Revista leiasff n.º 27

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Distribuição Gratuita Número 27 Janeiro/ Março - 2008/2009

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Património

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Distribuição Gratuita

Número 27Janeiro/ Março - 2008/2009

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nestaedição

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Ficha Técnica

Nr. 27 - Outubro/ Dezembro 2008

Directora: Dra. Dina Jardim

Coordenação: Dra. Carla Rosado (300) Dr. Gualter Rodrigues (600) Dra. Rosa Silva (550) Dra. Tânia Viveiros (330)

Colaboração:Gilberto BasílioEduardo PaulinoDr. Carlos NóDr. Jorge Capela Dra. Carol AguiarDra. Cristina SimõesDr. Marco OlimDra. Rita RodriguesDr. Sérgio CunhaSAJ

Patrocinadores: O Liberal Porto Editora Cartonada

Impressão: O Liberal, Empresa de Artes Gráficas, Lda

Tiragem: 500 Exemplares

Capa: Composição referente ao património construído e cultural

Aconteceu: Dia da Escola 4

“Earth Under Pressure” 9

Finalistas 18

Clubes e Projectos:Clube de Informática 34

Opinião:Classificação de Património 38

Vida, um Património a Preservar 41

A Primeira e Última Herança 44

O Pintor Manuel Teixeira Branco 48

Em Torno do Património Barroco 50

Rumos 53

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O tema da presente edição da Revista leiaSFF é o Património.Nada mais importante para uma escola e para o papel que desempenha na formação de

gerações futuras, do que ter presente o património da sociedade em que ela se insere. Na-turalmente, neste caso falamos de património cultural, educacional e social além do patri-mónio natural e edificado. Contudo, os diversos tipos de património são indissociáveis: é impossível transmitir respeito e admiração pelo património cultural se não existir respeito pelo património natural.

Este tem sido um dos cuidados tidos na conservação do edifício da Escola: preservar o património, adaptando-o a novas funcionalidades, bem como criar novo património respei-tando a identidade da Escola Secundária de Francisco Franco da melhor forma possível.

Esta preocupação da Escola é tão mais importante quando analisamos a função atribuí-da pela sociedade à escola: formar cidadãos com competências, dando particular destaque à defesa do património. Para isso deve a escola ter meios físicos e humanos capazes de executar esta tarefa. Dado o seu peso e importância, foi decidido pela comunidade escolar eleger o património como o tema aglutinador para o ano lectivo 2008-2009.

Neste âmbito foram já desenvolvidos projectos muito interessantes, que demonstram que a preocupação da ESFF nesta área já vem de há muito tempo. Esta é uma aposta que se tem revelado proveitosa em termos de resultados escolares e formação integral dos jo-vens, que se querem activos, empreendedores e capazes de integrar a sociedade dos Séc. XXI.

Dra. Dina Jardim

“Não o que o homem é, e sim apenas o que ele faz que é o património que não poderá jamais perder.”

Christian Hebbel

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Todos os anos a nossa escola comemora o seu dia a 9 de Outubro. Habitualmente, é oferecida uma série de eventos que revelam um pouco da excelência do trabalho realizado na nossa Comunidade Educativa. Este ano, a Cerimónia Comemorativa do Dia da Escola, que contou com a presença do Director Regional da Educação, Dr. Rui Anacleto, foi honrada com o lançamento de um livro, Ler e Escrever a Cidade, uma compilação de textos escritos por alunos da disciplina de Português, ao longo do ano lectivo 2007/ 08, no âmbito da Comemo-ração dos 500 anos do Funchal.

Dia da Escola

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Foram entregues os prémios aos melhores alunos de cada ano de escolaridade, Paulo André Faria de Freitas do 10º Ano do Curso Tecnológico de Informática, Milton Mauro Spínola de Abreu do 11º Ano do Curso de Ciências e Tecnologias e Marília Vieira Freitas do 12º Ano do Curso de Ciências Sociais e Humanas representada pelo seu pai, o Sr. Joel Freitas. Neste dia comemorativo, os alunos do Curso de Educação e Formação de Informática e Mecatróni-ca receberam os respectivos diplomas de conclusão de curso.

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Na mesma ocasião, foram homenageados os funcionários que após mais de três dezenas de anos ao serviço desta escola se aposentaram no ano transacto: Rosa Maria Mendonça, Manuel de Freitas Gouveia e Iolanda Maria Gomes Barbosa.

Igualmente homenageados pelo mesmo motivo foram os seguintes professores: o Dr. José António Garcês Dias, docente de Geografia, tendo também exercido outras funções nesta es-cola das quais destacamos membro do Conselho Directivo e membro do Conselho de Escola; a Dra. Maria Gilda de Andrade Fernandes Dantas, docente de Geografia, tendo exercido as funções de Coordenadora de Departamento Curricular, Vice-presidente do Conselho Direc-tivo e Directora Executiva; e a Dra. Maria Ivone Rodrigues Andrade, docente de Educação Moral e Religiosa Católica, Coordenadora do Clube Intergerações.

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A sessão foi abrilhantada com a actuação do Núcleo de Música que abriu a cerimónia com o Hino da E.S.F.F. e interpretou dois outros temas muito aplaudidos pelo público presente. A arte esteve ainda presente com a performance fantástica do Grupo de Ginástica Acrobática da nossa Escola.

Pelas 20:30 horas, a Sala de Sessões foi palco de um momento muito especial - uma Serenata de Coimbra, pelo Grupo Madeirense de Fados de Coimbra.

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No dia 3 de Outubro, a nossa escola foi invadida pelo espírito boémio da Tuna Aca-démica de Castelo Branco. De visita à nossa ilha, no âmbito do Festival de Tunas, o grupo encantou com notas em jeito de serenata, deixando-nos registos da vida académica e socioculturais de um povo. O testemunho fi-cou também registado nestas fotografias.

Estudantina Académica Castelo Branco

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No dia 3 de Dezembro, a Oficina de Teatro Corpus da ESFF apresentou uma per-formance inspirada em poemas de Levi Tafari - escritor Britânico de ascendência Jamaica-na. Os textos seleccionados abordam problemas ambientais que afectam o nosso planeta, tema recorrente na poesia de Levi Tafari. As fotografias aqui apresentadas, para de além de sugestivas da temática preconiza-da pelo autor, são o testemunho do trabalho realizado por este grupo.

“Earth under pressure”

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Desenho e Desenhos Exposição Colectiva de Artes Visuais 11º e 12º anos

Decorreu no final do ano lectivo an-terior, a exposição Desenho & De-senhos, uma mostra colectiva dos

alunos finalistas do 12° Ano, das turmas 10, 11, 12 e 13 e da turma 13 do 11 ° ano, do Curso de Artes Visuais. Envolveu um con-junto de trabalhos desenvolvidos na discipli-na trienal de Desenho, do 11° Ano e do 12° Ano, na disciplina de Oficina de Artes do 12° Ano, e na Área de Projecto do 12° Ano.

O núcleo conceptual desta mostra foi o desenho, enquanto disciplina estruturante e enquanto auxiliar da pintura, da escultura, da fotografia, do design, da arquitectura, ou seja, o desenho visto como forma de pensar e como forma de fazer no domínio das artes visuais. Desde a escadaria principal, até à Galeria Francisco Franco, foram expostas peças em fotografia (analógica e digital; con-vencional e manipulada), pintura a acrílico e a óleo, técnicas mistas, objectos, esculturas e desenho, desenvolvido como expressão gráfica, em diferentes materiais e técnicas. No espaço da galeria, a exposição desen-volveu-se por áreas de expressão; Pintura, Desenho e Fotografia ocuparam o 1° andar, enquanto no 2° andar deu-se visibilidade à apresentação de projectos de design, pro-jectos de arquitectura, e projectos para uma pintura mural, áreas onde se pretende que o desenho se evidencie como forma de pen-sar, de criar e preponderantemente como auxiliar na resolução de problemas; o dese-nho como forma de fazer dialogar a forma e a função, o passado e o futuro, o Património e a inovação, o uso de novos materiais e princípios de sustentabilidade ecológica, en-tre outros.

Esta actividade foi organizada pelo Grupo Disciplinar de Desenho e Oficina de Artes e dinamizada pelos alunos do Curso de Artes Visuais, sob a coordenação pedagógica e

científica das professoras Filipa Venâncio, Domingas Pita, Graça Berimbau e Teresa Jardim, Isabel Lucas, Patrícia Basílio, Sílvia Pimenta, Marco Figueira, Duarte Sousa e Alexandra Loureiro.

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O Funchal está a comemorar, neste ano de 2008, a sua elevação a ci-dade. Desde o ano lectivo passa-

do que o Departamento das Ciências Huma-nas e Sociais desta escola, associando-se a esta comemoração, se propôs promover acções que aproximem os alunos da vida activa, através de testemunhos de jovens já integrados no mercado de trabalho.

Este conjunto de acções partiu de uma questão: Funchal, cidade há 500 anos, que futuro apresenta aos jovens que entram hoje no mercado de trabalho?

Estamos numa escola que prepara para a vida muitos jovens de toda a ilha. Conhe-cendo as dificuldades que existem para en-trar no mercado de trabalho, quisemos olhar a cidade numa lógica de futuro, procurando saber, através de profissionais de vários sec-tores, em que medida ela é um pólo dinâmi-co, capaz de atrair os jovens que acabam a sua formação, os problemas que apresenta e as respostas possíveis de médio e longo prazo. Pretendemos apresentar aos alunos uma diversidade de saídas profissionais, sensibilizá-los para a importância do estudo escolar e para a necessidade de formação ao longo da vida e, nesta perspectiva, para

Testemunho de uma experiência profissional

a possibilidade de encararem para a sua vida activa outras hipóteses que ainda não tivessem considerado.

Desafiámos os convidados a falarem da sua experiência, a dizerem até que ponto os conhecimentos adquiridos na Escola servi-ram de base ao seu trabalho e ainda qual o esforço escolar necessário para atingir as metas pretendidas.

Os critérios que presidem à escolha des-tes convidados são, em primeiro lugar o de serem pessoas cativantes, no âmbito dos di-versos cursos da área das Ciências Huma-nas e Sociais, exercendo a sua actividade no Funchal, ou do Funchal exercendo nou-tros lugares, por ser importante que adqui-ram essa dimensão de abertura ao mundo. Demos preferência a trabalhadores jovens, provenientes de uma formação actualizada, que, por esse facto, podem ter uma proximi-dade maior aos alunos a quem se vão dirigir e, simultaneamente, passar a mensagem do esforço necessário para atingir o sucesso.

Os nossos convidados, em conversas soltas, foram dando testemunho das suas vivências e desenvolvendo as questões a que foram desafiados, deixando clara a sua determinação em perseguir caminhos que,

Foto 1 Foto 2

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simultaneamente, se integram na sua for-mação e onde se sentem bem.

Este ano, a nossa primeira convidada foi a arquivista Sofia Santos que veio falar da sua experiência como profissional no Arqui-vo Regional da Madeira (ARM). Esta acção teve lugar no dia 14 de Outubro, pelas 11h e 45m, na sala de sessões.

Na sua exposição referiu-se ao seu per-curso de aprendizagem desde os bancos da escola até à universidade. Salientou a necessidade permanente de formação e demonstrou a sua inquieta e perseverante caminhada até chegar aonde se encontra, na busca de uma satisfação pessoal, em termos de trabalho e de bem-estar. Referiu que esse esforço de formação é feito com satisfação, porque delineado por si, quando o sentiu necessário para atingir os objecti-vos pretendidos. Não excluiu a hipótese de que outros novos objectivos a possam levar ainda para outras paragens, demonstrando a sua abertura à continuidade de enriqueci-mento pessoal.

Referiu-se ao seu local de trabalho, o ARM, dando conta, aos alunos presentes,

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da sua vocação de guardião de memória, da sua obrigação na resposta à população no que respeita a certidões da documentação que possui, sobretudo os registos de baptis-mo, casamento e óbitos, paroquiais e civis que são os mais solicitados e da potencia-lidade documental para o conhecimento do arquipélago da Madeira, em várias áreas do conhecimento, que foi exemplificando (Fot. 1). Demonstrou também os cuidados neces-sários no tratamento da documentação ten-do, inclusivamente, trazido um equipamento dos que usam os técnicos no seu local de trabalho (Fot. 2). Empenhada no trabalho que ali desenvolve fez questão de referir-se, como responsável do serviço educativo da-quela instituição, ao projecto que apresentou à ESFF (tal como à ESJM), para o presente ano lectivo e que poderá ser desenvolvido por grupos de alunos de 12º ano, na Área de Projecto.

No final da sessão, alguns alunos mani-festaram a sua vontade de conhecer mais de perto o trabalho que é desenvolvido no ARM e também sobre o projecto de trabalho para Área de Projecto, proposto à escola.

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Bênção das Capas

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A Comissão de Finalistas do Ano 2008/09 agradece a todos os alunos e

intervenientes que contribuíram para a realização deste dia tão especial nas nossas vidas de estudantes.

Esperamos que a Bênção das Capas tenha sido inesquecível para todos Vós, pois trabalhámos com rigor, empenho, dedicação e espírito de equipa de modo a proporcionar um dos momentos mais importantes na nossa caminha-da.

Com esta nossa jornada temos aprendido que para alcançar o sucesso é necessário a cooperação do próximo, respeitá-lo e acreditar que todos juntos fazemos a diferença

Contamos sempre convosco, pois somos todos uma equipa.A todos os que honraram a nossa Escola, Um muito Obrigado !

Francisco Dionísio

Patrício FreitasMadalena Paulino

Cleópatra AndradeAna Gonçalves

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Para o corrente ano lectivo, o Clu-be de Informática (CLINFO) tem como coordenadores os profes-

sores Carol Aguiar e Jorge Capela. O clu-be pretende mostrar à comunidade escolar um pouco da realidade e o que é feito hoje em dia a nível informático, pois a nossa área não é só um mundo de jogos de en-tretimento e de lazer, mas é também um instrumento facilitador de aprendizagem.

O CLINFO está aberto a todos os alunos, em regime de voluntariado e está receptivo a todos os professores que estejam interes-sados em colaborar, tanto nas actividades propostas pelo clube, como também na par-ticipação de acções no sentido de alargar o ensino realizado na sala de aula para o mun-do das novas tecnologias, ou seja, para a so-ciedade de informação e de conhecimento.

Estamos e estaremos sempre disponíveis para colaborar com outros núcleos/clubes/projectos da Escola e com toda a comunida-de escolar. O clube funciona na sala de pro-fessores do bloco, tendo o seguinte horário:

• Segunda-feira das 10:00 às 11:30• Quarta-feira das 15:15 às 16:45

Para este ano lectivo o clube agendou as seguintes actividades:

● Projecção de filmes – será projec-tado um filme por cada período, sendo

que o filme referente ao primeiro período – Iron Man – foi projectado no passado dia 3 de Dezembro. O balanço feito des-ta actividade foi bastante positivo, uma vez que foi grande a adesão por parte dos alunos, os quais salientaram o facto de terem gostado da referida actividade.

● Montagem de Hardware. ● Demonstração, construção e pro-

gramação de Robôs Lego Mindstorms.

● Semana da Informática - decorreu de 12 a 16 de Fevereiro, durante a qual foram apresentadas actividades dinâmicas e in-teractivas. A gradecemos a toda a comu-nidade escolar a participação no evento.

● A referida semana foi muito im-portante para o CLINFO. Sendo as-sim, não poderíamos de deixar pas-sar em branco esta ocasião pelo que foram organizadas diversas actividades:

- Conferência; - Projecção de um filme; - Lan Party realizada no ginásio da escola;

Clube de Informática

Actividades 2008/09

Dra. Carol AguiarProfessora do Grupo de Informática

Coordenadora do Clube de Informática

Dr. Jorge CapelaProfessor do Grupo de Informática

Coordenador do Clube de informática

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Peddy Paper. ● O CLINFO ainda promoverá outras acti-

vidades para a semana de encerramento dos Clubes/Núcleos/Projectos.

Salientamos também o facto de termos feito uma pequena remodelação, de modo a dar uma imagem mais actual e renovada ao nosso logótipo. Esperemos que gostem.

A Tecnologia em destaqueNesta edição damos a conhecer as últi-

mas notícias sobre a actualidade informática.

Transcend anuncia unidade SSD ultra-rápida de 128 GB

A nova unidade Solid State Drive (SSD) da Transcend promete atingir um desempenho muito elevado, com velocidades de leitura/gra-vação máximas de 145/92 MB por segundo.Com o formato de 2,5 polegadas e interfa-ce Serial ATA II, a nova unidade tanto pode ser utilizada em portáteis como em PC’s de secretária. A Transcend, fabricante que tem apostado muito na tecnologia Solid State Dri-ve, garante que esta é uma das mais rápidas unidades de armazenamento disponíveis no

mercado. Além das elevadas velocidades de leitura/gravação já enunciadas, o tempo de acesso é praticamente inexistente: apenas 0,2 mi-lissegundos.A SSD de 128 GB tem um preço reco-mendado de 349 euros.

Blu-ray de 400 GB

A Pioneer aproveitou uma feira de tec-nologia em Taiwan para demonstrar um disco óptico, baseado na tecnologia Blu-ray, capaz de armazenar 400 GB de dados.A capacidade esmagadora é obtida não à custa do aumento da densidade de dados por camada, mas sim através da utilização de 16 camadas de 25 GB cada – a mes-ma densidade dos discos Blu-ray comuns.O grande número de camadas é obtido gra-ças a um novo material reflectivo utilizado para fabricar os discos. Apesar da no-vidade técni-ca, a Pioneer garante que estes discos podem ser reproduzidos pelos actu-ais leitores de Blu-ray. O fabricante japonês acredita que entre 2010 e 2012 conseguirá produzir discos deste tipo regraváveis e que, em 2013, atingirá a capacidade de 1 terabyte.

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N97 apresentado em BarcelonaA Nokia apresentou o seu mais recente topo

de gama no Nokia World 2008, em Espanha.Segundo a Nokia, o N97 é um telemó-

vel Nseries que inclui um ecrã táctil com 3,5 polegadas e um teclado QWERTY por debaixo, que desliza num ângulo de 30º. O N97 inclui A-GPS e uma bússola elec-trónica, bem como 32 GB de memória, ex-pansíveis através de cartões microSD. No campo da imagem, este telemóvel é servido por uma máquina fotográfica de 5 MP com lentes Carl Zeiss e captura de vídeo com qualidade DVD. A conectividade é assegu-rada através de ligações HSDPA e Wi-Fi.

O N97 deverá estar à venda na primeira metade de 2009, com um preço de 550 euros.

Norton já tem versão para gamersA Symantec, empresa detentora do Nor-

ton, anunciou o lançamento de uma versão do antivírus para jogadores entusiastas, que utiliza menos de seis megabytes de memória.

Chama-se Norton Antivírus 2009 Gaming Edition e destina-se a gamers, sendo leve em recursos. A instalação faz-se em um minuto, adiciona-se em me-nos de um segun-do ao arranque de sistema e conclui scans em menos de 35 segundos,

segundo comunicado da Symantec.No modo Gamer, o utilizador fica protegido,

mas sem ser incomodado durante o jogo. As actualizações, alertas e outras actividades ficam suspensas neste modo, que se inicia quando o sistema está em modo de ecrã inteiro.

Esta versão está disponível em Por-tugal, através da loja online da Sy-mantec, com um preço de retalho sugerido de 45,90 euros, com direito a subs-crição anual e licença para um utilizador.

Vista SP2 em AbrilUm site Malaio diz ter informações de

fonte segura sobre as datas de lançamen-to do Service Pack 2 para o Windows Vista.

O site TechARP.com diz que a Micro-soft vai distribuir o Service Pack 2 (SP2) do Windows Vista para fabricação em Abril de 2009, dois meses depois de dis-ponibilizar uma versão final de testes.

De acordo com a Microsoft, o Windows Vista SP2 irá in-cluir o Windows Search 4, supor-te ao protocolo Bluetooth 2.1, arranques mais rápidos a partir da suspensão em memória e suporte para Blu-ray. Algumas destas actua-lizações estão, todavia, disponíveis há vários meses, através de actualizações individuais.

Para poderem instalar o SP2, os utili-zadores terão de ter o SP1 instalado. Se-gundo a Microsoft, isto serve para manter o tamanho do SP2 o mais reduzido possível.

O Natal chegou…com vírusDe acordo com a Websense Labs, já foi

detectado o primeiro código malicioso que

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tenta explorar a época natalícia deste ano.O código malicioso espalha-se por e-

mail, disfarçado de postal electró-nico, proveniente do site postcards.org. Ao ser exe-cutado, abre uma porta para um ca-valo de Tróia já re-conhecido e o ata-cante pode tomar conta do computa-dor da vítima através de uma sessão de IRC.

As vítimas são distraídas com uma imagem de uma árvore de Natal, du-rante a instalação, noticía a PC Pro.

E se o computador actuar como um cérebro?

A IBM e cinco universidades americanas iniciaram um projecto de computação cogni-tiva com vista ao desenvolvimento de circui-tos electrónicos que imitam o funcionamento de um cérebro.

Segundo a BBC, o projecto de investi-gação, que é financiado pelo Governo dos EUA, vai juntar neurobiólogos, psicólogos e engenheiros de materiais.

Os cientistas envolvidos têm uma noção da complexidade do projecto: «Ainda não existem computadores que consigam se-quer aproximar-se dos feitos notáveis alcan-çados pela mente. A computação cognitiva tem por objectivo desenvolver máquinas inteligentes, atra-vés de engenha-ria reversiva das estruturas, dinâ-micas, funções e comportamentos de um cérebro», explicou Dhar-mendra Modha,

investigador da IBM, à BBC.O projecto tem por ponto de partida si-

mulações do comportamento de neurónios levadas a cabo por supercomputadores e dados sobre sistemas biológicos que já são conhecidos. Os projectos desenvolvidos no passado já permitiram apurar relações e co-nexões estabelecidas pelos neurónios de alguns animais.

Para longo prazo, o objectivo dos inves-tigadores da IBM e das universidades en-volvidas já está fixado: desenvolver um cé-rebro com a capacidade de um vulgar gato doméstico.

USB 3.0 finalizadoA nova interface USB promete mais velo-

cidade e retrocompatibilidade com os stan-dards mais antigos.

O USB 3.0 Promoters Group anunciou que o standard do USB 3.0 foi finalizado. Esta nova versão permite velocidades dez vezes mais rápidas do que o actual USB 2.0. Outra melhoria é o aumento da eficiên-cia energética.

A velocidade máxima deste novo stan-dard é de 4,8 Gbps, ou seja, dez vezes mais rápido do que os actuais 480 Mbps do USB 2.0. Isto permite copiar 25 GB de dados em 70 segundos, enquanto que com o USB 2.0 a mesma quantidade de informação levaria 14 minutos a ser copiada.

Os primeiros controladores USB 3.0 de-verão estar disponíveis na segunda metade de 2009, enquanto que os primeiros produ-tos a usar esta interface só deverão chegar ao mercado em 2010.

Fonte: www.exameinformatica.pt

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O conceito de património não tem sido pacífico. Num sentido prático podemos entender como património toda a dádi-

va humana mundial. Contudo, quando o tema é abordado na perspectiva de deixar para o futuro algo que seja significativo como legado da condi-ção humana, a acepção que se pretende dar a este termo, é a que respeita à atribuição de valores ex-cepcionais a bens, físicos ou não, pela relevância que lhes seja atribuída quando se lhes reconhece qualidade representativa de valores da humanida-de, tomando então um carácter mais alargado de âmbito cultural e erudito.

No momento da decisão de atribuição da de-signação “património” a bens, quer de natureza civilizacional, quer de natureza cultural, estamos a pesar, então, valores humanos.

Num mundo em que esses valores mais evi-denciados prendem-se com questões económico- -financeiras, a preocupação na atribuição daquele epíteto terá, forçosamente, de passar pelas ma-lhas dessa peneira.

Em relação ao património construído, nomea-damente prédios (monumentos ou outros), a ques-tão fundamental deste reside em torno da sua preservação, e consequente dispêndio financeiro para a sua conservação, restauro, e muitas vezes reabilitação. Assim, cria-se, frequentemente, dile-mas entre conceitos classificativos de interesse puramente cultural e conceitos de interesse eco-nomicista. Usualmente muito antagónicos, estes conceitos, não são de decisão fácil, havendo que conciliar os dois aspectos de forma a garantir, por um lado, que o bem a classificar seja de interesse cultural - em particular para os povos que o produ-ziram ou que detêm a sua guarda e para a huma-nidade em geral - e, por outro, que se assegure condições financeiras para a sua manutenção.

A UNESCO (United Nations Educational, Scien-tific and Cultural Organization – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cul-tura) definiu o conceito de património aquando da sua 17ª reunião em Paris, entre 17 de Outubro e 21 de Dezembro de 1972, na “Convenção para a Protecção do Património Mundial, Cultural e Natu-ral”, conforme adiante transcrito:

I. DEFINIÇÃO DE PATRIMÓNIO CULTURAL E NATURAL

ARTIGO 1Para os fins da presente Convenção são consi-

derados “património cultural”:- os monumentos: obras arquitectónicas, escul-

turas ou pinturas monumentais, objectos ou estru-turas arqueológicas, inscrições, grutas e conjuntos de valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência,

- os conjuntos: grupos de construções isoladas ou reunidas, que, por sua arquitectura, unidade ou integração à paisagem, têm um valor universal ex-cepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência,

- os sítios: obras do homem ou obras conjuga-das do homem e da natureza assim como áreas, incluindo os sítios arqueológicos, de valor univer-sal excepcional do ponto de vista histórico, estéti-co, etnológico ou antropológico.

ARTIGO 2Para os fins da presente Convenção são consi-

derados “património natural”:- os monumentos naturais constituídos por for-

mações físicas e biológicas ou por conjuntos de formações de valor universal excepcional do ponto de vista estético ou científico;

- as formações geológicas e fisiográficas e as zonas estritamente delimitadas que constituam habitat de espécies animais e vegetais ameaça-das de valor universal excepcional do ponto de vista estético ou científico,

- os sítios naturais ou as áreas naturais estri-tamente delimitadas detentoras de valor universal excepcional do ponto de vista da ciência, da con-servação ou da beleza natural1.

Era um conceito algo restrito, pois não conside-rava factores de carácter cultural, como tradições ou religiões, determinantes na construção da es-trutura base do pensamento filosófico e comporta-mental dos povos, de onde advêm dinâmicas so-ciais que dão funcionalidade à vida humana e que são, na verdade, os construtores de uma identida-de. Aquele conceito, foi alargado, depois, na 19ª sessão da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, reunida em Nairobi, entre 26 de Outubro e 30 de Novembro de 1976, ao considerar facto-

1- http://www.unb.br/ig/sigep/Convencao_1972.htm

O que Classificar como Património?

Dr. Gualter RodriguesProfessor de Geometria Descritiva

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res sócio-culturais como fenómenos sociais, que resultam da interacção humana, sendo esse facto uma das principais causas de progresso entre indi-víduos. Dessa reunião saiu a “Recomendação re-lativa à salvaguarda dos conjuntos históricos e sua função na vida contemporânea” que para além dos considerandos sobre património, diz nas alíneas a) e b) das suas definições:

Definições

Para os efeitos da presente recomendação

a) Considera-se conjunto histórico ou tradi-cional todo o agrupamento de construções e de espaços, inclusive os sítios arqueológicos e pale-ontológicos, que constituam um assentamento hu-mano, tanto no meio urbano quanto no rural e cuja coesão e valor são reconhecidos do ponto de vista arqueológico, arquitectónico, pré-histórico, históri-co, estético ou sócio-cultural. Entre esses "conjun-tos", que são muito variados, podem-se distinguir especialmente os sítios pré-históricos, as cidades históricas, os bairros urbanos antigos, as aldeias e lugarejos, assim como os conjuntos monumentais homogéneos, ficando entendido que estes últimos deverão, em regra, ser conservados em sua inte-gridade.

b) Entende-se por "ambiência" dos conjuntos históricos ou tradicionais, o quadro natural ou construído que influi na percepção estática ou di-nâmica desses conjuntos, ou a eles se vincula de maneira imediata no espaço, ou por laços sociais, económicos ou culturais2.

Todavia, aqueles são conceitos internacionais proclamados para a atribuição de classificação de

2 - http://www.vitruvius.com.br/documento/patrimonio/patrimo-

nio17.asp

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Património Mundial da UNESCO. A nível interno de cada país não há, contudo, consenso sobre o que classificar como património, havendo, sobre-tudo, grandes indecisões entre conceitos de índole puramente cultural e outros de carácter economi-cista.

Perante a necessidade real dos governos terem que criar condições tendentes à melhoria da quali-dade de vida das populações - e reconhecidos que são os elevados custos imputados à manutenção, preservação e recuperação do património - as en-tidades responsáveis pela sua classificação, são fortemente pressionadas a equacionarem essa atribuição. É então ponderado todo 1 quadro de interesses histórico-culturais e de condições de viabilização económica, por forma a não sobre-carregarem o erário público com actividades sor-vedouras de economias necessárias a sectores, que pela sua própria natureza, sejam incapazes de produzir mais valias económicas.

Fruto de uma visão globalizante do mundo de hoje, os governos e as economias regionais, por vezes com parcas capacidades geradoras de ri-queza, têm vindo a adoptar novos paradigmas po-tencialmente capazes de fixar processos viáveis à classificação e consequente preservação do patri-mónio.

Mobilizando financiadores públicos, privados e mistos, os organismos responsáveis alicerçam as suas decisões em critérios políticos assentes, fundamentalmente, em painéis de carácter econo-micista, geoestrategicamente definidos, arquitec-tando soluções para a salvaguarda do património a preservar, que possam interagir de forma sus-tentada. Porém, tais medidas originam, frequente-mente, discórdias no seio das sociedades onde se inserem, por considerarem tais medidas esvaídas de sentido cultural, pois se não houver condições de sustentabilidade económica, o património sim-plesmente se perde.

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Ou simplificando: “Mostra-me o teu Patri-mónio e eu dir-te-ei quem és.”

A Educação é o mais rico e mais valioso Património que se pode ter.Ver sujidade pelo chão das nossas ruas e avenidas, ver ser tão maltratada a nossa língua mãe, ver violência em palavras e ati-tudes, ver maus comportamentos quer nos nossos jovens quer nos mais idosos, ver tão simplesmente uns a ignorar a presença de outros, tudo isso são componentes de um Povo pobre no seu Património, por mais va-liosas e áureas que sejam outras das suas componentes materiais.Há que alterar as mentalidades mesquinhas e pobres de ideias e de ideais, para que se entenda que cada dia que passa é mais di-fícil de ser vivido, se não nos esforçarmos todos, por vontade própria, em aumentar qualitativamente a nossa formação.

Devemos dar valor a tudo o que provoca o aumento da Educação, sejam Professores, Escolas, Livros, etc…

Se assim for feito estamos a contribuir deci-sivamente para o enriquecimento do nosso Património para todo o sempre.

Devo o que sou aos Professores que tive e retribuo-lhes o bem que me quiseram dar, com o meu desempenho na Vida.

Vergo-me ao educado e instruído que o mostre ser, e rio-me do infeliz mal inten-cionado, por mais culto que possa parecer ser. Considero esse o meu Património pessoal e considero-me rico.

Do latim patrimonium. 1.Conjunto dos bens de família, transmitidos por herança;

2.Conjunto dos bens próprios, herdados ou adquiridos.

3.Conjunto dos bens materiais e imateriais transmitidos pelos antepassados e que constituem uma herança colectiva. “Com-pete ao Estado e a cada cidadão a salva-guarda e valorização do património cultural, nacional, mundial, artístico, arquitectónico, cultural, natural.”

4.Conjunto de bens ou de direitos e obriga-ções, com carácter pecuniário, de que é ti-tular uma pessoa singular ou colectiva, num dado momento. “No regime conjugal de co-munhão de bens, o património pertence ao casal.”; “A situação financeira da empresa reflectia uma boa gestão do seu patrimó-nio.”

5.Conjunto de bens com que se dotava, an-tigamente, um eclesiástico e que se destina-va à sua ordenação e sustento.Estes são os significados atribuídos ao subs-tantivo em causa pelo Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa.

Olhando à nossa volta e para a actualidade, penso que está certo o pensamento: “Cada Povo, cada Nação ou cada Cidadão tem o Património que quer e merece ter.”

PATRIMÓNIO

“A justiça não há-de ser património do juiz.” (provérbio)http://www.citador.pt/search.php

Eduardo Paulino Ex-Prof. e Técnico de Biblioteca

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Dr. Sérgio CunhaPsicólogo do Serviço Regional de Prevenção da Toxicodependência

Quando falamos em património pensamos imediatamente no pa-trimónio arquitectónico, no cultu-

ral, no ambiental, entre outros, esquecendo que todos nós, também somos reflexo do património genético, do património familiar, do património social, e que por isso temos o maior dos patrimónios a defender… a vida.

É claro que o nosso nome nunca irá cons-tar da lista do Património Mundial da Huma-nidade, mas para a maioria dos nossos pais e educadores, somos o que de mais precio-so eles algum dia resolveram criar. Daí ser recorrente ouvir os pais dizerem, que o dia mais feliz da vida deles foi o dia de nasci-mento do filho.

Se fomos afortunados e tivemos os nos-sos pais presentes durante o nosso cres-cimento, então, sabemos que foi pela mão deles que demos os primeiros passos, com eles dissemos as primeiras palavras, e com o passar dos anos fomos aprendendo ou-tras coisas mais complexas que nos torna-ram cada vez mais autónomos, contribuindo maioritariamente para a pessoa que somos hoje.

Durante todo este período fomos explo-rando o mundo, e como todo o processo de exploração implica algum perigo, os nossos pais e educadores estavam atentos, para que nada de mal nos acontecesse. Assim, ainda crianças, caímos muitas vezes, para logo de seguida nos erguerem com carinho, limpando as feridas e as lágrimas com pa-lavras ternas de conforto. E continuamos a crescer, começando a explorar o espaço so-

zinhos, somos expostos a outros riscos, e agora já não estamos sob o olhar dos pais, ouvindo somente, uma ou outra vez, as suas sugestões e conselhos.

É claro que podemos descobrir o nosso mundo de uma forma divertida, no entan-to, existem outras explorações muito mais perigosas, tais como a experimentação de drogas. Alguns jovens pensam que só por as experimentarem não estão a correr qual-quer risco, mas não é difícil entrar nos ciclos dos consumos continuados e problemáticos, basta estar um pouco mais distraídos e di-zer sim aquele amigo, para correr o risco de ficar viciados e começar a viver os inúmeros problemas associados ao seu consumo, in-cluindo os problemas em casa.

É por isso que, às vezes, sem darmos conta, atentamos contra a nossa saúde, não reflectindo que só por experimentar uma droga, pensando ser uma acção sem conse-quências, estamos a começar um caminho sem regresso. É importante não esquecer que o tempo não volta atrás, que há deci-sões que tomamos que têm consequências tão permanentes, que influenciam todo o nosso futuro.

Felizmente fomos crescendo e já não so-mos aquelas crianças que agimos sem pen-sar, correndo riscos desnecessários, pondo em risco o maior dos patrimónios, a nossa alegria de viver. Felizmente aprendemos a pensar antes de agir, a ver os perigos e a saber evitá-los. Por isso, já sabemos que existem algumas aventuras cujo risco é tão elevado que merece, que pensemos nas consequências imediatas, a médio e a longo prazo, para nós e para todos aqueles que nos rodeiam e se preocupam connosco.

Vive intensamente… sem drogas!

Vida… Um Património a Preservar

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Como é sabido, o tema aglutina-dor da Escola Secundária Fran-cisco Franco para o ano lectivo

2008/2009 é o “Património”. Nesse âmbito, propôs-se para a disciplina de Aplicações In-formáticas do Curso tecnológico de Informá-tica, a construção de websites e de modelos tridimensionais de algumas das edificações históricas mais emblemáticas da cidade do

Funchal. Para o efeito, e atendendo à temática

pré-estabelecida, contou-se com a colabo-ração da Direcção Regional dos Assuntos Culturais, que tem vindo a desenvolver uma abordagem para as escolas sobre este tema através da publicação dos “Percursos na Ci-dade do Funchal”, no âmbito das iniciativas para as comemorações dos 500 anos da ci-

Património Madeirense

Dr. Marco OlimProfessor de Informática

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dade.Esta colaboração com a DRAC, e em es-

pecial com a arquitecta Diva, já se estende desde o ano lectivo de 2001/ 2002, época em que a turma do então 12º17 empreen-deu um projecto semelhante de modelação tridimensional com base nas plantas dos monumentos facultadas por esta Intituição. Os resultados obtidos na altura eram des-tinados ao website da escola, pelo que o formato escolhido foi o VRML (criado a par-tir do 3D Studio Max v3), embora tenham também sido criadas algumas animações em Flash.

A título de exemplo, refira-se o modelo

da própria escola desenvolvido pelos alunos Roberto Fernandes, Roberto Silva e Antó-nio Sousa que, para além do modelo VRML também desenvolveram a animação de en-trada no website e os mapas para a locali-zação de salas.

No entanto, o modelo mais elaborado é sem dúvida o do Palácio de São Lourenço, desenvolvido pelos alunos Ricardo Brazão e Nuno Aguiar, os quais, ressalve-se, conta-ram também com o apoio dos serviços edu-cativos daquele monumento.

Seguidamente são apresentadas algu-mas das imagens geradas pelos projectos, no decorrer da formação.

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É sobejamente conhecida a influ-ência da herança genética na ex-pressão de cada ser como único.

Este legado sela-se aquando da união dos 23 cromossomas provenientes de cada pro-genitor na fecundação e determinará toda a existência do novo ser. A cor dos olhos, a textura do cabelo, a altura, a forma do cor-po e até pequenas particularidades como a capacidade de conseguir enrolar a língua já estão predeterminadas no conjunto de genes que constituem o nosso património genético. Este conjunto, a que se atribui o nome de genótipo, actua como uma espécie de código de barras e muito dificilmente é alterado.

Contudo, a leitura desse código está for-temente condicionada pelo meio ambiente onde o ser se desenvolve. Exemplificando

de uma forma simples, um ser poderá ter inscrito no seu “código de barras” que terá n centímetros de altura. No entanto, a leitura, ou expressão, dessa instrução dependerá de uma alimentação adequada durante o desenvolvimento. O facto de alguém medir 1,60m não significa necessariamente que o seu genótipo assim o predeterminou.

Se a expressão visível do genótipo, a que se atribui o nome de fenótipo, nem sempre é concordante em relação a características facilmente mensuráveis como é o caso da altura, mais difícil ainda será avaliar a rela-ção genótipo-fenótipo em relação a caracte-rísticas menos mensuráveis como é o caso da inteligência. Muitos estudos têm sido fei-tos para determinar a influência do patrimó-nio genético na inteligência e as conclusões nem sempre são consensuais. Uma coisa é

A Primeira e Última Herança

ENFº Igor LourençoENFª. Salomé TeixeiraEquipa de Saúde do SAJ

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certa: sendo o genótipo praticamente inalte-rável, ele “estabelece os limites dentro dos quais o desenvolvimento da inteligência é possível”.

A expressão da herança genética, para além de ser fortemente influenciada pelo meio ambiente, pode surgir bem tardiamen-te na vida. Por exemplo, estudos compro-vam que a capacidade de viver mais está relacionada com o genótipo.

Alguns genes directamente relacionados com a longevidade só se começam a mani-festar por volta dos 80 anos. Se uma alimen-tação saudável, exercício físico e vigilância de saúde adequada podem dar um “bónus” de mais dez anos de vida que a média co-mum do resto da população, viver mais 15 ou 20 anos dependerá em grande parte da

expressão da herança genética. Este é o legado que cada ser recebe logo

no início da sua existência, que o acompa-nha ao longo da vida e que será parcialmen-te replicado para a geração vindoura.

O ambiente condicionará de certo modo a forma como essa herança se exteriorizará. No entanto, algumas coisas estão mesmo determinadas a ser como são. Por exemplo, se não consegue dobrar a língua, não vale a pena tentar adquirir essa habilidade pois ela é unicamente hereditária e não sofre in-fluência do exterior. E ainda bem que assim o é pois são essas capacidades particulares que enfatizam a diversidade e a singularida-de da herança genética que cada ser rece-be.

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“Não se encontra ninguém que queira dividir a sua riqueza, mas a vida é distri-buída entre muitos! Alguns são económicos na preservação de seu património, mas

desperdiçam o tempo, a única coisa que justificaria a avareza.” Séneca

http://www.citador.pt/search.php

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A Psicologia Ambiental é por muitos considerada uma nova especia-lização da Psicologia Social e in-

vestiga as relações entre os nossos modos de pensar, sentir e agir o ambiente.

Por “ambiente” entende-se todos os con-textos da vida do indivíduo, como sejam os ambientes naturais, construídos e sociais. Assim, relativamente aos ambientes natu-rais, são exemplos da Psicologia Ambiental questões como:

- Porque deslumbramo-nos com os docu-mentários sobre a vida selvagem, e extermi-namos as lagartixas, do nosso quintal?

- De que modo os jardins zoológicos e as quintas pedagógicas podem contribuir para a promoção e preservação das espécies?

Um exemplo clássico de um campo de in-tervenção na área da Psicologia Ambiental é o estudo sobre a ligação que as pessoas estabelecem em relação ao bairro onde vi-vem, com o objectivo final de fomentar nos moradores, o cuidado e preservação des-ses espaços. Estas investigações, no geral, concluem que, se as pessoas manifestam satisfação com as relações de vizinhança, com os serviços das comunidades (escolas, estabelecimentos comerciais, transportes cómodos…), entre outros aspectos, o nível

Psicologia Ambientalde conhecimento e interesse pelos proble-mas do bairro aumenta, assim como zelam e respeitam melhor o ambiente.

Depreende-se que, conforme os meus desejos, gostos e preocupações, (informa-ção recolhida directamente das pessoas, principalmente através de questionários e observações de comportamentos), vou relacionar-me com o ambiente, e este vai influenciar o meu comportamento, mesmo que eu não tenha consciência desta depen-

dência. O mesmo laço deve unir pessoas, am-

bientes e animais, considerados como sen-do uma só entidade – fixo o meu olhar sobre a árvore diante de mim e com o meu corpo comunico com a terra envolvente. E quan-do me permito abandonar-me, deixo que os meus sentidos experimentem as texturas, os sons, e tomo consciência de um mundo até aí, desconhecido, ao qual eu pertenço. Sei agora com clareza, que ela abarca outros corpos, de insectos, de pássaros, os quais eu devo cuidar e respeitar.

Em síntese, são temas de estudo da Psi-cologia Ambiental, por exemplo, a gestão dos recursos e espaços naturais, o stress, o ruído, os espaços urbanos, a conduta ecoló-gica responsável e a reciclagem.

Uma intervenção da Psicologia Ambien-tal num processo desta natureza, implica ter uma visão global das situações, no terreno, a qual só é possível pela integração dos seus técnicos, em equipas multidisciplina-res, com arquitectos, engenheiros, juristas,

Dr.ª Cristina SimõesPsicóloga

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sociólogos…Apesar da nossa dependência face aos

evidentes progressos científicos e tecnoló-gicos, que melhoram a nossa qualidade de vida, estudiosos do desenvolvimento sus-tentável vêm afirmando que a solução para os problemas ambientais, não está em no-vas descobertas nestas áreas, e nas suas aplicações práticas, ou nos recursos do planeta, que são limitados, mas sim, na al-teração dos estilos de vida – abandonar o automóvel e andar a pé, de modo a proteger o ambiente e descongestionar a vida nas ci-dades… Impõem-se de facto uma mudan-ça comportamental. E sendo a Psicologia usualmente reconhecida como a ciência do comportamento (e não só), a Psicologia do Ambiente pretende dar um contributo para minimizar os problemas ambientais. Para este efeito, recorre aos conhecimentos da Psicologia Geral e da Psicologia Cognitiva, em particular. A Fenomenologia é também uma disciplina de base, pelos estudos sobre o modo como os nossos sentidos vêem o mundo, e como este se dá a conhecer.

A Psicologia Cognitiva ajuda-nos a com-preender como desenvolvemos as ideias que temos sobre a vida do mundo, como as organizamos e de que maneira estas inter-ferem no nosso comportamento. Contudo, sabemos que o pensamento está ligado às emoções, como as sociais (o arrependimen-to, a culpa e a compaixão, importantes para a vida em grupo), tese comprovada pelas in-vestigações das neurociências amplamente divulgadas por António Damásio.

Pelo que, não basta a sensibilização para as questões ambientais através da divulga-ção dos saberes científicos, históricos ou outros, porque a emoção e a razão estão ligadas no acto de pensar. É de acordo tam-bém com a vontade, com o desejo interior, com o modo de ser e ver o mundo, fruto das experiências pessoais de relação com os outros, que utilizamos o que sabemos. Assim, evolui o pensamento moral na ado-lescência pelas acções de reflexão sobre os problemas e suas consequências e pela resolução de dilemas sobre as questões da vida em sociedade, sobre os nossos dese-jos e limitações.

A Psicologia Ambiental é ministrada em diversas universidades portuguesas como a de Évora e a de Coimbra, mas também noutros países estrangeiros, como é o caso da a Universidade de Brasília, através do Laboratório de Psicologia Ambiental (http://www.psi-ambiental.net) e da Universidade de Michingan (nos EUA).

Nos Estados Unidos, onde se encontra a prestigiada Associação Americana de Psico-logia, apresenta-se como um domínio pro-dutivo de pesquisa, constituindo a sua 34ª Divisão – População e Psicologia Ambiental – http://apa34.cos.ucf.edu/ (em inglês).

Revelador do reconhecimento desta nova área do saber, realizar-se-á em Lisboa, de 28 e 29 de Janeiro de 2009, na Fundação Calouste Gulbenkian, o Xº Congresso de Psicologia Ambiental, sob o tema “ Com-portamento humano e alterações globais” - http://www.xcongressopsiamb.com.

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A escola Secundária de Francisco Franco, no final do século XIX e durante os três primeiros quartéis

do século XX, teve outras denominações e funcionou em diversos locais. Uma delas foi a designação de escola Industrial e Comer-cial António Augusto de Aguiar, que durante as primeiras décadas do século XX desem-penhou, no Funchal, um papel importantíssi-mo no ensino técnico de diversas áreas, en-tre as quais o desenho, que tinha aplicação prática em diversos ofícios locais como a pintura ornamental, bordados e embutidos.

Na Escola António Augusto de Aguiar es-tudaram diversos pintores e decoradores, entre eles o pintor Manuel Teixeira Branco, nascido em 1897 em “Guilha França” (Por-tugal), filho do carpinteiro António Teixeira Branco, morador na Cruz de Carvalho. Nos anos lectivos de 1922 / 1923 a 1925/1926, ou seja, dos 25 aos 28 anos de idade fre-quentou na referida escola, as disciplinas de Desenho Geral (1.º e 2.º anos) e Desenho Especializado (3.º e 4.º anos) que integra-vam o curso de Aperfeiçoamento. Nestas disciplinas obteve aproveitamento anual de 15 valores em Desenho Geral (1.º e 2.º anos) e 13 valores em Desenho Especializado (3.º e 4.º anos)1 . Comparando com os outros alunos que frequentavam a escola, teve um

aproveitamento classificado de Bom, aproxi-mando-se por vezes do Suficiente.

Manuel Teixeira Branco mantinha contac-tos com os principais pintores e decorado-res da época, nomeadamente com a família Bernes, pois deveriam colaborar em traba-lhos conjuntos de pintura ornamental. Em 1933, Teixeira Branco levou para mostrar à redacção do Diário da Madeira uma pintura onde figurava a temática da Sagrada Famí-lia (200 x 170 cm), destinado à igreja paro-quial de Boaventura, da autoria de Alfredo Pedro Bernes, jovem pintor de 22 anos, filho do conceituado gravador e pintor madeiren-se, Luís António Bernes2.

Para a capela de N.ª S.ª da Piedade, si-tuada na Caldeira, em Câmara de Lobos, Teixeira Branco pintou para o retábulo-mor uma tela evocativa à N.ª S.ª da Piedade. A tela mede cerca 120 x 170 cm, está assi-nada e datada de 14-12-1933. Na comuni-cação social da época o quadro foi alvo de elogios, afirmando-se que “constituiu mais um excelente trabalho do Sr. Teixeira Bran-co”, pelo que podemos deduzir que devem existir mais pinturas de sua autoria ainda por desvendar, realizadas na sua oficina de pintura no Funchal, situada na rua da Con-ceição, n.º 903.

Debruçando-nos um pouco sobre a com-

O pintor Manuel Teixeira Brancoaluno da Escola Industrial e Comercial

António Augusto de Aguiar

1-Arquivo da Escola Secundária de Francisco Franco, Funchal, livro de matrículas, n.º 7, anos lectivos de 1922-1923. 2-B. M. F., “Obra de Arte”, Diário da Madeira, Funchal, ano XXI, nº 6615, 29-10-1933, p. 1. 3-Ibidem, idem, “Trabalho de arte”, ano XXI, nº 6655, 19-12-1933, p. 1. Refira-se que esta capela foi edificada em 1800 e por volta de 1914 / 1915 foram realizados alguns melhoramentos como trabalhos de pintura e decoração realizados pelo pintor José Zeferino Nunes (Cyrillo), filho do pintor Cirilo Nunes, diplomado com o curso de Desenho da Escola António Augusto de Aguiar (Ibidem, idem, “Egrejas da diocese -

Trabalhos de pintura e decoração”, ano III, nº 990, 07-10-1914, p. 2).

Dr. Paulo LadeiraMestre em História e Cultura das Regiões/ Variante História da Arte.Docente da Esc.B+S Manuel Álvares, Ribeira Brava

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posição de “N.ª S.ª da Piedade”, pintada por Manuel Teixeira Branco, reparamos que esta segue quase na íntegra outras pintu-ras realizadas na Madeira, nos séculos XVII e XVIII, como a de Martim Conrado (1653,

capela de São José - Camacha) e outra de Nicolau Ferreira Duarte (1799, igreja do Convento de Santa Clara - Funchal). As per-sonagens estão integradas num cenário de perspectiva acelerada numa pose conven-cional e estática. No primeiro plano além dos instrumentos da Paixão encontramos Cristo amparado por São João e Maria Madalena, Maria e outra figura feminina e no último plano aparecem as cruzes da crucificação numa paisagem despojada e sem grandes pormenores.

As figuras centrais do quadro são tratadas com uma modelação suave, com pouco con-traste de claro / escuro, com algumas des-proporções e incorrecções anatómicas, bem visíveis no rosto inclinado da Virgem Maria. A paleta é repetitiva, com pouco contraste pictórico, predominando os tons ocres aver-melhados e acastanhados, azuis e brancos. Actualmente, o quadro continua a desem-penhar as funções para que foi concebido: a função religiosa e o embelezamento do espaço patrimonial onde se encontra a pin-tura.

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1 - Disponível em http://www.museuartesacrafunchal.org/arteportuguesa/portuguesa_pintura.html. Museu de Arte Sacra do Funchal, Rua do Bispo, nº. 21, Funchal. Horário: De Terça a Sábado, das 10:00h às 12:30h e das 14:30h às 18:00h; Domingos das 10:00h às 13:00h; encerra às Segundas-Feiras. 2- Convento de Santa Clara, Calçada de Santa Clara, nº. 15, Funchal. Horário: De Seguda a Sábado das 10:00h às12:00h e das 14:00h às17:00h; encerra aos Domingos. 3- Henrique Henriques de Noronha, Memórias Seculares e Eclesiásticas para a composição da história da diocese do Funchal na Ilha da Madeira, Funchal, S.R.T.C./C.E.H.A., 1996, p. 264.4 - Fernando Augusto da Silva (Padre), Subsídios para a história da Diocese do Funchal, Funchal, Tipografia “O Jornal”, 1946, p.178.5 - Jorge Campos Tavares, Dicionário de Santos - Hagiográfico, iconográfico, de atributos, de artes e profissões, de padroados, de compo-sitores de música religiosa, Porto, Lello e Irmãos Editores, 1990, p. 68.

capelas oratórios, devido à devoção particular de algumas religiosas e que não constituiam uma necessidade para os serviços obrigató-rios da comunidade”4. Se uma das atribuições de São Gonçalo de Amarante é como “santo promotor de casamento de mulheres já longe da juventude”5, será lógico a capela ser de um particular e não de uma religosa professa.

São Gonçalo de Amarante nasceu perto de Guimarães, entre os séculos XII e XIII, em Arriconha, freguesia de Tagilde. Desde muito cedo mostrou interesse pela vida eclesiástica, tendo sido educado no mosteiro beneditino

de Pombei-ro. Realizou os seus es-tudos na Ar-quidiocese de Braga, onde foi ordena-do. Recebeu, posteriormen-te, a paróquia de S. Paio de Riba Vizela.

Saíu do país em pe-regrinação a Roma e aos lugares san-tos, seguindo

os passos comuns do seu tempo, e no re-gresso dedicou-se à pregação entre Douro e Minho, onde descobriu a beleza da paisagem da serra do Marão, propícia à contemplação

No percurso em torno do património barroco da cidade do Funchal, que na revista anterior deixámos refe-

rência ao retábulo de Santa Úrsula e as Onze Mil Virgens da autoria do pintor protobarroco Martim Conrado, hoje no Museu de Arte Sacra do Funchal1 , propomos, neste número da Re-vista lssf, registar breves apontamentos sobre o retábulo da Aparição da Virgem a São Gonçalo de Amarante da capela da mesma invo-cação do Con-vento de San-ta Clara2.

S e g u n -do Henrique Henriques de Noronha “As capelas, e er-midas interio-res (de Santa Clara), como são de particulares, estão todas bem ornadas, e com grande aseyo compostas”3, por sua vez o padre Fernando Augusto da Silva afirma que “Através dos claustros, construiram-se muitas

Ascenção de Cristo, capela de S. Gonçalo de Amarante, 2008. Foto - Rita Rodrigues.

Dr.ª Rita Rodrigues Doutoranda pela UMa com equiparação a bolseira pela SRE / DRAE e bolseira do CITMA

Em torno do património barroco da cidade do Funchal:

o Retábulo da Aparição da Virgem a São Gonçalo de Amarante do Convento de Santa Clara

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extática e vida eremítica. Professou no con-vento dominicano de Guimarães e fixou-se em Amarante, entregando-se à evangelização e obras pias. É em Amarante que nasce a lenda da construção da ponte e onde edificou uma pequena ermida dedicada à Virgem Maria6.

Este santo medieval pertenceu ao núcleo de santos nacionais exaltados dentro do espí-rito da igreja contra-reformada e a construção desta capela, de modestas dimensões e tecto oitavado, no convento de Santa Clara, teste-munha o fervor religioso dos madeirenses nos séculos XVI e XVII.

As paredes da capela de São Gonçalo de Amarante estão ornadas com um conjunto de

azulejos vulgares de padrões-policromos da-tados da primeira metade do século XVII, sen-do este tipo de azulejos comumente utilizados para efeitos decorativos. O conjunto de azule-jos é limitado por um tapete de 4x4 do tipo de anjos e urnas de pintura policromada, também da primeira metade do século XVII7.

O chão está coberto de azulejos policromos que formam um tapete de 17x14 numa área de 2,40 x 2m. Este conjunto, datado dos finais do século XVI, documentando a época mais antiga desta capela, é de influência flamenga (viragem na Península Ibérica dos azulejos “mudéjares” para “pisanos”). Segundo Santos Simões é, possivelmente, de produção portu-guesa, sendo o tapete “constituído por azule-jos de padrão de 2x2/1, ornamentação cen-trada com florões interligados por elementos curvos. O traçado foi feito com o emprego de manganés e na coloração usou-se o amarelo, o azul, o ocre, o verde-cobre e ainda o man-ganés diluído. O barro do chacoto é vermelho, a massa pouco homogénea, apresentando ca-madas sobrepostas”8.

As telas que ornam o altar desta capela, Aparição da Virgem a São Gonçalo de Ama-rante encimada por uma tela oval com a temá-tica da Ascenção de Cristo, estão atribuídas, com segurança, ao pintor protobarroco Martim Conrado e reflectem a aproximação deste ar-tista aos programas pictóricos sevilhanos, quer na modelação naturalista-tenebrista e nos tra-ços do desenho, quer na exploração dos dife-rentes cromatismos como as nuvens azuladas que se fundem com a paisagem em sfumato, e ainda na pintura de mancha suave, com jogos de claro-escuro e transparências. Excepção é o remate do retábulo, Ascenção de Cristo, de gosto italianizado, mas que poderá ser via Se-vilha, pois trata-se de uma figura comumente utilizada na pintura do Siglo d´Oro espanhol.

Acreditamos que este retábulo se encon -

Retábulo da capela de S. Gonçalo de Amarante. Foto - Rita Rodrigues, 2008.

6 - São Gonçalo de Amarante é por vezes confundido com São Domingos de Gusmão, sendo a ponte o único atributo diferenciador na sua iconografia.7- Santos Simões indica outros conjuntos de azulejos que seguem os mesmos modelos desta capela: capela colateral da Igreja de S. Maria de Tomar mandada azulejar por conta da testamentária de Simão Preto em 1622-23; capela-mor da igreja do antigo convento de Clarissas de Tomar (convento de Santa Iria) colocados em 1630. Santos Simões, Corpus da Azulejaria Portuguesa: Azulejaria portuguesa nos Açores e na Madeira, Lisboa, F.C.G., 1963.8- Santos Simões refere outros conjuntos de azulejos idênticos aos existentes nesta capela: Sacristia da Sé Velha de Coimbra (1593 e 1598), ibidem, p. 170.

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como prémio dos seus trabalhos10.O fundo da composição é tratado com

pormenor: desenho correcto, exploração de valores (claro-escuro), manchas cromáticas aplicadas delicadamente com transparências suaves e com alguma irregularidade, sempre num sentido naturalista, revelando um gosto plástico-visual meticuloso e já prenunciada-mente barroco. Expressa uma cuidada defini-ção de planos e perspectivas. As cores predo-minantes são os castanhos, verdes e cremes, com alguns toques de vermelho nas roupa-gens das figuras de fundo.

A Ascenção de Cristo (A. 0, 40 x L. 0, 90 m) segue uma “conhecida composição rafaeles-ca muito interpretada, quase sempre de modo livre, na pintura maneirista portuguesa, so-bretudo no porte alteado e elegante do Cristo triunfante e na distribuição de São João e de São Pedro, no plano inferior”11. O Cristo, os apóstolos, a Virgem e os anjos revelam uma linha italianizante na composição e no dese-nho, mas os gestos dos apóstolos, em exalta-ção mística assistindo à ascenção do Senhor, são reveladores de um gosto proto-barroco - inquietude e certa dramatização. Existem algumas semelhanças formais com a figura da Virgem representada em Santa Teresa de Juan Castillo e Ascenção de Cristo de Pablo Legot (1631-1637).

O retábulo da Aparição da Virgem a São Gonçalo de Amarante e a tela oval de remate, Ascencção de Cristo, foram restaurados pelo ISOPO12 recuperando os traços originais que durante alguns anos ficaram submersos por uma repintura descuidada e descaracteriza-dora, particularmente no rosto de São Gonça-lo de Amarante.

-tra no seu local de origem, ou seja, na capela de São Gonçalo de Amarante do convento de Santa Clara, e conjuntamente com os azule-jos datados, segundo Santos Simões, de c. de 1640, e da talha que envolve o retábulo apon-tada por Rui Carita para os anos 50 do mesmo século, atribuível ao entalhador Manuel Pe-reira, imaginário activo na Madeira no século XVII9, forma um bom núcleo de arte total.

São Gonçalo de Amarante (A. 1,40 x L. 0,95 m) segue uma estrutura compositiva tradicio-nal: o santo, figura central, apresenta-se em posição de oração - genoflexionado, de mãos juntas ao peito e direccionadas para o céu, enquanto que a Virgem e o Menino, no can-to superior direito, de desenho minucioso e de recorte, irrompem no céu, ladeados de anjos e envoltos em nuvens azuladas que se fundem com a paisagem.

As cenas do fundo identificam o santo: a ponte, de arcos romanos sobre o rio, encon-tra-se por detrás de um conjunto de árvores de troncos esguios (deixando a ponte a des-coberto) e copas densas, e ainda um grupo de operários (seis figuras masculinas, estando as primeiras representadas com pormenor e as seguintes misturando-se com as manchas da paisagem) talham e transportam a pedra para a construção da ponte de Amarante (lado esquerdo); o milagre do santo, que fez jorrar água de um penedo, é observado por um gru-po de homens estupefactos perante o sucedi-do (lado direito), sendo este grupo (o santo, os homens, o rochedo e as bilhas de barros) de um gosto marcadamente tenebrista; a Virgem, segundo a tradição, falou duas vezes ao san-to - primeiro pedindo que entrasse para a reli-gião regular, e segundo, na hora da sua morte

9 - Rui Carita, O Colégio dos Jesuítas do Funchal - Descrição e Inventários, Vol. II, Funchal, G.R.M. / S.R.E., 1987, p.29, nota 2. 10 - “Na noite da sagrada ressurreição dava os parabéns à Virgem Mãe, dos gostos que lhe haviam de amanhecer com o Filho ressuscitado; e, à conta deles, como a tinha tomado por Advogada no requerimento, lembrava-lhe que era dia de fazer mercês, dia de alegrar a todos. Eis que subitamente lhe fere os olhos uma luz muito mais clara que a do sol, e com ela se lhe representa a mesma Virgem sobre a parte direita do altar, dizendo, com alegria e benignidade de Mãe, que a vontade de seu Filho era que entrasse em Religião regular (...) À hora da morte, e depois de viaticado, viu a Rainha dos Céus, que, cercada de coros de anjos, encheu a pobre casinha de luz, e sua alma de consolação. E chamando-o por seu nome, lhe dizia que fosse com Ela a receber o prémio dos seus longos trabalhos.”. Fernando de Castro Pires de Lima (Dir. Literária), A Virgem e Portugal, Porto, Ed. de Ouro, citando Fr. Luís de Sousa, História de S. Domingos, III parte, Lisboa, 1767, pp. 156, 157, 167.11-Vitor Serrão, A Pintura Proto-Barroca em Portugal: 1612-1657 - Os pintores e as suas obras, Vol. II, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Coimbra, 1992, p. 886. 12- O restauro executado pelo ISOPO - Conservação e Restauro de Obras de Arte, Lda, Rua Pedro José de Ornelas, nº. 37, Funchal, sob a coordenação da Drª. Marília Carvalheira, ficou concluído em Junho de 1999.

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nar cursos são : as entidades públicas; as privadas e as pessoas individuais. Os seus propósitos específicos baseiam-se em: re-forçar o combate ao insucesso e à saída escolar precoce; aumentar os níveis educa-tivos e formativos; aumentar e diversificar a oferta de vias profissionalizantes para os jovens.

A Escola Secundária de Francisco Fran-co apresentou a sua candidatura no âmbito do Eixo I – Educação e Formação e foram aprovados dois cursos do CEF (Cursos de Educação e Formação). Sendo assim, actualmente são leccionados: o Curso de Técnico de Apoio à Gestão e o Curso de Técnico de Electrónica Industrial. Os cur-sos apresentam uma estrutura curricular, acentuadamente profissionalizante, que integra quatro componentes de formação, nomeadamente, sócio-cultural, científica, tecnológica e prática. Sublinhe-se que os formandos complementam a sua formação com um estágio e que no final obtêm equi-valência ao 12.º ano, sendo a certificação profissional (U.E) de nível 3.

Concluindo, face ao elevado número de jovens em situação de abandono escolar e em transição para a vida activa, os cursos de Educação e Formação para jovens visam a recuperação dos défices de qualificação, escolar e profissional. A Escola Secundária de Francisco Franco aderiu ao Programa Rumos demonstrando assim, que é o exem-plo de instituição que acolhe a inovação e a procura de iniciativas/soluções que satisfa-çam as necessidades dos seus formandos, de forma a garantir-lhes mais competências para ingressar num mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo.

Diante de uma conjuntura sócio-económica nacional, caracterizada pela elevada taxa de desemprego

e pela falta de qualificação de muitos dos desempregados, emergiu o Quadro de Re-ferência Estratégico Nacional (QREN), que constitui o enquadramento para a aplicação da política comunitária de coesão económica e social em Portugal, no período 2007-2013. Deste modo, o QREN (vide http://www.qren.pt) apresenta como objectivo primordial a qualificação dos Portugueses, tendo em conta a valorização da igualdade de oportu-nidades, assim como o aumento da eficiên-cia e qualidade das instituições públicas.

A Região Autónoma da Madeira aderiu ao desígnio já referido através do “Programa Operacional de Valorização do Potencial Hu-mano e Coesão Social” da RAM, designado por Programa Rumos (vide http://www.idr.gov-madeira.pt/rumos) , que é co-financiado pelo Fundo Social Europeu (FSE). Destaca-se assim, como um dos quatro programas Operacionais das Regiões Autónomas que fazem parte da estruturação operacional do QREN.

Realçando a missão do programa Rumos, podemos mencionar que este visa assegu-rar mais qualidade ao nível de educação e de formação profissional, aumento de opor-tunidades de emprego e coesão social para os cidadãos da RAM. A sua estrutura revela uma divisão em dois eixos, o Eixo I – Edu-cação e Formação, cuja entidade gestora é a Direcção Regional de Formação Profissio-nal, e o Eixo II – Emprego e Coesão Social, que tem como entidade gestora o Instituto Regional de Emprego. As entidades que po-dem beneficiar deste programa e proporcio-

Programa Operacional de Valorização do Potencial Humano e Coesão Social da Região Autónoma

da Madeira – RumosDra. Cláudia Fátima Pereira de Abreu LopesTécnica Superior (Programa Rumos)

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Concurso LiterárioRon Butlin

Those blue eyes stared at me. Stared at me with fear, surprise, but mainly curiosity. Those blue eyes stared at

me. On the morning of that trip to Versailles,

every single thing was wrong. My iPod had broken, I was sleepy and it was too hot for that time of the year. While the trip guide explained all the events that had happened inside those walls, I was observing the scenery. I dreamt about the past, with all the lives that had walked those floors. I came close to one of the many marvellous lakes in the gardens. It was a bit of a shallow lake and I could see the bottom of it. There was something interesting there. It looked like a bracelet, all dirty and covered with slime. It appeared to be made of fake diamonds. Although it had no interest (apparently), I decided to take a closer look. I bended over a little to reach and try it, but in a miscal-culated step, I slipped and ended up in the lake! I hit my head in the bottom and qui-ckly emerged to take a breath. While I was taking the water out of my eyes, I realized something wasn’t right. The water had tur-ned colder, I could hear screams, and the sun was no longer in the sky. When I finally got all the water out of my eyes, I saw some people, about five or six, staring at me. They

were yelling at me, with terrorized faces, but I couldn’t understand them because they were speaking french! They had some re-ally strange clothes, as if they were from the Victorian Season. One of them quickly vani-shed, while I was trying to get out of the wa-ter. Right after that, some men arrived. They were also wearing odd garments. They had guns. I heard more French yelling. I answe-red them, in English, that I couldn’t unders-tand what they were saying. They asked so-mething to a blue-eyed and blonde teenage girl. That teenager quickly said a loud “Non!” She came closer to me and asked me, this time in my monther tongue, who I was. I told her my name and started crying. I was lost, alone. Where were my parents, the other tourists and the guide? Right after I had this thought, the teenager ordered something to the men with guns, who were dressed as old fashion soldiers. They answered her some-thing, but all I could hear was “Votre Majes-tée Marie-Antoinette”. Could I be dreaming? Could I still be at the bottom of the lake, in-conscient?

The men dressed as soldiers grabbed me while I was trying to orientate myself. They yelled at me in a very angry and authoritary tone of voice. After being dragged for some meters, I saw a very familiar silhouette. It was Versailles.

At the peak of her reign, Marie-Antoinette could spend over fifty-thousand pounds in a single month. She wasted her money, buying diamonds, excentric wigs, sweets and exo-tic meals, and with whatever she wanted to have, eat or wear. She had regular parties,

Realizou-se no ano lectivo passado o concurso literário do projecto Escritor do Ano, pro-movido pelo Grupo de Inglês. As temáticas recorrentes nos contos de Ron Butlin - autor se-leccionado então para o projecto - foram a inspiração para os alunos que participaram nesta actividade.

Aqui fica um dos textos premiados.

Tiago Miguel

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and was an avid gambler. She ignored the suffering of her people. Nevertheless she cried, alone and hidden. The pressure was crushing her, with everyone telling her to produce a “dauphin”, a son of France. She missed her beloved Austrian Court, her lost- in-time childhood. Yes, apparently, she had everything, but there was something mis-sing. Something she could not explain.

After taking me to what I thought to be Versailles, the men took me to a beautifully decorated room, with wall-papers which had hand-painted flowers, embroidered curtains, and beautiful delicate furniture. On our way to this room, while we were walking down the ails, everyone was looking at me and whispering among them. They look like prin-cesses and princes and others as French maids.

A teenager, the so-called Marie-Antoinet-te, came into the room. She was followed by a committee of people. All of them looking at me, all of them wanting to see me. I was scared, I was mad! The teenager asked me many questions. She asked me, in an En-glish with a French accent, who I was, which were those clothes that I was wearing and from which country I was. I kept crying, but I answered all the questions because every time I took a while to think the “soldiers” squeezed my arms. Some people who were in the room were saying that I was proba-bly a sorcerer or a spy, or even a mixture of both. But the teenager didn’t listen to them. She just wanted to know who was that stran-ger that had shown up in the morning after her birthday. After some time, maybe days or weeks, who knows more, I don’t remember, a man came to my “headquarters”, a cold and dark dungeon. I would later know that he was the teenager’s brother, the Emperor of Austria. He talked to me, but only mana-ged to ask me the questions that the teena-ger had already asked.

Some people were trying to persuade the teenager to submit me to torture, in order to make me reveal my true identity. But she

didn’t listen to them (thank God). She only wanted to hear me speaking about my life. Although many considered me as an outsi-der, a lunatic outsider, she saw me as visio-nary. She would not allow for anyone to hurt me.

Marie-Antoinette always had to be better than everyone else. She had to have the tal-lest wigs, the most polished jewellery, the most exquisite foods, the best champagne. For her having the best and the biggest was the most important thing in the whole word.

The days, weeks and months went by, and that blued-eyed teenager started trus-ting me, as the rest of the court. I was now allowed to walk in the beautiful gardens of Versailles with her but always under supervi-sion. Although the court of Versailles did not approve of this behaviour, Antoine (as she was called by her mother), told everyone that they should be good and friendly to me. They had no opinion left besides obeying her. She was bossy, laid back, selfish, chil-dish, and lived with no worries, except for the ones which had to deal with her beloved possessions. That was Marie-Antoinette’s personality. Yes, my new “friend” was Marie-Antoinette, the so hated queen of France! I didn’t know if I was still in the lake, having visions due to my head bang, but if I was, it was a really exciting vision!

I was not allowed to go beyond the wall’s of the Castle, only to the gardens, but always under supervision ordered by the king. One day, Antoine introduced me to him, King Lou-is XVII. But the only thing he said was that she should get rid of me. She, of course, got upset and went out all angry and irritated. Some time after this, the king offered her “new refuge”, the Petit Trianon, where we and her friends spent many enthralling but sometimes boring afternoons. Her friends were very nice to me, since they were forced by Antoine to be so. Nonetheless they were getting used to me, because I started wea-ring their “normal” clothes. They only thought that it was really weird that I took two baths

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per day. Antoine loved to be in the gardens around the Trianon, reading philosophy and enjoying nature. She also started wearing simpler clothes and hairdos while in the gar-den.

Days went by and my friendship with An-toine was stronger than ever. I no longer had to have supervision, and was allowed to be alone with her. She told me all her dreams, her fears, the way she missed Austria...

The people of France were hungry. Even more hungry than before. Antoine, with her wild sprees, was leading France into ruin. She was more concerned about which sho-es she was going to wear for the next party than the death of her subjects by starvation. A revolution was almost bursting.

I was with her in some of the most impor-tant moments of her life. I was with her when she did her first performance on the theatre where she sang wonderfully. I was with her the night she cheated on her husband with Count Fersen. I tried to stop her, but she just ignored me. I was with her when she got the news that her mother died. I was with her when she had her second child.

Meanwhile the court was starting to hate her. And the people were even hungrier.

She felt trapped, trapped by all those jud-ging eyes, who judged her, every day. She would only feel happier when I talked about my life. About the horseless carriages, the box which had moving pictures, and so on.

On a lovely sunny afternoon, horrible news came. A rebellious mob had entered the city.

Although the king was advised to leave, he decided to stay. I remained with them. But soon, the mob entered the castle. They gathered in front of the palace, yelling for death to Antoine. She decided to do some-thing unexpected. She went to the balcony and vowel the people. There were seconds of silence, but the screams soon started. They would not forgive her.

It was urgent to abandon Versailles. On a bright morning, everyone started leaving Versailles. In the rush, Antoine dropped her favourite bracelet on a lake. She asked me to reach for it. In another miscalculated step, I slipped again into the lake. I submerged completely. When I stuck my head out of wa-ter, there was no Antoine... only my parents, tourists and the guide. I was back in 2008. Was it all a dream? No, it couldn’t be. The bracelet was as good as new, polished, and sparkling. It had to be true. Although I knew Antoine’s faith was sealed, I tried to think that maybe she could escape that faith. But I know she didn’t.

Those blue eyes stared at me.

“Let them eat cake ...” - One of the sentences Marie-Antoinette was thought to have said when she was told that her subjects bad no bread to eat. But nowadays, it is proved that she said no such thing.

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Queremos a suavidade.Precisamos dela.Temos.

Mas sabemos e precisamos serO contrário,Porque a vida nos joga,Nos ultrapassa.

As fibras da humanidadeSão caminhos surpreendentes,

Meu amor!Escrevo-te pois já não me atrevo a guardar

toda a dor que me causaste. Assim, não con-sigo viver. Fico aqui perdida na noite a pensar em ti. O sol parece que não volta a nascer. Sozinha recordo os momentos que passámos juntos.

Lembro-me quando ficávamos ao luar sen-tados numa pedra da praia a contar episódios da nossa vida e acabava por adormecer em-balada na sinfonia alegre dos teus pensamen-tos. O calor das nossas mãos juntas fazia-me sentir aconchegada num recanto do teu cora-ção, fazia sentir-me desejada e feliz, era tudo o que nós tínhamos. Hoje a tua mão gelou-se e já não tem calor para dar.

Tantas vezes que olhavas para mim e di-zias: “Eu amo-te!” Nesses momentos, nada mais importava do que eu e tu. Agora, sento-me na mesma pedra e desfaço-me em lágri-mas. porque não estás aqui?

Houve dias em que senti uma estranha amizade para com aquela pedra. Ela ouvia-

me sem qualquer reacção, sem dor nem res-sentimento, ela, sim, era alguém neste mundo cheio de ninguém!

Às vezes fecho os olhos e acredito que quando os abrir estarás diante de mim com o mesmo sorriso que tinhas no rosto quando te conheci. Forte ilusão!

A saudade que sinto por ti devora-me e não me deixa esquecer-te. Quanto mais o tento maior é o desejo de tocar-te, de sentir aque-le arrepio no rosto com o toque ligeiro da tua mão.

Tenho um nó na garganta, uma vontade de gritar: “Ama-me!” Mas sei que seria em vão, que seria um desabafo mudo, para um surdo onde o silêncio é a lei.

Se olhares nos olhos das pessoas, verás que todas anseiam ser amadas, mas escon-dem-se atrás do ódio para que ninguém as veja.

Porque me deixaste, meu amor, se tudo o que eu desejei foi amar-te?

Os meus olhos existem para te ver passar, enquanto os meus lábios resistem ao teu doce sabor.

E eu aqui na madrugada não consigo pen-sar em mais nada. Ver-te e não te ter é morrer sem saber.

Peço-te! Dá-me vida outra vez!

A propósito do estudo da obra Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, nas aulas de Português, foi pedido aos alunos que escrevessem cartas de amor. Eis uma que chegou à nossa redacção.

Dr. Carlos NóProfessor de Filosofia

Não se vive magicamente

Carta de Amor

As distâncias - com tempo e espaço –Fazem ironicamenteCompreensões cumplicidadesSobre e com a nossa dor.

E mantemos o mistérioDo sangue vivo,

As mãos para despertar- ainda –

A vida quase impossível.

Carolina Pimenta11º 19

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Há pessoas que têm a capacidade de passar para o pa-pel todos os pensamentos e sentimentos que bóiam algu-res dentro de nós - conseguem exprimi-los e identificá-los, mesmo quando ainda nem sabemos que eles existem, até os vermos exibidos despudoradamente nas páginas de um livro.

É isso que acontece ao ler os livros de Inês Pedrosa. Fazes-me Falta é um romance que roça o limiar da poesia, um altar erigido ao culto da amizade e do amor, no qual duas vozes se intercalam.

Não estão neste livro as respostas às mais variadas questões metafísicas que nos possam ocorrer sobre a vida e a morte. Mas conduz à reflexão: amamos as pessoas como devemos enquanto podemos? Isto é irreparável, se nos apercebermos que não, tarde demais.

http://pt.shvoong.com/books/novel/1680977-fazes-falta/

Varguitas, a personagem central deste romance, educa---se para ser um homem e escritor na Lima dos anos cin-quenta. Mas, como costuma acontecer nas grandes comé-dias, por detrás da imaginação prodigiosa e das histórias delirantes do escritor Pedro Camacho - autor de folhetins da rádio e personagens chave do romance, descobre-se uma profunda indagação sobre a literatura, os seus parâ-metros e o seu sentido.

Uma pesquisa de Luís Machado pela obra pessoana à procura de referências a pratos e comidas, num vastíssimo leque, da açorda aos bifes, carapaus, camarão, bacalhau, costeletas de porco, dobrada, enguias, favas, galos, ovos e saladas, sardinhas, figos, laranjas, melão, arroz-doce, chocolate, bolos, queijadas e outros. Pessoa em flagrante delitro, nas tascas, nos cafés, nos restaurantes “ a (sua) grande academia para a descoberta da vida da cidade e para o conhecimento da vida humana”, como diz Luís Ma-chado.

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59http://cinema.sapo.pt/

Pensávamos que a Terra era nossa. Estávamos errados.

Um nova produção do clássico de ficção científi-ca, de 1951,no qual um disco voador chega ao nosso planeta e aterra num centro comercial, em Washing-ton.

O alienígena, Klaatu (Keanu Reeves), sai da nave e é morto precipitadamente por um soldado assus-tado.

Klaatu lê as palavras que Lincoln declarou muitos anos antes e percebe que ainda poderá haver espe-rança para a Terra.

Logo a seguir Gort, um robot indestrutível, sai também e começa a derreter todas as armas, incluin-do tanques de guerra, sem fazer mal a um único ser humano.

«MULHERES!» desvenda um mundo inteiramen-te feminino; os homens são esplendidamente retrata-dos, mas nunca aparecem no ecrã.

Baseado no filme de 1939 de George Cukor e na peça de teatro de 1936 de Clare Boothe Luce, «MU-LHERES!» transporta-nos para um agitado círculo da sociedade de Manhattan, em que as indústrias edito-rial, da moda e das finanças estão em destaque.

No centro da história encontramos a personagem de MEG RYAN, Mary Haines, uma perfeita mulher moderna subitamente confrontada com um velho di-lema: um marido traidor.

As mulheres que lhes estão perto rapidamente se reúnem à sua volta, lideradas pela sua melhor amiga, Sylvie Fowler (ANNETTE BENING), uma dinâmica editora de uma revista. Mas quando Sylvie trai Mary num negócio, o grupo todo é sacudido – e as duas mulheres encaram a mais dolorosa separação de sempre – a da sua amizade.

Ao criar uma versão do século XXI de «MULHE-RES!», English mantém a perspicácia, ritmo e o es-cândalo do original, reflectindo simultaneamente as mudanças, imensas, nas vidas das mulheres desde 1930.

O filme de English é um tributo à mulher contem-porânea, um reconhecimento dos seus esforços para navegar numa teia complexa de escolhas, papéis e responsabilidades.

«MULHERES!» retrata os seus problemas e triun-fos com um olhar penetrante e um coração generoso; é uma comédia tanto de estilo como de substância.

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