Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição
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Escassez de energia e água: gestão de crise, causas e soluções
BARRAGENSSistema pode ser umasolução para as crisesde abastecimento deágua e energia
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA Setor se prepara para novo cenário econômico
ENTREVISTAMauro Borges Lemos, presidente da Cemig
Ano 6 | Edição 27 | JAN - FEV | 2015
Investimentos em infraestrutura
enteFaz#
Ao editarmos este primeiro número
de 2015 da Revista Mineira de Enge-
nharia, constatamos ser inegável que
vivemos um momento de intranquili-
dade com relação às perspectivas fu-
turas da Engenharia Brasileira e do
País. É bem verdade, que não podemos
afirmar, com segurança, que o Brasil já
se encontra em uma conjuntura de
crise bem definida, porém são grandes
as incertezas em relação ao futuro
mais imediato da Nação. Isto porque,
mesmo diante de medidas que vem
sendo tomadas no planejamento e no
campo financeiro, não se pode mensu-
rar, ainda, o impacto dessas medidas,
além do fato de não existir amplo
apoio político e, sim, ao contrário, mui-
tas divergências com relação à natu-
reza das medidas em curso.
A Engenharia, obviamente, está sendo
afetada pela redução dos investimen-
tos e consequente redução da oferta
de obras e serviços, hoje muito
aquém da capacidade tecnológica de-
senvolvida pela engenharia brasileira,
ao longo dos anos. Esse desenvolvi-
mento tecnológico é algo que não
podemos perder. Por outro lado, é
preciso enfatizar as janelas de opor-
tunidades que são geradas para a en-
genharia brasileira por esta nova
realidade.
Uma delas é a aplicação do conheci-
mento e de técnicas disponíveis no
aprimoramento da manutenção de
equipamentos e instalações na indús-
tria. É aquilo que, no passado recente,
já era necessário fazer e não foi feito
porque não podia parar a produção. A
hora é agora, de aproveitar eventual
capacidade ociosa, para fazer a con-
servação e os reparos requeridos.
Outra janela de oportunidade é a mo-
dernização dos processos produtivos.
Trata-se da substituição tecnológica
que permitirá produzir, em um mo-
mento de retomada do desenvolvi-
mento, com menores custos e com
aumento da produtividade. Outras
possibilidades existem, por exemplo,
no treinamento e capacitação, onde,
uma vez mais, a engenharia poderá
mostrar o seu valor à sociedade.
A SME não ficou imune a essa con-
juntura desfavorável. As dificuldades
aumentaram para que consigamos
alcançar um de nossos objetivos es-
tratégicos: recuperar o prédio sede
da SME, localizada na Rua Timbiras,
nº 1514, fechado há cerca sete anos,
face à deterioração de suas instala-
ções. Contudo, vamos persistir, bus-
cando parceiros que nos ajudem a
atingir esta meta. Pretendemos, tam-
bém, abrir novos diálogos com a so-
ciedade e governos em torno de te-
máticas emergentes de interesse da
engenharia e que afetam a vida de
todos; usando para isso a contribui-
ção de nossas Comissões de Traba-
lho, constituídas por profissionais
qualificados.
Como ressaltamos na última edição
da Revista, é crucial, nesse momento,
o aumento da oferta de água e de
energia elétrica à população. Embora
tenham ocorrido chuvas generosas,
ainda, estamos longe de atingir o pata-
mar ideal de acumulação em nossos
reservatórios. A SME pretende contri-
buir nestes assuntos e, na medida de
nossas possibilidades, no planejamento
dos governos municipais, estadual e fe-
deral. É fundamental, apresentarmos
alternativas para o desenvolvimento
da infraestrutura do País, ainda que em
curto prazo, tais alternativas não ve-
nham a ser viabilizadas.
O momento é de reflexão, planeja-
mento, busca de oportunidades e de
soluções que possam conduzir ao au-
mento de produtividade, valorizando o
papel dos engenheiros e da engenharia,
e sua contribuição para o futuro da
Nação. A SME só irá cumprir esta mis-
são, se puder contar com a ajuda de
todos. Por isso, renovamos o nosso pe-
dido de seu apoio e colaboração.
EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE
3
Oportunidades para a Engenharia Compromisso com a Nação
Augusto Drummond
Presidente da SME
4
Augusto Celso Franco DrummondPresidente
Alexandre Francisco Maia BuenoVice-Presidente
José Ciro MotaVice-Presidente
Luiz Henrique de Castro CarvalhoVice-Presidente
Marita Arêas de Souza TavaresVice-Presidente
Virginia Campos de OliveiraVice-Presidente
Alexandre Rocha ResendeDiretor
Antônia Sônia Alves Cardoso DinizDiretora
Fabiano Soares PanissiDiretor
Humberto Rodrigues FalcãoDiretor
Janaína Maria França dos AnjosDiretora
José Andrade NeivaDiretor
Krisdany Vinicius Santosde Magalhães CavalcanteDiretor
Marcelo Monachesi GaioDiretor
Túlio Marcus Machado AlvesDiretor
Túlio Tamietti Prado GalhanoDiretor
CONSELHO DELIBERATIVO
Ailton Ricaldoni LoboPresidente
ConselheirosAlberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello
Fernando Henrique Schuffner NetoFlavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia NetoJorge Pereira RaggiJosé Luiz Gattás HallakJosé Raimundo Dias FonsecaLevindo Eduardo Coelho NetoLuiz Celso Oliveira AndradePaulo Henrique Pinheiro de VasconcelosRodrigo Octávio Coutinho FilhoWilson Chaves Júnior
CONSELHO FISCAL
Carlos Gutemberg Junqueira AlvimPresidente
ConselheirosAlexandre Heringer LisboaJoão José Figueiredo de OliveiraJosé Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos
Coordenador EditorialJosé Ciro Mota
Jornalista ResponsávelLuciana Maria Sampaio MoreiraMG 05203 JP
Revisão EditorialJalmelice Luz ‑ MG 3365 [email protected]
Projeto Gráfico / DesginBlog ComunicaçãoMarcelo Távora [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590
Depto. Comercial Blog Comunicação & [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590
Tiragem: 10 mil | BimestralDistribuição Regional (MG)Gratuita
Publicação | SMESociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andarSanto Agostinho | Belo Horizonte Minas Gerais | CEP ‑ 30170‑001Tel. (31) 3292 3962 [email protected] www.sme.org.br
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O que é ser bem-sucedido?Para sua carreira, é fazer o MBA
de uma das melhores escolasde negócios do país. Para sua
vida, é ter sua própria definiçãodo que é sucesso.
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Inscrições abertasInscrições abertasInscrições abertas
idade Je - Ctonelo HorizB e - BH | Btor NoretVdim | aridade J tagem | Monetim | Ce - BH | B ernador voos | Glares Ctontagem | M eófilo OTTees | aladarVernador oniteófilo O
5
18ARTIGO | ÁGUA Susana Feichas, FGV/IBS
23ARTIGO | CDS/SMEComitê de Desenvolvimento Sustentável da SME
CAPA Cenário da crise energética
GESTÃO DA ÁGUA Mudanças climáticas e crise da água
BARRAGENSSistema pode ser uma soluçãopara as crises de abastecimento de água e energia
14INOVAÇÃO Engenheiro mineiro recebe prêmio da World Steel Association
20
26
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICASetor se prepara para novo cenário econômico
RESPONSABILIDADE SOCIAL PPPs ajudam municípios a solucionar problemas do abastecimento de água
ENGENHEIRO DO ANOSolenidade em homenagem a Edson Durão Judice 9
NOTAS DO SETOR6
ENTREVISTAPresidente da CEMIG,Mauro Borges Lemos
JOVEM ENGENHEIRO Daniel Távora de Castro Queiroz
CREA‑MG Câmara de Mediação e Arbitragem do Crea‑Minas amplia sua atuação
48GESTÃO PÚBLICA Engenheiros no comando do Governo de Minas
38
46
50
56
52
34
6
NOTAS DO SETOR
CEMIG
O Sindicato dos Engenheiros deMinas Gerais (Senge-MG) criou, em2014, a Universidade Corporativa doSindicato dos Engenheiros no Estadode Minas Gerais (Unisenge) com ointuito de atualizar os profissionais(engenheiros e tecnólogos) das áreastecnológicas, para mantê-los capaci-tados a atuar em suas respectivasprofissões. A Unisenge já ofereceuma série de cursos livres, voltadostambém para estudantes do ensinotécnico e superior das áreas que sepropõe a atuar. Os cursos atual-mente têm duração de dois a setedias e são certificados pelo próprioSenge-MG, que oferece a seus asso-ciados descontos especiais no paga-
mento. As aulas são ministradas emedifício anexo à sede da entidade, naRua Timbiras, 2887, Bairro BarroPreto. Atualmente, estão em ofertaos cursos “Formação de Líderes paraa Construção Civil”, “SGA – Sistemade Gestão Ambiental (ISO 14001)”,“Formação de Auditores Internos emSistema de Gestão Integrado (ISSO9001:2008, ISO 14001 e OHSAS 18001)”
e “Técnicas para Projeto de Constru-ção Civil”. Todos os cursos têm ocusto de R$ 250,00 para não associa-dos. Sócios do Senge-MG pagam R$80,00. O presidente do Senge-MG,Raul Otávio da Silva Pereira, afirmaque a criação da Unisenge era umsonho antigo que começa a se tornarrealidade. Mais informações no site:www.sengemg.org.br/servicos.
MINASCON 2015
Está previsto, para o período de 24 a 27 de junho, a realiza-ção da Construir Minas 2015 - Feira Internacional daConstrução / Minascon - 12º Encontro Unificado da CadeiaProdutiva da Indústria da Construção. O evento é tradicio-nalmente realizado no Expominas, na Gameleira, promovidopela Câmara da Indústria da Construção (CIC/FIEMG). A feirafoi idealizada para unir, em um mesmo local, durante quatrodias, todos os segmentos da indústria da construção civil domercado mineiro; com o objetivo de apresentar as novidadesdo setor, principais tendências, produtos e as mais modernas
soluções. O evento, a cada realização, contabiliza aumentono número de visitantes e expositores, e se renova. Noano passado, a SME participou do evento com estande pró-prio, atraindo grande número de associados. Mais in-formações pelo site http://www.construirminas.com.br; oue-mail: [email protected].
O presidente da SME, Augusto Drummond, participou da cerimônia de possedo novo presidente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig),Mauro Borges Lemos, ocorrida em janeiro, último, e da diretoria executivanomeada pelo governador do Estado, Fernando Pimentel. Na ocasião, MauroBorges afirmou que um dos principais desafios é conscientizar a populaçãodo uso eficiente de energia para diminuir o consumo e evitar o raciona-mento. “Assim conseguiremos sobreviver este ano. Acredito que com o con-sumo eficiente nós não teremos racionamento”, afirmou. Mauro Borges éeconomista formado pela UFMG, presidente do Conselho de Administra-ção do BH-TEC, foi ministro de Desenvolvimento Indústria e Comércio Ex-terior, em 2014, e atuou como presidente da Associação Brasileira deDesenvolvimento Industrial, no período de 2011 a 2014.
Augusto Drummond, presidente da SME,Fernando Pimentel, governador do Estado e Mauro Borges Lemos, presidente da CEMIG
SENGE-MG CRIA UNIVERSIDADE
Membros do Conselho Deliberativo da SME se reuniram para defi-nir, ente outras questões, um novo calendário de reuniões e temaspara 2015. Estiveram presentes o presidente do Conselho, AiltonRicaldoni, José Ciro Mota, Alberto Dávila, Jorge Pereira Raggi, CarlosEustáquio Martelo e Rodrigo Octávio Coutinho. Os integrantes daBancada da SME no CREA-MG também se reuniram para debater,entre outros temas, a Renovação do Terço. Entre os participantes:Augusto Drummond (presidente da SME), Marita Tavares, FlávioCarvalho, Ronaldo Simi, Dilvar Salles, Miguel Ângelo, Werner Rolfs,Waldir de Castro, Carlos Schettino e José Caldeirani.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo deMinas Gerais (CAU) lançou uma publicaçãoespecial com o Relatório de Gestão da enti-dade, referente ao período de 2011/2014,quando estava sob a direção do arquiteto eurbanista Joel Campolina, primeiro presidente eleito da enti-dade. A arquiteta e urbanista Vera Maria Carneiro Mascare-nhas de Araújo preside a entidade nos próximos três anos.Entre os projetos desenvolvidos estão a Campanha Arquite-tura para Todos e a ferramenta aplicativo Arquiteto Protago-
nista, disponibilizada em nível nacional e quepode ser baixada gratuitamente. A partir dodeste mês, começam as mudanças que simpli-ficam o processo de RRT (Registro de Res-ponsabilidade Técnica). As novidades foram
introduzidas pela Resolução CAU/BR Nº 91. Uma dasprincipais alterações é a simplificação da baixa do RRT, queagora será feita diretamente pelo arquiteto e urbanista viaSICCAU (Sistema de Informação e Comunicação doCAU), sem a necessidade de análise para a efetivação.
CURSOS DE ENGENHARIA PARA ASSOCIADOS DA SME
CAU/MG
SME CALOURADA
Bancada da SME no CREA-MG
Conselho Deliberativoda SME
A SME registra nesta primeira edição do ano, ogrande pesar pela perda do professor SelênioRocha Silva, titular do Departamento de Enge-nharia Elétrica da Escola de Engenharia daUFMG. Ele sofreu acidente automobilísticofatal, nas proximidades de Nova Ponte (MG).Selênio Rocha estava com 56 anos e cons-truiu uma trajetória exemplar. Com gradua-ção e mestrado em Engenharia Elétrica pelaUFMG, fez doutorado na Universidade Federalde Campina Grande. Desde 1995 era professor
titular do Departamento de Engenharia Elétrica,onde ingressou em julho de 1982. Foi coor-denador de cursos de graduação e de pós-graduação. Atualmente era representanteda Congregação da Escola de Engenhariano Conselho Universitário e integrante daComissão de Ética da UFMG. Como pes-quisador, desenvolveu vários projetos depesquisa com órgãos de fomento oficiais,
com indústrias do setor elétrico brasileiro eem cooperação internacional.
TRAJETÓRIA EXEMPLAR
NOTAS DO SETOR
O CREA-MG iniciou a chamada “renovação do terço”para 2016, que é o processo anual de substituição com-pulsória de 1/3 de seus Conselheiros Regionais, escolhidosentre representantes das instituições de ensino superiorde engenharia e agronomia e das entidades da classe noestado. Os conselheiros, pelas suas formações, compõemas Câmaras Especializadas, que são a primeira instância dejulgamento dos processos da regulação profissional e, emconjunto, constituem o Plenário do Crea – MG, a sua se-gunda e maior instância de julgamento regional.
A SME, pelo seu porte e tradição, é uma das maiores“bancadas” de representação de entidades de classe e,por isso, ocupa um espaço privilegiado de discussão etomada de decisões referentes às ações do Crea-MG,onde as questões de pauta estão intimamente ligadas àatividade profissional e, portanto, de alto grau de impor-tância para os seus associados. Os critérios para a defi-nição dos conselheiros representantes são estabelecidospelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia eoperacionalizados regionalmente pela Comissão Perma-nente de Renovação do Terço (CPRT), que, neste ano,conta com dois conselheiros representantes da SME.
PRAZO DE OPÇÃO
Fique atento para o prazo de opção por uma enti-dade, no caso a SME, no período de 12 de abril a 4de maio/15, e que só poderá ser feita no site doCrea-MG (www.crea-mg.org.br). Para efetivar aopção será necessário número de registro no Crea-MG e senha de acesso.
Como os critérios adotados são técnicos e objeti-vos, o associado da SME pode perceber que é de-terminante, para a manutenção e/ou aumento derepresentatividade da entidade junto ao Crea-MG,o número total de associados e, eventualmente, alivre opção do associado pela SME no caso de vin-culação, também, com outra (s) entidade (s).
Na próxima edição da Revista Mineira de Engenha-ria, será publicada uma entrevista com os dois con-selheiros da CPRT, que são associados à SME, commais detalhes. Mais informações podem ser obtidaspelo telefone (31) 3292 3962 ou [email protected].
Banco:�756�sicoob�-�Engecredagência:�4156Conta:�72001-1CnPj: 17.227.745/0001-90Favorecido:�sociedade�Mineira�de�Engenheiros
CaMPanha�dE�rEvitaLizaÇão�da�sEdE�da�sME�CONTRiBuiNDO VOCê FORTALECE E REViTALizA A SME
as�contribuições�de�empresas�e�de�profissionais�serão�muito�bem-vindas�e�serão�tratadas�com�a�máxima�transparência.�
FaÇa�suaPartE,�ContriBua!��
A vice-presidente da SME, engenheira Marita Arêasde Souza Tavares, participou, em Brasília, no períodode 26 a 28 de fevereiro/15, do 4º Encontro de Líde-res Representantes do Sistema Confea/Crea eMútua. Este evento é anual e é considerado um doscompromissos mais importantes do Sistema, mar-cado por uma agenda de reuniões dos fóruns con-
sultivos da instituição. É durante o “Encontro deLíderes Representantes do Sistema Confea/Creae Mútua” que fóruns como o Colégio de Enti-dades Nacionais, o Colégio de Presidentes e asCoordenadorias de Câmaras Especializadas de-finem calendários, planos de trabalho e os coor-denadores do ano.
4º ENCONTRO DE LÍDERES REPRESENTANTES DO SISTEMA CONFEA/CREA E MÚTUA
A REPRESENTAÇÃO DA SME JUNTO AO CREA-MG
SME | ENGENHEIRO DO ANO DE 2014
Uma carreira brilhante, um currículo
ímpar, uma profissional respeitado
por gerações de engenheiros, cer-
cado por amigos de fé, admirado-
res confessos e uma família que,
também, está na quota dos fãs de
carteirinha. Esta é uma curta des-
crição do engenheiro e professor
Edson Durão Judice homenageado
com a Medalha Sociedade Mineira
de Engenheiros e com o Título En-
genheiro do Ano 2014, em soleni-
dade conduzida pelo presidente
da SME, Augusto Drummond, no
auditório do Sicepot-MG, em de-
zembro último.
A entrega da Medalha e do Título de
Engenheiro do Ano 2014 foi mais
que um ato solene, mas uma ma-
nifestação da grande admiração de
gerações de engenheiros e de ex-
alunos, que encontram nele um
manancial de inspiração e sabedo-
ria, que os motivam a ir adiante.
O amor e dedicação ao estudo e
ao ensino fazem dele, professor
Edson, uma referência. São essas
qualidades, entre outras, além do
carisma, que contribuem para o
crescimento de uma legião de ad-
miradores, de discípulos do home-
nageado.
Em publicação que anteceu à soleni-
dade, o jornalista Gustavo Werneck,
na abertura de uma matéria, no jor-
nal Estado de Minas, traçou com le-
veza, mas acertadamente, um perfil
do professor, que merece ser relem-
brado. O jornalista identificou que "a
paixão infinita pelo ensino está pre-
sente em gestos, palavras e lembran-
ças do professor de matemática
Edson Durão Judice, nascido, criado
e residente em Belo Horizonte”.
Werneck narra que durante entre-
vista, o “engenheiro civil formado em
1948 faz um gesto no ar, como se
quisesse abraçar cada um dos milha-
Gerações de profissionais de engenhariase reúnem para homenagear o professorEdson Durão Judice
res de ex-alunos, eleva à enésima po-
tência a necessidade da educação no
país e se mantém com um livro nas
mãos, certo de que leitura e estudo
são atividades ímpares na vida”.
A escolha do nome do professor
Edson Durão Judice pelo Conselho da
Medalha foi por aclamação, em res-
posta à proposta encaminhada por um
grupo de engenheiros liderados por
Felix Moutinho, Marcos Sant’Anna e
Rodrigo Coutinho Filho, destacado na
condição de Chanceler da Medalha.
Sob aplausos de um auditório repleto,
o engenheiro e professor foi condu-
zido à mesa diretiva pelos ex-presi-
dentes da SME, Ailton Ricaldoni Lobo,
Márcio Trindade, Aloisio Vasconcelos
e Adolpho Portella.
O homenageado no seu discurso
de agradecimento lembrou de sua
trajetória, dos colegas, fez a defesa
do ensino de qualidade e frisou:
“Quero deixar bem claro que esta
noite é muito significativa na minha
vida. Já recebi outros prêmios, mas
hoje estou sendo contemplado
com um título que jamais imaginei
conseguir, o de Engenheiro do Ano
de 2014”.
Durante a cerimônia houve um reci-
tal do Quarteto Pó de Madeira for-
mado por alunos da Escola de
Música da UFMG, acompanhados
pelo engenheiro e professor Maurí-
cio Loureiro, doutor em música pela
Universidade de Iowa, nos Estados
Unidos.
Empresários e autoridades, repre-
sentantes de entidades, estiveram
presente. O governador de Minas
Gerais, Fernando Pimentel, que na
ocasião estava em fase de transição
para assumir o governo,enviou um
carta ao presidente da SME, Au-
gusto Drummond, parabenizando a
entidade pela “homenagem e reco-
nhecimento ao engenheiro e pro-
fessor Edson Durão Judice”. O
presidente do CREA-MG, Jobson
Andrade, também, justificou ausên-
cia, por escrito. Na sessão solene,
o secretário municipal de Serviços
Urbanos, Píer Giorgio Senesi, re-
presentou o prefeito de Belo Ho-
rizonte, Marcio Lacerda. O
ex-governador Eduardo Azeredo
esteve presente à solenidade.
10
SME | ENGENHEIRO DO ANO DE 2014
Discurso do homegeado na entrega da
Medalha e do Título de Engenheiro do Ano 2014
11
José Carlos Lisboa, Marcos Sant'Anna, Roberto Maria Mendes,José Guido e Felix Moutinho
Edson Durão Judice eWerner Rohlfs
Ângela Alvarenga eEdson Durão Judice
Carlos Augusto Muniz, Edson Durão Judice,Paulo Roberto Guimarães, Augusto Drummond e
Aloisio Vasconcelos
Augusto Drummond, Edson DurãoJudice e Alberto Salum
Cibele Loureiro, Maurício Loureiroe Edson Durão
Ato solene de entrega da Medalha Sociedade Mineira de Engenheiros
e do Título de Engenheiro do Ano 2014.
Alexandre Resende, Edson Durão Judice,Clóvis de Matos e Marcos Sant'Anna
Ailton Ricaldoni, Edson Durão Judice e Márcio Damazio
Mauro Teixeira eEunice Teixeira
Edson Durão Judice, Maria Helena Judice, Suzanne Beaudette e Augusto Drummond
Alexandre Heringer, Ailton Ricaldoni e Antônia Sônia
Humberto Matos, Francisco Matos, Edson Durão Judice, Rodrigo Coutinho, Merrê Bicalho e Bernardo Matos
Integrantes do Quarteto Pó de Madeira e o maestro MaurícioLoureiro juntos com o professor Edson Durão.
Engenheiros, ex‑alunos, amigos e familiares lotam auditório para prestigiar o professor Edson Durão Judice.
Eduardo Azeredo, Alberto Salum, Augusto Drummond e Alexandre Resende
José Guido, Sílvio Nazaré e Nelson Parma
Ana Elisa Freire, Suzanne Beau‑dette e Maria Helena Judice
Everaldo Cortês e Edson Durão Judice
12
Sidnéia Soares, Wilson Cézar e Fabiano Panissi
Marianna Vasconcelos, Paulo HenriqueVasconcelos e Edson Durão Judice
Sílvio Nazaré, Virgínia Campose Augusto Drummond
Olavo Machado, Paulo Henrique e Hudson Navarro
Suzanne Beaudette, Augusto Drummond, Edson DurãoJudice, Eduardo Sant'Anna e Ana Maria Sant'Anna
Paulo Henrique Vasconcelos, Augusto Drummond e Alexandre
Resende
Carlos Gutemberg, Kátia Alvim, Ronaldo Gusmão, José Luiz Nobre Ribeiro e Antônio Humberto Almeida
Eustáquio Machado, Francisco Davis, Edson Durão Judice e Dilvar Oliva Salles
Sileno Durão Judice, Míriam Judice, Eduardo Judice eMaurício Judice
Valéria Judice, Maria Alice Judice, Maria Helena Judice,Edson Durão Judice, Cinthia Judice e Érica Judice
13
Estudioso e articulado, o enge-
nheiro metalurgista mineiro Lean-
dro Dijon de Oliveira Campos, 26
anos, graduado pela Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG),
acaba de receber a medalha de
bronze na premiação mundial
SteelChallenge, uma realização
anual da World Steel Associationpor meio do seu site SteelUniver-
sity.org, que desafia estudantes e
profissionais da indústria siderúr-
gica, que têm menos de cinco anos
de experiência, a produzir aço em
seus simuladores de processos on-
line, atendendo a uma especificação
química que resulte no menor
custo possível para o produto.
O pré-requisito é o conhecimento
no processo de fabricação de aço e
seus fundamentos, que serão usa-
dos por cada equipe. “Fui apresen-
tado ao desafio em 2009. Na época,
o campeonato ainda não tinha a di-
mensão que tem hoje, e não era di-
vidido em regiões. Acabei ficando
em 5° lugar no Brasil”, lembra.
Em 2011/12 o campeonato foi divi-
dido em regiões e o estudante, que
estava prestes a concluir o curso
universitário, ficou em segundo
lugar na América Latina. Nas edi-
ções de 2012/13 e 2013/14, ele se
inscreveu na categoria industrial e
ficou entre os cinco melhores da
América Latina.
Com experiência acumulada, ele
participou mais uma vez, na edi-
ção de 2014/2015, que reuniu
1500 times de 34 países. Como
atualmente mora e trabalha na
França, no grupo ArcelorMittal,
ficou em primeiro lugar na região
Europa, CIS, África, Meddle East)
e foi automaticamente selecio-
nado para a final, ficando com o
terceiro lugar geral. “Podemos
considerar uma grande vitória”,
comemora.
O prêmio tem gerado resultados
positivos para o engenheiro. O pri-
meiro deles é em visibilidade, o que
pode “abrir portas”. “Mas a visibili-
dade só não é suficiente. Preciso
manter o foco nos meus projetos e
ter um bom desempenho. O brilho
é momentâneo e não se sustentará
se eu não fizer o melhor para justi-
ficar esse destaque”, afirma.
A maturidade de Leandro Dijon
Campos tem explicação. Esse não é
o primeiro prêmio importante que
ele recebe. Em 2010, quando ainda
era estudante e estagiário da Ger-
dau, na unidade de Divinópolis, rece-
beu o Prêmio SME de Ciência e
Tecnologia, que o incentivou a con-
tinuar a busca pelo aperfeiçoamento
técnico e inovação. “Isso, sim, foi cru-
cial para a minha carreira”, define.
Na época, a premiação da SME tam-
bém gerou oportunidades para o
então estudante, que usou o prêmio
para comprar a passagem, o passa-
porte e o visto internacional, para um
estágio no Centro de Pesquisas da Ar-
celorMittal, na França, onde ele traba-
lha, com muito gosto, na área de
metalurgia extrativa.
INOVAÇÃO
14
Engenheiro mineiro recebe prêmio da World Steel Association
Na prática, o trabalho do engenheiro
é voltado para a aplicação industrial.
Atualmente, ele desenvolve uma nova
metodologia para obtenção dos coe-
ficientes de transferência de massa
entre líquidos imiscíveis (aço e esco-
ria líquido), para otimizar os proces-
sos de refino de gusa líquido e aço na
siderurgia e reduzir custos. “Meu
maior interesse sempre foi o Alto-
Forno, mas a vida profissional me pre-
senteou com oportunidades em toda
a metalurgia extrativa, desde a prepa-
ração das matérias-primas até o lin-
gotamento contínuo de aços planos.
Ter bons conhecimentos na área de
redução e aciaria é, para mim, um pri-
vilégio”, destaca.
De acordo com o engenheiro, a in-
dústria do aço é altamente competi-
tiva e, é preciso saber transformar
conhecimento técnico em retorno
financeiro para manter a competiti-
vidade da empresa. “As margens são
cada vez menores e as matérias-pri-
mas cada vez mais onerosas e com
menos qualidade. É isso que nos faz
evoluir rapidamente e a nunca ficar
parado. Desafios são uma constante
no meu trabalho e adoro vencê-los,
seja por meio do desenvolvimento
de novos produtos ou aprimorando
processos”, afirma.
Construir a carreira fora do Brasil
foi uma opção. “Além da oportu-
nidade de trilhar uma carreira in-
ternacional, em um centro de
pesquisa de ponta, a empresa tam-
bém financia e investe na minha
especialização”, relata. Assim, além
do salário de engenheiro, Leandro
também tem a possibilidade de
fazer um PhD na área de simula-
ção matemática de processos, que
sempre despertou o seu inte-
resse. Entre outras vantagens, o
jovem engenheiro também tem a
chance de fazer contato com usi-
nas do mundo todo e desenvolver
uma visão global e sistêmica do
setor no qual atua.
“Acredito que uma experiência in-
ternacional é muito importante no
currículo de qualquer profissional,
mas principalmente para o enge-
nheiro. Saber lidar com as diferen-
ças culturais e comportamentais
das pessoas nos ajuda a mostrar e
a obter resultados das equipes em
que trabalhamos. Isso é fundamen-
tal para o nosso sucesso. Sem men-
cionar fluência em outras línguas,
habilidade capaz de quebrar barrei-
ras em negociações e apresenta-
ções de resultados”, ressalta.
A experiência na Europa vai durar
mais dois anos, o prazo final para a
conclusão da tese. O futuro ainda
não está claro, mas há a possibili-
dade de voltar para o Brasil, em al-
guma unidade da ArcelorMittal
instalada no País.
15
Leandro Dijon de OliveiraCampos, 26 anos, graduadopela UFMG é medalha debronze na premiação mun‑dial SteelChallenge, umarealização anual da WorldSteel Association
ENGENHARIA
Como acontece com todas as profis-
sões, ser engenheiro depende de uma
escolha. Leandro Campos sempre teve
afinidade com números e ciências.
“Desde pequeno meus pais me incen-
tivaram a pesquisar e a experimentar.
Além das pipas, piões e bolinhas de
gude, tive microscópios, kits de alqui-
mia e vidraria de laboratório como
brinquedos preferidos”, lembra.
A escolha pela área de Metalurgia veio,
em parte, pela admiração pelo traba-
lho do pai, técnico em metalurgia, for-
mado pela antiga escola técnica de
Ouro Preto. “Lembro-me de ir buscá-
lo de carro na porta das usinas, em
Sete Lagoas, quando pequeno, e do
quão interessante era ver a carga dos
Altos-Fornos sendo transformada em
gusa líquido. Confesso que gosto muito
de adrenalina, e a sensacão que sinto
ao trabalhar perto do Alto-Forno é
bem parecida”, relata o engenheiro.
Ver a naturalidade com que o pai fazia
os cálculos de madrugada, também foi
um fator que o motivou a ser – um dia
– tão bom no que faço quanto ele, em-
bora Leandro Campos reconheça que
há um longo caminho a ser trilhado
para atingir o seu objetivo.
“A siderurgia é apaixonante. Quando
a gente vê o resultado dos cálculos,
a grandiosidade das máquinas e rea-
tores e a importância dessa indústria
para o crescimento de qualquer so-
ciedade é impressionante”, projeta.
Basta, então, que os estudantes invis-
tam em uma formação mais consis-
tente com direito a estágios, estudo
e participação em congressos. Para
o engenheiro, um exame de profi-
ciência, nos mesmos moldes do que
é realizado pela Ordem dos Advoga-
dos do Brasil (OAB), elevaria o nível
dos profissionais que ingressam no
mercado de trabalho.
Por isso, Campos planeja a sua carreira
com a atenção necessária. Antes de
saltar para cargos gerenciais e execu-
tivos – um sonho que ele quer realizar
– pretende deixar uma boa contribui-
ção para a indústria do aço. Ele tam-
bém quer fazer um MBA internacional
nos próximos cinco anos.
O pai, Wemerson Campos, rea-
firma que a vocação do filho para
a Engenharia começou a se mani-
festar ainda na infância, com muita
determinação e entusiasmo.
“Quando eles são pequenos, as
primeiras profissões que conhe-
cem são as dos pais. O que ele
está colhendo é a resposta de
muita dedicação. O prêmio vai im-
pulsioná-lo a crescer ainda mais”,
afirma.
Dos quatro filhos, apenas Leandro
seguiu a área de Exatas. “Desde
pequeno ele gostava de visitar si-
derúrgica e fazia muitas perguntas
sobre o processo, dava sugestões,
palpites e criticava”, lembra. Ainda
conforme Wemerson Campos, o
filho engenheiro sempre demons-
trou curiosidade e alegria com
tudo o que aprendia e fazia, o que
facilita o relacionamento com co-
laboradores práticos e com os
mais experientes.
Quando não está pensando no
trabalho, o engenheiro viaja, faz
atividades físicas e pratica espor-
tes radicais. “Aproveito bem a es-
tratégica localização da cidade
onde moro, situada na fronteira
da França com a Bélgica, Alema-
nha e Luxemburgo, para experi-
mentar as melhores cervejas do
mundo”, revela. A namorada, de
25 anos, metalurgista como ele,
acabou de concluir o PhD na me-
lhor universidade da Europa. Ele
pretende se casar.
16
INOVAÇÃO
A siderurgia é
apaixonante.
Quando a gente
vê o resultado
dos cálculos, a
grandiosidade
das máquinas e
reatores e a
importância dessa
indústria para o
crescimento de
qualquer sociedade é
impressionante“
“
23º Prêmio SME de Ciência, Tecnologia
e Inovação
Incrições abertas
Estudantes regularmente matricu‑lados nos cursos de graduaçãodas áreas de Engenharia, Arquite‑tura e Agronomia de Instituiçõesde Ensino Superior do Estado deMinas Gerais.
Os temas abordados são livres, prefe‑rencialmente no segmento indus‑trial. As soluções devem assegurar asustentabilidade do projeto, bem comoa comprovar a relação custo/benefício e amelhoria de resultados e produtividade.
PÚBLICO ALVO TEMAS
INSCRIÇÕES
APOIOREALIZAÇÃO
As inscrições já estão abertas.Prazo final de inscrições seráem agosto de 2015.
INFORMAÇÕES
SME | Sociedade Mineira de Engenheiros Tel.: (31)3292 3810E‑mail: [email protected]
Premiação em dinheiro do 1º ao 5º colocado.
PRÊMIO
www.sme.org.br
Uma parceria com a FIEMG
Aregião Sudeste do
País vive, desde o
verão de 2014, uma
estiagem ímpar, nos
últimos 50 anos,
pela sua severidade, com repercus-
sões ao longo do inverno e dos pró-
ximos anos. O entendimento da
escassez passa por uma equação
muito simples de ser visualizada, mas
complexa quando se trata de tomar
decisões e agir. Há escassez de água
quando a disponibilidade de água de
uma bacia hidrográfica é menor que
a quantidade consumida naquela
bacia. Mas, nem sempre foi assim.
Então, o que vem acontecendo? Au-
mento do consumo de água pelo
crescimento da população humana
em dado espaço físico, bacia hidrográ-
fica ou municípios. A região metropo-
litana de Belo Horizonte tinha 4,4
milhões de habitantes em 2000, com
estimativa de 5, 7 milhões em 2014,
representando um aumento de 35,7%
no período. Nas regiões metropolita-
nas de São Paulo e Rio de Janeiro, o
aumento da população, no mesmo
período, foi de 17,42% e 11,00%, res-
pectivamente.
A contaminação da água doce dispo-
nível está associada ao aumento do
consumo de água que requer acesso
à rede de esgoto e tratamento do
mesmo, bem como coleta e disposi-
ção adequada do lixo, resíduos sóli-
dos urbanos. Ambos, lixo e esgoto,
são fonte de contaminação da água de
superfície e subterrânea, comprome-
tendo sua qualidade. O déficit nesses
dois segmentos persiste, conforme
apontado no Plano Nacional de Sa-
neamento Básico, de 2013. O con-
sumo e contaminação dos processos
produtivos também são elementos
que preocupam. Na bacia hidrográ-
fica, ainda encontramos indústrias e
produção agropecuária que conso-
mem em torno de 20% e 70% da água
disponível, respectivamente, nos seus
processos produtivos, com despejo
de efluentes, nem sempre tratados, e
contaminação por agrotóxicos e de-
jetos de animais. Outro fator que
contribui com a escassez de água é o
desperdício que ocorre no processo
de distribuição da água até nosso do-
micílio e indústria. Desperdício, tam-
bém, seja por vazamento ou mau uso
que fazemos dela.
Em relação à ocupação do solo, o
desmatamento, impermeabilização do
solo, ocupação das faixas marginais
dos rios e áreas de preservação per-
manente são também fatos que con-
tribuíram para mudanças no ciclo
hidrológico que, aliados à estiagem de
2001 e de 2014, colocam em estado
de alerta a situação hídrica das três
maiores regiões metropolitanas do
Brasil.
A curto prazo, dias menos dias, vamos
ter que conviver com o raciona-
mento da água, e quanto mais tarde
pior, pois mudar hábitos de consumo
não acontece de uma hora para
outra. A médio e longo prazo, com as
perspectivas de mudanças no clima,
aumento de consumo de água, pois a
população humana não para de cres-
cer, e a constatação da desigualdade
da distribuição da água doce, vivere-
mos disputas pelo uso da água para as
quais deveremos encontrar formas
de mediação que promovam a solida-
riedade ao invés de acirrar o conflito,
como já acontece no Oriente Médio.
Para poder contribuir de uma forma
mais efetiva na redução do consumo,
é preciso que o cidadão tenha acesso
a números para poder decidir e pla-
nejar. Olhar de forma integrada dado
território. Dados não faltam, mas não
se falam entre si, pois usam medidas
diferentes, referem-se a dimensões
espaciais e temporais diversas, estão
desatualizados, não estão disponíveis
para o cidadão comum.
ARTIGO
18
A água de todos e de cada umSusana Feichas
A Organização Mundial da Saúde in-
dica que o consumo diário/per capita
deveria ser de 180 litros, um parâme-
tro a ser considerado. Mas, você sabe
quanto consume por dia? As contas de
água são mensuradas em m3, mensais,
não há hidrômetro individual por uni-
dade domiciliar. No site da Sabesp há
um simulador de consumo que per-
mite estimar o consumo mensal de
água que, aliado à indicação de medi-
das de redução de consumo e bônus
correspondente, deve ter efeito edu-
cativo como teve o racionamento de
luz anos atrás. Copasa também já
anunciou meta de redução do con-
sumo e a Ceade indica medidas.
Dados sobre o balanço hídrico são
compilados em cada bacia hidrográ-
fica, que tem uma territorialidade di-
ferente da dos municípios e a região
metropolitana. Se não sabemos
quanto de água dispomos e quanto
gastamos, como economizar? Resí-
duos sólidos são de competência dos
municípios; abastecimento de água e
esgoto estão nas mãos de empresas
estaduais, a outorga e cobrança pelo
uso da água no nível federal ou esta-
dual; a recuperação e preservação de
áreas de preservação permanente, in-
cluindo nascentes e mata ciliar, no
nível federal; planejamento das cida-
des, no nível municipal.
De um lado, no nível do cidadão, me-
didas voltadas para o uso eficiente
da água, através de instrumentos de
mercado e de conscientização. O
setor empresarial, principalmente as
indústrias, já estão sujeitas a outorga
e cobrança pelo uso da água, nas ba-
cias onde estes instrumentos já
foram implantados. Seus resultados
até o momento são de regularização
do uso da água e promoção de me-
didas voltadas para o tratamento de
efluentes. O dever de casa ficará
completo quando as empresas de
saneamento e o setor agropecuário
forem efetivamente incorporados
nessa campanha de uso racional da
água.
No nível das bacias hidrográficas, há
iniciativas no sentido de percorrer
os pequenos rios, da nascente à foz,
conhecendo a ocupação do solo,
identificando as fontes de captação
e despejo de esgoto, efluentes e re-
síduos, de modo a promover medi-
das de recuperação do solo e de
nascentes, remoção de lixões, trata-
mento de efluentes entre outras.
Dois são os fundamentos principais
dessas iniciativas: a gestão de peque-
nos espaços, o que facilita o financia-
mento, execução, monitoramentos e
coordenação das ações empreendi-
das, com comprometimento dos
atores sociais envolvidos. O segundo
fundamento é conhecer para amar e
cuidar, água do rio limpa representa
vida, contribuindo para menor gasto
com tratamento para o abasteci-
mento, manutenção de suas proprie-
dades naturais.
Nas cidades, perdemos a noção de
onde vem a água, os rios canalizados
se tornaram túneis subterrâneos de
esgoto que nem o mau cheiro inco-
moda. Construções “verdes” com o
uso de materiais reciclados, ecoefi-
ciência do uso de água e luz, trata-
mento de esgoto, telhados verdes,
uso de energia renovável são algu-
mas medidas que, se estimuladas
com mudanças no código de obras e
nas cotas do IPTU, podem aumentar.
O esverdeamento das cidades com
a plantação de árvores é outra me-
dida que contribuirá para amenizar
o calor e reduzir o consumo de
energia elétrica.
Na natureza, solo, água, ar, sol, flora,
fauna e microorganismos se coorde-
nam e encontram seu equilíbrio, di-
ferentemente de nós humanos,
afogados em números, competências
e dominialidades diversas, que não
nos têm permitido olhar para dado
território como um todo, em prol
de um sistema mais saudável.
19
Susana Feichas, coordenadora do
MBA em Gestão do Ambiente e
Sustentabilidade da FGV / Faculdade IBS
BARRAGENS
20
Sistema pode ser uma soluçãopara as crises de abastecimento de água e energia
No dia 14 de setembro de 2014, o Comitê
Brasileiro de Barragens (CBDB) enviou a
todos os candidatos à Presidência da Re-
pública um relatório com recomendações técnicas,
que poderiam maximizar a capacidade de armazena-
mento de água nos reservatórios de uso múltiplo e
hidrelétricas brasileiras.
O documento assinado pelo presidente do CBDB,
Brasil Pinheiro Machado, expressava a preocupação
da entidade, já naquela data, em relação aos crité-
rios usados para definição do uso dos recursos hí-
dricos nacionais para fins como abastecimento de
água, geração elétrica, irrigação, controle de en-
chentes, saneamento, transporte hidroviário, pisci-
cultura e turismo, entre outras atividades de grande
importância para o desenvolvimento socioeconô-
mico do Brasil.
Em outro trecho, o texto ressalta que a resistência
e a aversão crescente à construção de reservató-
rios de regularização do fluxo de águas fluviais, nos
últimos anos, devido aos impactos ambientais desse
tipo de projeto, podem gerar uma grande mudança
na matriz energética brasileira, principalmente se as
termelétricas tiverem que substituir a produção de
energia produzida pelas hidrelétricas.
Engenheiro civil mineiro graduado pela Universidade Fe-
deral de Minas Gerais (UFMG) e mestre em Barragens
e ex-presidente do CBDB e da Comissão Internacional
de Grandes Barragens (ICOLD), Cássio Viotti. explica
Cássio Baumgratz Viotti ,
engenheiro civil,
mestre em Barragens e
ex‑presidente do CBDB
e da Comissão Internacional
de Grandes Barragens (ICOLD)
que as duas entidades têm feito um trabalho robusto
para divulgar a tecnologia das barragens, com foco nos
conhecimentos técnicos e benefícios desse sistema de
armazenamento de água.
Na prática, as barragens são projetos que permitem
interromper o curso natural do rio, para a acumu-
lação da água e criação de uma queda d’água que
possa ser usada para a geração de energia elétrica
ou a acumulação de água para fins diversos.
Por isso, as barragens são projetos múltiplos e
podem ser empregados para controlar a crise ener-
gética que afeta o País e, também, reduzir o impacto
negativo da falta de chuvas para o abastecimento de
água. “Os governos não fizeram um planejamento e
nem as obras necessárias para adequar demanda e
consumo de água e energia”, afirma.
Devido à resistência dos movimentos ambientalis-
tas, o País partiu para outras soluções, que são im-
portantes, mas não suficientes. As adutoras que
interligam os sistemas é uma delas. “A captação no
Rio das Velhas foi ampliada, mas não ousaram pro-
por barragens”, avalia o engenheiro.
Viotti reconhece que a obra de uma barragem gera
impactos ambientais e sociais para a comunidade do
entorno. “Mas isso não inviabiliza os projetos. O im-
pacto da falta de água é maior que de uma barra-
gem. As barragens Várzea das Flores (1972), Serra
Azul (1982) e Rio Manso (1991) foram construídas
há muitos anos e atendem a demanda até hoje”, de-
fende.
AMPLIAÇÃO DAS BARRAGENS
No caso específico da RMBH, o projeto começaria
com a realização de estudo prévio das barragens já
existentes, para verificar se os projetos permitem
obras para a ampliação da sua capacidade de arma-
zenamento de água, por meio da instalação de com-
portas e alteamento. Como providência imediata
essencial, seria necessário reduzir as perdas no sis-
tema de distribuição de água.
21
BARRAGEM DEJAGUARA
Foto
ilus
trat
iva
Wic
kipe
dia
‑ Mas
crae
nhas
de
Mor
aes
As barragens que funcionamcomo reservatórios de armaze-namento, a água das chuvas deum ano pode ser acumuladapara uso no exercício seguinte
Nas barragens que funcionam como reservatórios de
armazenamento, a água das chuvas de um ano pode
ser acumulada para uso no exercício seguinte. “Al-
guns reservatórios são plurianuais, com capacidade
para atender a demanda por mais dois ou três anos.
Em se tratando de barragens para abastecimento, não
há como não considerar as barragens”, avalia.
Na área de geração de energia, as barragens com reser-
vatórios de armazenamento têm sido substituídas por usi-
nas a fio d’água, onde o recurso que entra sai pelas
turbinas. Em outras palavras, não há reserva do recurso.
Para Viotti, esse tipo de projeto é um contrassenso, con-
siderando que o Brasil tem rios de grande volume e
um regime pluvial intenso na maior parte dos Esta-
dos. “Como não há espaço para acumular a água ex-
cedente, o recurso é dispensado e vai para o mar,
onde não gera qualquer benefício”, pontua.
Com a resistência a esse tipo de projeto, aumenta
no País a implantação de outras formas de captação
de energia, como as usinas eólicas, o que é positivo.
Os incentivos à geração solar também devem se
tornar mais viáveis em um futuro próximo. Mas o
engenheiro lembra que, sem sol ou vento na quan-
tidade certa, esses sistemas não têm efetividade e
necessitam de uma fonte complementar para o que
a hidrelétrica é ideal.
Apelar para as termelétricas é provocar uma eleva-
ção considerável nos custos da energia – o que já
está acontecendo, nos últimos dois anos. Esse sis-
tema também gera impactos ambientais, pelo uso de
carvão mineral, petróleo e gás natural como com-
bustíveis e aumento da liberação dos gases de efeito
estufa.
O engenheiro afirma que o consumo nacional de
energia de 2500 Kw per capita (anual) ainda é baixo,
se comparado a outros países, e que tende a crescer,
como tem acontecido a cada ano.
“A instalação de uma hidrelétrica está sujeita a re-
gras muito rígidas e bem definidas para compensa-
ções e minimização dos impactos ambientais”,
analisa.
MEIO AMBIENTE
De acordo com a engenheira civil, sanitarista e ambien-
tal e presidente da ABES-MG, Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção Minas Gerais,
Célia Rennó, o impacto ao meio ambiente não pode
ser relegado a segundo plano. “Depois da intervenção,
o ambiente deixa de ser natural”, destaca.
No entanto, ela reconhece que os impactos negativos
desse tipo de projeto podem ser minimizados, em re-
lação ao rio e, também, para reduzir os danos da relo-
cação da atividade econômica e social do entorno. Em
outra frente, o município pode ser compensado com
ações que melhorem a infraestrutura e os serviços
básicos (escolas, saúde e segurança).
“Toda barragem é para uso múltiplo. Por isso, a real ne-
cessidade de um projeto desse porte deve ser anali-
sada, bem como as medidas mitigadoras dos impactos
gerados”, conclui.
BARRAGENS
22
Célia Rennó, engenheira civil, sanitarista e ambiental e presidente da Associação Brasileira de EngenhariaSanitária e Ambiental (ABES‑MG)
De acordo com o Relatório Brundtland
(1987), elaborado pela Comissão
Mundial sobre Meio Ambiente e De-
senvolvimento (1983 - Assembleia
das Nações Unidas), Desenvolvi-
mento Sustentável é aquele que procura satisfazer as
necessidades da geração atual sem comprometer a ca-
pacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas
próprias necessidades. Significa possibilitar que as pes-
soas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de
desenvolvimento social e econômico e de realização
humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso
razoável dos recursos da terra e preservando as espé-
cies e os habitats naturais.
Tendo como pressuposto esse conceito, o grande de-
safio se dá na busca por soluções para um crescimento
efetivo da economia, com respostas a diferentes seg-
mentos da sociedade, equacionando-se gargalos estru-
turais como energia, transporte, saneamento básico,
entre outros. Nesse contexto, tornam-se imprescindí-
veis ambientes institucionais harmoniosos, estáveis,
com clareza dos direitos (e menor burocracia) que
possam proporcionar os investimentos necessários
para o crescimento do Brasil e de Minas Gerais, garan-
tindo a manutenção da qualidade de vida das popula-
ções sem perder de vista a devida preservação dos
ambientes naturais. É nesse sentido que o Comitê de
Desenvolvimento Sustentável da SME (CDS/SME) pu-
blicará em nossa revista, a partir dessa edição, artigos
com temas que possam contribuir na promoção de um
crescimento econômico que valorize a legalidade, a
transparência, o comprometimento e o engajamento
dos atores envolvidos nessa missão, tornando possível
o desenvolvimento sustentável das atividades produti-
vas, agregando valor ao meio ambiente e qualidade de
vida às pessoas através de investimentos no Estado.
Nessa edição, o artigo é do nosso colega Silviano
Cançado Azevedo, engenheiro civil formado pela
Escola de Engenharia da UFMG em 1956. Associou-
se à SME em 10 de março de 1959 sendo seu regis-
tro o de número 2479. Hoje, sócio remido, em
muito já contribuiu no desenvolvimento de nosso
Estado ao longo de sua carreira.
Virgínia Campos,
Vice-presidente da SME e Coordenadora do
CDS/SME
CDS | SMECOMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Virgínia Campos,
Vice-Presidente da SME
e Coordenadora do
CDS/SME
23
O Comitê de Desenvolvimento Sustentável da SME
(CDS/SME), sob a direção da Vice-Presidente Virgínia Cam-
pos, envolverá técnicos de outros setores como economia
e administração, entidades representativas, Universidades,
para em conjunto efetuarmos trabalho de real interesse:
promover e participar de fóruns de discussão com o obje-
tivo de facilitar o entrosamento.
A posição precária do Brasil e de Minas mostram a neces-
sidade urgente de lideranças tomarem iniciativa visando a
alertar e ajudar a sociedade e governos com propostas ob-
jetivas. Tal procedimento é oportuno, já que o diagnóstico
é caótico: O Brasil vem crescendo menos que a média mun-
dial e Minas menos que a taxa média nacional que é pífia. A
Revista Mercado Comum publica, ano a ano, esta lamentável
realidade.
O Brasil cresceu em média 3,83% a.a. e Minas 3,76% a.a. no
período 1996/2010. Minas ficou abaixo de 22 estados bra-
sileiros.
Entre 2001 e 2014, o crescimento mundial foi de 63,20%;
os países emergentes e em desenvolvimento registraram
crescimento de 124,00%; o Brasil, na rabeira do BRICS, teve
55,40% de crescimento econômico.
Minas deixou de ser o segundo Estado de PIB, já que per-
demos essa posição para o Rio de Janeiro. A energia elé-
trica não é mais um fator de atração de indústrias.
Algumas, com gasto intensivo, estão reduzindo fortemente
sua produção como é o caso das fabricantes de alumínio.
Há tempos o Brasil tornou-se importador desse metal. “A
ALCOA paralisa linha de alumínio em MG”, divulga o ‘Diá-
rio do Comércio’.
Indústrias deixam de produzir para vender energia elétrica!
Pior, isso ocorreu muito antes da crise hídrica ostensiva; há
mais de um ano! A CEMIG tem buscado alternativas para
produzir em larga escala outros tipos de energia limpa?
Os governos deverão ser enxutos, eficazes, transparentes,
ter visão do futuro. O atual governo federal tem 39 minis-
térios enquanto os Estados Unidos tem 15. O combate à
corrupção e demais práticas do mau uso do dinheiro pú-
blico precisam ser ações prioritárias e efetivas.
O nível da Indústria no PIB nacional vem reduzindo a cada
ano. A não industrialização e a desindustrialização de Minas
e do Brasil são marcantes. Em 2012, registramos o nível de
1955, ano anterior à gestão JK conforme nos mostra es-
tudo da FIESP- Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo: “... após a participação do setor no PIB atingir um
pico de 27,2%, como indica o gráfico, extraído da pesquisa.
A projeção da FIESP é de que, se a atual tendência conti-
nuar, a proporção tende a chegar a 9,3% em 2029, ou
24
DESAFIOS E OPORTUNIDADES: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA MINAS GERAISSilviano Cançado Azevedo
antes...”. Países altamente desenvolvi-
dos têm elevado crescimento do
setor tecnológico que é contabilizado
no setor Serviço provocando redu-
ção relativa da Indústria no PIB nacio-
nal; não é o caso do Brasil de hoje.
Há que retornar a elaboração de PLA-
NOS DECENAIS DE DESENVOLVI-
MENTO de cada setor, o que facilitará
a articulação das agências envolvidas
com o crescimento, como acontecia
com o BDMG, INDI, Fundação João Pi-
nheiro, CODEMIG e outras em Minas
Gerais. A CEMIG precisa retomar a
função que inspirou sua criação: ser
agente efetivo do crescimento do Es-
tado.
Ficamos inconformados com a ausência
de Programas bem definidos, contendo
as reais prioridades com a visão do fu-
turo, registrando metas e prazos para
alcançá-las. Enquanto isso, a Taxa de De-
semprego aumenta, o PIB cai, a inflação
cresce e a desvalorização do Real é vi-
sível. O déficit na conta de transações
correntes foi de quase 91 bilhões de
dólares em 2014 (4,17% do PIB). Os
Custos Brasil e Minas dificultam as ex-
portações. A CONFIANÇA dos em-
presários despenca.
A EDUCAÇÃO desmorona; segundo
a nota do Exame Nacional do Ensino
Médio-Enem- entre as 100 escolas com
melhor desempenho apenas uma é de
governo estadual; outras seis são fede-
rais e 93 pertencem à rede particular.
A SEGURANÇA é outro caso grave.
O Brasil registra 10% dos homicídios
do mundo com uma população que
não chega a 3%!
É muito baixa a PRODUTIVIDADE
brasileira; produzir no Brasil custa 23%
mais do que nos Estados Unidos; há
10 anos, segundo “The Boston Con-
sult Group- BCG”, o custo industrial
brasileiro era 3% menor do que o
americano.
O Brasil está na lanterna quando nos
comparamos com outros países com
relação à COMPETITIVIDADE, de
acordo com estudo divulgado recen-
temente pela Confederação Nacional
da Indústria.
Prevista a ‘ESTAGFLAÇÃO’ este ano:
redução do crescimento, elevações
das taxas de inflação e de desem-
prego.
Minas Gerais caiu no ranking de com-
petitividade, passando da terceira para
a sexta posição, sendo superado por
São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio
Grande do Sul e Santa Catarina.
E a SAÚDE e o SANEAMENTO
BÁSICO?
Há solução? Há sim. Precisamos reor-
denar procedimentos. Exemplos dos
governos JK e Itamar Franco compro-
vam nossa grande capacidade de ven-
cermos as dificuldades a exemplo do
setor de agronegócios que superou as
expectativas mostrando que é indis-
pensável fugir da “miséria científico-
tecnológica” para desenvolvermos.
Sermos proativos é uma das carac-
terísticas dos membros do Comitê
que pretende, com a participação
de diversos segmentos da socie-
dade, apresentar propostas objeti-
vas para superarmos os desafios
que nos estão impedindo um cres-
cimento econômico em bases sus-
tentáveis no ritmo compatível com
nossas potencialidades. O Estado
deverá ser o Centro primaz do
avanço tecnológico. Precisamos in-
cluir todas as forças legítimas da so-
ciedade para reverter a atual
tendência e retornar Minas à sua
posição histórica de liderança no
desenvolvimento nacional, elevando
Minas Gerais e o Brasil.
Silviano Cançado Azevedo,
Engenheiro Civil. Ex-presidente
do BDMG, INDI e CDI-MG.
25
26
CAPA | CRISE ENERGÉTICA
CRISE ENERGÉTICA: APAGÃO NA GESTÃO OU FALTA DE PLANEJAMENTO
27
A redução das chuvas e o esvaziamento dosreservatórios das hidrelétricas, a um nívelmédio de 20%, a partir de 2012, colocou emxeque a estabilidade da matriz energética nacional.
Aperda de geração de
algumas usinas do
Sistema Interligado
Nacional (SIN) e
problemas de trans-
missão de eletricidade da região
Norte para o Sudeste são os dois fa-
tores que explicam o primeiro apa-
gão registrado em 2015, em 19 de
janeiro. O fenômeno que pegou a po-
pulação de surpresa afetou 11 Esta-
dos e o Distrito Federal, com
interrupção de carga de 4.453 MW.
Mais que um problema momentâneo,
a falta de luz funcionou muito bem
para trazer à luz, um problema que,
na verdade, começou há alguns anos.
Apenas no primeiro mês do ano, foram
sete ocorrências do gênero, com inter-
rupções superiores a 10 minutos e car-
gas acima de 100 MW (energia
suficiente para abastecer cerca de 200
mil pessoas). Nesse período, a carga
interrompida chegou a 6.136 MW,
ante os 3.448 MW relativos a janeiro
do ano anterior, quando foram regis-
tradas 15 “apagões”. O prazo para re-
torno do fornecimento também
aumentou de 93 para 114 minutos.
Anteriormente, a medida adotada
pelo governo foi o uso das usinas ter-
melétricas, que estão operando na ca-
pacidade máxima, já que as “famosas”
energias alternativas – eólica, solar, nu-
clear, biomassa – ainda não estão es-
truturadas para o atendimento em
escala e têm limitadores de origem.
Por isso, a probabilidade da ocorrência
de novas interrupções de energia au-
mentou consideravelmente nos últi-
mos anos. Hoje, está em 50%, quando
o limite técnico é de apenas 5%.
Em 2013, quando o País nem so-
nhava que um dia poderia repetir a
crise energética de 2001 (governo
de Fernando Henrique Cardoso),
foram 45 blecautes com carga de
energia interrompida acima de 100
MW. Um deles, de 10,9 MW ocor-
reu em 28 de agosto, nos Estados do
Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande
do Norte, Alagoas, Sergipe, Pernam-
buco, Bahia e Paraíba. Já em 2012,
foram 62 “apagões”. O mais grave,
em 25 de outubro daquele ano, en-
volveu 12,9 MW e deixou a região
Norte à luz de velas, de acordo com
o estudo da CBIE.
Segundo o boletim do Ministério
de Minas e Energia (MME), a capa-
cidade própria instalada total de
geração de energia elétrica do
Brasil atingiu 134.008 MW em ja-
neiro deste ano. Em comparação
com o mesmo mês de 2014,
houve expansão de 3.277 MW de
geração de fontes hidráulicas,
1.429 MW de fontes térmicas e
de 2.729 MW de geração eólica.
Então, onde está o problema?
Entre as explicações apresentadas
como causa para a crise energética
brasileira, a variação climática pa-
rece ser o principal problema para
o sistema composto por 180 hi-
drelétricas, com total de 600 tur-
binas. A redução das chuvas a
partir de 2012 e o consequente
esvaziamento dos reservatórios
das hidrelétricas – as maiores ge-
radoras do país, com cerca de 70%
do total consumido – a um nível
médio de 20%, mais baixo que os
30% registrados em 2001, colocou
em xeque a estabilidade da matriz
energética nacional.
28
DESCOMPASSOS
Em contrapartida, o consumo de energia tem aumentado.
Dados relativos a janeiro de 2014 dão conta de que o per-
centual ficou 12% acima do registrado, no mesmo mês do
ano anterior, sobretudo, devido ao uso do ar condicio-
nado. Em 2001, o grande vilão era o chuveiro elétrico.
Manter a economia aquecida tem seu preço. O cresci-
mento vegetativo da população e o aumento da renda das
famílias promoveu uma verdadeira revolução nos hábitos
também em relação ao consumo de energia. Para suportar
esse movimento, especialistas de mercado recomendam
um aumento entre 3% e 4% do parque gerador/ano.
O sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura,
CBIE, Adriano Pires, afirma que o Brasil passa pela pior
crise energética da sua história. “A crise energética traz
dois problemas graves. Um é financeiro, criado quando o
governo renovou as concessões e obrigou as empresas a
reduzir as tarifas, em um momento em que o custo estava
crescendo no mundo todo. O resultado foi um problema
de caixa nas distribuidoras, que foram socorridas com
dinheiro do Tesouro Nacional. Há, também, um grande
incentivo ao consumo, que cria problemas de abasteci-
mento”, ressalta.
SEM INVESTIMENTOS
Para ele, além desse problema, há outras duas causas para
a crise energética nacional. “O governo atrasou as obras
de geração e transmissão de energia e optou por leilões
de energia que privilegiaram preço, sem garantir as taxas
de retorno esperadas pelo mercado”, alega.
Na prática, projetos de infraestrutura energética incluídos no
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão atrasa-
dos ou paralisados. Nessa conta estão a Usina Nuclear de
Angra 3, que deveria ser entregue em 2015 e as linhas de trans-
missão do Nordeste ao Sudeste. Hidrelétricas como Belo
Monte e Jirau também não foram concluídas.
Por outro lado, como não havia energia suficiente para o go-
verno fazer leilões com contratos de longo prazo para todas
as distribuidoras, o preço no mercado livre disparou. Em
2013, as empresas que tinham contratos anteriores de pouco
mais de R$ 100 o MW/hora, passaram a pagar R$ 400 no
mercado livre. No ano passado, o valor atingiu R$ 822.
O dirigente recomenda que o governo federal aproveite o
momento de crise para revisar as decisões tomadas na última
gestão. Entre elas, a lei nº 12.783/13 (MP 579/12), que reduziu
as tarifas em 20% a partir de 2013 e propôs a renovação an-
tecipada da concessão das geradoras e transmissoras de
energia cujos contratos venceriam até 2017. “Ao invés de ter
abaixado a tarifa, deveria ter implantado o modelo de ban-
deira tarifária há dois anos e iniciado um programa educativo
de uso eficiente de energia”, argumenta. A medida também
desorganizou o mercado do setor porque operadoras como
Cemig, Copel e Cesp não renovaram a concessão.
Outra decisão governamental que deve ser revista, segundo
Pires, é o apoio irrestrito que foi dado à exploração do Pre-
sal desde a descoberta das reservas, o que colocou o setor
de energia em segundo plano para os investimentos nacio-
nais. “O Brasil está na contramão da história”, destaca Pires.
Para o dirigente, falta envolver os agentes do setor elétrico
na discussão para evitar decisões unilaterais como o temido
“tarifaço” que pode solucionar o problema em parte, já tem,
como efeitos colaterais, o aumento da inadimplência no
setor e também o furto de energia.
Adriano Pires, sócio‑diretor do CBIE, Doutor em Economia Industrial pela Universidade Paris XIII
CAPA | CRISE ENERGÉTICA
29
PASSADO X PRESENTE
A crise energética de 2015 tem sido comparada com a de
2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC).
Não poderia ser diferente. “Todas as duas aconteceram
por falta de planejamento. Não se pode olhar para o setor
de energia em um país como o Brasil e planejar simples-
mente torcendo para que chova”, aponta o dirigente.
Em 2001, o governo reconheceu que faltou planejamento
e criou um comitê gestor da crise. Houve uma campanha
para que a população economizasse energia, o que resul-
tou na queda da demanda. “Neste ano, a solução sugerida
passa pelo aumento do preço da tarifa, o que repassa au-
tomaticamente a conta para os consumidores”, arremata.
O presidente da Associação Brasileira das Empresas Ge-
radoras de Energia Elétrica (Abrage), Flávio Antônio Neiva,
também afirma que a crise energética nacional não é um
fenômeno novo. “Por ser majoritariamente hidrelétrico, o
sistema está às voltas com riscos crescentes de restrições
de fornecimento devido à escassez hídrica provocada por
períodos de seca extremamente rigorosa”, enfatiza.
O atraso nas obras do setor, sobretudo por impactos so-
cioambientais dos projetos, também afetou a geração de
energia. “Esses problemas não são novos e têm tido acom-
panhamento por todos os órgãos representativos da so-
ciedade, especialmente pela Abrage”, destaca.
Instituída em dezembro de 1998, a associação civil sem
fins lucrativos é formada por grandes empresas gerado-
ras de energia elétrica, predominantemente hidráulica,
que procuram alcançar, por meio de pesquisas, estudos
e debates, o desenvolvimento dos processos ligados à
atividade.
“Ao longo de 2014 e em janeiro deste ano, a Abrage tem
realizado reuniões periódicas com suas associadas com o
objetivo de avaliar a situação do suprimento de energia
ao País, e também com o MME, ANEEL e ONS para ofe-
recer sugestões para esse momento delicado pelo qual
passamos”, comenta.
Mas, apesar das dificuldades dos últimos anos, o parque
gerador do País teve desempenho satisfatório e garantiu
o fornecimento ao mercado brasileiro sem restrições no
abastecimento. Para o biênio 2015/2016, o cenário é re-
pleto de desafios, segundo o dirigente. No entanto, tudo
vai depender do resultado do período chuvoso em curso,
que tem término previsto para abril, para mensurar a real
situação de armazenamento e o tamanho dos problemas
que o setor terá que enfrentar.
Para Neiva, o governo tem sido muito cauteloso ao tratar
da crise energética nacional, principalmente para a adoção
de medidas como racionamento ou racionalização do
consumo. “O governo e o ONS têm optado por aguardar
o fim do período chuvoso para a caracterização mais de-
terminística desse evento”, pontua.
Flávio Antônio Neiva,
presidente da
Associação Brasileira
das Empresas
Geradoras de Energia
Elétrica (Abrage)
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A situação das grandes hidrelétricas brasileiras não é das
melhores. De acordo com o Operador Nacional do Sis-
tema Elétrico (NOS), o
volume de chuva que
chegou aos reservató-
rios do Sudeste e Cen-
tro-Oeste, neste ano,
corresponde a 38,04%
da média para o mês
de janeiro, o pior ín-
dice histórico desde
1931. Juntas, as usinas
instaladas nessas re-
giões respondem por
cerca de 70% da capa-
cidade geradora do
país.
Já é o terceiro ano seguido em que os meses de janeiro
são mais secos que o esperado. No ano passado, a chuva
foi equivalente a 53,43% da média histórica e, no ano an-
terior, a 83,32%.
No último dia 31 de janeiro, as represas estavam com ar-
mazenamento médio de 16,8% da capacidade total. Um
mês antes, em 31 de
dezembro de 2014,
esse índice era de
19,4%. Um ano atrás,
em 31 de janeiro de
2014, era de 40,3%,
valor que já é conside-
rado baixo para o mês
(veja quadro).
O diretor-geral do
ONS, Hermes Chipp,
disse em novembro que
os reservatórios das hi-
drelétricas do Sudeste e
Centro-Oeste precisam chegar ao final de abril com arma-
zenamento entre 30% e 35% para que o fornecimento de
energia no país ao longo de 2015 esteja garantido. No en-
tanto, na iminência da falta de chuva, resta ao setor público
adotar medidas eficientes para economizar energia.
32
Em franco processo de expansão do seu parque gerador
de energia – usinas hidrelétricas, termelétricas, plantas eó-
licas e solares – o setor tem mantido as portas abertas para
engenheiros de diversas áreas, como afirma Flávio Neiva.
Além de obras de infraestrutura, áreas como planeja-
mento energético, estudos elétricos, modelagem do sis-
tema, operação e manutenção têm oportunidades de
trabalho para os profissionais.
“O setor de energia é uma área de infraestrutura básica
para o desenvolvimento socioeconômico do país e faz
parte da vida dos cidadãos, em todos os aspectos do seu
cotidiano. Dessa forma, o engenheiro é um protagonista
da expansão, operação e manutenção do parque gerador
do país”, ressalta o dirigente.
JAN / 2014 em %
DEZ / 2014 em %
FEV / 2015 em %
Furnas 11,47% 46,26 13,41 9,35
Nova Ponte 11,39% 34,3 12,26 10,12
Emborcação 10,82% 40,08 16,48 12,69
Itumbiara 7,89% 29,26 13,89 10,4
Ilha Solteira/3 Irmãos 3,07% 45,03 0 0
Marimbondo 2,72% 28,59 17,14 10,66
São Simão 2,54% 18,96 57,52 48,42
Água Vermelha 2,22% 37,89 23,97 21,25
Mascarenhas de Moraes 2,18% 75,85 21,69 16,54
Jurumirim 2,00% 63,91 20,65 20,54
Capivara 1,95% 65,17 23,18 22,77
Chavantes 1,63% 52,71 19,43 19,32
RESERVATÓRIO
Mercado de energia oferece oportunidades para engenheiros
Hidrelétricas experimentam o pior cenário desde 1931
CAPA | CRISE ENERGÉTICA
33
Bacias Situação
S. Santiago (16,30% da região) 58.82%
G. B. Munhoz (30,39% da região) 40.01%
Segredo (2,29% da região) 60.86%
50,93% da região
REGIÃO SUL ( 50.68%)
16,08% da região Passo Real (15,02% da região) 45.27%
Rio Iguaçu
Rio Jucuí
Rio Uruguai
Outras
88.28%
Reservatórios
(8,72% da região)Passo Fundo29,77% da região
(3,22% da região)
Bacias Situação
Sobradinho (58,20% da região) 17.27%
Três Marias (31,02% da região) 17.04%
Itaparica (6,62% da região) 21.05%
Bacias Situação
Serra da Mesa 27.88%
Tucuruí 35.77%96,17% da região (43,68% da região)
Outras
REGIÃO NORDESTE (17.9%)
Rio São Francisco
Rio Tocantins
Outras
96,86% da região
REGIÃO NORTE (38.03%)
(3,14% da região)
Reservatórios
Reservatórios
(0,16% da região)
202.246 MW/Mês
19.873 MW/Mês
51.859 MW/Mês
14.812 MW/Mês
SUL
NORDESTE
NORTE
Capacidade Máxima de armazenamento MW-MêsREGIÃO
SUDESTE e CENTO-OESTE
Bacias Situação
Emborcação (10,82% da região) 15.8%
Nova Ponte (11,39% da região) 12.91%
Itumbiara (7,89% da região) 12.45%
São Simão (2,54% da região) 44.38%
Furnas (17,42% da região) 12.86%
Mascarenhas de Moraes (2,18% da região) 20.12%
Marimbondo (2,72% da região) 21.13%
Água Vermelha (2,22% da região) 20.29%
Jurumirim (2,00% da região) 32.54%
Chavantes (1,63% da região) 26.29%
Capivara (1,95% da região) 31.85%
Reservatórios
Rio Paraná
25,73% da região
REGIÃO SUDESTE / CENTRO-OESTE (20.33%)
(27,53% da região)
Rio Paranapanema
3,07% da região
Rio Parnaíba
Outras
Ilha/3 Irmãos (3,07% da região) 0%
37,92% da região
5,81% da região
Rio Grande
Principais Reservatórios do Brasil
Situação dos Principais Reservatórios do Brasil Fev ‑ Mar / 2015
FONTE : www.ons.org.br/tabela̲reservatorios/conteudo.asp
O novo diretor-presidente da Compa-
nhia Energética de Minas Gerais
(Cemig), economista Mauro Borges
Lemos, tem grandes desafios para os
próximos anos. Novas aquisições, di-
versificação da carteira da companhia
e cuidado especial com a gestão darão
o tom da nova administração, que pre-
tende aumentar a sua aposta nas fontes
renováveis de energia para manter-se
competitiva.
Quais os projetos da empresa para os
próximos 4 anos?
Uma empresa como a Cemig tem uma
política de aquisições e diversificação
de carteira. Isso é fundamental, dadas
as suas características, mas, para que
seja sustentável a longo prazo, tem que
ter uma política de investimentos.
Neste momento, estamos focados nas
três usinas da Região Norte e também
nas três em litígio com o Governo Fe-
deral. Com relação a essas três usinas,
Jaguara, São Simão e Miranda, estamos
negociando, também, uma saída mais
vantajosa para a União, com a Cemig
assumindo a continuidade de uma nova
concessão. Como isso pode ser traba-
lhando na Advocacia Geral da União
(AGU), que tem a responsabilidade
legal de conduzir esse negócio. Temos
atuado junto à Aneel para garantir a
concessão das duas grandes distribui-
doras que nós temos.
Sem dúvida, acredito que o novo veí-
culo, com grande potencial de expan-
são, é a Renova, que tem como foco a
geração de energia solar. É uma em-
presa muito sólida, em termos de es-
truturação societária, qualidade de
governança e enxuta. O sítio de gera-
ção da Renova é extremamente bem
localizado no sul da Bahia e, dado seu
valor de mercado, nós temos um
grande potencial de associação com
novos investidores. Acreditamos que o
crescimento da Renova envolve am-
pliar o grupo empresarial.
Quer dizer, temos um projeto ambi-
cioso e a Renova também, de entrar
mais fortemente, não apenas no Bra-
sil, mas em outros mercados da Amé-
rica Latina. Estamos conversando
com parceiros potenciais para estru-
turação de novos veículos de cresci-
mento, a partir da Renova. De fato,
essa é uma frente de crescimento da
empresa que eu acho de alto valor.
Outro grande projeto que temos,
para os próximos anos, é a constru-
ção do gasoduto para fornecimento
de gás para nova planta de amônia em
Uberaba, que está localizada a 400 qui-
lômetros de Belo Horizonte, por meio
da Gasmig. É uma distância razoável,
desafio razoável, se a gente construir
esse gasoduto contíguo à BR-262.
E como o setor de Engenharia da
Cemig vai participar desses projetos?
Por orientação do sócio majoritário da
Empresa, que é o Governo do Estado
de Minas Gerais, especificamente do
governador Fernando Pimentel, a dire-
triz e o mandato que eu tenho como
presidente executivo da Empresa é que
eu deveria estruturar uma Diretoria
Executiva extremamente profissional e
competente.
Daí os resultados que já foram apre-
sentados, sustentados por dois obje-
tivos fundamentais. O primeiro que
é manter o “core” da capacidade exe-
cutiva da diretoria, consequente-
mente nós mantivemos as diretorias
técnicas na sua essência, quando não
na sua totalidade.
Trouxemos quadros da própria
Cemig para compor essa diretoria
como é o caso da Diretoria Comer-
cial, através do engenheiro Evandro
Leite Vasconcelos que está voltando
à casa depois de uma temporada na
ENTREVISTA | MAURO BORGES LEMOS
Cemig vai aumentar sua aposta em energia solar
35
Light, além da manutenção dos diretores de Desenvolvi-
mento de Negócios, Fernando Henrique Schuffner, um en-
genheiro reconhecido pela classe, e de Distribuição e
Comercialização, Ricardo Charbel, também engenheiro.
Os novos membros da diretoria que não são funcionários
de carreira da Cemig são profissionais já inteiramente tes-
tados no mercado, especialistas com grande experiência
nas áreas jurídicas, de relações humanas e financeira.
E é importante dizer que essa vinda do novo diretor finan-
ceiro de forma nenhuma significa abrir mão de todo o valor
agregado que representa o diretor Luiz Fernando Rolla, que
está na Cemig desde 1974. O papel do Dr. Rolla na nova com-
posição da diretoria será através da Diretoria de Relações
com Investidores e Regulação, que estamos criando.
Estamos desdobrando essa estratégia de fortalecimento cor-
porativo pelas coligadas e empresas vinculadas à Cemig por
todo o Brasil. Isso é importante uma vez que a Cemig tem
poder de controle do ponto de vista da gestão e da gover-
nança de várias empresas, como a própria Light, a Taesa e a
Renova. Olhando para o conjunto dessas empresas nós temos
uma preocupação muito forte em manter e fortalecer a ca-
pacidade de governança no conjunto do grupo.
Na Light, por exemplo, a gente também fez um mix, que
fizemos na holding, visando a garantia de lucro técnico, de
carreira da empresa, com agregação de valor. O presidente
do Conselho de Administração é o ex-diretor-geral da
Aneel, Nelson Hubner, que é engenheiro e mineiro. Isso é
agregação de valor e qualidade da empresa.
Os investimentos em fontes alternativas de energia vão au-
mentar? Como?
A Cemig busca, através de seu programa de Pesquisa e De-
senvolvimento (P&D), desenvolver projetos na área de
energia renovável, em parceria com universidades e cen-
tros de pesquisa. Existem projetos para a produção de
energia elétrica a partir da utilização de resíduos, como
biomassa residual de usinas de açúcar e álcool, gases resi-
duais de carvoarias e até a comercialização de energia pro-
duzida a partir de gases retirados de aterros sanitários.
O novo diretor‑presidenteda CEMIG, economistaMauro Borges Lemos
Foto
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ulga
ção
‑ Fo
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isboa
ENTREVISTA | MAURO BORGES LEMOS
36
Além do mais, a empresa tem investido em projetos de
energia solar, como a Usina Solar Fotovoltaica do Mineirão,
convênios com universidades para a difusão de conheci-
mento e formação de profissionais na área de energia solar
fotovoltaica, e algumas plantas experimentais de médio
porte, como uma usina experimental de pequeno porte em
parceria com a Copasa e outra de médio porte, em parceria
com outras empresas de energia.
A Cemig tem incentivado, ainda, o desenvolvimento de
novas tecnologias, o aprimoramento técnico e formação de
profissionais através de parcerias com instituições. Por
meio de convênios firmados com instituições de ensino su-
perior como a Universidade Federal dos Vales do Jequiti-
nhonha e Mucuri (UFVJM), a Universidade Federal de Lavras
(UFLA), o Centro Universitário de Patos de Minas (Uni-
pam) e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimon-
tes), a empresa vai implementar o projeto “Geração
Distribuída em Universidades”, a partir de um Sistema de
Micro Geração Solar Fotovoltaica de aproximadamente 12
kWp (quilowatts-pico) que incentiva o uso eficiente e se-
guro da energia, bem como a expansão da oferta de energia
oriunda de fontes limpas, renováveis e sustentáveis.
A empresa também responde pelo treinamento e suporte
técnico para sua operação e manutenção e a doação de
250 unidades de módulos fotovoltaicos de silício policris-
talino para cada universidade.
E o projeto do carro elétrico? Continua?
A Cemig tem investido, também, em pesquisas de veículos
elétricos e híbridos, através de projetos de desenvolvimento
tecnológico. Acreditamos que, no futuro, esses dois tipos
de carros farão parte integrante dos sistemas de energia,
na configuração das redes chamadas de smart grids.
Veículos elétricos plugados à rede possibilitam o armazena-
mento de energia, como uma bateria. Já os veículos híbridos
representam um passo na direção dos veículos do futuro e
que busca essencialmente melhorar a eficiência energética no
processo de uso da energia e dos recursos naturais.
Além do mais, a Cemig possui três parques eólicos no Nor-
deste, além de uma participação acionária na empresa Renova
Energia, detentora de mais de 600 MW em plantas do gênero,
instaladas no Nordeste do país.
Quais os planos da Cemig em tempos de escassez de água e,
consequentemente, energia elétrica?
A crise hidrológica é realmente muito séria e a Cemig
sempre demonstrou uma preocupação com a questão am-
biental e da qualidade da água. Os governos federal e es-
tadual estão tomando as medidas necessárias para
enfrentar essa crise e estou confiante de que a questão
do abastecimento será resolvida a bom termo. Quanto à
energia elétrica, nosso País é privilegiado pela natureza,
pois com suas dimensões continentais apresenta regimes
de chuvas diferenciados para suas regiões.
Assim, quando enfrentamos um período de hidrologia di-
fícil na região Sudeste, podemos contar com reservatórios
localizados em regiões com o Sul e o Norte, sendo que
este, em breve, contará com linhões de transmissão, atual-
mente em implantação que abastecerão os grandes cen-
tros de carga com a energia dos rios da região amazônica.
Há ainda as usinas térmicas que podem garantir uma re-
serva operativa nas hidrelétricas, com o consequente au-
mento da confiabilidade e segurança para a operação do
Sistema Integrado Nacional.
Elde
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agen
s
O Estado que já foi chamado de caixa d’água do Brasil está
correndo o sério risco de “secar”. A redução do índice
pluviométrico detectada há dois anos provocou o esva-
ziamento dos “mares” de água doce que abastecem resi-
dências e empresas instaladas nas Minas Gerais.
Com os reservatórios baixos, a Companhia de Sanea-
mento de Minas Gerais (Copasa) decidiu apostar em
três ações básicas para controlar o problema de abas-
tecimento, que já afeta mais e 60 municípios e, na outra
ponta, educar a população para o uso racional da água.
A primeira delas é a divulgação diária dos volumes dos
Sistemas Paraopeba (Rio Manso, Serra Azul e Vargem
das Flores) e Rio das Velhas. A manutenção também ga-
nhou maior agilidade com a campanha “Caça Gotas”.
Técnicos divididos em 40 equipes de campo estão “na
rua” para procurar e solucionar problemas de vazamen-
tos, entre outros, para reduzir o tempo médio de des-
perdício, que hoje é de nove horas. A medida é essencial
para reduzir a perda de 40% de toda a água potável que
circula pela rede de distribuição da Copasa.
Além disso, a empresa também tem recebido denúncias
de desperdício. Mas o ponto central de todo o projeto de
gestão da crise de abastecimento é a campanha para a re-
dução de 30% do consumo, pela população em geral.
ÁGUA & ENERGIA
38
Mudanças climáticas, crise da água ou fundo do poço
No novo site da empresa (copasa-
transparente.com.br), além de núme-
ros relativos à situação dos
reservatórios, foram listadas uma série
de práticas simples que, adotadas em
cadeia, podem contribuir para a so-
brevida de reservatórios do Estado.
Em suma, no momento de escassez, o
objetivo da Copasa é inaugurar um
novo padrão de uso, sem desperdício.
A raiz do problema confirma aquele
discurso apocalíptico que os ambien-
talistas fazem há pelo menos uma
década, de que o planeta está se
aquecendo, que era preciso reduzir
a emissão de gases de efeito estufa o
quanto antes e, ainda, adotar o uso
racional dos recursos naturais. No
caso da região Sudeste, os períodos
de calor/seca têm sido maiores que
a “saudosa” temporada de chuvas,
entre outubro e março.
Os resultados dessa variação climá-
tica afetaram São Paulo, durante
2014. Em janeiro de 2015, três meses
depois de negativas políticas acerca
de um risco de desabastecimento de
água, o problema chegou a Minas
Gerais com força total logo nos pri-
meiros dias do ano novo.
O engenheiro metalurgista Milton
Nogueira, consultor no escritório da
agência da Organização das Nações
Unidas para o Desenvolvimento In-
dustrial (Unido), durante 20 anos, para
assuntos relacionados ao clima, rea-
firma que as mudanças climáticas são
a principal causa do esvaziamento dos
reservatórios.
Além de afetar o consumidor comum,
a crise de abastecimento também afeta
a atividade econômica. “A seca afetou
igualmente o Sudeste e o Nordeste.
Mas o Sudeste sofreu mais porque não
tem um plano B estruturado para lidar
com a falta de água”, ressalta.
Na região vizinha, onde a seca é parte
da história e da cultura, o sistema de
cisternas instalado ao longo dos anos
representa uma garantia para a popu-
lação, principalmente nos municípios
mais afastados dos grandes centros ur-
banos, onde a base da economia é a
agricultura familiar e a criação de gado.
Os desmatamentos da Mata Atlântica
e Cerrado, desde a 2ª Guerra Mundial,
também influenciam a mudança do
clima no Estado Segundo Nogueira, a
água que cai em terra “limpa”, sem ve-
getação, não penetra na terra para
chegar aos lençóis freáticos e nem
abastece as nascentes. Ao contrário,
segue direto para o mar. “O descaso
com as florestas levou ao descaso com
a bacia hidrográfica”, lamenta.
39
Milton Nogueira, engenheiro metalurgista econsultor da Unido
Denes Martins da Costa Lott, Advogado e mestre em SustentabilidadeSócioeconômica Ambiental (UFOP) e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba
Para o engenheiro, a gestão das águas,
em Minas Gerais, é outro problema
que afetou o nível dos reservatórios.
“A política de gestão das bacias hidro-
gráficas existe, no papel, há 20 anos
mas não foi devidamente implemen-
tada e não recebeu os investimentos
necessários para uma atuação efe-
tiva", aponta. Até o fechamento desta
edição, o Instituto Mineiro de Gestão
das Águas (Igam) ainda não tinha con-
cluído o estudo que dará ou não aval
técnico para o decreto de “situação
de escassez de recursos hídricos”.
Em 27 de janeiro, quando anunciou o
risco de abastecimento no Estado, a
Copasa encaminhou ao Instituto Mi-
neiro de Gestão das Águas (Igam) um
documento que atestasse a “situação
de escassez de recursos hídricos”,
com o qual poderia pleitear recursos
para obras emergenciais junto à
União e instituir medidas como racio-
namento, multa e sobretaxa para o
controle da crise de abastecimento.
Com apenas 82 profissionais em campo
para cuidar de 36 bacias hidrográficas,
exato um mês depois, o Igam ainda não
havia concluído o estudo. O Instituto foi
criado para monitorar as águas do Es-
tado e controlar as outorgas. Atual-
mente, tem filiais apenas nos núcleos
regionais de Montes Claros (Norte),
Divinópolis (Centro-Oeste), Governa-
dor Valadares (Rio Doce) e Juiz de Fora
(Zona da Mata), o que reafirma a falta
de estrutura necessária para executar
uma tarefa tão grande e importante.
O Advogado e mestre em Sustenta-
bilidade Sócioeconômica Ambiental
pela Universidade Federal de Ouro
Preto (UFOP), o presidente do Co-
mitê da Bacia Hidrográfica do Rio
Paraopeba, Denes Martins da Costa
Lott, soube do projeto de captar 5
metros cúbicos/segundo de água do
Rio Paraopeba para a Estação de Tra-
tamento de Água do Rio Manso pela
imprensa. “O governo tem que exer-
cer a função dele, de planejar e agir,
mas tem que respeitar a sociedade e
suas entidades legalmente instituídas,
como os comitês de bacia”, declara.
O gestor reconhece que a estrutura
do Comitê é tímida para tantas atri-
buições. “Estamos fazendo um trabalho
para fortalecer o Comitê institucional-
mente, mas essa tarefa envolve outros
atores. Teoricamente, é o governo que
repassa os recursos”, disse.
Em relação ao anúncio do projeto
para aumentar a captação no Sis-
tema, Lott é cauteloso. “O rio está
sofrendo, como vários outros rios
do Estado, muito impactado pelas
ações urbanas. A última obra feita na
Bacia foi há 30 anos”, ressalta. Entre
as ações já implementadas para
acompanhar esse projeto, que foi o
primeiro anunciado pelo governo do
Estado está a criação de dois grupos
de trabalho. O primeiro vai acompa-
nhar as ações da Copasa e o outro
ficou responsável por uma vistoria
na nascente do Rio Paraopeba.
Segundo o gestor, a melhora da
“saúde” do rio, passaria pela amplia-
ção da Estação de Tratamento de
Água do Serra Azul (ETA), já que a
Estação de Tratamento de Esgoto
(ETE) de Juatuba não funciona.
Betim e Contagem também têm
ETEs já instaladas. “Eu acho que a
crise de abastecimento que afeta
Minas Gerais tem vários componen-
tes. Deveria valer o princípio polui-
dor/pagador, com a cobrança efetiva
pelo uso da água. A natureza está
dando sinal de alerta para o nosso
modo de vida”, analisa.
ÁGUA & ENERGIA
40
41
Wagner Soares Costa, engenheiro agrônomo,
gestor ambiental e gerente de Meio Ambiente da Fiemg
EM NOME DO
DESENVOLVIMENTO
A política praticada em Minas Gerais
é outra vilã da crise de abasteci-
mento de água. Os benefícios ofere-
cidos para as empresas se instalarem
no Estado – inclusive concessões
para o uso de água – devem ser re-
vistos. Há que se fiscalizar, também,
a quantidade de cisternas, para não
comprometer o lençol freático.
Nesse ponto, a Engenharia tem
papel fundamental para ajudar a
equacionar a crise de fornecimento
de água que afeta Minas Gerais, pois
vai auxiliar o setor produtivo a fazer
o uso racional do recurso. Para
tanto, basta conhecimento técnico e
planejamento. “Os engenheiros hi-
dráulicos sabem como detectar e
proteger o lençol freático com uma
conduta ética. Nesse caso, a respon-
sabilidade técnica da Engenharia é
observar o limite do lençol freá-
tico”, observa Milton Nogueira.
Não é de hoje que as indústrias per-
seguem a tal eficiência energética.
Parte dos custos de qualquer negó-
cio, as contas de luz e água estão
sempre na mira dos controladores
internos das organizações.
Segundo o engenheiro agrônomo,
gestor ambiental e gerente de Meio
Ambiente da Federação das Indús-
trias do Estado de Minas Gerais
(Fiemg), Wagner Soares Costa, as
empresas de médio e grande porte
já fazem o reuso da água. “Na mine-
ração, o reuso é de 80% e na indús-
tria têxtil, 60%”, exemplifica.
Devido aos custos envolvidos
nesse tipo de projeto, as peque-
nas empresas têm maior dificul-
dade em instalar esse tipo de
sistema que depende de consul-
toria especializada externa. Para
reverter essa situação, o pro-
grama Minas Sustentável, da
Fiemg, realizou um extenso diag-
nóstico do setor industrial.
Das 2.500 empresas com até 100
empregados analisadas, 40% prati-
cam algum tipo de ação para uso ra-
cional ou reuso de água. “Nelas, o
uso racional é maior que o reuso”,
explica o gestor.
Para Wagner Costa, as empresas
estão acompanhando bem o pro-
cesso evolutivo que demanda maior
cuidado com o uso dos recursos na-
turais finitos, como é o caso da água.
“As indústrias mineiras têm um pro-
grama estratégico nesse sentido.
Esse olhar estratégico sobre a água
não aconteceu tanto pela cobrança
ou preço, mas pelo entendimento
do setor produtivo da função desse
recurso no processo produtivo de
diversos setores, seja como matéria
prima ou insumo”, destaca.
Os engenheiros estão na base
desse tipo de serviço. Segundo o
gestor, o mercado tem demandado
profissionais capazes de apresentar
soluções para a gestão ambiental
das empresas, com conhecimento
para respeitar a extensa legislação
sobre o tema e, ainda, promover a
mudança de cultura da empresa,
por meio do uso de tecnologias ca-
pazes para reduzir o consumo do
bem natural e reduzir impactos am-
bientais. “Nesse momento, é pre-
ciso inovar”, recomenda.
42
ÁGUA & ENERGIA
A presidente da Copasa, Sinara Meireles Chenna,
disse que o comprometimento dos mananciais, a
redução da vazão dos cursos d’água que abaste-
cem o sistema e a falta de medidas preventivas an-
teriores aumentam as chances da ocorrência de
desabastecimento. Se as previsões de falta de
chuva na região Sudeste se confirmarem, no final
de março, o esgotamento dos reservatórios es-
tará concluído em três ou quatro meses.
No dia 27 de fevereiro, um mês após o início da
campanha de redução de 30% do consumo de
água, o sistema Paraopeba, que abastece a RMBH,
opera com 30,3% de sua capacidade. Na primeira
medição, estava com 29,9% da sua capacidade.
O reservatório do Sistema Serra Azul, que está em
pior situação, passou de 5,73% para 8,9% no pe-
ríodo. No Rio Manso, houve ligeira redução de
45,06% para 43%. Já o Várzea das Flores, que ini-
ciou a série com 28,31% da sua capacidade, atingiu
29,9%. A vazão do Rio das Velhas caiu de 25 para
21,1, na mesma base comparativa.
“Diferente do que se pensa, 80% da clientela da
Copasa é composta por consumidores domésti-
cos, tornando fundamental a participação de toda
a população nos esforços pela economia”, afirma
a engenheira.
Segundo a presidente, a companhia tem estudado
formas para amenizar as consequências da redução
de consumo por parte da população, como a dimi-
nuição de custos e perdas. A Copasa também ana-
lisa uma revisão tarifária e a possibilidade de adotar
mecanismos tarifários de contingência, que depen-
dem de aprovação da Agência Reguladora de Servi-
ços de Abastecimento de Água e de Esgotamento
Sanitário do Estado de Minas Gerais (ARSAE).
Enquanto aguarda a declaração de situação crítica
de escassez de recursos hídricos, a Copasa também
tem intensificado a contratação de caminhões pipa
e a perfuração de poços artesianos, nas regiões
mais críticas, para atendimentos emergenciais. Há,
estudos, também, para definir novas fontes de cap-
tação na RMBH.
Sinara Meireles Chenna, presidente da Copasa
Agen
cia
Min
as
Sem chuva , sem água
Apresentado em 25 de fevereiro, o Plano de Energia e
Mudanças Climáticas (PEMC) de Minas Gerais, elabo-
rado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, por
meio da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam),
prevê a execução de 64 ações para enfrentar os efeitos
agressivos do clima.
As medidas, muitas delas já em andamento, foram sub-
divididas em seis grandes grupos (Energia, Agricultura,
Florestas e outros Usos do Solo, Transportes, Indústria
e Resíduos). Se aplicadas, vão gerar redução entre 17%
a 20% das emissões dos gases de efeito estufa até 2030.
Se as ações propostas não forem adotadas, as emissões
de gases de efeito estufa aumentarão em 60%, com pre-
juízo de R$ 450 bilhões para a economia do Estado. A
temperatura deve crescer entre 2°C e 4°C até 2030,
variando conforme a região e a estação do ano.
43
Rio das Velhas,alças e comportas fechadas
Div
ulga
ção
‑ Cop
asa
Respostas as variações climáticas
44
METAS POR SETOR
AGROPECUÁRIA
Destaca-se o Programa Estadual de Recuperação de Pas-
tagens Degradadas, que visa revigorar campos a partir da
agricultura e da pecuária bovina, melhoria da produção e
uso dos dejetos da pecuária no solo como fonte de nu-
trientes ao invés de armazenar como resíduos. Serão prio-
rizadas as tecnologias propostas pelo Plano Agricultura de
Baixo Carbono (ABC). Entre outras ações, também estão
o melhoramento genético, redução da emissão de metano
dos ruminantes e o uso sustentável de florestas plantadas.
FLORESTAS E USO DO SOLO
Revisão e ampliação do Plano Estadual de Fomento Flo-
restal, uma estratégia integrada de prevenção e combate
ao desmatamento em Minas Gerais, abordando todos os
biomas presentes no Estado. A ampliação do programa de
Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Previncên-
dio) é outra ação de destaque.
INDÚSTRIA
O Programa Estadual de Eficiência Energética (PEEE) é o
carro-chefe. A iniciativa vai promover projetos de eficiên-
cia energética dentro das indústrias e articular medidas
com possíveis linhas de financiamento por meio de incen-
tivos fiscais, tributários, creditícios ou outros benefícios
governamentais adicionais a serem definidos. Entre outras
ações, destaca-se a proposta de diferenciação tributária
para tecnologias de baixo carbono e a substituição gradual
de fontes energéticas com alto fator de emissão de gases
de efeito estufa.
ENERGIA
Ampliar o uso de tecnologias de aquecimento solar e a
geração de energia fotovoltaica, bem como de produtos
eficientes e de baixo carbono, é uma das principais inicia-
tivas para diversificar a matriz energética e aumentar a efi-
ciência na utilização dos recursos disponíveis. Outras
ações relevantes são o fortalecimento do programa Ener-
gias de Minas, com o incentivo da produção de energia
elétrica a partir das fontes solar, eólica, biogás e biomassa,
e a criação de um projeto de incentivos para a produção
de bioquerosene de aviação e etanol.
RESÍDUOS E EFLUENTES
Criação do Fundo Estadual de Resíduos Sólidos para re-
gular a geração, redução, reutilização, reaproveitamento,
reciclagem, tratamento e destinação final adequada dos
resíduos sólidos. Entre as ações complementares está o
fomento ao aproveitamento, inclusive energético, da ma-
téria orgânica, e o incentivo à indústria de reciclagem.
TRANSPORTES
O estudo de viabilidade econômica e ambiental para im-
plantação de ciclovias nas marginais das rodovias esta-
duais é uma das principais ações. Outras medidas são a
ampliação e potencialização do Programa de Incentivo
à Renovação da Frota de Caminhões e a criação de estí-
mulos econômicos para aquisição de veículos híbridos
e elétricos.
ÁGUA & ENERGIA
R E S P E I T O A O M E I O A M B I E N T E É U M D O S N O S S O S V A L O R E S .
Á G U A L I M P A E T R A T A D A É O N O S S O C O M P R O M I S S O .
A CBMM tem um grande respeito pela natureza e principalmente pela água que utiliza. Localizada em Araxá, a companhia recircula hoje 95%da água usada em seus processos de produção. Investindo continuamente em tecnologia e controle de qualidade, a CBMM espera alcançar a marcade 98% nos próximos dois anos. Esse é um compromisso com o meio ambiente e com o futuro. CBMM. Aqui tem nióbio. cbmm.com.br
JOVEM ENGENHEIRO | DANIEL TÁVORA DE CASTRO QUEIROZ
46
Uma profissão que permite diversos campos de atuação
Oengenheiro civil
Daniel Távora de
Castro Queiroz,
38 anos, gra-
duado pela Ponti-
fícia Universidade Católica de Minas
Gerais (PUC Minas), em 2001, e pós-
graduado em Produção Civil pela
Fumec, sempre pensou em ser enge-
nheiro mecânico, para seguir a pro-
fissão do pai. Mas, na época do
vestibular, ao invés das máquinas, ele
começou a apreciar mais a área de
construção.
Ele conversou com os pais sobre
a mudança de rota e recebeu o
incentivo necessário para seguir
em frente. A escolha deu certo. O
engenheiro considera a sua pro-
fissão completa, o que abre por-
tas para uma variedade de
atuações, no decorrer da carreira
profissional.
“Um engenheiro civil pode incluir no
seu currículo experiências diversas
em projetos de estradas, ferrovias,
pontes, edifícios, barragens, sanea-
mento, etc, que contribuem de forma
decisiva para o desenvolvimento so-
cioeconômico das cidades, por meio
da melhoria da qualidade de vida e
saúde da população e também da in-
fraestrutura”, enumera.
No período de estágio, Daniel Queiroz
participou de obras importantes como
a construção do edifício da Fiat, em
Nova Lima; o galpão dos Correios, no
Anel Rodoviário e, ainda, a ampliação
da estrutura do Minas Tênis Clube. Du-
rante as férias, ele sempre procurava
algum “programa” na área de Engenha-
ria e, assim, acompanhou um pouco das
obras da Barragem Serra de Mesa, em
Minaçu (GO), da Ferrovia Transnordes-
tina (CE) e de uma estação de trata-
mento de esgoto em Araruama (RJ).
Aprender não tem limites para o
engenheiro que iniciou sua car-
reira no Grupo Pádua, uma das
maiores fábricas de pré-moldados
do Brasil. “Aprendi muito sobre lo-
gística e otimização de processos”,
ressalta. Depois, por quatro anos,
ele esteve na Concentual Constru-
ções Ltda., que tem um contrato
com a Petrobras para reforma e
construção de revendas de com-
bustível no Estado.
Depois, Daniel Queiroz recebeu um
convite para trabalhar na Constru-
tora Camargo Corrêa, onde está há
sete anos. Entre os projetos dos
quais participou está a obra de sa-
neamento para a Aguas y Sanea-
mientos Argentinos (AYSA), onde
passou quatro anos, no país vizinho.
Lá, ele respondeu pela execução de
aproximadamente 30 mil metros
cúbicos de concreto armado.
Mas a experiência não foi apenas téc-
nica. “O tempo que passei na Argen-
tina foi muito produtivo em todos os
sentidos. Além de trabalhar em um
grande projeto, com significativos vo-
lumes de concreto e movimentação
de terra, fiquei fluente em mais um
idioma”, comenta.
Atualmente, Daniel Queiroz traba-
lha em outra obra de saneamento,
como responsável pela execução de
50 km de redes interceptoras, 15
km de redes de esgotos e cinco es-
tações elevatórias para coleta na re-
gião de Ibirité, na Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE) locali-
zada na mesma cidade.
Construir uma carreira de sucesso é
o desejo de todo profissional. Para o
engenheiro, esse é um projeto con-
tínuo ao qual ele dedica tempo e
energia para manter-se atualizado
em inovações tecnológicas e nos
conteúdos que serão exigidos nos
próximos projetos. “A Engenharia é
uma profissão que exige muita dis-
ponibilidade do profissional em se
adaptar às mudanças inerentes ao
ramo da construção”, explica.
A técnica não é tudo, em Engenharia.
O profissional precisa gostar do que
faz para diferenciar-se dos demais.
Queiroz não esconde o prazer que
tem em trabalhar na área “Sou com-
prometido com minhas metas e pra-
zos. Busco soluções rápidas,
eficientes e econômicas para os pro-
jetos”, destaca. Como o engenheiro
não trabalha sozinho, Queiroz tam-
bém exercita diariamente a capaci-
dade de trabalhar em equipe e de
escutar outras opiniões para somar
resultados. Os problemas são consi-
derados já no processo de planeja-
mento, para evitar surpresas que pos-
sam causar atrasos ou prejuízos.
Para quem está começando o curso
de Engenharia Civil ou pretende in-
gressar na área, ele apresenta alguns
argumentos “de peso”. “É preciso
fazer um curso bem feito. Todas as
disciplinas, mais cedo ou mais tarde,
serão importantes durante a vida
profissional. Nos estágios, é impor-
tante aproveitar ao máximo o con-
tato com pessoas mais experientes,
como os engenheiros, encarregados
e outros profissionais que puderem
somar”, sugere.
Casado e pai, o engenheiro gosta de
sair com a família nos momentos de
lazer, mas, como todo bom atleti-
cano, ele não dispensa um jogo de
futebol.
47
A Engenharia é umaprofissão que exigemuita disponibilidadedo profissional em seadaptar às mudançasinerentes ao ramo daconstrução
“
“
Murilo Valadares - Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas
Engenheiro civil formado pela UFMG. Com extensa experiência no
setor público, ocupou os cargos de administrador regional, diretor da
SLU, superintendente da Sudecap e secretário de Políticas Urbanas de
Horizonte. Foi, também, secretário Municipal de Obras e Infraestrutura
da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
João Cruz Reis Filho - Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária
e Abastecimento
Engenheiro agrônomo, é mestre e doutor em Genética e Melhoramento pela
Universidade Federal de Viçosa (UFV). Como fiscal federal agropecuário do
ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, chefia a assessoria
de gestão estratégica do orgão.
Altamir Rôso - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico
Engenheiro, economista e empresário, ele preside a regional Vale do Rio
Grande da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg),
em Uberaba, com uma atuação dinâmica à frente de sindicatos como o
Sinduscon Uberaba, CIGRA e, desde 2010 ocupa a presidência da FIEMG
Regional Vale do Rio Grande. Ele teve papel decisivo na conquista do gaso-
duto para Uberaba.
GESTÃO PÚBLICA
48
Engenheiros no primeiro escalão do governo Pimentel
O primeiro escalão do governo do Estado de Minas Gerais tem, na sua composição, seisengenheiros em diferentes secretarias e empresas. Devido ao processo de auditoriainstaurado logo no início da gestão, o governador Fernando Pimentel (PT) tem evitadofalar de planos e projetos para os próximos quatro anos de mandato.
CONHEÇA OS ENGENHEIROS QUE ESTÃO NA LINHA DE FRENTE DA ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL
Mário Spinelli - Controladoria-Geral do Estado
Engenheiro civil e matemático, mestre em Administração Pública pela Fun-
dação João Pinheiro (FJP) e pós-graduado em Engenharia de Segurança
do Trabalho pela Universidade Federal Fluminense. Foi controlador-geral
do município de São Paulo e é servidor concursado da Controladoria-
Geral da União (CGU), onde foi secretário de Prevenção da Corrupção
e Informações Estratégicas. Integrou o Conselho de Controle de Ativida-
des Financeiras (Coaf), órgão do ministério da Fazenda.
Marco Antônio Castello Branco - Presidência da Companhia de Desenvolvimento
Econômico de Minas Gerais (Codemig)
Engenheiro Metalurgista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), é especialista e doutor em siderurgia pela Faculdade de Engenharia
de Minas, Metalurgia e Mecânica da Universidade Técnica de Clausthal, Ale-
manha. Fez carreira na iniciativa privada, assumindo a presidência da Man-
nesmann do Brasil no ano 2000, após fusão da empresa com o grupo
francês Vallourec. De 2004 a 2008, integrou a alta administração do grupo
na França e também foi diretor-presidente da Usiminas de 2008 a 2010.
Sinara Meirelles - Presidência da Companhia de Saneamento
de Minas Gerais (Copasa)
Engenheira civil formada pela UFMG, foi superintendente de Limpeza Urbana
da prefeitura de Belo Horizonte entre 2005 e 2009. Integrou o Conselho
Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte.
49
Sávio Souza Cruz - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
Engenheiro metalúrgico e especialista em Engenharia Ambiental, é gra-
duado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele licenciou-
se do quarto mandato consecutivo como deputado estadual para
assumir a Secretaria. Anteriormente, foi secretário de Estado de Plane-
jamento e, posteriormente, de Recursos Humanos e Administração no
governo Itamar Franco (1999-2002). Foi professor de Química e Física
da rede de ensino privado e de Engenharia Ambiental da PUC Minas.
Instituída no final de 2012 pelo Conselho Regional de En-
genharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-Minas), a Câ-
mara de Mediação e Arbitragem (CMA) teve a sua atuação
ampliada para todas as regiões do Estado, com opções de
Conciliação, Mediação e Arbitragem e Comitê de Resolu-
ção de Disputas (DRB). O agendamento dos serviços
pode ser feito nas inspetorias da instituição.
Em dois anos de atividades, a CMA/Crea-Minas obteve ín-
dice de satisfação dos usuários em mais de 90% para a re-
solução mais rápida de conflitos judiciais que envolvem as
profissões da área tecnológica - Engenharia, Agronomia,
Geologia, Geografia e Meteorologia – com objetivo de evi-
tar que os casos se transformem em processo judicial.
Através da conciliação, o tempo médio para a solução dos
casos é de 63 dias, sendo que o fator maior de morosi-
dade é o contato com as partes envolvidas. “A ideia é ofe-
recer um espaço neutro onde as pessoas possam
conversar e, com o auxílio de um conciliador técnico ou
um mediador, resolver uma questão sem a necessidade de
abertura de um processo no Judiciário. Atuamos de forma
direta acrescentando mais essa prestação de serviços aos
profissionais e à sociedade”, explica o presidente do Crea-
Minas e engenheiro civil, Jobson Andrade.
A conciliação e a mediação são procedimentos amigáveis
cujos protagonistas são as próprias partes. O presidente
da CMA Crea-Minas, engenheiro civil Clémenceau Chiabi
Saliba Jr., afirma que, se não houver a solução do conflito
nessas duas esferas, os envolvidos podem optar pela Ar-
bitragem.
Regulada pela Lei Federal nº. 9.307/96, a Arbitragem per-
mite às partes a escolha de uma terceira pessoa, indepen-
dente e imparcial, especialista no tema do conflito em
questão, denominada Árbitro, para resolver o impasse de
maneira definitiva, sem recursos protelatórios tão comuns
CREA | SERVIÇO
50
Câmara de Mediação e Arbitragem do Crea‑Minas amplia sua atuação
Presidente do Crea-Minas e engenheiro civil, Jobson Andrade
51
no judiciário. Caso não exista consenso entre os envolvi-
dos na escolha de um único Árbitro, pode ser formado
um Tribunal Arbitral composto por três árbitros.
Além de garantir rapidez e sigilo, uma das vantagens des-
ses serviços é oferecer às partes a oportunidade de po-
derem escolher as regras que vão utilizar e os prazos
que serão necessários. Outro benefício do procedimento
é o fato dele poder ser resolvido por especialistas da
área do conflito que, consequentemente, resultará em
um julgamento mais seguro na parte técnica.
Segundo levantamento da CMA/Crea-Minas, a maioria
dos conflitos que chegam até a Câmara são da área de
Engenharia Civil, com prevalência de casos de inadim-
plência contratual, vícios construtivos, perdas e danos, e,
ainda, discordâncias decorrentes de obras vizinhas.
O Comitê de Resolução de Disputas, mais conhecido
pela sigla DBR é muito utilizados em grandes obras no
mundo todo e considerado um instrumento de van-
guarda. “São comitês criados no início de um projeto,
composto por três profissionais capacitados da indústria
e da construção, que atuam na resolução de conflitos em
tempo real”, destaca. Na prática, eles se reúnem mensal-
mente na obra, fazem recomendações ou decidem todas
as disputas pontualmente.
Dessa forma, os conflitos não se acumulam até se trans-
formarem em disputas judiciais. O objetivo dessa ferra-
menta é garantir que o contratado não paralise os
serviços e que o contratante continue quitando as par-
celas, para garantir a entrega da obra no prazo estipu-
lado.
DEFENSORIA PÚBLICA
Os processos de conciliação instaurados junto à Câmara
de Mediação e Arbitragem do Crea-Minas contam, desde
2014, com os serviços da Defensoria Pública do Estado
de Minas Gerais.
O órgão presta assistência jurídica aos procedimentos
de conciliação nos litígios que envolvam, direta e indire-
tamente, as áreas tecnológicas, possibilitando a assistên-
cia de um defensor público para a defesa da parte que
não possui advogado. O convênio é inédito no Brasil e
objetiva evitar desequilíbrio jurídico entre os envolvidos,
visto que nem todos usuários da CMA possuem condi-
ções de arcar com as despesas de um advogado.
Presidente da CMA Crea-Minas, engenheiro
civil Clémenceau Chiabi Saliba Jr.
Considerada um dos carros chefes e
“termômetro” da economia nacional, a
indústria automobilística amargou em
2014 o seu pior resultado, nos últimos
cinco anos. Segundo dados da Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Au-
tomotores (Anfavea), a produção teve
queda de 15,3%, no em relação ao exer-
cício anterior. A situação não ficou dife-
rente para as empresas de máquinas
agrícolas e rodoviárias, que também tive-
ram perda de 17,4%. No caso das expor-
tações, o percentual da retração ficou em
30,4% na mesma base comparativa.
Duas inaugurações de plantas em
2014, uma da Nissan, em Resende (RJ)
e outra da Chery, em Jacareí (SP) são
parte da estratégia adotada pelo go-
verno federal no seu Programa de In-
centivo à Inovação Tecnológica e
Adensamento da Cadeia Produtiva de
Veículos Automotores (Inovar-Auto).
Criado em 2012, o plano visa fortale-
cer a indústria nacional, por meio da
estratégia de conteúdo local, que
exige que as empresas ampliem o de-
senvolvimento e a produção de insu-
mos, peças e veículos no país.
Além de elevar a competitividade da
indústria nacional, reduzindo o per-
centual de 25% de players internacio-
nais no setor, a medida também deve
gerar mais postos de trabalho. “Todos
os países têm alguma legislação do gê-
nero, mais ou menos às claras”, ob-
serva. No Japão, por exemplo, o
mercado é fechadíssimo, com apenas
5% para os importados.
O programa também tem meta am-
biental e social. Uma delas é que o
consumo médio dos novos modelos
seja de 17,26 km/litro de gasolina ou
11,96% km/litro de etanol, o que
reduz a emissão de CO2 na atmosfera
- um desafio a ser vencido pelo setor
– e economia média anual de R$
1.150 para o consumidor, em relação
aos padrões atuais e em menos CO2
circulando na atmosfera.
Em investimentos, a previsão até 2016
é de R$ 14 bilhões, com expectativa
de abertura de outras oito fábricas. O
que explica essa migração de multina-
cionais do setor para o solo brasileiro
é o tamanho do mercado, como ex-
plica o engenheiro, jornalista e consul-
tor especializado na indústria
automobilística, Fernando Calmon.
A favor dessa transferência está a pro-
ximidade com o quarto maior do
mundo. Mas, na contramão, a produti-
vidade do setor está em queda no
país. O México ultrapassou o Brasil e
52
SETOR AUTOMOTIVO
Indústria automobilísticanacional se prepara paranovo cenário econômico
ocupa a sétima posição nacional. As
condições para exportação também
não estão entre as melhores, devido a
fatores que são velhos conhecidos da
indústria nacional: valorização do
dólar frente ao real, Custo-Brasil (leia-
se carga de impostos e custos traba-
lhistas) e deficiência logística.
Depois da má notícia, vem a boa. Em-
bora as expectativas para o setor
sejam bem cautelosas em relação a
este ano, a retomada de crescimento
deve acontecer a partir de 2017.
“Houve um “boom” em oito anos e o
mercado mais que dobrou. O cresci-
mento foi muito rápido e contou com
a ajuda do governo mas enquanto a si-
tuação econômica do país não melho-
rar, fica difícil investir”, ressalta.
“O Brasil entrou nessa corrida pela
eficiência dos veículos atrasado. Os
motores estavam defasados e os pra-
zos para pesquisa e desenvolvimento
(P&D) do Inovar-Auto são curtos.
Conseguir isso sem inviabilizar o
preço do produto e o potencial do
mercado brasileiro é outro desafio a
ser vencido”, enfatiza. Outras metas
do programa são veículos mais leves
e sustentáveis.
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
Para Calmon, o Inovar-Auto abre es-
paço para que as empresas reforcem
o seu “time” de engenheiros. “Pode
ser o momento de reconquistar pro-
fissionais que migraram para outras
áreas de atuação”, projeta. Com isso,
o mercado de trabalho volta a ser
promissor para esses profissionais já
que há metas a serem cumpridas para
alcançar os benefícios do Inovar-Auto.
Entre as novidades que podem chegar
ao país estão os motores com três ci-
lindros, que já estão nas linhas de pro-
dução europeias.
O motor flex, uma criação genuina-
mente brasileira, não deve ser substi-
tuído, já que a tecnologia é muito bem
aceita no país, onde o etanol tem vanta-
gem imbatível na emissão de gases de
efeito estufa, 80% menor que a gasolina.
“Essa é uma vantagem competitiva da in-
dústria, mas a melhoria da eficiência dos
veículos dependerá da Engenharia”, ar-
gumenta o consultor.
Engana-se quem pensa que o plano
de fomentar o parque industrial au-
tomobilístico brasileiro é um erro.
Segundo Calmon, o mercado nacio-
nal ainda é considerado imaturo,
quando se considera que a taxa
média de ocupação dos veículos é de
5 habitantes, sem contar as motoci-
cletas. Na vizinha Argentina, esse nú-
mero cai para 3,5.
O trânsito caótico das grandes capi-
tais amedronta, mas há espaço para
novos negócios, nas médias e peque-
nas cidades. “A perspectiva é boa
porque a população é grande, a base
industrial estará razoavelmente bem
montada e o consumidor gosta e
precisa do produto”, conclui.
53
Fernando
Calmon,
Engenheiro,
consultor
especializado
na indústria
automobilística
A indústria automobilística está em período de “stand by”mas tem trabalhado arduamente para manter-se competi-
tiva. Revisão de custos e processos, inovação e lançamento
de novos modelos estão entre os desafios aos quais as em-
presas têm se dedicado desde 2013.
Segundo o diretor de Planejamento e Estratégia do Produto
da Fiat Chrysler Automobiles (FAC) para a América Latina,
Carlos Eugênio Dutra, a empresa está em meio ao maior ciclo
de investimentos de sua história no Brasil, com aporte de R$
7 bilhões previstos para o período de 2011-2016 visando a
modernização da fábrica e o desenvolvimento de novos pro-
dutos. Sem dar detalhes, ele adianta que, em dois anos, serão
apresentados ao mercado quatro novos veículos.
O Centro de Pesquisa & Desenvolvimento Giovanni
Agnelli, que engloba o Design Center, as Engenharias
de Projeto de Veículo e Motopropulsor, a Engenharia
Experimental e a Engenharia Powertrain tem uma
equipe de 1500 profissionais que capacitam a Fiat Au-
tomóveis com toda a tecnologia necessária para pro-
jetar integralmente um veículo no Brasil. “O
know-how do Centro de P&D é comparável com o
que há de mais avançado no mundo e representa um
ganho de competitividade para a empresa”, destaca.
Desde o lançamento do primeiro veículo no Brasil, a
empresa vem apresentando ao mercado soluções pio-
neiras ao desenvolver carros econômicos, inteligentes
no aproveitamento de espaço, com motores pequenos
e potentes.
Nessa lista está o Fiat 147, lançado em 1976, o primeiro
carro com motor transversal do país. Três anos depois,
a fábrica inovou com o veículo movido a etanol produ-
zido em série. Na sequência, vieram o modelo popular
com motor 1.0; a família de motores Fire, mais leves e
econômicos e, ainda, o Siena Tetrafuel, que é o único ali-
mentado por quatro combustíveis.
54
Fiat aposta em inovação para se manter competitiva
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SETOR AUTOMOTIVO
MODEL SHOP
Carlos Eugênio Dutra,
Diretor de Planejamento
e Estratégia do Produto
da Fiat Chrysler
Automobiles (FAC)
LABORATÓEMISSÕES E
A versão Evolution do Novo Uno, lançado em 2014,
trouxe o Start&Stop pela primeira vez em um veículo na-
cional. Esse recurso “verde” de última geração desliga e
religa o motor automaticamente. Uma redução de até
20% no consumo de combustível pode ser verificada com
o sistema ligado, principalmente nas paradas constantes,
comuns no trânsito das grandes cidades. O sistema tam-
bém reduz significativamente a emissão de gases.
Um importante conceito que tem direcionado as pesquisas
para o desenvolvimento de modelos mais econômicos e
eficientes é a melhoria do coast down (leia-se resistência
total ao deslocamento). Para tanto, são criadas soluções
para diminuir o atrito do pneu com o solo (pneus verdes),
o atrito da carroçaria com o ar e até diminuir as rotações
do motor, através de relações de marchas mais longas.
Menor atrito demanda menos potência do motor para
deslocar o veículo e, consequentemente, menor consumo
de combustível com ganhos para o meio ambiente. Atual-
mente, 80% dos veículos da Fiat em produção já têm
pneus de baixa resistência a rolamento (pneus verdes).
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Outro importante investimento para a melhoria da efi-
ciência energética é o uso de “materiais verdes”, como os
reciclados e aqueles confeccionados com matérias-primas
renováveis como óleos vegetais, polímeros verdes, biopo-
límeros e fibras vegetais.
“Atualmente, dispomos de uma série de materiais
verdes empregados em diversas funções do veículo
como, por exemplo, óleo de soja na produção de es-
puma dos bancos e fibras vegetais como reforço em
componentes de acabamento. Os materiais reciclados
estão presentes nos isolamentos acústicos, feitos a
partir de resíduos da indústria da moda, e nas prote-
ções do vão de roda e nos reparos aerodinâmicos,
produzidos com plástico reciclado”, enumera.
A eficiência energética está presente também no pro-
jeto do carro elétrico. Em 2006, a FCA iniciou parce-
ria com a Itaipu Binacional para o desenvolvimento
do Palio Weekend Elétrico com bateria de cloreto de
sódio. Já foram produzidas 66 unidades do protótipo
em uso pelos parceiros do projeto, como as conces-
sionárias de energia elétrica, com foco na capacitação
de profissionais e no desenvolvimento de kow-how.
A melhoria de processos é parte dos investimentos
realizados pela empresa. Desde 1994, a Fiat registra
queda contínua dos indicadores de consumo de água
e de energia, por veículo produzido. No período, para
cada veículo produzido, o consumo de energia elé-
trica caiu 55%. Já o consumo de água teve queda de
68%. A água na planta de Betim é recirculada em 99%.
“Na prática, significa a quase eliminação da captação
da água potável da rede pública para o uso industrial”,
afirma.
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CENTRO DE CONSTRUÇÃODE PROTÓTIPOS
ÓRIO DEE CONSUMO
Pedra de Maria da Cruz, Varzelândia e
Virgem da Lapa integram a listagem
dos 680 municípios atendidos pela
Companhia de Saneamento de Minas
Gerais (Copasa), para serviços de
abastecimento de água potável. No
entanto, nas três localidades, a falta
desse bem natural é um problema his-
tórico que compromete a saúde da
população e o desenvolvimento so-
cioeconômico.
Mas a situação está mudando. Por
meio de um convênio firmado entre
o governo de Minas Gerais, via Coor-
denadoria Estadual de Defesa Civil
(Cedec) e a Coca-Cola FEMSA Brasil,
os três municípios foram contempla-
dos com o programa “Água - Plantas
Potabilizadoras”, que transforma água
salobra e rica em calcário em alimento
para o consumo humano.
Os três municípios foram escolhidos
pela CEDEC-MG depois de análise de
pré-requisitos como o Índice Mineiro
de Responsabilidade Social (IMRS), o
chamado IDH mineiro, conjugado
com dados populacionais, PIB e nú-
mero de internações por doenças
causadas pela ingestão de água não
apropriada para o consumo humano.
Em Varzelândia, o sistema que teve iní-
cio com a instalação da planta potabi-
lizadora já inclui um caminhão pipa e
40 cisternas com capacidade de arma-
zenamento de 8 mil litros de água po-
tável. A comunidade de Lagoinha,
distante 20 km da sede do município,
onde moram 145 famílias carentes é
um dos povoados beneficiados pelo
equipamento.
A meta do município é espandir o
projeto para mais 120 famílias. “A má-
quina também fabrica oxidantes mis-
tos que são colocados nas caixas
d’água des escolas e unidades de
saúde, para potabilizar a água usada
nesses locais. O secretário municipal
de Obras da cidade e técnico em En-
genharia, José Airton Leite da Cruz,
afirma que o programa “Plantas Pota-
bilizadoras” atende a uma demanda
histórica do município. “O caminhão
será abastecido com a água da má-
quina, para que mais pessoas recebam
água potável em casa”, declara. Sem a
parceria com a Coca Cola FEMSA,
afirma, o município não teria condi-
ções financeiras para adquirir o equi-
pamento que corrigiu o Ph da água.
Para aumentar o acesso da população
à água potável da “Planta Potabiliza-
dora”, a prefeitura de Virgem da Lapa
manifestou o interesse em ampliar a
tubulação para outras comunidades.
No local onde a máquina foi instalada,
existe estrutura para abastecer casas
do município.
O prefeito Harley Lopes Oliveira
disse que o programa tem mudado a
qualidade de vida das pessoas. Nascido
e criado na região, Evelino Batista de
Moura também agradece a parceria
com a Coca-Cola FEMSA que possi-
bilitou a instalação do equipamento e
a chegada de água tratada para o con-
sumo da comunidade. ‘É um grande
presente para todos os moradores”,
justifica.
Em Pedras de Maria da Cruz, será ins-
talado um loteamento em frente ao
local onde a máquina foi instalada, com
casas para 20 famílias. A prefeitura
também levará os oxidantes mistos
produzidos pelo equipamento até ou-
tras caixas d’água mais distantes, onde
o sistema não chega.
Morador do município, Adilson Mar-
tins Canabrava, 51 anos, já foi subme-
tido a cirurgia para retirar cálculo na
vesícula. Esse é um problema recor-
rente na região. “As crianças terão
uma saúde melhor na idade adulta”,
projeta.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
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Parceria público‑privada ajudamunicípios a solucionar problemasde abastecimento de água
COMPROMISSO SOCIAL
O programa Plantas Potabilizadoras é uma entre várias ini-
ciativas da Coca-Cola FEMSA para atender a comunidades
carentes, nas regiões onde a empresa está presente. No caso
de Minas Gerais, a nova fábrica, em construção na cidade de
Itabirito mediante aporte de US$ 258 milhões, deve ser inau-
gurada ainda em 2015.
A porta-voz da empresa, Ana Flávia Rodrigues, reafirma que
o mais importante na parceria firmada com a CEDEC é a
oportunidade de encontrar soluções perenes e eficazes para
atender a comunidades que necessitam de água potável. “Sa-
bemos que haverá redução nos casos de doenças causadas
pela ingestão da água sem tratamento adequado também”,
explica.
Para ela, a ideia central do projeto - converter água impró-
pria para o consumo em água potável - demonstra a sensi-
bilidade da Coca-Cola FEMSA Brasil em relação aos
problemas que comprometem a qualidade de vida da popu-
lação ainda hoje.
Para esse projeto, a empresa investiu aproximadamente R$
1,4 milhão, o que inclui as três máquinas potabilizadoras fixas
e outras duas, móveis que são usadas pela CEDEC em caso
de enchentes. Em 2014, foram doados mais três caminhões-
pipa, 120 cisternas e três caixas d’água ao CEDEC, o que au-
menta para 20,9 mil o número de pessoas atendidas.
Os equipamentos importados pela Coca-Cola FEMSA Brasil
são fabricados pela empresa norte-americana Miox e usam
a mistura de sal comum, água e energia para gerar produtos
químicos desinfetantes na quantidade necessária para aten-
der a demanda de água pela população.
A cada segundo de uso é purificado um litro de água, o que
permite atender a mais de 4.500 pessoas por dia em situa-
ção de catástrofe natural. A operação e manutenção das má-
quinas são de baixo custo. Os oxidantes mistos produzidos
pela máquina são levados para caixas d’água de escolas, uni-
dades de saúde e casas mais distantes, para purificação do
recurso natural.
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O sistema que teve início com a instalação da planta
potabilizadora já inclui um caminhão pipa e
40 cisternas com capacidade de armazenamento
de 8 mil litros de água potável.
Entenda a tecnologia das máquinas potabilizadoras
PRÊMIO SME | CIÊNCIA ,TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
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SME abre inscrições para o 23º Prêmio Ciência,Tecnologia e Inovação em parceria com a FIEMG
Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais – Miguel Corrêa
“Premiar trabalhos técnico-científicos é uma das mais nobres iniciativas para valorizar
a educação. O prêmio da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) de Ciência, Tecnologia e
Inovação tem o papel de reconhecer e enaltecer jovens promissores das áreas de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia. Valorizar o trabalho destes estudantes é uma forma de estimular
novas pesquisas e avançar na inovação. Como secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior, parabenizo a Sociedade Mineira de Engenheiros por esta ação e garanto que
o Governo de Minas está empenhado na luta para uma educação melhor para os mineiros,
pois sabemos que o conhecimento é capaz de transformar o mundo”.
Presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg)e do Conselho Deliberativo
do Sebrae Minas – Olavo Machado
“Inovação e tecnologia são e sempre serão diferenciais estratégicos e decisivos na disputa e
conquista de mercados pelas empresas, especialmente em face da crescente globalização e do
acirramento da concorrência – e em um cenário de grave crise, como o que vivemos desde
2008, o desafio é ainda maior. Por todas estas razões, com satisfação e entusiasmo, a Fiemg apoia
a Sociedade Mineira de Engenheiros na realização da 23ª. Edição do Prêmio SME de Ciência,
Tecnologia e Inovação. Trata-se, ademais, de iniciativa que contribui fortemente para a integração
universidade/empresa e, também, para aproximar os estudantes do dia a dia das empresas”.
Vice-presidente da SME – Marita Arêas Tavares
“O Prêmio Ciência e Tecnologia, criado pela SME, em 1992, por iniciativa do então diretor, engenheiro
Rodrigo Paiva, da Paiva Piovesan, já na sua 23ª. edição, agregou mais recentemente à sua marca,
a Inovação, complementando o tripé que dá sustentabilidade ao desenvolvimento econômico e
social tão necessários à evolução da sociedade.
Com o objetivo de incentivar os alunos dos cursos de graduação em Engenharia, Arquitetura e
Agronomia, a premiação dos melhores trabalhos técnico-científicos não se limita a um atrativo in-
centivo financeiro, ou menções honrosas e Certificados de participação. Mas, constitui uma vitrine
de oportunidades que poderão ser oferecidas pelas empresas e instituições apoiadoras do Prêmio,
dependendo do interesse das mesmas, segundo o enfoque dos trabalhos apresentados. Esta pre-
miação dá maior visibilidade de competências em currículos de futuros profissionais, podendo operar
mudanças muito positivas na vida daqueles que souberem tirar proveito dessa grande oportunidade”.
Depoimentos
A Sociedade Mineira de Engenheiros, SME está preparando a
edição do 23ºPrêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação,
em parceria com a Federação das Indústrias de Minas Gerais
(FIEMG). A premiação é dirigida a estudantes regularmente
matriculados nos cursos de graduação das áreas de Engenha-
ria, Arquitetura e Agronomia em Instituições Regulares de En-
sino Superior do Estado de Minas Gerais. De acordo com o
Regulamento do Prêmio, os trabalhos devem abordar um pro-
blema real ou idealizado, preferencialmente nosegmento in-
dustrial, cuja solução requeira conhecimentos de Engenharia,
Arquitetura e Agronomia. O candidato poderá concorrer in-
dividualmente ou em grupo com um ou mais trabalhos. Para
os trabalhos apresentados em grupo, poderão participar es-
tudantes de outras profissões, regularmente matriculados em
cursos de graduação de Instituições Regulares de Ensino Su-
perior no Estado de Minas Gerais, desde que o líder do grupo
seja um estudante das profissões de Engenharia, Arquitetura
e Agronomia.
FAÇA A ESCOLHA CERTA
Na hora de preencher a ART no
campo (entidade de classe) escolha
a SME - Sociedade Mineira de
Engenheiros através do código 0086.
Assim, você apoia a SME para re-
presentar a engenharia mineira e
oferecer melhores serviços para você!
ART-0086
www.sme.org.brSociedade Mineira de EngenheirosCompromisso com as soluções para um futuro
sustentável da engenharia e bem-estar social.