REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta...

162
Revista Interdisciplinar - FAI REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI Iporá 2017 Vol. 01. nº 01, Setembro 2017 - ISSN

Transcript of REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta...

Page 1: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

REVISTA INTERDISCIPLINAR

FAI

Iporá

2017

Vol. 01. nº 01, Setembro 2017 - ISSN

Page 2: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Apresentação

A Revista Interdisciplinar – FAI, ISSN........., é uma publicação semestral realizada pelo

Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o

objetivo de publicar artigos originais nas diversas áreas do conhecimento e ser um meio

de comunicação científica voltado ao público acadêmico, comvistas à troca de

informações e ao desenvolvimento e maturação científica.

O conteúdo dos artigos é de inteira responsabilidade dos autores, sendo reproduzidos

com plena autorização, desde que devidamente citada a fonte.

A respectiva revista visa contribuir com a sociedade, por meio de conhecimentos

concretos, análises críticas ou reflexões baseados na pesquisa científica.

Membros do Núcleo de Iniciação Científica - FAI

Page 3: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP)

(Faculdade de Iporá, Josefa Xavier de Paula, CRB1/2968)

Revista Interdisciplinar da FAI / Núcleo de Iniciação Científica, Faculdade de Iporá.

– v. 01. n. 01, 2017. -Iporá: Núcleo de Iniciação Científica, 2017

Semestral;

v. 01. n. 01, (Setembro, 2017)

ISSN: (requerido)

1. Interdisciplinar – Periódico 2. Goiás. 3. Faculdade de Iporá I. Título.

Page 4: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

EDITORIAL

Caro leitor,

Faço chegar às suas mãos, com um misto de orgulho e realização, a Revista

InterterdisciplinarFAI – Uma Escola de Empreendedores.

Será uma publicação semestral, de conteúdo científico, versando assuntos de

conteúdo multidisciplinar; produzidos por docentes da FAI - Faculdade de Iporá, e que

terá por foco a visão empreendedora dos cursos ofertados.

A publicação integra umprojeto da Faculdade de Iporá - mais que uma

Faculdade, uma Escola de Empreendedores, que visa incentivar a cultura

empreendedora na comunidade acadêmica da FAI e para além de nossa fronteira

regional, inserindo-nos em uma sociedade globalizada.

Os artigos aqui apresentados encontram-se abertos à colaborações. As

contribuições aos colaboradores podem ser enviadas ao email:

[email protected]

Mais uma vez nossos agradecimentos à equipe responsável por essa criação

voltada ao conhecimento. Ressaltamos o trabalho da equipe do Núcleo de Iniciação

Cientifica-NIC, coordenado pela professora Ms. Francielle Moreira Rodrigues, todos os

autores que contribuíram com seus artigos, para elaboração desta edição e às demais

pessoas que se juntaram ao processo de criação e fizeram a diferença.

Raimundo Fonseca Pinheiro

Graduado em Pedagogia, Economia e Administração, Mestre em Administração e

Doutor em Administração.

Page 5: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

CORPO EDITORIAL

DIRETORIA

Editor Geral – Dr. Raimundo Fonseca Pinheiro

Coordenação Núcleo de Iniciação Científica – Ms. Francielle Moreira Rodrigues

Membro Núcleo de Iniciação Científica – Esp. Joyce Ribeiro do Carmo

Membro Núcleo de Iniciação Científica – Ms. Leandro Ribeiro Miwa

EDITORES

Ms. Francielle Moreira Rodrigues – Editora geral

Josefa Xavier de Paula – Editora Adjunta

SECRETARIA

Consultor de Língua Inglesa – Dr. Neusa Valadares Siqueira

Consultor de Língua Portuguesa – Dr. Neusa Valadares Siqueira

Bibliotecária – Josefa Xavier de Paula

Designer gráfico-

REVISÃO FINAL

Ms. Francielle Moreira Rodrigues

Josefa Xavier de Paula

CONSELHO CIENTÍFICO – FAI

Drª. Marta Pereira da Luz

Dr. Raimundo Fonseca Pinheiro

Dr. Edvande Xavier dos Santos Filho

Drª. Thaiomara Alves da Silva

Ms.Francielle Moreira Rodrigues

Ms. Leandro RibeiroMiwa

Ms. Marcela Christofoli

Ms. Aline Vanessa Coriolano Jesuíno

Ms.Dhego Ramon dos Santos

Ms.Orlandina Machado

Ms.Jheferson Eduardo Siqueira Miranda

Page 6: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

SUMÁRIO

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Jéssica Vieira de Matos FIDELLIS, Leandro Ribeiro MIWA

MODELAGEM MATEMÁTICA, UTILIZANDO O SOFTWARE JOGO DOS POLINOMIOS

PARA ENSINO DE ÁLGEBRA NO ENSINO MÉDIO

David Maccalikes Marques MONTEIRO

DESENHO GRÁFICO UTILIZANDO O SOFTWARE WINPLOT, COMO

FERRAMENTA AO ENSINO-APRENDIZAGEM DE INTEGRAIS MULTIPLAS

Bianca Christofoli Freitas QUEIROZ

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA NA FASE ESTRUTURAL DA

CONSTRUÇÃO CIVIL

Bianca Christofoli Freitas QUEIROZ, Delaine Sousa da Silva ALVARES

CONHECIMENTO DOS SABERES SOBRE A PERMACULTURA, AGRICULTURA E MEIO

AMBIENTE EM ACAMPAMENTOS DE TRABALHADORES SEM TERRA, NA REGIÃO

OESTE GOIANO, BRASIL

Dhego Ramon dos SANTOS; Vanessa Souza TRINDADE

POLITICAS CURRICULARES:A HEGEMONIA DOS DIREITOS HUMANOS

Eliane Teodoro Coimbra PAREJA

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO E METODOLOGIA ATIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

PARA CRIANÇAS DE UMA ESCOLA DO MUNICÍPIO DE IPORÁ/GO

Francielle Moreira RODRIGUES; Pedro Vinicius Barreto SOUZA; Joyce Ribeiro do CARMO

AUTOMEDICAÇÃO COM ANALGÉSICOS, ANTIPIRÉTICOS E ANTI-INFLAMATÓRIOS

NÃO-ESTEROIDAIS NA CIDADE DE SÃO LUÍS DE MONTES BELOS-GO

Edvande Xavier dos SANTOS FILHO; Marcelo do Nascimento GOMES

POTENCIAIS FATORES DE RISCO EXPOSICIONAIS E POSSÍVEIS EFEITOS DA

CONTAMINAÇÃO PELO CHUMBO EM EX-TRABALHADORES DE UMA EMPRESA

FABRICANTE DE BATERIAS AUTOMOTIVAS NA CIDADE DE FIRMINÓPOLIS – GO

Edvande Xavier dos SANTOS FILHO; Karuene Alves do CARMO; Maryele Braz de MELLO

OS LIMITES CONSTITUCIONAIS DA TERCEIRIZAÇÃO ESCOLAR EM GOIÁS

Valéria Mariano de MELO; Nayna Suzy Vieira BOTELHO

Page 7: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

O SOFTWARE COMO SISTEMA DE CONHECIMENTO NA BIBLIOTECA

Josefa Xavier de PAULA

EDUCAÇÃO COMO ELEMENTO FUNDAMENTAL NA PRODUÇÃO DO SETOR

AGRONEGÓCIO

Raimundo Fonseca PINHEIRO

BRINQUEDOTECA: UM ESPAÇO ACADÊMICO QUE CONTRIBUI PARA O

DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Vilma Maria Soares RODRIGUES

Page 8: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Jéssica Vieira de Matos Fidellis1; Leandro Ribeiro Miwa2

O autor do presente artigo 1Advogado, docente e coordenador da Faculdade de Direito

– FAI ([email protected]) 2Acadêmica de Direito - FAI

RESUMO

Os Poderes Administrativos estão previstos no ordenamento jurídico, são inerentes à

Administração Pública e possuem caráter instrumental, ou seja, são instrumentos de

trabalho essenciais para que a Administração possa desempenhar as suas funções

atendendo o interesse público. Os poderes são verdadeiros poderes‐deveres, pois a

Administração não apenas pode como tem a obrigação de exercê‐los.Os poderes da

administração pública são: poder de polícia, poder discricionário, poder hierárquico,

poder disciplinar e poder normativo; cada qual com seu papel especifico

regulamentando os atos administrativos.

Palavra-chave:Poderes Administrativos;Direito Administrativo;Administração pública.

INTRODUÇÃO

Além dos poderes políticos exercidos pelos Poderes Legislativo, Executivo e

Judiciário, o Estado é dotado de poderes administrativos, capazes de viabilizar sua

atuação de acordo com os serviços públicos a serem prestados e os objetivos a que a

atividade estatal se destina. São esses agentes públicos que utilizarão os referidos

poderes administrativos.

Os poderes conferidos à administração pública são instrumentos colocados à sua

disposição para a preservação dos interesses da coletividade. Objeto de análise de

renomados administrativistas, os poderes administrativos assumem, para o

administrador público, a natureza de dever e seu exercício exige estrita observância aos

limites estatuídos em lei.

Analisaremos os poderes a ela conferidos, quais sejam: vinculado, hierárquico,

discricionário, disciplinar, de polícia, e regulamentar (ou poder normativo).

Antes da abordagem central deste artigo, é necessário buscar um conceito para

agente público para melhor compreensão do assunto. Agente público é a pessoa física

que integra a estrutura da Administração Pública para desempenhar funções em caráter

definitivo ou transitório, de modo que a manifestação de vontade do Estado possa ser

exteriorizada. Assim, como mencionado, percebe-se sua importância para que, gerindo

o interesse da coletividade, os fins do Estado sejam alcançados.

Pode-se encontrar o conceito de agente público no artigo 2º da Lei nº 8.429/92:

Page 9: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele

que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por

eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma

de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas

entidades mencionadas no artigo anterior.

Os poderes administrativos, distintos dos poderes políticos, formam as

prerrogativas conferidas a agentes públicos para que possam desempenhar suas funções.

Se, no exercício desses poderes o administrador não buscar o interesse público,

haveráabuso de poder. O abuso de poder é o seu exercício ilícito, do qual decorrem o

excesso de poder em que o agente extrapola a sua competência legal de sua atuação e

ainda o desvio de finalidade em que o agente abandona a finalidade legal de sua

atuação.

Referidos poderes nascem com a Administração e se apresentam diversificados

segundo as exigências do serviço público, o interesse da coletividade e os objetivos a

que se dirigem. Dentro dessa diversidade são classificados, consoante a liberdade da

Administração para a prática de seus atos, em poder vinculado e poder discricionário;

segundo visem ao ordenamento da Administração ou à punição dos que a ela se

vinculam, em poder hierárquico e poder disciplinar; diante de sua finalidade normativa,

em poder regulamentar; e, tendo em vista seus objetivos de contenção dos direitos

individuais, em poder de polícia.

Como afirma Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

[...] tais poderes são inerentes à Administração Pública pois, sem eles,

ela não conseguiria fazer sobrepor-se a vontade da lei à vontade

individual, o interesse público ao interesse privado.

Portanto, os poderes conferidos à administração pública possuem, para o

administrador público, a natureza de dever e devem ser exercidos nos estreitos limites

da lei, na medida em que ele age em nome de terceiros em busca do interesse comum.

PODERES ADMINISTRATIVOS

Poder vinculado

Poder vinculado é aquele que o Direito Positivo confere à Administração Pública

para a prática de ato de sua competência, determinando os elementos e requisitos

necessários à sua formalização.

Nesses atos, a norma legal condiciona sua expedição aos dados constantes de seu

texto. Daí se dizer quer tais atos são vinculados ou regrados, significando que, na sua

Page 10: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

prática, o agente público fica inteiramente preso ao enunciado da lei, em todas as suas

especificações. A liberdade de ação do administrador é mínima, pois terá que se ater à

enumeração minuciosa do Direito Positivo para realiza-los eficazmente. Quando o

agente público deixa de atender a qualquer dado expresso na lei, o ato é nulo, por

desvinculado de seu tipo-padrão.

Como podemos observar no princípio da legalidade, é fundamental que o agente

público observe, fielmente, todos os requisitos expressos na lei como da essência do ato

vinculado.

O seu poder administrativo restringe-se, em tais casos, ao de praticar o ato, mas de

o praticar com todas as minúcias especificadas na lei. Omitindo-as ou diversificando-as

na sua substância, nos motivos, na finalidade, no tempo, na forma ou no modo

indicados, o ato é inválido, e assim poder ser reconhecido pela própria Administração

ou pelo Judiciário, se o requerer o interessado.

Nesse sentido é firme e remansada a jurisprudência de nossos Tribunais, pautadas

pelos princípios expressos no seguinte julgado do STF:

“A legalidade do ato administrativo, cujo controle cabe ao Poder

Judiciário, compreende não só a competência para a prática do ato e

de suas formalidades extrínsecas, como também os seus requisitos

substanciais, os seus motivos, os seus pressupostos de direito e de

fato, desde que tais elementos estejam definidos em lei como

vinculadores do ato administrativo.” (STF, RDA, 42/227)

Dificilmente encontraremos um ato administrativos inteiramente vinculado,

porque haverá sempre aspectos sobre os quais a Administração terá opções da sua

realização. Mas o que caracteriza o ato vinculado é a predominância de especificações

da lei sobre os elementos deixados livres para a Administração.

Elementos vinculados serão sempre a competência, a finalidade e a forma, além

de outros que a norma legal indicar para a consecução do ato. Realmente, ninguém pode

exercer poder administrativos sem competência legal, ou desviado de seu objetivo

público, ou com preterição de requisitos ou do procedimento estabelecido em lei,

regulamento ou edital. Relegado qualquer desses elementos, além de outros que a norma

exigir, o ato é nulo, e assim pode ser declarado pela própria Administração ou pelo

Judiciário, porque a vinculação é matéria de legalidade.

Page 11: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Poder discricionário

Poder discricionário é o que o Direito concede à Administração, de modo

explícito ou implícito, para a prática de atos administrativos com liberdade na escolha

de sua conveniência, oportunidade e conteúdo.

Convém esclarecer que poder discricionárionão se confunde com poder

arbitrário. Discricionariedade é liberdade de ação administrativa, dentro dos limites

permitidos em lei; arbítrio é ação contrária ou excedente da lei. Ato discricionário é

sempre ilegítimo e inválido.

A faculdade discricionária distingue da vinculada pela maior liberdade de ação

que é conferida ao administrador. Se para a prática de um ato vinculado a autoridade

pública está adstrita à lei em todos os seus elementos formadores, para praticar um ato

discricionário é livre, no âmbito em que a lei lhe concede essa faculdade.

Por ai se vê que a discricionariedade é sempre relativa e parcial, porque, quanto à

competência, à forma e à finalidade do ato, a autoridade está subordinada ao que a lei

dispõe, como para qualquer ato vinculado. Com efeito, o administrador, mesmo para a

prática de um ato discricionário, deverá ter competência legal para praticá-lo; deverá

obedecer à forma legal para sua realização; e deverá atender à finalidade legal de todo

ato administrativo, que é o interesse público. O ato discricionário praticado por

autoridade incompetente, ou realizado por forma diversa da prescrita em lei, ou

informado de finalidade estranha ao interesse público, é ilegítimo e nulo.

O jurista Seabra Fagundes adverte em Acordão:

“A competência discricionária não se exerce acima ou além, senão

como toda e qualquer atividade executória, com sujeição a ela.”

(TJRN, RDA 14/54)

A atividade discricionária encontra plena justificativa na impossibilidade de o

legislador catalogar na lei todos os atos que a prática administrativa exige. O ideal seria

que a lei regulasse minuciosamente a ação administrativa, modelando cada um dos atos

a serem praticados pelo administrador; mas, como isto não é possível, dadas a

multiplicidade e diversidade dos fatos que pedem pronta solução ao Poder Público, o

legislador somente regula a prática de alguns atos administrativos que reputa de maior

relevância, deixando o cometimento dos demais ao prudente critério do administrador.

A livre escolha do agente administrativo funda-se na consideração de que só o

administrador, em contato com a realidade, está em condições de bem apreciar os

Page 12: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

motivos ocorrentes de oportunidade e conveniência da prática de certos atos, que seria

impossível ao legislador, dispondo na regra jurídica – lei – de maneira geral e abstrata,

prover com justiça e acerto. Só os órgãos executivos é que estão, em muitos casos, em

condições de sentir e decidir administrativamente o que convém e o que não convém ao

interesse coletivo. Em tal hipótese, executa vinculadamente, quanto aos elementos que

ela discrimina, e discricionariamente, quanto aos aspectos em que ela admite opção.

Daí dizer-se, com inteira propriedade, que a atividade discricionária permanece

sempre sujeita a um duplo condicionamento: externo e interno. Externamente, pelo

ordenamento jurídico a que fica subordinada toda atividade administrativa;

internamente, pelas exigências do bem comum e da moralidade da instituição

administrativa.

Erro é considerar-se o ato discricionário imune à apreciação judicial, pois a Justiça

poderá dizer sobre sua legitimidade e os limites de opção do agente administrativo, ou

seja, a conformidade da discricionariedade com a lei e com os princípios jurídicos.

O que o Judiciário não pode é, no ato discricionário, substituir o discricionarismo

do administrador pelo do juiz. Não pode, assim, invalidar opções administrativas ou

substituir critérios técnicos por outros que repute mais convenientes ou oportunos, pois

essa valoração é privativa da Administração. Mas pode sempre proclamar as nulidades e

coibir os abusos da Administração.

Poder hierárquico

Poder hierárquico é o que dispõe o Executivo para distribuir e escalonar as

funções de seus órgãos, ordenar, e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo a

relação de subordinação entre os servidores do seu quadro de pessoal.

Hierarquia é a relação de subordinação existentes entre os vários órgãos e agentes

do Executivo, com a distribuição de funções e a gradação da autoridade de cada um.

Dessa conceituação resulta que não há hierarquia no Judiciário e no Legislativo, nas

suas funções próprias, pois ela é privativa da função executiva, como elemento típico da

organização e ordenação dos serviços administrativos.

O poder hierárquico tem por objetivo ordenar, coordenar, controlar e corrigiras

atividades administrativas, no âmbito interno da Administração Pública.

• Ordena as atividades da Administração, repartindo e escalonando as funções entre

os agentes do Poder, de modo que cada um possa exercer eficientemente seu

encargo;

Page 13: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

• Coordena, entrosando as funções no sentido de obter o funcionamento harmônico

de todos os serviços a cargo do mesmo órgão;

• Controla, velando pelo cumprimento da lei e das instruções e acompanhando a

conduta e o rendimento de cada servidor;

• Corrige os erros administrativos, pela ação revisora dos superiores sobre os atos

dos inferiores.

Desse modo, a hierarquia atua como instrumento de organização e

aperfeiçoamento do serviço e age como meio de responsabilização dos agentes

administrativos, impondo-lhes o dever de obediência.

Quanto a hierarquia a doutrina não é uniforme, mas a nossa Constituição no seu

artigo 5º, inciso II, declara que: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer

alguma coisa senão em virtude de lei”, tornando claro que o subordinado não pode ser

compelido, pelo superior, a praticar ato evidentemente ilegal.

A apreciação da conveniência e da oportunidade das determinações superiores

refoge das atribuições meramente administrativas e, por isso, escapa da órbita de ação

dos subalternos. Descumprindo-as ou retardando-as na execução, poderá o servidor

relapso incorrer não só em falta disciplinar como, também, em crime funcional

(prevaricação), previsto e definido no art. 319 do CP.

A submissão hierárquica retira do inferior a atuação política, isto é, despe o

subordinado a ação de comando, permitindo-lhe, tão somente, agir no estrito âmbito de

suas atribuições específicas. Ao chefe do órgão executivo é que incumbe tomar as

resoluções políticas, no sentido da escolha do objeto, dos meios e da oportunidade mais

convenientes à consecução dos fins governamentais, que devem tender sempre para o

bem comum.

Do poder hierárquico decorrem faculdades implícitas para o superior, tais como:

➢ Dar ordens: é determinar ao subordinado os atos a praticar ou a conduta a seguir em

caso concreto. Daí decorre o dever de obediência.

➢ Fiscalizar: é vigilar os atos praticados pelos subordinados, com o intuito de mantê-

los dentro dos padrões legais regulamentares instituídos para cada atividade

administrativa.

➢ Delegar: é conferir a outrem atribuições que originariamente competiam ao

delegante. As delegações dentro do mesmo Poder são, em princípio, admissíveis, desde

que o delegado esteja em condições de bem exercê-las. O que não admite no nosso

sistema Constitucional, é a delegação de atribuições de um Poder ao outro, como

Page 14: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

também não se permite delegação de atos de natureza política, como a do poder de

tributar, a sanção e o veto de lei.

➢ Avocar: é chamar a si funções originariamente atribuídas a um subordinado. Nada

impede tal prática, que, porém, só deve ser adotada pelo superior hierárquico quando

houver motivos relevantes para tal substituição, isto porque a avocação de um ato

sempre desprestigia o inferior e, não raro, desorganiza a normal funcionamento do

serviço.

➢ Rever: atos de inferiores hierárquico é apreciar tais atos em todos os seus aspectos

para mantê-los ou invalidá-los, de ofício ou mediante provocação de interessado. A

revisão é possível enquanto o ato não se tornou definitivo para a Administração, ou não

criou direito subjetivo para o particular, isto é, não fez nascer para o destinatário um

direito oponível à Administração, conforme diz a Súmula 473 do STF: “A

administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam

ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de

conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em

todos os casos, a apreciação judicial.”

Não se confunde subordinação com vinculação administrativa. A subordinação

decorre do poder hierárquico e admite todos os meios de controle do superior sobre o

inferior; a vinculação resulta do poder de supervisão ministerial sobre a entidade

vinculada (Decreto Lei – 200/67, artigos 19 a 21) e é exercida nos limites que a lei

estabelecer, sem suprimir a autonomia conferida ao ente supervisionado.

Poder regulamentar

O poder regulamentar também chamado de poder normativoé a faculdade de que

dispõem os Chefes do Executivo de explicar a lei para sua correta execução, ou de

expedir decretos autônomos sobre matéria de sua competência ainda não disciplinada na

lei. É um poder inerente e privativo do Chefe do Executivo, e, por isso mesmo,

indelegável a qualquer subordinado, conforme cita o artigo 84, inciso IV da

Constituição Federal:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

(...) IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como

expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;

Prevê ainda a Constituição Federal em seu art. 87, parágrafo único, inciso 11, que

compete ao Ministro de Estado expedir instruções para a execução das leis, decretos e

Page 15: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

regulamentos. De acordo com esta disposição constitucional, pode-se inferir que afora o

Presidente da República, outros órgãos da Administração Pública também podem

expedir regulamentos. Tal como as leis, os decretos expedidos pelos chefes dos

executivos podem necessitar de ulterior regulamentação, dando-lhe maior detalhamento,

tarefa que seria cumprida por outros atos normativos expedidos por órgãos

administrativos.

No poder de chefiar a Administração está implícito o de regulamentar a lei e

suprir, com normas próprias, as omissões do Legislativo que estiverem na alçada do

Executivo. Os vazios da lei e a imprevisibilidade de certos fatos e circunstâncias que

surgem, a reclamar providências imediatas da Administração, impõem se reconheça ao

Chefe de Executivo o poder de regulamentar, através de decreto, as normas legislativas

incompletas, ou de prover situações não previstas pelo legislador, mas ocorrentes na

prática administrativa.

O Poder Normativo, ou Regulamentar, apenas complementa a lei, e não pode

alterar a lei, não pode modificar seu entendimento. Caso haja alteração da lei ocorrerá

abuso de Poder Normativo ou abuso de Poder Regulamentar.

A faculdade normativa, embora caiba predominantemente ao Legislativo, nele não

se exaure, remanescendo boa parte para o Executivo, que expede regulamentos e outros

atos de caráter geral e efeitos externos. Assim, o regulamento é um complemento da lei

naquilo que não é privativo da lei. Entretanto, não se pode confundir lei e regulamento.

Regulamento é ato administrativo geral e normativo, expedido privativamente

pelo Chefe do Executivo (federal, estadual ou municipal), através de decreto, com o fim

de explicar o modo e forma de execução de lei (regulamento de execução) ou prover

situações não disciplinadas em lei (regulamento autônomo ou independente).

O regulamento não é lei, embora a ela se assemelhe no conteúdo e poder

normativo. Nem toda lei depende de regulamento para ser executada, mas toda e

qualquer lei pode ser regulamentada se o Executivo julgar conveniente fazê-lo. Sendo o

regulamento, na hierarquia das normas, ato inferior à lei, não a pode contrariar, nem

restringir ou ampliar suas disposições.

O Congresso Nacional tem competência para sustar atos normativos do Executivo

que exorbitem do poder regulamentar (Artigo 49, inciso V da Constituição Federal).

Tendo em vista as características de generalidade e abstração da lei, é impossível

ao legislador prever todas as situações as quais cabe regular, ou seja, quando a lei

Page 16: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

necessitar de alguma complementação para ser executada, terá lugar o regulamento

administrativo, exatamente como dispõe a CF no art. 84, IV.

Conforme ensina Bandeira de Mello: "A Constituição prevê os regulamentos

executivos porque o cumprimento de determinadas leis pressupõe uma interferência de

órgãos administrativos para a aplicação do que nelas se dispõe, sem, entretanto,

predeterminar exaustivamente, isto é. com todas as minúcias, a forma exata da atuação

administrativa pressuposta."

Desta forma, o Poder Regulamentar será exercido dentro da discricionariedade

administrativa. Deverá ser delegada ao administrador público no texto legal, alguma

esfera de liberdade de atuação, e, por óbvio, onde a lei dispuser a única forma de

atuação para atender aquele caso em particular, não terá cabimento a expedição de

regulamentos administrativos.

Bandeira de Mello ressalta ainda que a competência regulamentar é uma

importante garantia de um tratamento isonômico aos administrados, como forma de

limitação da discricionariedade administrativa, pois particulariza a posterior

regulamentação requerida em lei e estabelece padrões de conduta, que devem ser

observados pelos agentes administrativos ao aplicar a lei aos casos particulares. Sem

estes padrões impostos na via administrativa os órgãos e agentes administrativos guiar-

se-iam por critérios díspares ao aplicarem a lei do que resultariam tratamentos

desuniformes aos administrados.

Poder disciplinar

É a faculdade de punir internamente as infrações funcionais dos servidores e

demais pessoas sujeitas à disciplina dos órgãos e serviços da Administração. É uma

supremacia especial que o Estado exerce sobre todos aqueles que se vinculam à

Administração por relações de qualquer natureza, subordinando-se às normas de

funcionamento do serviço ou do estabelecimento que passam a integrar definitiva ou

transitoriamente.

Marcelo Caetano já advertia que:

"O poder disciplinar tem sua origem e razão de ser no interesse e na necessidade

de aperfeiçoamento progressivo do serviço público."

O poder disciplinar tem relação com o poder hierárquico, mas com ele não se

confunde. No uso do poder disciplinar ela controla o desempenho dessas funções

Page 17: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

executivas e a conduta interna de seus servidores, responsabilizando-os pelas faltas

cometidas.

Não se deve confundir o poder disciplinar da Administração com o poder punitivo

do Estado, realizado através da Justiça Penal. O poder disciplinar é exercido como

faculdade punitiva interna da Administração e, por isso mesmo, só abrange as infrações

relacionadas com o serviço; a punição criminal é aplicada com finalidade social,

visando à repressão de crimes e contravenções definidas nas leis penais, e por esse

motivo é realizada fora da Administração ativa, pelo Poder Judiciário.

A punição disciplinar e a criminal tem fundamentos diversos, e diversa é a

natureza das penas. A diferença não é de grau; é de substância. Dessa substancial

diversidade resulta a possibilidade da aplicação conjunta das duas penalidades em que

ocorra bis in idem. Por outras palavras, a mesma infração pode dar ensejo a punição

administrativa (disciplinar) e a punição penal (criminal), porque aquela é sempre um

minusem relação a esta. Daí resulta que toda condenação criminal por delito funcional

acarreta a punição disciplinar, mas nem toda falta administrativa exige sanção penal.

Não se aplica ao poder disciplinar o princípio da pena especifica que domina

inteiramente o Direito Criminal comum, ao afirmar a inexistência da infração penal sem

prévia lei que a defina e apene: “nullumcrimen, nullapoenasine lege”. Esse princípio

não vigora em matéria disciplinar. O administrador, no seu prudente critério, tendo em

vista os deveres do infrator em relação ao serviço e verificando a falta, aplicará a sanção

que julgar cabível, oportuna e conveniente, dentre as que estiverem enumeradas em lei

ou regulamento para a generalidade das infrações administrativas.

A aplicação da pena disciplinar tem para o superior hierárquico o caráter de um

poder-dever, uma vez que a condescendência na punição é considerada crime contra a

Administração Pública. Todo chefe tem o poder e o dever de punir o subordinado

quando este der ensejo, ou, se lhe faltar competência para a aplicação da pena devida,

fica na obrigação de levar o fato ao conhecimento da autoridade competente. É o que

determina o Código penal no artigo 320:

Art. 320 - Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar

subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando

lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade

competente:

Pena - detenção, de quinze dias a um mês, ou multa.

Page 18: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

As penas disciplinares no nosso Direito Administrativo federal são de seis

espécies, enumerando-se na seguinte ordem de gravidade:

• Suspensão

• Demissão

• Cassação de aposentadoria ou disponibilidade

• Destituição de cargo em comissão

• Destituição de função comissionada (Lei 8.112/90, art. 127)

Conforme a gravidade do fato a ser punido, a autoridade escolherá, entre as penas

legais, a que consulte ao interesse do serviço e a que mais bem reprima a falta cometida.

Neste campo é que entra o discricionarismo disciplinar. Isto não significa, entretanto,

que o superior hierárquico possa punir arbitrariamente, ou se ater a critérios jurídicos. O

que se quer dizer é que a Administração pode e deve, atendo-se aos princípios gerais do

Direito e às normas administrativas especificas do serviço, conceituar a falta cometida,

escolher e graduar a pena disciplinar, em face dos dados concretos apurados pelos meios

regulares – processo administrativo ou meio sumários – conforme a maior ou menor

gravidade da falta, ou a natureza da pena a ser aplicada.

A apuração regular da falta disciplinar é indispensável para a legalidade da

punição interna da Administração.

Como bem observa Barros Jr:

A discricionariedade da punição disciplinar se reduz também no que

tange ao procedimento para aplica-la. O processo disciplinar tende a

uma jurisdicionalização acentuada, mediante adoção de um

contraditório moderado no seu processamento.

A motivação da punição disciplinar é sempre imprescindível para a validade da

pena. Não se pode admitir como legal a punição desacompanhada de justificativa da

autoridade que a impõe.

Ao motivar a imposição da pena, o administrador não se está despojando da

discricionariedade que lhe é conferida em matéria disciplinar. Está, apenas, legalizando

essa discricionariedade, visto que a valoração dos motivosé matéria reservada

privativamente à sua consideração, sem que outro Poder possa rever o mérito de tais

motivos. O próprio Judiciário deter-se-á no exame material e jurídico dos motivos

invocados, sem lhes adentrar a substância administrativa.

Poder de polícia

Page 19: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

O artigo 78 do Código Tributário Nacional estabelece o conceito legal de poder

de polícia:

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração

pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou

liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de

interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos

costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de

atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do

Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e

aos direitos individuais ou coletivos.

Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de

polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da

lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de

atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio

de poder.

A partir do conceito legal de polícia administrativa dado pelo artigo 78 do

Código Tributário Nacional, pode-se conceituar essa atribuição como sendo a que

dispõe a Administração Pública para condicionar o uso, o gozo e a disposição da

propriedade e restringir o exercício da liberdade dos administrados no interesse

público ou social. Vê-se que essa atribuição não se presta a condicionar os direitos de

liberdade ou de propriedade.

O fundamento da atribuição de polícia administrativa está centrado num vínculo

geral, existente entre a Administração Pública e os administrados, que autoriza o

condicionamento do uso, gozo e disposição da propriedade em benefício do interesse

público ou social. Alguns autores chamam-no de supremacia geralda Administração

Pública em relação aos administrados. Assim, o exercício da liberdade e o uso, gozo e

disposição da propriedade estão sob a égide dessa supremacia, e por essa razão podem

ser condicionados ao bem-estar público ou social. É um princípio inexpressão no

ordenamento jurídico.

Não é ato de polícia administrativa o que impõe alguma restrição a servidor

público (trabalhar de uniforme) ou a concessionário de serviço público (colocar

determinados dizeres nos ônibus), porque decorrentes de um vínculo especial(estatuto,

contrato), embora restrinjam a liberdade de um e de outro e tenham sido estabelecidos

pela Administração Pública. Tampouco é ato de polícia o que veda a colocação de

móveis em áreas comuns de prédios de apartamentos, visto que não se destina a

satisfazer interesse público ou social, nem é determinado pela Administração Pública,

fundada no citado vinculo geral. Essa restrição é imposta pelo condomínio em

Page 20: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

benefício dos condôminos. Também não e poder de polícia, mas defesa do patrimônio

público, os atos destinados a retirar invasores dos edifícios públicos e as áreas

públicas, como são as praças, ruas, estradas, rodovias e vielas.

Ato de polícia é caracterizado pelos seguintes elementos:

a) Editado pela administração pública ou por quem faça as vezes;

b) Fundamento num vínculo geral;

c) Interesse público e social;

d) Incidir sobre a propriedade ou sobre a liberdade

A ausência de qualquer desses elementos descaracteriza-o como ato de polícia,

podendo valer apenas como ato administrativo. A ausência dos elementos citados

acima não o torna necessariamente nulo, apenas desqualifica-o como ato de polícia.

Por exemplo, a exigência imposta pelo Poder Permitente ao permissionário de uso de

bem público para que abra a cantina e atenda aos alunos aos sábados até as doze horas

não caracteriza poder de polícia, pois não caracteriza poder de polícia, pois não está

fundado em vínculo geral, mas numa relação jurídica especial consubstanciada na

permissão de uso.

O objeto é, à vista do que dissemos, a liberdade e a propriedade dos

administrados, sem alcançar os respectivos direitos. Aquela, no que respeita ao seu

exercício: esta no que se relaciona com o uso, gozo e disposição. Por administrados há

se se entender todas as pessoas físicas e jurídicas, embora sempre se diga: liberdade e

propriedade individuais. O uso, gozo e disposição da propriedade e o exercício da

liberdade não podem impedir a realização do interesse público nem o pleno alcance do

bem estar social.

Destina-se a polícia administrativa a prevenir o surgimento de atividades

particulares nocivas aos interesses sociais ou públicos ou a impedir seu

desenvolvimento.

Características do Poder de Polícia

A doutrina administrativa majoritária considera as principais características do

Poder de Polícia:

- Autoexecutoriedade: Constitui prerrogativa aos atos emanados por força do poder de

polícia a característica autoexecutória imediatamente a partir de sua edição, isso ocorre

porque as decisões administrativas trazem em si a força necessária para a sua auto

execução. Os atos autoexecutórios do Poder de Polícia são aqueles que podem ser

Page 21: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

materialmente implementados pela administração, de maneira direta, inclusive mediante

o uso de força, caso seja necessário, sem que a Administração Pública precise de uma

autorização judicial prévia. A autoexecutoriedade dos atos administrativos fundamenta-

se na natureza pública da atividade administrativa, em razão desta, atendendo o

interesse público, assim, a faculdade de revestimento do ato administrativo pela

característica da autoexecução de seus próprios atos se manifesta principalmente pela

supremacia do interesse coletivo sobre o particular.

- Coercibilidade: Trata-se da imposição coercitiva das decisões adotadas pela

Administração Pública, objetivando a garantia do cumprimento, mesmo que forçado, do

ato emanado mediante o Poder de Polícia. Cumpre esclarecer que todo ato de Polícia

tem caráter imperativo e obrigatório, ou seja, temos a possibilidade de a administração

pública, de maneira unilateral, criar obrigações para os administrados, ou então impor-

lhes restrições. Dessa forma, não existe ato de polícia de cumprimento facultativo pelo

administrado, haja vista que todos os atos adotados com fundamento no Poder de

Polícia admite a coerção estatal para fim de torná-lo efetivo, sendo certo que tal coerção

independe de prévia autorização judicial.

- Discricionariedade: Os atos discricionários são aqueles que a Administração Pública

pode praticar com certa liberdade de escolha e decisão, sempre dentro dos termos e

limites legais, quanto ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua oportunidade e

conveniência administrativa. Dessa maneira, na edição de um ato discricionário, a

legislação outorga ao agente público certa margem de liberdade de escolha, diante da

avaliação de oportunidade e conveniência da pratica do ato.

Competência

Em regra, o exercício da atribuição de polícia compete à entidade a quem a Lei

Maior outorga a competência para legislar. Assim cabe à União o exercício das

profissões e a entrada, extradição e expulsão de estrangeiros, já que ela se atribui a

respectiva competência legislativa.

Cabe ao Município o exercício da polícia administrativa em tudo o que for de

interesse local, dado que sobre essas matérias, entre outras, se lhe atribui a

correspondente atuação legislativa.

Ao Estado-Membro cabe o desempenho dessa atividade em relação às matérias

remanescentes, em face do fato de que sobre elas pode legislar. Assim, se o exercício

da atribuição de polícia não for do Munícipio nem da União, é do Estado-Membro,

Page 22: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

salvo se couber ao Distrito Federal. Ao Distrito Federal cabe exercer as atribuições de

polícia que tocam aos Estados-Membros e ao Município, visto que em seu território

exerce as competências estaduais e municipais, consoante estatui ao artigo 32, § 1º, da

Constituição Federal.

As atribuições do exercício do poder de polícia nos recintos da Câmara do

Deputados e do Senado Federal cabem a esses órgãos.

Diferença de polícia administrativa e polícia judiciária

A polícia administrativa é essencialmente preventiva, embora algumas vezes

seus agentes ajam repressivamente, a exemplo da apreensão de mercadoria imprópria

ao consumo público. A polícia judiciária é notadamente repressiva.

O exercício da polícia administrativa está disseminado pelos órgãos e agentes da

Administração Pública, ao passo que da polícia judiciária é privativo de certo e

determinado órgão (Secretaria de Segurança).

O objeto da polícia administrativa é a propriedade e a liberdade, enquanto o da

polícia judiciária é a pessoa.

A polícia administrativa predispõe-se a impedir ou paralisar atividades

antissociais; a polícia judiciária preordena-se a descobrir e conduzir ao Judiciário os

infratores da ordem jurídica penal.

Por último a polícia administrativa rege-se por normas administrativas; a

judiciária por normas processuais penais.

Manifestação da atribuição de polícia

Essa atividade administrativa manifesta-se por atos normativos e concretos. A

atribuição de polícia administrativa também compreende os atos de fiscalização. Por

eles previnem-se os danos decorrentes da ação dos administrados. É o caso de

fiscalização dosestabelecimentos como restaurantes, bares e lanchonetes, no que

concerne à higiene e a qualidade dos alimentos. Essas manifestações redundam na

expedição de alvarás, licenças e autorizações.

A Polícia Administrativa atua conforme os órgãos de fiscalização atribuídos pela

lei, como na área de: saúde, educação, trabalho, previdência e assistência social.

Os atos de polícia administrativa são administrativos e como tal submetem-se

aos controles vigentes (administrativo e judicial) a que se subsomem os atos e

comportamentos da Administração Pública em geral. De sorte que contra eles cabem

Page 23: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

recursos administrativos (recurso hierárquico) e judiciais (mandado de segurança,

ação civil pública, ação popular) para obstar os gravames que podem causar aos

administrados, a própria Administração Pública e à coletividade (interesses difusos).

Limites da atribuição de polícia

O primeiro limite se encontra no pleno desempenho da atribuição, isto é, no

amplo interesse de impor limitações ao exercício da liberdade e ao uso, gozo e

disposição de propriedade. O segundo reside na observância dos direitos assegurados

aos administrados pelo ordenamento positivo.

É na conciliação da necessidade de limitar ou restringir o desfrute da liberdade

individual e da propriedade particular com os direitos fundamentais, reconhecidos a

favor dos administrados, que se encontram os limites dessa atribuição. Assim, mesmo

que a pretexto do poder de polícia, não se podem aniquilar os mencionados direitos.

Qualquer abuso é passível de controle judicial.

O ato de polícia é administrativo e pode ser vinculado ou discricionário. Deve

observar os requisitos (competência, finalidade, forma, motivo, conteúdo, objeto e

causa) comuns a todos os atos dessa espécie, mais a proporcionalidade. Esta consiste

no uso adequado da coação.

A inobservância dessa proporcionalidade é evidenciada como por exemplo na

prisão de motorista que não portava carteira de habilitação, quando bastava apenas a

apreensão do veículo.

Sanções

As sanções que tornam efetivas as medidas de polícia são impostas ou fixadas

em lei. São essencialmente, a multa, ainterdição, a demolição, a destruição, a

inutilização e o embargo.

A aplicação dessas penas não se legitimará se, em processo administrativo, não

for dado ao infrator amplo direito de defesa e garantido o contraditório, consoante lhe

é assegurado pelo artigo 5º, LV da Constituição Federal.

O poder para aplicar as sanções de polícia prescreve, nos termos do art. 1º da Lei

Federal nº 9.873/99:

Art. 1o - Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Administração

Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia,

objetivando apurar infração à legislação em vigor, contados da data da

Page 24: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

prática do ato ou, no caso de infração permanente ou continuada, do

dia em que tiver cessado.

Essa lei, atende-se, não se aplica aos Estados, Distrito Federal e aos Municípios.

Observa-se que essas ou outras penas não podem ser instituídas por decreto ou

outro ato sublegal, nem podem ter caráter perpétuo.

Prescrição do ato de polícia

Sobre a prescrição do ato de polícia, no âmbito da Administração Pública

federal, direta e indireta, dispõe a Lei federal n. 9.873 de 23 de janeiro de 1999. Esta,

conforme deixam claro a sua ementa e seu artigo 1º, não é obrigatório para as

Administrações Públicas dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Sua

aplicabilidade diz respeito somente à Administração Pública federal, direta e indireta.

Nos termos desse artigo, prescreve em cinco anos a ação punitiva da

Administração Pública Federal, direta e indireta, no exercício do poder de polícia,

objetivando apurar infração à legislação em vigor. Esse prazo, segundo essa regra, é

contado da data da prática do ato, ou, no caso de infração permanente ou continuada,

do dia em que tiver cessado.

Estabelece o artigo 1º desse artigo que incide a prescrição no procedimento

administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou despacho,

cujos autos serão arquivados de oficio ou mediante requerimento da parte interessada,

sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação.

Consoante estabelece o artigo 2º dessa lei, interrompe-se a prescrição:

I.Pela citação do indiciado ou acusado, inclusive pelo edital;

II.Por qualquer ato inequívoco que importe apuração do fato;

III.Pela decisão condenatória recorrível;

IV. Por qualquer ato inequívoco que importe em manifestação expressa de tentativa

de solução conciliatória no âmbito interno da administração pública federal.

A figura a seguir apresenta o quadro geral de todos os poderes apresentados

nesse trabalho:

Figura 1 – Quadro ilustrativo dos poderes administrativos

Page 25: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Fonte: Mapas mentais por Terezinha Rêgo

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme verificou-se no texto apresentado, para que os agentes públicos

possam agir em nome do Estado a Lei lhes confere algumas prerrogativas posto que

devem ter por meta, a satisfação dos interesses públicos. Estas prerrogativas devem

conformar-se aos princípios da Administração Pública. São os chamados poderes da

administração pública.Assim, tais poderes são instrumentais pois se destinam a

satisfazer os interesses públicos e não os interesses do agente público.

Há de se considerar que os poderes da administração decorrem em razão da

organização política e social estabelecida a partir da nossa Constituição. O poder de

polícia,por exemplo, é aquela capacidade, que o Estado tem de delimitar a utilização

das liberdades individuais em prol do bem comum.

O exercício ilegítimo das prerrogativas conferidas pelo ordenamento jurídico à

Administração Pública caracteriza de modo genérico, o denominado abuso de poder.

Dentro do contexto atual e dentro de um Estado de Direito, há de haver um

verdadeiro respeito às leis pelo Poder Público, expressas nos princípios

constitucionais.

Page 26: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

REFERÊNCIAS

BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 25. ed.

São Paulo: Malheiros, 2008.

BARROS JR. Carlos S. de. Do poder Disciplinar da Administração Pública.São

Paulo: Revista do Tribunais. São Paulo, 1972. p. 207.

BEZERRA, Joice de Souza. Em que consiste o poder normativo ou poder

regulamentar. Disponível em: <http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2093607/em-que-

consiste-o-poder-normativo-

CAETANO, Marcelo, Do Poder Disciplinar, Lisboa, 1932, p.25.

Código Tributário Nacional. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 1988

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 19. ed. São Paulo: Atlas,

2006.ou-poder-regulamentar-joice-de-souza-bezerra>. Acesso em 15.10.2016.

GASPARINI, Diógenes. Poderes regulamentar e de polícia. In: Direito

Administrativo. 16. ed. São Paulo: Saraiva. 2011. p. 178-190

MASAGÃO, Mário. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Revista dos

Tribunais, 1959

MEIRELLES, Hely Lopes. Poderes administrativo. In: Direito Administrativo. São

Paulo: Malheiros Editores. 2009. p. 118-131.

Rêgo, Terezinha. Mapas Mentais. Disponível em:

<http://www.leandrovelloso.com.br/materiais/ebook-DirAdministrativo-02-Atos-

Poderes.pdf>. Acesso em 14.10.2016.

Page 27: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

SARAIVA, Carmen Ferreira. Poderes da Administração Pública. Disponível em:

<http://www.boletimjuridico.com.br/m/texto.asp?id=1117>Acesso em 14.10.2016.

MODELAGEM MATEMÁTICA,UTILIZANDO O SOFTWARE JOGO DOS

POLINÔMIOS PARA ENSINO DE ÁLGEBRA NO ENSINO MÉDIO.

David Maccalikes Marques Monteiro1

O autor do presente artigo 1Graduação em matemática – UEG, pós graduação em

Docência Universitária UCAN, ([email protected])

RESUMO

O presente estudo tem como foco principal a questão de como auxiliar os alunos no

processo de ensino-aprendizagem de álgebra no 3º Ano do Ensino Médio, utilizando o

software Jogos dos Polinômios, permitindo aosmesmos identificarem uma função

polinomial por meio de seu gráfico; adquirirem o conhecimento no tratamento gráfico

de funções por meio da identificação de suas raízes e compreender melhor as funções

polinomiais de grau maior que dois. A problemática que proporcionou a realização

desteestudo foi: Como ensinar os conceitos básicos de funções polinomiais, e fazer com

que os alunos compreendam as propriedades graficas destas funções, utilizando a

modelagem matemática, na busca de um melhor desempenho e assimilação pelos

alunos? Pensando nesta pergunta esta pesquisa tem como objetivo buscar por meio da

utilização do software Jogos dos polinômios, um entendimento maior dos alunos do 3º

ano do Ensino Médio, quanto as definições, operações, visualização gráfica e com isso

desenvolver nos mesmos uma melhor compreensão do estudo das funções. A pesquisa

bibliográfica foi realizada com base nos autores, (BASSANEZI, 2006), (PIAGET,

1970), (ALVES, 2001), (BURAK, 2010),entre outros. O produto deste trabalho será a

utilização do software Jogos dos Polinômios, no ensino das propriedades, definição e

graficos de polinôminos de grau menor até os de maiores graus. A impotância

destapesquisa esta na busca de uma nova forma de ensinar os conceitos de funções

polinomiais, utilizando a modelagem matemática, por meio do software Jogos dos

Polinômios, e fazer com que o aluno consiga uma maior compeensão, por meio de uma

metodologia investigativa, que fará com que os alunos desenvolvam um ensino-

apresizagem de maior qualidade. Tivemos a conclusão de que a interação do Jogo com

os alunos e professor, proporcionou um desempenho de maior qualidade, onde os

Page 28: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

alunos, desmonstraram uma habilidade assimilação bem desenvolvida, ao utilizarem o

Jogo dos Polinômios como ferramenta para o aprendizado.

Palavras-Chave: Aluno.Professor.Jogo dos Polinômios.Aprendizado

INTRODUÇÃO

O ensino de matemática desde os tempos passados, vem sofrendo modificações

e adaptações quanto às práticas de ensino aprendizagem. Estamos vivendo na era da

tecnologia, e cada vez mais, fica claro o quanto que esta tendencia, é absorvida pelos

alunos. Hoje quase todos os alunos tem acesso a internet, ou possuem em sua residencia

um computador. Neste contexto fica cada vez mais difícil prender a atenção do aluno,

para que o mesmo aprenda os conceitos ensinados no dia a dia da escola.

O objetivo (e a esperança) de todo matemático aplicado ao estudar um

problema é construir um modelo dentro de uma teoria matemática já

desenvolvida e amplamente estudada, que facilite a obtenção de

resultados. (BASSANEZI, 2006, p.17).

Então vamos buscar uma nova metodologia, para que os educadores

matemáticos possam utilizar, como ferramenta para desenvolver novos modelos de

ensino-aprendizagem, dentro da sala de aula.

A problemática que instigou o desenvolvimento desta pesquisa partiu do

conceito, de como fazer com que o aluno aprenda os conceitos e definições de funções,

e suas propriedades gráficas, utilizando a modelagem matemática, para o desempenho

construtivo e observador do processo de aprendizagem do aluno?

O objetivo geral desta pesquisa é buscar por meio da utilização do software

Jogos de Polinômios, um entendimento maior dos alunos do 3º ano do Ensino Médio,

quanto as definições, operações, visualização gráfica, e com isso desenvolver nos

mesmos uma melhor compreensão do estudo das funções polinomiais.

A importância deste trabalho está na busca de uma nova metodologia de ensinar

os conceitos de funções, utilizando a modelagem matemática, por meio do software

Jogos de Polinômios, fazendo com que os alunos consigam uma maior compeensão, e

desenvolvam uma caracteristica investigativa, fazendo com que os mesmos obtenham

um ensino-apresizagem de maior qualidade, e com isso proporcionar uma metodologia

que possa ser utilizada por professores com a certeza de que obterão resultados

significativos do ensino-aprendizagem de seus alunos.

Page 29: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Desenvolvimento

• Informações do Software: Jogo dos Polinômios

O software Jogo dos Polinômios, é um projeto de característica livre,

desenvolvido pelo autorCristiano Torezzan, em parceria com a Universidade Estadual

de Campinas, e Matemática Multimídia, disponível do endereço eletrônico:

http://m3.ime.unicamp.br/recursos/1235 . O Software abrange os conteúdos de gráficos,

raízes, polinômios, jogos, expressões algébricas e multiplicidade, dentre outros. Tem

como objetivos identificar uma função polinomial por meio de análise gráfica, adquirir

sensibilidade no tratamento gráfico de funções através da identificação de suas raízes e

explorar funções polinomiais de grau maior que dois.

O jogo possui um manual do professor online, e em arquivo, para facilitar os

estudos e planejamentos das aulas. O jogo está dividido em três níveis, todos

envolvendo funções polinomiais com raízes reais, e organizado de forma crescente de

dificuldade onde o aluno começa no primeiro nível com conteúdos mais simples até

chegar no terceiro com conceitos mais complexos. Todas as informações sobre o

software jogo dos polinômios, seguem em anexo deste trabalho.

• Experiencias vivenciadas em sala de aula

Ensinar matemática é um desafio que nós professores temos que resolver todos

os dias, uma nova forma de ensinar, um novo método de se chegar a uma resposta, uma

transformação de idéias que se condensam em uma metodologia construtivista, de fazer

com que nossos alunos aprendam, mas não apenas observando, e sim instigando-os a

buscar soluções, mostrando uma nova modelagem, por meio de um jogo, que eles

possam buscar, e ao mesmo tempo questionar, hipóteses ou idéias que definam e

resolvam determinados problemas.

O produto deste trabalho foi desenvolvido nas Turmas de 3º anos, do Colégio

Estadual Rafael Nascimento, situado na cidade de Montividiu, estado de Goiás, no ano

de 2014. Onde junto com os professores: Edna Tizzo, e Lívia Guimarães, aplicamos a

metodologia, que serviu de base para a elaboração e sistematização dos resultados desta

pesquisa.

Foi realizado primeiramente uma aula, expositiva e demonstrativa sobre o

conteúdo de funções, e aplicado alguns exercícios semelhantes as questões fornecidas

pelo Jogo dos Polinômios. Logo após a explicação dos conceitos e definições levamos

Page 30: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

para sala de aula o tutorial do Software, para que os alunos conhecessem as normas do

jogo.

Depois de conhecerem as definições, conceitos, e as regras do Jogo dos

Polinômios, levamos os alunos para o laboratório de informática, e aplicamos a

metodologia do Jogo. Para isso foram planejadas duas aulas de 50 minutos, onde os

alunos foram divididos em equipes, de quatro componentes cada. O professor

acompanhou o desenvolvimento, e registrou em fichas o desempenho de cada equipe.

Como premiação para as equipes vencedoras, foi atribuído uma cesta de chocolate, para

cada membro da equipe de primeiro lugar, uma caixa de chocolate para cada um do

segundo lugar, e um bombom de chocolate para cada um do terceiro lugar.

Plano de aula:

Tema: “Um novo jeito de aprender função”

Duaração: 2 aulas de 50 min

Escola: Colégio Estadual Rafael Nascimento

Professores: David Maccalikes Marques Monteiro/Lívia Guimarães e Edna

Tizzo

Turmas: 3º ano A,B,C,D e E

Conteúdos a serem abordados

- Gráficos de funções de 1º, 2º e 3º grau

- Gráficos de funções de grau maior que 3

-Raízes

-Máximos e Mínimos

-Cálculos Algébricos

-Interpretação gráfica

-Coeficientes de uma função

Objetivo geral

Proporcionar aos alunos uma nova forma de aprenderem funções polinomiais, e

compreender seus respectivos gráficos, por meio de análises, e cálculos algébricos,

utilizando o software Jogo dos Polinômios.

Objetivos Específicos

-Interpretar gráficos por meio das raízes

Page 31: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

-Calcular os zeros de uma função polinomial

-Representar graficamente funções polinomiais

-calcular as raízes de uma função por multiplicidade

-Efetuar cálculos algébricos

-Assimilar os conceitos e definições de funções, e associar os mesmo a

representação gráfica.

Expectativas de aprendizagem

- Desenvolver o senso crítico e investigativo dos alunos, quanto ao estudo de

funções polinomiais, e suas habilidades para interpretar os gráficos.

-Propiciar uma metodologia que esteja ao alcance de todos, de forma útil e

eficaz.

-Desenvolver a capacidade do aluno interpretar gráficos, e associa-los as funções

a que pertencem.

-desenvolver a criatividade dos alunos, quanto aos métodos utilizados para

calcular as raízes de polinômios.

-Instigar os alunos a desenvolverem seus próprios métodos para chegar ás

respostas esperadas.

Desenvolvimento das ações

1º momento – Será feito uma aula na forma expositiva e explicativa sobre os

principais conceitos e definições, envolvendo os conteúdos a serem abordados no jogo.

Onde o professor mostrará os gráficos das principais funções, associando-os ás raízes. E

mostrará como determina-las pelo método da multiplicidade.

2º momento – Após o professor ter explicado todos os conceitos, necessários

para aplicar o jogo em sala, o mesmo aplicará um pequeno questionário, como forma de

pré-teste do jogo, este questionário deve conter no máximo dez questões, e estas devem

estar de acordo com as fornecidas pelo Jogo dos Polinômios. Os alunos responderão e o

professor corrigirá em sala de aula, para uma melhor compreensão.

3º momento – O professor levará os alunos para o laboratório de informática,

onde mostrará em slides, fornecidos pelo software, o tutorial das principais normas, e

regras do jogo, mostrando a quantidade de níveis, a função aprender, e como devem se

portarem quando estiverem jogando.

Page 32: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

4º momento – Dividir a turma em equipes de no máximo cinco alunos, onde

cada equipe é responsável pelo bom desempenho na hora da competição. E informar os

prêmios para os primeiros colocados. Este premio fica a escolha de cada professor.

5º momento – Neste momento o professor autoriza o inicio da competição, os

alunos terão 40 minutos para jogar, a equipe que conseguir atingir mais pontos, vence.

6º momento – Ao término do jogo, o professor atribui as premiações, para as

equipes que ficaram em primeiro, segundo e terceiro lugar.

7º momento – Aplicar um questionário contendo 10 questões, sobre assuntos

pertinentes ao jogo, que eles vivenciaram, onde o mesmo será tido como instrumento

avaliativo bimestral, com o objetivo de avaliar o grau de assimilação dos alunos diante

da metodologia proposta.

Recursos

-Lousa

-Pincel para quadro branco

-Data-Show

-Internet

-Livro didático

-Software Jogo dos Polinômios

Avaliação

A avaliação foi realizada de forma continua, onde o professor avaliou os alunos

em todos os momentos.

É evidente que o processo de avaliação deve ser sempre a favor do desempenho

do ensino e da aprendizagem do aluno, onde o mesmo deve contemplar todos os

requisitos para que o aluno seja melhor avaliado, e favoreça para o seu crescimento.

A avaliação da aprendizagem necessita, para cumprir seu verdadeiro

significado, assumir a função de subsidiar a construção da

aprendizagem bem-sucedida. A condição necessária para que isso

aconteça e de que a avaliação deixe de ser utilizada como um recurso

de autoridade, que decide sobre os destinos do educando, e assuma o

papel de auxiliar o crescimento. (LUCKESI, 2008).

Page 33: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

E ao final da aplicação do jogo, será aplicada uma avaliação individual, escrita e

sem pesquisa para fins de comprovação verídica da eficácia da metodologia proposta, e

como forma de instrumento avaliativo bimestral.

Considerações sobre a metodologia aplicada

Nós professores, percebemos que o fato dos alunos estarem disputando entre si,

para vencer, fez com que os mesmos desenvolvessem estratégias, e buscasse por meio

de pesquisa no caderno, como resolver, como calcular e interpretar cada questão.

O jogo atrai a atenção pelo fato de estar competindo, e como

todos os jogos, ou se destrói o inimigo, ou considera o

adversário como referência constante para o diálogo consigo

mesmo. Quando os jogos são propostos para as crianças, a relação é

mais comum entre eles é da alegria e interesse pela atividade, pelo

material e pelas regras, mas o interesse e alegria pelo jogo

simplesmente não bastam, é preciso que haja uma intervenção

pedagógica a fim de que esse jogo seja útil na aprendizagem de

conceitos. É necessário também que essa atividade represente um

desafio, que seja capaz de gerar “conflitos cognitivos”, que segundo

Jean Piaget, os conflitos cognitivos são fundamentais para o

desenvolvimento intelectual do sujeito. (RIZZI, HAYDT, 2001, p.

68).

Com o uso da metodologia proposta pela pesquisa desenvolvemos um objeto

capaz de facilitar a compreensão dos alunos, capaz de faze-los instituir uma capacidade

de obter resultados por meios fornecidos pelo software: Jogo dos Polinômios.

Após aplicarmos o Jogo dos Polinômios em sala de aula, elaboramos um

questionário avaliativo, para servir de registro de analise, da eficácia do

desenvolvimento da metodologia, estudada. Foi um questionário de vinte questões, onde

cada aluno resolveria de forma individual, e sem pesquisa. Para isso avaliamos 86

alunos, e utilizamos o questionário como instrumento avaliativo do bimestre, cuja média

mínima a ser alcançada para aprovação seria 7,0. Tivemos resultados satisfatórios, onde

aproximadamente 80 % dos alunos avaliados, alcançaram e/ou superação a média de

aprovação.

Foram vários dias buscando a melhor forma de aplicar o Jogo em sala de aula,

para isso foi utilizado de uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto em questão, onde

desenvolvemos um modelo matemático, composto primeiramente de planejamento de

aulas, e principalmente das metodologias, onde juntos formaram uma armar poderosa

que facilitará a didática de qualquer professor, dentro de sala de aula, servindo como

modelo de ensino-aprendizagem, onde mostramos que é possível adaptar qualquer

Page 34: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

conteúdo, e utilizar das TICs, para modelar, aplicar e desenvolver metodologias que

facilitem nossa didática.

Pois um grande desafio que nós matemáticos encontramos é a dificuldade de

modelar, diversos temas, e relaciona-los ao cotidiano do aluno. A modelagem

matemática é entendida como:

Conjunto de procedimentos cujo objetivo é construir um paralelo para

tentar explicar, matematicamente, os fenômenos presentes no

cotidiano do ser humano, ajudando-o a fazer predições e a tomar

decisões. (BURAK, 1992, p. 62).

O foco desta pesquisa esteve voltado à questão de mostrar que por meio da

modelagem matemática, utilizando o software: Jogo dos polinômios, a aprendizagem e

assimilação dos conceitos de funções polinomiais, fossem questionadas e ao mesmo

tempo desenvolvidas pelos alunos, onde cada aluno se sentiria desafiado a solucionar

questões, e a desenvolver métodos que justifique suas soluções.

Quando nós professores desafiamos o aluno nós abrimos várias portas para que o

mesmo escolha como e por onde entrar, estamos em um meio rodeado de tecnologias,

então como trazer essas tecnologias para nosso campo? Como desenvolver aulas

utilizando essas tecnologias?

O que falta as vezes é a aceitação do professor em querer se adequar ao meio, e

mostramos, que isso pode ser resolvido com o desenvolvimento e apresentação dos

resultados deste trabalho.Elaboramos uma metodologia onde usamos a tecnologia como

fonte de auxiliono desenvolvimento de um determinado conteúdo, e ao mesmo tempo

fazendo com que nossos alunos gostassem do mesmo.

O jogo auxiliando o professor pode fornecer ao mesmo inúmeras formas de se

explicar funções polinomiais, onde o aluno sem perceber adquire um senso

construtivista e desenvolve as habilidades necessárias para a assimilação do conteúdo.

[...] a construção do conhecimento matemático é favorecida pelas

inúmeras possibilidades de um mesmo conteúdos ser visto várias

vezes no decorrer do desenvolvimento de um tema. (BURAK, 2010,

p. 36).

O embasamento teórico desta pesquisa foi mais voltado à capacidade dos alunos

desenvolverem habilidades cognitivas construtivistas, e aplicar esses conceitos por meio

do estudo de um jogo. Estando então mais voltada para Piaget, Bazanessi, Burak e

Alves.

Page 35: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Em tratando das relações entre aluno e conhecimento assimilado, Piaget, nos

mostra em suas conclusões gerais de Les formes élémentaires de ladialectique(1980),

que:

A relação cognitiva sujeito/objeto é uma relação dialética porque se

trata de processos de assimilação (por meio de esquemas de ação,

conceitualizações ou teorizações, segundo os níveis) que procedem

por aproximações sucessivas e através dos quais o objeto apresenta

novos aspectos, características, propriedades, etc. que um sujeito

também em modificação vai reconhecendo. Tal relação dialética é um

produto da interação, através da ação, dos processos antagônicos (mas

indissociáveis) de assimilação e acomodação. (PIAGET, 1980).

Então o produto em questão sendo um software, podemos compreender e

associar o jogo dos polinômios ao objeto a ser estudado, e desenvolvido dentro da sala

de aula, onde o aluno descobrirá novas formas, e características diferentes para o estudo

e compreensão das funções polinomiais, desenvolvendo um senso crítico e analítico, e

ao mesmo tempo desafiador.

A assimilação dos conceitos sobre funções polinomiais, foi adquirida pelos

alunos de forma mais diversificada.

Piaget, afirma:

assimilar um objeto a um esquema torna (...) a conferir a esse objeto

uma ou maissignificações e é essa atribuição de significações que

comporta, então, um sistema mais ou menos complexo de inferências,

mesmo quando ela tem lugar por constatação. Em resumo, poder-se-ia

dizer então que uma assimilação é uma associação acompanhada de

inferência. (PIAGET, 1976, p. 59)

Percebemos que os alunos atribuíram significados aos resultados e questões

propostas pelo jogo, afim de inferir que tudo gira em torno de um conjunto de fatores

que quando associados, tem-se a solução.

O jogo dos polinômios, fez com que os alunos obtivessem resultados, com uma

motivação maior com o conteúdo estudado e ao mesmo tempo elaborassem novas

formas de resoluções para os problemas.

O jogo pode fixar conceitos, motivar os alunos, propiciar a

solidariedade entre colegas, desenvolver o senso crítico e criativo,

estimular o raciocínio, descobrir novos conceitos. (ALVES, 2001, p.

25).

Enfim, depois de estudarmos, analisarmos e desenvolvermos todas as etapas

para a aplicação dos planos de aulas em sala de aula, e após a aplicação dos conceitos

desenvolvidos, junto com as análises feitas antes durante e depois, dos alunos

Page 36: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

resolverem o questionário, percebemos que o objetivo de nosso trabalho foi alcançado,

com satisfação e empenho. Mostramos um novo caminho, abrimos uma nova porta, para

que todos adentrem e utilizem do que foi proposto, neste trabalho. Não fiquem presos a

rotina e falta de motivação. Crie, sonhe, arrisque mais, saia da zona de conforto, e

mostre do que você é capaz.

CONCLUSÃO

Ao analisar todas a experiencias que vivenciamos com a elaboração deste

trabalho, percebemos que o fato de termos alcançado um resultado maior do que o

esperado, nos permite dizer que são experiencias concretas, e eficazes, que podem ser

utilizadas por qualquer professor, pois se trata de uma metodologia aplicada à

modelagem matematica.

Nós partimos de uma dificuldade comum em nosso meio, e construimos um

caminho capaz de ultrapassar essa dificuldade, pois sabemos o quanto que é dificil fazer

com que os alunos compreendam o conteúdo de funções e polinômios e associe aos

mesmos suas representações gráficas.

Mostramos com toda a experiencia vivenciada em sala de aula, e registros obtidos

por analises e avaliações que a metodologia proposta em questão é eficaz. Sentimos

uma enorme satistação em elaborar este trabalho, a fim de servir como fonte de

pesquisa, e modelo de ensino em qualquer escola, seja ela de rede pública ou particular.

Construimos uma experiencia precisa, baseada em metodologias de ensino-

aprendizagem, e queremos que tudo isso seja vivenciado por todos.

Conseguimos alcançar todos os objetivos propostos, os alunos demostraram uma

evolução quanto a sua capacidade de interpretar e relacionar gráficos às suas respectivas

funções, assim como calcular raízes e expressões algébricas. Para uma dificuldade que

vinha nos perseguindo desde sempre, conseguimos propor uma habilidade capaz de

desafia-la.

Se trata de uma simples modelagem matematica, e adaptação de planejamento de

ensino, todo profissional de ensino tem a capacidade de desenvolver essa proposta, e

adaptá-la a necessidade e realidade que vivencia. Basta querer, levantar a cabeça, e

buscar inovações.

REFERÊNCIAS

Page 37: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

BASSANEZI, R. C. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática: uma nova

estratégia.São Paulo: Contexto, 2006. 389 p.

PIAGET,J.Epistemologia Genética. Petrópolis: Vozes, 1970.

RIZZI, Leonor, HAYDT, Regina Celia C. Atividades lúdicas na educação da

criança.São Paulo: Ática,2001.

ALVES, Eva Maria Siqueira. A ludicidade e o ensino da matemática: Uma prática

possível.Campinas, SP: Papirus, 2001.

BURAK, Dioníso. O Diálogo necessário do contexto histórico e cultural com a lógica

na modelagem matemática. In. Brandt, Celia Finck; BURAK, Dioníso; KLÜBER,

Tiago Emanuel. (Org) Modelagem Matemática: uma perspectiva para a Educação. Ed.

UEPG. Ponta Grossa. 2010.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez,

2008. 180 p

CRISTIANO TOREZZAN. Software: Jogo dos Polinômios. PrefaceDesing. Unicamp -

Universidade Estadual de Campinas. Disponível em

:http://m3.ime.unicamp.br/recursos/1235. Acesso em 04 de fevereiro de 2014.

Page 38: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

DESENHO GRÁFICO UTILIZANDO O SOFTWARE WINPLOT, COMO

FERRAMENTA AO ENSINO-APRENDIZAGEM DE INTEGRAIS MULTIPLAS

Bianca Christofoli Freitas Queiroz1

1Graduada em Engenharia Civil (UNIP 2015/2), Especialista em Engenharia de Segurança do

Trabalho (FEAD 2016/2), Coordenadora e Professora do Curso Engenharia Civil da

Faculdade de Iporá – FAI (2016/1 – Atual).

RESUMO O trabalho em questão visa o auxílio aos alunos do terceiro período de engenharia civil, que

necessitam rever alguns conceitos de funções e suas representações gráficas, para facilitar o

processo de ensino – aprendizagem de funções de várias variáveis, da disciplina de Cálculo

Diferencial e Integral III, fornecendo aos mesmos uma nova forma de representar as funções

graficamente e estudar o seu comportamento, afim de efetuar cálculos de áreas, volumes, curvas

de nível e outros. Com o uso do Software Winplot, o estudante irá adquirir um conhecimento

mais amplo quanto ao desenvolvimento gráfico de diversos tipos de funções, o que se torna

primordial para o bom desenvolvimento da disciplina, e enriquecimento intelectual. Busca-se

com esta pesquisa, desenvolver por meio do Software Winplot, as habilidades conceituais e

aplicativas quanto ao estudo e desenvolvimento de funções reais, afim de construir um

conhecimento sólido e dinâmico sobre o desenho gráfico de figuras planas e sólidas, para os

alunos do Terceiro Período de Engenharia Civil. A pesquisa busca embasamento em autores que

visam justificar a importância e influência das Tecnologias no processo de ensino e

aprendizagem do aluno, tais como: (BASSANEZI, 2006), (PIAGET, 1970), (GABRIEL, 2013),

(BURAK, 2010) e (SANCHO,1998), além de muitos outros. Ao desenvolver o presente trabalho

utilizando software winplot, como ferramenta educacional principal, no ensino das propriedades

e definições gráficas de funções reais, espera-se que o discente desenvolva habilidades quanto

ao desenho de regiões sólidas e planas. Buscando também o seu desenvolvimento cognitivo, e

instigando sua capacidade de criar, analisar e organizar suas próprias ideias e conclusões. Pode-

se notar o quanto um Software pode ajudar no processo de ensino quando utilizado de forma

adequada e eficiente, e principalmente no fator de desenvolvimento intelectual do aluno, quanto

a suas habilidades de criar e raciocinar.

Palavras-Chave:Aluno.Professor.Winplot.Ensino.Aprendizagem.Engenharia

INTRODUÇÃO

Baseando nas decorrentes transformações atuais de um mundo globalizado, torna-se

indispensável à presença de novas tecnologias na educação. A sociedade vem se adaptando a

cada dia a essa evolução tecnológica, tanto na área social quanto comercial e educacional. A

informática é uma ferramenta primordial para a transmissão, concepção e absorção de

conhecimentos em todas as áreas e disciplinas curriculares.

Logo se percebe que o material utilizado para a transmissão do conhecimento deve ir

além do quadro-negro e do giz. O uso de tecnologias atrai muito mais a atenção do aluno, o que

facilita o aprendizado, tornando-o algo mais prazeroso ao ser absorvido de forma mais dinâmica.

Page 39: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

De acordo com Bassanezzi (2006, p.17) todo matemático tem como objetivo ao estudar um

problema, tentar torna-lo mais atrativo, criar um modelo que facilite a absorção da teoria e

consequentemente a obtenção de melhores resultados. Verifica-se a busca de uma metodologia

capaz de transformar a dificuldade dos estudantes de engenharia, quanto ao estudo e

representação gráfica das principais funções de uma ou mais variáveis, afim de capacitá-los para

um melhor desempenho nas disciplinas que envolvam Cálculo.

Estando em sala de aula com a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral III,

verificou-se a resistência e fragilidade dos alunos quando o assunto é desenhar gráficos, inicia-se

então a busca de uma solução para ajudar os discentes a desenvolverem as habilidades

necessárias para cursar a disciplina. O que levou o desenvolvimento da metodologia de

pesquisa, foi a dificuldade que os alunos demonstraram em entender os conceitos e definições,

das principais funções, principalmente quando tinham que relacionar ou representar as mesmas

graficamente. Uma vez que a disciplina de Cálculo Diferencial e Integral III, exige uma grande

habilidade quanto ao desenho gráfico, vimos então a necessidade de desenvolver uma nova

proposta capaz de suprir com essa deficiência. Surgiu daí a ideia de utilizar da tecnologia como

suporte, e pesquisando sobre softwares que tinham esse poder de aplicação em sala de aula,

surgiu o nome Winplot. “A utilização de um software está diretamente relacionada à capacidade

de percepção do professor em relacionar a tecnologia à sua proposta educacional” (TAJRA,

2001, p.74).

Tendo como objetivo geral o desenvolvimento por meio do Software Winplot, de

habilidades conceituais, e aplicativas quanto ao estudo e desenvolvimento de funções, afim de

construir um conhecimento sólido e dinâmico sobre o desenho de figuras planas e sólidas.

Buscamos então, um novo modelo de ensinar os conceitos de funções, fazendo uso do

Software Winplot, afim de que os alunos desenvolvam uma melhor compreensão, das

características fundamentais de cada função, estudando por meio dos gráficos, o

comportamentode cada função, instigando no discente o caráter investigador, facilitando o

ensino aprendizagem dos mesmos e proporcionando assim, um modelo que possa ser utilizado

também por outros Docentes, com a segurança de que a metodologia em questão seja capaz de

desenvolver o raciocínio crítico e analítico dos alunos, e principalmente suas habilidades de

desenho gráfico.

DESENVOLVIMENTO

- Algumas informações do Software Winplot

Page 40: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Trata-se de um plotador gráfico dinâmico capaz de representar facilmente diversos tipos

de gráficos que, apenas imaginados se torna de difícil visualização para a memória. No Software

Winplot representa-se qualquer tipo de função sendo ideal para todos os níveis educacionais.

Foi desenvolvido porRichardParris, Phillips ExeterAcademy, em 2012. Por possuir tradução

para o português os seus menus são de fácil acesso, e manuseio. A tela inicial do software é

composta simplesmente por dois menus: Janela, e Ajuda. Para facilitar o acesso ao winplot basta

clicar, duas vezes sobre o programa e ele será iniciado. Ao iniciar, o usuário ficará frente a

janela inicial do Software que contem duas opções de menu: Janela e Ajuda.

Neste menu podemos notar a presença de seis submenus, onde cada um tem uma

característica e função atribuída a executar. São eles:

• 2–dim F2 = Aqui temos as representações das Funções de uma Variável,no plano

cartesiano.

• 3-dim F3 = Neste item são representadas as Funções Reais de duas Variáveis,

representadas em 3 dimensões, no espaço.

Além de outros menus, tais como: Adivinhar, Mapeador, Abrir Última, Usar Padrão e

Sair.Se trata de um Software, muito iterativo capaz de desenvolver uma grande variedade de

gráficos, e animações, tanto em 2D, como em 3D.

Experiências vivenciadas em sala de aula

Quando o assunto é ensinar matemática, temos uma grande resistência dos alunos em

querer aprender, e essa resistência se torna maior ainda quando assunto tratado é funções. Fica

então o grande desafio do professor em diminuir esta resistência, superando as barreiras

encontradas, de forma a desenvolver o senso crítico do aluno e ao mesmo tempo sua capacidade

de interpretação e desenvolvimento intelectual.

Uma vez que a habilidade de desenhar, e compreender as características principais

envolvidas é tido como um dos principais fundamentos da engenharia, este projeto visa o

desenvolvimento do discente nas técnicas de desenho, diante das representações das principais

funções, fator que sempre está presente nas disciplinas de Cálculo, Geometria e outras áreas

específicas envolvidas. Sendo assim o discente irá mostrar maior domínio e conhecimento, a fim

de instigar o seu senso crítico, e sua capacidade de associar à matemática como um dos

principais fundamentos do curso de Engenharia Civil, da Faculdade de Iporá. O produto deste

trabalho foi desenvolvido nas Turmas de Terceiro Período, da Faculdade de Iporá (FAI), situada

na cidade de Iporá/Goiás, no segundo semestre de 2016. Onde se teve a oportunidade de

Page 41: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

desenvolver a metodologia de pesquisa, que define a elaboração e ordenação dos resultados

sistematizados deste trabalho.

Primeiramente foi realizado um teste para verificação e percepção dos alunos quanto a

aceitação da proposta. Foi escolhido um exemplo que ao ponto de vista do aluno, seria muito

difícil desenvolver as funções e desenhar a região delimitada pelas mesmas. Para este momento

segue a questão de verificação:

Calcule utilizando integração tripla o volume do sólido compreendido ente as funções z + x

+ y = 4, z = 0, x = 0 e y = 0

Foram dados 15 minutos para os alunos desenvolverem no caderno os tópicos:

• Representar o gráfico da região.

• Explicitar as equações e caracterizá-las

• Encontrar as intersecções das funções

• Tirar os limites de integração

• Montar as integrais iteradas da região a ser integrada.

Após os alunos terem desenvolvido no caderno a questão referida, foi solicitado a

atenção dos mesmos, pelo professor, para verificarem como ficaria a região sendo desenvolvida

no software winplot. Assim que terminou de representar as funções no plotador gráfico, o

professor explicou as definições de cada plano representado, destacando os pontos de

intersecção com os eixos, deixando os alunos impressionados quanto à facilidade que o software

apresenta em desenhar qualquer tipo de função.

Conhecendo então sobre o funcionamento, do Software, levamos os alunos para as

aulas de experimentação no laboratório de informática, cada aluno ficou com uma máquina, o

que facilitou a obtenção dos resultados de pesquisa. Para este momento foram reservadas duas

aulas de 60 minutos, onde os alunos em posse de uma lista de atividades desenvolvidas,

experimentaram as funcionalidades e habilidades do software. Cada aluno tinha que representar

os sólidos, e figuras planas, no plotador, e em seguida desenhar os mesmo à mão no caderno,

destacando e explicitando todas as funções e associando cada função com seu respectivo gráfico.

Para as aulas no laboratório foram desenvolvidas ações que melhor estão descritas no plano de

aula, desenvolvido para este fim. Segue:

Plano de aula:

Tema: “Brincando de Desenhar Funções”

Duração: 2 aulas de 60 min

Faculdade: Faculdade de Iporá

Professor (a): Bianca Christofoli Freitas Queiroz

Page 42: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Turmas: Terceiros Períodos de Engenharia

Conteúdos a serem abordados

-Funções de Várias Variáveis(Integração Múltipla)

- Gráficos de funções de 1º, 2º e 3º grau, funções exponenciais, logarítmicas,

trigonométricas, cônicas.

- Domínio, Contra Domínio, Imagem, Raízes, Máximos e Mínimos de funções reais -

Cálculos Algébricos e Interpretação gráfica

OBJETIVO GERAL

Proporcionar aos discentes de engenharia civil da faculdade de Iporá, uma nova e

melhor forma de desenhar gráficos de funções, afim de compreender suas funcionalidades por

meio de análises e comparações, com a utilização do Plotador Gráfico Winplot.

Objetivos Específicos

-Interpretar gráficos por meio da análise

-Calcular os zeros de uma função e os pontos de interseção entre funções

-Representar graficamente as principais funções

-Assimilar os conceitos e definições de funções, afim de melhorar suas habilidades de

representação gráfica.

-Calcular áreas e volumes de regiões planas e superfícies, por meio de integração múltipla.

Expectativas de aprendizagem

- Instigar o senso crítico e analítico dos acadêmicos, no desenvolvimento de suas habilidades,

quanto ao desenho gráfico, propondo um novo método, gratuito e disponível a todos.

-Instigar a capacidade do acadêmico em interpretar gráficos, e associar os mesmos as suas

respectivas funções.

-Estimular a criatividade dos alunos a ponto de desenvolverem suas próprias técnicas de

desenho gráfico.

Desenvolvimento das ações

1º momento – Neste momento será desenvolvido uma aula na forma expositiva e

experimental, onde o professor passará um exemplo de sólido gerado pela intersecção de várias

Page 43: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

funções, para que o aluno desenvolva o gráfico de todas elas, de forma individual e com o

auxílio somente de uma régua.

2º momento – Logo após os alunos tentarem desenhar o gráfico do sólido proposto, o

professor, mostrará na data show, o poder de plotagem do software Winplot, e a facilidade com

que o programa desenvolve os gráficos, permitindo os alunos comparar os desenhos feitos

anteriormente, e verificar onde estão com maior dificuldade.

3º momento – Será desenvolvido no laboratório de informática, onde o professor

mostrará por meio de uma aula expositiva as principais funcionalidades do software Winplot,

com a utilização do tutorial, e exemplificações no data show.

4º momento – Distribuir para cada aluno uma lista com 10 questões de desenho

gráfico, para que possam desenvolver utilizando o software winplot. .

5º momento – Após as resoluções estarem concluídas, o professor mostrará aos alunos

como associar as funções aos seus respectivos gráficos, e visualizar as projeções em duas

dimensões nos planos três planos coordenados, assim como encontrar os pontos, ou funções

geradas pelas interseções, fatores esses fundamentais para o estudo de Funções de Várias

Variáveis.

6º momento – Neste momento o professor passará uma outra lista semelhante a

desenvolvida em laboratório com a utilização do software winplot, para que a mesma seja

desenvolvida agora em sala sem o auxílio do software, apenas com o uso do lápis, borracha, e

régua. Os mesmos serão avaliados nesta atividade, e suas habilidades de resoluções serão

comparadas as anteriores, afim de justificar os resultados de pesquisa.

Recursos

-Lousa; Pincel para quadro branco; Data-Show; Lápis; Borracha; Réguas; Compasso:

Internet; Livro didático; Software Winplot.

Avaliação

Ao fim de cada aula experimental os alunos serão avaliados de forma à verificar a

influência que o Software desenvolveu nos mesmos. Para isso será selecionado para cada aluno

um problema com algumas funções onde os mesmos sem a ajuda do Software terão que

desenhar o gráfico de cada uma, e representar o sólido gerado pela intersecção dos seu

respectivos gráficos.

Page 44: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

A avaliação da aprendizagem necessita, para cumprir seu verdadeiro

significado, assumir a função de subsidiar a construção da aprendizagem bem-

sucedida. A condição necessária para que isso aconteça e de que a avaliação

deixe de ser utilizada como um recurso de autoridade, que decide sobre os

destinos do educando, e assume o papel de auxiliar o crescimento. (LUCKESI,

2008).

Logo após as aulas experimentais, desenvolver-se-á um último momento como forma

de avaliar a influência do software no desenvolvimento das habilidades de desenho gráfico dos

alunos, onde será aplicado uma avaliação composta por apenas uma questão, onde o aluno sem

a ajuda do software, terá que desenhar todos os gráficos das funções presentes na avaliação,

caracterizar todas elas quanto ao tipo, mostrando o comportamento, domínio e imagem, afim de

definir o sólido formado pela intersecção de todas elas, e sua projeção vista de vários ângulos,

refletidas nos planos coordenados.

Considerações sobre a metodologia aplicada

Durante o desenvolvimento da metodologia de pesquisa, pôde-se perceber quanto um

software pode influenciar no desempenho intelectual e analítico do aluno, onde o fato de

estarem utilizando uma tecnologia, auxilia o desenvolvimento de estratégias e o surgimento de

novas ideias. Percebe-se que o software pode estimular o instinto de investigador nos discentes,

o que proporciona uma maior habilidade quanto ao tratamento das funções e suas respectivas

formas gráficas. “O software educativo é um conjunto de recursos informáticos projetados com

a intenção de serem usados em contexto de ensino e aprendizagem” (SANCHO, 1998, p. 169).

[...] a análise de um sistema computacional com finalidades educacionais não

pode ser feita sem considerar o seu contexto pedagógico de uso. Um software

só pode ser tido como bom ou ruim dependendo do contexto e do modo como

ele será utilizado. Portanto, para ser capaz de qualificar um software é

necessário ter muito clara a abordagem educacional a partir da qual ele será

utilizado e qual o papel do computador nesse contexto. E isso implica ser capaz

de refletir sobre a aprendizagem a partir de dois polos: a promoção do ensino

ou a construção do conhecimento pelo aluno (VALENTE, 1997, p. 19).

Afim de desenvolver as metodologias do Software Winplot como ferramenta para o

desenho gráfico em sala de aula, e registrar a importância e eficácia do produto, aplicou-se uma

avaliação contendo 10 questões a ser desenvolvido de forma individual, e sem pesquisa. Foram

avaliados no total de 58 alunos, onde os mesmos demonstraram maior interesse e tranquilidade

durante a resolução das questões. Em seguida foi feito as comparações dos resultados, e obteve-

se um resultado muito animador, onde 89% dos alunos que fizeram a prova, conseguiram

desenvolver as questões e acertar em média de 7 questões. Fator que serviu para provar o quanto

Page 45: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

que o Software Winplot ajudou os alunos no desenvolvimento intelectual, e nivelou os mesmos

quanto às dificuldades que eles tinham em compreender e representar gráficos.

Foram vários dias procurando uma melhor maneira de desenvolver as habilidades

gráficas dos alunos, e encontramos em um Plotador Gráfico a ferramenta chave para tal feito. A

forma como foi passado, o jeito que as metodologias foram aplicadas, se deram por efeito a uma

pesquisa bibliográfica minuciosa sobre tecnologias na educação. A partir daí construiu-se um

novo modelo matemático, eficiente e eficaz, cuja estrutura, se compõe primeiramente do

planejamento das aulas, e desenvolvimento de metodologias, seguido da experimentação e

utilização do Software Winplot como ferramenta educacional, e por último a avaliação. Muitas

das vezes nos professores nos vemos na necessidade de modelar uma infinidade de temas, e

encontramos uma dificuldade enorme quando o assunto não desperta o interesse do aluno.

A modelagem surge como auxilio a nós professores e devemos sempre estar dispostos a

utilizar de suas capacidades para o bom desenvolvimento dos alunos quanto a um referido tema

em questão. O ponto de referência deste trabalho está voltado ao desenvolvimento de uma

metodologia que utilizando a modelagem matemática por meio do Software Winplot, possa vir a

facilitar o desenvolvimento das habilidades gráficas dos alunos, no desenho de gráficos, cuja

habilidade é fator importante e necessário para que possam cursar a Disciplina de Cálculo

Diferencial e Integral III no Curso de Engenharia.

Ao elaborar a metodologia em questão, nos preocupamos em associar, o poder de

influência e de desenvolvimento de habilidades, de uma determinada tecnologia, a capacidade

dos alunos em construir, a partir das mesmas novos conhecimentos, novas habilidades. Utilizar

um Software pode permitir ao professor, variadas formas de expor o conteúdo pretendido, e em

se tratando de desenho gráfico, a utilização de um dispositivo além do quadro e giz, torna-se não

só necessário, mas fundamental, para o bom entendimento e visualização dos gráficos.

Buscou-se um embasamento teórico, instruído em autores que buscam expor as relações

e capacidades dos alunos em desenvolver habilidades e instigar o desenvolvimento intelectual e

cognitivo tanto no meio social, como educacional. Destacou-se a importância da utilização,

influências das tecnologias de acordo com os autores Kanski, Souza, Gabriel, Piaget, Bazanessi.

Segundo Piaget

“A relação cognitiva sujeito/objeto é uma relação dialética porque se trata

de processos de assimilação (por meio de esquemas de ação,

conceitualizações ou teorizações, segundo os níveis) que procedem por

aproximações sucessivas e através dos quais o objeto apresenta novos

aspectos, características, propriedades, etc. que um sujeito também em

modificação vai reconhecendo. Tal relação dialética é um produto da

Page 46: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

interação, através da ação, dos processos antagônicos (mas indissociáveis)

de assimilação e acomodação”. (PIAGET, 1980).

Sendo um Software Gráfico, o Winplot, permite o professor associar o estudo Funções

de Várias Variáveis de forma dinâmica e eficaz, fator que estimula o melhor desempenho dos

estudantes no momento das resoluções de atividades que necessitem do desenho gráfico.

De acordo com Kenski (2007) “As tecnologias invadem nossas vidas, amplia a nossa

memória, garantem novas possibilidades de bem estar e fragilizam as capacidades naturais do

ser humano”. Propõe-se aqui, um caminho sólido e eficiente, que pode ser adaptado a realidade

de qualquer instituição, cabe a você se permitir ao novo. Vamos abrir nossas mentes as

mudanças que ocorrem em nosso meio, e assim melhorar cada vez mais nossa didática em sala

de aula. Maior que o conhecimento de uma pessoa, é sua capacidade de aptidão a novos

conhecimentos.

CONCLUSÃO

Ao vermos o desenvolvimento das metodologias aplicadas neste trabalho percebe-se o

quanto que uma ferramenta tecnológica pode influenciar no desenvolvimento intelectual do

aluno, ao obtermos resultados maiores do que o esperado, percebemos o quanto que o lúdico

gera influencias na aprendizagem. Uma dificuldade que parecia impossível de se reverter

tornou-se facilmente superada, com o uso das tecnologias. Vemos então o quanto é importante o

professor estar disposto a inovar, buscar novas formas, novos caminhos, e jamais desistir de

querer mudar.

Existe uma resistência muito grande entre os professores, quando o assunto é tecnologia, muitos

se predem ainda aos métodos tradicionalistas, e fazem uso continuo, não permitindo que o novo

aconteça, talvez pela dificuldade, ou mesmo pelo interesse que em muitos se mostra nenhum.

Expõe-se com esta pesquisa, que novas tecnologias aplicadas ao ensino podem se

tornar aliadas na didática de ensino de cálculo. Por essa razão este trabalho foi desenvolvido em

cima das funcionalidades do software. No entanto a simples utilização do software não garante o

sucesso de aprendizagem, é necessária uma investigação que visa o aluno a construir seu próprio

conhecimento, através de pesquisas para obter sucesso na compreensão do que ele mesmo aplica

no programa, para isso desenvolvemos estratégias onde associadas ao uso do Software Winplot

permitiu que os alunos tivessem maior desempenho, e melhor rendimento em sala de aula.

Temos então a visão de que nós professores, não podemos nos acomodar diante de uma

dificuldade, e passar adiante com um novo conteúdo, pensando que somos os detentores do

Page 47: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

saber absoluto, e sim buscar novas formas, métodos e alternativas que visem estimular o

desenvolvimento dos alunos, para uma melhor compreensão. O aluno só precisa as vezes de ser

guiado rumo a sua própria capacidade, cabe a nós professores estimular e direciona-los, rumo a

este caminho. Temos que nos permitir mudar, cada vez mais nos adaptar as mudanças que

ocorrem em nosso meio, e fazer parte dessas mudanças.

Ao alcançar os objetivos esperados com este trabalho, e até ultrapassa-los notamos o

quanto que os alunos evoluiram em sala de aula, tanto no interesse como na aceitação. Temos

que estar dispostos à mudanças que ocorrem em nosso meio, e saber utilizar de suas

intervenções para o bom desenvolvimento de nossas capacidades, o tempo é continuo e não

permite volta, vamos continuar então sem temer o novo.

REFERÊNCIAS

GABRIEL, Martha. Educar a revolução digital na educação. São Paulo: Saraiva, 2013.

SOUSA, Robson Pequeno de, MOITA, Filomena da M. C da S. C. CARVALHO, Ana Beatriz

Gomes (Organizadores). Tecnologias digitais na educação - Campina Grande: EDUEPB,

2011. 276p.

TAJRA, Sanmya Feitosa. Informática na educação. São Paulo: Érica, 2001.

BASSANEZI, R. C. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática: uma nova

estratégia.São Paulo: Contexto, 2006. 389 p.

KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologia: um novo ritmo da informação. São Paulo:

Campinas, 2007. 138 p.

PIAGET,J.Epistemologia Genética. Petrópolis: Vozes, 1970.

RIZZI,Leonor, HAYDT, Regina C.lia C. Atividades lúdicas na educação da criança.São

Paulo: Ática,2001.

SANCHO, Juana. Para uma tecnologia educacional. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

VALENTE, José Armando. (Org.). Computadores e Conhecimento: repensando a educação.

Campinas, SP: Gráfica da UNICAMP, 1993.

ALVES, Eva Maria Siqueira. A ludicidade e o ensino da matemática: Uma prática possível.

Campinas, SP: Papirus, 2001.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar. São Paulo: Cortez, 2008.

180 p.

Page 48: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

PEANUT, Software.Richard Parris. Phillips Exeter Academy, 20 Main Street Exeter, NH

03833.Versão Windows 95/98/ME/2K/XP/Vista/7 compilado 13 setembro de 2012. Versões

atualizadas são encontradas em: http://math.exeter.edu/rparris.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA NA FASE

ESTRUTURAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Bianca Christofoli Freitas¹Delaine Sousa da Silva Alvare1

¹Autora do presente artigo Bianca Christofoli Freitas, Graduada em Engenharia Civil

([email protected]) 2 Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos SP

([email protected])

RESUMO

O presente trabalho analisa o uso de Equipamentos de Proteção Individual e Coletiva que se fez

necessário, ao longo dos anos, como alternativa para evitar a ocorrência de acidentes graves e

leves, e assim, garantir a saúde física e mental dos colaboradores da construção. A indagação

acerca dos motivos para essa ineficácia serviu de mote para a concepção deste trabalho, com

foco no emprego dos Equipamentos de Proteção Individuais e Equipamentos de Proteção

Coletiva, na fase estrutural de uma obra vertical no município de Goiânia no ano de 2016. Em

suma, fundamenta-se que a utilização devida e constante dos equipamentos de proteção acarreta

em uma redução considerável no índice de acidentes do trabalho na construçãocivil.

Palavras chave: Segurança; Trabalho; Equipamentos; Proteção; Individual; Coletiva.

INTRODUÇÃO

Por segurança do trabalho, entende-se como uma série de medidas técnicas, médicas e

psicológicas, destinadas a prevenir acidentes profissionais, educando os trabalhadores nos meios

de evitá-los (VIEIRA, 1994).

Conforme Saurin (2002), desde o início da década de 1990, têm sido notórios os esforços

no setor da construção civil brasileira em busca de melhores desempenhos em termos de

qualidade e produtividade. Neste contexto, as boas condições de segurança e saúde no trabalho

Page 49: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

vêm sendo reconhecidas como um dos elementos essenciais para que os empreendimentos

cumpram suas metas básicas de custo, prazo e qualidade.

Sendo assim, a segurança do trabalho na Construção Civil é um assunto de suma

importância, que não interessa apenas aos trabalhadores, mas também às empresas e à sociedade

em geral, pois um trabalhador acidentado, além de sofrimentos pessoais, passa a receber seus

direitos previdenciários, que são pagos por todos os trabalhadores e empresas (VIEIRA, 1994).

A partir do momento que a empresa investe no colaborador, há uma melhoria significativa na

qualidade e na produtividade, além de boas condições de trabalho e segurança a todos

(GRANDI, 1985).

Para garantir esse aprimoramento na qualidade e na produtividade, foram aprovadas em

1978 as Normas Regulamentadoras que regularizam e fornecem orientações sobre

procedimentos obrigatórios relacionados à medicina e segurança no trabalho. Dentre as mesmas

existem a NR-06 que contempla os equipamentos de proteção individual (EPI), e a NR-18 que

abrange os equipamentos de proteção coletivas (EPC).

Objetivo dessa pesquisa é verificar e avaliar o sistema de segurança de EPI e EPC, de

acordo com a utilização eficaz ou não dos mesmos, na fase estrutural de uma construção vertical

residencial na cidade de Goiânia, no ano 2016, visando comparar os índices de acidentes

relacionados à ausência e/ou uso incorreto do equipamento de proteção, com os dados

levantados pelo Ministério da Previdência Social (MPS).

REVISÃO BIBLIOGRAFICA

Definição

A construção civil tem se destacado entre os demais setores da atualidade, sendo uma das

principais engrenagens da economia mundial. A construção é definida por Houaiss (2009) como

sendo “a aplicação de métodos científicos e empíricos à utilização dos recursos da natureza em

benefício do ser humano”.

Responsáveis pelo maior aproveitamento dos espaços urbanos nas grandes metrópoles,

as obras verticais tornaram-se referência nos densos centros econômicos. Qualificam-se por

infraestruturas que tendem a agrupar cargas de planos horizontais, quando situados uns sobre os

outros, e conduzi-las verticalmente para a base de apoio. O processo de construção é composto

por várias fases subsequentes que visam um único objetivo, a concepção da obra. Na figura 1

podem ser vistas as etapas básicas.

Page 50: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Figura 1 – Etapas básicas da construção

Fonte: Acervo do autor, 2015

Como mostrado na figura 1, uma das etapas é a estrutura, que se inicia após a fase da

fundação.

Como qualquer indústria, a construção civil expõe seus colaboradores a inúmeras

situações de risco, tanto em relação a sua saúde quanto a sua integridade física. De acordo com

Ayres (2011) o Brasil, quando comparado com os principais países europeus, apresenta índices

de doenças ocupacionais e de mortalidade na construção civil cerca de quatro vezes maiores.

A fim de minimizar esses acasos, a segurança do trabalho surgiu como a ciência que atua

na prevenção dos acidentes do trabalho decorrente dos fatores de risco operacionais (SALIBA,

2013).

A segurança do trabalho, entre outras de suas funções citadas acima, é responsável

também por implementar os Equipamentos de Proteção do colaborador no ambiente laboral,

sendo estes Individuais (EPI) e Coletivos (EPC).

A partir de 1978, houve a aprovação das Normas Regulamentadoras, as quais estão em

vigência nos dias atuais. Dentre estas, algumas trouxeram como objetivo a valorização da

mãode-obra e da melhoria na qualidade de vida no setor da construção.

Com isso, foi criada a Norma Regulamentadora nº 06 – NR 06 – pela Lei nº 6.514, de

22/12/1977, Portaria nº 3214, de 08.06.1978, que dispõe, entre outros sobre a obrigação de

fornecimento pelas empresas e utilização pelo trabalhador dos Equipamentos de Proteção

Individual - EPI.

Foi concebida ainda, em julho de 1995, a nova NR 18 (Portaria nº 04, de 04/07/1995),

instituindo a necessidade de elaboração e implementação do Programa de Condições e Meio

Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – PCMAT, para a execução dos

Equipamentos de Proteção Coletiva - EPC. Através do PCMAT, desenvolve-se um programa de

Page 51: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

segurança e saúde laboral que promove a integração entre a segurança do trabalho e os

processos de execução de obras.

Equipamentos de proteção Individual

De acordo com a NR-06, o EPI é todo dispositivo ou produto individual utilizado pelo

trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e saúde no

trabalho.

Os mesmos são agentes de segurança dos colaboradores, resguardando-os das inúmeras

situações de risco a que estão sujeitos durante a realização de suas funções no ambiente de

trabalho.

As empresas e/ou empregadores obrigam-se a fornecer a seus empregados, gratuitamente,

conforme estabelecido na NR-06 da Portaria nº 3.214/78, o equipamento de proteção individual

(EPI) adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento (AYRES, 2011).

Existem regulamentações brasileiras acerca dos padrões exigidos para o registro,

comercialização, fabricação e uso do EPI. Do mesmo modo, há também normas para tipos,

execução, dimensões de EPC, ajustados aos locais de trabalho.

Equipamentos de Proteção Coletiva

São ações, equipamentos ou elementos que servem de barreira entre o perigo e os

operários. Numa visão mais ampla, são todas as medidas de segurança tomadas numa obra para

proteger uma ou mais pessoas (SAMPAIO, 1998).

Sabe-se que a prevenção é sempre a medida mais competente a ser tomada. Embasados nessa

fundamentação, os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) são ações executadas no ambiente

de trabalho, a fim de reduzir ou cessar as situações de perigo.

Contudo, considera-se de suma importância o conhecimento e utilização acerca dos EPI

e EPC numa obra de construção civil, visando a eliminação parcial ou total dos acidentes de

trabalho frequentemente identificados nas edificações.

Acidentes de trabalho

Diante ao exposto, a construção civil é responsável por grande parte da geração de

emprego, e também considerada uma das mais perigosas do mundo, liderando as taxas de

acidentes de trabalho fatais, não fatais e anos de vida perdidos. Entre as principais causas

ocupacionais de morte na construção civil situam-se os acidentes de trabalho (SANTANA e

OLIVEIRA, 2004).

Page 52: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

O acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço do

empregador, dentro e fora da empresa, com o empregado, trabalhador avulso, médico residente,

e com o segurado especial, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a

morte, a perda ou a redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho

(GOMES, 2009).

A expansão acelerada do segmento e a falta de mão de obra qualificada geram a

intensificação dos serviços nos canteiros de obras, com o aumento da carga horária, provocando

estresses, ansiedade e cansaço do trabalhador e, em consequência, o crescimento da ocorrência

de acidentes (AYRES, 2011).

Os acidentes de trabalho representam altos custos para a empresa, a sociedade e para o

próprio trabalhador. Se considerados os custos econômicos, estes são dificilmente calculáveis

devido à influência de inúmeros fatores, inclusive custos humanos que são transformados em

valores econômicos (BRITO, 1997).

Em virtude da seriedade do assunto, propõe-se explorar os fatores de riscos de acidentes

de trabalho em obras no decorrer da fase estrutural da edificação, fase está, que compõe um alto

índice de acidente de trabalho, considerando que a obra vai ganhando altitude e

consequentemente, agregando mais riscos para o colaborador no ambiente em questão (AYRES,

2011).

Trabalho em Altura

Segundo a NR-35, considera-se trabalho em altura toda atividade executada acima de

2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda. Esta norma regulamentadora,

publicada em 2012, objetivou contribuir na prevenção das quedas de altura, seja pela avaliação e

antecipação dos riscos, pelo planejamento das atividades e pela capacitação dos trabalhadores.

Essa norma estabelece que um colaborador possa ser considerado apto para o trabalho em altura

somente quando for submetido e aprovado em um treinamento, de ordem teórica e prática, com

carga horária mínima de oito horas. Feita essa capacitação, é necessário ainda uma inspeção

rotineira de todos os sistemas de ancoragem (considerados EPC), acessórios e EPI, para que

então sejam iniciados os trabalhos.

Visando minimizar os riscos implícitos na fase estrutural da obra, levando em

consideração sua altitude, é necessário atender mecanismos eficientes, com funções pautadas na

preservação da integridade física e mental do trabalhador. Tais mecanismos podem ser a criação

de um planejamento detalhado e eficaz, inserção de equipamentos de proteção individuais e

coletivos, instrução dos colaboradores e um rígido monitoramento.

Page 53: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

METODOLOGIA

Essa pesquisa foi dividida em três etapas, a primeira trata-se de uma fundamentação

teórica embasada em literaturas pertinentes, como as Normas Regulamentadoras, artigos

científicos, livros, sites, dissertações, teses específicas, entre outros. Estes foram estudados,

visando captar as informações necessárias para o maior entendimento e compreensão do leitor e

a melhor facilitação da ideia dos autores.

Na segunda etapa foram realizadas coletas de dados em uma referida obra vertical na cidade de

Goiânia com a aplicação de questionários e entrevistas, a fim de se detectar a assimilação

relativa à segurança do trabalho, tanto por parte da gerência administrativa (engenheiro, mestre-

de-obras e técnico em segurança) quanto em relação aos colaboradores operacionais

(profissionais e serventes).

Foi mantido sigilo quanto à identificação da construtora, engenheiro, técnico e

quaisquer funcionários responsáveis pela obra, a fim de preservá-los em relação às informações

que foram divulgadas neste trabalho.

Na terceira e última etapa, foi feita a compilação de todos os dados, análise das

informações colhidas na pesquisa, que passaram por uma transcrição para documentos

eletrônicos em forma de textos, que em seguida foram filtradas para planilhas, com o intuito de

consolidar as mesmas com os índices de acidentes trabalhistas colhidos no MPS. Para a

consolidação das tabelas com os resultados adquiridos, foram produzidos gráficos ilustrativos,

visando esclarecer sucintamente os objetivos buscados neste trabalho. Portanto os mesmos

foram elaborados com o intuito de buscar a validação da pesquisa. Na obtenção dos resultados

ilustrados nos gráficos, utilizou-se uma média teórica dos valores obtidos.

RESULTADOS e DISCUSSÃO

Empresa

Um roteiro descritivo foi criado para levantar algumas informações convenientes a

respeito da empresa, que opera na capital do estado de Goiás, a cidade de Goiânia, desde o ano

de 2009, atuando na área da construção civil. A mesma é responsável pela execução de inúmeras

obras de grande porte, e sua qualidade é reconhecida no mercado. No canteiro de obra

pesquisado, encontram-se 26 funcionários no total, sendo 6 da parte administrativa e 20 de

produção, nos quais 8 deles atuam na fase estrutural.

A obra em questão possui estrutura em concreto armado, em caráter residencial, com 26

pavimentos tipo, sendo uma única torre com área total construída de 17.044 m² e 2.180 m² de

Page 54: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

área do terreno. Contém, ainda, os pavimentos térreo, 1 subsolo, 1 mezanino e área de lazer

completa.

Para que as normas de segurança e os procedimentos obrigatórios sejam seguidos, é

necessário saber que, além da importância dos funcionários efetivos e terceirizados executarem

com segurança suas atividades, todos devem compreender a relevância do assunto, e se

comprometerem em assegurar e obedecer ao seu cumprimento. É necessário haver a

participação e a disposição de toda a equipe envolvida no programa de segurança da empresa.

Desde o início da obra, até a aplicação do questionário, nenhum acidente de trabalho foi

registrado. Dentro da empresa na ocorrência de acidentes leves, os colaboradores são

conduzidos para uma clínica terceirizada, responsável pelo acompanhamento da saúde do

trabalhador. Em casos de acidentes graves, o direcionamento é feito para hospitais públicos de

emergência ou hospitais conveniados.

A empresa gerencia os acidentes ocorridos, entre outros, por meio de um banco de

dados, e através desse realiza-se mensalmente um relato estatístico incluindo todos os acidentes,

com ou sem afastamento. Esse relatório também serve para gerir as capacitações, os

treinamentos, assim como a carga horária gasta pelos mesmos; despesas com EPI.

A amostra utilizada para este estudo, como dito anteriormente, compõe-se de 26

trabalhadores, sendo 8 do setor de pesquisa, a fase estrutural, destes 8 colaboradores, somente 5

foram entrevistados diretamente sobre o uso dos EPI. Os mesmos também foram questionados

sobre a utilização dos EPC na empresa em que atuam.

Questionados acerca do uso dos EPI, 80% dos entrevistados asseguraram sua utilização

constantemente. Com tudo, os demais 20% dos respondentes afirmaram usar “geralmente” ou

“quase sempre” os EPI, mesmo entendendo a obrigatoriedade do seu uso. Diante da aplicação

do questionário, 40% opinaram que o uso dos EPI interfere negativamente na execução de suas

atividades, e consequentemente 60% não julgaram a devida interferência.

Em relação à relevância dos EPC usados na fase estrutural, a aprovação foi unânime

(100%) quanto à implantação e conservação destes, do começo ao fim da realização das

atividades nesta fase.

Os trabalhadores apontaram, segundo seus critérios, as principais medidas adotadas pela

empresa visando o resguardo de acidentes: concessão dos equipamentos de proteção individual

a todo o quadro de funcionários, além da devida orientação para um uso adequado dos mesmos;

bem como de encontros semanais para discorrer sobre a Saúde e Segurança do Trabalho e o

Diálogo Diário de Segurança (DDS). A considerável atuação dos técnicos de segurança do

Page 55: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

trabalho e a constante realização de palestras e treinamentos, objetivando a prevenção de

acidentes, foram outros quesitos ressaltados.

Verificou-se também o índice de acidentes do trabalho na obra, que até o momento da

aplicação do estudo, se caracterizava como nulo.

Equipamentos de Proteção Individual

Dentre os trabalhadores consultados, aferiu-se que houve diversidade nas respostas das

indagações propostas sobre o uso do EPI, quanto ao seu grau de utilização.

Obtivemos cinco (05) como a totalidade de colaboradores entrevistados, ou seja, estes

representam 100% da pesquisa, tendo isso em vista, caracterizou-se quatro (04) o número de

trabalhadores que afirmaram usar o EPI “sempre”, estes representam desta forma 80%, o

percentual que respondeu “frequentemente”, caracteriza 20%, pois somente um (01) dos

trabalhados escolheu essa opção, e assim, consequentemente a opção “nunca”, obteve 0% nos

índices apurados pelo estudo em questão.

Sendo assim, se deu a preparação de um gráfico ilustrativo com o intuito de apresentar de

forma clara e incisiva, os resultados da avaliação sobre a utilização do EPI, na obra de análise. O

mesmo se encontra na Figura 2.

Figura 2 – Porcentagem de uso do EPI

Fonte: Acervo do autor, 2016.

Equipamentos de proteção coletiva

Com referência à proteção coletiva, o questionamento foi aplicado em relação à inserção

e à manutenção dos mesmos na etapa de estrutura, a fim de buscar um maior conhecimento

sobre o parecer dos colaboradores acerca deste tema.

A aceitação dos trabalhadores entrevistados quanto ao EPC, se deu em resultado

integral, ou seja, 100,00% da equipe avaliada reconhecem e consideram de suma relevância a

Page 56: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

implantação e preservação desse tipo de proteção. Os colaboradores chegaram a mencionar,

segundo seus próprios fundamentos, que a utilização do EPC, agregado a outros métodos de

proteção ocasiona a mínima, ou até mesmo a nula ocorrência de acidentes. No caso da empresa

em estudo, até a data da aplicação deste, sucede a inexistência dos incidentes de trabalho.

Índices de Acidentes de Trabalho

Realizada a avaliação dos índices de acidente de trabalho na obra em estudo, constatou-

se no período de Junho de 2016 a setembro de 2016, referentes a início da fase estrutural da obra

e aplicação do questionário, respectivamente, um índice de acidente típico trabalhista nulo, ou

seja, zero.

Foram pesquisadas informações no sítio do Ministério da Previdência Social (MPS),

onde identificou-se 2.903 acidentes típicos no trabalho, na cidade de Goiânia. Dados estes

homologados no ano de 2013, sendo o último registro publicado pelo MPS. Para efeito

comparativo, foi efetuada uma média teórica do índice anual de acidente, da seguinte maneira:

desde o início da etapa de estrutura, até a data de aplicação do questionário, equivalem a quatro

meses. Portanto o índice de acidente deve ser igualado a essa quantidade de meses.

Com este intuito, o número total de acidentes no ano de 2013, foi subdividido na

quantidade de meses em um ano, alcançando assim um valor aproximando de 242 acidentes

típicos por mês.

Como o intervalo de meses entre o início da estrutura até o mês da avaliação é de quatro

meses, multiplica-se o índice mensal por quatro, atingindo um valor de 968 acidentes típicos de

trabalho.

Dessa forma, o confronto dos índices encontrados é retratado no gráfico que se encontra

na Figura 3.

Figura 3 – Índices de acidentes de trabalho

Page 57: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Fonte: Acervo do autor, 2016.

Por fim conclui-se que o favorável índice de acidente de trabalho da obra, é

consequência do empenho da empresa, ligado a conscientização de seus colaboradores, sobre a

relevância dos equipamentos de proteção na fase estrutural da construção. Quando comparado

ao índice de Goiânia, constata-se um diferencial das empresas atuantes nessa cidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados da pesquisa, cujo objetivo principal é verificar e analisar a utilização

devida e constante dos equipamentos de proteção e consequentemente a redução do índice de

acidentes remete à necessidade de frequentes treinamentos por parte da equipe de segurança,

tornando os colaboradores mais capacitados. Essa dedicação foi identificada como um

importante elemento que busca minimizar e evitar esses índices e problemas com segurança

enfrentados nos canteiros de obras.

Nessas circunstâncias incorporadas ao acidente de trabalho, apresenta-se a suma

importância de um treinamento adequado que a empresa deve oferecer aos seus colaboradores,

visando o desenvolvimento profissional e a melhoria constante do rendimento. Esta capacitação

está relacionada à responsabilidade social da empresa, preparando o trabalhador não só para seu

proveito, como o torna apto à concorrência do mercado de trabalho. Pode estabelecer também,

junto às empresas, a criação de intervenções preventivas aos acidentes de trabalho, fazendo com

que essas medidas sejam implementadas em caráter definitivo aos processos de gestão e de

desenvolvimento socioeconômico e cultural. Fato este que colabora, também, para alcançar

níveis consideráveis de produtividade e obter os objetivos alçados.

Inserir corretamente os programas de segurança do trabalho e prevenção de acidentes;

realizar fiscalização periódica em intervalos de tempo hábeis; e, preferencialmente, manter uma

comunicação eficiente com os colaboradores, são medidas determinantes na conquista de um

funcionário compromissado em atingir sua produtividade máxima. Isso agrega tanto para a

empresa quanto para o trabalhador, na melhoria dos sistemas paralelamente às atividades

referentes a cada área.

Em conclusão, tendo em conta que o setor da construção civil está em constante

evolução, considera-se que o presente trabalho poderá ser um instrumento propulsor para a

elaboração de futuros trabalhos relacionados com o tema, como os estudos dos riscos presentes

Page 58: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

no trabalho em altura da fase estrutural e a utilização dos equipamentos de proteção na etapa de

acabamento.

REFERÊNCIAS

AYRES, Dennis de Oliveira;CORREA, José Aldo Peixoto. Manual de prevenção de acidentes

do trabalho. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2011.

BRITO, Jussara. Uma proposta de vigilância em saúde do trabalhador com a ótica de

gênero. Rio de Janeiro: Cadernos de saúde pública, 1997.

CASTRO, S. A. L. Necessidade de conhecimento das ferramentas de segurança do trabalho por

parte dos trabalhadores do segmento industrial. Goiânia: 2010.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua

portuguesa. 3ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

FUNDACENTRO, Fundação “Jorge Duprat Figueiredo” de Segurança e Medicina do Trabalho

-. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br/>. Acessado em: 21 de Agosto de 2015.

GRANDI, Sônia Lemos. Desenvolvimento da Indústria da Construção no Brasil:

mobilidade e acumulação do capital e força de trabalho. São Paulo, 1985. Tese de doutorado

em filosofia, letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

GOMES, Eliseu Domingues. Rotinas Trabalhistas e Previdenciárias. 9. Ed. Belo Horizonte:

Líder, 2009.

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Objetiva, 2009.

MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. Seção IV: acidente de trabalho. Disponível em:

<http://www.previdencia.gov.br/estatisticas/secao-iv-acidentes-do-trabalho-texto/>. Acesso em: 10 de

Outubro de 2015.

NORMA REGULAMENTADORA. NR 06: Equipamento de Proteção Individual. Portaria nº

3.214/TEM. 1978.

NORMA REGULAMENTADORA. NR 18: Condições e meio Ambiente de Trabalho na

Indústria da Construção. 1995.

NORMA REGULAMENTADORA. NR 35:Trabalho em altura. 2012.

SALIBA, Tuffi Messias. Curso básico de segurança e higiene ocupacional. 5ª edição. São Paulo

2013.

SAMPAIO, José Carlos de Arruda. PCMAT: Programa de Condições e Meio Ambiente do

Trabalho na Indústria da Construção. São Paulo: Pini, SINDUSCON/SP, 1998.

SANTANA, Vilma S.; OLIVEIRA, Roberval P. Saúde e trabalho na construção civil em uma área

urbana do Brasil. Caderno de saúde pública. Rio de Janeiro, v. 20, n.3, p.797-811, mai/jun, 2004.

Page 59: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

SAURIN, Tarcísio Abreu. Segurança e Produção: um modelo para o planejamento e controle

Integrado. Tese de Doutorado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2002.

VIEIRA, Sebastião Ivone Medicina Básica do Trabalho. 5ª edição. Vol.II. Curitiba: Gênesis,

1994.

YAZIGI, Walid. A técnica de edificar. 5. Ed. São Paulo: PINI. 2003.

ZOCCHIO, Álvaro. Prática da Prevenção de Acidentes: ABC da segurança do trabalho. 7ª

Edição. São Paulo: Atlas, 2002.

CONHECIMENTO DOS SABERES SOBRE A PERMACULTURA,

AGRICULTURA E MEIO AMBIENTE EM ACAMPAMENTOS DE

TRABALHADORES SEM TERRA, NA REGIÃO OESTE GOIANO,

BRASIL

Dhego Ramon dos Santos1; Vanessa Souza Trindade2,3

O autor do presente artigo 1Professor e Coordenador do Curso de Tecnologia em Gestão

Ambiental, Faculdade de Iporá, FAI. Goiás, Brasil ([email protected]). 2Acadêmica.

Curso de Tecnologia em Gestão Ambiental, Faculdade de Iporá, FAI. Goiás, Brasil. Autor

corresponde. e-([email protected])

Page 60: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

RESUMO

A Permacultura descreve a transformação da agricultura convencional em uma

agriculturaperdurável. Esse trabalho teve como objetivo além de analisar dados sociais e

econômicos, resgatar saberes e práticas relacionados a Permacultura, Agricultura e Meio

Ambiente em comunidades acampadas no interior de Goiás, nos meses Março e Abril de

2016.Os métodos utilizados foram: pesquisa bibliográfica; visitas a campo; aplicação de

questionários semi-estruturadose organização e análise dos dados coletados. Em relação

aPermacultura, alguns dos entrevistados demostraram não ter conhecimento sobre o conceito

teórico e sim sobre algumas práticas relacionadas. Já sobre agricultura, os entrevistados sabem

cultivar e criar animais mais deixaram desejar a quanto ao saber e a utilização de práticas

sustentáveis, como sistema agroflorestal e agroecologia.Quanto ao conhecimento sobre a parte

ambiental entre os acampados foi positivo, demostrando uma preocupação significava com a

preservação e conservação ambiental.

Palavras-chave:Práticas tradicionais. Sustentabilidade Meio Ambiente.

INTRODUÇÃO

A permaculturasurgiu na década de 70, a partir do encontro dos australianos David

Holmgren e Bill Mollison, começando a ser difundida na Austrália. A palavra permacultura

ainda não existe nos dicionários brasileiros. Ela foi proposta por Bill Mollison para descrever

essa transformação, da agricultura convencional em uma permanente agricultura (SOARES,

1998).

Tendo um conceito de difícil definição, por seu espectro amplo, dinâmico e

multidisciplinar, a permacultura por essência, não aceita uma única e estanque conceituação.

(MOLLISON, 2002). De forma mais ampla Mollison e Slay (1998) refere-se apermacultura

como “a integração harmoniosa entre as pessoas e a paisagem, provendo alimento, energia,

abrigo e outras necessidades, materiais ou não, de forma sustentável”.

Os princípios da permacultura podem ser divididos em princípios éticos e princípios de

design. A priori vale ressaltar apenas o entendimento dos princípios éticos que é coberto por três

princípios gerais ou máximas: Cuidado com a terra (Solos, florestas e águas); Cuidado com as

pessoas (Cuidar de si mesmo parentes e comunidades); e Partilha justa (Estabelecer limites para

o consumo e reprodução, e redistribuir o excedente). Os princípios éticos vêm sendo ensinados e

utilizados como fundamentos relativamente inquestionáveis para o design em permacultura

dentro do movimento no âmbito ampliado da “nação global” de pessoas da mesma

opinião(HOLMGREN, 2007).

A Permacultura se adapta a transições lentas ou rápidas. Pode-se começar lentamente,

utilizando uma pequena parcela de terra, e os recursos disponíveis localmente, ou transformar

Page 61: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

toda a propriedade, de uma só vez, de acordo com suas condições financeiras e a quantidade de

ajuda com que você pode contar. Não esquecendo o auxílio que a natureza oferece, quando

começamos a colaborar com ela (SOARES, 1998).

No Brasil a Permacultura chegou no ano de 1992 em Rio Grande do Sul através do

primeiro curso ministrado por Bill Mollison. No país são formados cerca de 300 permacultores

por ano e boa parte deles está atuando em sítios, área urbanas, comunidades, institutos, redes

etc(LEANDRO, 2006).

No Brasil, existem institutos de permacultura em diversos estados: Ecocentro IPEC

(Pirenópolis – GO); IPB e OPA (Salvador, BA); IPEMA (Ubatuba, SP); IPERS (Porto Alegre,

RS); IPETERRAS (Irecê, BA); IPOEMA (Brasília, DF); IPC (Fortaleza, CE); Ecovida S.

Miguel (Moeda, MG), além de comunidades e outras redes voltadas à prática e divulgação dos

princípios da permacultura (NASCIMENTO; FRENEDOZO, 2014).Como centro de referência

em permacultura e sustentabilidade, no estado de Goiás, podemos citar o Ecocentro IPEC

(Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado) e o sitio Geranium, em Brasília (DF).

Neste contexto, o IPEC (Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado) é uma

organização não governamental sem fins lucrativos que tem seu escritório no Ecocentro,

localizado na cidade de Pirenópolis, Goiás. O IPEC foi fundado em 1998 com a finalidade de

estabelecer soluções apropriadas para problemas na sociedade, promover a viabilidade de uma

cultura sustentável, oportunizar experiências educativas e disseminar modelos no cerrado e no

Brasil (IPEC, 2016).

A família rural no Brasilé carente de informações e de recursos para sobreviver

sustentavelmente. É imprescindível a necessidade de trazer soluções práticas para as pessoas do

campo. Soluções que venham de encontro às realidades culturais, sociais e ambientais de cada

região. Soluções sistêmicas, acessíveis e simples, que tragam segurança à família e um potencial

de desenvolvimento humano sustentável (SOARES, 1998).

Diversas correntes do pensamento voltam suas energias para a elaboração por meio da

pesquisa participativa, de métodos e metodologias que levam a construção de modelos para

sustentabilidade, seja pela reorganização socioeconômica, seja pela meta da alto-

sustentabilidade dos processos produtivos, ou seja, pela percepção da transversalidade das

questões ambientais (JACINTO, 2007).

Ademais, diante dos problemas ambientais, nos dias atuais, esse estudo é importante para

resgatar saberes e comportamentos, visando o incentivo e aplicação de práticas e alternativas

sustentáveis. Assim,essetrabalho teve como objetivo analisar dados sociais e econômicos,

Page 62: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

resgatar conhecimentos relacionadas apermacultura, agricultura e meio ambiente em

acampamentos de trabalhadores sem terra, na região Oeste Goiano estado de Goiás.

MATERIAIS E METODOS

Área de estudo

O presente estudo foi realizado em três acampamentos da região Oeste Goiano, sendo,

dois no município de Jaupaci identificado como (BG e CA) e um no município de

Dioramaidentificado como (ER).Osassentamentosestão localizados nas seguintes coordenadas:

CA(16°13'22.80"S 50°55'54.37"O), BG (16°12'38.37"S 50°56'14.50"O), e ER (16°18'4.24"S

51°27'44.09"O).

METODOLOGIA

A coleta de dados ocorreu em duas etapas na seguinte ordem: (I) visita aos

acampamentos com o propósito de obter a autorização para a realização do estudo e (II)

aplicação de questionário semiestruturados.

No mês de fevereiro de 2016, foramrealizadasvisitasaos acampamentos, onde os líderes

concordaram e autorizaram a realização Dapesquisa e forneceram datas para que pudéssemos

retornar e aplicar os questionários semiestruturados.

A operacionalização desta pesquisa, seguiu em três tipos de procedimentos:

perguntando, ouvindo e observando, que juntos integram o triangulo metodológico (WHYTE,

1977), sendo esta pesquisa descritiva/explicativa que teve por base a análise dos dados de um

diagnóstico social, econômico, e do conhecimento sobre permacultura, agricultura e meio

ambiente. Segundo Mesquita-Prestes (2003) sobre este método de pesquisa, na observação, são

aplicados atentamente os sentidos a um objeto, a fim de que se possa, a partir dele, adquirir um

conhecimento claro e preciso, através de uma observação exata, completa, imparcial, sucessiva e

metódica, pois constitui-se em um procedimento investigativo de extrema importância.

Os questionáriosforam ferramentas importantes nesse artigo e foram aplicadosnosmeses

de março e abril, e respondido por um integrante de cada barraco.

A parte I do questionário era composto por 11 questões para levantar dados sociais dos

entrevistados; A parte II com 14 questões ligadas a permaculturaforam elaboradas com base no

questionário utilizado por Oliveira e Sabino (2013). A parte III com quatro questões voltadas

para levantar dados sobre agricultura, e por último a parte V com quatro questões para levantar

dados referente arelação dos assentados com meio ambiente

Page 63: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As entrevistas foram realizadas em três acampamentos obtendo o total de 45

entrevistados. Desse total, (19) entrevistados no acampamento BG, (16) entrevistados no

acampamento CA e (10) entrevistados no acampamento ER.

Dados sociais das comunidades acampadas

Na primeira parte do questionário, sobre dados sociais, analisamos cinco perguntas de

maior relevância, sendo: a) Número de pessoas que residem no barraco/casa; b) Idade; c) se já

havia residido na zona rural; d) Renda familiar; e) Se tiveram assistência à saúde no local.

A média geral para os três acampamentos foi de três pessoas por barraco. Ao

analisarmos a idade, observamos que a faixa etária que prevaleceu no acampamento CA foi de

50 a 60 anos, no BG de 40 a 50 e no ER houve três classes de faixas etárias com resultados

iguais, são elas: 30 a 40, 40 a 50 e 50 a 60 anos. De modo geral o estudo apresentou que a

maioria dos entrevistados são de idade avançada e estão no acampamento sozinhos. De acordo

com a Organização Mundial da Saúde (OMS) os entrevistados apresentam dois estágios de

envelhecimento, meia-idade: 45 a 59 anos e idoso 60 a 74 anos (KARA-JOSÉ et al., 2008).

Em relação a origem dos entrevistados, dos 45 a maioria 84,44% (n=38) já havia

residido em zona rural. Apenas o acampamento CA apresentou 15,56% de respostas negativas

em relação a pergunta, ou seja, pessoas que residiram na zona urbana (Figura 01).

Figura 01. Percentual de entrevistados e sua origem de residência.

Sobre a renda familiar observamos uma maior frequência20 a 28,89% (n=9 a 13) com

pessoas ganhando até um salário mínimo (Tabela 01). A maioria dos que recebiam até um

salário declaram que a renda era proveniente de serviço “braçal” diário.

Page 64: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Tabela 01 - Frequência da renda dos entrevistados.

ACAM

P

Desempregado Aposentado Sem renda fixa Até um salário

Acima de um

salário

Freq.A

bs

Freq.

Rel

Freq.A

bs

Freq.

Rel

Freq.A

bs

Freq.

Rel

Freq.A

bs

Freq.

Rel

Freq.A

bs

Freq.

Rel

BG 4.00 8.89 0.00 0.00 0.00 0.00 13.00 28.89 2.00 4.44

CA 0.00 0.00 2.00 4.44 1.00 2.22 9.00 20.00 4.00 8.89

ER 0.00 0.00 0.00 0.00 1.00 2.22 9.00 20.00 0.00 0.00

Por último quando questionados sobre a visita de agentes de saúde, apenas o

acampamento ER havia recebido visita de um agente de saúde, porém, os entrevistados

alegaram que foi somente uma vez.

Permacultura

A segunda parte do questionário foi aplicada visando resgatar o conhecimento

sobrepermacultura. Para isso foram analisadas sete perguntas, são elas:a)Se conheciam o tema

permacultura e se usavam este sistema; b) Se possuíam compostagem ou outra forma de

reaproveitamento do resíduo orgânico; c) Se reaproveitavam a água da chuva e como; d) Qual

era o destino final das águas negras; e) Qual era o destino final das águas cinzas; f) Se

conheciam o uso da atividade sanitário seco; g) Se conheciam o significa Desenvolvimento

Sustentável; e h) Se conheciam técnicas de Bioconstrução.

Em um contexto geral, ao analisarmos as repostas obtidas, observamos que a maioria

foram negativasconforme mostra a figura 02.

Figura 02. Gráfico de respostas positivas e negativas em relação as perguntas sobre Permacultura.

Em relação ao conhecimento sobre a Permacultura, a maioriadosentrevistados99,04%

(n=44) demostraram nãoterconhecimento sobre o tema, exceto um entrevistado do

Page 65: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

acampamento CA. Embora eles não sabiam o conceito científico e a sua utilização, percebemos

nos acampamentos a utilização de técnicas tradicionais que estão diretamente relacionadas a

permacultura. Isso corrobora com o entendimento de Magrini (2009) que para ele, a

permacultura é uma metodologia interdisciplinar, e a sua aplicação na prática, integra

conhecimentos tradicionais e modernos.

Quando questionados sobre a compostagem ou outra forma de reaproveitamento do

resíduo orgânico produzidos por eles, observou-se que dos45 entrevistados apenas 26,66%

(n=12) possuíamalgum sistema de compostagem, com destaque para o acampamento BG com o

maior número de pessoasquefaziam o uso desta prática. Para Mollison; Slay (1994) o

reaproveitamento do lixo orgânico é um dos pontos fundamentais da permacultura. Nos

acampamentos o destino do lixo orgânico era ou depositado a céu aberto ou destinado aos

animais, e o lixo inorgânico era queimado. Costa (2010) afirma que não reaproveitar os resíduos

orgânicos para fins produtivos é sinônimo de desperdício.

Com relação aoreaproveitamento de água da chuva, apenas 44,44% (n=20)faziam uso

desta prática, destaque para o acampamento CA com mais respostas positivas. De modo geral,

os entrevistados alegaram que reaproveitavam a água da chuva, através da coleta com uso de

baldes, e tambores(Figura 03). Essa água era utilizada para diversos fins, tais como: limpeza dos

barracos, irrigação de hortas e no banheiro. Um fato observado que justifica a necessidade e a

preocupação deles em armazenar essa água nos assentamentos é adistância dos

mananciais.Segundo Soares e Legan(2009) independentemente da quantidade de água

disponível, o uso do sistema de coleta de chuva pode ser feito para suprir demandas nas

descargas sanitárias, irrigação de hortas e jardins, limpeza em geral, prática está utilizada pela

permacultura.

Figura 03. Tambor utilizado para fazer a coleta da água da chuva: Os autores (2016).

Page 66: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Ademais, vale ressaltar que embora os acampamentos não possuíssem um sistema de

coleta de água da chuva, devido ao fato deles estarem naquele acampamento temporariamente,

os mesmos não deixavam de demonstrar interesse em buscar uma forma de reaproveitamento.

Segundo Fioriet al. (2006), as águas cinzas são aquelas provenientes dos lavatórios, chuveiros,

tanques e máquinas de lavar roupa e louça. Porém, quanto a este conceito, observa-se que ainda

não há consenso internacional.

Já as águas negras, segundo Gonçalves (2006) trata-se de um efluente proveniente dos

vasos sanitários, contendo basicamente fezes, urina e papel higiênico ou proveniente de

dispositivos separadores de fezes e urina.

Nos barracos observou-se que as águas negras tiveram dois destinos ou eram descartadas

ao ar livre ou em fossas “privada”, porém alguns não souberam responder. Tanto no

acampamento BG quanto no CAhouveram o maior número de entrevistados que utilizam a

fossa. Por outro lado, quando questionados do destino das águas cinzas, 91,11% (n= 41),

disseram que o destino desta água era ao ar livre. Uma minoria dos entrevistadosno

acampamento CA 8,89% disseram ter fossa e outro tipo de destino final para as águas cinzas.

Faz parte dos ideais da permacultura que toda água cinza ou negra, deve ser devolvida ao

ambiente de forma limpa, ou seja, melhor ou igual à forma inicial pela qual foi retirada do meio

(MOLLISON; SLAY, 1994). Podemos encontrar na permacultura algumas técnicas utilizadas

para o tratamento destas águas, tais como canteiros biossépticos, círculos de bananeiras,

biorremediação e sanitários secos.

Sanitário Seco Ecológico (Figura 04) e Bioconstruçãosão duas técnicas usualmente

comuns quando se fala na prática dapermacultura. Em relação ao conhecimento sobre a técnica

do sanitário seco ecológico, 86,67% (n=39) dos entrevistados, disseram que não a conheciam.

Apenas 13,33% (n= 6) entrevistados disseram que já ouviram falar sobre a técnica. Para

Oliveira e Sabino (2012) O sanitário seco é recomendado para locais onde não há

disponibilidade de água, ou mesmo para aqueles que não querem gerar água negra.Osanitário

seco é capaz de transformar as fezes humanas em composto orgânico podendo ser utilizado em

hortas sem nenhum tipo de problema.

Resultado similar foi observado quando questionados sobre Bioconstrução, 82,22% (n=

37)entrevistados não conheciam a técnica. No acampamento CA 8,89 (n= quatro) dos

entrevistados disseramjá ter conhecido a técnica. Apesar da maioria dos entrevistados não

conhecer o tema Bioconstrução, ao citarmos exemplos como: adobe e forno de barro (Figura 05)

a maioria dos entrevistados principalmente os mais velhos conheciam e já haviam praticado essa

técnica. Pode-se então dizer que a Bioconstrução engloba uma série de conceitos que adere às

Page 67: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

novas tecnologias, tentando resgatar outras técnicas milenares, por meio da utilização de

materiais de baixo impacto ambiental, possibilitando assim a utilização de inúmeras matérias

primas e recursos naturais disponíveis no local da obra (KRAEMER; KRAVETZ, 2012).

Figura 05. Forno de barro construído em um dos acampamentos visitados. Fonte: Os autores (2016).

Como exemplos de técnicas da Bioconstruçãopodemos citar o adobe, taipa de pilão,

superadobe e tijolo de solo cimento. De acordo com Kraemer e Kravetz (2012) inúmeras são as

vantagens da Bioconstrução, dentre elas podemos citar: conforto e eficiência térmica, a redução

dos custos, qualidade de vida dos usuários e sustentabilidade. Por outro lado, Soares (2007) cita

algumas desvantagens dessa prática, são elas: é permeável, logo exige o uso de produtos para

impermeabilizá-la; a composição do solo depende das características geológicas e climáticas da

região, por isso a composição, resistência mecânica, cores, texturas e comportamento podem

variar. Para avaliar o solo são necessários ensaios e testes que indicam se algumas providências

corretivas, como aditivos, podem ser úteis.

Por último, considerando que os acampados serão futuros produtores rurais, ao

questionarmos sobre o significandode Desenvolvimento Sustentável, dos 45 entrevistados, 32

(71,11%)ambos do acampamento CA e ER, disseram que não sabiam o que significava. Apenas

o acampamento BG houve entrevistados que já ouviram falar sobre o assunto. Esse resultado é

preocupante, já que nos dias atuais a necessidade de conhecer e adotar esse tipo de

desenvolvimento é fundamental para garantir a qualidade e manutenção dos recursos naturais

disponíveis, satisfazendo as necessidades da geração atual sem comprometer as gerações

futuras. Assim, de acordo com Portela e Laforga(2008) aplicado ao setor agrícola, o conceito de

desenvolvimento sustentável reflete a ideia básica de que o desenvolvimento, para ser

sustentável, deve ser não apenas economicamente suficiente, mas também ecologicamente

prudente e socialmente desejável. Para Souza-Filho (2001)a noção de desenvolvimento

econômico tem mudado nas últimas décadas em direção a uma nova visão mais consensual de

que conservação ambiental e melhores padrões de vida devem ser seguidos simultaneamente.

Page 68: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Agricultura

Neste tema, levantamos informações divididas em dois eixos: A experiência (Criação de

Animais Exóticos e Cultivares) e o conhecimento (Sistema Agroflorestal e Agroecologia)

(Figura 06).

Figura 06. Gráfico de respostas positivas e negativas em relação as perguntas sobre Agricultura.

Em relação a primeira pergunta 100% (n=45) dos entrevistados sabiam criar animais. Os

mais citados foram: suínos, aves e bovinos. Já com relação aos cultivares, os entrevistados

sabiam plantar arroz feijão e milho. Esse já era um resultado esperado, já que a maioria dos

entrevistados 84,44% (n=38)viveramna zona rural, corroborando com o MAPA (Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento) que apresenta dados onde o Brasil é considerado maior

produtor mundial de feijão, terceiro maior produtor de milho e nono produtor de Arroz. Santos

et al. (2015) em um estudo sobre percepção ambiental em acampamento dos Sem Terra em

Campo do Meio em Minas Gerais, obteve resultados similares em que a criação de pequenos

animais para o consumo na maioria das casas haviagalinhas, patos, porcos e cabras. Todos

entrevistados afirmam em primeiro lugar cultivar para consumo próprio; hortaliças, raízes e

frutas, os mais citados foram: mandioca, abóbora, chuchu, feijão, maracujá, laranja, alface e

outras folhagens, o que corrobora com FinattoeSalamoni (2008) que diz que os agricultores

familiares são tidos como essenciais para a produção de alimentos.

O sistema agroflorestal é pouco conhecido entre os entrevistados, onde 73,33%(n=33) não

sabiam o que era. O acampamento BG foi o único em que alguns entrevistados afirmaram ter

ouvido falar sobre essa técnica. Esse resultado é preocupante, visto que, para o pequeno

produtor rural, o Sistema Agroflorestal (SAF) é de suma importância, pois reúne as culturas

agrícolas com as culturas florestais, permitindo ao agricultor o aproveitamento diversificado da

sua pequena propriedade. Assim, a Agrofloresta vem com o objetivo de recuperar antigas

técnicas utilizadas por populações tradicionais de várias partes do mundo, que resultam da

Page 69: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

imaginação, da experiência, do conhecimento, da tradição, da cultura, das aspirações agregados

a elas, o conhecimento científico acumulado sobre a espécies vegetais, e sua interação com a

fauna local, além das condições particulares (tipos de solo e clima, disponibilidade de material)

de cada produtor (DANTAS, 1994).

Resultado similar,ao anterior, foi observado quando os entrevistados foram

questionadosem relação à Agroecologia, a maioria dos entrevistados, disseram não saber o que

é. Sobre esse tema, é importante ressaltar que a Agroecologia é uma ciência integradora que

agrega conhecimento de outras ciências, além de agregar também saberes populares e

tradicionais proveniente das experiências de agricultores familiares (CAPORAL et al.,2006). A

Agroecologia fornece os princípios ecológicos básicos parao estudo e tratamento de

ecossistemas, tanto produtivos quanto preservadores dos recursosnaturais, e que sejam

culturalmente sensíveis, socialmente justos e economicamente viáveis (ALTIERI, 1998), o que

permite a capacidade das populações rurais de ajustar seus meios de vida aos ecossistemas em

que vivem e produzem (PETERSEN et al,2009).

Meio Ambiente

A conservação e preservação do meio ambiente foi o último tópico a ser analisado neste

estudo (Figura 07). Os acampados em sua maioria sabem da importância de cuidar do meio em

que vivem. Para Miranda e Souza (2011) é importante que se adote determinadas atitudes e

valores em relação ao meio ambiente.

Figura 07. Gráfico de respostas positivas e negativas em relação ao Meio Ambiente.

Em relação ao resultado obtido na primeira pergunta, observamos que a maioria dos

entrevistados 93,33% (n=42) disseramque preservam os animais silvestres. Também

observamos que 88,88% (n=40) entrevistados não tinham nenhum tipo de animal silvestres em

casa, mas 11,11% (n=5) deles disseram que criam animais silvestres, tais como Periquito

Page 70: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

(Brotogeristirica) Papagaio (Alipiopsittaxanthops) eJabuti (Geochelonedenticulata), alguns em

situações de cativeiro.

Quando questionados se conheciam a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998,

conhecida como Lei da Vida ou Lei dos crimes ambientais (LCA), dos 45 entrevistados, 48,88%

(n=22) disseram que conheciam a lei, 22,22% (n=10)não conheciam e 28,88% (n=13) já tinham

ouvido falar. É importante que esses futuros agricultores familiares tenham um conhecimento

básicos das políticas ambientais, uma percepção ambiental que para Haubricht e Fiorini (2014) é

uma tomada de consciência do ambiente pelo homem, percebendo o ambiente que se está

inserido, aprendendo a proteger e a cuidar do mesmo.

CONCLUSÃO

Por fim, apesar de se tratar de um estudo com caráter preliminar, concluímos que em

relação apermacultura os entrevistados não conheciam os conceitos questionados, porém ao

citarmos exemplos de algumas técnicas que eram utilizadas em tempos antigos, a maioria dos

entrevistados lembraram do que se tratava, portanto, foi possível concluir que as práticas

presentes na permacultura são antigas, mas foram deixadas para trás, devido a evolução do

homem e as necessidades das pessoas.

Vale ressaltar que é preciso que resgatemos os saberes ecológico e sustentáveis, para que

possamos viver em harmonia com a natureza, e assim, diminuir um pouco dos malefícios que o

ser humano vem causando ao meio ambiente. Diante da realidade deste estudo, é aconselhável a

aplicação de técnicas da permacultura nas futuras propriedades rurais dos acampados.

Com relação a agricultura, foi possível concluir que os entrevistados sabem criar animais

e plantar cultivares. Porém se tratando de práticas sustentáveis, como osistema agroflorestal e a

agroecologia, os entrevistados não tinham conhecimento dessas práticas o que demonstra que,

possivelmente, as pessoas que vivem no meio rural sabem apenas o fundamental para sobreviver

em sua terra, o que torna isso algo preocupante, pois na atual situação em que nos encontramos

é preciso que as pessoas saibam sobreviver de forma sustentável fazendo o uso de técnicas que

propiciem um equilíbrio entre o ser humano e o meio ambiente.

O conhecimento sobre a parte ambiental entre os acampados foi positivo. Quando

questionados sobre o meio ambiente, os acampados apesar de apresentarem falta de

conhecimento técnico sobre o assunto, os mesmos demonstram ter conhecimento sobre a

importância de medidas para a preservação do meio ambiente.

Page 71: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Por fim, sugerimos que novos trabalhos, sobre o tema abordado, seja realizado na região

a fim de disseminar o conhecimento e a prática da permacultura.

REFERÊNCIAS

ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. PortoAlegre: Ed.

da UFRGS, 1998.105p.

CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A.; PAULUS, G. Agroecologia: matriz disciplinar ou

novo paradigma para o desenvolvimento rural sustentável. Brasília: 2006.

COSTA, E. Como fazer compostagem doméstica. Taboão da Serra: CreativeCommons, 2010.

DANTAS, M. Aspectos ambientais dos sistemas agroflorestais. In: CONGRESSO

BRASILEIRO SOBRE ECOSSISTEMAS AGROFLORESTAIS, 1., 1994, Porto Velho.

Anais... Colombo: Embrapa-CNPF, 1994. p.433-453.

FINATTO, R. A.; SALAMONI, G. Agricultura familiar e agroecologia: perfil da produção de

base agroecológica do município de Pelotas-RS. Soc. nat., Uberlândia, v. 20, n. 2. 2008.

FIORI, S; FERNANDES, V. M. C; PIZZO, H; Avaliação qualitativa e quantitativa do reuso de

águas cinzas em edificações. Revista Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 19-30.

jan/mar. 2006.

GONÇALVES, R. F; Uso Racional da Água em Edificações. Projeto PROSAB. Rio de

Janeiro: ABES, 2009

HAUBRICHT, D. M; FIORINI, F. A. Percepção Ambiental dos Moradores do Assentamento

Vila Rural I do Município de Alta Floresta – MT. Rev. Da Universidade Vale do Rio Verde,

Três Corações, v.12, n.1, p. 248 – 256. 2014.

HOLMGREN, D. Os Fundamentos da Permacultura. Tradução Alexander Van ParysPiergili

e Amantino Ramos de Freitas. 1° ed. Victoria-Austrália. Holmgren Design Services. 2007.

IPEC (Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado). O Instituto IPEC. Disponível em

<<http://www.ecocentro.org/o-ipec/o-instituto/?lang=pt>> acessado em 02 de novembro de

2016.

JACINTO, C. R. S. A Agroecologia, a Permacultura o Paradigma Ecológico na Extensão

Rural: Uma Experiência no Assentamento Colônia I – Padre Bernardo - Goiás. UnB-CDS,

Dissertação de Mestrado, 2007. 139p.

KARA-JOSÉ, N.; BICAS, H. E. A.; CARVALHO, R. S. Cirurgia de catarata: necessidade

social. São Paulo: C&D-Editora e Gráfica, p. 45-6, 2008.

KRAEMER, M, C.;KRAVETZ, M. C. Bioconstrução: Um contexto de sustentabilidade na

habitação. 2012.

Page 72: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

LEANDRO, S. L. Permacultura:Uma luz na sustentabilidade do planeta.disponível em:

<http://www.revistahabitare.com.br/ecologia/permacultura-uma-luz-na-sustentabilidade-do/21>.

Acessado em: 30 de março de 2016.

MAGRINI, R. V.Permacultura e Soluções Urbanas Sustentáveis. Uberlândia: UFU,

Monografia: Curso de Geografia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia. 2009. 112p.

MESQUITA-PRESTES, M. L. A pesquisa e a construção do conhecimento científico: do

planejamento aos textos, da escola à academia. 2. ed. São Paulo: Rêspel, 2003.

MIRANDA, N. M; SOUZA, L. B. Percepção Ambiental em propriedades rurais: Palmas-TO.

Brasil. Rev. Mercartor, Fortaleza, v.10, n. 23, p .171 – 186. 2011.

MOLLISON, B. Permaculture: A designers Manual. 2. ed. Tyalgum-Australia.

TagariPublications, 2002.

MOLLISON, B.; SLAY, R. Introdução à permacultura. Trad. André Luis Jaeger Soares.

Austrália: TagariPublications, 1994.

MOLLISON, B; SLAY, R. M. Introdução à Permacultura. Brasília DF MA/SDR/PRNFC.

1998.

NASCIMENTO, L. M. C; FRENEDOZO, R. C. A Abordagem da Educação Ambiental e

Sustentabilidade em Centros de Permacultura: Possibilidade para o ensino de ciências. Anais do

Encontro de Produção Discente PUC/SP-Cruzeiro do Sul. São Paulo. p. 1-12. 2014.

OLIVEIRA, M. C; SABINO, L. Elementos da permacultura como indutores da sustentabilidade

em atrativos turísticos de Bodoquena, Bonito e Jardim, Mato Grosso do Sul. Observatório de

Inovação do Turismo - Revista Acadêmica Vol. 7, nº3, Rio de Janeiro, 2013. 25p.

PETERSEN, P; DAL-SOGLIO, F. K.; CAPORAL, F, R. A construção de uma Ciência a

serviço do campesinato. In: PETERSEN, Paulo (org). Agricultura familiar camponesa na

construção do futuro. Rio de Janeiro: AS-PTA, 2009. 168 p.

PORTELA, J. L; LAFORGA, G. Práticas de Gestão e Desenvolvimento Sustentável: uma

análise da organização familiar rural da Gleba Triângulo-MT. Sociedade Brasileira de

Economia, Administração e Sociologia Rural. Rio Branco – Acre. 2008.

SANTOS, J; SANTOS, K, P, S. VIANA, V, S GOMES, P, T. Percepção e Meio Ambiente no

Acampamento dos Sem Terra em Campo do Meio – MG. Anais do 2. Workshop de Geografia

Cultural: Da cultura material ao simbolismo cultural. Alfenas-MG, 2015.

SÍTIO GERANIUM. História do Sitio Geranium. Disponível em:

<http://www.sitiogeranium.com.br/sobre>> acessado em 02 de novembro de 2016.

SOARES, A. L. J. Conceitos básicos sobre permacultura. Brasília DF MA/SDR/PNFC. 1998.

SOARES, A. L. J. Soluções sustentáveis: construção natural. Pirenópolis: Mais

Calango/Ecocentro IPEC — Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, 2007.

Page 73: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

SOARES; LEGAN, L. Projeto de Olho na Água. Pirenópolis: Mais Calango/Ecocentro IPEC

— Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado, 2009.

SOUZA FILHO, H. M. Desenvolvimento agrícola sustentável. In: BATALHA, M. O. (coord.).

Gestão Agroindustrial: GEPAI: Grupo de Estudos e pesquisas Agroindustriais. 2. ed. São Paulo:

Atlas, 2001, v. 1. 585-627.

WHYTE, A. V. T. Guidelines for fields studies in environmental perception. Paris:

UNESCO, 1977.

POLITICAS CURRICULARES:

A HEGEMONIA DOS DIREITOS HUMANOS

Eliane Teodoro Coimbra Pareja1

A autora do presente artigo 1Graduada em Pedagogia pela Faculdade de Letras de Campo

Mourão – FECILCAN, especialista em Psicopedaagogia e Educação infantil – FAI

([email protected])

RESUMO

Page 74: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Este trabalho resulta de estudos e reflexões de textos analisados no Programa de Pós-graduação

da disciplina de Currículo e Educação. E tem como objetivo apresentar algumas das reflexões

das políticas curriculares na hegemonia da educação em direitos humanos, isso num âmbito

educacional, pois conhecer é a melhor maneira de refletir a problematização do nosso efetivo

papel, consequentemente o papel da escola. Este tema se justifica pela hegemonia da educação

em direitos humanos devendo ultrapassar os rituais repetitivos geralmente apresentados pelos

professores, buscando a qualidade da educação a qual tem amparos legais. Tendo como

principais autores: CANDAU (2006), pós doutora em Educação e McLAREN (1992),

reconhecido como um dos fundadores da pedagogia critica. A metodologia faz opção pelo

método dialético, pois busca transformações e procura contextualizar os fatos, mesmo que de

maneira sucinta. Por meio de questionamentos a pessoas da sociedade,que não vão parar por

aqui, pois precisam ir além do apresentado até o momento, o que mais causou-me inquietação,

ao me deparar com o texto, em especial sobre a educação em direitos humanos, resultando nesse

artigo. Neste sentido, as contribuições pretendidas, foram se construindo com a participação

dos colegas de classe na interação com o professor mediador, pois o processo ensino e

aprendizagem é continuo. Com a finalidade de incentivar saber e conhecer sobre o currículo que

é marcado por relações ideológicas de uma classe dominante.

Palavras-chave: Hegemonia. Direitos Humanos. Currículo.

INTRODUÇÃO

Ao analisar o conhecimento adquirido com os estudos e reflexões, que aconteceram de

forma conjunta professor/aluno, aluno/professor e alunos/alunos com a colaboração de todos os

envolvidos nesse processo ensino e aprendizagem pois esse processo não é estático.

Existe todo um movimento nessa busca, que Arroyo (2011) relata:“Construíram

identidades e saberes de si. Por outro lado, vimos que suas experiências estão ausentes”.

Assim, o presente artigo se organizou: num texto que busca trazer as políticas

curriculares de maneira sucinta, pois falar sobre políticas curriculares e de forma dialética requer

analises desses processos num conhecimento aprofundado e isso será tratado num outro

momento.

O texto foi se construindo trazendo algumas experiências vivenciadas em escolas

diferenciadas, mas com o intuito de ilustrar o pensamento contextualizado e não de pesquisa

formalizada de momento.

Com foco na hegemonia da educação em Direitos Humanos, direitos esses, que são para

a vida e os conhecimentos adquiridos são essenciais para o bom desenvolvimento do ser

humano que está em transformação. Com base no documento de plano de ação desenvolvido

pela Organização das Nações Unidas.

O trabalho se fundamenta no texto de Arroyo (2011) sobre o saber-se e conhecer-se

como personagens em construção, em Candau (2006) sobre Direitos Humanos e no texto de

McLaren (1992) nos rituais e resistência apresentados pelos personagens da educação e entre

Page 75: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

outros autores que foram auxiliando o pensamento sobre políticas curriculares em vários

aspectos, como: sociais, políticos, culturais, ideológicos e econômicos.

Lembrando que todos os temas e conceitos abordados foram mencionados de maneira

geral, pois no momento não é a intensão de trazer o presente trabalho em sua singularidade,

podendo assim chamar de um ensaio do trabalho que terá continuidade em suas formalidades

futuras.

Contudo, deve ter clareza que os currículos são marcados por tramas ideológicas de uma

classe dominante, assim as políticas curriculares estão repletas de intencionalidades e cabe a nós

profissionais da educação desmistificar, deixar de lado a ingenuidade e procurar trabalhar de

maneira a envolver os alunos a refletirem sobre seus direitos.

POLITICAS CURRICULARES: A HEGEMONIA DOS DIREITOS HUMANOS

Historicamente o currículo tem sido um campo de contestações, conflitos e disputas. As

primeiras preocupações com o currículo surgiram a na década de 20. E a partir dos anos 1980,

com a redemocratização do Brasil começa a se pensar no currículo com outras vertentes.

Segundo Arroyo (2011), as experiências tanto de educandos como educadores estão

ausentes do currículo, negando-lhes o direito de conhecer e saber de seus coletivos. E falando

em direito, direitos esses geralmente negados aos alunos com o intuito de transformações, o qual

enfatizo neste texto.

Após relatos da autora Candau, (2006) em relação ao conceito de direitos humanos

referente ao senso comum, levou-me à pensar se realmente hoje, com todas as informações a

nossa disposição é possível que ainda assim se relacionem os direitos humanos a proteção de

bandidos.

Então, nessa inquietação levantei este questionamento: “Qual seu entendimento sobre

direitos humanos?” Fiquei surpresa com respostas que obtive, realmente estavam em sua

maioria associada à proteção e a atos protetivos a bandidos e, algumas mulheres mencionaram a

lei Maria da Penha.

Para Candau (2006) é importante desconstruir a visão de senso comum sobre direitos

humanos e no plano de ação da Organizações da Nações Unidas fica evidente que:

A educação em direitos humanos promove um enfoque holístico embasado no

gozo destes direitos, que abrange tanto «os direitos humanos no contexto

educativo», isto é, conseguir que todos os componentes e processos de

aprendizagem, incluindo os planos de estudo, o material didático, os métodos

pedagógicos e a capacitação, conduzam ao aprendizado dos direitos humanos,

Page 76: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

por um lado, e «a realização dos direitos humanos na educação», por outro

lado, que consiste em fazer valer o respeito dos direitos humanos de todos os

membros da comunidade escolar. (ONU, p. 07)

Nesse conceito geral, considera-se que a educação em direitos humanos faz parte do

direito do aluno a receber uma educação de qualidade, na qual não apenas seja ensinada a

leitura, a escrita, a conceitos ou a calcular, mas que, além disso, fortaleça a capacidade de

desfrutar de direitos humanos e fomente uma cultura em que prevaleçam os valores dos direitos

humanos.

Ainda que sejam muitos os fatores que contribuem para a integração efetiva deste

enfoque, há diversas experiências vivenciadas que deveriam promover claramente um enfoque

na educação embasado nos direitos humanos, em que:

(...) experiências recolhidas em todo o mundo foram assinalados cinco

componentes determinantes para seu êxito: 1. Políticas educativas.

Consideradas declarações de compromisso dos governos, as políticas

educativas, incluindo as leis, os planos de ação, planos de estudo, políticas de

capacitação e outros elementos, devem promover claramente um enfoque da

educação embasado no gozo de direitos. Prestando atenção a estas declarações,

os direitos humanos passam a ser parte de todo o sistema educativo. As

políticas são elaboradas de maneira participativa, em cooperação com todas as

partes interessadas, e deverão ter como objetivo o cumprimento da obrigação

de oferecer e promover uma educação de qualidade, assumida pelos países ao

subscreverem os diversos tratados internacionais, como a Convenção sobre os

Direitos da Criança. (ONU,p. 07 – 08)

Partindo desse pressuposto percebe-se que ainda há muito a ser desvendado,

desmistificado e desconstruir essa visão não é um trabalho fácil, e a educação é um meio

provável, pois educação em direitos humanos, pode ser propagada mediante transmissão de

conhecimentos e a formação de atitudes.

Com base nesse conceito observa-se a importância de se estar atento às praticas

desenvolvidas pelo professor o que remete a outro fato vivenciado em uma escola do interior de

Minas Gerais, com alunos do 4º ano do ensino fundamental:

“A professora em uma de suas aulas solicitou as crianças como tarefa de casa, escrever

uma carta ao prefeito. Em seus textos, as crianças apresentavam propostas de melhorias à escola

e a comunidade da qual faziam parte. A professora somente atribuiu notas a quem havia feito a

tarefa, ficou evidente a decepção nos olhares e gestos apresentados por alguns dos alunos que

dedicou horas escrevendo o texto, enquanto um grupo de alunos fizeram uma pesquisa pelo

bairro, pergunto o que gostariam que mudassem. Quando questionada, a professora repetiu

Page 77: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

rituais provavelmente inconscientes jogando a culpa no currículo”. Quantas vezes ouvimos essa

frase para justificar atitudes de práticas que não levam a mudanças nenhuma, quantas coisas

poderiam ser trabalhadas com esses alunos que iriam levar a uma práxis de transformação.

E esses rituais se apresentam quase que constantemente nas práticas dos profissionais

que estão atuando nas escolas, rituais esses que para Maclaren (1992) é

Surpreendentemente, muitos dos professores se mostram perplexos quanto ao

fato de eles cuidadosamente construírem os rituais de ensino e gerarem um

grande numero de condutas contrarias as expectativas entre os alunos. Todavia,

eles continuam sem consciência de quanto os rituais de ensino são opressivos,

em parte em função de sua confusão conceitual quanto a cultura jovem em

geral e da cultura portuguesa em particular. Consequentemente, a sala de aula

se torna um contexto que pode ser descrito como uma cultura truncada,

fragmentada e deslocada; em resumo, uma cultura que, certamente, tira-lhes o

poder, desde o ponto de vista dos alunos. (McLAREN 1992, p. 211 – 212)

Assim, para o autor essa questão deve ser pensada metodologicamente, por meio de

estratégias a serem utilizadas com a participação de educadores e educandos. E nesse processo,

Candau (2006) leva em consideração a preocupação em produzir materiais adequados que

promovam saberes socialmente produzido. Pois,

(...) exigem no caso da educação formal, a construção de uma cultura escolar

diferente que supere as estratégias puramente frontais e expositivas, assim

como a produção de materiais adequados que promovam interação entre o

saber sistematizado sobre direitos humanos e os saberes socialmente

produzidos. Devem ter como referencia fundamental a realidade e trabalhar

diferentes dimensões dos processos educativos e do cotidiano escolar,

favorecendo que a cultura dos direitos humanos penetre em todo processo

educativo. (CANDAU 2006, p. 229 – 230)

Segundo a autora essa educação deve ser transformadora e o contexto deve estar em

consonância com as práticas do professor com abordagens especificas em contextos específicos,

ou seja, cada local se trabalha considerando a realidade como um todo.

Percebe-se que as experiências em direitos humanos nem sempre são apresentadas de

maneira a transformar realidades e esse deveria ser o foco principal numa visão dialética das

questões apresentadas. Então o que queremos:

O que queremos trabalhar é, ao mesmo tempo, negar a padronização e lutar

contra todas as formas de desigualdade presentes em nossa sociedade. Nem

padronização nem desigualdade, mas sim lutar pela igualdade e pelo

reconhecimento das diferenças. A igualdade que queremos construir assume a

promoção dos direitos básicos de todas as pessoas. No entanto, esses todos não

Page 78: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

são padronizados, não são os ‘mesmos’. Tem de ser suas diferenças

reconhecidas como elemento de construção da igualdade. (CANDAU 2006, p.

235 – 236)

E outra experiência que retrata essa maneira de trabalhar é a mudança no corpo, no corpo

propriamente dito que se evidencia nos discentes, quando se observa com olhares analíticos fica

evidente, que:

Todo corpo carrega uma história de opressão, um resíduo de dominação,

preservado nos estratos após estratos de um tecido que respira. Os corpos dos

estudantes são permeados de símbolos que expandem significados e que são

desdobrados nos músculos, pressionando os tendões e incrustando-se na

engrenagem dos ossos e dos nervos. Os símbolos fazem parte da fisiologia

humana. A hegemonia que se inscreve nos símbolos fisionômicos dos corpos

dos estudantes e se transformam em gestos são um ato de corporeidade.

(McLAREN 1999, p. 229)

Para o autor essa resistência escolar que fica evidente como mencionado anteriormente

vai se tornando um sofrimento para o aluno que acaba por desacreditar no processo

ensino/aprendizagem e tudo relacionado ao mesmo vai se tornando uma chatice enfatizando

ainda mais a resistência.

E os rituais negativos apresentados por professores desinteressados em proporcionar uma

educação transformadora de práticas que envolvam o aluno nesse processo de educação em

Direitos Humanos, levando eles a pensar no mundo em que vivem vai ficando esquecida e vão

reproduzindo justificativas repetitivas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Contudo, verificou-se a hegemonia em se trabalhar a Educação dos Direitos Humanos

para a vida dos discentes, como meio de transformação. E ao currículo não pode ser atribuída a

culpa de não ser possível, pois tanto o currículo, como a escola e a sociedade são construções

sociais, devem e podem ser reconstruídas.

Assim, ocorre que estas intencionalidades presentes nas políticas curriculares onde se

exerce o poder, nós profissionais da educação devemos compreender essas inferências e deixar

de lado a ingenuidade, buscando conhecimentos continuamente para entender a dialética e

buscar transformações. Nesses estudos, reflexões e analises fomos conceituando currículo de

forma subjetiva provavelmente jamais pensada anteriormente. E isso fica evidente nas

contribuições dos alunos do Programa de Pós-graduação em Educação. Aprendemos por

divergências de ideias, contradições e conflitos.

Page 79: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Em virtude do que foi mencionado, pode-se considerar esse trabalho um ensaio de um

artigo como proposta de trabalho futuro, com foco na pesquisa/iniciação cientifica, em que após

a aprendizagem verifica-se a necessidade de se trabalhar Educação em Direitos Humanos

analisando as normas internas de uma determinada Escola da região oeste goiano.

REFERÊNCIAS

ARRYO, Miguel. O direito de saber-se. In:Currículo, território em disputa. 2 ed. Petrópolis:

Editora Vozes, 2011.

CANDAU, Vera Maria. Educação em direitos humanos: políticas curriculares. In. LOPES,

Alice Casemiro: MACEDO, Elizabeth. Políticas de currículo em múltiplos contextos. São

Paulo: Cortez, 2006.

McLAREN, Peter. A antiestrutura da resistência. In: MCLAREN. Peter. Rituais na escola: em

direção a uma economia política de símbolos e gestos na educação. Petrópolis: Vozes, 1992.

http://unesdoc.unesco.org/images/0014/001478/147853por.pdf pesquisa realizada em 02 de

fevereiro de 2017.

http://www.abnt.org.brpesquisa realizada no dia 05 de fevereiro de 2017.

Page 80: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO E METODOLOGIA ATIVA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL PARA CRIANÇAS DE UMA ESCOLA DO MUNICÍPIO DE IPORÁ/GO

Francielle Moreira Rodrigues1 Pedro Vinicius Barreto Souza2Joyce Ribeiro do Carmo3

Os autores do presente artigo 1Graduação em Enfermagem – UniRV, graduação em Pedagogia

– FACEL, licenciatura em Biologia – FIAVEC, especialização em Saúde da Família – UFG,

especialização em Docência – SENAC/DN, especialização em UTI – PUC, mestrado em

Ciências Ambientais e Saúde – PUC, coordenadora da Faculdade de Enfermagem – FAI

([email protected]) 2 Graduado em Administração – FAI, graduado em Pedagogia –

FACEL, licenciatura em matemática – FIAVEC, bacharel em Teologia –FATAD, especialista

em MBA gestão de pessoas – FAI ([email protected]) 3 Graduada em Farmácia – FMB, especialista em Docência do Ensino Superior – FABEC,

especialista em Análises Clínicas e Toxicológicas – Fundação Osvaldo Cruz, coordenadora da

Faculdade de Farmácia – FAI ([email protected])

RESUMO

O objetivo deste estudo é analisar o nível de satisfação das crianças de uma escola do município

de Iporá/GO submetidas à métodos lúdicos no processo de aprendizado. Tendo em vista a

importância e eficácia dos jogos, brinquedos e brincadeiras, o lúdico e o processo de

aprendizagem, o papel do educador na educação infantil e a escolha dos brinquedos, jogos,

brincadeiras e sua importância na aprendizagem. O presente trabalho procura promover uma

reflexão acerca da necessidade em se criar métodos de incentivo através de brincadeiras ao

ensinar crianças, incentivando assim o raciocínio lógico e imaginação. Método: estudo

descritivo e exploratório com abordagem qualitativa. Os sujeitos da pesquisa são crianças de

uma escola privada da cidade de Iporá/GO. Os dados foram coletados no segundo semestre de

2016 com a aplicação de um instrumento ilustrativo com nível de satisfação e submetidos à

categorização. Resultados esperados: promoção de aprendizagem por meio de métodos lúdicos.

Palavra chave:Educação, métodos, ensino, brincadeiras.

Introdução

Este trabalho, como sugere o próprio título, gira entorno da importância do lúdico na

educação infantil, o qual tem por finalidade mostrar o quanto é importante às brincadeiras na

vida das crianças, tanto para o seu desenvolvimento físico, intelectual, emocional e cognitivo.

Justifica-se este tema devido ser muito complexo falar sobre a importância do lúdico

com educadores principalmente na educação infantil. Este tem como intuito confirmar a

ausência de trabalhar com os jogos e brincadeira no ambiente escolar. Uma das características

das atividades lúdicas, não é o produto, mas apropria ação, ou seja, o momento vivido. E são

nesse momento que há formações, relações e interação para a construção do conhecimento.

Será apresentado neste trabalho o conceito teórico sobre importância dos jogos,

brinquedos e brincadeiras, o lúdico e o processo de aprendizagem, o papel do educador na

Page 81: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

educação infantil e a escolha dos brinquedos, jogos, brincadeiras e sua importância na

aprendizagem.

Pois este tem como objetivo especifica comparar as diversas teorias que abordam a

importâncias do lúdico no desenvolvimento da criança e refletirsobre os procedimentos narrados

pelos autores, que em muitos casos foram vivenciados por eles no processo de ensino e

aprendizagem, evidenciando o desenvolvimento da capacidade de socialização, criatividade,

memorização e amadurecimento da criança através do lúdico.

Etimologicamente o lúdico tem origem na palavra “ludus” que quer dizer jogos. Na

educação infantil tem por objetivo oportunizar ao educador a compreensão do significado e da

importância das atividades lúdicas.

A criança transforma as informações que recebe de acordo com as estratégias e

conhecimentos por ela já adquiridos em situações vividas com outros parceiros mais

experientes4.

A criança tem um conhecimento prévio, adquirido do convívio com o meio em que vive.

No início ela adquire os mais simples conhecimentos. A partir do momento em que vai

amadurecendo passa a ter os mais complexos, o que lhe dá sustentabilidade, integração e

convivência na sociedade. Durante esse processo ocorre troca, busca, interação e apropriação, o

qual se dá o nome de educação. A infância é uma fase pela qual a criança aprende por meio das

brincadeiras.

Este trabalho vem contribuir para aqueles que consideram o “ser criança” e o “ser

brincar” como uma das maneiras mais eficazes para o desenvolvimento humano e tem como

intuito conceituar o lúdico, demonstrando a importância que o mesmo exerce no

desenvolvimento infantil, tenho em vista um auxíliona formação, relação e interação para a

construção do conhecimento da criança. Para ser um mediador da atividade lúdica, o professor

deverá se preparar previamente, ou seja, conhecer os fundamentos das atividades lúdicas com

um todo, cultura lúdica, gestão dos espaços lúdicos.

O lúdico permite que a criança aprenda com prazer, alegria e satisfação, tenho uma visão

do mundo em que vive, além de tudo e considerada como uma pratica democrática, que envolve

interação social, transformação e modificação do meio. De uma fácil compreensão. A educação

lúdica contribui muito nas metodologias, na formação do ensino e dos valores da criança. De

acordo com o que foi abordado reflete a seguinte questão: qual a importância das atividades

lúdicas na educação infantil?

Page 82: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Não existe uma teoria completa dos jogos usados em sala de aula, nem ideias admitidas

de uma forma universal, existe uma síntese dos principais campos culturais e científicos onde os

jogos são utilizados, são eles sociológico, educacional e psicológico2.

Para tanto, esse projeto tem por objetivo estimular o desenvolvimento do aluno através

de atividades lúdicas com os alunos da educação infantil na Escola Exatinho, localizada em

Iporá-GO, uma escola da rede particular. O mesmo será desenvolvido através de pesquisa

descritiva analisando sobre a importância das brincadeiras e jogos no processo ensino

aprendizagem que ainda é um pouco complexo.

As metodologias ativas estão alicerçadas em um princípio teórico bastante significativas,

tais como a autonomia do aluno, o que é algo explícito na invocação de Paulo Freire. Aeducação

contemporânea deve pressupor um discente capaz de auto gerenciar ou autogovernar o seu

processo de formação desde o ensino fundamental.O ato de aprender deve ser, portanto, um

processo reconstrutivo, que permita o estabelecimentode diferentes tipos de relações entre fatos

e objetos, desencadeando ressignificações/reconstruções e contribuindo para a suautilização em

diferentes situações9.

Entretanto, o jogo além de ser um objeto sociocultural em que a matemática está

presente, é uma atividade natural no desenvolvimento dos processos psicológicos básicos. Por

meio de jogos as crianças não apenas vivenciam situações que se repetem, mas aprendem a lidar

com si com o que está a sua volta e a pensar por analogias, os significados das coisas passam a

ser imaginados por eles.

Objetivos

Descrever o trabalho de condução do processo de ensino – aprendizado infantil através

do lúdico, desenvolvendo aulas com brincadeiras em uma escola de educação infantil que

incorpora princípios de promoção da interação em sua prática pedagógica, investigando as

crianças que vivenciarão o processo. Pretende-se também:

- Analisar as vertentes que implicam aos desafios enfrentados no processo de ensino –

aprendizagem;

-Diagnosticar e estabelecer medidas de intervenção para alunos com dificuldades de

aprendizagem, sendo estas apontadas como as causas do fracasso escolar ocasionado pela falta

de interesse nas aulas;

- Incluir alunos que por algum motivo se sinta excluído do contexto escolar, através de jogos,

brincadeiras e dinâmicas;

Page 83: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

- Analisar as contribuições psicopedagógicas oferecidas pelo projeto em questão, através de

análise (feedback) com os próprios alunos envolvidos;

- Fazer com que as crianças brinquem, expressem suas emoções, sentimentos, pensamentos,

desejos e necessidades;

- Utilizar das diferentes linguagens (corporal, musical, oral e escrita) ajustadas às diferentes

intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar

suas idéias e sentimentos.

Materiais e métodos

Metodologia da pesquisa

Trata-se de um estudo descritivo e exploratório com abordagem qualitativa. Onde

realizou-se uma coleta de dados através de entrevista com instrumento elaborado

especificamente para este fim. Os sujeitos da pesquisa são crianças de uma escola privada da

cidade de Iporá/GO.

Os dados foram coletados no segundo semestre de 2016 com a aplicação de um

instrumento ilustrativo com nível de satisfação e submetidos à categorização especifica

relacionado ao nível de aprendizado através de aspectos lúdicos. Realizado uma semana de aulas

utilizando como processo pedagógico aspectos lúdicos – brincadeiras e jogos diversos, sendo

estes: Cinema na escola, piquenique, oficina de brinquedos e passeio ciclístico,ao final da

semana as crianças responderam oralmente à um instrumento ilustrativos com figuras de

satisfação sobre seu nível de satisfação com relação às aulas da semana. Tais instrumentos após

serem respondidos pelas crianças foram avaliados, houve estão uma análise comparativa e

tabulação dos dados obtidos.

Resultados e discussão

Características da população estudada

Participaram deste estudo 18 crianças que estudam em uma escola particular e residem

na cidade de Iporá/GO.

Quanto o perfil das crianças entrevistadas, obteve-se os seguintes resultados: oito do

sexo feminino e dez do sexo masculino.

Nível de satisfação das crianças submetidas a métodos lúdicos – 1º dia

Verificou-se que no geral os alunos gostaram da dinâmica do “Cinema na escola”. Sendo

assim 85% respondeu ótimo ao questionário.

Page 84: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

GRÁFICO 1 – Nível de satisfação: primeiro dia

A televisão, o cinema e o vídeo, ou seja todos os meios de comunicação audiovisuais

atualmente desempenham, indiretamente, um papel educacional relevante. Passam-nos

continuamente informações, mostram-nos modelos de comportamento, ensinam-nos linguagens

coloquiais e multimídia e privilegiam alguns valores em detrimento de outros3.

Nível de satisfação das crianças submetidas a métodos lúdicos – 2º dia

Todos os alunos envolvidos no piquenique responderam ótimo neste dia, sendo que uma

aluna não respondeu ao questionário por ter estado ausente neste momento.

Os jogos e as brincadeiras são formados de acordo com nossas vivencias e isso é a forma

especifica que cada um utiliza para nomear o seu brincar particular, porém jogo e brincadeira

podem ser o mesmo que divertimento8.

A brincadeira e diversão atuam como um instrumento facilitador da sociabilidade e no

processo de aprendizado, sem deixar de lado a importância do estabelecimento de regras e

respeito ao brincar.

Nível de satisfação das crianças submetidas a métodos lúdicos – 3º dia

Com relação à oficina de brinquedos, 95% das crianças avaliaram como ótimo este dia

de aprendizado e 5% avaliou como bom.

Os brinquedos terão um sentido profundo se vierem representados pelo brincar. Por isso

a criança não cansa de pedir aos adultos que brinquem com ela1.

0

5

10

15

20

ótimo bom ruim

Série1

0

5

10

15

20

ótimo bom ruim

Série1

Page 85: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

GRÁFICO 2 – Nível de satisfação: segundo dia

Para as crianças, o brinquedo não é simplesmente uma atividade que dá prazer a elas,

mas pode-se dizer que a imaginação das mesmas é o brinquedo sem ação. Vale lembrar, à

medida que o brinquedo envolve uma situação imaginaria, o mesmo é baseado em regras, ou

seja, toda situação imaginaria contem regras mesmo que de forma oculta, assim como todo jogo

com regras contem de forma oculta situações imaginarias.

Evidencia-se o que o jogo é uma atividade natural de todo ser humano, trata-se de um

processo normal de conduta humana. Sendo assim, é necessário lembrar que desde muito cedo o

jogo na vida dacriança é extremamente importante, pois ao brincar a criança consegue explorar

e manusear o que está a sua volta, através de esforços físicos e mentais específicos5.

Nível de satisfação das crianças submetidas a métodos lúdicos – 4º dia

O passeio ciclístico foi avaliado como ótimo por 90% das crianças que participaram e

10% alegou ter sido bom.

GRÁFICO31 – Nível de satisfação: quarto dia

Entende-se como ação lúdica infantil os verbos brincar, jogar e andar de bicicleta, sendo

que brincar indica atividade lúdica em si não estruturada e jogar, atividade que envolve os jogos

de regras propriamente ditos, também podem ser utilizados para certas tarefas como representar,

tocar instrumentos e uma gama imensa de atividades, que representam a ação lúdica infantil2.

Avaliação geral das Crianças

O quinto dia foi reservado para uma avaliação geral do decorrer da semana, onde as

crianças da respectiva escola tiveram a oportunidade de aprender determinados assuntos usando

aspectos lúdicos. Sendo assim obteve-se os seguintes dados.

0

5

10

15

20

ótimo bom ruim

Série1

Page 86: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Compreende-se, portanto, que o jogo é importante e extremamente necessário para o

desenvolvimento intelectual e social da criança, estimulando sua criticidade, cultura e

habilidades sociais. Ao usar as atividades lúdicas o professor incentiva seu aluno a interagir

através da Língua Portuguesa interpretando texto, expondo suas ideias e ou mesmo

identificando conhecimentos para outras áreas afins6.

Entende-se, portanto, que os jogos e brincadeiras devem ser usados como ferramentas de

apoio na execução do ensino e da prática pedagógica. Isso incentiva a criatividade das crianças e

um indivíduo adulto criativo é um elemento importante para a construção de uma sociedade

melhor e com maior perspectiva de avanço intelectual.

Considerações finais

Conclui-se, a partir deste trabalho, que as crianças se sentem nitidamente mais

envolvidas no processo ensino – aprendizado quando o mesmo é aplicado em forma de algum

aspecto lúdico.Existem diversos profissionais na área da educação que exploram a utilização do

jogo como importante instrumento educacional, entre eles destacam-se:Piaget,Vygotsky e

Antunes pelo fato de suas pesquisas teremalcançado grande popularidade no campo educacional

com significativa proposição teórica sociológica.

Este estudo teve como principal intenção saber o nível da satisfação de um grupo de

crianças sobre o aprendizado através de aspectos lúdicos.

Durante a semana da realização do projeto que deu origem a este trabalho utilizando

aspectos lúdicos em uma escola do município de Iporá/GO, foi possível perceber a vontade e

prazer ao aprender por parte das crianças envolvidas na pesquisa.

Isso se expressa na necessidade de mais produçõesacerca importância dos métodos

lúdicos na educação infantil levando em consideração aspectos que evidenciam mudanças neste

contexto, no sentido de incentivar o uso destes métodos na dinâmica educacional.

ótimo bom ruim

Page 87: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Este estudo também nos permitiu compreender que atividades lúdicas são significativas

no processo de construção do conhecimento infantil, formando pessoas capazes de exercer a

cidadania com dignidade e criatividade.

Observamos através deste estudo que os jogos e brincadeiras são ricos enquanto

instrumento de aprendizagem e motivadores pelo seu aspecto lúdico, portanto, eficazes na

construção de um aprendizado de forma divertida, dinâmica, fascinante e atraente. Sendo assim

é importante que o professor seja o mediador na busca incessante de aulas mais interessantes e

atraentes para seus alunos de forma clara, objetiva e interdisciplinar.

Referências

ALMEIDA, P.N. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos.São Paulo: Loyola, 2003.

BROTTO, F. O. Jogos Cooperativos. São Paulo: Melhoramentos, 2001.

CORDAZZO, Scheila Tatiana Duartee VIEIRA, Mauro Luís. A brincadeira e suas implicações

nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento.Estud. pesqui. psicol. [online]. 2007,

vol.7, n.1, pp. 0-0. ISSN 1808-4281.

MORAN, J. M. Desafios da televisão e do vídeo à escola. Disponível em:

<http://www.eca.usp.br/prof/moran/desafio.htm, data: 25/11/2006 Acesso em: 03/11/2016

MURCIA, J. A.M. (Org). Aprendizagem através do jogo.PortoAlegre: Artmed, 2005.

SANTOS, S. M. P. (Org.). Brinquedoteca: a criança, o adulto e olúdico. Petrópolis, RJ: Vozes,

2000.

VYGOTSKY, L. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984.

WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975.

MITRE, S. M.et al. Metodologias ativas de ensino-aprendizagem na formação profissional em

saúde: debates atuais. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2008, vol.13, suppl.2, pp.2133-2144.

ISSN 1678-4561. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232008000900018.

Page 88: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

AUTOMEDICAÇÃO COM ANALGÉSICOS, ANTIPIRÉTICOS E ANTI-

INFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDAIS NA CIDADE DE SÃO LUÍS DE MONTES

BELOS-GO

Edvande Xavier dos Santos Filho1*; Marcelo do Nascimento Gomes2

Autor correspondente Edvande Xavier dos Santos Filho

Faculdade Montes Belos, Av. Hermógenes Coelho, 340 - Setor Universitário, São Luís de

Montes Belos - GO, CEP: 76100-000 Phone/Fax: +55 64 3671-2814 E-mail:

([email protected])

RESUMO

A automedicação é uma prática extensamente disseminada no Brasil e em outros países.

Compreende as diversas maneiras pelas quais a pessoa ou responsáveis decidem, sem avaliação

de um profissional, o medicamento ou insumo farmacêutico e a forma como se dará o uso para

alívio sintomático, possível cura e recuperação das características homeostásicas,

compartilhando fármacos ou informações relacionadas a estes com membros do círculo social,

profissional ou familiar, através de sobras provindas de prescrições ou descumprindo a

prescrição profissional, interrompendo ou prolongando as informações pertinentes contidas na

receita. Este trabalho se propôs a investigar a ocorrência da automedicação com analgésicos,

antipiréticos e anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs), realizando uma avaliação dos efeitos

de tal prática na cidade de São Luís de Montes Belos-GO, através de uma pesquisa efetuada no

setor censitário urbano (Praça Dom Stanislau) desta cidade no mês de janeiro de 2011.

Page 89: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Realizou-se um estudo descritivo-observacional, exploratório de Coorte transversal, tipo

inquérito populacional, pela qual a população de referência entrevistada (n = 100) foi

constituída por pessoas de ambos os sexos, com idade entre 18 e 82 anos. A coleta de dados se

desenvolveu após a confirmação de que estas se automedicam. Dos pesquisados, 96,0% (n = 96)

afirmaram que já utilizaram ou utilizam algum AINE. Destes, 90,0% (n = 90) já usaram um ou

mais medicamentos sem orientação de um profissional, com predomínio do sexo feminino,

correspondendo c.a. 62,0% (n= 62) na amostra estudada. Os presentes dados corroboram que, o

hábito da automedicação com AINEs se mostra frequente, haja vista a ingenuidade e crença

absoluta da população pesquisada no poder "curador" dos medicamentos, sendo função do

Farmacêutico e dos Profissionais Prescritores orientar no uso racional de medicamentos para

reduzir a automedicação e consequentemente muitos dos Problemas Relacionados com

Medicamentos (PRMs).

Palavras chave: Automedicação; AINEs; Uso Irracional de Medicamentos; Assistência

Farmacêutica.

INTRODUÇÃO

A automedicação é uma prática extensamente disseminada no Brasil e em outros países.

Algumas definições se sugerem, como a utilização de medicamentos ou insumos farmacêuticos

sem devida prescrição médica, pelo qual o paciente por si só decide qual medicamento tomar

(PAULO et al., 1988; IVANNISSEVICH et al., 2006). Insere-se nessa denominação genérica a

orientação/prescrição de medicamentos ou insumos farmacêuticos por indivíduos não

habilitados, como familiares, amigos, balconistas de drogaria, ou qualquer outro profissional a

que não lhe cabe o ato de prescrever ou orientar sobre medicamentos, além de instituições

promulgadoras de informação, como a internet, televisão, entre outros. Esses casos são

chamados de “exercício ilegal da medicina” (LOPES, 2001). Outro termo empregado é a

automedicação orientada, que tange à reutilização de antigos receituários sem que os mesmos

tenham sido emitidos para terapia continuada (LOYOLA FILHO et al., 2002).

Depois de estabelecida, a automedicação improvavelmente poderá ser suprimida, é

preciso que a sociedade se adapte, por meio de informação científica sobre os medicamentos

isentos de prescrição, desestimulando o mito de cura milagrosa e o consumo desenfreado

(PEREIRA, 2007), e que paralelamente seja incentivada a busca por profissional habilitado,

para que sejam esclarecidos os benefícios que a anamnese pode ter frente à automedicação

(CASTRO et al., 2000).

A falta de cumprimento geral a respeito das normas de comercialização das medicações

e estruturas públicas não adequadas na área da saúde que não conseguem suprir a demanda

sobre este setor, fazem da automedicação uma opção ao refletir hábitos culturais e carências da

sociedade brasileira atual (NASCIMENTO, 2005). A busca por acesso integral à saúde é muitas

Page 90: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

vezes fixada pelas táticas de publicidade e promoção de medicações difundidas à população e

aos responsáveis pelo comércio destas substâncias. Assim sendo, o país se encontra exposto à

propaganda de medicamentos e insumos farmacêuticos, sem ter o esclarecimento devido acerca

dos possíveis riscos provindos dos seus usos. Além disso, o meio de remuneração dos

atendentes de drogarias no Brasil é baseado nas comissões sobre vendas, o que auxilia

indiretamente a prática da automedicação (SOIBELMAN et al., 1986).

A Federação Internacional dos Farmacêuticos (FIP) e a Organização Mundial da Saúde

(OMS) descrevem automedicação como a prática pela qual os indivíduos selecionam e fazem

uso de determinados medicamentos para tratar sinais e sintomas ou pequenos problemas de

saúde assim reconhecidos pelos mesmos sem a orientação de um profissional habilitado (WHO,

1998; FEDERATION INTERNATIONAL PHARMACEUTICAL, 1999).

Assim sendo, a automedicação compreende as diversas maneiras pelas quais a pessoa ou

responsáveis decidem, sem avaliação de um profissional, o medicamento ou insumo

farmacêutico e a forma como se dará o uso para alívio sintomático e possível cura e recuperação

das características homeostásicas, compartilhando fármacos ou informações relacionadas a estes

com membros do círculo social, profissional ou familiar, através de sobras provindas de

prescrições ou descumprindo a prescrição profissional, interrompendo ou prolongando as

informações pertinentes contidas na receita. Da mesma maneira, fazer uso de antigas prescrições

pode ser caracterizado como automedicação, visto que o fármaco em questão pode não ser

necessariamente para o tratamento almejado (ARRAIS et al., 1997; BOYER et al., 2005).

Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são definidos como um grupo de fármacos

variados que têm a propriedade de controlar processos inflamatórios, reduzir a dor (analgesia), e

diminuir a febre (hipertermia). Os AINEs atuam inibindo especificamente a enzima

ciclooxigenase (COX). A COX possui duas formas efetivamente diferentes, chamadas de COX-

1 e COX-2. Estas são muito importantes na cascata do ácido araquidônico, devido a

transformarem o ácido araquidônico, formado a partir de lipídeos provenientes de membrana

celular pela ação da fosfolípase A2, em dois diferentes de compostos, as prostaglandinas e os

tromboxanos. A distribuição variada dos subtipos de COX propôs-se a hipótese de que a COX-1

atuaria de forma "constitutiva", isto é, estaria sempre presente no organismo e era responsável

por funções fisiológicas relevantes, e que a COX-2 seria "induzida", aparecendo nos casos de

resposta inflamatória (BRUNTON et. al, 2006).

O habito de automedicar-se se mostra como uma prática potencialmente prejudicial à

saúde individual e coletiva, pelo fato de que nenhum fármaco é inócuo ao organismo. O uso

indiscriminado e indevido de medicamentos ou insumos farmacêuticos considerados “simples e

Page 91: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

inofensivos” pela população, como os analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios não-

esteroidais (AINEs), podem desencadear várias consequências indesejadas ao automedicado,

como distúrbios gastrintestinais, hepatotoxicidade, reações de hipersensibilidade, urticária ou

angioedema, náusea, dependência, diminuição da função renal, sintomas de retirada e ainda

elevar o risco de desenvolver possíveis neoplasias. Ademais, o alívio instantâneo dos sinais e

sintomas pode mascarar a doença de base que passa despercebida tendo possibilidade de,

portanto, desenvolver-se (CARVALHO et al., 2005). Atualmente existem autores que defendem

a internet como forma de promulgação e divulgação de informações pertinentes à saúde,

fornecendo ao indivíduo a busca pelo autocuidado. Todavia, o que já se sabe é que a

internetexerce uma considerável posição no progresso do uso indevido/indiscriminado de

medicamentos e insumos farmacêuticos. Castiel e Vasconcellos-Silva em 2002 exprimem tal

preocupação indagando: “Como lidar com a possibilidade de estímulo à automedicação e a

suposta proliferação de cybercondríacos?”. Para esta questão ainda não há resposta certa, mas,

as facilidades propiciadas pelas drogarias/farmácias online e pelos “no prescription web sites”

(NPWs), garantem à internet um papel facilitador para a automedicação.

Na busca por coibir práticas como as citadas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) publicou em 30 de novembro de 2000 a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº

102, que em seu artigo 10, inciso I e V proíbe, respectivamente, o estímulo ao uso

indiscriminado de medicamentos e a alegação da ausência de efeitos colaterais ou

contraindicações na propaganda e publicidade de medicamentos de venda sem exigência de

prescrição destinada ao público em geral (BRASIL, 2003).

Expressivas parcelas dos recursos financeiros oriundos da venda de medicamentos e

insumos são destinadas ao marketing farmacêutico, através da qual são empregadas na forma de

propagandas em redes de televisão, rádio, mídia impressa, inclusive contendo personalidades

famosas como artistas e atletas que, pelo modelo de beleza, suposta confiabilidade ou

desempenho físico, induzem o consumo das medicações promulgadas por eles (NASCIMENTO

& SAYD, 2005).

Também a população idosa brasileira tem aumentado substancialmente como

consequência do aumento na expectativa de vida, levada pelo reflexo das ações de saúde pública

e avanços tecnológicos no setor saúde, executadas a partir da metade do século XX (SAYD,

2000).

Pelo fato de conviverem com problemas de saúde considerados crônicos, pessoas idosas

frequentam de forma mais assídua os serviços de saúde e são o grupo etário mais consumidor de

medicamentos, ainda que necessários em muitos casos, quando utilizados de forma errônea

Page 92: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

podem trazer sérias complicações para o bem-estar do automedicado, aumentando assim, os

custeios individuais e governamentais (ROSENFELD, 2003). Adicionam-se os inegáveis

ganhos terapêuticos alcançados pelo uso dos produtos farmacêuticos, por onde estes passam a

ser administrados de forma indiscriminada e irracional, seguindo uma lógica de mercado ou

indicação de leigos e não a correta indicação de um profissional (SOARES, 2005).

Dados estimados mostram que 30% das admissões hospitalares de pacientes idosos estão

relacionadas a uso incorreto de medicações, incluindo efeitos tóxicos provindos de classes de

medicamentos consideradas “banais” como os AINEs seguindo indicações de pessoas não

habilitadas (HANLON et al., 1997). Partindo de tal princípio, destacam-se também os

Problemas Relacionados com Medicamentos (PRMs), que podem ser entendidos como aqueles

problemas de saúde relacionados à farmacoterapia, originados ou não de fatores

biopsicossociais, no uso de medicações intervindo nos resultados terapêuticos e bem-estar do

usuário, no sistema de saúde ou no atendimento prestado por profissionais de saúde (PERRY,

1999; IVAMA, 2002).

No país, o real impacto dos problemas em se tratando de medicamentos e insumos

farmacêuticos sobre as internações ainda é indeterminado. Os dados atuais mostram que

medicamentos são responsáveis por 28% dos casos de intoxicação humana e por 6,6% do total

de admissões hospitalares. No estado de Goiás, os AINEs são responsáveis por cerca de 33%

das intoxicações por medicamentos. Grande parte destas internações são reflexos do uso

inadequado, como os que acontecem na automedicação (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ,

2006; CENTRO DE INFORMAÇÃO TOXICOLÓGICA DE GOIÁS, 2010).

Como agravante de risco para os PRMs, primeiramente acha-se a automedicação, através

da utilização do fármaco sem prescrição, orientação ou devido acompanhamento médico ou

farmacêutico. A intimidade do leigo com medicamentos e insumos farmacêuticos, a relutância

dos serviços de saúde e as experiências positivas anteriores são meios que contribuem para a

prática da automedicação (PFAFFENBACH et al., 2002).

Diante do disposto, esse trabalho se propôs a investigar a ocorrência da automedicação

com AINEs, realizando uma avaliação dos efeitos de tal prática na cidade de São Luís de

Montes Belos-GO, através de uma pesquisa efetuada no setor censitário urbano (Praça Dom

Stanislau) desta cidade.

METODOLOGIA

Page 93: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Realizou-se um estudo descritivo-observacional, exploratório de Coorte transversal, tipo

inquérito populacional, de 14/01/2011 a 16/01/2011. A população de referência entrevistada (nº

= 100) foi quantificada através do método de análise de variância simples (ANOVA - Oneway),

constituída pelo montante de pessoas que transitavam no setor censitário urbano da cidade de

São Luís de Montes Belos-GO (Praça Dom Stanislau), que possuíam idade entre 18 e 82 anos.

A coleta de dados referentes à pesquisa se desenvolveu após os participantes terem sido

convidados, informados e esclarecidos sobre o estudo.

Os dados foram colhidos diretamente com os indivíduos entrevistados maiores de 18 e

menores de 82 anos, incluindo aqueles que apresentavam 18 e 82 anos, através de um

questionário padronizado de acordo com a Associação Brasileira de Pesquisas, aplicado por um

acadêmico de Farmácia pertencente à Faculdade Montes Belos (FMB), em conseguinte a

confirmação de que o entrevistado se automedica.

Os indivíduos pesquisados foram selecionados de forma aleatória simples, via

amostragem por conglomerado, seguindo os preceitos da Resolução nº 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde, que é um modelo principialista, servindo de fundamentação a vários

documentos internacionais e que, no Brasil, regulamenta a pesquisa em seres humanos, bem

como os princípios fundamentais da bioética (justiça, autonomia, beneficência e não

maleficência), e incorpora o princípio da precaução e a noção de vulnerável.

Os critérios de inclusão foram: idade ≥18 anos, nacionalidade brasileira, apresentar-se

lúcido(a) as questões propostas e já ter usado algum medicamento ou insumo farmacêutico

contendo fármacos das classes dos analgésicos, antipiréticos ou anti-inflamatórios não-

esteroidais.

Acerca das variáveis sociodemográficas dos pesquisados que praticaram ou praticam a

automedicação, analisaram-se: gênero (masculino/feminino); escolaridade (Não apresenta grau

de instrução / ensino fundamental incompleto / ensino fundamental completo / ensino médio /

ensino superior incompleto / ensino superior completo); renda mensal familiar em salários

mínimos vigentes à época (≥ 1 salário mínimos até ≤ 50 salários mínimos). Consideraram-se

casos de automedicação quando houve o consumo declarado de medicamentos: I) Não prescrito

por profissional habilitado, II) indicados por leigos como familiares, amigos, balconista de

Drogaria, ou qualquer outro profissional sem formação para assim suceder, e/ou III) reutilizados

ou reaproveitados de terapias medicamentosas anteriores.

Em se tratando de condições psicossociais dos entrevistados, as variáveis empregadas

foram: Motivo mais comum em que se automedica: indicação de alguém, fármaco/medicamento

é de fácil alcance/disponibilidade, é comum todos usarem tal fármaco/medicamento,

Page 94: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

conhecia/experiência com o medicamento, outros; Possível desconforto/patologia a ser tratada:

dor de cabeça (cefaleia), febre (hiperpirexia), gripe (influenza/resfriado), inflamação, dor no

corpo (fibromialgia), tromboembolismo, queratolítico, outros; Costuma seguir as orientações do

Fabricante (bula do medicamento): sim/não; Acha que tais classes de medicamentos podem

causar efeitos colaterais: sim/não; Autodefinição da saúde: ruim/razoável/boa/muito boa; Faz

Acompanhamento Médico periódico: sim/não; Número de consultas médicas nos últimos doze

meses: nenhuma/uma/duas/três/mais de três; Número de idas à drogaria/farmácia para adquirir

fármacos nos últimos três meses: nenhuma/uma/duas/três/mais de três; Já usou/usa receitas

antigas para automedicação: sim/não.

Os dados da pesquisa foram coletados por um entrevistador previamente treinado para

validação da coleta e posterior divulgação dos resultados, pelo qual foi empregado um

questionário estruturado e os indivíduos selecionados aleatoriamente.

A variável predominante foi o uso de medicamentos ou insumos farmacêuticos, cujos

pesquisados discorreram com as respostam girando entre a indicação por leigos ou por

prescrição médica, para a possível afecção motivadora do seu uso. Os fármacos relatados foram

agrupados nas classes dos analgésicos, antipiréticos ou anti-inflamatórios não-esteroidais,

consentindo com a última versão da classificação anatômico-terapêutica-química (ATC) da

Organização Mundial da Saúde. E, para a variável exploratória relacionada ao uso dos serviços

de saúde, destacaram-se o serviço privado através dos planos de saúde ou consulta particular, e

o serviço público (Sistema Único de Saúde - SUS).

Sobre a abordagem qualitativa, examinou-se qual Medicamento/Fármaco(s) foi utilizado

e se os pesquisados acreditavam que essas classes de medicamentos poderiam ou não causar

efeitos colaterais, quando possível citando os efeitos, para que se descobrisse assim, os “núcleos

medicamentosos” selecionados pela frequência em que apareceram no tema estudado.

A percepção de tema, essencial para a técnica empregada neste estudo, está intimamente

ligada a uma confirmação acerca da automedicação com analgésicos, antipiréticos e anti-

inflamatórios não-esteroidais que abrange uma gama de relações que pode ser expressas por

uma palavra, um gesto, uma frase ou um fragmento de discurso.

Todos os materiais e métodos descritos fazem referência aos medicamentos e insumos

farmacêuticos usados na autoterapia, alopaticamente. A análise estatística aplicada compôs-se

do exame de variância simples, analisando os dados com a plataforma Microsoft Office Excel

2010 e Epi Info Windows versão 3.5.1 e os participantes foram informados da finalidade do

estudo, pelo qual foi assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, e os dados

coletados de modo a preservar a identidade dos pesquisados.

Page 95: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Masculino Feminino

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram pesquisados 100 indivíduos através de um questionário padronizado, pelo quais

96,0% (n = 96) afirmaram que já utilizaram ou utilizam algum analgésico, antipirético ou anti-

inflamatório não-esteroidal.

O fato de uma elevada quantidade de pessoas usarem algum tipo de medicamento ou

insumo farmacêutico das classes citadas é considerado trivial na literatura científica, por saber-

se que o uso dos fármacos dessas classes se acentua desde os primeiros anos de vida. Destes

usuários, 90,0% (n = 90) já usaram um ou mais produtos medicamentosos sem prescrição

médica, caracterizando sucessivos eventos de automedicação.

Considerando o uso de medicações nos últimos três meses, o predomínio de

automedicação foi de 82,0% (n= 82), prevalecendo as pesquisadas do gênero feminino,

correspondente a 62,0% (n= 62) na amostra estudada.

FIGURA 01: Número de indivíduos pesquisados que usaram ou faz uso de algum analgésico, antipirético

ou anti-inflamatório não-esteroidal.

F

IGUR

A 02.

Repre

sentaç

ão do

númer

o de

entrev

istado

s pelo

gênero

.

SimNão

Page 96: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Entre os praticantes da automedicação, a maioria mostrava-se de baixa a média

escolaridade, podendo ser demonstrado pelo número de pessoas que não dispunham de

educação formal (7,0%; n = 7), ensino fundamental incompleto (13,0%; n = 13), ensino

fundamental completo (15,0%; n = 15), ensino médio incompleto (10,0%; n = 10) ou ensino

médio completo (17,0%; n = 17). Tal conjunto responde ao consumo de 62% (n = 62) dos

produtos medicamentosos administrados em forma de automedicação.

Relacionado à renda familiar mensal (tendo como base o salário mínimo de R$ 510,00 à

época), 36,0% (n = 36) afirmaram renda de um a dois salários mínimos, representando 33,0% (n

= 33) das automedicações. Abordagens de variância demonstraram que o consumo de

medicações sem prescrição não varia quantitativamente de acordo com a renda dos pesquisados,

provando que a automedicação por analgésicos, antipiréticos ou anti-inflamatórios não-

esteroidais ocorre homogeneamente no censitário urbano de toda população pesquisada.

No exame de dupla variância, pôde-se constatar que a prática da automedicação com

dois ou mais fármacos foi acentuando-se a partir da quarta década de vida 34,0% (n = 34) e

usuários dos serviços públicos de saúde.

Os possíveis desconfortos/patologias a serem tratados que motivaram a prática de

automedicar-se foram: dor de cabeça (Cefaleia) 16,0% (n = 16), dor no corpo (Mialgias) 17,0%

(n = 17), febre (Pirese) 21,0% (n = 21), gripe/resfriado 14,0% (n = 14), inflamação 19,0%

(n=19), tromboembolismo 6,0% (n = 6) e queratolítico 3,0% (n = 3). Evidenciando que o

principal motivo ao hábito de automedicar-se, é a busca pelo tratamento sintomático da dor.

FIGURA 03: Possíveis desconfortos/patologias que motivaram a prática da automedicação.

21%

14%

16%

17%

6% 19%

3%

Cefaleia

Mialgias

Pirese

Gripe/Resfriado

Queratolítico

Inflamações

Tromboembolismo

Page 97: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Com relação à indicação ao uso do(s) medicamentos ou insumos farmacêuticos, 30,0%

(n = 30) foi indicado por familiares, 27,0% (n = 27) por amigos, 17,0% (n = 17) por Balconista

de Drogaria, 10,0% (n = 10) por Médicos, 6,0% (n = 6) provindos da indicação de

Farmacêuticos, 3,0% (n = 3) por Dentistas, 1,0% (n = 1) por Profissional de Educação Física,

1,0% (n = 1) decorreu da indicação de Enfermeira e 1,0% (n = 1) por influência da Internet.

No que tange a utilização de receituários antigos para se automedicar, pôde-se concluir

que uma minoria 22,0% (n = 22) faz uso destes.

Uma descoberta interessante advém da forma de obtenção dos medicamentos. Apesar de

a maioria 85,0% (n = 85) dos fármacos citados nos atos de automedicação constituir exemplares

que dispensavam apresentação de receita, observou-se que para a obtenção de alguns desses

produtos como o Diclofenaco, Aceclofenaco e Celecoxib se fazia necessária à apresentação de

receituário médico de acordo com a Legislação Brasileira.

Quanto à opinião se tais classes de medicamentos podem causar efeitos colaterais, 86,0%

(n = 86) acreditam que sim. Não sabendo quais resultados adversos, e se eles ocorrerão pela

variação da sensibilidade de cada indivíduo ao fármaco administrado, o uso destes suscita

preocupações quanto à consideração clínica individual que cabe aos Prescritores e

Farmacêuticos.

FIGURA 04. Uso de receituários antigos para automedicação.

Acerca do motivo mais comum em que se automedicam, a maioria dos entrevistados

50,0% (n = 50) relataram que as medicações foram indicadas por alguém. Pode-se observar

quanto à autodefinição da saúde que 13,0% (n = 13) a considera razoável. Relacionado ao

número de consultas médicas nos últimos doze meses, notou-se que 23,0% (n = 23) dos

Sim Não

78%

% d

e In

div

ídu

os

Pes

qu

isad

os

78%

22%

Page 98: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

pesquisados não se consultaram nenhuma vez. E, em se tratando do número de idas à

drogaria/farmácia para adquirir fármacos nos últimos três meses, a maioria 40,0% (n = 40) foi

somente uma vez.

A automedicação apresenta-se como uma prática de abrangência universal, sendo

constante nas mais diversas partes do mundo, não levando em consideração fatores

socioeconômicos nem o grau de utilização dos serviços de saúde.

Vários estudos descrevem que a prática mais frequente da automedicação se dá entre

pessoas do gênero feminino. Tal achado, entre outros motivos, deve-se ao fato de que mulheres

procuram mais constantemente os serviços de saúde, o que pode ser comprovado neste trabalho,

pelo qual o ato de automedicar-se ser mais comum 62,0% (n = 62) nas pesquisadas do gênero

feminino, condizendo com a literatura científica. Confirmou-se também que a maior parte dos

indivíduos dispõe de renda familiar mensal de um a dois salários mínimos e autodefinem a

saúde como boa.

FIGURA 05: Indicação ao uso do(s) medicamento(s) ou insumos farmacêuticos.

Abordagens recentes efetuadas em países desenvolvidos e emergentes vêm demostrando

que a prática da automedicação associa-se à presença de sinais e sintomas agudos de menor

escalão como febre, dor e inflamação, sendo verificado também neste estudo, no qual febre

(Pirese) é a ocasião mais usual 21,0% (n = 21).

As Drogarias/Farmácias atuam muitas vezes como elos entre a cadeia de produção e o

uso indevido de medicamentos e insumos farmacêuticos, operando como meros

estabelecimentos comerciais. Assim sendo, balconistas em muitos casos atuam como

pseudoprescritores favorecendo a automedicação por classes medicamentosas como os

analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios não-esteroidais.

Familiares

Amigos

Balconista de Drogaria

Médicos

Farmacêuticos

Dentistas

Personal Trainer

Enfermeira

Internet

28%

18%

11%

6%

3%

1%

31%

Page 99: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

TABELA 01. Características psicossociais dos entrevistados que se automedicam, de 18 a 82 anos,

residentes em São Luís de Montes Belos, GO.

Variável n (%)

Motivo mais comum em que se automedicam

Indicação de alguém 50 50

Conhecia/experiência com o medicamento 20 20

É comum todos usarem tal fármaco ou medicamento 13 13

O fármaco/medicamento é de fácil alcance/disponibilidade 13 13

Nunca viu ninguém morrer por tomar tal medicação 1 1

Autodefinição da saúde

Muito Boa 23 23

Boa 49 49

Razoável 13 13

Ruim 15 15

Número de consultas médicas nos últimos doze meses

Mais de três 16 16

Três 10 10

Duas 30 30

Uma 18 18

Nenhuma 23 23

Número de idas à drogaria/farmácia para adquirir

fármacos nos últimos três meses

Mais de três 5 5

Três 11 11

Duas 23 23

Uma 40 40

Nenhuma 18 18

Neste trabalho, atentou-se que a maior parte dos entrevistados é influenciada,

inicialmente, por familiares e amigos e, posteriormente, por balconistas de drogarias. Os

pesquisados visitaram tais estabelecimentos em média de uma a duas vezes nos últimos três

meses, e sendo consultados por um profissional médico cerca de duas vezes nos últimos doze

meses.

Page 100: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Embora fármacos como dipirona e paracetamol sejam analgésicos e antipiréticos

parcialmente seguros, quando respeitadas às doses terapêuticas, o uso abusivo e indiscriminado

desses medicamentos deve ser freado. Tendo conhecimento sobre os riscos intrínsecos, é

inadmissível o uso demasiado de tais classes observado neste estudo. O ácido acetilsalicílico foi

o quarto fármaco mais consumido na pesquisa, sendo potencialmente perigoso, por poder

desencadear a síndrome de Reye ou desenvolver piora clínica de manifestações alérgicas ou da

dengue.

TABELA 02: Medicamento/Fármaco(s) mais utilizados.

Princípio Ativo Nome

comercial

Ação

analgésica

Ação anti-

inflamatória

Ação

antipirética

Dipirona Novalgina®

++ +++ +

Paracetamol Tylenol®

++ - +

Diclofenaco Cataflan®

+++ +++ +++

Ác. Acetilsalicílico Aspirina®

+++ +++ +++

Ibuprofeno Ibupril®

+++ +++ +++

Nimesulida Nisulid®

++ +++ -

Meloxican Meloxil®

+++ +++ +

Celecoxib Celebra®

+ +++ -

Os dados apresentados confirmam como se mostram importantes estudos acerca da

automedicação e asseguram a ingenuidade em uma crença absoluta relacionada ao “poder

curador” dos medicamentos e insumos farmacêuticos, o que aumenta a demanda desenfreada

desses fármacos para qualquer tipo de transtorno, por mais simples que possa ser.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA publicou em 26 de outubro de

2010, a Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 44, que dispõe sobre o controle de

medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos, de uso sob prescrição

médica, isoladas ou em associação, que passam a ser comercializados somente com a retenção

de receituário. Nesse contexto, muitos indivíduos que anteriormente se automedicavam com

antimicrobianos, passaram a se automedicar com anti-inflamatórios.

Page 101: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Acerca dos danos ao organismo, os AINEs podem ser muito lesivos. O uso errôneo de

antibacterianos seleciona bactérias resistentes ao organismo, que são capazes de tanto tornar a

infecção mais grave, como também disseminá-la na comunidade, portando-se atualmente como

um problema grave de saúde pública ao redor do mundo, todavia, parte dos antimicrobianos não

trazem danos imediatos a homeostasia do organismo, mesmo em doses elevadas.

Já o uso exagerado dos anti-inflamatórios, pode acarretar danos na mucosa gástrica, na

função renal e interferem em várias outras terapias medicamentosas. Por este motivo, preveem-

se um aumento nos casos de gastrite e úlceras estomacais e duodenais, e concomitante elevação

do número de paciente com danos renais.

A maioria dos AINEs interfere com fármacos anti-hipertensivos e hipoglicemiantes,

sendo terminantemente proibido o uso de tais medicações em pacientes idosos que apresentam

doenças crônicas. Mas, como se mostra alta a automedicação com essas classes de

medicamentos, espera-se diminuição da eficácia desses tratamentos e agravos relacionados a

redução desta eficácia, como o aumento do número de morbidades características da falha destes

tratamentos.

Dessa maneira, a “cura certeira” representada por medicações está inserida à dinâmica da

sociedade de consumo e, em vista disso, está sujeita aos mesmos interesses, tensões, e dura

competição pelo setor do mercado correspondente, o que a afasta da sua verdadeira finalidade,

que se baseia em prevenir, diagnosticar e tratar alterações no quadro de saúde do indivíduo.

Esses resultados reforçam o quão é preciso informar a população sobre a utilização correta de

medicamentos e insumos farmacêuticos na atualidade.

CONCLUSÕES

O estudo exposto corrobora a ideia de que o hábito da automedicação com analgésicos,

antipiréticos e anti-inflamatórios não-esteroidais na cidade de São Luís de Montes Belos-GO se

mostra frequente, haja vista que nove em cada dez usuários de medicamentos e insumos

farmacêuticos pesquisados já utilizaram pelo menos uma destas especialidades farmacêuticas

alopáticas sem prescrição/indicação de um profissional habilitado.

Na área da saúde, os conhecimentos relacionados à farmacoterapia são extremamente

importantes. Nesse contexto, a automedicação é caracterizada como prática individual

potencialmente perigosa à saúde, se tornando até uma ameaça à saúde pública, devido às

despesas com atendimentos, internações, que em alguns casos levam a óbitos, provindos do uso

irracional e incorreto de medicamentos e insumos farmacêuticos.

Page 102: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Todavia, a prática da automedicação abrange conceitos mais amplos e complexos,

principalmente por classes medicamentosas que não necessitam da retenção de receituário.

Nesse caso, o hábito de consumir medicações indicadas por leigos mostra-se como uma

realidade, devendo ser analisada social e antropologicamente para uma melhor conceituação do

real motivo que leva a população ao consumo de fármacos por conta própria.

O hábito de automedicar-se muitas vezes é tido como “algo simples”. Porém, o uso de

medicações deve sempre ser orientado por profissional de saúde habilitado para este fim, como

objetivo de evitar o uso errôneo e irracional, e que seja capaz de identificar desordens

homeostásicas que requeiram avaliação de um profissional clínico prescritor. Apesar disso,

neste trabalho observou-se essencialmente a influência de pessoas inabilitadas em se tratando

desta prática.

A análise deste trabalho demonstra ainda o quanto à prática da automedicação constitui

um sério fator de risco aos problemas relacionados a medicamentos. Pelo qual, o uso sem

indicação de um profissional aumenta a quantidade de substâncias consumidas, conduzindo a

interações medicamentosas, mascaramento de sintomas, e possíveis efeitos adversos e

colaterais. A comercialização de medicamentos e insumos farmacêuticos sem receituário

contribuiu para a situação de autoterapia detectada, visto que uma parcela dos casos de

medicação não assistida continha fármacos que para aquisição necessitavam de receitas de

acordo com a legislação vigente.

Tendo em vista os aspectos abordados, o quadro geral de saúde da população na cidade

de São Luís de Montes Belos-GO tem possibilidade de melhora caso sejam cumpridas as

legislações e pela aplicação da prática de assistência farmacêutica, tanto no sistema privado

quanto no sistema público, promovendo a saúde e oferecendo qualidade de vida a todos os

usuários de fármacos.

A instituição de uma nova atuação do profissional Farmacêutico através de Portarias,

Decretos e RDCs, como a RDC nº 44/2009, que entre outros aspectos, veio a evitar o uso

indiscriminado de medicamentos, buscando diminuir o número de internações hospitalares

provocadas por reações adversas, harmonizar e disciplinar questões relacionadas à dispensação e

ao comércio de medicamentos, correlatos e alimentos e a prestação de serviços farmacêuticos,

promovendo mudanças de atitude frente às farmácias e drogarias do país para que possam

contribuir para a integralidade e resolutividade na assistência à saúde da população, além de

promover ações de atenção farmacêutica, através de acompanhamento do estado de saúde e a

melhoria da qualidade de vida dos usuários de medicamentos.

Page 103: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Todas essas normativas vieram como meios de valorização do profissional e

esclarecimento de dúvidas acerca da atuação do Farmacêutico quanto à indicação de fármacos

em casos de moléstias simples. Assim, o alcance à orientação medicamentosa qualificada

mostra-se mais acessível, diminuindo os riscos agregados ao uso incorreto de medicações.

Na Atenção Farmacêutica as expressões fisiológicas e patológicas dos pacientes são

intimamente consideradas na escolha da farmacoterapia correta, no decurso que, o profissional

utiliza suas especialidades do conhecimento científico provindo da graduação como perito do

medicamento, agindo na prestação da assistência medicamentosa, contribuindo assim, à saúde

de todos.

Por fim, conclui-se que a terapia medicamentosa exerce papel central no que tange à

recuperação do estado de saúde e é elemento substancial das práticas profissionais mais

relevantes. Nestes casos, fármacos das classes dos analgésicos, antipiréticos e anti-inflamatórios

não-esteroidais somente devem ser orientados por profissionais, sendo considerados como

instrumentos complementares, acessórios à recuperação da saúde da população.

Conscientizar e informar a todos acerca do uso racional de medicamentos é a estratégia a

seguir para reduzir a automedicação e consequentemente muitos dos prejuízos e agravos

relacionados à farmacoterapia.

REFERÊNCIAS

AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA). Resolução de Diretoria

Colegiada (RDC) n. 102 de 30 de novembro de 2000. Disponível em:

http://www.anvisa.gov.br/legis/consolidada/resol_102_00rdc.pdf.

ARRAIS PSD, Coelho HLL, Batista MCDS, Carvalho ML, Righi RE, Arnau JM. Perfil da

automedicação no Brasil. Rev. Saúde Pública 1997; 31(1):71-77.

BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 138 de 29 de maio de

2003. Dispõe sobre o enquadramento na categoria de venda de medicamentos. Diário Oficial

da União 2003; 02 jun.

BRUNTON, LAURENCE L.; JOHN S. LAZO, KEITH L. PARKER. Goodman & Gilman's

The Pharmacological Basis of Therapeutics.11 ed. ed. [S.l.]: McGraw-Hill, 2006.

CARVALHO MF, Pascom AR, Souza-Junior PR, Damacena GN, Szwarcwald CL. Utilization

of medicines by the Brazilian population, 2003. Cad SaudePublica.2005;21 Suppl:100-8.

CASA GRANDE, E.F., Gomes, E.A., LIMA, L.C.B., Oliveira, T.B., Pinheiro, R.O. Estudo da

utilização de medicamentos pela população universitária do município de Vassouras (RJ).

Infarma, v.16, n.5/6, p. 86-88, 2004.

Page 104: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

CASTIEL LD, Vasconcellos-Silva PR. Internet e o autocuidado em saúde: como juntar os

trapinhos?.HistCienc Saúde-Manguinhos. 2002; 9:291- 314.

CASTRO LLC, Costa AM, Kozoroski AM, Rossini A, Cymrot R. Algumas características da

pratica da automedicação em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Saúde Farmacol. 2000;

2:4-10.

DA SILVA CH, Giugliani ER. Consumo de medicamentos em adolescentes escolares: uma

preocupação. J Pediatr (Rio J). 2004;80:326-32

FEDERATION INTERNATIONAL PHARMACEUTICAL; The World Self-medication

Industry.Joint Statement: Responsible Self-medication. 1999 acessoem 2011 jan 15.

Disponívelem: http://www.wsmi.org/pdf/fip.pdf

FREEDMAN, David A. Statistical Models: Theory and Practice, Cambridge University

Press. 2005.ISBN=9780521671057.

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Centro de Informação Científica e Tecnológica. Sistema

Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas. Rio de Janeiro: 2006. Disponível em:

http://www.fiocruz.br/sinitox/2003/umanalise2003.htm

HAAK H. Padrões de consumo de medicamentos em dois povoados da Bahia (Brasil). Rev.

Saúde Pública1989; 23:143-151

HANLON JT, Schmader KE, Koronkowski MJ, Weinberger M, Landsman PB, Samsa GP,

Lewis IK. Adverse drug events in high risk older outpatients. J Am GeriatrSoc 1997;

45(8):945-948.

IVAMA AM, organizadora. Consenso brasileiro de atenção farmacêutica: proposta. Brasília:

Organização Pan-Americana da Saúde; 2002.

IVANNISSEVICH A. Os perigos da automedicação. Jornal do Brasil. 1994 Jan 23 apud

Servidoni AB, Coelho L, Navarro ML, Ávila FG, Mezzalira R. Perfil da automedicação nos

pacientes otorrinolaringológicos.RevBrasOtorrinolaringol. 2006; 72:83-8.

LOPES, N.M. Automedicação: algumas reflexões sociológicas. Sociologia, Problemas e

Práticas, Lisboa, n. 37, p. 141-165, 2001.

LOYOLA FILHO AI, Uchoa E, Guerra HL, Firmo JOA, Lima-Costa MF. Estudo de base

populacional sobre o consumo de medicamentos entre idosos: Projeto Bambuí. Cad Saúde

Pública 2005; 21(2):545-553.

LOYOLA FILHO AI, Uchoa E, Guerra HL, Firmo JO, Lima-Costa MF. Prevalência e fatores

associados à automedicação: resultados do Projeto Bambuí.Rev. Saude Publica. 2002;36:55-

62.

NASCIMENTO AC, Sayd JD. “Ao persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado”.

Isto é regulação? PHYSIS: Rev Saúde Colet (Rio J) 2005;15:305-28.

Page 105: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

NASCIMENTO, M.C. Medicamentos:ameaça ou apóio à saúde? Rio de Janeiro: Vieira &Lent,

2003. 200p.

NASCIMENTO M.C. Medicamentos, comunicação e cultura. Rev C S Col 2005; 10 (Supl):

179-193.

ONE-WAY AND TWO-WAY ANOVA IN QTIPLOT.Disponível em:

http://soft.proindependent.com/qtiplot.html.

PAULO, L.G, Zanini AC. Automedicação no Brasil.RevAssMed Bras. 1988;34:69-75.

PEREIRA, FS, Bucaretchi F, Stephan C, Cordeiro R. Self-medication in children and

adolescents.J Pediatr (Rio J). 2007;83(5):453-458.

PERRY, D.P. When medicine hurts instead of helps. Consult. Pharmacist., v. 14, p. 1326-

1330, 1999.

PFAFFENBACH G, Carvalho OM, Bergsten-Mendes G. Reações adversas a medicamentos

como determinantes da admissão hospitalar.Rev. Assoc. MedBras 2002; 48(3):237-241.

ROSENFELD S. Prevalência, fatores associados e mau uso de medicamentos entre os idosos:

uma revisão. Cad Saúde Pública2003; 19(3):717-724.

SAYD JD, Figueiredo MC, Vaena MLHT. Automedicação na população idosa do núcleo de

atenção ao idoso da UnATI-UERJ.Textos Envelhecimento 2000; 3:21-34.

SECRETARIA DA SAÚDE DO ESTADO DE GOIÁS/CIT-GO - Centro de informação

toxicológica de Goiás (http://www.saude.go.gov.br/index.php?idMateria=81244).

SINITOX - Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (www.fiocruz.br/sinitox).

SOARES, M.A. Automedicação versus indicação farmacêutica. MundoFarmacêut., n. 18, p.

08-11, set./out. 2005.

SOIBELMAN M, Amaral LR, Palmini ALF, Lerrer DP, Leite SS. Indicação de medicamentos

por balconistas de farmácia em Porto Alegre, RS. Rev. Assoc. Med. Bras. 1986; 32:79-83.

VILARINO JF, Soares IC, Silveira CM, Rödel APP, Bortoli R, Lemos RR. Perfil da

automedicação em município do Sul do Brasil.Rev Saúde Pública.1998; 32:43-9.

WHO - World Health Organization. The role of the pharmacist in self-care and self-

medication.The Hangue: World Health Organization; 1998.

APÊNDICES

Apêndice 1

Page 106: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, ______________________________________________, _______ anos, RG _____________, endereço

________________________________________, telefone ______________________ aceito colaborar como voluntário

participante de um estudo sobre AUTOMEDICAÇÃO COM ANALGÉSICOS, ANTIPIRÉTICOS E ANTI-

INFLAMATÓRIOS NÃO-ESTEROIDAIS.

Estou ciente de que minha participação consiste em responder o questionário e também fui informado que, caso não queira

participar, em nada me prejudicará. Fui esclarecido que quando os resultados forem divulgados, o meu nome não será

mencionado.

Para qualquer esclarecimento, procurarei o pesquisador do projeto na Faculdade Montes Belos - FMB, ou pelo tel. (64)

92263510. Sei que não serei contemplado financeiramente para participar deste estudo, sendo oferecido a mim orientação

farmacêutica acerca das medicações.

Informo que compreendo este termo de consentimento e que minha assinatura abaixo significa que aceito participar deste

estudo.

___________________________________________________

Assinatura do Voluntário

___________________________________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável

São Luís de Montes Belos, ______ de _________________________ de 2011.

Apêndice 2

QUESTIONÁRIO SOBRE AUTOMEDICAÇÃO COM ANALGÉSICOS, ANTIPIRÉTICOS E ANTI-INFLAMATÓRIOS

NÃO-ESTEROIDAIS.

1 - Faixa Etária.

( ) 15 a 20 anos ( ) 20 a 30 anos ( ) 30 a 40 anos

( ) 40 a 50 anos ( ) 50 a 60 anos ( ) 60 a 70 anos

( ) 70 a 80 anos ( ) 80 a 90 anos

2 - Gênero.

( ) Masculino ( ) Feminino

3 - Grau de Escolaridade.

( ) Não apresenta grau de instrução ( ) Fundamental Incompleto

Page 107: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

( ) Fundamental Completo ( ) Médio Incompleto

( ) Médio Completo ( ) Superior Incompleto

( ) Superior Completo

4 - Renda Familiar.

( ) Até 1 salário mínimo (até R$ 540,00 inclusive)

( ) De 1 a 2 salários mínimos (de R$ 540,00 até R$ 1.080,00 inclusive)

( ) De 2 a 5 salários mínimos (de R$ 1.080,00 até R$ 2.700,00 inclusive)

( ) De 5 a 10 salários mínimos (de R$ 2.700,00 até R$ 5.400,00 inclusive)

( ) De 10 a 30 salários mínimos (de R$ 5.400,00 até R$ 16.200,00 inclusive)

( ) De 30 a 50 salários mínimos (de R$ 16.200,00 até R$ 27.000,00 inclusive)

( ) Mais de 50 salários mínimos (mais de R$ 27.000,00)

( ) Nenhuma renda

5 - Usou ou faz uso de algum analgésico, antipirético ou anti-inflamatório não-esteroidal?

( ) Sim ( ) Não

6 - Quem indicou o uso do(s) medicamento(s)?

( ) Farmacêutico ( ) Médico ( ) Dentista ( ) Amigos

( ) Familiares ( ) Internet ( ) Balconista de Drogaria

( ) Outros: ________________________________.

7 - Motivo mais comum em que se automedica.

( ) Conhecia/experiência com o medicamento

( ) Indicação de alguém

( ) É comum todos usarem tal fármaco/medicamento

( ) O fármaco/medicamento é de fácil alcance/disponibilidade

( ) Outro:______________________________________.

8 - Possível desconforto/patologia a ser tratada.

( ) Dor de cabeça (Cefaleia) ( ) Dor no corpo (Mialgias)

( ) Febre (Hiperpirexia) ( ) Gripe/Resfriado

( ) Inflamação ( ) Queratolítico

( ) Tromboembolismo ou ataques isquêmicos

( ) Outro:________________________________________

9 - Medicamento/Fármaco(s) utilizados.

( ) Paracetamol ( ) Ácido acetilsalicílico ( ) Nimesulida

( ) Ibuprofeno ( ) Diclofenaco ( ) Naproxeno

( ) Dipirona ( ) Ácido Mefenâmico ( ) Meloxicam

( ) Piroxicam ( ) Outro:___________________________

10 - Costuma seguir as orientações do Fabricante (bula do medicamento)?

( ) Sim ( ) Não ( ) Às vezes

Page 108: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

11 - Acha que tais classes de medicamentos podem causar efeitos colaterais?

( ) Sim ( ) Não

12 - Quais efeitos colaterais?

( ) Distúrbios gastrintestinais ( ) Náusea ( ) Risco de sangramento

( ) Urticária ou Angioedema ( ) Sudorese ( ) Lassidão

( ) Hepatotoxicidade

( ) Outros:_______________________________.

13 - Autodefinição da saúde.

( ) Muito boa ( ) Boa

( ) Razoável ( ) Ruim

14 - Acesso a serviços de saúde.

( ) Público ( ) Privado

( ) Não tem ( ) Não sabe responder

15 - Faz Acompanhamento Médico periódico?

( ) Sim ( ) Não

16 - Número de consultas médicas nos últimos doze meses.

( ) Nenhuma ( ) Uma ( ) Duas

( ) Três ( ) Mais de três ( ) Outro:__________.

17 - Números de idas à drogaria/farmácia para adquirir fármacos nos últimos três meses.

( ) Nenhuma ( ) Uma ( ) Duas

( ) Três ( ) Mais de três ( ) Outro:__________.

18 - Quando adquiriu o(s) medicamento(s) em drogaria/farmácia, pediu orientação ao Farmacêutico?

( ) Sim ( ) Não

19 - Já usou/usa receitas antigas para automedicação?

( ) Sim ( ) Não

ANEXO

RESOLUÇÃO Nº 196/96

SOBRE PESQUISA ENVOLVENDO SERES HUMANOS

O Conselho Nacional de Saúde, no uso da competência que lhe é outorgada pelo Decreto nº 93933 de 14 de janeiro de

1987, resolve:

Aprovar as seguintes diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.

A presente Resolução fundamenta-se nos principais documentos internacionais que emanaram declarações e diretrizes

sobre pesquisas que envolvem seres humanos: o Código de Nuremberg (1947), a Declaração dos Direitos do Homem (1948), a

Declaração de Helsinque (1964 e suas versões posteriores de 1975, 1983 e 1989), o Acordo Internacional sobre Direitos Civis e

Page 109: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Políticos (ONU, 1966, aprovado pelo Congresso Nacional Brasileiro em 1992), as propostas de Diretrizes Éticas Internacionais

para Pesquisas Biomédicas envolvendo seres humanos (CIOMS/OMS 1982 e 1993) e as Diretrizes Internacionais para revisão

ética de estudos epidemiológicos (CIOMS, 1991). Cumpre as disposições da Constituição da República Federativa do Brasil de

1988 e da legislação correlata: Código de Direitos do Consumidor, Código Civil e Código Penal, Estatuto da Criança e do

Adolescente, Lei Orgânica da Saúde 8.080, de 19/09/90 (dispõe sobre as condições de atenção à saúde, a organização e o

funcionamento dos serviços correspondentes), Lei 8.142, de 28/12/90 (participação da comunidade na gestão do Sistema Único

de Saúde), Decreto 99.438, de 07/08/90 (organização e atribuições do Conselho Nacional de Saúde), Decreto 98.830, de

15/01/90 (coleta por estrangeiros de dados e materiais científicos no Brasil), Lei 8.489, de 18/11/92, e Decreto 879, de 22/07/93

(dispõem sobre retirada de tecidos, órgãos e outras partes do corpo humano com fins humanitários e científicos), Lei 8.501, de

30/11/92 (utilização de cadáver), Lei 8.974, de 05/01/95 (uso de técnicas de engenharia genética e liberação no meio ambiente

de organismos geneticamente modificados), Lei 9.279, de 14/05/96 (regula direitos e obrigações relativos à propriedade

industrial), e outras.

Esta Resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bioética:

autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à

comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado.

O caráter contextual das considerações aqui desenvolvidas implica em revisões periódicas desta Resolução, conforme

necessidades nas áreas tecno-científica e ética.

Ressalta-se, ainda, que cada área temática de investigação e cada modalidade de pesquisa, além de respeitar os

princípios emanados deste texto, deve cumprir com as exigências setoriais e regulamentações específicas.

POTENCIAIS FATORES DE RISCO EXPOSICIONAIS E POSSÍVEIS EFEITOS DA

CONTAMINAÇÃO PELO CHUMBO EM EX-TRABALHADORES DE UMA

EMPRESA FABRICANTE DE BATERIAS AUTOMOTIVAS NA CIDADE DE

FIRMINÓPOLIS - GO

Edvande Xavier dos Santos Filho1*; Renata Silva Brandão1; José Eliotério Neto²; Wélida Alves de Souza Costa²

* Autor correspondente Edvande Xavier dos Santos Filho

Faculdade Montes Belos, Av. Hermógenes Coelho, 340 - Setor Universitário, São Luís de Montes Belos - GO,

CEP: 76100-000 Phone/Fax: +55 64 3671-2814 E-mail: [email protected]

Page 110: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

RESUMO

O termo infecção alimentar é usado para definir qualquer doença causada pela ingestão de

alimentos contaminados por microrganismos com a capacidade de se desenvolver no trato

digestivo ou de produzir toxinas.Seja de origem animal ou vegetal, os alimentos apresentam

uma microbiota ampla e variável, e o principal local de concentração dos microrganismos é a

superfície alimentar.De acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária, são quatro as

classes de microrganismos considerados importantes nas análises em sanduíches naturais no

Brasil: Coliformes; Staphylococcus; Bacilluscereus e Salmonella.Não há dados oficiais acerca

de contaminações alimentares na cidade de São Luís de Montes Belos - GO, fato este que

motivou a realização deste trabalho, no qual se busca caracterizar através da coleta de algumas

amostras provenientes do comércio local, os potenciais microrganismos causadores de infecção

alimentar em sanduíches naturais no segundo semestre do ano de 2016. Para a realização dos

testes bacteriológicos foram utilizados os meios Ágar MacConkey: meio seletivo para

crescimento de enterobactérias; e o meio Rugai com Lisina, meio de identificação presuntiva de

enterobactérias. Para a análise micológica foi utilizado o meio Saboraud onde se buscou a

identificação das estruturas fúngicas. Para o teste de coliformes foi utilizado o meio Caldo

Lactosado para teste presuntivo, e o caldo verde brilhante para a confirmação de

coliformes.Vinte por cento dos sanduíches analisados nesta pesquisa estavam em contaminados

com microrganismos patogênicos e apresentavam condições sanitárias insatisfatórias para

consumo humano. A correta higienização dos utensílios e o uso de touca e luvas na área de

produção, assim como o correto armazenamento devem ser revistos pelos estabelecimentos que

comercializam alimentos, a fim de se evitar as ocorrências de infecções alimentares,

especialmente causadas pela ingestão de sanduíches naturais.

Palavras chaves: Contaminação microbiológica, sanduiches naturais, intoxicação alimentar,

condições sanitárias insatisfatórias.

INTRODUÇÃO

O termo infecção alimentar é usado para definir qualquer doença causada pela

ingestão de alimentos contaminados por microrganismos com a capacidade de se desenvolver

no trato digestivo ou de produzir toxinas. A intoxicação alimentar pode ser desencadeada por

vários grupos de microrganismos, dentre eles fungos, vírus, protozoários e especialmente

bactérias. As bactérias formam o principal grupo causador de intoxicações alimentares, o que se

deve a vasta diversidade e capacidade patogênica (PINTO, 1996).

Os microrganismos têm nos alimentos um local propício ao seu desenvolvimento por

serem fontes potenciais de nutrientes, fator este que, associado a humidade e temperatura, fazem

dos alimentos, um perfeito meio de cultura (CARDOSO et al., 2006). Os microrganismos

alimentares causadores de doenças gastrointestinais são divididos em dois grupos:

microrganismos infecciosos, que se multiplicam no trato gastrointestinal humano; e

microrganismos intoxicantes, que produzem toxinas tanto no alimento quanto no trato

gastrointestinal (PIRES, 2011).

As doenças transmitidas por alimentos (DTA’s) tem como principal causa o consumo de

alimentos contaminados por microrganismos patogênicos (AMSON et al., 2006). De acordo

Page 111: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os principais sintomas característicos das DTA’s

são vômitos, diarreias, desidratação e dores abdominais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). A

infecção alimentar é caracterizada por possuir rápido aparecimento, com pronunciados e

intensos sinais e sintomas nos grupos de risco, como idosos, grávidas e crianças, podendo até

levar a óbito (VENÂNCIO & BAPTISTA, 2013).

O número das doenças transmitidas por alimentos vem crescendo significativamente a

nível mundial (OLIVEIRA et al.,2010). Alguns fatores favorecem o aparecimento dessas

doenças, como o aumento da população, processo desordenado de urbanização e a necessidade

na produção de alimentos em grande escala (FERREIRA, 2015). O vasto número de agentes

causais associado a condições precárias de armazenamento e preparo resultam em um número

relevante de casos de doenças transmitidas por alimentos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010).

Doenças de origem alimentar representam grande risco à saúde humana, e podem trazer

prejuízos a economia da população em geral (FREITAS, 2005).

São dois os grupos de alimentos com maior suscetibilidade de contaminação: o grupo

dos vegetais, composto por cereais e seus produtos, açúcar e derivados, frutas e derivados

(condimentos e fungos utilizados como alimento também fazem parte deste grupo). O segundo

se trata do grupo de alimentos de origem animal composto por produtos cárneos, aves e ovos,

pescado e outros alimentos marinhos, leite e derivados (VALSECHI, 2006).

Seja de origem animal ou vegetal, os alimentos apresentam uma microbiota ampla e

variável, e o principal local de concentração dos microrganismos é a superfície alimentar

(FRANCO et al.,1996). A falta de higienização e manipulação incorreta pode fazer com que os

alimentos sofram contaminação a partir de microrganismos patogênicos e se tornem prejudiciais

ao consumo humano (FAUSTINO et al., 2007).

O sanduíche natural é um alimento muito ofertado no comércio de rua e em lanchonetes.

Preparado de forma artesanal, muitas vezes sem a higiene necessária para garantir segurança aos

produtos, utiliza-se de ingredientes in natura como alface e tomate, que podem estar

contaminados com patógenos oriundos da má higienização no cultivo e manipulação deste

alimento (ALMEIDA & ALVES, 2015).

De acordo com Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2001), são quatro

as classes de microrganismos considerados importantes nas análises em sanduíches naturais no

Brasil: Coliformes; Staphylococcus; Bacilluscereus e Salmonella. Estes microrganismos podem

ser transmitidos através da água e/ou manuseio impróprio por parte dos manipuladores

(FONSECA & PEREIRA, 2013).

Page 112: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

As infecções alimentares podem se apresentar de forma crônica ou aguda, com diversos

episódios clínicos. No Brasil existe várias notificações de surtos de intoxicação alimentar, e

estas ocorrências são consideradas um grave problema de saúde pública (OLIVEIRA, 2012). O

mesmo ocorre em outros países. Nos Estados Unidos por exemplo, estima-se a cada ano, cerca

de 9,4 milhões de pessoas diagnosticadas com intoxicação alimentar. O mesmo estudo aponta

que entre os principais microrganismos causadores de infecções alimentares estão as bactérias

das espécies Salmonellaspp.eStaphylococcus aureus (PASSOS et al., 2012).

Segundo a Superintendência de Vigilância em Saúde do Estado de Goiás, no ano de

2007 foram notificados apenas 3 surtos de infecções alimentares; do ano de 2008 até 2010

foram notificados apenas 1 surto por ano; em 2011, após a implementação de ações de

vigilância epidemiológica foram notificados 69 surtos de infecção alimentar, um número que se

comparado com o resultado dos anos anteriores é considerado alto, mas que ainda não reflete a

realidade, pois, há vários municípios que não notificam surtos de infecção alimentar.

Não há dados oficiais acerca de contaminações alimentares na cidade de São Luís de

Montes Belos - GO, fato este que motivou a realização deste trabalho, no qual se busca

caracterizar através da coleta de algumas amostras provenientes do comércio local, os potenciais

microrganismos causadores de infecção alimentar em sanduíches naturais no segundo semestre

do ano de 2016.

METODOLOGIA

Tipo e local de estudo

Trata-se de um estudo analítico descritivo com abordagem qualitativa, desenvolvido

em amostras aleatórias de sanduíches naturais, comercializados no município de São Luís de

Montes Belos - Goiás, no segundo semestre do ano de 2016.

Coleta das amostras

Foram coletadas 10 amostras, em 10 pontos de venda escolhidos aleatoriamente. As

amostras foram acondicionadas em caixas térmicas com gelo e analisadas nos laboratórios da

Faculdade Montes Belos, no município de São Luís de Montes Belos - Goiás.

Preparação das amostras

Para realização das análises, foram pesados 20g de cada amostra, diluídas

separadamente em 100 ml de agua destilada estéril e posteriormente, filtradas com o auxílio de

gaze estéril dobrada quatro (4) vezes.

Page 113: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Análise bacteriológica

O procedimento para observação do crescimento e identificação bacteriana foi

realizado segundo as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2011).

Onde foi adicionada uma alçada de cada amostra em um meio de enriquecimento Brain Heart

Infusion(BHI) seguido de incubação em estufa microbiológica a 37º C por 24 horas. Em

seguida serão semeadas nos meios de cultura Ágar MacConkey e Rugai com Lisina com o

objetivo presuntivo de identificar enterobactérias.

Análises micológicas

Para avaliação da presença de fungos foi inoculado uma alçada da diluição de cada amostra em

meio Ágar Saboraud e acondicionados em câmara úmida por um período de 5 a 7 dias.

Teste de Estabilidade

Para a realização do teste de estabilidade, as amostras adquiridas foram armazenadas em

estufa a 37°C com umidade aproximada de 70% durante 30 dias, para avaliar o tempo em que

cada amostra se torna impropria ao consumo humano.

Aplicação de Check-list

Paralelamente a análise das amostras, será realizado o preenchimento por parte dos

pesquisadores de um check-listcom perguntas pertinentes a obtenção da amostra, condições de

produção do alimento, local de acondicionamento e manuseio por parte do manipulador de

alimentos.

As análises serão iniciadas nos locais de venda das amostras com o preenchimento do

check-list, avaliando as condições higiênico-sanitárias do local e do manipulador, observando

assim critérios como local, uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s) e preparo

higiênico do sanduíche natural.

O projeto do presente trabalho não foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com

Seres Humanos pois não foi solicitada autorização aos responsáveis pelos estabelecimentos,

por que tal procedimento poderia alterar os resultados da pesquisa.

RESULTADOSE DISCUSSÃO

Os resultados da análise microbiológicas das amostras de sanduiches naturais estão

representados na tabela 1. Das dez (10) amostras analisadas, seis sofreram contaminação por

Page 114: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

enterobactérias, sendo a Providencia sp. a de maior prevalência estando presente em três das

amostras contaminadas, são bastonetes gram-negativos e tem como habitat natural o intestino

humano e animal, sua presença no alimento não é capaz de desenvolver doenças oriundas de

sua ingestão porem ela faz com que os alimentos se deteriorem em menor tempo.

Uma das amostras estava contaminada com a bactéria Salmonellatyphique é um

patógeno facultativo e intracelular, as intoxicações alimentares causadas por esse gênero são

chamadas de salmonelose. (CARDOSO & TESSARI, 2008). Em estudo realizado por

EMILIA, 2010 que investigou surtos de doenças transmitidas por alimentos no estado de São

Paulo do ano de 2008 a 2010, aponta a Salmonella como principal agente bacteriano, presente

em 92 surtos notificados.

Outra bactéria encontrada em uma das amostras foram bactérias do gênero

Klebsiella,queapesar de serem consideradas patógenos facultativos, em um estudo realizado

por KIM & GOEPFERT (1971) relatou-se cerca de 640 casos de infecção alimentar, pelo qual

esta espécie bacteriana foi o principal agente causal

Tabela 1. Análises microbiológicas.

Microrganismos Número de amostras

Entorobacter/Citrobacter1

Klebsiella1

Salmonellatyphi1

Providencia sp. 3

Os resultados encontrados nos testes de coliformes foram positivos para quatro (4) das

amostras analisadas e estão expressos na tabela 2. A avaliação dos resultados foi realizada com

a utilização de uma tabela de NMP com nível de confiança de 95%, para as combinações dos

tubos positivos. (BANWART,1989). Para realizar a diferenciação dos grupos coliformes

foram utilizados como indicador de coliformes fecais bactérias do gênero Escherichia coli

conforme dados do Ministério da Saúde, através da Resolução nº 12, de 2 de janeiro de 2001,

da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Tabela 2. Teste de coliformes.

Número de Amostra Número de tubos positivos NMP/100g

Page 115: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Não foram encontradas bactérias da espécieE. colinas amostras positivas aos testes presuntivos

e confirmatórios para coliformes, portanto os resultados encontrados se referem a bactérias do

grupo de coliformes totais.

Os resultados da análise micológica estão expressos no gráfico 1. Para expressar os

resultados foi realizado a diferenciação de acordo com as estruturas fúngicas apresentadas. A

presença de fungos nos sanduíches não indica, obrigatoriamente produção de micotoxinas,

assim como, a toxina pode estar presente no alimento mesmo na ausência do fungo (DINIZ,

2002).SegundoMASLINKIEWICZ E FREITAS as micotoxinas podem ser encontradas em

muitos alimentos e ao serem ingeridos, por homens, causam inflamação do trato digestivo,

vômitos, podendo levar à morte. O correto armazenamento e manipulação dos alimentos

podem evitar que os alimentos se contaminem com fungos. De acordo com SILVA et al, as

estruturas fúngicas na forma de leveduras encontradas em seus estudos foram do tipo

onicomicoses, sendo que 34,8% desses profissionais estavam contaminados com algum tipo de

micose.

Gráfico 1. Resultados da análise micológica segundo a estrutura dos fungos.

Os resultados do teste de estabilidade foram divididos em dois grupos, o primeiro grupo

confrontou a validade estipulada pelo fabricante em algumas amostras com o tempo

encontrado no teste de estufa, e o segundo grupo por não possuir validade estipulada pelo

1 2 5,1

6 3 9,2

7 1 2,2

9 2 5,1

Page 116: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

fabricante apenas os resultados encontrados em estufa. O gráfico 2 mostra os resultados do

primeiro grupo.

Gráfico 2. Resultados do teste de estabilidade do grupo de amostras que dispunha de validade fixada nos

sanduíches.

As amostras de número um (1) e número dois (2) se mostraram conformes aos dados de

etiqueta do fabricante. As amostras de número três (3) e quatro (4) se deterioraram vinte e

quatro (24) horas antes da data prevista pelo fabricante. A amostra de número cinco (5) por ser

de origem industrial e possuir data de validade de três (3) meses não sofreu nenhum tipo de

deterioração durante o teste de estufa.

Os resultados do segundo grupo estão expressos no gráfico 3. As amostras de número

seis (6) e sete (7) levaram setenta e duas (72) horas para apresentarem sinais de degradação.

As de número oito (8) dez (10) apresentou um tempo de 84 horas e a amostra de número nove

(9) presentou o menor tempo de degradação de todas as dez amostras analisadas

correspondendo a quarenta e oito (48) horas apenas.

72 72

84

48

Amostra 6 Amostra 7 Amostra 8 Amostra 9

Tempo em Horas

Teste de

Estabilidade

Page 117: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Gráfico 3. Resultado do teste de estabilidade do grupo de amostras sem validade pré-estabelecida.

Os resultados da aplicação do check-listestão representados na tabela3. A maioria das

amostras estavam acondicionadas de forma correta, porém apenas duas delas foram preparadas

no momento da aquisição não foi possível avaliar o processo de fabricação das outras oito

amostras. Estudo realizado por LUCCA & APARECIDA,2002 aponta que os principais

problemas encontrados foram nos equipamentos e utensílios em más condições de higiene,

alimentos descobertos e o armazenamento em locais inadequados, uso de adereços e presença

de animais e insetos.Em pesquisa parecida realizada por ALEIXO et al., 2011, observou-se

que 58% dos manipuladores de alimentos também era quem recebia o dinheiro, 57% usavam

touca e 32% usavam luvas no momento da produção dos alimentos.

Tabela 3. Resultados da aplicação do Check-List.

72 72

84

48

84

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Amostra 6 Amostra 7 Amostra 8 Amostra 9 Amostra 10

Teste de Estabilidade

Condições

Amostra Sanitárias do Manipulador Armazenamento

Local de venda

Amostra 1 Limpo, climatizado Sem vestimenta adequada,

uso de adereços. Refrigerado

Amostra 2 Limpo, climatizado Sem vestimenta adequada,

cabelos soltos.

Preparado na hora da

aquisição

Page 118: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

CONCLUSÃO

Vinte por cento dos sanduíches analisados nesta pesquisa estavam contaminados com

microrganismos patogênicos e em condições sanitárias insatisfatórias para consumo humano. A

correta higienização dos utensílios e o uso de touca e luvas na área de produção, assim como o

correto armazenamento devem ser revistos pelos estabelecimentos que comercializam

alimentos, a fim de se evitar as ocorrências de infecções alimentares, especialmente causadas

pela ingestão de sanduíches naturais.

REFERÊNCIAS

Amostra 3 Limpo, climatizado Uso de toca e vestimentas

adequadas. Refrigerado

Amostra 4 Limpo, climatizado

Sem vestimenta adequada,

uso de adereços e unhas

compridas.

Seco, sem refrigeração

Amostra 5 Limpo, climatizado Vestimenta adequada, uso

de toca e luvas. Refrigerado

Amostra 6 Limpo, sem climatização

Sem vestimenta adequada,

uso de adereços e unhas

compridas.

Seco, sem refrigeração

Amostra 7 Limpo, climatizado

Sem vestimenta adequada,

uso de adereços e unhas

compridas.

Seco, sem refrigeração

Amostra 8 Limpo, sem climatização,

presença de animais

Sem vestimenta adequada,

uso de adereços.

Preparado na hora da

aquisição

Amostra 9 Limpo, sem climatização

Sem vestimenta adequada,

uso de adereços e unhas

compridas.

Seco, sem refrigeração

Amostra10 Limpo, climatizado Vestimentas adequadas,

uso de adereços Refrigerado

Page 119: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

ALEIXO, J.A.G. RODRIGUES, K.L.; GOMES, J.P.;CONCEIÇÃO, R.C.S.; BROD, C.S.;

CARVALHAL, J.B. Condições higiênico-sanitárias no comercio ambulante de alimentos em

Pelotas-RS.Rev. Cienc.tecnol.aliment. ed. 23: pgs.447-452,Campinas 2003.

ALMEIDA, B. S. D.; ALVES, V. J. Perfil microbiológico de sanduiches naturais

comercializados na cidade de Juazeiro do Norte-CE. Revista Interfaces Saúde humana, p.

38, 2015.

ALVES, A. R. F. Doenças alimentares de origem bacteriana. 87f. Dissertação (Mestrado em

AMSON, G. V.; HARACEMIV, S. C.; MASSON, M. L. Levantamento de dados

epidemiológicos relativos á ocorrência/surtos de doenças transmitidas por alimentos

(DTAs) no estado do Paraná-Brasil, no período de 1978 a 2000, 2006.

BALBANI, A. P. S.; BUTUGAN, O. Contaminação Biológica de alimentos. Revisão e

ensaio, 23 abril 2011. 3.

BANWART, G.J. Basic foodmicrobiology. 2. edição New York: Van Nostrand Reinhold,

página 773 1898.

BAPTISTA, P.; VENÂNCIO, A. Os Perigos para segurança alimentar no processamento

de alimentos. Forvisão Consultoria em Formação Integrada Lda., Lisboa Portugal, p.5-12, 01

jan. 2003.1°EDIÇÃO.

BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução nº 12 de 02 de janeiro de 2001. Disponível em:

http://www.anvisa. gov.br/legis/resol/1201rdc.

CARDOSO, A.L.S.P.; TESSARI, E.N.C. Divulgação técnica Salmonela na segurança dos

Alimentos. Instituto Biológico, Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio

Avícola, 2008.

CARDOSO, T. G.; CARVALHO, V. M. D. Toxinfecção alimentar por Salmonella sp. Revista

Int. Ciência e saúde, p. 2-7, 2006. Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade Fernando

Pessoa, Porto, 2012

DINIZ, S.P.S.S. Micotoxinas. Livraria e Editora Rural. 181p. 2002.

EMILIA, M. B. O. Surtos de doenças transmitidas por alimentos no estado de São Paulo,

2008-2010, 2013.

FAUSTINO, J. D. S. et al. Analise microbiológica de alimentos processados na baixada

santista, envolvidos em doenças transmitidas por alimentos, no período de 2000 a 2006.

Revista Instituto Adolfo Lutz, p. 2-5, 2007.

FERREIRA, J. N; Epidemiologia dos surtos de doenças transmitidas por alimentos no

município de São Luís-MA,2015.

FONSECA, J. G.; PEREIRA, M. G. Contaminação microbiana de sanduiche em lanchonetes:

estudo transversal realizado em Brasília-DF.Epidemiol.serv.saude, 01 julhos a setembro

2013. 1-8.

Page 120: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

FRANCO, B. D. G.; LANDGRAF, M.; Microbiologia dos Alimentos. São Paulo, Editora

Atheneu, 1996.

FREITAS, E. I. D.; LEMOS, A. A. D.; MARIN, V. A. Validação e métodos alternativos

qualitativos na detecção de patógenos alimentares.Ciências e saúdecoletiva, p. 1-5, 2005.

HOFFMAN, W. A.; PONS, J. A.; JANER, J. L. The sedimentation concentration method in

schistosomiasis.Puerto Rico Journal of Public Health, v. 9, p. 281-298, 1934.

KIM, H.U.; GOEPFERT, J.M. Enumeration and Identification of Bacillus cereus in Foods: I.

24-Hour Presumptive Test Medium.AppliedMicrobiology. v. 22, n. 4, p. 581-587, 1971.

LUCCA, A; APARECIDA, E. FS. T. Condições de higiene de “cachorro-quente”

comercializado em vias públicas, Rev. Saúde Pública ed.1 ,2002.

MASLINKIEWICZ, A; FREITAS, D.R.J. Micotoxinas: o que são e quais suas

consequências para o homem. SB Rural, ed.87, ano 4, 2012.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual integrado de vigilância, prevenção e controle de

Doenças. Brasília, 2010.

OLIVEIRA, A. B. A.; PAULA, C. M. D.; CAPALONGA, R.; CARDOSO, M. R.; TONDO, E.

C. Doenças transmitidas por alimentos, principais agentes etiológicos e aspectos gerais:

uma revisão, 2010.

OLIVEIRA, J. J. Surtos alimentares de origem bacteriana: uma revisão, 2012.

PASSOS, E. D. C. et al. Presença de Bacilluscereus. Clostridium

perfrigens,Staphylococcusaureus e Escherichia coli em surto de toxinfecção alimentar

ocorrido na região do vale do Ribeira. Instituto Adolfo Lutz, p. 1-5, 2012.

PAULO, B.; ARMANDO, V. Os perigos para a segurança alimentar no processamento de

alimentos. FORVISAO-Consultoria em formação integrada LTDA., Guimaraes Portugal, v. 1,

n. 1, p. 105-106, jan. 2003. ISSN batista A/Venâncio.

PINTO, A. D. F. M. A. Doenças de origem microbiana transmitidos pelos alimentos.

Millenium, p. 1-11, 1996.

PIRES, C. E. D. T. Principais bactérias presentes em doenças transmitidas por alimento.

DTA, 02 fevereiros 2011. 2-18.

SECRETARIA DO ESTADO DA SAÚDE. Informe técnico de intoxicação alimentar/

Surto de doenças de transmissão alimentar. Superintendência de vigilância em saúde, p. 1-

9, 2011. Serie A Normas e Manuais técnicos, 1 janeiro 2010. 12-14.

SILVA, J. O. et al. Enteroparasitoses e onicomicoses em manipuladores de alimentos do

município de Ribeirão Preto, SP, Brasil.Revista Brasileira de Epidemiologia,v. 8, n. 4, p.92-

385, Ribeirão Preto-SP 01 abr. 2005.

VALSECHI, O. A. Microbiologia dos alimentos. Universidade Federal de São Carlos, p.

1149, fevereiro 2006.

Page 121: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Page 122: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

OS LIMITES CONSTITUCIONAIS DA TERCEIRIZAÇÃO ESCOLAR EM

GOIÁS

Valéria Mariano de Valéria Mariano de Melo1 Nayna Suzy Vieira2

O artigo das autoras 1Pedagoga (Universidade Norte do Paraná) Graduanda em

Direito (Faculdade de Iporá). ([email protected]) Historiadora

(Universidade Estadual de Goiás). Tutora Ead (Instituto Federal Goiano).

Graduando em Direito (Faculdade de Iporá). ([email protected])

RESUMO

O objetivo deste trabalho é discutir a terceirização da educação pública em Goiás sobre a ótica

jurídica e trabalhista e, mais especificamente, compreender os argumentos favoráveis e

contrários a sua implantação nas suas atividades fins, analisar segundo a legislação vigente no

país a possível constitucionalidade ou inconstitucionalidade dessa ação. Do ponto de vista

metodológico, trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental com ênfase na Lei nº 8.666,

de 21 de junho de 1993, que regulamenta o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal,

institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências.

Quanto aos resultados alcançados foi possível observar que a questão da terceirização escolar

em Goiástem gerado no meio acadêmico certo desconforto em relação ao cumprimento da

legislação em vigor e dos direitos trabalhistas. Assim, pode-se concluir que tal prática é lícita

apenas no que diz respeito as atividades-meio dos entes públicos, não sendo cabível adotá-la

para o exercício de atividades pertinentes a atribuições de cargos efetivos próprios de seus

quadros. Enfim, conforme Santos (2012), os processos de terceirização rompem a lógica que

movem os movimentos de luta travada no campo educacional pela valorização dos trabalhadores

em educação, baseados na busca pela valorização, por meio da formação inicial e continuada,

remuneração condigna e condições de trabalho, de modo que possam contribuir política e

pedagogicamente para a construção de uma escola pública de qualidade socialmente

referenciada. Destaca-se, ainda, que esta proposição é fruto de discussão com vários segmentos

da sociedade. Tal discussão não está encerrada.

Palavras-chave:Terceirização. Educação Pública. Goiás. Constitucionalidade.

Inconstitucionalidade.

INTRODUÇÃO

A terceirização sempre foi uma questão muito polêmica no Direito do Trabalho, pois, o

Direito do Trabalho sempre quis privilegiar a relação direta entre tomador e trabalhador, sem a

presença de um intermediário que ia interferir de forma artificial nessa relação. A terceirização

surgiu no Brasil com a figura da intermediação, que inicialmente era considerada fraudulenta,

era chamada locação, aluguel ou merchandising de mão de obra. A doutrina e a jurisprudência

dizem que a terceirização data da década de 70, em que se tem o fenômeno mundial da

globalização, em que as empresas precisavam otimizar a produção e reduzir custos, se

preocupando com a sua atividade fim, a sua atividade nuclear, e passaram a transferir a outras

Page 123: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

empresas especializadas a suas atividades consideradas meio. A ideia da terceirização é muito

simples, que é a empresa repassar as atividades periféricas a essas empresas que seriam

responsáveis por esses trabalhos, o grande problema é que a terceirização fere diversos

princípios do direito do trabalho especialmente as ideias do princípio da proteção, de proteger o

trabalhador hipossuficiente, que é a classe mais fraca, a natureza alimentar das verbas

trabalhistas, a área trabalhista e o Tribunal Superior do Trabalho, não conseguiu eliminar

totalmente a terceirização, ela foi permitida mais especificamente em alguns pontos.

Na década de 90 não se falava mais em intermediação, e sim em terceirização, com a

mudança da terminologia, mudou-se também o enfoque e começou a surgir à atividade

empresarial autônoma, que ao invés de produzir bens, produz serviços. Falar em terceirização

significa falar em flexibilização das regras do Direito do Trabalho. Ainda na década de 90 foi

editada a súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho, que praticamente regulamentou a

terceirização, já, que até hoje não criou lei alguma regulamentando a terceirização, começando

assim alguns problemas.

Nos dias de hoje a terceirização se dá da seguinte maneira: Empresa Tomadora (aquela

que toma o serviço terceirizado); a Empresa Prestadora (aquela que oferece a prestação de

serviço terceirizado), empregado e trabalhador. Hoje somente é permitido terceirizar

empregados para realização de atividade meio, que significa que as empresas não podem

terceirizar serviços que estejam ligados diretamente a sua finalidade principal. Um exemplo

dessa realidade é a escola que tem por finalidade o ensino, dessa forma ela não pode terceirizar

os professores, e em contrapartida ela pode terceirizar serviços de limpeza e segurança, pois,

não se trata de atividade fim, mais tão somente de atividade meio. Hoje a responsabilidade entre

empresa tomadora e prestadora é subsidiária em relação ao trabalhador, ou seja, o trabalhador

somente poderá cobrar a empresa tomadora se ela constar no processo trabalhista e somente

após esgotados todos os recursos financeiros da empresa prestadora.

A Educação pública na Constituição Federal de 1988

A escola pública como espaço de aprendizagem depende de vários fatores, e um deles

que talvez seja o mais importante é a qualidade dos estímulos recebidos desde a infância.

Entende-se desta forma porque cada pessoa tem uma história particular e única, formada por sua

estrutura biológica, social e cultural. É, porém na escola que a aprendizagem formal acontece de

maneira organizada, pois a escola é um local formado por uma população com diversos grupos

étnicos, com seus costumes e suas crenças. Não se pode negar o que é óbvio. Cada escola tem a

sua história, suas preocupações que a torna diferente uma das outras.

Page 124: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

A qualidade da educação é um discurso que se fala independente de qual ideologia se

segue, já que é uma ideologia social. Porém quando se fala em buscar até o limite para a

educação aí sim vemos várias maneiras de pensar dependendo e mudando de acordo com o

espaço em que se está inserido. A educação é um processo de ensino-aprendizagem1 que se

caracteriza basicamente pelo estudo onde professores e alunos transmitem conhecimento, tendo

visto na CF/88, no Art. 205 “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será

promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento

das pessoas, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Para

entendermos bem tem que se fazer uma remissão à LDB2 (Lei de Diretrizes e Bases da

Educação), na Lei 9394/96, mais especificamente em seu Artigo 21, “a educação escolar

compõe-se de: I- educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e médio;

II- educação superior”.

Observando a leitura do Artigo 205 da CF/88, que a educação em três finalidades, o

Pleno desenvolvimento da pessoa, é aquele que terá juridicamente concluído a educação do

ensino superior, o Art. 22 da LDB, informa qual a finalidade da educação básica, que tem por

base, “desenvolver o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício

da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores”. Vê-se

que o propósito da educação básica é apenas desenvolver o educando, sendo assim, falta o

segmento da educação superior que juridicamente falando o educando está plenamente

desenvolvido quando ele conclui um curso de ensino superior, quando ele conclui o ensino

médio, consideramos que ele está desenvolvido mais não plenamente. No estudo da LDB, o

concluinte do curso de ensino médio, desenvolve um pensamento crítico e quando conclui um

curso de ensino superior desenvolve um pensamento reflexivo.

Os princípios básicos que regem o ensino estão no Art. 206 da CF/88, I: “igualdade de

condições para o acesso e permanência na escola; II- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e

divulgar o pensamento, a arte e o saber; III- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e

coexistência de instituição públicas e privadas de ensino; IV- gratuidade do ensino publico em

estabelecimentos oficiais”. Liberdade implica dizer que os limites estão muito bem definidos, e

1O Processo educacional é responsabilidade de todos, porém é nas mãos dos professores que ele encontra a sua maior resistência, já que o docente possui a capacidade da transmissão do conhecimento, com a grande globalização dos meios de informação o professor se vê em uma situação de encontro direto com a tecnologia para que se consiga transmitir a educação na diversidade cultural em que se encontra o mundo. Dessa forma a metodologia educacional precisou fazer mudanças no quadro escolar, interagindo assim de forma similaro aluno e o conhecimento através da colaboração da informática e dos processos midiáticos com a realidade física da escola. (ALMEIDA, 1999) 2 Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. www. portal.mec.gov.br. Acesso em 10 de Outubro de 2015.

Page 125: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

a libertinagem não é reconhecida no ordenamento jurídico em nenhum segmento. Os

professores tem liberdade na hora de ensinar, de pesquisar e na hora de divulgar o pensamento.

Os limites são definidos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, pelos Parâmetros Curriculares

Nacionais e pela própria Lei 9394/96. As diversidades de ideias são asseguradas tanto para

instituições públicas e privadas, para garantir o princípio da gestão democrática do ensino.

A metodologia deve ser adequadaa prática usando pedagogias de trabalho sistematizado

e direcionado ao ensino de forma a conseguir suprir as dúvidas e necessidades individuais e/ou

coletivas. Com a chegada da chamada “nova educação” fez-se necessário que o professor

adquirisse novos conhecimentos e métodos para uma transmissão de conhecimentos modernos,

deixando para trás a ideia de que em tudo se encontrava uma verdade absoluta. De agora em

diante a mudança deve alcançar patamares gigantescos em busca de reflexão, mostrando ao

educando que a reflexão, o conceito pessoal, a capacidade de criticar, é uma forma criativa de

desenvolvimento dos direitos previstos e constituição. O professor moderno ensina a pensar a

cultura de diversas maneiras onde a sociedade em questão se englobaria em um mesmo ideal,

em uma mesma perspectiva como se vê em, Alves 20043.

Não deixando de citar que a forma de ingresso ao cargo público se dá mediante concurso

público e/ou mediante cargo em comissão, e estes por sua vez estão dispostos na CF/88, Art. 37,

II e V: “a investidura em cargo ou emprego público depende da aprovação prévia em concurso

público de provas ou de provas e títulos; sendo as funções de confiança, exercidas

exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão”.

Reportando-se a Santos, 2012, vê-se que as formas de ingresso ao cargo publico está ligada a

questão política e econômica do país, ocasionando assim juntamente com a vontade do

funcionário em uma expansão educacional, que à medida que se aumenta leva consigo o

aumento das necessidades de apoios de trabalhadores do meio, para auxiliar, na limpeza, na

segurança, e até mesmo na logística do sistema educacional.

O professor se adéqua a realidade da educação e para ele é permito conhecer e

reconhecer as necessidades do aluno, associando a educação como responsabilidade social e

transformadorada educação sendo necessário que se respeite o tempo e a cultura do profissional

educador. O profissional que assume a responsabilidade de transmitir e auxiliar na busca do

conhecimento é sem dúvida o docente do presente e do futuro, sendolivre para soltaras amarras

3Os professores que fizeram as perguntas já foram crianças; quando crianças, suas perguntas eram outras, seu mundo era outro... Foi a instituição “escola” que lhes ensinou a maneira certa de beber água: cada um no seu ribeirão...Mas as instituições são criações humanas. Podem ser mudadas. E, se forem mudadas, os professores aprenderão o prazer de beber águas de outros ribeirões e voltarão a fazer as perguntas que faziam quando crianças. (Alves, 2004, p.17).

Page 126: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

do passado em relação a ideia de que o educador ensina, pelo contrário o educador, transmite e

ajuda monitorando e avaliando a capacidade do aluno em pensar, conhecer além de capacitá-lo

para o mundo e para o mercado de trabalho.

Ainda segundo Santos, 2012, percebe-se que os funcionários da educação deixou com o

caminhar de desenvolvimento de ingresso em serviço público uma melhor forma de

convivência, desvalorizando assim a questão de apadrinhamento que insiste em bloquear a

democracia dos concursos.

Terceirização da Educação Pública em Goiás

O Projeto de lei nº 4.330 de 20044, proposto pelo Deputado Sandro Mabel, tramitou mais

de dez anos no Congresso Nacional visando à regulamentação da terceirização, ela não vai

acabar com os direitos trabalhistas, pois eles vão continuar existindo, na prática a diferença é

que vão existir dois chefes. Esse projeto de lei vem gerando toda uma discussão e

manifestações, pois, muitos trabalhadores e categorias apresentam essa veemente preocupação.

Ao se comparar o Projeto de Lei com a súmula 3315 percebe-se que esta trás uma grande

mensagem onde autoriza a terceirização de forma excepcional envolvendo preponderantemente

a atividade meio, desde que inexistentes a pessoalidade e a subordinação direta.

4 PROJETO DE LEI Nº 4330 , DE 2004 (Do Sr. Sandro Mabel). Dispõe sobre o contrato de prestação de serviço a terceiros e as relações de trabalho dele decorrentes. O Congresso Nacional decreta: Art. 1º Esta Lei regula o contrato de prestação de serviço e as relações de trabalho dele decorrentes, quando o prestador for sociedade empresária que contrate empregados ou subcontrate outra empresa para a execução do serviço. Parágrafo único. Aplica-se subsidiariamente ao contrato de que trata esta Lei o disposto no Código Civil, em especial os arts. 421 a 480 e593 a 609. 5Nesse ramo do Direito, atualmente, não há ato normativo que regulamente a terceirização de atividades. Dessa maneira, a principal fonte para a interpretação da matéria, mesmo em relação à Administração Pública, é a citada Súmula nº 331 do TST, segundo a qual: “CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. LEGALIDADE. I – A contratação de trabalhadores por empresa interposta é ilegal, formando-se o vínculo diretamente com o tomador dos serviços, salvo no caso de trabalho temporário (Lei nº 6.019, de 03.01.1974). II – A contratação irregular de trabalhador, mediante empresa interposta, não gera vínculo de emprego com os órgãos da Administração Pública direta, indireta ou fundacional (art. 37, II, da CF/1988). III – Não forma vínculo de emprego com o tomador a contratação de serviços de vigilância (Lei nº 7.102, de 20.06.1983) e de conservação e limpeza, bem como a de serviços especializados ligados à atividade-meio do tomador, desde que inexistente a pessoalidade e a subordinação direta. IV – O inadimplemento das obrigações trabalhistas, por parte do empregador, implica a responsabilidade subsidiária do tomador dos serviços quanto àquelas obrigações, desde que haja participado da relação processual e conste também do título executivo judicial. V – Os entes integrantes da Administração Pública direta e indireta respondem subsidiariamente, nas mesmas condições do item IV, caso evidenciada a sua conduta culposa no cumprimento das obrigações da Lei nº 8.666, de 21.06.1993, especialmente na fiscalização do cumprimento das obrigações contratuais e legais da prestadora de serviço como empregadora. A aludida responsabilidade não decorre de mero inadimplemento das obrigações trabalhistas assumidas pela empresa regularmente contratada. VI – A responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da condenação referentes ao período da prestação laboral. TERCEIRIZAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DO CONCURSO PÚBLICO: considerações sobre o PL nº 4.330, de 2004, João Trindade Cavalcante Filho.

Page 127: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

O TST e os operadores do Direito, Professores, e outrosvem combatendo essa

terceirização que se passa nos compêndios da administração pública, já que só pode terceirizar

as atividades meio e não as atividades fim, com uma única ressalva que é o trabalho temporário,

previsto na Lei 6019/78, o projeto de Lei sabendo disso foi nessa ferida, permitindo a atividade

fim à empresa terceirizada que seja especialista nessa atividade, o projeto de Lei está adentrando

na grande problemática e na grande ferida da terceirização, que é permitir esse fenômeno na

atividade fim, surgindo assim as indagações: Qualquer tipo de empresa poderá terceirizar

qualquer atividade fim? Se pensando pelo lado empresarial seria uma grande saída, oferecendo

vagas de trabalho mesmo em momentos de crise, pensar em formas alternativas e formas

flexíveis da contratação faz todo o sentido, e que isso não resulte em desemprego e demissões.

Pensando do lado do trabalhador, há o medo e de forma temerária uma possível precarização

dos direitos trabalhistas em diversas atividades.

Por ora é difícil relatar como vai funcionar, pois o senado ainda precisa votar e deliberar

acerca do assunto. Juridicamente o que tem de mais relevante para o trabalhador é o aspecto da

responsabilidade entre a empresa tomador a prestadora. Pode-se chamar essa atitude de

responsabilidade Solidária e Subsidiária, onde uma empresa contrata outra empresa para que

preste determinado serviço, permanente e contínuo, como exemplo uma empresa de vigilância.

A empresa contratante exige da empresa contratada, os comprovantes de recolhimento do

FGTS, do INSS, os contracheques, contemplando nestes as horas extras trabalhadas e os

registros de pontos devidamente assinados, e tal acompanhamento desse ser vinculada a fatura

mensal.

Essas empresas devem exigir isso nos contratos, pois, adotando essa cautela, a

contratante evitará que no futuro esses empregados ao acionarem caso necessário a empresa no

futuro, chame a empresa tomadora para integrar esses direitos na justiça e responda de forma

subsidiária ou solidária. Concomitantemente a forma subsidiária é aquela em que a empresa

contratante sirva e assuma seu papel como avalista daquele contrato de trabalho, se a

terceirizada não cumprir com as obrigações trabalhistas previdências com seus empregados, a

responsabilidade, o dever de pagar se transfere para essa empresa contratante. A empresa

Solidária é quando não existe um contrato, e a relação é muito similar àquele empregado da

terceirizada é também posicionado como empregado da contratante respondendo por

solidariedade, e essa empresa.

Se hoje a terceirização que só pode ocorrer para a atividade meio, ou seja, uma pequena

parcela da empresa, diversas empresas tomadoras criam empresas de “prestadoras” de fachada

para se beneficiar disso e burlar a lei. É possível que a terceirização possa ser benéfica, como

Page 128: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

por exemplo, no ato de tirar diversos trabalhadores dainformalidade, como também melhorando

nas relações de trabalho como um todo. Deve-se lembrar de que o verdadeiro fim de qualquer

empresa é a obtenção de lucros, assim, pode-se entender que todas as ações envolvidas por ela

são acessórias a essa finalidade. O projeto de lei, que há 11 anos visa à regulamentação da

terceirização, já foi votado e aprovado na Câmara dos Deputados, indo em seguida para o

Senado deliberar, quando o Congresso Nacional, câmara dos Deputados e o Senado Federal

terminarem de aprovar esse projeto, ele irá para o Executivo, vetar ou aprovar.

O Tribunal Superior do Trabalho no ano de 2011 reviu antigos posicionamentos de

súmulas que já estavam ultrapassadas, como mostra o Art. 71 da Lei 8.666 de 93, que diz: “A

administração pública não responderá por eventuais inadimplementos da empresa prestadora de

serviço em relação aos seus funcionários” discute-se muito acerca da constitucionalidade deste

dispositivo legal, muitos defendiam que ele era inconstitucional, porque a administração pública

tem o risco integral da responsabilidade objetiva, mais outros defendiam a sua

constitucionalidade dizendo que quando a administração pública contrata uma empresa

prestadora de serviços para prestar serviços meio, como limpeza, conservação, ela não estaria

investida de seu jus imperii (Direito do Estado de Imperar), ela estaria praticando mero ato de

gestão, e não pode ser considerado um serviço público, portanto não haveria vicio de

constitucionalidade neste dispositivo legal.

Em novembrode 2010 o Supremo Tribunal Federal, pela ADC (Ação Declaratória de

Constitucionalidade) nº166, que teve como relator o Ministro Cesar Peluso, declarou a

constitucionalidade desse dispositivo legal, sepultando a controvérsia, então o TST, quando

reviu todas as suas súmulas reviu também o posicionamento dasúmula 331, que retirou do

tomador público toda a responsabilidade subsidiária que agora sua culpa depende

principalmente da demonstração de culpa do tomador público, que passou pelo processo de

licitação que regulamenta a responsabilidade da empresa contratada, isentando assim ao

tomador a culpa em contrahendo (responsabilidade pré-contratual) e a culpa in elegendo (culpa

por ter escolhido o funcionário errado), restando apenas a possibilidade em caracterizar aculpa

6 Segundo o presidente do STF, isso “não impedirá o TST de reconhecer a responsabilidade, com base nos fatos de cada causa”. “O STF não pode impedir o TST de, à base de outras normas, dependendo das causas, reconhecer a responsabilidade do poder público”, observou o presidente do Supremo. Ainda conforme o ministro, o que o TST tem reconhecido é que a omissão culposa da administração em relação à fiscalização - se a empresa contratada é ou não idônea, se paga ou não encargos sociais - gera responsabilidade da União. A decisão foi tomada no julgamento da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 16, ajuizada pelo governador do Distrito Federal em face do Enunciado (súmula) 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que, contrariando o disposto no parágrafo 1º do mencionado artigo 71, responsabiliza subsidiariamente tanto a Administração Direta quanto a indireta, em relação aos débitos trabalhistas, quando atuar como contratante de qualquer serviço de terceiro especializado.www.stf.jus.br. Acesso em 10 de Outubro de 2015.

Page 129: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

in vigilando (que tem obrigação de vigiar). Outra novidade trazida pelo Inciso IV, é que diz que

a responsabilidade subsidiária do tomador de serviços abrange todas as verbas decorrentes da

condenação, então não se questiona mais se a obrigação é personalíssima da empresa

intermediadora.

Analisando a realidade no Estado7 nesse momento percebe-se que há uma dicotomia que

de um lado tem-se a natural proteção dos direitos trabalhistas, a natureza alimentar dessas

verbas, e todo o trabalho e o esforço dos operadores do direito em manter isso e em combater a

terceirização e permitindo apenas em atividade meio e atividade fim somente no trabalho

temporário, que tem por característica ser temporário, três meses podendo chegar até nove

meses, de outra sorte tem o país em momento de crise precisando manter e ofertar a vaga de

trabalho, o empresário com uma alta carga trabalhista, previdenciária e tributária, quem sabe a

terceirização sendo uma grande saída para os empresários com a continuidade da empresa e a

oferta de vagas de trabalho.

Num outro aspecto positivo é que um tema de tamanha relevância precisa ser

regulamentado, há muito tempo a sociedade e os aplicadores do direito vem exigindodo

Congresso Nacional a regulamentação, então o projeto de lei é positivo nestes sentidos, agora

como dosar esses aspectos positivos com os aspectos negativos evitando-se a precarização dos

direitos, a coisificação do trabalhador e a mercantilização do trabalhador, isto é que vem

gerando esse temor, por parte dos trabalhadores, por parte das categorias em dúvidas em relação

ao impacto de demissões, ao aumento de empresas fantasmas, e a questão de se a empresa

7 Fundamento: Após a Constituição Federal de 1988, é requisito essencial para a investidura em cargo ou emprego público a aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos. Desse modo, sob pena de ofensa ao dispositivo 37, inciso II e §2º da Constituição Federal Brasileira, o qual dispõe a aprovação em concurso público como regra para se estabelecer uma relação jurídica entre o indivíduo e a Administração Pública, a terceirização regular alcança somente serviços e não mão de obra. Nesse sentido cabe citar o voto proferido pelo emérito Ministro Marcos Vilaça no Acórdão 2.085/2005 – Plenário sobre a terceirização: “A terceirização de serviços na Administração Pública vem merecendo a atenção desta Corte de Contas já há algum tempo. A preocupação maior é a possibilidade de violação à exigência constitucional de concurso público para a contratação de servidores. Assim é que o Decreto nº 2.271/97, aplicável à administração direta, autárquica e fundacional, veda a execução indireta das atividades inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou entidade, ressalvada expressa disposição legal em contrário (art. 1º, § 2º). Com relação às empresas estatais e sociedades de economia mista, tem prevalecido nesta Corte entendimento coincidente com o expresso naquele Decreto, no sentido de que a terceirização é legítima, desde que não implique a execução de atividades inerentes aos quadros próprios dessas entidades”. Ademais, salienta-se que a terceirização ilícita no caso da Administração Pública acontece quando esta terceiriza a sua atividade fim descumprindo a lei e, assim, não sendo possível o reconhecimento do vínculo com a Administração por causa da regra constitucional do concurso público (art. 37, II, § 2º, da Constituição Federal) já mencionada.MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTASAUDITORIA INTERNA 1 de 6 Pelotas, 28 de novembro de 2013. ASSESSORIA TÉCNICA 06.2013 – AUDITORIA INTERNA Assunto: Terceirização Ilícita Elias Medeiros Vieira Auditor Interno Chefe da Unidade de Auditoria da UFPEL

Page 130: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

contratada irá dar conta de todas as relações triangulares, se na origem na área trabalhista a

relação sempre foi bilateral onde o trabalhador era o tomador de serviços.

Nessa perspectiva tem que esperar a aprovação do Projeto de Lei, para saber como ela

irá voltar com mudanças e também aguardar se a Presidente vai sancionar ou vetar o projeto e aí

se cria outra dúvida se esse projeto de Lei vai ser suscetível de inconstitucionalidade a ser

discutida pelo STF, e que tipo de inconstitucionalidade vai ter no projeto, partindo da premissa

de que o tema ainda não foi regulamentado pelo Congresso, porque não tem uma

regulamentação interior e ainda mais agravante quando se reportar a CF/88que não tem em si

nenhum dispositivo direto da constitucionalização, pois, o que se tem lá são os princípios de

dignidade da pessoa humana8, valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o trabalho como

direito social e primado da ordem econômica social, e não uma afronta direta literal. Mais de

todaa sorte como que o pretório excelso vai analisar esse projeto de lei a luz dos postulados

constitucionais envolvendo a área trabalhista.

CONCLUSÃO

A função de se executar a terceirização na educação pública não isenta o Estado de suas

responsabilidades com relação inclusive de fiscalização se a empresa terceirizada recolhe ou não

os referidos encargos e ainda da idoneidade da mesma. A terceirização defendida através de

projetos, visa facilitar e tirar a economia educacional da crise, de forma mais rápida, o que resta

saber é se essa forma será eficaz em seu pleno desenvolvimento. No Estado de Goiás, as

mudanças pleiteiam uma chance de ser inserida no contexto educacional, mesmo sendo

considerado por alguns inconstitucional, pois espera-se que com a legalidade os governos

possam minimizar o seu trabalho efetivo, diminuindo também as formas de remuneração, já que

o funcionário que vem das chamadas empresas prestadoras responderá no ministério do trabalho

como vindo do INSS, e assim não se configura profissional efetivo.

Pelo que tudo indica, o governo do Estado de Goiás vem empenhando em desenvolver

na administração pública novas experiências com investimento nas chamadas OSs(organizações

sociais). Na área de saúde esse processo já se encontra inserido desde 2011, e a próxima etapa

pleiteada pela administração pública estadual é a Educação que será submetida ao novo modo

8 Os princípios fundamentais da Constituição de 1988, tem como texto no Art. 1º do Preâmbulo: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm. Acesso em 10 de Outubro de 2015.

Page 131: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

administrativo terceirizado. O que se pergunta nas instituições é:Como essas empresas que não

tem experiência na área educacional poderão se envolver diariamente com a escola?

Se a ideia é viável ou não, o que se sabe é que a população ainda se encontra em

constantes dúvidas e uma rejeição profunda a essenovo modelo de gestão, enquanto o governo

avalia que a proposta é viável, a administração pública vem fazendo estudos de viabilização do

projeto, aguardando ansiosamente para conseguir esse apoio e ser implantado.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Fernando José. Aprender construindo: "A Informática se transformando com

os professores". Brasília: MEC / PROINFO.1999. p.19. Disponível em: <

http://www.proinfo.mec.gov.br > acesso em 06/06/05.

ALVES, Rubem. O desejo de ensinar e a arte de aprender. Campinas. Fundação EDUCAR

Dpaschoal, 2004.

Constituição Federal de 1988. www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm.

Acesso em 10 de Out de 2015.

Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 6, n. 11, p. 365-377, jul./dez. 2012. Disponível em:

<http//www.esforce.org.br>

Terceirização e desenvolvimento: uma conta que não fecha: / dossiê acerca do impacto da

terceirização sobre os trabalhadores e propostas para garantir a igualdade de direitos / Secretaria.

Nacional de Relações de Trabalho e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos

Socioeconômicos. - São Paulo: Central Única dos Trabalhadores, 2014. 56 p. ; il. ; 21x29,7 cm.

Page 132: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

O SOFTWARE COMO SISTEMA DE CONHECIMENTO NA BIBLIOTECA

Josefa Xavier de PAULA1

1Graduada em biblioteconomia, Universidade Federal do Pará (UFPA); Pós-graduanda em

Letramento Informacional, Universidade Federal de Goiás (UFG); Bibliotecária da Faculdade

de Iporá.

RESUMO

Competitividade é uma necessidade das grandes organizações, entre várias formas estão os

sistemas de informação que oferecem diversas alternativas, além de fornecer informações em

tempo hábil assim como modernizar o armazenamento disseminação e recuperação de dados,

em especial nas bibliotecas que tem passado por grandes transformações nos últimos anos,

Page 133: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

pelo crescente conteúdo digital, um dos meios de organização e agilidade na disponibilização

da informação. Com o objetivo de verificar como um sistema de informação pode ser

transformado para sistema de conhecimento por meio dos softwares de biblioteca, definindo

os conceitos de sistemas de informações e conhecimento, e a importância das Tecnologias de

Informação e Comunicação na função das bibliotecas para se tornarem mais acessíveis e

disponíveis ao conhecimento humano, de forma que as competências informacionais deem

autonomia aos usuários. Verificou-se que os sistemas de informação se colocam como grande

aliado no suporte à gestão estratégica de informação e conhecimento no ambiente

biblioteconômico. Na biblioteca por meio dos softwares pode-se afirmar que há uma

transformação de informações em conhecimentos voltados estrategicamente para a gestão no

seu ambiente. E concluindo que sistemas de informação e conhecimento se colocam como

grande aliado no suporte à gestão estratégica de informação e conhecimento nos processos

que precisam ser desenvolvidos para o melhor desempenho dos serviços oferecidos.

Palavras-chave: Sistema de informações; Sistemas de conhecimentos; tecnologia de

informação; software; biblioteca

INTRODUÇÃO

Na sociedade atual competitividade é uma necessidade das grandes organizações, entre

diversas formas estão os sistemas de informação que oferecem diversas alternativas, além de

fornecer informações em tempo hábil assim como modernizar o armazenamento disseminação

e recuperação de dados. Inserindo nesse contexto as bibliotecas que tem passado por grandes

transformações nos últimos anos, pelo crescente conteúdo digital, um dos meios de

organização e agilidade na disponibilização da informação são os softwares de

armazenamento e organização de informações.

A evolução da internet trouxe muitas possibilidades de se conectar, e buscar

informação. E a informação se tornou num produto de valor e interesses sociais e econômicos.

Por isso Bem (2015), afirma que aspectos como qualidade da informação e seu interesse para

o utilizador humano ou para a organização tem-se apresentado como determinantes do

sucesso dos sistemas de informação e gestão do conhecimento.

OBJETIVO

Com o objetivo de verificar como um sistema de informação pode ser transformado

para sistema de conhecimento por meio dos softwares de biblioteca, definindo os conceitos de

sistemas de informações e conhecimento, e a importância das Tecnologias de Informação na

função das bibliotecas para se tornarem mais acessíveis e disponíveis ao conhecimento

humano, de forma que as competências informacionais deem autonomia aos usuários.

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO

Page 134: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Atualmente é fundamental a importância dos sistemas de informação como forma de

organização da informação, de fatores essenciais para o sucesso de uma organização, assim a

gestão do conhecimento tem sido compreendida como diferencial para o sucesso das

organizações.

Alavi&Leidner (1999), definem os sistemas de gestão do conhecimento como sistemas

de informação concebidos para facilitar a partilha e integração do conhecimento. Nesse

contexto, o software de gerenciamento de bibliotecas desempenha o papel de facilitar a

integração de informações nele contidas além de outras funções.

Segundo Bem (2015), a gestão do conhecimento nas bibliotecas, principalmente

universitárias tem o propósito de ampliar o papel do bibliotecário para gerenciar todos os tipos

de informação e conhecimentos tácitos para o benefício da biblioteca.

Um dos desafios encontrado pelas bibliotecas hoje em dia é que ser vistas como

espaços tradicionais de estudo, além de ser repositórios digitais de informação e

conhecimento com uso de ferramentas de tecnologia de informação, para recuperação,

organização, disseminação e uso da informação. A gestão do conhecimento deve considerar a

dualidade de conhecimento existente em bibliotecas, reconhecendo, pelo menos, dois níveis

de conhecimento, diferentemente das demais organizações, os conhecimentos dos servidores e

os conhecimentos para os usuários, que consistem principalmente no acervo, como defende

Dong (2008) e Porumbeanu (2009).

Segundo Alter (1996) os sistemas são classificados em oito tipos de sistemas de

informação, os quais são entendidos como sistemas de suporte à tomada de decisão. São assim

considerados os sistemas de automatização de escritório, os sistemas de comunicação, os

sistemas de processamento de transações, os sistemas de informação de gestão, os sistemas de

informação executivos, os sistemas de informação de suporte à decisão, os sistemas de

execução e os sistemas de apoio a grupos.

SOFTWARES PARA BIBLIOTECAS

Tem sido recorrente e só aumenta na atualidade, a necessidade de se ter um computador

e a influência que os mesmos têm sobre nossa rotina diária de atividades. O computador

funciona com o auxílio dos programas que os conduzem em suas operações, esses programas,

são denominados softwares. De acordo com Sawaya (1999, p. 436) software é “suporte

Page 135: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

lógico, suporte de programação, um conjunto de programas, métodos e procedimentos, regras

e documentação relacionados com o funcionamento e manejo de um sistema de dados”.

A história dos softwares para bibliotecas iniciou-se através da inserção da informática

na sociedade, paralelamente ao seu desenvolvimento e as novas tecnologias da

informatização. Primeiramente com softwares que emitiam listagens em forma de referências,

ou fichas catalográficas, como o D-BASE, para serem utilizadas nos catálogos de fichas das

bibliotecas. É importante ressaltar também que nas bibliotecas de grande porte, na década de

70 eram utilizados os computadores Mainframe da IBM. Onde os softwares desenvolvidos

para aplicações em computadores de grande porte, se, por um lado, possuíam grande

capacidade de armazenamento de dados, por outro, não permitiam a alimentação em tempo

real e exigiam infraestrutura computacional com equipes altamente especializadas e ambientes

totalmente apropriados, colocando as bibliotecas, os bibliotecários e os usuários totalmente

dependentes da tecnologia com pouca agilidade na prestação de serviços.

Com o passar dos anos e possibilidade de novas tecnologias, bibliotecas estão se

informatizando com o objetivo de melhorar o atendimento aos usuários, proporcionando-lhes

melhorias na recuperação de informações contidas em suas bases de dados. Sendo assim,

diversas ferramentas ligadas à tecnologia da informação, como a internet, e um sistema de

gerenciamento de bibliotecas se tornaram essenciais na atualidade, pois esses

estabelecimentos têm a informação como um dos principais produtos e fazem parte da

chamada “indústria da informação”.

Para o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) (199? apud

DUTRA 2004 p. 3), o processo de automação de bibliotecas consiste nas diferentes

utilizações dadas através de equipamentos de processamento eletrônico de dados em

atividades ligadas à gestão em bibliotecas, centros de administração, serviço de informação e

órgãos similares.

Nos anos 60, nos Estados Unidos, mais precisamente na Library ofCongress iniciou-se

o processo de automação de procedimentos técnicos em bibliotecas. Um dos problemas mais

importantes das bibliotecas era o controle de empréstimos, onde não se podia obter em pouco

tempo uma lista de obras emprestadas aos leitores, pois não existiam terminais e as máquinas

existentes trabalhavam a base de cartões perfurados. Cada vez que se efetuava um

empréstimo, era preciso perfurar uma série de cartões, o que era um processo incômodo lento

e sujeito a erros. Com isto, o setor de empréstimos foi o primeiro a ser automatizado. Com o

sucesso dessa mecanização, diversos setores tornaram-se autônomos, como exemplo, a

Page 136: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

confecção de catálogos. A cada dado novo introduzido nestes catálogos ficava retido em sua

base e os dados que fossem iguais aos já inseridos não eram introduzidos novamente.

Um dos serviços oferecidos pela Library ofCongress, até hoje, é que as bibliotecas

podem solicitar cópias de suas fichas catalográficas simplificando seu trabalho de

catalogação. Para que isto acontecesse, era necessário um formato normalizado que permitisse

que todas as bibliotecas pudessem ler seus registros e incorporar ao seu acervo. Então, foi

desenvolvido um padrão que continha todas as informações bibliográficas necessárias de um

documento, denominado MARC2 (CORRÊA, 2001). O termo MARC vem da expressão em

inglês: MAchineReadableCataloging, onde MachineReadable (legível por máquina) quer

dizer que um computador pode ler e entender os dados de um registro bibliográfico.

Assim que uma ficha catalográfica fosse somente digitada no computador, pois o

mesmo não conseguiria decifrar os elementos de informação contidos na ficha. Assim, cada

característica das informações contidas numa catalogação bibliográfica precisa ser

identificada para que o computador possa traduzi-la para sua linguagem e este é um dos

objetivos do formato MARC. Assim também os registros MARC são catalogados através das

normas do Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR) e da Classificação Decimal de

Dewey (CDD). Este formato se disseminou incrivelmente, pois permitia que as bibliotecas

pudessem dispor dos registros da Library ofCongress em suporte eletrônico para criar seu

próprio catálogo. (HÜBNER, 2005).

Com o desenvolvimento de sistemas de gerenciamento, trouxe maior agilidade no

tratamento e na recuperação das informações. No entanto, estes sistemas funcionavam de

forma particular e eram construídos para solucionar problemas específicos de cada biblioteca.

Algum tempo depois, surgiram softwares que atendiam praticamente a todas as necessidades

gerais de uma biblioteca e eram relativamente de baixo custo. Com isso, várias bibliotecas que

antes não podiam ter seus acervos automatizados por causa do alto custo de um programa

exclusivo, agora dispunham desta nova tecnologia. No Brasil, a automação das bibliotecas

iniciou-se nos anos 80.

O mais importante é, a que suporte físico a informação encontra-se vinculada, é a

rapidez e exatidão que o usuário irá satisfazer suas necessidades sobre informação. Quanto

antes a informação for disponibilizada, mais rápido será o grau de satisfação do cliente e a

agilidade é atingida com a inserção da informática nos serviços da biblioteca. Atualmente, o

objetivo da biblioteca é disponibilizar a informação, não importa o suporte que ela esteja.

Page 137: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

A informação não é avaliada pelo suporte físico, mas sim pela sua utilidade, e ela agora

pode ser reprocessada ao gosto do freguês (SILVA; ABREU 1999, p. 102 apud MORIGI;

SOUTO 2005 p. 194). A informatização da biblioteca não pode acontecer sem fundamento e

de modo desordenado. Implantar um sistema de informatização nas bibliotecas é um processo

cada vez mais complicado pelas características dos serviços e a variedade das informações a

serem tratadas e dispostas para acesso e uso. Requer planejamento cuidadoso e sistemático.

IMPORTÂNCIA DAS TECNOLOGIAS NA BIBLIOTECA

Com a utilização das tecnologias dos PCs (PersonalComputers) e o desenvolvimento

das Tecnologias da Informação e Comunicação, os diversos modelos de softwares foram

sendo atualizados e desenvolvidos para uma parcela do mercado que não tinha acesso a

computadores de grande porte. Acompanhando sempre o desenvolvimento da Tecnologia da

Informação e o desenvolvimento dos Sistemas Operacionais.

A modernização das bibliotecas está diretamente ligada à automação de rotinas e

serviços, com o intuito de implantar uma infraestrutura de comunicação para agilizar e

ampliar o acesso à informação pelo usuário, tornando-se necessário haver uma ampla visão da

tecnologia da informação e sua aplicação (CÔRTE et al., 1999, p. 242).

Os softwares para bibliotecas surgiram através de diversas implementações e

desenvolvimentos, aliados aos recursos de Tecnologia da Informação existentes nas

Instituições de ensino e empresas. Desenvolveram-se inúmeros softwares, utilizando os

requisitos mínimos de informações sobre catalogação, a organização de cabeçalhos de

assuntos e a padronização automática de índices, tendo como padrão principal de formatação

dos dados, o formato MARC. Assim então, as bibliotecas começaram a implementar bases de

dados também nos formatos padronizados e utilizados para a catalogação, conforme os

padrões adotados internacionalmente. Tendo seus dados organizados para estes padrões e o

formato de importação de dados MARC, as bases de dados começaram a se interligar e a ter

um padrão mínimo para a área biblioteconômica.

Atualmente as bibliotecas têm a função de tornar acessíveis e disponíveis o

conhecimento humano, independentemente de seu suporte, pois para tal, nelas são realizadas

diversas atividades: catalogação; indexação; classificação; atendimento; pesquisa;

preservação; empréstimo, entre outras. Além dessas atividades tradicionais, somam-se outras

Page 138: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

que estão associadas à exigência do usuário no desenvolvimento de suas competências

informacionais.

O desenvolvimento das competências informacionais contribui para uma decisão com

mais autonomia, na busca, escolha, recuperação e uso da informação. Para tanto, torna-se

necessário o uso de ferramentas (bases de dados, gerenciadores bibliográficos, mecanismos de

busca, bibliotecas virtuais/digitais, normas, padrões, etc.) para a gestão dessas etapas, além de

um profissional competente.

Para Maciel e Mendonça (2006), as bibliotecas precisam ser vistas como instituições e,

como tal, necessitam de diretrizes para a sua gestão. Nesse contexto, caracterizado pelo

advento de tecnologias e novas tendências ― em que a informação se prolifera e, cada vez

mais, decidir-se sobre conteúdos confiáveis é uma tarefa que exige dedicação ― o conceito de

biblioteca e Biblioteconomia tem se modificado. De acordo com Chandra (2006), as

bibliotecas estão migrando para novas modalidades, estão sendo chamadas de “centrais de

conhecimento”, e tratadas como recursos de conhecimento, centros de criação e recriação de

atividades acadêmicas. Os espaços de conhecimento contemporâneos são destinados a

promover o compartilhamento e a criação de conhecimento, reunindo recursos das bibliotecas

tradicionais e serviços que utilizam ferramentas de tecnologia avançadas para a descoberta,

uso e apresentação de informações de forma eficaz. Incluem acesso on-line à informação e

suporte técnico, bem como ambiente físico (DOVE, 2004 apud GREENE, 2006).

Nesse sentido, as bibliotecas precisam reinventar-se para que continuem a fazer a

diferença em seu ambiente, incrementando e disponibilizando novos serviços, considerando

que, de acordo com Mittrowann (2009), a biblioteca do futuro é aquela que vai conseguir

adaptar-se às mudanças tecnológicas e demográficas, além de atender às necessidades dos

usuários.

Assim, as bibliotecas, têm desempenhado importante papel na oferta de capacitação de

usuários, com o intuito de prover competência na busca de informações com segurança,

confiabilidade e rapidez, tornando-os aptos a lidar com as tecnologias disponíveis e fazer

delas o melhor uso. Nesse contexto, de fontes de informação disponíveis em larga escala e uso

intensivo de tecnologias, o papel dos bibliotecários e das bibliotecas volta-se mais para uma

função educativa. Por isso o conceito de “centrais de conhecimento” está atrelado aos espaços

físicos que se modificam para atender a essa nova modalidade de bibliotecas, em que são

necessários serviços especializados, especialmente com relação a função “educativa” para o

uso das tecnologias e recuperação de uma informação de qualidade.

Page 139: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Na segunda metade do século XX, surgiu um novo padrão social, técnico e econômico

onde as atividades humanas passaram a estar centradas e organizadas em torno das atividades

que envolvem a produção, recuperação e uso da informação e do conhecimento, amparados

nas tecnologias de informação e comunicação (CARVALHO, 2004).

SISTEMA DE INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO NA BIBLIOTECA

Geralmente quando se usa a expressão “sistema de informação”, logo a associamos ao

uso da Tecnologia como máquinas, sistemas e programas que coletam, organizam dados que,

de forma geral, facilitam gestão de conhecimento e da informação gerados dentro de uma

organização. Importante ressaltar que apenas a tecnologia da informação com todos os seus

aparatos tecnológicos não garante o bom desempenho administrativo em uma organização. A

TI deve ser tratada como um dos recursos de apoio à gestão, o que facilita no controle, na

organização e disseminação de informação e conhecimento como ponto estratégico da gestão.

A compreensão dos sistemas de informação e conhecimento é necessária como forma

de organização da informação e da gestão do conhecimento, de entendimento dos fatores

críticos do sucesso de uma organização ou resolução de um problema ou de um processo de

negócio, de análise de fatores externos e de delimitação do âmbito do próprio sistema de

informação e conhecimento. A evolução da Web veio criar novas oportunidades e novas

formas de aplicabilidade e análise dos sistemas de informação e conhecimento, os quais

poderão funcionar como sistemas independentes e acessíveis a qualquer utilizador de Internet.

Pode-se dizer que um software é um Sistema de Informação, partindo do conceito de

Arter (1996) que um sistema de informação é um sistema que utiliza tecnologia para capturar,

transmitir, armazenar, devolver, manipular ou mostrar informação usada em um ou mais

processos de negócio. Juntar possibilidades e características da internet com sistemas de

informação tem sido uma das principais formas de disseminação do conhecimento e

informação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Informatizar os processos e rotina de trabalho de bibliotecas, privilegiando não só a

construção de uma base de dados, mas também a melhoria na aera gerencial e o atendimento

as necessidades do usuário é uma tarefa que exige uma certa complexidade, e a tecnologia da

informação facilitaram isso, pode-se dizer que é um cenário permanentemente em mudança.

Se por um lado é importante que o software esteja perfeitamente funcionando e seja “fonte de

informação e conhecimento ao usuário”, atendendo o nível de exigência dos usuários, por

Page 140: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

outro lado deve ter condições de, com base na sua potencialidade, desenvolver projetos

específicos que contemplem as peculiaridades de cada usuário sem descaracterizar o produto

na forma que ele é apresentado aos demais.

Utilizar de forma inteligente o conhecimento suscita um conjunto de experiências,

mitos, valores e cultura. Informação é definida, a partir da leitura de dados que são

transformados também em conhecimentos. Como um autor já definia no início desse artigo

que sistema de informação pode ser chamado de sistema de conhecimento, ou seja o sistema

de conhecimento e informação é a transformação de informações em conhecimentos voltados

estrategicamente para a gestão na biblioteca. Nesse sentido, os sistemas de informação se

colocam como grande aliado no suporte à gestão estratégica de informação e conhecimento no

ambiente biblioteconômico.

Na biblioteca por meio dos softwares pode-se afirmar que há uma transformação de

informações em conhecimentos voltados estrategicamente para a gestão no seu ambiente.

Informações que são uteis no dia a dia na biblioteca em processos como relatórios,

informações de usuários, e bases que dão suporte a construção de diversos documentos. Nesse

sentido, os sistemas de informação se colocam como grande aliado no suporte à gestão

estratégica de informação e conhecimento nos processos que precisam ser desenvolvidos para

o melhor desempenho dos serviços oferecidos.

Sendo assim, a gestão do conhecimento e informação, portanto, é contínua e deve ser

alinhada a um conjunto de processos, ideias e recursos tecnológicos que servem para alcançar

os elementos direcionais de uma organização, ou seja, metas, missão e visão estratégica. O

conhecimento é ponto chave na gestão estratégica de qualquer organização. Usar o

conhecimento em benefício da própria instituição e em benefício da sociedade, sendo a

empresa pública ou privada, é ponto focal da aplicação do conhecimento, mais do que nunca é

um dos principais papeis da biblioteca, disponibilizar informação de qualidade aos usuários.

REFERENCIAS

ALAVI, M.; LEIDNER, D. Knowledge Management Systems: issues, challenges and

benefits. Communication of the association for information systems. n. 1, pp. 1-28

ALTER, S., 1996. Information Systems: a management perspective.

BEM, Roberta Moraes de. Framework de Gestão do Conhecimento para Bibliotecas

Universitárias. 2015. 346p. Dissertação (Mestrado em Engenharia do Conhecimento) -

Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-Graduação em

Engenharia e Gestão do Conhecimento, Florianópolis, 2015.

Page 141: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

BRASIL. Ministério da Educação. Presidência da República. Lei n° 4. 084, de 30 de junho de

1962. Brasília, 1962. Disponível

em:<http://www.cfb.org.br/UserFiles/File/Legislacao/Lei4084-30junho1962.pdf>. Acesso

em: 15 jul. 2017.

CARVALHO, I. C. L. A socialização do conhecimento no espaço das bibliotecas

universitárias. Niterói: Intertexto. Rio de Janeiro: Interciência, 2004.

CHANDRA, H. Planning, Design and Construction of the Central Library Building as

Dynamic Engine and Multi-Functional Complex facilitating the Sharing, Interaction and

Exchange of Learning, Research Experiences, Knowledge and Information to achieve

Academic. In: IFLA CONFERENCE, 72, 2006, Seoul. Proceedings… Seoul, 2006.

CORRÊA, E. C. D. Formação do bibliotecário catarinense e as novas tecnologias:

contribuição da ACB e do CRB-14. Revista ACB, Florianópolis v. 6, n. 1, p.7-27, 2001.

Disponível em: <https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/358> Acesso em: 30 maio 2017.

CÔRTE, A. R. et al. Automação de bibliotecas e centros de documentação: o processo de

avaliação e seleção de softwares. Ciência da Informação, Brasília, v. 28, n. 3, p. 241-256,

set./dez. 1999. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ci/v28n3/v28n3a2.pdf> Acesso em:

30 maio 2017.

DONG, E. X. Using blogs for knowledge management in libraries. CALA Ocasional Paper

Series. n. 2, p. 1-7, nov. 2008. Disponível em:

<http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=lih&AN=35849323&lang=pt-

br&site=ehost-live>. Acesso em: 12 jul. 2017.

DUTRA, A. K. F.; OHIRA, M. L. B. Informatização e automação de bibliotecas: análise das

comunicações apresentadas nos seminários nacionais de bibliotecas universitárias (2000, 2002

e 2004). Informação & Informação, Londrina, v. 9, n. 1/2, jan. dez. 2004. Disponível em: <

http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/view/1725/1476> Acesso em: 12

jul. 2017

GREENE, A. From Library to Knowledge Center: building a website to the community.

Library Philosophy & Practice: introduce a new building, v. 9, n. 1, p. 1-17, 2006.

Disponível em:

<http://digitalcommons.unl.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1097&context=libphilprac>.

Acesso em: 15 jun. 2017.

HÜBNER, E. ISISMARC: uma solução que faltava. In. CONGRESSO MUNDIAL DE

USUÁRIOS DE CDS/ISIS, 2, 2005, Salvador. Anais eletrônicos... Salvador: UNESCO,

2005. Disponível em: < http://bibliodata.ibict.br/geral/docs/Artigo_Edwin.pdf> Acesso em: 8

jul. 2017

MACIEL, A. C.; MENDONÇA, M. A. R. Bibliotecas como organizações. 1. ed. rev. Rio de

Janeiro: Interciência; Niterói: Contexto, 2006.

MITTROWANN, A. Strategic, digital, human: the library of the future: a view international

developments by a German Library Supplier. Public Library Quarterly, v. 28, p. 193-203.

DOI: 10.1080/01616840903106949.

Page 142: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

MORIGI, V.J.; SOUTO, R.L. Entre o passado e o presente: as visões de biblioteca no mundo

contemporâneo. Revista ACB, Florianópolis, v.10, n. 2, p. 189-206, jan./dez., 2005.

Disponível em: <https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/432> Acesso em: 28. jun. 2017.

PORUMBEANU, O. L. Strategic model for implementing knowledge management in

libraries or information services. Library & Information Science Research, n. 13, p. 89-

105, 2009.Disponível em:

<http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=lih&AN=47272043&lang=pt-

br&site=ehost-live>. Acesso em: 12 jul. 2017.

Sawaya, M. R. Dicionário de Informática e Internet. São Paulo: Nobel, 1999.

EDUCAÇÃO COMO ELEMENTO FUNDAMENTAL NA PRODUÇÃO DO SETOR

AGRONEGÓCIO

Raimundo Fonseca Pinheiro1

O autor do presente artigo 1Graduado em Pedagogia, Economia e Administração, Mestre em

Administração e Doutor em Administração ([email protected],br)

Page 143: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

RESUMO

Este projeto de pesquisa visa verificar se a educação fornecida pela Agrorural Credit

Cooperative é uma alternativa viável à qualidade de vida. O objeto de estudo refere-se à

qualidade de vida dos membros e seu relacionamento com a educação prestada pela

cooperativa de crédito agrorural - CREDIGOIÁS AGRORURAL. Para alcançar o objetivo

proposto, será levantada a estrutura organizacional do CREDOGOIÁS, incluindo a educação

prestada aos membros da cooperativa, relacionada à capacitação e capacitação, bem como a

sua participação na "vida" da Cooperativa e, demonstrando o uso da orientação recebida antes

e depois. A modalidade de pesquisa "quase experimental" será utilizada como método de

estudo, de acordo com (Gil, 1995, p.70). Portanto, os instrumentos fornecidos pela educação

cooperativa serão analisados através do treinamento oferecido à cooperativa, incluindo:

máquinas, técnicas de uso da terra e a influência da participação da cooperativa na vida da

cooperativa. Os dados, coletados através de questionários, pesquisas documentais e

entrevistas, serão analisados estatisticamente. As perguntas abertas terão um tratamento

qualitativo-descritivo. Neste estudo, chamou a atenção para o fato de que a educação

fornecida pela Cooperativa de Crédito Agrorual o deve ser seguida por outras organizações

cooperativas de crédito do país e também pela administração de recursos humanos, que deve

priorizar treinamento e qualificação do produtor rural e a melhoria da qualidade de vida, como

a principal tarefa de uma cooperativa.

Palavras chave: Produtor rural, iniciativa, cooperativa.

EDUCAÇÃO NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Na produção agrícola, a Educação assume significado ainda maior em virtude das

peculiaridades do setor agropecuário, onde os trabalhadores que compõem esse setor apresentam

um baixo grau de conhecimento técnico.

O primeiro passo é compreender essa situação e saber conduzir esse processo, criando

condições conforme a realidade, baseando-se em treinamento da comunicação escrita; outro

passo é a educação para a qualificação do trabalhador do setor agropecuário, trabalho esse assim

entendido: “é sabida a importância do homem para a organização, não apenas como mão-de-

obra produtiva, mas principalmente como portador de crenças, valores e culturas. Se deseja que

a qualidade representada não seja apenas mais um programa de curta duração, e passe a fazer

parte do conjunto de valores e da cultura da organização, é um dever dirigir grande ênfase ao

aspecto humano” (SIDAR).

A EDUCAÇÃO NO SETOR AGROPECUÁRIO

No setor agropecuário o trabalho é considerado educativo, mesmo com o intelectual, em

que o trabalhador executa uma determinada tarefa, sendo a mão-de-obra o único fator de

produção capaz de auto evoluir e promover crescimento qualitativo e quantitativo nas operações

Page 144: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

da empresa, sem alterar quantitativamente as tarefas neste setor, que são as mais variadas

possíveis.

Assim sendo, a empresa cooperativa precisa valorizar alguns aspectos relacionados aos

recursos humanos, tais como: conhecer o número de trabalhadores disponíveis para executar

todos os serviços existentes no setor agropecuário, levando-se em conta pessoas da família,

empregados permanentes e temporários observando-se a qualidade da mão-de-obra, que deve

ser medida pelo conhecimento que o trabalhador dispõe sobre as tarefas que lhe são atribuídas e

por sua habilidade em executá-las. Se os trabalhadores não têm habilidade e conhecimento sobre

as tarefas, é importante montar um Programa de Educação com treinamento voltado para área de

plantio. A produção agropecuária exige, na maioria das vezes, altos investimentos em máquinas

e equipamentos e, para se obtiver maior retorno, os operadores devem receber um treinamento

adequado.

Um estudo realizado no sum de Minas Gerais, por técnicos da Escola e Lavras (ESAL),

constatou que o empresário rural, no caso específico o cafeicultor, possui maior interesse em

sua própria capacitação que na de seus empregados. No entanto, a maioria dos agricultores

pesquisados considera o treinamento, tanto próprio quanto o de seus funcionários, como um

recurso importante para a obtenção de maiores resultados econômica em seus negócios. Outro

estudo, também desenvolvido pela ESAL, apontou que atividades de treinamento estão

estreitamente relacionadas com administrações mais eficientes (SOUZA). Em outras palavras,

os agricultores que obtiveram maior êxito em suas atividades aos aqueles que se preocuparam

com o treinamento da mão-de-obra.

Através dos estudos acima, enfocados, entende-se que um programa de treinamento é um

elemento chave na preparação da mão-de-obra do trabalhador rural também o é na do próprio

empresário do setor agropecuário. Para Duque (1982), o treinamento pode ser considerado do

ponto de vista econômico, à medida que a finalidade de suas atividades, encontre justificativa e

quando consegue, para a empresa, os resultados financeiros de que ela necessite para alcançar

suas metas.

No que diz respeito aos aspectos de natureza eminentemente social, pelo seu poder de

penetração na organização e pela capacidade de “despertar” as pessoas para o descobrimento de

suas potencialidades, maioria das vezes latentes e/ou reprimidas por falta de algumas

oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. Diz respeito, enfim, ao fator político,

como estratégia aplicada aos princípios norteadores do setor Agronegócio.

A EDUCAÇÃO ALIADA AO TREINAMENTO DO PRODUTOR RURAL.

Page 145: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

A Educação como um programa de treinamento para o produtor rural, não é uma

exceção a esse modelo. Ele deve perseguir objetivo e ser administrativo em consonância com as

mudanças no setor Agronegócio e em sua política de produção. Deve ser o guiado profissional

no caminho da perfeição técnica e na busca da Qualidade de Vida do produtor Rural. Não se

pode, entretanto, realizar sozinha a meta de preparar os trabalhadores para uma produtividade

imediata.

De outro modo, a organização estará sujeita aos infindáveis problemas de treinamento e

de força de trabalho ineficaz. Conforme Gilralde (1980), o treinamento não pode ser vítima da

tradição e deve concentrar seus esforços nas necessidades reais do passado e do presente, com

uma visão de futuro. Deve visar ao pleno sucesso, englobando outros fatores apresentados sob

forma de motivação, recompensa, promoção, desempenho emérito, mais deve fundamentar-se

na produtividade e na qualidade, e não apenas na metodologia.

Como se pode deduzir, a Educação não se refere aqui exclusivamente à programade

treinamento disponível ao produtor rural. O conceito utilizado inclui a criação de condições

propulsoras de bem-estar social dos trabalhadores e de suas famílias, da valorização de suas

propriedades rurais e da adequada utilização de técnicas tais como:

- manuseio de pastos e conservação do solo;

- utilidade da ordenha na retirada do leite;

- manuseio de agrotóxicos (defensivos agrícolas).

Manuseio de Agrotóxicos

A poluição é hoje um problema sério em muitas partes do mundo. Grande parte dela é

causa pelos processos industriais, usados para gerar energia e matérias de consumo. Técnicas

agrícolas modernas também poluem o meio ambiente.

Muitos dos materiais que chamamos de poluentes existem na natureza. Entretanto, tais

substâncias podem facilmente se tornar nocivas quando artificialmente introduzidas em grandes

quantidades. As substâncias químicas conhecidas por nitratos, por exemplo, ocorrem

naturalmente no solo e são essenciais para o crescimento das plantas.

Por isso, agricultores adicionam ao solo uma grande quantidade de fertilizantes à base de

nitratos, com o objetivo de favorecer o desenvolvimento de suas plantações. As plantas

rapidamente absorvem os elementos químicos contidos nos fertilizantes, se fortalecem e

produzem melhores safras do que aquelas áreas não tratadas com fertilizantes.

Infelizmente, as plantas não absorvem todo o nitrato depositado no solo. O processo de

absorção leva cerca de três dias e, durante esse período, a água da chuva pode acaba carregando

Page 146: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

o nitrato contido nas camadas mais superficiais do solo. Este problema é típico de áreas bem

drenadas, onde os agricultores deve aplicar uma grande quantidade de fertilizantes para

assegurar uma absorção satisfatória por parte das plantas. O nitrato restante, contido no

fertilizante não absorvido, escoa, por canais e córregos, para dentro de represas e lagos.

Eutrofização de lagos e represas

Nitrogênio e fósforo, na forma química conhecida por nitratos e fosfatos, contribuem

para o crescimento das plantas. Entretanto, se estes nutrientes químicos se acumulam em águas

paradas, as algas, plantas aquáticas microscópicas, utilizam como fonte de alimento e se

multiplicam rapidamente. Em pouco tempo, o lago é asfixiado por uma massa iodos a verde

formada por essas algas. Este processo é chamado de eutrofização.

As algas consomem parte do oxigênio dissolvido na água, mas, pelo menos durante o

dia, também produzem oxigênio, resultante do processo de produção de alimentos fotossíntese.

Depois de algum tempo, contudo, as algas começam a morrer, depositando-se no fundo do lago.

Lá, grandes quantidades de bactérias se alimentam do material vegetal morto, consumindo

muito oxigênio de água. Consomem tanto oxigênio, que nada deixam para outras formas de

vida, que também acabam morrendo. As bactérias se multiplicam e a represa e o lago se tornam

estagnados e desprovidos de vida.

O nitrato também é levado para lençóis freáticos e rios, usados como fonte de água

potável. Acredita-se que a alta concentração de nitrato da água consumida pode provocar sérias

consequências. Quando o nitrato penetra no sistema digestivo de uma pessoa, bactérias o

convertem em nitrato. Essa substância química impede que o sangue absorva oxigênio de modo

satisfatório e, quando presente em dose concentrada, pode ser perigosa. O problema é raro em

adultos, mas bebês correm sérios riscos.

Os fertilizantes artificiais não são a única fonte de nitratos, que estão presente no

estrume, encontrado nos pastos e chiqueiros das fazendas, e que tem sido usado pelos homens

do campo há centenas de anos. Durante o inverno, quando os animais são recolhidos e

acomodados em celas forradas de palha, o esterco se mistura com a palha, formando adubo.

Usada com moderação, essa mistura é pouco poluente.

Ela elimina mais lentamente os nutrientes que possui do que os fertilizantes artificiais,

além disso, o material orgânico contido no estrume ajuda as melhorar o solo. Contudo, quando

usado em excesso, o esterco pode contribuir para o aumento da poluição.

Entretanto, o estrume de gado é usado com menos frequência. Técnicas agrícolas

modernas geram uma substância muito mais concentrada, conhecida como pasta

Page 147: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

excrementicial– um material semilíquido, composto quase inteiramente de estrume e urina. Esta

pasta é produzida por animais criados em grande escala, como gado e porcos. Um grande

número destes animais é mantido dentro de instalações especiais, onde são alimentados com

rações concentradas. Os animais produzem enormes quantidades de dejetos. Nos Países Baixos,

em 1986, os criadores de porcos produziram 97 milhões de toneladas de pasta, 28 milhões de

toneladas a mais do que seriam capazes de utilizar.

As massas de dejetos animais estão se tornando rapidamente uma séria ameaça para o

meio ambiente. Como os excrementos humanos, trata-se de uma massa de material em

decomposição. As bactérias responsáveis pelo processo de decomposição necessitam de muito

oxigênio. Os dejetos humanos são enviados para estações de tratamento de esgoto. Mas a massa

semilíquida de excrementos animais, de quantidade muito maior que os dejetos humanos, é

estocada nas próprias fazendas, em fossas ou tanques.

Muito frequentemente esses recipientes vazam ou transbordam, causando grandes

prejuízos ambientais para riachos e rios das redondezas. Peixes e outros animais morrem por

asfixia, à medida que seu oxigênio é consumido. Esta pasta fecal não tratada é com frequência

espalhada diretamente sobre os campos, de onde pode ser levada para os rios pela chuva.

Um tipo de poluição, ainda mais grave, pode ser cuidado por uma exalação típica das

fazendas, conhecidas pelo eflúvio de silagem. Silagem é um alimento de inverno obtido pela

fermentação de capim recém-cortado. O processo de fermentação produz um líquido muito

ácido chamado de eflúvio ou efluente. Quando bem feita, a silagem produz pouco eflúvio.

Entretanto, se o capim estiver muito úmido, ou não tiver sido deixadas no campo para secar o

suficiente, grandes quantidades de eflúvio serão produzidas. Assim como a massa de dejetos

animais, os eflúvios de silagem se espalham pelos campos e ás vezes atingem riachos e rios.

AGROTÓXICOS (DEFENSIVOS AGRÍCOLAS): UM ENFOQUE.

Os grãos que os agricultores cultivam não são fonte de alimento exclusiva dos homens.

Também exercem o papel de uma despensa bem guarnecida e de fácil acesso para uma enorme

variedade de seres vivos, como por exemplo, os insetos (pragas). Algumas dessas pragas podem

devastar plantações e o homem do campo trava verdadeira guerra contra elas. As armas usadas

são substâncias químicas que matam organismos vivos – os agrotóxicos ou biocidas.

Existem três grupos principais de organismos contra os quais são usados agrotóxicos:

Plantas daninhas são plantas que crescem onde não são bem-vindas, muitas, por

exemplo, desenvolvem-se entre grãos recém-semeados e consomem os nutrientes contidos no

Page 148: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

solo. Suas sementes também podem se misturar com os grãos na época da colheita. As

substâncias químicas usadas para atacar tais plantas indesejadas são chamadas de herbicidas.

Muitas plantações também são atacadas por fungos parasitas. Estes são organismos

semelhantes às plantas que vivem dos nutrientes retirados dos corpos das plantas verdes. Tais

fungos incluem uma variedade de tipos, como os mofos, os fungos do bolor e os da ferrugem, os

quais podem causar danos irreparáveis às plantações. Os agricultores, por isso, tratam as plantas

com fungicidas, para evitar um possível ataque. Entretanto, os ataques mais devastadores são

geralmente realizados por pragas, a maiores as quais são insetos.

Estes animais se alimentam de folhas, raízes, seiva, frutos e sementes das plantas e

podem causar grandes prejuízos para lavoura. Os agricultores os enfrentam com agrotóxicos –

substâncias químicas venenosas concebidas para matar a vida animal.Muitos agricultores veem

os agrotóxicos como algo absolutamente essencial. Infelizmente, o uso destas substâncias possui

um efeito considerável para o ambiente.

Os agrotóxicos são geralmente espalhados sobre a lavoura, mas esse método, quase que

invariavelmente significa que um pouco de substância, lançada nas plantações, será levada da

área à qual originalmente se destinava. Um grande número de plantas silvestres que vivem nos

campos e cercas-vivas está se tornando raras, pois muitas são mortas pelos herbicidas. Os

herbicidas também são nocivos ao homem e aos animais.

Os agrotóxicos são muito perigosos. Trata-se de substâncias químicas extremamente

venenosas, muitas das quais permanecem no ambiente por muito tempo. Eles são levados do

solo pelas águas e terminam por se acumular em rios e mares, onde envenenam os peixes e

outras formas de vida marinha. A pulverização, levada pelo vento, causa muitosenvenenamentos

acidentais em pessoas, inclusive nos próprios agricultores e naqueles que por ventura estiverem

passando por perto. Muitos pesticidas contêm substâncias químicas que são agentes suspeitos de

causar câncer nos seres humanos.

Os agrotóxicos mais conhecidos são os organoclorados, tais como DDT e o Dieldrin.

Pequenas quantidades destas substâncias químicas se acumulam nos corpos dos animais e são

passadas adiante na cadeia alimentar até os predadores, como os texugos e aves de rapina. Os

organoclorados se concentram nos corpos destes animais, causando sua morte ou tornando-os

incapazes de se produzir. Seu uso é hoje proibido em muitos países desenvolvidos, mas, devido

ao seu baixo custo, estas substâncias ainda estão sendo empregadas em alguns lugares,

principalmente nas regiões mais pobres do mundo.

Usam-se, no mundo todo, mais de dois milhões de toneladas de agrotóxicos por ano.

Estimam-se em 20 mil as mortes, por ano, devidas a envenenamento causado por eles.

Page 149: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Agrotóxicos e seus resíduos são encontrados em alimentos consumidos pelos homens. Em

algumas partes do mundo, sabe-se que os organoclorados estão se acumulando nos seres

humanos.

Alguns insetos-pragas tornaram-se resistentes aos inseticidas usados contra eles. Nestes

casos, os agricultores se veem obrigados a usar doses maiores ou a achar um novo inseticida; de

qualquer maneira, contribui para o aumento de poluição.

Nossa intenção, ao inserir tais informações (teórico- práticas) sobre referidas técnicas,

prende-se ao fato de que as mesmas serão tomadas como categorias de analise, a partir das quais

estabelecemos os parâmetros para constatar a melhoria (ou não) da Qualidade de Vida dos

produtores rurais- via Educação – objeto deste capítulo.

Nesse sentido, entendemos que a Educação pode desempenhar papel preponderante á

medida que, ao qualificar o produto rural, oferece a ele condições de desempenhar suas

atividades profissionais com mais segurança e habilidade, conhecimentos que poderão ser

adquiridos via educação como um programa de treinamento para sua área de produção.

A qualificação da mão-de-obra na produção agrícola, seja ela no plantio na criação de

animais, tornando-se um elemento de interação no setor agronegócio do país, onde possa tomar

decisões tanto no planejamento na execução, e na comercialização. Estes são fatores

determinantes numa economia moderna, onde os cooperados são constantemente consultados

para tomada de decisão, seja no âmbito externo, como no interior do setor.

REFERÊNCIA

A BOA VIDA NO INTERIOR – Revista Veja n° 1570 – ed. Abril 1996.

AIDAR, M.M.Qualidade humana: As pessoas em primeiro em primeiro lugar. São Paulo.

Malteses, 20000.

ANTUNES, Luciano Medici.Agro Qualidade total na Agropecuária.Guaíba, RS, Ed.

Agropecuária Ltda. 1997.

A Realidade Agrária e Agrícola da Região Centro Oeste.Caderno Consulta.n°11. IFAS. Goiás,

1996.

BENECKE, Dieter W. Cooperação e desenvolvimento: o papel das Cooperativas no processo

de Desenvolvimento Econômico dos Países do Terceiro Mundo. Porto Alegre RS, 1990 (Col.

Cooperativismo 4).

CAMPOS, V. F. O valor dos recursos humanos na era do conhecimento. Minas Gerais:

Sografe, 1995.

DRIMER, Alícia e DRIMER, Bernardo. Las cooperativas escolares, Buenos Aires,Intercoop,

6ª ed. 2002.

Page 150: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

DUARTE, Laura M.G. Capitalismo & Cooperativismo no R.G.S.: O cooperativismo

empresarial e a expansão do capitalismo no setor rural do Rio Grande do Sul. Porto Alegre,

L&PM, 1986.

ESTATUTO SOCIAL – Cooperativa de Crédito Agrorural de Quirinópolis – GO Sec. 4. Art. 12

1990.

EMATER-GO. (1997) – Agricultura Familiar. Caderno de Consulta S/N.

FERRINHO. Homero. Educação cooperativa. Lisboa Livraria Popular. Francisco Franco,

1985.

FONTE DE FERTILIDADE. Globo Rural, ano 10, n° 112, ferreiro1995.

GADOTTI, Moacir. Concepção Dialética de Educação: Um estudo introdutório. São Paulo:

Cortez, 1992.

GUIMARÃES, Mário Kruel. Curso Básico de Cooperativismo:Primeira a Décima Parte. Porto

Alegre, COCECRER – RS . Divisão de Educação e Comunicação, 1985.

GUIMARÃES, Mário Kruel. Painel sobre cooperativismo de crédito rural.2 ed.Porto Alegre,

Fecotrigo

GIRALDES, ANTÔNIO “Levantamento de Necessidade de Treinamento Excutivo”. IN:

Manual de Treinamento e Desenvolvimento. São Paulo: editora MLGRAW ABTD, 1980 p.

72.

HERNNI, Prado Vasconcelos, engenheiro agrônomo da MANH – Revista Manchete Rural n°

96 Junho 1995.

INFORME: Cooperativa mista dos produtores rurais do Sudoeste Goianos LTDA. Ano XV n°

170 – 1999.

LUCENA, NOEMI HUTH.O trabalho de Educação Cooperativa na COTRIJUI. Assessoria

de Desenvolvimento de Recursos Humanos, RS. 1992.

RICCIAEDI, Luiz. Cooperativismo: uma solução para os problemas atuais. Brasília, OCB,

1990.

SALOMÃO ARONOVICH. Pesquisador da Empresa de Agropecuário do Estado Rio de Janeiro

1995.

WALTON, RICHARD E. Quality Of Working Life: WHAT IS IT? SloanMangemente, 15 (1):

1 – 21, 1973.

WATIKINS, W. P. LOS princípios CooperativosHoyyHoy y Mañana, Bogotá, ESACOOP,

1989.

BRINQUEDOTECA: UM ESPAÇO ACADÊMICO QUE CONTRINUI

PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Vilma Maria Soares Rodrigues1

1 credenciais da autora

Page 151: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Resumo: Este artigo possui a finalidade de discutir a importância da brinquedoteca na

aprendizagem da criança, colocando ela como uma auxiliar para a escola, na qual trás uma

contribuição para que as crianças formem um conceito de mundo estruturado, com uma boa

afetividade, liberando a criatividade e respeitando os direitos da criança, e sendo um suporte

pedagógico. O objetivo aqui proposto foi de analisar a brinquedoteca como um suporte no

desenvolvimento infantil, a sua importância, e vê-la como um lugar de socialização infantil. Foi

apresentado também a função que a brinquedoteca e o brinquedista possuem, colocando a visão

de vários autores sobre o assunto. A brincadeira estimula todos, e é através dela que a criança se

solta, imagina e aprende a viver com harmonia e em sociedade.

Palavras-chave: Brinquedoteca; Jogos; Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

Ao se falar em criança a primeira coisa que se é lembrada é da brincadeira, o ato de

brincar, por este motivo estuda-se sobre como estas brincadeiras auxiliam na aprendizagem da

criança, deixando de ser apenas um brincar como “passa tempo”, e passando a ser enxergado

como uma estratégia de envolvimento das crianças com o ensino, trabalhando assim a

aprendizagem através do lúdico.

Na escola, em casa, e em espaços de lazer pode-se detectar que as crianças vão em

busca de um local para brincar, assim interagindo com um espaço desenvolvido para sua faixa

etária. Esse espaço pedagógico adequado para essa interação da criança de brincar-aprender e

vice-versa é chamado de Brinquedoteca.

Assim Santos (1997, p.21) enfatiza que:

Brinquedoteca é um espaço para a criança brincar. Não é preciso acrescentar

mais objetos, é preciso valorizar a ação da criança que brinca, é preciso

transcrever o visível e permitir a seriedade do fenômeno. Se as relações entre

os brinquedistas e as crianças forem corretas, se tiverem a dimensão que podem

e devem ter, resultados surpreendentes irão acontecer.

O brinquedo é um objeto colaborador do desenvolvimento das atividades lúdicas, que

provoca a curiosidade das crianças, trabalha a inteligência, permite a liberação da imaginação e

da invenção. Dessa forma a Brinquedoteca surge como um aliado à escola, tendo a proposta de

amparar às crianças a produzirem sua ideia de mundo, na qual a afetividade é acolhida, a

criatividade estimulada, os direitos respeitados, e ainda possui um suporte pedagógico.

Assim Moyles (2002) afirma que em todas as idades “o brincar é realizado por puro

prazer e diversão e cria uma atitude alegre em relação à vida e à aprendizagem.” (MOYLES,

2002, p. 21).

Page 152: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

A brinquedoteca é um local em que o brincar torna-se significativo, e por isso vamos

buscar falar neste trabalho a sua importância que ela tem para o desenvolvimento da criança, o

que ela pode proporcionar de novo e de atraente para as crianças, para a aprendizagem, entendo

assim a importância de criação de uma brinquedoteca em escolas, hospitais, e outros locais que

haja uma interação com crianças.

O objetivo principal é analisar como a brinquedoteca pode auxiliar no desenvolvimento

da criança, na sua importância nas escolas como meio de construção da aprendizagem, sendo

este um lugar para ensinar as crianças através das brincadeiras, do lúdico.

O que é a Brinquedoteca

Santos (1997, p. 13) afirma que a brinquedoteca é:

Uma nova instituição que nasceu neste século para garantir à criança um

espaço destinado a facilitar o ato de brincar. É um espaço que caracteriza por

possuir um conjunto de brinquedos, jogos e brincadeiras, sendo um ambiente

agradável, alegre e colorido, onde mais importante que os brinquedos é a

ludicidade que estes proporcionam.

A Brinquedoteca, ainda de acordo com Santos, (1997) surgiu em meados de1934, na

cidade de Los Angeles, através de uma tentativa de reduzir o roubo de brinquedos de uma loja

próxima a uma escola. A loja começou a ceder brinquedos para as crianças para que assim elas

parassem de roubar os mesmos, dessa forma, iniciou-se um serviço de empréstimo dos

brinquedos para as crianças, método denominado de toyloam, que ainda existe nos EUA.

No ano de 1963 surgiu, em Estocolmo/Suécia, a primeira Ludoteca, que além de

emprestar brinquedos para crianças especiais, oferecia um serviço de auxílio para os pais das

mesmas. Na Inglaterra, em 1967 surgiram as ToyLibraries (bibliotecas de brinquedos) e a partir

de 1976, em Londres, após um congresso sobre o assunto, a brinquedoteca acaba ganhando

outras funções, assim se expandindo para vários países.

Após esse movimento, surge no Brasil a Ludoteca da APAE (Associação de Pais e

Amigos dos Excepcionais), que fazia um revezamento de brinquedos entre as crianças especiais.

A primeira brinquedoteca brasileira surgiu em Indianápolis, em 1981, e possuia uma idéia

diferente das ToyLibraries Americanas, porque ao contrario delas, não tinham como proposta

principal o empréstimo de brinquedos e sim possuíam o objetivo de criar um espaço pata que a

criança pudesse se sentir estimulada e brincar livremente.

Page 153: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Em 1984, surge a Associação Brasileira de Brinquedotecas que possui o objetivo de

divulgar, incentivar e orientar as pessoas e instituições, assim começou a surgir brinquedotecas

em todo o território brasileiro.

As brinquedotecas brasileiras passaram e ainda passam por várias dificuldades para se

manterem; entre esses problemas encontra-se a falta de profissionais especializados para fazer a

mediação criança/brinquedo (os brinquedistas) além dos problemas econômicos. Ainda tinha as

dificuldades em ser reconhecida como uma associação educacional que propõe a evolução

emocional, social e intelectual das crianças. Devido ao contexto social brasileiro, houve um

crescimento no numero de brinquedotecas no ambiente escolar, que hoje são vistas como

agentes de mudança pelo ponto de vista educacional.

Quando a criança possui a oportunidade de interagir com outras crianças, sua

capacidade de desenvolvimento, tanto intelectual como física, aumenta. A criança se vê mais

estimulada, o que ajuda na melhora de sua auto-estima, isso porque diferente dos adultos, as

crianças ainda estão passando pelo seu processo de construção de caráter e conceitos sociais,

levando a uma aceitação mais fácil a mudança.

Crianças possuem maior facilidade para interação com outras crianças e para se

integrar nas atividades escolares sem preconceitos ou distração que adolescentes ou adultos

teriam. A brincadeira para a criança pequena é uma forma de interação com os colegas, é a

forma que ela mostra como ela realmente é, que acaba contribuindo muito para o seu

desenvolvimento.

Os principais objetivos da brinquedoteca são: Proporcionar um espaço para que a

criança possa brincar e interagir naturalmente com outras crianças, alheia de tabus e

preconceitos; Estimular o desenvolvimento da criança e de sua eficácia de concentração;

Estimular a operatividade da criança; Colaborar com seu equilíbrio emocional; Oferecer

oportunidade para a criança descobrir suas potencialidades; Estimular a inteligência, a

criatividade e socialização das crianças; Proporcionar a criança o conhecimento de vários tipos

de brinquedos; A aprendizagem de jogos e brincadeiras; Reconhecer a valorização dos

brinquedos; Emprestar brinquedos; Criar prática de responsabilidade e trabalho; Ocasionar um

relacionamento que respeite os interesses das crianças e assegure seus direitos; Estimular o

crescimento global da criança; Auxiliar o encontros que apreciem as trocas afetivas, as

brincadeiras e a harmonia alegre e descontraída; Estreitar o relacionamento familiar; Criar

sentimentos afetivos e sensibilidade nas crianças; Dar oportunidades às crianças de se

relacionarem com adultos de forma agradável.

Page 154: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Afirma-se que sua principal função implica no reconhecimento das atividades lúdicas e

no respeito à criança, o que auxilia para a redução de sistemas educacionais inflexíveis sugere

um resgate do direito à infância que se mostra como um meio mais prático e menos perigoso

possibilitando assim às crianças a brincarem em sua própria casa, com computadores, jogos

eletrônicos, vídeo game, ou outros brinquedos por elas escolhidos.

Segundo Santos (1997, p. 84), a partir do surgimento da brinquedoteca os atendimentos

foram ampliados e foram incorporando outros serviços o que levou a mudança de sua dinâmica,

mas preservando sempre o lúdico e o direito de brincar.

O crescimento dos serviços oferecidos pela brinquedoteca fez com que elas se

diferenciassem, mas não deixando de atender o público de acordo com a necessidade

apresentada, sempre usando jogos e brincadeiras como meios para seus fins. Surgiram diversos

tipos de brinquedotecas como: na escola, na universidade, em hospitais ou clínicas, biblioteca,

comunitárias e nas pastorais da criança. Entretanto todas elas têm a missão de levar o acesso a

brinquedos, brincadeiras e jogos para as crianças, independente da condição financeira de cada

criança.

No ambiente escolar a brinquedoteca possui a função de incentivar a brincadeira, a

criatividade, a iniciativa, respeitando a liberdade e favorecendo o desenvolvimento do

autoconhecimento contando sempre com um profissional. Com o surgimento das brinquedotecas

acabou tornando-se necessário um profissional para atender as necessidades que ela implicava,

surgindo assim o brinquedista. O brinquedista é um profissional que trabalha dentro da

brinquedoteca com a criança, fazendo com que a criança tenha o contato com o brinquedo. O

brinquedista deve ser um educador, antes de ser um especialista em brinquedos, ele deve ter

uma formação de ordem psicológica, pedagógica, sociológica, literária, artística, isso é formação

que lhe possibilite um conhecimento real sobre criança, brinquedo, jogo, brincadeira, escola,

homem e sociedade.

Para Santos (1997, p.19) o brinquedista é:

[...] aquele profissional sério, que estuda, que pensa, que pesquisa, que

experimenta, dando um caráter de cientificidade a seu trabalho e, ao mesmo

tempo, aquela pessoa com sensibilidade. Entusiasmo e determinação, que

chora, que ri, que canta e que BRINCA.

Os brinquedistas devem estar sempre atualizados, buscando cursos de formação,

oficinas, capacitação, seminários, estágios e treinamentos, que são oferecidas por pessoas

especializadas nesta área. O brinquedista precisa ter um equilíbrio entre ser um educador e um

Page 155: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

brinquedista. Possuir um equilíbrio teórico-prático é fundamental para assegurar que a

brinquedoteca possua bons resultados, porque se o educador excede o brinquedista, poderá

ocasionar em um pedagogismo exagerado, na qual se tira a magia, a liberdade e o sonho da

brincadeira, convertendo os brinquedos e jogos em métodos pedagógicas, e se o brinquedista

supera o educador, transforma o trabalho nas brinquedotecas sem caráter científico, em um

depósito de crianças e brinquedos.

O brinquedo é uma algo que está associada à infância e às crianças. Entretanto ainda é

considerado irrelevante ou com pouco valor no ponto de vista de uma educação formal,

possuindo frequentemente o significado de oposição ao trabalho, tanto em um contexto escolar

quanto familiar. Isso ocorre porque o brincar ainda é visto como uma atividade menos

importante, já que não se vincula ao produtivo, e essa visão acaba gerando a diminuição dos

espaços e tempos do brincar na medida em que as crianças passam as séries/anos da educação

infantil para o ensino fundamental vão se limitando na “hora do recreio”, os espaços e a

exigência de disciplina aumentam na onde às crianças não podem correr, pular, jogar bola,

gritar, etc.

É necessário que haja um entendimento de que o brinquedo ou a brincadeira, também é

importante, no trabalho também às vezes se brinca e na brincadeira também se trabalha. De

acordo com Vigotski (2000, p. 32), “o brincar é uma atividade humana criadora, na qual

imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de

interpretação, de expressão e de ação pelas crianças e adultos. ”

A brinquedoteca vem comprovando essas reflexões, atuando junto com os educadores

com o propósito de valorizar o brincar, com suas diferenças e acabando com preconceitos e

tabus. Mostrando de forma clara que o brincar é direito da criança e através do brincar a criança

também está desenvolvendo conhecimentos importantes para seu crescimento. Então é

responsabilidade dos pais e profissionais da educação oferecer locais e circunstâncias para que

isso ocorra de forma saudável e consciente.

Brincadeira, Brincar e Brinquedo

Wajskop (2001, p. 19), relata que “desde os primórdios da educação greco-romana,

com base nas idéias de Platão e Aristóteles, utilizava-se o brinquedo na educação. Associando a

idéia de estudo ao prazer. Platão sugeria ser, o primeiro, ele mesmo, uma forma de brincar”.

O brincar sempre esteve na história da humanidade, e é fundamental no

desenvolvimento da criança, Wajskop (2001) fala que antigamente era a utilizado dados, ou

seja, jogos didáticos que mostravam a importância da educação.

Page 156: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

É apenas após a ruptura do pensamento romântico que a brincadeira ganha espaço na

educação de crianças, antigamente a brincadeira era vista como uma fuga ou recreação e a

imagem social que a criança tinha não aceitava um comportamento que pudesse significar valor.

Assim relata Wajskop (2001, p. 28):

A brincadeira, na perspectiva sócio-histórica e antropológica, é um tipo de

atividade cuja base genética é comum à arte, ou seja, trata-se de uma atividade

social, humana, que supõe contextos sociais e culturais, a partir dos quais a

criança recria a realidade através da utilização de sistemas simbólicos próprios.

Vendo a brincadeira como uma atividade ligada à infância, tida como um recurso

didático, ela propõe uma aprendizagem onde se aprende a brincar brincando. A criança

enquanto brinca demonstra seus sentimentos, crença, modos de pensar, agir e falar. É brincando

que ela solta sua imaginação e através delas a criança aprende a viver e a conviver, a lidar com

suas limitações e suas euforias.

As brincadeiras e jogos são ferramentas importantes no desenvolvimento da

motricidade, do raciocínio pelo faz de conta. Quando se compreende a relação da criança com o

brincar, é possível identificar o que os movem em direção à atividade.

As brincadeiras e jogos são fundamentais para o desenvolvimento da motricidade, do

raciocínio através do faz de conta, utilizado pela criança quando brinca. Compreendendo a

relação das crianças com o brincar, devemos identificar as necessidades que o movem em

direção a essa atividade.

Segundo Garbarino (1992 apud BOMTEMPO, 2001, p. 69):

É através de seus brinquedos e brincadeiras que a criança tem oportunidade de

desenvolver um canal de comunicação, uma abertura para o diálogo com o

mundo dos adultos, onde ela estabelece seu controle interior, sua auto-estima e

desenvolve relações de confiança consigo mesma e com os outros.

As brincadeiras também podem ser usadas para aliviar a tensão, trazendo um momento

de lazer para as crianças, auxilia no desenvolvimento das atividades motoras, como agilidade,

coordenação e equilíbrio, alem de auxiliar no ensino de valores como respeito, tolerância e

cooperação, elas ajudam a criança a compreender o mundo.

Segundo Brougère (1990 apud BOMTEMPO, 2001, p. 68) “o mundo representado é

mais desejável de um realismo real”, ou seja, a brincadeira é um meio de se sair do mundo real e

descobrir outros mundos. Portanto a brincadeira ocorre com ou sem um brinquedo Brougère

(2001) fala que “a brincadeira é, igualmente, imaginação, relatos, histórias”. O brinquedo

Page 157: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

apenas é um suporte para a representação, ao brincar a criança se integra com atitudes e

capacidades, na qual os brinquedos são verdadeiros objetos da brincadeira.

Brincadeira pode ser entendida como um comportamento social que prevê uma

aprendizagem por ser uma manifestação humana formada nos contextos de relações individuais.

Vigotski (2000, p. 123) se contrapõe a essas concepções, ao afirmar que “acredita que o

brinquedo não é uma ação simbólica no sentido próprio do termo, de forma que se torna

essencial mostrar o papel da motivação no brinquedo”. Vigotski deixa claro que a criança ao

brincar pode ou não mexer em seu estado emocional.

Já para Almeida (2000, p. 37) “o brinquedo faz parte da vida da criança. Simboliza a

relação pensamento-ação e, sob esse ponto, constitui provavelmente matriz de toda a atividade

linguística, ao tornar possível o uso da fala, do pensamento e da imaginação”.

Dessa forma a brincadeira pode ser definida como um jogo, quanto como trabalho,

assim o que irá definir a brincadeira são os grais de espontaneidade e intencionalidade.

A brinquedoteca e a educação

Ao observar crianças brincando nas escolas, pode-se conhecê-las melhor, isso ocorrer

devido ao fato de que uma parte de seus mundos e experiências é revelada nas ações e

interpretações que constroem em suas brincadeiras, isso porque o brincar corresponde aquilo

que os sujeitos conhecem e vivem. As crianças baseadas em suas experiências recriam e

reinterpretam sua vida cotidiana, combinando e criando outras realidades.

É necessáriodestacar aqui que o brinquedo não é algo ganhado na vida do ser humano,

isso é, ele aprende a brincar desde cedo. O ato de brincar envolve diversas aprendizagens. Um

primeiro aspecto a seapontar é que o brincar não requer somente muita aprendizagem, mas

constitui um espaço de aprendizagem. Vigotski (2000, p. 117) afirma que “na brincadeira a

criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento

diário; no brinquedo, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade”. Isso porque a

brincadeira, ainda segundo Vigotski (2000), cria uma zona de desenvolvimento, fazendo com

que as ações da criança excedem o desenvolvimento já alcançado, levando-a a conquistar outras

possibilidades de compreensão e de ação sobre o mundo.

Diversas brincadeiras não precisam de estruturas materiaise sim do próprio corpo.

Pode-se perceber que algumas brincadeiras e brinquedos promovem a criança experiências

lúdicas muito prazerosas. Foi através da análisedesses fatores que se viu a necessidade de criar

um local onde a criança possa brincar sem ser titulada de relapsa e do educador ser visto

comosensível demais.

Page 158: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

Vigotski (2000, p. 145) reafirma a importância do brincar:

Brincar é essencial a saúde física, emocional e intelectual do ser humano [...].

Brincando nos reequilibramos, reciclamos nossas emoções e nossa necessidade

de conhece e reinventar, desenvolvendo nossa atenção, concentração e outras

habilidades. A brincadeira espontânea proporciona oportunidades de

transferências significativas que resgatam situações conflituosas.

O brincar permitea criança a desenvolver seu estimulo emocional, a coordenação, as

habilidades, raciocínio, a confiança em si. O brincar não tem idade, no decorrer do crescimento

e mesmo quando adulto, ela interage, brinca e descobre o mundo a sua volta.

Machado (2001) fala que ao brincar a criança aprende a lidar com suas emoções, com

seus medos sem ter a ameaça da realidade e é também o que adultos fazem quando estão

filosofando, escrevendo e lendo poesias, criando espaços livres do controle social.

Conforme Machado (2001, p.25):

...para progredir a criança precisa ser respeitada e sentir-se ouvida. Para que

também aprenda a ouvir, a criança precisa antes de ser ouvida [...] mas sem ser

atropelada! Presença e disponibilidade por parte do adulto constroem o laço

afetivo, mas é preciso ter claro que cada brincadeira é uma busca; uma

interferência direta pode impedir que a criança faça suas descobertas e domine

dificuldades.

É necessário que a criança tenha um espaço com respeito para poder soltar sua

imaginação e sua criatividade, para que ela descubra o mundo de forma livre, as interferências

devem ser feitas somente se realmente necessárias, além de respeitar e dar atenção, a forma que

a criança é tratada é importante, pois essa será sua base para o futuro.

Quando a criança pode mexer com o brinquedo de forma livre, fazendo por si só suas

próprias descobertas, está se torna uma criança independente, com confiança e com atitude para

assim se tornar um adulto mais crítico, para isso é necessário que ela tenha a oportunidade de

demonstrar seus sentimentos, ideias e vontades. A intervenção de um adulto impede a criança de

imaginar, criar, e na fase adulta estarásempre solicitando a orientação dooutro.

Carvalho e Pontes (2003, p. 48) mencionam que:

A brincadeira é uma atividade psicológica de grande complexidade, é uma

atividade lúdica que desencadeia o uso da imaginação criadora pela

impossibilidade de satisfação imediata de desejos por parte da criança. A

brincadeira enriquece a identidade da criança, porque ela experimenta outra

forma de ser e de pensar; amplia suas concepções sobre as coisas e as pessoas,

porque o faz desempenhar vários papéis sociais ao representar diferentes

personagens.

Na brincadeira as crianças criam hipóteses para se resolver problemas, tomam atitudes

que vão além de seus comportamentos habituais, porque elas precisam buscar alternativas para

Page 159: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

transformar sua realidade. Os educadores precisam perceber a importância dos sonhos e desejos

demonstrados nas brincadeiras podem ser realizadas de forma fácil, quantas vezes quiserem,

criando e recriando os acontecimentos que ajudam a satisfazer as necessidades que elas

apresentam.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para se trabalhar com o universo infantil exige dos profissionais conhecimentos e

capacidade para inovar, o que muitas vezes não está de acordo com o que a maioria dos

educadores compreende. A importância de se ressaltar as funções das brincadeiras e dos

brinquedos, é que através deles a criança se socializa, exercita o raciocínio e memória, estimula

o gosto pelo brincar, desenvolve a coordenação motora, se comunica, desperta a imaginação e é

capaz de demonstrar sentimentos e emoções e, proporciona momentos de alegria e prazer.

A presença da brinquedoteca na escola é fundamental, porque ela além de ser um

método para a aprendizagem, também contribui para a conservação dos diretos da criança, é

fundamental, pois através dela a criança brinca e despertar-se para a vida.

Mesmo a brincadeira sendo uma atividade lúdica, é importante desfazer o mal

entendido em que o lúdico significa algo na qual a criança só brinca e não possui nenhuma

finalidade pedagógica. É necessário que essa noção mude e que essa atividade seja olhada como

fundamental para a aprendizagem, pois nas brincadeiras, ela aprende e representa o mundo real.

Na medida em que a criança brinca, ela evolui, se modifica e se desenvolve.

Desse modo, a brinquedoteca deve ser enxergada pelos educadores como método

educacional, como um instrumento de trabalho e como uma forma para se atingir os objetivos

de aprendizagem.

Page 160: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Paulo Nunes de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo:

Loyola, 2000.

BOMTEMPO, Edda. A brincadeira de faz-de-conta: lugar do simbolismo, da representação, do

imaginário. In: KISHIMOTO, TizukoMorchida (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a

educação. São Paulo: Cortez, 2001.

CARVALHO, A. M. A.; PONTES, F. A. R. Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que

brinca. São Paulo: Casa do psicólogo, 2003. v. 1.

MOYLES, Janet R. Só brincar? O papel do brincar na educação infantil. Porto Alegre:

Artmed, 2002.

SANTOS, Santa Marli Pires dos. Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. Petrópolis-

RJ: Vozes, 1997.

VIGOTSKI, Lev Semionovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

WAJSKOP, Gisela. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 2001.

Page 161: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI

CURSOS - FAI

1. Administração

2. Ciências Contábeis

3. Pedagogia

4. CST em Análise e Desenvolvimento de Sistemas

5. CST em Gestão Ambiental

6. CST em Gestão Hospitalar

7. CST em Agronegócio

8. Engenharia Civil

9. Engenharia de Produção

10. Farmácia

11. Direito

12. Enfermagem

13. Psicologia

14. Engenharia Ambiental e Sanitária

15. Serviços Penais

16. CST em Recursos Humanos

Page 162: REVISTA INTERDISCIPLINAR FAI · 2019-06-04 · Núcleo de Iniciação Cientifica -NIC desta Instituição de Ensino Superior, com o objetivo de publicar artigos originais nas diversas

Re

vi

st

a I

nt

er

di

sc

ip

li

na

r

- F

AI