Revista MÊS 14

68
Editora MÊS Ano 2 - nº 14 Março de 2012 circulação GRATUITA I M P R E S S O PODE SER ABERTO PELA ECT SAIBA POR QUE OS SERVIÇOS TORNARAM-SE VILÕES DA INFLAÇÃO; TAXA DEVE FECHAR O ANO EM 5% A CHANCE DE (RE)VIVER Paraná registra aumento de 40% na doação de órgãos; apesar disso, 60% das famílias ainda resistem em doar NO MÊS DAS MULHERES, VEJA QUE SÃO ELAS AS MAIORES VÍTIMAS DA VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA CONFIRA RANKING DE BAIRROS COM POLUIÇÃO SONORA; TRÁFEGO DE VEÍCULOS É A MAIOR CAUSA MAIS

description

fevereiro 2012

Transcript of Revista MÊS 14

Page 1: Revista MÊS 14

Editora MêsAno 2 - nº 14Março de 2012

circ

ulaç

ão G

RATU

ITA

I M P

R E

S S

OPO

DE

sER

ABE

RTO

PEL

A E

CT

Saiba por que oS ServiçoS tornaram-Se vilõeS da inflação; taxa deve fechar o ano em 5%

a chance de (re)viver

Paraná registra aumento de 40% na doação de órgãos; apesar disso, 60% das famílias ainda resistem em doar

no mêS daS mulhereS, veja que São elaS aS maioreS vítimaS da violência pSicológica

confira ranking de bairroS com poluição Sonora; tráfego de veículoS é a maior cauSa

maiS

Page 2: Revista MÊS 14
Page 3: Revista MÊS 14
Page 4: Revista MÊS 14

4 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

“Estamos vivendo o período de lutar pela qualidade da educação”

Como está a educação pública no Paraná?

Marlei Fernandes de Carvalho (MC) - Nos últimos anos avançamos bastante. Eu diria que o Estado do Paraná teve uma recuperação da qua-lidade da educação – nesses últimos nove anos – bastante significativo, e que estamos acima da média nacio-nal. Nós temos qualidade. Ainda não

entrevista Marlei Fernandes de Carvalho

Há nove anos, a professora de língua portuguesa e pedagoga da Rede Estadual de Ensino, Marlei Fernandes de Carvalho, deixou as salas de aula por um objetivo ainda maior: lutar pelos mais de 120 mil professores, entre ativos e aposentados do Estado. À frente da Associação dos Professores do Paraná (APP Sindicato) já pelo segundo mandato, ela representa aproximadamente 65 mil sindicalizados. Em busca de um piso salarial maior, mais tempo de hora-atividade e melhor assistência à saúde, Marlei anuncia paralisação este mês e não descarta a possibilidade de greve em tempo indeterminado após final de março*.

Mariane Maio - [email protected]

* Entrevista realizada no dia 17 de fevereiro.

Page 5: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 5

de maio. Nós vamos ter um piso ini-cial de R$ 1.450. Aí o efeito cascata na nossa tabela, nós temos de fazer 18% de reajuste sobre R$ 1.748, que é o professor com Ensino Superior. Nós trabalhamos no Estado com a ideia de equiparação salarial – que foi isso que o então candidato Beto Richa prometeu que iria reajustar o salário dos professores. Por quê? Qualquer outro trabalhador que faça um concurso para ser enfermeiro, ad-vogado, no Estado, tem um salário de R$ 2.260 de início para uma jornada de 40 horas, e o professor tem um salário de R$ 1.748. Então, por isso, o Magistério faz essa luta intensa de dizer: nós também temos curso supe-rior, também trabalhamos 40 horas. Não podemos ter um salário inferior que os demais trabalhadores que in-gressam para qualquer outra ativida-de com curso superior no Estado, que recebam mais de 40% que o Magisté-rio. Queremos ter o salário igual aos demais trabalhadores que ingressam no Estado com curso superior. Essa é a nossa luta.

está no patamar que nós, educadores, lutamos a vida toda. Diria que ainda faltam alguns elementos. O sonho é chegar à escola de tempo integral. Ou seja, você ter uma escola onde o alu-no ingresse às 8h, almoce, tenha vá-rias atividades, um currículo maior, atividades de lazer e saia lá pelas 16h. Mas a gente ainda precisa alcançar muitos outros elementos. Diminuição do número de alunos, projetos alter-nativos que alcancem os alunos com mais dificuldades, com dificuldade de socialização no ambiente escolar. Tem uma série de políticas necessá-rias para que a gente melhore o que temos hoje.

Quais os principais problemas que os professores enfrentam em sala de aula?

MC - A superlotação da sala. Eu sem-pre digo que o professor cansa não pelo conteúdo que ele tem de ensinar e sim por chamar a atenção do aluno, que apresenta um grau ainda grande de indisciplina. Eu diria que o outro elemento é a questão de infraestrutu-ra e condições de trabalho. Uma sala com 40 alunos, ainda é muito aluno.

A APP acredita que a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação pública do País resolve-ria os problemas da educação?

MC - A média no mundo e nos paí-ses mais desenvolvidos da América Latina é de 6%, mas nós temos uma defasagem histórica. Temos 60% dos alunos com idade de Ensino Médio, no Ensino Médio, ou seja, 40% tá fora. O Brasil tem um déficit grande e atingir 10% do PIB é para sanar essa necessidade. Pode ser que daqui a 10 anos não precise ser esse valor. Mas hoje para questão da infraestrutura, de salários dos profissionais da edu-cação, de mais projetos alternativos, outras necessidades escolares, é pre-ciso de mais recursos. Sem dinheiro não tem como fazer educação pública de qualidade.

Um das reivindicações é em relação à hora-atividade. Qual é a impor-tância para o professor?

MC- Muitos municípios não têm nada. O professor vai para a sala 40 horas. Na rede estadual nós te-mos 20% e estamos reivindicando os 33%. [É importante] para que nós possamos preparar melhor as nossas aulas, corrigir as matérias, as pro-vas, aquilo que você aplica em sala de aula. Para atender um pai, quando necessário, para fazer formação con-tinuada. Por isso, defendemos uma jornada maior de preparação dos tra-balhos pelo professor.

Apesar de a Lei do Piso ter sido aprovada em 2008 e julgada cons-titucional pelo Supremo Tribunal Federal em abril de 2011, ainda não é cumprida. No início do ano passado, o Governo Estadual pro-meteu implantar gradativamente essa porcentagem. Isso aconteceu?

MC - Não aconteceu. Por isso, nós tivemos uma mobilização no início das aulas em fevereiro e vamos ter mobilização em março. O Governo não levou adiante uma proposta que havia realizado em novembro. Conti-nuamos reivindicando.

Outra reivindicação é o pagamento do Piso Salarial Profissional Na-cional, corrigido em 22,22%, que foi dado no fim de fevereiro. Como será o efeito dessa decisão?

MC - Então, hoje, no Estado, nós es-tamos um pouco acima do piso, mas ele sofrerá um reajuste de 22,22%. O que significa que nós vamos precisar reajustar o salário do Magistério no Paraná em mais 18%, já agora no mês

Se nós não avançarmos em nada até março, a

categoria vai se reunir para tomar outras definições

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Page 6: Revista MÊS 14

� A R� Ô� � R� N� . É � A � E � NV� AVOCÊ � � � � .

Respeite a sinalização de trânsito. Imagem meramente ilustrativa.*O valor pode variar de acordo com a região.Condição válida apenas para a oferta anunciada ou enquanto durar o estoque.

Anuncio Retro 40.2 x 26.5.indd 1 01/03/12 19:05

Page 7: Revista MÊS 14

� A R� Ô� � R� N� . É � A � E � NV� AVOCÊ � � � � .

Respeite a sinalização de trânsito. Imagem meramente ilustrativa.*O valor pode variar de acordo com a região.Condição válida apenas para a oferta anunciada ou enquanto durar o estoque.

Anuncio Retro 40.2 x 26.5.indd 1 01/03/12 19:05

Page 8: Revista MÊS 14

8 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

a hora-atividade, mais concursos pú-blicos, a saúde, os projetos pedagógi-cos para dentro da escola. Tudo isso compõe o cenário bastante grande e contundente de atendimento que o Estado tem de fazer na educação. Nós também precisamos da reforma nas escolas, porque nós temos crianças em porão ainda esperando construir uma escola. Tem muitos lugares onde a população cresceu mais e precisa construir. Tem escolas que estão há 40, 50 anos sem reformas e precisam de reforma, mas nós não tratamos com o Governo só da infraestrutura.

Richa prometeu na campanha elei-toral que tornaria a educação uma prioridade absoluta de seu gover-no. A APP acredita que o Governo esteja fazendo isso?

MC - Acredito que ele está dentro dos recursos e que pode ampliar. Hoje, o Governo continua utilizando o limite dos recursos, 25%. Para nós, 1%, 2% a mais na educação significa quase R$ 200, R$ 300 milhões a mais. O Governo pode investir mais na edu-

Há também a questão da assistên-cia à saúde. Quais tipos de pro-blemas são mais comuns entre os servidores da educação em decor-rência do trabalho?

MC - A gente tem atingido um grau muito grande de problemas motores. O fato de escrever no quadro muito tempo vai levando a um processo de LER [lesão por esforço repetitivo]. Varizes, porque somos em maioria mulheres. E a gente acaba tendo hoje um grau muito grande de problemas psicológicos. Hoje, do quadro de afas-tamentos, 30% são por problemas de estresse e doenças mentais. É um qua-dro que vem se agravando, que preo-cupa muito a APP e nós achamos que o Governo tem de agir rapidamente.

A Confederação Nacional dos Tra-balhadores em Educação convo-cou greve nacional para os dias 14, 15 e 16 de março. No Paraná, foi definido que a paralização será apenas no dia 15. Existe a possibi-lidade de uma paralisação maior, sem tempo determinado?

MC - Existe, se nós não avançarmos em nada até o final de março, a ca-tegoria vai se reunir em Assembleia para tomar outras definições. Isso não está descartado. Nós temos ouvido o Governo dizer que está com muitas dificuldades financeiras. Nós temos os nossos estudos, não concordamos com essa tese, mas vamos debater com o Governo com muita boa von-tade de querer resolver a questão sa-larial, principalmente.

Em fevereiro, o governador Beto Richa assinou ordens de serviço para a construção, reparos e am-pliação de 16 escolas do Estado. Você acha que esses investimentos em infraestrutura são suficientes?

MC - Não, não são. São importantes essas reformas, construção de novas escolas, mas nós entendemos que não é só isso. O quadro de profissionais,

cação e solucionar os problemas mais graves, mais sérios, que ainda nós te-mos e que são urgentes.

Em abril, a APP-Sindicato comple-tará 65 anos. Como você avalia esses anos de existência? Quais os princi-pais avanços e episódios que a enti-dade passou na história do Estado?

MC - A APP nasce em 1947 numa con-juntura de organização dos trabalha-dores bastante grande no País. Logo depois na Ditadura Militar, que acho que é um marco central da luta dos professores no País e no Paraná, não se podia falar de liberdade e democra-cia dentro da escola. Depois, na época da Constituinte, quando nós constru-ímos pela primeira vez um capítulo da educação na Constituição Federal. Na década de 90, foi uma década de muita resistência. A categoria lutou para não perder. Agora de 2000 para cá, nós estamos fazendo uma recupe-ração bastante contundente da escola pública, bastante forte da qualidade da educação. Porque também colocar todo mundo na sala de aula não resol-ve. Foi o que aconteceu na década de 90. Você quase universalizou o ensi-no, mas a que preço? Com salas muito lotadas, com o trabalho do professor precarizado. A aprendizagem era mí-nima. Estamos vivendo o período de lutar pela qualidade da educação.

Quanto tempo será preciso para este avanço da Educação?

MC - Acho que vão ainda alguns anos. Se eu falasse em menos de 30 anos só se fosse uma revolução. Avançamos muito, mas tem ainda um período de 10 a 20 anos alcançando esses recur-sos do PIB para tornar a escola brasi-leira e paranaense melhor. E acredito muito que nós temos de avançar na escola de tempo integral. Todos os alunos precisam ter uma escola e ficar o período todo nela, para assim atingir uma educação de qualidade e produ-zir ciência, tecnologia e então poder avançar o País como um todo.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Saúde: mais de 2500 exames por dia

Pavimentação: 350 km recuperados

Habitação: 2300 novas moradias até o final de 2012

Segurança: mais guardas e segurança em todas as regiões

Parque: lazer e qualidade de vida

Terminal/VEM: novo terminal e Cartão VEM

Meio Ambiente: Usina de Reciclagem e Coleta Seletiva

Educação: novas escolas e mais de 40 reformas e ampliações

O Programa Revitaliza São José dos Pinhais não para e segue melhorando as áreas da saúde, segurança, educação, meio ambiente, obras e de transporte da cidade. Tudo para garantir mais qualidade de vida para os moradores do município. As melhorias são na cidade. Mas o que melhora mesmo é a vida do cidadão.

entrevista Marlei Fernandes de Carvalho

Page 9: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 9

Saúde: mais de 2500 exames por dia

Pavimentação: 350 km recuperados

Habitação: 2300 novas moradias até o final de 2012

Segurança: mais guardas e segurança em todas as regiões

Parque: lazer e qualidade de vida

Terminal/VEM: novo terminal e Cartão VEM

Meio Ambiente: Usina de Reciclagem e Coleta Seletiva

Educação: novas escolas e mais de 40 reformas e ampliações

O Programa Revitaliza São José dos Pinhais não para e segue melhorando as áreas da saúde, segurança, educação, meio ambiente, obras e de transporte da cidade. Tudo para garantir mais qualidade de vida para os moradores do município. As melhorias são na cidade. Mas o que melhora mesmo é a vida do cidadão.

Page 10: Revista MÊS 14

10 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

mensagens do(a) leitor(a)

Fugindo das dívidasCinco dicas, realmente, incríveis na matéria sobre economia “fugindo das dívidas”. Excelente para quem não sabe e que precisa administrar suas financas. Parabéns pela 13ª edição.Jean Carneiro, no facebook

Envie suas mensagens para a Revista MÊS pelo

[email protected] | Twitter @mes_pr |

Facebook MÊS Paraná. Participe!

Murilo Schultz - Acompanho a Mês desde a sua terceira ou quarta publi-cação e gostaria de dar uma sugestão, não apenas para a próxima edição, mas que este tema seja mais visado pela revista: EDUCAÇÃO NO PARANÁ. Falo sobre matérias que divulguem os trabalhos realizados por professores e educadores do nosso estado, pois estou no último ano do Curso de Formação de Docentes e vejo em nossos estágios que tanto Curitiba quanto as cidades da Região Metropolitana e demais Mu-nicípios investem no setor e isso vem dando resultados. Ainda temos no Bra-

/MÊS Paranátérias porque ela me contou, hahaha. Mas a revista é muito boa! Fico feliz por vocês disponibilizarem pra gente.

Karina Trzeciak - A edição 13 da Revista está espetacular! A matéria sobre maquiagens está linda. Mos-tra que todo mundo pode usar cores sem medo de ser feliz. Fica lindo e independente de olho claro ou escuro, todas podem abusar de cores e fugir do tradicional clarinho. É sempre bom mostrar que toda mulher pode ficar ainda mais bonita com passos e produtos simples. Parabéns para a equipe toda da Revista Mês que sempre nos traz conteúdos variados e de forma clara e objetiva!!!

sil um povo que trata os educadores (muitos graduados e pós graduados) como “tias”, um povo preconceituoso quanto ao papel masculino na função de ENSINAR na Educação Infantil e principalmente um povo que vê os CMEIs (vulgo “creches”) como um lugar para as crianças brincarem e terem suas fraldas trocadas. Educação Infantil é muito mais que isso. Enfim, conscientizar a população do papel da “creche”, dos educadores e da edu-cação como um todo. Afinal, política não é tudo que temos nesse Brasil.

Viviane Costa - Tudo de bom! Minha vó quando recebeu já pulou de alegria. Acabei não lendo algumas ma-

enquete

O quE aChOu dO inCidEntE EntrE pOlíCia E pOpulaçãO nO largO da OrdEM nO dia 05/02, EM Curitiba (pr)?

Soraya Oliveira - O que aconte-ceu neste domingo foi uma desne-cessária demonstração do despre-paro da nossa polícia que soltou bombas em cima de cidadãos curiti-banos que estavam ali para curtir a alegria do carnaval, lastimável!

Everton V. Andrade - Vergonha. Abuso. Por causa de uma “suposta agressão contra uma viatura da polí-

cia” milhares pagaram. Não tava ro-lando nenhuma confusão, só a gritaria normal de bebedeira de carnaval. Aí quem é pago pra te dar segurança vem e enche a galera de balas nas costas.

Juliana Hasse de Rezende - Eu acho que as redes sociais ajudaram a inflar uma situação mal explicada para quem não estava lá. Acompa-nhamos gente falando bem e mal da ação da polícia. Todos os relatos são extremamente parciais.

Everton V. Andrade - Olha o quão falho é alguém que estava lá falar bem da ação da polícia: se tava lá é porque tava prestigiando o evento, e de alguma forma, gostando.

Concordo que é importante que haja um controle por parte da polícia pra não virar um pandemônio.

Soel Elias Bacila Kardosh - Em-bora não estivesse presente, ouvindo áudio do ocorrido, lembrei de como me senti acuado no Couto Pereira no triste episódio contra o Fluminense...também inocentes idosos e crianças receberam balas de borracha...

Rosi Costa - Penso que da mesma forma que não podemos comparar os bons policiais com os que se prevale-cem do distintivo para cometer abu-sos, os policiais não podem agir com cidadãos de bem da mesma forma que agem com bandidos.

Page 11: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 11

qualidadEParabéns pela qualidade dos conteú-dos notados na versão online.Vitor Petters Imoto

iMprEssOra 3d, EdiçãO 13Parabéns pela reportagem na revista. Gostaria de saber se podem me passar o contato do Rodrigo Damasceno (in-ventor da máquina). Pretendo trocar umas ideias com ele.Henrique Serbena

[email protected]

Tem sugestões de pauta? Uma ideia

para fazer uma reportagem? Envie sua sugestão também para

[email protected]

FOtOGraMaAndré Rodrigues

Este ano, Curitiba terá votação com urnas biométricas. Mais de 210 mil pessoas não fizeram seu recadastramento no prazo.

Caso queira ver também sua foto publicada na coluna Fotograma, envie sua imagem em alta resolução para o [email protected]

Mellissa Fernanda - Ótimas as reportagens “Os Paradoxos dos Carnavais Curitibanos” e “Nem só de Samba Vive o Carnaval”. Concordo plenamente que Curitiba infelizmente não é uma cidade que nasceu com esse gingado no pé, como outras tantas cidades do nosso Brasil, porém, para um público menor e até de fora, temos a “nossa festa de carna-val”! Sou grande adepta do Psycho Carnival e da Zombie Walk! Temos um visual mais undergroud mesmo, então, nada melhor que um carnaval undergroud para satisfazer os que não curtem as folias do litoral também!

Amanda Wojciechowski - Ado-rei a revista. A reportagem sobre o novo profissional, tem ótimas dicas para nós, recém-formados, que esta-mos buscando boas oportunidades no mercado de trabalho :)

Page 12: Revista MÊS 14

12 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

MatÉria dE Capa

núMErOs quE dOaM EspErança

4 EntrEVista

10 MEnsagEns dOs lEitOrEs

11 FOtOgraMa

14 MirantE

23 COluna

36 5 pErguntas para: Maritza Maira haisi

64 diCas dO MÊs

66 OpiniãO

EduCaçãO

30 autOCOnhECiMEntO na inFânCia

ECOnOMia 26 O VilãO da inFlaçãO

É O sErViçO

CidadEs 24 dÊ uM prEsEntE

para Curitiba

saúdE

32 trataMEntO MÉdiCO: pilatEs

34 ViOlÊnCia dE MarCas prOFundas

turisMO

48 uM passEiO pEla buCóliCa guajuVira

pOlítiCa

20 pr tEVE 14 prEFEitOs CassadOs EM 4 anOs

CulinÁria E gastrOnOMia

56 a dOCE artE dE aprOVEitar a pÁsCOa

sumário

EspOrtE

50 Curitiba sE prEpara para a COpa

Cultura E lazEr

60 uM pEdaçO da lituânia EM Curitiba

62 artE, pra quE tE quErO?

MEiO aMbiEntE

40 CruEldadE aniMal

42 pOluiçãO inVisíVEl

intErnaCiOnal

46 brasil E Cuba: uMa rElaçãO prOMissOra

COMpOrtaMEntO

44 a Casa quE É só Minha

MOda E bElEza

54 Look CErtO nO trabalhO

MOtOs / autOMóVEis

52 as nOVidadEs VÊM sOb duas rOdas

tECnOlOgia

38 COnECtar-sE Ou dEsCOnECtar-sE? Eis a quEstãO

agrOpECuÁria

28 “CinturãO paranaEnsE” põE prEçOs das tErras para CiMa

Veni

lton

Kuc

hler

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Div

ulga

ção

24

16

60

Page 13: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 13

ocê é daqueles que só acredita no que vê? assim como São thomé, você também pode estar enganando ou subestimando a sua capacidade de perceber o que está à sua volta e de dar pouco valor ao invisível.

Por isso, a revista MÊS lança mão de estatísticas, pesquisas e histórias de vida e coloca tudo no papel, tornando mais claro aos olhos aquilo que está nas entrelinhas da vida real. Histórias como de Calixto e renata, na Matéria de Capa. Levantamos o debate dos transplantes de órgãos e, felizmente, temos uma boa notícia: avançamos a olhos vistos na melhoria da missão de salvar vidas. Como legado invisível, fica a diminuição da angústia, a gratidão aos doadores, a satisfação da equipe médica e a esperança daqueles que estão na espera de um órgão.

também trouxemos para o campo do imaginário alguns presentes para Curitiba que, neste mês, faz 319 anos. e você sabe o que dar à Capital? um ato invisível aos olhos, mas grandiosamente benéfico à sociedade, é mais gentileza nas ruas, em casa ou no trabalho. e esses presentes, convenhamos, todos nós podemos dar.

Já na reportagem de Meio ambiente, a busca do invisível está na poluição sonora. Identificamos, com ajuda da Prefeitura, pontos da cidade que são mais barulhentos.

assim como a poluição sonora, a economia também é difícil de ser observada. É o caso da inflação. A remarcação dos preços na época dos fiscais do Sarney era um símbolo visível dos tempos de altas taxas de inflação. Hoje, sofremos com outro problema – este, de primeiro mundo. A inflação (bem controlada, ainda bem) está maior sobre o setor de serviços, consequência da escassa mão de obra e da baixa concorrência internacional no setor.

nada mais é visível no campo dos invisíveis do que o poder da educação em uma sociedade. Por isso, nesta edição apresentamos uma iniciativa paranaense premiada pelo MeC que mostra a importância do autoconhecimento na vida das pessoas, mesmo que elas só tenham 5 anos de idade. as crianças são o futuro de uma nação. Futuro esse que é feito de construções visíveis e invisíveis.

Boa leitura!

editorial

expedienteA Revista MÊS é uma publicação mensal de atualidades distribuída gratuitamente. É produzida e editada pela Editora MÊS EM REVISTA LTDA. Endereço da Redação: Alameda Dom Pedro II, 97, Batel – Curitiba (PR) Fone / Fax: 41. 3223-5648 – e-mail: [email protected]ÇÃO Editora-executiva e Jornalista responsável: Arieta Arruda (MTB 6815/PR); Repórteres: Mariane Maio, Roberto Dziura Jr., Iris Alessi e Bianca Nascimento; Arte: Tércio Caldas; Fotografia: Roberto Dziura Jr.; Revisão: Larissa Marega; Distribuição: Sandro Alves; Publicidade: Lucile Jonhson - [email protected] – Fone: 41.3223-5648 e 41.9892-0001; Direção comercial: Paula Camila Oliveira; Produção gráfica: Prol Editora Gráfica; Colaboraram nesta edição: Tiago Oliveira, Márcio Baraldi, Renato Sordi, André Rodrigues e Gustavo Fruet.

Auditoria: ASPR - Auditoria e Consultoria.

em busca do invisível V

Page 14: Revista MÊS 14

O pMdb de CuritibaA manutenção da candidatura de Rafael Greca (PMDB) a prefeito deve forçar o senador Roberto Requião (PMDB) a procurar outros portos para seus apoiadores que hoje se encontram instalados em cargos de confiança na gestão curitibana de Luciano Ducci (PSB). Isso a menos que Greca se sujeite a servir de linha auxiliar da candidatura socialista-tucana do atual alcaíde. Setores do PMDB curitibano, contudo, afirmam que a candidatura é para valer e que o ex-governador é quem tem que resolver os seus problemas.

miranteR

ober

to D

ziur

a Jr

.

aliança com Fruet iComo publicamos no mês passado, a probabilidade de apoio do PT a Gustavo Fruet é cada vez maior. Lideranças expressivas da corrente interna do partido que defende a aliança estão divulgando a ideia e buscando ampliar os apoios. São líderes comunitários e sindicais, deputados federais e estaduais, ministros e vereadores realizando visitas e telefonemas para assegurar que o encontro do partido aprove a aliança.

Fazendo as contasAs negociações entre os servidores das áreas da segurança foram longas com o atual Governo do Estado. Teve pressão das entidades, suspeita de greve, propostas de cá pra lá e uma grande rodada de discussões sobre o aumento da remuneração das Polícias do Paraná. Até o fechamento desta edição, nenhum número efetivo tinha sido consolidado entre as entidades, mas as tramitações já estavam no fim para acalmar os ânimos de todos os lados, principalmente, da população.

Fora derossoAs bancadas do PT, PMDB e PV de Paulo Salamuni defenderam o afastamento definitivo e novas eleições para a presidência que ocupava o vereador João Cláudio Derosso (PSDB) na Câmara de Vereadores. O pedido da Oposição foi apresentado depois de o vereador tucano se licenciar mais uma vez do cargo por 90 dias. Esse requerimento recebeu um parecer da Procuradoria Jurídica, que em seguida, foi para a Comissão de Legislação e Justiça para ser analisado, se vão acatar ou não o pedido.

aliança com Fruet iiMesmo entre líderes de grupos contrários à aliança já é dada como certa a aprovação pelo encontro petista da tese de apoio ao pedetista Gustavo Fruet. A coligação teria como base a construção de um programa de governo que leve em consideração o diálogo com os programas do Governo Federal, apoio de partidos da base de sustentação do governo Dilma e um petista como vice. O mais cotado é o deputado Angelo Vanhoni.

Ficha limpaAgora é pra valer. Não cabem mais contestações e filigranas jurídicas. A lei da Ficha Limpa vale já nas eleições municipais deste ano. Vitória da iniciativa popular e do bom senso político. Pessoas que tenham sido condenadas em decisão colegiada por praticarem crimes de corrupção, abuso de poder econômico, homicídio e tráfico de drogas ou que tenham renunciado a mandatos para fugirem de cassação não poderão disputar as eleições.

Car

los

Rug

gi

Linha de corte

desespero dos pré-candidatosEm todos os partidos, os dias que faltam até as convenções partidárias serão de tirar o sono para os pré-candidatos a vereador. No caso das coligações nas proporcionais, a quantidade de candidatos diminuiu e os cortes serão promovidos. O grande desafio é encontrar critérios objetivos para realizá-los. A quantidade de descontentes promete ser grande.

Page 15: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 15

Bate Pronto

“Estou tranquilo. A minha licença foi aprovada e está dentro de tudo o que prevê a Lei Orgânica do Município”Diz o vereador João Cláudio Derosso (PSDB)

“Se a Câmara quiser manter Derosso, terá de ter a consciência do ônus, que é a fragilização da

instituição e também da base de apoio do prefeito”Afirmou o vereador Pedro Paulo (PT)

Foto

s: R

ober

to D

ziur

a Jr

.

Filho de peixeÀs vésperas do início da campanha municipal, o prefeito Luciano Ducci (PSB) tem contado com um apoio especial. A presença de seu filho Ricardo Ducci tem sido constante nos corredores da Câmara de Vereadores de Curitiba numa tentativa de firmar as alianças políticas. A coisa por lá tem se apresentado bastante desarticulada. Uma mostra disso foi o recente veto do prefeito a emenda do vereador Jair Cézar (PSDB), que faz parte de sua base de apoio, no projeto sobre o comércio de animais.

lula candidatoO professor Gregory Chin, da Universidade canadense de York, defendeu em artigo publicado no Financial Times a eleição do ex-presidente Lula como presidente do Banco Mundial. O prazo para apresentação de candidaturas já está aberto. Caso se confirmasse essa tese seria uma grande mudança mundial, pois desde a sua criação, os organismos internacionais pós-guerra se revezam nos principais postos entre europeus e americanos. Segundo Chin, o ex-presidente Lula agradaria tanto os países do Norte quanto os do Sul. A nomeação deve ocorrer até o dia 20 de abril.

Page 16: Revista MÊS 14

16 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

números que doam esperançaTransplantes de órgãos chegaram a 124% em uma década; no Paraná, nos últimos anos houve aumento de 40%

matéria de capa

dia 29 de dezembro de 2009 ficou marcado na vida do capelão Mozart Calixto (51). Às quatro da manhã, ele foi informado que estava na fila

entre os candidatos e possíveis receptores para o transplante de um rim que havia sido doado. Nes-sa época, ele não conseguia andar nem mais uma quadra devido ao avançado estágio da insuficiên-cia renal. “Eu estava entrando em fase terminal”, recorda Calixto.

A notícia de que ele poderia ganhar um novo rim chegou numa terça-feira por meio das médicas do setor de transplantes do Hospital Cajuru, em Curitiba. Quando recebeu o aviso, Calixto estava entre os 70 possíveis receptores. Com o passar do tempo, a fila foi diminuindo devido à incompati-bilidade de outros receptores. Às cinco da manhã, a espera continuava, mas com apenas sete pessoas na fila. Pouco tempo depois, Calixto recebeu o rim direito de um doador de 61 anos.

Curiosamente, ele chegou ao hospital mais calmo que o normal para fazer a cirurgia, quando o co-mum era ter a pressão arterial alta. Mas no dia do transplante, a pressão dele estava 12 por 8. “É uma felicidade. Realmente foi um grande prêmio de fi-nal de ano que eu recebi”, comemora. “A cirurgia durou seis horas. Ao sair da sala de cirurgia e ir para o quarto de recuperação, o rim já tinha filtra-do 200 ml [...] Já saiu funcionando do transplante até a sala de recuperação”, afirma. Hoje, Calixto trabalha de forma voluntária para atender pessoas que também passaram por uma situação parecida.

OIris Alessi - [email protected]

Venilton Kuchler

Page 17: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 17

avanços

Familiares e pacientes sabem bem como é estar na pele de personagens como Calixto. Dias angustiantes de espera, doenças que avançam e o pa-ciente fica submetido à boa vontade de familiares em doar os órgãos do ente falecido ou de encontrar alguém compatível que a pessoa possa doar ainda em vida. A boa notícia é que a conscientização dos doadores, a maior agilidade nas equipes médicas e a tecnologia para os transplantes têm avançado.

O Ministério da Saúde apresentou dados animadores no último mês. O balanço do Governo Federal mostrou que em dez anos (período de 2001 a 2011) foi registrado um aumento de 124% no número de transplantes no Brasil. Saltou de 10.428 para 23.297 transplantes no ano passado. De acor-do com o órgão, em 2011, o Brasil teve o maior aumento anual em nú-meros de transplantes da década, com 2.357 cirurgias a mais que em 2010.

“Expandir o acesso ao transplante obriga a melhorar o conjunto do aten-dimento. Nós temos uma meta de che-gar até 2015 a 15 doadores por milhão de pessoas. A nossa meta inicial em 2011 era chegar a 10. Conseguimos superar e chegamos a 11,4”, informa o ministro da Saúde, Alexandre Padi-lha, em entrevista coletiva em Brasí-lia. O orçamento também deve crescer

Um dos transplantes mais comuns, o de córnea, conseguiu zerar a fila em Curitiba e Região Metropolitana (RMC) no ano passado. Ao todo, no Estado, no final de 2011, foram trans-plantadas 1178 córneas. Ao final de 2011, apenas 11 pessoas aptas a reali-zar o transplante aguardavam.

Para a chefe da Central de Transplan-tes, Arlene Badoch, esse resultado paranaense é uma “somatória de fa-tores”. “Foram criadas as Copots, que são as Comissões de Procura de Ór-gãos e Tecidos, [...] e elas trabalham junto aos hospitais com o objetivo de identificar possíveis doadores. [...] Nós estamos trabalhando mais in-tensamente junto às comissões intra--hospitalares de procura de órgãos e tecidos, nós estamos reativando essas comissões, fazendo treinamento e fazendo orientações. Estamos mais presentes junto a essas comissões”, explica Arlene.

superação dupla

O transplante também foi responsável por uma virada na vida da analista de projetos Renata Milanese (28). E por duas vezes! Quando adolescente, en-tre 14 e 15 anos, ela recebeu o trans-plante de córnea no olho direito. Há três anos, Renata voltou à sala de ci-rurgia para realizar outro transplante, desta vez no olho esquerdo. As duas cirurgias mudaram sua vida, pois ela começava a não ter mais uma vida so-cial, andava de cabeça baixa e se não tivesse feito o transplante, hoje não poderia dirigir.

“Eu morava no interior do Paraná e os médicos que me consultaram não conseguiram identificar de primeira o que eu tinha. Identificaram miopia e astigmatismo. Comecei a usar óculos já num grau alto, já estava um pouco avançado só que os óculos não esta-vam adiantando mais. Cada vez foi aumentando o grau e aquilo já não estava adiantando. Continuava não enxergando”, conta.

MEdula óssEa uMa eM uM MILHãO

Se você pretende ser um doador, pode começar pela medula óssea. Isso porque o maior obstáculo em conseguir doadores é o preconceito, “as pessoas não sabem que doar medula óssea não tem perigo. Doar medula óssea é que nem doar sangue”, diz o chefe do setor de transplante de medula óssea do Hospital de Clínicas, José Zanis Neto. Mesmo com as dificuldades, o Brasil já se encontra no terceiro lugar em número de doadores de medula.

Mas o número pode crescer ainda mais. Hoje, apenas dois milhões de brasilei-ros são cadastrados no banco de doadores, afirma o médico do HC. “O trans-plante de medula óssea salva vidas. E o doador é o fornecedor dessa vida.”

“É uma felicidade, realmente foi um grande prêmio de final de ano que eu recebi”, diz Mozart Calixto

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

em 10% este ano. No ano passado, foi destinada para este serviço de saúde a cifra de R$ 1,3 bilhão.

no paraná

De acordo com números da Central Estadual de Transplantes do Paraná, entre 2009 e 2011 o número de trans-plantes cresceu 40%. No ano em que Calixto recebeu um novo rim, foram realizados 119 transplantes de doado-res falecidos. Já em 2011, o número de transplantes de doadores falecidos foi de 172.

Page 18: Revista MÊS 14

18 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

matéria de capa

Renata mudou-se para Curitiba e con-tinuou consultando diversos médicos. Dois desses médicos identificaram que ela poderia ter ceratocone, uma doen-ça degenerativa do olho que muda a estrutura dos olhos e os deixam em formato cônico, mas nenhum conse-guiu confirmar. A saga continuou, até que um médico confirmou que era de fato essa a doença que ela tinha.

No começo, ela utilizou lentes de contato adaptadas para o formato cô-nico dos olhos, mas com a evolução da doença, ela precisou entrar na fila de transplante. “Daí eu fui para a fila de transplantes e eu continuei fazen-do os exames e acompanhamento e fiquei cinco anos na fila. Foram cinco anos esperando”, afirma Renata.

tempo de espera

Cinco anos também foi o tempo de es-pera de Calixto entre saber do proble-ma e o transplante. Ele estava em Bra-sília quando sentiu uma dor. Ao voltar à Curitiba ficou internado por três meses no Hospital de Clínicas, mes-mo depois de sair do hospital precisou

continuar com a hemodiálise. “Foi di-fícil [...] Eu vi a situação de pessoas já em fase terminal, que estão há muitos anos, muito debilitadas. Para mim, foi um choque entrar numa clínica de hemodiálise”, explica Calixto.

Três vezes por semana, ele tinha de se submeter à filtragem do sangue. Ca-lixto enfartou duas vezes na máquina e viu muitas das pessoas que estavam tratando ao seu lado não resistirem ao tratamento e falecerem.

doadoresCampanhas de esclarecimento sobre as doações, melhor logística, pro-fissionais de saúde mais preparados para lidar com esse procedimento e abordagem dos familiares são fatores que traduzem em parte os avanços.

Eugênia Silene Palma tinha a cons-ciência da importância da doação de órgãos. O irmão dela tinha cirrose e faleceu aos 42 anos de idade, vítima de complicações da doença. O fato aconteceu há dez anos. Na época, pouco se falava em doação de órgãos, lembra Silene. Mesmo com a dor, ela declarou a intenção de doar. Quando o corpo de seu irmão estava no Insti-tuto Médico Legal (IML), ela recebeu a ligação que havia uma clínica inte-ressada nas córneas dele. “Era favo-rável à doação”, recorda. Na casa de Silene sempre ficou muito claro entre todas as pessoas da família que todos são favoráveis à doação.

DesafioApesar de o número de doações ter aumentado, ainda 60% das famílias paranaenses não doam, revela Arlene. “O grande motivo da não doação é que elas não entendem todo o processo e, na dúvida, é preferível dizer não, sem-pre. Porque você nunca pode conviver com uma dúvida”, completa a chefe.

paranÁnúMerO tOtaL de tranSPLanteS POr ÓrGãOS e CÓrneaS

Período Doador 2008 2009 2010 2011

Córnea Falecido 100 947 838 1178

Coração Falecido 35 23 15 18

Fígado Falecido 47 43 47 64

Rim Falecido 100 119 113 172 Vivo 184 191 184 216

Rim/Pâncreas Falecido 19 3 3 21

Pâncreas Falecido 1 0 2 4

Dados até 31/12/2011Fonte: Central Estadual de Transplante do Paraná

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

A vida de Renata mudou após o transplante; sem a doação, hoje ela não poderia dirigir

Page 19: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 19

Para que os números de doações e de transplantes continuem crescen-do no Estado é que existe o trabalho dos Copot. A Comissão de Procura de Órgãos para Transplante (Copot) de Cascavel foi a regional que mais cap-tou órgãos por milhão de habitante em 2011: 17,68 órgãos. Números su-periores à meta do Governo Federal, anunciadas para 2015, e acima das re-gionais de Curitiba (10), Maringá (8) e Londrina (6).

Para a coordenadora do Copot de Cascavel, Rosimeri Lima Tomé, esse número é resultado do treinamento realizado nos hospitais onde há os po-tenciais doadores, plantonistas para captação e assessoria para os hospitais.

além do impossívelPara alcançar esses resultados, Ro-simeri e sua equipe não descansam. O empenho vai além do impossível. Nem que seja preciso recorrer ao Mi-nistério Público Estadual ou Federal, como já ocorreu algumas vezes.

Um dos casos que ela conta é de um coração captado em Foz do Igua-çu, que seria transplantado em Pato Branco, cerca de 350 km de distância. A equipe acionou a Polícia Federal e com a ajuda do helicóptero levou o órgão até o receptor. A operação foi realizada com sucesso.

Esforços como esse, bem como a ação das famílias doadoras, fazem toda a diferença para os que aguar-dam, como foi o caso de Renata e Calixto. Por isso, eles não deixam de agradecer às famílias dos doadores. O desejo de Calixto é conhecer a famí-lia do doador, mas ele não sabe se um dia isso será possível. “Mas sempre

que eu coloco a mão no transplante, eu lembro dele em oração, agradeço pela família e pelo gesto de carinho e do amor que a família dispensou para que a gente pudesse ter uma outra vida hoje”, diz agradecido.

Renata também não deixa de orar pelas duas pessoas que deram a ela a possibilidade de ter uma vida normal. Para ela, é preciso que as pessoas dei-xem claro que querem ser doadoras. Ela afirma que, se pudesse, doaria as próprias córneas recebidas. “O corpo infelizmente acaba, as únicas coisas que vão ficar das pessoas são as fo-tos, as lembranças e quem sabe viva em outra pessoa. Então, eu acho que tem de ter consciência. Tem de doar, sim! [...] Deixe um pedacinho dessa pessoa por aí”, finaliza Renata.

Veni

lton

Kuc

hler

EspEraLISta de reCePtOreS aGuardandO tranSPLante nO Paraná

Situação Coração Córnea Fígado Rim Pâncreas Rim/Pâncreas Total

Ativos 29 11 26 1356 5 4 1431

Semiativos 20 282 35 1011 10 8 1366

Total 49 293 61 2367 15 12 2797Dados até 31/12/2011(Ativos - pessoas aptas a realizarem os transplantes)(Semiativos - pessoas que ainda necessitam de exames para realizar os transplantes)FONTE: Secretaria Estadual de Saúde do Paraná

Apesar de o número de doações ter

aumentado, 60% das famílias paranaenses

ainda não doamPara Arlene, a população está percebendo que é ela que faz a diferença na questão da doação

Copot de Cascavel transportando órgãos; a Regional foi a que mais captou em 2011 (17), superando a meta do Governo Federal anunciada para 2015 (15)D

ivul

gaçã

o

Page 20: Revista MÊS 14

20 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

pr teve 14 prefeitos cassados em 4 anosAtos de improbidade administrativa e infrações à legislação eleitoral lideram os casos; Lei da Ficha Limpa deverá coibir alguns casos

Mariane Maio - [email protected]

esquisa realizada pela Con-federação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que em menos de quatro

anos, 383 dos 5.563 prefeitos eleitos em 2008, já não estão mais no cargo em todo o País. A maioria deles (210) teve o mandato cassado. O Paraná foi o terceiro estado do Brasil com o maior número de prefeitos cassados, somando 14. Perdeu apenas para Mi-nas Gerais e Piauí, ambos com 29. Porém, desde a divulgação da pes-

p

política

quisa, o Estado já sofreu mais uma baixa. Em meados do mês passado, o Tribunal Regional Eleitoral do Para-ná (TRE-PR) decidiu manter a cassa-ção do prefeito e do vice-prefeito de Guaraqueçaba.

Ao menos alguns desses casos deve-rão ser coibidos com a aplicação da Lei da Ficha Limpa, válida para as próximas eleições municipais. Em decisão inédita de constitucionalida-de dada pelo Supremo Tribunal Fede-ral (STF) no último mês, validou-se a Lei de iniciativa popular, colocando

na cena política novas regras para as candidaturas deste ano e servindo como tom moralizador para o futuro da política brasileira.

Entre as mudanças está a possibili-dade de prefeitos e governadores fi-carem inelegíveis por oito anos (an-tes eram três anos) caso infrinjam a Constituição Estadual ou a Lei Orgâ-nica do Município. Se o político já foi condenado por um colegiado (grupo de juízes) também será impedido de se candidatar. E ainda, se o represen-tante renunciar qualquer cargo eletivo

Antonio Belinati (ao centro) comemorando a vitória da eleição

municipal de Londrina (2008); mas seu mandato foi cassado

Page 21: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 21

CassaçãO dE MandatO

9 3

1

1

nO Paraná, 27 PreFeItOS eLeItOS eM 2008 nãO eStãO MaIS nO CarGO, 14 deLeS FOraM CaSSadOS. VeJa aBaIXO:

Fonte: Confederação Nacional dos Municípios (CNM)

POR ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

POR INFRAÇÃO À LEGISLAÇÃO ELEITORAL

POR INFRAÇÃO POLíTICO-ADMINISTRATIVA

OUTROS

• Altamira do Paraná• Bituruna• Cândido de Abreu• Carlópolis• Kaloré• Londrina• Paranapoema• Sarandi• Uraí

• Enéas Marques• Espigão Alto do Iguaçu• Tuneiras do Oeste

• Ramilândia

• Itaipulândia

na expectativa de evitar a cassação, ficará inelegível por oito anos, puni-ção que não existia antes.

Os problemas mais comuns, nos últi-mos anos, que provocaram a cassação de prefeitos no Estado foram por atos de improbidade administrativa (9), se-guidos de infrações à legislação elei-toral (3), infração político-administra-tiva (1) e causa desconhecida (1). “Os atos de improbidade são qualquer má gestação do erário público ou desres-peito às normas da administração pú-blica que o prefeito venha a cometer”, explica o professor de Direito da Uni-versidade Positivo e especialista em Direito Eleitoral, Maicon Guedes. Em relação às infrações político-adminis-trativas, são “de qualquer ordem não penal, em que a pessoa, por exemplo, dispensa uma licitação irregularmen-te”, comenta o professor.

Já as infrações à legislação eleitoral podem acontecer tanto na época da campanha, quanto no momento em que assumirem o cargo. “Houve um caso de um Prefeito aqui no Paraná que tinha o número de cabos eleito-rais que ultrapassava em 50% os elei-tores do município. Ele usou o poder econômico dele para poder se reele-ger. Vai de compra de voto, uso da máquina administrativa em seu favo-recimento, até o uso dos meios de co-municação oficial”, enumera Guedes.

Caso localRecentemente, o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, foi impedido pelo juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública, Rodri-go Otávio Rodrigues Gomes do Ama-ral, de utilizar a estrutura da Prefeitu-ra de Curitiba para autopromoção. A ação surgiu, principalmente, em de-corrência de uma mensagem gravada ao telefone e enviada aos moradores de Curitiba em que destacava obras de sua administração. O juiz proibiu não só as mensagens de telemarketing, como qualquer veiculação que faça referência ao nome de Ducci.

Segundo o professor, essas atitu-des criam um desequilíbrio no jogo eleitoral. “Enquanto os outros candi-datos, às vezes, estão sem mandato, sem a visibilidade, o prefeito acaba se utilizando do dinheiro público, de todas as obras que são obrigação do município, como se fosse uma benes-se deles”, compara.

Para Guedes, uma possível cassa-ção do prefeito de Curitiba não está descartada. “A cassação para esse mandato teria como base a improbi-

dade administrativa, que tornaria ele inelegível para a próxima eleição. Se abrisse um processo ainda nesse mandato, ele não poderia disputar a próxima eleição. Mas, caso ele venha a vencer a eleição; [é possível] bus-car a cassação do mandato por uso da máquina administrativa ou abuso do poder econômico”, diz.

A cópia da decisão do juiz foi enviada ao Ministério Público (MP) para que seja apurado um possível ato de im-probidade administrativa.

problemas

Para o especialista em Direito Eleito-ral, muitos crimes também ocorrem por falta de conhecimento do gover-nante. “Muitas vezes, acaba respin-gando no prefeito atos de secretários, assessores... Porque quem no fim é responsável é o prefeito. No interior se mostrou mais falta de conhecimen-to do que má fé mesmo, porque os va-lores nem eram tão expressivos”, diz.

Outro problema é a pouca fiscaliza-ção do Poder Legislativo em relação ao Executivo. “Se você pega uma Câmara de Vereadores que em gran-de parte são favoráveis ao prefeito, a fiscalização pelo Legislativo já fica prejudicada. Nós, em Curitiba, temos 38 vereadores, 33 votam junto com o prefeito. São no mínimo 30 que estão com o prefeito. O Legislativo na maior parte dos municípios está formado por maioria pró-prefeito”, diz Guedes. Uma solução seria a população fiscali-zar e denunciar ao Ministério Público qualquer irregularidade encontrada.

Já o fato de o Paraná ter ficado com a terceira colocação nesse ranking da CNM, não é algo relevante sob o pon-to de vista do professor. “Não é uma questão de que os nossos prefeitos são os mais corruptos. É que o Paraná tem uma quantidade de municípios maior em relação a maior parte dos Estados. Em razão de ter muito mais municípios, acaba tendo mais caso de cassações de prefeitos”, atesta.

Paraná perde apenas para Minas Gerais e Piauí em número de prefeitos cassados

Rob

erto

Cus

tódi

o / A

gênc

ia G

azet

a do

Pov

o

Page 22: Revista MÊS 14

8 de março, Dia Internacional da Mulher. Conte (novas histórias) com a gente.

• Atrás de um grande homem tem sempre uma grande mulher

• Quem gosta de apanhar é mulher de malandro

• Sexo frágil• Ser mãe é padecer no paraíso

Há frases que merecem ser desconstruídas, resignificadas, reescritas de forma a produzir novas histórias plenas de respeito e cidadania.

Para todos e todas, sem distinção.

Page 23: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 23

sobre a política

pensar nas regiões metropolitanas

As eleições municipais de outubro estão se aproximando. À luz das pesquisas, os candida-tos tendem a apresentar programas de governo que resolvam aqueles problemas com os quais os moradores das suas cidades se batem mais cotidianamente. Com certeza, aparecerão pro-postas para melhorar o atendimento de saúde, em especial, para acelerar a marcação das consultas eletivas e/ou propostas para melhorar a mobilidade urbana.

Os programas de governo, aliás, devem ser muito parecidos. Não somente dentro da mesma cidade como em cidades diferentes. Especificidades, normalmente, são elementos de pouco impacto eleitoral e costumam ser deixadas de lado pelos candidatos. Os grandes temas da pauta eleitoral são mesmo parecidos em todas as cidades.

Mas será que as eleições municipais existem apenas para promover a discussão sobre a políti-ca intramuros? Será que só o que acontece em minha rua ou em minha cidade é importante? Penso que não. Os debates eleitorais neste pro-cesso devem servir, também, para discutir temas mais amplos, mas que afetam de igual maneira a vida das pessoas. As eleições locais são as que têm mais proximidade com as pessoas e, portanto, mais sensíveis ao acompanhamento e à participação popular. É a cidade onde vivemos e sonhamos. E é onde sentimos com mais inten-sidade as dificuldades de realizar nossos sonhos.

Os problemas que demandam soluções regio-nais – ou até mesmo estaduais – devem sim ser pautados nos debates eleitorais deste ano. As cidades não são redomas, ilhas ou aldeias. Os problemas têm causa e efeito em outras cidades.

Logo, as soluções devem ser buscadas também além-fronteiras e de forma compartilhada.

Só para citar dois exemplos. Os problemas de transporte, trânsito e lixo têm ou não reflexos regio-nais? No caso da Região Metropolitana de Curitiba, será possível pensar em soluções sem considerar as especificidades de cada cidade e as suas intersec-ções com outras? Imagino que não. Ou se faz o debate sobre temas dessa magnitude de forma séria ou serão propostas para enganar o eleitor.

Buscar elementos nas boas experiências adminis-trativas que estão sendo realizadas em São José dos Pinhais, Colombo e Pinhais, por exemplo, e analisar como replicá-las e articulá-las com as necessidades existentes em Curitiba e em outras cidades da RMC pode ser um caminho para não desperdiçar o dinheiro público e trabalhar com soluções definitivas.

Dos debates regionais, também devem ser cons-truídas as pautas eleitorais deste ano. Precisa-mos pensar em soluções para nossos problemas de forma mais ampla. E se os candidatos não caminharem neste sentido caberá a nós, reais de-finidores da pauta eleitoral, demandar que essas discussões sejam feitas. No caso da RMC, esse movimento é mais do que necessário. É impres-cindível, pois corremos o risco de colapso em nossas cidades em pouco tempo.

os problemas que demandam soluções regionais devem sim

ser pautados nos debates eleitorais deste ano

Por Tiago Oliveira [email protected]

Page 24: Revista MÊS 14

24 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

dê um presente para CuritibaEspecialistas de seis áreas diferentes sugerem presentes para dar à Curitiba em seu 319º aniversário, a ser comemorado no dia 29 de março

Iris Alessi - [email protected]

Capital dos parana-enses sopra as ve-linhas neste mês. A Revista MÊS em vez

de registrar os 319 anos de sua fundação propõe dar presentes para o futuro. Por isso, convida-mos especialistas de seis diferen-tes áreas para sugerir o que da-riam para a aniversariante.

O primeiro desses presentes tem a ver com a capacidade inovadora da cidade e também com a ima-gem que a cidade tem de ser uma capital ecológica. Para o diretor executivo da Sociedade de Pes-quisa em Vida Selvagem e Edu-cação Ambiental (SPVS), Clóvis Borges, o presente seria criar em dois anos mais de mil Reservas Particulares do Patrimônio Públi-co Municipais (RPPN).

De acordo com Bor-ges, essa discussão já ocorre na cidade e até há uma lei que regula-menta esse tipo de re-

a

Jaelson Lucas / SMCS

Roberto Dziura Jr.

Roberto Dziura Jr.

cidades

serva (Lei nº 13.899 de dezembro de 2011). Mas Borges avalia que é preciso que se faça isso em larga escala. “Um presente que talvez fosse bem dentro dessa discussão e oportuno seria que a cidade de Curitiba e a gestão atual criassem um mecanismo para dar escala à criação das reservas privadas. Estabelecesse mudanças para tor-nar suficientemente atraente essa perspectiva de criação de reservas privadas, porque hoje tem lei e você tem menos de meia dúzia de áreas criadas”, completa.

Educação e bem-estar

O meio ambiente também tem es-paço no presente da especialista em Educação. Para a chefe do De-partamento de Educação junto à Pró-Reitoria de Graduação e Edu-cação Profissional da Universida-de Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Sonia Ana Charchut Leszczynski, Curitiba precisa apri-morar a educação em sustentabili-dade sobre três pilares: econômica, social e ambiental. “Seria bem in-teressante se toda a população se conscientizasse do seu papel para essa cidade sustentável”, afirma Sonia Ana, que julga, ainda, que essa educação precisa começar na escola. “É a criança que poderá vir a mudar o comportamento dos pais”, completa.

Se a educação em Curitiba vai bem, os índices de segurança tal-vez não estejam tão positivos assim. Curitiba hoje é apontada

Page 25: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 25

partiCipEe VOCÊ? O que darIa de PreSente Para CurItIBa?

Envie sua resposta para [email protected]

como a 6ª capital com maior número de homicídios no País. Para o coor-denador do Centro de Estudos em Segurança Pública e Direitos Huma-nos da Universidade Federal do Pa-raná (CESPDH-UFPR), Pedro Bodê, dois elementos no quesito segurança poderiam ser o presente da cidade para os seus cidadãos.

Um deles é ter uma guarda muni-cipal preparada para mediar confli-tos “e que na sua lida com a cidade fosse vista como alguém confiável, como alguém para quem a popula-ção pudesse recorrer. É como nós chamamos de polícia de proximida-de”, completa o professor.

O outro elemento é criar espaços protegidos. O que para Bodê é fun-damental. “Criar espaços de bem-es-tar coletivo. No caso de uma cidade, [...] precisa de espaços de bem-estar coletivos devidamente protegidos. Espaço de socialização de jovens, de idosos, dessa gente toda mistu-rada”, pondera Bodê. Para o pro-fessor, as pessoas se sentem seguras não apenas quando há policiais nas ruas, mas também quando se sabe que tem a quem recorrer.

qualidade de vida e trânsito

O bem-estar como forma de preven-ção às doenças é o presente na área de Saúde da gerente administrativa da Clinipan, Leonice Terezezinha Zeni. Ter mais parques interligados por ciclovias para que as pessoas, além de ter acesso às paisagens de Curitiba, também possam praticar mais exercícios.

Já o engenheiro civil especializa-do em Rodovias e Ferrovias, Sizou Kuwabara, avalia que no trânsito curitibano vem ocorrendo muitos acidentes devido às mudanças re-centes. Para o engenheiro, seria interessante que fossem mantidos os redutores de velocidades, como

as tartarugas nas esquinas para que não houvesse tantos acidentes. “In-dependentemente de qualquer coi-sa, ele [o motorista] diminui a velo-cidade”, afirma Kuwabara.

O engenheiro elogia o trabalho que vem sendo realizado no anel viário, onde novas calçadas estão sendo construídas. Mas critica: “não estão fazendo a parte da acessibilidade”. Ele notou que em alguns locais, de-pois de terminadas as calçadas é que colocaram as rampas de acesso, mes-mo assim essas calçadas continuam sem guias para deficientes visuais.

Cultura

Além de todos esses presentes, o criador do Festival de Teatro de Curitiba, Leandro Knopfholz, lem-bra de um que já deve estar no ima-ginário da maioria dos curitibanos. O presente na área de Cultura e que está muito perto de acontecer é a reabertura da Pedreira Paulo Le-minski. A Pedreira poderá voltar a ser um espaço ativo em prol da criatividade na cidade. Criatividade essa que Knopfholz ressalta estar em alta na Capital.

“A gente tem tido um movimento da criatividade que é feita aqui sendo consumida aqui. Acho que as ban-das locais, a literatura local, as artes cênicas locais têm ganhado pres-tígio com o próprio curitibano. Eu acho que esse é um movimento bas-tante importante e bastante sólido”, completa o criador do Festival. Para ele, o que falta ainda é agregar mais valor ao produto criado e consumido aqui e tornar a atividade viável eco-nomicamente para quem a faz.

Div

ulga

ção

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

prEsEntEs

Pedro Bodê oferece dois: guarda municipal preparada e espaços de bem-estar coletivo

Leandro knopfholz: “Eu daria a reabertura da Pedreira”, feito que está perto de ocorrer, segundo informações da Prefeitura de Curitiba

Sizou kuwabara: Redutores de velocidade nas ruas para evitar acidentes, principalmente nos locais onde houve mudanças no trânsito

Clóvis Borges: “Que Curitiba tivesse mil reservas privadas a partir de agora com a utilização em escala da lei”

Leonice Terezezinha Zeni: Mais ciclovias na cidade, para estimular as pessoas a praticarem mais exercícios

Sonia Ana Leszczynski: “O interessante seria se a gente pudesse ter uma Curitiba que tivesse uma educação na sustentabilidade”

Page 26: Revista MÊS 14

26 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

ossivelmente, você deve ter percebido que o preço da alimentação fora de casa ficou mais alto, o valor do

serviço das empregadas domésticas também, assim como ir ao salão de beleza tornou-se mais pesado no or-çamento. Esses indícios mostram que a inflação (aumento geral dos preços) chegou com mais força no setor de serviços. Um fenômeno comum em países desenvolvidos, mas algo re-cente no Brasil.

Alguns dos fatores que fizeram com que esse setor fosse o principal vilão da inflação no País foram as baixas

Este setor é o que mais puxou a inflação em 2011; este ano, economistas projetam pouco mais de 5% de inflação no País

p

O vilão da inflação é o serviço

taxas de desemprego, aumento do poder aquisitivo geral da população, crescimento da margem de lucro e de produtividade, “principalmente no que diz respeito ao crescimento do custo de mão de obra”, completa Lucas De-zordi, professor de Economia da Uni-versidade Positivo (UP). Além disso, serviço é um setor que não possui uma concorrência alta do mercado externo.

“O que acontece com o setor de ser-viços? Você não tem tanta competição externa, diferente de um produto como automóvel, de uma televisão, que você importa e essa concorrência de impor-tado regula o preço”, analisa Marcelo Curado, professor de Economia da Uni-versidade Federal do Paraná (UFPR).

economia

Taxa da inflaçãoNo ano passado, a taxa de inflação fi-cou no teto imposto pelo Banco Cen-tral de 6,5%, sendo o centro da meta de 4,5%, que só deve ser alcançado em 2013. Para este ano, os especia-listas são quase unânimes ao estimar

Arieta Arruda - [email protected]

o centro da meta de 4,5% do BC só deve ser

alcançado em 2013

na rMC

A inflação na Região Metropo-litana de Curitiba (RMC) foi maior que a média brasileira. Fechou o ano com o IPCA de 7,13% ante a 6,71% registrado em 2010. Os itens que mais pesaram nessa balança também foram os produtos não comer-cializáveis (setor de serviços), como a educação, despesas pes-soais e saúde, habitação (aluguel residencial) e transportes. Fonte: IBGE e Ipardes

Comer fora de casa é um dos itens que teve maior

aumento da inflação

Page 27: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 27

nO quE É MElhOr inVEstir?

VeJa aLGuMaS dICaS dOS eCOnOMIStaS Para VOCÊ aPLICar BeM Seu dInHeIrO

Conhecer seu perfil de investidorQual sua aversão ao risco, disponibilidade financeira e prazos de investimento.

Interessante investir em NTN-B (Notas do Tesouro Nacional) Este tipo de título é corrigido pelo IPCA, dependendo do prazo rende de 12 a 13% ao ano.

Outro tipo de investimento pode ser o CDBPode render cerca de 10%, pois são investimentos de renda fixa com paga-mento em datas pré-estabelecidas, remunerados a taxas pré ou pós-fixadas.

Balanciar carteira de investimentosImportante fazer um acompanhamento da estratégia estabelecida e rebalan-cear a carteira quando necessário.

Tendência também será de busca por rendimentos alternativosIsso para conseguir uma rentabilidade maior. Por outro lado, existe maior risco e menor liquidez.

algo em torno de 5%. A projeção mais comentada é de 5,2%. Mas o Banco Central já anunciou que pretende fe-char o ano com o IPCA (índice Na-cional de Preços ao Consumidor Am-plo) em 4,7%.

Uma dúvida é se esse ritmo da pres-são do setor de serviços deva continu-ar este ano. “Talvez, não no ritmo que estava no ano passado, foi quando teve uma aceleração mais consisten-te e pelo momento econômico mais delicado, isso acaba refletindo tam-bém nas perspectivas para este ano. Mas mesmo assim o setor de servi-ços vai continuar sendo forte”, afir-ma a economista da Omar Camargo Investimentos, Nastássia Leite. Um dos grandes fatores para que os servi-ços continuem aquecidos é o grande volume de dinheiro em circulação no Brasil. Isso gera maior demanda, o que encarece a oferta.

Mas, segundo o professor da Fede-ral, se o Governo se preocupar de-masiadamente em atingir o centro da meta da inflação poderá perder opor-tunidades no crescimento do País, que teve comportamento mediano no

Os fatores externos são a crise na Eu-ropa, a não recuperação total dos Es-tados Unidos e possíveis conflitos nas áreas de Petróleo, como alerta Lucas Dezordi. “Um ponto que me preocu-pa é a questão do Irã [pelo petróleo]”. Espera-se um crescimento recorde dos valores de barris de petróleo, caso comece algum conflito grave na-quela região.

No entanto, se esse cenário interna-cional não se confirmar, as projeções de inflação são ainda menores para os próximos anos. “O BC [Banco Central] tem meta inflacionária entre 2% e 3% para 2013 e 2014, o que de-monstra um forte interesse governa-mental em manter a estabilidade no País, somado a isso, estamos tendo cortes constantes, porém prudentes na taxa de juros (Selic) que hoje está em 10,5%, podendo chegar a 9,5% para os mais conservadores e 8,75% para o mais otimistas até o final des-te ano. Ou seja, temos um cenário muito favorável para a estabilidade da inflação em 2012, mesmo com crescimento previsto entre 3,5% e 4%”, finaliza Márcio Souza, diretor da Trend Brokers.

ano passado, quando registrou au-mento de menos de 4% do PIB.

juros

Para controlar a inflação, o Banco Central tem como principal arma a regulação da taxa de juros. Uma taxa estimula a outra. Assim, a forma mais direta para baixar a inflação é aumentar os juros. “Há uma proba-bilidade elevada da taxa Selic atin-gir 9,5%, não se espera que tenha o corte de uma vez só, mas que até o fim do ano entre nesse número”. Isso significa que haverá queda nos juros, o que pode ocasionar um aumento da inflação no segundo semestre, dizem alguns economistas.

Já para Marcelo Curado, “o governo precisa sim olhar para a inflação, ela é fundamental, mas não é a única va-riável. A gente tem de combinar este cenário de estabilidade, com o cres-cimento. Então, neste momento, acho que o Governo tem de estar muito atento para que não tenha uma redução mais forte do crescimento econômico, já que a inflação está muito controlada por fatores externos”, pondera.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Um dos fatores da inflação do setor de serviços é o aumento do custo de mão de obra, diz DezordiFonte: Lucas Dezordi e Nastássia Leite

Page 28: Revista MÊS 14

28 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

oje o Brasil é considera-do o celeiro do mundo. Dentre suas unidades fe-derativas, o Paraná pode

ser considerado um dos principais tratores que puxam os índices brasi-leiros de produtividade e riqueza do setor primário. Por aqui, existe tam-bém o Grain Belt (cinturão de grãos), uma referência à famosa área que engloba as regiões Norte e Leste dos

Norte e Oeste do Paraná possuem uma das terras mais valiosas do mundo; preços subiram quase nove vezes em pouco mais de 10 anos; alta deve continuar, porém menos intensa

h

“Cinturão paranaense” põe preços das terras para cima

Estados Unidos, onde as terras são bastante valorizadas. Já no Paraná, as regiões Norte e Oeste é que possuem os maiores preços de terra e grande riqueza agropecuária. Esse “cinturão paranaense” conquistou os maiores

Essa disposição de aumento deve continuar, segundo

estimativas do Deral

agropecuária

Arieta Arruda - [email protected] preços de terras do mundo nos últi-mos anos, segundo dados do Depar-tamento de Economia Rural (Deral).

Conforme levantamento do Deral, al-gumas terras (as mais valorizadas) ti-veram aumento de quase nove vezes entre 1998 e 2011. Foi o caso de Ma-ringá. O município possui a terra mais cara, cerca de R$ 30 mil por hectare (10 mil metros quadrados) de terra roxa mecanizada (pronta para cultivo). Há pouco mais de uma década, esse

Page 29: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 29

mesmo tipo de propriedade tinha o va-lor de venda de R$ 3.600 por hectare.

Essa disposição de aumento deve continuar, segundo estimativas do coordenador da Divisão de Estatísti-ca do Deral, Carlos Hugo Winckler Godinho. “A tendência é continuar subindo, não na velocidade que se viu nos últimos anos. Mas partir para uma estabilidade ou um crescimento menos acelerado”, explica. Em mé-dia, a terra paranaense está custando R$ 5,9 mil a R$ 18 mil por hectare. (Veja ranking das terras mais caras)

preços

Os valores tomam como base os pre-ços dos grãos. Se o preço das com-modities está alto, as terras estão mais valorizadas e o processo inver-so também é verdadeiro. Por exem-plo, “quanto maior o preço da soja, maior o preço da terra”, explica Car-los Hugo Winckler Godinho. Uma

das características curiosas das pro-priedades paranaenses é que elas são pequenas, se comparadas a outros es-tados como Mato Grosso e Piauí, no entanto, ainda são muitas terras nas mãos de poucos produtores.

As terras com vegetação preservada ou para este fim devem ser o alvo de compra dos grandes produtores pa-ranaenses. O que pode gerar maior aumento dos preços das terras. Isso porque é preciso que cada proprietá-rio tenha uma área específica de re-serva legal, ponto bastante discutido e polêmico do novo Código Florestal.

Outra questão a ser levantada é que pouco se vende e se compra no Esta-do. Conforme explica o produtor Vag-ner José Rodrigues da Silva (43), de Terra Roxa, há uma dificuldade dos agricultores comprarem mais terras somente com o lucro que a terra dá. Mais um item é a pouca área de expan-são agrícola. “Chegou num patamar que não se consegue comprar só com o lucro da própria terra”, comenta Silva. Ele, que trabalha na terra desde 1969, pretende investir em outro ramo de negócios para diversificar suas fontes de renda. Silva tem 200 hectares e se queixa da fraca safra deste ano. Para

ele, “está sendo péssima [a colheita]”. Esse fator também afeta os preços das terras. Por isso, a aceleração da alta dos preços deve ser menor.

Mercado

Ganha quem vende e perde quem compra. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Paraná (Incra-PR) é um desses com-pradores de terras que amarga com os preços mais altos. Os preços de mercado é que regem a aquisição de terras pelo Governo Federal.

Este ano, o Incra terá um orçamento de R$ 600 milhões para todo o Brasil. O Paraná deverá solicitar parte dessa verba para a compra de 51 proprieda-des, o que equivale a 35 mil hectares para assentar três mil famílias. Ainda restará um déficit de pouco mais de 2,5 mil famílias acampadas no Estado sem terra para trabalhar.

Outra forma do Incra obter terras é por meio da modalidade de desapro-priação (quando são improdutivas). No entanto, no Paraná, as terras im-produtivas correspondem somente a 3%. Aí o problema é com a demora na Justiça. “Tem sido moroso, gos-taríamos que fosse mais rápido [de-sapropriar]”, afirma Nilton Bezerra Guedes, superintendente regional do Incra no Paraná. Este ano, o Incra espera por decreto presidencial para desapropriar a fazenda Manasa, em Porto Barreiro (PR) para assentar 120 famílias; a propriedade Pompeia em Congoinhas (50 famílias) e a fazenda Perdigão, no município de Querência do Norte (10 famílias).

Com o preço das terras paranaenses em alta, mais uma consequência é gerada: a venda irregular do assentamento. De acordo com Guedes, o Instituto é bas-tante criterioso e intolerante à venda de lotes de assentamentos. Por isso, o Incra é o responsável pela gestão dos assentamentos e orçamento para dar assistência às propriedades.

Ban

co d

e im

agem

Div

ulga

ção

Nilton Guedes (Incra-PR) anuncia a desapropriação de 3 propriedades para este ano

RAnkinG

SaIBa quaIS SãO aS terraSMaIS CaraS nO Paraná.a MaIOrIa eStá na reGIãOnOrte e OeSte dO eStadO:

Maringá (pr) r$ 30.000

sarandi (pr) r$ 30.000Cascavel (pr) r$ 28.100Vera Cruz do Oeste (pr) r$ 27.000

santa tereza do Oeste (pr) r$ 26.784

são Miguel do iguaçu (pr) r$ 26.700

Floresta, Marialva, Ourizona, são jorge r$ 26.600do ivaí (pr)

juranda (pr) r$ 26.550itaipulândia (pr) r$ 26.500Cafelândia (pr) r$ 26.200

Fonte: Deral (preço por hectare de 2011 na terra roxa mecanizada)

Page 30: Revista MÊS 14

30 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

autoconhecimento na infânciaProjeto de Curitiba chamado “Eu Sei Quem Eu Sou, de Onde Eu Venho, para Onde Eu Vou” foi premiado pelo MEC e ajuda as crianças a buscarem autoconhecimento

educação

no ano passado para ajudar no apren-dizado da criança sobre si mesma.

Tudo começou quando a professora Marta passou a lecionar para uma tur-ma de crianças que estavam entre 4 e 5 anos de idade, em 2010. Ao tentar conhecer os alunos, a professora ob-

Iris Alessi - [email protected]

esde 2005, o Ministério da Educação (MEC) premia e reconhece o valor de pro-jetos criados por professo-

res da Educação Básica no País. São propostas pedagógicas bem sucedi-

ddas, inovadoras e criativas para me-lhorar a qualidade da educação. Um desses projetos premiados foi o tra-balho realizado na Escola Municipal Professora Maria Ienkot Zeglin, no Tatuquara em Curitiba, pela professo-ra Marta de Moura Nunes. Uma ideia positiva, que recebeu reconhecimento

Professora Marta e a aluna Raissa; durante cinco meses a professora liderou o projeto premiado

Page 31: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 31

servou a dificuldade deles em saber sobre si e sobre suas vidas. “Eu come-cei a perceber que eles não conheciam a própria vida. Não conheciam eles mesmos. Eu fiquei pensando que para a gente conseguir respeitar alguém, primeiro a gente tem que se conhecer e se respeitar”, explica a professora.

Ferramenta

A primeira fase do projeto teve início com uma tarefa usando fotografias. “Surgiu a ideia de utilizar a câmera”, lembra. A professora orientou os alu-nos que fotografassem em casa algo ou alguém que gostariam de mostrar aos colegas. “Nós fizemos uma lis-

tagem, e esta lista eles levavam para casa e iam fotografando”, completa.

Cada criança ficava um dia com a câmera. Ao voltar para a escola, as crianças apresentavam aos colegas as fotografias e contavam suas histó-rias de vida. Para a professora, essa foi uma maneira de quebrar a barrei-ra dos alunos de falar em frente aos colegas. “Até na questão da oralidade foi muito importante, porque nessa fase eles estão desenvolvendo. Então, tem de falar para várias pessoas, eles precisam saber que eles têm de falar de uma forma que o outro vai enten-der. Eles tinham de ter esse cuidado e tinham uma postura de palestrante”, gratifica-se a professora.

Etapas

Concluída a fase das apresentações, o trabalho seguiu em três etapas. A primeira foi trabalhar característi-cas pessoais, como o nome e seme-lhanças físicas. “Começamos com o nome, mostramos que cada nome era diferente”. Nesta fase, as mães foram até a escola para contar a origem do nome de seus filhos e também leva-ram objetos ou fotos das crianças de quando elas eram bebês.

A segunda etapa levou as crianças a debaterem a construção da família e a diversidade de modelos familiares que existe hoje. “A gente tem uma di-ficuldade muito grande de encarar os novos padrões e entender todos eles”, explica Marta.

Já na terceira fase, as crianças foram conhecer o ambiente em que vivem. A professora Marta levou as crianças para um passeio pelo bairro Tatuqua-ra para que tivessem noções de loca-lização e de cidadania.

resultadosAo final de cinco meses de atividades, todos os materiais produzidos pelos alunos foram expostos também no saguão da escola. “A gente fez essa exposição para que os outros colegas da nossa escola pudessem aprender também”, relata Marta.

Para a mãe de Raissa (06), Terezinha Oliveira, o projeto ajudou no desen-volvimento de sua filha, aluna de Marta. “Tudo o que ela vai conver-sar, ela lembra dos projetos que ela teve com a professora.” “Eu acho que todas as escolas deveriam manter um projeto assim dentro da escola. Os pais ficam felizes [com os resulta-dos]”, completa Terezinha.

O maior prêmio para Marta com este projeto foi ver que seus alunos realmente aprenderam mais que a História sobre civilizações passadas, conseguiram perceber sua própria história de vida e a possibilidade de construir um caminho melhor por meio do autoconhecimento.

Foto

s: R

ober

to D

ziur

a Jr

.

o projeto deu noções básicas sobre autoconhecimento e

respeito entre os colegas

Para a mãe Terezinha, todas as escolas deveriam ter esse tipo de projeto

Page 32: Revista MÊS 14

32 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

om artrose, alguns pro-blemas na coluna e um bastante grave na cervi-cal, a empresária Rosana

Serena (57) sofreu com dores crôni-cas nas costas, na cabeça e em ou-tros locais do corpo por cinco anos. Depois de procurar tratamento com neurologistas, fisioterapeutas, na qui-roplastia, yoga e acupuntura, ela che-gou até mesmo a ser diagnosticada com fibromialgia.

Desacreditada pelos médicos, Rosana conta que seu dia a dia já havia sido prejudicado. “Minha qualidade de vida ficou completamente prejudica-

Além dos benefícios estéticos, a técnica é recomendada por especialistas para tratamento e recuperação de lesões ortopédicas

C

saúde

tratamento médico: pilatesMariane Maio - [email protected] da. Cheguei a usar colar cervical. Parei

de fazer personal, não conseguia mais andar, nem fazer nada”, lembra. Ela conta que o último neurologista que procurou disse que o caso dela não era cirúrgico e não havia esperança. “Quando eu cheguei, ele disse: ‘não tem o que fazer por você. Você tem de se acostumar com a dor, porque vai fi-car cada vez mais debilitada’.”

Sem mais esperanças e pensando que em pouco tempo estaria em uma ca-

deira de rodas, Rosana decidiu seguir a indicação de uma amiga médica e procurou outro tratamento: o Pilates. Na primeira sessão, a empresária diz ter sentido o alívio e em seis meses suas dores já estavam sanadas. Rosa-na, que diz ter encontrado alívio com o Pilates, pratica a modalidade há sete anos, três vezes por semana.

benefícios médicos

Conhecido atualmente pela maioria por seus benefícios estéticos, o Pila-tes também traz resultados médicos. Segundo a médica e fisioterapeuta do Núcleo do Corpo, Elaine Markondes, esse sempre foi o principal objetivo do criador do método. “O [Joseph] Pila-

Pilates surgiu para tratar pacientes de guerra; depois virou também

atividade física

Page 33: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 33

tes cuidou de pacientes em uma enfer-maria de guerra, depois tentou vender o produto dele para ortopedistas de Nova York. O apelo dele sempre foi saúde. Sempre pensou que o método dele poderia recuperar lesões”.

A médica afirma que o método é bas-tante utilizado para a recuperação e prevenção de lesões ortopédicas e que a prática pode ser utilizada como método fisioterápico. “Na prática fi-sioterapêutica, você recupera a fun-ção perdida e dá alta para o paciente. Com o Pilates, você recupera a fun-ção perdida e o seu cliente continua com você, mesmo não tendo mais sintoma, controlando a dor. Você pode fazer fisioterapia com Pilates, RPG, Acupuntura”, diz.

A prática do Pilates como tratamento médico também é reconhecida pelo ortopedista Luciano Casale Torri, do Total Care Curitiba. “Tanto Pila-tes, quanto hatha yoga, estabilização segmentar vertebral e algumas artes marciais, a gente indica como trata-mento médico, porque elas fazem a tonificação e o fortalecimento de gru-pamentos musculares muito difíceis de serem trabalhados de outras ma-neiras”, afirma. Segundo ele, alguns resultados não são alcançados tão evidentemente pela fisioterapia tradi-cional. “Quando a gente manda para algumas dessas atividades, a gente está tentando fazer uma tonificação e reforço muscular de determinados grupamentos musculares, mais espe-cificamente três, que servem, princi-palmente, para a estabilização da co-luna vertebral”, explica.

prevenção

Essa espécie de “musculação” reali-zada pelo Pilates faz dele um método não só de reparação de um dano na coluna como também de prevenção. Para a doutora Elaine, a força, a mo-bilidade e o alinhamento são funções que todos nós deveríamos ter, “mas a gente só consegue manter isso ao lon-

diminuição da carga em cima do dis-co intervertebral. Nada mais é do que um amortecedor entre uma vértebra e a outra. Quanto mais carga tem aí, mais sofre”, detalha Torri.

Por isso, para ele, o Pilates é uma ati-vidade interessante de ser feita para que se tenha uma musculatura saudá-vel pela coluna e não venha apresentar patologia. A empresária Rosana Serena parece ter entendido o recado e afirma que não pretende parar nem quando re-ceber alta da fisioterapeuta.

go da vida se fizer algum trabalho de movimento. Então, o Pilates pode ser um tratamento ao longo da vida”, diz.

O ortopedista explica os motivos de esse exercício ser tão importante para a musculatura. “Todo peso que a gente sustenta é transferido pelo nosso cor-po no tronco, parte pela musculatura torácica abdominal e pela musculatu-ra das costas e parte pelo eixo rígido, que seria a coluna. Quanto melhor é a musculatura, menos carga passa pela coluna. Isso faz com que exista uma

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Segundo Elaine, o método é bastante utilizado para a recuperação e prevenção de lesões ortopédicas

Page 34: Revista MÊS 14

34 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

úlia* tinha uma vida aparen-temente fora de suspeitas. É dentista por formação, tem três filhas e era casada com João*, médico e professor universi-

tário. No entanto, sua rotina era no mínimo conturbada. A dentista, atu-almente dona de casa, foi casada por quase 30 anos. Ela se separou há pou-

A agressão psicológica é responsável por 49% dos atendimentos às mulheres nos serviços de Saúde no País e 60% das queixas prestadas na Delegacia da Mulher em Curitiba

j

saúde

Violência de marcas profundas

Mariane Maio - [email protected]

cos meses porque descobriu que es-tava sendo traída. Mas o rompimento do casamento não era o maior de seus problemas e, na verdade, talvez tenha sido a melhor justificativa para sair desse relacionamento.

A dentista conta que após quatro me-ses do início do namoro, com seu en-tão esposo, começou a sofrer torturas psicológicas e ser acusada de um fal-so adultério. Para João, a então espo-sa mantém até hoje um relacionamen-to com uma pessoa que ela conheceu quando tinha 22 anos, pouco antes de começar a namorar com ele. Além disso, Júlia lembra que por diversas vezes seu marido invadia o consultó-rio em que ela trabalhava na tentativa de encontrar supostos amantes.

“Ele se autoenviava cartas anônimas e exigia que eu confessasse que eram cheias de verdade”, afirma a dentis-ta, que também se lembra de ter seus e-mails, redes sociais e a quilome-tragem do carro vigiada pelo então marido. Além da perseguição, Júlia era vítima constante de agressões verbais. “Me xingava de puta, vadia, garota de programa, amante de ma-cumbeiro, na frente das nossas três filhas desde que elas nasceram” (sic).

O que a dentista foi perceber apenas há quatro anos, com a ajuda de uma espe-cialista, é que ela era vítima de violên-cia psicológica. Aliás, as mulheres são as principais vítimas desse tipo de vio-lência. “Antes eu achava que eu era a culpada, porque eu tinha traumatizado

Page 35: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 35

ele lá atrás”. Júlia diz ter conseguido enxergar a real situação em que vivia quando viu que uma de suas filhas esta-va sofrendo diretamente as consequên-cias. Apesar disso, ela só se separou quando descobriu a traição do marido e foi prestar queixa na Delegacia da Mu-lher, sete meses depois do ocorrido.

Difícil identificação

Essa dificuldade em identificar a vio-lência psicológica não é exclusivida-de de Júlia e torna-se um problema de saúde pública. Segundo Marta Maria Alves da Silva, coordenadora da área técnica de Prevenção de Violência e Acidentes do Ministério da Saúde, por não trazer uma marca aparente, como na violência física, nem todas as mulheres conseguem reconhecer que estão sofrendo essa violência. “Gritar, humilhar, desprezar, são for-mas de violência que a pessoa, às ve-zes, naturaliza”, explica.

“Existe uma dificuldade muito gran-de de compreender essa dinâmica do abuso, da repressão, porque a pessoa que está sofrendo acaba entendendo aquilo como um processo de rotina normal”, afirma a psicóloga da Pa-raná Clínicas, Isabela Poli. De acor-do com ela, a maioria das mulheres que busca ajuda acaba chegando com outras queixas. “Os relatos não são de baixa estima. Aparecem dores, síndrome do pânico, depressão, dis-túrbios alimentares, mas o que causa todos esses sintomas é a violência psicológica”, diz.

Apesar disso, segundo o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (Viva), ligado ao Ministério da Saú-de, a violência psicológica é respon-sável por 49% das notificações nos serviços de saúde de casos sofridos por mulheres no Brasil, perdendo apenas para a violência física e fican-do à frente da sexual. Já as queixas da Delegacia da Mulher de Curitiba são a maioria. De acordo com a de-legada Maritza Maira Haisi, cerca de

nemas de números desconhecidos, por medo de ser o ex-marido.

Ao procurar ajuda na Delegacia, local da entrevista com a MÊS, ela espe-ra conseguir proteção do Estado para que o ex-marido não entre mais em contato, seja por e-mail, mensagem de celular, telefone ou pessoalmente. Assim, Júlia acredita que é possível viver em paz. “Não digo recuperar, mas é possível recomeçar, em cima de todas as cicatrizes, é claro. Mas eu tenho motivação, que são as minhas filhas”, diz.

O auxílio às vítimas que sofrem de violência psicológica pode ser feito tanto nas Delegacias das Mulheres ou Delegacia Civil mais próxima, quan-to nos serviços de Saúde. De acordo com a psicóloga, a ajuda e o suporte da família ou dos amigos, tanto para identificar o problema, quanto para encorajar que a vítima procure ajuda, é fundamental.

60% dos atendimentos são referentes à violência psicológica.

Esse tipo de agressão é caracterizada como uma ação frequente de qual-quer tipo de “rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, cobrança exagerada, punições humilhantes e utilização da pessoa para atender as necessidades psíquicas de outrem. É toda ação que coloca em risco ou cause em dano a autoestima e desen-volvimento da pessoa”, afirma Marta.

traumas

Segundo as especialistas, os trau-mas causados pela violência psico-lógica são imensos. Além do que, normalmente, acabam culminando na violência física. No caso de Júlia também foi assim. Após muito tempo sofrendo agressões verbais, o então marido começou a agredi-la e, segun-do ela, tentou matá-la três vezes. “Na minha casa existem até hoje portas quebradas com os chutes dele tentan-do me alcançar”, lembra.

Apesar disso, para ela, estas marcas não são as piores. “As agressões fí-sicas não traumatizaram. O que mar-ca, deforma, aleija é o emocional. Eu preferia ter ossos quebrados do que o espírito acabado”, diz Júlia visivel-mente emocionada. Atualmente, Júlia diz evitar até mesmo atender telefo-

As mulheres são as principais vítimas da violência psicológica que atinge diferentes

níveis sociais

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Div

ulga

ção

/ Min

isté

rio d

a S

aúde

dEnúnCia

deLeGaCIa da MuLHer de CurItIBa

Fone: (41) 3219-8600Rua Padre Antônio, 33. Bairro Alto da Glória. *Nesta reportagem foram utilizados nomes

fictícios para preservar a identidade das fontes

Segundo Marta, do Ministério da Saúde, muitas mulheres têm dificuldade emidentificar este tipo de violência

Page 36: Revista MÊS 14

36 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

Muito antes da agressão

A delegada titular da Delegacia da Mulher de Curitiba, Maritza Maira Haisi, convive diariamente com vítimas de violência. Mulheres com histórias de sofrimento e também cicatrizes pelo corpo. Na maioria dos casos, a violência começa no campo psicológico e, por vezes, parte para a agressão física. Por isso, a orientação da delegada é que a vítima procure ajuda já no primeiro estágio, como prevenção de consequências mais graves.

Dos atendimentos feitos pela De-legacia da Mulher de Curitiba, a maioria é de violência psicológica ou física?

Maritza Haisi (MH) - Em primei-ro lugar está a violência psicológi-ca, traduzida pelos crimes de ca-lúnia, injúria, difamação, ameaça. Depois desses vêm os crimes de agressão corporal. Cerca de 40% de violência física e 60% de vio-lência psicológica.

Quando uma mulher chega à Dele-gacia, normalmente, ela sabe iden-tificar a violência psicológica?

MH - Muitas vezes, essa mulher chega porque sofreu uma agres-são, tem uma lesão corporal, um ferimento no seu corpo. A gente vai conversando e acaba detectando que antes mesmo dessa lesão cor-poral, ela já vinha sendo vitimada pela violência psicológica. Em ou-tros casos não, as mulheres já che-gam conscientes.

A violência psicológica na maio-ria das vezes é seguida de agres-são física?

MH - Sim. Tanto que a maioria dos boletins de ocorrência de violên-cia física, de lesões corporais, vem acompanhada também de boletins de crimes contra a honra, injúria e ameaça. Na grande parte dos casos, ou na maioria deles, a violência fí-sica vem depois da psicológica.

Quando é comprovada a violên-cia psicológica, como a mulher deve proceder?

MH - O que nós sempre orienta-mos às mulheres é que primeiro

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

5 perguntas para: Maritza Maira haisi

Mariane Maio - [email protected] registrem um boletim de ocorrên-cia. Mesmo que nesse momento a mulher ainda não tenha convicção se ela vai ou não se apresentar, se ela quer que esse boletim se trans-forme em um inquérito policial, em medidas protetivas. Registrando o BO ela vai ter as primeiras orien-tações, pode tirar todas as dúvidas. E com isso, muitas vezes, evita um passo seguinte, ser vitimada com a agressão física. Quando essa mu-lher convive com esse agressor, seja o companheiro, marido, filho, pai, neto, dentro da mesma casa, a situação é um pouco mais difícil. Nós orientamos que as mulheres peçam medidas protetivas de ur-gência, que obriguem o agressor a deixar o lar. Porque não é justo que ela, que já está sendo vitimada, violentada psicologicamente, con-tinue a sofrer essa violência sendo colocada para fora da casa. Nas si-tuações que não existe essa convi-vência, quando o agressor não resi-de no ambiente doméstico, seja um ex-marido, ex-namorado, um filho que não mora junto, nós orienta-mos que evite o contato com essa pessoa e também orientamos que sejam solicitadas as medidas pro-tetivas de urgência que obrigam o agressor a se manter afastado dessa pessoa. Isso [a pena] depende do tipo de violência psicológica. Te-mos aí desde um mês de detenção até seis meses.

Por que as mulheres são as prin-cipais vítimas de violência psico-lógica?

MH - Justamente por essa posição, muitas vezes, de superioridade que o homem se coloca. Superioridade de domínio econômico, domínio emocional dessa mulher, o que as tornam mais fragilizadas, mais vul-neráveis a esse tipo de violência.

Page 37: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 37

Para quem curte navegar com informação de qualidade.

@mes_pr

Mês Paraná

Versão on line: http://www.revistames.com.br

Page 38: Revista MÊS 14

38 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

tecnologia

O vício da conectividade está à solta; especialistas ensinam como identificar

o maior evento geek do Planeta, o Campus Party 2012, realizado no mês passado em São Paulo,

foi possível ver mais de 7,5 mil pes-soas de todos os estados do Brasil reunidos em uma só conexão: discutir e testar os limites da internet. Muitas dessas pessoas além de serem nativos digitais, filhos da internet e estarem conectadas o tempo todo, fazem da web seu lugar principal para traba-lhar, se relacionar e se entreter. Dei-xam a vida off line um pouco de lado.

Estar neste ambiente o tempo todo é o que faz Diego Pontirolli Alves,

nestudante que mora em Nova York (EUA). “Já acordo com o Ipad ou com o telefone na mão”, revela Al-ves. Ele fica conectado de 12 a 14 horas por dia nas redes sociais, em sites de compra, de notícias, de estu-do. Aliás, foi bem fácil entrevistá-lo. Foi só adicioná-lo no Skype (serviço de chamadas gratuitas e bate-papo) e ser aceita na hora. Em menos de cin-co minutos já estávamos conversando sobre sua necessidade de conexão.

“Acho que ainda não ficou nada ma-luco”, diz Alves. Mas confessa que seus amigos reclamam um pouco de seu hábito. “O pessoal reclama. On-tem mesmo, num restaurante, eu vi que tinha um casal do meu lado fazen-

do isso. Eles ficaram uns 10 minutos sem conversar e mexendo em mensa-gens [pelo celular]. Fiquei pensando: será que eu faço a mesma coisa?”, se questiona. Segundos de silêncio e a resposta: “Acho que sim”, risos.

Como por exemplo, em um fim de se-mana que foi passar em um lugarejo nos Estados Unidos onde não tinha conexão. Tamanha foi sua angústia por estar fora da rede, que viajou 70 km (mais de uma hora de estrada) sob o pretexto de ir a um uma cidade pró-xima só para conseguir se conectar à internet. “Deu um alívio”. Mas será que é saudável estar on line o tempo todo? “Não acho que isso seja muito saudável”, admite Alves.

Malefícios

“A internet potencializa tanto aqui-lo que a pessoa tem de bom, como aquilo que ela tem de ruim”, afirma Daniele Castilhos, psicóloga da Amil. “Muitas vezes, chega lá no consultó-rio um paciente que está completa-mente dissociado da realidade. Ele já criou um personagem tão grande, mas que não tem nada a ver com quem ele é”, diz. “Algumas patologias se evi-denciam mais na internet”, comenta a psicóloga. Ela cita como uma das

Conectar-se ou desconectar-se? Eis a questão

Arieta Arruda - [email protected]

Page 39: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 39

EnquEtE e VOCÊ, quaL Sua reLa-çãO COM a Internet?

Envie sua opinião ou história para nós pelos canais de comunicação:

@mes_pr

Mês Paraná

[email protected]

doenças desencadeadas pelo uso ex-cessivo da web o TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo).

A “rede mundial de pessoas” é um ver-dadeiro caldeirão de consequências. De acordo com a observação clínica da psicóloga, é por causa da maior conectividade da web, entre outros fatores, que houve um aumento da in-fidelidade, principalmente, masculina na internet. “Muitos casais têm vidas anônimas e duplas. De dois anos para cá tem crescido mais o número de ho-mens que fazem isso pela internet”. Os fatores que levaram a esse aumento, segundo ela, são o comodismo, a ca-rência e a correria do dia a dia.

Outro ponto levantado pelo profes-sor Marcelo Abilio Públio, espe-cialista da área da Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PucPR), é que, em geral, a “conversa digital é meio que um mo-nólogo”, diz. Muitos interlocutores desencontrados e ruídos na comuni-cação. “O importante é o contato um com o outro”, afirma.

pontos positivos

Por outro lado, a maior conexão tam-bém possibilita a comunicação em diversas plataformas e com uma agi-lidade nunca antes experimentada na história da humanidade. “A internet não é um meio e sim um ambiente. Como qualquer outro ambiente per-mite diversos meios de integração”, explica o professor.

Também como fator positivo está a falta de privacidade, que segundo Pú-blio, de certo modo pode ser eficiente para dar mais transparência à socie-dade. “Aquele comportamento que é socialmente aceitável, os outros estão

me vendo, estão sabendo. Isso pode fazer com que as pessoas tentem se comportar de uma maneira melhor”, acredita. Já que “as pessoas estão muito mais informadas, fatalmente, elas vão ter um senso crítico um pou-co mais apurado”.

desconexão

Diante disso, é possível estar desco-nectado? Para o especialista, “a pró-pria forma de vida hoje faz com que você procure ficar mais conectado”. O que não quer dizer tornar-se um viciado. Para identificar se esta fa-cilidade da vida contemporânea não se tornou algo obsessivo, perceba al-guns sintomas. Se está muito nervo-so, muito ansioso por não ter acesso à internet; deixa de curtir alguma coi-sa, porque tem a necessidade de pu-blicar algo ou conectar-se nas redes sociais; tem insônia e fica conectado o tempo todo quando deveria dormir; ganhou peso ou perdeu peso repen-tinamente; teve alguma mudança de hábito em função da conectividade, é hora de dizer: “opa, minha relação com a internet está meio patológica”, alerta a psicóloga.

Para Daniele, esse vício dificilmente será detectado pela pessoa viciada. “É o outro que sinaliza”, seja a mãe, os amigos ou o(a) namorado(a). Depois

de identificado o problema, aí é hora de procurar a ajuda de um psicólogo.

Mas se o seu caso não é grave, pode seguir algumas orientações para não cair no vício. “Conseguir saber o li-mite que você está trabalhando e o momento que tem para você. É uma regra pessoal”, orienta o professor.

Outra dica, que pode até parecer cli-chê, mas muito útil e atual, é apro-veitar a ocasião. “Viver o momento”, diz a psicóloga. Se está no trabalho, foque nessa função (se para isso é necessário estar conectado, tente não se dispersar com entretenimento), se está numa festa, aproveite par curtir a música, dançar, se divertir. Se está em casa e quer conversar com os amigos, não há nada de mais correr para os chats das redes sociais. Mas aprecie com moderação!

“Já acordo com o ipad ou com o telefone na mão”,

revela Diego Alves

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

“A internet potencializa tanto aquilo que a pessoa tem de bom, como aquilo que ela tem de ruim”, diz Daniele Castilhos

Page 40: Revista MÊS 14

40 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

á alguns meses, casos de violência, crueldades e manifestações contra maus tratos de animais

têm ganhado as ruas, apoio da Pre-feitura de Curitiba, da mídia e das páginas da web. Infelizmente, es-ses casos são ainda mais frequentes do que se tem noticiado. Cerca de 10 pessoas denunciam diariamente maus-tratos contra animais, de acor-do a Sociedade Protetora dos Ani-mais (SPA) de Curitiba.

Em 2011, a Delegacia do Meio Am-biente de Curitiba contabilizou 1.584 denúncias. Segundo o superintenden-te Ivan José de Souza, somente 33% obteve punição. Foram constatados e autuados 528 casos.

Apesar de cenas como a da enfer-meira que espancou um yorkshire até a morte em Goiás e dos garotos

Cerca de 10 pessoas procuram diariamente a Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba para fazer denúncia de maus-tratos contra animais

h

Crueldade animalde Araucária (PR) que literalmente explodiram um cachorro chocarem a sociedade, não é só a barbaridade que pode ser considerada maus-tratos.

tipos de maus-tratos

De acordo com o Artigo 32 da Lei Federal nº. 9.605/98, de Crimes Am-bientais, “os atos de maus-tratos e crueldades mais comuns são: aban-dono; manter animal preso por mui-

to tempo sem comida e contato com seus donos/responsáveis; deixar ani-mal em lugar impróprio e anti-higi-ênico; envenenamento; agressão físi-ca, covarde e exagerada; mutilação; utilizar animal em shows, apresenta-ções ou trabalho que possa lhe causar pânico e sofrimento; não procurar um veterinário se o animal estiver doen-te; o abandono, falta de assistência médica, falta de cuidados higiênicos sanitários, alimentação”.

meio ambiente

Mariane Maio - [email protected]

aniMal MaltratadOCOnHeça a HIStÓrIa de aMareLa, a MaSCOte da CaSa Vet

A vira-lata Amarela já sofreu um bocado. Há aproximadamente cinco meses foi resgatada da rua por uma protetora independente com as patas traseiras cortadas e levada à Clínica Veterinária Casa VET. As veterinárias

Foto

s: R

ober

to D

ziur

a Jr

.

Amarela foi tratada e adotada pelas veterinárias Paola e Cristina

Page 41: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 41

local que atende animais em risco e maltratados em Curitiba é a associa-ção sem fins lucrativos Amigo Ani-mal, que abriga aproximadamente 2,5 mil cachorros.

A educação de uma adoção respon-sável é ainda um ponto frágil na so-ciedade, fator que poderia prevenir o sofrimento de muitos animais. O que falta também, de acordo com as veterinárias da Casa VET, são políticas públicas para conter a pro-criação indiscriminada de animais, o que acaba gerando abandono e maus-tratos. O trabalho feito nes-se sentido, até então, fica restrito a ações voluntárias. “Elas [protetoras independentes] ficam secando gelo. Pega um animal na rua e castra, mas enquanto elas castram uma [fêmea], nascem 50 [filhotes]. Tem de ter algo governamental”, reforça a veteriná-ria Cristina Monteiro.

ses a um ano, podendo ser aumen-tada de um terço a um sexto, caso ocorra a morte do animal, acrescida de multa. Outra Lei é a Municipal de número 13.908, sancionada em de-zembro do ano passado, que prevê advertência por escrito e multas de R$ 200 a R$ 200 mil em relação a maus-tratos em Curitiba.

Para Soraya, uma lei mais rigorosa ajudaria. “Tem pessoas que sabem o que estão fazendo, mas acham que não vai dar em nada. Em alguns ca-sos, gente que tem problema, distúr-bio psicológico, não vai funcionar. Só a punição vai ser mais justa”, afirma.

Alguns donos, quando notificados ou multados, se conscientizam e co-meçam a cuidar do animal, segundo Souza. Caso haja reincidência ou um fato grave, os animais são recolhidos e encaminhados à Sociedade Proteto-ra dos Animais, pois a Prefeitura não tem nenhum abrigo público. Outro

Paola Cristina Cordeiro e Cristina Monteiro, que receberam o animal, fi-caram chocadas. Ainda hoje, a cadela sofre com o trauma sofrido. Amarela foge do carinho de estranhos e olha com desconfiança qualquer movimen-to de aproximação.As veterinárias acabaram sensibiliza-das com a história e adotaram Amare-

la, que hoje é como uma espécie de mascote da Clínica. Na Casa VET, casos como esses são comuns. O local foi idealizado para atender ani-mais de famílias de baixa renda (até 4 salários mínimos) e parcerias com entidades protetoras. “Não tem vete-rinários que se dediquem a atender os animais carentes”, conta Paola.

“Existem aqueles maus-tratos por omissão, negligência, que a gente liga com a falta de atenção e conhecimen-to e existe aquele por crueldade. Esse é o mais difícil, porque pessoas que se divertem, se satisfazem, com o so-frimento alheio, alguma coisa tem de errado. Esses são muito difíceis, você pensar que pode mudar”, explica So-raya Simon, presidente da Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba.

Para ela, os animais são “escolhidos” pelas pessoas com má intenção por serem presas fáceis e também porque a punição para quem comete o ato ainda é pequena e difícil.

penalidadeSegundo o superintendente, a pena prevista na Lei federal é de três me-

Adoção

Cuidados

Como denunciar

Protetora dos Animais de CuritibaRua Professora Sandália Manzon, 140 – Santa Cândida – (41) 3256-8211

Clínica Veterinária Casa VETRua Pe. Paulo Warkocz, 70 – Jardim Gabineto / CIC – (41) 3373-6263

Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente | DPMA – CuritibaRua Erasto Gaertner, 1261 – Bacacheri – (41) 3356-7047

Central 156 ou www.central156.org.br

Delegacia de Polícia Civil

Promotoria do Meio Ambiente

EstÁ pEnsandO EM tEr uM aniMalzinhO? prOCurE pOr uMa adOçãO rEspOnsÁVEl

Ongs, prOtEtOras indEpEndEntEs E FaMílias COM rEnda dE atÉ quatrO salÁriOs MíniMOs pOdEM prOCurar atEndiMEntO para sEus aniMais na:

EM Curitiba

EM Outras CidadEs

Amigo [email protected]

Animais são presas fáceis para a crueldade; falta também mais rigor na punição, atesta a presidente da Sociedade Protetora

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Page 42: Revista MÊS 14

42 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

poluição invisívelCampina do Siqueira, São Francisco e Cabral são os três bairros que registram maior poluição sonora da cidade; a principal causa é o barulho do trânsito

intensificação do tráfego de veículos é o principal causador de poluição sonora de Curitiba. Em

levantamento feito pela Prefeitura de Curitiba, a população sofre com o aumento substancial de veículos nas ruas. O problema vai além da polui-ção do ar e da falta de mobilidade, há um volume excedente que atinge dia-riamente os ouvidos dos curitibanos em alguns pontos da cidade.

Os bairros “campeões” deste tipo de poluição são o Campina do Siqueira, por conta da grande quantidade de

avias rápidas e a intensiva entrada e saída de carros e caminhões devido ao trevo com a BR 277. A maior po-luição sonora é pela manhã.

Em segundo lugar está o bairro São Francisco, que tem mais barulho à tarde. Em terceiro lugar fica o Cabral, com maior volume à tarde, seguido do bairro Mercês (tarde) e do Batel (manhã). São mais de 10 decibéis acima do permitido nessas regiões e nesses períodos.

Para traçar o diagnóstico da paisagem sonora de Curitiba foram verificados 200 pontos em quatro eixos diferen-tes da cidade no ano passado, com

Iris Alessi - [email protected] Arieta Arruda - [email protected]

instrumentos de medição de segunda a sexta-feira. As principais conclu-sões foram que os níveis de ruído es-tão fortemente associados ao tipo de sistema viário e quando comparados com a legislação vigente, os valores obtidos excedem, em média, 10 deci-béis dos estabelecidos para o período noturno e 5 decibéis para períodos de manhã e tarde.

problema ambiental

Atrás da poluição da água e do ar, a sonora ocupa lugar de destaque entre os problemas ambientais que mais afetam a população. Este tipo de poluição está em terceiro lugar no ranking, conforme dados da Organi-zação Mundial de Saúde (OMS).

De acordo com o professor coordena-dor do Laboratório de Acústica Am-biental, Industrial e Conforto Acústi-co da Universidade Federal do Paraná (Laaica – UFPR), Paulo Zannin, “o padrão é o nível de pressão sonora,

meio ambiente

tabEla dE dECibÉisteMPO MáXIMO de eXPOSIçãO POr dIa aO níVeL SOnOrO, eM deCIBéIS

85 92 95 97 100 102 105 110 1158 HORAS 6 HORAS 4 HORAS 3 HORAS 2 HORAS 1 1/2 HORA 1 HORA 1/2 HORA menos que

1/4 HORAFonte: Sociedade Brasileira de Otologia

Page 43: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 43

que a gente chama coloquialmente de volume do som, a quantidade de som. Passado esse limite estabelecido [...], então passa a julgar aquele ambiente como poluído acusticamente”, expli-ca o professor.

Para controlar o limite de som de Curitiba, a fiscalização é realizada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMMA). A superinten-dente de Controle Ambiental da Se-cretaria, Josiana Koch, informa que a Capital paranaense tem uma lei que faz o controle de poluição sonora des-de 1965. Hoje está em vigência a Lei Municipal 10.625 de 2002. “Para fins de fiscalização, a lei de Curitiba já de-fine limites, decibéis que podem ser praticados conforme a região da cida-de e conforme o horário. É uma coisa já bem mais técnica que nos permite fazer a nossa fiscalização”, explica.

Fiscalização

Segundo informações de Josiana, os limites estão diretamente relaciona-dos com a lei de zoneamento urba-no e com o sistema viário da cidade. Para as zonas residenciais, o limi-te durante o dia é de 55 decibéis e à noite é de até 45. Já para as zonas industriais, os limites são mais eleva-dos tanto de dia (70 decibéis), quanto à noite (60 decibéis).

“No mesmo bairro, [...] numa dessas ruas principais pode ser um limite mais alto do que numa rua de trás, mais no interior. Porque nessa via de comércio entende-se que ela é mais voltada mesmo a atividades que even-tualmente precisem de mais barulho e movimentação”, completa Josiana.

Os barulhos nem sempre são notados como um tipo de poluição, pois po-dem ser em alguns casos regulados. Num ambiente interno, por exemplo, é fácil controlar a entrada de ruídos fechando portas, janelas, muitas ve-zes, instalando o isolamento acústico. O mesmo controle pode ser feito com

ter insônia, vai ficando cada dia mais ‘estressada’”, completa o médico.

Os transtornos causados pelo barulho também são retratados em pesquisa realizada pelo professor Zannin com outros pesquisadores, no Laaica. De acordo com a pesquisa ‘Incômodo causado pelo ruído urbano à popula-ção de Curitiba-PR”, realizada com 860 moradores da Capital paranaen-se, as reações mais frequentes com relação ao ruído foram a irritabilidade (58%), baixa concentração (42%), in-sônia (20%) e dores na cabeça (20%).

Como não há como viver num am-biente no qual o silêncio é absoluto, para fugir desse estresse, é preciso repouso auditivo após submeter-se a elevados volumes. “Deixe suas cé-lulas auditivas relaxarem”, orienta o otorrinolaringologista.

Mas se engana quem pensa que em Curitiba os parques sejam esconderijos para o silêncio. Nem sempre. Já que em estudos realizados pelo professor Zan-nin foi possível constatar que em Curi-tiba existe poluição sonora mesmo nos parques, pois muitos deles estão cerca-dos por grandes vias ruidosas.

o volume da televisão, por exemplo. No entanto, de acordo Zannin, com os excessos, chega um momento em que a percepção de volume alto ou a sensibilidade auditiva fica reduzida. Aí mora o problema.

saúde

O principal dano à saúde que este tipo de poluição ocasiona é a hipoa-cugia, a perda da audição, de acordo com o médico otorrinolaringologista Paulo Przysiezny do Hospital Vitó-ria. Entretanto, não é possível dizer em quanto tempo de exposição ao excesso de ruídos as pessoas podem começar a perder a audição, pois isso pode variar de pessoa para pessoa, dependendo também da predisposi-ção genética.

Alguns sintomas são perceptíveis, como o zumbido no ouvido, dormir mal e sentir-se cansado. “Outro tipo de transtorno que os ruídos a partir de 55 decibéis podem causar são as altera-ções relacionadas ao humor da pessoa, a pessoa vai ficando mais nervosa, vai

As pessoas hoje estão muito conectadas, o que acarreta maior exposição a sons em maior tempo, explica Zannin

De acordo com Josiana, para as zonas residenciais, o limite durante o dia é de 55 decibéis e, à noite, até 45

Foto

s: R

ober

to D

ziur

a Jr

.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Page 44: Revista MÊS 14

44 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

comportamento

uma tendência. Atualmente, no Brasil, em 12% dos domi-cílios mora apenas um habi-tante, segundo o Censo 2010

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). índice em cresci-mento. Houve um aumento de 3,5% em relação ao Censo de 2000. No Paraná, são 385.957 pessoas que não dividem a casa com ninguém, o que representa 11,7% dos domicílios para-naenses. Média menor que a nacional.

Mais de 12% dos brasileiros vivem sozinhos; esta é uma experiência que muitos se aventuram, mas poucos conseguem manter por muito tempo

É

a casa que é só minhagrande de as pessoas morarem so-zinhas, procurando se estabelecer profissionalmente antes de um re-lacionamento sério. Além delas, há pessoas que optam por serem soltei-ras pelo resto da vida. “Isso é uma coisa que está acontecendo com certa frequência”, enfatiza o psicólogo.

dividir

Esta certa frequência de que fala Luna pode ser pela liberdade que mo-rar sozinho proporciona às pessoas.

Iris Alessi - [email protected] Já em Curitiba (PR), o percentual de casas com apenas uma pessoa é maior que as duas médias, representa um percentual de 13,93% (80.239 lares).

De acordo com o IBGE, diversos mo-tivos explicam esse crescimento no País: elevação da expectativa de vida, verticalização das cidades e redução na metragem das residências.

Para o psicólogo especializado em psicologia somática, Tonio Luna, hoje existe uma tendência muito

Após um relacionamento

de 12 anos, Ivana ficou viúva e agora

mora sozinha; fase de adaptação

foi difícil

Page 45: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 45

Liberdade que o radialista Cleverson Ribeiro (44) já conquistou há pelo menos 26 anos, quando saiu da casa dos pais para morar em outra cidade e depois disso, tirando alguns episódios que dividiu a casa com amigos, nunca mais morou com outra pessoa. “Sem-pre trabalhei em dois empregos, sem-pre saí bastante. Então, minha casa sempre foi um lugar para descansar. Eu adoro ficar sozinho em casa”.

Se morar sozinho foi uma escolha para Ribeiro, a diretora de criação, Ivana Podolan (31), não teve outra opção. Há dois anos, após um rela-cionamento longo (12 anos), ela ficou viúva. Hoje, não divide o apartamen-to com ninguém, mas a diretora afir-ma que o começo foi uma fase muito difícil e dolorosa.

“É meio complicado essa primeira fase de adaptação. Você chega em casa dá um vazio. Você está acos-tumada a ter alguém. Esse primeiro choque de se sentir só é mais com-plicado, mas com o tempo você vai se acostumando, vai se adaptando, enfim, cria outras rotinas diferentes daquelas que você fazia e acaba se adaptando”, relata Ivana.

Ocupar o tempo

Se habitar uma casa sozinha foi im-posto pelo destino de Ivana, o enge-nheiro industrial Rodrigo Pfeffer (31) optou por conta do trabalho. Vindo de Santa Catarina, Pfeffer escolheu Mandirituba, na Região Metropolita-na de Curitiba (RMC), para viver. Ele já completou cinco anos sem dividir a casa com ninguém, ou quase, já que recentemente comprou um cachorro para morar com ele.

“Na verdade, eu não consigo me sen-tir sozinho, porque eu tenho muita coisa para fazer. Eu vou para aca-demia, vou jogar futebol, saio com meus amigos. A gente sempre está fazendo alguma coisa. Poucos dias eu fico sozinho e quando fico é porque

preciso”, diz o engenheiro. Aos finais de semana, ele volta para Santa Cata-rina para visitar a família.

liberdade

Tanto Pfeffer, quanto Ivana e Ribei-ro conquistaram sua independência financeira e liberdade. Diferentemen-te de alguns jovens, que segundo o psicólogo Tonio Luna, às vezes, se iludem ao acreditar que apenas morar sozinho seja uma “experiência sufi-ciente para poder amadurecer”.

Para ele, Curitiba é um exemplo de cidade que recebe muitos jovens de outros lugares para estudar e que são sustentados pelos pais. Nesse caso, de acordo com Luna, o “morar sozinho” é apenas “um quarto grande da casa do pai, mas distante”.

São jovens que não conquistaram ma-turidade, apesar de acreditarem que sim, já que podem fazer o que quiser

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

“Morar sozinho significa se virar sozinho também, ou seja, se sustentar”, enfatiza Tonio Luna

sem a vigilância dos pais. Conforme o psicólogo, liberdade não é fazer o que se quer. “Esse é um conceito mui-to simplista, muito adolescente”, ava-lia Luna que pondera que a liberdade é construída.

autoconhecimento

Além de liberdade e independência, morar sozinho pode trazer autoconhe-cimento para as pessoas que têm essa experiência. Esse é o caso de Ivana que está redescobrindo a individuali-dade. A diretora acreditava que mui-tas das habilidades que tinha era, em parte, porque tinha alguém ao lado dela. “E realmente algumas coisas você descobre que é porque você tem alguém do seu lado, mas [sozinho] você descobre talento, força e uma maturidade muito maior da que eu achei que eu tinha”, avalia.

Segundo Luna, “é uma decisão im-portante, porque é a hora de você po-der enfrentar seus próprios demônios [...]. É um momento da vida muito importante. Tirar a atribuição dos outros de fazer você se sentir bem e você conseguir [por si só] se sentir bem é fantástico!”

Para Luna, hoje há uma tendência de as pessoas morarem sozinhas, mas nem sempre se sustentarem

Page 46: Revista MÊS 14

46 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

internacional

uba, um País da América Central, que foi durante décadas liderado por Fidel Castro, tentou sobreviver e

resistir ao capitalismo. Mas já é pos-sível ver – em um momento histórico – o país abrir-se para as relações co-merciais com outras nações, incluin-do o Brasil. Não teve como escapar. Cuba vive agora um processo de tran-sição de abertura comercial.

O Brasil é um dos países simpáticos a Cuba e mantém atualmente um co-mércio bilateral. É fato que na época da ditadura brasileira, Cuba e Brasil ficaram por quase vinte anos sem ne-nhum tipo de relação, que só voltou a

Em meio a uma sociedade comunista, Cuba abre suas portas para as relações comerciais com outros países

C

brasil e Cuba: uma relação promissora

ser reatada nos anos 80, com o gover-no José Sarney, em um lento processo de reaproximação.

Com os últimos presidentes, princi-palmente Luiz Inácio Lula da Silva, as relações com Cuba começaram a se intensificar. Só ano passado, de acordo com o Ministério das Rela-ções Exteriores, o comércio bilateral entre Brasil e Cuba registrou valor re-corde, totalizando US$ 642 milhões (31% a mais que 2010).

dilma rousseff em Cuba

Em janeiro deste ano, a presidente Dilma Rousseff fez uma visita oficial até a ilha de Cuba. A agenda foi de cunho bastante econômico e pautada

Bianca Nascimento - [email protected]

gOVErnO

PrInCIPaIS MudançaS nO GOVernO raúL CaStrO

No aspecto político, Raúl Castro fez diversas mudanças de minis-tros. Também mudou o presidente do Banco Central e o tempo de mandato máximo de dez anos para cargos políticos e estatais funda-mentais, incluindo o presidente.

Na economia, o novo governo permite compra e venda de imóveis e a comercialização de aparelhos eletrônicos, como DVDs e celulares.

Em suas relações internacio-nais, Cuba pretende intensificar as negociações com países da América Latina como o Brasil, que já investe milhões na ampliação do porto de Mariel.

Page 47: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 47

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Rob

erto

Stu

cker

t Filh

o

ção do porto de Mariel, executada pela empresa brasileira Odebrecht.

Além disso, diversas oportunidades de negócios se abrirão para compa-nhias brasileiras interessadas em se instalar ou expandir na América Cen-tral. “Cuba entra dentro deste contex-to como mais um parceiro externo do Brasil com o qual terá suas relações comerciais e de investimento, coo-peração tecnológica, abrindo campo para participações de empresas priva-das e públicas”, afirma Magno.

na intenção de estreitar ainda mais as relações entre brasileiros e cubanos. “A Dilma representa as empresas bra-sileiras e conversando com o Raúl, ela abre portas às empresas brasileiras. A única questão pendente é dos direitos humanos. A questão econômica se sobrepõe à questão social. Fica em segundo plano”, oberva o geopolítico Adalberto Scortegagna.

O governo petista tem mostrado que prioriza uma política de alargamento entre as relações econômicas externas e isso pode unir os dois países, como explica o coordenador do Conselho de Comércio Exterior e Relações In-ternacionais da Associação Comercial do Paraná (ACP), Atoninho Caron. “Cuba precisa de investimentos, de alternativas energéticas e de alimenta-ção. O Brasil poderia abastecer Cuba”, explica Antoninho. “Dilma procura oportunidades comerciais, abrir canais para investimentos e abastecimentos de diferentes alternativas”.

Os dois países querem aprofundar a cooperação bilateral, principalmente, nas áreas técnica, científica e tecno-lógica, como também na agricultura, segurança alimentar, saúde e produ-ção de medicamentos.

Ambos os países têm muito a oferecer: o Brasil, por exemplo, possui mode-los e programas para o tratamento de áreas agrícolas em territórios tropi-cais, como é o caso da ilha de Cuba. Já Cuba possui forte conhecimento na área de medicina com setores de ponta e também na educação. Outro ponto que pode ser explorado é que “Cuba é um dos maiores produtores de cana de açúcar do mundo, então tem um cam-po aberto para a questão da tecnologia do álcool”, aponta Scortegagna.

O governo brasileiro também poderá negociar a ampliação do envio de mé-dicos cubanos ao Brasil para apoiar o atendimento no Serviço Único de Saúde (SUS). “O Brasil não vai usu-fruir do plano econômico, mas do de-

Dilma procura oportunidades comerciais para abrir canais de investimentos, observa Antoninho Caron

Os irMãOs CastrO

raúL e FIdeL CaStrO nO POder

Após Raúl Castro assumir o governo de Cuba em 2008, mudanças na direção da abertura econômica foram acontecendo. Não foram por conta da mudança de governos entre irmãos, mas por circunstâncias históricas.

Nos anos 60, os Estados Unidos decidiram enfrentar o governo socialista de Fidel e cortaram relações econômicas e diplomáticas com Cuba. Assim, para que seu território pudesse sobreviver, Cuba estreitou sua relação econômica com a antiga União Soviética, tornando-se dependente de ajuda financeira, militar e técnica. Mas o fim da URSS (em 1991) provocou uma crise econô-mica em Cuba, já que o embargo norte-americano dura até hoje.

Dessa forma, o país se viu obrigado a estreitar suas relações com nações da América Latina, como acontece agora com o Brasil que investe milhões na ilha. “A impressão é que a mudança ocorreu quando Raúl assumiu o governo, mas o que mudou foi o contexto internacional, pois Cuba está passando por uma urgência econômica”, explica o historiador Daniel Hortêncio de Medei-ros. “Fidel faria o mesmo se não tivesse alternativa”.

senvolvimento social. Cuba também vai se privilegiar com as experiências brasileiras, principalmente, no cam-po tecnológico” ressalta o mestre em Economia, Carlos Magno.

Oportunidades

Esta abertura comercial entre os paí-ses terá uma grande movimentação positiva na nossa economia. Por meio do Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES), o Brasil investe em Cuba na amplia-

Page 48: Revista MÊS 14

48 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

O trajeto compõe um mergulho na cultura polonesa, um passeio acompanhado por personagens interessantes e iguarias típicas

turismo

um passeio pela bucólica guajuvira

á 122 anos, o município de Araucária (PR) come-çava sua história. Hoje, conhecido por ter uma

das refinarias de combustível da Pe-trobras (Repar), também preserva um caminho bucólico para relembrar aqueles tempos em que não se usava carro e a vida era mais simples. O ro-teiro foi feito no dia do aniversário da cidade (11/02), quando a cidade

hestava em festa. O destino final foi o distrito de Guajuvira.

O roteiro do Caminho de Guajuvi-ra começa no centro de Araucária. Quem acompanha essa viagem de 45 km por entre as histórias dessa colo-nização – fortemente polonesa – foi Seu José Czanovski, que esbanja ale-gria e simpatia. A primeira parada é na Adega Mattiello. No espaço, os visitantes podem adquirir vinhos co-loniais produzidos pela família que

dá nome ao lugar e ainda degustar e comprar produtos, como queijos e vi-nhos do Rio Grande Sul.

poloneses

Da Adega Mattiello para o Parque Ca-choeira. No caminho, Czanovski con-ta um pouco da história do município e o crescimento da cidade depois da instalação da Petrobras. Chegando ao Parque, o primeiro atrativo é a Aldeia da Solidariedade. Um espaço de preservação ambiental que abriga algumas casas centenárias de madeira rudimentar, típicas dos poloneses que chegaram à região em 1876.

Iris Alessi - [email protected]

Page 49: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 49

As casas da Aldeia, que é uma ho-menagem ao ex-presidente polonês Lech Walesa, chegaram ao parque em 1982 em decorrência da construção da barragem do Passauna. Também no Parque está localizado o Museu Tingui-Cuera, que abriga máquinas rurais de tração animal e manual, atualmente fechado para reformas. O prédio do Museu é uma antiga fábrica de alimentos. A última atração dentro do Parque Cachoeira é a Casa do Ar-tesanato, outra construção rústica po-lonesa que chama a atenção por não ter pregos.

guajuvira

Da região central em direção à Gua-juvira, Czanovski conta que parte do trajeto, que hoje passa pela BR-476, a Rodovia do Xisto, no futuro, será alte-rado para que o ônibus passe mais pe-las estradas rurais, já que a cidade tem cerca de 500 km de estradas desse tipo.

A próxima parada é na chácara da Fa-mília Waenga. Na propriedade, os tu-ristas são recebidos pelo proprietário Silvestre Waenga. Por lá, eles produ-zem flores de vasos comercializadas no local mesmo. Saindo da chácara das flores, os visitantes são levados até o Comercial Iguaçu, que fica pra-ticamente às margens do maior rio do Estado, o Rio Iguaçu.

Um negócio de família, o armazém, dirigido desde 1958 pela família Czaikowzki, vende produtos como queijos, manteiga, linguiça, mel e broas polonesas produzidas na re-gião. “Araucária está fazendo 122 anos. E se contar na realidade esse [estabelecimento] tem mais de 150”, relata Henrique Czaikowzki (71), proprietário do comércio.

Café rural

No centrinho de Guajuvira, uma das subprefeituras de Araucária, o turista se depara com uma região bucólica, onde a tranquilidade faz parte do co-tidiano. No centro, está localizada a Igreja do Senhor Bom Jesus, ponto relevante para a comunidade local que é muito religiosa. Também por lá se encontra o Horto Florestal, desti-nado à produção de mudas de diver-sas espécies, entre elas a guajuvira e a araucária. “O nome Guajuvira vem de uma árvore resistente que os índios usavam para fazer as flechas deles e os agricultores usavam para fazer cabos para implementos agrícolas”, explica Czanovski.

Depois de conhecer o Horto, o que os turistas também podem fazer nesse roteiro, dependendo da época do ano, é colher frutas na chácara Santa Rita, da família Fila. No sistema de colhe e paga, os visitantes vão para o pomar e colhem ameixa, pêssego e morango direto do pé.

A última parada é na chácara São Pedro para o aguardado café rural. Na pro-priedade, Czanovski faz uma recepção especial em polonês, que leva pão, sal e cachaça, significando fartura, conserva

e festa, respectivamente. No apetitoso café, com tortas doces e salgadas, broa polonesa, manteigas e geleias de frutas da época, fecha-se o passeio.

simplicidade

Para a professora que fez a visita, Mariléia Nascimento Kwiatkowski (39), os atrativos vão além das cons-truções. O que mais gostou foi “a his-tória das pessoas”, afirma.

Já para o técnico ambiental Eduar-do de Oliveira Santos (39), que é de Alagoas e mora em Araucária há dois anos, o passeio mostra grandes di-ferenças entre sua região e as daqui. “Bem interessante, principalmente, para quem não é daqui, fazer esse pas-seio para resgatar a cultura do pessoal que colonizou o Estado”, avalia.

o Caminho de Guajuvira preserva a história de seus

colonizadores e muitas iguarias locais

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

sErViçOCaMInHOS de GuaJuVIra

hOrÁriO: saída às 13h30 (todos os sábados)lOCal: Centro de Informações Turísticas - Av. Victor do Amaral, 352 – Centro – AraucáriainFOrMaçõEs E rEsErVas: (41) 3901-5214 [email protected]: R$ 5 (passeio) e R$ 12 café rural

O guia Czanovski esbanja alegria e recheia o trajeto de histórias e curiosidades sobre Araucária

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Page 50: Revista MÊS 14

50 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

Visita do ministro do Esporte Aldo Rebelo, no mês passado na Capital, tenta espantar o ceticismo e dá nota 10 para a preparação do estádio da Arena da Baixada

Curitiba se prepara para a Copa

inda faltam mais de 800 dias para o início da Copa da Fifa 2014, evento mundial de fute-

bol que acontecerá no Brasil. Apesar de alguns acreditarem que as obras não serão concluídas a tempo, enti-

adades e autoridades ligadas ao evento garantem que tudo estará pronto no período determinado. “A Copa em Curitiba já é uma realidade”, disse o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, à imprensa, quando visitou, na primei-ra quinzena de fevereiro, a obra de reforma no estádio Joaquim Améri-co, a Arena da Baixada.

De acordo com Rebelo, o Governo Federal está tranquilo com relação às obras. “Minha vinda ao Paraná é para cumprir o protocolo de visitar a cada três meses todas as obras da Copa. Em Curitiba, como em todas as sedes, o andamento está dentro do cronogra-ma”. Depois da visita, deu nota 10 às obras da Capital paranaense.

esporte

Roberto Dziura Jr. - [email protected]

Page 51: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 51

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.O presidente do Clube Atlético Pa-

ranaense, Mário Celso Petralia, tam-bém está otimista. “Superadas as questões burocráticas, acredito que em março formalizaremos o contrato com o Banco Nacional de Desenvol-vimento Econômico e Social (BN-DES) e recebendo a primeira parcela do empréstimo, temos certeza que a inauguração da Arena acontecerá no primeiro semestre de 2013”.

Outro que esbanja otimismo é o gover-nador do Paraná, Beto Richa. “Lamen-tamos somente que Curitiba não se-diará a Copa das Confederações. Mas o objetivo principal é organizar uma belíssima Copa. É tradição da Capital paranaense organizar grandes even-tos nacionais e internacionais. Para o Mundial de Futebol, com certeza, será a melhor organização de todo o País.”

Obras de Mobilidade

Além das obras no estádio, a Copa trouxe para Curitiba um conjunto de obras estruturais. Entre elas, estão a reconstrução e ampliação do terminal Santa Cândida, a implantação do Sis-tema Integrado de Mobilidade, a ex-tensão da Linha Verde Sul e requalifi-cações da Avenida Marechal Floriano Peixoto e da Rodoferroviária.

Para o prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, praticamente todas as obras que fazem parte do Programa de Acelera-ção do Crescimento – o PAC da Copa – estão licitadas e outras já concluídas. “A exceção é o corredor da Avenida Cândido de Abreu que foi deixada para a metade do ano devido ao grande vo-lume de obras que acontecem. No total de recursos para as obras, a cidade re-ceberá R$ 420 milhões.”

“A engenharia brasileira já deu inú-meras mostras de superação. Os cro-nogramas veiculados às obras são factíveis, e poderão ser cumpridos, principalmente, se o rigor e as exigên-cias técnicas forem obrigatoriamente obedecidos”, diz o professor Mauro

Lacerda Santos Filho, do Departamen-to de Construção Civil da UFPR.

Segundo Marcelo Bernardi Andra-de, vice-presidente para Assuntos de Finanças e Patrimônio da Federação das Associações Comerciais e Em-presariais do Estado do Paraná (Fa-ciap), a estimativa é que mais de 3,6 milhões de empregos sejam gerados entre 2010 e 2014. “Os setores mais beneficiados serão a construção civil, alimentos, bebidas e de serviços pres-tados às empresas, de utilidade públi-ca e de informação.”

Para fiscalizar o andamento das obras e das contas públicas, o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR) fechará, neste mês, parceria com a Universi-dade Federal do Paraná (UFPR). Para o professor Mauro Lacerda Santos Fi-lho, esta ação envolverá alunos e pro-fessores na supervisão e auditoria das obras. “Este sistema é um protótipo e

sua metodologia será posteriormente ampliada para outras obras públicas, envolvendo também outras institui-ções de ensino.”

turismo

A Faciap estima que Curitiba deva receber 508 mil turistas no mês de ju-nho de 2014, data do evento da Fifa, o que significa o dobro da média men-sal. “O fluxo turístico traz consigo uma entrada significativa de divisas. Em todo o Brasil, se espera três mi-lhões de brasileiros circulando pelas 12 cidades-sedes e outras regiões em função do Mundial de Futebol.”

Recentemente, o Governo Federal sugeriu mais de 180 destinos turísti-cos, entre eles cinco são paranaenses: Curitiba, Ponta Grossa (Vila Velha), Paranaguá, Foz do Iguaçu e Morre-tes – lugares que serão priorizados nos investimentos do Ministério de Turismo. Além do potencial turístico, o ministro Aldo Rebelo, em sua visi-ta, ressaltou que o Paraná tem outras 20 cidades em condições de abrigar alguma seleção, “porém cada uma delas [dentre as seleções] escolherá a cidade onde vai ficar”.

Em visita à Capital, o Ministro de Esporte, Aldo Rebelo, atesta que obras estão dentro do cronograma

Curitiba deve receber 508 mil turistas no mês de junho de 2014, o dobro

da média mensal

Page 52: Revista MÊS 14

52 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

multâneos da marca no Brasil. Serão oito novos modelos que vão desde a tradicional V-ROD, em uma edição de aniversário de 10 anos, até a maior novidade – que promete ser sucesso de vendas, segundo representantes da marca – a Street Glide, da linha Har-ley Davidson Touring. Esta última chega a custar R$ 62.100. Este mo-delo é adequado para grandes percur-sos, com motor de 1700 cilindradas, com rodas de liga (de aro 18), bolsos laterais e piloto automático. As cores também conferem novidades. Dentre as 17 opções, 10 são cores novas.

motos / automóveis

as novidades vêm sob duas rodasGrandes marcas de motocicletas apresentam novidades para este ano, com muita tecnologia e até design customizado de fábrica

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Div

ulga

ção

ara quem gosta de curtir o vento no rosto e acelerar o motor de máquinas potentes de duas rodas pode se prepa-

rar para mexer no bolso. No Brasil, as novidades das marcas Harley David-son, Kawasaki e BMW chegam a custar até R$ 105 mil. Mas garantem os apre-ciadores: são obras-primas para andar na cidade e também pegar estrada.

A Harley Davidson registra, este ano, o maior número de lançamentos si-

pArieta Arruda - [email protected]

Outro destaque da marca é a CVO Ul-tra Classic Electra Glide. Segundo índio, apaixonado por motos há mais de 50 anos (ver box) e um dos maio-

Page 53: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 53

Nova ZX-14 é o lançamento da marca Kawasaki, máquina de alta performance

res representantes da marca no Brasil, neste modelo, é possível customizar tudo. Possui multimídia completa, motor de 1800 cilindradas, pintura de efeito e primor no acabamento. O custo vai até R$ 105.400.

Mais novidades Já a marca Kawasaki diz apresentar um banquete para quem é entusiasta por motos especiais. Este mês, chega ao mercado a Versys City ABS, com previsão de preço de R$ 35.900. Uma moto para quem tem estilo mais ur-bano e dinâmico. Possui para-brisa elevado, protetores de mãos e tanque, bagageiro e segurança na cidade.

A Kawasaki promete ainda para este ano outros modelos em lançamen-tos mundiais. Como por exemplo, a Nova ZX-14 (sem previsão de pre-ço). De acordo com João Ricardo, do Marketing da Rhino Motos, reven-dedora da Kawasaki em Curitiba, o modelo foi totalmente retrabalhado pela engenharia para apresentar alta performance. “O modelo promete satisfazer as expectativas dos pilotos mais exigentes e refinados com no-vos controles de tração, freios ABS e seletor de modo de potência”. Outra novidade da marca também é a Versys 1000, para quem é mais aventureiro. Já existem clientes na lista de espera para este modelo. E ainda para 2012, são aguardadas as Scooters, para aqueles que gostam de mobilidade urbana e economia no dia a dia.

pErsOnagEM COnHeça a HIStÓrIa dO índIO, uM aPaIXOnadO POr MOtOS

Uma figura curiosa no mundo das motocicletas em Curitiba é o índio. Não revela o nome verdadeiro, mas tem orgulho de sua origem. Um índio da tribo Carajás. Conhecido na cidade por seu amor pelas Harleys, Índio é referência técnica sobre a marca. Veste o estilo de bon-vivant das rodas e confessa ser essa sua maior paixão.

Se precisar de um equipamento, uma peça ou uma dica sobre um modelo qualquer é só falar com ele. Essa relação de amor com as motos começou há mais de 50 anos, quando ainda adolescente, em Londrina, lavava motos para seu tio em troca de umas voltas na carona em uma Harley.

“Aos 13 anos, fui contaminado pelo vírus ‘aidsdavidson’”, brinca índio. De fala fácil e com bom-humor, Índio se vangloria de sua história com a marca de motos. Aos 16 anos, montou sua primeira moto, toda feita com sucata e, no ano seguin-te, pegou as ruas em cima dela. Trabalhou por muitos anos no setor da indústria farmacêutica e fazia o estilo “harleyro” só nas horas vagas. Tinha uma vida dupla, como ele gosta de dizer.

Há oito anos, vestiu de vez seu personagem de “harleyro” e caiu na estrada por diversas vezes sob duas rodas. “A palavra ‘nunca’ pra mim era minha grande motivação”, diz. Costuma andar com uma moto

de 1946 que é seu xodó declarado. “Nós conversamos na estrada”, co-menta ele sobre sua Harley antiga.

Toda semana se encontra com os ami-gos para trocar histórias e viagens. E que histórias! Já fez a famosa Rota 66 dos Estados Unidos, conhece diversos lugares no Brasil e já andou por toda a América do Sul em uma moto. Mas foi no ano passado que realizou seu maior sonho: conhecer a fábrica da Harley Davidson nos Estados Unidos. A convite da presidência mundial da marca, índio esteve lá em novembro do ano passado para conhecer ainda mais a fundo a fabricação de seu mais valioso artigo de desejo. “Vale a pena você ter um sonho, acreditar e ter uma vida exemplar. Porque quando chegou o momento, não tive vergo-nha de nada que eu fiz”, relembra índio diante de sua realização recente.

Com um público-alvo entre 25 e 40 anos, a BMW também apresenta novi-dades para este ano. A partir de março, estará no mercado o modelo BMW S 1000 RR, nas versões Standard e Stan-dard com quick shift e a Full com ABS e controle de tração. Esta última chega

com 193 cavalos de potência e 5 kg a menos se comparado à versão anterior, ganhando, assim, mais agilidade. A versão Full tem o custo de R$ 69.900. Entre os novos e antigos modelos, a marca alemã possui motos esportivas e com design arrojado. A estimativa da BMW Star News, representante da marca em Curitiba, é de vender cerca de oito motos por mês.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Page 54: Revista MÊS 14

54 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

moda&beleza

A aparência conta muito na hora da entrevista de emprego ou no dia a dia do trabalho; veja o que é preciso saber para não errar

ecote profundo, saia cur-ta, paletó comprido, gra-vata torta. É fácil reparar quando uma pessoa não

está vestida apropriadamente para um ambiente de trabalho. Certo ou erra-do? Apesar de não existir uma moda específica, é possível tomar alguns cuidados para não pecar na hora de uma entrevista de emprego ou no co-tidiano de sua profissão.

O seu modo de vestir expressa sua identidade a cada nova combinação. Para estar adequado ao trabalho não é preciso perder o estilo próprio. O ideal é uni-lo à roupa certa e, assim, construir uma imagem confiável, como explica a consultora de imagem e personal stylist Patrícia Nerbass. “A imagem consistente assegura cre-dibilidade e projeta profissionalismo, confiabilidade e competência”.

Para combinar o estilo ao look ideal no trabalho, é necessário escolher pe-ças com características que a pessoa se identifique. “Roupas com um aca-bamento diferenciado, uma estampa discreta ou um acessório personali-zado. Lembre-se que no ambiente de trabalho menos é mais, então, evite excessos”, garante Patrícia.

A mudança de traje pode variar, de-pendendo da exigência e do ambiente de cada empresa. Algumas já defi-nem aos seus funcionários a respeito do dresscode (código de vestuário) e ensinam o que devem e como devem usar a vestimenta adequada. Mas se a empresa não tem exigências, é sem-pre preciso estar atento. Não existe

dBianca Nascimento - [email protected]

Fonte: Patrícia Nerbass

Um erro bastante comum entre os homens é a altura da gravata. Nesta imagem, o homem utilizou uma gravata curta demais. O item da ves-timenta deveria

estar cobrindo metade da fivela do cinto, altura adequada para essa composição. Já o paletó e a calça estão com o comprimento e caimento interessantes.

Mulheres acima do peso devem evitar blusas muito justas e claras, que evidenciam essa caracte-rística. Como sugestão, uma blusa mais escura e com-prida em tecido

leve e com mangas seria adequa-da. Também seria conveniente uma calça mais clara para visual-mente aumentar a parte debaixo, equilibrando as proporções.

AnTonio FERRo dentista, 62 anos

A combinação entre o tom azul da camisa e o cinza da calça social ficou harmônica e elegante. Usar a manga da camisa dobrada quebra a seriedade da combinação, uma boa opção para ambientes menos formais. O sapato e o cinto, em cores contrastantes aos da calça, são uma ótima opção para homens altos e magros.

ELiSA SChMiDLin CRuZ advogada, 25 anos

O macacão tomara-que-caia com xale torna-se adequado ao am-biente de trabalho. O uso de cores neutras, como cinza e preto, foi bem complementado com o xale de estampa colorida e discreta. A sandália com tiras largas é um modelo indicado para uso no ambiente profissional, pois cobre a maior parte dos pés.

siM

nãOnãOnãO

Look certo no trabalhoFo

tos:

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Page 55: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 55

não exagerar. Dê preferência para as mais discretas e em pequenas propor-ções. Combinar essas peças com tons neutros é uma ótima saída.

Algumas empresas também já adota-ram o chamado casual Friday (sexta--feira casual), quando os funcionários podem ir mais à vontade e informal-mente. Porém, é bom evitar roupas como shorts e bermudas, moletons, chinelos, camisetas de times esporti-vos, jeans desfiado.

Entrevista de emprego

Este é um momento decisivo em que tudo faz diferença, desde o modo que a pessoa fala, se porta e também como se veste. A boa aparência mostra pre-ocupação por parte do entrevistado, proporcionando uma imagem confiá-vel ao entrevistador. Para os homens, a preferência é usar camisa social ou pólo, com calça de sarja em alfaiataria ou jeans em lava-gem escura, com mocassins de couro

uma roupa ideal para cada profissão: o imprescindível é não exagerar e es-tar atento ao nível de formalidade da empresa ou do cargo que se ocupa.

Variar

Como fazer para não repetir as roupas diariamente? O segredo para isso é saber combinar. Quando se aprende a realizar combinações diferentes e a tro-car os acessórios, a repetição de roupas pode até passar despercebida. “Peças em tons neutros são mais fáceis de combinar e, por isso, devem fazer par-te da base de qualquer guarda-roupa, assim como acessórios de acordo com o seu estilo pessoal, que auxiliam na composição de diferentes looks”, res-salta Patrícia. Dê prioridade às peças em tons neutros, como preto, branco, cinza, azul-marinho e bege, pois além de transmitir seriedade e elegância, são tonalidades de fácil combinação.

Para quem gosta de estampas e rou-pas coloridas, elas não estão proibi-das: o importante é saber contrapor e

A consultora de Imagem Patrícia Nerbass foi às ruas de Curitiba com a MÊS para diagnosticar os looks

ou camurça. É bom evitar calças jeans desbotadas que dão um aspecto espor-tivo demais para a ocasião, assim como o uso de tênis. Para as mulheres, calça tipo alfaiataria ou jeans em lavagem escura, sapato fechado e camisa com corte diferenciado e mais feminino.

Cuidados

Além da forma de se vestir, outros cuidados básicos devem ser conside-rados. Para as mulheres, não exagerar nos acessórios e na maquiagem, como também no tipo de penteado. Deve-se usar maquiagem leve e em tons neu-tros e sem brilho. Além disso, as que possuem cabelos cumpridos, é indi-cado usá-los presos ou semipresos.

Já para os homens, a dica é estar com o cabelo bem cortado, sempre manter os fios no lugar com creme ou gel, quan-do necessário. A barba também deve estar sempre bem feita e aparada.

Os cuidados com as unhas também são importantes tanto para homem como para a mulher. É preciso sem-pre estar com elas feitas e limpas, sem aspectos de roídas.

Look certo no trabalho

diCas COnFIra OS errOS MaIS COMunS nO traBaLHO

hOMEns

Comprimento inadequado da calça ou paletó.

Combinar cores de forma inade-quada, resultando em uma imagem deselegante.

Escolher cores que não harmoni-zam com a sua tonalidade de pele.

Cada cor possui tonalidades, dentre elas, existe a que mais combina com sua cor de pele. Por isso, observe as tonalidades que servem como mol-duras para destacar o rosto ao invés de apagá-lo, como ocorre quando se faz uma escolha inadequada.

MulhErEs

Roupas muito justas.

Roupas curtas ou decotadas.

O limite para um decote no am-biente de trabalho é com a abertura máxima até a linha das axilas. Uma alternativa para usar decotes mais profundos com elegância, é por meio da sobreposição de peças: por baixo usa-se uma blusa com decote mais fechado, com abertura limite até a linha das axilas e por cima a blusa com o decote um pouco maior, destacando assim a blusa usada por baixo. Para esta sobreposição, prefi-ra blusas em tonalidades diferentes.

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Page 56: Revista MÊS 14

56 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

a doce arte de aproveitar a páscoaNesta época, os doces artesanais e personalizados são ótimas dicas de presentes para os entes queridos

culinária&gastronomia

le veio da América Central e caiu no gosto do resto do mundo. O chocolate popu-larizou-se na Europa no sé-

culo XVII e até hoje continua sendo um dos alimentos mais consumidos e adorados. Entre os brasileiros, o produto é muito apreciado, princi-palmente, em épocas como a Páscoa. Só este ano, a produção de ovos in-dustrializados será 20% maior do que em 2011, segundo um levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

EOs curitibanos são os que mais apre-ciam chocolates no País. Em 2010, uma pesquisa divulgada pelo Ibope Mídia mostrou que os curitibanos (73%) são os maiores consumidores do produto no Brasil, seguidos pelos paulistas (71%) e recifenses (70%). Já que a paixão dos curitibanos é quan-titativamente maior, por aqui não fal-tam opções para presentear e consumir esse doce no feriado religioso.

Fugindo do tradicional

Quem não gosta de ganhar algo feito especialmente para você? É pensando

nessa customização que diversas em-presas investem em ovos e chocolates personalizados, de acordo com o gosto e perfil de cada cliente. A pâtisserie e cho-colatier Andressa Schmidt é uma das profissionais que faz dos doces uma arte.

Segundo Andressa, nesta época, au-menta significativamente a procura por esses presentes personalizados. “As pessoas gostam de se sentir que-ridas. Quando se ganha um presente assim, você percebe que a pessoa fez pensando em você e, no geral, este tipo de produto tem sido mais valori-zado e procurado”, diz Andressa.

Bianca Nascimento - [email protected]

Page 57: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 57

Santos. O produto consiste em uma fina camada de chocolate em formato de ovo pela metade com um recheio para ser apreciado com colher.

Esses ovos são boas opções para o público adulto ou pessoas que não fazem tanta questão dos chocolates tradicionais. “Tem recheio para todos os perfis, até mesmo para crianças, como o ovo com recheio de gulosei-mas”, diz Flávia que, no ano passado, vendeu mais de 900 kg de chocolate na época de Páscoa. Os recheios vão desde brigadeiro, trufas, morangos, damasco, frutas secas, figos e strogo-noff de nozes.

Este ano, a novidade de Flávia é o lançamento dos ovos de Ovomalti-ne, que estima fazer sucesso entre a clientela. Há também disponíveis entre seus trabalhos cestas de Páscoa personalizadas, coelhinhos rechea-dos, chocolate em formato de coração

e lembrancinhas para empresas como bombons e pão de mel. Ela também faz trabalho com personalização de sabores. “Já fiz ovo com recheio de mousse de capim limão, só porque a namorada do meu cliente gostava muito”, lembra Flávia.

doces artísticos

Hoje no mercado, além de diversos formatos, há também profissionais investindo na estética dos ovos. Sem-pre inovando com sabores e texturas, a pâtisserie Bárbara Trevisani traba-lha com ovos tatuados inspirados na técnica de transfer, muito usada na França e na Bélgica. “Toda a nos-sa pesquisa se baseia nos produtos franceses. Os ovos com transfer são uma tendência que com certeza dão charme e uma apresentação sofistica-da aos ovos. Cada ano fazemos uma estampa diferente”, explica Bárbara.

nutrição

O chocolate é um produto muito apreciado, mas deve ser consumido sem exageros. Quanto maior for o teor de cacau no chocolate, mais sau-dável ele é, explica a nutricionista Natalia Chede. “O melhor sempre

Andressa sugere tortas, chococakes, macarrons, doces folhados, entre ou-tros, para um público mais adulto sa-borear na Páscoa. Para os pequenos, a sugestão são cupcakes, brigadeiro gourmet com sabores variados. Já “os bombons são muito procurados pelas mulheres para presentear sogras e amigas”, ressalta Andressa. Estes po-dem ser bombons temáticos com coe-lhinhos e diversos recheios como tru-fa, strogonoff de nozes e até damasco.

Para os apreciadores de chocolate, a pâtisserie trabalha ainda com pro-dutos orgânicos. Ano passado, ela lançou a coleção “Brasileiríssimo”, com chocolate orgânico (sem leite e gorduras) no formato do fruto cacau e colorido de acordo com o teor de cacau que o chocolate contém.

Ovos recheados

Apesar dos diferentes tipos de doces, os ovos de Páscoa não deixam de ser as vedetes desta época. Existem de variadas decorações, cores e aromas. E ovo de colher, já experimentou?

“Dá para fazer de diferentes sabores e até criar novos, se o cliente prefe-rir”, conta a chef de confeitaria Flávia

os curitibanos (73%) são os maiores consumidores

do produto no Brasil, segundo pesquisa

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

Modelos de Ovos de Páscoa: linha de produtos orgânicos e com o formato do cacau (à esq.), ovos tatuados inspirados em técnicas francesas (à dir.)

Braulio Delai

And

ress

a S

chm

idt

Page 58: Revista MÊS 14

58 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

é optar pelos orgânicos, meio amargo ou amargo, pois eles contêm menor teor de açúcar e gordura hidrogena-da”, explica Natália.

Quem tem doenças como diabetes e intolerância à lactose deve se cuidar nesta época. Os diabéticos podem optar pelos chocolates com pouco teor de açúcar (dependendo do grau

da doença e do quanto à pessoa pode ingerir) e com adoçante natural, nun-ca o artificial. “Eu não recomendo o chocolate diet, pois apesar de não conter açúcar, contém mais gordura hidrogenada para dar a mesma con-sistência que o chocolate comum”, adverte Natália. “É importante que o diabético coma o chocolate logo após a refeição, nunca em jejum”.

Já para as pessoas com intolerância à lactose ou vegetarianos, hoje o mer-cado possui marcas especializadas em chocolates sem leite, somente com o cacau. Uma alternativa são os produtos a base de alfarroba. Esse alimento é um fruto da alfarrobeira, uma árvore nativa da costa do Medi-terrâneo, que substitui o cacau e con-tém menor teor de gordura.

pÁsCOa COM a FaMília

que taL SurPreender a FaMíLIa neSta PáSCOa? a chef andreSSa SCHMIdt PreParOu uMa reCeIta eSPeCIaL aOS LeItOreS da MÊS Para VOCÊ reunIr a FaMíLIa e PreParar uMa SOBreMeSa GOStOSa e CrIatIVa

VErrinE aOs trÊs ChOCOlatEs

inGREDiEnTES PARA A CALDA DE ChoCoLATE:200 ml de creme de leite200 g de chocolate meio amargo picado

PREPARo DA CALDA DE ChoCoLATE:Levar ao fogo em banho maria incorporando os ingredientes.

inGREDiEnTES PARA o CREME DE ChoCoLATE:300 ml de leite integral100 g de chocolate ao leite picado1 colher (sopa) de baunilha2 gemas3 colheres (sopa) de açúcar2 colheres (sopa) de farinha

PREPARo Do CREME DE ChoCoLATE:Levar ao fogo o leite e o chocolate até derreter.Juntar a baunilha e reservar.Bater as gemas com o açúcar e juntar à farinha. Misturar ao leite e levar ao fogo até engrossar. Reservar.

inGREDiEnTES PARA o CREME DE GEnGiBRE:200 ml de leite integral100 g de gengibre ralado400 g de chocolate branco picado150 g de creme de leite75 g de gengibre cristalizado em cubos pequenos

PREPARo Do CREME DE GEnGiBRE:Ferver o leite e o gengibre ralado por aproximadamente 3 minutos.Acrescentar o chocolate e o creme de leite até formar uma mistura homogênea.Colocar o gengibre cristalizado e reservar.

MonTAGEM:Usar taças transparentes.Colocar o creme de gengibre, depois o creme de chocolate e por último a calda.Pode-se decorar com raspas de chocolate.

culinária&gastronomiaM

arga

reth

Gor

ia /

Stu

dio

M

Page 59: Revista MÊS 14

• Banca da Praça Osório • Banca da Praça da Espanha • Banca da Praça da Ucrânia • Banca da praça de santa Felicidade • Brioche Pães e Doces | 3342-7932. av. 7 Setembro, 4416 | Centro • Delícias de Portugal - 3029-7681. av. 7 de Setembro, 4861 | Batel• Fran´s Café - 3018-7049. rua doutor Carlos de Carvalho, 1262 | Batel • Pata Negra - 3015-2003. rua Fernando Simas, 23 | Batel • Panificadora Paniciello - 3019-7137. av. Manoel ribas, 5965 | Cascatinha • Panettiere - 3014-5334. av. Cândido Hartmann, 3515 • Madalosso - 3372-2121. av. Manoel ribas, 5875 | Santa Felicidade • Vinhos Durigam - 3372-2212. av. Manoel ribas, 6169 | Sa Felicidade• Dom Antônio - 3273-3131. av. Manoel ribas, 6121 | Santa Felicidade • Tizz Café - 3022-7572. al. doutor Carlos de Carvalho, 1345 | Batel• Academia Gustavo Borges - 3339-9600. rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 85 | Campina do Siqueira • Adega Brasil - 3015-3265. av. Cândido Hartmann, 1485 | Mercês • Kauf Café - 3015-6114. al. dr. Carlos Carvalho, 608 | Centro • Cravo e Canela Panificadora - 3015-0032. rua Jacarezinho, 1456 | Mercês • Babilônia - 3566-6474. al. dom Pedro II, 541 | Batel • Cravo e Canela Panificadora - 3027-4890. Hugo Simas, 1299 | Bom retiro

A Mês está sempre ao seu lado. Em todos os sentidos.

todos os meses, você encontra a revista Mês nas principais bancas e nos melhores lugares de Curitiba. Para recebê-la gratuitamente em sua casa ou trabalho, basta enviar o seu

nome e endereço para [email protected]. Tudo para estar sempre junto de você.

pOntOs dE distribuiçãO

Page 60: Revista MÊS 14

60 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

cultura&lazer

Curitiba é a primeira capital brasileira a receber a exposição do renomado fotógrafo lituânio, Antanas Sutkus

um pedaço da lituânia em Curitiba

m olhar perdido e inquie-to. Distante, doce e dra-mático. De um menino travesso, órfão ou triste.

Ninguém sabe a real história daque-le menino retratado pelo renomado fotógrafo Antanas Sutkus. Este é o personagem da fotografia “Pioneiro”, produzida em 1964. Um dos milha-res cliques deste artista lituânio. Em meio a um acervo com mais de um milhão de fotos, Sutkus escolheu 120 imagens de suas obras para compor a exposição “Antanas Sutkus: um olhar livre”, em cartaz no Museu Os-car Niemeyer (MON) até 20 de maio. Curitiba é a primeira cidade do País a receber a exposição.

A cada fotografia, a vida de pessoas, sejam elas jovens ou idosas, brincan-do ou trabalhando vão sendo revela-das. Todas as fotos foram tiradas por Sutkus após os anos 1950, quando ele iniciou sua carreira, e retratam o modo de vida e a cultura das pessoas do Norte da Lituânia em meio a um período de regime comunista. Mesmo com o contexto político complicado e de forte censura, o fotógrafo con-seguiu escapar desses entraves, cons-truindo seu trabalho num período de guerras e repressão. Desta forma, re-gistrou um cenário do Leste europeu que hoje percorre o mundo em ex-posição para manter viva a memória deste período dramático da História.

uBianca Nascimento - [email protected]

Em meio à censura, esta foi uma das fotos mais conhecidas e polêmicas de Sutkus e que rodou o mundo todo

Page 61: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 61

Ant

anas

Sut

kus

Kraw Penas

inauguraçãoNo dia 2 de fevereiro deste ano, a exposição foi inaugurada com a pre-sença do próprio Antanas Sutkus no MON. Luiz Gustavo Carvalho, cura-dor da mostra, viu pela primeira vez a exposição de Sutkus na Argentina, sentiu-se profundamente tocado pe-las fotografias. “Procurei por ele e lhe disse sobre a minha vontade de tra-zer suas obras ao povo brasileiro. E eu torcia muito para que a primeira cidade a recebê-las fosse Curitiba”,

explica Carvalho. A produção da ex-posição foi realizada pela empresa Ars et Vita.

Opinião de profissional para profis-sional. João Urban, fotógrafo reno-mado em Curitiba e autor de vários livros da área, só teve elogios para o trabalho de Sutkus. Para ele, ver as fotografias desse artista é uma opor-tunidade única de conhecer o trabalho de um fotógrafo tão renomado e ain-da desconhecido na América do Sul. “Aprecio muito a capacidade que

VidaCOnHeça O PerSOnaGeM deSSa HIStÓrIa

Nascido em 1939, na Lituânia, Antanas Sutkus é considerado um dos maio-res fotógrafos da antiga União Soviética e, por críticos e jornalistas, “o poeta entre os lituânios”. Além de ser um dos fotógrafos mais renomados, algumas características fazem das obras dele imagens tão peculiares e interessantes. A preferência por fotos em preto e branco é uma delas. “A fotografia artística tem que ser preta e branca. Eu já fiz uma série de fotos coloridas, ficaram lindas, mas elas servem somente para um tipo de trabalho. No geral, a foto-grafia artística tem que ser mesmo preta e branca”, explica Sutkus.

O fotógrafo explica também a diferença entre as câmeras analógicas e digitais. Para ele, a arte da fotografia está no momento do disparo. Por isso, a câmera digital limita e reduz a responsabilidade do fotógrafo. Em sua opi-nião, os fotógrafos iniciantes que realmente apreciam a arte, jamais deixarão de usar as câmeras analógicas. “Eles e as pessoas que apreciam uma fotogra-fia artística estão voltando para as câmeras analógicas e estão comprando-as cada vez mais”, ressalta Sutkus.

Page 62: Revista MÊS 14

62 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

inFOrMaçõEswww.festivaldecuritiba.com.br

Antanas tem de produzir uma foto-grafia humanista e singela, enfren-tando com uma invejável habilidade política os malefícios que o período stalinista causou no Leste europeu”, lembra. “Ele conseguiu, mesmo com essas dificuldades, resgatar com mui-ta força, poesia e amor, o modo de vida singelo da população que viveu aquela grande experiência, nos dei-xando ensinamentos repletos de cari-nho e esperança”, reflete Urban.

cultura&lazer

arte, pra que te quero?

Público curitibano mostra que quer arte sim e mais: a cidade será palco da 21ª edição do Festival de Teatro com 410 espetáculos em 13 dias

uzes, artistas, ação! Uma bem-vinda enxurrada de arte vai invadir Curitiba entre 27 de março a 08 de

abril. Este ano, o Festival de Teatro de Curitiba chega a sua 21ª edição, tra-zendo oito estreias nacionais e mais 402 espetáculos por toda a cidade. A programação conta com a apresenta-ção de 2.800 artistas em 74 espaços, sem deixar de fora as ruas curitibanas.

“O curitibano é muito cultural, então eu acho que é um povo que prestigia. Bacana estar aqui e conhecer tanta gente”, afirma Juliana Barone, atriz que vem ao Festival na peça “Es-cravas do Amor”, dirigida por João Fonseca da companhia “Os Fodidos Privilegiados”, que também comple-ta 21 anos este ano. Ano passado, o público prestigiou em peso. Foram quase dois milhões de espectadores.

Essa efervescência cultural na Capi-tal que já acontece por duas décadas sem interrupção trará, neste ano, como destaque, novos dramatur-gos e releituras de antigas peças, a

l

Div

ulga

ção

exemplo de dois textos em come-moração ao centenário de Nelson Rodrigues. “A gente está num dos mais importantes festivais do Bra-sil. Já estive aqui, foi uma delícia. Agora, mais do que merecida uma homenagem a Nelson Rodrigues”, diz Sérgio Maroni, ator que contra-cena com Juliana na peça do escri-tor consagrado.

Uma novidade será um espaço iné-dito para o público adulto na “Mos-tra XXX”. Continuam no Festival espaços de humor, como o Risora-ma; a manifestação gastronômica do Gastronomix; espetáculos para a criançada no Guritiba e, além disso, é claro, o Fringe (mostra paralela) que completa 15 anos de muito ex-perimentalismo e de democracia à arte. Os ingressos já estão à venda desde o dia 17 de fevereiro. Os va-lores dos espetáculos variam de en-trada franca até R$ 50 nos pontos de venda dos shoppings Mueller, Palla-dium e Parkshopping Barigui.

Arieta Arruda - [email protected]

“No geral, a fotografia artística tem que ser preta

e branca”, diz Sutkus

sErViçO

eXPOSIçãO “antanaS SutkuS: uM OLHar LIVre”

2 de fevereiro a 20 de maio

LoCAL Museu Oscar Niemeyer (MON)

ViSiTAção De terça a domingo, das 10h às 18h

inGRESSoS R$ 4,00 e R$ 2,00 para professores e estudantes com identificação

inFoRMAçõES (41) 3350 – 4400 ou www.museu-oscarniemeyer.org.br

Roberto Dziura Jr.

A exposição mostra o acervo do fotógrafo com 120 imagens desde a década de 1950

Não dê chance ao mosquito da dengue. Se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha sempre a boca para baixo.

Page 63: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 63

Não dê chance ao mosquito da dengue. Se for guardar garrafas de vidro ou plástico, mantenha sempre a boca para baixo.

Page 64: Revista MÊS 14

64 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

etiquetaAutora: Danuza LeãoEditora: Agir

FicçãoAutora: Martin, George R. R.Editora: Leya Brasil

romanceAutor: Saramago Editora: Companhia das Letras

Guia Autor: Claudio RomanichenEditora: Positivo

Arieta Arruda - [email protected] do mês

1vo

lume

Líng

ua Por

tugu

esa

para

estra

ngeiro

s

Contém

de áudio

LI

VRO DO

professor

Clau

dio R

oman

ichen

Lin

gua P

ortugu

esa para estran

geiros

1

Os livros da coleção Viva! Língua Portuguesa para estrangeiros destinam-se aos estudantes, interessados em aprender o idioma português como mais uma língua moderna.

Composto de atividades dinâmicas e variadas de leitura, escrita, conversação e compreensão auditiva, pautadas em textos atuais e autênti-cos, os livros da coleção Viva! Língua Portuguesa para estrangeiros oferecem aos alunos e profes-sores uma rica experiência em interculturalida-de e comunicação.

A coleção é composta por quatro volumes, sen-do: volume consumível para os alunos, volume para o professor e CD de áudio para textos, can-ções e vídeos, em cada volume, de acordo com o respectivo conteúdo programático.

Viva! Língua Portuguesa para estrangeiros. Ago-ra você pode estudar e aprender a língua portu-guesa numa abordagem comunicativa, funcio-nal e prazerosa.

É tudo tão simplesSem regras rígidas de etiqueta para ser feliz. É assim que Danuza Leão resolveu encarar a vida nos últimos tempos. O resultado de suas experiências tornou-se páginas com algumas dicas e situações que ela julga serem essenciais para tornar a vida mais simples. O casamento entre simplicidade e felicidade, segundo ela, está dando certo. Para isso, se desfez de alguns itens de luxo, como sapatos, roupas e hoje vive com menos. Uma das dicas é cuidar das extremidades do corpo: pés, mãos, mas principalmente, da cabeça (por dentro e por fora). E não ostentar, porque “cara de rica envelhe-ce”, ironiza Danuza.

O Festim dos Corvos, as Crônicas de Gelo e Fogo - Vol. 4

Uma saga que promete ser um grande sucesso desde a obra “O Senhor dos Anéis”. A obra traz em um am-biente medieval e misterioso muitas mortes, intrigas, tramas e o triunfo de traidores. A história conta uma reviravolta nos Reinos, com direito a lobos, dragões, rainhas e súditos. Trata-se de uma trama complexa e cheia de meandros que tem mais de 640 páginas (não se assuste, pois o manuscrito tinha mais de 1.500!). Por conta disso, o autor resolveu contar somente as histórias de alguns personagens neste volume, pois no segundo semestre já está previsto outra obra: “A Dan-ça dos Dragões”, que vai abordar o enredo envolvendo o restante dos personagens.

Claraboia A obra foi escrita quando o gênio português da Lite-ratura tinha 30 anos, sob o pseudônimo de Honorato. Depois disso, a obra se perdeu e só agora foi possível sua publicação. A história se passa em um prédio de Lisboa, contando os casos de seis famílias. Um enlace intrigante de pessoas e histórias. O livro traz também uma coincidência. Uma das personagens, Carmen, é uma espanhola de mal com a vida, na obra o autor cita o provérbio: “Da Espanha nem bons ventos, nem bons casamentos”. Apesar de maldizer as espanholas, Sara-mago anos mais tarde casou-se justamente com uma espanhola que era sua fã.

Coleção Viva! Em tempos de o Brasil ser moda no exterior, é cada dia mais crescente o interesse dos estrangeiros em aprender o português local. Segundo o Departamento de Estrangeiros da Secretaria Nacional de Justiça, houve um aumento de 50% (de 961 mil para 1,466 milhão de imigrantes) do número de pessoas de outros países regulares no País ante a 2010. O trampolim para este fenômeno são os eventos esportivos: Copa e Olimpíadas. Visando esse público, a editora Positivo lançou a Coleção Viva! para ensinar o português a estrangeiros. É uma coleção com livros e áudios para popularizar nossa língua.

Page 65: Revista MÊS 14

REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012 | 65

APRESENTA

DESENHISTA DEPRODUÇÃO

DIRETOR DEFOTOGRAFIAEDIÇÃO

DIREÇÃO

EM ASSOCIAÇÃO COM UMA PRODUÇÃO

COM E MÚSICA

PRODUTORESEXECUTIVOS

ESCRITOPOR

ROTEIRO PRODUÇÃO

WWW.FURIADETITAS2.COM.BR WWW.WARNERBROS.COM.BR

DISPONÍVEL TAMBÉM EM 2D VERIFIQUE A CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA DO FILME

30 DE MARÇONOS CINEMAS

Arieta Arruda - [email protected] Renato Sordi

dicas do mês

Indie rockBanda AirGravadora: Astralwerks

le Voyage dans la luneDevem restar poucos grandes desafios para uma banda que reinventou a música ele-trônica. Então, os franceses do Air, Nicolas Godin e Jean-Benoit Dunckel, aceitaram refazer a trilha sonora do primeiro filme de ficção cientifica da história, Le Voyage Dans La Lune, do diretor George Méliès, de 1902. Do projeto, surgiu a nova trilha sonora – o filme tem apenas 14 minutos – e um álbum contendo 11 faixas e 31 mi-nutos. O disco é o sétimo da banda. Nele, o Air imprimiu novamente, e com extrema maestria, suas digitais carregadas de tintas eletrônicas espaciais e impressionistas, resultando numa jornada musical provocadora e estimulante.

Pop Madona Gravadora: Interscope Records

MdnaEste mês, chega o tão esperado álbum da rainha do Pop, Madona. Desde 2008, a cantora não lançava novos hits. Um tempo fora dos palcos por conta de seu trabalho no cinema, agora de volta, aos 53 anos Madona está em plena forma e chega com novida-des para botar pra quebrar nas paradas de sucesso com o MDNA. A música de trabalho “Give Me All Your Luvin” já está dando o que falar, com tom bem dançante e fazendo referência a uma paixão norte-americana (futebol americano), a musa fará turnê pelo mundo levando seu novo som. A estimativa é que ela venha também para o Brasil.

MPBAlexandre NeroGravadora: Discobertas

“Vendo amor”Dono de oito discos e no terceiro álbum solo lançado no fim do ano passado, o paranaense Alexandre Nero mostra mais de sua arte. O compositor, instrumentista e ator está fazendo sucesso na novela “Fina Estampa” e num intervalo e outro produziu o trabalho: “Vendo Amor”. Suas músicas trazem referências ao mundo do circo e as fanfarras de cidade pequena. Muitos instrumentos de sopro e um ar lúdico embalam as canções deste trabalho. Este ano, ele pretende brindar o público com a gravação de um DVD em Curitiba, provavelmente, em maio.

Soul musicAmy Winhouse Gravadoras: Universal (CDS) / Republic (VINIL)

lioness: hidden treasuresEste é o primeiro álbum póstumo da inglesa Amy Winehouse. O disco é formado por músicas inéditas – que não foram lançadas oficialmente –, demos e lados B, escolhi-das pelos produtores Mark Ronson e Salaam Remi. Amy aparece desenvolta e con-fiante, mas claramente imersa num ambiente cheio de tormentas e desencontros. Uma pena que o disco não traga grandes contribuições para a curta e profícua carreira de Amy. Vale pela curiosidade de ouvir covers e parcerias, como a gravação de Garota de Ipanema e “Body and Soul, com Tony Bennett.

Page 66: Revista MÊS 14

66 | REVISTA MÊS | MARÇO DE 2012

opiniãoPaulo BernardoMinistro das Comunicações

Gustavo FruetEx-vereador e deputado federal e

presidente do PDT de Curitiba

Rob

erto

Dzi

ura

Jr.

omenagens prestadas não podem ter apoio em frases feitas, enumerando datas, passagens, personagens e loas. Fazer isso é abdicar da espontaneidade e flertar com

o óbvio. E a obviedade, sabemos, não é espaço ade-quado para homenagens verdadeiras, sentidas.

Olhe para um filho, seu filho. Suas frases, seus ges-tos, suas descobertas, suas dúvidas, nada soa ordiná-rio. Variam as intensidades, as qualidades, as quan-tidades, mas ele sempre participa do seu universo particular e imediato. Não existe magia ou poesia barata nisso, existe sim uma construção diária que contempla doação, respeito e diálogos compartilha-dos. A certidão de nascimento importa, mas o que legitima esta relação está além. Um pai, uma mãe, nos ensina a sabedoria po-pular, é quem cria e não só quem gera. E esta criação naturalmente pede resultados, que devem ser trabalhados e não autoritariamente cobrados.

Nossa relação com a cidade em que vivemos, em muitos sentidos, deveria ser assim. É saber cuidar dos espaços e equipamentos urbanos. Fortalecer as trocas entre a cidade e sua gente. Entender susten-tabilidade como responsabilidade de todos, que su-pera modismos e incorpora consciências. É produzir sabedoria sem preconceitos. Crescer sem excluir nada ou ninguém. Fazer política cotidianamente. Vibrar em paz com o Coxa, o Furação, o Paraná, quaisquer que sejam as cores do coração. Encantar-

-se com nossas esquinas, nossas casas, descobrir re-cantos, reencontrar lugares da infância. Ter orgulho de seus marcos, seus monumentos, não porque são marcos mas porque são nossos. Sorrir com nossa gente, pra nossa gente, gente nova, gente conhecida, gente de verdade, mostrando para o mundo nosso afeto ímpar, que, cá entre nós, só sendo curitibano para entendê-lo de verdade.

É fazer tudo isso e tudo mais que cabe na capital dos paranaenses com denodo, com afeto, com exatidão, com responsabilidade, revelando um imenso sentido materno ou paterno (diferente de paternal, importan-te frisar) na sua relação com a cidade.

Curitiba é filha, é irmã, é mãe, é amiga presente, reunião di-versa de desafios e conquis-tas, grande soma de números, de valores, de idades que hoje somam trezentos e dezenove.

Cidade de sotaques, de referências, de empreendedo-res, cidade que aprendeu a ser vanguarda e cosmopo-lita e não admite parar no tempo e ficar pra trás. Se seu sistema viário já serviu de exemplo, tê-lo novamente como referência – e não somente como motivo de pre-ocupações – dependem de nós, das escolhas que faze-mos, dentro e fora do trânsito.

É nosso dever acolhê-la, respeitá-la, edificá-la, com senso coletivo, filha e mãe de todos nós, que muito nos dá de peito aberto e que merece, em troca, nossa participação cidadã e nossa sincera homenagem.

h

O sentido de uma homenagem

nossa relação com a cidade em que vivemos, em muitos sentidos, deveria ser assim

venhaVa

lter C

ampa

nato

/AB

r

Page 67: Revista MÊS 14

venha

Page 68: Revista MÊS 14