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1 CORPO EDITORIAL DA MOTRICIDADE Editor-chefe Editores Juniores Editores Associados Conselho Editorial Consultores: Prof. Doutor Victor Machado Reis (UTAD) Dr. Felipe José Aidar (UTAD, Portugal) Dr. André Carneiro (Furnorte-MG, Brasil) Prof. Doutor António José Silva (UTAD, Portugal) Prof. Doutor José Alberto Duarte (FADE-UP, Portugal) Prof. Doutor Ricardo Jacó Oliveira (UCB-DF Portugal) Prof. Doutor Jefferson Novaes (UFRJ-RJ, Portugal) Prof. Doutor José Vasconcelos Raposo (UTAD, Portugal) Prof. Doutor António Serôdio (UTAD, Portugal) Prof. Doutor Carlos Albuquerque (ESSV, Portugal) Prof. Doutor Estelio Martim Dantas (UCB-RJ, Portugal) Prof. Doutor Francisco Bessone Alves (FMH-UTL, Portugal) Prof. Doutor João Paulo Brito (ESDRM-IPS, Portugal) Prof. Doutor João Paulo Vilas-Boas (FADE-UP, Portugal) Prof. Doutor José Rodrigues (ESDRM, Portugal) Prof. Doutor Leandro Machado (FADE-UP, Portugal) Prof.ª Doutora Maria Dolores Monteiro (UTAD, Portugal) Prof. Doutor Manuel Sérgio (Instituto Piaget, Portugal) Prof. Doutor José Fernandes Filho (EEFD/UFRJ, Brasil) Prof. Doutor Rodolfo Benda (UFMG-MG, Brasil Prof. Doutor Paulo Dantas (UNIGRANRIO-RJ, Brasil) Prof. Doutor Tiago Barbosa (IPB, Bragança, Portugal) Mestre Jaime Tolentino (Funorte-MG, Brasil) Mestre Mário Marques (UPO, Espanha) Mestre António Moreira (ESDRM-IPS, Portugal) Dr.ª Ana Maria Almeida Torres (Hospital São Teotónio de Viseu, Portugal) Dr. José Ramos (Centro Nacional de Medicina Desportiva, Portugal) REVISTA MOTRICIDADE N.º 04 Revista Técnica e Científica da Fundação Técnica e Científica do Desporto Vol. 03 Outubro’ 07

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1

CORPO EDITORIAL DA MOTRICIDADE

Editor-chefe

Editores Juniores

Editores Associados

Conselho Editorial

Consultores:

Prof. Doutor Victor Machado Reis (UTAD)

Dr. Felipe José Aidar (UTAD, Portugal)

Dr. André Carneiro (Furnorte-MG, Brasil)

Prof. Doutor António José Silva (UTAD, Portugal)

Prof. Doutor José Alberto Duarte (FADE-UP, Portugal)

Prof. Doutor Ricardo Jacó Oliveira (UCB-DF Portugal)

Prof. Doutor Jefferson Novaes (UFRJ-RJ, Portugal)

Prof. Doutor José Vasconcelos Raposo (UTAD, Portugal)

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Mestre Jaime Tolentino (Funorte-MG, Brasil)

Mestre Mário Marques (UPO, Espanha)

Mestre António Moreira (ESDRM-IPS, Portugal)

Dr.ª Ana Maria Almeida Torres

(Hospital São Teotónio de Viseu, Portugal)

Dr. José Ramos

(Centro Nacional de Medicina Desportiva, Portugal)

REVISTAMOTRICIDADE N.º 04

Revista Técnica e Científicada Fundação Técnica e Científica do Desporto

Vol. 03 Outubro’ 07

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resistir ao para-a-frentismo

3

{ EDITORIAL

{ ARTIGOS ????

{ 7Motivos da prática esportiva de acordo com o nível de competência percebida na idade adulta: um estudo piloto{Lores, A.; Murcia, J.; Dantas, E.

{ 22O treino da flexibilidade muscular e o aumento da amplitude de movimento: uma revisão crítica da literatura {Coelho, L.

{ 38Influência aguda da ordem dos exercícios resistidosem uma sessão de treinamento para peitorais e tríceps{Novaes, J.; Salles, B.; Novaes, G.; Monteiro, M.; Monteiro, G.; Monteiro, M.

{ 46Prevalência de sobrepeso e obesidade em homens adultos segundo dois critérios de diagnóstico antropométrico {Filardo, R.; Petroski, E.

{ 55Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Viana do Castelo, Portugal {Rodrigues, L.; Bezerra, P.; Saraiva, L.

{ 76O método Pilates ® sobre a resistência muscular localizada em mulheres adultas{Ferreira, C.; Aidar, F.; Novaes, G.; Vianna, J.; Carneiro, A.; Menezes, L.

{ 82Ensino multidisciplinar en natação:reflexão metodológica e proposta de lista de verificação{Canossa, S.; Fernandes, R.; Carmo, C.; Andrade, A.; Soares, S.

ÍNDICE:Revista Motricidade Vol. 03 N.º04 |Outubro’ 07

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IV

no desenvolvimento de Cursos vocacionadospara a actividade física de recreação e lazer),poucas serão as entidades patronais que pro-movem essas actividades de uma forma orientadapara a população em geral.A Universidade Portuguesa, por via das recentesadequações que têm sofrido os cursos maisligados à actividade física, tem procurado orientar--se para o cumprimento da função social que dátítulo a este editorial. Com efeito, quer na vertentede formação dos alunos, quer na vertente de investigação tem-se verificado essa tendênciade revisitar o paradigma higienista do Desportoe seus âmbitos de intervenção.A formação dos alunos, quando cumprida emcolaboração próxima com a comunidade envol-vente, confere aos futuros profissionais compe-tências acrescidas e presta a essas comunidadesum serviço inestimável. Assim, também urgearticular continuamente os curricula universitárioscom as infra-estruturas de trabalho comunitárias,de forma a dar resposta a necessidades dasociedade e dando corpo à comum missão deextensão universitária. Importa que a Universi-dade faça chegar à comunidade o saber queproduz. Mas fazê-lo chegar não sob uma formaerudita ou com orações de sapiência, antesfazendo-o com acções, com intervenções práticas.

O EditorVictor Machado Reis

EDITORIAL:Revista Motricidade Vol. 03 N.º04 |Outubro’ 07

A utilização do exercício físico como meio parafomentar o desempenho laboral e diminuir oabsentismo laboral está vastamente descrita.Por outro lado, a despesa do estado e iniciativaprivada com a saúde é enorme. Alguns dosfactores que determinam uma tendência de cres-cimento exponencial da despesa com cuidadosde saúde são os seguintes:

1.Factores económicos (ex. ciclo vicioso entreaumento dos problemas de saúde dos traba-lhadores e aumento subsequente dos prémiosde seguros de doença: inflação geral, aumentodos custos de cuidados de saúde por melhoriastecnológicas);

2.Factores demográficos (ex. aumento do númerode mulheres, aumento da idade média dostrabalhadores, aumento do número de imi-grantes com deficiências prévias nos cuidadosde saúde);

3. Doenças crónicas (ex. Diabetes, obesidade, etc).

Reparem que dos 3 itens anteriormente men-cionados, dois (o primeiro e o terceiro) radicamdirectamente em hábitos típicos da vidasedentária.Embora a procura de actividade física porparte da população em geral (nomeadamente da população activa) tenha crescido nas duasúltimas décadas (reflectida, por exemplo, naproliferação de Ginásios e Academias bem como

A Universidade:o seu papel social na prevenção da doença e promoção da saúde

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FICHA TÉCNICA DA MOTRICIDADE

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Preço deste número

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Prof. Doutor Victor Machado Reis

Prof. Doutor Espregueira Mendes (Hospital São Sebastião)

Mestre Alípio Oliveira (Comité Olímpico de Portugal)

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REVISTAMOTRICIDADE N.º 04

Revista Técnica e Científicada Fundação Técnica e Científica do Desporto

Vol. 03 Outubro’ 07

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7 {Investigação

Levando em conta que os interesses evoluemao longo das diferentes idades, e sua inquestio-nável influência sobre o nível de prática esportivana idade adulta, decidimos realizar uma análisedo que motiva os universitários à prática dasatividades físico-esportivas, considerando diversosfatores como gênero, idade, nível de prática egosto pelo esporte. Com este fim, desenvolvemoso Questionário dos Interesses nas AtividadesFísico-Esportivas e as Motivações que levam à Prática das mesmas numa amostra de 1512estudantes universitários. Assim, os praticantesde atividades físico-esportivas explicam a parti-cipação neste tipo de atividades, por motivosvinculados à manutenção da forma física e aosbenefícios que o exercício físico traz à saúde;aqueles que nunca praticaram argumentam que a prática físico-esportiva tira tempo de estudo e demonstram na falta de interesse, e os alunosque manifestam ter praticado algum esporteanteriormente, mas que deixaram de praticá-lo,indicam a falta de tempo livre e o nível deexigência dos estudos como razões para explicaro seu comportamento físico-esportivo. Se tratade um estudo preliminar e futuramente o ques-tinário deverá ser validado através de análiseestatística.

Palavras-chave: Motivação, atividade físico-es-portiva, esporte, Universidade, Educação Física.

Reasons for physical practice according tothe perceived competence level: a pilot study

Taking into account that the interests evolvealong the different ages, and their unquestio-nable influence on the level of physical activityin adults, we have decided to carry out an analysisof the motivations of the university studentstoward the physical and sport activities, assistingto diverse factors like the gender, the age, thepractice level and the pleasure for the sport.Therefore, we have developed the Questionnairedealing with motivations and interests in sportand physical activities on a sample of 1512university students. So, the practitioners ofphysical and sport activities will explain theirparticipation in this activities, for reasons linkedto keep fit and to the benefits of the exercise forthe health; the non practitioners base theirbehavior in that the physical and sport practiceremoves time for the study and in the lack ofinterest, and the students to have practiced sportpreviously, but that they have stopped to practiceit at the moment, they point out the lack of sparetime and the level of requirement of their studieslike reasons to explain their sport behavior. If itdeals with a preliminary study and future thequestinário will have to be validated throughstatistics analysis.

Keywords: Motivation, physical activity, sport,University, Physical Education.

Resumo Abstract

Data de submissão: Novembro 2006 Data de Aceitação: Janeiro 2007

Motivos da prática esportiva de acordo com o nível de com-petência percebida na idade adulta: um estudo pilotoAna Pavón Lores1, Juan Antonio Moreno Murcia2, Estélio H. M. Dantas3

1 Unidad de Investigación en Educación Física y Deportes, Espanha.2 Universidad de Murcia, Facultad de Ciencias del Deporte, Murcia, Espanha.3 Universidade castelo Branco, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Lores, A.; Murcia, J.; Dantas, E.; Motivos daprática esportiva de acordo com o nível decompetência percebida na idade adulta: umestudo piloto. Motricidade 3(4): 7-21

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IntroduçãoA magnitude social do fenômeno esportivo

junto às numerosas pesquisas, em que se de-monstra a correlação positiva entre a conser-vação de estilos de vida ativos e estados de saúdee bem-estar, constituem o ponto de partida para o crescente interesse no desenvolvimento dos aspectos relativos ao conhecimento e à com-preensão dos fatores que determinam que osindivíduos mantenham estilos de vida ativos1,13.

Assim, os indivíduos com atitudes positivascom relação ao exercício, geralmente têm com-portamentos de exercício físico mais intensos e mais frequentes do que as pessoas que têmmenos atitudes positivas com relação ao mesmo.Tendência esta que foi corroborada por pesquisasposteriores36,24, em que se constatava a influênciadas experiências com relação à participação ematividades físicas durante a infância e a adoles-cência e o nível de atividade física dos adultos,ou aquelas que confirmam a existência de umacorrelação positiva significativa entre a atividadefísica durante a infância e a adolescência, des-tacando que a inatividade física mostra umamelhor possibilidade de previsão do que aprópria atividade.

Além do mais, a natureza e o tipo de progra-mas de atividade física selecionados podem terinfluência no tipo de atividade que os alunosescolhem para participar depois da formatura.Portanto, não devemos esquecer de que aspessoas ativas o são ao longo da vida e as se-dentárias se mantêm como tais independente-mente das circunstâncias, existindo uma grandeinfluência da própria estória de atividade físicado indivíduo para determinar o nível atual deatividade física1,30, já que os universitários sãoconscientes das contribuições positivas que aparticipação de atividades físicas de forma regulartêm sobre um estilo de vida saudável e ativo32,31.

Por isso, se partirmos das conclusões deMasachs et al. que dizem que os motivos semantêm ou se modificam à medida que se praticao exercício16 há um período de tempo, seráinteressante observar como evoluem os inte-resses na atividade esportiva ao longo dasdiferentes idades, pela sua inquestionável

8 {Investigação

Motivos da prática esportiva de acordo com o nível de competência percebida na idade adulta: um estudo pilotoAna Pavón Lores, Juan Antonio Moreno Murcia, Estélio H. M. Dantas

influência sobre o nível de prática esportiva naidade adulta. Daí a importância de analisar quais serão os interesses e as motivações quelevam os estudantes universitários à prática ou ao abandono das atividades físicas, levando emconta, principalmente, os importantes benefíciosque trazem à saúde física e mental.

Assim, o objetivo desta pesquisa é realizaruma análise da dimensão subjetiva dos hábitosesportivos da população universitária, ou seja,dos variados motivos que levam os estudantes apraticar esporte com maior ou menor intensi-dade, a abandonar mais ou menos temporal-mente a prática e, inclusive, a manifestar o seudesinteresse em tudo aquilo que representa acultura esportiva considerando diversos fatores,como gênero, idade, nível de prática e gosto pelo esporte.

MetodologiaAmostraPara realizar a seleção de uma amostra tão

heterogênea como a formada pela populaçãoobjeto do nosso estudo, foi necessário utilizarum procedimento de amostras aleatório estrati-ficado por conglomerados. Uma vez definido otamanho da amostra foram determinadas asproporções considerando o gênero, à formação e ao curso específico, com um erro amostral de 4%. Finalmente, a amostra definitiva ficoucomposta por 1512 alunos da Universidad de Murcia (Espanha), todos eles de idadescompreendidas entre 18 e 45 anos, com idademédia de 21,93 anos (61,6% mulheres e 38,4%homens). Vale ressaltar que os procedimentosutilizados respeitam as normas internacionais de experimentação com humanos (Declaraçãode Helsínquia de 1975).

ProcedimentosApós a revisão dos trabalhos realizados ante-

riormente sobre questionários de atitudes emotivações que levam à prática de atividades

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9 {Investigação

físicas8,12,19,20,25, elaboramos o questionário dosInteresses nas Atividades Físico-Esportivas e asMotivações que levam à Prática das mesmas(M.I.A.F.D.), com o objetivo de conhecer asopiniões dos universitários sobre a sua relaçãocom a prática de atividades físico-esportivas.Embora esse instrumento conste de duas partes,neste trabalho somente expomos alguns resulta-dos obtidos na segunda parte do questionário,o qual procuramos conhecer as motivações que induzam os universitários a se aproximar das atividades físico-esportivas, diferenciandotrês grupos: praticantes, não praticantes e ex--praticantes, para o qual se estabeleceram 13-14motivos em cada um dos subgrupos.

Para recolher os dados utilizamos umametodologia quantitativa (pesquisa mediantequestionário auto-administrado). A pesquisadoraprincipal fez entrevistas pessoais voluntárias,nas quais fazia a apresentação e, se necessário,esclarecia as dúvidas que surgiam, enquanto quepara a escolha dos alunos se estabeleceram rendasaleatórias no hall da faculdade universitáriaselecionada. Os alunos entrevistados tinham queescolher um dos três grupos finalmente formados,em função da relação que tinham mantido com a prática de atividades físico-esportiva.

EstatísticaPara a obtenção dos resultados realizaram-se

estatísticas descritivas de todas as variáveis, comotambém, análises de independência entre variáveis,mediante os testes de «χ2 de Pearson, comple-tados com a análise do resíduo tipificado corrigido.

ResultadosInicialmente realizamos uma análise descritiva,

enquanto que nas seguintes análises utilizamoscomo variável dependente os motivos dos uni-versitários para justificar a relação com asatividades físicas e os esportes praticados notempo livre, e como variáveis independentes ogênero, a idade, o nível de prática e a opinião dosestudantes quanto ao gosto ou não pelo esporte.

Motivações que levam à prática de ativi-dades físico-esportivasNa tabela 1, vemos como os 797 praticantes

de atividades físico-esportivas se identificam em maior grau com os motivos vinculados àmanutenção da forma física (16,55%) e aosbenefícios que o exercício traz à saúde (16,52%).Seguem nesta ordem a necessidade de liberarenergia e tensões (15,21%), como lazer e parapassar o tempo (13,99%), para melhorar aimagem e o aspecto físico (11,85%), pararelacionar-se e conhecer gente (8,66%), porquegosta de superar-se (8,10%) e porque gosta decompetir (5,42%). Ressaltam, pelo contrário, asbaixas porcentagens obtidas alegando motivostais como agradar a família (0,12%), porque estána moda (0,21%), pela influência dos professorese treinadores (0,48%) e porque seus amigospraticam (1,04%).

Os 196 universitários que nunca praticaramnenhuma atividade físico-esportiva durante seutempo livre baseiam seu comportamento em quetira tempo de estudo (18,69%) e na falta deinteresse (18,69%). Os motivos menos selecio-nados foram a idade (0,37%), a dificuldade deacesso ao esporte (0,93%), os motivos de saúde(1,12%) e a falta de meios econômicos (2,06%).Os 519 alunos que manifestam ter praticadoesporte anteriormente, mas que não o fazem atual-mente, indicam a falta de tempo livre (23,5%) eo nível de exigência dos estudos (20,93%) comorazões para explicar o seu comportamentofísico-esportivo. Com menor peso, encontram-sevalores baixos de motivações associadas à perdade interesse (5,22%), ao desestímulo causadopela desistência da prática dos amigos (4,24%),à falta de associações esportivas (3,76%), à pro-blemas econômicos (3,62%), à problemas desaúde (3,55%), à falta de informação (2,09%),à falta de apoio e estímulo familiar (1,88%),à idade (1,53%) e às más experiências em práticasanteriores (1,53%).

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10 {Investigação

Motivos da prática esportiva de acordo com o nível de competência percebida na idade adulta: um estudo pilotoAna Pavón Lores, Juan Antonio Moreno Murcia, Estélio H. M. Dantas

Tabela 1: Distribuição percentual das motivações que levam à prática de atividades físico-esportivas.

Motivos dos praticantes

Porque gosto de estar em forma

Pelos benefícios que obtenho para a saúde

Para liberar a energia e as tensões acumuladas durante o dia

Como lazer e para passar o tempo

Para melhorar minha imagem e aspecto físico

Para me relacionar e conhecer gente

Porque gosto de me superar

Porque gosto de competir

Outros motivos

Porque meus amigos praticam

Por influência dos meus professores e treinadores

Porque está na moda

Para agradar a minha família

Percentagem (%)

16,55

16,52

15,21

13,99

11,85

8,66

8,10

5,42

1,85

1,04

0,48

0,21

0,12

Frequência

556

555

511

470

398

291

272

182

62

35

16

7

4

Motivos dos não praticantes

Porque tira tempo de estudo

Por falta de interesse

Por sair cansado do trabalho e/ou aula

Porque nunca tive habilidade para esportes

As instalações estão muito longe do meu domicílio

Falta de instalações e horários adequados

Por falta de apoio e tradição familiar

Porque meus amigos não praticam esporte

Outros motivos

Por falta de meios econômicos

Por motivos de saúde

É difícil ter acesso ao esporte

Por considerar-se muito velho para isso

Percentagem (%)

18,69

18,69

14,58

14,02

8,41

7,66

4,67

4,49

4,30

2,06

1,12

0,93

0,37

Frequência

100

100

78

75

45

41

25

24

23

11

6

5

2

Motivos de abandono

Por falta de tempo livre

Porque os estudos exigem muito de mim

Porque os horários são incompatíveis com as minhas ocupações

Faltam instalações esportivas adequadas/próximas ao meu domicílio

Porque já não me interessa

Outros motivos

Porque meus amigos deixaram de praticar

Por falta de associações para praticar esporte como lazer

Por problemas econômicos

Por problemas de saúde

Por falta de informação

Porque não existe um apoio e estímulo familiar

Por causa da idade

Por más experiências em práticas anteriores

Percentagem (%)

23,50

20,93

13,49

10,22

5,22

4,45

4,24

3,76

3,62

3,55

2,09

1,88

1,53

1,53

Frequência

338

301

194

147

75

64

61

54

52

51

30

27

22

22

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11 {Investigação

Motivações físico-esportivas de acordocom o gêneroPara 52,7% da amostra que se declara prati-

cante de atividades físico-esportivas, os principaismotivos dos homens são o gosto pela compe-tição (36,9%), porque gostam de superar-se(43,5%), para relacionar-se e conhecer gente(43,5%), porque seus amigos praticam (6,3%) epela influência dos professores e treinadores(3%), enquanto que as mulheres não têm inte-resse por esses motivos. Elas, à diferença doshomens (tabela 2), preferem as atividades físico--esportivas para melhorar a imagem e o aspectofísico (57,9%), para liberar a energia e as tensõesacumuladas durante o dia (69,6%) e pelos bene-fícios que traz à saúde (74,1%).

Do total de 13% dos estudantes entrevistadosque não praticam atividades físico-esportivas,encontramos 8,1% dos homens que afirmam

que é difícil ter acesso ao esporte (p<.05); 44,7%das mulheres que acham que nunca tiveramhabilidade para esportes (p<.001).

Para 34,3% da amostra que já não praticaatividades físico-esportivas durante o seu tempolivre, os problemas econômicos (11,2%), a faltade instalações adequadas ou próximas ao seu do-micílio (29,9%), a exigência dos estudos (60,1%),a falta de tempo livre (67,4%) e a incompati-bilidade de horários com as ocupações diárias(40,9%) são motivos vinculados à não práticaentre as mulheres, enquanto que os homens sãocontrários a essa opinião (tabela 2). Além disso,as más experiências em práticas anteriores e aperda de interesse constituem um motivo para7,2% e 21,6% dos homens, enquanto 96,6% e87,6% das mulheres acham o contrário (p<.05).

Tabela 2: Distribuição percentual, total, χ2 e p valor das motivações que levam à prática de atividades físicas de acordo com o gênero.

Motivos dos praticantes

Porque gosto de competirSim, é um motivo de prática.Não é um motivo de prática

Porque gosto de me superarSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Para me relacionar e conhecer genteSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Porque meus amigos praticamSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Por influência de meus professoresSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Para melhorar minha imagem // aspecto físicoSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Para liberar energia e tensõesSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Pelos benefícios que traz à saúdeSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Motivações físico-esportivas p

.000

.000

.000

.008

.040

.000

.007

.029

χ2

102,654

35,179

18,537

7,498

4,674

15,278

7,290

4,851

Total

2377

34,465,6

36,863,2

4,495,6

298

50,349,7

64,635,4

70,229,8

Feminino

(%)(%) Resíduo

- 10,110,1

- 5,95,9

- 4,34,3

- 2,72,7

- 2,22,2

3,9- 3,9

2,7- 2,7

2,2- 2,2

6,493,6

23,476,6

28,771,3

2,297,8

,899,2

57,942,1

69,630,4

74,125,9

Masculino

(%) Resíduo

10,1- 10,1

5,9- 5,9

4,3- 4,3

2,7- 2,7

2,2- 2,2

- 3,93,9

- 2,72,7

- 2,22,2

36,963,1

43,556,5

43,556,5

6,393,8

397

4456

60,439,6

66,933,1

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Motivações físico-esportivas de acordocom a idadeEntre os praticantes de atividades físico-

-esportivas, os principais motivos dos menoresde 21 anos são liberar a energia e as tensõesacumuladas durante o dia (68,2%), enquanto que38,6% dos maiores de 22 anos rejeitam estamotivação (p<.05) (tabela 3).

Para os que já não praticam atividades físico--esportivas durante o seu tempo livre, a exigênciados estudos (61,9%) e a falta de informação

(7,7%) são motivos associados à não práticaentre os menores de 21 anos; os maiores de 22anos que não confirmam esta opinião atingem47,5% e 96,6% respectivamente. No entanto, ofato de que os amigos tenham deixado a práticaconstitui um motivo para 14,8% dos maiores de 22 anos, enquanto 90,9% dos menores de 21acham o contrário.

12 {Investigação

Motivos da prática esportiva de acordo com o nível de competência percebida na idade adulta: um estudo pilotoAna Pavón Lores, Juan Antonio Moreno Murcia, Estélio H. M. Dantas

Tabela 2: Distribuição percentual, total, χ2 e p valor das motivações que levam à prática de atividades físicas de acordo com o gênero. (cont.)

Motivos dos que nunca praticam

É difícil ter acesso ao esporteSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

Nunca tive habilidade para esportesSim, é um motivo de não práticaNão é um motivo de não prática

Motivações físico-esportivas p

.047

.000

χ2

5,666

14,553

Total

2,697,4

38,361,7

Feminino

(%)(%) Resíduo

- 2,42,4

3,8- 3,8

1,398,7

44,755,3

Masculino

(%) Resíduo

2,4- 2,4

- 3,83,8

8,191,9

10,889,2

Motivos dos que abandonaram

Por problemas econômicosSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

Falta de instalações próximasSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

Os estudos exigem muitoSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

Por falta de tempo livreSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

Por incompatibilidade de horáriosSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

Por más experiências anterioresSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

Porque deixou de me interessarSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

.048

.049

.039

.019

.001

.049

.021

3,263

2,980

4,692

5,927

11,399

3,128

6,029

10 90

28,271,8

57,742,3

64,835,2

37,262,8

4,295,8

14,485,6

(%)(%) Resíduo

1,8- 1,8

1,7- 1,7

2,2- 2,2

2,4- 2,4

3,4- 3,4

- 1,81,8

- 2,52,5

11,288,8

29,970,1

60,139,9

67,432,6

40,959,1

3,496,6

12,487,6

(%) Resíduo

- 1,81,8

- 1,71,7

- 2,22,2

- 2,42,4

- 3,43,4

1,8- 1,8

2,5- 2,5

5,494,6

21,678,4

48,651,4

5545

23,476,6

7,292,8

21,678,4

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13 {Investigação

Tabela 3: Distribuição percentual, total, χ2 e p valor das motivações que levam à prática de atividades físicas de acordo com a idade.

Motivos dos praticantes

Para liberar energia e tensõesSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Motivações físico-esportivas p

.048

χ2

3,976

Total

64,635,4

Maior de 21

(%)(%) Resíduo

- 22

61,438,6

Menor de 21

(%) Resíduo

2- 2

68,231,8

Motivos dos que já praticaram

Pela exigência dos estudosSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

Por falta de informaçãoSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

Meus amigos deixaram de praticarSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

.033

.038

.049

4,626

4,419

4,127

57,742,3

5,794,3

11,788,3

(%)(%) Resíduo

- 2,22,2

- 2,12,1

2- 2

52,547,5

3,496,6

14,885,2

(%) Resíduo

2,2- 2,2

2,1- 2,1

- 22

61,938,1

7,792,3

9,190,9

Motivações físico-esportivas de acordocom o nível de práticaEntre os praticantes de atividades físico-

-esportivas (tabela 4), os principais motivos de prática dos iniciantes são melhorar aimagem e o aspecto físico (54,6%) (p<.05).No entanto, os avançados e os de maior expe-riência justificam como motivos da prática

que gostam de competir (28,3% e 44,3%,respectivamente) (p<.001) e que gostam desuperar-se (37,3% e 54,1%, respectivamente)(p<.001); no caso dos mais experientes aparecetambém a influência dos professores e trei-nadores (6,6%) (p<.05).

Tabela 4: Distribuição percentual, total, χ2 e p valor das motivações que levam à prática de atividades físicas de acordo com o nível de prática.

Motivos dos praticantes

Gosta de competirSim, gostoNão gosto

Gosto de me superarSim, gostoNão gosto

Por causa dos meus professoresSim, me influenciaramNão me influenciaram

Para melhorar a minha imagemSimNão

Motivações p

.000

.000

.017

.046

χ2

43,038

19,688

8,160

5,771

Total

23,176,9

34,565,5

298

50,349,7

+ Experientes

(%)(%) Resíduo

4,1- 4,1

3,4- 3,4

2,6- 2,6

- 1,81,8

44,355,7

54,145,9

6,693,4

39,360,7

Avançado

(%) Resíduo

3,6- 3,6

1,7- 1,7

,3- ,3

- 11

28,371,7

37,362,7

2,297,8

48,551,5

Iniciante

(%) Resíduo

- 66

- 3,63,6

- 1,81,8

2- 2

12,187,9

2773

199

54,645,4

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14 {Investigação

Motivos da prática esportiva de acordo com o nível de competência percebida na idade adulta: um estudo pilotoAna Pavón Lores, Juan Antonio Moreno Murcia, Estélio H. M. Dantas

Tabela 5: Distribuição percentual, total, χ2 e p valor das motivações que levam à prática de atividades físicas de acordo com o gosto pelo esporte.

Motivos dos praticantes

Porque gosto de competirSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Porque gosto de me superarSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Para me relacionar e conhecer genteSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Como lazer e para passar o tempoSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Para agradar a minha famíliaSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Porque gosto de estar em formaSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de prática

Motivações físico-esportivas p

.007

.003

.010

.049

.049

.048

χ2

6,142

7,854

6,332

3,209

8,238

4,045

Total

2377

34,465,6

36,863,2

59,440,6

,599,5

70,329,7

Não gosta

(%)(%) Resíduo

- 2,52,5

- 2,82,8

- 2,52,5

- 1,81,8

2,9- 2,9

- 22

0100

595

1090

4060

595

5050

Gosta

(%) Resíduo

2,5- 2,5

2,8- 2,8

2,5- 2,5

1,8- 1,8

- 2,92,9

2- 2

23,676,4

35,164,9

37,562,5

59,940,1

,499,6

70,829,2

Motivos dos que nunca praticam

Faltam instalações e horáriosSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de não prática

Nunca tive habilidade para esportesSim, é um motivo de práticaNão é um motivo de não prática

Por falta de interesseSim, é um motivo de não práticaNão é um motivo de não prática

.012

.000

.013

6,531

16,590

6,500

20,979,1

38,361,7

5149

(%)(%) Resíduo

- 2,62,6

4,1- 4,1

2,5- 2,5

11,788,3

55,844,2

62,337,7

(%) Resíduo

2,6- 2,6

- 4,14,1

- 2,52,5

26,973,1

26,973,1

43,756,3

Motivos dos que abandonaram

Por más experiências anterioresSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

Porque deixou de me interessarSim, é um motivo de abandonoNão é um motivo de abandono

.026

.000

6,074

25,294

4,295,8

14,485,6

(%)(%) Resíduo

2,5- 2,5

5- 5

10,389,7

36,263,8

(%) Resíduo

- 2,52,5

- 55

3,496,6

11,688,4

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15 {Investigação

Motivações físico-esportivas de acordocom o gosto pelo esporteDe um total de 52,7% da amostra praticante

de atividades físico-esportivas, os alunos quegostam de esporte escolhem como motivos de prática: o gosto pela competição (23,6%)(p<.01), porque gostam de superar-se (35,1%)(p<.01), para relacionar-se e conhecer gente(37,5%) (p<.01), como lazer e para passar otempo (59,9%) (p<.05) e porque gostam de estarem forma (70,8%) (p<.05). No entanto, para osalunos que não gostam de praticar esporte oprincipal motivo de prática é agradar a família(5%) (p<.05) (tabela 5).

Além disso, os entrevistados que gostam deesporte, que nunca praticaram nenhuma atividadefísico-esportiva em seu tempo livre, baseiam afalta de motivação na carência de instalações ehorários adequados (26,9%) (p<.05), enquantoos entrevistados que não gostam de esporte, afalta de motivação está no fato de nunca ter tidohabilidade para esportes (55,8%) (p<.001) e nafalta de interesse (62,3%) (p<.05).

Por último, os universitários que não gostamde esporte e que já o praticaram anteriormente,mas não o fazem atualmente, justificam a decisãonas más experiências em práticas anteriores(10,3%) (p<.05) e na perda de interesse (36,2%)(p<.001). Opinião totalmente contrária à mani-festada por aqueles alunos universitários quegostam de esporte (96,6% e 88,4%, respectiva-mente) (tabela 5).

Discussão Levando em conta que as motivações são

conceitos dinâmicos que variam em função dotempo de prática e que raramente se concretizamem um só motivo16,6, pretendemos aprofundar a análise dos hábitos físico-esportivos da popu-lação universitária com o objetivo de concretizarquais são os motivos que vão determinar entre

os estudantes universitários o interesse pelaprática de esportes ou atividades físicas ou oabandono mais ou menos temporário da práticae, inclusive, a falta de interesse e relação a tudo o que representa o entorno físico-esportivo.

Desta forma, os praticantes de atividadesfísico-esportivas vão explicar a participaçãonesse tipo de atividades, por motivos vinculadosà manutenção da forma física e aos benefíciosque o exercício traz à saúde. Outros motivos sãoa necessidade de liberar energia e tensões, comolazer e para passar o tempo, para melhorar aimagem e o aspecto físico, para relacionar-se econhecer gente, porque gostam de superar-se eporque gostam de competir. Ressaltam, pelocontrário, as baixas porcentagens obtidas ale-gando motivos como agradar a família, porqueestá na moda, pela influência dos professores e treinadores e porque os amigos o fazem.

Entre a população universitária encontramosdiversos estudos que abalam esses resultados40,14,33,indicando a preferência dos estudantes pelolazer, a saúde e a forma física, e o bem-estargeral. Enquanto outros autores25,29 indicam comograndes motivos para a prática de esportes,aqueles com relação à saúde e à interação social.De fato, quando os estudos focalizam a popu-lação em geral, os motivos que levam as pessoasà prática de esportes estão vinculados à “fazerexercício físico”, “por lazer”, “porque gosta deesportes” e para “manter e melhorar a saúde”,motivos que prevalecem sobre as motivações de caráter competitivo4,11.

Quando Cervelló6 fala do fenômeno do aban-dono esportivo estabelece que deve ser conside-rado como um fato contínuo, que vai desdepessoas que deixam de praticar um esporte emparticular, mas passam a praticar outro, ou omesmo esporte, mas em diferente nível de intensi-dade, até aquelas que abandonam definitivamenteo esporte. A partir dessa idéia e para simplificar

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a análise, foi necessário diferenciar os univer-sitários que nunca praticaram nenhuma atividadefísico-esportiva em seu tempo livre dos que nãoo estão fazendo atualmente, seja de formatemporal ou definitiva, mas que antes a exerciam.Desta forma, os primeiros baseiam seu compor-tamento em que a prática físico-esportiva tiratempo de estudo e na falta de interesse5,10,26,8,4.Alegam também, justificando sua atitude, quesaem cansados do trabalho e/ou aula, que nuncativeram habilidade para esportes, que as insta-lações estão muito longe, que faltam horários einstalações adequados, que falta apoio e tradiçãofamiliar e que os amigos não praticam esportes.Os motivos selecionados em menor grau forama idade, a dificuldade de acesso ao esporte, osmotivos de saúde e a falta de meios econômicos.Tal como podemos observar em vários tra-balhos41,12, aqueles que não praticam esporte sedestacam entre os que indicam que o praticariampor motivos alheios ao próprio esporte, taiscomo econômicos e profissionais. Por outrolado, os alunos que manifestam já ter praticadoalgum esporte, mas não o fazem atualmente,indicam a falta de tempo livre e o nível de exi-gência dos estudos como razões para explicar o seu comportamento físico-esportivo18,40,14,26.Outros motivos são a incompatibilidade dehorários e a falta de instalações esportivasadequadas ou próximas ao seu domicílio7. Emordem decrescente aparecem motivações asso-ciadas à perda de interesse, ao desestímulo causadopela desistência da prática dos amigos, à falta deassociações esportivas, aos problemas econômicos,aos problemas de saúde, à falta de informação,à falta de apoio e estímulo familiar, à idade, e àsmás experiências em práticas anteriores.

Resultados estes que não são muito dísparesdos encontrados em outras pesquisas4,9,5, nasquais se menciona como motivos que levaram apopulação espanhola ao abandono da prática deatividades esportivas: “por falta de tempo”, “porsair cansado do trabalho”, “pela saúde (lesõesetc.)” e “por preguiça e desânimo”. Destacam oestudo de Ruiz e García26, no qual os universitários

16 {Investigação

Motivos da prática esportiva de acordo com o nível de competência percebida na idade adulta: um estudo pilotoAna Pavón Lores, Juan Antonio Moreno Murcia, Estélio H. M. Dantas

almerienses selecionam a falta de tempo devidoà exigência do trabalho ou estudo, seguido dapreguiça ou desânimo, o horário incompatívelcom suas obrigações, gostar mais de outrascoisas, a não prática dos seus amigos e a distânciade seu domicílio, como motivos que explicam o abandono da prática.

Paralela e inevitavelmente a influência dosestereótipos no ensino da Educação Física setraduz numa série de diferenças, tanto deinteresses e motivações quanto no grau departicipação em certas atividades físicas, emfunção do gênero do aluno, tal como foidetectado em numerosas pesquisas18,7,21,34,35,20,29.Desta forma, o gênero dos alunos vai influenciarna percepção da atividade física e da EducaçãoFísica, como também no seu envolvimento como esporte e as razões que o levam à praticá-lo.Não obstante, devemos entender que a partici-pação de mulheres e homens em atividadesfísicas e esportivas não é somente quantitativa,como também, varia dependendo de fatorescomo o tipo de esporte, as motivações da prática,a facilidade ou dificuldade de acesso e a dispo-sição e distribuição do tempo livre35,38,39.

Realmente relevante é que o gênero é, juntocom a idade, o principal elemento diferenciadordos motivos da prática esportiva2,27. Para osalunos da Universidad de Murcia que se declarampraticantes de atividades físico-esportivas, osprincipais motivos dos homens são porquegostam de superar-se, para relacionar-se econhecer gente, porque gostam de competir,porque os amigos praticam e pela influência dos professores e treinadores. Não obstante, aspraticantes preferem as atividades físico-esportivaspelos benefícios que traz à saúde, para liberar aenergia e as tensões acumuladas durante o dia epara melhorar a imagem e o aspecto físico. Ouseja, os homens valorizam mais aqueles aspectosvinculados à capacidade pessoal, à competição,ao hedonismo e às relações sociais, enquanto asmotivações que levam as mulheres à pratica deatividades físico-esportivas estão mais relacio-nadas com a forma física, a imagem pessoal e a

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17 {Investigação

saúde, tal como tínhamos antecipado aoconceber as hipóteses iniciais. Estes resultadoscoincidem com os encontrados em numerosaspesquisas22,37,1,41, nas quais os homens eram identi-ficados com motivos competitivos, de relaçãosocial e de lazer, e as mulheres com a saúde,os fins terapêuticos e a estética corporal.

Dos estudantes entrevistados que não praticamatividades físico-esportivas em seu tempo livre,os homens afirmam que é difícil ter acesso aoesporte, enquanto as mulheres acham que nuncativeram habilidade para esportes. Além do mais,para os alunos que já não praticam atividadesfísico-esportivas durante o seu tempo livre, afalta de tempo livre, a exigência dos estudos, aincompatibilidade de horários com as ocupaçõesdiárias, a falta de instalações adequadas ou próxi-mas ao seu domicílio e os problemas econômicossão motivos vinculados ao abandono entre ogênero feminino. Enquanto para os homens sãoa perda de interesse e as más experiências empráticas anteriores que constituem as motivaçõesbásicas que levam ao abandono. Estes resultadosdiferem dos encontrados por Salguero et al.28, emque se detectam escassas diferenças entrehomens e mulheres nas causas de abandono.Assim, a habilidade percebida tinha uma maiorcontribuição entre as mulheres, enquanto a faltade interesse se considerava de maior importânciaentre os homens.

Como já mencionamos, a análise levando emconta a idade é fundamental, já que constitui umgrande elemento diferenciador no estudo dosmotivos de prática físico-esportiva3,39. De fato,a idade média de abandono oscila em torno aos18 anos28, que é quando se iniciam os estudosuniversitários, com o grande salto qualitativo equantitativo que isto implica, o que junto com afalta de coordenação entre a estrutura esportivae a acadêmica vai favorecer o abandono doesporte. Encontramos numerosos estudos dedi-cados a explicar as motivações que guiam ospraticantes em função da idade. Desta forma,alguns trabalhos15 mencionam que os mais jovens

estão mais motivados por fatores externos emotivos extrínsecos, outros citam33,40 que ocomponente divertido do esporte e da atividadefísica é a principal motivação entre os jovens,diminuindo à medida que vão amadurecendo e aumentando a necessidade de ser eficaz, seesforçar e ter êxito, enquanto, outros estudos18,22

estabelecem que em idades menores há ummaior interesse em relação ao rendimento, aolazer e à relação social, diminuindo sua impor-tância à medida que aumentam a idade e osmotivos vinculados à saúde. Entre os praticantesde atividades físico-esportivas, os principaismotivos dos menores de 21 anos são em liberara energia e as tensões acumuladas durante o dia,enquanto os maiores de 22 anos rejeitam estamotivação. Para os que já não praticam ativi-dades físico-esportivas durante seu tempo livre, aexigência dos estudos e a falta de informação sãomotivos associados ao abandono entre os meno-res de 21 anos. No entanto, o fato de que osamigos tenham deixado a prática constitui ummotivo importante para os maiores de 22 anos.

Nas motivações que levam à prática de ativi-dades físico-esportivas, evidencia-se a relaçãoestabelecida entre o nível de prática e o tipo de esporte praticado. Desta forma, os alunosavançados e mais experientes justificam comomotivos da prática o fato de que gostam desuperar-se e de competir; os que gostam de co-mpetir, acrescentam a influência dos professorese treinadores, tudo em evidente relação com oesporte de competição. Ficam para os iniciantes,todos aqueles motivos vinculados à melhorar aimagem pessoal e o aspecto físico, predomi-nantes entre as atividades saudáveis e lúdico--recreativas próprias do esporte para todos. Istoestá em consonância com os resultados obtidosem outras pesquisas23, que parecem indicar quequanto maior é o nível de prática maior é ointeresse demonstrado em relação aos valorescompetitivos e sociais do esporte, enquanto nosníveis inferiores parecem predominar as motiva-ções próximas à preocupação com a imagem

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pessoal e ao conceito do esporte-saúde comoelemento indispensável para uma melhor quali-dade de vida.

Se levarmos em conta o gosto manifestadopela amostra em relação com o esporte e asatividades físico-esportivas, os praticantes quegostam de esporte mencionam como motivos de prática que gostam de estar em forma, o lazere passar o tempo, para relacionar-se e conhecergente, prazer de superar-se e o prazer de competir.No entanto, para os alunos que não gostam deesporte os principais motivos de prática sãoagradar a família, evidenciando a importância doapoio social na adoção e manutenção de padrõesde exercício17,13. Entre os estudantes que gostamde esportes apesar de nunca terem praticadonenhuma atividade físico-esportiva em seu tempolivre, a falta de motivação se baseia na carênciade instalações e horários adequados, enquantopara os entrevistados que não gostam de esportes,a ausência de motivação deve ter fundamento no fato de nunca ter tido habilidade e na falta deinteresse. O grupo de universitários que nãogosta de esporte e também não tem práticafísico-esportiva no momento, justifica decisãopela perda de interesse e pelas más experiênciasacumuladas em práticas anteriores.

Definitivamente, as motivações são conceitosdinâmicos, já que as necessidades pessoais mudamcom o passar do tempo. Por isso é fundamental

18 {Investigação

Motivos da prática esportiva de acordo com o nível de competência percebida na idade adulta: um estudo pilotoAna Pavón Lores, Juan Antonio Moreno Murcia, Estélio H. M. Dantas

conhecer o estabelecimento diferencial das mo-tivações para cada momento e a sua evolução aolongo do tempo se nossa pretensão é fomentar a idéia da mudança de atividade esportiva vs. aopção de abandono, na busca de um estilo devida ativo durante a idade adulta.

Ressalta-se no entanto, que o presente estudoé uma pesquisa preliminar, e que oportunamenteo questionário apresentado deverá ser validadoatravés de métodos estatísticos apropriados (aná-lise factorial exploratória e confirmatória).

AgradecimentosA informação contida neste artigo faz parte

da Tese de doutorado apresentada por AnaPavón Lores, no ano de 2004: “Motivaciones eintereses de los universitarios murcianos hacia la prácticafísico-deportiva” (Motivações e interesses dosuniversitários murcianos que levam à práticafísico-esportiva), dirigida pelo Dr. Juan AntonioMoreno da Universidad de Murcia (Espanha).

CorrespondênciaJuan Antonio Moreno MurciaFacultad de Ciencias del DeporteUniversidad de Murcia, Parque Almansa30730 San Javier, Murcia, SpainTel.: 968 19 33 58 ext. 21E-mail: [email protected]

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19 {Investigação

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O treino da flexibilidade muscular põe emevidência uma série de princípios neurofisioló-gicos e um conjunto intrincado de propriedadesmusculares e visco-elásticas. São diversos osmétodos de estiramento realizados nos contextosclínico e desportivo. Apesar da sua utilização ser comum, não é usual os profissionais de saúdee educação reflectirem sobre as componentes eeficácia dos diversos métodos de estiramento.Neste artigo, realizamos uma revisão crítica dosdiversos métodos utilizados no treino de flexibi-lidade, assim como dos princípios e parâmetrosque com eles se relacionam. Daremos especialênfase aos princípios em que se baseia a facili-tação neuromuscular proprioceptiva e os diversosmétodos de relaxamento local, como o aqueci-mento. Para além disso, teremos em conta osdados reveladores relativos ao paradoxo doCoeficiente de elasticidade, os quais podemajudar a conceber uma filosofia de intervençãodo treino de flexibilidade divergente relativa-mente ao que classicamente tem sido defendidoe efectivado.

Palavras-Chave: Estiramento passivo, Estiramentoactivo, Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva,Aquecimento, Coeficiente de elasticidade.

The muscular flexibility training and therange of movement improvement: acritical literature review

The muscular flexibility training put inevidence a train of neurophysiological principalsand an intricate amount of muscular andviscous-elastic properties. There are a lot ofstretching methods, used on the clinical andsport contexts. Despite its common utilization, itisn’t usual the health and educational profes-sionals reflect about the compounds and efficacyof the diverse stretching methods. In this article,we realize a critical review about the diversemethods used on the flexibility training, as theprinciples and parameters related with that. Wewill done special emphasis to the principles ofthe proprioceptive neuromuscular facilitationand the diverse local relaxation methods, likewarming. We will also have in count the revealingdata relating to the Elasticity Coefficient para-dox, witch can help to conceive an interventionphilosophy of the flexibility training differentfrom what it have being defended and practiced.

Key-words: Passive stretching, Active stretching,Proprioceptive Neuromuscular Facilitation,Warming, Elasticity Coefficient.

Resumo Abstract

Data de submissão: Julho 2006 Data de Aceitação: Maio 2007

O treino da flexibilidade muscular e o aumento da amplitude demovimento: uma revisão crítica da literaturaLuís Filipe dos Santos Coelho

Fisioterapeuta e Professor de Pilates do Consultório e Clínica de Reabilitação, Lda. - Lisboa

Coelho, L.; O treino da flexibilidade muscular e oaumento da amplitude de movimento: umarevisão crítica da literatura. Motricidade 3(4): 22-37

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IntroduçãoConceptualmente, a flexibilidade muscular

tem sido definida em termos da amplitude demovimento disponível por parte de umaarticulação, amplitude essa dependente daextensibilidade dos músculos. Podemos atenderà flexibilidade como “a habilidade para moveruma articulação ou articulações através de umaamplitude de movimento livre de dor e semrestrições, dependente da extensibilidade dosmúsculos, que permite que estes cruzem umaarticulação para relaxar, alongar e conter umaforça de alongamento” ( 1, p. 142, cap. 5).

O treino de flexibilidade é utilizado cada vezmais frequentemente nos contextos clínico edesportivo, tanto na preparação como na con-clusão de treinos, assim como parte de treinosautónomos que visam o estiramento global ou areeducação postural.

Neste artigo, iremos rever os diferentes tiposde métodos terapêuticos utilizados para alongaros tecidos moles, considerando uma revisãosustentada da literatura, tanto no respeitante àsdiferentes modalidades e variantes de alon-gamento, como no respeitante aos diferentesparâmetros de estiramento muscular, como afrequência e a duração dos estiramentos. Iremosigualmente questionar a eficácia de uma série de modalidades de intervenção com vista aoganho de flexibilidade, tendo sempre em conta a literatura existente.

DesenvolvimentoPropriedades mecânicas e neurofisioló-gicas dos tecidosA flexibilidade está dependente de diversas

propriedades mecânicas e neurofisiológicas dotecido contráctil e do tecido não contráctil.

As propriedades neurofisiológicas do tecidocontráctil estão dependentes do funcionamentodo fuso neuromuscular, do órgão tendinoso de

Golgi e das fibras neuronais associadas, estruturasenvolvidas num complexo processo de inervaçãorecíproca.

As propriedades mecânicas do tecido musculardependem dos sarcómeros e respectivas pontestransversas de actina e miosina. Quando ummúsculo é alongado passivamente, o alonga-mento inicial ocorre no componente elástico emsérie e a tensão aumenta agudamente. Após certoponto, ocorre um comprometimento mecânicodas pontes transversas à medida que os fila-mentos se separam com o deslizamento e ocorreum alongamento brusco nos sarcómeros2. Se ummúsculo é imobilizado na posição alongada porum período prolongado de tempo, o número de sarcómeros em série aumenta, dando origema uma forma mais permanente de alongamentomuscular. O músculo irá ajustar o seu compri-mento com o tempo de modo a manter a maiorsobreposição funcional entre actina e miosina3.

As características mecânicas do tecido molenão contráctil estão dependentes das forças de sobrecarga e distensão tecidular, sendo que acurva sobrecarga - distensão concebe o compor-tamento dos tecidos perante uma força dedeformação. Quando sobrecarregadas, inicial-mente as fibras de colagéneo alongam-se. Comsobrecarga adicional, ocorre deformação recupe-rável na amplitude elástica. Assim que o limiteelástico é alcançado, ocorre falha sequencial dasfibras de colagéneo e no tecido na amplitudeplástica, resultando em libertação de calor e um novo comprimento quando a sobrecarga é libertada4,5.

O comportamento visco-elástico dos tecidosmoles durante um alongamento compõe-se deuma deformação ou creep, expressando-se maisprecisamente na fluage muscular. Tal comporta-mento muscular pode ser expresso pela seguinteequação 6:

Índice de deformação = Força aplicada / / Coeficiente de elasticidade x Tempo

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O treino da flexibilidade muscular e o aumento da amplitude de movimento: uma revisão crítica da literaturaLuís Filipe dos Santos Coelho

A deformação muscular será maior emmúsculos com menor Coeficiente de elasticidade eestará proporcionalmente dependente da Forçaaplicada e do factor Tempo.

Mais tarde, no decorrer deste artigo, iremos terem consideração aquilo que pode ser denomi-nado de “paradoxo do coeficiente de elasticidade”.

Métodos de estiramentoExistem três métodos básicos para alongar os

componentes contrácteis e não contrácteis daunidade músculo-tendinosa: estiramento passivo,inibição activa (inclui o estiramento activo) eauto-alongamento1. O auto-alongamento podeenvolver alongamento passivo, inibição activa ou ambos.

De seguida, iremos precisar os diversos tiposde alongamento passivo.

ESTIRAMENTO PASSIVOEstiramento passivo manualEste é o tipo de estiramento em que o

terapeuta ou instrutor aplica uma força externaao segmento de modo a alongar os tecidos, semrealização de qualquer tipo de esforço por partedo doente ou desportista.

Exploremos seguidamente determinadosparâmetros relativos à efectuação deste tipo deestiramentos.

Diversos estudos têm sido realizados comvista à compreensão do tempo necessário deestiramento com vista à obtenção de umadeformação permanente dos tecidos, ou seja,ao ganho de flexibilidade.

A primeira referência data de 19877, estudono qual o alongamento passivo foi aplicado nosabdutores da anca de indivíduos saudáveis por15 e 45 segundos e dois minutos, na mesmaintensidade. Segundo o estudo, o alongamentode dois minutos não apresentou mais vantagensno aumento da amplitude de movimento que osalongamentos mais prolongados.

No estudo de Bandy e Irion8, datado de 1994,foi concluído que um estiramento estático de 30segundos é mais efectivo que os alongamentosde tempos inferiores, mas não mais capaz deproduzir melhorias na amplitude de movimentoque o estiramento de 60 segundos.

Bandy et al.9 concluíram também que não hávantagens adicionais na realização de estiramen-tos com tempos superiores a 30 segundos deduração. Para além disso, demonstraram que não é vantajosa a passagem da frequência deestiramento de uma para três vezes por dia.

À semelhança dos estudos anteriores,Roberts e Wilson10 também estudaram ostempos de estiramento estático e passivo emjovens desportistas. Concluíram que estira-mentos de 15 segundos eram mais vantajososque estiramentos de tempos inferiores.

A única investigação com vista ao estudo detempos de alongamento realizada em indivíduosidosos corresponde ao estudo de Feland et al.11.Neste estudo, foi demonstrado haver vantagensna realização de estiramentos longos, até 60segundos de duração. Os autores explicaram osresultados com a necessidade de sujeitos maisidosos, com menor elasticidade tecidular, neces-sitarem de períodos mais prolongados de tempopara conseguirem a máxima deformação dassuas estruturas musculares.

Um estudo recente12 apontou para os mesmosresultados, em termos de ganhos de amplitudede movimento, tanto com um estiramento de 30 segundos de duração como com diversosestiramentos de cinco segundos de duração.

Há uma necessidade premente de estudarmais profundamente os tempos necessários àrealização de estiramentos, principalmente norespeitante àqueles que são progressivos eglobais. Por exemplo, o trabalho de fisioterapiade cadeias musculares, previsto no método de Mézières13, Reeducação Postural Global eStretching Global Activo14 e método de Busquet15,advoga a realização de estiramentos muito pro-longados no tempo. O trabalho de alongamento

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realizado nestes métodos respeita escrupulosa-mente a fórmula da fluage muscular, apresentadano capítulo anterior. Segundo o que a fórmulaprediz, Souchard16 defende as duas seguintespremissas relativas ao trabalho passivo de alon-gamento:

(1) Quanto mais prolongamos o tempo de alongamento, mais significativo é ocomprimento ganho. Para ser eficaz, épreciso, então, praticar posturas de alon-gamento prolongadas no tempo, nãoalongamentos bruscos.

(2) Quanto mais aumentamos o tempo dealongamento, mais podemos diminuira força de tracção. A lentidão dos alonga-mentos, associada à moderação das tracçõespermite todas as descompressões articulares;só tracções manuais suaves e prolongadasé que permitem o tensionamento progres-sivamente global das cadeias musculares.

Em última análise, tanto a intensidade quantoa duração do alongamento dependem da tole-rância do paciente ou desportista e da resistênciafísica do terapeuta ou instrutor. Um alonga-mento manual de baixa intensidade aplicado pelomaior tempo possível será mais confortável emais prontamente tolerado pelo indivíduo,resultando igualmente em mais resultados commaior controlo e segurança do processo de treino17.

Estiramento estático vs. Estiramento balísticoComo vimos, um alongamento mantido por

um período mínimo de tempo significa umconjunto amplo de resultados no respeitante aoganho de amplitude articular. A dependência dofactor tempo diz respeito não só à variáveltemporal prevista na fórmula de fluage muscular,como também a factores de natureza neuromo-tora. Referimo-nos à acção do reflexo miotáticode encurtamento, ligado à sensibilidade do fusoneuromuscular. É bem sabido que um estiramentodeve ser suficientemente lento e prolongado de

modo a se conseguir vencer a tendência que omúsculo apresenta para encurtar no momentodo alongamento por acção do reflexo miotático1.

Por essa razão de natureza teorética, actual-mente é rara a investigação realizada em tornodos estiramentos ditos balísticos. Estes sãoalongamentos “bruscos”, de alta intensidade,realizados a grande velocidade. Como tal, sãoestiramentos menos seguros e, provavelmente,menos eficazes em termos do aumento deamplitude de movimento. A tensão ocasionadano músculo derivada da grande velocidade deestiramento e, como tal, da estimulação doreflexo miotático, compreende cerca do dobroda tensão ocasionada com o estiramento estático18.Na literatura, pode ser encontrado um estudo de199319, segundo o qual o alongamento balístico émenos eficaz do que o alongamento estático namelhoria da elasticidade muscular. Para alémdisso, o estiramento balístico tem demonstradonão possuir mais vantagens na preparação para o treino de força explosiva relativamente aoestiramento estático20,21.

Estiramento passivo mecânico prolongadoCorresponde ao tipo de alongamento mantido

por períodos prolongados de tempo, conseguidopor meio da aplicação de uma força externa debaixa intensidade, usando-se o peso do própriopaciente ou sistemas mecânicos como tracção,pesos, sistema de polias, splints dinâmicos ou gessos.

É o tipo de estiramento utilizado em muitassituações de patologia contraturante ou emsituações de patologia neurológica com presençade hipertonia e consequente encurtamento e/oumesmo deformidade segmentar ortopédica.

O parâmetro tempo de alongamento é concebidocomo um dos mais importantes a ter em contaneste tipo de estiramentos.

Vários estudos têm sugerido que um períodode 20 minutos ou mais é necessário para que oalongamento resulte numa melhoria da ampli-tude articular quando se utiliza um alongamentomecânico prolongado de baixa intensidade22,23,24.

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O treino da flexibilidade muscular e o aumento da amplitude de movimento: uma revisão crítica da literaturaLuís Filipe dos Santos Coelho

Bohannon22 avaliou a efectividade de um alon-gamento de oito minutos dos ísquiotibiais emcomparação com 20 minutos ou mais usando um sistema de polias. O alongamento de oitominutos levou somente a um pequeno aumentona flexibilidade dos ísquiotibiais, que foi perdidanum espaço de 24 horas. Sugeriu-se que umalongamento de 20 minutos ou mais seria neces-sário para aumentar efectivamente a amplitudede movimento numa base mais permanente.Foram igualmente relatados aumentos significa-tivos na amplitude de movimento de indivíduossaudáveis que tinham retracções em membrosinferiores, usando-se somente 10 minutos dealongamento mecânico prolongado de baixaintensidade25.

Bohannon e Larkin26 usaram igualmente umregime de prancha ortostática com calço, posi-cionando os doentes em pé durante 30 minutosdiários, tendo conseguido aumentar a amplitudedos flexores dorsais do tornozelo em pacientescom problemas neurológicos.

O alongamento prolongado de baixa intensi-dade e um aumento na amplitude podem tambémser conseguidos mediante a utilização de um splintdinâmico, utilizado durante oito a 10 horas27.

A utilização de gessos tem sido relatadasobretudo nos casos de distúrbios neurológicosdo primeiro neurónio.

A imobilização gessada é frequentementeutilizada em crianças com paralisia cerebral,principalmente numa fase do tratamento queprocede a administração de toxina botulínica28

ou outros fármacos.Booth, Doyle e Montgomery29 estudaram a

utilização de imobilização gessada curta (abaixodo joelho) em adultos com lesão cerebral (AVC),com o intuito de reduzirem a deformação emequino da tíbio-társica (gerada pelo padrão espás-tico de flexão plantar). Os autores verificaramque todos os utentes apresentaram relevantesmelhorias da amplitude de flexão dorsal da tíbio--társica e uma diminuição da espasticidade dosflexores plantares.

Cusick30 realizou um estudo de caso úniconuma criança com diplegia espástica, tendoobtido uma melhoria no comprimento musculardos ísquiotibiais, após 45 dias de utilização degessos longos. Antes do tratamento, a criançaapresentava um flexum de ambos os joelhos de40º. Após a utilização de imobilização gessada,intervalada por ajustamentos na amplitude decolocação da tala gessada, a criança já era capazde realizar a completa extensão do joelho direito(tendo-se mantido um flexum residual de 5º dojoelho esquerdo).

Ada e Canning31 referem melhorias na am-plitude de flexão dorsal da tíbio-társica noutrosestudos em crianças com paralisia cerebral.

Cottalorda, Gautheron, Metton, Charmet eChavier32 chegaram a conclusões similares numestudo de caso único numa criança com lesãocerebral. Porém, após cerca de 18 meses semutilização de imobilização gessada, registou-seuma recorrência da deformidade em equino.

Apesar de Brouwer, Wheeldon e Stradiotto--Parker33 terem constado, num estudo realizadoem crianças com paralisia cerebral, que, apósuma imobilização gessada de três semanas,os flexores plantares não apresentavam alteraçãoda força muscular, é amplamente reconhecidoque a imobilização prolongada pode levar àfraqueza muscular, com consequente alteraçãoda função e da marcha34,35,36,37, sendo, como tal,contra-indicada a utilização de gessos por temposmuito prolongados.

Por fim, devemos referirmo-nos igualmente àutilização de talas e ortóteses, as quais permitema manutenção do segmento numa posição dealongamento por períodos variavelmente longos,promovendo o alinhamento segmentar e postural.Não devemos esquecer a prolífica quantidade de literatura dedicada às ortóteses e materialortopédico complexo destinado à correcçãopostural e de deformidades específicas. A análiseda literatura respeitante a esse tipo de materialnão compreende um objectivo deste artigo. Noentanto, apresentamos, de seguida, alguns estudosrelativos à utilização de ortóteses simples comvista ao tratamento de contraturas (tabela 1).

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Mudanças plásticas em tecidos contrácteis enão contrácteis podem ser a base das melhorias“permanentes” ou a longo prazo na flexibilidade22.Quando os músculos são mantidos numaposição alongada durante várias semanas sãoacrescentados sarcómeros em série3,4. Quandotecidos conectivos não contrácteis são alongadoscom uma força de alongamento prolongada de baixa intensidade, ocorre deformação plásticae o comprimento tecidular aumenta4,42,43.

Estiramento mecânico cíclicoStarring et al44 usou o termo estiramento

cíclico para descrever um tipo de alongamentorepetitivo aplicado por meio de um dispositivomecânico. Os autores compararam a utilizaçãode um alongamento cíclico, usando uma forçamecânica de alongamento de 10 segundos nofinal da amplitude seguido de um breve repouso,com um estiramento mecânico estático. A inten-sidade da força de alongamento era limitada pelonível de tolerância do doente e pela habilidadepara se manter relaxado. Os procedimentos dealongamento foram aplicados aos músculos

ísquiotibiais de participantes saudáveis durante15 minutos por dia ao longo de cinco diasconsecutivos. Foram registados aumentos signi-ficativos na extensibilidade dos ísquiotibiais maissignificativos no método cíclico de estiramento,quando foi tida em conta a análise de variáveisprecisas. Para além disso, os participantesrelataram que o alongamento cíclico era maisconfortável e mais tolerável que o alongamentomantido.

Este estudo sobre o alongamento cíclico de-monstra a importância de impor um alongamentoprolongado sobre os músculos retraídos e otecido conectivo de modo a se conseguir umadeformação plástica e alongamento eficaz dostecidos. O alongamento prolongado é maisindicado de modo a se conseguirem ganhos alongo prazo na amplitude de movimento.

O alongamento mecânico prolongado, sejacíclico ou mantido, parece ser mais efectivo queo alongamento passivo manual porque a força de alongamento é aplicada durante muito maistempo do que seria suportável e viável com oalongamento manual1.

Tabela 1: Alguns estudos realizados acerca da utilização de ortóteses no tratamento de contraturas.

Autores

Bonnuti et al 38

Steffen eMollinger 39

James et al 40

Gelinas et al 41

Adultos com contratura do cotovelo (flexum)

Crianças com diplegiaespástica (encurtamento dosísquiotibiais e tricípete sural)

Crianças com paralisia cerebral (encurtamento dosísquiotibiais e tricípete sural)

22 adultos com AVC (contratura do cotovelo)

Amostra

Ortótese de extensão do cotovelo

Ortótese acima do joelho

Ortótese acima do joelho

Ortótese de extensão e de flexão

Tipo de ortótese

Melhoria na amplitude de extensão do cotovelo em todos os indivíduos

Efeitos positivos após 5 mesesde utilização (3 horas por dia, 5 dias por semana)

Efeitos positivos com utilizaçãodurante 3 meses, uma hora por dia, 7 dias por semana

11 dos 22 indivíduos tiveramaumento da amplitude de movimento (30º-130º)

Efeito

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O treino da flexibilidade muscular e o aumento da amplitude de movimento: uma revisão crítica da literaturaLuís Filipe dos Santos Coelho

Inibição activaA inibição activa refere-se a técnicas nas quais

o paciente relaxa reflexamente o músculo a seralongado antes da manobra de alongamento.Isso pode ser conseguido através de técnicas//princípios de Facilitação Neuromuscular Pro-prioceptiva (PNF) ou através do estiramentoactivo.

Estiramento activoÉ o tipo de estiramento em que o sujeito

alonga o músculo ou grupo muscular por meioda contracção dos músculos “antagonistas” aestes. Este tipo de estiramento põe em evidênciaos princípios da inibição recíproca: a contracção dedeterminado músculo ou conjunto de músculosprovoca o relaxamento do músculo ou músculosque estão a ser alongados. É um tipo deestiramento diferente do estiramento passivo,sendo que é impossível obter-se uma deformaçãoadicional com este tipo de estiramento, e comotal, não produz os mesmos resultados que oestiramento com apoio manual ou mecânico45.

Por outro lado, o estudo de Winters et al46,o qual comparou o efeito do estiramento passivoe do estiramento activo sobre a flexibilidade dos flexores da anca em indivíduos comlimitação da extensão da anca, determinou quetanto o estiramento activo como o estiramentoactivo produziram resultados análogos em termosdo aumento da amplitude extensora. Os autoresreferem que tal pode ser devido à facilidade deganho de amplitude por parte de tal grupomuscular (flexores da anca), sendo que, prova-velmente, os resultados poderiam ser muitodiferentes se o grupo testado constituísse porexemplo os ísquiotibiais.

Técnicas de Facilitação NeuromuscularProprioceptivaO PNF clássico ou tradicional supõe a rea-

lização de um treino mediante a realização depadrões diagonais de movimento, nos quaisintervêm princípios como a facilitação motora, ocontacto manual preciso e a resistência máxima47.

Assim sendo, quando nos referimos ao PNFcomo forma de trabalho de flexibilidade, nãoestamos na realidade a referenciar o PNF clás-sico, mas sim técnicas específicas do PNF, quefazem uso da fisiologia dos órgãos tendinosos de Golgi.

Clinicamente os terapeutas têm assumido quea contracção antes do alongamento leva a umrelaxamento reflexo acompanhado por umadiminuição na actividade electromiográfica no músculo retraído1. Pelo facto de, mediante aactivação do reflexo tendinoso de Golgi oureflexo miotático inverso, as estruturas muscula-res relaxarem após a sua contracção, tanto o hold--relax quanto o contract-relax têm sido continua-mente estudados, muitas vezes comparativamentea outras técnicas de estiramento, no respeitanteao ganho de amplitude de movimento.

Se o relaxamento muscular tem sido referidocontinuamente como a razão pela qual existe ummaior progresso na amplitude de movimentocom a utilização do PNF, veremos mais tarde,quando falarmos de outras formas de relaxa-mento muscular (ex. calor) e do paradoxo doCoeficiente de elasticidade, que é possível quetudo o que tem sido até agora aceite de formamuitas vezes acrítica esteja errado.

Importa referir o artigo de Chalmers48, queaponta para questões de grande relevância rela-tivamente à base teorética da utilização do PNFcomo forma de estiramento. O autor estudouminuciosamente a teoria neurofisiológica dastécnicas de estiramento de PNF. Os dadosobtidos não suportam a acepção clássica de queas técnicas de PNF, nomeadamente da contrac-ção prévia do músculo a estirar, produzam orelaxamento da musculatura estirada. Na rea-lidade, a seguir à contracção do músculo a estirar,a resposta de inibição do reflexo tónico deestiramento dura somente um segundo. Segundoos dados do autor, a diminuição da resposta do músculo a estirar (relativamente ao reflexomiotático) a seguir à contracção muscular não é devida à activação dos órgãos tendinosos de

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Golgi, como tem sido comummente aceite,mas sim devido à existência de um préviomecanismo de inibição pré-sináptica do sinalsensorial do fuso neuromuscular. Assim sendo,a deformação adicional adviria não da acção doreflexo tendinoso de Golgi e posterior relaxa-mento tecidular, mas sim da mera inibição doreflexo de Hoffmann, permitindo, como tal, umamaior progressão em termos de amplitudearticular. Para além das explicações de naturezaneurofisiológica, o autor, referindo que estas sãoprovavelmente insuficientes para explicar osresultados obtidos com o PNF, aponta paraexplicações de outras naturezas, como porexemplo, o facto de o estiramento com PNF sermais tolerável para o doente ou desportista.

Não fazemos, no entanto, grandes conside-rações sobre os possíveis mecanismos visco--elásticos envolvidos no PNF. Isto porque, sendo

que as estruturas moles se apresentam comomais relaxadas após a contracção do músculo aestirar, entramos mais uma vez no paradoxo doCoeficiente de elasticidade, o qual, como veremos,aponta para uma ausência de vantagens noaumento da amplitude de movimento com oaumento directo da elasticidade muscular.

Sendo assim, consideramos que os efeitos doPNF serão de natureza fundamentalmenteneurofisiológica e não muscular, mesmo que oprocesso seja diferente daquilo que até agora tem sido considerado.

Não obstante as razões pelas quais o PNFfornece os seus resultados, apresentamos seguida-mente diversos estudos encontrados na literaturaque apresentam essa evidência, para além decompararem as técnicas de PNF com outras de estiramento muscular (tabelas 2 e 3).

Tabela 2: Estudos clássicos sobre os efeitos do PNF na amplitude de movimento.

Autores

Sady et al 49

Lucas e Koslow 50

Wallin et al 51

Cornelius et al 52

Grupo controlo (n=10), Estiramentos balísticos (n=11), Estiramentos estáticos (n=10) e PNF (n=12). 3 dias/semana, 6 semanas de programa

N=63, universitários; Estiramentos estáticos, dinâmicos e PNF sobre músculos ísquiotibiais e gémeos. 3x semana, 21 dias

N=47 (sexo masculino); 4 grupos: 3 grupos com contract-relax modificado(n=10 para cada, 1x, 2x e 3x/semana) e 1 grupo com estiramentos balísticos; 30 dias de programa

N=120 (sexo masculino); 4 grupos: 3 grupos com PNF modificado (PCP, 3-PIECP e 3-PIFCP) e 1 grupo com estiramento passivo

Melhores resultados com PNF do que com outros métodos e mais nos músculos ísquiotibiais

Todos os métodos produziram resultados no aumento das amplitudes

Contract-relax melhor que estiramentosbalísticos. Melhores resultados com maior frequência de treino

Maior amplitude de movimento observada nos grupos de PNF

Amostra/Métodos Efeitos

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O treino da flexibilidade muscular e o aumento da amplitude de movimento: uma revisão crítica da literaturaLuís Filipe dos Santos Coelho

Tabela 3: Estudos recentes sobre os efeitos do PNF na amplitude de movimento.

Autores

Spernoga et al 53

Ferber et al 54

Rowlands et al 55

Feland et al 56

Davis et al 57

Decicco e Fisher 58

N=30 (sexo masculino); 2 grupos: umgrupo controlo e um grupo experimental.O grupo experimental recebeu cinco estiramentos de hold-relax modificado

24 adultos; 3 grupos: estiramentos estáticos, contract-relax e contract-relax do agonista

43 raparigas; 3 grupos: 1 grupo com PNF+ 5 contracções isométricas, 1 grupo com PNF + 10 contracções isométricas e grupo controlo

N=72 (sexo masculino); 4 grupos: 1 grupo controlo, 1 grupo PNF com 1,20% de contracção isométrica, 1 grupo PNF com 2,60% de contracçãoisométrica e 1 grupo PNF com 100% de contracção isométrica

19 jovens adultos; 4 grupos: Grupo 1 (n=5) realizou auto-alongamento,Grupo 2 (n=5) realizou estiramentosestáticos, grupo 3 (n=5) utilizou PNF e grupo 4 é o grupo de controlo. Todos os grupos experimentais receberam estiramentos de 30 segundos, 3x semana, durante 4 semanas

30 participantes (ambos os sexos) foramdivididos em 3 grupos (n=10 para cada):grupo PNF contract-relax, grupo PNFhold-relax e grupo de controlo. Programa 2x por semana, 6 semanas

A sequência de cinco estiramentos de hold-relax produziram mais resultadosna flexibilidade dos ísquiotibiais, que semantiveram durante seis minutos depoisde finalizado o protocolo

Método agonist contract-relax com melhores resultados de amplitude de movimento e maior actividade electromiográfica. Porém, os efeitos nãoparecem ter-se devido ao relaxamento do músculo estirado

Melhores resultados nos grupos PNF relativamente ao controlo. Um maiornúmero de contracções isométricas noPNF produz maiores ganhos de flexibilidade

Os grupos PNF apresentaram todos melhores resultados de amplitude demovimento dos ísquiotibiais que o grupocontrolo. Não se verificaram diferençasentre os diversos grupos PNF - contract--relax (diferentes níveis de contracção)

Em todos os grupos experimentais houve aumento da amplitude de movimento dos ísquiotibiais para além da linha de base. Mas somente o grupodos estiramentos estáticos apresentouresultados significativos quando comparados com o grupo de controlo

Melhoria na amplitude de movimento do ombro nos grupos experimentais relativamente ao grupo de controlo. O grupo contract-relax obteve ganhos de amplitude ligeiramente superiores ao grupo hold-relax (0,30º de diferença)

Amostra/Métodos Efeitos

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Dos estudos apresentados, podemos constatarque houve um progresso nas metodologias desdeas investigações mais antigas até às mais recentes.Em termos gerais, observa-se a existência degrandes vantagens na utilização do PNF emtermos do aumento da amplitude de movimento.Estas vantagens tendem a ser maiores na técnicacontract-relax e quando são realizadas contracçõesisométricas mais prolongadas.

Em alguns estudos começa já a questionar-sese a base dos resultados está realmente naprodução de um maior relaxamento no músculoa estirar, ou seja, naquele que produziu con-tracção. Se a base dos resultados estiver somentena obtenção de um maior relaxamento muscular,é de esperar que a realização de estiramentos emmúsculos previamente aquecidos resulte tambémem resultados observáveis na amplitude demovimento. É disso que iremos falar de seguida.

O calor no treino da flexibilidadeO aquecimento do tecido mole realizado

antes do alongamento permitirá aumentar aextensibilidade dos tecidos encurtados. Músculosaquecidos relaxam e alongam-se mais facilmente,tornando o alongamento mais confortável para o paciente. À medida que a temperatura domúsculo aumenta, a quantidade de força re-querida para alongar os tecidos contrácteis e nãocontrácteis e o tempo durante o qual a força dealongamento precisa de ser aplicada diminuem.Com o aumento da temperatura intramuscular,o tecido conectivo cede mais facilmente ao alon-gamento e a sensibilidade dos órgãos tendinososde Golgi aumenta (o que leva a uma maior ini-bição muscular)59.

Para além disso, o aquecimento tambémminimiza a probabilidade de microtraumas aostecidos moles durante o alongamento e, dessemodo, pode diminuir a dor muscular tardia queocorre após os exercícios60,61,62,63.

O aquecimento pode ser conseguido comcalor superficial ou profundo aplicado aos tecidosmoles antes ou durante o alongamento. Exercíciosde baixa intensidade feitos antes do alongamento

aumentarão a circulação para os tecidos moles eaquecerão os tecidos a serem alongados. Emboraos resultados dos estudos possam diferir, umacaminhada curta, exercícios não fatigantes embicicleta estacionária ou alguns minutos deexercícios activos para os membros superiorespodem ser usados para aumentar a temperaturaintramuscular antes de se iniciar actividades dealongamento64,65,66.

Sendo assim, seja através do aquecimentodirecto, seja por meio de exercícios de aque-cimento, o alongamento deve, segundo osargumentos precedentes, que são na realidadeclássicos argumentos coerentes, ser precedido de aquecimento.

Veremos, de seguida, que todo o conteúdoanteriormente explanado é fundamentalmenteteorético e especulativo. Neste momento doartigo, a opção mais legítima de desenvolvimentoconteudístico será apresentarmos uma sinopsedos estudos efectuados acerca do efeito doaquecimento no treino de flexibilidade e ganhode amplitude de movimento (tabela 4).

Pela observação da tabela 4, é possível cons-tatar que há dois estudos que apontam paramelhores resultados na flexibilidade por serealizar uma forma de aquecimento profundo(Knight et al70, Draper et al72) e um estudo queaponta para resultados semelhantes no res-peitante à realização de aquecimento activo(Wenos e Konin73). De resto, todos os outrosestudos infirmam aquilo que classicamente tem sido admitido, ou seja, que o aquecimentoprévio ao treino de flexibilidade melhora o nívelpermanente de deformação muscular.

É, no mínimo, uma questão que tem de serestudada com mais afinco. Por outro lado,devemos questionar se um possível efeito docalor na flexibilidade estará só relacionado com o relaxamento tecidular, ou se não estará relacio-nada com factores de natureza neuromuscular.E a mesma questão se aplica no respeitante aosdiferentes métodos e técnicas de relaxamentoglobal, ou a técnicas mais específicas como a mas-sagem, seja realizada de forma autónoma, sejarealizada previamente ao treino de flexibilidade.

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Contudo, a questão do relaxamento produ-zido através do calor, da massagem ou do PNF,se é mesmo de relaxamento que se trata, expressa--se num aumento da elasticidade muscular, algoque, como veremos de seguida, é controverso norespeitante ao aumento da flexibilidade a longoprazo.

O paradoxo do Coeficiente de elasticidadeClassicamente, tem sido considerado que

os efeitos do PNF, do aquecimento prévio, damassagem e até mesmo dos fármacos mio--relaxantes são comuns no que implicam derelaxamento dos músculos a serem estirados. Orelaxamento expressa-se num aumento da elas-ticidade muscular, e esse aumento implica umamaior deformação a curto termo. Tem sidoassumido que esta mesma deformação numtempo imediato resulta num maior ganho deflexibilidade em termos mais permanentes.Porém, tal pode estar longe da realidade.

Tudo se resume à fórmula de fluage muscular,que passamos a rever:

Índice de deformação = Força aplicada / / Coeficiente de elasticidade x Tempo

Acontece que quanto maior o Coeficiente de elasticidade, ou seja, quanto mais elástico ocorpo é, menos comprimento ele ganhará.O Índice de deformação ou fluage musculardepende proporcionalmente da força e tempo de estiramento. Porém, se a elasticidade formaior, algo que poderá ser conseguido à custa do relaxamento das fibras musculares, então averdadeira deformação tecidular ou o ganhopermanente de amplitude é menor. Quanto maisrígido um corpo estiver maior o ganho deamplitude este mesmo corpo obterá.

Citando Souchard16, aliás um dos poucosvisionários desta questão, “as implicações práticasdo paradoxo vigente são interessantes, pois istosignifica que qualquer aquecimento muscular,melhorando artificial e provisoriamente a flexi-bilidade, aumenta o Coeficiente de elasticidade.

O treino da flexibilidade muscular e o aumento da amplitude de movimento: uma revisão crítica da literaturaLuís Filipe dos Santos Coelho

O músculo dará a impressão de alongar-se commais facilidade, mas, após o alongamento, ocomprimento ganho será menor. É, portanto,«“a frio” que se deve proceder aos alongamentos»(p. 90).

Isto pode explicar a falta de evidência relativaà eficácia dos métodos de aquecimento e rela-xamento prévios ao treino de estiramento noaumento da flexibilidade dos tecidos musculares.Por outro lado, no respeitante ao PNF, já vimosque é muito provável que os resultados obtidoscom o método possam não ser devidos aorelaxamento produzido no músculo a estirar (seé que se produz algum tipo de relaxamentomediante a realização dessas técnicas) mas simdevidos a mecanismos neuromusculares precisos(como a inibição do reflexo de Hoffmann);eventualmente, alguns destes mecanismostambém poderão estar presentes aquando dautilização de outras técnicas, como a massagem.

ConclusãoA investigação em torno da temática da flexi-

bilidade está longe de ser suficiente, ao contráriodo que possamos especular. Os mecanismosneurofisiológicos e musculares que regem ateoria implicada no treino de flexibilidade estão, muitas vezes, em contradição, sendo que,por um lado, certos mecanismos neuromus-culares poderão explicar a efectividade de certastécnicas de estiramento, e por outro, o para-doxo do Coeficiente de elasticidade leva-nos aquestionar certos modelos classicamente aceitese a aceitar métodos e formas de trabalho menospreconizados.

Dentro das diversas modalidades de estira-mento muscular, os protocolos efectivadosestarão dependentes, em última análise, do quefor considerado pelo terapeuta ou instrutor omais sensato para cada caso.

Por outro lado, não restam dúvidas relativa-mente a certos dados, valores e parâmetros, sendoque é certo, por exemplo, que o estiramentocontrolado, prolongado e sem dor é preferível ao estiramento balístico e sem controlo.

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Tabela 4: Estudos sobre o efeito do calor no treino de flexibilidade.

Autores

Williford et al 67

Cornelius e Hands 68

Burke et al 69

Knight et al 70

de Weijer et al 71

Draper et al 72

Wenos e Konin 73

Zakas et al 74

51 estudantes; 3 grupos: um grupo quecorreu e depois realizou estiramentos, umgrupo que só realizou estiramentos e umgrupo de controlo. Testes realizados paraas amplitudes do ombro, ísquiotibiais,tronco e anca antes e depois de 9 semanas

N=54 (sexo feminino); 2 grupos realizaram aquecimento (exercícios) e umgrupo de controlo. Após o aquecimento,todos os grupos efectuaram treino de estiramentos mediante PNF modificado

N=45 (18-25 anos de idade); 3 grupos que efectuaram treino de flexibilidade com PNF: um grupo controlo, um grupoapós 10 minutos de imersão em água friae um grupo após imersão em água quente.5 dias de procedimento

N=97 (idade média de 27,6 anos), limitações na flexão dorsal do tornozelo. 5 grupos: grupo 1 - grupo de controlo, não realizou o protocolo de estiramentos;os grupos experimentais realizaram umprotocolo de estiramentos 3x semana,durante 6 semanas: grupo 2 - só estiramentos; grupo 3 - exercício activo antes dos estiramentos; grupo 4 -calor superficial antes dos estiramentos;grupo 5 - ultra-sons modo contínuodurante sete min. antes dos estiramentos.

N=56 (18-42 anos de idade), com limitação dos ísquiotibiais. 4 grupos: (1)aquecimento (exercícios) e estiramentoestático, (2) apenas estiramento estático,(3) apenas aquecimento (exercícios), (4) grupo controlo

N=30 (idade média de 21,5 anos), com ísquiotibiais encurtados. 3 grupos:diatermia + estiramentos, diatermia simulada + estiramentos, grupo controlo

N=12 (idade média de 25,3 anos); Um grupo com aquecimento activo e umgrupo com aquecimento passivo (calorsuperficial), ambos realizaram posterior-mente estiramentos através de PNF

N=18, adolescentes; 3 grupos: um gruporealizou aquecimento, um grupo realizouaquecimento + estiramentos passivos e o último grupo realizou somente estiramentos passivos

Os resultados não suportam a ideia de que o aquecimento dos músculosantes dos estiramentos resulta emmaiores amplitudes de movimento

Não se registaram diferenças nas ampli-tudes articulares comparando os gruposde aquecimento com o grupo de controlo

Todos os grupos apresentaram melhoriasno comprimento muscular dos ísquiotibi-ais. Não se encontraram diferenças entreos grupos

Todos os grupos experimentais apresentaram uma melhoria na amplitude activa e passiva de movimento.O grupo que realizou ultra-sons prévios ao protocolo de estiramentos teve os maiores ganhos de flexibilidade

Um aumento na amplitude dos ísquiotibiais foi obtido nos grupos do estiramento. Não se verificaram diferenças com a realização de exercícioprévio aos estiramentos

Melhoria na amplitude dos ísquiotibiais no grupo diatermia + estiramentos

O grupo que efectuou aquecimento activo teve os melhores resultados em termos de flexibilidade

Melhorias na flexibilidade nos grupos que realizaram estiramentos. O grupo que realizou aquecimento antes dos estiramentos não apresenta melhores resultados

Amostra/Métodos Efeitos

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O treino da flexibilidade muscular e o aumento da amplitude de movimento: uma revisão crítica da literaturaLuís Filipe dos Santos Coelho

CorrespondênciaLuís Filipe dos Santos CoelhoAv. Coronel Eduardo Galhardo, 28, 5.º dto 1170-105 Lisboa, PortugalContacto: 963 304 478 E-mail: [email protected]

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Este experimento investigou a Influência dediferentes ordens de exercícios resistidos (ER)em uma sessão para peitorais e tríceps sobre onúmero de repetições máximas (RM). Partici-param 13 homens treinados (23,8±2,5 anos; 76,5±±12 kg; 178,5±6,3 cm). Os dados foram cole-tados em duas fases: (a) determinação da cargapara 8RM no: supino reto (SR), supino inclinado(SI) e supino declinado (SD), tríceps no pulley(TP) e tríceps na testa (TT) e (b) execução de trêsséries com cargas para 8RM, três minutos deintervalo entre séries, cinco minutos entreexercícios, em duas seqüências, a saber: (SEQ1)SR, SI, SD, TP e TT; (SEQ2) TT, TP, SD, SI, eSR. Foi utilizado o teste t pareado para verificara diferença entre os números totais de RM pro-duzidos entre seqüências. ANOVA two-way nonúmero de RM produzidos em cada exercícioentre sequências. ANOVA one-way para compararo número de RM por série dentro de cadasequência. Para identificar estas diferenças foiutilizado o post hoc de Tukey. A significânciaadotada, p<0,05. O número total de RM nãoapresentou diferenças significativas entre assequências. A média do número de RM porexercício foi menor quando o mesmo foirealizado no final da sequência.

Palavras-chave: treinamento de força, exercíciosresistidos, desempenho, força, ordem dosexercícios.

Acute influence of the resistance exerciseorder in a training session for chest andtriceps

This experiment investigated the Influence ofdifferent resistance exercise order in a trainingsession for chest and triceps on the number ofmaximum repetitions (RM). Thirteen trained menparticipated in the experiment (23.8±2.5 years;76.5±12 kg; 178.5±6.3 cm). Data were collectedin two phases: (a) determination of a 8RM loadin the: bench press (BP), incline bench press(IBP), decline press (DP), triceps pushdown(TP) and triceps extension (TE), and (b) exe-cution of 3 sets with loads for 8RM, threeminutes of interval between sets, five minutesamong exercises, in two sequences, to know:(SEQ1); BP, IBP, DP, TP, and TE (SEQ2) TE,TP, DP, IBP, and BP. The paired test t was usedto verify the difference between the totalnumbers of RM produced between sequences.ANOVA two-way was used to verify thedifferences in the number of RM in eachexercise among the sequences. ANOVA one-wayto compare the number of RM for set inside thesequences. To identify these differences the posthoc of Tukey was used. Level significance adoptedp<0.05. The total number of RM didn’t presentsignificant differences among the sequences. Theaverage number of RM for exercise was smallerwhen the same was accomplished in the end ofthe sequence.

Keywords: strength training, resistance exercise,performance, strength, exercise order.

Resumo Abstract

Data de submissão: Abril 2007 Data de Aceitação: Junho 2007

Influência aguda da ordem dos exercícios resistidos em umasessão de treinamento para peitorais e trícepsJefferson da Silva Novaes1, Belmiro Freitas de Salles1, Giovanni da Silva Novaes2,Maria Dolores Monteiro2, Graça Sofia Monteiro2, Miguel Videira Monteiro2

1 Grupo de pesquisa do Departamento de Ginástica da Escola de Educação Físicae Desportos da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

2 Departamento de Ciência do Desporto da Universidade de Trás-os-Montes e alto Douro.

Novaes, J.; Salles, B.; Novaes, G.; Monteiro, M.;Monteiro, G.; Monteiro, M.; Influência aguda daordem dos exercícios resistidos em uma ses-são de treinamento para peitorais e tríceps.Motricidade 3(4): 38-45

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IntroduçãoO treinamento de força (TF) tornou-se uma

das atividades físicas mais populares devido suaeficácia no desenvolvimento da força, hipertrofia,potência e resistência muscular. Atualmente oTF é recomendado tanto para condicionamentode atletas como para a melhora física de nãoatletas. O seu reconhecimento científico se deu apartir do posicionamento do American College ofSports Medicine1 de 1990 intitulado “The Recommen-ded Quantity and Quality of Exercise for Developingand Maintaining Cardiorespiratory and MuscularFitness in Healthy Adults”, no qual, definitivamenteforam incorporados os exercícios resistidos (ER)aos programas de atividades físicas objetivando a saúde.

Nos últimos anos, houve um aumento signifi-cativo de investigações científicas acerca dasvariáveis envolvidas no TF. Estas investigaçõespreencheram de certa forma determinadas la-cunas, entretanto muitas vezes levam à propostasquestionáveis e evidências pouco conclusivas emrelação à manipulação de algumas variáveis deprescrição2. Para um treinamento eficiente eseguro, é de fundamental importância um bomentendimento sobre essas variáveis. Dentre elas a intensidade de carga, o número de séries, ointervalo entre séries, a ordem dos exercícios e avelocidade de execução podem ser destacadascomo algumas das mais importantes mencionadasno posicionamento oficial do ACSM2.

A ordem dos exercícios refere-se à seqüênciaadotada em uma sessão de treinamento3,4,5. Deforma geral, recomenda-se que exercícios envol-vendo maiores grupamentos sejam realizados no inicio de uma sessão de treinamento2,6,7.Entretanto, apenas o experimento de Sforzo &touey8 pode fundamentar essas recomendações.Neste experimento os autores demonstraramque o volume total de repetições em uma sessãoque seguia dos grandes para os pequenos gru-pamentos foi maior do que o volume total deuma sessão que seguia a ordem inversa. Apesar

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disso, pode ser observado em experimentosposteriores3,4,5,9 que independente do tamanho do grupo muscular treinado no final de umasessão o número de repetições sofre uma redução,não havendo diferenças significativas no volumetotal de repetições.

Sendo assim, algumas questões sobre a ordemdos exercícios no TF ainda permaneceminconclusivas e em alguns casos até desconhe-cidas. Isso ocorre no caso de uma sequênciacumulativa de exercícios que envolvem os grupa-mentos peitorais e tríceps comumente realizadosem uma mesma sessão de treinamento. O objetivodeste presente experimento foi verificar ainfluência de diferentes ordens de ER em umasessão de treinamento para peitorais e tríceps,sobre o número de repetições máximas (RM) em homens treinados.

MetodologiaAmostraForam voluntários para o experimento, 13 indi-

víduos (23,8±2,5 anos; 76,5±12 kg; 178,5±6,4 cm)experientes em TF por no mínimo dois anos efrequência mínima de três vezes por semana.Antes da coleta de dados, os voluntários respon-deram ao questionário PAR-Q e assinaram umtermo de participação consentida, conformeResolução 196/96 do Conselho Nacional deSaúde. O Projeto de Pesquisa foi aprovado pelocomitê de ética da Universidade Federal do Riode Janeiro. Foram excluídos do experimentoindivíduos usuários de medicamentos sejamestes em prol da saúde ou em benefício dodesempenho (recursos ergogênicos) e indivíduosque apresentaram qualquer tipo de limitaçãoarticular ou problemas osteomioarticulares quepudessem influenciar a realização dos exercíciospropostos.

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Influência aguda da ordem dos exercícios resistidos em uma sessão de treinamento para peitorais e trícepsJefferson da Silva Novaes, Belmiro Freitas de Salles, Giovanni da Silva Novaes, Maria Dolores Monteiro, Graça SofiaMonteiro, Miguel Videira Monteiro

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Procedimentos

Os indivíduos foram submetidos a seis sessõesde avaliações, quatro delas destinadas a determi-nação da carga para 8RM e duas para a aplicaçãodo protocolo de treinamento. Os testes para adeterminação da carga de 8RM foram divididosem duas sessões para o teste e duas sessões parao reteste. Na primeira sessão foi realizado o testepara os grandes grupos musculares, na seguintesequência: supino reto (SR), supino inclinado(SI) e supino declinado (SD). Na segunda sessão,após 24 horas, o teste foi para os pequenosgrupos, na seguinte sequência: tríceps no pulley(TP) e tríceps na testa (TT). Após 72 horas daprimeira sessão foi realizada terceira sessão como reteste para os grandes grupos. A quarta sessãofoi realizada 24 horas após a terceira com oreteste para os pequenos grupos.

Finalizada a determinação da carga de 8RMatravés dos testes e retestes, foi respeitado umperíodo de 48 horas para a aplicação dosprotocolos de treinamento.

Teste e reteste de 8RMO teste de 8RM recebeu a seguinte determi-nação:a) Primeiro dia: Aquecimento específico (12

repetições com cargas leves) somente parao primeiro exercício. Os exercícios seguirama seguinte ordem: SR, SI e SD;

b) Segundo dia: Aquecimento específico (12repetições com cargas leves) somente parao primeiro exercício. Os exercícios seguirama seguinte ordem: TP e TT.

Visando reduzir a margem de erro no teste de 8RM, foram adotadas as seguintes estratégias:a) instruções padronizadas e familiarização antesdo teste, de modo que todo o avaliado estivesseciente de toda a rotina que envolvia a coleta dedados; b) o avaliado foi instruído sobre técnicasde execução do exercício; c) o avaliador estavaatento quanto à posição adotada pelo praticante

no momento da medida, pois pequenas variaçõesdo posicionamento das articulações envolvidasno movimento poderiam acionar outros músculos,levando a interpretações errôneas dos escoresobtidos; d) estímulos verbais foram realizados afim de manter alto o nível de estimulação; e) ospesos adicionais utilizados no estudo forampreviamente aferidos em balança de precisão(Filizola). Os intervalos entre as tentativas emcada exercício durante o teste de 8RM foramfixados entre dois e cinco minutos. Após obten-ção da carga do exercício, um intervalo nãoinferior a cinco minutos foi dado, antes de passarao exercício seguinte.

Considerou-se como a carga de 8RM, o maiorpeso obtido em ambos os dias (teste e reteste)com diferença menor que 5%. No caso de dife-rença maior, os sujeitos deveriam comparecer aolocal mais uma vez para a realização de novoteste, para que o cálculo da diferença fosserefeito. Nos intervalos entre as sessões dos testes,não foi permitida a realização de exercícios quepudessem interferir nos resultados obtidos.

Procedimentos

O protocolo de treinamento consistia de duassessões para cada voluntário, com 48 horas deintervalo entre as sessões. Os voluntários foramdivididos aleatoriamente em dois grupos. Naprimeira sessão de treinamento do grupo 1 (G1)foi escolhida a sequência dos grandes para ospequenos grupos musculares (sequência 1): SR,SI e SD, TP e o TT. E para o grupo 2 (G2),também na primeira sessão do treinamento,foram utilizados primeiro os exercícios para ospequenos grupamentos musculares, seguindo asequência inversa (sequência 2) TT, TP, SD, SI,e SR. Após o intervalo de 48 horas, na segundasessão de treinamento, os participantes dos doisgrupos realizaram a seqüência inversa a utilizadana primeira sessão.

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O aquecimento foi efetivado em 12 repetiçõescom 40% da carga de 8RM apenas para o pri-meiro exercício de cada sequência. Os indivíduosdeveriam realizar o exercício até a falha muscularconcêntrica, sem alterar o padrão do movimento.Foram adotados três minutos de recuperaçãoentre as séries e cinco minutos entre os exer-cícios. O número de RM foi registrado ao finalde cada uma das três séries para os exercíciospropostos em ambas as sequências.

Estatística Para o tratamento estatístico Foi utilizado o

teste t pareado para verificar a diferença entre os números totais de RM produzidos entresequências. ANOVA two-way no número de RMproduzidos em cada exercício (média das trêsséries) entre sequências. ANOVA one-way foiutilizado para comparar o número de RM porsérie dentro de cada sequência. Para identificarestas diferenças foi utilizado o post hoc de Tukey.Também utilizamos o teste-t pareado para veri-ficar a diferença entre os testes em 1RM, bemcomo o Coeficiente de Correlação Intra-classe.O nível de significância adotado foi p<0,05, paratal foi utilizado o software Statistica versão 7.0.

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ResultadosO número total de RM não apresentou

diferenças significativas entre as sequências. Osnúmeros de RM produzidos em cada exercício(média das três séries) nas duas sequências podemser vistos no gráfico 1. Nele pode-se observarque o SR e o SI apresentaram médias significati-vamente maiores na sequência 1, enquanto o TPe o TT apresentaram médias significativamentemaiores na sequência 2. O SD não apresentou di-ferença significativa entre as sequências (p<0,05).

As médias dos números de RM produzidosnas três séries de cada exercício para as duasseqüências podem ser vistas na tabela 1. Nela,podem-se observar diferenças significativas entreos números de RM: no exercício SR, da terceiraem relação à primeira série na sequência 1 e daterceira em relação a primeira e segunda série nasequência 2; no exercício SI, da segunda emrelação a primeira série e da terceira em relação a primeira e segunda série na sequência 1 e daterceira em relação a primeira série na sequência2; no exercício SD, da terceira em relação aprimeira série apenas na sequência 1; e noexercício TT, da terceira em relação a primeirasérie em ambas as sequências. No exercício TPnão foram observadas diferenças significativasentre as séries (p<0,05).

Gráfico 1: Números de RM em cada exercício (média das três séries) nas duas sequências.* Diferenças significativas (p<0,05).

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Influência aguda da ordem dos exercícios resistidos em uma sessão de treinamento para peitorais e trícepsJefferson da Silva Novaes, Belmiro Freitas de Salles, Giovanni da Silva Novaes, Maria Dolores Monteiro, Graça SofiaMonteiro, Miguel Videira Monteiro

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DiscussãoUma importante informação para verificar se

a carga em um exercício é realmente máxima éconhecer se essa carga é reprodutível. Por isso,antes de testar o efeito de diferentes ordenaçõesde exercícios no desempenho da força, verifi-camos a reprodutibilidade para as cargas obtidasem 8RM nas situações de teste e re-teste. Oscoeficientes de correlação intra-classe mostraram--se elevados em todos os exercícios testados. Umdos aspectos que pode ter influenciado essesresultados foi o fato dos integrantes da amostraserem treinados em realizar exercícios com 8RM.Além disso, os exercícios selecionados faziamparte da rotina habitual de treinamento. Areprodutibilidade das cargas nos exercíciosinvestigados assegurou a qualidade dos dadospara a condução das sessões de treinamento nas diferentes sequências adotadas.

Os nossos principais resultados demonstra-ram que o número total de RM não apresentoudiferenças significativas entre a sequência queseguia dos peitorais para os tríceps e a sequênciaque seguia dos tríceps para os peitorais. Pode-severificar que ambos os grupos muscularesquando treinados no final da sessão de treina-mento tiveram uma tendência à diminuição em

sua produção de força em relação aos grupostreinados no início, independente do seu tamanho.O SR e o SI tiveram suas médias de RM por série diminuídas em 43% e 22% respectivamentequando eram colocados no final da sessão, e oTT e o TP 31% e 18% respectivamente quandorealizados como últimos exercícios. O SD por seposicionar no meio da sessão nas duas sequên-cias utilizadas não apresentou diferenças.

Simão et al.4 obtiveram resultados similaresem relação ao exercício desenvolvimento (DES)para ombros em duas ordenações diferentesquando o mesmo se apresentava no meio dasessão. Neste experimento4, os exercícios utili-zados foram: SR, puxada pela frente (PF), DES,bíceps rosca (BR) e TP. Foram realizadas duasseqüências de treinamento, a sequência A: SR,PF, DES, BR e TP; e a seqüência B: TP, BR,DES, PF e SR. Durante ambas as sequências,foram realizadas três séries de cada exercício atéa falha concêntrica e foram dados dois minutosde intervalo entre as séries. Como dito, dentre osexercícios apenas o DES não apresentou dife-renças significativas em relação ao número deRM entre as seqüências. Já os outros exercícios,apresentaram diferenças significativas. Tanto os

Tabela 1: Números de RM produzidos nas três séries de cada exercício para as duas sequências (média edesvio padrão).

Exercícios

SR

SI

SD

TP

TT

3,15±1,34*†

4,85±1,40*

7,15±1,40

7,08±1,18

7,31±1,03*

5,23±0,92

6,38±1,32

7,92±1,03

7,85±1,21

8,31±0,75

5,23±0,92

6,38±1,32

7,92±1,03

7,85±1,21

8,31±0,75

6,85±1,4*

6,46±0,77*†

6,31±1,18*

5,54±1,98

4,54±1,19*

7,62±0,65

7,23±0,59*

7±0,70

6,23±1,48

5,62±1,04

8,08±0,27

7,92±0,94

7,69±0,48

6,62±1,75

6,08±1,84

* Diferenças significativas em relação a 1.ª série do mesmo exercício e sequência (p<0,05)† Diferenças significativas em relação a 2.ª série do mesmo exercício e sequência (p<0,05).

Sequência 1

1.ª Série 2.ª Série 3.ª Série 1.ª Série 2.ª Série 3.ª Série

Sequência 2

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grandes quanto os pequenos grupamentos,quando foram posicionados ao final das se-quências, resultaram em um número menor deRM, principalmente nas últimas séries de cadaexercício. Apesar disso, o número total de RMnão variou.

Em experimento realizado por Monteiro et al.9foram utilizados apenas três exercícios envol-vendo os peitorais, os ombros e os tríceps. Nasequência A realizaram-se: SR, DES e TPenquanto na seqüência B: TP, DES e SR. Osresultados obtidos corroboraram quase que inte-gralmente com os resultados do nosso experi-mento e também com os resultados apresentadospor Simão et al.4. No entanto, no experimento deMonteiro et al.9 o DES mesmo posicionado nomeio da sequência para as duas ordens utilizadasapresentou diferença estatística para o númerode RM. Os autores relacionaram essa diferençaao fato do exercício SR exigir recrutamento deunidades motoras da cintura escapular, utilizadastambém durante o DES, o que pode levar a umamaior fadiga ao executar-se o DES após o SR.No nosso experimento a fadiga acumuladadurante a realização dos exercícios para peitoraisSR e SI pode ter comprometido o desempenhodurante a realização do exercício SD sequencial-mente, já que estes exercícios envolvem omesmo grupamento. Apesar disso, o número de RM no SD, como dito anteriormente, nãoapresentou diferenças significativas entre sequên-cias. Isso pode ter acontecido porque na sequênciados pequenos para os grandes grupamentos oexercício SD, que também envolve os tríceps,pode ter sido comprometido pela fadigaacumulada durante a realização dos exercíciosTP e TT assim como ocorrido na outrasequência em relação aos exercícios SR e SI.

A diminuição no número total de RM quandoum exercício é precedido por exercícios queenvolvem a mesma parte de corpo parece ser emparte um resultado da fadiga crescente com aprogressão de sessão de treinamento5. Simão et al.5

43 {Original

em duas sequências distintas de exercícios(sequência A: SR, DES, TP, leg press (LEG),cadeira extensora (EXT), e cadeira flexora(FLEX), e sequência B: FLEX, EXT, LEG, TR,DES, e SR demonstram que exercícios paramembros inferiores e superiores envolvendopequenos ou grandes grupamentos quandoforam precedidos por exercícios para a mesmaparte do corpo, o número total de RM realizadonas três séries desse exercício diminuiu. Noexperimento de Simão et al.5, os exercícios e assequências adotadas são semelhantes às utili-zadas por Sforzo e Touey8. Porém, podem serdestacadas três diferenças metodológicas: aintensidade de carga, o intervalo entre as séries,e a amostra. No experimento de Simão et al.5

foram utilizadas cargas para 80% de 1RM até afalha concêntrica, com dois minutos de intervalo,e a amostra era composta por mulheres. Enquantono experimento de Sforzo e Touey8 os partici-pantes eram homens que utilizaram cargas de 8RM, intervalos de dois minutos entre séries,três entre exercícios, e cinco entre membros supe-riores e inferiores. No experimento de Sforzo e Touey8, quando os grupamentos maiores seapresentaram no início da sessão (antes dosmenores) foi observado um volume total de RMmaior em relação à ordem inversa, enquantoSimão et al.5 não observou diferenças no volumetotal de RM entre as sequências. Apesar disso, osexperimentos corroboram que exercícios paramembros inferiores e superiores envolvendopequenos ou grandes grupamentos quando pre-cedidos por um exercício para mesma parte do corpo sofrem reduções no desempenho.

De forma geral, a ordem dos exercícios emuma sessão de TF é projetada seguindo dosgrupamentos maiores para os menores. Teorica-mente, o desempenho nas sessões em que aordenação dos exercícios é feita dos maioresgrupamentos para os menores grupamentos,permitiria um estímulo máximo em todas asmusculaturas envolvidas6. Esta ordenação é reco-

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Influência aguda da ordem dos exercícios resistidos em uma sessão de treinamento para peitorais e trícepsJefferson da Silva Novaes, Belmiro Freitas de Salles, Giovanni da Silva Novaes, Maria Dolores Monteiro, Graça SofiaMonteiro, Miguel Videira Monteiro

44 {Original

mendada pelo posicionamento oficial do ACSM2

que tem como base um único experimentorealizado por Sforzo & Touey8 no qual foi verifi-cada uma menor produção de força quando ospequenos grupamentos eram treinados antes dosgrandes grupamentos. Apesar disso, Algunsexperimentos mais recentes3,4,5,9 demonstraramque independente do tamanho do grupo mus-cular envolvido, os exercícios realizados ao finalde uma seqüência tem seu desempenho compro-metido de forma similar sem comprometimentodo número total de RM, como também foiverificado no presente experimento.

Em nosso experimento, o número de RM emcada exercício sofreu reduções mesmo que nãosignificativas com a progressão das séries emambas as seqüências utilizando-se intervalos detrês minutos. Estes achados corroboram emparte com Sforzo & Touey8, Monteiro et al.9

e Simão et al.3,4,5 que também demonstraram uma diminuição significativa da primeira para asdemais séries nos exercícios e nas ordens utili-zadas. Os resultados aqui apresentados indicamque independente da seqüência adotada, a médiado número de RM entre as séries sofre umaperda significativa quando o regime de contraçãomuscular é máximo e o intervalo de recuperaçãoestipulado é de três minutos.

Experimentos que comparam diferentestempos de intervalos entre as séries demons-traram que intervalos iguais e menores do quetrês minutos resultam em quedas significativasdo número de RM durante a progressão dasséries10,11,12,13. No nosso experimento a utilizaçãode três minutos de recuperação entre as sériesnão apresentou diferenças sobre o declínio donúmero de RM quando comparado a outrosexperimentos de ordem de exercícios queutilizaram dois minutos de recuperação4,5,8. Sendoassim, a influência de diferentes tempos derecuperação sobre a manutenção do número deRM em diferentes ordens de exercícios emergecomo uma lacuna de conhecimento que deve serverificada em experimentos futuros.

Exercícios para peitorais e tríceps são comu-mente realizados em uma mesma sessão de trei-namento. Por este motivo, o presente experimentoutilizou uma sequência cumulativa de três exer-cícios para peitorais e dois para tríceps. Issopoderia refletir em resultados diferentes dosobtidos em experimentos anteriores3,4,5,8,9 em queos exercícios utilizados não seguiam umasequência cumulativa para os grupamentos. Noentanto, os achados do presente experimentoratificam que independente de se treinaremgrandes ou pequenos grupos prioritariamente,o grupamento treinado ao final de uma sessãoterá uma redução na produção de força, quepode ser medida através do número de RM.

Os nossos principais resultados demonstraramque o número total de RM não apresentoudiferenças significativas entre a seqüência queseguia dos peitorais para os tríceps e a sequênciaque seguia dos tríceps para os peitorais. Pode-severificar que o grupo muscular treinado no finaldas sessões de treinamento teve uma tendência àdiminuição em sua produção de força, verificadaatravés da diminuição do número de RM, emrelação ao grupo treinado no início do programa,independente do seu tamanho.

Uma sessão de TF deve seguir uma sequênciade execução que atenda aos objetivos e neces-sidades individuais de cada praticante. Logo,independente de ser um grande grupamentomuscular, como o peitoral, ou pequeno, como otríceps, se queremos priorizá-lo, devemos treiná--lo no inicio da sessão de TF. Isto diminuirá ainfluência negativa causada pelo aumento dafadiga, o que pode comprometer em longo prazoos maiores ganhos em força e até mesmo nahipertrofia deste grupamento.

CorrespondênciaJefferson da Silva NovaesEstrada do Rio Morto 196, bloco 05 casa 101.Vargem Grande, Rio de Janeiro, BrasilCEP: 22783-210Email: [email protected]

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46 {Investigação

Verificar e comparar a prevalência de sobre-peso e obesidade por dois critérios de diagnós-tico antropométrico em homens, entre 20 e 40 anos de idade. Participaram do estudo,400 sujeitos de 20 a 40 anos de idade iniciantesde programas de exercício físico de academias de Curitiba-PR, divididos em 4 faixas etárias.Os diagnósticos antropométricos de sobrepeso eobesidade foram: IMC e %G, segundo os pontosde corte sugeridos pela OMS (2000) e Lohman(1992), respectivamente. Para tanto, foram mensu-rados: peso, estatura e quatro dobras cutâneas(tríceps, subescapular, supra-ilíaca e panturrilhamedial). A prevalência de excesso de peso foisignificantemente (p<0,05) maior no diagnósticoantropométrico de %G (66,2%) que no de IMC(45,6%), sendo 53,2% para sobrepeso e 13%para obesidade. No diagnóstico de IMC, a pre-valência de sobrepeso e obesidade foi 36,3% e9,3%, respectivamente. Segundo o diagnósticode %G, um sujeito, entre 35-39 anos, tem 300%maior prevalência de obesidade e 45% de sobre-peso que um sujeito de 20-24 anos de idade.Da mesma forma, no diagnóstico por IMC,um sujeito na faixa etária de 30-34 anos comsobrepeso a prevalência é de 46% maior queoutro sujeito da faixa etária de 20-24 anos. Oestudo encontrou alta prevalência de excesso depeso (um a cada três sujeitos) ao se inscreveremem academia de ginástica. O risco de obesidadepode se melhor identificado quando o excessode peso é diagnosticado através do %G.

Palavras Chave: obesidade, sobrepeso, IMC, gor-dura, masculino.

Adult overweight and obesity prevalenceby two anthropometric criteria

To determine and compare overweight andobesity by two anthropometric criteria, BMI and %Fat, of adults aged 20 to 40 years old.Data were collected from 400 subjects enrolledon distinct exercise training programs in Curitiba,Paraná. Subjects were organized in 4 age groupsfrom age 20 to 40 years old. BMI and %Fat over-weight and obesity criteria were those of WHO(2000) and Lohman (1992), respectively. Forsuch, weight, stature and fours skin folds (triceps,subescapula, iliac crest and medial calf) data werecollected. The excess of body weight prevalencewas significantly higher (p<0.05) for %Fat(66.2%) than for BMI (45.6%) of which 53.2%were overweight and 13% obese. For BMI, theprevalence of overweight and obesity were,respectively, 36.3% and 9.3%. Accordingly to the%Fat diagnostic, a subject between ages 35-39years old has a 300% and 45% chance of beingclassified as obese and overweight, respectively,than a subject aged from 20-24 years old. Like-wise, for BMI, a subject has a 46% chance ofbeing classified as overweight at the age 30-34 yearsold than a subject between ages 20-24 years old.This study found a prevalence of excess bodyweight for one out of three at the moment of enrol-lment. The risk of obesity, as excess of bodyweight, can better be identified by %F than BMI.

Keywords: overweigh, obesity, BMI, Fat, male.

Resumo Abstract

Data de submissão: Março 2007 Data de Aceitação: Junho 2007

Prevalência de sobrepeso e obesidade em homens adultossegundo dois critérios de diagnóstico antropométricoRonaldo Domingues Filardo1, Edio Luiz Petroski2

1 Universidade Federal do Paraná - Departamento de Educação FísicaGPAQ (Grupo de Pesquisa em Atividade Física e Qualidade de Vida - PUCPR).

2 Universidade Federal de Santa Catarina - Campus Universitário - Trindade - Caixa Postal 476Centro de Desportos - Núcleo de Pesquisa em Cineantropometria e Desempenho Humano.

Canossa, S.; Fernandes, R.; Carmo, C.; Andrade, A.Soares, S.; Ensino multidisciplinar en natação:reflexão metodológica e proposta de lista deverificação. Motricidade 3(4): 46-54

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47 {Investigação

IntroduçãoA prevalência de excesso de peso e de obe-

sidade tem aumentado em adultos brasileirosdurante as últimas décadas. Com o avanço daidade, ocorre o aumento de massa e gorduracorporal e, como consequência, o desenvolvi-mento do sobrepeso e/ou obesidade. Estas con-dições constituem um importante problema desaúde pública, pelo fato de estes incrementaremo risco para inúmeras doenças e desordens13,20. AOrganização Mundial de Saúde (OMS)29 estimaque a obesidade atingiu proporções epidêmicasglobais, com mais de 1 bilhão de adultos comsobrepeso e estima-se que no mínimo 300 milhõessão clinicamente obesos. Contudo, pode coexistircom subnutrição em países em desenvolvimento.Assim, a obesidade é uma condição complexa -com sérias dimensões psicológicas e sociais - queafeta todas as idades e grupos sócio-econômicos.O Brasil, em transição nutricional, passa rapida-mente de um problema de déficit dietético paraum de excesso2.

Comumente, utiliza-se para classificação da obesidade o Índice de Massa Corporal(IMC=kg/m2), pela sua facilidade de utilização e pela boa relação com a gordura corporal na população geral14, pois somente os valores de Massa Corporal (MC=kg) e estatura (EST==kg/m2) são necessários para o seu estabeleci-mento. Além disso, o que faz com que este índicetenha uma grande aceitação pela comunidadecientífica é o seu relacionamento com o desen-volvimento de desordens metabólicas e inúmerasdoenças3; mas, isoladamente, esse índice nãorepresenta o principal indicador para o aumentodas taxas de mortalidade9.

Segundo o sistema de classificação do IMC30,considera-se pessoa obesa aquela que possui umIMC maior ou igual a 30 kg/m2; com sobrepesoaquela com IMC entre 25 e 29,9 kg/m2. Contudo,a interpretação do IMC necessita de atençãoredobrada, pois esse índice não distingue entre as massas de gordura e muscular, o que podeocasionar significativos erros10,13; como, por

exemplo, o idêntico IMC de um halterofilista e ode uma mulher obesa de meia-idade. Quando sedesconsidera esses óbvios extremos, existe umaboa correlação entre o IMC e o percentual degordura corporal em uma população geral25.

Com o passar dos anos, as recomendaçõesem relação aos critérios de classificação, baseadosem distribuições de populações observadas,foram sendo modificadas, pois o ponto de corteou faixa adotada é outro cuidado a ser tomado na adoção de um critério. A diferença entre osvalores adotados pode influenciar a prevalênciade indivíduos a serem classificados, pois a mu-dança no ponto de corte de 27,8 para 25 kg/m2

no IMC altera a prevalência de homens ameri-canos com sobrepeso de 33,3% para 59,4%, oque indica que a determinação de critérios podeinfluenciar na interpretação do nível de risco dapopulação15. A importância da adoção de umcritério foi demonstrada por Kurth et al.16, aorelatarem que o IMC quando considerado umavariável contínua, o incremento de uma unidadeno IMC, ou 1 kg/m2, está associado com umaumento de 6% no risco total para derramecerebral a partir de 23 kg/m2.

O percentual de gordura (%G) também é umindicador utilizado para a classificação de riscoem relação à obesidade. A precisão com que sepode estimar a densidade corporal e, por con-seguinte, o %G, levou inúmeros pesquisadores ase preocuparem com padrões ideais ou desejáveispara a quantidade relativa de gordura corporal.No entanto, a precisão do %G em relação aoIMC possibilita uma classificação mais precisado estado de saúde e, dessa maneira, torna-semais indicado para a determinação do diagnós-tico de sobrepeso/obesidade. Além disso, o IMCé apenas uma escala matemática, que difere entrehomens e mulheres com a mesma estatura e,inferir o mesmo grau de adiposidade e risco para saúde é falso, logo, a escala IMC comumpara homens e mulheres tem sido questionada23.

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48 {Investigação

Uma das preocupações, na área da saúde,tem sido em analisar diferentes diagnósticosantropométricos de excesso de peso que sejamaplicáveis em diferentes situações, como: emestudos epidemiológicos, avaliações diárias emacademias, clínicas e centros esportivos; e quepermita monitorar as alterações da composiçãocorporal com o envelhecimento.

Portanto, esse estudo teve como objetivoinvestigar a prevalência da obesidade e sobrepesopor dois procedimentos de diagnóstico antro-pométrico (IMC e %G) em homens entre 20 e40 anos de idade ao iniciar em programas deexercício físico em academias.

MetodologiaAmostraEstudo de corte transversal, no qual parti-

ciparam 400 sujeitos do sexo masculino, de 20 a40 anos de idade, de cinco academias de ginástica,da cidade de Curitiba, Estado do Paraná, Brasil.Os sujeitos foram convidados a participar deforma voluntária durante a primeira avaliaçãoantropométrica no ingresso na academia. Aamostra foi dividida em quatro faixas etárias de 5 em 5 anos, ou seja, de 20-24,9; 25-29,9; 30-34,9e 35-40 anos de idade. O número de sujeitos foipré-determinado em 100 sujeitos para cada faixaetária, sendo adotado a saturação como critériode encerramento de coleta de dados realizadapelo autor do presente estudo com o consen-timento dos indivíduos.

A classificação do estado nutricional segun-do os dois diagnósticos antropométricos foi daseguinte forma: o IMC seguiu os pontos de corteda OMS19: <18,5 kg/m2, (abaixo do normal);entre 18,5-24,9 kg/m2, (normal); entre 25-29,9kg/m2, (sobrepeso) e >=30 kg/m2, (obesidade).Para o %G, seguiu-se a indicação de Lohman17,onde %G <6 (baixo peso); 6-15, (normal); 16-24%,(acima da média) e >=25% (obesidade).

Procedimentos

Para as mensurações de dobras cutâneas (DC,mm), usaram-se as indicações de Harrison et al.12.Para a densidade corporal, foi utilizada a equaçãoa seguinte equação22:

D=1,10726863-0,00081201*4DC++0,00000212*4DC2-0,00041761*IDOnde: 4DC é o somatório de quatro dobras

cutâneas (subescapular + tríceps + supra-ilíacaoblíqua + panturrilha medial) e ID = idade emanos completos. O percentual de gordura (%G)foi estimado pela equação de Siri26, onde%G=[(4,95/D)-4,5]100. A massa corporal magra(MCM) foi calculada, MCM=(%G/100)MC.Para o IMC, utilizou-se a fórmula, IMC==MC(kg)/estatura2(m).

Estatística

Para a análise dos dados, utilizou-se a estatís-tica descritiva, a razão de prevalência (RP) e aanálise de variância (ANOVA oneway) que é ro-busta a violações da homocedasticidade quandoo número de observações de cada grupo é igualou aproximadamente igual21; e o post-hoc deScheffé (p<0,05).

ResultadosNa tabela 1 são apresentados os valores da

estatística descritiva das variáveis antropométricase da composição corporal da amostra estudada.As diferenças estatísticas significativas (p<0,05)foram observadas nas variáveis IMC, %G e MGentre as faixas etárias, sendo que a de 34-40 anosde idade diferiu das mais jovens. Os resultadosindicam que o %G dentro da classificação normal(6-14%), foi extrapolado por todas as faixasetárias. O maior incremento no %G ocorreuapós 30 anos de idade, quando os valores médiospassaram de 18,1% para 21,1%, entre as faixasetárias 30-34 e 35-39 anos.

Prevalência de sobrepeso e obesidade em homens adultos segundo dois critérios de diagnóstico antropométricoRonaldo Domingues Filardo, Edio Luiz Petroski

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49 {Investigação

Quanto ao IMC (tabela 1), entre as faixasetárias de 20-24 e 25-29 anos os valores médiosencontravam-se dentro de normalidade (18,5 a24,9 kg/m2) e que nos demais grupos etários ossujeitos foram classificados com sobrepeso (25 a 29,9 kg/m2).

As tabelas 2 e 3 mostram as razões de preva-lência de ambos os diagnósticos antropomé-tricos de obesidade, nas diferentes faixas etárias.Optou-se por considerar o grupo com idademais baixa (20-24 anos) como sendo aquela dereferência.

Observou-se (tabela 2) que a faixa etáriaformada por sujeitos com idade entre 35-39 anosapresentou 300% maior prevalência de obesi-dade, pelo diagnóstico de %G (>=25%), do queo grupo de referência (RP= 4,0; IC95%= 1,71-9,36),sendo esta diferença significativa (p<0,05).Também foram observadas diferenças significa-tivas na classificação 16-24%. Neste caso, o riscode sobrepeso foi 45% superior para os sujeitosda faixa etária 35-39 anos do que aqueles na faixaetária de 20-24 anos (faixa etária de referência;RP= 1,45; IC95%= 1,11-1,90). Outras diferençasestatísticas significativas (p<0,05), também foram

Tabela 1: Características antropométricas e composição corporal de homens de 20 a 40 anos de idade.

p valor20-40 anos(n=400)

35-39 anos(n=100)

30-34 anos(n=100)

25-29 anos(n=100)

20-24 anos(n=100)

Idade

x̄ S x̄ S x̄ S x̄ S x̄ SVariável

22,5±1,5

178,0±6,9

78,3±11,2

24,7±3,2A

16,0±5,1A

12,9±5,8A

65,4±7,2

27,5±1,4

178,1±6,8

78,6±11,9

24,7±3,1A

16,9±5,0A,B

13,7±5,9A

64,9±7,6

32,2±1,5

178,3±6,7

80,1±13,5

25,2±3,8A

18,1±5,6B

15,0±7,2A

65,1±7,8

37,2±1,5

176,4±6,8

82,2±13,4

26,5±4,4B*

21,1±5,5C*

17,9±7,4B*

64,4±7,6

29,9±5,7

177,7±6,8

79,8±12,6

25,3±3,7

18,0±5,6

14,9±6,8

65,0±7,5

0,152

0,102

0,001

0,000

0,000

0,787

Idade, anos

EST, cm

MC, kg

IMC,kg/m2

%G

MG, kg

MCM, kg

EST= estatura; MC= massa corporal; IMC= Índice de Massa Corporal; %G= percentual de gordura; MG= massade gordura; MCM= massa corporal magra.* 20-24 anos ¤ 25-29 anos, 30-34 anos e 35-39 anos.** 30-34 anos ¤ 20-24 anos.

evidenciadas na classificação 6-15%, quando ossujeitos das faixas etárias de 30-34 e 35-39 anostinham menor prevalência (%G normal) 64% e24%, respectivamente, que em relação à faixaetária de referência.

No diagnóstico por IMC (tabela 3), dife-renças significativas (p<0,05) foram obser-vadas somente nas classificações: “Normal” e“Sobrepeso”. Os sujeitos na faixa etária entre35-39 anos apresentaram prevalência 46%maior de sobrepeso que aqueles do grupo dereferência (RP= 0,46; IC95%= 1,03-2,06). Ocontrário aconteceu na classificação “Normal”(IMC=18,5-24,9 kg/m2), na qual a prevalênciafoi 64% menor (RP= 0,64; IC95%= 0,45-0,86),entre os sujeitos da faixa etária 35-39 anos, queaqueles da referência (20-24 anos de idade).

DiscussãoNesta amostra de adultos iniciantes de

programas de exercício físico em academia,a prevalência de excesso de peso foi significan-temente (p<0,05) maior no diagnóstico antropo-métrico de %G (66,2%) que no de IMC (45,6%),

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50 {Investigação

sendo 53,2% para sobrepeso e 13% para obe-sidade. Já no diagnóstico de IMC, a prevalênciade sobrepeso e obesidade foi 36,3% e 9,3%,respectivamente. Recentemente, Cordeiro5 com-parou a prevalência de obesidade em homens emulheres idosas. Quando o autor estimou o %G

(DEXA) verificou uma prevalência de 32%,enquanto, pela classificação do IMC (>30kg/m2),a mesma era somente 12%. Para as mulheres, aprevalência de obesidade estimada por %G, foide 95,8%, contra apenas 27,7% estimada pelo%G (DEXA).

Tabela 2: Razão de Prevalência de obesidade e Intervalo de Confiança segundo o diagnóstico antropométricode %G em homens.

N RP(IC95%)

-

-

-

-

-

-

-

-

-

-

N RP(IC95%)

50

41

32

12

33,8

1

0,82(0,60-1,11)

0,64(0,45-0,91)

0,24(0,14-0,42)

N RP(IC95%)

44

49

56

64

53,2

1

1,11(0,83-1,50)

1,27(0,96-1,69)

1,45*(1,11-1,90)

N RP(IC95%)

6

10

12

24

13%

1

1,67(0,63-4,41)

2,0(0,78-5,12)

4,0*(1,71-9,36)

é25%16-24%6-15%< 6%

Idade

20-24

25-29

30-34

35-39

Prevalênciade obesidade

RP= Razão de Prevalência; IC= Intervalo de confiança; * diferença significativa p<0,05.

Tabela 3: Razão de Prevalência de obesidade e Intervalo de Confiança segundo o diagnóstico antropométricode IMC em homens.

N RP(IC95%)

2

-

1

-

1,5

1

-

0,50(0,15-2,44)

-

-

N RP(IC95%)

58

64

56

37

53,6

1

1,11(0,86-1,39)

0,97(0,76-1,26)

0,64(0,45-0,86)

N RP(IC95%)

33

30

34

48

36,3

1

0,91(0,60-1,97)

1,04(0,70-1,52)

1,46*(1,03-2,60)

N RP(IC95%)

7

6

9

15

9,3

1

0,86(0,39-2,46)

1,29(0,50-3,32)

2,15(0,91-5,03)

é25%16-24%6-15%< 6%

Idade

20-24

25-29

30-34

35-39

Prevalênciade obesidade

RP= Razão de Prevalência; IC= Intervalo de confiança; * diferença significativa p<0,05.

Prevalência de sobrepeso e obesidade em homens adultos segundo dois critérios de diagnóstico antropométricoRonaldo Domingues Filardo, Edio Luiz Petroski

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51 {Investigação

Após 35 anos de idade, em relação à faixaetária 20-24, as alterações em IMC de 1,8 kg/m2,5,1 %G e MG na ordem de 5 kg chamam aatenção, pois em uma década ocorreramincrementos significativos nos indicadores degordura corporal. No entanto, a MCM nãosofreu alterações, o que vem indicar que avariação de 3,9 kg na MC e 1 kg na MCM,mesmo não sendo significativas, indicaram anecessidade de cuidados nessa fase de trans-formações corporais, principalmente no que dizrespeito ao ganho da gordura corporal. Por suavez, esse ganho da gordura corporal com oavanço da idade é marcado pela MC e %G e trazconsequentes alterações na composição corporal.

Os valores médios de %G no presente estudonão representariam fortes riscos para a saúde,mas acima de 25%G já seriam considerados derisco para doenças associadas à obesidade23. Porsua vez, Lopes et al.18 relataram que entre 20-29,9e 30-39,9 anos há um acréscimo de 4,8%G com o avanço da idade. Em outro estudo7 foiobservado um incremento de 4,3 no %G nasmesmas faixas etárias. Fermino et al.6 verificaramque o incremento na gordura corporal de 3%por década, ou seja, a média do %G de 18 para24% entre 20 e 50 anos de idade. Dessa maneira,por serem todos estes estudos com amostrasbrasileiras e principalmente por utilizarem amesma equação para estimativa da densidadecorporal e %G, pode-se inferir que é natural como aumento da idade cronológica um acréscimomédio da ordem de 4%G entre 20 e 40 anos de idade.

Quando analisada a RP entre dois critérios(%G e IMC), foi observada no diagnóstico de%G maior prevalência de sobrepeso que noIMC. Deve-se ressaltar que o %G considera acomposição corporal dos indivíduos, o queindicou maior possibilidade de diagnóstico deexcesso de peso para faixas etárias mais velhas.A maior precisão de classificação de sujeitosobesos ou não-obesos depende da qualidade

do diagnóstico, quando maior a sensibilidade e aespecificidade deste, maior é a probabilidade declassificar sujeitos corretamente. Estudos recentesmostram que a classificação do IMC utilizada nopresente estudo não é adequada para sujeitos emidades mais avançadas26. A não adequação éatribuída às modificações corporais, como: perdada massa livre de gordura, aumento da gorduracorporal, diminuição da estatura e da água cor-poral total, que ocorrem com o envelhecimento24.Assim, é possível que duas pessoas com omesmo IMC tenham diferentes percentuais degordura corporal.

Quando analisada a prevalência de sobrepeso(sobrepeso + obesidade), através do diagnósticode %G, observou-se que a mesma aumentouconsideravelmente dos 20 aos 40 anos de idade,ou seja, 50%, 59%, 68% e 88%, enquanto quepara o diagnóstico de IMC, foi 40%, 36%,43% e 63%, para as faixas etárias de 20-24, 25-29,30-34 e 35-39 anos de idade, respectivamente.

Nos EUA8, a prevalência de obesidade(IMCé30 kg/m2) em adultos com mais de 20anos, entre 1994-2000, atingiu 30,5%, enquantoatingia 22,9% entre 1988-1994. Para homens nasfaixas etárias de 20-39 e 40-59 anos, a prevalênciafoi de 27,5% e 28,8%, respectivamente. NoCanadá28, a prevalência de sobrepeso em homensde 20-64 anos atingiu 60%, em 1996, e a obesi-dade 14%.

No Brasil, cerca de 32% da população apre-sentaram algum excesso de peso (IMC maior ou igual a 25 kg/m2), sendo que homens repre-sentavam aproximadamente 27% da população4.A obesidade entre adultos varia consideravel-mente de acordo com a região e urbanização do país. Nas regiões Nordeste e Sudeste, a preva-lência de sobrepeso atinge, entre 20 e 29 anos,22,3% e a obesidade 3,4%. Entre 30 e 29,9 anos,o sobrepeso, 32,2% e a obesidade, 7,8%. Foiverificado que a prevalência de sobrepeso e a deobesidade, respectivamente, oscila entre 32,2% e35,8%, entre 30 e 69 anos de idade1.

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52 {Investigação

Para o IMC maior que 30 kg/m2, um estudocom 455 homens da zona urbana da cidade dePelotas (RS), entre 20 e 69 anos de idade, relatouuma prevalência de 15% no geral, sendo que aproporção de obesidade foi crescente com aidade11. A prevalência de obesidade é preocupantedevido ao relacionamento com doenças. Em umrecente estudo realizado no Rio de Janeiro foiobservado maior prevalência de hipertensãoarterial sistêmica, dislipidemias e diabetesmellitus em indivíduos com obesidade, quandocomparados aos eutróficos27.

Esses resultados sugerem que o diagnósticopor %G é mais permissivo para classificarsobrepeso em homens adultos jovens e como tal,aprimora a prescrição nutricional e da atividadefísica; bem como, permite a observação doquanto a composição corporal sofre alteraçõesentre diferentes faixas etárias.

Mesmo que o presente estudo tenha algumaslimitações, como a falta de controle do nívelsocioeconômico, de um padrão-ouro de diagnós-tico de obesidade, o fato da composição da amostraser formada por sujeitos que ingressaram emacademias de ginástica, os resultados sugeremque as prevalências de excesso de peso sãodiferentes entre os diagnósticos antropométricos.Estas prevalências são maiores quando estima-das por meio do %G. Em estudos populacionais,o IMC é sem dúvida uma medida útil na triagemda obesidade devido à facilidade de obtençãodos dados, interpretação dos resultados e, devidoà sua relação com riscos à saúde. O indicadorantropométrico de %G, embora tenha menorpraticabilidade, poderia ser facilmente utilizado

em academia de ginástica, pois a mesma contacom pessoal capacitado para realizar as mensu-rações e elaborar relatórios. Acredita-se que esteprocedimento é mais uma ferramenta disponívela ser utilizada na prevenção da obesidade, poissalienta a necessidade de uma intervençãonutricional; bem como, permite a observação doquanto a composição corporal sofre alteraçõescom o envelhecimento.

De acordo com os dados apresentados, pode-seconcluir que ocorre um incremento significativoda gordura corporal dos 20 aos 40 anos de idade,enquanto a massa corporal magra permanececonstante.

O estudo encontrou alta prevalência deexcesso de peso (um a cada três sujeitos) ao seinscrever em academia de ginástica.

O risco de obesidade pode se melhor identi-ficado quando o excesso de peso é diagnosticadoatravés do %G.

Finalmente, é recomendável a indicação daclassificação do IMC para estudos populacio-nais e do %G para academias como um recursomais refinado para a estimativa da composiçãocorporal, para a indicação de peso ideal emrelação à quantidade de gordura corporal total.

CorrespondênciaRua Francisco Xavier Oliveira, 525 Curitiba / Paraná, BrasilCep: 81480-070 Telefone: (41) 9102-6435E-mail: [email protected]: [email protected]

Prevalência de sobrepeso e obesidade em homens adultos segundo dois critérios de diagnóstico antropométricoRonaldo Domingues Filardo, Edio Luiz Petroski

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Prevalência de sobrepeso e obesidade em homens adultos segundo dois critérios de diagnóstico antropométricoRonaldo Domingues Filardo, Edio Luiz Petroski

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55 {Investigação

Ao longo de quatro anos, o Estudo Morfo-funcional da Criança Vianense observou 1911crianças entre os 6 e os 10 anos de idade,resultando em 4064 observações individuais(2054 de raparigas, 2006 de rapazes). Os resul-tados encontrados nos indicadores morfológicossimples (altura, peso, pregas adiposas, diâmetrosósseos e perímetros musculares) e no somatótipo,são descritos normativamente (valores percentí-licos) e comparados com outros estudos nacionaise internacionais. As crianças vianenses demons-traram possuir uma estatura média ligeiramentesuperior às reportadas nos estudos portugueses eum ritmo de crescimento diferente das norte-americanas; peso semelhante ao das congéneresnacionais mas inferior ao das EUA; valores depregas adiposas geralmente inferiores aos encon-trados em Portugal e EUA; perímetros muscularese diâmetros ósseos semelhantes aos seus paresportugueses; e uma tendência para o aumento,com a idade, do ectomorfismo nos rapazes e doendomorfismo em ambos os sexos. Este pano-rama parece indicar que as crianças vianensesapresentam características de aptidão morfologiaque estão longe de espelhar as preocupaçõesinternacionais nesta matéria.

Palavras-chave: Crescimento, Crianças, AptidãoMorfológica, Somatótipo.

Growth of 6- to 10-years-old childrenfrom Viana do Castelo, Portugal

In the Estudo Morfofuncional da CriançaVianense 1911 elementary school children weremeasured throughout a four year period,resulting in 4064 individual observations of 6 to10 year-old children (2054 girls, 2006 boys).The anthropometric variables (height, weight,skinfolds, muscle girth and bone breadth) wereused to create percentile reference tables for thelocal population, and to study their somatotypesin relation to somatic fitness. The results werecompared with other national and internationalstudies. Viana's children averaged similar height,weight, muscular girths and bone breadths whencompared with other Portuguese studies, butrevealed a different growth rhythm and lowerweight than the US children. Their skinfoldswere also smaller than the reported values forPortugal and for the US. Throughout theelementary school time span, there was aten-dency to increases in ectomorphy componentfor boys, and endomorphy for both genders. Inconclusion, Viana’s children growth characteristicsappear to indicate a level of somatic fitness thatis far from mirroring today’s international concernsregarding this matter.

Keywords: Growth, Children, Somatotype, So-matic Fitness.

Resumo Abstract

Data de submissão: Julho 2006 Data de Aceitação: Junho 2007

Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Vianado Castelo, PortugalLuis Paulo Rodrigues1,2, Pedro Bezerra1,3, Linda Saraiva1

1 Instituto Politécnico de Viana do Castelo, Portugal.2 LIBEC, Universidade Minho, Portugal.3 Southern Cross University, Austrália.

Rodrigues, L.; Bezerra, P.; Saraiva, L.; Morfologiae crescimento dos 6 aos 10 anos de idade emViana do Castelo, Portugal. Motricidade 3(4): 55-75

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Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Viana do Castelo, PortugalLuis Paulo Rodrigues, Pedro Bezerra, Linda Saraiva

56 {Investigação

IntroduçãoO estudo das características morfológicas e

do crescimento das crianças e jovens tem assu-mido ao longo dos tempos uma importânciafundamental na compreensão das condições dedesenvolvimento das populações. O estabeleci-mento de normas percentílicas de crescimento,para além da sua ampla utilização no campopediátrico, epidemiológico, e nutricional, tempermitido aos pais perceber melhor o cresci-mento dos seus filhos, e fornecido aos educadoresum instrumento importante para a análise dospercursos de desenvolvimento das crianças ejovens. Nos adultos, a associação entre ascaracterísticas morfológicas e o desempenhomotor (e desportivo), os níveis de actividadefísica, os estilos de vida adoptados, e a saúde dos indivíduos, é cada vez mais evidente nassociedades modernas. Desde logo este facto levaà necessidade de percebermos as características e os ritmos de mudança(s) morfológicas nasnossas populações infanto-juvenis, quer comoprenúncio (ou prevenção) dos problemas futuros,quer para detecção e promoção da aptidãomorfológica como factor de sucesso do desem-penho desportivo. A compreensão plena destefenómeno passa não só pelo levantamento dosindicadores morfológicos simples (altura, peso,etc.) mas também pelo conhecimento relativo aindicadores morfológicos mais complexos taiscomo o somatótipo.

O crescimento estatural é um dos indicadoressimples mais utilizados para avaliar o estado dedesenvolvimento dos indivíduos e das populações.A saúde, nutrição, e bem-estar de uma sociedadereflecte-se na sua média estatural e na formacomo evolui ao longo dos tempos (fenómenoconhecido como tendência secular de cresci-mento). Ao mesmo tempo, habituámo-nos já areconhecer que a posição relativa (percentílica)de uma criança no seio da sua população e aolongo do crescimento, constitui informaçãofundamental para a avaliação do seu desenvolvi-mento. A massa corporal, directamente medida

pelo peso, constitui uma forma simples e valiosade retirar informações acerca das condições denutrição dos indivíduos e populações ao longodo crescimento. No entanto o peso não nos dáindicações sobre a identidade dos diferentesconstituintes implicados (músculo, osso, adiposi-dade, água, vísceras, etc.), pelo que as ilaçõesacerca do peso da(s) criança(s) devem ser cri-teriosas. Os perímetros musculares dão-nosindicações acerca da contribuição da compo-nente muscular na morfologia corporal e osdiâmetros bicôndilo umeral e femural permitemavaliar a contribuição da estrutura óssea namorfologia das crianças. Estas medidas (eprincipalmente o primeiro) são reconhecida-mente indicadores das dimensões em largura erobustez do esqueleto10. Por sua vez, o soma-tótipo permite representar o compósito morfo-lógico de um indivíduo segundo a contribuiçãode três componentes principais: o endomorfismorepresenta a deposição de massa adiposacorporal; o mesomorfismo traduz o desenvolvi-mento músculo-esquelético em relação à altura;e o ectomorfismo expressa a linearidade, ou sejaa relação entre o volume de massa corporal e aaltura do indivíduo. O princípio da existência deuma estreita relação entre a performance e amorfologia é geralmente aceite pela maioria dosestudiosos da matéria12,29, sendo que todos osdesportistas têm como componente dominanteo mesomorfismo. O mesomorfo é solidamentemusculado, a sua força e robustez física conferem--lhe uma aptidão particular para a prática despor-tiva, sendo geralmente o ecto-mesomorfismoque caracteriza o desportista confirmado e emplena actividade1,2. Os jovens atletas são em geralmenos mesomórficos, menos endomórficos emais ectomórficos do que os atletas adultos,centrando-se nas categorias ecto-mesomórficos,ectomorfos-mesomórficos e meso-ectomórficos 1,4.Hoje sabemos que a participação e entradavoluntária num determinado desporto está habi-tualmente também dependente da existência de

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57 {Investigação

um somatótipo apropriado3 o que aconselha oconhecimento da configuração morfológica esua evolução nos estudos das populações infanto--juvenis.

Em Portugal a preocupação de levantamentoscaracterizadores destes aspectos não tem sido detodo evidente. Salvo honrosas excepções14,15,16,23,24,31,a produção científica nacional nesta matéria éreduzida, pouco consistente e nunca sistemática.Esta lacuna explica não só o recurso obrigatórioàs informações dos estudos internacionais, massobretudo o nosso profundo desconhecimentoda população nacional e suas característicasregionais, inviabilizando assim as possibilidadesde antevisão e preparação do futuro. Nos bonsexemplos internacionais8,18,19 esta tarefa de levanta-mento e diagnóstico das condições morfológicas(e nutricionais) das populações é assumida peloestado como peça de informação fundamentalna determinação das políticas de saúde e educação.

Partindo destas preocupações, o Departa-mento de Motricidade Humana da EscolaSuperior de Educação do Instituto Politécnicode Viana do Castelo (ESEVC) iniciou no ano de 1997 um largo estudo de caracterização dascrianças do concelho de Viana do Castelo: oEstudo Morfofuncional da Criança Vianense(EMCV) cujos resultados relativos ás variáveis de crescimento morfológico aqui apresentamos.

Neste artigo, para além do objectivo de cons-trução das primeiras referências normativas decrescimento desta população, interessa-nostambém proceder à avaliação da sua aptidãomorfológica. A comparação destes valores como de outras amostras nacionais e internacionais,recentes e passadas, permitirão não só umconhecimento mais objectivo das mudançasocorridas nos últimos anos, mas sobretudopoderão ajudar a constituir um património comumda realidade do crescimento e morfologia dacriança portuguesa que urge ainda construir.

Metodologia

Amostra

A amostra utilizada neste estudo pertence ao EMCV, investigação que decorreu de 1997 a2000 e que recolheu dados morfológicos, bio--sociais e de aptidão física de 2386 criançaspertencentes a quinze escolas do 1.º Ciclo doEnsino Básico (1CEB) de Viana do Castelo.A escolha destas escolas obedeceu a critérios de localização geográfica e representatividadeequitativa de idades, género e ambiente socio--económico. As duas escolas mais populosas(Avenida e Carmo) situavam-se no centro dacidade de Viana do Castelo (626 rapazes, 612raparigas). As restantes treze (568 rapazes; 580raparigas) encontravam-se dispersas no tecidoruralizado do Concelho13 (Portelas e São Gil[Perre], Cardielos, Outeiro, Nogueira, Serreleis,Samonde, Deocriste, Santa Maria de Geraz doLima, São Salvador da Torre, Subportela, VilaMou, e Deão).

Durante os quatro anos em que decorreu oEMCV, todas as crianças pertencentes às escolasseleccionadas foram observadas anualmente.No total foram realizadas 4251 observações(2127 de raparigas, 2124 de rapazes) entre os 6 eos 17 anos de idade. Neste artigo são apenasapresentados os resultados relativos às idadesmais usuais para alunos do 1CEB, entre os 6 e os10 anos completos (ex: consideram-se com 6 anosdesde os 6.0 até aos 6.9 anos decimais), o queresultou em 4064 observações individuais (2054de raparigas, 2006 de rapazes) correspondendo aum total de 1911 crianças (644 foram obser-vados num único ano, 573 em dois anos, 502 emtrês anos, e 192 foram observados em quatroanos consecutivos). Esta configuração mista(longitudinal e transversal) da amostra permite--nos falar dos resultados na perspectiva docrescimento com alguma segurança, já que aquantidade de crianças que foram alvo deobservações repetidas é importante.

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Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Viana do Castelo, PortugalLuis Paulo Rodrigues, Pedro Bezerra, Linda Saraiva

58 {Investigação

Procedimentos

As variáveis morfológicas (antropométricas)foram escolhidas de forma a poderem ser usadascomo marcadoras complementares do desenvol-vimento morfológico das crianças. Foram assimmedidas a altura (ALT), o peso (PESO), aspregas adiposas tricipital (SKTRI), sub-escapular(SKSBS), suprailíaca (SKSIL), e geminal (SKGML),os perímetros do braço com contracção (PRBC)e geminal (PGML), e os diâmetros bicôndilo--umeral (DBCU) e bicôndilo-femural (DBCF).Os valores recolhidos foram introduzidos nasfórmulas de cálculo do somatótipo, segundo ométodo Heath-Carter5.

A recolha de dados decorreu anualmentedurante os meses de Abril e Maio nas instalaçõesda ESEVC. As escolas, após terem sido obtidasautorizações do Centro de Área Educativa de Viana do Castelo e dos pais das crianças,deslocaram-se com o apoio de autocarros perten-centes à Câmara Municipal de Viana do Castelo,e, durante uma manhã cada criança percorreuum circuito de mensuração antropométrica que

decorreu num ginásio e cuja ordem de execuçãofoi: ALT, PESO, SKTRC, SKSBS, SKSIL,SKGML, DBCU, DBCF, PBRC, PGML.

A execução das medidas obedeceu aosprotocolos descritos no Anthropometric Standar-dization Reference Manual21 e todos os procedi-mentos utilizados no EMCV respeitaram asnormas internacionais de experimentação comhumanos, expressas na Declaração de Helsínquiade 1975. Os componentes da equipa de observa-ção eram alunos finalistas do Curso de EducaçãoFísica com formação em antropometria e forampreviamente sujeitos a sessões de treino nas suastarefas específicas. Cada observador foi respon-sável por uma só das medidas registadas e todosos momentos foram supervisionados peloprimeiro autor, de forma a assegurar a qualidadedo processo. Uma em cada doze crianças foiescolhida aleatoriamente para repetir a execuçãode todas as medidas com a finalidade de aferirmosa fidelidade da avaliação. Os coeficientes de corre-lação intra-classe 27 resultantes desta repetiçãosão apresentados no quadro 1.

Quadro 1: Valores do Coeficiente de Correlação Intraclasse para cada variável por ano de recolha e total agregado.

1997-20002000199919981997Anos de recolha

(n=67) (n=55) (n=65) (n=61) (n=248)Variável

.99

.99

.97

.98

.97

.99

.94

.96

.99

.99

.96

.99

.98

.99

.98

.99

.97

.99

.99

.78

.99

.98

.96

.96

.99

.96

.98

.99

.99

.91

.99

.99

.99

.99

.99

.98

.99

.99

.99

.87

.98

.99

.98

.98

.99

.98

.97

.98

.99

.88

ALT

PESO

SKTRC

SKGML

SKSBS

SKSPIL

DBCU

DBCF

PBCC

PGEM

Nota: Os CCI indicados são de tipo 3,1 geralmente referidos como medidas simples de correlação intraclasse.

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59 {Investigação

Os dados finais, após introdução numa basede dados informatizada, foram submetidos a umprocesso exploratório de detecção de erros. Oregisto de distribuição de cada variável foianalisado e todos os valores detectados comoextremos foram reconfirmados nos registosoriginais e corrigidos ou apagados (nos casos emque existia erro evidente no registo original).

EstatísticaO comportamento de cada variável nas dife-

rentes idades e segundo o sexo, é descrito atravésdos valores da média (M), desvio-padrão (DP) epercentílicos (p5, p10, p25, p50, p75, p90, e p95).No caso das pregas adiposas, e porque adistribuição amostral dos resultados se revelouassimétrica, é também apresentada a médiarobusta (estimada pelo procedimento Huber’sM-Estimator) sendo este o valor utilizado nasrepresentações gráficas. Esta opção foi tomadapara assegurar maior ajustamento da média àpopulação já que a grande assimetria da distri-buição dos valores destas variáveis originariamédias reais mais elevadas, mas desajustadas darealidade. Para compararmos os valores ocorridosna nossa população com os outros estudosapresentados foram efectuados testes t-Studentpara cada escalão etário, recorrendo aos valoresdas médias, desvios padrão e do número deindivíduos testados (valores não apresentadosneste artigo para os outros estudos). Os cálculosdescritivos foram feitos no programa estatísticoSPSS 11.0. Os testes t-Student foram realizadosno software GraphPad gratuitamente disponívelna Internet (www.graphpad.com).

ResultadosNeste ponto começamos por apresentar os

valores de ALT e PESO, agregando depois asvariáveis relativas à adiposidade (SKTRI, SKSBS,SKSIL, SKGML), as marcadoras do desenvolvi-mento muscular (PBRC e PGML), e as da robustezesquelética (DBCU e DBCF). Por último são

apresentados os valores relativos à classificaçãosomatotipológica. A análise efectuada centra-sena descrição e comparação dos percursos dedesenvolvimento para os rapazes e raparigas.Para tal foram utilizados valores recolhidos napopulação portuguesa em estudos contemporâ-neos com valores amostrais de grande dimensão,nomeadamente o Estudo de crescimento daMaia24, o Estudo de crescimento da Madeira9,o Estudo do crescimento somático, aptidão físicae capacidade de coordenação corporal de criançasdo 1.º Ciclo do Ensino Básico da Região Autó-noma dos Açores14,15,16, a Reavaliação antropo-métrica da população infantil de Lisboa31, oEstudo de crescimento somático, actividade físicae aptidão física associada à saúde do Concelho de Amarante30, e os resultados relativos a dadosde Portugal Continental23. No intuito de perce-bermos também as mudanças ocorridas nocrescimento somático da população Vianense ao longo das últimas quatro décadas, é feita acomparação com os Estudos sobre o desenvol-vimento da criança portuguesa em idade escolar26,levado a cabo entre 1971-1981. Nas comparaçõesinternacionais optamos por utilizar apenas osvalores dos EUA relativos ao National Healthand Nutrition Examination Survey (NHANES)já que são os valores normativos usualmenteadoptados para a população pediátrica portuguesapelo Sistema Nacional de Saúde. Os resultadoscitados neste estudo referem-se ao NHANES III20, realizado no período 1988-94, e aos resul-tados já disponíveis do período 1999-2002 doNHANES IV17.

Durante todo o artigo, e para uma dataçãomais rigorosa das comparações, procuramosutilizar as datas relativas ao ultimo ano da recolhade dados dos estudos citados. Quando estas nãosão referidas pelos autores são utilizadas as datasde publicação dos resultados.

Na população infanto-juvenil de Viana doCastelo (figura 1 e quadro 2), rapazes e raparigasapresentaram valores médios muito semelhantesem cada intervalo etário.

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Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Viana do Castelo, PortugalLuis Paulo Rodrigues, Pedro Bezerra, Linda Saraiva

60 {Investigação

Comparando com os valores recolhidos noconcelho em 1981 por Ribeiro Rosa, consta-tamos que a altura média dos rapazes e raparigasaumentou cerca de 10 cm nos últimos 30 anos(p<,001 para todas as idades), sendo hojeidêntica às médias das crianças lisboetas, às doConcelho da Maia, e às raparigas de Amarante.Os rapazes apresentam valores de estatura maisaltos do que os seus pares de Amarante aos 6anos, mas mais baixos aos 7 (ambos p<.05).Relativamente às crianças das ilhas (Madeira eAçores) as nossas crianças apresentam valoresmédios estaturais ligeiramente superiores, assu-mindo estas diferenças um valor estatisticamentesignificativo em quase todas as idades (verquadro 2). O mesmo fenómeno acontece com osdados reportados para Portugal Continental aosoito e nove anos de idade para ambos os sexos.

Comparativamente aos valores estimados napopulação norte-americana pelo NHANES IVem 2002, as nossas crianças apresentam-se emmédia cerca de 2 cm (rapazes) e 3 cm (raparigas)mais altos aos 6 anos (p<.001), no entanto essa

diferença esbate-se logo nos escalão etárioseguinte (7 anos), passando as crianças norte--americanas a serem significativamente mais altasque as vianenses (p<,05 aos 8 e 9 anos masculinos;p<,001 aos 10 anos femininos).

Peso

Na população vianense, rapazes e raparigasapresentaram valores médios de peso muito se-melhantes entre os 6 e os 10 anos, aumentandoentre 2.4 a 3.4 kg por ano (figura 2 e quadro 3).Isto quer também dizer que as nossas criançaspesam hoje mais do que em 1981, e quanto maisvelhos maior a diferença (de cerca de 5 kg aos 7anos para 8 kg aos 10 anos; p<.001 para todas asidades e sexos).

Figura 1: Médias de altura de rapazes e raparigas doEMCV entre os 6 e os 10 anos.

Altura

Figura 2: Médias do peso de rapazes e raparigas doEMCV entre os 6 e os 10 anos.

Estes valores actuais são muito semelhantesaos encontrados hoje na Maia, Açores e emPortugal continental (entre 7 e os 9 anos), mascerca de 2 a 3 kg superiores aos valores repor-tados na Madeira (p<.001), e entre 1 a 2 kg maiselevados que os de Amarante (p<.05 para quasetodas as idades e sexos).

Page 61: REVISTA MOTRICIDADE N.º04 · 2017. 6. 1. · Físico-Esportivas e as Motivações que levam à Prática das mesmas numa amostra de 1512 estudantes universitários. Assim, ... de

61 {Investigação

Quadro 2: Valores percentílicos, média e desvio-padrão da Altura no EMCV e médias de outros estudos nacionaise internacionais.

Idade

N

p95

p90

p75

p50

p25

p10

p05

M

DP

Viana 81

Maia 00

Lisboa 01

Açores 02

Madeira 02

Amarante 04

Portugal 05

EUA 02

6

325

129.7

127.9

124.8

121.1

117.5

115.1

113.2

121.3

5.0

-

119.9**

120.1

120.3

-

120.3*

-

119.2**

7

501

135.4

133.5

129.5

125.4

121.8

118.5

116.7

125.7

5.5

115.9**

124.9

125.5

125.1

-

126.6*

126.0

126.2

8

487

140.5

138.6

135.2

131.2

127.4

123.8

122.1

131.3

5.8

121.3**

130.9

131.3

130.5

129.7

132.1

129.9**

132.5*

9

454

146.0

144.3

140.7

136.5

132.5

128.8

127.1

136.6

5.8

126.4**

136.6

136.1

135.3**

135.3*

136.7

135.3**

138.1**

10

239

151.0

148.7

143.8

139.9

135.9

131.8

130.5

140.2

6.4

131.5**

-

138.9*

138.5**

139.0*

141.3

-

141.4

6

318

128.9

127.2

124.3

120.0

116.7

113.5

111.8

120.2

5.3

-

119.2

118.0

120.2

-

120.1

-

117.1**

7

499

134.9

133.2

128.9

125.0

120.9

118.1

116.4

125.2

5.6

115.7**

125.5

122.4

124.3*

-

125.3

124.9

124.4

8

514

140.5

138.5

135.0

130.5

126.8

123.2

121.6

130.8

5.9

120.2**

129.7

128.2

129.9*

128.4**

130.8

129.4**

130.9

9

489

146.3

144.1

140.5

135.9

131.7

128.6

127.0

136.2

6.0

125.1**

136.6

133.2

135.0**

134.3**

136.7

134.7**

136.9

10

234

152.1

149.1

144.5

139.8

135.6

132.6

130.7

140.3

6.5

130.3**

-

137.5139*

138.2**

140.2

-

143.3***p<.0,5; **p<.001.

Masculino Feminino

Quadro 3: Valores percentílicos, média e desvio-padrão do Peso no EMCV e médias de outros estudos nacionaise internacionais.

Idade

N

p95

p90

p75

p50

p25

p10

p05

M

DP

Viana 81

Maia 00

Lisboa 01

Açores 02

Madeira 02

Amarante 04

Portugal 05

EUA 02

6

325

34.0

30.5

26.5

24.0

21.5

20.5

20.0

24.7

4.6

-

24.5

23.4

24.8

-

23.5**

-

23.5**

7

501

36.6

34.5

30.0

26.0

23.5

22.0

21.0

27.2

5.3

21.3**

27.1

26.4

27.5

26.5*

27.1

27.2

8

486

42.1

39.0

34.0

29.5

26.0

24.0

22.5

30.6

6.2

23.6**

31.8

29.5

30.8

27.9**

30.1

30.2

32.7**

9

454

47.3

43.0

38.0

32.5

29.0

26.5

25.0

34.0

6.8

26.0**

34.7

32.9

34.1

31.2**

32.5*

33.9

36.0**

10

239

51.6

49.0

41.0

34.5

30.5

28.0

27.0

36.5

8.2

28.4**

-

33.9

36.0

33.5**

36.3

-

38.6*

6

318

34.0

31.0

27.0

23.5

21.0

19.5

18.5

24.6

5.0

-

24.8

23.5

25.0

-

23.5*

-

22.4**

7

501

38.0

35.0

30.0

26.0

23.0

21.5

20.0

27.2

5.4

21.8**

27.4

25.5

27.1

25.7**

27.3

25.9**

8

513

42.0

39.0

34.0

29.5

26.0

24.0

22.0

30.4

6.4

23.8**

29.7

29.4

30.1

27.2**

29.0*

30.3

31.9

9

488

46.8

43.1

38.0

33.0

28.0

26.0

24.5

33.8

7.0

26.5**

34.8

33.3

34.5

30.7**

32.8*

33.3

35.4*

10

235

51.7

48.0

41.9

35.0

30.0

27.5

26.7

36.7

8.1

29.3**

-

36.1

36.8

33.0**

36.3

-

40.0***p<.0,5; **p<.001.

Masculino Feminino

Page 62: REVISTA MOTRICIDADE N.º04 · 2017. 6. 1. · Físico-Esportivas e as Motivações que levam à Prática das mesmas numa amostra de 1512 estudantes universitários. Assim, ... de

Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Viana do Castelo, PortugalLuis Paulo Rodrigues, Pedro Bezerra, Linda Saraiva

62 {Investigação

Comparativamente com as médias reportadaspara os EUA em 2002, as nossas crianças come-çam por ser mais pesados aos seis anos (p<.001),para passarem progressivamente a exibir valoressignificativamente menores de massa corporal a partir dos oito anos (p<.001 para os rapazesaos 8, 9,e 10 anos, e para as raparigas aos 9 anos).

Neste artigo apresentamos os resultados dequatro pregas adiposas distribuídas por trêsregiões corporais: membros superiores (SKTRI),tronco (SKSBS e SKSIL) e membros inferiores(SKGML). Dada a assimetria das distribuiçõesencontradas, as médias aritméticas originariamvalores desajustados (mais elevadas) da repre-sentação real da criança média, pelo que nosquadros 4,5,6, e 7 e nos gráficos da figura 3 sãoapresentadas as médias robustas (estimadas peloprocedimento Huber’s M-Estimator).

Figura 3: Médias (robustas) das pregas adiposas de rapazes e raparigas do EMCV entre os 6 e os 10 anos.

SKTRI SKGML

SKSBS SKFSIL

Pregas adiposas

Page 63: REVISTA MOTRICIDADE N.º04 · 2017. 6. 1. · Físico-Esportivas e as Motivações que levam à Prática das mesmas numa amostra de 1512 estudantes universitários. Assim, ... de

63 {Investigação

Quadro 4: Valores percentílicos, média e desvio-padrão da SKTRI no EMCV e médias de outros estudos nacionaise internacionais.

Idade

N

p95

p90

p75

p50

p25

p10

p05

M

M Hub

DP

Maia 00

Lisboa 01

Madeira 02

Portugal 05

EUA 02

6

325

17.5

14.0

10.0

7.5

6.5

5.0

5.0

8.7

7.8

3.6

10.7**

09.7**

-

-

09.9**

7

500

17.6

15.0

11.0

8.0

6.5

5.5

5.0

9.4

8.5

4.1

11.7**

09.9

-

11.2

10.3*

8

487

19.0

17.0

12.5

9.0

7.0

5.5

5.0

10.2

9.2

4.7

13.4**

11.1**

11.1

11.9**

12.3**

9

454

21.3

19.0

13.5

9.5

7.0

6.0

5.0

11.0

9.9

5.2

14.4**

11.8

11.0

13.3**

13.4**

10

239

23.0

20.0

15.5

9.5

7.0

5.5

5.0

11.5

10.2

5.9

-

11.5

11.4

-

14.0**

6

318

19.0

16.5

13.0

9.5

7.5

6.0

6.0

10.8

10.0

4.3

13.9**

11.9**

-

-

11.1

7

501

21.0

18.0

14.0

10.5

8.0

6.5

6.0

11.4

10.7

4.5

14.0**

11.7

-

13.6**

11.5

8

513

21.5

19.5

15.5

11.0

8.0

7.0

6.0

12.3

11.5

5.1

14.1**

13.1*

11.2

14.7*

14.3**

9

489

23.5

20.0

16.0

12.0

9.0

7.0

6.2

13.0

12.3

5.1

16.7**

14.3**

11.5

15.0**

15.4**

10

235

24.0

22.5

17.0

12.0

9.0

7.0

6.5

13.6

12.7

5.8

-

13.9

12.3

-

15.5**

*p<.0,5; **p<.001.

Masculino Feminino

Quadro 5: Valores percentílicos, média e desvio-padrão da SKGML no EMCV e médias de outros estudos nacionaise internacionais.

Idade

N

p95

p90

p75

p50

p25

p10

p05

M

M Hub

DP

Maia 00

Lisboa 01

Madeira 02

6

325

19.5

16.0

12.5

8.5

7.0

6.0

5.0

10.0

9.1

4.5

10.2

10.2

-

7

502

21.5

18.0

14.0

10.0

7.5

6.0

5.0

11.2

10.3

5.2

11.4

11.0

-

8

484

24.0

21.0

15.0

11.0

8.0

6.0

5.5

12.2

11.2

5.8

12.9

12.2

10.8

9

452

25.3

21.5

16.0

12.0

08.0

06.0

05.0

12.8

12.0

06.1

13.8

13.3

10.6**

10

238

28.0

24.5

17.0

11.0

8.0

6.3

5.0

13.3

11.9

7.0

-

12.2

11.3

6

318

22.5

20.0

15.5

11.3

8.5

7.0

6.3

12.6

11.7

5.1

12.2

12.4

-

7

501

24.0

21.0

17.0

12.5

09.5

07.5

06.9

13.5

12.7

05.5

13.4

12.4**

-

8

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25.5

22.0

18.0

13.5

10.0

08.0

07.0

14.5

13.8

05.9

13.4

13.9

12.4*

9

489

26.8

23.519.0

14.9

10.5

08.0

07.0

15.4

14.7

06.0

15.5

15.4

12.5**

10

234

29.5

26.0

20.4

15.0

11.0

08.2

07.5

16.1

15.2

06.8

-

15.9

13.8*

*p<.0,5; **p<.001.

Masculino Feminino

Page 64: REVISTA MOTRICIDADE N.º04 · 2017. 6. 1. · Físico-Esportivas e as Motivações que levam à Prática das mesmas numa amostra de 1512 estudantes universitários. Assim, ... de

Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Viana do Castelo, PortugalLuis Paulo Rodrigues, Pedro Bezerra, Linda Saraiva

64 {Investigação

Quadro 6: Valores percentílicos, média e desvio-padrão da SKSBS no EMCV e médias de outros estudos nacionaise internacionais.

Idade

N

p95

p90

p75

p50

p25

p10

p05

M

M Hub

DP

Maia 00

Lisboa 01

Madeira 02

Portugal 05

EUA 02

6

325

13.0

10.0

7.0

5.5

4.5

4.0

3.5

6.4

5.5

3.7

7.4*

7.2*

-

-

6.6

7

500

16.0

11.7

07.5

06.0

05.0

04.0

03.5

7.1

5.8

4.5

8.2*

7.5

-

7.4

7.0

8

487

17.6

13.5

8.0

6.0

5.0

4.0

3.5

7.7

6.2

4.9

9.6*

8.2

8.7

8.6**

8.9*

9

454

18.8

15.0

9.5

6.0

5.0

4.0

4.0

8.3

6.5

5.4

10.4*

9.0

8.9

9.6**

8.5

10

239

20.8

18.0

11.0

6.5

5.0

4.0

3.5

8.8

6.7

6.0

-

8.5

8.4

-

10.3

6

317

18.2

15.0

9.0

6.5

5.0

4.5

4.0

8.3

6.7

5.1

9.1

8.7

-

-

7.6

7

501

21.0

16.5

10.0

7.0

5.0

4.5

4.0

8.8

7.2

5.5

09.7

08.9

-

13.6**

07.7*

8

512

23.0

19.0

11.5

7.0

5.5

4.5

4.0

9.5

7.5

6.0

09.7

10.0

08.4

14.7*

10.4

9

488

26.6

18.6

12.5

7.5

6.0

5.0

4.5

10.4

8.4

6.8

12.2*

11.3

08.5

15.0**

10.8

10

235

26.0

21.0

14.0

8.0

6.0

5.0

4.5

11.1

8.6

7.7

-

11.5

9.5

-

11.9

*p<.0,5; **p<.001.

Masculino Feminino

Quadro 7: Valores percentílicos, média e desvio-padrão da SKSIL no EMCV e médias de outros estudos nacionaise internacionais.

Idade

N

p95

p90

p75

p50

p25

p10

p05

M

M Hub

DP

Maia 00

Lisboa 01

Madeira 02

EUA 02

6

325

17.0

11.0

6.5

4.0

3.0

2.5

2.5

5.8

4.3

4.8

9.0**

6.6

-

6.9

7

502

18.6

13.0

7.0

4.5

3.5

3.0

2.5

6.6

5.0

5.2

10.7**

07.8**

-

07.6

8

486

21.6

16.6

9.0

5.0

4.0

3.0

2.5

7.7

5.7

6.3

13.9**

08.3

08.7

08.5

9

453

23.0

19.0

11.0

5.9

4.0

3.0

3.0

8.6

6.3

6.9

15.1**

09.9*

09.9

10.8*

10

239

28.0

22.7

14.0

5.5

3.5

3.0

3.0

9.8

6.3

8.7

-

9.1

9.8

11.7

6

317

20.2

15.0

9.4

5.5

4.0

3.0

3.0

7.6

5.9

5.4

12.8**

09.2**

-

07.6

7

501

21.6

17.7

11.0

6.0

4.0

3.5

3.0

8.6

6.7

6.2

13.1**

09.5*

-

09.8

8

510

22.0

19.0

12.5

6.5

4.5

3.5

3.0

9.4

7.3

6.5

13.1**

10.3*

09.9

09.7

9

489

25.0

22.0

15.0

8.0

5.0

3.5

3.0

10.6

8.9

7.1

18.3**

11.9*

10.1

12.7*

10

235

26.0

23.0

15.0

8.0

5.0

3.5

3.0

11.2

9.1

8.1

-

12.0

12.0

13.5

*p<.0,5; **p<.001.

Masculino Feminino

Page 65: REVISTA MOTRICIDADE N.º04 · 2017. 6. 1. · Físico-Esportivas e as Motivações que levam à Prática das mesmas numa amostra de 1512 estudantes universitários. Assim, ... de

65 {Investigação

Pela análise da figura 3 e dos quadros 4 a 7,facilmente se comprova que as raparigas possuemsempre valores mais elevados em todas as pregas.As pregas adiposas das crianças vianensesaumentam ligeiramente ao longo dos cinco anosestudados, demonstrando tendência para seremmais volumosas nas extremidades (SKTRI eSKGML) do que no tronco (SKSIL e SKSBS).

Na prega tricipital as crianças vianensesapresentam valores médios mais baixos do que a amostra nacional e as congéneres maiatas(p<.0001), e lisboetas (valores significativos paraos rapazes aos 6 e 8 anos, e raparigas aos 6, 8 e 9anos). Os rapazes vianenses possuem pregasadiposas tricipitais semelhantes aos rapazes daMadeira, mas as raparigas evidenciam valoresligeiramente mais elevados do que as madei-renses (p<.01 aos 9 anos). Em comparação coma população infantil norte-americana em 2002 asnossas crianças exibem uma prega tricipitalsignificativamente inferior nos rapazes em todasas idades (p< .05 aos 7 anos, p< .001 nas res-tantes), e nas raparigas a partir dos oito anos de idade (p< .05).

Na avaliação da prega geminal apenas foipossível compararmos a nossa amostra com apopulação infantil de Lisboa, da Maia e daMadeira. Nos dois primeiros casos os valores

masculinos e femininos são muito semelhantesaos de Viana, enquanto no terceiro mostrammaiores pregas geminais nas crianças do EMCV,com especial ênfase para as raparigas (p<.02).

Relativamente à prega sub-escapular nãoforam encontradas diferenças relevantes entre anossa população e a lisboeta, a madeirense, ou asraparigas da Maia. O mesmo já não pode ser ditoquanto aos valores reportados por Padez ecolaboradores na amostra nacional, já que asnossas crianças tiveram pregas significativamenteinferiores (p<.02 para todos os valores à excepçãodos 7 anos masculinos), com especial relevânciapara o sexo feminino onde a diferença médiachega quase aos 5 mm. Tambem na Maia osrapazes apresentaram pregas subescapulares demaiores dimensões (p< .05 aos 6 e 7; p< .001aos 8 e 9 anos)

Na dimensão da prega suprailíaca, a popu-lação vianense obteve medidas não muito dife-rentes das madeirenses, mas inferior à maiata(p>.001), e à lisboeta em praticamente todas asidades, e em particular no sexo feminino (p< .05dos 6 aos 9 anos) e maiata Esta diferença acontecetambém (p<.05 aos 9 anos) quando nos compa-ramos com os valores norte-americanos doNHANES III.

Figura 4: Médias dos perímetros braquial com contracção e geminal, de rapazes e raparigas do EMCV entreos 6 e os 10 anos.

PBRC PGML

Perímetros branquial e geminal

Page 66: REVISTA MOTRICIDADE N.º04 · 2017. 6. 1. · Físico-Esportivas e as Motivações que levam à Prática das mesmas numa amostra de 1512 estudantes universitários. Assim, ... de

Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Viana do Castelo, PortugalLuis Paulo Rodrigues, Pedro Bezerra, Linda Saraiva

66 {Investigação

Os dois perímetros medidos neste estudoreferem-se à massa muscular dos braços (PBRC)e pernas (PGML). Em ambos os casos rapazes eraparigas apresentam valores muito idênticos demassa muscular, e que aumentam regularmenteao longo do crescimento. Quando comparamos

os valores de dispersão entre os mais e os menosmusculados, constatamos que as diferenças entreambos são estáveis ao longo do crescimento (verdiferenças entre valores percentilicos extremosnos quadros 8 e 9).

Quadro 8: Valores percentílicos, média e desvio-padrão da PRBC no EMCV e médias de outros estudos nacionaise internacionais.

Idade

N

p95

p90

p75

p50

p25

p10

p05

M

DP

Lisboa 01

Madeira 02

6

324

22.1

20.8

19.1

17.9

16.9

16.0

15.6

18.2

1.9

19.4**

-

7

499

22.9

21.9

20.1

18.6

17.5

16.7

16.1

19.0

2.1

20.4**

-

8

487

24.3

23.1

21.1

19.5

18.4

17.4

16.7

19.9

2.3

21.4**

20.1

9

454

25.3

24.1

22.3

20.4

19.0

18.0

17.6

20.8

2.4

22.2**

20.6

10

239

26.3

25.4

23.4

20.8

19.5

18.5

18.2

21.4

2.7

22.4**

21.5

6

318

21.5

21.0

19.5

17.9

16.7

16.0

15.4

18.2

2.0

20.0**

-

7

500

22.8

21.9

20.1

18.7

17.5

16.5

16.0

19.0

2.0

20.4**

-

8

513

23.7

22.9

21.0

19.5

18.3

17.3

16.6

19.9

2.2

21.5**

20.2

9

489

25.1

23.8

22.2

20.4

19.1

17.9

17.3

20.7

2.3

22.8**

21.0

10

234

25.9

24.9

22.8

20.8

19.5

18.3

17.7

21.2

2.5

22.9**

21.2

*p<.0,5; **p<.001.

Masculino Feminino

Quadro 9: Valores percentílicos, média e desvio-padrão da PGML no EMCV e médias de outros estudos nacionaise internacionais.

Idade

N

p95

p90

p75

p50

p25

p10

p05

M

DP

Lisboa 01

Madeira 02

6

325

28.6

27.6

25.8

24.5

23.5

22.6

21.9

24.8

2.1

25.5**

-

7

502

29.9

28.9

27.8

25.4

24.2

23.2

22.4

25.7

2.3

26.6**

-

8

483

31.6

30.1

28.5

26.7

25.2

23.9

23.4

27.0

2.6

28.1**

26.2**

9

452

32.6

31.5

29.6

27.7

26.1

25.8

24.3

28.0

2.6

29.1**

27.1**

10

236

34.2

33.3

30.5

28.8

26.6

25.4

24.7

28.7

3.1

29.3**

27.9

6

317

28.7

27.8

26.3

24.4

23.2

22.3

21.6

24.9

2.3

25.9**

-

7

498

30.8

28.8

27.3

25.5

24.8

22.8

22.3

25.8

2.4

26.4**

-

8

512

31.1

29.9

28.2

26.5

25.1

23.9

23.1

26.8

2.5

27.9**

26.7

9

489

32.8

31.5

29.5

27.6

25.8

24.5

23.7

27.8

2.7

29.3**

27.7

10

235

33.8

32.6

30.3

28.4

26.7

25.1

24.4

28.6

2.8

29.9**

28.4

*p<.0,5; **p<.001.

Masculino Feminino

Page 67: REVISTA MOTRICIDADE N.º04 · 2017. 6. 1. · Físico-Esportivas e as Motivações que levam à Prática das mesmas numa amostra de 1512 estudantes universitários. Assim, ... de

67 {Investigação

Comparativamente aos resultados encontradosna população lisboeta no perímetro braquial comcontracção, as nossas crianças denotam menoresvalores de muscularidade (p<.001) em todas asidades e sexos, mas o mesmo já não acontecerelativamente às crianças madeirenses entre os 8-10 anos, cujos valores são muito aproximadosaos nossos. No perímetro geminal encontramosmaiores valores nas crianças lisboetas (p<.001para todas as idades com a excepção dos 10 anosmasculinos), e resultados muito semelhantes nasraparigas madeirenses, mas inferiores nos rapazes(p<.05 aos 8 e 9 anos).

Os valores recolhidos nas crianças vianensespermitiram identificar diferenças importantesentre rapazes e raparigas nesta componente, comos rapazes a apresentarem larguras ósseassuperiores aos seus pares do sexo feminino(cerca de 2 mm em média para o DBCU e 4 mmpara o DBCF) em todas as idades.

Observando os valores extremos da distribui-ção percentílica (quadros 10 e 11) é fácil constatarque para todas as idades as diferenças entre osvalores mínimos e máximos se mantiveramrelativamente estáveis ao longo dos quatro anos.Comparativamente aos valores referenciadosquer para a população infanto-juvenil lisboeta

em 2001, quer para a norte-americana em 1994,as nossas crianças apresentam medidas deDBCU praticamente iguais. Já quanto ao DBCFas crianças vianenses apresentam valores muitosemelhantes aos das lisboetas e ligeiramentesuperiores às madeirenses (p<.001 aos 9 e 10anos dos rapazes e aos 8 e 10 anos das raparigas).

No quadro 12 e na figura 6 apresentamos asfrequências (absolutas e relativas) dos somatótiposencontrados nos dois sexos para cada uma dasidades e no seu total. A ordem de apresentaçãodos somatótipos obedece à sequência delocalização na somatocarta (e portanto à suacontiguidade morfológica) iniciando-se no meso--endomorfismo. Quando analisamos a configu-ração morfológica da totalidade das criançasdurante este período etário verificamos que68.5% do total dos rapazes se situam nascategorias em que o mesomorfismo é dominante,ou seja no espectro que vai desde os endo--mesomorfos (que são os mais frequentes com20.5%), aos mesomorfos-ectomorfos. Já nasraparigas é o endomorfismo que parece assumiro papel mais importante, com as meso-endo-morfas (27.2%), e as mesomorfas-endomorfas(16%) a constituírem no seu conjunto 43.2% do total da variação somatotipológica.

Figura 5: Médias dos diâmetros bicôndilo umeral e femural de rapazes e raparigas do EMCV entre os 6 e os10 anos.

DBCU DBCF

Diâmetros bicôndilo umeral e femural

Page 68: REVISTA MOTRICIDADE N.º04 · 2017. 6. 1. · Físico-Esportivas e as Motivações que levam à Prática das mesmas numa amostra de 1512 estudantes universitários. Assim, ... de

Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Viana do Castelo, PortugalLuis Paulo Rodrigues, Pedro Bezerra, Linda Saraiva

68 {Investigação

Quadro 10: Valores percentílicos, média e desvio-padrão da DBCU no EMCV e médias de outros estudosnacionais e internacionais.

Idade

N

p95

p90

p75

p50

p25

p10

p05

M

DP

Maia 00

Lisboa 01

Madeira 02

6

324

5.55.45.25.04.84.64.5

5.00.3

4.8-

5.1

7

501

5.75.65.35.14.94.74.6

5.10.3

5.1-

5.3

8

485

5.95.75.65.45.14.94.8

5.40.3

5.35.35.6

9

454

6.16.05.85.55.35.25.0

5.50.3

5.45.45.8

10

239

5.55.45.25.04.84.64.5

5.70.4

5.55.55.9

6

315

5.35.25.04.84.64.44.3

4.80.3

4.6-

4.9

7

501

5.55.35.14.94.74.64.5

4.90.3

4.9-

5.1

8

514

5.75.65.35.14.94.74.6

5.10.3

5.05.05.3

9

489

5.95.85.65.35.14.94.9

5.30.3

5.35.15.6

10

235

5.35.25.04.84.64.44.3

5.50.4

5.45.25.7

*p<.0,5; **p<.001.

Masculino Feminino

Quadro 11: Valores percentílicos, média e desvio-padrão da DBCF no EMCV e médias de outros estudosnacionais e internacionais.

Idade

N

p95

p90

p75

p50

p25

p10

p05

M

DP

Lisboa 01

Madeira 02

6

322

8.28.07.77.57.27.06.9

7.50.4

7.4*-

7

501

8.38.28.07.77.47.27.0

7.70.4

7.7-

8

486

8.68.58.27.97.67.37.2

7.90.4

7.97.8

9

454

9.08.88.58.27.97.67.5

8.20.4

8.1**8.0**

10

239

9.39.08.78.38.07.87.6

8.40.5

8.2**8.1**

6

318

7.87.77.47.16.86.66.5

7.10.4

7.0*-

7

500

8.07.87.67.37.06.86.7

7.30.4

7.3-

8

510

8.48.17.87.57.27.06.9

7.60.4

7.5**7.3**

9

489

8.68.48.17.87.57.27.1

7.80.5

7.87.7

10

235

8.88.68.37.97.67.47.2

8.00.5

7.97.8**

*p<.0,5; **p<.001.

Masculino Feminino

Page 69: REVISTA MOTRICIDADE N.º04 · 2017. 6. 1. · Físico-Esportivas e as Motivações que levam à Prática das mesmas numa amostra de 1512 estudantes universitários. Assim, ... de

69 {Investigação

Quadro 12: Valores absolutos e percentuais das categorias de somatótipos verificados no sexo masculino efeminino ao longo da idade e no total.

MesoEndomorfo

6

185.6%

7

408.1%

8

5812.1%

9

7015.5%

10

4318.2%

n%

Masculino

6

5617.9%

7

12124.4%

8

13827.5%

9

15331.4%

10

8436.2%

Masc

22911.5%

Fem

55227.2%

MesomorfoEndomorfo

154.7%

479.5%

5511.5%

5011.1%

2912.3%

n%

6019.2%

9118.3%

7514.9%

7615.6%

239.9%

1969.9%

32516.0%

EndoMesomorfo

10131.5%

12525.2%

8718.2%

7416.4%

198.1%

n%

7122.7%

7114.3%

499.8%

265.3%

104.3%

40620.5%

22711.2%

Mesomorfoequilibrado

7824.3%

10521.2%

8517.7%

5612.4%

2711.4%

n%

5718.2%

5711.5%

5010.0%

418.4%

166.9%

35117.7%

22110.9%

EctoMesomorfo

6620.6%

7615.3%

7615.9%

5612.4%

2410.2%

n%

206.4%

357.1%

183.6%

61.2%

2.9%

29815.0%

814.0%

MesomorfoEctomorfo

278.4%

7114.3%

7615.9%

8318.4%

4719.9%

n%

258.0%

479.5%

479.4%

469.4%

239.9%

30415.3%

1889.3%

MesoEctomorfo

113.4%

234.6%

367.5%

4810.6%

3816.1%

n%

103.2%

306.0%

499.8%

479.6%

2410.3%

1567.9%

1607.9%

Ectomorfoequilibrado

--

2.4%

1.2%

2.4%

41.7%

n%

41.3%

61.2%

214.2%

285.7%

208.6%

9.5%

793.9%

EndoEctomorfo

--

--

--

--

--

n%

--

--

1.2%

--

--

--

1.0%

EndomorfoEctomorfo

--

--

--

1.2%

--

n%

--

1.2%

61.2%

71.4%

41.7%

1.1%

18.9%

EctoEndomorfo

--

--

--

--

--

n%

--

--

--

1.2%

--

--

1.0%

Endomorfoequilibrado

--

--

--

--

1.4%

n%

--

51.0%

91.8%

193.9%

93.9%

1.1%

422.1%

Central5

1.6%7

1.4%5

1.0%11

2.4%4

1.7%n%

103.2%

326.5%

397.8%

387.8%

177.3%

321.6%

1366.7%

Totais 321 496 479 451 236n 313 496 502 488 232 1983 2031

Feminino Total

Somatótipo

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Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Viana do Castelo, PortugalLuis Paulo Rodrigues, Pedro Bezerra, Linda Saraiva

70 {Investigação

Olhando com mais atenção para as modi-ficações ocorridas ao longo dos cinco anos(figura 6 e quadro 12) verifica-se uma tendênciabipartida para um aumento dos associados com o ectomorfismo (mesomorfos-ectomorfose meso-ectomorfos) bem como com o endo-morfismo (meso-endomorfos), à custa da dimi-nuição da percentagem de rapazes com predo-mínio do mesomorfismo (endo-mesomorfos,mesomorfos equilibrados, e ecto-mesomorfos).

No sexo feminino a predisposição parece serprincipalmente para o aumento do endomor-fismo (meso-endomorfas) com a idade e para adiminuição clara do mesomorfismo para valoresmuito baixos aos 10 anos (endo-mesomorfas,mesomorfas equilibradas, e ecto-mesomorfas).Encontramos também, um aumento das raparigasclassificadas como ectomorfas equilibradas.

Figura 6: Percentagem dos somatótipos encontrados entre os 6 e os 10 anos no sexo masculino (em cima) e feminino (em baixo).

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71 {Investigação

DiscussãoRapazes e raparigas vianenses apresentam

valores muito semelhantes na sua estatura, peso,e perímetros entre os 6 e os 10 anos de idade, noentanto estas semelhanças mascaram diferençasfundamentais quanto às características morfoló-gicas associadas ao género e que são notórias aolongo de todos os escalões etários. Os rapazespossuem sempre superioridade nas dimensõesesqueléticas (diâmetros) e as raparigas na adipo-sidade corporal, tal como aliás tem sido normaem estudos similares9,17,20,31. Estas diferençasreflectem-se directamente no dimorfismo con-figuracional que confere ao sexo masculino (jádesde o período infanto-juvenil) melhorescondições de aptidão morfológica para o movi-mento12,29, o que poderá ajudar a explicar osmelhores resultados encontrados no sexo mas-culino aquando da avaliação da aptidão físicanesta mesma população25.

Diferenças nas mudanças morfológicas asso-ciadas ao género são também identificadasaquando da análise dos somatótipos exibidos em cada idade e das transformações sentidas napassagem para a pré-puberdade e puberdade,com diferenças evidentes nos padrões somatoti-pológicos dominantes aos 10 anos de idade. Nosrapazes encontram-se duas tendências opostas:por um lado aumentam os perfis associados aoendomorfismo enquanto no outro extremo seacentuam as configurações morfológicas usual-mente identificadas como mais aptas (meso--ectomorfismo)1,2. Nas raparigas a maior predomi-nância encontra-se no aumento do endomorfismoassociado ao decréscimo da influência do meso-morfismo, o que as parece afastar mais dosparâmetros morfológicos mais associados com a aptidão motora.

Relativamente aos indicadores morfológicossimples, e comparativamente a outras populaçõesnacionais e internacionais da mesma faixa etária,as crianças vianenses demonstraram possuir: (1)

estatura média ligeiramente superior às reportadasna maioria dos estudos portugueses e um ritmode crescimento diferente das norte-americanas,sendo mais altos aos 6 anos mas mais baixos aos10 anos; (2) peso semelhante às crianças da Maia,Lisboa, Açores e Continenet, mas superior às daMadeira e Amarante, e inferior ao das criançasdos EUA; (3) valores de pregas adiposas infe-riores ou da mesma magnitude aos reportadospara Portugal; (4)perímetros musculares e diâme-tros ósseos semelhantes aos seus pares portugueses.

Parece-nos relevante salientar nesta discussãoo facto de todas estas diferenças terem sidoencontradas em variáveis morfológicas (i.e. altura,peso, e pregas adiposas) altamente sensíveis aosfactores ambientais. Esta ilação deve levar-nos areflectir sobre a possibilidade de as variabilidadesregionais poderem espelhar essencialmente osestilos de vida das suas crianças e jovens.

Constituindo o crescimento estatural um dosindicadores mais simples do estado de desenvol-vimento das populações, poderemos argumentarque a população vianense demonstra bonsindicadores nesta matéria já que se situa sempreentre os valores mais elevados dos estudosnacionais. A provar isso mesmo, a diferença decerca de 10 cm no crescimento médio da estaturaocorrida em apenas 30 anos (1981 a 2001),permitindo uma recuperação da diferença existenteem 1981 relativamente à média nacional (cercade 1.3 cm nos rapazes e 1.4 para as raparigas)26.

No peso, as únicas diferenças relevantes nopanorama nacional foram encontradas relativa-mente às crianças madeirenses e amarantinas.Dada a similitude dos valores médios das pregasadiposas da população madeirense e da nossa, arazão para esta diferença não é muito clara,podendo eventualmente estar relacionada com amenor dimensão esquelética apresentada pelascrianças madeirenses (estatura e diâmetros). Já nacomparação com os valores de 2002 dos EUA,se percebe como ainda nos diferenciamos dosvalores que por lá se registam, bem como do

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Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Viana do Castelo, PortugalLuis Paulo Rodrigues, Pedro Bezerra, Linda Saraiva

72 {Investigação

ritmo de crescimento anual do peso. Os nossosvalores actuais são muito semelhantes aosexibidos pelas crianças dos EUA no período do NHANNES III (1988-94)20.

Específicamente quanto aos valores deadiposidade, e porque eles constituem umapreocupação cada vez mais premente no mundomoderno, apesar de não existir um valor dereferência para classificar as pregas adiposas,podemos considerar que os valores apresentadospelas crianças vianenses posicionadas no per-centil 50 são relativamente baixos. No entanto omesmo não pode ser dito das crianças cujosvalores se situam acima deste percentil, já quenestes casos os registos são muito mais elevadose ainda por cima aumentam bastante de ano paraano, característica que faz denotar a extremaassimetria entre os valores de adiposidade nestapopulação. Enquanto cerca de metade dascrianças (abaixo do p50) possuem valores baixose muito aproximados de massa gorda subcutânea(ver valores percentilicos nos quadros 4 a 7) ametade superior ao p50 revela um grandedistanciamento da mediana e uma grandedispersão dos valores. Especial preocupaçãodeve pois incidir sobre as crianças que se situamacima do p75, visto que após os 8 anosapresentam já pregas adiposas de grandedimensão. Este fenómeno de menor hetero-geneidade da metade superior da população nosvalores das pregas adiposas tem sido usualmentedescrito9,10,18,19,24, mas associado a uma trajectóriade incremento anual mais acentuada nos valorespercentílicos mais elevados ajuda a percebermelhor a necessidade de intervir desde cedo comas crianças que se situam nesses valores. Aindaassim, e se pensarmos na grande sensibilidade àscondições ambientais que a deposição de massaadiposa subcutãnea possui, não podemos deixarde concluir que a população vianense parecedemonstrar características de estilos de vida maissaudáveis do que a generalidade das suas congé-neres nacionais.

No que diz respeito às características somato-tipológicas constatamos que no 1CEB em Vianado Castelo o mesomorfismo é a componentemais evidenciada pelos rapazes e o endomor-fismo pelas raparigas. No entanto, e ao longo daidade, as modificações vão ocorrendo no sentidode as raparigas se tornarem mais endomorfas,enquanto os rapazes parecem caminhar em doissentidos opostos: aumentam os perfis associadosao endomorfismo, mas também os ecto-meso-morfos geralmente associados a melhor aptidãomotora. A inexistência de estudos nacionais querefiram este tipo de abordagem com criançasdestas idades, e o facto de os escassos estudosinternacionais apresentarem os seus resultadossob a forma do somatótipo médio e não dasfrequências, dificulta a nossa comparação.Apesar destas limitações, este comportamentoassemelha-se de uma forma geral ao modeloempírico descrito por Carter e Heath5 e obser-vado em rapazes canadianos6, e rapazes eraparigas belgas2. Em ambos os casos é descritoque neste período etário os rapazes tendem adecrescer em mesomorfismo e a aumentar emectomorfismo, enquanto as raparigas diminuemno mesomorfismo e aumentam a componenteendomorfa.

Possível explicação para esta divergência detrajectórias estará possívelmente associada àsoportunidades de estimulação (actividade física)proporcionadas às crianças, mas característicasgenéticas e de envolvimento (sobretudo familiar)não deverão ser descuidadas. Rapazes commelhores condições de aptidão morfológica nasidades mais baixas serão também naturalmenteaqueles que maior êxito terão na sua participaçãoem jogos e brincadeiras de movimento. Poroutro lado é sabido que os que apresentambaixos níveis de sucesso ocasionados por umasobrecarga ponderal acrescida usualmente sesentem pouco motivados para a participação em actividades físicas. Este efeito de “bola deneve” é certamente uma das razões que ajuda a

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73 {Investigação

explicar esta divergência entre estas duastipologias opostas já nestas idades. No casofeminino as razões encontradas para justificarestas mudanças estão seguramente relacionadascom o aproximar do início da puberdade,momento em que se dá um aumento significativoda massa adiposa nas raparigas, e que se inicianas raparigas cada vez mais cedo (tendênciasecular), ocorrendo hoje em média por volta dos10-11 anos de idade (mas cujo intervalo devariação se estende dos 8 aos 13 anos)28.

Em jeito de conclusão diríamos que o pano-rama geral encontrado no EMCV parece indicarque a morfologia das crianças vianenses ao longodo crescimento não inspira ainda cuidado,encontrando-se dentro de parâmetros favoráveisao desenvolvimento da aptidão morfológica. Aspreocupantes mudanças morfológicas já ampla-mente documentadas nas populações interna-cionais7, e que se parecem começar a identificarjá nas população da capital portuguesa, ainda nãose fizeram sentir em Viana do Castelo. O cresci-mento secular em altura da nossa população étambém evidente, recuperando do atrasoreportado em 1981 para igualar ou ultrapassarhoje a média nacional, facto que constituiindicador importante do desenvolvimento dapopulação infanto-juvenil vianense nos últimostrinta anos.

Embora conscientes da limitação das interpre-tações das mudanças médias quando pretendemosextrapolar para a criança portuguesa em geral,achamos pertinente poder pensar que estesresultados serão valiosos numa construção maisglobal do conhecimento sobre a realidade docrescimento morfológico da criança portuguesa.Este objectivo é tanto mais importante quantonão existem valores actuais que se possam con-siderar extensivos a todo o território nacional,mas tão somente estudos localizados de cujosomatório poderemos construir tal desiderato,compreendendo ao mesmo tempo as possíveisdiferenças regionais.

Na utilização prática destes resultados propo-mos como primeiro objectivo o da identificaçãoprecoce daquelas crianças que parecem mostrartendência para uma menor aptidão morfológica,dada as previsíveis consequências nefastas dessasituação para a determinação futura do seu estilode vida. Esperamos pois que os resultados queagora compartilhamos com a comunidade acadé-mica, educativa e clínica possam também ajudara essa detecção, bem como a uma maior preo-cupação de todos na avaliação destes indicadoresfundamentais do desenvolvimento das nossascrianças e jovens.

AgradecimentosOs autores querem expressar os seus mais

profundos agradecimentos à Câmara Municipalde Viana do Castelo pelo apoio prestado aoEMCV, às escolas do 1.º CEB e respectivosprofessores e alunos pela sua colaboraçãodesinteressada, e aos alunos finalistas do Cursode Educação Física que constituíram a equipa deobservação e sem os quais este estudo teria sidoimpossível de concretizar.

Agradecemos à Doutora Filomena Vieira,Doutora Isabel Fragoso, e Doutor José Maia,pelas valiosas correcções e sugestões relativas àpublicação dos resultados do EMCV. Um especialagradecimento é ainda devido às primeiras peladisponibilização dos resultados relativos aoestudo Reavaliação Antropométrica da PopulaçãoInfantil de Lisboa, quando este ainda se encon-trava no prelo.

CorrespondênciaLuís Paulo RodriguesEscola Superior Educação Viana do CasteloAv. Capitão Gaspar de Castro, Apartado 513 4901-908 Viana do CasteloTelefone 258 806 200 |Fax 258 806 209 E-mail: [email protected]

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Morfologia e crescimento dos 6 aos 10 anos de idade em Viana do Castelo, PortugalLuis Paulo Rodrigues, Pedro Bezerra, Linda Saraiva

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75 {Investigação

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76 {Investigação

Introdução: vários são os estudos que inves-tigam a relação entre o sedentarismo como fatorde risco para diversas patologias, bem como arelação de um estilo de vida ativo como fator deproteção a agravos a saúde. O Método Pilates®

surge como forma de condicionamento físicointeressado em proporcionar bem-estar geral aoindivíduo, e capaz de proporcionar força, flexibi-lidade, boa postura, controle motor, consciênciae percepção corporal melhorada. Objetivo: analisara influência do método Pilates® sobre a resistênciade força na flexão de braço e em exercício abdo-minal em mulheres submetidas a uma interven-ção de nove semanas. Metodologia: o estudo foicomposto por 12 voluntárias do sexo femininocom idade entre 25 e 40 anos. Os testes realizadosforam o de abdominal e flexão de braço. Ogrupo foi submetido a um pré e um pós-teste,havendo um período de nove semanas entre cadauma das avaliações. Entre os pré e pós-teste, ogrupo foi submetido a três sessões semanais detreinamento de 50 minutos cada com o MétodoPilates®. Resultados: foi verificada diferençasignificativa entre o pré e o pós-teste (p<0.05),demonstrando assim uma melhora no pós-testeem relação aos valores encontrados no pré-teste.Discussão: a prática do Método Pilates® tende ase apresentar como um importante aliado napromoção da saúde e indicando possibilidade de ganhos no que se refere à melhora no perfildos padrões de resistência de força dos prati-cantes da atividade

Palavras Chave: Método Pilates®, mulheres adultase resistência de força.

The Pilates® method and the locatedmuscular resistance in adult womenBack Ground: several studies investigate the

relation of the lack of exercises and the factor ofrisk for diverse pathologies, and the relation ofactive style of life as protection factor the riskthe health. The Pilates® Method appears as formof interested physical conditioning in providinggeneral individual wellness, and capable to provideforce, flexibility, good position, motor control,body conscience and improved corporal percep-tion. Objective: to analyze the Pilates® methodinfluence on the resistance of force in the armflex and abdominal exercise in women submitteda nine weeks intervention. Methodology: the studyhe was composed for 12 feminine volunteerswith age between 25 and 40 years. The carriedthrough tests had been of the abdominal andarm flex. The group was submitted to a pre-testand a after-test, having had a period of nineweeks between each one of the evaluations.Between the pre and after-test, the group wassubmitted the three weekly sessions of trainingof 50 minutes each with the Pilates® Method.Results: it was verified significant difference bet-ween pre and after-test (p < 0.05), thus demons-trating an improvement in the after-test in relationto the values found in the pre-test. Discussion:the practical Pilates® Method one of the tends ifto present as an important ally in the promotionof the health and indicating possibility of profitsin that if it relates to the improvement in theprofile of the standards of resistance of force of the practitioners of the activity.

Keywords: Pilates® method, adult women andresistance of force.

Resumo Abstract

Data de submissão: Novembro 2006 Data de Aceitação: Janeiro 2007

O método Pilates ® sobre a resistência muscular localizada emmulheres adultasCristiane Bainchetti Ferreira1, Felipe José Aidar2,6, Giovanni da Silva Novaes2,4,Jéferson Macedo Vianna2,5, André Luiz Carneiro2,7,8, Luciana de Souza Menezes2,9

1 Centro Universitário de Volta redonda - UniFOA.; 2 Universidade de Trás-os-montes e Alto Douro - UTAD, Vila Real -Portugal; 4 Escola Superior de Cruzeiro - ESC, Cruzeiro, SP, Brasil; 5 Universidade Federal de Juiz de Fora - UFJF, Juizde Fora, MG, Brasil; 6 Corpo de Bombeiros Militar de Minas Geais - CBMMG, Belo Horizonte, MG, Brasil; 7 FaculdadeUnidas do Norte de Minas - FUNORTE, Montes Claros, MG, Brasil; 8 Universidade de Montes Claros - UNIMONTES,Montes Claros, MG, Brasil; 9 Universidade Salgado de Oliveira - UNIVERSO, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

Ferreira, C.; Aidar, F.; Novaes, G.; Vianna, J.;Carneiro, A.; Menezes, L.; O método Pilates®

sobre a resistência muscular localizada emmulheres adultas. Motricidade 3(4): 76-81

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77 {Investigação

A inclusão no estudo se deu através de libe-ração médica. As voluntárias eram orientadas aprática exclusiva do método Pilates® durante operíodo de intervenção, fato este confirmado no pós-teste.

Os voluntários foram esclarecidos sobre oestudo, sendo que todos assinaram termo deautorização de acordo com a Resolução 196/96do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisaenvolvendo seres humanos e Declaração deHelsinque, 1975.

IntroduçãoÉ sabido que atualmente várias são as doenças

associadas à hipocinesia ou sedentarismo quevem acometendo a população mundial. Nestesentido cada vez mais tem havido uma cons-cientização da necessidade da prática de algumaatividade física com vários objetivos, principal-mente com caráter preventivo (Gomes 1994;Novaes et al. 2001).

Vários são os estudos que investigam arelação entre o sedentarismo como fator de riscopara diversas patologias, bem como a relação de um estilo de vida ativo como fator de proteçãoa agravos cardiovasculares (Bauman e Owen1999, Blair et al. 2001, Kohl 2001); hipertensão(Osiecki et al. 1999); câncer (Friedenreich 2001 e Thune et al. 2001); diabetes (Hu 2001), saúdemental (Yafee et al. 2001) e qualidade de vida(Aidar et al. 2006a).

Neste sentido, vários tem sido os sistemas deatividades físicas onde o método Pilates® surgecomo forma de condicionamento físico parti-cularmente interessado em proporcionar bem--estar geral ao indivíduo, sendo assim, capaz deproporcionar força, flexibilidade, boa postura,controle motor, consciência e percepção corporalmelhorada (Blum 2002)

O objetivo maior do método Pilates®, é o deproporcionar as pessoas um aprofundamento nacompreensão e melhora na percepção corporal.Desse modo todos poderão usa-lo de formamais eficiente aprimorando sua performance nasatividades de vida diária e profissional. O métodovisa a melhoria da qualidade de vida nos praticantede atividades físicas, notadamente, com o uso dastécnicas denominadas Pilates®. (Ribeiro 1998).

O método Pilates® tem se demonstradoeficiente na prevenção e no tratamento de váriaspatologias, como anteriormente referenciado einclusive com bons resultados em pacientes comescoliose (Blum 2002). Também foi demonstradoresultados favoráveis em promover aumento emtodos os parâmetros avaliados (pico de torque,

trabalho total, potência e quantidade de trabalhototal). Foi verificado que as melhoras apresentadas,principalmente no que se refere a problemasposturais, e isto teria ocorrido devido a umamelhor relação flexores - extensores em todos osparâmetros avaliados (pico de torque, trabalhototal, potência e quantidade de trabalho total),tendendo ao haver o equilíbrio entre flexores eextensores (Blum 2002).

Contudo, verifica-se que existem poucosestudos utilizando o método Pilates® em mulheresadultas e, sobretudo em relação à resistência de força.

Neste sentido, o objetivo do presente estudoconsiste em analisar a influência do métodoPilates® sobre a resistência de força na flexão debraço e em exercício abdominal em mulheressubmetidas a uma intervenção de nove semanas.

MetodologiaAmostraO estudo foi composto por 12 voluntárias do

sexo feminino com idade entre 25 e 40 anos.(tabela 1).

Tabela 1: Dados do Grupo de Estudo (GE).

Idade(média ± desvio padrão)

Número de casos (%)32,08±4,85

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78 {Investigação

O método Pilates ® sobre a resistência muscular localizada em mulheres adultasCristiane Bainchetti Ferreira, Felipe José Aidar, Giovanni da Silva Novaes, Jéferson Macedo Vianna, André Luiz Carneiro,Luciana de Souza Menezes

Instrumento O teste realizado de abdominal e flexão de

braço utilizado foi o descrito por Pollock eWilmore (1993).

Para a realização do abdominal, foi utilizadoum cronômetro da marca Casio modelo HS-3(Japão) com unidade de medida até 1/100 desegundo e um colchão.

Para ambos os testes foi utilizada umafilmadora da marca JVC, a fim de registro dasimagens e posterior conferência dos movi-mentos executados caso houvesse alguma dúvidaquanto a realização do teste.

ProcedimentosO grupo foi submetido a um pré e um pós-

-teste, havendo um período de nove semanasentre cada uma das avaliações.

Entre os pré e pós-teste, o grupo foi subme-tido a três sessões semanais de treinamento de 50minutos cada. As sessões foram divididas emuma parte inicial: alongamento e aquecimentocom bola média; parte principal: aparelhagem eparte final: alongamento e volta calma com bolagrande. As sessões foram realizadas no períodode 09:00 as 12:00 horas.

Para a realização dos testes foi padronizado o horário de 09:00 as 10:30 horas, com tempe-ratura ambiente variando entre 21 e 24º C, eumidade relativa do ar média de 41%. O avaliadofoi o mesmo no pré e no pós-teste com expe-riência de mais de 100 avaliações.

O teste de flexão de braço foi o de quatroapoios contando-se o número de repetições até a exaustão, e o abdominal foi contado o númerode execuções no período de um minuto (Pollocke Wilmore 1993). Os testes puderam ser confir-mados através da coleta de imagens.

EstatísticaFoi feita a verificação da homogeneidade

da amostra através do teste de Shapiro Wilktendo em vista o tamanho da amostra. O trata-mento estatístico foi feito com relação ao pré epós-teste, sendo utilizado o teste t para amostrasemparelhadas no grupo de estudo.

Foi considerado um p<0,05, sendo a análisefeita no programa SPSS for Windows versão 13.0.

ResultadosOs resultados referentes ao pré e ao pós-teste

se encontram na tabela 2.

Foi verificada diferença significativa entre opré e o pós-teste (p < 0.05), demonstrando assimuma melhora no pós-teste em relação aos valoresencontrados no pré-teste.

DiscussãoExiste um número cada vez maior de estudos

que comprovam e relatam os benefícios daaptidão física para a saúde em populaçõesfisicamente ativas (ACSM 1998; ACSM 2000;Blair et al. 1995, Paffembarger 1994).

Não são poucos os trabalhos científicos quedestacam o sedentarismo e o estresse como res-ponsáveis por doenças hipocinéticas e reduçõesna qualidade de vida (Rejeski et al. 1996, Ellis et al. 2007). Existem cada vez mais dadosdemonstrando que o exercício, a aptidão e aatividade física estão relacionados com a pre-venção, com a reabilitação em caso de doenças e com a melhora na qualidade de vida (Pate et al.1990, Pate 1995, Aidar et al. 2006ª e b).

Tabela 2: Resultados do pré e pós-teste.

Abdominal (média ± desvio padrão)

Flexão de braço (média ± desvio padrão)

18,58 ± 3,26

18,58 ± 3,26

23,00 ± 4,41*

17,25 ± 5,62*

Pré-teste Pós-teste

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79 {Investigação

Igualmente, a relação entre atividade física e saúde tem sido demonstrada através deevidências de que níveis apropriados de aptidãofísica, mantidos durante toda a vida por meio deexercícios regulares, exercem efeitos benéficosnas funções dos órgãos em geral, tendo comoconsequência o prolongamento da vida e destacom qualidade (Nieman 1999; Myer et al. 2002,Paffenbarger et al. 1986 e Shephard 1999, Aidaret al. 2006ª e b).

Pesquisadores nas áreas de exercício físico ede medicina do exercício e do esporte, já de-monstraram que tanto a inatividade física comoa baixa aptidão física são prejudiciais à saúde(Blair et al. 1995 e Paffenbarger 1994).

Apesar de já estar demonstrado que exercíciosmoderados contribuem para o aprimoramentoda saúde, há evidências consistentes de queexercícios de alta intensidade ou vigorososproduzem efeitos positivos mais importantessobre o perfil lipídico (Kraus et al. 2002),inclusive com reduções de até duas vezes nastaxas de mortalidade em período superior a umadécada (Paffenbarger et al. 1996; Manson et al.1999; Manson et al. 2002; Tanasescu et al. 2002).

Os resultados do presente estudo sugerem quea musculatura envolvida nos exercícios utilizadosna avaliação apresentaram uma boa resposta aoestímulo do método Pilates®.

Além disso, a pressão intra-abdominal nãotem se apresentado aumentada durante a con-tração dos músculos abdominais (Herborg 1985).Também foi observado que o treinamento deforça com ênfase sobre a musculatura abdominalfoi eficiente em promover aumento da resis-tência muscular localizada.

Os resultados corroboram com a filosofia dométodo, onde o método Pilates® desenvolvidopor Jopeph Pilates no início da década de 1920tem como base um conceito denominado decontrologia (Pilates 2000). Segundo Pilates (2000),contrologia seria o controle consciente de todosos movimentos musculares do corpo. O métodoseria voltado para a correta utilização e aplicação

mais correta e harmônica dos mais importantesprincípios das forças que atuam nos diversossistemas de alavancas que constituem o corpohumano.

Os exercícios do método Pilates® são, na suamaioria, executados na posição deitada, havendodiminuição dos impactos nas articulações desustentação do corpo na posição ortostática e,principalmente, na coluna vertebral, permitindorecuperação das estruturas musculares, articularese ligamentares, particularmente da região sacro-lombar, possibilitando assim, que pessoas devários segmentos etários possam se beneficiar do método em epígrafe (Pilates 2000, Gallaghere Kryzanowska 1999).

O sistema básico inclui um programa deexercícios que fortalecem a musculatura abdo-minal e paravertebral, bem como os de flexibi-lidade da coluna, além de exercícios para o corpocomo um todo. Já no sistema intermediário--adiantado são introduzidos, gradualmente,exercícios de extensão do tronco, além de outrosexercícios para o corpo todo, procurandomelhorar a relação de equilíbrio agonista--antagonista, uma vez que o método Pilates®

preconiza a melhoria das relações musculares(agonista e antagonista) (Pilates 2000, Gallaghere Kryzanowska 1999, Blum 2002).

Outrossim, o método Pilates® tem ganhadocada dia mais adeptos, se apresentando comouma forma de promover o incremento da práticade exercícios físicos na população de um modogeral. A prática de tal método tende a se apre-sentar como um importante aliado na promoçãoda saúde e indicando possibilidade de ganhos noque se refere à melhora no perfil dos padrões deresistência de força dos praticantes da atividade.

CorrespondênciaFelipe José AidarRua Oswaldo Cruz 520, Nova Suiça Belo Horizonte / Minas Gerais - BrasilTel. 00553247-3608E-mail: [email protected]

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O método Pilates ® sobre a resistência muscular localizada em mulheres adultasCristiane Bainchetti Ferreira, Felipe José Aidar, Giovanni da Silva Novaes, Jéferson Macedo Vianna, André Luiz Carneiro,Luciana de Souza Menezes

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82 {Técnico

O presente estudo discute a necessidade de serepensar a abordagem tradicional do ensino daNatação. A Natação, como disciplina desportiva,é uma actividade multidisciplinar, a qual pode serextremamente rica ao nível da experimentaçãomotora e variação de práticas desportivas aquáticas.É neste contexto que se confronta a realidadeactual do ensino da Natação com uma realidademais desejada, de âmbito multidisciplinar. Nasequência da análise efectuada, enfatizou-se, so-bretudo, a orientação e adequação dos conteúdosde ensino da Natação para crianças e jovens,população específica nas suas características enecessidades de desenvolvimento. No sentido dese atender a este grupo especifico, após se tersalientado a pertinência da multidisciplinaridade,efectua-se uma proposta de abordagem de habi-lidades motoras aquáticas básicas envolvendo anatação pura, o pólo aquático, a natação sincro-nizada e os saltos para a água, considerando afase de ensino inicial da Natação – a Adaptaçãoao Meio. Esta proposta visa divulgar a imple-mentação do ensino multidisciplinar da Natação,o qual se considera ser cada vez mais urgente,particularmente pela pouca expressão que asmodalidades aquáticas tradicionalmente conside-radas como satélites da Natação – pólo aquático,natação sincronizada e saltos para a água – têmtido no contexto desportivo nacional.

Palavras Chave: Natação, Ensino, Multidisciplinar,Adaptação ao Meio Aquático.

Multidisciplinary teaching in swimming:methodological reflection and proposal ofcheck listThe present study proposes a new multi-

disciplinary approach related to teaching inswimming. Swimming is an interdisciplinaryphysical activity, which can be truly important atthe level of the motor learning and experi-mentation in aquatic activities. In the presentmanuscript, it was compared the present realityof teaching in Swimming with a new perspective,this one with a multidisciplinary scope. Followingthe referred analysis, it was presented a dis-cussion about the orientation and adequacy ofthe contents of the Swimming curriculum forchildren and youngsters, which are populationswith specific characteristics and developmentnecessities. In this sense, after stating the rele-vance of a multidisciplinary perspective, it wasproposed a new approach for basic aquatic motorskills acquisition based on four disciplines:swimming, water polo, synchronised swimmingand platform diving. This was made taking intoaccount the initial stage of swimming teaching,i.e., aquatic readiness. This proposal aims mainlyat implementing the teaching of Swimming at amultidisciplinary point of view that, in ouropinion, is urgent, namely due to the smallexpression that the aquatic modalities traditionallyconsidered as swimming satellites (water polo,synchronised swimming and platform diving)have in the Portuguese sports context.

Keywords: Swimming, Teaching, Multidisciplinaryapproach, Aquatic Readiness.

Resumo Abstract

Data de submissão: Agosto 2007 Data de Aceitação: Setembro 2007

Ensino multidisciplinar em natação: reflexão metodológica eproposta de lista de verificaçãoSofia Canossa1, Ricardo J. Fernandes2, Carla Carmo2, António Andrade3, Susana M. Soares2

1 Mestre em Ciências do Desporto pela Universidade do Porto.2 Docente da Faculdade de Desporto, Universidade do Porto.3 Pós-graduado pela Universidade Técnica de Lisboa.

Canossa, S.; Fernandes, R.; Carmo, C.; Andrade, A.Soares, S.; Ensino multidisciplinar em natação:reflexão metodológica e proposta de lista deverificação. Motricidade 3(4): 82-99

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83 {Técnico

A par da expansão generalizada das práticasdesportivas, a Natação, nas suas vertentes deensino, recreação e lazer, reabilitação e competi-ção, parece estar a registar uma crescente adesãode praticantes. As actividades aquáticas têm sidolargamente difundidas, não só nos clubes, comonoutras instituições e agentes sociais, percor-rendo todas as faixas etárias, desde os bebés aosadultos e idosos. Se, por um lado, esta crescenteexpansão contribui para a melhoria da qualidadede vida da população em geral, por outro, essamesma difusão faz emergir questões sensíveis ao nível da qualidade dos serviços prestados,às quais profissionais, instituições e agentes pro-motores deveriam estar atentos. A este propósito,não raras vezes, se encontram ofertas menosapropriadas no que concerne à orientação eadequação dos conteúdos aos diversos gruposetários. A ocorrência deste facto em classes de crianças e jovens torna-se ainda mais preo-cupante, particularmente pelo comprometimentoda integralidade do seu desenvolvimento físico e psicológico.

De modo a responder adequadamente àsdiversas motivações e interesses de quem inicia aprática da Natação, assim como a cumprir ospreceitos da multidisciplinaridade, será funda-mental entender a abrangência desta modalidadedesportiva quer nas vertentes acima referidasquer nas suas quatro disciplinas: natação pura(np), pólo aquático (pa), natação sincronizada(ns) e saltos para a água (sa). Estas disciplinasdevem constituir um todo globalizante já que aexpressão final de cada uma resulta de umalicerce comum. Para uma sólida construçãodessa base, sob pena de se observarem hiatos de aprendizagem inibidores de uma efectiva progressão dos indivíduos, deve-se contemplar,desde as primeiras fases do ensino, as habilidades

Introduçãomotoras aquáticas básicas (hmab)2 que, por serempercursoras de determinadas habilidades maisespecíficas de cada disciplina, comportam algumasingularidade.

A Adaptação ao Meio Aquático (AMA) écomummente reconhecida como o pilar básicodo processo de ensino-aprendizagem em Natação.A AMA não deve, contudo, ser abordada edirigida segundo os pressupostos únicos da np19,devendo, pelo contrário, ser alicerçada e orien-tada pelos pressupostos de todas as disciplinasda Natação e da futura diversidade de interessese motivações dos praticantes2. A isto se impõe anecessidade de repensar uma nova AMA, capazde induzir respostas adaptativas gerais e especí-ficas de cada disciplina aquática.

O ensino multidisciplinar é, aparentemente,uma ideia de fácil aceitação, mas de exequibi-lidade difícil, na medida em que exige umareflexão profunda sobre o actual ensino aplicadoà Natação e à formação de profissionais compe-tentes e profundamente conhecedores das diversasdisciplinas aquáticas19. Trata-se, também, de umaproposta complexa, tanto ao nível dos conceitoscomo dos conteúdos.

Nesta reflexão, de âmbito didáctico, estabele-cemos uma sequência de conteúdos inicial, tendopor base as hmab percursoras das disciplinas denp, pa, ns e sa. Assim, são objectivos do presentetrabalho: (i) reflectir sobre o ensino tradicionalda Natação existente em Portugal; (ii) alertar osprofissionais da Natação para as necessidadesformativas e pedagógicas das crianças e jovens;(iii) evidenciar as vantagens do ensino multidis-ciplinar da Natação; (iv) estabelecer uma sequênciade conteúdos, tendo por base as hmab percursorasdas disciplinas de np, pa, ns e sa e (v) projectar oensino multidisciplinar na Natação, enunciando a divulgação de propostas em trabalhos futuros.

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Ensino multidisciplinar em natação: reflexão metodológica e proposta de lista de verificaçãoSofia Canossa, Ricardo J. Fernandes, Carla Carmo, António Andrade, Susana M. Soares

84 {Técnico

ENSINO/FORMAÇÃO DE BASE EM NATAÇÃO.DA REALIDADE À MUDANÇA

O Ensino da Natação: que realidade?O ensino da Natação tem sido tradicional-

mente preconizado segundo uma abordagemmonodisciplinar2,7,13,30. Na maioria das Escolas de Natação, não se encontram conteúdos orde-nados, sistematizados e integrados das disciplinasde pa, ns e sa. Nesse contexto, a multidiscipli-naridade é rara e a transdisciplinaridade quaseinexistente. É curioso, contudo, constatar aadopção frequente de exercícios que contem-plem saltos variados, rolamentos, passagens pelaposição invertida imersa e manipulação deobjectos. No entanto, a sua abordagem recaiapenas nas fases iniciais de aprendizagem eapresenta, como principal objectivo, o da aprendi-zagem das técnicas padrão da np, não eviden-ciando preocupações multi e transdisciplinares.É também frequente encontrar, durante as fasesiniciais de aprendizagem, a utilização de jogoslúdicos desprovidos de objectivação, seja ao níveldo jogo propriamente dito (e.g. orientação espaciale temporal, cumprimento de regras, trabalho degrupo), dos conteúdos da Natação de âmbitogeral (e.g. domínio do equilíbrio vertical), ou dosconteúdos de uma disciplina particular daNatação (e.g. manipulações no pa). Parece tratar--se apenas de jogar por jogar, somente para sedivertir36.

O valor formativo da np é evidente einquestionável. Trata-se de uma disciplina queproporciona às crianças e jovens a aquisição decompetências motoras únicas, o que aliado aofacto das suas técnicas padrão estarem presentes,directa ou indirectamente, nas restantes disciplinasda Natação, a torna essencial. Contudo, ao obser-varmos as Escolas de Natação, percebemos quea sua tradicional abordagem30, começando pelabasilar fase da AMA, se encontra empobrecida.Até alguns conteúdos fundamentais como astécnicas de partir e virar12,35,38 são relegadas parasegundo plano quando sabemos que a sua intro-dução e exercitação enriquece o reportório motor

dos alunos e em muito beneficia a AMA. Por serfundamental, a AMA carece de um conceitomais vasto e completo, não devendo ser vistaapenas como uma simples fase inicial da apren-dizagem da np, mas sim como a aprendizagemdo total domínio do meio aquático. A AMA só é considerada completa quando o sujeito é con-frontado com as exigências específicas de cadaactividade aquática19. Nesta perspectiva, a própriaabordagem multidisciplinar assente em hmabpercursoras de apenas quatro disciplinas aquáticaspoderá incorrer em defeito, pois outras activida-des aquáticas como o nado com barbatanas, aságuas livres e as disciplinas do fitness poderão dar,também, um contributo importante para a aqui-sição de uma verdadeira mestria aquática.

Em síntese, atendendo às características enecessidades das crianças e jovens e sendo aNatação uma modalidade de elevada exigênciatécnica, onde por vezes se torna difícil sair dedeterminados padrões de movimentos, importaque os profissionais ligados às actividades aquá-ticas, se direccionem para um processo de ensinomais rico e variado1,30 começando, desde logo, naAMA. É este o ensino que objectiva a aquisiçãode competências aquáticas alargadas e o desenvol-vimento multilateral e harmonioso dos indivíduos.Na figura 1 tentamos confrontar duas perspec-tivas: o que parece ser a realidade actual doensino da Natação em Portugal e uma realidadede âmbito multidisciplinar, projectada numfuturo que se julga mais promissor.

Ensino multidisciplinar: Porquê?O ensino e formação cuidados das crianças e

jovens são unanimemente reconhecidos pelosagentes educativos, os quais devem estar cons-cientes das reais necessidades desse grupo etárioe ser responsáveis quanto à orientação do ensinoe criação de oportunidades de prática. Já em1965, Bruner, salientava que a capacidade de

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resolução de problemas que requeiram respostamotora é um processo que se inicia logo após onascimento do indivíduo. Complementarmente,se a criança não for exposta à tentativa derealização de uma habilidade, alguns dos compo-nentes necessários para o sucesso não estarãodisponíveis no seu ambiente34. Estas conside-rações levam a depreender que a estimulaçãomotora se assume, desde idades muito baixas,como agente condicionante da aprendizagem. Sepor um lado, não há dúvidas sobre a pertinênciade proporcionar à criança uma estimulação que ahabilite para a resolução de problemas, poroutro, quando nos reportamos à solicitaçãomotora, surgem questões relacionadas com aquantidade e a qualidade da estimulação a pro-porcionar. Nesse contexto, e nomeadamente no que toca á natureza da estimulação motoraconsiderada como adequada às necessidadeseducativas das crianças, pode-se constatar algumconsenso quanto à importância da variabilidadeda prática1,16,21,22,34,37.

Na área da Aprendizagem Motora, embora setrate de um tópico de estudo actual e de debatequanto a proposições, a prática variada tem sidoproposta e/ou assumida como um factor quefacilita a aquisição de habilidades motoras,

85 {Técnico

tornando a aprendizagem um processo maisefectivo37. Schmidt32 refere que a prática variada,para além das habilidades abertas (que se desen-rolam em contexto variável e imprevisível),pode ser também importante para as habilidadesfechadas (que se desenrolam em ambiente estávele previsível). Assim, a prática variada revelavantagens ao nível da eficácia do processo deensino-aprendizagem e ao nível do desempenhode uma nova versão do movimento aprendido(que assim apresenta menor erro de execução).

Em paralelo com o assunto acima descrito,também a interferência na aprendizagem quepossa ocorrer pela variação dos contextos deprática variada, tem sido tema de interesse. Apropósito do estudo das hipóteses sobre o efeitoda interferência contextual na aprendizagem dashabilidades motoras, Schmidt32 concluiu que ométodo tradicional de praticar repetidamenteuma habilidade até esta ser desempenhadacorrectamente não será o caminho mais eficazpara a aprendizagem. Assim, o referido autorsugere que praticar um variado número de habili-dades em condições próximas de uma ordemaleatória representa o melhor meio de sucessopara atingir a aprendizagem e a retenção. Comple-mentarmente, Mesquita22 refere também que a

Figura 1: Realidade actual vs realidade desejada no ensino da Natação. Em itálico encontram-se os conteúdosque parecem ser menos abordados no ensino tradicional da Natação em Portugal.

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pluralidade contextual é tida como factor queinfluencia a qualidade do desempenho. Do ex-posto, pode-se concluir que existe um entendi-mento comum sobre a necessidade de se privile-giarem metodologias assentes na prática variadaem várias modalidades desportivas. SegundoSchmidt33, a prática variada conduz à flexibi-lidade ou adaptabilidade na produção do movi-mento. No âmbito do ensino dos jogos despor-tivos colectivos, chega-se mesmo a procurarfavorecer uma prática transferível16.

Desde 1970 que se discorre sobre os bene-fícios de um processo de aprendizagem rico evariado, realçando-se o transfer relativamente àshabilidades motoras cf.14,20,32,33. Segundo Gagné14,a criança progride no seu desenvolvimento porqueaprende e constrói um conjunto ordenado de capacidades de forma progressiva, através doprocesso de diferenciação, recordação e transfe-rência de aprendizagem. Qualquer capacidadeaprendida, em qualquer estádio da sequência de aprendizagem, pode operar como mediadorpara outra aprendizagem, para a qual não foideliberadamente ensinado. Para Magill20, o transferé parte integrante do processo de aprendizagemde habilidades motoras, fazendo parte do desen-volvimento curricular no âmbito educacional eestabelecendo a base para muitos métodos deensino. Desta forma, a influência de experiênciasanteriores no desempenho de habilidades produzum efeito benéfico na aprendizagem de umanova habilidade ou no desempenho da habili-dade num novo contexto. Esse efeito é denomi-nado de transfer positivo. Relativamente à possibili-dade de ocorrência de transfer negativo20, trata-se de um efeito temporário no processo de apren-dizagem motora, não perdurando ao longo dos estádios de aprendizagem. Esta situação énatural e típica em estádios muito iniciais deaprendizagem e acontece habitualmente quandoum estimulo antigo requer uma nova mas similarresposta, i.e., as características do contexto sãosimilares mas, as características do movimentosão diferentes. O praticante deve ser instruído no

sentido de focar a sua atenção para determinadospormenores do movimento a fim de aprendercorrectamente a nova habilidade20.

Em suma, a literatura sugere que o ensino // formação de base multidisciplinar, onde secontemple uma grande variedade de propostasde aquisição motora, permite promover oalargamento do reportório motor das crianças ejovens, conduzindo ao seu desenvolvimentomultilateral e harmonioso1,17. A multidiscipli-naridade chega mesmo a ser referida comorequerimento base, necessário ao aumento daespecialização e, consequentemente, à obtençãode elevado rendimento desportivo. É, sobretudo,nas idades mais baixas que a formação multila-teral veicula o desenvolvimento das bases técnicas,tácticas e psicológicas necessárias à especialização5,9.

Para além de fornecer bases fundamentais aonível do reportório motor, o ensino multilateralevidencia, também, vantagens ao nível da qua-lidade da escolha desportiva. Parece consensualque os indivíduos que têm por base umaformação multidisciplinar desenvolvem compe-tências motoro - desportivas que os poderãomelhor orientar para a formação especializada de uma dada modalidade. Assim, este género deformação pode constituir-se como um importantecontributo para uma escolha desportiva cons-ciente10,16. Embora o percurso da criança, nasactividades desportivas e, especificamente naNatação, seja uma incógnita, ao proporcionar-lheum ensino que comporte variabilidade de prática,estamos a dotá-la de capacidade de resposta e aabrir-lhe caminho a inúmeras possibilidades dedesenvolvimento da actividade com qualidade,seja em actividades de competição ou em activi-dades de recreação e lazer.

Ainda a propósito da formação e orientaçãodesportiva de crianças e jovens, Estriga9 defendeque, na generalidade, o princípio da multilate-ralidade fundado em várias modalidades, deveantepor-se à sua utilização no plano restrito deuma modalidade. Embora não isoladamente,

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esta ideia estimula as considerações sobre a ne-cessária reformulação do ensino tradicional-mente usado na Natação. É um facto que o meioaquático representa um contexto semelhanteentre as quatro disciplinas da Natação. Noentanto, cada uma das disciplinas reveste-se deteor diferente e próprio, o que vai de encontrocom o sugerido pela literatura sobre a práticavariada e ensino / formação multidisciplinar.

Ensino multidisciplinar em Natação:Que vantagens?Todas as disciplinas da Natação compreendem

pressupostos comuns de AMA e desenvolvi-mento de técnicas de deslocamento. Para alémdestas, cada disciplina comporta a sua especifi-cidade. A Natação, em sentido lato, trata-se de uma área extraordinariamente rica, onde aspossibilidades de desenvolvimento de compe-tências motoras são imensas26,27. Reconhecendo aimportância da multidisciplinaridade, quantomaior o reportório motor adquirido pelo alunono meio aquático, maior será a sua possibilidadede escolha, tanto ao nível das disciplinas daNatação, como das suas vertentes. Também assuas competências para desenvolver a actividadeescolhida serão melhores e, mesmo que o sujeitodecida mudar de vertente ou disciplina, maiorserá a possibilidade de este vir a manter-se emactividade, de forma saudável e até idadessuperiores.

No que respeita à vertente competitiva, aformação de base multilateral permite aossujeitos desenvolverem “competências motorasaquáticas” alargadas, o que lhes facultará maiorespossibilidades de sucesso. Sendo a competiçãotão exigente a nível de requisitos, a verdadeiramestria aquática19 permite escolher uma modali-dade desportiva com uma maior margem desegurança, particularmente no que toca a questõessensíveis como o respeito pelo desenvolvimentopsicomotor, especialização precoce e abandonoprematuro da actividade9.

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A reflexão sobre as potencialidades educativase formativas das quatro disciplinas da Nataçãopermite apontar algumas evidências prementesno contexto do ensino. Destaca-se o facto de aAMA ser a condição primeira para o desenvol-vimento de qualquer das quatro disciplinas daNatação, sendo que os conteúdos básicos epreliminares, abordados no âmbito de cada umadelas, contribuem para uma correcta evoluçãoadaptativa. Parece ser também evidente quealguns desses conteúdos manifestam umapotencial transversalidade útil para o desenvolvi-mento de uma dada habilidade mais específica.Assim, torna-se claro que as técnicas de np estãopresentes no desenvolvimento das parceirasdisciplinas.

No caso específico do pa, é possível observar--se algumas técnicas que estão presentes noprocesso de ensino-aprendizagem de outrasdisciplinas. Por exemplo, as manipulações, quesão constantes de quase todas as acções motorasdo pa, têm sido bastante referidas na literaturaaquando das propostas de ensino para aaquisição e desenvolvimento de competênciasmotoras aquáticas, nomeadamente as que maisse reportam à AMA2,15,23,24,28,29. Outro exemplo é aretropedalagem (vulgo pernas de pólo), movi-mento fundamental para a ns. Existem, também,variantes de formas de deslocamento, comotécnicas dorsais com acção dos membrosinferiores na técnica de bruços (vulgo costas pólo),bruços vertical, overarm sidestroke, crol com acabeça emersa (vulgo crol pólo), arranque,paragem, saltos, mudanças de direcção e sentidode nado, que poderão, potencialmente, auxiliar o aperfeiçoamento e consolidação de técnicas de nado puro. Adicionalmente, sendo o PA aúnica disciplina aquática cuja natureza se reportaà de um de jogo desportivo colectivo, encerra oaspecto lúdico do jogo. A motivação assume-secomo uma excelente estratégia no desenvolvi-mento do total domínio do meio31,36, respondendode forma amplamente positiva às necessidadesde crescimento e desenvolvimento das crianças e jovens.

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A ns encerra referências importantes para asustentação do corpo no meio aquático. Sãoconteúdos primeiros, nesta disciplina, o equilí-brio, ritmo respiratório e a propulsão18,25. Asposições/ângulos dos segmentos propulsivossão fundamentais para que o deslocamento sejaefectivo8, sendo fundamental a posição da mão e tonificação do corpo em geral. Complementar-mente, os rolamentos e o controlo respiratóriovêm contribuir para a consolidação da AMA. Aocontemplar conteúdos como as remadas emposição dorsal e dorsal/engrupada, faculta-seum transfer de aprendizagem para o movimentodos membros superiores da técnica de Bruços e propulsão dos MS de algumas técnicas dearranque, mudança de direcção e sentido denado do pa. Verifica-se, também, que a posiçãoinvertida é uma presença dominante nos sa, apósuma primeira fase da presença dominante daposição bípede e entrada na água de pé.

Nos sa é característica a apreensão da noçãode tonificação corporal, também presente naaprendizagem da posição hidrodinâmica em np.Os saltos, de uma forma geral, são fundamentaispara a compreensão e consequente desenvolvi-mento da sustentação do corpo no meio4. Asuperação de “medos” pode ainda ser conse-guida pelo domínio aéreo do corpo e posteriorimersão em profundidade. É, ainda potencial-mente educativo, a exploração dos saltos comlançamento de bolas ou outros objectos, nosentido de auxiliar o desenvolvimento da coorde-nação óculo - manual e apreciação de trajectórias(ascendentes e descendentes) do material lançado.Infelizmente, na maioria das piscinas, a falta depranchas de saltos não permite explorar aopormenor as potencialidades educativas destadisciplina. No entanto, a sua iniciação é impor-tantíssima2 não devendo, por isso, estar ausentena abordagem da Natação, havendo sempre apossibilidade de utilização de cais elevados da piscina e blocos de partida para esse efeito.

Na np todas técnicas demonstram um fortecontributo para o desenvolvimento das outrasdisciplinas, sendo a tonificação corporal, a

respiração, o equilíbrio e a propulsão conteúdosfundamentais e básicos para esse fim. Assim, noensino a crianças e jovens, deve-se ter especialcuidado em garantir uma total adaptação aomeio e uma aprendizagem correcta das váriastécnicas de nado puro, assim como o domíniodas várias posições segmentares, engrupado,encarpado e empranchado, úteis tanto para asviragens na np, como para as várias posiçõesexecutadas na ns, ou para os sa na execução dos vários saltos acrobáticos.

Em síntese, as razões para contemplar amultidisciplinaridade no ensino da Nataçãoparecem ser claras, podendo ser sintetizadas nos seguintes pontos: (i) proporciona um ensinomultilateral com vista ao desenvolvimentoharmonioso das crianças e jovens; (ii) propicia aaprendizagem e desenvolvimento do total do-mínio do meio aquático; (iii) faculta o alarga-mento de “competências motoras aquáticas”;(iv) diversifica o ensino da natação; (v) oferecemaiores possibilidades em dar continuidade aodesenvolvimento da actividade nas váriasvertentes possíveis, de forma saudável e atéidades avançadas e (vi) proporciona uma escolhadesportiva consciente.

Por onde começar?Em reflexões do foro metodológico, o mais

difícil é clarificar os conceitos base de forma a induzir um entendimento capaz de conduzir à sua operacionalização. Como tal, depois de seperceber a importância conceptual da abordagemmultidisciplinar no ensino da Natação, colocam--se as questões do “quando”, “como” e “por ondecomeçar”. As respostas encontram-se subjacentesnas sequências metodológicas ou progressõespedagógicas elaboradas em função do quadroconceptual previamente delineado e que, no casopresente, é o da multidisciplinaridade. O pontode partida de uma progressão pedagógica cor-respondente a uma primeira fase de ensino dequalquer modalidade caracteriza-se pela ausênciade experimentação formal anterior no âmbito da modalidade.

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No caso específico da Natação, pode-se referirque o ponto de partida corresponde a uma totalinadaptação ao meio aquático, caracterizado poruma recusa da entrada no plano de água, ou umatotal ausência de capacidade para realizar acçõesdireccionadas, consubstanciadas no próprio actode brincar. É importante reter que a AMA,entendida como primeira fase da aprendizagemem Natação, só é completada quando os sujeitoscumprirem todos os objectivos afectos aosconteúdos da mesma. Por isso, antes de umacriança iniciar o seu processo de aprendizagem,deve ser realizada uma avaliação prognóstica, nosentido de se definir quais os objectivos que nãoé capaz de cumprir e que tornam a sua adaptaçãoao meio deficitária. A titulo de exemplo, umacriança capaz de se deslocar autonomamente emmeio aquático pode não estar realmente adaptadase não consegue imergir a face e de manter umarelação estável com um objecto, como uma bola.A criança pode ser capaz de se sustentar, masnão de deslizar, conhecer a posição hidrodinâ-mica e realizar rolamentos ou saltos.

A aprendizagem é um processo sequencialque obedece a uma ordenação de conteúdos eobjectivos. Por isso, quando o aprendiz parte doponto inicial de adaptação sabem-se, exactamente,quais as etapas a seguir. Para iniciantes comníveis de adaptação aquática diferentes, asequência de conteúdos a exercitar e consolidar é a mesma, mas tem de ser adaptada a cada caso particular, i.e., a ordem de abordagem dosconteúdos mantém-se, mas é preciso excluir

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aqueles que não são necessários abordar porqueos objectivos correspondentes, propostos para aetapa inicial, já estão conseguidos. A realizaçãode uma avaliação prognóstico individualizada doiniciante reveste-se, assim, de particular impor-tância e pressupõe a existência de instrumentosde avaliação bem aferidos.

Dos vários instrumentos de avaliação que sepodem construir, as listas de verificação parecemser das mais práticas e fáceis de utilizar. Uma listade verificação correctamente elaborada contémtodos os conteúdos constituintes de uma ouvárias etapas de ensino, ordenados em progressãopedagógica. Como tal, é possível definir comprecisão qual o nível de ensino em que o sujeitodeverá ser colocado e conhecer quais os con-teúdos correspondentes a níveis de aprendizagemanteriores cujos correspondentes objectivos nãoforam cumpridos.

Seguidamente apresentamos uma propostade lista de verificação para o nível de AMA e acorrespondente progressão pedagógica (conteú-dos e objectivos) para esta fase de ensino inicial.A proposta contempla conteúdos referentes ahmab alargadas que visam o desenvolvimento da“mestria aquática” e que alicerçam a aprendizageme desenvolvimento de habilidades específicas das disciplinas de np, pa, ns e sa. Pretendemos,num futuro próximo, dar seguimento a estaproposta inicial, aplicando o conceito da multidis-ciplinaridade ás fases de ensino posteriores à AMA.

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Lista de verificação para a AMA e correspondente progressão pedagógica contemplandoconteúdos e objectivos da np, pa, ns e sa.

Conteúdo 1 (np e sa). Equilíbrio vertical com apoio.Objectivo: Realizar deslocamentos na posição vertical,apoiado em estrutura móvel, sem perder o equilíbrio.Controlar esse equilíbrio a velocidades variáveis e nosvários sentidos do deslocamento. Conhecer a resistênciada água.

Conteúdo 1 (pa). Manipulação de bola: apreensão doobjecto.Objectivo: Realizar a apreensão da bola, na posição verti-cal e oblíqua, sem demonstrar reacção adversa à mesma.

0. Não entra na água.

1. Apoia-se no bordo mas não se desloca.

2. Desloca-se em meio aquáticoapoiado no bordo.

3. Lança uma bola e desloca-se em meio aquático com apoio.

4. Apoia-se no separador de pista mas não se desloca.

5. Desloca-se apoiado no separador da pista.

6. Desloca-se em meio aquáticoagarrado a uma bola.

Equilíbrio vertical com apoio/manipulaçãode bola (apreensão do objecto)

Progressão pedagógica (np, pa, ns e sa)Lista de verificação

NS

Conteúdo 2 (np). RespiraçãoObjectivo: Realizar a imersão da face, expirando eabrindo os olhos, sem mostrar reacção adversa.

Conteúdo 2 (pa). Manipulação de bola: Recepção elançamento.Objectivos: Realizar o lançamento da bola, para a frente,com MS portador em elevação; Realizar a recepção dabola na água, sem se desviar da sua trajectória.

0. Não imerge a face.

1. Imerge a face sem abrir os olhos e sem expirar.

2. Imerge a face e, ou expira,ou abre os olhos.

3. Imerge a face, abre os olhos e expira.

4. Recebe na água e lança uma bola em meio aquático.

5. Lança uma bola, em meio aquáticocom o MS em elevação.

6. Mantém a face imersa, os olhos abertose expira, durante mais de 3 seg.

Respiração/manipulação de bola(lançamento e recepção)

Conteúdo 3 (np). Imersão em profundidadeObjectivo: Realizar a imersão total do corpo, em profun-didade, na vertical, até ao fundo da piscina.

Conteúdo 2 (sa). Imersão em profundidade após saltode pé.Objectivo: Realiza a mesma imersão anterior após umsalto de pé.

Conteúdo 3 (pa). Manipulação de bola: Recepção epega por baixo.Objectivo: Realizar a recepção, emergindo em direcçãoa uma bola, distinguindo-a debaixo de água; Realizar apega da bola por baixo, vindo de imersão, com o MS emelevação.

0. Não imerge.

1. Imerge parcialmente, na vertical,com apoio na vara ou na escada.

2. Imerge, na vertical,pela vara até ao fundo da piscina.

3. Imerge, na vertical, pela varaaté ao fundo da piscina e recolhe objectos.

4. Imerge, na vertical até ao fundo da piscina.

5. Imerge, na vertical até ao fundo da piscina após um salto de pé.

6. Imerge, na vertical até ao fundo da piscina e emerge em direcção a uma bola, efectuandoa pega por baixo, com o MS em elevação.

Imersão em profundidade//manipulação de bola

NS

NS

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Lista de verificação para a AMA e correspondente progressão pedagógica contemplandoconteúdos e objectivos da np, pa, ns e sa.

Conteúdo 4 (np). Salto de péObjectivo: Realizar salto de pé, a partir do bloco, man-tendo os segmentos corporais alinhados.

Conteúdo 3 (sa). Posição corporal na trajectória aéreado salto e entrada na água.Objectivo: Realizar a posição engrupada e encarpadana trajectória aérea do salto. Realizar a entrada na águavariando as posições.

Conteúdo 4 (pa). Manipulação de bola: Lançamento erecepção.Objectivo: Realizar a recepção da bola, partindo deplano elevado, coordenando o tempo de salto com a tra-jectória da mesma.

0. Não salta para a água.

1. Salta para a água a partir da escada ou dobordo da piscina, partindo da posição sentado.

2. Salta para a água a partir do bordo da piscina, partindo da posição de cócoras.

3. Salta para a água a partir do bordo da piscina, partindo da posição de pé.

4. Salta para a água a partir de um plano elevado (bloco ou bordo elevado)partindo da posição de pé.

5. Salta para a água na posição de pé,realizando a posição engrupada ou encarpada na trajectória aérea. Varia as posições de entrada na água (“Bomba”).

6. Salta para a água a partir de um planoelevado (bloco ou bordo elevado), partindoda posição de pé e manipulando uma bola(lançamento, auto-passe, recepção).

Salto de pé/posição corporal na trajectória aérea/manipulação de bola

Progressão pedagógica (np, pa, ns e sa)Lista de verificação

NS

Conteúdo 5 (np). Equilíbrio vertical sem apoio.Objectivo: Manter o equilíbrio vertical, sem apoio,durante 3 segundos.

Conteúdo 4 (sa). Saltos dentro de água em váriasposições.Objectivo: Realiza saltos dentro de água em váriasposições.

0. Não mantém o equilíbrio vertical,sem apoio, de forma autónoma.

1. Retira, alternadamente, o apoio das mãos do bordo, mantendo-se, por um breve momento, em suspensão.

2. Retira os 2 apoios do bordo, ficandoum breve momento em suspensão.

3. Retira os 2 apoios do bordo, mantendo-se emsuspensão por um período máximo de 3 seg.

4. Equilibra-se na vertical, sem apoio, de formaautónoma por um período máximo de 3 seg.

5. Realiza saltos dentro de águaem várias posições.

Equilíbrio vertical sem apoio/saltos dentro da água em várias posições

NS

Conteúdo 6 (np). Posição de medusa.Objectivos: Adoptar a posição de medusa com apneiainspiratória, deixando-se manipular sem perder a posiçãoengrupada; Adoptar a posição de medusa, com apneiainspiratória, deixando-se imergir sem perder a posiçãoengrupada.

0. Não define a posição de medusade forma autónoma.

1. Realiza medusa com apneia inspiratória, mantendo um apoio na parede ou agarrando uma bola.

2. Realiza medusa com apneia inspiratóriade forma autónoma.

3. Realiza medusa com apneia inspiratória deforma autónoma, deixando-se manipular.

4. Realiza medusa com apneia expiratória.

Posição de medusa NS

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Conteúdo 7 (np). Equilíbrio horizontal ventralObjectivo: Adoptar a posição de equilíbrio horizontalventral, sem apoio, definindo a posição por um períodode tempo superior a 3 seg.

Conteúdo 5 (sa). Equilíbrio invertidoObjectivo: Adoptar a posição de equilíbrio invertida, comapoio. Passar da posição vertical bípede para umaposição invertida, definindo-a por mais de 3 s e vice-versa.

Conteúdo 5 (pa). Mudança da posição de equilíbrio. Objectivo: Realizar a mudança da posição vertical paraa posição horizontal ventral, com uma bola nas mãos,colocando os MS em extensão.

0. Não passa da posição verticalpara a posição horizontal ventral.

1. Passa, apoiado no bordo, da posição verticalpara uma posição horizontal ventral inclinadae retoma a vertical.

2. Passa, apoiado no bordo, da posição verticalpara uma posição horizontal ventral com ocorpo desalinhado e retoma a vertical.

3. Passa, apoiado numa bola, da posição verticalpara uma posição horizontal ventral com ocorpo desalinhado e retoma a vertical.

4. Passa, apoiado no bordo, da posição verticalpara uma posição horizontal ventral com ocorpo alinhado e retoma a vertical.

5. Passa, apoiado numa bola, da posição verticalpara uma posição horizontal ventral com ocorpo alinhado e retoma a vertical.

6. Passa, autonomamente, da posição verticalpara a posição horizontal ventral,definindo esta posição por mais de 3 seg.

7. Passa, autonomamente, da posição verticalbípede para a posição invertida,definindo-a por mais de 3 seg.

Equilíbrio horizontal ventral/equilíbrio na posi-ção invertida/mudança da posição de equilíbrio

Progressão pedagógica (np, pa, ns e sa)Lista de verificação

NS

Conteúdo 8 (np). Equilíbrio horizontal dorsal.Objectivo: Adoptar a posição de equilíbrio horizontaldorsal, sem apoio, definindo a posição por um períodode tempo superior a 3 s.

Conteúdo 6 (pa). Mudança da posição de equilíbrio. Objectivo: Realizar a mudança da posição vertical paraa posição horizontal dorsal, com uma bola nas mãos,colocando os MS em extensão.

Conteúdo 6 (sa). Posição de equilíbrio horizontal dor-sal com os MS em extensão.Objectivo: Adoptar a posição de equilíbrio horizontaldorsal com os MS em extensão, definindo a posiçãopor um período de tempo superior a 3 seg.Conteúdo 1 (ns). Remada de sustentação sem deslo-camento.Objectivo: Realizar a remada de sustentação emposição horizontal dorsal, sem deslocamento.

0. Não passa da posição verticalpara a posição horizontal dorsal.

1. Passa, apoiado no bordo, da posição verticalpara uma posição horizontal dorsal inclinadae retoma a vertical.

2. Passa, apoiado no bordo, da posição verticalpara uma posição horizontal dorsal com ocorpo desalinhado e retoma a vertical.

3. Passa, apoiado no bordo, da posição verticalpara uma posição horizontal dorsal com ocorpo alinhado e retoma a vertical.

4. Passa, apoiado numa bola, da posição verticalpara uma posição horiz. dorsal com o corpoalinhado, MS em extensão e retoma a vertical.

5. Passa, autonomamente, da posição verticalpara a posição horizontal dorsal,definindo esta posição por mais de 3 seg.

6. Passa, autonomamente, da pos. vertical paraa posição horiz. dorsal com os MS em extensãodefinindo esta posição por mais de 3 seg.

7. Passa, autonomamente, da posição verticalpara a posição horizontal dorsal e realiza aremada de sustentação, sem deslocamento.

Equilíbrio horizontal dorsal/Remada de sustentação/mudança da posição de equilíbrio/Remada de sustentação

NS

Lista de verificação para a AMA e correspondente progressão pedagógica contemplandoconteúdos e objectivos da np, pa, ns e sa.

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Lista de verificação para a AMA e correspondente progressão pedagógica contemplandoconteúdos e objectivos da np, pa, ns e sa.

Conteúdo 9 (np). Deslize ventral.Objectivo: Realizar o deslize, em posição ventral, man-tendo o corpo em posição hidrodinâmica. Conteúdo 7 (pa). Manipulação da bola: pega. Objectivo: Realizar a pega da bola com os MS estendi-dos, durante o deslize em posição ventral, mantendo abola em contacto com a água e os segmentos corporaisalinhados, sem afundar o objecto.Conteúdo 7 (sa). Abertura e fecho dos MI, posiçãoengrupada e encarpada, em deslize ventral.Objectivo: Realizar, durante o deslize ventral, abertura efecho dos MI, posição encarpada e engrupada.Conteúdo 2 (ns). Remada de sustentação, sem deslo-camento.Objectivo: Realizar a remada de sustentação em posiçãohorizontal ventral, sem deslocamento.

0. Não realiza o deslize ventral.

1. Desliza, com o corpo pouco estendido (P.R.),numa distância inferior a 2,5 metros.

2. Desliza, com o corpo estendido,numa distância inferior a 2,5 metros.

3. Desliza, à superfície, com uma bola nas mãos e com o corpo estendido,numa distância superior a 2,5 metros.

4. Realiza remada de sustentação em posiçãohorizontal ventral, sem deslocamento.

5. Desliza, em imersão e com o corpo estendido,numa distância superior a 2,5 metros.

6. Realiza a posição engrupada e encarpada,durante o deslize ventral.

Deslize em posição ventral / remada sesustentação ventral/abertura e fecho dos MI, posição engrupada e encarpada / / manipulação da bola (pega)

Progressão pedagógica (np, pa, ns e sa)Lista de verificação

NS

Conteúdo 10 (np). Deslize dorsal.Objectivo: Realizar o deslize, em posição dorsal, man-tendo o corpo em posição hidrodinâmica.

Conteúdo 8 (pa). Manipulação da bola: pega. Objectivo: Realizar a pega da bola com o MS estendi-dos, acima da cabeça, durante o deslize em posiçãodorsal, mantendo a bola em contacto com a água e ossegmentos corporais alinhados.

Conteúdo 3 (ns). Remada standard.Objectivo: Realizar a remada standard durante 12,5m.Conteúdo 8 (sa). Abertura e fecho dos MI, posiçãoengrupada e encarpada, em deslize dorsal. Objectivo: Realizar, durante o deslize, abertura e fechodos MI, posição engrupada e encarpada.

0. Não realiza o deslize dorsal.

1. Desliza, com o corpo pouco estendido (P.R.),numa distância inferior a 2,5 metros.

2. Desliza, com o corpo estendido,numa distância inferior a 2,5 metros.

3. Desliza, à superfície, com uma bola nas mãos e com o corpo estendido,numa distância superior a 2,5 metros.

4. Desliza, em imersão e com o corpo estendido,numa distância superior a 2,5 metros.

5. Desliza, em imersão e em posição hidrodinâ-mica, numa distância superior a 2,5 metros.

6. Realiza remada standard, numa dist. de 12,5 m.

7. Abre e fecha os MI, durante o deslize ventral.

8. Realiza a posição engrupada e encarpada,durante o deslize dorsal.

Deslize em posição dorsal / remada standard // abertura e fecho dos MI, posição engrupadae encarpada / manipulação da bola (pega)

NS

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Conteúdo 11 (np). Rotação no eixo longitudinal(parafusos).Objectivo: Realizar a rotação no eixo longitudinal, a partirde deslize, mantendo os segmentos corporais alinhados.

Conteúdo 9 (pa). Manipulação de bola: pega comrotação no eixo longitudinal.Objectivo: Realizar a pega da bola com os MS estendi-dos, durante a rotação no eixo longitudinal, mantendo abola em contacto com a água e os segmentos corporaisalinhados.

Conteúdo 3 (ns): Remada contra-standard.Objectivo: Realizar a remada standard durante 12,5m

Conteúdo 9 (sa). Rotação no eixo longitudinal (meiapirueta, pirueta, e, pirueta e meia).Objectivo: Realizar a rotação no eixo longitudinal,partindo da posição de pé, ventral e dorsal, para o planode água, mantendo os segmentos corporais alinhados.

0. Não roda no eixo longitudinal.

1. Realiza, em imersão, 1 rotação no eixo longitudinal com o corpo pouco estendido.

2. Realiza, em imersão, 1 rotação no eixo longitudinal com o corpo estendido.

3. Realiza, em emersão, 1 rotação no eixo longitudinal, com uma bola nas mãos e com o corpo estendido.

4. Realiza várias rotações no eixo longitudinal com o corpo estendido.

5. Realiza, em emersão, várias rotações no eixolongitudinal, com uma bola nas mãos e com o corpo estendido.

6. Realiza várias rotações no eixo longitudinalmantendo a posição hidrodinâmica.

7. Realiza a remada contra-standard,numa distância de 12,5 metros.

8. Realiza meia pirueta, partindo da posição depé, ventral e dorsal, para o plano de água, mantendo os segmentos corporais alinhados.

9. Realiza pirueta completa, partindo da posiçãode pé, ventral e dorsal, para o plano de água, mantendo os segmentos corporais alinhados.

9. Realiza pirueta e meia, partindo da posiçãode pé, ventral e dorsal, para o plano de água, mantendo os segmentos corporais alinhados.

Rotação do eixo longitudinal / remadacontra-standard / manipulação da bola(pega) / piruetas para o plano de água

NS

Conteúdo 12 (np). Rolamento ventral.Objectivo: Realizar rolamento ventral de forma autóno-ma, mantendo a posição engrupada durante a totalidadedo movimento.

Conteúdo 10 (sa) e 4 (ns). Rolamento ventral do Caispara o plano de água.Objectivo: Realizar o rolamento com alguma trajectóriaaérea, definindo a figura e entrando na água na posiçãoengrupada.

0. Não realiza rolamento ventral.

1. Realiza rolamento ventral a partir do bordo da piscina.

2. Realiza rolamento ventral apoiado no separador da pista.

3. Realiza rolamento ventral apoiado em material flutuante.

4. Realiza rolamento ventral de forma autónoma.

5. Realiza o rolamento ventral, com algumatrajectória aérea, partindo do Cais da piscina,e entrando na água na posição engrupada.

Rolamento ventral na água / rolamentoventral do Cais para o plano de água

NS

Lista de verificação para a AMA e correspondente progressão pedagógica contemplandoconteúdos e objectivos da np, pa, ns e sa.

Progressão pedagógica (np, pa, ns e sa)Lista de verificação

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Lista de verificação para a AMA e correspondente progressão pedagógica contemplandoconteúdos e objectivos da np, pa, ns e sa.

Progressão pedagógica (np, pa, ns e sa)Lista de verificação

Conteúdo 13 (np). Rolamento dorsal.Objectivo: Realizar rolamento dorsal de forma autóno-ma, mantendo a posição engrupada durante a totalidadedo movimento.

Conteúdo 5 (ns). Rolamento à retaguarda engrupado.Objectivo: Realizar a figura assumindo no início e nofinal a posição básica dorsal e durante o movimento, aposição engrupada.

Conteúdo 11 (sa) . Rolamento dorsal com deslize dorsal.Objectivo: Realizar rolamento dorsal de forma autónomaapós impulsão na parede para deslize, mantendo aposição engrupada durante a totalidade do movimento.

0. Não realiza rolamento dorsal.

1. Realiza rolamento dorsal a partir do bordo da piscina.

2. Realiza rolamento dorsal com ajuda e com apoio em material flutuante.

3. Realiza rolamento dorsal com ajuda.

4. Realiza rolamento dorsal de forma autónoma.

5. Realiza rolamento dorsal, definindo afigura, partindo da posição básica dorsal,e voltando a essa mesma posição.

6. Realiza rolamento dorsal, de forma autónoma, após impulsão na parede paradeslize, mantendo a posição engrupadadurante a totalidade do movimento.

Rolamento dorsal NS

Conteúdo 14 (np). Pernada em posição ventral.Objectivo: Realizar batimento alternado dos M.I., emposição ventral, mantendo o corpo em alinhamentohorizontal.

Conteúdo 10 (pa). Manipulação de bola: pega.Objectivo: Realizar a pega da bola com os MS esten-didos, durante a pernada alternada em posição ven-tral, mantendo a bola em contacto com a água, sem aafundar.

0. Não realiza acção de MI.

1. Realiza movimento de pedalagem.

2. Realiza pernada profunda ou flecteexcessivamente os joelhos.

3. Realiza pernada com MI em extensão.

4. Realiza pernada estendendo os MI na acção ascendente e flectindo-osligeiramente na acção descendente,mantendo o pé em extensão.

5. Realiza a pernada alternada em posiçãoventral, com uma bola nas mãos e os MSestendidos acima da cabeça, sem a afundar.

Pernada alternada em posição ventral // manipulação da bola (pega)

NS

Conteúdo 15 (np). Pernada em posição dorsal.Objectivo: Realizar batimento alternado dos M.I., emposição dorsal, mantendo o corpo em alinhamentohorizontal.

Conteúdo 11 (pa). Manipulação de bola: pega.Objectivo: Realizar a pega da bola com os MS esten-didos, acima da cabeça, durante a pernada alternadaem posição dorsal, mantendo a bola em contacto coma água, sem a afundar.

0. Não realiza acção de MI.

1. Realiza movimento de pedalagem.

2. Realiza pernada profunda ou flecteexcessivamente os joelhos.

3. Realiza pernada com MI em extensão.

4. Realiza pernada estendendo os MI na acção descendente e flectindo-osligeiramente na acção ascendente,mantendo o pé em extensão.

5. Realiza a pernada alternada em posiçãodorsal, com uma bola nas mãos e os MSestendidos acima da cabeça, sem a afundar.

Pernada alternada em posição dorsal // manipulação da bola (pega)

NS

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Ensino multidisciplinar em natação: reflexão metodológica e proposta de lista de verificaçãoSofia Canossa, Ricardo J. Fernandes, Carla Carmo, António Andrade, Susana M. Soares

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Conteúdo 16 (np). Deslocamento autónomo.Objectivo: Realizar deslocamento de forma autónoma,utilizando diferentes padrões propulsivos.

0. Não se desloca de forma autónoma.

1. Realiza pequenos deslocamentos, 2 a 4 metros, mantendo-se perto do bordo.

2. Realiza pequenos deslocamentos, 2 a 4 metros, afastando-se do bordo.

3. Realiza deslocamentos superiores a 4 metrospor um período de tempo limitado.

4. Desloca-se de forma autónoma, por mais de

4 metros, por um período de tempo ilimitado.

Deslocamento autónomo NS

Lista de verificação para a AMA e correspondente progressão pedagógica contemplandoconteúdos e objectivos da np, pa, ns e sa.

Progressão pedagógica (np, pa, ns e sa)Lista de verificação

Conteúdo 17 (np). Salto de cabeça.Objectivo: Realizar salto de cabeça a partir do bloco de partida, suprimindo a fase de voo mantendo os segmentos corporais alinhados.

Conteúdo 12 (sa). Salto de cabeça com entrada na águajunto ao local do salto.Objectivo: Realizar salto de cabeça a partir do bloco departida, não suprimindo a fase de voo mantendo os seg-mentos corporais alinhados e entrando na água o maisperpendicular possível em relação ao plano de água.Fazer o retorno para o cais.

Conteúdo 12 (pa). Manipulação de bola: lançamentocoordenado com a recepção.Objectivo: Realizar o lançamento da bola, coordenadocom a recepção, partindo de plano elevado e emergindono local de queda da bola.

0. Não salta de cabeça para a água.

1. Salta, de cabeça, a partir da escada ou bordo, partindo da posição sentado.

2. Salta, de cabeça, a partir da escada ou , partindo da posição de cócoras.

3. Salta, de cabeça, a partir do bordo partindo da posição de pé.

4. Salta, de cabeça, a partir do blocoou bordo elevado.

5. Salta, de cabeça, a partir do bloco ou bordoelevado, não suprimindo a fase de voo,mantendo os segmentos corporais alinhados.

6. Salta, de cabeça, a partir do bloco ou bordoelevado, entrando na água o mais perpendi-cular possível em relação ao plano de água.(*)

7. Salta, de cabeça, a partir do bloco ou bordo elevado, após lançamento de uma bola e emerge no local de queda da mesma,efectuando a recepção do objecto.

Salto de cabeça / manipulação da bola(lançamento coordenado com a recepção)

NS

Conteúdo 13 (pa). Colaboração.Objectivo: Colaborar com o grupo, em situação de jogocondicionado, orientando-se, com a equipa, para o objec-tivo final da tarefa colectiva.

1. Não colabora com os colegas numa tarefa colectiva.

1. Colabora parcialmente com os colegas numatarefa colectiva, sendo as acções ainda dominantemente individualizadas e sobrelevadas relativamente ao grupo.

2. Colabora totalmente com o grupo com vista à consecução do objectivofinal da tarefa colectiva.

Colaboração NS

(*) Nota: o saltador deve ter em atenção a forma de colocação das mãosencaixe de polegares e palmas das mãos voltadas para o plano de água).

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ConclusõesO presente estudo pretendeu sublinhar a

necessidade de repensar o ensino tradicional da Natação, para que sejam contempladas habi-lidades motoras aquáticas básicas percursorasdas quatro disciplinas que a compõem. O lança-mento da proposta actual sobre o ensino daAMA com conteúdos da np, pa, ns e sa visou,sobretudo, divulgar a implementação do ensinomultidisciplinar em Natação, que se considera sercrucial. No sentido da operacionalização da pre-sente concepção, foi apresentada uma propostade lista de verificação para o nível de AMA e a cor-respondente progressão pedagógica (conteúdose objectivos) para esta fase de ensino inicial.

AgradecimentosAo Prof. Dr. João Paulo Vilas-Boas e à Prof.

Dr.ª Paula Botelho Gomes, do Gabinete de Na-tação e do Gabinete de Pedagogia do Desportoda Faculdade de Desporto da Universidade doPorto, respectivamente, pelas valiosas sugestões.Parte desta publicação foi apresentada no XXVIIICongresso Técnico-Científico da AssociaçãoPortuguesa de Técnicos de Natação, realizadoem Elvas em 2005.

CorrespondênciaRicardo FernandesRua Dr. Plácido Costa, 914200 PortoE-mail: [email protected]

97 {Técnico

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