Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

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Escassez de energia e água: gestão de crise, causas e soluções BARRAGENS Sistema pode ser uma solução para as crises de abastecimento de água e energia INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA Setor se prepara para novo cenário econômico ENTREVISTA Mauro Borges Lemos, presidente da Cemig Ano 6 | Edição 27 | JAN - FEV | 2015

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Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

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Escassez de energia e água: gestão de crise, causas e soluções

BARRAGENSSistema pode ser umasolução para as crisesde abastecimento deágua e energia

INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA Setor se prepara para novo cenário econômico

ENTREVISTAMauro Borges Lemos, presidente da Cemig

Ano 6 | Edição 27 | JAN - FEV | 2015

Page 2: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Investimentos em infraestrutura

enteFaz#

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Ao editarmos este primeiro número

de 2015 da Revista Mineira de Enge-

nharia, constatamos ser inegável que

vivemos um momento de intranquili-

dade com relação às perspectivas fu-

turas da Engenharia Brasileira e do

País. É bem verdade, que não podemos

afirmar, com segurança, que o Brasil já

se encontra em uma conjuntura de

crise bem definida, porém são grandes

as incertezas em relação ao futuro

mais imediato da Nação. Isto porque,

mesmo diante de medidas que vem

sendo tomadas no planejamento e no

campo financeiro, não se pode mensu-

rar, ainda, o impacto dessas medidas,

além do fato de não existir amplo

apoio político e, sim, ao contrário, mui-

tas divergências com relação à natu-

reza das medidas em curso.

A Engenharia, obviamente, está sendo

afetada pela redução dos investimen-

tos e consequente redução da oferta

de obras e serviços, hoje muito

aquém da capacidade tecnológica de-

senvolvida pela engenharia brasileira,

ao longo dos anos. Esse desenvolvi-

mento tecnológico é algo que não

podemos perder. Por outro lado, é

preciso enfatizar as janelas de opor-

tunidades que são geradas para a en-

genharia brasileira por esta nova

realidade.

Uma delas é a aplicação do conheci-

mento e de técnicas disponíveis no

aprimoramento da manutenção de

equipamentos e instalações na indús-

tria. É aquilo que, no passado recente,

já era necessário fazer e não foi feito

porque não podia parar a produção. A

hora é agora, de aproveitar eventual

capacidade ociosa, para fazer a con-

servação e os reparos requeridos.

Outra janela de oportunidade é a mo-

dernização dos processos produtivos.

Trata-se da substituição tecnológica

que permitirá produzir, em um mo-

mento de retomada do desenvolvi-

mento, com menores custos e com

aumento da produtividade. Outras

possibilidades existem, por exemplo,

no treinamento e capacitação, onde,

uma vez mais, a engenharia poderá

mostrar o seu valor à sociedade.

A SME não ficou imune a essa con-

juntura desfavorável. As dificuldades

aumentaram para que consigamos

alcançar um de nossos objetivos es-

tratégicos: recuperar o prédio sede

da SME, localizada na Rua Timbiras,

nº 1514, fechado há cerca sete anos,

face à deterioração de suas instala-

ções. Contudo, vamos persistir, bus-

cando parceiros que nos ajudem a

atingir esta meta. Pretendemos, tam-

bém, abrir novos diálogos com a so-

ciedade e governos em torno de te-

máticas emergentes de interesse da

engenharia e que afetam a vida de

todos; usando para isso a contribui-

ção de nossas Comissões de Traba-

lho, constituídas por profissionais

qualificados.

Como ressaltamos na última edição

da Revista, é crucial, nesse momento,

o aumento da oferta de água e de

energia elétrica à população. Embora

tenham ocorrido chuvas generosas,

ainda, estamos longe de atingir o pata-

mar ideal de acumulação em nossos

reservatórios. A SME pretende contri-

buir nestes assuntos e, na medida de

nossas possibilidades, no planejamento

dos governos municipais, estadual e fe-

deral. É fundamental, apresentarmos

alternativas para o desenvolvimento

da infraestrutura do País, ainda que em

curto prazo, tais alternativas não ve-

nham a ser viabilizadas.

O momento é de reflexão, planeja-

mento, busca de oportunidades e de

soluções que possam conduzir ao au-

mento de produtividade, valorizando o

papel dos engenheiros e da engenharia,

e sua contribuição para o futuro da

Nação. A SME só irá cumprir esta mis-

são, se puder contar com a ajuda de

todos. Por isso, renovamos o nosso pe-

dido de seu apoio e colaboração.

EDITORIAL | PALAVRA DO PRESIDENTE

3

Oportunidades para a Engenharia Compromisso com a Nação

Augusto Drummond

Presidente da SME

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4

Augusto Celso Franco DrummondPresidente

Alexandre Francisco Maia BuenoVice-Presidente

José Ciro MotaVice-Presidente

Luiz Henrique de Castro CarvalhoVice-Presidente

Marita Arêas de Souza TavaresVice-Presidente

Virginia Campos de OliveiraVice-Presidente

Alexandre Rocha ResendeDiretor

Antônia Sônia Alves Cardoso DinizDiretora

Fabiano Soares PanissiDiretor

Humberto Rodrigues FalcãoDiretor

Janaína Maria França dos AnjosDiretora

José Andrade NeivaDiretor

Krisdany Vinicius Santosde Magalhães CavalcanteDiretor

Marcelo Monachesi GaioDiretor

Túlio Marcus Machado AlvesDiretor

Túlio Tamietti Prado GalhanoDiretor

CONSELHO DELIBERATIVO

Ailton Ricaldoni LoboPresidente

ConselheirosAlberto Enrique Dávila Bravo Carlos Eustáquio Marteleto Eduardo Paoliello

Fernando Henrique Schuffner NetoFlavio Marques Lisbôa Campos Francisco Maia NetoJorge Pereira RaggiJosé Luiz Gattás HallakJosé Raimundo Dias FonsecaLevindo Eduardo Coelho NetoLuiz Celso Oliveira AndradePaulo Henrique Pinheiro de VasconcelosRodrigo Octávio Coutinho FilhoWilson Chaves Júnior

CONSELHO FISCAL

Carlos Gutemberg Junqueira AlvimPresidente

ConselheirosAlexandre Heringer LisboaJoão José Figueiredo de OliveiraJosé Eduardo Starling Soares Marcelo Aguiar de Campos

Coordenador EditorialJosé Ciro Mota

Jornalista ResponsávelLuciana Maria Sampaio MoreiraMG 05203 JP

Revisão EditorialJalmelice Luz ‑ MG 3365 [email protected]

Projeto Gráfico / DesginBlog ComunicaçãoMarcelo Távora [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Depto. Comercial Blog Comunicação & [email protected] (31) 3309 1036 | (31) 9133 8590

Tiragem: 10 mil | BimestralDistribuição Regional (MG)Gratuita

Publicação | SMESociedade Mineira de Engenheiros Av. Álvares Cabral, 1600 | 3º andarSanto Agostinho | Belo Horizonte Minas Gerais | CEP ‑ 30170‑001Tel. (31) 3292 3962 [email protected] www.sme.org.br

ApoioPublicação

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de uma das melhores escolasde negócios do país. Para sua

vida, é ter sua própria definiçãodo que é sucesso.

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idade Je - Ctonelo HorizB e - BH | Btor NoretVdim | aridade J tagem | Monetim | Ce - BH | B ernador voos | Glares Ctontagem | M eófilo OTTees | aladarVernador oniteófilo O

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18ARTIGO | ÁGUA Susana Feichas, FGV/IBS

23ARTIGO | CDS/SMEComitê de Desenvolvimento Sustentável da SME

CAPA Cenário da crise energética

GESTÃO DA ÁGUA Mudanças climáticas e crise da água

BARRAGENSSistema pode ser uma soluçãopara as crises de abastecimento de água e energia

14INOVAÇÃO Engenheiro mineiro recebe prêmio da World Steel Association

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26

INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICASetor se prepara para novo cenário econômico

RESPONSABILIDADE SOCIAL PPPs ajudam municípios a solucionar problemas do abastecimento de água

ENGENHEIRO DO ANOSolenidade em homenagem a Edson Durão Judice 9

NOTAS DO SETOR6

ENTREVISTAPresidente da CEMIG,Mauro Borges Lemos

JOVEM ENGENHEIRO Daniel Távora de Castro Queiroz

CREA‑MG Câmara de Mediação e Arbitragem do Crea‑Minas amplia sua atuação

48GESTÃO PÚBLICA Engenheiros no comando do Governo de Minas

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50

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6

NOTAS DO SETOR

CEMIG

O Sindicato dos Engenheiros deMinas Gerais (Senge-MG) criou, em2014, a Universidade Corporativa doSindicato dos Engenheiros no Estadode Minas Gerais (Unisenge) com ointuito de atualizar os profissionais(engenheiros e tecnólogos) das áreastecnológicas, para mantê-los capaci-tados a atuar em suas respectivasprofissões. A Unisenge já ofereceuma série de cursos livres, voltadostambém para estudantes do ensinotécnico e superior das áreas que sepropõe a atuar. Os cursos atual-mente têm duração de dois a setedias e são certificados pelo próprioSenge-MG, que oferece a seus asso-ciados descontos especiais no paga-

mento. As aulas são ministradas emedifício anexo à sede da entidade, naRua Timbiras, 2887, Bairro BarroPreto. Atualmente, estão em ofertaos cursos “Formação de Líderes paraa Construção Civil”, “SGA – Sistemade Gestão Ambiental (ISO 14001)”,“Formação de Auditores Internos emSistema de Gestão Integrado (ISSO9001:2008, ISO 14001 e OHSAS 18001)”

e “Técnicas para Projeto de Constru-ção Civil”. Todos os cursos têm ocusto de R$ 250,00 para não associa-dos. Sócios do Senge-MG pagam R$80,00. O presidente do Senge-MG,Raul Otávio da Silva Pereira, afirmaque a criação da Unisenge era umsonho antigo que começa a se tornarrealidade. Mais informações no site:www.sengemg.org.br/servicos.

MINASCON 2015

Está previsto, para o período de 24 a 27 de junho, a realiza-ção da Construir Minas 2015 - Feira Internacional daConstrução / Minascon - 12º Encontro Unificado da CadeiaProdutiva da Indústria da Construção. O evento é tradicio-nalmente realizado no Expominas, na Gameleira, promovidopela Câmara da Indústria da Construção (CIC/FIEMG). A feirafoi idealizada para unir, em um mesmo local, durante quatrodias, todos os segmentos da indústria da construção civil domercado mineiro; com o objetivo de apresentar as novidadesdo setor, principais tendências, produtos e as mais modernas

soluções. O evento, a cada realização, contabiliza aumentono número de visitantes e expositores, e se renova. Noano passado, a SME participou do evento com estande pró-prio, atraindo grande número de associados. Mais in-formações pelo site http://www.construirminas.com.br; oue-mail: [email protected].

O presidente da SME, Augusto Drummond, participou da cerimônia de possedo novo presidente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig),Mauro Borges Lemos, ocorrida em janeiro, último, e da diretoria executivanomeada pelo governador do Estado, Fernando Pimentel. Na ocasião, MauroBorges afirmou que um dos principais desafios é conscientizar a populaçãodo uso eficiente de energia para diminuir o consumo e evitar o raciona-mento. “Assim conseguiremos sobreviver este ano. Acredito que com o con-sumo eficiente nós não teremos racionamento”, afirmou. Mauro Borges éeconomista formado pela UFMG, presidente do Conselho de Administra-ção do BH-TEC, foi ministro de Desenvolvimento Indústria e Comércio Ex-terior, em 2014, e atuou como presidente da Associação Brasileira deDesenvolvimento Industrial, no período de 2011 a 2014.

Augusto Drummond, presidente da SME,Fernando Pimentel, governador do Estado e Mauro Borges Lemos, presidente da CEMIG

SENGE-MG CRIA UNIVERSIDADE

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Membros do Conselho Deliberativo da SME se reuniram para defi-nir, ente outras questões, um novo calendário de reuniões e temaspara 2015. Estiveram presentes o presidente do Conselho, AiltonRicaldoni, José Ciro Mota, Alberto Dávila, Jorge Pereira Raggi, CarlosEustáquio Martelo e Rodrigo Octávio Coutinho. Os integrantes daBancada da SME no CREA-MG também se reuniram para debater,entre outros temas, a Renovação do Terço. Entre os participantes:Augusto Drummond (presidente da SME), Marita Tavares, FlávioCarvalho, Ronaldo Simi, Dilvar Salles, Miguel Ângelo, Werner Rolfs,Waldir de Castro, Carlos Schettino e José Caldeirani.

O Conselho de Arquitetura e Urbanismo deMinas Gerais (CAU) lançou uma publicaçãoespecial com o Relatório de Gestão da enti-dade, referente ao período de 2011/2014,quando estava sob a direção do arquiteto eurbanista Joel Campolina, primeiro presidente eleito da enti-dade. A arquiteta e urbanista Vera Maria Carneiro Mascare-nhas de Araújo preside a entidade nos próximos três anos.Entre os projetos desenvolvidos estão a Campanha Arquite-tura para Todos e a ferramenta aplicativo Arquiteto Protago-

nista, disponibilizada em nível nacional e quepode ser baixada gratuitamente. A partir dodeste mês, começam as mudanças que simpli-ficam o processo de RRT (Registro de Res-ponsabilidade Técnica). As novidades foram

introduzidas pela Resolução CAU/BR Nº 91. Uma dasprincipais alterações é a simplificação da baixa do RRT, queagora será feita diretamente pelo arquiteto e urbanista viaSICCAU (Sistema de Informação e Comunicação doCAU), sem a necessidade de análise para a efetivação.

CURSOS DE ENGENHARIA PARA ASSOCIADOS DA SME

CAU/MG

SME CALOURADA

Bancada da SME no CREA-MG

Conselho Deliberativoda SME

A SME registra nesta primeira edição do ano, ogrande pesar pela perda do professor SelênioRocha Silva, titular do Departamento de Enge-nharia Elétrica da Escola de Engenharia daUFMG. Ele sofreu acidente automobilísticofatal, nas proximidades de Nova Ponte (MG).Selênio Rocha estava com 56 anos e cons-truiu uma trajetória exemplar. Com gradua-ção e mestrado em Engenharia Elétrica pelaUFMG, fez doutorado na Universidade Federalde Campina Grande. Desde 1995 era professor

titular do Departamento de Engenharia Elétrica,onde ingressou em julho de 1982. Foi coor-denador de cursos de graduação e de pós-graduação. Atualmente era representanteda Congregação da Escola de Engenhariano Conselho Universitário e integrante daComissão de Ética da UFMG. Como pes-quisador, desenvolveu vários projetos depesquisa com órgãos de fomento oficiais,

com indústrias do setor elétrico brasileiro eem cooperação internacional.

TRAJETÓRIA EXEMPLAR

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NOTAS DO SETOR

O CREA-MG iniciou a chamada “renovação do terço”para 2016, que é o processo anual de substituição com-pulsória de 1/3 de seus Conselheiros Regionais, escolhidosentre representantes das instituições de ensino superiorde engenharia e agronomia e das entidades da classe noestado. Os conselheiros, pelas suas formações, compõemas Câmaras Especializadas, que são a primeira instância dejulgamento dos processos da regulação profissional e, emconjunto, constituem o Plenário do Crea – MG, a sua se-gunda e maior instância de julgamento regional.

A SME, pelo seu porte e tradição, é uma das maiores“bancadas” de representação de entidades de classe e,por isso, ocupa um espaço privilegiado de discussão etomada de decisões referentes às ações do Crea-MG,onde as questões de pauta estão intimamente ligadas àatividade profissional e, portanto, de alto grau de impor-tância para os seus associados. Os critérios para a defi-nição dos conselheiros representantes são estabelecidospelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia eoperacionalizados regionalmente pela Comissão Perma-nente de Renovação do Terço (CPRT), que, neste ano,conta com dois conselheiros representantes da SME.

PRAZO DE OPÇÃO

Fique atento para o prazo de opção por uma enti-dade, no caso a SME, no período de 12 de abril a 4de maio/15, e que só poderá ser feita no site doCrea-MG (www.crea-mg.org.br). Para efetivar aopção será necessário número de registro no Crea-MG e senha de acesso.

Como os critérios adotados são técnicos e objeti-vos, o associado da SME pode perceber que é de-terminante, para a manutenção e/ou aumento derepresentatividade da entidade junto ao Crea-MG,o número total de associados e, eventualmente, alivre opção do associado pela SME no caso de vin-culação, também, com outra (s) entidade (s).

Na próxima edição da Revista Mineira de Engenha-ria, será publicada uma entrevista com os dois con-selheiros da CPRT, que são associados à SME, commais detalhes. Mais informações podem ser obtidaspelo telefone (31) 3292 3962 ou [email protected].

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FaÇa�suaPartE,�ContriBua!��

A vice-presidente da SME, engenheira Marita Arêasde Souza Tavares, participou, em Brasília, no períodode 26 a 28 de fevereiro/15, do 4º Encontro de Líde-res Representantes do Sistema Confea/Crea eMútua. Este evento é anual e é considerado um doscompromissos mais importantes do Sistema, mar-cado por uma agenda de reuniões dos fóruns con-

sultivos da instituição. É durante o “Encontro deLíderes Representantes do Sistema Confea/Creae Mútua” que fóruns como o Colégio de Enti-dades Nacionais, o Colégio de Presidentes e asCoordenadorias de Câmaras Especializadas de-finem calendários, planos de trabalho e os coor-denadores do ano.

4º ENCONTRO DE LÍDERES REPRESENTANTES DO SISTEMA CONFEA/CREA E MÚTUA

A REPRESENTAÇÃO DA SME JUNTO AO CREA-MG

Page 9: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

SME | ENGENHEIRO DO ANO DE 2014

Uma carreira brilhante, um currículo

ímpar, uma profissional respeitado

por gerações de engenheiros, cer-

cado por amigos de fé, admirado-

res confessos e uma família que,

também, está na quota dos fãs de

carteirinha. Esta é uma curta des-

crição do engenheiro e professor

Edson Durão Judice homenageado

com a Medalha Sociedade Mineira

de Engenheiros e com o Título En-

genheiro do Ano 2014, em soleni-

dade conduzida pelo presidente

da SME, Augusto Drummond, no

auditório do Sicepot-MG, em de-

zembro último.

A entrega da Medalha e do Título de

Engenheiro do Ano 2014 foi mais

que um ato solene, mas uma ma-

nifestação da grande admiração de

gerações de engenheiros e de ex-

alunos, que encontram nele um

manancial de inspiração e sabedo-

ria, que os motivam a ir adiante.

O amor e dedicação ao estudo e

ao ensino fazem dele, professor

Edson, uma referência. São essas

qualidades, entre outras, além do

carisma, que contribuem para o

crescimento de uma legião de ad-

miradores, de discípulos do home-

nageado.

Em publicação que anteceu à soleni-

dade, o jornalista Gustavo Werneck,

na abertura de uma matéria, no jor-

nal Estado de Minas, traçou com le-

veza, mas acertadamente, um perfil

do professor, que merece ser relem-

brado. O jornalista identificou que "a

paixão infinita pelo ensino está pre-

sente em gestos, palavras e lembran-

ças do professor de matemática

Edson Durão Judice, nascido, criado

e residente em Belo Horizonte”.

Werneck narra que durante entre-

vista, o “engenheiro civil formado em

1948 faz um gesto no ar, como se

quisesse abraçar cada um dos milha-

Gerações de profissionais de engenhariase reúnem para homenagear o professorEdson Durão Judice

Page 10: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

res de ex-alunos, eleva à enésima po-

tência a necessidade da educação no

país e se mantém com um livro nas

mãos, certo de que leitura e estudo

são atividades ímpares na vida”.

A escolha do nome do professor

Edson Durão Judice pelo Conselho da

Medalha foi por aclamação, em res-

posta à proposta encaminhada por um

grupo de engenheiros liderados por

Felix Moutinho, Marcos Sant’Anna e

Rodrigo Coutinho Filho, destacado na

condição de Chanceler da Medalha.

Sob aplausos de um auditório repleto,

o engenheiro e professor foi condu-

zido à mesa diretiva pelos ex-presi-

dentes da SME, Ailton Ricaldoni Lobo,

Márcio Trindade, Aloisio Vasconcelos

e Adolpho Portella.

O homenageado no seu discurso

de agradecimento lembrou de sua

trajetória, dos colegas, fez a defesa

do ensino de qualidade e frisou:

“Quero deixar bem claro que esta

noite é muito significativa na minha

vida. Já recebi outros prêmios, mas

hoje estou sendo contemplado

com um título que jamais imaginei

conseguir, o de Engenheiro do Ano

de 2014”.

Durante a cerimônia houve um reci-

tal do Quarteto Pó de Madeira for-

mado por alunos da Escola de

Música da UFMG, acompanhados

pelo engenheiro e professor Maurí-

cio Loureiro, doutor em música pela

Universidade de Iowa, nos Estados

Unidos.

Empresários e autoridades, repre-

sentantes de entidades, estiveram

presente. O governador de Minas

Gerais, Fernando Pimentel, que na

ocasião estava em fase de transição

para assumir o governo,enviou um

carta ao presidente da SME, Au-

gusto Drummond, parabenizando a

entidade pela “homenagem e reco-

nhecimento ao engenheiro e pro-

fessor Edson Durão Judice”. O

presidente do CREA-MG, Jobson

Andrade, também, justificou ausên-

cia, por escrito. Na sessão solene,

o secretário municipal de Serviços

Urbanos, Píer Giorgio Senesi, re-

presentou o prefeito de Belo Ho-

rizonte, Marcio Lacerda. O

ex-governador Eduardo Azeredo

esteve presente à solenidade.

10

SME | ENGENHEIRO DO ANO DE 2014

Discurso do homegeado na entrega da

Medalha e do Título de Engenheiro do Ano 2014

Page 11: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

11

José Carlos Lisboa, Marcos Sant'Anna, Roberto Maria Mendes,José Guido e Felix Moutinho

Edson Durão Judice eWerner Rohlfs

Ângela Alvarenga eEdson Durão Judice

Carlos Augusto Muniz, Edson Durão Judice,Paulo Roberto Guimarães, Augusto Drummond e

Aloisio Vasconcelos

Augusto Drummond, Edson DurãoJudice e Alberto Salum

Cibele Loureiro, Maurício Loureiroe Edson Durão

Ato solene de entrega da Medalha Sociedade Mineira de Engenheiros

e do Título de Engenheiro do Ano 2014.

Alexandre Resende, Edson Durão Judice,Clóvis de Matos e Marcos Sant'Anna

Ailton Ricaldoni, Edson Durão Judice e Márcio Damazio

Mauro Teixeira eEunice Teixeira

Page 12: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Edson Durão Judice, Maria Helena Judice, Suzanne Beaudette e Augusto Drummond

Alexandre Heringer, Ailton Ricaldoni e Antônia Sônia

Humberto Matos, Francisco Matos, Edson Durão Judice, Rodrigo Coutinho, Merrê Bicalho e Bernardo Matos

Integrantes do Quarteto Pó de Madeira e o maestro MaurícioLoureiro juntos com o professor Edson Durão.

Engenheiros, ex‑alunos, amigos e familiares lotam auditório para prestigiar o professor Edson Durão Judice.

Eduardo Azeredo, Alberto Salum, Augusto Drummond e Alexandre Resende

José Guido, Sílvio Nazaré e Nelson Parma

Ana Elisa Freire, Suzanne Beau‑dette e Maria Helena Judice

Everaldo Cortês e Edson Durão Judice

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Page 13: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Sidnéia Soares, Wilson Cézar e Fabiano Panissi

Marianna Vasconcelos, Paulo HenriqueVasconcelos e Edson Durão Judice

Sílvio Nazaré, Virgínia Campose Augusto Drummond

Olavo Machado, Paulo Henrique e Hudson Navarro

Suzanne Beaudette, Augusto Drummond, Edson DurãoJudice, Eduardo Sant'Anna e Ana Maria Sant'Anna

Paulo Henrique Vasconcelos, Augusto Drummond e Alexandre

Resende

Carlos Gutemberg, Kátia Alvim, Ronaldo Gusmão, José Luiz Nobre Ribeiro e Antônio Humberto Almeida

Eustáquio Machado, Francisco Davis, Edson Durão Judice e Dilvar Oliva Salles

Sileno Durão Judice, Míriam Judice, Eduardo Judice eMaurício Judice

Valéria Judice, Maria Alice Judice, Maria Helena Judice,Edson Durão Judice, Cinthia Judice e Érica Judice

13

Page 14: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Estudioso e articulado, o enge-

nheiro metalurgista mineiro Lean-

dro Dijon de Oliveira Campos, 26

anos, graduado pela Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG),

acaba de receber a medalha de

bronze na premiação mundial

SteelChallenge, uma realização

anual da World Steel Associationpor meio do seu site SteelUniver-

sity.org, que desafia estudantes e

profissionais da indústria siderúr-

gica, que têm menos de cinco anos

de experiência, a produzir aço em

seus simuladores de processos on-

line, atendendo a uma especificação

química que resulte no menor

custo possível para o produto.

O pré-requisito é o conhecimento

no processo de fabricação de aço e

seus fundamentos, que serão usa-

dos por cada equipe. “Fui apresen-

tado ao desafio em 2009. Na época,

o campeonato ainda não tinha a di-

mensão que tem hoje, e não era di-

vidido em regiões. Acabei ficando

em 5° lugar no Brasil”, lembra.

Em 2011/12 o campeonato foi divi-

dido em regiões e o estudante, que

estava prestes a concluir o curso

universitário, ficou em segundo

lugar na América Latina. Nas edi-

ções de 2012/13 e 2013/14, ele se

inscreveu na categoria industrial e

ficou entre os cinco melhores da

América Latina.

Com experiência acumulada, ele

participou mais uma vez, na edi-

ção de 2014/2015, que reuniu

1500 times de 34 países. Como

atualmente mora e trabalha na

França, no grupo ArcelorMittal,

ficou em primeiro lugar na região

Europa, CIS, África, Meddle East)

e foi automaticamente selecio-

nado para a final, ficando com o

terceiro lugar geral. “Podemos

considerar uma grande vitória”,

comemora.

O prêmio tem gerado resultados

positivos para o engenheiro. O pri-

meiro deles é em visibilidade, o que

pode “abrir portas”. “Mas a visibili-

dade só não é suficiente. Preciso

manter o foco nos meus projetos e

ter um bom desempenho. O brilho

é momentâneo e não se sustentará

se eu não fizer o melhor para justi-

ficar esse destaque”, afirma.

A maturidade de Leandro Dijon

Campos tem explicação. Esse não é

o primeiro prêmio importante que

ele recebe. Em 2010, quando ainda

era estudante e estagiário da Ger-

dau, na unidade de Divinópolis, rece-

beu o Prêmio SME de Ciência e

Tecnologia, que o incentivou a con-

tinuar a busca pelo aperfeiçoamento

técnico e inovação. “Isso, sim, foi cru-

cial para a minha carreira”, define.

Na época, a premiação da SME tam-

bém gerou oportunidades para o

então estudante, que usou o prêmio

para comprar a passagem, o passa-

porte e o visto internacional, para um

estágio no Centro de Pesquisas da Ar-

celorMittal, na França, onde ele traba-

lha, com muito gosto, na área de

metalurgia extrativa.

INOVAÇÃO

14

Engenheiro mineiro recebe prêmio da World Steel Association

Page 15: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Na prática, o trabalho do engenheiro

é voltado para a aplicação industrial.

Atualmente, ele desenvolve uma nova

metodologia para obtenção dos coe-

ficientes de transferência de massa

entre líquidos imiscíveis (aço e esco-

ria líquido), para otimizar os proces-

sos de refino de gusa líquido e aço na

siderurgia e reduzir custos. “Meu

maior interesse sempre foi o Alto-

Forno, mas a vida profissional me pre-

senteou com oportunidades em toda

a metalurgia extrativa, desde a prepa-

ração das matérias-primas até o lin-

gotamento contínuo de aços planos.

Ter bons conhecimentos na área de

redução e aciaria é, para mim, um pri-

vilégio”, destaca.

De acordo com o engenheiro, a in-

dústria do aço é altamente competi-

tiva e, é preciso saber transformar

conhecimento técnico em retorno

financeiro para manter a competiti-

vidade da empresa. “As margens são

cada vez menores e as matérias-pri-

mas cada vez mais onerosas e com

menos qualidade. É isso que nos faz

evoluir rapidamente e a nunca ficar

parado. Desafios são uma constante

no meu trabalho e adoro vencê-los,

seja por meio do desenvolvimento

de novos produtos ou aprimorando

processos”, afirma.

Construir a carreira fora do Brasil

foi uma opção. “Além da oportu-

nidade de trilhar uma carreira in-

ternacional, em um centro de

pesquisa de ponta, a empresa tam-

bém financia e investe na minha

especialização”, relata. Assim, além

do salário de engenheiro, Leandro

também tem a possibilidade de

fazer um PhD na área de simula-

ção matemática de processos, que

sempre despertou o seu inte-

resse. Entre outras vantagens, o

jovem engenheiro também tem a

chance de fazer contato com usi-

nas do mundo todo e desenvolver

uma visão global e sistêmica do

setor no qual atua.

“Acredito que uma experiência in-

ternacional é muito importante no

currículo de qualquer profissional,

mas principalmente para o enge-

nheiro. Saber lidar com as diferen-

ças culturais e comportamentais

das pessoas nos ajuda a mostrar e

a obter resultados das equipes em

que trabalhamos. Isso é fundamen-

tal para o nosso sucesso. Sem men-

cionar fluência em outras línguas,

habilidade capaz de quebrar barrei-

ras em negociações e apresenta-

ções de resultados”, ressalta.

A experiência na Europa vai durar

mais dois anos, o prazo final para a

conclusão da tese. O futuro ainda

não está claro, mas há a possibili-

dade de voltar para o Brasil, em al-

guma unidade da ArcelorMittal

instalada no País.

15

Leandro Dijon de OliveiraCampos, 26 anos, graduadopela UFMG é medalha debronze na premiação mun‑dial SteelChallenge, umarealização anual da WorldSteel Association

Page 16: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

ENGENHARIA

Como acontece com todas as profis-

sões, ser engenheiro depende de uma

escolha. Leandro Campos sempre teve

afinidade com números e ciências.

“Desde pequeno meus pais me incen-

tivaram a pesquisar e a experimentar.

Além das pipas, piões e bolinhas de

gude, tive microscópios, kits de alqui-

mia e vidraria de laboratório como

brinquedos preferidos”, lembra.

A escolha pela área de Metalurgia veio,

em parte, pela admiração pelo traba-

lho do pai, técnico em metalurgia, for-

mado pela antiga escola técnica de

Ouro Preto. “Lembro-me de ir buscá-

lo de carro na porta das usinas, em

Sete Lagoas, quando pequeno, e do

quão interessante era ver a carga dos

Altos-Fornos sendo transformada em

gusa líquido. Confesso que gosto muito

de adrenalina, e a sensacão que sinto

ao trabalhar perto do Alto-Forno é

bem parecida”, relata o engenheiro.

Ver a naturalidade com que o pai fazia

os cálculos de madrugada, também foi

um fator que o motivou a ser – um dia

– tão bom no que faço quanto ele, em-

bora Leandro Campos reconheça que

há um longo caminho a ser trilhado

para atingir o seu objetivo.

“A siderurgia é apaixonante. Quando

a gente vê o resultado dos cálculos,

a grandiosidade das máquinas e rea-

tores e a importância dessa indústria

para o crescimento de qualquer so-

ciedade é impressionante”, projeta.

Basta, então, que os estudantes invis-

tam em uma formação mais consis-

tente com direito a estágios, estudo

e participação em congressos. Para

o engenheiro, um exame de profi-

ciência, nos mesmos moldes do que

é realizado pela Ordem dos Advoga-

dos do Brasil (OAB), elevaria o nível

dos profissionais que ingressam no

mercado de trabalho.

Por isso, Campos planeja a sua carreira

com a atenção necessária. Antes de

saltar para cargos gerenciais e execu-

tivos – um sonho que ele quer realizar

– pretende deixar uma boa contribui-

ção para a indústria do aço. Ele tam-

bém quer fazer um MBA internacional

nos próximos cinco anos.

O pai, Wemerson Campos, rea-

firma que a vocação do filho para

a Engenharia começou a se mani-

festar ainda na infância, com muita

determinação e entusiasmo.

“Quando eles são pequenos, as

primeiras profissões que conhe-

cem são as dos pais. O que ele

está colhendo é a resposta de

muita dedicação. O prêmio vai im-

pulsioná-lo a crescer ainda mais”,

afirma.

Dos quatro filhos, apenas Leandro

seguiu a área de Exatas. “Desde

pequeno ele gostava de visitar si-

derúrgica e fazia muitas perguntas

sobre o processo, dava sugestões,

palpites e criticava”, lembra. Ainda

conforme Wemerson Campos, o

filho engenheiro sempre demons-

trou curiosidade e alegria com

tudo o que aprendia e fazia, o que

facilita o relacionamento com co-

laboradores práticos e com os

mais experientes.

Quando não está pensando no

trabalho, o engenheiro viaja, faz

atividades físicas e pratica espor-

tes radicais. “Aproveito bem a es-

tratégica localização da cidade

onde moro, situada na fronteira

da França com a Bélgica, Alema-

nha e Luxemburgo, para experi-

mentar as melhores cervejas do

mundo”, revela. A namorada, de

25 anos, metalurgista como ele,

acabou de concluir o PhD na me-

lhor universidade da Europa. Ele

pretende se casar.

16

INOVAÇÃO

A siderurgia é

apaixonante.

Quando a gente

vê o resultado

dos cálculos, a

grandiosidade

das máquinas e

reatores e a

importância dessa

indústria para o

crescimento de

qualquer sociedade é

impressionante“

Page 17: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

23º Prêmio SME de Ciência, Tecnologia

e Inovação

Incrições abertas

Estudantes regularmente matricu‑lados nos cursos de graduaçãodas áreas de Engenharia, Arquite‑tura e Agronomia de Instituiçõesde Ensino Superior do Estado deMinas Gerais.

Os temas abordados são livres, prefe‑rencialmente no segmento indus‑trial. As soluções devem assegurar asustentabilidade do projeto, bem comoa comprovar a relação custo/benefício e amelhoria de resultados e produtividade.

PÚBLICO ALVO TEMAS

INSCRIÇÕES

APOIOREALIZAÇÃO

As inscrições já estão abertas.Prazo final de inscrições seráem agosto de 2015.

INFORMAÇÕES

SME | Sociedade Mineira de Engenheiros Tel.: (31)3292 3810E‑mail: [email protected]

Premiação em dinheiro do 1º ao 5º colocado.

PRÊMIO

www.sme.org.br

Uma parceria com a FIEMG

Page 18: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Aregião Sudeste do

País vive, desde o

verão de 2014, uma

estiagem ímpar, nos

últimos 50 anos,

pela sua severidade, com repercus-

sões ao longo do inverno e dos pró-

ximos anos. O entendimento da

escassez passa por uma equação

muito simples de ser visualizada, mas

complexa quando se trata de tomar

decisões e agir. Há escassez de água

quando a disponibilidade de água de

uma bacia hidrográfica é menor que

a quantidade consumida naquela

bacia. Mas, nem sempre foi assim.

Então, o que vem acontecendo? Au-

mento do consumo de água pelo

crescimento da população humana

em dado espaço físico, bacia hidrográ-

fica ou municípios. A região metropo-

litana de Belo Horizonte tinha 4,4

milhões de habitantes em 2000, com

estimativa de 5, 7 milhões em 2014,

representando um aumento de 35,7%

no período. Nas regiões metropolita-

nas de São Paulo e Rio de Janeiro, o

aumento da população, no mesmo

período, foi de 17,42% e 11,00%, res-

pectivamente.

A contaminação da água doce dispo-

nível está associada ao aumento do

consumo de água que requer acesso

à rede de esgoto e tratamento do

mesmo, bem como coleta e disposi-

ção adequada do lixo, resíduos sóli-

dos urbanos. Ambos, lixo e esgoto,

são fonte de contaminação da água de

superfície e subterrânea, comprome-

tendo sua qualidade. O déficit nesses

dois segmentos persiste, conforme

apontado no Plano Nacional de Sa-

neamento Básico, de 2013. O con-

sumo e contaminação dos processos

produtivos também são elementos

que preocupam. Na bacia hidrográ-

fica, ainda encontramos indústrias e

produção agropecuária que conso-

mem em torno de 20% e 70% da água

disponível, respectivamente, nos seus

processos produtivos, com despejo

de efluentes, nem sempre tratados, e

contaminação por agrotóxicos e de-

jetos de animais. Outro fator que

contribui com a escassez de água é o

desperdício que ocorre no processo

de distribuição da água até nosso do-

micílio e indústria. Desperdício, tam-

bém, seja por vazamento ou mau uso

que fazemos dela.

Em relação à ocupação do solo, o

desmatamento, impermeabilização do

solo, ocupação das faixas marginais

dos rios e áreas de preservação per-

manente são também fatos que con-

tribuíram para mudanças no ciclo

hidrológico que, aliados à estiagem de

2001 e de 2014, colocam em estado

de alerta a situação hídrica das três

maiores regiões metropolitanas do

Brasil.

A curto prazo, dias menos dias, vamos

ter que conviver com o raciona-

mento da água, e quanto mais tarde

pior, pois mudar hábitos de consumo

não acontece de uma hora para

outra. A médio e longo prazo, com as

perspectivas de mudanças no clima,

aumento de consumo de água, pois a

população humana não para de cres-

cer, e a constatação da desigualdade

da distribuição da água doce, vivere-

mos disputas pelo uso da água para as

quais deveremos encontrar formas

de mediação que promovam a solida-

riedade ao invés de acirrar o conflito,

como já acontece no Oriente Médio.

Para poder contribuir de uma forma

mais efetiva na redução do consumo,

é preciso que o cidadão tenha acesso

a números para poder decidir e pla-

nejar. Olhar de forma integrada dado

território. Dados não faltam, mas não

se falam entre si, pois usam medidas

diferentes, referem-se a dimensões

espaciais e temporais diversas, estão

desatualizados, não estão disponíveis

para o cidadão comum.

ARTIGO

18

A água de todos e de cada umSusana Feichas

Page 19: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

A Organização Mundial da Saúde in-

dica que o consumo diário/per capita

deveria ser de 180 litros, um parâme-

tro a ser considerado. Mas, você sabe

quanto consume por dia? As contas de

água são mensuradas em m3, mensais,

não há hidrômetro individual por uni-

dade domiciliar. No site da Sabesp há

um simulador de consumo que per-

mite estimar o consumo mensal de

água que, aliado à indicação de medi-

das de redução de consumo e bônus

correspondente, deve ter efeito edu-

cativo como teve o racionamento de

luz anos atrás. Copasa também já

anunciou meta de redução do con-

sumo e a Ceade indica medidas.

Dados sobre o balanço hídrico são

compilados em cada bacia hidrográ-

fica, que tem uma territorialidade di-

ferente da dos municípios e a região

metropolitana. Se não sabemos

quanto de água dispomos e quanto

gastamos, como economizar? Resí-

duos sólidos são de competência dos

municípios; abastecimento de água e

esgoto estão nas mãos de empresas

estaduais, a outorga e cobrança pelo

uso da água no nível federal ou esta-

dual; a recuperação e preservação de

áreas de preservação permanente, in-

cluindo nascentes e mata ciliar, no

nível federal; planejamento das cida-

des, no nível municipal.

De um lado, no nível do cidadão, me-

didas voltadas para o uso eficiente

da água, através de instrumentos de

mercado e de conscientização. O

setor empresarial, principalmente as

indústrias, já estão sujeitas a outorga

e cobrança pelo uso da água, nas ba-

cias onde estes instrumentos já

foram implantados. Seus resultados

até o momento são de regularização

do uso da água e promoção de me-

didas voltadas para o tratamento de

efluentes. O dever de casa ficará

completo quando as empresas de

saneamento e o setor agropecuário

forem efetivamente incorporados

nessa campanha de uso racional da

água.

No nível das bacias hidrográficas, há

iniciativas no sentido de percorrer

os pequenos rios, da nascente à foz,

conhecendo a ocupação do solo,

identificando as fontes de captação

e despejo de esgoto, efluentes e re-

síduos, de modo a promover medi-

das de recuperação do solo e de

nascentes, remoção de lixões, trata-

mento de efluentes entre outras.

Dois são os fundamentos principais

dessas iniciativas: a gestão de peque-

nos espaços, o que facilita o financia-

mento, execução, monitoramentos e

coordenação das ações empreendi-

das, com comprometimento dos

atores sociais envolvidos. O segundo

fundamento é conhecer para amar e

cuidar, água do rio limpa representa

vida, contribuindo para menor gasto

com tratamento para o abasteci-

mento, manutenção de suas proprie-

dades naturais.

Nas cidades, perdemos a noção de

onde vem a água, os rios canalizados

se tornaram túneis subterrâneos de

esgoto que nem o mau cheiro inco-

moda. Construções “verdes” com o

uso de materiais reciclados, ecoefi-

ciência do uso de água e luz, trata-

mento de esgoto, telhados verdes,

uso de energia renovável são algu-

mas medidas que, se estimuladas

com mudanças no código de obras e

nas cotas do IPTU, podem aumentar.

O esverdeamento das cidades com

a plantação de árvores é outra me-

dida que contribuirá para amenizar

o calor e reduzir o consumo de

energia elétrica.

Na natureza, solo, água, ar, sol, flora,

fauna e microorganismos se coorde-

nam e encontram seu equilíbrio, di-

ferentemente de nós humanos,

afogados em números, competências

e dominialidades diversas, que não

nos têm permitido olhar para dado

território como um todo, em prol

de um sistema mais saudável.

19

Susana Feichas, coordenadora do

MBA em Gestão do Ambiente e

Sustentabilidade da FGV / Faculdade IBS

Page 20: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

BARRAGENS

20

Sistema pode ser uma soluçãopara as crises de abastecimento de água e energia

No dia 14 de setembro de 2014, o Comitê

Brasileiro de Barragens (CBDB) enviou a

todos os candidatos à Presidência da Re-

pública um relatório com recomendações técnicas,

que poderiam maximizar a capacidade de armazena-

mento de água nos reservatórios de uso múltiplo e

hidrelétricas brasileiras.

O documento assinado pelo presidente do CBDB,

Brasil Pinheiro Machado, expressava a preocupação

da entidade, já naquela data, em relação aos crité-

rios usados para definição do uso dos recursos hí-

dricos nacionais para fins como abastecimento de

água, geração elétrica, irrigação, controle de en-

chentes, saneamento, transporte hidroviário, pisci-

cultura e turismo, entre outras atividades de grande

importância para o desenvolvimento socioeconô-

mico do Brasil.

Em outro trecho, o texto ressalta que a resistência

e a aversão crescente à construção de reservató-

rios de regularização do fluxo de águas fluviais, nos

últimos anos, devido aos impactos ambientais desse

tipo de projeto, podem gerar uma grande mudança

na matriz energética brasileira, principalmente se as

termelétricas tiverem que substituir a produção de

energia produzida pelas hidrelétricas.

Engenheiro civil mineiro graduado pela Universidade Fe-

deral de Minas Gerais (UFMG) e mestre em Barragens

e ex-presidente do CBDB e da Comissão Internacional

de Grandes Barragens (ICOLD), Cássio Viotti. explica

Cássio Baumgratz Viotti ,

engenheiro civil,

mestre em Barragens e

ex‑presidente do CBDB

e da Comissão Internacional

de Grandes Barragens (ICOLD)

Page 21: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

que as duas entidades têm feito um trabalho robusto

para divulgar a tecnologia das barragens, com foco nos

conhecimentos técnicos e benefícios desse sistema de

armazenamento de água.

Na prática, as barragens são projetos que permitem

interromper o curso natural do rio, para a acumu-

lação da água e criação de uma queda d’água que

possa ser usada para a geração de energia elétrica

ou a acumulação de água para fins diversos.

Por isso, as barragens são projetos múltiplos e

podem ser empregados para controlar a crise ener-

gética que afeta o País e, também, reduzir o impacto

negativo da falta de chuvas para o abastecimento de

água. “Os governos não fizeram um planejamento e

nem as obras necessárias para adequar demanda e

consumo de água e energia”, afirma.

Devido à resistência dos movimentos ambientalis-

tas, o País partiu para outras soluções, que são im-

portantes, mas não suficientes. As adutoras que

interligam os sistemas é uma delas. “A captação no

Rio das Velhas foi ampliada, mas não ousaram pro-

por barragens”, avalia o engenheiro.

Viotti reconhece que a obra de uma barragem gera

impactos ambientais e sociais para a comunidade do

entorno. “Mas isso não inviabiliza os projetos. O im-

pacto da falta de água é maior que de uma barra-

gem. As barragens Várzea das Flores (1972), Serra

Azul (1982) e Rio Manso (1991) foram construídas

há muitos anos e atendem a demanda até hoje”, de-

fende.

AMPLIAÇÃO DAS BARRAGENS

No caso específico da RMBH, o projeto começaria

com a realização de estudo prévio das barragens já

existentes, para verificar se os projetos permitem

obras para a ampliação da sua capacidade de arma-

zenamento de água, por meio da instalação de com-

portas e alteamento. Como providência imediata

essencial, seria necessário reduzir as perdas no sis-

tema de distribuição de água.

21

BARRAGEM DEJAGUARA

Foto

ilus

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Wic

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Mor

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As barragens que funcionamcomo reservatórios de armaze-namento, a água das chuvas deum ano pode ser acumuladapara uso no exercício seguinte

Page 22: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Nas barragens que funcionam como reservatórios de

armazenamento, a água das chuvas de um ano pode

ser acumulada para uso no exercício seguinte. “Al-

guns reservatórios são plurianuais, com capacidade

para atender a demanda por mais dois ou três anos.

Em se tratando de barragens para abastecimento, não

há como não considerar as barragens”, avalia.

Na área de geração de energia, as barragens com reser-

vatórios de armazenamento têm sido substituídas por usi-

nas a fio d’água, onde o recurso que entra sai pelas

turbinas. Em outras palavras, não há reserva do recurso.

Para Viotti, esse tipo de projeto é um contrassenso, con-

siderando que o Brasil tem rios de grande volume e

um regime pluvial intenso na maior parte dos Esta-

dos. “Como não há espaço para acumular a água ex-

cedente, o recurso é dispensado e vai para o mar,

onde não gera qualquer benefício”, pontua.

Com a resistência a esse tipo de projeto, aumenta

no País a implantação de outras formas de captação

de energia, como as usinas eólicas, o que é positivo.

Os incentivos à geração solar também devem se

tornar mais viáveis em um futuro próximo. Mas o

engenheiro lembra que, sem sol ou vento na quan-

tidade certa, esses sistemas não têm efetividade e

necessitam de uma fonte complementar para o que

a hidrelétrica é ideal.

Apelar para as termelétricas é provocar uma eleva-

ção considerável nos custos da energia – o que já

está acontecendo, nos últimos dois anos. Esse sis-

tema também gera impactos ambientais, pelo uso de

carvão mineral, petróleo e gás natural como com-

bustíveis e aumento da liberação dos gases de efeito

estufa.

O engenheiro afirma que o consumo nacional de

energia de 2500 Kw per capita (anual) ainda é baixo,

se comparado a outros países, e que tende a crescer,

como tem acontecido a cada ano.

“A instalação de uma hidrelétrica está sujeita a re-

gras muito rígidas e bem definidas para compensa-

ções e minimização dos impactos ambientais”,

analisa.

MEIO AMBIENTE

De acordo com a engenheira civil, sanitarista e ambien-

tal e presidente da ABES-MG, Associação Brasileira de

Engenharia Sanitária e Ambiental – Seção Minas Gerais,

Célia Rennó, o impacto ao meio ambiente não pode

ser relegado a segundo plano. “Depois da intervenção,

o ambiente deixa de ser natural”, destaca.

No entanto, ela reconhece que os impactos negativos

desse tipo de projeto podem ser minimizados, em re-

lação ao rio e, também, para reduzir os danos da relo-

cação da atividade econômica e social do entorno. Em

outra frente, o município pode ser compensado com

ações que melhorem a infraestrutura e os serviços

básicos (escolas, saúde e segurança).

“Toda barragem é para uso múltiplo. Por isso, a real ne-

cessidade de um projeto desse porte deve ser anali-

sada, bem como as medidas mitigadoras dos impactos

gerados”, conclui.

BARRAGENS

22

Célia Rennó, engenheira civil, sanitarista e ambiental e presidente da Associação Brasileira de EngenhariaSanitária e Ambiental (ABES‑MG)

Page 23: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

De acordo com o Relatório Brundtland

(1987), elaborado pela Comissão

Mundial sobre Meio Ambiente e De-

senvolvimento (1983 - Assembleia

das Nações Unidas), Desenvolvi-

mento Sustentável é aquele que procura satisfazer as

necessidades da geração atual sem comprometer a ca-

pacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas

próprias necessidades. Significa possibilitar que as pes-

soas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de

desenvolvimento social e econômico e de realização

humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso

razoável dos recursos da terra e preservando as espé-

cies e os habitats naturais.

Tendo como pressuposto esse conceito, o grande de-

safio se dá na busca por soluções para um crescimento

efetivo da economia, com respostas a diferentes seg-

mentos da sociedade, equacionando-se gargalos estru-

turais como energia, transporte, saneamento básico,

entre outros. Nesse contexto, tornam-se imprescindí-

veis ambientes institucionais harmoniosos, estáveis,

com clareza dos direitos (e menor burocracia) que

possam proporcionar os investimentos necessários

para o crescimento do Brasil e de Minas Gerais, garan-

tindo a manutenção da qualidade de vida das popula-

ções sem perder de vista a devida preservação dos

ambientes naturais. É nesse sentido que o Comitê de

Desenvolvimento Sustentável da SME (CDS/SME) pu-

blicará em nossa revista, a partir dessa edição, artigos

com temas que possam contribuir na promoção de um

crescimento econômico que valorize a legalidade, a

transparência, o comprometimento e o engajamento

dos atores envolvidos nessa missão, tornando possível

o desenvolvimento sustentável das atividades produti-

vas, agregando valor ao meio ambiente e qualidade de

vida às pessoas através de investimentos no Estado.

Nessa edição, o artigo é do nosso colega Silviano

Cançado Azevedo, engenheiro civil formado pela

Escola de Engenharia da UFMG em 1956. Associou-

se à SME em 10 de março de 1959 sendo seu regis-

tro o de número 2479. Hoje, sócio remido, em

muito já contribuiu no desenvolvimento de nosso

Estado ao longo de sua carreira.

Virgínia Campos,

Vice-presidente da SME e Coordenadora do

CDS/SME

CDS | SMECOMITÊ DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Virgínia Campos,

Vice-Presidente da SME

e Coordenadora do

CDS/SME

23

Page 24: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

O Comitê de Desenvolvimento Sustentável da SME

(CDS/SME), sob a direção da Vice-Presidente Virgínia Cam-

pos, envolverá técnicos de outros setores como economia

e administração, entidades representativas, Universidades,

para em conjunto efetuarmos trabalho de real interesse:

promover e participar de fóruns de discussão com o obje-

tivo de facilitar o entrosamento.

A posição precária do Brasil e de Minas mostram a neces-

sidade urgente de lideranças tomarem iniciativa visando a

alertar e ajudar a sociedade e governos com propostas ob-

jetivas. Tal procedimento é oportuno, já que o diagnóstico

é caótico: O Brasil vem crescendo menos que a média mun-

dial e Minas menos que a taxa média nacional que é pífia. A

Revista Mercado Comum publica, ano a ano, esta lamentável

realidade.

O Brasil cresceu em média 3,83% a.a. e Minas 3,76% a.a. no

período 1996/2010. Minas ficou abaixo de 22 estados bra-

sileiros.

Entre 2001 e 2014, o crescimento mundial foi de 63,20%;

os países emergentes e em desenvolvimento registraram

crescimento de 124,00%; o Brasil, na rabeira do BRICS, teve

55,40% de crescimento econômico.

Minas deixou de ser o segundo Estado de PIB, já que per-

demos essa posição para o Rio de Janeiro. A energia elé-

trica não é mais um fator de atração de indústrias.

Algumas, com gasto intensivo, estão reduzindo fortemente

sua produção como é o caso das fabricantes de alumínio.

Há tempos o Brasil tornou-se importador desse metal. “A

ALCOA paralisa linha de alumínio em MG”, divulga o ‘Diá-

rio do Comércio’.

Indústrias deixam de produzir para vender energia elétrica!

Pior, isso ocorreu muito antes da crise hídrica ostensiva; há

mais de um ano! A CEMIG tem buscado alternativas para

produzir em larga escala outros tipos de energia limpa?

Os governos deverão ser enxutos, eficazes, transparentes,

ter visão do futuro. O atual governo federal tem 39 minis-

térios enquanto os Estados Unidos tem 15. O combate à

corrupção e demais práticas do mau uso do dinheiro pú-

blico precisam ser ações prioritárias e efetivas.

O nível da Indústria no PIB nacional vem reduzindo a cada

ano. A não industrialização e a desindustrialização de Minas

e do Brasil são marcantes. Em 2012, registramos o nível de

1955, ano anterior à gestão JK conforme nos mostra es-

tudo da FIESP- Federação das Indústrias do Estado de São

Paulo: “... após a participação do setor no PIB atingir um

pico de 27,2%, como indica o gráfico, extraído da pesquisa.

A projeção da FIESP é de que, se a atual tendência conti-

nuar, a proporção tende a chegar a 9,3% em 2029, ou

24

DESAFIOS E OPORTUNIDADES: DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA MINAS GERAISSilviano Cançado Azevedo

Page 25: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

antes...”. Países altamente desenvolvi-

dos têm elevado crescimento do

setor tecnológico que é contabilizado

no setor Serviço provocando redu-

ção relativa da Indústria no PIB nacio-

nal; não é o caso do Brasil de hoje.

Há que retornar a elaboração de PLA-

NOS DECENAIS DE DESENVOLVI-

MENTO de cada setor, o que facilitará

a articulação das agências envolvidas

com o crescimento, como acontecia

com o BDMG, INDI, Fundação João Pi-

nheiro, CODEMIG e outras em Minas

Gerais. A CEMIG precisa retomar a

função que inspirou sua criação: ser

agente efetivo do crescimento do Es-

tado.

Ficamos inconformados com a ausência

de Programas bem definidos, contendo

as reais prioridades com a visão do fu-

turo, registrando metas e prazos para

alcançá-las. Enquanto isso, a Taxa de De-

semprego aumenta, o PIB cai, a inflação

cresce e a desvalorização do Real é vi-

sível. O déficit na conta de transações

correntes foi de quase 91 bilhões de

dólares em 2014 (4,17% do PIB). Os

Custos Brasil e Minas dificultam as ex-

portações. A CONFIANÇA dos em-

presários despenca.

A EDUCAÇÃO desmorona; segundo

a nota do Exame Nacional do Ensino

Médio-Enem- entre as 100 escolas com

melhor desempenho apenas uma é de

governo estadual; outras seis são fede-

rais e 93 pertencem à rede particular.

A SEGURANÇA é outro caso grave.

O Brasil registra 10% dos homicídios

do mundo com uma população que

não chega a 3%!

É muito baixa a PRODUTIVIDADE

brasileira; produzir no Brasil custa 23%

mais do que nos Estados Unidos; há

10 anos, segundo “The Boston Con-

sult Group- BCG”, o custo industrial

brasileiro era 3% menor do que o

americano.

O Brasil está na lanterna quando nos

comparamos com outros países com

relação à COMPETITIVIDADE, de

acordo com estudo divulgado recen-

temente pela Confederação Nacional

da Indústria.

Prevista a ‘ESTAGFLAÇÃO’ este ano:

redução do crescimento, elevações

das taxas de inflação e de desem-

prego.

Minas Gerais caiu no ranking de com-

petitividade, passando da terceira para

a sexta posição, sendo superado por

São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Rio

Grande do Sul e Santa Catarina.

E a SAÚDE e o SANEAMENTO

BÁSICO?

Há solução? Há sim. Precisamos reor-

denar procedimentos. Exemplos dos

governos JK e Itamar Franco compro-

vam nossa grande capacidade de ven-

cermos as dificuldades a exemplo do

setor de agronegócios que superou as

expectativas mostrando que é indis-

pensável fugir da “miséria científico-

tecnológica” para desenvolvermos.

Sermos proativos é uma das carac-

terísticas dos membros do Comitê

que pretende, com a participação

de diversos segmentos da socie-

dade, apresentar propostas objeti-

vas para superarmos os desafios

que nos estão impedindo um cres-

cimento econômico em bases sus-

tentáveis no ritmo compatível com

nossas potencialidades. O Estado

deverá ser o Centro primaz do

avanço tecnológico. Precisamos in-

cluir todas as forças legítimas da so-

ciedade para reverter a atual

tendência e retornar Minas à sua

posição histórica de liderança no

desenvolvimento nacional, elevando

Minas Gerais e o Brasil.

Silviano Cançado Azevedo,

Engenheiro Civil. Ex-presidente

do BDMG, INDI e CDI-MG.

25

Page 26: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

26

CAPA | CRISE ENERGÉTICA

CRISE ENERGÉTICA: APAGÃO NA GESTÃO OU FALTA DE PLANEJAMENTO

Page 27: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

27

A redução das chuvas e o esvaziamento dosreservatórios das hidrelétricas, a um nívelmédio de 20%, a partir de 2012, colocou emxeque a estabilidade da matriz energética nacional.

Aperda de geração de

algumas usinas do

Sistema Interligado

Nacional (SIN) e

problemas de trans-

missão de eletricidade da região

Norte para o Sudeste são os dois fa-

tores que explicam o primeiro apa-

gão registrado em 2015, em 19 de

janeiro. O fenômeno que pegou a po-

pulação de surpresa afetou 11 Esta-

dos e o Distrito Federal, com

interrupção de carga de 4.453 MW.

Mais que um problema momentâneo,

a falta de luz funcionou muito bem

para trazer à luz, um problema que,

na verdade, começou há alguns anos.

Apenas no primeiro mês do ano, foram

sete ocorrências do gênero, com inter-

rupções superiores a 10 minutos e car-

gas acima de 100 MW (energia

suficiente para abastecer cerca de 200

mil pessoas). Nesse período, a carga

interrompida chegou a 6.136 MW,

ante os 3.448 MW relativos a janeiro

do ano anterior, quando foram regis-

tradas 15 “apagões”. O prazo para re-

torno do fornecimento também

aumentou de 93 para 114 minutos.

Anteriormente, a medida adotada

pelo governo foi o uso das usinas ter-

melétricas, que estão operando na ca-

pacidade máxima, já que as “famosas”

energias alternativas – eólica, solar, nu-

clear, biomassa – ainda não estão es-

truturadas para o atendimento em

escala e têm limitadores de origem.

Por isso, a probabilidade da ocorrência

de novas interrupções de energia au-

mentou consideravelmente nos últi-

mos anos. Hoje, está em 50%, quando

o limite técnico é de apenas 5%.

Em 2013, quando o País nem so-

nhava que um dia poderia repetir a

crise energética de 2001 (governo

de Fernando Henrique Cardoso),

foram 45 blecautes com carga de

energia interrompida acima de 100

MW. Um deles, de 10,9 MW ocor-

reu em 28 de agosto, nos Estados do

Piauí, Maranhão, Ceará, Rio Grande

do Norte, Alagoas, Sergipe, Pernam-

buco, Bahia e Paraíba. Já em 2012,

foram 62 “apagões”. O mais grave,

em 25 de outubro daquele ano, en-

volveu 12,9 MW e deixou a região

Norte à luz de velas, de acordo com

o estudo da CBIE.

Segundo o boletim do Ministério

de Minas e Energia (MME), a capa-

cidade própria instalada total de

geração de energia elétrica do

Brasil atingiu 134.008 MW em ja-

neiro deste ano. Em comparação

com o mesmo mês de 2014,

houve expansão de 3.277 MW de

geração de fontes hidráulicas,

1.429 MW de fontes térmicas e

de 2.729 MW de geração eólica.

Então, onde está o problema?

Entre as explicações apresentadas

como causa para a crise energética

brasileira, a variação climática pa-

rece ser o principal problema para

o sistema composto por 180 hi-

drelétricas, com total de 600 tur-

binas. A redução das chuvas a

partir de 2012 e o consequente

esvaziamento dos reservatórios

das hidrelétricas – as maiores ge-

radoras do país, com cerca de 70%

do total consumido – a um nível

médio de 20%, mais baixo que os

30% registrados em 2001, colocou

em xeque a estabilidade da matriz

energética nacional.

Page 28: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

28

DESCOMPASSOS

Em contrapartida, o consumo de energia tem aumentado.

Dados relativos a janeiro de 2014 dão conta de que o per-

centual ficou 12% acima do registrado, no mesmo mês do

ano anterior, sobretudo, devido ao uso do ar condicio-

nado. Em 2001, o grande vilão era o chuveiro elétrico.

Manter a economia aquecida tem seu preço. O cresci-

mento vegetativo da população e o aumento da renda das

famílias promoveu uma verdadeira revolução nos hábitos

também em relação ao consumo de energia. Para suportar

esse movimento, especialistas de mercado recomendam

um aumento entre 3% e 4% do parque gerador/ano.

O sócio-diretor do Centro Brasileiro de Infra Estrutura,

CBIE, Adriano Pires, afirma que o Brasil passa pela pior

crise energética da sua história. “A crise energética traz

dois problemas graves. Um é financeiro, criado quando o

governo renovou as concessões e obrigou as empresas a

reduzir as tarifas, em um momento em que o custo estava

crescendo no mundo todo. O resultado foi um problema

de caixa nas distribuidoras, que foram socorridas com

dinheiro do Tesouro Nacional. Há, também, um grande

incentivo ao consumo, que cria problemas de abasteci-

mento”, ressalta.

SEM INVESTIMENTOS

Para ele, além desse problema, há outras duas causas para

a crise energética nacional. “O governo atrasou as obras

de geração e transmissão de energia e optou por leilões

de energia que privilegiaram preço, sem garantir as taxas

de retorno esperadas pelo mercado”, alega.

Na prática, projetos de infraestrutura energética incluídos no

Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) estão atrasa-

dos ou paralisados. Nessa conta estão a Usina Nuclear de

Angra 3, que deveria ser entregue em 2015 e as linhas de trans-

missão do Nordeste ao Sudeste. Hidrelétricas como Belo

Monte e Jirau também não foram concluídas.

Por outro lado, como não havia energia suficiente para o go-

verno fazer leilões com contratos de longo prazo para todas

as distribuidoras, o preço no mercado livre disparou. Em

2013, as empresas que tinham contratos anteriores de pouco

mais de R$ 100 o MW/hora, passaram a pagar R$ 400 no

mercado livre. No ano passado, o valor atingiu R$ 822.

O dirigente recomenda que o governo federal aproveite o

momento de crise para revisar as decisões tomadas na última

gestão. Entre elas, a lei nº 12.783/13 (MP 579/12), que reduziu

as tarifas em 20% a partir de 2013 e propôs a renovação an-

tecipada da concessão das geradoras e transmissoras de

energia cujos contratos venceriam até 2017. “Ao invés de ter

abaixado a tarifa, deveria ter implantado o modelo de ban-

deira tarifária há dois anos e iniciado um programa educativo

de uso eficiente de energia”, argumenta. A medida também

desorganizou o mercado do setor porque operadoras como

Cemig, Copel e Cesp não renovaram a concessão.

Outra decisão governamental que deve ser revista, segundo

Pires, é o apoio irrestrito que foi dado à exploração do Pre-

sal desde a descoberta das reservas, o que colocou o setor

de energia em segundo plano para os investimentos nacio-

nais. “O Brasil está na contramão da história”, destaca Pires.

Para o dirigente, falta envolver os agentes do setor elétrico

na discussão para evitar decisões unilaterais como o temido

“tarifaço” que pode solucionar o problema em parte, já tem,

como efeitos colaterais, o aumento da inadimplência no

setor e também o furto de energia.

Adriano Pires, sócio‑diretor do CBIE, Doutor em Economia Industrial pela Universidade Paris XIII

CAPA | CRISE ENERGÉTICA

Page 29: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

29

PASSADO X PRESENTE

A crise energética de 2015 tem sido comparada com a de

2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC).

Não poderia ser diferente. “Todas as duas aconteceram

por falta de planejamento. Não se pode olhar para o setor

de energia em um país como o Brasil e planejar simples-

mente torcendo para que chova”, aponta o dirigente.

Em 2001, o governo reconheceu que faltou planejamento

e criou um comitê gestor da crise. Houve uma campanha

para que a população economizasse energia, o que resul-

tou na queda da demanda. “Neste ano, a solução sugerida

passa pelo aumento do preço da tarifa, o que repassa au-

tomaticamente a conta para os consumidores”, arremata.

O presidente da Associação Brasileira das Empresas Ge-

radoras de Energia Elétrica (Abrage), Flávio Antônio Neiva,

também afirma que a crise energética nacional não é um

fenômeno novo. “Por ser majoritariamente hidrelétrico, o

sistema está às voltas com riscos crescentes de restrições

de fornecimento devido à escassez hídrica provocada por

períodos de seca extremamente rigorosa”, enfatiza.

O atraso nas obras do setor, sobretudo por impactos so-

cioambientais dos projetos, também afetou a geração de

energia. “Esses problemas não são novos e têm tido acom-

panhamento por todos os órgãos representativos da so-

ciedade, especialmente pela Abrage”, destaca.

Instituída em dezembro de 1998, a associação civil sem

fins lucrativos é formada por grandes empresas gerado-

ras de energia elétrica, predominantemente hidráulica,

que procuram alcançar, por meio de pesquisas, estudos

e debates, o desenvolvimento dos processos ligados à

atividade.

“Ao longo de 2014 e em janeiro deste ano, a Abrage tem

realizado reuniões periódicas com suas associadas com o

objetivo de avaliar a situação do suprimento de energia

ao País, e também com o MME, ANEEL e ONS para ofe-

recer sugestões para esse momento delicado pelo qual

passamos”, comenta.

Mas, apesar das dificuldades dos últimos anos, o parque

gerador do País teve desempenho satisfatório e garantiu

o fornecimento ao mercado brasileiro sem restrições no

abastecimento. Para o biênio 2015/2016, o cenário é re-

pleto de desafios, segundo o dirigente. No entanto, tudo

vai depender do resultado do período chuvoso em curso,

que tem término previsto para abril, para mensurar a real

situação de armazenamento e o tamanho dos problemas

que o setor terá que enfrentar.

Para Neiva, o governo tem sido muito cauteloso ao tratar

da crise energética nacional, principalmente para a adoção

de medidas como racionamento ou racionalização do

consumo. “O governo e o ONS têm optado por aguardar

o fim do período chuvoso para a caracterização mais de-

terminística desse evento”, pontua.

Flávio Antônio Neiva,

presidente da

Associação Brasileira

das Empresas

Geradoras de Energia

Elétrica (Abrage)

Page 30: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

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Page 32: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

A situação das grandes hidrelétricas brasileiras não é das

melhores. De acordo com o Operador Nacional do Sis-

tema Elétrico (NOS), o

volume de chuva que

chegou aos reservató-

rios do Sudeste e Cen-

tro-Oeste, neste ano,

corresponde a 38,04%

da média para o mês

de janeiro, o pior ín-

dice histórico desde

1931. Juntas, as usinas

instaladas nessas re-

giões respondem por

cerca de 70% da capa-

cidade geradora do

país.

Já é o terceiro ano seguido em que os meses de janeiro

são mais secos que o esperado. No ano passado, a chuva

foi equivalente a 53,43% da média histórica e, no ano an-

terior, a 83,32%.

No último dia 31 de janeiro, as represas estavam com ar-

mazenamento médio de 16,8% da capacidade total. Um

mês antes, em 31 de

dezembro de 2014,

esse índice era de

19,4%. Um ano atrás,

em 31 de janeiro de

2014, era de 40,3%,

valor que já é conside-

rado baixo para o mês

(veja quadro).

O diretor-geral do

ONS, Hermes Chipp,

disse em novembro que

os reservatórios das hi-

drelétricas do Sudeste e

Centro-Oeste precisam chegar ao final de abril com arma-

zenamento entre 30% e 35% para que o fornecimento de

energia no país ao longo de 2015 esteja garantido. No en-

tanto, na iminência da falta de chuva, resta ao setor público

adotar medidas eficientes para economizar energia.

32

Em franco processo de expansão do seu parque gerador

de energia – usinas hidrelétricas, termelétricas, plantas eó-

licas e solares – o setor tem mantido as portas abertas para

engenheiros de diversas áreas, como afirma Flávio Neiva.

Além de obras de infraestrutura, áreas como planeja-

mento energético, estudos elétricos, modelagem do sis-

tema, operação e manutenção têm oportunidades de

trabalho para os profissionais.

“O setor de energia é uma área de infraestrutura básica

para o desenvolvimento socioeconômico do país e faz

parte da vida dos cidadãos, em todos os aspectos do seu

cotidiano. Dessa forma, o engenheiro é um protagonista

da expansão, operação e manutenção do parque gerador

do país”, ressalta o dirigente.

JAN / 2014 em %

DEZ / 2014 em %

FEV / 2015 em %

Furnas 11,47% 46,26 13,41 9,35

Nova Ponte 11,39% 34,3 12,26 10,12

Emborcação 10,82% 40,08 16,48 12,69

Itumbiara 7,89% 29,26 13,89 10,4

Ilha Solteira/3 Irmãos 3,07% 45,03 0 0

Marimbondo 2,72% 28,59 17,14 10,66

São Simão 2,54% 18,96 57,52 48,42

Água Vermelha 2,22% 37,89 23,97 21,25

Mascarenhas de Moraes 2,18% 75,85 21,69 16,54

Jurumirim 2,00% 63,91 20,65 20,54

Capivara 1,95% 65,17 23,18 22,77

Chavantes 1,63% 52,71 19,43 19,32

RESERVATÓRIO

Mercado de energia oferece oportunidades para engenheiros

Hidrelétricas experimentam o pior cenário desde 1931

CAPA | CRISE ENERGÉTICA

Page 33: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

33

Bacias Situação

S. Santiago (16,30% da região) 58.82%

G. B. Munhoz (30,39% da região) 40.01%

Segredo (2,29% da região) 60.86%

50,93% da região

REGIÃO SUL ( 50.68%)

16,08% da região Passo Real (15,02% da região) 45.27%

Rio Iguaçu

Rio Jucuí

Rio Uruguai

Outras

88.28%

Reservatórios

(8,72% da região)Passo Fundo29,77% da região

(3,22% da região)

Bacias Situação

Sobradinho (58,20% da região) 17.27%

Três Marias (31,02% da região) 17.04%

Itaparica (6,62% da região) 21.05%

Bacias Situação

Serra da Mesa 27.88%

Tucuruí 35.77%96,17% da região (43,68% da região)

Outras

REGIÃO NORDESTE (17.9%)

Rio São Francisco

Rio Tocantins

Outras

96,86% da região

REGIÃO NORTE (38.03%)

(3,14% da região)

Reservatórios

Reservatórios

(0,16% da região)

202.246 MW/Mês

19.873 MW/Mês

51.859 MW/Mês

14.812 MW/Mês

SUL

NORDESTE

NORTE

Capacidade Máxima de armazenamento MW-MêsREGIÃO

SUDESTE e CENTO-OESTE

Bacias Situação

Emborcação (10,82% da região) 15.8%

Nova Ponte (11,39% da região) 12.91%

Itumbiara (7,89% da região) 12.45%

São Simão (2,54% da região) 44.38%

Furnas (17,42% da região) 12.86%

Mascarenhas de Moraes (2,18% da região) 20.12%

Marimbondo (2,72% da região) 21.13%

Água Vermelha (2,22% da região) 20.29%

Jurumirim (2,00% da região) 32.54%

Chavantes (1,63% da região) 26.29%

Capivara (1,95% da região) 31.85%

Reservatórios

Rio Paraná

25,73% da região

REGIÃO SUDESTE / CENTRO-OESTE (20.33%)

(27,53% da região)

Rio Paranapanema

3,07% da região

Rio Parnaíba

Outras

Ilha/3 Irmãos (3,07% da região) 0%

37,92% da região

5,81% da região

Rio Grande

Principais Reservatórios do Brasil

Situação dos Principais Reservatórios do Brasil Fev ‑ Mar / 2015

FONTE : www.ons.org.br/tabela̲reservatorios/conteudo.asp

Page 34: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

O novo diretor-presidente da Compa-

nhia Energética de Minas Gerais

(Cemig), economista Mauro Borges

Lemos, tem grandes desafios para os

próximos anos. Novas aquisições, di-

versificação da carteira da companhia

e cuidado especial com a gestão darão

o tom da nova administração, que pre-

tende aumentar a sua aposta nas fontes

renováveis de energia para manter-se

competitiva.

Quais os projetos da empresa para os

próximos 4 anos?

Uma empresa como a Cemig tem uma

política de aquisições e diversificação

de carteira. Isso é fundamental, dadas

as suas características, mas, para que

seja sustentável a longo prazo, tem que

ter uma política de investimentos.

Neste momento, estamos focados nas

três usinas da Região Norte e também

nas três em litígio com o Governo Fe-

deral. Com relação a essas três usinas,

Jaguara, São Simão e Miranda, estamos

negociando, também, uma saída mais

vantajosa para a União, com a Cemig

assumindo a continuidade de uma nova

concessão. Como isso pode ser traba-

lhando na Advocacia Geral da União

(AGU), que tem a responsabilidade

legal de conduzir esse negócio. Temos

atuado junto à Aneel para garantir a

concessão das duas grandes distribui-

doras que nós temos.

Sem dúvida, acredito que o novo veí-

culo, com grande potencial de expan-

são, é a Renova, que tem como foco a

geração de energia solar. É uma em-

presa muito sólida, em termos de es-

truturação societária, qualidade de

governança e enxuta. O sítio de gera-

ção da Renova é extremamente bem

localizado no sul da Bahia e, dado seu

valor de mercado, nós temos um

grande potencial de associação com

novos investidores. Acreditamos que o

crescimento da Renova envolve am-

pliar o grupo empresarial.

Quer dizer, temos um projeto ambi-

cioso e a Renova também, de entrar

mais fortemente, não apenas no Bra-

sil, mas em outros mercados da Amé-

rica Latina. Estamos conversando

com parceiros potenciais para estru-

turação de novos veículos de cresci-

mento, a partir da Renova. De fato,

essa é uma frente de crescimento da

empresa que eu acho de alto valor.

Outro grande projeto que temos,

para os próximos anos, é a constru-

ção do gasoduto para fornecimento

de gás para nova planta de amônia em

Uberaba, que está localizada a 400 qui-

lômetros de Belo Horizonte, por meio

da Gasmig. É uma distância razoável,

desafio razoável, se a gente construir

esse gasoduto contíguo à BR-262.

E como o setor de Engenharia da

Cemig vai participar desses projetos?

Por orientação do sócio majoritário da

Empresa, que é o Governo do Estado

de Minas Gerais, especificamente do

governador Fernando Pimentel, a dire-

triz e o mandato que eu tenho como

presidente executivo da Empresa é que

eu deveria estruturar uma Diretoria

Executiva extremamente profissional e

competente.

Daí os resultados que já foram apre-

sentados, sustentados por dois obje-

tivos fundamentais. O primeiro que

é manter o “core” da capacidade exe-

cutiva da diretoria, consequente-

mente nós mantivemos as diretorias

técnicas na sua essência, quando não

na sua totalidade.

Trouxemos quadros da própria

Cemig para compor essa diretoria

como é o caso da Diretoria Comer-

cial, através do engenheiro Evandro

Leite Vasconcelos que está voltando

à casa depois de uma temporada na

ENTREVISTA | MAURO BORGES LEMOS

Cemig vai aumentar sua aposta em energia solar

Page 35: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

35

Light, além da manutenção dos diretores de Desenvolvi-

mento de Negócios, Fernando Henrique Schuffner, um en-

genheiro reconhecido pela classe, e de Distribuição e

Comercialização, Ricardo Charbel, também engenheiro.

Os novos membros da diretoria que não são funcionários

de carreira da Cemig são profissionais já inteiramente tes-

tados no mercado, especialistas com grande experiência

nas áreas jurídicas, de relações humanas e financeira.

E é importante dizer que essa vinda do novo diretor finan-

ceiro de forma nenhuma significa abrir mão de todo o valor

agregado que representa o diretor Luiz Fernando Rolla, que

está na Cemig desde 1974. O papel do Dr. Rolla na nova com-

posição da diretoria será através da Diretoria de Relações

com Investidores e Regulação, que estamos criando.

Estamos desdobrando essa estratégia de fortalecimento cor-

porativo pelas coligadas e empresas vinculadas à Cemig por

todo o Brasil. Isso é importante uma vez que a Cemig tem

poder de controle do ponto de vista da gestão e da gover-

nança de várias empresas, como a própria Light, a Taesa e a

Renova. Olhando para o conjunto dessas empresas nós temos

uma preocupação muito forte em manter e fortalecer a ca-

pacidade de governança no conjunto do grupo.

Na Light, por exemplo, a gente também fez um mix, que

fizemos na holding, visando a garantia de lucro técnico, de

carreira da empresa, com agregação de valor. O presidente

do Conselho de Administração é o ex-diretor-geral da

Aneel, Nelson Hubner, que é engenheiro e mineiro. Isso é

agregação de valor e qualidade da empresa.

Os investimentos em fontes alternativas de energia vão au-

mentar? Como?

A Cemig busca, através de seu programa de Pesquisa e De-

senvolvimento (P&D), desenvolver projetos na área de

energia renovável, em parceria com universidades e cen-

tros de pesquisa. Existem projetos para a produção de

energia elétrica a partir da utilização de resíduos, como

biomassa residual de usinas de açúcar e álcool, gases resi-

duais de carvoarias e até a comercialização de energia pro-

duzida a partir de gases retirados de aterros sanitários.

O novo diretor‑presidenteda CEMIG, economistaMauro Borges Lemos

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Page 36: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

ENTREVISTA | MAURO BORGES LEMOS

36

Além do mais, a empresa tem investido em projetos de

energia solar, como a Usina Solar Fotovoltaica do Mineirão,

convênios com universidades para a difusão de conheci-

mento e formação de profissionais na área de energia solar

fotovoltaica, e algumas plantas experimentais de médio

porte, como uma usina experimental de pequeno porte em

parceria com a Copasa e outra de médio porte, em parceria

com outras empresas de energia.

A Cemig tem incentivado, ainda, o desenvolvimento de

novas tecnologias, o aprimoramento técnico e formação de

profissionais através de parcerias com instituições. Por

meio de convênios firmados com instituições de ensino su-

perior como a Universidade Federal dos Vales do Jequiti-

nhonha e Mucuri (UFVJM), a Universidade Federal de Lavras

(UFLA), o Centro Universitário de Patos de Minas (Uni-

pam) e a Universidade Estadual de Montes Claros (Unimon-

tes), a empresa vai implementar o projeto “Geração

Distribuída em Universidades”, a partir de um Sistema de

Micro Geração Solar Fotovoltaica de aproximadamente 12

kWp (quilowatts-pico) que incentiva o uso eficiente e se-

guro da energia, bem como a expansão da oferta de energia

oriunda de fontes limpas, renováveis e sustentáveis.

A empresa também responde pelo treinamento e suporte

técnico para sua operação e manutenção e a doação de

250 unidades de módulos fotovoltaicos de silício policris-

talino para cada universidade.

E o projeto do carro elétrico? Continua?

A Cemig tem investido, também, em pesquisas de veículos

elétricos e híbridos, através de projetos de desenvolvimento

tecnológico. Acreditamos que, no futuro, esses dois tipos

de carros farão parte integrante dos sistemas de energia,

na configuração das redes chamadas de smart grids.

Veículos elétricos plugados à rede possibilitam o armazena-

mento de energia, como uma bateria. Já os veículos híbridos

representam um passo na direção dos veículos do futuro e

que busca essencialmente melhorar a eficiência energética no

processo de uso da energia e dos recursos naturais.

Além do mais, a Cemig possui três parques eólicos no Nor-

deste, além de uma participação acionária na empresa Renova

Energia, detentora de mais de 600 MW em plantas do gênero,

instaladas no Nordeste do país.

Quais os planos da Cemig em tempos de escassez de água e,

consequentemente, energia elétrica?

A crise hidrológica é realmente muito séria e a Cemig

sempre demonstrou uma preocupação com a questão am-

biental e da qualidade da água. Os governos federal e es-

tadual estão tomando as medidas necessárias para

enfrentar essa crise e estou confiante de que a questão

do abastecimento será resolvida a bom termo. Quanto à

energia elétrica, nosso País é privilegiado pela natureza,

pois com suas dimensões continentais apresenta regimes

de chuvas diferenciados para suas regiões.

Assim, quando enfrentamos um período de hidrologia di-

fícil na região Sudeste, podemos contar com reservatórios

localizados em regiões com o Sul e o Norte, sendo que

este, em breve, contará com linhões de transmissão, atual-

mente em implantação que abastecerão os grandes cen-

tros de carga com a energia dos rios da região amazônica.

Há ainda as usinas térmicas que podem garantir uma re-

serva operativa nas hidrelétricas, com o consequente au-

mento da confiabilidade e segurança para a operação do

Sistema Integrado Nacional.

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Page 37: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição
Page 38: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

O Estado que já foi chamado de caixa d’água do Brasil está

correndo o sério risco de “secar”. A redução do índice

pluviométrico detectada há dois anos provocou o esva-

ziamento dos “mares” de água doce que abastecem resi-

dências e empresas instaladas nas Minas Gerais.

Com os reservatórios baixos, a Companhia de Sanea-

mento de Minas Gerais (Copasa) decidiu apostar em

três ações básicas para controlar o problema de abas-

tecimento, que já afeta mais e 60 municípios e, na outra

ponta, educar a população para o uso racional da água.

A primeira delas é a divulgação diária dos volumes dos

Sistemas Paraopeba (Rio Manso, Serra Azul e Vargem

das Flores) e Rio das Velhas. A manutenção também ga-

nhou maior agilidade com a campanha “Caça Gotas”.

Técnicos divididos em 40 equipes de campo estão “na

rua” para procurar e solucionar problemas de vazamen-

tos, entre outros, para reduzir o tempo médio de des-

perdício, que hoje é de nove horas. A medida é essencial

para reduzir a perda de 40% de toda a água potável que

circula pela rede de distribuição da Copasa.

Além disso, a empresa também tem recebido denúncias

de desperdício. Mas o ponto central de todo o projeto de

gestão da crise de abastecimento é a campanha para a re-

dução de 30% do consumo, pela população em geral.

ÁGUA & ENERGIA

38

Mudanças climáticas, crise da água ou fundo do poço

Page 39: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

No novo site da empresa (copasa-

transparente.com.br), além de núme-

ros relativos à situação dos

reservatórios, foram listadas uma série

de práticas simples que, adotadas em

cadeia, podem contribuir para a so-

brevida de reservatórios do Estado.

Em suma, no momento de escassez, o

objetivo da Copasa é inaugurar um

novo padrão de uso, sem desperdício.

A raiz do problema confirma aquele

discurso apocalíptico que os ambien-

talistas fazem há pelo menos uma

década, de que o planeta está se

aquecendo, que era preciso reduzir

a emissão de gases de efeito estufa o

quanto antes e, ainda, adotar o uso

racional dos recursos naturais. No

caso da região Sudeste, os períodos

de calor/seca têm sido maiores que

a “saudosa” temporada de chuvas,

entre outubro e março.

Os resultados dessa variação climá-

tica afetaram São Paulo, durante

2014. Em janeiro de 2015, três meses

depois de negativas políticas acerca

de um risco de desabastecimento de

água, o problema chegou a Minas

Gerais com força total logo nos pri-

meiros dias do ano novo.

O engenheiro metalurgista Milton

Nogueira, consultor no escritório da

agência da Organização das Nações

Unidas para o Desenvolvimento In-

dustrial (Unido), durante 20 anos, para

assuntos relacionados ao clima, rea-

firma que as mudanças climáticas são

a principal causa do esvaziamento dos

reservatórios.

Além de afetar o consumidor comum,

a crise de abastecimento também afeta

a atividade econômica. “A seca afetou

igualmente o Sudeste e o Nordeste.

Mas o Sudeste sofreu mais porque não

tem um plano B estruturado para lidar

com a falta de água”, ressalta.

Na região vizinha, onde a seca é parte

da história e da cultura, o sistema de

cisternas instalado ao longo dos anos

representa uma garantia para a popu-

lação, principalmente nos municípios

mais afastados dos grandes centros ur-

banos, onde a base da economia é a

agricultura familiar e a criação de gado.

Os desmatamentos da Mata Atlântica

e Cerrado, desde a 2ª Guerra Mundial,

também influenciam a mudança do

clima no Estado Segundo Nogueira, a

água que cai em terra “limpa”, sem ve-

getação, não penetra na terra para

chegar aos lençóis freáticos e nem

abastece as nascentes. Ao contrário,

segue direto para o mar. “O descaso

com as florestas levou ao descaso com

a bacia hidrográfica”, lamenta.

39

Milton Nogueira, engenheiro metalurgista econsultor da Unido

Page 40: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Denes Martins da Costa Lott, Advogado e mestre em SustentabilidadeSócioeconômica Ambiental (UFOP) e presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba

Para o engenheiro, a gestão das águas,

em Minas Gerais, é outro problema

que afetou o nível dos reservatórios.

“A política de gestão das bacias hidro-

gráficas existe, no papel, há 20 anos

mas não foi devidamente implemen-

tada e não recebeu os investimentos

necessários para uma atuação efe-

tiva", aponta. Até o fechamento desta

edição, o Instituto Mineiro de Gestão

das Águas (Igam) ainda não tinha con-

cluído o estudo que dará ou não aval

técnico para o decreto de “situação

de escassez de recursos hídricos”.

Em 27 de janeiro, quando anunciou o

risco de abastecimento no Estado, a

Copasa encaminhou ao Instituto Mi-

neiro de Gestão das Águas (Igam) um

documento que atestasse a “situação

de escassez de recursos hídricos”,

com o qual poderia pleitear recursos

para obras emergenciais junto à

União e instituir medidas como racio-

namento, multa e sobretaxa para o

controle da crise de abastecimento.

Com apenas 82 profissionais em campo

para cuidar de 36 bacias hidrográficas,

exato um mês depois, o Igam ainda não

havia concluído o estudo. O Instituto foi

criado para monitorar as águas do Es-

tado e controlar as outorgas. Atual-

mente, tem filiais apenas nos núcleos

regionais de Montes Claros (Norte),

Divinópolis (Centro-Oeste), Governa-

dor Valadares (Rio Doce) e Juiz de Fora

(Zona da Mata), o que reafirma a falta

de estrutura necessária para executar

uma tarefa tão grande e importante.

O Advogado e mestre em Sustenta-

bilidade Sócioeconômica Ambiental

pela Universidade Federal de Ouro

Preto (UFOP), o presidente do Co-

mitê da Bacia Hidrográfica do Rio

Paraopeba, Denes Martins da Costa

Lott, soube do projeto de captar 5

metros cúbicos/segundo de água do

Rio Paraopeba para a Estação de Tra-

tamento de Água do Rio Manso pela

imprensa. “O governo tem que exer-

cer a função dele, de planejar e agir,

mas tem que respeitar a sociedade e

suas entidades legalmente instituídas,

como os comitês de bacia”, declara.

O gestor reconhece que a estrutura

do Comitê é tímida para tantas atri-

buições. “Estamos fazendo um trabalho

para fortalecer o Comitê institucional-

mente, mas essa tarefa envolve outros

atores. Teoricamente, é o governo que

repassa os recursos”, disse.

Em relação ao anúncio do projeto

para aumentar a captação no Sis-

tema, Lott é cauteloso. “O rio está

sofrendo, como vários outros rios

do Estado, muito impactado pelas

ações urbanas. A última obra feita na

Bacia foi há 30 anos”, ressalta. Entre

as ações já implementadas para

acompanhar esse projeto, que foi o

primeiro anunciado pelo governo do

Estado está a criação de dois grupos

de trabalho. O primeiro vai acompa-

nhar as ações da Copasa e o outro

ficou responsável por uma vistoria

na nascente do Rio Paraopeba.

Segundo o gestor, a melhora da

“saúde” do rio, passaria pela amplia-

ção da Estação de Tratamento de

Água do Serra Azul (ETA), já que a

Estação de Tratamento de Esgoto

(ETE) de Juatuba não funciona.

Betim e Contagem também têm

ETEs já instaladas. “Eu acho que a

crise de abastecimento que afeta

Minas Gerais tem vários componen-

tes. Deveria valer o princípio polui-

dor/pagador, com a cobrança efetiva

pelo uso da água. A natureza está

dando sinal de alerta para o nosso

modo de vida”, analisa.

ÁGUA & ENERGIA

40

Page 41: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

41

Wagner Soares Costa, engenheiro agrônomo,

gestor ambiental e gerente de Meio Ambiente da Fiemg

EM NOME DO

DESENVOLVIMENTO

A política praticada em Minas Gerais

é outra vilã da crise de abasteci-

mento de água. Os benefícios ofere-

cidos para as empresas se instalarem

no Estado – inclusive concessões

para o uso de água – devem ser re-

vistos. Há que se fiscalizar, também,

a quantidade de cisternas, para não

comprometer o lençol freático.

Nesse ponto, a Engenharia tem

papel fundamental para ajudar a

equacionar a crise de fornecimento

de água que afeta Minas Gerais, pois

vai auxiliar o setor produtivo a fazer

o uso racional do recurso. Para

tanto, basta conhecimento técnico e

planejamento. “Os engenheiros hi-

dráulicos sabem como detectar e

proteger o lençol freático com uma

conduta ética. Nesse caso, a respon-

sabilidade técnica da Engenharia é

observar o limite do lençol freá-

tico”, observa Milton Nogueira.

Não é de hoje que as indústrias per-

seguem a tal eficiência energética.

Parte dos custos de qualquer negó-

cio, as contas de luz e água estão

sempre na mira dos controladores

internos das organizações.

Segundo o engenheiro agrônomo,

gestor ambiental e gerente de Meio

Ambiente da Federação das Indús-

trias do Estado de Minas Gerais

(Fiemg), Wagner Soares Costa, as

empresas de médio e grande porte

já fazem o reuso da água. “Na mine-

ração, o reuso é de 80% e na indús-

tria têxtil, 60%”, exemplifica.

Devido aos custos envolvidos

nesse tipo de projeto, as peque-

nas empresas têm maior dificul-

dade em instalar esse tipo de

sistema que depende de consul-

toria especializada externa. Para

reverter essa situação, o pro-

grama Minas Sustentável, da

Fiemg, realizou um extenso diag-

nóstico do setor industrial.

Das 2.500 empresas com até 100

empregados analisadas, 40% prati-

cam algum tipo de ação para uso ra-

cional ou reuso de água. “Nelas, o

uso racional é maior que o reuso”,

explica o gestor.

Para Wagner Costa, as empresas

estão acompanhando bem o pro-

cesso evolutivo que demanda maior

cuidado com o uso dos recursos na-

turais finitos, como é o caso da água.

“As indústrias mineiras têm um pro-

grama estratégico nesse sentido.

Esse olhar estratégico sobre a água

não aconteceu tanto pela cobrança

ou preço, mas pelo entendimento

do setor produtivo da função desse

recurso no processo produtivo de

diversos setores, seja como matéria

prima ou insumo”, destaca.

Os engenheiros estão na base

desse tipo de serviço. Segundo o

gestor, o mercado tem demandado

profissionais capazes de apresentar

soluções para a gestão ambiental

das empresas, com conhecimento

para respeitar a extensa legislação

sobre o tema e, ainda, promover a

mudança de cultura da empresa,

por meio do uso de tecnologias ca-

pazes para reduzir o consumo do

bem natural e reduzir impactos am-

bientais. “Nesse momento, é pre-

ciso inovar”, recomenda.

Page 42: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

42

ÁGUA & ENERGIA

A presidente da Copasa, Sinara Meireles Chenna,

disse que o comprometimento dos mananciais, a

redução da vazão dos cursos d’água que abaste-

cem o sistema e a falta de medidas preventivas an-

teriores aumentam as chances da ocorrência de

desabastecimento. Se as previsões de falta de

chuva na região Sudeste se confirmarem, no final

de março, o esgotamento dos reservatórios es-

tará concluído em três ou quatro meses.

No dia 27 de fevereiro, um mês após o início da

campanha de redução de 30% do consumo de

água, o sistema Paraopeba, que abastece a RMBH,

opera com 30,3% de sua capacidade. Na primeira

medição, estava com 29,9% da sua capacidade.

O reservatório do Sistema Serra Azul, que está em

pior situação, passou de 5,73% para 8,9% no pe-

ríodo. No Rio Manso, houve ligeira redução de

45,06% para 43%. Já o Várzea das Flores, que ini-

ciou a série com 28,31% da sua capacidade, atingiu

29,9%. A vazão do Rio das Velhas caiu de 25 para

21,1, na mesma base comparativa.

“Diferente do que se pensa, 80% da clientela da

Copasa é composta por consumidores domésti-

cos, tornando fundamental a participação de toda

a população nos esforços pela economia”, afirma

a engenheira.

Segundo a presidente, a companhia tem estudado

formas para amenizar as consequências da redução

de consumo por parte da população, como a dimi-

nuição de custos e perdas. A Copasa também ana-

lisa uma revisão tarifária e a possibilidade de adotar

mecanismos tarifários de contingência, que depen-

dem de aprovação da Agência Reguladora de Servi-

ços de Abastecimento de Água e de Esgotamento

Sanitário do Estado de Minas Gerais (ARSAE).

Enquanto aguarda a declaração de situação crítica

de escassez de recursos hídricos, a Copasa também

tem intensificado a contratação de caminhões pipa

e a perfuração de poços artesianos, nas regiões

mais críticas, para atendimentos emergenciais. Há,

estudos, também, para definir novas fontes de cap-

tação na RMBH.

Sinara Meireles Chenna, presidente da Copasa

Agen

cia

Min

as

Sem chuva , sem água

Page 43: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Apresentado em 25 de fevereiro, o Plano de Energia e

Mudanças Climáticas (PEMC) de Minas Gerais, elabo-

rado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, por

meio da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam),

prevê a execução de 64 ações para enfrentar os efeitos

agressivos do clima.

As medidas, muitas delas já em andamento, foram sub-

divididas em seis grandes grupos (Energia, Agricultura,

Florestas e outros Usos do Solo, Transportes, Indústria

e Resíduos). Se aplicadas, vão gerar redução entre 17%

a 20% das emissões dos gases de efeito estufa até 2030.

Se as ações propostas não forem adotadas, as emissões

de gases de efeito estufa aumentarão em 60%, com pre-

juízo de R$ 450 bilhões para a economia do Estado. A

temperatura deve crescer entre 2°C e 4°C até 2030,

variando conforme a região e a estação do ano.

43

Rio das Velhas,alças e comportas fechadas

Div

ulga

ção

‑ Cop

asa

Respostas as variações climáticas

Page 44: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

44

METAS POR SETOR

AGROPECUÁRIA

Destaca-se o Programa Estadual de Recuperação de Pas-

tagens Degradadas, que visa revigorar campos a partir da

agricultura e da pecuária bovina, melhoria da produção e

uso dos dejetos da pecuária no solo como fonte de nu-

trientes ao invés de armazenar como resíduos. Serão prio-

rizadas as tecnologias propostas pelo Plano Agricultura de

Baixo Carbono (ABC). Entre outras ações, também estão

o melhoramento genético, redução da emissão de metano

dos ruminantes e o uso sustentável de florestas plantadas.

FLORESTAS E USO DO SOLO

Revisão e ampliação do Plano Estadual de Fomento Flo-

restal, uma estratégia integrada de prevenção e combate

ao desmatamento em Minas Gerais, abordando todos os

biomas presentes no Estado. A ampliação do programa de

Prevenção e Combate a Incêndios Florestais (Previncên-

dio) é outra ação de destaque.

INDÚSTRIA

O Programa Estadual de Eficiência Energética (PEEE) é o

carro-chefe. A iniciativa vai promover projetos de eficiên-

cia energética dentro das indústrias e articular medidas

com possíveis linhas de financiamento por meio de incen-

tivos fiscais, tributários, creditícios ou outros benefícios

governamentais adicionais a serem definidos. Entre outras

ações, destaca-se a proposta de diferenciação tributária

para tecnologias de baixo carbono e a substituição gradual

de fontes energéticas com alto fator de emissão de gases

de efeito estufa.

ENERGIA

Ampliar o uso de tecnologias de aquecimento solar e a

geração de energia fotovoltaica, bem como de produtos

eficientes e de baixo carbono, é uma das principais inicia-

tivas para diversificar a matriz energética e aumentar a efi-

ciência na utilização dos recursos disponíveis. Outras

ações relevantes são o fortalecimento do programa Ener-

gias de Minas, com o incentivo da produção de energia

elétrica a partir das fontes solar, eólica, biogás e biomassa,

e a criação de um projeto de incentivos para a produção

de bioquerosene de aviação e etanol.

RESÍDUOS E EFLUENTES

Criação do Fundo Estadual de Resíduos Sólidos para re-

gular a geração, redução, reutilização, reaproveitamento,

reciclagem, tratamento e destinação final adequada dos

resíduos sólidos. Entre as ações complementares está o

fomento ao aproveitamento, inclusive energético, da ma-

téria orgânica, e o incentivo à indústria de reciclagem.

TRANSPORTES

O estudo de viabilidade econômica e ambiental para im-

plantação de ciclovias nas marginais das rodovias esta-

duais é uma das principais ações. Outras medidas são a

ampliação e potencialização do Programa de Incentivo

à Renovação da Frota de Caminhões e a criação de estí-

mulos econômicos para aquisição de veículos híbridos

e elétricos.

ÁGUA & ENERGIA

Page 45: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

R E S P E I T O A O M E I O A M B I E N T E É U M D O S N O S S O S V A L O R E S .

Á G U A L I M P A E T R A T A D A É O N O S S O C O M P R O M I S S O .

A CBMM tem um grande respeito pela natureza e principalmente pela água que utiliza. Localizada em Araxá, a companhia recircula hoje 95%da água usada em seus processos de produção. Investindo continuamente em tecnologia e controle de qualidade, a CBMM espera alcançar a marcade 98% nos próximos dois anos. Esse é um compromisso com o meio ambiente e com o futuro. CBMM. Aqui tem nióbio. cbmm.com.br

Page 46: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

JOVEM ENGENHEIRO | DANIEL TÁVORA DE CASTRO QUEIROZ

46

Uma profissão que permite diversos campos de atuação

Oengenheiro civil

Daniel Távora de

Castro Queiroz,

38 anos, gra-

duado pela Ponti-

fícia Universidade Católica de Minas

Gerais (PUC Minas), em 2001, e pós-

graduado em Produção Civil pela

Fumec, sempre pensou em ser enge-

nheiro mecânico, para seguir a pro-

fissão do pai. Mas, na época do

vestibular, ao invés das máquinas, ele

começou a apreciar mais a área de

construção.

Ele conversou com os pais sobre

a mudança de rota e recebeu o

incentivo necessário para seguir

em frente. A escolha deu certo. O

engenheiro considera a sua pro-

fissão completa, o que abre por-

tas para uma variedade de

atuações, no decorrer da carreira

profissional.

“Um engenheiro civil pode incluir no

seu currículo experiências diversas

em projetos de estradas, ferrovias,

pontes, edifícios, barragens, sanea-

mento, etc, que contribuem de forma

decisiva para o desenvolvimento so-

cioeconômico das cidades, por meio

da melhoria da qualidade de vida e

saúde da população e também da in-

fraestrutura”, enumera.

No período de estágio, Daniel Queiroz

participou de obras importantes como

a construção do edifício da Fiat, em

Nova Lima; o galpão dos Correios, no

Anel Rodoviário e, ainda, a ampliação

da estrutura do Minas Tênis Clube. Du-

rante as férias, ele sempre procurava

algum “programa” na área de Engenha-

ria e, assim, acompanhou um pouco das

obras da Barragem Serra de Mesa, em

Minaçu (GO), da Ferrovia Transnordes-

tina (CE) e de uma estação de trata-

mento de esgoto em Araruama (RJ).

Aprender não tem limites para o

engenheiro que iniciou sua car-

reira no Grupo Pádua, uma das

maiores fábricas de pré-moldados

do Brasil. “Aprendi muito sobre lo-

gística e otimização de processos”,

ressalta. Depois, por quatro anos,

ele esteve na Concentual Constru-

ções Ltda., que tem um contrato

com a Petrobras para reforma e

construção de revendas de com-

bustível no Estado.

Depois, Daniel Queiroz recebeu um

convite para trabalhar na Constru-

tora Camargo Corrêa, onde está há

sete anos. Entre os projetos dos

quais participou está a obra de sa-

neamento para a Aguas y Sanea-

mientos Argentinos (AYSA), onde

passou quatro anos, no país vizinho.

Lá, ele respondeu pela execução de

aproximadamente 30 mil metros

cúbicos de concreto armado.

Page 47: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Mas a experiência não foi apenas téc-

nica. “O tempo que passei na Argen-

tina foi muito produtivo em todos os

sentidos. Além de trabalhar em um

grande projeto, com significativos vo-

lumes de concreto e movimentação

de terra, fiquei fluente em mais um

idioma”, comenta.

Atualmente, Daniel Queiroz traba-

lha em outra obra de saneamento,

como responsável pela execução de

50 km de redes interceptoras, 15

km de redes de esgotos e cinco es-

tações elevatórias para coleta na re-

gião de Ibirité, na Estação de

Tratamento de Esgoto (ETE) locali-

zada na mesma cidade.

Construir uma carreira de sucesso é

o desejo de todo profissional. Para o

engenheiro, esse é um projeto con-

tínuo ao qual ele dedica tempo e

energia para manter-se atualizado

em inovações tecnológicas e nos

conteúdos que serão exigidos nos

próximos projetos. “A Engenharia é

uma profissão que exige muita dis-

ponibilidade do profissional em se

adaptar às mudanças inerentes ao

ramo da construção”, explica.

A técnica não é tudo, em Engenharia.

O profissional precisa gostar do que

faz para diferenciar-se dos demais.

Queiroz não esconde o prazer que

tem em trabalhar na área “Sou com-

prometido com minhas metas e pra-

zos. Busco soluções rápidas,

eficientes e econômicas para os pro-

jetos”, destaca. Como o engenheiro

não trabalha sozinho, Queiroz tam-

bém exercita diariamente a capaci-

dade de trabalhar em equipe e de

escutar outras opiniões para somar

resultados. Os problemas são consi-

derados já no processo de planeja-

mento, para evitar surpresas que pos-

sam causar atrasos ou prejuízos.

Para quem está começando o curso

de Engenharia Civil ou pretende in-

gressar na área, ele apresenta alguns

argumentos “de peso”. “É preciso

fazer um curso bem feito. Todas as

disciplinas, mais cedo ou mais tarde,

serão importantes durante a vida

profissional. Nos estágios, é impor-

tante aproveitar ao máximo o con-

tato com pessoas mais experientes,

como os engenheiros, encarregados

e outros profissionais que puderem

somar”, sugere.

Casado e pai, o engenheiro gosta de

sair com a família nos momentos de

lazer, mas, como todo bom atleti-

cano, ele não dispensa um jogo de

futebol.

47

A Engenharia é umaprofissão que exigemuita disponibilidadedo profissional em seadaptar às mudançasinerentes ao ramo daconstrução

Page 48: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Murilo Valadares - Secretaria de Estado de Transportes e Obras Públicas

Engenheiro civil formado pela UFMG. Com extensa experiência no

setor público, ocupou os cargos de administrador regional, diretor da

SLU, superintendente da Sudecap e secretário de Políticas Urbanas de

Horizonte. Foi, também, secretário Municipal de Obras e Infraestrutura

da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

João Cruz Reis Filho - Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária

e Abastecimento

Engenheiro agrônomo, é mestre e doutor em Genética e Melhoramento pela

Universidade Federal de Viçosa (UFV). Como fiscal federal agropecuário do

ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, chefia a assessoria

de gestão estratégica do orgão.

Altamir Rôso - Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico

Engenheiro, economista e empresário, ele preside a regional Vale do Rio

Grande da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg),

em Uberaba, com uma atuação dinâmica à frente de sindicatos como o

Sinduscon Uberaba, CIGRA e, desde 2010 ocupa a presidência da FIEMG

Regional Vale do Rio Grande. Ele teve papel decisivo na conquista do gaso-

duto para Uberaba.

GESTÃO PÚBLICA

48

Engenheiros no primeiro escalão do governo Pimentel

O primeiro escalão do governo do Estado de Minas Gerais tem, na sua composição, seisengenheiros em diferentes secretarias e empresas. Devido ao processo de auditoriainstaurado logo no início da gestão, o governador Fernando Pimentel (PT) tem evitadofalar de planos e projetos para os próximos quatro anos de mandato.

CONHEÇA OS ENGENHEIROS QUE ESTÃO NA LINHA DE FRENTE DA ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL

Page 49: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Mário Spinelli - Controladoria-Geral do Estado

Engenheiro civil e matemático, mestre em Administração Pública pela Fun-

dação João Pinheiro (FJP) e pós-graduado em Engenharia de Segurança

do Trabalho pela Universidade Federal Fluminense. Foi controlador-geral

do município de São Paulo e é servidor concursado da Controladoria-

Geral da União (CGU), onde foi secretário de Prevenção da Corrupção

e Informações Estratégicas. Integrou o Conselho de Controle de Ativida-

des Financeiras (Coaf), órgão do ministério da Fazenda.

Marco Antônio Castello Branco - Presidência da Companhia de Desenvolvimento

Econômico de Minas Gerais (Codemig)

Engenheiro Metalurgista formado pela Universidade Federal de Minas Gerais

(UFMG), é especialista e doutor em siderurgia pela Faculdade de Engenharia

de Minas, Metalurgia e Mecânica da Universidade Técnica de Clausthal, Ale-

manha. Fez carreira na iniciativa privada, assumindo a presidência da Man-

nesmann do Brasil no ano 2000, após fusão da empresa com o grupo

francês Vallourec. De 2004 a 2008, integrou a alta administração do grupo

na França e também foi diretor-presidente da Usiminas de 2008 a 2010.

Sinara Meirelles - Presidência da Companhia de Saneamento

de Minas Gerais (Copasa)

Engenheira civil formada pela UFMG, foi superintendente de Limpeza Urbana

da prefeitura de Belo Horizonte entre 2005 e 2009. Integrou o Conselho

Municipal de Meio Ambiente de Belo Horizonte.

49

Sávio Souza Cruz - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

Engenheiro metalúrgico e especialista em Engenharia Ambiental, é gra-

duado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele licenciou-

se do quarto mandato consecutivo como deputado estadual para

assumir a Secretaria. Anteriormente, foi secretário de Estado de Plane-

jamento e, posteriormente, de Recursos Humanos e Administração no

governo Itamar Franco (1999-2002). Foi professor de Química e Física

da rede de ensino privado e de Engenharia Ambiental da PUC Minas.

Page 50: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Instituída no final de 2012 pelo Conselho Regional de En-

genharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-Minas), a Câ-

mara de Mediação e Arbitragem (CMA) teve a sua atuação

ampliada para todas as regiões do Estado, com opções de

Conciliação, Mediação e Arbitragem e Comitê de Resolu-

ção de Disputas (DRB). O agendamento dos serviços

pode ser feito nas inspetorias da instituição.

Em dois anos de atividades, a CMA/Crea-Minas obteve ín-

dice de satisfação dos usuários em mais de 90% para a re-

solução mais rápida de conflitos judiciais que envolvem as

profissões da área tecnológica - Engenharia, Agronomia,

Geologia, Geografia e Meteorologia – com objetivo de evi-

tar que os casos se transformem em processo judicial.

Através da conciliação, o tempo médio para a solução dos

casos é de 63 dias, sendo que o fator maior de morosi-

dade é o contato com as partes envolvidas. “A ideia é ofe-

recer um espaço neutro onde as pessoas possam

conversar e, com o auxílio de um conciliador técnico ou

um mediador, resolver uma questão sem a necessidade de

abertura de um processo no Judiciário. Atuamos de forma

direta acrescentando mais essa prestação de serviços aos

profissionais e à sociedade”, explica o presidente do Crea-

Minas e engenheiro civil, Jobson Andrade.

A conciliação e a mediação são procedimentos amigáveis

cujos protagonistas são as próprias partes. O presidente

da CMA Crea-Minas, engenheiro civil Clémenceau Chiabi

Saliba Jr., afirma que, se não houver a solução do conflito

nessas duas esferas, os envolvidos podem optar pela Ar-

bitragem.

Regulada pela Lei Federal nº. 9.307/96, a Arbitragem per-

mite às partes a escolha de uma terceira pessoa, indepen-

dente e imparcial, especialista no tema do conflito em

questão, denominada Árbitro, para resolver o impasse de

maneira definitiva, sem recursos protelatórios tão comuns

CREA | SERVIÇO

50

Câmara de Mediação e Arbitragem do Crea‑Minas amplia sua atuação

Presidente do Crea-Minas e engenheiro civil, Jobson Andrade

Page 51: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

51

no judiciário. Caso não exista consenso entre os envolvi-

dos na escolha de um único Árbitro, pode ser formado

um Tribunal Arbitral composto por três árbitros.

Além de garantir rapidez e sigilo, uma das vantagens des-

ses serviços é oferecer às partes a oportunidade de po-

derem escolher as regras que vão utilizar e os prazos

que serão necessários. Outro benefício do procedimento

é o fato dele poder ser resolvido por especialistas da

área do conflito que, consequentemente, resultará em

um julgamento mais seguro na parte técnica.

Segundo levantamento da CMA/Crea-Minas, a maioria

dos conflitos que chegam até a Câmara são da área de

Engenharia Civil, com prevalência de casos de inadim-

plência contratual, vícios construtivos, perdas e danos, e,

ainda, discordâncias decorrentes de obras vizinhas.

O Comitê de Resolução de Disputas, mais conhecido

pela sigla DBR é muito utilizados em grandes obras no

mundo todo e considerado um instrumento de van-

guarda. “São comitês criados no início de um projeto,

composto por três profissionais capacitados da indústria

e da construção, que atuam na resolução de conflitos em

tempo real”, destaca. Na prática, eles se reúnem mensal-

mente na obra, fazem recomendações ou decidem todas

as disputas pontualmente.

Dessa forma, os conflitos não se acumulam até se trans-

formarem em disputas judiciais. O objetivo dessa ferra-

menta é garantir que o contratado não paralise os

serviços e que o contratante continue quitando as par-

celas, para garantir a entrega da obra no prazo estipu-

lado.

DEFENSORIA PÚBLICA

Os processos de conciliação instaurados junto à Câmara

de Mediação e Arbitragem do Crea-Minas contam, desde

2014, com os serviços da Defensoria Pública do Estado

de Minas Gerais.

O órgão presta assistência jurídica aos procedimentos

de conciliação nos litígios que envolvam, direta e indire-

tamente, as áreas tecnológicas, possibilitando a assistên-

cia de um defensor público para a defesa da parte que

não possui advogado. O convênio é inédito no Brasil e

objetiva evitar desequilíbrio jurídico entre os envolvidos,

visto que nem todos usuários da CMA possuem condi-

ções de arcar com as despesas de um advogado.

Presidente da CMA Crea-Minas, engenheiro

civil Clémenceau Chiabi Saliba Jr.

Page 52: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Considerada um dos carros chefes e

“termômetro” da economia nacional, a

indústria automobilística amargou em

2014 o seu pior resultado, nos últimos

cinco anos. Segundo dados da Associação

Nacional dos Fabricantes de Veículos Au-

tomotores (Anfavea), a produção teve

queda de 15,3%, no em relação ao exer-

cício anterior. A situação não ficou dife-

rente para as empresas de máquinas

agrícolas e rodoviárias, que também tive-

ram perda de 17,4%. No caso das expor-

tações, o percentual da retração ficou em

30,4% na mesma base comparativa.

Duas inaugurações de plantas em

2014, uma da Nissan, em Resende (RJ)

e outra da Chery, em Jacareí (SP) são

parte da estratégia adotada pelo go-

verno federal no seu Programa de In-

centivo à Inovação Tecnológica e

Adensamento da Cadeia Produtiva de

Veículos Automotores (Inovar-Auto).

Criado em 2012, o plano visa fortale-

cer a indústria nacional, por meio da

estratégia de conteúdo local, que

exige que as empresas ampliem o de-

senvolvimento e a produção de insu-

mos, peças e veículos no país.

Além de elevar a competitividade da

indústria nacional, reduzindo o per-

centual de 25% de players internacio-

nais no setor, a medida também deve

gerar mais postos de trabalho. “Todos

os países têm alguma legislação do gê-

nero, mais ou menos às claras”, ob-

serva. No Japão, por exemplo, o

mercado é fechadíssimo, com apenas

5% para os importados.

O programa também tem meta am-

biental e social. Uma delas é que o

consumo médio dos novos modelos

seja de 17,26 km/litro de gasolina ou

11,96% km/litro de etanol, o que

reduz a emissão de CO2 na atmosfera

- um desafio a ser vencido pelo setor

– e economia média anual de R$

1.150 para o consumidor, em relação

aos padrões atuais e em menos CO2

circulando na atmosfera.

Em investimentos, a previsão até 2016

é de R$ 14 bilhões, com expectativa

de abertura de outras oito fábricas. O

que explica essa migração de multina-

cionais do setor para o solo brasileiro

é o tamanho do mercado, como ex-

plica o engenheiro, jornalista e consul-

tor especializado na indústria

automobilística, Fernando Calmon.

A favor dessa transferência está a pro-

ximidade com o quarto maior do

mundo. Mas, na contramão, a produti-

vidade do setor está em queda no

país. O México ultrapassou o Brasil e

52

SETOR AUTOMOTIVO

Indústria automobilísticanacional se prepara paranovo cenário econômico

Page 53: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

ocupa a sétima posição nacional. As

condições para exportação também

não estão entre as melhores, devido a

fatores que são velhos conhecidos da

indústria nacional: valorização do

dólar frente ao real, Custo-Brasil (leia-

se carga de impostos e custos traba-

lhistas) e deficiência logística.

Depois da má notícia, vem a boa. Em-

bora as expectativas para o setor

sejam bem cautelosas em relação a

este ano, a retomada de crescimento

deve acontecer a partir de 2017.

“Houve um “boom” em oito anos e o

mercado mais que dobrou. O cresci-

mento foi muito rápido e contou com

a ajuda do governo mas enquanto a si-

tuação econômica do país não melho-

rar, fica difícil investir”, ressalta.

“O Brasil entrou nessa corrida pela

eficiência dos veículos atrasado. Os

motores estavam defasados e os pra-

zos para pesquisa e desenvolvimento

(P&D) do Inovar-Auto são curtos.

Conseguir isso sem inviabilizar o

preço do produto e o potencial do

mercado brasileiro é outro desafio a

ser vencido”, enfatiza. Outras metas

do programa são veículos mais leves

e sustentáveis.

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

Para Calmon, o Inovar-Auto abre es-

paço para que as empresas reforcem

o seu “time” de engenheiros. “Pode

ser o momento de reconquistar pro-

fissionais que migraram para outras

áreas de atuação”, projeta. Com isso,

o mercado de trabalho volta a ser

promissor para esses profissionais já

que há metas a serem cumpridas para

alcançar os benefícios do Inovar-Auto.

Entre as novidades que podem chegar

ao país estão os motores com três ci-

lindros, que já estão nas linhas de pro-

dução europeias.

O motor flex, uma criação genuina-

mente brasileira, não deve ser substi-

tuído, já que a tecnologia é muito bem

aceita no país, onde o etanol tem vanta-

gem imbatível na emissão de gases de

efeito estufa, 80% menor que a gasolina.

“Essa é uma vantagem competitiva da in-

dústria, mas a melhoria da eficiência dos

veículos dependerá da Engenharia”, ar-

gumenta o consultor.

Engana-se quem pensa que o plano

de fomentar o parque industrial au-

tomobilístico brasileiro é um erro.

Segundo Calmon, o mercado nacio-

nal ainda é considerado imaturo,

quando se considera que a taxa

média de ocupação dos veículos é de

5 habitantes, sem contar as motoci-

cletas. Na vizinha Argentina, esse nú-

mero cai para 3,5.

O trânsito caótico das grandes capi-

tais amedronta, mas há espaço para

novos negócios, nas médias e peque-

nas cidades. “A perspectiva é boa

porque a população é grande, a base

industrial estará razoavelmente bem

montada e o consumidor gosta e

precisa do produto”, conclui.

53

Fernando

Calmon,

Engenheiro,

consultor

especializado

na indústria

automobilística

Page 54: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

A indústria automobilística está em período de “stand by”mas tem trabalhado arduamente para manter-se competi-

tiva. Revisão de custos e processos, inovação e lançamento

de novos modelos estão entre os desafios aos quais as em-

presas têm se dedicado desde 2013.

Segundo o diretor de Planejamento e Estratégia do Produto

da Fiat Chrysler Automobiles (FAC) para a América Latina,

Carlos Eugênio Dutra, a empresa está em meio ao maior ciclo

de investimentos de sua história no Brasil, com aporte de R$

7 bilhões previstos para o período de 2011-2016 visando a

modernização da fábrica e o desenvolvimento de novos pro-

dutos. Sem dar detalhes, ele adianta que, em dois anos, serão

apresentados ao mercado quatro novos veículos.

O Centro de Pesquisa & Desenvolvimento Giovanni

Agnelli, que engloba o Design Center, as Engenharias

de Projeto de Veículo e Motopropulsor, a Engenharia

Experimental e a Engenharia Powertrain tem uma

equipe de 1500 profissionais que capacitam a Fiat Au-

tomóveis com toda a tecnologia necessária para pro-

jetar integralmente um veículo no Brasil. “O

know-how do Centro de P&D é comparável com o

que há de mais avançado no mundo e representa um

ganho de competitividade para a empresa”, destaca.

Desde o lançamento do primeiro veículo no Brasil, a

empresa vem apresentando ao mercado soluções pio-

neiras ao desenvolver carros econômicos, inteligentes

no aproveitamento de espaço, com motores pequenos

e potentes.

Nessa lista está o Fiat 147, lançado em 1976, o primeiro

carro com motor transversal do país. Três anos depois,

a fábrica inovou com o veículo movido a etanol produ-

zido em série. Na sequência, vieram o modelo popular

com motor 1.0; a família de motores Fire, mais leves e

econômicos e, ainda, o Siena Tetrafuel, que é o único ali-

mentado por quatro combustíveis.

54

Fiat aposta em inovação para se manter competitiva

Dilv

ulg

ação

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o

SETOR AUTOMOTIVO

MODEL SHOP

Carlos Eugênio Dutra,

Diretor de Planejamento

e Estratégia do Produto

da Fiat Chrysler

Automobiles (FAC)

LABORATÓEMISSÕES E

Page 55: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

A versão Evolution do Novo Uno, lançado em 2014,

trouxe o Start&Stop pela primeira vez em um veículo na-

cional. Esse recurso “verde” de última geração desliga e

religa o motor automaticamente. Uma redução de até

20% no consumo de combustível pode ser verificada com

o sistema ligado, principalmente nas paradas constantes,

comuns no trânsito das grandes cidades. O sistema tam-

bém reduz significativamente a emissão de gases.

Um importante conceito que tem direcionado as pesquisas

para o desenvolvimento de modelos mais econômicos e

eficientes é a melhoria do coast down (leia-se resistência

total ao deslocamento). Para tanto, são criadas soluções

para diminuir o atrito do pneu com o solo (pneus verdes),

o atrito da carroçaria com o ar e até diminuir as rotações

do motor, através de relações de marchas mais longas.

Menor atrito demanda menos potência do motor para

deslocar o veículo e, consequentemente, menor consumo

de combustível com ganhos para o meio ambiente. Atual-

mente, 80% dos veículos da Fiat em produção já têm

pneus de baixa resistência a rolamento (pneus verdes).

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Outro importante investimento para a melhoria da efi-

ciência energética é o uso de “materiais verdes”, como os

reciclados e aqueles confeccionados com matérias-primas

renováveis como óleos vegetais, polímeros verdes, biopo-

límeros e fibras vegetais.

“Atualmente, dispomos de uma série de materiais

verdes empregados em diversas funções do veículo

como, por exemplo, óleo de soja na produção de es-

puma dos bancos e fibras vegetais como reforço em

componentes de acabamento. Os materiais reciclados

estão presentes nos isolamentos acústicos, feitos a

partir de resíduos da indústria da moda, e nas prote-

ções do vão de roda e nos reparos aerodinâmicos,

produzidos com plástico reciclado”, enumera.

A eficiência energética está presente também no pro-

jeto do carro elétrico. Em 2006, a FCA iniciou parce-

ria com a Itaipu Binacional para o desenvolvimento

do Palio Weekend Elétrico com bateria de cloreto de

sódio. Já foram produzidas 66 unidades do protótipo

em uso pelos parceiros do projeto, como as conces-

sionárias de energia elétrica, com foco na capacitação

de profissionais e no desenvolvimento de kow-how.

A melhoria de processos é parte dos investimentos

realizados pela empresa. Desde 1994, a Fiat registra

queda contínua dos indicadores de consumo de água

e de energia, por veículo produzido. No período, para

cada veículo produzido, o consumo de energia elé-

trica caiu 55%. Já o consumo de água teve queda de

68%. A água na planta de Betim é recirculada em 99%.

“Na prática, significa a quase eliminação da captação

da água potável da rede pública para o uso industrial”,

afirma.

Divu

lgaç

ão F

iat.

CENTRO DE CONSTRUÇÃODE PROTÓTIPOS

ÓRIO DEE CONSUMO

Page 56: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

Pedra de Maria da Cruz, Varzelândia e

Virgem da Lapa integram a listagem

dos 680 municípios atendidos pela

Companhia de Saneamento de Minas

Gerais (Copasa), para serviços de

abastecimento de água potável. No

entanto, nas três localidades, a falta

desse bem natural é um problema his-

tórico que compromete a saúde da

população e o desenvolvimento so-

cioeconômico.

Mas a situação está mudando. Por

meio de um convênio firmado entre

o governo de Minas Gerais, via Coor-

denadoria Estadual de Defesa Civil

(Cedec) e a Coca-Cola FEMSA Brasil,

os três municípios foram contempla-

dos com o programa “Água - Plantas

Potabilizadoras”, que transforma água

salobra e rica em calcário em alimento

para o consumo humano.

Os três municípios foram escolhidos

pela CEDEC-MG depois de análise de

pré-requisitos como o Índice Mineiro

de Responsabilidade Social (IMRS), o

chamado IDH mineiro, conjugado

com dados populacionais, PIB e nú-

mero de internações por doenças

causadas pela ingestão de água não

apropriada para o consumo humano.

Em Varzelândia, o sistema que teve iní-

cio com a instalação da planta potabi-

lizadora já inclui um caminhão pipa e

40 cisternas com capacidade de arma-

zenamento de 8 mil litros de água po-

tável. A comunidade de Lagoinha,

distante 20 km da sede do município,

onde moram 145 famílias carentes é

um dos povoados beneficiados pelo

equipamento.

A meta do município é espandir o

projeto para mais 120 famílias. “A má-

quina também fabrica oxidantes mis-

tos que são colocados nas caixas

d’água des escolas e unidades de

saúde, para potabilizar a água usada

nesses locais. O secretário municipal

de Obras da cidade e técnico em En-

genharia, José Airton Leite da Cruz,

afirma que o programa “Plantas Pota-

bilizadoras” atende a uma demanda

histórica do município. “O caminhão

será abastecido com a água da má-

quina, para que mais pessoas recebam

água potável em casa”, declara. Sem a

parceria com a Coca Cola FEMSA,

afirma, o município não teria condi-

ções financeiras para adquirir o equi-

pamento que corrigiu o Ph da água.

Para aumentar o acesso da população

à água potável da “Planta Potabiliza-

dora”, a prefeitura de Virgem da Lapa

manifestou o interesse em ampliar a

tubulação para outras comunidades.

No local onde a máquina foi instalada,

existe estrutura para abastecer casas

do município.

O prefeito Harley Lopes Oliveira

disse que o programa tem mudado a

qualidade de vida das pessoas. Nascido

e criado na região, Evelino Batista de

Moura também agradece a parceria

com a Coca-Cola FEMSA que possi-

bilitou a instalação do equipamento e

a chegada de água tratada para o con-

sumo da comunidade. ‘É um grande

presente para todos os moradores”,

justifica.

Em Pedras de Maria da Cruz, será ins-

talado um loteamento em frente ao

local onde a máquina foi instalada, com

casas para 20 famílias. A prefeitura

também levará os oxidantes mistos

produzidos pelo equipamento até ou-

tras caixas d’água mais distantes, onde

o sistema não chega.

Morador do município, Adilson Mar-

tins Canabrava, 51 anos, já foi subme-

tido a cirurgia para retirar cálculo na

vesícula. Esse é um problema recor-

rente na região. “As crianças terão

uma saúde melhor na idade adulta”,

projeta.

RESPONSABILIDADE SOCIAL

56

Parceria público‑privada ajudamunicípios a solucionar problemasde abastecimento de água

Page 57: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

COMPROMISSO SOCIAL

O programa Plantas Potabilizadoras é uma entre várias ini-

ciativas da Coca-Cola FEMSA para atender a comunidades

carentes, nas regiões onde a empresa está presente. No caso

de Minas Gerais, a nova fábrica, em construção na cidade de

Itabirito mediante aporte de US$ 258 milhões, deve ser inau-

gurada ainda em 2015.

A porta-voz da empresa, Ana Flávia Rodrigues, reafirma que

o mais importante na parceria firmada com a CEDEC é a

oportunidade de encontrar soluções perenes e eficazes para

atender a comunidades que necessitam de água potável. “Sa-

bemos que haverá redução nos casos de doenças causadas

pela ingestão da água sem tratamento adequado também”,

explica.

Para ela, a ideia central do projeto - converter água impró-

pria para o consumo em água potável - demonstra a sensi-

bilidade da Coca-Cola FEMSA Brasil em relação aos

problemas que comprometem a qualidade de vida da popu-

lação ainda hoje.

Para esse projeto, a empresa investiu aproximadamente R$

1,4 milhão, o que inclui as três máquinas potabilizadoras fixas

e outras duas, móveis que são usadas pela CEDEC em caso

de enchentes. Em 2014, foram doados mais três caminhões-

pipa, 120 cisternas e três caixas d’água ao CEDEC, o que au-

menta para 20,9 mil o número de pessoas atendidas.

Os equipamentos importados pela Coca-Cola FEMSA Brasil

são fabricados pela empresa norte-americana Miox e usam

a mistura de sal comum, água e energia para gerar produtos

químicos desinfetantes na quantidade necessária para aten-

der a demanda de água pela população.

A cada segundo de uso é purificado um litro de água, o que

permite atender a mais de 4.500 pessoas por dia em situa-

ção de catástrofe natural. A operação e manutenção das má-

quinas são de baixo custo. Os oxidantes mistos produzidos

pela máquina são levados para caixas d’água de escolas, uni-

dades de saúde e casas mais distantes, para purificação do

recurso natural.

57

O sistema que teve início com a instalação da planta

potabilizadora já inclui um caminhão pipa e

40 cisternas com capacidade de armazenamento

de 8 mil litros de água potável.

Entenda a tecnologia das máquinas potabilizadoras

Page 58: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

PRÊMIO SME | CIÊNCIA ,TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

58

SME abre inscrições para o 23º Prêmio Ciência,Tecnologia e Inovação em parceria com a FIEMG

Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais – Miguel Corrêa

“Premiar trabalhos técnico-científicos é uma das mais nobres iniciativas para valorizar

a educação. O prêmio da Sociedade Mineira de Engenheiros (SME) de Ciência, Tecnologia e

Inovação tem o papel de reconhecer e enaltecer jovens promissores das áreas de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia. Valorizar o trabalho destes estudantes é uma forma de estimular

novas pesquisas e avançar na inovação. Como secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e

Ensino Superior, parabenizo a Sociedade Mineira de Engenheiros por esta ação e garanto que

o Governo de Minas está empenhado na luta para uma educação melhor para os mineiros,

pois sabemos que o conhecimento é capaz de transformar o mundo”.

Presidente da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg)e do Conselho Deliberativo

do Sebrae Minas – Olavo Machado

“Inovação e tecnologia são e sempre serão diferenciais estratégicos e decisivos na disputa e

conquista de mercados pelas empresas, especialmente em face da crescente globalização e do

acirramento da concorrência – e em um cenário de grave crise, como o que vivemos desde

2008, o desafio é ainda maior. Por todas estas razões, com satisfação e entusiasmo, a Fiemg apoia

a Sociedade Mineira de Engenheiros na realização da 23ª. Edição do Prêmio SME de Ciência,

Tecnologia e Inovação. Trata-se, ademais, de iniciativa que contribui fortemente para a integração

universidade/empresa e, também, para aproximar os estudantes do dia a dia das empresas”.

Vice-presidente da SME – Marita Arêas Tavares

“O Prêmio Ciência e Tecnologia, criado pela SME, em 1992, por iniciativa do então diretor, engenheiro

Rodrigo Paiva, da Paiva Piovesan, já na sua 23ª. edição, agregou mais recentemente à sua marca,

a Inovação, complementando o tripé que dá sustentabilidade ao desenvolvimento econômico e

social tão necessários à evolução da sociedade.

Com o objetivo de incentivar os alunos dos cursos de graduação em Engenharia, Arquitetura e

Agronomia, a premiação dos melhores trabalhos técnico-científicos não se limita a um atrativo in-

centivo financeiro, ou menções honrosas e Certificados de participação. Mas, constitui uma vitrine

de oportunidades que poderão ser oferecidas pelas empresas e instituições apoiadoras do Prêmio,

dependendo do interesse das mesmas, segundo o enfoque dos trabalhos apresentados. Esta pre-

miação dá maior visibilidade de competências em currículos de futuros profissionais, podendo operar

mudanças muito positivas na vida daqueles que souberem tirar proveito dessa grande oportunidade”.

Depoimentos

A Sociedade Mineira de Engenheiros, SME está preparando a

edição do 23ºPrêmio SME de Ciência, Tecnologia e Inovação,

em parceria com a Federação das Indústrias de Minas Gerais

(FIEMG). A premiação é dirigida a estudantes regularmente

matriculados nos cursos de graduação das áreas de Engenha-

ria, Arquitetura e Agronomia em Instituições Regulares de En-

sino Superior do Estado de Minas Gerais. De acordo com o

Regulamento do Prêmio, os trabalhos devem abordar um pro-

blema real ou idealizado, preferencialmente nosegmento in-

dustrial, cuja solução requeira conhecimentos de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia. O candidato poderá concorrer in-

dividualmente ou em grupo com um ou mais trabalhos. Para

os trabalhos apresentados em grupo, poderão participar es-

tudantes de outras profissões, regularmente matriculados em

cursos de graduação de Instituições Regulares de Ensino Su-

perior no Estado de Minas Gerais, desde que o líder do grupo

seja um estudante das profissões de Engenharia, Arquitetura

e Agronomia.

Page 59: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição

FAÇA A ESCOLHA CERTA

Na hora de preencher a ART no

campo (entidade de classe) escolha

a SME - Sociedade Mineira de

Engenheiros através do código 0086.

Assim, você apoia a SME para re-

presentar a engenharia mineira e

oferecer melhores serviços para você!

ART-0086

www.sme.org.brSociedade Mineira de EngenheirosCompromisso com as soluções para um futuro

sustentável da engenharia e bem-estar social.

Page 60: Revista Mineira de Engenharia - 27ª Edição