Revista Informe #1

30
INFORME Crianças em idade escolar sabem transportar o seu material? PÁGINA 22 Desenho animado na sala de aula! PÁGINA 14 O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade apresentando flora e fauna próprias. PÁGINAS 18 A 21 Revista Informativa de Ciência e Tecnologia

description

Primeira edição da revista informe

Transcript of Revista Informe #1

Page 1: Revista Informe #1

INFORME

Crianças em idade escolar sabem transportar o seu material?

PÁGINA 22

Desenho animado na sala de aula! PÁGINA 14

O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade apresentando flora e fauna próprias. PÁGINAS 18 A 21

“Conheça o Bioma Pampa!”

Revista Informativa de Ciência e Tecnologia

Page 2: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/20122

HistóriaComunidades negras tendem desaparecer

AgronomiaAgricultura Familiar: Uma Legitimidade Social

6

10

Sumário

Informe

Ano 01 - Nº 01 - Setembro de 2012Direção de Redação: Elenice AndersenEditoração Executiva: Ana KátiaEditoração Eletrônica: Christianne Reis

A revista Informe é um projeto do Programa de Educação TutorialPET - Letras (MEC), da Universidade Federal do Pampa. Bagé-RS.

Page 3: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 3

BiologiaPreservando as paisagens naturais do Pampa

LetrasDesenho animado na sala de aula

FisioterapiaCrianças em idade escolarsabem transportar o seu material?

OpiniãoMochilas pesadas e os riscos de problemas posturais

14

18

22

24

Page 4: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/20124

Ao leitor.........................................................................................................

Desde muito cedo, nos acostumamos a ouvir: “Isso foi comprovado cientificamente”. São essas as palavras que, com frequência, usamos para dar a garantia de que uma informação é verdadeira.

Leva algum tempo até entendermos que a grande descoberta científica de agora poderá ser contestada amanhã, que revira-voltas na ciência fazem parte do processo de construção do co-nhecimento. Custamos a compreender que cada descoberta de hoje é um passo para uma nova, e talvez diferente, descoberta no futuro.

O fato é que o saber científico desperta a nossa curiosidade. Queremos conhecer as últimas novidades da ciência e da tecno-logia para, quem sabe, vivermos mais, compreendermos melhor o mundo ou nos comunicarmos de modo mais adequado. Daí que programas como Globo Repórter e revistas como Superin-teressante têm altos índices de audiência e de tiragem.

É nesse contexto de divulgação científica que pensamos a In-forme! Nosso objetivo, porém, é mais modesto: popularizar pes-quisas de cunho científico, artístico e tecnológico que são divul-gadas no universo acadêmico, mas que não chegam ao público fora da esfera da ciência. Para nós, o que vale é informar sobre as pesquisas, levando, por meio de uma linguagem mais aces-sível – e sem custos, a informação à comunidade. Esta revista é parte de uma reflexão maior sobre as relações entre lingua-

Page 5: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 5

gem e tecnologia, projeto financiado pelo Programa de Educação Tutorial (MEC), desenvolvido na Universidade Federal do Pam-pa. Com a própria revista, também fazemos ciência, investigando formas estratégicas de comunicação que promovam a circulação do conhecimento por meio de recursos tecnológicos. No entanto, precisamos ter em mente que o saber científico que divulgaremos não abrange apenas as chamadas ciências duras (Química, Física, etc.), mas também as ciências humanas.

E, por falar em saber científico, pesquisas sugerem que o cére-bro humano processa melhor a informação quando se combinam comunicação verbal e visual. Assim, nossa revista primará pelo uso exploratório da comunicação visual, integrada à verbal, para informar melhor.

Nesta primeira edição piloto, celebraremos exclusivamente pes-quisas desenvolvidas em nossa casa, a Unipampa, especialmente as do Programa de Educação Tutorial, financiadas pelo MEC.

Como dissemos no início, ciência não é verdade; é parte da verdade. Mas uma parte que devemos (todos!) conhecer. Se você gostar, espalhe por aí.

Elenice Andersen

Direção de Redação [email protected]

Page 6: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/20126

Comunidades negras tendem a desaparecer

História

Page 7: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 7

Pesquisa investiga comunidades negras do Rio Grande do Sul

Comunidades negras tendem a desaparecer

Page 8: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/20128

História

Comunidades negras ten-dem a desaparecer. Estudo desenvolvido na Universida-de Federal do Pampa, campus Jaguarão, re-vela que as comunidades negras ten-dem a desapa-recer porque as pessoas jovens estão saindo para os centros urbanos por falta de alter-nativas na co-munidade. A pesquisa, in-titulada “Comunidades negras do Rio Grande do Sul: Histó-ria, cultura, educação e poten-cial turístico”, busca estudar

as comunidades negras do Rio Grande do Sul e dar visibili-dade a este movimento social. “As comunidades negras

do Rio Grande do Sul são co-munidades pe-quenas, com p r o b l e m a s fundiár ios”, conta Adel-mir Fiabani, coordenador do projeto. São núcleos que surgiram em decorrên-cia da escra-vidão, onde

as pessoas vivem em estado de pobreza, pois nunca foram integradas aos projetos de de-senvolvimento do país. O mais

“O ensino de História da África através de

oficinas são bem aceitos pelos alunos e

ajudam muito no combate ao racismo

e discriminação.

Page 9: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 9

grave é há poucas políticas pú-blicas em relação às comuni-dades negras no Rio Grande do Sul e ainda não há projetos para o desenvolvimento dessas comunidades em longo prazo. O projeto, que faz parte do Programa de Educação Tu-torial (PET- História da Áfri-ca), financiado pelo MEC, também trabalha pela imple-mentação da Lei 10.639/03. Essa lei torna obrigatório o ensino sobre História e Cul-tura Afro-Brasileira nas esco-las públicas e particulares de ensino fundamental e médio. De acordo com Adelmir Fa-

biani, o ensino de História da África por meio de oficinas é bem aceito pelos alunos e aju-da muito no combate ao racis-mo e discriminação. Porém, a maioria das escolas apre-senta dificuldades na imple-mentação da Lei, porque são necessários cursos de forma-ção aos professores que con-tribuam para novas formas de apresentar os conteúdos sobre a história do negro no Brasil. Exatamente por isso, o proje-to oferece oficinas, palestras e cursos de formação aos educa-dores, com ênfase na educação para as relações étnico-raciais.

Page 10: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/201210

Agricultura Familiar: Uma Legitimidade Social

Agronomia

Pesquisa investiga o perfil da agricultuta familiar da região de Itaqui

Page 11: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 11

“ Grande parte das olerícolas (verduras e fru- tas) comercializadas no município de Itaqui são compradas de distribuido- ras de Porto Alegre ou de São Paulo. É de extrema importância que a agricul tura familiar da região ve- nha a ocupar esse nicho de mercado.

Page 12: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/201212

AgronomiaAgronomia

Transformação. Essa é a pa-lavra-chave para definirmos

o momento atual das pequenas comunidades rurais. A agricul-tura familiar vem ganhando cada vez mais legitimidade social. Hoje, nas prateleiras dos super-mercados, podemos encontrar uma diversidade de produtos oriundos dessas comunidades, com marca própria e registro nos órgãos oficiais de defesa sa-nitária. Entendendo que a pro-dução agrícola necessita cres-cer e atualizar esse processo de inserção no mercado, pesquisa vinculada ao grupo PET Agro-nomia da UNIPAMPA, realiza entrevistas com os produtores da agricultura familiar da re-gião de Itaqui – RS. A pesquisa busca a construção de um perfil desses produtores e a criação de projetos de extensão voltados às necessidades dos grupos de agricultores. Já foram realiza-das aproximadamente 90% das

entrevistas e mapeadas as loca-lizações das propriedades, iden-tificando quais são as olerícolas cultivadas (cultura de legumes e frutas), como é a água utili-zada para a irrigação, quais são as condições sociais e econômi-cas das famílias, qual é o núme-ro de trabalhadores na proprie-dade e como são as formas de comercialização dos produtos.“Grande parte das olerícolas (verduras e frutas) comerciali-zadas no município de Itaqui são compradas de distribuidoras de Porto Alegre ou de São Paulo. É de extrema importância que a agricultura familiar da região ve-nha a ocupar esse nicho de mer-cado” – comenta Luciana Zago Ethur, coordenadora da pesquisa. A depender da pesquisa, a agricultura familiar de Ita-qui passará por um processo de valorização do desenvol-vimento local, de preservação da tradição da agricultura fa-

Page 13: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 13

mília e de promoção de diversas oportunidades de trabalho. Afinal, é da terra que sai o sustento de quem vive no campo.

Estufas como esta são construídas com apoio técnico da Secretaria de Agricultura

Page 14: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/201214

Desenho animado na sala de aula

Produção de mídias na escola aproximao ensino de língua materna à vida real

Letras

“ Não se pode esperar que os novos alunos do século XXI se adaptem a métodos ultrapassados de aprendizagem. Fazer isso seria regredir. São os professores que precisam ser cons-tantemete renovados e atualizados desde suas metodologias de ensino até as ferramentas que viabilizam esse ensino.

Page 15: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 15

Ninguém pode negar

que a tecnologia tem invadido nossas vidas ao longo destas últimas três décadas. O uso do computador e da internet tem se tornado cada vez mais comum no cotidiano. Também não se pode negar a necessidade de que essas tec-nologias se-jam aplicadas à educação para aproxi-mar a escola da vida real. Pensando nisso, projetos de pesquisa relacionados à tecnologia educacional têm sido desenvolvidos no campus Bagé da Universidade Federal do Pampa. Os projetos, coor-denados pela professora Ele-nice Andersen, são vinculados ao Programa de Educação Tu-torial do Curso de Letras, pro-

grama financiado pelo MEC, e investigam o processo de levar para a sala de aula tecnologias da informação e da comuni-cação, de modo que os alunos possam produzir mídias diver-sas para desenvolverem com-petências comunicativas neces-sárias à contemporaneidade.

Entre as p e s q u i s a s desenvo l -vidas no programa, p o d e - s e destacar a do bolsis-ta Eduardo Souza Pin-to, que ex-

plora a produção de roteiros de apoio para a produção de sequ-ências audiovisuais e visuais, tais como o desenho animado. Apesar de constatar que méto-dos tradicionais de ensino ainda se fazem presentes nas escolas, o bolsista defende que o aluno

Page 16: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/201216

Letras

desta geração, deste século, é outro. “O dinamismo e a facili-dade para obter e selecionar as informações que são disponi-bilizadas é uma das principais características dessa ‘nova re-messa’ de discentes, os ‘nativos digitais’. Em outras palavras, não se pode esperar que os novos alunos do século XXI se adap-tem a métodos ultrapassados de aprendizagem. Fazer isso se-ria regredir. São os professores que precisam ser constantemen-te renovados e atualizados des-de suas metodologias de ensino até as ferramentas que viabili-zam esse ensino” – argumenta. Contudo, o acadêmico reconhe-ce que, para que essa mudança se realize, será necessária uma grande reforma na formação pe-dagógica, incluindo especializa-ções nas áreas das tecnologias da informação e comunicação.

Ainda sim, defende essa refor-ma como mais conveniente do que prostrar toda uma geração, a “nativa digital”, aos métodos de aprendizagem aos quais nossos pais e avós foram submetidos. Eduardo, que recentemente recebeu o prêmio de Júri Popu-lar no 5º Festival First Shot pela produção do curta “Derrareiro”, ganhou uma bolsa de estudos in-tegral para o “Intensivo de Férias – Cinema Digital”. O First Shot, criado e produzido pela Acade-mia Internacional de Cinema, visou captar e selecionar curtas produzidos por pessoas de qual-quer lugar do Brasil. Foram acei-tas obras em qualquer formato, com duração máxima de 15 mi-nutos de temática livre. Com a vitória e com o curso intensivo, o acadêmico promete tornar ain-da mais elaboradas as pesqui-sas no interior do PET - Letras.

Page 17: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 17

Sala de aula, tecnologia

e desenho animado

Page 18: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/201218

Biologia

Pesquisa investiga o estado de preservação das paisagens naturais do Pampa conscientizando a população para a importância dessas áreas.

Preservando as paisagens naturais do Pampa

Page 19: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 19

As pai-sagens natu-rais do Pampa são variadas, de serras a planícies, de morros rupestres a coxilhas. Em meio a essa di-versidade, um tipo de vegeta-ção é predominante. É o que conhecemos por “bioma”. O bioma exibe um imenso patrimônio cultural associado à biodiversidade apresentando flora e fauna próprias. Saben-do da importância dessas áre-as, um grupo de estudantes do

curso de Ciên-cias Biológicas da Universida-de Federal do Pampa, campus

São Gabriel, investiga e avalia a situação preservacional das Uni-dades de Conservação (UCs) do bioma Pampa, visando uma pro-teção mais efetiva desse bioma. A pesquisa, que é vincula-da ao Programa de Educação Tutorial – PET Bio – programa financiado pelo Ministério da Educação, constatou a existên-cia de 14 UCs na área referente

“As UCs [Unidades de Conservação] existentes mostram-se insuficientesem relação à conservação

do bioma e necessitam, ainda, de um melhor

gerenciamento, uma vez que algumas delas

encotram-se praticamenteem estado de abandono ou

inexistência.

Page 20: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/201220

ao bioma Pampa no Estado do Rio Grande do Sul. Destas, 12 são unidades de proteção inte-gral, distribuídas da seguinte forma: quatro reservas biológi-cas, um parque nacional, cinco parques estaduais, um refúgio de vida silvestre e uma esta-ção ecológica. As outras duas áreas são unidades de uso sus-tentável, compostas por duas

áreas de proteção ambiental. A pesquisa revelou, ainda, que, do total das 14 UCs, sete encontram-se com status de im-plantadas e sete com status de criadas. Assim, ainda que pre-liminarmente, pode-se consta-tar que a porcentagem real de área de bioma Pampa preserva-da em UCs é, provavelmente, inferior à estimativa inicial.

Biologia

Infográficos: Unidades de conservação do Pampa do Rio Grande do Sul

Figura 1: unidades de conservação do bioma Pampa no RS, a par tir da sobreposição dos respectivos mapas. Os números correspondem às Ucs descritas no Quadro 1. * A unidade 15 pertence ao bioma Mata Atlântica.

Page 21: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 21

Por essa razão, as UCs existentes seriam insuficientes em relação à conservação do bioma e neces-sitariam, ainda, de um melhor gerenciamento. “Algumas delas encontram-se praticamente em estado de abandono ou inexis-tência”, afirma Fabiano Pimentel Torres, coordenador da pesqui-sa e tutor do PET Bio. Visando uma proteção mais efetiva deste bioma, os pesquisadores acredi-tam na necessidade de expansão do número de UCs, levando em conta, principalmente, as áreas

prioritárias para a conservação da biodiversidade no pampa. No Brasil, o bioma Pampa está restrito ao Rio Grande do Sul, onde ocupa 176.496 km2 – o que corresponde a 63% do território estadual e a 2,07% do território nacional. Segun-do o Ministério do Meio Am-biente (MMA), a proporção de área protegida no bioma Pam-pa brasileiro é de 3,6%; porém, estima-se que somente 1% da área está protegida na forma de unidades de conservação.

Page 22: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/201222

Livros, pastas, ca-dernos, lan-

che. Só com esses itens básicos, a mochila do estudante já apre-senta um peso bem significati-vo. Somados a outros materiais, como objetos eletrônicos, brin-quedos e roupas, o peso pode ultrapassar o recomendado por fisioterapeutas e ortopedistas e

se tornar um grave problema. Além de dores nas costas, pode gerar consequências irreversí-veis em longo prazo nas crian-ças. Percebendo o problema, o Programa de Educação Tuto-rial Conexões – Fisioterapia, da Universidade Federal do Pam-pa, campus Uruguaiana, desen-volve uma pesquisa que avalia

Fisioterapia

Crianças em idade escolar sabem transportar o seu material?

Pesquisa avalia o nível de conhecimento dos escola- res sobre a maneira correta de transportar o material

escolar.

Page 23: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 23

“ A forma como a criança transporta o material escolar influencia na postura corporal e pode provocar o surgimento de alterações posturais e interferir no desenvolvimento da criança.

”o nível de conhecimento dos es-tudantes sobre a maneira correta de transportar o material escolar. A pesquisa verifica, ainda, a for-ma como eles transportam esse material. Para o coordenador da pesquisa, professor Franck Ma-ciel Peçanha, além do peso, a forma como a criança transporta o material escolar influencia na postura corporal e pode provo-car o surgimento de alterações posturais e interferir no desen-volvimento da criança. Os resul-tados da pesquisa apontam que a maioria das crianças avaliadas conhece o modelo adequado de mochila e a forma correta para

transportar o material escolar. No entanto, muitas crianças ainda o transportam de forma incorreta. Frank destaca a importân-cia de as crianças, bem como os professores e os pais, saberem que, para o transporte correto do material escolar, é necessá-rio que esse material seja trans-portado em mochila com duas alças (nos dois ombros) ou em mochila com rodinhas (desde que esta seja empurrada) e que o peso transportado não pode ultrapassar a 10% do peso da criança. Desse modo, uma crian-ça de 25 kg, por exemplo, deve transportar, no máximo, 2,5 kg.

Page 24: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/201224

Mochilas pesadas e o risco de

problemas posturais

Dra. Marcia Cristiane Perretto Medina (Paraná/PR)

Bacharel em Fisioterapia, Especialização em Fisioterapia Manual Ortopédica, Doutora em Fisioterapia com foco em Ortopedia e Fisio-terapia Desportiva

Opinião

A cada ano letivo mi-lhões de crianças an-

dam a pé até a escola carregando mochilas cheias de livros e ma-teriais. Os pais devem estar aten-tos, porque uma mochila pesada pode causar dores nas costas de suas crianças. Seguindo algu-mas orientações e usando bom senso se pode evitar este tipo de problema. A questão é que usan-do uma mochila nossos filhos conseguem carregar às vezes até mais do que o necessário.

O risco, no entanto, é a sobre-carga, que pode causar lesões no pescoço, costas ou ombros. As mochilas sobrecarre-gadas e carregadas por nossas crianças podem comprometer a postura e levar a futuras lesões da coluna vertebral, de acordo com pesquisadores que estudaram os efeitos da fadiga e da carga so-bre a postura de crianças de 8-9 anos de idade que carregam mo-chilas. Os especialistas sugerem limitar o peso das mochilas para

Page 25: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 25

10 por cento do peso cor-poral de uma criança, ou-tra pesquisa recente indi-cou que esse peso pode comprome-ter a postu-ra e o modo de caminhar das crianças. Quase 25% dos jovens estudantes carregam mochilas com peso superior a 20% do seu peso diariamente, e vários são atendidos em sa-las de emergência todos os anos devido a lesões relacionadas ao peso de suas mochilas. Pela primeira vez, os pesquisadores examinaram a rapidez com que as crianças fadigam quando ca-minham com mochilas pesadas. Eles descobriram que as crian-ças, ao contrário dos adultos,

não ajustam seus pas-sos quando se cansam, mas com-pensam o peso des-proporcio-nal da mo-chila com uma altera-ção postural d ramát i ca projetando a

cabeça para frente do corpo alte-rando todo o alinhamento da co-luna; um estresse no corpo que pode ter efeitos imediatos sobre a postura e que, se ignorado, eventualmente levará a danos de longo prazo à coluna vertebral. A coluna vertebral tem como característica funcional compen-sar qualquer carga aplicada a ela por um longo período de tem-po. Mochilas pesadas podem: - Levar uma pessoa a incli-

“ O hábito de carregar mochilas sobre um só ombro pode causar um stress muscular excessivo em um dos lados para compensar o peso desigual.

Page 26: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/201226

Opinião

nar para frente, reduzindo o equi-líbrio e tornando mais fácil cair; - Distorcer as curvas natu-rais no meio e na parte inferior costas, causando tensão mus-cular e irritação nas articula-ções da coluna e das costelas; - Causar arredondamento dos ombros. O hábito de carregar mo-chilas sobre um só ombro pode causar um stress muscular ex-cessivo em um dos lados para compensar o peso desigual. A coluna vertebral se inclina para o lado oposto, ressaltando a cur-vatura torácica e as costelas mais de um lado que do outro. Este tipo de desequilíbrio muscular pode causar tensão muscular, espasmos musculares e dores nas costas em curto prazo e ace-lerar o desenvolvimento de pro-blemas mais tarde, se não forem corrigidos. O peso também pode exercer um estresse excessivo nos músculos do pescoço, con-

tribuindo para a dor de cabeça, dor de garganta e dor nos braços. Embora existam poucos es-tudos na literatura médica que ainda não estabeleceram orien-tações específicas com relação aos parâmetros das mochilas para evitar dores nas costas, os pais podem usar o senso comum para reduzir a chance de que seus filhos venham a sofrer do-res nas costas devido ao peso de suas mochilas. Procure mochi-las com um desenho que ajudem a reduzir a chance de dores nas costas: - Material leve (tela ao invés de couro), mochilas com duas alças acolchoadas com uma lar-gura de no mínimo 2 polegadas e com alças ajustáveis; - Parte posterior da mochila que está em contato direto com a coluna vertebral deve ser acol-choada; - Compartimentos indivi-dualizados, cinta que amarre a

Page 27: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 27

mochila ao redor do quadril, isso ajuda a redistribuir o peso da mochila entre os ombros e a pélvis; - Rodas para que a mochila pos-sa ser puxada e vez de carregada; - Ensine seus filhos a colocar den-tro da mochila só o necessário, e a maneira correta de carregar a mochila para evitar dores nas costas ; - Sempre usar as tiras em ambos os ombros e sobre as cos-tas em vez de usá-la sobre um ombro; - Coloque objetos mais pe-sados na mochila primeiro para que estejam localizados mais em baixo e mais próximo ao corpo; - Preencha compartimentos de forma que a carga seja distri-buída uniformemente por toda a mochila e para que os itens não

mudem de posição durante o movimento; Se necessário carregar na mochila objetos pontiagudos, como uma tesoura, por exem-plo, tenha certeza que eles es-tejam acomodados entre outros itens mais volumosos para que não entrem em contato com a parte traseira da mochila e pos-sivelmente cause uma lesão na pele; - Ajuste as alças para que a mochila sirva confortavelmen-te ao corpo da criança, assegu-rando-se que a parte inferior

Page 28: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/201228

da mochila esteja 2 polegadas acima da cintura e mantendo o topo, logo abaixo da base do crânio; não carregue a mo-chila muito embaixo perto dos glúteos; - Levante a mo-chila do chão, usan-do os músculos das pernas e mantendo-a junto ao corpo, e não se dobrando pela cintura com os braços estendidos; - Não se incline para frente ao caminhar; se isso for neces-sário, é porque a mochila está muito pesada; - Mantenha-se atento ao peso carregado pelos seus fi-lhos na mochila para reduzir as chances de dores nas costas, se a criança reclamar de descon-forto, reduza o peso na mochila imediatamente; - Considere a aplicação de

uma diretriz para o limite de peso da mochila baseado em uma porcentagem do peso cor-poral da criança. A Associação Americana de Fisioterapia su-gere 10-20% do peso corporal da criança; - Ensine seu filho a levar apenas os livros necessários na mochi-la, deixando itens desnecessá-rios em casa e a fazer viagens mais frequentes aos seus armá-rios entre as aulas;

Opinião

Page 29: Revista Informe #1

Informe Nº 01 - Setembro/2012 29

- Ensine seus filhos a lim-par a mochila pelo menos uma vez por semana; - Torne-se um pai ou mãe participativos, pergunte ao seu filho se ele ou ela sente dores nas costas e observe se há mudan-ça postural significativa quando seu filho carrega a mochila; - Observe se seu filho de-monstra estar desconfortável ao colocar ou tirar a mochila dos ombros e se reclama de sinais neurológicos, como formiga-mento e dormência nos braços e mãos, busque por escoriações e contusões nos ombros; - Ajude seu filho a escolher a menor mochila que irá atender às necessidades deles, fale com os professores sobre como mi-nimizar a necessidade das crian-ças transportarem livros pesados diariamente em suas mochilas; se é possível manter livros em sala de aula para o trabalho di-

ário, ou deixar livros pesados em casa, ou fazer fotocópias de capítulos para a lição de casa. Participe das reuniões das As-sociações de Pais e Professores (PTA) para discutir propostas que auxiliem na diminuição do transporte de livros pesados nas mochilas. Finalmente, há uma série de alternativas para as mochi-las tradicionais no mercado. Estas incluem alforjes, mochi-las com rodas, mochilas com apoio lombar inflável e cintas, mochilas totalmente inflável e mochilas moldadas ao corpo. Carregar uma mochila cheia de material escolar é inevitável, no entanto, se algumas precau-ções forem tomadas as crianças podem sentir-se mais confortá-veis no transporte das mochilas, e o processo de aprendizado na escola se tornará mais prazeroso.

Page 30: Revista Informe #1

Informe - Revista Informativa de Ciência e Tecnologia Grupo PET Letras - Unipampa - Bagé RS

Iniciativa: