avides Fraga

Abriram aquela estradaQuando eu era ainda criançaEra muito difícilPara chegar na Aliança

Se for contar direitinhoNão acho uma pessoa que saibaProcurando no mundo inteiroNão tem espaço que caiba

Juvenal de Assis Alves (86 anos)

Muqui, uma cidade linda,Um lugar bom de morar.Essa cidade é muito bonita,Que todo mundo aqui, quer ficar

Eu gosto da cidade de Muqui,Tenho certeza de que outros vão gostarMas que lugar lindo!Nossa, que lindo lugar!

Eu adoro a cidade de MuquiTodos vão se impressionar.Lá tem praças e jardins,Onde as pessoas vão passear.

Esta cidade tem muitas tradições,Folia de reis, carnaval e outras atrações, Que a faz brilhar.Todas as pessoas adoram,E os visitantes vão amar.

Aluna: Jullya Delorence 4ª sérieE.M.E.F. Fortaleza

a cidade de muquimuqui e o folclore

muqui

óh muqui!

centenário de muqui

minha cidade

JORNAL EXPRESSO IMPRESSO02 / noVembro 2012

JORNAL EXPRESSO IMPRESSO noVembro 2012 / 03

Você sabiaPor Sandra M. C. Lourenço

SANDRA MARIA CIRILLO LOURENÇO. Bacharel em Letras e Tradução e Intérprete. Revisora, Redatora e Tradutora.

Professora, Diretora e Assessora. Coordenadora de projetos. Pesquisadora e Memorialista. Cidadã Muquiense 2007.

Você sabia? Que em agosto de 1913 houve um

banquete em Muqui oferecido ao Gover-nador Marcondes de Souza, em uma mesa em forma de L, cujo menu foi o seguin-te: Pratos pequenos – Escaberbes, azei-tonas recheadas, pão e manteiga. Sopas – Creme à la Reine. Entrada – Frango com cogumelos. Peixes – Robalo com molho à holandesa.  Assados  – Peru recheado com presunto de York.  Legumes  – Ar-pargos na manteiga.  Sobremesas  – Pu-dins, frutas, queijos. Vinhos – Viúva Gomes, Sauternes, Pomares, Clicquot, Porto, chá, café, licores.

Você sabia? Que  a empresa inglesa Leopoldina

Railway & Co. comprou a falida Estrada de Ferro Leopoldina e os ingleses tra-ziam da Inglaterra ou dos Estados Uni-dos todo maquinário de navio: locomo-tivas, máquinas, trilhos, carros e todas as ferramentas necessárias para o trabalho, até os crivos e placas para prenderem os dormentes, para aumentar a segurança? Em 1886 chegou a Cachoeiro de Itapemirim material destina-do à construção da Estrada de Ferro de Cachoeiro, ou Caravellas, como também era conhecida, por pertencer a Companhia de Navegação e Estrada de Ferro Espírito Santo e Caravellas. Os trilhos, vagões e carros de passageiros vieram da Europa, tendo sido embarca-dos em Antuérpia, na Bélgica. Tudo foi transportado rio acima em pranchas, inclusive as locomotivas (desmontadas). As locomotivas, fabricadas pela Baldwin Locomotive Works, de rodagem 0-6-0 (sistema White), eram americanas. As três primeiras receberam os nomes ‘Itapemirim’, ‘Alegre’ e ‘Caste-lo’. Posteriormente, foi adquirida mais uma, destruída num acidente em 1898, defronte ao prédio da antiga Papelaria Vieira. Esta preferência por locomotivas americanas era comum à época, dada sua confiabilidade e durabilidade. Os in-gleses também montaram no Rio de Ja-neiro uma oficina para fabricar qualquer peça extra de que precisassem para as obras. O advento das oficinas auxiliava no desenvolvimento da localidade onde fossem instaladas.

Você sabia? Que  Muqui participou com doações para

ajudar na construção do Cristo Redentor no RJ? Em 1922 o Dep. Federal Geraldo Vianna conseguiu por um projeto-lei enviar Rs 200:000$000 (duzentos contos de réis). O bispo D. Sebastião Leme coordenou uma comissão para arrecadar fundos junto à população. Em 1923, foi organizada a Semana do Monumen-to e no país inteiro as paróquias arrecadaram doações para a construção. No bairro do Cosme Velho no Rio de Janeiro, pessoas desfilavam com lençóis abertos onde o dinheiro era atirado das janelas e recolhido. O custo da obra foi de Rs 2.500:000$000 (dois mil e quinhentos contos de réis) hoje aproximadamente R$ 6 milhões de reais. O monumento foi proposto em 1921 pelo Círculo Católico do Rio de Janeiro, em comemoração ao centenário da independência do Brasil. Existe uma lenda que o Corcovado foi doado pelos franceses ao Brasil, mas não é verdade, apenas o projeto foi de um calculista e um artesão que confeccionou a grande maquete de quatro metros, ambos franceses, que foram contratados pelo desafio técnico de construir-se uma estrutura de concreto armado pesando 1.145 toneladas. A cabeça e as mãos foram con-feccionadas pelo artista plástico de origem polo-nesa, Paul Landowski. O Cristo foi moldado no local, com engenharia brasileira e doações do povo brasileiro.

Você sabia? Que Muqui atravessou a Revolução de

1930 de perto durante a década de 20, a mobilização do operariado, as Revoltas dos Tenentes (1918-1924), a Coluna Prestes e as dissidências políticas enfraqueceram as Oligarquias, ameaçando a aliança entre São Paulo e Minas Gerais, a famosa políti-ca café-com-leite. Três anos depois de Washington Luís assumir a Presidência da República, em 1926, a situação do Brasil encontrava-se extremamente grave.

Com a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929, a economia brasileira foi dura-mente atingida. Os preços entraram em queda e milhões de sacas começaram a amontoar-se nos armazéns das ferrovias e dos portos.  Muitos viram montanhas altíssimas de sacas de café serem queima-das à beira dos trilhos na Fazenda Santa Marta, em Mimoso e isso não aconte-ceu só por aqui como também em todos os centros cafeeiros do país. Começou a inevitável falência dos senhores do café.  Neste momento Muqui também sofreu grandes perdas econômicas por ser um dos maiores centros cafeicul-tores da região, haja vista seus belíssimos casarões, construídos na época das va-cas gordas.  Ketty Cirillo, ainda menina, recorda-se de montanhas de sacas de café sendo queimadas ao pé da ferrovia.  O paulista, Washington Luís, enfrenta o endividamento interno e externo e a re-tração das exportações e lança como can-didato à sua sucessão o governador de São Paulo, Júlio Prestes, rompendo a política do café-com-leite. Os revolucionários se rebelaram iniciando um  movimento ar-mado, liderado pela Aliança Liberal (Mi-nas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul) e os dissidentes regionais.

Usavam lenços vermelhos como mar-ca a favor de Vargas. Muitos muquienses mais velhos ainda se lembram dos solda-dos e homens usando lenços vermelhos no pescoço chegando a  Muqui, vindos de Minas Gerais a caminho do Rio de Ja-neiro. Estes liberais eram muito temidos, chegavam às cidades em comboios lota-dos de soldados de lenços vermelhos ao pescoço e iam levando tudo que viam pela frente, ameaçando quem tentasse lhes im-pedir a passagem. Muitos fazendeiros e roceiros escondiam-se à noite no mato com medo de serem levados pelos re-voltosos. Vinham arrecadando dinheiro para as campanhas, pilhando as famílias pelo caminho. Pais de família salvavam o dinheiro escondendo–o como podiam. O Golpe  dos ministros militares depôs o presidente da república Washington Luís, em 24 de outubro de 1930, impediu a posse do presidente eleito, Júlio Prestes, e pôs fim à República Velha. Getúlio Var-gas chegou ao Rio de Janeiro, assumiu o governo provisório, quando suspendeu a Constituição e fechou o Congresso. Esta foi a Revolução de 1930 a que Muqui também assistiu.

Você sabiaPor Sandra M. C. Lourenço

JORNAL EXPRESSO IMPRESSO04 / noVembro 2012

Você sabia? Que Muqui atravessou o Integralismo de per-

to? Ketty Cirillo relata um fato que a marcou muito: no dia 16 de julho de 1937, seu pai, Gui-lherme Cirillo, organizou uma grande reunião da “Ação Integralista Brasileira” no Salão do Cine Ideal. Ele avisou aos participantes que nin-guém portasse canivetes, facas ou qualquer tipo de armas, porque a maioria dos participantes de Muqui eram do campo e podiam estar com estes objetos, assim todos deixaram-nos em sua casa. À noite, todos os integralistas, chamados “camisas-verdes ou barrigas-verdes”, presentes, foram para a reunião (inclusive Ketty, aos seus 13 anos, e seus irmãos menores) onde os che-fes de todas as cidades sentaram-se à mesa, no palco, onde cantaram o Hino Nacional e a reunião começou. De repente, adentraram uns comunistas (naquela época havia também esse movimento) interrompendo os palestrantes e começaram a atirar. A sala só tinha uma saída e Guilherme Cirillo gritava para que todos se abaixassem. Ketty se abaixou, mas deu para ver os atiradores, eram todos gente de Muqui mes-mo! Uma moça, chamada Serafina Bernardi, levantou-se para correr ao pai que estava no palco e a coitadinha levou um tiro nas costas, ficando paralítica para sempre (vide foto). Os participantes, sem seus chefes, saíram correndo pelas ruas, não sabiam para onde ir, e os solda-dos com suas armas tiraram as camisas verdes e penduraram-nas nas árvores, um terror! Caro-lina, mãe de Ketty, escondeu-se atrás de vagões para-dos aos trilhos até que ao terminar o tiroteio, gritou para Ketty pegar seus irmãos pela mão e correr para casa. Carolina foi então acudir a moça ferida, levando-a para uma pensão, pois naquela época não havia hospital em Muqui. O caos ficou instaurado pelas ruas. Ketty atraves-sou a rua toda no meio da correria e confusão até chegar em casa, um verdadeiro faroeste. As pessoas fecharam as janelas e sumiram de medo. As autoridades locais prenderam todos os chefes, embora não tenham encontrado ar-mas com eles. Os chefes dormiram na cadeia e só foram soltos no dia seguinte, bem mais tarde. Foi quando Guilherme ensinou uma oração aos filhos em agradecimento: “Por ter mamãe de volta e para ter sempre as dívidas pagas, Graças a Deus, que Nosso Senhor nos proteja, amém!”, oração que Ketty reza até hoje.

Você sabia? Que a partir de 1924, atrás da Estação

foi inaugurado o  Hotel Minas Gerais, construído por José Assad José, fina-mente decorado, numa área de 340m², mas que apenas funcionou em abril de 1926 com o nome de Palace Hotel ven-dido a A. Miranda & Cia. Foi readquiri-do em 1930 por José Assad José, com gerência de Júlio Barreto. A reinaugu-ração aconteceu em alto estilo em um jantar para 40 talheres na presença de importantes políticos. O andar de cima foi ampliado, recebendo alas modernas para os quartos. No andar térreo foram instaladas seções de bar e bilhar, sala de refeições luxuosa com lugar para or-questra, cozinha totalmente aparelhada. A decoração era sóbria, porém elegante, com uma claraboia sobre a sala de re-feições dando-lhe encanto e luminosi-dade. Serviriam ali já o afamado Chopp da Brahma. Possuíam estação de força em caso de falta de energia, instalação de rádio, reservatório de água de 20.000 li-tros, barbearia, engraxataria, etc. Depois de discursos e da bênção, a inauguração foi coroada com um baile no local.

Você sabia? Que no passado em Muqui se res-

peitava tanto a Semana Santa que não se tocava piano em nenhuma casa, nem se podia fazer nenhum outro barulho? Naquela época as procissões eram acom-panhadas de muitos fogos e do ruído seco das matracas que os coroinhas balouçavam, resultando num barulho enorme pelas ruas, e as crianças morri-am de medo daquele ruído estranho e corriam para debaixo da cama? As pro-cissões eram muito bonitas e concorridas com lindos andores, crianças vestidas de anjo com enormes asas de penas brancas e de virgens de branco com lindos véus e grinaldas. Muita cantoria, fogos e de-voção. A Procissão da Sexta Feira Santa, a Procissão do Enterro do Senhor, era silenciosa e sem velas, somente o ba-rulho das matracas vinham substituir a alegria dos sinos tocando e a luz das velas por  serem símbolos de alegria e júbilo. Todo barulho era silenciado na Quinta Feira e só voltavam a repicar no Domin-go de Páscoa. As matracas vinham na frente, batidas pelos coroinhas, o Andor do Senhor Morto, todos em reverente silêncio e rezando, como se fosse um en-terro real. A personalidade representan-do Verônica, que limpou o sangue do rosto de Cristo, ia com um tecido como se fosse o Santo Sudário, enquanto para-va de quando em quando, subindo num banquinho onde entoava lindos hinos, tristes como lamentos, lindos e tristes ao mesmo tempo. Nessa época quem repre-sentava a Verônica era Geni Cúrcio.

Você sabia? Que em Muqui, lá pelos idos de 1920,

o Cap. Felippe Pereira de Castro, avô de Ketty Cirillo, organizava festivais de Cavalhadas? O  local usado para as apresentações, obedecendo à tradição, era um grande campo aberto ainda desabitado, que havia entre o Palacete Bastos (Carolina Haddad) e toda aquela área que vai até o Jardim Municipal. As Cavalhadas representam lutas entre católicos e mouros, vestidos a caráter, com roubo da princesa e tudo mais. No Brasil as cavalhadas registram-se desde o século XVII e acontecem durante a festa do Divino.  A representação acontecia em campo aberto, em uma espécie de torneio, onde os personagens principais são 12 cavaleiros vestidos de vermelho, representando os mouros, que enfren-tam 12 cavaleiros de azul, representando os cristãos, todos armados de lanças e espadas. A corte é representada por per-sonagens como o rei, o general, prínci-pes, princesas, embaixadores e lacaios, todos vestidos com ricas fantasias.  O enredo tem várias fases. Começa com a apresentação dos combatentes; a luta com manejos de espadas, lanças e tiros de fes-tim; a troca de embaixadas, desafios, rou-bo da princesa, pedidos de trégua e, por fim, a conversão e batismo dos mouros. A simulação do combate pode ser fei-ta por os hábeis cavaleiros que fazem evoluções com seus animais ou com cava-los-de-pau enfeitados. Essas Cavalhadas são, ainda hoje, representadas em alto nível no Estado de Goiás.

JORNAL EXPRESSO IMPRESSO noVembro 2012 / 05

luiz antônioLUIZ ANTONIO PRISCISVAL.

Talvez ele seja o muquiense mais fausto que já existiu.

Íncola de Muqui, nascido no dia 22 de outubro de 1953, ele é hoje uma das pessoas mais imprescindíveis na cultura da cidade.

De índole peculiar, Luiz Antonio é uma pessoa impagável, viveu e vive momentos esplendidos.

No ano de 1959 ingressou no jar-dim de infância “Jurandy França Martins”, onde no ano seguinte par-ticipou de seu primeiro desfile esco-lar.

 _ “Desfile de príncipe da cindere-

la na carruagem da abóbora”“Foi meu ano de formatura onde

fui escolhido orador. Não conseguir concluir o discurso, pois chorei mui-to.”

 Segundo Luiz Antonio neste ano

ele ainda participou do desfile das danças das nações, onde junto com Maria Luzia Macedo Moulin repre-sentou a Espanha.

 _ “No ano de 1961 ingressei no

Grupo escolar “Marcondes de Sou-za” 

 Foi estudar o quarto ano interno

em Anchieta no ano de 1964. Es-tudava canto. Era destaque de voz e dominava o latim, cantava em solo em todas as missas solenes, nas capelas e em festas religiosas nos municípios.

 _ “Passava às horas de lazer des-

bravando as belezas naturais das praias: do balanço e dos castel-hanos. Fui reprovado nos testes vo-cacionais e retornei para Muqui”

 Mais em 1973 foi morar  em São

Paulo, onde lecionou particular-mente pintura em tecido.

 _ “Os alunos eram todos de descendência japonesa”. 

Residiu  em Santo Amaro  onde muito aprendeu. Retornou novamente a Muqui no final do ano.

Anos muitos favoráveis que se passaram. Em 21 de junho de 1980 foi nomeado ao cargo de assessor de turismo da prefeitura municipal.

_ “Neste ano dirigi a montagem alegóri-ca em São Paulo no concurso nacional de fanfarras e bandas, onde se consagrou campeã em sua categoria”.

 Assim organizando e dirigindo desfiles,

no ano de 1987  desenvolveu junto à esco-la de samba São Torquato, o enredo: Onde Pananciana dos Olhos Azuis do Poeta, em uma homenagem ao grande Chico Buarque de Holanda.

 _ “Abandonei temas relativos e mer-

gulhei na ficção criando meu trabalho mais perfeito nesta área, de toda minha vida: São Torquato em Queimeiras, uma utopia capixaba”. 

 Participou da FITEC como decorador de

stands no ano de1989, na qual foi muitíssimo elogiado.  _ “Jantei com a então modelo Claudia

Raia.” Desgastado emocionalmente e decepcio-

nado com atitudes internas, deixou de for-ma definitiva a São Torquato.

 “Vim descansar em Muqui, desenvol-

vi um grande trabalho de paisagismo em Cachoeiro de Itapemirim.”

  Ano de 1993, deu inicio a uma nova fase

de sua vida.Deste ano em curso, todas as ações publicas

e particulares tornaram-lhe um profissional realizado em sua terra natal.

 Não há como descrever todos os fatores

que Luiz Antonio contribuiu para que a cul-tura em nossa cidade se estabeleça cada vez mais. Homem probo, que procede de uma família de sete filhos, sendo ele o quinto. O que dizer de Muqui e da cultura desta, sem Luiz Antonio?

Luiz Antônio deve ser ainda mais

valorizado para que todos conheçam e reconheçam seu supremo talento.

  Ano do centenário  Em virtude do ano de centenário da nossa

querida Muqui, Luiz Antônio descreve sua opinião em relação ao futuro de Muqui após esse ano de centenário.

 _ “Acredito que mudanças possam ocor-

rer em detrimento de que ao estarmos en-focando os valores gerais de nossa terra desde o surgimento aos 100 anos, muitas pessoas sentir-se-ão mais orgulhosas e, com a massagem do ego, irão dar continuidade, buscando promover em todos os âmbitos os valores pessoais e de nossa gente. Nossa ter-ra não será mais a mesma mergulhada em marasmos e descrédito, visto que grande parte da juventude passou a sentir com mais intensidade, a necessidade de exteri-orizar sua arte ao bem da coletividade”.

por paloma jacinto corrêa

o dEcoRAdoR do ANo dE cENTENáRIo dA cIdAdE mENINA comENTA SobRE SUA VIdA E SobRE A homENAgEm A mUQUI.

Luiz Antônio e Beth Dutra

Você é o que você come!

Por Christiane Zanol - nutricionista

Na tentativa de defender a agricultura contra pragas que atacam as plantações, os agrotóxicos foram criados. A sua uti-lização teve início na década de 20 e, du-rante a segunda Guerra Mundial foram utilizados até como arma química.

No Brasil, a sua utilização se tornou mais evidente em ações de combate a vetores agrícolas na década de 60. Al-guns anos depois, os agricultores foram liberados a comprar o produto de outros países.

Hoje, o país é um dos maiores com-pradores de agrotóxicos do mundo e as intoxicações por essas substâncias estão aumentando tanto entre os tra-balhadores rurais por ficarem expostos, como entre pessoas que se contaminam por meio da ingestão desses alimentos. Alguns estudos já relataram a presença de agrotóxicos no leite materno, o que poderia causar defeitos genéticos nos bebês nascidos de mães contaminadas.

Os agrotóxicos são substâncias quími-cas (herbicidas, pesticidas, hormônios e adubos químicos) utilizadas em produ-tos agrícolas e pastagens, com a finali-dade de alterar sua composição, e assim, preservá-los da ação danosa de seres vi-vos ou substâncias nocivas.

Eles podem ser encontrados em vegetais (verduras, legumes, frutas e

grãos), açúcar, café e mel. Alimentos de origem animal (leite, ovos, carnes e fran-gos) podem conter substâncias nocivas que chegam a contaminar a musculatu-ra, o leite e os ovos originados do animal, quando ele se alimenta de água ou ração contaminadas.

Segundo a Agência Nacional de Vig-ilância Sanitária (Anvisa), o uso intenso de agrotóxicos causa a degradação dos recursos naturais como, solo, água, flora e fauna, em alguns casos de forma irre-versível, levando a desequilíbrios biológi-cos e ecológicos.

Além de agredir o ambiente, a saúde também é afetada pelo excesso destas substâncias.

Quando mal utilizados, os agrotóxicos podem provocar três tipos de intoxi-cação: aguda, subaguda e crônica. Na aguda, os sintomas surgem rapidamente. Na intoxicação subaguda, os sintomas aparecem aos poucos: dor de cabeça, dor de estômago e sonolência. Já a intoxi-cação crônica, pode surgir meses ou anos após a exposição e pode levar a paralisias e doenças, como o câncer.

Alguns consumidores, não satisfeitos em consumir alimentos que possam conter resíduos tóxicos, estão exigin-do a produção de alimentos fabrica-dos e armazenados sem agrotóxicos. Os alimentos orgânicos - isentos de agrotóxicos - estão ganhando a atenção dos consumidores interessados neste assunto.

A ANVISA é responsável por fiscalizar produtos contaminados por agrotóxicos. Se uma empresa vender produtos que têm contaminantes em excesso - a ponto de prejudicar o ambiente ou a saúde, ela sofrerá advertência, multa ou apreensão do produto.

O alimento deve cumprir o seu papel de nutrição, levando ao organismo os nutrientes que este precisa para ter saúde. Alimentos contaminados por agrotóxi-cos são considerados impróprios para o consumo, pois trazem risco a saúde. É in-coerência falar em alimentação saudável quando se trata de alimentos contami-nados por agrotóxico. Acreditamos que, caso haja demanda, fiscalização e pressão da sociedade, teremos garantida mais saúde na mesa do consumidor brasileiro. Havendo demanda os agricultores, com certeza, se organizarão para produzir ali-mentos livres de agrotóxicos.

Você é o que você come, coma alimen-

tos saudáveis (NATURAIS E SEGUROS) para ser saudável.

Assistência Social: De quem pra quem? Por Rafaela Binoti, assistente social.

O poeta maior Carlos Drummond de Andrade, diz: “o tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente.” É com essa metáfora que me sinto desafiada, pois vivemos num tempo de divisas, de gente cortada sem trabalho e na luta pela própria subsistência. Tempo este onde amplia-se a população sobrante e con-sequentemente o aumento da exclusão social, econômica, política, cultural de homens, jovens, crianças e mulheres da extrema pobreza. Por um lado é pos-sível ver o crescimento por demandas dos serviços sociais, por outro, atestamos a precarização dos nossos salários, a des-valorização profissional e a deficiência das condições de trabalho. Fica então, um convite a todos para pensarmos em mudanças para o Estado e as políticas públicas e analisarmos como elas vêm estabelecendo novas práticas da questão social hoje, nas demandas á profissão e nas respostas do Serviço Social. “Este é o tempo de divisas, tempo de gente corta-da”. Carlos Drummond de Andrade.

Nota:Assistência Social: é uma política pú-

blica regulamentada pela Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, assim definida na forma da lei:

Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realiza-da através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da socie-dade, para garantir o atendimento às ne-cessidades básicas.

Assistencialismo: é o oposto da políti-ca pública de Assistência Social. A políti-ca de Assistência Social é um direito, isto é, todos que um dia dela necessitarem, poderão dela usufruir. Já as ações assisten-cialistas configuram-se como “doações”, que, não raro, exigem algo em troca: um exemplo são as famosas “doações” de cestas básicas, procedimentos em saúde por parlamentares ou candidatos em tro-ca de favores eleitorais.

JORNAL EXPRESSO IMPRESSO06 / noVembro 2012

Fundou-se o jornal “ Muquyense ” em ja-neiro de 1913, primeiro órgão republicano, semanal, sob a direção de Geraldo Viana com ajuda de vários colaboradores”, e seu primei-ro tipógrafo, João Luiz de Souza, sendo que o escritório do Jornal mudou-se em 1914 para o térreo do novo prédio recém-construído da Câmara Municipal, enquanto a tipografia que adquirira as eficientes máquinas “Boston”, manteve-se na parte superior do prédio inau-gural de propriedade de João Cúrcio & Fo. em outro endereço. A assinatura anual para a vila custava Rs 10$000 e para o interior Rs 12$000.

O município precisou de 16 ou 18 anos para sair do estado de um triste vale coberto por espessas goiabeiras sombreando a péssi-ma e lamacenta estrada de rodagem que cor-tava o Patrimônio em direção a Cachoeiro de Itapemirim. Era então pelos idos de 1890 um insignificante arraial que contava apenas com quatro casas. O avançamento da linha férrea com suas leves curvas cortou finalmente a florescente e futurosa vila. O progressivo de-senvolvimento em diversas formas ocorreu ao redor do prédio da Estação fundada em 1902, onde vários prédios foram edificados e ocupa-dos por negociantes, hoteleiros, farmacêutico, etc.

Elevou-se então a Distrito graças à sua pros-peridade e continuação da vida comercial sem-

pre crescente, rendendo aos cofres públicos nada menos do que cerca de Rs 10:000$000 (dez contos de réis). Marcondes de Souza, sendo o Governador do Estado na época e tendo um carinho especial por Muqui, bus-cou dirigir mais melhoramentos para a vila, como escola municipal, iluminação pública, consertos na estrada do “Sabiá”, do “Rio Cla-ro”, pontes sobre o Rio Muquy e o Córrego Boa Esperança. Saneou todo o arraial, esta-belecendo valas para escoamentos das águas estagnadas, obteve bom prédio para o xadrez com destacamento policial de Sr. Luiz da Silva de Oliveira, construiu a estrada de rodagem para os terrenos das “Torres”, levou melho-ramentos para a estrada do Sumidouro, re-construindo também a antiga estrada para Cachoeiro.

Tornou Muqui em uma boa praça comercial contando com 25 casas de 1a, 2a, 3a até 6a. ordem, apresentando também uma farmácia bem montada, médicos, dentistas, engen-heiro, estabelecimentos de ensino público e tudo que traz conforto para uma população laboriosa. Havia três padarias, duas oficinas de sapateiro, sendo uma de 1a, uma ótima se-laria, um Sindicato Agrícola, uma sociedade literária, uma banda e um campo de demon-stração onde agricultores recebiam conhe-cimentos de lavoura, uma marcenaria e um excelente órgão de publicidade.

A música e a literatura encontravam regular aceitação, existindo sociedades que as mantinham. Em breve chegará a água canalizada e iluminação melhorada. Dadas as suas condições de salubridade, a sua invejável posição topográfica, abundância e qualidade das suas terras, terrenos de 1a. O arraial está predestinado a ser um dos mais ricos centros de atividade. Sua vegetação exuberante está em altas serras com altitude superior a 800 m em uma extensão de 36 km. Exporta grande quantidade de madeiras de superior quali-dade, diversos cereais e aproximadamente 150 mil arrobas de café.

Emilio Coelho da Rocha - Muquyense, 24 de janeiro de 1913.

JORNAL EXPRESSO IMPRESSO noVembro 2012 / 07

por falar em jornal... vamos relembrar o

jornal de muquy

EXECUÇÃO: REALIZAÇÃO:

APOIO CULTURAL:

PRODUÇÃO:

A primeira água encanada em MuquiA água da vila para uso da população, ad-

vinha de poços naturais, do Ribeirão Muqui ou do Córrego Boa Esperança, onde anteriormente havia um açude poluído que ameaçava a saúde pública, que fora prontamente desobstruído por Geraldo Viana. A Câmara então pensou em desapropriar vários pequenos lavradores até o vilarejo para dali canalizar aquelas águas, mas resolveu-se por escolher a água de supe-rior qualidade desviada da Fazenda Santa Rita, do Córrego D’ Água Fria a 6.200 m da vila, doação do então proprietário José Assad & Fo. sob escritura pública lavrada em 1913, seguindo os trilhos da ferrovia.

Joaquim Antônio Caiado, proprietário da Fa-zenda “Santa Clara”, pouco antes em 1913, havia oferecido ao Governo Municipal uma queda d’água em sua propriedade para ali ser montada a usina elétrica para iluminar a vila juntamente ao terreno necessário para as insta-lações, acrescido da oferta de Rs 1:000$000 (um conto de réis) inclusive comprometendo-se a ser consumidor da própria energia gerada.

Porém foi contraído em 1914 um emprés-timo de Rs 30:000$000 (trinta contos de réis) com emissão de apólices de Rs 500$000 cada uma (60) a juros de 12%, para a construção do reservatório de 60 mil litros e de caixas de captação que custaram Rs 50:000$000, para que nas 18 horas de maior consumo fornecesse 433.800 litros, na região do “Triângulo” (Entre Morros e Santa Rita) sendo que os 6 ½ alqueires custaram Rs 3:000$000, após término dos serviços de nivelamento. O terreno para o reservatório foi doado por Cel. João Vieira da Fraga.

A cerimônia da abertura da água em setem-bro de 1914 foi coroada com oração e bênçãos e, em seguida, foi servido champanhe num artísti-co caramanchão de folhagens entrelaçadas a bandeiras em cujo centro estava montada a mesa ornamentada onde Marcondes de Souza e Geral-do Viana discursaram sobre os progressos da vila.

Deu-se então a importante estreia da iluminação pública, resultante do trabalho da caldeira a va-por de força de 12 cavalos movidos pelo dínamo, ambos oferecidos pelo Governador Marcondes de Souza e montados juntamente ao reservatório de 60 mil litros.

Havia sido encomendados canos de aço lami-nado sem costura, inquebráveis, da firma alemã Mannesman, transportados pelo navio “Bahia” que aportou em Vitória em 1914. Geraldo Viana foi o engenheiro da obra. Nesta época também houve concorrência pública para fornecimento de lenha para a usina.

Ao chegar o encanamento, as plataformas que apoiavam as 49 toneladas de canos foram conduzidas por uma locomotiva da Leopoldina Railway que ia parando de quando em quando para descarregar parte do material, pois as valas acompanhavam a linha férrea, sempre sob alegre queima de fogos e brindes com cerveja. Os canos eram revestidos de juta para proteger contra oxi-dação e efeitos eletrolíticos.

A disposição dos 30 postes não podia ser melhor, eram 42 lâmpadas de 32 velas, 2 de 50 e 2 de 200 velas compradas de Siano & Filho, por Rs 201$000, cujo brilho iluminando o casario foi aplaudido sob calorosa salva de palmas du-rante brindes com champanhe entre os gover-nantes após fervorosos discursos. Em seguida à inauguração da água canalizada, houve grandes comemorações com queima de fogos e baile à noite no salão nobre da Câmara.

Os primeiros contratantes foram Silvio Ca-nesso, Nazário e Elias Butteri, Gabriel Ciríaco Ribeiro até junho de 1917. Desta data em diante a própria Câmara por contrato de arrendamen-to com Gabriel Ciríaco Ribeiro, proprietário da empresa, viu-se diante de um serviço precário em razão do rápido desenvolvimento da vila. Em 1916 foi preciso testar as benfeitorias reveladas pelos contratantes quanto à iluminação pública, sendo os donos do equipamento, Gabriel Butteri & Filhos, e o mecânico, Octávio Danile.

JORNAL EXPRESSO IMPRESSO08 / noVembro 2012

hoje, ao meu ver, é a capacitação. Já fui professora em um curso de produção de eventos, pelo Senac e Prefeitura de Vitória. Tenho muito orgulho dos meus alunos, que hoje, estão no mer-cado. Uma inclusive é minha assistente hoje, a Hanã. Se dermos oportuni-dade, muitos aprendem. Penso que o investimento deve ser na capacitação mesmo... e tem muita gente querendo aprender.

• Como se dá a sua relação com o cinema?

Eu formei em Rádio e TV, mas des-de o início fui pro lado da produção. Eu não sou cineasta, apenas produzo eventos de cinema, oficinas de docu-mentário. Fico mais nessa linha.

• Como você definiria a produção cinematográfica capixaba hoje?

Eu acho que é um momento de renovação. Os velhos nomes tem seu mérito e serão sempre lembrados e respeitados, mas o cinema capixaba está se renovando, com jovens realiza-dores muito criativos e antenados. A Secult tem uma política de editais que incentiva produções locais, o que é fundamental como política pública, e isso vem aumentando as produções e acima de tudo, a qualidade das produções. No projeto de oficinas de audiovisual já realizamos, no Instituto Parceiros do Bem, oficinas em quase 60 municípios capixabas e dessas oficinas resultaram mais de 100 documentários, e muitos par-ticipam de festivais, ganham prêmios. É o novo audiovisual. Hoje com um celular se faz um filme. E a criativi-dade está aí...

• Quais são as suas expectativas para o FECIM?

O Fecim é um sonho realizado, de vocês. Eu sinto muito orgulho de fazer parte dele e muita gratidão também. Quando começamos tudo parecia tão surreal, mas o Léo me empolgou com a empolgação dele. Só lamento que os empresários do ES não tenham uma visão ampla de um projeto como esse, que valoriza o cinema, os realizadores, a cidade e a cultura. Mas acredito que isso vai mudar. E com o apoio que vocês conseguiram da Secult e da Prefeitura, vimos que Muqui tem tudo pra crescer ainda mais culturalmente.

simone marçal!INQUIETA E PRoFISSIoNAl:

A primeira vez que me encontrei com Simone Marçal foi para apre-sentar o projeto do FECIM enquanto parte de um sonho coletivo de jovens audaciosos do interior do Espírito Santo. Simone me mostrou muita seriedade e confesso que me assus-tei com a quantidade de exigências e itens para um orçamento, à princí-pio, limitadíssimo e sem nenhum planejamento. Cheguei em casa sem saber por onde começar e retomar o projeto. Mas bastou alguns minu-tos para que eu organizasse todas as informações. Daí em diante foi uma troca de e-mails frenética, sem que, em nenhum momento, Simone deixas-se de acreditar em nosso potencial. Aos poucos fui conhecendo ainda mais sobre produção e entendendo que fazer eventos culturais não é para qualquer um. Simone Marçal está na estrada há anos e, por isso, possui uma experiência invejável. O susto do início foi se transformando num exercício muito gostoso de conhe-cimento. Simone tem um espírito e uma personalidade forte e conhecer a sua pessoa, para além da profissional competente que é me fez acreditar no contato e nas trocas de experiências através de conversas agradáveis, in-teligentes e frutíferas. Foi um passo a passo: Primeiro conheci a Simone produtora, quase uma “governanta” com seu padrão de qualidade que fez o FECIM sair de um estágio comple-tamente amador, colocando as rédeas na situação e fazendo o projeto entrar nos eixos de um evento de (quase) grande porte. Simone me ensinou a entender a produção de eventos en-quanto parte fundamental de uma realização coletiva. Fez-me abrir os olhos com alguns itens importantíssi-mos para entender o processo de con-strução das produções em nosso Esta-do. Fez-me ir além, levando a superar meus desafios. Mas depois, me encan-to ao conhecer a Simone mulher, a Simone mãe, a Simone amiga. Sim, tornamo-nos grandes amigos. Work-aholics assumidos, mas que, nas horas vagas, não dispensam uma boa con-versa sobre a vida, amigos e família. Seja bem vinda a Muqui, Simone, e muito obrigado por nos dar a honra de ter aprendido tanto com você du-rante este tempo. Que este Festival de Cinema em Muqui seja apenas o primeiro, de tantos que ainda quero produzir com você por aqui. No final

de tudo a gente brinda, claro, porque ninguém é de ferro!

Abaixo, uma entrevista com Si-mone Marçal. Espero que curtam, como eu curti!

• Quem é Simone Marçal?Bem, sou eu. Produtora cultural há

18 anos, mãe de dois meninos, Lucas e Bruno, formada em comunicação social pela Faesa, atualmente faço pós-graduação em Gestão Cultural. Sou produtora executiva do Instituto Parceiros do Bem e produtora inde-pendente.

• Como começou a se envolver com a produção cultural?

Eu comecei bem cedo. Tinha uns amigos que tinham uma banda de forró, trio Lampião, e comecei pro-duzindo a banda, organizando os shows e tal. Mas antes disso, eu era muito fã de música regional brasilei-ra, Zé Geraldo, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo... aí quando eu tinha uns 17 anos fui no Hollywood Rock, no Rio, assistir Robert Plent e Jimmi Page (eu também sou roqueira rs) e encontrei com um amigo que trabalhava com o Zé Geraldo. Ele então nos convidou (eu e Marcela, minha amiga de es-trada rs) para ir pra SP com ele. Não pensamos duas vezes, fomos pra SP e ficamos lá uns 15 dias, vivendo de panfletar para shows. Ficamos hospe-dadas na casa da mãe dos empresários desses artistas. Pra gente era um son-ho... rs. Almoçamos na casa do Zé Geraldo, bati papo com Zé Ramalho sobre discos, isso era surreal na época. Trabalhamos nos shows de Zé Ramalho, Zé Geraldo, Belchior... uma aventura de juventude que alimentou minha vontade de entrar nesse ramo. Depois disso não parei mais.

A Marcela foi pro Rio e montou uma produtora. Fizemos o primeiro show de Renato Teixeira no Rio de Janeiro. Guardo um bilhete dele até hoje rs... Produzi o Trio Lampião, depois a banda Paquera, abri minha própria empresa, Expressão Eventos, que produzia bandas, fazia shows e até hoje faz produção de peças teatrais e eventos em geral.

• Você tem uma personalidade forte e aparenta uma competência profissional fora do comum. À que atribui estas características?

Eu tento sempre fazer o melhor.

Sou muito perfeccionista. Sou ex-tremamente pontual. Tento sempre me superar. Mas também sofro um pouco por ser assim, queria ser mais relaxada kkkk, mas não consigo. Gos-to muito do que faço e tento sempre fazer o melhor.

• Você tem dois filhos. Como con-cilia a produção cultural e a vida em família?

Agora é mais tranquilo, Lucas tem 12 anos e Bruno 10.. No início era mais difícil, eu viajava muito, mas como meu pais são meus vizinhos, eles sempre me ajudaram muito. Hoje, como meu foco é mais fazer projetos, eu viajo menos, o que facilita.

• Você já deve ter vivenciado boas histórias e aventuras durante a tra-jetória profissional. Conte-nos algu-ma? 

Nossa... muita coisa mesmo. Eu fui produtora das Mostras de Audiovisual da Secult de 2008 a 2011 e só aí são tantas histórias. Os meus produtores dizem que se escrevermos tudo dá um bom livro. Foram histórias en-graçadas e tristes também. Em 2009 eu estava indo pra Mostra Rural em Afonso Claudio e sofri um grave aci-dente de carro, na BR-262. Tive que parar um tempo pra me recuperar, mas em 2010 já estava na ativa de novo. Não consigo ficar parada.

Produção é sempre uma aventura, a gente tem que dar um jeito em tudo, ser muito pro-ativo, achar solução para os problemas sem que o público perceba que existe um problema.

Já varremos chão porque equipe de limpeza faltou, já fui segurança de show porque os seguranças não che-garam, iluminadora quando a verba é curta... tudo a gente faz e se vira.

• Como é fazer Produção Cultural no Espírito Santo? Quais os desafios?

Não é fácil. Aqui ainda é uma ter-ra de indicações, mas como diz o Leonardo, presidente da Parceiros, somos carregadores de piano, e sabe-mos que nosso trabalho é bem feito. Não tenho do que reclamar não, sem-pre recebo bons convites de trabalho, como o Fecim, que é hoje um grande orgulho. Vocês lembram muito quan-do eu tinha a idade de vocês, com so-nhos e uma grande vontade de fomen-tar a cultura nesse estado.

Mas o grande desafio da Cultura

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Bruno e Lucas – 2008

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eu também!Você é JoVEm?

A ImPoRTâNcIA do coNTATo E dAS AçõES INTERgERAcIoNAIS No INTERIoR do ESPíRITo SANTo.

O filme Harold & Maude (Ensina-me a viver), do diretor Hal Ashby é um clássico da década de 1970 que conta a estória de Har-old (Bud Cort), um rapaz muito reprimido, com fixação por morte, funerais e suicídios. Tudo muda, portanto, quando ele se apaix-ona por uma mulher de 79 anos, Maude (Ruth Gordon) que tem o que ele não pos-sui: humor e alegria de viver. Além do filme, a história foi adaptada, também para o te-atro brasileiro. A peça “Ensina-me a Viver”, reforça a história de Harold, um “senhor” de quase vinte anos, obcecado pela morte e Maude, uma “jovem” de quase oitenta anos, apaixonada pela vida. “Ensina-me a Viver” é uma história tocante, que faz pen-sar no sentido da vida e na importância de nosso papel no mundo.

Mas o que “Ensina-me a viver” tem a ver com os contatos intergeracionais, principalmente com as relações estabe-lecidas no interior do Espírito Santo? Quase tudo! Tirando a paixão entre os

personagens, toda a relação que se estabe-lece durante o filme e a peça gira em torno da necessidade e da importância do contato entre jovens e adultos idosos: o aprendiza-do. Parte desta rica história que evidencia o contraste, resume uma abordagem da vida e da morte apresentando comicamente o dra-ma psicológico através do relacionamento entre gerações normalmente conflitantes.

Muqui é uma cidade católica e interio-rana, altamente tradicional, que concentra um grande número de adultos idosos. Os jovens, é claro, também existem. Parte da geração que compreende as faixas etárias de 18 e 30 anos, praticamente desapare-ceram com a busca de oportunidades fora da cidade. Há algum tempo, não se via nenhuma ação onde os jovens restantes na cidade dialogassem com os adultos idosos, promovendo trocas de experiências e pos-sibilidades de narrativas sobre a história da cidade. Os grupos juvenis que surgiram em Muqui, já em 2005, procuraram, de forma

efervescente, valorizar os personagens sig-nificativos do município, o que inclui os escritores, artesãos e historiadores de nos-sa terra, que muito tem a contribuir para a construção de projetos cada vez mais com-pletos, significativos e abrangentes.

Segundo as autoras Lenisa Brandão, Vivian Smith, Tania Sperb e Maria Alice de Matos, em seu estudo sobre as Relações Intergeracionais entre crianças e adultos idosos, a imagem de um velho contando histórias de outros tempos aos mais jovens, à beira do fogo ou ao sabor do ritmo de uma cadeira de balanço, contrasta forte-mente com o andamento e as exigências de velocidade, eficiência, racionalidade e produtividade de uma sociedade urbaniza-da, soando como algo romântico e saudo-sista. Neste contexto, tanto crianças como pessoas idosas tendem a ficar à margem de onde a “vida acontece”, e o espaço para contar e ouvir histórias vai se restringindo à disponibilidade circunstancial de um inter-

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locutor ou a instituições que atendem separadamente cada faixa etária. As crianças, escutando histórias escolhi-das e lidas por seus professores, e os idosos, tentando contar suas histórias de vida a quem tenha paciência para

ouvi-las, são imagens mais realísticas no panorama do mundo contemporâneo.

A interação entre crianças e idosos é muitas vezes extremamente prazerosa

Além do caráter histórico e cultural tradi-cional que se vê latente na cidade de Muqui, Espírito Santo, é notável no movimento das ruas e nas atividades rotineiras das comuni-dades, a predominância de duas faixas etári-as: o adolescente/jovem (até os 16/17 anos) e a da terceira idade. Esta predominância, quando não utilizada de forma integrada e criativa, pode gerar, na cidade, o que po-demos chamar de um vazio, provocador de “falhas” que impossibilitam o contato e a troca de experiências que, em tese, seri-am responsáveis pelo desenvolvimento da cidade. São vários os benefícios do contato entre crianças, adolescentes, jovens adultos e idosos, um deles tem sido a produção de atividades culturais que busquem preservar a tradição de forma cada vez mais inovado-ra, híbrida, sensível e questionadora. Parte dessas ações e atividades culturais tem sido desenvolvida por grupos que surgiram através da iniciativa jovem muquiense.

Grupos como “Os Muquiranas”,

e enriquecedora para ambos, e a com-preensão do que está envolvido nesse processo é ainda pouco explorada na Psicologia. Em algumas sociedades tradicionais, os idosos têm um papel fundamental em contar a história da comunidade, da família, servindo de referência às novas gerações. Nossa so-ciedade, fortemente individualista e voltada para o novo, tem desprezado o

“Muqui Contemporâneo”, “Grupo Cul-tural ETC”, “Conosco Flui” e “Hipérbole”, tem sido responsáveis por projetos inte-gradores e, por que não, revolucionários. As ações do Rede Cultura Jovem tem sido importantíssimas para reafirmar a força da coletividade e dos projetos que brotam das mentes juvenis do Estado do Espírito San-to. Mas o que mais chama atenção, neste processo, é o envolvimento da comunidade e a vontade de fazer a cidade evoluir com mais dinamismo. Os grupos entendem que parte desse dinamismo acontecerá quando os próprios jovens produzirem conteúdos em parcerias com os senhores e senhoras do município, mestres, escritores e artesãos que são responsáveis por guardar toda a história da cidade. A troca de experiências tem sido levada em conta em todos os tra-balhos, e o contato intergeracional, nunca foi algo tão importante para a realização de projetos em Muqui.

Predominância de faixas etárias e o diálogo entre as instituições

A predominância das faix-as etárias do adolescente e do adulto idoso em Muqui pos-sui uma justificativa: a falta de oportunidades de empre-go para o jovem dentro da cidade que força o abandono para estudo e capacitação em

outras cidades. A ausência de políticas que buscam privilegiar o contato entre estes dois gru-pos tem dificultado a criação de ambientes de troca, mas não extingue as possibili-dades. Muqui possui uma

forte tradição religiosa católica que unifica, de

uma forma ou de out-ra, os dois

grupos: os adolescentes e

os adultos ido-sos. Dentro

da Igreja

passado e a “voz da experiência” dos ido-sos (Beauvoir, 1976/1990).

Para vencer este paradoxo, onde a reali-dade de uma sociedade urbanizada quase que extingue o tempo necessário ao contato intergeracional, os grupos culturais jovens de Muqui realizam, desde o ano de 2008, ações paralelas de desenvolvimento, utili-zando as crianças, os jovens os adultos e os idosos no processo de criação.

Matriz São João Batista há os grupos como o EAC, Encontro de Adolescentes com Cristo, a PJ, Pastoral da Juventude e os out-ros grupos tradicionais como “Decolores” e Pastoral da Família. Ambos os grupos di-alogam entre si, na promoção de atividades com comunidades carentes e dentro da própria cidade. Crianças da catequese pos-suem contato constante com os padres e os adultos idosos da igreja, possibilitando, já neste contexto, uma forte pendência para a troca de conhecimentos. A igreja, desde muito tempo, possui uma forte capacidade de união e valorização do idoso. O dia do avó, comemorado no dia 26 de julho, pos-sui origem religiosa, pois foi escolhida no dia de Santa Ana e São Joaquim, avós de Jesus Cristo.

A influência religiosa foi capaz de incen-tivar os jovens da Pastoral de Juventude a criar teatros e conteúdos audiovisuais em parceria com os adultos idosos da Paróquia. Surgiu aí, já em meados de 2005, as práti-cas culturais que resultaram no verdadeiro “boom” de grupos culturais e audiovisuais como o Grupo Cultural ETC e o Grupo Conosco Flui.

Além do contato gerado pela Igreja, insti-tuições escolares incentivam, de forma ain-da tímida, o contato com os mais idosos através de palestras e trabalhos escolares. De todo o modo, as ações ainda não se efeti-varam como atividade constante no cenário muquiense. A Academia Muquiense de Letras, que, há anos, permaneceu parada, é composta por adultos idosos que neces-sitam abrir-se aos novos horizontes, esta-belecendo contato e promovendo parcerias com os jovens dos núcleos de Muqui.

Acredita-se que, no futuro, grandes par-cerias ainda podem ser formadas com as instituições tradicionais da cidade, que, nos últimos anos, têm percebido o forte “vazio” de suas atividades. Somente através da troca e do contato com as diferentes gerações é que conseguiremos legitimar o título de uma ci-dade histórica, mas integradora, dinamizada e fortemente “plugada” no mundo.

A cIdAdE JoVEm oU A cIdAdE VElhA?

Encontro de gerações: Mariana Can-dido (diretora da Revista Ops), com Tu-nica Britto Villela Vieira, Lívia Vieira e o pequenino Davi nas ruas de Muqui.

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Os domingos da minha infância em Muqui eram uma improvável (e adorá-vel) dobradinha de sagrado e profano. Era o dia da missa e suas penitências, e depois a redenção na sessão de cinema. Asas es-palhafatosas para a imaginação diante dos spaghettis italianos, faroestes estrelados

Os projetos e seus desdobramentos in-tergeracionais (falar de uma forma como um todo, histórico).

As ações intergeracionais dos grupos cul-turais de Muqui começaram a despontar em 2005, com atividades de teatro e cinema amador na Pastoral da Juventude da Igreja Católica. Dali em diante, muitas ações pa-ralelas foram promovidas, como bate-papos e encontros informais com os adultos e ido-sos da região. Todas estas atividades tiveram importante impacto nos trabalhos desen-volvidos. Curtas-metragens como “A Mão” e “Naquela Estação” tiveram como persona-gens centrais, adultos idosos como Dagmar Vianna e Rosa Lívio Assis Alves, persona-gens da comunidade de Muqui que ganha-ram destaque através da produção. Em 2009 foi promovido um debate-cultural no lança-mento do livro A Herança, com participação dos escritores Dª Ney Costa Rambalducci, Leandra Passini, Saulo Matheus Pacheco e Leonardo Alves. Nos anos seguintes, com a realização do documentário “O Palhaço Menino”, inúmeras entrevistas foram realiza-das, levando em consideração a importância das histórias contadas pelos adultos idosos que vivenciam constantemente a tradição das Folias de Reis. Os últimos trabalhos,

como o Festival de TV e Cinema Independente de Muqui - FECIM e as publicações como a Revista Ops e o Jornal Expresso Impresso, tem levado em consideração a ri-

por Giuliano Gema, ou os clássicos bíblicos repetidos à exaustão.

Tiros e sangue artificial dos bangue-bangue misturados aos Sansões, Dalilas e Moisés empunhando a tábua de Os Dez Manda-mentos, essas minhas primeiras referências cinematográficas. Cinema Novo e nouvelle vague não tinham a menor chance na tela muquiense.

Agora, Muqui, sem uma sala de cinema pra

chamar de sua, ganha de presente o primei-ro festival de cinema, o FECIM, ousadia e obra de jovens talentosos da cidade. Não poderia me ausentar desta festa no centenário muquiense e brindar na esperança de que este seja o primeiro dos tantos FECIM que virão. Taças erguidas para um brinde a essa turma cheia de energia que coloca Muqui na tela, no palco e na vida de todos que aqui estão. Tim-tim!

queza e a importância dos diálogos com os adultos para resultados cada vez mais con-cisos.

Do outro lado do oceano! Magdalena Salinas! O texto a seguir, foi extraído do livro

“Diário de Produção do Documentário ‘O Palhaço Menino”, escrito por Léo Alves, que conta os bastidores das gravações do docu-mentário. Nele há o relato do conhecimento de Magdalena Salinas, uma senhora portu-guesa muito gentil que conheceu o Grupo Cultural ETC pelo contato virtual e, mais tarde, pelo contato pessoal com a viagem que aconteceu em 2011.

Trecho do livro “O Palhaço Meni-no”:

Foram poucas as minhas experiências “pessoais-virtuais”, mas todas, até hoje, foram bem sucedidas. Conhecer as pessoas pela in-ternet é tão mais comum que conhecê-las pessoalmente. É claro que o contato pessoal é insubstituível, mas a internet tem consegui-do a proeza de alargar os limites territoriais da amizade. Foi através do contato virtual que conheci, por exemplo, um dos maiores escritores de novela do Brasil e outros amigos que fiz pelo contato em blogs de cultura.

Só em Portugal é que fui conhecer a graça que é Magdalena Salinas, uma das comenta-ristas mais assíduas do site do autor Agui-naldo Silva, na qual tenho contato. E como

me surpreendi! Eu, de vinte anos e Madá de setenta e poucos nos demos tão bem como mãe e filho, como amigos de longa data! Não parecia o primeiro encontro, mas um reencontro, desses que a gente espera an-siosamente para acontecer. Os momentos compartilhados com Magdalena renderam diálogos intergeracionais ricos e muito amigáveis.

Madá acompanhou-nos por Lisboa e fez daquele dia aparentemente feio e frio, um dia cheio de luz e harmonia.

...Neste dia, saímos cedo do Porto, com ne-

blina e muito frio. Chegamos a Lisboa e en-contramos a cidade aos 7 graus.

A coisa ficou ainda pior (ou melhor, de-pendendo do ponto de vista) quando de 7 graus caiu para 5. Encontramos Magdale-na Salinas, no restaurante Brasileiríssimo, o restaurante do autor de novelas Agui-naldo Silva. Lá, saboreamos uma comida tipicamente brasileira. Matei a saudade do feijão! Gravei trechos do “Blogando” e con-versamos todos (eu, a minha equipe e Mag-dalena) sobre os assuntos mais diversos: literatura, música, vida, novelas... Conversei com Ana e Fernando, funcionários do res-taurante, e descobri neles dois grandes exem-plos de vida.

Fiz poucas filmagens. O dia era prioritaria-mente dedicado a uma chegada tranquila na ci-dade e o conhecimento prévio. Amanhã inicio bem cedo as filmagens pelas ruas da Alfama,

O texto abaixo, extraído do material de divulgação do festival de Cinema de Muqui e de autoria de Jace Theodoro expõe o registro do tempo e a importância

da preservação do passado.

o FESTIVAl dE cINEmA E SEU ImPoRTANTE ImPAcToNA coNSTRUção E REcoNSTRUção dE IdENTIdAdES

mUQUI NA TElA: Ação!

QUEm é JoVEm, AFINAl?

Por JAcE ThEodoRo

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Praças, Cais do Sodré e a tão esperada Torre de Belém.

Amanheci resfriado, com garganta irritada. Era início de uma gripe. Fiquei nervoso com a possibilidade de ficar com a saúde vulnerável tendo, ainda, que fazer as gravações planejadas. Eu não me permitia ficar doente. Cobro-me em demasia. Cuidei para que a garganta não infeccionasse e que a gripe piorasse.

Desde que cheguei a Portugal tive sede, muita sede. Eu queria viver a cidade em sua essência e sair por aí com a câmera na mão, a filmar o que eu pudesse. Tempo era dinheiro para mim.

Fiz filmagens na Praça do Rossio e na Praça do Comércio, tão larga e grandiosa. Depois fui ao Cais, onde flagrei japoneses nas ruas e um rapaz a tocar violão por gorjetas. Depois fomos à Alfama, andando pelas ruas de prédios com paredes azulejadas, coloridas.

Eu não imaginava que aquele dia ainda me presentearia com a chegada de um sol tímido que começou a despontar no horizonte depois das 14h00 (12h00 no Brasil). Da Alfama, segui-mos para o Parque das Nações, zona moder-na de Lisboa. Passeamos pelo teleférico e al-moçamos num restaurante próximo.

Da Expo partimos ao encontro de Magdale-na Salinas. O sol despontara de vez, aumentan-do as chances de filmar a torre de Belém sob o pôr -do -sol. Dito e feito: cheguei à Torre de Belém e fiz imagens maravilhosas do seu en-tardecer. Foi tudo muito rápido e tive que me virar para aproveitar aquele momento único em vários ângulos.

Eu tinha pouco menos de 50 minutos de bateria na câmera, mas tinha certeza que aque-las imagens valeriam à pena e que a filmadora suportaria.

De lá passamos pelo Padrão dos Desco-brimentos já encoberto pela neblina. O sol já estava longe. Em seguida fomos ao Mosteiro dos Jerônimos e terminamos o dia comendo os famosos pastéis de Belém.

Ouvir as histórias do passado, tanto da família, descendentes ou da própria vovó, ajuda na aquisição do respeito aos antepassa-dos, a compreender limitações, além de pro-porcionar diversão e aventura para ambos. Na listagem, abaixo, você conhecerá alguns dos livros já publicados em Muqui por escri-tores reconhecidos da cidade.

“A vida e a realidade em forma de poesia” – Juvenal de Assis Alves“Muqui: Passado de Glória, Futuro de Esperança” Dª Ney Costa Rambalducci“Fraga, Fragata, Fragou” Leandra Passini de Castro“Histórico da Paróquia São João Batista” Percy Ribeiro Paraguassú

*As garotas da capa: Amanda Passini Fraga Falcão e Tunica Britto Villela Vieira.

Quem é Magdalena Salinas?Entrevista com Magdalena Salina:Magdalena é um ser normal que breve-

mente, se Deus quiser, fará 73 anos. Sou perse-verante, lutadora, honesta, trabalhadora e ten-ho sido muito mal compensada...infelizmente!

Como é sua relação com a cultura e o Brasil?A minha relação com a cultura do Brasil é eu

amar esse País e ser uma interessada nas vossas noticias e a vida artística da vossa gente. Gosto também muito de Pintura, Literatura e tento estar sempre atenta a todas as noticias pelo Mundo inteiro.

3) Como foi acompanhar os jovens de Muqui nas gravações do documentário “O Palhaço Menino” em Portugal?

Eu tive a maior alegria em acompanhar os jovens de Muqui.

Foi uma experiência muito bonita que não vou esquecer.

4) Qual a importância do contato entre as diferentes gerações?

A importância do contato com as diferentes gerações é bastante interes-sante. Nós evoluímos comparando as difer-enças e assim aprendendo com os jovens.

5) Mesmo ainda não conhecendo Muqui pessoalmente, o que tem a dizer sobre a ci-dade?

Sobre Muqui, as fotos e as informações que tenho é uma Cidade que tenho vontade de co-nhecer, além da sua história, me dá a impressão que seus habitantes são muito hospitaleiros.

6) Você é muito interage bastante na inter-net e tem uma vida bem saudável. A que deve estas características? Qual a importância para a sua vida?

As características que me apontam são de ser uma mulher interessada a vários níveis.

Alimento-me bem, faço muito exercício físi-co, sou bastante enérgica e sento-me pouco no sofá!...Levo uma vida saudável.

Não suporto preguiça, moleza...pessoas que são flemáticas

dificilmente podem ser minhas amigas. Fal-ta-me paciência para as aguentar ou perceber suas vidas tão monótonas.

7) Comente um pouco sobre a sua trajetória de vida.

A minha trajectória profissional foi a seguinte:Fui educada num colégio Inglês e faloe es-

crevo 4 idiomas.Tenho vivido a maior parte de minha vida

em Lisboa, onde nasci, mas como filha de pai Espanhol, passei durante a minha adolescên-cia, muitas temporadas em Espanha, nunca deixando de voltar de vez em quando para vis-itar minha família. É um Pais que está bastante enraizado em mim.

Estive empregada durante a minha vida profissional em 4 Companhias Americanas. Coincidência? Foi na PAn American World Airways, T.W.A., ambas companhias de Aviação. Mais tarde trabalhei na Philip Mor-ris(Companhia de Tabacos e ligada à Fórmula 1), como secretária do Gerente-Geral, durante 10 anos, E por último trabalhei no Sheraton Lisboa Hotel durante 14 anos e meio, como secretária dos Gerentes-Gerais e nos últimos 7 anos e meio, como Relações Públicas.

coNTAdoRES dE hISTóRIAS Linha do tempo (Histórico das ações

dos coletivos no contato intergeracional)2005/2008 - Teatros e filmes com a Pastoral

da Juventude – Paróquia São João Batista.

2009 - Ações paralelas – Conversas com os mais tradicionais.2010 - Gravações de curtas-metragens.

2011 - Realização de bate-papos nos eventos culturais.

2011 – Lançamento do livro “A Herança”, de Léo Alves, no Aroso Paço Hotel.

2011 – Gravação do Web TV “Escada, janela, porão, luz, câmera, ação!”.

2011 – Encontro com Aguinaldo Silva no Rio.

2011 - Gravações d’O Palhaço Menino.

2011 - Gravações em Portugal.

2012 - Elaboração de conteúdos para a Revista Ops com participação de adultos idosos. Lançamento da Revista com Dona Ketty Cirillo e Maysa Lima e família.

2012 – Gravação do Web TV “Dentro e fora de Casa”.

2012 – Gravações com Aguinaldo Silva no Rio.

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muqui crescerAbAIxo o TombAmENTo PARA

Tombar um bem significa protege-lo. A palavra tombamento origina-se do latim tombo, que quer dizer inventário, registro. A realização de um tombamento pode ser feita a nível federal, estadual ou municipal através de ato administrativo e legislação específica elaborada pelo poder público, a fim de preservar qualquer bem, seja ele ma-terial ou imaterial, móvel ou imóvel, de valor histórico, cultural, arquitetônico e ambiental. O tombamento foi criado para impedir que estes bens sejam destruídos, descaracteriza-dos ou esquecidos.  Um bem tombado não pode ser descaracterizado ou destruído, mas pode ser alugado ou vendido desde que continue preservando as características contidas na data do tombamento. Desde 1937, o Brasil vem registrando bens no Livro do Tombo. E são inúmeros os exemplos de monumentos e conjuntos históricos, sítios urbanos, sítios arqueológicos, parques e jar-dins, obras de arte e outros bens que foram inventariados e protegidos. Recentemente, foi também considerado como patrimônio imaterial brasileiro, o Ofício das Paneleiras de Goiabeiras, o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, o Samba de Roda do Recôncavo Baiano, o Modo de Fazer Viola-de-Cocho, o Ofício das Baianas de Acarajé, etc.

O patrimônio cultural é o conjunto de manifestações, realizações e representações de um povo, de uma comunidade. Ele está presente em todos os lugares e atividades: nas ruas, em nossas casas, em nossas danças e músicas, nas artes, nos museus e escolas, igrejas e praças, nos nossos modos de fazer, criar e trabalhar, nos livros que escrevemos, na poesia que declamamos, nas brincadei-ras que organizamos, nos cultos que pro-fessamos. Ele faz parte de nosso cotidiano e estabelece as identidades que determinam os valores que defendemos. É ele que nos faz ser o que somos. Quanto mais o país cresce e se educa, mais cresce e se diversifica o patrimô-nio cultural. O patrimônio cultural de cada comunidade é importante na formação da identidade de todos nós, brasileiros.

A proteção do patrimônio ambiental ur-bano está diretamente vinculada à melhoria da qualidade de vida da população, pois a preservação da memória é uma demanda social tão importante quanto qualquer ou-tra atendida pelo serviço público. O Tom-bamento não tem por objetivo “congelar” a cidade. Preservação e revitalização são

ações que se complementam e, juntas, podem valorizar bens que se encontram deteriorados. Um imóvel tombado pode mudar de uso, desde que exista harmonia

entre a preservação das características do edifício e as adaptações necessárias ao novo uso. Atualmente, inúmeras edificações antigas, cuja função original não mais existe, são rea-daptadas para uma nova utilização. Cidades com centros históricos tombados crescem normalmente a partir da linha de delimitação deste centro e são tantas no mundo intei-ro, que seria impossível enumerá-las aqui. No Brasil atualmente existem 124 cidades históricas tombadas pelo Instituto do Patrimô-nio Histórico e Artístico Nacional. Nenhuma delas parou no tempo por causa do tombamento. Muito pelo contrário, o tom-bamento trouxe ideias e recursos para que a população melhorasse o nível de qualidade de vida, com novos serviços e atividades necessários para acolher as pessoas que chegam em busca de novas experiências e conhecimento. Além disso, o poder público também investe na recuperação de imóveis e áreas degradadas. O governo federal adota a estratégia de incentivar os gover-nos municipais a apresentarem projetos ao ministério. São investidos R$ 150 milhões por ano em programas que contribuem para ampliar o fluxo turístico nas cidades onde há tombamento.

Mas, e Muqui? Será que Muqui merece mesmo ser tombada? Será que vale mesmo a pena preservar as fazendas de café, a Estrada de Ferro Leopoldina, com sua estação data-da de 1902, os casarões, sobrados e palacetes, de arquitetura eclética e requintada, embe-lezado pelo Jardim Municipal, a bela Igreja Matriz São João Batista, com seus vitrais fabricados em São Paulo e no Rio de Janeiro e pinturas do italiano Giuseppe Irlandini? E o que dizer da Folia de Reis e do Boi Pinta-dinho?

Encontro de Folia de Reis, Sarau, Festival de Cinema e tantas outras atividades cul-turais que hoje acontecem na cidade vieram no momento em que pessoas, com fome de saber e de cultura, perceberam o grande po-tencial que tem esta cidade.

Bela por todos os ângulos, histórica, char-mosa e preservada, encravada nas serras do Espírito Santo, envolvida pelo verde escuro das matas. Assim tem que continuar a ser Muqui, para que nossos filhos, netos, bis-netos... possam, no futuro, ter orgulho dos antepassados que com muita sensibilidade e consciência conseguiram manter viva a história e a tradição.

Para que Muqui “descongele” e “aconteça” é necessário que o poder público tome algu-mas iniciativas, começando pela elaboração de um plano de metas e ações norteadoras que possam atender as necessidades e carên-

cias locais, buscando extrair as riquezas decorrentes do Tombamento, tendo sempre o envolvimento de toda a sociedade. E que este plano não fique na gaveta, mas que seja colocado em prática.

Neste momento importante, de escolha dos representantes municipais, é a hora de perceber quem realmente tem condições de levar a cidade a caminhar em outro nível de desenvolvimento, usufruindo de todos os benefícios que o Tombamento pode trazer.

*Mônica Berilli é de família muquiense, onde pas-sou a infância. Neta de Elígio e Yolanda Berilli, filha de Ione Berilli e Mauro Senna de Carvalho. Formada em arquitetura pela Universidade Federal da Bahia,

com especialização em patrimônio histórico.

Referências Bibliográficas:Costanze, Bueno Advogados. (Tombamento). Bue-

no e Costanze Advogados, Guarulhos, 14.02.2007. Disponível em : http://buenoecostanze.adv.br, acesso em : 02/10/2012

INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL.

Disponível em: http://portal.iphan.gov.br, acesso em : 02/10/2012

PREFEITURA MUNICIPAL DE MUQUIhttp://www.muqui.es.gov.br

Por môNIcA bERIllI

TRANSBORDA NA BURARAMA*Por Cláudia Puget

Vai bordando a fala...Vai ! Coloca na pedra.

Vai,Vem.

Vai pra cidade vizinha.Vem pra casa.

Vai ali na Santa Fé.Desce a Santa Fé de Cima.

Vem de lá do Mar a Pé.Vai pra lá da Verdade

Desce o Amargoso de carona canhotoConhece pessoa de Bom Destino,

Fortaleza,Andes,

e Babilônia.Entrega o ouro pro cabra lá da Chave de

Satiro eFaz promessa de amores pra Mimoso.

Esse lugar é quente, quente na pedra, no coração

Vai não ô Turista, fica mais no Santa Terezinha.

Fica aqui, corre do Palhaço, do Boi.Transborda na burarama

Eleva teu Espírito SantenceBatê os Tambores a casaca

Já tem as bandeiras da VitóriaÔ DJ faz mix de muqueca, faz?

Vem?Vai, que eu sou bordadeira

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AbAIxo o TombAmENTo PARA

FESTIVAl dE VITóRIA – 19º VITóRIA cINE VídEo lEVA 10 ANImAçõES PARA o 1º FESTIVAl dE TV E cINEmA INdEPENdENTE dE mUQUI (FEcIm) QUE AcoNTEcE ENTRE oS dIAS 1º E 4 dE NoVEmbRo

1 mostra de animação

FESTIVAl dE VITóRIA PARTIcIPA do FEcIm com

O Festival de Vitória – 19º Vitória Cine Vídeo, além de trazer na edição deste ano um total de 94 filmes – 87 cur-tas-metragens e 7 longas-metragens, que serão exibidos em sua programação de Mostras Competitivas e não competiti-vas, Festivalzinho e Itinerante – também

vai participar do 1º Festival de TV e Cin-ema Independente de Muqui (FECIM), que acontece entre os dias 1º e 4 de no-vembro.

O Festival de Vitória vai levar às telas de Muqui a 1ª Mostra de Animação com a exibição de 10 curtas vindos de várias

Filmes que serão exibidos na 1ª Mostra de Animação FECIM:

Eu Queria ser um Monstro – Marão (RJ, ANI, 8 min)Menina da Chuva – Rosária  (RJ, ANI, 6 min)

Historietas Assombradas - Victor Hugo Borges (SP, ANI, 16 min)               Linhas e Espirais - Diego Akel  (CE, ANI, 2 min)AmigãoZão – Andrés Lieban (RJ, ANI, 1 min)

Clóvis em Busca de Uma Namorada - André Bessart (SP, ANI, 3 min)Como Comer um Elefante - Jansen Raveira (RJ, ANI, 6 min)

Queda Livre - Marcelo Vidal e Renan de Moraes (RJ, ANI, 1 min)A Ilha - Alê Camargo (DF, ANI, 10 min)

Pajerama - Leonardo Cadaval (SP, ANI, 9 min)

cidades do país. Segundo a diretora do Festival de Vitória – 19º Vitória Cine Vídeo  – Lucia Caus, as pessoas vão ter a oportunidade de ver no FECIM uma prévia do que vai acontecer no Festival de Vitória, na Estação Porto. “É uma pe-quena mostra do que será apresentado ao longo dos seis dias da edição deste ano do Vitória Cine Vídeo. Além disso, o FECIM é mais uma forma de se colocar em discussão a produção cinematográfica brasileira e capixaba e também promover a troca de ideias entre os participantes”, ex-plica.

 O FECIMO 1º FECIM é uma ação cultural re-

alizada pela Escola de Música Manoel Vicente de Castro, em parceria com o Grupo Cultural ETC, coletivo de jovens realizadores do município de Muqui, com o objetivo de expandir o diálogo cinematográfico capixaba promovendo a discussão, o fomento, a valorização e a exibição de obras audiovisuais de artistas e núcleos independentes do Estado do Espírito Santo.

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como coNhEçA AQUI mAIS AlgUNS EVENToS QUE moVImENTARAm

mUQUI dURANTE o SEgUNdo SEmESTRE dE 2012:

ENcoNTRo dE cARRoS ANTIgoS

ENcoNTRo NAcIoNAl dE FolIAS dE REIS

O Encontro de Veículos Antigos ocor-reu nos dias 31/08 a 02/09/2012. Uma homenagem à fundação do “Automóvel Club de Muquy” que completaria 80 anos. O “Automóvel Club de Muquy” foi um dos oito primeiros automóveis clubes brasilei-ros.

A comemoração começou dia 31/08, sexta-feira, com a chegada dos primeiros participantes com seus luxuosos carros magnificamente conservados. À noite ocorreram eventos culturais e musicais no Jardim Municipal com a apresentação de diversos grupos musicais e cantores, entre eles Nivan e Christiano Godoy. O público pode se divertir, beber e comer na praça de alimentação que foi montada no Jardim.

No dia 01/09, sábado, chegaram mais participantes do evento. Todos foram re-cebidos pela “Furiosa”, famosa e tradi-cional banda de música muquiense.

O Encontro Nacional de Folia de Reis de Muqui - iniciado em 1950 - era um torneio, mas hoje não tem mais carac-terísticas de competição. É o maior e mais antigo evento do gênero. Recebe foliões de vários locais do Brasil que fazem suas apresentações pelas ruas históricas da ci-dade, em meio a casarões antigos que representam o auge da época dos Barões do Café.

Em 2012 aconteceu a 62ª edição, visan-do preservar e valorizar essa importante manifestação cultural brasileira. O evento contou com 90 grupos de vários estados do país, envolvendo quase 1500 partici-

pantes. As saudações entre os foliões iniciam a festa quando todos saem pelas ruas cantando e encenando. 

Com os carros estacionados em local de destaque no Jardim Municipal, foi aberto o cadastramento e ofertado aos partici-pantes um excelente café da manhã com coquetel no Centro Cívico Municipal.

No decorrer do dia, houve diversas manifestações culturais, música de ex-celente qualidade e a participação da Folia de Reis e do Boi Pintadinho, para a delícia e diversão do público presente e de todos os participantes do evento.

A noite foi presenteada com uma enorme lua cheia e um grandioso espe-táculo com a glamurosa banda de Dom Américo. Nesta mesma noite o senhor prefeito municipal Nicolau Esperidião Neto, presidente do Consórcio da Região dos Vales e do Café, premiou aos clubes participantes com troféus exclusivos e en-tregou certificados a todos os participantes do evento.

Na manhã de domingo, dia 02/09, os participantes que permaneceram na ci-dade, foi presenteados com um city tour pelos pontos turísticos de nossa linda Muqui, Capital Estadual da Cultura e maior sítio histórico tombado pelo Estado do Espírito Santo.

Fonte: site PMMuqui em 18/09/2012

FOTOS HÉLTON SOUZA

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neném paiVa!No embalo da celebração dos cem anos da nossa meninice,

que deve ser entendida  como uma essência sublime, um  jei-to alegre do nosso caminhar  para a maturidade na conquis-tas de nossos ideais, ou como muito bem definiu Humberto Cappai: “ O nome Cidade Menina não está no gênero e sim na capacidade de inventar a vida” .  Teremos oportunidade conhecer um pouco sobre uma de nossas  Mulheres-Menina que ao longo de sua vida, soube,  por amor à música e sua personalidade, preservar em si a alegria, a exuberância,  a vi-talidade, devotando tantos predicados às pessoas que dela se aproximavam. Nos ensinando  que, concretizar  aquilo que se sonha, é o que dá sentido a vida.

Assim,  este espaço é dedicado à Maria Felizarda  Paiva Monteiro da Silva, Neném Paiva, ou D. Neném, musicista, pianista, professora de música, 1ª mulher eleita vereadora  no Brasil em 1935, pelo PSD ( partido social democrático), tendo sido presidente daquela casa de leis em 1937.  Filha do Coro-nel Mateus Paiva, dono da Fazenda Primavera, em nosso mu-nicípio, casou-se com Osório Ribeiro da Silva, comerciante na nossa cidade.

“Tia Nenem era uma pessoa diferente, a frente de seu tempo. Muito alegre. Tio Osório era doido por ela. Deixa-va ela fazer o que quisesse. Quem dependesse dela pra al-guma coisa , podia contar que ela dava jeito. Ela teve uma pensão, onde antes tinha sido a escola de música, embaixo de sua casa. Depois mudou-se pro Rio e a pensão foi aberta lá, em Copacabana. Era um ponto de encontro de muquienses. Quando ela vinha a Muqui, a banda de Música ia recebê-la na estação e fazia o cortejo até aqui em casa, onde ela ficava hospedada. Ela vinha à frente de braço dado com seu Juca da Musical  ou seu João Ananias e quando cheg-ava,  era a hora dela fazer uma audição de piano  e virava festa”...Assim se recorda  Romanita Silva Aguiar, sua sobrinha. 

Entre partituras, notas sonantes, acordes musicaisvive ela, Felizarda, assim batizadaVem da Primavera feliz meninaespalhando pela cidade sua vocaçãoFlores em forma de Canção!Música que ensinaque toca, que cantapra alimentar a almapra sonhar cantares em todos os lugaresno Grupo, na Banda, no Forte, na Câmara,na pensãoFazia acontecer, vivia pra valerlegislando, cantando, respirando emoção!

Neném Paiva e a banda

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30“Madrinha Neném não teve filhos e cri-

ou, como filha mesmo Teresina. Mas além de Teresina, muitas pessoas moraram com ela e algumas iam ficando. Passavam a trabalhar na pensão. A pensão do Rio re-cebia muita gente daqui, eu morei lá  mui-to tempo, a gente trabalhava  servindo as mesas enquanto ela tocava piano na hora das refeições. Era uma alegria, além de mim tinha outras mocinhas que regula-vam idade comigo. Como o chão era de assoalho de madeira, tinha que encerar e dar brilho. A gente sentava no pano e outra puxava. Trabalhava brincando, sabe? Andei muito de bonde, de braço dado com ela, que precisava de apoio, era diabética, tinha problemas circulatórios e acabou tendo que amputar as pernas .” assim conta, cheia de saudade,  Zélia Fernandes Moreira.

Conta ainda que , certa vez, houve, não se lembra bem porque a necessidade de ensinar uns rapazes da roça a marchar e a pessoa responsável por isso já estava per-dendo as estribeiras, sem conseguir suces-so. Quando então, D. Neném interviu e re-solveu a situação da seguinte maneira:  fez com que os rapazes amarrassem palha d milho no tornozelo direito, e acabou  o problema. Ao invés de  direito, esquerdo, que não funcionava, o comando passou a ser  pé com palha, pé sem palha, e, logo, logo a marcha evoluiu sem problemas, lem-bra Zélia às gargalhadas.

Ela com seu jeito autruista,  enérgico,  disposta a realizar seus sonhos, soube ca-nalizar  suas energias  para  ajuntar/ajudar a congregar talentos de homens já maduros, além de jovens adolescente,  que foram le-vados a estudar sério na escola de música, que funcionava debaixo de sua casa. Estu-davam diariamente para as apresentações que eram feitas tanto aqui como em cidades vizinhas.

Conta-nos Ciro Lethiere,  que na época da fundação da Escola de Música, D. Neném morava no sobrado de frente para o Jardim municipal, hoje casa da D. Preta (Maria José Ribeiro Duarte), e que a escola funcionava embaixo da casa. Foi ali, que como muita dedicação, Seu Didão (João Lethiere), seu Zeca (José Lethiere), pai e tio de Ciro,  den-tre tantos outros, que sob a batuta do Maestro Major Sebastião Januário Pes-soa de Souza, ou simplesmente Major, que por muitos anos esteve à frente da Escola e da Lira.  Sonharam juntos   e com dedicação formaram esse patrimô-nio vivo que é a nossa “Lira 24 de Ju-nho”, popularmente conhecida como “Furiosa”, que  até hoje é motivo de alegria, emoção, orgulho, para todos nós muquienses, pois seus acordes   nos despertam nas alvoradas festivas, e nos acompanham ao logo da vida seja no carnaval, nas festas de São João e qualquer comemoração de destaque   e até em cortejos fúnebres.

Nénem Paiva, esse apelido que nos remete a uma certa intimidade, um cun-ho familiar,  é trazido numa justa homenagem para nomear nosso querido teatro que ocupa  o térreo da  escola de Música “Manoel Vi-cente de Castro”, fundada por sua

iniciativa em 20 de outubro de 1948, portanto há 64 anos atrás.

Esses sessenta e quatro anos de existên-cia, com certeza, só foram possíveis pelo amor e dedicação à arte de músicos e pessoas sensíveis a cultura musical que  fazem com que esta instituição resista ao descaso de poder pú-blico.  Dentre eles  lembraremos alguns no-mes, tais como  os maestros Major Pessoa de Souza, Dorelino Barros (seu Lito), José Luiz Azarais. Os irmãos Lethiere, músicos.  Seu Nicanor Mello, incansável presidente , que durante anos esteve a frente da Escola de Música,  Sr. Jacy França Martins, outro presidente que  envidou esforços no sentido  de ter a Escola reconhecida  como de utili-dade pública municipal em 1965 e estadual em 1971. E   já peço perdão àqueles que por ventura não foram citados, tendo em vista a dificuldades de informações mais detal-hadas e registros escritos  que se perderam nas enchentes e no longo tempo em que o prédio da escola permaneceu fechado. Al-guns músicos formados aqui se tornaram membros da Banda da Polícia Militar em Vitória, como João de Oliveira, José Dias (jiló), conta-nos Oswaldo de Oliveira que com seus irmãos  Antonio, João, desde 1958 são parte desta história.  (Lira 24 de Junho estreiando seu novo uniforme por ocasião da festa de São João dentre eles: seu Lito, Antonio aço, Major, Barroso, Adilson Maia, dentre outros)

 atual diretoria da Escola tem como pres-idente – Oswaldo Oliveira, vice-presidente –João Oliveira, Secretária – Angela Maria de Cavalho Almeida e tesoureiro Luiz Car-los Correa.Os conselheiros são:  Antonio Oliveira, Antonio Claudio Rocha da Silva, José Ribeiro do Nascimento, Wilson Fraga e Acha, Julio César de Oliveira e Luiz Carlos Barroso. 

O Prédio ficou  impedido de funcio-nar,  em obras, ou simplesmente es-perando por elas,  por mais de vinte anos, enquanto prefeitos se sucediam por manda-tos e mandatos e os entraves da burocracia da máquina administrativa postergavam a conclusão da obra. Chegamos a duvidar que uma dia essas portas se abririam nova-mente e de suas janelas sairiam o som dos acordes da Lira. Somente quando o Estado passou a verba direto para a Diretoria da Escola as obras foram concluídas. “ Nessa época nos não tínhamos onde nos encon-trar pra tocar. Então o Rotary Club nos abrigou. As vezes a gente saia aos domingos de manhã e se juntava na praça pra tocar, fazer retreta.  Não podia parar....

Atualmente temos uma prédio com boas condições de uso, o teatro é uma realidade, mas continua a dificuldade para um funcionamento efetivo. Urge

a implementação de uma gerência que faça com que  a Escola de Música cum-pra seu papel de formar músicos, e também uma escola de teatro. Abrindo a possibilidade  do despertar de talentos que com certeza encontra-se escondidos em nossos meninos e meninas por aí, que tantas vezes têm visto sua meninice atacada pelas drogas, por uma vivência distorcida de sua infância e juventude na falta de opções que preencham a ânsia natural do “sangue novo” que precisa se preparar para que Muqui possa frutific-ar em gente de qualidade e qualificada. Mas mais uma vez o que assistimos é o  marasmo e o pouco caso que as autoridades ligas à cultura se colocam pra fazer a coi-sa acontecer.

 Pra se ter uma idéia das conseqüências de tanto descaso a Banda hoje , já não existe, como Banda, segundo Oswaldo,  não tem o número mínimo de componentes  pra ser chamada banda, são apenas   13 compo-nentes, que formam a charanga. São eles: os irmãos  Antonio, João e Oswaldo Oliveira,  seguidos por seus filhos Julio César,  Cris-tiano e Rogerio  e   Julio Oliveira e ain-da Jean da Silva Rangel, Cássio de Souza Mendes, José Luiz Azarias, Manoel, Batista, e Luiz Claudio.

O que há de concreto, por enquanto, em relação  a essa situação é a existência de um projeto encaminhado pela Secretaria de  Ação Social, que visa o pagamento de um professor que possa  dar vida  a Escola.

 Deixamos aqui um forte apelo às autor-idades competentes que envidem esforços na elaboração  e desenvolvimento de  pro-jetos que possam fazer acontecer um sis-temático funcionamento deste espaço no-bre que dentro da nossa pobre realidade possa oferecer à gente dessa Terra Menina o despertar, o abrir-se, para levar a vida com arte. A arte que encanta, que enobrece, que faze o ser melhor.

Que nosso  ícone Neném Paiva seja fonte inspiradora pra fazermos com que este ri-achinho que nasceu naquele pequeno veio, que foi ela, se torne um caudaloso rio de novos talentos.

- MENDONÇA, Paulo Henriques de. Muqui-Ci-dade Menina 1850-1989, 1ªed. ES. Sagraf, 1989.

- RAMBALDUCCI, Ney Costa.Muqui Passado de Glória Futuro de Esperança.1ª ed.1991.edições Achimé ltda, rio de Janeiro-RJ.

- LOURENÇO, Sandra M. Cirillo.Biografia D. Neném Paiva. Museu Virtual Dr. Dirceu Cardoso, disponível em  http://www.camaramuqui.es.gov.br/museuvirtual.asp?id=139. acesso em 25/09/12.

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O 1º Festival de TV e Cinema Inde-pendente de Muqui, o Fecim, como é chamado pelas ruas da pequena cidade centenária, também conheci-da como Cidade Menina, vai receber entre seus convidados o artista plásti-co Wilson Ferreira, que é filho desta terra que pode ser considera o berço cultural de um tesouro artístico do Sul do Estado.

Wilson é um profissional múltiplo, e é essa definição que tem levado seu trabalho a ser reconhecido em todo

o país. Ele carrega uma multidiscipli-naridade artística, onde por meio de sua sensibilidade consegue se deslocar por diferentes possibilidades. Para ele, a criatividade deve estar em todas as áreas.

“O mercado busca pessoas criativas. A criatividade hoje é o elemento prin-cipal em qualquer área, não somente na arte. Porém a arte cresceu muito, as pessoas têm acesso com maior facili-dade a ela, pois a economia também mudou, o que possibilitou isso. Hoje

nos museus das tem gente visitando a todo o momento. Arte é investimen-to”, disse o artista plástico.

Essa visão fez Wilson Ferreira ser conhecido em todo o Espírito Santo, pelo trabalho que exerce e também pelo diferencial que apresenta. E todo conhecimento que ele carrega hoje, começou a ser formado em Muqui, um município que o possibilitou con-viver com diversas crenças, folguedos e lendas, características fortes de uma cidade onde a cultura é viva.

multidisciplinarA ARTE dE SER

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Estava escritoMinha idade? Dois ou três meses de vida.

Sim, eu era um bebê e junto com meus pais embarquei naquela que considero a mais importante de todas as viagens de minha vida.

Destino? Muqui, terra natal de minha mãe. Embarcamos na Estação Barão de Mauá, no Rio de Janeiro. O trem era chamado de Noturno, ou seria Cacique? A viagem tinha como objetivo me apresentar à família. Tios, tias, primos. Mas eles não

perceberam que o destino estava escrito. Um dia, aquele bebê iria firmar raízes nesta cidadezinha, localizada entre morros e muito, muito especial.

Ninguém poderia prever que uma pessoa nascida e criada no Rio de Janeiro iria escolher o interior do Espírito Santo para morar. Mas as mais lindas lembranças da infância tiveram Muqui como cenário. Não me recordo de brincar na cidade grande. Entre-

tanto, não esqueço os passeios feitos nesta terra. Das visitas ao cemitério do Entre Morros, das corridas pelos pastos de Seu Chico Vieira, das subidas até a Torre de Televisão. Tantas lembranças... quanta saudade...

O que mais me aproximou desta terra foram as pessoas. Gente hospitaleira que sempre me recebia com um delicioso café, feito no fogão a lenha e um sorriso largo, que aquecia meu coração. Pessoas que tinham na simplicidade sua maior qualidade e que com

sua agradável conversa me mostravam a generosidade do povo desta pequena, porém gigantesca cidade.Foi aqui que aprendi a ver as pessoas de uma forma diferente.

Sou carioca de nascimento e muquiense de coração. Desde 2011 sou cidadã muquiense, honraria recebida que me fez muito feliz.Hoje em dia, ao ouvir o apito do trem, a memória me remete a um tempo que não volta mais. As lembranças me embalam

como o balançar daquele trem que um dia me trouxe aqui, terra que muito amo, a cidade de Muqui.

Rosane Moraes e Silva

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