Revista Informativa Especial - ANEC
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Congresso Nacionalde Educação CatólicaCom quase 3 mil participantes, evento traz inovação e empreendedorismo para pauta do dia a dia educacional
FTD Sistema de Ensino. Agora, com Ensino Fundamental II (6o ao 9o ano) e novo site. O FTD Sistema de Ensino já era a melhor escolha porque oferece consistente material didático, equipe de assessoria pedagógica, atendimento 0800, central administrativa e comercial e outras vantagens. E fi cou ainda mais completo, com Ensino Fundamental II (6o ao 9o ano) e um novo site, repleto de material de apoio ao professor e aos alunos, exercícios, testes de vestibular e muito mais. Coloque a sua escola capítulos à frente. Adote FTD Sistema de Ensino.
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CIÊNCIAS
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A cada ano, quatro volumes (cada volume corresponde a um módulo), que contemplam os conteúdos referentes a todas as disciplinas: Português, Matemática, Ciências, História, Geografi a e Inglês.
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ESPECIAL
Revista ANEC OUTUBRO DE 2010 :: ANO III :: NO 11
REVISTA INFORM
ATIVA EDUCACIONAL - ESPECIAL
NO 11 :: AN
O III :: OUTU
BRO DE 2010
Anúncio
14
4642 52
12ESPECIAL
28EXPOSITORES
34PÚBLICO
36TRABALHO REGIONAL
REPERCUSSÃO DO CONGRESSO
CONVERSA COM MANTENEDORAS
REFLEXÃO
PALESTRANTES
26PROGRAMAÇÃO CULTURAL
2 PALAVRA DO DIRETOR PRESIDENTE
4 ACONTECE
Sumário
Em homenagem ao sucesso alcançado no maior Congresso de Educa-
ção Católica do país, a ANEC preparou uma edição especial da Revis-
ta Informativa Educacional para mostrar os bastidores desse evento,
que reuniu em Brasília quase 3 mil pessoas.
Caravanas de educadores de todo o Brasil se reuniram na capital federal para
discutir o tema: Educação, Inovação e Empreendedorismo Global. Pales-
trantes renomados e diversas iniciativas culturais deram o tom do trabalho,
que recebeu ótima avaliação dos inscritos.
Nas próximas páginas, os leitores vão conferir os detalhes do encontro e um
perfil detalhado dos participantes, obtido por meio de uma pesquisa de opi-
nião. Além disso, conversamos individualmente com os palestrantes para
dar uma dimensão mais real dos temas tratados durante os três dias de Con-
gresso, para aqueles que não acompanharam os debates.
Desejamos a todos uma boa leitura e que na próxima edição do Congresso
Nacional de Educação Católica da ANEC, a ser realizado provavelmente em
2012, você possa também partilhar dessa mística conosco!
DIRETORIA NACIONAL
Diretor PresiDente
Reitor Pe. José Marinoni, SDB
Diretor 1º Vice-PresiDente
Reitor Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ
Diretor 2º Vice-PresiDente
Reitor Ir. Clemente Ivo Juliatto, FMS
Diretora 1º secretária
Ir. Ana Maria Paes
Diretor 2º secretário
Reitor Pe. Christian de Paul de Barchifontaine, MI
Diretor 1º tesoureiro
Ir. Joaquim Juraci de Oliveira, FMS
Diretor 2º tesoureiro
Pe. Guido Aloys Johanes Kuhn, S.J
secretário executiVo
Prof. Dr. Dilnei Lorenzi
CONSELHO SUPERIOR
PresiDente
Reitor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Vice-PresiDente
Reitor Prof. Wolmir Therezio Amado
secretário
Reitor Pedro Rubens Ferreira Oliveira
CONSELHEIROSIr. Teresinha Maria de Sousa, MCIr. Nelso Antônio Bordignon, FSCPe. Wilson DenadaiProfessor Roberto PradoPe. Nivaldo Luiz Pessinatti, SDBPe. Mieczyslaw Smyda, SJ
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DEEDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL - ANECSRTV/Sul Quadra 701 Bloco O Sala 135Ed. MultiempresarialCEP: 70340-000 - Brasília-DFFone: 61 3226-5655 - Fax: 61 3322-5539E-mail: [email protected]
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃOLuciene Lopes PereiraNelismar de Souza
JORNALISTALana Canepa
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO
www. zeppelini.com.brFone: 11 2978-6686
IMPRESSÃOParque Gráfico da Editora FTDFone: 11 2412-8099
As ilustrações foram cedidas pelas instituições
Palavra do Diretor-Presidente
Pe. José MarinoniDiretor-presidente da ANEC
PARA ANUNCIAR NESTA REVISTAmí[email protected] pelo telefone (11) 2978-6686
2 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
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Nas próximas páginas, apresentaremos um pouco do que foi divulgado durante os três dias de Congresso
Nacional de Educação Católica. As notícias a seguir foram publicadas no site da ANEC, no site do evento e no Twitter, além de terem sido reproduzidas nos meios de comunicação de várias instituições associadas e na imprensa em geral. A partir dos textos abaixo é possível acompanhar, passo a passo, a evolução dos fatos durante o evento e como o público reagiu aos conteúdos e oportunidades de negócios oferecidos pela ANEC.
ANEC realiza maior Congresso de Educação Católica do país
4 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Acontece
ANEC realiza maior Congresso de Educação Católica do país
Lana Canepa, jornalista da ANEC
educacionais. O tema apresentado foi: Educação, Inovação e
Empreendedorismo Global.
Para o secretário-executivo da ANEC, Prof. Dilnei Lorenzi, o
Congresso superou as expectativas. “É um tema moderno, dis-
cutido no mundo inteiro, e que foi recebido com muita satisfa-
ção entre os participantes. É um congresso bienal e, certamente,
em 2012 estaremos juntos novamente. Provavelmente no pró-
ximo iremos trabalhar os conceitos de educação e criatividade”.
Caravanas de várias instituições percorreram centenas de qui-
lômetros para participar dos debates na capital federal. Para a
Irmã Terezinha, do Rio de Janeiro, a impressão dos educadores
foi muito positiva. “Este primeiro Congresso organizado pela
ANEC foi surpreendente. Os colaboradores do evento também
trabalharam muito bem e os palestrantes foram ótimos. Hoje, a
ANEC está se abrindo para outros temas, de forma que a edu-
cação é o que transforma. O Rio de Janeiro esteve presente em
massa e estaremos novamente no próximo”.
O Congresso Nacional de Educação Católica, realiza-
do em Brasília, reuniu durante três dias quase 3 mil
educadores de todo o Brasil. A Associação Nacional
de Educação Católica do Brasil (ANEC), responsável
pela organização do encontro, congrega mais de 2,5 mil ins-
tituições de ensino. Com o evento, a proposta da Associação
foi promover um debate sobre conceitos modernos e questões
científicas relacionados à melhor forma de educar.
A cerimônia oficial de abertura do Congresso contou com a
presença da vice-governadora do Distrito Federal, Ivelise Lon-
ghi; do presidente do Conselho Superior da ANEC, Dom Joa-
quim Mol; do arcebispo metropolitano de Brasília, Dom João
Braz; do senador da república, Cristovam Buarque, entre ou-
tras autoridades.
Além das discussões técnicas, muito entretenimento, peças de
teatro, shows e um espaço de negócios que reuniu os parceiros
com estandes para apresentação de novos serviços e produtos
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 5
Começa o Congresso Nacional de Educação CatólicaOs participantes se reuniram no Centro de
Convenções Ulisses Guimarães, no coração da
capital federal. O primeiro compromisso do
encontro aconteceu às 17h, horário em que
estava marcada uma Celebração Eucarística
com o arcebispo metropolitano de Brasília, Dom
João Braz de Aviz.
O evento contou com a presença de
autoridades que representam a educação
brasileira. Em seguida, às 18h, aconteceu a
solenidade de abertura oficial e um coquetel
para os participantes. Um dos objetivos do
Congresso foi proporcionar momentos de
reflexão em relação às temáticas de Educação,
Inovação e Empreendedorismo Global, com
a finalidade de contribuir com a realidade
educacional brasileira.
O evento ainda teve a palestra do professor doutor
Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, presidente
do Conselho Superior da ANEC e reitor da PUC-
Minas. O tema do debate era a Educação Católica,
identidade e inovações para uma sociedade plural.
O Congresso contou também com programação
cultural, praça de alimentação, além de uma
feira de estandes com uma extensa relação de
expositores de produtos e serviços educacionais,
que aconteceu na Ala Sul do Centro de
Convenções, em Brasília.
Após a solenidade de abertura, Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães,
presidente do Conselho Superior da ANEC e reitor da PUC-Minas, proferiu a
primeira palestra do Congresso.
Com o tema Educação Católica, identidade e inovações para uma
sociedade plural, Dom Joaquim ressaltou que as inovações promovidas
pelas escolas católicas fazem parte da própria identidade dessas
instituições. “Pelo fato de serem católicas, é uma obrigação oferecerem
um ensino de qualidade e excelência, é mister que sejam boas escolas”,
afirmou o bispo.
Dom Joaquim Mol citou ainda Cardeal Newmann, que considerava como
ponto central da identidade das universidades católicas o fato de serem
“boas universidades”. Diante de uma sociedade em profunda mudança, Dom
Joaquim também acredita que as entidades católicas de ensino somente
poderão corresponder às exigências atuais na medida em que incorporarem
e produzirem inovações.
Educação Católica, identidade e inovações para uma sociedade plural
Dom Joaquim Giovani Mol fala sobre inovação na Educação Católica
Momento de abertura do Congresso
6 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Acontece
O Congresso começou com uma celebração
eucarística presidida pelo arcebispo de Brasília,
Dom João Braz de Aviz. O motivo de o evento
ser aberto com uma cerimônia religiosa foi
explicado pelo presidente da ANEC, Pe. José
Marinoni: “essa celebração abre com chave
de ouro nosso primeiro Congresso, pois nada
melhor que começar com as bênçãos, com a
proteção de Deus, que é nosso Pai, e Nossa
Senhora, nossa mãe”.
Ao referir-se à iniciativa de promover um evento
dessa proporção, Dom João Braz afirmou que
“a ANEC desenvolve de maneira positiva a
unificação dos rumos da Educação Católica no
país”. Outro ponto fundamental da palavra do
arcebispo de Brasília diz respeito a fomentar a
identidade específica das escolas católicas, que é a
experiência da fé cristã, e que toda a inovação não
pode prescindir desse fundamento.
Durante a realização do Congresso, 22 empresas
parceiras apresentaram seus produtos na feira
de exposição organizada especialmente para o
evento.
Entre os intervalos do Congresso, os
participantes circularam pela Feira de Produtos
e Serviços Educacionais, que reuniu estandes de
empresas e instituições,. A iniciativa contou com
uma estrutura para profissionais técnicos do
ensino básico e superior, educadores, docentes,
gestores, mantenedores e coordenadores.
A meta foi investir em instrumentos para
aumentar a qualidade do aprendizado dos
alunos, tanto em escolas de ensino básico como
superior.
Além da feira, a organização do evento
preparou diversas atrações culturais. Entre
elas uma peça teatral, em que o ator Ayrton
Salvanini apresentou um monólogo baseado
em Vinícius de Moraes. Em seguida, os
participantes confraternizaram o fim do
primeiro dia de Congresso em um coquetel
oferecido pela ANEC.
Feira chama a atenção dos participantes do Congresso da ANEC
Celebração Eucarística abre evento com chave de ouro
Celebração eucarística marca abertura do evento
Feira de exposição com produtos e serviços educacionais
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 7
Após a Celebração Eucarística, teve início a palestra do Dr. José Eduardo
Azevedo Fiates, atualmente diretor-executivo da Sapiens Parque S.A –
complexo que reúne empreendimentos de ciência e tecnologia, educação
e cultura.
Segundo Dr. José Eduardo, entre 100 ideias, quatro ou cinco tornam-se
casos de sucesso no que diz respeito à quantidade e à qualidade. Assim,
é necessário estarmos mais atentos e mais presentes dentro das escolas
para apoiar os alunos empreendedores. “Professores com potencial
tornam-se incubadores de grande empreendedorismo global”.
Ainda de acordo com o palestrante, as principais universidades do
mundo geram resultados importantes com o trabalho em parques
tecnológicos. Portanto, é preciso existir um processo permanente
de inovação. Esse é o papel do empreendedor, profissional ligado
diretamente à educação.
Educação deve considerar desenvolvimento das virtudes humanas A professora e doutora Léa Fagundes,
coordenadora de pesquisa no Laboratório de
Estudos Cognitivos da UFRGS e assessora do
Ministério da Educação, foi uma das palestrantes
do Congresso.
O tema de sua apresentação foram as virtudes
humanas, inovação e empreendedorismo.
A palestrante falou sobre alguns problemas
enfrentados na sociedade massificada, em
que o objetivo dos jovens estudantes é
somente conquistar o ganho direto individual.
Aprender simplesmente para conquistar um
bom espaço no mercado de trabalho. “Essa
competição, essa voracidade, é a mesma
situação encontrada no mundo dos animais.
Os animais é que precisam lutar contra o outro
pela sobrevivência. Entre os seres é preciso
aprender e ensinar”. O ponto mais importante
desse ensinamento seria reforçar as virtudes
humanas.
Outro tema que dominou a palestra foi a
questão das novas tecnologias, a geração
digital, e como isso pode ser prejudicial
aos jovens. O recorta e cola de alunos que
não aprendem a ter opinião, criar dúvidas e
questionamentos pessoais, transformam esses
estudantes em repetidores de informação.
Tecnologia da comunicação está mudando o ensinoAs mudanças impostas pelo mundo moderno
estão transformando também a forma de
ensinar. A influência da internet na vida dos
jovens é tão importante que modificou a forma
de construir o conhecimento.
Essas e outras ideias foram apresentadas durante
a palestra do presidente da Fundação de Apoio
à Pesquisa de Santa Catarina, Dr. Antônio
Diomário Queiroz. Segundo ele, a comunicação
diferenciada, feita em uma sociedade em rede,
entrelaçada pela internet, é realizada com base
na transferência de conhecimento, e não na
construção de conhecimento.
“Essa interação social se faz em um processo de
comunicação que tem a palavra como base. A
palavra vem sempre com a conotação da questão
moral, e ela reflete os valores que são a própria
essência da religião católica. Então, a Educação
Católica precisa também interagir de forma aberta
em todos os níveis de formação, começando
pela educação infantil, respeitando a criatividade
das crianças, fortalecendo o seu senso crítico, a
comunicação com pessoas diferentes de diversas
culturas, para construir realmente algo novo”.
A palestra teve como tema Interacionismo Social
e Novas Tecnologias da Comunicação no Processo
Educativo Contemporâneo.
O poder dos parques tecnológicos no empreendedorismo educacional
Dr. José Eduardo Azevedo Fiates durante palestra
8 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Acontece
Dom Dimas preside oração inicial no segundo dia do Congresso da ANECO segundo dia do evento contou com a presença
do secretário-geral da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil, Dom Dimas Lara Barbosa, que
presidiu a oração para o início dos trabalhos.
De acordo com Dom Dimas, a educação católica
no Brasil foi fortalecida com a fusão das três
antigas entidades, AEC, ANAMEC e ABESC, na
atual Associação Nacional de Educação Católica
do Brasil, a ANEC.
Dom Dimas mencionou que a partilha de
metas e objetivos, a comunhão das entidades
associadas e os novos rumos do ensino católico
são contribuições de valor inestimável que
o Congresso da ANEC ofereceu, “É muito
importante que a escola católica retorne às suas
origens e redescubra sua própria identidade e
missão”, afirmou o secretário-geral da CNBB.
Especialistas debatem teorias educacionais em mesa redondaUm grupo de educadores coordenados pela
diretora da Mathema Formação e Pesquisa,
Dra. Kátia Smole, debateu os dilemas e novas
tendências da formação de jovens. Em uma
citação, a coordenadora dos trabalhos disse que
“não é porque somos humanos que sabemos
o que é bom, belo e verdadeiro. É a educação
que nos mostra o que é bom, belo e verdadeiro,
e a educação católica já tem meio caminho
andado”.
Essa frase demonstra o espírito dos quase 3
mil participantes do evento, que vieram de
todos os cantos do país para debater o tema:
Educação, Inovação e Empreendedorismo
Global.
Ivan Lins se apresenta no encerramento do segundo dia de Congresso da ANECO cantor e compositor Ivan Lins empolgou o
público durante a apresentação de encerramento
do segundo dia de Congresso da ANEC. Entre
as canções do repertório estavam os sucessos
Começar de Novo e Lembra de mim.
Ivan Lins iniciou sua carreira musical em
festivais universitários no final dos anos 1960,
influenciado por diversos gêneros musicais como
jazz, bossa nova e soul. Em suas apresentações,
tem como principal instrumento o piano. Autor
de dezenas de sucessos que foram temas de
novelas, o artista, vai comemorar, em 2011, 40
anos de carreira.
Os novos perfis profissionais: jovens empreendedores e multifuncionais
Como se forma um bom profissional? Um cidadão consciente? Um jovem educado?
Algumas respostas para essas e outras perguntas foram apresentadas durante a palestra
do escritor e psicoterapeuta, Dr. Leonardo Fraiman, que é diretor da Clínica Fraiman
e parceiro da Teenager Assessoria Profissional.
Hoje em dia, todos buscam a juventude. Essa referência muda o parâmetro
sobre o que é realmente ser jovem. A tendência é que os jovens saiam de
casa mais tarde até que tenham uma estrutura de vida mais completa.
“Antes, o profissional que trocava muito de emprego era mal
visto, mas atualmente os jovens procuram com mais frequência
boas oportunidades profissionais. Tendo um bom currículo e
aparecendo uma melhor oportunidade de emprego, ele logo faz
a troca, pois o jovem de hoje não procura ter muitos vínculos.”
O mercado de trabalho é focado em novidades tecnológicas,
como GPS, notebook e celular, ou seja, o que antes era luxo
passou a ser comodidade, facilitando a vida do profissional,
mas sem perder de vista a necessidade de ensinar
princípios básicos de educação, convivência, respeito,
aqueles conceitos que as crianças levam para a vida toda.
Isso se reflete também no seu local de trabalho, com a equipe de
profissionais. De acordo com o palestrante, o novo profissional
busca com mais frequência, ser empreendedor. Para que ele seja
bem-sucedido em seu segmento, precisa alcançar um diferencial.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 9
Congresso Nacional de Educação Católica
12 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Especial
ConteúdoOs participantes receberam uma sacola ecológica, preparada
pela equipe de comunicação da ANEC, com a programação do
evento, guia do participante com dicas de estadia, transporte e
alimentação, além de bloco e caneta para anotações.
Durante o congresso, três jornalistas trabalharam na produção
de conteúdo para alimentar o site da ANEC, preparar essa edi-
ção especial da revista e atender a imprensa local e nacional para
a divulgação do Congresso. As reportagens de acompanhamen-
to do passo a passo do encontro também foram reproduzidas em
sites de instituições associadas e comentadas no Twitter.
Espaço O evento foi realizado no Centro de Convenções Ulisses Gui-
marães, no coração da capital federal, em plena Esplanada dos
Ministérios. Esse é um dos espaços mais nobres para a realiza-
ção de eventos em Brasília, e conseguir reservar o local foi uma
conquista da ANEC.
O centro oferece um amplo espaço, auditório para 3 mil
participantes, várias salas para as equipes da organização e um
salão muito vasto para exposição. No auditório foram realiza-
das as palestras e shows. No salão, decorado com grandes fotos
das capas da Revista Informativa Educacional, a ANEC ofere-
ceu os coquetéis, com um buffet que oferecia almoço aos par-
ticipantes e também uma grande feira de negócios.
Foram convidados parceiros de vários setores ligados à
educação que mostraram seu trabalho durante os três dias de
encontro. Uma oportunidade para os gestores fecharem con-
tratos com custos abaixo dos de mercado.
Congresso Nacional de Educação Católica
Com a proposta de consolidar a atuação da ANEC como
entidade representante da Educação Católica do Brasil
e de oferecer um conteúdo de qualidade no debate do
tema: Educação, Inovação e Empreendedorismo Glo-
bal, a Associação organizou um encontro que reuniu em Brasí-
lia quase 3 mil educadores de todo o país.
Um evento de proporções desafiadoras e que demandou um
processo complexo de organização. Toda a equipe da ANEC
participou dos preparativos e execução. A seguir, mostraremos
os detalhes do encontro.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 13
Cada um dos nove palestrantes convidados para o evento concedeu à nossa equipe
de jornalistas uma entrevista exclusiva para comentar detalhes do conteúdo debatido e falar sobre o trabalho desenvolvido no mercado com relação à educação. A escolha dos especialistas demandou muito esforço da equipe da ANEC e o resultado foi muito positivo. Na avaliação dos participantes, as palestras foram o ponto forte do evento. Conheça agora um pouco sobre cada um dos palestrantes do Congresso Nacional de Educação Católica.
14 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Palestrantes
Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
Palestra: Educação Católica, identidade e inovações para uma sociedade pluralComo o senhor avalia o papel da edu-
cação católica na formação da identi-
dade brasileira?
A educação católica é um tesouro porque
nasce de experiências muito bem-suce-
didas e pessoas profundamente inspira-
das em métodos e pedagogias novas na
lida com a juventude e a criançada. São
os fundadores. Depois disso, as experi-
ências foram aglutinadas e a igreja tem
o papel de uma mestra educadora. Ela
é construtora de novas metodologias de
educação, na medida em que tem como
foco principal a pessoa humana.
A educação católica se prima por fo-
calizar e centrar, o tempo todo, a pessoa
humana com todas as suas dimensões. É
isso que ela busca e, por isso, a pessoa
que sai da educação católica sai desen-
volvida na sua dignidade, na sua cidada-
nia, na sua dimensão transcendental e na
sua relação com Deus. Esse trabalho é co-
letivo, feito em conjunto com toda a im-
portância da comunidade educativa, pai,
família, professores, gestores, os próprios
alunos e funcionários das escolas.
Porque aquele educando precisa ser
cercado, ambientado plenamente para
poder se tornar uma pessoa adulta, bem
formada e bem preparada para a vida. A
educação católica é um tesouro porque é
um conjunto de todas essas coisas.
O senhor acredita que os conceitos reli-
giosos estão tendo a importância diminu-
ída em algumas escolas que pretendem
atingir o público de todas as religiões?
O problema de neutralizar os conceitos
da educação católica, para atingir públi-
cos que não têm envolvimento com a re-
ligião existe realmente nas nossas institui-
ções. Algumas tentam se colocar melhor
no mercado, mas na maior parte os prin-
cípios são prioridade para educadores e
educandos.
Eu penso que nós não devemos
afrouxar, porque não existe educa-
ção neutra. A educação que se preten-
de neutra, na realidade, reduz a concep-
ção, a sua antropologia e, assim, reduz
também o ser humano. O ser humano é
tudo isso, e hoje há uma redescoberta do
sagrado como ponto de equilíbrio mui-
to importante. Está claro que as religiões
podem contribuir para a paz no mundo
de uma maneira decisiva, então, a edu-
cação católica precisa assumir isso de
maneira explícita e ofertar isso a pessoa.
Porém, isso não significa impor, não
é assim. É um trabalho educacional, de
oferta, de diálogo e interação. A educa-
ção hoje pretende esconder, colocar de
forma mais leve, enfim, amenizar. Não
se deve amenizar porque isso é uma ex-
plicitação que a pessoa aceita ou não,
ela é livre para poder se posicionar. O
verdadeiro educador – e nós pretende-
mos que na educação católica tenha-
mos sempre, somente, educadores – é
capaz de deixar que o outro exerça a
sua liberdade.
Como o senhor define, de forma bem
simples, a missão de educar?
Educar é transformar a pessoa em mais
pessoa. É tornar humana a pessoa huma-
na que ela já é. É engrandecer o ser huma-
no, isso é educar, preparar para a vida.
Presidente do Conselho Superior da ANEC e reitor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 15
Palestra: Qual é o papel dos parques tecnológicos na geração de emprego e nas relações de escola-empresa?O senhor pode falar um pouco sobre o
conteúdo da palestra proferida duran-
te o Congresso?
Essencialmente, a ideia foi apresentar
como os parques tecnológicos desem-
penham um papel essencial nesse em-
preendedorismo inovador. Chamando a
atenção de que o parque tecnológico, na
verdade, é a ponta de um processo que
pressupõe a geração de empresas de su-
cesso, tecnologias e inovações, capaci-
dade empreendedora na forma de pes-
soas qualificadas e, consequentemente,
escolas qualificadas. Elas têm um papel
fundamental para que exista uma massa
crítica de empresas que depois possam
ocupar o parque tecnológico.
Na sequência, a ideia foi apresentar
exemplos internacionais para mostrar que
existe, de fato, uma experiência mundial
bem-sucedida, em que parques tecnoló-
gicos geraram e geram resultados econô-
micos extremamente relevantes para os
países. Fazer o contraponto com o que já
existe hoje no Brasil, que é uma experiên-
cia importante no âmbito internacional do
ponto de vista de empresas e projetos de
parques tecnológicos bem estruturados,
mas que ainda está distante do nível inter-
nacional no que diz respeito aos patamares
de receita e tamanhos das empresas.
Concluindo, destaca-se o papel e a
importância que a educação tem, seja no
ensino básico ou no superior, de prepa-
rar pessoas com espírito empreendedor,
com capacidade de inovação, com base
de conhecimento e atitude de compor-
tamento empreendedor para poder fazer
esse processo se desenvolver.
Como estimular um aluno a ser em-
preendedor?
Fundamentalmente você tem de traba-
lhar, sem dúvida, a qualificação do alu-
no. Uma boa base nas várias disciplinas,
não só necessariamente aquelas que tra-
tam de tecnologia, como Matemática e
Dr. José Eduardo Azevedo FiatesDiretor de Inovação da Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras.
Ciências, mas também as áreas de cul-
tura geral, relacionamento humano e a
postura empreendedora do aluno. Isso
envolve assumir a capacidade de tomar
riscos, enfrentar desafios, ser questiona-
dor, ter ambição de coisas grandes, ou-
sadas e audaciosas. Portanto, isso envol-
ve tanto um treinamento, uma educa-
ção técnica, quanto uma educação mais
comportamental, psicológica e de atitu-
de dos jovens.
Como o senhor avalia a iniciativa da
ANEC de realizar um Congresso com
esse tema?
É fundamental, porque a ANEC congre-
ga um conjunto de escolas, seja do ensino
fundamental ou do superior, que represen-
tam uma massa crítica de alunos que cer-
tamente constituem um segmento funda-
mental para esse tipo de iniciativa no país.
Eles são os novos empreendimentos ino-
vadores, porque no ensino básico normal-
mente estudam em escolas de grande qua-
lidade, portanto, com possibilidade de ge-
rar aquele perfil alvo que nós estamos co-
locando. Também no âmbito universitá-
rio, escolas católicas são bem preparadas
e têm condição de gerar essa massa crítica
de empresas para os parques tecnológicos.
É claro que é necessário, cada vez
mais, haver uma ação sistêmica para que
as escolas e universidades compartilhem
boas práticas e experiências para desen-
volver projetos, programas e capacida-
des bem estruturadas no sentido de pro-
mover novos empreendimentos.
16 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Palestrantes
Comente sobre o conteúdo da sua pa-
lestra e o relacionamento com os alu-
nos. Como tudo começou?
Fundei um laboratório de estudos cogni-
tivos há 30 anos. Trabalhei durante alguns
anos no curso de Pedagogia e durante 20
anos fui professora de escola pública. De-
pois, fiz Pedagogia, concurso e passei a dar
aula em uma universidade federal. Como
tinha muita experiência, via que estava fal-
tando conhecimento na escola. Então, fui
atrás de estudar e descobri muita coisa.
A resposta foi estar sempre imersa nos
problemas de sala de aula. Trabalhan-
do na periferia, o que a gente mais tem é
contato com crianças que têm sofrimento
social. Então resolvi criar um laboratório.
Uma das questões que eu comecei a es-
tudar foi a aprendizagem de Matemática.
Surgiu a Matemática moderna, e eu notava
que quanto mais novas fossem as crianças,
mais gostavam dos números e continhas,
mas à medida que começavam a crescer,
passavam a odiar. Eu queria saber o porquê.
Nós tínhamos um amigo que era piloto de
avião, e ele ia muito para a França. Por isso,
encomendávamos publicações sobre isso.
Depois fui trabalhar no Instituto Na-
cional de Educação para fazer supervisão
de currículo. Quando comecei a lecionar
na universidade, assessorava a professora
titular. Ela tinha me passado algumas au-
las e comecei a estudar os currículos e pro-
gramas. Vi que não tinham fundamento.
Então, toda vez que você começa a ques-
tionar, concentra a atenção nos problemas
e tem vontade resolvê-los, existe uma pes-
quisa encaminhada.
Então, resolvi chamar a diretora da
escola e formamos um grupo de estudo
Prof. Dra. Léa Fagundes
Palestra: Virtudes humanas, inovação e empreendedorismo sobre as teorias de Piaget. No começo,
parecia incompreensível. Primeiro por-
que a abordagem é sistêmica e cria con-
ceitos novos. Então são palavras que não
existem no nosso vocabulário e, se exis-
tem, têm sentido diferente. Piaget, que
era biólogo, construiu uma teoria, criou
um método de concepção do conheci-
mento cientifico para estudar como o ser
humano constrói o conhecimento.
Ele começou a estudar como a inteli-
gência se desenvolve, o que ela é e como
se aprende. Estudando essas teorias, tive a
oportunidade de fazer outro vestibular de
Letras Clássicas, Grego, Latim e Língua Por-
tuguesa. Até que eu fui para a faculdade de
Pedagogia, quando minhas filhas estavam
maiores, e consegui fazer um estudo sistê-
mico do condicionamento operante.
Os pesquisadores tinham descoberto
que os reflexos poderiam ser condiciona-
dos, assim como os de um cachorro. O ser
humano é totalmente condicionável. A es-
cola hoje está baseada nisso, porque quan-
do queremos que um comportamento se
repita, condicionamos com elogios e com
estrelinha no caderno, inclusive com di-
nheiro ou chocolate, mas a escola condi-
ciona só com notas, estrelas e castigos. E se
o aluno é bom, ganha elogios, e isso é um
condicionamento muito forte. Hoje a gen-
te sabe que a punição não é tão eficiente
quanto a ausência do elogio.
Eu quase me desiludi porque que-
ria fazer ciência na Educação. Eu não
entendia porque as crianças tinham de
decorar todas as operações e a tabuada
mas não conseguiam resolver um pro-
blema se a ‘tia não dizia se a continha
era de mais ou de menos’. Isso é condi-
cionamento. Então, a diretora me deu o
aval para fazer a pesquisa na escola. Aí
eu fiz mestrado e doutorado. No labo-
ratório, estudei muito Piaget e práticas
pedagógicas, e eu preparava os alunos
para a Psicologia. Até hoje tenho um
grupo de alunos que fez a primeira tur-
ma de Psicologia do Desenvolvimento.
Com o tempo, iniciamos o mestrado e,
depois, o doutorado. Eles foram acom-
panhando e agora são diretores de insti-
tuições e coordenadores. Isso me deixa
muito feliz e orgulhosa.
Coordenadora de pesquisa no Laboratório de Estudos Cognitivos (UFRGS) e assessora do Ministério da Educação
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 17
Qual foi o conteúdo da sua palestra? O
que o senhor avalia ter passado como
mensagem aos educadores?
Em resumo, nós mostramos que a socie-
dade de hoje é uma sociedade em redes.
A internet consegue integrar as pessoas do
mundo todo, e dar acesso a conhecimentos
que decorrem apenas das vivências. Existe
o acesso aos saberes e, a partir daí, desen-
volvem-se os próprios conhecimentos.
Esse conhecimento está no relaciona-
mento social, que se faz por um processo
de interação que tem como base a palavra.
Ela vem sempre com a conotação de na-
tureza moral e, por conseguinte, reflete os
valores morais que são a própria essência
da educação católica. A educação precisa
interagir de uma forma aberta em todos os
níveis de formação. Começando pela edu-
cação infantil, respeitando a criatividade
das crianças e ajudando a fortalecer o seu
espírito crítico, a sua liberdade de criticar,
Palestra: Interacionismo social e novas tecnologias da comunicação no processo educativo contemporâneo.
sua capacidade de conversar com pessoas
de diversas culturas, para, posteriormen-
te, construir o novo, um mundo melhor.
A inovação nada mais é do que a conver-
gência da experiência de diversas pessoas
e instituições para encontrar soluções aos
problemas que hoje existem no mundo.
Isso demonstra que os alunos estão
exigindo um pouco mais do que as
instituições ofereciam até agora?
Tanto os alunos quanto a sociedade. Os
alunos que acessam a internet e outros
meios de comunicação conhecem um
conteúdo diferente do que as apostilas
e materiais tradicionais às vezes ofere-
cem.. Portanto, o professor tem de abdi-
car daquela postura medieval de incutir
verdades e transferir conhecimentos aos
alunos e respeitar a sua capacidade de
aprender, gerando condições de apren-
dizagem e participando de uma função
importantíssima, que é a liderança des-
se processo interativo de aprendizagem.
Para o senhor, qual é o diferencial da
educação católica?
O diferencial são os valores éticos e mo-
rais na formação das pessoas. Não apenas
o discurso ético, que parte de crenças e
valores às vezes distorcidos. Hoje eles se
transformaram em uma condição imposta
pelas instituições, mas no conceito moral
de Deus dentro de ti, que é palavra verbo
e que passou a Cristo a sua palavra viva
de natureza moral. Isso nos possibilita de-
finir com clareza o bem e o mal, e essa
condição protege as pessoas das incerte-
zas e das mudanças dos tempos. Da mes-
ma forma, possibilitam ter clareza e opor-
tunidade para entrar nesses processos de
inovação e de desenvolvimento cientifico
e tecnológico, que também caracterizam
essa sociedade de conhecimento.
Prof. Dr. Antônio Diomário QueirozPresidente da Fundação de Apoio à Pesquisa de Santa Catarina
A inovação nada mais é do que a convergência da experiência de diversas pessoas e instituições para encontrar soluções aos problemas que hoje existem no mundo.
18 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Palestrantes
Qual é a ideia da sua palestra?
Primeiro, é preciso observar que traba-
lhar em rede é uma forma de viver en-
tre outros, como resultado de uma esco-
lha e uma deliberação. Portanto, é uma
questão ética por excelência, e isso não
é nenhuma novidade. Os gregos estavam
convencidos de que a melhor maneira de
viver pressupõe entender que nós faze-
mos parte de um todo maior do que nós.
Nossa vida depende de certo ajuste, uma
adequação a esse todo que nos transcen-
de. Esse todo é o universo, e temos um pa-
pel nele. A vida só será boa se entendermos
isso. O que é mais interessante é que não
só vivemos mal como também condena-
mos todos aqueles que dependem da nos-
sa vida para que vivam mal também.
Explico que isso é um pouco a ideia
contemporânea de sustentabilidade. Em
outras palavras, uma ação sustentável é
adequada e ajustada a uma ordem sistê-
mica na qual as vidas estão interligadas e
interdependentes. Essa é a primeira ideia.
A segunda é que quando o homem
se dá conta que o universo não é bem
como os gregos achavam, ele percebe
que a coisa fica um pouco na mão dele.
A resposta para uma vida boa não é dada
por uma instância concedente, ela não é
um tesouro pronto. Mas é o resultado de
uma elaboração de uma produção dele
mesmo, intersubjetiva. A moral se tor-
na contratual e resulta de um acordo, de
um entendimento entre as partes, sobre
até onde eu posso ir, até onde você pode
ir. De novo a ideia de rede parece muito
clara, quer dizer, de certa maneira para
refletir sobre a melhor maneira de viver
Palestra: Redes Sociais, Educação para o Empreendedorismo Global é absolutamente fundamental considerar
que os outros vivem também, portanto,
existem limites nas estratégias de vida.
Abordo também a questão da política
de resultados e o pragmatismo. É a primei-
ra solução que aponto e mostro o quanto
esse discurso dos resultados está presente
no mundo contemporâneo e de que ma-
neira as alianças potencializam eventuais
vitórias e sucessos. Digo que essa perspec-
tiva pragmática tem problemas, então abor-
damos a segunda opção: o utilitarismo.
A vida boa é aquela que alegra o
maior número de afetados pela ação. De
novo, a ideia de rede continua presente,
a questão da responsabilidade social e,
finalmente, o contratualismo moral, ou
seja, o entendimento de que a coisa de-
pende de um acordo.
O que é fundamental para o traba-
lho em rede é que as pessoas tenham não
só o direito, mas as condições necessárias
Dr. Clóvis de Barros FilhoDoutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. docente da Universidade de São Paulo e conferencista pelo Espaço Ética.
para se manifestar. Porque toda vez que al-
guém não se manifesta nesse pacto social
global sobre o certo e sobre o errado, dei-
xa um vazio perigosíssimo, sempre apro-
veitado por um tirano qualquer que pode,
no lugar dele, dizer o que acha certo e o
que acha errado. Portanto, devemos edu-
car para participar, interagir e dizer o que
pensamos, para que nossos alunos pos-
sam, devam e entendam que têm de ocu-
par espaço. Dizer o que pensa e participar,
sob pena de aceitar que um ou outro tira-
no lhe empurre uma opinião goela a baixo.
O educador é peça-chave nesse caso. Ele
tem uma responsabilidade muito grande?
Exatamente, o papel do educador é cha-
ve em toda a história. Seja lá qual for a
concepção que você adotar, ele é funda-
mental, porque preparará o futuro agen-
te para buscar no mundo as situações de
vida mais adequadas possíveis.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 19
O que a sua palestra mostrou sobre as
novas pesquisas em educação?
O mundo mudou muito. Observamos
hoje uma família menos estruturada,
menor e com menos tempo para in-
teragir. Uma escola com carga maior
por parte da sociedade, e até por par-
te do mercado de trabalho, e um alu-
no mais inquieto e dinâmico. Diante
de tudo isso, desenvolvi junto à equi-
pe uma metodologia chamada Orien-
tação Profissional e Empregabilida-
de e Empreendedorismo (OPE). So-
bretudo, a metodologia parte do au-
toconhecimento dos valores humanos
para construir a empregabilidade e o
Dr. Leonardo Fraiman
Palestra: O Brasil e os novos perfis profissionais
Escritor e psicoterapeuta, diretor da Clínica Fraiman e Parceiro da Teenager Assessoria Profissional
espírito empreendedor dos jovens. Na
minha apresentação, comento qual é
o papel do educador de todas as áre-
as do conhecimento para despertar
essa vontade de agregar à vida, rom-
pendo a ideia de que uma boa profis-
são é aquela que vai me dar dinhei-
ro. Não é. Uma boa profissão é aquela
que vai me dar satisfação, aquela que
tem uma relação de ganhar, uma re-
lação sustentável no tempo. É a nos-
sa maneira de trabalhar pela sustenta-
bilidade, de criar relações de sinergia,
de parceria e de comunhão, em que o
espírito empreendedor seja um dever,
e não uma opção.
Acredito que uma pessoa não tem di-
reito a um trabalho medíocre..Um pro-
fessor, quando dá uma aula medíocre,
automaticamente afasta o aluno do co-
nhecimento, atrapalha sua autoestima,
afasta até mesmo uma escolha profissio-
nal. Um produto que eu compro quebra-
do certamente está assim porque alguém
não trabalhou de maneira empreendedo-
ra. Portanto, o empreendedorismo é um
respeito ao outro. Não é uma opção.
A gente trabalha por essa causa, de
despertar no jovem uma vontade de ser
empreendedor, mas que vai ser desper-
tada através de um adulto que vai con-
viver com ele.
O aluno é o construtor do seu projeto de vida, não é simplesmente alguém que vai aplicar um teste e dizer o que ele tem que fazer. Ele é ensinado a pesquisar o mundo para construir um projeto de vida sustentável.
Palestrantes
20 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
sar o mundo para construir um projeto de
vida sustentável.
Qual a relação das instituições católi-
cas, uma vez que o senhor fala muito
de valores?
Todo o nosso trabalho está alinhavado com
os valores humanos do Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef), sendo os
13 grandes valores que, hoje, a Organiza-
ção das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco) adota nas es-
colas associadas no mundo inteiro. Entre
elas estão propostas atividades, reflexões
e rodas de conversas. Hoje é interessan-
te observar que o grande diferencial de um
profissional não é a competência técnica,
mas sim o berço. A gente avançou muito
em tecnologia e pouco em metodologia, e
muito menos ainda na humanidade.
Se observarmos olho no olho, saber se
sentar, sorrir, pedir as regras básicas de po-
lidez, como ‘licença’, ‘obrigado’, ‘por favor’,
entre outras noções básicas de convivên-
cia. Certamente isso faz toda a diferença.
Contudo, não seria possível pensar no
empreendedorismo sustentável se não fos-
Como isso chega hoje efetivamente
em sala de aula?
De duas maneiras. Hoje temos um livro
para cada série, a partir do primeiro ano do
ensino fundamental até o terceiro ano do
ensino médio, sendo, portanto, uma possi-
bilidade. A segunda forma seria pela capa-
citação do educador por meio de um por-
tal. Toda essa capacitação de forma teórica
e prática é filtrada ao final por uma avalia-
ção de questões conceituais e latitudinais.
Cada escola ministra de acordo com a sua
deliberação. Existem escolas que possuem
isso na grade horária, sendo uma diretriz
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), em que prepara o aluno
para o mercado de trabalho. Outras ado-
tam no horário contrário como discipli-
na eletiva. O bom é que quem ministra a
matéria é um professor de qualquer disci-
plina Pode ser um filósofo, um psicólogo,
um historiador ou um matemático – uma
vez que a disciplina é centrada em auto-
conhecimento. O aluno é o construtor do
seu projeto de vida, não é simplesmente al-
guém que vai aplicar um teste e dizer o que
ele tem que fazer. Ele é ensinado a pesqui-
se assentado em valores. Nós temos um
portal com depoimentos de alunos e edu-
cadores sobre esse trabalho. Atualmen-
te, são mais de 50 escolas que adotaram,
e é emocionante, porque as pessoas dizem:
“aprendi a gostar da vida, a gostar de mim,
e eu quero ser engenheiro mecânico por-
que quero trabalhar pela sustentabilida-
de. Quero criar um motor que não polua”.
A outra quer ser artista porque quer tra-
zer alegria para o mundo, “Isso é o que eu
sinto que está dentro de mim”, diz. Então
são depoimentos que vão, inclusive, mui-
to contra o que a mídia propaga do jovem,
que é basicamente que o jovem não quer
nada com nada e só consome drogas. Isso
não é a realidade que vemos nas escolas
que adotam o trabalho da gente.
Muitas das escolas adventistas, salesia-
nas, católicas, judaicas, enfim, que têm uma
tradição religiosa honesta na sua proposta,
são as que mais abraçam a causa. Elas en-
tendem que acabam sendo um diferencial
que reforça a missão de formar um ser hu-
mano do bem e, ao mesmo tempo, sentem
a necessidade do jovem e da família. Acaba
sendo um ganho muito interessante.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 21
Palestra: A função das instituições de ensino no desenvolvimento do empreendedorismo
Dr. Clemente Nóbrega Presidente da CN Projetos de Inovação
Quais são os principais pontos da palestra?
Os pontos principais estão relacionados à ideia de empreende-
dorismo. O que a escola, a formação, tem a ver com essa ideia
moderna e que está tão em voga? Como a educação pode con-
tribuir para o empreendedorismo? Para isso, precisamos par-
tir de um entendimento claro do que é ser um empreendedor.
O empreendedor, na verdade, é uma figura que sempre
existiu na economia, é um ente econômico. Ele só ficou bem
definido a partir do trabalho de um economista austríaco cha-
mado Yosef Schumpeter. Ele mostrou que o empreendedor não
é uma entidade nem um governo. Eles são pessoas que se des-
tacam pelo fato de terem um apetite maior para o risco do que
a média dos seus contemporâneos.
Mas correr risco para fazer coisas que ele acha que o mun-
do vai querer comprar. Então, atraído pela possibilidade de
capturar os ganhos daquele risco que está correndo, se der cer-
to, ele tem aquilo para ele. A figura do empreendedor só flores-
ce em sociedades e regimes que garantam a propriedade priva-
da, porque senão ele não existe. Não existe empreendedor em
Cuba e na antiga União Soviética. Mas é só tirar essa restrição
da paisagem e ele vai brotar.
22 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Palestrantes
Quando dizemos: “vamos incentivar o empreendedorismo”, o que temos de fazer é definir perfeitamente que isso não é uma profissão clássica. Não é como ser um advogado ou um médico. Empreendedorismo não é profissão, é estado de espírito.
Hoje se fala muito que é preciso buscar
o empreendedorismo, que a universidade
o discute como tema ligado à inovação. A
ideia que a gente defende é partir desse en-
tendimento. Então dou muitos exemplos
de figuras históricas, de outros que corre-
ram riscos acima da média, sem considerar
aqueles que perderam, porque esses a gen-
te não conhece, apesar de serem a enorme
maioria. Quando dizemos: “vamos incen-
tivar o empreendedorismo”, o que temos
de fazer é definir perfeitamente que isso
não é uma profissão clássica. Não é como
ser um advogado ou um médico. Empre-
endedorismo não é profissão, é estado de
espírito. Para que isso seja estimulado, é
preciso explicar direito, para que as pesso-
as não pensem que elas podem fazer con-
curso para empreendedorismo. Tem méto-
do para quem quer aprender, mas isso não
garante o sucesso, apenas orienta a busca.
Bill Gates não precisou de um méto-
do. Aí entra a genialidade?
Os que a gente vê por aí são gênios, os
caras do Google, o Steve Jobs, mas para
podermos massificar a ideia de inovação,
precisamos de métodos, porque todo
mundo pode empreender.
Bill Gates contratava pessoas de em-
presas que entravam em falência. Isso
acontecia porque essas pessoas tinham
a perspectiva de passado e futuro e sa-
biam que a ruína poderia acontecer.
Como o senhor observa essa realidade?
Eu vejo que há todo tipo de explicação e
de filosofia a respeito do tema que você
está colocando. Outros executivos de su-
cesso, na segunda metade do século XX,
contratavam gente simples, oriundas das
forças armadas, para priorizar a lógica da
disciplina, e deu certo.
A filosofia do Bill Gates deu certo na
Microsoft. O Google seguiu outro cami-
nho, seleciona gente que tem certa intui-
ção matemática. Não há uma maneira cer-
ta. Cabe ao empreendedor criar a empresa
e ela vai adquirindo com o tempo os hábi-
tos oriundos daquilo que fez sentido.
Uma das soluções hoje nas empresas é
criar equipes multidisciplinares. Isso
também é uma inovação?
Isso é uma inovação organizacional. Tem
uma lógica. Empresas inovadoras, e que
criam culturas inovadoras, priorizam
muito o trabalho de time, não valorizam
tanto o cara genial, isso é tudo mito. Não
são os grandes gênios que tocam as em-
presas. É a capacidade de pessoas relati-
vamente comuns articularem coisas no-
vas. O que eles só conseguem fazer jun-
tos é uma propriedade de grupo, de cul-
tura empresarial.
O Congresso da ANEC reúne entida-
des da educação católica. Se o senhor
fosse consultor dessas entidades, que
conselho daria para não perder o ca-
minho da inovação?
A primeira dica que eu daria, e a mais im-
portante delas, é: convençam-se de que
inovação e empreendedorismo são coi-
sas que têm método. Pode ser ensina-
do, aprendido e está ao alcance de qual-
quer um, não precisa ser gênio. É um ca-
minho necessário. O dilema da sociedade
é que todo mundo sabe que precisamos
ter mais empreendedores. Por outro lado,
não há método para formar essas pessoas.
Eu escrevi um livro chamado Inno-
vatrix, inovação para não gênios. É sobre
o método que foi construído por mim e
outro físico, e a gente ensina metodolo-
gia para inovar. Muitas empresas têm in-
teresse nisso. Não é uma receita de bolo,
a gente tem consultoria para adaptar esse
método à realidade das empresas.
Como o senhor avalia a iniciativa da
ANEC em debater com escolas cató-
licas o tema da Educação, inovação e
empreendedorismo global?
Eu acho fantástico, merece o nosso
aplauso. Ligar a educação católica às te-
máticas que estão dominando o pensa-
mento contemporâneo. Ainda falta mé-
todo, as pessoas são cobradas para ofe-
recer mais criatividade, mas não sabem
como. Precisam aprender o método.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 23
Qual o conteúdo da sua palestra?
A ideia é pensar um pouco sobre a trilo-
gia Educação, Cultura e Desenvolvimen-
to. Cultura enquanto os saberes, quere-
res e fazeres de uma comunidade, além
do processo plural de aprendizagem e de
desenvolvimento como geração de opor-
tunidade. A Cultura é a matéria-prima da
educação e do desenvolvimento. Então
essa relação de pluraridade entre o eu e o
outro cria oportunidades para as pessoas.
Esse é um primeiro olhar para o trinômio.
Depois contextualizo onde ela se
aplica. Na família, na comunidade e
na escola. Qual é a posição estratégi-
ca desses espaços geográficos, geofísi-
cos, e como as articulações se fazem?
Com isso, quero construir esse desenho,
pensar que a gente deve, como educa-
dor, cultivar e desenvolver nosso olhar
muito mais pelo lado cheio do copo do
que pelo lado vazio. Não devemos olhar
para o Índice de Desenvolvimento Hu-
mano (IDH) para medir as carências, te-
mos que medir as potências. Então, te-
Prof. Dr. Tião Rocha
Palestra: Saberes necessários para a formação do cidadão: desafio da educação para uma sociedade sustentável
mos de medir o Índice de Potencial de
Desenvolvimento Humano (IPDH), da
capacidade de acolhimento, convivên-
cia, aprendizagem e oportunidade.
Com isso, discutimos a inovação, o
empreendedorismo e a construção da
perspectiva de um mundo que deve es-
tar incluída em nossa vida, os princípios
da Carta da Terra, desde a escolinha. O
resto é ‘causo de mineiro’.
Então o aluno deve reagir muito mais
ao ponto positivo, ao elogio, do que à
critica. Ver a vida dessa forma é o pri-
meiro passo. Os alunos devem apren-
der isso na escola?
Eu falo sempre que a gente precisa cons-
truir uma pedagogia própria. Na minha
experiência como educador acabei por
construir algumas. A primeira é a pedago-
gia da roda, que tenta estabelecer um espa-
ço generoso e acolhedor de trabalho; a ou-
tra é a pedagogia do brinquedo, em que os
meninos aprendem brincando. Essa é uma
pergunta que me fiz há vinte e tantos anos:
será que os meninos podem aprender tudo
o que eles precisam brincando, ou será que
a escola tem de ser o serviço militar obri-
gatório aos sete anos? A outra foi a pedago-
gia do sabão, porque o sabão todo mundo
sabe fazer e custa muito barato, e é muito
útil para a limpeza e a higiene.
Então, é aproveitar os recursos que você
tem a sua volta e dar a eles sentido. A ou-
tra, que eu chamo de pedagogia do abra-
ço, traz a importância do cafuné pedagó-
gico. Só quem fez cafuné na vida sabe o
quanto é bom, então o processo de apren-
dizagem e de ensino pode ser um pou-
co disso – prazeroso e gostoso. A sala de
aula, um espaço educacional qualquer,
pode ser esse espaço. Ela não precisa ser
necessariamente antagônica e conflitante.
Mas isso é uma postura do educador
diante de sua crença nessa possibilidade.
Quando ele crê e olha as pessoas com
esse lado luminoso, e não pelo lado obs-
curo, o cafuné pedagógico acontece na-
turalmente, não como uma coisa piegas,
mas algo de construção e generosidade.
Presidente do Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento
24 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Palestrantes
Anúncio
Durante o evento em Brasília, a ANEC ofereceu aos participantes vários momentos de descontração por meio
de uma programação cultural. Entre eles, uma peça de teatro com o ator Ayrton Salvanini, que apresentou um monólogo baseado em Vinicius de Moraes. O autor falou de forma intensa e, em alguns momentos, ao som do violão, recitou trechos de poesias consagradas e músicas famosas baseadas em letras de Vinicius. Outros momentos culturais foram propiciados durante o Congresso. Entre eles estão o show do Pe. João Carlos, que cantou dezenas de canções religiosas, como “Meu Bom Deus” e “Menestrel”. O show do Pe. João Carlos revelou-se como um momento singular de reflexão, catequese e, ao mesmo tempo, descontração. O evento contou também com a apresentação do cantor e compositor Ivan Lins, que relembrou grandes sucessos. Antes do show, o artista conversou com a equipe de comunicação da ANEC. Confira a entrevista:
26 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Programação Cultural
Qual a importância de realizar um show em um congresso de educação? Você acredita que a música também é uma fonte educacional?
Primeiramente, o show é baseado nos 40 anos de carreira. Não dou preferência a nenhum trabalho novo ou antigo. Cantar para professores é sempre uma honra, porque eu sou um apo-logista de que a educação e a saúde são talvez as áreas mais prioritárias de um governo. Um país só pode ser considerado de primeiro mundo se tiver educação e saúde de primeiro mundo. Acho que o Brasil ainda está longe disso.Acredito que um professor é um super-herói. Consegue sobreviver com salários que são muito aquém do que eles merecem, e se nós tivéssemos gestores no nosso país com capacidade, certamente entenderiam que a educação é fundamental para que um país seja autônomo, para se criar cidadania, autoestima, acabar com a violência, com todas as mazelas enfrentadas pela sociedade moderna.
Algum educador marcou a sua vida? Os educadores marcam?
Os educadores marcam. Eu tive vários, muitos educado-res espetaculares. Eu estudei em colégio militar mas, antes dis-so, no primário, no breve período em que estudei em Niterói, tive uma professora que ensinava com o violão. Ela ensinava
métodos de se guardar a tabuada, de se aprender regras de Português, ortografia, Geografia, História, memorização, enfim, tudo com a música.
Será que surgiu dessa época o talento de Ivan Lins?
Eu já era músico, desde os dois anos minha mãe dizia que eu seria. Mas o exemplo da minha professora me ensinou como a música é importante, tem de ser preservada e pode ser usada como uma ferramenta para aprimorar os métodos educacio-nais. Com a música você pode transformar uma aula em uma coisa extremamente prazerosa. Eu ainda acredito muito na educação do Brasil. Ainda mais agora, com a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas – que foi aprovada através de uma luta nossa, na qual estive muito inserido –, e que pode mudar a pedagogia brasileira, para que se possa dar um avanço e utilizar a música com mais intensidade nos proces-sos educacionais. Eu tenho visto muito a aplicação de músicas em igrejas, em cantos. A música realmente pacifica o indivíduo, faz muito bem à saúde. Deveria também ser um objeto de estudo da Medicina. Portanto, participar deste Congresso para mim é uma honra. Toda vez que canto para educadores, certa-mente acredito estar cantando para heróis. São os meus heróis brasileiros.
IVAN LINS
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 27
Mais de 20 empresas montaram estandes na Feira de Negócios da ANEC. Os expositores ofereceram produtos e serviços variados. Conheça aqui um pouco do trabalho desses parceiros.
Mehta containersA empresa trabalha com módulos habitáveis para salas de aula.
O interessado aluga ou adquire os módulos para colocar pro-
visoriamente no local. No caso de uma reforma, a escola pode
alocar os alunos ou a parte administrativa dentro dos módu-
los enquanto a reforma é executada, e depois transferir as pes-
soas para a obra fi nal.
De acordo com a gerente comercial da empresa, Sabri-
na Adorno, a parceria com a ANEC foi importante porque o
produto ainda não é conhecido por todas as instituições ca-
tólicas. “Conseguimos mostrar ao público de escolas o que a
gente pode oferecer. Muitas vezes as pessoas não sabem que
existe esse tipo de estrutura e simplesmente fazem constru-
ções temporárias para destruir depois da reforma, e isso não é
ecologicamente correto. É muito melhor ter um módulo alu-
gado e alocar os seus alunos, para depois transferir para a es-
trutura defi nitiva”.
Rede salesiana de escolasA Rede Salesiana de Escolas é um conjunto de instituições
católicas do Brasil cuja mantenedora é a Acipice Brasil.
Hoje, são mais de cem escolas espalhadas de norte a sul do
país, de Belém a Uruguaiana, e de Recife a Porto Velho. Há
escolas no plano piloto de Brasília, como também em con-
glomerados e favelas do Rio de Janeiro. Por exemplo, den-
tro da favela “Jacarezinho”, trabalha-se com educação fun-
damental de meninos e meninas desde o ensino infantil até
o nono ano do ensino fundamental.
28 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Expositores
A rede trabalha com material pedagógico próprio desde
2004, porém, ainda não é comercializado nas livrarias. Foi fei-
to apenas para as escolas da rede, mas algumas conveniadas,
que não são Salesianas, também recebem o material. Escolas
que pertencem a outras congregações, dioceses ou instituições
particulares, como é o caso do Colégio Cavalieri, em Belo Ho-
rizonte, e do Colégio Maria Cardoso, no interior da Bahia. São
100% leigos, mas compraram a proposta.
Mais do que vender o livro ou fazer o convênio, a ideia é
promover uma proposta de educação. O projeto é estruturado
nas diretrizes curriculares nacionais, dentro dos parâmetros e
das tendências modernas da pedagogia.
De acordo com o gestor do polo de Belo Horizonte, Ailton
Moreira, a coleção tem livros para o público infantil, de três
anos de idade, até o jovem do terceiro ano do ensino médio, e
para todas as disciplinas. Segundo ele, a parceria com a ANEC
é um sucesso. “É claro que os benefícios começam a aparecer à
medida que a ANEC se propõe a dar esse suporte em vários se-
tores, como a construção do Portal da Educação Católica Na-
cional. Esse seria sem dúvida um suporte muito grande, é pe-
sado para nossas escolas terem sites e portais menores. Esse
megaportal uniria todas as escolas católicas do Brasil, desde o
infantil até a pós-graduação. A ANEC está conosco também na
avaliação institucional. No ano passado foi feita essa primeira
jornada de avaliação, levantando não só a questão do desem-
penho acadêmico, mas avaliando também como a escola é vis-
ta, a questão da aceitação ou não. Como os diversos atores da
escola se enxergam, como o professor enxerga a direção, a di-
reção o professor, o professor o aluno, a família e escola, enfi m,
todos esses dados são cruzados”.
EducandusA Educandus é uma empresa que nasceu em Recife há 20 anos e
trabalha com software educacional, conteúdo multimídia e por-
tais educacionais. Atende as escolas públicas e privadas, redes
de ensino e cursos livres. Possui conteúdo multimídia em toda a
educação básica, atua em todo o país e tem cinco polos em vá-
rios Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco e Ce-
ará. Hoje, são 130 funcionários atuando nesses cinco polos que
atendem diretamente cerca de 400 mil alunos no Brasil.
O diretor de projetos da empresa, Leonardo Mateu, fala sobre
os benefícios da parceria com a ANEC. “Em primeiro lugar é
uma grande parceria, pois se realiza com todas as redes cató-
licas. Além da visibilidade, pela referência que as escolas ca-
tólicas têm, é também para a empresa uma projeção, um cres-
cimento considerável na área privada. Esse é um megaproje-
to e um crescimento considerável. É visibilidade, uma parceria
com uma grande rede, uma rede de excelência na qualidade de
ensino, sendo extremamente importante”.
“É claro que os benefícios começam a aparecer à medida que a ANEC se propõe a dar esse suporte em vários setores, como a construção do Portal da Educação Católica Nacional. Esse seria sem dúvida um suporte muito grande, é pesado para nossas escolas terem sites e portais menores.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 29
GPN Print CenterA GPN é uma empresa que nasceu dentro da Universidade Ca-
tólica de Brasília com o objetivo de criar um sistema que pos-
sibilita a reprodução de material indicado pelos professores.
Normalmente são trechos de livros de terceiros, que até então
eram reproduzidos nas universidades de forma ilegal, ou sem
controle, o que caracteriza a violação de direito autoral. A pro-
posta, desde 2005, foi desenvolver um sistema que pudesse re-
gulamentar essa questão para organizar esses materiais aponta-
dos por eles e considerar a gestão do direito autoral.
Esse projeto foi ganhando força dentro da Universidade
Católica. A iniciativa foi levada ao Ministério da Cultura, que
conheceu a solução e, mais tarde, foi apresentada à ANEC. A
parceria com a associação foi um caminho para divulgar essa
solução de gestão de direito autoral.
O responsável pela empresa, Guilherme Camargo, conta
como a parceria aconteceu. “Surgiu a oportunidade de partici-
par do Congresso. É a nossa primeira exposição pública, tanto
da empresa quanto da nossa parceria, que ainda está sendo mol-
dada. O que a gente entende é que a GPN tem uma solução im-
portante para a sociedade, principalmente para o universo aca-
dêmico, do ponto de vista de acesso ao conhecimento, de for-
ma justa e organizada, remunerando o autor, para que ele possa
continuar a produzir. A ANEC, por outro lado tem uma repre-
sentatividade muito forte. E a coisa funcionou muito bem. O Mi-
nistério da Cultura propõe uma consulta pública de moderniza-
ção da Lei do Direito Autoral. Nossa lei é muito falha, não defi ne
bem o que pode e o que não pode. Assim, deixa toda a discussão
com as editoras, que dizem de um lado o que não pode, e por
outro lado os universitários se defendendo do que pode passar a
ser uma discussão muito pobre. A proposta é simples: é a tarifa-
ção para cada página reproduzida e o pagamento sobre o direito
autoral para o detentor, seja a editora ou o autor. A parceria com
a ANEC foi fundamental, ganhou um peso político muito gran-
de, e fi camos satisfeitos com essa parceria”.
Escola de InteligênciaA Escola de Inteligência é uma empresa que visa à educação da emo-
ção dentro da sala de aula, entre professores e pais de alunos. A pro-
posta é fazer parceiras na educação para a promoção da saúde emo-
cional, o desenvolvimento do caráter e das relações interpessoais.
A diretora da escola, Camila Cury, fala sobre as vantagens da
parceria com a ANEC. “Tem sido muito gratifi cante para nós,
pois a ANEC é uma associação realmente preocupada com os
valores. Os colégios católicos têm essa preocupação na formação
do ser humano, que precisa caminhar junto com a informação.
A informação são sementes, a formação do ser humano é a ter-
ra, e se você não prepara a terra, não importa quão frutífera seja
a semente, ela não irá germinar. Nós propomos às instituições
de ensino uma formação para que possamos colher boas semen-
tes no mundo, que infelizmente adoece rápida e coletivamente”.
Gvdasa SistemasA empresa oferece um sistema de Relações Públicas Educacio-
nal (RP), que é um produto para atender as instituições de en-
sino. A ANEC fez uma parceria com a GVDASA para creden-
ciar e oferecer o produto para as instituições associadas.
Para a diretora da empresa, o benefício principal é a visibi-
lidade. “Nós somos uma empresa que veio do sul do país, ago-
ra estamos sendo vistos pelo Brasil todo. Com essa parceria au-
mentamos nossos relacionamentos e, consequentemente, esta-
mos conseguindo captar mais clientes. O objetivo da ANEC é
30 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
fazer com que as instituições tenham uma profi ssionalização da
gestão. A GVDASA vem ajudar com isso, porque o RP é um sis-
tema que faz com que as instituições fi quem mais automatizadas
em seus processos de gestão”.
Sindicato dos Professores de Escolas Particulares (SIMPROEP)O Sindicato dos Professores de Escolas Particulares também foi
um dos expositores na Feira de Negócios da ANEC durante o
Congresso Nacional de Educação Católica. Nesse caso, a meta
da parceria foi tirar dúvidas dos professores sobre pontos espe-
cífi cos como a convenção, o sistema de trabalho, como fazer a fi -
liação ao sindicato e adquirir os benefícios que ele oferece, como
rede de planos de saúde, odontológicos, de clubes e associações.
Para a responsável pelo sindicato, Viviane Davi, o próprio
Congresso trabalha com professores, o público-alvo do sindicato.
“Com o estande, fi camos à disposição dos que precisavam escla-
recer dúvidas. O resultado é que algum profi ssional de educação
que não pode ir ao nosso sindicato por questão de tempo pôde
conversar aqui mesmo e conhecer melhor o que é o SIMPROEP.
Avalia Assessoria EducacionalA parceria entre a Avalia e a ANEC começou na intenção da as-
sociação de oferecer um produto diferenciado aos seus associa-
dos, quando se trata de avaliação educacional e institucional.
Assim, foi criado o Sistema de Avaliação Educacional ANEC.
Foi realizada uma vasta pesquisa de mercado, no Brasil e na
América do Sul, antes de escolher o sistema. Com a parceria,
a associação oferece um produto diferenciado no mercado. A
avaliação, algo inédito, é um questionário de atitudes e valores
que os alunos respondem.
O professor Luiz Magalhães Filho, gerente de Operações e Ma-
rketing da empresa, fala sobre a parceria. “A Avalia ganha porque a
educação católica no Brasil tem um espectro muito grande de es-
colas. A gente acaba ganhando em escala, em quantidade de res-
postas aos instrumentos de avaliação. A parceria foi bastante be-
néfi ca para os dois lados, uma vez que os associados têm um pro-
duto diferenciado. A empresa atendeu uma associação de renome
no mercado, que representa uma fatia muito grande”.
Grupo FactusO grupo Factus é uma organização genuinamente brasiliense com
17 anos de fundação. O principal produto é um programa de re-
cuperação de créditos, aliado com um processo chamado matrícu-
la digital. Esses produtos permitem aos estabelecimentos de ensi-
no melhorar a sua efi ciência na gestão dos recebíveis, ou seja, das
mensalidades escolares não pagas pelos responsáveis fi nanceiros.
De acordo com o diretor presidente da empresa, José Ge-
raldo Pimentel, a parceria é de extrema valia, uma vez que a
ANEC certamente está provendo seus associados com soluções
que possam contribuir para um engrandecimento do profi ssio-
nalismo dessas instituições de ensino. “A montagem do estan-
de é um compromisso de fazer com que todos os estabelecimen-
tos de ensino possam direta ou indiretamente usufruir toda uma
orientação por meio de uma consultoria prestada por nós . En-
tão, esse é o objetivo da nossa participação, além de prestigiar
todas as pessoas que aqui estão e a direção da ANEC”.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 31
34 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Com base em uma pesquisa de opinião realizada com os participantes inscritos no Congresso Nacional de Educação Católica, a equipe de comunicação da ANEC produziu uma série de reportagens sobre vários temas abordados. O primeiro foi a avaliação geral do encontro.
Um Congresso para ficar na história da Educação Católica do BrasilUm grande sucesso é o que assinala os números da avaliação do
Congresso Nacional de Educação Católica, promovido pela ANEC. Para
58% dos participantes, o Congresso foi excelente, e 35% deles avaliaram o
desempenho do evento como bom.
Dos 2,5 mil inscritos, 81% consideram ótimo o material informativo recebido
durante o Congresso e 78% elogiaram o atendimento prestado pelas equipes
de serviço. A performance dos palestrantes foi outro quesito que mereceu
destaque da grande maioria dos participantes, que atribuíram a nota máxima
em 76% dos casos.
Na avaliação geral do Congresso, 58% dos opinantes indicaram o evento
como extremamente válido e 30% como muito bom. O Congresso
correspondeu às expectativas de 85% dos entrevistados. A meta é realizar um
novo congresso em 2012.
Especialistas superam os graduados no Congresso da ANEC. O primeiro Congresso Nacional de Educação Católica da ANEC revelou
que mais da metade (52%) dos seus participantes concluíram curso
de especialização. Esse número, de fato, representa uma quantidade
significativa de 1.300 educadores especialistas de diversas regiões do
país, que ministram disciplinas nas instituições católicas de ensino básico,
médio e superior.
O quadro dos participantes do Congresso da ANEC mostrou, ainda, que 325
inscritos são mestres e mais de 50 são doutores. Bacharelados e licenciados
representaram 33% dos participantes, o que equivale a 825 educadores.
Esses números representam uma boa notícia, pois uma das grandes
preocupações da ANEC é fomentar que as escolas, faculdades e universidades
católicas ofereçam um ensino de excelência com profissionais capacitados
para o exercício de suas funções.
O perfil dos participantes do Congresso
Uma recente pesquisa da Organização das Nações
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(Unesco) mostra que os professores brasileiros
do ensino básico da rede pública são os mais
insatisfeitos com seus salários. O relatório ainda
aponta que 83% deles acreditam que deveriam ser
mais bem remunerados.
Durante a realização do Congresso, a ANEC quis ouvir
os educadores do nível básico, médio e universitário
sobre o índice de satisfação com seus salários e o
resultado mostrou uma realidade bastante diversa
do relatório elaborado pela Unesco.
Segundo nosso estudo, os professores totalmente
insatisfeitos com seus rendimentos mensais
equivalem somente a 4% do total. Os que se
consideram apenas insatisfeitos somam 18%.
Apenas esse resultado já seria suficiente para
mostrar que as instituições de ensino privadas
oferecem melhores condições financeiras para o
exercício de atividades de seus professores.
O índice de 31% foi atingido por aqueles que
consideram que seus salários são razoáveis, isto é, de
Pagar bons salários é uma forma inteligente de se investir na Instituição
acordo com o que podem oferecer à instituição e aos
alunos, sentem-se remunerados de maneira justa.
No topo da pesquisa encontramos aqueles que
recebem bons salários (32%) e excelentes salários
(15%). Assim, podemos afirmar que 47% dos
educadores das instituições católicas de ensino se
sentem bem remunerados.
É elogiável a iniciativa de diversas instituições em
aplicar mais recursos para aumentar o nível de
satisfação salarial de seu corpo docente. Atitudes
como essa denotam um estágio elevado de
consciência dos gestores escolares, que entendem
que essa forma de agir atinge resultados de alto
valor qualitativo.
Profissionais mais bem remunerados têm
melhores condições de aprimorar os seus
currículos e serem, consequentemente, bons
formadores para os educandos. E, é obvio que,
na arte de administrar torna-se mais fácil cobrar
resultados daqueles profissionais mais bem pagos,
pois estes sentem-se obrigados a corresponder
com os propósitos da instituição.
Público
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 35
Abrindo caminhospara uma educação de excelênciaA indisciplina é, sem dúvida, um dos principais
percalços aos quais os educadores estão sujeitos no
exercício de suas atividades. Uma pesquisa realizada
pelo Ibope em 2007 apontou que 69% de 500
professores entrevistados em todo o país
indicavam a falta de atenção e a indisciplina
como as realidades mais sofríveis dentro das
salas de aulas.
As causas desse fenômeno são diversas. Podem
provir do ambiente familiar, social, da falta de
preparação dos educadores, da metodologia do
ensino ou da própria escola. Mapear a fonte dos
problemas é fundamental para se estabelecer o
caminho para superá-los. Ainda que não seja um
propósito fácil de atingir, a experiência de várias
instituições de ensino serve como estímulo e, por
que não, de modelo para as demais.
Atingir uma média de comportamento em sala
de aula, com conceitos que variam entre 52%
considerados bom e 21% como excelente, não é
apenas uma meta possível, mas uma realidade
constatada em uma pesquisa promovida pela ANEC
durante o Congresso.
Foram ouvidos 250 educadores do ensino básico,
médio e universitário entre os 2.500 participantes
do Congresso. Outros números da pesquisa sobre o
comportamento dos alunos durante o processo de
aprendizagem mostraram que o comportamento
razoável equivale a 22%, o ruim, a 4%, e o péssimo a
apenas 1%.
Um dos itens da pesquisa propõe a seguinte
pergunta: como são avaliados os projetos de
transmissão de valores e atitudes incutidos nas
propostas pedagógicas das instituições católicas
de ensino?
Dentre os educadores entrevistados, 81%
consideram que esse diferencial oferecido
pelos colégios católicos é extremamente válido
e eficaz; 43% consideram excelente, e 38%
acham que o diferencial é bom. Apenas 4% dos
entrevistados acreditam que a proposta é ruim
ou péssima e que não contribui para promover a
disciplina em sala de aula.
Para fi nalizar essa temática, a ANEC apresentou mais
uma questão: qual seria a validade desses conceitos
recebidos para o processo formativo dos educandos?
O resultado desse questionamento mostra que 54%
dos entrevistados consideram excelente o resultado,
e 28% creem que é efetivamente bom.
Os números revelam a performance efi ciente das
instituições católicas de ensino, pois os entrevistados
são educadores envolvidos diretamente no processo
educativo de seus alunos em sala de aula.
Católicos, claro que sim!Entre as pesquisas realizadas com os participantes do primeiro evento, foi
realizada uma avaliação sobre o índice de comprometimento com a Igreja
Católica dos profi ssionais e educadores de nossas associadas.
O intuito da pesquisa não foi promover uma refl exão que sugerisse qualquer
tipo de discriminação. Apenas nos pareceu interessante averiguar o nível de
envolvimento dos funcionários com a missão diferenciada de nossas instituições.
Sabemos que se exige uma boa atuação dos educadores que trabalham em
instituições católicas para se formar bons alunos. Por isso, nosso objeto foi
verifi car os percentuais de envolvidos na mesma fé, que é a vitalidade do
projeto educacional das escolas católicas.
Essas escolas desenvolvem o papel de educar segundo as exigências
estabelecidas. Entretanto, há um elemento que lhes dá uma identidade
singular não somente na forma com que aplicam os conteúdos
programáticos, mas principalmente no modo de ser e agir, no cumprimento
de uma missão que é seu elemento central, isto é, a experiência cristã.
A realidade nos indica que não basta ter profi ssionais que cumpram somente
as regras de conduta, que trabalhem por mera obrigação, mas que se sintam
integrantes de um corpo cuja tarefa é a promoção humana integral dos educandos.
Eis uma premissa simples de se entender: “se creio naquilo que a instituição
acredita e me esforço por fazer o que a instituição faz, ofereço o melhor
de mim e compartilho não só do desafi o, mas também do benefício dos
resultados de tal empreendimento”.
A pesquisa revelou que apenas 4% dos educadores de instituições católicas
não frequentam cultos e liturgias semanais. Outros 7% afi rmaram ter
participação fraca nos eventos promovidos pela Igreja; Uma participação
razoável foi a resposta de 18% dos entrevistados.
Os resultados posteriores indicam como as nossas instituições de ensino
se esforçam para terem profi ssionais dedicados com a missão cristã.
Cerca de 30% dos entrevistados consideram ter uma boa participação em
comunidades católicas e 41% afi rmam ter uma vida religiosa excelente.
É óbvio que não se pode afi rmar que um educador católico tenha
supremacia profi ssional sobre os demais. A escolha de funcionários
comprometidos com a fé cristã pelas escolas católicas se justifi ca pela defesa
de princípios fundamentais e pela aplicação mais intensa de esforços comuns
visando os melhores resultados possíveis.
Região Centro-Oestelidera participação no CongressoO primeiro Congresso Nacional de Educação Católica promovido pela ANEC
contou com a participação de representantes de suas associadas de todos os
cantos do país. A região Centro-oeste se destacou das demais ao representar
31% dos inscritos. Foram 225 pessoas provenientes do Estado de Goiás e 550
do Distrito Federal.
A região Sudeste fi cou logo atrás, com 23% dos participantes. Os paulistas e
mineiros contribuíram com o mesmo número de inscritos: 200 cada um. A
participação dos cariocas foi de 125 educadores.
Os representantes da região Sul e do Nordeste corresponderam a 19% e 17%,
respectivamente, enquanto a região Norte do Brasil superou as expectativas
ao inscrever 250 educadores para o Congresso.
Outra boa surpresa constatada no evento da ANEC foi a expressiva
participação de educadores do Estado do Piauí, que marcaram presença
com 200 inscritos, representando 8% do total de inscrições, igualando-se aos
grandes centros do país, como São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
para uma educação de excelência
Nesta edição da Revista Informativa, o tema da editoria Conversa com Mantenedoras é a formação do senso crítico dos alunos. O intuito é saber o que as nossas escolas estão fazendo para investir nesse importante momento da vida de uma criança – a construção do caráter.
A educação vai determinar como as crianças de hoje irão tratar e conduzir a sociedade amanhã. Conceitos como ética, respeito e moralidade são lições essenciais que, se não forem aprendidos desde cedo, podem fazer falta no futuro. É como na hora de votar e decidir quem merece a nossa confi ança. Em ano eleitoral, nos perguntamos se a formação do senso crítico dos alunos de hoje vai ser sufi ciente para mudar a sociedade de amanhã. Veja a seguir uma série de entrevistas com participantes do Congresso Nacional de Educação Católica sobre ações simples e que podem infl uenciar o futuro do nosso país.
Nesta edição da Revista Informativa, o tema da editoria Conversa com Mantenedoras é a formação do senso crítico dos alunos. O intuito é saber
42 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Conversa com mantenedoras
Qual é a dinâmica do colégio da para
levar as crianças a uma refl exão pro-
funda que envolve e cria um senso crí-
tico sobre a vida?
Nós já estamos há quase 100 anos aqui
no Brasil. Nossa fundação foi na Ucrânia,
e a nossa missão e fi losofi a é o legado dei-
xado pelos nossos fundadores. Eles falam
que onde há um coração humano, há a
necessidade de se educar. Apoiadas nesse
legado é que desenvolvemos nossa mis-
são e o nosso trabalho educativo.
Como a senhora avalia a realidade das
crianças e o papel das famílias?
Hoje mais do que nunca o papel da esco-
la é triplicado. Porque muitas vezes as fa-
mílias deixam para a escola resolver, for-
mar e educar. Tanto que, antigamente, a
criança já vinha da família com isso, e
hoje a escola tem de desenvolver todos
esses papéis.
Como conduzir os pais no caminho da
consciência de que eles são os primei-
ros educadores?
É os mantendo presentes na escola.
Aproveitando o momento, quero pa-
rabenizar a ANEC pelos palestrantes,
pelo conteúdo e pelos debates que fo-
ram conduzidos para os educadores.
Tenho certeza que focaram muito a
educação, mas também a fé e a forma-
ção católica.
conseguem perceber essa necessi-
dade porque acham que os filhos já
têm capacidade de escolher. É cla-
ro que as crianças fazem as escolhas
delas, mas os pais muitas vezes se
omitem porque não percebem essa
necessidade.
Como a senhora acha que esse Con-
gresso pode ajudar?
Eu acho que, em primeiro lugar, para
abrir as nossas mentes. Para mim es-
pecificamente como gestora, já perce-
bi várias saídas e opções que podem
ser um pouco diferentes do que esta-
va sendo feito até agora.
Ir. Lucia ScarloseColégio Sagrada Família
de Campo Largo – Congregação das Irmãs
Sagrada Família
Como a escola desenvolve o trabalho
de levar as crianças no caminho da
formação de um senso crítico na reali-
dade que as rodeia?
Desenvolver o senso crítico não é tão fá-
cil assim. O que nós normalmente faze-
mos é estimular uma refl exão sobre os
fatos da vida e da sociedade. Uma das
ações que têm ajudado nesse desenvol-
vimento do senso crítico são também as
aulas de Ensino Religioso e Filosofi a.
E é difícil conduzir os pais nessa pre-
ocupação de que eles devem fi ltrar
aquilo que os fi lhos aprendem?
Eu acredito que sim. Para nós, pelo
menos, é muito difícil. Os pais não
Ir. Lucia Scarlose
Ir. Terezinha de Stoski
Servas de Maria Imaculada – Curitiba PR
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 43
Irmã Rosangela de Melo
CampanharoServas de Maria
Imaculada – Educandário Nossa Senhora Aparecida,
em São Paulo
Como a escola tem desenvolvido o tra-
balho para a formação do senso crítico
das crianças?
De certa forma, a escola apoia as crian-
ças para que elas tenham uma leitura de
mundo através de debates, leituras, es-
colhas de livros didáticos pertinentes a
uma linha filosófica. A nossa escola de
um modo geral tem como lema: educan-
do o coração do aluno, educando para a
comunidade. Então, através de reflexões,
participação em projetos sociais, pasto-
ral escolar, passeios, entre outros, os pro-
fessores apresentam várias situações nas
quais os alunos podem se inserir na socie-
dade em que ele está e começar a refletir.
E os pais? Qual a motivação que a es-
cola dá para que eles saibam que são
os primeiros educadores?
Os pais estão muito participativos, todas
as iniciativas da escola são muito bem re-
cebidas e acolhidas. Eles participam de
reuniões e toda vez que tem um even-
to na escola eles têm vontade de partici-
par. Não gostam quando a escola de cer-
ta forma determina o público, só mães ou
pais. Eles querem que todos da família es-
tejam integrados na escola, pois ela tra-
balha bastante com projetos, e quando fi-
naliza algum deles chama os pais, a famí-
lia, para participar da finalização.,Feiras
culturais, dia das mães e dos pais, missas.
Como escola católica, a gente prima mui-
to por isso, então sempre antes do dia dos
pais, antes do dia das mães, fim de ano
ou início de ano, fazemos alguns momen-
tos religiosos na escola. Isso tem ajuda-
do muito na participação de todo mundo.
Como um Congresso como esse pode
ajudar no trabalho da escola?
Eu acredito que pode ajudar muito. Vejo
o nível da escolha dos palestrantes. A gen-
te pode fazer uma leitura muito ampla de
tudo isso, acredito que foram escolhidos
a dedo, sendo um evento desse porte e sa-
bendo que aqui estariam pessoas de esco-
las católicas , que vêm em busca de uma
qualidade melhor para a sua escola.
Maria Rosa Pastuch
Congregação das Servas de Maria Imaculada – Prudentópolis, Paraná
Como a instituição tem se preocupado
em elevar o senso crítico dos alunos?
Com certeza é um trabalho amplo,
mas que sempre está permeado dentro
do dia a dia das disciplinas, dos conteú-
dos trabalhados. Eles já estão pré-plane-
jados nesse sentido. Mas principalmente
através da Filosofia e do Ensino Religio-
so, que despertam e levam o adolescen-
te e o jovem a refletir sobre a sua vida e
os seus valores, enfim, tudo que norteia
o universo deles, dentro e fora da escola.
Como um Congresso como esse pode
ajudar?
Um debate como esse é muito enrique-
cedor. Ele fortalece tudo aquilo que você
vem buscando, lendo, que norteia no dia
a dia, e com certeza de outros encontros e
congressos, pessoas de alto porte, digamos
assim, que já fazem parte e contribuem
para a formação dos educadores na nossa
instituição. Nos abastecemos e enriquece-
mos com todas as informações transmiti-
das nesse congresso maravilhoso.
44 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Anúncio
Durante o Congresso, vários convidados ilustres foram entrevistados para comen-
tar a iniciativa e avaliar o encontro realizado pela ANEC. Entre eles, o senador Cristovam Buarque e o reitor da Universidade Católica de Brasília. A intenção foi medir o grau de aprovação do evento pelo olhar de pessoas de fora que não tives-sem participado da organização do encontro ou não estivessem inscritos. Por fim, encerramos esta edição da Revista Informativa com uma en-trevista com o Pe. José Marinoni, presidente da ANEC, que fez uma avaliação geral do Congresso.
Repercussão do Congresso
46 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Cristovam Buarque(PDT-DF)
Como o senhor avalia o tema do Con-
gresso da ANEC?
O tema é muito oportuno – Educação,
Inovação e Empreendedorismo Global –,
e que se descubra como colocar isso na
educação, mas não só na educação su-
perior. Eu temo muito que a área tenda
a sequestrar a inovação e o empreende-
dorismo, quando na verdade a inovação
é da ciência e da tecnologia, e devem co-
meçar na educação de base.
É muito difícil ter um grande cientis-
ta que após os quinze anos não demons-
trava vocação para a ciência, não apren-
dia Matemática, não lia textos de Ciên-
cia. Mas no geral a gente é o que foi até
os quinze anos.
A partir daí, podemos melhorar
uma coisa ou outra, mas o grande sal-
to é até essa idade. O grande jogador de
xadrez, o grande pianista, o grande pin-
tor, o grande jogador de futebol, o gran-
de cientista e o grande empreendedor es-
tão ali arraigados já na educação de base.
Falta então voltar um pouco mais o
olhar para a educação de base?
Falta voltar o olhar para os pequenos,
que a gente tende a ignorar. Você vê,
todo mundo fala em universidade, me-
lhorar a universidade, cota para a uni-
versidade. Ninguém fala em cota para a
educação de base. E falta olhar para as
mudanças que o conteúdo da educação
de base exige. Não se pode continuar
dando a um aluno de educação de base
o que aprendia a minha geração. O pro-
cesso de mudança da sociedade é mui-
to rápido. Deveríamos colocar também
empreendedorismo, Ciência e Matemá-
tica desde o começo.
Qual é a sua opinião sobre a educação
pública e a privada?
A primeira coisa é romper o preconcei-
to de que público significa estatal e que
particular significa privado. Uma educa-
ção pública tem uma repercussão do in-
teresse público e é acessível a todos. Uma
escola pode pertencer a uma pessoa, ter
um dono e ser pública em duas condi-
ções: primeiro, ela deve ter repercussão
de interesse público, qualidade e ensinar
coisas que sejam de interesse da socieda-
de. Segundo, deve ser acessível a todos
porque alguém paga para que todos es-
tudem. Assim, ela se torna pública.
E uma escola estatal que não tem
qualidade não é pública, e se até tem
qualidade, mas não oferece conteúdo
de interesse público, ela não é publica.
Porque é fundamental separar público
de estatal.
Uma escola não seria pública se você
começasse a ensinar preconceitos raciais
ou machismo, preconceito de gênero ou
ensinar a desenvolver bombas atômicas.
Isso não é de interesse público.
Uma das saídas seria o governo com-
prar vagas em escolas particulares. Eu te-
nho um projeto que tramita hoje no se-
nado e que se chama Programa do Ensi-
no Básico (Proesb). É um Prouni da edu-
cação de base em que não existe esco-
la pública, e existe escola particular de
qualidade para que o aluno estude.
Cristovam Buarque (meio) fala da importância da educação de base
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 47
Pe. José Romualdo de Gasperi reitor da UCB
Como o senhor avalia a iniciativa da
ANEC de promover um Congresso
Nacional de Educação Católica no ano
de aniversário de 50 anos da capital
federal?
É evidente que quando se faz um Con-
gresso, se congrega, e reúnem-se os
educadores de todo o país. Então, no
Congresso, os educadores de norte
a sul, leste a oeste do Brasil ouviram
uma linguagem comum, única, que
pode se repetir em todos os lugares. E
me parece que o Congresso tinha essa
qualidade, de reunir todos os educa-
dores, além de elevar a autoestima da
educação católica já que, às vezes, não
se acredita muito nela.
Durante o evento, fizemos uma pes-
quisa de opinião sobre o perfil do
educador católico justamente sobre
essa questão da autoestima. Como o
senhor, que comanda uma instituição
de ensino de renome, avalia as res-
postas de seus educadores?
O ambiente de convivência das católicas
é o que mais atrai os educadores, falando
a partir da minha universidade, e acho
que isso se repete em todos os cantos.
Em segundo lugar, é a perspectiva que
eles têm de estar em uma instituição sé-
ria, que tem propósitos sérios e que quer
levar a coisa à frente com muita serieda-
de também.
Ao mesmo tempo, eles percebem
que têm um projeto de vida a realizar
ali dentro, e que a grande maioria rece-
be bem. Eles são bem remunerados, até
em um nível maior, mas têm muito do
aspecto da gratuidade, que os faz per-
manecer lá dentro.
Então o senhor avalia que a questão
dos valores atrai os alunos e profes-
sores?
Com certeza, isso faz com que eles se
sintam muito bem. Tenho depoimen-
tos de pessoas que saíram para ou-
tras instituições, até públicas, e dizem:
“sinto que perdi tudo que eu tinha,
não tem esperança, não tem perspec-
tiva nenhuma por aí afora”. Ou seja,
o ambiente em uma comunidade edu-
cativa que vai se formando dentro de
uma instituição católica é um valor
que não pode ser perdido de qualquer
forma. Acho que isso vai sendo cons-
truído para o bem da pessoa, da insti-
tuição e da sociedade.
Como o senhor avalia a iniciativa
da ANEC de realizar esse Congres-
so?
Felicíssima! A ANEC, como eu disse
no começo, está trazendo educadores
de todo o país. Esses que têm na mão
a mística e que têm todos os valores
da instituição católica, para serem
permeados por todos os cantos. Feli-
císsima porque, dessa forma, a ANEC
congrega, faz conviver e, ao mesmo
tempo, convive, eleva a autoestima de
todo mundo. Com certeza isso plan-
ta esperança para o país. Estamos se-
meando a esperança da perspectiva da
educação católica.
48 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Dom Dimas LaraSecretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Em nome da CNBB, como o senhor
avalia esse Congresso?
A CNBB vê com grande esperança. A pró-
pria construção da ANEC, reunindo as an-
tigas entidades, teve um significado muito
grande no sentido de fortalecer a educação
católica no Brasil. Em vez de nos apresen-
tarmos divididos entre mantenedoras, ensi-
no superior e básico, agora temos uma úni-
ca instituição de educação católica, e cada
vez mais à luz, inclusive da Conferência de
Aparecida, e mais ainda à luz dos documen-
tos da Congregação para Educação Católi-
ca e do próprio Papa. Aliás, tanto para João
Paulo II quanto para Bento XVI é muito im-
portante que a escola católica volte às suas
origens, e veja sua própria identidade e mis-
são. Nada melhor do que estarmos juntos
para darmos passos nessa partilha de expe-
riências e definição de metas e objetivos.
Na atual gestão da CNBB começaram
a ser promovidos cursos de gestão. O
tema do Congresso consolida projetos
da CNBB e da ANEC?
Os cursos de gestão eclesial que a CNBB
tem promovido, inclusive com a partici-
pação da ANEC, são uma atividade mais
pontual, mais concreta,. Ou seja, dar
aos gestores de bens eclesiásticos, ecô-
nomos, administradores diocesanos, pa-
roquiais, gestores de escolas e hospitais,
enfim, de todas as organizações da igre-
ja, instrumentos básicos da legislação
trabalhista, da questão da filantropia –
inclusive agora saiu a regulamentação a
esse respeito. Então, a ideia é profissio-
nalizar cada vez mais esses gestores.
Agora, o empreendedorismo social
global é, sim, parte das estratégias não
só da CNBB, mas da sociedade como um
todo. A CNBB vê como um sinal dos tem-
pos e que cada vez mais se valorize o vo-
luntariado no mundo globalizado. Nós
também, como cristãos, devemos ter a
iniciativa para uma ação social e trans-
formadora e, aí, tudo o que pudermos
aprender uns com os outros é bem-vindo.
O senhor poderia dar uma palavra fi-
nal sobre o que incentivou a caminha-
da de formação de jovens e adultos na
academia
É interessante como, ao longo dos sécu-
los, a igreja desempenhou um papel fun-
damental na educação. Lembro da pri-
meira vez que fomos ao Ministério da
Educação e fizemos questão de dizer que
representávamos mais de 1,2 mil escolas,
80 instituições de ensino superior e 500
anos de presença na educação do Brasil.
Hoje, sabemos que a educação passa por
uma crise muito grave e, nesse sentido,
de vez em quando vemos camisetas que
brincam, mas que expressam uma reali-
dade muito séria. Como aquela: “Hei de
vencer Deus, mesmo sendo professor”, ou
seja, nem sempre o professor é valorizado
como merece por causa do seu papel fun-
damental na sociedade.
De fato, acho que o Brasil vai dar um
salto de qualidade efetivo no dia em que
passar a acreditar na educação. Nós so-
mos formadores para valores e para a
vida, e nada é comparado a essa missão,
que é um verdadeiro sacerdócio.
Informativa Educacional 2010 :: Revista da ANEC 49
Pe. José MarinoniPresidente da ANEC
Qual é o balanço que o senhor faz do
Congresso? Superou as expectativas?
Superou sim. No começo, estávamos
com receio por ser a primeira grande ini-
ciativa da nova associação, mas graças a
Deus, ao empenho e ao compromisso da
organização, o Congresso superou as ex-
pectativas. Isso pode ser constatado não
só por nós ou por aqueles que organi-
zaram, mas também pelos participantes,
pela satisfação, pelo prazer dos envolvi-
dos que permaneceram na plateia ou-
vindo e interagindo com os palestrantes.
Creio que, pelos assuntos que foram tra-
tados, esse Congresso vai marcar a vida
de muitos educadores e educadoras.
Não só como presidente, mas também
como participante, o senhor gostou do
conteúdo que foi apresentado?
Sim, porque era um conteúdo mui-
to atual e desafiador. Um conteúdo que
muda os parâmetros do nosso fazer edu-
cativo. No mundo globalizado, não po-
demos mais permanecer com as nossas
convicções de que tudo aquilo que fi-
zemos é ótimo e não precisa ser muda-
do. Nós precisamos de uma nova cultura
que exige um intercâmbio de mentalida-
des, atitudes e fazer educativo.
Já dá para dizer que esse foi o primei-
ro de muitos congressos da ANEC?
Sim, é claro, a ANEC não pode parar. Se a
educação católica desse país está presente
desde os primórdios, continuará marcan-
do a história educacional e a formação de
pessoas que vão se transformar em agentes
transformadores da sociedade para melhor.
A gente vai estabelecer a periodicida-
de da realização do Congresso. O assun-
to vai ser debatido com a diretoria e o
conselho superior, pois não é viável fa-
zer todo ano. Mas a ANEC assume a res-
ponsabilidade de realizar um Congresso
como esse a cada dois ou três anos.
No mundo globalizado, não podemos mais
permanecer com as nossas convicções de que tudo
aquilo que fizemos é ótimo e não precisa ser mudado.
Pe. José Marinone durante lançamento do livro Parceiros Educadores
50 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
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Lana Canepa, jornalista da ANEC Lana Canepa, jornalista da ANEC
Quando um grande desafi o é su-
perado descobrimos a real pro-
porção das capacidades huma-
nas e o peso do trabalho em
equipe. Sem a superação o homem não
capaz de conhecer exatamente os seus
limites.
Mesmo quando sentimos que não se-
ria possível enfrentar todas as difi culda-
des, principalmente quando foi consi-
derada a possibilidade de desmarcar o
Congresso, a equipe fi cou mais forte. To-
das as coordenações se envolveram no
processo e valeu a pena o esforço.
O Congresso foi um sucesso, os nú-
meros da pesquisa de opinião dos par-
ticipantes mostram isso. Esta edição
da Revista Informativa é uma home-
nagem ao trabalho de todos. Uma for-
ma de eternizar a importância do even-
to para a consolidação da ANEC e
para a superação dos limites de toda a
equipe. Com esse trabalho fi cou cla-
ro que podemos fazer mais, e melhor.
Parabéns a todos!
Lana Canepa
52 Revista da ANEC :: Informativa Educacional 2010
Refl exão