Revista Evidências - Edição 04

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Mulher: A garantia dos direitos femininos à luz do Islã Orientação: Sinais Fundamentais da Mensagem Islâmica Atualidade: A manipulação genética e a doação de órgãos. Boa guia: À espera do Imam Al-Mahdi (a.s.), o Orientador R$ 9, 90 Rajab / Shaaban 1429 (A.H.) - Julho / Agosto 2008 (A.D.) - Ano 1 / Número 4 Revista Islâmica ISSN 1677-9339

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Primeira revista em portugues, trantando assuntos como: Religião, Cultura, Comportamento mulçumano. Materias - Orientação: Sinais Fundamentais da Mensagem Islâmica Atualidade: A manipulação genética e a doação de órgãos. Boa guia: À espera do Imam. Mulher: A garantia dos direitos femininos à luz do Islã. Orientação: Sinais Fundamentais da Mensagem Islâmica Atualidade: A manipulação genética e a doação de órgãos. Al-Mahdi (a.s.), o Orientador

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Mulher:A garantia

dos direitosfemininos

à luz do Islã

Orientação:Sinais Fundamentais

da Mensagem Islâmica

Atualidade:A manipulação

genética e a doação de órgãos.

Boa guia:À espera do Imam

Al-Mahdi (a.s.), o Orientador

R$ 9,90

Rajab / Shaaban 1429 (A.H.) - Julho / Agosto 2008 (A.D.) - Ano 1 / Número 4

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Revista Islâmica Evidências - 1

Em nome do AltíssimoCaro Leitor

É com renovada satisfação que nos dirigimos a você neste momento, para agradecê-lo pelo interesse no Islã e para anunciar os assuntos abor-dados nesta edição de Evidências.

Um tema que preocupa a todos é o terrorismo. Palavra muito usada e pouco compreendida, ela é usada, muitas vezes, para denegrir a ima-gem do Islã e dos muçulmanos. Em importante e esclarecedora maté-ria sobre este assunto, mostramos que o Islã não defende a adoção de qualquer tipo de ação violenta contra populações civis. Muito pelo con-trário, propugna a sua defesa e preservação em caso de conflito. Quem, independentemente de sua denominação religiosa, adota a tática do terror para amedrontar mulheres, crianças e idosos, para afugentar as pessoas e deslocá-las de sua terra, está na contramão dos ensinamentos de Deus, exaltado seja. E lembramos que qualquer Estado que use sua máquina de guerra contra civis, por mais sofisticada que seja, para implantar seu projeto de poder – seja ele travestido de “democracia”, “liberdade”, “livre mercado”, “segurança” ou qualquer outro termo – também incorre em terrorismo.

Além deste tema, o leitor será brindado com textos que falam sobre assuntos diversos, como a importância do respeito ao meio-ambiente. Dotado de uma legislação que orienta o ser humano em todas as suas atividades, o Islã também tem normas relativas à preservação dos recursos naturais. O mundo foi colocado à dis-posição do ser humano, por Allah, para ser utilizado de maneira racional, sem desperdício. Com comedimento na exploração destes recursos, obtém-se o desenvolvimento sustentável, meta funda-mental de qualquer sociedade humana.

Preceitos e ensinamentos islâmicos estão presentes, também, nesta edição de Evidências, aprofundando assuntos de ordem es-piritual, religiosa e legal e levando o leitor a conhecer um pouco mais sobre essa que é a Religião que mais cresce no mundo.

A todos desejamos uma boa leitura!E que a paz esteja convosco! O Editor

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2 - Revista Islâmica Evidências

Caro Leitor ..................................................................01Cartas ...........................................................................03Editorial ......................................................................04Interpretando o AlcorãoExegese do Alcorão - Parte 5 .......................................06ConhecimentoConceitos Culturais - Parte 5 .......................................14HistóriaA História do Islã - Parte 5 ...........................................24Qual é a religiãoO Monoteísmo no Livro Sagrado ..................................34JurisprudênciaNo Âmbito das Leis Islâmicas - Parte 5 ........................38NarrativasAlcorão e da Vida ..........................................................41Boa GuiaO Imam Mohammad Al Mahdi......................................46Religiões ComparadasO Cristianismo ..............................................................50OrientaçãoSinais Fundamentais da Mensagem Islâmica - Parte 1 ...55EsporteO Esporte e a Violência ................................................61ParecerIslã, Manipulação Genética e Doação de Órgãos ........64Curiosidades e ExemplosHadice Santo .................................................................67

CulturaCaligrafia, a Arte que esleva o espírito ........................68MulherSerá que a Lei Islâmica foi injusta com a Mulher? ......71TurismoSerra Gaúcha, a Europa do Brasil ...............................75A MesaO que são alimentos probióticos? .................................78

Expediente

Revista Islâmica Evidências é uma publicação da Associação Beneficente Islâmica do Brasil - CnPJ 09.086.788/0001-75Rua Eliza Witacker, 17 - Brás - são Paulo - sP - CEP 03009-030

Telefone: (11) 3326-8096

Publicação BimestralRájáb / shá;baan 1429 (A.H.)

julho / agosto 2008 (A.D.) - Ano 1 / número 4

Diretor Presidente: Al-sayyed sharif sayyed (Teólogo e Pesquisador em Pensamento islâmico)

[email protected]

Vice-presidente: Abdallah R. Hammoud - MTB: 53199/[email protected]

Tradução: samir El Hayek (Matemático e Físico pela UnisA) e Profº Jamil Ibrahim Iskandar (Filósofo, Pós-doutor em Filosofia

pela Universidade Complutense de Madri)

Jornalista responsável: Omar nasser Filho - MTB - 26164(Jornalista, economista, Mestre em História pela

Universidade Federal do Paraná)

Os artigos publicados na “Revista Islâmica Evidências” não re-fletem, necessariamente, a opinião da revista. NOTA EXPLICA-TIVA: Ao longo dos textos de “Revista Islâmica Evidências”, o leitor encontrará algumas siglas e sinais particulares, os quais explicamos a seguir: Após a menção ao nome do Profeta Muhammad, segue-se uma letra “S” entre parênteses. Esta é a abreviatura da expressão arábe: “Salla allahu aleihi wa álihi wa sallam”, ou, traduzindo: “Deus o abençoe e lhe dê paz, bem como à sua Família”. Quando é citado o nome de um outro Profeta ou de um Ma’assum (isto é, pessoa imaculada), segue-se a sigla (A.S.), que significa: “aleihi salam” (A paz esteja com ele); “aleiha salam” (A paz esteja com ela); ou “aleihem salam” (A paz esteja com eles). Outra sigla utilizada é (R.A.), que significa “radi’allah an-hu (an-ha)”, ou “Deus esteja sa-tisfeito com ele (ela)”.

Fale conosco:[email protected]@revistaevidencias.org

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Sumário

Revista Islâmica

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Cartas Envie-nos sua opinião através de carta para: Revista islâmica Evidências Rua Eliza Witacker, 17 - Brássão Paulo - sP - CEP 03009-030, ou pelo e-mail [email protected]

Deus, o Altíssimo, diz: “Em suas histórias há um exemplo para os sensatos” (12:111). Foi dito: “O sensato é quem aproveita a advertência dos outros, quem consulta as pessoas e participa de suas idéias.” Leitor, esta página é dedicada

à sua participação: opiniões, pensamentos, críticas e sugestões. Basta enviar sua mensagem pela internet ou carta, citan-do sempre o seu nome, número do RG e endereço. Devido ao espaço disponível, algumas mensagens podem ser editadas.

Desde já, agradecemos por sua contribuição.

“Revista muito otimista, explicati-va, educativa, não deixando dúvidas

sobre o conteúdo, gostei da maté-ria que fala sobre a liberdade da

mulher. Admirei bastante!, tirando aquêle pensamento, de que elas

são obrigadas a serem submissas . ”Renato Casselato

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A idéia do Mahdi Esperado não é uma idéia xiita, nem islâmica. A concepção do Reformador e salvador é mais abrangente, é religiosa: “Desejam em vão ex-tinguir a Luz de Deus com as suas bocas; porém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos. Ele foi Quem enviou seu Mensageiro com a Orientação e a verdadeira religião, para fazê-la prevalecer sobre todas as outras, embora isso desgostasse os idólatras” (Alcorão sagrado, 9:32-33). A Luz significa o Líder Esperado, que aparecerá e purificará a terra da injustiça e da corrupção. Cada povo lhe dá um nome em particular. Esses nomes, mesmo diferentes, indicam, no final, uma só personali-dade, preparada para a salvação do mundo.

Os judeus crêem no aparecimento do salvador esperado como sendo o Messias. Eles não acreditam, porém, que esse Messias tenha sido Jesus, filho de Ma-ria (As), muito menos que Cristo tenha sido um Men-sageiro divino. Eles afirmam que o Messias prometido surgirá nos fins dos tempos. Já os cristãos acreditam que Jesus (As) retornará à Terra para limpá-la dos pecados com a água da misericórdia e da felicidade.

O que acontece com judeus e cristãos, acontece com budistas. Eles entoam, em seus templos, hinos pedindo o retorno de Buda à Terra para salvar o seu povo do sofrimento e da dor. O mesmo se diz a respeito das demais religiões.

Essa questão nos faz perceber, portanto, que a con-cepção de um salvador está oculta no inconsciente do ser humano. Ele a vê com o coração antes de vê-la com os olhos. Apesar de, algumas vezes, afetar descrença ou indiferença em relação ao tema, está convencido, intimamente, da existência de uma força que poderá, por fim, salvá-lo.

Todas as religiões afirmam que, no fim de cada etapa da história, a humanidade caminha na direção da decadência moral e espiritual e não consegue, por si própria, colocar um fim a esse movimento descendente. Por isso, é necessário que um dia surja um personagem espiritual de nível elevado, inspirado no princípio da Revelação, que arrebate a humanidade das trevas da ignorância, da perdição, da injustiça e do exagero.

Estamos hoje na era das luzes e da tecnologia, que nos priva, muitas vezes, da nossa condição humana. Esta é a era do domínio consumista e da embalagem das mentes; era da satisfação dos instintos e da fome sexual, da decadência moral e espiritual. nessa época, a opressão encontrou campo fértil para vicejar, em to-

das as formas, organizado ou desorganizado todas as fases da vida. O ser humano sente que começa a viver num mundo inadequado para ele e para o desenvolvi-mento de sua cordialidade: é um mundo que trabalha para transformá-lo, novamente, num animal.

Quando paramos e percebemos o volume das perdas a que estivemos sujeitos ao longo dos últimos séculos – morais e espirituais, notadamente – verifi-camos que estamos sendo levados a uma situação na qual perderemos nossa condição humana. não há co-munidades, por exemplo, que defendem com ardor que as pessoas devem andar nuas?

A transformação mais perigosa é a que acontece na estrutura mental e psicológica do ser humano. En-quanto as operações de opressão, humilhação e explo-ração estão em andamento, nos desconectamos de al-tos valores – olhados com desdém atualmente – como a honra e a solidariedade. Então, nos acostumarmos com a humilhação que nos é impingida e aos outros também. Aceitamos passivelmente a violência e o tratamento desumano aplicado a nós e aos outros, sob as nossas vistas.

Acostumando-nos à humilhação, passamos a con-siderar a tortura do preso uma coisa normal. não nos importamos com as seqüelas desse ato sobre o indi-víduo vitimado, mesmo depois de sua saída da prisão. Como não nos importamos com as seqüelas da tortura no executor. será que ele consegue retornar com facili-dade à sua vida cotidiana normal depois de sair da sala de torturas?

não conseguimos ver coisas como estas sem es-tarmos convencidos da idéia do salvador. A espera dele nos fornece ânimo para enfrentarmos tudo o que é desumano, força para nos prepararmos de todas as formas para sua chegada: moral, religiosa, política, econômica, tecnológica, científica e culturalmente. Ele é o único que pode mudar a marcha da injustiça, da agressão e da corrupção, dando um fim em tudo isso, fazendo prevalecer a justiça, a liberdade, a cordiali-dade, a honra e a dignidade. “Em verdade, eles vêem (o Dia) muito remoto, ao passo que nós o vemos imi-nente.” (Alcorão sagrado, 70:6-7).

“E perguntam: Quando chegará essa vitória, se estiverdes certos? Responde-lhes: no dia da vitória, de nada valerá a fé tardia dos incrédulos, nem serão tolerados. Afasta-te, pois, deles, e espera, porque eles também não perdem por esperar.” (Alcorão sagrado, 32:28-30).

O salvador, A Esperança dos PovosEditorial Sayyed Sharif Sayyed

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Exegese do

Alcorão Sagrado

parte 5

Interpretando o Alcorão Sayyed Sharif Sayyed

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Sayyed Sharif Sayyed

C

O imam Assádiq (As) disse: “A kufr (“incredu-lidade” ou “ocultação”), no Livro de Deus, tem cinco faces; uma delas é a incredulidade, que por sua vez tem três aspectos: negar a dádiva, negar o que Deus orde-nou e negar a inocência. Quanto à incredulidade, é a negação da divindade. É dizer que não há Deus, nem Paraíso, nem inferno. Pode-se dizer que, aqui, há dois tipos de ateus, denominados “livres pensadores”: “... não nos aniquilará senão o tempo!” (Alcorão sagra-do, 45:24). Eles são autores da religião que estipula-ram para si mesmos, por seu arbítrio, sem comprovar nada do que afirmam. A seu respeito, Deus, exaltado seja, diz: “... não fazem mais do que conjecturar”

1 - Em árabe, “allazina kafarú” (nE).

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remos das características dos incrédulos e hi-pócritas.

Quando aborda estas duas categorias de pessoas, o Alcorão sagrado caracteriza as di-ferentes faces da incredulidade em todo lugar e todo tempo. Deus, exaltado seja, diz: “Quanto aos incrédulos¹, tanto se lhes dá que os admo-estes ou não os admoestes; não crerão. Deus selou os seus corações e os seus ouvidos; seus olhos estão velados e sofrerão um severo cas-tigo” (Alcorão sagrado, 2:6-7).

A presença do pronome relativo “quanto” é para chamar a atenção em relação a uma pes-soa ou grupo em particular. Confirmam essa interpretação as palavras do Altíssimo: “tanto se lhes dá que os admoestes ou não os ad-moestes; não crerão.” O termo, portanto, não pode ser considerado indicativo de todos os in-crédulos, pois, se assim fosse, estaria trancada a porta da orientação.

A palavra árabe “kafarú” (que significa “incrédulos” ou “encobridores”) indica que a descrença é antônima do agradecimento, como a graça é autônima de censura. A incredulidade é o encobrimento e a ocultação da dádiva. O agradecimento significa revelá-la e mostrá-la. Quem encobre algo, esconde-o. Por isso, diz-se, em árabe, que o semeador é káfir, ou seja, “aquele que oculta a semente”: “... é como a chuva, que compraz aos cultivadores, por vi-vificar a plantação” (Alcorão sagrado, 57:20). O cultivador, aqui, foi denominado “káfir” por ocultar as sementes, da mesma forma que a noi-te é denominada de “káfir” por causa de suas trevas, que ocultam a luz.

ontinuamos neste número de Evidências a estudar o segundo capítulo do Alcorão sagrado, a surata Al-Bácara. no número passado, falamos sobre algu-mas características dos crentes piedosos. nesse número, trata-

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(Alcorão Sagrado, 45:24). E afirma, ainda: “Quanto aos incrédulos, tanto se lhes dá que os admoestes ou não os admoestes; não crerão.” (Alcorão sagra-do, 2:6). Ou seja, não crêem na Unicidade.

Quanto à outra face, é a negação da verdade mesmo quando se tem conhecimento de que ela é “verdadeira”. Deus Exaltado seja, diz: “E os nega-ram, por iniqüidade e arrogância, não obstante estarem deles convencidos” (Alcorão sagrado, 27:14). E afirma: “... apesar de antes terem implo-rado a vitória sobre os incrédulos – quando lhes chegou o que sabiam, negaram-no. Que a maldi-ção de Deus caia sobre os incrédulos!” (Alcorão sagrado, 2:89).

A terceira face corresponde à negação das dá-divas, um procedimento indicado pelas palavras de Deus quando Ele dirigiu-se a salomão: “Isto pro-vém da graça de meu Senhor, para verificar se sou grato ou ingrato. Pois quem agradece, certamente o faz em benefício próprio; e saiba o mal-agrade-cido que meu Senhor não necessita de agradeci-mentos, e é Generoso.” (Alcorão sagrado, 27:40). E diz: “Se Me agradecerdes, multiplicar-vos-ei os favores; se não Me agradecerdes, sem dúvida que o Meu castigo será severíssimo” (Alcorão sagrado, 14:7). E diz, ainda: “Recordai-vos de Mim, que Eu Me recordarei de vós. Agradecei-Me e não sejais ingratos!” (Alcorão sagrado, 2:152).

A quarta face do encobrimento é desobedecer às ordens de Deus, exaltado seja. são suas palavras: “E de quando exigimos o vosso compromisso, or-denando-vos: Não derrameis o vosso sangue, nem vos expulseis reciprocamente de vossas casas; logo o confirmastes e testemunhastes. No entanto, vede o que fazeis: estais-vos matando; expulsais das vossas casas alguns de vós, contra quem demons-trais injustiça e violação; e quando os fazeis prisio-neiros, pedis resgate por eles, apesar de saberdes que vos era proibido bani-los. Credes, acaso, em uma parte do Livro e negais a outra?” (Alcorão sagrado, 2:84-85). Devido à sua incredulidade, de-sobedecendo às ordens de Deus, a sua pretensão à fé tornou-se inaceitável, sendo-lhes inútil. Deus diz: “... Aqueles, dentre vós, que tal (fato) cometeram, não receberão, em troca, senão a desonra, na vida ter-rena e, no Dia da Ressurreição, serão submetidos ao mais severo dos castigos. E Deus não está de-satento em relação a tudo quanto fazeis” (Alcorão sagrado, 2:85).

A quinta face da incredulidade é a renegação, que é demonstrada pelas palavras de Deus, falando com Abraão (As): “Renegamo-vos e iniciar-se-á uma inimizade e um ódio duradouros entre nós e vós, a menos que creiais unicamente em Deus!” (Alcorão sagrado, 60:4). E diz, citando satanás e a re-negação de seus seguidores dentre os seres humanos, no Dia da Ressurreição: “Renego (o fato de) que me tenhais associado a Deus antes” (Alcorão sagrado, 14:22). E diz: “só haveis adotado ídolos em vez de Deus, por causa do amor entre vós, e considera-ção quanto a esta vida terrena; eis que, no Dia da Ressurreição, negar-vos-eis e vos amaldiçoareis reciprocamente” (Alcorão sagrado, 29:25), ou seja, a renegação de uns a outros. “... tanto se lhes dá que os admoestes ou não os admoestes; não crerão.” Aqui, vemos a comparação entre as características dos tementes e dos incrédulos. se o Livro é orienta-ção para os tementes, a admoestação ou a sua falta dá no mesmo para os incrédulos. Os instrumentos de recepção da verdade estão extraviados para eles. O olho com que os tementes vêem os sinais de Deus, o ouvido com que ouvem o apelo da verdade, o coração com que compreendem as verdades, todos estão pa-ralisados e inativos para os incrédulos. Eles possuem olhos, ouvidos e mentes, porém não possuem o poder da visão, da audição, e da compreensão, porque o seu envolvimento nas coisas materiais e a sua obsessão terrena são elementos que representam uma barreira perante os instrumentos de conhecimento.

Uma tradição do imam Mohammad ibn Ali Al Báquir (As), diz: “Todo servo crente possui uma mancha branca em seu coração. Ao praticar um pe-cado, a mancha escurece. Quando se arrepende, a es-curidão desaparece. se continuar pecando, a mancha aumentará até cobrir a parte branca. Ao cobrir a parte branca, nunca mais haverá bondade nele”. isso é in-dicado pelas palavras de Deus, exaltado seja: “Qual! Em seus corações há a mácula (do pecado), que cometem” (Alcorão sagrado, 83:14).

“Deus selou os seus corações e os seus ouvidos; seus olhos estão velados.” Deus os selou para não al-cançarem nenhuma verdade quanto à orientação. seus olhos estão velados em castigo por terem zombado da admoestação, a ponto de considerarem a admoestação e a falta dela em pé de igualdade. Essas pessoas são como uma figura ressequida, escura, inanimada, fixa, incapaz de levantar o selo de seus corações, ouvidos e olhos.

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Aqui, cabe uma pergunta. O “selo” se refere à permanência desses na incredulidade por imposição, sem que haja possibilidade de sair de sua situação?

isso não seria imposição? se for, por que o cas-tigo? O Alcorão sagrado responde a essas perguntas e ensina que esse “selo”, esse “véu”, é o resultado da persistência deles no erro e da sua insistência peran-te a verdade, permanecendo na injustiça, na sedução e na incredulidade. Deus, Altíssimo, diz: “... e por dizerem: Nossos corações estão insensíveis! To-davia, Deus lhes obstruiu os corações, por causa de sua incredulidade” (Alcorão sagrado, 4:155). E diz: “Assim sendo, Deus sela o coração de todo arrogante, tirano” (Alcorão sagrado, 40:35). E diz, ainda: “Não tens reparado naquele que idola-trou os seus vãos desejos! Deus extraviou-o com conhecimento, selando os seus ouvidos e o seu coração, e cobriu a sua visão. Quem o ilumina-rá, depois de Deus (tê-lo desencaminhado)? Não meditais, pois?” (Alcorão sagrado, 45:23). Todos esses versículos confirmam que o motivo de sua incompreensão, a paralisação dos instrumentos de entendimento e de ação são causados pela increduli-dade, pela arrogância e pela vaidade. Essas pessoas seguem apenas os seus instintos animais e são ob-

secadas em sua arrogância perante a verdade. Essa situação é, na realidade, uma reação aos atos do pró-prio ser humano.

Por que vinculamos a compreensão da verda-de, no Alcorão, ao coração, uma vez que ele não é o centro da razão? Fisiologicamente falando, é uma bomba que permite a circulação do sangue por todo o corpo. A resposta disso é que o coração, na tradição alcorânica, possui vários significados, en-tre os quais, citamos:

1. Significa “mente” e “razão”, nas palavras de Deus: “Em verdade, nisto há uma mensagem para aquele que tem coração” (Alcorão sagrado, 50:37);

2. Significa “espírito” e “alma”, nas palavras de Deus: “... os (vossos) olhos se assombraram e os (vossos) corações como que subiram à gar-ganta” (Alcorão sagrado, 33:10);

3. Significa “o centro dos sentimentos”: “Logo infundirei o terror nos corações dos in-crédulos” (Alcorão sagrado, 8|:12). E ainda: “Pela misericórdia de Deus, fostes gentil para com eles; porém, tivesses tu sido insociável ou de coração insensível, eles se teriam afastado de ti” (Alcorão sagrado, 3:159).

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“E sofrerão um severo castigo”. É o fim na-tural da incredulidade e da obsessão de quem não atende ao Admoestador.

Vamos, agora, passar para a análise da figura dos hipócritas. Diz o Altíssimo “Entre os humanos há os que dizem: Cremos em Deus e no Dia do Juízo Final. Contudo, não são crentes. Preten-dem enganar a Deus e aos crentes, quando só en-ganam a si mesmos, sem se aperceberem disso. Em seus corações há enfermidade, e Deus os au-mentou em enfermidade, e sofrerão um castigo doloroso por suas mentiras. Se lhes é dito: Não causeis corrupção na terra, afirmam: Ao contrá-rio, somos pacificadores. Certamente, eles são os corruptores, mas não o sentem. Se lhes é dito: Crede, como crêem os demais humanos, dizem: Temos de crer como crêem os tolos? Em verdade, eles são os tolos, porém não o sabem. E quando se deparam com os crentes, asseveram: Cremos. Porém, quando a sós com os seus sedutores, di-zem: Nós estamos convosco; apenas zombamos deles. Mas Deus zombará deles, e os abandona-rá, vacilantes, em suas transgressões. São os que trocaram a orientação pelo extravio; mas tal tro-ca não lhes trouxe proveito, nem foram ilumina-dos.” (Alcorão sagrado, 2:8-16)

Primeiro, Deus, glorificado seja, cita os crentes, que são sinceros com a verdade manifesta. Ele men-ciona, em seguida, os incrédulos, que manifestam a sua incredulidade pública e ocultamente. Então, che-ga à vez dos hipócritas, que manifestam a crença pu-blicamente, mas que, na realidade, não são crentes. A sua incredulidade é da pior espécie, a mais odiosa para Deus. O Emir dos Crentes, o imam Ali ibn Abi Tálib (As), disse: “Com relação ao meu povo, não temo nem pelo crente, nem pelo incrédulo; quanto ao primeiro, Deus lhe concederá proteção por ser crente, e, quanto ao segundo, Deus o humilhará por ser incrédulo. Mas temo por todo aquele dentre vós que seja hipócrita de coração e erudito no falar; ele fala aquilo que tendes como bom, mas faz aquilo de que não gostais²” . Por isso, Deus, exaltado seja, foi prolixo ao descrevê-los, utilizando 13 versículos, sendo sucinto ao descrever os incrédulos, utilizando apenas dois versículos. Por outro lado, Deus revelou uma surata inteira, a 63ª (Al-Munafiqun) a respeito dos hipócritas.

no início dos versículos está a linha geral

quanto à hipocrisia e aos hipócritas: “Entre os hu-manos há os que dizem: Cremos em Deus e no Dia do Juízo Final. Contudo, não são crentes.” Eles alegam à crença nestes fundamentos da Reli-gião, mas, na realidade, não são crentes. são falsos em seu testemunho, não têm coragem de manifestar a sua incredulidade e declarar seus reais sentimentos perante os crentes.

“Pretendem enganar a Deus e aos crentes”. nesse trecho - e em outros similares - deparamo-nos com uma grande verdade, perante a generosa dádiva de Deus... A verdade que o Alcorão sempre confir-ma. A verdade do vínculo entre Deus e os crentes: Deus torna a sua conduta a conduta d’Ele, a sua questão a questão d’Ele, os seus interesses os inte-resses d’Ele. Deus os junta a Ele, toma-os sob a sua responsabilidade, tornando o inimigo deles inimigo d’Ele, e os ardis contra eles como sendo contra Ele. Essa é a suprema e generosa dádiva. A dádiva que eleva a posição e a verdade do crente a esse nível sublime, que inspira que a verdade da crença nes-sa existência, a maior e a mais digna, que faz jorrar no coração do crente a tranqüilidade ilimitada. Ele percebe que Deus torna o seu problema problema d’Ele, sua luta a luta d’Ele, seu inimigo o inimigo d’Ele. Ele o inclui na sua lista e o eleva para junto d’Ele. Que são os servos, com suas conspirações, enganações e pequenas injúrias, diante de tão mag-nânimo aliado?

É, ao mesmo tempo, uma ameaça para aqueles que pretendem enganar os crentes, conspirar contra eles e injuriá-los. Uma ameaça de que a sua luta não é contra os crentes apenas, mas é contra Deus, o Po-deroso, o Onipotente, o Todo-Poderoso. Eles estão lutando contra Deus quando lutam contra os amigos d’Ele. Eles estão procurando a vingança de Deus nas vis tentativas contra os verdadeiros crentes.

Essa verdade deve ser levada em considera-ção pelos crentes, para que se tranqüilizem, per-maneçam firmes e continuem seu caminho, sem se importar com a conspiração, a fraude e a injúria dos criminosos. Para que os inimigos dos crentes, também, as levem em consideração e fiquem com medo ao saber contra quem estão lutando. Eles consideram os seus atos oscilantes uma manifes-tação de inteligência e astúcia, sem perceber que estão se prejudicando, não obtendo nada além do castigo divino.

2 - Nahj Al Balágha, Carta 27, pág. 297.

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“(...) quando só enganam a si mesmos, sem se aperceberem disso.” Ao hipócrita, nada reprime suas atitudes, nem religião, nem razão, nem direito, nem justiça. Quem assim for não tem condição de praticar o bem. Por isso, Deus descreveu os hipócri-tas nesses versículos como impostores, insensíveis, donos de corações enfermos, tolos, sedutores, segui-dores dos instintos, perversos, persistentes no des-vio. As pessoas os descrevem como a quinta coluna, agentes desprezíveis, corruptores e fingidos. Eles existem na nossa época como existiram na época do Mensageiro de Deus (s) e antes dele. E existirão nas gerações seguintes. Porém, são amaldiçoados onde estiverem, mesmo que estejam em seus sepulcros. Mesmo se tiverem sucesso, será periódico. O suces-so dos sinceros, porém, persiste até o último dia. A tradição do Profeta (s) diz: “Distingue-se o hipócri-ta por três características: quando conta algo, men-

te; quando promete, não cumpre; e quando confiam nele, trai.” A tradição aqui, certamente, não visa ao hipócrita propriamente dito, mas a todo aquele que tiver no coração algo de hipocrisia, que aparece em sua conduta em várias formas, principalmente na forma de fingimento, como nos informa a tradição do Imam Assádiq (AS): “O fingimento é uma árvo-re que só produz politeísmo oculto e a sua raiz é a hipocrisia”.

na obra “Nahjul Balágha” há um texto ad-mirável do Emir dos Crentes (As) descrevendo os hipócritas. Ele diz: “Eu vos aconselho, ó criaturas de Deus, a O temerdes, e vos previno quanto aos hipócritas, porque eles mesmos estão extraviados e extraviam a outros; ademais, cometem deslizes e fazem com que outros os cometam. Eles mudam de cor e adotam vários modos. Apóiam-vos com toda sorte de auxílio e ficam à vossa espreita, em todos

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os mirantes. seus corações estão enfermos, ao passo que seus rostos estão imaculados. Caminham secre-tamente e marcham iguais à aproximação da enfer-midade (sobre os corpos). suas palavras falam de cura, mas seus atos são como doenças incuráveis. São ociosos quanto à tranqüilidade, mas intensifi-cam as atribulações e destroem as esperanças. suas vítimas são encontradas jazendo em todos os cami-nhos, e possuem meios de se aproximar de todos os corações; têm lágrimas para todos os pesares. Tecem encômios uns aos outros e esperam recompensa uns dos outros. Quando pedem algo, insistem nisso; se reprovam (alguém), desgraçam-no e se elaboram um veredicto, cometem excesso. Eles têm adotado, para cada verdade, um caminho errôneo, para cada coisa reta, uma curvatura, para todo ser vivente, um matador, para cada porta (fechada) uma chave, para cada escuridão, uma candeia. Anseiam (por bons fregueses) desesperadamente, com o fito de atrai-los para os seus mercados, e para popularizar suas atra-entes mercadorias. Quando falam, criam dúvidas. Quando descrevem, exageram. Primeiro, oferecem caminhos fáceis, mas, depois, tornam-nos estreitos e tortuosos³(...)” .

Por que os hipócritas fazem essas tentativas? Por que gostam de enganar os outros? “Em seus corações há enfermidade”. A hipocrisia, na reali-dade, é uma espécie doença. O ser humano saudá-vel possui um só rosto. nele há um vínculo perfeito entre o espírito e o corpo, porque o oculto e o ma-nifesto são complementos um do outro. se o indiví-duo for crente, a crença se manifesta em toda a sua existência. se for desviado, o manifesto e o oculto nele mostram o seu desvio. A dualidade do corpo e do espírito é outra doença e um vício acrescido. É uma espécie de antagonismo e de desagregação na personalidade humana. “(...) e Deus os aumentou em enfermidade”. A enfermidade é gerada pela en-fermidade. O desvio começa pequeno e se amplia a cada passo dado.

Método infalível é o método de Deus nas coisas e nas situações, nos sentimentos e nas condutas. De-ve-se levar em consideração que as leis naturais, nas quais Deus colocou a relação da causalidade, seguem esse ato, que mostra que a sua causa está em Deus. Ele é o Causador das causas e o Formador das leis, sem negar as causas geradas pelo ser humano, que se lança ao mundo de posse de seu livre arbítrio.

Como a mentira é o capital dos hipócritas, pelo qual justificam as contrariedades de suas vidas, o Alcorão indica no final do versículo essa verdade: “... e sofrerão um castigo doloroso por suas men-tiras.” Eles são os responsáveis por essa situação em que vivem e perseguem a mentira em palavras e atos, intencionalmente.

Os versículos descrevem as características dos hipócritas: Primeiro, eles alegam a conciliação, en-quanto se movem na linha de destruição e da cor-rupção: “Se lhes é dito: Não causeis corrupção na terra,” não se satisfazem em negar a corrupção, mas ficam se vangloriando e se justificando: “... afirmam: Ao contrário, somos pacificadores.” Certamente, os que cometem as piores corrupções e dizem que são conciliadores são muitos, em todas as épocas. Dizem-no porque há defeito nas medidas e quando isso acontece, todos os valores são inverti-dos. Aqueles que não são sinceros com Deus na in-timidade, não conseguem sentir a corrupção de seus atos, porque a balança do bem e do mal, da concilia-ção e da corrupção, em seus íntimos, usa como peso os instintos pessoais. Portanto, eles não se condu-zem de acordo com a orientação divina.

Então, aparece a resposta imediata e o relatório sincero: “Certamente, eles são os corruptores,” devido ao mau resultado de seus atos e às influên-cias negativas que exercem na vida individual e co-letiva. “(...) mas, não o sentem”, porque não vive o ambiente puro que está ligado ao exercício dos valores morais e religiosos.

Contudo, os hipócritas manifestam outros si-nais. A vaidade é um deles, expressa na crença de que são inteligentes e os crentes tolos e simples: “Se lhes é dito: Crede como crêem os demais huma-nos, dizem: Temos de crer como crêem os tolos?” Assim, as medidas se invertem para esses desvia-dos. Eles acham que evidenciar a verdade e seguir a Mensagem Divina é tolice, enquanto acham que suas infâmias e suas oscilações guardam algo de in-teligente. “Em verdade, eles são os tolos,” em suas idéias e atos “... porém não o sabem.” Uma das ma-nifestações da tolice é quando o indivíduo deixa de fixar para a sua vida uma determinada meta, sempre mudando de idéia. Tolice é o ser humano perder a sua personalidade, seguindo uma conduta dualista, desperdiçando, assim, a sua potência no caminho de incertezas, ardis e destruição. Apesar disso, ele

4 - Nahjul Balágha, sermão 194, Acerca dos Hipócritas, págs. 232-233.

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continua acreditando na sua racionalidade. Quando o tolo sabe que é tolo? Quando o desviado sente que está distante da senda reta?

Outro sinal dos hipócritas é a sua matização com as cores dos seus interesses. Eles são aproveita-dores, demonstrando, em momentos diferentes, le-aldade aos crentes e aos seus sedutores: “E quando se deparam com os crentes, asseveram: Cremos. Porém, quando a só com os seus sedutores, di-zem: Nós estamos convosco; apenas zombamos deles.” Eles asseveram aos seus sedutores que es-tão com eles, e que sua lealdade aos crentes é su-perficial, tendo como objetivo zombar deles. Em tom enérgico e decisivo, o Alcorão lhes responde: “Mas Deus zombará deles”. Castigá-los-á pelas suas zombarias: “Os hipócritas e as hipócritas são semelhantes: recomendam o ilícito e proíbem o bem, e são avarentos. Esquecem-se de Deus, por isso Deus deles Se esquece” (Alcorão sagrado, 9:67). E diz: “E conspiraram; e Deus, por Sua vez, também conspirou, porque é o melhor dos conspiradores” (Alcorão Sagrado, 3:54). E afir-ma, ainda: “E o delito será expiado com o talião” (Alcorão sagrado, 42:40).

“(...) e os abandonará vacilantes, em suas transgressões”. Ele lhes dilatará o prazo na sua in-solência e incredulidade.

O último versículo explica o destino funesto dos hipócritas, o seu prejuízo durante a sua vida de extravio.

“são...” os hipócritas “(...) os que trocaram a orientação pelo extravio”, ou seja, adotaram o erro e abandonaram a guia correta. Adotaram a incredu-lidade em lugar da crença. Por isso, a sua troca não foi lucrativa. Eles teriam a orientação, se quisessem. Ela esta à sua disposição, em suas mãos. Porém, trocaram-na pela corrupção. Quão desatentos são esses “comerciantes”: “(...) mas, tal troca não lhes trouxe proveito, nem foram iluminados”.

Assim é a vida em todos os seus âmbitos e as-pectos, “transações de compra e venda”, com Deus ou com o Diabo, que nada fornece sem tomar algo em troca. À luz disso, tomamos conhecimento da natureza do “comércio” desses hipócritas. Eles as-sumiram a posição que irá fazê-los perder o destino neste mundo e no Outro. Eles abandonaram a orien-tação que lhes forneceria a força e a salvação neste mundo e no outro.

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J

C

á nos referimos em outra oportunidade sobre o fato de o islã ser uma fé baseada na razão. No Islã, a crença nada significa se não estiver fundamentada na ciência, na conscientização e no conhecimento. Por isso, o Alcorão apela para pensar-mos e analisarmos os diferentes aspec-tos do universo: a natureza, as diversas

na crença ou na ideologia se ela é imposta: “Não há imposição quanto à religião, porque já se destacou a verdade do erro. Quem renegar o sedutor e crer em Deus, ter-se-á apegado a um firme e inquebrantável sustentáculo, porque Deus é Oniouvinte, Sapientíssimo” (Alcorão sagrado, 2:256). Deus, o Altíssimo, diz ao seu Profeta (s): “Porém, se teu Senhor tivesse que-rido, aqueles que estão na terra teriam acre-ditado unanimente. Poderias (ó Mohammad) compelir os humanos a que fossem crentes?” (Alcorão Sagrado, 10:99). E afirma: “Não és, de

a Mente e o Convencimento Cultural constituem o Caminho para a Crença

manifestações da vida e a personalidade humana. Conhecendo-os, conheceremos Deus e a Mensa-gem Divina.

O Alcorão deixa bem claro que não há valor

Conhecimento

ulturaisConceitos

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ulturaisConceitos

maneira alguma, guardião deles” (Alcorão sagrado, 88:22). E revela, ainda: “Dize-lhes: A verdade emana do vosso Senhor; assim, pois, que creia quem desejar, e descreia quem quiser. Preparamos para os injustos o fogo, cuja labareda os envolverá” (Alcorão sagrado, 18:29). nesses versículos, o Alcorão expressa o desejo divino de esclarecer que a fé verdadeira não pode ser conseguida com imposição e opres-são, mas com provas científicas e conscientiza-ção do conteúdo da mensagem; que o homem é quem escolhe o seu caminho e é responsável pela escolha (livre arbítrio). Esta o dirige para a felicidade e a graça, ou para a infelicidade, a tristeza e o castigo.

Essas características nos permitem compre-ender que o islã, como crença, não prevaleceu por meio da espada, perseguição e força, como seus inimigos alegam. O uso da força surgiu como instrumento de defesa do islã e dos mu-çulmanos, para eliminar os obstáculos que os sedutores tentaram colocar no seu caminho, com o objetivo de censurar a disseminação da mensa-gem da verdade e dos princípios do bem. nenhuma civilização, ao longo da história de avanço do islã, foi destruída e nenhum povo dizimado. Um mérito que outras religiões, bem conhecidas, não

podem ostentar, vivendo com a mancha indelé-vel de um passado de guerras e opressão que le-varam à destruição e assassinato de populações humanas inteiras.

Os sábios do islã (‘ulamá) confirmam a existência de três princípios básicos que funda-mentam o método científico da crença islâmica. Eles são tirados do Alcorão, da Sunna e das pro-vas intelectuais:

1. A necessidade da especulação. “A espe-culação é a organização de assuntos conhecidos para levar a outro assunto.” Ou seja, a necessi-dade de se pensar e obter a prova científica, e dessa forma chegar ao conhecimento de Deus, exaltado seja.

2. não deve haver imitação nas bases da re-ligião. imitar é aceitar as declarações dos outros sem nenhuma prova ou contestação. Pelo con-trário, o islã exorta a pessoa a chegar à própria conscientização quanto à crença em Deus, exal-tado seja, e ao que Mohammad (s) trouxe à hu-manidade.

3. A base da crença na divindade é a razão.Quantas vezes o Alcorão apresenta a

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parte 5

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necessidade de que a fé seja formada sobre bases científicas? Deus, o Altíssimo, diz:

“Os sábios, dentre os servos de Deus, só a Ele temem, porque sabem que Deus é Podero-so, Indulgentíssimo” (Alcorão sagrado, 35:28). E diz: “E, ao escutarem o que foi revelado ao Mensageiro, tu vês lágrimas a lhes brotarem nos olhos; reconhecem naquilo a verdade, di-zendo: Ó Senhor nosso, cremos! Inscreve-nos entre os testemunhadores!” (Alcorão sagra-do, 5:83). A fé abalada dos ignorantes o rejeita, num procedimento descrito da seguinte maneira: “Entre os humanos há, também, quem adore Deus com restrições: se lhe ocorre um bem, satisfaz-se com isso; porém, se o açoita uma adversidade, renega e perde este mundo e o Outro. Esta é a evidente desventura” (Alcorão sagrado, 22:11). Ao mencionar os beduínos que se relacionaram com os valores do Alcorão e a sua convocação científica, diz a Escrituro que

eles adotaram uma crença superficial, baseada mais na ignorância que no convencimento since-ro. A esse respeito, lemos: “Os beduínos dizem: Cremos! Dize-lhes: Qual! Ainda não credes; deveis dizer: ‘Tornamo-nos muçulmanos’, mas a fé ainda não penetrou vossos corações” (Alcorão sagrado, 49:14).

Contudo, a história confirma que o ser hu-mano reagiu à missão islâmica, aceitando-a com base no exame racional e no convencimento lógico. O século XX testemunhou o movimento do ingresso intenso do islã na África, na Euro-pa, na Ásia, na América e na Oceania, de forma que chamou a atenção de estudiosos, sociólogos e antropólogos, bem como dos políticos e reli-giosos de outras crenças. O século XXi, com a revolução de comunicações e da tecnologia, está, também, testemunhando uma grande mudança quanto à aceitação do islã, diante do insucesso da civilização materialista de solucionar os problemas

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humanos. Milhões de pessoas convertem-se nos vários continentes, por intermédio da sua divul-gação e apresentação científica. As realidades que se mostram no dia-a-dia das pessoas revelam que o islã é a religião do passado, do presente e do futuro; que o ser humano, toda vez que tomar uma decisão racional e científica, se aproximará dele. Quando descobre as verdades e a lógica in-trínseca existente no islã, o ser humano aceita-o de maneira irrestrita.

É o que acontece atualmente no Ocidente. Observemos o discurso do presidente alemão, Roman Herzog, a respeito da orientalista alemã, Dra. Annemarie schimmel, no dia 1º de outu-bro de 1995, a quem foi concedido pela German Book Publishers Asso-ciation o famoso Book Peace Award. Em res-posta à reação negativa dos intelectuais alemães pela concessão do Prê-mio de Paz, porque ela apoiava o pensamento islâmico, sendo justa com ele, pregando a sua compreensão, mudando a imagem difamatória que a mídia européia apresenta a seu respeito, disse ele: “Há um fenô-meno claro em nossas relações com o islã na época atual. não estare-mos sendo injustos com a opinião pública alemã se dissermos que o que se afigura na imaginação de muitos de nós quando é citado o islã é ‘o có-digo penal desumano’, ou ‘a falta de tolerância religiosa’, ou ‘a injustiça para com a mulher’, ou ‘o fundamentalismo agressivo’. isso, porém, é um campo visual muito estreito, que devemos mudar. Devemos lembrar, em contrapartida, da onda do iluminismo islâmico que garantiu ao Ocidente, seis ou sete séculos atrás, partes im-portantes da herança da antiguidade.¹” Em outro local de seu discurso, o presidente alemão ex-

plica que a inimizade ao islã é proveniente da ignorância dos europeus. Ele fez a seguinte per-gunta em seu discurso: “não seria possível que o motivo da nossa incompreensão do islã seja o seu estabelecimento em bases profundas de reli-giosidade popular, enquanto nós estamos envol-vidos profundamente na sociedade secular? se isso é verdade, como nos relacionamos com esse formalismo? Temos, acaso, o direito de classifi-car os muçulmanos virtuosos como fundamen-talistas terroristas, somente porque perdemos o sentimento saudável perante o escárnio pelos sentimentos religiosos dos outros, ou porque perdemos o poder de demonstrar esse sentimento saudável²?” . O Presidente alemão confessa que

supriu a sua falta de melhor conhecimento sobre o islã lendo os livros da Dra. schim-mel. Ele disse: “Eu só consegui conhecer a enorme diversidade e variedade no âmbi-to das direções islâ-micas, a História do islã e a sua realidade contemporânea atra-vés dos livros de An-nemarie schimmel. Talvez muitos tiveram a mesma experiência. Certamente, estamos necessitando compen-sar o que perdemos na compreensão uns

aos outros...”³. Então, o presidente alemão convoca para a compreensão do islã e o esta-belecimento de outra posição, diferente daque-la baseada na ignorância. Ele disse: “Confesso que não há perante nós outra escolha a não ser o aumento de nosso conhecimento do Mundo islâmico, se desejarmos trabalhar a favor dos direitos humanos e da democracia.” Então, dis-se: “A verdadeira razão que nos atrai para um maior conhecimento do islã e a sua rica civili-zação nasce do fato de pertencermos a uma

1 - ELiAs, Dr. nadim Ata. Sayqhar Al-Má Summal Hajar (A Água subjugará a dureza da pedra); p. 42.2 - id. ibid., p. 46.3 - id. ibid., p. 50.

O Islã é areligião dopassado,

do presentee do futuro

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civilização diferente da dele. A Dra. schimmel despertou essa vontade em mim. Desejo que esta seja a situação de muitos iguais a mim. Annemarie schimmel aplainou-nos o caminho para encon-trarmos o islã.”4

A batalha da conces-são do Prêmio da Paz, na Alemanha, considerada uma das mais influen-tes nações do mundo, à orientalista Dra. schim-mel, em 1995, e a vitória desta valorosa intelectu-al, com a concordância da opinião pública do país – políticos, intelectuais, pensadores, jornalistas, orientalistas, artistas e educadores – significa a vitória da corrente que pede a compreensão do

islã e estabelece o respeito a ele. Entre esses, encontra-se a classe progressista dos intelectu-

ais e políticos, à frente dos quais o presiden-te alemão, cujas im-portantes declarações apontam para a dire-ção do entendimento e tolerância. isso re-vela que a luta cultu-ral que aconteceu na Alemanha e foi ganha pelos pregadores da compreensão ao islã confirma a grandio-sidade desta crença e a predisposição do ser humano, por mais distante que esteja, de

compreendê-lo e aceitá-lo. O professor indiano Mohammad Ezzeddin

nashkanta Badhiyaya narra a história de sua conversão ao islã, depois de estudos profundos e comparativos das religiões. Disse ele: “Apesar de ter compreendido, depois de algum tempo, a nobreza e justiça da Religião islâmica, as condi-ções e os elementos exteriores não me permiti-ram, no início, declarar a minha conversão. Fiz isso depois, com toda sinceridade, numa reunião geral, quando narrei o motivo da minha con-

versão. Eu estabeleci as três bases fundamen-tais que me impulsionaram para o islã, e

que são:1. A veracidade e a precisão da his-

tória do islã, pois é a única religião que possui um documento racional e verda-deiro do ponto de vista histórico;

2. A harmonia da Religião islâmi-ca e a sua coordenação com a sabedoria e a ciência;

3. A Religião islâmica é uma re-ligião prática, não imaginária. isso

acrescido do fato de que o islã se coadu-na com as necessidades do ser humano em

todas as épocas e se coaduna com a cultura e o conhecimento.”5

Dentre aqueles que se wconverteram ao islã, depois do estudo e da compreensão, está 4 - id. ibid., p. 50.5 - Revista Nur Al-Islam, número 17-18, p. 84.

O Islã se coaduna com as necessidades

humanas, com a cultura e o

conhecimento

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a australiana Vilma William. Depois de partici-par, durante quinze anos, de inúmeras missões religiosas cristãs, ela confessou: “Havia mui-tas opiniões que se fixaram na minha mente e na minha consciência para duvidar no que eu e muitas pessoas fazíamos para explorar os nos-sos opositores, em cor e crença, com o fato de realizarmos nossos interesses particulares. Como Deus podia ter um filho? Por que arcamos com o pecado de nosso pai, Adão? Por que os nossos pecados precisam de alguém para ser expiados, enviando Deus o seu “filho” para expiar a hu-manidade? Por que o branco é distinguido sobre o negro? Por que essas orientações discrimina-tórias contra os palestinos, sendo usurpadas as suas propriedades?” Ela estranhou que houvesse tantos erros no Velho Testamento, entre eles a noção de que Caim matou Abel por causa de sua cor negra; que os negros têm de pagar o preço do

pecado de Caim por toda a vida. Ela, então, falou sobre como conheceu o islã: “Aconteceu duran-te uma viajem missionária. Fui visitar uma famí-lia palestina muçulmana que vivia na Austrália, para falar com eles a respeito do cristianismo. Eles me mostraram o significado da Surata de Maria6 , em inglês. não consegui me conter e pus-me a chorar profundamente. Desde aquele instante o Islã se fixou no meu coração. Fui até a igreja e declarei a minha conversão ao islã. A minha família me boicotou durante dois anos, porém não me importei com aquilo. Dediquei-me a estudar o islã e o Alcorão durante cinco anos. Ingressei na Universidade para confirmar a mim mesma a minha escolha. Estudei as seitas contrárias. Quando resolvi pronunciar o testemu-nho, procurei um centro islâmico que é distante do meu local 80 quilômetros. Lá aprendi como praticar os preceitos do islã. Adotei as vestes

6 - O 19º capítulo do Alcorão sagrado (nE).

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islâmicos e iniciei uma viagem para estudar as leis islâmicas. Então me propus a iniciar o trabalho de co-municação do islã.”7

Um advogado italiano relata a história de sua conversão, dizendo: “Cha-mo-me Rosaio Basccuini, te-nho 53 anos de idade. Exerci a função de advogado duran-te dez anos, a partir de 1957.Trabalhei primeiro na políti-ca, então comecei a estudar as religiões à procura da ver-dade, isso em 1970. no ano de 1973 conheci um egípcio por intermédio do qual co-nheci alguns princípios do islã. Entrei com ele em dis-cussões amplas. Estudos pro-fundos me fizeram adotar o islã. Eu vivia como todos os ocidentais, sem crença. Eu era católico não praticante, “secularista”. no início tornei-me direitista, filiando-me ao Partido Democrá-tico Cristão. Então, mudei para adotar a esquerda, fi-liando-me ao Partido Comunista. Porém, não encon-trei muita diferença entre os dois extremos, apenas os

nomes eram diferentes, com ambos visando explorar o ser humano. Ambos os partidos não apresentavam soluções para os problemas humanos. Porém, hou-ve uma mudança enorme na minha vida. Ao adotar

o Islã, fiquei cheio de fé, com muita tranqüi-lidade, podendo en-frentar as dificuldades da vida ocidental e sua corrupção. A minha visão da vida e minha compreensão mudou de forma substancial. Esse ano fui cumprir o preceito da Pere-grinação8 . Consegui, até agora, convencer 400 pessoas a aceitar a ideologia islâmica, todos se convertendo. Hoje, eles praticam

o islã com seriedade e sinceridade. Continuo meu empenho na divulgação e peço a Deus que me con-ceda o sucesso. Eu dirigi um convite aberto a todos os italianos para virem aos centros islâmicos, aos domingos, para conhecer o islã através de perguntas

Os seres humanos devem seguir, de forma racional, o

progresso e acultura

7 - Revista Nur Al-Islam, número 61-62, p. 88.8 - O ritual do Hajj (nE).

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e respostas. Esse método mostrou a sua eficácia, gra-ças a Deus. Estamos recebendo, sempre, um grande número de pessoas que estão à procura da verdade, há de três a quatro mil italianos que adotaram o islã, até agora. Reconheço que o número é pequeno com-parado com a França, por exemplo, onde 200 mil franceses adotaram o islã, sabendo-se que o número de habitantes é semelhante nos dois países.”

segue a declaração do Professor americano, Ri-ckfol, a respeito de sua conversão: “A simplicidade do islã e a grandiosidade de Mohammad (s) causa-ram a minha orientação. Muitas coisas me atraíram para o Islã, algumas claras e confirmadas, outras que precisavam ser pesquisadas na profundeza da alma humana. Quando me voltei para o Alcorão e a vida de Mohammad ibn Ab-dullah (s) para estudá-los, certos pontos cha-maram a minha atenção: A simplicidade da Reli-gião islâmica, a sua to-lerância e facilidade. Ela não é complexa e pode ser compreendida e ab-sorvida através da mente e da observação da Cria-ção. Ao levar esses dois aspectos em considera-ção, o ser humano passa a acreditar realmente em Deus, o Altíssimo”.

“Quando a pessoas fica conhecendo o seu Criador e confessa a sua existência, o islã o ensi-na, por meio das palavras de Deus:. Estamos mais perto dele do que a (sua) artéria jugular (Alcorão sagrado, 50:16). Vejamos como o Alcorão fala a res-peito de Deus, exaltado seja: ‘Quando Meus servos te perguntarem por Mim, dize-lhes que estou pró-ximo e ouvirei o rogo do suplicante quando a Mim se dirigir. Que atendam o Meu apelo e que creiam em Mim, a fim de que se encaminhem’ (Alcorão sa-grado, 2:186). Baseado nisso e de acordo com o espí-rito do islã, não há necessidade de intermediário entre Deus e os servos, como não há necessidade de padre ou de religioso para a aceitação do arrependimento ou para se praticar as orações: ‘Tanto o levante como

o poente pertencem a Deus e, aonde quer que vos dirijais, notareis o Seu Rosto, porque Deus é Mu-nificente, Sapientíssimo’ (Alcorão sagrado, 2:115). A posição do islã, quer em relação a seus inimigos ou opositores, quer em tempo de guerra ou de paz, quer seja para com os judeus ou os cristãos, e a tolerância que dedica a todos são coisas admiráveis e que me atraíram imediatamente para o islã. A natureza huma-na, em todos os preceitos islâmicos e em seus ensi-namentos, está clara e é admirável. Todas as pessoas são iguais perante Deus, apesar de todas as diferenças que as separam. ninguém é preferido aos outros por causa de sua raça ou cor. A honra e a excelência são que concedem superioridade e virtude. Os ricos são obrigados a pagar o zakat sobre suas riquezas para

os pobres e necessitados. O islã não atrapalha o ca-minho da civilização e do progresso. Pelo contrário, ele ordena os seres huma-nos a seguirem, de forma racional, o progresso e a cultura. O islã não proíbe a gente de tirar proveito da vida: ‘Mas procura, com aquilo com que Deus te tem agraciado, a morada do Outro Mundo; não te esqueças da tua porção neste mundo’ (Alcorão sagrado, 28:77); “Dize-lhes: Quem pode proibir as galas de Deus e o des-frutar os bons alimentos que Ele preparou para

Seus servos?” (Alcorão sagrado, 7:32)9.Eis o relato sobre a conversão do jornalista

Thiré Du Poumon: “O meu parente, Conde d’Eu, representava a herança francesa, ou com significado mais minucioso, a França da Realeza, com seus pa-lácios e sistema religioso, etc. Ele ocupava o cargo de diretor do gabinete do Papa Paulo Vi. Era conhe-cido pelo seu forte amor às ciências teológicas e ao Ocultismo. Era apaixonado pela arte, pelas telas e pelas esculturas. sempre falava, em nossas reuniões familiares, sobre os pormenores das telas famosas, principalmente onde a Virgem aparece, como aque-las penduradas nas igrejas. A sua conversa nos

9 - Revista Nur Al-Islam, número11-12, p. 88.

O Islã é a últimadas religiões

Ele reconhece ocristianismo e o judaísmo

como duas religiõescelestiais e as respeita e respeita seus profetas

Conde d’Eu.

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transportava para as fábulas e as narrativas dos tempos antigos, principalmente os relacionados com as histórias dos padres e clérigos. Foi uma grande sur-presa para nós, num banquete familiar, ele se levantar de repente e gritar: “Jesus filho de Deus, Maria mãe de Deus” são palavras estúpidas que não podemos mais aceitar. É penoso. Esquecem tudo isso. Deus não pode ter mãe ou filho. Não é racional que Deus desça até a terra e viva nas ruas, distribuindo milagres entre os habitantes de Jerusalém.” Os presentes estranharam aquela declaração e ficaram em dúvida. O Conde d’Eu declarou que abandonou o cristianismo e adotou o islã, juntando-se à enorme caravana que abrangia o coman-dante Cousteau, Maurice Bucaille, Roger Garaudy, Duran Suflan, Vansan Mountiel, que se converteram ao islã.

transformam às dezenas, jovens às centenas me impulsionaram a visitar o Conde d’Eu. Fui visitá-lo e vi que sua casa parecia um museu: desenhos antigos, obras históricas do século

XViii, esculturas que, na realidade, eram des-concertantes. O Conde me tirou da minha es-tupefação e me convidou a visitar a sala desti-nada a suas orações. segui os seus passos num corredor escuro que terminava numa sala. Ela a abriu e vi que havia apenas uma cadeira e um tapete. Quanto às paredes, estavam repletas de quadros de figuras de alguns cientistas muçul-manos e de alguns dos pensadores mais famo-sos entre eles. O Conde pegou no seu Alcorão e disse: “O islã é a última das religiões. Ele reconhece o cristianismo e o judaísmo como duas religiões celestiais e as respeita e respeita seus profetas.” Ele passou a falar sobre o islã. Estava convencido daquilo.

Alguns pensamentos começar a aflorar na mi-nha mente: será que o islã é a resposta para todas as minhas perguntas doutrinárias que surgiram depois de deixar de crer no cristianismo? Eu, na realidade, não estava convencido dos Evangelhos atuais, nem da divindade de Jesus, nem de todas aquelas ques-tões cuja crença nos obrigam a aceitar. Havia anos que eu procurava a verdade. naquele instante, pare-cia que eu havia encontrado. Eu detestava algumas coisas nos ensinamentos da igreja, como adorar as imagens dos santos, as cruzes, o sistema de clas-ses, as fábulas e milagres estranhos. Por isso,

O Islã é o refúgiodo ser humano e

fonte de suafelicidade

Roger Garaudy

Eu mesmo acreditei que me converteria em breve: pensadores, artistas, romancistas se

22 - Revista Islâmica Evidências

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Revista Islâmica Evidências - 23

10 - Ibid., número 23-24, p. 90.

resolvi estudar o islã. no passado eu sentia certo medo do islã. Todos os meus temores, porém, desapareceram perante a sincerida-de dos muçulmanos. Eles me introduziram repentinamente no mundo espiritual que eu procurava havia tempo. Assim, encontrei-me mudando para o islã. na verdade, senti uma forte vontade de abandonar tudo que é ato de competição e corrida atrás do dinheiro, dedi-cando-me totalmente a Deus. Um dia liguei o radio numa estação que transmitia periodi-camente programas árabes. Deparei-me com uma discussão entre a locutora e outra mulher chamada Taquiya, representando uma nova so-ciedade: Amigos do islã. A discussão girava em torno do amor e do casamento no islã, ao redor da moral islâmica na vida conjugal. Pe-guei imediatamente o telefone, entrei em con-tato com a emissora e pedi um encontro com Taquiya. Desde quando iniciei meus estudos do islã o assunto da conversão das francesas me intrigava, principalmente pelo número - de 75 a 100 mil mulheres. Eu me perguntava sempre: Como é possível a mulher francesa, que começou a conquistar as suas reivindica-ções de libertação e igualdade há dezenas de anos, converter-se a uma religião que “oprime os direitos das mulheres”? Encontrei Taquiya em sua casa e verifiquei que levava uma vida de acordo com a tradição árabe, nas suas ves-tes e na organização de sua casa. Ela tinha um grande quadro com os capítulos do Alcorão, em letras pequenas, na parede de sua sala. Ela me relatou a história de sua conversão desde a sua ida à Argélia para trabalhar, o seu retorno a Paris e o seu casamento com um argelino muçulmano. Depois de encerrar o meu encon-tro com Taquiya, fui embora admirando-a e a sua fé, que fez crescer o meu convencimento e ter certeza de adotar o islã.”

“A leitura dessas declarações e de cente-nas de milhares iguais a elas, de pessoas que despertaram para o islã e o adotaram como re-ligião com compreensão, convencimento cien-tífico e cultural, na variedade de seus níveis, dentro da civilização ocidental, testemunhan-do a alegação dessa falsa civilização material, representam as melhores provas de que o islã

é a religião da razão, da ciência e da civiliza-ção. É o refúgio do ser humano e a fonte de sua felicidade.”10

ConclusãoPor meio dessas observações e relatos su-

cintos, apresentamos uma série de conceitos culturais sobre o islã. Apontamos, também, fatos relacionados à civilização materialista, à voraz civilização capitalista ocidental, que alega defender a liberdade e os direitos huma-nos, mas que conformou, ao longo da história, verdadeiramente, uma civilização colonialis-ta e exploradora. Então, pudemos formar um quadro do conceito cultural da vida à sombra do islã e convocar o ser humano, muçulma-no ou não, a re-estudar e compreender tanto o islã como a civilização em que está inserido. Dessa maneira, ele se torna apto a relacionar os valores das duas civilizações de forma inte-ligente, crítica e serena.

Louvado seja Deus, Senhor do Universo.

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EEssa batalha aconteceu no dia 17 de Ramadã do ano 2 da Hégira e envolveu os muçulmanos e os coraixitas. Os dois lados se enfrentaram nos poços de Badr, entre Meca e Medina, e os inimigos do islã sofreram uma grande derrota. Muitos foram

Históriado Isla

Parte5A

mortos e outros aprisionados. Deus, exaltado seja, concedeu a vitória aos muçulmanos e Bani Quraish tiveram de fugir, arrastando o peso da humilhação e da derrota.

A Campanha de Uhud

Os acontecimentos da batalha histórica de Badr inflamaram o ódio dos politeístas de Meca. Os fatos levaram Abu Sufian, o comandante dos pagãos mequenses, a não pensar em outra coisa que não a guerra. Então, ele e seu grupo atacaram novamente

As Campanhas do Mensageirode Deus (S).

A Campanha de Badr

História

24 - Revista Islâmica Evidências

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os muçulmanos, buscando uma vitória militar que pudesse eliminar as conseqüências psicossociais geradas pela Batalha de Badr.

Os politeístas fizeram soar os tambores da guerra, planejando a agressão e o ataque a Medina. Os dois grupos se encontraram no Monte Uhud, nos arredores da cidade. O Mensageiro de Deus (s) traçou a estratégia da batalha, estabelecendo os locais de seu exército, colocando os arqueiros no cume do monte, em número de cinqüenta combatentes. sua função era proteger a retaguarda do exército islâmico.

A batalha começou e a vitória favorecia os muçulmanos. suas forças dominaram o campo de batalha e derrotaram o inimigo. Porém, a cobiça de enriquecimento dominou a mente dos arqueiros, fazendo-os deixar sua posição e se lançar em busca dos despojos. isso causou uma abertura nas fileiras dos mujahidin¹ , que foi aproveitada por Khalid ibn al Walid, um dos comandantes dos politeístas. Ele cercou as forças muçulmanas por trás, causando a derrota e desorganização do exército muçulmano.

não permaneceu com o Profeta (s) ninguém além de Ali ibn Abi Tálib (As), Hamza ibn Abd Al-Mutalib, Musaab ibn Umair e poucos companheiros que conseguiram, com a sua intrepidez, resistir ao ataque contra o Mensageiro de Deus (s). A derrota foi grande, as perdas enormes. nesta batalha, os muçulmanos perderam

Hamza ibn Abdel Mutalib, Musaab ibn Umair e outros mártires.

A Batalha do Fosso

Ainda no nascimento do islã, na cidade de Medina, as tribos judaicas que habitavam o local, sentindo o perigo do crescimento da força do Mensageiro (s), começaram a tramar contra os muçulmanos e seu nobre Profeta (As). Passaram a incitar os inimigos do islã, planejando reunir uma enorme força militar para

atacar Medina e acabar com os muçulmanos.

Os judeus entraram em contato com as tribos coraixitas e de Ghatfan, combinando com elas o ataque à cidade e o domínio dos muçulmanos. Porém, as notícias chegaram ao conhecimento do Mensageiro (s), que consultou seus companheiros.

sulaiman, O Persa (R), um deles, aconselhou-o a proteger a cidade com a abertura de um fosso. O Mensageiro (s) aceitou o conselho e os muçulmanos começaram o trabalho.

Os coraixitas se prepararam e reuniram seus homens e aliados, compondo uma força de dez mil guerreiros que acamparam próximos de Medina. O Mensageiro (s) convocou os seus seguidores para a luta, formando um contingente de três mil homens. O ataque dos coraixitas iniciou com a travessia de Amru ibn Abd Wid Al-Ámiri, um de seus heróis, que começou a desafiar os muçulmanos, dizendo:

1-numa tradução livre, “guerreiros” (nE).

Os politeístasbuscavam uma

vitória queapagasse a

derrota em Badr

Revista Islâmica Evidências - 25

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“Há alguém que aceita o meu desafio”?Ali ibn Abi Tálib levantou e disse: “Eu

aceito o desafio dele, óh, Profeta de Deus.” O Mensageiro (s) respondeu: “senta, que é a vez de Amru”. O herói de Bani Quraish lançou novamente o desafio, zombando dos muçulmanos. Ali (As) levantou-se mais uma vez e falou: “Eu aceito o desafio dele, óh, Mensageiro de Deus!” O Mensageiro (s) disse: “senta, que ainda é a vez de Amru.” Ali

lhe disse: “Mesmo que seja Amru.” O Profeta (s) deu-lhe autorização, oferecendo-lhe a sua espada de duas pontas. Fê-lo, então, vestir a sua armadura e deu-lhe seu turbante, dizendo em seguida: “Óh, Deus, este é meu irmão e meu primo, não permita que fique sozinho, pois Tu és o melhor dos Concedentes.” Ali ibn Abi Tálib (As) avançou com a sua costumeira coragem e se envolveu no duelo com Amru, derrotando-o. Os muçulmanos renderam

graças a Deus quando viram Amru estendido no chão e Ali retornando, vitorioso, para o Mensageiro (s), que o recebeu, dizendo: “O duelo de Ali ibn Abi Tálib com Amru ibn Abd Wid é preferível a todos os atos da minha comunidade até o Dia da Ressurreição²”.

Caiu à noite e, sobre a planura do deserto, desencadeou-se uma tempestade. O vento atingiu a força de um furacão. nos dois acampamentos dos

invasores não ficou uma só tenda de pé, nem um só fogo aceso. Os homens

se acocoravam no chão tiritando de frio, apertando-se uns contra os outros em busca de calor. O pavor invadiu o exército dos coraixitas, que partiu, deixando Medina em paz. Assim, Deus determinou a vitória dos muçulmanos nesta batalha, que aconteceu no quinto ano da Hégira.

Depois da derrota dos confederados e a volta dos coraixitas para Meca, derrotados e humilhados

2-Dahlan – Assira Ananabawiya, vol. 2, págs. 6 e 7; Mustadrak Assahihain, v. 2, pág. 32, baseado em Sufian al Sauri. O hadith foi relatado também por Al-Khatib Al-Baghdadi em sua obra Tarikh Baghdad (A História de Bagdá), vol. 13, pág. 19).

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mais uma vez, o Mensageiro de Deus (s) dirigiu-se para acertar as contas com os judeus traidores. Vizinhos de Medina, eles haviam desrespeitaram o pacto que tinham feito com o Profeta (s), dando apoio aos coraixitas e seus confederados.

Deus concedeu a vitória sobre eles, acabando com suas tramas.

Aqui, cabe fazer um esclarecimento importante. Quando se estabeleceu em Medina, o Profeta (s) entabulou conversações com as comunidades judaicas e cristãs que ali viviam. Com o objetivo de estabelecer direitos e deveres mútuos, o nobre Mensageiro (s) elaborou, em conjunto com os líderes dessas comunidades, um documento, que foi denominado Constituição do Estado islâmico (ou “Tratado de Medina”). O documento respeitava os judeus e os cristãos como uma comunidade autônoma, dentro do Estado islâmico. Ela conferia à corte rabínica autoridade plena para adjudicar e resolver todos os assuntos dos judeus. Desde as suas derrotas e dispersões pelos romanos, esta era a primeira vez que a existência comunitária judaica e a lei da Torá eram reconhecidas como legítimas por um Estado. Mesmo assim, a fidelidade dos judeus ao Estado islâmico oscilava. inicialmente, o Profeta (s) fez-lhes uma advertência, depois baniu alguns deles, então baniu mais outros e confiscou as suas propriedades.

na Batalha do Fosso, eles tiveram mais uma vez um papel traidor; mas este foi frustrado pelo colapso do inimigo diante da tempestade de areia. Desta vez, o Profeta(s) se viu obrigado a executar alguns e a expulsar

os demais de Madina. Do seu exílio, em Khaibar, eles continuaram a conspirar contra o Estado islâmico. não tardou para que fosse necessária uma expedição para desalojá-los e expulsar de vez da Península Arábica. O seu destino, na Bizâncio cristã, não foi diferente. Entretanto, quando o Crescente Fértil foi conquistado pelas forças do islã, novamente lhes foi oferecido o mesmo status que lhes havia sido conferido pelo Tratado de Medina, sem ser levado em conta o seu comportamento anterior com os muçulmanos na Península Arábica³.

O Pacto de Hudaibiya

Depois da Batalha do Fosso, o Mensageiro (s) soube que estava em andamento, em segredo, uma tentativa dos coraixitas, em conjunto com os judeus de Khaibar (uma aldeia judaica vizinha de Medina), de atacar os muçulmanos. Ele resolveu fazer um pacto

com os coraixitas para, em primeiro lugar, separá-los dos judeus, e em segundo lugar, divulgar a sua mensagem entre os árabes.

O Mensageiro (s) seguiu com a p r o x i m a d a m e n t e mil quinhentos homens na direção de Meca e acampou na região denominada Hudaibiya. Ele enviou

aos coraixitas um emissário da tribo de Khuzá’a para informá-los que estava de visita à Casa sagrada e iria fazer os sacrifícios no recinto do Haram. Queria dizer-lhes, também, que estava disposto a assinar um armistício. se eles recusassem, porém, seriam combatidos.

Os coraixitas ainda sentiam as conseqüências

3-Fonte: www. alcorão.com.br

O tratado de Medina deu autonomia aos

cristãos e judeusque habitavam

o local

Revista Islâmica Evidências - 27

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da derrota na Batalha do Fosso. Quando viram a força do Mensageiro de Deus (s) e a sua determinação em alcançar o que queria, conscientes de sua fraqueza e incapacidade de enfrentá-lo, aceitaram a oferta do nobre Profeta (s) e assinaram o armistício. O pacto teve uma influência enorme na marcha histórica do islã, proporcionando a oportunidade para os muçulmanos transmitirem sua mensagem aos não coraixitas e a todos os habitantes da península, dedicando-se a construir e fortalecer sua jovem nação.

A Batalha de Khaibar

Khaibar ficava próxima das aldeias dos judeus. Localizava-se no cume de uma montanha, cercada por uma fortaleza de pedra. Os habitantes pensaram que ela os protegia da Vontade de Deus e das espadas dos mujahidin, apoiados na vitória de Deus, glorificado seja.

Os judeus de Khaibar estavam iludidos devido à sua riqueza e às armas que possuíam. Khaibar era um centro de tramas contra os muçulmanos. A sua fortaleza abrigava cerca de dez mil combatentes. Diariamente, eles saíam em filas, ostentando sua força e zombando dos muçulmanos. Eles entoavam o seguinte cântico: “Mohammad está nos atacando, tomara que o faça, tomara!”

Com determinação, o Mensageiro de Deus (s) reuniu o seu exército, ocultando a sua marcha, percorrendo caminhos que não revelassem a sua movimentação, seguindo guias que indicavam o melhor trajeto. Quando os judeus se deram conta, o exército muçulmano estava em seu campo.

surpreendidos pelas forças muçulmanas, seus comandantes e autoridades se reuniram para traçar a estratégia de defesa. O ataque começou às fortalezas com o Rassulullah4 (s) enviando Abu Bakr, que não teve sucesso5.

Tabari relatou: “O Mensageiro de Deus (s) entregou o estandarte a Omar ibn Al-Khattab. Juntamente com outros combatentes, Omar atacou as fortalezas, mas também sem sucesso. O Mensageiro de Deus (s) disse: ‘Amanhã entregarei o estandarte a um homem que ama a Deus e ao seu Mensageiro e eles o amam’.” A narrativa de ibn Hicham acrescenta: “Deus lhe concederá a vitória, pois ele não foge de suas obrigações.” no dia seguinte o Mensageiro (s) convocou Ali (As) e lhe disse: “Tome esse estandarte e o empunhe até que Deus lhe dê a vitória.” Ali (As) tomou o estandarte e juntamente com alguns muçulmanos atacou a fortaleza de Khaibar. Do local saiu Marhab, o comandante judeu, com um grupo de combatentes. Ele lutou com Ali (As), que lhe desferiu um golpe na cabeça. Os soldados ouviram o

4-Traduzindo, “Mensageiro de Deus”, isto é, o Profeta Muhammad (s) (nE).5-Sirat, de ibn Hicham, vol. 3, pág. 349.

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segurança até que venha a nós, amanhã.” no dia seguinte, Abu sufian colocou-se perante o Mensageiro (s) e pronunciou os dois testemunhos7, para proteger a sua vida, depois de ser advertido por Abbas. Dessa forma, desmoronou a elite do comando idólatra. Então, o Mensageiro (s) divulgou um comunicado, concedendo segurança aos coraixitas. A vitória se realizou, portanto, sem luta e derramamento de sangue e o Mensageiro de Deus (s) ingressou em Meca como conquistador vitorioso.

O Profeta (s) parou diante da porta da Caaba e disse: “não há outra divindade

além de Deus Único. Ele cumpriu a sua promessa, auxiliou seu servo e derrotou os partidos sozinho.” Dessa forma, a corrente da oposição desmoronou e o Mensageiro de Deus (s) destruiu a mais importante fortaleza do politeísmo e da idolatria, depois de uma longa luta que durou vinte e um

anos. Assim, a nação e a Mensagem islâmica

6-Tarikh, de Attabari, vol. 2, pág. 300.7-Ash-hadu a’llá illaha illa Allah wa ash-hadu anna Muhammada’rrassulu’llah, ou “Testemunho que não há Deus senão Allah e que Muhammad é seu Profeta” (nE).

O Mensageiro (S)entrou em Meca

pacificamente, como conquistador

vitorioso

baque6. Dessa forma, Ali (As) conquistou a fortaleza e a defesa dos judeus de Khaibar desmoronou. Deus concedeu esta importante vitória ao seu Profeta (s) e a força militar conspiratória de Khaibar foi eliminada.

A Conquista de Meca

As relações entre o Mensageiro de Deus (s) e os coraixitas se deterioraram. A tribo de Khuzá’a se juntou ao exército do nobre Profeta (s) e a tribo de Kinana se juntou ao exército dos coraixitas. Foi da vontade de Deus, glorificado seja, que as causas da grande vitória acontecessem. A luta entre Kinana e Kuzá’a se iniciou. A tribo de Kinana atacou a tribo de Khuzá’a e os coraixitas ajudaram seus aliados no ataque. Com isso, os coraixitas quebraram o pacto com o Mensageiro de Deus (s). A tribo de Khuzá’a pediu a ajuda do Mensageiro (s) e ele a atendeu.

Muhammad(s) preparou um exército de dez mil homens e seguiu com ele, em segredo, para surpreender os coraixitas, no dia 10 de Ramadã do ano 8 da Hégira. O exército muçulmano conseguiu alcançar Meca e cercá-la sem o conhecimento dos coraixitas. Abbas ibn Abdel Mutalib, tio do Profeta, encontrou-se com Abu Sufian, o chefe dos politeístas, fora de Meca. Este he pediu que o levasse para ver o Mensageiro (s) e que lhe desse segurança para isso.

Abbas foi ter com o Profeta (s), levando o pedido de Abu Sufian. O Mensageiro (S) respondeu: “Pode ir e diga-lhe que lhe damos

estabeleceram seus pilares na Península Arábica.

As Ondas da Vitória se SeguiramA vitória de Deus Altíssimo e a conquista

de Meca se realizaram. Os ecos desta conquista alcançaram à tribo de Huazan. seu líder organizou, então, um numeroso exército para enfrentar os muçulmanos. Quando o Mensageiro de Deus (s) soube dos preparativos de Huazan, marchou contra eles com doze mil homens. Huazan, porém, ocupou posições por sobre as montanhas de Hunain, no estreito do vale .

Revista Islâmica Evidências - 29

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Os muçulmanos lutaram com intrepidez e derrotaram o inimigo, que fugiu para Taif. Em Taif residia a tribo de Saquif, que fortificou completamente a cidade. Os muçulmanos, porém, a cercaram e fizeram as tribos de Huazan e saquif se renderem. Os seus membros submeteram-se e converteram-se ao islã.

Após a volta do Mensageiro (s) a Medina, surgiram notícias de que os romanos8 pretendiam invadir o norte da Península Arábica. O nobre Profeta (s) resolveu enfrentá-los pessoalmente. Ele expediu ordens de convocação aos muçulmanos de Madina e de fora dela. Ele nomeou Ali (As) como administrador de Medina. Este, porém, preferia acompanhar o Mensageiro (s) na sua campanha. Muhammad (s) lhe disse: “Você não gostaria de ocupar a posição de Aarão perante Moisés? Fique sabendo que não haverá profeta depois de mim”9. Então, o exército muçulmano marchou com trinta mil combatentes até Tabuk, nos limites entre a Península Arábica e o império Romano. Os romanos ficaram com medo e se retiraram para dentro do território, dias antes da chegada dos muçulmanos. Assim sendo, o Mensageiro (s) retornou para Medina.

O Projeto da Imunidade

Durante o período da peregrinação10, no ano nove da Hégira, foi revelada a surata Attáuba

(O Arrependimento), abolindo todo tipo de politeísmo. O Mensageiro de Deus (s) ordenou a Abu Bakr que a transmitisse para quem havia sobrado entre os idólatras e aos que continuavam se dirigindo à Casa sagrada11, durante este período, para cumprir a peregrinação de seu jeito. Enquanto Abu Bakr estava a caminho, o Fiel Anjo Gabriel (As) apareceu com a ordem de Deus para o Mensageiro (s) designar Ali ibn Abi Tálib (As) como encarregado da transmissão. O Profeta (s) enviou uma missiva a Abu Bakr, ordenando-o a dar o documento que continha a surata sagrada para Ali (As).

Abu Bakr retornou triste e perguntou ao Mensageiro (s): “Foi revelado algo a

meu respeito?” O Mensageiro de Deus (s) respondeu: “não, mas fui ordenado a transmitir pessoalmente a mensagem ou encarregar alguém dos meus familiares12”.

Ali (As) seguiu para Meca e parou em Mina, onde leu a sagrada surata. Então, falou com voz alta: “não entrará mais na Caaba a não ser o crente

e ninguém circungirará a Caaba sem vestes. Quem tiver uma promessa do Mensageiro de Deus (s), esta expirará na data estipulada. Quem não tiver um pacto, tem o prazo de quatro meses”13. Com essa evidência, foi cerrada a última página do politeísmo em Meca Mukarrama e a Caaba voltou a ser dedicada somente a Deus, não sendo ninguém adorado ali além d’Ele e não sendo praticados naquele local sagrado a não ser os rituais de Sua magnífica religião.

8-Refere-se o autor, aqui, aos bizantinos - ou rumi, em árabe (nE).9-Musnad - Ahmad ibn Hanbal, pág. 330; Khassáis An Nassá’i, pág. 14; Tabaqát - ibn saad, vol. 3, pág. 14; Tarikh Baghdad, vol. 7, pág. 452.10-no 9º mês do calendário islâmico, denominado Zul-Hijja (nE).11-isto é, a Caaba (nE).12-Khassáis An Nassá’i, pág. 20; Sahih at Tirmizi, vol. 2, pág. 183; Ahmad ibn Hanbal em seu Musnad, vol. 3, pág. 283; Mustadrak Assahihain, vol. 3, pág. 51; e outros.13-Mohammad Hussain Haikal - Hayat Mohammad; Majlissi - Bihar al Anwar, vol. 21, capítulo: “A revelação da surata de Arrependimento”.

Disse o Imam Ali:“ Não estrará mais

na Caaba a nãoser o crente”

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Revista Islâmica Evidências - 31

A Peregrinação de Despedida

Quando o período da peregrinação chegou, no ano dez da Hégira, o Mensageiro de Deus convocou as pessoas para cumprirem a peregrinação e lhes informou que também cumpriria a sua. As pessoas se reuniram a ele vindo de todas as partes da península, formando um grupo de cerca de cem mil pessoas ou mais.

O Mensageiro (s) seguiu com aquela multidão na direção de Meca com a intenção de fazer a peregrinação. Eles entraram na cidade e executaram os rituais até chegar ao monte Arafat. O Mensageiro de Deus (s) parou a sua montaria e proferiu ali o seu famoso sermão. Terminando os rituais da peregrinação, o Mensageiro (s) pôs-se a caminho de volta para Medina, acompanhado por aquela multidão de muçulmanos. no caminho, no riacho de Khum, uma região próxima de Al-Jahfa, ao norte de Meca, foi-lhe revelado que apontasse Ali ibn Abi Tálib como seu sucessor.

O Mensageiro(s) fez os muçulmanos parar num cruzamento a partir do qual se separariam, o que significaria que, provavelmente, muitos não ouviriam nunca mais a sua voz. Ele ficou de pé numa local elevado para que todos o vissem e ouvissem. Louvou a Deus e disse: “Óh, gente, eu fui convocado e devo atender. sou responsável e vocês são responsáveis. O que dizem?”

Responderam: “Testemunhamos que transmitiu a mensagem, empenhou-se e

aconselhou. Que Deus o recompense por isso.”

Ele disse: “Vocês não testemunham, acaso, que não há outra divindade além de Deus? Que Mohammad é seu servo e Mensageiro? Que o Paraíso é certo? Que o inferno é certo? Que a morte é certa? Que a ressurreição é certa? Que a hora chegará incontestavelmente? E que Deus ressuscitará quem estiver nos túmulos?”

Responderam: “nós testemunhamos.”

Ele disse: “Óh, Deus, seja Testemunha disso.” Então disse: “Óh, gente, Deus me encarregou e eu sou encarregado dos crentes.

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L ançamento

32 - Revista Islâmica Evidências

não sou, acaso, o mais apropriado para dirigir os crentes do que eles mesmos? Pois, de quem eu sou mestre, Ali será seu mestre. Óh, Deus seja amigo de quem for amigo dele e inimigo de quem for inimigo dele”14 . Então, o Mensageiro (s) desceu e cumpriu uma oração de dois ciclos. Em seguida, o muezin fez o chamado para a oração do meio-dia e o Profeta (s) dirigiu a oração de seus companheiros.

A Última Recomendação

O principal objetivo do Mensageiro (s), após o seu retorno da peregrinação, era atacar os romanos15 , que ameaçavam o norte da nação islâmica. Ele começou a convocar um exército enorme para combatê-los, incluindo nele as tribos e os idosos entre os muhajirin16 e os ansar17, como Abu Bakr, Omar, Otman e outros. Ele nomeou como comandante do exército o jovem Ussama ibn Yazid ibn Háritha. Durante a preparação do exército, o Mensageiro (s) foi acometido por uma grave enfermidade e piorava cada vez mais. Mesmo naquela hora grave, ele confirmava a necessidade de despachar o exército de Ussama, sem a falta de ninguém. Alguns, porém, não quiseram obedecer ao pedido do Profeta (s), alegando que não gostariam de se separar do Mensageiro (s). nas suas horas derradeiras, ele se dirigiu aos companheiros que

estavam ali, dizendo: “Tragam-me tinta e papel para escrever-lhes um documento depois do qual não irão se desviar nunca.” Omar ibn Al Khattab estava entre os que se encontravam na casa e disse: “Ele está delirando. A dor o está castigando. nós temos o Alcorão, o Livro de Deus, que nos é suficiente.” Os presentes se desentenderam e as vozes se alteraram. Alguns diziam para se aproximar, pois o Mensageiro de Deus (s) iria escrever um documento; outros repetiam o que Omar disse. Quando o alvoroço cresceu e o desentendimento aumentou, o Mensageiro de Deus (s) disse: “Vão embora, não se deve pelejar na minha presença!” ibn Abbas, expressando a sua tristeza pelo que aconteceu, disse: “Desgraça, toda

desgraça foi o que nos separou do documento do Mensageiro de Deus (s)18.

O Mensageiro perdeu o sentido devido à intensidade da dor. Depois de recuperar a consciência, as pessoas lhe perguntaram: “Quer que lhe tragamos tinta e papel? O Mensageiro de Deus (s) recusou, dizendo: “Que Deus afaste quem vos proibiu. Porém, recomendo que

respeitem os meus familiares19.” Quando pressentiu que a sua hora havia

chegado, passou para Ali (As) todas as suas recomendações e, finalmente, deu o seu último suspiro no colo de Ali (As)20. Assim, a humanidade perdeu o mais importante orientador e o mais digno educador que os céus e a terra conheceram.

Ordenou oProfeta (S):

“ De quem eu sou o mestre, Ali será

seu mestre”

14-Tirmizi e nassá’i, de várias formas; Ahmad ibn Hanbal e seu Musnad, no qual o autor afirma que esse hadith foi relatado por trinta companheiros. Hadith também relatado por ibn Mája em seu Sahih no capítulo das “Virtudes dos Companheiros do Mensageiro de Deus”, pág. 12; relatado por Al Hákim e seu livro, vol.3, pág. 116, e outros. O hadith é consistente e mencionado por todos os narradores. Umaini, no livro “Al-Ghadir”, vol. 1, cita a narração do hadith baseado em 110 companheiros e 84 seguidores.15-isto é, os bizantinos (nE).16-Os emigrantes que acompanharam o Profeta (s) de Meca para Medina, durante a Hégira (nE).17-Os habitantes de Medina que apoiaram o Profeta (s) e os muçulmanos quando eles chegaram à cidade (nE).18-Sahih Al-Bukhári, capítulo “Do Conhecimento”, vol. 1, pág. 22; Sahih Muslim, vol. 2, pág. 14; Musnad Ahmad ibn Hanbal, vol. 1, pág. 325; Attabaqát Al-Kubra, vol. 2, pág. 244; Al Milal wan-Nihal, vol. 1, pág. 22. Para maior esclarecimento, consultar o Livro Sa’id Al-Mursalin, do xeique Jaafar as-sabháni, vol. 2, pág. 669.19-Al Majlissi, Bihar al Anwar, vol. 22, pág. 469, capítulo Irshad wa I’lam al Wara.20-Manáquib Al-Khawarizmi, baseado em Aicha. Al-Muhib Attabari, em Dakháira al-‘Akabi, pág. 73; Al Kanji Ash-Sháfi’i, no livro Kifáyat Attálib, pág. 133; Ahmad ibn Hanbal em seu Musnad, vol. 2, pág. 300.

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Revista Islâmica Evidências - 33

LJesus Cristo,

segundo o Alcorão Sagrado”, da autoria de

Sayyed Sharif Sayyed. Escrito em árabe em 1999, foi traduzido pelo Dr. Jamil Iskandar em 2007, e revisado pelo Prof. Samir El Hayek, sendo impresso no mesmo ano.

O Livro é composto de 111 páginas, formato 16x23. Ele aborda os mais impor-tantes assuntos pertinentes à vida de Jesus (a.s.). esclarecendo a posição de Jesus no

Pode ser adquirido pelo telefone (11) 3326-8096 ouse prefirir pelo e-mail: [email protected]

Alcorão Sagrado, mostrando a opinião dos muçulmanos a seu respeito, descrevendo a forma do nascimento de Maria, João e Je-sus (a.s.). Discute, por intermédio do Alcorão e os Quatro Evangelhos, a questão da filia-ção de Jesus, da Trindade, da Crucificação, o anúncio da vinda do Profeta Mohammad (Que Deus o abençoe e lhe dê paz).

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Jesus Cristo segundo o Alcorão Sagrado

Jesus Cristo segundo o Alcorão Sagrado

ançamento

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Parte5

se a salvação, e a justiça frutifique juntamente; eu, o senhor , as criei. Ai daquele que contende com o seu Criador! O caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: que fa-zes? Ou a tua obra: não tens mãos?”

O monoteísmo está especificado nestes ver-sículos bíblicos. A Unicidade da Divindade, da soberania. Talvez seja o que resta da revelação correta. O texto citado não traz prova da Unicida-de, nem determina seu significado, mas abrange

Qual é a religião?

emos em isaías, 45:5-9: “Eu sou o se-nhor, e não há outro: fora de mim não há deus; Eu te cingirei ainda que tu me não conheças. Para que se saiba desde o nascimento do sol, e desde o poente, que fora de mim não há outro: Eu sou o senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e

crio o mal; eu, o senhor, faço todas essas coisas. Destilai, óh, céus, dessas alturas, a terra, e produza-

L

O Monoteísmono LivroSagrado

O Monoteísmono LivroSagrado

34 - Revista Islâmica Evidências

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Revista Islâmica Evidências - 35

um aspecto que está conforme o que a inteligên-cia entende e a natureza indica.

A Crença na Trindade

De qualquer forma, quem acredita no que foi revelado acima e confessa a sua prova, não tem o direito de dizer: “no Princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez.” (João, 1:1-3).

Ou dizer: “Porque três são os que testifi-cam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito san-to; e estes três são um.” (João i, 5:7).

Ou afirmar: “Todavia para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vi-vemos; e um só senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por Ele.” (i Aos Co-ríntios, 8:6).

Quem aceita o que foi revelado no trecho citado inicialmente, não tem o direito de crer nesses textos e aceitar a sua veracidade, nem pode acreditar que: “(...) subiram Moisés e Aa-rão, nadabe e Abiú, e setenta dos anciões de israel, e viram o Deus de israel, e debaixo de seus pés havia como uma obra de pedra de safira, e como o parecer do céu na sua cla-ridade. Porém, ele não estendeu a sua mão sobre os escolhidos dos filhos de israel; mas viram a Deus, e comeram e beberam.” (Êxo-do, 24:9-11).

Ou em isaías: “Eu vi o senhor assentado sobre um alto e sublime trono; e o seu séquito enchia o templo. Os serafins estavam acima dele; cada um tinha seis asas.” (isaías, 6:1-2). Quantos daqueles que viram Deus e foram ci-tados nos Dois Testamentos ouviram as suas palavras e comeram e beberam com Ele?!! Em outro trecho, a própria Bíblia diz: “Deus nun-ca foi visto por alguém.” (João, 1-18).

A natureza confirma e o argumento do homem prudente conforma com a crença de que o Criador do Universo existe por si. Como se pode imaginar, que seja “três”? Como os três podem ser um? será que as unidades dos três são independentes e cada um existe por si? será que são três pessoas que for-mam uma só existente por si? será que são três pes-soas diversas, opostas, que se fundem, se dissolvem e desaparecem em seus limites, apagando suas dis-tinções, tornando impossível a sua realidade até que voltem a ser um único, sem diversidade nem com-posição? Serão três deuses na figura de Pai, Deus em forma de Verbo, Deus em forma de Espírito santo?

será que é um que se desmembra de dois ou dois que se decompõe em um? será que a sua uni-dade se estende a todos e consolida sobre eles a sua

autoridade? Ou o quê? Como é possível? Todas essas suposições são ra-cionalmente rejeitadas pelo intelecto, por con-siderá-las impossíveis e contrárias à necessidade de Existência Absoluta. são contrárias à neces-sidade de Existência porque indicam diversi-dade e composição. são contrárias à necessidade de Existência porque exigem limites e fins.

são contrárias à necessidade de Existência porque exigem mudanças e inversões.

O Alcorão e a Crença na Trindade

no islamismo, o Deus do Universo não é um corpo, não é composto, nem limitado, não se encontra em determinado lugar, nem necessita de nada. Esta é uma dedução lógica e insubstituível. Em resposta a essas alegações, o Alcorão diz: “São blasfemos aqueles que dizem: Deus é o Messias, filho de Maria, ainda quando o mes-mo Messias tenha dito: Ó israelitas, adorai a Deus, Que é meu Senhor e vosso. A quem atri-buir parceiros a Deus, ser-lhe-á vedada à en-trada no Paraíso e sua morada será o fogo in-fernal! Os iníquos jamais terão socorredores.

No Islamismo, Deus

não tem corpo, não é

composto, limitado e

não necessita de nada

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São blasfemos aqueles que dizem: Deus é um da Trindade! Porquanto não existe divinda-de alguma além do Deus Único. Se não desis-tirem de tudo quanto afirmam, um doloroso castigo açoitará os incrédulos entre eles. Por que não se voltam para Deus e imploram o Seu perdão, uma vez que Ele é Indulgente, Misericordioso? O Messias, filho de Maria, não é mais do que um mensageiro, do nível dos mensageiros que o precederam; e sua mãe era sinceríssima. Ambos se sustentavam de alimentos terrenos, como todos. Observa

como lhes elucidamos os versículos e obser-va como se desviam (aqueles que ouvem os mensageiros). Pergunta-lhes: Adorareis, em vez de Deus, ao que não pode prejudicar-vos nem beneficiar-vos, sabendo que Deus é o Oniouvinte, o Sapientíssimo?” (Alcorão sa-grado, 5:72-76).

Que é isso? são paixões que deslizam com o homem para o perigo extremo, para o fundo do poço: “Deus é o Messias, filho de Maria (Era o Verbo de Deus)! Deus é um dos três: (Pai, o Verbo e a Espírito santo, e os três são um só)!”.

O Messias nasceu sem o concurso de pai e o seu nascimento é incomum? O Alcorão atesta isso. As-sim como Adão e Eva, que também nasceram sem o concurso de pai e mãe. Os Livros Sagrados confir-mam isso. Por que não se-riam eles também deuses, e fariam parte de cinco, ou quantos deuses a imagina-ção quiser? “O exemplo de Jesus, ante Deus, é idêntico ao de Adão, que Ele criou do pó; então lhe disse: Sê!, e foi.” (Al-corão sagrado, 3:59). Ale-gam, contudo, que Jesus (a.s.) os orientou que eles teriam, portanto, obriga-ção de acreditar nele. Mas, isso não passa de mentira, que foi explicada pelo no-bre Mensageiro de Deus (s): “O Messias disse: Óh, israelitas, adorai a Deus, Que é meu Senhor e vosso. A quem atribuir parceiros a Deus, ser-lhe-á vedada à entrada no Paraíso e sua mora-da será o fogo infernal! Os iníquos jamais terão socorredores.” (Alcorão sagrado, 5:72).

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Os Evangelhos e o Messias

Não é só o Alcorão que confirma a mensagem do Messias (a.s.). O texto dos Evangelhos também o fazem. Em Marcos, por exemplo: “Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido dis-putar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhes: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, óh, israel, o se-nhor, nosso Deus, é o único senhor. Amarás, pois, ao senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças: este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este é: Amarás o teu próxi-mo como a ti mesmo. não há outro mandamento maior do que estes.” (Marcos, 12:28-31).

Muitas passagens dos Evangelhos informam que Jesus (a.s.) recorria a Deus em suas tarefas. suplicava a Ele, pedia ajuda d’Ele, orava para Ele. O Messias (a.s.), como mensageiro, teve ou-tros mensageiros antes dele; sua mãe foi sincera e antes dela houve outras mulheres sinceras e ou-tros homens sinceros. Como mereceriam aquela posição sem ser precedidos de mensageiros e pes-soas sinceras? Ambos se alimentavam. Portanto necessitavam de sustento. Como, então poderiam ser deuses? não é Deus, como dissemos, o Auto-Suficiente? Não significa isso que Ele de nada necessita, sob nenhum aspecto? “Dize: Tomareis por protetor outro que não seja Deus, Criador dos céus e da terra, sendo que é Ele Quem vos sustenta, sem ter necessidade de ser sustenta-do?”. (Alcorão sagrado, 6:14).

A Adoração Somente a Deus

Somente ao Magnífico Deus, Criador do Uni-verso, o Onifeitor, em cujas Mãos está o bem e o mal, o dar e o restringir, a vida e a morte, merece a adoração e a divinização. A submissão à sua von-tade é a questão natural que deve ser e terá de ser.

Todo o Universo, com tudo o que nele está contido, está submetido à sentença de Deus, obe-dece à suas regras. O próprio homem está sub-metido, obedece à sua sentença em seus aspectos naturais e não consegue a não ser a submissão e a obediência. Como não poderia se submeter quan-

do tem de escolher entre as leis instituídas por Deus para a sua felicidade e a sua perfeição, nas diversas fases de seu desenvolvimento humano?

A adoração, a divinização e a submissão são a confissão efetiva, com atos e palavras, ao Agra-ciante, pela sua graça e mercê. Mesmo assim, contudo, a graça incalculável não é suficiente-mente agradecida, muito menos a mercê que cer-cou esse ser antes de existir e continua cercando-o após a sua morte. Essa é a lógica da natureza, que não embaraça o ser humano. Por isso, quem o ho-mem diviniza não lhe concede nenhum bem ou mal, nem consegue conceder isso a si mesmo. Os Evangelhos dizem que o Messias gritou, quando estava na cruz: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste?” (Mateus, 27-46; Marcos, 34:15).

Essa é a resposta do Alcorão sagrado a res-peito da péssima alegação da Trindade. Quanto à suposição dos idosos de israel, de que teriam visto Deus no Monte Sinai, o Alcorão afirma, para desmenti-la: “E de quando dissestes: ‘Óh, Moisés, não creremos em ti até que vejamos Deus claramente!’ E a centelha vos fulminou, enquanto olháveis”. (Alcorão sagrado, 2:55).

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Jurisprudência

Para cada acontecimento,

uma Sentença

parte 5

Os textos da Lei islâmica e seus con-ceitos gerais inspiraram os juristas e

pretação corretamente guiada do espírito da lei e esclarece a sua realidade.

Pesquisando a origem dessa base e o alcance de seu raio, encontramos, no Alcorão e na sunna pro-fética, muitas referências a ela. Aqui, porém, vamos registrar um texto do imam Jaafar Assádiq (As) que confirma o significado desse tema. Ele disse: “nada há que não esteja no Livro ou na sunna¹”.

Essa base tem uma influência ideológica e le-

os especialistas a formular um preceito que constitui a base da jurisprudência: “Todo acontecimento tem uma sentença de Deus”. Trata-se de uma orientação que leva à inter-

No Âmbito dasleis islâmicas

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gislativa ampla, que colabora na evolução da vida dos muçulmanos e no desenvolvimento de suas ati-vidades, levando o indivíduo a adaptar sua conduta à lei islâmica e, dessa forma, permitindo o estreita-mento dos laços entre o muçulmano e seu Criador.

Essa base ampla e profunda confirma que não há intenção, ato ou ação vinda do homem, quer seja boa ou má, benéfica ou maléfica, indivi-dual ou coletiva, sem que o islã tenha opinião a respeito, descrevendo-a como ilegal, obriga-tória, permitida, aconselhável ou desacon-selhável. Cada ato praticado pelo ser huma-no, por menor ou maior que seja, deve ser classificado em uma dessas cinco categorias e, a seu respeito, deve ser proferida uma sen-tença no islã. É necessário que o islã tenha opinião a respeito dele, circunscrevendo-o ao seu círculo legal.

Essa abrangência fornece ao muçul-mano uma medida ampla com que mede os seus atos e os avalia, antes de praticá-los.

Essa amplitude legislativa ajuda na dis-ciplina da conduta, na proteção da sociedade da frivolidade e da anarquia, traçando para o homem o caminho do esclarecimento legal que o ajuda na prática e conservação dos direitos, das responsabilidades e interes-ses, protegendo-os da corrupção. Assim, cresce nele o conhecimento legal e mo-ral, criando-se o espírito de responsabi-lidade e disciplina, estabelecendo suas obrigações e responsabilidades legais em relação a esse ato ou àquele.

O indivíduo analisa cada ato ou assunto e verifica a opinião le-gal a seu respeito. se achar que é obrigatório, por exemplo, obri-ga-se a executá-lo e a cumprir tudo o que se vincula a ele, em termos de condições e circuns-tâncias, executando-o com res-ponsabilidade e da melhor for-ma possível. se for proibido, rejeita-o e se afasta tanto dele como de tudo que leva a ele ou tenha com ele envolvimento e relação. se considerar o ato

ou assunto permitido, dá a si o direito de fazê-lo ou não e prática o que ele achar melhor. se achar que é desaconselhável ou aconselhável, ele é livre, também, para praticá-lo ou não. im-pulsionado pelo cuidado de alcançar a perfei-ção da crença e a recompensa, é necessário ana-lisar qual a melhor opção e treinar a si próprio a praticar os atos aconselháveis e abandonar os desaconselháveis.

1-ALKULAINI. Al-Ussul Min Al-Káfi, vol. 1, p. 59, editado em 1388 A.H.

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Quem de nós recita o Alco-rão e passa pelas suas narrati-vas, que informam sobre acon-tecimentos verdadeiros que se deram em épocas e locais di-ferentes da história, além de se deliciar com seu estilo extraor-dinário, fica maravilhado quan-do vê os valores e os princípios que estão por trás das impor-tantes mudanças ocorridas na vida humana, com o passar dos tempos.

As narrativas do Alcorão sagrado, esse Livro orientador, não tratam apenas do que aconteceu em épocas remotas, mas do pre-sente e do futuro também. Quando fala do homem distante, nem o tempo nem o lugar mudam o conteúdo, a essência da mensagem. Alteram-se apenas o método de interpretação e o modo de vida.

Quando qualquer um de nós necessita tomar uma posição em si-tuações difíceis, que podem mudar completamente a marcha de nossa vida, a narrativa alcorânica nos ajuda nisso. Verificamos que suas po-sições são claras, sem ambigüidade. Elas representam os dois lados da luta: do bem e do mal, da justiça e da injustiça, da reforma e da corrupção, da firmeza e do desvio. Mostram, também, a conseqüência de cada posição, as circunstâncias que as cercam, as influências delas e geradas por elas. A narrativa alcorânica, ao ser lida, gera em nós uma

Narrativas do

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42 - Revista Islâmica Evidências

simpatia completa pelo herói e pela pessoa do bem e uma perturbação automática em relação ao elemen-to negativo e à pessoa criminosa.

O curioso é que essa comparação entre os modos de agir e pensar das pessoas e a natureza da sua posição não estão incluídos numa só narra-tiva, mas se destacam em várias delas. Encontra-mos um método numa das narrativas e seu oposto em outra. Porém, o diálogo permanece vivo. só temos de permitir que essas nobres narrativas fa-lem às nossas vidas e ver que permanecem vivas, vivendo entre nós mais uma vez.

O Primeiro Método

A Narrativa a Respeito de Abel e Caim-A Luta Entre o Bem e o Mal

foi. Essa é uma chamada alcorânica quanto à ne-cessidade de precisão na transmissão de qualquer acontecimento, porque não seria possível sermos precisos a respeito do que ouvimos sem que os acontecimentos em relação a nós sejam precisos.

2. A narrativa possui duas cenas: uma quanto ao ritual, que fala sobre as oferendas. Parece, como consta em algumas exegeses, que Adão (a.s.) ensi-nou aos filhos para se aproximar, com seus atos e promessas, de Deus, o Altíssimo, oferecendo certa caridade como oferenda, visando que Deus aceita um ato em particular. É uma cena que inicia de ma-neira tranqüila, mas os acontecimentos alcançam o extremo e deságuam em assassinato.

A primeira cena:

É resumida pelas palavras do Altíssimo: “... quando apresentaram duas oferendas; foi aceita a de um e recusada a do outro.” (Alcorão sagrado, 5:27). Algumas exegeses explicam que Abel ofereceu um carneiro gordo e Caim ofereceu algumas espigas de trigo. Abel ofereceu o que tinha de melhor, enquanto o irmão ofereceu o que tinha de pior. Parece que a oferenda de cada um reflete a personalidade deles. Talvez Caim pudesse também ter oferecido um carneiro gordo, como fez o irmão. Porém, foi avarento, esquecendo que estava tratan-do com Deus, com Quem não se pode ser avaren-to, porque Ele é o Agraciante de tudo. Certamente, nem o carneiro, nem o trigo lhe seriam de alguma valia. nas oferendas da peregrinação, Deus deseja que sejam atendidos os pobres e os famintos: “Nem suas carnes, nem o seu sangue chegam até Deus; outrossim, alcança-o a vossa piedade” (Alcorão sagrado, 22:37). Essa é a condição principal da ofe-renda: “Deus só aceita (a oferenda) dos piedosos.” (Alcorão sagrado, 5:27).

sabemos que a relação de piedade, marcada, por exemplo, por um pedido, tem como contrapar-tida a oferenda para a satisfação de Deus. isso indi-ca sentimento de consideração e respeito do servo em relação a Deus, o Altíssimo. sabe-se, também, através da experiência empírica, que quem ama mais oferece mais, se tiver posse para isso. Por isso, a avareza com Deus é avareza quanto à dádiva d’Ele: “e fazei caridade daquilo que Ele vos fez herdar.” (Alcorão sagrado, 57:7). É um sinal de ne-gligência quanto à posição de Deus, exaltado seja.

1. Deus, Altíssimo, diz: “E conta-lhes (óh, Mensageiro!) a verdadeira história dos dois filhos de Adão” (Alcorão sagrado, 5:27). É um convite para a narração correta do caso, sem altera-ção, nem acréscimo nem diminuição. É um pedido ao Profeta (s) para falar do acontecimento, como

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Revista Islâmica Evidências - 43

Abel não teve culpapor Deus ter aceito

a sua oferenda.

A segunda cena

É referida pela narrativa de Deus, o Altíssi-mo: “Juro que te matarei!” (Alcorão sagrado, 5:27), ou seja, as palavras de Caim.

As palavras de Abel foram: “Deus só aceita (a oferenda) dos piedosos.” E acrescentou: “Ainda que levantasses a mão para as-sassinar-me, jamais levan-taria a minha para matar-te, porque temo a Deus, Senhor do Universo” (Al-corão sagrado, 5:28). Essa cena quanto ao diálogo re-sume a identidade dos dois irmãos e a natureza ideológica e psicológica de cada um.

Caim: invejoso, rancoroso, reacionário, se-gue o seu instinto e tenta aliviar a sua inveja e

rancor matando o irmão. Por isso, é considerado ignorante, desconhece que a aceitação e a rejei-ção estão na Mão de Deus, não do irmão. Abel não tem culpa de ter Deus aceito a sua oferen-da e rejeitado a oferenda do irmão. Pode ser que

Caim soubesse disso, mas a sua inveja o cegou, impe-dindo que enxergasse a luz da verdade, mesmo que ela estivesse brilhando.

Quanto a Abel, tinha conhecimento de Deus. Ele estava consciente de que a aceitação depende da pieda-de, ou seja, que a ação deve ser inteiramente para Deus e para pedir a sua satisfação.

Ele não reagiu de forma provocativa, mas utilizou a sua razão e a sua religião para analisar as questões. Por saber que o assassinato, para Deus, é um ato péssimo, não quis brigar com o irmão.

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As lições da narrativa

Fatos como os relatados pelo Alcorão sagra-do podem acontecer entre dois irmãos, dois ami-gos, duas pessoas quaisquer, e pode-se tirar deles a seguinte lição:

1. A crença não é mera idéia íntima, apenas, mas constitui em ato externo, também.

2. A crença e a inveja não se coadunam, são antagônicos. O crente deseja o bem das pessoas e o invejoso deseja o mal dos outros. Por isso, lemos na tradição: “A inveja devora a fé como o fogo devora a lenha.” se a pessoa for crente, isso significa que ela deseja aos outros o que Deus deseja também a eles.

3. Conter a cólera, não reagir à provocação e não pagar com a mesma moeda em situações de poder não significam debilidade ou derrota. Ou-trossim, são decisões que indicam força de vonta-de, domínio das reações instintivas; mostram a força e a retidão da per-sonalidade, constituindo meios de elevação e su-blimidade, levando à pa-ralisia do atendimento às reações negativas.

4. O diálogo racio-nal significa evitar o uso de linguagem violenta e da força. A questão, nesse caso, não é força contra força, ou rendição numa luta. Pressupõe, do contrário, uma discussão ra-cional e ponderada, para se chegar à verdade. A violência, nessa situação, é o método dos fracos, dos derrotistas, que não desejam se convencer, apesar do argumento estar claro, como foi a fala de Caim.

5. A nossa posição quanto às duas persona-lidades da narrativa é tendermos para o lado da vítima (Abel), porque acreditamos na sua ino-cência e na boa intenção, na nobreza de sua po-sição, no seu afastamento da cólera de Deus pela matança de pessoas inocentes.

Consideramos a posição de Caim como a posição dos tiranos, que só conhecem os mé-todos da força, da violência e da matança. são métodos rejeitados pelo bom senso, que estão de acordo com a condição das feras selvagens,

que não possuem capacidade para a compreen-são e o diálogo.

A posição de Abel é a posição do bem, da não-violência e do desejo da paz. A posição de Caim é a posição de terrorismo, corrupção e apa-voramento.

A aplicação prática da narrativa

As situações de conflito entre o bem e o mal, entre o agraciado e o privado, entre os jovens e as jovens são muitas. Dentre elas, podemos citar:

Um aluno se vinga de outro porque este o supera na classe ou porque chama a atenção e obtém a consideração de seus professores. A situação não necessita de vingança. O aluno destacado deve ter se empenhado muito e, as-sim, obteve destaque e notas altas. se o aluno

vingativo ou que deseja que o destaque do outro cesse tivesse se empenhado, teria chegado ao mesmo resulta-do ou, até mesmo, a um grau mais elevado que o seu co-lega.

Um jovem se vinga de outro porque conseguiu co-nhecer uma boa jovem, de família digna. O pai dela concordou casá-la com ele.

Antes disso, a mesma família havia rejeitado casá-la com esse outro jovem, porque estavam convencidos da falta de conveniência. Por isso, o jovem rejeitado tenta descarregar a sua ira, vingando-se do jovem aceito. se o jovem que deseja a vingança pensasse um pouco, veria que o jovem aceito não teve culpa na questão. Ele ingressou na casa pela porta principal e foi rece-bido com boas-vindas e respeito, porque viram nele características louváveis para casarem-no com sua filha. Características que não tinham visto no outro. Porém, a inveja e o rancor cego não permitem que o autor enxergue com a ra-zão, mas com os olhos do instinto violento.

Talvez uma pessoa se vingue de um de seus amigos porque este se aproximou de ou-tro, em quem percebeu generosidade e amabi-lidade. Ela procura, então, se vingar deste ter-

Conter a cóleraindica força, retidão

e sublimidade.

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Revista Islâmica Evidências - 45

ceiro, por achar que é seu rival, difamando-o, dizendo dele coisas injuriosas, para fazer com que o amigo que o abandonou deixe o outro. isso constitui em agressão contra uma pessoa inocente, como observamos.

Uma jovem se vinga de outra, que pode ser sua amiga, parente ou colega, pelo mesmo motivo anterior, principalmente se algum jo-vem se apresentar para pedir a mão da outra, rejeitando-a, sem que a outra saiba do ocorrido. A primeira ofende a outra, difamando-a para o noivo. Ela faz isso porque vê na outra sua rival. Talvez sinta, sob a pressão da inveja cega, que a outra roubou o noivo dela. Em vez de pedir explicação ao noivo, castiga a noiva inocente, como Caim castigou Abel.

Essas situações ou condutas, semelhantes à que marcou o relacionamento entre Caim e Abel, surgem em pessoas cegas pela inveja. ne-las, o rancor fecha as janelas do pensamento, fazendo-as ver apenas as trevas da vingança.

Para extrairmos essa narrativa de seu cír-culo histórico, pois aconteceu na alvorada da humanidade, devemos aplicar esses conceitos e exemplos em nosso cotidiano. É preciso que os jovens e as jovens leiam as narrativas do Alcorão, principalmente aquelas que se re-ferem a tipos antagônicos. Então, devem fazer a seguinte pergunta: “se eu fosse um dos dois, quem eu seria? Caim ou Abel? Que atitude deveria tomar? Atitude de violência ou de di-álogo?” Com isso, consegue-se saber se uma pessoa pertence à categoria dos que seguem o caminho do bem ou do mal.

O rancor fecha asjanelas do pensamentoe abre as da vingança.

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Décimo Segundo Imam In-falível da Casa Profética nasceu em 15 de Chaaban do ano 255 A.H. Com o seu nascimento, despontou a es-perança dos torturados e per-seguidos no mundo. Seu pai foi o Imam Al-Hassan Al-Askari (AS) e sua mãe uma mulher pura, chamada Nur-

jus, descendente de Cham’un Assafa, um dos Apósto-los de Jesus (AS).

O Mahdi (AS) é o último dos imames da família profética (AS). O seu avô¹, o Nobre Profeta Moham-mad (S), em tradições fidedignas disse que: “Ele fará prevalecer a justiça e o direito na terra, depois de ter prevalecido a injustiça e a tirania.”

Seu nome é Mohammad e seu título é Al-Mahdi – que significa “O Bem Guiado”. Sua alcunha é Abul Qassem – ou “Pai de Qassem”. Ele leva o nome do Profeta (S) e a sua alcunha lembra a Mensagem de seu Nobre Avô (S).

É a criança a respeito da qual houve uma ordem de

O Imam Mohammad Al Mahdi (As)

Ó Mahdi, Ilumina o nosso Mundo!prisão antes de seu nascimento. Os espiões estavam sempre à espreita de sua vinda ao mundo. Porém, Allah o salvou, como salvou o profeta Moisés (AS) do Faraó e o profeta Abraão (AS) das mãos de Nemrod.

Os abássidas estavam muito preocupados com seu nascimento. Por isso, coloca-ram a casa do Imam Al-Hassan Al-Askari sob forte vigilância. Após a sua morte, ela foi inva-dida, porém os espiões invaso-res nada encontraram.

O Imam Al-Askari (AS) havia tomado todas as provi-dências necessárias, protegen-do o recém-nascido com um esquadrão secreto, formado por pessoas nas quais confiava e das quais obteve a promessa de não revelarem estes fatos

O

1 - Na verdade, seu antepassado distante, anterior em 12 gerações. Na tradição árabe, é comum denominar um descendente distante de “filho” ou “neto”.

Boa Guia

46 - Revista Islâmica Evidências

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para ninguém.Quando o seu pai, o Imam Al-Hassan Al-Askari

(AS) faleceu, no ano de 260 A.H., O Imam Al-Mahdi (AS) tinha cinco anos de idade. Pela anuência de Deus ele se tornou Imam ainda jovem, como aconteceu com o Profeta João (AS) ao receber o dom da profecia. Deus lhe concedeu a sabedoria, mesmo jovem, como o fez com Jesus (AS), quando ainda no berço.

O governo abássida temia e, por isso, não suporta-va a presença do Imam Al-Hassan Al-Askari (S). Por isso, envenenou-o, levando-o à morte como mártir. A fama do Imam pasmou o califa, pois os mercados de Samarrá² paralisaram diante de seu falecimento e o pú-blico em geral compareceu para homenageá-lo, com os corações tristes e olhos cheios de lágrimas.

Os espiões observavam tudo para verificar se poderiam ver algum sinal da presença do Imam Al-Mahdi (AS), sem sucesso. Essa foi a oportunidade para Jaafar, o mentiroso, irmão de Al-Askari (AS) declarar-se Imam.

O governo abássida supervisionou a partilha da he-rança do Imam Al-Askari (AS), deserdando o Mahdi. Quando Jaafar, o mentiroso, alegando o imamato e apro-veitando a oportunidade, adiantou-se para praticar a ora-ção fúnebre pelo irmão, o jovem abençoado frustrou a conspiração, aparecendo repentinamente. Ele vedou o tio de praticar a oração fúnebre pelo pai, praticando-a ele mesmo, marcando sua presença diante das pessoas. Em seguida, desapareceu repentinamente, deixando perple-xos os agentes governamentais presentes.

O Nascimento da Esperança

Hakima visitou o sobrinho, o Imam Al-Hassan Al-Askari, e permaneceu com ele por um tempo. Quando quis deixar a casa, o Imam (AS) pediu a ela para perma-necer, informando-a que Nurjus iria dar à luz, naquela noite, o abençoado filho. Hakima estranhou porque não viu sinais de gravidez em Nurjus. O Imam (AS) disse: “Na hora da alvorada ela irá dar à luz, porque acon-tece com ela o que aconteceu com a mãe de Moisés.

Por não ter sinais de gravidez, ninguém ficou sabendo até o tempo de seu nascimento, pois o Faraó costumava cortar os ventres das grávidas, à procura de Moisés. E este meu filho é parecido com ele.”

Hakima ficou observando durante a noite inteira a esposa do sobrinho. Antes do despon-tar da aurora, Nurjus começou a sentir os sinais do parto. Hakima foi sua parteira.

Nurjus

Jovem romana³. Era filha dos césares. O Cesar, seu avô, quis casá-la com o seu sobri-nho. Durante o casamento, as cruzes caíram. Cesar achou aquilo de mau agouro e anulou o casamento.

Na época, eclodiu a guerra entre os romanos e os muçul-manos. Nurjus caiu prisioneira e foi levada para Bagdá, onde foi exposta. Bichr Al-Ansári saiu de Samarrá para Bagdá, com ordem do Imam Al-Hádi (AS) para comprar uma cativa, cujas características o Imam (AS) lhe forneceu. Ao ver as cativas, Bichr viu que Nurjus era que mais parecia com a descrição do Imam (AS). Du-rante o caminho, Nurjus re-velou a sua identidade, como sendo a neta de César. Ela des-creveu os acontecimentos que levaram ao seu cativeiro.

2 - Cidade situada no atual iraque (nE).3 - Mais precisamente, bizantina (nE).

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Depois de um tempo, Al-Hádi (AS) casou Nurjus com seu fi-lho, Al-Hassan (AS). Foi assim que Deus determinou que essa mulher levasse no ventre um jovem cujo nascimento havia sido anunciado pelos profetas.

A Vida do Imam Al-Mahdi (AS)

A vida do Imam (AS) divi-de-se em três etapas:

Primeira: Do seu nasci-mento até o falecimento de seu pai, o Imam Al-Hassan Al-Askari (AS), quando en-tão tinha cinco anos de idade. Durante esse tempo, o Imam (AS) guardava o filho, só per-mitindo vê-lo alguns amigos e parentes. Ele tinha receio de que as notícias sobre o meni-no chegassem aos abássidas e seus espiões, que estavam vi-giando a casa.

Segunda: A partir do mar-tírio do Pai (AS), quando apa-receu repentinamente e prati-cou a oração fúnebre por ele, para confirmar a sua presença. Seu tio, Jaafar, quis aproveitar a oportunidade e se declarar Imam, após a morte do irmão.

Essa etapa, conhecida como “Ausência Menor”, du-rou setenta anos. Durante ela, o Imam (AS) comunicava-se com as pessoas por intermé-dio de um embaixador, que ele nomeava. Quatro pessoas se sucederam nessa função:

1. Osman Ibn Said; 2. Mohammad Ibn Osman; 3. Al-Hussain Ibn Rauh; 4. Ali Ibn Mohammad Assamarri.

Essa fase terminou com o falecimento do último embaixador, no ano de 329 A.H. Antes de seu morte, Assamarri anunciou o encerramento do período de em-baixadas e o ingresso do Imam Al-Mahdi numa nova etapa de sua vida: a “Ausência Maior”.

Terceira: Inicia-se em 329 A.H. e é conhecida como “Ausência Maior”, continuando até hoje. Ela perdurará até o momento em que Deus permita o res-surgimento do Imam (AS) e sua Mensagem, quando será aplicada a justiça, a qual a humanidade espera an-siosamente. Então, as guerras e a maldade cessarão e o bem se espalhará por todas as regiões da terra. Durante esse longo período, acontecerão vários encontros do Imam (AS) com as pessoas, entre elas cientistas, go-vernantes e pessoas comuns.

Nas Escrituras Sagradas há muitos testemunhos da existência do Imam Al-Mahdi (AS). Ele tem uma vida normal, mas dissimula a sua identidade até a épo-ca propícia para aparecer e exercer a sua função divi-na, de estabelecer a justiça na terra. Os xiitas, ou seja, aqueles que seguem a Família Profética4 (AS), deno-minam o Imam Al-Mahdi de “O Esperado”5, ou seja, o Líder e Guia que as pessoas esperam aparecer. Os mu-çulmanos acreditam que isso ocorrerá porque o Profeta Mohammad (S) anunciou o seu aparecimento. Muitos companheiros do Nobre Mensageiro (S) relataram que o ouviram dizer: “Aparecerá nos fins dos tempos um homem da minha estirpe, com o meu nome e a minha alcunha, que espalhará a justiça na terra.” Como o ou-viram dizer: “Al-Mahdi é da minha descendência e da descendência de Fátima”6.

A idade do Imam

A idade do Imam Al-Mahdi hoje é, portanto, de 1.175 anos. A pergunta que se faz aqui é: Como uma pessoa pode viver todos esses anos?

Resposta: A Deus nada é impossível. O profeta Noé (AS) viveu um longo tempo. O Alcorão cita que ele ficou 950 anos com o seu povo, sem contar os anos anteriores à sua missão e o tempo em que ele viveu

4 - Ahl Al-Beit (nE).5 - Al-Muntazar (nE).6 - Fátima Azzahrá (AS), a filha do Profeta (S), de quem descendem os 12 Imames Infalíveis (NE).

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depois do dilúvio. Quando lemos o Alcorão, verifica-mos a história do Profeta de Deus, Jonas, que foi en-golido pela baleia. Deus, glorificado seja, disse: “E se não se tivesse contado entre os glorificadores de Deus, teria permanecido no ventre dela até ao Dia da Ressur-reição.” (37:143-144). Temos, também, a história do Profeta Jesus, filho de Maria (AS). Quando os judeus quiseram matá-lo, Deus o elevou até Ele e seus inimi-gos crucificaram uma pessoa parecida com ele, como o Alcorão nos ensina.

A Justiça

A terra está repleta de seres que Deus criou. O Altís-simo estabeleceu nela tudo o que proporciona felicidade ao ser humano: inúmeras dádivas e belezas. A chuva cai todo ano, tornando a terra verde, fazendo as borboletas voltarem alegres com o retorno da primavera.

O homem, porém, quando dá ouvidos a Sata-nás e segue os seus passos, transforma tudo em destruição. Os campos verdes são incendiados e transformados em cinzas, devido aos males das

guerras. As crianças - mais belas que as aves e as bor-boletas - são assassinadas. As pessoas passam fome e os seguidores de Satanás jo-gam o trigo no mar por so-brar no mercado ou porque os preços não são atraentes. Os cientistas passam a vida fabricando armas bacte-riológicas e nucleares, que espalham doenças e matam inocentes.

Enfim, o mundo está re-pleto de corrupção, injustiça e perseguição. Os seres hu-manos esperam alguém que os livrará da injustiça, os sal-vará da corrupção e do desvio, proporcionando-lhes uma vida digna, plena de felicidade, ale-gria e esperança.

“Ó Abu sálih Al Mahdi (O Orientador)”

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O Cris tianismontre o Cristianismo e o Nestorianis-mo¹ está a religião de Cristo (a.s.). O nascimento e crescimento de Je-sus, filho de Maria (que a paz este-ja com ambos), os aspectos de sua vida e os milagres que realizou têm seus defensores ideológicos, teóri-E

cos e até políticos. Ao longo da história, multiplicaram-se as opiniões de seus seguido-res, a sociedade cristã se di-vidiu em grupos e seitas, que se dividiram ainda mais com o passar do tempo e em dife-rentes locais. Alguns grupos terminaram por assumir um papel de protagonista, rea-gindo ao movimento geral, reprimindo, por meios até mesmo violentos, os grupos com visões di-ferentes a respeito de questões dogmáticas.

Consideramos aqui importante co-

nhecer alguns

Por Sayyed Sharif Sayyed Al-AmilyReligiões comparadas

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Ao longo de sua missão, o Profeta Jesus (a.s.) teria arregimentado doze apóstolos, que enviou como embaixadores para as diversas re-giões do Oriente Próximo com a missão de di-vulgar a sua religião. Quatro deles, os mais fa-mosos, são os que se propuseram a escrever o Evangelho: Marcos, Mateus, Lucas e João. Eles escreveram uma espécie de biografia de Cristo (a.s.), desde o seu nascimento até a sua elevação aos Céus. Cada um deles escreveu uma versão particular da experiência de Jesus (a.s.) em uma língua em particular (grego ou aramaico).

Entre a religião Nazarena e a CristãAlguns escritos dizem que após a ascensão

de Jesus, vivo, aos céus, e a inspiração do Espírito santo aos seus apóstolos e seguidores, eles se lan-çaram para a divulgação do Evangelho. Enquanto a mensagem ficou restrita à Palestina, eles foram denominados nazarenos. Quando o cristianismo se espalhou pela síria e regiões além, as pessoas passaram a chamá-los de cristãos.

Além da sua própria mensagem evangélica, Cristo (a.s.) seguia alguns preceitos da Lei Mosai-ca. Assim sendo, os apóstolos, em sua divulgação do cristianismo, também a seguiam. Por exem-plo, freqüentavam o templo judaico (sinagoga), guardavam os dias comemorativos dos judeus, praticava a circuncisão, o jejum e observavam as demais leis da Torá.

O Cris tianismoaspectos dessa religião, baseando-se em uma séria de fontes, sendo a principal delas a Enciclopédia Filosófica Árabe.

Religião Nazarena

Apresentação: Denomina-se de nazarena a religião re-

velada por Deus, o Altíssimo, a Jesus, filho de Maria (a.s.). seu livro é o Evangelho e seus seguidores são denominados de naza-renos, devido à cidade de nazaré² , na Pa-lestina, onde o Profeta Jesus (a.s.) passou sua infância. Essa denominação era aplica-da aos primeiros crentes. Posteriormente, foi estendida a todos os que seguiam seus ensinamentos.

Os nazarenos acreditam que Maria (a.s.) ficou grávida de Jesus (a.s.) e deu à luz o menino em Belém, cidade também situada na Palestina. Crêem que ele falou na infân-cia. no entanto, Maria (a.s.) foi desacredita-da por seus concidadãos judeus. Perseguida, fugiu com a criança para o Egito e, depois, para a síria. Quando ele estava, então, com doze anos de idade, Maria (a.s.) seguiu para a aldeia chamada nazaré, onde permaneceu até que os romanos o prenderam e o levaram diante César, o imperador romano na síria.

1- O nestorianismo é uma doutrina cristã, nascida no século V, segundo a qual há em Jesus Cristo (a.s.) duas pessoas distintas, uma humana e outra divina, completas de tal forma que constituem dois entes independentes. A doutrina surgiu em Antióquia (atual Turquia), manteve forte influência na Síria e é sustentada ainda hoje pela Ordem Rosacruz e outras doutrinas ligadas à gnose.O seu surgimento deu-se dentro das disputas cristológicas que sacudiram o cristianismo nos séculos iii, iV e V, sendo proposto por nestório, monge oriundo de Alexandria, que assumiu o bispado de Constantinopla. (nE)2 - Em árabe Nássira (nE).

parte 1

Por Sayyed Sharif Sayyed Al-Amily

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A TrindadeO Cristianismo, porém, abandonou aos poucos a compreensão da unicidade de Deus, seguindo uma

orientação enigmática formada durante o século iV da Era Cristã. Essa crença, que hoje constitui um dos seus dogmas, continua sendo ponto de discordância dentro e fora do Cristianismo: a Trindade. simplesmente, a crença na Trindade diz que Deus é a união de três seres sagrados - Pai, Filho e Espírito santo - num só.

Os nazarenos acreditam que Deus é um só em essência e três em pessoas. Eles explicam a essência como a Personalidade e a personificação como atributos, como a existência, o conhecimento e a vida. Eles descrevem

Havia nestes princípios do cristianismo, portanto, uma convivência entre aspectos da religião mosaica e da nova religião cristã, que estava no nascedouro. Os seguidores de Cristo eram judeus e seguiam a Torá e o Evangelho, conjuntamente. Eles pregavam a crença em Moisés e Jesus (a.s.) e aplicavam tanto o batismo como a circuncisão.

O cristianismo, porém, se espalhou rapidamente entre os gentios³, fazendo crescer o número dos cristãos entre os povos do Oriente Próximo e ultrapassando o número dos judeus nazarenos. Os cristãos passaram, então, a não mais seguir a Lei de Moisés (a.s.) nem praticar a circuncisão, o que criou um comportamento antagônico entre os dois grupos. Os nazarenos judeus pregavam a prática conjunta da Torá e do Evangelho, enquanto os cristãos gentios seguiam somente o Evangelho, abandonando a Lei Mosaica e a circuncisão. Dessa maneira, criavam e firmavam uma identidade própria, distinta do Judaísmo.

3 - isto é, aqueles que não eram considerados judeus. Em hebraico, goyim (nE).

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a personalidade com a vida pelo Espírito santo e Deus como Divindade; descrevem o homem com a natureza humana e o Verbo anunciado a Maria (a.s.), engravidando do Cristo (a.s.), consi-derando-o a terceira das três pessoas.

À medida que o Cristianismo, separado do Judaísmo, se expandia, novos teólogos surgiam, apontando para novas direções de entendimento em torno da natureza de Cristo (a.s.). Um deles foi Ário, para quem o Cristo foi criado e Deus seria, portanto, anterior a ele.

Para dar um fim às disputas teológicas e garantir um mínimo de unidade aos dogmas cristãos, um grupo de trezentos e dezoito bispos reuniu-se na cidade romana de nicéia, com a presença de Constantino, o imperador romano. Eles, então, definiram algumas bases do credo cristão – que constituiriam os fundamentos da Igreja Católica Apostólica Romana – afirman-do que quem as abandonasse estaria deixando a religião nazarena. shahrastani, em seu livro “Milal wa Nihal” (Seitas e Profissões), cita um trecho de um texto redigido durante o Concílio: “Cremos no Deus Pai, soberano de tudo, Cria-dor do visível e do invisível, no Filho Único, Jesus Cristo, Filho Primogênito de Deus, não criado, Deus verdadeiro, de Deus verdadeiro, da essência do Pai por cujas mãos foram todos os mundos aperfeiçoados e tudo que foi reve-lado do céu por nossa causa e para nossa sal-vação. Ele foi incorporado pelo Espírito santo, nasceu da Virgem Maria; foi crucificado perante Pilatos e foi enterrado. Ressuscitou no terceiro dia, ascendeu aos céus, sentou à direita do Pai, e que voltará novamente para redimir os vivos e os mortos. Cremos no Espírito santo, vivo, que saiu do Pai, no batismo para o perdão dos pe-cados de um só grupo santo cristão, patriarcal, e na ressurreição dos nossos corpos para a vida eterna.”

Os nazarenos, como constam no cânon da crença atanasiana4 , crêem em “um Deus em três e três em Um, que é o Pai, e o outro que é o Fi-lho, e o terceiro que é o Espírito santo. Os três formam um só Deus e não três deuses. Os três juntos são eternos e iguais. É dever de quem tem esperança na salvação acreditar na Trindade.”

Pode-se dizer que as citações do Evangelho a respeito da Trindade são obscuros. O Evangelho, na realidade, não cita a questão em absoluto. no Evangelho de Mateus (19:28), vemos que o Cristo (a.s.) pede para os apóstolos transmitirem a mensa-gem para todos os povos, nessa tarefa denominada de “grande missão”. A expressão “(...) batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito santo” é um acréscimo ao texto evangélico. Jesus (a.s.) não a citou por dois motivos:1.O batismo, nas primeiras etapas da história da igre-ja, como citado por Paulo em sua Epístola, foi pra-ticado em nome de Jesus e não em nome do Pai, do Filho e do Espírito santo;2.A “grande missão” apareceu no primeiro Evange-lho, o de Marcos, sem citar o Pai, o Filho e o Espírito santo. (Marcos, 16:15).

Quanto à única citação da Trindade no Evange-lho, está na 1ª Epistola de João (5:7). Contudo, sobre o trecho que diz “três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito santo; e estes três são um”, os pesquisadores contemporâneos reconhecem que foi acrescentado em períodos posteriores.

Assim, podemos inferir que a Trindade não foi citada por Jesus (a.s.) ou por qualquer um dos demais Mensageiros Divinos (a.s.). Ou seja, essa crença, ba-silar para todos os cristãos, é criação humana.

Paulo de TarsoEstabelecimento das Bases do Cristianismo

Quando se estuda a vida e obra de Paulo de Tar-so, considerado o fundador efetivo do cristianismo,

4 - De Atanásio, ou santo Atanásio de Alexandria. Presente ao Concílio de nicéia, era, à época, um diácono novo, acompanhando o Bispo Alexandre de Alexandria. Distingüiu-se como um dos lutadores mais vigoroso contra os arianos (nE).

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verifica-se que ele foi responsável pelo estabele-cimento de muitos dogmas cristãos - ao ponto de alguns sugerirem a denominação de “Paulismo” em lugar de Cristianismo. Contudo, a Trindade não constava das crenças que ele criou. Essa no-ção surgiu e se solidificou quando se passou a di-fundir a idéia de que Jesus é “o Filho sagrado”. Como o filho necessita de pai, era necessário que houvesse um meio de revelação de Deus aos seres humanos. Podemos dizer que Paulo apenas citou os nomes principais – Pai, Filho e Espírito santo – sendo que os religiosos cristãos, posteriormen-te, reuniram todos num só.

O primeiro a utilizar o termo “Trindade” foi Tertuliano. Ele foi um advogado e prelado que viveu em Cartago durante o século três da Era Cristã. nesse período, lançou a teoria segundo a qual o Filho e o Espírito santo participam da per-sonificação de Deus e que eles e o Pai constituem uma só Pessoa.

O debate sobre a Trindade, contudo, acirrou-se no ano 318 entre dois religiosos de Alexandria: Ário, diácono da igreja local, e Alexandre, o seu bispo. O imperador Constantino teve de intervir na disputa.

Apesar de a crença cristã constituir enigma incompreensível para Constantino, ele entendeu que a existência de uma igreja unificada era ne-cessária para que o seu império conservasse o poder. Quando o diálogo falhou em solucionar o problema, Constantino convocou o 1º Concílio da história do cristianismo para resolver a disputa. Depois de seis semanas, no ano 325, reuniram-se os trezentos e dezoito bispos em nicéia e o Con-cílio terminou com o estabelecimento do princí-pio da Trindade. A partir de então, o Deus no qual os cristãos acreditam passou a ter três dimensões ou aspectos na pessoa do Pai, do Filho e do Espí-rito santo.

A Igreja impõe o seu peso

A questão, porém, acirrou os ânimos, ape-sar da esperança do imperador Constantino. Ário começou a discutir com o novo bispo de Alexandria, mesmo durante a assinatura do cânon de nicéia. A partir de então, o Arianis-mo passou a agregar quem não acreditava na Trindade.

Porém, o Cânon de Nicéia só foi oficiali-zado no ano 451, com a aprovação do Papa, durante o Concílio de Calcedônia. A partir dele, considerou-se incrédulo quem se opuses-se à Trindade. A sorte daqueles que não acre-ditava nela foi a tortura e a morte. Os cristãos começaram a matar e a torturar milhares de seus próprios irmãos de fé, devido à diferen-ça de opinião. O debate permaneceu, porém, sem que os castigos selvagens e as sentenças de morte terminassem com a divergência, que continua até hoje.

Os seguidores unitaristas cristãos perma-neceram com a sua crença na opinião de Ário, dizendo que Deus é Um só. Eles não acreditam na Trindade. Os seguidores dessa seita têm a esperança de que os demais cristãos retornem aos ensinamentos verdadeiros de Jesus (a.s.), que vemos no Evangelho no seguinte verso: “Adorarás o senhor teu Deus, e só a Ele servi-rás.” (Lucas: 4:8)

Continua no próximo número...

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T

Orientação

odo aquele que pronunciar os dois testemunhos é muçulmano¹. Quer creia no islã com sinceridade ou o faça formalmente. A partir des-se esclarecimento geral, podemos dividir a fé do muçulmano e o seu vínculo com o islã em duas partes:

a) A Crença. É o islã formado com base na compreensão e convencimen-to mental e emocional, concretizado com a

assiduidade e a prática dos preceitos da Shari’a (Lei islâmica) e seus sistemas

na vida. Esse grau de veracidade e assiduidade é o que denominamos

de crença.O muçulmano que atinge

esse grau na sua relação

1. Quem é Muçulmano?

SinaisParte1

Fundamentais daMensagem Islâmica

Revista Islâmica Evidências - 55

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56 - Revista Islâmica Evidências

com Deus e na prática de sua Lei nós denominamos “crente”. A crença, então, é o mais elevado grau no islã, porque consiste numa atitude sincera acompanhada de prática completa e ininterrupta dos preceitos islâmicos: rituais, regras, instituições, conduta moral, compreen-sões, conselhos e ensinamentos.

O Alcorão classifica as pessoas em duas catego-rias quanto à obediência aos preceitos islâmicos: o muçulmano e o crente, ensinando que nem sem-pre o indivíduo que tem aparência de muçulmano é, na verdade, crente. Diz o Livro Esclarecedor: “Os beduínos dizem: Cremos! Dize-lhes: Qual! Ainda não credes; deveis dizer: Tornamo-nos muçulma-nos, pois que a fé ainda não penetrou vossos corações. Porém, se obedecer-des a Deus e ao Seu Mensageiro, em nada será dimi-nuído as vossas obras, porque Deus é Indulgente, Mi-sericordioso. Somente são crentes aqueles que crêem em Deus e em Seu Mensageiro e não duvidam, mas sacrificam os seus bens e as suas pessoas pela causa

de Deus. Estes são os verazes!” (49:14-15). Portanto, o islã só será verdadeiro ao atingir a etapa de se acre-ditar e acatar completamente a vontade e a anuência de Deus. É a etapa descrita pelo versículo sagrado ao des-crever a submissão de Abraão (As) à vontade de Deus, glorificado seja: “E quando o seu Senhor lhe disse: Submete-te a Mim!, respondeu: Eis que me submeto

ao Senhor do Universo! Abraão legou esta crença aos seus filhos, e Jacó aos seus, dizendo-lhes: Óh, filhos meus, Deus vos le-gou esta religião; apegai-vos a ela, e não morrais sem serdes submissos (a Deus)” (2:131-132). Esse é o islã verdadeiro mencio-nado pelo Alcorão sagra-do. É o grau sublime da fé e da prática, que expressa

a maturidade do crente, tanto ideológica quanto psico-logicamente, orientando o seu comportamento e a sua vontade. Esse é o islã, que proporciona à humanidade o bem deste mundo e do Outro e concretiza os objetivos da mensagem transmitida pelo Profeta de Deus (s), ao dizer: “Trouxe-vos o bem deste mundo e do Outro.”

1-isto é, “Testemunho que não há deus senão Allah e testemunho que Mohammad é o Mensageiro de Allah” (nE).

Nem sempre oindivíduo comaparência de

muçulmano é crente

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Revista Islâmica Evidências - 57

b) O Islã aparente. É a submissão formal, ins-tável, que não se enraíza na pessoa nem influencia o seu comportamento, não reage com a sua vida nem go-verna as relações sociais do homem ou suas atividades quotidianas. Trata-se, aqui, de um arremedo, de uma aparência de Islã, como um galho flutuante, sem fun-damento nem estabilidade. Essa aparência representa um perigo para a sociedade e para a Lei islâmica. É um dos alarmes que indicam destruição e desvio, porque constitui o primeiro passo no caminho da degenera-ção da queda no precipício da ignorância. Por isso, esse tipo aparente de sub-missão não capacita o pra-ticante ou o candidata para se incluir, realmente, sob a bandeira da crença, nem o capacita a atingir o grau do islã no sentido real, expres-so na Lei estabelecida pelo Mensageiro de Deus, Mo-hammad (s). se o homem não alcançar esse grau, as separações e as distâncias ideológicas e de comporta-mento continuam enormes entre ele e o islã como dou-trina, lei e método cultural da vida. Ele segue na vida

sem obter do islã a não ser a casca aparente. Quanto a esse grupo de muçulmanos, devemos

dividi-lo em duas categorias, que são:1. O hipócrita. É todo aquele que manifesta o islã

e esconde a incredulidade. O hipócrita é um muçulmano “de fachada”, sobre quem se aplicam as Leis islâmicas. nós nos relacionamos com ele como muçulmanos, sem levar em conta a sua condição real nem a verdade a res-peito de sua (falta de) crença, que ele dissimula.

2. O prevari-cador. É todo muçulma-no que crê no islã, porém não o aplica na sua vida e nem segue as suas leis. A diferença entre os dois tipos é muito grande: em relação ao hipócrita, que é idêntico ao incrédulo, o prevaricador mantém uma diversidade de caráter dou-trinário, se podemos dizer assim. O Alcorão confirma

isso: “Não reparas, acaso, nos hipócritas, que dizem aos seus irmãos incrédulos, dentre os adeptos do Livro: ‘Juramos que se fordes expulsos, sairemos convosco e jamais obedeceremos a ninguém,

Prevaricador é o muçulmano que crê

mas não aplica oIslã na sua vida

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58 - Revista Islâmica Evidências

contra vós; e, se fordes combatidos, socorrer-vos-emos’. Porém, Deus atesta que são uns mentirosos” (59:11). Quanto ao prevaricador, o Alcorão não o trata da mesma maneira que trata o hipócrita. A diferença é manifesta no comportamento de ambos, diverso na forma, sem que se leve em consideração o conteúdo de seu coração nem de seu interior.

c) O Método da Pesquisa. O islã, na sua estrutura e esquema de existência, forma uma unidade ideológi-ca, legislativa e orientadora. O seu escopo compreensi-vo lança explicação ideológica ampla, a partir da qual são traçadas linhas culturais distintas. Ao se analisar objetivamente a sua estrutura religiosa, conseguimos descobrir quatro verdades básicas, que lhe dão uma forma específica na sua identidade, na identidade do indivíduo e da sociedade. Essas verdades são:

1. Os princípios básicos sobre os quais o islã é fundamentado;

2. O conteúdo que a Missão islâmica carrega;3. As particularidades da Missão islâmica;4. Os objetivos do islã.

Vamos tentar, em nosso estudo sucinto, analisar essas quatro verdades e esclarecê-las.

2. Os princípios básicos sobreos quais o Islã é fundamentado

O Islã, ao especificar a sua visão e compreensão em relação ao homem, ao universo e à vida, organi-zando as atividades e a vida do ser humano, traçando o método de comportamento, de pensamento e de rela-ções legislativas e sociais, o faz partindo com a deter-minação de princípios e fundamentos gerais. Eles con-formam a base que dá origem a todas as legislações, códigos e preceitos islâmicos. sobre estes, assenta-se o atendimento a todas as necessidades humanas, de forma que se concretize a harmonia e a concordância completa entre essas bases e as regras gerais, de um lado, e entre as intenções da Lei islâmica, seus objeti-vos e os demais preceitos, códigos e ensinamentos, de outro. Esses princípios e bases são:

1. A adoração e a legislação pertencem somente a Deus;2. A coordenação entre a criação e a legislação;3. A crença na unicidade do tipo humano;4. O homem é a mais nobre criatura sobre a terra;5. O equilíbrio e a moderação;

6. A consideração da vida terrena como uma etapa da existência do homem.

Para maior esclarecimento desses pensamentos e conceitos básicos, vamos expô-los em detalhes:

1. A adoração e a legislaçãopertencem somente a Deus.

“O juízo somente per-tence a Deus, Que vos ordenou não ado-rásseis senão a Ele. Tal é a v e r d a -deira

religião; porém, a maioria dos humanos o igno-ra” (Alcorão sagrado, 12:40). A partir dessa ampla base doutrinária emana toda legisla-ção, código e compreensão do islã. Essa base é o princípio e o moto da crença, que expressa a Unicidade de Deus, glorificado seja, a adoração e o vínculo do homem a Ele. A Deus pertence à criação, a soberania, a ordem, à vontade e o poder efetivo. não é dado ao homem crer, legislar, colocar regras ou dispor da vida de forma contrária à vontade de Deus e à sua lei. A par-

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Revista Islâmica Evidências - 59

nos outro Alcorão que não seja este, ou, por outra, modificado! Dize: Não me incumbe modificá-lo por minha própria vontade; atenho-me somente ao que me tem sido revelado, porque temo o castigo do Dia Terrível, se desobedeço ao meu Senhor” (Al-corão sagrado, 10:15). Por isso, segue-se o princípio: “A crença em Deus, a adoração do ser humano a Ele, o deixar a situação, a legislação e a sentença somen-te para Ele formam uma base e partida para todas as construções mentais, culturais e de comportamento na vida humana.”

2. A coordenação entrea criação e a legislação

Quanto ao segundo princípio adotado pelo islã na normatização, trata-se do vínculo entre a criação e a legislação, bem como a coordenação entre elas. O islã se preocupou com o lado criativo do homem, tornando os códigos, as formalidades, as práticas e as respon-sabilidades estabelecidas nessa base. O islã leva em consideração que o homem é uma unidade objetiva completa, indivisível quanto ao corpo material e o poder espiritual e psicológico. Por isso, reconheceu a necessidade de cada um desses aspectos e estabele-ceu a legislação adequada para organizá-lo e satisfa-zer suas necessidades. O islã acredita que o homem,

com a sua forma física, faz parte do mundo natural e tem as suas necessidades materiais, instintivas e inatas, de alimento e de líquido, de habitação, de vestimenta, de tratamento, de matrimônio, entre outras. O islã reco-nheceu e tratou com precisão esse lado humano, com solicitude, proteção legal e educacional. Preocupou-se também com o lado espiritual e psicológico do homem. Ele cuidou de desenvolvê-lo, orientá-lo e satisfazê-lo, de forma a proteger o seu equilíbrio e assegurar a uni-dade de direção no movimento humano: “Mas procu-ra, com aquilo com que Deus te tem agraciado, a morada do Outro Mundo; não te esqueças da tua porção neste mundo e sê amável, como Deus tem sido para contigo, e não semeies a corrupção na ter-ra, porque Deus não aprecia os corruptores” (Alco-rão sagrado, 28:77). Assim, o islã busca concretizar, para o homem, o bem-estar material, a felicidade nesta vida e a garantia, na Outra Vida, da felicidade eterna. Ele não separa ou estimula qualquer contradição entre os aspectos da condição biológica e fisiológica do ho-mem e os aspectos de sua personalidade, mentalidade e ética.

Continua no próximo número...

tir dessa submissão e desse dever ideológico surgiu no islã a rejeição ao despotismo humano e à idéia da dele-gação divina à humanidade. Todos estão submetidos à justiça de Deus e estão vinculados à sua vontade. Cer-tamente, a posição correta e o comportamento huma-no dependem da extensão da adaptação com relação à

vontade de Deus, glorificado seja, represen-tada na lei divina transmitida pelo

Mensageiro da Misericór-dia, Mohammad (s).

nenhum ser humano tem

o direi-to de

legis-lar ou agir de

acordo com seus próprios interesses,

desejos, instintos, fazendo-se legislador de maneira autônoma.

nem aos profetas e mensageiros, que são a elite e os líderes da humanidade, foi facultado esse direi-to. Como seres humanos, eles não possuíam o poder de praticá-lo. Por isso, o Alcorão diz ao nobre Profe-ta (s): “Mas, quando lhes são recitados os Nossos versículos esclarecedores, aqueles que não esperam o comparecimento perante Nós, dizem: Apresenta-

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Inovação e tecnologia

www.midi.cd

O mundo digital ao seu alcance

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esporte, por sua natureza, ob-jetiva a amiza-de, a harmonia, a tolerância e a disputa ami-gável. Quando vemos um fute-bolista fazendo falta em outro

jogador, colocando o pé na sua fren-te para derrubá-lo; quando vemos uma discussão acirrada entre dois jogadores de equipes rivais ou o uso de dopping para se ganhar uma partida; o suborno ao árbitro para obter vantagem ou os excessos e desatinos de alguns torcedo-res, que levam à violência nos estádios – e seus arredores – concluímos que o esporte saiu de sua esfera essencial de amizade e competição saudável, traves-tindo-se de uma batalha de enganos, que viola as regras do jogo justo para se ob-ter a vitória a qualquer custo ou favore-cer o exercício da frustração.

Quanto aos jogos que dependem de

O Esporte e a Violência

Ouma certa medida de violência por sua natureza, como a luta livre, o boxe, as touradas e a rinha de galos, ficamos cho-cados pelas cenas de sangue que produ-zem. Por isso, alguns juristas islâmicos proibiram essas disputas, afirmando que elas semeiam os valores da violência e da inimizade, transformando o ser huma-no, que foi dignificado por Deus, glorifi-cado seja, em animal selvagem. no caso das contendas entre galos, cachorros ou das touradas, há danos muitas vezes irre-versíveis aos animais e até mesmo a sua morte, enquanto o islã ordena sermos ca-rinhosos com eles.

Um escritor diz: “na opinião do ho-mem de hoje, o boxe é considerado um esporte aceitável, tanto no Oriente como no Ocidente. Quando um golpeia o olho do outro, ou quebra o seu queixo ou têm-pora, fazendo o sangue dele jorrar, os espectadores exultam, batendo palmas calorosamente, batendo os pés no chão, gritando, carregando o vencedor sobre os ombros, colocando coroas de flores no

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seu pescoço. Depois disso, pagam-lhe uma importância enorme em dinheiro, considerando a sua façanha algo bom.” Ele acrescenta: “Parece que o boxe de hoje, depois de cinqüenta anos, é uma prática que causa admiração.” E se per-gunta: “Como esse ato rude, violento e perigoso, pode ser aceito pelo ser humano da Era Espacial? Como ele o

aceita? Por que não se estuda uma forma de abolir o boxe da relação dos esportes lícitos?”.

Alguns jovens não pra-ticam esse esporte violen-to, mas gostam de assisti-lo. isso deixa uma má influência oculta neles, que às vezes se manifesta em violência no lar, na escola e na rua. Por isso, alguns psicólogos acon-selham que se afastem as crianças e os jovens de filmes

com cenas violentas, pois podem se acos-tumar com elas e considerar a violência algo corriqueiro. Em uma fase seguinte, começam a praticá-la. Essa é a causa de as autoridades proibirem a entrada, nos cinemas, de menores para assistir filmes com cenas violentas e de quadrilhas, com personagens que usam línguas de fogo em vez do diálogo.

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cada dia surgem, para a hu-manidade, novas questões vitais, que precisam de uma resposta jurídica. Por inter-médio dela o muçulmano estabelece a sua posição le-gal quanto à sua prática ou abandono. Por isso, formu-

Alamos à Sua Eminência, o Jurista Sayyed Moham-mad Hussein Fadlallah as seguintes perguntas:

•Vossa Eminência Sayyed: Tem o homem direito de interferir nos assuntos das criaturas?

Resposta: - O homem tem o direito de utilizar tudo que Deus lhe proporcionou de conheci-

iSlÃ,MaNiPulaÇÃo

gENÉtiCa EdoaÇÃo dE

óRgÃoS

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mento para administrar os seus assuntos e os assuntos dos outros, contanto que não se prejudique e não prejudique os outros. Porque Deus, glorificado e exaltado seja, não dá apoio ao homem em qualquer meio de administração da vida que contemple prejuízo a ela.Se não houver possibilidade de causar mal, não há problema. Com base nisso, a interferência na engenharia genética, ou em coisa similar, para se mudar a cor ou alguma característica específica do ser, é uma questão permitida em si, levando-se em consideração a premissa maior, que é a de não prejudicar.Deus, glorificado e exaltado seja, quan-do criou o ser humano, não o fez direta-mente, mas através de um método que Ele instituiu no sistema de nascimento e re-

produção. Ele inspirou o ser humano, com o que Ele mesmo lhe ensinou, para utili-zar métodos que melhorem a natureza da criatura antes mesmo de seu nascimento ou de sua geração. Por exemplo, receitan-do a ingestão de algumas vitaminas, para que a criança nasça do sexo masculino ou feminino, ou de algumas substâncias forti-ficantes, para a criança nascer saudável. É permitido que ele faça isso, mesmo depois de o espermatozóide e o óvulo começarem o ciclo de vida de um novo ser, contanto que este não seja prejudicado.

•Vossa Eminência Sayyed: O bebê de prove-ta é considerado nascimento ou criação?

Resposta: O bebê de proveta é considera-do nascimento e não criação, porque a

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criação é a criação do sistema ao qual está submetida à natureza da vida. A questão do bebê de proveta é a mesma da criança que nasce de forma natural, gerado pelo encontro entre o espermatozóide e o óvulo, nos meios preparados para o nascimento do ser vivo. Por isso, tudo o que o ser hu-mano conseguiu, até o nível de clonagem, não é criação, mas o descobrimento do sis-tema divino estabelecido por Deus, glori-ficado e exaltado seja, para o nascimento da criatura viva.

•É permitida a doação de órgãos?

Resposta: Sim, é permitida a doação de órgãos que não representam perigo para a vida do doador. Também, não se deve con-servar a vida da célula se houver a confir-mação da morte cerebral por intermédio de diagnóstico científico preciso. Por outro

lado, continuo afirmando quanto à neces-sidade de respeito a todo o ser humano. Dou apoio a qualquer atividade para amenizar o fardo dos enfraquecidos, os cansados, os enfermos e os necessitados.Quanto a este assunto, Sua Eminência ex-plicou que a questão depende de dois as-pectos: primeiro, quando o doador está vivo. Não lhe é permitido doar a não ser os órgãos cuja retirada não representa perigo para a sua vida ou mal excessivo a seus órgãos vitais. Assim, é permitido a ele doar um rim, se isso possibilitar que ele conserve sua vida, sem problemas. O outro aspecto diz respeito à doação de órgãos após a morte. Se for confirmada a morte cerebral por diagnóstico científico preciso, da forma que a vida do indivíduo se tornaria uma vida vegetativa, anormal, é permitida a doação dos órgãos, caso ele tenha optado por isso.

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eus, exaltado e glorificado seja, disse: “Ó filho de Adão, Eu te criei no ventre de tua mãe e coloquei uma membrana ao teu redor para não saíres do útero. Coloquei o teu rosto virado para as costas de tua D

1- Hadice (ou hadith) significa “dito, máxima, sentença” (NE).

Hadice¹ SantoHadice¹ SantoCuriosidades e Exemplos

mãe para não seres perturbado com o cheiro da co-mida. E te fiz um suporte pela direita e outro pela esquerda. O da direita é o fígado, e o da esquerda é o baço. Ensinei-te como se erguer e sentar no útero de tua mãe”.

“Pode alguém mais fazer isso além de Mim?” “Quando chegou o tempo de teu nascimento,

inspirei o anjo para que te extrair sobre uma pena de sua asa, sem dente para mastigar, nem mão para pe-gar, nem andar sabe fazer. Preparei para ti duas finas

O caçadorO caçadore a Rolinhae a Rolinha

Conta-se que um caçador pegou uma rolinha. Ela lhe perguntou: “Que você pretende fazer comigo?” Ele respondeu: “Vou degolá-la e comê-la.” Ela lhe disse: “Por Deus que não irei curar nenhuma doença nem matar

çou a montanha, então disse ao caçador: “Ó, conde-nado, se você tivesse me matado, teria encontrado dentro de mim duas pérolas, cada uma pesando vin-te gramas.” Ouvindo aquilo, ele mordeu a lábio de tristeza. Pediu-lhe: “Diga a terceira.” Ela lhe disse: “Você já esqueceu as duas primeiras coisas, para que lhe devo dar a terceira? Não lhe disse para não ficar triste pelo que perde e não acredite naquilo que não pode acontecer? Minha carne, meu sangue e minhas penas não pesam vinte gramas, como pode haver dentro de mim duas pérolas, cada uma pesan-do vinte gramas?” Então voou para longe.

Esse é um exemplo sobre o excesso de cobiça do ser humano, que lhe cega diante da verdade e da avaliação do que pode e do que não pode acontecer.

alguma fome, mas vou ensiná-lo três coisas que são melhores do que me comer. A primeira direi enquan-to estiver em sua mão. A segunda quando estiver em cima da árvore, a terceira quando estiver em cima da montanha.” O caçador lhe disse: “Diga a primei-ra,” Ela disse: “Não fique triste pelo que você per-de.” Ele a soltou, e quando já estava na árvore, ele pediu: “Diga a segunda.” Ela disse: “Não acredite naquilo que não pode acontecer.” Ela voou e alcan-

veias no peito de tua mãe que te for-necem leite puro, quente no inverno e frio no verão. Coloquei amor por ti nos corações de teus pais”.

“Eles não se satisfazem an-tes de te satisfazer, não dormem antes de te fazer dormir. Quando te fortaleces passas a Me desa-fiar com as desobediências na tua solidão, sem te envergonhares de Mim. Apesar de tudo isso, se Me suplicares por algo, te atenderei, se Me pedires algo te darei, se te arrependeres aceitarei o teu ar-rependimento.”

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Cultura

Arte que eleva o espírito

A Caligrafia – do grego, “a arte de escrever de maneira bela” – foi uma das manifestações artísticas de-s e n v o l v i d a s

entre os árabes, notadamente os mu-çulmanos, ao longo do tempo. As res-trições religiosas quanto à reprodução da figura humana levaram à criação e aprimoramento da arte caligráfica, alça-da à condição de elemento decorativo por excelência das mesquitas.

Os muçulmanos criaram inúmeros estilos de escrita. O libanês Moafak Helaihel, radicado em Curitiba (PR), no Brasil desde 1979, é um destes apaixonados cultores da arte caligráfi-ca islâmica. Com diversos cursos rea-lizados no exterior, onde manteve con-tato com mestres da Caligrafia, como o

turco Hassan Jalbi, Helaihel é um entusiasta. seu objetivo é trazer esta arte milenar ao público brasileiro. Para tanto, tem realizado diversas exposições, por todo o país.

“no mundo árabe, há um interesse crescente dos jo-vens, inclusive das mulheres, pela Caligrafia”, conta He-laihel. no Brasil, ele reivindica maior apoio dos órgãos públicos ligados à cultura, o que poderia despertar a aten-ção de uma parcela maior da população por esta arte que encanta e eleva o espírito. Abaixo, a entrevista realizada pela Revista islâmica Evidências com o artista:

Revista Evidências: Moafak, fale um pouco de você. Onde você nasceu, quando chegou no Brasil?

Moafak Helaihel: Sou libanês, nascido na cidade de Ba-albek. Cheguei no Brasil em 1979. Atualmente moro em Curitiba (PR). RE: Como nasceu o seu interesse pela caligrafia árabe?

MH: Desde a infância eu tinha o dom para a arte. Onde eu nasci, meu interesse pela caligrafia árabe surgiu já na época do estudo primário.

Caligra

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RE: Como é que você desenvolveu esse talento para a caligrafia?

MH: Isso vem da prática diária e tam-bém da formação teórica. Ela ajuda bastante e mais ainda a participação em exposições e mostras.

RE: Quais os cursos que você fez para desenvolver a caligrafia?

MH: Participei de vários cursos no Líbano. Ultimamente, estive nos Emi-rados Árabes Unidos me atualizando nesta área, com grandes mestres da Caligrafia árabe.

RE: Que importância a caligrafia tem dentro da cultura árabe e islâmica? MH: A Caligrafia árabe é a base da

cultura artística do Islamismo, porque no Islã não exis-tem desenhos de figuras. Por isso, usamos a Caligrafia como arte, podendo ela ser encontrada nas mesquitas, casas e edifícios. A Caligrafia ajudou o Islã a se expan-dir pelo mundo. RE: Quantos e quais os principais estilos de caligrafia existentes na cultura árabe e islâmica?

MH: Existem mais de duzentos estilos de Caligrafia árabe. Só o estilo Kufi tem variação de sessenta estilos. Os mais usados, os quais denominamos Clássicos, são seis: Kufi, originado na cidade de Kufa, no Iraque, é o primeiro estilo em que o Alcorão foi escrito; o estilo Nusukhi, que quer dizer “copiado”, porque esse estilo é mais fácil para co-piar. Antigamente havia muitos escribas e esse estilo fa-cilitava na hora de copiar mais rápido; o estilo Farsi ou Nastaliq, que é mais utilizado no Irã e regiões próximas; o estilo Rukai, mais usado na propaganda e que vem do Nusukhi; estilo Diwani, que é mais artístico e maleável,

fia

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“Allah”, num quadro exposto por Moafak no Clube Sírio, em São Paulo (SP).

foi usado na época do Império Otoma-no; estilo Thuluthi, que é considerado o mais nobre da Caligrafia árabe. Nele o calígrafo encontra muita dificulda-de em escrever, necessitando de mui-to estudo e do acompanhamento de mestres. É um estilo usado geralmente nas capas de livros e nas paredes das mesquitas, tanto interiores quanto ex-teriores.

RE: Como você analisa o interesse das atuais gerações de jovens muçul-manos e árabes sobre a caligrafia?

MH: O interesse pela caligrafia no mundo árabe é muito grande e está crescendo entre os jovens. Inclusi-

ve, as mulheres estão participando desta arte milenar. Mesmo com o surgimento do computador ainda é grande o interesse pela Caligrafia, que é muito procurada.

RE: Você tem feito muitas exposi-ções sobre caligrafia árabe no Bra-sil. Existe interesse dos brasileiros em relação a ela?

MH: Ainda está faltando interes-se do público brasileiro. Isso vem de falta de incentivo das universi-dades e do Ministério da Cultura, que poderiam abrir as portas para os brasileiros conhecerem essa arte milenar.Contudo, eu tenho feito várias ex-posições no Brasil. É um caminho que não é fácil, sem ajuda e apoio. Mas, é a minha missão. Acredito, se Deus quiser, que esse dom não deve morrer comigo. Eu vou levá-lo para todo o Brasil e América Latina, in sha’ Allah¹. Não posso, contudo, deixar de agradecer o incentivo que amigos da comunidade brasileira e árabe têm me dado, oferecendo es-

paços como o Clube Sírio Libanês de São Paulo, a Uni-versidade Federal do Paraná, entre outros, que têm me ajudado nesta divulgação. RE: Quais os próximos eventos que você está progra-mando?

MH: Isso precisa de preparo e contato. A minha arte está sendo exposta em todo o Brasil, especialmente em universidades e museus, centros culturais, shopping centers, entre outros. As próximas exposições estão sendo programadas para São Paulo, Brasília e Curi-tiba. As pessoas que se interessarem podem entrar no meu site na internet: http://www.caligrafiaarabe.com.br/home.htm. Eu gostaria de agradecer à Revista Islâ-mica Evidências por essa oportunidade que me dá para levar essa arte ao público brasileiro. Allah ma’akum wa salam!²

1 - Em português, “se Deus quiser” (nE).2 - Que Deus e a paz estejam convosco (nE).

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alvez, nenhuma religião seja tão criticada como o islã por seus inimigos, pública e ocultamente, no passado e no presente. ne-nhuma religião enfrentou o que o islã enfrentou em termos de conspirações e intrigas, ao longo da his-

tória. Quantos exércitos organizados o atacaram e voltaram derrotados? Quantos rumores falsos foram levantados contra ele por pessoas e líderes mal inten-cionados. Porém, a sua astúcia voltou-se contra eles, levando-os ao fracasso!

Pela graça de Deus, o Islã continua firme, cres-cendo a cada dia, confirmando as palavras de Deus, o Altíssimo no Alcorão sagrado: “Desejam em vão extinguir a Luz de Deus com as suas bocas; po-rém, Deus nada permitirá, e aperfeiçoará a Sua Luz, ainda que isso desgoste os incrédulos” (Alco-rão sagrado, 9:32).

Eis que os mesmos povos e os mesmos países voltam com seus estratagemas, depois de dezenas, talvez centenas de anos. Eles se apegam a mentiras e a meias-verdades e as divulgam. Antigamente, des-creviam quem assim agia como ignorante, alienado.

Entre as alegações falsas a que eles se ape-gam e transmitem para os ignorantes e os ingênu-os, tentando afastá-los da verdade esta a de que o islã prejudicou a mulher, foi injusto com ela e deu preferência ao homem sobre ela. Acaso, não é cer-to que há necessidade do testemunho de duas mu-lheres para substituir o testemunho de um homem? não é certo que o homem tem direito ao dobro do que a mulher na herança? não deveria ter ela o

será que a Lei islâmica foi injusta com a Mulher?

Mulher

T

mesmo direito que o homem? Por que essa diferen-ça? são alegações passíveis de esclarecimento que, quando confrontadas com a realidade, desaparecem como o gelo que se derrete quando o sol aparece.

Para discutir essas alegações e revelar a sua falsida-de, vamos expor a posição da mulher desde os tempos antigos até os dias atuais. Então, vamos comparar sua trajetória com o que o islã lhe concedeu de direitos, a posição que condiz com a sua condição humana, sem que ela fizesse qualquer esforço extraordinário para ob-tê-los. Dessa forma, surgirá a diferença, clara para toda pessoa justa que tenha se libertado do preconceito

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72 - Revista Islâmica Evidências

e da preguiça mental. Comecemos na Grécia antiga, tida por mui-

tos historiadores como o berço da civilização ocidental. A mulher, para os gregos, era tão me-nosprezada que foi denominada de “torpe”. Era comprada e vendida, desprovida de liberdade, sem direito à herança. Enquanto vivia, não ti-nha voz ativa e perma-necia sob o domínio do homem. Era obrigada a casar mesmo contra a sua vontade. não podia dispor de seu dinheiro, a não ser com a aprovação de seu tutor masculino.

Para os romanos, a mulher não tinha direito de possuir propriedades. Quando ela ganhava algum dinheiro, este era acres-centado ao dinheiro do senhor da família. A sua po-sição no código legal era como a do escravo. não tinha direito à cidadania e era olhada como uma peça móvel.

Com o avanço da civilização, o conceito huma-

no com respeito à posição da mulher sofreu uma profun-da alteração. As regras que determinavam o casamento sofreram, gradualmente, uma completa mudança, para pior. O divórcio foi facilitado e o matrimônio tinha ba-ses pouco sólidas. sêneca (4 a.C. - 65 d.C.), o famoso

filósofo e estadista romano, criticou os seus compatriotas pela elevada incidência do di-vórcio entre eles.

naqueles dias, as mulhe-res tinham por hábito casar-se diversas vezes. são Jerônimo (340 - 420 d.C.) mencio-na uma mulher cujo último marido tinha sido o seu 23º, tendo sido, ela própria, a 21º mulher do seu marido. A Flo-ra tornou-se um desporto ro-mano muito popular, no qual

mulheres nuas competiam em concursos de raça. Homens e mulheres tomavam banho juntos nos banhos públicos.

na lei de Hamurabi, na antiga Mesopotâmia, a mu-lher era incluída no rol do gado. Entre os hindus, tinha de morrer no dia em que o marido morria e ser queima-da viva com ele. Esse costume foi abolido, sem aprova-ção dos religiosos, mas em muitas comunidades hindus é preservada até os dias de hoje.

Algumas seitas entre os judeus a consideravam como uma simples empregada. O pai tinha o direito de vendê-la. Consideravam a mulher maldita porque, de acordo com as suas escrituras sagradas, tentou Adão (As) – uma crença herdada e preservada até hoje pelos cristãos.

Entre estes, aliás, a mulher não estava em me-lhor condição do que as suas irmãs dos outros povos. Pau lo, o primeiro santo da Cristandade, proclama: ‘’A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em si-lêncio. Pois primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enga-nada, caiu em transgressão.’’ (i a Timóteo 2:11-14).

Diz s. Tertúlio às mulheres: “sabeis vós, que cada uma de vós é uma Eva; a sentença de Deus sobre este sexo das vossas vidas nesta era; a culpa tem de necessariamente viver, igualmente; vós sois o primeiro desertor da Lei Divina, vós sois aquela que o persuadiu, quando o demônio ainda não era sufi-

Na Grécia, asmulheres eram

compradas evendidas como

mercadoria

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Revista Islâmica Evidências - 73

cientemente forte para atacar. Vós destruísses muito facilmente a imagem de Deus no homem. Por conta da vossa deserção, ou seja, morte, até o Filho de Deus teve que morrer.” (De Cottu Feminarum).

Afirma, por sua vez, são Gregório Taumaturgo: “Entre todos os homens, procurei a castidade apropria-da a eles, e não a encontrei em nenhum. Provavelmente pode-se encontrar um homem casto entre mil, mas nunca entre as mulheres.” são João Crisóstomo olhava a mulher como “Um demônio necessário, uma calamidade deseja-da, um fascinador mortífero, e uma doença camuflada.” Aos olhos de são Clemente de Alexandria “nada de ca-lamitoso é próprio do homem, que é dotado de razão; o mesmo não se pode dizer da mulher, para a qual se é uma vergonhoso refletir sobre a sua própria natureza.” (Paeds, ii:, 2.83, pag. 186)

na Europa, entre os séculos V e Xi, o nobre – fosse ele espiritual ou temporal – ti-nha o direito de desfrutar da mulher do agricultor durante vinte e quatro horas depois de seu casamento. Ela permane-ceu menosprezada durante toda idade Média e Moderna, sendo humilhada, injuriada e explora-da. Em 1567 foi publicado um decreto do parlamento escocês que não permitia à mulher exer-cer qualquer autoridade.

O marido inglês tinha o direito de vendê-la por três pences. O marido continuou com esse direito até 1805. Porém, muitas leis injustas con-tinuaram valendo até 1938, quando foram reformados a favor da mulher. Alguns países escandinavos continuam fazendo distinção entre o homem e a mulher.

Entre os árabes da antiguidade pré-islâmica, a mu-lher era prejudicada em seu direito. injuriada e humilhada, não tinha opinião própria, nada herdando de seu pai. não havia motivo determinado para o seu divórcio. seus tuto-res tinham o direito de lhe impor casamento com quem quisessem, recebendo o seu dote. se o seu marido morria e deixasse filhos e esposas, cabia ao primogênito o direito de herdá-los com um simples gesto de jogar as suas vestes sobre eles. Com isso, ele passava a ter direito de casar com as esposas de seu falecido pai, com exceção de sua mãe, ou fazê-las casarem com quem ele quisesse, sem consul-tá-las. Tinha direito aos seus dotes, sem que elas tivessem o direito de protestar.

Algumas tribos árabes dispensavam as meninas. Eles as obrigavam a se prostituir por dinheiro e a ou tras ativi-dades desumanas. O Filósofo francês Roger Garaudy, em seu livro, “O Futuro da Mulher”, confirmado por Regin Pernoud, diz que a posição da mulher dentro da socieda-de contemporânea é avaliada de acordo com a extensão da posição da burguesia. Ele acrescenta: “Os salários das mulheres no código francês de 1980 são inferiores aos sa-lários dos homens em 30%”. E prossegue: “Os juristas se apegaram, no início do século XiV, à alegada lei cristã que proíbe as mulheres daquela religião de serem herdeiras. O código limita a autoridade das mulheres sobre seus bens”. Garaudy acrescenta que Richelieu disse no “Conselho Político”, de sua autoria: “nada há que prejudique as na-ções mais do que essa espécie (as mulheres).” Garaudy cita, ainda, a declaração do renomado teólogo católico, são Tomás de Aquino: “A mulher se submete ao ho-mem devido a sua natureza. O homem possui, mais do

que ela, poder de raciocínio.” A declaração dos direitos

humanos de 1793, na França, diz: “Essa declaração não passa de uma declaração dos direitos do homem, porque a lei declarada em abril de 1793 decreta que os bens das crianças, dos idiotas, dos jovens, das mulheres e dos con-denados por crimes de desonra serão congelados e não terão di-reito à cidadania.” Citando napo-leão Bonaparte, quando estabele-

ceu a lei feminina, determinou: “A traição do esposo não representa nenhum perigo para a conservação da herança, enquanto a traição da esposa introduz no meio dos filhos um herdeiro bastardo.” Garaudy – aliás, filósofo e político francês que se converteu ao islamismo – acrescenta: “Por isso, encontramos na nossa lei, e até 1975, que não há paridade entre a penalidade da traição do casal, pois a mulher fica sujeita à penalidade de qualquer for-ma, enquanto o homem não é penalizado, a não ser que tenha sido flagrado com a sua amante na casa do casal.” Garaudy cita que o filósofo Friedrich Nietzsche disse: “se você for ter com as mulheres, leva o açoite consigo.”

A revista “Os Filhos de Moscou” publicou um artigo para discussão sob o título: “A Mulher Procu-ra As Transformações”, da jornalista natália Krami-nova, onde esta diz: “A mulher, com base nas for-mas antigas, é capaz de suportar qualquer coisa. Ela é capaz, mas não deseja continuar nessa situação.” Kraminova acrescenta: “É preciso conceder à mu

Para São Paulo, amulher deve sujeitar-se

ao marido e viverem silêncio

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74 - Revista Islâmica Evidências

lher a escolha de trabalhar ou não, quantas horas pre-tende trabalhar, sob qualquer organização.” Ela afir-ma, ainda: “A mulher está atrasada em relação ao homem no que diz respeito ao salário e é incapaz de alcançar um futuro melhor.”

Essa é a situação da mulher, caro leitor, em di-versas sociedades e organizações humanas, da anti-guidade à época contemporânea. não entramos, aqui, na discussão dos números assustadores de mulheres ocidentais, ainda hoje, brutalizadas por seus maridos em casa, estupradas nas ruas do Ocidente liberal, esfa-queadas, ofendidas moralmente, humilhadas ao ponto de se tornar instrumento de propaganda de veículos automóveis, cigarro, bebidas alcoólicas, etc., onde, em muitos casos, aparece semi-desnuda. Quem, in-felizmente, já não ouviu a música, cantada por uma mulher e que foi sucesso de vendas no Brasil, que diz: “Um tapinha não dói?”

Para estabelecermos a diferença entre os direitos da mulher ocidental e os direitos da mulher no islã, vamos citar as regras estabelecidas por Deus quanto a ela. Após o surgimento do islã, a voz da lei estabe-leceu a balança da justiça para lhe conceder honra e direitos iguais aos do homem, eliminar a injustiça e humilhações que ela sofria. O apelo divino estabele-ce que não há diferença entre homem e mulher, pois

ambos possuem a mesma origem. Deus, o Altíssimo, diz: “Óh, humanos, temei a vosso Senhor, que vos criou de um só ser” (Alcorão sagrado, 4:1). Ele, exaltado seja, a considera apta a ser religiosa, a cumprir os rituais de adoração, a ingressar no Paraíso, a praticar o bem e a ser castigada, sim, se praticar o mal, como o homem. Deus, o Altíssimo afirma: “A quem praticar o bem, seja homem ou mulher, e for crente, concederemos uma vida agradável e premiaremos com uma re-compensa, de acordo com a melhor das suas ações.” (Alcorão sagrado, 16:97); proibiu que fosse herdada sem a sua autorização: “Óh, crentes, não vos é permitido herdardes as mulheres, contra a vontade delas” (Al-corão sagrado, 4:19); proibiu que fosse enterrada viva: “Quando a filha, sepultada viva, for interrogada: Por que delito foi assassinada?” (Alcorão sagrado, 81:8-9).

Ele, louvado seja, estabeleceu as normas do divórcio, proibindo o marido de se prevalecer disso: “O divórcio re-vogável só poderá ser efetuado duas vezes. Depois, te-reis de conservá-las convosco dignamente ou separar-vos delas com benevolência” (Alcorão sagrado, 2:229); proibiu o casamento com as esposas do pai: “Não vos ca-seis com as mulheres que desposaram os vossos pais” (Alcorão sagrado, 4:22); concedeu à mulher o direito à herança, como a seus irmãos: “Às mulheres tambémcorrespondem uma parte do que tenham deixado os pais e parentes, quer seja pouca ou muita – uma quantia obrigatória” (Alcorão sagrado, 4:7); conce-deu-lhe direitos equivalentes a seus deveres. Deus, o Al-tíssimo diz: “... elas têm direitos equivalentes aos seus deveres” (Alcorão sagrado, 2:228).

Deus, o Altíssimo, estabeleceu a obrigação do espo-so de sustentar a esposa. Diz Ele: “O pai deve mantê-las e vesti-las eqüitativamente” (Alcorão sagrado, 2:233); proibiu os maridos de obrigarem as mulheres a se pros-tituir: “Não inciteis as vossas escravas à prostituição, para proporcionar-vos o gozo transitório da vida ter-rena, sendo que elas querem viver castamente” (Al-corão sagrado, 24:33).

O Mensageiro de Deus (s) disse: “As mulheres são irmãs dos homens.” E disse, ainda: “Só honra as mu-lheres o generoso, e só as injuria o vil.” E afirmou tam-bém: “Quem tiver uma filha e não a injuria e não a discrimina em relação ao filho, Deus o introduzirá no Paraíso.” Todas essas coisas ele confirmou na Peregri-nação de Despedida, a última peregrinação que praticou, antes de deixar este mundo: “Cuidai bem das mulhe-res.”

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Turismo

ao é difícil deixar-se seduzir pela serra Gaúcha em dias de inverno, quando tudo convida ao aconchego, a um fondue, ao café colonial. Localizada na re-gião nordeste do Rio Grande do sul, a serra Gaúcha é um dos destinos turísticos mais charmo-

sos do Brasil. Com suas baixas temperaturas, paisa-gens exuberantes, vales, montanhas e cachoeiras, a região preserva os traços da colonização germânica e italiana, facilmente reconhecidos na arquitetura e na fisionomia do povo hospitaleiro.

Mas, também é assim nas outras estações do ano. A paisagem pode estar branca pela neve ou to-mado por hortênsias, o encanto será o mesmo. Com jeito de região européia,

conservando tradições alemãs, resguardando costumes gaúchos e italianos, ali se tem a impres-são de que tudo tem sabor de doce ou geléia, uma cor verde-azulada de montanhas e vale ou cheiro de mata e lareira.

Entre as cidades localizadas na serra Gaúcha, ganham destaque Gramado e Canela, na Região das Hortênsias; e Bento Gonçalves, Caxias do sul e Ga-ribaldi, na região conhecida como ‘’Pequena itália”.

GRAMADOCidade mais famosa da serra Gaúcha, Gra-

mado é conhecida internacionalmente pelo seu Festival de Cinema. Apresenta construções em estilo Bávaro, parques e uma excelente estrutu-ra hoteleira e gastronômica, com destaque para a produção de chocolate, muito apreciada pelos

visitantes. Gramado apresenta uma grande varie-dade de atrações, tais como:

Lago Negro: um dos mais belos da região, com suas águas escuras e seus pinheiros trazidos da Floresta negra, na Alemanha.

Parque Knorr: 72.000 m2 de bosques e flo-res no centro da cidade, abriga a Mansão Knorr, construção em estilo bávaro.

Vale do Quilombo: a 850m de altitude, apre-senta paisagens exuberantes, e ao fundo, o Rio Paranhana, que permite a prática de rafting em 4 km de extensão.

Palácio dos Festivais: local onde são exibi-dos os filmes do Festival de Cinema.

Mini-Mundo: cidade em miniatura, com ré-plicas das principais construções européias.

CANELAno centro da Região das Hortênsias, a 830m

de altitude, Canela está cercada por parques, pinhei

SErrA GAúcHAA Europa no BrasilA Europa no Brasil

Bela vista do Vale do Quilombo, situado em Gramado (RS)

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Canyons como este fazem parte da paisagem da Serra Gaúcha.

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das vistas mais deslumbrantes da região. no local há uma rampa de vôo livre.

BENTO GONÇALVES

na região italiana da serra Gaúcha, Bento Gonçalves preserva traços da cultura de seus imi-grantes até os dias de hoje, como o dialeto vêneto-brasileiro.

A região é dotada de belas paisagens e va-les cobertos por parreiras. Os visitantes podem acompanhar a colheita da fruta e a produção do suco. Bento Gonçalves reúne diversas atrações turísticas:

Maria Fumaça: passeio de 23km entre as ci-dades de Bento Gonçalves e Carlos Barbosa, com para em Garibaldi. no trajeto, é oferecida uma degustação de queijos ao som um coral italiano.

Caminho de Pedra: considerado um museu

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ros, matas e cascatas. Destaca-se por suas atra-ções culturais e pelo turismo de aventura. Como Gramado, Canela também sedia importantes even-tos culturais, como o Festival internacional de Te-atro.

Os principais atrativos de Canela são:Parque do Caracol: a maior atração do par-

que é a cascata do Caracol, com 131 m; é o cartão postal da cidade.

Parque das Corredeiras: muito procurado para a prática do rafting.

Parque da Ferradura: a parede do Canyon, de 420 m, é ideal para a prática de escalada. Além dela, trilhas levam a Cascata do Arroio Caçador.

Parque Laje de Pedra: vista para o Vale do Quilombo.

Mundo a Vapor: miniaturas de máquinas a vapor.Parque Pinheiro Grosso: sua principal atração

é o pinheiro de 42 m, de aproximadamente 700 anos.Morros Pelado, Dedão e Queimado: uma

O Mundo a Vapor, museu com miniaturas de máquinas a vapor, em Canela

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vivo, o roteiro abriga um conjunto arquitetônico casas de pedra e madeira, construído pelos imi-grantes italianos.

Vale do Rio das Antas: a maior ponte em arco da América Latina liga Bento Gonçalves a Ve-ranópolis. sob ela, passa o rio apropriado para a prática do rafting.

CAXIAS DO SUL

importante cidade industrial, Caxias do sul é a cidade mais rica da serra Gaúcha. Foi colonizada por italianos e ainda preserva algumas tradições. Ela se destaca, também, pela produção de uvas. A cidade é palco de uma das mais tradicionais festas do sul do país, a Festa da Uva. seguem algumas atrações turísticas de Caxias do sul:

Monumento nacional ao imigrante: um dos símbolos da cidade, as esculturas remetem à época de 1875 e medem 4,5 m de altura.

Réplica de Caxias do sul: conjunto arquitetô-nico que reproduz a Avenida Júlio de Castilho, em 1885.

Museu Casa de Pedra: datada de 1878, foi construída com pedras irregulares, barro e madei-ra, e atualmente abriga um museu.

GARIBALDI

A cidade, colonizada por italianos, recebe o nome de Giuseppe Garibaldi, participante da Re-volução da Farroupilha e um dos heróis da unifi-cação italiana. Algumas opções de atrações turís-ticas em Garibaldi:

Museu Municipal: construído em 1884, abri-ga o acervo histórico e cultural da cidade.

Píccola Garibaldi: miniatura da cidadeEstação de Esqui: pista de esqui artificial com

350 m, com teleférico e restaurante.

História e tradição preservadas: Imigrantes Italianos

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À mesa

O que sãoalimentosprobióticos?

incorporação destes microorganismos ao produto não altera o sabor, nem a textura e podem ser utili-zadas culturas únicas ou associadas.

As bactérias presentes nestes alimentos probi-óticos agem produzindo compostos como as cito-quinas e o ácido butírico que são antimicrobianos e antibacterianos, ou seja, favorecem a presença de bactérias benéficas ao organismo e diminuem a concentração de bactérias e microorganismos in-desejáveis.

Outras funções:

Os probióticos aumentam de maneira signifi-cativa o valor nutritivo e terapêutico dos alimen-tos, pois existe um aumento dos níveis de vitami-nas do complexo B e aminoácidos.

•Fortalecimento do sistema imunológico, atra-vés de uma maior produção de células protetoras.

Manutenção da microbiota intestinal (flora intestinal), assumindo assim um papel influente na digestão.

•Auxilia no processo de tratamento de pes-soas com intolerância a lactose (açúcar do leite), devido ao aumento de uma enzima que facilita a digestão deste açúcar.

robióticos são microorganismos vivos que podem produzir efeitos benéficos nos alimentos, em prin-cípio, mediante sua ação no trato-gastrointestinal, embora atualmen-te não se excluam outras vias de ação. Os probióticos mais comuns (Lactobacillus e Bifidobacterias) são ingeridos como produtos fer-

mentados (certos iogurtes, leites fermentados e queijos) e no futuro prevê-se que seu consumo se amplie para vegetais, sucos e carnes fermentadas.

Os probióticos já são utilizados há muito tem-po na alimentação. Em 1907, a Teoria de Metchni-koff (Teoria da Longevidade) mostrou a importân-cia dos lactobacilos para a saúde do homem. Por isso, encontramos atualmente produtos contendo

probióticos em todo o mercado mundial. O Japão é o país que apresenta a maior varie-

dade destas formulações, em-bora no Brasil iogurtes e

leites fermentados com culturas probióticas se-

jam facilmente encontra-

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FABIANA BORREGO*

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Ingredientes

1 pacote de gelatina em pó sem sabor e sem cor

¼ de xícara de chá de água4 copos de iogurte natural ½ colher de chá de essência de baunilha4 colheres de sopa de açúcar mascavo3 claras em neve

Farofa3 colheres de sopa de farelo de trigo3 colheres de sopa de aveia3 colheres de sopa de PTs (proteína de soja

texturizada)3 colheres de sopa de amêndoas2 colheres de sopa de açúcar mascavo

Canela em pó½ xícara de chá de morango picados

Modo de Preparo

Em uma vasilha com a gelati-na derrame 1/4 de xícara de chá de água e deixe hidratar por cerca de 3 minutos. Aqueça no microondas por 15 segundos. no liquidificador, bata rapidamente o iogurte, a bauni-lha, o açúcar mascavo e a gelatina já hidratada. Transfira para uma tigela e acrescente delicadamente as cla-ras batidas em neve. Leve para gelar por no mínimo, uma hora. Prepare a farofa. Em uma assadeira, leve to-dos os ingredientes ao forno médio por 20 minutos. Deixe esfriar e pol-vilhe com a canela. sirva a espuma com colheradas da farofa e decore com lascas de castanha do Pará.

Espuma de iogurte

*FABIANA BORREGO é nutricionista especialista em nutrição Clínica e Gastronomia.

Page 82: Revista Evidências - Edição 04

CARTãO DE ASSINATURADesejo adquir a assinatura da Revista Islâmica Evidências, por um período de 1 ANO ou 6 edições por apenas

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CPF/CnPJ: RG / insC. EsTD.:

Endereço:

Cidade: UF: CEP:

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Assoc. Benef. Islâmica do Brasilcnpj: 43.579.802/0001-92

(necessário enviar cópia do comprovante)

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são Paulo - sP - CEP 03009-030

Telefone: (11) 3326-8096Para confirmar a assinatura da Revista Islâmica Evidencias, preencha este cupom e envie via fax para (0xx11) 3326-8096,

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