Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

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Ano 3 | Edição 12 | MARÇO 2012 CÓDIGO FLORESTAL EM DEBATE O Código deve ser votado no 1º semestre de 2012 52 CENÁRIO | ENGENHARIA E A MINERAÇÃO Entrevista com Tito Martins, diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale 30 IMPRESSO ESPECIAL 991 22 55 307- DR/MG SOC. MINEIRA DE ENGENHEIROS DEVOLUÇÃO GARANTIDA CORREIOS CORREIOS IMPRESSO FECHADO PODE SER ABERTO PELOS ECT Artigo sobre Desenvolvimento Sustentável | 16 Engenharia e Inovação | 26 Leia Mais Projeto Ciência sem Fronteiras A SME faz entrevista com a Presidenta Dilma Rousseff Leia mais | 22

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Ano 3 | Edição 12 | MARÇO 2012

CÓDIGO

FLORESTAL EM DEBATE

O Código deve ser

votado no 1º semestre de 2012

52

CENÁRIO | ENGENHARIA

E A MINERAÇÃO

Entrevista com Tito Martins, diretor

executivo de Finanças e Relações

com Investidores da Vale

30

IMPRESSO ESPECIAL

991 22 55 307- DR/MG

SOC. MINEIRA DE ENGENHEIROS

DEVOLUÇÃO GARANTIDA

CORREIOS

CORREIOSIMPRESSO FECHADO PODE SER ABERTO PELOS ECT

Artigo sobre Desenvolvimento Sustentável | 16 Engenharia e Inovação | 26Leia Mais

Projeto Ciência sem FronteirasA SME faz entrevista com a Presidenta Dilma Rousseff

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PRESIDENTE Ailton Ricaldoni Lobo

VICE - PRESIDENTESRonaldo José Lima Gusmão

José Luiz Nobre Ribeiro

Victório Duque Semionato

Alexandre Francisco Maia Bueno

Délcio Antônio Duarte

DIRETORESLuiz Felipe de Farias

Diogo de Souza Coimbra

Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz

Marcílio César de Andrade

Alessandro Fernandes Moreira

José Flávio Gomes

Fabiano Soares Panissi

Janaína Maria França dos Anjos

Normando Virgílio Borges Alves

Clemenceau Chiabi Saliba Júnior

SUPERINTENDENTE José Ciro Mota

CONSELHO DELIBERATIVOMarcos Villela Sant'Anna

Teodomiro Diniz Camargos

Jorge Pereira Raggi

Flávio Marques Lisbôa Campos

Rodrigo Octavio Coutinho Filho

Paulo Safady Simão

José Luiz Gattás Hallak

Alberto Enrique Dávila Bravo

Cláudia Teresa Pereira Pires

Márcio Tadeu Pedrosa

Sílvio Antônio Soares Nazaré

Felix Ricardo Gonçalves Moutinho

Levindo Eduardo Coelho Neto

Fernando Henrique Schuffner Neto

Ivan Ribeiro de Oliveira

CONSELHO FISCALJosé Andrade Neiva

Nilton Andrade Chaves

Carlos Gutemberg Junqueira Alvim

Alexandre Rocha Resende

Wanderley Alvarenga Bastos Junior

Coordenador EditorialRonaldo Gusmão

Projeto Gráfico | DiagramaçãoDepto. Comercial | Vendas Blog Comunicação

Bento Simão 518 | São Bento | BH | MG

(31) 3309 1036 | 9133 8590

Marcelo Fernandes Távora

[email protected]

Jornalista Resposável

Luciana Maria Sampaio Moreira | MG 05203 JP

Tiragem 6 mil exemplares | Bimestral

Distribuição GratuitaVia Correios e Instuições parceiras

PublicaçãoSME - Sociedade Mineira de Engenheiros

Av. Álvares Cabral, 1600 | 3ºandar

Santo Agostinho | BH | MG | CEP:30170-001

Tel. (31) 3292-3962 - [email protected]

Compromisso com Você!

A Sociedade Mineira de Engenheiros, por meio da sua

equipe, tem desenvolvido uma série de trabalhos

para atender cada vez mais e melhor a cada

um dos associados.

Em seus 80 anos de existência, a

SME trabalha para integrar, desen-

volver e valorizar a Engenharia, a

Arquitetura, a Agronomia e seus

profissionais, contribuindo para

o aprimoramento tecnológico,

científico, sócio-cultural e eco-

nômico.

Produtos e Serviços

Em nosso site há uma série de produ-

tos e serviços como cursos, palestras, seminários,

eventos e uma extensa gama de convênios que

você poderá desfrutar.

São descontos de até 20% em academias, empresas auto-

motivas, de artigos de decoração, buffets, clubes, consultó-

rios, cursos de idiomas, empresas de turismo, faculdades,

floriculturas, gráficas, informática, laboratórios, óticas,

planejamento financeiro, seguros, serviços fo-

tográficos, hotéis, beleza e estética, dentre

outros.

Compromisso com o futuro

Aprimoramento profissional e

inovação tecnológica também

têm sido uma das grandes ban-

deiras da SME na busca em ofere-

cer os melhores produtos e

serviços para você e sua família.

Por meio do nosso site: newsletters, re-

vistas, eventos e participação nas redes so-

ciais, a SME tem se tornado, cada vez mais, um

canal aberto para ouvir suas sugestões e para repre-

sentar seu interesse.

Seja um associado da SME

Maiores Informações: www. sme.org.br - Tel (31) 3292 3962 ou [email protected]

Page 3: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

Geologia

e problemas

hidrológicos

urbanos

Artigo

Drenagem Pluvial e

Resíduos Sólidos

36 42 44

22

Eliseu

Resende,

um líder

para o bem

20 e 41

Perfil doengenheiro Diogo Coimbra

Desenvolvimento

sustentável

Í N D I C E

12 16

Mestres da

Engenharia

Beatriz

Alvarenga

6

52

10

48

Gestão

de Águas

Pluviais da

RMBH

Na 11ª edição da revista, a matéria "Diretoria da SME reativa o Conselho Consultivo da instituição,

formado por ex-presidentes", não mencionou, no quadro dos ex-presidentes, o eng. Márcio Damazio

Trindade, que ocupou o cargo entre 2005 e 2011.

ERRATA

Workshop

Gestão de

Águas Pluviais

da RMBH

Medalha

Engenheiro

do Ano

14

26 30

CAPA

Ciência sem

Fronteiras, Um

plano de futuro

SME 12:30

Encontro de

lideranças nacionais

Engenharia

e Inovação Cénário

Mineração e

a Engenharia

Código florestal

deve ser votado

ainda no primeiro

semestre de 2012

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MINAS GERAIS INFRAESTRUTURA PARA O FUTURO

O futuro do nosso estado depende de grandes obras de

engenharia. Estamos falando de estradas, aeroportos, in-

fraestrutura urbana e tantas outras.

Minas Gerais, estado fornecedor de matérias primas, rico

em minerais, onde se encontra a água em

abundância, agricultura desenvolvida, etc.

Somos um estado bastante privilegiado

do ponto de vista da natureza. Temos

bons ventos no topo de nossas monta-

nhas, temos o sol com forte presença em

algumas regiões, notadamente no

norte/nordeste. Muita água se manifes-

tando na forma de rios e quedas d’água.

Estamos vivenciando uma mudança no perfil produtivo do

estado onde as commodities permanecem tendo sua im-

portância, mas entram em cena indústrias dos diversos

segmentos, que se utilizaram da tecnologia e da inovação

para agregar valor aos produtos. Falamos de indústria quí-

mica, metal mecânica, eletroeletrônica, TI, dentre outras.

Isso porque a indústria que se estabelece e pede para cres-

cer demanda infraestrutura compatível.

Muitas empresas de grande porte e alta tecnologia de-

monstram seu interesse em se estabelecer no nosso es-

tado, porém, temos ameaças que podem impedir a atração

destes investimentos.

Trata-se da precariedade das condições de nossas estra-

das, da necessidade de ampliação do aeroporto Tancredo

Neves que está sendo postergada há muito tempo por di-

versos motivos, da mobilidade urbana que também vem

sendo tratada de forma negligente ou sem o devido em-

penho das autoridades envolvidas.

Tudo isso está relacionado com o futuro do nosso estado,

bem como com o futuro da engenharia.

O programa lançado pela presidente da república Dilma

Rousseff e que nos brinda com uma entrevista nesta edi-

ção da revista Mineira de Engenharia, tem

um significado muito importante para o

crescimento do estado e para o desen-

volvimento do país, porém podemos

criar condições para que estes brasilei-

ros que vão intercambiar conhecimento

e se aperfeiçoar lá fora, tenham condi-

ções de voltar ao país e encontrar pos-

tos de trabalho compatíveis com o

conhecimento e a experiência adquiri-

dos. Caso contrário, como diz o ditado

popular, estaremos comprando a bici-

cleta para outros andarem.

Propugnamos por ações imediatas do governo federal, re-

lativamente aos investimentos necessários ao desenvolvi-

mento da infraestrutura da qual falamos, ou que se abra a

oportunidade para a participação da iniciativa privada nes-

tes empreendimentos.

Isto, sob pena do estado permanecer atrasado por mais

uma década e continuar sendo um supridor de matéria

prima.

A SME se manifestará através de suas Comissões Técnicas

sobre a importância dessas ações, e ainda, interagindo com

as entidades mineiras na defesa dos interesses de Minas

Gerais.

Editorial | Palavra do Presidente

Ailton Ricaldoni LoboPresidente da SME

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Page 6: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

No último dia seis de março, a

Comissão Especial de Gestão das

Águas Pluviais da RMBH da Socie-

dade Mineira de Engenheiros

(SME) promoveu, em Belo Hori-

zonte, na sede do Conselho Re-

gional de Engenharia, Arquitetura

e Agronomia de Minas Gerais

(CREA-MG) o workshop Gestão

das Águas Pluviais da RMBH.

O evento reuniu 130 participan-

tes entre engenheiros, estudantes

universitários, gestores públicos

e, ainda, lideranças comunitárias

para um debate consistente sobre

temas como a importância do

planejamento municipal e suas re-

lações com as enchentes urbanas,

áreas verdes e permeabilidade do

solo nos aqüíferos urbanos, mo-

nitoramento hidrológico e sis-

tema de alerta contra cheias e,

como não poderia faltar, a ques-

tão dos resíduos sólidos e os pro-

blemas na drenagem urbana.

O presidente da Comissão, Paulo

Maciel, explica que o evento foi

bastante positivo e abrangente, já

que os temas abordados interfe-

rem na gestão das águas pluviais,

um desafio que as cidades ainda

não conseguiram vencer. “Essa é

uma questão que tem preocu-

pado as administrações públicas e

a população a cada ano, durante

o período de chuvas, principal-

mente em função dos problemas

causados em função de passivos

acumulados por décadas ou sécu-

los”, destaca.

Um dos resultados práticos desse

workshop será a ampliação dos

canais de diálogo com as prefei-

turas, Estado e Defesa Civil, para

que as ações implementadas te-

nham enfoque preventivo.

A engenharia tem procurado

evoluir para oferecer soluções

sustentáveis para as questões que

envolvem a gestão das águas plu-

viais, como ressalta o engenheiro.

No entanto, a velocidade da ocu-

pação urbana em um momento

de acelerado crescimento econô-

mico como o atual ainda é bem

maior.

Mas a mudança está acontecendo,

na prática. Um exemplo é que

aquelas antigas obras de canaliza-

ção de córregos, tão comuns em

Belo Horizonte e RMBH, têm

sido substituídas por projetos

sustentáveis. “Tampava-se os cór-

regos. As pessoas na viam a su-

jeira e nem o problema, que

continua a existir mesmo debaixo

da terra”, alerta.

Um exemplo recente é o projeto

do Ribeirão Arrudas, em Conta-

gem. Dos 2,7 km de leito, apenas

300 metros foram canalizados. Os

PLANEJAMENTO URBANO | Saneamento

6

Comissão de Gestão Técnicaespecial de Águas Pluviais da RMBH promoveu evento em março

Paulo Maciel é presidente da

Comissão Técnica

de Gestão de

Águas Pluviais da SME

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2,4 km restantes obedecem o

leito natural do ribeirão.

Outra obra emblemática, na Ci-

dade Administrativa do Governo

do Estado, foi a descanalização

de um pequeno córrego que

havia na região, o que, de acordo

com Maciel, demonstra que os

projetos de engenharia têm se

pautado por questões como

preservação do meio ambiente

e sustentabilidade.

Segundo Maciel, pensar em ordena-

mento e controle da ocupação das

cidades é algo novo. “Os planos di-

retores municipais têm tido maior

preocupação com o tema, embora

os problemas que acontecem a

cada ano são fruto de um passivo

reprimido que pode agravar ainda

mais sem medidas corretivas”.

Há que se considerar, também,

que a manutenção da boa quali-

dade de vida nas cidades depende

da consciência e educação da po-

pulação. “É um processo de cida-

dania onde as pessoas entendem

que têm um papel a cumprir para

contribuir para que a sua ação

seja positiva ou menos negativa

possível para o meio ambiente.

Nesse sentido, além de direitos,

as pessoas têm responsabilida-

des”, argumenta.

Mas a engenharia, enquanto

ciência, tem um papel prepon-

derante nesse processo de

mudança, a partir de um enfo-

que holístico para solucionar

os problemas já existentes e

propor soluções sustentáveis

para novos/antigos desafios.

Na prática, os projetos devem

considerar a bacia hidrográfica

de toda uma região.

Nesse sentido, as intervenções

são interligadas, assim como os

rios que, no seu leito natural, não

atingem velocidade suficiente

para causar estragos, já que a água

da chuva penetra também na

terra das encostas e áreas verdes

do entorno. Segundo o enge-

nheiro, canalizados, os cursos de

água podem atingir alta veloci-

dade durante uma chuva, o que

representa riscos.

Além de mudar o conceito dos

projetos de engenharia, é pre-

ciso fazer o monitoramento

correto das áreas de risco,

7

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ação

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g.gov.br

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Rio Arrudas próximo ao Shopping Boulevard durante últimas chuvas de verão

Page 8: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

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Page 9: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

9

PLANEJAMENTO URBANO | Saneamento

outra área que merece maior

atenção dos profissionais e

também dos entes públicos,

para que a Defesa Civil possa

avisar aos moradores da beira

dos rios que a água vai subir.

Além de cuidar das bacias hi-

drográficas de forma integrada,

é imprescindível modificar,

também, outro hábito antigo.

“A chuva deveria cair e infiltrar

no solo para alimentar as nas-

centes mas isso não acontece

porque as áreas livres são

todas impermeab i l i zadas” ,

comenta.

Ao manter áreas permeáveis –

uma tendência dos projetos

atuais - é possível alimentar as

nascentes no período de cheia

e também de seca. Essa é outra

questão que merece a atenção

dos engenheiros, visto que, os

problemas surgem não apenas

durante a temporada de chu-

vas, mas também quando elas

são escassas. “É preciso ter

água no lugar e quantidade cer-

tos, em todas as temporadas

do ano”, enfatiza o engenheiro.

Além das questões técnicas,

o mercado de consumo tam-

bém tem exigido mudanças

de conduta da parte da in-

dústria da construção, como

lembra Maciel. Prédios sus-

tentáveis podem trazer be-

nefícios econômicos para o

comprador por meio do uso

de tecnologias como aqueci-

mento solar, energia fotovol-

taica, i luminação e elevador

inteligentes, por exemplo.

As exigências ambientais im-

postas pelo poder público

também colaboram para essa

mudança de valores. “Quem

não acompanhar essa ques-

tão vai ficar para trás, vai en-

velhecer para o mercado”,

afirma.

CÉLIA REGINA ALVES RENNÓPresidente da ABES-MG

CLÁUDIA TERESA PEREIRA PIRESRepresentante da SME no Compur e ex-presidente do IAB-MG

CLEMENCEAU CHIABI SALIBA JÚNIOR Diretor da SME e Perito do Ibape

EDÉZIO TEIXEIRA DE CARVALHO Consultor em Geologia Urbana e Ambiental da Geolurb

JOÃO CARLOS DE CASTRO SILVAProfessor e Coordenador do Curso de Saneamento Ambiental da Fumec

JOSÉ NELSON DE ALMEIDA MACHADOConsultor de Saneamento da Diefra

MAELI ESTRELA BORGES Professora e Consultora em Resíduos Sólidos

PAULO MACIEL JÚNIOR Presidente da Comissão Técnica Especial e Diretor da Lume Estratégia Ambiental

RONALDO LUIZ REZENDE MALLARD Diretor Executivo da EME Engenharia Ambiental

ROSILENE GUEDES SOUZA Presidente do IAB-MG

Membros da Comissão

Técnica Especial de

Gestão de Águas Pluviais

da RMBH | SME

A comissão está aberta a novos membros que queiram colaborar, participe.

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10

Workshop

Gestão de

Águas Pluviais

da RMBH SME No último dia seis de

março a Comissão Especial

de Gestão das Águas

Pluviais da RMBH da SME

promoveu, na sede do

(CREA-MG) o Workshop

de Gestão das Águas

Pluviais da RMBH. O

evento reuniu 130 partici-

pantes entre engenheiros,

estudantes universitários,

gestores públicos e, ainda, li-

deranças comunitárias.

Ailton Ricaldoni Lobo , Ronaldo Gusmão, Maeli Estrela Borges,

José Ciro Mota e Edésio Texeira de carvalho

José Ciro Mota Ailton Ricaldoni Lobo

e Ronaldo Luiz Rezende Mallard

Ronaldo Luiz Rezende Mallard, José Nelson de Almeida

Machado, Ailton Ricaldoni Lobo e Paulo Maciel

Mesa de palestrantes

Edésio Texeira de carvalho, José Nelson de Almeida Machado, Paulo Maciel,

Danilo Botelho,Ronaldo Luiz Rezende Mallard e Maeli Estrela Borges

O evento com duração de quase 10 horas com 6 paletrantes e intenso debate

Page 11: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

Maeli Estrela Borges é palestrante do evento e

é consultora em Resíduos SólidosAilton Ricaldoni Lobo, Paulo Maciel,

Ronaldo Gusmão e José Ciro Mota

Apoio

SME Workshop

Gestão de

Águas Pluviais

da RMBH

Patrocinadores

Page 12: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

12

Mestres da Engenharia | Beatriz Alvarenga

Um legado de seis décadas de paixão pela física na formação de engenheiros

Quando ingressou no curso de Engenharia Civil

da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a

jovem Beatriz Alvarenga, então com 22 anos, queria

aprimorar seus conhecimentos em Matemática.

Naquela época, a Física era matéria desconhe-

cida para os alunos do ensino médio e foi no ciclo bá-

sico do curso superior, que ela conheceu a ciência que

seria uma das grandes paixões de sua vida.

Filha de família numerosa, ela começou a sua

vida como professora do Colégio Santa Maria e, pos-

teriormente, do Colégio Estadual de Mimas Gerais,

para pagar as mensalidades. “Na época, o ensino era

pago”, lembra. Após a formatura, em 1947, ela

foi alçada, pela competência adquirida no dia a dia da

sala de aula, a auxiliar dos mestres, na UFMG .

Posteriormente, fez a prova para tornar-se uma

catedrática no ensino da Física, matéria que, segundo

ela, explica a origem do mundo e do próprio ser hu-

mano, mas que continua a ser temida pelos estudantes

graças à limitação pedagógica do aprendizado.

“Eu nunca entrei na sala de aula com as mãos

vazias. A Física tem que ser apresentada aos alunos

na prática e não apenas por meio de fórmulas deco-

radas”, desafia as novas gerações de professores da

matéria. Muitos deles, inclusive, continuam a trabalhar

com os três volumes do Curso de Física para o en-

sino médio, que a professora assina juntamente com

Antônio Maximo.

Page 13: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

13

A experiência que ela procura repassar aos

professores de Física, através dos seus livros, é de

que a matéria tem tudo para agradar a todos os alu-

nos e não apenas àqueles naturalmente entusiasma-

dos pela área de Exatas. Para Beatriz Alvarenga,

inclusive, esse é um conteúdo que, bem apresen-

tado, pode atrair mais alunos para as Engenharias,

um desafio que as escolas enfrentam atualmente.

Hoje, aos 89 anos, com os olhos azuis bri-

lhando mesmo por trás dos óculos, ela continua ativa.

Ao lado da casa onde mora, no bairro Floresta,

mantém um escritório onde recebe professores e

amigos e, também, os mais de 40 sobrinhos que a

procuram para estudar Física de um jeito dife-

rente, principalmente quando o período de pro-

vas se aproxima.

Além da biblioteca e da sala onde está

o computador, o local guarda painéis que abor-

dam diversos temas ligados à Física e também

brinquedos lúdicos que ela traz das viagens in-

ternacionais aos Estados Unidos e países da

Europa que têm na extensa matéria o seu prin-

cípio básico. “Fiz o que achei que seria útil para

mostrar que a Física requer um processo de

aprendizagem baseado na experimentação do

mundo”, conclui.

Eu nunca entrei na sala de aula com as mãos

vazias. A Física tem que serapresentada aos alunos na

prática e não apenas por meio de fórmulas decoradas

““Os volumes de Física elaborados para o ensino

médio são adotados há mais de 40 anos pela

instituições de ensino em todo o Brasil

Page 14: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

11 12

Engenheiro

do Ano SME

6 7

A cerimônia de entrega da “Medalha Engenheiro do Ano 2011” para

o engenheiro e presidente executivo do Grupo Andrade Gutierrez,

Otávio Marques de Azevedo, encerrou a programação de eventos

da Sociedade Mineira de Engenheiros no ano passado.O evento foi

realizado no dia 13 de dezembro, no Hotel Ouro Minas, em Belo

Horizonte, para convidados.

Otávio Marques de Azevedo, Presidente da Andrade Gutierrezrecebe o prêmio em noite festiva

1) Otávio Azevedo Filho, Otávio Marques de Azevedo, Ângela e LuizOtávio Mourão

2) Vera Campos, Tânia, Otávio Azevedo,Adriana e Paulo Roberto Henrique

3) Rodrigo Azevedo Campelo, José Flávio Azevedo Campelo, Francisco Azevedo Neto, José OsvaldoAzevedo Campelo, Nelson Furtado Azevedo e Márcio Nunes Orsini

4) Otávio Marques de Azevedo, AdrianaAzevedo, FlávioCampos e Paulo Roberto

5) Celso Mello Azevedo, Ailton Rical-doni Lobo, Sílvio Soares Nazaré, Helenide Melo Fonseca, Jobson Andrade e Ro-drigo Octávio Coutinho Filho

6) José da Costa Carvalho Neto, IvanRibeiro, Marcos Luz da Costa Carvalhoe Werner Cançado Rohlfs

7) Ronaldo Gusmão e Otávio Marquesde Azevedo

8) Marcus de Rezende Kfoury, Alexan-dre Rocha Resende, Jobson Andrade eEderson Bustamante

9) Suzane Drummond, Marlene Mon-teiro, Dilma Neiva e Ana Elisa Lobo

10) Ailton Ricaldoni Lobo, Otávio Mar-ques de Azevedo, Levindo Coelho, Mar-cos Luz da Costa Carvalho e José daCosta Carvalho Neto

11) Marcelo Orrico, Marcelo Lobo, Normando Virgílio Borges Alves,José Ciro Mota e Wagner Barbosa

12) Augusto Drummond, Suzane Baeu-dette Drummond, Otávio Marques deAzevedo e Ailton Ricaldoni Lobo

13) Ronaldo Gusmão, Ailton RicaldoniLobo e Fabiano Soares Panissi

14) Isis Mesquita Carvalho, Márcia Tito e Dilma Neiva

15) Djalma Bastos de Morais e José Ciro Mota

Page 15: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

13 14 15

15

Patrocinadores

1 2

3 4 5

9 108

Page 16: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

Resumo: A questão ambiental se intensifica nos

discursos após uma fase de intensa degradação do

meio ambiente decorrente do processo de desen-

volvimento. Este cenário representa o desafio da

Engenharia no século XXI em conhecer o poten-

cial de sustentabilidade do planeta e reconhecer

que a avaliação do impacto da tecnologia no con-

texto social, econômico e ambiental é essencial

para a sobrevivência e progresso.

Palavras chave: Desenvolvimento sustentável;

Engenharia; sustentabilidade.

Desenvolvimento sustentável

Diante da dinâmica de um mundo em constante

evolução a Engenharia torna-se fundamental na

superação dos desafios da era da sustentabilidade.

O desenvolvimento econômico é um fenômeno

inerente ao ser humano e conseqüentemente às

nações. Entretanto a deterioração contínua dos

ecossistemas leva ao questionamento das relações

que se estabelecem entre o homem, a ciência e a

natureza. Assim, o desenvolvimento sustentável

integra-se ao conjunto de esforços internacionais

para concretização das idéias e princípios que

combine eficiência econômica, justiça social e pre-

servação ambiental.

Desenvolvimento sustentável: diante da dinâmica

de um mundo em constante evolução a Engenharia

torna-se fundamental na superação dos desafios da

era da sustentabilidade.

ARTIGO | Desenvolvimento Sustentável

Paulo José Braz Rosas

Page 17: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

17

Desenvolvimentosustentável: rumo asustentabil idadeambiental.

O conceito de desenvolvimento

sustentável surge como expres-

são aos anseios coletivos a partir

de estudos da Organização das

Nações Unidas, como uma res-

posta para a humanidade perante

a crise social e ambiental pela

qual o mundo passava a partir da

segunda metade do século XX.

Tal conceito firmado na Agenda

21, durante a Conferência ECO-

92, no Rio de Janeiro, deve ser

entendido como aquele que

atende as necessidades do pre-

sente sem comprometer as pos-

sibilidades de as gerações futuras

atenderem suas próprias neces-

sidades

1. Ressalta-se ainda a Carta da

Terra, declaração de princípios

éticos fundamentais para a cons-

trução de uma sociedade global

justa, sustentável e pacífica, a qual

afirma que para se chegar a este

propósito, é imperativo que os

povos da Terra, declarem respon-

sabilidade uns para com os ou-

tros, com a grande comunidade

da vida, e com as futuras gera-

ções

2. Este compromisso em conci-

liar as interações entre o desen-

volvimento humano e o meio

ambiente, foi ratificado em Johan-

nesburgo, durante a Rio +10, rea-

firmando o desenvolvimento

sustentável como elemento cen-

tral da agenda internacional e de-

finindo dimensões essenciais: o

desenvolvimento econômico, que

visa à gestão mais eficiente dos

recursos naturais, a coesão social,

ancorada na equidade da distri-

buição de renda e de bens e a

proteção ambiental, que consiste

na obediência do limite das ativi-

dades humanas para não destruir

a diversidade, a complexidade e a

função do sistema ecológico.

A Engenharia: desafiopara o século XXI.

A Engenharia sempre esteve pre-

sente na vida do homem, desde

os primórdios da civilização hu-

mana. No Congresso Mundial de

Engenheiros de Brasília – WEC

2008, foi ressaltado o papel da

Engenharia como vetor de inova-

ção tecnológica e como sendo

de vital importância para o de-

senvolvimento humano, social e

econômico sustentável

3.O crescimento sustentável é,

pois, intrínseco a função do en-

genheiro uma vez que é definida

como a atividade de concepção,

projeto e realização de sistemas

ou de produção de bens e servi-

ços, com base no conhecimento

científico e tecnológico, seguindo

paradigmas de ética, eficiência e

eficácia, bem como de sustenta-

bilidade e equilíbrio em relação

ao meio ambiente

4. A complexidade do mundo

moderno exige dos profissionais

de Engenharia uma visão sistê-

mica e uma postura ousada de

um espírito inovador e empreen-

dedor e em conformidade ao

propósito do capítulo 35 da

Agenda 21, deve aplicar os seus

conhecimentos para articular e

apoiar as metas de desenvolvi-

mento sustentável por meio da

avaliação do impacto da tecnolo-

gia no contexto social, econô-

mico e ambiental, baseadas em

inovações atuais e futuras da

ciência, utilizadas nos processos

de tomada de decisões

Page 18: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

5.Considerações Finais

Vários tem sido os acontecimen-

tos que marcam a evolução do

conceito desenvolvimento susten-

tável, de acordo com os progres-

sos tecnológicos. Grande parte

dessa tecnologia advém das varias

áreas de Engenharia.

A Engenharia no século XXI terá

que enfrentar desafios cada vez

mais complexos. Nas próximas

duas décadas, mais de 2 bilhões de

pessoas irão povoar o planeta

Terra. Este crescimento demográ-

fico irá gerar uma escala sem pre-

cedentes de demandas de toda

ordem. O hiato entre ricos e po-

bres, entre nações desenvolvidas e

não desenvolvidas, continua cres-

cendo. O meio ambiente continua

deteriorando-se, as principais fon-

tes da matriz energética mundial,

como petróleo e gás natural não

são renováveis e estarão esgota-

das em poucas décadas.

Este panorama representa o

grande esforço que a Engenharia

terá que fazer para suprir as novas

necessidades da humanidade e, ao

mesmo tempo, garantir um desen-

volvimento sustentável. Uma pos-

sibilidade para reverter este

cenário é ter um conhecimento

amplo do potencial de sustenta-

ção do planeta e reconhecer que

o desenvolvimento sustentável de-

pende de planejamento e do reco-

nhecimento de que os recursos

naturais são finitos.

Torna-se fundamental desenvolver

a consciência da necessidade de

profissionais de Engenharia social-

mente responsáveis, tendo como

base a conciliação de suas habili-

dades técnicas com habilidades

humanas, essenciais para a sobre-

vivência e progresso. Assim, o de-

senvolvimento sustentável será

impossível sem a contribuição da

profissão de Engenharia

6. Notas:

1. CMMAD - Comissão Mundial

sobre Meio Ambiente e Desenvolvi-

mento. Nosso futuro comum. 2a ed.

Tradução de Our common future. 1a

ed. 1988. Rio de Janeiro: Editora da

Fundação Getúlio Vargas, 1991.

2. CARTA DA TERRA – Organização

das Nações Unidas, Brasília, 2002.

3. DECLARAÇÃO DE BRASÍLIA. En-

genharia e Inovação para o Desen-

volvimento com Responsabilidade

Social. In: Congresso Mundial de En-

genheiros – WEC 2008, Brasília..

4. QUARESMA, Celestino Florido.

Razão e sensibilidade na formação

do engenheiro civil. Revista Engenha-

ria do Instituto de Engenharia, n.597,

pág. 21, 2010.

5. AGENDA 21. Conferência das Na-

ções Unidas sobre o Meio Ambiente

e Desenvolvimento. 2ª ed. Brasília: Se-

nado Federal, subsecretaria de edições

técnicas, 1997.

6. STRONG, Maurice. In: DALL'

ACQUA, Cláudio. Palestra apresen-

tada na XXXI Convenção Panameri-

cana de Engenharia. Engenharia e

Infra-estrutura para o Desenvolvi-

mento Social dos Países das Américas.

Brasília, 2008.

18

ARTIGO | Desenvolvimento Sustentável

Paulo José Braz Rosas é engenheiro

Mecânico Eletricista graduado pela

Universidade Federal de Itajubá –

UNIFEI é também membro do

Conselho Municipal de Conserva-

ção, Defesa e Desenvolvimento do

Meio Ambiente e do Conselho De-

liberativo do Patrimônio Histórico,

Artístico e Cultural de Itajubá;

Membro da Comissão Multimodal

da Inspetoria de Itajubá do CREA-

MG e Diretor da Associação de

Engenheiros e Arquitetos de Ita-

jubá-AENAI. Contato pelo e-mail

[email protected]

Page 19: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

19

Engenharia em Foco | Informação Técnica

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Um produto da SME | Sociedade Mineira de Engenheiros

Page 20: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

20

Em 2011, a Sociedade Mineira de En-

genheiros (SME) promoveu duas edi-

ções do projeto SME 12:30, na sede

social da entidade, na região central

de Belo Horizonte. O primeiro al-

moço palestra contou com a pre-

sença do engenheiro mineiro e atual

presidente da Eletrobras, José da

Costa Carvalho Neto, encontrou os

engenheiros mineiros no dia seis de

maio do ano passado, com auditório

cheio.

Ele falou sobre “O papel da Eletro-

bras no Setor Elétrico”, um tema que

tem estreita ligação com o atual ce-

nário de desenvolvimento econô-

mico do país e da indústria da cons-

trução.

A empresa tem parque gerador ins-

talado no Brasil composto por 29 hi-

drelétricas, 15 termelétricas, duas

usinas nucleares, 237 subestações

com mais de 61 mil km de linhas de

transmissão em 2011.

No exterior, a empresa tem 5.140

km de linhas de transmissão com ge-

ração de 18.320 MW de potência.

Além de atuar no país, a estatal tam-

bém tem projetos estratégicos inter-

nacionais. De acordo com o presi-

dente da Eletrobras, a empresa está

aberta para parcerias em novas

oportunidades de negócios em gera-

ção e transmissão no Brasil e tam-

bém no exterior.

Novos negócios na área de eficiência

e conservação de energia estão entre

os desafios que a empresa pretende

enfrentar para chegar a 2020 como

o maior sistema empresarial global

de energia limpa, com rentabilidade

comparável às melhores empresas do

setor elétrico.

SME | 12:30Lideranças NacionaisInformação & Opinião

ProjetoGle

nio Cam

preghe

r

Nilton Chaves, João Miguel Drummond, José Ciro Mota

Jaime Elias Pasce ( Vice‐Presidente ‐ Arcadis Logos) e Pedro Braga (Diretoria ‐ Arcadis Logos)

Cristovam Magalhães (Presidente ‐ Arcadis Logos )

Ailton Ricaldoni Lobo e José da Costa Carvalho Neto

José da Costa Carvalho Neto

O presidente da Eletrobras, José da Costa

Carvalho Neto, falou sobre energia e desenvolvimento

Joao Alberto da Silva, Carlos Gustavo Andriolli, Geraldo Mota, Gustavo Coelho e Leonardo Erthal

Page 21: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

2121

SME ENGENHEIRO SOLIDÁRIO | Reynaldo Arthur Ramos Ferreira,

Pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência para a Rede

Voluntária em 2011 concluiu que um em cada quatro

brasileiros com mais de 16 anos fazem ou já fizeram

algum trabalho voluntário. Desse grupo, 20% têm o di-

ploma do curso universitário.

Os motivos que levam uma pessoa a se engajar em al-

guma causa, seja ela ajudar os desabrigados de uma

chuva, dar assistência a um vizinho em um momento

de dificuldade ou mesmo a se disponibilizar conheci-

mento técnico para melhorar a qualidade de vida dos

semelhantes são vários. Mas nenhum deles é maior

que aquele sentimento de “dever cumprido”. Que o

diga o engenheiro civil formado pela Universidade Fe-

deral de Minas Gerais (UFMG), Reynaldo Arthur

Ramos Ferreira, 73 anos.

Há 40 anos, ele começou a fazer um trabalho indivi-

dual ajudando famílias que haviam sido induzidas por

políticos a invadir um terreno dele. “O meu foco sem-

pre foi ajudar no sentido de desenvolver pessoas, es-

pecialmente crianças, buscando dar oportunidades de

fazerem alguma coisa na vida, melhor do que aquilo

que lhes caberia naturalmente”, explica. Ainda hoje,

alguns deles trabalham para o engenheiro.

Com o tempo, Ferreira mudou a forma de atuar por-

que descobriu pessoas que têm grande capacidade

multiplicadora. “A cada parcela de ajuda se passa para

elas, elas conseguem atender a um grupo grande de

carentes, especialmente crianças, oferecendo sempre

oportunidades de desenvolvimento e crescimento”,

ressalta. Hoje, são duas pessoas, a Sra. Vanilda, que

mora na entrada da favela do Paquetá, perto da Toca

da Raposa. Além da comunidade local, ela também

atende diversos pontos da periferia de Belo Hori-

zonte, chegando até a região de Posto da Mata, no in-

terior da Bahia.

O segundo multiplicador é o pastor Manoel, que tra-

balha na Vila Leonina, entre as avenidas Raja Gabaglia

e Barão Homem de Melo e na favela do Calafate,

perto da Via Expressa, todas com centros operacionais

de tráfico de drogas consolidados. Ele também vai para

o norte de Minas, uma região que sempre merece a

atenção da sociedade e dos governos.

O terceiro projeto que conta com a participação do

engenheiro é o Instituto Aletheia, sociedade benefi-

cente, sem fins lucrativos e nenhuma vinculação reli-

giosa, que procura ajudar pessoas com problemas

graves de saúde, através de um trabalho espiritual há

mais de 18 anos. “Temos alcançado resultados verda-

deiramente impressionantes. Atualmente, são realiza-

dos centenas de atendimentos por mês”, aponta.

Para o engenheiro que não tem sala com placa e nem

registro, ajudar outras pessoas é um ato incorporado

ao seu dia a dia. O resultado, segundo ele, só pode ser

visto pessoalmente.

Reynaldo Arthur Ramos Ferreira, há 40

anos, ele começou a fazer um trabalho

individual ajudando famílias e hoje é mul-

tiplicador de solidariedade

Sentimento de dever cumprido

Se você é um engenheiro solidário e quer

contar a sua história, basta entrar em

contato pelo e-mail [email protected]

Page 22: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

22

EDUCAÇÃO | Ciência sem Fronteiras

. É com essa perspectiva que a primeira mulher pre-

sidenta do Brasil, a mineira Dilma Roussef, criou o

programa Ciência sem Fronteiras, que vai oferecer

101 mil bolsas de estudo para alunos brasileiros in-

teressados em estágios ou cursos de especialização

e, também aqueles interessados em ingressar na área

de iniciação científica no exterior, nas melhores ins-

tituições do mundo, pelos próximos quatro anos.

Em outras palavras, o que era luxo para poucos está

se tornando realidade para muitos jovens brasileiros

que pretendem construir carreiras de sucesso em

áreas consideradas estratégicas para o desenvolvi-

mento nacional, como é o caso da Engenharia.

Essa empreitada conseguiu a façanha de unir go-

verno, universidades públicas e privadas e, ainda, em-

presas que apostam na qualificação profissional

como diferencial competitivo para elevar o país à

condição de potência econômica que tanto almeja.

Quem fala sobre o programa é a presidenta, uma

mulher a frente do seu tempo e que, exatamente

por isso, foi capaz de incluir a educação profissional

na agenda de prioridades do seu governo.

Durante o balanço do programa, em oito de feve-

reiro último, foram ressaltadas as mais de 36 mil ins-

crições para a segunda chamada do programa CsF

(graduação-sanduíche para instituições de ensino su-

perior dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha,

Itália e França. Entre as mudanças anunciadas, a ins-

crição do aluno não será mais via universidade de

origem, mas diretamente nas agências responsáveis

– CNPq e Capes. O processo seletivo acontece na

fase seguinte.

Presidenta Dilma, qual a proposta do pro-

grama Ciência Sem Fronteiras?

Presidenta:Em dezembro de 2011, o governo fe-

deral abriu inscrições para selecionar 12.500 jovens

brasileiros de cursos de graduação, que vão estudar

durante um ano e meio em universidades dos Esta-

dos Unidos, Alemanha, Itália, Reino Unido ou França.

Para os Estados Unidos, serão 4.500; para a Alema-

nha, 2.500; para a França, 1.500; e para o Reino

Unido, 2.500. Já para a Itália, serão 1.500 bolsas. No

dia 02 de janeiro abrimos mais 500 vagas para o Ca-

nadá. Mas já fizemos chamadas também para univer-

sidades da Holanda, Bélgica, Espanha, Portugal,

Coreia e Suécia.

Ciência sem Fronteiras

Um plano de futuro

Page 23: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

23

Quais as áreas privilegiadas pelo pro-

grama?

Presidenta: A necessidade mais urgente do

nosso mercado de trabalho é ampliar a forma-

ção na área das engenharias, das ciências exa-

tas, das ciências médicas e da tecnologia de

informação. Agora, esse é um programa que

veio para ficar. Tenho a certeza de que depois

desses 101 mil estudantes ou mais, que vamos

selecionar até 2014, virão outros milhares. Eles

vão estudar lá fora e depois, com conhecimen-

tos científicos adquiridos, serão cada vez mais

capazes de ajudar o Brasil a ganhar mais pro-

dutividade e competitividade. O Ciência sem

Fronteiras é um investimento no futuro do

Brasil.

O Ciência sem Fronteiras também terá bol-

sas para alunos dos cursos de pós-graduação?

Presidenta:Terá. Para o doutorado e pós-douto-

rado, as inscrições de estudantes brasileiros ficam

abertas permanentemente. Vamos ter também bol-

sas para atrair doutores estrangeiros para virem tra-

balhar em centros de pesquisa ou empresas aqui no

Brasil também.

Quanto o governo federal vai investir

neste projeto?

Presidenta: O governo federal está investindo R$ 3,2

bilhões para oferecer essas 75 mil bolsas. É um impulso

inédito para a formação científica e tecnológica de nos-

sos jovens numa escala nunca antes vista no nosso país.

“Com o Ciência sem Fronteiras, daremos

oportunidade aos melhores talentos,

porque o conhecimento é o que move e muda o

mundo.”

DIvulga

ção

- Palá

cio d

o Pla

nalto

Page 24: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

24

E a participação da iniciativa privada no

programa?

Presidenta: A adesão das empresas está sendo

um sucesso. Quando nós lançamos o Programa,

no final de julho, propusemos às empresas o de-

safio de cobrir os custos de 25 mil bolsas. Em

menos de cinco meses nós já superamos essa

meta. As empresas garantiram 26 mil bolsas, que

serão pagas pela Confederação Nacional da In-

dústria (CNI), Federação Brasileira dos Bancos

(Febraban), Associação Brasileira de Infraestru-

tura e Indústrias de Base (ABDIB), além da Vale,

Petrobras e Eletrobras.

Mas, para estudar no exterior é preciso domi-

nar outro idioma.

Presidenta:Ah é sim. Por isso nós vamos ajudar

os estudantes a superar essa barreira. Primeiro,

nossas universidades vão oferecer cursos de lín-

guas aqui no Brasil para quem tiver mais de 600

pontos no Enem, e quiser também se candidatar

a uma bolsa no exterior. Mas, o mais importante

é que iremos levar os estudantes selecionados

para o exterior, de seis a oito meses antes do

início dos cursos, para que eles façam cursos de

imersão no idioma do país onde serão bolsistas

do Ciência sem Fronteiras.

Qual o critério para ingressar nesse Programa?

Presidenta: O principal critério é o mérito do

estudante, que será medido pela pontuação no

Enem. Queremos oferecer oportunidades para

os melhores estudantes de todo o Brasil estu-

darem fora do país, independentemente da

renda da família. Com o Ciência sem Fronteiras,

daremos oportunidade aos melhores talentos,

porque o conhecimento é o que move e muda

o mundo.

EDUCAÇÃO | Ciência sem Fronteiras

Page 25: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

25

O programa é fruto de esforço do Mi-

nistério da Educação em conjunto com

o Ministério da Ciência, Tecnologia e

Inovação, por meio de suas instituições

de fomento – Capes e CNPq –, e secre-

tarias de Ensino Superior e de Ensino

Tecnológico do MEC.

Universidades públicas e privadas que têm tradi-

ção no ensino da Engenharia já aderiram ao pro-

grama Ciência sem Fronteiras. Na primeira fase

do programa, a Fumec recebeu seis bolsas na

modalidade SWG – Graduação Sanduíche no Ex-

terior pela participação no Programa Institucio-

nal de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) e

Programa Institucional de Iniciação Tecnológica

(PIBITI) do CNPq. Delas, quatro foram para alu-

nos dos cursos de Engenharia.

As bolsas são direcionadas para alunos de graduação

para estágios de 6 a 12 meses em instituições es-

trangeiras, como explica a coordenadora de Pes-

quisa e Pós-Graduação da Fumec e professora,

Andréia Laura Prates Rodrigues. “Concordamos em

participar por acreditarmos nesta iniciativa e enten-

dermos a importância para o Brasil e para os nossos

estudantes. Acreditamos que na graduação, a opor-

tunidade de ampliar o conhecimento e a formação

é de grande importância para os futuros profissio-

nais. A presença dos alunos nos melhores centros

de pesquisa do mundo é um diferencial dos mais im-

portantes”, afirma.

Segundo a professora, o ganho para o estudante

que participa do programa é muito grande,

desde a formação acadêmica diferenciada até o

crescimento pessoal que se adquire em uma expe-

riência fora do país de origem. Dominar outro

idioma e fazer relacionamentos com colegas e

mestres também amplia as possibilidades de se

construir uma carreira de sucesso.

A UFMG, como uma das mais relevantes insti-

tuições de ensino superior do país, não poderia

deixar de participar do programa. A universi-

dade passa por um processo de internacionali-

zação há muito tempo - há parcerias com

instituições estrangeiras que já duram algumas

décadas. O Ciência Sem Fronteiras é uma opor-

tunidade de ampliar as relações da instituição

com universidades estrangeiras.

Para o aluno de graduação e pós-graduação, uma

bolsa de estudo como a fornecida pelo programa re-

presenta um universo de oportunidades: incrementar

um projeto de pesquisa, enriquecer o currículo, apro-

fundar seus conhecimentos em determinada área, e

mesmo vivenciar novas experiências.

Atualmente, encontram-se abertas chamadas públi-

cas para graduação e pós-graduação. As chamadas

abertas para a graduação destinam-se a conceder

bolsas de estudo para Alemanha, EUA, França, Itália

e Reino Unido. As chamadas para a pós-graduação

são mais específicas e contemplam institutos de di-

ferentes países.

Mais informações podem ser encontradas no site do

programa: www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf/

o-programa

Universidades reafirmam o sucesso do programa

Page 26: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

26

Ciência e Tecnologia | Engenharia e Inovação

Qual é a receita para au-

mentar a produtividade e

adquirir diferenciais com-

petitivos? Inovação.

Não é à toa que governos e enti-

dades de classe têm trabalhado ar-

duamente para que os gestores

empresariais modifiquem a cultura

corporativa de suas organizações

para incluir temas como pesquisa

e desenvolvimento (P&D), seja por

meio de convênios com universi-

dades ou mesmo pelo incentivo

para que os próprios funcionários,

pelo conhecimento que têm em

suas respectivas áreas de atuação,

proponham soluções para proble-

mas que afetam o negócio.

A indústria da construção segue na

mesma direção, e não poderia ser

diferente, já que a necessidade de

compatibilizar custos com produ-

tividade para garantir maior renta-

bilidade é crescente. Entretanto,

ainda há muita resistência para que

o conceito de inovação seja real-

mente transformado em prática,

como ressalta o engenheiro eletri-

cista, consultor e professor nas

áreas de Gestão da Inovação e Al-

ternativas Energéticas e coordena-

dor da Comissão de Ciência,

Tecnologia e Inovação da Socie-

dade Mineira de Engenheiros

(SME) e do Prêmio SME de Ciên-

cia, Tecnologia e Inovação, José

Henrique Diniz.

Para ele, embora seja aceita por

todos, a inovação ainda não é uma

prática consolidada pelas empre-

sas. “No Brasil, embora tenha ha-

vido grandes avanços em materiais,

equipamentos e ferramentas, pro-

cessos construtivos e marketing,

grande parte das empresas da in-

dústria da construção ainda inovam

de forma tímida. Aquelas realmente

inovadoras são exceção”, enfatiza.

Para inovar basta definir um cami-

nho e são vários disponíveis. Na

prática, não basta ter ideias. É pre-

ciso transformá-las em produtos

que gerem resultados para a em-

presa. Incorporar novos serviços,

adotar nova abordagem mercado-

lógica, de comunicação, de relacio-

namento e de promoção também

compõem o escopo da inovação.

“A adoção de práticas e processos

que reduzam o desperdício e, con-

sequentemente, os custos e o ín-

dice de retrabalho, é uma medida

que está ao alcance de qualquer

empresa que pretenda manter-se

competitiva, rentável e sustentável

Conceito de inovação ainda é novidade para a maioria das empresas

Page 27: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

27

do ponto de vista ambiental”,

exemplifica.

As organizações que se baseiam

em P&D podem contar com o

uso da nanotecnologia às mega-

construções, além da eletrônica e

das TICs (tecnologias da informa-

ção e comunicação). “A engenha-

ria gera inovação em todas as

áreas e de todos os tipos (produ-

tos, serviços, processos, marke-

ting, organização e gestão) e em

todos os níveis (incremental, rela-

tiva e radical)”, explica Diniz.

Os avanços reafirmam que há

muito espaço para inovar na enge-

nharia, principalmente em produ-

tos e processos. Segundo o

engenheiro, recentes pesquisas

sobre empresas inovadoras brasi-

leiras constataram que a maioria

delas usa tecnologias importadas

para incrementar processos pro-

dutivos. No entanto, há muito o

que melhorar nas áreas de gestão

e de organização, para as quais o

conceito também é interessante.

“As maiores resistências são fruto

da desinformação. Embora quase

todos concordem que inovação é

fundamental, a maioria não sabe

exatamente o que é inovação e,

principalmente, não entende que

inovação é um processo e que

pode e deve ser gerenciada de

modo a otimizar resultados e ala-

vancar competitividade. Inovação

não acontece de forma espontâ-

nea, ao acaso. Deve ser um pro-

cesso sistêmico alinhado com a

estratégia empresarial” define.

E tudo começa pela formação

dos engenheiros. Embora inova-

ção faça parte do cotidiano, sua

conceituação como processo é

bastante recente o que leva ao

desconhecimento. Dessa forma,

é preciso desenvolver uma cul-

tura para inovação para que o

conceito seja disseminado em

todas as matérias dos cursos. Só

assim, é criado um ambiente pro-

pício para que as pessoas pen-

sem e proponham soluções e/ou

novas ideias. Para Diniz, além da

inovação, é preciso que os cursos

também abordem o tema em-

preendedorismo.

O tema tem aparecido em discus-

sões e trabalhos universitários de

forma gradativa. Já a forma curri-

cular continua muito focada em

tecnologia que, por si só, não é

considerada inovação. Mesmo as

universidades tecnológicas ainda

abordam de forma insuficiente a

esse conceito, ao contrário do

que acontece nos cursos de ex-

tensão e de pós-graduação.

Os engenheiros que quiserem

saber mais sobre o tema têm, a sua

disposição, a Comissão de Ciência,

Tecnologia e Inovação da SME.

Com a missão de contribuir para

que a ciência, a tecnologia e a ino-

vação sejam instrumentos de de-

senvolvimento da sociedade e da

valorização do profissional de En-

genharia, esse grupo de trabalho

realiza e promove o debate sobre

o tema e desenvolve estudos e re-

comendações com foco na ativi-

dade, no profissional e na

sociedade.

A Comissão também é responsá-

vel pela coordenação das edições

anuais do Prêmio SME de Ciência

e Tecnologia, que em sua 21ª edi-

ção (2012) passa a se intitular,

também, Prêmio SME de Ciência,

Tecnologia e Inovação, voltado

para estudantes de graduação de

engenharia, arquitetura e agrono-

mia, valorizando, incentivando e

premiando a pesquisa e a produ-

ção de trabalhos inovadores.

José Henrique Diniz é coordenador do

prêmio de ciência e tecnologia da SME,

engenheiro eletricista e professor

Page 28: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

28

A P O I OPAT R O C Í N I O

Prêmio SME

de Ciência e

Tecnologia SME Desde o início do programa, há 20 anos, foram inscritos 1,6 mil trabalhos

que obtiveram, além dos prêmios, oportunidades de melhores trabalhos, es-

tágios, bolsas nacionais e internacionais, e também a aplicação prática dos

projetos.Maiores informaçõe sobre a como concorrer ao Premio de 2012

acesse o site da SME: sme.org.br e ou envie o e-mail para [email protected]

20ª edição do Prêmio SME de Ciência e Tecnologia

1

5

2

3 4

1) Ailton Ricaldoni Lobo, Ana Elisa Freire Lobo, Sabrina Lobo e Fábio Ornatelli2) José Luiz Gattas Hallak, Ailton Ricaldoni Lobo, Marcos Antônio Borges e José Luiz Nobre Ribeiro3) Marcílio César de Andrade, Mirian Elizabeth Andrade, Éderson Bustamante, Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz e Marcelo Ribeiro Vasconcelos Diniz4) Fábio Celso de Castro Tito e Normando Virgílio Borges Alves5) Marita Arêas de Souza Tavares, Geovanni Rodrigues, Fernando de Almeida Freitas, Vagner Vinícius Miyazato, Juliane Soares de Souza e Vinícius Fortes de Castro

Page 29: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição
Page 30: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

30

O binômio mineração/engenha-

ria traduz, de forma absoluta-

mente clara, o atual cenário de

crescimento econômico brasi-

leiro. Para suprir o aumento

crescente da demanda por me-

tais nos últimos anos, as empre-

sas do setor tiveram que investir

em mão de obra qualificada o

que resultou na abertura de

vagas para engenheiros das mais

diversas especialidades.

Além dos tradicionais engenhei-

ros de minas, há postos abertos

para engenheiros civis, mecâni-

cos, elétricos, ambientais, de pro-

dução e de telecomunicações.

Na outra ponta, há uma grande

ansiedade, por parte das compa-

nhias, para atrair e reter esse

contingente de profissionais para

dar continuidade ao atual ciclo

virtuoso que, até 2015, prevê in-

vestimentos de US$68,5 bilhões

até 2015, um novo recorde pa-

trocinado pelo setor.

O diretor executivo de Finanças

e Relações com Investidores da

Engenharia e MineraçãoSetor continua a abrir vagas de trabalho e

oportunidades de carreira para engenheiros

CENÁRIO | Engenharia e Mineração

Tito Martins, diretor executivo

de Finanças e Relações com

Investidores da Vale

Page 31: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

31

Vale, Tito Martins, afirma que o momento exube-

rante da mineração tem gerado aumento nunca

antes visto nas contratações, pelas empresas do

setor, independente do porte, devido às novas

operações que estão chegando e os projetos de

expansão em curso.

No caso específico dos engenheiros, além dos

profissionais responsáveis pelas operações, as

empresas do ramo também têm sido bastante

demandadas. De acordo com o executivo, o setor

de mineração é o principal contratante das em-

presas de engenharia e gestão de projetos, de

fornecedoras de equipamentos e prestadoras de

serviço as mais diversas, desde as especializadas

em projetos de plantas de beneficiamento, pas-

sando pela área ambiental, com foco no impacto

dos empreendimentos.

As áreas de consultoria em mineração e logística

são outras que estão na lista das contratadas pela

mineração. Os serviços de transporte portuário e

ferroviário estão trabalhando com capacidade má-

xima graças ao setor. Em resumo, a engenharia está

se beneficiando com a mineração. “Não há enge-

nheiro de minas e de metalurgia sobrando no mer-

cado interno”, afirma.

Mas há vagas para outras especialidades. “O pes-

soal precisa perder a mania de achar que enge-

nheiro civil constrói casas e que engenheiro

mecânico só vai trabalhar montando carros ou

O momento exuberante

da mineração tem gerado aumento

nunca antes visto nas contratações,

pelas empresas do setor,

independente do porte,

devido às novas operações que

estão chegando e os projetos

de expansão

em curso.

Tito Martins, diretor executivo de Finanças

e Relações com Investidores da Vale

““Ag

encia

Vale

Page 32: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

32

navios. Outra coisa é que as oportunidades de tra-

balho não se restringem à São Paulo, Rio de Janeiro

e Minas Gerais. Hoje, as fronteiras são bem maio-

res, em locais remotos”, explica.

Na região Amazônica, do Pará ao Maranhão. Já no

Nordeste, a mineração está entre a Bahia e o Rio

Grande do Norte. O sudeste de Minas Gerais e os

estados do Mato Grosso e Goiás também apresen-

tam boas oportunidades de carreira.

Para quem está começando e quer colocar a “mão

na massa”, o executivo recomenda as vagas fora do

circuito principal. E é aí que entram as oportunida-

des no exterior, em destinos como Moçambique e

África do Sul, na África. Omã no Oriente Médio

também é um destino interessante. Malásia e Indo-

nésia na Ásia estão na mesma lista de projetos que

demandam mão de obra qualificada.

A Austrália e o Canadá, dois destinos muito pro-

curados pelos brasileiros que querem aprender ou

aprimorar os conhecimentos no idioma inglês, são

outros países onde há projetos de mineração, só

que em regiões remotas. Com temperaturas de até

40 graus centígrados abaixo de zero, a província ca-

nadense que fica a 700 km de Winnipeg oferece,

ainda, a experiência de conhecer de perto de perto

os fornos específicos para a fundição de níquel que

também podem ser usados para cobre e zinco.

Engenheiros podem se tornar executivos também.

Para tanto, basta ter um diferencial que atende pelo

nome de gestão de pessoas. “Quem sabe lidar com

gente se transforma em líder da companhia”, res-

salta Martins. Além de vagas de trabalho, a remu-

neração oferecida pelas companhias é muito

atraente, sem contar pacotes de benefícios muito

atraentes.

CENÁRIO | Engenharia e Mineração

Agen

cia Va

le

Page 33: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

33

Atualmente, dos oito diretores daVale, quatro são engenheiros, o quecomprova que a possibilidade deconstruir uma carreira de sucesso nacompanhia existe. A mineradora mineiraé, hoje, a segunda maior do mundo ea maior empresa do setor em produ-ção diversificada das Américas, comoperações em 38 países. Empregadossão 134 mil.

A Vale tem plano de investimento de US$ 21,4 bi-

lhões em 2012 em vários projetos que estão em

andamento no Brasil e no exterior. Para sustentar

estes projetos a empresa vai precisar de muitas

pessoas. A previsão para 2012 é contratar 8,1 mil

profissionais em todo o mundo, dos quais 6,6 mil

no Brasil. Entre eles, estão cerca de 800 engen-

heiros e 1,7 mil técnicos.

A política de treinamento da companhia envolve

os empregados de todos os escalões, a qualifi-

cação da mão de obra das regiões onda a Vale

atua para futura incorporação, oferta de cursos

que não têm relação direta com o negócio da

empresa mas que aumentam a empregabilidade

das comunidades onde há plantas instaladas e,

ainda, qualificação de fornecedores.

Além de promover a marca “Vale” como sinô-

nimo de empresa que oferece oportunidades

de crescimento profissional no Brasil e no ex-

terior, esses programas visam acelerar as car-

reiras dos empregados, treinando-os para se

tornarem sucessores. Com isso, aumenta o ín-

dice de retenção de talentos e, ainda, a produ-

tividade já que os funcionários produzem mais

porque admiram a empresa e o trabalho que

desenvolvem.

Pátio de empilhamento de pelotas em Itabirito

Page 34: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

34

Desde 2003, a Vale mantém um departamento

de Educação, a Valer, que tem como principal

objetivo qualificar mão de obra e promover

o desenvolvimento local a partir do acesso a

educação, emprego e renda. Por meio de par-

cerias com instituições de ensino de todo o

mundo, a Vale oferece ações de desenvolvi-

mento pessoal e profissional nos segmentos

de educação básica, formação técnica, desen-

volvimento gerencial, cidadania corporativa,

cultura e arte. Vários cursos oferecidos pelo

mercado foram estruturados pioneiramente

pela empresa em parceria com as instituições

de ensino para a capacitação de profissionais.

A Vale aposta em educação como mecanismo

fundamental para perpetuar a competitivi-

dade e na excelência de desempenho como

estratégia de atração, desenvolvimento e re-

tenção de profissionais qualificados. Como

parte de nossa filosofia, nas comunidades em

que atuamos, oferecemos oportunidades de

acesso a empregos, a treinamentos e a renda,

que movimentam as economias locais, criando

bases para o desenvolvimento sustentável.

Além das 34 unidades da Valer no Brasil, tam-

bém existem unidades no Canadá, na China, em

Omã e na Suíça. Só nos últimos cinco anos a

Valer capacitou mais de 70 mil empregados e

foram feitas mais de 900 mil participações em

ações educativas para o público interno.

O investimento total da Vale em educação em

2011 foi de US$ 73,9 milhões em todo o mundo,

dos quais US$ 67,8 milhões somente no Brasil.

Foram treinados mais de 57 mil empregados só

no Brasil, resultando em um número de 2,76

milhões de horas/aula.

Programas Porta de Entrada

A Vale investe em programas para treinar

profissionais de níveis superior, técnico e

médio recém-admitidos na empresa. É uma

forma de qualificar a mão de obra para a es-

pecificidade dos negócios da empresa. Por

meio desses programas já foram treinadas

mais de 11,7 mil pessoas. Em 2012, a previsão

é de treinar mais de 3 mil profissionais.

O programa de Especialização Profissional

busca desenvolver engenheiros e geólogos

por meio de curso de pós-graduação nas

áreas de mineração, ferrovia e porto para

atuarem nas localidades onde a Vale está pre-

sente. Dessa forma, a empresa contribui com

o atendimento da demanda por profissionais

especializados e, ao mesmo tempo, promove

a inovação tecnológica e o desenvolvimento

CENÁRIO | Engenharia e Mineração

Page 35: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

35

local por meio da geração de empregos e

renda.

O curso está aberto para profissionais com

até três anos de formação e tem duração de

três meses com aulas em tempo integral e vi-

sita técnica às instalações da Vale para alinhar

o conhecimento acadêmico às práticas. É rea-

lizado em parceria com universidades.

O profissional é avaliado por meio de provas e

ao final do curso deve desenvolver uma mono-

grafia sobre um dos temas de projetos discuti-

dos durante a realização das aulas. O projeto

é realizado sob orientação do corpo docente

e entregue após o término do curso, em prazo

determinado pela Vale e a instituição de ensino.

Criado em 2008, o programa formou 660 pro-

fissionais até hoje. Em 2012, haverá a abertura

de novas vagas.

Programa de Recrutamento para Projetos

Este programa tem como objetivo contratar e aper-

feiçoar engenheiros na gestão de projetos, conside-

rando as práticas de mercado e a metodologia de

gestão específica da Vale, para que possam atuar na

implantação de projetos de capital da empresa no

Brasil e outros países. A atuação na área envolve a

implementação de projetos de crescimento orgâ-

nico da empresa e aumento da produtividade.

O programa está aberto para engenheiros com até

quatro anos de formação. O profissional é contra-

tado desde o início e passa por um treinamento de

alguns meses antes de ser destacado para algum

projeto da empresa. Desde a implantação em 2010,

já foram 235 participantes. Todos permaneceram na

empresa ao final do programa.

A Vale é uma das empresas que integram o pro-

grama Ciência sem Fronteiras.

O programa de Especialização Profissional busca desenvolver engenheiros e geólogos por

meio de curso de pós-graduação nas áreas de mineração, ferrovia e porto

Foto: Agencia

vale

Page 36: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

36

O engenheiro Tarcio Primo Belém Barbosa, eficaz e des-

prendido presidente da Associação dos ex-alunos da Es-

cola de Engenharia da UFMG, honrou-me com convite

para falar ao lado do ilustre José Israel Vargas sobre o

engenheiro Eliseu Resende, que foi um extraordinário

representante dos engenheiros da UFMG.

Eliseu facilitou a missão que recebi, pois trabalhava e es-

crevia sobre o que havia feito. Contou sua historia em pa-

lestra a que assisti em 14 de dezembro de 2000, na

Sociedade Mineira de Engenheiros, disponível na Web.

Ninguém conhece bem a ninguém, nem a se próprio. En-

tretanto, há imagens e representações subjetivas que

temos das pessoas. E há imagens fabricadas. Trarei aqui

uma representação subjetiva, um depoimento sobre Eli-

seu.

Depoimentos não têm o rigor da historia, mas servem à

historia. São relatos de lembranças, ás vezes enriquecidos

por notas da época. São fragmentos, peças a montar com

outras, confrontadas com novas fontes e valorizadas ao

serem colocadas no contexto dentro da metodologia da

historia.

Para reduzir subjetividade e distorções, ouvi muito sobre

Eliseu, li textos que ele escreveu e escritos sobre ele, lem-

brei-me de nossos debates sobre o Brasil, e examinei seu

papel no contexto em que ele viveu.

Emerge uma figura maior, um líder.

Na vida, algumas pessoas, lideres, influem nos aconteci-

mentos e no futuro, pensam sobre os outros, criam e ino-

vam, planejam e constroem em termos físicos e

espirituais, agem sobre grupos maiores, influenciam

rumos e infletem curvas. Porem há lideres maus. Eliseu

foi um líder para o bem. Líder setorial em transportes e

energia, líder regional como deputado federal e senador

por Minas Gerais.

A minha vida encontrou-se em cruzamentos e em para-

lelos com Eliseu.

Trarei agora destaques que ampliam a visão que preva-

lece sobre ele, a de administrador maior na área de

transportes. Eliseu, com sucesso, foi professor, alto fun-

cionário publico, empreendedor, ministro de Transportes

e da Fazenda, parlamentar e trabalhou na área de energia

ARTIGO | João Camilo Penna

ELISEU RESENDE

Um engenheiro,um líder para o bem

Page 37: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

37

elétrica.

Formei-me na Escola de Engenharia em 1948, onde ouvia

falar em um estudante de grande talento duas turmas de-

pois, o Eliseu, que seguiu para estudar análise matemática

na universidade de Nova Iorque, onde obteve o primeiro

lugar de master e de doutor entre colegas dos Estados

Unidos e do mundo.

Depois, no governo Juscelino Kubistchek fui para a

Cemig, e Eliseu, no governo Magalhães Pinto, para o DER,

que logo chefiou, com importante trabalho de moder-

nização e de construção de grande quilometragem de

estradas de 1964 a 1967, e também no governo Israel

Pinheiro . Na ocasião, o nosso grande professor Fran-

cisco Magalhães Gomes comentou ser pena que ele des-

perdiçasse seus conhecimentos no Der. Ora, ele

aplicava ali seus conhecimento de racionalização de

métodos e processos, o que foi constante em sua vida.

Utilizava, para fixar prioridades, o planejamento, estudo

de alternativas, programação e valor presente. Estas ino-

vações deram acesso do Der aos órgãos internacionais,

tal como na Cemig.

Nossos contatos foram muitos, na Cemig eu era incum-

bido dos acertos com o DER sobre estradas para as bar-

ragens, relocação de trechos rodoviários a inundar e

pontes a levantar. Foi notável a colaboração do Eliseu. E

ganhei uma sólida amizade.

E logo estradas cortam montanhas, pontes cruzam rios,

barragens como montanhas fecham rios, e de usinas no

fundo do vale, pesados cabos sobre esbeltas torres trans-

portam em alta tensão energia para a cidade dos ho-

mens.

No final dos anos 50, eu fazia uma palestra na Sociedade

Mineira de Engenheiros, e Eliseu lá estava. -Eu disse:

Então, ao estudar procuramos entender melhor este fas-

cinante mundo em que nascemos. Ao trabalhar procura-

mos tornar melhor este estranho mundo em que

vivemos. E em seguida poderemos descansar.”

João Camilo Penna é Engenheiro Gra-

duado pelaUFMG, trabalhou na Vale, foi

Presidente, da CEMIG . Foi Secretário de

Estado da Fazenda de Minas na década de

70 e ainda Presidente de Furnas Cen-

trais Elétricas, do Instituto Cultural Bra-

sil-Estados Unidos de Belo Horizonte e

da Fundação Dom Cabral

Divulga

ção

| SIA

MIG

Page 38: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

38

Eliseu aparteou: “João, (- ele me cha-

mava assim), você sintetizou os ve-

tores que orientam a minha vida. Eu(

Eliseu) acrescentaria e estudar e tra-

balhar nos aproximam de futuro

melhor, do novo!.”

Incorporei esta lição em novas pa-

lestras , e , após citar sua frase, eu

dizia:

“O tempo é um recurso natural

não renovável em nossas vidas. Te-

nhamos uma agenda para o bom

uso do tempo, - no dia, no ano e na

vida.” .

Em palestra, mais tarde na Fiemg,

eu falei sobre esperança sem ânsia.

Eliseu disse: “João, sugiro acrescentar

que esperança com ânsia aproxima-

se da ganância

Seus méritos o levaram, no governo

Israel Pinheiro, do DER para o

DNER, de 1967 a 1974 durante os

governos Costa e Silva e Garrastazu

Médici, com Mario Andreazza mi-

nistro dos Transportes. Aí ele rea-

lizou trabalho resumido em placa

que recebeu da Associação de rodo-

viários do Brasil, e que dizia

“30.951km.”

Construiu a ponte Rio – Niterói,

então com o maior vão livre de viga

de concreto no mundo. Foi integra-

dor da misteriosa e fascinante Ama-

zônia ao Brasil. Construiu a

Transamazônica e asfaltou a Belém-

Brasília, mostrando com satisfação

carta de JK cumprimentando-o por

isto. Preocupava-se com o trans-

porte urbano, e iniciou, usando tre-

chos de ferrovia desativados, os

metrôs em Belo Horizonte, Recife,

Porto Alegre, Salvador e Fortaleza;

todos com atrasos após Eliseu.

Abro parênteses para falar sobre

Mario Andreazza, colega no ministé-

rio do presidente Figueiredo e

amigo próximo. Com espírito pu-

blico e capacidade de trabalho, An-

dreazza esteve perto de ser

candidato á presidência da republica

em 1984, mas foi sabotado por Del-

fim, ( - que Andreazza havia promo-

vido junto ao presidente

Figueiredo para seu ministério,-)

que preferiu Paulo Maluf. Amargu-

rado, Andreazza recolheu se a mo-

desto apartamento em modesto

bairro do Rio. Algumas vezes o visi-

tei, doente, pobre e honrado.

Eliseu foi para a iniciativa privada, na

presidência da Samarco de 1974 a

março de79. quando construiu mi-

neroduto das montanhas de Minas

até o mar no Espírito Santo.

Em Março de 79 foi a ministro de

Transportes . Como ministro, não

descuidou das ferrovias, mas privile-

giou as rodovias, com custo de

construção muito menor por km,

aceitando maiores rampas e curvas

mais fechadas, e os caminhões

transportavam porta a porta Tive o

privilegio em ser seu colega no mi-

nistério do presidente João Figuei-

redo , ele de março 79 a março 82

e eu na Indústria e Comércio,de

março 79 a Agosto 84. Muitas vezes

trabalhamos juntos em temas de in-

teresse nacional.

Incumbidos pelo presidente Figuei-

redo, no MIC,- com José Israel Var-

gas, cientista e tecnólogo de

renome internacional, e Marcos José

Marques, administrador que faz as

coisas acontecerem, - cuidávamos

da expansão e consolidação do pro-

grama do álcool, inovação brasi-

leira, cartão de visita do Brasil no

mundo. Após a mistura limitada de

álcool anidro á gasolina. Lançamos

ARTIGO | João Camilo Penna

Page 39: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

3939

com grande aceitação o carro a ál-

cool hidratado em escala comercial

o primeiro veiculo automotor do

mundo movido com combustível

não derivado de petróleo, e com

redução em 80% da poluição da

gasolina, e sucesso internacional.

Hoje predomina o carro flex de

menor eficiência pois deve servir a

dois senhores, mas o carro a álcool

voltará.

Eliseu disse que com o programa

do álcool estávamos fazendo his-

toria.

E, brincando, dizia que eu era favo-

recido pelo presidente João Fi-

gueiredo porque eu chamava João.

Eliseu, em 1982, foi candidato a Go-

vernador de Minas Gerais, que per-

deu para Tancredo Neves, seu único

insucesso que conheço.

Vitorioso na iniciativa privada e na

presidência de Furnas e da Eletro-

brás, Eliseu foi ministro da fazenda

de Itamar Franco de janeiro a maio

1993, com relevante trabalho de or-

ganização, melhor equilíbrio e

transparência das contas federais.

Em maio 1994, eleito deputado fe-

deral, reeleito duas vezes, em 2006

eleito senador da República. Tive a

satisfação de cooperar na minha ci-

dade de Curvelo com votação para

ele, e Curvelo através dele recebeu

obras federais. Antonio Alberto Ca-

nabrava, curvelano, amigo do Eliseu,

também foi diretor geral do DNER.

No Congresso, Eliseu teve papel cria-

tivo e relevante no preparo das leis

de Agencias reguladoras, decisivas

para o sucesso da livre iniciativa em

serviços públicos, A Agencia nacional

de Águas, a de Energia Elétrica, do

Petróleo, das Telecomunicações e a

de Transportes. Sofreu acusações in-

fundadas e não provadas, tinha a co-

ragem de decidir sobre temas

controversos

Vivemos, ele e eu, um contexto em

que se debatia o dilema “o técnico

versus o político”. Eu era muito li-

gado ao grande brasileiro para mim

muito saudoso engenheiro Aureliano

Chaves, que reunia as duas condi-

ções, e construía pontes entre elas, -

o que Eliseu também personificaria,

o político e o técnico em uma só

pessoa– Em palestras, interpelado

sobre o dilema, eu respondia que era

bobagem dizer que o político, um hu-

manista, pensava no Ser e o o téc-

nico, frio, pensava no Saber; ambos,

quando competentes, sabiam que o

Ser e o Saber se entrelaçam.

O governo em inícios de 1990

levou-o para a presidência de Fur-

“““O tempo é um re-curso natural não reno-vável em nossas vidas.

Tenhamos uma agendapara o bom uso do

tempo, - no dia, no anoe na vida.” .

ELISEU RESENDE

Divu

lgação

Sena

do |

www

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do.go

v.br/s

enad

or

Page 40: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

40

nas,- que eu exercera quatro anos

e me exonerado em fins de 1989,

o diretor Roberto Haig na presi-

dência até Eliseu.chegar e continuar

com sua competência a recupera-

ção do setor elétrico. Antes de as-

sumir a presidência de Furnas,

estudou o setor e honrou-me com

visitas em minha casa, em que con-

versamos longamente e em que en-

treguei- lhe estudos correlatos.

Dias depois, ele dominava o tema.

Furnas era pouco para ele, e em

1992, no governo Itamar Franco, foi

para a presidência da Eletrobrás,

onde, de 1992 a 1993, salvou o

setor.

Eliseu encontrou grave crise no

setor elétrico. A contenção das ta-

rifas, usada por Delfim Neto no

combate á inflação, levara á inadim-

plência entre geradoras e distribui-

doras em valor cerca de US$34bi

equivalentes.

Criatividade e competência em en-

genharia financeira, conhecimento

fas contas orçamentárias, apoio do

ministro Paulino Cícero e aproxima-

ção com o presidente Itamar Franco

permitiram a Eliseu solução para o

problema.

Como sempre, não buscou solução

isolada, mas que atendesse a um

conjunto de problemas correlatos,

através das Leis 8631, de 4 de Março

1993 e 8274 de 28 de Outubro de

1993. As concessionárias foram au-

torizadas a contabilizar a seu favor

as diferenças entre as remunerações

asseguradas pelas leis e as remune-

rações conseguidas, criada a Conta

de Resultado a Compensar (CRC).

Estas leis, cobertas por secutiriza-

ção das CRCs, intermediadas

pelos estados controladores das

empresas de energia elétrica pro-

moveram a desequalização tarifa-

ria; após uma defasagem de até

100 %; extinguiram a garantia de

remuneração das empresas e re-

conheceram líquidos e certos os

créditos da CRC criando um

fundo federal da ordem de

US$26bi equivalentes, após des-

conto de 25% a ser arcado pelas

concessionárias.

Eliseu foi de enorme importância

no setor elétrico no Brasil tanto

quanto no setor de transportes,

personalizando o binômio de JK,

energia e transporte.

Em meados de 1993, fui honrado

com a visita de Eliseu, presidente

da Eletrobrás. Trazia-me convite

do presidente Itamar Franco, para

ser ministro das Minas e Energia.

Inclinado a aceitar, motivos pes-

soais o impediram. Eliseu sugeriu

que eu telefonasse ao presidente

explicando as razões, e deu-me o

numero de seu telefone.

Entre outros encontros, vimos-nos

quando o presidente Fernando

Henrique Cardoso concedeu-me,

em 2002, a Ordem Nacional do

Mérito, por trabalhos voluntários

na atenuação do racionamento em

2001. Eliseu telefonou-me di-

zendo que adiara uma viagem para

poder ir á cerimônia. Terminada

essa, ele me disse:” João, fiquei sa-

tisfeito como se eu recebesse esta

medalha. De FHC, eu não a ga-

nharei, o presidente suspeita que

a divulgação dos meus trabalhos

no ministério da Fazenda revele

as bases para o plano Real”

Meus caros companheiros peregri-

nos na vida: Vivo agora uma expe-

riência nova, a velhice. Sei que nós

somos mortais e natais.

Hoje, Eliseu Resende renasce na

historia de sua vida - o engenheiro

pensador, o professor, o em-

preendedor, o homem publico -

um homem moderno, repousa no

regaço do eterno.

Até lá, Eliseu!

ARTIGO | João Camilo Penna

Page 41: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

41

No dia 10 de junho, foi a vez do enge-

nheiro civil com especialização em Admi-

nistração de Empresas e atual presidente

da Câmara Brasileira da Indústria da

Construção, Paulo Safady Simão, conver-

sar com os engenheiros mineiros sobre o

programa de habitação do governo fede-

ral “Minha Casa, Minha Vida” que tem ge-

rado grandes contribuições para a

indústria da construção civil brasileira na

segunda edição do SME 12:30.

Para ele, o desenvolvimento e implemen-

tação do Programa Minha Casa, Minha

Vida ao longo dos últimos dois anos, re-

presentou um estágio fundamental e im-

prescindível de aprendizado e

aperfeiçoamento dos processos dentro

da máquina do Estado e das próprias em-

presas da cadeia produtiva da construção.

Foi esta etapa inicial que permitiu capaci-

tar a burocracia; viabilizar e regulamentar

terrenos; elaborar e aprovar projetos; via-

bilizar e conceder crédito para constru-

toras e compradores.

Em outras palavras, o processo de ama-

durecimento do Programa foi o instru-

mento que possibilitou avanços

institucionais e de procedimentos notá-

veis na produção imobiliária no país.

Paulo Simão afirma, ainda, que o déficit ha-

bitacional brasileiro, avaliado atualmente

em cerca de 5,6 milhões de domicílios é

uma das mais graves dívidas sociais do

país. O conceito moderno de morar, já

consolidado por estudiosos e organiza-

ções internacionais, como a ONU, por

exemplo, compreende que o acesso a

uma moradia digna é um direito funda-

mental que assegura uma série de outros

direitos como segurança, trabalho, educa-

ção e saúde.

A Câmara Brasileira da Indústria da Cons-

trução defende que a questão habitacional

deve ser compreendida como uma polí-

tica de Estado, e não de Governo. Univer-

salizar este direito significa focar em

políticas públicas que assegurem a expan-

são da oferta de moradias para as popu-

lações de menor poder aquisitivo.

Neste sentido, a cadeia produtiva da cons-

trução, em parceria com diferentes seto-

res da sociedade, apresentou ao governo,

em 2008, um conjunto de propostas reu-

nidas na Campanha denominada Moradia

Digna.

Um dos pontos mais importantes da

Campanha é a defesa pela aprovação da

Proposta de Emenda Constitucional

(PEC) 285-A/2008, conhecida como “PEC

da Habitação”.

Apesar do sucesso alcançado na primeira

etapa do Programa Minha Casa - Minha

Vida, a CBIC entende que, para garantir

efetivamente, num prazo máximo de 12

anos, a meta de acabar com o déficit de

moradias que atinge as populações mais

pobres do país, é fundamental que o Con-

gresso Nacional se manifeste objetiva-

mente aprovando a PEC da Habitação.

José Ciro Mota, Marcos Carvalhaes e José FlávioRodrigo Octávio Coutinho Filho e Ailton Ricaldoni Lobo

Ailton Ricaldoni Lobo, Paulo Safady Simão, Alberto José Salum e José Antônio Costa Cintra

Marcio Araujo de Lacerda, Ailton Ricaldoni Lobo e Paulo Safady Simão

"Minha Casa, Minha Vida" foi o tema

abordado pelo presidente da CBIC, Paulo Safady Simão

Paulo Safady Simão

é Presidente da

CBIC -Câmara

Brasileira da

Indústria da

Construção,

SME | 12:30

Lideranças Nacionais

Informação & Opinião

Projeto

Page 42: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

42

Desafios e aprendizadospara construir uma carreira de sucessoJovem, curioso, empreendedor e versátil. O engenheiro mecânico com ênfase em mecatrônica, Diogo Coimbra, 30 anos, graduado pela Pontifícia Universidade Católicade Minas Gerais (PUC-MG) em 2005 está construindo uma carreira de sucesso na suaprofissão, uma das mais demandadas pelo mercado brasileiro nos últimos quatro anos.

Atualmente, ele ocupa o cargo de ge-

rente Comercial/Desenvolvimento

de Negócios da M.Roscoe, uma con-

quista profissional que é fruto da ges-

tão da própria carreira, desde a

universidade, quando procurou fazer o maior número

possível de estágios, em diversos setores. O mais sig-

nificativo deles no Departamento de Energia da Uni-

versidade de Sttutgart, na Alemanha, onde morou por

oito meses.

O primeiro trabalho foi na Arcelor Mittal Timóteo, ex

Acesita, no Departamento de Controle de

Processo/Produção. Durante dois anos e meio, ele co-

locou em prática o aprendizado teórico adquirido na

faculdade.

O passo seguinte foi a transferência para o escritório

central da empresa em Belo Horizonte, onde por mais

três anos, trabalhou no Departamento de Planeja-

mento Estratégico, dando suporte à diretoria/presi-

dência do grupo na elaboração do Business Plans

Plurianual e na análise e aprovação de investimentos

de médio e grande portes.

Em suma, Diogo Coimbra foi adquirindo experiência,

aquele diferencial competitivo que o profissional só

conquista quando tem contato direto e prático com

o mercado.

“Naquele mesmo período, fui colocando em prática

meu lado empreendedor, com a construção de um alo-

jamento na região do Jardim Canadá, com a criação de

uma pousada em Congonhas e, também, com a plan-

tação de eucalipto em terreno pertencente ao meu

pai, sempre em parceria com o meu irmão”, comenta.

A dúvida normal entre investir no negócio próprio e

a construção da carreira em organizações do mer-

cado, fez com que o engenheiro não se acomodasse.

Aproveitando a experiência adquirida, fez um estudo

de viabilidade econômica para a abertura de uma em-

presa no segmento de locação de gruas. Analisando

possíveis clientes, conheceu o sócio-diretor da M.Ros-

coe, Maurício A. Roscoe, que após conceder entrevista

a respeito do tema, logo fez o convite para que ele

fosse trabalhar no departamento comercial/desenvol-

PERFIL | Engenheiro em foco

Page 43: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

43

“Procuro estar sempre atua-

lizado e bem informado.

Mas o fato é que para as

organizações se manterem

no mercado competitivo elas

precisam inovar,

buscando alternativas

que reduzam custo,

soluções diferenciadas.

““Diogo de Souza

Coimbra

vimento de negócios da constru-

tora e, ao mesmo tempo, associar-

se à companhia para a abertura

dessa nova frente de negócios. O

resultado tem sido construído há

dois anos e meio, quando ele assu-

miu o cargo . Há um a locadora de

gruas está em operação.

Em função do trabalho, ele conhe-

ceu a Sociedade Minera de Enge-

nheiros (SME) da qual se tornou

representante dos jovens enge-

nheiros, com cadeira na Diretoria

da entidade. “A idade influencia um

pouco. Normalmente as pessoas

com quem estabeleço relações co-

merciais são mais velhas do que eu,

e no início sempre existe um

pouco de desconfiança, mas a me-

dida que as negociações avançam e

as pessoas conhecem minha pos-

tura profissional a desconfiança

passa”, explica. É nessa hora que se

percebe que os engenheiros mais

experientes estão aceitando o in-

gresso dos jovens.

Para o engenheiro, inovação é es-

sencial para as empresas que pre-

tendem se manter competitivas.

“Acredito que incentivando e de-

senvolvendo essas ações dentro da

organização, automaticamente eu

me preparo para o ambiente de

competição”, afirma.

Para ele, o reconhecimento finan-

ceiro, que também é importante,

torna-se conseqüência do pro-

cesso de gestão da carreira. Para

este ano, além de desenvolver das

demandas da M.Roscoe, o enge-

nheiro está organizado o casa-

mento, marcado para 2013.

Ele não abre mão de viajar em

suas férias, nas horas de lazer, de-

dica-se à prática esportiva – ci-

clismo, peteca e corrida. Os

horários são imprevisíveis mas

ele dá um jeito para manter-se

saudável, seja levando o calçado

na bagagem de uma viagem de ne-

gócios ou mesmo reservando

parte do horário de almoço para

fazer exercícios físicos. “O hobby

é cozinhar e confraternizar com

as pessoas que me fazem bem,

principalmente os familiares”,

destaca.

Satisfeito com o rumo da sua car-

reira, já pensa em fazer uma pós-

graduação em engenharia de

vendas, se não comprometer os

preparativos do casamento. “Este

será um ano de muitas atividades

pessoais”, conclui.

Page 44: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

A Drenagem Pluvial Urbana

e os Resíduos Sólidos

Planejamento Urbano | Drenagem Pluvial e Resíduos sólidos

44

O sistema convencional de drena-

gem pluvial urbana é composto de

uma série de unidades e dispositi-

vos hidráulicos de micro drena-

gem, como: greide, meio-fio,

sarjeta, sarjetões, bocas de lobo,

galerias, condutos de ligação,

poços de visita, trechos de galeria,

caixas de ligação; e dispositivos hi-

dráulicos de macro drenagem: ga-

lerias, canais e cursos d’água.

Este é um modelo de concentra-

ção e transferência das águas plu-

viais que impossibilita a sua

infiltração no solo.

Com a expansão urbana sempre

crescente nas cidades brasileiras,

acompanhada pelo aumento das

áreas impermeabilizadas de solo,

torna-se de fundamental impor-

tância a adoção de sistema de dre-

nagem pluvial urbana sustentável

para contribuir para a infiltração e

captação de água pluvial para uso.

O conceito de drenagem pluvial

urbana sustentável é assunto rela-

tivamente novo, se comparado

com a maioria dos conceitos con-

vencionais de drenagem.

A drenagem pluvial urbana sus-

tentável deve contemplar uma

abordagem ecológica do manejo

da água pluvial, com ações plane-

jadas para evitar processos ero-

sivos do solo, assoreamentos de

cursos d’água, enchentes ou

inundações e o processo de

perda da capacidade dos manan-

ciais. Deve ser um sistema que

contemple a manutenção do

ciclo hidrológico com a sufi-

ciente infiltração da água pluvial

para a recarga dos lençóis aquá-

ticos, que mantenha os recursos

hídricos e a qualidade das águas

superficiais e subterrâneas.

A viabilidade de ações planejadas

abrangentes e de ações de cunho

individual para manter o ciclo hi-

drológico ou permitir a captação

no meio urbano para uso da água

tem, prioritariamente, suporte na

criação de espaços livres e públi-

cos e nas diversas tipologias de es-

truturas paisagísticas capazes de

Por Maeli Estrela Borges

Page 45: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

45

auxiliar no processo de drena-

gem urbana, a exemplo de: jardins

de chuva, canteiro pluvial, lagoa

pluvial ou bacia de retenção,

tetos verdes, grades verdes, pavi-

mentação de vias e estaciona-

mentos projetados para reter ou

absorver água pluvial, entre ou-

tros.

Para a macro drenagem, a ten-

dência mundial é reduzir a ocu-

pação das margens de cursos

d’água, impedir que sejam canali-

zados e revertê-los à sua condi-

ção natural, utilizando as margens

para criação de parques lineares.

Em Belo Horizonte existe uma

bacia de retenção, a Barragem

Santa Lúcia, que cumpre a função

de retenção temporária de água

pluvial para reduzir a afluência ao

sistema de macro drenagem e

funciona também na retenção de

sedimentos. Mas o que prevalece

na Capital e Região Metropoli-

tana de Belo Horizonte são os

sistemas convencionais de drena-

gem pluvial urbana, micro e

macro drenagem, que demandam

um dimensionamento compatível

com a vazão de contribuição de

água pluvial de grandes chuvas e

necessitam de limpeza e draga-

gem frequentes para manter a

vazão nas canalizações e nos lei-

tos de cursos d’água.

Considerando que o grande ob-

jetivo do sistema de drenagem é

a prevenção de enchentes ou

inundações, a gestão bem suce-

dida da água pluvial depende,

entre outras ações, da disposição

ambientalmente adequada dos

resíduos sólidos (lixos).

A disposição inadequada de resí-

duos sólidos domiciliares, de re-

síduos volumosos e de resíduos

de construção e demolição, é um

dos vários fatores que contribui

para a ocorrência de enchentes

ou inundações e deslizamentos

de encostas em áreas urbanas no

país, com prejuízos materiais e de

vidas humanas.

No período chuvoso, estes resí-

duos ficam saturados pela infiltra-

ção de água pluvial, que aumenta o

peso de seus maciços e a possibili-

dade de deslizamentos. Podem ser

também carreados, por transporte

hídrico, tendo como destino os fun-

dos de vale, provocando assorea-

mentos de cursos d’água ou, ainda,

atingindo as galerias e canalizações

pluviais, obstruindo-as e reduzindo

a seção livre e a área de escoa-

mento, com consequentes inunda-

ções de áreas urbanas.

Quando há a possibilidade do

transporte hídrico dos sedimen-

tos e dos resíduos sólidos, prin-

cipalmente atingindo galerias e

fundos de vale, a correção da de-

posição inadequada desses resí-

duos, pelas conseqüências

regionais na bacia hidrográfica,

passa a ter um caráter regional

ou metropolitano porque os re-

síduos que atingem galerias e fun-

dos de vale à montante geram

prejuízos também para as regiões

à juzante.

Belo Horizonte dispõe de rede

para gestão de pequenos volumes

de resíduos volumosos de cons-

trução e demolição, composta de

31 Unidades de Recebimento de

Pequenos Volumes – URPVs – e

rede para gestão de grandes vo-

lumes, representada pelas esta-

ções de reciclagem de resíduos da

construção Estoril, Pampulha e

BR-040 e, ainda, programas com-

plementares: de comunicação e

mobilização social, de recupera-

ção de áreas degradadas, de fisca-

lização e de correção ambiental e

reciclagem com carroceiros.

Mesmo assim, a deposição clan-

destina de resíduos volumosos e

de construção e demolição estão

presentes pela cidade, atingindo a

rede de drenagem pluvial, canais e

os cursos d’água, causando

e n chentes ou inundações no

período chuvoso.

Page 46: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

46

Na Região Metropolitana de Belo

Horizonte, o problema se multi-

plica, estando a requerer uma so-

lução regional, de modo que as

galerias pluviais e os cursos

d’água que atravessam Belo Ho-

rizonte não recebam e transpor-

tem resíduos e sedimentos de

outros municípios.

Para garantir a aplicabilidade

da lei 12.305/2010, Política

Nacional de Resíduos Sólidos,

e prevenir as enchentes ou

inundações tendo os resíduos

sólidos como fatores agravan-

tes, propomos as ações:

1. Extinguir lixões, deposições

clandestinas de resíduos e recu-

perar áreas degradadas.

2. Planejar a construção de área

de triagem e transbordo ou de es-

tação de reciclagem de resíduos de

construção e demolição (Regional

Leste ou Nordeste ou imediações)

para racionalizar os deslocamentos

do transporte de resíduos.

3. Criar aterros específicos de

resíduos de construção e demo-

lição e de volumosos.

4. Intensificar as ações de fiscali-

zação e educação para erradica-

ção de deposições inadequadas

de resíduos de construção e de-

molição, resíduos volumosos, e

ampliar a divulgação dos endere-

ços das URPVs e das Estações de

Reciclagem de RCD em Belo Ho-

rizonte.

5. Retomar o projeto metropo-

litano de reciclagem de resíduos

de construção e demolição, ela-

borado na Agência Metropolitana

da RMBH, visando sua revisão e

implantação.

6. Reativar o Comitê de Gestão

de Resíduos Sólidos da Agência

Metropolitana, para garantir a

participação dos municípios e o

controle social pela sociedade

civil nos programas, projetos e

ações sobre reciclagem de resí-

duos de construção civil.

7. Criar e implantar programa de

educação e informação ambiental

na RMBH.

A conscientização da sociedade e

do governo para uma gestão dos

resíduos sólidos com responsabi-

lidade compartilhadade é uma

das saídas para a prevenção de

enchentes e inundações. “Uma la-

tinha jogada na rua hoje pode ser

motivo da enchente de amanhã e

a impermeabilização excessiva do

solo em casas e ruas hoje pode

ser também a causa da inundação

de amanhã.”

Planejamento Urbano | Drenagem Pluvial e Resíduos sólidos

Maeli Estrela Borges é

engenheira-arquiteta e Sanitarista e

Consultora de resíduos sólidos

e limpeza urbana.

Page 47: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição
Page 48: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

48

ARTIGO | Edézio Teixeira de Carvalho

CONTRIBUIÇÃO DA GEOLOGIA

PARA A SOLUÇÃO DE PROBLEMAS

HIDROLÓGICOS URBANOS

PROCESSOS HIDROLÓGICOS:

A urbanização implica mobilização de massas geológi-

cas, impermeabilização do terreno e bloqueio do acesso

das águas pluviais a ele. A exportação de massas geoló-

gicas provoca consequências hidrológicas negativas por-

que leva junto o espaço poroso dos solos exportados

e faltará acomodação das águas pluviais. Impermeabili-

zações, bloqueios, aterros argilosos e solos superficiais

compactados (placa tecnogênica) impedem o acesso da

água aos poros do solo, aumentando o escoamento.

Nas encostas com materiais permoporosos em subsu-

perfície a água do lençol freático esvai-se, formando-se

uma franja insaturada, um verdadeiro oco hidrológico

entre a placa e o lençol freático deprimido por carência

hídrica. Nas partes baixas, se o sistema viário for im-

plantado com greide baixo, virá um efeito a mais: A água

promoverá alagamentos onde calhas de drenagem não

derem conta do escoamento. Nas cidades ilimitada-

mente crescentes, principalmente para montante dos

drenos locais, fatalmente se chegará à superação da sua

capacidade e sobrevirão alagamentos, inundações,

cheias incômodas ou catastróficas. Além dessas altera-

ções, massas geológicas escavadas expostas nos taludes

de corte serão erodidas e engrossarão enxurradas e

caudais de cheias.

Page 49: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

49

PREVENÇÃO E CONTROLE:

A contribuição geológica para a prevenção e controle dos pro-

cessos e eventos hidrológicos indesejáveis, consequentes à ur-

banização, baseia-se essencialmente nos seguintes pontos:

• Dar às águas pluviais, componente itinerante da plataforma

geológica, condições médias de entrada adequadas (ressalvada

imposição geotécnica essencial de drenagem). Isto implica com-

pensação ou neutralização das impermeabilizações e bloqueios.

A neutralização significa transpor bloqueios por cisternas de

infiltração ou poços a que sejam conduzidas as águas dos te-

lhados (áreas altas), inibindo o início das enxurradas; a neutra-

lização local pode ainda ser feita por captação das águas

pluviais (sem exigências geológicas);

• Nas cidades urbanizadas em áreas baixas, a coleta de águas

pluviais pode ser aplicada, e o recurso não será suficiente. A

compensação, implicando aumento da capacidade de recepção,

pode ser aplicada por aterros de inertes que as cidades pro-

duzem em crescente quantidade. Um aterro desses geologica-

mente bem posicionado em vale ou voçoroca, com grande

volume, pode compensar a perda de infiltração em áreas adja-

centes;

• Nas cidades novas a prevenção é possível por diversas for-

mas. Na urbanística a implantação de vias de vales em greide

previamente levantado deixa espaço poroso disponível para a

infiltração que reduz inundações e alagamentos; na arquitetô-

nica, coleta de águas pluviais e infiltração estimulada são solu-

ções ideais.

Page 50: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

50

ARTIGO | Edézio Teixeira de Carvalho

• O combate à erosão em

taludes de cortes exige mu-

retas de pé e cobertura ve-

getal para imobilização das

terras.

• Em situações geológicas

favoráveis o uso das águas

subterrâneas de aquíferos

superficiais (cisternas e

poços tubulares) estimula a

infiltração e reduz inunda-

ções por criar condições

de carência hídrica artificialmente.

COOPERAÇÃO INTERPROFISSIONAL

Nessa cooperação a contribuição geológica propor-

ciona recursos das condições contextuais para im-

plantação prévia ou corretiva de esquemas como os

acima sumariados, objetivando a implantação da mais

importante forma de combate ao desequilíbrio do

regime hidrológico, qual seja a adoção do conceito

de vazão admissível, entendida como a que poderá

passar por dada seção de escoamento que seja con-

siderada definitiva, sem hipóteses de ampliação. Para

limitar a vazão afluente ao valor da admissível

podem-se trabalhar em conjunto os recursos dispo-

níveis, que se relembram:

• Infiltração forçada, abaixo da placa tecnogênica, nas

áreas altas, não havendo problemas de instabilidade;

• Coleta de águas pluviais e seu armazenamento para

uso posterior (quaisquer áreas);

• Imobilização das massas geológicas nos taludes de

cortes, usando muretas de pé e cobertura vegetal;

• Aterros de resíduos do grupo RCC inertes;

• No plano institucional: Estimular mestrados e doutorados

no estudo das franjas insaturadas ou ocos hidrológicos, e

pontos favoráveis ao descarte de inertes como vales en-

caixados, ravinas, cavas de minas; passar a ler leis de orde-

namento como meios e não como fins (o legislador quis

que se faça como recomenda a lei, ou de forma compro-

vadamente melhor, porque, se estivesse pensando de forma

diversa, estaria tratando a lei como fim e isto a sociedade

não deve admitir por intrinsecamente inconstitucional).

Edézio Teixeira

de Carvalho

Engenheiro Geólogo

Page 51: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

51

A Sociedade Mineira de Engenheiros tem comomissão posicionar-se diante das principaisquestões técnicas, sociais, culturais, políticas eeconômicas. O evento café com tema é umaproposta para se debater assuntos relevantes àEngenharia Mineira e Nacional.

O Projeto SME – Café com Tema, promovido pela Sociedade

Mineira de Engenheiros (SME), na sede social teve como

palestrante o prefeito municipal de Belo Horizonte, Marcio

Araujo de Lacerda. Ele falou sobre o projeto de planejamento

da capital mineira “BH. Transformando o presente, planejando

o futuro”, para uma platéia de engenheiros e empresários.

A proposta central do projeto é reunir lideranças empresari-

ais e políticas do país para discutir temas de interesse das

cidades, Estados e também do Brasil.

Prefeito de Belo Horizonte

Marcio Araujo de Lacerda e

Ailton Ricaldoni Lobo Presidente da SME

Prefeito de Belo Horizonte

Marcio Araujo de Lacerda

Participantes do evento

ApoioPatrocinador

Café com TemaSME

Prefeito de BH reafirma a importância de planejar o futuro da cidade

Page 52: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

52

CÓDIGO FLORESTAL

Ponto

A proposta de um novo código flo-

restal para o país, projeto de lei

que deve ser votado ainda no pri-

meiro semestre pelo Congresso

Nacional, pode ser avaliada por di-

versos ângulos. Para a Federação

da Agricultura e Pecuária do Estado

de Minas Gerais (FAEMG) há ga-

nhos consideráveis com a mu-

dança, se comparada com a

legislação atual.

O superintendente técnico da ins-

tituição, Affonso Damasio, lembra

que, se cumprida na íntegra, a legis-

lação atual que trata do tema torna

ilegais a maior parte dos negócios

rurais do Estado porque estão em

áreas de preservação permamente

(APP), seja pela declividade do re-

levo montanhoso de Minas Gerais

ou em margem de rios.

A correção desses erros, segundo

a legislação atual, seria a erradica-

ção da produção ou o paralisação

o que comprometeria o agronegó-

cio do Estado. Segundo o superin-

tendente, a proposta do novo

código florestal não está liberando

nada novo – e não é verdade que

incentiva o desmatamento de

novos terrenos.

O principal ganho da proposta é

que ele tira da ilegalidade as ocu-

pações já consolidadas. Há casos,

inclusive, em que o produtor terá

que recompor o que fez no pas-

sado, com direito a incentivo para

se fazer as adequações necessárias.

Outra vantagem do projeto de lei

é que as propriedades rurais pode-

rão contar com as áreas de preser-

vação permanente para somar os

20% compor a reserva legal das

ocupações. Segundo a legislação

atual, esses dois espaços são con-

tabilizados separadamente, o que,

em muitos casos, restringe a possi-

bilidade de cultivo.

Os terrenos que têm até quatro

módulos fiscais – média de 100

hectares em Minas Gerais – serão

isentos da manutenção da reserva

legal. Para Damasio esse é mais um

ganho da proposta em tramitação

no Congresso Nacional, já que be-

neficia a agricultura familiar.

A aprovação é aguardada com an-

siedade, já que, de acordo com o

superintendente, representa um

mal menor que o causado pela le-

gislação atual.

Em debate

Código florestal deve ser votado ainda no primeiro semestre de 2012

Affonso Damasio é

superintendente

técnico da FAEMG

CÓDIGO FLORESTAL | PONTO E CONTRA PONTO

Page 53: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

53

Contraponto

O País está debruçado sobre os

debates que ocorrem no Con-

gresso Nacional a respeito de

mudanças que querem introduzir

no Código Florestal brasileiro.

Como se trata de matéria natu-

ralmente polêmica, os ânimos

estão acirrados e o debate se

prolonga sem chance de um

acordo, diante de posições infle-

xíveis e cristalizadas que acabam

esterilizando a discussão.

É um assunto realmente sério,

que deve merecer toda a aten-

ção dos congressistas e da socie-

dade brasileira, pois o que está

em jogo é o patrimônio florestal

do País. Por isso, não se está fa-

zendo uma lei para hoje, mas

uma lei inter geracional. Infeliz-

mente, o tema está dominado

pelas preocupações de ontem,

quando deveria está focado nas

premissas do amanhã, já que a

cobertura vegetal e as florestas

em particular, são e serão funda-

mentais para o desenvolvimento

sustentável do Brasil a curto,

médio e longo prazos.

Além do intenso debate sobre as

áreas de preservação perma-

nente e da reserva legal que está

polarizando o debate, já que as

APP são áreas ecologicamente

sensíveis, fundamentais para o

equilíbrio dos ecossistemas e as

RL estratégicas para a manuten-

ção e conservação da biodiversi-

dade, há outros temas que

merecem ser analisados mais

profundamente, diante da impor-

tância do tema para o futuro da

nação.

Em primeiríssimo lugar é funda-

mental observar que embora o

Código trate de florestas, não é

só de vegetação que ele cuida,

razão pela qual surge de forma

tão evidente a questão da APP e

da RL, uma vez que as florestas

guardam uma relação de total in-

terdependência com os solos, as

águas e a fauna. De fato, não

existe floresta sem solo, não

existe água sem solo e floresta e

a fauna não existe sem estes três

elementos.

Daí porque o uso predatório dos

recursos naturais renováveis não

deve ser abordado como um pro-

blema exclusivamente ecológico,

embora os prejuízos ambientais

do uso inadequado desses recur-

sos sejam flagrantes. Há conside-

rações de ordem econômica

também a serem analisadas, por-

que as florestas, o solo e as águas,

alem de recursos ambientais, são

também recursos econômicos. A

destruição desses recursos signi-

fica, antes de tudo, destruir os fa-

tores de produção do setor

agropecuário. Malbaratá-los, agora,

implica comprometer a prosperi-

dade futura dos produtores rurais

e agricultores e o desenvolvi-

mento da Nação a longo prazo.

É comum ouvir o argumento de

que a RL só existe no Brasil, o que

é verdade, e que sua exigência sig-

nifica um ônus para os proprietá-

rios rurais. É um equivoco.

Juntamente com as APP elas pres-

tam serviços ambientais de ex-

traordinária importância para o

País, começando pelos próprios

agricultores, como elemento natu-

ral essencial para a conservação

do solo, da água e como abrigo da

fauna. Por outro lado, numa eco-

nomia cada vez mais globalizada,

em que os mercados estão mais

Por Jose Carlos Carvalho é ex-ministro do meio ambiente

Page 54: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

CÓDIGO FLORESTAL | PONTO E CONTRA PONTO

54

exigentes em relação a produtos

ambientalmente saudáveis, a Re-

serva Legal é uma vantagem com-

parativa para um País que se

tornou grande exportador de

commodities agrícolas.

Alem disso, temos grande dispo-

nibilidade de terras abandonadas

e subutilizadas no processo de

produção, algo em torno de

700.000 Km², uma área fabulosa,

que permite a expansão da produ-

ção sem novos desmatamentos e

com recuperação das áreas ecolo-

gicamente sensíveis.

De fato, a expansão da fronteira

agrícola em áreas cobertas com

florestas e a existência de terras

abandonadas numa extensão tão

grande, significa, na atualidade, uma

das maiores, senão a maior con-

tradição do modelo de desenvol-

vimento que estamos praticando.

É uma irracionalidade total, ab-

surda, incompreensível.

Esta situação impõe a perda de

biodiversidade, de solos agricultá-

veis e de mananciais de água numa

escala alarmante, mesmo para um

País de dimensão continental

como o nosso. Neste contexto,

perde o meio ambiente e perde a

agricultura. O meio ambiente

perde em razão de danos irrepa-

ráveis provocados à natureza e a

agricultura perde, porque destrói

os fatores de produção do seu

próprio negócio.

Aliás, uma agricultura que se torna

competitiva utilizando predatoria-

mente seus fatores de produção é

uma agricultura sem futuro, como

demonstra as regiões dos Vales do

Rio Doce e do Mucuri, em Minas,

do Sul do Espírito Santo e do No-

roeste do Rio de Janeiro, para

citar exemplos geograficamente

mais próximos, de como este mo-

delo afeta a economia agrícola

com drástica redução da produti-

vidade, do mesmo modo que afeta

o meio ambiente, ao degradar as

bacias hidrográficas e devastar os

ecossistemas.

Na prevalência deste modelo ana-

crônico de produção, nós estamos

subsidiando a agricultura brasileira

com o nosso capital natural, numa

total demonstração de miopia es-

tratégica e infantilismo político.

Este modelo poderá nos fazer a

quinta economia do mundo nas

próximas décadas e, muito prova-

velmente, a qüinquagésima, no fim

do século. Por esta razão, ao defi-

nir o novo Código Florestal não

estamos tratando apenas dos in-

teresses ambientais do Brasil, mas

com igual importância, do sucesso

e da sustentabilidade de nossa

agricultura.

Graças ao talento profissional do

ex-ministro Alysson Paulinelli que

idealizou a criação da EMBRAPA,

o Brasil já desenvolveu e está de-

senvolvendo tecnologias agrícolas

tropicais que permitem ao nosso

País praticar uma agricultura ba-

seada no uso sustentável dos re-

cursos naturais, sem a necessidade

de insistir no modelo ultrapassado

que levou vastas regiões brasilei-

ras à decadência econômica e que

já viveram a prosperidade que

fazem o progresso de outras re-

giões, principalmente no centro-

oeste. Por isto é que estamos

vivendo este falso dilema, que di-

ficulta a missão do Dep. Aldo Re-

belo em encontrar uma proposta

Page 55: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

contemporânea para a Lei Flores-

tal brasileira.

Com relação ao Substitutivo pro-

priamente dito do Relator algu-

mas questões centrais estão

passando ao largo das discussões.

A primeira e a mais importantes

delas está na concepção da pró-

pria Lei. A proposta sob exame

dos Congressistas repete os

mesmo vícios de origem das Leis

anteriores, isto é, continua ba-

seada exclusivamente nos meca-

nismos de comando e controle do

Estado, sem criar instrumentos

reais e efetivos de fomento para

conservação. Quando se trata de

controle e fiscalização o Projeto

de Lei é mandatório e quando

aborda a questão crucial dos in-

centivos econômicos é mera-

mente declaratório. Isto é, atenua

as ações de controle e fiscalização,

mas não define com precisão os

incentivos para recuperar o que já

foi detonado no passado, princi-

palmente, para a agricultura fami-

liar, fazendo recair sobre os agri-

cultores os mesmos ônus da Lei

atual. O agricultor familiar que não

tem condições de recompor sua

APP de 30m continuará sem con-

dições econômicas de recuperar a

faixa de 15m.

Se parte das APP e RL foram des-

matadas com o financiamento do

Estado, como argüi corretamente

as lideranças do setor agropecuá-

rio, nada mais natural que o Es-

tado financie a recuperação destas

áreas. Até porque, como bem de-

fine a legislação florestal brasileira,

desde 1934, as florestas e demais

formas de vegetação existente no

território nacional são bens de in-

teresse comum do povo. Ora, se

são bens de interesse coletivo, é

justo que a coletividade participe

diretamente do esforço de recu-

peração que a incúria do passado

legou às presentes gerações e que

se agravarão no futuro, se nada for

feito na atualidade. No caso da

agricultura familiar, a solução ideal,

não está em desobrigá-la de manter

as áreas necessárias à conservação,

mas apoiá-la para reconstituir estas

áreas a longo prazo, de tal maneira

que esta obrigação não reduza

ainda mais os padrões de renda já

baixos dos pequenos agricultores.

Na verdade, é o intensivo uso pre-

datório dos imóveis rurais no pas-

sado, sem observância da Lei e das

práticas recomendadas de conser-

vação do solo e água, com cultivos

e criações de baixa produtividade

que criaram o quadro de crise que

estamos vivendo hoje. Os Vales do

Rio Doce e Mucuri em Minas, re-

giões tradicionalmente ocupadas

com a pecuária, chegaram a su-

portar 2,8 unidades animal por

hectare, no auge da ocupação há

50 anos, e hoje, com a destruição

dos recursos naturais, incluindo a

55

José Carlos Carvalho é ex-ministro do meio

ambiente, Engenheiro florestal, fala sobre as

mudanças propostas para alteração do código

florestal, em tramitação no congresso nacional.

Page 56: Revista Mineira de Engenharia - 12ª Edição

56

devastação da mata atlântica, a bo-

vinocultura atinge, em média, 0,6

unidade animal, no mesmo ha, isto

é, uma redução de quase 5 vezes.

Neste caso, como é comum ouvir

dizer que o meio ambiente atra-

palha a agricultura, é de se pergun-

tar: quanto custa não proteger o

meio ambiente para agricultura?

Outro ponto crucial, normal-

mente ignorado no Brasil, diz res-

peito às Leis de norma geral,

como é o Projeto do Código se-

gundo definição encontrada logo

no seu Artigo 1º. No nosso sis-

tema federativo, a Lei de norma

geral, como define o manda-

mento constitucional da compe-

tência legislativa concorrente,

deveria remeter aos Estados

Membros da União, as normas es-

pecificas. Mas não é que ocorre,

já que o PL é um misto de norma

geral e normas especificas, a

ponto de disciplinar detalhada-

mente como deve ser feito um

Plano de Manejo Florestal Sus-

tentável, iniciativa inteiramente

técnica que poderia ser discipli-

nada pelo órgão ou entidade res-

ponsável pela sua aprovação.

Todavia, a tendência de transfor-

mar Lei de norma geral em Lei es-

pecifica é um dos problemas

enfrentados pelo Congresso Na-

cional, diante da exacerbada difi-

culdade de harmonizar as diferen-

tes realidades regionais numa

única norma, como ocorre no

caso presente. A Lei nacional é si-

métrica por definição, mas sua

aplicação se faz numa federação e

num território totalmente assimé-

tricos, com peculiaridades distin-

tas e por vezes antagônicas. Eis aí,

a causa principal da dificuldade em

obter o necessário consenso em

torno do tema e de outros assun-

tos de dimensão nacional que são

submetidos ao exame do Con-

gresso Nacional. Embora as lide-

ranças do governo e da oposição

digam que já há consenso sobre

98% do Substitutivo, é importante

lembrar o saudoso Presidente

Tancredo Neves que já nos ensi-

nou que em política, 1% pode ser

mais que 99%. As dificuldades em

votar o Projeto de Lei demons-

tram que ele tinha razão.

Fica claro, mesmo para os leigos,

que é praticamente impossível,

produzir uma norma legal ade-

quada aos seus objetivos, em re-

lação a este tema, sem regras de

caráter específico, que possam

capturar e dar tratamento às pe-

culiaridades locais e regionais, le-

vando em conta as realidades dos

nossos diversos biomas, os ecos-

sistemas que os compõem e as

diferentes bacias hidrográficas

que drenam o território. Con-

tudo, como os biomas se espa-

lham por mais de um Estado, a

melhor solução não está em re-

meter às unidades federadas a le-

gislação complementar, mas

estabelecer no âmbito do pró-

prio Congresso, Leis especificas

por biomas, como, aliás, já ocor-

reu com a Mata Atlântica, por ini-

ciativa à época do então

Deputado Fábio Feldman.

Desta forma, a solução recomen-

dável no atual cenário político,

seria aprovar a atualização possí-

vel do Código Florestal, sem re-

trocessos que descaracterizem

os fundamentos que vem sendo

erigidos desde a Lei de 1934,

adotando a moratória dos des-

matamentos por 5 anos, como

originalmente previsto pelo rela-

tor, com a obrigação do Con-

gresso Nacional votar Leis

especificas para os biomas da Flo-

resta Amazônica, do Cerrado, do

Pantanal e da Caatinga, dentro

deste prazo.Esta solução evitaria

que os Estados, como Minas Ge-

rais, no uso e no limite de sua

competência constitucional con-

corrente sejam instados a elabo-

rarem suas próprias Leis,

tratando de biomas compartilha-

dos com outros Estados, para

CÓDIGO FLORESTAL | PONTO E CONTRA PONTO

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atenuar os conflitos que giram

em torno do tema e que tumul-

tuam o processo de governança

do setor e a gestão ambiental das

florestas e da biodiversidade.

É preciso reconhecer a necessi-

dade de dar às Áreas de Preserva-

ção Permanente tratamento

compatível com o uso antrópico

consolidado, historicamente, consi-

derando o horizonte temporal de

uso do solo agrícola no Brasil, prin-

cipalmente com o objetivo de des-

criminalizar o uso de boa fé feito

no passado. Este é um ponto que

precisa ser enfrentado com cora-

gem e bom senso, dando à agricul-

tura familiar tratamento especial,

em razão das condições sócio-eco-

nômica dos pequenos agricultores.

Quanto à Reserva Legal, é difícil

compreender que se adote agora

a sua inexigibilidade, já que é uma

obrigação estatuída desde o Có-

digo de 1934, ratificada em 1965

e em 1989, em todas as ocasiões

pelo Congresso Nacional, e não

por Medida Provisória, como se

tenta argüir na atual etapa dos de-

bates. É sempre bom lembrar que

a obrigatoriedade da recomposi-

ção da RL também foi adotada

por Lei de iniciativa congressual,

através da Lei Agrícola com apoio

das bancadas partidárias vincula-

das ao setor agropecuário. Ora,

isto significa que o atual Substitu-

tivo do Deputado Aldo Rebelo é

uma contradição histórica, uma

negação do papel histórico do

Parlamento brasileiro, um lamen-

tável retrocesso que não honra a

biografia do Relator e depõe con-

tra conquistas inalienáveis da

Nação brasileira, obtidas exata-

mente pela clarividência e pela

contemporaneidade de parlamen-

tares que nos idos de 1934, 1965

e 1989, há quase 80 anos, deram

ao Brasil um estatuto jurídico fun-

dado no sentimento de Pátria, que

não deve faltar agora.

Isto não significa que esta posição

de vanguarda, historicamente afir-

mada e reafirmada no Congresso,

deixe de considerar questões espe-

cificas como a da agricultura fami-

liar, por razões sócio-econômicas.

Mas, esta realidade não justifica a

visão reducionista e a decisão sim-

plista de se abolir a Reserva Legal.

Há outras alternativas e outros ca-

minhos a serem explorados, que

podem assegurar a recomposição

destas áreas, mediante financia-

mento e assistência técnica pro-

porcionada pelo Poder Público,

sem sua súbita eliminação, mais

uma vez sem comprometer a

renda dos agricultores familiares.

Uma das hipóteses a serem consi-

deradas poderia ser a adoção de

uma escala progressiva de redução

da RL de 4 módulos fiscais para

menos, condicionando a recompo-

sição ao apoio efetivo do Poder Pú-

blico, no âmbito do PRA –

Programa de Regularização Am-

biental estabelecido no próprio

Substitutivo, estabelecendo me-

diante motivação edafo-climática,

biológica, hídrica e geológica as

áreas prioritárias de recomposição

das RL. Isto significa que a recom-

posição só poderá ser cobrada da

agricultura familiar se viabilizado o

apoio do Poder Público. Caso con-

trário, o pequeno agricultor conti-

nuaria dispensado da obrigação de

recompor, recaindo sobre os go-

vernos a responsabilidade de sua

omissão.

Outra questão relevante sobre o

tema da RL diz respeito aos aspec-

tos locacionais. Mais uma vez o PL

mantém a propriedade rural como

a célula da reserva legal, ofere-

cendo o bioma como opção na au-

sência de alternativa local. Embora

polêmica, esta decisão precisa ser

pensada na ótica da bacia hidrográ-

fica. Definir a RL na propriedade,

principalmente em regiões de es-

trutura minifundiária, é um erro

técnico e estratégico, pois o má-

ximo de conservação a ser obtida

será um retalho de pequenas áreas,

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um conjunto de fragmentos sujeito

ao efeito de borda, condenados ao

desaparecimento, sem nenhuma

serventia para a estratégia de con-

servação da biodiversidade, princi-

palmente como corredores de

conectividade para assegurar o

fluxo gênico da flora e da fauna e

como cobertura essencial à prote-

ção de mananciais e cabeceiras de

córregos e rios de ordem inferior

até o rio de primeira ordem. Neste

caso, a bacia hidrográfica é a me-

lhor referência espacial para a lo-

calização dessas reservas.

As entidades que integram o mo-

vimento Diálogo Florestal, reu-

nindo organizações ambientalistas

e da iniciativa privada, apresenta-

ram um documento baseado em

dezesseis (16) pontos que constitui

um bom eixo para orientar as ne-

gociações das partes interessadas

visando a romper o imobilismo e

criar as condições políticas que

permitam um grande entendi-

mento nacional sobre futuro das

nossas florestas.

Muita critica tem sido feita ao Subs-

titutivo do Código Florestal em

tramitação na Câmara dos Depu-

tados, em razão do debate acirrado

entre ruralistas e ambientalistas,

que praticamente, como seria na-

tural, monopolizam o debate, ao

discutir as falhas do Projeto se-

gundo o pensamento dominante

de cada um desses segmentos. To-

davia, torna-se necessário conside-

rar que este PL não pode ser

elaborado para ambientalistas e ru-

ralistas, ele tem que ser elaborado

para a Nação, principalmente para

a maioria silenciosa e indiferente

que sequer percebe que o Con-

gresso está decidindo o seu futuro

e o futuro dos seus filhos.

Por isso, é necessário criticar o

Substitutivo também pelas qualida-

des que ele não tem. E certamente,

uma das lacunas desta iniciativa le-

gislativa, diz respeito a ausência de

instrumentos econômicos manda-

tórios para assegurar que os pe-

quenos agricultores terão as

condições necessárias para fazer o

seu papel, ao lado dos médios e

grandes. Em 2002, foram criados

dois instrumentos econômicos im-

portantes para estimular o reflo-

restamento e a recuperação de

áreas degradadas, o PRONAF FLO-

RESTAL E O PROPFLORA, duas li-

nhas de crédito com prazo e

carência compatíveis com as ativi-

dades florestais. Passados 9 anos,

nada se fez para aprimorar e am-

pliar estes instrumentos e adotá-

los como ferramentas importantes

para fomentar a conservação e o

uso sustentável das florestas no

Brasil.

Outra lacuna está relacionada com

o silêncio do Substitutivo no que

pertine as instituições florestais e

ambientais encarregadas de colocá-

lo em execução. Com exceção de

meia dúzia de Estados, os demais,

incluindo a União, não estão prepa-

rados para assumir as competên-

cias que o Projeto de Lei está lhes

atribuindo, em virtude, entre ou-

tros pontos, da gratuidade justifi-

cada que a proposta assegura aos

agricultores familiares. O PL ignora

a necessidade de fortalecimento

institucional dos órgãos e entida-

des florestais e ambientais que

lidam com a matéria. Só em Minas

Gerais são mais de 300.000 pro-

priedades a serem atendidas. Pela

toada em que estamos, o problema

continuará praticamente do

mesmo tamanho. Restará nova-

mente o controle e a fiscalização. E

que os órgãos e entidades ambien-

tais não venham a ser novamente

amaldiçoados, pela incapacidade

operacional de atender a esta nova

demanda.

Fazer uma Lei que cria obrigações,

sem meios de implementação, é

fazer uma Lei inexigível.

O Brasil é uma das poucas, se não

a única Nação do mundo com

nome de árvore, o pau-brasil, in-

cluído por incúria nossa e de nos-

sos antepassados na lista das

espécies da flora brasileira ameaça-

das de extinção. É hora de lembrar

os Congressistas desta verdade.

CÓDIGO FLORESTAL | PONTO E CONTRA PONTO

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Na década de 40, era comum

que muitos estudantes da uni-

versidade federal de Itajubá per-

manecessem na cidade durante

o período de férias de julho.

Além do dinheiro curto, as con-

dições das estradas e transporte

também não animavam muito os

alunos a visitar os pais. Para dar

conta de preencher o tempo

livre, eles faziam um exercício de

criatividade inigualável.

Em 1942, as férias ficaram ainda

mais longas. A essa altura, o

então aluno do Instituto Eletro-

técnico de Itajubá ( IEI), Calis-

trato Borges de Muros, já tinha

esgotado todas as possibilidades

de lazer disponíveis. Foi aí que

pensou em algo diferente.

Resolveu então pregar uma peça

no colega de república José Mil-

ton Costa que viajara deixando

o seu Fiat na cidade. Com a

ajuda de alguns colegas, desmon-

tou o carro para montá-lo no

segundo andar da república

onde moravam, logo na sala de

visita para garantir o impacto da

operação.

Quando chegou de viagem, o

dono do carro ficou assustadís-

simo ao ver o seu Fiat dentro de

casa. Essa também foi a sensação

do dono do imóvel que não

compreendeu como o veículo

foi parar lá dentro sem que ne-

nhuma parede fosse demolida

ou quebrada.

A lição de mecânica automotiva

só chegou ao final quando Calis-

trato novamente desmontou o

Fiat do colega para montá-lo lá

na rua.

O engenheiro e professor

Calistrato Borges de Muros

diplomou-se na turma de

1945 no antigo Instituto Ele-

trotécnico de Itajubá (IEL).

Pioneiro das Telecomunica-

ções em Minas Gerais, ele de-

dicou 62 anos à Engenharia,

seja como gestor ou profes-

sor da EFEI, PUC-MG, UFMG

e Inatel. Em 1984, já aposen-

tado após uma brilhante car-

reira, prestou concurso

público para a CBTU / Deme-

trô BH, onde passou a ocupar

vários cargos até o ano de

2007, quando de fato se apo-

sentou. Ele faleceu em 16 de

abril de 2010.

A Revista SME quer recebere publicar a sua história,basta enviar o texto para oe-mail [email protected]

Causos da Engenharia

Lição de mecânica com Calistrato Borges de Muros

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