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  • 148 CINCIAS DA RELIGIO HISTRIA E SOCIEDADEv. 9 n. 2 2011

    UM ESTUDO SOBRE A CONVERSORELIGIOSA NO PROTESTANTISMO

    HISTRICO E NA PSICOLOGIASOCIAL DA RELIGIO

    Antnio Mspoli de Arajo GomesPs-doutor em Histria das Ideias pelo Instituto de Estudos Avanados da Universidade de So Paulo (USP) e doutor em Cincias da Religio pela Universidade Metodista de So Paulo (Umesp). Professor Titular na Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM).

    E-mail: [email protected]

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    R E S U M O

    O Brasil vive uma efervescncia religiosa sem precedentes. O crescimento das Igrejas evanglicas, e mesmo daqueles que se declaram sem religio, atesta esse fato pelas pesquisas realizadas pelos ltimos dois censos, o de 2000 e o de 2010. Tradicionalmente, o protestantismo alimenta seu cres-cimento por meio da converso de fiis. A reviso da literatura esbarrou na falta de textos sobre o tema. A fim de suprir essa lacuna, o autor lanou mo de textos em francs e ingls sobre o assunto, todavia tambm bas-tante rarefeitos. A reviso da literatura estabeleceu-se ao redor do tema da converso religiosa por meio de uma pesquisa realizada entre convertidos ao protestantismo histrico e pentecostal no Brasil. O tema da conver-so religiosa complexo e muito relevante atualmente, porque est ligado ao renascimento da religio como fenmeno social de massa, produzindo a revitalizao religiosa contempornea das grandes tradies religiosas. Trata-se de um fenmeno bastante comum e intenso no Brasil contem-porneo, como bem demonstrou o censo religioso de 2000. Esta pesquisa busca analisar o termo converso no protestantismo histrico e na psico-logia social da religio.

    P A L A V R A S - C H A V E

    Converso; protestantismo; psicologia social da religio; psicologia da con-verso; religio.

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    1 . I N T R O D U O

    O tema da converso vem despertando o interesse de pesquisadores no Brasil. Entretanto, as pesquisas sobre a con-verso e adeso no protestantismo brasileiro so escassas. Des-taca-se aqui o trabalho do pesquisador Ednio Vale (2002) Converso: da noo terica ao instrumento de pesquisa e o artigo Converso ao Pentecostalismo e alteraes cognitivas e de identidade, de Stadtler (2002). Outra pesquisa importan-te a realizada por Rafael Shoji (2002), Uma perspectiva analtica para os convertidos ao Budismo japons no Brasil.

    O Brasil atravessa uma onda conversionista sem precedentes. O brasileiro mdio nunca se distinguiu pela sua adeso a essa ou aquela igreja. Seu comportamento religioso sempre foi de tipo de bricollage. A identidade religiosa do brasileiro costuma ser um mix por ele mesmo construdo com materiais retirados de procedncias bem diferenciadas, mas que para ele no se apre-sentam como contraditrias. A razo de tal fato talvez esteja no carter majoritariamente cultural de um catolicismo popular tecido com materiais de vrias culturas de base. Com a entrada das religies protestantes, no sculo XIX, criaram-se parme-tros e exigncias de pertena mais definidos. Tambm dentro da religio dominante o catolicismo deram-se movimentos pastorais que levaram as elites religiosas deste agrupamento ma-joritrio a uma maior conscincia de pertena e, por vezes, a experincias diretas de converso em massa. Manteve-se, no en-tanto, a tendncia geral bricolagem religiosa, que d margem a uma organizao mais livre da identidade religiosa pessoal (VALE, 2002, p. 6).

    A reviso da literatura esbarrou na falta de textos sobre o tema. A fim de suprir essa lacuna, o autor lanou mo de textos em francs e ingls sobre o assunto, mas tambm bas-tante rarefeitos. A reviso da literatura estabeleceu-se ao redor do tema da converso religiosa por meio de uma pesquisa rea-lizada entre convertidos ao protestantismo histrico e pentecostal no Brasil. O tema da converso religiosa complexo e muito relevante atualmente, porque est ligado ao renascimento da religio como fenmeno social de massa, produzindo a revitali-zao religiosa contempornea das grandes tradies religiosas.

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    Trata-se de um fenmeno bastante comum e intenso no Brasil contemporneo, como bem demonstrou o censo religioso de 2000.

    O renascimento do tema est ligado efervescncia reli-giosa e espiritual que marcou a segunda metade do sculo XX e o incio do sculo XXI, criando a necessidade de reflexo sobre a converso e o espao prprio para as pesquisas, nesse campo, em cincias humanas e sociais.

    A converso tem uma histria profunda, especialmente porque ela precede o aparecimento de todas as grandes tradi-es religiosas, em especial as monotestas, e fornece um dos modos de expresso do encontro entre o homem e a divindade, seja na experincia individual, seja na tnica ou na coletiva.

    A riqueza do tema tambm a sua dificuldade por to variados ngulos de estudo que podem iluminar o fenmeno. A reviso da literatura que, em cincias sociais, trata do fenmeno da con-verso, destaca a falta de consenso sobre uma definio terica do conceito e metodologia para seu estudo. Questionando a especificidade do conceito de converso em relao ao conceito mais amplo de mudana social, alguns negam a mesma existncia do tema da converso como um objeto cientfico. A heterogenei-dade de abordagens , em parte, devida diversidade de discipli-nas que abordaram o assunto: historiadores, telogos, socilo-gos, psiclogos, antroplogos, cada um lanou seu prprio olhar sobre o fenmeno da converso (MOSSIRE, 2007, p. 2-3).

    Essa pesquisa busca analisar o termo converso no pro-testantismo histrico e na psicologia social da religio.

    2 . O R I G E N S H I S T R I C O S O C I A I S D O P R O T E S T A N T I S M O B R A S I L E I R O

    No segundo quartel do sculo XIX, no Brasil, comea-vam a despertar os interesses econmicos e polticos da Europa e dos Estados Unidos da Amrica, ocasio em que este ltimo iniciou o envio sistemtico de missionrios protestantes para o pas. O protestantismo missionrio, como se apresentava no Brasil, quer fosse britnico, quer escocs ou norte-americano,

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    era protestantismo ortodoxo, avivalista, conversionista, revi-gorado pelo metodismo e pela ideologia das misses, confor-me Antnio Gouva de Mendona (1995, p. 71-79).

    Para esse posicionamento dos primeiros psiclogos da religio, contribuiu, sem dvida, o fato de o Protestantismo norte-ame-ricano estar passando, na virada do sculo XIX, por transforma-es culturais de peso. Verificava-se nos Estados Unidos uma mudana econmica de grande porte. Era a fase inicial da urba-nizao que trazia, por sua vez, um questionamento s igrejas constitudas e gerava um desprendimento das pessoas em rela-o s suas prticas e doutrinas. Da o surgimento de um sem nmero de seitas, marcadas pela convivncia intensa dos membros, pelo ardor missionrio e pelo sentido de um toque direto de Deus ou do sagrado. neste instante cultural que tem incio a atrao ocidental mais explcita pelas mensagens que vinham, com cada vez maior intensidade e pregnncia, do Oriente (VALE, 2002, p. 3).

    O protestantismo brasileiro teve suas origens nos inte-resses comerciais de ingleses e norte-americanos, como ainda no calvinismo missionrio pietista norte-americano do sculo XIX (MACIEL, 1972; MENDONA, 1995). J em 1832, a recm-criada Sociedade Americana de Amigos dos Martimos (American Seamens Friend Society), em virtude do grande nmero de navios americanos que aportava no Rio de Janeiro, decidira que aquele porto necessitava de um capelo protes-tante (VIEIRA, 1980).

    Os americanos e, em especial, os protestantes norte-ame-ricanos eram representados no Brasil como pregoeiros do pro-gresso cientfico e tecnolgico, os heris civilizadores (BASTOS, 1938). Os missionrios reforaram essa imagem e a veicularam em alguns meios intelectuais e polticos brasileiros (KIDDER; FLETCHER, 1941; VIEIRA, 1980; GOMES, 2000). O Cor-reio Mercantil de 17 de maio de 1855 publica uma notcia importante sobre uma exposio industrial realizada por Fletcher, missionrio presbiteriano, no Rio de Janeiro. A exposio industrial, aberta ao pblico por dois dias, foi um sucesso. A Sociedade de Estatstica reuniu-se no museu durante o evento e seu presidente, o visconde de Itabora, inspetor-geral do recm-estabelecido Departamento de Educao

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    Primria e Secundria, pediu a Fletcher para falar na reunio. Fletcher, nessa ocasio, ventilou seus planos e suas esperanas de ver o Brasil e os Estados Unidos mais intimamente unidos.

    Nas prximas linhas, sero esboadas algumas imagens do protestantismo brasileiro, no panorama das abordagens de seus principais autores. As publicaes sobre o protestantismo brasileiro classificam-se at aqui em estudos de carter histri-co e estudos de carter sociolgico.

    3 . E S T U D O S D E C A R T E R H I S T R I C O S O B R E O P R O T E S T A N T I S M O

    B R A S I L E I R O

    Lonard (1963) teceu algumas consideraes sobre as relaes entre protestantismo norte-americano e classe social na realidade brasileira. No entanto, sua obra no privilegia os aspectos sociolgicos e antropolgicos dessa questo. Ela con-tinua sendo uma referncia obrigatria a todos aqueles que se iniciam no estudo do protestantismo brasileiro.

    A histria de parte do protestantismo reformado, da Igreja Presbiteriana, foi desenvolvida por Boanerges Ribeiro (1973, 1979, 1981, 1987, 1991) em diferentes obras, nas quais o autor aplica a teoria antropolgica estruturalista de Muller (1958), Os elementos basilares das organizaes huma-nas, e estabelece as relaes entre a implantao da Igreja Pres-biteriana e as condies sociais existentes nos sistemas jurdi-cos, polticos e religiosos, bem como na cultura brasileira do sculo XIX. Ele analisou ainda os processos culturais que acompanharam a implantao do protestantismo no Brasil, destacando a contribuio protestante na mudana do sistema religioso, de religio oficial para liberdade de culto; mudana no sistema de ensino e presena de missionrios, injetando a pedagogia norte-americana, que proporcionava mais liberdade nas escolas por suas ideias, consideradas liberais para a poca.

    Em 1959, The United Presbyterian Centenary Commis-sion publicou Presbiterianismo no Brasil, 1859-1959; Hahn (1989) escreveu a Histria do culto protestante no Brasil; Matos (2004) publicou Os pioneiros presbiterianos do Brasil, 1859-1900.

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    4 . E S T U D O S D E C A R T E R S O C I O L G I C O

    Vieira (1980) esclareceu a questo relacionada com a Igreja Catlica, a maonaria e o protestantismo no Brasil, de-monstrando que houve de fato certa cooperao entre elementos liberais manicos, republicanos, protestantes norte-americanos e outros grupos minoritrios, contra a hegemonia religiosa da Igreja Catlica Apostlica Romana no Brasil at a proclamao da Repblica. Maciel (1972) escreveu sua tese de doutorado sobre a importao do pietismo protestante para o Brasil por meios das denominaes batistas, metodistas e presbiterianas e as relaes dessas denominaes com a ideologia dominante.

    Mendona (1995), utilizando a tipologia de Weber (1994, 2004), escreveu uma histria social do protestantismo e demonstrou trs proposies bsicas sobre a implantao do protestantismo de feio presbiteriana no Brasil. A primeira afirma que a insero do protestantismo brasileiro ocorreu em um momento histrico propcio, no qual a mensagem protes-tante representava os anseios liberais progressistas para a socie-dade de ento de parte significativa das camadas sociais. A segunda relaciona protestantismo e classe social ao demonstrar que a aceitao da mensagem protestante ocorreu na camada livre e pobre da populao rural marginalizada e descom-promissada com os problemas sociais do pas. A terceira tese do autor relaciona o percurso do movimento protestante com o perodo da chamada cultura cafeeira. Isto , o crescimento da Igreja Protestante teria seguido a trilha do surto do caf, especialmente no Sudeste. Alm dessas contribuies, Mendona (1995) percebeu a identificao das representaes sociais do protestantismo brasileiro com a ideologia do protes-tantismo de misses norte-americanas, a qual engendrou a difi-culdade dessa ideologia de prosperar no Brasil, em virtude do choque produzido com a ideologia ibrica e catlica dominante.

    Mendona e Velsquez Filho (1990) analisaram as ori-gens do protestantismo de procedncia missionria no Brasil, a partir das suas determinaes teolgicas e scio-histricas de origem norte-americana, como tambm concluram que o protestantismo, como fora modernizadora liberal, durou rela-tivamente pouco e cedeu lugar a um movimento religioso de

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    carter fundamentalista e conservador, com implicaes profun-das sobre a tica e o comportamento do indivduo e da comu-nidade, tal como a rejeio dos valores e da cultura nativa co-mo forma de adeso pregao dos missionrios presbiterianos.

    Boanerges Ribeiro (1981) e Antnio Gouva Mendona (1995) observaram que o protestantismo brasileiro, em suas origens histricas, vem de duas matrizes: 1. o protestantismo de imigrao, formado por imigrantes alemes e ingleses de confisses luterana e anglicana, especialmente nos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina; 2. o protestantismo de matriz puritana, de misses, de natureza conversionista, abrangendo presbiterianos, metodistas, congregacionais, ba-tistas etc. Esses autores acrescentam outra vertente, ainda no pesquisada no Brasil, e que se encontra de igual modo na g-nese do protestantismo brasileiro: o protestantismo de ex-lio, nos quais se incluem os presbiterianos sulistas norte-ame-ricanos, que vieram para Campinas, Santa Brbara do Oeste e Americana, aps a guerra da secesso.

    Boanerges Ribeiro e Antnio Gouva Mendona consi-deram como constituintes do protestantismo brasileiro as de-nominaes formadas pelo chamado protestantismo histri-co: luteranos, presbiterianos, anglicanos, congregacionais etc. necessrio considerar, todavia, que a partir do primeiro quar-tel do sculo XX, esse protestantismo ganhou novos atores, com o advento do pentecostalismo, a verso moderna e emo-cional do protestantismo. J o neopentecostalismo surgiu na segunda metade do sculo XX, como dissidncia do primeiro. semelhana de Pierre Bastian (1994) e Willian Read (1967), esses autores consideram que a expresso protestantismo brasi-leiro deve ser bastante elstica, para abarcar os pentecostais e os neopentecostais, posto que consideram todos oriundos do mes-mo tero gerador: o protestantismo puritano norte-americano.

    Esse protestantismo de raiz missionria norte-america-na hegemnico na constituio do protestantismo brasileiro. E, em solo ptrio, produziu uma religio formal, legalista, tris-tonha, depressiva, cuja maior caracterstica a importao de paradigmas comportamentais do modelo cultural dos Estados Unidos. The way of life torna-se o paradigma do ideal a ser atingido pelo crente (como reconhecido o protestante no Brasil) e produz como consequncia aqueles comportamentos

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    estereotipados, como a tica da via negativa, quando o crente se torna conhecido exatamente pela lista de coisas que ele no faz: no bebe, no fuma, no dana, no joga etc. E o dio e rejeio, quase que absoluta, a todas as expresses da cultura brasileira, como observado por Antnio Mendona e Prcoro Velsquez Filho (1990). E a total condenao de toda e qual-quer expresso corporal nos cultos e fora desses e, particular-mente, o antema daqueles aspectos ligados ao corpo e se-xualidade brasileira, como a sensualidade, o erotismo, o chamego e o xod.

    O protestantismo brasileiro tem trs grandes afluentes: o protestantismo de exlio, cuja categoria inclui os congrega-cionais e os presbiterianos confederados de Campinas, Santa Brbara do Oeste e Americana, no Estado de So Paulo, todos oriundos da derrota da Guerra da Secesso no sul dos Estados Unidos; o protestantismo de imigrao, com os luteranos (PRIEN, 2001); e o protestantismo de misses, com os pres-biterianos do norte dos Estados Unidos, os metodistas e os batistas (REYLY, 1981; AZEVEDO, 1996).

    A teoria das representaes sociais, pela vertente de Durkheim (1989) e Berger (1985), foi aplicada por Ramalho (1976) e por Gomes (2000a, 2000b, 2003, 2006, 2008) no estudo das representaes sociais do protestantismo brasileiro.

    Ramalho (1976) pesquisou as relaes significativas en-tre a prtica ideolgica mais abrangente do protestantismo de misses norte-americanas no Brasil e a influncia dessas, na educao brasileira entre 1870 e 1940. Gomes (2000) pesqui-sou a relao entre as imagens do protestantismo histrico e suas representaes, bem como a relao dessas imagens com o ideal de progresso das elites paulistas da segunda metade do sculo XIX. Ainda, Gomes (2000b) pesquisou como as repre-sentaes do protestantismo brasileiro do sculo XIX serviram de atrao simblica para a formao da mentalidade empre-sarial de So Paulo, entre 1870 e 1914. Em trabalho recente, Gomes (2003) pesquisou as origens e as imagens do protes-tantismo brasileiro do sculo XIX. Gomes (2008) tambm pesquisou as representaes do corpo e da sexualidade no pro-testantismo brasileiro.

    Aps a anlise da literatura existente sobre o protestan-tismo como fenmeno do campo religioso brasileiro, registra-se que os estudos sobre esse tema at o presente momento no

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    consideraram as variveis de carter psicolgico que podem ser encontradas no comportamento e na experincia religiosa desse movimento.

    5 . C R E N A S S O B R E A C O N V E R S O N O P R O T E S T A N T I S M O

    O termo grego converso metanoia ou metanoien, tra-duzido por arrepender-se, mudar de ideia, mudar de sen-timento, mudar o modo de pensar e sentir (MOULTON, 1977, p. 266). Etimologicamente, a raiz latina da palavra d-lhe o sentido de mudana, transformao. Conversio. Mutatio, onia. Mudana de costumes para o bem, voltar-se para (COHEN, 1967, p. 329-385). Esse termo comporta uma ideia de transformao, tanto no nvel das crenas como no nvel das prticas. A dimenso de mudana de percepo do mundo representa de resto o nico consenso que os inves-tigadores em cincias sociais estabelecem em torno do concei-to. A converso evoca mudana de corao, um processo de mudana do senso de realidade, ou ainda, um desloca-mento da conscincia em seu sentido aterrador.

    No fim da Antiguidade romana, converter-se significava mudar a forma como se entende, se valoriza e se vive no mundo. Tratava-se de um processo essencialmente cognitivo, especial-mente levando a uma atitude de contemplao e misticismo. Mais tarde, no mundo bblico do antigo Israel e do judasmo, o ato da converso adquiriu um novo significado e marcou a passagem de uma existncia sem Deus a uma vida de f e fi-delidade a Deus. Essa experincia conduz ao arrependimento e reconciliao do indivduo, bem como a mudana no seu estilo de vida. As vises clssicas e bblicas supem que Deus a fonte de mudana e desenvolvimento e que a converso mudana na forma como o indivduo compreende e valoriza Deus e o seu mundo, vivendo de acordo com sua vontade (FINN, 1997). Essa abordagem, contudo, claramente in-fluenciada pelo dogma cristo e no poderia explicar os fen-menos atuais de converso religiosa dita mais extica, como a reverso no islamismo ou mesmo a converso ao budismo,

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    bem como todas as crenas relacionadas com a nebulosa ms-tica esotrica (CHAMPION, 1998). William James (1995, p. 126), em sua clssica definio de converso, relaciona a converso a uma ao da graa divina sobre o convertido:

    Converter-se escreve ele regenerar-se, receber a graa, sentir a religio, obter uma graa, so tantas outras expresses que denotam o processo, gradual ou repentino, por cujo intermdio um eu at ento dividido, e conscientemente errado, inferior e infeliz, se torna unificado e conscientemente certo, superior e feliz, em consequncia de seu domnio mais firme das realida-des religiosas. Isto, pelo menos, o que significa a converso em termos gerais, quer acreditemos quer no, que se faz mister uma operao divina direta para produzir uma mudana natural des-sa ordem.

    O termo converso utilizado tambm para caracterizar a entrada em uma nova religio, capaz de transformar a cos-moviso do sujeito, mudar a identidade do converso e alterar sua relao com a realidade e o mundo. Entretanto, parece que a grande mudana que ocorre na natureza do convertido diz respeito s suas percepes de Deus, de si mesmo e do mundo. Na verdade, o grau e o padro de mudana de afilia-o religiosa esto sujeitos a debate entre os autores.

    Alguns falam de uma transformao radical (NOCK, 1933), ou mesmo uma ruptura no sentido de uma reorganizao fun-damental do sistema de sentidos do indivduo (TRAVISANO et al., 1970). Outros autores conceituam a converso religiosa como uma mudana de ideologia ou o deslocamento de um universo de discurso por outro ou, o predomnio de um universo de discurso anteriormente perifrico ao status de uma autoridade primria (NEVE, MACHALEK, 1984, p. 170), ou uma mudana de paradigma (AUSTIN-BROOS, 2003; LACAR, 2001). Para muitos, a converso constitui mais um desloca-mento gradual de crenas (DOWNTON, 1980; LONG, HADDEN, 1983; MORRISON, 1992; RICHARDSON, 1978; SUCHMAN, 1992) ou um processo mltiplo, cumula-tivo, que consiste em diferentes fases (BALCH, 1980; BALCH, TAYLOR, 1977; GREIL, RUDY, 1984; RAMBO, 1993). Finalmente, h quem a considere de maneira mais dinmica

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    como uma negociao permanente entre um estado anterior e um estado posterior (BANKSTON et al., 1981; HORTON, 1975). No entanto, a maioria dos pesquisadores reconhece que se trata de um ato eminentemente social que altera todas as re-laes sociais e influencia a relao com a identidade, a comu-nidade, a etnia e estrutura social (BUCKSER, GLAZIER, 2003) (MOSSIRE, 2007, p. 7).

    Recentemente, o termo adeso vem sendo utilizado em oposio ao conceito de converso. Assim, o ato de adeso compreende qualquer forma de participao e assimilao em um movimento religioso, sem alterao sistemtica do estilo de vida; ao contrrio da converso, que envolve mudana no sistema de valores e viso de mundo. Em contraste, a conver-so indica transio para uma identidade proscrita do univer-so dos discursos anteriores da pessoa, mudana que implica uma conscincia de que uma grande mudana aconteceu, que o antigo estava errado e o novo o certo (NOCK, 1933, p. 6-7). Na converso, a ideia de consolidao, que envolve a adoo de um novo sistema de crenas ou de identidades, combina duas vises do mundo anteriores, todavia contradi-trias, enquanto a converso marca uma descontinuidade na vida do convertido.

    A religio do Velho Testamento desconhecia a noo de converso individual (GRONINGEN, 2003; xodo 24). A religio do antigo Israel era coletiva (RAD, 1957). Existia, po-rm, o sentido de arrependimento moral e emocional que po-de ser inferido pelas palavras Nacham, Nipphal e Shubh (Gen. 6:6; Gen. 6:7; x. 32:14; I Sm 15:11; GLASSER, 1992, p. 55-78). A ideia de religio coletiva evoluiu com a Thor para uma concepo peculiar de religio tnica (FILORAMO; PRANDI, 1999). O judeu nasce judeu, no precisa converter-se ao judasmo (COHREN, 2002).

    No Novo Testamento, especialmente com o apstolo Paulo, o conceito de religio coletiva evoluiu para o de aliana (Atos 2). O conceito de converso toma forma na patrstica, a partir da experincia de Saulo na estrada de Damasco quando, segundo a narrativa de Lucas, Jesus de Nazar o transforma em Paulo (Atos 9). Existem trs palavras no Novo Testamento que do sustentao doutrina da converso; so elas: Metanoia, Epistrophe, Metameleia (PEACE, 1999; II Tm 2:25; II Cor.

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    7:10). Das trs, a considerada a mais importante Meta-noia, que significa conhecer e mudar a mente a partir do co-nhecimento adquirido (BERKHOF, 1976, p. 573-576): Em todos os seus aspectos metanoia inclui uma oposio conscien-te a condio anterior.

    O conceito de converso foi construdo pouco a pouco. Ganhou fora na Patrstica, com as Confisses de Santo Agostinho, quando este narrou sua experincia de encontro com Deus (AGOSTINHO, 1984), no sculo IV da era crist, ganhando contornos definitivos. As Confisses de Santo Agostinho que, no cristianismo, marcaram mais significati-vamente a definio de converso. O conceito descrito co-mo uma experincia espiritual e transcendente, mas tambm altamente subjetiva e ntima. Nessa experincia, o sujeito, ouvindo o chamado divino de forma subjetiva e pessoal, deixa o mundo e volta-se para Deus. Dcobert (2001) observou que a converso ao cristianismo se expressa acima de tudo pela narrao. As primeiras mensagens sobre a converso ao cristia-nismo aparecem nas narrativas da Patrstica; inscrevem-se na literatura dos mrtires cristos e associam o fenmeno com a paixo no sentido etimolgico do termo, ou seja, uma expe-rincia ou mesmo um sofrimento profundo, uma identifica-o total com a vida e obra do Cristo.

    A evoluo do esquema narrativo da converso segue, em certa medida, o processo de difuso e institucionalizao do cristianismo. Os relatos so essencialmente testemunhos de um caminho para o cristianismo, cujas Confisses de Santo Agostinho consti-tuem o prottipo. Eles giram em torno do papel da f, da intros-peco e do autocontrole. com as primeiras tentativas de prose-litismo que o estilo narrativo se desenvolve em torno de um pecado original gradualmente assimilado a um estado de crise. Ele traduz, ento, uma tica da culpa (MOSSIRE, 2007, p. 5).

    A Reforma e a Contrarreforma organizaram a converso na teologia sistemtica. Considerada at aqui como um ato sobrenatural de Deus, a converso abre-se para dar lugar mudana de atitude do convertido diante de si mesmo e de Deus (LUTERO, 2008, p. 175; CALVINO, 1967, p. 451).

    O protestantismo considera a converso a partir da ex-perincia do apstolo Paulo no Caminho de Damasco (At. 9), considerado o modelo arquetpico dessa experincia e, segun-

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    do o modelo prefigurado por Santo Agostinho nas Confisses, um fenmeno sobrenatural e transcendental.

    Saulo, respirando ainda ameaas e morte contra os discpulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote e lhe pediu cartas para as sinagogas de Damasco, a fim de que, caso achasse alguns que eram do Caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalm. Seguindo ele estrada fora, ao aproximar-se de Damasco, subitamente uma luz do cu brilhou ao seu re-dor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Ele perguntou: Quem s tu, Senhor? E a resposta foi: Eu sou Jesus, a quem tu persegues; mas levanta-te e entra na cidade, onde te diro o que te convm fazer. Os seus companheiros de viagem pararam emudecidos, ouvindo a voz, no vendo, contudo, ningum. Ento, se levantou Saulo da terra e, abrindo os olhos, nada podia ver. E, guiando-o pela mo, levaram-no para Damasco. Esteve trs dias sem ver, durante os quais nada comeu, nem bebeu (Atos 9:1-9).

    Os estudos sobre a converso desse ponto de vista, por-tanto, no consideram os aspectos sociais e histricos que po-dem se encontrar subjacentes s experincias da converso.

    O mundo globalizado impe o que Berger (1985, 1997) denominou religio de mercado. A religio de mercado imps novas nuanas e novos contornos converso. Os termos, co-mo adeso religiosa, vm sendo paulatinamente utilizados co-mo sucedneos da converso, especialmente para se referir quelas experincias religiosas que no se enquadram no para-digma cristo (PAIVA, 2004).

    Seja, porm, adeso religiosa, seja converso, esses ter-mos aparecem associados ao trnsito religioso e construo da identidade do sujeito. O mercado religioso oferece diversas opes para a construo de novas identidades queles sujeitos cujas identidades se encontram em transio, mutao. A Re-forma e a Contrarreforma sistematizaram a converso na Teo-logia Sistemtica. Considerada at aqui como ato sobrenatural de Deus, a converso abre-se para dar lugar mudana de atitude do convertido diante de si mesmo e de Deus (LUTERO, 2008, p. 175):

    Antes da sua converso, Paulo, na verdade, falava com a mesma voz e lngua, mas sua voz e lngua eram, ento, blasfmias. Por

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    isso, no podia falar nada a no ser blasfmias e abominaes contra Deus. Aps sua converso a sua carne, lngua e voz eram as mesmas de antes e, absolutamente, nada havia mudado, mas a sua voz e lngua j no falavam blasfmias, mas palavras espirituais que consistiam em aes de graas e louvor a Deus e que vinha da f e do Esprito Santo. Se, portanto, ainda vivo na carne, no vivo base ou segundo a carne, mas pela f no Filho de Deus.

    Calvino considerava a converso como ato soberano de Deus sobre a vontade humana. Ele incluiu, no termo converso, o novo nascimento, que consiste em todos os aspectos relacio-nados com a ao de Deus e a resposta do homem a essa ao de Deus no corao humano. O homem, sob a influncia da ao de Deus em sua vida, nasce de novo, nasce espiritualmente e volta-se para Deus. Esse movimento seguido de mudana de atitude (CALVINO, 1967, p. 451, traduo do autor):

    Primeiramente, ao denominarmos converso de vida a Deus, exigimos uma mudana, no somente das boas obras externas e sim cmbio na alma propriamente dita; de tal maneira que, despojados do velho homem, produza frutos dignos de arrependimento.

    No protestantismo histrico, a partir da tradio refor-mada, diversos autores estudaram a doutrina da converso e formularam um modelo teolgico para essa experincia reli-giosa. De forma geral, a converso no protestantismo apresen-ta os seguintes elementos (HODGE, 1877; STRONG, 1907; BERKOFF, 1976):

    a) a converso pressupe uma ao sobrenatural de Deus; principia com a iluminao, ou seja, a ao do Esprito Santo no corao do homem, convencendo-o do peca-do, da justia e do juzo;

    b) esse ato sobrenatural de Deus produz o novo nascimen-to que, segundo a crena protestante, o nascimento espiritual para Deus por intermdio do Esprito Santo;

    c) a converso tem lugar na conscincia humana; embora carregada de elementos puramente subjetivos, a conver-so envolve uma atitude consciente do homem;

    d) a converso marca uma tomada de atitude diante da vi-da e de Deus; o homem consciente do seu pecado deixa o mundo e volta-se para Deus;

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    e) a converso produz mudana instantnea de vida, uma nica vez, que no se repete ao longo da experincia religiosa do sujeito;

    f) a converso geralmente nasce de uma crise aguda na existncia do sujeito, embora existam converses sem crise existencial.

    No sculo XVIII (SPENER, 1985), o protestantismo desenvolveu o pietismo, movimento que se alastrou pelas Igrejas inglesas e norte-americanas. Esse movimento pregava a neces-sidade de se viver um cristianismo simples e prtico. Conver-ter-se significa nascer de novo. Nichols (1954, p. 176-177), descrevendo o ministrio de Spener, afirma:

    Pregava sermes de carter prtico, fervoroso, simples, evitando aquele estilo rgido de oratria to em moda na poca. Insistia na verdade da regenerao, aquela mudana produzida no cora-o do homem de f, pelo Esprito de Deus; insistia no fato de que ser nascido de Deus e levar uma vida de santidade e servio, era infinitamente mais importante do que ter pontos de vista ortodoxos quanto doutrina.

    A partir do pietismo, sua matriz, o protestantismo brasi-leiro, considera a converso como atitude de rearmamento moral (KREIDER, 1999; HELM, 1986; HAPPEL; WALTER, 1986; PEACE, 1999; LLOYD-JONES, 1974; PACKER, 1996). No entanto, o fenmeno da converso, particularmen-te no protestantismo de misses, manifesta aspectos bem mais profundos e radicais do que se poderia esperar. Trata-se de uma prtica de f, que tem seus fundamentos nas influncias pietistas e moralistas, que ressurge sempre entre os grupos pro-testantes oriundos da Reforma religiosa do sculo XVI.

    Em suma, sob este prisma, a converso o fim da alternao (Berger), uma mudana brusca que implica na interrupo de certas dvidas e questionamentos. Constata-se que a profunda comoo em que s vezes, a converso se realiza, expressa o fim de vrios tipos de anseios, de dvidas e angstias, a esperana de que, daquele momento em diante, a mudana de rumo repre-sente a soluo dos problemas e uma maneira correta e adequa-da de se interpretar a vida. a aquisio de categorias que per-mitam a segurana na conduta e nos procedimentos bsicos

    (MACIEL, 1988, p. 50).

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    Nos termos em que a converso posta e vivenciada pelo neoconverso, a mudana de atitude, diante da vida, pode signi-ficar rompimento com a cultura de origem, simplificao dos problemas da vida cotidiana com a perda gradativa de abertura para o novo, fechamento para novos relacionamentos, especial-mente para aqueles que signifiquem novos sistemas simblicos e religiosos, posto que todos os fatos devem estar crivados pelos novos preceitos adquiridos pela nova cosmoviso religiosa.

    6 . A C O N V E R S O N A P S I C O L O G I A S O C I A L D A R E L I G I O

    A abordagem psicolgica do fenmeno da converso no campo religioso protestante brasileiro pode lanar luz sobre a dimenso psquica dessa experincia. Nessa dimenso, podem contribuir, para a compreenso dos afetos, as conexes deno-tativas das cognies, os desejos, grande parte dos conflitos pessoais, interpessoais e sociais, incluindo aqueles que tm co-mo objeto a converso em toda a sua dimenso: suas relaes com as entidades sagradas selvagens ou domesticadas, com os estados alterados da conscincia, com sade, doena e cons-truo da identidade do sujeito nesse processo.

    O campo de interesse da Psicologia da Religio situa-se naquele espao humilde e limitado, destinado ocorrncia dos fenmenos que acontecem no campo da conscincia e do inconsciente. Os acontecimentos cujas crenas os situam no campo das parbolas em movimento, da supra-histria, dos milagres propriamente ditos, ou seja, dos fenmenos ditos so-brenaturais e/ou transcendentes por imposio do mtodo cientfico, permanecem inacessveis aos estudos psicolgicos.

    No evento da converso, o que interessa Psicologia da Religio so aqueles acontecimentos sensoriais que se reportam s sensaes, emoes, sentimentos, contraintuio e as mudan-as decorrentes desses fenmenos no comportamento do sujeito.

    Assim, os psiclogos (STARBUK, 1911; JAMES, 1902, 1910) estudaram o fenmeno da converso, utilizando o m-todo indutivo, e procuraram compreender as diversas foras psicolgicas que operam na converso. A converso para esses autores foi considerada um processo natural e to sujeito s leis ordinrias da psicologia como qualquer outro. Outro

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    aspecto que convm considerar do ponto de vista puramente psicolgico, como apontou William James (1902), refere-se ao fato de que a converso um comportamento humano que ocorre no campo das religies e que, por sua vez, pode acontecer em espaos humanos estanhos s religies, sendo, portanto, um comportamento que, no mais das vezes, no carece de eventos sobrenaturais e transcendentes para ocorrer.

    William James, filsofo e psiclogo americano, conhe-cido como um dos fundadores do pragmatismo americano, juntamente com Peace. Segundo James, a verdade deve ser definida como aquilo que tem xito e traz o novo ao mundo. Essa uma ideia que tem xito, que se verifica e que til. O mesmo princpio pragmtico serve para o mundo moral: justo o que vantajoso para a nossa conduta. considerado um dos pais da psicologia americana e seu livro Principles of Psycho-logy, editado em 1890, considerado um clssico. Em 1875, criou o primeiro laboratrio de psicologia em Harvard e teve, dentre outros, Lee Thorndike e John Dewey como alunos.

    Uma de suas teses centrais consiste em afirmar que a conscincia uma funo biolgica, que ela ao sobre e no real, adaptao ativa a um meio que a influencia, mas que ela tambm modela (pois operante).

    James (1995) combina nessa obra a fenomenologia e o pragmatismo. A fenomenologia, definida como a cincia da experincia da conscincia, ou seja, o exame do processo dial-tico de constituio da conscincia desde seu nvel mais bsico, o sensvel, at as formas mais elaboradas da conscincia de si que levariam finalmente apreenso do absoluto. Isto , o conhecimento como uma volta s mesmas coisas, aos fenmenos, aquilo que aparece conscincia, que se d como seu objeto intencional. James deixa de lado a religio institucional para dedicar-se compreenso da experincia religiosa individual.

    A religio, por conseguinte, como agora lhes peo arbitraria-mente que a aceitem, significar para ns os sentimentos, atos e experincias de indivduos em sua solido, na medida em que se sintam relacionados com o que quer que possam considerar o divi-no (JAMES, 1995, p. 31, grifo nosso).

    James (1995, p. 55, grifo nosso) ope misticismo e ra-cionalismo a fim de trazer a religio para o campo da filosofia. Diz ele:

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    A opinio oposta ao misticismo, em filosofia; a qualificada, s

    vezes, de racionalismo. O racionalismo incide em que todas as

    nossas crenas devem finalmente encontrar para si mesmas bases

    definveis. Tais bases, para o racionalismo, consistem em quatro

    coisas: 1. princpios abstratos, definidamente, constveis; 2. fa-

    tos de sensao definidos; 3. hipteses definidas baseadas nesses

    fatos; e 4. interferncias definidas deduzidas logicamente umas

    das outras. Impresses vagas de algo indefinido.

    A concepo de James sobre a converso aproxima-se da concepo da teolgica do novo nascimento, embora sua n-fase sobre esse fenmeno seja puramente psicolgica.

    Converter-se, regenerar-se, receber a graa, sentir a religio, ob-

    ter uma certeza, so outras tantas expresses que denotam o

    processo, gradual ou repentino, pr cujo intermdio um eu at

    ento dividido e, conscientemente, errado, inferir e infeliz, se

    torna iniciado e conscientemente certo, superior e feliz, em

    consequncia do seu domnio mais firme das realidades religio-

    sas. Isso, pelo menos, o que significa a converso em termos

    gerais, quer acreditemos, quer ou no, que se faz mister uma

    operao divina direta parra produzir uma mudana natural

    dessa ordem (JAMES, 1995, p. 126).

    James acredita que o indivduo possui um limiar da conscincia, abaixo do qual se encontra uma corrente podero-sa de energia das mais diversas intensidade e qualidade. Dizer que algum se converteu afirmar que a energia religiosa assu-miu o controle da sua personalidade. A converso, portanto, associa-se experincia mstica.

    Para James, a converso se associa experincia mstica e tem os

    mesmos componentes atribudos a esse estado religioso que en-

    volve a totalidade da pessoa. Pode irromper de modo sbito ou

    gradual e se conectar, psicologicamente, a uma maior ou menor

    intranquilidade ou inconsistncia interna da pessoa. So vrios

    os seus componentes: ela, quando profunda, de alguma ma-

    neira inefvel; mais um estado de intuio da evidncia tan-

    gvel de um objeto igualmente inefvel do que o resultado de

    uma penetrao intelectual do mesmo. No dura, alm disso,

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  • 167UM ESTUDO SOBRE A CONVERSO RELIGIOSA NO PROTESTANTISMO..., p. 148-174Antnio Mspoli de Arajo Gomes

    muito longamente em seu estado de quase xtase, mas proces-

    sada ao longo de um tempo psicolgico que pode ser mais ou

    menos longo. Finalmente, ela uma experincia que no est

    sob o controle voluntrio do sujeito, uma vez que resume e re-

    assume suas vivncias pregressas e , nesse sentido, mais passiva

    que ativa. Para James, a converso, em especial quando repen-

    tina, implica quase necessariamente uma crise do universo inte-

    rior do convertido, provocando por isso mudanas profundas

    na personalidade do convertido e repercutindo em seu compor-

    tamento exterior global. Parece que James a via como sendo

    uma irrupo de energias e motivaes que no tinham maiores

    conexes com o meio cultural e as tenses da poca. (VALE,

    2002, p. 6).

    Atualmente, os psiclogos da religio vm incorporando os aspectos imanentes ou secularizados da converso em suas anlises (SUCHMAN, 1992; LANGEWIESCHE, 1998). A converso considerada desse ponto de vista deve incluir aque-les fatores culturais que podem agir como meios de atrao simblica sobre os convertidos, a fora de coeso do grupo, e mesmos as mudanas que aconteceram no mercado religioso que podem interferir sobre a converso e sobre o prprio con-ceito. Observa-se ainda, nesses estudos, que tomam a conver-so crist como paradigma, que o conceito de converso no serve de modelo para religies orientais, em que o termo ade-so parece mais adequado para denominar a experincia de afiliao religiosa (PAIVA, 1999). Uma tipologia da conver-so deve considerar que h trs tipos diferentes dessa experin-cia: 1. converso que acontece no indivduo que se converte de uma religio para outra; 2. converso que ocorre naquele su-jeito que jamais pertenceu a uma tradio religiosa; 3. recon-verso ou reverso (MOSSIRE, 2007, p. 10).

    O estudo psicolgico da converso crist apontou alguns fatores comuns a esse evento: 1. crise existencial que antecede essa experincia (JOHNSON, 1964); 2. ruptura com o estilo de vida anterior converso (idem); 3. mudana radical na cos-moviso e mesmo no estilo de vida do sujeito (JAMES, 1902); 4. um estado paradoxal da conscincia, que oscila entre os dois estados experimentados pelo convertido: aquele antes da conver-so e aquele outro depois desta (MOSSIRE, 2007, p. 10).

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    7 . C O N S I D E R A E S F I N A I S

    O Brasil vive uma efervescncia conversionista; contu-do, estudos e pesquisas sobre converso ainda so relativamen-te escassos.

    A abordagem psicolgica do fenmeno do campo religio-so lana luz sobre a dimenso psquica da experincia religiosa, isto , do comportamento religioso intencionado para o objeto sagrado, a fim de aceit-lo ou para rejeit-lo. Nessa dimenso, situam-se os afetos, as conexes denotativas das cognies, os desejos, grande parte dos conflitos pessoais, interpessoais e sociais, incluindo aqueles que tm como objeto as entidades sagradas selvagens ou domesticadas, os estados alterados da conscincia, a sade a doena, a converso religiosa etc.

    Existe um ponto de convergncia entre a concepo protestante e aquela oriunda da psicologia social da religio sobre a experincia da converso? William James (1995) con-siderou essa possibilidade. Para James, a converso se associa experincia mstica e tem os mesmos componentes atribudos a esse estado religioso que envolve a totalidade da pessoa. Pode irromper de modo sbito ou gradual e se conectar, psicologi-camente, a uma maior ou menor intranquilidade ou inconsis-tncia interna da pessoa. So vrios os seus componentes: ela, quando profunda, de alguma maneira inefvel; mais um estado de intuio da evidncia tangvel de um objeto igual-mente inefvel do que o resultado de uma penetrao intelec-tual do mesmo. No dura, alm disso, muito longamente em seu estado de quase xtase, mas processada ao longo de um tempo psicolgico que pode ser mais ou menos longo.

    Outras pesquisas precisaro ser realizadas para exami-nar, por exemplo, se o termo converso ainda vlido para se abordar a experincia religiosa de afiliao ao protestantismo histrico e ao pentecostalismo ou se esse termo pode ser subs-titudo por adeso. Outras pesquisas podero at mesmo le-vantar a motivao religiosa para a afiliao ao protestantismo e ainda buscar explicitar os fatores cognitivos e emocionais responsveis pela converso religiosa ao protestantismo hist-rico e ao pentecostalismo, destacando os aspectos contraintui-tivos, positivos e ou negativos, envolvidos no processo da con-verso, como cognies, experincias sensoriais (sensaes, emoes etc.).

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    A STUDY OF RELIGIOUSCONVERSION IN PROTESTANTISMHISTORY OF SOCIAL PSYCHOLOGYAND RELIGION

    A B S T R A C T

    Brazil is experiencing an unprecedented religious dynamism. According to the IBGE national census of 2000 and 2010, the growth of evangelical churches and also the number of people who do not have any religious belonging are expressive. Traditionally, Protestantism strengthened its growth through the process of conversion. The literature review reveals the lack of studies on the subject. In order to fill this gap, the author searched texts both in French and English on the subject, which is also scarce. The review literature has established itself around the issue of religious conver-sion on the historical protestantism and social psychology of religion. The issue of religious conversion is complex and very relevant today, because it is linked to the resurgence of religion as a social mass phenomenon pro-ducing the contemporary religious revival of the great religious traditions. This is a common phenomenon in contemporary Brazil. This research analyzes the term conversion in historical protestantism and social psy-chology of religion.

    K E Y W O R D S

    Conversion; Protestantism; social psychology of religion; psychology of conversion; religion.

    R E F E R N C I A S

    AGOSTINHO. (Sto.) Confisses. 3. ed. So Paulo: Paulinas, 1984.

    AZEVEDO, I. B. de. A celebrao do indivduo: a formao do pensamento Batista Brasileiro. Piracicaba: Unimep; So Paulo: Exodus, 1996.

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  • 170 CINCIAS DA RELIGIO HISTRIA E SOCIEDADEv. 9 n. 2 2011

    BASTIAN, J. P. Protestantismos e modernidade latino-americana: histria de uma minoria religiosa activa em Amrica Latina. Traduo Jos Esteban Caldron. Mxico: Fundo de Cultura, 1994.

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  • 171UM ESTUDO SOBRE A CONVERSO RELIGIOSA NO PROTESTANTISMO..., p. 148-174Antnio Mspoli de Arajo Gomes

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