Revista do ONS

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Conheça os novos diretores do ONS pág. 4 #03 | Ano 2 | Maio-Ago | 2012 “A gestão do sistema de transmissão do Brasil”, uma parceria ONS, EPE, Abrate, Abdib e FGV, é lançado como obra de referência para o setor. pág. 10 Transmissão vira livro Alta Tensão: Rio+20 pág. 8 Investimento em cultura pág. 14

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Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico. Ano 2. Número 03. Mai-Ago/2012

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Conheça os novos diretores do ONSpág. 4

#03 | Ano 2 | Maio-Ago | 2012

“A gestão do sistema de transmissão do Brasil”, uma parceria ONS, EPE, Abrate, Abdib e FGV, é lançado como obra de referência para o setor.pág. 10

Transmissão vira livro

Alta Tensão: Rio+20pág. 8

Investimento em cultura pág. 14

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EDITORIAL

Em agosto completamos 14 anos de história. É um grande orgulho para nós apresentar mais uma edição da nossa revista.

Abrimos esta edição com uma interessante entrevista com o Secretário-Executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, que muito nos honrou ao aceitar o convite para participar deste terceiro número da Revista do ONS. Márcio Zimmermann faz uma avaliação da participação brasileira na Conferência Rio+20. Este tema também faz parte da seção Alta Tensão, com dois artigos assinados por nomes de excelência do nosso corpo técnico.

Outros pontos de destaque desta edição são a nova configuração da Diretoria do Operador Nacional e o trabalho de revisão dos nossos valores institucionais, que nos ajudarão na superação dos desafios futuros.

Nossa matéria de capa comemora a marca alcançada em 2011, dos 100 mil quilômetros de linhas de transmissão, com o lançamento do livro “A gestão do sistema de transmissão do Brasil”, organizado por Roberto Gomes, Diretor de Administração dos Serviços de Transmissão do ONS até maio deste ano. O livro, um trabalho conjunto do ONS com a EPE, a Abrate, a Abdib e a FGV, já nasce como uma obra de referência para o setor.

Nas páginas seguintes, apresentamos os projetos culturais que serão patrocinados pelo ONS, via renúncia fiscal da Prefeitura do Rio de Janeiro, e alguns dos principais eventos do setor nos quais participamos. Encerramos esta edição com um artigo técnico, sobre o estabelecimento das condições para determinação dos benefícios da integração elétrica entre o Brasil e o Uruguai.

Hermes ChippDiretor Geral do ONS

Uma publicação do:

Diretoria do ONSDiretor Geral: Hermes ChippDiretor de Administração dos Serviços de Transmissão: Álvaro FleuryDiretor de Planejamento e Programação da Operação: Francisco ArteiroDiretor de Operação: Ronaldo SchuckDiretor de Assuntos Corporativos: István Gárdos

Comissão editorial:Gerente Executivo da Assessoria dePlanejamento e Comunicação:Geraldo PimentelSecretário Geral:Humberto Valle do Prado JúniorGerente de Comunicação:Lúcia Helena Carvalho

Jornalistas responsáveis:Adriana Goes (MTB 30884/RJ) Luzia Fialho (MTB 8839/RS)

Edição e projeto editorial:Assessoria de Planejamento eComunicação

Conceito gráfico:Jaqueline Marques

Redação e diagramação:Expressiva Comunicação e Educação(www.expressivaonline.com.br)

Fotografia:Arquivo ONS, Francisco Stuckert, Ana Gomes Roberto Rosa e Rogério Resende

Tiragem: 1.000 exemplares

Endereço:Rua da Quitanda, 196 | CentroRio de Janeiro | RJ | 20091-005Tel.: (21) 2203 9580www.ons.org.br

Fale conosco:[email protected]

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O Secretário-Executivo do Ministério de Minas e Energia,

Márcio Zimmermann, avalia a Rio+20, o futuro

da matriz energética nacional e os desafios

para o setor e para o ONS.

O desafio do Brasil é manter a característica limpae renovável de sua matriz

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EnTREvIsTA

ONS: Como o senhor avalia a participação brasileira na Rio+20? Qual a sua avaliação sobre o evento?

Márcio Zimmermann: Em relação à participação brasileira na Rio+20, pelo ângulo do setor energético, foi uma oportunidade ímpar de repetir no Brasil aquilo que defendemos em diversos fóruns internacionais em que o Ministério de Minas e Energia participa. O Brasil é um exemplo de matriz limpa e renovável para o mundo. Termos a oportunidade de um número cada vez maior de brasileiros apresentarem suas experiências e discutirem o tema com o pessoal de fora, como ocorreu ao longo da Rio+20, foi uma experiência muito positiva. Olhando de forma macro, o objetivo da Conferência foi atingido. O Brasil conseguiu fechar um documento no final da Conferência com um texto mínimo que atendeu aos diversos países (quase 200) e isto foi um marco. Para o setor energético foi uma vitória e para o Brasil, uma forma de mostrar a maturidade com que lida com o aspecto socioambiental.

ONS: Considerando as discussões da Rio+20, o mundo persegue uma produção de energia elétrica mais limpa. As fontes renováveis representam mais de 80% da matriz nacional, sendo na sua maioria de origem hidrelétrica. Quais as perspectivas do Brasil manter e ampliar uma matriz energética limpa nos próximos 20 anos?

MZ: O desafio do Brasil é manter a característica limpa e renovável de sua matriz. Sabemos que, na próxima década, deve se esgotar o potencial hidrelétrico aproveitável do sistema brasileiro. Ao longo dos próximos 20 anos a hidrelétrica ainda vai exercer um papel muito forte e, no final desse horizonte, ela começará a perder força – já que o país vai precisar ampliar a oferta de

energia. Temos hoje um consumo per capita muito baixo que tende a crescer. Precisaremos, necessariamente, ampliar a nossa capacidade. Diferentemente dos países desenvolvidos, que não têm previsão de crescimento do mercado para as próximas duas décadas, provavelmente, no mesmo período, vamos dobrar o que temos hoje no Brasil. Uma parte atenderemos com hidrelétricas, outra com eólica, biomassa e demais fontes renováveis. Outra parcela pode ser atendida com gás natural ou outras fontes. No futuro, teremos a nuclear também, que é uma energia limpa e pode ser usada. As perspectivas são muito boas para o país nos próximos 20 anos, devendo manter essa característica limpa e renovável da sua matriz.

ONS: Que ações/políticas públicas poderiam contribuir para o crescimento da oferta de energia elétrica sem perder de vista as questões referentes à responsabilidade socioambiental?

MZ: Acho que a postura assumida pelo Brasil frente ao mundo é um modelo. Um bom exemplo disso é que o país foi a Copenhague e assumiu compromissos voluntários - a maioria dos países não se comprometeu lá. O governo brasileiro, assim que firmou tais compromissos, trouxe para cá as propostas, levou para o Congresso e transformou em Lei. Então, vê-se a seriedade como é tratado este assunto no Brasil. Este é um fator indutor e está na Lei.

ONS: Em um país com dimensões continentais como o Brasil, com características únicas na sua matriz elétrica, como o senhor avalia o papel de um Operador nos moldes do ONS?

MZ: Quando falamos no Operador Nacional, o herdeiro de uma estrutura criada no passado que é a base do grande sistema elétrico brasileiro, vemos que o

ONS tem uma responsabilidade muito grande. O Brasil tem, hoje, um dos maiores sistemas interligados do mundo. O país foi obrigado a desenvolver ferramentas computacionais e expertise próprias – tanto na área elétrica como na utilização energética –, que hoje o tornam autossuficiente. Temos muita experiência a passar para outros países, como os EUA, por exemplo, onde o sistema é basicamente térmico e fracamente interligado. Temos desafios ao longo dos anos. Estamos falando de um país em que a última capital será interligada nos próximos anos; já ocorreu o leilão para Boa Vista. Estamos praticamente interligando todos os estados a partir do final deste ano e começo do ano que vem. Com isso, aumenta a responsabilidade do ONS de operar um sistema num país com dimensões continentais e fortemente interligado. O Operador Nacional vai continuar tendo um papel muito importante e trabalhando com esse desenvolvimento que se viu em diversas áreas da operação de sistemas, estudos elétricos e estudos energéticos, para operar um sistema tão complexo como o nosso.

ONS: Considerando a expansão brasileira no planejamento e na operação do novo sistema elétrico, em sua opinião, qual é a importância estratégica do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico?

MZ: O Comitê, implementado efetivamente a partir de 2004, veio preencher uma lacuna do modelo que tínhamos entre 2001 e 2002, de ter uma instância ligada ao governo que monitorasse continuamente as condições do atendimento ao setor elétrico. É um fórum que reúne o Operador Nacional, os secretários do Ministério, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e as

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agências – Aneel e ANP, presidido pelo Ministro de Estado. Isso é um fator muito positivo e achamos que, diante das características do modelo que o Brasil adotou, o Comitê tem sido um órgão muito importante na função para a qual foi criado.

ONS: A Comissão Permanente para Análise de Metodologias e Programas Computacionais do Setor Elétrico (CPAMP) foi instituída em 2008, visando integrar as metodologias e modelos computacionais utilizados pelas instituições que têm uma atuação sistêmica no setor. Como o senhor avalia o papel desta comissão? Como a CPAMP vem contribuindo para o setor?

MZ: A CPAMP foi criada com um objetivo muito claro. Não é uma comissão para funcionar no dia a dia, mas tem uma função muito importante de ser um fórum ligado ao Conselho Nacional de Política Energética, que é o órgão maior do setor e assessora diretamente a Presidência da República. É uma comissão onde participam o ONS, a EPE, a CCEE, o Ministério e o próprio Cepel, que desenvolve estes modelos. Busca, de forma harmônica, não deixar que venha a ocorrer a situação do passado, em que tivemos que criar comissões mistas, como os GCOIs (Grupos Coordenadores para Operação Interligada) e o GCPS (Grupo Coordenador do Planejamento dos Sistemas Elétricos), para fazer os modelos conversarem entre si. Por isso, é importante ter uma comissão dessa ligada ao Conselho, justamente para cumprir esse papel.

ONS: Os desafios, tanto do lado da oferta quanto da demanda, para os próximos anos são marcantes e expressivos em termos de metodologia, modelos, capacitação de pessoal e preservação dos conhecimentos já adquiridos. Dessa forma, que

orientação o senhor daria para o ONS nesse contexto?

MZ: Tratamos de um dos sistemas mais complexos do mundo para ser operado, que trabalha de formas diversas. Pela diversidade hidrológica, as variações do sentido de intercâmbio, podendo ir de uma região para outra, acabam criando uma diversidade de pontos de operação e que devem permanentemente ser estudados. Tudo isso leva, naturalmente, à necessidade de se ter expertise e uma formação dos profissionais do ONS bastante apurada. E foi assim que o Brasil chegou a trabalhar com esse sistema e é assim que o ONS tem cumprido sua missão de operar um sistema como nosso, que tem de trabalhar com um fator de disponibilidade bastante alto e, além disso, ter sistemas inteligentes para evitar a proliferação de determinadas ocorrências para não causar uma perda total. Tudo isso envolve o desenvolvimento de ferramentas, capacitação de pessoas – seja dos operadores de sistemas que trabalham em turno, dos engenheiros que dão apoio, etc. Na verdade, é uma equipe de elite que o Brasil tem de ter no Operador Nacional do Sistema. O ONS deve continuar investindo em seus empregados (operadores, engenheiros e técnicos do sistema) com a melhor formação possível, pois seu desafio é muito grande. O Operador Nacional é um orgulho para todos os brasileiros. Podemos dizer que temos uma das maiores expertises do mundo em operar grandes sistemas. Temos certeza que o ONS exerce plenamente seu papel e deve continuar formando quadros altamente capacitados para manter sua característica de excelência na operação.

ONS: O incentivo a fontes alternativas de energia, como eólica e solar, por exemplo, com tecnologias diferenciadas, irão representar um desafio a mais para o Operador?

MZ: Tenho certeza que sim. Eu era Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento no Cepel quando estávamos adaptando modelos elétricos, incluindo a modelagem dos diversos tipos de máquinas eólicas nos nossos modelos elétricos. Percebemos que, na verdade, cria-se uma condição diferente. Uma coisa é operar uma hidrelétrica ou térmica e outra operar uma fonte não controlável e onde não há armazenamento. É o que chamamos de fonte rebelde – gera quando quer e não quando o Operador Nacional quer. Isso gera fenômenos elétricos e obriga uma operação que vamos desenvolver na medida em que aumentar a participação dessa fonte na nossa matriz.

ONS: Considerando os preços das diferentes fontes em expansão do sistema, como o senhor avalia a possibilidade de agregação de geração a gás na matriz, em vista da necessidade de geração térmica para a garantia do suprimento de energia elétrica?

MZ: Por um lado, o Brasil tem um sistema hidrotérmico – foi projetado para ser assim –, então, ele trabalha com grandes usinas hidrelétricas e um parque térmico complementar. Essa é a base do nosso sistema. As usinas a gás se prestam bem a isso e vêm a exercer esse papel de térmicas que podemos acionar de acordo com a nossa necessidade, em função de uma expectativa de afluência menor ou fora do previsto. Elas exercem um papel importante para trabalharmos com segurança energética. Por outro lado, somos um país com potencial de vir a ter grandes reservas de gás, seja pela confirmação das previstas no pré-sal ou pelo fato de não conhecermos ainda a maior parte das bacias sedimentares que temos no Brasil. Isso nos permite olhar com otimismo em relação à potencialidade do gás, de no futuro ter sua participação aumentada consideravelmente.

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GEsTÃO

O Auditório do Escritório Central do ONS, no Rio de Janeiro, ficou completamente lotado na cerimônia de posse dos novos membros da Diretoria do Operador Nacional, realizada no dia 25 de maio. Na plateia, os principais nomes do setor elétrico brasileiro, em uma demonstração da maturidade e importância alcançada pelo Operador Nacional, prestigiaram a posse dos dois novos diretores de Administração dos Serviços de Transmissão, Álvaro Fleury, e de Planejamento e Programação da Operação, Francisco Arteiro. Foram muitos cumprimentos, desejos de sucesso e a certeza de um Operador Nacional do Sistema Elétrico liderado pela competência técnica.

A cerimônia foi transmitida por videoconferência para outras salas do Escritório Central,

Diretoria do ONS recebedois novos membros

Álvaro Fleury e Francisco Arteiro são os novos integrantes da Diretoria do ONS, para o mandato de quatro anos, iniciado em 17 de maio.

Os engenheiros, que acumulam anos de experiência no setor elétrico e no próprio Operador Nacional, preservam o perfil técnico da Diretoria.

disponibilizadas para convidados, e para todas as localidades do Operador Nacional, em Brasília, Recife e Florianópolis. A mesa solene foi composta pelo então Ministro Interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann; pelo Presidente do Conselho de Administração do ONS, Maurício Stolle Bähr; pelo Diretor Geral do ONS, Hermes Chipp; e pelos demais diretores: István Gárdos (Assuntos Corporativos), Ronaldo Schuck (Operação), Álvaro Fleury (Administração dos Serviços de Transmissão) e Francisco Arteiro (Planejamento e Programação da Operação).

Os pronunciamentos dos integrantes da mesa, iniciados após a leitura e assinatura dos termos de posse, foram marcados pela emoção, pela ratificação do compromisso com a missão do Operador

A mesa solene reuniu a Diretoria do ONS, o então Ministro Interino de Minas e Energia, o Secretário-Executivo do MME, Márcio Zimmermann (ao centro), e o Presidente do Conselho de Administração do ONS, Maurício Stolle Bähr (a sua direita).

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Nacional e pela certeza de que os desafios futuros tendem a ser tão complexos quanto o próprio Sistema Interligado Nacional.

“Tenho um sentimento de muita gratidão por todos que me apoiaram ao longo de minha trajetória, e me coloco inteiramente à disposição para enfrentar os grandes desafios que temos no setor; de caráter regulatório, de caráter técnico e desafios em relação ao transporte dos grandes blocos de geração – do Madeira, de Belo Monte e, futuramente, de Teles Pires. Tenham certeza de que o ONS, na plenitude de sua Diretoria, e em especial a Diretoria de Planejamento e Programação, estará sempre de portas abertas aos senhores, para que possamos discutir e equacionar todas essas questões”, enfatizou Francisco Arteiro, que substitui Darico Pedro Livi. “Os desafios serão grandes, pois vamos passar por um momento de transição de matriz, com uma perda gradual da nossa capacidade de regularização. Isso vai exigir novos paradigmas no planejamento e na operação”, complementou.

Álvaro Fleury, que recebe o legado deixado por Roberto Gomes, ressaltou que “o futuro próximo nos reserva grandes mudanças no âmbito da transmissão, com a implantação de inovações no campo tecnológico e processual. O sistema irá aumentar seu grau de complexidade, em tecnologia e em volume. Hoje temos algo em torno de 90 contratos e, em breve, devemos chegar a 140. Podem ter certeza de que todos os meus 34 anos de experiência no setor elétrico serão dedicados à superação desses grandes desafios”.

Para o Diretor Geral do ONS, “a manutenção do perfil técnico da Diretoria confere mais confiança para a administração de um sistema complexo como o SIN. Uma dificuldade que temos de enfrentar refere-se à gestão de pessoas; temos tido sucesso em reter os talentos e, com isso, manter o padrão de competência que ao longo dos anos tem sido a marca do ONS”, comentou.

Os grandes empreendimentos na Amazônia, a integração da geração eólica e o próprio pré-sal também foram lembrados pelo Presidente do Conselho de Administração do ONS, Maurício Stolle Bähr, e pelo Ministro Interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann. “Parabenizo o ONS pelo esforço em manter o perfil técnico da Diretoria e investir em uma gestão por princípios, valorizando seus quadros”, concluiu Márcio Zimmermann.

Conheça os novos diretores

Francisco José Arteiro de Oliveira Diretoria de Planejamento e Programação da Operação

Gerente Executivo de Programação da Operação de 2006 até a posse no novo cargo. Desde a sua entrada no ONS até 2006, foi Gerente da área de Programação Energética. Nascido no Rio de Janeiro, graduou-se em Engenharia Elétrica pelo Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet-RJ), em 1983. Trabalhou na Eletrobras de 1985 até 2000. Está

no ONS desde o seu início.

Álvaro Fleury Veloso da Silveira Diretoria de Administração dos Serviços de

Transmissão

Gerente Executivo do Centro Nacional de Operação do Sistema e Centro Regional de Operação Norte/Centro-Oeste (CNOS/COSR-NCO) de 2000 até assumir o novo cargo, com exceção do período de novembro de 2007 a junho de 2010, em que foi Assistente da Diretoria de Assuntos Corporativos. Nascido em Goiânia, graduou-

se em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Goiás, em 1979. Trabalhou na Eletronorte de 1979 até

2000. Está no ONS desde o seu início.

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vALOREs ORGAnIzAcIOnAIs

Algumas ações realizadas internamente no Operador Nacional apontavam para a necessidade da revisão dos seus valores organizacionais, cuja última avaliação fora realizada em 2004. Diante desta necessidade, foi dado início a um criterioso processo de avaliação e alinhamento dos novos valores do ONS. Ao longo de 18 meses foi desenvolvido um intenso trabalho, concluído no final de 2011.

O processo teve a participação efetiva dos Diretores, gestores e colaboradores do ONS, que foram convidados a contribuir com a construção dos novos valores. “Essa foi uma construção coletiva e isso implica em responsabilidade compartilhada. Todos devem assegurar que os nossos valores sejam praticados em âmbito interno ou em representação externa. Eles são a nossa marca. Essa incorporação efetiva ocorrerá quando estivermos usando os valores como referência para as decisões que tomamos na realização de nossas tarefas cotidianas”, avalia o Diretor Geral do ONS, Hermes Chipp.

Segundo o Gerente Executivo da Assessoria de Desenvolvimento de Recursos Humanos do Operador Nacional, Marco Antonio Carvalho

e compromissos reafirmados

Hoje, com a visível maturidade do Operador Nacional do Sistema Elétrico, é o momento de olhar para o futuro e pensar sobre os princípios que regem esta organização. A revisão dos valores organizacionais é mais uma prova do cuidado do ONS em se atualizar e em evoluir com a comunidade da qual faz parte, de forma integrada ao governo, aos agentes do setor e à sociedade.

(foto), esta redefinição de valores e princípios representa o início de um processo de mudança. “Temos ainda pela frente um desafio constante de gestão da cultura organizacional. É fundamental que os novos valores sejam efetivados em condutas que fortaleçam a identidade da nossa organização. Para que isso aconteça, foi de suma importância a participação de todos na dinâmica de construção dos conceitos e o apoio incondicional da Diretoria. Agora, será preciso um acompanhamento diário, também de todos, na avaliação do alinhamento dos valores com as nossas práticas de gestão e na identificação de eventuais necessidades de ajustes. A nossa expectativa é que esses valores sejam legitimados no cotidiano das pessoas por meio das suas ações”, reitera.

Novos valores

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Os Valores Organizacionais 2012 podem ser traduzidos como um reflexo do passado e uma indicação para o futuro do ONS. Mais do que conceitos abstratos, o ONS visa consolidar seus valores organizacionais como um conjunto de práticas cotidianas. Eles representam o grau de maturidade institucional conquistado pelo

Princípios na práticaOperador Nacional ao longo de seus 14 anos.

A revisão resultou na manutenção dos valores Equidade, Excelência, Integração e Transparência e na inclusão de quatro novos valores: Comprometimento, Confiança, Respeito e Reconhecimento. Esse conjunto

agora passa a conduzir a prática cotidiana e a apoiar o processo de amadurecimento e fortalecimento da cultura ONS.

Uma inovação do processo de revisão dos valores foi a definição de Princípios atrelados a cada valor, que também contou com a participação dos colaboradores.

Comprometimento“Atue com empenho, envolvimento e responsabilidade, tendo clareza que sua função principal é servir à sociedade”.• Vá muito além da sua parte,

comprometendo-se sempre com o todo, sintonizado com os objetivos da organização.

• Tenha consciência de que seu trabalho tem consequência para a vida das pessoas e impacta o meio ambiente.

• Servir à sociedade é atuar com foco no bem comum, ser ético.

• Comprometa-se com resultados, prazos e qualidade, mas sempre considere “como” o trabalho foi realizado. O processo deve fortalecer o clima, o trabalho em equipe e os resultados da organização.

Confiança“Honre os compromissos, assuma a sua verdade, mantendo abertura para reconsiderar ao ouvir opiniões divergentes”.• Aposte na integridade das pessoas,

considerando que a sinceridade e a verdade prevalecem na intenção e na prática de todos.

• Esteja aberto para dizer “não sei” mas busque uma solução para atender o que foi solicitado. Seja solidário ao ouvir “não sei”.

• Confie na potencialidade e capacidade do outro.

• Cuide de sua reputação, cumpra com sua palavra, um histórico de credibilidade favorece o estabelecimento de relações de confiança na organização.

Equidade“Decida em conformidade com o espírito das regras e das leis de forma que suas ações sejam as mais justas para todos”.• Ofereça oportunidades iguais para

todos, mas reconheça e valorize os desempenhos diferentes.

• Aja com justiça, imparcialidade e isenção.• Tenha como compromisso não praticar

discriminação ou preconceito.• Reconheça as diferenças e as

individualidades sem se submeter à ditadura do individualismo.

Excelência “Alie sempre as competências humana e técnica na busca da melhor alternativa em tudo o que fizer”.• Busque a inovação, utilize o conhecimento

técnico, faça diferente, visando ao aperfeiçoamento contínuo dos processos e da organização.

• Pratique o compartilhamento do conhecimento, registre as boas práticas e oportunidades de melhoria, como forma de assegurar o crescimento de todos. Deixe o seu legado.

• Considere o erro como fonte de aprendizado.

• Reconheça a importância do conhecimento técnico nesta organização, mas tenha clareza que uma atitude adequada é imprescindível para a utilização desse conhecimento.

Integração“Busque sempre a harmonia com o todo em tudo o que fizer”.• Atue de forma coordenada nos diversos

níveis da organização, com espírito de equipe, buscando integrar as diferenças, a partir de um propósito comum, alinhado com os objetivos da organização.

• Estreite o relacionamento com os agentes e instituições buscando a cooperação.

• Construa um ambiente favorável para o envolvimento e participação de todos.

• Utilize o aperfeiçoamento dos processos de modo a otimizar a integração entre as áreas.

Reconhecimento“Valorize o engajamento, as iniciativas inovadoras e os resultados alcançados”.• Celebre as boas realizações de indivíduos

e equipes.• Reconheça e destaque as ações

inovadoras e os bons exemplos.• Dê crédito de autoria como forma de

reconhecimento.• Valorize as características pessoais

como requisito fundamental para o desenvolvimento da organização.

Respeito“Aja com o outro como espera que ajam com você”.• Compreenda as necessidades do outro

considerando-as em suas ações.• Aja em prol de um clima acolhedor,

respeitando as diferenças e engajando a todos na busca dos objetivos comuns.

• Respeite o tempo dos outros, cumpra os compromissos agendados.

• Saiba aplicar a autoridade constituída sem exercer autoritarismo, buscando um posicionamento consistente que conquiste o respeito e o reconhecimento dos agentes.

Transparência“Seja autêntico em suas atitudes e comunicação”.• Busque sempre a coerência entre

discurso e prática.• Comunique de forma clara e objetiva as

regras, as decisões e os resultados da organização. A comunicação deve ser utilizada de forma a dignificar e fortalecer as relações no ambiente de trabalho.

• Divulgue as informações de forma transparente e responsável.

• Pratique o feedback.

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ALTA TEnsÃO

A operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) é parte de um processo complexo, que leva em consideração diversas variáveis de natureza física, econômica e social. Dentre estas, a mais fundamental é a água, que está ligada ao desafio relacionado à gestão dos recursos hídricos disponíveis no Sistema.

Como conciliar os aspectos de meio ambiente e uso múltiplo da água com a segurança do atendimento eletroenergético? Este foi um dos temas mais importantes apresentados pelo ONS na Conferência Rio+20.

Na apresentação, destacamos a relevância dos recursos hídricos no Sistema Interligado Nacional. Em 2011, a capacidade instalada hidrelétrica representava 79% do total do SIN. Entretanto, a produção hidrelétrica foi de 91% do total. Apesar disso, analisando o histórico do sistema, verificamos que há uma redução gradativa da capacidade de regularização plurianual dos reservatórios, decorrente da dificuldade crescente de licenciamento ambiental de novos projetos hidrelétricos e pelas características dos projetos aprovados, praticamente a fio d’água, sem reservatórios.

Há, atualmente, 69 usinas em operação com reservatório (regularização mensal ou acima) e 68 a fio d’água distribuídas em 14 bacias hidrográficas, o que representa 87.528 MW. Devido à complementaridade hidrológica existente entre as bacias é possível operar por meio de intercâmbio entre os subsistemas e as próprias bacias, garantindo o atendimento eletroenergético ao menor custo. Essa interdependência entre usinas e bacias para produção requer a coordenação centralizada da operação pelo ONS, considerando os aspectos locais relacionados ao uso da água em cada uma dessas bacias. Quanto maior o número de condicionantes para a operação hidráulica, maior o cuidado para a utilização desses recursos.

As principais restrições relacionadas à operação hidráulica dizem respeito aos usos múltiplos da água, que envolvem desde a garantia de vazões mínimas para o abastecimento de cidades e indústrias, até níveis

Vinicius Forain Rocha d’água adequados para a navegação fluvial, passando pela manutenção de vazões estáveis para o uso da água para o lazer em determinados locais e épocas do ano. Dentre estas restrições também há aquelas de caráter tipicamente ambiental, como a preservação de condições hídricas para a proteção da ictiofauna ou de melhoria da qualidade da água por meio da diluição de poluição urbana e industrial com a adoção de vazões mínimas pelos aproveitamentos hidrelétricos.

Outras restrições importantes são as de controle de cheias, que levam à incorporação de regras operativas específicas nos reservatórios para a atenuação dos efeitos de cheias naturais.

A consideração de restrições hidráulicas, dependendo da situação hidroenergética, pode afetar toda a operação do Sistema, com mudanças nas políticas de operação, reflexos na formação do custo e, eventualmente, o aumento dos riscos de déficit de energia. Como superar esse desafio?

Podemos concluir que a inserção de condicionantes ambientais e/ou restrições de uso múltiplo da água na operação do SIN deve ser acompanhada de estudos de avaliação econômica, buscando o equilíbrio no equacionamento dos conflitos de interesse, visando conciliar os impactos e a minimização dos custos globais. As dificuldades para a conciliação dos interesses da operação do SIN e dos demais usos concorrentes da água sinalizam a necessidade de aprimoramento regulatório. E, no que diz respeito ao controle de cheias, para a segurança da população e das atividades socioeconômicas das cidades ribeirinhas, torna-se imperiosa a ação do Poder Público no ordenamento do uso do solo nas margens dos rios, em particular nos trechos a jusante de reservatórios de regularização.

Ons na Rio+20

Vinicius Forain RochaGerente de Recursos

Hídricos e Meteorologia do ONS

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A base da matriz energética do Brasil está no aproveitamento de seu grande potencial hídrico, por meio de usinas com reservatórios e capacidade de regularização plurianual. Porém, esta premissa do início dos anos 1960 – que garantiu que o país crescesse nas três décadas seguintes – vem, desde a metade dos anos 1990, adotando novos conceitos, voltados aos parâmetros de sustentabilidade.

Com o crescimento da demanda, o aumento das restrições hidráulicas e a redução gradativa da regularização plurianual dos reservatórios, faz-se necessário a busca de alternativas viáveis. Já neste século, inicia-se no Brasil a discussão sobre as energias renováveis não convencionais, como: biomassa, eólica e solar.

A alteração das características do aproveitamento dos recursos hídricos, cada vez mais com usinas a fio d’água (vide usinas da região Norte), e o debate sobre energias renováveis não convencionais, quando sobrepostos, mudam completamente o panorama do setor e os conhecimentos adquiridos nas décadas de 1960, 1970 e 1980.

Operar o Sistema Interligado Nacional com segurança e ao menor custo tem sido um desafio cada vez maior para o Operador Nacional do Sistema Elétrico. E a tendência é de que os desafios sejam ainda maiores.

Por um lado, temos hoje grandes projetos hidrelétricos, sem reservatório de acumulação, localizados distantes dos principais centros de carga, exigindo extensos sistemas de transmissão para o transporte de grandes blocos de energia no período chuvoso e pequenos montantes nos períodos secos, imputando assim uma acentuada sazonalidade à oferta. E, por outro lado, um maior investimento em fontes não convencionais com a inserção de novas tecnologias.

Um dos papéis do ONS é gerar e gerir conhecimento, acompanhando o desenvolvimento tecnológico mundial e enfrentando as dificuldades técnicas destas novas fontes, como a intermitência da geração eólica e da solar, que impossibilita

prevermos com exatidão a produção. Tais fontes vêm ganhando uma participação cada vez maior na matriz. Mesmo modesta, se comparada à produção por hidrelétricas, a energia eólica responderá por mais de 7 mil megawatts em 2016, mais do que biomassa, carvão, nuclear e quase a metade da produção por gás. Um fator interessante no Brasil é a complementaridade entre as fontes; uma peculiaridade do sistema brasileiro e um fator de competitividade e vantagem comparativa do país, mas ainda não podemos descartar as usinas térmicas convencionais. Entretanto, tê-las não significa necessariamente usá-las. Trata-se de um “seguro” do qual ainda não podemos abrir mão, em especial para anos hidrológicos desfavoráveis.

Quanto ao futuro, estamos certos de que a complexidade da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) vai aumentar sobremaneira na próxima década. E o ONS terá grandes desafios pela frente. Para enfrentá-los, o Operador Nacional deverá manter o foco na inovação de produtos e processos associados a: aumento da segurança elétrica e energética; novas tecnologias aplicáveis a sistemas de transmissão de energia elétrica, em especial HVDC, sistemas de controle e novas tecnologias de Centro de Controle; impactos de eventos climáticos na rede elétrica; matriz energética com expansão de fontes renováveis, com a inserção de novas tecnologias; e formação e qualificação de profissionais.

Marcelo Prais

Leia, abaixo, duas apresentações preparadas pelo ONS para a programação da Rio+20, abordando questões referentes à gestão de recursos hídricos, segurança eletroenergética, meio ambiente e evolução da participação das energias renováveis não convencionais na matriz energética brasileira.

Saiba mais na página 17.

Marcelo PraisAssessor da Diretoria

Geral do ONS

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O momento em que o mundo ratifica a sua preocupação com os problemas relativos à sustentabilidade, com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), não poderia ser mais oportuno para o lançamento do livro “A gestão do sistema de transmissão do Brasil”. Fruto de um trabalho conjunto do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a Associação Brasileira de Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate), a Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a obra retrata a evolução do negócio da transmissão de energia elétrica.

Por meio de artigos assinados por 59 profissionais do ONS, de instituições parceiras e consultores independentes, organizados por Roberto Gomes (Diretor de Administração dos Serviços de Transmissão do ONS até maio de 2012), o livro parte da reformulação do setor elétrico brasileiro, promovida em 1998, e traça todo o processo de transformação da área em seus diversos ângulos, sejam processuais, tecnológicos ou mercadológicos, além de apontar as principais perspectivas futuras.

“A iniciativa de reunir informações tão importantes para o setor elétrico brasileiro é sem dúvida merecedora de nossos maiores elogios. Servirá para disseminar conhecimentos entre os interessados sobre o tema da transmissão no setor elétrico brasileiro, de forma

Transmissão:Entre 1999 e 2010, foram contabilizados aproximadamente R$36 bilhões em investimentos. A Rede Básica de transmissão evoluiu de cerca de 60 mil quilômetros, em 1998, para mais de 100 mil quilômetros, em 2011, com 88 agentes proprietários das instalações.A expectativa é de que, nos próximos anos, a rede elétrica esteja ainda mais interligada, compartilhada por um número crescente de agentes e, consequentemente, com uma operação cada vez mais complexa.Essa história de sucesso é tema de livro organizado por Roberto Gomes.

Brasil atinge a marca demais de 100 mil quilômetros de linhas

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clara, objetiva e eficiente. A publicação propicia uma visão geral sobre todos os aspectos da transmissão, mostrando não só sua evolução como também trazendo a oportunidade para reflexão dos desafios que o Brasil tem de operar sistema tão complexo em suas diversas facetas”, afirma o Presidente do Conselho de Administração do ONS, Maurício Stolle Bähr.

Segundo o organizador do livro, Roberto Gomes, “vários são os indicadores que demonstram o sucesso do modelo da transmissão após a reformulação do setor elétrico que fez com que este segmento fosse tratado de forma independente. Dentre eles podemos destacar: a evolução do número de agentes de transmissão que passou de 15 para 88; a taxa de expansão do sistema físico que passou de 0,96% ao ano para 3,7% ao ano; a taxa média de deságio de 25% registrada nos leilões de transmissão; a extensão do sistema de transmissão da rede básica que ultrapassou a marca dos 100 mil quilômetros em 2011; a adimplência dos pagamentos dos encargos de uso do sistema de transmissão que tem se mantido em 100%, o que torna o segmento atrativo para os investidores inclusive os organismos de financiamento”. Saiba mais na entrevista, na página 13.

Transmissão no Brasil: um case que merece ser contado

“A evolução da transmissão da energia elétrica no Brasil é uma história de sucesso, de um segmento muito bem estruturado, que tem sido capaz de atrair investimentos e de realizar empreendimentos que vêm contribuindo para tornar o Sistema Interligado Nacional

(SIN) cada vez mais robusto e interligado”, destaca o Diretor Geral do ONS, Hermes Chipp, no prefácio da obra.

A história relata a enorme transformação por que passou a transmissão de energia com o novo modelo implantado no setor elétrico.

O sistema elétrico brasileiro era operado de forma coordenada desde os anos 1970. Até 1999, o Brasil possuía dois grandes sistemas interligados: um com empresas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste e outro reunindo as concessionárias da Região Nordeste e parte da Região Norte. Em fevereiro de 1999, com a Interligação Norte-Sul, foi formado o Sistema Interligado Nacional (SIN), que é operado como um único sistema.

O processo de reestruturação do setor elétrico brasileiro teve como pontos principais a implantação de um modelo comercial competitivo, com a desverticalização das empresas e a redução da regulação nas atividades de produção e comercialização de energia

elétrica, sendo fortemente regulado o seu transporte e garantido o livre acesso às redes de transmissão e distribuição.

Antes da reformulação do setor, “os investimentos em geração e transmissão de energia eram remunerados de forma agregada por uma tarifa única, que, por ser utilizada como instrumento de política econômica de diferentes governos, não era capaz de dar o sinal adequado para a realização de novos investimentos. Foram tempos difíceis, com empresas endividadas e um sistema elétrico que não conseguia assegurar a qualidade do suprimento de eletricidade”, destaca Hermes Chipp. “Com a reformulação implementada em 1998 e refinada em 2004, a transmissão de energia passou a ser um negócio independente, com a definição de novos investimentos por meio de leilões e com receita assegurada por meio de tarifa própria, capaz de permitir a adequada remuneração aos investidores. Mas tudo era novidade e o

No lançamento do livro “A gestão do sistema de transmissão do Brasil”, no Centro Cultural da Light, no Rio de Janeiro, diversas autoridades do setor elétrico

puderam falar sobre essa história de sucesso. Além do Rio, o livro também foi lançado em Florianópolis, na sede da Eletrosul, e no Recife, na Chesf.

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detalhamento desse novo modelo trouxe grandes desafios para a formatação da expansão da rede; do livre acesso à rede; dos requisitos técnicos para conexão; a definição das ampliações e reforços necessários para garantir a qualidade do suprimento; a contratação dos serviços; o planejamento operativo, a programação e a operação em tempo real; e para a contabilização e liquidação dos encargos. Foi necessário um enorme esforço de todos os técnicos envolvidos”, avalia.

Mas todo o trabalho valeu a pena, e muito. Conforme destaca o presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, no prefácio do livro, “a rede básica de transmissão do país já integra a imensa maioria da nossa população e, em processo de contínua expansão, tem gradativamente contribuído para a integração energética deste país de dimensões continentais, chegando aos seus lugares mais distantes, com benefícios para toda a sociedade. Uma expansão com base no mínimo custo global, na garantia do acesso à rede básica, com modicidade tarifária, minimizando os impactos ambientais e sociais.” Ele lembra ainda que “a transmissão de energia elétrica também tem contribuído para o fortalecimento das relações com os países limítrofes ao Brasil, através da integração energética cada vez maior, com os benefícios consequentes da integração entre países vizinhos. Como aqui relatado, Paraguai, Argentina, Uruguai e Venezuela têm importante intercâmbio de energia elétrica com o Brasil.”

Mas se o todo o processo de consolidação do atual modelo do setor elétrico foi marcado por muito trabalho e dedicação, o futuro promete ser mais desafiador ainda.

Com a expectativa de uma rede elétrica cada vez mais interligada, reunindo um número cada vez maior de agentes, e uma operação mais complexa, será necessário enfrentar outros grandes desafios e encontrar soluções que visem:• ao aperfeiçoamento do

processo de definição das redes de transmissão para conexão de geração distribuída, como parques eólicos e usinas de biomassa;

• à incorporação de inovações tecnológicas em equipamentos e sistemas de controle, que tornem as redes mais seguras e inteligentes;

• ao desenvolvimento dos grandes troncos de transmissão necessários para trazer para os centros consumidores a energia produzida na região amazônica, empregando a transmissão em extra-alta tensão em corrente contínua como uma das alternativas de solução;

• ao desenvolvimento das interconexões internacionais, fortalecendo a integração energética com os países da América Latina; só para citar alguns.

Segundo Hermes Chipp, “para que esses desafios sejam enfrentados e vencidos será necessário investir cada vez mais na qualificação e no desenvolvimento das equipes técnicas, com a adoção de mecanismos de gestão que promovam a valorização e a retenção dos profissionais que detêm os conhecimentos necessários para a evolução do negócio da transmissão e, ao mesmo tempo, estimulem os novos talentos a participar dessa jornada”, conclui.

Para o organizador do livro, Roberto Gomes, “entre os

vários desafios para o segmento de transmissão, podemos destacar a implantação dos grandes projetos como a interligação Tucuruí – Manaus – Macapá, o sistema de escoamento da energia das usinas do Madeira e de Belo Monte; o escoamento da energia do grande potencial de geração eólica que deverá ser implantado nos próximos anos considerando as características especiais desta modalidade de geração interruptível; a compatibilização entre os cronogramas de transmissão e de geração; e a integração com a área de meio ambiente possibilitando um melhor entendimento das suas necessidades, visando uma maior eficiência e redução dos prazos envolvidos para licenciamento”, comenta. “Para superar estes desafios é importante manter e aprimorar a atual integração das ações do MME, Aneel, ONS, EPE e empresas de transmissão de tal maneira que os problemas possam ser devidamente trabalhados visando ao seu equacionamento de forma transparente e eficiente, inclusive com a implementação das adequações regulatórias que se fizerem necessárias. O ONS tem um papel fundamental neste processo. Do nosso ponto de vista, a tendência é que o setor se consolide ainda mais, aprimore a sua regulamentação, estruture de forma mais adequada a sua interação com a área de meio ambiente e com certeza continuará a ser atrativo para os investidores.”, complementa.

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Entrevista com Roberto Gomes

A gestão do sistema de transmissão do Brasil

ONS: Há quantos anos o senhor trabalha no setor elétrico e especificamente com transmissão?

Roberto Gomes: Trabalhei durante 28 anos na Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf) onde ocupei diversos cargos técnicos e gerenciais, sendo os técnicos mais vinculados com a transmissão. No ONS, trabalhei durante 14 anos como Diretor da área de Administração dos Serviços de Transmissão.

ONS: Como nasceu a ideia de editar o livro “A Gestão do Sistema de Transmissão do Brasil”?

RG: Por se tratar de um segmento novo que não existia como negócio independente antes da reformulação do setor elétrico brasileiro (anteriormente a transmissão era tratada conjuntamente com a geração), julgamos conveniente registrar num só local os aspectos principais vinculados com a sua gestão: sua evolução, sua regulamentação, seus desafios tecnológicos, etc. Este trabalho pode servir como referência para se ter uma ideia geral de todo o segmento de transmissão.

ONS: Como se desenvolveu a parceria entre o ONS, a EPE, a Abrate, a Abdib e a FGV para a edição do livro?

RG: O ONS coordenou o trabalho e foi responsável pela redação da maioria dos capítulos. A EPE elaborou o capítulo vinculado ao planejamento da expansão e participou da elaboração do capítulo relacionado aos desafios tecnológicos. A Abrate e Abdib colaboraram com o livro por meio do capítulo referente à visão dos empreendedores. Além disso, a Abdib viabilizou financeiramente a elaboração do livro. A Fundação Getulio Vargas fez um excelente trabalho de edição e se responsabilizou pela impressão dos 2.500 exemplares da obra.

ONS: Como foi realizado o trabalho de escolha dos 59 coautores do livro?

RG: Basicamente, se envolveram na redação dos diversos capítulos, os profissionais cujas atividades estão diretamente vinculadas com os temas tratados em cada um deles.

ONS: Da ideia inicial ao lançamento, quanto tempo levou para o livro ficar pronto?

RG: Cerca de 18 meses.

ONS: O que esta publicação representa para o setor elétrico?

RG: No nosso entendimento, esta publicação representa um vetor relevante para a gestão do conhecimento voltado para o sistema de transmissão, deixando de forma explícita em um único local, todas as informações, processos e procedimentos que ainda estão tácitos ou que não estão devidamente organizados.Neste sentido, acreditamos que as informações apresentadas no livro sirvam de referencial para todos aqueles que direta ou indiretamente participam desse setor, incluindo os técnicos dos agentes e das instituições setoriais e os profissionais que atuam nos laboratórios e centros de pesquisa do setor elétrico. A nossa expectativa é que essa publicação seja também utilizada, de forma intensa, nas diversas universidades e escolas técnicas do país, ensejando que todos os participantes de cursos regulares ou de especialização, principalmente na área de sistemas de potência, possam ter acesso a essas informações.

ONS: Para o senhor particularmente, como organizador do livro, o que significou este lançamento?

RG: Foi muito gratificante o trabalho, não só pela oportunidade de tratar das diversas particularidades do segmento de transmissão por meio de uma intensa interação com os autores, bem como por ter conseguido fazer este registro que julgamos importante para entender o funcionamento do segmento de transmissão no contexto do setor elétrico brasileiro.

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O ONS já tem sua marca consolidada como um dos maiores apoiadores de projetos socioeducacionais no município do Rio de Janeiro. Para tanto, utiliza parte de suas arrecadações de impostos, por meio da Lei 1940/92, que permite o incentivo fiscal.

As ações escolhidas anualmente para receber este aporte da organização passam por um minucioso estudo, contemplando produtos culturais e projetos sociais de comunidades. Somente neste ano, 12 trabalhos são beneficiados pelo ONS – todos previamente aprovados pela Prefeitura do Rio para receber o incentivo. A seleção feita pelo Operador Nacional considera pontos importantes, sempre alinhados à sua política de patrocínios. Destes, destaca-se a possibilidade de contrapartidas para os colaboradores e suas famílias, como eventos, produtos ligados aos projetos, livros, DVDs ou ingressos para espetáculos.

Além das equipes do Rio de Janeiro, as localidades do ONS em Brasília, Florianópolis e Recife têm acesso às contrapartidas. Um folder eletrônico – que circula na rede interna – orienta a todos sobre como desfrutar das ações.

“Uma das nossas preocupações foi exercitar os valores institucionais do Operador Nacional durante o processo de análise e seleção dos projetos. Valores como respeito, transparência e equidade foram, sem dúvida alguma, fundamentais para nós, abrindo oportunidades a novos produtores culturais. Procuramos também priorizar projetos que reforçassem o sentimento de orgulho em nossos colaboradores. A satisfação de ver a sua organização apoiando um projeto bonito, voltado à cultura, à

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REsPOnsABILIDADE sOcIAL

cultura

Desde 2005, o Operador patrocina projetos que criam, resgatam, valorizam ou disseminam manifestações culturais, educativas e de inclusão social.

faz bem

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educação e à inclusão social”, destaca Lúcia Helena Carvalho, gerente de Comunicação da Assessoria de Planejamento e Comunicação (APC).

Um bom exemplo é o projeto “Músicas para saudar Jorge Amado”, que consiste na gravação de um CD com canções inspiradas na vida e na obra do aclamado escritor baiano, que completaria cem anos em agosto, mês em que o ONS celebra seu 14º aniversário. Este foi um motivo mais do que suficiente para que as comemorações no Operador Nacional tivessem como tema principal a homenagem ao escritor.

A obra patrocinada pelo ONS é executada pela Orquestra Revelia, formada em 2007 por jovens e promissores músicos. O grupo faz um som moderno e cheio de atitude, com arranjos que unem instrumentos de sopro e elementos regionais brasileiros. O resultado é uma sonoridade que traduz bem nossa diversidade cultural e apresenta o Brasil a si mesmo.

A partir deste patrocínio foi realizada uma apresentação da Orquestra Revelia no Auditório do Escritório Central do ONS, no Rio de Janeiro. No show, que teve a participação do Coral ONS, o grupo executou as canções do CD gravado com o apoio da organização.

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O auditório lotado demonstra o sucesso do Ponto Cine.

Foto: Ana Gom

es

Inspire-se:conheça os projetos incentivados pelo ONS e apoie tambémPrograma Social Crescer e Viver (www.crescereviver.org.br)Pelo quinto ano o Operador Nacional apoia o projeto ancorado na Cidade Nova, bairro onde está sendo construído o novo edifício do ONS no Rio de Janeiro. As oficinas circenses integradas ao teatro, à dança, à música e à literatura atendem jovens em situação de vulnerabilidade social.

Ponto Cine (www.pontocine.com.br)Primeira sala popular de cinema digital do Brasil e considerada a maior difusora do cinema, promove ações que visam à formação de plateia. O ONS, que patrocina o projeto há três anos, também apoiará em 2012 os subprojetos Cine Literário e Oficine-se da Paz.

Cine Literário (www.pontocine.com.br)Visa à difusão do cinema e da literatura brasileiros, formação e ampliação de plateia. O projeto, adaptado para o ONS, contempla 50 títulos de filmes e livros nacionais, mostra de filmes no Ponto Cine, debates e kits completos para duas escolas de cada localidade do ONS – Rio de Janeiro, Brasília, Florianópolis e Recife.

Oficine-se da Paz (www.pontocine.com.br)Voltado à capacitação de produtores, exibidores e empreendedores, por meio de oficinas audiovisuais, concebido para ser aplicado nas comunidades ocupadas pelas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), na Cidade do Rio de Janeiro.

Roda Gigante (www.rodagigante.org)Arte e ciência se unem na ação artístico-educativa destinada à saúde da população do Rio de Janeiro. As apresentações ocorrem nos auditórios dos hospitais e nas comunidades próximas a eles, além da realização de oficinas. Conta com palhaços, músicos e médicos.

CopaFest (www.copafest.com.br)O tradicional hotel Copacabana Palace hospeda o festival de música instrumental que chega à sua quinta edição e, pelo quarto ano, tem patrocínio do ONS. Traz na bagagem três dias de shows com artistas renomados e nomes da nova safra da bossa nova instrumental.

Se LigaExposição em duas modalidades – fixa e itinerante – voltada às escolas públicas, apresenta os aspectos culturais da ciência. Para abordar a sustentabilidade como tema central, lança mão dos recursos da arte como linguagem.

Quinteto Villa-Lobos – 50 anos de Música (www.quintetovillalobos.com.br)São poucos os grupos musicais que podem comemorar 50 anos de carreira. Por isso mesmo, o quinteto faz a festa em grande estilo, com a gravação de um DVD no sítio Burle Marx. A celebração deste meio século de música inclui uma turnê de shows comemorativos.

Gonzagão – o rei do baião e do BrasilEspetáculo musical e CD comemorativo ao centenário de Luiz Gonzaga, com direção de João Falcão e direção musical de Alexandre Elias.

As crianças e o meio ambiente (www.criancaseomeioambiente.com.br)Uma coleção de três livrinhos contando a história de cinco crianças, misturando personagens do folclore nacional com questões relacionadas à preservação do planeta.

O Mágico de OzClássico da literatura mundial, desta vez em montagem tupiniquim, o espetáculo musical leva ao palco do Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, 67 personagens e 18 músicos.

Músicas para saudar Jorge Amado - Orquestra ReveliaCanções inspiradas na obra de Jorge Amado recebem roupagem mais que especial nesta gravação inédita da Orquestra Revelia.

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nA REDE

SepopeO Rio de Janeiro foi a sede do Simpósio de Especialistas em Planejamento da Operação e Expansão Elétrica (Sepope), promovido bienalmente pelo Comitê Nacional Brasileiro de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (Cigré-Brasil), de 20 a 23 de maio de 2012. A organização ficou a cargo do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel). O XII Sepope trouxe para a Cidade Maravilhosa abordagens sobre temas de interesse dos comitês de estudos do Cigré relacionados aos Sistemas Elétricos. Entre os assuntos em evidência, “Desenvolvimento de Sistemas Elétricos e Economia” e “Operação e Controle de Sistemas”, respectivamente Comitês C1 e C2, ganharam maior destaque. A participação do ONS foi expressiva. Profissionais de seu quadro apresentaram artigos, coordenaram mesas, presidiram sessões plenárias e participaram de diversos painéis.

Evento reúne operadores de sistemas elétricosO ONS promoveu o VI Seminário Nacional de Operadores de Sistemas Elétricos (Senop), de 11 a 14 de junho, em São Paulo. O evento bienal é direcionado às equipes da Operação em Tempo Real de centros de controle, de comando e instalações que integram o Sistema Interligado Nacional (SIN), dos diversos agentes. Esta edição contou com mais de duzentos inscritos, de 51 empresas.

O Seminário foi estruturado sobre quatro eixos temáticos: Controle e Segurança da Operação; Gestão da Operação em Face da Evolução do SIN; Tecnologia Aplicada à Operação em Tempo Real; e Gestão das Equipes de Operação em Tempo Real. Ao longo da programação foram realizadas palestras técnicas e motivacionais, apresentações de 27 trabalhos selecionados, cursos de curta duração e visita técnica ao Centro de Operação da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (CTEEP), em Jundiaí.

O ONS contou com parcerias primordiais. A coordenação ficou a cargo da CTEEP e o apoio institucional dado pelo Comitê Brasileiro da Comissão de Integração Elétrica Regional (Bracier), além de empresas e fornecedores de equipamentos e serviços e de profissionais dos diversos agentes.

ONS no SBSE Goiânia sediou este ano a quarta edição do Simpósio Brasileiro de Sistemas Elétricos (SBSE), realizado de 15 a 18 de maio. O ONS participou do Comitê Técnico Científico do simpósio.

O SBSE se consolidou como um espaço voltado ao tema “Sistemas Elétricos de Potência”, reunindo academia, concessionárias, fabricantes e empresas, em um ambiente propício para contatos e parcerias. A edição de 2012 teve promoção da Sociedade Brasileira de Automática e foi organizada pela Escola de Engenharia Elétrica e de Computação da Universidade Federal de Goiás, com a colaboração da Faculdade de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Uberlândia.

Enase 2012 Nos dias 8 e 9 de maio de 2012, o 9º Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase 2012) aportou no Rio de Janeiro. O Encontro é realizado anualmente pelo Grupo CanalEnergia, que conta com a parceria de associações de classe do setor elétrico nacional.

Além de integrar a mesa diretora, o Diretor Geral do ONS, Hermes Chipp, palestrou sobre as “Demandas e desafios atuais e visão de futuro do Operador” abordando temas como: a visão do Operador para o suprimento 2012; a perspectiva para a integração do Brasil com outros países do continente; e as fontes alternativas de energia, com a integração de usinas eólicas, solares e por biomassa ao Sistema Interligado Nacional (SIN).

Foto: Rogério Resende

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A convite da Eletrobras, o ONS montou um estande no Parque dos Atletas, localizado ao lado do Riocentro. O espaço do ONS ficou no Pavilhão Energia, área destinada às empresas do setor.

Com 44 pavilhões, o Parque dos Atletas, localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi um espaço de debates, exposições e atividades educativas de mais de 31 países, como Suécia, Itália, China, Emirados Árabes e Estados Unidos. Órgãos como Banco Mundial, União Europeia, Senado Federal e Nações Unidas também estavam entre os expositores, além de empresas privadas, como Sebrae, Braskem, Volkswagen e Coca-Cola, que apresentaram seus projetos de desenvolvimento sustentável.

Quem visitou o estande do ONS conheceu o trabalho do Operador e as características do SIN, além de tirar dúvidas sobre o sistema elétrico brasileiro. O Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, prestigiou o espaço.

O ONS esteve presente também nos eventos paralelos à Conferência. Um miniauditório montando no estande da Eletrobras recebeu Dalton Camponês, Assessor da Diretoria de Administração dos Serviços de Transmissão, que apresentou a palestra "Impacto da Integração das Fontes Renováveis Alternativas de Energia no Sistema – O SIN do Futuro".

Já o Assessor da Diretoria Geral, Marcelo Prais, apresentou "A Operação de Sistemas Hidrotérmicos com Predominância Hídrica".

O Diretor Geral do ONS e Presidente Comissão de Integração Elétrica Regional (Cier), Hermes Chipp, foi convidado pelo Banco Internacional de Desenvolvimento (BID), para o Dia da Sustentabilidade e Mudança do Clima. O evento promoveu sessões de debates sobre temas como biodiversidade, economia de baixo carbono e energia sustentável.

Hermes Chipp também foi convidado pelo presidente

Energia sustentável na pauta mundial

O Operador Nacional do Sistema Elétrico participou em vários momentos da programação da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20, realizada em junho, no Rio de Janeiro. Integração de renováveis e a operação de sistema hidrotérmico foram os destaques do ONS.

da Eletrobras, José Carvalho Costa Neto, para a palestra "Eletricidade e Sustentabilidade: uma visão global", no auditório no Parque dos Atletas, onde foi coordenador de mesa. Participaram ainda da reunião: o Secretário Executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann; a Diretora do Global Sustainable Electrical Partnership, Martine Provost; o Diretor Geral da International Renewable Energy Agency – IRENA, Adnan Z. Amin; e o Diretor Executivo do Cier, Juan Carrasco.

Leia, nas páginas 8 e 9, dois artigos sobre temas apresentados na Rio+20.

Encontro de líderes do setor elétrico brasileiro no estande do ONS na Rio+20. Da esq. para a dir.: o Diretor Presidente de Furnas, Flavio Decat de Moura; o Diretor Executivo de Geração da Neoenergia, Enio Emilio Schneider; o Diretor Geral do ONS, Hermes Chipp; o Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; o Diretor de Assuntos Corporativos do ONS, István Gárdos; o Presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto; e o Diretor de Operação de Furnas, Cesar Ribeiro Zani.

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ARTIGO

1. Histórico, Antecedentes e Motivação

Com base no potencial de intercâmbio no Cone Sul e na complementarida-de hidrológica e de recursos energéticos existentes na região, os países do Mercosul vêm procurando ampliar as possibilidades de ganhos sinérgicos através de intercâmbios de energia elétrica.

O Projeto CIER 15 Fase II – “Estudio de Transacciones de Electricidad en-tre las Regiones Andina, América Central y Mercosur – Factibilidad de su Integración”, em dezembro de 2010, já havia apontado oportunidades de incrementos das transações energéticas na América Latina e, em especial, nos países que compõem o Cone Sul.

Neste sentido, Brasil e Uruguai estão empenhados em concretizar uma nova in-terligação de 500 MW em 500 kV, cujo funcionamento está previsto para 2013. Para que esta ampliação da capacidade de transmissão seja utilizada de maneira mais ampla e vantajosa para ambas as partes, faz-se necessário o aperfeiçoa-mento das condições de integração entre os dois países nos próximos anos.

Exportações de energia do Brasil para o Uruguai vêm ocorrendo, de forma interruptível, utilizando a interconexão de 72 MW entre as subestações de Rivera e Santana do Livramento. Mais recentemente, se beneficiando da interligação existente entre Brasil e Argentina, ocorreram transferências para o Uruguai em valores superiores aos 72 MW. Atualmente, a energia transacionada para o Uruguai advém de geração de usinas termoelétricas não despachadas pelo ONS e de geração hidroelétrica proveniente de ver-timentos turbináveis do Brasil, porém de montante limitado.

Com o objetivo de ensaiar alguns possíveis avanços nos esquemas vigen-tes de integração elétrica e visando experimentar novos processos, para eventualmente corrigi-los e aplicá-los à futura interconexão de 500 MW, o ONS e a UTE desenvolveram um estudo piloto utilizando a conversora de 72 MW, no período 2011 – 2013, considerando os custos marginais pre-vistos para ambos os sistemas e simulando os intercâmbios energéticos que se realizariam através dessa conversora.

A partir dos custos marginais do Uruguai antes e depois do intercâmbio e supondo que os custos marginais do Brasil não são afetados pela expor-tação de 72 MW, o estudo avaliou o benefício total que essas transações produziriam no período.

Comparando-se os custos marginais da região Sul do Brasil com os do Uruguai, constata-se que há diversidade nas magnitudes e sazonalidade de seus valores. A diferença entre os custos marginais de cada país re-

Estabelecimento das condições para determinação dos benefícios da integração elétrica entre o Brasil e o Uruguai

Por ONS e UTE – Trabalho apresentado no XII Simpósio de Especialistas em Planejamento da Operação e Expansão Elétrica, em maio de 2012.

presenta o ganho que estaria sendo apropriado ao sistema importador no momento em que se efetiva a transferência de energia.

2. Estudos Realizados

2.1. Premissas e MetodologiaA análise realizada se baseia na simulação do sistema uruguaio de forma a serem avaliadas as magnitudes dos intercâmbios que venham a ocorrer através da Conversora Rivera – Santana do Livramento, no período de no-vembro/2011 a outubro/2013, e a influência dessa interconexão nos cus-tos marginais do Uruguai, uma vez que, como premissa básica, assume-se que intercâmbios de 72 MW não afetam os valores dos Custos Marginais de Operação - CMO do Brasil.

A partir da avaliação da variação dos custos marginais do Uruguai antes e depois do intercâmbio, o estudo determina o benefício total que essas transações proporcionaram, no período dos dois anos considerados.

Nos itens a seguir, estão apresentados os dados e as considerações utili-zadas nas simulações, as definições dos casos de estudo e a metodologia usada no cálculo do benefício total.

2.1.1. Sistema Elétrico BrasileiroNo presente trabalho, o sistema elétrico brasileiro foi representado nas si-mulações pelos CMOs da Região Sul do Brasil, que traduzem o custo da energia no Brasil a ser ofertada na fronteira com o Uruguai. Os CMOs são calculados durante os Programas Mensais de Operação – PMO do siste-ma elétrico brasileiro e são disponibilizados semanalmente pelo ONS. São resultados da execução mensal do modelos de planejamento da operação energética de médio prazo (NEWAVE) e da execução semanal do modelo de programação da operação eletroenergética de curto prazo (DECOMP), que são utilizados pelo ONS nos processos relacionados ao planejamento eletroenergético da operação do sistema hidrotérmico brasileiro.

Para o presente estudo, foram utilizadas as séries de CMOs oriundos do PMO de maio de 2011, cujas configurações, premissas e previsões utilizadas para o seu processamento encontram-se publicadas no endereço eletrônico do ONS (http://www.ons.org.br/operacao/programa_mensal_operacao.aspx)

2.1.2. Sistema Elétrico UruguaioPara o sistema uruguaio, foram previstas demandas anuais (GWh/ano), no período de novembro/2011 a outubro/2013, a serem atendidas pelo seu sistema elétrico, constituído por usinas térmicas, hidráulicas, eólicas e usinas a biomassa, e pelos intercâmbios internacionais estabelecidos com Brasil, Argentina e Paraguai.

Intercâmbios Internacionais:• Exportação para Argentina: Máximo 2000 MW – Preço: US$ 10/MWh • Importacão ocasional e contratos pela Interconexão Uruguai-Argentina:

Máximo 100 MW – Preço: US$ 80/MWh• Importação/Exportação com o Brasil via Conversora Rivera – Santana

do Livramento:

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Esta interconexão tem uma capacidade de 72 MW, em ambos os sen-tidos, mas apresenta as seguintes restrições a serem consideradas nas simulações:

Exportação Brasil Uruguai: Nos meses dezembro, janeiro, fevereiro e março só há exportação no

patamar de Carga Leve. Exportação Uruguai Brasil: Durante todo o período do estudo há restrição de exportação, no valor má-

ximo de 50 MW, apenas para o patamar de Carga Pesada uruguaio (P1).

2.1.3. Considerações GeraisNas simulações dos intercâmbios entre Brasil e Uruguai, foram utilizadas, basicamente, duas ferramentas: • CEGH: modelo gerador de séries sintéticas, para a obtenção das 79 sé-

ries sintéticas mensais de vazões afluentes para cada usina do sistema uruguaio (Bonete, Palmar e Salto Grande) considerada no estudo;

• SimSEE: Simulador energético que, a partir da otimização da operação do sistema hidrotérmico uruguaio, permite a avaliação dos custos opera-tivos relativos aos diversos cenários de vazões gerados.

Os intercâmbios entre os dois países foram impedidos sempre que o cus-to marginal de operação do país fornecedor fosse igual ao superior a US$136,6/MWh. De outra forma, não seria razoável considerar que um país seja exportador (ainda que de energia interruptível) quando sua situação energética parece caracterizar uma situação de abastecimento preocupante.

2.2. Simulações RealizadasA seguir, são apresentadas as etapas de modelagem e a definição dos casos de estudo.

2.2.1. Modelagem dos Custos Marginais do BrasilOs CMOs mensais da região Sul do Brasil, utilizados nesse trabalho, são valores previstos e disponibilizados pelo ONS, oriundos do PMO de Maio/2011. Eles correspondem a 79 séries de valores de CMOs, previstos para o horizonte compreendido entre maio de 2011 e dezembro de 2015. Cada série de CMO corresponde ao resultado da simulação, com o modelo NEWAVE, com cada uma das 79 séries geradas a partir do histórico de vazão existente (1931-2009).

Desta forma, obtém-se, para cada patamar de carga (Leve, Média e Pe-sada), para cada série e durante todo o período do estudo, o conjunto de valores mensais de CMOs da região Sul do Brasil a ser usado nas simula-ções com o modelo SimSEE.

Porém, da maneira como esses valores mensais de CMOs são disponibiliza-dos, em 3 patamares, eles não podem ser diretamente utilizados pelo modelo SimSEE, pois este utiliza um passo de tempo semanal dividido em 4 bandas horárias, aqui denominadas “patamares uruguaios” (P1, P2, P3 e P4).

Assim, houve a necessidade de se adequar as durações semanais dos 3 patamares brasileiros, que são, respectivamente, 63,16 horas, 87,28 ho-ras e 17,45 horas, às 4 bandas horárias uruguaias cujas durações são 7, 28, 91 e 42 horas, respectivamente, de forma a ponderar as séries de CMOs, recompondo-as de acordo com os 4 patamares uruguaios.

A ponderação dos valores dos CMOs do Sul do Brasil foi efetuada da se-guinte forma:• CMO_BRP1 (CMO no patamar P1) = CMO Carga Leve

• CMO_BRP2 (CMO no patamar P2) = (10,45/28)*CMO Carga Leve + (17,54/28)*CMO Carga Média

• CMO_BRP3 (CMO no patamar P3)= (69,84/91)* CMO Carga Média + (21,16/91)*CMO Carga Pesada

• CMO_BRP4 (CMO no patamar P4) = CMO Carga Pesada

2.2.2. Modelo Estocástico de Vazões Uruguai e CMOs do Brasil SULA partir das 79 séries mensais de CMOs da região Sul do Brasil para o hori-zonte do estudo (2011-2015) e das séries de afluências às usinas do Uruguai, utilizou-se o modelo estocástico CEGH, que capta o conjunto de correlações espaciais e temporais das séries. A identificação deste modelo é importan-te para a correta simulação da operação do principal reservatório do Uruguai, dado que existe uma correlação apreciável entre o regime de chuvas do Uru-guai e da região Sul do Brasil (e, portanto, com os valores de CMOs).

Para quantificar a importância de representar adequadamente a dependência entre as vazões aos reservatórios do Uruguai e os CMOs da região Sul do Bra-sil, é importante notar que o coeficiente de correlação cruzada entre a soma das vazões às usinas e a média dos CMOs é de -20%, o que mostra clara-mente que quando a região Sul do Brasil tem preços altos, há um viés esta-tístico importante para uma tendência de que se verifiquem vazões baixas às usinas do Uruguai. Se esta correlação negativa não fosse levada em conta, se cometeria um erro ao se sobrevalorizar os benefícios dos intercâmbios.

2.2.3. Modelagem da Interconexão Rivera-LivramentoO modelo estocástico identificado de acordo com o item 2.2.2 é capaz de gerar séries sintéticas de vazões afluentes às usinas do Uruguai e valores de CMO da região Sul do Brasil. Estes valores gerados foram utilizados na plataforma de Simulación de Sistemas de Energía Eléctrica – SimSEE para a simulação da operação ótima do sistema uruguaio.

Com a hipótese de que os CMOs da região Sul do Brasil não serão afeta-dos por intercâmbios de até 72 MW, a representação da conversora no simulador SimSEE foi feita com um modelo de Mercado Spot, em pata-mares de carga (P1, P2, P3 e P4) conectado a um nó que, por sua vez, se conecta a um outro nó, correspondente ao sistema uruguaio, através de dois arcos que representam importação e exportação, sendo também consideradas suas respectivas perdas e restrições.

O preço da energia no nó que representa a região Sul do Brasil é o dos custos marginais gerados pelo modelo estocástico mencionado anterior-mente para cada patamar de carga.

2.2.4. Casos de EstudoA determinação dos benefícios baseia-se na avaliação da variação dos CMOs do Uruguai antes e depois do intercâmbio, supondo que os custos marginais do Sul do Brasil não são afetados pela exportação / importação de 72 MW. Com essa finalidade, foram definidos os seguintes casos de estudo simulados: • Caso 1- “Sem_Intercâmbio” Para a simulação, é estabelecido um custo de US$ 5.000/MWh para

a exportação de energia, de forma a tornar proibitivo o intercâmbio de energia entre os dois países.

• Caso 2- “Com_Intercâmbio” As regras estabelecidas no item 2.1.2 para a Importação/Exportação do

Uruguai com o Brasil, via Conversora Rivera – Santana do Livramento, são aplicadas para a simulação desse caso, considerando as séries de CMOs da região Sul do Brasil.

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20 Revista do Operador Nacional do Sistema Elétrico | #03 | Ano 2 | Maio-Ago | 2012

2.3. Determinação dos BenefíciosDe posse dos dados, informações, premissas e metodologia acima descri-tos, foram efetuadas as simulações dos dois casos de estudo e, assim, a partir do cálculo da diferença entre os custos marginais apresentados pe-los dois países, os benefícios advindos dos intercâmbios ocorridos foram estimados como sendo iguais aos ganhos que são apropriados pelo siste-ma importador no momento em que se efetiva a transferência de energia.

Assim, como apresentado na Figura 1, considerou-se como custo margi-nal do Uruguai para efeito dos intercâmbios a média aritmética dos custos marginais na hipótese de não ocorrer o intercâmbio (CMOsem) e ocorren-do o intercâmbio (CMOcom). O benefício total da interligação é dado pela diferença entre a média aritmética do custo marginal do Uruguai (CMOurg) e o custo marginal da região Sul do Brasil.

Figura 1: Benefício Total: Diferença entre os Custos Marginais dos dois países

Como citado anteriormente, para um intercâmbio máximo de 72 MW atra-vés da conversora Rivera – Santana do Livramento, considerou-se que, nas simulações, os CMOs do Sul do Brasil não sofrem variações. Portanto, foram utilizadas as séries de CMOs do Sul do Brasil com seus valores pon-derados de acordo com a distribuição de horas dos patamares uruguaios, conforme apresentado no item 2.2.1, sendo 79 séries constituídas de valo-res mensais no período de novembro/2011 a outubro/2013 para cada um dos patamares (P1, P2, P3 e P4).

Dado que os custos marginais do Uruguai são afetados pelos intercâmbios com o Brasil, para cada patamar e para cada série, foram calculadas as médias mensais entre seus respectivos custos marginais (“com” e “sem” intercâmbio), ao longo de todo o horizonte do estudo. De posse desses va-lores, os benefícios advindos dos intercâmbios entre os dois países foram obtidos aplicando-se o seguinte cálculo:

BenefícioPi (m,s ) = ABS [ PintPi (m,s ) ] xABS [ (CMOsemPi (m,s ) -CMOcomPi(m,s))/2- CMO_BRPi(m,s)] x DuraçãoPiSendo:• IPintPi(m,s) = Intercâmbios mensais • ICMOsemPi(m,s) = CMOs mensais do URUGUAI (Obtidos no Caso “SEM Intercâmbio”)• ICMOconPi(m,s) = CMOs mensais do URUGUAI (Obtidos no Caso “COM Intercâmbio”)• ICMO_BRPi(m,s) = CMOs mensais do subsistema Sul do BRASIL• IDuraçãoPi = duração do patamar Pi em questão, conforme descrito no

item 2.2.1• IPi = Patamar P1, P2, P3 ou P4• Im = mês• Is = série

Para que a contabilização dos benefícios fosse feita de forma indistinta e independente do sistema importador, no cálculo foram considerados os

valores absolutos tanto do intercâmbio quanto da diferença existente entre os CMOs dos dois países, aqui também chamada de margem. Os resulta-dos obtidos estão apresentados no item a seguir.

2.4. ResultadosO benefício total da interligação de 72 MW entre o Brasil e o Uruguai é da or-dem de US$ 76 milhões no período novembro/2011 a outubro/2013 (trazido a valor presente em novembro/2011). Este montante aponta para a importância de que haja uma evolução nas modalidades de intercâmbio atualmente prati-cadas no âmbito dos países do Cone Sul, de forma que se possa extrair dos investimentos realizados e ainda a realizar o máximo de benefício resultante da integração e da complementaridade existentes, contribuindo assim para a melhoria das condições de atendimento e para o bem estar das sociedades.

Ressalta-se que o valor do pedágio para o uso da linha de transmissão, igual a 360.000 US$/mês, foi considerado no cálculo do saldo do benefí-cio total. Esse valor compulsório corresponde ao custo necessário para a amortização dos investimentos, operação e manutenção da estação con-versora de propriedade da UTE e Eletrobras. Esse custo deverá ser pago pelo agente comercializador que requeira o uso da conversora.

As possibilidades de rateio dos benefícios proporcionados pela interligação devem ser objeto de regulação econômica pelos governos de cada país, em especial pelos Ministérios de Minas e Energia e pelos Reguladores. No mo-mento, os governos do Brasil e do Uruguai constituíram grupos mistos de trabalho com a finalidade de propor, conforme decisão tomada pelos gover-nos, um caminho para a integração plena entre mercados. Neste ambiente, a discussão de alocação dos benefícios será um dos tópicos a serem tratados.

3. Conclusões

Brasil e Uruguai possuem uma interconexão de 72 MW em Santana do Li-vramento – Rivera, que é utilizada de maneira restrita, predominantemente com fluxos no sentido do Brasil para o Uruguai. A energia fornecida pelo Brasil tem como base as usinas termoelétricas não despachadas e energia hidroelétrica turbinável na modalidade de devolução.

No início de 2013, entrará em operação uma interligação forte entre os dois países, de 500 MW em 500 kV, ampliando as possibilidades de tro-cas eficientes de energia. Neste caso, os fluxos no sentido do Brasil para o Uruguai deverão influenciar os custos marginais do sistema brasileiro, o que irá requerer novos aperfeiçoamentos na metodologia aqui aplicada.

Neste trabalho apresentamos uma proposta de evolução da modalidade de intercâmbio de energia interruptível em relação à prática atual, e que serve de ensaio para ampliar os benefícios quando da ampliação da inte-gração. Os benefícios auferidos pelos intercâmbios baseados nos custos marginais dos dois países são da ordem de US$ 76 milhões em dois anos, considerando-se apenas uma interligação de 72 MW.

4. Autores

Hermes Chipp, Marcelo Prais, Alberto Sergio Kligerman, Maria Helena Te-les de Azevedo, Luiz Augusto Lattari Barretto, do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – Brasil, e Gonzalo Casaravilla, Ruben Chaer, Jorge Cabrera, Ana Casulo, da Administración Nacional de Usinas y Transmisio-nes Eléctricas (UTE) – Uruguai.

Custo Marginal de Uruguai

SEM intercâmbioCusto Marginal do Brasil_Sul Custo Marginal de Uruguai

COM intercâmbio

B = Benefício TOTAL do intercâmbio

CMOcom

CMOsem

CMOurg = (CMOsem+CMOcom)/2

ARTIGO

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