Revista Fale! Brasília. Edição 03

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Revista de informação ANO I — Nº 3 BSB EDITORA www.revistafale.com.br/brasilia B RASÍLIA ENSINO PÚBLICO POR QUE NÃO FUNCIONA? Violência nas escolas, baixos índices de aprendizado e qualificação precária de professores são indicadores que depreciam a qualidade do ensino público no Brasil HAKANI, A PEQUENA íNDIA UMA HISTóRIA DE VIDA R$ 9,00 9 771519 953002 00003 B B S E D I T O R A

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Revista Fale! Brasília. Edição 03. História de Capa. ENSINO PÚBLICO. POR QUE NÃO FUNCIONA? Violência nas escolas, baixos índices de aprendizado e qualificação precária de professores são indicadores que depreciam a qualidade do ensino público no Brasil

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Revista de informaçãoANO I — Nº 3 BSB EDITORAwww.revistafale.com.br/brasilia

BrasíliaENSINO PÚBLICO

POR QUE NÃO FUNCIONA?

Violência nas escolas, baixos índices de aprendizado e qualificação precária de

professores são indicadores que depreciam a qualidade do ensino público no Brasil

hAkANI, A PEQUENA íNdIA UmA hIStóRIA dE VIdA

R$ 9,00

9 771519 953002

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B BSe d i t o r a

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Uma boa agência de propaganda é a melhor parceira na construção da sua marca. Mas uma parceria só funciona quando a remuneração é justa. Só assim as agências podem manter a estrutura, os profissionais e a qualidade que uma comunicação de resultados exige. Pense nisso. É a imagem da sua empresa que está em jogo. Procure uma agência filiada ao Sindicato das Agências de Propaganda do Distrito Federal.

QUANDO VOCÊ VÊ UM ANÚNCIO ASSIM, LOGO DESCONFIA.DEVERIA FAZER O MESMO QUANDO UMA AGÊNCIA ACEITA FAZER PROPAGANDA QUASE DE GRAÇA.

www.sinaprodf.com.br

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30Raio X do Legislativo A Deputados distritais estão

em segundo lugar como os mais caros no ranking nacional.

S EÇÕ E S08 Talking Heads09 Brasília Off10 Arena Política12 Online

43 Moda44 Repórter Mirim48 Persona50 Artigo

36 Mortes no trânsito Mesmo com rígida legislação,

acidentes de trânsito no Brasil só aumentam. O que fazer para mudar?

ECO N O m I A

Que derrubem o diploma e levantem a democracia

CartadoEditor

Junho de 2009 Ano I No 3

ISSN 1519-9533

© 2009 BSB Editora

P O L í t I CA

CA PA

14O flagelo da educação pública

Enquanto o Ministério da Educação garante que a educação melhora no Brasil, há poucos quilômetros dali, alunos de escola pública do DF ameaçam professores de morte.

EStAmoS NA ExpECtAtIvA dE umA decisão histórica, se for deci-dido o fim da obrigatoriedade do diploma. Que Gilmar Men-des, Celso de mello e os outros

ministros votem pela derrubada deste bastião da defesa do corporativismo. Se pode funcionar bem na maior par-te do mundo, aqui não só pode, como já funciona. Que possam, finalmente, a Fenaj e os sindicatos lutarem por por melhores condições de trabalho, por ações inteligentes como a Esco-la Livre de Jornalismo, iniciativa dos competentes Leandro Fortes, Gusta-vo Krieger e Olimpio Cruz Neto com o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do DF. Que sejam sábios e incluam os colegas. Por que a exclusão? Que lute-mos por um jornalismo mais ético. As redações estão cada vez mais vazias, e o que se precisa valorizar é o talento, e não a perseguição e as lamúrias dos incompetentes, que querem se escon-der usando um canudo oriundo de má formação universitária. O profissional competente sempre terá mercado. Não entendo como a Fenaj insiste em dizer que sem diploma, teremos maus pro-fissionais. Há alguma pesquisa sobre isso? Provas? Se apurarmos será que há maior número de erros de jornalis-tas diplomados ou não? Onde estão os fatos? A quem e por que “os não diplo-mados” incomodam tanto?

Cito aqui, palavras do brilhante jor-nalista Maurício Tuffani, sobre o tema: “No que se refere à Convenção Intera-mericana de Direitos Humanos, que foi ratificada em 1992 pelo Executivo (De-creto nº 678) e pelo Congresso Nacional (Decreto Legislativo nº 27), vale lem-brar não só para nossos sindicalistas e

professores de jornalismo, mas também para muitos juristas que têm se pronun-ciado em favor da obrigatoriedade do diploma, os seguintes termos da ementa do Decreto Legislativo nº 89, de 1998: Aprova a solicitação de reconhecimen-to da competência obrigatória da Corte Interamericana de Direitos Humanos em todos os casos relativos à interpre-tação ou aplicação da Convenção Ame-ricana de Direitos Humanos para fatos ocorridos a partir do reconhecimento, de acordo com o previsto no parágrafo primeiro do art. 62 daquele instrumen-to internacional. Foi justamente em relação à exigência de diploma para o exercício do jornalismo que em 1985, por manifestação unânime da Corte In-teramericana de Direitos Humanos, foi considerada incompatível com a Con-venção a lei nº 4.420, de 22/09/1969, da Costa Rica, que também exigia di-ploma de jornalismo para o exercício da profissão”. Bravo, Tuffani.

Não me entendam mal: defendo a existência dos cursos e de uma sólida formação universitária, uma coisa não inviabiliza a outra. Não defendo a exi-gência do diploma. Como no resto do mundo. Obviamente, quem for bem formado e tiver um diploma de jorna-lista, levará franca vantagem.

Nessa edição, a primeira de uma séria de reportagens que abordam o drama, sem maquiagem, da piora dos resultados da educação brasileira. Também nesse número, a tão esperada estréia de nosso repórter mirim, Igor, que divide conosco a história de uma indígena, rejeitada pela tribo e incluída pelo amor de um casal ímpar.

Marcos LinharesdIrEtor dE rEdAção

S O C I E dA dE

30Saúde pública? Gestão do Hospital de Santa

Maria agora é feita pela Organização Social Real Sociedade Espanhola de Beneficência, acusada de receber recursos indevidos na Bahia.

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B BSe d i t o r a

DIRETORES Luís-Sérgio SantosMarcos Linhares

EDITORES DE ARTE Everton Sousa de Paula Pessoa e Jon Romano

REDAçãO Gabriel Alves, Vitor Ferns, Rafael Oliveira ARTE Luís Sérgio Santos Jr SERvIçOS EDITORIAIS E FOTOgRAFIA

Agência Brasil, Agência Estado, Reuters, Omni Editora cOlAbORADORES Aline Almeida, Carlos Henrique Araújo, Adriana Almeida, Igor Macedo REvISãO Francisco G. Segundo REDAçãO

E publIcIDADE BSB Editora EnDEREçO SHIN CA 05 Bloco I Loja 112 Ed. Saint Regis — Lago Norte CEP 71.503-505, Brasília, Distrito Federal FOnE (61) 3468.5697 SucuRSAl FORTAlEzA

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DIRETOR DE REDAçãO

Marcos LinharesEDITOR ExEcuTIvO

Luís-Sérgio Santos

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talkingHeadsAd commodum suum quisquis callidus est.

Ad commodum suum quisquis callidus est.

A oposição está sem alternativa de discurso e só tem as CPIs para se agarrar.

LuLa, presidente do Brasil comemora retorno ao patamar pré-crise econômica, da avaliação de seu governo, e dispara contra a oposição criticas pela criação da CPI da Petrobras e das ONGs

FOTO

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uLgA

çãO

Não acho um crime um deputado dar uma passagem para um dirigente sindical ir a Brasília.

LuLa, presidente revelando que forneceu passagens aéreas para sindicalistas durante seu mandato de deputado federal.

Os sindicatos devem ter renda para pagar passagens para seus dirigentes.

arnaLdo Madeira, (PSDB-SP), retruca as declarações de Lula sobre o uso das passagens aéreas que tem direito.

A I N d A A S P A S S A g E N S

Aquilo que antigamente as pessoas escreviam numa parede de banheiro, hoje pode ser visto por milhões.

Sandra Baron, advogada americana, matéria do Wall Street Journal

Tucanos Sérgio Guerra (PE), Tasso Jereissati (CE) e Arthur Virgílio(AM), presentes no vazio plenário do Senado durante leitura do requerimento para a instalação da CPI da Petrobras.

FOTO J. FReiTAS_AgênciA SenAdO

Uma empresa saudável não tem medo da luz acesa. E nós aqui estamos, para, construtivamente, tirar a Petrobras das manchetes dos escândalos dos jornais.

TaSSo JereiSSaTi, senador PSDB-CE, sobre a criação da CPI da Petrobras

Uma parte substantiva das informações que estão sendo usadas nas denúncias é coletada de sites da Petrobras, de livre acesso. Isso contradiz que a Petrobras seja uma caixa-preta.

JoSé Sérgio gaBrieLLi, presidente da Petrobras, defendendo atuação da estatal. Na mesma entrevista ao Jornal Folha de São Paulo, Grabielli acusou o TCU (Tribunal de Contas da União), que apontou irregularidades na empresa, de ser um “órgão formado por pessoas politicamente comprometidas”.

O Brasil vai cair na real no ano que vem. JoSé Serra, PSDB, Governador de São Paulo, sem jogar a toalha após pesquisas de inteção de voto que apresentaram crescimento de Dilma Rousseff do PT

2 0 1 0 j á C h E g O U

Não brinco com a democracia.

LuLa, manifestando-se contra a hipótese de um terceiro mandato presidencial.

É um sobe e desce e ninguém pode nem achar bom e nem ruim.

diLMa rouSSeff, ministra-chefe da Casa Civil, minimiza crescimento nas pesquisas de inteção de voto.

A tendência é a vitória da dilma.

JoSé dirceu, sem mandato há quase quatro anos, desde que foi cassado por causa do mensalão, em entrevista à Revista Época.

Se o Pdt me convocar, disputarei a reeleição em 2010.

PaTrícia SaBoya, senadora do PDT especulando repetir a dobradinha com Tasso Jereissati, do PSDB

A grande mídia foi montando primeiro um cenário de guerra e, depois, de golpe de Estado.

MariLena cHauí, filósofa, figura de destaque na área intelectual do PT, sobre o que considera a cobertura negativa da imprensa sobre o Governo Lula

A gm do Brasil não precisa e não espera ajuda da matriz. Nos próximos anos vai ser uma companhia totalmente independente

JaiMe ardiLa, presidente da General Motors do Brasil após anúncio de pedido de concordata da GM norte-americana

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A s explicações do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc sobre a sua participação na marcha da maconha reuniu

parlamentares da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado (CSPCCO). O deputado Laerte Bessa (PMDB-dF), autor do requerimento de convocação, considera que Minc fez apologia ao uso da maconha. “Vivemos uma dura crise de valores em nossa sociedade, que se reflete na postura de nossos homens públicos e de nossas instituições”, disse. Para ele essa atitude é um deplorável exemplo para crianças, adolescentes, famílias

e população em geral, com o agravante da presença de um ministro de Estado. o deputado paes de Lira (PTC-SP) alegou que o ministro Minc emprestou seu prestígio de pessoa pública ao participar da marcha pró-maconha. Ele alertou que o mecanismo de

legalização da maconha é o mesmo da legalização do tráfico. “Vamos deixar de tratar romanticamente o usuário. Ele é quem forma o mercado, ele é o alimentador do tráfico”, disse. Ao ser questionado sobre a legalidade do evento que foi autorizado pela Justiça do Rio de Janeiro, o deputado Laerte Bessa defendeu acreditar que o juiz autorizou um ato democrático e não uma manifestação de apologia ao uso da maconha, que é crime em todo o país. “A legalização jamais vai ajudar no combate à guerra das drogas. E depois de legalizar a maconha, teremos que legalizar o crack? A cocaína? A heroína, O LSD e tantas outras? Liberar vai resolver os problemas?”, indagou Bessa. O ministro defendeu-se dizendo que o uso da droga é uma questão de saúde pública e não de criminalização. No geral, Minc passou a maior parte do tempo divagando, e falando sobre a seu currículo político, sobre o Ministério e atacando a prática de repressão às drogas.

Brasil competitivo em novo evento

O Movimento Brasil Competitivo discutirá Gestão Pública num evento, que em sua 7ª. Edição, agora no dia 28 de julho, no hotel Brasília Alvorada (antigo Blue Tree), conseguirá reunir personalidades políticas do Executivo nacional como os governadores Aécio Neves (MG), Eduardo Campos (PE), Sérgio Cabral (RJ), Yeda Crucis (RS), José Roberto Arruda (DF), Paulo Hartung (ES), José Serra (SP), Jaques Wagner (BA) entre outros. O presidente do Conselho Nacional de Justiça, Gilmar Mendes, o Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, e um especialista da Microsoft, Matt Miszewski, também confirmaram presença.

Festas juninas aquecem mercado

De acordo com o presidente do Sindiatacadista-DF, Fábio de Carvalho, o comércio gerado por produtos usados nas quadrilhas, brincadeiras, músicas regionais, bebidas e quitutes, que marcam os meses de junho e julho devido às comemorações juninas, trazem uma expectativa de crescimento de vendas de 8% em relação ao mesmo período do ano passado. “Consideramos que o valor esperado já representa um percentual expressivo para as vendas deste ano”, afirma Carvalho. Entre os produtos preferidos e mais vendidos estão: pipoca, doces, derivados do amendoim, além de mariola, cocada, canjica e bebidas como vinho e cachaça.

INjEÇÃO dE dINhEIRO Em OBRAS NO ENtORNO

Minc se explica sobre a Marcha da Maconha

O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) acaba de injetar mais R$ 412 milhões para ajudar as obras de infra-estrutura e para construir moradias populares no Distrito Federal e região do Entorno. Até 2010 estão previstos recursos para obras na ordem de R$ 9,4 bilhões, sendo que cerca de R$ 7,2 bilhões ficarão no DF e os R$ 2,2 bilhões serão direcionados ao Entorno. Contudo, até agora cerca de 9% das obras do PAC para a região foram finalizadas. As obras que possuem convênios firmados entre o Governo Federal e o GDF e que apenas precisam da execução local, chegam a R$ 1,375 bilhão. Desse montante, somente cerca de R$ 153 milhões foram investidos. A média nacional é de 15%. Dos 10.914 empreendimentos do PAC, cerca de 74% nem saíram do papel.

PAC-PAC. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, em evento do Programa de Aceleração do Crescimento na Cidade Estrutural FOTO FáBiO ROdRigueS POzzeBOM_ABR

Brasíliaoff

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Arenapolítica

DESDE QUE JOSÉ SARNEY (PMDB), ASSumIu A prESIdÊNCIA do SENAdo, A instituição virou um dos principais alvos de investigações do Ministério Público Federal – MPF. Já foram abertas dez frentes de investigação sobre irregularidades cometidas por senadores ou servidores do alto escalão, parte deles ligada a Sarney. Algumas das investigações envolvem pagamento indevido de horas extras e cobrança de propina para assinatura de contrato de crédito consignado. Justamente a primeira e a mais recente denúncias contra o presidente da Casa. Procuradores já enviaram a Sarney pedido de anulação dos atos secretos e a demissão dos servidores contratados por este expediente. Uma Comissão interna identificou 663 atos de nomeação, demissão e transferência de funcionários,

assinados e que não foram publicados no diário oficial da união ou no Diário do Senado. O uso indevido da cota de passagens aéreas e contratação de parentes, também estão sendo investigadas. PSOL e PSDB entregaram representações contra Sarney por quebra de decoro parlamentar. Ambas pedem ao Conselho de Ética que investigue as responsabilidades do senador pelo Amapá, sobre os atos secretos e a participação do seu neto, José Adriano Cordeiro Sarney, na intermediação de empréstimos com desconto na folha de pagamento dos servidores do Senado. Mas para que as representações sigam adiante, primeiro o Senado terá que providenciar a eleição dos 15 integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que está vazio desde março deste ano.

O LEgAdO dE SARNEY. dUAS REPRESENtAÇÕES NO SENAdO E dEZ INVEStIgAÇÕES NO mPF

Como o brasiliero — povo e governantes – conhece pouco do pesado sistema tributário do país, algumas incoerências e disparidades permancem intocadas durante vários anos. Uma delas é que enquanto as passagens de ônibus têm embutido imposto estadual ICMS, os bilhetes

aéreos não têm. Isso é motivo de uma longa briga das empresas de ônibus, que reivindicam isonomia tributária com as companhias aéreas. No setor de transporte rodoviário de passageiros, o tributarista Hugo de Brito Machado defende uma tese que não é nova. Seria a criação de um

imposto único federal para o setor. Ele não vê risco de rejeição por parte dos Estados, pois aposta num acerto de contas entre os diversos entes. “É incoerente cobrar ICMS do transporte de passageiros, uma atividade totalmente diferente do comércio”, justifica.

Ônibus paga ICmS. Avião não paga

cooperação Brasil-RússiaDois membros do bloco econômico

da moda (BRIC), Brasil e Rússia comemoram juntos o lançamento de um selo da série Relações Diplomáticas em homenagem à cooperação espacial entre os dois países. O selo apresenta a nave russa Soyuz (palavra que significa “união”, em português), na qual o cosmonauta Marcos Pontes fez a primeira viagem de um brasileiro ao espaço sideral, em março de 2006. Os dois países possuem relações de amizade há 180 anos. Ponto para o Presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio.

Serra em alta velocidadeO governador do Estado de São

Paulo, José Serra (PSDB), lançou o edital para o tão falado trem de alta velocidade que ligará o centro da capital paulista e o aeroporto de Guarulhos. Prevista para ser entregue em 2012, a obra custará R$ 1,5 bilhão.

Forte na presidência Tudo leva a crer que não deve

avançar a ideia de se antecipar as eleições para a presidência nacional do PMDB. A atual presidente, Íris Araújo (GO) segue firme no cargo, para desespero dos que querem também ocupá-lo um dia. De preferência, logo, pelo que parece...

exame de vista obrigatórioA Comissão de Constituição e

Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou Projeto de Lei (PL) 874/03, que obriga o exame do fundo de olho em recém-nascidos. Aprovado em caráter conclusivo, seguirá para o Senado, onde deve ser aprovado. O exame do fundo de olho é importante instrumento de detecção de doenças como o retinoblastoma (câncer ocular infantil), a catarata congênita, o glaucoma congênito, alterações de retina, entre outros. Pelo PL, o médico realizará o exame no berçário, podendo encaminhar a criança para tratamento.

José Sarney (PMDB-AP), bombardeado diariamente por denúncias no Senado. FOTO FABiO ROdRigueS POzzeBOM_ABR

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A S F R A S E S

[Quando a gente fala de Agaciel Maia eles fogem do plenário.]

arTHur VirgíLio, senador PSDB-AM, sobre os escândalos envolvendo o ex-diretor do

Senado Agaciel Maia.

[Nós temos um problema: os nossos filhos terem os nossos sobrenomes.]WeLLingTon SaLgado, senador PMDB-

MG, disse considerar injusto críticas ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB).

[Os culpados de tudo isso somos nós, que aceitamos que esse delinquente ficasse por tanto tempo à frente da

Diretoria-Geral.]deMóSTeneS TorreS , senador DEM-GO,

sobre o ex-diretor do Senado Agaciel Maia.

Rondeau, Rondeau e acabou ficando...UM DOS ATOS SECRETOS QUE mais reverberou em Brasília foi a nomeação de Nathalie Rondeau, 23, filha do ex-ministro, Silas Rondeau, para o Conselho Editorial do Senado. Com isso, a jovem iniciante das passarelas, deve ter se tornado a modelo mais politizada do país, pressupondo ainda, qualidades culturais e literárias invejáveis, para pertencer a tão egrégio Conselho. O fato do pai dela ser antigo aliado político do presidente da Casa e criador e presidente do Conselho, José Sarney, deve ter sido uma dessas armadilhas do destino. Recebendo o digno salário de R$ 2,5 mil, Nathalie, segundo informações que recebemos, cumpre expediente normal como qualquer funcionária. Em tempo, de acordo com o site do Conselho, ele serve para “editar obras de valor histórico e cultural e de importância relevante para a compreensão da história política, econômica e social do Brasil e reflexão sobre os destinos do País.” Ah, bom.

ASSEmBLEIAS LEgISLAtIVAS QUEREm mAIS POdERIntegrantes das Assembleias Legislativas

de todo o país estão organizando uma ofensiva no Congresso em busca de mais poder para legislar em seus Estados. A expectativa do Colegiado dos Presidentes das Assembleias Legislativas e a União Nacional das Assembleias Legislativas – Unale, é que seja apresentado no segundo semestre uma proposta de emenda constitucional – PEC – que propicie aos Estados o poder de formular leis sobre trânsito e transporte, direito agrário, diretrizes e bases da educação, propaganda comercial, licitação e matéria processual. Hoje esses temas são exclusivamente

tratados por iniciativas do governo federal ou do Congresso. “Muitos projetos que fazemos são arquivados sob a justificativa de vício de iniciativa, porque não são de competência da Assembleia”, diz o presidente da Unale, deputado de Tocantins, César Halum (DEM). Hoje a maioria dos projetos aprovados no legislativo estadual são de pouca relevância para a sociedade. Tal ócio transforma o plenário legislativo em um lugar de disputa ou acomodação. Descentralizar o poder de legislar seria o primeiro passo para a real aplicação do federalismo no Brasil, avaliam cientistas políticos.

Um parlamentar custa mais que 688 professores

Segundo e-mail que circula na internet, um professor de ensino médio, com nível superior, que ensina em escola pública,

em uma cidade do interior da Bahia, recebe salário bruto (sem os descontos) R$ 650. Sem nível superior, o salário é de R$ 440. Para o portal Transparência Brasil, cada parlamentar brasileiro — Câmara Federal e Senado — custa para o país R$ 10,2 milhões por ano. São os mais caros do mundo. Na Itália, são gastos R$ 3,9 milhões, na França R$ 2,8 milhões, na Espanha, cada parlamentar custa por ano R$ 850 mil e na vizinha, Argentina, R$ 1,3 milhão. O minuto ‘trabalhado’ no Brasil custa ao contribuinte R$ 11.545. O orçamento anual do congresso é de R$ 6,6 bilhões. Resumindo, um parlamentar custa ao Brasil 688 professores com curso superior.

TeMPORãO e O STFCriar uma assessoria técnica para subsídiar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) nas ações acerca do fornecimento de remédios pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta foi feita durante uma audiência pública promovida pela Corte para discutir a “judicialização” da saúde - o grande número de ações na Justiça para obrigar gestores a fornecer remédios para pacientes, mesmo que experimentais. “Inexiste garantia de direitos sem regras e limites”, defendeu Temporão. O grande número de ações judiciais é apontado como um dos responsáveis pelo aumento dos gastos públicos com medicamentos.

índios na cadeia no mScento e quarenta e oito indígenas

em presídios, faz com que o Estado de Mato Grosso do Sul seja a unidade da federação com o maior número de índios encarcerados no Brasil. Esse é o número de abril, de acordo com levantamento da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen). Em junho do ano passado, o relatório estatístico do Ministério da Justiça apontou que o Estado contava com 134 índios nas prisões. Para se ter uma ideia da proporção desse número, Roraima e Santa Catarina, os dois segundos colocados, mantinham na mesma época 45 índios detidos, cada.

FOTO WiLSOn diAS_ABR

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onLine

o Q u e é n o V o

A internet e o Rei do PopA morte de Michael Jackson, aos 50 anos, devido a uma parada cardíaca, quase parou a internet. Usuários do Twitter repassaram a informação antes que portais, e outras mídias confirmassem a morte do cantor, a rede de microblogs foi invadida por links e o site não deu conta do tráfego e ficou instável, chegando a cair por cerca de 10 minutos. O excesso de solicitações pelo termo “Michael Jackson” no Google levou o serviço a interpretar a demanda como um ataque coordenado. O Google exibiu a mensagem de erro: “sua consulta é semelhante a solicitações automatizadas de um vírus de computador ou aplicativo spyware”. Até o TMZ.com – site que faz a cobertura da vida de celebridades – saiu do ar por conta da sobrecarga de acessos. Nas lojas virtuais iTunes e Amazon a venda de músicas e CDs do Rei do Pop dispararam. No site de rádio online Last.fm, as faixas de Michael Jackson chegaram a ser executadas mais de 40 mil vezes por hora depois do anúncio de sua morte.

novos buscadores ameaçam google?

O Bing, novo buscador da Microsoft, já está no ar. Uma versão marcada como beta pode ser acessada no endereço www.bing.com. Ele é

apenas um dos recentes concorrentes da gigante Google. Pelo menos o Wolfram Alpha – www.wolframalpha.com, lançado recentemente, não parece ser páreo, embora o site que virou sinônimo de busca, nunca houvesse tido um concorrente tão exageradamente anunciado quanto o Wolfram Alpha. Já a Microsoft teve bastante tempo para estudar e planejar seu buscador, sem falar no poder de realizar uma campanha de marketing agressiva.

Lembra daquela página clara e limpa do Google? O Bing é completamente diferente. Ele sempre terá uma imagem de fundo que será trocada diariamente. Uma sugestão de usuários, segundo a Microsoft. Nome de pronúncia universal; novo sistema de navegação e filtros de busca; popularidade do assunto pesquisado; um comparador de preços; busca especial de temas como viagens, hotéis, saúde; e busca de imagens e vídeos entre outras novidades. A nova ferramenta é parte do plano de longo prazo da Microsoft para ir além dos fortes negócios na área de sistemas operacionais e capturar maior presença na web. A Microsoft sabe que não conseguirá tirar o Google do topo do ranking das buscas. A gigante do software quer tomar um pouco da força do Google no mercado, mas há poucas chances de que o líder das buscas seja atingido tão cedo.

Apple pode comprar o TwitterA Apple está de olho no Twitter. Pelo menos é o que afirmam alguns sites de tecnologia. A empresa de Steve Jobs estaria em negociações avançadas para adquirir o popular serviço de microblog, que conta com mais de 30 milhões de usuários. O valor do negócio poderia chegar a US$ 700 milhões. Muitos boatos sugiram sobre uma venda do Twitter. Na lista de compradores dos últimos meses, aparecem os nomes da Microsoft, Google e Facebook.

WAve. A nova onda do googleÉ Bom EStAr prEpArAdo pArA

a maior e melhor novidade dos últimos tempos na internet. E

não estamos exagerando. O Google Wave quer reorganizar a colaboração pela internet e se estabelecer como uma nova plataforma de comunicação. Uma tarefa nada fácil. Por isso, o aplauso entusiasmado da platéia de programadores no dia de sua apresentação no Brasil é, sem dúvida, uma significativa prova de que a nova ferramenta deve ser realmente surpreendente. Exagero? Veja você mesmo http://wave.google.com.

Além de compartilhar fotos, vídeos, links, mapas e etc. numa conversa-email, as possibilidades abertas por outros aplicativos são imensas. Ele traduz automaticamente e de maneira precisa a conversa entre pessoas em 40 línguas. O aplicativo de Google Wave para iPhone funciona quase exatamente como no site comum, e ainda permite vivenciar o Twitter de maneira muito mais interativa. E como ganhar dinheiro com o Wave? Para Stephanie Hannon, do Google Austrália, o legal de trabalhar no Google é que o dilema financeiro vem depois. Mas é claro que AdWords e AdSense (os bilionários mecanismos de links patrocinados do Google) estão nos planos. Para aproveitar todos esses recursos o internauta vai ter que esperar até o final de 2009, é o que informou o Google.

O Zeebo, produzido pela brasileira Tectoy, dispensa

qualquer tipo de mídia. Ele se conecta a uma rede 3G própria, pela qual o usuário faz download dos jogos. Basta ligá-lo na tomada que ele já acessa o conteúdo para baixar, sem a necessidade de instalar modem ou assinar algum serviço 3G. O console já é vendido por R$

499. O pacote inclui seis jogos grátis já instalados na memória e outros três disponíveis para download gratuito. Outros jogos para o console poderão ser comprados por meio de créditos, chamados de Z-Credits, adquiridos junto à Tectoy. O valor dos games varia entre R$ 9,90 e R$ 29,90 reais. O tempo de download é curto, em média 2 minutos. Acesse www.zeebo.com.br.

Made in Brazil

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Entrevista

10 PeRgunTAS PARA

Marcelo AguiarO

PEDETISTA MARCELO AGUIAR SANTOS Sá DEIxOU O CARGO DE DI-rEtor dE Qualificação do Ministério do Trabalho para assumir como novo Secretário Extraordinário de Educação Integral do DF. Tudo isso em meio a um momento turbulento entre a continuidade ou não do PDT na base do Governo Arruda. O antecessor de Aguiar, o de-

putado federal licenciado Alceni Guerra (DEM/PR), utilizou a estrutura existente nas escolas municipais da prefeitura de Pato Branco e implantou o ensino integral para mais de 12 mil alunos. Aguiar tem trajeto e experiência na área da educação. Assumiu cargos importantes como secretário-adjunto de Assistência Social, se-cretário-executivo da ONG Missão Criança, secretário nacional da Bolsa-Escola e colaborou com o Governo do Distrito Federal no projeto de Escolas Técnicas. Além de ter lançado livros como “Bolsa-Escola: Educação para enfrentar a pobre-za” e “A Força de uma Idéia a História da Bolsa-Escola”.

Fale! Brasília. Qual o desafio da nova Se-cretaria?Marcelo Aguiar. O principal desafio e mudança é a definição de uma matriz pedagógica à oferta de vagas integrais, ampliar o número de beneficiados, atendendo 100% as cidades do varjão e Candangolândia, e garantir a qualidade do ensino. Já começamos as obras de cobertura em 183 quadras onde os alu-nos desenvolverão atividades esporti-vas e culturais. É um investimento para melhorar o rendimento criando um lu-gar agradável para as crianças.

Fale! Brasília. Quais os planos e metas para o final de 2009?Marcelo Aguiar. Atualmente as escolas escolhem as atividades que serão ofe-recidas para os 27 mil alunos incluídos no programa em 140 escolas. A partir deste ano, a ideia é que todos os alunos das escolas integrais tenham aulas de reforço em português e matemática, além de artes e educação física. A meta é que até o fim de 2009, atenderemos 200 escolas e 50 mil crianças.

Fale! Brasília. Quais as atividades que se-rão implementadas?Marcelo Aguiar. Pela manhã, as crianças têm aula normalmente, almoçam na es-cola e depois terão o contra turno com esporte, cultura e reforço escolar.

Fale! Brasília. Qual o objetivo?Marcelo Aguiar. O objetivo é evitar a eva-são escolar e a repetência, que hoje têm índice de cerca de 20% na rede de ensi-

no do DF. A criança deve ficar de seis a oito horas no colégio. O resto do tempo deve ser preenchido por outros pilares da educação, como a família.

Fale! Brasília. Isso vai acontecer em todas as escolas do DF?Marcelo Aguiar. No primeiro semestre deste ano serão atendidas inicialmente 750 crianças das três escolas do Varjão, e os 2.700 alunos das quatro escolas em Candangolândia. O projeto estará todo implantado nessas cidades até o meio deste ano.

Fale! Brasília. Existem parceiras?Marcelo Aguiar. Foi feito um convênio com o Ministério de Ciências e Tecno-logia para implantar, inicialmente, dois laboratórios de informática de última geração, com 30 computadores cada, em escolas do Varjão e Candangolân-dia. Além dos beneficiados da Bolsa Universitária que vão trabalhar 20 ho-ras semanais, como monitores nas ati-vidades das escolas.

Fale! Brasília. E o prêmio Escola 2009?Marcelo Aguiar. É mais uma de nossas conquistas. Estudantes dos ensinos fundamental, médio e da educação de jovens e adultos podem concorrer este ano ao Prêmio Escola Criando Histó-rias em Quadrinhos sobre a preven-ção da Aids, das doenças sexualmente transmissíveis, da gravidez juvenil e das drogas. Podem participar escolas públicas e particulares. Quem ganha: alunos autores das histórias e os profes-

sores deles. Do primeiro ao terceiro lugar, r e c e b e r ã o viagens turís-ticas e cultu-rais ao rio de

Janeiro, mp3 players e kits

de materiais de leitura. É mais uma

forma de estimular os alunos.

Fale! Brasília. Esse modelo pode ser im-plantado em outros Estados?Marcelo Aguiar. Recebemos convites para apresentar a experiência do DF em Tocantins e Goiás. Queremos assi-nar um Protocolo de Cooperação Téc-nica onde o GDF auxiliará a formulação da política pública onde for solicitado e pudermos atender. Há muito a se fazer. Outros Estados estão percebendo que o resultado pode ser alcançado com bai-xo investimento.

Fale! Brasília. E as escolas rurais? Marcelo Aguiar. Uma forma de atendê-las é com o projeto Cultivando o Saber que cria e acompanha hortas orgânicas nas escolas públicas. Das 200 escolas em educação integral, 91 são rurais. A realidade destes alunos é diferente e temos que atender as suas necessida-des. Trabalharemos temas ambientais, como a agroecologia, a educação ali-mentar, os conceitos e princípios agro-ecológicos, em especial nas classes me-nos favorecidas.

Fale! Brasília. O trabalho emociona?Marcelo Aguiar. Eu visitei a Escola Clas-se do Córrego das Corujas. Uma escola rural, com apenas três salas de aula, 58 alunos, e quatro professores. É uma es-cola que encanta a todos. Mas tudo que se possa falar desta escola não se com-para à emoção vivida. Vi uma das pro-fessoras saindo da sala de aula com lá-grimas caindo no rosto. Seus olhos não estavam marejados por tristeza, mas sim, alegria. Havia descoberto que uma de suas alunas, de seis anos, tinha se al-fabetizado e já lia fluentemente. Aquele momento foi mágico. Essa escola é im-par e tem uma diretora que não mede esforços e que não se deixa abater pelas dificuldades diárias. Todos estão em-penhados no processo de acompanhar as atividades dos alunos. É muito bom quando encontramos casos assim.

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POR QUE NÃOFUNCIONA?enquanto o Ministério da educação garante que a educação melhora no Brasil, há poucos quilômetros dali, alunos de escola pública do dF ameaçam professores de morte

Por rafael oliveira e Marcos Linhares, da equipe fale!Brasília

rofessores sendo espancados e com medo de dar aulas, diretores sendo assassinados, meninos com dificuldades em ler e escrever e mal conseguindo fa-zer contas básicas de somar e subtrair. O fato é que a educação brasileira está mal das pernas. Apesar de uma aparente melhora nos resultados das avalia-ções, para especialistas ainda é muito pouco.

A Prova Brasil de 2007, de Língua Portuguesa da 4ª sé-rie, revelou um desastre dos esforços empenhados pelo Mi-nistério da Educação. Nenhuma capital brasileira atingiu

a nota mínima esperada, ou seja, os professores não conseguem ensinar ou os alunos não conseguem apren-der (ou quem sabe, ambos). Apesar dos investimentos governamentais, a que se deve esse triste resultado? A capital do Brasil ocupa o segun-do lugar do ranking, em relação à prova citada. A campeã foi Campo Grande (MT) e Natal (RN) ocupa o último lugar. Lembramos que a campeã não conseguiu alcançar a média mínima, ou seja, nem passou

P

História de Capa

Ensino Público

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de ano, reprovou. A realidade da educação brasilien-

se é um reflexo do restante do país. Talvez em menor proporção. Para o diretor da Escola Classe 104, marcus Vianna, situada na Asa Norte, em Brasília, “os resultados insatisfató-rios das avaliações educacionais são espelho da forma como a educação é tratada no país”, desabafa.

“Somos o país do assistencialis-mo, se fossemos da educação, sería-mos mais independentes”, denuncia

o sociólogo, ex-diretor de Educação Básica do Inep e criador da Prova Brasil, Carlos Henrique Araújo. Em meio ao “caos que é a educação bra-sileira”, segundo o especialista João Batista Oliveira, o MEC lançou este ano o Ensino Médio Inovador. Se-gundo o programa “busca-se uma escola que não se limite ao interesse imediato, pragmático e utilitário”. Enfim, o programa tem como ob-jetivo a melhoria da qualidade do ensino médio brasileiro nas escolas

públicas estaduais. Em meios aos esforços do poder público, diretores e especialistas ainda pensam como medidas pontuais, apenas para apa-gar o incêndio, depois de apagado, abandona-se a casa queimada.

Os governos enfrentam dois de-safios básicos: a universalização e a qualidade do ensino. Existe um pro-blema nestes desafios. Como uni-versalizar mantendo a qualidade? Entende-se por universalizar, a dis-ponibilização de vagas nas escolas

ENtREVIStA COm jAmES gARBARINOA EdUCAÇÃO LIBERtA dO CONCEItO dO “SER VIOLENtO”Ensino Público O especialista e escritor americano

James garbarino (Loyola University, EUA) participou de

missões para a Unicef que avaliaram o impacto da Guerra do Golfo em crianças no Kuwait e Iraque e ainda serviu como consultor para programas de atendimento a crianças refugiadas vietnamitas, da Bósnia e da Croácia. Garbarino já trabalhou como consultor inclusive para o FBI. Em entrevista fala sobre o papel de todos ao lidar com a violência que atinge as crianças. fale! Brasília. O Senhor estudou o impacto da guerra do Golfo sobre as crianças. Quais suas conclusões? No Brasil, especialistas consideram a realidade das favelas do Rio de Janeiro ou de outras capitais como sendo verdadeiras guerras. São situações que podem ser comparadas? James garbarino. Eu regularmente falo das “zonas urbanas de guerra” no contexto em que comparo a violência urbana dos EUA e a violência política experimentada em verdadeiras zonas de guerra. Eu acho que existem paralelos e similaridades, particularmente na experiência de trauma e “ indisponibilidade psicológica” dos pais traumatizados sentida por algumas jovens crianças. E, alguns adolescentes em zonas urbanas de guerra também se vêem como soldados de certa maneira. Pesquisas

em favelas relatam que a maioria das famílias encontram maneiras de lidar e cuidar de seus filhos quando eles estão novos, mas muitas vezes os “perdem” quando entram na adolescência e entram para o sistema de gangues. fale! Brasília. De que forma a Educação pode minimizar o impacto da violência sobre as crianças? James garbarino. A Educação pode focar em alternativas de ensino que possam lidar com a violência e recursos psicológicos para ajudar as crianças a lidarem com as ameaças postas pelos traumas crônicos. Este é o foco do meu livro “Criança em Perigo: lidando com as consequências da violência na comunidade”. fale! Brasília. O senhor diz que os adolescentes estão cada vez mais violentos. Por que isso acontece? James garbarino. As influências que estimulam o comportamento violento são “ideias” sobre a violência e “práticas” de comportamento agressivo. O impacto da violência nos meios de comunicação em massa

é significativo, nesse aspecto, assim como o efeito da violência nas ruas e a desumanização da linguagem. fale! Brasília. Qual o papel das escolas na prevenção à violência?James garbarino. As escolas podem ser centros para lidar com traumas, ao reconhecer e intervir nos maus tratos às crianças, a maior “causa social” de comportamento violento delinquente das crianças,

e ao ensinar como resolver conflitos de maneira não-violenta. fale! Brasília. As meninas estão mais violentas que os meninos?James garbarino. Meu argumento é de que a diferença que havia entre o comportamento agressivo dos dois está diminuindo (pelo menos na América) por que as ideias sobre a violência estão dando validade à agressividade feminina mais agora do que no passado. fale! Brasília. Os pais têm dificuldades de desempenhar o papel de educadores? James garbarino. Os pais são sempre professores. O mais importante é se eles têm consciência disso e como eles vão cumprir essa tarefa de ensinar aos filhos deles.

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para todos. Mas, se com o acesso li-mitado a qualidade está baixa, como será na proliferação de construções e formação de professores? O diretor Marcus Vianna adverte que “ter títu-lo significa que a pessoa teve opor-tunidade de aprender, mas, não sig-nifica que ela aprendeu”, pondera. Partindo desse pensamento, pode-se depreender que os resultados mos-tram exatamente isso: os professo-res não aprenderam e não consegui-ram passar o pouco aprendido para os alunos.

“ Menor esforço. Está aí um dos problemas culturais de nosso país. Pais, professores e alunos, enfim, todos temos que trabalhar o con-ceito de que tudo é possível, desde que com suor, trabalho duro, esfor-ço. Mas como fazer isso? Copia-se e cola-se tudo. Inventam-se mil des-culpas para se postergar o trabalho, e quando é possível, ele nem chega a ser feito. Isso passa para todas as es-feras. E assim vive a gestão da edu-cação, da saúde, dos Três Poderes, do país”, desabafa Carlos Henrique Araujo.

Violência no dF. Há anos, profes-sores sofrem algum tipo de ameaça: física, verbal e moral. O educador Carlos mota, diretor do Centro de Ensino Fundamental Lago Oeste, foi assassinado na madrugada do dia 20 de junho de 2008. Até hoje a escola não se recuperou da perda do dire-tor, um educador renomado no DF que sonhava em tornar o Centro de Ensino Fundamental do Lago Oeste (agora CEF Professor Carlos Mota) a melhor escola do Brasil. A polícia acredita que Carlos Mota foi morto por atrapalhar os negócios dos trafi-cantes ao redor da escola. Três dias antes do assassinato, Carlos esteve em cada uma das salas pedindo aos alunos que denunciassem à polícia qualquer atitude estranha envolven-do ameaças ou drogas, e em outras ocasiões o professor pediu policia-mento extra para a escola.

Segundo dados oficiais da Câma-ra Legislativa do DF, seis professores são agredidos por semana e cerca de 1.400 agressões são cometidas por ano. Infelizmente essa rotina é reali-dade na cidade. Uma falta de respei-to com os docentes e a direção das escolas. Por isso, foi pedida a instau-ração de uma Comissão Parlamentar

de Inquérito (CPI), para investigar a causa de violência na rede pública do DF. A CPI não foi instaurada por falta de assinaturas. Os governistas não apoiaram a Comissão.

Em Guariroba, na região adminis-

trativa de Ceilândia (DF), a rotina é a mesma: tráfico de drogas próximo à escola, ameaça de morte e ataques verbais contra a direção. Na primei-ra quinzena do mês, um aluno de 14 anos ameaçou um professor com

VARIÁVEIS. No alto, o Centro de Ensino Fundamental Fercal em Sobradinho (DF) obteve a menor média no Enem entre as escolas públicas do Distrito Federal. Acima, a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda Almeida e Silva, e o professor Marcus Vianna, diretor da Escola Classe 104 Norte. FOTOS gABRieL ALveS FOTO e FABiO ROdRigueS POzzeBOM_ABR (eScOLA)

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faca, após ser repreendido em sala de aula. As agressões não se limitam aos portões da escola, e já alçaram vôos para o novo point de encontro de gangues: a internet. No orkut, um grupo de alunos chegou a perguntar

qual a melhor maneira de se matar a professora deles... Os professores não tiveram dúvida e registraram a ocorrência na Delegacia da Criança e Adolescente (DCA). Eles temem que os alunos não fiquem só no campo

das ameaças. Segundo foi divulga-do, os alunos chutam o portão, ba-tem nos carros dos docentes e ficam na frente da escola para bloquear a saída dos professores que estão trabalhando sob pressão e medo. O

Um EXEmPLO NO hARLEm E Em BOStONESCOLAS “NO EXCUSES” REVOLUCIONAm EdUCAÇÃO

N o bairro Harlem, em Nova Iorque, as escolas conhecidas como “no excuses” revolucionaram

a educação para crianças de baixo nível socioeconômico e produziram ganhos em pouco tempo. Estas escolas “sem desculpas” ensinam bom comportamento, avaliam permanentemente os resultados dos alunos, mudam os professores de baixo desempenho, e dão aos estudantes o apoio e o tempo necessários para trabalhar e se desenvolver. São também “charter schools”, escolas independentes que atuam com apoio público.

Boston também abriga várias escolas “sem desculpas”. Das 17 escolas presentes na cidade, sete se destacam pelo alto rendimento dos alunos. As sete escolas superaram dramaticamente escolas públicas de Boston em Inglês e Matemática, onde o nível de habilidade varia de 33% para 50%, dependendo do grau e disciplina. Além disso, quatro das escolas superaram estudantes na vizinha afluente Brookline, onde apenas 12% dos estudantes são de famílias de baixa renda. Todas, exceto uma das sete escolas de alto desempenho, impulsionaram os professores altamente qualificados para conduzir seus alunos em um rigoroso programa acadêmico, bem alinhado com as normas, que pretende fixar cada criança no caminho para a faculdade.

A única exceção das escolas “sem desculpas” é a Match High School, cujo programa partilha de muitas características escolares, incluindo o apoio para as normas,

ensaios freqüentes, uma escola com o dia mais longo (das 8h30 às 5h) e é extremamente seletiva nas contratações dos professores, onde tem um trabalho de acompanhamento de ética.

Juntas, as sete escolas educam 2.150 estudantes, apenas 4% dos 57.300 alunos nas escolas públicas de Boston. A porcentagem média de estudantes de baixa renda é de 67%, comparada a 71% nas escolas públicas. Setenta e oito por cento das “charter schools” são de estudantes hispânicos ou afro-americanos, comparado a 76% no distrito como um todo. A maioria dessas escolas opera a baixos custos.

San Rafael, Califórnia. A cidade de San Rafael, localizada no Estado da Califórnia, Estados Unidos, abriga a escola elementar Bahia Vista. Esta escola é a primeira no norte da Califórnia que pretende enviar todas as crianças para a escola. Dos 423 estudantes da Bahia Vista, mais de 90% ou 384 crianças, são hispânicas, de acordo com a Secretaria de Estado da Educação da Califórnia, segundo os últimos dados de 2006/2007. Na San Rafael Elementar District, 56,7%

dos estudantes são de ascendência latina.

Cerca de 30 escolas participam nacionalmente das Universidades “sem desculpas”. A Aceitação no programa exige uma equipe composta pelo diretor e pelo menos um professor de cada grau.

Na Bahia Vista, cerca de um quarto do corpo docente tem freqüentado as sessões de desenvolvimento profissional para educar os professores sobre o programa.

O pedido é apresentado e em seguida exige das escolas respostas sobre perguntas e apresenta um vídeo detalhando o que já foi realizado para criar, entre outras coisas, uma “cultura universal de realização”, e planos específicos para continuar o trabalho acadêmico.

ESCOLAS “NO ExCuSES”. um sucesso no Harlem ao estilo tolerância zero. FOTO BAncO de dAdOS

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A primeira Escola Normal do Brasil foi criada em 1835, em Niterói, no Rio de Janeiro. O Curso Normal

tinha o objetivo de formar professores para atuarem no magistério de ensino primário e era oferecido em cursos públicos de nível secundário (hoje Ensino Médio). A partir da criação da escola no Município da Corte, várias Províncias criaram Escolas Normais a fim de formar o quadro docente para suas escolas de ensino primário. Desde então o movimento de criação de Escolas Normais no Brasil esteve

marcado por diversos movimentos de afirmação e de reformulações, mas não obstante a isso, o Ensino Normal atravessou a República e chegou aos anos 1940/50, como instituição pública fundamental no papel de formadora dos quadros docentes para o ensino primário em todo o país.

O presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Distrito Federal (SinproEP-DF), Rodrigo de Paula, formado na Escola Normal do DF e ex-

presidente do Grêmio da mesma, lamenta a sua extinção. “A escola normal é um centro de ensino de excelência, onde formava bons professores com experiência e estágio. Infelizmente o governo fechou”, lamentou o professor.

Luz no fim do túnel. Apesar do caos educacional em nosso país, especialistas ainda tentam ter um pouco de otimismo, e acreditam que com esforços verdadeiros a educação pode mudar. O principal

A tRIStE hIStóRIA dA ESCOLA NORmAL

educação Básica brasileira. A

Secretaria de Educação Básica (MEC) trata da educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. A educação básica é o caminho para assegurar a todos os brasileiros a formação indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Os dois principais documentos da educação básica são: a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 e o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei nº 10.172/2001, regidos, naturalmente, pela Constituição da República Federativa do Brasil. instituto nacional de estudos e Pesquisas educacionais anísio Teixeira (ineP). Autarquia federal, vinculada ao Ministério da Educação, que promove estudos, pesquisas e avaliações

sobre o sistema educacional brasileiro. Para gerar seus dados e estudos educacionais o Inep realiza levantamentos estatísticos e avaliativos em todos os níveis e modalidades de ensino: Censo Escolar, Censo Superior, Avaliação dos Cursos de Graduação, Avaliação Institucional, Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Exame Nacional para Certificação de Competência (Encceja) e o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Sistema nacional de avaliação da educação Superior — Sinaes. Criado em 14 de abril de 2004, pela Lei n° 10.861. O Sinaes é o novo instrumento de avaliação do MEC/Inep. Formado por três componentes principais: avaliação das instituições, dos cursos e do desempenho dos estudantes. O Saeb faz pesquisa por amostragem, do ensino fundamental e médio, realizada a cada dois anos.

SAIBA mAIS

caso mais grave aconteceu quando um aluno tumultuava uma sala de aula. O professor expulsou o aluno e o encaminhou à direção. O aluno fugiu da escola. Quando o professor deixou o colégio, por volta das 18h,

se deparou com o aluno, que mos-trou uma faca na cintura e o ame-açou de morte. A mãe do rapaz foi chamada à escola e afirmou ter perdido o controle sobre as ações do filho devido à dependência quí-

mica. A escola vive em clima de ten-são. O medo de uma tragédia acom-panha a rotina da escola.

Prova Brasil. A Prova Brasil ava-lia as habilidades em Língua Portu-

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investimento imediato deve ser na qualidade da formação dos professores, segundo João Batista Oliveira. A péssima formação vira um círculo vicioso: o professor não aprende com qualidade e não passa ensino de qualidade para os alunos, que poderão ser os próximos professores. Na prática, corre-se o risco de ensinar teorias formuladas há anos, histórias que são clichês, principalmente na matéria de História. As teorias matemáticas, físicas, químicas são decoradas, e os próprios professores não entendem as teorias que ensinam, segundo Carlos Henrique Araújo. Para o deputado distrital Rogério Ulysses

(PSB-DF), deve-se identificar onde estão os pontos mais graves na qualidade e desenvolver uma solução de longo prazo.

O presidente Luís Inácio Lula da Silva lançou o Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica. Por meio desse plano, o docente sem formação adequada poderá graduar-se nos cursos de primeira licenciatura, com carga horária de 2.800 horas, mais de 400 horas de estágio. O Plano de Formação é destinado aos professores em exercício das escolas públicas estaduais e municipais sem formação adequada à LDB. O Governo Federal deve

investir R$ 1 bilhão para por o plano em prática e oferecerá mais de 330 mil vagas em 21 Estados brasileiros. Os cursos deverão ter início no segundo semestre de 2009 e as outras entradas previstas nos anos de 2010 e 2011. As instituições formadoras que participam do plano receberão recursos adicionais do Ministério da Educação, num montante de R$ 700 milhões até 2011 e R$ 1,9 bilhão até 2014. Seguindo o pensamento de investimento na formação do professor, dos especialistas em educação, existe a possibilidade de um salto na qualidade do ensino em torno de 10 anos.

guesa (foco em leitura) e Matemáti-ca (foco na resolução de problemas). A primeira edição foi em 2005, e em 2007 houve nova aplicação. A prova avalia apenas estudantes de ensino fundamental, de 4ª e 8ª séries. A avaliação é quase universal: todos os estudantes das séries avaliadas, de todas as escolas públicas urba-nas do Brasil com mais de 20 alu-nos na série, devem fazer a prova. O último resultado apontou a capital do Mato Grosso, Campo Grande, com a melhor nota, 195 pontos. A pior capital foi Natal, com 155. O

Distrito Federal aparece em segun-do lugar, com 191. A média mínima esperada é 200. Nenhuma capital atingiu a média mínima. Os dados nacionais da Prova Brasil mostram que 1.246.371 alunos da rede esta-dual de ensino de 8ª série fizeram a prova e 772.811 alunos de 4ª série. Na rede municipal, foram 548.589 alunos de 8ª série e 1.535.355 de 4ª série. No DF, 31.286 de 4ª série e 19.778 de 8ª série. “O processo educacional é muito complexo, e não é apenas uma coisa que melho-ra a educação”, disse a secretária

de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar. “O primeiro fator de uma educação de qualidade para todos consiste em focalizar a relevância pessoal e social. Ninguém se opo-ria abertamente a uma formula-ção que afirmasse que a educação deve servir para que as pessoas e os grupos atuem no mundo, e para que se sintam bem atuando nesse mundo”, alega Cecília Braslavsky em seu livro Dez fatores para uma educação de qualidade para todos no século XXI (editora Moderna e Fundação Santillana).

CuIDADOS. Alunos em escola no Distrito Federal FOTO MARceLLO cASAL JR _ ABR

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“Toda avaliação é válida para saber como está, mas, é imprescindível analisar a realidade da escola”,

ensina o professor Marcus Costa Vianna, diretor da Escola Classe 104 Norte, no Distrito Federal. E adverte que “devemos ter cuidado para não fazer um ranqueamento de escolas, é perigoso”. Segundo o diretor, fazer ranqueamento é injusto sem analisar o contexto da escola e se a escola tirou uma nota insatisfatória nos exames do MEC, não significa que a escola é ruim, mas é o reflexo de como a educação é tratada no país. A escola situada na Asa Norte, Plano Piloto do DF, tem cerca de 650 alunos e média de 38 alunos por sala de aula. A escola atende de 4ª a 8ª séries. Ao total, 133 alunos de 8ª série fizeram a Prova Brasil. A nota da escola foi 263,17 para 8ª série, em Língua Portuguesa e 286,19 em Matemática. A média do Estado foi 238,00 para Língua Portuguesa e 252,20 para Matemática. O especialista em educação, Carlos Henrique Araújo

explica que a média mínima esperada era 300 para a 8ª série.

A escola classe realiza o projeto Revivendo Êxodos, onde os alunos viajam para locais especificados pela diretoria e voltam caminhando, com o objetivo de conhecer as cidades históricas. O projeto começou em 2000, quando Marcus Vianna era diretor do colégio Setor Leste, em Brasília. Os alunos estudam o meio ambiente, fazem pesquisas de campo, tem aulas de matemática e patrimônio histórico. O projeto tem parceiros como o Corpo de Bombeiros do DF, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), Polícia Ambiental, entre outros. No ano passado, os alunos viajaram 400km de ônibus e voltaram a pé, nos trechos onde era possível. Este ano, em outubro, os alunos viajarão para Cristalina–GO. O diretor conta que 80% dos alunos vem de fora do Plano Piloto. Os estudantes vêm de Águas Lindas (GO), Luziânia (GO), Gama, Sobradinho, Itapuã e Paranoá, no DF.

Enquanto a direção da escola e os professores estão preocupados com o desenvolvimento educacional das crianças, os alunos estão preocupados com outra coisa. “Eu acho a escola ruim porque os professores não deixam a gente usar boné na sala”, conta o aluno Robson, 13, nome fictício. “A educação também tem que vir de casa. Ultimamente, os pais não têm colocado rédeas curtas para os filhos. Já veio pai reclamar que eu tomei o celular de um aluno que atendia dentro da sala de aula”, desabafa Vianna.

A Educação Pública do Distrito Federal, em 2007, foi beneficiada com R$ 3.135.399.443,00 (três bilhões, cento e trinta e cinco milhões, trezentos e noventa e nove mil, quatrocentos e quarenta e três reais), de acordo com a LOA - Lei Orçamentária (Lei nº 3.934, de 29 de dezembro de 2006) e a Circular nº 09/2006-SUFIN/SEF-FCDF. O montante representa acréscimo de 15,64% em relação a 2006.

MODELO. Escola do Distrito Federal que já adotou o modelo de Ensino Fundamental com nove anos de duração.FOTO MARceLLO cASAL JR_ABR

Bom exemplo na escola classe 104 norte

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mAIS BRASILEIROS QUALIFI-CAdoS por mEIo dE CurSoS gratuitos. Essa é a pro-posta do Programa Senac Gratuidade (PSG) que

desde o início deste ano vem sendo implantado pelo Senac em todo o Brasil. O PSG se baseia no aumen-to de número de vagas gratuitas destinadas à população de menor renda. O programa é fruto de um acordo firmado entre a Confedera-ção Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo e os ministérios da Educação (MEC), do Trabalho e Emprego e da Fazenda, no dia 22 de julho de 2008. Em 5 de novem-bro do ano passado, o programa foi regulamentado, via decreto, pelo presidente da República, Luiz Iná-cio Lula da Silva.

Para oferecer ações educacio-nais com custo zero à população brasileira de baixa renda, o Senac comprometeu-se a alocar, a partir deste ano, parcela de seus recursos líquidos oriundos da contribui-ção compulsória à oferta de vagas em Formação Inicial e Continu-ada (Aprendizagem, Capacitação e Aperfeiçoamento) e de Educa-ção Profissional Técnica de Nível Médio (Qualificação e Habitação Técnicas). Nesse primeiro ano de implantação do PSG ,o percentu-al destinado é de 20%; em 2010, passa para 25%; em 2011, 35%; 2012, 45%; 2013, 55%; e, de 2014 em diante, 66,67%. Os cursos, de educação profissional continuada, serão voltados, preferencialmen-te, ao trabalhador, empregado ou desempregado, e ao aluno matri-culado ou que tenha concluído a

educação básica. A programação terá duração mínima de 160 horas e será estruturada por eixos tecno-lógicos que compõem os Itinerá-rios Formativos. Importante men-cionar que o Senac mobilizou, de agosto a novembro de 2008, mais de 100 profissionais do seu corpo funcional, entre diretores, gerentes e técnicos, a fim de elaborar o do-cumento “Diretrizes – PSG”.

Pressão. No ano passado houve muita pressão por parte dos mi-nistros da Educação, Fernando Haddad, e do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, no sentido de diminuir o valor recebido pelo Senac para a educação profissional. Como gran-de parte dos cursos não eram gra-tuitos e os valores cobrados eram considerados caros, o Governo co-brou e o Senac cedeu, resultando nesse realinhamento das condições de oferta dos cursos oferecidos.

divulgação. Para que as progra-mações gratuitas sejam oferecidas de forma homogênea e eficaz em todo o Brasil, o Senac conta com o seu Catálogo Nacional de Cur-sos que apresenta um conjunto de ofertas de educação profissional da Instituição nas modalidades de Formação Inicial e Continuada do Trabalhador e de Educação Técni-ca de Nível Médio. Esse material, recentemente elaborado, garante a necessária unidade e coerência de nomenclaturas e cargas horárias das programações não somente ao PSG mas para todas os cursos ofe-recidos pelo Senac.

para o presidente do Conselho

Nacional do Senac, Antonio Olivei-ra Santos, “nos mais de 60 anos de trabalho voltado à educação profis-sional e ao Setor do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o Senac já demonstrou a sua capacidade de se adaptar às mudanças necessá-rias para o crescimento do país. E mais uma vez a Instituição foi cha-mada a colaborar. Por meio do acor-do firmado com o Governo Federal, o Senac assumiu o desafio de am-pliar ainda mais o seu atendimento gratuito aos brasileiros de menor renda por meio do Programa Senac de Gratuidade (PSG) que entrou em ação este ano, marcando um dos ca-pítulos mais importantes de toda a nossa trajetória institucional.”

trabalhador. É hora de estudarSenac cumpre acordo firmado com presidente Lula e aumenta o número de vagas gratuitas destinadas à população de menor renda nos cursos promovidos pela instituição.

EdUCAÇÃO PROFISSIONALZIANtE

HISTÓRIA. Para o presidente do Conselho Nacional do Senac, Antonio Oliveira Santos, a instituição está escrevendo um importante capítulo em sua trajetória. FOTO divuLgAçãO

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OSEGUNDO MAIOR HOSPITAL DO DF, NA REGIãO adminis-trativa de Santa Maria, após um ano de inauguração mas sem funcionar, começou a atender no dia 23 de abril. Sem processo licitatório, mas declarando estar amparado pela lei, o GDF contratou uma Organização Social para fazer a gestão do Hospital Regional de San-

ta Maria – HRSM. A Real Sociedade Espanhola de Beneficência – RSEB, irá receber 222 milhões no período de dois anos para gerenciar a estrutura.

inaugurado há cerca de um ano, o Hospital de Santa Maria funcionava apenas a estrutura. A gestão do hospital agora é feita pela Organização Social Real Sociedade espanhola de

Beneficência, acusada de receber recursos indevidos na Bahia, em um cenário conturbado que envolve assassinato, corrupção

e improbidade administrativa Por Vitor ferns

[email protected]

Escrita a punho. Um desses indícios foi abalizado no dia 15 de janeiro, quando o go-

vernador, José Roberto Arruda (DEM), autorizou por escri-

to, a próprio punho, à diretoria da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde – Fepecs, a modi-ficação da razão social da Fundação, para que no futuro ela também possa fazer gestão de Unidades Públicas de Saúde. Para atender a solicitação, a Fepecs deixaria de ser Fundação Pú-blica de Direito Público, e passaria a funcionar como Fundação Pública de Direito Privado.

A Fundação é responsável pela gestão da Faculdade Estatal de en-sino superior do dF, a Escola Supe-rior de Ciências da Saúde—ESCS, que é modelo e referência em qualidade de ensino. Há mais de dois anos, fica entre as sete primeiras colocações na avaliação de escolas de medicina no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes—ENAdE. O melhor curso de medicina do DF, conseguiu nota 5 – a nota máxima é 6, graças ao sucesso de um modelo de gestão educacional diferenciado. Para se ter uma ideia, a Universidade de Brasília – Unb, está dez colocações atrás da ESCS, já que a federal ocupou o 17º. lugar no mesmo exame, em 2007.

No Brasil, esse modelo de gestão não é novidade. Em 1998, o então go-vernador de São Paulo, Mário Covas, inaugurou o Hospital Geral de Pedrei-ras na zona sul da cidade com admi-nistração, contratação de médicos e gestão do dinheiro dado há uma enti-

dade privada. O primeiro caso serviu como porta de entrada para outros hospitais no Estado paulistano.

Na capital federal, o novo mode-lo de gestão do HRSM é o primeiro caso no DF, mas pode se tornar refe-rência para outras unidades.

Sociedade

hospital público.gestão privada

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Os deputados do PT protocolaram na Mesa Diretora da Câmara Legisla-tiva, em abril, requerimento de infor-mações para saber se existe relação entre a Universidade Católica de Bra-sília — UCB – e a organização social. No documento, os deputados pedem explicações sobre a existência ou não de contrato ou de sublocação de ser-viços firmados entre a Real Sociedade Espanhola e a Universidade Católica.

A Comissão de Educação e Saúde aprovou a convocação do secretário de Saúde do DF, Augusto Carvalho, para prestar informações sobre a si-tuação do setor. O requerimento foi apresentado pela bancada petista. Para a líder da bancada, Érica Kokay, “o secretário deve explicar o processo de terceirização de serviços em unida-des públicas de saúde; o gasto exces-sivo com UTIs particulares e o baixo investimento em mão-de-obra, mate-rial e equipamentos para a rede públi-ca”. De acordo com o Regimento In-terno da Câmara Legislativa, Augusto Carvalho é obrigado a comparecer à comissão, sob pena de responder por crime de responsabilidade.

Autorizo. Peço urgência nas medidas. Parece-me claro que

a Fepecs deve administrar unidades de Saúde, sem perder o conceito pedagógico básico.

ARRUdA CONCEdE AVALEsta autorização era uma Proposta de Gestão da

Regional de Saúde de Santa Maria, feita no dia 15 de janeiro pela Diretoria Executiva da Fundação. Segundo o diretor executivo da Fepecs, Rubens Iglesias, o contrato do GDF com a RSEB para a gestão do Hospital de Santa Maria ainda não estava 100% firmado na ocasião. Hoje, mesmo depois do contrato firmado, a diretoria da Fepecs ainda fará a alteração da razão social para estar pronta para gestões em oportunidades futuras. Ainda de acordo com o diretor executivo, a solicitação dessa proposta apresentada teria sido feita dois dias antes, pelo próprio governador, em uma reunião.

geSTÃo PriVada HoSPiTaL de SanTa Maria

mP contesta contratação

Apesar do GDF declarar o cum-primento com todos os requi-sitos legais na contratação, a experiência é inédita na capi-

tal, oriunda de um contrato firmado sem licitação, o que é legal, mas não considerado por muitos como o pro-cesso mais democrático, e que ainda conflita com o histórico da entidade. Há dois anos, a organização contra-tada foi investigada pela Controlado-ria-Geral da União (CGU), a partir do caso do assassinato de um servidor público em Salvador (BA), em 2007. Ele havia denunciado um esquema fraudulento, de repasses públicos milionários para organizações so-ciais no município. As investigações da CGU constataram que R$ 18 mi-lhões, dos R$ 98 milhões transferi-dos do município, para a RSEB, fo-ram pagos acima do devido valor.

terceirização. desde o inicio da

intenção do governo em terceirizar a gestão do hospital, no início do ano passado, o Ministério Público do distrito Federal (MPDF) manifestou posicionamento contrário ao mode-lo. Segundo a promotora titular da 2ª Promotoria de Defesa da Saúde (PROSUS), Cátia Vergara, o motivo do posição contrária do órgão é que a contratação fere dispositivos da Constituição Federal.

Contra a lei. “A Constituição e toda a legislação extra constitucional é bem clara, que as ações de saúde de-vem ser prestadas diretamente pelo Estado, e somente de forma comple-mentar, pode ser prestada pela inicia-tiva privada. Neste caso, essa gestão integral de uma unidade hospitalar que custou aos cofres públicos cer-ca de R$ 108 milhões, não configura essa hipótese de complementação de forma alguma! Na verdade ela é uma

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substituição de uma obrigação que deveria ser cumprida diretamente pelo Estado”, explica Vergara.

Benefícios. O novo modelo de gestão promete desburocratizar problemas crônicos do atual mo-delo de gestão pública. O diretor executivo da Fepecs, Rubens Igle-sias, contou a experiência que teve quando era Subsecretário de Saú-de do DF, há alguns meses. “Hoje, a Secretaria de Saúde tem um mo-delo de gestão de difícil execução... Quando estava lá, vi um caso em que autorizamos a compra de um medicamento urgente para um pa-ciente. Depois, vimos que devido aos tramites da estrutura, o me-dicamento só chegou no Hospital depois de quase 20 dias do solici-tado”, contou o diretor.

Com o novo modelo de gestão,

casos como esse poderiam ser evi-tados. O Administrador contratado pela RSEB, Marcelo Gomes, 55, irá aproveitar da experiência adquiri-da em unidades de saúde em São Paulo, e a participação no Ministé-rio da Saúde com José Serra, para o desafio de Administrar o Hos-pital de Santa Maria. “Nós temos certeza que o Hospital terá sucesso na gestão, será uma unidade dife-rente, que atenderá bem a popu-lação. O desafio é muito grande”, afirmou Gomes, otimista.

Pacientes x filas. O gestor des-taca alguns diferenciais, que a Organização Social aposta para alcançar esse sucesso. As marca-ções de consultas ambulatóriais serão realizadas por uma central de Call Center, onde o cidadão não precisará mais dormir em filas no

hospital para agendar sua vaga. “Já estamos preparando a comu-nidade local para os novos mode-los de atendimento. Em breve a população estará habituada com a nova realidade”, explicou Marcelo Gomes.

Segundo Gomes, mecanismos avançados de monitoramento e controle gerenciarão todos os no-vos recursos, com tudo informati-zado. Esse sistema permitirá con-sultar, por exemplo, quais leitos estão ocupados e o custo de cada paciente, desde que ele entrou no hospital.

No primeiro momento, na uni-dade de saúde de Santa Maria fun-ciona apenas a parte ambulatorial, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, com as seguintes especialida-des: clínica geral, cirurgia geral, urologia, ginecologia, ortopedia,

geSTÃo PriVada

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Os alunos encaram a situação como uma privatização da Faculdade, e temem o que essa alteração possa com-

prometer os resultados de sucesso já obtidos. Além disso, questionam como todo esse quadro foi condu-zido pela diretoria. O presidente do Centro Acadêmico (CA), Bruno Nogueira, 21, estudante do 3º ano de medicina, conta que toda essa decisão foi tomada pela diretoria da Fepecs durante o período de férias e sem consultar a opinião de alunos e professores. “Estava de férias e recebi por e-mail, um documento que havia vazado da diretoria, na sexta-feira antes do carnaval, onde é autorizada a alte-ração da razão social da Fepecs”, disse o presidente.

Alunos e diretoria divergem quanto à forma de comunicação da nova decisão de modificar a missão da entidade. O estudante do 6º. ano de medicina, Alisson Barreto, 26, afirma que teria tido acesso ao do-cumento, no qual o governador au-torizou a alteração da razão social, no hospital onde trabalha como interno. “Nós não recebemos nada diretamente da diretoria. Estava no HRAN e encontrei um médico

do Sindicato com esse documento na mão. Trouxe o documento até a faculdade, apresentei para o CA e informamos os estudantes”, con-tou Barreto.

O diretor executivo da Fepecs, Rubens Iglesias, conta uma versão diferente. “Em janeiro, durante uma reunião convocada pelo go-vernador, ele próprio propôs que a Fepecs também pudesse geren-ciar Unidades de Saúde no futuro. Nós achamos a possibilidade in-teressante. Eu pedi 48h para que apresentássemos uma proposta. No outro dia, reunimos a diretoria e fizemos um documento de Pro-posta de Gestão, que ele aprovou a próprio punho”, explicou Iglesias.

Após a determinação, a direto-ria executiva fez uma exposição, que segundo Rubens Iglesias, foi apresentada para as outras dire-torias, professores e alunos. O di-retor não soube dizer, com preci-são, o dia da reunião destinada aos alunos. “Foi na primeira quinzena de fevereiro, inclusive tinha um membro do CA que não ficou até o final da apresentação. Depois disso tentei fazer outras apresentações, e na última, apenas cinco alunos compareceram”, disse o diretor.

diVergÊnciaS inTernaS

esse modelo é absolutamente

anti SuS. nós vemos aqui no dF, um movimento nitidamente de privatização. Temos a absoluta clareza que o cáos que a saúde está mergulhada é uma situação engendrada, um cáos construído. erika kokay, deputado distrital PT

RÁPIDO. Alunos da Escola Superior de Ciências da Saúde do DF – ESCS com proposta formulada

em 48 horas e aprovada por Arruda

ATAQuE. Deputada Distrital Erika Kokay (PT) é contra proposta de “privatização” do HRSM

cardiologia clínica, endocrinologia, pneumologia e pediatria. Das 17h às 22h é feito um atendimento de pedia-tria, clinica geral e cirurgia geral para algum caso que por ventura precise de atendimento.

Até o fechamento desta edição, constatamos que apenas o ambu-latório funciona. Segundo Marcelo Gomes, “nossa expectativa é que em seis meses, até dezembro, o hospital esteja funcionando por completo”, apontou.

O contrato de dois anos, do GDF com a RSEB, foi firmado em janeiro

Posição dos alunos. Contra

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deste ano. “Serão 85 milhões no pri-meiro ano, o restante, 130 milhões para o segundo ano. Já foram repas-sados os recursos necessários para o primeiro momento, no mês de mar-ço, no valor de R$ 4,950 milhões”, afirmou o representante da RSEB, Marcelo Gomes. A entidade não será responsável pela aquisição e manu-tenção dos equipamentos, que ficará a cargo da Secretaria de Saúde do DF. O MPDF afirma que vai analisar o re-passe feito em março, por revelar que a lei veda o pagamento antecipado de despesas, onde vai analisar especifi-

camente qual foi a motivação desse pagamento.

para a deputada distrital, Erika Kokay (PT-DF), o contrato não é visto com bons olhos. “É trágico perceber que a Organização Social contratada (RSEB), está envolvida em uma série de irregularidades, que inclusive co-meçaram a ser desvendadas após a in-vestigação do assassinato de um servi-dor, em Salvador (BA). Mesmo assim, já recebeu no mês de março quase R$ 5 milhões, quando o hospital ainda es-tava fechado”, estranhou Kokay.

A deputada ainda questiona o processo. “A contratação foi realizada sem critério algum. O procedimen-to é ilegal, a Constituição diz que a participação da iniciativa privada na saúde será complementar, isso signi-fica que ela não terá sob sua respon-sabilidade a gestão. Serão serviços contratados quando houver a impos-sibilidade e esgotada a capacidade da rede pública de prover determinado serviço à população. O que se aplica a casos emergenciais, como o con-trato de uma UTI de emergência, ou exames. Enfim, o que estamos vendo agora é um hospital que custou R$ 170 milhões, sendo entregue a RSEB, que ainda irá receber 222 milhões em dois anos para fazer a gestão dele”, indignou-se, Érika Kokay.

mPdF E tCdF tENtAm BLOQUEAR PAgAmENtOS

Os dois órgãos trabalham em parceria no âmbito extrajudicial contra a contratação da Organização Social. Segundo Cátia Vergara, “chegamos a conseguir (MPDF e TCDF) a suspensão do antigo edital de concorrência que havia, por várias irregularidades presentes, que posteriormente depois de alguns acertos foi permitida a continuidade. Porém, em janeiro deste ano, isso tudo foi abandonado pela Secretaria de Saúde, que em 12 dias firmou o contrato com essa Organização Social (RSEB) sem licitação”, contou a promotora.

O MPDF ainda declara que, além da sede da RSEB não ser no DF, a entidade não preenche os requisitos de qualificação de O.S. necessários para a contratação. “A entidade têm varias falhas em questão de qualificação como Organização Social. O projeto básico apresenta muitas imprecisões de metas, critérios de avaliações e formas de pagamento. Enfim, a própria empresa sequer comprovou a situação econômica financeira até porque, em Salvador (BA), também há questionamentos junto ao Ministério Público local, apontando várias irregularidades na gestão de serviços de atenção básica de saúde”, afirmou Vergara.

No dia 15/04, antes da inauguração do hospital, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), que é a instancia máxima de controle social do SUS, deliberou em plenário a suspensão dos repasses de verbas federais ao DF. Depois de 20 dias tentando negociar com o GDF a suspensão do contrato, a recomendação foi enviada ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que vai decidir se vai ou não suspender os repasses.

DEFESA. Diretor Executivo da Fepecs, Rubens Iglesias, defende modelo de gestão privada, segundo ele, mais eficiente.

Em janeiro de 2007, o servidor público Neylton Souto da Silveira foi assassinado nas dependências da Secretaria Municipal de Saúde, em Salvador (BA). Dias antes do crime, o servidor havia denunciado um esquema fraudulento, onde organizações sociais contratadas pela Secretária de Saúde teriam recebido milhões indevidamente, para participarem da gestão da saúde pública.

O Ministério Público da Bahia apresentou a conclusão do caso em 27 de abril de 2008. Onde solicitou o julgamento das quatro pessoas

envolvidas diretamente no caso, como mandantes do crime a ex-subsecretária municipal de Saúde, Aglaé Amaral Sousa; e a consultora do órgão, Tânia Pimentel Pedroso. E como executores, os vigilantes Jair Barbosa da Conceição e Josemar dos Santos. O crime fez com que a CGU investigasse as denúncias do servidor, onde constatou irregularidades em contratos de Organizações Sociais, com a Secretaria de Saúde do Município. Segundo a CGU, uma das Organizações era a RSEB que teria recebido R$ 18 milhões indevidos, do total de R$ 98 milhões.

FAtOS tURBULENtOSFuncionário morre por ter descoberto fraude nos pagamentos de Organizações Sociais, que faziam gestão de programas de saúde pública na Bahia

esse modelo de gestão, permite contratar empresas que prestam serviços específicos, e

não ficar como hoje, onde a Secretaria chega a ter 15 mil cirurgias paradas por falta de anestesista. Ou seja, mecanismos mais eficientes. ruBenS igLeSiaS, diretor executivo da Fepecs

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Na sala de espera, da sede da RSEB, em Brasília, no Edifício Brasil 21, o clima era de con-tratações. No dia que nossa

reportagem esteve no HSM, a ante sala da entidade estava cheia de pes-soas esperando para uma entrevista de trabalho, curiosamente nenhuma delas estava munida de currículos em mãos. De acordo com o contra-to firmado com GDF, a admissão de funcionários será realizada pela rSEB e os funcio-nários serão re-gidos pela CLT, o que dá a liberda-de de admissão e demissão para a organização com-por o quadro de até 1.700 funcio-nários.

A real Socie-dade Espanhola de Beneficência é uma entidade com 124 anos de exis-tência. Foi criada a partir de imi-grantes espanhóis e hoje é respon-sável por uma das maiores unidades de saúde privadas do Estado baiano, o Hospital Espanhol, localizado em Salvador (BA).

Seleção. Segundo Marcelo Gomes, “o processo de contratação do qua-dro será por meio de seleção públi-ca, com provas e avaliação de títulos. Os contratados não serão servidores públicos, podem ser contratados e demitidos a qualquer momento. Já iniciamos as contratações, para atender essa situação emergencial do início do funcionamento. Não foi feita seleção pública. É uma contra-tação inicialmente de 60 dias. Foi realizada uma divulgação em anún-cios fechados. Recebemos cerca de cinco mil currículos e estamos fa-zendo a seleção”, explicou. O edital da seleção foi publicado com 1.360 vagas com inscrições no período.

A relatora do MPDF afirma a existência de problemas trabalhistas nas gestões feitas em Salvador (BA) pela RSEB, inclusive problemas de pagamentos de funcionários. “Tem registro da Justiça do Trabalho da Bahia determinando a suspensão de repasses para a entidade justa-mente por conta de problemas tra-balhistas. Também teve a auditoria feita pela CGU, que detectou inú-

meras irregulari-dades. Por tudo isso, a posição do mp não poderia ser outra, se não essa! Ressaltando que o Ministério Público nunca se posicionou contra o funcionamento do hospital, mas sim contra a ter-ceirização”.

Sub-contrata-ção. Além dos funcionários para o quadro do hos-pital, a entida-de também terá a liberdade para s u b - c o n t r a t a r empresas presta-doras de serviços, para atender es-

pecialidades médicas, para áreas de exames (como clínicas privadas do setor) e empresas que poderão ficar responsáveis por áreas como limpeza, segurança etc. “Existem inúmeros aprovados em concursos públicos feitos pela própria Secre-taria de Saúde, que já poderiam ter sido nomeados para trabalhar nessa Unidade Hospitalar, e que serão prejudicados por essa tercei-rização”, disse a promotora, Cátia Vergara.

O MPDF já entrou com ação ci-vil pública, inclusive liminarmente, para que não fosse permitida essa terceirização. A liminar foi concedi-da antes da inauguração e cassada, permitindo a abertura do hospital em 23 de abril. Agora, falta a análi-se do mérito.

CONtRAtAÇÕES dO hOSPItAL NÃO SERÃO FEItAS POR mEIO dE CONCURSO PÚBLICO

A BANCAdA PEtIStA NA CâmARA dIStRItAL SE mOBILIZA CONtRA NOVA VERtENtE dE gEStÃO

Para representantes da bancada petista na Câmara Legislativa do DF, esse pode ser o início de uma espécie de privatização da saúde pública em Brasília. A deputada Erika Kokay é favorável a uma maior valorização do Sistema Único de Saúde (SUS). “Está sendo construído um cáos na saúde pública para que a gestão privatizada seja a única saída. Tudo indica que é um processo de mergulhar a saúde no cáos, com a destruição da atenção básica e uma falta de investimento, para justificar a contratação de serviços privados”, denuncia a deputada.

Como exemplo, a parlamentar utiliza experiências recentes que acompanhou em unidades de saúde do DF. Há casos de falhas básicas, como falta de aparelhos de Raio-X, a não aquisição de equipamentos para o HRAN (não é feito o investimento, pois não se sabe se os equipamentos e a gestão serão privatizados), falta de leitos, entre outros casos. Sobre os leitos, a deputada diz que enquanto os pacientes estavam com esta carência, o Hospital de Santa Maria estava com 44 leitos parados. “É um caso que se não fosse absolutamente trágico, em desrespeito a vida das pessoas, teríamos em processo uma comédia. Que é inaugurar um Hospital, com placa e tudo, e o Hospital ficar fechado por quase um ano”, aponta Kokay.

Em conjunto com órgãos que representam a classe da saúde no DF, a deputada já se reuniu com a CGU e no Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus). “O Denasus e a CGU montaram uma força tarefa, que fará uma varredura de todas essas relações da saúde pública com a iniciativa privada, iremos apenas definir o objeto, e o caso de Santa Maria é um deles”, contou a parlamentar.

Caminho de corrupção. “É uma lógica corrupta. Porque, nada

indica que todo esse processo de terceirização, nessas condições que foram dadas, seja apenas uma questão ideológica. É um caminho de corrupção! Se é contratada uma empresa sem idoneidade financeira, sem licitação, que tem uma investigação da CGU, que apontou um superfaturamento de mais de 15 milhões, sem metas qualitativas e quantitativas pré-estabelecidas: é a utilização de recursos públicos para beneficiar a iniciativa privada... O Hospital já poderia estar funcionando, contudo, se penaliza a população com a intenção de privilegiar uma instituição”, finaliza Kokay.

GESTOR. Marcelo Gomes. Administrador contratado pela Real Sociedade Beneficência Espanhola, para fazer a gestão do Hospital de Santa Maria

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prevista no projeto básico, com cum-primento de metas em diversas ativi-dades hospitalares, como consultas, cirurgias e exames. Estas prestações de contas serão acompanhadas por auditorias da Secretaria de Saúde, do Conselho de Saúde do DF, Ministério Público do DF e Tribunal de Contas do DF.

Por que a Secretaria de Saúde optou por uma gestão totalmente terceirizada para a nova unidade de Santa Maria? O sistema público não teria capacidade de gerenciar?Fernando Antunes. Em sintonia com as propostas do Ministério da Saúde e seguindo tendência de modelo já em funcionamento em diversos Estados, inclusive naqueles governados pelo PT, a solução adotada para o Hospital Regional de Santa Maria é uma opção que vem somar e permitirá compara-ções de custos e produtividade com o restante da rede pública de saúde. É inegável que o modelo burocrático tradicional já não é suficiente para atender as crescentes demandas da sociedade e, principalmente, no con-texto da Lei de Responsabilidade Fis-cal, que limita a expansão de gastos com pessoal.

A Constituição prevê apenas terceiriza-ção complementar de serviços na saú-de pública, como foi aprovada a gestão completa do Hospital de Santa Maria?Fernando Antunes. O texto constitu-cional fala em complementação de serviços para o Sistema Único de Saúde—SUS, e deixa claro que há espaço para convivência entre os se-tores público, privado e assistencial filantrópico. Quando contratamos leitos de UTI na rede privada temos um exemplo de complementaridade. Do mesmo modo, quando adotamos este modelo em um hospital de um total de 17 da rede pública, estamos também agregando serviços de forma complementar. Ressalte-se que no caso da UTI há sim contratação de serviços privados, porém, no caso de Santa Maria foi contratada uma enti-dade assistencial filantrópica.

Qual o valor anual acordado no contrato com a Real Sociedade Espanhola para a gestão do Hospital?Fernando Antunes. No primeiro ano o valor do contrato é de R$ 85 milhões,

F E R N A N d O A N t U N E Sum novo modelo de gestão em saúde

Secretário-Adjunto de Gestão de Saúde, Fernando Antunes, nega qualquer irregularidade na contratação da Real Sociedade Espanhola

para gerir o Hospital de Santa Maria

Como foi realizado o processo de con-tratação da organização Real Socieda-de Espanhola para fazer a gestão do Hospital de Santa Maria? Explique de-talhadamente o procedimento?Fernando Antunes. A escolha da real Sociedade Espanhola resultou de negociações iniciadas em 2007, que se estenderam por todo ano de 2008. A partir de indicações da Universidade Católica de Brasília, uma das concorrentes no processo, surgiu a hipótese de contratação da Real Sociedade Espanhola.

Quantas empresas concorreram a este processo?

Fernando Antunes. Não há “empre-sas”, mas entidades assistenciais filantrópicas no processo de gestão por O.S – Organização Social. Fo-ram feitas consultas em outras Uni-dades da Federação sobre entidades que já prestam este tipo de serviço às respectivas Secretarias Estadu-ais. Por tratar-se de um projeto de grande envergadura, havia poucas possibilidades de contratações.

Como será a prestação de contas da organização Real Sociedade Espanho-la, para a Secretaria de Saúde do DF?Fernando Antunes. A prestação de contas será apresentada na forma

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que serão pagos em parcelas men-sais integralmente, se houver 100% de cumprimento das metas pela Real Sociedade Espanhola.

Essa ação poderá marcar o início de um processo de terceirização da saúde no DF?Fernando Antunes. Existem diversas formas de se enxergar o processo de complementaridade dos serviços em saúde. Hoje a Secretaria de Saú-de já contrata serviços nas áreas de nefrologia, UTI, cardiologia e oftal-mologia. Apesar desses exemplos, as pessoas contrárias aos novos mo-delos de gestão insistem em classifi-car a contratação da Real Sociedade Espanhola como o início da tercei-rização no DF. Porém, esquecem de ver que a solução adotada mantém integralmente os princípios defini-dos na Constituição para o Sistema Único de Saúde.

Algum valor já foi repassado para a or-ganização?Fernando Antunes. O repasse de va-lores para a gestão de Santa Maria está ocorrendo da forma prevista no contrato.

Qual foi o gasto estimado para manter a estrutura do hospital até então sem funcionar (com gastos em segurança, energia, água etc)?Fernando Antunes. Nos três itens – energia, água e segurança – os gas-tos foram reduzidos, já que o hospi-tal ainda não estava em atividade.

A questão da Real Sociedade Espanho-la estar sendo investigada pela CGu devido a problemas de gestão em caso de gestão semelhante na Bahia não preocupa a Secretaria?Fernando Antunes. A real Sociedade Espanhola, em conjunto com outras sete organizações sociais da Bahia, in-clusive as Organizações Irmã Dulce, tiveram suas contas do convênio com a Prefeitura de Salvador para gestão de programas sociais auditadas pela Controladoria Geral da União, a pe-dido conjunto do Ministério Público Federal e Ministério Público Estadu-al. O relatório da CGU aponta falhas em todos os convênios dessas Orga-nizações Sociais. Contudo, o proces-so não está concluído e a palavra final do Ministério Público ainda está para

ser emitida. A Real Sociedade Espa-nhola é uma entidade filantrópica com mais de 100 anos de existência em Salvador, presta serviços para o SUS da Bahia e atende a comunidade baiana com alto conceito.

O modelo público de gestão não é ca-paz de desburocratizar e realizar um trabalho de sucesso na saúde do DF?Fernando Antunes. O modelo clássico de gestão pública está dando sinais de exaustão. Não por conta dos ser-vidores dedicados e comprometidos com os cargos conquistados por concurso público, mas em decorrên-cia de um sistema legal obsoleto, no qual são necessários, por exemplo, vários meses para comprar a peça de um tomógrafo quebrado em um hospital. Não se trata de condenar o modelo, mas de encontrar soluções que permitam atender a um público crescente na rede de saúde pública.

A autorização dada em janeiro deste ano pelo Governador Arruda para a alte-ração da razão social da Fepecs (Gesto-ra da Faculdade de Saúde do DF), para que ela se transforme em uma Funda-ção Pública de Direito Privado é um in-dício de um futuro de terceirização de entidades da saúde pública do DF?Fernando Antunes. A Faculdade de Saúde do DF é motivo de orgulho para todos nós. Contudo, trata-se – como o Hospital Sarah Kubits-chek – de um modelo difícil de ser replicado em larga escala, pelo seu alto custo. Vamos mantê-lo, porém, adaptando seus estatutos de modo que a Fepecs (gestora da Faculda-de de Saúde do DF) possa ter mais liberdade no seu processo de ação gerencial. Para quem enxerga nisso uma tentativa de terceirização, não há muito a falar, a não ser que estão numa trincheira histórica, dissocia-da da realidade.

O modelo clássico de

gestão [de saúde] pública está dando sinais de exaustão.

gOVERNO LANÇA PACOtE EmERgENCIAL PARA A SAÚdE PÚBLICA NO dIStRItO FEdERAL

Com investimento superior a R$ 500 milhões, o pacote de medidas emergencias para a saúde pública do Distrito Federal, prevê a construção de dois hospitais de médio porte, sete Unidades de Pronto Atendimento – UPAS, a contratação de 1.095 profissionais e o aumento na carga horária de trabalho. Aquisição de ambulâncias e ampliação do número de leitos também estão na lista.

“Os resultados serão paulatinos. Não se muda um estado de saúde pública, que vem há muito tempo deficiente, da noite para o dia”, pondera o governador José Roberto Arruda. “À medida que contratarmos as cirurgias na rede privada, que as novas unidades entrarem em funcionamento, que os novos profissionais começarem a trabalhar e que mais médicos passarem de 20 para 40 horas de jornada, gradativamente teremos melhorias na saúde”, projeta Arruda.

Fila de Espera. O pacote também reduzirá a fila de espera por uma cirurgia. Hospitais da rede particular serão credenciados e autorizados a realizar, mediante o pagamento pela tabela do SUS, cinco mil intervenções cirúrgicas. “Essas cirurgias foram ficando pra trás ao longo dos últimos 10 anos. A rede pública não deu conta de atender todas essas pessoas. Nós estamos sobrecarregados e os centros cirúrgicos dos hospitais estão atendendo basicamente a demanda presente”, observa o governador.

De acordo com o secretário de Saúde, Augusto Carvalho, a população do DF e do Entorno cresceu numa proporção infinitamente superior à expansão da estrutura física e do contingente de recursos humanos da rede pública e provocou uma sobrecarga nos serviços prestados pelo Estado. “Não adianta a gente falar que temos capacidade de resolver todos os problemas e as pessoas estarem padecendo, esperando anos por uma cirurgia. Por isso, a contratação de cirurgias, de UTIs e de exames na rede particular são medidas fundamentais para melhorar a saúde pública no DF”, argumenta o secretário.

“Mas é preciso que o Estado de Goiás e o Governo Federal nos ajudem nesse esforço. Enquanto as cidades do Entorno, que são muito populosas, não tiverem unidades de saúde, por mais que a gente faça em Brasília, sempre haverá uma pressão desumana nos nossos hospitais e nosso esforço será em vão”,completa o governador.

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política

POR dENtRO dACâmARA LEgISLAtIVA

AmAIorIA doS CIdAdãoS BrASILIENSES Não SABE como funciona e para quem funciona a Câmara Legis-lativa. E a maior parte da população parece não de-positar credibilidade algu-

ma na atuação dos parlamentares. A Câmara é composta de 24 de-

putados eleitos pelo povo do Distrito Federal. Segundo dados da Organiza-ção Transparência Brasil, atualmente os parlamentares se dividem basica-mente em cinco grupos: evangélicos (3), ruralistas (4), sindicalistas (6), policiais (3) e ligados a ONGs (1). O deputado Benício Tavares (PMDB) está há 1� anos ininterruptos na Casa e lembra que o Legislativo tem dupla missão, a de Câmara de Vereadores e a de Assembléia Legislativa. “Como toda criação de órgão novo, existem distorções e para alterar uma estru-tura é muito complexo.”

Desde sua criação, o Legislativo do DF vive muitas polêmicas. Em 2004, o ex-deputado Carlos xavier (PMDB-DF) surpreendeu a Casa ao se mostrar favorável à extinção da Câmara. xavier defendia a criação do Estado do Planalto Central, uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do ex-senador Francisco Es-córcio (PMDB-MA).

Pela proposta, a nova unidade da federação seria formada pelos municípios da denominada Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE) – formada por 19 cidades de Goiás e três de Minas Gerais –, além das então chamadas cidades-satélites, totalizando 29. Entre as propostas da PEC está a extinção do Legislati-vo do DF. “Fechar a Câmara é uma visão equivocada, é equivalente a fechar os olhos para o problema ao invés de enfrentá-lo”, avalia o

cientista político e professor da UnB, Leonardo Barreto. Para Benício, o fechamento não é a solução. “A mídia divulga muito as coisas erradas. Mas, nós temos acertado também. A nossa falha está em não conseguir divulgar as coisas boas”, destaca Benício. A estudante de química da Universidade de Bra-sília, Raquel Oliveira, justifica a falta de credibilidade da Casa. “É difícil ver algo bom na Câmara, só vemos notícias ruins nos jornais. Se existir algo bom, infelizmente não é divul-gado”, comenta.

Apesar do pouco tempo de exis-tência, a população assistiu à prisão do ex-deputado José Edmar (PMDB), acusado de lavagem de dinheiro, cor-rupção passiva e formação de qua-drilha. O distrital ficou detido por 29 dias. O deputado Benedito Domingos (PP) responde a três processos: no Tribunal de Justiça do DF, no Tribu-

deputados distritais estão em segundo lugar como os mais caros no ranking nacional, e ocupam a quarta colocação de maior orçamento anual. exemplo dessa distorção é a verba de R$ 88 mil reais que deve ser gasta exclusivamente com os funcionários do gabinete. Os deputados federais recebem R$ 60 mil mensais para essa mesma

finalidade, ou seja, R$ 28 mil a menos que os distritais.

Por rafael oliveira

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POR dENtRO dACâmARA LEgISLAtIVA

nal de Contas do DF e no Tribunal Re-gional Eleitoral. Domingos é acusado pelo Ministério Público de irregula-ridades na concessão de alvarás e li-cenciamento para concessionárias de automóveis na região de Taguatinga. O Governo do Distrito Federal publi-cou um Decreto em que regulariza as áreas ocupadas pelos empresários. A defesa do distrital aguarda a decisão do pedido de extinguir o processo.

O distrital Dr. Charles (PTB) res-ponde a processo no trE por ter a prestação de contas da campanha de 2006 rejeitada. Roberto Lucena (PMDB) e Brunelli (DEM) tiveram seus processos de prestação de con-tas arquivados.

A Câmara Legislativa do Distrito Federal possui basicamente três fun-

ções. A primeira é a função clássica: criar leis. A segunda função consiste em fiscalizar, por meio da convocação de audiências públicas, pelas comissões parlamentares de inquérito e pelo Tribunal de Contas do DF. E a terceira função elaborar o orçamento anual do Distrito Federal,

onde prevê os gastos que o governo poderá fazer.

O orçamento anual do Legislativo é de R$ 365 milhões, segundo da-dos da Transparência Brasil. O custo por cadeira é de R$ 15,2 milhões e cada habitante paga anualmente R$ 142,76 pela manutenção da Casa. Isso calculando a verba de gabinete que hoje ainda está em R$ 88 mil re-ais e deve ser gasta exclusivamen-te com os funcionários do gabinete. Contudo, os cálculos em breve mu-darão já que por 21 votos a favor e um voto contrário (Reguffe), a CLDF aprovou projeto que aumenta a verba de gabinete dos distritais, aumenta os salários dos seus servidores e ter-

CuSTO. De acordo com a Transparência Brasil, o custo por deputado é

de R$ 15,2 milhões e cada habitante do DF

paga anualmente R$ 142,76 pela

manutenção da Casa.

O gdF tem controle absoluto sobre a Câmara Legislativa. Ela não é independente e isso é culpa dos deputados.

Leonardo BarreTo, cientista político.

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ceiriza os serviços de limpeza da Casa. A verba de gabinete de um deputado distrital que já é superior a dos deputa-dos federais (R$ 60 mil), vai passar de R$ 88,7 mil mensais para R$ 97,6 mil, um aumento de 10%.”

O valor da verba indenizatória por deputado é de R$ 11.250 mil mensais. A verba deve ser usada na locação e manutenção de imóveis, máquinas e equipamentos e veículos, no abasteci-mento de combustível e lubrificantes, assessoria ou consultoria e divulgação de atividade parlamentar. Essa verba é cumulativa trimestralmente, ou seja, no fim do trimestre a verba não utiliza-da voltará para os cofres públicos.

Redução. O deputado Reguffe (PDT), logo no primeiro dia de mandato, abriu mão do 14° e 15° salários, reduziu a verba indenizatória para R$ 2 mil, em caráter irrevogável. Para dar exemplo aos colegas, o distrital tem 14 assesso-res a menos que os outros parlamenta-res e gasta mensalmente em torno de R$ 600 com combustível. “Eu defendo a possibilidade de exercer um man-dato sem gastos exorbitantes”, disse Reguffe. “As pessoas estão descrentes com tantos escândalos de corrupção”, lamentou.

A distrital Érika Kokay (PT) defen-de o uso consciente da verba. “A verba deve ser usada para o exercício corre-to do mandato. Existem disparidades econômicas altas entre os parlamenta-res. E eu, como assalariada, estaria em desvantagem se abrisse mão dos meus recursos”, argumenta Kokay.

Cristiano Araújo (PTB), 24, é o de-putado mais jovem e acredita que pode trazer benefícios para a cidade. “A Câmara é um instrumento que Deus me deu para poder tentar fazer o bem para as pesso-as”, prega ele. Mas, pondera, a juventude trouxe alguns obstá-culos. “Quando che-guei na Casa, encon-trei dificuldades para

me relacionar com os colegas e ganhar credibilidade”, afirma.

ECONOMIA. “Eu defendo a possibilidade de exercer um mandato sem gastos exorbitantes”, deputado Reguffe (PDT).FOTO gABRieL ALveSO

Isso aumenta a sensação das pessoas de que a Câmara não cumpre sua função e de fato não vem cumprindo”, discorre.

O deputado Benício Tavares justifi-ca a grande centralização de poder do Congresso Nacional. “Só o Congresso pode descentralizar para que a gente possa mexer nos problemas da nossa comunidade. Quando vamos resolver problemas da saúde, não podemos. Não é certo só o Congresso poder le-gislar”, critica Benício. “É necessário fazer uma reforma no Congresso para descentralizar o poder, para podermos legislar e ter a prerrogativa de discutir e resolver os problemas com o gover-nador com maior rapidez”, completa.

Suplência. O deputado Roney Nemer (PMDB), deixou a presidência da Bra-síliaTur no dia 6 de abril e retornou à Câmara Legislativa, de onde saiu o suplente Roberto Lucena. Nemer apro-vou 12 projetos e tem 28 em tramitação na Casa.

O deputado Chico Leite (PT) enca-minhou representação ao procurador-geral de Justiça do Distrito Federal, Leonardo Bandarra, e ao Ministério Público de Contas um pedido para que seja investigado uma ação de turismo da Empresa Brasiliense de Turismo — BrasíliaTur, com o cantor baiano Edu Casanova, no valor de R$ 800 mil. Segundo Roney Nemer o valor foi pago para uma grande ação no Carnaval de Salvador, onde Casanova fez um mer-chandising do aniversário de Brasília. O valor pago incluiu três dias de show do cantor, por oito horas, outdoors, 40 operadoras fazendo propaganda durante o evento, seis mil mortalhas e uma música fazendo alusão ao aniver-sário. Até agora foi pago R$ 400 mil, a BrasíliaTur pagou a metade e o restan-te será pago quando for comprovado as contrapartidas ofertadas pelo bloco. “A BrasíliaTur nunca contratou o can-tor Edu Casanova. Foi feito uma ação de turismo com o cantor e o bloco Tiete de Salvador. O cantor nunca foi contra-tado, a imprensa divulga da forma que interpreta. Na verdade não é gafe, é in-vestimento”, defende Nemer. Segundo Nemer, em breve, a Secretaria de Fa-zenda do DF vai fazer o levantamento para saber se o investimento teve retor-no e liberar o restante do pagamento.

Hoje, quatro suplentes exercem mandato na Câmara em lugar dos ti-tulares licenciados — Bispo Renato Andrade (PR), no lugar de Aguinaldo

P O L í t I CA

O deputado Chico Leite (Pt) fez representação ao procurador-geral de justiça do dF e ao ministério Público de Contas um pedido para que seja investigado uma ação de turismo da Brasíliatur com o cantor baiano Edu Casanova, no valor de R$ 800 mil.descontentamento. Em 18 anos de fun-cionamento, a Câmara Legislativa en-frenta desprestígio como outras Casas Legislativas do país. “A população tem a impressão de que o Legislativo não tem função, porque todas suas funções foram suplantadas pelo Executivo”, ex-plica Barreto. Para o cientista, “o GDF tem controle absoluto sobre a Câmara Legislativa. Ela não é independente e isso é culpa dos deputados. O Gover-no tem estratégia de cooptação muito forte, como a nomeação de deputados para Secretarias de Governo ou a no-meação de pessoas para administra-ções regionais ligadas aos deputados.

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de Jesus (PRB), atual secretário de Espor-tes; Cláudio Abrantes (PPS), no lugar de Alírio Neto (PPS), atual secretário de Jus-tiça e Cidadania; Raad Massouh (DEM), no lugar de Eliana Pedrosa (DEM), atual secretária de Desenvolvimento Social; Geraldo Naves (DEM), no lugar de Paulo Roriz (DEM). A deputada Eurides Brito (PMDB) assumiu o mandato definitivo após a renuncia do ex-deputado Pedro Passos (PMDB), envolvido em processos de grilagem de terras.

o deputado Bispo renato Andrade (PR) quer a incorporação do suplente no mandato. “Eu assumi o mandato e não deixo me influenciar. Os suplentes não de-vem pensar que são suplentes e sim depu-tados. Eu tenho total autonomia dentro da Câmara, voto contra o governo também. Se outros suplentes exercem seu mandato de cabeça baixa e submissos ao governo, é problema deles”, disse Andrade.

história. A Câmara Legislativa foi criada em 1991 para legislar o território do Dis-trito Federal e representar os habitantes. As Leis regentes da cidade são elabora-das na Casa e sancionadas pelo gover-nador. Como função básica, a Câmara deve fiscalizar os órgãos executivos. Os Projetos de Lei de iniciativa popular são pouco recebidos pela Casa. A população não tem conhecimento desse caminho para constituir leis. O projeto de moradia do Instituto Geração Brasília, que prevê a reserva de 50% dos lotes doados pelo governo para pessoas nascidas em Bra-sília reuniu mais de 30 mil assinaturas e foi apadrinhado pelo deputado distrital Cristiano Araújo (PTB).

Aylton Gomes PMnBenedito Domingos PPCabo Patrício PTCristiano Araújo PTB Eurides Brito PMdBLeonardo Prudente deMRaad Massouh deMRogério Ulysses PSBBatista das Cooperativas PrPBispo Renato Andrade PrChico Leite PTDr. Charles PTB

Geraldo Naves deMMilton Barbosa PSdBRaimundo Ribeiro PSLRôney Nemer PMdBBenício Tavares PMdBBrunelli deMClaudio Abrantes PPSErika Kokay PTJaqueline Roriz PSdBPaulo Tadeu PTReguffe PdTWilson Lima Pr

os maioresPT e DEM tem as maiores bancadas na Camara Distrital

democratas PT PMdB

PSdB PTB Pr

PrP, PSL, PPS, PSB, PP, PMn e PdT

Legendas

os deputadosNa atual legislatura, Pedro Passos (PMDB) renunciou ao mandato acusado de quebra de decoro parlamentar. Ele foi preso durante a Operação Navalha da Polícia Federal e é acusado de envolvimento com a máfia que fraudava licitações por meio de pagamento de propina. Eurides Brito (PMDB) assumiu o mandato.

deputados LicenciadosQuatro deputados eleitos estão licenciados para assumir cargos junto ao Governo do Distrito Federal

aguinaldo de Jesus (PrB). No-meado para a Secretaria de Estado de Esportes do Distrito Federal. Substituído pelo suplente Bispo Renato (PR). alírio neto (PPS). Nomeado para a Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal. Substituído pelo suplente Claudio Abrantes (PPS).

eliana Pedrosa (deM). Nomeada para a Secretaria de Estado de De-senvolvimento Social e Transferência de Renda do Distrito Federal. Subs-tituída pelo suplente Raad Massouh (DEM). Paulo roriz (deM). Nomeado para a Secretaria de Habitação do Distrito Federal. Substituído pelo suplente Geraldo Naves (DEM).

CARNAVAL. Roney Nemer (PMDB) nega irregularidades na contratação do cantor baiano Edu Casanova, quando era presidente da BrasíliaTur.

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P O L í t I CA

como funciona a câmara Legislativa?Leonardo Prudente. Ela tem dois tipos de administração: uma Câmara que tem que pagar água, luz, funcioná-rios e outra que é o processo políti-co, de tramitação de projetos. Então são duas modalidades distintas do ponto de vista da administração da casa. Na gestão administrativa ela

é colegiada, ou seja, participam da administração cinco membros da mesa diretora: a presidência, a vice e os três secretários. Determinadas áreas da Câmara são vinculadas a determinados secretários. O vice-presidente administra a área de informática, o primeiro secretário a área de recursos humanos, a área de orçamento o segundo secreta-rio e o presidente navega em todas

elas, participa de todas as discus-sões e de certa forma delega a esses secretários algumas administrações da Casa, que tem pontos positivos e negativos. O ponto positivo é uma gestão mais democrática e o ponto negativo é que se um determinado projeto não tem consenso, ele não vai pra frente. Então essa é uma dificuldade que temos.

Qual sua análise sobre os servi-ços prestados pela casa? Prudente. São bons servi-ços, mas, eles podem ser melhores, porque falta informação da população em relação ao trabalho que a Casa faz, de forma que o cidadão possa acompanhar mais e cobrar mais de perto. No dia anterior à votação, nós pegamos o que vai ser votado no dia seguinte e colocamos na internet, de forma comen-tada o conteúdo do projeto, a ementa que é o texto original do projeto, o memorial descritivo, o comentário do que significa na vida do cidadão. Colocamos essas in-formações disponibilizadas. Nós queremos inaugurar brevemente um por-tal interativo onde o internauta vai aces-sar, e é uma forma

ENtREVIStA

LEONARdO PRUdENtE moralizar e disciplinar a Câmara Legislativa do dFO geólogo e empresário na área de segurança, Leonardo Prudente (deM), foi eleito presidente da mesa diretora da câmara Legislativa para o biênio 2009/2010. Ocupou o cargo de Secretário do Trabalho do gdF, em 2004. Foi líder do governo, presidente da comissão de defesa dos direitos Humanos e da comissão de economia, Orçamento e Finanças. Aprovou 13 projetos de sua autoria. em seu segundo mandato como deputado distrital, Prudente defende a reforma política no Brasil

temos que reduzir sim [gastos]. Nós contigenciamos o orçamento. Se pegar os gastos desse trimestre, é menos do que gastamos no trimestre do ano passado.

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barata de se fazer. Brasília é a cidade onde se tem mais acesso à internet do Brasil, pelo tamanho da população. O cidadão vai poder interagir com os projetos e dar opinião sobre o projeto do deputado e os projetos que vêm do governador.

como vai ser o funcionamento da câmara no sábado?Prudente. Não vai ser a Câmara toda que vai funcionar no sábado. Nos queremos colocar em funcionamento o auditório, o plenário para audiên-cias públicas e visitas. Quando se faz uma audiência pública na quinta-fei-ra, às quatro horas da tarde, muitas pessoas gostariam de ir, mas, não vão porque estão trabalhando. Queremos fazer isso de forma racional, uma ex-periência que eu acho que tem tudo pra dar certo. Os deputados já traba-lham nos sábados, porque se não tra-balhar, não vai se reeleger.

e o aumento dos gastos?Prudente. Nós queremos fazer com o aumento perto do zero. Vai aumentar

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um pouco a conta de energia porque vai ter que ligar a luz. Existem al-guns lugares da Câmara que tem ca-rência de funcionários e outros com excessos. Então vamos fazer um ba-lanceamento disso. Vamos pegar as áreas que precisam de funcionários para trabalhar no sábado: o cerimo-nial, eventualmente a taquigrafia e a segurança. A segurança já está lá, ela funciona no sábado e domingo. Nós queremos fazer um sistema de esca-la onde possamos reforçar essas áre-as, colocando servidores de outras áreas. Faremos uma escala para que não haja necessidade de pagamento de hora extra.

O site ainda não divulga informações como assiduidade dos deputados no plenário, nas comissões, o senhor pretende colocar essas informações no site?Prudente. Nós vamos colocar tudo. O site vai ser todo reestruturado. Quem administra o site é a vice-pre-sidência, e o site é um instrumento forte de comunicação. Então nós es-tamos chegando a um consenso com a vice-presidência para transformar o site em um portal interativo. Isso vai facilitar que estas informações cheguem ao cidadão.

A câmara custa 365 milhões por ano, o se-nhor acha que é um poder caro?Prudente. Eu acho que sim. Temos que reduzir sim. Nós contigenciamos o orçamento. Se pegar os gastos desse trimestre, é menos do que gastamos no trimestre do ano passado, com-parando a inflação e o crescimento vegetativo da folha, mesmo sem ter dado reajuste aos servidores que es-tão há três anos sem nenhum. Te-mos que ver que Brasília é a cidade com maior custo de vida do Brasil. Os salários dos professores aqui, em

media é R$ 4 mil, em São Paulo é R$ 1.500,00. O salário do policial mili-tar em Salvador é R$ 1.200,00 e em Brasília, o salário inicial é R$ 4 mil. A passagem de ônibus é a mais cara do Brasil. Então é claro que os salários da Câmara Legislativa são mais altos do que qualquer outra Casa no Bra-sil. Mesmo assim podemos reduzir. Vamos reduzir a previsão orçamen-tária em R$ 100 milhões.

como está a construção da nova sede?Prudente. Nós estamos trabalhando no cronograma de terminar e en-tregar a obra no dia 15 de dezem-bro. É uma obra que se tivesse que começar hoje, naturalmente eu não começaria. Mas, eu não posso deixar um esqueleto em frente ao Palácio do Buriti.

O senhor acha que os suplentes representam o cidadão brasiliense?Prudente. É difícil dizer, mas, é a regra da democracia. Eu acho que o Brasil precisa de uma reforma política ur-gente, a principal reforma. E essa é uma questão que deve ser avaliada na reforma política. Enquanto a re-gra existe, temos de seguir de acordo com ela.

A construção do novo prédio da Câmara Legislativa do dF é uma obra que se tivesse que começar hoje, naturalmente, eu não começaria. mas, eu não posso deixar um esqueleto em frente ao Palácio do Buriti.

ExECuTIVO. Governador do DF José Roberto Arruda (DEM) participa da sessão de abertura dos trabalhos legislativos de 2009. FOTO ROBeRTO ROdRigueS

Junho de 2009 | Fale! Brasília | 35www.revistafale.com.br

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As mortes por acidente de trânsito no Brasil aumentam. enquanto isso, empresários ligados ao transporte urbano vão discutir as melhorias no

transporte público para a copa do Mundo em 2014

Por rafael oliveira, fale! Brasília

NA EStRAdA E COPA 2014tRAgÉdIAS

Economia

Em cada esquina, rodovia, sinais de trânsito e faixas de pedestres aparecem os acidentes de trânsito fazendo ví-timas e deixando feridos. O número de acidentes dimi-nuiu, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mas, o número de mortes aumentou.

Mesmo com as mortes em alta, empresários do setor de transporte público vão discutir a implementa-ção de novas formas para viabilizar a mobilidade dos brasileiros e estran-geiros na Copa do Mundo, em 2014. O Seminário Nacional NTU, promo-vido pela Associação Nacional de Empresas de Transportes Urbanos (NTU), vai debater os investimentos em transporte público para a Copa do Mundo. Segundo o presidente da NTU, Otávio Vieira da Cunha Filho, o momento é bom para esse debate, já que espera-se que o governo federal desembolse recursos consideráveis para melhorar o transporte.

O Departamento de Trânsito de Brasília (Detran-DF) registrou de ja-neiro a março deste ano, 12 acidentes de ônibus coletivo com vítimas fatais, na cidade. Em 2008, foram 48 mor-tos em acidentes envolvendo ônibus.

Além de desastres com vítimas, ou-tros tipos de acidentes acontecem no transporte público: passageiros ido-sos que se machucam ao entrar e sair do ônibus, porque o motorista não teve paciência de esperar; passagei-ros que se machucam dentro do ôni-bus, quando o motorista freia brus-camente por correr demais, e outros. Esses acidentes não entram nas esta-tísticas por não registrarem vítimas fatais. Os microônibus entraram nos relatórios apenas em 2008, compu-tando nove acidentes com vítimas. Em 2009, até o fechamento desta edição, não foi registrada nenhuma vítima em acidente envolvendo mi-croônibus.

A solução para o problema das demoras para entrar nos ônibus, dos engarrafamentos de trânsito e das filas nas roletas para pagar a passa-gem é a implementação do BRT. A si-

gla significa Bus Rapid Transit (Trân-sito Rápido de Ônibus). O BRT é um sistema de transporte de ônibus que proporciona mobilidade urbana rápi-da, confortável e com custo eficiente através de uma provisão de infra-es-trutura agregada com prioridade de passagem, operação rápida e freqüen-te ao usuário. Ao se implementar o sistema compra-se um conceito. A capital do Estado do Paraná, Curitiba, se transformou em uma cidade reno-mada em todo mundo, após a imple-mentação do sistema. Muitas outras cidades brasileiras seguiram o exem-plo como São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre. O sistema de BRT de São Paulo é atualmente o maior do mundo, com 142 quilômetros de vias exclusivas atendendo mais de dois mi-lhões de viagens todos os dias.

O maior sucesso de BRT está em Bogotá, na Colômbia. O Transmilênio, inaugurado em 2000, engloba 84 qui-lômetros de corredores troncais e 420 quilômetros de linhas alimentadoras. O sistema atende por dia 1,2 milhão de viagens. Quando o sistema inteiro estiver completo, previsto para 2015,

www.revistafale.com.br3� | Fale! Brasília | Junho de 2009

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NA EStRAdA E COPA 2014tRAgÉdIAS

estima-se que cinco milhões de via-gens serão atendidas em uma rede de 380 quilômetros.

custos do BRT. O sistema custa de quatro a 20 vezes menos do que um sistema de bondes ou Veículo Leve sobre Trilho (VLT). Estima-se que um quilômetro de BRT é cerca de 10 a 100 vezes menor que o custo de im-plantação da mesma extensão de um sistema metroviário subterrâneo. En-quanto o metrô custa R$ 100 milhões a cada quilometro, o BRT custa $ 10 milhões. O tempo de implementa-ção do sistema é cerca de 2/3 menor, quando comparado a um sistema de metrô. Uma vantagem do BRT é o fato de não necessitar de subsídios públicos para sua operação, ao con-trário dos metrôs. Já o desempenho operacional pode ser comparado ao

metrô, visto que os intervalos en-tre ônibus podem variar de 30 a 60 segundos. Atualmente no mundo existem mais de 80 cidades com sis-temas BRT implantados, inspirados em Curitiba, entre elas, Los Angeles, Cidade do México, Seul e Bogotá.

Mortes. os custos dos acidentes no Brasil, segundo dados do Ipea, nas rodovias é de R$ 22 bilhões por ano. O valor é equivalente a 1,2% do Pro-

duto Interno Bruto (PIB) e mais do que o total do orçamento do Minis-tério da Saúde. O estudo que com-prova esses dados foi pedido pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) ao Ipea. A equipe de es-pecialistas do Ipea constatou que as rodovias nacionais contabilizam 300 acidentes por dia, o que corresponde um acidente a cada quatro minutos e meio. Junto com esses acidentes, acontece um atropelamento a cada

VIDAS EM PERIGO. Julho de 2008, uma colisão entre um ônibus e um caminhão paralisou o trânsito na rodovia BR 040. Valdemar Santos ficou preso nas ferragens e teve fratura exposta na perna direita. FOTOS ROOSeWeLT PinHeiRO_ABR

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duas horas, resultando na morte de mais de mil pedestres por ano. Os mo-tociclistas também entram na estatís-tica, quase mil mortes por ano.

Os custos médios dos acidentes são influenciados pela sua gravida-de. Em média, um acidente com morte, no período de julho de 2004 a junho de 2005, custa R$ 418,3 mil. O valor é alto comparado a acidentes com feridos que fica R$ 86 mil. O cus-to de acidente com ileso chega a R$ 16 mil. O acumulado dos acidentes é liderado pelos acidentes com feridos: R$ 3,2 bilhões, seguido dos acidentes com morte, R$ 2,2 bilhões; e os sem vítimas, R$ 1,2 bilhão.

O custo por região no país é lidera-do pelo Sudeste com mais de R$ 2,4 bilhões em função da frota e malha viária. O custo médio individual mais alto fica na região Centro-Oeste: R$ 67 mil por acidente.

Os dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) contabilizam 109.745 acidentes nas rodovias federais em 2005, ante 112.457 no ano anterior, uma redução de 2,4%. Porém, houve acréscimo de 3,8% nas mortes. A cada dezoito acidentes nas rodovias fede-rais há uma vítima fatal. Enquanto a 3,4 atropelamentos de pedestres, uma pessoa morre.

A contagem de fatalidades nas rodovias levou em consideração não apenas os óbitos nos local, mas tam-bém os falecimentos até trinta dias depois do acidente em conseqüência direta dele. Em 2004, foram perdi-das 10.192 vidas e em 2005 foram 10.422. É como se a tragédia da que-da do Boieng 737-800 no meio da Amazônia se repetisse 97 vezes por ano, ou uma vez por semana.

A rodovia mais perigosa do Brasil é

Segundo dados da ABCR, o total de receitas em 2007 foi de R$ 6.247 milhões, entre pedágios e outros. E os investimentos totais nas rodovias foram R$ 8 milhões. O tráfego de ve-ículos evoluiu desde 2002. No ano de 2007, trafegaram mais de 700 milhões de veículos, um aumento de quase 200 milhões, já que em 2002 foram mais de 500 milhões. As con-cessionárias investiram 269 quilô-metros em infra-estrutura de pista nova. Em pontes e viadutos novos fo-ram 53.124 mil metros quadrados de obras. As realizações em segurança, como pistas simples e duplas, chega-ram a 12.705 quilômetros. As conces-sionárias também oferecem serviços de socorros aos usuários em casos de pane elétrica, pane mecânica, falta de combustível e guinchamentos. Em 2007, as concessionárias registraram mais de um milhão de guinchamen-tos. O serviço de socorro com ambu-lância atendeu 48 mil pessoas. O ín-dice de acidente com mortos é baixo, levando em consideração os registros de todas as rodovias concessionárias, que chegou a 1.515 ocorrências. O total de ocorrências, envolvendo aci-dentes sem vítimas e feridos, chegou a 60 mil, em 2007. O governo federal anunciou para 2008 e 2009 a con-cessão de cinco mil quilômetros de rodovias.

VIOLêNCIA NO TRâNSITO. Excesso de velocidade, a falta de atenção, imprudência e principalmente o consumo de bebidas alcoólicas são os maiores causadores de acidentes de trânsito no Brasil. As vias em precárias condições de circulação também aumentam as estatísticas sobre mortes no trânsito.

FOTO MARceLLO cASAL JR_ABR FOTO FáBiO POzzeBOM_ABR

a Fernão Dias (BR–381), que liga São Paulo a Belo Horizonte, registrando 8,34 acidentes por quilometro (em 2004). A média é mais alta que a Ré-gis Bittencourt, conhecida como a “ro-dovia da morte”. A Régis é um trecho da BR-116 que liga Curitiba à capital paulista e registra 5,21 acidentes por quilômetro. A Polícia Rodoviária Fe-deral dispõe de 9,6 mil policiais espa-lhados por 397 postos de fiscalização. A PRF cobre cerca de três mil municí-pios brasileiros e possui 153 ambulân-cias para efetuar os atendimentos de emergência.

estado das rodovias. A maioria dos motoristas que usam regularmente as rodovias brasileiras reclamam da qua-lidade do asfalto. Muitos reclamam de buracos, outros da falta de faixa de acostamento. O fato é que muitas rodovias são transitáveis em níveis excelentes. E essas, na maioria, são concessionárias, ou seja, o governo concede a rodovia para uma empresa fazer a manutenção adequada. A Asso-ciação Brasileira de Concessionária de Rodovias (ABCR) representa o setor de empresas que fazem este trabalho. Ao todo, a ABCR é formada por 37 em-presas que operam em 7 Estados bra-sileiros: Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pa-raná e Rio Grande do Sul. Essas con-cessionárias operam 10.222,4 quilô-metros de rodovias, o que corresponde a 5,18% da malha rodoviária nacional pavimentada. O percentual parece pe-queno, mas as rodovias concentram o fluxo de veículos das grandes regiões produtoras. Desde o início das conces-sões, que começou em 1995, até 2007, foram investidos R$ 13,3 bilhões nas rodovias concedidas.

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Segundo dados do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF), de janeiro a março deste ano foram registrados 92 mortes. Em 2008, o Detran registrou 416 mortes. Os acidentes com morte segundo a natureza, de janeiro a março de 2009 foram: 27 mortos por atropelamento de pedestres, 37 por colisão, 10 por capotamento e choque com objeto

fixo. Os pedestres são os campeões das vítimas fatais por tipo de envolvimento, 29 mortos até março de 2009. Em segundo vem os motociclistas com 28 falecimentos, até março deste ano. Os condutores do sexo masculino morrem mais do que as mulheres: 79 homens contra 20 mulheres, dos casos registrados até março deste ano. Nos registros

de pedestres mortos por sexo, os homens também lideram: 21 casos contra oito das mulheres. Ao total, morreram 29 pedestres

até março. A idade que mais mata é de 20 a 29 anos, somando 32 mortes, no mesmo período citado anteriormente.

Lei Seca no dF. Após 11 meses de Lei Seca, o Detran-DF registrou 3.521 condutores autuados nas operações com bafômetros, uma média mensal de 320. As prisões em flagrantes

somam 1.345 motoristas. 95% dos condutores foram autuados em blitz, os outros 5% foram autuados em algum tipo de ocorrência. Os acidentes fatais reduziram 19,0%, foram registrados menos 81 acidentes em relação ao mesmo período do ano passado. Após a Lei Seca a ocorrência de acidentes fatais foi menor durante toda sua vigência, apenas em novembro de 2008 e março de 2009, foi maior. Em média sete vidas foram salvas a cada mês, durante a Lei Seca.

EStAtíStICASmAIS ACIdENtES E mENOS mORtES

FOTO JAnine MORAeS_ABR FOTO FáBiO POzzeBOM_ABR

FOTO WiLSOn diAS_ABR

Fim dos acidentes. O governo federal tem iniciativas no sentido de reduzir os acidentes no país. O Pro-grama de Redução de Acidentes no Trânsito (Pare), do Ministério dos Transportes, funciona há 13 anos. O programa promove a capacitação técnica de equipes dos órgãos muni-cipais de trânsito na implantação de ações corretivas de engenharia visan-do à prevenção de acidentes. Outro projeto, Amigo da Vez, leva equipes a locais de grande concentração de ba-res desde 2000 a fim de conscientizar os freqüentadores sobre um dos prin-cipais causadores de acidentes: o ál-cool e a direção. O objetivo é conquis-tar entre os consumidores de álcool a ideia de eleger um amigo que não vai ingerir bebida alcoólica e ficará res-ponsável por dirigir pelos demais.

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ALtA NA

FáBRICAOs dados divulgados pelo

instituto Brasileiro de geografia e estatística – iBge – mostram que

houve avanço no ritmo da atividade industrial em 16 dos 27 ramos pesquisados.

O desempenho de maior importância para o resultado global foi a venda de veículos

APRODUçãO DA INDÚSTRIA bra-sileira cresceu 1,1% em abril na comparação com o mês de março. Foi a quarta taxa po-sitiva de 2009. Em relação a abril do ano passado, porém,

houve queda de 14,8%. Na compara-ção do quadrimestre, a queda foi de

14,7% e nos 12 meses fechados em abril houve recuo de 3,9%, a marca mais baixa desde junho de 1996.

Os dados divulgados pelo Insti-tuto Brasileiro de Geografia e Esta-tística – IBGE – mostram que houve avanço no ritmo da atividade indus-trial em 16 dos 27 ramos pesquisados. O desempenho de maior importância para o resultado global foi a venda de veículos automotores (3,3%), que, após forte ajuste de estoques feito no final do ano passado, acumulou 61,1% frente a dezembro de 2008, es-timulado, principalmente, pela maior produção de automóveis.

Entre os destaques, estão também os setores de metalurgia básica (5,1%), borracha e plástico (6,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (8,3%), produtos de metal (6,8%) e material eletrônico e equipamentos de comu-nicações (5,2%). Tiveram queda no período os segmentos de edição e impressão (-3,1%), equipamentos de instrumentação médico-hospitalares e óticos (-13,0%) e refino de petróleo e produção de álcool (-1,7%).

Segundo os técnicos do IBGE, na comparação de abril com o mês anterior, todas as categorias de uso registraram índices positivos. Os seg-mentos de bens de consumo duráveis (2,7%) e de bens de capital (2,6%) ti-veram as taxas mais elevadas. O seg-mento de bens de consumo duráveis, com a quarta taxa positiva nessa com-paração, já acumulou 57,8% de cresci-mento, em 2009, ante os 48,7% de re-cuo nos três últimos meses de 2008.

Entretanto, o item bens de capi-tal (máquinas e equipamentos para a

indústria), que voltou a mostrar cres-cimento em relação ao mês anterior, ainda não neutralizou a desacelera-ção observada em fevereiro e março, quando acumulou perda de 11,2%. O desempenho do setor de bens in-termediários (materiais consumidos pelas indústrias para fabricação de produtos) ficou em 1,1%, igual à mé-dia da indústria, enquanto o de bens de consumo semi e não duráveis pra-ticamente repetiu o patamar do mês anterior (0,3%).

Em relação a abril de 2008, o se-tor industrial recuou 14,8%, pratica-mente repetindo a média do primei-ro trimestre do ano (-14,6%). Além da elevada base de comparação, foi afetado pelo menor número de dias úteis em abril de 2009 (20) frente a abril de 2008 (21). A grande maioria (24) dos 27 ramos pesquisados exi-biu índices negativos nessa compa-ração, vindo de veículos automotores (-24,8%) e máquinas e equipamentos (-32,3%) as maiores contribuições na formação da taxa global, ambos pressionados pelo recuo em mais de 80% dos produtos investigados nos respectivos setores.

Também registraram pressões negativas os ramos de metalurgia básica (-27,9%), devido ao recuo do fabrico de lingotes, blocos tarugos e placas de aço; e material eletrônico e equipamentos de comunicações (-44,0%), sob impacto, sobretudo, de telefones celulares. Entre as três atividades que mostraram aumento em relação a abril de 2008, a mais significativa foi a de fabricação de bebidas (4,8%).

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ACRISE Já FEz VáRIAS VíTIMAS no setor automotivo. Monta-doras mundiais se fundiram, como a Fiat e a Chrysler. Na contramão desse quadro, o recém-criado Grupo Marcas

– que reúne as duas concessionárias Mitsubishi, Nara e Tokyo, além da Soma Suzuki e da Vervain, especiali-zada em roupas femininas –, gera 150 empregos diretos e injeta aproximada-mente R$ 20 milhões na economia do DF em forma de impostos. Segundo o diretor comercial da Mitsubishi bra-sileira, Robert Ritscher, a marca não sentiu a crise de forma tão acentuada como em outros países e espera abrir mais 10 concessionárias pelo Bra-sil até o final do ano. “O mercado da América Latina é bastante produtivo. A matriz da Mitsubishi no Japão deu o aval para potencializarmos a pro-dução e até exportarmos para outros

mItSUBIShI. CRISE? ONdE?

As duas concessionárias Mitsubishi do dF estão em segundo lugar de vendas no ranking nacional da montadora e mostram

que na capital Federal a crise é quase uma ficçãoPor rafael oliveira, fale! Brasília

países próximos ao nosso”, ressalta Ritscher. O Centro-Oeste tem impor-tância significativa para a montadora. A única fábrica da Mitsubishi no País está em Catalão – GO, a 290 km de Brasília–, e produz mais de 200 veí-culos por dia. “A fábrica está em Goiás por ser uma região estratégica. Dali podemos distribuir facilmente para o resto do país”, explica Ritscher.

O Grupo Marcas investiu R$ 10 milhões nos últimos 18 meses para inaugurar a Tokyo, em outubro de 2007, além da primeira concessio-nária Suzuki de Brasília, no fim do ano passado e da sede da nova Nara Veículos . A nova sede da Nara custou R$ 5,5 milhões em um parque de 10 mil m2 de área construída. “Já come-çamos a superar a fase ruim da crise. Com a nova sede temos a expectativa de um aumento nas vendas entre 15 a 20%”, disse o proprietário das duas

concessionárias Mitsubishi no DF, Marcos Cardoso.

“A redução do IPI ajudou muito o setor. Quando se reduz um valor no veículo, em média de R$ 4 mil, como na Pajero TR4, você aumenta o leque de clientes”, afirma Cardoso. Em mé-dia a Nara Veículos vende 80 carros por mês e a expectativa é que esse número supere as 100 unidades, o que significaria algo em torno de R$ 10 milhões por mês. “Para se ter uma ideia, o setor no dF cresceu 19,5% no primeiro trimestre deste ano em comparação com 2008 e estimamos faturar cerca de R$ 200 milhões em 2009”, avalia Cardoso.

O presidente da Mitsubishi Mo-tors do Brasil, Paulo Ferraz, esteve em Brasília, para participar do Open House na nova sede da Nara Veícu-los no DF e do lançamento do Grupo Marcas. O presidente falou sobre as perspectivas do setor automobilístico depois que o pior da crise já passou. Ferraz mostrou-se muito satisfeito com o anúncio da Mitsubishi do Ja-pão de que o Brasil poderá produzir mais três modelos, incluindo um car-ro de passeio.

entre os maiores. Robert Ritscher explicou que a empresa é composta por empresários brasileiros, possui capital 100% nacional e a participa-ção da Mitsubishi japonesa consiste na cessão de tecnologia e licenças de produção. Ele afirmou que o mer-cado brasileiro faz parte dos cinco mais importantes da companhia no mundo, já tendo superado inclusive países com tradição automobilística

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como a França. No Brasil, a MMC é o único grupo que opera tanto na par-te de vendas e distribuição, quanto na produção.

O Governo Federal prorrogou mais uma vez a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos Indus-trializados (IPI). Os concessionários do Distrito Federal comemoram a de-cisão anterior, firmada entre o Minis-tério da Fazenda, dirigentes de mon-tadores e sindicalistas que baixou o IPI assim como a nova perspectiva de redução. Medidas como essa ajudam a reduzir demissões por parte das montadoras. Os representantes do setor garantiram o emprego em tro-ca da manutenção do IPI mais baixo, que abrange automóveis de passeio, caminhões, caminhonetes, reboques e semi-reboques.

Apesar dos bons resultados do Grupo Marca, o setor no DF registrou queda nas vendas em abril. O recuo foi de 35,40%. Foram vendidas 6.744 unidades contra 10.439 do mês ante-rior. Mesmo assim, os emplacamentos dos primeiros quatro meses de 2009 no DF superaram os dados nacionais, o que traz otimismo aos empresários do setor automotivo. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), de janeiro a abril, 902,7 mil veículos foram vendidos, contra 909,2 mil no mesmo período de 2008. Portanto, houve queda de 0,7%.

o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Distrito Federal (Sinco-div-DF), Ricardo Lima, disse que o governo mostrou maturidade com a decisão. Segundo o presidente, o be-

nefício reduziu o valor dos veículos, aumentou a demanda e aqueceu o mercado. Para Lima, o setor encon-traria dificuldades de crescer se o go-verno não mantivesse a redução da alíquota.

Dentre as oito marcas que mais venderam no DF em abril de 2009, a Fiat retomou a liderança, com 1.841 unidades vendidas. Entretanto, não foi o bastante para superar os em-placamentos de março — 2.700 uni-dades —, o que significou uma queda de 31,8%.

A Honda foi a única que teve acrés-cimo de vendas, dentre as oito princi-pais marcas. Ao todo, 499 veículos da marca foram vendidos, contra 812, o que representou um decréscimo na comercialização de 38,5%. A alta foi de 6,2%.

A Volkswagen perdeu a primeira colocação do ranking e aparece em segundo lugar. Foram vendidos 1.789 carros em abril, contra 2.850 em março, ou seja, uma queda de 37,3%. A Renault teve

uma queda de 25,5% e vendeu 268 unidades, contra 360. A Toyota (237 unidades) e a Citroën (161 unidades) também não registraram um bom resultado. Ambas tiveram um recuo nos emplacamentos de abril de 31,5% e 36,7%, respectivamente.

Segundo o proprietário do Grupo Marcas, Marcos Cardoso, o primeiro trimestre deste ano foi o melhor em vendas dos últimos 10 anos. “O mer-cado oscila muito. Tivemos no pri-meiro trimestre o melhor período, mas, em abril tivemos o pior período dos últimos 10 anos”, disse Cardoso. O acumulado de vendas do primei-ro bimestre do ano totalizou 16.365 veículos vendidos, contra 14.806 do ano passado, um crescimento de 10,53%.

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A redução do IPI ajudou muito o setor. Quando se reduz um valor no veículo, em média de R$ 4 mil, como na Pajero tR4, você aumenta o leque de clientes.

MarcoS cardoSo, dono de duas concessionárias Mitsubishi no DF

AQuECIDO. A Honda teve acréscimo de vendas na temporada. Abaixo, Paulo Ferraz, presidente da Mitsubishi Brasil

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Verão 2010As novidades da São Paulo Fashion Week, uma overdose de tendências

MODAPor adriana Meira [especial para a fale!Brasília]

A moda está cada vez mais democrática, sem ape-los Fashion, ou seja, estar na moda hoje é ter estilo, é ter um leque imenso de escolhas e sacar entre tantos, o que é a sua cara e deixa o preciosismo do detalhe ser importante. Ser único, ser você.

mUITA BADALAçãO, BELEzA E NOVIDADES quentes! Desfiles bem comercias e cheios de bossa, fizeram a cabeça dos fashionistas do São Paulo Fashion Week. Do dia 17 a 23 de junho, a Bienal de São Paulo fervilhou de

Passion, tema da 27ª edição do evento, em homena-gem ao ano da França no Brasil, com exposições e uma aula magna no dia 15, com Didier Grumbach, presiden-te da Federação Francesa da Costura, do Prêt-à-porter, dos Costureiros e dos Criadores de Moda.

Tamanha é a oferta de tendências que é quase impos-sível descrevê-las. Há todo tipo de comprimento de saias, largura de blusas e textura de tecidos que seria interes-sante criar uma nova palavra para definir os rumos da

moda nas próximas estações.As estampas e grafismos de

André Lima dão o tom de luxo a feminilidade chic, o nude ou cru deixam-nas ainda mais suaves e delicadas. As mulheres do café de Reinaldo Lourenço, a onda boyish, ou seja o look andrógino masculino ou “rou-bo” da calça do namorado é o superstyle .

A Colcci sempre com Ela, Gisele...acompanhada de Je-sus Luz, na passarela, suposto namorado de Madonna. Em três looks, Bündchen apare-ce de micro vestido xadrez, em barras com detalhes em plissê, shorts jeans lavado e colete de tricô desfeito e o último, uma bela calça jeans com coating cobre.

Destaque a Ronaldo Fraga com sua Disney mix, com as culturas latinas, sem traços caricatos de americaniza-ção. A Neon com suas cores fortes e volumes limpos; as mega misturas de cores e tamanhos da moda praia da água de Côco. O charme da moda artesanal de Isabela Capetto e tantos outros.

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Repórter Mirim

hAkANIUma história de luta pela vida

A pequena Suruwahá foi enterrada viva porque sua tribo achava que ela não tinha

alma. desenterrada por seu irmão no último momento, a sobrevivente de infanticídio se recuperou de graves problemas de saúde. Hoje, Hakani, tenta se adaptar à nova vida

longe de sua tribo

QUEM OLHA PARA AQUELA MENINA an-dando pelos corredores de uma escola particular de Brasília, não imagina a bela história de amor que ela possui. Hakani nasceu no interior do Amazonas, na tri-

bo indígena Suruwahá. Aos dois anos e meio de idade, ela não conseguia andar nem falar.

Os Suruwahás e outras tribos indígenas acreditam que as crianças gêmeas, os deficien-tes e os filhos de mães solteiras ou de adultério tiveram suas almas roubadas por espíritos ma-lignos. Por isso, eles costumam obrigar a famí-lia a tirar a vida dessas crianças.

Os pais de Hakani não tiveram coragem de matá-la, então se suicidaram. Assim, a tribo mandou o irmão mais velho enterrá-la viva. O irmão do meio, Bibi, foi quem a desenterrou e salvou sua vida. Bibi tentou mantê-la na tribo, mas não conseguiu porque o povo Suruwahá acreditava que os espíritos malignos estariam com ela. A tribo resolveu ir embora e disse que se Bibi também quisesse ir, ele teria que deixar Hakani para trás. Mas ele não a deixou. Bibi cuidou dela sozinho, durante quase três anos,

VENCEDORA. Hakani cujo nome significa sorriso é um símbolo da luta contra o infanticídio indígina no Brasil. FOTOS gABRieL ALveS

Por igor MacedoEspecial para fale! Brasília

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Muitas vezes é necessário que parte da família saia de sua aldeia, por tempo indeterminado, para garantir o direito à vida da criança, providenciar tratamentos médico e psicológico necessários e viver em um ambiente seguro. Mas nesse novo ambiente, a família indígena encontra dificuldades de exercer as atividades de subsistência tradicionais como caça, pesca e agricultura. Faltam recursos para

suprir necessidades básicas. Como padrinho ou madrinha, você tem a chance de promover a dignidade do seu afilhado, criar um relacionamento pessoal com ele, acompanhar os resultados que sua contribuição produz, e ter a garantia de que os recursos são aplicados corretamente. Para apadrinhar uma criança ou obter maiores informações acesse o site www.apadrinhamento.atini.org.

até que percebeu que Hakani precisa-va de cuidados médicos ou iria morrer. Por isso, foi de canoa rio abaixo para o posto missionário onde a deixou com Márcia e Edson Suzuki.

O casal de missionários, linguistas, esperou um mês até que a FUNAI e a FUNASA dessem autorização para que eles pudessem levar Hakani ao hos-pital, em Porto Velho, Rondônia. Lá, eles viram que o problema de saúde da menina era grave, então eles a levaram para São Paulo. Com cinco anos e meio de idade ela media apenas 69 centíme-tros e pesava 7 quilos. No Hospital das Clinicas de Ribeirão Preto, os médicos descobriram que ela tinha raquitismo, hipotireoidismo, cretinismo, atrofia cerebral, desnutrição grave e entre ou-tros problemas.

Eles passaram um ano em São Paulo tratando dela. Márcia e Edson Suzuki se apaixonaram por ela e come-çaram a luta para adotá-la. “Depois de três meses ela falou a primeira palavra: mamãe, seis meses depois ela começou a andar e a melhorar bastante”, diz a mãe adotiva. “O coração do meu ir-mão começou a gritar bem alto: parem de enterrar, ela é minha irmã!”, disse Hakani, ao responder se ela lembrava de alguma coisa da tribo dela. Hoje, Hakani mora em Brasília, está com tre-ze anos e estuda na escola Leonardo da vinci, na Asa Norte, e cursa o 4º ano do ensino fundamental.

Camila zem, sua colega da escola, diz que tem que ter cuidado e um pou-co de paciência com ela por que a nossa

Apadrinhe sobreviventes de infanticídio e ajude a transformar a vida de uma criança

APOIO. Na escola Hakani tenta se adaptar a sua nova vida. Apoio dos colegas é fundamental.

cultura é muito diferente. Ela também disse que Hakani tem um sorriso mui-to bonito e que vai sempre ser aquela pessoa bem especial.

João Francisco Barros, outro cole-ga, acha que é legal conviver com ela porque a gente aprende mais sobre a cultura do povo Suruwahá, e ao mes-mo tempo é divertido.

Sua orientadora educacional, Cín-tia Marra, diz que ela é uma criança muito alegre e inteligente e que é um prazer tê-la como aluna. Cíntia acha que o convívio entre as outras crianças é muito importante para ela aprender como é a vida aqui. Ela acha que, antes, Hakani ficava muito confusa com toda essa diferença, mas que agora ela está bem adaptada nesse novo mundo.

Edson e Márcia Suzuki, depois de cinco anos, conseguiram a adoção de Hakani e criaram uma ONG, chamada Atini – Voz pela vida. Essa ONG defen-de os direitos das crianças indígenas e ajuda as crianças em risco de infanti-cídio, sobreviventes e familiares, pois muitas tribos ainda cometem o infan-ticídio no Brasil.

A Atini fez um filme (documen-tário) sobre a vida de Hakani e quem representa ela no filme é uma menini-nha muito bonitinha que tem paralisia cerebral e que ficou 2 horas enterrada viva, por sorte ela foi resgatada e con-seguiu sobreviver. Hakani não sabe se quer voltar a viver na tribo dela, mas ela sabe que quando crescer quer tra-balhar na ONG dos pais dela.

Rio Solimões Rio Negro

Rio Amazonas

Rio Purus

Rio Juruá

Porto Velho

RONDÔNIA

AMAZONAS

Suruwahá

Manaus

a aldeia SuruwahaOs Suruwahás são conhecidos como ‘povo do veneno’ devido à pratica e veneração do suicídio e infanticídio. Essa cultura está ligada às crenças de vida após a morte. FOnTe FunAi

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EStRANgEIROSE O gRANdEURSO AdORmECIdOA Rússia e seus pactos de silêncio e incertezaPor Luciana B. Veit

há POUCOS DIAS ESTAVA jan-tando com um grupo de estrangeiros em um res-taurante italiano numa das ruas mais internacionais de Seul (Itaewon), quando

uma russa me perguntou o motivo de eu gostar tanto de Dubai, onde re-sidi durante quatro anos. Respondi que, como Cingapura, Dubai está nas mãos dos estrangeiros e é isso o que nos faz sentir em casa.

Lá, pessoas de todas as raças, co-res e crenças convivem em paz e em harmonia, diferente do que muita gente venha imaginar de um país is-lâmico. Mas a russa não se contentou e replicou dizendo que expatriados são vistos da mesma maneira em qualquer lugar do planeta, indepen-dentemente de como eles sejam tra-tados pelos seus anfitriões.

— Expatriados são como ciganos — ela completou. — Pessoas assim são marginalizadas e nunca farão parte da sociedade que as abriga, mesmo que aprendam o novo idioma e conheçam a cultura, os costumes e as regras básicas e até avançadas da sociedade local.

Certa estava ela — porém em par-tes! Estrangeiros são e talvez sempre serão tratados como tal, no entanto o que difere a qualidade das relações entre nativos e “aliens” é o respeito genérico.

Já passei por muitos países, mas nenhum deles me fez sentir tão mi-serável como a Rússia; nem mesmo a Alemanha com todo o peso da histó-ria nas costas.

A maioria dos russos ainda não despertou para o fato que nem to-dos os estrangeiros são conquis-tadores maquiavélicos e que hoje, mais do que nunca, precisamos uns dos outros.

Pressionar os vizinhos europeus por conta de recursos naturais e ne-gar veemente as atrocidades que vem ocorrendo, como por exemplo, crimes horrendos contra trabalhadores, es-tudantes, executivos, madames e até diplomatas estrangeiros, não é agir com decência, porque os fins nunca deveriam justificam os meios.

Tem gente que pensa que o comu-nismo acabou de vez na Rússia, mas isso é uma ilusão, já que a essência desse regime nunca foi necessaria-mente o mercado, mas sim o medo e o autoritarismo impregnado na so-

Artigo

4� | Fale! Brasília | Junho de 2009 www.revistafale.com.br

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ciedade. Liberdade de ação e razão nunca foi uma opção nessas bandas e essa é a herança do governo atual.

Muitas vezes esquecemos que escolas, firmas e países não são me-ramente instituições, mas sim um grande aglomerado de pessoas de carne, osso, alma e consciência. Pes-soas que deveriam exercer um pouco mais de coragem civil e não virar o rosto para o lado quando presenciam selvagerias (não necessariamente fí-sicas) como foi o caso da Alemanha nazista e é o caso na Rússia hoje, que curiosamente até lutou contra o regi-me de Hitler.

A silenciosa e viciada tolerância da grande parte da sociedade russa perante a discriminação e a xenofo-bia exercida por ultranacionalistas podendo ser “skinheads”, políticos, oligarcas ou até donas de casa, deve receber vozes de protesto.

“Quem cala consente” diz o pro-vérbio, mas na Rússia seu significado vai um pouco além, no que diz res-peito à desmoralização dos Direitos Humanos, que como os Dez Man-damentos, são essenciais para o de-senvolvimento de um Estado justo e civilizado.

Na terra do Grande Urso Adorme-cido, aquele que não se cala é calado por aqueles que já deveriam ter se ca-lado há muito tempo.

Já aquele que se cala, mesmo possuindo grande integridade e um coração de manteiga, aprova indire-tamente marchas públicas neo-na-zistas em feriados nacionais nas ruas de grandes cidades. Autoriza toques de recolher e ataques de teor racista em plena luz do dia, permitindo que as inadequadas leis não tragam nem mesmo a minoria à justiça. Ainda as-siste dea primeira fila, assassinatos à sangue frio de jornalistas, defensores dos Direitos Humanos, advogados e políticos da oposição.

O inativo também observa de lon-ge, como se não fosse com ele, o rumo que tanta intolerância e ganância tem tomado. E por fim, o “surdo e mudo” acaba perdendo a crença na política unilateral dos seus governantes (sen-do eles políticos, oligarcas, atuais ofi-ciais da FSB ou ex-oficiais da KGB), na justiça, no futuro e se nada o fizer mudar de ideia, no ser humano - irre-vogavelmente.

O resultado é que pessoas des-crentes vivem um dia após o outro, o

que não é necessariamente ruim de acordo com a crença asiática Wu Wei, mas que em países de grande influ-ência como principalmente a Rússia, a União Européia e os Estados Uni-dos pode contribuir para o fim da hu-manidade.

Aqui não me refiro literalmente ao apocalipse bíblico, mas ao fim da característica principal que nada nos difere dos animais: dependendo da-quilo que sentimos, agimos.

Na União Européia e nos Estados Unidos existem massivos problemas de integração de estrangeiros, de criminalidade, de desemprego e por aí afora, mas diferente da Rússia e da China, a justiça acaba chegando para os intolerantes, mesmo que nem sempre.

Talvez eu seja a ingenuidade em pessoa quando sonho em poder ver o

mundo sem demarcações, no entan-to por mais que isso nunca possa ser alcançado, poderíamos pelo menos acabar com as fronteiras invisíveis que separam tantos povos – o racis-mo.

Brasileiros, americanos, chine-ses e árabes possuem todos a mes-ma característica: somos nós os res-ponsáveis pelas nossas ações, e não o governo que nada mais é do que o espelho da sociedade.

Mas o que a Rússia ganha ao apoiar indiretamente o mau trato e as ações extremas contra os estran-geiros (inclusive os ex-URSS), contra os pobres coitados sem voz e contra a minoria com sede de justiça? Poder, porque infelizmente o mundo hoje pertence àquele que dá o soco mais forte na mesa, que range mais os dentes e que mostra mais as garras.

E de quem é a culpa? Mea culpa.Quando chegamos ao ponto de

perder a fé até na ONU, o que resta da nossa esperança? Sejamos crimi-nosos porque todo mundo é! Ignore-mos os assuntos que não nos atingem diretamente (já que indiretamente não é a mesma coisa)! Deixemos a Rússia continuar a traçar o mesmo caminho que tem transformado seu povo e todos ao seu redor, dentro ou fora de suas fronteiras!

A verdade é que abrir os olhos para a autêntica Rússia hoje é mais difícil do que parece por conta da onda de anti-americanismo (apesar da nova esperança que virou sinôni-mo de Obama), quando é fácil bater palmas para aquele que ousa enfren-tar o xerife do mundo - mas cuidado! A Rússia nunca foi e continua não sendo um país romântico ou um país aberto. Seu povo é revestido de aço, de sofrimento, de orgulho e de des-confiança, porém esse mesmo povo também carrega dentro de si grandes intelectuais e artistas, o sentimen-to de compaixão e um considerável amor pelo homem e pela vida, apesar do medo que ele tem de se expressar.

Por isso pergunto-me se viverei para ver o renascimento do respeito universal, com o maior país do mun-do em termos de território e de gran-deza de intenções, nos liderando para o único caminho que faz sentido: o do progresso humano e não unicamente financeiro.

Será? Ou será que a esperança dei-xou de ser a última que morre?

Luciana B. Veit é escritora e paulista, tem 32 anos, é casada e tem um filho. Publicou agora A Rússia Começa Aqui (Editora Lulu Enterprises Inc., 24,95 Euros, 366 páginas) Fluente em três línguas estrangeiras, mora no exterior desde 1998, já tendo passado pela Alemanha, Emirados árabes Unidos, Rússia. Reside hoje na Coréia do Sul. Luciana B. Veit escreve crônicas semanais no seu website: www.lucianabveit.com e já dirigiu duas peças de teatro em Inglês com o grupo “Seoul Players”, com base em Seul.

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Por Aline Almeida [email protected]

BRASíLIA: tERRA dE mULhER BONItAMISS LAGO SUL, MISS DISTRITO Federal e terceira colocada no Concurso miss Brasil 2009, Denise Ribeiro Aliceral, 18 anos, mostra que sua carreira como modelo está apenas começando. A estudante de direito desfila desde os 14 anos e a colocação no concurso nacional a leva agora a disputar o concurso miss Continente Americano, no segundo semestre do ano, no Equador. Parabéns, Denise! Esperamos confiantes em mais esse título para o Brasil.

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Por Aline Almeida [email protected]

CULtURA POPULAR ROUBA A CENA Em BRASíLIA

Artistas em prol da AmazôniaNa foto, Lula recebe das mãos de Christiane torloni e Victor Fasano, o manifesto ‘Amazônia Para Sempre’. Depois de vigília no Congresso Nacional, quando entregaram um milhão de assinaturas de brasileiros que pedem a interrupção do desmatamento na Amazônia, e encontro com o presidente da República, que também assinou o manifesto, espera-se que sejam realizadas mudanças na MP da Amazônia, que permite ao governo doar ou vender terras sem licitação na região. FOTO JOSÉ cRuz_ABR

Sabor, requinte e sofisticação no SudoesteDurante o tempo em que conversamos em frente ao seu restaurante, praticamente todos que passaram por nós o cumprimentaram pelo nome. Pode-se dizer que casé, como é conhecido, já se tornou personalidade no Sudoeste. Depois de 10 anos tocando a Torteria di Lorenza, uma das mais famosas confeitarias de Brasília, com o pai e irmãos, Casé e sua esposa denise estão à frente do Ristorante San Lorenzo, uma das casas mais elegantes e requintadas do setor. Em outubro, o restaurante completará três anos. Quem conhece, aprova!

Os detalhes do All-Star na foto lembram alguma coisa? Natália Ceres Simões cursa o segundo semestre de Design de Moda e foi a vencedora de um concurso promovido pelo Instituto de Educação Superior de Brasília (IESB) em parceria com Ortiga e Converse. O concurso “Declare seu amor a Brasília num Converse” elegeu a melhor customização de All Star em comemoração aos 49 anos de Brasília. A também publicitária, de 22

anos, conta que tentou criar algo que as pessoas pudessem usar. Intitulado “Teatro Nacional”, o modelo é confeccionado com uma tinta relevo que faz alusão aos painéis de Athos Bulcão, no Teatro. O prêmio? Uma viagem ao Rio Grande do Sul para conhecer a fábrica do tênis mais fashion do Brasil. A amigos da Converse, Nathália pediu pra avisar que está aguardando a viagem!

Ator, diretor e dramaturgo, ricardo Moreira é o idealizador de um evento já consagrado em nossa Capital, o Festival Internacional de Bonecos, que terá sua oitava edição em agosto próximo. Natural do Piauí, Ricardo luta pela valorização da cultura popular no Brasil desde o final da década de 70, e contou a Fale! Brasília que “a cultura popular está em seu melhor momento no Brasil,

especialmente em Brasília, onde a visibilidade, respeitabilidade e valorização do artista popular estão finalmente em ascensão”, defendeu. Além do Encontro de Bumba-meu-Boi, da Festa de Mamulengos do Brasil e de vários outros eventos artísticos, para esse ano, o também professor de artes está montando ainda um espetáculo solo de teatro de bonecos, que se chamará “O homem que

procurava Jesus para matar”. “É difícil quantificar a importância da arte para a pessoa, mas é mais ou menos como se alimentar, a arte é o alimento da alma”, concluiu o bonequeiro com olhar perdido no horizonte, gestos leves e um sorriso no canto dos lábios. Haja fôlego!

FOTO SAn LORenzO_divuLgAçãO

FOTO ALeSSAndRA SiMõeS

FOTO gABRieL ALveS

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Aexperiência internacional e as análises estatísticas dos dados de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a expansão quantitativa

do acesso à educação básica nos países pobres levam a concluir que não há relação direta entre aumento de escolaridade dos indivíduos, pura e simplesmente, e crescimento econômico. Para uma nação alcançar um crescimento econômico sustentável é preciso levar em conta, além da dimensão educação, especialmente, a consolidação de instituições importantes para a economia livre, o progresso e a inovação tecnológica. Registre-se, ainda, a importância do contexto cultural como uma base para o desenvolvimento econômico.

Em outros termos, se não há a produção de incentivos de investimentos no futuro, permanecendo a convivência de baixo desenvolvimento e pouco investimento tecnológico, ausência de ambiente livre para negócios, permanência de alta inflação, gastos excessivos do Estado em prioridades privadas, dificuldades de aberturas de empresas, altas taxas de juros e poucos incentivos à liberdade empresarial, excesso de intromissão do Estado na economia, alta carga tributária, poucas chances se tem de crescimento econômico sustentável, mesmo que se elevem as taxas de escolaridade da população. Não se consolida uma Nação forte e competitiva sem estes pré-requisitos.

Agrega-se a estes elementos o fato de que a experiência da ampliação da educação fundamental no mundo subdesenvolvido foi marcada por um forte quantitativismo, o importante era expandir e pouco importando a qualidade. É ai que se encontra a chave da questão. É necessário ampliar a

escolaridade média da população, mas com efetividade de desenvolvimento de habilidades, competências e perícias, com efetividade de resultados. Este é o tipo de educação que irá contribuir para o crescimento econômico de países e dos indivíduos.

A educação de qualidade e inclusiva não foi foco do setor educacional nos países pobres. Os sistemas educacionais, em geral, não foram capazes, a partir da segunda metade do século passado, de desenvolverem habilidades e competências de investimento no futuro e em tecnologias para a população em geral e, mesmo, para as elites locais. Os diversos processos de ampliação da escolaridade básica e de terceiro grau somente foram bem sucedidos em seus aspectos quantitativos. Foram construídas escolas em massa, mas sem a efetividade essencial que é o aprendizado, sem um corpo de profissionais bem pagos e bem formados para ensinar os estudantes.

A situação da atividade docente, então, explica muito da falta de qualidade, hoje, nos sistemas de ensino. O aumento quantitativo de professores nos países pobres foi feito recrutando-os entre as camadas populares da sociedade. Eles cresceram com o corporativismo e suas reinvidicações e a educação passou a ter como foco os professores e não o aprendizado dos estudantes. Geralmente, mal preparados, desistem de ensinar de forma efetiva e com responsabilidade pelos resultados, e passam a querer ganhar sempre mais, aumentar

salários, sem os critérios de eficiência e eficácia, resultando em um enorme e inaceitável desperdício de recursos. São professores que não ensinam efetivamente e não são cobrados para aquilo que são pagos.

Pode-se argumentar de forma enfática que se investiu muito dinheiro em algo sem qualidade e sem conseqüências robustas para o desenvolvimento de muitos países. Boa parte do crescimento educacional foi feito em nome de um ensino ideológico e religioso, fora do alvo. Muitos sistemas educacionais funcionaram muito mais para disciplinar mentes do que para gerar habilidades que poderiam contribuir para o desenvolvimento econômico e a autonomia dos indivíduos. Foram feitas em função da disciplina das mentes e não do incentivo aos cérebros.

Em ambientes de capitalismo pouco desenvolvido e forte cultura patrimonialista, mistura entre o público (bem público) e o privado (bens privados), o aumento de escolaridade vale pouco em termos salariais, não compensam em termos de rendimento futuro salarial e investimento escolar. A escolarização não foi culturalmente enraizada como um fator de promoção das pessoas, de cultivo ao mérito, de mobilidade social e de desenvolvimento humano. Boa parte da expansão educacional nos países pobres representou gastos adicionais, com má alocação de recursos. Gastaram-se rios de dinheiro, inclusive com doações

governamentais internacionais, sem o retorno em crescimento do PIB e melhoria do convívio social e sem, ao menos, instituir uma educação decente.

Carlos Henrique Araújo é mestre em Sociologia, Consultor em Educação e ex-diretor do Inep-MEC. E-mail [email protected]

crescimento econômico e educaçãoPor carlos Henrique araujo

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