Revista Mineira de Engenharia - 09ª Edição
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Em 2010, mais 11novos aeroportosserão inaugurados
em MinasCom foco na aviação comercial, assistência comercial,
assistência aeromédica e turismo, o Estado pretende
fomentar a economia mineira
Pág. 28
Ano I - Edição 09 - Março 2010
LogísticaRMBH discute sistema
integrado de transporte
para diminuir gargalos
Pág. 08
Viaduto das AlmasDe obra prima à causadora de
centenas de mortes. Viaduto
deixa marcas históricas
Pág. 34
Jovens abrem caminho para o empreendedorismo - Aluno agraciado no 18º PrêmioSME de Ciência e Tecnologia cria projeto para catadores de papel de BH. Pág. 45
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Ainda permanece latente e atual atemática do editorial de nossa úl-tima revista, em que procurávamosdesenvolver resposta à indagação:- Associar-me? O que ganho comisto? - salientando a importânciada SME e sua posição como umatribuna de aspirações e definiçõesda classe que busca acolher e comela caminhar pelas vias questioná-veis do desenvolvimento brasi-leiro.
Em momento de descontração,percorrendo os olhos por algumaspublicações, encontramos discursopronunciado pelo engenheiro pro-fessor Michel Turpin, diretor daÉcole de Mines de Paris, em home-nagem ao centenário da Escola deMinas de Ouro Preto. Pronunciadoem francês, dele extraímos, com atradução que adotamos, o trecho:
“Em nosso mundo atual, onde seacentua o ritmo da evolução, o enge-nheiro não pode esperar fundamen-tar sua carreira sobre osconhecimentos adquiridos na Escola.Faz-se necessário a ele, sem cessar,adaptar-se às mudanças e, melhorainda, provocá-las. Uma sólida culturacientífica, técnica e econômica cons-titui uma base indispensável paraque o engenheiro possa delinear asideias que orientam sua ação”.
Ora, eis aí um pronunciamentosimples, mas dotado de granderealidade e que nos dá uma dire-triz em consequência à indagaçãoao início reproduzida. A entradano mercado de trabalho abre ao
novo engenheiro horizontes que aEscola não pode traduzir na ampli-tude das questões que se apresen-tam a ele no dia-a-dia, na exigênciade definições que o assaltam, nabusca de tomadas de posição a quelhe chamam as responsabilidadesassumidas. E, sem dúvida, ele neces-sita de um convívio salutar, onde ca-minhe ciente e consciente dasmudanças que a evolução da tecno-logia cria a cada virada de calendá-rio, no afã do ser humano em cadavez mais galgar os degraus do cres-cimento e do saber. E nem sempreou no mais das vezes, o dia-a-dia naempresa lhe proporciona tempo emeios para adaptar-se às novidadesrecentes ou às práticas que, já emuso, lhe são novas.
E, assim, com o tempo, o enge-nheiro vai solidificando a com-petência, a segurança e oconhecimento na carreira queabraçou, virtudes que não lhe con-vém reter somente a si, mas levá-las onde a seu alcance, distribuindo
benesses aos que lhe vêm se-guindo na profissão. Finalmente,mais ainda, competente e respon-sável, certamente se sente capaz ehábil a pronunciar-se e a posicio-nar-se de alguma forma quanto àrealidade do País, seus problemase soluções, sua direção política nosdiversos degraus da administraçãopública, tema sempre atual e sem-pre descuidado, que está a mere-cer a nossa reação conjunta, sobpena de passarmos às gerações fu-turas uma imagem de relapsos ouconiventes com as malversaçõesque a cada momento nos chegamenvolvendo os três poderes a nosreger.
Do texto daquele erudito diretorde Escola, me veio, portanto, nummomento de descontração, umaresposta ao inquiridor interes-sado, demonstrando as reais cre-denciais que a Sociedade Mineirade Engenheiros, pela sua missão ehistória, reúne e se constitui namais autêntica tribuna de todas asclasses de profissionais mineirosdos diversos ramos e derivaçõesda Engenharia, tornando-os umasó voz na busca do engrandeci-mento e bem estar de nosso Es-tado e País.
LEITOR Palavra do Presidente
Márcio Damazio Trindade Presidente da SME - Sociedade Mineira
de Engenheiros
“A entrada no mercado
de trabalho abre, ao novo
engenheiro, horizontes que a
Escola não pode traduzir na
amplitude das questões que
se apresentam a ele no
dia-a-dia, na exigência de
definições que o assaltam,
na busca de tomadas de
posição a que lhe chamam as
responsabilidades assumidas”.
Tribuna de aspirações e definições de classe
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PRESIDENTE Márcio Damazio Trindade
VICE - PRESIDENTES Ailton Ricaldoni LoboCarlos Eduardo Orsini Nunes deLimaDécio Vaz de Mello SilveiraDélcio Antônio DuarteJosé Ciro Mota
DIRETORESAlexandre Rocha ResendeEnil Almeida Bréscia Ildeu Olyntho de FreitasJosé Henrique DinizJosé Nelson de Almeida MachadoMárcio MoreiraNelson Fonseca LeiteReynaldo Arthur Ramos FerreiraSérgio Menin Teixeira de SouzaWilson Pereira de Almeida
CONSELHO DELIBERATIVOFelix Ricardo Gonçalves MoutinhoFernando Henrique Shüffner NetoGuy Maria Villela PascoalIvan Ribeiro de OliveiraJoão Bosco SilvaJoão Ricardo Barusso LafraiaJosé Luiz Gattás HallakMarcos Villela Sant'AnnaMarcus Rocha DuarteOlavo Machado JúniorPaulo Safady SimãoRicardo Vinhas Corrêa da SilvaShelley de Souza CarneiroTárcio Primo Belém BarbosaTeodomiro Diniz Camargos
CONSELHO FISCALÍtalo Aurélio GaetaniJosé Carlos Lisboa de Oliveira Marcos de Vasconcelos Bastos Werner Cançado Rohlfs
Superintendência TécnicaFlávio [email protected]
Superintencia AdministrativaAlexandra Miranda [email protected]
Supervisão TécnicaFlávio [email protected]
Departamento ComercialAlexandra Miranda [email protected]
Coordenadora EditorialViviane Primo RPJ [email protected]
Assessoria Gráfica João Pedro Coelho Já[email protected]
Projeto GráficoBlog Comunicação e [email protected]
Diagramação e ArteMarcelo Fernandes Tá[email protected]
Tiragem 6 mil exemplares
Distribuição GratuitaVia Correios
PublicaçãoSME - Sociedade Mineirade EngenheirosAvenida Álvares Cabral, 16003ºandar - Santo Agostinho Belo Horizonte /MG CEP:30170-001 Tel. (31) 3292-3962www.sme.org.br
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Logística
e Integração
Empreendedorismopara jovens
8
Desafios de Belo
Horizontepara a Copa
de 2014
Saneamento
no Brasil
Possibilidade
ou utopia?
6
Engenheiro
do ano
42
Reportagemda capa28
18 22
48
Primeira
Siderurgia
de Minas
Tendência e
inovação
Indústria
Automobilística
40
í N D I C E
Precisa-se de
engenheiros
14
45
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Construção e reforma de
estádios, ampliação de aeroportos,
desenvolvimento de sistemas de
transporte e acesso, expansão da
rede hoteleira do país, além de servi-
ços como treinamento e segurança
dos eventos apontam para a necessi-
dade de investimentos adicionais no
país de R$ 59,5 bilhões nos próximos
oito anos em função dos eventos es-
portivos Copa 2014 e Olimpíadas
2016.
Um estudo da Associação
Brasileira da Indústria de Materiais de
Construção – Abramat e da Funda-
ção Getúlio Vargas – FGV demonstra
que o cenário macroeconômico bra-
sileiro, com destaque no setor de
construção civil, colocará o país em
posição de destaque no contexto
mundial. Projeções do Fundo Mone-
tário Internacional – FMI mostram
que o Brasil será, até 2020, a quinta
economia mundial, ficando somente
atrás de Estados Unidos, China, Japão
e Alemanha. Esse crescimento implica
progressos significativos para o de-
senvolvimento humano e para a ques-
tão energética e ambiental.
Em Minas Gerais
Segundo previsões da Pre-
feitura de Belo Horizonte - PBH, os
editais de licitação para a concessão
de obras de infra-estrutura serão pu-
blicados no primeiro semestre de
2010. Os investimentos em infra-es-
trutura e a agilidade no processo de
licenciamento ambiental decorrentes
da realização da Copa do Mundo já
em 2014, tendo em Belo Horizonte
uma das sedes dos jogos, favorecerão
os negócios das construtoras, seja no
segmento hoteleiro, residencial ou
rodoviário. Assim, os reflexos serão
diretos, como a construção e reforma
de estádios e melhoria dos acessos
viários, ou indiretos, frutos da redu-
ção da burocracia e da valorização de
imóveis.
A PBH confirmou que, em
janeiro, o Governo Federal assinou o
termo que autoriza o financiamento
das obras referentes aos projetos de
melhoria do trânsito da Capital, que
têm como meta aprimorar a mobili-
dade urbana da cidade. As obras
devem ser iniciadas a partir do se-
gundo semestre deste ano e dentre
elas estão a duplicação da Avenida
Dom Pedro I, a construção de um via-
COPA DO MUNDO E OLIMPÍADASESTIMULAM NEGÓCIOS
INfRAESTRUTURA Copa 2014
6
Estimativas demonstram necessidade de investimentosadicionais no país de R$ 59,5 bilhões nos próximos oito anos
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Projeto de reformado Mineirão se iniciaem meados de 2010
Obras previstas para melhorias notransporte para Copa 2014 e Olimpíadas 2016
A obras - Corredor Pedro I/Antônio Carlos: duplicaçãode toda a extensão da avenida Pedro I e implantação desistema de BRT (Bus Rapid Transport) no corredor
Valor: R$ 382.259.846,00
BRT Área Central: implantação de sistema de BRT(Bus Rapid Transport)
Valor: R$ 55.000.000,00
Corredor Cristiano Machado: implantação de sistemade BRT (Bus Rapid Transport)
Valor: R$ 50.000.000,00
Implantação da Via 210: ligação entre a Via do Minério ea avenida Tereza Cristina
Valor: R$ 72.000.000,00
Expansão da Central de Controle de Trânsito: Valor: R$ 30.000.0000,00
Extensão do Boulevard Arrudas Valor: R$ 210.000.000,00
Implantação da Via 710: ligação entre as avenidas dosAndradas e Cristiano Machado
Valor: R$ 78.000.000,00
duto com alças de acesso ao estádio
Governador Magalhães Pinto, o Minei-
rão, partindo da Avenida Antônio
Abrahão Caram, e a ampliação da lar-
gura da Avenida Dom Pedro II.
Também estão programadas
para julho algumas ações como a im-
plantação do Sistema BRT do Centro
até Venda Nova e MG-10, instalação de
estações de pré-embarque nos corre-
dores de ônibus da Avenida Cristiano
Machado, ampliação da central de con-
trole de trânsito da Empresa de Trans-
portes e Trânsito de Belo Horizonte –
BHTrans, melhorias na MG- 210, que
faz a ligação com a Via Minério e MG-
710, que liga as avenidas Cristiano Ma-
chado, dos Andradas e o Boulevard
Arrudas. As obras serão financiadas
pelo Governo Federal.
A Copa do Mundo favore-
cerá também os negócios por meio da
melhoria da infra-estrutura de vários
pontos da cidade, valorizando os em-
preendimentos no seu entorno. So-
mente as intervenções viárias na
Capital devem consumir aportes na
casa de R$ 1 Bilhão.
As empresas interessadas em
participar das obras deverão se inscre-
ver no Sistema de Cadastro Único de
Fornecedores da Prefeitura de Belo
Horizonte (SUCAF) e atender aos cri-
térios estabelecidos nos editais de li-
citação a serem publicados.
Fonte: Informações da Gerência de Comunicaçãoe Mobi l ização Social - Secretar ia Municipal dePol í t icas Urbanas/PBH
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transporte urbano nos últi-
mos anos tornou-se um assunto clássico
e de grande repercussão entre a popu-
lação, a mídia e a classe política, uma vez
que afeta a todos indistintamente, nota-
damente nos grandes centros. As cida-
des tem assistido ao crescimento dos
congestionamentos de trânsito e a de-
gradação das condições de mobilidade
urbana, com reflexos diretos na quali-
dade de vida dos cidadãos.
Com o objetivo de compatibi-
lizar as ações das entidades que geren-
ciam, planejam e operam os sistemas de
transporte na RMBH para que a rede de
mobilidade funcione na região de forma
integrada, a SME, por meio da Comissão
Técnica de Transportes, tem participado
ativamente de debates, eventos e discus-
sões. Dentre esses eventos está o “Se-
minário de Gestão Metropolitana da
Mobilidade: desafios da integração ins-
titucional”, que ocorreu em outubro e
contou com palestrantes e moderado-
res da SME.
O objetivo do seminário
foi produzir projetos para o setor
de transporte público, resultando
em uma proposta à Agência de
Desenvolvimento da RMBH no
sentido da integração dos proje-
tos existentes para criar uma rede
estruturada de transporte metro-
politano intermodal.
Durante o evento, o presidente
da SME, Márcio Damazio Trindade, defen-
deu que a integração dos projetos deve
ser independente da esfera governamen-
tal responsável pelas suas execuções.
Sistema Metropolitano
Para o vetor oeste da região
metropolitana de Belo Horizonte foram
sugeridas três linhas de Veículo Leve
Sobre Trilhos - VLT’s: a Linha Bernardo
Monteiro/Eldorado/Barreiro, proposta
pela Prefeitura de Contagem, a Linha
Bernardo Monteiro/Jardim Teresópolis,
proposta pela Prefeitura de Betim, e a
Linha Belvedere/Barreiro, proposta pela
empresa de consultoria VERTRAN.
SME DISCUTE SISTEMA INTEGRADO DE TRANSPORTE
Gargalos podem ter fim com ações conjuntas e planejadas
TRANSpORTE E LOGíSTICA Integração
o
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Para o vetor leste, também in-
serido no sistema metropolitano, foi
apresentado, como referência, o modelo
de operação ferroviária compartilhada
entre trens de cargas e de passageiros
da cidade de São Paulo, a cargo de um
diretor da Agência Nacional de Trans-
portes Terrestres – ANTT, entidade vin-
culada ao Ministério dos Transportes.
Outro assunto de destaque, a situação
das ferrovias operacionais ou desativa-
das na região leste da RMBH, foi apre-
sentado pela Comissão Técnica de
Transportes da SME - CTT e, em se-
guida, pela Ferrovia Centro-Atlântica –
FCA, com o projeto de retificação de
traçado e duplicação do trecho ferro-
viário entre as estações de Horto Flo-
restal e General Carneiro.
A proposta de investimentos
e regionalização do metrô da RMBH foi
apresentada pela Secretaria de Trans-
portes e Obras Públicas – SETOP, reve-
lando os investimentos que serão apli-
cados na linha 1, que faz a ligação de El-
dorado até Vilarinho, em operação, na
linha 2, projeto em análise para implan-
tação que faz a ligação entre o Barreiro
e a área dos hospitais e na linha 3, ainda
em fase de análise e que faz a conexão
Pampulha/Savassi.
Para o membro da Comissão
Técnica de Transportes – CTT da SME,
Ubirajara Tadeu Malaquias Baía “é evi-
dente que os terminais colocados em
pontos estratégicos fora de Belo Hori-
zonte irão propiciar ganhos à população
e ao transporte público, mas, para que
isto ocorra, é preciso haver uma inte-
gração efetiva entre os modais de trans-
porte, ou seja, é necessária a integração
física, operacional e tarifária”. “É impe-
rioso que se construam os terminais já
prevendo esta integração”, ressalta. Para
ele faz-se necessário que, na fase de pla-
nejamento, os órgãos responsáveis em
cada esfera governamental participem e
interajam de forma mais efetiva, visando
construir terminais de integração mais
adequados e eficientes.
De acordo com Alexandre
Resende, membro da CTT da SME, essa
desintegração acontece principalmente
pela inexistência de políticas nacionais
que orientem as ações das três esferas
de governo, sem o que inúmeras medi-
das setoriais, muitas vezes se tornam
conflitantes, impactando diretamente a
qualidade da organização e ocupação do
espaço urbano. “Outro fato que contri-
bui negativamente para o caos urbano
é o quase total abandono do sistema de
transporte de passageiros sobre trilhos
nas principais capitais brasileiras. Os me-
trôs são reconhecidamente os sistemas
de grande capacidade de transporte de
massa, mas, paradoxalmente, vem sendo
preteridos pelo transporte individual, si-
tuação que as diretrizes de investimen-
tos anunciadas pelo Governo Federal
procuram corrigir nos projetos a serem
implantados nas cidades sedes dos jogos
da Copa do Mundo de 2014”, discorre
Alexandre.
“A proposta apresentada é de
grande vulto e despende uma soma
considerável de recursos financeiros”. É
o que considera José Antônio Silva Cou-
tinho, membro da CTT. “Dentro da
nossa linha de raciocínio e uma vez que
são envolvidos diretamente oito muni-
cípios e diversos outros da RMBH indi-
retamente, tendo todos eles
características e especificidades pró-
prias, é eminentemente importante e
imperioso que se tenha um planeja-
mento cuidadoso e pormenorizado.
Neste caso, deverão ser detalhados be-
nefícios, desvantagens, responsabilidades
e desembolso orçamentário específico
para cada esfera governamental”. Ele
ressalva, porém, que somente após estas
ações preliminares, a comissão poderá
fazer comentários mais detalhados
sobre o projeto como um todo.
Para o coordenador da CTT,
Geraldo Dirceu de Oliveira, acreditar
na estratégia da SME é fundamental
nesse processo. “Acredito que a estra-
tégia da SME deve ser a de, como uma
entidade técnica, sempre participar,
promover e conduzir os debates
sobre o tema transporte, oferecendo
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sua opinião objetiva e equilibrada pelos
profissionais que a representam, em cada
projeto específico em que for chamada
a contribuir. Entretanto, devemos ter
como nossa bandeira principal a busca
de uma política orientativa que deter-
mine e especifique ações nas três esferas
governamentais, para que nossas cidades
realmente proponham e conduzam pro-
jetos integrados, com orçamentos coe-
rentes e que realmente beneficiem nossa
população”, finaliza.
Na busca por soluções
para a infra-estrutura viária exis-
tente, como alargar avenidas, dimi-
nuir canteiros, construir garagens
subterrâneas, o exemplo a ser seguido
é o das metrópoles que ofertam o
transporte de massa combinando os
modos ferroviário, metroviário, rodoviá-
rio, bicicletas e outros, o que é ambien-
talmente sustentável, econômico,
seguro, confortável, menos oneroso e,
no caso do trem, mais rápido, porque
não é impactado pelos congestiona-
mentos. O crescimento urbano desor-
denado, a motorização crescente e
desenfreada e o declínio dos transpor-
tes públicos comprometem a mobili-
dade urbana em nossas metrópoles.
A prioridade agora deve ser
garantir que a população se desloque
para qualquer local na região metropo-
litana pagando uma só tarifa, como
ocorre no grande Recife. Isso facilita as
pessoas a encontrarem trabalho, me-
lhora o fluxo de veículos e contribui
para a sustentabilidade e o meio am-
biente porque significa menos veículos
nas ruas e, consequentemente, redução
dos seus efeitos nocivos.
Nesse sentido, o Estado tem buscado
uma melhor interlocução com os mu-
nicípios que deverão receber os 22 ter-
minais metropolitanos a serem
viabilizados pela SETOP, a qual, em con-
junto com a Agência de Desenvolvi-
mento da RMBH vai avaliar a localização
destes terminais e a possibilidade de
transformá-los em equipamentos urba-
nos, bem como a melhor forma de ope-
ração. Serão criadas estações de
integração fora de Belo Horizonte,
onde os usuários embarcarão sem pre-
cisar cruzar o centro da cidade para
chegar a outro município.
Parte do financiamento des-
sas ações poderá vir do governo federal
através do Fundo Nacional de Mobili-
dade. Este fundo oferece duas novas li-
nhas de crédito para todo o País, com
recursos oriundos do Fundo de Garan-
tia por Tempo de Serviço – FGTS, des-
tinadas a investimentos em transporte
urbano.
A primeira linha de crédito
tem recursos previstos de R$ 2
bilhões para projetos de melhoria
da infra-estrutura e para investi-
mentos em tecnologia de transporte
coletivo urbano sobre trilhos e pneus,
contemplando também o transporte hi-
droviário. A segunda tem recursos pre-
vistos de R$ 1 bilhão para a aquisição e
renovação da frota de ônibus urbanos.
O setor tem a expectativa de que os re-
cursos possibilitem diversas interven-
ções públicas nas principais capitais
brasileiras.
O Fundo Nacional de Mobi-
lidade também é um dos temas discu-
tidos pela Comissão Técnia de
Transporte da SME.
Os membros da CTT
Ubirajara Tadeu
Malaquias Baía, Geraldo
Dirceu de Oliveira, José
Antônio da Silva
Coutinho e Alexandre
Rocha Resende
TRANSpORTE E LOGíSTICA Integração
De um município à outro e sem passar pelo Centro
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ART A Responsabilidade Civil do Engenheiro
ART-0086Por Patrícia Fernandes
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tício, está sujeito à Anotação de Responsabilidade
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sinado pelo profissional e pelo seu contratante,
para registro no Conselho Regional de Engenha-
ria, Arquitetura e Agronomia - CREA da região
onde os serviços serão executados.
Além de ser uma necessidade legal, o
profissional, ao registrar os projetos de sua au-
toria no CREA ao longo da carreira, forma um
acervo técnico de propriedade legal, reconhecido
pelas empresas na análise de seu currículo.
Parte da taxa recolhida para o registro
da ART é destinada à entidade de classe escolhida
por opção do profissional, para aplicação em pro-
jetos de valorização da profissão e do profissio-
nal e de outras atividades associadas às suas
atividades. O formulário para preenchimento dos
dados está disponível no site do CREA-MG, mas
o registro pode ser feito pela internet.
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O Departamento
Nacional de Infra-Estrutura
de Transportes – DNIT reali-
zou audiência pública para
discussão do processo licita-
tório da segunda etapa do
Plano Nacional de Pesagem
no dia 22 de julho de 2009,
em Brasília. Como a Lei
8.666/83 determina a reali-
zação de audiências públicas
para licitações com valor supe-
rior a R$ 150 milhões, foi realizada
uma reunião na qual compareceram
representantes de aproximadamente
25 empresas. Na ocasião, os repre-
sentantes fizeram uma série de ques-
tionamentos a respeito do processo
e dos termos constantes do edital.
Com recursos assegurados
no Plano de Aceleração do Cresci-
mento – PAC, serão instalados 157
Postos de Pesagem de Veículos –
PPVs, ultrapassando em 9 o total
previsto no lançamento do pro-
grama, que previa 148 postos em
todo o país com investimentos de
R$ 1 bilhão. Do total de 157 postos,
94 serão dotados de equipamentos
fixos e 63 postos com bases para
operação de equipamentos de pesa-
gem móvel, sendo que a primeira
etapa licitada em 2008 já possibilitou
a instalação de 78 balanças nas rodo-
vias federais de 16 estados, com
investimentos de R$ 261,4
milhões para quatro
anos, incluídos no
PAC.
Com a
instalação e operação
dos novos PPV´s, após a licitação
de setembro/2009 o DNIT levará
o sistema de pesagem para mais
oito estados, preservando a
malha rodoviária e diminuindo
consideravelmente os custos de
manutenção e conservação por
um período de aproximadamente
cinco anos.
TRANSpORTE Plano Nacional de Pesagens
Por Dirceu Carneiro Brandão
SME E AS BALANÇAS RODOVIÁRIAS IIDNIT PREPARA LICITAÇÃO DE MAIS 157 BALANÇAS
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Locais que receberão os Postos
de Pesagens em Minas
• Postos fixos: BR-040, BR-116 e
BR-122;
• Bases para operação de equipa-
mentos móveis: BR-251, BR-262
e BR-356.
PASSAGEM EM MOVIMENTO
O DNIT, através de estudos
em convênio com a Universidade Fe-
deral de Santa Catarina – UFSC,
aponta a possibilidade de incluir
nessa nova etapa a implantação dos
equipamentos de pesagem em movi-
mento, a exemplo do que já é utili-
zado na União Européia,
O estudo iniciado em 2007
visa identificar o Sistema de Passa-
gem em Movimento mais adequado
à realidade brasileira, evitando a pa-
rada dos veículos que trafegam com
cargas nos limites permitidos, dimi-
nuindo seu tempo de viagem. Foram
instalados no pavimento da pista de
teste, localizada no km 418 da BR-
101 na cidade de Araranguá-SC, sen-
sores piezoelétricos de três grupos
distintos, conforme a tecnologia ado-
tada. No primeiro conjunto estão os
sensores piezoquartzo de origem
suíça, no segundo sensores piezoce-
râmicos de origem francesa e no ter-
ceiro grupo, sensores do tipo
piezopolímero de origem americana.
Todos os sensores foram instalados
próximo ao Posto de Pesagem de
Araranguá, onde funcionam também
como balança seletiva, direcionando
somente os veículos com excesso de
peso para a pesagem lenta. Márcio
Roberto de Lima Paiva, técnico do
núcleo de estudos da UFSC, escla-
rece que “é assim, usando a pesagem
em movimento como seleção e na
velocidade normal da pista, que fun-
cionam os sistemas atualmente ado-
tados por países como a França,
Suíça, Alemanha, Bélgica e Holanda”.
O Superintendente Regio-
nal do DNIT em Santa Catarina,
João José dos Santos, explica que a
escolha do local de testes se deve à
proximidade com o Posto de Pesa-
gem em operação e às característi-
cas da rodovia, como clima, geografia
e volume de tráfego, tudo em con-
formidade com os perfis de uma ro-
dovia federal.
O Coordenador Geral de
Operações Rodoviárias do DNIT,
Luiz Cláudio Varejão comentou que,
com isso, poderá incluir no próximo
edital de balanças pelo menos um
lote com o uso do sistema de pesa-
gem em movimento. Ele acrescenta
que a pista experimental tem, ainda,
câmeras para registro de placas, câ-
meras de segurança e monitora-
mento, sensores de temperatura de
deformação que avaliam os danos
que as cargas excessivas podem cau-
sar ao pavimento e sistemas de aqui-
sição e armazenamento de dados.
Além de mais agilidade na pesagem,
o novo sistema evita retenção de veí-
culos na pista, tornando o processo
seguro e mais automático.
A Comissão Técnica de
Transportes da SME mantém-se per-
manentemente em busca de informa-
ções e dados dos processos de
implantação de balanças rodoviárias,
visando colaborar com o processo e
minimizar o número de acidentes em
todo o território nacional.
Fonte: DNIT-DF
Dirceu Carneiro Brandão é engenheiro
civil, membro da Comissão Técnica de
Transportes da SME, conselheiro efetivo
do CREA/MG desde 2003 e possui Cer-
tificado de Consagração Pública “Profis-
sional do Ano” na especialidade Engº
Civil Coordenador de Obras em l998 da
Cia Mineira de Eventos & Pesquisa.
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Determinar as especificações do projeto, ana-
lisar a resistência e permeabilidade do solo e do sub-
solo que receberão os alicerces da edificação; calcular
o desnível do terreno e a pressão do vento; definir ma-
teriais, estrutura, equipamentos e mão-de-obra; con-
trolar prazos e custos, bem como garantir a viabilidade
técnica e econômica do produto; acompanhar a obra,
supervisionar as instalações e outros detalhes fazem
parte das funções do engenheiro civil. Independente
da área de atuação, como habitação, saneamento,
transporte, urbanização ou serviços, a atuação do en-
genheiro civil é ampla e representa a garantia de segu-
rança para toda a sociedade.
O Sistema Confea-Creas registra atualmente
cerca de 900 mil profissionais e estima-se que pelo
menos 100 mil atuem na engenharia civil. Apenas o
CREA-MG registrou, em 2009, 13.620 profissionais,
sendo que da modalidade de engenharia civil foram re-
gistrados 2.523. Apesar do número considerável, com
o aquecimento da economia brasileira e com o boom
do mercado imobiliário, faltam engenheiros civis qua-
lificados no país.
Estimativas do Sinduscon-SP e da FGV reve-
lam que a Construção Civil deve crescer 8,8% em
2010 e vários indicadores sustentam estes prognósti-
cos. O mais expressivo é o do nível de emprego da
construção brasileira, que cresceu 7,3% no período ja-
neiro-setembro de 2009, comparado ao mesmo pe-
ríodo de 2008. Ao final de setembro, havia 2,297 mi-
lhões de trabalhadores com carteira assinada na cons-
trução civil, 212 mil dos quais contratados nos
primeiros nove meses do ano.
2,4 MILHõES DE EMPREGOS EM 2010
O impacto da expansão do mercado deverá
se refletir em novo aumento no nível de emprego na
construção civil, o que significa que o país deve chegar
a cerca de 2,4 milhões de empregos formais já em
2010.
Os empresários, segundo estimativa do Sin-
duscon-SP e da FGV, acreditam que o crédito imobi-
liário crescerá através da captação das empresas no
mercado de capitais. Eles avaliaram que o número de
lançamentos imobiliários crescerá, com destaque para
empreendimentos voltados para as famílias de média
e de baixa renda, também impulsionados pelo pro-
grama habitacional Minha Casa, Minha Vida. E esperam
aumento dos investimentos em infraestrutura em
2010, um ano eleitoral.
“O crescimento da construção em 2010 será
comandado pela ampliação dos investimentos públicos
e privados”, afirmou o presidente do Sinduscon-SP,
Sérgio Watanabe. Segundo Watanabe, espera-se uma
taxa de investimento em torno de 20% do PIB. “As in-
versões crescerão de R$ 476 bilhões para R$ 625 bi-
P rec i sa - se de engenhe i ro
CONSTRUÇÃO CIVIL Mercado de Trabalho
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lhões. Os investimentos específicos no setor imobiliá-
rio passarão de R$ 170 bilhões em 2009 para R$ 202
bilhões em 2010, sendo a maior parte destes recursos
destinada ao residencial e energético”, acrescentou.
De acordo com o presidente
do Sinduscon-MG, Luiz Fernando
Pires, as expectativas para Minas
são de crescimento. “É provável
que o mercado terá de buscar pro-
fissionais de outros estados e até
países. O problema é que, possivel-
mente, com o aumento da demanda, falte
mão de obra pronta e qualificada”, explica. Ele tam-
bém acredita que não é um problema buscar pessoas
para contratação: “é administrável; a solução será ace-
lerar treinamentos, aprimorar os programas de quali-
ficação e promover ações conjuntas”.
Luiz Fernando Pires, ressalta que o cresci-
mento do Brasil foi vegetativo entre 1980 e 2004. “Sem
demanda, não há estímulo para trabalhar na área”. Para
ele, o acadêmico necessita da teoria e da prática. “A
universidade precisa exigir uma carga horária mínima
de estágio, pois os alunos precisam de vivência prática.
A maioria das empresas tem criado vagas para trai-
nees e estagiários, visando a formação de
um bom profissional. É bom para as
duas partes”, ressalta.
Formação
Para a professora da Univer-
sidade Federal de Ouro Preto - UFOP
e membro da Comissão Técnica de Ensino
e eduação em engenharia da SME, Adriana Maria To-
nini, o mercado quer o profissional pronto, mas ele
precisa de um tempo natural no canteiro da obra para
adquirir prática. Adriana Tonini afirma que cada parte
tem sua responsabilidade: a universidade de formar e
o mercado de absorver. “É preciso, porém, decidir se
as faculdades devem formar um engenheiro pensante,
responsável, ciente do seu papel na sociedade, ou um
profissional que apenas sabe fazer”.
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Para Adriana Maria
Tonini, uma das alternativas
é um programa de estágio
supervisionado que funcione
como um elo entre a acade-
mia e o mercado. “Se o está-
gio for levado a sério, ou
seja, se as empresas não uti-
lizarem o estudante apenas
como mão-de-obra barata, tornam-se efetivas a capacita-
ção e prática do aluno. Ganha o estudante, que ao se for-
mar já terá alguma vivência profissional, e ganha a empresa,
que poderá contratá-lo com alguma experiência”.
De acordo com Bernardo de Paiva Bonfim Tei-
xeira, recém formado em engenharia civil pela Universi-
dade Fumec, não há dificuldades na área. “Meu maior
receio era formar e não con-
seguir um emprego, mas real-
mente tenho constatado que
o que as pessoas tem dito a
respeito das oportunidades
na área é verdade. Um simples
cadastro que fiz na internet já
apresentou resultados. Algu-
mas faculdades tem prepa-
rado melhor o aluno. A Fumec, por exemplo, possui a
filosofia de preparar o profissional para o mercado de tra-
balho e um dos exemplo é o estágio obrigatório de 300
horas. No próprio site da universidade é possível conse-
guir uma oportunidade”. Bernardo disse que pretende ad-
quirir experiência em uma grande empresa e seguir
carreira para, quem sabe no futuro, abrir o próprio em-
preendimento.
CONSTRUÇÃO CIVIL Mercado de Trabalho
• Entre os graduados da chamada ModalidadeCivil, o profissional de formação mais generalistarecebe o título de engenheiro civil, mas existemtitulações mais específicas em função da atual au-tonomia que as escolas tem para desenvolvercursos mais especializados. Assim, a partir da“matriz engenharia civil”, existem inúmeras de-nominações, entre elas a de engenheiro ambien-tal, sanitarista, rodoviário, hídrico, industrial,militar, de fortificação e construção, de produção,de infra-estrutura aeroportuária, além dos enge-nheiros de operação em construção civil, estra-das e edificações e dos tecnólogos, habilitadosem diversos áreas da engenharia civil.
• Estudam e propõem soluções para as obras civis,tais como prédios e grandes edificações, estradas,pontes, viadutos, túneis, dentre outras. Incum-bem-se das obras de infra-estrutura, como por-tos, aeroportos, barragens, obras de contençãode encostas, alterações nos terrenos, bem como
do planejamento, projeto e construção de meiosde transporte e de tráfego.
• Atuam no desenvolvimento de projetos e em-preendimentos de sistemas de saneamentobásico (água, esgoto, resíduos sólidos e dre-nagem) e de pesquisa e gestão ambiental, vi-sando preservar e restabelecer o meioambiente sob modelos sustentáveis, tantoecológica quanto economicamente.
• Atuam na concepção e planejamento de di-versos tipos de serviços e obras de constru-ção civil, bem como nos estudos de suaviabilidade técnica e econômica.
• Exercem atividades relacionadas ao dimensio-namento das construções, com a escolha e es-pecificação de materiais de construção, alémdo acompanhamento técnico da execução deobras e serviços.
PARA qUEM DESEJA INGRESSAR - CONCEITOS BÁSICOS SOBRE ATIVIDADES
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ECONOMIA Indústria Automobilística
Os números da indústria
automobilística nacional no ano de
2008 são espetaculares: 3,216 milhões
de unidades produzidas, 1,5 milhões
de empregos, US$ 24 bilhões em ex-
portações com saldo de US$ 2,4 bi-
lhões, 23,3% do PIB industrial, 5,5% do
PIB brasileiro e R$ 39,4 bilhões de im-
postos. Se fosse o Governo, além de
garantir a sustentabilidade de um ne-
gócio tão importante para o Brasil, o
que o senhor faria para reduzir essa
“dependência”?
Na verdade não é uma de-
pendência, é a realidade de uma in-
dústria madura, que existe no Brasil
há mais de 50 anos e que representa
o resultado da opção do Brasil pela
industrialização ainda nos anos 50.
Outras indústrias têm surgido e
“abocanhado” parte desta represen-
tatividade, por exemplo, a agroindús-
tria e a própria aviação, representada
principalmente pela Embraer e seus
parceiros/fornecedores. No caso da
indústria automobilística, a principal
preocupação é manter ou fazer cres-
cer o nível de atividade considerando
o poder multiplicador desta indústria,
onde cada emprego gerado promove
outros 20 na economia.
Ainda sobre os grandes
números, o país é o 6º do mundo
em produção e o 5º em licencia-
mentos, além de exibir taxas de
crescimento muito maiores que as
dos concorrentes, só comparáveis
às da China. Nesse ritmo, é possí-
vel imaginar que, logo, a produção
do Brasil ultrapasse a da Coréia do
Sul (3,807 milhões/ano) e mesmo
a da Alemanha (6,041 milhões/ano)
ou que o mercado interno (2,82
milhões de licenciamentos por
ano) fique maior que os da Alema-
nha e Japão (3,425 e 5,082)?
O Brasil ocupa hoje uma
posição de destaque que foi melho-
rada com a crise mundial que se aba-
teu sobre a economia a partir do final
de 2008, com reflexos especialmente
duros para a indústria automobilís-
tica. O grande motor da indústria au-
tomobilística brasileira é o mercado
interno, e este tem demonstrado
uma força muito grande, mas se não
cuidarmos do fator competitividade
internacional de nossa indústria, te-
remos problemas para continuar
mantendo um crescimento expres-
sivo da produção. Só como exemplo,
as exportações totais de automóveis
caíram praticamente 50% entre 2008
e 2009, e este quadro não parece que
vai se alterar em 2010. O famoso
“custo Brasil”, que incide sobre pra-
ticamente toda e qualquer cadeia
produtiva mais complexa em nosso
país, é fortemente agravado
pelo câmbio supervalorizado, o
BRASIL COMEMORAPOSIçãO DE DESTAquENA INDúSTRIAAuTOMOBILíSTICA
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19
que compromete nossa competitivi-
dade internacional, reduzindo nossas
exportações e abrindo espaço para
que concorrentes estrangeiros impor-
tem carros com mais facilidade.
Apesar de tantos benefí-
cios que a cadeia produtiva da in-
dústria automotiva traz a um país, o
automóvel tem sido colocado como
um dos principais vilões do caos nas
grandes cidades e do aquecimento
global. Além do discurso do trans-
porte público de qualidade, o que
poderíamos fazer, na prática, para
gerenciar a questão?
A questão do trânsito nas grandes ci-
dades é universal, e de fato, o auto-
móvel é colocado como o principal
responsável. Sem dúvida a melhor
saída seria o desenvolvimento de
uma rede de transporte público im-
pecável, deixando o automóvel par-
ticular para ser usado fora da rotina
do dia-a-dia, mas infelizmente, vemos
que este é um sonho um pouco dis-
tante. Além de transporte, em nosso
país o automóvel significa liberdade e
até segurança. Há muitas experiên-
cias novas sendo conduzidas em di-
versos países que visam reduzir o
impacto do automóvel nos centros,
como o “car sharing”, em que as pes-
soas compram a utilização de peque-
nos e econômicos automóveis por
pequeno espaço de tempo nas áreas
centrais, o que evita que as pessoas
coloquem mais um carro na rua.
A produção nacional de
veículos flex é crescente, baseada em
etanol e já chegou perto de 70% do
total em 2008, incluídos ônibus e ca-
minhões. Existem medidas preventi-
vas além do aumento da produção
de etanol que, em sua opinião, deve-
riam ser tomadas para reduzir os
riscos de desabastecimento ?
O grande fantasma do etanol
no Brasil ainda é o medo de desabas-
tecimento, que praticamente soterrou
o mercado de carros movidos com
este combustível no início dos anos
90. Lembro que, na década de 80, pra-
ticamente 95% da produção de auto-
móveis no Brasil era de carros
movidos a etanol. O carro flex veio
como uma solução para isso, e deu aos
clientes a garantia da mobilidade, pois
a escolha do combustível pode ser
feita segundo a conveniência do mo-
mento: por disponibilidade, por preço,
por preocupação ambiental etc. Esta
concorrência com a gasolina, por si só,
faz com que o eventual desabasteci-
mento de etanol não seja mais visto
como uma ameaça, e inclusive serve
como “termômetro” do mercado,
uma vez que os clientes podem sim-
plesmente ignorar o etanol, caso seu
preço suba muito nas entressafras, por
exemplo.
O site da ANFAVEA informa
que a indústria automobilística nacio-
nal detém “engenharia automotiva
própria para desenvolvimento”. O se-
nhor endossa uma leitura estrita desta
afirmação: o Brasil domina o ciclo tec-
nológico completo de concepção, pro-
jeto, suprimento de componentes e
montagem de veículos automotores?
É verdade, a indústria auto-
mobilística brasileira hoje se tornou
uma potência mundial. As montado-
ras aqui instaladas transformaram suas
bases brasileiras em verdadeiros cen-
tros de desenvolvimento, devido ao
grande interesse em nosso mercado
regional (Brasil + América Latina), mas
também devido à excelência de nossa
engenharia em diversas áreas, como
por exemplo suspensões, motores e
combustíveis alternativos. Além das
montadoras, todos os grandes forne-
cedores mundiais de componentes e
sistemas automobilísticos também
estão aqui no Brasil, além de algumas
grandes empresas brasileiras de ex-
pressão internacional em nossa indús-
tria, a maioria deles, com centros de
engenharia e desenvolvimento que su-
portam o desenvolvimento de novos
produtos e novas tecnologias.
19
O engenheiro Carlos Eu-gênio, diretor de plane-jamento e estratégia deprodutos e desenvolvi-mento de negócios mer-cado externo da Fiat,fala sobre o as expecta-tivas para o mercadoautomotivo brasileiro, astendências do setorpara o futuro da econo-mia no Brasil e sobrecomo exercer a profis-são da engenharia emtempos de crise em en-trevista especial à SME.
Carlos Eugênio DutraDiretor Fiat Automóveis
foto
Divulga
ção:
- pitstop
brasil.w
ordp
ress.c
om
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20
O Brasil é hoje o único
grande mercado produtor/consumi-
dor que pode viabilizar a troca dos
combustíveis fósseis pelos biocombus-
tíveis e a utilização prática de veículos
movidos à eletricidade, forma de ener-
gia que é renovável no país. Supondo
que o Brasil seja tecnologicamente au-
tônomo, isto poderia, no futuro, trazer
escala à produção de veículos genui-
namente brasileiros?
Esta ideia do “veículo genui-
namente brasileiro” nos persegue já há
muitos anos, e o melhor exemplo
disto foi o sonho do Gurgel de montar
o BR-800 em pequenas fábricas de di-
versos locais do país e vendê-lo a bai-
xos preços – e seu projeto não deu
certo, por diversas razões.
Com um outro conceito a
Fiat, por exemplo, projetou o Palio no
Brasil e a partir do mercado brasileiro,
para só então pensar em exportá-lo
ou produzi-lo em diversos outros paí-
ses. E é o sucesso que vemos, repre-
sentando junto com os outros
modelos na mesma plataforma (Siena,
Palio Weekend e Strada), praticamente
70% da produção da Fiat na América
Latina.
Na verdade, o que vemos
hoje é que as diferenças regionais já
fazem com que o nosso carro seja “ge-
nuinamente brasileiro”, mesmo com
características estilísticas e construti-
vas similares aos que se produzem em
outros locais do mundo. Suspensões
específicas para suportar condições de
ruas e estradas que só existem no
Brasil (marcado pela precariedade das
condições), gasolina com 25% de ál-
cool, motores flex, são exemplos de
sistemas que já fazem os carros brasi-
leiros bem específicos comparados
com modelos similares produzidos no
exterior. Mas podemos ir mais longe,
acredito que os biocombustíveis ainda
podem ser mais explorados e que
temos potencial para desenvolver tec-
nologias ainda melhores. O principal
problema é o valor do investimento
necessário para produzir um carro:
neste caso, fazer um produto que
possa também ser comercializado e
mesmo produzido em outros países é
um importante fator para viabilizar
economicamente um projeto.
Há tempos, circulou timida-
mente a notícia que a FIAT POWER
TRAIN estaria instalando uma unidade
em BH para desenvolvimento de sis-
temas propulsores. Como a FIAT tem
em Betim a sua maior fábrica fora da
Itália, Belo Horizonte sedia excelentes
escolas de engenharia e o Brasil é, cer-
tamente, o melhor país para se pensar
em combustíveis renováveis e menos
poluentes, o senhor tem ou pode dar
um boa notícia à respeito?
Na verdade, como já disse
antes, o Brasil é propício ao desenvol-
vimento de combustíveis renováveis e
a FPT Powertrain Technologies atua for-
temente nesta área. Eles têm hoje
cerca de 60 projetos, inclusive com um
time de doutores trabalhando em al-
guns deles. Como a Fiat já tem uma
forte tradição na área de pesquisa tec-
nológica por meio do CRF (Centro
Ricerche Fiat) na Itália, estamos apli-
cando aqui o mesmo conceito, utili-
zando parcerias com diversas
universidades e entidades de pesquisa.
Em nossa opinião, o sucesso
da FIAT no Brasil deveu-se à inovação
tecnológica na produção de carros po-
pulares econômicos e de qualidade.
Mas a mesma receita não serviu à
Mercedes Benz, tanto que existe a
crença que o mercado vê na FIAT ex-
pertise em carros populares e, na Mer-
cedes, em carros de luxo. O senhor
também acredita nisso?
A Fiat é mundialmente reco-
nhecida por sua expertise em carros
compactos, e isto de fato se reprodu-
ziu no Brasil, onde inclusive fomos res-
ponsáveis por introduzir nestes
modelos conteúdos e equipamentos
usualmente só encontrados em carros
maiores, como o ar condicionado, o
“As montadoras instaladas aqui
transformaram suasbases brasileiras emverdadeiros centrosde desenvolvimento, devido ao grande interesse em nossomercado regional e
à excelência de nossaengenharia em diversas áreas, por exemplo,
suspensões, motorese combustíveis alternativos”
ECONOMIA Indústria Automobilística
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computador de bordo, o motor 1.0,
que melhora a cada dia, entre outros.
E falando dos compactos, em que a re-
lação custo/benefício passa por preços
competitivos, economia de combustí-
vel com bom desempenho, equipa-
mentos essenciais e até alguns itens de
maior sofisticação a preços acessíveis,
há a necessidade de uma grande com-
preensão do mercado e dos clientes,
para atender e superar as expectativas
sem extrapolar os limites de preços,
principalmente. E talvez este tenha
sido até aqui o grande diferencial da
Fiat no mercado brasileiro, e nosso
grande desafio é manter este diferen-
cial de buscar e identificar oportunida-
des e oferecer ao mercado soluções
inovadoras em produtos e serviços.
O sucesso do UNO MILLE
só se compara ao do FUSCA. Mas,
segundo a imprensa especializada,
sairá de produção por imposição
dos requisitos atuais de resistência
ao crash test, diferentemente de seu
concorrente que completou o ciclo
de aceitação no mercado. A “suces-
são” vai ser “normal”?
O Mille continuará no
mercado ainda por muitos anos,
quem vai definir sua permanência
serão os clientes. Não há sucessão
prevista, mesmo porque ele é um
produto único no mercado e cons-
truiu uma excelente reputação de
qualidade e robustez ao longo des-
tes 25 anos de Brasil.
Pelas nossas contas, o se-
nhor graduou-se no auge da crise em-
pregos para engenheiros no Brasil, mas
conseguiu, como engenheiro, construir
uma carreira de sucesso. A pergunta
é da Comissão Técnica de Educação
em Engenharia da SME. Entre as suas
habilidades e competências específicas
em engenharia que desenvolveu ao
final do curso, quais as que lhe ajuda-
ram, quais as que foram “perda de
tempo” e quais as que poderiam ter
sido melhores?
Antes da engenharia, eu
me formei em mecânica na antiga
Escola Técnica Federal de Minas
Gerais (atual CEFET), e com este
diploma ingressei na Fiat como
técnico, depois de passar por al-
guns outros estágios mais curtos.
Automóvel sempre foi minha pai-
xão e entrar na Fiat foi a realização
de um sonho.
Sempre fui um generalista,
e meu início de carreira consoli-
dou esta minha característica. Tra-
balhando com assistência técnica,
tive que resolver problemas em
áreas tão diversas como pintura,
motor ou suspensões do carro.
Não acredito em “perda
de tempo” no curso de engenha-
ria, mas acho que hoje os enge-
nheiros precisariam estar mais
envolvidos com todo o processo
de desenvolvimento e criação, pois
o conhecimento do usuário final
de qualquer projeto é peça funda-
mental para que este projeto seja
desenvolvido da forma mais eficaz
possível.
Faltou conhecimento de
mercado, e isto eu tive que buscar a
posteriori. Procurei saber “para que as
coisas são feitas”, e sobre a famosa
“visão do cliente”, que não nos foi se-
quer mencionada durante o curso de
engenharia. É muito importante que o
engenheiro entenda porque o pessoal
do marketing quer determinada carac-
terística no produto, pois muitas vezes
isto torna seu trabalho extremamente
facilitado e melhor. É importante que
o engenheiro seja flexível o suficiente
para entender outras motivações que
extrapolem a solução técnica, é im-
portante que ele desenvolva o con-
ceito de escolha (trade-off) entre
soluções em função do compromisso
com os resultados, é importante saber
que, na maioria das vezes, não há valo-
res absolutos, tudo gira em função da
expectativa do cliente. É importante
saber que a melhor solução não é ne-
cessariamente aquela tecnicamente
mais perfeita, mas aquela que entrega
o melhor compromisso entre resul-
tado, custo, tempo, conveniência. Mas
tudo isto sem deixar de ser enge-
nheiro, sem esquecer o principal fator
que o levou ali: a paixão por criar, de-
senvolver, construir.
Carlos Eugênio Fonseca Dutra é engenheiro me-
cânico pela PUC/MG, pós-graduado em adminis-
tração de marketing pela UNA/BH, é diretor de
planejamento e estratégia de produtos e desenvol-
vimento de negócios mercado externo da FIAT. Res-
ponde pelo posicionamento estratégico da marca,
pelo planejamento estratégico de mercado e pro-
duto, pesquisas de mercado, alianças e parcerias
com outras montadoras e pelas exportações da
Fiat para a América Latina. Iniciou sua experiência
no ramo automobilístico em 1979 e em 1983.
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Em um bem elaborado traba-lho em setembro de 2003, amparadoem significativa bibliografia, o professorJosé Roberto Salles de Paula mostra aimportância histórica da Fábrica deFerro Patriótica para Minas Geraiscomo o berço da siderurgia do Brasil.
O ciclo de implantação dasprimeiras siderúrgicas do Brasil come-çou em outubro de 1808, quando onaturalista mineiro Manoel Ferreira daCâmara Bittencourt e Sá - o Inten-dente Câmara - iniciou a construçãoda Real Fábrica de Ferro do Morro doPilar em Minas Gerais. Dois anos de-pois, em dezembro de 1810, o suecoCarl Gustav Hedberg começa a cons-trução da Real Fábrica de Ferro de SãoJoão de Ipanema em São Paulo. E, com-pletando este ciclo, a Fábrica de FerroPatriótica teve a sua construção ini-ciada em dezembro de 1811 nas pro-ximidades de Congonhas do Campoem Minas Gerais pelo oficial alemãoWilhelm Ludwing von Eschwege.
• Em 12 de dezembro de 1812, Es-chwege produz a primeira lupa de açona Fábrica Patriótica, inaugurando aera da Indústria Siderúrgica Brasileira.
• O Intendente Câmara faz correr, pelaprimeira vez no país, em janeiro de1813, gusa líquido de um alto-forno naMorro do Pilar, consolidando MinasGerais como o berço da Indústria Si-derúrgica do Brasil.
• Hedberg inicia a produção das pri-
meiras lupas de aço na Ipanema emabril de 1814.
• O alto-forno da Ipanema produz asua primeira corrida de gusa líquidoem 1º de novembro de 1818 pelaação do também oficial alemão Frie-drich Ludwig Varnhage, que, por isso,é reconhecido como o quarto dospersonagens de proa desse períodohistórico.
Por essa razão, a Real Fá-brica de Ferro Patriótica foi tom-bada em 1938 pelo Instituto doPatrimônio Histórico e ArtísticoNacional – IPHAN, como a primeira“fábrica de ferro” ou siderúrgica doBrasil. Sendo a siderurgia mineira degrande importância econômica paratodo o país, há um conjunto deações no processo que colabora-riam para que se produzam os efei-tos esperados, não só a preservaçãohistórica, como também o incentivoe reconhecimento da excelência daengenharia e das empresas mineirasnesse setor.
Atenta às ações de integra-ção, valorização e desenvolvimentoda Engenharia mineira, a SME, aco-lhendo o convite da empresa VALE,visitou em outubro de 2008 a Fá-brica de Ferro Patriótica, que seencontra em ruínas. Mas, afortunada-mente, o sítio está sendo mantidoem bom estado de conservação pelaVALE, o que estancou o seu pro-cesso de degradação.
Propostas - Seguem alguns resulta-dos da visita do presidente da SME edos membros da Comissão Técnica.
• Nas condições atuais, não é possívelabrir o sítio à visitação pública, umavez que se encontra em uma área in-dustrial com intensa movimentação deveículos pesados nas vias de acesso e,mesmo por meio do programa “Visitasà VALE”, o acesso diário seria difícil.
• No futuro, com a construção de umacesso independente ligando à BR 040para contorno da área industrial, a fá-brica poderá se tornar um ponto de vi-sitação e atração turística, se dotada deuma conveniente infra-estrutura. A áreada Fábrica está em local aprazível e in-clui uma Casa de Hóspedes e outrasconstruções que podem ser transfor-madas em hotel, restaurante, auditório,museu e outros ambientes, fazendo dolocal um centro de referência para es-tudos de siderurgia, o que viabilizaria asua preservação histórica.
• A restauração e exploração dessecomplexo, negociada com a VALE, po-derá se tornar viável ao empreendi-mento privado, aliada ao fato de estarlocalizada na área da Estrada Real, oque lhe garante apoio do setor produ-tivo e do governo. O seu perfil poderiase enquadrar em projeto cultural comincentivos fiscais do governo federal.
LAURO CÉSAR DE ABREU é engenheiro metalurgista,
pela Escola de Minas de Ouro Preto - EMOP; mestre
em administração pela UFMG e Membro da Comis-
são Técnica de Mineração e Metalurgia da SME..
SIDERURGIA Berço Mineiro
Ruínas da Fábrica deFerro Patriótica
Berço da Indústria
siderúrgica do País
Por Lauro César de Abreu
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Por Flávio Carvalho
“Nada mais é que, através de
uma bem regulada formação básica
comum a todos os engenheiros, pre-
pará-los para a educação continuada
de acordo com as especificidades e
requisitos da engenharia, ao posicio-
namento dinâmico de seus eixos de
formação, às oscilações dos mercados
e, até mesmo aos “solavancos” do
processo stop & go que tem caracte-
rizado a história do desenvolvimento
de infra-estrutura no Brasil”.
A engenharia tem grande re-
lação com o desenvolvimento porque
exerce papel crucial na etapa final do
ciclo da transformação da C&T em
riqueza e melhoria da qualidade de
vida, um processo globalizado que
tem sido crescentemente impul-
sionado pelo consumo. A forma-
ção profissional vem, então,
sofrendo transformações lideradas
pelas forças dos mercados há três
décadas, o que requer do enge-
nheiro novas competências, habili-
dades e atitudes. No Brasil, as
Diretrizes Curriculares para os
Cursos de Engenharias (2002), im-
postas pela LDB, Lei das Diretrizes
e Bases da Educação (1996), em
muitos aspectos refletem com
algum atraso as reações do Go-
verno a esse cenário.
Na Educação Superior bra-
sileira atual, um princípio básico da
LDB é a flexibilidade curricular. Ele re-
lativiza o antigo “padrão” de conteú-
dos curriculares, para buscar a
formação de “um perfil mais genera-
lista do egresso”. Um “engenheiro ge-
neralista” é, então, o profissional que
agrega à sua formação maior habili-
dade humana, pelo deslocamento do
seu eixo “tecnicista” anterior. Para
isso, limitou em até 50% a parte regu-
lada do curso (contra quase 100% an-
teriormente), deixando livre à escola
a definição dos conteúdos de “forma-
ção específica” (especialista). Conce-
deram-se, portanto, autonomia e
agilidade à escola para rastrear a dinâ-
OpINIÃO Formação em Engenharia
A formação atual do engenheiro brasileiro
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24
mica da tecnologia e dos mercados,
ao se regular somente uma “formação
essencial básica comum”.
Duas conseqüências dessas
mudanças são notáveis. A primeira é
a redução de custos dos cursos de
engenharia pela introdução de disci-
plinas de menor custo. Atraindo a es-
cola privada para o atendimento da
demanda reprimida por vagas, esta au-
mentou a oferta, a ponto de estar gra-
duando mais que a escola pública. A
segunda, possivelmente não pre-
vista, foi a proliferação de
denominações de cursos
de engenharia, causando
perplexidades ao MEC e ao
Sistema CONFEA. É igual-
mente importante constatar
que há convergência entre o
perfil do engenheiro infor-
mado pelo setor produtivo e
o definido pelo sistema de
ensino, sendo, portanto, ra-
zoável supor que esta ade-
quação contemple a demanda por se
originar de um processo sob a lógica
dos mercados, dos lados do “pro-
duto”, “fornecedor” e “cliente”.
O observador poderia,
então, tranquilizar-se. A capacidade de
formar engenheiros dinamicamente
adequados ao mercado de trabalho
teria sido restaurada, induzida antes
pelos mercados e, após, adotada pelo
sistema formal de ensino. A endossar
este fato a consolidação no Brasil das
últimas décadas de uma indústria ba-
seada em engenharia que produz
automóveis, moda, celulares, en-
tretenimento, aviões, alimentos, com-
putadores, ao lado das tradicionais
indústrias de construção, transforma-
ção, agrícola e mínero metalúrgica.
Estas duas últimas, mundialmente
competitivas, produzindo exporta-
ções que compensam royalties, im-
portações e o baixo valor agregado
médio da produção nacional. Em re-
sumo, se há oportunidades e ameaças
nas transformações, o Brasil soube
aproveitar as primeiras.
Porém, é intrigante que essa
sistemática - que pelo menos em tese,
ocorre há mais de vinte anos - não
tenha ainda preenchido todos os gaps,
principalmente no setor de infra-estru-
tura, onde lacunas são identificadas em
setores mais “antigos” da engenharia,
tradicionalmente competentes. A agra-
var o quadro, o Brasil estar exaurindo
a sua infra-estrutura instalada e priori-
zando uma sociedade de consumo, o
que, se foi decisivo no enfrentamento
da crise financeira, cria ocupações adi-
cionais na infra-estrutura e ameaça a
sustentabilidade do modelo.
Nesses aspectos, a falta de
engenheiros na recente retomada do
desenvolvimento não é consistente
com o modelo de formação, o cresci-
mento geométrico das graduações e
o percentual dos graduados que não
conseguem se inserir no mercado.
Mesmo as alegadas pouca maturidade
e a perda da competência em enge-
nharia do Estado não se justificam
diante da enorme capacidade de
adaptação dos mercados, seja
pela elevação dos salários,
seja por programas de curto
prazo para qualificação ou re-
qualificação.
Essa crise da engenharia
não é exclusiva do autor, nem
privilégio do Brasil. Com mo-
tivações diversas, ela é enca-
rada com seriedade em países
desenvolvidos, ensejando
ações concretas no enfrentamento da-
quilo que tem sido chamado de distur-
bing mosaic, um movimento de forças
muitas vezes antagônicas, despertadas
pela globalização das economias, e que
atuam também na área do conheci-
mento aplicado. É também interessante
que os países ricos reconheçam, como
premissas, duas realidades que se en-
caixariam no cenário brasileiro. A pri-
meira, que, se esse mosaico de
distúrbios foi produzido pelas forças
de mercado, ajustes só poderão ocor-
rer a partir de (competentes) ações de
OpINIÃO Formação em Engenharia
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25
Governo. Em segundo lugar, a perda do
prestígio social (e político) do enge-
nheiro sendo encarada como pro-
blema para o desenvolvimento da
engenharia (um dos raros documentos
existentes na literatura, o “Inova Enge-
nharia”, da CNI, aprofunda esse tema
sob o título Panorama Internacional).
Mas, no Brasil, o assunto
desperta pouca atenção de Gover-
nos, escolas de engenharia, sindicatos,
entidades de classes produtivas,
CONFEA-CREAs, sendo raras as pes-
quisas estruturadas. Assim, na falta de
achados científicos, resta a análise da
“falta” de engenheiros a partir da ob-
servação e da experiência.
Refletindo sobre esse para-
doxo - falta e oferta simultâneas de
engenheiros -, ele pode sugerir que,
diferentemente do perfil médio
(e majoritário) do engenheiro, o sis-
tema não contemplou “desvios” com
a mesma eficácia. E mais, que nestes
perfis “carentes”, os conteúdos
podem ter valor comparativo maior
que o médio e que não poderiam ser
tão relativizados. Se for assim, alguns
ajustes deveriam ser buscados, pre-
servando-se bons princípios para não
haver retrocessos em um sistema
que é o formalmente adequado.
De outro lado, como uma
sólida formação básica comum inega-
velmente predispõe o engenheiro à
qualificação em áreas mais intensivas
em conteúdos, a receita para este “im-
passe” estaria no próprio “espírito”
da legislação. Surpreende-nos, por-
tanto, que ela não esteja minima-
mente assegurada na regulação de
procedimentos e diretrizes.
A engenharia não pode ser
gargalo no atendimento de nenhuma
demanda nacional sobre ela – e nem
haverá tempo para correções no
caso da infra-estrutura – e, por isto,
a SME procura formular propostas
concretas. Entre outras ações, a SME
aprovou no IV ENEDS – Encontro
Nacional de Engenharia e Desenvol-
vimento Social ocorrido na Escola
de Engenharia da UNICAMP, o ar-
tigo intitulado “Diretrizes Curricula-
res para os Cursos de Engenharia:
um Aprimoramento”, assinado pelo
Professor Doutor em engenharia da
EEUFMG Alessandro M. Figueiredo
e este articulista, membros da Co-
missão Técnica de Educação em En-
genharia (disponível no sítio da
SME). O trabalho tem como pre-
missa o limitado grau de liberdade
dos mercados nessa área e propõe
duas medidas.
A primeira, focada na qua-
lidade acadêmica, aponta para a
imprescindibilidade do uso de me-
todologias eficazes “ensino/aprendi-
zagem” para convergir o perfil real
do egresso ao perfil idealizado, sem
o que, diretrizes e normas se redu-
zem a um rol de (excelentes) pro-
pósitos e intenções (o Inova
Engenharia foca bastante este tema).
A segunda medida, de cará-
ter normativo, é no sentido de assegu-
rar a sólida formação básica e comum
ao engenheiro (aliás, a função da parte
regulada de curso), essencial à sua so-
brevivência no mercado de trabalho
porque permite a mobilidade “enge-
nheiro generalista/engenheiro especia-
lista” e, para os mercados, a forma de
baratear e reduzir o ciclo do processo
“engenheiro graduado/engenheiro re-
qualificado”. Nada mais é que, através
de uma bem regulada formação básica
sólida comum a todos os engenheiros,
prepará-los para a educação conti-
nuada de acordo com as especificida-
des e requisitos da engenharia, ao
posicionamento dinâmico de seus
eixos de formação, às oscilações dos
mercados e até mesmo aos “solavan-
cos” do processo stop & go que tem
caracterizado a história do desenvolvi-
mento de infra-estrutura no Brasil.
Flávio Carvalho é técnico em eletrônica, engenheiro
eletricista e de telecomunicações, pós-graduado em
engenharia econômica, coordenador de cursos de
pós-graduação para especialização de engenheiros
e é Superintendente Técnico da SME.
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26 26
País: EUA
Ano: 2008
Género: Drama
Realização
Marc Abraham
Intérpretes
Jake Abel, Aaron Abrams,
Greg Kinnear
O livro "Normas Técnicas para Enge-
nharia Diagnóstica", de Tito Lívio Ferreira
Gomide, Jerônimo Cabral P. Fagundes
Neto e Marco Antonio Gullo, mostra a le-
gislação necessária para a elaboração de
bons relatórios de vistoria, laudos de inspe-
ção, de perícia e de auditoria, além de ferra-
mentas de engenharia diagnóstica.
A publicação aborda os aspectos teóricos e
práticos da Engenharia Diagnóstica em Edifica-
ções, desde o início do empreendimento com
a vistoria do terreno e vizinhança, passando
pela fase da obra e finalizando na obra con-
cluída e suas anomalias. Os autores ainda for-
necem inúmeros exemplos de laudos para
ajudar os profissionais que trabalham na área.
Compromisso com Você!
A Sociedade Mineira de Engenhei-ros, por meio da sua equipe, tem de-senvolvido uma série de trabalhospara atender cada vez mais e melhora cada um dos associados.
Em seus 78 anos de exis-tência, a SME trabalha para integrar,desenvolver e valorizar a Engenharia,a Arquitetura, a Agronomia e seusprofissionais, contribuindo para oaprimoramento tecnológico, cientí-fico, sócio-cultural e econômico.
Produtos e Serviços
Em nosso site há uma série de pro-dutos e serviços como cursos, pales-tras, seminários, eventos e
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São descontos de até 20% em aca-demias, empresas automotivas, deartigos de decoração, buffets, clubes,consultórios, cursos de idiomas, em-presas de turismo, faculdades, flori-culturas, gráficas, informática,laboratórios, óticas, planejamento fi-nanceiro, seguros, serviços fotográfi-cos, hotéis, beleza e estética, dentreoutros.
Compromisso com o futuro
Aprimoramento profissional e inova-ção tecnológica também têm sidouma das grandes bandeiras da SMEna busca em oferecer os melhoresprodutos e serviços para você e suafamília.
Por meio do nosso site:
newsletters, revistas, eventos e par-
ticipação nas redes sociais, a SME
tem se tornado, cada vez mais, um
canal aberto para ouvir suas suges-
tões e para representar seu inte-
resse. Aproveitamos para nos
colocar à disposição para outras in-
formações e demandas. Acesse:
www. sme.org.br.
LITERATURA Dica Técnica
SME Seja um associado
Patente é abordada em filme
O processo judicial movido pelo engenheiro e professor universitáriode Detroit, Robert Kearns, contra a Ford pelo roubo de um invento desua autoria nos anos 60 é relatado. O filme “Jogada de Gênio”, dirigidopor Marc Abraham, revelando a mentira, a chantagem e o suborno porparte do monopólio americano e a determinação do homem que nãosossegou enquanto não colocou os ladrões no banco dos réus.
Engenharia Diagnóstica em Edificações
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27
EVENTOS Engenharia em foco
Frase do Mês
Já conseguimos fazer videoconferências emuitas outras coisas pela Internet. Mas aindanão há como substituir o contato físico. Euquero o teletransporte — e sem jet-lag!
Tim Koogle, 46 anos – Presidente da Yahoo!
A SME tem sido para mim, muitomais que um fórum de discussãodas questões da engenharia e detroca de experiências profissionais,pois tenho me beneficiado, atravésda participação nas ComissõesTécnicas, da convivência e da ami-zade de muitos colegas.
Fique atento ao calendário de eventos. Neste ano, a SMErealizará uma série de encontros, seminários, reuniões eeventos para trabalhar a favor da valorização profissionaldos engenheiros, agrônomos e arquitetos. Confira emnosso site: www.sme.org.br
Nayara Lage Silva, aluna de Engenharia Ambiental da Fumec, vencedora do 4º lugardo Prêmio SME de Ciência e Tecnologia, ao lado do diretor da Fapemig, professordoutor José Policarpo
A SME lança a 9ª edição da Revista
Desde a sua primeira edição
em 1986, a revista apresenta
sugestões e se posiciona de
forma crítica diante de
questões polêmicas.
Angela Menin, Engenheira Elétrica
e membro da ComissãoTécnica de Energia
Sugestão de pauta para a Revista Mineira de Engenhariada SME, enviada pelo Engenheiro Marco Antônio Lemos,coordenador Regional do CREA/MG.
“A atualização profissional, frenteaos diversos mercados de traba-
lho, é uma preocupação paraos engenheiros e precisa serdiscutida. Outro assunto deextrema relevância é refe-
rente aos profissionais quevão entrar no mercado. Esta-
mos em período de início de ves-tibulares. Fazer um apanhado geral
sobre as diversas aplicações da engenharia e os diversoscursos de engenharia disponíveis no Estado, seriauma matéria interessante”. Envie a sua sugestão para:[email protected]
“Fiquei emocionada e lisonjeada por ganhar um prêmio tãoimportante. Acho a iniciativa da SME excelente e inovadora.Processos como esse, fazem a diferença para o desenvolvi-mento tecnológico de Minas”.
Marcela Fernandes Pieroni, graduanda de Engenharia Ambiental, da Universidade Fe-
deral de Itajubá, com o pai, Ivaldo Pieroni, a orientadora e professora da UNIFEI -
Regina Mambeli, a mãe, Niguimar Pieroni e a avó, Lourdes da Silva Fernandes e a
coordenadora da Comissão de Educação em Engenharia da SME, Marita Areas de
Souza Tavares, no 18º Prêmio de Ciência e Tecnologia
PRÊMIO - “Sou uma grande admiradora da Sociedade Mi-neira de Engenheiros e de sua revista, que aborda informa-ções interessantes e diversas novidades. Fiquei muito felizpor ser agraciada pela segunda vez no Prêmio SME deCiência e Tecnologia, afinal este prêmio representa o reco-nhecimento do meu trabalho e da minha dedicação. Nãosó minha, mas dos meus orientadores também. Acho ótimaa iniciativa da SME, e acredito que é uma forma de estimu-lar a pesquisa, a inovação e a criatividade. Aprendi e crescimuito escrevendo os trabalhos que enviei para o prêmio,e não pretendo parar por aqui. Esse é meu último ano degraduação e já estou pensando no meu próximo trabalho,quem sabe não vem mais um prêmio por aí, não é?!”
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28
Com foco na aviação co-
mercial, assistência aeromédica, casos
de urgência, turismo e prestação de
serviços, um programa de implanta-
ção de aeroportos no Estado pre-
tende facilitar o acesso a dezenas de
municípios e fomentar a economia
mineira. Através do programa
PROAERO, os aeroportos mineiros
começaram a ser entregues em se-
tembro de 2009 e terão investimen-
tos de quase R$ 200 milhões para a
melhoria da infraestrutura.
O modal aéreo reduz o
tempo das viagens, contribuindo para
o incremento do turismo e o escoa-
mento da produção. Até o início do
ano, foram entregues 18 aeroportos
que passaram por melhorias e expan-
são da capacidade de passageiros,
com R$ 56 milhões investidos nos
terminais de Capelinha, Curvelo, Di-
vinópolis, Guaxupé, Lavras, Ouro
Fino, Passos e Piumhi. A revitalização
e a implantação dos terminais inicia-
ram-se em 2003 e foram Intensifica-
das em 2006, atreladas a programas
estruturadores dos Governos Esta-
dual e Nacional.
De acordo com o gerente
do Proaero, Marcos Migliorini, a
iniciativa é uma garantia que os aero-
portos serão revitalizados de acordo
com as normas de adequação aero-
portuária e que, por estarem inseri-
das em programas estruturadores,
terão acesso pavimentado.
Marcos Migliorini explica
que a seleção dos aeroportos foi ba-
seada em uma distribuição estraté-
gica do Estado, levando-se em
consideração a densidade populacio-
nal, a economia e as necessidades de
cada região, nas melhorias previstas
no Plano Aeroviário do Estado de
Minas Gerais - PAEMG e nos parece-
res técnicos, resultado das vistorias
realizadas pelo Comando da Aero-
náutica em parceria com o Estado. “O
objetivo do programa é dotar o Es-
tado de uma rede de aeroportos de
pequeno e médio porte, com o obje-
tivo de impulsionar a aviação regional
e sub-regional, melhorando as condi-
ções de transporte de carga e passa-
geiros”, afirma o gerente.
FOMENTO ECONôMICO
Para a escolha dos aeropor-
tos a serem revitalizados também se
levou em conta, segundo Marcos Mi-
gliorini, o interesse de empresas aé-
reas em implantar vôos, a vocação
das cidades para o incremento turís-
tico e, até mesmo, a necessidade da
Secretaria de Saúde em atender po-
pulações com pouca acessibilidade.
“A logística foi baseada no índice de
desenvolvimento para atender às
questões sociais, econômicas e de se-
gurança. Por proporcionar suporte
social em casos de eventualidades, se
tornam assim, uma porta de entrada
de ajuda para atendimento florestal e
patrulhamento aéreo”.
A iniciativa pode ainda favo-
recer investimentos de empresas in-
teressadas em instalar-se nas cidades
ou melhorar o acesso dos emprega-
dos de grandes empresas já instala-
das, como é o caso de Capelinha,
localizada perto da planta da Arcelor
Mittal Enertética, que cultiva eucalip-
tos para abastecer de carvão os alto-
fornos das siderúrgicas
O gerente do programa
afirma que a medida vai atrair algu-
mas empresas aéreas, como no
caso de São João Del Rei, que já
conta com dois vôos regulares para
o Rio de Janeiro.
A Trip Linhas Aéreas inau-
gura até o fim de fevereiro dois
vôos diários na rota BH – Varginha
– Guarulhos, que vão operar de
segunda à sexta-feira. O novo ter-
minal de acesso aos passageiros
foi construído em formato de nave
espacial e terá área para a polícia
federal.
INfRAESTRUTURA Aviação
MINAS INVESTE EMINFRAESTRUTURA AEROPORTUÁRIASerão 25 aeroportos revitalizados ainda em 2010
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29
Pouso Alegre
Varginha
São João Del-Rei
Diamantina
Iturama
Ituiutaba
Manhuaçu
Poços de Caldas
Juiz de Fora
Frutal
Araxá.
Oliveira
Guanhães
Governador Valadares
A Comissão Téc-nica de Transportes com-partilha a expectativa deque o programa trará be-nefícios consideráveis àintermodalidade de trans-portes no Estado e, emconsequência, à economiamineira.
No contexto deMinas Gerais e com a glo-balização dos produtos eideias que envolve pessoase empresas, o setor aero-portuário passa a ser fun-
damental na infraestruturade Minas Gerais.
Deve-se conside-rar que o Estado tem áreaterritorial similar à daFrança, possuindo uma di-versidade regional repre-sentada por sua riquezade culturas, climas, rele-vos por onde se desen-volve variada gama deprodução agropecuária,mínero-meta lúrg ica ede informática, gerandopólos produtores de fun-
damental importância eque vão se transformandonos chamados clusters.
Pelas cidades queforam relacionadas pode-seperceber que se buscouuma distribuição geografi-camente estratégica no âm-bito de todo o territórioestadual, dotando-o de umarede aeroviária que, de fato,deverá promover uma inte-gração modal para a melho-ria da sua infraestrutura detransportes.
CTT da SME opina sobre reflexos no transporte mineiro
Cidade Término das obras Investimento
Cidades que já ganharam invest imentos
Ouro Fino Setembro de 2009 R$ 2,29 milhões
Curvelo Novembro de 2009 R$ 5,7 milhões
Guaxupé Dezembro de 2009 R$ 3,52 milhões
Passos Janeiro/Fevereiro de 2010 R$ 6,18 milhões
Divinópolis Janeiro/Fevereiro de 2010 R$ 11,5 milhões
Capelinha Janeiro/Fevereiro de 2010 R$ 10,23 milhões
Piumhi Janeiro/Fevereiro de 2010 R$ 6,77 milhões
Lavras Janeiro/Fevereiro de 2010 R$ 10,35 milhões
Ubá Março 2010 R$ 23,14 milhões
Viçosa Março 2010 R$ 5,28 milhões
Cláudio Setembro 2010 R$ 13,41milhões
fOTO
:BRU
NVIT
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Você escolhe os planos da sua vida.
O Santa Casa Saúde acredita que é você quem escolhe os
p
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planos da sua vida.
O Santa Casa Saúde acredita que é você quem escolhe os
planos da sua vida: trabalho, lazer e família, porque sabe da
importância de você administrar o seu tempo para viver com
mais qualidade. Somos um plano de saúde que está maior e
melhor a cada dia para proporcionar tranquilidade, saúde e
segurança. Com ampla rede credenciada, atendimento de
urgência e emergência em todo o Brasil e a melhor relação
custo-benefício do mercado, o Santa Casa Saúde é para você.
Ligue e agende uma visita ou acesse nosso site para conhecer
os nossos tipos de planos de saúde empresariais, familiares e
individuais.
www.santacasasaudebh.com.br
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32
ARqUITETURA Direito Autoral
A preocupação com o
Direito Autoral, ou seja, com o di-
reito que o autor tem sobre sua cria-
ção intelectual, nem sempre existiu.
Há não muito mais que um século, o
interesse dos pensadores e criadores
poderia ser até o oposto, divulgando
ao máximo seus ideais e soluções por
meio da reprodução. Entre mestres e
discípulos, era difícil distinguir até
onde ia a mão de uns e começava a
de outros. Esta prática não deixava de
reverter em vantagens profissionais
para os mentores originais das ideias,
reconhecidos como a fonte original
do conhecimento. A estes eméritos
eram devidas, portanto, todas as hon-
ras e dividendos – políticos, científicos
e também numerários.
A partir do momento em
que a multiplicação – ou cópia – das
ideias passou a ser um negócio em si,
com o advento do que Walter Benja-
mim identificou como a “Era da Repro-
dutibilidade Técnica” em relação às
obras de arte multiplicáveis, a situação
começou a mudar. De repente, os
autores perderam o controle sobre o
alcance e aplicabilidade de seus concei-
tos e criações. Sendo vítimas de copia-
dores e usurpadores inescrupulosos,
muitas vezes perderam até a proprie-
dade de sua criação. Injustamente, os
frutos de seu labor intelectual, em si-
tuações extremas, passaram a remune-
rar os falsos idealizadores ou meros
atravessadores e aproveitadores.
Uma legislação que garantisse
os direitos sobre a criação intelectual
foi um passo muito bem-vindo neste
processo. Sem ela, não haveria estímulo
para que um indivíduo ou grupo dedi-
casse sua inteligência à produção de
algo intangível como é o conheci-
mento, sem a garantia de uma recom-
pensa adequada pelos esforços
empreendidos em sua obtenção. A lei,
no todo, favorece os criadores e pen-
sadores, mas em alguns pontos, merece
críticas, quando determina que a pro-
priedade autoral só se aplica a pessoas
físicas. Por exemplo, alijando das em-
presas o direito sobre seus auspícios
intelectuais, o texto revela-se míope
em relação ao mundo contemporâneo.
Em um contexto onde os projetos
mostram-se cada vez mais complexos,
coletivos e multidisciplinares, a reunião
de um somatório de direitos indivi-
duais – como o de uma equipe - sob a
égide de uma empresa que os repre-
sente nos parece não só possível como
natural e desejado.
Embora com suas falhas e
sendo uma legislação até já antiga,
o conceito de proteção aos direi-
tos sobre a propriedade intelec-
tual permanece como verdadeira
novidade para muitos que, seja
por ignorância ou, quem sabe, por
conveniência, preferem manter-se
à parte das disposições legais.
Por Alberto Dávila
DIREITO AUTORAL EM ENGENHARIA E ARqUITETURA
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33
No caso particular do Brasil,
às leis abrangentes sobre direito auto-
ral somam-se as definições comple-
mentares, setoriais, como ocorre com
a área de Engenharia e Arquitetura.
Especificamente no setor,
no qual o âmbito da prestação de
serviços é preponderante, por
meio do desenvolvimento de pro-
jetos-base para a construção e
instrumentação da sociedade,
estes conceitos sobre o direito do
autor à sua criação, parecem ainda
bastante nebulosos.
A responsabilidade pelas in-
definições começa pelo próprio fra-
cionamento da legislação, que deixa
a cargo das entidades de classe, a
responsabilidade pelo detalhamento
e aplicação da lei, por meio de reso-
luções, normas e procedimentos
próprios.
Em nosso entendimento, a
entidade reguladora do exercício pro-
fissional de engenheiros, arquitetos e
agrônomos parece um pouco perdida
em meio ao tema, mergulhada em seus
próprios procedimentos burocráticos,
que justificam sua existência. O sistema
CONFEA/CREA esquiva-se de assumir
um papel holístico em relação à ques-
tão dos direitos autorais no setor.
Sendo o Sistema o canal oficial para o
estabelecimento de autoria, impõe-se
tão pouco como articulador, e a maio-
ria dos profissionais ainda confunde
“Responsabilidade Técnica” – aquela
registrada por meio do famoso formu-
lário “ART” – com a anotação do Di-
reito Autoral. Ocorre, porém, que o
processo de registro da autoria é com-
plexo, burocrático, demorado. Então,
sendo pouquíssimos os que o em-
preendem, deslocam-se os questiona-
mentos sobre a ascendência autoral
para o inadequado âmbito das ART´s.
É possível também que, en-
volvido em sua prática burocrática, o
sistema mal compreenda o papel e o
alcance de seus procedimentos. Isto fa-
vorece deslizes de processamento pelo
CREA, dando a inescrupulosos um di-
reito equivocado de clamar a “autoria”
sobre o que não lhes pertence.
Uma simples checagem téc-
nica e rigorosa de documentos evitaria
indesejados desdobramentos futuros.
Sendo uma espécie de cartório de re-
gistro de procedimentos técnicos, um
bom espelho para a instituição seria,
exatamente, os cartórios notariais e de
registros, onde ninguém registra um
imóvel em seu nome se não apresentar
uma enorme lista de documentos
comprobatórios e fidedignos que ates-
tem a credibilidade do ato de compra
e venda. Não se trata de alimentar a
burocracia, mas no que tange à garantia
legal de direitos, todo cuidado é pouco.
Em um âmbito ampliado em
relação aos direitos autorais de enge-
nheiros e arquitetos, ressentimo-nos
de uma atuação pró-ativa do sistema
CONFEA/CREA na defesa autoral de
seus membros, quem sabe nos moldes
dos organismos de gestão dos direitos
de música, cinema, software, dentre ou-
tros. A propósito, não vemos um fluxo
prolífico de patentes e registros indus-
triais em nosso setor, nem tampouco
um órgão que incentive a proteção
legal, enquanto fiscaliza a utilização das
inúmeras invenções que ocorrem das
pranchetas e computadores aos can-
teiros de obras.
Falta ao sistema a assunção
de uma posição organizadora e filtra-
dora das demandas sobre a questão
autoral, no mínimo antecipando e evi-
tando litígios entre os próprios enge-
nheiros e arquitetos. Isto poderia
acontecer por meio de orientações
quanto à estruturação intrínseca dos
processos de registro, sem, é claro, dei-
xar de atuar na defesa dos direitos au-
torais dos profissionais em sua relação
com o mercado. Um organismo com
domínio conceitual da lei, que a faça
cumprir de maneira preventiva e obje-
tiva, seria ideal para clarificar e conferir
ordem à abordagem do direito à auto-
ria, que hoje transcorre de maneira
confusa e ambígua, além de ética e eco-
nomicamente insatisfatória.
Alberto Dávila é Engenheiro Arquiteto, graduado em
1974 pela UFMG. Há 21 anos dirige a Dávila Arqui-
tetura e uma equipe de mais de 100 profissionais.
Foi professor de graduação e pós-graduação
(FAMIH/IPEAD), palestrante em vários seminários no
Brasil e América Latina e é atualmente membro da
Comissão Técnica de Construção Civil da SME.
O Sistema CONfEA/CREA
esquiva-se de assumirum papel holístico emrelação à questão dos
direitos autoraisno setor
”
“
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quem transita pela BR-
040 entre Rio de Janeiro e Belo
Horizonte passa por um dos mais
temerosos viadutos do Brasil.
Próximo a Itabirito, km 592, após
um declive de quase 4 km, ao
acessar o Viaduto das Almas, o
motorista se depara com uma
obra em curva de 45 metros de
altura, 262 metros de extensão e
8,20 metros de largura, cons-
truída e inaugurada em 1957.
Entre 2007 e 2009 foram mais de
200 acidentes e cerca de 200
mortes. Alguns alegam má sinali-
zação, outros, construção em
local inadequado, mas o que pa-
rece mais plausível é que a obra,
ao longo do tempo, perdeu a fun-
cionalidade com o aumento do
fluxo de veículos e com a impru-
dência dos motoristas.
Inaugurada pelo presidente
Juscelino Kubitschek na década de
50, a construção está em vias de ser
desativada. Composto também por
um mirante, o conjunto arquitetô-
nico foi projetado e executado pelo
engenheiro Sérgio Marques de
Souza, considerado o maior proje-
tista, calculista e construtor de pon-
tes e viadutos do Brasil.
A obra custou aos cofres
públicos 9 milhões de cruzeiros e foi
o segundo viaduto mais caro cons-
truído entre Belo Horizonte e Pe-
trópolis. O famoso engenheiro
também foi responsável pela cons-
trução da Ponte da Amizade, entre
o Brasil e o Paraguai, em Foz do
Iguaçu, e pelos outros quatro viadu-
tos do contorno da cidade de San-
tos Dumond na mesma rodovia e
pelos viadutos da Serra e do queias
na BR 381, depois de Betim, na saída
para São Paulo.
De acordo com o enge-
nheiro Geraldo Dirceu de Oliveira,
coordenador da Comissão Técnica
de Transportes – CTT da SME, os
jornais estamparam foto da obra, re-
pleta de elogios à engenharia nacio-
nal pela sua construção em curva.
Por baixo, altos pilares intertravados
de concreto armado. “O estilo da
obra depende da topografia, das con-
dições naturais da região, dos recur-
sos e das técnicas disponíveis, por
isso é que, talvez, a obra tivesse sido
construída em curva. Foi feito com
um sistema de pilares intertravados
de seção quadrada, com pequenas
dimensões e intertravados com vigas
horizontais, formando uma perfeita
Viaduto das Almas deixa marcas históricas
ENGENHARIA CIVIL Viaduto das Almas
De obra prima à causadora de centenas de mortes
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estrutura hiperestática e indeformá-
vel. Uma obra estupenda da nossa
engenharia para a época e que ven-
ceu o tempo sem nenhum recalque,
mantendo a solidez ao longo dos 50
anos de utilização”, afirma.
No entanto, transitam hoje
sobre o viaduto caminhões chama-
dos bi-trem que transportam até 60
toneladas e, diariamente, veículos de
6 eixos transportando entre 35 e 40
toneladas. “Passam por lá 20 mil des-
tes veículos por semana. Está supor-
tando uma carga muito além do que
foi previsto e muitos motoristas são
imprudentes. Isso me causa uma in-
dagação: como será que nós, enge-
nheiros de hoje, seremos avaliados
nos próximos 10, 15, 20 anos”, ques-
tiona Dirceu.
O complexo que substi-
tuirá o Viaduto das Almas será deno-
minado Viaduto Márcio Rocha
Martins. A certidão de nascimento
do viaduto foi publicada no Diário
Oficial da União (DOU) do dia 15
de janeiro, sob a rubrica de Lei
12.194, e sancionada pelo presidente
da República, Luiz Inácio Lula da
Silva. O autor da proposta é o depu-
tado federal José Santana de Vascon-
cellos (PR-MG), que protocolou o
seu texto em junho de 2007 no
Congresso Nacional. O homena-
geado Márcio Martins (1938/2006)
foi diretor proprietário da M. Mar-
tins, empresa que executou a nova
obra, cuja inauguração acontece em
março deste ano. A placa inaugural
do novo viaduto será colocada na
sua cabeceira.
Márcio Rocha Martins sem-
pre foi associado da SME, ocupou a
presidência do Sindicato da Indústria
da Construção Pesada no Estado de
Minas Gerais e fez parte da diretoria
da Associação Nacional das Empre-
sas de Obras Rodoviárias. Em sua
fundamentação, o projeto diz que o
engenheiro “foi construtor e res-
ponsável técnico de inúmeras obras,
como pontes e viadutos que, se so-
madas, ultrapassariam mais de 40 mil
metros de extensão”.
Outras duas iniciativas de
homenagens póstumas para batizar
o novo viaduto foram protocoladas
na Câmara dos Deputados. A pri-
meira delas, assinada pelo Deputado
Geraldo Dirceu de Oliveira, coordenador da
Comissão Técnica de Transportes da SME
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36
Jaime Martins (PR-MG), sugeria o
nome de Risoleta Guimarães Tolen-
tino Neves (1917/2003), esposa do
Presidente da República Tancredo
Neves (1910/1985). O texto chegou
ao Congresso em dezembro de
2005. A segunda proposta, apresen-
tada pelo deputado Reginaldo Lopes
(PT-MG), de dezembro de 2008, re-
comendava o nome Viaduto Dom
Luciano Mendes de Almeida
(1930/2006).
História, contos e verdades
Elzo Nassaralla, diretor da
Enecon Engenheiros e Economistas
Consultores, é o autor do projeto
da variante que inclui o viaduto. O
diretor mostrou-nos um docu-
mento de um amigo, o então repór-
ter Décio Nazareth do antigo jornal
Diário da Tarde, contando um pouco
da história do viaduto.
Décio conta que encon-
trou uma carta na redação do
Diário da Tarde, encaminhada ao Di-
retor Geral do Departamento Esta-
dual de Trânsito, Delegado Helvécio
Arantes, escrita por uma criança. O
garoto era aluno do Grupo Escolar
localizado em frente ao Departa-
mento, e pedia-lhe que mandasse
mudar o nome do Viaduto das
Almas. A alegação era que ele sem-
pre passava férias escolares na casa
dos avós em Conselheiro Lafaiete e,
quando transitava pelo viaduto, o
nome “das almas” o fazia lembrar-se
da Zelinha, apresentadora do pro-
grama infantil da TV Itacolomi amada
pelas crianças da época, que morreu
em decorrência da queda de ônibus
da Viação Cometa naquele viaduto.
O repórter decidiu reper-
cutir o assunto na imprensa. Foi até
o colégio e pediu aos alunos que fi-
zessem uma votação sobre um novo
nome. Venceu o nome Vila Rica, quase
empatando com o Viaduto Guadala-
jara, cidade mexicana onde a seleção
brasileira de futebol acabara de ga-
nhar a Copa do Mundo de 1970.
Passados alguns dias, o Mi-
nistro dos Transportes, Mário An-
dreazza, assinou uma resolução
trocando o nome do viaduto para
Vila Rica, como escolhido pelas
crianças. O curioso é que os desas-
tres no local pararam de ocorrer
por um bom tempo. E, agora, Décio
Nazareth, hoje engenheiro do Es-
tado, faz o seguinte “apelo” ao amigo
Nassaralla: “espero que o novo via-
duto com projeto de sua autoria
venha a dar somente alegrias às
crianças e aos adultos que por ele
vierem a transitar, seja qual for o
nome escolhido”.
Obra é inaugurada e
pretende minimizar
riscos de acidentes
Em 1998, a obra de cons-
trução da variante foi contratada
através de licitação, mas não foi
executada por falta de recursos. So-
mente em 2006, os trabalhos foram
iniciados, convocando-se a segunda
empresa colocada, a M. Martins En-
genharia e Comércio Ltda.
quem fala sobre as carac-
terísticas da construção é o pró-
prio engenheiro Elzo Jorge
Nassaralla, Membro da Comissão
Técnica de Transportes da SME. “O
ENGENHARIA Viaduto das Almas
Diretor da Enecon e projetista da nova obra,
Elzo Jorge Nassaralla
Crédit
o: Regin
a Cássia
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trabalho gerou mais de 250 empre-
gos diretos. A construção tem a al-
tura máxima de 50 metros no seu
ponto central e foi executada com
defensas de concreto em todo o
contorno, sinalização, 10m90 de lar-
gura total e 7 metros de pista de
rolamento com 2m50 de acosta-
mento. Além disso, a sinalização
será reforçada e foi amplamente
planejada para garantir a segurança
do usuário”.
A obra, segundo o diretor
da Enecom, obedece a todas as nor-
mas da Associação Brasileira Nor-
mativa de Técnicas – ABNT e foi
executada com aço especial, sem
curvas e utilizando a técnica de con-
creto protendido.
Os recursos foram alo-
cados pelo Governo Federal, to-
talizando investimentos de 27
milhões de reais.
A Obra durou 12 anos
De acordo com informa-
ções do DNIT, houve um escorre-
gamento do solo próximo ao lugar
onde foi construída a ligação entre
a pista antiga e a variante. Deci-
diu-se, então, fazer a revisão do
projeto da variante, o que aumen-
tou a sua extensão mas melhorou
o seu traçado, eliminou os proble-
mas existentes e proporciona
maior segurança viária aos que tra-
fegam pela rodovia. A medida foi to-
mada para evitar gastos na
reparação dos danos causados pela
erosão, que surgiu a posteriori, e,
também, em virtude de problemas
geológicos ocorridos nas proximi-
dades do antigo traçado projetado
da variante, mas em conseqüência,
houve dilatação dos prazos de en-
trega da obra em virtude do pro-
cesso de alocação de recursos
adicionais ao orçamento original.
O viaduto é inaugurado epretende minimizar riscosde acidentes
Crédit
o: Regin
a Cássia
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Novo Viaduto
• Pista dupla• 21 metros de largura • 0,40 de defensas nas laterais• 7 metros de pista em cada lado• 2m50 de acostamento• 50 metros de altura em seu
ponto mais alto• Faixa de segurança de 0,60• 460 metros de extensão• Tangente em linha reta
Velho Viaduto das Almas/Vila Rica
• 9 metros de largura • Não possui defensas laterais• Não possui acostamento• 262 metros de extensão • Em curvas• Única via• 50 metros de altura
12 ANOS ENTRE A ELABORAçãO E A CONCEPçãO DO PROjETO
• 1988 – O Projetista do Viaduto das Almas fica impressionado em como o viadutosuportava o aumento do fluxo de veículos e, a partir daí é realizado o primeiroestudo para a criação de um novo projeto.
• 2009 – cerca de 200 mortes ocorreram até 2009.• 1998 – O DNIT fez um projeto e contratou uma empresa para licitar a obra. • 2006 – foi chamada a segunda empresa colocada para executar a obra.
CARACTERÍSTICAS
Progressão e execução da obra
VALORES
Novo Viaduto R$ 27 milhões Antigo Viaduto das Almas Cr$ 9 milhões de Cruzeiros
ENGENHARIA CIVIL Viaduto das Almas
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O CEO da Paiva Piovesan,
Rodrigo Antônio de Paiva, foi eleito,
pelo 11º ano consecutivo, Líder
Empresarial pelo Estado de Minas
Gerais. A eleição é realizada há 32
anos junto a empresários e execu-
tivos de todo o Brasil, ligados ao
Fórum de Líderes Empresariais.
Em comunicado oficial, o
Fórum de Líderes esclareceu que o
pleito sempre é realizado de ma-
neira democrática e sem pré-candi-
datos. De acordo com a instituição,
estas características conferem legi-
timidade e autenticidade à escolha.
Em Minas Gerais, foram
premiados também os empresários
Alair Martins, da Martins Comércio,
Juscelino Martins, do Banco Triân-
gulo, Aguinaldo Diniz, da Cedro Ca-
choeira e Luiz Garcia, da Algar.
Rodrigo Antônio de Paiva
é engenheiro civil pela Universidade
Federal de Minas Gerais com mes-
trado em Engenharia Civil e Mecâ-
nica pelo Massachusetts Institute of
Technology – MIT, dos Estados Uni-
dos. Ministrou palestras e cursos de
pós-graduação em renomadas insti-
tuições como PUC Minas, Fumec e
UEMG. Participou da direção de en-
tidades de classe como a Sociedade
Mineira de Engenheiros – SME, CREA
e Associação das Empresas Brasileiras
de Software – Assespro.
Rodrigo Paiva preside a
Paiva Piovesan, empresa fundada em
1990, em Belo Horizonte, atua no de-
senvolvimento de softwares de ges-
tão de negócios voltados às pessoas
físicas e grandes empresas. Entre os
prêmios conquistados pela Paiva Pio-
vesan estão o "Editor's Choice" e
"Prêmio Info", da Revista Info Exame;
"Líder Empresarial", pela Gazeta Mer-
cantil, "Prêmio SEBRAE de Excelência
Empresarial", única empresa vence-
dora em três edições. Em várias opor-
tunidades, os softwares da empresa
estiveram presentes como finalistas
do Max Award/Fenasoft.
A premiação aconteceu no
dia 28 de novembro, no Golden Hall
do complexo WTC – Sheraton
Hotel, em São Paulo. Cerca de dois
mil líderes empresariais de todas as
regiões do Brasil, atuantes nos princi-
pais segmentos da economia nacional,
estiveram presentes ao evento.
O Fórum de Líderes
O Fórum de Líderes Em-
presariais notabilizou-se, desde a sua
fundação em 1977, pelo pioneirismo
e capacidade de mobilizar lideranças
empresariais, produzindo visões e
conteúdos de forte impacto na vida
nacional. O evento adquiriu, com isso,
credibilidade e prestígios únicos
como um canal de relacionamento
com um público altamente qualificado
e interessado nas questões estrutu-
rais do desenvolvimento brasileiro.
É com essa credibilidade
que pretende organizar agora um
novo movimento em torno da com-
petitividade sustentável nos negócios,
condição fundamental para que o
Brasil ocupe, de fato, sua vaga de pro-
tagonista global de relevância.
Rodr igo Antônio de Paiva é engenheiro civi l
pela Universidade Federal de Minas Gerais com
mestrado em Engenhar ia Civi l e Mecânica
pelo Massachusetts Institute of Technology – MIT
Por juliano Nunes
Idealizador do Prêmio SME de Ciência e Tecnologiaé eleito líder empresarial pelo Fórum de Líderes
MERCADO Liderança Empresarial
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O mundo do trabalho muda continua-
mente e abre espaço para quem tem projetos e
disposição para ousar e o poder público começa
a agir para auxiliar pequenos empresários. Con-
seguir aquele emprego seguro, com salário
definido e certo, mas no negócio dos outros, não
é a única alternativa. As oportunidades estão aí
para quem quiser fazer coisas novas.
Pesquisa realizada pelo Global Entrepre-
neurship Monitor (GEM), em 2008, aponta a ex-
istência de quatro condições importantes para o
empreendedorismo no Brasil: políticas governa-
mentais, apoio financeiro, educação e capacitação.
No país, existe uma média de dois empreende-
dores por oportunidade para cada empreendedor
por necessidade, ao passo que em países de renda
per capta alta essa relação chega a ser de sete
por um. Há que se considerar, ainda, que o setor
informal no Brasil alcança 10,3 milhões de negó-
cios, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE).
De acordo com o gerente da unidade de
Educação do Sebrae Minas, Ricardo Luiz Pereira,
historicamente, a sociedade brasileira não foi ed-
ucada para empreender, mas para buscar em-
prego. “O tema empreendedorismo é
relativamente novo no Brasil, se comparado a
outros países como EUA ou outros da Europa,
como França e Inglaterra. Existe uma cultura mais
propensa ao risco de empreender e o tema é de-
batido em escolas que possuem e criam um am-
biente propício à difusão do empreendedorismo”,
explica. Para ele, existem algumas pessoas com
um dom natural para negociar, gerir, empreender,
assim como existem outras com o talento para
esportes, mas empreendedorismo pode ser ensi-
nado, praticado. “Muitos brasileiros empreendem
ainda por necessidade e não porque enxerga uma
oportunidade”.
NEGÒCIOS Empreendedorismo
Empreendedorismopode ser caminhopara jovens
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41
Sustentação da Economia Brasileira
As empresas familiares e de pequeno porte têm
grande importância no cenário econômico-social, pois a
maioria dos empregos é gerada por micro e pequenas em-
presas. Segundo o IBGE (2003), 99,2% dos estabelecimen-
tos são considerados micro e pequenas empresas. Estas
empresas são responsáveis por 57% da mão de obra em-
pregada formalmente e responsável por 26,5% dos
salários pagos.
A taxa de desemprego no país está em 7%
(IBGE-dez 2009), bem abaixo dos países na Europa que
vivem ainda resquícios da última crise financeira
mundial. O desemprego deixou de ser um problema
local e agora é um problema globalizado.
No SEBRAE, um estudo realizado em 2004,
demonstra que 35% das Micro e Pequenas Empresas
(MPEs) interrompem as atividades no primeiro ano de
vida. Outras 46% “morrem” até o segundo ano. Ainda
segundo a pesquisa, as causas destacadas por estes em-
preendedores são classificadas como de origem geren-
cial. As causas estão relacionadas à falta de capital de
giro, falta de clientes, conhecimentos gerenciais, prob-
lemas financeiros e pela carga tributária elevada. Porém,
em muitos casos, o problema pode ser antecipado por
meio de um planejamento e plano de negócios antes da
abertura destas empresas.
O gerente Educacional do Sebrae, Ricardo Luiz
Pereira ressaltou que um grande número de pessoas
abre empresas sem buscar a informação devida ou na
fonte mais precisa. “Antes de abrir um negócio, deve-
se buscar informação detalhada sobre o empreendi-
mento incluindo seus fornecedores e clientes, realizar
uma pesquisa de mercado, fazer um plano de negócios
preciso e analisar a taxa de retorno do investimento,
além de outros aspectos referentes à gestão, capaci-
tação, necessidade de mão de obra especializada, enfim,
dados que se aproximam da realidade a ser enfrentada
e avaliam melhor os riscos. São vários os instrumentos
e ferramentas, mas na verdade, deve-se efetuar um bom
planejamento alinhado a um Plano de Negócios e até,
se necessário, melhorar a capacitação” afirma.
Segundo o gerente, o SEBRAE disponibiliza
uma série de cursos ligados à gestão e consultorias es-
pecializadas, além do atendimento on-line para que o
empreendedor possa buscar informações e conheci-
mento. sobre temas importantes ligados à longevidade
da micro e pequena empresa.
Ricardo Luiz Pereira é gerente Educacional do Sebrae
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As pessoas com mais de 50
anos freqüentemente lamentam o
fato de que, em sua infância, os rios
eram mais limpos e tinham peixes.
Essa afirmativa seria mero saudo-
sismo na base do “antigamente a
vida era melhor” ou seria uma efe-
tiva constatação da realidade? Infe-
lizmente esta é a realidade dos
nossos recursos hídricos do país.
Praticamente em todas as cidades
brasileiras, os serviços de esgota-
mento sanitário, quando existem,
não contemplam o tratamento de
resíduos. Isto significa que não se
cogitava interceptar os esgotos co-
letados e convergi-los para um
ponto determinado onde seria ins-
talada a Estação de Tratamento, cum-
prindo-se, assim, o ciclo completo.
Até 1970, os serviços de
saneamento não tinham planeja-
mento definido e nem disponibili-
dade de financiamento adequada.
Algumas cidades conseguiam ver-
bas, mas mesmo assim esbarravam
em dificuldades operacionais.
Com o advento do Plano Nacio-
nal de Saneamento - PLANASA,
naquele ano foram criadas linhas
de financiamento a partir do
FGTS. No entanto, as carências
eram tão grandes que foi necessá-
rio priorizar a aplicação dos re-
cursos para o abastecimento de
água que era mais urgente. A me-
dida fez com que o Brasil se en-
contre numa situação próxima à
universalização quando se trata
do serviço de abastecimento de
água, mas num déficit abissal
quando se trata de coleta e, prin-
cipalmente, de tratamento de es-
gotos urbanos. Com o aumento
da quantidade de água disponível
por habitante e os esgotos lança-
dos diretamente nos cursos
d’água, a degradação dos córregos
e rios piorou a olhos vistos. E
num prazo relativamente curto.
MEIO AMBIENTE Saneamento
SANEAMENTO NO BRASIL
POSSIBILIDADE OU UTOPIA?
Por José Nelson de Almeida Machado
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As pessoas habituaram-se,
de longa data, a lançar os seus resí-
duos no solo, redes de águas pluviais
e nas vias públicas e, naturalmente,
não pagar por isso. A situação acabou
resultando num comportamento pa-
radoxal das pessoas em relação ao
meio ambiente, pois embora não haja
quem não deseje os rios limpos, há
uma resistência muito grande para a
adesão ao sistema público, devido ao
incremento que ocorre na conta
mensal de água quando se acrescenta
o custo do serviço de esgoto.
Essa situação ficou muito
bem evidenciada na pesquisa “Percep-
ções sobre Saneamento Básico” feita
pelo IBOPE e Instituto Trata Brasil
em junho de 2009. Foram entrevista-
das 1.008 pessoas em 67 cidades
com mais de 300 mil habitantes.
Os resultados mostraram
que 31% das pessoas não sabem o
que é saneamento básico e 41% não
se dispõem a pagar para ter os servi-
ços de esgotamento sanitário. A fi-
gura a seguir mostra o ranking de
prioridade dos serviços públicos na
percepção dessas pessoas.
Esse conjunto de fatores faz
com que a precariedade dos serviços
de esgotos não encontre uma dispo-
sição firme dos governos municipais
e das populações no sentido de eli-
minar ou reduzir este grave passivo
ambiental. Isso gera doenças, mau
cheiro e lama, e assim, todo o cui-
dado com o meio ambiente desen-
volvido pelo projeto fica prejudicado.
Um fato a ser destacado são as con-
cessões de sistemas de esgotamento:
as companhias estaduais, são em nú-
mero insignificante em relação às
concessões dos serviços de abasteci-
mento de água. Em Minas, a COPASA
possui cerca de 610 concessões de
abastecimento de água e pouco mais
de 160 de esgotamento sanitário.
Podem-se desenvolver vá-
rias discussões sobre os resultados,
principalmente pelo fato de que as
pessoas querem um meio ambiente
limpo e saudável. O problema é que
o desinteresse das populações pelos
sistemas de saneamento é pautado
no comportamento dos gestores pú-
blicos, que acabam priorizando ou-
tros serviços, muitas vezes de
vantagens discutíveis.
As cidades que se destacam
no ranking do saneamento têm uma
característica comum: há anos o sa-
neamento é prioridade em seu plano
diretor e os investimentos são regu-
lares, independentemente do órgão
operador, seja ele público ou privado.
“O planejamento local e a prioridade
às questões ambientais são funda-
mentais para os avanços”, diz Gesner
Oliveira, presidente da SABESP (Re-
vista Exame, 20/05/2009).
Ranking de importância dos serviços públicos de primeira necessidade
(IBOPE – Instituto Trata Brasil 2009)
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Em sistemas providos de Es-
tação de Tratamentos de Esgotos -
ETE’s, é frequente a ociosidade devido
aos problemas apontados. Outro
risco grave decorrente da negligência
refere-se a alguns tipos de resíduos
tóxicos de empreendimentos comer-
ciais e industriais situados na área ur-
bana, como galvanoplastia,
laboratórios fotográficos e radiológi-
cos, postos, oficinas mecânicas etc,
sobre os quais não in-
cide qualquer tipo de
controle. Nas locali-
dades desprovidas de
ETE’s, a prestação dos
serviços de esgota-
mento sanitário re-
sume-se à manutenção das redes de
coleta. Não há qualquer controle
sobre os efluentes tóxicos de ativida-
des industriais, que podem ser carrea-
dos ao corpo receptor. Mesmo em
algumas localidades providas de ETE’s,
o seu controle costuma ser apenas
dos processos internos operacionais.
Caso ocorra a presença de
compostos tóxicos no lodo, e se
este for levado para aplicação agrí-
cola, o risco para as pessoas que o
manipulam e para o meio ambiente
é alto. Para prevenir a situação, a
COPASA criou o Programa de Re-
cebimento de Efluentes Não Do-
mésticos – PRECEND, mas a sua
aplicação ainda está restrita aos
poucos sistemas concedidos.
Não basta ter recursos
financeiros suficientes, é necessá-
rio um intenso trabalho de mobi-
lização e sensibilização das
comunidades e dos gestores pú-
blicos para que os serviços de
esgotamento sanitário consigam
deslanchar.
Meio Ambiente Saneamento
Engenheiro Sanitarista e ambiental – Diretor da
SME e Consultor de saneamento e gestão de re-
cursos hídricos. Associado Fundador e Diretor
Geral da Agência Executiva de Apoio à Gestão
de Bacias Hidrográficas Peixe Vivo – AGB Peixe
Vivo. Membro do Comitê de Bacia do Rio das Ve-
lhas. É consultor na área de desenvolvimento de
eficiência operacional e sustentabilidade finan-
ceira e ambiental em sistemas de saneamento,
gestão de recursos hídricos e de resíduos indus-
triais. Atua em organizações não governamen-
tais. Ex-presidente do Conselho Municipal de
Limpeza Urbana, COMUSA – Conselho Munici-
pal de Saneamento de Belo Horizonte e do
CERH – Conselho Estadual de Recursos Hídri-
cos. Convidado pela UNESCO para participar do
Global City Water Futures Summit em 2009 em
Delft – Holanda pelo “reconhecimento como li-
derança no gerenciamento da águas urbanas em
Belo Horizonte”. Contato: [email protected]
Peixe retirado do rio Anacostiaem Washington DC apresentatumores devido ao contato comhidrocarbonetos poliaromáticosoriundos de descargas de veícu-los e geradores a carvão.
José Nelson de Almeida Machado
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A Sociedade Mineira de Engenheiros, através do
Prêmio SME de Ciência e Tecnologia, incentiva a pesquisa tec-
nológica e busca revelar jovens talentos em Minas, ofere-
cendo aos alunos de engenharia, arquitetura e agronomia
oportunidade de mostrar o seu trabalho e abrir caminhos
para o empreendedorismo.
O aluno de Engenharia Ambiental da Universidade
FUMEC, agraciado com o primeiro lugar na 18ª edição do
Prêmio SME de Ciência e Tecnologia, Pedro Costa Barbosa,
apresentou o trabalho com o título “Desenvolvimento de
Técnicas Construtivas a partir do Manejo e Tratamento do
Bambu”. A sua pesquisa demonstrou que uma das matérias-
primas que apresenta um grande potencial de se transformar
em produtos é o bambu. A gramínea tem grande utilidade no
Oriente e em outros países, tanto na construção civil quanto
no artesanato. Pode ser utilizada na confecção de roupas e
até de veículos, como é explicitado no trabalho do aluno.
“Minas Gerais possui algumas regiões montanhosas,
com dificuldade de mecanização, mas com o seu bom regime
hídrico, é uma região apropriada para a produção de bambus.
A criatividade dos alunos que desenvolveram um carrinho
de bambu para facilitar a vida dos catadores de lixo foi a razão
do primeiro lugar”. É o que explica um dos integrantes da
comissão julgadora, engenheiro agrônomo Aloísio Antônio
Barbosa Rolim, membro da Comissão Técnica de Meio
Ambiente da SME
Criação de projetos
Pedro Barbosa faz parte de um programa de ex-
tensão da Universidade Fumec chamado Veículo do Saber, um
projeto voltado para a capacitação de “Agentes Ambientais
de Limpeza Urbana”. O programa é coordenado pelo pro-
fessor Flávio Negrão, da faculdade de engenharia ambiental,
e tem por finalidade criar um canal de troca de conhecimen-
Ciência e Tecnologia Inovação
Soluções e Inovação
Vencedor do Prêmio SME de Ciência e Tecnologiacria técnicas de manejo do Bambu.
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tos entre acadêmicos e os catadores de papel da ASMARE.
No desenvolvimento do projeto, surgiu a necessidade de ex-
plorar mais profundamente as características físicas do
bambu e a sua aplicabilidade.
De acordo com o premiado, o bambu pode ser uti-
lizado em diversas aplicações. “Desde as coisas mais simples
como um palito de dentes, até as mais complexas, como um
saguão de um aeroporto. Esse material se sobressai quando
a razão entre a resistência e o peso específico é um dado
importante”, afirma Pedro Barbosa. O aluno explicou, ainda,
que o maior benefício do carrinho de bambu é o baixo peso
relativo do material, aliado à sua boa resistência. “Isso facilita
bastante o trabalho dos cata-
dores, já que eles precisam
empurrar o veículo ao longo
de boa parte do dia. A durabi-
lidade do material após rece-
ber devido tratamento é
outro ponto importante, o
que reduz significativamente
os custos com manutenção”.
Atualmente, Pedro
Barbosa é estagiário em uma
empresa de consultoria am-
biental, a Mercator - Geotecnologia e Soluções Ambientais,
trabalhando com a recuperação de áreas degradadas. “É uma
área que chama muito a minha atenção e onde, com certeza,
pretendo investir. Além disso, tenho muito interesse em cria-
ção e manejo de trilhas para a prática de ecoturismo. Já tenho
um trabalho incipiente nesse tópico e pretendo dar conti-
nuidade a ele, associado a um grande amigo geógrafo cha-
mado Icaro Brito. Há dois anos fiz uma difícil escolha ao
trocar seis períodos cursados de engenharia elétrica na
UFMG e um estágio em uma grande empresa de engenharia
por um curso novo, ainda pouco conhecido. Esse Prêmio veio
para mostrar que eu tomei a decisão correta e que o empe-
nho nessa nova área está gerando retornos”.
Pedro pretende concorrer novamente ao prêmio
ao lado dos amigos. “Concorrer a um prêmio como esse nos
instiga a desenvolver habilidades fundamentais à nossa vida
acadêmica e profissional, além de ser uma ótima vitrine, com
o peso que o Prêmio tem”.
Carrinho atende necessidades dos
Catadores de papel
De acordo com Pedro
Barbosa, a necessidade de estu-
dar o bambu surgiu em um
projeto de extensão que teve,
como um dos seus objetivos,
desenvolver com a ASMARE
um veículo de coleta de resí-
duos recicláveis. O bambu foi
escolhido como uma solução
para sanar os problemas apre-
sentados pelos modelos exis-
tentes: o alto peso do ferro e a
baixa durabilidade da madeira.
Utilizado há séculos por diversas culturas, princi-
palmente as orientais, para os mais diversos fins, desde uten-
sílios domésticos até estruturas grandiosas, a planta é muito
resistente e têm grandes taxas de crescimento não encon-
tráveis entre outras espécies lenhosas.
O bambu pertence à família das gramíneas (Grami-
neae) e à subfamília Bambusoideae e pode ser dividido em
dois conjuntos, os bambus herbáceos e os lenhosos. São co-
Aluno de Engenharia Ambiental da Universidade FUMEC, agraciado
no primeiro lugar do 18º Prêmio, Pedro Costa Barbosa
Ciência e Tecnologia Inovação
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nhecidas mais de 1.200 espécies nativas em praticamente
todo globo, excetuando-se o continente europeu. A cultura
dessa planta é capaz de suportar uma faixa bem elástica de
temperatura e de altitude.
Para garantir a máxima resistência e durabilidade das
varas, é fundamental sujeitar o bambu à algum tipo de tra-
tamento. O processo visa, por meio da retirada
da água e do amido, tornar as varas resis-
tentes ao desenvolvimento de patolo-
gias como insetos e fungos.
O tratamento pode ser
químico, por imersão em água cor-
rente ou por fogo. A tendência ao
fendilhamento é a maior dificuldade
de se trabalhar com o bambu, já que
ele perde a sua forma e resistência. Para
sanar o problema, são utilizados conectores
que distribuem melhor os esforços solicitantes no
colmo. No projeto, foram usados dois tipos de conectores:
o sanduíche e o cantoneira, conforme as suas aplicabilidades.
O principal material utilizado para a confecção dos
conectores é a ecoplaca feita a partir de refugos fabris de
tubos de pasta dental, material presente também nos para-
fusos, arruelas, porcas e braçadeiras de rosca infinita. Se não
for possível eliminar totalmente o fendilhamento, é necessá-
rio limitar a sua propagação com técnicas de preenchimento
dos colmos e o uso de barreiras mecânicas.
Para aumentar a rigidez das estruturas construí-
das com bambus, podem ser feitos contraventamentos
com cabos de aço, com uma pequena adição de peso à
estrutura. Essa técnica é muito importante para su-
portar esforços solicitantes maiores como
os gerados pelos ventos mais rápidos.
Como resultados das aplica-
ções das técnicas descritas no
trabalho, foram construídas
também duas estruturas: um
barracão e um abrigo de ôni-
bus. O primeiro não apresentou
nenhum problema após quase um
ano de uso. O abrigo apresentou pe-
quenos desvios do projeto original de-
vido à falta de precisão no processo manual de
corte das varas.
Os resultados gerados pelo estudo estão
dentro do esperado, garantindo o sucesso da pes-
quisa. As estruturas construídas utilizando as técnicas
descritas no artigo de Pedro Barbosa demonstram a
viabilidade do uso da matéria prima para a construção
civil e aplicações mais simples.
E M p R E S A S A p O I A D O R A S D O E V E N T O
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ENGENHEIRO DO ANO Homenagem
esde 1985 a SME
comemora o dia o
Dia do Enge-
nheiro, homena-
geando a um
profissional que
tenha se destacado em sua área de
atuação e que tenha contribuído
para o desenvolvimento e o en-
grandecimento das engenharias mi-
neira e nacional.
Há 78 anos, a SME trabalha
para o desenvolvimento das enge-
nharias, arquitetura e agronomia no
estado de Minas Gerais, valori-
zando e reconhecendo os profissio-
nais representados.
O agraciado de 2009 foi o
engenheiro Civil e presidente da
Mendes Júnior, Murillo Valle Men-
des, que recebeu o título de “Enge-
nheiro do Ano”, a principal co-
menda oferecida pela SME e que
confere ao agraciado reconheci-
mento pelos importantes trabalhos
realizados no Estado, no País e no
Mundo, em cerimônia ocorrida no
dia 11 de dezembro.
Escolhido pela inovação,
ideias, projetos e novos caminhos
que abriu para o desenvolvimento
SME COMEMORA DIA DO ENGENHEIRO EM GRANDE ESTILO
Engenheiro Civil
Murillo Mendes
recebe a Medalha
“Engenheiro do Ano”
d
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49
econômico e social de Minas, o ho-
menageado Jesus Murillo Valle Men-
des é Natural de Montes Claros e
formado pela Escola de Engenharia
da UFMG.
Murillo iniciou as ativida-
des profissionais em 1950 como
Superintendente de Obras. Desde
1953 exerce o cargo de Diretor-
Presidente e Responsável Técnico
das empresas do Grupo Mendes Jú-
nior. Realizou importantes obras
que se destacam no setor de cons-
truções e no desenvolvimento do
Estado, no Brasil e outros Paises.
A Mendes Júnior está no
mercado de construção pesada no
Brasil e no exterior, desenvolvendo
projetos nos segmentos de cons-
trução rodoviária, ferroviária, me-
troviária, portuária, hidroelétrica,
termoelétrica, petróleo e gás,
dutos, saneamento urbano, canais
de irrigação e manutenção indus-
trial onshore e offshore.
A qualidade Mendes Júnior,
requisito fundamental no atendi-
mento às necessidades dos seus
clientes, é parte do processo inte-
grado de gestão de qMSR – quali-
dade, Meio Ambiente, Segurança e
Saúde Ocupacional e Responsabili-
dade Social.
E M p R E S A S A p O I A D O R A S D O E V E N T O
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Energia Meio Ambiente
Há quase cinco anos, a famí-
lia Colombari, em São Miguel do
Iguaçu, produz eletricidade a partir de
dejetos suínos. Parte da energia é
usada para alimentar o maquinário da
propriedade; o excedente é vendido
à Copel e incrementa a renda da fa-
mília. O Brasil todo pode seguir o
exemplo dos Colombari. No final de
2009, a Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) regulamentou a gera-
ção distribuída a partir do biogás e
sua comercialização em todo o país.
A venda de energia gerada
nos biodigestores significa um
avanço econômico, social e ambien-
tal para os produtores rurais. O que
era um projeto regional agora vale
para todo o Brasil.
Pela Resolução Normativa
Aneel 390/2009, de 18 de dezembro
do ano passado, qualquer distribui-
dora de energia elétrica pode fazer
chamadas públicas para comprar ele-
tricidade produzida por biodigesto-
res. Seguindo as exigências da Aneel
em relação à qualidade da energia, os
produtores poderão enviar a eletrici-
dade para a linha de distribuição, em
vez de somente consumir.
“Pela primeira vez, a energia
vai voltar à linha, seguindo o caminho
oposto”, disse o coordenador de Ener-
gias Renováveis de Itaipu, Cícero Bley
Jr., ilustrando com a cena do relógio
contador de energia girando ao con-
trário. Segundo Cícero, o Brasil possui
uma imensa malha de transmissão de
energia de valor incalculável que, até
hoje, só distribuía a energia das grandes
geradoras, como Itaipu. “Agora, os pe-
quenos produtores de qualquer parte
do país podem gerar energia”.
De acordo com Cícero, a
regulamentação da Aneel vai benefi-
ciar produtores rurais de pratica-
mente todo o Brasil. Cada região vai
encontrar a sua vocação. Empresas de
saneamento também podem utilizar
os dejetos para gerar energia a partir
de biodigestores. “O segundo maior
custo das empresas de saneamento é
a conta de energia elétrica. Elas sem-
pre foram dependentes das distribui-
doras e jogavam fora o biogás, que
poderia ser gerado”, explicou.
Com força de Itaipu Aneel regulamentageração distr ibuída em todo Brasi l
Por Edson Oliveira
Cícero Bley, mentor do projeto, afirma que a de-manda surgiu do próprio produtor rural da BP3.
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O caso Colombari
A geração de energia a
partir dos dejetos suínos na Granja
São Pedro, dos Colombari, é pio-
neira no País. “Colombari repre-
senta a sociedade brasileira que
pensa para a frente”, disse Cícero.
São mais de três mil suínos aloja-
dos, gerando dejetos que poderiam
causar um grande passivo ambien-
tal, que inclui a contaminação do
reservatório de Itaipu. A segurança
ambiental do lago foi o que moti-
vou o início da parceria entre
Itaipu, Copel e as propriedades ru-
rais da região.
“Não poderíamos ser só
Itaipu, por causa da distribuição de
energia. Aí entrou a Copel”, contou
Cícero. Em 2006, foi criado o Pro-
grama de Geração Distribuída com
Saneamento Ambiental, com uma
equipe de 50 técnicos. “Antes éra-
mos exceção, mas agora a Aneel re-
gulamentou para o Brasil todo”.
Cada suíno produz 10 li-
tros de dejetos por dia; cada mil li-
tros rende 1.360 litros de biogás,
que geram 0,4 kWh de energia.
Além da energia, a matéria orgânica
produz fertilizantes, que são distri-
buídos nas lavouras e nas pastagens.
“Usamos em sistema de rodízio nas
pastagens e agora podemos ter um
maior número de gados”, disse a
produtora rural Eliane Columbari. A
produção do biofertilizante repre-
senta a recuperação de 85% do ni-
trogênio, 15% do fósforo e 43% do
potássio do solo. E ainda tem o
mercado de carbono.
De acordo com Eliane, os
produtores rurais têm preocupa-
ção ambiental, mas precisam de in-
centivos para cuidar do meio
ambiente. “A propriedade é nossa,
nós temos que cuidar dela”, disse.
A parceria com Copel e Itaipu
permitiu a venda de energia elé-
trica ainda antes disso ser regula-
mentado pela Aneel. “Estamos
muito otimistas com esta regula-
mentação, pois traz melhorias
para os produtores e incentiva as
pessoas continuarem no campo”,
comemorou.
51
Cada suíno produz 10 litros de dejetos por
dia; cada mil litros rende 1.360 litros de
biogás, que geram 0,4 kWh de energia.
Além da energia, a matéria orgânica pro-
duz fertilizantes, que são distribuídos
nas lavouras e nas pastagens
A venda de energia gerada nos biodigestores significa um avanço econômico, social e ambiental para os
produtores rurais. O que era um projeto regional agora vale para todo o Brasil.
fonte:
www.pla
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itaipu
.org/jor
nal-e
nergi
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Costumo brincar com ami-
gos em "mineirês avançado" que as
grandes questões existenciais da huma-
nidade se resumem a três perguntas
básicas: "Doncovim? Oncotô? Pron-
covô?". Se estas indagações permane-
cem insolúveis do ponto de vista
espiritual-filosófico, o contrário, porém,
se pode afirmar hoje quanto às respos-
tas facilmente encontradas no sentido
físico-geográfico. Isto graças, em boa
parte, aos incríveis avanços tecnológi-
cos das aplicações baseadas em siste-
mas de localização.
Embora disponíveis desde a
década de 70, quando o Departamento
de Defesa do governo norte americano
desenvolveu o Sistema de Posiciona-
mento Global (GPS), os serviços basea-
dos em localização tomaram impulso
extraordinário ao longo da última dé-
cada, impactando, por meio de solu-
ções antes inimagináveis, uma vasta
gama de atividades humanas.
A começar pelas aplicações
no campo da mobilidade pessoal: a
companhia de um dispositivo GPS, quer
seja por meio de equipamentos espe-
cíficos ou integrados a outros artefatos
de uso pessoal, como celulares e reló-
gios de pulso, tem se tornado trivial e
quase indispensável, eliminando logo de
início a necessidade de mapas, guias e,
até mesmo, do tradicional pedido de
ajuda aos transeuntes ou motoristas
locais para se localizar endereços ou
pontos de interesse nas cercanias.
Dentro do carro, a voz da
guia virtual Raquel, reproduzida por
meio de fonemas digitalmente armaze-
nados na memória do dispositivo, cum-
pre com louvor seu papel de informar,
no momento devido, direções e nomes
de ruas, em português alto e claro
(assim como sua colega virtual Mada-
lena o faz com sotaque d'além mar e
outras congêneres internacionais nos
mais diversos idiomas!). Há que se res-
salvar, é verdade, que no presente está-
gio tecnológico ainda estamos sujeitos
a alguns hilários problemas fonéticos e,
às vezes, recebemos indicações equivo-
cadas que, se seguidas ao pé da letra,
podem nos levar a atravessar canteiros
centrais ou a trafegar em contramãos;
mas é indiscutível o sentimento que
passamos por ter a presença de um co-
piloto razoavelmente confiável ao nosso
lado. Aplicações mais elaboradas in-
cluem até mesmo descrições turísticas
acionadas automaticamente ao nos
aproximarmos da atração visitada, su-
prindo-nos de informações e detalhes.
Por Edson Oliveira
TECNOLOGIA GPS
De onde viemos? Onde estamos?Para aonde vamos?
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53
Além disto, por meio do
processamento combinado dos dados
de geo-localização recebidos à partir
de satélites do sistema GPS, com in-
formações sobre condições instantâ-
neas de tráfego, transmitidas em
tempo real aos dispositivos, via rádio
FM, por prestadores de serviços es-
pecíficos, os motoristas podem, inclu-
sive, se decidir por enfrentar um
previsível congestionamento alguns
quilômetros à frente ou optar por al-
guma alternativa prévia de desvio.
Ainda no campo dos servi-
ços de transporte e mobilidade ur-
bana, várias cidades do mundo,
incluindo Belo Horizonte, onde já se
tem notícia de experiências piloto,
têm incorporado soluções baseadas
em sistemas de localização aos seus
sistemas de transporte coletivo, pro-
porcionando aos usuários informa-
ções confiáveis relativas a itinerários
e a tempos de espera. E sem falar em
soluções já adotadas para aumentar o
nível de segurança dos meios de
transporte, ajudando, por exemplo, a
prevenir colisões ferroviárias e me-
troviárias ou para alertar automatica-
mente as autoridades quanto à
localização de acidentes para efeito
de socorro médico imediato. A indús-
tria automobilística, inclusive, já co-
meça a incorporar este tipo de
solução à eletrônica embarcada nos
veículos, por enquanto, equipando
apenas modelos mais sofisticados ou
em estágios conceituais.
Já no segmento da segurança
pública, além dos já amplamente disse-
minados sistemas de rastreamento vei-
cular, diversos países já adotam
soluções tecnológicas auxiliares aos
seus sistemas prisionais, objetivando a
monitoração de detentos em regime
de liberdade condicional. A movimen-
tação dos detentos é tolerada dentro
de limites geográficos pré-determina-
dos, acionando alarmes nos centros de
controle caso as fronteiras desta espé-
cie de "cerca virtual" sejam ultrapassa-
das para que providências cabíveis
sejam prontamente tomadas.
Na área médica, pacientes
idosos ou com problemas de saúde
específicos, já podem fazer o uso
combinado de sistemas de monitora-
ção de sinais vitais com sistemas ba-
seados em localização, acionando
atendimento médico imediato e dire-
cionado, caso seja detectada alguma
anomalia em seus parâmetros clíni-
cos.
No campo do entreteni-
mento e das redes sociais, também já
se encontram disponíveis serviços
que permitem aos usuários de dispo-
sitivos de comunicação pessoais
serem notificados em tempo real
quanto à proximidade de amigos ou
familiares, promovendo uma possibili-
dade de aproximação entre os mun-
dos de relacionamento virtual e real.
Por meio das novas aplicações, até
mesmo uma prosaica brincadeira de
“esconde-esconde” pode ganhar re-
quintes tecnológicos para entreter
crianças e adolescentes.
Este é apenas um conjunto
limitado de exemplos de aplicações já
disponíveis baseadas em sistemas de
localização. O limite de onde chega-
remos por meio de novos usos para
as tecnologias derivadas das teleco-
municações esbarra tão somente em
nosso senso de oportunidade e na
nossa ilimitada capacidade de enge-
nharia para identificar novas e criati-
vas aplicações em benefício da
humanidade. Assim espera-se!
Edson Celeste Lima de Oliveira é Coordenador
da Comissão Técnica de Eletroeletrônica e Tele-
comunicações da SME, Engenheiro Eletricista
com ênfase em Eletrônica pela UFMG (1985).
Possui MBA Executivo em Gestão de Negócios
pela FGV / Ohio University (2002). É gerente de
desenvolvimento de produto na Unidade VMI da
Philips Healthcare Brasil.
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54
As bases atuais do Setor
Elétrico Brasileiro começaram a ser
estabelecidas em 1995, ano no qual
foram criados dois importantes con-
ceitos: o de Produtor Independente
e o de Consumidor Livre de Energia
Elétrica.
Cerca de um ano depois,
um projeto de reestruturação coor-
denado pelo Ministério de Minas e
Energia (MME) apontou a necessi-
dade de dividir as empresas de ener-
gia elétrica nos segmentos de gera-
ção, transmissão, distribuição e co-
mercialização. Na época também se
optou por criar um órgão regulador,
um operador integrado de todo o
sistema nacional e um ambiente es-
pecífico para a realização das transa-
ções de compra e venda de energia
elétrica. Surgiram então a Agência
Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL), o Operador Nacional do
Sistema Elétrico (ONS) e o Mercado
Atacadista de Energia Elétrica (MAE),
que posteriormente foi substituído
pela Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica (CCEE). Todas essas
medidas significaram uma evolução
significativa do setor e acabaram
abrindo caminho para a construção
de um modelo ainda mais robusto.
Assim, em 2004 foram esta-
belecidas as bases regulatórias do
chamado “Novo Modelo do Setor
Elétrico”, por meio da Lei 10.848 e
do Decreto 5.163.
SETOR ELéTRICO Mercado Livre
Os cinco anos do “Novo Modelo”
* Por Walter Luiz de Oliveira Fróes
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55
Características do Novo Modelo
Primeiramente, precisamos
considerar que o Novo Modelo foi
criado com base em três pilares: a
modicidade tarifária, a universalização
do acesso e a segurança no supri-
mento de energia elétrica.
No âmbito da segurança no
suprimento, um de seus pontos de
destaque foi a retomada do planeja-
mento energético, por intermédio da
criação da Empresa de Pesquisa Ener-
gética (EPE) e do Comitê de Monito-
ramento do Setor Elétrico (CMSE).
O estabelecimento desses dois ór-
gãos – ainda que motivado por uma
espécie de trauma “pós-raciona-
mento” – agregou mais segurança e
confiabilidade ao sistema elétrico
brasileiro.
Após a exigência de seg-
mentação dos serviços de energia
elétrica, o Novo Modelo impossibili-
tou que as distribuidoras compras-
sem energia de geradores de grupos
empresarias dos quais são integran-
tes (prática conhecida como self-dea-
ling, bastante comum na ocasião). Essa
mudança conferiu mais clareza e cre-
dibilidade às negociações.
Mercado livre
Pelas regras anteriores ao
Novo Modelo, os vencedores dos lei-
lões de novas hidrelétricas eram
aqueles que ofereciam o maior paga-
mento pelo direito de explorar a
usina, fosse a energia produzida des-
tinada ao consumo próprio ou à
venda para as distribuidoras. O novo
paradigma tornou obrigatória a
venda ao mercado cativo e extinguiu
o critério do maior pagamento pelo
uso do bem público, passando a ado-
tar de menor tarifa oferecida.
Por um lado, favoreceu a
modicidade tarifária, na medida em
que incentivou a prática de preços
reduzidos. Por outro, inibiu a partici-
pação de agentes autoprodutores –
que hoje representam cerca de 6%
de todo o mercado – nos leilões de
novos empreendimentos de geração.
A situação que se tem hoje
é de completa impossibilidade de
acesso do mercado livre aos em-
preendimentos de energia nova lei-
loados: além de os autoprodutores
não poderem obter concessões ou
ofertar empreendimentos, a partici-
pação dos agentes de comercializa-
ção na condição de compradores é
vetada. Com essa exclusão, desper-
diça-se a oportunidade de permitir
que agentes com grande interesse
em contribuir para a expansão do sis-
tema elétrico – e com recursos para
tal – possam fazê-lo.
O mercado livre não pode
garantir seu abastecimento por meio
dos leilões de novos empreendimen-
tos, ficando restrito à eventual aqui-
sição – fora dos leilões – do
percentual máximo de 30% da ener-
gia negociada. E em muitos casos, os
consumidores livres acabam por ad-
quiri-la a preços superiores à tarifa
oferecida ao mercado cativo. Nos lei-
lões das usinas de Santo Antônio e
Jirau, no Complexo do Rio Madeira,
por exemplo, a energia foi vendida ao
mercado cativo pelas tarifas de R$
78,87/MWh e R$ 71,37/MWh, res-
pectivamente. A expectativa dos ven-
dedores, no entanto, é de que os 30%
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destinados ao ambiente livre sejam
negociados a preços superiores a R$
140,00/MWh. Aí cabe a reflexão: é
justo que o empreendedor ofereça a
energia com a menor tarifa possível
às distribuidoras e pratique preços
mais elevados no mercado livre para
compensar essa perda de receita? A
resposta a esse questiona-
mento só pode ser negativa,
já que não há razão para que
um ambiente de contrata-
ção subsidie o outro, em si-
tuação alguma. O desafio
maior, ainda a ser superado
pelo atual modelo regulató-
rio, é o de criar soluções
para que os mercados livre
e cativo coexistam de forma
isonômica, e não sob condi-
ções que favoreçam apenas
uma parcela específica dos consumi-
dores.
Preços, oferta e demanda
No mercado brasileiro de
energia elétrica, os preços não são di-
tados apenas pela relação oferta x
demanda, mas sofrem grande influên-
cia das condições hidrológicas. A
precificação da energia se dá de
forma diferenciada no mercado livre
e no cativo, sendo que cada um des-
ses dois fatores impactam os ambien-
tes de contratação em períodos
distintos e com diferentes intensida-
des.
No mercado cativo, os si-
nais de preço são incorporados em
bases anuais e sempre em relação ao
ano anterior. Pela lógica dos reajustes
tarifários, os consumidores cativos
sentem os efeitos dos cenários ener-
géticos – condições hidrológicas,
oferta e demanda – de forma defa-
sada e amortecida, ficando somente
os preços do mercado livre capazes
de refletir a situação corrente. No
primeiro semestre de 2008, ocorre-
ram as seguintes situações: a oferta
de energia no mercado livre estava
baixa e o Preço de Liquidação das Di-
ferenças (PLD) chegou a atingir seu
valor máximo legal para 2008 (R$
569,59/MWh), em decorrência do
atraso do período de chuvas. En-
quanto os preços praticados no mer-
cado livre era altíssimo, o reajuste
tarifário da Cemig, por exemplo, foi
negativo (-17% para a classe residen-
cial), mesmo havendo déficit de ener-
gia. E já no primeiro semestre de
2009, ocorreu justamente o contrá-
rio: houve sobra de energia, em fun-
ção da crise econômica e as ótimas
condições hidrológicas fizeram com
que o PLD permanecesse em seu
valor mínimo durante várias semanas
e patamares de carga. No entanto,
uma quantidade significativa de distri-
buidoras teve suas tarifas reajustadas
positivamente, refletindo uma situa-
ção de mercado totalmente
inversa à que presenciamos.
Outro ponto negativo é
que o modelo atual não con-
sidera a reação da demanda
de energia. No mercado ca-
tivo, a sinalização tarifária é
para que o consumidor con-
suma mais nos períodos úmi-
dos do ano e menos nos
períodos considerados secos,
independentemente da rela-
ção entre oferta e demanda que es-
tiver ocorrendo.
Assimetria tarifária
Desde 1995, as tarifas de
energia variam entre as 64 distribui-
doras do país, para uma mesma classe
de consumo. No caso das concessio-
nárias que atendem áreas de alta con-
centração populacional, nas quais
existem muitos consumidores para
repartir os custos de transporte, a ta-
rifa de fornecimento tende a ser mais
baixa. Pelo mesmo raciocínio, quanto
mais dispersa é a área de concessão
da distribuidora, mais elevado é o
preço final da energia. É sabido que
SETOR ELéTRICO Mercado Livre
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essa diferença é uma conseqüência
natural da metodologia utilizada no
cálculo das tarifas, mas ela configura
um enorme obstáculo ao cresci-
mento social.
Para conhecer a dimensão
da assimetria tarifária no país, note-
se que, em Brasília – cuja renda per
capta de R$37.600,00/ano, segundo
os dados do IBGE – a tarifa de ener-
gia residencial é R$ 0,24/kWh. Em
contrapartida, os consumidores do
Maranhão, com renda per capta de
R$ 4.628,00/ano, pagam quase o
dobro: R$ 0,41/kWh. E assim, ao
mesmo tempo em que o Novo Mo-
delo cumpre sua meta de universali-
zação do acesso à energia, instaura-se
um entrave para o desenvolvimento
econômico e social nas regiões
menos favorecidas.
Concessões do Setor Elétrico
Entre 2015 e 2017, vencem
as concessões de 20 GW de usinas
hidrelétricas (cerca de 20% do total
do país), 73.000 km de linhas de
transmissão (83% da Rede Básica do
Sistema Interligado) e 41 concessio-
nárias de distribuição (aproximada-
mente 30% do mercado). Diante da
impossibilidade de promover as reno-
vações pelas regras atuais, o governo
ainda não decidiu se investirá em mu-
danças legais para viabilizá-las ou se
optará por novas licitações. Assim,
atualmente o setor elétrico vive um
dos seus momentos de maior incer-
teza. O único consenso até agora é
que a decisão precisa favorecer a mo-
dicidade tarifária, qualquer seja ela. E
por parte do mercado livre, a reivin-
dicação é para que essa modicidade
seja promovida de forma isonômica,
isto é, tanto para os consumidores ca-
tivos quanto para os livres.
A energia de Itaipu é bem vinda
Existe o temor de que a
oferta de parte da energia paraguaia
de Itaipu no mercado livre brasileiro
provoque aumento das tarifas dos
consumidores cativos. Em tese, isso
poderia acontecer porque muitas
distribuidoras teriam que adquirir
de outros fornecedores os montan-
tes que atualmente compram de
Itaipu, e por preços provavelmente
mais elevados.
No entanto, é possível criar
condições para que os consumidores
cativos não sejam afetados, e de
forma muito simples: se houver
transferência de oferta do mercado
cativo para o mercado livre, precisa
haver também migração de carga no
mesmo sentido, de forma a manter
equilibrado o balanço entre oferta e
demanda nos dois ambientes de con-
tratação. Assim, para não haver im-
pacto nas tarifas, bastaria que fossem
adotadas medidas de incentivo à mi-
gração ao mercado livre. Uma possi-
bilidade seria diminuir o nível de
burocracia associada a esse processo,
já que os variados pré-requisitos re-
presentam custos e esforços exage-
radamente grandes para médias e
pequenas indústrias. A alternativa
ideal – e imprescindível –, porém, é
conjugar essa operação com a redu-
ção do limite mínimo de demanda
exigido para adesão ao ACL, atual-
mente estabelecido em 3.000 MW
para consumidores convencionais.
Essa redução possibilitaria que uma
quantidade maior de consumidores
pudesse optar pela modalidade de
contratação e abriria espaço para o
mercado livre crescer ainda mais.
Walter Luiz de Oliveira Fróes é graduado em En-
genharia Metalúrgica UFMG e pós-graduado em
Engenharia Eco. Desde 2003, é o controlador da
Comercializadora de Energia - CMU. Eleito para o
Conselho de Administração da Associação Brasileira
dos Agentes Comercializadores de Energia Elétrica
– Abraceel, em 2007. Em 2009 foi reeleito para
mandato até março de 2011.
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