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GOIÁS INDUSTRIAL ENTREVIST A Mudança estrutural no mercado mundial de grãos traz riscos e oportunidades para o Brasil, analisa Mendonça de Barros ANO 56 # 223 junho 2008 Revista do Sistema Federação das Indústrias do Estado de Goiás COMO ENFRENTAR A ESCALADA DE CUSTOS EMPRESAS BUSCAM DOSAR REPASSE AOS PREÇOS FINAIS DE FORMA A PRESERVAR VENDAS NUM MERCADO AQUECIDO E MANTÊM PLANOS DE INVESTIMENTO

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GOIÁSINDUSTRIAL ENTREVISTA

Mudança estrutural no mercado mundial de grãos traz riscos e oportunidades para o Brasil, analisa Mendonça de Barros

ANO 56

# 223junho 2008

Revista do Sistema Federação dasIndústrias do Estado de Goiás

COMO ENFRENTAR A

ESCALADADE CUSTOS

EMPRESAS BUSCAM DOSAR REPASSE AOS PREÇOS FINAIS DE FORMA A PRESERVAR VENDAS NUM MERCADO

AQUECIDO E MANTÊM PLANOS DE INVESTIMENTO

GOIÁS INDUSTRIAL 3

preços. O País inteiro aprovou, em 1994,o Plano Real, que sem tabelamentos ouqualquer outra forma de violência,derrubou as taxas inflacionárias paramenos de 5% ao ano, muito próximo doideal, no caso brasileiro. Bastou, todavia,que nossa taxa de crescimento econômicoatingisse os 5%, conjugada com a alta depreços no mercado internacional decommodities, que alguns analistasatribuem à especulação das bolsas demercadorias, para recrudescer a ameaça inflacionária.

O atual processo é diferente daquelede décadas passadas. Não se trata mais deinflação interna, agora é globalizada, maisdifícil de administrar, porque osinstrumentos tradicionais usados antes

Paulo Afonso [email protected]

Pesquisa do Banco Central, publicadano boletim Focus, mostra que as previsõesinflacionárias do IPCA, para este ano,subiram de 4,5% para 6,40%. Os demaisíndices de preços também tiveram suasprevisões alteradas para maior, como IGP-DI (FGV), para 11,41%; IGP-M (FGV),para 11,25%, e IPC (FIPE), para 6,33%. Jáse admite uma taxa Selic de 14,25% paradezembro próximo, rompendo assim ociclo de baixa. É uma péssima previsãopara a indústria, os negócios e a produçãoem geral, os consumidores e a relativaestabilidade de que desfrutamos.

Elevação de inflação conduz àampliação da taxa básica de juros e àcorreção de contratos, como os dealuguel. Desestimula a produção, penalizaos mais pobres, premiaquem vive de rendafinanceira, motiva nas novasgerações a falsa idéia de quenão é preciso trabalhar,desarticula a arrecadação detributos, corrói os salários,criando uma instabilidadeeconômica que afasta osinvestimentos e solapa oprocesso democrático.

Esta é a hora de dizernão à inflação, porque umdos pilares do processo decrescimento sustentável é aestabilidade econômica, quese apóia na estabilidade dos

Diga não à inflação

palavra do presidente

podem não apresentar o efeito desejado. Paracontrolá-la, a elevação dos juros não impediriaque os preços continuassem subindo lá fora,mesmo que a nossa demanda diminua.

Internamente, a capacidade produtivabrasileira é satisfatória, com a utilização dacapacidade instalada dentro dos limites dosparâmetros normais. Preocupa o aumento dainflação de custo da produção.

É essencial, nesse contexto, a atuação dogoverno, reduzindo despesas públicas de custeiosem interromper investimentos, modernizandoo modelo de gestão pública, cumprindorigorosamente o orçamento, dentro da maiorausteridade. Aprimorar a infra-estrutura éindispensável para compensar aumento decustos de matérias-primas, já que isso reduziriacustos de logística, num País de extensãocontinental como o nosso.

No caso específico de Goiás, grandescommodities fazem com que produtos

imprescindíveis às suas indústrias,como soja, carnes e minerais,sejam cotados a preçosinternacionais, por sua demandano mundo inteiro. Isso,naturalmente, tem conteúdoinflacionário, refletidopesadamente nos custosindustriais.

Poder público e iniciativaprivada estão, portanto, no deverde analisar com compreensãocada caso, para aplicação depolíticas econômicas e tributáriascapazes de possibilitarsobrevivência aos segmentos mais afetados.

“É essencial, nesse contexto, a atuação do governo, reduzindo despesas públicas sem interromper investimentos”

SALTO NOS CUSTOS24 A indústria passa a enfrentar, daqui para frente,o desafio de administrar a elevação de seus custos,pressionados principalmente pela alta dos preçosdo ferro e aço, petróleo e grãos, numa fase denovo aperto monetário. O setor tenta preservarmargens e vendas, ao mesmo tempo em quemantém investimentos na expansão da capacidadeinstalada, incluindo a construção de

índice

LAZER EM CALDAS20 Com investimento inicialde R$ 21 milhões, o SesiGoiás, em parceria com aConfederação Nacional daIndústria (CNI) e Federaçãodas Indústrias de MinasGerais (Fiemg), prepara-separa instalar um complexode lazer em Caldas Novas.O empreendimento ocuparáuma área de 62 mil m²,abrigando parque aquáticocompleto, colônia de férias ehotel com 204 apartamentos

PRÊMIO À INOVAÇÃO34 O lançamento, emjunho, dos prêmios Finep eGoiás de Inovação faz parteda estratégia de incentivaruma cultura deinvestimentos em pesquisa edesenvolvimento no meioempresarial. Empresasgoianas, como a Neokoros,especializada em sistemasbiométricos de segurança, jáse preparam para concorrer

POLÍTICA INDUSTRIAL33 Governo e iniciativaprivada iniciam por Goiás asarticulações para montagemde um plano de trabalho quedeverá lançar as bases para aimplantação efetiva doPrograma deDesenvolvimento Produtivo(PDP), que prevê, entreoutras metas, elevar aformação bruta de capitalfixo para 21% do ProdutoInterno Bruto até 2010

EDUCAÇÃO INTEGRADA16 Implantado há quatro meses pelo Sesi e

Senai em Goiânia e Anápolis, o programa deeducação profissional articulada com o ensino

médio busca corrigir uma distorção nosistema convencional, oferecendo a

oportunidade de formação de profissionaismais completos, segundo as exigências do

mercado de trabalho

ENTREVISTA9 A inflação dos alimentos em todo omundo e a disparada dos preços dascommodities em geral significam riscospara a economia global, mas abremtambém oportunidades para o Brasil,grande produtor de grãos, avaliaAlexandre Mendonça de Barros

LAJES COM QUALIDADE40 Os primeiros selos,certificando as lajes pré-fabricadas produzidas pelaindústria goiana de materiaisde construção, deverão serliberados entre o final destee o começo do próximo,marcando a conclusão doPrograma Goiano deQualidade de Lajes (PGQL)

FORMANDO TALENTOS38 O Ciclo 2008 do Programa Talentos-Desenvolvimento deEstagiários recebeu a adesão de 16 empresas, que colaboraramna definição da metodologia a ser aplicada na qualificação de 20jovens selecionados para assumir posição de liderança e agregarvalor ao negócio

GOIÁS INDUSTRIAL 7

SIAGOSindicato das Indústrias do Arroz noEstado de GoiásPresidente: Pedro Alves de OliveiraRua T-45, nº 60 - Setor Bueno -CEP 74210-160 - Goiânia - GOFone/Fax (62) [email protected]

SIFAÇÚCARSindicato da Indústria de Fabricaçãode Açúcarno Estado de GoiásPresidente: Segundo BraoiosMartinezPresidente-Executivo: André LuizBaptista Lins RochaRua C-236, nº 44 - Jardim América- CEP 74290-130 - Goiânia - GOFone (62) 3274-3133 / Fax (62)3251-1045

SIFAEGSindicato das Indústrias deFabricação de Álcool no Estado deGoiásPresidente: Segundo BraoiosMartinezPresidente-Executivo: André LuizBaptista Lins RochaRua C-236, nº 44 - Jardim América- CEP 74290-130 - Goiânia- GOFone (62) 3274-3133 e (62) 3251-1045 - [email protected]

SIMESGOSindicato da Indústria Metalúrgica,Mecânicae de Material Elétrico do SudoesteGoianoPresidente: Wellington SoaresCarrijoRua Costa Gomes, nº 143 - JardimMarconal - CEP 75901-550 - RioVerde - GOFone/Fax (64) 3613-4810

SINROUPASSindicato das Indústrias deConfecçõesde Roupas em Geral de GoiâniaPresidente: Frederico MartinsEvangelistaRua 1.137, nº 87 - Setor MaristaCEP 74180-160 - Goiânia - GOFone/Fax (62) [email protected]

SINDUSCON-GOSindicato da Indústria daConstrução no Estado de GoiásPresidente: Roberto Elias de LimaFernandesRua João de Abreu, nº 427 - SetorOeste - CEP 74120-110 - Goiânia-GOFone (62) 3095-5155/Fax 3095-5176/[email protected]

DDiirreeççããoo

José Eduardo de Andrade Neto

CCoooorrddeennaaççããoo ddee jjoorrnnaalliissmmoo

Joelma Pinheiro

EEddiiççããoo

Lauro Veiga Filho

SSuubbeeddiittoorr

Dehovan Lima

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Andelaide Pereira, Célia Oliveira,

Geraldo Neto, Débora Maria

Orsida, Divina Rosa,

Jávier Godinho

CCooll aabboorraaççããoo

Welington da Silva Vieira

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Sílvio Simões

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Gráfica Talento

As opiniões contidas em artigos assinados são de

responsabilidade de seus autorese não refletem necessariamente

a opinião da revista

GOIASINDUSTRIALSistema FIEG Conselhos Temáticos

Outros endereços

SIAASindicato das Indústrias daAlimentação de AnápolisPresidente: Wilson de Oliveira

SICMASindicato das Indústrias daConstrução e do Mobiliáriode AnápolisPresidente: Ubiratan da Silva Lopes

SINDIFARGOSindicato das IndústriasFarmacêuticas no Estado de GoiásPresidente: Eduardo Gonçalves

SIMEASindicato das IndústriasMetalúrgicas, Mecânicase de Material Elétricode AnápolisPresidente: Elton de Teles Campos

SINDICERSindicato das Indústrias deCerâmica no Estado de GoiásPresidente: Laerte Simão

SIVASindicato das Indústrias do Vestuáriode AnápolisPresidente: José Vieira GomideJúnior

Anápolis

Federação das Indústrias do Estado de Goiás

PresidentePaulo Afonso Ferreira

Av. Araguaia, nº 1.544, Ed. AlbanoFranco, Casa da Indústria - Vila NovaCEP 74645-070 - Goiânia-GOFone (62) 3219-1300Fax (62) 3229-2975

Home page:www.sistemafieg.org.br

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NÚCLEO REGIONAL DA FIEG EM ANÁPOLIS

Presidente: Waldyr O’Dwyer

Av. Engº Roberto Mange, nº 239-A,Bairro Jundiaí, CEP 75113-630,Anápolis-GOFone/Fax (62) 3324-5768 / 3311-5565

E-mail:[email protected]

SESIServiço Social da IndústriaDiretor Regional:Paulo Afonso FerreiraSuperintendente:Paulo Vargas

Instituto Euvaldo LodiDiretor Regional: Dan VianaSuperintendente: Paulo GalenoParanhos

SENAIServiço Nacional de AprendizagemIndustrialDiretor Regional: Paulo Vargas

ICQ BRASILInstituto de Certificação Qualidade BrasilDiretor Regional: Dan iel VianaSuperintendente: Paulo GalenoParanhos

SIAEGSindicato das Indústrias deAlimentação no Estadode GoiásPresidente: Sandro Antônio ScodroMabelFone (62) 3224-4253 / Fax 3224-9226 - [email protected]

SIEEGSindicato das Indústrias Extrativas doEstado de Goiás e do Distrito FederalPresidente: Nelson Pereira dos ReisFone (62) 3212-6092/Fax [email protected]

SIGEGOSindicato das Indústrias Gráficas noEstado de GoiásPresidente: Antônio de Sousa AlmeidaFone (62) 3223-6515/Fax [email protected]

SIMAGRANSindicato das Indústrias de RochasOrnamentais do Estado de GoiásPresidente: Carlos Queiroz de Paula eSilvaFone/Fax (62) 3223-6667

SINCAFÉSindicato das Indústrias de Torrefaçãoe Moagem deCafé no Estado de GoiásPresidente: Sávio Cruvinel CâmaraFone (62) 3212-7473/Fax [email protected]

SINDAGOSindicato dos Areeiros do Estado deGoiásPresidente: Carlos Alberto DinizFone/Fax (62) 3223-6667

SINDIALFSindicato das Indústrias de Alfaiataria eConfecçãode Roupas para Homens no Estadode GoiásPresidente: Dan VianaFone (62) 3223-2050

SINDIBRITASindicato das Indústrias Extrativas dePedreirasdo Estado de GO, TO e DFPresidente: Fábio RassiFone/Fax (62) [email protected]

SINDICALCESindicato das Indústrias de Calçadosno Estado deGoiásPresidente: Flávio FerrariFone (62) 3225-6412/Fax [email protected]

SINDICARNESindicato das Indústrias de Carnes eDerivados noEstado de Goiás e Distrito FederalPresidente: José Magno PatoFone/Fax (62) 3229-1187 e [email protected]

SIMELGOSindicato das Indústrias Metalúrgicas,Mecânicas ede Material Elétrico do Estado deGoiásPresidente: Orizomar Araújo deSiqueiraFone/Fax (62) [email protected]

SIMPLAGOSindicato das Indústrias de MaterialPlástico no Estadode GoiásPresidente: Mário Drummond DinizFone (62) 3229-2427/Fax [email protected]

SINDICURTUMESindicato das Indústrias de Curtumese Correlatos do Estado de GoiásPresidente: João EssadoFone (62) 3213-4900/Fax [email protected]

SINDIGESSOSindicato das Indústrias de Gesso,Decorações, Estuques e Ornatos doEstado de GoiásPresidente: José Luiz Martin AbuliFone (62) [email protected]

SINDILEITESindicato das Indústrias de Laticíniosno Estado de GoiásPresidente: César HelouFone (62) 3212-1135/Fax [email protected]

SINDIPÃOSindicato das Indústrias de Panificaçãoe Confeitariano Estado de GoiásPresidente: Luiz Gonzaga de AlmeidaTelefax (62) [email protected]

SINDIREPASindicato da Indústria de Reparaçãode Veículos eAcessórios no Estado de GoiásPresidente: José Francisco de SouzaFone (62) [email protected]

SINDMÓVEISSindicato das Indústrias de Móveis eArtefatos deMadeira no Estado de GoiásPresidente: Manoel Paulino BarbosaFone/Fax (62) [email protected]

SINDTRIGOSindicato dos Moinhos de Trigo daRegião Centro-OestePresidente: André Lavor PagelsBarbosaFone (62) [email protected]

SININCEGSindicato das Indústrias de Calcário,Cal e Derivados no Estado de GoiásPresidente: José Antônio VittiFone/Fax (62) [email protected]

SINPROCIMSindicato da Indústria de Produtos deCimentodo Estado de GoiásPresidente: Marley Antônio da RochaFone (62) 3224-0456/Fax [email protected]

SINDQUÍMICASindicato das Indústrias Químicas eFarmacêuticasno Estado de GoiásPresidente: Eduardo Cunha ZuppaniFone (62) 3212-3794/Fax [email protected]

SINVESTSindicato das Indústrias do Vestuáriono Estado de GoiásPresidente: José Divino ArrudaFone/Fax (62) [email protected]

Diretoria da FIEG Sindicatos com sede na Federação das Indústrias do Estado de Goiás - FIEG

PresidentePaulo Afonso Ferreira

1º vice-presidentePedro Alves de Oliveira

2º vice-presidenteWilson de Oliveira

3º vice-presidenteIvan da Glória Teixeira

1º secretárioHélio Naves

2º secretárioLuiz Gonzaga de Almeida

1º tesoureiroDomingos Sávio Gomes de Oliveira

2º tesoureiroAntônio de Sousa Almeida

DiretoresCésar HelouSegundo Braoios Martinez Ubiratan da Silva Lopes Marley Antônio da Rocha Joviano Teixeira Jardim Frederico Martins Evangelista Jorge Luiz Biasuz Meister Aluísio Quintanilha de Barros João Essado Flávio Paiva Ferrari Eduardo Cunha Zuppani Laerte Simão Luiz Antônio Vessani José Vieira Gomide Júnior Carlos Alberto Vieira Soares Fábio Rassi Sávio Cruvinel Câmara Elton Teles de Campos José Luiz Martin Abuli Eurípedes Felizardo Nunes Aldrovando D. de Castro Júnior José Magno Pato Domingos Vilefort OrzilRoberto Guimarães Mendes Raimundo Viana Dutra Carlos Alberto Diniz Humberto Rodrigues de oliveira Mário Renato G. de Azeredo

Conselho FiscalWaldyr O’DwyerDaniel VianaHeno Jácomo Perillo

Conselho de representantesjunto à CNIPaulo Afonso FerreiraSandro Antônio Scodro Mabel

Conselho de representantes junto à FiegAbílio Pereira Soares JúniorÁlvaro Otávio Dantas MaiaAnísio Queiroz de Carvalho Jr.Antônio Clóvis CarneiroCarlos Alberto DinizCarlos Alberto Vieira SoaresCarlos José de Moura JúniorCarlos Queiroz de Paula e SilvaCarlos Roberto de AraújoCarlos Roberto VianaCésar HelouCyro Miranda Gifford JúniorDan VianaDomingos Sávio G. de OliveiraDomingos Vilefort OrzilEduardo Cunha ZuppaniEduardo GonçalvesElton de Teles CamposEmílio Carlos BittarEurípedes Felizardo NunesFábio RassiFlávio Paiva FerrariFrancisco Gonzaga PontesFrancisco de Paula e SilvaFrederico Martins EvangelistaHenrique Wilhem Morg de AndradeHélio NavesHeno Jácomo PerilloJaime CanedoJair RizziJoão EssadoJoaquim Cordeiro de LimaJorcelino José Nunes NetoJorge Luiz Biazuz MeisterJosé Antônio VittiJosé Divino ArrudaJosé Francisco de SouzaJosé Luiz Martin AbuliJosé Magno PatoJosé Romoaldo Maranhão NetoJosé Vieira Gomide JúniorLaerte SimãoLeonardo Jayme de ArimatéaLeopoldo Moreira NetoLuiz Antônio VessaniLuiz Gonzaga de AlmeidaLuiz RézioManoel Paulino BarbosaMário Drummond DinizMarley Antônio RochaMário Renato Guimarães AzeredoNelson Pereira dos ReisOnofre Andrade PereiraOrizomar Araújo de SiqueiraPaulo Afonso FerreiraPedro Alves de OliveiraPedro de Souza Cunha JúniorRoberto Elias de Lima FernandesRubens Luiz BernardesSandro Antônio Scodro MabelSávio Cruvinel CâmaraSebastião Elias BarbosaSegundo Braoios MartinezUbiratan da Silva LopesValdenício Rodrigues de AndradeWellington Soares CarrijoWilson de Oliveira

DesenvolvimentoTecnológico e InovaçãoPresidenteIvan da Glória TeixeiraVice-PresidenteMelchíades da Cunha Neto

Conselho Temático de Meio AmbientePresidenteHenrique W. Morg de AndradeVice-PresidenteDomingos Sávio Gomes de Oliveira

Conselho Temático de Infra-EstruturaPresidenteJosé Rodrigues Peixoto NetoVice-PresidenteRoberto Elias de Lima Fernandes

Conselho Temático de PolíticaEconômicaPresidenteBeyle de Abreu Freitas

Conselho Temático de Relações doTrabalhoPresidenteHélio NavesVice-PresidenteOrizomar Araújo de Siqueira

Conselho Temático de Micro ePequena EmpresaPresidenteHumberto Rodrigues de OliveiraVice-PresidenteCarlos Alberto Vieira Soares

Conselho Temático deResponsabilidade SocialPresidenteAntônio de Souza AlmeidaVice-PresidenteMelchíades da Cunha Neto

Conselho Temático deAgronegócioPresidenteRodrigo Penna de SiqueiraVice-PresidenteSegundo Braoios Martinez

Conselho Temático de ComércioEExxtteerriioorr ee NNeeggóócciiooss IInntteerrnnaacciioonnaaiissPresidenteRonaldo Jair SalesVice-PresidenteAlberto Borges

Conselho Temático Fieg JovemPresidenteAlexandre CostaVice-PresidenteMarduk Duarte

Rede Metrológica GoiásPresidenteHeribaldo Egídio

expediente sindicatos

Av. Anhanguera, nº 5.440, Edifício José Aquino Porto, Palácio da Indústria, Centro, Goiânia-GO, CEP 74043-010

Av. Engº Roberto Mange, nº 239-A, Jundiaí, Anápolis/GOCEP 75113-630 Fone/Fax: (62) 3324-5768 e [email protected]

GOIÁS INDUSTRIAL GOIÁS INDUSTRIAL 98

taxas absurdas. Vemos a China cres-cendo 10% ao ano há três décadas. AÍndia começou um crescimento de9% ao ano. Ou seja, é uma sociedadeque começou a ter renda para consu-mir todo e qualquer tipo de produto.Tem ocorrido uma migração domundo rural para os centros urba-nos numa velocidade nunca antesvista pela humanidade. Não é quererforçar as coisas, mas é um fato.Estamos falando de 1 bilhão de pes-soas. A população da Índia vai se es-tabilizar com 1,5 bilhão de habitan-tes. A população chinesa, com 1,4bilhão de pessoas. O grosso dessapopulação vive no mundo rural, sobcondições muito precárias, e está mi-grando para o mundo urbano.

Goiás Industrial – Mas issonão aconteceu de um momentopara outro.

Mendonça de Barros – Isso jávinha perturbando os mercados agrí-colas. Os estoques agrícolas nomundo todo já vinham cedendo. Osegundo ponto que precisamos ter

n Lauro Veiga Filho

Engenheiro agrônomo e doutor em Economia Aplicada pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidadede São Paulo (Esalq/USP), Alexandre Lahoz Mendonça de Barros analisa a disparada recente dos preços dos alimentos nomundo, os riscos e as oportunidades que essa revolução no mercado mundial oferece ao Brasil e, em particular, a Goiás.Mendonça de Barros foi o convidado do Conselho Temático de Agronegócios da Federação das Indústrias do Estado deGoiás (Fieg) para falar sobre cenários para o setor em 2008.

Goiás Industrial – O que hápor trás da disparada recente dospreços dos alimentos em todo o mundo?

Alexandre Lahoz Mendonça deBarros – Hoje, o mundo está ofere-cendo ao Brasil uma gigantesca opor-tunidade – e seguramente o Estadode Goiás vai se beneficiar desse mo-mento extraordinário. Todos se per-guntam sobre que destino terão ospreços dos alimentos no mundo e so-bre o que é esse barulho todo que es-tamos enfrentando. O mundo viven-cia uma transformação econômica enão conseguimos entender a exten-são desse fenômeno, que é o cresci-mento do Ásia. Isso já vinha pertur-bando os mercados agrícolas hámuito tempo. Foi uma mudança si-lenciosa, no sentido de que o cresci-mento econômico vai transformandoaos poucos a sociedade. Mas estamosfalando de um pedaço do mundo quevai concentrar, em 2020, cerca de 4,5bilhões de habitantes. O grosso dapopulação mundial vai estar na Ásia.Esse continente vem crescendo a

A revolução no mercado de alimentos

“Tem ocorrido umamigração do mundorural para os centros

urbanos numavelocidade nuncaantes vista pela

humanidade. Não é querer forçar ascoisas, mas é um

fato. Estamosfalando de 1 bilhão

de pessoas”

entrevista com Alexandre Mendonça de Barrosdoutor em economia aplicada pela ESALQ/USP

presente é que a política agrícolaamericana mudou muito desde osanos 90. Essa também foi uma trans-formação na forma como o mundoopera a agricultura. Por quê? Porqueno passado a política agrícola ameri-cana “carregava” muito estoque.Qual era o princípio? Se os preçosagrícolas caíssem muito, o Estadoentrava comprando. O governo ame-ricano sempre fixou um “preço-meta”. Se o preço viesse abaixo do“preço-meta”, o governo entrava nomercado, comprava a produção ecarregava os estoques. Na reforma doFarm Bill, houve uma mudançamuito forte.

Goiás Industrial – Em que sen-tido?

Mendonça de Barros – O go-verno continuou fixando os preços-meta, mas em outro sistema. Se opreço de mercado ficasse abaixo dameta, o governo simplesmente pa-gava ao agricultor a diferença entre opreço-meta e o preço de mercado. Oque aconteceu? Os estoques deixa-ram de ser carregados pelo governoamericano e passaram a ser carrega-dos pelo setor privado. As grandestradings, que também operam aquino Brasil, estamos falando de Bunge,Cargill, ADM, Coinbra, Dreyfus, to-dos esses grandes grupos, quando seviram nessa situação, de ter eles decarregar estoques que antes o Estadocarregava, tomaram uma decisãomuito inteligente que era fazer oquê? Temos dois hemisférios nomundo. A safra de um é a entressafrado outro. O que vou fazer? Ao invésde carregar um estoque gigante aquinos Estados Unidos, vou lá no Brasilem setembro, quando os americanosestiverem colhendo sua safra, paracomprar dos brasileiros a soja que vai

ser colhida em março. Vimos o Brasilsendo assediado por essas grandesmultinacionais e viramos parte daoferta global de alimentos.

Goiás Industrial – Quais osprincipais reflexos dessa mudançapara a economia global?

Mendonça de Barros – A conse-qüência econômica relevante disso éque os estoques mundiais caírammuito, porque o mundo começou aoperar, para usar uma linguagem daindústria, sob um modelo de just intime. Na seqüência, há o forte cresci-mento da Ásia, de um lado, e o surgi-mento de um fenômeno novo que éa bioenergia, que tomou uma acele-ração muito forte em 2006 e 2007nos Estados Unidos – quer dizer, osamericanos que esmagavam, cincoanos atrás, 20 milhões de toneladasde milho pularam para 80 milhõesde toneladas e falam que agora vãoesmagar 100 milhões de toneladas demilho. É evidente que isso perturboucompletamente a demanda nomundo. Quer dizer, criou-se umanova demanda. Entram os progra-mas de biodiesel. A Europa constróiuma capacidade instalada de 10 bilhões de litros de biodiesel. A Ásiacomeça a se engajar em projetos debiodiesel. A demanda de óleo vegetalexplode. Ou seja, surge uma novademanda gigante por agroenergia,além da Ásia.

Goiás Industrial – Mas háconseqüências negativas para oBrasil também.

Mendonça de Barros – Acho quenós, brasileiros, não sentimos tantoos efeitos porque somos grandes ex-portadores de alimentos, porque oreal não pára de se valorizar. Não es-tamos sentindo a dimensão do pro-

GOIÁS INDUSTRIALGOIÁS INDUSTRIAL 1110

blema que outras nações estão sentindo.Cito alguns exemplos: China. A inflaçãodos alimentos na China no ano passadofoi de 24%. Imagine um aumento de 24%no preço médio dos alimentos em um paísainda com muita gente pobre. O poder decompra dos salários simplesmente des-penca. O preço de suínos na China, queproduz e consome metade da carne suínado mundo, subiu 63% no ano passado. Omundo produz 95 milhões de toneladasde carne suína e a China sozinha respondepor 55 milhões de toneladas. Você estácriando um problema chamado, em in-glês, de “agrinflation” – inflação agrícola –,que é um fenômeno que não víamos hámuitos anos. Os preços agrícolas, nos últi-mos 30 anos, só fizeram cair.

Goiás Industrial – No lado daoferta, a produção contribuiu parapuxar os preços?

Mendonça de Barros – Os chinesesiniciaram uma revolução agrícola nosanos 70. Em 1978, mudou completa-mente a política agrícola chinesa, estimu-lando a produção, acabando com as pro-priedades coletivas, indo para proprieda-des privadas, pagando prêmios de produ-tividade. A produção chinesa e na Ásiacomo um todo disparou. O problema éque o consumo cresceu muito. Oconsumo de biocombustíveis cresceumuito. Estamos diante de uma situaçãohistórica muito estranha. Não tivemosnenhuma grande quebra de safra – isto éque é muito importante termos presente.Os Estados Unidos têm safras muito boashá cinco anos, a China tem safras muitoboas há cinco anos. A despeito de não ter-mos grandes quebras de safra, estamoscom os preços mais altos da história, dosúltimos 30 anos, em quase todas as com-modities. Sobe o preço do milho, sobe dasoja, como conseqüência, e a alta dessesdois grãos eleva os preços da proteína ani-mal, do leite, do frango, suíno, todos osmercados sobem de preço.

Goiás Industrial – É possível di-mensionar a “responsabilidade” dosEstados Unidos, com sua política desubsídios ao biocombustível produzidoa partir de milho, nesse aumento re-cente da demanda mundial?

Mendonça de Barros – É muito difícilseparar uma coisa da outra. Não tenho amenor dúvida de que (a política de produ-ção de biocombustível dos EUA) teve umefeito relevante. Por que o milho é tão im-portante nos Estados Unidos? A produçãomundial de milho é de 740 milhões de to-neladas, é o grão mais produzido nomundo, até mais do que o trigo. Daquelevolume, os EUA respondem por 340 milhões de toneladas. O segundo maiorprodutor é a China, com 140 milhões detoneladas, e o terceiro somos nós, compouco mais de 50 milhões de toneladas.

Para falar em milho, portanto, é preciso fa-lar dos EUA. Imaginamos que quase umterço da produção americana, perto de100 milhões de toneladas, segundo pro-jeto do governo americano, quase 15% daoferta mundial, seriam destinados aos bio-combustíveis. Obviamente, a área desti-nada ao plantio de milho cresce, aperta aárea de algodão, de soja e se cria essa dinâ-mica toda. De fato, isso tem uma conse-qüência para os preços que é muito difícilprecisar, até porque há um outro fenô-meno recente, ao qual devemos ficarmuito atentos, que é a crise financeira nosEstados Unidos.

Goiás Industrial – Como essa criseafeta os mercados agrícolas?

Mendonça de Barros – Isso trouxemuito fundo de investimento para aplicarem commodities, o que tem distorcido um

pouco os preços. Temos visto boons depreços que se descolam um pouco da rea-lidade e ajudam a inflar os preços dascommodities. Estamos vendo isso umpouco no mercado do petróleo hoje tam-bém. A desconfiança no sistema finan-ceiro americano faz com que o capital sesinta atraído a buscar bens reais, ou seja,commodities.

Goiás Industrial – É possível teruma idéia de quanto cresceu a posiçãodos fundos em commodities?

Mendonça de Barros – Cresceu umas20 vezes nos últimos três anos, depen-dendo de produto para produto. Em valo-res, seria difícil dimensionar, mas houveum crescimento expressivo. Isso tambémdistorce o mercado e traz várias conse-qüências para o Brasil.

Goiás Industrial – Quais são essasconseqüências?

Mendonça de Barros – A mais impor-tante, na minha visão, são as oportunida-des de exportação que o Brasil passa a ter.É brutal. A demanda cresceu de forma gi-gantesca e também as oportunidades.Vamos tomar o caso do arroz como exem-plo. Noventa por cento da produção e doconsumo mundiais são feitos na Ásia.Nosso produto não é um arroz que os asiá-ticos gostam. Mas o que se percebe é quecomeçou a faltar produção de arroz. Ospaíses exportadores começaram a blo-quear as exportações para segurar o pro-duto no mercado doméstico. Os preçostriplicam em dois meses no mercado in-ternacional, abrindo oportunidade para oBrasil exportar. O governo brasileiro sus-pendeu temporariamente os embarquesde arroz, no que seria uma excelente opor-

tunidade do produtor de arroz recuperarrenda depois de quatro anos muito difí-ceis. Nós, que temos uma agricultura ex-portadora, temos uma gigantesca oportu-nidade, que o mundo está nos dando.

Goiás Industrial – Mas não há gar-galos para que o País possa tirar pro-veito, plenamente, dessa oportunidade?

Mendonça de Barros – Temos enor-mes desafios pela frente. Temos um des-afio de logística, que conhecemos muitobem; temos a questão sanitária. O Brasiltem de realizar melhorias na área de sani-dade para alcançar esses mercados agríco-las. Há uma demanda crescente porfrango, por exemplo, e um problema gi-gante de gripe aviária na Ásia. O Brasil,que não tem a doença, tem a oportuni-dade de realizar exportações recordes defrango. Temos oportunidades semelhantesno mercado de suínos, setor que enfrentaum problema sério com a doença daorelha azul na China. Estamos limitadospor questões relacionadas à aftosa e outrosproblemas sanitários. Olhando o quadrobrasileiro e observando seu potencial, é di-fícil imaginar um conjunto de oportunida-des tão grandes que o mundo está nos ofe-recendo. Há escassez de terras e água nomundo e temos isso para ofertar ao mundo.

Goiás Industrial – Problemas am-bientais não são outro obstáculoconcreto para o País no mercado mundial?

Mendonça de Barros – Temos de en-frentar a questão ambiental. O Brasil estáengessado, nem começou a andar.Estamos sendo vistos como plantadoresde cana na Amazônia, coisa que nãoexiste. Está-se criando um grande barulhoem torno do etanol, que é uma indústriaque vem crescendo em Goiás, que tem eterá uma importância no Estado cada vezmaior. Precisamos dizer ao mundo quenosso álcool é diferente do etanol de

“A CONSEQÜÊNCIAECONÔMICA RELEVANTE DISSOÉ QUE OS ESTOQUES MUNDIAIS

CAÍRAM MUITO, PORQUE OMUNDO COMEÇOU A OPERAR,PARA USAR UMA LINGUAGEM DAINDÚSTRIA, SOB UM MODELO

DE JUST IN TIME.”

milho, porque senão vamos cair na mesmaarmadilha. Estamos ocupando áreas depastagens, aumentando a produtividadedas áreas de pastagem e temos muito oque andar. Somos um País ainda muito pe-queno. Minha sensação é de que estamosnos acostumando com uma visão demundo que é pequena. Os Estados Unidosplantam três vezes a área cultivada noBrasil; a China planta duas vezes e meia amais. Produzem quatro vezes o que pro-duzimos e temos condições de produzir amesma coisa que eles. Quando olho para aagricultura brasileira, vejo que ela está co-meçando a crescer. O que chama a atençãoé que a área de soja plantada no Brasil caiu.A área de cana cresceu um milhão de hectares e temos 200 milhões de hectaresde pasto – e parece que o Brasil está vi-rando um canavial.

Goiás Industrial – Há muita restri-ção contra a agricultura brasileira láfora, com barreiras e protecionismo co-mercial, o que também impede o crescimento.

Mendonça de Barros – Exatamente. Omundo coloca ao Brasil uma série de res-trições. Temos de estar muito seguros denossa posição para conseguir brigar econseguir abrir mercados. Vamos ver umaonda protecionista nos mercados agríco-las. Os países vão proibir as exportações,mas vão querer importar para resolver oproblema do abastecimento. É o momentode nos engajarmos nisso, assumir um dis-curso coerente, condizente e compatívelcom nosso crescimento. O mundo vaicriar barreiras.

Goiás Industrial – Até que ponto ofato de o Brasil ter embarcado nessa as-sociação com grupos americanos podeter “contaminado” o debate mundial?Haveria a necessidade de o Brasil “des-colar-se” dos Estados Unidos na ques-tão do etanol?

Mendonça de Barros – É uma questão

complicada. Brasil e Estados Unidos são osdois únicos grandes produtores de etanolno mundo. Para nós, acho que também éimportante que existam outros produtorespara que o mundo se engaje num pro-grama de álcool. Os americanos vão para oálcool de celulose. O projeto americano deálcool é usar subprodutos, resíduos, cascade madeira, palha, qualquer biomassa quepossa ser convertida em etanol. Portanto, éum programa louvável nessa direção.Estamos com problemas, sim, de abasteci-mento, hoje, mas também temos de dardimensão a isso. Quer dizer, o Brasil teriacondições de ofertar o que o mundo estápedindo de grãos, não tenho a menor dú-vida disso. A África, no devido prazo, tam-bém tem condições de ofertar. O que é cu-rioso, no caso brasileiro, é que estamoscom os preços mais altos da história e aárea plantada não cresce e estamos com ospreços mais altos da história. A que se deveisso? Isso se deve à péssima logística quenós temos, que tira do produtor um pe-daço da renda, encarecendo o produto.Isso se deve ao preço do fertilizante, quesubiu enormemente no mundo inteiro,porque a demanda cresceu extraordinaria-mente. O mundo não investiu em novasminas, em capacidade de produção, e issovai ser corrigido apenas com o tempo. E sedeve a um real que se valoriza.

Goiás Industrial – Há uma lógicamacroeconômica perversa aí?

Mendonça de Barros – Veja como é cu-riosa a ligação com a macroeconomia. Ainflação começa a ameaçar aqui no Brasil, o

Banco Central sobe a taxas de juros, issoatrai capitais estrangeiros, o que causa a va-lorização do real. Por isso, as commoditiessobem em dólar, mas não se percebe seuaumento em reais, o que faz com que oprodutor brasileiro não reaja à alta no mer-cado internacional. Com isso, verifica-seuma coisa curiosa: os dois grandes poten-ciais ofertadores de alimentos na AméricaLatina, Brasil e Argentina, por razões dis-tintas, deixam de ampliar a oferta mundial.

Goiás Industrial – Como deve serformulado o discurso, lá fora, em rela-ção ao etanol?

Mendonça de Barros – Precisamosmostrar que a cana não é produzida naAmazônia. A cana é produzida em SãoPaulo, em Goiás, em Mato Grosso do Sul,Minas Gerais, Pernambuco. Precisamosmostrar que o grosso da expansão da cana-de-açúcar, e estamos falando de 1 milhão,2 milhões de hectares a mais, ocorre emcima de área de pastos. É preciso dizer,ainda, que nas áreas de reforma da canapode-se plantar grãos. Ou seja, se a canacresce em área de pastagens, 20% dessa áreapode receber grãos com risco muito menor.Há muitas áreas no Brasil que não oferecemsegurança em termos de plantio. Será pre-ciso mostrar que o balanço de carbono doálcool brasileiro é positivo. Para cada uni-dade de carbono que gasto, gero oito unida-des. O etanol brasileiro vem de 3,5 milhõesde hectares. Os outros 3 milhões (de hecta-res) são dedicados a açúcar. Quer dizer, oPaís, com 5 a 6 milhões de hectares, tocatoda sua frota de veículos.

GOIÁS INDUSTRIAL12

“Tem ocorrido uma migração do mundo rural para oscentros urbanos numa velocidade nunca antes vista

pela humanidade. Não é querer forçar as coisas, mas éum fato. Estamos falando de 1 bilhão de pessoas.”

ENCONTRO PELAS

ÁGUAS

meio ambiente

A demanda, identificada pelo Instituto Brasileiro de Mineração(Ibram), surgiu entre empresários e porta-vozes do setor privado. Apartir daí, o instituto, em parceria com a Federação das Indústrias doEstado de Goiás (Fieg) e Agência Nacional de Águas (ANA), decidiudar forma concreta ao Encontro Empresarial pelas Águas em Goiás,realizado no dia 3 de julho, na Casa da Indústria (foto).

"O Ibram mantém desde 2000 um programa especial de recursoshídricos, que busca capacitar seus associados a adotar as melhores prá-ticas no manejo de recursos hídricos e em políticas públicas aplicadasao setor", afirma Cláudia Salles, gerente de Assuntos Ambientais doIbram. No curso desse programa, a consultora Patrícia Boson identifi-cou que o próprio setor empresarial goiano tinha interesse em discutiro assunto e sanar dúvidas, sobretudo em relação à questão do processode outorga e cobrança pelo uso de recursos hídricos.

O tema, que tem causado polêmica desde que foi assinada a cha-mada Lei das Águas (Lei 9.433), em 1997, é considerado, até hoje,como um dos gargalos na gestão de aqüíferos e mananciais. "Os em-presários demonstraram interesse em saber, afinal de contas, quemresponde pelo processo de outorga em cada região e como esse pro-cesso se dá na prática", aponta a gerente do Ibram.

Por isso, todo o encontro foi estruturado para contemplar essadiscussão, inserida na política nacional de recursos hídricos, in-

cluindo ainda as melhores técnicas de gestão, a experiência de algu-mas empresas na área e a questão da constituição e operação de comi-tês de bacia.

Os trabalhos do encontro foram abertos pelos presidentes doIbram, Paulo Camillo Vargas Penna, da ANA, José Machado, e daFieg, Paulo Afonso Ferreira. Durante o evento, Machado descreveu aatuação da ANA em Goiás. O secretário estadual de Meio Ambiente eRecursos Hídricos, José de Paula Moraes Filho, falou sobre a políticaestadual de recursos hídricos. O superintendente de Biodiversidades eFlorestas, Emiliano Lobo de Godoi, explicou como se integram, noEstado, os sistemas de gestão ambiental e das fontes de água.

Patrícia Boson, que também coordena o Programa Especial deRecursos Hídricos do Ibram, apresentou aos empresários os funda-mentos da política nacional definida para o setor. O restante da pro-gramação foi dedicado às discussões em relação aos comitês das ba-cias dos rios Paranaíba e Alto Tocantins.

No fim do encontro, o Ibram e a ANA promoveram o lançamentoem Goiás do livro A Gestão de Recursos Hídricos e a Mineração, edi-tado em 2006. Com depoimentos de 40 especialistas do setor mineral,a publicação apresenta soluções desenvolvidas por mineradoras paramanejo das águas e questiona premissas tidas como equivocadas notratamento de impactos ambientais da atividade mineradora.

Debate sobre outorga e cobrançapelo uso de recursos hídricosdomina reunião em Goiânia

GOIÁS INDUSTRIAL 15

comércio exterior

Ex-colônia portuguesa, reintegrada àChina em 1999, Macau pretende setransformar na principal plataforma chi-nesa para comércio e investimentos de na-ções de língua portuguesa, atraindo negó-cios e empresas, inclusive de Goiás. Umadelegação chefiada por Anselmo Teng, pre-sidente do Conselho de Administração daAMCM – a autoridade monetária deMacau, formada por 25 executivos de ban-cos e seguradoras da região – foi recebidano final de maio pela direção da Federaçãodas Indústrias do Estado de Goiás (Fieg).

O encontro empresarial, promovido pelaFieg, Associação Pró-DesenvolvimentoIndustrial de Goiás (Adial) e pela empresa

Enecol Engenharia e Eletricidade, não tinhacomo objetivo a realização de negócios, masconhecer as potencialidades do Estado.“Nossa intenção é mostrar que Goiás é umEstado dinâmico e pujante, que pode ser des-tino para investimentos chineses”, afirma ogerente do Centro Internacional de Negóciosda Fieg, Plínio César Lucas Viana.

Depois de conhecerem o DistritoAgroindustrial de Anápolis (Daia), onde visi-

taram a unidade de produção de biodiesel daGranol, os chineses assistiram a uma apresen-tação sobre a economia goiana, com informa-ções a respeito do setor mineral, da agrope-cuária, biocombustíveis, couros e indústriaautomotiva. A delegação demonstrou inte-resse em conhecer a política de atração de in-vestimentos do governo estadual e os benefí-cios fiscais que o Estado assegura a investido-res, sobretudo estrangeiros.

Além do vice-presidente da Fieg,Pedro Alves de Oliveira, participaram dareunião empresários ligados ao processa-mento de soja, cana-de-açúcar, minérios,representantes da construção civil e daindústria de medicamentos.

////// Troca de cartões: empresários goianose chineses travam primeiros contatosdurante encontro na Casa da Indústria

Um caminho para a China

Macau pode se transformar em uma dasportas de entrada de produtos e empresasde Goiás no vigoroso mercado chinês

logística de precisão

Servbon aprimora sistema de gestãode sua cadeia de frios e prepara-separa monitorar por satélite atemperatura de seus caminhões

No final daprimeira quinzena

de abril, o ICQ Brasilconcluiu a auditoria de

manutenção na Servbon, segundo o sistema de nor-

mas estabelecidas pela ISO9001:2000. Reafirmada a certifica-

ção, a distribuidora de sorvetes Kibon,marca sob domínio da multinacional

Unilever, planeja incrementar o sofisticadosistema de gestão de sua cadeia de frios, aprimo-

rando o monitoramento de sua frota. A Servbon, no ramohá 32 anos, pretende fazer a leitura da temperatura de seusnove caminhões via satélite, onde quer que eles estejam.

O sistema está em fase de testes, de acordo comMaiza Alessandra Gonçalves Caldo, representante da di-reção da empresa e responsável pelo sistema de gestãoda qualidade, e ainda não há um prazo para que entreem operação efetiva. O programa para rastreamento eleitura de temperatura dos caminhões por satélite estásendo desenvolvido por uma empresa goiana - a TeiaTecnologia, dona do sistema Teia RAS para controle lo-

gístico de frotas. Os veículos, na verdade, já são geren-ciados via satélite, mas o sistema adotado permite ape-nas identificar sua localização precisa.

No negócio da Servbon, o controle da cadeia de frios,lembra Maiza, é o item mais importante, já que a empresalida com cargas altamente perecíveis e que não suportamtemperaturas muito elevadas. Isso exige investimentosem tecnologia da informação e muito planejamento. "Osprodutos devem ser retirados das câmaras frias na quanti-dade e na temperatura exatas para entrega ao cliente, semdeterioração da mercadoria", afirma Maiza.

O monitoramento começa a ser feito desde a chegadados caminhões da fábrica, quando é verificado se a tem-peratura mantém-se no máximo a 18 graus negativos. Seos termômetros acusam alguma coisa acima disso, aUnilever é informada e envia um técnico para avaliar oproduto, que só então é liberado para consumo.

Dentro da câmara, a temperatura é anotada três ve-zes durante o dia e de hora em hora entre 18 e 7 horas.O sistema permite que a Servbon monitore on-line odesempenho das vendas por bairro, região, ramo de ati-vidade e cliente, estabelecendo o perfil de cada um e anecessidade de reposição.

////// Maiza GonçalvesCaldo: sistema emdesenvolvimentodeverá monitorartemperatura doscaminhões viasatélite

GOIÁS INDUSTRIALGOIÁS INDUSTRIAL 1716

educação integrada

////// Alunos do ensino articulado do Senai Anápolis: treinamento intensivo e formação diversificada

////// Anderson Júnior: "Vamos poder conhecer de perto o funcionamento do processo produtivo"

////// Integração: cursos poderão abrir novas oportunidades em todas as áreas

////// Luisa Gonçalves, aluna do cursotécnico em eletrotécnica: "Programação

abrangente e diversificada darádiferencial para concorrer a uma vaga"

n Andelaide Pereira

A pesquisa Indicadores Industriais, realizada mensalmente em Goiáspela Federação das Indústrias do Estado, mostra crescente expansão dosegmento produtivo em 2008. O aquecimento reflete no número de empre-gos, que em abril registrou aumento de 6,79% em relação ao mesmo pe-ríodo de 2007. Em meio ao bom momento econômico, a falta de mão-de-obra qualificada ainda deixa vagas ociosas para cargos que requerem maioraprimoramento técnico. Implantada há quatro meses pelo Sesi e Senai emGoiânia e Anápolis, a educação profissional articulada com o ensino médiobusca reverter esse quadro oferecendo formação mais completa e diversifi-cada de acordo com o perfil exigido pelo atual mercado de trabalho.

"Acredito que, com esse novo produto, estamos contribuindo com asempresas ao direcionar, desde cedo, a capacitação de jovens para o em-prego. Algumas indústrias em Anápolis, como a Gravia e a Isoeste, mos-traram interesse em formar turmas fechadas com filhos de funcionários,

porque viram também em nossa proposta a preocupação com a formaçãocidadã, ética e disciplinar", diz Francisco Carlos Costa, diretor daFaculdade de Tecnologia Senai Roberto Mange, unidade que oferece cur-sos articulados em parceria com o Sesi Jundiaí, em Anápolis.

AVALIAÇÃO POSITIVAExperiência malsucedida na rede pública de ensino na década de 70,

a educação integrada realizada pelo Sesi e Senai em Goiás pode servir demodelo para outros regionais do País, segundo avaliação feita pela ge-rente de Projetos do Sesi Nacional, Eliane Martins. Ela veio a Goiânia emmaio, acompanhada de uma comitiva da área de educação do SesiNacional, para conhecer de perto o modelo de projeto pedagógico inte-grado do regional goiano. Para Eliane, o projeto apresenta vários ele-mentos significativos e representativos sob o ponto de vista pedagógico,com possibilidades de criação de um currículo focado no desenvolvi-mento de competências e habilidades.

Caminho mais curto para o empregoEducação profissional integrada com ensino médio oferece formação maiscompleta para quem pretende disputar um lugar no mercado de trabalho

De olho no mercado

Apesar da pouca idade, Luisa Gonçalves, de15 anos, mostra determinação em suas escolhas. Ela optou por fazer o curso técnico in-tegrado em eletrotécnica por acreditar que terámaiores chances de ingresso no mercado de tra-balho, mesmo em uma área ainda dominadapor homens. "A programação é abrangente e di-versificada, o que me dará um diferencial com-petitivo quando for concorrer a uma vaga deemprego", planeja.

Aluno do técnico em eletromecânica, PauloHenrique, de 19 anos, também sonha com suacarreira profissional. "Temos ótimos professorese um ensino de alta qualidade. Com isso ficamais fácil enfrentar o mercado". Colega decurso de Paulo, Anderson Júnior acha que o es-tágio, incluso na programação a partir dopróximo semestre, irá permitir maior aproxi-mação com a realidade das empresas.

Baseada nas diretrizes estratégicas do

Programa Educação para a Nova Indústria -conjunto de ações lançado em 2007 pela CNIpara ampliar a oferta de formação de recursos hu-manos -, a articulação entre a educação profissio-nal e o ensino médio do Sesi e Senai em Goiáscontabiliza balanço positivo em seus quatro me-ses de realização. Os bons resultados abrem pers-pectivas para criação de mais 300 vagas em no-vos cursos integrados, que deverão ser implanta-dos em Goiânia, Anápolis e Minaçu em 2009.

Para o gerente do Sesi Jundiaí, DarlanNeiva, o sucesso se deve à escolha acertada naformação de profissionais em áreas que o mer-cado mais carece de mão-de-obra qualificada."Este ano, vamos divulgar a programação nasempresas e entre os alunos do 9º ano do ensinofundamental do Sesi seis meses antes da aber-tura das inscrições", conta.

Coordenadora pedagógica do Sesi Jundiaí,Marciana Neves revela que a fase de estrutura-ção foi um desafio árduo, superado com muitotrabalho e persistência de toda equipe envolvidano processo. "Hoje, colhemos os frutos com umprojeto pedagógico interdisciplinar”.

CURSOS ARTICULADOS

São realizados na modalidade de ensino integrado os seguintes cursos:

ESCOLA SENAI VILA CANAÃ (GOIÂNIA)////// Técnico em Alimentos////// Técnico em Automobilística////// Técnico em Artes Gráficas

FACULDADE DE TECNOLOGIA SENAI ROBERTO MANGE (ANÁPOLIS)////// Técnico em Eletrotécnica////// Técnico em Química Industrial////// Técnico em Eletromecânica

O mercado de trabalho está cada dia mais exigente, até mesmo emáreas tradicionais em que antes atividades eram aprendidas na práticado dia-a-dia, como construção civil, restaurantes, açougues, padarias,entre outros, que passaram a selecionar profissionais com conheci-mentos mais específicos e aprimorados. Com o objetivo de contribuirpara a inserção e manutenção do trabalhador no mercado de trabalho,bem como com o aumento da qualidade dos produtos e serviços, oSenai realizou de março a abril uma série de cursos gratuitos de qualifi-cação profissional em diversas áreas, com utilização de recursos doFundo de Amparo do Trabalhador (FAT) e Tesouro Estadual. Ao todoforam beneficiadas 1.089 pessoas em 22 municípios goianos.

As ações foram desenvolvidas por meio de convênio entre oMinistério do Trabalho e Emprego e o governo estadual, representadopela Secretaria de Estado do Trabalho, dentro do Plano Nacional deQualificação (PNQ) e do Plano Territorial de Qualificação (Planteq).Os recursos foram da ordem de R$ 568,147 mil, provenientes do FAT edo Tesouro Estadual, referentes ao exercício de 2007, e tiveram contra-partida do Senai.

Os cursos foram realizados em áreas definidas de acordo com asdemandas apresentadas em cada cidade, levantadas pelos órgãos dogoverno estadual e dos próprios municípios. A Coordenação deProjetos Especiais do Senai Goiás foi a responsável pela gestão dos cur-sos ministrados pelas escolas e faculdades da instituição, de acordocom suas áreas de abrangência e perfil técnico das mesmas.

Apesar da escassez do tempo para execução das ações – poucomais de 70 dias úteis –, o coordenador de projetos especiais do Senai,Walmir Telles, acredita que os esforços das unidades do Sesi e Senai al-cançaram bons resultados. “Buscamos mobilizar a estrutura educacio-nal de nossas unidades, de forma a oferecermos, apesar do tempo exí-guo, uma qualificação de qualidade, representando todo compromissoque temos com o Estado e com os alunos. Esperamos que o resultadodessa educação profissional possa também ser refletido na forma deuma grande contribuição da Fieg, por meio do Sesi e do Senai, para ofortalecimento e a consolidação do processo de desenvolvimento so-

cioeconômico e ambiental do nosso Estado.”Para Willian Rodrigues Damaso, aluno do curso de pedreiro de

acabamento, a qualificação ampliou seus conhecimentos e será impor-tante para uma boa colocação no mercado de trabalho. “Eu trabalhavacomo pedreiro, mas não tinha qualificação. Aí veio este programa pragente e eu quis me qualificar para entrar no mercado de trabalho, por-que entrar no mercado sem qualificação é complicado.”

Após a conclusão do curso de apontador de produção, a alunaEdwagna Barbosa da Silva conseguiu ser contratada. “Eu era operadorade caixa e estava desempregada. Então esta oportunidade foi muito im-portante para mim. Consegui um emprego por meio do Senai, que, de-vido ao meu desempenho, me encaminhou para fazer o teste na em-presa. Já estou trabalhando na área e estou adorando”, declarou.

GOIÁS INDUSTRIALGOIÁS INDUSTRIAL 1918

qualificação

É BOM E É DE GRAÇA

Parceria entre Senai, FAT e Tesouro Estadual leva formação profissionalgratuita a 22 cidades goianas, beneficiando 1,089 mil pessoas

Vagas xqualificação

Segundo pesquisa do Instituto de PesquisaEconômica Aplicada (Ipea), referente a 2007,existe déficit de quase 13,5 mil profissionais noCentro-Oeste, principalmente nas indústriastêxtil, de vestuário e calçados. Para a secretáriade Cidadania, Flávia Morais, o fato é reflexo domomento econômico, sobretudo em Goiás, quetem apresentado crescimento muito significa-tivo e, assim, um dos grandes desafios do go-verno é promover a capacitação da sua popula-ção. “Estamos conseguindo atrair diversas em-presas e indústrias dos mais variados setorespara Goiás. Se não capacitarmos nossos cida-dãos, essas empresas acabarão tendo de contra-tar mão-de-obra de outros Estados.”

O presidente do Sindicato da Indústria daConstrução do Estado de Goiás (Sinduscon),Roberto Elias de Lima Fernandes, demonstragrande preocupação com a formação da mão-de-obra para o setor. Segundo ele, já existe carênciaprincipalmente de profissionais como carpin-teiro, armador e pedreiro de acabamento.“Temos de formar essas pessoas, profissionalizaratravés do Senai e de outras entidades, porque oemprego tem. A dificuldade é arrumar pessoasqualificadas.” Fernandes afirma ainda que o se-tor tem exigido profissionais com maior conhe-cimento e técnica, mas, por outro lado, tambémtem oferecido melhores condições de trabalho erenda. “O emprego na construção civil melho-rou muito. Os canteiros de obra oferecem, porexemplo, alimentação de qualidade, atendi-mento médico e odontológico e cursos. Hoje aspessoas crescem na construção civil. Pode-se en-trar como servente ganhando em média R$500,00 e chegar até R$ 1.500 .”

A Secretaria de Cidadania está trabalhandona programação dos cursos referente ao exercí-cio de 2008. O governo do Estado, segundo ela,já disponibilizou no orçamento R$ 2 milhõespara investimento em qualificação profissional.A secretaria deverá receber ainda recursos dogoverno federal.

////// Willian RodriguesDamaso: “Entrar nomercado de trabalhosem qualificação é complicado”

*MUNICÍPIOS ATENDIDOS

1. Anápolis2. Aparecida de Goiânia3. Caldas Novas4. Catalão5. Goianésia6. Goiânia7. Goianira8. Guapó9. Hidrolândia10. Itumbiara11. Jaraguá12. Niquelândia13. Palmeiras de Goiás14. Porangatu15. Posse16. Quirinópolis17. Rio Verde18. Sanclerlândia19. Santa Helena de

Goiás20. Senador Canedo21. Trindade22. Uruaçu

CURSOSDESENVOLVIDOS

1. Açougueiro2. Apontador de Produção3. Auxiliar de Escritório4. Costureiro em Série5. Cozinheiro de Restaurante6. Eletricista de Instalações de

Veículos Automotores7. Eletricista de Instalações

Predial e Residencial8. Encanador de Manutenção9. Instalação de Som e

Acessórios de Veículos10. Mecânico de Injeção

Eletrônica de Veículos11. Operador de Computador12. Operador de Telemarketing13. Padeiro e Confeiteiro14. Pedreiro de Acabamento15. Pintor de Alvenaria16. Promotor de Vendas

////// Edwagna Barbosa da Silva, ao centro, recebe certificado das mãos de Walmir Telles e Flávia Morais: “Consegui um emprego por meio do Senai”

GOIÁS INDUSTRIALGOIÁS INDUSTRIAL 2120

Você já imaginou uma escola que não tem muros nem portões? EmBritânia, município que fica a 337 quilômetros de Goiânia e tem uma po-pulação de 5,8 mil habitantes, é assim. Os 700 alunos da Escola EstadualAlfredo Nasser estudam, praticam esportes, participam de diversos proje-tos e, também, cuidam do estabelecimento. “Não sofremos com depreda-ções ou pichações, todos se sentem responsáveis pelo ambiente escolar”,ressalta a diretora Maria Disterro dos Santos.

A experiência bem-sucedida acaba de vencer o Prêmio SesiQualidade na Educação (PSQE), na categoria escolas públicas e privadasde ensino fundamental e médio para crianças, em que concorreu com1.327 candidatas de todo o País. Do total, 60 foram classificadas, dasquais 50 públicas e privadas e 10 da Rede Sesi de Educação. As escolas doSesi de Niquelândia e Anápolis (Jaiara) conquistaram os 3º e 4º lugares,respectivamente, nesta categoria.

A escola recebeu um prêmio de R$ 20 mil, que será aplicado naconstrução de um alambrado e da arborização da parte externa da escola.Por conta da conquista, Maria Disterro dos Santos também irá ao Chileconhecer uma escola que é referência em gestão pedagógica.

Diretora da unidade desde 2005, Maria Disterro, com o apoio do grê-mio estudantil e do conselho de pais, tem implantado diversos projetos,

como o Escola Aberta, que oferece oficinas de dança, música, teatro, xa-drez, bordado, crochê e caratê. “Abrimos as portas da nossa escola para ospais e toda a comunidade. Temos a certeza de que foi a união com a co-munidade e o comprometimento de todos os profissionais que trabalhamna escola que propiciaram nossa conquista.”

APRENDIZADO PARA VIDA Um dos projetos em evidência é o Leitura Espaço Mágico, que tem

como objetivo incentivar a leitura entre os alunos. Maria Disterro ressaltaque com esse projeto a quantidade de livros lidos por ano pelos alunos au-mentou consideravelmente. “Enquanto a média nacional é de 3 a 4 livrospor aluno/ano, aqui na escola a média é de 13 a 17.” A escola ainda pro-move atividades como as Oficinas para a Vida, com dicas sobre primeirossocorros, como plantar e cuidar de horta, cursos de oratória, entre outros.

O projeto Juventude e Cidadania tem foco no aprendizado e conheci-mento das leis, dos direitos e deveres do consumidor, além de um tra-balho com idosos e creches. Projetos de Saúde Bucal, Horta Escolar eFabriqueta de Sabão também são exemplos de atividades que fazem a di-ferença na grade curricular dos alunos, que levam esses aprendizadospara o dia-a-dia.

educaçãoturismo

ESCOLASEM MUROS

Prêmio Sesi de Qualidade na Educação vai para unidade estadual localizada em Britânia, superando 1.327 escolas de todo o País

n Débora Orsida

Em 1910, o major Victor de Ozeda Ala construiu a primeira casa debanho de águas quentes, em Caldas Novas, para seus familiares e amigos.As instalações eram de madeira e tinha apenas duas banheiras. O sucessofoi tanto que o número de convidados só aumentava. Dez anos maistarde, em 1920, os herdeiros do major Victor e o médico Ciro Palmerstonconstruíram em sociedade o primeiro balneário público, com duas banheiras esmaltadas e três cimentadas. Mas o primeiro grande empreen-dimento surgiu somente em 1964: a Estância Thermas do Rio Quente,hoje pertencente ao município vizinho de Rio Quente, emancipado em1988, e embrião do complexo turístico da Pousada do Rio Quente, omaior parque hidrotermal do planeta.

Desde então, os empreendimentos de Caldas Novas não pararam decrescer e o município tornou-se referência por causa das águas termais edo complexo hoteleiro, sendo considerado o maior complexo hidroter-mal do mundo, o que atrai turistas de todo o País, sobretudo de SãoPaulo, Brasília, Minas Gerais, Goiânia e também do exterior.

Conhecedor do potencial turístico de Caldas Novas, o Sesi Goiás pla-neja iniciar no segundo semestre de 2008 as obras para a construção deuma unidade de lazer no município, criando mais uma opção de diversãopara o trabalhador da indústria e sua família. É a segunda unidade opera-

cional de lazer da instituição no Estado - a primeira é a de Aruanã, às mar-gens do Rio Araguaia.

Um investimento inicial estimado em R$ 21 milhões, o complexo doSesi em Caldas Novas, numa área de 62 mil metros quadrados no SetorJardim Paraíso, contempla parque aquático, colônia de férias e hotel, tota-lizando 204 apartamentos distribuídos em quatro blocos. Os recursospara viabilizar o projeto, previsto para ser inaugurado em 2010, envol-vem parceria entre Confederação Nacional da Indústria (CNI), Federaçãodas Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) e do Sesi Goiás.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás ediretor regional do Sesi, Paulo Afonso Ferreira, a inauguração do Sesi emCaldas Novas marca um momento histórico do turismo no Estado. "Esteé um empreendimento para todo o País. Qualidade de vida, diversão, en-tretenimento, lazer, descanso, harmonia e saúde são alguns dos atrativosque o turista encontrará na unidade de lazer", disse, ao apresentar o pro-jeto a presidentes de sindicatos de trabalhadores na indústria, durantereunião na Fieg.

Luiz Lopes de Lima, presidente da Federação dos Trabalhadores dasIndústrias do Estado de Goiás, Tocantins e Distrito Federal, parabenizoua iniciativa e destacou a parceria da Fieg com os sindicados dos trabalha-dores. "Juntos vamos promover cidadania para os trabalhadores da in-dústria. O Sesi em Caldas Novas é uma conquista de todos."

////// Prospecto:parque aquático,

colônia de férias ehotel com 204apartamentos

Depois de Aruanã,

CALDAS NOVASSesi Goiás inicia no segundo semestre as obras do seu segundo complexo de lazer, num investimento estimado em R$ 21 milhões

estreita margem de votos, quer pela forma(lei complementar), quer pelo carátercumulativo - incidirá em toda cadeiaprodutiva, destoando do texto constitucionalem seu artigo 154 e 195, em tese. Umdesgaste desnecessário para o governo aocriar essa nova contribuição, por ser elapassível de contestação judicial.

Há quem diga que a intenção do Planaltoé correr o risco na apresentação via leicomplementar, pois no caso de aprovação, ogoverno gastará o que for arrecadado e,quiçá, ficará para a próxima gestão adevolução deste, no caso de decisão judicial.

Políticos da oposição se mobilizamcontrários à aprovação da CSS. Uns maisexaltados, outros mais comedidos, porém odiscurso é uníssono quanto à utilização detodos os argumentos legislativos e jurídicoscom a finalidade de impedir sua concretização.

Cláudio Henrique de Oliveiraé economista da Fieg

A criação de novo imposto com baseem um outro, que foi extinto, é a novasensação palaciana. Ou seja, após a derrotada Contribuição Provisória sobreMovimentação Financeira (CPMF),pretende-se criar a Contribuição Social daSaúde (CSS), a pretexto de uma fonte extrade recursos para a área da saúde.

Relembre-se que, no ano passado, aCPMF foi rejeitada pelos senadores e pelapopulação, não tendo o governo federalconseguido o mínimo de votos a favor daprorrogação do imposto, que se apresentavacuriosamente como provisório desde suacriação, há 11 anos.

O governo, via lei complementar e nacarona da regulamentação da EmendaConstitucional nº 29, essa com a proposta deestabelecer bases estruturais e valores para asaúde, busca agora garantir fonte definanciamento permanente para a área com acriação da CSS. Trata-se da incidência 0,10%sobre a movimentação financeira, ficandoisentos trabalhadores que recebem até R$3.038, cuja destinação pretende-se seja oFundo Nacional de Saúde. A expectativa é deuma arrecadação adicional de R$ 10 bilhões,contra R$ 36 bilhões arrecadados, em 2007, pela CPMF.

Além de inoportuno, já se questiona atéa constitucionalidade do tributo, aprovadoaté então na Câmara dos Deputados com

artigo

Há aqueles que entendem que a forma dearrecadação escolhida, além da característicaarrecadatória com destinação específica, tempropriedade de tributar as atividades informais.Para a grande maioria, o entendimento é de quehaverá elevação da carga tributária e incrementonos preços, pois se trata de contribuição emcascata, a ser repassada para o custo dosprodutos gerados e comercializados.

Pelo estudo prévio do Instituto Brasileiro dePlanejamento Tributário, espera-se um impactosobre o preço final dos produtos de mais de0,5%, recaindo sobre todos, inclusive comreflexos na taxa de inflação.

Talvez o governo devesse apresentar outraalternativa para a sociedade, em vez da simplesinstituição da CSS, que não está em sintonia como sentimento da sociedade, principalmente sefor considerada a atual carga tributária.

O desgaste de se criar mais esse tributopoderia ser contornado com melhoria da gestãodas receitas, pois os enfermos carecem de maisrecursos, e com sua aplicação eficiente. Asociedade não se mostra contrária a destinarmais dinheiro para a saúde, no entanto é avessaa pagar mais por isso. Aliado a melhor gerênciados recursos, em vez da ampliação da receita,imposto sobre movimentação financeira temcaracterística fiscalizatória e de ampliação da basea ser tributada, pois incidirá para formais e informais.

Daí, poder-se-ia compensar a perda daCPMF com a ampliação da arrecadação obtidapelo crescimento econômico, fato notório, ou,de forma alternativa, reduzir a alíquota de outrotributo que incida sobre a produção, de forma adesonerar o setor produtivo e ainda se ter orecurso pretendido para a saúde.

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jogos do sesi

"O desgaste de se criar mais esse tributo poderia ser contornado com melhoria da gestão das receitas"

A quem interessa a CSS?

CONQUISTAS (Etapa nacional dos Jogos do Sesi)

SALTO EM ALTURA MASCULINO LIVRE/// Rafael de Jesus - MMC Automotores - 4º lugar/// Diego Medeiros - Caramuru - 6º lugar

SALTO EM DISTÂNCIA MASCULINO LIVRE/// Rafael de Jesus - MMC Automotores - 3º lugar/// Diego Medeiros - Caramuru - 9º lugar

400 METROS RASOS FEMININO LIVRE/// Janivan Lima - Correios - 2º lugar

SALTO EM ALTURA FEMININO LIVRE/// Sueney Mendes - Correios - 8º lugar

1.500 METROS FEMININO LIVRE/// Janivan Lima - Correios - 3º lugar/// Ana Lúcia - Sadia - 9º lugar

VÔLEI MASCULINO/// Perdigão - 6º lugar

VÔLEI FEMININO/// Halex Istar - 4º lugar

FUTEBOL DE CAMPO/// Grafigel - 4º lugar

FUTEBOL SETE MÁSTER/// Saneago - 2º lugar

FUTSAL/// Sama - 6º lugar

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////// Janivan participa da etapa mundial dos jogos: segundo lugar nos 400 metros rasos

“CHEGUEI CORRENDO”n Débora Orsida, de Manaus (AM)

A goiana Janivan Lima, funcionária dos Correios, conquistou segundo e terceiro lugaresnas modalidades de 400 e 1.500 metros nas provas de atletismo feminino disputadas duranteos Jogos Mundiais dos Trabalhadores, nos dias 3 e 4 de julho em Rimini, Itália. Recebida comfesta pela família e colegas de trabalho na chegada a Goiânia, Janivan gracejou ao comentarsuas conquistas: “Chequei correndo”.

Ela e Rafael de Jesus, da MMC Automotores (Mitsubishi), haviam garantido participaçãono mundial, aberto no dia 29 de junho, durante a etapa nacional dos Jogos do Sesi, disputadosem Manaus (AM), de 21 a 25 de maio, nas modalidades de atletismo de 400 metros rasos esalto em distância masculino livre.

Goiás participou dos Jogos Nacionais do Sesi com uma delegação de 74 trabalhado-res-atletas representantes das empresas Grafigel, Saneago, Sama, Halex Istar, Perdigão,Mitsubishi, Correios, Laboratório Teuto, Sinalmix, Caramuru, Brasil Center e Celg.Durante os cinco dias da competição, a capital amazonense recebeu 774 trabalhadores-atletas de todo o País. Segundo lugar no pódio na prova de atletismo de 400 metros rasos,Janivan conta que foi trabalhando nos Correios que descobriu a corrida. "Minha primeiraprova foi na Corrida dos Carteiros em 2003, mas a minha grande participação foi nosJogos do Sesi, onde me descobri atleta."

GOIÁS INDUSTRIAL 25

n Lauro Veiga Filho

Indústria tenta administrar disparada dos custos sem comprometer as vendas, mas mantém planos de investimento em novas fábricas e máquinas

matéria de capa

BICUDOSMESES

ADIANTE‘

GOIÁS INDUSTRIAL 27GOIÁS INDUSTRIAL26

capa

Embora alguns setores e empresas venham anotando maior facili-dade para repassar adiante as altas de custos, na média, essa não tem sidoa regra geral. Os números da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ainda quereflitam muito mais a situação nas regiões mais industrializadas, conse-guem desenhar um cenário aproximado do que vem acontecendo na in-dústria como um todo, Goiás inclusive.

Nos primeiros cinco meses deste ano, nos mercados atacadistas, em-bora os preços das matérias-primas brutas e de bens intermediários ten-ham observado elevações de 7,57% e 7,91%, os bens finais subirammuito menos, com variação acumulada de "apenas" 2,52%. Os produtosindustriais, da mesma forma, subiram ligeiramente menos, com elevação de 6,67%.

As taxas acumuladas em 12 meses corroboram essa tendência, mos-trando variação de 34,42% para as matérias-primas brutas e de 11,15%para bens intermediários, diante de 7,86% para bens finais e 9,63% nocaso dos produtos industriais. Segundo Gomes de Almeida, consultor doIedi, tem havido repasses dentro das cadeias industriais, num processoque ainda não teria atingido plenamente os preços pagos pelo consumidor no varejo.

A indústria do trigo, afetada pela alta de 130% nos preços do grão nosúltimos 12 meses, conseguiu repassar aos preços finais da farinha emtorno de 60% da variação observada para a matéria-prima. Mas pagou umpreço por isso, sancionando queda de 10% no consumo da farinha. Parteda alta, aponta o presidente do Sindicato dos Moinhos de Trigo da RegiãoCentro-Oeste (Sindtrigo), André Lavor Pagels, foi compensada pela sus-pensão da cobrança do PIS/Cofins sobre trigo, farinha e pão. A isenção,

diz ele, foi repassada pelos moinhos, resultando numa redução de 5% nopreço da farinha. A questão, reclama, é que o trigo estava a R$ 780 a tone-lada, posto no Paraná, antes da retirada da contribuição e continuou a R$780 depois, o que correspondeu, na verdade, a um aumento disfarçado.

Os moinhos com maior fôlego e poder financeiro já haviam provi-denciado estoques suficientes para suprir o mercado até maio. No mêspassado, já houve alguma movimentação no mercado, com moinhos re-tomando compras a preços mais elevados. Para julho, há a perspectiva denovas pressões altistas, diante do esgotamento das reservas armazenadaspela indústria de moagem e da retomada da tendência de alta no mercadointernacional. Na Bolsa de Chicago, a cotação dos contratos de segundaposição (para entrega em setembro) saiu de US$ 7,77 para US$ 8,84 entreo final de maio e o dia 20 de junho, subindo 13,7%. Mas já havia rondadoa casa de US$ 9,22 no dia 18, baixando 4% desde então. Em 12 meses, ogrão acumulava elevação de 42,4%.

Lavor acredita em nova acomodação do mercado entre agosto e no-vembro, quando chegará ao mercado a nova safra, estimada em 101,5 miltoneladas no Centro-Oeste (mais 23,4%). A produção brasileira, em fasede recuperação, deverá crescer 35%, alcançando 5,16 milhões de tonela-das (50% do consumo estimado para o País), a maior desde a colheita de2005. Até lá, os moinhos vão operar "da mão para boca", evitando acu-mular estoques de forma a não causar novas pressões de alta.

Operando a 70% de sua capacidade, os moinhos aguardam a criação,pelo governo federal, de uma linha de crédito especial para financiar acompra da safra que vem aí. Os recursos deverão ser destinados às indús-trias, que responderiam pela aquisição de toda a produção.

Processo ainda não esgotado

"As indústrias tentaram segurar ao máximo o repasse aos preços”Cláudio Henrique de Oliveira, economista da Fieg

Desafios para a indústriaA escalada recente dos custos de matérias-primas,

insumos e bens intermediários, concentrada principal-mente em três grupos de produtos básicos para quasetoda a indústria - ferro e aço, grãos e, mais importante,petróleo -, e a retomada da política de aperto monetáriodesenham um cenário desafiador para a indústria nospróximos meses. "Entre junho e o final do ano, e talvezaté o início de 2009, o setor industrial enfrentará meses'bicudos' para sua rentabilidade", resume o consultordo Instituto e Estudos para o DesenvolvimentoIndustrial (Iedi), Júlio Sérgio Gomes de Almeida.

O que o economista quer demonstrar é que o pe-ríodo em curso colocará para o setor a complicada mis-são de lidar com aqueles aumentos de custos - e os ju-ros são apenas mais um ingrediente nessa equação -,preservar o nível de vendas e os investimentos semcomprometer em excesso as margens de rentabilidade.Na verdade, ressalta Gomes de Almeida, esse processode forte aumento de custos tem como ponto de origema inflação das commodities (grãos, petróleo e metais)no mercado internacional, provocada por uma intensatransformação da economia global. "Não há um gramade contribuição da indústria brasileira para esse au-mento", destaca ainda.

Em Goiás, até aqui, os setores mais afetados peloaumento das matérias-primas têm conseguido, com ex-ceção para um ou outro segmento, repassar essa altaaos clientes apenas parcialmente, numa estratégia deli-berada para preservar mercados, mesmo diante de umaeconomia reconhecidamente aquecida. Esse é umdado, aliás, que tem contribuído para manter vivos osplanos de investimento em novas expansões.

"As indústrias ouvidas numa rápida consulta pelaFieg (Federação das Indústrias do Estado de Goiás)tentaram segurar ao máximo o repasse de custos aospreços para manter as vendas em elevação, optando poruma política gradual de recomposição dos preços co-brados aos clientes", confirma o economista da enti-dade Cláudio Henrique de Oliveira.

O setor realizou investimentos em 2006 e 2007para renovação e expansão do parque industrial, co-menta Oliveira, evitando riscos de estrangulamentomais à frente, num planejamento que levou em consi-deração a perspectiva de crescimento do consumo. Orepasse acelerado dos aumentos recentes poderia colo-car em risco, no limite, o próprio retorno dos recursosimobilizados em ativos fixos e modernização de plantasjá instaladas.

//// // Sousa: sem previsão deestabilização dos preços dosfertilizantes por enquanto

////// Gomes de Almeida: previsão de "meses bicudos" para a rentabilidade do setor industrial entre os meses finais de 2008 e o começo de 2009

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Por que o petróleo sobe

No ano passado, o mundo consumiu85,22 milhões de barris de petróleo por dia,significando um acréscimo de 1,1% ou 990mil barris/dia. Mas a produção recuou0,2%, para 81,53 milhões de barris (126 milbarris a menos). O déficit entre oferta e de-manda alargou-se, portanto, numa tendên-cia observada ao longo dos anos 90 e naprimeira década do século 21.

Há 10 anos, o consumo superava aprodução global por uma diferença de1,9%. Enquanto os poços de petróleo colo-cavam no mundo o correspondente a72,23 milhões de barris diariamente, aeconomia mundial consumia pouco me-nos de 73,60 milhões de barris. Desde1997, o consumo acumulou um aumentode 15,8%, exigido uma oferta adicional de11,62 milhões de barris.

Mas a produção, diante de um aparenteprocesso de esgotamento das reservas pro-vadas, estacionadas em torno de 1,24 bilhãode barris, não acompanhou o ritmo frené-tico do consumo, crescendo menos de 13%no período. Em números arredondados, aprodução saiu de 72,23 milhões para 81,53milhões de barris, num acréscimo de 9,30milhões de barris/dia.

A China (Hong Kong incluída) respon-deu por praticamente um terço do cresci-mento verificado para o consumo de petró-leo entre 1997 e 2007, de acordo com rela-tório da British Petroleum (BP).Praticamente metade do crescimento da de-manda teve origem nos países da região daÁsia/Pacífico. Entre 2006 e 2007, os chine-ses foram responsáveis por 37% do au-mento do consumo e a Ásia em conjuntoteve participação de 60%.

"No ano passado,nessa mesma épocaacreditávamos queos (preços dos)fertilizantes teriamchegado ao limite.Erramos todos"George Wagner Bonifácio e Sousa,presidente da Associação dosMisturadores de Adubos do Brasil(Ama Brasil)

Os dois lados da moedaO impacto da elevação de custos tem sido percebido de forma dife-

renciada segundo o porte da empresa. No setor de fabricação de rações, oaumento veio junto com um maior rigor do Ministério da Agricultura,Pecuária e Abastecimento (Mapa) nas exigências de qualidade em todo oprocesso de produção e de observação estrita de normas de sanidade.Instalada há dois anos e meio em Turvânia (GO), a Rações HV, empresada Agropecuária Gomes, decidiu em março cancelar seu registro noServiço de Inspeção Federal (SIF).

A empresa, que processava 500 sacas por dia de soja, algodão e nú-cleo (sal mineral e nutrientes formulados), ocupando 400 m² de áreaconstruída, desativou a produção de ração e demitiu todos os dez funcio-nários que empregava diretamente. Outros cinco trabalhadores, ocupa-dos indiretamente pela empresa, também ficaram sem colocação. Para fa-zer todas as adequações exigidas pelo Mapa, detalha Helder MartinsPignatti, proprietário da empresa, a Rações HVteria que investir entre R$ 60 mil a R$ 80 milnuma fase complicada para os negócios, exa-tamente por conta da disparada dos custos econseqüente queda nas vendas.

A saca de 25 quilos de sal mineral, que aempresa comprava a R$ 43 até dezembro pas-sado, saltou para R$ 112, representando umaumento de 160%. As vendas do produto des-abaram 70%, de acordo com Pignatti. Mas elenão pretende desistir de vez da atividade. Oempresário espera que o mercado se norma-lize para retomar os planos de construir novafábrica, em área mais afastada do centro da ci-dade, a ser cedida pela prefeitura, conformesua expectativa. O projeto prevê dobrar a pro-dução para mil sacas de ração por dia, num in-vestimento estimado entre R$ 160 mil a R$180 mil, com entrada em operação esperadapara 2009 ou 2010. "Vamos precisar da ajudado Banco do Brasil para financiar o investi-mento, porque o mercado de rações ainda épromissor diante do aumento dos preços doleite e da arroba do boi", arremata.

Expansão à vista - A Fri-Ribe aguarda aaprovação do governo estadual para iniciarum projeto que prevê investimentos ao redorde R$ 4 milhões, com recursos próprios e daFiname, agência do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social

(BNDES) responsável pelo financiamento de máquinas e equipamentos.A nova unidade, projetada para o Distrito Agroindustrial de Anápolis(Daia), segundo Márcio Paiva, gerente geral da unidade goiana da indús-tria, deverá ter capacidade para 35 mil a 40 mil toneladas de rações porano, significando uma expansão entre 40% e 60% em relação à plantaatual, que processa até 25 mil toneladas anualmente.

Com cinco unidades em todo o País e sede em Pitangueiras (SP), aFri-Ribe está há 33 anos em Anápolis e não vê no encarecimento dos cus-tos um obstáculo real para seus planos de crescimento. Na verdade,afirma Paiva, todos os aumentos foram repassados aos clientes. Na for-mulação de seus produtos, a fábrica utiliza soja, milho, sorgo, fosfato bi-cálcio e sal mineral. Os preços do suplemento mineral, informa o gerente,foram exatamente os que mais subiram desde dezembro passado.

A tonelada do produto, que custava à empresa em torno de R$ 850,subiu para R$ 2.300, num incremento superior a 170%. "O fosfato bicálcio tem sidoo grande vilão e a indústria alega que seus pre-ços ainda estão defasados", comenta. Os pre-ços do farelo de soja, que giravam ao redor deR$ 350 a R$ 380, atingiram alguma coisa emtorno de R$ 670 a R$ 680, acumulando umavariação média de 85% e máxima de 94%. "Asaca do milho chegou a ser comprada a R$ 25,mas, com a safra, baixou para R$ 20.Esperamos nova elevação no segundo semes-tre", avisa Paiva.

O repasse trouxe conseqüências para aempresa, que acusou retração de 15% nas ven-das de suplemento mineral nos primeiroscinco meses de 2007. O tombo foi mais doque compensado pelo avanço na venda deconcentrado. "No geral, em volume, nossasvendas cresceram 10% no período", adiantaPaiva. A Fri-Ribe prepara-se para rever suasprevisões para o ano, que contemplavam cres-cimento de 5% em relação a 2007.

Em maio, data-base da categoria, a em-presa e seus funcionários negociaram um rea-juste de 5,9% para os salários, conforme a va-riação acumulada do Índice Geral de Preçosdo Mercado (IGP-M). Para preservar o quadrode pessoal, a Fri-Ribe acertou a distribuição decestas básicas e ticket refeição, além da contra-tação de plano de saúde e seguro de vida.

"O fosfato bicálcio tem sido o grandevilão (do aumento decustos para fabricantesde ração) e a indústriaalega que seus preçosainda estão defasados"Márcio Paiva, gerente geral da unidade de Goiás da Fri-Ribe

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-O balanço entre oferta e demanda deverá manter-se apertado "desta-cadamente" até 2011, segundo previsões da Associação Internacional daIndústria de Fertilizantes (IFA, na sigla em inglês), afirma o presidente daFertilizantes Aliança e da Associação dos Misturadores de Adubos doBrasil (Ama Brasil), George Wagner Bonifácio e Sousa. "No ano passado,nesta mesma época, acreditávamos que os (preços dos) fertilizantes te-riam chegado aos limites máximos. Historicamente, nunca havia se vistonada igual. Erramos todos, diante do imprevisível comportamento da de-manda por commodities agrícolas no mundo", sentencia.

Tomando janeiro de 2007 como base, lembra Sousa, os preços da to-nelada de uréia, com 45% de nitrogênio, maior fonte de suprimento parafertilizantes nitrogenados, subiram 150% (de US$ 280 para US$ 700). "Auréia atende a 64% do nitrogênio consumido pela agricultura em todo omundo", pontua o presidente da Ama Brasil. A tonelada do MAP (fosfatomonoamônico) era importada a US$ 300, sem considerar frete, impostose taxas, saltando para US$ 1.250, um avanço de 317%.

No mesmo período, o cloreto de potássio passou de US$ 200 para US$850 a tonelada, o que significou uma elevação de 325%. Mas, de acordo comSousa, os embarques programados para agosto já incluem umpreço de US$ 1 mil, embutindo uma variação de 400%.Destaque absoluto, até aqui, o super-fosfato triplo,com 45% de fósforo, experimentou salto de450%, pulando de US$ 200 para US$ 1,1 mil en-tre janeiro de 2007 e junho deste ano.

Os preços dos produtos formulados, queutilizam fontes de nitrogênio, fósforo e potássioem dosagens variadas, acompanharam parcial-mente os aumentos das matérias-primas. "A indústriamisturadora, por várias razões, não repassa os au-mentos, imediatamente, nos mesmos níveisde reposição dos estoques. Mas levam emconta, sim, os valores históricos desses esto-ques", declara Sousa. Na prática, portanto, ospreços tendem a continuar subindo na pontado produtor, pois os custos presentes de reposi-ção são hoje mais elevados do que os valoresmédios observados meses atrás, quando os es-toques foram adquiridos.

Numa estimativa particular, baseada emsua experiência no mercado, Sousa acreditaque o agricultor deve estar pagando, atual-mente, "preços de 45 a 60 dias atrás, ou seja,em torno de 20% mais baixo que os custosatuais". Mas ele recomenda que esse dado não

deva ser generalizado e nem seja aceito como definitivo. Trata-se, aponta,mais de um 'feeling' sobre como funciona esse mercado.

De uma forma ou de outra, não parece provável, a essa altura, que ospreços tendam a uma acomodação, já que todos os fatores que justifica-ram a alta dos insumos no mercado internacional ainda estão presentes."Os estoques mundiais de grãos continuam baixos e representam 15,6%do consumo global, conforme dados do USDA (Departamento deAgricultura dos Estados Unidos). A demanda mundial por commoditiesagrícolas continua aquecida e, portanto, os fertilizantes seguem o mesmocaminho. Faltam navios, os fretes todos estão mais caros e há, ainda, apressão do etanol sobre a produção de alimentos", analisa.Adicionalmente, a oferta mundial de fertilizantes tem se mantido estável equaisquer investimentos só deverão trazer resultados mais à frente.

As misturadoras têm feito esforços para identificar fontes novas emais baratas de suprimento ao redor do mundo. "Na busca constante porsoluções comerciais e agrotécnicas adequadas, a indústria teve de abrirnovos espaços, premida pela escassez mundial, buscando fornecedoresna Coréia, na China e em outros países", detalha.

Aumentos de até 450%Em geral, a Central Metalúrgica

Catalana (CMC) aplica o Índice Nacionalde Preços ao Consumidor (INPC) paracorrigir os salários de seus funcionáriostodos os anos. Mas a falta de pessoal qua-lificado na região e a grande concorrênciaentre as empresas por mão-de-obra capa-citada têm levado a empresa arbitrar au-mentos entre 10% e 15% para aqueles em-pregados com maior nível de qualificação."A empresa não pode investir e prepararum funcionário durante anos paraperdê-lo para empresas concorrentes",afirma o gerente Administrativo e deRecursos Humanos da CMC, AntônioMarcelo Pasqualin.

A metalúrgica também está de malasprontas para se instalar em três galpões numaárea de 25 mil m², dentro do distrito indus-trial de Catalão. Desde abril, parte da opera-ção já acontece nas novas instalações, quepermitirão ampliar a capacidade instalada em50%, saindo das atuais 40 para 60 toneladasde aço laminado a frio por mês, consumidasna usinagem de peças industriais para a in-dústria de mineração.

Apenas as instalações e equipamentos daplanta consumiram aproximadamente R$ 1milhão, de acordo com Pasqualin. A CMCtem sido favorecida pelos projetos de expan-

Reajustesdiferenciados

são das maiores mineradoras em operação noEstado. "Trabalhamos sob encomenda e rece-bemos um pedido para a fabricação de seiscontêineres para a unidade de Barro Alto daAnglo American, num total entre 26 a 32 to-neladas, para entrega em outubro", conta o gerente.

Além da Anglo, que investe quase US$ 2bilhões em Barro Alto, a Fosfértil (rocha fos-fática e fertilizantes) e a Mineração Catalão(ferronióbio) trabalham para duplicar sua ca-pacidade de produção. De acordo com as pro-jeções de Pasqualin, caso todos os pedidos de

orçamento se transformem em pedidos fir-mes e a CMC terá trabalho pelos próximosdois anos, o que mais do que justifica o inves-timento em fase de realização.

O aço laminado, que representa cerca de70% a 80% do custo total de produção da me-talúrgica, relembra Pasqualin, subiu mais de20% em menos de três meses, com reajuste de9,29% aplicado pelas distribuidoras em abrile mais 10% em junho deste ano. A empresatem conseguido administrar as pressões sobreos custos, já que o mercado aquecido permiterepassar aos clientes as altas observadas.

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/IEL

Há décadas o País convive com planos e projetosque antecipam o futuro logo à esquina. Muitos naufra-garam, entre outros motivos, por falta de planejamento,gestão e, principalmente, de mobilização dos vários ato-res envolvidos. “Estamos cansados de assistir ao lança-mento de programasde desenvolvimento ede políticas industriaisno País sem que nadade concreto aconteça”,declarou o presidenteda Fieg, Paulo AfonsoFerreira, na entrevistacoletiva que antecedeuo primeiro encontropromovido fora deBrasília pelo Ministériode Desenvolvimento,Indústria e ComércioExterior (Mdic) e pela Agência Brasileira deDesenvolvimento Industrial (ABDI) para debater aPolítica de Desenvolvimento Produtivo (PDP).

O propósito desses encontros, que deverão se re-petir em outros Estados, detalha o presidente da agên-cia, Reginaldo Arcuri, é definir, em articulação com osetor privado e as administrações estaduais, um planode ação que forneça bases concretas para a efetiva im-plantação do PDP, além de mobilizar o empresariado aperseguir as metas traçadas. O ponto de partida, se-gundo ele, será a identificação de gargalos, vocações re-gionais e vantagens comparativas locais para a defini-ção de diretrizes que permitam traçar uma linha comum de ação.

Arcuri chamou atenção para o caso da necessidadede qualificação da força de trabalho no País, lem-brando que há várias instituições que cuidam desse se-tor, dentro e fora do governo. “Por que não focar todosos esforços nesta área em uma mesma direção?”, ques-tiona. Em sua visão, o desenvolvimento será efetiva-mente alcançado apenas se houver uma coordenaçãoeficiente em todas as áreas envolvidas.

Paulo Afonso considera que o PDP define instru-mentos corretos e está no caminho desejado pelo setorindustrial, ao promover a desoneração de investimen-

tos e das exportações. Mas cobrou a definição de umsistema de gerenciamento eficiente para que a inicia-tiva não se perca entre outras igualmente bem inten-cionadas, mas implementadas de forma equivocada oudesconectada do lado real da economia.

Arcuri lembrouque o PDP conta comuma secretaria execu-tiva e um comitê ges-tor, encarregados deacompanhar e fazercumprir as metas es-tabelecidas. SegundoArcuri, a existência,desde o final de 2006,da Rede Nacional deAgentes de PolíticaIndustrial (Renap),coordenada pela agên-

cia, deverá facilitar o processo de articulação entreas várias pontas do PDP, contribuindo para criar sis-temas de gestão e boa governança.

O aumento dos salários ainda não chegou a afetar as margensde rentabilidade praticadas pela indústria, na avaliação do consul-tor do Iedi, Júlio Sérgio Gomes de Almeida. No ano passado, cita oeconomista, os rendimentos dos trabalhadores na indústria acumu-laram variação de 3,5%, enquanto a produtividade das empresas in-dustriais aumentou 4,2%. "Isso assegura sustentabilidade ao pro-cesso de crescimento do setor e, na média, significa que a lucrativi-dade ainda não havia sido afetada".

Mas a indústria terá de manter e mesmo ampliar seus ganhosde produtividade neste ano, para não perder rentabilidade. "Nemtodos os aumentos de custos poderão ser repassados à frente por-que há um limite para isso, imposto pelo mercado", complementaGomes de Almeida.

Nos 12 meses encerrados em abril, de acordo com dados doInstituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produtivi-dade da indústria em geral cresceu 4,47%, para um aumento de6,67% nos salários. Na indústria de transformação, salários e produ-tividade cresceram, pela ordem, 6,04% e 4,54%. Ao que parece, osrendimentos dos empregados no setor passaram a correr à frente daprodutividade. Mas essa pode ser uma conclusão ainda apressada.

Segundo o IBGE, entre 17 setores de atividade na indústria detransformação, a produtividade ficou atrás dos salários em apenascinco (alimentos e bebidas, refino de petróleo e combustíveis, me-talurgia básica, produtos de metal e na categoria "outros produ-tos"). A indústria goiana, segundo a pesquisa IndicadoresIndustriais, da Fieg, parece trilhar ca-minho semelhante, na média do setor,com os salários aparentemente correndo àfrente da produtividade. No acumuladoentre janeiro e abril, sempre na compara-ção com igual período de 2007, as horastrabalhadas, um indicador mais próximodo desempenho da produção física, au-mentaram 12,04%, frente a crescimentode 7,93% para o total de empregos, en-quanto a massa real de salários engordou 14,60%.

Mas a pesquisa mostra um dado forte-mente positivo quando se trata de avaliaras possibilidades de crescimento do setorindustrial no médio e longo prazos. A des-peito de um salto de 15,8% nas vendas, jádescontada a variação do Índice de Preçosno Atacado (IPA), da FGV, o nível de utili-zação da capacidade instalada caiu 5,21

pontos percentuais. O dado mostra que a indústria realizou investi-mentos para expandir suas operações no Estado, podendo pensarem vôos mais altos sem temer o estrangulamento de sua capaci-dade de produção.

Pode-se esperar, no entanto, pressões de um outro flanco.Antes mesmo de decretado o mais recente aperto monetário, numprocesso que tende a ser incrementado pelo Banco Central daquiem diante, o custo do dinheiro para as empresas já havia sido rea-justado pelos bancos. A taxa média de juros nos empréstimos apessoas jurídicas, em abril, havia subido para 26,3% ao ano, diantede 22,9% em dezembro e de 25,3% em abril de 2007. As operaçõesde crédito do sistema financeiro como um todo no setor industrialnão haviam perdido fôlego, no entanto. Em abril, o saldo dos em-préstimos contratados pela indústria havia alcançado R$ 237,37bilhões, acumulando crescimento de 11% no ano e de 35,5% em 12 meses.

A nova política industrial, anunciada recentemente pelo go-verno sob o nome pomposo de Política de DesenvolvimentoProdutivo (PDP), na visão de Gomes de Almeida e de CláudioHenrique de Oliveira, economista da Fieg, poderá ajudar a com-pensar os aumentos de custos e suavizar possíveis perdas de lucra-tividade. A desoneração de investimentos produtivos, destacando-se a possibilidade de depreciação acelerada, e a ampliação dos pra-zos de financiamento para investimentos em máquinas e equipa-mentos apontam nessa direção, avaliam ambos.

GOIÁS INDUSTRIALGOIÁS INDUSTRIAL 3332

capa

Produtividade, salários e juros Um plano de ação

//// // Paiva, da Fri-Ribe:investimento de R$ 4milhões deveampliar capacidadeem até 60%

//// // Lavor, presidentedo Sindtrigo: trigomantém preçomesmo após reduçãode PIS/Cofins

//// // Arcuri apresenta PDP a empresários: articulação para implantar nova política industrial

AS GRANDES METAS DO PDP PARA 2010

////// AMPLIAR O INVESTIMENTOFIXO DE 17,6%PARA 21% DO PIB

////// AUMENTAR A PARTICIPAÇÃODO PAÍS NAS EXPORTAÇÕESMUNDIAIS DE 1,18%PARA 1,25%

////// ELEVAR O GASTO PRIVADO EM PESQUISA EDESENVOLVIMENTO DE 0,51% PARA 0,65%

////// EXPANDIR O TOTAL DEMÉDIAS E PEQUENASEMPRESAS EXPORTADORAS DE 11.792 PARA12.971 UNIDADES

GOIÁS INDUSTRIAL 35GOIÁS INDUSTRIAL34

QUANTO MAISNOVIDADE,MELHOR

cluindo R$ 450 milhões em financia-mentos não reembolsáveis.

Os empréstimos deverão ser divididosentre seis áreas: tecnologia de informação e

comunicação, biotecnologia, saúde, programasestratégicos, energia e desenvolvimento social. A

questão, apontou o presidente do conselho da Fieg, é queno ano passado foram aplicados efetivamente apenas 26% dos re-

cursos reservados às áreas de biodiversidade, biotecnologia e saúde,de um total previsto em R$ 100 milhões. Ainda no segmento de bio-tecnologia, em 2006, foi aprovada a liberação de 41% dos R$ 30 mil-

hões originalmente previstos.Alexandre Cabral, coordenador regional do Prêmio Finep, afir-

mou que a edição 2008 traz, além da novidade representada pelalinha de crédito, "um inflexão importante". Não se trata, exata-mente, de uma mudança de propósitos, mas de um novo enfoque. Aseleção das empresas passa a considerar o conjunto de atividadesinovadoras desenvolvidas nos últimos três anos, a sua capacidadede gerar parcerias para a inovação e de formatar instrumentos de fi-nanciamento e investimento nesta área. "Estamos lidando comportfólios de projetos e com empresas que apresentam iniciativassistemáticas na área de inovação", resumiu Cabral.

Nova versão do Prêmio Finepoferece crédito a pequenasempresas inovadoras. Fieg lança o Prêmio Goiás de Inovação

O Ministério de Ciência e Tecnologia, por meio da Financiadorade Estudos e Projetos (Finep), decidiu incrementar a edição 2008 dotradicional Prêmio Finep de Inovação, destinando aos vencedoresregionais e nacionais, em cada categoria, uma linha de crédito pré-aprovado para financiar o desenvolvimento de produtos e processosinovadores. O vencedor na categoria micro e pequenas empresas, as-sim consideradas aquelas com faturamento bruto de até R$ 10,5milhões em 2007, receberá, na etapa regional, até R$ 500 mil, sob aforma de subvenção econômica. Na fase nacional, caso vença, po-derá acrescentar outros R$ 500 mil, nas mesmas condições.

Para empresas de porte médio, com faturamento acima deR$ 10,5 milhões e até R$ 60 milhões, o limite de crédito poderáchegar a R$ 1 milhão, subindo para até R$ 5 milhões na fase na-cional do prêmio. As grandes empresas (faturamento anualacima de R$ 60 milhões) só entram na etapa nacional e concor-rem, entre outras vantagens, a um financiamento de até R$ 10milhões, a custos favorecidos.

A versão do Prêmio Finep para a Região Centro-Oeste foi apre-sentada ao público no início de junho. As inscrições já estão abertase poderão ser feitas até 29 de agosto. Lançado na mesma data, oPrêmio Goiás de Inovação, com objetivos semelhantes, mas focadoespecificamente em indústrias inovadoras e instituições de ciência etecnologia, aceitará inscrições até 25 de agosto. "O papel da Fieg(Federação das Indústrias do Estado de Goiás) é o de estimular acriação de uma cultura inovadora no setor, motivando as empresas ainvestirem em pesquisa e tecnologia", destacou o presidente doConselho Temático de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação daentidade, Ivan da Glória Teixeira.

O Prêmio Goiás de Inovação foi pen-sado e desenhado dentro do conselho te-mático, em parceria com Senai Goiás, ,Sebrae Goiás, Fundo de Apoio à Pesquisa doEstado de Goiás (Fapeg), Universidade Católicade Goiás, Finep e Vilage Marcas e Patentes, que ofere-cerá assessoria às empresas vencedoras no processo de registro depatentes. Entre elogios aos esforços para a promoção da pesquisatecnológica e da inovação, Teixeira lembrou que o volume de recur-sos destacado pela Finep para subvenção econômica a empresas eprojetos inovadores, neste ano, repete o orçamento de 2007, in-

////// Marco César Chaul, da Neokoros: sistemas biométricosde segurança, comreconhecimentodigital

inovação tecnológicainovação tecnológica

GOIÁS INDUSTRIAL36

Solução brasileira para coreanosEspecializada na criação e desenvolvimento de hardwares, softwares

e aplicativos para sistemas biométricos de segurança e controle, insta-lada em Goiânia há seis anos e meio, a Neokoros Brasil Ltda arma-separa concorrer ao Prêmio Finep deste ano. A empresa desenvolveu umequipamento "stand alone" para reconhecimento de impressão digitalcom desempenho idêntico a similares que operam on-line.

Os pesquisadores da Neokoros, que destina 20% de seu faturamentopara investimentos em pesquisa e desenvolvimento, descreve MarcoCésar Chaul, diretor da Tecnologia da empresa, criaram um processoque permite portar o algoritmo de identificação biométrica original-mente instalado em um servidor para um processador do tipo ARM9."Ninguém faz isso hoje no mundo", assegura ele.

O sistema de reconhecimento opera off-line e tem capacidade proje-tada e testada para mais de 30 mil acessos, com velocidade de respostainferior a um segundo. O novo equipamento, estima Chaul, deverá tri-plicar o faturamento entre 2008 e 2009. Embora todo o desenvolvi-mento tenha ocorrido em Goiânia, o hardware será produzido na Coréiado Sul, pela Testech International, que mantém uma parceria tecnoló-gica com a Neokoros.

Nessa parceria, a parte de hardware é licenciada à Testech, que pro-duz os equipamentos para a Neokoros sob demanda. Em troca, a em-presa goiana desenvolve drivers, sensores USB e outros equipamentospara a coreana.

Chaul estima que precisaria de alguma coisa próxima a R$ 200 milpara adaptar as instalações da empresa e adquirir o maquinário necessá-rio para a produção dos equipamentos aqui mesmo. Dinheiro que po-derá vir com o Prêmio Finep, por exemplo.

A Neokoros ostenta, atualmente, uma carteira com 350 clientesespalhados por São Paulo, Brasília e Minas Gerais, além de Goiânia,

e pretende manter um crescimento médio de 30% ao ano, seguindoas metas estabelecidas em seu planejamento estratégico, depois doverdadeiro boom experimentado nos primeiros três anos da opera-ção. Entre os clientes, a empresa relaciona as penitenciárias de se-gurança máxima de Catanduva (SP) e Campo Grande (MT), ofrigorífico Marfrig, com 15 mil funcionários, onde aNeokoros monitora todo o acesso às unidades do grupo,contas e refeitórios, em parceria com a TradesysSoluções em T.I.

A empresa está dentro ainda da Politec, empresalíder nas áreas de outsourcing e de gestão eletrônicade documentos, e que poderia, em princípio, servista como concorrente da Neokoros. Afinal, aPolitec desenvolveu a tecnologia de identificaçãopor meio da íris, adotada pela Nasa e peloBureau Federal de Investigações (FBI). "APolitec necessitava de um sistema que operassecom segurança e sem falhas para grande fluxode pessoas. Hoje, nosso sistema faz o controlede acesso da empresa em Brasília e está emprocesso de expansão para outras filiais da em-presa", conta Chaul.

As placas e o algoritmo criado pelaNeokoros estão, neste momento, em fase dehomologação pelo pessoal da Dimep, tradicio-nal fabricante de relógios de pontos e sistemasde controle de acesso. A expectativa é de que, embreve, o coração das máquinas da Dimep passe afuncionar com tecnologia Neokoros.

Prêmio Goiás de InovaçãoCriado pelo Conselho Temático de Desenvolvimento Tecnológico e

Inovação da Fieg, em parceria com Senai, Goiás, Vilage Marcas ePatentes, Fapeg, Sebrae, Finep e Escritórios de Projetos (UCG e Fieg), oPrêmio Goiás de Inovação tem como objetivo central identificar e pre-miar esforços inovadores realizados por indústrias e instituições de ciên-cia e tecnologia do Estado.

As demais metas da premiação contemplam a divulgação de proces-sos e produtos inovadores e o apoio à divulgação do Prêmio Finep, bus-cando ampliar o volume e a qualidade da participação de indústrias e ins-tituições goianas. Inovações compreendem implantações de produtos eprocessos novos e substanciais, melhorias em produtos e processos. Umainovação de produto e processo é considerada implantada se tiver sido in-

troduzida no mercado (inovação de produto) ou usadano processo de produção (inovação de processo). Podem par-ticipar indústrias e instituições públicas ou privadas, com sede emGoiás, que tenham a inovação como elemento relevante em suas estraté-gias de atuação ou crescimento.

Os vencedores receberão troféus, bolsa de estudos em curso de gradua-ção ou pós-graduação das Faculdades de Tecnologia do Senai de Goiás; pas-sagem aérea, oferecida pelo Senai, para participar de feira, seminário oucongresso sobre o tema tecnologia e inovação, nacional ou internacional;bolsa de estudo para o Empretec, do Sebrae; assessoria de registros de pa-tentes no INPI, oferecida pela Vilage Marcas; bolsa de estudo a dois cursosdo , e consultoria do Escritório de Projetos (convênio UCG/Fieg).

GOIÁS INDUSTRIAL38

talentos

CABEÇA-DE-OBRAEm parceria com 16 empresas, Goiás realiza programa dedesenvolvimento de estagiários quealia formação técnica e intelectual

um, com vistas a propiciar exatamente a união do téc-nico ao comportamental. "A pessoa que busca conhe-cer-se profundamente, em geral, mostra uma atitudede abertura e essa característica ajuda no crescimentoprofissional". Enveredar-se pela rota do autoconheci-mento nem sempre é fácil e cômodo, mas, para os es-tudiosos, é caminho para muitas respostas, para si-tuações de insegurança, de medos que atrapalham adesenvoltura humana no campo profissional. Deacordo com Lysia Moreira, o mais importante nabusca do conhecer-se a si mesmo é a abertura e a dis-ponibilidade de cada indivíduo que passará a ter maisautoconfiança e noção clara das dificuldades e poten-cialidades que possui.

Inegavelmente o mercado está a exigir sempremais dos profissionais e já não é suficiente apenas terconhecimento técnico e experiência. Atualmente, asquestões referentes ao autoconhecimento somampontos para o indivíduo se posicionar diante dos ou-tros e dos desafios que lhe são apresentados. Ao quetudo indica, o valor do autoconhecimento no século21 reside na descoberta do caminho que se quer se-guir, das mudanças a fazer, das escolhas no campoprofissional, etc.

"Os primeiros passos para se alcançar o sucesso éconhecer a si mesmo", aponta a psicóloga LysiaMoreira. Consultora do IEL Talentos, ela despertanos 20 jovens uma análise intensa do "eu" de cada

Plano de vida:concluir afaculdade e ser gestor de uma grandeempresaDanilo Drumond, estudantede Administração

PROGRAMA TALENTOS-DESENVOLVIMENTO DEESTAGIÁRIOS / CICLO 2008

ORGANIZAÇÕES PARCEIRAS

/// Crer

/// Mabel

/// Goiarte

/// Sinduscon

/// Teuto

/// Grupo Terral

/// Cervejaria Imperial

/// Later Engenharia

/// Cotril Máquinas

/// Leinertex

/// Habitasul Imobiliária

/// São Jorge

/// Novo Mundo

/// LG Informática

/// Regra Logística

/// Quero Alimentos

CORREÇÃONa legenda do gráfico "Recursos do PCP", página 33, da edição 222, de maio deste ano, o financiamento privadoresponde por 40% do financiamento do Programa de Capacitação Profissional e não por 20% como publicado.

nCélia Oliveira

Muito se tem falado em planejamento de carreira, habilidades, com-petências, comportamento profissional e trabalho em equipe. Esses e ou-tros itens, abordados com freqüência em palestras, cursos e treinamentos,são requisitos procurados por empresas na hora de contratar um novo co-laborador. Se, individualmente, isso é razão para automotivação, podeservir igualmente para que as organizações possam contribuir com o des-envolvimento de trabalhadores e profissionais nos campos técnico e inte-lectual. Isso mesmo! Não é somente de mão-de-obra básica que as empre-sas estão carentes, mas também de inteligência ou, na linguagem popular,"cabeças pensantes".

Nesse sentido, uma ação do IEL Goiás ganhou adeptos para o desen-volvimento de estagiários. Dezesseis empresas parceiras para o Ciclo2008 do Programa IEL Talentos-Desenvolvimento de Estagiários colabo-raram com a definição da metodologia, focada no saber, saber fazer e sa-ber agir e ferramentas específicas. O resultado é um conteúdo comporta-mental e de gestão focado no aperfeiçoamento de um perfil de liderança,que será ministrado a um grupo de 20 jovens selecionados. "Eles serãopreparados para agregar valor às empresas, propor soluções, ser parte donegócio", define a gerente do programa, Núbia Rodrigues Almeida.

As empresas parceiras do Ciclo 2008 do IEL Talentos, das quais mui-

tas já publicaram em jornais seus requisitos de contratação, acolhem es-ses estagiários com nova visão. "Vimos no Programa a oportunidade paraformar engenheiros com a cara da empresa", diz Helen Oliveira, supervi-sora do estagiário Suelho Elias, na Goiarte.

Para a psicóloga e supervisora de outro jovem participante do pro-grama, Andréia Hanna, essa sinergia soma para o coletivo. DaniloDrummond, 19 anos e estudante de Administração, assistido porAndréia, conta que sua maior expectativa é ter diferencial no mercado detrabalho. Quando foi selecionado, ele viu-se diante de uma chance de rea-lizar seu projeto de vida após concluir a faculdade.

Sinergia com indicadores empresariais

Autoconhecimento, o ponto de partida

"O programa tem o Ciclo 2008 respaldado nas necessidades domercado, naquilo que as empresas querem e precisam", evidencia o su-perintendente do IEL Goiás, Paulo Galeno Paranhos. Ele consideraque o treinamento, cuja programação foi delineada a partir de indica-dores de qualificação apontados pelas empresas parceiras e focada nodesenvolvimento comportamental e em gestão, contribuirá com a for-mação de perfis profissionais mais inteligentes, "mais apurados".

A parceria e empresas, para o ciclo do programa, tem uma visão de

presente e futuro, pois abre possibilidades de contratação dos estagiários eforma uma reserva estratégica de pessoas com perfil de liderança. "Omercado de trabalho não se encontra carente somente de mão-de-obratécnica qualificada, mas também de intelecto, profissionais com habilida-des para conduzir negócios, gerar valor e resultados", lembra a gerente doTalentos, Núbia Almeida. A tríade - IEL, empresa e jovem - configura atransformação de dificuldades ou problemas em oportunidades, princi-palmente, para o jovem em busca do primeiro emprego.

GOIÁS INDUSTRIAL 41GOIÁS INDUSTRIAL40

Indústria de lajes pré-fabricadas investe em qualificação da produção e em sistemas de gestão para ganhar competitividade

certificação de lajes

Mário Renato Azeredo:investimentos em novogalpão, equipamentos

e treinamento derecursos humanos

APENAS A SANTA INÊS,QUE PRODUZ 10 MIL M²MENSALMENTE, E EMPREGA45 FUNCIONÁRIOS,INCLUINDO A RECENTE CONTRATAÇÃO DE 10 TRABALHADORES,INVESTIU MAIS DE R$ 50 MILNA CONSTRUÇÃO DE UM GALPÃO PARA ARMAZENAR AREIA

Lá se vão 22 anos desde que Francisco José Rabelo – dono da SóLajes, nome de fantasia da empresa Silva Nabem Lajes e Materiais deConstrução – instalou sua fábrica em Anápolis. Ocupando hoje umaárea de 1.150 m², a indústria havia produzido o correspondente a 3,5mil m² de lajes por mês no ano passado. “O mercado melhorou bas-tante neste ano”, comemora Rabelo, com a timidez característica dosempresários que começam a desvendar o potencial de seu negócio. Aprodução mensal cresceu para 5 mil m², calcula ele, o que representaum aumento superior a 40% na comparação com 2007.

Até o final deste ano ou no começo do próximo, Rabelo espera as-segurar o tão esperado selo de qualidade para as lajes que produz, arre-matando 18 meses de esforços para colocar a fábrica nos trinques e me-

recer a certificação do ICQ Brasil, organismo ligado ao Sistema Fieg. Oempresário participa, juntamente com outras 20 indústrias de Goiânia,Aparecida de Goiânia, Anápolis, Catalão, Itumbiara, Jataí e Formosa,do Programa Goiano de Qualidade de Lajes Pré-Fabricadas (PGQL).

Este, por sua vez, foi resultado da associação da Federação dasIndústrias do Estado de Goiás (Fieg) e do Instituto Euvaldo Lodi (IEL)com o Sindicato das Indústrias de Produtos de Cimento do Estado deGoiás e fabricantes de lajes, sob as benções do Programa de Apoio àCompetitividade das Micro e Pequenas Empresas Industriais(Procompi), desenvolvido pela CNI e pelo Sebrae Nacional. O ICQBrasil responde pela avaliação de conformidade do produto acabado epor sua certificação final.

LAJES COM CERTIFICAÇÃO

GOIÁS INDUSTRIAL GOIÁS INDUSTRIAL 4342

Modelo inéditoTrata-se de um programa inédito, afirma Vera Lúcia Elias Oliveira, coordenadora de consultoria

e gestão empresarial do IEL, que deverá tornar-se modelo para o País, acrescenta Mário RenatoGuimarães Azeredo, diretor-presidente da Lajes Santa Inês e um dos gestores do PGQL.

Inédito porque não se limita a comprovar a qualidade do produto final, mas envolve uma sériede etapas, elaboradas e desenvolvidas pelo próprio setor privado, envolvendo desde a administra-ção de cursos e palestras sobre boas práticas de produção, técnicas recomendadas, gestão da quali-dade do processo, gestão estratégica e financeira, até qualificação na área comercial e capacitação emsaúde laboral e segurança no trabalho.

No início das discussões para definir como o PGQL seria implantado, havia uma corrente deopinião que defendia o foco exclusivo no resultado final da produção. “Mas como o produto podeser bom se a gestão não está legal?”, questionou Azeredo. A partir desse debate, decidiu-se desenharum projeto mais amplo, muito embora as dificuldades iniciais pudessem ser maiores.

Ao todo, são 18 meses, num investimento estimado por Vera Lúcia em quase R$ 500 mil, ban-cados pelo Procompi, sob fiscalização do Sebrae, pelo sindicato, Fieg e pelas empresas, que contri-buem, de acordo com Azeredo, com R$ 250 por mês. Essa contribuição, na verdade, é só o começoda conversa. O investimento final, segundo estimam Vera Lúcia e Azeredo, deverá extrapolar delonge a marca de meio milhão de reais, já que o programa exige que as empresas façam investimen-tos mais pesados em galpões, maquinário e treinamento de pessoal, entre outros.

CUSTO MENOR, MAIS ENCOMENDASApenas a Santa Inês, que produz 10 mil m² mensalmente, e emprega 45 funcionários, incluindo

a recente contratação de 10 trabalhadores, investiu mais de R$ 50 mil na construção de um galpãopara armazenar areia, na compra de equipamentos e em treinamento de mão-de-obra. Em junho,com o mercado em crescimento, a empresa criou um segundo turno de trabalho, para atender aospedidos de clientes. Se fechar um contrato para uma grande obra, ainda em fase de negociação, acarteira de encomendas estará preenchida até agosto. “E já não temos tanta folga para aceitar pedi-dos novos”, reforça Azeredo.

Recentemente, a indústria enfrentou a segunda pré-auditoria e deverá passar por mais uma atéo final do ano, antes da grande averiguação final, prevista para janeiro de 2009. Os testes e ensaiostécnicos são patrocinados pela Carlos Campos Consultoria e Construções, laboratório que tambémé parceiro do programa.

Depois de concluída a qualificação pelo PGQL, as empresas participantes terão percorrido boaparte do caminho para a obtenção de certificação com base na norma ISO 9000, se desejarem,aponta Azeredo. “A palavra-chave é organização”, diz ele. A empresa passa a errar menos, reduz oretrabalho, passa a cumprir prazos, a custos mais baixos, já que vai consumir, proporcionalmente,menos insumos, matérias-primas e energia, além de reduzir gastos com horas extras.

Para completar, ambos, Azeredo e Vera Lúcia, acreditam que haverá impactos sobre as vendas eo sobre o volume de encomendas, diante do ganho de produtividade esperado. A soma das econo-mias alcançadas e as perspectivas de crescimento das vendas tendem a compensar o investimentoinicial realizado.

DA AREIA ÀS FERRAGENS

\\\\\\ Ao dar formas finais ao PGQL,técnicos e empresários perceberamque a eficácia e os resultados de todaa adequação poderiam ser ameaçadospela qualidade dos insumos . Por isso,uma das vertentes do programa prevêreuniões com toda a cadeia defornecedores, envolvendo empresasde extração de areia e brita,cerâmicas, produtores de ferro e aço,fabricantes de treliças e de isopor,indústrias de cimento e de aditivos. Nocomeço de julho foi realizada asegunda reunião envolvendo todas aspartes da cadeia. Antes disso, osgestores do PGQL tiveram encontroscom os sindicatos de cada umdaqueles segmentos, numa tentativade motivá-los a aderir ao programa,conta Mário Renato GuimarãesAzeredo, da Lajes Santa Inês. Algunssetores já adotam sistemas de gestãoda qualidade reconhecidos ecertificados. Mas para outros, como aextração de areia e a produçãocerâmica e lajotas, mais pulverizados,a adesão tem sido mais complicada.Nada que tenha impedido o programade seguir adiante.

por dentro da indústriaante

PRÊMIO À INOVAÇÃO

\\\\\\ As inscrições ao PrêmioCNI, num reconhecimento àsempresas que adotam boaspráticas nas áreas de inovaçãoe produtividade, design edesenvolvimento sustentável,encerram-se no próximo dia29 de agosto. Podemconcorrer micro e pequenasindústrias com faturamentobruto anual de R$ 3,6milhões, além de médias egrandes empresas do setorindustrial. A categoriaInovação e Produtividadepremia projetos quecontribuam para o avançotecnológico e daprodutividade. Os melhoresprojetos de design deprodutos concorrem emoutra modalidade. Sistemasde gestão ambiental, práticasde produção mais limpa etratamento de resíduos,educação ambiental ereciclagem disputam acategoria DesenvolvimentoSustentável. Informações pelotelefone (61) 3317-9472 oupor meio dos seguintesendereços eletrônicos:[email protected] [email protected].

BITEC 2

\\\\\\ Os projetos inscritos nasáreas de diagnóstico,mapeamento, protótipo,software, pesquisa, teste eelaboração de manual, noâmbito do Bitec, serãorealizados entre setembrodeste ano e fevereiro de2009. Os estudantesselecionados, sob orientaçãode professores qualificados,receberão bolsa mensal deR$ 300, com contrapartidadas empresas. Osinteressados podem entrarem contato com o IEL Goiáspelo telefone (62) 3216-0307/0308.

DURABILIDADE E SEGURANÇA

\\\\\\ Premiado na 12ª edição do Prêmio Falcão Bauer,conferido pela Câmara Brasileira da Indústria daConstrução (CBIC), o projeto Utilização de ConcretoAuto-Adensável em Estrutura de Edifícios com CustosInferiores ao Concreto Convencional foi desenvolvidopela Realmix Concreto Ltda em parceria com aconstrutora Arcel Engenharia e a Escola de EngenhariaCivil da UFG, sob coordenação do professor André LuizGeyer. Segundo o gerente de Produção e Operação daRealmix, Rodrigo Resende de Sá, o concreto auto-adensável (foto) exige maior imobilização inicial de capital,mas reduz custos com mão-de-obra e encargos pelametade, acelera a construção e agrega maior segurançae durabilidade ao projeto.

CORRESPONDÊNCIA

“Ao presidente da Fieg, Paulo AfonsoFerreira:

O povo de nosso Estado deve ao SistemaFederação das Indústrias do Estado de Goiás aespetacular expansão da indústria, com aconseqüente criação de postos de trabalho edesenvolvimento econômico e social de toda aregião. Os números revelados pelo IBGE edivulgados pela revista Goiás Industrial 222espelham o compromisso do empresariadocom o crescimento de Goiás.

Parabéns a todos.”

Vereador Carlos Soares líder da bancada do PT

ARTE E CRIATIVIDADE

\\\\\\ O Serviço Social da Indústria (Sesi Goiás) premiou,no dia 11 de junho, os vencedores do 18º ConcursoSesi Arte Criatividade nas categorias Conto, Poesia,Pintura Figurativa, Pintura Primitiva, Pintura Abstrata,Escultura e Desenho Artístico. A solenidade de entregados prêmios e o vernissage, com apresentação dasobras selecionadas, foram realizados no Clube AntônioFerreira Pacheco. Na edição deste ano, concorreram346 obras (126 contos e poesias e 220 obras de artesplásticas), com artistas de 14 municípios goianos.

BITEC 1

\\\\\\ O Programa deIniciação Científica eTecnológica para Micro ePequenas Empresas (Bitec)oferece bolsas paraestudantes de graduação ede nível superiortecnológico. Numaparceria entre o InstitutoEuvaldo Lodi (Goiás), Conselho Nacionalpara o DesenvolvimentoCientífico e Tecnológico(CNPq), Serviço de Apoioàs Micro e PequenasEmpresas (Sebrae) eServiço Nacional deAprendizagem Industrial(Senai), o Bitec financiaprojetos deempreendedorismo,inovação tecnológica emprodutos e processos e demelhora de gestão paramicro e pequenasempresas.

GOIÁS INDUSTRIAL

giro pelos sindicatosguia

Sindtrigo I

CULTURAS DE INVERNO

O Sindicato dos Moinhos de Trigo da Região Centro-Oeste(Sindtrigo) foi convidado pelo Ministério da Agricultura para fazerparte da comissão especial de estudo das culturas de inverno,criada pelo ministério para debater políticas públicas para o trigo eoutras culturas, como aveia e cevada. A proposta é criarmecanismos que permitam estimular o crescimento da produçãopara o equivalente a 60% do consumo doméstico, reduzindo adependência do País em relação a importações num momento deescalada dos preços internacionais do grão. A comissão reúne asprincipais entidades da cadeia do trigo no Brasil. Sindquímica

Presidente mantidoO presidente do Sindicato dasIndústrias Químicas no Estadode Goiás (Sindquímica), EduardoCunha Zuppani, foi reeleito nadireção da entidade. A novadiretoria, que comandará oSindquímica de 2008 a 2011,será composta por JaimeCanedo, vice-presidente;Agripino Sousa, vice-presidente;Jair de Alcântara, tesoureiro;Glênio Borges, secretário; FlávioOliveira Neto, Marcelo Ferreirae Álvaro Euclides, conselheirosfiscais; Eduardo Zuppani e JaimeCanedo, delegadosrepresentantes junto à Fieg.

SindmóveisCompetitividadeO projeto elaborado peloSindicato das Indústrias deMóveis e Artefatos de Madeirano Estado de Goiás(Sindimóveis), em parceriacom a Fieg e indústrias dosetor, já foi enquadrado peloPrograma de Apoio àCompetitividade das Micro ePequenas Empresas Industriais(Procompi), desenvolvido pelaCNI e pelo Sebrae Nacional.Com recursos do Sebrae(58%), da Fieg e de indústriasmoveleiras, que respondempelos demais 42%, oProcompi destinará R$ 250 milpara apoiar ações queagreguem mais qualidade emaior competitividade àprodução de móveis na regiãometropolitana de Goiânia, queabriga 550 empresas emovimenta perto de R$ 360milhões por ano.

Sindtrigo 2

Safra em dobro

Durante o primeiro encontro dacomissão, realizado em maio, opresidente do Sindtrigo, AndréLavor, antecipou sua expectativade que a safra de trigo alcanceaproximadamente 80 miltoneladas em Goiás e noDistrito Federal. O volume,embora ainda baixo, suficientepara fazer frente a somente trêsmeses de consumo na região,segundo Lavor, já demonstra umaumento de 100% em relação àsafra anterior.

SindicarneReeleiçãoJosé Magno Pato foi reeleitopara a presidência doSindicato das Indústrias deCarnes e Derivados noEstado de Goiás e DistritoFederal (Sindicarne). A novadiretoria será composta porEurípedes Gomes do Carmo e Romildo Damas da Rocha, diretores;Ana Lúcia Moreira Favaretto, José do Couto Coelho e Aderbal LuizArantes Júnior, conselheiros fiscais. Magno Pato assumirá ainda,juntamente com Haroldo Arruda Camargo Júnior, o posto dedelegado representante junto à Fieg.

SERRA DO CAIAPÓSifaeg/Sifaçúcar

A Usina Serra do Caiapó, inaugurada no dia 5 de junho, nomunicípio de Montividiu, região Sudoeste, é a 21ª usina queentra em operação no Estado de Goiás. A unidade temcapacidade para moer 1 milhão de toneladas de cana-de-açúcare produzir 85 milhões de litros de álcool por safra. Nessaprimeira safra, serão 500 mil toneladas de cana moídas,plantadas em 3,5 mil hectares, e 45 milhões de litros de álcoolproduzidos. A usina está gerando 350 empregos diretos. Deacordo com a direção da empresa, 50% da colheita da cana-de-açúcar na Serra do Caiapó está sendo mecanizada nesta safra. Ameta é chegar a 100% de mecanização em três anos.

Sinduscon 3Importações e locaçãoA Cooperativa de Compras daConstrução Civil em Goiás(Coopercon-GO), em parceriacom a Comissão de Materiais,Tecnologia, Qualidade eProdutividade (Comat), da CâmaraBrasileira da Indústria daConstrução (CBIC), começa aformar grupos de empresasinteressadas em importar aço apreços mais baixos do que aquelescobrados pelas distribuidoras noPaís. A cooperativa tambéminforma que seu banco de locaçãode equipamentos já está disponível.Mais informações nos telefones (62) 3095-5166 e 3093-3168 ou via e-mail([email protected])

Sinduscon 2Jogos daConstruçãoAs inscrições para os Jogos daConstrução, o torneio anualde futebol soçaite realizadopelo Sindicato da Indústria daConstrução de Goiás, foramencerradas no dia 30 dejunho. O Torneio Início,marcando a abertura dostrabalhos sociais queocorrerão durante todo o dia,será realizado em 2 deagosto, quando o setorcomemora o Dia Nacional daConstrução Social, naUnidade Integrada Sesi deAparecida de Goiânia. Prevê-se a participação das 20equipes inscritas nos Jogos daConstrução 2008.

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Cairo FernandesSindicerBlocoscerâmicosO Sindicato das Indústriasde Cerâmica no Estado deGoiás (Sindicer) avisa que foipublicada no Diário Oficial daUnião do dia 18 de abril a PortariaInmetro/Mdic nº 124, de 15 deabril deste ano, regulamentando aavaliação de conformidade parablocos cerâmicos para alvenaria ede vedação. A norma determinaque organismos de certificação deprodutos devem demonstrar aoInmetro que fabricantes eimportadores de blocoscertificados já atendem aoregulamento aprovado. O prazoencerra-se em outubro, seismeses após a publicação daportaria, cuja íntegra poderá serconsultada no site do Inmetro(www.inmetro.gov.br), no link“Legislação”.

Sinduscon 1QualificaçãoprofissionalMenos de três meses após olançamento, o Projeto Sinduscon eSenai no Canteiro de Obras colheos primeiros resultados. Pioneiras,a Construtora e IncorporadoraMoreira Ortence realizou curso depedreiro básico, módulo 1, entre14 e 30 de maio, e a DinâmicaEngenharia ofereceu o curso deleitura e interpretação de projetos,de 19 de maio a 6 de junho. Aorganização do projeto visitou trêsconstrutoras em maio (TradiçãoEngenharia, Pontal Engenharia ePrumus). Daqui em diante, aparceira tende a ser ampliada,envolvendo maior número deempresas e colaboradores. Maisinformações no Departamento de Recursos Humanos do sindicato, pelo telefone (62) 3095-5169, ou via e-mail:[email protected]

SinvestRevista de modaDurante coquetel realizado no último dia 26, no ClubeAntônio Ferreira Pacheco, o Sindicato das Indústrias doVestuário no Estado de Goiás (Sinvest) promoveu olançamento da revista VestModa. Editada em português e espanhol, a publicação será distribuída no Brasil ena Argentina. Segundo o presidente do Sinvest, José Divino Arruda, a distribuição incluirá os principaiseventos da indústria da moda no País e pontos de venda estratégicos, como o Shopping Frei Caneca, em SãoPaulo, e a Fenatex, agendada para os dias 12 a 15 de agosto em Blumenau (SC). Antes disso, a VestModa jáhavia desembarcado na Couromoda, realizada também na capital paulista, entre 1º e 4 de julho.

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dúvidas sobre quem são seus clientes e comodevem ser atendidos.

Lendo os discursos do empresárioRoberto Simonsen, um dos idealizadores doSenai, por ocasião de inauguração dasprimeiras escolas, fica-se conhecendo ariqueza de detalhes de como elas deveriamser: ambientes semelhantes às empresas,esmeradamente organizados e apresentadosde forma a proporcionar aos jovens quefreqüentam os cursos formação humana eprofissional integrada e com qualidade.

A finalidade do Senai foi e continua sendo apreparação de jovens e adultos para a indústria;e a do Sesi é o atendimento aos industriários eseus familiares na área social. Desde sua criação,tanto as escolas como os centros de atividadessão implantados, estruturados e mantidos paraatender às necessidades concretas dasempresas onde as unidades vão operar. É oparque industrial e o mundo do trabalho quedeterminam os cursos e o nível em que devemser oferecidos, dentro da lei em vigor.

Como instituição de aprendizagem para a

Historicamente, a concepção do Senai,no início da década de 40, e, mais tarde, doSesi foi idéia e iniciativa exclusiva dosempresários da indústria nacional.Conscientes do momento, sob impacto dagrande Guerra Mundial (1942), queprovocava restrição da mão-de-obraeuropéia, e com visão empreendedora deum Brasil forte industrialmente no futuro, nãoesperaram solução do governo da época.Eles próprios se organizaram e criaram ainstituição que cuidaria da formação da mão-de-obra para suas indústrias. Pensando noBrasil e na profissionalização da geraçãojovem, deram-lhe o nome de ServiçoNacional de Aprendizagem Industrial. Elesmesmos manteriam as escolas que passariama ser construídas em todos os Estados.

Quatro anos depois, os mesmosempresários, percebendo que o trabalhadorda indústria, além da formação profissional,necessitava ser atendido no campo da saúde,do lazer, da educação e da cultura, criaram oServiço Social da Indústria e, da mesma forma,assumiram a gestão e o custeio dos centros deatividades que passaram a ser implantados.

É importante evocar a história de criaçãodas duas instituições para que não haja

artigo

indústria, oficinas, laboratórios e ambientes deensino do Senai são semelhantes aos ambientesindustriais e os cursos destinados à preparação dejovens, com estrutura própria e adequada à idade,oferecidos gratuitamente. Os conteúdos sãotécnicos, do mundo do trabalho, da vida e daprática de cidadania. O desenvolvimento dehábitos como ordem, disciplina, precisão e oespírito colaborativo entre alunos são objeto departicular atenção e zelo.

Já os cursos destinados à preparação deadultos para o exercício de profissões industriaisou ao aperfeiçoamento para quem já équalificado são parcialmente custeados pelasindústrias ou pelos interessados, seja iniciaçãoprofissional, técnico, seja graduação tecnológica.

Nas últimas décadas, diante do fenômeno daglobalização e do avanço tecnológico, a entradade alunos em cursos do Senai passa por processoseletivo para que a formação atenda aos requisitosdos clientes, ou seja: garanta a laboralidade exitosae a competitividade das empresas.

Portanto, os clientes prioritários do Senai edo Sesi são as indústrias e todos aqueles quenela trabalham ou venham a trabalhar; é para

ela que, direta ou indiretamente, asinstituições existem e trabalham. São as

próprias empresas ou os órgãos industriaisdo Estado ou do município que direcionam aação das unidades operacionais e os cursos.

Se os recursos financeiros permitissemmais poderia ser feito. Entretanto, é bomque se diga, toda a comunidade ébeneficiada, pois as empresas sãopatrimônios da sociedade. É bom que sediga que Sesi e Senai estão completamenteabertos ao trabalho de parceria com opoder público e entidades sociais.

"É importante evocar a história das duas instituições para que não hajadúvidas sobre quem são seus clientes e como devem ser atendidos"

Sesi e Senai, espelhos de seus clientes

Paulo Vargas é superintendente do Sesi Goiás e diretor regional do Senai Goiás