Revista Escola 2025 1ª Edição
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PNE: o desafio
Iniciativas educacionais
inovadoras no Brasil
de suas metas
e no mundo
A escola em 2025Perspectivas, desafios, utopias. Especialistas e profissionais
de educação discutem como será a escola do futuro
nº 1
2º trimestre / 2015
ApresentaçãoEscola 2025: pensando a escola que vamos construir na próxima década
Caros amig@s da educação, é uma honra
poder testemunhar o nascimento de um pensa-
mento coletivo, uma reflexão ou mesmo a expres-
são de um desejo de pensar na escola da próxima
década. Esta é a primeira edição da Revista Escola
2025 e temos muito orgulho de poder reunir neste
projeto pessoas que admiramos, convivemos e
que, assim como nós, trabalham todo dia com
uma coisa em mente: a escola.
A Escola 2025 nasceu com um único objeti-
vo: reunir quem vive de e para a escola na constru-
ção de diferentes visões de futuro, a respeito dos
desafios que estamos entendendo cada vez melhor
no nosso presente. As tecnologias já estão por aí. Os
problemas já estão (em sua maior parte) mapeados.
As empresas, o governo, líderes educacionais e
educadores estão se mobilizando. Mas nada disso
vai dar certo se, para cada problema, a resposta
for uma solução pontual, desarticulada da escola
e de suas idiossincrasias e, mais importante, sem
uma visão a longo prazo.
Pessoalmente, venho de diversas experiên-
cias que foram se desenvolvendo desde o ano de
2005, ano em que tive a oportunidade de realizar
o primeiro projeto de software pedagógico para
escolas. Alguns projetos foram um sucesso, outros
foram bons, mas não o suficiente para escalar e,
avaliando à luz de um pensamento mais rigoroso,
posso reconhecer com serenidade que existem
projetos educacionais em que a tecnologia estava
certa, a proposta pedagógica era sólida e, ainda
assim, o projeto não sobreviveu à fase piloto. Uma
década depois, é fácil chegar à conclusão de que
o problema não estava no projeto em si, mas sim
na expectativa de tê-lo maduro em apenas seis
meses (quando não, menos!).
Não queremos propor soluções mágicas,
puros reducionismos ou ideias mirabolantes.
Sabemos que assim não vamos ter boas histórias
para contar na próxima década. Mas se começar-
mos aceitando que problemas complexos, muitas
vezes, exigem soluções que, mesmo simples,
demandam tempo para serem implementadas,
tenho certeza que, em uma década, teremos um
outro nível de qualidade em nossas escolas.
Para isso desenvolvemos esta revista.
Queremos abrir espaço para debater e divulgar
pensamentos que, acreditamos, serão de grande
valia para os tomadores de decisão da educação
e, também, para os educadores. Queremos dar
visibilidade às estratégias de tecnologia, estra-
tégias de soluções e estratégias de inovação que
possam sobreviver à fase piloto. E a hora é agora.
Neste ano de 2015, o Secretário de Educação dos
Estados Unidos, Arne Duncan, estabeleceu me-
tas rigorosas para o sistema público americano
que, entre outras coisas, passará a incentivar
a adoção de livros digitais, de forma a reduzir
gradualmente o dinheiro investido nos tradi-
cionais livros impressos até 2020. Mudanças
estão em curso não só em função da revolução
trazida pela tecnologia de consumo (smartpho-
nes, redes sociais, internet de banda larga etc.).
As mudanças estão em curso também porque
o Estado e suas políticas públicas passaram a
empreender de forma mais ativa para mudar
a educação.
Portanto, a Escola 2025 tem uma respon-
sabilidade já assumida. Não se trata apenas
de idealizarmos um tipo de escola próxima da
utopia. Se as soluções para uma melhor escola
forem pensadas dentro de uma perspectiva de
excelência em educação, e que esta excelência
terá seu tempo próprio para ser construída,
então esta é uma estrada em que se vale a pena
viajar pela próxima década. E que a Escola
2025 seja um espaço de construção para esta
agenda positiva!
Aquele abraço,Daniel IgarashiDiretor de Estratégias e Negócios | MSTECH
Qual a sua visão sobre atecnologia na educação?
Vamos conversar?www.mstech.com.br+55 14 3235-5500 / 14 3235-5509
aprender ensinar transformar
Somos uma empresa de tecnologia educacional que busca a inovação não pela simples ação, e sim para fazer a diferença no meio em que atuamos.
Como posso ter informações administrativas e pedagógicas de forma ágil e simplificada para tomada de decisões assertivas?
Como saber quais as dificuldades na aprendizagem dos alunos, gerenciar e acompanhar atividades por meio de recursos digitais na sala de aula?
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Pelo Brasil e pelo Mundo
Pesquisas e estudos revelam panorama de escolas e medidas que são
destaque na busca pela evolução da educação
Michelly Fogaça
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Índice
CORPO EDITORIALDaniel IgarashiDariel de CarvalhoLaura Paniagua Justino
EDITORFernando Mendonça (MTB 57449/SP)
JORNALISTA RESPONSÁVELMichelly Fogaça (MTB 0075987/SP)
REDAÇÃO Michelly Fogaça
REVISÃO ORTOGRÁFICAEduardo CarboneFernando Mendonça
APOIO EDITORIALEduardo CarboneHelena SylvestreVinicius Carrasco
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOJoão BrizziJúnior Morasco
ILUSTRAÇÃO E INFOGRÁFICOSJoão BrizziJúnior Morasco
GERENTE DE MARKETING E VENDASBruno Piubeli
MARKETINGAna Paula MarouboCaio Spoladore
[email protected] nossa página: www.escola2025.com.br
Revista Escola 2025 é uma realização daMSTECH Educação e Tecnologia S.A.
Todos os direitos são reservados.
Jornalista Caio Dib percorreu 17 mil quilômetros para conhecer escolas do Brasil.
A Escola do Futuro
pág. 11Planejar para realizar
pág. 22
O caminho a seguir
pág. 28Aprender e ensinar sob medida
pág. 37
Escola e sociedade
pág. 44Opinião de estudante
pág. 46
Pelo Brasil e pelo Mundo
pág. 5
76
A tendência natural dos seres vivos é a evolu-
ção, uma afirmação conhecida desde as publicações
de Charles Darwin em 1859. Nos seres humanos, essa
tendência à evolução não leva apenas à sobrevivência
do corpo físico, mas principalmente ao aprimoramento
intelectual. Não é à toa que as revoluções industriais
e tecnológicas estão intrinsecamente ligadas ao cres-
cimento informacional das pessoas. E o que isso tem
a ver com a escola? As instituições de ensino são o
berçário para a evolução intelectual dos seres hu-
manos e, assim como no Darwinismo, é preciso que
essas se adaptem aos alunos de hoje e do futuro e às
necessidades emergentes desse público e da socie-
dade, para que não se caracterizem como ambientes
deslocados da realidade.
Seja por iniciativa governamental ou não, insti-
tuições do mundo todo estão encontrando maneiras de
se adaptar e de melhorar a forma de ofertar educação
à população. Essa mudança no paradigma das escolas
eleva o desempenho dos alunos em pesquisas sobre
a qualidade de ensino e, dependendo da estratégia
abordada em cada instituição, prepara os estudantes
para que sejam cidadãos mais ativos e profissionais
mais qualificados. Alguns exemplos dessas mudan-
ças foram relatados no estudo da Organização para
a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OCDE,
divulgado no início deste ano.
PREPARAR ALUNO PARA MERCADO DE TRA-
BALHO E OFERECER MELHOR AMBIENTE ESCOLAR
SÃO DESTAQUES EM ESTUDO
A OCDE analisou mais de 450 iniciativas adota-
das nos últimos sete anos por 34 países, em sua maioria
com alto índice de desenvolvimento humano e PIB
elevado. Dentre essas iniciativas, a mais implantada,
em 29% dos países analisados, é referente ao preparo
dos alunos para o mercado de trabalho e à continui-
dade dos estudos, com ensino profissional e técnico.
O que, segundo os especialistas responsáveis pela
pesquisa, auxilia no fortalecimento da economia do
país, uma vez que interfere na qualidade técnica e
amplia a produtividade dos trabalhadores.
Um exemplo dessa iniciativa voltada ao mercado
de trabalho está em Portugal. Com o objetivo de am-
pliar as matrículas dos jovens no ensino profissional,
os cursos oferecidos passaram a ser compatíveis com
a demanda do mercado de trabalho nas diferentes
regiões do país. Com intenção similar e buscando a re-
dução da desistência de alunos, a Dinamarca também
tem reformulado seu sistema de ensino profissional.
A melhoria no ambiente escolar é a segunda
iniciativa mais tomada pelos países da pesquisa. Em
cerca de 24% deles a preocupação está em reduzir o
número de alunos por turma, reformular os currículos
e capacitar professores para atender melhor ao perfil
do estudante de hoje. Para atingir essas expectativas,
Austrália, França e Holanda passaram a investir no
treinamento de docentes, com criação de institutos
para trabalhar a parte prática e teórica da docência,
e a atrair os melhores alunos da educação básica para
a graduação em cursos na área de educação.
Em 16% dos países a qualidade importa tanto
quanto a quantidade no quesito educação, por isso
foram tomadas medidas para que toda a população,
ou a maior parte dela, tenha acesso a, pelo menos,
um nível mínimo de ensino. No Chile, por exemplo,
já é proibida qualquer seleção para escolas de ensino
fundamental que apresente como critério renda ou
performance. Essas mesmas instituições de ensino
também não podem excluir um aluno por baixo de-
sempenho ao longo da vida escolar.
Na Nova Zelândia, a preocupação com as mi-
norias foca em estratégias para melhorar a educação
dos maoris, a população nativa do país que representa
cerca de um quarto dos habitantes. Já na Inglaterra,
fundos adicionais são repassados às escolas para que
mantenham, nas classes, crianças em risco social.
Outras iniciativas da pesquisa se aproximam
de ações já presentes no Brasil, como avaliação das
escolas para comparativo e estabelecimento de metas.
Um projeto na Itália, por exemplo, possibilita que
as escolas decidam se serão avaliadas ou não. Esse
processo engloba a autoavaliação da instituição e
uma avaliação externa. As informações sobre essas
avaliações são divulgadas publicamente e usadas para
que um plano de objetivos de melhoria e crescimento
seja traçado.
Também presentes no Brasil, a organização do
sistema educacional e a definição de uma política
nacional de educação representam o foco de 9% das
reformas apresentadas pela OCDE. Em um acordo
envolvendo todos os partidos políticos do país, a Di-
namarca reformou a estrutura, tanto concreta quanto
metodológica, de suas escolas públicas. A intenção
da ação foi simplificar objetivos curriculares e abrir
escolas para as comunidades. Na Estônia, o uso de tec-
nologia digital no processo de ensino e aprendizagem
está entre as cinco metas nacionais para a educação
estabelecidas no país.
Para a OCDE, a análise dos resultados dessas
políticas é um processo longo, mas só o aspecto das
iniciativas já demonstra o interesse na melhoria dos
sistemas de ensino dos países envolvidos. E, apesar
dessas iniciativas serem direcionadas a cada cultu-
ra e política educacional em específico, toda ideia
de mudança na busca por resultados positivos pode
ser referência para outras iniciativas com o mesmo
intuito.
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Pelo Brasil, várias iniciativas também são to-
madas na busca pela potencialização do ensino e, con-
sequentemente, da aprendizagem. Conhecer projetos
que já fazem a diferença mostra que o país caminha
para uma reforma na educação, entretanto, também
enfatiza o que precisa ser mudado com urgência para
que, de fato, as escolas se preparem para as demandas
de uma instituição do futuro. E foi esse cenário que o
jornalista Caio Dib explorou ao longo de 2013, ano em
que percorreu 17 mil quilômetros, rodados de carro,
barco, ônibus e avião, para conhecer 58 cidades de 12
estados diferentes e o Distrito Federal.
O interesse pela área se desenvolveu da curio-
sidade do comunicador sobre como a educação pode
transformar os alunos e a sociedade a partir do
protagonismo e de novas maneiras de aprender e
ensinar, mas a motivação em fazer a viagem veio
da percepção de que é preciso conhecer de perto a
realidade do país para saber quais são realmente as
necessidades das escolas e o que de diferencial já está
sendo trabalhado nas mesmas, seja por iniciativas
governamentais ou não. “Em um momento da minha
vida, queria conversar com as pessoas, conhecer as
realidades brasileiras e descobrir o que realmente
estava acontecendo de bom na educação brasileira e
que pouca gente conhecia. Então, vi na viagem uma
oportunidade muito rica de viver essa experiência e
estar mais perto das pessoas”, justifica o jornalista.
Iniciativas como a de Caio tornam-se um regis-
tro extraoficial da situação das escolas e do ensino
no país, muitas vezes mais detalhado do que os ela-
borados por institutos de pesquisa. As experiências
da viagem foram transformadas no livro Caindo no
Brasil: uma viagem pela diversidade da educação, no
qual o autor retratou algumas das ações com as quais
teve contato (confira parte delas no quadro da pág. 10).
“O Caindo no Brasil, projeto que deu nome à viagem
e hoje continua mapeando pessoas e iniciativas que
fazem a diferença na educação, busca iniciativas
que realmente estejam mais consolidadas (não sejam
apenas pontuais) e que trabalhem com uma educação
para a vida, iniciativas que realmente desenvolvam
crianças, jovens e adultos”, destaca o autor.
Entre as ações com que o jornalista teve contato,
que vão do incentivo à remodelagem da maneira de
estudar à inserção de responsabilidade ambiental e
sustentabilidade na realidade escolar, Caio destaca
que não há em nenhuma delas uma resposta única
para reformular a educação no país. Segundo ele,
“cada modelo tem seus benefícios e seus desafios para
cada objetivo de aprendizado”, ou seja, cada instituição
ou grupo de escolas, aproximadas por necessidades
semelhantes, devem investir em projetos que levem
em consideração as necessidades locais.
Para Caio, “muita coisa boa” já acontece na edu-
cação brasileira, mas alguns dados, de infraestrutura,
por exemplo, preocupam o jornalista, como mais de
60% das escolas públicas não terem esgoto via rede
pública. Independentemente de pertencer ao setor
privado ou público, a estrutura do local de ensino
também influencia no desenvolvimento escolar dos
alunos e na implantação de medidas que modernizem
o sistema educacional do país.
A adaptação das escolas funcionará como uma
seleção natural: aquelas que não conseguirem atender
às demandas e formar os alunos necessários à socieda-
de do futuro estarão à parte da evolução da educação,
serão obsoletas. Na perspectiva do jornalista, a escola
do futuro será mais integrada ao espaço social que a
cerca. Dessa forma, “será possível aprender física na
oficina mecânica e matemática na papelaria”. Caio
acredita que “a lousa e o giz continuarão presentes,
mas cada vez mais apoiados por tecnologias que fa-
çam sentido no processo de ensino e aprendizagem,
colaborando com o ensino personalizado e também
incentivando o trabalho em grupo e o protagonismo
do aluno”.
O jornalista também defende a importância da
participação da sociedade nos processos educacionais
do país e na cobrança para que o tema tenha destaque
em ações políticas, como a redistribuição de verbas
entre as secretarias e ministérios para privilegiar
a pasta. Caio espera “que os problemas de infraes-
trutura sejam minimizados (apenas 41% das escolas
públicas têm internet banda larga e 78% das escolas
particulares – e nem sempre de boa qualidade) para
que o processo educativo seja mais eficaz. A mudança
acontece no plural; apenas juntos vamos conseguir
transformar a educação para melhor”.
Pesquisa de campo: ideiasinovadoras e protagonismo na educação levaram jornalista a viajar por escolas do Brasil
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Iniciativa em Pentecoste, interior do Ceará, utiliza
a metodologia de aprendizagem cooperativa.
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O Caindo no Brasil busca ini-ciativas que realmente este-jam mais consolidadas e que trabalhem com uma educação para a vida, iniciativas que re-almente desenvolvam crian-ças, jovens e adultos.
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CAINDO NO BRASILDentre a pluralidade de iniciativas registradas no trabalho de Caio Dib,
a Escola 2025 destaca três. Conheça-as.
Na zona rural de Pentecoste, interior do Ceará, a metodologia de aprendizagem coopera-tiva é trabalhada há 18 anos com estudantes locais. Ao longo desse tempo, a pequena comunidade se orgulha dos 500 jovens que ingressaram na universidade. A iniciativa foi do professor formado em Química, filho de agricultores, Manoel Andrade, que participou de uma ação semelhante na juventude, a qual o ajudou a entrar no curso superior. Para retribuir, criou e incentiva o projeto na comunidade. Como ele, muitos jovens retornam para auxiliar outros estudantes. O Programa de Educação em Células Cooperativas (Prece), atualmente, é apoiado pela Universidade Federal do Ceará e pela Secretaria de Educação do Governo do Estado do Ceará.
No Rio de Janeiro, a Escola Sesc de Ensino Médio, uma iniciativa do Serviço Social do Comércio, é uma escola--residência. Em seu proces-so seletivo, a intenção é contemplar alunos de todo o país, considerando a renda familiar dos mesmos (mais da metade tem renda familiar entre um e três salários mínimos). As salas de aula têm apenas quinze alunos cada e o aprendiza-do acontece dentro e fora delas, já que tanto alunos quanto professores moram no campus. Além do currículo tradicional, também há aulas extras e tudo é planejado para formar cidadãos com habilidades e competências embasadas nas demandas da sociedade e do mercado de trabalho, como responsa-bilidade, autonomia, traba-lho em equipe, diálogo e visão ampla de mundo.
Localizado no Distrito Federal, o Centro de Ensino Médio Setor Leste é uma escola pública que fica em um terreno com dois blocos de salas de aula, ginásio, academia de ginástica, laboratórios, horta, sala de dança, auditório, piscina aquecida e quadras esportivas. Mas não é só a estrutura do prédio que transforma o ensino e a aprendizagem na instituição. Usando uma metodologia embasada na UnB (Universidade de Brasília), os profes-sores dessa escola planejam as atividades de forma interdisciplinar. As avaliações são elaboradas pensan-do no agrupamento das matérias em três blocos: matemática e suas tecnologias (Matemática, Física, Química e Biologia), linguagens e seus códigos (Educação Física, Línguas e Artes) e ciências humanas (História, Geografia, Sociologia e Filosofia).
Para saber mais sobre o projeto Caindo no Brasil, do jornalista Caio Dib, acesse: www.caindonobrasil.com.br.
ESCOLARESIDÊNCIA
APRENDIZAGEMCOOPERATIVA
INTERDISCI-PLINARIDADE
Infográfico: Júnior Morasco | Texto: Michelly Fogaça
A Escola do FuturoEspecialistas e profissionais fazem projeções, discutem desafios
e olham adiante para o que será a educação em 2025
Entrevistas:
Michelly Fogaça
Redação e edição:
Eduardo Carbone, Fernando Mendonça,
Helena Sylvestre e Michelly Fogaça
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Tecnologia na Educaçãopor Daniel Igarashi
proibidos, o professor, no máximo, usa uma lousa
interativa, embora a gente tenha um ou dois exemplos
de escolas que façam uso mais intensivo das tecnolo-
gias, mas nem sempre articulado ao currículo e nem
sempre durante o processo de ensino como um todo.
Eu acho que tudo isso vai mudar. Na próxima década,
as coisas simplesmente vão acontecer. Os professores
e os alunos vão ter uma relação com tecnologia mais
próxima do que existe hoje com os profissionais no
mercado de trabalho. Então, é difícil você imaginar
que um profissional da indústria, por exemplo, não
use o celular, não se comunique por e-mail ou faça
uma apresentação digital. Essas coisas, que eram um
pouco distantes de uma sala de aula, vão naturalmente
começar a acontecer nesse espaço. Eu acho que não
vai ter nada como hologramas, impressoras 3D, lutas
entre robôs dentro da sala de aula, tudo isso é um
pouco fetichismo tecnológico, mas as coisas que vão
acontecer naturalmente, elas por si só já são bastante
ricas e ainda não acontecem.”
HABILIDADES DO SÉCULO XXI E SUA RELA-
ÇÃO COM A TECNOLOGIA
“Hoje a gente fala muito em habilidades do sé-
culo XXI e a tecnologia acaba permeando todas essas
habilidades. Mas a gente fala de habilidades do século
XXI já faz mais de uma década, quer dizer, desde o
início dos anos 2000, com a temática da introdução
da tecnologia nas escolas, já se falava que elas eram
importantes por conta das habilidades do século XXI.
A abordagem não estava errada, mas alguns fatos
indicam que alunos que foram formados na ‘geração
habilidades do século XXI’ também formam a geração
‘nem-nem’: nem estudam e nem trabalham. Isso me
faz pensar que a tecnologia não foi trabalhada com
a devida complexidade junto aos alunos, a ponto de
fazer estes saírem do sistema de ensino e continua-
rem uma trajetória relacionada à tecnologia. Então,
quando falamos a respeito da contribuição da tecno-
logia na formação desse aluno, sobre o que esse aluno
vai ser no futuro, nós estamos aprendendo que não
basta apenas apresentar e introduzir a tecnologia, é
necessário ir um pouco mais além.”
ALUNOS CAPAZES DE PRODUZIR CIÊNCIA
“Para isso, será preciso trabalhar um pouco
mais com conceitos de ciência ou de alfabetização
TECNOLOGIA USADA COMO FERRAMENTA
PREDITIVA E DIAGNÓSTICA CONTRA A POSSIBI-
LIDADE DE FRACASSO ACADÊMICO
“Quando um aluno começa a demonstrar dificul-
dades nas aulas um, dois, três... quando ele chega no
final do bimestre ou no final do semestre acumulando
sucessivas falhas de aprendizagem, provavelmente esse
aluno vai perder não só o semestre, mas o ano inteiro e,
quem sabe, o seguimento inteiro. Isso infelizmente acon-
tece, mas é onde a tecnologia pode realmente contribuir,
na capacidade de fazer uma abordagem mais preditiva
a respeito dos alunos que vão fracassar academica-
mente. Então, para o aluno que começa a fracassar nas
primeiras aulas ou nas primeiras habilidades que são
trabalhadas no currículo, o professor pode já, de forma
mais proativa, intervir para que o aluno não fracasse.
Essa talvez seja a maior contribuição da tecnologia.”
científica, se for o caso. Então, acho que na escola de
2025 algumas coisas vão estar mais maduras. Escolas
de tempo integral, por exemplo, vão ter no seu con-
traturno de aula projetos de robótica, projetos de
economia criativa, projetos de inovação, de pesquisa
científica, tudo isso acontecendo no espaço escolar. Tal-
vez esse tipo de trabalho com tecnologia, articulado por
um currículo de habilidades do século XXI, realmente
vá fazer com que os alunos que vão sair da escola de
2025 saiam mais verdadeiramente preparados para
produzir ciência, para ingressar numa carreira cien-
tífica ou mesmo ingressar numa carreira relacionada
a humanas, mas com uma visão mais ampla de mundo.
Esse aluno, com certeza, vai tirar mais proveito do seu
curso de ensino superior, de sua profissão ou do seu
empreendedorismo, ou o que quer que seja. Ele vai ter
ferramentas melhores para trabalhar.”
CADA ALUNO APRENDENDO AO SEU TEMPO,
AO SEU MODO
“Uma coisa que eu acho uma pena é que o aluno
tenha que estudar durante 12 anos se ele, de fato, con-
seguir assimilar tudo o que ele precisa em nove. Então,
permitindo uma utopia do que poderia ser a escola em
2025, eu acho que nós vamos ter uma capacidade de
fazer a gestão da aprendizagem do aluno num nível tão
profundo, com tanta precisão, que a gente vai ser capaz
de permitir que um aluno, em nove anos, conclua todo
o ensino básico. Ele, em nove anos, já esteja apto, por
exemplo, a ingressar num curso de Medicina. Hoje
nós temos um, dois, três casos isolados de alunos
que vão como ‘testeiros’ no Enem e acabam passando
num curso de Medicina, e eles não podem ingressar
lá porque não concluíram o ensino médio. Isso é um
desperdício de talento. Essa é uma geração super capaz,
que tem muita informação ao seu alcance e, além disso,
está tendo acesso às melhores práticas de ensino que
existem. Então, meu sonho, minha utopia para uma es-
cola em 2025 é uma escola onde o aluno possa concluir
todo um currículo na velocidade que ele consiga.”
Fale com o Igarashi:
Daniel Igarashi é diretor de estratégias e negócios
da MSTECH, empresa brasileira de educação e tecnologia.
PROFESSOR COMO AGENTE DE GESTÃO
“Muitas secretarias de educação ou escolas pos-
suem sistemas de gestão: gestão acadêmica, gestão de
notas, até mesmo boletim on-line de notas. São ferramen-
tas de gestão, mas que talvez ficam mais no computador
da escola ou da rede de ensino do que, efetivamente, na
mão do professor. Na próxima década, provavelmente
nós vamos ver o professor sendo também um agente
de gestão, utilizando, por exemplo, uma ferramenta
dessas em seu tablet ou celular para fazer apontamentos
de valor pedagógico, que vão ajudar no desempenho
acadêmico do aluno ao longo de sua trajetória.”
A TECNOLOGIA DEVERÁ ESTAR VERDADEIRA-
MENTE DENTRO DA SALA DE AULA
“É estranho dizer isso, mas a tecnologia dentro
da sala de aula ainda não acontece. Os celulares são
Diretor de estratégias e negócios da MSTECH acredita numa gestão da aprendizagem capaz deromper com o modelo tradicional de ensino e respeitar o ritmoda assimilação de conteúdode cada aluno
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Educação Inclusivapor Leda Rodrigues
da educação para todos, independentemente de suas
origens ou de suas condições sociais; ‘Conferência de
Jomtien’ (UNESCO, 1990) que aprova a ‘Declaração
Mundial sobre educação para todos’ e também o pla-
no de ação para atender as necessidades básicas de
aprendizagem, com finalidade de atingir os objetivos
estabelecidos na declaração e retomar o ponto que a
educação é um direito fundamental a todos; a ‘Decla-
ração de Salamanca’, em 1994, marco da inclusão, com
base nas várias declarações e tratados internacionais,
que demanda que os Estados assegurem que a educa-
ção de pessoas com deficiência faça parte do sistema
educacional, reafirmando o compromisso ‘Educação
para todos’; e a ‘Convenção de Nova York’, em 2007,
momento da assinatura da ‘Convenção Internacional
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência’ e seu
Protocolo Facultativo, do qual o Brasil é país signatá-
rio, instituindo a convenção com status equivalente
ao das emendas constitucionais, por meio do Decreto
nº 6949/2009. Como se vê, as mudanças são constantes,
são criados planos, programas e leis que disciplinam
e apresentam diretrizes frente à inclusão no contexto
educacional, porém, tudo isso ainda é só o começo,
pois o preconceito, a discriminação, a falta de recursos
apropriados e o apoio de equipe multidisciplinar aos
professores, ainda se apresentam como obstáculos, no
que diz respeito à inclusão da pessoa com deficiência
nos diferentes níveis e contextos educacionais.”
PRIORIDADES NO PROCESSO DE INCLUSÃO
“Há diversas ações, documentos e planos nor-
mativos para efetivar a inclusão da pessoa com de-
ficiência nas escolas públicas e privadas. Porém, os
aspectos clínico e assistencial ainda são tidos como
carros-chefe desse público e referências de defesa
contra a inclusão. Como prioridade, a sociedade deve
pensar, agir e realizar, considerando as especifici-
dades e necessidades das pessoas com deficiência,
e romper as barreiras atitudinais, arquitetônicas e
comunicacionais. Sendo possível, assim, propiciar
à pessoa com deficiência desempenhar seu papel e
demonstrar seu potencial.”
USO DE RECURSOS DE TECNOLOGIA ASSIS-
TIVA DESDE A EDUCAÇÃO INFANTIL
“Tendo como base o desenvolvimento humano,
se for iniciado na educação infantil o uso de recursos
de tecnologia assistiva no apoio da escrita, do desenho, da
leitura e de outras atividades lúdicas (e de aprendizagem,
que compreendem o universo desse nível educacional),
o aluno do Ensino Fundamental já terá habilidade com o
uso dos recursos que facilitam sua expressão gráfica, co-
municacional e de locomoção. Assim, o professor poderá
focar sua atenção no processo de aprendizagem do aluno
com deficiência, tornando este apto a desenvolver suas
competências e habilidades, demonstrar seu potencial
e se preparar, como qualquer cidadão, para a vida e o
mercado de trabalho.”
DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS E
HABILIDADES NO FUTURO
“Espera-se que no ano de 2025, os recursos de tecno-
logia educacional, disponíveis no espaço correspondente
a uma sala de aula, estejam todos adaptados para atender
às diferentes necessidades de todos os perfis de alunos.
Os sistemas possibilitarão diferentes parametrizações
e irão possuir um sistema adaptativo que registra o
desempenho de cada aluno, além de considerar recur-
sos de acessibilidade em todas as funções necessárias.
Uma mesma atividade irá se apresentar com níveis de
dificuldades diferenciados, dependendo das trilhas de
aprendizagem de cada aluno. O professor continuará ten-
do o papel fundamental de educador: seu planejamento
terá métricas que possibilitarão análises e evidências de
aprendizagem, de acordo com as estratégias e recursos
utilizados com cada aluno. Dessa forma, será realizado
o agrupamento dos alunos, não mais seriado, mas de
acordo com o desenvolvimento das competências e
habilidades escolhidas, colocando em prática, também,
a autonomia na tomada de decisão.”
Fale com a Leda:
Leda Rodrigues é Mestre em Psicologia do Desenvol-
vimento e Aprendizagem pela Unesp-Bauru, especialista
em Práticas da Educação Especial Inclusiva e graduada
em Pedagogia. Atuou como consultora técnica especiali-
zada no PNUD/ONU - Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento. Atualmente, é Gerente de Projetos
Educacionais na MSTECH e professora conteudista de
Tecnologia Assistiva nos cursos de especialização da
UNESP/NEAD/REDEFOR.
Especialista em Práticas de Educação Especial Inclusiva comenta sobreas necessidades de mudanças nos processos de inclusão no cenárioeducacional, e expõe suas idealizações acerca do uso das tecnologiaspara o aprimoramento das habilidades do aluno na escola do futuro
UM TEMA QUE NECESSITA SER AMPLAMENTE
DISCUTIDO EM TODOS OS NÍVEIS
“Ao elencarmos mudanças e transformações
ocorridas na educação, algumas delas ainda geram
constantes discussões: as avaliações de larga escala, o
ensino em tempo integral e a utilização dos recursos
de tecnologia no contexto educacional são exemplos
disso. Um outro exemplo é a inclusão das pessoas com
deficiência. Este tema aponta, ainda, para a necessidade
de ampla discussão, por muitos anos defendida pelos
movimentos sociais, por tratados/convenções interna-
cionais, programas/planos e legislações que abarcam
esse público. Mas, na prática, o processo ainda não
envolve todos os níveis educacionais.”
MECANISMOS NORTEADORES DAS POLÍTICAS
PÚBLICAS DE INCLUSÃO
“Os tratados e convenções internacionais são con-
siderados mecanismos norteadores das políticas públi-
cas em nosso país. Num trajeto cronológico, temos como
principais marcos: a ‘Declaração Universal dos Direitos
Humanos’ (UNESCO, 1948) que estabelece a garantia
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Currículo e Aprendizagempor Dariel de Carvalho
MAIOR ACESSO À ESCOLA, MAS NECESSIDA-
DE DE MUDANÇAS ESTRUTURAIS
“A escola, hoje, é um grande centro de convivên-
cia, que integra as pessoas e realiza isso muito bem.
Considero um ponto positivo as pessoas na escola, pois
ela deve ser para todos mesmo, e isso é o grande avanço
que temos vivenciado. Ainda considero como pontos
negativos a estrutura escolar, as políticas públicas e
as metodologias de ensino, que não estão preparadas
totalmente para receber de forma construtiva essas
novas gerações. Esses pontos ainda precisam ser re-
vistos. Acredito que o desenvolvimento ocorre sempre
na necessidade de aperfeiçoar, de buscar soluções,
então sou otimista em acreditar que, para os próximos
anos, teremos uma educação melhor e condizente com
o tempo e a sociedade contemporânea.”
TECNOLOGIA NO PROCESSO DE PERSONA-
LIZAÇÃO, GERENCIAMENTO E AUTOGERENCIA-
MENTO DA APRENDIZAGEM
“Acredito na mudança de currículo, pois precisa-
mos ter um ensino básico que atenda aos anseios e às
necessidades contemporâneas, levando em considera-
ção competências necessárias para o desenvolvimento
holístico do ser humano. Outro ponto importante a ser
considerado é a metodologia: acredito que, cada vez
mais, conceitos de gerenciamento, gestão e controle
de processos, hoje eficientes nas empresas, ganharão
espaço nas escolas. Pois, para se planejar, executar
e aprimorar processos, se faz necessário uma visão
de acompanhamento mais apurada e acredito que a
educação será muito beneficiada com a estrutura que
empresas já implantam. Com relação às tecnologias,
acredito que agora, depois de uma fase em que tudo
foi pensado para ser incluído no processo de ensino
e aprendizagem, passamos por um momento no qual
tudo precisa ser analisado para verificar se realmente
faz sentido. As perguntas passam a ser: o uso desse
recurso irá contribuir de que forma? Vale a pena?
Então, a tecnologia no processo de personalização e
de gerenciamento ou, por que não, autogerenciamento
da aprendizagem, passa a fazer total sentido.”
DESPRENDER-SE DE RAÍZES PARA EVOLUIR
PROCESSOS
“Precisamos de profissionais que olhem a edu-
cação desprendida das raízes, que busquem romper
TRANSFORMAÇÃO PRECISA SER CONSTANTE
“A escola antigamente atendia às necessidades
educacionais do seu tempo, pois trazia para o aluno
a informação, a novidade. Poucos tinham recursos
para explorar fora da escola, talvez acesso à enciclo-
pédia ‘Barsa’. O desenvolvimento mudou muito esse
percurso e transformou as necessidades dos alunos.
Atualmente, eles recebem muitas informações, são
mais questionadores e a escola ainda não conseguiu
absorver essa transformação. A escola tenta impor
um ritmo de 30 ou 40 anos atrás para ensinar um
aluno de hoje. Essa dificuldade mostra que as pessoas
com modelos postos e seguidos por todos, mas que tenham
coerência em suas ações e que acompanhem sempre a
evolução dos processos para que nada seja feito sem
respaldo científico, e que favoreça o alunado, razão pela
qual a escola existe. A tendência é de apresentação de
inovações e crescimento do número de avaliações e men-
surações, pois, tudo de novo que está sendo implantado
necessita de acompanhamento e constante avaliação.”
PROFESSORES, ALUNOS, FAMÍLIA E GESTORES
EDUCACIONAIS: UMA MAIOR INTEGRAÇÃO PARA A
ESCOLA DO FUTURO
“Acredito que, no futuro, os alunos terão maior
autonomia para realizar suas ações dentro da escola,
com o respaldo tecnológico necessário para suportar
essas ações. Podemos falar em plataformas integra-
das, adaptativas, com conteúdos personalizados que
realmente facilitem e colaborem para o seu desenvol-
vimento efetivo, dentro de suas escolhas e habilidades.
O professor, um arquiteto da aprendizagem, mostrando
mais as questões práticas, vivências e experiências das
aplicações, mediando todo esse processo e conduzindo o
aluno em seu caminho e escolhas. A família entendendo
que é necessário acompanhar mais a vida do seu filho,
mesmo que por meio de dispositivos móveis e sistemas
de monitoramento. Mas, com a visão otimista, acredito
que a família irá compartilhar mais com a escola a res-
ponsabilidade da formação de seus filhos. E os gestores
educacionais acompanhando de perto todo esse processo
de transformação, conduzindo os esforços para atendi-
mento de metas e desenvolvimento integral do aluno.”
Fale com o Dariel:
Dariel de Carvalho trabalha com educação e tec-
nologia desde 1998, é graduado em Informática pela Fa-
culdade de Tecnologia de Jaú, especialista em Marketing,
com Mestrado em Educação Especial e Doutorado em
Educação. Atualmente é pesquisador na Universidade
do Sagrado Coração – USC, trabalhando na graduação
de Pedagogia e na pós-graduação de Psicopedagogia.
Pesquisa as áreas de tecnologia aplicada à educação
e tecnologias assistivas. Gerencia a área de Ensino e
Aprendizagem na MSTECH.
mudaram muito seu comportamento, sua estrutura
familiar, sua dinâmica de vida, mas a escola pouco
se transformou para acompanhar essas mudanças.
Acredito que os alunos serão os principais iniciadores
desse processo de transformação, pois a educação
é deles e para eles. Dessa forma, os professores, na
busca por melhor atendê-los, irão novamente buscar
ser condizentes com o público que eles atendem e
a escola passará a desenvolver um novo papel de
relevância na sociedade, relacionada à missão mais
assertiva de formar o cidadão com as competências
de que ele necessita.”
Para Doutor em Educação e Mestre em Educação Especial, mudançade currículo e inclusão de conceitos sobre gestão e controle de processosserão fundamentais para a evolução do ensino e da aprendizagemna escola do futuro
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Tecnologia e Conteúdopor Rafael Teixeira
estão tendo agora, podemos notar que, de certa for-
ma, estes forçaram os professores e a escola a adotar
a tecnologia de várias maneiras. Entendo que esse
cenário levou, naturalmente, os educadores e gesto-
res a questionarem mais como a tecnologia e outras
tendências podem trazer inovações ao processo de
ensinar e aprender, iniciando, assim, apenas o co-
meço de uma transformação que tem tudo para ser
integral e profunda.”
TECNOLOGIA E ARTICULAÇÃO PEDAGÓGICA
“Nos últimos anos, as escolas procuraram adotar
diversas soluções e novidades tecnológicas, de siste-
mas e aplicativos, a projetos complicados de realidade
aumentada. Mas, um ponto que talvez trouxe uma
certa frustação em diversas iniciativas, foi a desarti-
culação com o currículo e o conteúdo didático, além
da não integração com a gestão do aluno em meio
a essas tecnologias. De certa forma, isso é natural
em qualquer processo de mudança, como Gartner
descreve o modelo dos Hype cycles, que existe uma
euforia quando uma novidade aparece, seguida de
uma crescente expectativa, que em seguida pode cair
em declínio devido a frustrações provocadas pela
não correspondência dessa expectativa. Entretanto,
logo a escola irá entender a maturidade da tecnolo-
gia e o real papel dela, compreendendo o mercado e
entrando num estágio de adoção estabilizada. Assim,
irá diminuir o uso da tecnologia sem planejamento
prévio quanto à articulação pedagógica, que é funda-
mental para que essas iniciativas tenham longevidade
dentro da escola.”
A RELAÇÃO DA ESCOLA NO BRASIL COM A
TECNOLOGIA
“Um aspecto positivo dessa relação é que a esco-
la, hoje, está procurando rever o papel da tecnologia
em seus processos, como o de ensino e aprendizagem.
Também vem buscando melhorar a gestão da escola e
seus recursos. Além disso, o contato com a tecnologia
no dia a dia aumentou, ajudando a diminuir a resistên-
cia ao uso dela para a educação. Como aspecto negativo
dessa relação, eu reforço a necessidade de articular a
adoção das tecnologias, em um cenário que temos de
empresas e iniciativas muitas vezes despreparadas
para atender as necessidades da educação, para que
não acabem atrasando a escola em adotar soluções
realmente relevantes para o seu foco principal, que é o
desenvolvimento do aluno.”
DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS TECNOLÓ-
GICOS PARA A EDUCAÇÃO
“O BYOD (do inglês ‘traga seu próprio dispositivo’),
que já é realidade em muitos lugares, provavelmente se
intensificará, por conta dos smartphones e tablets esta-
rem se comoditizando na sociedade como um todo. Isso
quebrará uma primeira barreira, que é a necessidade da
escola adquirir equipamentos antes de obter uma solução.
Entretanto, será preciso tornar ainda mais multidiscipli-
nares os times que trabalham com o desenvolvimento de
recursos tecnológicos para esse mercado [da educação],
convergindo as atuações de especialistas das áreas de
tecnologia e pedagogia. Cada colaborador precisa saber
exatamente qual o real benefício daquela tecnologia,
além de conhecer as necessidades que essa tecnologia
terá durante o desenho de suas funcionalidades.”
PROJEÇÕES DE MELHORIAS PARA A ESCOLA
DO FUTURO
“Será necessário pensar em técnicas e formas de
entender as vocações e interesses do aluno em determina-
do momento da sua vida acadêmica e, a partir daí, fazer
com que sejam direcionadas ao aluno oportunidades
com ênfase no desenvolvimento que ele precisa, para
potencializar seus conhecimentos. Acredito, também,
que as escolas passarão a adotar mais iniciativas de
blended learning, em que são criados ambientes mistos
de aprendizagem, mesclando o aprendizado físico em
sala de aula com ambientes virtuais. Na parte de ges-
tão, acredito que os avanços na interoperabilidade dos
sistemas de educação e a análise de dados irão permitir
diagnosticar e aprimorar as ferramentas de ensino. Com
isso, será possível, por exemplo, criar ambientes total-
mente adaptáveis ao aluno, propondo conteúdos variados
e atividades diferentes, conforme seu progresso.”
Fale com o Rafael:
Rafael Teixeira é Mestre em Ciência da Computa-
ção pela Unesp e graduado em Sistemas de Informação
pela mesma instituição. Atualmente, exerce a função de
gerente de desenvolvimento na MSTECH.
Mestre em Ciência da Computação explica sobre como o uso de recursostecnológicos vem sendo adaptado ao contexto educacional, sobreas necessidades de articulação entre tecnologia e conteúdos pedagógicos,e aponta suas expectativas para um ensino individualizado no futuro
ENTENDENDO COMO A IMERSÃO EM TEC-
NOLOGIA FOI POSSÍVEL
“Como previsto há muito tempo na lei de Moore,
o poder computacional de um chip (ou processador)
dobraria a cada um ano e meio. Isso aconteceu e,
aliado ao fato de terem seus tamanhos reduzidos
drasticamente, possibilitou uma invasão de tablets e
smartphones, que chegaram às mãos dos alunos e pro-
fessores mais jovens. Outro fator, que já é um jargão,
foi o barateamento e a acessibilidade da internet, que
impulsionou ainda mais essa convivência da última
geração com a tecnologia.”
A ADOÇÃO DA TECNOLOGIA NO CONTEXTO
EDUCACIONAL
“Se pensarmos que a geração dos professores
que estão exercendo a profissão atualmente não teve
contato tão estreito com a tecnologia, como os jovens
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Ensino Personalizadopor Mario Ghio Júnior
O PERFIL DO NOVO ALUNO
“O aluno, pela primeira vez, é detentor de cer-
tas habilidades que os professores não têm, porque
a escola, em si, é uma entidade que muda pouco. Há
vários séculos a escola é muito parecida. E a tecnologia
é interessante, pois os alunos, em geral, conhecem
muito mais de tecnologia e usam tecnologia de uma
forma mais fluente do que os próprios mestres. Então,
embora a escola seja bastante parecida com o que
era há um tempo atrás, ela tem dificuldade de lidar
com esse aluno que vem com habilidades novas, com
desejos novos. O aluno, daqui a dez anos, buscará o
conhecimento em uma série de fontes diferentes. Ele
irá depender do professor como orientador de um
percurso exclusivo para si, e não para qualquer outro
aluno. Eu diria que essa é a grande mudança da escola
e é a grande oportunidade que a gente tem, também.”
PERSONALIZAÇÃO DO ENSINO
“A escola, por definição, é um esforço coletivo,
seja uma escola pública ou uma escola privada, e
nela o aluno é parte de uma turma. Mas, até agora, os
professores ensinam para aquele ‘aluno médio’ que
eles têm e dominam poucas habilidades de conexão
com o aluno da geração atual. Nesse sentido, acredito
que o professor, hoje, seja o nó da questão. A minha
perspectiva é de que o uso maciço da tecnologia ajude
a personalizar o ensino de cada aluno, mesmo com
uma aula igual para todo mundo. Aqueles que têm
mais dificuldades serão expostos a atividades que
vão sanar essas dificuldades, e aqueles que têm muita
facilidade vão ser sempre estimulados a continuar
caminhando, para se tornarem alunos cada vez mais
excelentes. Essa será a grande conquista da escola
do futuro: enxergar que cada um de nós é diferente,
aprende de um jeito diferente e, portanto, precisará
gerenciar o nosso aprendizado de maneira particular.”
O PAPEL DO PROFESSOR COMO GERENCIA-
DOR DE APRENDIZAGEM
“O professor do futuro vai ser muito mais um
gerenciador de aprendizagem do aluno do que pro-
priamente aquele único elemento da escola respon-
sável por transmitir conhecimento. Fala-se muito,
hoje, no modelo de ensino centrado no aluno, mas o
problema é como fazer isso numa aula que continua
e continuará sendo coletiva. O educador de amanhã
vai ser aquele professor capaz de pegar os elementos
do estudo individual do aluno e ajudar a cada um dos
alunos, com o uso da tecnologia, a melhorar. Os bons
viram excelentes, aqueles que não estão acompanhando
se transformam em bons alunos e o professor tem que se
enxergar, não como o violinista solo da orquestra, mas
como o regente, o maestro daquela orquestra.”
MODELO DA ESCOLA QUE TRANSFORMARÁ A
SOCIEDADE DO FUTURO
“A escola do futuro é aquela que vai garantir uma
qualidade de ensino para todos os seus alunos. E todo
aluno que tiver ou que terminar sua escolaridade básica,
com a qualidade adequada, será um aluno que não terá
limites para evoluir. Eu sempre digo que fico muito triste
quando um aluno escolhe o seu futuro não pelo que ele
sabe fazer, mas pelo que ele não sabe. Por exemplo, jovens
que gostariam de ser engenheiros, mas que desistem des-
sa carreira porque não conhecem bem a matemática. A
escola de 2025 será aquela capaz de integrar à sociedade
pessoas com liberdade de escolha, com locomoção, com a
possibilidade de serem o que quiserem. A escola precisa
melhorar muito, para que todos os alunos que passem
por ela possam escolher o seu futuro.”
APRENDIZADO, SABEDORIA E ÉTICA
“Para mim a escola utópica é aquela em que o aluno
conseguirá evoluir dentro dos padrões adequados da so-
ciedade brasileira. Aprender aquilo que a gente definiu
que é o adequado para ele em cada série, que ele consiga
dar mais um passo, que é: ‘puxa, eu não só quero estar
adequado à minha série, mas também quero ter certeza
de que se o meu sonho é ser médico, ao fim do ensino
médio, que eu também esteja adequado à curva de aqui-
sição de conhecimento que todos os alunos anteriores a
mim, que conseguiram virar médico, tiveram’. Então, o
sujeito poderá se focar em seu sonho e fazer isso de um
jeito divertido e ético, não é? A escola utópica é aquela
em que os alunos aprendem, ficam mais cultos, mais
sábios e mais éticos, também.”
Fale com o Mario Ghio:
Mario Ghio Júnior é pós-graduado em Pedagogia e
gestão de negócios, e possui graduação em Engenharia
Química. Atualmente, exerce a função de CEO de Edu-
cação na Abril Educação.
CEO de Educação na Abril Educação comenta sobre a necessidade de personali-zação do ensino direcionada aos alunos da nova geração, o papel do professor na escola do futuro e a importância do exercício da ética no ambiente escolar
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Planejar para realizarGestão da aprendizagem eficiente só é possível com organização
e dedicação aos objetivos da sala de aula e da comunidade escolar
Michelly Fogaça
Há um provérbio africano que diz ser preciso
“toda uma aldeia para se educar uma única criança”.
Mesmo sua autoria sendo desconhecida, é possível
imaginar que quem o usou pela primeira vez tinha
ao menos uma ideia da complexidade que envolve a
gestão da aprendizagem. O processo que leva alguém
a aprender abrange aspectos internos e externos ao
ser humano, ou seja, é uma ação social de resultado
pessoal. E é diante desse desafio que a organização
no âmbito escolar deve valer-se de sua importância
para a eficiência de tal processo.
Segundo o Professor Celso dos Santos Vascon-
cellos, Doutor em Educação pela USP e Mestre em His-
tória e Filosofia da Educação pela PUC/SP, a ação que
pode ajudar a gerir de maneira mais hábil o processo
de aprendizagem é aquela que tem como pressuposto
que a gestão da aprendizagem é um dos elementos de
um processo maior, que engloba a gestão da sala de
aula e a gestão escolar como um todo. Para o especia-
lista, é preciso lembrar que “a gestão da aprendizagem
não se faz de maneira isolada da gestão da disciplina e
da organização da coletividade” e, ainda, que um dos
grandes cuidados que se deve ter “é estar atento tanto
aos aspectos objetivos quanto aos aspectos subjetivos
daquilo que interfere no processo de aprendizagem
dos educandos”.
Vasconcellos destaca que há seis exigências
subjetivas essenciais para que o ser humano aprenda,
possibilitadas a partir do desenvolvimento de sua
função simbólica. São elas: a capacidade sensorial e
motora ligadas à capacidade de operar mentalmente;
o conhecimento prévio; o acesso à informação; o que-
rer; o agir; o expressar-se. Esses aspectos subjetivos
dizem respeito à base orgânica da aprendizagem, às
referências trazidas de fora da escola, à reação ao
meio e demais ações ligadas ao intrínseco natural do
ser individual e social.Do ponto de vista objetivo, o especialista destaca
o que ele considera um elemento básico: um professor que queira e saiba ensinar. “Pode-se ter um conjunto de elementos objetivos, como, por exemplo, o número de alunos em sala de aula, materiais, equipamentos, até salário, mas se falta essa disposição, esse querer do professor, as coisas não acontecem. Em termos institucionais, enquanto variável isolada, o querer do professor é o fator que mais interfere no querer do aluno, que é uma das exigências para a aprendi-zagem”, explica o educador.
APRENDIZAGEM DO ALUNO É RESPONSABILI-
DADE DE VÁRIOS MEMBROS DO SISTEMA DE ENSINO
O ambiente escolar e os agentes da educação são
peças com grande peso na aprendizagem do aluno.
Se o aprender consiste em algo externo e interno, o
meio em que o aluno está e o que lhe é proporcionado
neste afetam-no direta e indiretamente. Dessa forma,
cada parte constituinte de um sistema de ensino tem
responsabilidades com a gestão da aprendizagem, seja
no estabelecimento de metas e políticas, na cobrança
das mesmas ou em sua aplicação.
As secretarias de ensino, por exemplo, são res-
ponsáveis por gerir as políticas públicas que garantem
as condições materiais, institucionais e organizacio-
nais para que o ensino e a aprendizagem aconteçam
de forma coerente com o Projeto Político Pedagógico
da rede de ensino e de cada escola. Já os diretores de
unidades escolares devem prezar pela qualidade e
cumprimento das metas estabelecidas nas institui-
ções sob sua responsabilidade e garantir uma gestão
democrática, para que o envolvimento seja de todos.
Quanto aos coordenadores pedagógicos, como
descreve Celso Vasconcellos, cabe “perceber as deman-
das do grupo escolar e ajudá-lo” para que, coletivamen-
te, seus membros encontrem alternativas e soluções.
Uma unidade escolar confusa repassa isso aos estu-
dantes, o que atrapalha também seu desenvolvimento
dentro da sala de aula. Nesse espaço, em específico,
os professores são os mais próximos aos alunos e sua
responsabilidade é dedicarem-se ao aprimoramento
intelectual dos estudantes, proporcionando a eles pos-
sibilidades de aprender conforme suas necessidades e
superando os problemas encontrados ou apresentados
por falhas externas à sala de aula. É essa ação que
Vasconcellos define como um “desafio” docente.
O especialista também destaca que há uma
grande tendência em responsabilizar os pais pela
aprendizagem dos alunos, mas não concorda plena-
mente com isso. Cabe aos pais a educação familiar
e social do aluno, mas a aprendizagem curricular é
Foto: Arquivo Secretaria de Educação de Sertãozinho
Sol do Saber é projeto extraclasse de destaque
em escola municipal de Sertãozinho - SP.
É estar atento tanto aos as-pectos objetivos quanto aos aspectos subjetivos daquilo que interfere no processo de aprendizagem dos educandos.
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responsabilidade da rede de ensino a qual o aluno
está vinculado. Para Vasconcellos, “o papel dos pais
é complementar, de apoio, no sentido de valorizar a
educação, o professor e a escola, de criar ambiente e
rotinas para o estudo dos filhos. O grande papel de
mediação da aprendizagem tem que ser mesmo dos
agentes do sistema escolar”.
FERRAMENTAS TECNOLÓGICAS PARA AUXI-
LIAR E DIVERSIFICAR A GESTÃO DA APRENDIZAGEM
De sistemas para controle patrimonial escolar a
aplicativos de diário de classe, o uso de ferramentas
tecnológicas para auxiliar na organização de redes de
ensino já é uma realidade em várias escolas e secreta-
rias de educação. A boa tecnologia, disponibilizada no
mercado por empresas especializadas em educação, é
uma tendência que também ajuda, e muito, na gestão
da aprendizagem dentro da sala de aula.
É importante destacar que a tecnologia é uma
mediação, é um facilitador e potencializador de ações
funcionais realizadas pelos agentes escolares. Como
destaca Celso Vasconcellos, “os meios tecnológicos
criam condições para que possamos romper essa es-
trutura de sala de aula em que o professor é o único
detentor do saber”.
Com o uso apenas do quadro e do giz, as intera-
ções ficam limitadas a esse espaço e às formas possí-
veis de exposição do conteúdo que lhe são cabíveis.
Consequentemente, isso também limita as maneiras
de aprender do aluno. Já com as novas tecnologias
da informação e da comunicação “são criadas con-
dições para uma reinvenção da sala de aula, como
por exemplo, para sair da metodologia meramente
expositiva e se caminhar para o currículo organizado
por projetos”, exemplifica Vasconcellos. Dinamizar a
maneira como a aprendizagem é gerida, utilizando a
tecnologia, aproxima o aluno das tendências muitas
vezes já presentes em seu cotidiano extraescolar e
facilita sua compreensão do conteúdo, tornando mais
eficiente o processo de ensino e aprendizagem.
Outra contribuição da tecnologia apontada pelo
especialista para uma boa gestão da aprendizagem
é no processo de interação, sobretudo a interação
fora da sala de aula. “Através dessas tecnologias, o
professor pode ter contato com o aluno praticamente
a qualquer hora, e em qualquer lugar, possibilitando
novas formas de interação. É claro que isso traz tam-
bém a necessidade de se repensar a própria questão
do contrato de trabalho do professor, o que isso vai
significar em termos de horas de trabalho etc. Mas
as possibilidades são enormes”, enfatiza o educador.
Em complemento, Vasconcellos lembra que, para
uma escola do futuro em que a aprendizagem seja
efetiva, são necessárias mudanças não apenas tecno-
lógicas, mas de toda a estrutura e da perspectiva dos
agentes escolares, incluindo maior e melhor formação
de professores, remuneração adequada, condições
e ambiente de trabalho estáveis, o compromisso e
envolvimento afetivo com a aprendizagem do aluno,
“além disso, é importante o registro, a sistematização
e a divulgação para o amplo conhecimento das prá-
ticas inovadoras que estão em andamento em toda
a educação básica, tanto no Brasil como no mundo.
Os educadores devem saber que outra escola e outra
forma de aprendizagem é possível”.
SOLUÇÃO DE NECESSIDADES E ATUALIZA-
ÇÃO ESCOLAR PARA GARANTIR A EFICIÊNCIA
DA APRENDIZAGEM
Em Bauru, interior de São Paulo, um colégio
particular está em fase de inclusão de um sistema
de gestão da aprendizagem com foco no desempenho
escolar. A ferramenta possibilita o acesso, por versão
web e mobile, a funções como gestão de turmas, pla-
nejamento anual e bimestral, organização da grade
curricular, lançamento de frequência, enviar ativi-
dades aos alunos, verificar seu desempenho, enviar
atividades ao professor, entre outras.
A escolha pela adesão a essa plataforma foi feita
para aliar modernidade às necessidades de sempre
atualizar as maneiras de gerir a aprendizagem na
escola da melhor forma, ano a ano, como explica a
pedagoga e coordenadora de 6º ao 9º ano do colégio em
questão, Lilian Blanco Dalla Rú. Para a educadora, “ao
somar as ferramentas tecnológicas corretas, voltadas
às potencialidades dos alunos, o processo de ensino e
aprendizagem, por consequência, beneficia a capaci-
dade desses novos estudantes de se adaptarem muito
mais rapidamente às linguagens que o mundo impõe
e cobra no ambiente social, dessa forma, acreditamos
que a tecnologia acaba direcionando a uma valoração
do conteúdo proposto, de forma a solidificar nossa
proposta, pautada nos pilares da educação”.
A coordenadora destaca que uma das principais
preocupações da escola, que guia sua maneira de or-
ganização, é solucionar as necessidades individuais
e coletivas dos alunos, por meio de uma estrutura
amparada em uma visão social e alinhada ao Projeto
Político Pedagógico da instituição, o que, segundo Li-
lian, coloca a instituição em uma posição privilegiada,
a qual reflete todos os ganhos dos colaboradores e
alunos, principalmente quanto à aprendizagem destes.
“Consoante a isso, agregamos ferramentas que justifi-
cam a eficácia e o resultado dessa gestão, tais quais
os investimentos tecnológicos, os aprimoramentos
pedagógicos constantes, com habitualidade na parti-
cipação de congressos, cursos, palestras e simpósios,
acesso a materiais didáticos de qualidade e precisos,
enaltecendo, assim, o conteúdo dos colaboradores”,
pontua a pedagoga.
Ainda sobre a organização da escola, Lilian ex-
plica que “quinzenalmente é realizada uma reunião
do conselho diretor, na qual se definem metas para
aquele novo período”. Também acontecem reuniões
entre coordenadores e professores, a fim de alinhar
todo o conteúdo que se pretende atingir na sala de aula.
Para a coordenadora, essas ações levam ao aprimora-
mento gradual da instituição e de seus profissionais,
preparando-os para o futuro da educação, com uma
aprendizagem efetiva dos alunos.
VALORIZAÇÃO DOCENTE, AMOR AO TRABA-
LHO E PROJETOS EXTRACLASSE SÃO RECEITA DE
SUCESSO DE REDE MUNICIPAL DE ENSINO
Com cerca de 17 mil alunos matriculados em
escolas públicas, Sertãozinho, município do nordeste
paulista, é referência pela qualidade do ensino mu-
nicipal, refletida nos indicadores nacionais, como o
Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica,
que de 2005 a 2013 avançou de 4,9 para 6,4. Para a
psicopedagoga e assessora de educação Maria Helena
Foto
: Arq
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cret
aria
de
Ed
uca
ção
de
Sert
ãozi
nh
o
Roda de leitura para o Dia das Mães,
dentro do projeto Sol do Saber.
Foto: Arquivo Secretaria de Educação de Sertãozinho
Projeto de música em escola de Sertãozinho - SP.
Quinzenalmente é realizada uma reunião do conselho dire-tor, na qual se definem metas para aquele novo período.
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Viel, o sucesso na aprendizagem dos alunos está li-
gado a inúmeras ações da rede, desde a valorização
dos docentes até projetos extraclasse (confira alguns
no quadro da página seguinte). “Não tratamos as
escolas e creches como depósitos de crianças, nos
preocupamos com a qualidade do que é passado aos
estudantes e de como isso é passado”, afirma Lena,
como é conhecida na cidade.
Para o aperfeiçoamento da prática pedagógica
no município, os educadores de Sertãozinho partici-
pam de quatro programas de capacitação no ano. O
destacado pela assessora é a Semana Municipal de
Educação, que faz parte da rede desde 1996. Durante
os dias de programação, os professores têm a oportu-
nidade de assistir a palestras, participar de oficinas,
conferências e debates relacionados à docência.
Outro fator que faz parte da valorização desses
profissionais na cidade é a remuneração. Segundo a
assessora pedagógica, o piso salarial pago atualmente
aos professores de Sertãozinho está significativamente
acima do piso nacional praticado para a categoria. “Se
o professor faz um bom trabalho, ele deve ser valo-
rizado, e se o professor é valorizado, ele faz um bom
trabalho. Uma coisa leva a outra e isso reflete dentro
da sala de aula”, declara a psicopedagoga.
A forma como o aluno é visto também contribui
para sua aprendizagem. E não é apenas dentro da
sala de aula e seguindo o currículo tradicional que
Sertãozinho investe na qualidade de sua educação.
A gestão da aprendizagem nas escolas municipais da
cidade inclui projetos extraclasse, como o Sol do Saber,
elaborado para estimular o interesse pela leitura entre
as crianças do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental.
Pelo menos uma aula na semana acontece na biblio-
teca da escola, onde os “professores de biblioteca”
leem para as crianças e as orientam sobre os livros
e quais desses seriam mais interessantes para elas.
A partir desse incentivo, os alunos tratam a leitura
com prazer e não como obrigação escolar. A assessora
complementa que a cidade também recebe uma feira
do livro anualmente. “Nessa época, sempre trazemos
um convidado especial para deixar ainda mais inte-
ressante o evento. Em uma dessas feiras nosso con-
vidado foi o Rolando Boldrin (cantor e apresentador)
e foi um sucesso”.
Para Maria Luíza de Oliveira, pedagoga e di-
retora da EMEIF Profª Annita Bartolletti Rodrigues,
também de Sertãozinho, essa flexibilidade no currí-
culo da escola é um dos fatores fundamentais para
a eficiência da gestão da aprendizagem. A diretora
considera a escola como segunda instituição para a
criança, “não apenas um espaço social”, por isso, ao
elaborar e colocar em prática o currículo da institui-
ção, devem ser levadas em consideração as caracterís-
ticas do ambiente escolar, de seus docentes, demais
funcionários e dos alunos.
Quanto ao papel do professor para a qualidade
da aprendizagem do aluno, Maria Luíza acentua o
diagnóstico e a análise das várias formas de ensinar
e aprender em uma sala de aula. “O professor tam-
bém precisa participar das formações, estabelecer
metas claras, promover parcerias entre os demais
educadores e, principalmente, enxergar sua função
como primordial para a aprendizagem do aluno”,
destaca a diretora.
Entre escolas de período integral com aulas
de dança, música e teatro no contraturno, políticas
de formação e aprimoramento docente, projetos ex-
traclasse e de inclusão de alunos com deficiência
e tantos outros, a assessora de educação da cidade
também atribui a boa gestão da aprendizagem ao
sentimento colocado nesse trabalho. “Não fazemos
apenas porque está previsto em lei, mas para fazer a
diferença, para melhorar o desempenho dos alunos
na escola e na vida. Além da organização, é preciso
amar o trabalho para que ele dê certo, e aqui nós
amamos. Esse é o segredo para as escolas de hoje e
de amanhã”, enfatiza a educadora.
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A dança é uma das atividades realizadas
no contraturno das aulas.
GESTÃO DA APRENDIZAGEMAlguns dos projetos de Sertãozinho-SP
Centro de Recursos e Apoio Pedagógico (CRAP)Criado em 29 de maio de 2006, o CRAP tem como objeti-vo atender as necessidades educacionais de crianças e adolescentes com dificuldades de aprendizagem. A equipe técnica, que atende a todos os alunos da rede, é composta por psicólogos, pedagogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos. Para manter a inclusão sem distinção, desde 2003 também há no projeto a presença de um professor cuidador exclusivo para crianças com algum tipo de deficiência.
Escola de Período IntegralDesde 2003 o projeto Escola de Período Integral é man-tido em duas escolas de Sertãozinho, localizadas em bairros periféricos da cidade. Nesse projeto, as crianças permanecem no ambiente escolar os cinco dias letivos da semana, durante nove horas diárias. Com esse modelo de escola, a intenção é evitar que as crianças fiquem ociosas em casa ou na rua e potencializem seu aprendizado através da interdisciplinaridade, com as aulas previstas no currículo regular e, também, ativi- dades de coral, fotografia, matemática lúdica, produ- ção textual e tênis de mesa, entre outras.
Sol do SaberPara melhor aproveitar as bibliotecas das escolas da rede, em 2001 foi criado o projeto Sol do Saber. A ação conta com professoras, leitoras e contadoras de histórias que atuam dentro das bibliotecas escolares municipais incentivando a leitura em crianças do 1º ao 9º ano do ensino fundamental. Nas visitas às bibliote-cas acontecem sessões de histórias, oficinas, rodas de leituras e projetos culturais que envolvem oralidade e artes visuais. O trabalho desenvolvido pelos alunos é exposto na Feira do Livro da cidade, que acontece, geralmente, no mês de setembro.
Texto: Michelly FogaçaInfográfico: Júnior Morasco
29
O caminho a seguirPesquisadores e dados governamentais expõem a importância
do Plano Nacional de Educação para conduzir mudanças fundamentais
no país nos próximos dez anos
Michelly Fogaça
Planejar é essencial para alcançar objetivos.
Planejam-se as férias, os fins de semana, os dias de tra-
balho, a rotina imediata e até o futuro mais distante.
Mesmo que imprevistos ocorram, traçar um plano é o
primeiro passo para concretizar ações. Se o planeja-
mento ajuda nas atividades mais corriqueiras, faz-se
fundamental naquilo que diz respeito ao interesse de
todos, no caso, a educação. Aí começa a importância
de um Plano Nacional para tratar do tema.
Mas nem sempre a educação foi do interes-
se público. Em uma obra clássica sobre o assunto,
História da Educação Pública, de 1959, o pedagogo
e pesquisador espanhol Lorenzo Luzuriaga definiu
alguns tipos de educação pública e retratou que a
educação começou a deixar de ser exclusividade do
interesse privado no final do século XVI e começo do
século XVII, com a Reforma Protestante. Na época, a
intenção era alfabetizar a população para aprimorar
os cristãos na leitura da Bíblia. O autor denotou esse
tipo de educação pública como religiosa.
Segundo Luzuriaga, a educação como interesse
nacional que conhecemos hoje, chamada por ele de
democrática, desenvolveu-se do século XIX ao XX e se
diferencia pelo crescimento da participação da popu-
lação na tomada de decisões referentes ao processo
de ensino e aprendizagem no país. Essa participação
da população é, aliás, uma das características da ela-
boração do Plano Nacional de Educação aprovado em
2014 e com vigência até 2024.
CONCEPÇÃO DE UM PLANO NACIONAL DE
EDUCAÇÃO
Doutora em Educação e autora de vários livros,
Áurea Costa pesquisa há alguns anos sobre os laços da
educação com o governo, como retrata em seu livro
As relações entre estado e escola no neoliberalismo,
publicado em 2013 pela editora APPRIS. Embasada
em sua experiência como pesquisadora e docente, a
especialista afirma que “conforme a concepção do
plano, sua influência na história da educação vai se
dar de forma diferente”.
Como explica a docente, os planos nacionais são
estabelecidos por meio de uma legislação, mas não se
confundem com as leis de diretrizes e bases, as quais
definem e regularizam o sistema de educação no Bra-
sil baseadas nos princípios constitucionais. A função
de um PNE é a de se constituir num instrumento em
que se antecipem as ações e estratégias, bem como os
prazos e as metas para que as matérias estabelecidas
em lei sejam cumpridas. “Outra característica é que
as leis que estabelecem os planos têm vigência por um
tempo determinado, pois a cada período, que pode ser
de uma década, por exemplo, faz-se necessário avaliar
as necessidades educacionais do país, em função das
eventuais mudanças na composição demográfica, ou
de o fato de já terem sido cumpridas metas anterio-
res, ou, ainda, em função de mudanças estruturais,
econômicas, sociais, históricas”, esclarece. Ou seja, o
estabelecimento de um plano nacional periódico vai
determinar o caminho da educação e a reestrutura-
ção da escola para um futuro determinado, no caso
atual, para 2024.
O PNE EM UM RESGATE HISTÓRICO
Em um resgate histórico, o primeiro conceito
de plano de educação no país vem dos anos de 1930
e era muito parecido com o que hoje são as leis com-
plementares e ordinárias. Era um modelo que Áurea
descreve como “mais legalista e técnico do que políti-
co”. Depois de se passar por outros modelos, com focos
mais dispersos da educação em si, chegou-se ao padrão
de plano nacional embasado em um diagnóstico da
educação brasileira, estabelecido na lei 10.172/2001,
vigente até 2011. “Esse plano foi feito no gabinete,
apesar de a sociedade ter se organizado e produzido
uma minuta de plano em que se reivindicava uni-
versalização do ensino superior e 10% do PIB para
educação. Esse plano ratificou o papel do Estado de
normatização, fomento e fiscalização e instituiu o uso
de fontes alternativas de financiamento da educação
pública”, contextualiza a docente.
Já o plano atual foi pensado a partir da Confe-
rência Nacional da Educação – CONAE, de 2010. Essa
iniciativa, do Governo Federal, teve o envolvimento
dos municípios e das universidades e, apesar da tutela
estatal, restringindo a discussão aos temas propostos
pelo próprio Estado, a exposição de demandas da
sociedade para o contexto influenciou a expectativa
depositada nesse PNE, o qual, como ressalta Áurea,
“se revolucionou também na estrutura do texto, bem
como no fato de legislar de forma mais geral, sem se
debruçar sobre questões específicas, tendendo a tra-
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os grupos e como são representados na Câmara e no
Senado, são implementadas as metas que refletem o
interesse de tais grupos. Por isso, é muito importante
a organização social, de modo a mobilizar para que
o Plano Nacional da Educação atenda realmente à
maioria da população”, coloca Áurea sobre a parte
que cabe à população na responsabilidade de mudar
o futuro da educação pelo caminho do PNE.
Uma das instituições mais representativas na
cobrança por uma educação de qualidade no país é
a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que
surgiu em 1999 do incentivo de organizações da so-
ciedade civil que participariam da Cúpula Mundial
de Educação em Dakar, no Senegal, no ano seguinte. O
intuito desse grupo fundador foi o de somar diferentes
forças políticas, priorizando ações de mobilização,
pressão política e comunicação. Hoje, a Campanha
articula mais de 200 grupos e entidades distribuídas
por todo o país, incluindo movimentos sociais, sin-
dicatos, organizações não governamentais nacionais
e internacionais, fundações, grupos universitários,
estudantis, juvenis e comunitários.
Essa representatividade foi marcante na elabo-
ração do Plano Nacional de Educação atual, princi-
palmente no que se refere ao Custo Aluno-Qualidade
Inicial, o CAQi, que é um indicador de quanto deve
ser investido, por aluno, com base no custo de insu-
mos e materiais didáticos considerados essenciais
para o aprendizado, no número adequado de alunos
por turma e na remuneração de professores, entre
outros fatores. Para Daniel Cara, cientista social e
coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direi-
to à Educação, o uso desse indicador, publicado pela
Campanha em 2007, torna o PNE “revolucionário” e
“se for consolidado, e isso deve ocorrer até 2016, as
principais metas do plano serão cumpridas. Se as
metas forem cumpridas, teremos escolas mais bem
equipadas, professores com melhor formação, muito
menos alunos fora da escola e, certamente, já seremos
um país mais digno para se viver”.
A RELAÇÃO DO ENSINO PRIVADO COM O PNE
Um ponto polêmico no Plano Nacional de Edu-
cação vigente é a relação do governo com o ensino
privado. Um exemplo são as verbas destinadas a pro-
gramas como o Universidade para Todos (ProUni), o
Ciência sem Fronteiras, o Fundo de Financiamento
tar a população escolar de forma mais homogênea”.
O texto do documento atual, lei 13.005/2014, com-
parado ao anterior, que continha metas para cada um
dos dez temas destacados na lei 10.172/2001, descritas
em 81 páginas, conta com 20 metas, e a previsão de
conjuntos de estratégias para cada uma, em apenas 15
páginas. “Trata-se de um texto em que a ênfase é na
universalização da educação escolar nos diferentes
níveis, com destaque às modalidades de educação
especial e profissional”, destaca a especialista.
PARTICIPAÇÃO E IMPORTÂNCIA DA SOCIE-
DADE NO PNE
Retomando a educação pública democrática de
Luzuriaga, a interação da sociedade civil na elabo-
ração e para atingir as metas do PNE deve ser cons-
tante, com o intuito de atender as reais demandas da
educação no país e poder realizar a mudança efetiva
na estrutura das escolas, tanto no âmbito curricular
Estudantil (Fies) e o Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Áurea Costa ex-
plica que, do ponto de vista da intervenção do Estado
na gestão escolar, tanto o Plano Nacional de Educação
quanto a Lei de Diretrizes e Bases são resoluções fe-
derais que devem ser cumpridas por todo o sistema
de ensino nacional, e isso engloba escolas públicas e
particulares. Mas, pelo fato de as instituições de ensino
privadas se constituírem como empresas com estatuto
de pessoa jurídica, com autonomia para reger suas
próprias regras, o Estado instituiu a responsabilidade
da fiscalização e a vigilância.
A especialista argumenta que a polêmica pode
vir da interpretação de que, sob a visão da gestão do
sistema de ensino mais amplo, o PNE prevê a utilização
de fontes alternativas para o cumprimento das metas,
e essas fontes seriam verbas não estatais. Ela aponta
que uma situação paradoxal pode surgir disso, pois,
“se o plano, por um lado, admite tal situação e, por
outro, a LDB incorpora o ensino privado no sistema
nacional de ensino, então, certamente, para o cum-
primento de tais metas há que se considerar o papel
das escolas privadas e os percentuais da população
escolar que elas atendem, para fins de cumprimento
das metas. Isso pode levar à privatização do ensino,
pois o Estado passa a contar com a colaboração das
instituições privadas de ensino para o cumprimento de
um direito social, o direito à educação, que, naquelas
instituições, converte-se em serviço, destituindo-se
do caráter de direito”.quanto no espaço físico e nas ferramentas dispo-
nibilizadas para a potencialização do ensino e da
aprendizagem, acompanhando a evolução do mercado
de trabalho e das necessidades localizadas fora do
ambiente escolar, mas direta e indiretamente ligadas
à qualidade da educação.
O projeto de lei 103/2012, que iniciou as discus-
sões sobre o atual PNE, deu entrada no Senado em
outubro de 2012 e tramitou até a lei ser sancionada,
em junho de 2014. Esse projeto passou no Senado e na
Câmara dos Deputados pelas Comissões de Assuntos
Econômicos, Constituição e Justiça, Educação, Cultura
e Esporte. Durante esses trâmites, a sociedade civil
organizada pôde participar, contando com a inter-
locução de deputados e senadores. “Vivemos numa
república federativa, sob um regime presidencialista,
em que há uma centralização das decisões políticas
e referentes ao financiamento muito grande. Apesar
disso, dependendo das correlações de forças entre
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Alfabetizar todas as cri- anças, no máximo, até o final do 3º ano do ensi- no fundamental.
Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica.
Oferecer, no mínimo, 25% das ma- trículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educa-ção profissional.
Triplicar as matrículas da edu- cação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo me- nos 50% da expansão no seg- mento público.
Universalizar, até 2016, o atendi-mento escolar para toda a popula-ção de 15 a 17 anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%.
Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda a população de seis a quatorze anos e garantir que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE.
Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crian-ças de quatro a cinco anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches, de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até três anos até o final da vigência deste PNE.
Elevar a escolaridade média da popula-ção de 18 a 29 anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12 anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, para as po- pulações do campo, da região de menor escolari-dade no País e dos 25% mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geo- grafia e Estatística (IBGE).
Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira dos profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal.
Formar, em nível de pós-graduação, 50% dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos os pro- fissionais da educação básica for- mação continuada em sua área de atuação, considerando as necessida-des, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino.
Assegurar condições, no prazo de dois anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e de- sempenho e à consulta pública à co- munidade escolar, no âmbito das es- colas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto.
Fonte: pne.mec.gov.br (adaptado)Infográfico: Júnior Morasco
Elevar gradualmente o núme- ro de matrículas na pós-gra- duação stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual de 60.000 mestres e 25.000 doutores.
Elevar a qualidade da educação su- perior e ampliar a proporção de mes- tres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sis- tema de educação superior para 75%, sendo, do total, no mínimo, 35% doutores.
Ampliar o investimento públi- co em educação pública de for- ma a atingir, no mínimo, o pa- tamar de 7% do Produto Inter- no Bruto (PIB) do País no 5º ano de vigência desta Lei e, no mí- nimo, o equivalente a 10% do PIB ao final do decênio.
Elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurada a quali-dade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% das novas matrículas, no segmento público.
Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfa-betismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.
Fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo es- colar e da aprendizagem, de modo a atingir as seguin-tes médias nacionais para o IDEB: 6,0 nos anos ini- ciais do ensino fundamental; 5,5 nos anos finais do ensino fundamental; 5,2 no ensino médio.
Valorizar os profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento mé- dio ao dos demais profissio-nais com escolaridade equiva-lente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE.
As metas do Plano Nacional de Educação
As metas do Plano Nacional de Educação
Universalizar, para a população de quatro a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdo-tação, o acesso à educação básica e ao atendi-mento educacional especializado, preferencial-mente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados.
Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-pios, no prazo de um ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei nº 9.394, de 20/12/1996, assegurado que todos os professores da educa-ção básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.
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ração dos Planos Plurianuais nas diferentes esferas
de gestão. As metas são nacionais, portanto, todos têm
compromisso com cada uma delas”. O MEC também
disponibiliza dados para comparar o alcance atual
das metas com o esperado para o fim da vigência do
atual PNE (confira alguns desses dados ao final da
matéria, em quadro complementar).
Em Lençóis Paulista, interior de São Paulo, o
trabalho com metas é realizado desde 2005. Para a
adequação ao atual PNE, a Diretora de Educação da
cidade, Lucinara Barbosa, relata algumas medidas
que já são tomadas no município. “Com a aprovação do
PNE em 2014, iniciou-se a avaliação do cumprimento
de metas do Plano Municipal de Educação e alinha-
mento ao PNE 2014–2024. Para atingir as metas do
PME, a Diretoria Municipal de Educação acompanha
as ações e objetivos educacionais do Mapa Estratégico
da rede municipal de educação, como também as ações
educacionais desenvolvidas na rede privada, nas ins-
tituições filantrópicas e de ensino profissionalizante”.
A diretora também lista que, na cidade, o acom-
panhamento de resultados e atingimento de metas
acontece por meio de consultas públicas como SEADE
e INEP, o monitoramento das metas que compõem o
Mapa Estratégico da Diretoria de Educação, assim
como as que compõem o Mapa Estratégico de cada
Unidade Escolar (metas de aprendizagem e operacio-
Em uma visão mais direta do processo, Daniel
Cara coloca que o Plano Nacional de Educação é mais
voltado à rede pública de ensino, pois esse sistema
educacional sofreu um desgaste amplo na qualidade
ao longo dos anos e está bem atrás no comparativo com
outros países da América do Sul, como Chile, Argentina
e Uruguai, os quais são parâmetros brasileiros para se
atingir ao fim da vigência do atual PNE. Entretanto,
coloca que qualquer escola, pública ou particular, é
responsável pela qualidade da educação no país, assim
“os estabelecimentos privados também devem seguir
as diretrizes do PNE, pois também ofertam educação”.
Pensando na educação de maneira ampla, Áu-
rea Costa expõe que a sociedade como um todo deve
refletir sobre a eficiência da escola para o futuro, o
que inclui estabelecimentos de ensino particular e
público, e não se apegar ao resultado quantitativo e
sim ao qualitativo, pois há um longo caminho para a
mudança, o qual deve ser cauteloso. “A relação entre
a qualidade do ensino e os resultados imediatos não
é linear. Urge uma reflexão profunda sobre o tipo nais) e um sistema de avaliação educacional da própria
cidade, o SAELP, aplicado apenas nas escolas da rede
municipal. Lucinara também ressalta que o município
investe na formação continuada de profissionais da
Educação e oferece atendimento a crianças de faixa
etária de zero a três anos e 11 meses, em creches
com sistema de Lista Única, com objetivo de atender
prioritariamente famílias de baixa renda.
Para auxiliar na gestão das metas em Lençóis
Paulista, foram implantados sistemas informatizados
para a área administrativa, para o controle de ma-
trícula e avaliação funcional, por exemplo, e para a
área pedagógica, para auxílio docente com ficha de
acompanhamento do aluno, assessoria pedagógica
informatizada, avaliação institucional, SAELP, rela-
tórios de avaliação, entre outros. “Com os sistemas
informatizados conseguimos monitorar os resultados
gerais da rede, das escolas, das turmas e de cada alu-
no. A gestão dos processos administrativos também é
facilitada, com isso otimizamos recursos e planejamos
melhor nossas ações”, conta Lucinara.
A diretora completa que a viabilidade das metas
do Plano Municipal alinhado ao PNE trará os bene-
fícios de uma educação de qualidade, a equidade e o
desenvolvimento sociocultural dos alunos, além de
qualificação profissional, o que proporcionará um
bom parâmetro de escolas para o futuro.
de homem que queremos formar, para qual tipo de
sociedade, de forma franca, sob pena de reproduzir-
mos o formalismo do nosso passado colonial. A nossa
juventude é o nosso maior tesouro, portanto, há que
se investir no seu futuro, para que tenhamos, para
além de uma nação forte, um povo emancipado da
ignorância”, conclui a especialista.
AÇÕES MUNICIPAIS PARA ATINGIR AS ME-
TAS DO PNE
A partir da aprovação do Plano Nacional de Edu-
cação, as cidades precisam se preparar para elaborar
seus Planos Municipais (chamados PME), documento
que vai gerir o andamento da rede educacional local.
Segundo texto do Ministério da Educação, “o PNE traz
o desafio da articulação para a oferta educacional de
maneira integrada e colaborativa. Para concretizar-se
como Política de Estado que extrapola os tempos das
gestões governamentais, precisa estar vinculado aos
planos estaduais, do Distrito Federal e municipais de
Educação, além de servir de referência para a elabo-
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Aprender e ensinarsob medida
Plataformas adaptativas são aposta para uma efetiva personalização
do ensino nas escolas de hoje e do futuro
Michelly Fogaça
EDUCAÇÃO NO BRASILOnde se está e aonde se pretende chegar
Acompanhe abaixo algumas informações divulgadas pelo Ministério da Educação sobre a educação no Brasil e os números almejados após o alcance das metas do PNE 2014-2024.
Educação infantilPercentual da população de 4 e 5 anos que frequenta a escola.Contabilizado: 81,4%Almejado: 100%
Ensino fundamentalPercentual de pessoas de 16 anos com pelo
menos o ensino fundamental concluído.Contabilizado: 66,7%
Almejado: 95%
Ensino médioTaxa de escolarização líquida no ensino médio da população de 15 a 17 anos.Contabilizada: 55,3%Almejada: 85%
Elevação da escolaridade/DiversidadeEscolaridade média da população de
18 a 29 anos residente em área rural.Contabilizada: 7,8 anos
Almejada: 12 anos
Educação profissionalMatrículas em educação profissional técnica de nível médio na rede pública.Contabilizadas: 900.519Almejadas: 2.503.465
Formação de professores da educação básicaPercentual de professores da educação básica
com pós-graduação lato sensu ou stricto sensu.Contabilizado: 30,2%
Almejado: 50%
Meta 1
Meta 2
Meta 3
Meta 8
Meta 11
Meta 16
Saiba mais: para conhecer detalhes sobre o PNE, suas metas e dados nacionais relacionados ao alcance das mesmas, acesse http://pne.mec.gov.br/.
Fonte: IBGE/Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) – 2013 (adaptado)Infográfico: Júnior Morasco
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Padronização. Essa é uma das características
mais marcantes do sistema de ensino brasileiro até o
momento. A padronização no sentido da estagnação,
da manutenção de uma metodologia que coloca os
alunos como um todo homogêneo e predeterminado
a chegar aos mesmos objetivos, pelo mesmo caminho
e ao mesmo tempo.
Hoje, para professores e demais profissionais
da educação, torna-se cada vez mais evidente que o
caminho não é esse. Mas, se não há um padrão, por
onde seguir? Talvez tenha sido na percepção dessa
dúvida que a personalização ganhou seu destaque.
Mas para entender o porquê de personalizar, é pre-
ciso entender os tipos de ensino mais comuns e suas
características.
DIFERENTES METODOLOGIAS COLOCAM O
ALUNO EM POSIÇÕES DISTINTAS NO PROCESSO
DE ENSINO
O primeiro método e o mais antigo é o Ensino
Individual. Como o próprio nome sugere, ele é dire-
cionado a uma única pessoa. Exemplos disso são os
preceptores, responsáveis pela orientação nos estudos
dos filhos de famílias nobres, desde a Antiguidade até
a Modernidade. Os professores particulares exercem
a mesma função atualmente, mas essa metodologia
não garante a eficiência do aprendizado. Mesmo que o
professor se ocupe de um único aluno, o método usado
pode não ser embasado nas facilidades e dificuldades
reais do estudante.
Com a necessidade de a educação ser mais abran-
gente a todas as classes sociais, surgiu o Ensino Mas-
sivo. Nesse método, um elevado número de pessoas
é orientado ao mesmo tempo, pelo padrão embasado
na média da turma, ou seja, define-se um aluno hipo-
tético como o perfil a ser ensinado. É o método mais
disseminado, econômico e eficaz na aproximação
social dos indivíduos, entretanto, a padronização
que gera ressalta as desigualdades na aprendizagem,
uma vez que a mesma é individual e depende das
características particulares de cada aluno.
A junção das melhores características desses
dois métodos apresenta-se no Ensino Personaliza-
do: individualizar o estudo sem a necessidade de
isolar o aluno. E a discussão sobre o assunto não é
nova, ela começou com a revolução social dos anos
de 1960, em que a crítica sobre a estrutura do en-
sino no mundo ocidental ganhou fomento. Desde a
época, as questões essenciais explanadas sobre esse
método são sua capacidade de tornar o ensino mais
eficiente e atender o aluno como um ser individual
e único, com dificuldades e tempo de desenvolvi-
mento singulares.
Diante disso, o aspecto básico para o ensino per-
sonalizado é conhecer bem os alunos, mas não embasar
esse conhecimento em percepções e juízos apenas, o
professor precisa de ferramentas para auxiliá-lo nessa
tarefa. Surge então a necessidade de tecnologias para
o aprimoramento dessa nova metodologia.
PLATAFORMAS ADAPTATIVAS SÃO APOSTA
TECNOLÓGICA PARA POTENCIALIZAR OS NÍVEIS
DE APRENDIZAGEM
Em 2012, o Departamento de Educação de Nova
York inseriu o uso de plataformas adaptativas em 125
de suas 1700 escolas públicas. No mesmo ano, a ação
foi premiada pelo IMS Global Learning Consortium,
concurso internacional que seleciona e avalia práti-
cas inovadoras na área de educação. Com a iniciativa
nos Estados Unidos, o assunto ganhou destaque e as
plataformas começaram a ser vistas como a tendência
para as salas de aula do futuro. Essa expectativa se
dá pelo fato de que as plataformas adaptativas são
o auxílio tecnológico à personalização do ensino,
discutida lá atrás, desde a década de 1960.
Segundo a pedagoga e especialista em Gestão
Escolar, Laura Paniagua Justino, que coordena a área
pedagógica de um projeto de implantação de plata-
formas adaptativas em uma rede de ensino do país,
essas ferramentas contribuem para o desenvolvimento
escolar dos alunos por oferecerem mecanismos de
avaliação contínua, diagnosticando as lacunas de
aprendizagem de forma particularizada e compreen-
dendo, por meio de dados, as preferências de cada um
no que se refere à personalidade e ao comportamento.
“A partir desse conjunto de informações, o sistema
entende o perfil do aluno e indica os conteúdos com
as estratégias mais adequadas para que ele aprenda
melhor, possibilitando maior autonomia em seus
estudos”, comenta.
O sistema dessas plataformas agrupa os dados,
obtidos pela realização de atividades e demais inter-
câmbios entre aluno e ferramenta, em relatórios de
acompanhamento da aprendizagem. Essa função ofe-
rece ao professor a possibilidade de realizar a gestão
da sala de aula de maneira mais adequada e tomar
decisões sobre intervenções e planejamento, confor-
me necessidades específicas dos alunos. A pedagoga
explica que “as interações dos alunos na plataforma
permitem a avaliação da aprendizagem e, a partir do
resultado, o sistema propõe atividades com diferentes
estratégias, como games, infográficos, leituras, vídeos,
entre outros, ou seja, um mesmo conteúdo pode ser
apresentado aos alunos sob medida, de acordo com
seu perfil”.
Essa visualização do processo de aprendi-
zagem do aluno contribui para que o professor
recupere aqueles alunos que apresentam mais di-
ficuldades e ofereça mais desafios aos que podem
ir além. Assim, como conclui a especialista, “o pro-
fessor não precisa esperar resultados de simulados
ou avaliações bimestrais para fazer as intervenções
junto aos alunos, podendo lançar mão de novas es-
tratégias para melhorar a aprendizagem dos mesmos
de forma pontual”.
ORGANIZAÇÃO DE DADOS PARA TRAÇAR
PERFIL DO ALUNO E AUXILIAR TRABALHO DO
PROFESSOR
Com a experiência da sala de aula e o contato
com os alunos, o professor obtém suas impressões
sobre o perfil de cada um, mas tais percepções, emba-
sadas em valores pessoais, não são tão fiéis à realidade
quanto a análise baseada em dados organizados por
meio de combinações estatísticas, o que é usado na
criação das plataformas adaptativas.
A quantidade e variedade de dados gerados e
armazenados diariamente é imensa. Eles estão nos
bancos, nas operadoras de telefonia, nas buscas on-li-
ne, enfim, os exemplos são inúmeros, mas o que faz a
diferença na relatividade desses dados é a forma como
eles são organizados e usados. A expressão Big Data é
comum para designar esses dados que precisam ser
organizados para tornar as informações extraídas dos
mesmos úteis e utilizáveis em tempo hábil.
No contexto das plataformas adaptativas, os
estudantes são responsáveis pela geração de inú-
meros dados ao usarem a ferramenta. Esses dados
são armazenados, analisados e combinados e, das
informações resultantes desse processo, são sugeridos
os conteúdos e atividades que incentivam o aluno a
explorar suas dificuldades e elevar seu nível de estudo.
“Uma plataforma adaptativa precisa, basica-
mente, ser inteligente o suficiente para que utilize
algoritmos que proponham atividades diferentes para
cada aluno, sob medida, a partir de suas respostas e
reação às tarefas. Essas tarefas vêm acompanhadas de
conteúdos que complementam o aprendizado, como
vídeos, imagens, textos ou propostas de atividades
em grupo. Tudo isso para incentivar que o estudante
trabalhe sua dificuldade até superá-la”, esclarece Wa-
shington Moisés Rodrigues, líder de desenvolvimento
em projetos de plataformas adaptativas.
A sugestão de conteúdo é parte indispensável
da plataforma, por isso os softwares das mesmas são
desenvolvidos sob a supervisão de especialistas em
educação e profissionais da área pedagógica, que
participam do ensino nas salas de aula e possuem ex-
periência na produção de materiais didáticos. “Todas
Alunos de Taboão da Serra acessam plata-
forma adaptativa em aplicativo no celular.
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A partir desse conjunto de in-formações, o sistema entende o perfil do aluno e indica os con-teúdos com as estratégias mais adequadas para que ele aprenda melhor, possibilitando maior au-tonomia em seus estudos.
40 41
as etapas de criação dos softwares passam por uma
avaliação que tem por objetivo analisar a usabilidade
da ferramenta, procurando identificar sua contribui-
ção para o aprimoramento escolar do aluno”, elucida
o desenvolvedor.
Com toda essa organização dos dados possi-
bilitada por softwares de qualidade, os professores
podem visualizar o desempenho dos alunos de forma
detalhada, como a resposta que o usuário escolheu,
os conteúdos de apoio que utilizou para trabalhar na
atividade e o tempo que levou para fazer os exercí-
cios. Dessa forma, a junção da estrutura pedagógica
com a tecnologia mostra-se uma parceria funcional
na personalização do ensino por meio das platafor-
mas adaptativas.
ADOTAR A PLATAFORMA ADAPTATIVA É
SE PREPARAR PARA UM MODELO DE EDUCAÇÃO
DO FUTURO
A tendência de plataformas adaptativas chega
para desmassificar o método de ensino de hoje, no qual
“os meios de entrega de conteúdo mais empregados
apresentam exatamente o mesmo material a todos os
alunos, independentemente de suas particularidades”,
constata Bruno Penteado, especialista em Pesquisa e
Aplicação na área de tecnologias aplicadas à educação
e doutorando em Computação aplicada à Educação na
Universidade de São Paulo – USP.
Segundo o especialista, os conteúdos utilizados
até hoje não foram de todo inadequados, eles apenas
não acompanharam a evolução dos alunos com a
mesma velocidade de adaptação. “Eles (conteúdos)
tiveram sucesso, pois apresentam vantagens como
a relação custo-benefício, ao entregar instrução em
larga escala e nivelar todos os alunos em uma pro-
gramação didática fixa. Porém, uma limitação desses
meios, mesmo se transpostos para ambientes digitais,
é que eles fornecem as mesmas páginas, mesmos
materiais, mesmas dicas nos mesmos lugares, sendo
uma prática massificada, com abordagem única e
sugerindo, por exemplo, as mesmas sequências de
estudo, no mesmo ritmo, a pessoas com diferentes
objetivos e conhecimentos prévios sobre o assunto”,
contextualiza Bruno.
Com o desenvolvimento tecnológico e sua po-
pularização considerável, acompanhar a evolução
dos processos de ensino e aprendizagem tornou-se
fundamental para a escola se preparar para o futu-
ro. Penteado explica que oferecer meios para que o
professor possa gerir a aprendizagem dos alunos de
maneira mais adequada e, como consequência,
tornar a mesma mais eficiente para cada estudante é o
caminho para uma educação de sucesso, desde que as
ferramentas sejam empregadas da maneira adequada.
Para o especialista, a personalização do ensino
por meio das plataformas adaptativas apresenta-se
como um dos métodos mais otimistas e eficazes de
aplicação de ferramenta tecnológica em busca da efici-
ência do ensino e aprendizagem, principalmente pela
sua estrutura de concepção. “Os sistemas adaptativos
educacionais se baseiam em três componentes princi-
pais: o modelo do usuário (características e traços in-
dividuais), o modelo do domínio (o que será adaptado)
e os modelos instrucionais (abordagens pedagógicas
para o processo de ensino). Quanto melhor o sistema
for modelado em cima de características relevantes e
mensuráveis de cada um desses componentes, mais
Ação de implantação de plataforma
adaptativa com alunos de Taboão.
COMO FUNCIONA UMAPLATAFORMA ADAPTATIVA?
O sistema é desenvolvido para guardar informações de uso de cada usuário
Esses dados também chegam ao professor em forma de gráficos e tabelas
Infográfico: Júnior Morasco Texto: Michelly Fogaça
O aluno acessa a plataforma e responde questões de uma disciplina
O sistema agrupa respostas, o tempo em cada questão, os erros e os acertos
A “memória” da plataforma indica conteúdos complementares condizentes com a necessidadedo estudante
A plataforma ajuda no direcionamento do estudo e na intervenção pedagógica do professor
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relevante tende a ser o resultado”, explica.
Em complemento à ideia de Bruno, a pedagoga
Laura Justino afirma que a escola deve buscar ferra-
mentas e materiais de qualidade, bem construídos, e
que sejam empregados para o desenvolvimento não
só do aluno, mas de toda a escola. “Se a excelência de
uma escola está em assegurar o sucesso de todos os
alunos, a personalização do ensino passa a ser uma
das estratégias mais importantes. Nesse sentido, acre-
dito que as plataformas adaptativas devem chegar
ao centro do processo de ensino e aprendizagem em
todas as escolas do Brasil”, conclui a pedagoga.
ONDE A MUDANÇA JÁ COMEÇOU...
Um colégio particular do município de Taboão
da Serra, São Paulo, participa desde setembro do ano
passado de um projeto de implantação de plataforma
adaptativa, elaborada para a rede de ensino da qual
faz parte. Representantes do projeto fizeram visitas
à escola para conhecer a estrutura do local e as ex-
pectativas de gestores, professores e alunos quanto
à mudança, que será gradativa, na forma de os estu-
dantes realizarem seus estudos, e de os professores
e gestores acompanharem seus resultados.
“Os nossos alunos estão no século XXI e o pro-
fessor na escola está com giz e lousa do século XIX,
por isso eu vejo com muito bons olhos a inserção
dessa plataforma na escola”, declara de maneira
positiva Anadiso França, mantenedor do colégio em
Taboão da Serra. O gestor recebeu a ideia de uma
plataforma adaptativa para a rotina dos alunos “com
muito entusiasmo”.
Professora de Matemática e Física no colégio,
Fernanda Cristina da Silva ressalta a ajuda que a
plataforma dará na identificação dos perfis dos
alunos, principalmente daqueles que chegaram à
escola há pouco tempo. “Quando você conhece um
aluno há mais tempo, até consegue reconhecer as
dificuldades dele e ajudar no que é possível, den-
tro de uma sala de aula com vários outros alunos,
mas quando um aluno vem de fora, os dados da
plataforma facilitam muito no direcionamento do
que fazer para ajudar esse aluno a melhorar o seu
desempenho na escola”, comenta.
Para Laura Paniagua Justino, esse tipo de
aproximação pré-implantação é a melhor maneira
de conhecer os maiores interessados no ensino per-
sonalizado e garantir o sucesso da plataforma. “É
fundamental ouvir, possibilitar a experiência do uso
e entender as necessidades de gestores, professores e
alunos. Uma plataforma de ensino adaptativo só será
efetivamente eficaz se for capaz de oferecer recursos
aderentes ao dia a dia da escola, proporcionando a
cada pessoa a melhoria de processos, seja no âmbito
da gestão da escola ou na execução de tarefas diárias
pelos alunos”, afirma.
“Nos sentimos honrados e felizes por estar
contribuindo com o projeto. É muito interessante
para nós que o desenvolvimento desse sistema seja
embasado nas opiniões das pessoas que vão traba-
lhar com ele no dia a dia”, ressalta França. O colégio
de Taboão continua no projeto ao longo de 2015, ano
em que a plataforma implantada na instituição e
seu aplicativo receberão as melhorias sugeridas
por alunos e professores de todas as escolas parti-
cipantes da ação.
PARA SABER MAIS
O educador português João Nogueira Pimentel
abordou a personalização do ensino em 1988, no texto
Reflexões sobre as qualidades da personalização
do ensino, que pode ser lido em: http://www.ipv.pt/
millenium/ect10_pimtl.htm.
Se quiser relembrar fatos marcantes dos anos
de 1960, alguns livros interessantes são: Brasil: anos
60, de José Geraldo Couto – Editora Ática; Os incríveis
anos 60-70, de Nenê Benvenutti – Editora Novo Século;
De volta aos anos 60: uma viagem pelo fim do ideal re-
volucionário, de Pierre Bergouniox – Editora Alameda.
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Nos sentimos honrados e fe-lizes por estar contribuindo com o projeto. É muito inte-ressante para nós que o de-senvolvimento desse sistema seja embasado nas opiniões das pessoas que vão trabalhar com ele no dia a dia.
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Escola e sociedade“Como empresário de educação, e principalmente como pai, acredito
em uma escola que proporcione integração tecnológica, um currículo
adequado e valores sociais aos estudantes”
Em meados de 1999 e 2000, eu vinha de uma
indústria de software do segmento corporativo e assis-
tia às empresas se informatizando muito rapidamente.
Quando me propuseram a olhar com mais cuidado
o mercado de educação, eu percebi que essa área e
as escolas em si estavam décadas atrás da inovação
tecnológica. Era evidente que a tecnologia evoluía,
os estudantes fora da escola acompanhavam essa
evolução, mas dentro da escola isso não acontecia.
Foi dessa realidade que eu vi a oportunidade de cons-
truir algo que complementasse as ações nas escolas
e diminuísse esse espaço entre o ambiente escolar e
o avanço tecnológico.
A dúvida então foi por onde começar. Com o
apoio de alguns parceiros, como Intel e Microsoft, nós
participamos de um projeto em Bauru, para visitar 22
escolas estaduais durante um ano e sentir, dentro da
escola, quais eram as necessidades desses ambientes
de ensino. Eu e a pequena equipe da empresa, na
época, unimos a essa experiência a vontade de ofere-
cer uma plataforma de serviços e soluções que fosse
escalável para o setor público, para atingir o maior
número de escolas possível. Nessa mesma época, e
acompanhando de perto o trabalho da escola e dos
professores, percebemos que o docente não precisava
apenas da tecnologia na escola, mas de apoio para
enfrentar uma sala de aula digital.
O professor não estava familiarizado com o
computador ou qualquer outro dispositivo. Inserir
essa tecnologia na escola sem ajudá-lo a entendê-la
seria prejudicar e não ajudar o processo de ensino
e aprendizagem. A intenção não era oferecer ape-
nas tecnologia, era proporcionar avanço tecnológico
na educação. Estudamos o que já era oferecido pelo
mundo e localizamos as soluções na Malásia, indi-
cadas pela Intel, que deram origem a dois produtos
do portfólio da empresa atualmente e foram as duas
primeiras funcionalidades que trouxemos para a
educação pública.
Como empresário de tecnologia voltada à edu-
cação, a idealização sempre foi estar à frente no tipo
de tecnologia que pudesse ser inserida na escola para
atualizar e potencializar o meio educacional. Mas um
dos maiores desafios que ainda vejo, mais de quinze
anos depois de firmar o trabalho nesse meio, é real-
mente conseguir atualizar a escola e seus agentes em
uma velocidade próxima da compatível com a evolução
tecnológica acompanhada pelos alunos. Ainda levamos
as tecnologias mais simples do começo (atualizadas,
mas mesmo assim simples) aos professores e vemos a
surpresa em suas reações, o olhar de descoberta pe-
rante o novo. Isso mostra que a escola ainda tem muito
a avançar no aspecto tecnológico. Claro que muitas
instituições já caminham para isso, mas diante do total
brasileiro, a quantidade ainda é pequena.
A questão vai muito além de inserir a tecnologia.
Além de vencer a barreira de uso, de permitir que
o professor consiga conduzir uma aula construtiva
dentro de um ambiente digital, a escola só mudará
e acompanhará as necessidades dos estudantes do
futuro quando as ferramentas tecnológicas se torna-
rem uma extensão do método tradicional de ensino.
Os conteúdos não podem apenas ser transpostos, eles
devem estar adaptados ao meio digital e oferecer aquilo
que o livro e o caderno de papel, sozinhos, não podem.
Essa minha percepção das necessidades escola-
res ficou ainda maior quando meus filhos, hoje com
cinco e seis anos, passaram a fazer parte do público
atendido pelas instituições de ensino. Encontrar uma
escola que atendesse às minhas expectativas e de mi-
nha esposa para a educação dos nossos filhos foi uma
missão árdua e cautelosa. Trabalhar com educação
me fez um pai ainda mais exigente em relação ao que
seria oferecido aos meus pequenos estudantes, uma
vez que eu os entregava à escola aspirando a uma
educação acompanhada da tecnologia, que já é tão
natural a essa geração, e de valores socioculturais,
essenciais para a formação de cidadãos completos,
preparados para o mundo, o mercado de trabalho e
as exigências sociais como um todo.
É um grande desafio ser empresário de educação
e pai ao mesmo tempo, porque cria em você a res-
ponsabilidade de saber o que oferecer para os filhos
dos outros e a vontade de que os seus filhos também
utilizem aquilo que de melhor você oferece, de forma
adequada e construtiva. Então, quando eu e minha
esposa começamos a procurar as escolas, um dos cri-
térios para a escolha era como esses lugares lidavam
com a tecnologia no ambiente escolar.
É claro que há instituições de ensino, tanto da
rede pública quanto da privada, que oferecem métodos
de ensino exemplares, como as que possuem o ensino
individualizado, para o aluno explorar todo o seu po-
tencial enquanto ele está na escola. No entanto, para
mim é claro que tudo isso pode ser potencializado com
a inserção da tecnologia como ferramenta de apoio ao
trabalho do professor e, consequentemente, à aprendi-
zagem do aluno. Como pai, considero que uma escola
completa é aquela que trabalha o currículo adequado
ao estilo de seus alunos e inclui no processo de ensino
valores sociais, para que seus estudantes estejam pre-
parados para a fase da vida que vem além das salas de
aula. Se a tecnologia é uma das demandas do mercado
de trabalho e da vida cotidiana em geral, tê-la na es-
cola deve ser tão natural quanto ter cadernos, livros e
demais materiais didáticos já comuns nesse ambiente.
A tecnologia na escola também auxilia na res-
ponsabilidade dos pais com a vida acadêmica dos fi-
lhos. Posso exemplificar isso com algo que aconteceu
comigo há algum tempo. Eu estava viajando e não
podia acompanhar minha esposa em uma reunião
de pais no colégio dos meus filhos. Mas acho funda-
mental a presença nessas reuniões, então participei
por teleconferência. Esse tipo de funcionalidade já é
comum em outras ocorrências e deve se tornar também
em situações assim. A responsabilidade da educação
dos filhos é dos pais e a escola é um dos instrumentos
escolhidos para dar suporte a ela, por isso é uma de-
cisão tão importante. O ambiente escolar deve refletir
o que os pais buscam para a educação dos seus filhos.
Não adianta você colocar a criança na escola e esperar
que ela venha pronta, sabendo tudo. Existe o dever
dos pais com o ensino e a aprendizagem dos filhos,
dentro e fora da escola, e a correria do dia a dia não
deve atrapalhar essa ação. Aí vem a tecnologia mais
uma vez se mostrando uma grande aliada da educação.
Vivenciando tudo isso, e depois de impactar mais
de 10.000 escolas e 8 milhões de alunos com as tecnolo-
gias desenvolvidas pela MSTECH, sinto-me novamente
como no início da empresa e me perguntando por
qual caminho seguir, mas agora com mais clareza na
resposta. Nós estamos desenvolvendo tecnologias no
presente que eu vejo realmente bem implantadas daqui
a 10, 15 anos. E vejo isso como uma missão, tanto como
empresário quanto como pai: pensar no hoje o ensino
do futuro. Então, quando penso na escola em 2025, vejo
um tempo hábil para mudanças consistentes, para o
mercado absorver todas essas tecnologias para melho-
rar a aprendizagem no país. Trabalho com uma grande
equipe para que a educação melhore constantemente,
para que cada vez mais haja equidade na qualidade
entre escolas públicas e particulares. Quando acredi-
tamos na educação e trabalhamos para que ela evolua,
investimos em um futuro melhor para todos.
Eduardo Stevanato é empre-
sário no ramo de tecnologia volta-
da à educação há mais de quinze
anos, Diretor Presidente e CEO da
MSTECH Educação e Tecnologia,
pai de dois filhos e crédulo de que
a tecnologia, bem empregada, au-
xiliará na escola e na sociedade
do futuro.Foto
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PUBLICIDADE 3
Opinião de estudanteAluna do segundo ano do ensino médio conta o que acha da escola
de hoje e o que deseja para a escola do futuro
Ana Martha Delling tem dezesseis anos e está
no segundo ano do ensino médio de um colégio parti-
cular em Taboão da Serra-SP. Ela frequenta a mesma
escola desde criança, pela qual demonstra bastante
carinho, e é considerada uma aluna muito dedicada
pelos professores e gestores da instituição. A Revista
Escola 2025 acompanhou a classe da estudante durante
a fase de implantação de uma plataforma adaptativa
da rede de ensino de que faz parte o colégio onde
estuda (veja mais sobre esse processo na página 42).
A estudante mostrou-se bem interessada pelas
novidades apresentadas à turma e empolgada com as
diferentes possibilidades de direcionar seus estudos.
Segundo dados da plataforma em implantação no
colégio, ela foi a aluna com mais acessos no período
avaliado para as ações na escola. Diante disso, a re-
dação da Escola 2025 conversou com a Ana Martha
para saber a opinião dela sobre o modelo de escola
de hoje, suas idealizações profissionais e o que ela
considera interessante para uma escola do futuro.
Em seu tempo livre, a estudante diz que gosta
de ler livros, revistas, acessar as redes sociais e ver
filmes, mas bastante focada nos estudos, também faz
atividades da área de Humanas, que engloba suas
disciplinas favoritas, “para passar o tempo” ou saber
se aprendeu o conteúdo. Ana Martha também conta
que pretende cursar faculdade de Psicologia.
Sobre a escola de hoje, a adolescente afirma
que “requer muita dedicação” ao método utilizado,
mas que um aspecto bem positivo são “os diferentes
estilos de professores, cada um com seu jeito de en-
sinar”. Em contrapartida, a aluna acha que a carga
horária dedicada ao currículo tradicional é muito
extensa e não deixa tempo hábil para atividades fora
da escola, durante a semana. Uma alternativa a isso
seria a inserção de mais atividades extraclasse nas
próprias instituições de ensino.
Para a escola do futuro, Ana Martha almeja mais
ferramentas tecnológicas, que prendam a atenção
dos alunos e tornem as aulas menos “monótonas”.
“A escola ideal seria, para mim, aquela que tivesse
a utilização de computadores ao invés de cadernos,
aulas práticas e fora do ambiente escolar com mais
frequência”, conta a estudante.
Michelly Fogaça
Ana Martha, à esquerda, acompanha o conteúdo
da aula, com sua colega de classe, pelo smartphone.
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Mais uma vez, os municípios que utilizam os sistemas de ensino da Abril Educação registraram melhora no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB): 98% dasescolas parceiras de Ensino Fundamental 1 e 94% das escolas parceiras de Ensino Fundamental 2 estão acima da média brasileira.
Enquanto a média nacional para o Ensino Fundamental 1 chegou a 4,9, a Abril Educação atingiu a média de 5,9 – índice igual ao do estado de MG, o mais bem colocado na avaliação do IDEB 2013.
No Ensino Fundamental 2, a média nacional foi de 3,9. Mas os municípios parceiros da Abril Educação atingiram a
média de 5,1. Sendo que, entre os estados da federação, a melhor média é a de Minas Gerais, com 4,6.
Com o município de Itápolis, a Abril Educação obteve ainda o 3º melhor resultado do Brasil no Ensino Fundamental 2, que foi a média de 6,6.
Parabéns a todos os nossos parceiros, que confiaram nas soluções educacionais da Abril Educação.
Parabéns, gestores, professores, alunos e pais.
A Educação é nossa marca.
Bras
il
4,93,9
5,95,1
Bras
il
Abril
Edu
caçã
o
Abril
Edu
caçã
o
Ensino Fundamental 1 (EF1) Ensino Fundamental 2 (EF2)
abrileducacao.com.br • [email protected] • (11) 4383-8211 (11) 4383-8351
Resu
ltado
s IDE
B
IDEB COMPROVA. ONDE TEMABRIL EDUCAÇÃO, O ENSINO ÉACIMA DA MÉDIA NACIONAL.
www.escola2025.com.br
www.mstech.com.br
Distribuição gratuita. Venda proibida.
Qual a sua visão sobre a tecnologia na educação?