Revista Ilha Digital

download Revista Ilha Digital

of 107

Transcript of Revista Ilha Digital

REVISTA ILHA DIGITAL A REVISTA ILHA DIGITAL uma publicao semestral on-line do Departamento Acadmico de Eletrnica, Campus Florianpolis, do Instituto Federal de Educao Cincia e Tecnologia de Santa Catarina (IF-SC). Os artigos publicados so de total responsabilidade de seus autores. Todos os artigos podem ser apropriados para fins que no sejam comerciais, resguardada a citao da fonte. Contribuies para publicao na prxima edio devem ser feitas on-line atravs da pgina da revista na Internet: http://ilhadigital.florianopolis.ifsc.edu.br/ Corpo de Revisores Conselho Editorial Cludia Regina Silveira Joel Lacerda Leandro Schwarz Luiz Alberto de Azevedo Marco Antnio Quirino Pessoa Marco Valrio Miorim Villaa Muriel Bittencourt de Liz Wilson Berckembrock Zapelini Andr Lus Dalcastagn Charles Borges de Lima Clvis Antnio Petry Everton Luiz Ferret dos Santos Fernando Luiz Rosa Mussoi Flbio Alberto Bardemaker Batista Jony Laureano Silveira Maurcio Gariba Jnior Paulo Ricardo Telles Rangel Rafael Luiz Cancian Carlos Gontarski Speranza Cludio Lus Ebert Delmar Carvalho de Souza Fernanda Isabel Marques Argoud Fernando Santana Pacheco Golberi de Salvador Ferreira Joo Goulart Jnior Luis Carlos Martinhago Schlichting Mauro Tavares Peraa INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAO, CINCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA Campus Florianpolis Departamento Acadmico de Eletrnica (DAELN) Avenida Mauro Ramos, 950 Florianpolis/Santa Catarina CEP: 88.020-300 Telefone: (48) 3221-0565 e Fax: (48) 3224-1500 e-mail: [email protected] http://ilhadigital.florianopolis.ifsc.edu.br Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 1 2, 2010. Artigo disponibilizado on-line Revista Ilha Digital Endereo eletrnico: http://ilhadigital.florianopolis.ifsc.edu.br/ EDITORIAL O lanamento desta segunda edio da revista eletrnica Ilha Digital, j com nmero de ISSN, vem para consolidar o que j antecipava a primeira edio, isto , promover e manter acesa a chama da efervescncia acadmica [...] que possibilite socializar conhecimentos e experincias. Defato,conseguirconverterpesquisaseprticasdeensinoemslidosconstrutos textuaise,indoalm,concebereimplementarumamdiaeletrnicaqueconsigadifundir toda a sua produo para o meio acadmico, um feito que revela iniciativa, dinamicidade, ousadiaeespritoinovador,caractersticasraramenteencontradasnestepasaindacarente de valores humanos relacionados ao cultivo da tica e do intelecto. Ilha Digital ainda pode se orgulhar de conseguir empreender seu trabalho sem qualquer participao,envolvimentooucolaboraooficialdosgestoresinstitucionais.Se,porum lado,issodemonstraacapacidadeautossuficientedoDepto.Acadmico de Eletrnica, por outrolado,demonstraanecessidadedearticulaoentreesteDepto.eosrespectivos representantes institucionais. Estasegundaedioapresentaumconjuntodenoveartigosqueprocurammantersua qualidade e sua linha editorial em termos educacionais, cientficos e tecnolgicos. Oprimeiroartigo,deFernandoS.Pacheco,intituladoSistemasdesntesedefala, objetiva esclarecer o processo de transformao de um texto numa mensagem falada, onde tambm apresenta um panorama histrico dos sistemas desenvolvidos. Osegundoartigo,deMurielBittencourtdeLizeLuizAlbertodeAzevedo,objetiva esclarecerseosconstructostericosepistemolgicosCTSpossibilitamasuperao behaviorista e funcionalista dos cursos superiores de tecnologia (CTS). Oterceiroartigo,deCleidirSalvatodaSilvaedeMurielBittencourtdeLiz,focano controleemediodedemandadeenergiaeltrica,noqual,umprottipocontroladorde demanda com interface Ethernet foi concebido e desenvolvido para a devida mensurao. Oquartoartigo,deAlexandreAlbaarello,CelsoLuisdeSouza,DiegodeMourae Ingrid Carolini Cezrio, apresenta uma investigao das emisses conduzidas e radiadas de uma estao de solda com temperatura ajustvel operando em vrias situaes de carga. O quinto artigo, de Lucas de Mello Kindermann e Everton Luiz Ferret dos Santos, tem a domticacomorecursotecnolgico,representadapelosistemadeacionamentoautomtico de dispositivos ou aparelhos eletro-eletrnicos microcontrolados. O sexto artigo, de Renan Lus S. de Souza, Filipe Rogrio C. da Silva e Nicksonei Fabra daSilva,demonstraoaproveitamentodaenergiasolarnailuminaopblicade Florianpolis. EDT00021 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 1 2, 2010. EDT00022 O stimo artigo, de Carlos Filipe Gonalves dos Santos, refere-se ao uso de um software para simulao de filtro passa-baixa de quinta ordem com anlise de sensibilidade. Ooitavoartigo,deMiguelAntnioSovierzoski,descreveaoperaodeconvoluo, comdiferentesrepresentaesdesinaisefunes,bemcomosuaspropriedadeseo relacionamento com as transformadas de Laplace, de Fourier e de transformada Z. Ononoeltimoartigoapresentaumtutorialtcnicodotemporizador555,explicando suahistria,seuprincpiodefuncionamento,suasformasdeutilizaoealgunscircuitos exemplos de aplicao. Desejamos-lhe uma boa leitura e que aprecie os trabalhos aqui expostos, lembrando que vocpodeestabelecercontatoviae-mailcomosautoresoucomoseditores,aqualquer momento,paradirimirdvidas,estabeleceralgumaparceriaacadmicaemsuasfuturas pesquisas ou para planejar futuras publicaes nesta revista eletrnica. Conselho Editorial Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. Artigo disponibilizado on-line Revista Ilha DigitalEndereo eletrnico: http://ilhadigital.florianopolis.ifsc.edu.br/ ARTIGO DE REVISO: SISTEMAS DE SNTESE DE FALA Fernando Santana Pacheco1 Resumo:Esteartigoapresentaumarevisosobresistemasdesntesedefala.Iniciacomuma contextualizaohistrica,partindodossistemasmecnicosdosculoXVIIIeprogredindoatosatuais programascomputacionaisdegeraodefalasinttica.Ossistemasdesntesedefaladividem-seemduas categorias:respostavocaleconversotexto-fala.Foca-se,nesteartigo,nossistemasdeconversodetexto parafala(TTS,doinglstext-to-speech).Discutem-seaplicaesatuaisefuturasdetaissistemas.Porfim, apresenta-seaestruturadosmodernossistemasTTS,divididaemanliselingusticaeprocessamentode sinais. Palavras-chave: Processamento de sinais. Converso texto-fala. Sntese de fala. Abstract: This paper presents a review about speech synthesis systems. We begin with an historic overview, from 18th-century mechanical systems through recent speech synthesis softwares. There are two categories ofspeechsynthesissystems:vocalresponseandtext-to-speech(TTS).Inthispaper,wefocusonTTS systems. We discuss current and future applications in this area. Finally, we present the structure of modern TTS systems, formed by linguistic analysis and signal processing. Keywords: Speech processing. Speech synthesis. Text-to-speech systems. 1 Professor do DAELN do IF-SC . 1.INTRODUO Odesejohumanodedarfalaaumobjetoou mquinaacompanhaacivilizaohmuitotempo. Os primeiros sistemas de produo de fala artificial surgiram no sculo XVIII. Eram mecnicos, difceis de operar e no geravam mais do que alguns poucos sonsdafala.Noentanto,serviramcomo ferramentasdeexperimentaoparaoestudodo mecanismodeproduodafala.Comoavano tecnolgico,sistemaseletroeletrnicosesoftwares desntesedefalaforamsendodesenvolvidos.Na dcadade1960,foipossvelgerarfalaapartirde umtexto.Aideia,quenoinciopareciauma brincadeira,foitomandocorpoeencontraum extenso campo de aplicaes no mundo atual. inegvelopapelfundamentalqueaescrita temnaformadecomunicaohumana.Entretanto, issonosignificaqueamensagemescritaseja sempre a forma mais conveniente de se obter acesso ainformaes(EGASHIRA,1992).Emdiversas circunstncias,nosepodeinterromperumadada atividade para se ler um texto. Mas pode-se ouvi-lo, seforfaladodeformacorretaeagradvel.Por exemplo,aodirigirnosepodedesviaraateno dosolhosemosparalerojornal,maspode-se ouvirasnotciasnordio.Nainteraohomem-mquina,mensagensdealertafaladasso possivelmentemaiseficientesdoquerespostas visuais.Emumtelefonecomum,anicaformade acessoainformaesapartirdainteraovocal. Sistemasquerealizemapassagemdodomniofala para texto e vice-versa permitem o desenvolvimento dediversasaplicaesemqueonicomeiode entradaesadaafala.Oacessoainformaes comosaldobancrio,previsodetempoe acompanhamentodeprocessostorna-se,assim, vivel. Comessesexemplos,ficaclaraanecessidade deumprocessoautomticodetransformaode informaesescritasemmensagensfaladas.Esse mapeamentodotextoparaafalaoobjetivodos sistemas de sntese de fala. Paraapresentarumarevisodessetema,este artigo est assim organizado: na seo 2, apresenta-seumacontextualizaohistrica,desdeos ARV00023 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. sistemasmecnicosdosculoXVIIatossistemas computacionaisatuais;aseo3apresentauma classificaodossistemasdesntesedefala;uma revisosobreofuncionamentodesistemasde conversotexto-faladiscutidanaseo4;as concluses e os comentrios finais so apresentados na seo 5. 2.HISTRICO Apotencialidadedeaplicaesdesistemasde sntese de fala despertou, h longo tempo, um forte interessenessarea.Ohistricoapresentadoa seguir,baseadonaliteraturaaberta(EGASHIRA, 1992;DUTOIT,1997;LEMMETTY,1999; RUBIN;VATIKIOTIS-BATESON,2001; HUANG;ACERO;HON,2001;KLATT,1987), mostra a evoluo dos sistemas de sntese de fala. 2.1.Sistemas mecnicos Uma das primeiras tentativas de gerao de fala sinttica ocorreu em 1779, na Academia Imperial de SoPetersburgo,naRssia.OprofessorChristian Kratzensteinrecebeuoprmioanualaoexplicaras diferenasfisiolgicasentrecincovogaislongas ([a],[e],[i],[o]e[u])econstruirumasriede ressoadoresacsticos1.Aestruturabsicadesses ressoadoresmostradanaFigura1.Esses dispositivoseramsimilaresconfiguraodotrato vocal humano e emitiam sons pelo uso de palhetas, como em instrumentos musicais. FIGURA 1 Ressoadores de Kratzenstein. Fonte: RUBIN; VATIKIOTIS-BATESON, 2001. EmViena,em1791,WolfgangvonKempelen apresentouoresultadodemaisde20anosde pesquisa ao publicar o livro O Mecanismo da Fala HumanaeaConstruodeumaMquinaFalante. Amquina,umequivalentemecnicodosistema articulatrio,eracapazdeproduzirnosvogais, comopalavraseatfrasescompletas.Aspartes essenciais do dispositivo eram um fole, equivalente aos pulmes, uma palheta vibratria, atuando como ascordasvocais,eumtubodecouro,simulandoo tratovocal.Alterandooformatodotubo,era possvelproduzirdiferentesvogais.Obstrues feitascomosdedosemquatropequenaspassagens de ar permitiam a gerao de sons consonantais. Na 1UmaversomodernadosressoadoresdeKratzensteinpode obtidanoendereoeletrnicoVocalVowels(VOCALVOWELS, 2001). Figura2,apresentadoumesboodamquinade von Kempelen. FIGURA 2 Dispositivo mecnico de sntese de fala de von Kempelen. Fonte: RUBIN; VATIKIOTIS-BATESON, 2001. A mquina falante no foi levada to a srio na pocadevidoaumacontecimentoquemarcou negativamenteseucriador.Enquantotrabalhavana construodamquinafalante,vonKempelen prometeu para a imperatriz Maria Theresa a criao deumamquinaautomticaparajogarxadrez.Em seismeses,elaestavaprontaeoperando (ONDREJOVIC, 2000). Infelizmente, o mecanismo principaldamquinaeraumhbiljogadorde xadrezcolocadonointerior,oquearrasoua reputao de von Kempelen. Na metade do sculo XIX, Charles Wheatstone construiuumaversodamquinafalantedevon Kempelen.Essa,umpoucomaiscomplexa,era capaz de produzir mais sons e combinaes de sons. A conexo entre os sons voclicos e a geometria do tratovocalfoiestudadaporWillisem1838.Com ressoadoressemelhantesaosdeinstrumentos musicaischamadosrgosdetubos,elesintetizou diferentesvogais.JosephFaber,em1846, desenvolveuumsintetizadorque,commaior controledepitch2,permitiucantarGodSavethe Queen, em uma apresentao em Londres. No final dosculoXIX,AlexanderGrahamBelleseupai construramtambmumamquinadefala. ControversosforamosexperimentosqueBell realizoucomseucoquandofaziaestudosparaa construo da mquina. Colocava-o entre as pernas, fazia-orosnarealteravaaconformaodotrato vocal com as mos. Outrosexperimentosbaseadosemsistemas mecnicosesemi-eltricosforamrealizadosatos anos de 1960, mas sem muito sucesso. 2.2.Sistemas eletroeletrnicos Oprimeirosintetizadoreletroeletrnicodefala foidesenvolvidoporStewart,em1922.Dois 2Pitchumaspectosubjetivodeumsom,relacionado percepo da freqncia. ARV00024 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. circuitosressonantes,excitadosporumacigarra eltrica,modelavamasduasfrequnciasde ressonnciamaisbaixasdotratovocal,gerando sonsvoclicos.Noeram,noentanto,sintetizadas consoantesnemtransiesentreasvogais, impossibilitandoageraodepalavrasou sentenas. Oprimeirodispositivoeletroeletrnicode sntesedefalacapazdegerarsonsconectadosfoi desenvolvidonosLaboratriosBelleapresentado porHomerDudleyeRichardRiesznaFeira Mundialde1939,emNovaYork.Chamadode VODER(VoiceOperatingDemonstrator),era tambm conhecido pelos cientistas como Pedro, em aluso ao imperador Dom Pedro II, que em 1876, ao usar um telefone em umademonstrao, exclamou: Meu Deus! Ele fala! (Science News Letter, 2000). O VODER consistia de chaves para seleo de uma fontesonoraouderudo,comcontroleda frequnciafundamentalapartirdeumpedal.O sinaldafonteeratransmitidopordezfiltrospassa-banda,comamplitudescontroladasmanualmente. Trschavesadicionaisintroduziamtransientes, reproduzindoasconsoantesplosivas.Umoperador experienteebemtreinadoeracapazdeproduzir frases.Ainteligibilidadeestavalongedeser considerada boa, mas o potencial de gerao de fala sintticaestavademonstrado.Umesquemado VODER ilustrado na Figura 3. Em1951,nosLaboratriosHaskins,foi desenvolvidoumsintetizadorchamadoPattern Playback.Essamquinarealizavaafunoinversa deumespectrgrafo,gerandosonsapartirdos padres de um espectrograma. NaFigura4,mostradoumdiagrama esquemticodoequipamento.Umespectrograma, desenhadocomumatintaespecialsobreumfilme transparente,erarastreadoporumfeixedeluz moduladoporumarodatonal.Asporesdeluz moduladaselecionadaspeloespectrogramaeram coletadasporumsistemapticoefornecidasaum elementofotossensvel.Afotocorrentegeradaera amplificadaeenviadaaumalto-falante.Os espectrogramaspodiamserutilizadostantona formaoriginalcomodesenhadosmanualmente,em formatosimplificadoeestilizado.Assim,era possvelrealizarexperimentosparaadeterminao de evidncias acsticas suficientes para a percepo dediferenasfonticas.Umadasprincipais constataesfoiaimportnciadastransiesentre fonemas.Apesardeanaturalidadeserprejudicada pelopitchconstante(geradopelaroda),a inteligibilidadeerabastanterazovel.Palavrasde umconjuntodefrasesdetestealcanavam95%de inteligibilidade se copiadas diretamente para o filme transparente e 85%, se simplificadas e estilizadas. FIGURA 3 Sintetizador VODER de 1939. Fonte: RUBIN; VATIKIOTIS-BATESON, 2001. ARV00025 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. FIGURA 4 Sistema Pattern Playback de 1951. Fonte: RUBIN; VATIKIOTIS-BATESON, 2001. OVODEReoPatternPlaybackfuncionavam apartirdacpiadospadresespectraisdafala variantesnotempo.Umamelhorcompreensodo processodegeraodefala,obtidacomo desenvolvimentodateoriaacsticadaproduoda falarealizadoporGunnarFant,em1960,eo consequentesurgimentodesintetizadores articulatrioseporformantes,marcaramumnovo passo na histria da sntese de fala. Osprimeirossintetizadoresporformantes controladosdinamicamentesurgiramem1953:o PAT(ParametricArtificialTalker),deWalter LawrenceeoOVEI(OratorVerbisElectris),de GunnarFant.Enquanto,noPAT,osressonadores eramconectadosemparalelo;noOVE,aoperao era em srie. Oprimeirosintetizadorarticulatriofoi desenvolvidoporGeorgeRosen,em1958,no M.I.T.ODAVO(DynamicAnalogoftheVocal Tract)eracontroladoporgravaesemfitade sinaisdecontrolecriadosmanualmente.Em1968, CecilCookerdesenvolveuregrasparacontrolede um modelo articulatrio. Paul Mermelstein e James Flanagantambmtrabalharamcomsntese articulatria, em 1976. Em1968,NorikoUmeda,doLaboratrio EletrotcnicodoJapo,desenvolveuoprimeiro sistemacompletodeconversotexto-falaparaa lnguainglesa.Erabaseadoemummodelo articulatrioeincluaummdulodeanlise sinttica.Afalaerabastanteinteligvel,mas montona. RaymondKurzweil,em1976,criouuma mquinadeleituraparacegoscapazdelerpginas detexto.Pesando36 kg,osistemanofoimuito difundidodevidoaoaltocusto.Em1979,Dennis Klatt,JonathanAlleneSheriHunnicut,todosdo M.I.T.,apresentaramosistemaMITalk.Doisanos depois,comumanovaesofisticadafontedesinal, foilanadooKlattalk.Aindaem1979,foilanado o primeiro circuito integrado para sntese de fala: o chipVotrax.Ocircuitoimplementavaum sintetizador de formantes em cascata. Noinciodosanos80,comearamasurgir sistemasTTScomerciais.BaseadonoKlattalk,foi lanado,em1982,osistemaProse-2000da TelesensorySystems.Noanoseguinte,aDigital Equipment Corporation lanava o DECTalk. Oprimeirotrabalhoemsnteseconcatenativa foirealizadoem1968,porRedDixoneDavid Maxey.Difones3eramparametrizadospor frequncias de formantes e concatenados. Em 1977, JoeOlive,nosLaboratriosBell,concatenou difonesusandoprediolinear.ATexas Instrumentslanou,em1980,umsintetizador,o Speak-n-Spell,usandoumcircuitointegradoque realizavasntesebaseadaemLPC(Linear PredictiveCoding).Essechipfoiusadoemum brinquedoeletrnicoerecebeubastanteatenona poca. Sistemasconcatenativoscomearamaganhar espao em 1985, com o desenvolvimento da tcnica demodificaoprosdicaPSOLA(Pitch-SynchronousOverlap-and-Add),propostapor MoulineseCharpentier,daFranceTelecom.Nos anos90,pesquisadoresnoslaboratriosdoATR (AdvancedTelecommunicationsResearch InternationalInstitute),noJapo,lanaramos princpiosparaossistemasbaseadosemgrandes corpora,abordagemutilizadanossistemas RealSpeak,daLernout&Hauspie(TELECOM-MUNICATIONSINDUSTRYPRODUCT BACKGROUND,2001)eNextGen,daAT&T (SYRDAL et al., 2000). 3 Difones so segmentos do sinal de fala obtidos da metade de um dado fonema at a metade do fonema seguinte. ARV00026 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. Umresumodasetapasdodesenvolvimento histricodesntesedafalaapresentadona Figura 5. 3.CLASSIFICAO DOS SISTEMAS DE SINTESE DE FALA Ossistemasdesntesedefalapodemser divididosemduasclasses,definidaspelotamanho dovocabulrioepelocampodeaplicao.Na primeiraclasseestoossistemasutilizadosem aplicaesquerequerempoucainteraocomo usurio,representadospelossistemasderesposta vocal.Nasegunda,anecessidadedeinteraocom o usurio alta, exigindo a utilizao de sistemas de conversotexto-fala(texttospeechsystems).Os sistemasderespostavocaloperamcomum vocabulriolimitado(EGASHIRA,1992)em aplicaes,porexemplo,deserviostelefnicos como hora certa e despertador automtico. Em uma primeiraetapa,asmensagensrequeridasparao serviosodefinidas,gravadasearmazenadas.A operao de sntese de fala realizada pela simples combinaoereproduodoquefoigravado.Em umsistemadesaldobancrio,porexemplo,frases introdutriascomobomdia,boatarde,digite suasenha,seusaldoepalavrasbsicasparaa formaodosvaloresmonetrioscomoum, cem,milsocombinadasdeformaadequada paraageraodarespostafalada.Comovantagens dessatcnica,pode-secitaraaltaqualidadeque podeseratingidaeapequenacargade processamento(VIEIRA;PACHECO,2010). Entretanto, o domnio restrito e bem definido, e a capacidadedearmazenamentodasmensagens limitada pela memria disponvel do sistema. Jossistemasdeconversotexto-fala produzemfalasintetizadaapartirdeumtextode entradacomvocabulrioirrestrito.Comoo vocabulrioilimitado,nopossvelarmazenar todasascombinaespossveisdepalavraspara posteriorreproduo.Asoluorealizar, inicialmente,umaanlisedetextoqueidentifique ossonscorrespondentesrepresentaoescritae associeparmetrosdeentonaoeritmo.Emum segundo passo, a transformao dessa representao simblicaintermediriaemsinaldefalaefetuada apartirdetcnicasdeprocessamentodesinais. Problemasocorremnasduasetapas:aanlisede textoumatarefadifcil,poisnemsemprea mensagemescritapermiteaespecificaodetodas asinformaesimportantesparaafala,easntese dosinal,limitadaporaspectoscomoa complexidadecomputacional,usualmenteno permite a produo de fala com a mesma qualidade da natural. A avaliaodosmtodosde sntese defala em diferentesaplicaesrealizadaapartirdetrs parmetros bsicos (RABINER, 1994): a)qualidade,medidasubjetivamenteem termos de inteligibilidade e naturalidade; b)flexibilidade,relacionadacapacidadede sntesedemensagenscomdiferentes palavrasediferentesentonaes, velocidades e nfases; c)complexidade,medidaemrelaocarga deprocessamentocomputacionale capacidade de armazenamento requerida. Osistemaidealproveriaumasadadealta qualidade,praticamenteindistinguveldafala natural; produziria mensagens com qualquer padro de entonao e ritmo de forma adequada; teria baixa complexidadeparapermitiraintegraoaum pequeno custo em qualquer ambiente de aplicao. Infelizmente,nohnenhumsistemanosdias atuaisqueatendacompletamenteaessestrs requisitos.Ossistemasderespostavocaltmbaixa complexidade e alta qualidade, mas no so capazes delidarcomtextoirrestrito.Ossistemastext-to-speech(TTS),porsuavez,tmumcusto computacionalmaiselevadoeumaqualidademais baixa.Massoanicaalternativaparaa transformaodetextoirrestritoemuma representao falada. FIGURA 5 Etapas do desenvolvimento histrico dos sistemas de sntese de fala. Fonte: LEMMETTY, 1999 (adaptado). ARV00027 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. 4.SISTEMA TTS Oprocessodeconversodeumtextoirrestrito em fala bastante complexo e s pode ser resolvido deformamultidisciplinar.Osconhecimentos envolvidosnaresoluodoproblemalevamauma divisopraticamentenaturaldoprocessoemduas etapas: a)passagemdodomniotextoparaum domnioderepresentaointermedirio, baseadaemtcnicasdeprocessamentode linguagem natural; b)passagemdodomniointermedirioparao domnioacsticodosinaldefala,baseada em tcnicas de processamento de sinais. NaFigura6,mostradoumdiagramados blocosfundamentaisdeprocessamentoenvolvidos na tarefa de converso texto-fala. Na primeira etapa, emqueestorelacionadosfundamentalmente aspectoslingusticos,otextoanalisado,sendo geradaumarepresentaofonticaassociadaa informaes prosdicas da fala que ser sintetizada. Esseestgiodeprocessamentofortemente dependente do idioma a que se prope o sistema de converso e envolve, dentre outros, mdulos de: a)pr-processamento do texto de entrada, com aseparaodeblocosdeanlise, identificaoeexpansodeabreviaturas, siglas, algarismos; b)transcrio ortogrfico-fontica; c)separaosilbicaedeterminaoda tonicidade; d)anlisesinttica,comaclassificao gramatical das palavras; e)modelagemprosdica,quedetermina padresdeentonaoeritmo, acusticamenterelacionadosfrequncia fundamental,duraoeintensidadedo sinal. Aofinaldoprocessamentolingustico,ossons quedevemsersintetizadosestodefinidos.A sntese propriamente dita do sinal de fala realizada na etapa de processamento de sinais. Um modelo de sntesedevepermitirageraodossonsea alterao dos parmetros prosdicos de acordo com oquefoiprescritonaetapadeanliselingustica. Osmodelosquerealizamasntesepodemser classificadosem dois paradigmas, de acordo com o domnio em que atuam (DUTOIT, 1997): a)abordagemdesistema.Tambmchamada desntesearticulatria,nessaabordagemo prpriomecanismodeproduodafala modelado,commaioroumenor detalhamento fisiolgico; b)abordagemdesinal.Tambmconhecida comoterminal-analoguesynthesis,modela o prprio sinal de fala, utilizando quaisquer meiosconvenientes.Opostaabordagem desistema,noimplicaamodelagemdos gestos articulatrios, e sim na representao dosinalacsticogeradopeloprocessode produo da fala. Asduasabordagensevoluramdeforma independente,comresultadosmaisrpidostendo sidoobtidoscomamodelagemdosinal,devido relativasimplicidade(DUTOIT,1997).Enquantoa modelagemdocomplexomecanismodeproduo dafalaaindaumproblemaaserresolvido, tcnicas no domnio do sinal, como a de sntese por formantes e por predio linear, so empregadas em sistemas comerciais desde os anos 70. Umadastcnicasdaabordagemdesinalque apresentamelhoresresultadosadesntesepor concatenaodesegmentosdefala.Nessatcnica, segmentos do sinal de fala de tamanhos diversos so previamentegravadosporumlocutore posteriormente concatenados para a gerao de fala sinttica.Aideialembraumpoucoadossistemas derespostavocal,masaquiossegmentosformam umconjuntoquepermiteasntesedequalquer texto.Noprocessodegravaodessessegmentos, naturalmenteestoassociadosumaentonaoe ritmorelacionadosaocontextonoqualosegmento est inserido. Paraconferirmaiorinteligibilidadee, principalmente, naturalidade fala sintetizada, uma simplesoperaodeconcatenaodossegmentos nosuficiente.Torna-se,ento,necessrio modificarosparmetrosdafalaassociados entonaoeaoritmoapartirdetcnicasde processamento de sinais. FIGURA 6 Diagrama bsico do processo de converso de texto em fala. ARV00028 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. 4.1.Aplicaes dos sistemas de converso texto-fala Asaplicaesquerequeremautilizaode sistemasdeconversotexto-falasoaquelasque exigemotratamentodetextoirrestritoem ambientesdeinteraohomemmquina.Os sistemas de converso texto-fala so uma alternativa interessanteemsituaesemque(PAGE;BREEN, 1996): a)otextoimprevisveledinmico.Existem situaesemqueasmensagensquese deseja sintetizar so curtas, mas o contedo variasignificativamenteenopodeser enquadradoemumformatopadroque permitaautilizaodeumsistemade respostavocal.Nessescasos,onico mtodoviveldesnteseodeconverso texto-fala; b)necessrioacessoaumgrandebancode dados.Novivelrealizaragravaode todoocontedodegrandesbancosde dados,devidoaoscustosdegravaoe armazenagem.Almdisso,asinformaes esto sujeitas a alteraes constantes; c)a sada relativamente estvel, mas o custo deprovimentoeotempoderespostaso crticos.Emsistemastelefnicosde atendimento,algumasmensagens permanecemconstantesporlongos perodos, mas, em certas situaes, pode ser necessriomodific-las.Amanutenoda mesma voz e o curto tempo disponvel para amudanafavorecemousodesistemas TTS,quandocomparadosanovas gravaes; d)aconsistnciadavozrequerida.Muitos sistemasrequeremamanutenodavoz para todas as mensagens. No h problemas se,umavezoperando,nohouver modificaes. Entretanto, se a possibilidade demelhoramentosfuturosforplanejada, deve-se prever a disponibilidade domesmo locutor.Nessassituaes,autilizaode sistemasdeconversotexto-faladeveser considerada; e)pequenaocupaodebandadetransmisso necessria. A transmisso de informao a partirdetextoeposteriorconversopara falaempregaumabandadecomunicao extremamente pequena. Apresentadasascaractersticasdasaplicaes alvo,pode-secitaralgumasdelas(EGASHIRA, 1992;RABINER,1994;DUTOIT,1997; LEVINSON;OLIVE;TSCHIRGI,1993;COXet al., 2000): a)auxlioaportadoresdedeficincias. Incapacidadesnoprocessodefalatm causasmentaisoumotoras.Paraocasode problemasmotores,ossistemasde conversotexto-fala podem atuar como um importantesuporte.Comoauxliodeum tecladoespecialeumprogramade montagemdesentenas,ageraodefala sintetizadapodepermitiracomunicao. AsaulasdoastrofsicoStephenHawking soproferidasdessaforma.Pessoascom deficinciavisualpodemteracessoa informaesescritasemformatoeletrnico apartirdesistemasTTS.Aquelescom incapacidadesauditivase/oudefalapodem fazerligaestelefnicaseconversar normalmenteseemcadaextremofor utilizadoumsistemadeconversodetexto em fala e de fala em texto (reconhecimento de fala); b)pesquisabsicaeaplicada.Sintetizadores defalasoumaferramentamuito interessanteparalinguistas,poruma caractersticapeculiar:provemum ambientedetotalcontrole,permitindoque experimentosrepetidosproduzam resultadosidnticos,oquepraticamente impossvelcomsereshumanos.Assim, investigaesrelacionadasamodelos prosdicos,porexemplo,podemser realizadas.OssistemasTTSqueso baseados nos parmetros do trato vocal tm sidoextensivamenteutilizadospor foneticistasparaoestudodoprocessode fala; c)monitoramentocomrespostavocal.Em certassituaes,umarespostavocalmais eficientedoqueumamensagemescrita. Avisosdeatenoouperigodadosna formafaladatmumapelomaisforte. Poderiamserutilizados,porexemplo, quandoalgumseaproximassede equipamentosoureasqueoferecessem risco.Asobrecargadeinformaesvisuais nascabinesdecomandodeaviespoderia seraliviadacomalgumasmensagens faladas; d)ensinodeidiomas.Sistemasdealta qualidadepodemserutilizadosparao aprendizadodeidiomas,constituindouma ferramenta muito valiosa; e)livros e brinquedos falantes; f)serviosemtelecomunicaes.Geralmente os servios telefnicos usam bases de dados ARV00029 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. cominformaesquevariam constantemente,tornandoadequadoo empregodesistemasdeconversotexto-fala.Onmerodeaplicaesmuito grandee,dentreoutras,pode-secitar: acessosmensagensdecorreioeletrnico; auxlio lista telefnica; informaes sobre cursos,classificaoemprovas;resultados deexamesmdicos;acessoainformaes comoprevisometeorolgica,eventos esportivoseculturais,feiras,exposies, programaodeteatroecinema;agendae despertadorautomtico;acessoa dicionrios,enciclopdiasemanuaisde equipamentos;acompanhamentode processosoupedidosdecompras; informaes bancrias. 4.2.Processamento lingustico Naprimeiraetapadeumsistematexto-fala, realizada a anlise do texto de entrada. O objetivo transformar o texto em uma representao simblica eestruturadaqueindiqueossonsquedevemser sintetizadoscomseusparmetrosprosdicos associados.Aanlisedetextofortemente dependente do idioma a que se prope o sistema de converso e subdividida em mdulos. Usualmente soincludososseguintesestgiosde processamento: a)pr-processamento do texto de entrada; b)transcrio ortogrfico-fontica; c)separaosilbicaedeterminaoda tonicidade; d)anlise sinttica; e)modelagem prosdica. NaFigura7,mostradoumdiagramade blocosdasetapasenvolvidasnaanlisedetexto para converso texto-fala. 4.2.1.Pr-processamento Aprimeirafunodaetapadepr-processamento a separao do texto de entrada em gruposdepalavrasquefacilitemoprocessode anlise. O grupo que parece mais evidente a frase, eamaioriadossistemasseparaotextoemfrases. Emalgunssistemasescritos,comoochins,que possuemumsmboloexclusivoparaassinalaro final de frases declarativas, no h dificuldades (em chins,usadoumpequenocrculo)(SPROAT; OLIVE,1995).Jemlnguascomooinglseo portugus,oprocessonotodireto.Nessas lnguas,omesmosinaldepontoempregadoparaa marcaodofinaldefrasesdeclarativasutilizado paraassinalar,porexemplo,abreviaturas.Em portugus,opontoemSr.nomarca (normalmente)umfinaldefrasemassim correspondeabreviaturadeSenhor.Assim, antesdedefinirumpontocomoumamarcade separaodefrasesnecessrioeliminaroutras possibilidades.Nocasodeabreviaturas,essas devem ser identificadas e expandidas. FIGURA 7 Diagrama de blocos da etapa de anlise do texto. Oprocessodeexpansodeabreviaturas tambmnotrivial,poismuitasdelassousadas com diferentes significados. Por exemplo, v. pode serusadocomoabreviaturadevejaoude verbo.Aletrassempontoabreviasegundo ou segundos (outro problema determinar se ser usadoopluralouno)e,seguidadeponto,pode significarsubstantivoouSul.Sulpodeser identificado se o texto foi escrito corretamente com oempregodeletrasmaisculas,poisaabreviatura corretaS..Contudo,atualmentemuito comum,principalmenteemmensagensdecorreio eletrnico,oesquecimentodoscaracteres maisculos.Almdasabreviaturas,siglasso empregadas no texto. Algumas so soletradas, como FGTSquedeveserexpandidaparaefegt esse.Outraspodemserlidascomosefossem palavras,pelaidentificaodepadressilbicosda lngua, como o caso de CEF. Osalgarismostambmdevemserexpandidos deformaadequada.Algarismosarbicosso empregados em diversas situaes e cada uma delas deve ser tratada separadamente. Por exemplo, 331 pode ser lido como trezentos e trinta e um quando representaumaquantidadequalqueroucomotrs ARV000210 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. trsumseforaprimeirapartedeumnmero telefnico. Os algarismos1, 2 e as centenas de 200 at900apresentamumproblemaadicional: possuem uma variao feminina. Por exemplo, 542 guasdeveserexpandidodeformadiferentede 542cavalos.Asformasdevaloresmonetrios, nmeroscardinais,datasehorastmsuas peculiaridadesprpriasedevemsertratadasde modoapropriado.Aexpansodosalgarismos romanostambmnecessria.Paraalgunscasos, notosimples.Porexemplo,VIpode representaroalgarismoromanoseisouaprimeira pessoadosingulardopretritoperfeitodo indicativo do verbo ver. 4.2.2.Transcrio ortogrfico-fontica Oobjetivodatranscrioatransformaoda representaoortogrficaemumarepresentao fontica.Se,paracadacaractere,existisseum mapeamento nico no domnio fontico, essa tarefa seriasimples.Entretanto,algumasletras representammaisdeumfonema,comoaletrax, que, na lngua portuguesa, descreve o fonema [] em xale,[z]emexame,[s]emexplicareos fonemas[ks]emtxi.Almdisso,oprocessode transcriofonticadeveserrobustoosuficiente paralidarcomnomesprprios,derivadosde diferentes idiomas. Diferentes estratgias podem ser utilizadas para atranscriofontica.Amaissimplesa transcrioporregras,baseadanocontextoemque estinseridaaletraemanlise.Emportugus,em queacorrespondnciaentreletrasefonemas razoavelmenteestvel,estaatcnicamais empregada(EGASHIRA,1992;GOMES,1998; COSTANETO,2000).Umdicionriodeexcees com um nmero relativamente pequeno de verbetes daordemde1000cobreaseventuaisfalhasde transcrio. Como exemplo de regras de converso, pode-secitaraanliserealizadaparaaletrac, associada a dois fonemas, [k] e [s] (FIGUEIREDO; NAVINER; AGUIAR NETO, 1997): a)sealetraseguinteaocfora,o,u ouconsoante,ofonemaassociadoser[k], como,porexemplo,naspalavrascaco, clube e cubo; b)sealetraseguinteaocforeoui,o fonemaassociadoser[s],comonas palavras certo e cime. Umaoutraabordagemusaumgrande dicionrio de radicais de palavras, prefixos e sufixos comumatranscriofonticaassociada.Oscasos nocobertospelodicionriosoresolvidoscom algumasregrasdeconversoletra-fonema.Parao ingls,normalmenteessaaabordagemutilizada. Dicionrioscomumnmerodeentradasdaordem de dezenas de milhares de palavras so empregados (LEVINSON; OLIVE; TSCHIRGI, 1993). Paraalnguaportuguesa,umadasmaiores dificuldadesnatranscrioortogrficofontica determinarseasletraseeosemacento ortogrficocorrespondemavogaisabertasou fechadas(EGASHIRA,1992).Esseproblema ocorreporquenessescasosapenasocontexto lexical no suficiente para a determinao correta daaberturaoufechamentodavogal.Porexemplo, paraaspalavrasboloebolanohcomo desenvolverumaregraqueatueapenaspela avaliao do contexto anterior e posterior em que se insereavogal.Asoluo,paraessescasos,a inclusodessaspalavrasemumdicionriode excees. 4.2.3.Separao silbica e determinao da tonicidade Aslabadesempenhaumpapelimportanteno estudodaprosdia.Aimplementaodeum modelo prosdico pode ser facilitada se for efetuado umprocedimentodeseparaosilbicae determinao da tonicidade das slabas. Paraoportugus,umalgoritmodeseparao silbicaapresentadoem(EGASHIRA,1992). implementado atravs de um diagrama de estados e realiza a separao no nvel dos fones. Aposiodaslabatnicaumainformao importanteaserconsideradanaformulaodos modelos prosdicos, pois a variao dos parmetros suprassegmentais muito dependente da tonicidade. EmEgashira(1992),apresentadoum procedimentodedeterminaodatonicidadedas slabas para o portugus baseado em regras. Apesar de no resolver todas as situaes, as regras tentam abranger o maior nmero de casos possvel. Citam-se, a ttulo de exemplo, duas dessas regras: a)palavrasmarcadascomdiacrticos(acentos grficos) j tm a slaba tnica determinada, prevalecendoessaregrasobretodasas demais; b)palavrasterminadasemimouumso oxtonas. Almdatonicidadesilbica,muito importanteconsideraratonicidadeemnveismais altos(entrepalavrasedentrodeumafrase).Por exemplo, nem todas as palavras de uma frase tm a mesmaproeminncia.Numafrasecomoamoa gostadetortadebananaedemapossvel perceber que algumas palavras so mais importantes paraacomunicaoesoditascomumdestaque maior do que as outras. Palavras de contedo, isto , nomes,verbos,adjetivos,tendemasermais ARV000211 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. salientadasdoqueaspalavrasfuncionais,que incluem verbos auxiliares e preposies. Problemas podemocorrercomosnomescompostos.Por exemplo, em ingls, Madison Avenue acentuada foneticamentenaltimapalavra,enquantoWall Street na penltima (SPROAT; OLIVE, 1995). 4.2.4.Anlise sinttica Aanlisesintticadeterminaaestruturada fraseeidentificaoselementosqueacompem.A estruturafrasalumainformaoindispensvel paraumamodelagemprosdicacorretadaspausas, entonaoeritmo.Algunspontosdafrase correspondemalimitesprosdicos,ondeocorrem mudanasabruptasdepitch,duraoeintensidade. Aspausas,porexemplo,nopodemsercolocadas em qualquer ponto da frase. Almdisso,adeterminaodacategoria sintticadecadapalavrausadaparaeliminara ambiguidadenapronnciadealgunsvocbulos. Tome-se como exemplo as frases: a)O almoo ser servido logo. b)Eu almoo sempre ao meio-dia. Nas duas frases, a palavra almoo escrita da mesmaforma,maspronunciadademaneiras diferentes.Spossveldeterminarapronncia corretaatravsdoconhecimentodacategoria gramatical.Seforverbo,avogaloaberta,se substantivo, a vogal fechada. Duasabordagenssocomunsparaatarefade anlisesinttica:aprimeirautilizaumclassificador estocstico(EDGINGTONetal.,1996).Um modeloestatsticodalinguagemderivadode grandesconjuntosdetextoclassificado.Paracada palavra,determinadaumacategoriagramatical maisprovvel,dadaaprobabilidadedeocorrncia das palavras dentro de um certo contexto; a segunda abordagembaseadaemregrasgramaticais,que descrevemumasequnciavlidadesmbolos.Os smboloscorrespondemaclassesdepalavras, grupos de palavras representando frases, oraes ou mesmo frases inteiras. 4.2.5.Modelagem prosdica Aincorporaodeprosdiaaumsistemade sntesedefalaumfatorfundamentalparaqueos requisitosdeinteligibilidadeenaturalidadesejam atendidos.Aprosdiaimpostafalaapartirda variaotemporaldosparmetrosprosdicospitch, duraoeintensidade.Oobjetivodeummodelo prosdicoadeterminaodaevoluotemporal dosparmetrosprosdicos,deformaqueseja possvelidentificarnafalasintetizadaosatributos lingusticosdeacento,ritmoeentonao,que,em ltimaanlise,conferemumaavaliaodeboa qualidade. Umaestruturacomumenteadotadaa separaodomodeloprosdicoemmodelode duraoemodeloentonacionaloudepitch.Na literaturaconsultada,noforamencontradas refernciasaodesenvolvimentodeummodelo especfico de intensidade. importante destacar que amodelagemprosdicafortementerelacionada aos mdulos precedentes de anlise, principalmente osdedeterminaodetonicidadeedeanlise sinttica. Pormodelodeduraoaplicadosntesede fala,entende-sequalquertratamentoautomtico pelo qual as duraes dos fones de um enunciado a sersintetizadopossamserdeterminadas(SILVA; VIOLARO,1995).Vriasabordagenstmsido empregadas e uma reviso das tcnicas encontrada emSanten(1995).Destaca-se,paraocasodo portugus,omodelodesenvolvidoemGomes (1998), que emprega um dicionrio de contornos de durao obtido a partir de dados extrados da fala de umlocutor.Ocontornomaisadequado selecionadoapartirdoclculodeumndiceque levaemconsideraoaclassificaogramaticaldo grupo prosdico em anlise. Um ajuste do contorno geral realizado a partir de regras que modelam os efeitoslocaisdadurao.Comoexemplo,cita-se uma regra de efeito local: a)segmentosdaslabafinaldeumapalavra tm suas duraes aumentadas por um fator de1,08paravogaisede1,05para consoantes, com exceo de [p]. Emrelaoaosmodelosentonacionais, diferentesabordagenstmsidopropostasna literatura,baseadasnostrsnveisdeanlisedos fenmenosprosdicos:nvelacstico,perceptuale lingustico.Cadamodelotemseugraude complexidadeederelacionamentocomosoutros mdulosdeanliseeumconsequentegraude qualidadeperceptual.Umaboarevisodasvrias abordagensempregadasencontradaemDutoit (1997).Paraoportugus,SilvaeViolaro(1995) apresentamummodelocujaprincipalcaracterstica basear-seemumaestruturahierrquicade sentena,compostapelosnveisdefrase, constituinte prosdico, palavra, slaba e fone. Nessa abordagem,cadanvelobedecesregrasdonvel superioregeraoutrasregrasparaonvelinferior. Nonveldefrase,soestabelecidoslimitesde variaosuperioreinferiordepitchparaa elocuo.Ocontornoaperfeioadodentrodesses limitesatchegaraoltimonvel,noqualestaro definidososvaloresinicialefinaldepitchpara cada fone. ARV000212 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. 4.3.Processamento de sinais Apsaetapadeprocessamentolingustico,j so conhecidos os sons que devem ser sintetizados e osparmetrosprosdicosquedevemseraplicados. realizada,ento,asntesedosinalacsticode fala.Asabordagensmaisutilizadasparaasntese propriamente dita so: a)abordagemdesistema,tambmconhecida como sntese articulatria, em que o prprio mecanismodeproduodafala modelado; b)abordagem de sinal, em que o sinal de fala oobjetoderepresentao.Asntesepor formanteseasnteseporconcatenao figuram nessa abordagem. 4.3.1.Sntese articulatria Asntesearticulatriatemporobjetivo reproduzirosinaldefala,modelandoos mecanismosdesuaproduonatural(GABIOUD, 1994).potencialmenteomelhormtodoparaa geraodefalasintticadealtaqualidade.Ao mesmo tempo, o de implementao mais complexa, pordependerdeumaamplacompreensodo processodeproduodafala,eomaiscustoso computacionalmente (LEMMETTY, 1999). Nesta abordagem, a produo dos sons da fala, partindodagloteatoslbios,modeladaem diferentespassos.Inicialmente,necessriocriar um modelo para a fonte primria da voz humana, a vibraodascordasvocais.Oformatodotrato vocaldelineadoemseguida,apartirda determinao da funo rea. Essa funo definida como a rea instantnea da seo reta do trato vocal, dagloteaoslbios,determinadapelo posicionamentodosarticuladores(PRADO,1993). Aestimaodafunoreapodeserrealizadade duas formas: ARV000213 a)diretamente pela observao da fala a partir de raios X ou ressonncia magntica; b)apartirdeummapeamentoinversoou acstico/articulatrio,utilizandoum processo analtico (PRADO, 1993). Naltimaetapa,realizadaamodelagemdo movimento dos lbios. Esse modelo essencial se a aplicaopossibilitartambmasntesevisual,que contribuiparaumamelhorcompreensoda mensagememsituaesruidosas(GABIOUD, 1994). Comoexemplodeparmetrosarticulatriosde controle,pode-secitaromodelodescritoem Bickley,StevenseWilliams(1996)queutiliza:a readaaberturadoslbios,aconstrioformada pelalminadalngua,aaberturaparaascavidades nasais,areaglotalmdiaeataxadeexpansoou contraoativadovolumedotratovocalnaparte posterior de uma constrio. Atualmente,asntesearticulatriadeveser considerada mais como uma ferramenta de pesquisa doqueumaalternativavivelparaaplicaes comerciais (GABIOUD,1994). Mesmo os sistemas no estado-da-arte no so capazes de gerar fala com aqualidadedosoutrosmtodosbaseadosna abordagem de sinal. 4.3.2.Sntese por formantes A sntese por formantes, tambm conhecida por snteseparamtrica,baseadanomodelofonte-filtrodeproduodafala.Oprocessofsico descritomatematicamentepelacombinaolinear detrscomponentes:fontesdesinal,caracterstica defiltragemdotratovocalecaractersticade radiao para o meio externo, conforme o diagrama de blocos mostrado na Figura 8. Aprincipalcaractersticadasntesepor formantesaimplementaodafunode transferncia do trato vocal a partir da associao de seesdesegundaordem.Essasseesso conhecidascomoressonadores.Aestruturado ressonadordigitaldesegundaordemilustradana Figura 9. Osressonadorespodemserassociadosem cascataouparalelo.Parautilizarasmelhores caractersticasdecadaumadasassociaes, algumasimplementaeshbridasforampropostas na literatura Gomes (1998) e Klatt (1980). Uma das maisconhecidasamostradanaFigura10,o sintetizadordeKlatt(1980).Nessemodelo,a funodetransfernciadotratovocalemcascata implementadapelosressonadoresR1aR5.A sntesedesonsnasaisefetuadacomum ressonador adicional RNP e por um anti-ressonador RNZ. FIGURA 8 Esquema simplificado do processo de produo da fala empregado na sntese por formantes. Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. Na configurao em paralelo, sete ressonadores estodisponveis(R1,...,R6,RNP),cadaumcom umcontroledeganhoassociado(A1,...,A6,AN). Umaconexodeby-pass,comumcontrolede ganho AB, permite a simulao de sons que no tm caractersticasderessonnciabemdefinidas (STYGER;KELLER,1994).AchaveSWcontrola a mudana entre a estrutura em srie e paralelo. FIGURA 9 Estrutura do ressonador digital de segunda ordem. A implementao das fontes pode produzir dois tiposdeexcitao:sonoraeruidosa.Parasons vozeados,aindapossvelgerarduasexcitaes. Naprimeira,omodeloconsisteemumtremde pulsos, conformado por um filtro passa-baixas RGP queimpeumdecaimentoespectralde12 dB/oitava.Oresultadoumsinalquese assemelhaaospulsosglotaisnaturais.Oanti-ressonadoropcionalRGZmodificaalgunsdetalhes espectraisdosinal.Asegundaalternativadefonte vozeada gera um sinal quase-senoidal utilizado para ageraodasfricativasvozeadas.Umdecaimento de24 dB/oitavaobtidocomumsegundofiltro RGS. Afontederudosimulaorudodeturbulncia produzidopelapassagemdoarporumaconstrio (EGASHIRA, 1992). Se a constrio est localizada nonveldascordasvocais,orudodeaspirao, com ganho controlado por AH. Se a constrio est acimadalaringe,orudodefricao,com amplitude controlada por AF. A sada do gerador de nmeros aleatrios, com espectro aproximadamente plano, passada por um filtro passa-baixas LPF que cancelaoefeitodaradiaonoslbios.Uma modulaodeamplitudedorudorealizadapelo modulador MOD. Acaractersticaderadiaonoslbios implementadaporumdiferenciadordeprimeira ordem. O controle do sintetizador efetuado a partir de 39parmetros,atualizadosacada5ms.Na configurao padro, o sistema opera com uma taxa de amostragem de 10 kHz. FIGURA 10 Diagrama do sintetizador de Klatt (1980). ARV000214 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. Asntesebaseadaemregrasumaabordagem poderosaparasntesedefala.possvelgerarfala sintetizadadealtaqualidadedesdequeos parmetrosdecontrolesejamajustadosdeforma correta.Aflexibilidadetambmumpontoforte. Novasvozesediferentesefeitospodemsercriados facilmente.Entretanto,agrandedificuldadese encontranaobtenodosparmetrosdecontrole, principalmenteparaatransioentresons diferentes.Ametodologiamaisempregadaade, tomandocomorefernciafrasesproduzidas naturalmente,obtereajustarosparmetrospor tentativaeerro.Odesenvolvimentotorna-selento, sendocomumoesforodevriosanosparaobter umaboaqualidade(DUTOIT,1997).Alguns trabalhos,comoosdeHuang,AceroeHon(2001) buscamaobtenodosparmetrosdeforma automtica,empregandotcnicasinicialmente utilizadasemreconhecimentodefala,comoos modelos ocultos de Markov (HMM). 4.3.3.Sntese concatenativa Emsnteseconcatenativa,falasinttica produzidapelaconcatenaodesegmentos.Esses segmentossopreviamentegravadose armazenadosformandoumbancodeunidades.A escolhadossegmentosnecessriosparaagerao deumadadaelocuobaseia-senasinformaes obtidasapartirdaetapadeprocessamento lingustico.Comumaetapadeconcatenaoe alteraodeparmetrosprosdicos,afala sintetizadagerada.Odiagramadeblocosdesse processo mostrado na Figura 11. Emoposiosnteseporformantes,aquino hnecessidadededefinioderegrasdetransio entre sons, pois essas podem estar incorporadas aos segmentosarmazenados.Cadasegmentoobtido deumagravaodeumlocutor,eumresultadode altaqualidadepoderiaseresperado.Contudo, problemaspodemocorrer,fazendocomqueos sistemasconcatenativossoframdeumagrande variaodequalidade:emumasentena,o resultadoexcelente,masnaseguinte,podeser sofrvel.Seacombinaodasunidadesemuma frasesintticaadequada,oresultadotobom quantooobtidonaturalmenteemumagravao. Mas, se ocorrem muitas descontinuidades espectrais entre os segmentos, a qualidade torna-se baixa. FIGURA 11 Diagrama de blocos da sntese do sinal de fala pela tcnica concatenativa. Asdescontinuidadesespectraisocorrem quandoosformantesdesegmentosadjacentesno tmosmesmosvaloreseestorelacionadas, principalmente,coarticulao,quepodeser entendidacomoainflunciadeumfonemasobre outro. Naetapademodificaoprosdica,tambm podem ocorrer perdas de qualidade dependendo das tcnicasquesoutilizadas.Comessesproblemas, osouvintesavaliamafalasintticadeforma negativa,mesmocomossegmentossendoobtidos de forma natural. Assim,pode-sedizerqueoresultadofinalem snteseporconcatenaofortementedependente dos seguintes fatores: a)qualidade do banco de segmentos; b)tcnicasdeconcatenaoealterao prosdica. Por sua vez, a montagem do banco de unidades, num estgio anterior concatenao, envolve etapas de: a)escolha dos segmentos; b)definiodocorpus1deextraodas unidades; c)gravao; d)segmentao. Essas etapas so mostradas na Figura 12. FIGURA 12 Etapas envolvidas na criao de um banco de unidades para sntese concatenativa. ARV000215 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. 5.CONSIDERAES FINAIS Esteartigoapresentouumarevisodos sistemas de sntese de fala, com nfase nos sistemas deconversotexto-fala.Umacontextualizao histricafoiapresentada,almdeumareviso detalhada das aplicaes e mdulos necessrios para uma adequada converso. REFERNCIAS BICKLEY, C. A.; STEVENS, K. N.; WILLIAMS, D. R. A Framework for Synthesis of Segments Based on Pseudoarticulatory Parameters. In: SANTEN, J. P. H. van et al. (Ed.). Progress in Speech Synthesis. New York: Springer-Verlag, 1996. p. 211-220. COSTA NETO, M. L. da. Conversor Texto-Fala de Alta Qualidade para a Lngua Portuguesa. Campina Grande, 2000. 112 p. Exame de Qualificao (Doutorado em Engenharia Eltrica) Centro de Cincias e Tecnologia, Universidade Federal da Paraba. COX, R. V. et al. Speech and Language Processing for Next-Millennium Communications Services. Proceedings of the IEEE, v. 88, n. 8, p. 1314-1337, Aug. 2000. DUTOIT, T. An Introduction to Text-to-Speech Synthesis. Dordrecht: Kluwer, 1997. (Text, Speech and Language Technology, v. 3). EDGINGTON, M. et al. Overview of current text-to-speech techniques: Part I - text and linguistic analysis. BT Technology Journal, v. 14, n. 1, p. 68-83, Jan. 1996. EGASHIRA, F. Sntese de voz a partir de texto para a lngua portuguesa. Campinas, 1992. 113 p. Dissertao (Mestrado em Engenharia Eltrica) Faculdade de Engenharia Eltrica, Universidade Estadual de Campinas. FIGUEIREDO, F. A.; NAVINER, L. A. B.; AGUIAR NETO, B. G. Uma Nova Abordagem para o Sistema de Converso Texto-Fala para a Lngua Portuguesa. In: SIMPSIO BRASILEIRO DE TELECOMUNICAES, 15., 1997, Recife. Anais... p. 328-331. GABIOUD, B. Articulatory Models in Speech Synthesis. In: KELLER, E. (Ed.). Fundamentals of speech synthesis and speech recognition: basic concepts, state of the art and future challenges. Chichester: J. Wiley, 1994. p. 215-230. GOMES, L. de C. T. Sistema de converso texto-fala para a lngua portuguesa utilizando a abordagem de sntese por regras. Campinas, 1998. 107 p. Dissertao (Mestrado em Engenharia Eltrica) Faculdade de Engenharia Eltrica e de Computao, Universidade Estadual de Campinas. HUANG, X.; ACERO, A.; HON, H. Spoken Language Processing: A Guide to Theory, Algorithm, and System Development. Upper Saddle River: Prentice Hall, 2001. KLATT, D. H. Software for a cascade/parallel formant synthesizer. Journal of the Acoustical Society of America, v. 67, n. 3, p. 971-995, Mar. 1980. KLATT, D. H. Review of text-to-speech conversion for English. Journal of the Acoustical Society of America, v. 82, n. 3, p. 737-793, Sept. 1987. LEMMETTY, S. Review of Speech Synthesis Technology. Espoo, 1999. 104 p. Master Thesis (Master of Science) Department of Electrical and Communications Engineering, Helsinki University of Technology. LEVINSON, S. E.; OLIVE, J. P.; TSCHIRGI, J. S. Speech Synthesis in Telecommunications. IEEE Communications Magazine, v. 31, n. 11, p. 46-53, Nov. 1993. Now a Machine That Talks With the Voice of Man. Science News Letter, 14 Jan. 1939. p.19. Disponvel em: Acesso em: 05 mar. 2000. ONDREJOVIC, S. Wolfgang Von Kempelen and his Mechanism of Human Speech. Disponvel em: Acesso em: 10 mar. 2000. PAGE, J. H.; BREEN, A. P. The Laureate text-to-speech system: architecture and applications. BT Technology Journal, v. 14, n. 1, p. 57-67, Jan. 1996. PRADO, P. P. L. do. Sintetizador Articulatrio de Voz: Mapeamento Acstico/Articulatrio. In: SIMPSIO BRASILEIRO DE TELECOMUNICAES, 11., 1993, Natal. Anais... v. I, p. 708-712. RABINER, L. R. Applications of Voice Processing to Telecommunications. Proceedings of the IEEE, v. 82, n. 2, p. 199-228, Feb. 1994. RUBIN, P.; VATIKIOTIS-BATESON, E. Talking Heads. Disponvel em Acesso em 15 fev. 2001. SANTEN, J. P. H. van. Computation of Timing in Text-to-Speech Synthesis. In: KLEIJN, W. B.; PALIWAL, K. K. (Ed.). Speech Coding and Synthesis. Amsterdam: Elsevier, 1995. p. 663-684. ARV000216 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 3 17, 2010. ARV000217 SILVA, C. H.; VIOLARO, F. Modelamento Prosdico para Converso Texto-Fala do Portugus Falado no Brasil. Revista Brasileira de Telecomunicaes, Campinas, v. 10, n. 1, p. 15-24, dez. 1995. SPROAT, R.; OLIVE, J. An Approach to Text-to-Speech Synthesis. In: KLEIJN, W. B.; PALIWAL, K. K. (Ed.). Speech Coding and Synthesis. Amsterdam: Elsevier, 1995. p. 611-632. STYGER, T.; KELLER, E. Formant Synthesis. In: KELLER, E. (Ed.). Fundamentals of speech synthesis and speech recognition: basic concepts, state of the art and future challenges. Chichester: J. Wiley, 1994. p. 109-128. SYRDAL, A. K. et al. Corpus-Based Techniques in the AT&T NextGen Synthesis System. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON SPOKEN LANGUAGE PROCESSING, 6., 2000, Beijing. Disponvel em: Acesso em 20 dez. 2000. TELECOMMUNICATIONS Industry Product Backgrounder. Disponvel em: Acesso em: 16 fev. 2001. VIEIRA, J.; PACHECO, F. S. Desenvolvimento de um mdulo de resposta vocal para a plataforma microcontrolada Arduino. In: I CONGRESSO DE INICIAO CIENTFICA E PS-GRADUAO SUL BRASIL, 2010, Florianpolis. Anais.... VOCAL Vowels: Exploratorium Exhibit. Disponvel em: Acesso em: 15 fev. 2001. Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 19 32, 2010. Artigo disponibilizado on-line Revista Ilha Digital Endereo eletrnico: http://ilhadigital.florianopolis.ifsc.edu.br/ OS CONSTRUCTOS TERICOS EPISTEMOLGICOS CTS POSSIBILITAM A SUPERAO BEHAVIORISTA E FUNCIONALISTA DOS CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA? Muriel Bittencourt de Liz1, Luiz Alberto de Azevedo2 Resumo:EsteartigotemapremissadeproblematizarseosconstructostericosepistemolgicosCTS possibilitamasuperaodosatuaismodelosbehavoristasefuncionalistasdosCursosSuperioresde Tecnologia (CST), conforme manifestao externalizada pelo Ministrio da Educao (MEC), assim como a fragmentaodeseuscurrculos,impedindoaosalunosdeadquiriremcondiesdeautonomiaintelectual queospossibilitemtransitarpelosdiferentestiposdeconhecimentos,emproldeumperfilprofissional sociotcnico.Pretendemosdemonstrarqueessamanifestaoporpartedesseministriocontraditria, porquealmdenegarCSTcomoumapossibilidadedeformaosocialeprofissional,densa,alia-sea conselheiros do Conselho Nacional de Educao (CNE) induzindo-o a elaborao de Pareceres, e ainda que essaeducaotemsidoutilizadaporrepresentantesdepartidospolticoscomoinstrumentocompensatrio para uma determinada parcela da sociedade brasileira: Educao para os filhos dos outros. Em nossa viso umaprticaeducativaorientadaportaispremissas,almdeaprofundarainstitucionalizaodaexcluso social,afasta-sedeumapossveleducaolaicaparaummovimentoencaminhadoapenasaumensino estreito, fundada no aspecto utilitarista e pragmtico da educao negando a essncia maior do ato educativo, edesconsiderandoaprontainserodosconceitosdepolitecniaeomnilateralidadedeformaarticulada, comoatoplenodeformaodosersocialquerebaixadoavisogovernamentalequivocadadeEducao Tecnolgica sendo apropriada ora como mercadoria-educao e ora como educao-mercadoria. Palavras-chave: Cincia. Tecnologia. Educao tecnolgica. Curso superior de tecnologia. Sociedade. Abstract:ThispaperhasthepremiseofproblematizetheScience-Technology-Societytheoretical-epistemologicalconstructsenabletheovercomingofbehavioristandfunctionalpresentmodelsof TechnologicalGraduationCourses(TGC),accordingtomanifestationsbyMinistryofEducationof Brazil, as well as fragmentation of their curricula, preventing students of acquiring intellectual autonomy that allow them to transit by different fields of knowledge, towards a sociotechnical profile. We intend do demonstrate that this manifestation emanated by this Ministry is contradictory, because besides denying TGCs as a path ofadensesocialandprofessionaleducation,itallieswiththeCounselorsofNationalEducationCouncil (NEC),inducingthemtoelaborateopinions,andyetthatthiseducationhasbeenusedbypolitical representatives as compensatory instrument for a particular portion of Brazilian society: Education for the childrenofothers.Inourpointofview,aeducationalpracticeorientedbysuchpremises,besides deepeningtheinstitutionalizationofsocialexclusion,departsofapossiblelaiceducationtoamovement towardsanarroweducation,foundedintheutilitarianandpragmaticaspectofeducation,denyingthe broaderessenceoftheeducationalact,anddisregardingtheinsertionofconceptslikepolytechnicsand omnilateralityinaarticulateway,asacompleteactofeducationofthesocialbeingthatdemotedtoa equivocated governmental view of Technological Education being appropriated as commodity-education or as education-commodity. Keywords: Science, technology, technological education. Technological graduation course. Society. 1 Professor do DAELN do campus Florianpolis do IF-SC . 2 Professor do DAELN do campus Florianpolis do IF-SC . AOC001019 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 19 32, 2010. 1.INTRODUO Paraumavisodecomoocorreu institucionalizaodaEducaoTecnolgicana territorialidade do Estado brasileiro, considerando o estgioatualcontemporneo,desenvolvemosum recortenalinhadotempodahistoricizaosobrea educao brasileira, retornando a 1910, quando Nilo Peanhainstalou19EscolasdeAprendizes Artficesdestinadasaospobresehumildes. Autoresquepesquisameescrevemsobreotema, compreendemqueessasescolaseramsimilaresaos LiceusdeArteseOfcios,etinhamporpremissao ensinoindustrial.Essahistoricidade,todavia,est descritanatesedeGurgel(2007,p.56),A trajetriadaEscoladeAprendizeseArtficesde Natal: repblica, trabalho e educao (1909-1942), aoconcluirqueasprimeirasexperinciasde ensinoprofissional,anterioresa1909,foramas quatroescolasfundadasnascidadesdeCampos, Petrpolis,NiterieParabadoSulnoRiode Janeiro(viaDecretono1.004,de11dedezembro de 1906), por Nilo Peanha. A autora ainda destaca desse processo histrico sobreodesenvolvimentoinicialdaeducao profissionaletecnolgicabrasileira,que aproximadamentetrsanosdepoisdasprimeiras instituiesfundadasnoRiodeJaneiro,pelo Decretono7.566,de23desetembrode1909,o entopresidentedaRepblicaNiloPeanhacriou as19EscolasdeAprendizeseArtfices(2007, p.56).Gurgel(2007,p.58),todavia,destacaqueo objetivodessaaonodespontacomoumaao governamentalpreocupadacomodesenvolvimento igualitria da sociedade, na poca, mas sim fruto de uma ao que se refere aos novos problemas que o Pasatravessavacomooprocessodecrescimento urbano,eaindaquehaviaanecessidadede disseminar na populao de trabalhadores a ideia de vendersuaforadetrabalhoedestin-losao exercciodeatividadesquelhespermitissem adquirir hbitos de trabalho profcuo. Observamosaindaqueessamodalidadede educaoqueserelacionasinterpretadasescolas vocacionais e pr-vocacionais, como um dever do Estadofoitratadanocaputdoartigo129da Constituio dos Estados Unidos do Brasil de 1937, no governo federal de Getlio Vargas, nos seguintes termos: infncia e juventude, a que faltarem os recursosnecessrioseducaoeminstituies particulares,deverdaNao,dosEstadosedos Municpios assegurar, pela fundao de instituies pblicas de ensino em todos os seus graus, porm, umaeducaocompreendidacomoadequadas suas faculdades, aptides e tendncias vocacionais. Esse governo federal em 1937, ainda manifesta seu pensamentoarespeitodotipodeeducaoqueo Estadodeveriaassumircomrelaosclasses menosfavorecidas,fundandoinstitutosdeensino profissionalesubsidiandoosdeiniciativados EstadoseMunicpios,eosdosindivduosou associaes particulares e profissionais. Nascia,assim,asementedaRedeFederalde EducaoTecnolgicanoBrasilquepossuao compromissocomoensinoprofissional,primrio egratuito.Sobreessavisosobreatrajetriada educaoprofissionalbrasileira,Pereira(2008, p.63),pesquisandoa(Im)Possibilidadesda construodeumaeducaoemancipadoraem cursostecnolgicos:umaabordagemapartirde doiscursoslocalizadosemGoiniaeAnpolis, compreendequeagrandemarcadoinciodo perodorepublicanofoiaprofusodereformas,as quaisvisavamreestruturarosistemaeducacional brasileiro,sem,contudo,realizarmudanas estruturaissignificativasquepudessemalterara lgicaexcludentequeprevaleciaatento. Concluique,contrariamente,asreformas acabavamporrealizarpequenasacomodaesde interesseque,nofinal,mantinhamintactasas relaesduaisedesiguais,eaindaexplicita algumasdessasreformaspersonalistas,como:as reformasdeBenjaminConstant(1890),Epitcio Pessoa(1901),RivadviaCorra(1911),Carlos Maximiliano(1915),JooLuisAlves(1925) (PEREIRA, 2008, p.63). NevesePronko(2008,p.33),abordandoa questo da rede de Escolas de Aprendizes Artfices, criadas pelo Decreto no 7.566/1909, declaram que o governo,aoinstitu-laestavafundamentadonuma evidenteintencionalidademoralizadora, justificadamedianteasseguintesconsideraes apresentadas:a)queoaumentoconstanteda populaodascidadesexigequesefacilites classesproletriasosmeiosdevenceras dificuldadessemprecrescentesdalutapela existncia; b) que para isso se torna necessrio, no shabilitarosfilhosdosdesfavorecidosdafortuna comoindispensvelpreparotcnicoeintelectual, comofaz-loadquirirhbitosdetrabalhoprofcuo, queosafastardaociosidade,escoladovcioedo crime;ec)queumdosdeveresdoGovernoda Repblica formar cidados teis Nao. VerificamosqueoEstadonoassumedefato para si, j desde aquela poca, o compromisso com aeducaodosbrasileirose,ainda,aprofundaa mercadorizaodessamodalidadedeeducao, empurrando-aparaainiciativaprivada.Essaviso tambmestexternalizadapelosconselheirosdo ConselhoNacionaldeEducao(CNE),Parecer CNE/CEBno16/1999(p.280),aodeclararemque essaobrigaodoEstadodeveriasercumprida comacolaboraodasindstriasedossindicatos econmicos, as chamadas classes produtoras, que AOC001020 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 19 32, 2010. deveriamcriar,naesferadesuaespecialidade, escolas de aprendizes, destinadas aos filhos de seus operrios ou de seus associados. Operfilinstitucionaldessas19escolas, todavia,foialteradonotranscorrerda temporalidadeporgovernosfederaisdoEstado brasileiro,assumindooutrasatribuiessociais, comoadestacadanocaputdoartigo37,daLein 378/1937,duranteogovernoVargas,que transformouasEscolasdeAprendizesArtficesem LiceusProfissionais,incumbindo-osdapropagao do ensino profissional detodos os ramos e graus e, ainda,portodooterritriobrasileiro.Essemesmo governo, em 1942, modifica o perfil dessa Rede, via oDecreto-Lein4.073,instituindoaLeiOrgnica doEnsinoIndustrial,e,posteriormente,publicao Decreto-Lein8.680/1946,definindooensino industrialcomooramodoensino,desegundo grau,destinadopreparaoprofissionaldos trabalhadoresdaindstriaedasatividades artesanais,e,ainda,dostrabalhadoresdos transportes, das comunicaes e da pesca. Em 1942, mediante a edio do Decreto-Lei n 4.127, o Presidente Vargas estabelece as bases para umnovo(re)ordenamentorelativoorganizao dasescolas,atentodenominadasdeLiceus,e respectivatransformaodessasemEscolas IndustriaiseTcnicas,napremissadeatenders demandasdecorrentesdoprocessode industrializaodoBrasil,porm,direcionadass camadasdesfavorecidasdasociedade. Posteriormente,em1959,ogovernopublicao Decreto no 47.038, definindo um novo ordenamento para a Rede Federal, mediante o estabelecimento de umRegulamentodoEnsinoIndustrial,comvista aproporcionarbaseculturaleiniciaotcnica, voltada ao trabalho produtivo. Tratava-sedeumamudanadeconcepodo trabalho educacional desenvolvido na Rede, que foi aprofundadaem1978comapublicaodaLein 6.545, no governo de Ernesto Geisel, instituindo os Centros Federais de Educao Tecnolgica na Rede (CEFET), decorrentes da transformao das Escolas TcnicasFederaisdeMinasGerais,doParane CelsoSuckowdaFonseca,paraoferecerEducao Tecnolgica,medianteosseguintesobjetivos:a) ministrar cursos de nvel superior: graduao e ps-graduaolatoestrictosensu,elicenciatura;b) ministrarcursostcnicos,emnvelde2grau;c) ministrarcursodeeducaocontinuada;ed) realizarpesquisaaplicada.Essanova institucionalidadefoiaprofundadanogovernode ItamarFranco,medianteapublicaodaLein 8.948/1994,queinstituiuoSistemaeoConselho NacionaldeEducaoTecnolgicaeainda transformoutodasasEscolasTcnicasFederaisem CEFET,permitindoinclusivequeasEscolas AgrotcnicasFederaistambmadquirissemessa condio. Gama(2004)pesquisandoaReestruturao produtivaereformadaeducaoprofissional, modela essa educao com vista a outros interesses edesconexocomasnecessidadesdasociedade brasileira,eaindadoprprioEstado,emfacedela seratreladaaosdetentoresdocapital,parasaciar suas prprias necessidades. O autormarca aperda daequivalnciaentreoensinoeoensinotcnico, medianteaediodaPortariano646/1997,cujo processohaviainiciadoatravsdeumlongo processocomaReformaCapanemaea promulgaodasleisOrgnicasnadcadade40 durante o Estado Novo e que se consolidaria com a Lein1.821/1953(LeidaEquivalncia),emsua compreensoparafinalmentesegeneralizarna dcada de 60 com a promulgao da primeira LDB, aLein4.024/1961,queintegrouasescolas profissionalizantes ao sistema regular (2004, p.13). Nanossaavaliao,aRedee, consequentemente,otrabalhodesenvolvidopelos professores, a partir da edio da Lei n 8.948/1994, desdobram-senumoutrodirecionamentoe perspectiva que seriam completamente irreversveis. Parafundamentaresseentendimento,citamosa transformaodoCentroFederaldeEducao TecnolgicadoParanemUniversidade TecnolgicadoParan(UTFPR),decorridada publicaodaLein11.184/2005,peloPresidente Luiz Incio Lula da Silva, que, em tese, manteve os mesmosobjetivosjdefinidospelaLein 6.545/1978. Destacamosqueessatendnciadeevoluiros CEFETcondiodeUniversidadeTecnolgica FederalfoireprimidanogovernodeLuizIncio LuladaSilva,medianteapublicaodaLein 11.892/2008,queinstituiuaRedeFederalde EducaoProfissional,CientficaeTecnolgicae criouosInstitutosFederaisdeEducao,Cinciae Tecnologia(IFET),ouseja,induziuqueEscolas TcnicasFederais,EscolasTcnicasvinculadass UniversidadesFederais,EscolasAgrotcnicas FederaiseCentrosFederaisdeEducao Tecnolgica,areunirem-se,ouno,emproldessa novainstitucionalidade.Assim,ogovernoLula, almdeinibirascomunidadescefetianasde verticalizaremdeformaindissocivelesingularas universais atividades de ensino, pesquisa e extenso comvistaaoseudesenvolvimento,instituiuuma novaRedeaserestruturadapelosIFET,pela UTFPRepelasautarquiasqueoptarampornose transformaremIFET;todavia,emnossaviso, manteveocompromissocomaEducao Tecnolgica,janteriormentedefinidapelaLein 6.545/1978,ouseja,atreladaaosdetentoresdo AOC001021 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 19 32, 2010. capitaleaqumdodesenvolvimentoplenoda sociabilidade dos Seres da sociedade brasileira. Tudoissoserianecessidadeoupreciosismo poltico-partidriodotipoonossogovernotem que deixar a sua marca? 2.ESTRUTURA CURRICULAR DOS CTS Inicialmente,destacamos,medianteinspeo noParecerCNE/CEBn16/1999,queos conselheirosdoCNE(p.275)compreendemquea educaoparaotrabalhonotemsido tradicionalmentecolocadanapautadasociedade brasileiracomouniversal,equeono entendimentodaabrangnciadaeducao profissionalnaticadodireitoeducaoeao trabalho,associando-aunicamenteformaode mo de obra, tem reproduzido o dualismo existente na sociedade brasileira entre as elites condutoras e amaioriadapopulao,nasuainterpretao, configurandoumasituaodeconsideraroensino normaleaeducaosuperiorcomonotendo nenhumarelaocomeducaoprofissional.Pelo expostoeconsiderandoqueoCNEsecaracteriza porserumrgodenormatizaodaeducao brasileira, desponta a contradio desse rgo. OsconselheirosdoCNE,aindanesse Parecer/1999(p.275),comunicamqueaformao profissional,desdeassuasorigens,semprefoi reservadasclassesmenosfavorecidas, estabelecendo-se uma ntida distinoentre aqueles quedetinhamosaber(ensinosecundrio,normale superior)eosqueexecutavamtarefasmanuais (ensino profissional), em face de que ao trabalho, frequentementeassociadoaoesforomanuale fsico,acabouseagregandoaindaaideiade sofrimento. A esse contexto explicitado no Parecer CNE/CEB n 16/1999, Neves e Pronko (2008, p.24) interpretamqueaescoladivididaemnveise modalidadesinerentehierarquizaoquese estabelecenaproduoefetivamentecapitalistade mercadorias,denaturezaflexvel,baseadana variaodotrabalhoenaprpriaespecificidadeda produodavidaemformaosociaisquese ocidentalizam. Asautorasinterpretamqueesses desdobramentoshistricosdaeducaobrasileira ainda so decorrentes da generalizao do emprego diretamenteprodutivodacincia,sobadireodo capital,induzindoaeducaoescolara organizaodedoisramosdeensinonaformao paraotrabalhocomplexo:oramocientficoeo ramotecnolgico(2008,p.28).Quantoaesses ramos,NevesePronko(2008,p.28)comunicam queoramocientfico,herdeirodatradio humanista,propiciouumaformaodebase cientfico-filosfica,mediatamente(eno imediatamente)interessadanautilizaoprodutiva deseuspressupostos,emfacedeconferir, historicamente,aosseusbeneficiriosum passaporteparaasfunesdedireoda sociedade.Noquetangeaoramotecnolgico,as autorasargumentamqueessecaracterizou-sepor umarelaomaisestreitaentreeducaoe produodebenseservios,fornecendoos princpioscientfico-tecnolgicosdatcnicade formamaisimediatamenteinteressadanasua utilizaoprodutivaeformando,principalmente, especialistasedirigentesnombitodaproduo (2008, p.28). Essasconsideraesapresentadasso estratgicasparacompreendermosagnesedos CST, considerando a manifestao dos conselheiros doCNE.Julgamosaindaserpertinentedestacara manifestaodeNevesePronko(2008,p.28)a respeito da escolarizao tecnolgica, que, em sua compreenso,nodeveserconfundidacomas atividadesdeformaotcnico-profissionalque visamaodesenvolvimentodehabilidades especficasvoltadasparasuaaplicaodiretana produodebense,maiscontemporaneamente,de servios,ouseja,paraotreinamentodos trabalhadores.Asautorasaindacomunicamque, considerandoosdesdobramentos,aeducao cientficafoiprogressivamenteseconfigurandode formamaispragmtica,maisatreladaproduo socialdaexistncia,enquantoaeducao tecnolgicafoiseafastandocadavezmaisdo sentido unitrio e integrado preconizado por Marx e Gramsci (2008, p.28). OsconselheirosdaCmaradeEducao Superior(CES)doCNE,todavia,comunicam, mediante o Parecer CNE/CES n 436/2001, que at a dcada de 80, a formao profissional limitava-se aotreinamentoparaaproduoemsriee padronizada e que em funo das novas formas de organizao e gesto modificaram estruturalmente o mundo do trabalho, e ainda, em funo disto, um novo cenrio econmico e produtivo se estabeleceu comodesenvolvimentoeempregodetecnologias complexasagregadasproduoeprestaode serviosepelacrescenteinternacionalizaodas relaeseconmicas.Acontradio,portanto, permanece, ou seja, os conselheiros do CNE veem a educaoprofissionalcomoalgovoltado exclusivamenteaosarranjosprodutivoseesses ainda nesse mesmo Parecer justificam que passou-se,assim,arequererslidabasedeeducaogeral paratodosostrabalhadores,educaoprofissional bsica,qualificaoprofissionaldetcnicose educaocontinuadaparaatualizao, aperfeioamento,especializaoerequalificao (2001,p.310).Mas,somenteparaalguns trabalhadores, para os outros no. Seria a educao para os filhos dos outros? AOC001022 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 19 32, 2010. Verificamos no Parecer CNE/CES n 436/2001 (p.310)afalsidadeideolgicadessesconselheiros aojustificaremesseentendimentomediantea argumentaodequeaeducaoprofissional passou,entoaserconcebidanomaiscomo simplesinstrumentodepolticaassistencialistaou linearajustamentosdemandasdomercadode trabalho,mas,sim,emsuaviso,como importanteestratgiaparaqueoscidadostenham acessosconquistascientficasetecnolgicasda sociedade.Anossainterpretaosolidifica-se nessemesmoParecer(2001,p.317),quandoos conselheiroscomunicamqueoscursossuperiores detecnologia,aindaquecomoutranomenclatura, tmsuaorigemnosanos60,ouseja,nasceram apoiadosemnecessidadesdomercadoe respaldados pela Lei n 4.024/1961 e por legislao subsequente.Comunicamainda,noParecer CNE/CESn436/2001(p.317)queem1979,o MECmudousuapolticadeestmulocriaode cursosdeformaodetecnlogosnasinstituies pblicasfederais,cursosestesquedeviamprimar pelasintoniacomomercadoeodesenvolvimento tecnolgico. Assim,compreendemque,medianteoParecer CNE/CESn436(p.318),otecnlogodeveestar aptoadesenvolver,deformaplenaeinovadora atividadesemumadeterminadareaprofissionale deve ter formao especfica para, em sua viso: a) aplicao,desenvolvimento,pesquisaaplicadae inovaotecnolgica;b)gestodeprocessosde produodebenseservios;ec)o desenvolvimentodacapacidadeempreendedora. Observamosqueaterminologiautilizadapelos conselheirosdoCNEestemplenaconcordncia inclusivacomomundodaproduoedestoante com a construo da sociabilidade do Ser social, em facedesuapolarizaoeexclusonaturalcom respeito a esse mundo. Constatamosque,aomesmotempoemqueos conselheirosdoCNEenaltecemessanovaviso sobre a formao dos tecnlogos, rebaixam esses no ParecerCNE/CESn436/2001(p.319),mediante estruturamodular,comduraovarivelerapidez noatendimentosmutaesdasnecessidadesdo mercadoespossibilidadesdeverticalizao, aprofundamentoemreasprofissionaisespecficas, sintonizadascomomundodotrabalho,tudoisso, em sua compreenso, para atender aos interesses da juventude em dispor de credencial para o mercado detrabalho,podendoconferiraestescursosuma grandeatratividade,tornando-seumpotencialde sucesso.InterpretamqueosCSTterouma duraomaisreduzidadoqueoscursosde graduao,assimcaracterizandoumasituao estranha,emfacedequeostecnlogosesto,do pontodevistadaformao,acimadostcnicos (profissionaisdenvelmdio)eabaixodos bacharis(profissionaisdenvelsuperior),porm soconsideradosconcluintesdecursosde graduao,reafirmandoacontradiodos conselheiros do CNE. Aomesmotempo,validamavisoda SecretariadeEducaoMdiaeTecnolgica (SEMTEC),hojeSecretariadeEducao ProfissionaleTecnolgica(SETEC),vinculadaao MEC,sobreasreasprofissionaisrelativasaos CST,suaduraomnimaeseurespectivoperfil, informadoeidentificadonoAnexoAdoParecer CNE/CESn436/2001(p.326-333).Verificamos queapotencialidadedefinidaparaosCSTpelos conselheirosdoCNEcontraditriacomoquea SEMTEC/MEChaviaestipuladoemtermosde cargahorriamnimaparaessescursos(Aviso Ministerial no 120/2000), mesmo considerando que essaspoderiamterumacrscimode50%,emface dasuaabrangnciaeenvergadura.Outraquesto apontadapornsquesomenteem2002os conselheirosdoCNEdefiniramasdiretrizes curricularesparaessescursos,ouseja,primeiroa estruturaadministrativadoMECdefiniua potencialidadeprofissionaldotecnlogoeacarga horriadosCST,parasomentedepoisnormatizar sobreosreferenciaisnorteadoresdessescursos, caracterizandoumasituao,almdeinvertida, desconexaporqueumParecerremeteaoutro,num contexto fragmentrio. AindasobreaquestodaduraodosCST,os conselheirosdoCNE,nombitodoseuConselho Pleno (CP), mediante o Parecer CNE/CP n 29/2002 (p.347),comunicamqueoParecerCFEn 160/1970japresentavaoscursossuperioresde tecnologiacomobjetivosdefinidosecom caractersticasprprias,estabelecendoqueos mesmosdeveriamteraduraoquefosse necessriaequeeraimprpriaadenominaode curtadurao.Essesconselheiros,aindanesse mesmoParecer(2002,p.347-348),revelama conclusoaquechegaramosintegrantesdo ConselhoFederaldeEducao(CFE)noStimo SeminriodeAssuntosUniversitrios,ocorridoem maiode1974,sobreocurrculodosCST, comunicandoqueoscursosdegraduaoem tecnologia,conducentesaodiplomadetecnlogo, deverotercurrculoprprio,definidoeterminal, porquecorrespondemsnecessidadesdeixadasa descobertopeloscursostradicionaisdegraduao plena.Essaquestofoidefinidapela SEMTEC/MECmedianteoAvisoMinisterialn 120/2000,definindocargahorriaeperfil,em consonnciacomaResoluoCONFEAn 218/1973 e avalizada pelos conselheiros do CNE. Compreendemosqueosfatoshistricossobre osCST,destacadospelosconselheirosdoCNEno AOC001023 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 19 32, 2010. ParecerCNE/CPn29/2002,vodemonstrandoo vnculoestreitoqueoMECfoiestabelecendopara osCSTcomrelaoasuaestruturacurriculareo correspondenteatrelamentoagudoaomercadode trabalho, bem como as contradies desse conselho queseutilizadaretriaparaaderiravontadepura domercado.Nessesentidoobervamosqueas diretrizescurricularesestabelecidaspelos conselheirosdoCNE,noParecerCNE/CPn 29/2002,estocunhadasemsintonia,como argumentameles(2002,p.350),coma ClassificaoBrasileirodeOcupaes(CBO)sob ocdigoCBOn0.029.90,comaseguinte descrio:estudar,planejar,projetar,especificare executar projetos especficos da rea de atuao e aindadeclaramqueessaversodaCBOfoi recentemente substituda pela CBO/2002 que inclui oexerccioprofissionaldotecnlogo,formadoem cursosuperiordenveltecnolgico,agoracom atribuies,emnossaavaliao,aindamais afuniladas,taiscomo,planejarserviose implementaratividades,administraregerenciar recursos,promovermudanastecnolgicas, aprimorar condies de segurana, qualidade, sade e meio ambiente. Nessalinhadeargumentaoedevnculo estreitocomomercadodetrabalho,digamoscom vistareproduoampliadadocapital,os conselheirosdoCNE,aindanoParecerCNE/CPn 29/2002(p.356-357),apresentamasseguintes diretrizesorientadorasorganizaocurriculardos CSTdegraduao:a)Desenvolvercompetncias profissionaistecnolgicasparaagestode processosdeproduodebenseservios;b) Promoveracapacidadedecontinuaraprendendoe deacompanharasmudanasnascondiesde trabalho,bemcomopropiciaroprosseguimentode estudosemcursosdeps-graduao;c)Cultivaro pensamentoreflexivo,aautonomiaintelectual,a capacidadeempreendedoraeacompreensodo processotecnolgico,emsuascausaseefeitos,nas suasrelaescomodesenvolvimentodoesprito cientfico;d)Incentivaraproduoeainovao cientfico-tecnolgica, a criao artstica e cultural e suasrespectivasaplicaesnomundodotrabalho; e)Adotaraflexibilidade,ainterdisciplinaridade,a contextualizaoeaatualizaopermanentedos cursoseseuscurrculos;ef)Garantiraidentidade doperfilprofissionaldeconclusodecursoseda respectiva organizao curricular. Paracomplementaroquadrodeorientaes comvistaorganizaocurriculardosCST,os conselheirosdoCNE,noParecerCNE/CPn 29/2002(p.362-363),definemalgunsreferenciais paracaracterizaodetecnlogosea correspondenteformaoemdeterminadarea, dentre as quais julgamos oportuno destacar: Densidade:aformaodotecnlogo, obviamente, mais densa em tecnologia. No significaquenodeveterconhecimento cientfico.Oseufocodeveseroda tecnologia, diretamente ligada produo e gestodebenseservios.Aformaodo bacharel,porseuturno,maiscentradana cincia,emborasemexclusoda tecnologia.Trata-se,defato,deuma questodedensidadeedefocona organizao do currculo. Tempo de formao: muito difcil precisar aduraodeumcursodeformaode tecnlogo,objetivandofixarlimites mnimos e mximos. De qualquer forma, h umrelativoconsensodequeotecnlogo correspondeaumademandamaisimediata aseratendida,deformagile constantemente atualizada. Perfil:operfilprofissionaldemandadoe devidamenteidentificadoconstituia matriaprimordialdoprojetopedaggico deumcurso,indispensvelparaa caracterizaodoitinerriode profissionalizao,dahabilitao,das qualificaesiniciaisouintermediriasdo currculoedaduraoecargahorria necessria para sua formao. Analisandoosdoispareceres,oParecer CNE/CESn436/2001eoParecerCNE/CPn 29/2002, verificamos que a postura dos conselheiros doCNEcomrespeitoorganizaocurriculardos CSTdeplenoatendimentoaomercadode trabalho,ouseja,essaofertadecursoest rigidamente,navisoemanifestaodesses conselheiros,bemcomodoMEC,centradano atendimentodessesegmento.Essanossa compreensoestdevidamenteexplicitadano Parecer CNE/CP n 29/2002 (p.381-382), quando os conselheirosdoCNEcomunicamqueosprojetos pedaggicos dos cursos podero ser estruturados em mdulos, disciplinas, ncleos temticos, projetos ou outrasatividadeseducacionais,combaseem competnciasaseremdesenvolvidas,devendoos mesmos serem elaborados a partir das necessidades oriundas do mundo do trabalho. Anormatizaodessavisodeeducao profissionaletecnolgicaporpartedoMEC, porqueoCNEautarquiavinculadaaesse ministrioecoparticipedesuaspolticasde gabinete,aliadaaoseumovimentona territorialidademunidodesuasprerrogativas ministeriais,caracterizariaounocomoumaao queseapropriadesegmentosdasociedade sustentadanaretricaeducacionalparatrataressa AOC001024 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 19 32, 2010. educaooracomomercadoria-educao,ora como educao-mercadoria? 3.A PROPOSTA DA CORRENTE CINCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE (CTS) Napremissadesituarmosodebatearespeito dacorrenteCTSparaaeducao,destacamos inicialmentequeomovimentoCincia,Tecnologia eSociedade1seconfiguraaomesmotempocomo um campo de estudo e investigao, com vista a, em nossaavaliao,compreendermelhoracinciaea tecnologiaemseucontextosocialea correspondenteinteraoentreasmesmas,eainda, comointerpretaAcevedoDiaz(2002),uma propostaeducativainovadoradecartergeral constitudadeumnovoplanejamentoradicaldo currculo, e em todos os nveis de aprendizagem. O autorseapoianacompreensoestabelecidapor Waks(1996,apudACEVEDODIAZ,2002)sobre Lasrelacionesescuela-comunidadysuinfluencia em la educacin en valores en CTS, para formular oentendimentodequeafinalidadedestaaono currculoadedarunaformacinen conocimientosy,especialmente,envaloresque favorezca la participacin ciudadana responsable y democrticaenlaavaluacinyelcontroldelas implicacionessocialesdelacinciayla tecnologia (2002, p.1). QuantosorigensdomovimentoCTS, Acevedo Diaz, Vzques Alonso e Manassero (2001, p.2)argumentamqueessaapresentafatores provenientesdedireesdiferenteseque,mesmo assim,omovimentotemapretensode compreendermelhorladimensinsocialy organizativadelacienciaylatecnologia, destacandoosseguintesaspectos:a)Lanecesidad de gestionar los grandes laboratorios industriales y militares y los centros de investigacin y desarrollo (I+D),asociadosalagranciencia(bigscience)y laaltatecnologia(hightechnology);b)La emergencia de una conciencia crtica respecto a los 1 Os estudos sociais da cincia e da tecnologia, ou estudos sobre CTS,constituemumcampodetrabalhonosmbitosdainvestigao acadmica, da educao e das polticas pblicas de todos os pases onde atualmente j esto mais sedimentados. Estes estudos se originaram h pouco mais de trs dcadas, a partir de novas correntes de investigao filosofiaesociologiadacinciaedeumincrementonasensibilidade socialeinstitucionalsobreanecessidadedeumaregulamentao democrticadasmudanascientfico-tecnolgicas.importante,neste campo,entenderosaspectossociaisdofenmenocientfico-tecnolgico,tantonoquedizrespeitossuascondicionantessociais como no que diz respeito s suas consequncias sociais e ambientais. O enfoquegeraldecarterinterdisciplinar,abrangendodisciplinasdas cinciassociaiseainvestigaoacadmicaemhumanidades,como filosofiaehistriadacinciaedatecnologia,sociologiado conhecimentocientfico,teoriasdaeducaoeeconomiadamudana tecnolgica.CTSdefinehojeumcampodetrabalhobemconsolidado institucionalmenteemuniversidades,emcentroseducacionaisena administraopblicadepasesmaisindustrializados.nossodesejo fecundar tais abordagens em nvel de Brasil, buscando adicionar a estes aspectoseconmicos,sociaisepolticoscontextualizadosparaonosso pas. (BAZZO; VALE PEREIRA; LINSINGEN, 2008, p.146-147). efectosnegativosdelacienciaylatecnologia;c) Lanecesidaddecrearinstitucionesyformar expertsenpolticacientfico-tecnolgicay evaluacindetecnologias;ed)Laaparicinde investigaciones,sobretododesdelasociologiadel conocimiento, que cuestionan la imagen tradicional delacienciaylatecnologiacomoactividades asiladas del contexto social, poltico y econmico. Ainda com relao ao movimento CTS, Cerezo (1998)declaraquepossvelidentificarduas grandestradies,sendoumadeorigemeuropiae outranorte-americana.Oautorargumentaquea tradioeuropia,quetienecomofuentes principales la sociologia clsica del conocimiento y unainterpretacinradicaldaobradeThomas Kuhn(1998,p.4),centra-setradicionalmentenos estudosdosantecedentessociaisdacinciae configura-secomoumatradiodeinvestigao acadmicamaisdoqueeducativa,eaindatem-se dedicadorecentementeaoestudodatecnologia como processo social, centrando-se na sociologia do conhecimentocientfico.Quantotradionorte-americana,essasetemcentradomaisnas consequnciassociaiseambientaiscausadaspelos produtostecnolgicos,sem,contudo,levarem contaosantecedentessociaisdetaisprodutos.No que se refere ao ponto de vista acadmico, o marco deestudorelaciona-seadisciplinasdareade conhecimentodashumanidades,como:filosofia, histria,teoriapoltica,etc.,medianteensinoe reflexo poltica. Podemos, portanto, abstrair do movimento CTS umaaoquesefundanadeflagraodeum processoeducativodestinadoapromover,comose constataemartigospublicizadossobreatemtica, umaextensaalfabetizacincientficay tecnolgica(scienceandtechnologyliteracy)2,na premissa de universalizar a capacitao das pessoas emcinciaetecnologia,emfacedeargumentos comoosdeAcevedoDiaz,VzquesAlonsoe Manassero: Desdeluego,elvertiginosodesarrollodela cinciaylatecnologiaestlogrando resultadosconunpotencialextraordinrio paratransformarlanaturezaysatisfacer muchasnecesidadeshumana;sinembargo, tambinestproduciendouncreciente deterioromedioambiental,originandonuevos 2Sobreaquestodaalfabetizaocientficaetecnolgica (ACT),AulereDelizoicov(2001,p.2)argumentamqueortulo AlfabetizaoCientficaeTecnolgicaabarcaumespectrobastante amplodesignificadostraduzidosatravsdeexpressescomo popularizaodacincia,divulgaocientfica,entendimentopblico dacinciaedemocratizaodacincia,eaindaqueosobjetivos balizadoressodiversosedifusos,quenacompreensodosautores vodesdeabuscadeumaautnticaparticipaodasociedadeem problemticasvinculadasCT,ataquelesquecolocamaACTna perspectivadereferendarebuscaroapoiodasociedadeparaaatual dinmica do desenvolvimento cientfico-tecnolgico. AOC001025 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 19 32, 2010. riesgosyplanteandotrascendentales interrogantesticosylegales.Unodelos desafiosactualesmsimportantesesconciliar lacinciaylatecnologiaorientadahaciala innovacinproductivaconlapreservacinde lanaturezaylasatisfacindenecesidades sociales.Elmundodehoyesunmundode benefciosyamenazasglobales,ascomode profundasdesigualdadesenladistribucinde lariqueza,loscostesambientalesyla apropriacindelconocimientocientfico (2002, p.2). Linsingen(2004,p.9),analisandooenfoque CTSemnveluniversitrio,argumentaque,emse tratandodeestudantesdeengenhariaecincias naturais, o objetivo de uma formao humanstica bsica,quepossibilitedesenvolvernosestudantes umasensibilidadecrticaacercadosimpactos sociaiseambientaisderivadosdasnovas tecnologiasouaimplantaodasjconhecidas, formando, assim, por sua vez uma imagem realista da natureza social da cincia e da tecnologia, assim comodopapelpolticodosespecialistasna sociedade contempornea. Por outro lado, na viso doautor,trata-sedeoferecerumconhecimento bsicoecontextualizadosobrecinciaetecnologia aosestudantesdehumanidadesecinciassociais, deformaaproporcionaraosfuturosjuzese advogados, economistase educadores,uma opinio crticaeinformadasobreaspolticastecnolgicas queosafetarocomoprofissionaisecomo cidados (2004, p.9). EsteentendimentodeLinsingen(2004,p.6) funda-senofatodeinterpretarquenaperspectiva CTS atual, a tecnologia tende a ser vista mais como formadeorganizaosocial,medianteinteraes complexas,incorporandoaspectosquenoso comunsconcepotradicionaldeengenharia,o quesugerequeasduasexpresseshistoricizadas pelo autor, filosofia da tecnologia ou filosofia da engenharia,podemserutilizadascomenfoques diferentesnotratamentodaquestotecnolgica, mesmoconsiderandoqueengenhariaetecnologia socoisasdistintas,emboraumbilicalmente ligadas. Quanto questo da alfabetizacin cientfica y tecnolgica, Acevedo Diaz (2002, p.1-2) interpreta essacomoumaaoquepodeestarvoltadapara diversosobjetivos,comoaquelesrelacionadosaos conhecimentos e at mesmo aos aspectos relativos a valoresenormas,sendoquenasuaviso,uma aprendizagem com orientao CTS pode destinar-se a atingir aos seguintes objetivos: a) Incrementar la comprensindelosconocimientoscientficosy tecnolgicos, as como sus relaciones y diferencias, con el propsito de atraer ms alumnado hacia las actividadesprofesionalesrelacionadasconla cienciaelatecnologia;b)Potenciarlosvalores propiosdelacienciaylatecnologiaparapoder entendermejorloqueestaspuedenaportarala sociedad, prestando tambin especial atencin a los aspectosticosnecesariosparasuusoms responsable; e c) Desarrollar las capacidades de los estudiantes parahacerposibleunamayorcompresinde losimpactossocialesdelacienciay,sobro todo,delatecnologia,permitiendoassu participacinefectivacomocuidadanosemla sociedad civil. Este punto de vista es, sin duda, elquetienemayorinteresenunaeducacin obligatoriaydemocrticaparatodaslas personas (2002, p.1-2). Observa-se,pelaexposiodosautorescitados e ainda por outros textos pesquisados, que existe no movimentoCTSumapreocupaosignificativa comrelaoaosproblemassociaisdecorrentesdo desenvolvimento da cincia e da tecnologia, ou seja, trata-sedeumaposturaquepermiteirmuitomais almdosimplestratoacadmicodacinciaeda tecnologia,napremissadeoportunizaraoSeruma formaoquelhepossibilitevislumbrarseus compromissos e responsabilidades para essa mesma sociedade,tantoindividualcomocoletiva,emface dessesproblemasafetaremavidacotidiana,o presenteeaindaprospectaroseufuturo. Verificamos,todavia,quenodebatedesenvolvido porautoresqueintegramomovimentoCTS,no estpresenteaproblematizaosobreacategoria sociedadeesuacorrespondenterelao,interao, crticaecontradiocomasduasoutrascategorias cinciaetecnologia,emfacedequeesseSerque desenvolveacinciaeatecnologiaomesmoSer quetambmseeducanessemovimentoeinterage comosoutrosSeresnodesenvolvimentodeuma sociedadequesecaracterizacomoumambientede disputa. Entendemossernecessrioresgatarquea formaodetecnlogos,egressosdamodalidade EducaoTecnolgica,estcentradanoaspecto puro da tecnologia e ainda utilitarista. Vislumbra-se, portanto,queaabordagemapartirdaperspectiva CTSapresentarelaocomasaesacadmicas desenvolvidasnaautarquia,eparamelhor compreenderessemovimentoCTS,quetemcomo umdeseusfocososestudantes,AcevedoDiaz, VzquesAlonsoeManassero(2001)argumentam queosucessooufracassodoxitodaorientao CTSestnaposturaassumidapeloprofessorem sala de aula. Granpartedelosxitos,ytambindelos fracasos,delosestudiantessuelenestar relacionadosconelclimaquesegeneraenel AOC001026 Revista Ilha Digital, ISSN 2177-2649, volume 2, pginas 19 32, 2010. aula.Losprofesoresquedeseandaruna orienatacinCTSasuenseanzanosolo tienenquecomunicarasusalumnoslos objetivosquesepretendenalcanzar,sinoque han de esforzarse personalmente por lograrlos ypredicarconelejemplo.Elprofesorado deberpromovertambinlacomunicacinen elaula,unamayoractividadqueno activismo por parte de los alumnos y hasta unaciertaautonomiaparaellos.(ACEVEDO DIAZ, 2002, p.2). Com relao responsabilidade que delegada aosprofessores,referidapelosautores(2001), AcevedoDiaz(2002,p.2-3)aindaseapoianos diversosestudosdepesquisasobreosprofessores que trabalham com uma perspectiva de ensino CTS, desenvolvidoporPenick(1993),parapropor algumas caractersticas que esses professores devem assumiraocolocarememprticaumaeducao CTS de qualidade, como: 1.Dedicantiemposuficienteaplanificarlos procesosdeenseanza-aprendizajeyla programacindeaula,ascomoala evaluacindelaenseanzapracticada para mejorarla. 2.Son flexibles con el curriculum y la prpria programacin. 3.Proporcionanumclimaafectivamente acogedoreintelectualmenteestimulante, destinadoapromoverlainteraccinyla comunicacin compresiva em el aula. 4.Tienen altas expectativas sobre si mismos y susalumnos,siendocapacesdeanimar, apoyar y potenciar las iniciativas de estos. 5.Indaganactivamente,mostrndose deseososdeaprendernuevasideas, habilidades y acciones, incluyendo tanto las queprovienendelapsicoped