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Revista dos Alunos de Pedagogia

Faculdades Network 2012

ISSN

Publicao anual das Faculdades

Network

A Revista de Concluso de Curso dos

Alunos de Pedagogia, uma publicao

de divulgao cientfica na rea de

administrao, realizada a partir de

estudos dos Alunos Concluintes do

Curso de Administrao

Mantenedores

Alexandre Jos Ceclio

Profa. Mestra Tnia Cristina Bassani

Ceclio

Maria Jos Giatti Ceclio

Diretora Geral das Faculdades

Network

Profa. Mestra Tnia Cristina Bassani

Ceclio

Secretria Geral

rica Biazon

Coord. do Curso de Pedagogia

Prof. Brbara Barros Chacur

Consu

Prof. Dr. Pedro Roberto Grosso

Prof. Dr. Reinaldo Gomes da Silva

Prof. Dra. Angela Harumi Tamaru

Prof. Me. Mrio Ferreira Sarraipa

Prof. Me. Renato Francisco dos Santos

Jnior

Prof. Me. Joo Roberto Grahl

Profa. Claudia Fabiana rfo Gaiola

Profa. Ma. Tnia Cristina Bassani

Ceclio

Profa. Dra. Maria Regina Peres

Consep

Prof. Dr. Pedro Roberto Grosso

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Editores Responsveis

Profa. Ma. Tnia Cristina Bassani

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Editora Executiva

Regina Clia Bassani (Network CRB-

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(MTB 37218)

Editorao Grfica e Eletrnica

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Wellinton Fernandes

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(19) 347-7676 Ramal 213

[email protected]

Revista dos Alunos de Pedagogia

Faculdades Network 2012

ISSN

Revista dos Alunos de Pedagogia / Tnia Cristina Bassani Ceclio

(org) v. 1, n.1 (2012) Nova Odessa,

SP: Faculdades Network, 2014-

Anual

Editada pelas Faculdades Network

ISSN

1. Educao - Peridicos.

I. Ceclio, Tnia Cristina Bassani

CDD 21 658.05

4

SUMRIO

EDITORIAL..................................................................................................................08

A IMPORTNCIA DA EDUCAO INFANTIL NO DESENVOLVIMENTO

ECONMICO DE UM PAS

Edilene Lobo, Maria A. Belintane Fermiano................................................................09

AS CONTRIBUIES DA PSICOMOTRIDADE NA EDUCAO INFANTIL

Adriane Fernandes Lopes de Castro, Magda Jacira Andrade de Barros.......................20

APONTAMENTOS SOBRE A PEDAGOGIA PROGRESSISTA DE GEORGES

SNYDERS

Valria Aparecida da Rocha Franceze, Antonio Carlos Dias Junior..............................34

O PREPARO E ENVOLVIMENTO DO PROFESSOR NA INCLUSO

ESCOLAR

Cristiane da Silva Neves, Magda J. Andrade de Barros.................................................41

CRIANAS SURDAS: SUJEITOS INVISVEIS DA EDUCAO INCLUSIVA

Paula Roberta Frizoni, Geilda Fonseca de Souza..........................................................50

ALFABETIZAO NA ESCOLA RURAL DO ASSENTAMENTO I DA

CIDADE DE SUMAR-SP

Maria Mrcia Teixeira dos Santos, Angela Harumi Tamaru.........................................62

A DINMICA DO CURRCULO OCULTO NA EDUCAO DOS CURSOS

PROFISSIONALIZANTES

Greice Divina Ferreira Hoffman, Antonio Carlos Dias Junior......................................73

AES INCLUSIVAS OCUPANDO DIFERENTES ESPAOS EDUCATIVOS

Andra Regina Perozzo, Bbara B. C. Rodrigues...........................................................85

A INCLUSO DAS TECNOLOGIAS NA EDUCAO: NOVOS PARADIGMAS

DA EDUCAO NA SALA DE AULA

Marcos Roberto Teixeira, Brbara Barros Chacur Rodrigues.......................................94

O LIVRO DIDTICO DE GEOGRAFIA E A EDUCAO PARA O CONSUMO

Valquria Aparecida de Amaral Almeida, Maria A. Belintane Fermiano....................101

A QUALIDADE DO ENSINO DE ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL

Larissa Matoso da Silva, Brbara B. Chacur Rodrigues..............................................111

A REPRESENTAO ESPACIAL COMO FERRAMENTA NA CONSTRUO

DE RACIOCNIO

Fernanda Blazutti Frausino, Marli Naomi Tamaru......................................................119

PEDAGOGIA HOSPITALAR: ORIGENS E IMPORTNCIA DA ATUAO

DO PEDAGOGO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Marlcia da Graa Silva Reis, Marli Naomi Tamaru...................................................131

5

TRABALHO PEDAGOGICO NO BERRIO: UM PROCESSO EM

CONSTRUO

Fabiana Lima Braga de Nbrega, Maria A. Belintane Fermiano................................145

O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANA DE 3 A 5 ANOS

ATRAVES DA MUSICA NA EDUCAO INFANTIL

Ayla Cardoso Peterlevitz ..............................................................................................161

A IMAGEM COMO PROPOSTA EDUCACIONAL PARA O ENSINO

FUNDAMENTAL I

Helenita Barbosa de Souza Miranda, Marli Naomi Tamaru........................................170

PR-ADOLESCENTES, CONSUMO E DINHEIRO

Vera Lucia Puche, Maria A. Belintane Fermiano.........................................................184

O ESPAO FSICO NA EDUCAO INFANTIL E A PEDAGOGIA DA

PUNIO

Rejane de Sousa Sette, Antonio Carlos Dias Junior.....................................................197

COMO A CRIANA APRENDE NA FASE DA ALFABETIZAO

Sandra Elisabete Schusciman de Camargo, Claudia Fabiana Orfo Gaiola...............208

OFICINA PEDAGGICA: FOMENTANDO A RESILINCIA PARA

CRIANAS ABRIGADAS

Amanda Rodrigues Broleze, Conceio Aparecida Costa Azenha...............................214

QUAL A IMPORTNCIA DO ENVOLVIMENTO NA LEITURA PARA AS

CRIANAS

Miriam Ribeiro, Magda Jacira Andrade de Barros......................................................225

A SEXUALIDADE NA ESCOLA: O DITO E O INTERDITO ENTRE ALUNOS

(8 A 10 ANOS), PAIS E PROFESSORES

Rosemary Borges Carvalho Lopes, Angela Harumi Tamaru........................................230

MSICA NA EDUCAO INFANTIL

Keila Arnequini, Magda Andrade.................................................................................249

O DESCOBRIMENTO DO PRAZER NA LEITURA

Taisa Fernanda da Costa, Angela Harumi Tamaru......................................................257

EDUCAO ECONMICA NA INFNCIA: ORIENTAO E

ACOMPANHAMENTO

Andria Marques de Lima, Maria A. Belintane Fermiano............................................271

GESTO DEMOCRTICA DA EDUCAO

Andra P.S. Souza, Brbara Barros Chacur Rodrigues...............................................281

DESENVOLVIMENTO MORAL: OS ERROS DAS CRIANAS E SUAS

CORREES PELOS ADULTOS

Valria Panucci, Conceio Ap. Costa Azenha............................................................292

EDUCAO E PODER: AS ORIGENS DO ENSINO NO BRASIL COLNIA

ATRAVS DA ATUAO DA COMPANHIA DE JESUS

6

Adriana Cristiana de Moraes, Marli Naomi Tamaru....................................................298

A ASSOCIAO ENTRE A DIFICULDADE ESCOLAR DO ALUNO E O

COMPORTAMENTO FAMILIAR

Jessica Leide Batista, Magda J. Andrade de Barros.....................................................311

TCNICAS E PRTICAS DE CLESTIN FREINET

Salete de Oliveira Silva, Marli Naomi Tamaru.............................................................324

BREVE HISTRICO SOBRE A INCLUSO SOCIAL DE SURDOS

Bianca Melo dos Santos, Helena Prestes dos Reis........................................................338

A INFLUNCIA DA AFETIVIDADE NO PROCESSO DE ENSINO E

APRENDIZAGEM

Pamella de Liz Pereira Oliveira, Roberta Rodrigues de Oliveira Guimares............353

GNERO: UMA EDUCAO REFLEXIVA OU REPRODUTORA?

Arlene Arajo Silveira,Cludia Fabiana Orfo Gaiola................................................367

A MOTIVAO COMO EIXO NORTEADOR DA APRENDIZAGEM PARA

ALUNOS

Amanda Garcia Santos, Maria Regina Peres...............................................................382

A ABORDAGEM COMPORTAMENTALISTA QUANTO A INFLUNCIA DA

MDIA TELEVISIVA NO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DA CRIANA

Graziela Pereira Maciel, Michele Cristiani Barion Freitas.........................................390

A CONTRIBUIO DA ALIMENTAO ESCOLAR NO PROCESSO DE

ENSINO E APRENDIZAGEM

Masa Aparecida Santos Romanelli da Cruz, Roberta Rodrigues de Oliveira

Guimares.....................................................................................................................404

LITERATURA E SUAS CONTRIBUIES PARA O DESENVOLVIMENTO

INFANTIL

Glucia Regina dos Santos, Conceio Aparecida Costa Azenha................................418

A IMPORTNCIA DA CONSCINCIA FONOLGICA NA ALFABETIZAO

Vanessa Nunes, Claudia Fabiana Gaiola.....................................................................424

LITERATURA E SUAS CONTRIBUIES PARA O DESENVOLVIMENTO

INFANTIL

Glucia Regina dos Santos, Conceio Aparecida Costa Azenha................................433

A FORMAO DOS PROFESSORES EM TEMPOS DE INCLUSO

Luciana Cordeiro Barbosa ...........................................................................................439

A IMPORTNCIA DA AFETIVIDADE NO DESENVOLVIMENTO ESCOLAR

Aline de Campos Cordeiro de Andrade, Roberta de Oliveira Guimares....................450

A IMPORTNCIA DA MUSICALIZAO NO PROCESSO DE

ALFABETIZAO

CATARINO, G. M. S., Magda Jaciara de Barros Andrade...........................................457

7

A EDUCAO DA MULHER NEGRA NO BRASIL CONTEMPORNEO

Janise Modesto do Nascimento, Antonio Carlos Dias Junior.......................................470

A PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAO INFANTIL

Franciele Francisco Cardoso, Tnia Cristina Bassani Ceclio....................................480

GRAMTICA REFLEXIVA NO 5 ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Fabiana Aparecida Tenrio de Albuquerque, Angela Harumi Tamaru.......................489

8

EDITORIAL

A Revista dos Alunos de Pedagogia 2012 mais uuma grande conquista das

Faculdades Network. Lanando seu primeiro nmero, a rtevista traz 46 artigos

resultantes das atiavidades de pesquisa e extenso, trabalhos apresentados durante o II

Frum de Ensino, Pesquisa e Extenso das Faculdades Network e Workshop 2012.

O objetivo promover a diculgao das atividades referentes s pesquisas dos

estudantes que, expondo estudos em diferentes reas da Educa, trazem suas

contribuies comunidade educacional.

A ideia surgiu ento, da necessidade de apresentao de pesquisas realizadas

pelos alunos Network e divulgao das produes intelctuais, articuladas a programas

de graduao e ps graduao da instituio.

Nesta primeira edio quero destacar que os textos ora apresentados tratam de

assuntos relevantes e pertinentes s inquietaes das diferentes etapas e modalidades da

educao bsica. Sendo assim, destaco que este nmero um marco importante para a

comunidade do curso de Pedagogia.

O curdo de Pedagogia Network tem-se destacado com resultados positivos na

avaliao externa ENADE, e recebendo inclusive, em 2012, a indicao trs estrelas do

Guia do Estudante Abril, importante veculo de informao profissional.

O II Frum de Ensino Pesquisa e Extenso da Instituio, com vistas

participaode alunos e professores das Faculdades de Pedagogia, Administrao,

Sistems de Informao, e, envolvendo tambm os cursos de Ps Graduao, associado

ao tradicioinal Workshop WIC, mobilizou toda a comunidade educativa.

Com relaoao contedo a revista recebeu uma grande quantidade de artigos,

que resultam nesta primeira edio e que, posteriormente, na continuidade de edies

visam proporcionar aosleitores uma reflexo sobre temas atuais tais como:

desenvolvimento econmico, educao infantil, psicomotricidades, ensino fundamental,

alfabetizao e metodologias de ensino, literatura, incluso, formaoe preparo de

profesores, afetividade, famlia, musica, sexualidade, oficinas pedaggicas para crianas

abrigadas e relaes de gnero, dentre outros assuntos atuais.No deixem de conferir a

leitura de cada um dos artigos desta edio.

Profa. Me. Brbara Barros Chacur Rodrigues

Coordenadora

9

A IMPORTNCIA DA EDUCAO INFANTIL NO

DESENVOLVIMENTO ECONMICO DE UM PAS

Edilene Lobo1

Maria A.Belintane Fermiano2

Resumo

Com este artigo analisaremos a importncia da Educao Infantil para o

desenvolvimento econmico de um pas. Instituies como o Banco Mundial, a ONU, a

UNICEF e a UNESCO mostram em suas publicaes, recentes ou antigas, dados que

apontam que uma educao de qualidade traz um elevado desenvolvimento econmico.

Para tanto se realizou um estudo bibliogrfico de carter qualitativo, com o objetivo de

apresentar a importncia da Educao Infantil no desenvolvimento econmico de um

pas, uma vez que ela auxilia, de modo geral, no desenvolvimento da pessoa, na

competncia tcnica dos trabalhadores e na transferncia dessa fora para setores com

maior contedo tecnolgico. nos primeiros anos de vida que uma criana aprende a

ser um bom cidado do futuro e isso permite o desenvolvimento de habilidades nos

indivduos para que tomem decises acertadas e faam boa gesto de sua vida pessoal.

Essas habilidades contribuem para que haja uma maior integrao entre indivduo e

sociedade, para tomar decises conscientes e mais responsveis, que permitam a

participao no processo de desenvolvimento econmico do pas, em que indivduos

bem informados ajudam a criar um mercado mais competitivo e eficiente.

Palavras-chave: Infncia; Educao Infantil; Desenvolvimento econmico.

Abstract

With this article we will analyze the importance of early childhood education for the

economic development of a country. Institutions like the World Bank, the UNO,

UNICEF and UNESCO show in its publications, recent or old, is evidence that quality

education brings a high economic development. For that we conducted a bibliographic

study qualitative, aiming to present the importance of early childhood education in the

economic development of a country, as it helps in enhancing human capital, education

levels, health, technical competence of the workers and the transfer of this strength to

sectors with higher technological content. It is early in life that a child learns to be a

good citizen of the future and this enables the development of skills in individuals to

take informed decisions and make good management of his personal life. These skills

contribute to ensuring greater integration between individual and society, to make

informed decisions and more accountable, to enable participation in the economic

development process of the country, where individuals knowledgeable help create a

more competitive and efficient market

Keywords: Early, childhood education and economic development.

1 Estudante do curso de pedagogia das Faculdades Network, 2012.

Doutora em Educao, especialista em Educao Econmica.

10

Introduo

O presente artigo tem como objetivo refletir sobre a importncia da educao infantil

para o desenvolvimento econmico de um pas. A educao infantil uma etapa

relevante na para o desenvolvimento integral da criana, pois considera seus aspectos

fsico, psicolgico, intelectual e social. O processo de investigao desse trabalho

constituiu-se de reviso bibliogrfica a partir de diversas fontes citadas ao longo do

texto que contriburam para a construo do corpo terico.

De acordo com Young (2010), as experincias e as trocas afetivas so fonte de

desenvolvimento. atravs da experincia social mediada pelo outro, nas diversas

situaes de convvio social da qual participa, que a criana aprende parte significativa

das aes e conhecimentos necessrios para sua insero no mundo.

Nesse sentido, fundamental que o educador oportunize experincias estimuladoras que

possibilitem a criana construir seu prprio conhecimento, considerando suas

caractersticas e diferenas tnicas, religiosas, econmicas e todas as suas necessidades

especficas. Portanto, compete ao ensino infantil considerar que as crianas so

diferentes entre si, implicando assim em uma educao baseada em condies de

aprendizagem que as respeitem como pessoas singulares.

Sendo assim, fora da escola os alunos no tm as mesmas oportunidades de acesso ao

conhecimento o que um problema, pois a educao causa diversos tipos de impactos

no desenvolvimento econmico de um pas, de uma sociedade, poisa qualidade

educacional ofertada para as crianas reflete diretamente no desenvolvimento e

surgimento de novas oportunidades, causando um ciclo de progresso em todas as esferas

da sociedade. Dessa forma a educao tem um papel muito importante na criao de

condies para a inovao tecnolgica, por exemplo, que pode ser consideradauma

consequncia indireta.

O desenvolvimento econmico um tema bastante complexo e importante, por isso,

tem sido objeto de estudo de cientistas sociais, que juntos desenvolveram diversas

teorias econmicas as quais ainda hoje podem ser consideradas ferramentas utilizadas

para o governo de uma nao. A educao, historicamente, no fazia parte dos estudos

econmicos por possuir uma influncia indireta. Porm, nos tempos atuais, onde o

conhecimento pode ser considerado o mais importante fator de produo, a educao

adquire um novo papel na economia. No podemos ser ingnuos, no entanto, o interesse

capitalista na educao se faz presente na viso e concepo de tantas instituies que

investem em pesquisas e estabelecem como meta para os pases menos desenvolvidos,

alcanar patamares mais elevados de qualidade educativa. Assim, temos como objetivo

apresentar a importncia da educao infantil para o desenvolvimento econmico de um

pas.

A infncia e a educao

O perodo que se estende da gestao at os seis anos de idade considerado o mais

importante para o desenvolvimento da criana. nessa fase que a criana estabelecer

suas conexes com o mundo, e se desenvolver nos aspectos fsico, psicolgico,

intelectual, afetivo e social, por meio de uma educao bem estruturada que atenda suas

necessidades. Porm, essa relevncia no foi sempre considerada ou mesmo conhecida,

durante muito tempo a criana no foi reconhecida como um ser que precisava de

cuidados e educao especficos para a sua faixa etria e para cada fase do seu

desenvolvimento.

11

De acordo com Young (1999) a qualidade de vida de uma criana, pode contribuir para

sua vida adulta em meio a sociedade, ou seja, do nascimento at aos 5 anos de idade a

criana passa por um crescimento intenso e por importantes mudanas, que poder

ajud-las no futuro. Se este perodo de vida incluir apoio ao seu crescimento em suas

habilidades motoras, adaptativas e funcionamento scio-emocional, a criana ter maior

probabilidade de ser bem sucedida na escola e de, mais tarde, contribuir para o

desenvolvimento econmico de uma sociedade.

Segundo Young (2010), os primeiros anos de vida de uma criana so de fundamental

importncia, pois proporcionam a base para o resto da vida, como adolescente e como

adulto. As crianas que so bem cuidadas na infncia podem viver bem e criar uma

sociedade para todos, pois elas so o nosso futuro e investindo em seus primeiros anos

de vida, estaremos investindo no desenvolvimento humano e econmico de todos. A

educao nos primeiros anos vital para atacar os piores efeitos da pobreza e ser uma

maneira eficaz de romper o ciclo implacvel e vicioso da pobreza que, muito

frequentemente atravessa geraes.

Investir na educao infantil fundamental para o desenvolvimento humano e

econmico de um pas, em que a educao um grande equalizador se todas as crianas

tiverem oportunidade igual de tirar proveito dela. Portanto, proporcionar nas crianas

oportunidades de desenvolver suas capacidades fsicas, psquicas e emocionais, far

com que elas tenham um melhor desempenho na escola e uma probabilidade maior de

desenvolver as habilidades de que vo necessitar para competir em uma economia

global.

De acordo Sen (2000), necessrio expandir as liberdades humanas para se alcanar o

patamar de nao desenvolvida. A autora considera como sendo 5 as liberdades

essenciais a todos os indivduos, que seriam as disponibilidades econmicas, as

liberdades polticas, as oportunidades sociais, as garantias de transparncia e de

segurana. As disponibilidades econmicas, que esto relacionadas as oportunidades

que os indivduos tm para utilizar recursos econmicos com propsitos de consumo,

produo ou troca. As liberdades polticas que referem-se s oportunidades para

determinar quem deve governar e com base em que princpios, alm de inclurem a

possibilidade de fiscalizar e criticar as autoridades, de ter a liberdade de expresso

poltica. O analfabetismo uma boa ilustrao no argumento de Sen quando se refere s

oportunidades sociais. Quando uma pessoa no possui este recurso (a alfabetizao, a

leitura), ela fica impossibilitada de ter acesso aos meios de comunicao no qual o

indivduo poderia se informar sobre poltica e suas formas de participao. As garantias

de transparncia constituem como forma de liberdade, quando tem como papel

instrumental um inibidor da corrupo, da irresponsabilidade financeira e de transaes

ilcitas. Com isso, o cidado/cidad vive de um modo mais positivo, contribuindo ento

para a sua participao poltica. A segurana protetora considerada como a base de

todas as liberdades instrumentais. Ela que vai garantir a sobrevivncia e dignidade do

indivduo enquanto cidado. Abrange a segurana social , podendo evitar a fome e a

morte.

Para Sem (1999), todas estas liberdades instrumentais interligam-se umas s outras

como tambm serve de suplementos s mesmas, e ainda que um pas ou uma nao

desfrute de amplo crescimento econmico, sem a garantia destas liberdades a toda

populao, dificilmente chegar a ser uma nao ou um pas desenvolvido.

Contudo, o que est sendo jogado em segundo plano o que h de mais importante em

todo esse processo complexo: a qualidade do ensino, e isso acontece porque a maioria

dos governantes se prende aos aspectos quantitativos da Educao, perde-se de vista o

carter qualitativo, verdadeiro responsvel por mudanas profundas nas estruturas de

desenvolvimento do pas. Assim, o envolvimento das escolas com o desenvolvimento

econmico, leva melhoria no sistema de ensino e forma um crculo virtuoso em prol

da qualidade de ensino, portanto, quanto mais preparada uma populao, mais

12

desenvolvida ela se torna. as pessoas tenham suas necessidades bsicas satisfeitas,

como a educao, que proporciona conhecimentos e recursos, melhorando a

participao na comunidade.

Segundo Freitas (2012), reprter da equipe Brasil Escola, muitos so os problemas que

esto presentes na educao brasileira, so diversos os fatores que proporcionam

resultados negativos. Um exemplo disso so as crianas que se encontram no 6ano do

ensino fundamental e no dominam habilidade de ler e escrever. Esse fato resultado

direto do que acontece na estrutura educacional brasileira, pois praticamente todos os

que atuam na educao recebem baixos salrios, professores frustrados que no exercem

com profissionalismo ou tambm esbarram nas dificuldades dirias da realidade escolar,

alm dos pais que no participam na educao dos filhos, entre muitos outros

agravantes.

Nmeros que retratam os problemas da educao brasileira:

Hoje, no Brasil, de 97% dos estudantes com idade entre 7 e 14 anos se encontram na

escola, no entanto, o restante desse percentual, 3%, respondem por aproximadamente

1,5 milho de pessoas com idade escolar que esto fora da sala de aula.

Para cada 100 alunos que entra na primeira srie, somente 47 terminam o 9 ano na

idade correspondente, 14 concluem o ensino mdio sem interrupo e apenas 11

chegam universidade.

61% dos alunos do 5ano no conseguem interpretar textos simples. 60% dos alunos

do 9ano no interpretam textos dissertativos.

65% dos alunos do 5ano no dominam o clculo, 60% dos alunos do 9 ano no

sabem realizar clculos de porcentagem.

Sendo assim, preciso que tomemos medidas que possivelmente podero combater os

ndices acima apresentados que seria:

Mobilizao da sociedade para a importncia que a Educao exerce.

Direcionamento de recursos financeiros para escolas e professores.

Valorizao do profissional da educao.

Implantao de medidas polticas educacionais a longo prazo.

Os dados apresentados a seguir parte do material de divulgao do relatrio Situao

Mundial da Infncia 2005, lanado pelo UNICEF em dezembro de 2004. Com relao

ao percentual de crianas de 7 a 14 anos que frequentam o Ensino Fundamental, os

dados colocam o Brasil em uma situao positiva em relao a outros pases da Amrica

do Sul.

Conforme os estudos realizados pela UNICEF (2005, p.14), o indicador de acesso

escola no Brasil (97%) maior que a de pases vizinhos, como Argentina (93%), Peru

(93%), Paraguai (92%), Uruguai (90%) e Chile (89%). Ainda na Amrica Latina, o

Mxico o pas mais prximo da universalizao do Ensino Fundamental, apresentando

uma taxa de escolarizao lquida de 99% nesse nvel de ensino.

De acordo com a UNICEF (2005, p.14,15), a educao direito de todas as crianas,

independentemente de sexo, raa/etnia, local de moradia, deficincia ou renda. Dados

da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios PNAD3, do IBGE, mostram que o

percentual de crianas de 7 a 14 anos fora da escola em 2003 era de 2,8%. Estima-se

que pelo menos 740 mil crianas brasileiras nessa faixa etria ainda estejam fora da

escola, sendo a maioria crianas negras (cerca de 500 mil), seguidas pelas crianas

brancas (cerca de 230 mil). Os nmeros podem estar subestimados, considerando que a

PNAD no inclui a rea rural da regio Norte do Pas. Em 2000, o Censo Demogrfico

(que inclui todo o Pas) apontou quase 1,5 milho de crianas e adolescentes de 7 a 14

anos fora da escola (5,5%).

3A amostra da PNAD no inclui a rea rural dos estados de Rondnia, Acre, Amazonas, Roraima, Par e

Amap.

13

Uma educao infantil de qualidade

Durante a trajetria de vida da criana, todo o estmulo que ela recebe, se estende a

benefcios comuns e a menos gastos econmicos com a maturidade, ou seja, os

estmulos bons, ofertados criana ou ao jovem o mais cedo possvel, se tornar vivel

para que se torne um homem bem sucedido, assim quanto antes os estmulos vieram

mais chances a criana ter de se tornar um adulto bem sucedido.

A Educao Infantil um bem pblico e constitui em um dever do Estado, portanto,

um direito que deve ser assegurado s crianas e s suas famlias, pois nesta etapa da

vida que os meninos e meninas iniciam suas caminhadas na identificao de valores, na

formao de significados coletivos, constroem noes de respeito ao meio ambiente,

tomam contato com a cultura e com a arte e, sobretudo, passam a valorizar as pessoas.

A educao, no Brasil, gratuita e um direito de todos, nos estabelecimentos escolares

pblicos, desde a educao infantil at o ensino superior. Ela constitui dever do Estado,

que, para sua oferta, estabelece diferentes competncias entre os entes que compem a

federao: Unio, estados, Distrito Federal e municpios. (NUNES, 2011, p.16).

Nunes (2011, p.11) afirma que a realidade sobre a educao infantil no Brasil diz

respeito distncia entre o ideal e o real, o proposto e o realizado. De um lado, o quadro

jurdico de direitos da criana e deveres do Estado, os princpios, as diretrizes, os

objetivos da educao infantil, os planos governamentais sobre a primeira infncia e, em

particular, sobre a educao infantil. De outro, a situao concreta em que vivem as

crianas, a educao de excelncia que uma parcela recebe a de baixa qualidade a

que outra parcela tem acesso e a excluso de um nmero significativo de crianas,

especialmente nos primeiros anos de vida nos ambientes socioeconmicos mais

empobrecidos.

Segundo, Nunes (2011, P.7) a UNESCO, compromete-se a colaborar com os Estados-

membros, visando propor uma Educao para Todos(UNESCO, 2000), ou seja,

expandir e melhorar o cuidado e a educao dacriana pequena, especialmente para as

infncias mais vulnerveis e emmaior desvantagem, constatou a insuficincia de

pesquisas atualizadas sobrea opo de integrar o atendimento da primeira infncia ao

setor da educao.

Uma educao infantil de qualidade aquela em que a criana tenha espaos amplos e

bem estruturados para se movimentar, correr, brincar, pular. De paredes coloridas, salas

enfeitadas. Um ambiente acolhedor e rico em possibilidades e que no se limite apenas

sala de aula, mas que promova sensao de segurana e confiana, liberdade

de expresso, interao criana-criana, criana-adulto e criana-objeto,

promovendo o bem estar e as oportunidades para o contato social, bem como sua

identidade pessoal. Enfim, os espaos organizados para uma pedagogia da

educao infantil devem ter como objetivo a vivncia plena da infncia. A

educao e o cuidado da criana pequena no devem ocorrer em espaos improvisados,

mas em locais bem planejados para atender s suas necessidades e ao seu pleno

desenvolvimento.

De acordo Romanelli (2002), com a evoluo do sistema educacional, a expanso do

ensino e os rumos que esta tomou, compreendemos que a escola hoje grutoda

realidade concreta criada pela nossa herana cultural, evoluo econmica e estrutura do

poder poltico. A conservao do status quo, da modernizao da ordem social, se

confrontam, no antoganismo dessas foras, a defasagem da escola se apresenta,

demonstrando no ensino pblico, maior carncia com relao ao desenvolvimento

econmico.

Portanto preciso, que os projetos estruturadores do sistema de ensino, sejamrealizados

com mais exigncias nos investimentos locais, por conta da globalizao, sendo que a

14

sociedae est carente de trabalhadores voltado a produo com qualidade, pois foram

afetados pelo descaso no avano econmico. Assim, o maior desafio para os sujeitos do

ensino e aprendizagem vem a ser a compreenso que a escola comea a ser estruturada

fora dos seus limites, muito antes de chegar as salas de aulas. A idealizao do espao

especfico de aprendizagem torna-se ponto fundamental para o bom andamento do

processo de qualificao para a convivncia em grupo, originando um sistema de

educao ede cultura existente.

O desenvolvimento econmico, que segundo Hewlett (1981) usualmente definido

como um aumento significativo na renda real per capita de uma nao, significando que

a populao tem uma melhor alimentao, sade, educao, melhores condies de vida

e uma gama cada vez mais ampla de oportunidades de trabalho e de lazer. Em essncia,

desenvolvimento significa a transformao das estruturas econmicas da sociedade, a

fim de se atingir um novo nvel de capacidade produtiva, e isso requer nveis sem

precedentes de poupana e de investimento. O entendimento do que o

desenvolvimento econmico de um pas no se restringe somente ao que necessrio

para o crescimento da sua produo, mas tambm em avanar a economia como um

todo, em termos de bem-estar social para os seus habitantes.

No entanto, concluses tiradas em comparaes sobre a Educao entre os pases

desenvolvidos e os pases em desenvolvimento nos mostram que, a qualidade

educacional, medida pelo o quanto as pessoas sabem, tem poderoso efeito sobre ganhos

individuais, distribuio de rendimentos e crescimento econmico. A qualidade

educacional em pases em desenvolvimento muito pior que a quantidade (registros e

acessos escola), assim apenas prover mais recursos para as escolas uma medida

improvvel de obteno de sucesso e melhorar a qualidade da educao o que

propiciar maiores mudanas nas instituies.

Asinstituies organizacionais e a primeira infncia

O Banco Mundial propriedade de 181 pases-membros cujas perspectivas e interesses

so representados por um conselho dirigente e um conselho diretor sediados em

Washington. Ele uma denominao genrica para numerosas instituies financeiras

internacionais como o Banco de Pesquisa e Desenvolvimento (Bird), a Associao

Internacional de Corporao Financeira e Desenvolvimento Internacional.

De acordo com Rosemberg (2000, p.69), desafiado pelas crticas sobre o endividamento

das naes pobres e a crescente desigualdade entre ricos e pobres, o Banco Mundial

formula sua mais recente misso como um cntico de idealismo, Nosso sonho um

mundo livre da pobreza, qual tem a misso de enfrentar a pobreza com paixo e

profissionalismo com vistas a resultados duradouros e valores como a honestidade,

integridade e compromisso; trabalhar em equipe com transparncia e confiana;

investir os outros de poder e respeitar as diferenas; assumir riscos e responsabilidades;

ter prazer com o trabalho e a famlia.

O Banco considera-se um agente intermedirio entre as naes ricas do mundo, o que

so uma minoria e as naes pobres do mundo, a maioria. Emprega alguns dos analistas

mais conceituados em seus respectivos campos de atuao. Na rea de educao e de

desenvolvimento, por exemplo, recrutou pessoal respeitvel de diversos pases, fora dos

Estados Unidos. O Banco Mundial reconhece, em seu relatrio anual de 1999, que o

sistema fiscal do mundo apresenta srias deficincias, e que reformas institucionais e de

governo so excessivamente lentas. Considera, entretanto, essas deficincias como

falhas que podem ser sanadas, contanto que haja interveno, ao orientada e

especializada.

Sendo assim, o Banco Mundial, alega que suas intervenes so efetivamente

necessrias para alcanar estabilidade econmica e progresso, e que a ao de

especialistas e tcnicos pode resolver os problemas globais, ele sugere que as evidncias

estatsticas usadas para sustentar ou apoiar a poltica do Banco Mundial esto

15

comprovadamente erradas. Ser que as polticas econmicas preconizadas pelo Banco

Mundial prejudicam as crianas? H evidncias irrefutveis de que a desigualdade entre

pases ricos e pobres est aumentando e de que a populao pobre do mundo est se

tornando mais pobre.

De acordo com Scheper-Hughes (1993), as crianas so mais intensamente afetadas pela

pobreza como tambm so particularmente susceptveis a cortes nos servios de

infraestrutura, tais como os de sade e educao, por exemplo, alega que quando a Junta

Militar tomou o poder no Brasil, instituindo um novo regime econmico, houve uma

limpeza de crianas nas reas mais pobres do nordeste do Brasil em que Scheper

estivera trabalhando, evidenciada pelo aumento da mortalidade infantil.

Rosemberg (2002, p. 7), ao estudar com profundidade as polticas propostas pelos

organismos vinculados ONU UNICEF e UNESCO , detectou os princpios do

modelo de educao infantil por elas sugerido para os pases em desenvolvimento e

assim os organizou:

A expanso da educao infantil constitui uma via para combater a pobreza nos pases

subdesenvolvidos e melhorar o desempenho no ensino fundamental, portanto, sua

cobertura deve crescer;

Os pases pobres no dispem de recursos pblicos para expandir, simultaneamente, o

ensino fundamental (prioridade nmero um) e a educao infantil;

A forma de expandir a educao infantil nos pases subdesenvolvidos por meio de

modelos que minimizem investimentos pblicos, dada a prioridade de universalizao

do ensino fundamental;

Para reduzir os investimentos pblicos, os programas devem se apoiar nos recursos da

comunidade, criando programas denominados no formais, alternativos, no-

institucionais, isto , espaos, materiais, equipamentos e recursos humanos disponveis

na comunidade, mesmo quando no tenham sido concebidos ou preparados para essa

faixa etria e para seus objetivos (ROSEMBERG, 2002, p. 7, 8).

Isso representa um modelo de educao infantil que visa combater a pobreza nos pases

subdesenvolvidos, dando assim prioridade a universalizao do ensino fundamental, e o

fortalecimento de estratgias para reduzir os custos, para que assim tenhamos melhores

solues para o desenvolvimento das crianas.

No Brasil, em meados dos anos 1970, durante o governo militar, o modelo de educao

infantil no-formal com pequeno investimento pblico voltado para as crianas pobres,

proposto pelo UNICEF e pela UNESCO, encontrou terreno frtil para sua proliferao.

Para UNICEF e para a UNESCO era necessrio combater a pobreza, pois esta era uma

ameaa segurana nacional, por meio de polticas de assistncia, entre elas os

programas de educao infantil. Esse modelo de educao infantil foi elaborado e

divulgado em pases considerados em desenvolvimento, pela realizao de seminrios

internacionais e regionais, assessoria de especialistas e publicaes diversas, com

sugestes de modalidades de educao infantil e estratgias para reduzir os custos como

sendo as melhores solues para o desenvolvimento das crianas.

Nesse perodo, foram poucos os recursos advindos desses organismos aplicados

diretamente ao financiamento de projetos voltados para o trabalho com crianas. A

maior parte dos recursos financeiros era aplicada em vindas de especialistas, na

orientao de tcnicos e profissionais e para a realizao de pesquisas. Para Rosemberg

(2002, p. 6), o que ocorreu foi, sobretudo, [...] circulao de idias da UNESCO e do

UNICEF entre formadores de opinio e tomadores de deciso no plano das polticas

educacionais brasileiras e pouco financiamento direto de projetos para implantar

programas de educao infantil.

Com o objetivo de despender poucas verbas do Estado, as polticas econmicas e

sociais de tais agncias multilaterais para a educao dos pases em desenvolvimento

tinham a finalidade de compensar as carncias das crianas oriundas de famlias pobres,

16

utilizando recursos da comunidade, ou seja, eram de cunho compensatrio. Tais idias

difundiram-se ao ponto de, a partir das crticas que a elas foram desferidas, a educao

das crianas pequenas passar a ser concebida como com objetivos em si mesma,

esvaziando-se de funo.

Os investimentos na educao Resultados obtidos em estudos realizados pelo IPEA/UFRJ nos mostram que os efeitos

de investimentos em educao no so apenas os mais variados, mas tambm, tm

vrias dimenses, e que se por um lado, esses investimentos podem ser concretizados,

visando melhoria ou na qualidade ou na quantidade da educao, por outro lado,

podem-se diferenciar os investimentos em educao de acordo com o nvel em que

ocorrem, podendo estar relacionados a uma melhoria na educao fundamental,

secundria, superior ou tcnica.

Segundo Behrman (1996) esses resultados obtidos no estudo realizado pelo IPEA/UFRJ

mostram os impactos quantitativos dos investimentos em Educao, sem levar em conta

a melhoria da qualidade educacional.Neste caso, procura-se estimar os benefcios totais

de investimentos em educaosobre diversas variveis relacionadas ao processo de

desenvolvimento brasileiro.

Assim, toda aanlise baseia-se no importante estudo de Behrman (1996) que, numa

srie decomparaes internacionais, estimou os impactos de investimentos em educao

sobre umasrie de variveis. O impacto estimado aquele de um ano a mais de

escolaridade sobre o desempenho futuro de pases com idntica renda per capita inicial.

As variveis utilizadas neste estudo (um subconjunto daquelas presentes no estudo de

Behrman) foram organizadas em quatro grupos. O primeiro e o segundogrupos so

formados de indicadores de crescimento econmico e populacional,respectivamente. O

terceiro grupo formado por indicadores de mortalidade e longevidade. Finalmente, o

quarto grupo formado por indicadores de escolaridade futura.

Cabe aqui diferenciar os dois tipos de impactos causados nos indicadores

socioeconmicos pela expanso educacional:

Impacto Direto: o impacto da expanso educacional que opera via seu impacto sobre o

crescimento da renda per capita.

Impacto Indireto: o impacto que ocorreria mesmo na ausncia de impactos da

expanso educacional sobre o crescimento da renda per capita.

Segundo os estudos de Berhman (1996), o impacto de uma dada expanso educacional

sobre o nvel de um indicador socioeconmico no futuro pode ser decomposto em duas

parcelas. A primeira est relacionada ao crescimento da renda per capita. Este o

chamado impacto indireto. Assim, uma expanso educacional hoje leva a um

crescimento na renda per capitae este, por exemplo, a uma reduo na taxa de

mortalidade. Este seria o impacto indireto da expanso educacional sobre a taxa de

mortalidade. A segunda seria o impacto que ocorreria mesmo na ausncia de impactos

da expanso educacional sobre o crescimento da renda per capita. Este o chamado

impactodireto. Em seu trabalho, Behrman (1996) procura isolar esses dois efeitos sobre

os indicadores de mortalidade e crescimento populacional que investigou.

Gonalves (2012) questiona por que o Brasil cresce economicamente em nveis to

baixos se comparado a pases em similar grau de desenvolvimento, como os seus pares

na Amrica Latina ou a China e a ndia? Sobre a peculiaridade do caso brasileiro,

oportuno citar o estudo scio-econmico realizado pelo Banco Mundial em 2006, em

conjunto com a Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE).

17

Segundo o autor acima, a avaliao, comparativamente, no h como alegar que o Brasil

no cresce apenas por questes macroeconmicas ou por um sistema de inovaes. A

melhoria da eficincia e da efetividade geral do ensino e dos sistemas de treinamento,

atrelado a uma aproximao da academia ao setor industrial, so os caminhos indicados

pelo banco. Isto , a melhoria da educao brasileira em prol de um modelo de

desenvolvimento.

Entretanto,esses estudos estabeleceram quatro pilares da Economia do Conhecimento

(EC) como parmetros para o desempenho do Brasil: Regime Econmico e Institucional

(REI), Educao, Inovao, Tecnologia da Informao e da Comunicao (TIC).

Assim, entre os principais elementos da revoluo do conhecimento incluem: maior

codificao do conhecimento e desenvolvimento de novas tecnologias; ligaes mais

estreitas com a cincia (maior taxa de inovaes e ciclos de vida de produtos mais

curtos); dar mais importncia na educao e na especializao da fora de trabalho e no

aprendizado contnuo; maior transferncia de tecnologia (fluxos de licenciamento

internacional); maior investimento em elementos abstratos (pesquisa e

desenvolvimento, educao, software), que seja maior que os investimentos em Capital

Fixo na Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE); e

novas mudanas na demanda de qualificaes do mercado de trabalho. (GONALVES,

2012).

Em quase todas essas questes, o Brasil se encontra em uma situao similar ou melhor

do que os pases com o mesmo grau de desenvolvimento. No entanto, na questo

educativa, o pas est em defasagem. Isso um dos caminhos que explica porque a

China tem um crescimento de 9%, a ndia a 8% e o Brasil no chega a 3%.Concluso

tirada pelo Banco Mundial cabe um detalhamento do caso brasileiro. No espantoso o

fato de que o Brasil esteja entre os piores do mundo no que diz respeito Educao.

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica), afirma que, de acordo com o

Censo 2000, o Brasil tem 24 milhes de pessoas no-alfabetizadas. Os dados do Censo

2000 sobre educao mostram que quase 84% da populao de cinco anos ou mais de

idade so alfabetizadas. Os outros 16% equivalem a cerca de 24 milhes de pessoas

no-alfabetizadas. Embora haja constante enaltecimento do crescente acesso (que, de

fato, existe) s escolas, principalmente por parte dos governos, pouco se fala da

qualidade desse ensino. Somente a ttulo de informao, oportuno citar que, no Censo

de 2004, o IBGE constatou um aumento de 2,7% no acesso ao Ensino Fundamental e de

4,3% no Ensino Mdio. Cabe ressaltar que esses nmeros correspondem a um total

constitudo de duas diferentes redes de ensino, a pblica e a privada, sendo que o acesso

rede privada maior que o dobro da pblica no caso do Ensino Fundamental e maior

que o triplo no caso do Ensino Mdio. (GONALVES, 2012).

O fato de se esperar que a educao se relacione positivamente com o nvel de riqueza

de um pas, medido por um indicador econmico como o PIB, assim como com um

nvel de vida, medido por um indicador de sade, como a esperana de vida. De fato, o

indicador de desenvolvimento (humano) mais considerado, admite que este resulta de

uma mdia ponderada dos aspectos econmicos, medidos pelo PIB, dos aspectos de

sade, medidos pela esperana de vida, e dos aspectos educacionais medidos por um

ndice de educao. (GONALVES, 2012).

Deste ponto de vista, associa-se, naturalmente, um pas mais desenvolvido a um que

disponha de um maior nvel de educao. Conforme parece ser evidente, existe uma

aparente relao direta entre as trs componentes do IDH, sendo certo que a volatilidade

nas mesmas aumenta medida que o valor do IDH aumenta. Nos pases de

desenvolvimento humano baixo diz respeito, a existncia de uma correlao negativa

18

entre os nveis de educao e os ndices de riqueza econmica e de sade parece ser um

paradoxo. (GONALVES, 2012).

Concluso

As fontes bibliogrficas analisadas no decorrer do estudo ajudaram-nos na compreenso

sobre a influncia da educao infantil no desenvolvimento econmico de um pas. A

Educao Infantil muito importante na formao do indivduo e do cidado ativo e

participante da sociedade. O homem, com ela, dispor de novos rumos para sua vida.

Assim, segundo Sics e Castelar (2009) desenvolvimento significa a transformao das

estruturas econmicas da sociedade, a fim de se atingir um novo nvel de capacidade

produtiva, e isso requerem nveis sem precedentes de poupana e de investimento. O

entendimento do que , em verdade, desenvolvimento econmico de um pas no se

restringe somente no necessrio crescimento da sua produo, mas tambm em avanar

a economia como um todo, em termos de bem-estar social para os seus habitantes.

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20

AS CONTRIBUIES DA PSICOMOTRIDADE NA EDUCAO

INFANTIL

Adriane Fernandes Lopes de Castro

Magda Jacira Andrade de Barros

Resumo

O presente estudo discute alguns aspectos que envolvem a importncia da

psicomotricidade na educao infantil. O trabalho procurou esclarecer sobre as

contribuies da psicomotricidade e sua importncia para o desenvolvimento da criana,

visando estudar, as noes do espao em que o indivduo desenvolve: a coordenao

motora, o equilbrio, o ritmo, a lateralidade e a coordenao global. Enfatizando que a

psicomotricidade uma cincia que estuda o homem atravs de seu corpo e movimento

em relao com o mundo interno e externo, bem como, suas probabilidades de perceber,

atuar, agir com o outro, com os objetos e consigo mesmo. A psicomotricidade o

processo de maturao, em que o corpo origem das aquisies cognitivas, afetivas e

orgnicas. Desse modo, busca-se saber qual seu propsito na educao infantil, na

tentativa de verificar se esta importante e eficaz para o pleno desenvolvimento da

criana que explora o mundo externo atravs do brincar, o que propicia que experimente

e conhea novas situaes, exercendo assim, uma educao criadora, espontnea,

consciente e embasada nas experincias palpveis, baseando na construo das noes

bsicas do desenvolvimento cognitivo, j que a estrutura da educao psicomotora o

alicerce essencial para o procedimento de aprendizagem da criana.

Palavras chaves: Psicomotricidade, Psicomotor, Educao Infantil, Desenvolvimento.

Abstract

This paper discusses some aspects concerning the importance of psychomotor

childhood education. The study sought to clarify the contributions of psychomotor that

is such an important point of a childs development, therefore it aimed to study the

space notions of where the individual is, motor coordination, balance and rhythm,

laterality, overall coordination, visual discrimination and hearing. And emphasizing

that the psychomotor is a science that studies the man through his body and movement

in relation to the internal and external world, as well as your probably of realizing,

acting, acting with someone else, with objects and with himself and it is also related to

the maturation process, in the body's source of cognitive , affective and organic. And

aiming at, what your purpose in early childhood education, in an attempt to verify that

this is important and effective for the full development of the child exploring the outside

world through games that help the child to experience and meet new situations, thus

exerting a creative education, spontaneous and conscious and based on tangible

experiences, relying therefore on building the basics of cognitive development. Since the

structure of psychomotor education is the essential foundation for a child's learning

procedure.

Keywords:Psychomotor, Psychomotor, Kindergarten, Development. 2

1 Aluna do curso de Pedagogia 2012, Faculdade Network- Av.Amplio Gazzeta, 2445,

13460-000-Nova Odessa, SP, Brasil (e-mail [email protected])

Leciona nas Faculdades Network-Nova Odessa, SP, Brasil (email:

[email protected])

1.INTRODUO

21

Este estudo originou-se por meio dos resultados de experincias na aprendizagem

vivenciadas no meu cotidiano, em que foi possvel observar as dificuldades encontradas

no desenvolvimento cognitivo de algumas crianas, pois no perodo da educao

infantil algumas lacunas que no foram constitudas.

O intuito preparar estes indivduos para educao fundamental, conforme a LEI N

11.274 de seis de fevereiro de 2006 - DOU DE 7/2/2006 que altera a redao dos arts.

29, 30, 32 e 87 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que aponta a respeito da

durao de nove anos para o ensino fundamental, em que obrigatria a matricula a

partir dos seis anos de idade.

Para contextualizao desse assunto, pertinente ressaltar o exemplo da minha filha,

que na poca em que ocorreu esta transio, da durao do Ensino Fundamental, estava

com 5 anos e 11 meses de idade e iniciando sua vida escolar, em decorrncia da sua

pouca idade, encontrou dificuldades para frequentar a escola. Seu discurso era

contraditrio a sua experincia escolar de outrora, ou seja, passou a reclamar que no

queria aprender letrinhas e sim brincar como no ano anterior.

Desse contexto surgiu o interesse em desenvolver uma pesquisa sobre a importncia da

Psicomotricidade e suas contribuies na educao infantil. Considerando que a escola

tem papel essencial no desenvolvimento do sistema psicomotor da criana,

especialmente quando a educao psicomotora for praticada nas sries iniciais. na

Educao Infantil, que a criana busca conhecimentos em seu prprio corpo,

aperfeioando conceitos e situando o esquema corporal.

Quando a criana inicia o primeiro ano do ensino fundamental exigido que tenha uma

atitude completamente diferente da que vinha sendo permitida at ento, quando se tem

a preocupao de alfabetizar no levando em conta que, antes de desenvolverem a

alfabetizao formal, necessrio que adquiram, de forma ldica, alguns conceitos e

prontides que so importantes, que favorecero de forma mais eficaz, sua

aprendizagem e assimilao de tudo o que a educao formal exige. Em outros tempos,

esses conceitos eram passados de forma ldica, assim como a psicomotricidade oferece.

Atualmente imposto, aos pequenos, que fiquem a maior parte de seu tempo, sentados

em carteiras, muitas das vezes no adaptadas, parados, ficando as atividades corporais,

somente para hora do intervalo ou na aula de educao fsica.

Diante disso, este trabalho vem ressaltar a importncia da criana se desenvolver de

maneira que ela possa estabelecer todos os fatores importantes na educao infantil de

acordo com a sua idade e maturao.

No entanto, vale ressaltar a importncia de se ter um olhar para a criana, permitindo

que ela desenvolva suas habilidades, na educao infantil, respeitando sua idade e

maturao.

Para que quando, iniciar o ano letivo no ensino fundamental no desencadeie tambm,

grandes dificuldades de aprendizagem, pois as mudanas bruscas possibilitam o

surgimento de falta de interesse, estresse, cansao mentais, devido falta de maturidade

dessa criana.

Esse tema vem trazer consideraes importantes, pois, noes do corpo, espao e

tempo tem que estar intimamente ligadas, se quisermos entender o movimento

humano(OLIVEIRA, 2008,p.85). Esta pesquisa abordara a necessidade da criana

perceber o seu corpo em relao aos objetos que a cercam e saber discriminar parte de

seu corpo obtendo controle sobre ele e noo de espao e tempo, para que, quando

iniciar o ensino fundamental, esteja pronta para aquisio de todo o contedo.

2. Educao infantil

As instituies pr-escolares surgiram no sculo XVIII devido s circunstncias como

pobreza, abandono e maus tratos de crianas cujos pais necessitavam trabalhar em

22

fbricas, de fundies e minas criadas pela Revoluo Industrial, que se propagava na

Europa Ocidental, conforme a histria da educao infantil:

Todavia, os objetivos e formas de tratar as crianas dos extratos sociais mais pobres das

sociedades no eram consensuais. Opondo-se ideologia criada naquele perodo

histrico dentro de alguns setores da elite e que defendia a idia de que no s seria bom

para sociedade como um todo que se educassem as crianas pobres, alguns

reformadores protestantes defendiam a educao como um direito universal. Todavia,

aos mais pobres era proposta a educao da ocupao e da piedade. Um exemplo disto

eram as Kinitting schools (escola de tric) criadas por Oberlin na regio da Alscia

francesa no final da segunda metade do sculo XVIII, onde mulheres tomavam conta de

grupos de crianas pobres pequenas e lhes ensinavam a Bblia e a tricotar (OLIVEIRA,

2001, p.16).

Devido os acontecimentos citados acima, iniciou-se a concepo de pr- escola

fundamentada no binmio cuidado e educao. De acordo com a histria, o atendimento

dado s crianas mais carentes eram cuidadas por mulheres conhecidas, como

fazedoras de anjos, dada a alta mortalidade das crianas por elas atendidas e explicada

na poca pela precariedade de condies higinicas e materiais (OLIVEIRA, 2001,

p.17).

Entendemos que este trabalho era somente para cuidar, no trazia nenhum beneficio

pedaggico, pois essas mulheres no sabiam como fazer isto, era somente funo de

cuidar e alimentar sem qualquer preocupao com a higiene e cautela, o que era

necessrio para o bom andamento do trabalho e do desenvolvimento das crianas em

questo.

O atendimento da educao pr-escolar passou por vrios momentos de aprimoramentos

at chegar aos dias de hoje, mas para isso foi preciso que vrios defensores dessa causa

lutassem pelos direitos destas crianas. Observamos que:

O contexto econmico e poltico presente nas dcadas de 70 e 80- movimentos

operrios e feministas ocorrendo no quadro da luta pela democratizao do pas e pelo

combate as desigualdades sociais nele gritantes- e que propiciou um vibrante

movimento em luta pela democratizao da educao pblica brasileira possibilitou a

conquista, na Constituio de 1988, do reconhecimento da educao em creches e pr-

escolas como um direito das crianas e um dever do Estado. (OLIVEIRA, 2001, p.18).

No entanto, o percurso da educao infantil ainda perpetua num aprimoramento para

atender estas crianas e hoje temos, lei que amparam o direito destes indivduos na

educao infantil como podemos ver abaixo.

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional n 9.394/96, do artigo

n 29, que define a Educao Infantil como primeira etapa da Educao Bsica e tem

como finalidade o desenvolvimento absoluto da criana at seis anos de idade, em seus

aspectos fsicos, psicolgicos, intelectual e social (Brasil, 1996).

A instituio de educao infantil um dos ambientes de incluso das crianas nas

relaes ticas e morais que permeiam a sociedade na qual esto introduzidos. direito

de todas as crianas frequentarem instituio de educao infantil, pois elas tm que

explorar e descobrir o mundo, no receber apenas, alimentao e higiene, mas tambm

de grande relevncia que ela receba cuidados afetivos, pedaggicos. Com estes

estmulos a criana se desenvolver em todos os aspectos, bem como, cognitivo,

afetivo, social, enfim ela ter um 4 desenvolvimento amplo. na interao social que a

criana entrar em contato e se utilizar de instrumentos mediadores, desde a mais tenra

idade (OLIVEIRA, 2001, p.28).

A criana se desenvolve constantemente e tiver envolvida em um ambiente que propicie

contato com o outro e com o meio, ter grandes contribuies para o seu aprendizado e

desenvolvimento, fsico, motor, e intelectual.

A educao infantil tem como objetivo, constituir e expandir cada vez mais as relaes

sociais. Aos poucos a criana aprende a articular com os outros, colocando seu ponto de

23

vista com os outros, respeitando a diferena e mostrando atitudes de ajuda e colaborao

e brincar espontaneamente e de forma dirigida, expressando emoes, sentimentos,

pensamentos, desejos e necessidades:

Brincar uma das atividades essenciais para o desenvolvimento da atividade e da

autonomia. O fato de a criana desde muito cedo, poder se comunicar por meio de

gestos, sons e mais tardes representar determinado papel na brincadeira faz com que ela

desenvolva sua imaginao. Nas brincadeiras as crianas podem desenvolver algumas

capacidades importantes, tais como a ateno, a imitao, a memria, a imaginao.

Amadurecem tambm algumas capacidades de socializao, por meio da interao e

contedo da utilizao e experimentao de regras e papis sociais. (RCNEI 1998,

p.23).

Sabemos que a criana quando brinca, entra em um mundo de imaginao e faz de

conta. Em alguns momentos ela se desliga do mundo real para viver o seu prprio

mundo. importante ressaltar que se deve respeitar a cultura que prpria dos alunos.

Os professores das escolas de primeira infncia devem utilizar a cultura infantil como

pedaggico, pois facilita o trabalho do professor e garante o interesse e a motivao das

crianas com uma linguagem corporal que no lhe estranha (FREIRE,2001, p.40).

Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educao Infantil:

O trabalho com o movimento contempla a multiplicidade de funes e manifestaes do

ato motor, propiciando um amplo desenvolvimento do aspecto especifico da

motricidade das crianas, abrangendo uma reflexo acerca das posturas corporais

implicadas nas atividades cotidianas, bem como atividades voltadas para cultura

corporal de cada criana (RCNEI 1998, p. 24).

Vale ressaltar que o perodo da Educao Infantil de suma importncia para o futuro

desconhecido e por isso deveria ser cuidadosamente planejado e visto seriamente, como

talvez, o mais importante estgio da educao, do qual todos os demais dependem

(GONALVES, 2004, p.32) .

Podemos verificar que cada etapa do desenvolvimento, seja executada com preciso,

importante que respeitem a criana no perodo que ela se apresenta. Se estas fase no

forem bem estabelecidas ou antecipadas pode vir a ocorrer o comprometimento do

desenvolvimento que visamos normal nas crianas que no apresentam dificuldades

motoras e cognitivas, tendo assim a probabilidade de mais tarde constatar dificuldade na

alfabetizao e nas atividades de matemtica.

Freire (1997) destaca que uma criana que no tem autonomia para explorar o espao de

ao, devido, expectativa de pais e professores por alfabetiz-la, a aprenderem

escrita e a leitura que lhe empoem, porm com muitas dificuldades em constituir

analogias, entre essa aprendizagem e o mundo. 5 Jesus (2010) exemplifica que o brincar

no significa apenas recrear muito mais. Ela exercer com xito cada fase do

desenvolvimento, se no tiver problemas neurolgicos, fisiolgicos, e ao mesmo tempo

em que brinca est aprendendo, com isso se cumpre um papel importante para o

desenvolvimento da mesma que constante.

Com isso podemos levar em conta a reflexo abaixo em que enfatiza as formas que a

criana encontra de se comunicar com o mundo. O brincar em todas as suas formas,

capaz de proporcionar alegria e divertimento.

medida que o tempo vai passando, o ato de brincar vai sendo modificado e sofrendo

uma evoluo de acordo com os diversos interesses prprios da faixa etria, conforme

as necessidades de cada criana e os valores da sociedade na qual ela pertence (JESUS,

2010 p.05).

O ato de brincar faz com que a criana experimente e conhea novas situaes,

exercendo assim, uma educao criadora, espontnea e consciente.

Ao brincar, a criana no est preocupada com os resultados. o prazer e a motivao

que impulsionam a ao para explorao livres. A conduta ldica, ao minimizar as

consequncias da ao, contribui para explorao e flexibilidade do ser que brinca,

24

incorporando a caracterstica que alguns autores denominam futilidade, um ato sem

consequncia. Qualquer ser que brinca atreve-se a explorar, ir alm da situao dada na

busca de solues pela ausncia de avaliao ou punio (KISHIMOTO, 1998 p.143,

144) .

2.1 Histrias da psicomotricidade

De acordo com a Sociedade Brasileira da Psicomotricidade (1980) O termo

psicomotricidade surgiu atravs do discurso mdico, mais exatamente neurolgico,

quando , no incio do sculo XIX, foi necessrio nomear as zonas do crtex cerebrais

situadas mais alm das regies motoras.

Podemos inferir que Com desenvolvimento e as descobertas da neurofisiologia,

comea a se constatar que h diferentes disfunes graves sem que o crebro esteja

lesionado ou sem que a leso esteja claramente localizada (S.B.P, 1980, s/p).

Porm, no mesmo sculo XIX inicia-se o estudo do corpo, em primeiro momento por

neurologistas, devido a necessidade de compreenso das estruturas cerebrais, e logo

mais adiante por psiquiatras, para entender a classificao das causas patolgicas.

Partindo da necessidade mdica de encontrar uma forma que explique exatos elementos

clnicos que se menciona , pela primeira vez, a expresso psicomotricidade, no ano de

1870.

No que se refere ao campo patolgico destaca-se a figura de Dupr (1909),

neuropsiquiatra francs afirmador da debilidade motora.

Desde 1909 ele, j estabelecia a noo de psicomotricidade, atravs de uma linha

filosfica psiquitrica ratificando o paralelismo psicomotor equivalendo agregao

estreita entre o desenvolvimento da motricidade, inteligncia e afetividade. Despertava a

ateno de seus alunos sobre o desequilbrio motor, nomeando o quadro de 3debilidade

motriz. Ele constatou que havia uma estreita semelhana entre as anomalias

psicolgicas e as anomalias motrizes. A esta comprovao deu se o nome de

psicomotricidade.

Antecedente do sintoma psicomotor

E no ano de 1925, conceituado mdico psiclogo Henry Wallon (1979) um dos

precursores do estudo da psicomotricidade, destaca que o fator afetivo de ampla

importncia como antecedente a qualquer tipo de comportamento. 6 O movimento ao

afeto, emoo, ao meio ambiente e aos hbitos do indivduo. Para ele, o movimento

a nica expresso, e o primeiro instrumento do psiquismo, e que o desenvolvimento

psicolgico da criana o resultado da oposio e substituio de atividades que

precedem umas as outras. Atravs do conceito do esquema corporal, introduz,

provavelmente, dados neurolgicos nas suas concepes psicolgicas, motivo esse que

o distingue de outro grande vulto da psicologia, Piaget, que muito influenciou tambm a

teoria e prtica da psicomotricidade. Wallon refere-se ao esquema corporal no como

uma unidade biolgica ou psquica, mas como a construo, elemento de base para o

desenvolvimento da personalidade da criana. (JOBIM, [s/d] p.02).

Aristteles [s/d] (A poltica) apontava uma ideia de pensamento psicomotor em que

considerou a funo do desempenho da ginstica para um primoroso desenvolvimento

do esprito.

Aristteles d uma conotao da ginstica, de movimento, como algo mais que

simplesmente o exerccio pelo exerccio; acredita que se deve procurar o melhor

exerccio; pelo exerccio; de acordo com o temperamento, o que convm para maioria

dos homens (OLIVEIRA, 2008, p.29).

Aristteles defendia o conceito de que o corpo se movimentava por desejo da alma, uma

vez que esta ativava a energia essencial que determinava o movimento.

25

Dando continuidade ao termo psicomotricidade vrios pesquisadores nortearam este

tema como, Le Bouch (1983), um grande estudioso nesta rea se fundamentou nas

pesquisas de Wallon, para ampliar suas propostas de educao psicomotora.

Le Boulch (1983) detm a ideia que:

Na realidade muitos problemas de reeducao no seriam mais, se ao lado da elocuo e

da escrita, das aritmticas, uma parte do tempo escolar fosse reservada a uma educao

psicomotora cujo material principal seria o movimento, associado a exerccios grficos

e as manipulaes ( LE BOULCH, 1983, p.26)

Para ele a psicomotricidade um importante componente educativo, e que atravs dela

podemos aguar a percepo, desenvolver formas de instigar ateno e excitar processos

mentais.

De acordo com o cdigo de tica da Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (1980) no

artigo 1 A Psicomotricidade uma cincia que tem como objetivo, o estudo do

homem atravs do seu corpo em movimento, em relao ao seu mundo interno e

externo, bem como suas possibilidades de perceber, atuar, agir com o outro, com os

objetos e consigo mesmo. Est includa a ao de maturidade, em que o corpo a

origem das obtenes cognitivas, afetivas e orgnicas. E ainda o artigo 1 determina que

a Psicomotricidade, portanto, um termo empregado para uma concepo de

movimento organizado e integrado, em funo das experincias vividas pelo sujeito,

cuja ao resultante de sua individualidade e sua socializao.

Segundo Alves (2003), a psicomotricidade envolve toda ao realizada pelo indivduo,

que represente suas necessidades e permitem as relaes com os demais. A integrao

psiquismo motricidade.

Tendo em vista que a motricidade a consequncia ao ato do sistema nervoso sobre a

musculatura, como ao da estimulao sensorial, ou seja, seria uma forma de resposta

do mesmo, em questo devido ao incentivo que lhe dado.

A psicomotricidade importante para que a criana possa desenvolver, pois, tendem

analisar, as noes do espao em que o individuo se encontra, a coordenao motora,

equilbrio, ritmo, lateralidade, coordenao global.

Estes conceitos so importantssimos para o desenvolvimento completo da criana e da

conscincia do reconhecimento do prprio corpo. 7 Devemos levar em considerao que

a criana explora o mundo externo atravs de experincias palpveis, baseando- se

assim na construo das noes bsicas do desenvolvimento cognitivo.

pertinente que O conceito de psicomotricidade uma expresso significativa, uma

vez que traduz a solidariedade profunda e original entre a atividade psquica e a

atividade motora (JOBIM, [s/d] ,p.5). E ainda o mesmo autor salienta que O

movimento equacionado como parte integrante do comportamento. A

psicomotricidade produto de uma relao inteligvel entre a criana e o meio e

instrumento privilegiado atravs do qual a conscincia se forma e materializa-se

(JOBIM, [s.d] p.3).

A psicomotricidade se prope a permitir ao homem sentir se bem na sua pele, permitir

que se assuma como realidade corporal, possibilitando-lhe a livre expresso de seu ser.

No se pretende aqui consider-la como uma panacia que v resolver todos os

problemas encontrados em sala de aula. Ela apenas um meio de auxiliar a criana a

superar suas dificuldades e prevenir possveis inadaptaes.

Ela procura proporcionar ao aluno algumas condies mnimas a um bom desempenho

escolar. Pretende aumentar seu potencial motor dando-lhe recursos para que se saia bem

na escola (OLIVEIRA, 2008, p.36).

Sendo assim, vemos que o indivduo se desenvolve desde seus primeiros dias de vida de

forma contnua, embora uma criana se desenvolva de maneira comum as outras da

mesma idade. Esta tem comportamentos diferentes, ou seja, cada um tem sua

subjetividade, essas diferenas so referidas aos aspectos fsicos e o meio cotidiano em

que estas crianas so submetidas.

26

E por meio de explorao e interao com o ambiente e atravs de suas prprias

concretizaes desenvolve-se na criana a conscincia de si prpria e do mundo externo

e a psicomotricidade exerce uma funo essencial para este fim.

A psicomotricidade a relao entre o pensamento e a ao, envolvendo a emoo.

Assim, a psicomotricidade como cincia da educao procura educar o movimento, ao

mesmo tempo em que envolve as funes da inteligncia. Portanto, o intelecto se

constri a partir do exerccio fsico, que tem uma importncia fundamental no

desenvolvimento no s do corpo, mas tambm da mente e da emotividade. Sem o

suporte psicomotor, o pensamento no poder ter acesso aos smbolos e abstrao.

(SANTOS, [s/d], p.04).

2.2 DESENVOLVIMENTO DA PSICOMOTRICIDADE

O desenvolvimento psicomotor se faz importante na preveno de problemas da

aprendizagem e na reeducao do tnus, da postura, da lateralidade e do ritmo. A

educao do individuo deve demonstrar a afinidade por meio do movimento de seu

corpo, considerando a idade, a cultura corporal e os seus interesses.

Para isso, podemos descrever elementos bsicos da psicomotricidade entre elas

coordenao Global.

Para o individuo conseguir se desenvolver manejar os objetos do ambiente em que vive

e estabelecer habilidades que so fundamentais em que precisa saber movimentar no

espao em que est com destreza, agilidade e estabilizao. Esses aspectos do

movimento, desde o mais simples ao mais complexo, so determinados pelas

contraes musculares e controlados pelo sistema nervoso (Brando, 1984, p.

17).Entendemos que para criana ter o movimento completo depende do sistema

nervoso:

A criana cognitiva e fisicamente normal progride de um estgio a outro, de maneira

sequencial, influenciada tanto pela maturao como pela experincia. As crianas no

contam somente com a maturao para atingir o estgio maduro de suas 8 habilidades

motoras fundamentais. Condies ambientais, como as oportunidades para a prtica, o

encorajamento e a instruo, so cruciais para o desenvolvimento de padres maduros

de movimentos fundamentais (GALLAHUE, 2005, p.222).

Com isso podemos discorrer sobre alguns aspectos. A coordenao global enfatiza

agilidade dos grandes msculos.

Depende da capacidade de equilbrio postural do individuo. Este equilbrio est

subordinado s sensaes 4proprioceptiva 5cinestsicas e labirnticas. Atravs da

movimentao e experimentao, o individuo procura seu eixo corporal vai se

adaptando e buscando equilbrio cada vez melhor. Consequentemente vai coordenando

seu movimento vai se conscientizando do seu corpo e das posturas. Quanto maior o

equilbrio, mais econmica ser a atividade do sujeito e mais coordenadas sero suas

aes. (OLIVEIRA, 2008, p.41)

4 Sistema sensorial capaz de receber estmulos provenientes dos msculos, dos tendes

e de outros tecidos internos.

5 Sensibilidade com movimento. Sentido que proporciona a percepo dos movimentos

musculares. Sensaes internas que nos informam das mudanas no espao dos

diferentes elementos corporais.

Podemos constatar que a coordenao global e o ato de experimentar, e explorar faz

com que a criana consiga apresentar a dissociao de movimentos, ou seja, podemos

entender que ela conseguir concretizar vrios movimentos ao mesmo tempo.

Oliveira (2008) considera que vrias atividades induzem percepo e a

conscientizao global do corpo como andar, que um ato neuromuscular que requer

equilbrio e coordenao; correr, que requer, alm desta resistncia fora muscular e

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outras como saltar, rolar, pular, arrastar, nadar, lanar- pegar, sentar (OLIVEIRA,

2008, p. 42).

As crianas quando iniciam o perodo escolar j possuem caractersticas que so

prprias de suas culturas e j tm certa coordenao global de seus movimentos. Porm,

existe a possibilidade de algumas mostrarem-se com dificuldades:

O professor antes de qualquer coisa deve levar em conta essas possibilidades, avaliando

as aquisies anteriores. Deve observar a relao entre postura e controle do corpo e se

a criana apresenta cansao ou uma realizao deficiente do movimento. Ele precisa,

ento, corrigir as posturas inadequadas com pacincia e dentro de um clima de

segurana, para melhor auxilia-la no sentido de desenvolver uma coordenao mais

satisfatria (OLIVEIRA, 2008, p. 42)

Tais afirmaes vm de encontro com as declaraes abaixo:

A educao psicomotora deve ser considerada como educao de base na escola

elementar. Ela condiciona todas as aprendizagens pr-escolares e escolares; estas no

podem ser bem conduzidas se a criana no tiver conseguido conscientizar seu corpo,

lateralizar-se, situar no espao, controlar o tempo, se no tiver adquirido uma habilidade

suficiente e uma coordenao de seus gestos e movimentos. A educao psicomotora

deve ser privilegiada desde a mais tenra idade; conduzida com perseverana, ela permite

prevenir certas desadaptaes, sempre difceis de reduzir quando esto estruturadas (LE

BOULCH, 1983, p.30).

Mediante esta pesquisa refere-se coordenao fina e culo- manual que perpassa

destreza, habilidade que o individuo tem para desenvolver atividades bi manual, temos

como exemplo o fazer pulseiras com contas com macarro, brincar com bolas de gude,

teclado do computador, brincadeiras com massa de modelagem e outros.

Atravs disso Temos que ter condies de desenvolver formas diversas de pegar

diferentes objetos. Uma coordenao elaborada dos dedos da mo facilita a aquisio de

novos conhecimentos (Oliveira, 2008, p.43). 9 Ainda conforme Oliveira (2008, p.42)

A coordenao culo- manual se efetua com preciso sobre a base de um domnio

visual previamente estabelecido ligado aos gestos executados, facilitando, assim, uma

maior harmonia do movimento. Esta coordenao fundamental para escrita, ela

abrange os olhos e as mos, quando a atividade desempenhada ao mesmo tempo.

Existem brincadeiras infantis que so importantes para ajudar nesta estimulao tais

como: Dados, quebra-cabea, ampliar e reduzir figuras, legos.Alm de serem

brincadeiras ldicas, elas atentam a socializao, a conflitos, e a ansiedade da criana.

Ela tambm ajuda em algumas atividades pessoais como: lavar as prprias mos, se

vestir sozinha, calar e amarrar os sapatos, dentre outras.

Assim, podemos entender que o desenvolvimento da escrita depende de vrios fatores,

como, maturidade geral do sistema nervoso do desenvolvimento psicomotor total em

relao tonicidade e coordenao de todos os movimentos do desenvolvimento da

motricidade fina dos dedos da mo. Entendemos que para a criana desenvolver a

escrita h um processo que passa pelo desenvolvimento quando faz uma atividade

dinmica, como lanar, pegar.

No Esquema Corporal vale ressaltar que o corpo uma forma de expresso da

individualidade. A criana percebe-se e percebe as coisas que a cercam em funo de

seu prprio corpo (OLIVEIRA, 2008, p.47)

Com isso percebemos que a mesma se conhecendo, atravs da manipulao dos objetos,

ter mais facilidade para se distinguir e diferenar os elementos que a cerca as pessoas,

nas quais fazem parte do seu cotidiano e do mundo co qual constitui uma ligao afetiva

e emocional:

Para uma criana agir atravs de seus aspectos psicolgicos, psicomotores, emocionais,

cognitivos e sociais, precisa ter um corpo organizado. Esta organizao de si mesma o

ponto de partida para que descubra suas diversas possibilidades de ao e, portanto,

precisa levar em considerao os aspectos neurofisiolgicos, mecnicos, anatmicos,

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locomotores desenvolvimento do esquema corporal se organiza pela experienciao do

corpo da criana (OLIVEIRA, 2008, p. 48).

Podemos compreender como vimos acima o esquema corporal no uma ideia que

aprendida, que se pode treinar, pois no adestrar, ele se organiza atravs das

experincias do corpo vivenciadas pela criana.

Disso decorre que A criana nasce com uma bagagem de sensaes e percepes

proprioceptivas, mas por falta de mielinizao das fibras nervosas, no consegue

organiz-la(OLIVEIRA, 2008,p. 42).

Atravs do corpo o individuo consegue se manifestar, se comunicar, e participar do

mundo que o cerca, tendo em vista que o corpo um meio que a criana tem a seu

favor.

Dando nfase ao esquema corporal podemos constatar as trs etapas do esquema

corporal proposta por Le Boulch. (1984).

1 Etapa: Corpo vivido (inicia-se desde os primeiros meses de vida at trs anos de

idade). De maneira geral, pode-se descrever que, ao nascer, a criana diferenciada por uma

agilidade espontnea, reflexa, que permite receber diferentes nutrientes para continuar a

viver, alm de desenvolver recursos vitais ela no tem noo do eu e confundi os seus

movimentos com o espao em que est e so coordenados por movimentos

involuntrios.

Decorridos os primeiros meses de vida, percebe que os movimentos chamados reflexos

arcaicos do lugar ao incio dos movimentos intencionais:

A criana procede por ensaios e erros, mtodos que lhe permite adquirir as prxis

usuais. A imitao do adulto desempenha um papel importante nessa primeira etapa da

educao psicomotora . Aos trs anos, ou seja, no fim desse perodo, o esqueleto 10 de

um eu conquistado por intermdio da experincia prxica global pela relao com

adulto est constitudo (LE BOULCH, 1982 p. 40).

A criana, primeiramente vivencia, desenvolve nas experincias prticas aes possveis

de serem realizadas com o mundo e objetos, adquirindo esquemas de aes que

possibilitam explorar e sentir o meio em que vive.

Este momento da vida da criana que vai desde o nascimento at o surgimento da

linguagem, corresponde fase da inteligncia sensrio motor (at 02 anos) de Jean

Piaget (1979).

Sendo assim, percebemos que compreender que a partir do momento em que as

funes nervosas permitem criana libertar-se do automatismo, ou seja, que era

reflexo comea a dar lugar ao aprendido ( FREIRE, 1997,p.33).

Conforme a criana cresce seu sistema nervoso vai amadurecendo. Com isso ela

expande seus conhecimentos, suas experincias, e aos poucos ela consegue se distinguir

seu espao. Suas agilidades no so pensadas e sim espontneas.

A criana precisa ter suas prprias experincias e no ser guiadas pelas dos adultos, pois

pela sua prtica pessoal, pela sua explorao que se ajusta, domina, descobre e

compreende o meio. Este ajuste significa que a criana, mesmo sem interferncia da

reflexo, adqua suas aes s situaes novas, isto , desenvolve uma das funes mais

importantes que a funo de ajustamento. Ela adquire tambm uma verdadeira

memria do corpo a qual, por sua vez, responsvel pela eficcia dos ajustamentos

posteriores. No final dessa fase pode-se falar em imagem do corpo, pois o eu se torna

unificado e individualizado (OLIVEIRA, 1998, p.58,59).

O desenvolvimento da criana consequncia do controle mtuo de seu corpo com os

objetos do meio em que vive, com os indivduos nos quais estabelecem relaes de

convivncias e com o mundo em que constitui laos afetivos e emocionais.

Portanto, o corpo para o individuo se constituir na forma de ser, com ele que o

individuo manifesta contato com tudo que o cerca.

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2Etapa: Corpo percebido ou descoberto (trs a sete anos). Esta etapa equivale organizao do esquema corporal devido maturao em que a

criana se encontra, nesta fase ela consegue se distinguir do meio em que est e percebe

seu corpo e os elementos da vida diria, como um eixo de referncia pra se posicionar e

posicionar os elementos a sua volta em seu espao e tempo.

Vale ressaltar que este o primeiro passo para que ele possa, mais tarde, chegar

estruturao espao- temporal, tendo acesso a um espao e tempo orientados a partir de

seu prprio corpo assim a criana comea a estabelecer as representaes dos

elementos do meio e do espao (OLIVEIRA, 2008, p.59).

Conseguindo se orientar atravs do seu prprio corpo e distinguindo noes de

intervalos de tempo, bem como, o que vem antes primeiro e assim sucessivamente.

Neste perodo conhecido como primeira infncia, ou perodo pr-operatrio que vai dos

2 aos 6 e/ou 7 anos e se distingue atravs de um aspecto marcante que o aparecimento

da linguagem que agrega a fase anterior que as crianas desenvolvem um pensamento