Revista HolOFFote

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Jovem Senhora Há 45 anos a Jovem Guarda arrastava multidões e comandava os jovens. Como estão os cantores que marcaram a história da música brasileira The Wonders Os donos de um sucesso só Ele é Boy! Kid Vinil fala sobre a carreira e os novos projetos Final de semana, o que fazer? A noite para todos os estilos Ano I Nº 0 – NOV/2010 - Revista Experimental - USJT

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Primeira diagramação profissional. Trabalho universitário do segundo ano de jornalismo na Universidade São Judas Tadeu, sob a orientação de Jaqueline Lemos.

Transcript of Revista HolOFFote

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Jovem SenhoraHá 45 anos a Jovem Guarda arrastava multidões e comandava os jovens. Como estão os cantores que marcaram a história da música brasileira

The WondersOs donos de um sucesso sóEle é Boy!Kid Vinil fala sobre a carreira e os novos projetos

Final de semana, o que fazer? A noite para todos os estilos

Ano I Nº 0 – NOV/2010 - Revista Experimental - USJT

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Toda a coleção Ashenville.Em todas as cores.Até as importadas.

Muito bom pra ser verdade?

Só na Made In Brazil

Rua Teodoro Sampaio, 777 Pinheiros - 3061-3131

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Escute

Almacom

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Kid Vinilp.18

Baladas

para

todos

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Bandas de

um hit só

p.14 JovemGuardap.22

Nesta edição...

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EditorialSolo: Software Pro ToolsPor André Guidol

Com o pé direitoPrimeiros passos de uma banda

Vamos ao show galerinha!Música com aprendizado

Pé na RuaRetrô

A dança do fogoMúsica+ Dança: Flamenco

Prescrição MédicaMúsica+ Saúde: Terceira Idade

Eles também roubam a cenaMúsica+ Cultura: Bandas Cover

Um casamento perfeitoMúsica+ Moda: A herança nas vestimentas

Como gravar seu CD?Preços de um disco independente

Os artigos da músicaAs Bandas e os itens personalizados

Por um mundo melhorO SWU Festival e a sustentabilidade

Battuta: Críticas InsustentáveisUm comentário de Thomas Shikida sobre o SWU Festival

Boa, bonita ou barata?Qual balada vale mais a pena?

Aqui eles também têm sua vezA série Glee é o novíssimo fenômeno

Eu sou OzzyA biografia do polêmico cantor

Na PistaO filme Embalos de Sábado a noite revisto

Solo: A nova onda entre igrejas CristãsDe Juliana César

De hobby à profissãoA música como forma de sobrevivência

Na parada do Game SongOs jogos musicais e sua ascenção

Além da imaginaçãoA evolução da tecnologia musical

Novas OndasA tecnologia aliada ao músico para divulgação

O som da WebMúsica na internet

Os Dias Vão...A arte de ter uma banda

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AfinandoPrimeiros riffes, estamos a todo vapor. Eis a pri-

meira edição da HolOFFote, uma revista que quer expor o que não está exposto, iluminar o que está apagado. O universo da música está aqui, às suas mãos, e muito mais próximo de todos nós. Música desde sua raiz, sem glamour e floreios.

Nesta primeira edição, você terá dicas de como montar uma banda, gravar seu primeiro CD e divulgar suas canções pela internet. É a música do seu jeito. Na seção Dueto, onde conversamos com figuras que respiram música, nossa primeira entrevista não poderia ser outra: Kid Vinil. O colu-nista do Yahoo e sucesso nos anos 80 fala da volta ao cenário underground com sua banda Kid Vinil Xperience, sobre a fama do passado e a música de hoje.

A reportagem de capa está mais do que es-pecial. Em uma volta ao passado, Martinha, Wal-direne, Demetrius e Ronald relembram a época como astros da Jovem Guarda e contam como estão hoje. Após 45 anos, o sucesso de cada um não é mais o mesmo, mas o programa que marcou época continua forte na memória dos cantores e dos fãs e guarda histórias instigantes.

Damos o primeiro passo de uma publicação que visa a valorização da música que não recebe as luzes da mídia, que não está presa à indústria cultural. Esse é o espaço daqueles que estão ‘on the ground’ e a música que cabe no seu bolso. Revista HolOFFote, o avesso do pop.

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Raquel BrandãoEditora de TextoRA 200907359

Daniel LopesRepórterRA 200911013

Thaís VanucciRepórter e colunistaRA 200905283

Tamires FariasRepórter e colunistaRA 200911959

Caio RubiniRepórterRA 200908342

Lis AssisRepórterRA 200902335

Michael de PinaRepórterRA 200905996

Juliana CazarineAssistente de TextoRA 200911853

Angelo DiasEditor de Arte e diagramadorRA 200908171

Leandro MedeirosAssistente de Arte e CaricaturistaRA 200911074

Thomas ShikidaSecretário de RedaçãoRA 200906473

Ana Carolina GabrielRepórterRA 200907256

Todas as fotos por Angelo D

ias

Universidade São Judas Tadeu

ChancelerProfª Alzira Altenfelder Silva Mesquita ReitorProf. José Christiano Altenfelder Silva Mesquita

Faculdade de Letras, Artes, Comunicação e Ciências da Educação (LACCE)Diretor Prof. Ms. Rosário Antônio D'AgostinoCoordenador dos Cursos de Comunicação SocialProf. Ms. Anderson Fazoli

A revista “HolOFFote” é uma publicação experimental de alunos do curso de Jornalismo (2ACSMJO), sob orientação da profª Ms. Jaqueline Lemos, na disciplina Procedj.

Equipe ao lado

Colaboradores:

André Guidon - ArticulistaJuliana César - ArticulistaCleriston Ribeiro - Chargista

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Antes de expressar a minha opinião sobre o Software de Áudio ProTo-

ols eu gostaria de contar um pouco da história de como ele chegou ao pata-mar onde se encontra.

Antes de existirem computadores capazes de gravar áudio em Hard disk todo tipo de gravação de áudio multi pista era feita em gravadores de fita magnética. Este tipo de sistema fun-ciona como o principio do Pro-Tools, onde se consegue gravar pistas individuais para futura-mente se fazer uma mistura de todas as informações colhidas naquela mídia.

O ProTools começou como um editor de áudio para baterias eletrônicas, pois na época era o máximo que um computador suportava de informações em seu sistema de armazenamento e processamento. Então qual é a diferença e porque ele se tornou o software padrão de áudio de gravação e de pós-produção?

Primeiro, por ser um dos pioneiros em gravação e edição multi pista e segundo pela prati-cidade que ele proporcionou en-tre aquele mundo analógico de fi-

tas magnéticas para o mundo do estúdio virtual, e por ser um sistema não linear permitindo que se editem as pistas individualmente, diferente do sis-tema magnético onde se editam todas as pistas juntas.

Outra grande vantagem é que o ProTools pertence a uma empresa chamada Avid que produz um dos sistemas de vídeo não linear mais utilizados no mercado de vídeo e cinema, tornando o ProTools o software pa-drão para finalizar o áudio de filmes e vídeos publicitários.

  Hoje o ProTools se encontra em aproximadamente 90% dos estúdios de áudio voltados para o mercado fo-nográfico, publicitário e cinema, pos-sibilitando também a compatibilidade destes arquivos entre os estúdios dos mercados citados acima.

Em minha opinião, o ProTools trouxe muitos benefícios operacionais para os usuários deste sistema, facili-tando processos que antes eram impos-

síveis de se obter em mídia analógica. Entretanto, toda a inovação traz con-sigo um novo panorama. Neste caso, devido aos incontáveis recursos ofe-recidos pelo ProTools muitas pessoas que antes não tinham a possibilidade artística de atingirem determinados re-sultados finais em seus trabalhos, hoje dispõem desta ferramenta facilitadora, que proporcionou uma nova forma de se produzir música.

ProTools, o rei dos estúdiosAndré Guidon, produtor e dono dos Estúdios Guidon

Solo

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divulgação

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New Wave

por um mesmo ritmo, e lógico: a vontade de ganhar o mundo. Com os Beatles foram assim.

O início do sonho pode estar aí. Junte os amigos queridos e que gostem de música, arrange os instrumentos necessários, uma garagem qualquer, e pron-to, agora é só ensaiar! Simples? Bom, a fórmula é essa, porém não é tão fácil quanto se parece.

Lembra dos tempos da esco-la? Fase única, marcante e

saudosa de nossas vidas. E os amigos então, nem se fala, não é? Foi naquele momento que muitos dos seus gostos musi-cais se definiram, estou certo? Pois bem, muitas bandas que conhecemos hoje nasceram des-se período escolar, das amiza-des entre os integrantes, o gosto

Após a banda formada é hora de trilhar os primeiros passos e arriscar sem medoCom o Pé DireitoDaniel Lopes

Se liga nas dicas B Defina o que é a sua banda; Acredite no que faz;

B Procure fazer tudo com extrema qualidade e perfeição;

B Estude música e esteja aberto a tudo sem preconceitos, inove;

B Grave um Cd demo com músicas próprias e de artistas conhecidos;

B Use a internet a seu favor, promova-se constantemente;

B Toque ao vivo, ensaie exaustivamente. Apresente-se em bares, ganhe experiência de palco e crie um público fiel.

Suor e Sorte

Para montar uma banda, além de saber tocar, o que en-volve muita prática, mesmo para um autodidata, é preciso encontrar pessoas que com-partilham das mesmas ideias e estejam a fim de fazer o mesmo tipo de trabalho. Uma banda é como uma família, pensamen-tos diferentes, personalidades singulares e muitas vezes bate-bocas intermináveis.

Atualmente, centenas de bandas surgem regularmente

no Brasil, número que sem dú-vida atinge os milhares na esfe-ra mundial. Jovens se dedicam a aprender um instrumento e iniciar uma carreira musical que muitas vezes acaba bem antes do primeiro disco ser gravado.

Não existe um segredo para emplacar logo de cara. Reginal-do Xavier, músico e vocalista da banda de Forró Chão de Serra, ressalta que os primeiros passos são universais e deixa a dica: “Primeiro é preciso definir o que é a sua banda, saber em que mundo ela irá girar, e depois fa-zer aquilo que você acredita. Não tenha medo de se jogar, a maio-ria das pessoas respeitam o que é verdadeiro e sincero, e se dei-xam contagiar, assim, surgem os primeiros fãs”.

Muitos conjuntos que nas-cem, desaparecem rapidamen-te quando os primeiros desa-fios e problemas começam. “Para aguentar esse período crítico, é preciso dedicação, suor, amor e um mínimo de aptidão, que não deve morrer

falandubaixo.blogspot.com

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New Wave

nas primeiras barreiras encon-tradas”, finaliza Reginaldo.

Definir o estilo

Ter uma banda é o sonho de muitos garotos e garotas que pensam em ingressar no cenário musical. Tocar as músicas do seu ídolo preferido, ser um “ro-ckstar”, com todos os holofotes, ganhar uma graninha e talvez alcançar a fama.

As primeiras experiências e projetos musicais começam com cópias, ou seja, fazendo covers. Entretanto, há aqueles que se-guem com esta linha, bebendo de uma fama já existente, sem buscar o próprio espaço.

Henrique Franfes, profes-

sor de música e compositor reforça que o trabalho autoral, além de dar uma personalida-de autêntica e marcante, faz o público prestar mais atenção, por se tratar de algo novo. “Cada composição própria faz o músico alcançar natural-mente um degrau acima no desenvolvimento de seus tra-balhos. Deve-se criar e fugir do que já existe, porque esse é o grande diferencial”.

Fama na Net

A divulgação da banda é outra questão em pauta, e os caminhos para tal, em plena era digital e virtual, já são outros. Já não é mais preciso apelar para os festivais de escolas, fi-tas-demo ou logo de início con-seguir um estúdio.

Essa nova geração de ban-das alternativas está fazendo o caminho inverso, ou seja, lan-çando suas músicas e vídeos na internet, para só depois apresen-tar um show ou gravar um cd.

Abusar dessa ferramenta dos

“Deve-se criar e fugir do que já existe,

porque esse é o grande diferencial”

Henrique Franfes

Já reparou como a moda re-trô dos anos 80 está de vol-

ta? Impulsionadas pelas novas bandas de pop rock chamadas “coloridas” como, Restart, Cine e Hori, este estilo pegou geral entre os adolescentes e já está pelas ruas.

São roupas, calçados, aces-sórios, relógios e até os cortes de cabelo que estão fazendo o maior sucesso. Fiuk, vocalista da ban-da Hori, deixa as garotas enlou-quecidas com seu rostinho boni-

Identidade VisualCriar um estilo próprio e inovador de se vestir agrega um peso a mais, reafirma personalidade e lança moda

to e seu “jeito todo especial de ser”. Gosta de usar calças justas e de cores fortes, camisetas com um decote em “V”, abusa do xa-drez, além da barba por fazer e um cabelo no estilo desleixado.

Alguns jovens estão vol-tando o que na década de 80 foi muito sucesso, e quem diria que está dando certo o que antes era cafona, heim? O próprio pai de Fiuk, Fábio Junior, naquela época usou muito o estilo que hoje seu filho veste.

Uma banda e seus inte-grantes dizem muito mais de si, não só pelas suas músicas e performances, mas também por sua personalidade musical, suas atitudes, o “jeitão” de se vestir e se comportar. Portanto, se você estiver montando a sua, crie uma identidade visual, lan-ce moda, faça-se perceber, até chocar, por que não? Logo será uma ligação com os fãs, com o ritmo e uma inspiração para as futuras gerações.

Lembre-se: não existe um manual

Eliane Barreto

novos tempos está sendo a nova maneira para o estrelato. David Cristiano, vocalista da banda de pop rock 3DPM enfatiza: “A inter-net é uma aliada. Há vários sites para você disponibilizar suas mú-sicas para download, fazer perfis nas redes sociais e encontrar lu-gares para tocar. Preencha todos os espaços possíveis, ponha víde-os no youtube, faça sua promo-ção, e é claro, ensaie até doer”

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Page 10: Revista HolOFFote

Curtindo a noite adoidadoBares e baladas segmentados crescem na cidade, e público procura seu ritmoThomas Shikida

Chegou o fim-de-semana. À noite o Twitter já bomba

com a grande questão: aonde ir? Entre a melhor bebida, os melhores lanches, o diferencial quase sempre é a música do am-biente. Entre uma postagem e outra, fica a busca pelo som ide-al. Pensando nisso já é possível ver bares e baladas se especiali-zando em um só público, seja ele fã do rock, samba, axé ou blues. Mas alguém faz a pergunta cha-ve, e que não pode ser respondi-da em 140 caracteres: há lugar para todos os ritmos?

A resposta é sim, mas é pre-ciso procurar direito. Quem pas-sa rápido pela noite paulistana pode pensar que a cidade pulsa ao som de rock e sertanejo uni-versitário. Não há dúvidas que esses ritmos são os mais popu-lares e, com isso, também reú-nem mais locais reservados aos seus fãs.

Cidade do Rock

Para os rockeiros de plantão, há opções em todas as regiões. Na Zona Leste pode-se escolher a Led Slay, situada no Tatua-pé. A casa tem capacidade para

3000 pessoas e tem fama pela qualidade do seu som. “Adoro lá, não tem ‘modinha’, quem vai lá curte rock de verdade”, diz Fer-nanda Barros, de 22 anos. Ou-tra casa famosa é o Kazebre, na Av.Aricanduva. Isolada, em meio à um matagal, o lugar recebe bandas de vários tipos, mas são as de rock que atraem mais pú-blico. Aberta, com uma cachoei-ra, palco de madeira e fogueiras, o ambiente do Kazebre lembra muito um show ou um festival. O Antena Rock Bar, em Pirituba (Zona Norte) e o Café Piu Piu, no Bixiga, são outras opções muito freqüentadas.

“Meca” sertaneja

Mas se você já aderiu à moda do sertanejo universitário tam-bém estará bem servido. É claro que, para esse tipo de público, existem muitas opções em todas as esquinas. Porém um lugar na

cidade pode ser conside-rada a ‘Meca’ do serta-nejo. É a Vila Country, na Água Branca, Zona Oeste. Sempre lotada e com grandes atrações, a Vila é um espaço am-plo e bem dividido. Ela é separada em cinco par-tes: a Praça Caipira, que comporta até 180 pes-soas e recebe pequenos shows; a Praça do Ca-

valo, que recebe esse nome em homenagem ao enorme animal de bronze situado no meio do bar, feito em forma de ferradura; a Praça Sertaneja, um ambien-te que remonta a uma fazenda; o Restaurante, que é temático e

tem comidas típicas; e o Saloon, principal ambiente da casa. Ele tem capacidade para mil pesso-as, contém camarote, pista de dança, palco, mezanino e dois bares. Lá ocorrem os maiores shows da casa. “Sem dúvida, aqui é a casa do sertanejo”, dis-se Felipe Gracia, de 25 anos, fre-qüentador assíduo do local.

Outras opções

Aí chega a parte mais com-plicada. Onde encontrar lugares diferentes? Como fugir da dobra-dinha Rock-Sertanejo? Se você curte hip-hop, rap e Black music, sua salvação será o Dolores Bar. Situado na agitada Vila Madale-na, o bar é grande e a pista de dança é agitada. Uma caracterís-tica pouco observada em outros ambientes vale ser ressaltada aqui. Lá há acesso para deficien-tes físicos, que podem curtir a noite como todos os outros.

Menos voltada para o hip hop, mas também tocando mui-to esse ritmo, o DiQuinta, na Vila Leopoldina, pode ser a pe-dida se você estiver acompa-nhado. O bar foi eleito por dois anos consecutivos o “Melhor Bar de Paquera da Cidade” (Revista Veja São Paulo, em 2004, e Re-vista VIP, em 2005). Instalada em um galpão, tem dois bares e ambientes mais intimistas.

Já cansado de tanta agita-ção? Quer parar um pouco, rela-xar, ouvir um jazz, quem sabe? O Ton Ton Jazz, em Moema, é o seu lugar então. Decorada com fotos dos maiores jazzistas de to-dos os tempos, o bar tem cardá-pio muito elogiado e recebe em

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blog.baladacerta.com.br

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New Waveseu palco shows de jazz, blues, pop e classic rock.

Depois dessa pausa, que tal um pouco de MPB? O Bar Man-gueira, em Pinheiros, com sua

arejada pista de dança e quadros que narram a história de nomes consagrados da MPB é uma boa pedida. Se você prefere mais um samba animado, não pode dei-xar de passar pelo Bar Brahma, na República. A casa, animada e dona de uma famosa e deliciosa feijoada de sábado, é tradicional e fica na aclamada esquina da Ipiranga com a São João. “Tem vez que toca samba, pagode, que vem bateria de escola de samba, é uma festa!”, diz João Parente, de 46 anos, animado e com seu copo (cheio) de cerveja na mão.

Balada mundial

Mas se seu negócio é dan-çar, então vamos a um lugar que toque música eletrônica. O Pacha, na Vila Leopoldina, pode ser ideal. Marca mundial-mente famosa e que chegou re-centemente à São Paulo, a ba-lada conta com pizzaria, bar, pista de dança e comporta até 2500 pessoas.

Não importa o gosto musi-cal, em São Paulo só fica em casa quem quer. É claro que é preciso procurar bem, nem todos os lu-gares são acessíveis e bem locali-zados, e alguns inclusive podem ser caros. Mas já não restam dú-vidas que a noite paulistana tem muito a oferecer, e onde houver música, muita gente vai estar em volta cantando e dançando.

Populares e muito freqüentados principalmente no Reino Uni-

do, os Pub’s conquistam público e se tornam boa opção na noite paulistana. O ambiente britânico, regado à música, cerveja e espor-tes faz sucesso entre os paulistas.

Caracteristicamente peque-nos e até meio apertados, os pub’s permitem muita interação entre os clientes. “Nós dizemos que aqui não há estranhos, só amigos que ainda não se conhe-cem”, diz Amanda Luz, de 24 anos, funcionária do Blue Pub a capital paulista.

Também nesses lugares há muita música, nem sempre ao vivo. “Aqui mesmo não dá, não tem espaço. Mas sempre rola um sonzinho ambiente, e a galera curte assim também”, diz Amanda. Onde há música ao vivo, predominam o rock e o pop, ritmos mais populares en-tre os britânicos.

“em São Paulo só fica em casa quem quer”

No cardápio, muitos pe-tiscos e cervejas. A carta de be-bidas, aliás, é característica dos locais. Cerveja preta, whiskys, vi-nhos, coquetéis fazem a festa de quem degusta um bom destilado. Sanduíches, saladas, pequenas porções e sobremesas compõem um cardápio leve e satisfatório.

Na TV, muito esporte, geralmente futebol. Com trans-missões internacionais, as ca-sas acabam recebendo grupos de amigos que se reúnem para acompanharem juntos partidas, shows e eventos, como o Oscar ou outras premiações.

Simples, mas singulares, os pub’s já podem ser considera-dos sucesso e a procura promete aumentar ainda mais nos próxi-mos anos, principalmente com o advento dos Jogos Olímpicos de 2012, realizado em Londres, que trará bastante da cultura ingle-sa à tona.

Nova tendência, pub atrai público fielBares tradicionais na Inglaterra e na Irlanda começam a se espalhar por São Paulo

Box de serviço

O KazebreAv.Aricanduva, 12.011

Antena Rock BarAv.Mutinga, 2014

Café Piu PiuRua 13 de maio, 134

Led SlayAv. Celso Garcia, 5765

Vila CountryAv.Francisco Matarazzo, 774

Blue PubAl. Ribeirão Preto, 384

Dolores BarAv. Fradique Coutinho, 1007

DiQuinta Rua Baumann, 1435

Bar MangueiraRua Cláudio Soares, 124

Bar BrahmaAv. São João, 677

PachaR. Mergenthaler, 829

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comunitários. “Nosso público alvo são crianças de quatro a 93 anos de idade”, comenta Débora D´Zambê.

Nas apresentações, utilizam de tudo um pouco, do violão à guitarra, da flauta transversal ao tambor, além do piano, viola, gaita, guitarra e para dar o toque de magia efeitos com sementes e instrumentos recicláveis. “A mú-sica é uma linguagem universal. Através dela, mostramos várias etnias. A criança se diverte, can-

São 9h30. Dentro da garagem da casa da família D’Zambê,

soa a voz de Débora alertando seu marido: “Júlio, pega a gaita que está em cima da mesa!”. Ra-pidamente eles entram no carro para mais um dia de trabalho. Com o objetivo de levar a alegria e despertar o interesse pela lei-tura, o grupo Sansakroma (pás-saro da África do Sul) apresenta, para crianças e idosos, obras de diferentes autores.

O dueto é composto pelos escritores e músicos Júlio e Dé-bora D´Zambê. Formado pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, o projeto de mu-sicalizar as histórias dos livros surgiu há dez anos. “Somos pro-fessores também, então, sabe-mos como despertar a leitura para as crianças. Com a música, a história cantada é mais diver-tida”, afirma Júlio D´Zambê.

Observando a ausência do desejo da leitura e o crescente aumento de crianças dependen-tes dos jogos eletrônicos, o due-to aposta na música como sendo a intermediária entre o mundo da imaginação, presente nos li-vros, e os grandes benefícios que os sons são capazes de fazer ao corpo humano. “Nós somos es-critores, nosso objetivo é fazer renascer dentro de cada leitor ou de cada ouvinte, a fantasia, o sonho, a brincadeira e as anti-gas cantigas de roda”, diz Júlio.

A dupla já se apresentou em Cuba e, também, no interior dos estados da Bahia, Maranhão e Minas Gerais. Levam o prazer das canções para hospitais, es-colas, universidades e centros

Vamos ao show, galerinha!Grupo faz da música um instrumento de aprendizagem, diversão e muito prazer

ta, dança e o mais importante, aprende”, diz Júlio.

O casal oferece aulas não só para professores, mas tam-bém para quem deseja aprender as técnicas da música aplicada a educação. Qualquer escritor que queira ter sua obra canta-da pode entrar em contato com o grupo. “Oferecemos cursos, au-las para quem aposta na ideia. É uma troca de experiências”, afirma Júlio.

Ana Carolina Gabriel

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Divulgação

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a criança experiências de tocar, sentir, ver e ouvir. Dessa manei-ra, auxiliam no desenvolvimen-to dos sentidos, na coordenação motora e na atenção. Já o rit-mo das canções trabalha com o sistema nervoso, favorecendo o controle dos músculos. “A músi-ca, influencia e auxilia em diver-sos processos de aprendizagem, além de aspectos físicos e psi-cológicos. Com a música ligada no processo de alfabetização, a criança desenvolve estes aspec-tos sem se dar conta. É uma forma de aprender “brincando”, afinal, quem é que não gosta de música?”, afirma Alícia Moraes Sampaio, professora de musica-lização infantil.

Está em pauta

De acordo com a Lei nº 11.769, a partir de 2012, a música será obrigatória no currículo de todas as escolas de ensino básico. No entan-to, os professores terão que se adaptar e se aper-feiçoar para ministrar as aulas de maneira sa-tisfatória. A questão de mapeamento de conteú-dos está sendo analisa-da pelos encontros entre acadêmicos, educadores e a Funarte (Fundação Nacional de Arte). “Eu assisti a apresentação

dos Sansakroma no colégio em que eu leciono, achei surpre-endente. E acho que devemos aplicar a musicalização no en-sino brasileiro. É uma forma de desenvolvermos habilidades em nossas crianças de maneira ca-tivante”, diz Arlete Codo, peda-goga do Colégio Santa Isabel.

Segundo os estudiosos Wei-gel e Barreto, a música traz para

Há algumas maneiras de como iniciar a música na alfabeti-

zação de crianças, para isso, é ne-cessário o conhecimento de técni-cas que auxiliem o profissional a aguçar o interesse das crianças. “Pode-se ter uma educação de melhor qualidade quando a músi-ca está presente, porém, é preciso ressaltar que ela deve ser muito bem trabalhada e valorizada e que os professores devem saber o que estão fazendo. Caso contrá-rio, a criança, além de não desen-volver tais habilidades, pode não

Mais Informações:

Para quem deseja entrar em contato com os Sansakroma, o e-mail do grupo é [email protected]. Maiores informa-ções, locais de apresentação e sobre o projeto, acesse o site www.sansakroma.com.br.

“É uma forma de desenvolvermos

habilidades em nossas crianças de maneira

cativante” Arlete Codo

Estudar, agora é sinônimo de diversãoUniversidades e centros educativos oferecem cursos de musicalização para os profissionais da educação

se identificar mais com a música, achar entediante, “matando” tal-vez, uma forma tão especial de aprender”, ressalta Alícia.

Profissionais da área optam pelo auxílio do próprio corpo como forma de instrumento. Ou-tros preferem utilizar materiais reciclados para fazer nascer, também, a consciência de sus-tentabilidade nos pequenos. “A música permite com que traba-lhemos vários conceitos impor-tantes, o que antes eram aplica-dos somente tradicionalmente”,

afirma Arlete Codo. Atualmente, as universida-

des de música já capacitam os futuros profissionais em musi-calização infantil. O Centro Cul-tural de São Paulo também ofe-rece cursos preparatórios para professores. Para o grupo San-sakroma, os livros “Manual prá-tico de teoria musical”, “Canta e Dança”, “A criança é a música” e “Iniciação musical dos jovens são indispensáveis a leitura para quem deseja se aprofundar e se informar sobre o assunto.

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Casa lotada. É dia de show. No palco, a banda se prepa-

ra para entrar em cena e agra-dar todos os fãs que, naquele momento, os veneram. Vendo a multidão acompanhando a mú-sica, o coração do artista vai a mil. Pois é, assim é a fama, o re-sultado da junção de um árduo trabalho e talento.

Mas o glamour dos holofotes é ingrato e manter o sucesso é ainda mais difícil que conquistá-lo. Não importa qual o tamanho do reconhecimento, se hoje uma música é a mais tocada nas pa-radas, amanhã esse mesmo hit pode nem ser lembrado.

Qual é a fórmula?

O universo musical vive em constante mutação de movimen-tos rítmicos, sendo assim, a pre-ferência dos consumidores de música muda de acordo com a moda do momento. “Com a ascensão da internet, virar um ídolo ficou bem mais fá-cil. As novidades musicais aparecem o tempo todo e caem no gosto popular”, diz Fernando Machado, produ-tor musical.

As boy bands sempre foram um modelo de sucesso. No início da década, o Backs-treet Boys e o N’Sync ganha-ram os E.U.A e o mundo todo. Quase na mesma época, o hit “40 graus”, da banda Twister, virou febre por todo o Brasil. O CD dos meninos vendeu 250 mil cópias, algo que, na música brasileira, apenas

Juliana Cazarine

Num país onde não existe uma preferência nacional é muito mais difícil manter uma longa carreira

Por altos e baixos

grandes nomes do cenário musical como Sandy, Fundo de Quintal e Capital Inicial alcançam.

Assim como as bandas americanas, o Twister deixou de brilhar por causa do envolvimen-to em polêmicas e das mudan-ças no comportamento do públi-co. Em 2004, a banda, com uma nova formação, gravou o álbum Sai da Frente, que não alcançou o sucesso esperado. “Quando a nossa gravadora, Abril Music, fechou as portas, os integrantes do Twister já tinham seus cami-nhos, portanto, decidiram pelo fim da banda. Mas eu decidi continuar. Começamos um novo projeto com uma versão mais pop rock”, conta Luciano Lucca, ex-integrante da banda.

Pouco mais tarde, em 2005, o rock estava em alta e muitos cantores e bandas des-se gênero chegaram ao ápice de suas carreiras. A Banda Le-

ela ganhou o país com a músi-ca “Te procuro”. Esse sucesso rendeu ao grupo a oportunidade de abrir o show da cantora cana-dense Avril Lavigne.

Leela permaneceu nas paradas por um tempo, mas, hoje, não tem mais o reconhe-cimento de antes. “No Brasil, só com um sucesso muito grande é possível se manter exclusiva-mente dedicado à música. As-sim, é necessário manter uma atividade paralela que ajude a viabilizar a carreira”, diz Rodrigo Brandão, guitarrista da banda.

Na boca da galera Os jovens, que são os

maiores consumidores de músi-ca no Brasil, gostam de varieda-des. As tribos urbanas formadas por eles mostram a quantidade de gostos e preferências. Nas principais baladas, a pista é to-mada principalmente por funk

estilo carioca, música eletrô-nica e pagode. “A juventude molda o cenário musical porque as grandes emisso-ras de rádio são dedicadas a esse público. Esses veículos dão um espaço muito gran-de aos artistas que estão em alta com a garotada e que, por consequência, tornam-se ídolos nacionais”, explica Fernando.

Conquistar esse público tão exigente é uma tarefa difícil. É preciso mui-to trabalho, dedicação e uma “reciclagem” constante. “Os interessados em fazer suces-

Banda Twister

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so na música devem traçar um objetivo. É importante estudar muito e procurar um represen-tante para ajudar na escolha do

repertório e na carreira de ‘artis-ta’, assim, o reconhecimento não será passageiro”, diz Luciano.

Como o que vale é ade-quar o estilo à exigência do mo-mento, os artistas, muitas vezes, acabam perdendo características musicais. “As bandas de rock, principalmente, quando come-çam a fazer sucesso na mídia, passam, na maioria das vezes, a exibir apenas a versão acústica da música de trabalho. Isso por-que o som ‘pesado’ não agrada a maioria”, comenta Fernando.

“No Brasil, só com um sucesso muito

grande é possível se manter exclusivamente dedicado à música”, diz

Rodrigo Brandão

A Tv dita tendências no mundo da moda, música e entreteni-

mento. “Hoje são muitos os artis-tas que lançam suas músicas em primeira mão na internet para se-rem descobertos pelo público e por produtores musicais. Mas, quan-do não era assim, a melhor manei-ra de gravar um CD era ter uma música na novela”, diz Fernando

Banda Leela

Machado, produtor musical.Não é possível falar dos anos

80 sem citar a novela Mandala. A trama conquistou o Brasil com o hit “Como uma deusa”. Já na década de 90, os casais apaixo-nados eram embalados pelo som de “Quatro semanas de amor”, de Luan e Vanessa, sucesso da novela Gente Fina, e Palpite, de

Mesmo com todas as difi-culdades para alcançá-la, a fama ainda é alvo almejado por canto-res e bandas. “De melhor maneira possível, a gente busca e gosta do sucesso”, ressalta Rodrigo. “Para deslanchar, é importante parti-cipar de eventos sociais do meio musical e ter contato com pes-soas influentes. Apesar do gosto do público, não é bom copiar as bandas que estão em evidência no momento, pois cada trabalho é próprio”, comenta Thiago Re-quião, baixista da banda.

Vanessa Rangel, trilha de Por Amor. Na virada do milênio, o pa-godinho bom do Só no sapatinho ganhou projeção nacional com a popularidade de Torre de Babel.

Apesar de todo o sucesso, de-pois dos 15 minutos de fama, es-ses artistas não emplacaram mais nenhum som, por isso, dedicaram o seu talento a outras carreiras.

Apenas um sucessoAs músicas das novelas fazem um sucesso meteórico que, muitas vezes, acaba quando a trama termina

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Divulgação

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Admirável Vinil NovoEle chegou ao Brasil na década de 50 e teve residência fixa

aqui até o final dos anos 90. Podendo conter de uma a vinte faixas, fez sucesso entre jovens, adultos e crianças, e seus encartes admirados e considerados obra de arte para estudiosos e viciados em música. No entanto a injeção do CD (Compact Disc) no público consumidor de música, fez com que o “bolachão” caísse em desuso no Brasil.

A proposta de uma plataforma fonográfica que melho-rasse a qualidade do som, o deixando mais “puro” e sem os chiados habituais se intensificou ainda mais em meados dos anos 90 com a internet. Hoje a música pode ser baixada, con-vertida, gravada e regravada de maneira gratuita.

Na contramão da tecnologia, os LPs voltaram com força nos últimos anos, chegando a superar a venda de CDs nos E.U.A em 2009. Este ano, a Polysom, antiga fábrica brasileira de produção de vinis, reabriu suas portas e lançou álbuns como o de Fernanda Takai “Onde Brilhem os Olhos Seus” e “Fome de Tudo” da Nação Zumbi.

Óculos New WaveMovimentos cíclicos acontecem constantemente na

música. A composição de uma letra, melodia ou até mesmo a roupa que o artista usará sofre influência de artis-tas e movimentos antecedentes a ele, e busca no passado, referências para criar ou repaginar algo. A recente Happy Rock incorporou da New Wave dos anos 70/80 cores, formas e acessórios estéticos.

O objeto que mais se destacou foram os óculos retrô, que voltaram aos rostos de crianças, jovens e adultos. As co-res fluorescentes marcam a adaptação da antiga onda

AlternativaCamisetas personalizadas sempre foi uma boa pedida no

guarda roupa jovem. Estas peças trazem características que as transformam de algo básico para algo que tenha sig-nificado e um valor especial àquele que a veste, desde ma-nifestos políticos até movimentos saudosistas. Remetem a uma apologia a momentos ou eventos nostálgicos, como no caso das camisetas de desenhos animados, HQs, filmes, ví-deo games, etc.

Para quem prefere consumir sem sair de casa, pode criar sua camiseta customizada sem ao menos se levantar da poltrona do PC, existem sites nos quais o cliente escolhe cor, tamanho, fonte e até cria a própria estampa.

O novo já nasce velho. O saudosismo passa por inúmeras décadas: da moda dos anos 20 à apologia de celebridades como Marilyn Monroe ou a própria Pop Art.

De Barbie a Super Mario Bros, o que vale neste movimento retrógrado é exaltação da nostalgia de momentos históricos outrora vividos.

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Tamires Farias

Tamires Farias

cepedube.wordpress.com

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Pé na Rua

EmbonecadasNo mercado, a nova “New Wave” do século XXI já virou

objeto de consumo e venda. Roupas, calçados, cortes de cabelo e acessórios caíram nos braços do público consumidor e ditam a moda do momento; a moda repaginada dos anos 70/80.

No final de 2009, a Matell, indústria responsável pelas bonecas Barbie, lançou uma coleção com três grandes divas da música dos anos 80. Debbie Harry, Joan Jett e Cyndi Lau-per ganharão suas versões em brinquedo.

A venda da coleção poderá sofrer aumento, pois acom-panha a volta da banda Blondie, no comando de Debbie, que lança o álbum Panic of Girls; Joan Jett terá sua vida retrata-da nas telas do cinema no filme The Runaways — garotas do Rock, com lançamento previsto até o final do ano.

BirthdayAs comemorações dos 70 anos de John Lennon seguem ao longo

de 2010 com uma série de eventos relacionados à vida e obra do astro. O ano veio recheado com lançamentos de coletâneas e faixas inéditas, venda de uma linha de violões da Gibson, inspirados em Len-non e em edição limitada, e até a inauguração do monumento “Peace and Harmony” em homenagem ao ex-beatle.

Os eventos se estendem a dezembro quando será lançado o filme Garoto de Li-verpool. Inspirado no livro Imagine - Cres-cendo com Meu Irmão John Lennon, escrito por Julia Baird, irmã de John, e narra a vida do cantor e compositor desde sua adoles-cência em Liverpoll, seus primeiros conta-tos com o Rock in roll até os traumas e pro-blemas com sua família.

O filme é estrelado pelo ator britâni-co Aaron Johson, e tem previsão de estréia para a segunda semana de dezembro.

Sua casa sua caraNuma era em que as tecnologias digitais são extensões

da vida humana, a singularidade do homem fica cada vez mais escassa. A casa se torna um dos poucos locais no qual ele pode registrar a sua marca, pois é ali o seu território íntimo e que possui exclusivamente a sua cara, o seu jeito.

Buscando um ambiente alternativo e que fuja do con-vencional, algumas pessoas optam pelo design retrô na casa, desde móveis e eletrodomésticos até o que vai à geladeira. A Brastemp, por exemplo, lançou uma linha de frigobares a par-tir da inspiração vintage. Já a FUJIFILM optou por relembrar o design das antigas máquinas fotográficas Leica, anexando a elas a tecnologia e qualidade de imagem das câmeras atuais.

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Exposição: Beatle Fest Brasil, no shopping Aricanduva

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HolOFFote: O que é o projeto Kid Vinil Xperience?

Kid Vinil: A Kid Vinil Xperience é uma banda em que a gente tem a liberdade de fazer o que quiser. To-camos coisa da Magazine, cover de punk e de tudo que a gente gosta. Agora vamos lançar um disco que é o inverso de tudo isso, só de mú-sicas desconhecidas, músicas alta-mente desconhecidas. Músicas da década de 60, 70, mas músicas que pouca gente ouviu. Tem músicas em inglês, coisas lá de fora, e coisas em português também.

HolOFFote: É uma volta a uma cena alternativa?

Entre os discos do Vinil

Famoso pelas letras bem humoradas da banda Magazine nos anos 80, Kid Vinil fala da atual jornada ao cenário musical independente Raquel Brandão

A música nunca lhe deu ‘tic tic ner-voso’, mas é, sem dúvida, parte

da vida de Antônio Carlos Senefon-te. Sucesso nos anos 80 com a banda ‘Magazine’, Kid Vinil volta ao cená-rio underground paulistano com sua nova banda, ‘Kid Vinil Xperience’. O cantor de sucessos como ‘Sou Boy’ permanece forte no meio musical como colunista no portal Yahoo, onde toda quarta feira apresenta novos no-mes do rock e do pop mundial.

Cantor, radialista, jornalista e DJ, Kid Vinil pode considerar-se um dos artistas mais midiáticos. O cole-cionador de mais de 10 mil discos e CDs, começou a carreira na grava-dora Continental, no final dos anos

Dueto Dueto

70, logo seguiu para o rádio, onde foi pioneiro com o programa que leva-va seu nome artístico e tocava punk e new wave, ritmos, até então, pou-co conhecidos no país. Mais tarde foi para televisão, onde apresentou programas na Tv Cultura e na MTV, como VJ do famoso programa “Lado B”, mostrando clipes exclusivos.

Produtor de Tom Zé, um dos poucos que ele produziu e de quem se diz fã, Kid Vinil, também atuou como colunista de música da Folha de São Paulo. Em 2008, lançou o livro “Almanaque do Rock”, pela Ediouro, contando um pouco da história de uma de suas maiores paixões, o rock n’ roll.

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Dueto Dueto

Kid Vinil: É, porque a gente não está mais no mainstream, nada des-se tipo. Tocamos em casas peque-nas. Esse CD vai ser independente, nós mesmos vamos lançar, é um selo nosso. É uma coisa bem nossa e bem independente mesmo.

HolOFFote: Sua coluna é co-nhecida no meio musical por apresentar caras novas. Como você garimpa sobre o que vai escrever?

Kid Vinil: Eu leio muito. Com-pro revistas inglesas, americanas. Revistas que ajudam bastante, que compro ou assino, além da internet. E na coluna do Yahoo procuro uma coisa que acho legal para escrever toda quarta feira. Eu gosto de falar de coisas que eu curto.

HolOFFote: Você escreve de bandas e artistas que gosta.

sentido. Qualquer banda que você acha que não tem é só procurar no Myspace que o cara está lá, você ouve e já sabe o que é. A facilidade é muito grande, questão é ter bom senso.HolOFFote: O que seria o bom senso no caso da música?

Kid Vinil: Eu tenho a minha maneira de gostar, mas cada um tem a sua. Eu vou pelo meu back-ground, pelo meu conhecimento musical. Não atiro em qualquer alvo, primeiro eu faço uma avalia-ção, vejo opinião de outros críticos e comparo. Não dá para você ouvir uma coisa e falar: “Isso é legal por-que eu acho legal. Hoje tem muita gente que inventa um grupo e acha que aquilo é interessante. Esquece-ram que música é como cinema, é como literatura. Deve ter avaliação e você tem que procurar as pessoas que saibam para ter critério, senão você vai ouvir qualquer coisa.

HolOFFote: Atualmente, mui-tas pessoas não usam critérios para a que música vão ouvir?

Kid Vinil: Especialmente o ado-

Fala de coisas que acha que são ruins? Faz esse tipo crí-tica também?

Kid Vinil: Tem o Régis (Régis Tadeu, colunista do Yahoo) que é mais crítico. Eu não gosto de ser tão crítico, sair dando pau em todo mundo. Sempre fui um crítico mais bonzinho. Não saio falando mal de todo mundo, porque você cria um mal estar, fica com fama de cri cri. Acho legal recomendar as coisas que gosto, que acho in-teressantes. Meu direcionamento em tudo que fiz, seja rádio, TV ou escrever, foi nessa linha.

HolOFFote: E as publicações nacionais? Elas também são fonte de busca?

Kid Vinil: No Brasil a gente ainda tem uma carência. Não é

um país só de rock e música pop, tem muitos estilos, então é difícil sobreviver. Lá fora o rock e o pop são coisas que estão no dia a dia das pessoas. Então é bem mais fá-cil você ter uma revista, divulgar e vender. Mas eu pego muita coisa pela internet. Ela ajuda muito nesse

“Sempre fui um crítico mais bonzinho”

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Os bonecos dos Beatles do entrevistado

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por exemplo, um amigo nosso deu essa idéia e o baixista e o baterista ficavam cantarolando um monte de besteiras e a gente ia anotando e virou letra. Cada um tinha uma idéia mais maluca que o outro e vi-rava uma letra. Achávamos legais as letras do Raul, d’Os Mutantes, de bandas mais divertidas. Falamos de office boy, de coisas das pessoas no dia a dia. Na época, as bandas que começaram a fazer esse rock mais bem humorado.

HolOFFote: Os Mamonas As-sassinas também tinham o per-fil engraçado. Acha que eram parecidos?

Kid Vinil: Os Mamonas eram bem o retrato daquilo que a gente foi nos anos 80. Uma banda bem humorada que, de repente, de uma brincadeira, de uma história engra-çada, acabava criando uma letra. Ele criavam as letras do dia a dia das pessoas. As Casas Bahia, o cre-diário; o Robocopy Gay. Coisas que eram sucesso na época.

HolOFFote: Hoje a música per-deu o humor?

Kid Vinil: Depois que aconteceu o acidente com os Mamonas, parece que o humor foi sepultado ali. Às vezes tem uma ou outra banda com certo humor, mas não com aquele bom humor deles. Teve Os Raimun-dos também, mas não é mais moda. Hoje é aquela coisa de fazer tudo igual. As bandas emo mesmo, todas têm a mesma temática. Então não existe mais uma variação no tema, e

HolOFFote: Você é um dos no-mes do rock brasileiro. Como surgiu a banda Magazine ?

Kid Vinil: Éramos um bando de amigos que ouvia as mesmas coisas. No começo surgiu o nome Verminose que ficou porque não tí-nhamos outro. Mas, na verdade, era um nome que ninguém curtia, en-tão fizemos uma votação e optamos por Magazine, algo mais pop e não vinculado só ao punk. Em 83, grava-mos a primeira música, “Sou Boy”. A partir daí, conseguimos uma gra-vadora. Naquele tempo, as gravado-ras investiam no artista, colocavam na televisão, no rádio... Era uma

época diferente de hoje. Na época o rock estava em alta também, muita banda apareceu nos anos 80.

HolOFFote: Vocês faziam le-tras bem humoradas. Qual era a inspiração?

Kid Vinil: Se você trabalha com bom humor, você está sempre pensando em idéias engraçadas, interessantes para trabalhar uma letra. A música “Tic Tic Nervoso”,

“Depois que aconteceu o acidente com os

Mamonas, parece que o humor também foi

sepultado ali.”

lescente. Ele ouve uma banda emo e acha que aquilo é a melhor coisa do mundo porque não tem ninguém que oriente ele. Na minha adoles-cência eu tinha aula de música na escola. Meu professor chegava com um monte de discos dos Beatles, dos Rolling Stones, e dizia: “Olha, isso é legal, tá? Isso vocês precisam ouvir”. Hoje, infelizmente, a garotada fica meio perdida se você fala: “Ouça Be-atles; ouça Rolling Stones; ouça Bob Dylan”. Eles acham que você está delirando. A internet nesse caso fun-ciona pro cara ouvir o que ele quiser. Falta um pouco de orientação para as pessoas ouvirem as coisas legais.

HolOFFote: A internet é de-mocrática, mas desorienta?

Kid Vinil: A internet quebra essa coisa histórica. O rock tem uma his-tória e ela tem que ser respeitada e bem avaliada nesse sentido. Se o cara se propõe a gostar de rock ele tem que entender um pouco da história, saber por que existiu e porque existe essa gama de estilos dentro do rock.

A vasta coleção de discos

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Pena às vezes me dava umas dicas de como fazer programas de rádio, mas foi meio na raça. Tinha total li-berdade e era legal por isso. Então eu fazia tudo, apresentava, produzia e ajudava na produção técnica do programa. E foi um dos primeiros programas de punk e new wave do rádio. Chamava-se Programa Kid Vinil, foi de 1979 até 1982. Tocáva-mos tudo que estava aparecendo na época do punk, Sex Pistol, Ramones...

HolOFFote: Como foi a transi-ção entre rádio e televisão?

Kid Vinil: A linguagem na tele-visão é diferente. No rádio eu fazia tudo, na televisão você já tem pro-dutores, câmeras, cenário, tem uma série de detalhes. Por sorte, em to-dos os programas que eu fiz na TV eu tinha certa liberdade de textos e, como sou jornalistas, eu mesmo fazia os textos e interpretava da maneira que eu quisesse. Mesmo na Cultura ou na MTV, em que o “Lado B” tam-bém tinha a produção e os textos todos meus. O interessante era jun-tar as duas coisas. Porque, às vezes, o apresentador é só o apresentador, mas como música é um assunto que eu sempre gostei e domino bem, eles sempre deixavam por minha conta a produção de textos.

HolOFFote: Você é nostálgico quanto à fama dos anos 80?

Kid Vinil: Não, eu acho legal essa coisa de anos 80, pois fizeram parte da minha vida Gosto da músi-ca, fiz parte dessa geração, mas não sou daquele tipo que diz que a me-lhor música foi feita nos 80 ou 70. A melhor música pode ser feita agora.

fazer um teste. Meu nome é Anto-nio Carlos e não rolaria desse jeito. A primeira coisa que me falou foi: “Temos que mudar seu nome. Você tem que arrumar um apelido”. Cria-mos o Kid Vinil. Ficou um nome en-graçado. A gente fez um bem bolado com os nomes do Kid Jensen, DJ da BBC, e do DJ do The Clash, Cosmo Vinil. Saiu o Kid Vinil que em por-tuguês soava legal.HolOFFote: E como era esse trabalho no Rádio?

Kid Vinil: Eu produzia tudo. O

“A melhor música pode ser feita agora”

não existe mais o bom humor. Deve ter gente ainda que faça coisa bem humorada, mas não funciona na mí-dia mais, eu não sei porquê, mas a mídia não dá mais força pra isso.

HolOFFote: De onde surgiu o nome Kid Vinil?

Kid Vinil: Foi para um progra-ma de rádio. No final dos anos 70 eu tive uma oportunidade. Eu tinha escolhido rádio e TV nessa área de jornalismo e um professor da FAAP, Pena Schimidt, que me indicou pra

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“Som! Som!” Testa o apre-sentador. É tarde de es-

tréia e ele espera ansioso pelo início do programa. Com um estilo “maneiro”, composto por uma camisa vermelha e cabe-lo na testa, ele preocupa-se em conquistar o público ao lado dos amigos.

Ás 16h30 de 22 de agosto de 1965, vai ao ar a primeira edição da atração que marcou a história da televisão brasileira. Roberto Carlos abriu o show para o audi-tório lotado que vibrava com ele e seus amigos Erasmo, Wander-léa, Rosemary, Ronnie Cord e Os Incríveis. Ao encerrar, correndo para o carro conversível, Roberto vê sua camisa vermelha arranca-da e disputada a tapas. Pôde con-firmar: o programa Jovem Guar-da seria a nova febre nacional.

Tardes de Domingo

Eles eram novos, imaturos e

inexperientes e, naquele momen-to, estavam diante de um progra-ma que tomara o país. Não era fácil encarar as jovens tardes de domingo, por melhor que fosse o gosto da fama. “Eu nunca imagi-nei que eu fosse virar uma artis-ta. A sensação era maravilhosa, mas ao mesmo tempo assustava. Como eu poderia imaginar que iria virar um ídolo em trinta dias? De repente, eu tinha um convite do rei da Jovem Guarda e nenhu-ma experiência de palco e de te-levisão, nada disso”, conta Wal-direne. A história de Martinha não foi diferente. “A primeira vez que cantei em palco foi na Jovem Guarda”, conta.

Apresentada ao dono do ca-lhambeque e cia. por meio de Chacrinha, em seu programa, Waldirene passou a fazer par-te do programa Jovem Guarda antes mesmo de assinar o con-trato. “O Chacrinha me entre-vistou em uma edição especial

Os Donos da FestaApós 45 anos, eles pertencem aos dez mais na história da música brasileira

Raquel Brandão e Juliana Cazarine

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Capa(aniversário de Carlos Manga, então diretor da TV Rio e do pro-grama Jovem Guarda) de seu programa. Quando cantei “A Ga-rota do Roberto” ele disse: ‘Você é a mais nova rainha da Jovem Guarda’”. Ao final do programa, a jovem dos olhos azuis estava na sala do diretor Carlos Manga acertando as cláusulas do con-trato para fazer parte do cast do programa de domingo.

“Trabalhávamos muito e não ganhávamos tanto como os ar-tistas de hoje. Estudar não con-seguia mais, porque não dava tempo. Eu tentava ler muito e estudar por conta própria. Di-vidir o tempo com a família era difícil, sentia falta da convivên-cia com meu pai e minha mãe”, completa com certo pesar.

O jogo de cintura não era só pela mudança da vida e pela fal-ta de tempo, algumas situações também exigiram uma maturi-dade precoce. “Eu tinha acaba-do de entrar no programa e todo domingo tinha sorteio da linha de produtos das grifes dos apre-sentadores. Em um domingo, a Wanderléa iria entregar peças da sua grife, ‘Ternurinha’, para uma garota, mas bem neste dia

ela ficou doente e não apresen-tou o programa. Tive que entre-gar os presentes no lugar dela, e, na hora, todos me vaiaram. Eu queria morrer. O público achou que eu estava querendo roubar o lugar dela, foi muito difícil para

mim”, narra Martinha.Com unanimidade, os ar-

tistas falam sobre o programa. “Era maravilhoso, um encanto participar da Jovem Guarda. O país inteiro paralisava, as ruas ficavam tão vazias que a gente podia andar tranquilamente”, conta Demétrius. “Todos os do-mingos eram finais de copa do mundo, porque todos ficavam em frente à TV. O programa che-gava a 70 pontos de audiência, isso, hoje, nem capítulo final de novela atinge”, completa Ronald.

É Rock’n Roll

A Jovem Guarda foi um marco na história da

música brasileira. No início, com Erasmo, Roberto, Os vips e outros, tinha muito do rock de Roling Stones, Elvis Pres-ley e Beatles. Mas, como toda boa música, foi crian-do sua identidade

própria. Na améri-ca latina, principal-

mente no Brasil, o rock ganhou diversas formas,

pois, além de adquirir o esti-

A Jovem Guarda trazia a juven-tude, o iê iê iê e a vitalidade à

música brasileira. Trazia também o discurso despreocupado e por muitas vezes chamado de aliena-do à realidade política do país.

“Apesar de vivermos numa ditadura, éramos de uma gera-ção muito romântica e inocente. A tropicália [movimento musical da época] já foi mais de rebeldia. Os mutantes, por exemplo, eram dife-rentões, mais rebeldes. Eles can-tavam fantasiados, eram como os Rollings Stones”, fala Waldirene.

Ronald, da dupla Os Vips, também defende a inocência do movimento. “A ditadura jamais chegou à Jovem Guarda porque sabia que fazíamos um movi-mento para os jovens. Nossa in-tenção era simplesmente trazer alegria, com letras inocentes e românticas”. Martinha reforça o argumento. “Nós éramos chama-dos de alienados. Mas, enquanto o povo sofria, a gente vinha para amenizar. Nos domingos, aquele sofrimento era esquecido. A gen-te não era muito, ou nada, enga-jados mesmo” analisa.

Na contramão, Demé-trius acredita que a política tam-bém estava presente na Jovem Guarda e protesta contra o título de ‘alienados’. “A gente, evidente-mente, participava da vida políti-ca do país, mas, para nós, o que interessava era cantar e alegrar as pessoas. Mas eu, particular-mente, fazia algumas músicas de protesto. Na verdade, eu sempre me interessei por política. Não usaria a palavra ‘alienados’ para descrever a Jovem Guarda”.

Nossa cançãoEm meio à ditadura militar, a música do grupo, com sua inocência, era água com açúcar

“Todos os domingos eram finais de copa do mundo, porque todos

ficavam em frente à TV.” diz Ronald

www.demetriuscantor.com.br

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Capa

Demétrius e Waldirene antes e depois

Os domingos eram sagra-dos. O programa da Jovem

Guarda era obrigatório. Nos dias de show, então, havia um ritu-al para se encontrar com seus ídolos. A paixão era enorme por aqueles rapazes e moças que co-mandavam o programa juvenil e chegar perto deles era o que as garotas e os garotos da época mais queriam.

“Fomos assistir um show da Jovem Guarda no Minas Tê-nis Clube. Éramos apaixonadas pelo Roberto Carlos. Nossos lu-

Como é grande o meu amor por vocêEles também viveram intensamente o sucesso dos jovens que se apresentavam na TV Record aos domingos, mas do outro lado

gares eram bem próximos ao palco e a Telma, minha amiga, aproveitou a situação e invadiu o palco para agarrar o Rober-to. Rápidos, os seguranças logo a pegaram e devolveram para o lugar. Foi o maior vexame, como passamos vergonha! O estádio estava lotado e a tele-visão nos filmou”, lembra a fã Eliane Brandão.

No interior do Ceará, Pauli-nho ouvia pelo rádio as músicas que agitavam os brotos por todo o Brasil. O sonho de conhecer

seu ídolo ultrapassou a grande época da Jovem Guarda, mas o colocou ainda mais próximo de Martinha. “Eu já morava aqui em São Paulo e conheci o presi-dente do fã-clube dela, que me levou ao camarim dela. A par-tir daí, fui a vários shows, até que um dia faltou um ilumina-dor e eu fiz o serviço. Hoje so-mos grandes amigos, devo isso a Deus. Sou fã até hoje, eu tremo só de estar perto dela”, declara, com ternura, Paulinho, hoje se-cretário da cantora.

lo Jovem Guarda, também foi in-corporado a outros movimentos musicais do momento.

No ano seguinte ao início do programa, a música ganhou um ar mais romântico. Através da voz de Martinha, muitas jo-vens apaixonadas identificavam as suas histórias de amor nos versos das canções. “Alguns co-legas dizem que eu introduzi o romantismo às letras da Jovem Guarda”, conta Martinha.

A música dos garotos foi chamada de “iê, iê, iê”, fazendo analogia ao “Yeah, yeah, yeah” do Beatles, porque usava a gui-tarra elétrica e outros instru-mentos que, até então, eram referência da música internacio-nal, eram americanizados.

“Eu cantava todos os gêne-ros, o rock’n roll, a música ro-mântica e algumas até engraça-das como a Bruxa, por exemplo”, explicou Demétrius.

O cantor embalou muitos ca-sais ao som de suas músicas, no entanto, também descontraiu com letras como a de “Rock do Saci”.

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Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

Page 25: Revista HolOFFote

CapaOs artistas que passaram a

fazer parte do movimento depois que ele já estava consagrado também agregaram suas sin-gularidades à música. “Quando eu comecei, a Jovem Guarda já existia. A minha música era fácil de ser compreendida e decorada por todos, inclusive por crian-ças”, diz Waldirene.

Estou amando loucamente...

Tanto os artistas como os fãs eram muito novos na época. Como todo jovem tem a imagem idealizada de seu ídolo, a relação entre eles era permeada por so-nhos, glamour e, devido a enor-me popularidade, inacessibili-dade. Todas as garotas queriam andar no calhambeque do Ro-berto. “Os fãs não admitiam que nós, principalmente os homens, namorassem. Então, a gente ti-nha que namorar escondido. É claro que como o nosso meio era restrito, era entre nós mesmos”, revela a Martinha.

Com Demétrius, voz do su-cesso “Ritmo de Chuva”, o quesi-to relacionamento já foi diferen-te. “Eu comecei a minha carreira em 1961, mas só me casei em 1963. Muitos artistas da época preferiam não falar sobre seus relacionamentos para não de-cepcionar os fãs, mas eu nunca

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Waldirene e Roberto

“... A gente tinha que namorar escondido.

É claro que como o nosso meio era restrito, era entre

nós mesmos”, revela Martinha

Disco da cantora Martinha

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Capa

escondi nada”, fala.Segundo Ronald, a juventude

em que eles viveram e, pratica-mente, criaram era bem parecida com a atual. “A nossa relação era um frenesi. Assim como hoje é com o Luan Santana”, explica ele. O as-sédio era tanto, que os jovens can-tores tinham que sair dos estúdios de gravação da TV Record prote-gidos pelo exército em camburões até seus próprios carros, que fica-vam à espera com seus motoristas em ruas mais afastadas.

Presos em seus apartamen-tos, os artistas sentiam falta da liberdade. “Certa vez, o Roberto queria ir ao Viaduto do Chá. Eu concordei. Mas, para isso, tínha-mos que dar um jeito de despis-tar as pessoas. Então eu sugeri que nos disfarçássemos, com peruca, bigode, boininha igual à daqueles velhos italianos. O Roberto colocou uma massinha no nariz, um bigodinho e um óculos. Eu coloquei uns bobs na cabeça, daqueles bem gran-dões, um lenço e óculos escuros. E foi ótimo porque sentamos na escadaria do Teatro Municipal e ninguém nos reconheceu, nem mesmo o pipoqueiro”, contou Waldirene.

Mas como nenhum artista existe sem o seu fã, o carinho era recíproco. “Meu relacionamento com os fãs era o melhor possí-vel. Eu adoro todos eles porque

sempre foram gentis e carinho-sos, por isso, sempre retribui da mesma maneira”, diz Demétrius.

Senhores da Jovem Guarda

O tempo passou, a juventude se foi e, com ela, o público também mudou. O programa acabara em 1969, o movimento ainda era for-te, mas o sucesso, a partir de ago-ra, seria diferente para a maioria.

Os fãs também envelhece-ram, já não correm e se estapeiam para tocá-los. A fama pode ser mais branda, mas é ainda mais legítima. Quem os reconhece e ainda age com tietagem, são, em sua maioria, fãs há décadas. Mas o público ainda se renova, pois to-dos continuam no meio musical.

“Enquanto deixarem, estarei cantando. Quando somos pro-curados para shows, normal-mente, são para os fãs da Jovem Guarda, então eu canto mui-ta música antiga. Agora, lancei meu último CD, que eu regra-vei algumas músicas minhas do passado em acústico, mas tam-bém gravei coisas que eu queria

cantar como Hey Boy, dos Mu-tantes”, declara Waldirene.

Martinha também continua cantando e vê sua carreira de maneira até melhor do que an-tes. “Dizem que quando a pessoa se realiza ela para de fazer seu trabalho, eu não. Eu adoro fazer meus shows, gosto de viajar e es-tar perto dos meus fãs. Não faço mais 30 shows por mês, né? Mas ainda faço 10 ou 11. Hoje ain-da acho melhor do que naquela época. Agora tenho consciência do que fui e do que represento, são fãs que me acompanham nesses 44 anos de carreira”.

A regravação por outros ar-tistas também mantém a chama acessa. É o caso de Demetrius, que também compõe. “Curiosa-mente, porque a gente cantava há muito tempo, tem muitos jovens nos shows. Sempre tem uma épo-ca em que os compositores não têm tantas músicas de sucesso, então, acabam recorrendo às mú-sicas mais antigas. Por isso, a me-ninada tem se interessado. Mui-tos cantores regravam as músicas que fizemos há uma porção, como o Vitor e Léo, por exemplo”, conta.

As tardes de domingo ain-da permeiam a vida profissional desses, agora, senhores da jovem guarda, mas, acima de tudo, sig-nificam vidas ricas de momen-tos marcantes nesses 45 anos de brotos mais que legais para a história da música brasileira.

“Enquanto deixarem, estarei cantando”, declara Waldirene

Os Vips antes e depois

Arquivo pessoal

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Capa

No tempo em que a moda era não seguir a moda, a explo-

são de juventude veio com for-ça total. As mulheres ousaram usando roupas unissex e os ho-mens deixaram de se vestir con-forme seus pais e avôs. Os astros da Jovem Guarda trouxeram essa tendência nas letras de suas músicas, nas atitudes e como se vestiam.

“Meu estilo era bem londri-no. Eu fui uma das primeiras a aparecer de minissaia, que, no meu caso, foram ficando cada vez mais curtas até que passei a usar micro saias. Também fa-

zia uma maquiagem forte, usava cílios postiços e tinha muitas, muitas botas. Na verdade, eu gostava de um visual meio hi-pongo chique, um hippie caro”, conta Martinha, ícone da década de 60.

“Hoje não se usa o Saint tro-pez? Pois é, foi a Jovem Guarda que lançou! Por exemplo, nas es-colas, os uniformes eram saias na altura do joelho, mas, logo que a aula acabava, as garotas subiam as saias para que ficassem minis. Tudo o que se usa hoje, tudo, fo-mos nós que lançamos”, conta a Garota do Roberto.

Os rapazes apareceram com um estilo “Beatles” de ser, afinal, o rock’n roll do Brasil em muito foi influenciado pelos garotos de Liver-pool. “Nosso movimento mudou o comportamento dos jovens. Muda-ram-se os cabelos, as roupas e as gírias”, relembra Ronald, “Até hoje as pessoas falam ‘pô, cara’, que era a expressão mais usada por Rober-to no programa há 45 anos”.

No entanto, nem tudo foi tão bem aceito no universo fashion. “Lançamos também coisas bem cafonas. O Erasmo usava um cin-turão com uma pilha que piscava, parecia o Falcão”, ri Waldirene.

É uma brasa, mora?Mini saia, maquiagem gatinho, calças boca larga; a Jovem Guarda lançou moda

www.jovemguarda.com.br

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Música+

ça e disciplina representada no palco. A música flamenca é forte por ter influência cigana e quem dança faz interpretações perfei-tas.

O mundo dos sentimentos poderosos é desvendado em palcos de todo mundo.

O desejo mostrado

A salsa, o pop, o jazz, e outros ritmos dão uma mistura mais forte de ba-tuques, gritos suaves e marcantes, causando sensações quentes em quem escuta. A músi-ca é tão intensa, que a dança só a deixa mais forte.

“A técnica na dança não é suficiente. Se a pessoa não trans-mitir sentimentos, fica chato. O flamenco é sensual e, juntando técnica, sensualidade e emoção, conseguimos passar ao público uma postura correta do que que-remos”, explica Laura Porto.

Véu, leque, sapateado, bra-ços e pernas, fazem parte da dança. Os bailarinos sempre estão muito bem vestidos. Tra-gédia e alegria também estão ligadas, desrespeitam todos os limites da paixão, indo direto ao miolo e aos ossos de tudo o que existe na vida, porque é ali que achamos o prazer e o amor na sua forma essencial.

Dançando Flamenco

Existem poucos grupos de dança flamenca em São Paulo, o mais conhecido é a Cia. de Baile Flamen-co Juçara Correa. Os bai-larinos desse grupo sem-pre deixam platéias com a

boca aberta.A Cia. leva o nome da

professora Juçara Corrêa que da aulas flamancas dês de

1988 . Atualmente, o corpo de Baile que Juçara dá aula apre-senta-se para grandes públicos.

Juçara e seus alunos já se apresentaram em alguns progra-mas de televisão como no Pro-grama do Jô, no SBT, quando a dançarina fez uma comparação entre o flamenco e o Drácula. Na ocasião, ela comentou que, as-sim como o Drácula, o flamenco é agressivo. Os dois são exces-sivamente passionais, precisos,

A dança do fogoFlamenco: a música que expressa amor, ódio, felicidade, sensualidade e disciplina

Santagro

Lis Assis

Cores fortes como o vermelho, laranja e roxo, chamam a

curiosidade de uma platéia que não desgruda os olhos do palco nem por um minuto, ouvindo as respirações fortes e observando as expressões fascinantes que cada componente do corpo de baile faz.

Passos muito bem estuda-dos dão origem à for-

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matemáticos, rápidos como um raio e, acima de tudo, são imor-tais. Essa dança cumpre o que se espera da arte.

O grupo leva a cultura espa-nhola a todo Brasil. Os bailarinos contam que se apresentam tam-bém em lugares mais simples justamente para mostrar que a sensualidade e a emoção podem ser vistas por todos. “Existem grupos de flamenco em São Pau-lo que estão crescendo muito. É importante que qualquer um participe, não importa a classe. A alegria está em qualquer pes-

soa e na dança é fácil colocar isso para fora, é um escape da vida real”, diz Laura Porto.

Preparação

Toda beleza da dança é algo muito bem estudado, os baila-rinos demoram dias e dias para acertar um passo, não basta fa-zer por fazer para eles deve ser perfeito, algo marcante.

Seus ensaios deixam suor por toda parte, cansativo ao olhar de quem assiste mais o es-forço e a disciplina dos dançari-nos é algo fácil de perceber.

“A música é uma união forte de vários componentes, é muito bem trabalhada, por isso, requer disciplina de qualquer coisa”,

comenta Juçara Corrêa.Não precisa ser ator ou atriz

para dançar, você se torna um por sentir o flamenco. “O fogo é a explicação mais esclarecedora desta dança, ele vem no seu cor-po e depois, não tem como apa-gar e sim, dançar”, diz Juçara Corrêa.

O grupo de Juçara se apre-senta anualmente. Este ano, o tema foi Maria Madalena sob o véu da verdade. Os ritmos palos, estruturas rítmicas, flamencos como farruca, martinete, tangos, bulerias e tientos, por exemplo, expressam o prejuízo que o exí-lio Maria Madalena causou ao universo feminino. Foi essa a ex-plicação do grupo para a escolha do tema que, por fim, consegui-ram transmitir muito bem.

O fogo descoberto

O flamenco surgiu no século XVI, veio do sul da Espanha, na região de Andaluzia, mostrando um jeito particular de dança, canto e sons. Depois de migrar para outros lugares da Euro-pa, chegou ao Brasil por seus descendentes. Em São Paulo, o som conquista cada vez mais fãs. A maioria dos praticantes tem ligações com a Espanha, seja na descendência ou apenas por gostar da cultura espanho-la. Outros conhecem a história, assistem espetáculos, ouvem as músicas e, assim, acabam se apaixonando.

“O Flamenco tem uma emo-ção muito forte. A música é quente, não dá para falar dela sem falar em calor e emoção. As pessoas devem entender o que é essa cultura, ouvindo palavras marcantes”, diz Laura Porto, bailarina da Cia. de Baile Fla-menco Juçara Corrêa.

Antigamente, o flamenco era acompanhado só por pal-

mas, gritos e sapateados. Acon-teciam em casas, praças e festas familiares. Passou a ser regido por instrumentos devido a mi-grações e a modernidade.

Nos tempos atuais, a anti-guidade é relembrada ao final dos espetáculos de flamenco, forma-se uma roda e cada bai-larino se posiciona ao centro e dança. Com palmas, sapateados e gritos os outros dançarinos dão o ritmo para a pessoa localiza-da no centro. Todos costumam utilizar palavras espanholas na hora da roda.

Se o bailarino fa z ritmos pa-los que o resto do grupo conhe-ce, eles gritam. Tarantas e tien-tos são muito utilizados. O grito flamenco não é algo chato, pelo contrário, é forte, para mostrar a força da sua dança.

Roda finalDepois de tantas emoções existe mais uma carta na mão

“O fogo é a explicação mais esclarecedora

desta dança, ele vem no seu corpo e depois, não tem como apagar e sim, dançar”, diz Juçara

Corrêa.

Paco Peña

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“Eles sentem com a alma, não precisam ver, inde-pende da visão. Quando estão tocando, eles e os instrumentos passam a ser um só, alcançando um estado de transcen-dência. É por isso que muitos fecham os olhos quando estão cantando, porque já estão sentindo este momento”.

Os dois lados

As atividades mu-sicais propiciam, para aqueles de mais idade, atitudes transformado-ras. Elas têm o poder de preencher e suprir necessidades pessoais, tanto as corriqueiras do cotidiano quanto as de integração e participação social.

Contudo, uma dúvida sur-ge à mente: o idoso aprende de fato ou as aulas acabam virando somente um passatempo? Cris-tiano Rangel, 38, Professor de música e Regente do Coral do Hospital São Cristovão, conta que nem todos seus alunos ab-sorvem toda a parte técnica. “É também uma atividade lúdica, porém, com muita seriedade, e eles aprendem mesmo!”.

Formado no ano de 2000, o grupo hoje conta com 30 coralis-tas, entre senhores e senhoras, dos 59 aos 89 anos.

Cristiano lembra que al-gumas limitações existem sim, como afinação, respiração, entre outras. Mas ao passo em que vão cantando, elas são amenizadas

Canta, canta minha gente, deixa a tristeza pra lá. Can-

ta forte, canta alto, que a vida vai melhorar. E não é que me-lhora mesmo? Martinho da Vila sempre esteve certo. É cantando que nos libertamos de tensões, emoções negativas, e encaramos os problemas do dia-a-dia com mais disposição. Principalmen-te, para quem já está na melhor fase da vida, a terceira idade.

A velhice que chega para to-dos é acompanhada de certas perdas marcantes. Algumas ir-reversíveis, como a morte de um familiar, limitações motoras e al-gumas deficiências. Porém, nada se compara a perda de prestígio e de um importante papel social dentro do ambiente familiar.

Por anos, esta foi a pessoa de maior opinião e responsabili-dade na casa e, aos poucos, em um processo natural da vida, esse papel foi se transferindo para os outros membros, na maioria das vezes, os filhos.

“É neste momento que uma atividade ocupacional como a mú-sica, traz de volta ao paciente uma motivação, libertando-o da depres-são, das psicoses, entre outras do-enças”, afirma o Geriatra Drº. Sér-gio Fernando Correa Ramos.

O médico conta que a músi-ca é uma expressão compreen-dida por todos, somente em um grau de elevada demência isso não é póssivel. Todavia, ele enfa-tiza: “Música é vibração e, se vi-bra nas células, o corpo respon-de a essas energias, despertando nossas potencialidades”.

Drº. Sérgio também cita exemplos de músicos cegos e diz:

Daniel Lopes

Remédio sem efeitos colaterais, terceira idade reencontra na música a alegria de viverPrescrição Médica

com a prática e as impossibilida-des de cada um são trabalhadas de forma individual.

Basta querer

O comprometimento e envolvi-mento do professor devem ser totais, pois são os maiores in-centivadores para que os idosos continuem o estudo e a prática da música.

Alguns alunos que procu-ram essas aulas são aconselha-dos pelos seus médicos ou por alguém da família. Entretanto, a maioria deles vêm por livre e espontâneo interesse, anima-dos em se ocupar e se dedicar ao canto.

O compromisso e o empenho de cada um, motivados pelo pra-

Daniel Lopes

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“É também uma atividade lúdica, porém, com muita seriedade, e eles aprendem mesmo!”

Cristiano Rangel

zer de aprender e praticar, pode gerar uma busca demaziada pela perfeição e pelos acertos durante os ensaios e apresentações.

Rangel explica que é impres-cindível controlar a ansiedade por essa vontade de ir mais além dos alunos. “Como Professor, eu te-nho essa ambição de melhorar as performances, mas como se tra-ta de um coral da terceira idade,

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Muitos que chegaram ao co-ral do Hospital São Cris-

tovão, com o tempo superaram certas dificuldades como a sín-drome do pânico, perda de um ente querido, a solidão e, princi-palmente, a depressão.

Julieta Santos, 82, é um exemplo disso. Participante há dois anos do coral do hospital, da qual também é sócia, conheceu o grupo por acaso. Passando em frente do local de ensaio, entrou e se encantou. A coralista revela que se sente mais alegre, dispos-ta e comunicativa e diz: “Se não fosse por estar aqui, eu não daria essa entrevista há 2 anos atrás, porque eu era muito tímida”.

Anésia Carvalho, 78, fre-quentadora há três anos, diz que sempre gostou de cantar. Aos 15 anos, cantou na Rádio Record com a irmã. “Cantar desliga a ca-

beça dos maus pensamentos, das coisas ruins. Hoje, me sinto mais feliz, tenho mais vontade de pas-sear, me arrumar, cuidar das mi-nhas flores e dos meus canários”.

Outra história de superação é da aluna Helena Carvalho, 71, participante já há sete anos. Ex-integrante do Coral da Faculdade São Judas Tadeu, Helena conhe-ceu o trabalho do hospital atra-vés de uma amiga de caminhada.

A coralista conta que reen-controu a alegria em viver, gos-ta de se ocupar, viajar, dançar e estar com as amigas, mas ela passou por profundas dificulda-des em sua vida, teve depressão após sofrer com as perdas do fi-lho e do marido em um desastre de avião. “Cantar é muito bom, estou mais disposta e não paro em casa”, finaliza.

A caçula da turma é a se-

nhora Maria Alcina Augusto de Amorim, com 59 anos, viúva, e aluna há oito meses. Ela conta que conheceu o coral através da revista do hospital e se interes-sou pela ideia, porque se sentia muito sozinha, já que os filhos casaram. De início, ficou receio-sa, pois acreditava que para par-ticipar devesse saber cantar e se considerava sem voz para tal.

Hoje, não sente mais a solidão de antigamente. Cantar é alegria e as aulas são encara-das com seriedade e dedicação.

Os ensaios são às segundas-feiras ao meio-dia. As apresentações acontecem, principalmente, no hospital ou em algum outro local quando surge o convite. O coral é aberto à comunidade, divulgado pela revista Auto Paulista e pelo site www.saocristovao.com.br.

Sim, Pode AplaudirRelatos daqueles que com a música deram a volta por cima e nasceram de novo

com certas limitações e que nun-ca cantaram antes, tenho a cons-ciência de que aqui o trabalho é outro, com outro enfoque”.

Sem dúvida, usar a música para evocar todas as nossas habi-lidades, ou resgatar potencialida-des adormecidas dentro das pes-soas deixa-as prontas para entrar sem medo nesta fase da vida, ou seja, na melhor idade.

Daniel Lopes

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É sábado à noite e, como diz o refrão de uma famosa músi-

ca do Lulu Santos, todo mundo espera alguma coisa de um sá-bado à noite. Carolina Novais, 27 anos, está em um barzinho com os amigos aproveitando o ambiente de agitação e descon-tração. Alguns bebem, outros se divertem de outra maneira. Tudo para fazer valer a pena ter saído de casa e desistir de pas-sar a noite de sábado assistindo a um filme banal no SuperCine e comendo uma pipoca de micro-ondas borrachuda e sem gosto.

No local, o vocalista da ban-

da, que será a atração da noite, aquece sua voz, fazendo diver-sos exercícios vocais em frente ao pedestal com o microfone. O guitarrista tira a guitarra da capa, afina suas cordas, prende a correia nela e a coloca sobre os ombros e, por fim, pluga o fio no amplificador. O contrabai-xista segue os mesmos passos aprontando o seu contrabaixo. Já o baterista com suas baque-tas nas mãos bate três vezes no chimbau, para indicando aos companheiros que é a hora de arrebentar e agitar o lugar. To-dos eles, apesar de cada um ter

um instrumento diferente, tem algo em comum: cabelos bem cortadinhos, terninhos pretos e gravatinhas com laços iguais.

Assim, a beatlemaníaca Carolina observa um conjunto cover da sua banda preferida se preparar para começar apre-sentação, aí ela pensa: será que isso realmente basta para eu me divertir hoje?

“Ir num barzinho ver um show de rock, tentar conhecer uma pessoa especial ou fazer amigos pode ser bom para rela-xar depois de uma semana dura de trabalho”, diz Carolina.

Eles têm filosofia

“Os covers são bandas que reproduzem o estilo de um ar-tista. Eles não tocam músicas próprias e sim, composições que foram criadas pelos autores que eles homenageiam”, explica Marcelo Alves, 25 anos, profes-sor de música e tecladista da Bon Jovi cover.

Por isso, uma boa banda co-ver, precisa estudar profunda-mente o artista original. Não é apenas se vestir igual, mas real-mente fazer com que as músicas sejam bem parecidas com as ver-sões originais. O uso de roupas semelhante é uma maneira de fa-zer com que o público reconheça.

“Para o cover que quer imitar uma banda só, o estilo e as rou-pas são apenas ferramentas de identificação com a original”, diz Gustavo Marino, 23, vocalista da banda cover de rock n’roll, Just.

Eles também Roubam a CenaOs covers garantem mais fãs para os seus ídolos, pois os homenageiam ao levar a sua música de geração em geraçãoLeandro Medeiros

Banda Cover dos Beatles “All You Need Is Love”divulgação

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A Geladeira é Aberta

“Uma banda cover, não é simplesmente uma cópia, mas, sim, uma homenagem aos ído-los”, esclarece Gustavo.

“Além de homenagens, po-demos resgatar de dentro da “ge-ladeira” antigos sucessos esque-cidos pelo público, pois existem muitos grupos covers que tocam músicas que fizeram sucesso nos anos 70, 80 e 90 e, hoje, fo-ram esquecidas”.

As noites paulistanas são embaladas pelo som de bandas que tocam canções antigas de Ti-tãs, Barão Vermelho, Cazuza, Le-gião Urbana, Rádio Taxi, Ramo-nes, Whitesnake e Iron Maiden.

Pitada de veracidade

De acordo com Carolina, que já assistiu a muitos shows da Beatles Cover, banda oficial do Brasil, eles tocam fielmente músicas lindas como: “Let it Be”, “Lucy in the Sky With Diamon-ds” e “Twist and Should”. Além disso, os integrantes usam rou-pas parecidas a da banda bri-tânica e, como se não bastasse, conversam em inglês no interva-lo de uma música e outra. Tudo para dar total verdade às suas interpretações, sem deixar pas-sar nenhum detalhezinho.

“Uma banda cover, não é simplesmente uma cópia, mas, sim, uma

homenagem aos ídolos” Gustavo Marino,

vocalista da banda Just

As bandas aprovam os seus sósias de acordo com suas

individualidades e pensamentos. Sobre esse assunto, podem ser citados dois grupos como exem-plos.

A banda inglesa Oasis odeia covers, na verdade, não gostam de ninguém que mexa em suas músicas.

“Noel Gallagher, guitarrista e vocalista do Oasis e porta-voz da banda, contou em uma matéria que não gostou do que um DJ fez com o trabalho dele. Esse DJ re-mixou uma das músicas e, para ele [vocalista], estragou toda a melodia”, conta Gustavo Marino.

“Por outro lado, a banda Kiss

Banda Kiss Cover Brasil

nunca vai acabar. Eles já falaram uma vez que têm um acordo de jamais acabar com o grupo. Para isso, cada geração irá reformular a banda, por isso, para os inte-grantes, é importante sempre os novos músicos serem influencia-dos por eles e continuarem a fa-zer músicas seguindo o estilo que criaram”, comenta Gustavo.

“As bandas do cenário nacio-nal devem gostar bastante dos conjuntos que tocam suas mú-sicas antigas. Afinal, o rock hoje em dia está um lixo, precisa de alguém pra resgatar as coisas boas. Duvido que vejam daqui 20 anos, por exemplo, bandas fazendo cover de Restart, Cine e Hori”, ressalta Marino.

O que os “caras” achamUma banda cover pode ser aceita dependendo de personalidade

divulgação

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Existem amores que nunca se acabam e a música e a moda

é um bom exemplo de comunhão que deu muito certo. Olhando por ruas do mundo inteiro pode-mos ver um item que se tornou peça chave de qualquer armário, a jaqueta de couro que passa de geração para geração como item obrigatório, mas o que muitos não sabem que tudo começou quando um roqueiro, metido a estiloso a usou pela primeira vez. Foi nada mais nada menos que Elvis Presley, um ícone da música que ditava moda não so-mente com roupas, como com penteados extravagantes.

Hoje podemos ver grandes in-fluencias no mundo fashion dei-xadas por artistas conceituados. A geometria, o futurismo e ero-tismo da Jovem Guarda e, prin-cipalmente, uma peça que virou febre no Brasil e sempre podemos ver por nossas ruas: a minissaia. Também o estilo londrino de se vestir, que e tem a ver com os Be-atles com suas gravatas slim (fi-nas), coletes e alfaiataria.

Brilho para sempre

A alegria é um sentimento cobiçado por muitos e nunca vai ser diferente com a moda. Cores vivas, lurex, salto alto e calças de boca de sino, mos-traram até a onde a criativi-dade podia chegar em termos de festivos. Isto teve inicio na década de 70 com Embalos de Sábado a Noite que mostrou uma força de expressão muito além daquele jeitinho “engo-mado” de vestir, fazendo com

Um casamento perfeitoUma união que perdura por 60 anos, e tende a nunca se separarMichael de Pina

cores dos 60. Em sua maior par-te, a moda surge como uma for-ça de expressão de artistas que buscam passar uma mensagem do que eles acreditam ou de um protesto a uma sociedade desa-creditada”, comentou Alexandra Gerboni, estilista e responsável pelo setor de jeans feminino da M.OFFICER/ MIELE

O Brasil da moda

Vivemos em um país tropi-cal onde a sensualidade sem-pre está presente nas ruas, nas praias e baladas. Minissaias, micro shorts, vestidos curtos e justos ao corpo, além de cores exuberantes inspiradas nos li-

que roupas usadas naquela época “batão cartão” em cole-ções de primavera verão.

“Este foi um período áureo para o mundo da moda, trouxe toda a extravagância que o mundo fashion pode vir à tona Os anos 70 marcam força até nos dias de hoje no que se tem de mais tendência das passarelas como as calças flare (boca de sino) e o lurex, que faz o glamour das peças mais fi-nas”, Carolina Maschion, estilista da M.OFFICER e responsável pelo produ-to feminino.

Contrastan-do com esta festa de cores, as coleções de inverno nor-malmente buscam estilos mais alter-nativos de expres-são. Peças totalmente detonadas, com apa-rência de sujas, com cores sombrias, ou seja, um estilo maltra-pilho, desleixado e com uma cara de frio. Hoje o estilo punk tem lugar cativo nas passarelas do mundo inteiro, mas nem sempre foi assim. Muitos eram considera-dos como má influencia para a juventude da época. Quem usa as calças destroyer ou a blu-sa rasgada é considerado ante-nado na moda atualmente.

“A música e a moda são um par perfeito, não podemos ima-ginar as passarelas sem aquele estilo despojado dos roqueiros dos anos 70 ou o glamour das

Rock na M. Officer

Divulgação

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dos anos 70 ou o glamour das cores dos 60”, comentou Alexan-dra Gerboni estilista

Não é só de sensualidade que vive a moda brasileira. O estilo cowboy de vestir com as bandas sertanejas, caiu no gosto de público devido toda alegria de suas música. Antes, se você vis-se alguém um homem andando com uma bota e uma calça jus-ta era motivo de chacota, mas,

como tudo tem sua época, agora é o que há de forte em grandes grifes espalhadas por este imen-so país e o que movimenta um mercado em plena expansão.

Com o tempo o Brasil está ganhando espaço no mundo fashion com a sua música e seu estilo diferente do que as pesso-as estão vendo, com roupas que estão superando as expectativas.

torais deste país, possuem uma influencia desde Cármem Miran-da até o final dos anos 90 com o grupo É o Tchan. Suas dançari-nas com tops e shortinhos fize-ram a cabeça de todo um país e até hoje os itens são vistos pelo mundo inteiro.

“A música e a moda são um par perfeito, não podemos ima-ginar as passarelas sem aquele estilo despojado dos roqueiros

Algumas estilos de roupas já estão no mundo fashion al-

gum tempo, mas só ganhou for-ça quando artistas começam a usar. Exemplo muito bom para este assunto são as calças “co-lours” itens que já vem no mun-do das passarelas por, pelo me-nos, três anos, mas só caiu no gosto do público quando bandas como Restart começaram a usar as mesmas em seus shows, tor-

A influência de hoje nos jovensAtualmente o jovem está muito mais exigente no que usa e a música auxilia no que eles vão vestir

Hoje o estilo punk tem lugar cativo nas passarelas do mundo

inteiro

Rock na M. Officer

O Punk de Reinaldo Lourenço

A influência dos anos 80 da Vogue

nando-as identidades do grupo. Logo o resultado é uma febre, bem como, o próprio sucesso dos jovens cantores que ganha-ram vários prêmios no último VMB, promovido pela emissora MTV Brasil.

“O rock é e sempre será o maior aliado da moda. A sua aceitação com público é excelen-te, além das peças sempre cai-rem bem para qualquer ocasião,

desde uma festa até um simples passeio em um shopping. Anti-gamente era usado por rebeldes hoje desde aquela garota mais fashion até aquela menina mais comportada, pois se adapta a to-dos os gostos e estilos. Eu, parti-cularmente, adoro e se pudesse colocaria em todas as coleções”, afirmou Luciano Santos, estilis-ta da M.OFFICER e responsável pelo produto masculino.

DivulgaçãoDivulgação

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Cifrão

O processo de criação de uma banda varia muito. Você

pode começá-la na garagem suja da sua casa, com amigos e só por diversão; Pode desembolsar um dinheiro e tocar uns sons em um estúdio local; Ou então pode contratar músicos para reprodu-zirem aquelas composições que você guardou. De qualquer jeito, o sucesso de um grupo musical depende de uma coisa muito im-portante: O suor. Quanto mais suor se gasta, melhor a música fica. Mas infelizmente não é só de suor que é feito um CD. Pre-cisa-se de dinheiro.

O músico, arranjador, pro-fessor, produtor e dono de estú-dio Fernando Padoan, o Nando, já trabalha há dez anos com seu estúdio, o Ximix. Músico desde sempre, como diz, ele atende vá-rios músicos que tem vontade de ter seu trabalho gravado em um CD. Ele dá as dicas para gravar seu primeiro disco com sucesso.

“A diferença de gravar um CD independente e da gravadora é a forma que vai ser a divulga-

ção do disco, quem vai investir dinheiro nisso”, diz Nando. Em sua opinião, se a banda tem um dinheiro guardado pra investir na divulgação, é melhor que ela busque o CD independente. Ago-ra, se esse dinheiro não existir, a banda deve buscar uma gra-vadora, de dois modos: ou você assina um contrato faz uma par-ceria.

A gravadora busca novos artistas, ainda segundo Nando. O artista tem que ter um som muito novo, e muito bom, dife-rente do que está na mídia, ou a gravadora não o contrata. “As vezes esse acordo [com a grava-dora] é assim: Eu dou os direitos do meu CD pra gravadora e ela distribui pelo Brasil inteiro. Eu cedo todos os arranjos, todas as músicas, e em troca eu ganho a divulgação nacional. Esse é o acordo mais comum. Hoje, ven-der CD está muito difícil”. Para Nando, esse tipo de acordo vale a pena pelo lucro com shows.

A divulgação é o ponto mais importante. Tendo uma boa di-

vulgação, o artista fica famoso e lucra com sua música. O se-gredo da gravadora é gastar por você. O dinheiro que você gas-taria com divulgação, ela gasta, mas o lucro vindo do CD é deles, e não seu. “É uma troca”, diz.

Para aqueles que não con-seguem a gravadora, Nando dá a dica principal: “Hoje você tem que ter divulgação na internet, em todos os canais. Todos os artistas têm, famosos ou não, e muitas bandas ficam conhecidas pelo YouTube ou Myspace. O lan-ce não é mais o CD, e sim a inter-net. Diga pra uma pessoa ouvir sua música na internet, e ela vai ouvir. Se gostar, vai baixar e dis-tribuir. Já não é só um fã, mas um potencial divulgador. Ele vai no seu show e leva amigos, que levam amigos, e assim vai”.

Os preços

O processo de gravação de um CD não é simples como pare-ce. A primeira parte é a escolha das músicas. “Se a banda não tem repertório ela vai precisar de um produtor ou arranjador pra que faça esse trabalho”, diz Nando. O produtor vai colocar a banda no mercado correto, e o arranjador vai ajudar na compo-sição. Se a banda já tem músi-cas arranjadas, é menos custo.

O segundo passo é a escolha de um estúdio. “Em São Pau-lo e região, a gravação varia de R$40,00 a R$80,00 a hora”. As bandas já ensaiadas e arran-jadas preferem gravar assim. “Eu, como produtor, gosto de arranjar as músicas pra gravar depois, mas isso tudo conta no

Como gravar seu CD?A independência musical dá mais liberdade, mas é mais caraAngelo Dias

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limehouse.com

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$preço. Tem banda que acha que eu estou enrolando pra ganhar mais dinheiro. O problema é que esse trambique existe”, avisa. “Com um produtor confiável, a gravação fica mais confortável”.

Outro modo é gravar por música. Sai mais caro, mas o resultado é melhor. Os preços variam de R$200 a R$500 reais por música. Neste caso, o produ-tor e o arranjador têm mais tem-po para trabalhar com a banda. “Se a banda quer liberdade para produzir, sem ter a pressão do tempo, a gravação por música é a melhor escolha”, diz.

“Desconfie de valores bai-xos. Você pode gravar um CD com R$400 ou com R$4000. É evidente que a qualidade bai-xa com menos investimento. Se você tiver 100 horas de estúdio para arranjar, gravar, mixar, e não gastar 4 mil reais, não vai sair bom. E esse é um preço base: R$40 por hora em 100 ho-ras. Para gravar um CD razoável com o pacote todo, R$6000 é um gasto possível ”, aconselha.

O terceiro passo é o registro: Hoje, registram-se dez músicas por R$40,00. O órgão responsá-vel é a Biblioteca Nacional, que tem sede no Rio de Janeiro, e filial em São Paulo. Para fazer esse registro, a banda tem que produzir as partituras físicas (impressas em papel, e não em forma digital). Existem outros modos, mas não são tão confiá-veis. O registro oficial é só o da Biblioteca Nacional.

O quarto passo é o mais im-portante, a imagem. Com uma boa imagem, a divulgação acon-tece com mais facilidade. A par-te mais cara do CD é o material gráfico. Esse valor varia mui-to. “O comum é ter um encarte 12x24cm, que são duas folhas. Aí tem 12x24cm, 12x36cm, 12x48cm, dependendo da neces-sidade. Você também pode esco-lher o encarte em álbum, que é o box em acrílico com o encarte

em caderno ou desdobrável, a parte interna e a traseira, ou o Digipack, que é um álbum todo em papelão. Parece mais bara-to, mas não é. Mais ou menos, o preço total de um 12x36cm varia de R$2500 a R$3000, isto é, em boa qualidade, incluindo toda a impressão”, explica Nando.

Segundo ele, o valor mínimo para a gravação de um CD é de R$1000. Uma música por hora, dez músicas, a R$40 a hora são R$400, mais as horas de ajustes e mixagem. Com isso ela vai ter os arquivos digitais para distri-buição. O problema é que o dis-co vai ser um “demo” e não um CD legítimo. Sem arte, sem boa gravação, sem imagem produzi-da, o artista não chega longe.

Para gravar um CD razoável com o pacote

todo, R$6000 é um gasto possível

Tiago Yuji Duma, 20, é vo-calista da banda de rock

Redentor, e gravou seu primei-ro CD em casa. “Arrumamos um programa, pusemos os instru-mentos no banheiro, tentamos isolar o som e gravamos”, diz ele. Assim saiu a demo da banda, que fez com que eles procuras-sem um estúdio para gravar seu CD. “A qualidade da demo ficou péssima. Decidimos procurar um profissional”, conta Tiago.

Fechou um contrato com um estúdio da cidade de Arujá por R$250 por música. “O cara queria cobrar R$80 por hora”, conta.

Após dois meses de grava-ção tiveram o resultado. E não gostaram. “O produtor não aju-dou muito, foi tudo feito de qual-quer jeito”. Depois de seis me-ses decidiram gravar outro CD. “Fomos ao mesmo estúdio, pelo preço, mas fizemos o disco com outro cara. O engraçado é que o primeiro era dono do estúdio, e o segundo era um simples funcio-nário, mas mesmo assim a gra-vação ficou melhor”.

Tiago ainda diz que faltou empenho na divulgação. “Grava-mos o disco e tal, mas não fize-mos arte nenhuma. Gravamos e distribuímos o CD com o nome da banda em canetinha. Isso não é legal, tem cara que nem pega o CD por pensar que é de má qualidade. Mas valeu a pena, hoje a gente tem Myspace, e por lá muita gente escuta e baixa as músicas. O CD valeu muito mais pelo digital”, conclui.

A visão do artista

O processo da gravação descrito pelo músico

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Um exemplo de Digipackcyberconscience.com

Page 38: Revista HolOFFote

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De hobby à profissãoArtistas tentam se adaptar a novos públicos e gostos para buscar o sucesso e dinheiroMichael de Pina

Lavoisier já dizia;“ ...Nada se cria, nada se perde tudo se

transforma...”, e com a música não foi diferente. Nos últimos anos, ela vem sofrendo muitas mutações em seu estilo de ser apresentada para o seu público devido à mudança da forma de viver das pessoas. Voltando a um passado breve, o pagode ti-nha um estilo melancólico que só falava de amor perdido e hoje toca mais o lado da felicidade e das festas.

Os artistas têm que se adap-tar aos gostos de seus fãs para se manterem fortes e firmes pe-rante a mídia e, com isso, vende-rem seus CD´s, aparecerem em programas de televisão e terem

suas músicas tocadas em rá-dios, pois estes meios só mos-tram o que está na moda.

Sertanejo mudado

Um dos estilos que mais vem sofrendo mudanças nos últimos anos vem é o sertanejo. Quem não se lembra de Chitãozinho e Xororó, Zezé de Camargo e Lu-ciano, Rio Negro E Solimões? Es-tes artistas já têm carreiras con-sagradas há muitos anos, mas será que eles hoje conseguiriam este sucesso em suas vidas?

Atualmente o que está fa-zendo a cabeça dos sertanejos é o seu novo formato que se utiliza de baterias, guitarras e até con-

tra baixo. É totalmente diferen-te da viola e do violão que eram características desta música, além de seus interpretes serem jovens, o que fica até mais fácil de atingir o público desejável.

“Antigamente eu pegava um chapéu, colocava uma calça jus-ta e cantava gritando e as pes-soas achavam demais, mas hoje é totalmente diferente. Eu coloco uma camisa bacana, pego o meu violão e contrato uma banda moderna e canto de uma forma mais alegre, vibrante e com um timbre de voz mais calmo. O pú-blico me aplaude e me prestigia”, conta Alexandre cantor de serta-nejo universitário e membro da dupla Alexandre e Adriano.

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Chitãozinho e Xororó: 1990 e 2010 chitaoxororo.uol.com.br

Page 39: Revista HolOFFote

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Uma das principais casas de shows do Country de São Paulo, a Villa Country, vem apostando pesado nestes artistas. Frequen-tadora da casa há muitos anos, Geovanna Lins, diz que algum tempo atrás a balada era mo-

Para muitos, um escracho da música brasileira e, para

outros, a cara do nosso povo. Existe um estilo que faz a cabe-ça da juventude atual, o funk. Ele surgiu nas favelas do Rio de Janeiro e, hoje, já está co-nhecido no mundo inteiro por suas batidas e, principalmente, suas dançarinas.

No inicio do século XIX, a Furacão 2000 começou a di-vulgar seus maiores sucessos, como o Bonde do Tigrão, nas rádios cariocas e em programas menos famosos da televisão brasileira. Num piscar de olhos, já estava tocando em todos os lugares, inclusive nas melhores baladas de todo o país.

“É uma música que ainda

“Antigamente eu pegava um chapéu, colocava uma calça

justa e cantava gritando e as pessoas achavam demais, mas

hoje é totalmente diferente...”,

diz Alexandre

Uma nova culturaUm ritmo que está crescendo e dominando o Brasil inteiro

sofre muito com o seu passado, que, geralmente, era da violên-cia em seus bailes. Mas isto esta acabando, pois seus ritmos já estão tomando proporções altís-simas e se tornou uma máquina de fazer dinheiro para empresá-rios e MC's”, diz Lucas Ferreira ex- sócio de um Bar balada da zona Leste de São Paulo

Hoje qualquer lugar que você vá, vai existir alguém que houve ou já ouviu este rit-mo que começou em favelas e hoje toca em festas de pessoas consideras de altíssimo poder aquisitivo ou gabarito cultural. Mas sempre vão existir críticos a esta tão polêmica forma de se dançar e cantar que envolve o funk brasileiro.

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vimentada, mas desde quando surgiu essa nova música ficou uma loucura e todos os dias se tornaram de casa cheia.

E, como conseqüência, estes novos artistas têm que mudar o estilo. Caso contrário, não vão conseguir enfrentar o mercado concorrido dos jovens, que é a grande busca das gravadoras que visam as massas.

Música necessidade

Existe outro tipo de pesso-as que vêem esta arte como um jeito de fazer a vida longe dos holofotes, os cantores de festas e bares. Muitos nem cantam o que gostam, mas precisam para vender o seu trabalho e ganhar dinheiro.

“O que eu mais gosto de ou-vir é Beatles e Queen, mas às ve-zes que tem show que tenho que cantar Ivete Sangalo na guitarra para agradar o público da casa. Mas, se isto não acontecer, não posso viver da noite para cantar ou não irei alcançar um leque mais amplo de ambientes para tocar”, afirma Luiz Carlos ou Carlinhos com é conhecido em seu Shows.

Não é possível apenas olhar o lado negativo destes artistas, mas o que se pode ver princi-palmente são pessoas extrema-mente qualificadas e artistas de verdade que ampliaram o seus arredores para conseguir ou al-cançar o sucesso ou simples-mente sobreviver de um dom que possuem.

furacao2000.com.br

furacao2000.com.br

Page 40: Revista HolOFFote

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As camisetas dobradas bem no fundo do armário, guar-

dadas secretamente, como se fossem valiosas... Se Desfazer delas? “Não, não”, responde ele rápido. Deseja vendê-las? “De jeito nenhum!” Afirma sem pen-sar duas vezes. Kiss, Iron Mai-den, Legião Urbana, Nirvana... Cada banda citada representa uma coisa para Pietro Ferreira, uma fase, uma paixão. E as ca-misetas? “Ah... as camisetas é como se fossem um pedacinho do que a música representa, mi-nha mãe diz que vai jogar fora... que estão velhas... rsrs... mas você sabe como é, aquela coisa do valor sentimental?”, é o que diz Pietro, sobre a sua relação com os artigos que tem de suas bandas do coração.

Os artigos da música Dicas para divulgar a banda e ganhar dinheiro em uma tacada só

Thaís Vannucci

des de negócio na produção dos produtos personalizados, Ma-noel Lacerda, vendedor de uma loja especializada em camisetas, mostrou algumas opções de ne-gócio onde quem escolhe a es-tampa é o cliente. “Aqui é assim, você pode olhar as estampas que temos... tem várias prontas, que já são conhecidas, tem uma pas-ta com diversos desenhos... é como escolher uma tatuagem.”, Brinca Manoel. O diferencial da loja é que você pode trazer o seu desenho já pronto, portanto a própria banda poderia criar uma mistura legal de desenhos, ou fotos, não esquecendo é claro de colocar o nome da banda em des-taque. Nessa parte é só abusar da criatividade, incorporar nela o estilo que desejam transmitir.

As camisetas personalizadas têm o valor unitário, a partir de R$: 29,00. “Pra quem quer fazer uma encomenda maior, também aceitamos, e as camisetas saem mais baratas, dependendo da quantidade” comenta o vende-dor da loja Banca de camisetas, localizada no Shopping Pátio Hi-gienópolis. Marca que já possui um status por suas estampas diferentes e frases engraçadas, já sendo vista no figurino de apresentadores da MTV, e até nas novelas. Disponível também para comprar na loja on-line. Espaço Virtual.

Outra opção é um site que faz venda de diversos produtos personalizados, idéia legal para quem não quer se limitar há um único produto. As opções do “Superpersonalizados” são:

Produtos Personalizados

Canecas, camisetas, mousepads, toalhas, bonés,

cadernos, e muitos outros ob-jetos personalizados podemos adquirir de grandes bandas fa-mosas. Como Pietro Ferreira, muitos fãs de grupos que es-touraram por aí fazendo grande sucesso, tem interesse por tudo relacionado aos seus ídolos da música. Esses músicos além de descolarem muito dinheiro com a venda de CDs e fazendo Sho-ws, usaram da venda desses ar-tigos um meio de ganhar uma graninha extra.

Sua banda pode não ser lá tão conhecida... Mas vocês tam-bém podem ter os seus artigos personalizados, para quem está iniciando, a venda pela internet e para conhecidos é o melhor ne-gócio. Os grupos que já tenham onde se apresentar, uma dica é vendê-los nos próprios shows, e é claro... Pros internautas inte-ressados. Podem usar da venda de artigos da banda para investir em instrumentos, bancar algu-mas despesas, etc. O mais legal é que além de descolar uma gra-ninha, isso é um meio de divul-gação. Sim, se a galera que curte o som do seu grupo, tiver uma camiseta que esteja mostrando o nome e fotos, mais pessoas vão ver, é propaganda.

Mundo de opções

Em pesquisa para encon-trar as melhores oportunida-

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spoiledbrat.com

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produtos disponíveis, o lema é “Crie seu produto”. Por ser uma loja com endereço apenas virtual, ela possui preços mais acessíveis, a caneca personali-zada sai a partir de R$: 10,65 e as camisetas a partir de R$: 12,90. Então se o objetivo for realmente juntar uma grana

na venda, comprar em endere-ços apenas virtuais é um me-lhor benefício de custo e você recebe seu pedido em casa. Portanto, agora é só criar uma imagem legal e começar a di-vulgar sua banda de um jei-to novo... E o melhor de tudo isso? Ganhando dinheiro!

agendas, almofadas, bolsas, bonés, calendários, camisetas, canecas, chaveiros, mousepa-ds, quebra-cabeças, relógios, toalhas e outros, ou seja, não faltam opções de produtos. O site funciona assim, você man-da a imagem que deseja e eles colocam em qualquer um dos

Box de serviço

Banca de camisetas: www.bancadecamisetas.com.br

Super Personalizados: www.superpersonalizados.com.br

É só abusar da criatividade, incorporar

nela o estilo que desejam transmitir

Criando uma marcaA banda “Réu confesso” conta como faz para investir em seu diferencial

Divulgar a banda é sempre algo importante para quem

deseja maior reconhecimen-to do público, o seu som tendo um maior alcance. Para a ban-da “Réu Confesso” a divulgação começa com o nome, pois com a escolha adequada o retorno ten-de a ser positivo, “Escolhemos um nome, fizemos um traba-lho pra criar uma exclusivida-de nele, e assim ficou mais fácil divulgar”, comenta Guilherme Balbo, baterista da banda.

Ele conta que eles come-çaram criando uma identida-

de, além de passarem isso nas músicas, fizeram a imagem da banda, como em um Cd, esco-lheram uma fonte para as letras toda diferenciada, usaram de toda criatividade para criar sua “marca registrada”, é assim que se referem ao diferencial.

Essa marca está ligada ao que querem transmitir com suas músicas, o estilo pessoal da banda, algo que aos olhos dos integrantes transmita a iden-tidade deles. “Pode ter outras bandas com esse nome, mas quando olharem “Réu Confes-

so”, escrito com a fonte que es-colhemos, cores e tudo... não é ninguém mais, somos nós, isso que eu acho bacana”, opinião de Guilherme sobre a criação feita pela banda.

Quanto às bandas que tem dificuldade em encontrar um nome adequado, a dica do baterista é começar pensan-do mais a frente, em imagens, fontes, traços, pois sobre algo que definirem pode surgir ins-piração. A partir disso, é só tra-balhar para fazer a sua banda cada vez mais exclusiva.

Divulgação

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O festival de artes e música “Starts With You” (SWU),

que aconteceu durante o mês de outubro, em Itu, interior de São Paulo, impressionou pelo ta-manho, e principalmente, pelas atrações que se apresentaram durante os três dias. Passaram pelos palcos do festival bandas como, Rage Against The Ma-chine, Kings of Leon, Avenged Sevenfold, Sublime, Incubus e Linkin Park. O público, que pa-gou caro pelos shows, pulou, gritou, chorou e saiu da fazenda Maeda (onde aconteceu o SWU), com muitas reclamações e su-gestões para o próximo ano, po-rém com uma certeza, que tudo

tinha valido a pena.O evento foi baseado na

sustentabilidade, por um mun-do mais consciente do meio ambiente, querendo mostrar as pessoas que o planeta tem jei-to, e mostraram como devemos cuidar da Terra, pelo bem das gerações futuras. O engenheiro ambiental Rogério Marques de Souza, que foi para assistir aos shows do dia 11, comentou so-bre os ideais do evento, “Acho bem legal alguém se mexer para conscientizar a população sobre sustentabilidade, ainda mais em um lugar assim, com tantas pessoas jovens, que nem sem-pre se lembram do planeta ao

jogar suas bitucas de cigarro e suas latas de cerveja no chão”. O problema era que as latas de lixo eram raras e estavam muito longe dos palcos principais, por isso o público não pensava duas vezes em jogar o lixo no chão.

A ordem é reciclar

Porém, como a idéia é cui-dar do meio ambiente, os orga-nizadores do SWU contrataram uma cooperativa local para fazer a coleta de lixo, e reciclá-lo lá mesmo, durante todo o evento, e para todos verem. Foi montado um centro de reciclagem no meio do evento, antes do local dos

SWU, a sustentabilidade vista como algo sério, por um público um tanto diferenteCaio Rubini

Por um mundo melhorFlickr do SWU

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Page 43: Revista HolOFFote

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palcos para mostrar como é fei-ta a coleta e reciclagem do lixo. A recicladora, Joseane Pereira disse como é importante pra ele fazer a coleta e a satisfação de estar em um evento desse porte “A reciclagem começa em casa. Tiro o sustento da minha família inteira dessa coleta, e tento sem-pre passar a mensagem de que só podemos ter um futuro bom se começarmos agora, e isso é essencial na coleta de lixo re-ciclável”, Joseane trabalhou os três dias na tenda de reciclagem, e sempre estava com um sorriso no rosto, e ainda dançava en-quanto fazia seu trabalho.

Sustentabilidade em casa

A idéia da sustentabilidade em um evento deste porte não é tão nova assim. Na Europa, os grandes eventos já têm muitos princípios sustentáveis, como o uso de energia solar e eólica para abastecimento dos palcos, e o mesmo foi feito no SWU. O Rock In Rio que rodou pela Europa pelos últimos dez anos e voltará ao Brasil em 2011, é adepto des-te tipo de energia, e também é

a favor da sustentabilidade. Fo-ram montados fóruns pró sus-tentabilidade e vários donos de ONGs, personalidades, políticos e defensores do meio ambiente discutiram idéias para o futuro do Brasil e do mundo, nesse as-pecto. Foram tomadas decisões, além de redigirem alguns proje-tos de lei por um mundo mais sustentável. O projeto do SWU é

continuar com o festival por al-guns anos, sempre com a ban-deira da sustentabilidade.

As mais de 170 mil pes-soas que passaram pelo SWU vi-ram, ouviram e sentiram que um mundo mais ecológico é possível. A lição do evento foi que existe diversão sem gastos abusivos. As pessoas que ficaram os três dias reclamaram do camping, mas com ressalvas “Olha, eu fi-quei todos os dias, e foi duro to-

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mar banho de sete minutos por dia, além de todos os cuidados que eles tiveram para preservar o local onde estávamos, mas aprendi muito com o que passei, e acho que, se eles organizarem melhor, dá pra combinar a sus-tentabilidade com conforto e le-var isso para nosso dia a dia”, conta Luiza Nascimento.

Na América Latina, foi a primeira vez que esse assunto foi tratado com tal seriedade, e por um público que não se pre-ocupa muito com isso. Após um mês do evento, parece que as pessoas que se interessaram pelo assunto, assimilaram bem as idéias apresentadas em Itu, e tentam seguir neste caminho em suas casas. Luiz Felipe foi ao evento e falou sobre a sus-tentabilidade dentro de casa “Eu estou tentando reciclar lixo cor-retamente, e acho bem legal que as pessoas entendam tudo isso de sustentabilidade. Tudo que eu fizer para o bem do mundo, que seja jogar uma lata no lixo invés de jogar na rua, já pode fazer uma diferença enorme do final das contas”.

Os idealizadores já projetam um novo festival para 2011, e disseram que poderão abaixar o preço dos ingressos e da comida, já que uma garrafa de água con-tendo 250 ml custava entre R$ 4 e R$ 5, enquanto a comida mais barata era um espetinho de car-ne, que custava R$ 6. Esse foi um dos grandes problemas, pois como um evento que prega sus-tentabilidade pode cobrar tão caro nos ingressos, no acampa-mento e na alimentação. Porém a expectativa já é grande para o próximo ano. E o desejo do pú-blico é um som de qualidade, como em 2010, porém com um custo menor e mais acessível.

Flickr do SWU

Dá pra combinar a sustentabilidade com

conforto

Page 44: Revista HolOFFote

Battuta

$Além da coleta de lixo, o fes-

tival SWU trouxe uma no-vidade. Uma roda gigante foi construída logo na entrada do evento. Porém não era uma roda gigante comum, ela era movida por bicicletas, aonde as pessoas iam para fazer exercícios e car-regarem seus celulares.

A atendente e organizado-ra da fila para a roda, Marcela oliveira, contou como isso fun-ciona, “Junto das bicicletas tem

um armazenador de energia, que leva energia para a roda gigante, e tem uma tomada em cada bicicleta, onde você conec-ta seu carregador de celular, as-sim você faz com que as pessoas andem na roda, e ainda conse-gue manter seu celular ligado”. Fora a roda, existíam várias ten-das, onde podíamos trocar livros e camisetas que não gostamos mais, por camisetas e livros de outras pessoas.

Em um evento marcado pelas muitas críticas à organiza-

ção e pela insistência no tema da sustentabilidade, nem tão res-peitado assim no festival, a im-pressão que fica é que existe uma certa obsessão pela perfeição por parte da crítica brasileira.

Não há dúvidas de que hou-ve problemas e que muita coisa precisa melhorar para as pró-ximas edições (já foi anuncia-da a segunda edição do festival para 2011). Um evento que se diz sustentável não pode ser de tão difícil acesso, privilegiando aqueles que foram de carro, o

veículo mais poluidor. Enquan-to se pregava a reutilização e a reciclagem, garrafas e copos de plástico eram vendidos a torto e a direito.

Porém poucos elogiam as atitudes da direção, como o Fó-rum de Discussão sobre Sus-tentabilidade, totens de lixo reciclável, quase 1 milhão de latinhas foram recolhidas e re-cicladas e centros de energia solar e eólica. Os detratores di-zem que em vários festivais pela Europa tudo isso já acontece há muito tempo, e que o evento apenas usou o tema para ala-

vancar o seu marketing.Por mais que tais ações não

sejam novidade, é importante algum evento tomar essa inicia-tiva aqui no Brasil, mesmo que ainda engatinhando na ideia. O SWU deu o pontapé inicial, e um primeiro passo é sempre di-fícil. Tudo o que deu certo esse ano em Itu deveria se espalhar por outros shows pelo país. Ano que vem, tudo o que deu errado deve ser melhorado. Maior res-peito e cuidado com a sustenta-bilidade devem ser mais do que o slogan do festival, devem ser a marca dele.

Sustentabilidade e Diversão

Críticas Insustentáveis

Como os organizadores fizeram acontecer essa idéia de um mundo sustentável

SWU sofre com críticas que, embora pertinentes, são exageradasUm comentário de Thomas Shikida

Desta forma, o SWU mos-trou que a sustentabilidade é algo viável nos dias de hoje, que podemos nos acostumar a economizar e usar a energia de outras formas. Nos fóruns de sustentabilidade eles ensinavam sobre energia solar, eólica, etc. E assim, com a força de vontade mostrada no festival, poderemos construir um mundo melhor, afinal, Starts With You, ou seja, começa com você.

Flickr do SWU

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Page 45: Revista HolOFFote

(De)Compor

Chegou o fim de semana.Depois de trabalhar duro e ganhar o

dinheiro suado, chega o momento de sair, se divertir, beber e conhe-cer gente nova. Mas será que vale a pena gastar muito em um lugar di-ferente? Ou será que a diversão vai ser maior em um lugar mais barato? A revista HolOFFote visitou três ca-sas com preços diversos e analisou suas diferenças.

Resenha

Boa, Bonita ou Barata?

B Clube Praga: R$10,00.A casa fica na Barra Funda, a 15 minutos da estação. Com um estilo under-

ground, o local preza a decoração soviética e as luzes coloridas. Tem clima intimis-ta e amigável, com sofás e poltronas para conversar com os amigos.

Frequentado pelas pessoas cansadas da baixa Augusta, recebe os bem vestidos com um estilo alternativo, e dançam ao som animado dos DJs, que tocam rock alternativo e moderno. Os destaques principais são as noi-tes com tema de cinema, onde a pipoca é grátis e as promoções double: compre uma cerveja e ganhe outra. Outro destaque é a sala de exibição, que tem mostras de artistas underground.

B Alberta#3: R$35,00.A casa tem três andares. No subsolo, onde a pista fica, rock alternativo

e música eletrônica comandam. Nos outros dois andares ficam bares, ban-quinhos e mesas, no melhor estilo Lounge, para sentar e conversar. A casa oferece drinks bem preparados, mas nada baratos, como o Alberta, que leva tequila, purê de manga e borda com sal e pimenta do reino, e custa R$22,00.

Frequentado por pessoas de várias idades, o lugar sempre está lotado, o que as vezes é ruim.

B Hot Hot: R$60,00.Os drinks gigantes com picolé Rochinha dentro fazem parte das atra-

ções principais da casa, e custam, na média, R$20. Coloridos e com sabo-res variados (como gengibre, maracujá e pimenta), eles fazem a noite mais doce e exótica. A decoração da casa é a mais bonita. Com um padrão colo-rido cobrindo teto, paredes e chão do salão principal, a espiral de luzes no corredor de entrada (que deixa tonto o visitante desavisado) e o enorme painel de LEDs acima da pista de dança fazem valer a visita.

A primeira casa tem o clima mais intimista. Pelo preço ótimo, dá

pra levar amigos, beber a vontade e se divertir muito. O ponto fraco é a instabilidade de público: tem dias lotados e dias vazios. Diferente da segunda: Sempre lotada demais. A Alberta#3 é bonita e elegante, mas não tem nenhum atrativo especial a

não ser o público. A última casa, e a mais cara, também tem grandes pro-blemas. O atendimento ruim, fun-cionários mal humorados e público parado, faz com que ela perca os pontos que ganhou com a decoração.

Na visão da revista, as baratas valem mais a pena, se você quer di-versão e uma boa noite.

Angelo Dias

Para resolver o acorde

Angelo Dias

Beth Ferreira

Hot Hothttp://www.hothotsite.com.brRua Santo Antônio, 570(11)2985-8685

Clube Pragahttp://www.clubepraga.com.brRua Turiassu, 483

Alberta#3http://www.alberta3.com.brAvenida São Luiz, 272(11)3151-5299

Angelo Dias

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Page 46: Revista HolOFFote

(De)Compor

Ficha TécnicaTítulo Original: GLEE - 1ª TEMPORADA COMPLETAGênero: Séries De TvÁudio: Não DisponívelIdiomas: InglêsLegendas: Espanhol, Inglês, PortuguêsQuantidade de Discos: 7Formato de Tela: WidescreenAno de Lançamento: 2010Região: 4Cor: NTSCDistribuidora: Fox Film do Brasil

A série Glee fez sucesso no Brasil inteiro e, não era para menos, afi-

nal, todo brasileiro gosta de comédia e música de qualidade. A trama interage com o público jovem de uma maneira cômica, mostrando o cotidiano dos adolescentes fracassados do colégio McKinley, fazendo com que o especta-dor saiba que existem pessoas diferen-tes e muito talentosas.

Glee tem um diferencial importan-te das demais séries teens, pois, retra-ta situações típicas de jovens sem que os mais populares sejam os principais personagens. Fator que é reconhecido e apreciados pelos fãs. O clube Glee é formado pelos considerados esquisitos do colégio, os losers. Os integrantes são alvo de deboche de todos os outros alunos, mas, quando estão cantando, não se lembram de nada disso.

Na primeira temporada, houve muito trabalho em equipe para reer-guer o coral da escola McKinley e fazer com que ele chegasse às competições regionais. A missão foi um sucesso e fez com que os colegas começassem a olhar a turma com outros olhos. Mas o Clube Glee não venceu o campeona-to e, por isso, novamente foi criticado. Entre toda essa história, os alunos fa-zem a releitura de uma consagrada tri-lha sonora que conta com cantores de renome internacional Celine Dion, Bon Jovi, Avril Lavigne, entre outros.

A produção é dirigida por Ryan Murphy, que também foi diretor da série “Popular”, grande sucesso do início da década. Em ambas as pro-duções, Ryan usa a comédia com um atrativo para transmitir situações pelas quais todas as pessoas terão que passar em algum momento da vida.

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Aqui eles também têm a sua vez

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Juliana Cazarine

Divulgação

Divulgação

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sucesso da emissora americana MTV, no qual sua família era o centro do espetáculo, Ozzy consegue nos deixar presos e viciados em sua narrativa típi-ca de um rock star.

Ozzy não é exatamente o queri-dinho de todos, mas é uns dos artis-tas mais polêmicos, cheio de histórias peculiares e, nesse quesito, seu livro é unanimidade. Fã ou não do roqueiro, a biografia é uma boa pedida de leitura. Garante muitas risadas, conhecimen-to do mundo da música e momentos emocionantes. É fácil entender por-que o livro se tornou um dos mais vendidos nos EUA, basta passar os olhos em suas primeiras linhas para se sentir seduzido.

um senhor de 60 anos que ainda é um roqueiro famoso.

A linguagem é objetiva, direta e, em grande parte, carregada de humor e palavrões, o que faz do livro a cara do roqueiro e ainda mais atrativo. Ozzy permite uma viagem não só à sua vida, mas à

história do rock, apresentando ino-centemente figuras que ainda se tornariam grandes suces-

sos como Eric Clapton, Robert Plant e os próprios integrantes do Black Sabbath: Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward.Mas o grande destaque do li-

vro é, sem dúvidas, seu depoimento sobre a trágica morte de seu amigo e guitarrista, Randy Rhoads. É impos-sível não se emocionar ao ler sobre a amizade e a importância do roqueiro norte americano para Ozzy. É percep-tível como Rhoads era um exemplo para ele, especialmente por ser total-mente o seu oposto.

Enquanto o guitarrista não be-bia ou usava drogas, Ozzy tratava de ser especialista nos assuntos, o que também os diferenciava quanto à res-ponsabilidade profissional. As drogas e o álcool tomaram conta da vida de Ozzy Osbourne, o que é bastante re-trato no livro. O vício era maior do que a carreira de sucesso, a ponto de Ozzy ter problemas com os companheiros de Black Sabbath e ser expulso. A situação não mudou com a carreira solo, mesmo com o exemplo de Rhoads tão próximo e a admiração que este lhe causava.

As quase quatrocentas páginas de “Eu sou Ozzy” parecem pouquíssimas a quem se rende à sua leitura, extrema-mente prazerosa. Ainda mais humano do que no reality show The Osbourne,

A vida de uma estrela de rock é sem-pre interessante. Imagine, então,

ler a história de um cara que mordeu um morcego ou que simplesmente apresenta sua auto biografia se justi-ficando por não lembrar tantas coisas por causa das drogas. “O que você vai ler aqui é o que consegui tirar da ge-léia que chamo de cérebro quando ten-tei lembrar a história da minha vida. Nada mais, nada menos...”. Assim, John Osbourne, muito mais conheci-do e aclamado como Ozzy Osbourne, anuncia o começo de seu livro auto biográfico “Eu sou Ozzy”.

Dentre os Best Sellers nos Estados Unidos, o livro do ex- vocalista do Black Sabbath traz desde sua infância pobre em Aston, na Inglaterra, até a vida de

(De)ComporSexo, drogas, mais drogas, e muito rock n’ rollRaquel Brandão

Ficha TécnicaTítulo: Eu sou Ozzy (I Am Ozzy)Autor: Ozzy OsbourneTradução: Marcelo BarbãoEditora: BenviráAno: 2010416 páginas

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(De)Compor

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O filme “Os Embalos de Sábado à Noite” (Saturday Night Fever) é uma ótima oportunidade de conhecer melhor

o mundo da discoteca. Uma trama boa para todos que gos-tam de dança e música dos anos 70 e 80. O “Embalos” fez a moda das pistas de dança na época.

Quem assiste esse grande sucesso, não consegue ficar parado. Nos trechos em que John Travolta vai à pista de dan-ça e começa se embalar, não há quem resista. É um grande sucesso musical de 1977, no qual o grupo Bee Gees teve sua parcela de responsabilidade, com músicas como, Stayin Ali-ve, How Deep Is Your Love, entre outras.

O filme foi dirigido por John Badham, o diretor teve como objetivo ressaltar a dança junto a uma trilha incrível de grupos e cantores da época. O filme destaca um jovem sem perspectiva de vida, mas que, quando entra numa pista de dança, sente tudo mudar. Tony sente-se diferente e, ao longo do filme, percebe que tem que mudar de vida.

Tony Manero personagem de John Travolta mostra

Na PistaO destaque de John Travolta, acompanhado de uma fantástica trilha sonora Lis Assis

Ficha Técnica

Nome original: Saturday Night FeverDiretor: John BadhamElenco: John Travolta, Karen Lynn Gorney, Barry Miller, Joseph Cali, Paul Pape, Julie Bovasso, Martin Shakar, Lisa Peluso, Denny Dillon, Fran Descher, Ann Travolta, Helen Travolta.Produção: Kevin McCormick, Robert StigwoodRoteiro: Norman WexlerFotografia: Ralf BodeTrilha Sonora: Barry Gibb, Maurice Gibb, Robin Gibb, David ShireDuração: 119 min.Ano: 1977País: EUAGênero: DramaCor: ColoridoEstúdio: Paramount Pictures

como era a vida de um jovem morador do Brooklin. Ele tra-balhava de segunda a sexta vendendo tintas em uma loja. Esse ritmo de vida tornava seus dias cansativos.

Os Embalos moldou a moda das pistas de dança, fazen-do um grande sucesso no final da década de 70. John Travol-ta ficou conhecido por esse trabalho, que abriu portas para vários outros. Saturday Night Fever virou um ícone cultural porque revolucionou a moda e a música. As roupas levaram cores mais alegres e formatos fora do habitual, proporcio-nando uma característica própria da maioria dos jovens da-quela época.

A revolução que o filme trouxe às pessoas foi algo que complementou suas vidas. Uma maneira de extrair toda semana cansativa e pesada, tornando a pista de dança um lugar certo para relaxar a cabeça. Se percebermos, até hoje essa influência continua, nos fins de semana, muitas pessoas procuram lugares para se distrair. Melhor ainda se esse lugar tem música e dança.

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Solo

Foi-se o tempo em que ser religioso era ficar ajoelhado no milho rezan-

do ou em retiro espiritual. Hoje, é cada vez mais forte a tendência de moder-nizar as práticas e cultos nas diversas denominações religiosas existentes no Brasil. Isso é um dos fatores funda-mentais para o aumento do número de jovens nas Igrejas. A juventude tem procurado uma religião para professar sua fé e aumentar seu convívio social e sua rede de amigos — unir o útil ao agradável. Para isso, nada melhor do que música e dança.

As Igrejas evangélicas vieram com tudo na guerra por novos adeptos: os cultos sempre estão acompanhados de músicas animadas, corais afinados e coreografados e sempre muita gen-te jovem e bonita. Os ritmos variam: rock, samba, forró, axé e até funk, vale tudo para atrair a juventude para as reuniões. Cantar, dançar, bater palma e gritar são meios consagrados para fide-lizar os membros. Alguns grupos mu-sicais ganharam as rádios e até fazem “cultos-shows” de proporções gigan-tescas, a exemplo do grupo de louvor Diante do Trono, que reuniu, em Salva-dor, mais de 1 milhão de pessoas.

Perdendo muitos fiéis, a Igreja Ca-tólica, a mais tradicional denominação

cristã que existe, precisou mudar e ani-mar suas missas para atrair novamente as ovelhas desgarradas, especialmente as mais novas. Hoje, as missas e en-contros de jovens envolvem música, dança e coreografia. As já conhecidas músicas católicas ganharam novas rou-pagens e outras surgiram, no intuito de aproximar os adeptos. Essa renovação começou com o Padre Marcelo Rossi e, depois, outros se lançaram no meio musical, o que fez com que as missas desses padres se tornassem um recorde de participantes.

A nova onda entre Igrejas CristãsCom a filosofia de que os jovens

de hoje serão a liderança de amanhã, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias investe pesado nos ado-lescentes de 12 a 18 anos, e nos adul-tos de 18 a 31. Além dos programas religiosos, esses jovens participam de festivais culturais de dança e música todos os anos e têm muitas oportuni-dades para desenvolver seus talentos, divertir-se e fazer novos amigos. Por exemplo: em um evento único na his-tória da Igreja no Brasil, por ocasião da rededicação do Templo de São Paulo, foram reunidos mais de 10 mil dança-rinos (todos amadores e a maioria, jo-vens de 14 a 30 anos), além de centenas de participantes no coral.

Como o mundo oferece diversão a granel, a maioria não-saudável, do ponto de vista cristão, a saída para ti-rar esses jovens da vida pagã e firmá-los na fé que cada religião professa foi agregar música e dança na rotina deles, dentro da Igreja. Não se trata mais de um recurso opcional, mas necessário. E funciona. Os jovens têm sido atraídos para as Igrejas como mosquitos para a luz. Como eu fui.

divulgação

divulgação

Oficina G3: banda cristã que começou tocando em cultos

Padre Marcelo Rossi: fãs e fiéis

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Juliana César

Page 50: Revista HolOFFote

Dia de gravação. Antigamente, esse era o momento em que

a galera da banda se reunia cada um com o seu instrumento. Gui-tarra, violão, bateria, microfone, entre outros. Era importante dar um jeitinho de transportar toda a parafernália numa Kombi. Tam-bém tinham que arranjar espaço para se “apertar” em meio a todos os equipamentos e seguir viagem para o estúdio de gravação.

Chegando lá, ainda era pre-ciso montar peça por peça da bateria. Afinar violão, guitarra ou contrabaixo, ajustar microfo-ne no pedestal e ainda ter fôlego para começar a gravar as mú-sicas que iam entrar no CD. É claro que não podia haver erro nenhum na hora da gravação, senão, tinham que começar

O guitarrista da banda Pato Fu, John Ulhoa, só usa

efeitos eletrônicos nas suas mú-sicas. Porém, existem outros ar-tistas que são mais “puristas”, ou seja, gostam de cantar suas músicas sem a intervenção de programas de correção. É o caso da cantora americana de R&B (Rhythm and Blues), Alicia Keys, não permite o uso de nenhum aparelho de correção ou efeito de voz nas suas gravações.

A evolução da tecnologia na música não deixa os músicos pre-guiçosos. Pelo menos não os que desejam ser considerados bons.

tudo novamente. “Era trampo demais. Nessa época, a gente ficava exausto”, conta Marcos Oliveira, 23, integrante da ban-da Ankh Set.

Porém, com a tecnologia evoluindo em parâmetros inima-gináveis, todo esse trabalho está se tornando mais simples.

“O tipo de equipamento musi-cal que mais evoluiu foi os eletrô-nicos. Com certeza, até mudaram a história da música”, diz Rogério Maçan, músico, professor e dono da escola de música Melody.

Os Instrumentos Virtuais

De acordo com Breno Cal-mon, 28, engenheiro de som do IAV (Instituto de Áudio e Vídeo), os instrumentos virtuais pos-

suem a capacidade de reprodu-zir eletronicamente os sons da maioria dos instrumentos usa-dos pelos músicos. Todos esses sons são denominados como timbres ou sons em MIDI.

Hoje, em aparelhos ele-trônicos são gravados os tim-bres e sons captados a partir do toque de piano, violão, guitarra, bateria, saxofone entre outros. Assim, quando armazenado num cartão de memória, podem ser usados em diversas compo-sições sem precisarem ser toca-dos novamente por uma pessoa. Não é mais preciso contratar uma orquestra inteira para agre-gar sons à música. Através des-ses cartões de memória com tim-bres, o trabalho está pronto.

O teclado e órgão eletrônico

Os equipamentos musicais evoluíram em edição, armazenamento e produção, além disso, ficaram menores, mais práticos e digitais

Além da ImaginaçãoPor Leandro Medeiros

Jimi Hendrix fazia efeitos incríveis de guitarra. Na sua época, usava de todos os recur-sos que possuía para reprodu-zir os efeitos que ele queria nas suas canções.

No álbum, “Electric La-dyland” tem um efeito que ele utilizou em uma de suas faixas que chegou a intrigar muitos músicos, todos achavam que ele tinha feito algo mirabolante usando as pedaleiras de distor-ção da guitarra, mas, na verda-de, soprou uma folha dobrada

de papel próximo da guitar-ra, que com o atrito produziu ru-

ídos bem diferentes. Ele também usava muitos tipos de objeto para criar diferentes efeitos.

“Jimi Hendrix influenciou muitos artistas com essas arti-manhas, a banda Van Halen e Mr. Big faziam coisas semelhan-tes”, ressalta Breno Calmon.

O guitarrista Paul Gilbert, da banda Mr. Big (fez muito su-cesso no início dos anos 90), chegou a usar uma furadeira em um shows para criar esses tipos de efeitos, que só surgiram de-pois com a evolução das guitar-ras, dos amplificadores, das pe-daleiras e, é claro, dos músicos.

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Artimanhas diferentes para trabalharApesar de a máquina oferecer muita coisa ao artista, a criatividade do músico ainda é o cérebro da criação

Page 51: Revista HolOFFote

possível corrigir a voz.O efeito do AutoTune soa, às

vezes, forçado, pois a voz é re-produzida “robótica” e não na-tural. Assim, fica evidente que o som está sendo manipulado por uma máquina. Um dos recur-sos dele ficou muito conhecido entre os músicos, pelo nome de “Efeito Cher”, pois ele foi usado pela primeira vez na gravação da canção Believe, da cantora Cher no final dos anos 90.

O Editor Musical

De acordo com Breno, o pro-grama de edição musical mais usado é o Pro Tools. Ele pode ser usado depois que as músicas foram gravadas no estúdio. Tudo através de uma manipulação na gravação original feita a partir de equalizadores sonoros, que podem cor-rigir toda a harmonia da música, sem deixar pas-sar nenhum errinho.

“O Pro Tools é um excelente editor musi-cal, funciona como um Photoshop da música. A maioria das pessoas que trabalham com música usa esse programa virtu-al”, conclui Calmon.

já possuíam a função de repro-duzir o som de vários instru-mentos, através de um botão que dava às teclas sons diversos. Mas para fazer efeitos diferentes no teclado, o músico tem que fa-zer downloading de timbres na internet e, depois, passar para o teclado. Hoje, já existem tecla-dos que têm capacidade de ler disquete, CD e até pen drive.

O poder nos dedos

Breno também ressalta que, com a moda dos equipa-mentos touch screens, o mer-cado oferece aparelhos que têm o som de instrumentos reais e possuem essa tecnologia, como o Ipad, da Apple, que reproduz o som de uma bateria com ape-nas um toque.

“A marca australiana Misa desenvolveu uma guitarra to-talmente eletrônica e com tec-nologia touch screen, eliminou totalmente as cordas. Isso facili-tou o trabalho do músico que faz distorções e efeitos, pois, antes, o guitarrista, tinha que plugar o fio da guitarra no amplificador e utilizar pedaleiras com bastan-tes timbres para reproduzir sons com distorção.

“Com a nova guitarra digital da Misa, efeitos e distorções so-noras podem ser usados de uma maneira simples sem precisar de equipamentos”, explica Marcos.

O salvador das vozes

A tecnologia veio também para afinar a voz. Calmon conta que o aparelho de correção so-nora mais usado é o AutoTune. Ele é um moderno programa de computador que afina a voz do cantor ou corrige erros que acontecem durante a gravação. Até mesmo num show ao vivo é

“O Pro Tools é um excelente editor

musical, funciona como um Photoshop

da música...” Breno Calmon,

engenheiro de som do IAV

Anos 30

Anos 50

Anos 2000

Futuro

Gibson ES-150

Gibson Les Paul

Fender Stratocaster

Misa Digital Guitar

Evolução das guitarras

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Na parada do game songNo declínio da Indústria Fonográfica, os games musicais ascendem e também pode mudar a forma como consumimos música atualmente

No primeiro rife da guitarra já vem o arrepio, na sequência

o solo, e Marcos Luiz precisa se preparar para não perder o fôlego e nem quebrar os dedos; o solo é exaustivo. Ele vai de Through Fire and Flames da banda Dragonfor-ce, e na sala de casa toda a família se reúne para ver a apresentação. Marcos convocou a todos porque conseguiu o feito de tocar a mú-sica toda pela manhã. “Eu estou treinando faz um mês. No começo mal dormia, era chegar da esco-la, jogar a mochila e correr para o quarto. Eu tinha que tomar cui-dado para no final do dia, meus dedos não caírem no chão”, brin-ca o estudante de 16 anos.

Sua única preocupação será tocar sua guitarra, que foge um pouco dos padrões convencio-nais a começar pela ausência de cordas, possui no lugar botões

em cores sortidas, mas inspi-rada na clássica Fender Strato-caster mantêm relação fiel aos acordes da original. Também não precisará de nenhum am-plificador, o som da TV de LED é suficiente para reproduzir com emoção o feito conseguido pela manhã: marcos conseguiu sal-var Trought Fire and Flames no nível “hard” de Guitar Hero.

Som e imagem sempre fi-zeram um bom casamento de mídias, e nos videogames este matrimônio também acontece. Dos consoles mais antigos como Pac Man ou Super Mario Brós aos atuais Guitar Hero ou Rock Band, a música é objeto impor-tante para o sucesso de um jogo. “Uma boa trilha sempre ajuda, não chega a interferir, mas se o jogo é de RPG, carros, por exem-plo, o som ajuda na emoção”,

comenta a estudante de Progra-mação Visual, Ingrid Figueredo.

Reality Game

O hibridismo de recursos gráficos, inteligência artificial e a interatividade têm tomado con-ta dos games, cada vez mais há a tentativa de aproximá-los da nossa realidade, mas mantendo relação com o lúdico. Para alguns estudiosos eles constroem um ambiente em que o gamer tem autonomia para construir no jogo uma história que mantêm vínculo direto com a sua própria histó-ria, como se ele imergisse numa realidade de transformação. “Se eu estou num jogo de corrida de carro, automaticamente eu vou procurar uma opção de música parecida com as que eu ouviria no meu carro, para incorporar o jogo mesmo”, diz Ingrid.

And the winner is...

Enquanto a indústria fonográfica passa por uma crise que já atinge uma dé-cada, estimulada pela pira-taria e registrando em 2009 uma queda de 7% da recei-ta global de músicas grava-das, segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica, vem na con-tramão do negócio o au-mento no consumo de ga-mes musicais. Rock Band atingiu a marca de 750 mil faixas vendidas em apenas duas semanas, enquanto Guitar Hero III precisou de apenas sete dias para bater

Gameplay: Guitar Hero 3

Tamires Farias

gamespot.com

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Na parada do game song 1,3 milhão de cópias em 2008, segundo dados da empresa NPD Group de pesquisa de mercado.

Coisa de Menina

O público consumidor de ví-deo game também sofreu alte-ração nos últimos anos. A priori era considerado brincadeira de menino, mas a popularização dos musicais diversificou o cenário. Ainda em 2008 este tipo de se-guimento superou pela primeira vez os de esportes, tendo como principal público consumidor o feminino. “Eu acho um barato, porque era difícil encontrar um

jogo para menina que não fosse bobinho. Com esses eu me sinto uma estrela, fazendo o meu “soli-nho”, e o meu interesse por músi-ca aumentou muito depois que eu comecei a jogar”, comenta Larissa Aparecida, estudante de farmácia e viciada em videogames.

Game Over?

Para os mais conservadores este tipo de divulgação pode não ser de todo proveitosa. Acontece que nem sempre os gamers de de-terminado jogo são fãs ou conhe-cem a fundo o trabalho do artista que está sendo representado ali. “Acho que toda divulgação para uma banda é bem vinda, ter a sua música em um jogo pode fazer o seu publico aumentar bastan-te, mas o jogador não pode ficar acomodado, achando que isso o vai ensinar a tocar algo ou apren-der mais sobre música”, explica o músico Márlon Taboada.

Não há como negar a gran-de capacidade de divul-

gação de material fonográfico através dos games. Quando não feito para exaltar os su-cessos de uma determinada banda, vem para apresentar algo novo, como no caso do alternativo AudioSurf, que possui trilha sonora apenas de bandas independentes.

A nova bola da vez é o Rei do Pop, que será o pro-tagonista do jogo "Michael Jackson: The Experience", com lançamento previsto até o final de novembro para Nintendo Wii, Nintendo DS e PSP, e a partir do início de

As luzes não se apagamO jogo oficial de Michael Jackson possibilita diversos recursos para diversos consoles

2011 para as versões de PlayS-tation3 e Xbox 360.

O jogo vai permitir que o gamer aprenda os passos de Michael e reviva os principais momentos da carreira do astro. Ainda poderá soltar o gogó e acompanhar singles como Beat It e Black or White.

As possibilidades do jogo variam para cada console, no Xbox, por exemplo, será criado um avatar em 3D do jogador ao invés dos bonecos da Xbox Live, já a versão Wii da Ninten-do virá acompanhada de uma luva branca com brilhantes pa-recida com as que Michael usa-va em seus shows.

Guitarra do game

“O meu interesse por música aumentou

muito depois que eu comecei a jogar”

Larissa Aparecida

Divulgação

Kramer

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São 10h30. 3...4...!!! - Não! Ain-da não! Só quando eu disser

agora, pôô!, grita Wesley. Vai... 3...4... e... tihh tahh tiiih tahh! Até que, finalmente, a bateria de um dos integrantes da banda Sunshower soa em um pequeno, porém, aconchegante estúdio na Zona Leste de São Paulo.

O trio é composto por Kauê Morais (vocal e baixo), Wesley Lima (bateria) e Michel Cassiano (guitarra). Juntos há aproxima-damente cinco anos, criaram di-versas bandas ao longo das car-reiras, no entanto, por motivos pessoais, separaram-se. Tempos mais tarde, decidiram apostar novamente na idéia e então, sur-giu a Sunshower. “Começamos tocar juntos em participação de outras bandas e, um dia, a von-tade de voltar a cantar fez com que retomássemos nossa car-reira. E aqui estamos!”, afirma Kauê Morais, vocalista.

Com um objetivo totalmen-te diferente de muitas bandas, pretendem levar a música para todos os apreciadores, porém, transmitir nelas a paz, a alegria e a renovação em que encontram ao tocá-las. “Queremos mostrar que a música vai muito além do que muitas pessoas acham. Ela é paz, vida, ela é nosso refúgio da correria de todos os dias!”, declara Wesley Lima, baterista.

Tudo na net!

Com o auxílio de progra-mas da internet como Youtube, Myspace e Blogs, divulgam seus trabalhos, vídeos de ensaios,

making-off, o que proporciona à eles muitos apreciadores do som que fazem. “Nós passamos a lan-çar vídeos na internet e tivemos muitos acessos, muito mesmo. Isso nos proporcionou algum re-conhecimento. Donos de casas de shows e pessoas que vivem através da música têm nos pro-curado”, ressalta o vocalista.

Embora muitos profissionais acreditem que as novas tecnolo-gias fizeram com que a originali-dade e as grandes idealizações de antigos músicos se perdessem, o grupo aposta que pode se conciliar as inovações e a filosofia de cada indivíduo, sem perder a essência e o foco de cada um. “Os novos pro-gramas e equipamentos são muito bons, porque, caso você precise co-locar efeitos de violino ou piano em uma música, e sofra com o relógio correndo (cada minuto é pago den-tro de um estúdio), precisamos da tecnologia pra poder colocar um instrumento digital na música. É mais barato do que contratar um tecladista, e mais rápido. Já fize-mos isso e o resultado é o mesmo”, comenta Morais.

Como muitos músicos ini-ciantes, os Sunshower encontra-ram maneiras alternativas de di-vulgar seus trabalhos e garantir que seus fãs acompanhem a tra-jetória do grupo. Através de redes sociais e programas gratuitos da

internet, postam suas novas com-posições e os primeiros shows agendados. “Com a tecnologia es-tamos, aos poucos, conseguindo retorno. Por sermos uma banda nova, já estamos gravando duas músicas próprias em estúdio e, em novembro, já teremos o nos-so primeiro show para um grande público!”, diz Kauê.

É super fácil!

Programas como o Pro-tools, auxiliam amadores e profissionais a editar, gravar, modificar e mixar áudios. O sistema mais básico é capaz de gravar, ao mesmo tempo, 18 trilhas. Já os mais avançados, Pro Tools HD, 192 canais e são muito utilizados em estúdios. Para quem pretende criar um home–studio, aconselha-se o Pro-Tools LE, versão light, pois permite gra-vações em computadores e é apro-priado para músicos que divulgam seus trabalhos em CDs produzi-dos em casa e na internet.

As bandas mais reconhe-cidas no universo musical utilizam mesas de mixagem ou programas do Pro Imac (Apple), porém, o cus-to é um pouco mais elevado. Uma boa opção para quem não pre-tende gastar muito dinheiro, é o GarageBand. Pode-se gravar em casa, é gratuito, indica as novida-des do mercado, auxilia nas pro-

Tecnologias auxiliam na produção musical, divulgação gratuita de trabalho, além de inserir novos músicos ao mercado

Novas ondasAna Carolina Gabriel

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duções, além de oferecer dicas de como evitar erros no momento da produção. Há também o Virtual DJ, do Windows, gratuito, permite mesclar músicas aos novatos ou veteranos da área.

Todos esses programas devem ser baixados ou compra-dos, porém é importante observar se seu computador tem espaço necessário para comportar as ver-sões dos softwares.

“Precisamos da tecnologia para poder colocar um instrumento digital na música, é mais barato do que contratar um

tecladista, e mais rápido” Kauê Morais

Da mesma maneira com que o avanço das novas

tecnologias no ramo da músi-ca trouxe grandes benefícios aos amantes dessa arte, fez com que a originalidade das produções e o surgimento de muitos amadores encarassem a profissão como brincadeira. “A tecnologia atual oferece a oportunidade de manipulação de timbres, sonho de qualquer compositor que antes tinha que se resignar aos instrumen-tos existentes. Mas, por outro lado, permitiu que pessoas sem qualquer talento ou formação invadissem o espaço do pessoal realmente qualificado”, comen-ta José Carlos Santos, músico profissional e professor.

Muitos softwares e ins-trumentos atuais auxiliam na

edição, gravação e captura na produção musical. Trabalham como verdadeiros photoshop, evitando erros cometidos pe-los profissionais e produzindo uma música com sonoridade extremamente perfeita. “Uti-lizo com meus alunos progra-mas de gravação e edição digi-tal no computador, mas nada substitui o contato com os ins-trumentos tradicionais. Evito ao máximo que eles se escon-dam atrás de seqüenciadores e acompanhamentos automáti-cos.”, afirma José.

Com aproximadamente 40 anos de profissão, o profes-sor analisa que de uns 20 anos para cá, surgiram variedades de equipamentos e efeitos comple-mentares que faz com que qual-quer profissional da área tenha

dificuldades em assimilar essas novas tecnologias. “Mal conse-guimos assimilar os novos equi-pamentos e efeitos que surgiram. O problema é que todos deveriam ser complementares e tem mui-ta gente se escondendo atrás dos bonitos efeitos que eles criam es-quecendo a mãe principal, a mú-sica.”, diz o profissional.

Infelizmente a música no Brasil não é vista como uma profissão que trás retornos fi-nanceiros aos amantes. Por isso, aos que se interessar em seguir carreira nesse ramo, deve-se se ater as dificuldades em que en-contrarão no percurso. “Aos mú-sicos iniciantes, aconselho ter outra ocupação paralela e que aprendam inglês, francês e es-panhol, se quiserem ter chance no mercado.”, diz o músico.

O aumento da tecnologia em sistemas e aparelhos musicais causa polêmica com profissionais da música

Por outro ângulo

Software VirtualDJ: Igual uma pickup de DJ

Divulgação

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O som da Web

Momento escolhido

Aos apaixonados por música, que escutam de tudo con-forme o que está se passando na sua vida, a dica vai

pro site “Stereomood”. Nesta página, há várias opções de “playlists’’ para ouvir conforme seu humor, ou atividade no momento. Está triste? Feliz? Apaixonado? Quer relaxar? Vai fazer um jantar para amigos? Essas são uma das 61 opções do que você pode encontrar no site. Em um tour pela pági-na é possível encontrar na sessão “Let’s Party” sons como “Scarlet Begonias – Sublime”, aos românticos de plantão, uma das 699 músicas disponíveis no tema está “Friday I’m in Love – The cure”. O Twitter (@stereomood) é uma opção legal para acompanhar as novidades, também está disponí-vel para você “curtir” no Facebook. (www.stereomood.com)

Planeta da MúsicaQuem ouve música no rádio, sempre escuta algo novo e di-

ferente, sons que muitas vezes gostamos e nem sempre conseguimos saber qual o nome da canção, ou quem está can-tando. No site “planetadamusica” é postado tudo o que rolou nas rádios, encontramos a lista de músicas tocadas em cada dia, em rádios como: Antena1, Metropolitana, rádio Eldorado, Nova Brasil FM, entre outras. Tudo de mais novo nos lançamentos musicais também estão por lá, além de algo bem interessante como conferir a trilha sonora de filmes que estão estreiando no cinema. Na página você pode se cadastrar para receber infor-mações atualizadas por e-mail. (www.planetadamusica.com.br)

Saiba o que há de melhor no mundo da música, também no universo OnlineThaís Vannucci

stereomood.com

open4groups.com

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A Vibe Eletrônica

Pra quem gosta também de música eletrônica, “Soundshi-ver” é opção. Apesar do nome em inglês, o site é todo

em português. A página mostra equipamentos diversos para quem produz música e seus tutoriais, desde explicações com vídeos e fotos de como usar diferentes programas pra pro-dução de músicas, tutorial de formação de acordes no piano, auxílio para quem quer comprar equipamentos para estúdio e muito mais. É possível ouvir Set’s inteiros com sons exclu-sivos, além de conferir perfis e a história de grandes nomes da música eletrônica como: Gms, Wrecked Machines e Gui Boratto. (www.soundshiver.com)

Músicos na WebVocê provavelmente tem, ou já ouviu falar do

Orkut, Facebook, Twitter, Myspace. Todos esses são sites de redes sociais. Mas e o site “mu-sicosnaweb”? Pois é... Esse é um site de rede social voltado pro músico na internet. A página possui nos seus membros, músicos de todos os tipos como: vio-linistas, pianistas, professores da área musical e etc. Ele ainda oferece espaço para você divulgar sua ban-da, compartilhar suas fotos, músicas e idéias para o mundo, divulgar sua escola de música, seu show ou evento e outros. Para virar membro, basta fazer seu cadastro gratuitamente. (www.musicosnaweb.com)

Fábio Coelho é um dos usuários da rede social do músico na internet, guitarrista sem banda. Ele conta que já tocou em um conjunto que se apresentava em bares na noite. O grupo era conhecido como “Sorez”, mas por desentendimentos, eles interromperam o trabalho e cada um seguiu sozinho com a música. Ele fala um pouco mais sobre o conteúdo do site

Holoffote: Fábio, o que você procura no site “músicosnaweb”?Fábio Coelho: Olha... Eu me cadastrei por curiosi-dade mesmo, como gosto de tudo ligado a música, achei interessante conhecer pra poder entrar em contato com outros músicos. Eu tenho intenção de formar outra banda, e que dessa vez dê certo.Holofote: Você consegue ter esse contato dire-to com outros músicos? Já conheceu alguém?Fábio Coelho: Tem contato sim, eu fiquei amigo de um cara que toca baixo, já fui a eventos que divulgaram e conheci um pessoal. ”Holoffote: Qual a diferença deste, para outros sites de redes sociais? Fabio Coelho: A grande diferença é que eu sei que todo mundo que esta no “músicosnaweb” tem algo em comum comigo, o gosto pela música, o que já te faz se interessar mais em ter contato com pes-soas que você não conhece, diferente do “Orkut”, por exemplo

As Letras 10Chega de “Lalala... Nanana e Blablablá”, se você adora

cantar as músicas que curte, não faça feio, vai uma dica pra que você possa cantar certo. O site “letras10” pode te ajudar a conhecer a letra de suas músicas prefe-ridas, são muitos artistas com destaque, além do Top 10 dos artistas mais acessados, onde estão os sucessos mais atuais. E caso não tenha a letra da canção que deseja sa-ber, você pode clicar no link “sugerir letra”, adicionando

o som que quer ver no site, para não ficar de fora. Há uma opção pra escolher músicas do “letras10” e definir como toque do seu celular, os famosos “ringtones”. A página também atualiza notícias do mundo da música e te mantém por dentro do que rola com vários cantores famosos. As canções em inglês podem ser traduzidas pro português, ideal pra quem quer saber sobre o que está cantando! (www.letras10.com.br)

soundshiver.com

letras10.com.br

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A arte de ter uma banda

Clériston Ribeiro

Caio Rubini

Fazer parte de uma banda não é o sonho que muitos pen-sam. Na verdade, está mais pra pesadelo do que pra so-

nho. São brigas, discussões, dinheiro que vai e nunca volta, noites sem dormir, ensaios, reuniões e... Mais brigas! O pro-blema é, quando você ama alguma coisa, dificilmente larga tal coisa, certo? Bom, eu sou assim com a música.

Há cerca de um ano, eu e uns amigos decidimos for-mar uma banda, afinal quem não quer ganhar rios de di-nheiro, sem ter que estudar e sem ficar em um escritório, não é? Embarcamos neste sonho com dois objetivos: fi-carmos famosos e nos divertir. Um ano depois, não con-seguimos nem um, nem outro.

A diversão veio rápido. No começo eu adorava ir para o estúdio tocar, fazer novas versões para músicas conhecidas e gastar todo meu dinheiro na minha guitarra (novíssima, presente do meu avô). Mas, com o tempo, a seriedade au-menta, afinal, uma banda de certa forma é um trabalho, não remunerado e que só dá dor de cabeça, mas é um trabalho. E quando o negócio fica sério, começam as brigas.

Os shows vieram e recebemos uma boa resposta do público. Tocamos nas menores casas de shows de São Pau-lo (em uma delas, o camarim é uma antiga lavanderia, tem até tanque, ralo e cheiro de esgoto), mas tudo sempre vale a pena. Mas as discussões ultrapassaram o limite aceitável, e a diversão acabou.

Até que fomos fazer mais um show, na conhecida Rua Augusta, no centro da cidade. Ao chegar na casa do outro guitarrista, (após seis shows eu ainda não havia decorado o

caminho pra Augusta, distraído que sou) vejo todos senta-dos, como se fosse apenas mais um sábado normal. Logo me desesperei, gritando pra todo lado:

— Vamos, vamos, vamos, o show é daqui duas horas e ninguém está pronto?

É óbvio que eles deram a típica resposta que meu pai daria:

— Fica tranqüilo, dá tempo, sempre dá tempo, e o show vai atrasar você vai ver.

Após esse momento de descontrole, e mais algumas gri-tarias, saímos em alta velocidade em direção ao show, pois lá nada tinha atrasado e o tínhamos quinze minutos para chegar. E pra ajudar, o trânsito estava impossível. Fechei uns trezentos carros, passei todos os faróis, quase bati três ve-zes, duas delas no carro do meu amigo, e chegamos no local na hora que deveríamos estar saindo do palco.

Os produtores nada fizeram além de rir, porque na cor-reria de carregar instrumentos, a calça de um dos integran-tes da banda caiu e ele tropeçou no meio de todo mundo. E, por incrível que pareça, não fui eu! Enfim, após muita conversa e dinheiro, conseguimos subir no palco! Tocamos três músicas, para dez fãs, e ainda arrumamos briga com o técnico de som. Um verdadeiro desastre.

Pensamos seriamente em parar com essa banda depois desta tragédia, mas como bons brasileiros, não desistimos nunca, não importa o quanto falhemos e o quanto rirem de nossa cara ao redor do mundo, sempre estaremos lá para di-vertir a enorme multidão de 10 pessoas

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O V

inil Não Morreu.

Sempre Vinilwwww.semprevinil.com.br

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ops, mapa errado

CLUbE PRAGA bem longe da república tcheca

RUA TÚRIASSU, 483 - peRDIZES