Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

28
revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 1 17/5/2009 12:53:13

description

Revista da Fundacao Hospital de Olhos de Minas Gerais mes de Junho 2011

Transcript of Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Page 1: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 1 17/5/2009 12:53:13

Page 2: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

2 - Fundação Hospital de Olhos

3 Editorial

4 Apresentação Fundação Hospital de Olhos

5 Apresentação Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães

6 Linha do Tempo / Artigo Prof. Vanderlei Soela

7 VimTeVer

8 Viver Arte

9 Parceria FHO e HELP

10 Direcionadas a inclusão social / Conspiração do Bem

11 Artigo: Prof. Cláudio de Moura Castro

12 Cerca de 30% das crianças em idade escolar possuem algum tipo de problema visual 13 Montes Claros implanta Bom Começo

14 Infográfi co Projeto Bom Começo

16 Artigo: Dr. Luíz Tadeu Leite

17 Ajuda fi nanceira para a educação

18 Professores públicos serão integradores sociais

19 Artigo: Profa. Macaé Evaristo

20 Depoimentos dos profi ssionais da educação

21 Mobilizados pela educação

22 Artigo: Dra. Márcia Guimarães

23 Produção tecnológica direcionada à sociedade

24 Artigo: Prof. Marcos Pinotti

25 Clipping

26 Depoimentos de pacientes

Fundação Hospital de OlhosPresidente: Dr. Ricardo Guimarães

Jornalista responsável: Adriano Perdigão - MTb 11501 JP

Redação: Adriano Perdigão

Revisão: Clarissa Mendes, Júlia Caiado e Fernanda Corrêa Projeto Gráfi co e diagramação: Tamira Halabi Barbaro

Responsável técnico: Dr. Ricardo Guimarães

Imagens: Arquivo H.Olhos

Gráfi ca: Lastro

A Gráfi ca Lastro apoia e investe em ações sociais direcionadas à saúde e

a educação da sociedade. Crê que apostar nos brasileiros

é um voto na esperança de um futuro mais justo e solidário!

Tiragem: 8.000 exemplares

Expediente

Índice

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 2 17/5/2009 12:53:16

Page 3: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Fundação Hospital de Olhos - 3

“Novos passos em 2011”“Novos passos em 2011”

Dr. Ricardo Guimarães é Oftalmologista, professor, pesquisador, escritor, Cônsul honorário do Canadá, editor médico da revista “Ocular Surgery News” para América Latina e diretor/presidente do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães e da Fundação Hospital de Olhos.

Editorial

FuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFuFundndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndndaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçaçãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoãoão H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H H Hososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososospipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipipitatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatatal l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l l dedededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededededede O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O O Olhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhlhososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososososos - - - - 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3

O Brasil está acomodado com a má qualidade da educação e com os resultados pífi os do seu sistema de ensi-no. No último teste do PISA, promovido pela UNESCO, o Brasil continuou fre-quentando os últimos e anti-penúltimos lugares em desempenho de leitura, ci-ências e matemática, lugares indignos à estatura da 8ª potência econômica mun-dial. Além das causas diretamente relacionadas à qualidade da educação, os maus resultados do nosso sistema também têm a ver com a saúde das nos-sas crianças. As melhores escolas fazem constantes investimentos em infraes-trutura, metodologia e qualifi cação de professores. Mesmo atingindo todas as metas deste aprimoramento técnico, um grande percentual dos alunos não conse-gue obter um bom aproveitamento por razões de saúde, alguns especifi camente de saúde visual. Alguns destes alunos são por-tadores de problemas oculares comuns e conhecidos, tais como miopia e astig-matismo estimados em 30% pelo Pro-jeto Olhar Brasil dos Ministérios da Saúde e da Educação. Outros, estimados em 10%, são portadores de Distúrbios

de Aprendizagem Relacionados à Visão, objetos da atenção de especialistas em saúde e educação em todo o mundo, mas pouco conhecidos no Brasil. Mais frequentemente a causa está relaciona-da com distúrbios visuais relacionados à oculomotricidade e compromete, principalmente, a leitura. Por isso,

a denominação Dislexia ou Dislexia de Leitura, assim chamada, pois a difi cul-dade se manifesta de forma marcante durante a atividade de leitura e com fre-quência se deve aos distúrbios de pro-cessamento cerebral da visão. A Fundação Hospital de Olhos não é uma instituição voltada para a educação da criança na escola e na pré--escola. Esse tema é um dos nossos objetivos indiretos porque não há uma boa educação sem saúde. O trabalho da Fundação Hospital de Olhos começou pela inspiração do Prof. Hilton Rocha, de quem fui aluno e discípulo, e se fez presente em muitas escolas e municípios de Minas Gerais sempre com a ajuda e apoio dos clubes de serviço como Lyon, Rotary e Maçonaria. Evoluiu nos últi-mos anos graças ao apoio da Universi-dade Federal de Minas Gerais e da FA-PEMIG, valiosas parceiras na constru-ção do Projeto Bom Começo: Programa de Acompanhamento da Saúde na Esco-la, um trabalho social bem estruturado com tecnologia e metodologia próprias desenvolvidas em Minas Gerais que vi-sam qualifi car a gestão da saúde pública para todos os brasileiros. Os números do Projeto Bom Começo são marcantes. Em menos de quatro anos já formou mais de 1340 profissionais das áreas da saúde e da educação, em 20 estados bra-sileiros. Desen-volveu tecnologia própria, de baixo custo, a ser apli-cada nos exames de visão e audição que se conectam a um Sistema de Gestão da In-f o r m a ç ã o , d e s t i n a -do a

acompanhar toda a trajetória da criança desde sua entrada até a saída da escola. Na saída, a criança disporá de um cadastro de seu desenvolvimento que em muito facilitará os cuidados de promoção e manutenção da saúde do fu-turo adulto. O Projeto começou sua im-plantação na cidade de Montes Claros e está em curso em Belo Horizonte, mas ambiciona ser implantado em todos os 853 municípios de Minas Gerais e por-que não, em todo o Brasil. Minas e o Brasil precisam de um centro de referência na área da Saú-de do Escolar. São muitas as cidades que não conseguem atender todas as crian-ças que precisam de atenção nessa área. O Projeto Bom Começo quer colaborar exatamente nesta questão tão vital e tão carente, criando um Serviço de Atendi-mento a estas crianças e também uma Escola de Treinamento para médicos, psicólogos, pedagogos, fonoaudiólogos, fi sioterapeutas e outros profi ssionais ne-cessários a esse atendimento. Para tal, a Fundação Hospital de Olhos neces-sita de um local onde possa criar estas condições de trabalho. Este é o nosso grande objetivo em 2011. Atualmente,

a Fundação aguarda uma decisão da Prefeitura de Belo Horizonte

sobre a cessão em comoda-to de um terreno onde ela

poderá montar seu Cen-tro de Atendimento e de formação profi ssional

para médicos e outras especialistas que tra-balham com a saúde e com a educação das crianças brasi-

leiras.

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 3 17/5/2009 12:53:19

Page 4: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

4 - Fundação Hospital de Olhos

Fundação Hospital de OlhosFundação Hospital de Olhos

A Fundação Hospital de Olhos, que começou suas atividades em 1986 e foi instituída formalmente em 10 de abril de 1991, exerce atividades que são caracterizadas como de interesse cole-tivo, promovendo atividades nas áreas da saúde e da educação. Inicialmente, a FHO surgiu com o objetivo principal de criar um Banco de Olhos para o Estado de Minas Gerais e de prestar assistên-cia médico-oftalmológica às pessoas carentes, recebendo o nome de Funda-ção de Assistência, Ensino e Pesquisa em Oftalmologia (FAEPO). Em 1994, passou a ser manti-da pelo Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães, em suas novas instalações, já na região da Vila da Serra. No ano seguinte, foi realizada a alteração esta-tutária da FAEPO, que passou a chamar Fundação Hospital de Olhos, e decidiu direcionar seus trabalhos prioritaria-mente para os problemas de saúde vi-sual da criança na escola. Em 2006, a FHO começou a desenvolver um projeto de pesquisa em parceria com a Universidade Federal de Minas Ge-rais / UFMG, para a criação de um projeto de desenvolvimento de meto-dologia e de tecnologia que pudesse ser adotado pelas escolas e que per-mitisse o combate efetivo destes dis-túrbios. Em 2007, o Projeto Olhar Bra-

sil, dos Ministérios da Educação e da Saúde, estimou que 30% das crianças nas escolas eram portadoras de algum distúrbio visual que prejudicava seu aprendizado. A este número se somam mais 10% de crianças com distúrbios auditivos e igual número de crianças portadoras de Dislexia. Embora estes dados sejam aparentemente altos, são ainda inferiores ao de outros países re-ferenciais como Estados Unidos e Ja-pão. Propondo o acompanhamen-to de crianças em fase escolar, a FHO estabeleceu parcerias, desenvolveu novas tecnologias e capacitou inúme-ros profi ssionais, de vários estados do Brasil, potencializando seu principal projeto auto-sustentável e permitin-do a efetiva educação nas salas de aula. Intitulado como Projeto Bom Co-

meço esta iniciativa social já auxiliou milhares de pessoas com Distúrbios de Aprendizagem Relacionadas à Visão e, diariamente, por meio do trabalho mul-tiplicador busca proporcionar um país mais equânime no que se refere aos di-reitos fundamentais, saúde e educação. As diretrizes de Missão, Visão e Valores estão alinhadas ao objetivo de qualifi car a educação e saúde visual da população, em especial das crianças e adolescentes. Com esse investimento social, direcionamos nosso foco para

uma parcela signifi cativa da população brasileira, cerca de 40% segundo a pes-quisa do IBGE de 2000. Tal foco con-tribui para a criação de uma sociedade com livre acesso aos seus direitos.

Missão

Promover e aplicar a ciência da visão, com impacto no aprendizado, comporta-mento e bem-estar, priorizando crianças e jovens em formação escolar;

Visão

Disseminar, em nível nacional, o Projeto

Bom Começo entre crianças e jovens em idade escolar;

Valores

Ética e Transparência

Sustentabilidade

Desenvolvimento Humano

Responsabilidade Social

Inovação

Fundação reconhecida em todo Brasil leva a diferentes comunidades instrução, planejamento autossustentável e apoio as ações de voluntariado

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 4 17/5/2009 12:53:27

Page 5: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Fundação Hospital de Olhos - 5

Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães

Com mais de 27 anos de de-dicação e trabalho, construídos com o apoio de uma equipe formada por profissionais bem preparados, atuali-zados e em contínuo desenvolvimen-to, o Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães se pauta em valores éticos, compromisso social e responsabilida-de com a saúde. Acreditado no nível pleno pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) e em pro-cesso para a certificação interna-cional CCHSA – Canadian Council on Health Services Accreditation, o H.Olhos adota conceitos de Best Clinical Practices (Melhores Práti-cas Clínicas), alinhando tecnologia e inovação à humanização no aten-dimento e transformando atenção especializada na visão em esperança e qualidade de vida.

Nosso objetivo

Fazer você ver melhor.

Missão

Promover a saúde através da preven-ção, conservação e melhoria da visão,

gerando auto sustentabilidade.

Visão

Ser referência no segmento, produzindo e compartilhando conhecimento.

Valores

Valorização das Pessoas

Ética e Profi ssionalismo

Excelência nas Ações

Responsabilidade Social e Sustentável

Personalização

Resolutividade

Atualização científi ca e tecnológica

H.Olhos em números

• 3.663,65m² área ocupada;

• 2.378 atendimentos/mês;

• 13 consultórios com tecnologia de ponta;

• 7 salas cirúrgicas;

• 15 salas de exame;

• 39 médicos especializados em atendi-mento oftalmológico, anestesiologia e cirurgia plástica;

• 96 funcnionários

Especialidades

• Catarata;

• Ceratocone;

• Cirurgia Refrativa (Lasic);

• Glaucoma;

• Retina e Vítreo;

• Neurovisão;

• Distúrbios de Aprendizagem Relacionados

à Visão;

• Todas as especialidades da Oftalmologia

são atendidas

Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães Instituição internacionalmente reconhecida realiza, através da sua Fundação, ações de

voluntariado, educação, pesquisa e capacitação profi ssional

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 5 17/5/2009 12:53:36

Page 6: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

6 - Fundação Hospital de Olhos

Gestão qualifi cada em organizações sociais

Fundação Hospital de Olhos

Peter Drucker afirma que “boas intenções não mo-vem montanhas, tratores sim”. Por detrás destas pala-vras se esconde a provocação para repensar e aprimo-rar a gestão de qual-quer organização,

seja ela com ou sem fins lucrativos. A mudança do cenário mundial, seja na política, na economia, no âmbito social ou tec-nológico, convoca as or-ganizações a se moverem em direção a um maior profissionalismo geren-cial. Por muito tempo, tal tarefa se restringiu à esfe-ra das empresas com fins lucrativos, por razões óbvias. Por outro lado, as organizações so-ciais sem fins lucrativos sempre se destacaram por suas ações, muitas vezes despretensiosas, em favor de grupos, pessoas e comunidades, com qualidade e resultados significativos, ge-rando transformações e sendo co-autoras de grandes ações de investimento social. Porém, historicamente, a preocupação com uma gestão profissional nem sempre acompanhou a atua-

ção marcadamente social de tais organizações, possivelmente por entender que bastavam as boas intenções. As organizações sociais sem fins lu-crativos entendem que cuidar bem da gestão é sinônimo de credibilidade e continuidade, de su-cesso e maior abrangência da ação. Como mui-tas vezes trabalham vinculadas a convênios e/ou outras formas de prestação de serviço, a gestão eficiente garante novas parcerias, efetiva a im-plantação dos projetos e, desta forma, ratifica a sua relevância social. Isso requer um profundo

interesse e comprometimento dos principais executivos e dos colaboradores no aprimora-mento dos serviços prestados, na satisfação dos destinatários e clientes, na transparência das ações, no cuidado dos recursos e na boa relação com os parceiros. A Fundação Hospital de Olhos in-veste há mais de três anos em práticas de uma gestão de qualidade. Para tanto, conta com o conhecimento e a experiência da Fundação Dom Cabral, parceira da Fundação por meio

do programa “Parceria com Organizações So-ciais”, destinada às organizações sociais sem fins lucrativos. Com um planejamento estratégi-co construído de forma participativa e coletiva, elaborado com a ajuda de uma equipe multipro-fissional, a Fundação Hospital de Olhos tem es-tabelecido seus indicadores e metas, favorecen-do o monitoramento e o alcance dos resultados almejados. Com os exemplos dados pelo tra-balho de qualificação da gestão, realizados em conjunto pelas Fundações Dom Cabral e Fun-

dação Hospital de Olhos, fica evidenciado que uma administração bem con-duzida, quando coerente com o core business da empresa mantenedora e alinhada às necessidades de cada contexto, geram grandes “lucros” para

a organização: o desenvolvimento de uma so-ciedade mais inclusiva, a realização de práticas sustentáveis e a melhoria da qualidade de vida das pessoas e das comunidades. Esse caminho virtuoso já começou a ser traçado e cremos totalmente no sucesso des-se trabalho. Nossa parceria prosseguirá! E em total comunhão de ideias, ambas as instituições continuarão a valorizar a sociedade buscando, sempre, um bem maior, que é a construção de um país melhor para nossas próximas gerações.

Gestão qualifi cada em organizações sociaisArtigo

Vanderlei Soela - Professor da Fundação Dom Cabral

Encontros, sarais e eventos sociais para viabilizar as ações filantrópicas da FHO/MG e implantação do Banco de Olhos de Minas Gerais;

O Hospital de Olhos constrói uma sede no bairro Vila da Serra e a Fundação ganha maior espaço. Equipe própria começa a desenvolver vários trabalhos de educação e atendimento;

Primeira ação: atendi- mento a 36 crianças para projeto de identifi-cação de deficiência visual na escola primária; outras ações se seguiriam, quase sempre com foco na visão de crianças na escola;

Início das atividades clíni-cas da futura equipe do Hospital de Olhos;

1982 1983 1985

Dr. Ricardo e Dra. Márcia Guimarães retornam de um longo estágio de pós doutorado, no exterior, retomando suas posições como professores da UFMG;

1991 1994

lhos Abrangência dos projetos sociais. Programas pione-iros de reabilitação visual levados às comunidades mineiras;

1996

1997

Projetos sociais são realizados em cidades do interior de Minas Gerais como Patrocínio e Monte Carmelo;

2003

Proreaint

2003

A Fundação inclui em seus objetivos a atenção às crianças portadoras de Distúrbios de Aprendi-zagem Relacionados à Visão e de Síndrome de Irlen;

2005

A FCriação do Projeto VimTeVer;

2007

CriCriVim

Construção de parcerias com associações, instituições públicas e privadas para fomento de projetos relacio-nados à saúde e a educação; Início do Projeto Bom Começo, que já formou quase 1500 profis-sionais de 20 estados brasileiros;

2009

Conassasspúb

Desenvolvimento de capital intelectual e tecnológico para benefício de programas estatais. Conclusão do desenho do Projeto Bom Começo: Programa de Acompanha-mento da Saúde na Escola;

2010

Implantação do Projeto Bom Começo em Montes Claros e Belo Horizonte com o treinamento da rede pública de ensino.

Fundação Hospital de OlhosLinha do Tempo

A Fundação Hospital de Olhos investe há mais de três anos em práti-cas de uma gestão de qualidade. Para tanto, conta com o conhecimento e a experiência da Fundação Dom Cabral, parceira da Fundação por meio do programa “Parceria com Organizações Sociais”, destinada às organi-zações sociais sem fi ns lucrativos.

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 6 17/5/2009 12:53:42

Page 7: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Fundação Hospital de Olhos - 7

A promoção da saúde ocular aoalcance da sociedade

A promoção da saúde ocular aoA promoção da saúde ocular aoalcance da sociedadealcance da sociedade

Os projetos sociais da FHO possuem características que favorecem a sua massifi cação, exemplos são as ações realizadas in loco nas comunidades

O Projeto VimTeVer é reali-zado pela Fundação Hospital de Olhos desde 1986 e trabalha com a promo-ção da saúde ocular. O Projeto leva esse nome pelo fato de uma equipe do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães — médicos e técnicos em oftalmologia — ir até as comu-nidades para realizar os exames of-talmológicos nas pessoas ou mesmo para alertá-las sobre a importância da prevenção. O Projeto visa alcançar desde crianças nas escolas até adultos inseridos no merca-do de trabalho, fa-zendo visitas às em-presas, instituições e comunidades. Em deter-minados casos, a identificação precoce de problemas vi-suais pode significar a correção total, mas o diagnóstico tardio pode acarre-tar em perdas visuais irrecuperáveis. Assim, a ação contínua do Projeto Vi-

mTeVer se mostra oportuna e, em vá-rias localidades, necessária. Reconhe-cido por diferentes órgãos e institui-ções, em 1997 o projeto foi premiado pela Curadoria Geral de Fundações de Minas Gerais com a Medalha de Prata em cidadania pelos seus resultados e

trabalhos direcionados à população. O Projeto VimTeVer tem tam-bém um viés de fomento à economia e a produção, uma vez que ao ser aplica-do dentro de empresas e ambientes fa-bris pode identificar os colaboradores que estejam fora da linha de normali-dade (em relação à acuidade visual), permitindo encaminhá-los para um tratamento oportuno, melhorando seu desempenho individual e, consequen-temente, os da empresa. Nos últimos dois anos, mais

de 100 empresas foram visitadas e cerca de sete mil colaboradores foram examinados pela equipe multidiscipli-nar do projeto. Segundo pesquisas so-bre gestão de pessoal, a cada 1 real in-vestido em saúde ocular, há o retorno de cerca de 7 reais em produtividade. Esses indicadores reforçam a impor-tância de iniciativas como esta. As ações do Projeto VimTe-

Ver são planejadas de forma conjunta entre a FHO, as escolas, Secretarias

Municipais de Educação ou mesmo re-presentantes de clubes de serviço ou ONGs. Inicialmente os testes eram feitos apenas de maneira convencio-nal. Em uma segunda etapa, foi im-portado um sofisticado equipamento que registra em imagem o reflexo dos olhos das crianças, o PHOTOSCREE-

NING TEST, tornando possível o diag-nóstico de estrabismo, catarata congê-nita, miopia, astigmatismo e hiperme-tropia, não necessitando da interação

do paciente para a execução do teste e podendo ser feito em crianças nas fa-ses pré-verbal e de pré-alfabet ização, com confiabilidade

de até 90%. No entanto, a Fundação Hos-pital de Olhos não se restringe em es-tar presente apenas em escolas e em-presas, o VimTeVer já esteve em even-tos importantes como a Ação Global, Dia Mundial da Saúde ou em qualquer comemoração e oportunidade em que toda a população pode se informar e cuidar da saúde. O objetivo é mesmo levar qualidade de vida às pessoas, através dos cuidados com a visão.

Segundo pesquisas sobre gestão de pessoal, a cada 1 real inves-tido em saúde ocular, há o retorno de cerca de 7 reais em produtivi-dade. Esses indicadores reforçam a importância de iniciativas como esta.

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 7 17/5/2009 12:53:47

Page 8: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

8 - Fundação Hospital de Olhos

Boa visão e acesso às artes: a receita para uma parceria perfeita

Considerando que o acesso às artes é indispensável à formação cultural do ser humano, a Fundação Hospital de Olhos realiza um projeto social voltado ao fomento das mani-festações artísticas nacionais. Desde 2006, a FHO realiza o Projeto Viver Arte, uma ação de divulgação e es-tímulo às produções culturais brasi-leiras. Paralelo aos objetivos educacio-nais do programa está a vontade de, por meio do Proje-to Viver Arte, aler-tar as pessoas sobre a importância dos cuidados com a saúde dos olhos, isso porque, somente com exames adequados podemos pre-servar nossa visão e enxergar o mun-do em todas as suas cores e formas. Criado em parceria com a Câ-mara Americana de Comércio, o pro-jeto possibilita a exposição de telas, textos, fotografias e artesanato de di-ferentes autores. Ao todo, mais de 10

artistas brasileiros já expuseram suas criações nos saguões e corredores do complexo empresarial Lumière Place, sede do Hospital de Olhos e local das exposições, que são gratuitas e aber-tas ao público. A primeira mostra aconteceu em setembro de 2006 e apresentou o acervo fotográfico “Key West”, do

premiado fotógrafo e cineasta minei-ro Paulo Larbone. Durante esses cin-co anos, outras vernissages apresen-taram as exposições: “Minas é uma Festa”, de Francisco Milton Campos, com foco no povo mineiro e nas suas manifestações populares; “Pontos de Vista”, do artista plástico pernambu-cano, Romero Britto e “As cores do Québec”, produzida pela fotógrafa

Rosa Berardo sobre a província de Québec - região francesa do Canadá. O conceito de inclusão so-cial, por meio das artes e da saúde ocular, está traduzido no slogan da campanha “Arte para você ver um mundo melhor!”. E desde 2010, uma parceria com a Galeria de Arte Errol Flynn possibilita a exposição de mais

de 120 obras, de re-nomados artistas, como Portinari, Ini-má de Paula, Burle Marx, Sérgio Telles, Mauro Ferreira e Pedro Guedes, con-

vidando os mineiros e turistas que vi-sitam a capital à apreciar, através de uma visão de qualidade, as belezas da arte. O Projeto Viver Arte está à disposição para caravanas escolares e outras solicitações, para tanto, bas-ta entrar em contato com a equipe da FHO através do e-mail: [email protected]

Boa visão e acesso às artes: a receita para uma parceria perfeita

O Hospital de Olhos, por meio de sua Fundação, abre espaço para diversas obras de arte, estimula a visão e torna o ambiente hospitalar um local mais agradável e interessante

Romero Britto

“O conceito de inclusão social, por meio das artes e da saúde ocu-lar, está traduzido no slogan da campanha 'Arte para você ver um mundo melhor!'

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 8 17/5/2009 12:53:47

Page 9: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Parceria FHO e HELP

A Fundação Hospital de Olhos desde sua criação vem buscando parce-rias estratégicas, no intuito de executar com excelência sua missão, promovendo e aplicando a ciência da visão, priorizando crianças e jovens em formação escolar. Nossas parcerias são, em grande par-te, responsáveis por nossas conquistas e pelo nosso reconhecimento nacional. Por acreditar que o poder e a impor-tância da ação social não devem ter fronteiras, decidimos investir neste ob-jetivo. Como resultado, firmamos em 2010 uma grande parceria internacio-nal com a entidade canadense Human

Early Learning Partnership (HELP), da Universidade de Bristish Columbia em Vancouver no Canadá. O HELP é uma rede de pesqui-sa colaborativa e interdisciplinar, que visa aprimorar o conhecimento sobre o desenvolvimento das crianças, aumen-tando com isso a qualidade de vida na

infância; as pesquisas exploram a influ-ência de diferentes áreas no desenvol-vimento infantil. Para isso, foi criado o projeto Early Development Instrument (EDI), que tem o objetivo de identifi-car, medir e diminuir a vulnerabilida-des das crianças nos seguintes âmbi-tos: competências sociais, saúde física, cognição e linguagem, habilidades de comunicação e maturidade emocional. Este projeto se assemelha mui-to aos objetivos e valores do Projeto

Bom Começo, desenvolvido pela Fun-dação Hospital de Olhos, que atua com foco no âmbito da saúde física, mais especificamente no que tange à saúde visual, abordando tanto as questões de

acuidade visual, quanto de Distúrbios

de Aprendizagem Relacionados à Vi-

são. Entretanto eles se diferenciam no período de intervenção. O HELP foca a fase pré-escolar, enquanto o Proje-to Bom Começo se direciona a fase escolar, precisamente em crianças com mais de seis anos. Neste sentido, a parceria en-tre as instituições se consolida princi-palmente através da transferência de know-how e expertise, visando apri-morar e agregar valor aos trabalhos desenvolvidos em cada país. Enquanto o HELP compartilha com a Fundação conhecimentos sobre a realização de exames de triagem antes da entrada

do aluno no ciclo escolar, na fase pré- escolar, a Fundação repassa ao HELP conhecimento e informação sobre o melhor gerenciamento de dados, que se dá através do sistema de cadastro sin-cronizado, além de alertar para a exis-tência dos Distúrbios de Aprendizagem

Relacionados à Visão. Este aspecto é de grande relevância para o projeto EDI, uma vez que estes distúrbios não são diagnosticados em exames oftal-mológicos convencionais estáticos, como os realizados atualmente. Para detectá-los e então corrigi-los é necessário realizar exames ocu-lares dinâmicos, como por exemplo, a triagem de leitura. O fato é que a

acuidade visual e os distúrbios de apren-dizagem não neces-sariamente ocorrem juntos, o que dificul-ta o diagnóstico do distúrbio, podendo ser fator prejudicial

ao desenvolvimento e aprendizado in-fantil, já que crianças que são aprova-das no teste de acuidade visual podem apresentar problemas no futuro. Assim, a Fundação Hospital de Olhos acredita nesta parceria como fonte de desenvolvimento e aprimora-mento de seus projetos, pelo fato de ambas as instituições entenderem as organizações sociais como essência para a fórmula do bem-estar das socie-dades ao redor do mundo. É neste sen-tido que a Fundação demonstra sua vi-são das parcerias internacionais como um caminho para atingir a excelência de nossa Missão.

Parceria FHO e HELPFundação Hospital de Olhos coopera com o Canadá para promover um

Programa de Aprendizado Precoce

O HELP é uma rede de pesquisa colaborativa e interdisciplinar,

que visa aprimorar o conhecimento sobre o desenvolvimento das

crianças, aumentando com isso a qualidade de vida na infância; as

pesquisas exploram a infl uência de diferentes áreas no desenvolvi-

mento infantil.

� � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � � ! � � " # � � � � � $ $ $ � % � � % � � � & � � ' �( ) * + , - . / 0 1 2 ( 0 3 * + 4 5 6 7 - 8 / 5 1 * 9 : - ; / 5 < 2 + = 5 2 > 2 5 ? @ 8 - / - @ . 2 5 @ / 8 - * @ / 0 2 ; ( > . / 0 ; * 0 * A - / 6 B - * @ 2 - 5 *@ / + C - 5 : 5 A - / + 1 2 D / + - 8 E C / . / 5 / . / E B 5 2 + F - * F - / 2 C 2 5 / . * 8 * @ 2 E * ) 6 ( 0 3 * + * > 2 5 2 8 2 - @ > 5 / 2 + . 5 : . : 5 / 8 * ;. 2 8 @ * 0 * A - / 1 2 , * @ . / 2 ; * 1 2 5 @ / + - @ + . / 0 / G H 2 + 8 * ; 3 * . 2 0 E 5 2 + . / : 5 / @ . 2 2 3 2 0 - , * @ . * 6I 8 5 2 1 - . / 1 * @ * @ J K 2 0 , 0 2 @ * , 2 0 / ( 5 A / @ - L / G < * M / 8 - * @ / 0 1 2 I 8 5 2 1 - . / G < * N ( M I O 2 2 ; , 5 * 8 2 + + * , / 5 /P Q R Q S T Q R P U V R W T X U R Y Z Q X [ \ ] Z ^ _ T W Z ` a W ^ Z S T [ Q [ T U R E *) 6 * 0 3 * + + 2 F / + 2 - / 2 ; 8 * @ 8 2 - . * + 1 2 b Z ` [ P X T R T W Q X c ^ Q [ T W Z ` N d 2 0 3 * 5 2 + B 5 e . - 8 / + C 0 J @ - 8 / + O 6( ) * + , - . / 0 1 2 ( 0 3 * + + / F 2 * K / 0 * 5 1 2 + : / K - + < * 2 * + + 2 : + , 5 * 8 2 1 - ; 2 @ . * + 8 0 J @ - 8 * + 2 8 - 5 f 5 A - 8 * + + < *

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 9 17/5/2009 12:53:50

Page 10: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Conspiração do Bem

Direcionadas a inclusão social

Uma criança que pede dinhei-ro no sinal de trânsito comove. Deze-nas de crianças que vivem embaixo de viadutos revoltam. Qual é o papel do Estado para erradicar essa situação? E qual o papel da sociedade civil? Essas perguntas sugerem várias outras questões e ressaltam a importância da real participação das fundações sociais no desenvolvimento brasileiro. Em sua essência, as funda-ções têm como objetivo contribuir para o bem-estar social. No entanto, sua participação não pode ocorrer de forma ufanista como se as instituições fossem ocupar o papel que é do Estado na for-mulação e execução de políticas sociais nem, tampouco, de forma pessimista, negando o seu papel e relevância, dada à dimensão de suas ações no enfrenta-mento de diferentes manifestações da questão social brasi-leira. Apesar da diversidade das ins-tituições que formam o terceiro setor, algumas compartilham características comuns importantes para a efetivação do desenvolvimento social. Exemplos são aquelas que atuam na área da assis-tência social, meio ambiente, educação ou voltadas à área da saúde. Essas, ge-ralmente, trabalham a favor de pessoas e famílias que estão à margem do pro-cesso produtivo ou fora do mercado de trabalho, não tendo acesso aos bens e serviços necessários para o suprimento

de suas necessidades básicas. As expressões da sociedade

civil organizada, como a Fundação

Hospital de Olhos, são iniciativas pri-

vadas que desenvolvem um trabalho

de interesse público. Hoje, a assis-

tência social, muito além do assisten-

cialismo, insere-se como uma política

de garantia de direitos do cidadão. O mesmo acontece com a saúde e educa-ção. São direitos de cidadania garanti-dos pela Constituição Federal de 1988 e suas respectivas leis orgânicas. O atendimento a esses direitos, portanto, faz parte de um interesse público e a instituição que trabalha nessa perspec-

tiva exerce um serviço de utilidade pú-blica. Outro fator peculiar às funda-ções é que elas não mantêm uma re-lação mercantilista com a sociedade, uma vez que todos os recursos são reinvestidos em seus próprios projetos. Não obstante, precisam ser eficientes e ter bons profissionais para otimizar suas ações e receitas. Essa autonomia faz com que os projetos se-jam direcionados ao core business da empresa mantenedora, como o caso do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Gui-marães. Deste modo os projetos são

planejados de forma criteriosa e en-caminhados a efetiva implantação em grupos que necessitam dessas ações. Esse, por sinal, é o grande feito que a Fundação Hospital de Olhos pode ofe-recer à sociedade, por meio do Projeto

Bom Começo: Programa de Acompa-nhamento da Saúde na Escola. Como o Projeto gera um ban-co de dados direcionado aos gestores, esses podem usufruir de informações reais, de diferentes localidades e atra-vés destas criar mecanismos de deci-sões para a implantação de políticas públicas. Para o presidente da FUN-

DAMIG, Federação Mineira de Funda-ções e Associações de Direito Privado, Dr. Heliomar Qua-resma, as fundações têm um papel deter-minante na condução de algumas melho-

rias em Minas Gerais e são propulso-ras de grandes ações em vários muni-cípios, “penso que as contribuições ao desenvolvimento da saúde e educação constituem um desafio primordial para todos aqueles que almejam o desenvol-vimento sustentável brasileiro”. Este é o caso de Montes Claros e Belo Hori-zonte, que já iniciaram o processo de implantação do Projeto Bom Começo e também de cidades como Patrocínio e Monte Carmelo que já desenvolveram ações de promoção à saúde ocular para a população, com o apoio da Fundação Hospital de Olhos.

Direcionadas a inclusão social

As fundações sociais se tornaram peças importantes na defi nição de políticas públicas com relevância social

Com objetivos semelhantes, FHO e Conspiração Mineira somam esforços para melhorar a educação

Conspiração do Bem

A Conspiração Mineira pela Educação é um movimento que trabalha com a premissa de aliança intersetorial, articulando uma rede de mais de 35 par-ceiros dos três setores da sociedade, en-tre eles a Fundação Hospital de Olhos. O objetivo é conjugar esforços para uma mesma causa: a conquista da educação de

qualidade para todos. Seu foco é o aluno e a sua evolução socioeducacional, como prevê o Projeto Bom Começo. Até o mo-mento, as ações da Conspiração foram direcionadas à educação infantil, ensino fundamental e médio, mas a agora, em 2011, a atuação também será forte no ensino superior. O Projeto Bom Come-

ço será adotado pela Conspiração com o nome de Visão Nota 10

Movimentos como este nos fa-zem perceber que é preciso agir em con-junto e conclamar os interessados para trabalharem em prol de um bem maior e que é de direito de todos, o acesso à edu-cação e a assistência à saúde.

Para o presidente da FUNDAMIG, Federação Mineira de Fun-

dações e Associações de Direito Privado, Dr. Heliomar Quaresma,

as fundações têm um papel determinante na condução de algumas

melhorias em Minas Gerais e são propulsoras de grandes ações em

vários municípios,

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 10 17/5/2009 12:53:56

Page 11: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Fundação Hospital de Olhos - 11

Quem terá sucesso na escola?

Adam Smith, o pai de todos os economistas, já em meados do sé-culo 18 decantava as virtudes da edu-cação, mostrando ser como uma má-quina, pois, como ela, aumentava a

produtividade do homem. Nas últimas dé-cadas, não apenas essas ideias voltaram à tona, mas tornou-se possível contar e medir educação, bem como os fatores que deter-minam o êxito e o fracasso na escola. Na década de 1970 aparecem os primeiros estudos do que foi batizado como “funções de produção”. Tratava-se de ex-plicar estatisticamente os resultados de me-didas de êxito na escola, através de fatores pessoais e sociais. Quem vai mais longe no sistema escolar? Quem aprende mais? Isso se deve a quais fatores? Buscava-se estimar qual o peso es-tatístico daquelas vari-áveis associadas à vida escolar, versus às ca-racterísticas da família e seu entorno. Ou seja, o sucesso se deve à escola ou à família? Tipicamente, verifi cou-se que a família tem três vezes mais peso do que a escola. De início, isso trouxe grande desalento àqueles que buscavam usar a es-cola para eliminar as desvantagens geradas pelas diferenças econômicas e sociais. Isso porque, é a escola que pode ser modifi cada pelas políticas educativas. Por via das formas usuais de in-tervenção, a família é quase inatingível. É possível criar programas para preparar os pais, de forma a favorecer o desempenho na escola. Mas são intervenções limitadas e de pouco alcance. Considere-se que crianças de classe operária chegam às escolas com

um vocabulário de 300-400 palavras. Em contraste, uma criança de classe média alta, já conhece mais de 3000 palavras ao pisar na escola pela primeira vez. Não conhece-mos formas efi cazes de mudar esse quadro. As intervenções na escola são ilimitadas. Algumas são fáceis e efi cazes. Outras complicadas. Algumas geram resistências internas. Outras são bem vindas pela cultura da escola. O grande problema é que, como dito, têm um impac-to limitado. Por anos, fi ca a educação entre a cruz e a caldeirinha. Intervir na família de-veria ter muito impacto, mas é difícil. Inter-vir na escola é mais fácil, mas muda bem menos o destino dos alunos. Seja como for, houve um grande avanço no nosso conhe-cimento de como mudar a escola e como reduzir a distância entre os alunos, sobretu-do entre os mais pobres e os mais ricos. De fato, países como Coréia e Finlândia conse-guiram resultados altos no PISA (Programa

Internacional de Avaliação de Alunos), ao mesmo tempo que são pequenas as distân-cias entre os melhores e piores alunos. Curiosamente, há um aspecto que fi ca de fora desta enorme sequência de pes-quisas com funções de produção: a saúde física. Ao longo dos anos, vemos algumas pesquisas sobre o impacto na educação da desnutrição pregressa (estatura/idade). E pouco mais do que isso. Países mais avan-çados monitoram acuidade visual e audição dos seus alunos. Os mais pobres nem isso, apesar do custo ridiculamente baixo de um sistema de monitoramento desses aspectos, sobretudo, comparados com o efeito devas-tador de problemas não diagnosticados.

Na prática, é como se audição e visão não fi zessem parte da equação do bom resultado escolar. Na verdade, a proporção de alunos com problemas não detectados nesses parâmetros parece es-tar abaixo de 5%. Ainda assim, não é uma proporção tão baixa. Mas avanços recentes nos estudos da visão mostram um quadro um pouco di-ferente. Descobriu-se que os testes de acui-dade visual não capturam tudo que importa na capacidade de usar a visão para as típicas tarefas escolares que exigem muita leitura. De fato, inúmeros casos de mau rendimento escolar, frequentemente diag-nosticados sob o termo Dislexia, podem ser outros Distúrbios de Aprendizagem Rela-

cionados à Visão que prejudicam a leitura, a escrita e o aprendizado, de forma geral. Como se trata de um assunto novo, ainda não há números confi áveis para medir a proporção de escolares com problemas desse tipo. Mas análises preli-

minares sugerem que a proporção poderia atingir mais de 20%. Se estamos diante de números dessa or-dem de magnitude, o

diagnóstico de Dislexia sofre um abalo sísmico maior. O que se pensava ser um problema psicológico, não passa de fa-lhas neurovisuais. Diante de indícios tão sugestivos, justifi cam-se todos os esforços para obter amostras maiores que permitam conclusões mais confi áveis. A se materializar tal hipó-tese, duas conclusões seguem: A primeira é que estamos diante de um novo e importan-te problema de saúde pública. A segunda é que esses casos são curáveis a custos bas-tante reduzidos o que não é o caso da Disle-xia de origem psicológica, cujo tratamento é longo, penoso e caro.

Quem terá sucesso na escola?Artigo

Claudio de Moura Castro - Ph.D em Economia, escritor e pesquisador da área da educação

Por anos, fi ca a educação entre a cruz e a caldeirinha. Intervir na família deveria ter muito impacto, mas é difícil. Intervir na escola é mais fácil, mas muda bem menos o destino dos alunos.

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 11 17/5/2009 12:53:56

Page 12: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

12 - Fundação Hospital de Olhos

Cerca de 30% das crianças em idade escolar

possuem algum tipo de problema visual

Cerca de 30% das crianças em idade escolar

possuem algum tipo de problema visual

Como destacado pelo Projeto Olhar Brasil (2007 e 2009), programa interministerial que busca o desenvol-vimento da saúde e da educação com o objetivo de identificar problemas visu-ais em alunos da rede pública (1º à 8º série), 30% das crianças em idade es-colar possuem algum tipo de problema visual e isso se mostra como um fator determinante para o alto índice de re-petência e evasão escolar observados no País. Dessa forma, ações direciona-das à resolução desse problema, como propõe o Projeto Bom Começo: Pro-grama de Acompanhamento da Saú-de na Escola, possuem grande rele-vância social e estão respaldadas pe-las mais atuais pesquisas realizadas pelos órgãos competentes. No caso os Ministérios da Saúde e da Educação. Todos esses dados reiteram a necessidade de novos projetos e maior dispêndio estatal para minimizar os estragos educacionais oriundos dos problemas visuais, que aliados aos dis-túrbios no processamento cerebral da visão, impactam de forma significativa a saúde, a educação, a segurança e a inclusão social das crianças, adoles-centes e adultos brasileiros. Por isso, ações direcionadas a educação e saúde geram iniciativas que diminuem as taxas de evasão e re-petência escolar, o mau desempenho individual e no trabalho, as limitações

na qualidade de vida e a dificuldade de inserção no mercado de trabalho pos-sibilitando a criação de uma sociedade mais igualitária e socialmente partici-pativa.

Implantar o Projeto Bom

Começo, de forma institucional,

pode gerar imagem positiva

para as escolas

Cada escola pública brasileira recebe uma nota que serve para posi-cioná-la em um ranking entre as esco-las municipais e estaduais do Ensino Fundamental, à exceção daquelas que ficam nas áreas rurais. A nota, de 0 a 10, mede a qualidade do ensino prati-cado na instituição e está descrita no Índice de Desenvolvimento da Educa-ção Básica – o IDEB. Esse Índice é extremante im-portante para os pais e responsáveis das crianças que frequentam as escolas públicas, uma vez que por meio dele é possível comparar a escola de cada criança com as demais instituições da região e de outras cidades, observan-do a qualidade do ensino praticada por cada uma delas. Do posicionamento nesse ranking nasce uma imagem institucio-

nal confiável. O INEP, Instituto Nacio-nal de Estudos e Pesquisas Educacio-nais, destaca que a divulgação dos re-sultados do IDEB agregou à avaliação do ensino o componente da mobiliza-ção social e possibilitou o envolvimen-to da sociedade no acompanhamento da qualidade da educação. Nesse contexto, o Projeto Bom Começo se mostra como uma valiosa ferramenta para a valoriza-ção institucional. Com a capacitação do corpo docente será possível iden-tificar crianças com problemas rela-cionados à má acuidade visual e mau processamento cerebral da visão, ou seja, os Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à Visão. Com a prévia identificação e abordagem direcionada ao tratamento adequado desses proble-mas, as médias gerais da instituição se reverterão fazendo com que seus indi-cadores educacionais melhorem signi-ficativamente. Assim, como pais e alunos es-tão mais seletivos nas suas escolhas e as instituições mais vinculadas às no-tas positivas dos seus indicadores, uma boa imagem institucional é fundamen-tal para que a instituição se destaque e dê aos seus gestores projeções profis-sionais e aos seus alunos e professores condições ideais de aprendizagem e de trabalho, respectivamente.

Percentual é determinante para o alto índice de repetência e evasão escolar

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 12 17/5/2009 12:53:57

Page 13: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Fundação Hospital de Olhos - 13

Montes Claros implanta o Bom ComeçoMontes Claros implanta o Bom Começo

Um grande passo foi dado no sen-tido de diminuir os problemas educacionais do principal município do Norte de Minas Gerais. A cidade de Montes Claros, por meio de uma ação que envolve a Prefeitura, associações sociais e a Fundação Hospital de Olhos, teve o seu sistema educacional qualifi cado, tornando as escolas inclusivas e os profi ssionais da educação mais participa-tivos e socialmente atuantes. Criado e lançado no fi nal do ano de 2009, o Programa Múltiplos Olhares, co-ordenado pela APAS – Associação de Pro-moção e Ação Social, por meio do Projeto LÊ, trabalha com o objetivo de identifi car e acompanhar os alunos do Sistema Muni-cipal de Ensino, que tenham difi culdades no aprendizado em função dos distúrbios de leitura e escrita. Dentro deste programa, já desenvolvido pela prefeitura, o Projeto Bom Começo foi implantado na cidade e capacitou, no primeiro semestre de 2010, cerca de 980 professores e coordenadores pedagógicos para, assim, serem capazes de reconhecer e lidar da maneira ade-quada com os portadores dos Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à Visão. Kênia Torres, mãe de duas crian-ças com o distúrbio, coordenadora do

Projeto LÊ e socióloga vinculada à rede municipal de educação/APAS, relata que a implantação do Projeto fez o município sair de um ciclo nocivo e criou um movimento positivo na cidade. “Agora os professores e demais educadores possuem informações sufi cientes para melhorar o ensino praticado nas escolas (...) o primeiro resultado obser-vado foi à mobilização social em torno da educação na cidade”. Para a oftalmologista e presi-dente da APAS, Dra. Stela Leite, o envol-vimento da Prefeitura e a organização das parcerias externas foram cruciais para o sucesso. “Os gestores responsáveis pela educação do município se juntaram para reverter à situação atual, essas ações de capacitação mobilizam toda a cidade e as zonas rurais do entorno. Como Montes Cla-ros é um exemplo de gestão administrativa, ações efetivas como o curso de Dislexia de Leitura / Síndrome de Irlen criam referên-cias positivas para outras prefeituras repli-carem esse modelo”.

Resultados iniciais apurados

em Montes Claros confi rmam

os índices dos Distúrbios de

Aprendizagem Relacionados

à Visão

A primeira escola visitada pelo Projeto LÊ foi a Escola Municipal Sebas-tião Mendes e dentre todos os 613 alunos da instituição foram encaminhados pela triagem 174 crianças do 1º ao 5º ano, supos-tamente com severas difi culdades na leitura e escrita. Após uma nova avaliação alguns alunos foram excluídos restando 71 crian-ças que foram encaminhadas para o atendi-mento prioritário.

O primeiro passo após esta tria-gem foi a avaliação de acuidade visual para exclusão de problemas de refração. Em se-guida foram aplicados os testes de screening que identifi cam os alunos com distorção no processamento visual. Dezoito alunos, ou seja, 26% apresentaram a Síndrome de Irlen e receberam os tratamentos. Após criteriosa avaliação foi indicado o tratamento propos-to pela FHO, que são as overlays (lâminas de acetato colorido que corrigem a distorção visual) que proporcionam maior conforto durante a leitura e possibilitam maior pro-dutividade na aprendizagem. Outra instituição visitada pelo Projeto LÊ, foi a Escola Municipal Nair Fonseca Brandão, localizada na zona rural de Montes Claros – Distrito do Canto do Engenho. Dos 100 alunos matriculados no 1º ciclo do ensino fundamental, 14 foram encaminhados para a triagem. Desse total, 12 apresentaram a Síndrome de Irlen. O trabalho conjunto realizado entre as scre-eners formadas nos cursos de Dislexia de Leitura e as supervisoras da escola propor-cionou novas estratégias pedagógicas para trabalhar as especifi cidades de cada aluno, melhorando o aprendizado dessas crianças. O Projeto atendeu ainda, o Centro de Con-vivência Raimundo Neto, que encaminhou 14 alunos, dos quais oito apresentaram a Síndrome de Irlen. Durante o período, o Projeto Lê atendeu outras 21 pessoas, adultos e crian-ças da sociedade montesclarense, sendo que dez delas (48%) apresentaram difi culdades ligadas à Síndrome de Irlen. Essas pessoas e todas as crianças identifi cadas por meio da metodologia de identifi cação de portadores de distúrbios de aprendizagem foram enca-minhadas ao tratamento adequado, e hoje estão se reintegrando a uma vida social e educacional plena e produtiva.

Pólo regional do Norte de Minas Gerais inicia a implantação do Projeto Bom Começomelhorando a vida de centenas de crianças

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 13 17/5/2009 12:53:58

Page 14: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

O Projeto Bom Começo é um sistema de gerenciamento da saúde da criança na escola. Para cumprir tal objetivo, o projeto foi estruturado em etapas, sendo a primeira delas referen-te à capacitação de professores e pro-fissionais da saúde para que reconhe-çam a existência de deficiências que interferem diretamente no aprendiza-do e para que ajam pro-ativamente no tratamento ou mitigação destes proble-mas. Os dados coletados pelos exames de triagem permitem construir um his-tórico do desenvolvimento e da saúde de cada criança. O cadastro (banco de dados) é desenvolvido para pro-porcionar uma visão médica e epide-miológica devendo permitir análises estatísticas com foco individual e também de grupo que levem a ado-ção de ações proativas e preventivas necessárias ao bom desenvolvimen-to de cada criança. As informações de saúde, tais como acuidade visual e auditiva são coletadas através de equi-pamentos adequados e que se comu-nicam via internet diretamente com o cadastro.

Objetivos O Projeto Bom Começo possibilita o diagnóstico precoce dos distúrbios visuais e auditivos em crianças em idade escolar, a partir de um sistema de monitoramento da saúde na escola. Tal sistema permite detectar os casos de crianças com desvios e altera-ções, possibilitando seu atendimento prévio e, desta maneira, capacitá-las para o efetivo aprendizado. A importância deste sistema reside no fato de se permitir a identifi cação precoce dos problemas visuais e o acom-panhamento do desenvolvimento de todas as crianças até a saída da escola. Para isto, os exames são repetidos anualmente e os dados mantidos à disposição do gestor em um sistema de cadastro. Ademais, aplica-se tecnologia e metodologia por meio de cursos para os professores e profi ssionais da área da saúde e da educação para lidar com estas crianças portadoras de problemas visuais e auditivos.

Cenários Diante da crítica situação dos siste-mas de educação e saúde no Brasil, O Pro-jeto Bom Começo surge com a proposta de criar mecanismos de acompanhamen-

to do desenvolvimento das crianças du-rante o ciclo escolar. Atualmente, as defi ci-ências do sistema de educação se expressam não apenas na qualidade de ensino, como também na falta de preparação adequada dos professores para identifi car e lidar com as crianças portadoras de défi cits sensoriais (visão e audição) e distúrbios de aprendiza-gem (relacionados ao processamento visual, como por exemplo, a Dislexia e Síndrome de Irlen). O Ministério da Saúde e Edu-cação, (“Projeto Olhar Brasil”, relatórios de 2007 e 2009), constatou que 30% das crianças na escola apresentam algum tipo de defi ciência visual, com provável prejuízo do aproveitamento escolar. Os dados refe-rentes aos portadores de défi cits de audição não são conhecidos, mas são estimados em cerca de 5%. Além dessas duas condições, existe um terceiro fator, com incidência de 15% sobre crianças (este índice se sobrepõe às outras condições), que são os Distúrbios

de Aprendizagem Relacionados à Visão. São crianças com exame de visão considerados normais ou corrigidos, mas que apresentam processamento visual central alterados, pre-judicando sua leitura e aprendizado. Pouca

Entendendo o Projeto Bom Começo: Programa de Acompanhamento da Saúde da Criança na EscolaEntendendo o Projeto Bom Começo: Programa de Acompanhamento da Saúde da Criança na Escola

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 14 17/5/2009 12:53:59

Page 15: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Entendendo o Projeto Bom Começo: Programa de Acompanhamento da Saúde da Criança na EscolaEntendendo o Projeto Bom Começo: Programa de Acompanhamento da Saúde da Criança na Escola

ou nenhuma atenção tem sido dispensada a estas últimas crianças, sendo que a negligên-cia no reconhecimento e assistência destas condições pode levar ao desenvolvimento de distúrbios comportamentais de grande impacto na vida dos indivíduos e para a so-ciedade.

Descrição e Implantação Para cumprir o objetivo proposto de gerenciar e monitorar a saúde na escola, o Programa foi estruturado em etapas, sen-do a primeira delas referente à capacitação de professores e profi ssionais da saúde, para que reconheçam a existência de defi ciên-cias visuais que interferem diretamente no aprendizado do educando. A capacitação de professores e gestores tem duração de 8 horas, enquanto a dos profi ssionais da área da saúde tem carga horária de 24 horas. Esta identifi cação e acesso precoce das respecti-vas informações, obtidas a partir da segunda e terceira etapas referente à realização de exames de triagem visual e Distúrbios de

Aprendizagem Relacionados à Visão res-pectivamente, permite a construção de um histórico do desenvolvimento e informa-ções de saúde, o qual é realizado por meio

de equipamentos adequados que permitam a introdução do dado diretamente no cadastro. Esta gestão de informação refere-se a quarta e última etapa da metodologia do Programa Bom Começo. Com relação à tecnologia, em par-ceria com a UFMG, o Laboratório de Pes-quisa Aplicada à Neurovisão (LAPAN) desenvolveu equipamentos de triagem da acuidade visual e limiar auditivo e de avaliação da habilidade de leitura e cog-nição (Diagnóstico Padrão de Leitura e Cognição – DPLC). A avaliação de leitura pelo DPLC é possível a partir de um apa-relho que mede a movimentação ocular e traduz o grau de efi ciência como leitor. No que se refere à metodologia, tem-se que o resultado dos exames é automaticamente direcionado para o banco de dados central, a partir do qual é possível emitir relatórios, tanto individuais como coletivos (regiões, escolas, classes, professores e alunos). O monitoramento individual permite identifi -car e resgatar as crianças fora da curva de normalidade, assim como potencializar fato-res identifi cados como de destaque (positi-vos ou negativos) no processo de ensino. A partir dos relatórios coletivos é possível sa-

ber quais são as escolas que ensinam melhor, quais são os professores que estão associa-dos com as crianças de melhor desenvolvi-mento, os fatores externos que infl uenciam este desempenho, entre outras percepções (Educação Baseada em Evidências). Com tal estrutura, o sistema per-mite acompanhar o desenvolvimento da criança no que é relativo à visão e audição em todo o ciclo escolar. No entanto, a partir do aproveitamento da estrutura de tecnolo-gia montada, torna-se possível acoplar tam-bém módulos de acompanhamento de outras variáveis. É o chamado Sistema de Solução Integrada, que permite incluir o monitora-mento de dados biométricos, de vacinação, perfi l odontológico, desempenho escolar, aspectos socioeconômicos e do entorno da escola. Cria-se com isso um sistema de mo-nitoramento do desenvolvimento escolar in-fantil, com informações valiosas para toma-da de decisões tanto para gestores públicos quanto para coordenadores educacionais da rede privada pública. Interessados devem entrar em contato com a Fundação Hospital de Olhos através do e-mail: [email protected]

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 15 17/5/2009 12:54:02

Page 16: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Qualifi car a gestão do Município é investir

na população

Qualifi car a gestão do Município é investir

na população

Como prefeito de Montes Claros, tomei conheci-mento dos pro-blemas resultantes da Dislexia e Sín-drome de Irlen no aprendizado das crianças através da minha mulher,

Dra. Stela Leite, que é médica oftalmologis-ta. Através do seu conhecimento científi co e engajamento social, ela mostrou-me que es-ses distúrbios de aprendizado condenam mi-lhares de crianças, jovens e adultos, somente em nosso país, a uma vida sem grandes possibilidades, menos atraen-te e com graves difi culdades de inserção socioeducacional e profi ssional, sem que elas tenham qualquer culpa. Em contato com o Hospital de Olhos Dr. Ricar-do Guimarães, articulado pela Sra. Kênia Torres Ribeiro, so-cióloga e mãe de duas crianças que têm esses distúrbios, fi rmamos um convênio através do qual a APAS e a prefeitura, em sua rede de ensino, implantaram o projeto pioneiro na identifi cação dos portadores de Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à Visão e na abordagem direta dos casos encontrados, o Projeto Bom Começo: Programa de Acom-panhamento da Saúde na Escola. Para tan-to, a Fundação Hospital de Olhos capacitou cerca de mil profi ssionais, a maioria profes-sores, para promoverem o acompanhamento adequado, dentro da sala de aula. Os resultados foram positivos. Por meio de uma verdadeira comunhão entre a criança, a família e a escola conse-

guimos um considerável sucesso nos casos concretos: crianças com défi cit de apren-dizagem passando à fase de normalidade e evoluindo na aquisição do conhecimento adequado à sua série escolar — permitin-do que o município se mova em busca de melhores indicadores educacionais, facili-tando a construção de uma sociedade mais preparada e com acesso a um sistema públi-co de ensino qualifi cado. Os resultados só não foram mais expressivos em face de alguns problemas detectados, entre os quais o enorme desco-nhecimento por parte da população, em ge-ral, sobre os distúrbios e muito mais sobre as formas corretas para combater os mesmos.

Todavia, o trabalho continua e é nosso obje-tivo ampliá-lo neste ano de 2011. Todos os gestores públicos devem corresponder às exigências sensatas feitas pela sociedade e não há nada mais urgente que a educação e a saúde. Em determinadas situações não temos no governo municipal todos os conhecimentos técnico-científi cos necessários para sanar as demandas sociais, por isso vale a pena fi rmar parcerias como esta, concretizada com a Fundação Hospital de Olhos, que conta com a presença cons-tante do Dr. Ricardo Guimarães e da Dra. Márcia Guimarães, reconhecidos líderes na abordagem desses distúrbios no Brasil, que nos dão todo suporte necessário para a trans-

missão do conhecimento e viabilização des-se projeto. O enfrentamento desse problema é uma causa nacional, que vai muito além das fronteiras dos nossos municípios. Precisa-mos unir esforços, todos os gestores públi-cos e sociedade civil organizada, para fazer com que nossas próximas gerações tenham acesso a sistemas educacionais mais inclu-sivos e cientes das necessidades reais da so-ciedade. Montes Claros, apesar de suas pe-culiaridades, é uma cidade com modelo ad-ministrativo, renda per capita e indicadores educacionais parecidos com outras centenas de municípios. Desta forma, tenho absolu-ta certeza que outras cidades terão idêntico

comportamento e resultado, à medida que se informarem so-bre os benefícios que os munícipes terão — em espe-cial aqueles que se sentem margi-

nalizados e alheios às oportunidades — em relação aos seus processos educativos, va-lorização pessoal, capacidade de trabalho e confi ança. Esses avanços permitem que a ci-dade melhore seus indicadores de segurança pública, empregabilidade, vulnerabilidade social, entre outros dados que nos possibi-litam avaliar o crescimento do município. A cidade de Montes Claros é hoje, e será para sempre, uma ativista dessa causa: a inclusão social por meio da educação de qualidade. Agora temos ferramentas para vencer um problema que até há pouco tem-po, não havia qualquer diagnóstico e muito menos perspectiva de resolutividade.

Montes Claros foi a primeira cidade a iniciar a implantação do Projeto Bom Começo

Artigo

Dr. Luís Tadeu Leite - Prefeito da cidade de Montes Claros/MG

O enfrentamento desse problema é uma causa nacional, que vai

muito além das fronteiras dos nossos municípios. Precisamos unir

esforços, todos os gestores públicos e sociedade civil organizada, para

fazer com que nossas próximas gerações tenham acesso a sistemas

educacionais mais inclusivos e cientes das necessidades reais

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 16 17/5/2009 12:54:04

Page 17: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Fundação Hospital de Olhos - 17

Ajuda fi nanceira para a educação

Desde a promulgação da Constituição de 1988, 25% das re-ceitas dos impostos e transferências dos estados, Distrito Federal e mu-nicípios são destinados aos custeios e investimentos com a educação. Com a Emenda Constitucional nº. 53/2006, a vinculação destas receitas passou para 20% e sua utilização foi ampliada para toda a educação básica por meio do FUNDEB. O FUNDEB é Fundo de Manutenção e Desenvolvi-mento da Educação Básica e de Valo-rização dos Profissionais da Educa-ção criado em 2007, em substituição ao FUNDEF, que vigorou de 1998 até 2006. Este programa promove a dis-tribuição dos recursos com base no número de alunos da educação básica informado no censo escolar do ano anterior, sendo computados os estu-dantes matriculados. No ano de 2011, o FUNDEB terá uma receita estimada em R$ 94,48 bilhões, o que represen-ta um aumento de 13,7% em relação à verba destinada em 2010. O objetivo do FUNDEB é aumentar os recursos na educação básica e distribuir melhor esse in-vestimento em todo País. O dinheiro disponibilizado pode ser usado pelos gestores públicos nas creches, pré--escola, nas instituições de educação infantil, ensino fundamental, ensino médio bem como na educação de jo-vens e adultos. Os recursos podem ser aplicados em atividades diver-sas como o custeio de programas de melhora da qualidade da educação, a aquisição de equipamentos, a cons-trução e manutenção das escolas e na capacitação e formação continuada dos professores. Da mesma forma, a aplicação desses recursos pelos gestores esta-duais e municipais deve ser direcio-nada exclusivamente para a educa-ção, considerando a responsabilidade constitucional que delimita a atuação dos estados e municípios em relação à educação básica. Em 2010, uma parceria entre a Prefeitura de Mon-tes Claros e a Fundação Hospital de Olhos possibilitou que o município utilizasse os recursos do FUNDEB na capacitação de mais de 930 professo-res de toda a rede pública de ensino.

Através do Projeto Bom Co-

meço mais de mil profissionais da educação, da cidade, passaram pelo curso de Dislexia de Leitura, que en-sina os docentes a identificar, em sala de aula, crianças com Distúrbios de

Aprendizagem Relacionados à Visão, disfunção que de acordo com a Or-ganização Mundial da Saúde, OMS, atinge cerca de 20% da população no mundo. Definir as prioridades de in-vestimento faz a diferença na gestão do recurso público destinado à edu-cação Com a identificação das ne-cessidades de intervenção, por meio da Secretaria Municipal de Educação de Montes Claros, foi possível defi-nir uma aplicação eficaz para os re-cursos provenientes do FUNDEB, re-sultando em uma mudança na gestão da educação, e consequentemente, da saúde na cidade. O projeto escolhi-do foi o Programa Múltiplos Olhares, lançado em 2009 pela APAS – Asso-ciação de Ação e Promoção Social. O trabalho possui três vertentes, sendo uma delas o Projeto Lê, que consiste em identificar e acompanhar os alu-nos do Sistema Municipal de Ensino com dificuldades na aprendizagem em função dos distúrbios de leitura e escrita. Para a subsecretária de edu-

cação de Montes Claros, profª Marta Aurora Mota e Aquino, a identifica-ção dos problemas educacionais da cidade possibilitou usar os recursos públicos direcionados à educação (que são anuais e que possuem prazo de expiração) de forma assertiva. “O bom gestor é aquele que sabe iden-tificar onde está, de fato, localizado o problema e apontar a melhor reso-lução para o mesmo. No que diz res-peito ao financiamento da educação, a otimização da verba está ligada ao uso consciente e direcionado dos re-cursos existentes. Vale ressaltar que os profissionais em exercício nas uni-dades de ensino devem ser competen-tes para atuarem no seio da educação. Claramente há falhas no sistema de detecção e correção das dificuldades, mas já que contamos com o auxílio de uma verba canalizada à educação, por que não utilizarmos desta valiosa fer-ramenta? A Associação de Promoção e Ação Social – APAS, em parceria com a Prefeitura de Montes Claros, Secretaria Municipal de Educação e Fundação Hospital de Olhos, tem pautado seu trabalho justamente nes-sa dualidade contextual (detecção/correção), o que gera soluções mais efetivas para os problemas encontra-dos e permite o bom andamento das ações anteriormente planejadas.”

Ajuda fi nanceira para a educação Recursos para a educação, como FUNDEB, quando bem empregados pelos gestores públicos,

permitem que Estados e Municípios melhorem os seus indicadores socioeducacionais

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 17 17/5/2009 12:54:05

Page 18: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

18 - Fundação Hospital de Olhos

Professores públicos serão integradores sociais

Com a implantação do Projeto

Bom Começo: Programa de Acompa-nhamento da Saúde na Escola e graças a uma ação conjunta entre a Fundação Hospital de Olhos e a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Mu-nicipal de Educação (SMED/BH), o segundo semestre de 2010 se mostrou promissor para a população da cidade, terceira metrópole econômica do Brasil. Professores da rede municipal de ensi-no passaram, entre setembro e dezem-bro, por cursos de capacitação que os permitiram reconhecer, em sala de aula, crianças com Distúrbios de Aprendiza-

gem Relacionados à Visão, em especial Dislexia e Síndrome de Irlen. Estes pro-blemas são decorrentes do mau proces-samento da visão central, defi ciência que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge cerca de 20% da população mundial e contribui para gerar graves problemas socioeducacio-nais. O Projeto, inicialmente ar-ticulado com o Secretário Municipal de Governo, Josué Valadão e poste-riormente apresentado à Secretária Municipal de Educação, profª. Macaé Evaristo, foi planejado para os profi s-sionais ligados ao ensino fundamen-

tal, 1º e 2º ciclo. A rede municipal de educação possui 186 escolas e no último ano letivo contou com 197 pedagogos, 10.280 professores e 174.683 alunos. Nos primeiros meses de im-plantação do projeto, mais de 900 pro-fessores e 300 coordenadores pedagógi-cos foram capacitados. A meta estipula-da para o município de Belo Horizonte é que em 2011 outros 1500 professores, pedagogos, psicólogos e psicopedago-gos passem pelo curso, qualifi cando de forma geral cerca de 32% dos professo-res municipais, sendo que serão treina-dos 100% daqueles dedicados ao ensino fundamental, o que representa cerca de 3 mil profi ssionais. O segundo passo, após a efe-tiva capacitação de toda a rede, será a realização dos exames de triagem dos estudantes que idealmente ocorrerão de ano em ano, no início do calendário le-tivo. Feito isso, será possível identifi -car e tratar alunos que apresentem tanto problemas de acuidade visual (visão de longe e perto), quanto difi culdades de leitura, que estão, muitas vezes, relacio-nadas aos Distúrbios de Aprendizagem

Relacionados à Visão. Na terceira e na quarta etapa acontece o monitoramento e acompa-nhamento desses estudantes, através de um banco de dados. Isso porque todas as informações obtidas com a realização das triagens (acuidade visual e scree-ning) são enviadas para uma plataforma de BI (business intelligence), o banco de dados central, a partir do qual são emitidos relatórios que permitem ava-liar a evolução dos alunos em relação ao aproveitamento escolar. Essa platafor-ma possibilitará estudos e pesquisas so-bre as escolas de uma mesma localidade ou de distritos educacionais, permitindo

que os recursos materiais e humanos se-jam direcionados às necessidades reais da população. Para a professora Macaé Evaristo, Secretária Municipal de Educação de Belo Horizonte, a par-ceria fi rmada entre as instituições vai contribuir para que os indicadores educacionais da cidade continuem ascendentes, refl exo da preocupação da atual gestão com a educação qua-lifi cada no município. “A Prefeitura de Belo Horizonte tem um objetivo impor-tante ao estabelecer essa parceria com a Fundação Hospital de Olhos. Nossos es-tudantes são a nossa prioridade, nós te-mos o compromisso com a melhoria da qualidade da educação na nossa cidade. Sabemos que os profi ssionais da edu-cação têm muito empenho nessa tare-fa, mas é preciso cada vez mais con-tar com os conhecimentos que estão sendo desenvolvidos em outras áreas, como na Fundação Hospital de Olhos, que vem com novos estudos, pesqui-sas e avanços científi cos que poderão contribuir para que o professor, lá na sala de aula, possa construir novas abordagens pedagógicas, melhorando o ensino para crianças e adolescentes”.

PBH, em parceria com a FHO, capacitará mais de três mil profi ssionais da educação ligados ao ensino fundamental

Professores públicos serão integradores sociais

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 18 17/5/2009 12:54:05

Page 19: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Fundação Hospital de Olhos - 19

Parcerias em prol da melhoria contínua da

qualidade da educação

O processo de formação conti-nuada de pro-fessores, edu-cadores infantis e outros atores presentes no processo ensino - aprendizagem sempre será

fundamental para garantirmos a me-lhoria contínua da educação. À me-dida que a sociedade avança e se diversifica na perspectiva de novas tecnologias e demandas dos sujeitos sociais, é necessário que a educação - leia-se o docente e os gestores educa-cionais - esteja atenta às necessidades de formação, geradas neste contexto globalizado de mudanças cotidianas. Este desafio torna-se ainda maior quando convivemos com realidades distintas de acesso a direitos sociais e trajetórias e d u c a c i o n a i s diversas, ou seja, a forma-ção docente e o cumprimen-to do papel da escola são completamen-te perpassados pelo esforço em contribuir com garantias de direi-tos sociais, equidade educacional e vivência de cidadania plena. Neste aspecto, cumpri-nos entender que a educação, ao estabe-lecer novos diálogos institucionais e novas abordagens existentes nas vá-rias áreas do conhecimento, não espe-ra que o professor e o gestor tenham que tornar-se especialistas em tudo. O que impacta de maneira positiva ou negativa o processo ensino-aprendi-zagem é a abertura do diálogo amplo e fraterno, com vistas ao aporte de novos conhecimentos e procedimen-tos para a atuação educativa, tornan-do-a mais efetiva para a trajetória dos estudantes. É de extrema importância que nós, docentes e gestores, este-jamos preparados para simultanea-mente: ler as dificuldades presentes

no interior da escola que interferem de maneira real na aprendizagem dos alunos; mapear o contexto no qual as dificuldades de aprendizagem emergem e se cristalizam, fazendo--o de maneira crítica e autocrítica e abrindo mão do senso comum; ques-tionar as explicações e causas primei-ras; identificar as potencialidades, talentos e meios existentes no interior da escola de forma a intensificá-los e promover o resgate do saber docente, fazendo, de fato, a gestão do conheci-mento no interior da instituição esco-lar. Por fim, é necessário sair dos muros da escola e ir ao encontro de parcerias solidárias que possam, a partir das dificuldades e demandas identificadas, apresentar alternativas viáveis que contribuam para a me-lhoria da qualidade da educação, sem que nem a autonomia da escola nem

o saber docente sejam negligenciados neste processo. A construção de par-cerias pressupõe que os interlocuto-res tenham clareza do papel a ser de-sempenhado de forma a garantir que a escola cumpra, efetivamente, sua histórica função social. Em Belo Horizonte, este é o caminho que estamos percorrendo em busca da melhoria contínua da qualidade da educação municipal: ao identificarmos nossos principais desafios, planejamos formas efetivas de enfrentá-los e saná-los. Outro pon-to importante refere-se à garantia de formação continuada de docentes em temas que podem contribuir com o processo ensino-aprendizagem e que não necessariamente fazem parte de sua formação inicial. O maior inten-to é fornecer-lhes arcabouço teórico, metodológico e instrumental, para

intensificar a aprendizagem dos estu-dantes sob sua responsabilidade, por meio de parcerias já firmadas. Oportuno destacar a par-ceria da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte com a Fundação Hospital de Olhos que, nos meses de setembro e dezem-bro de 2010, formou 1.118 profis-sionais da educação, para que os mesmos sejam capazes de detectar, em nossos estudantes, Distúrbios de Aprendizagem Relacionados à Visão, em especial Dislexia e Sín-drome de Irlen, fornecendo aos pro-fissionais da educação uma maior compreensão de fatores que podem interferir na aprendizagem e que uma vez tratados, contribuem para que os estudantes tenham uma trajetória es-colar de sucesso e melhor aprendiza-gem. Um aspecto importante da

nossa parceria com a Fundação Hospital de Olhos é a contribuição na mudança de para-digma sobre os proble-mas de aprendizado, uma vez que quando os docentes percebem que o “não aprender” tem causas variadas e precisa de intervenções

e abordagens variadas, quebra-se o paradigma de que algumas crianças aprendem e outras não. Ressalta-se nossa compreen-são de que vários elementos encon-trados para garantir a aprendizagem dos estudantes têm sua raiz em outros campos de atuação do poder público - saúde, segurança pública, assistência social, entre outros - e muitos fato-res relacionados à fragilidade destes sujeitos não serão resolvidos dentro do campo educacional. Mas, com cer-teza, estabelecer diálogos e construir parcerias são um caminho eficaz para que algumas das distorções sociais sejam minimizadas e venham a garan-tir o que queremos e acreditamos ser o nosso dever: construir uma escola para todos, onde todos aprendem e desenvolvem o melhor de si, em con-sonância com o melhor dos outros.

Parcerias em prol da melhoria contínua da

qualidade da educação

Artigo

Macaé Maria Evaristo - Secretária Municipal de Educação de Belo Horizonte

Um aspecto importante da nossa parceria com a Fundação Hos-

pital de Olhos é a contribuição na mudança de paradigma sobre os

problemas de aprendizado, uma vez que quando os docentes per-

cebem que o “não aprender” tem causas variadas e precisa de in-

tervenções e abordagens variadas, quebra-se o paradigma de que

algumas crianças aprendem e outras não.

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 19 17/5/2009 12:54:22

Page 20: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Com novos conhecimentos, professores e coordenadores pedagógicos podem qualifi car sua abordagem em sala, criando vínculos mais fortes com os alunos e melhorando o processo educativo

Depoimentos dos profi ssionais da educação de Belo Horizonte que passaram pelo curso articulado junto à SMED/BH – Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte, Minas Gerais.

Faça parte da rede social/profi ssional que está mudando a educação no Brasil.Para saber mais acesse o site www.DislexiadeLeitura.com.br

“Como eu trabalho no

Programa Saúde na Escola será

muito importante usar esse conhecimento

para ajudar os alunos com Síndrome de

Irlen. E também será muito signifi cativo

para meu currículo já que é um curso

muito importante.”

Bruna Mazzola Maria Campolina

“Tenho a expectativa de

fazer alguma diferença dentro

da escola, conseguindo detectar

algum problema de aprendizagem,

melhorando a vida do aluno.”

Edivane Maria Torres

“Foi uma surpresa saber

sobre a Síndrome de Irlen e

saber que várias crianças fi cam rotuladas

sem sabermos qual o seu real distúrbio.

Adorei saber que as crianças poderão ser

ajudadas.”

Ivanildes Nogueira de Freitas

“Fico feliz de fazer

parte dessa transformação que certamente

fará muita diferença. Continuem com

o trabalho que é de grande valia para

muitos. E como screener farei minha

parte.”

Camila Rodrigues Souza Silva

“Achei que aqui nós

aprenderíamos o que é a Dislexia

e a SI, mas apenas isso. Porém

saio daqui sabendo o que é e

sabendo que eu posso fazer

uma tremenda diferença na

vida de alguém.”

Gabriela Viana de Oliveira Lima

“Acreditava que seria

interessante, mas não imaginava

que traria tantas possibilidades

práticas. Descobri que ‘há luz no

fi m do túnel’.”

Marisete Aparecida de Oliveira

te

“Hoje saio com

expectativa de poder levar

aos colegas de trabalho o

conhecimento que eu adquiri. Quero

contribuir na redução do número de

crianças com SI que não são detectadas.”

Lucilaura Simões

da

“Pensei que iria apenas

aprender a aplicar o teste. Retorno

para a escola com muita informação que

irá contribuir na melhoria da qualidade de

vida dos nossos alunos.”

Karla Verônica Borgati Zanon

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 20 17/5/2009 12:54:22

Page 21: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Fundação Hospital de Olhos - 21

Mobilizados pela educação

O Projeto Bom Começo: Pro-grama de Acompanhamento da Saúde na Escola foi idealizado pela Fundação Hospital de Olhos e conta com quatro fases: capacitação de profissionais; re-alização de exames de triagem; envio de resultados para o banco de dados e emissão de relatórios individuais e coletivos. Algumas dessas fases já se encontram amplamente consolidadas, como é o caso da primeira, através da qual até a XV edição do Curso de Dislexia de Leitura 1343 profissionais, chamados de Screeners, de 20 estados brasileiros, já foram capacitados. Os cursos de Dislexia de Lei-tura são um marco no meio educacio-nal do País e se destacam pela conso-lidação da metodologia de identifica-ção dos portadores de Distúrbios de

Aprendizagem Relacionados à Visão. Com uma média de três cursos/ano, para um público médio de 80 alunos, a Fundação Hospital de Olhos vem al-cançando números expressivos e crian-do uma rede profissional participativa e atuante, que está mudando conceitos equivocados sobre a correlação entre a saúde visual e a educação. Essa rede de profissionais das

áreas da saúde e da educação está dis-tribuída em mais de 150 municípios brasileiros, alocados em escolas pú-blicas e privadas, enfrentando diaria-mente seus problemas educacionais e econômicos. Por serem geralmente membros dessas comunidades, eles conseguem identificar as necessidades regionais e, deste modo, podem propor alternativas específicas para cada situ-ação ou local. Os Screeners passam pelo curso/treinamento elaborado pela Fundação, com carga horária de 24 horas/aula, distribuídos em três dias, sendo que o último é dedicado, exclusivamente, aos testes de scree-ning (identificação) das pessoas com distúrbios no processamento cerebral da visão, em especial, portadores de Dislexia e Síndrome de Irlen. É ofe-recido também um Seminário, com carga horária de 8 horas, direcionado especialmente aos professores, com a finalidade de introduzir este público ao tema e orientá-los sobre como lidar com esses distúrbios dentro da sala de aula. O conceito relativo a essas disfunções, usados na capacitação des-sa rede profissional, está difundido em 42 países, e é aplicado em mais de quatro mil instituições de ensino, espe-cialmente nos EUA e nos países mem-bros da Comunidade Européia. Uma resolução adotada em Julho de 2009, durante a Assembléia Geral da NEA — National Education Association — que agrega aproximadamente três milhões de trabalhadores da área da educação, aprovou a proposta de que todos os seus membros sejam infor-mados sobre a Síndrome de Irlen e o seu tratamento.

Determinações como essa re-forçam a importância dessa rede for-mada no Brasil, por meio da Fundação Hospital de Olhos, que já se destaca como uma das mais atuantes dentre todos os países que possuem projetos nessa área. Os diversos cursos de reci-clagem e programas de educação conti-nuada mantêm os mais de 1340 profis-sionais interligados, criando uma rede participativa direcionada a melhorar a educação pública e privada. Os interessados em participar da Rede de Screeners da Fundação Hospital de Olhos podem dispor de uma equipe de apoio, em tempo inte-gral, que articula uma série de serviços por meio de diferentes canais de co-municação, como o portal Dislexia de Leitura, (www.dislexiadeleitura.com.br), valioso meio de interlocução entre os “ativistas” da educação brasileira e que já ultrapassou os 150 mil acessos. Os cursos e eventos são planejados e realizados de forma itinerante o que permite a inclusão de mais pessoas e garante, a diferentes comunidades, o acesso a conhecimentos que podem ge-rar melhorias significativas nas escolas e, consequentemente, no aprendizado.

Rede de Screeners composta por mais de 1340 profi ssionais de 20 estados está modifi cando

conceitos e potencializando a educação no Brasil

Mobilizados pela educação

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 21 17/5/2009 12:54:25

Page 22: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

22 - Fundação Hospital de Olhos

De Norte a Sul – transformando hoje o futuro De Norte a Sul – transformando hoje o futuro

De repente, ao olhar o mapa de localização da equipe de scre-eners no Brasil, em nosso site w w w. d i s l e -xiadeleitura.com.br, me dei conta de já

estarmos presentes em 75% dos estados! Essa “corrente do bem” que sempre foi um sonho dentro do H.Olhos se ampliou ao ponto de formar uma rede de compe-tências desbravadoras que vai desde Ro-raima até os pampas gaúchos, das praias de Guarapari as novíssimas cidades do Mato Grosso do Sul e Acre; Hoje, pode-mos afi rmar que estamos totalmente pre-parados para o grande desafi o da realidade do nosso país: impedir que o anunciado apagão educacional brasileiro aconteça! Sabemos que os portadores de difi culdades de leitura e aprendizagem atingem entre 20 a 35% da população estudantil. Esse dado induz a uma pergun-ta vital para o Brasil. Quantos destes desis-tentes poderiam ter sido resgatados se seus sintomas de des-conforto visual e difi culdades de leitura tivessem recebido intervenções a tempo? E por qual razão podemos afi r-mar que estamos preparados? Em quatro anos os 15 (quinze) Cursos da Fundação H.Olhos capacitaram mais de 1340 pro-fi ssionais híbridos, da saúde e da educa-ção, divulgando em todo País os conceitos sobre a importância da visão no processo de aprendizagem e o impacto que as di-fi culdades com a luminosidade podem produzir no conforto visual, na leitura, na concentração e na produtividade geral de adultos e crianças. A partir de uma observação apa-rentemente simples e de uma metodologia rigorosa, mas acessível e de baixo custo, transmitimos a técnica de como quantifi -car e neutralizar as distorções perceptuais que se manifestam durante o processo de leitura destes estudantes e profi ssionais que lutam desde a infância com um pro-blema que se agrava progressivamente, à medida que aumentam e se prolongam as demandas de atenção visual. Graças a uma vasta rede de parceiros, o projeto vem caminhando a passos largos no sentido de cumprir seu objetivo principal que é possibilitar

o acesso e a inclusão no sistema de ensi-no brasileiro. Albert Einstein disse, com muita propriedade, que “A mente que se abre a uma nova ideia nunca volta ao seu tamanho original” — assim aconteceu conosco, a partir da observação frequente e dos resultados colhidos com adultos e crianças que apresentavam severas limi-tações em seu aprendizado e qualidade de vida, tudo por conta de seus desajustes sensoriais a luz ambiente. O programa de treinamento para as screeners se mostrou uma estra-tégia vencedora. Como toda ideia nova, há um habitual desconforto causado pela quebra de paradigmas, pela necessidade de se abrir a novas propostas e conceitos que trazem a exigência da reprogramação profi ssional e causam questionamentos no status quo das áreas afi ns, que inicialmen-te sentem-se ameaçadas por novas inter-venções que lhes parecem por em risco o seu nicho de mercado. Esta percepção se materializa

através de e-mails e conversas que tenho com as screeners com as quais comparti-lho grande senso de fraternidade por ter vivido, sozinha ou em companhia do Ri-cardo, os mesmos momentos de questio-namento e afi rmação diante de uma reali-dade que ainda não é percebida por todos. O pioneirismo tem seu preço, e chegar com uma ideia nova enfrentando resis-tências “gratuitas” de quem está desinforma-do nem sempre é fácil. Quando alguém me te-lefona e pede que eu re-suma em cinco minutos o nosso trabalho — para que ele avalie se o caso “é para mim” — fi co agradecida pelo voto de confi ança e, ao mes-mo tempo, angustiada por que há uma quebra de tabus e barreiras en-volvidas neste enfoque e a assimilação exige tempo e evidências que uma conversa de pou-cos minutos não conse-gue proporcionar.

Felizmente as evidências se avo-lumam e já não há como negar a impor-tância do sentido visual no processo de aprendizagem – em um artigo na Revista de Neurociências e Psicologia de Abril/Junho 2010 intitulado “Dislexia e Hipóte-se Magnocelular”, já se admite claramen-te que não apenas fatores linguísticos, mas também os sensoriais interferem com as habilidades neurológicas. O que nos gratifi ca é saber que centenas de profi ssionais que formam a nossa rede de screeners estão em alerta e já receberam instrumentos de intervenção a baixo custo e técnicas de rastreamento exequíveis em qualquer ambiente. Esta-mos preparados! Embora sejamos qua-se dois mil screeners, somos ainda uma amostra grátis do que podemos realizar em prol da educação brasileira, onde pelo menos 20% das crianças terão défi cits vi-suais a serem investigados. Minha mensagem a todos é para que não esmoreçam, somos a ponta do

Iceberg que está pres-tes a furar o casco dos Distúrbios de Apren-

dizagem Relaciona-

dos à Visão. Não que-remos vítimas, mas sim o salvamento de

todos, sem exceção. Temos hoje, a cada dia que passa, mais força, integrantes e vontade para não deixar ninguém a deri-va, e enquanto o salvamento estiver ao al-cance das mãos podemos e devemos pro-por ajuda, por que quanto mais precoces as intervenções, mais rápidos ocorrerão os resgates.

Artigo

Dra. Márcia Guimarães - Médica oftalmologista e Diretora Clínica do H.Olhos

Estamos preparados! Embora sejamos quase dois mil screeners,

somos ainda uma amostra grátis do que podemos realizar em prol

da educação brasileira, onde pelo menos 20% das crianças terão

défi cits visuais a serem investigados.

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 22 17/5/2009 12:54:35

Page 23: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Fundação Hospital de Olhos - 23

Produção tecnológica direcionada à sociedade

A correta identifi cação das defi -ciências visuais e auditivas pode diminuir os problemas relacionados à alfabetização e aprendizagem das crianças e dos adoles-centes. Para identifi car essas defi ciências existem diversas técnicas já consagradas, exemplos são: o teste de acuidade visual, teste de sensibilidade ao contraste, teste de visão de cores, teste de forias e o teste do limiar auditivo. Apesar de já existirem no merca-do alguns equipamentos que realizam estes testes, a experiência clínica demonstra que ainda há limitações a serem superadas, den-tre as quais estão a ausência de equipamen-tos que façam todos os testes, a realização dos testes em série pré-estabelecida, a de-pendência do operador, a impossibilidade de se realizar testes onde é necessária a exi-bição de caracteres de forma aleatória e, em especial, o alto custo desses equipamentos. Preocupados com o impacto ne-gativo que pode causar no desenvolvimen-to de uma criança o fato de não haver uma metodologia e um equipamento adequados à detecção precoce de distúrbios visuais e auditivos, o Laboratório de Pesquisa Apli-

cada à Neurovisão (LAPAN), uma parceria da Universidade Federal de Minas Gerais, Fundação Hospital de Olhos e Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães, decidiu enfrentar esse desafi o. Após quatro anos de intensa pesquisa, foi desenvolvido um novo equipamento que pretende causar im-pacto signifi cativo no modo de se pensar os

exames de triagem visual e até no modo de se pensar a gestão da saúde pública. Esse impacto se deve às caracte-rísticas inovativas do equipamento desen-volvido pelo LAPAN, que oferece as mais refi nadas técnicas de avaliação da saúde vi-sual e auditiva, aliada à tecnologia da infor-mação, possibilitando também a triagem de crianças em período escolar e pré-escolar. Dentre as principais característi-cas desse equipamento podem-se destacar a integração de todos os exames conside-rados relevantes em uma única plataforma — qualifi cando a logística para a realização de ações sociais onde a infraestrutura não é adequada —, deste modo poderemos ter a conectividade completa desses exames com um banco de dados central que gera relatórios detalhados, a possibilidade de se realizar exames binoculares com a exibição de caracteres de maneira aleatória e a possi-bilidade, também, de se escolher os exames a serem realizados na seqüência mais ade-quada a cada usuário. Além disso, permite ainda a realização de testes em crianças que não foram alfabetizadas, tornando a detec-ção e, principalmente, a resolução dos pos-síveis problemas antes mesmo de se iniciar a alfabetização. Esta tecnologia, que está em pro-cesso de patente, é uma ferramenta impor-tante para a efetiva implantação do Projeto

Bom Começo: Programa de Acompanha-mento da Saúde na Escola. Entretanto, o desenvolvimento não pára e novos aper-feiçoamentos já foram incorporados ao

equipamento graças à parceria com em-presas de grande vocação inovadora, no caso, a Seva Engenharia Eletrônica S.A. Além disso, para as próximas evoluções do Laboratório de Neurovisão, a equipe de desenvolvimento foi reforçada, o Instituto Federal Minas Gerais (IFMG), se junta ao LAPAN para gerar novos conhecimentos e tecnologias aos projetos sociais da Funda-ção Hospital de Olhos.

Produção tecnológica direcionada à sociedadeFundação Hospital de Olhos e UFMG desenvolvem equipamentos para a

identifi cação de portadores de distúrbios visuais

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 23 17/5/2009 12:54:35

Page 24: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

24 - Fundação Hospital de Olhos

Experiência colocada em prática

Ao longo das últimas nove dé-cadas, a UFMG vem se mostran-do como uma das mais ativas un ive r s idades brasileiras, com vasto histórico de geração de

conhecimentos e patentes. Desde os últi-mos reitorados fi cou clara a defi nição da instituição de estar presente na vida da sociedade, possibilitando a transferência da tecnologia aos setores interessados ou produtivos e também aplicando, de fato, os seus projetos e estu-dos. Impressio-nados com os núme-ros ofi ciais de crianças com defi ciência visual na escola primária, 30% segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia e os Ministérios da Saúde e da Educação, e reconhecendo ali uma área de grande im-portância social (pelo impacto no aprendi-zado), assim como uma oportunidade de desenvolvimento de tecnologia, profi ssio-nais da UFMG, através do Laboratório de Biotecnologia da Escola de Engenharia, se uniram a uma causa nobre: o acompa-nhamento da saúde das crianças na escola. Para tanto, foi fi rmada uma parceria com a Fundação Hospital de

Olhos, que por sua vez possibilitou a construção do LAPAN, Laboratório de Pesquisa Aplicada à Neurovisão. O LAPAN representa a união da excelên-cia clínica do Hospital de Olhos, dos importantes projetos sociais da Funda-ção Hospital de Olhos e da sólida base acadêmica e arrojada qualidade em pesquisas e inovação da Universidade Federal de Minas Gerais. As atividades do Laboratório, as pesquisas nas áreas de desenvolvimento da criança em fase esco-lar, de Distúrbios de Aprendizagem Rela-cionadas à Visão e de neuroplasticidade contam com o apoio de órgãos de fomento

à pesquisa do Governo Federal e do Go-verno do Estado de Minas Gerais. O chamado Projeto Bom Co-meço (PBC) utiliza os mais novos de-senvolvimentos produzidos no LAPAN para disponibilizar aos estudantes, pais, professores e gestores de educação e da saúde uma metodologia de coleta de in-formação, organização em um banco de dados inteligente e análise dos dados do desenvolvimento educacional, cognitivo e de saúde de crianças em idade escolar. Equipamentos como o SVA que faz um diagnóstico rápido e automático de pro-

blemas visuais e auditivos e o DPLC que avalia a qualidade da leitura e compreen-são de textos por meio do rastreamento dos movimentos dos olhos são algumas das tecnologias já desenvolvidas para dar suporte à metodologia que vem sendo de-senvolvida há vários anos pela equipe do Hospital de Olhos. A parceria que está em curso desde 2006 já resultou, inclusive, em pro-jetos de Doutorado. Entretanto, seu ponto de destaque está na quebra de paradigmas que estamos realizando dentro do sistema educacional brasileiro, haja vista os nú-meros expressivos alcançados pelo PBC:

duas tecnologias pa-tenteadas, 1343 pro-fi ssionais capacitados, 20 estados e mais de 150 municípios brasi-leiros envolvidos no

trabalho de inclusão educacional de crian-ças, adolescentes e adultos com proble-mas de aprendizado. A expectativa para os próximos anos está relacionada à construção de tec-nologia em larga escala e com um custo fi nal mais acessível, para que ela possa ser implantada em um maior número de instituições de ensino. O Projeto Bom Começo vem, assim, ratifi car a vocação social da UFMG, que é estar presente e propor alternativas efi cientes para as demanda reais da sociedade mineira e brasileira.

UFMG e Fundação Hospital de Olhos aplicam suas pesquisas no dia a dia da sociedade

Experiência colocada em práticaArtigo

Prof. Marcos Pinotti Barbosa - Coordenador do Laboratório de Bioengenharia da UFMG

A expectativa para os próximos anos está relacionada à constru-

ção de tecnologia em larga escala e com um custo fi nal mais aces-sível, para que ela possa ser implantada em um maior número de instituições de ensino.

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 24 17/5/2009 12:54:42

Page 25: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Novos conhecimentos, procedimentos e tecnologia do H.0lhos sempre foram infor-mações úteis para instruir a sociedade

Neste espaço, estão dispostas algumas matérias publicadas em jor-nais e revistas nacionais sobre os trabalhos pioneiros do Hospital de Olhos Dr. Ricardo Guimarães e da Fundação Hospital de Olhos de Minas Gerais. Nessas últimas décadas produzimos muitas notícias boas, que levaram conhecimento a diversas casas e vidas. Acesse o link descrito abaixo e saiba mais sobre a FHO/MG e o H.Olhos: www.fundacaohospitaldeolhos.com.br / www.holhos.com.br

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 25 17/5/2009 12:54:44

Page 26: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Curso de Dislexia de LeituraFaça parte da rede social/profi ssional que está

mudando a educação no Brasil.

Agora é a sua vez!www.Dislexiadeleitura.com.br

“ atualmente, tenho a confiança que me faltou durante a infância e a adolescência; hoje no trabalho, na universidade e até mesmo no trânsito me sinto mais apto e preparado para corresponder bem (...) honestamente não consigo viver mais sem os filtros, não os largo por nada, quando estou sem eles tenho a sensação que tem alguma coisa faltando.”

Felipe Quintão de Castro - 27 anos

“Sempre vivi com alguns desconfortos, para dirigir, para ler ou mesmo na claridade e não sabia como enfrentar esse situação. Vários exames foram feitos e não detectavam o problema. Depois que busquei esse tratamento no H.Olhos melhorei minha qualidade de vida. A equi-pe da Dra. Márcia Guimarães é excelente, todos são muito criteriosos e, de fato, buscam dar uma resposta e solução para o problema que levamos até eles. Sou agora um beneficiado e grande admirador do trabalho desenvolvido pela instituição e só tenho a agradecer”

César Bacha - 47 anos

Depoimentos de pacientes - Dislexia de Leitura

“tive sérios problemas com os estudos e acabei atrasando na escola, mas depois que comecei a usar os filtros recuperei as minhas notas e a vontade de estudar (...) depois de tudo isso que passei descobri que quero ser psicóloga, quero usar essa experiência! Como passei por isso e agora estou bem, com minha vida caminhando bem, posso ajudar me apresentando como um caso difícil que teve solução”

Gabriela Rodrigues Láper - 18 anos

“antes eu não enxergava na claridade e não conseguia ler normalmente, o que me frustrava muito, pois sabia que precisava estudar bastante, já que eu queria ser médica! As cores também eram um problema, não achava graça nas artes, em fotos ou paisagens tudo era opaco e sem vida, agora com os filtros me sinto confiante nos estudos e estou me saindo bem, tenho certeza que vou seguir meu caminho na medicina (...) para comple-tar agora vejo o mundo com mais vida e repleto de cores que nem sabia que existiam”

Jassiara Caroline Felipe Cruz - 18 anos

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 26 17/5/2009 12:54:48

Page 27: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

Montes Claros melhora cada dia

Melhor a cada dia

Oftalmologia

A prefeitura prioriza a saúde do cidadão montes-clarense, com

atendimentos especializados.

Em 2010, foram feitas 29.621 consultas oftalmológicas

e 840 cirurgias de catarata.

Até abril deste ano, 6.756 pessoas já foram beneficiadas com

consultas oftalmológicas e outros 480 pacientes atendidos com

cirurgias de catarata. O município também viabilizou 5 operações de

estrabismo e 12 de pterígio.

Estão sendo feitos, ainda, exames especializados em retina, com

mapeamento e angiografia.

Em conjunto com a Associação de Promoção e Ação Social (APAS),

a Prefeitura trabalha, preventivamente, evitando prejuízos escolares

causados pela dislexia e síndrome de Irlen.

Valorizando o cidadão e cuidando da saúde, Montes Claros avança.

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 27 17/5/2009 12:54:54

Page 28: Revista fundacao hospital_de_olhos_junho 2011

www.holhos.com.br :: www.fundacaohospitaldeolhos.com.br

dislexiadeleitura.com.br :: [email protected]

Te l . : *55 (31) 3289.2000

Rua da Paisagem, 2 2 0 - Vila da Serra

Belo Horizonte/MG - Br a s i l

CEP: 30161-970 - Caixa Postal: 420

revista_anuario_hospital_de_olhos_times.indd 28 17/5/2009 12:54:55