Revista do Fórum DRS - Edição 4
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REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 1
F Ó R U M D R SRevista EletrônicaRevista EletrônicaAno 2 | Edição 4 | março/2013Ano 2 | Edição 4 | março/2013
www. i i c a f o r umd r s . o r g . b r
ISSN
222
7-65
99
Venezuela teje nueva ruralidad, con tecnología y Buen Vivir
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 2
SEMEANDO
INOVAÇÃO
PARA COLHER
PROSPERIDADE
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 3
EDITORIAL EDITORIAL
En un período turbulento de impases e indecisiones
que atraviesan las discusiones sobre el futuro sostenible y
social del mundo, sobre todo en cuestiones relacionadas
con los cambios temáticos, la seguridad alimentaria y la
desigualdad social, existe una evidente falta de liderazgo
y falta de compromisos concretos por parte de nuestros
representantes. Esto es aún más evidente en las zonas ru-
rales, que cada vez más parece carecer de voces activas en
la esfera pública. Por lo tanto, la Revista Foro DRS - Revista
Electrónica trae al lector, en esta edición, un perfil para
inspirar a los líderes y servir de espejo para futuros por-
tavoces y defensores de la igualdad social, especialmente
en las zonas rurales: Carlos Miranda, un estímulo para los
que viven en las zonas rurales y para aquellos que deseen
ingresar en el oficio de operarios de un mundo sostenible.
Para enriquecer el carácter Latinoamericano de la Re-
vista Foro DRS – Revista Electrónica, seleccionamos dos
gestores públicos de entidades que desempeñan un papel
importante en el logro de la política pública y el desarrollo
rural en el continente. Por un lado, Víctor Villalobos, Di-
rector General del IICA que habla de la importancia de la
innovación tecnológica y social para el progreso de la regi-
ón. Por otra parte, Andrea Butto, Secretaria de Desarrollo
Territorial, analiza las políticas brasileñas enfrentamiento
de las desigualdades sociales.
Además de los tres artículos de opinión sobre temas
actuales del DRS, en esta cuarta edición destacamos tres
reportajes sobre la amplitud de los proyectos no solo a nivel
nacional como también internacional. En el primer caso,
como materia principal, se presentan los resultados de un
proyecto Venezolano que tiene como objetivo “construir
una nueva ruralidad en el país con tecnología productiva
asociada al buen vivir de la población del campo”.
El Segundo artículo trata del debate realizado en el Se-
nado sobre el proyecto brasileño “Repensar el Concepto de
Ruralidad en el Brasil y sus implicaciones sobre las políticas
públicas”. Para concluir esta edición, presentamos un infor-
me con avances logrados en la aplicación de la Estrategia
de Desarrollo Rural y Tierras en América Central - ECADERT.
Buena lectura!
In a troubled period of conflicts and indecision, appe-
ar a series of discussions related to the wold sustainable
and social future, mainly on issues related to the thematic
changes, food security and social inequality, there is an
evident lack of leadership as well as the lack of concrete
commitments of our representatives. This is even more
sensible in rural areas, which increasingly seems to have a
lack of active voices in the public sphere. In this context, the
DRS Forum Magazine brings to the reader, in this edition,
a profile to inspire leaders and serve as a mirror for future
spokespersons and advocates of social equality, especially
in rural areas: Carlos Miranda, an encouragement to those
living in the countryside and for those wishing to join the
workers context in a fair sustainable world.
To enrich the Latin American character of the DRS Fo-
rum Magazine, we selected two managers of public entities
that play an important role in the achievement of public po-
licies and rural development in the continent. One of them
is Victor Villalobos, General Director of IICA that speaks of
the importance of technological and social innovation for
the region’s progress. The other one is Andrea Butto, Secre-
tary of territorial development, she analyzes the Brazilian
policies against social inequalities.
Besides the three opinion articles on DRS current to-
pics, this fourth edition highlights three articles on broad
range projects not only nationally but also internationally.
The first case, as cover material, presents the results of a
Venezuelan project that aims “to build a new rurality in the
country associated with productive technology to the life
quality of rural population”.
The second article is about the debate that took place in
the Brazilian Senate about the project “Rethinking the Con-
cept of Rurality in Brazil and its implications on public po-
licy.” To conclude this edition, we present an article about
the achievements of the implementation of the Strategy for
Rural and Land Development in Central America - ECADERT.
Have a nice reading!
Siga-nos: http://twitter.com/forumdrs
EDITORIAL
Em um período conturbado, de impasses e indecisões,
pelo o qual atravessam as discussões sobre o futuro susten-
tável e social do mundo, principalmente, em temas relacio-
nados às mudanças temáticas, a segurança alimentar e a de-
sigualdade social, fica evidente a escassez de líderes e a falta
de comprometimentos concretos por parte de nossos repre-
sentantes. Isto é ainda mais sensível no meio rural, que cada
vez mais parece carecer de vozes atuantes nas esferas públi-
cas. Assim, a Revista do Fórum DRS traz ao leitor, nesta edição,
um perfil para inspirar líderes e servir de espelho para futuros
porta-vozes e defensores da igualdade social, principalmente
no meio rural: Carlos Miranda, um alento para àqueles que
vivem no campo e pra àqueles que pretendem ingressar no
ofício de operários de um mundo sustentável justo.
Para enriquecer o caráter latinoamericano da Revista do
Fórum DRS, selecionamos dois gestores públicos de entidades
que jogam um papel importante na consecução das políticas
públicas e de desenvolvimento rural no continente. De um
lado Victor Villalobos, diretor geral do IICA que fala da impor-
tancia da inovação tecnologica e social para o progresso da
região. De outra parte, Andrea Butto, secretária de desenvol-
vimento territorial, analisa as politicas brasileiras de enfren-
damento das desigualdades sociais.
Além dos três artigos de opinião sobre temas atuais do
DRS, nesta quarta edição destacamos três reportagens sobre
projetos de amplitude não só nacional como internacional. No
primeiro caso, como materia de capa, apresenta-se os resulta-
dos de um projeto Venezuelano que visa “construir una nue-
va ruralidad en el pais con tecnología productivas asociada al
buen vivir de la población del campo”. A segunda reportagem
trata do debate realizado no Senado Federal brasileiro sobre
o projeto “Repensando o Conceito de Ruralidade no Brasil
e suas implicações sobre as políticas públicas”. Finalizando
essa edição, apresentamos um reportagem com os avenços
logrados na execução da Estratégia de Desenvolvimento Rural
e Territorial na América Central - ECADERT.
Boa leitura!
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura - IICA
Diretor Geral: Víctor Villalobos
Representante do IICA no Brasil: Manuel Rodolfo Otero
Coordenação de Comunicação: Mário Salimón
Fórum Permanente de Desenvolvimento Rural Sustentável
Coordenador Executivo: Carlos Miranda
Assessor Técnico: Breno Tiburcio
Assistente Técnico: Renato Carvalho
Jornalista: André Kauric
Secretária Executiva: Tatiana Cassimiro
REVISTA FÓRUM DRSwww.iicaforumdrs.org.br
Conselho Editorial: Manuel Otero, Carlos Miranda,
Breno Tiburcio, Byron Miranda, Alberto Adib e
João Torrens.
Redação
Editora de Arte e Editoração Patricia Porto
Jornalista responsável André Kauric
Foto de Capa IICA
Foto 4a capa: Cortesía RSIP Antonio José de Sucre
Fotos Arquivo IICA
Entre em contato com a redação
Representação do IICA no Brasil
SHIS QI 03, Lote A, Bloco F, Centro Empresarial
Terracotta
CEP 71605-450, Brasília-DF, Brasil.
Telefone: (55 61) 2106-5477
Fax: (55 61) 2106-5458 / 5459
A REVISTA FORUM DRS É UMA PUBLICAÇÃO ELETRÔNICA
TRIMESTRAL. OS CONCEITOS EMITIDOS NOS ARTIGOS E
MATÉRIAS ASSINADAS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS
AUTORES, NÃO REFLETINDO, NECESSARIAMENTE, A OPINIÃO
DO FÓRUM DRS.
É PERMITIDA A REPRODUÇÃO DA REVISTA, DESDE QUE
CITADA A FONTE.
SUM
ÁRIO
Víctor M. Villalobos
Mexicano, ingeniero agrónomo, maestro en Ciencias en
Genética Vegetal, Director General del IICA
Andrea Butto
Brasileira, Mestre em antropologia e Secretária de Desenvolvimento Territorial do MDA
Venezuela teje nueva ruralidad, con tecnología y Buen Vivir
Conceito de rural é debatido no Senado Federal do Brasil
ECADERT: una estrategia de desarrollo que se consolida
Silvana Vallejo PáeLos Desafíos del Buen Vivir Rural
Sérgio Sepulveda Políticas para la Agricultura Familiar (PAF) en América Latina:
potencial y desafíos
André KauricInforma-se muito, comunica-se pouco
Entrevista
Desafios do DRS
Artigo
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Carlos Miranda
Coordenador Executivo do Fórum DRS e Especialista em Desenvolvimento Rural do IICA no Brasil
Perfil
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6
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 66
PERFIL
Raio X
Carlos Miranda
Não vou parar. Eu quero mais. Mais desafios. Fiz uma opção política de lutar contra a desigualdade social
quando ainda era pequeno e vou continuar.
Graduado em Direito pela
Universidade Federal
de Pernambuco e com
especializações em
desenvolvimento econômico e
planejamento do desenvolvimento
rural pela CEPAL e Escolatina,
da Universidade do Chile.
Atualmente é Coordenador
Executivo do Fórum DRS e
Especialista em Desenvolvimento
Rural do IICA no Brasil.
“
”
Foto: Arquivo IICA
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 7
Esta edição do “Perfil” começa com um pedido de desculpa ao leitor por um provável episódio que não será aqui relatado. Do pe-ríodo entre o qual foi produzido até este momento, no qual você está lendo esta editoria, provavel-mente, Carlos Miranda já terá fina-lizado outra importante negocia-ção e, assim, assumido um novo desafio em sua vida dedicada a enfrentar as desigualdades sociais e que, infelizmente, não será ex-plicitado aqui.
No entanto, talvez isto sirva para ilustrar a inquietude de Car-los Miranda por novos desafios e o faro por conquistar novos proje-tos voltados para a área rural. Não queremos levar o leitor a criar o estereótipo daquele executivo usando terno e gravata, com três celulares nos bolsos e presença ativa em eventos políticos. Não se equivoque. Para o perfil deste mês, a arte de negociar não tem receita, não é um dom. Para Mi-randa, negociar um projeto para o meio rural é simplesmente de-dicar tempo e energia na aposta que fez quando ainda era adoles-cente. Talvez ai esteja o segredo do sucesso.
Zona da Mata, interior de Pernambuco, Brasil, foi lá, próxi-mo da cidade de Canhotinho, onde nasceu, que Miranda teve sua primeira experiência com o tema das desigualdades sociais. Seu pai, um dos gerentes da Usi-na Catende, a maior de açúcar e álcool da América Latina naquela época, o levou para morar na Usi-na. Foi o primeiro impacto com as desigualdades sociais. “Foi minha primeira percepção do que era riqueza e pobreza. Ver o traba-lhador, o operário e o dirigente é ver os que tinham tão pouco e os que tinham demais”, lembra. Para Miranda, a convivência com as desigualdade sociais destacou um traço político em sua perso-nalidade.
Após a experiência em Caten-de, Miranda cursou Direito e Eco-nomia em Recife. A experiência em Catende e as leituras dos livros “Geografia da Fome” e “Geopolíti-ca da Fome”, do médico Josué de Castro, o levaram a desenvolver sua primeira monografia a respei-to do tema Economia Canavieira e o Tratamento dado ao Trabalha-dor rural. À época, Miranda conci-liava os estudos com seu primeiro
emprego: professor de português. O exercício do ofício despertou em Miranda outra vocação, a de formação de pessoas, além de ter aprimorado muito bem sua didá-tica. Mais tarde, Miranda foi convi-dado para dar aulas de Economia Rural na faculdade de Economia da Universidade Católica de Per-nambuco. “Me impressionava e ainda impressiona o baixo nível em português dos nossos alunos. É essencial dominar a língua para ser um profissional de sucesso, in-dependente da área”.
Em 1958 um fato iria alterar a vida de Miranda. Durante a forte seca que atingia o Nordeste na-quele ano, bispos formaram um movimento para solicitar auxílio ao Governo Federal para a região. O resultado da ação foi a criação da Superintendência do Nordeste, a Sudene. Miranda acompanhou tudo de perto e fez concurso para formar parte da equipe técnica do novo órgão criado. Deu certo e em 1962 Miranda começou sua jornada de dez anos na instituição fazendo o Curso de Especialização em Planejamento e Desenvolvi-mento Econômico. O curso tinha entre os professores o primeiro
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PERFIL
Um homem, vários desafios e um objetivo: enfrentar as desigualdades sociaisDa cidade de Canhotinho, no interior de Pernambuco, para o mundo. Nesta edição, o leitor vai viajar pela vida de Carlos Miranda e entender porque é considerado um grande negociador de projetos para o meio rural e o desenvolvimento
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PERFIL
superintendente da Sudene, nada mais nada menos que Celso Fur-tado. “Foi uma honra tê-lo como professor”, ressalta. Durante uma década Miranda participou de diversas atividades no órgão que, na opinião dele, pesou muito em sua formação.
Em 1972 Miranda recebe con-vite do BID para coordenar pro-
des sociais. A experiência do SNPA destacou um traço marcante de Miranda: a formação de pessoas. Isso se comprovou com a criação do Curso de Pós Graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA), um programa interdisciplinar de ensino, pes-quisa, extensão e intercâmbio em Ciências Sociais aplicadas ao
mais uma vez inovou ao montar um curso de capacitação para desenvolvimento, planejamento e projeto.
Sete anos depois, em 1988, Mi-randa desembarca na Costa Rica para trabalhar no Instituto Intera-mericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). Ali, durante seis anos, viaja por diversos países da América Latina e o Caribe e co-nhece a dura realidade da popu-lação rural na região.
Em 1994, ainda pelo IICA, volta ao Brasil e começa a desenvolver uma série de ações e atividades que re-sultaram na criação do Fórum Per-manente de Desenvolvimento Rural Sustentável, o Fórum DRS.
Miranda, desde 2005, é coorde-nador executivo do Fórum DRS, coordenador da área de Desen-volvimento Rural da representa-ção do IICA no Brasil e continua procurando temas na fronteira do conhecimento com o propósito de enfrentar as desigualdades e a pobreza. “Sempre comecei as coi-sas partindo do zero. Nada existia. Vou persistir na minha escolha po-lítica de contribuir para melhoria do povo, pela superação da pobre-za. Vou ser fiel a isso”, explica. Para isso, Miranda vem desenvolvendo o projeto Repensando o Concei-to de Ruralidade no Brasil que vai contribuir com a proposição de políticas públicas para o meio rural, tanto no Brasil quanto na América Latina. Além disso, está engajado no desenvolvimento de outros projetos, voltados para a área de Comunicação Pública e enfrenta-mento da pobreza.
jeto na Bahia. Três anos depois, um novo desafio. Desta vez en-comendado pelo Ministério da Agricultura do Brasil e, talvez, um dos mais importantes de sua car-reira: organizar o Sistema Nacional de Planejamento Agrícola (SNPA). Durante seis anos, Miranda per-correu todo o país organizando as Comissões Estaduais de Pla-nejamento Agrícola, as Cepa´s; aumentou ainda mais seu conhe-cimento e mapeou as desigualda-
conhecimento do mundo rural e áreas afins. Foi criado como Mes-trado em 1977.
Chegamos à década de 80 e Miranda é convidado pelo go-verno baiano para um novo de-safio no projeto de interiorização do desenvolvimento no estado: a criação de uma empresa, que mais tarde viria a se chamar Companhia de Desenvolvimen-to e Ação Social, a CAR. Miranda
Foto: André Kauric
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Los Desafíos del Buen Vivir RuralSilvana Vallejo Páez é Viceministra de Desarrollo Rural Ministerio de Agricultura, Ganadería, Acuacultura y Pesca - Ecuador
Durante décadas, el De-sarrollo Rural fue enten-dido como un proceso
de inversión pública que atiende los pequeños productores, a los sectores marginados y por eso se generó un sesgo paternalista y sin aspiración de crecimiento. Lo rural vino explicado como sinónimo de agricultura con lo cual se genera-ba una intervención separada de su interrelación con lo urbano y políti-cas intervencionistas centralistas y con enfoque sectorial. Por años, la intervención del Estado ofreció res-puestas débiles, desarticuladas y sin reconocer su heterogénea realidad y su espacio multidimensional.
La ruralidad ecuatoriana del presente debe indudablemente rescatar las lecciones aprendidas del pasado y debatir las actuales estrategias en el marco del reco-nocimiento de su carácter multidi-mensional y multisectorial y de su rol hacia un proceso de cambio de la matriz productiva. Se puede afir-mar que al menos parcialmente, la solución de problemas fundamen-tales que tendrán que definirse en las estrategias de desarrollo rural pasan por salir de la pobreza y la
exclusión social, el ajuste al cambio climático y gestión del riego, la pro-tección a la biodiversidad, la valora-ción de las culturas tradicionales y de la interculturalidad, el reconoci-miento del derecho a la alimenta-ción como base de la dignidad del ser humano, entre otros aspectos.
El nuevo enfoque del Desarrollo Rural adquiere una dimensión inno-vadora, que en Ecuador la hemos denominado el Buen Vivir Rural, que no es sino una estrategia que reconoce la necesidad de honrar una deuda social e histórica con el campesinado ecuatoriano, los pueblos indígenas, montubios y afroecuatorianos.
En este sentido se hace pruden-te establecer las políticas y estrate-gias que conciban los siguientes desafíos como un cambio de para-digma que configura el Buen Vivir Rural:
• Entender el espacio rural no como un mundo agropecua-rio sino como un espacio de dinámica multisectorial.
• Saber que el paradigma productivista no ha logrado resolver los problemas de marginación y exclusión, es necesario incorporar las di-mensiones ambiental, políti-ca y social.
• Consolidar una alianza rural–urbana ya que hay que reco-nocer que el espacio rural es progresivamente invadido
por el crecimiento de con-glomerados urbanos.
• Reconocer como un factor clave el rol que pueden asu-mir los gobiernos autónomos descentralizados como factor de éxito en la implementaci-ón de la estrategia de desar-rollo rural.
• Fortalecer la articulación in-terinstitucional para lograr sinergia entre las políticas sectoriales y, al mismo tiem-po, impulsar alianzas públi-co–privadas y estrategias de mejora competitiva.
• Preparar un nuevo “contrato social” para que la transfor-mación y cambio de matriz productiva sea un proceso compartido.
• Transferir poder a los ciuda-danos, aumentando su parti-cipación efectiva en procesos decisorios.
Considerando estos desafíos, el Buen Vivir Rural es aquel que se articula a procesos sociales, tecno-lógicos, organizacionales e institu-cionales, que permiten fortalecer la seguridad y soberanía alimenta-ria, mejorar los niveles de ingreso, distribuir el poder, participar del cambio de la matriz productiva y cuidar de la naturaleza. Por lo tanto, el debate constructivo que afiance este enfoque será la tarea de los ciudadanos y ciudadanas que cre-emos que es posible ir hacia una verdadera Revolución Rural y Agro-pecuaria.
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ART IGOARTIGO
Foto
: San
tiago
Argu
ello
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 10
Víctor M. Villalobos, de nacionali-
dad mexicana, es el Director Gene-
ral del Instituto Interamericano de
Cooperación para la Agricultura
(IICA) desde 2010. Anteriormente
fue Subsecretario de Recursos Na-
turales y Subsecretario de Agricul-
tura de México.
Durante su gestión en el IICA ha
impulsado un cambio de paradig-
ma en la agricultura de las Améri-
cas, orientado hacia una agricul-
tura más productiva, más inclusiva
y más sustentable, un reposiciona-
miento basado en la innovación, el
intercambio de buenas experien-
cias entre países y la incorporación
de una cultura de transparencia en
la gestión institucional.
Villalobos destaca en la entrevis-
ta la importancia de las redes de
conocimiento para promover la
innovación en la agricultura de las
Américas.
¿Usted lidera una organizaci-ón reconocida y de larga trayec-toria en las Américas, ¿cómo se siente con esa responsabilidad?
Es un honor presidir una insti-
tución reconocida a nivel hemis-
férico y que atiende el tema al que
he dedicado mi vida profesional y
mis aspiraciones éticas. Me sien-
to satisfecho porque al frente del
IICA me acompaña gente que
comparte mi visión y mi forma de
ver la agricultura.
Líderes políticos y expertos coinciden en señalar que los de-safíos de las Américas giran en tornoa la búsqueda de la inclusi-ón social, la competitividad, la se-guridad alimentaria y la goberna-bilidad en democracia. ¿Coincide con esta apreciación?
Coincido. En muchos de nues-
tros países el sector rural, parti-
cularmente la agricultura de pe-
queña y mediana escala, ha sido
Redes de conocimiento son clave para la innovación agrícola de las Américas
Mexicano, ingeniero agrónomo de la Escuela
Nacional de Agricultura de Chapingo, México, maestro
en Ciencias en Genética Vegetal del Colegio de Post-
Graduados de Chapingo y doctor en Morfogénesis
Vegetal de la Universidad de Calgary, en Canadá. Como
investigador, ha promovido el desarrollo de la biotecnología
agrícola como herramienta para la producción
sustentable y la seguridad alimentaria mundial.
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Víctor M. Villalobos
ENTREV ISTA
Por Byron Miranda Fotos Rafa Cartín
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 11
el más rezagado, por lo que incor-
porar a los productores a la diná-
mica de progreso general debe
ser la aspiración de todos.
Labaja competitividad de la
agricultura de pequeña y media-
na escala esparte de este proble-
ma; es necesario superar la visión
tradicional de asistencia, com-
pensación y subsidios y cambiarla
por una que, si bien reconoce que
los pequeños productores tienen
recursos limitados, comprende
que estos, debidamente organi-
zados y con tecnología adecua-
da, pueden alcanzar importantes
niveles de competitividad que les
permita superar las condiciones
de pobreza.
En cuanto al cambio climáti-
co, la clave es cómo adaptarnos
a esos cambios que están ocur-
riendo producto de nuestro de-
sarrollo, por lo que tenemos que
practicar una agricultura con res-
ponsabilidad ambiental que se
adapte mejor a las cambiantes
condiciones ambientales.
El tema de gobernabilidad en
democracia es el colofón de todo
esto.La democracia es una con-
dición indispensable para el de-
sarrollo, se requieren gobiernos
que asuman la responsabilidad
de liderar estos procesos con un
horizonte de largo plazo.
Usted habla de una agricultu-
ra más productiva, más inclusiva
y más sustentable. ¿Qué significa
en la práctica?
La agricultura que hemos veni-
do practicando ha resuelto las de-
mandas y los retos que se le han
presentado en el pasado reciente,
pero por sus costos ambientales y
¿Cuáles son los principales lo-
gros de su gestión al frente del
IICA?
Hemos logrado el fortaleci-
miento técnico de nuestra or-
ganización, reconociendo que
por su naturalezael IICA es una
entidad para la cooperación téc-
nica, cuyas fortalezas estratégicas
11
ENTREV ISTA
La nueva forma de hacer agricultura se debe fundamentar en al menos tres principios: debe ser más productiva, debe ser más inclusiva y debe ser más sustentable.
el impacto en los recursos natu-
rales es difícil mantenerla en los
mismos términos. Por esto, la nue-
va forma de hacer agricultura se
debe fundamentar en al menos
tres principios: debe ser más pro-
ductiva, es decir, producir más en
la misma superficie destinada a la
producción agropecuaria; debe
ser más inclusiva, no concibo una
agricultura que excluya a un im-
portante sector de la población
rural; y debe ser más sustentable,
porque es indispensable hacer
un uso racional de los recursos
naturales para mantenerlos, con-
servarlos y mejorarlos en el futuro.
están siendo aprovechadas por los países en la reformulación de políticas y el desarrollo de capaci-dades, por ejemplo en fuentes al-ternas de energía y bioseguridad.
Además hemos hecho apor-tes en el fortalecimiento de las capacidades nacionales en mu-chos temas, por ejemplo en las sanidades, en el que más allá de una simple capacitación, estamos formando escuela.
La implementación de la estra-tegia IICA-país ha sido un buen instrumento que nos permite es-tar más en contacto con las prio-ridades de los Estados Miembros.
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 12
También hemos incursionado
con éxito en programas regio-
nales, como en desarrollo rural y
agronegocios, en los que trabaja-
mos con una visión más allá de lo
nacional.
¿Cuál es el papel del IICA en
apoyo a los gobiernos de sus paí-
ses miembros?
tende consolidar en grupos de
consenso en las diferentes regio-
nes, como el Consejo Agropecua-
rio del Sur, el Consejo Agropecua-
rio Centroamericano, el CARICOM
y otras redes donde participan los
ministerios.
Como parte de esa política de
diálogo, se procura que el Direc-
mento a la producción, agricultu-
ra sustentable o sanidades, pues
la mujer está participando igual
que el hombre, aunque no sea
reconocida.
Los indígenas están todavía
mucho más abandonados, no
hemos logrado despertar aten-
ción respecto al papel que ellos
han jugado en la agricultura, pero
debemos reconocer que han sido
los depositarios no solo de los
recursos genéticos que hoy nos
dan los alimentos, sino también
de todo el acervo cultural asocia-
do a la agricultura, que va más allá
de la simple producción.
Se debe partir de que todos los
productores cuentan, pequeños,
medianos y grandes; yo no hago
una diferenciación para mujeres
o indígenas, todos cuentan y hay
que dar valor a cada uno.
¿Qué se puede hacer para que
el mundo rural sea más atractivo
para los jóvenes?
El tema de la mejora de la ca-
lidad de vida del sector rural tie-
ne que ir más allá de agricultura,
si los jóvenes tienen más acceso
al conocimiento y a la tecnología
pueden aspirar a una mejor vida
de la que se le ha ofrecido a sus
padres o abuelos, entonces se
estará en capacidad de retener
esa fuerza, esa capacidad; que no
1212
ENTREV ISTA
La mujer en la agricultura no se le ha hecho justicia. Yo no creo que se le tengan que hacer programas especiales de incremento a la producción, agricultura sustentable o sanidades, pues la mujer está participando igual que el hombre, aunque no sea reconocida.
La diversidad de países que
atiende el IICA es el reflejo de la
diversidad de problemas que se
pueden presentar en el sector
agrícola. No es lo mismo la re-
lación y las expectativas que se
tienen respecto al IICA en un país
con menos recursos y menos ca-
pacidades, que las que se pueden
concebir en países con más cono-
cimiento, más tecnología o más
recursos.
Es muy difícil para una instituci-
ón tener agendas específicas para
cada país, de modo que parte de
esa vinculación con los gobier-
nos, que se da entre el IICA y el
Ministerio de Agricultura, se pre-
tor General del IICA participe en
las reuniones de Ministros, eso
nos ha ayudado a mantener un
flujo permanente de información,
ajustar nuestras agendas y opti-
mizar nuestro papel como insti-
tución que ofrece cooperación
técnica.
¿Cómo apoya el IICA la parti-
cipación en la agricultura de las
mujeres rurales y los pueblos in-
dígenas?
He señalado, y lo repito aquí,
quea la mujer en la agricultura
no se le ha hecho justicia. Yo no
creo que se le tengan que hacer
programas especiales de incre-
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 13
vean la agricultura como una acti-
vidad de expulsión, sino más bien
como una actividad en la que se
puede forjar un futuro.
¿Cómo trascender el carácter
asistencial de apoyo al sector rural
para convertirlo en una inversión
estratégica?
conocimiento, es muy probable
que ese recurso sí tenga una re-
percusión en el tiempo.
¿Cómo cambiar de mentali-
dad? Yo creo que es a partir del
reconocimiento de que en la
misma zona rural hay capacidad;
más que cambiar la política pú-
blica de arriba hay que partir de
Entre estas redes puedo men-cionar INNOVAGRO, la red Agri-cultura G20 y los PROCI. Seguiré fortaleciendo los mecanismos de redes, pues la comunicación es fundamental y por eso buscamos facilitar el diálogo entre actores y países.
Algunos países han incorpora-do políticas de fomento a la agri-cultura familiar y al mismo tiempo de fomento al desarrollo territo-rial, con aparatos públicos que caminan en paralelo. ¿Qué opina?
Lo importante es que haya transparencia, que haya mecanis-mos de rendición de cuentas que permitan evaluar cuáles son las contribuciones de las entidades en función de lo que se invierte. En una agenda tan rica como es la agenda de la agricultura tendrí-amos que enfocarnos en temas mayores y orientar las dependen-cias en una visión multisectorial, en la que cada quien defina cuál es su papel, con la existencia de un mecanismo de coordinación y rendición de cuentas.
Tiene que haber una política de Estado que diga que al sector rural lo llevaremos‘de aquí a acá’ en 20 años y tienen que participar diversos ministerios no solo el de Agricultura, sino otros como Edu-cación, Salud y Ambiente. Una política de Estado es una ley que permite medir ese proceso de
ENTREV ISTA
13
Si solo se les da dinero, nunca se les sacará de la pobreza, pero si ese dinero se pone en un esquema de asociatividad, en un esquema de competitividad, orientándoles y acercándoles el conocimiento, es muy probable que ese recurso sí tenga una repercusión en el tiempo.
El subsidio distorsiona, no
quiero decir que no es necesa-
rio, sino que hay que tener muy
claro qué se subsidia y cómo. Es
muy diferente dar US$100 por
hectárea a unos campesinos que
en su tierra no tienen posibilidad
de producir nada, que darles ese
mismo dinero en semilla adap-
tada a sus condiciones de suelo,
o para comprar una bomba para
usar mejor el agua.
Si solo se les da dinero, nunca
se les sacará de la pobreza, pero
si ese dinero se pone en un es-
quema de asociatividad, en un
esquema de competitividad,
orientándoles y acercándoles el
abajo hacia arriba, a través de un
sistema de organización que per-
mita sacar a una comunidad de la
pobreza.
¿Qué hace el IICA para colo-
car en la agenda de los países
el apoyo a la agricultura de pe-
queña escala y el desarrollo rural,
así como para comunicar entre
países las experiencias exitosas?
Esa decisión que hemos toma-
do de promover y fortalecer la co-
municación entre los países a tra-
vés de los sistemas de redes nos
ha permitido descubrir espacios y
experiencias a la que difícilmente
hubiéramos podido acceder.
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 141414
ENTREV ISTA
mejora; los países que lo han lo-
grado, como Brasil y México, nos
han demostrado que han tenido
éxito en sacar al sector rural de la
pobreza, en involucrarlo en el de-
sarrollo y en hacer de la actividad
agrícola una actividad tan pro-
ductiva como la de manufacturas
o alguna otra.
Entonces este tema tiene que
ver con cultura y decisión política
de rendición de cuentas.
Lo importante es que ya sean
ministerios, dependencias o di-
recciones generales, esas estruc-
turas cumplan su responsabilidad
y haya un mecanismo de rendici-
ón de cuentas sobre la inversión
que se hace.
Yo tuve a mi cargo a directores generales en el Ministerio de Agri-cultura, cuando se les asignaba el presupuesto me decían “ya cumplí mi trabajo porque ya entregue to-dos los recursos”, y yo les decía “no, aquí es donde empiezas, tienes que darle seguimiento y me tienes que demostrar que ese dinero lle-gó adonde tenía que llegar”.
Hablamos de recursos públi-cos, tienen un destino y en con-secuencia deben tener un meca-nismo de rendición de cuentas.
¿Cómo percibe al mundo rural en cinco años?
Lo veo en situación más críti-ca, veo mucha más presión sobre las áreas rurales, sobre los recur-sos naturales, veo que seguirá
estimulándose la emigración en
los próximos años. La situación
económica mundial no mejorará,
entonces el escenario no es muy
halagüeño, es complicado.
Ante esos escenarios, el IICA
debe tener un papel cada vez
más estratégico, cuando la inercia
y las fuerzas van en una dirección,
el Instituto y otras organizaciones
deben aglutinar esfuerzos y tratar
de revertir esos procesos.
En el contexto mundial, si bien
las situaciones se pueden hacer
mucho más extremas para algu-
nas regiones, la nuestra, afortuna-
damente, tiene mucho espacio
para seguir creciendo, para seguir
produciendo, para seguir lideran-
do la agricultura mundial.
Disseminando conhecimentos de melhores práticas em desenvolvimento rural sustentável.
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1616
DESAFIOS do DRS
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 1717
Venezuela teje nueva ruralidad, con tecnología y Buen Vivir
El espacio rural venezolano ha cambiado, sustancial-
mente, con políticas públicas que activan una distribu-
ción equitativa del territorio y de las riquezas. Actual-
mente, el 70% de los alimentos que se consumen, en
Venezuela, provienen de la producción nacional prima-
ria. Bajo la premisa zamorana “Tierras y hombres libres”,
el Gobierno Nacional está impulsando una economía
basada en la producción local, la inclusión social, la in-
corporación de nuevas tecnologías, y el reconocimien-
to de los derechos del campesinado. Programas como
las Redes Socialistas de Innovación Productiva repre-
sentan un ejemplo exitoso de la voluntad política y el
trabajo comunal, autogestionado y planificado, en la
formación de una nueva conciencia para el desarrollo
de los espacios agropecuarios.
Foto
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Vene
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Con la Revolución Agraria, Venezuela tiene
una distribución más igualitaria de las tierras
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FOTOS
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 18
Durante los últimos 40
años del siglo XX, Vene-
zuela experimentó un
continuo deterioro de
su proceso de producción agro-
alimentario. Los campesinos eran
explotados, con la complicidad del
Estado; y los campos de produc-
ción venezolanos estaban más en
los puertos que en las tierras.
Frente a los daños de un
modelo que empobreció a los
productores, el Gobierno actual
asumió el reto de recuperar los
territorios rurales. Desde el año
2003, más de 8 millones de hec-
táreas productivas han sido regu-
larizadas, y 235 mil instrumentos
de tierra han sido entregados a
pequeños y medianos produc-
tores, según cifras publicadas, en
noviembre 2012, por el Ministerio
del Poder Popular para Agricultura
y Tierras (MAT). Se estima que di-
cha regularización de la tenencia
de la tierra ha beneficiado a cerca
de 1 millón 250 mil campesinos y
campesinas de Venezuela.
Para el antropólogo César Ben-
como, estudioso de las variacio-
nes de la cultura latinoamericana,
el campo venezolano ya no es co-
lonia de los grandes empresarios.
“En Venezuela, los campesinos de-
jaron de ser peones explotados y
se convirtieron en productores de
su propio alimento, y de riqueza
local. Es la dignificación de quie-
1818
nes siempre ocuparon y trabaja-
ron la tierra, y nunca tuvieron la
oportunidad de poseerla”.
Integración multisectorial para el tejido social
Tras promulgar una nueva
Constitución en 1999, la primera
medida que tomó el Gobierno
Nacional, en su reto por cambiar
los patrones y condiciones pro-
ductivas, fue aprobar la Ley de
Tierras y Desarrollo Agrario, como
un instrumento para la reducción
de las brechas de desigualdad, y
para garantizar la soberanía agro-
alimentaria.
Tal como concluye la inves-
tigadora del Departamento de
Ciencias Sociales de la Universi-
dad de Los Andes-Táchira, Lucía
Martínez, en su artículo “El espacio
rural venezolano”, publicado en la
revista Agrária, de São Paulo, en
2006, la Ley de Tierras permitió
“la revalorización de lo rural en
Venezuela”.
Las estadísticas 2012 del MAT
y el Ministerio del Poder Popular
para la Alimentación revelan el
impacto de la sinergia entre las
instituciones públicas y el pueblo
organizado: 50% de crecimiento
en la superficie cosechada; 70%
de los alimentos que se consu-
men provienen de la producción
nacional primaria; incremento su-
perior a 3000% de la inversión de
la banca pública en el agro; resca-
te del 55% de las tierras ociosas;
colectivos urbanos que tienen
tierras en el campo; programas
de cooperación agraria con Ar-
gentina, Cuba, Nicaragua y Brasil.
La tecnología aplicada al desarrollo productivo
Venezuela es una nación don-
de — como dice Martínez — “lo
urbano se ruraliza y lo rural se
urbaniza”. Bajo esta visión, una
experiencia que se debe reseñar
es la de las Redes Socialistas de
Innovación Productiva (RSIP), cre-
adas desde 2001, con el apoyo del
Ministerio del Poder Popular para
Ciencia, Tecnología e Innovación
(Mppcti) y el Fondo Nacional de
Ciencia, Tecnología e Innovación
(Fonacit).
Estas redes son una forma de
organización popular que sirve de
espacio para el aprendizaje conti-
nuo y el intercambio de saberes
sobre la producción de alimentos,
bienes y servicios, a través de pro-
cesos de innovación tecnológica.
Los productores que confor-
man las RSIP deben estar organi-
zados en cooperativas, consejos
comunales, asociaciones, empre-
sas de producción social. Una vez
en la Red, se crean 3 comités: Ad-
ministración; Innovación, Tecnolo-
DESAFIOS do DRS
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 19
gía y Productividad; y Formación y
Articulación Comunitaria.
Según el registro de la Direc-
ción de Innovación en Ciencia y
Tecnología, actualmente, Vene-
zuela tiene 548 Redes Socialistas
de Innovación Productiva, en las
que participan y actúan más de
17 mil productores y productoras.
Por ahora, las Redes se agru-
pan en 4 grandes categorías: au-
toconsumo, producción artesanal;
producción semiindustrial y pro-
ducción industrial.
El 62% de estas redes se de-
dica a la producción de frutas,
hortalizas y cacao; a la ganadería
bovina doble propósito; al turis-
mo; a la creación de artesanía; y a
la pesca, piscicultura y acuicultura.
La metodología establecida
para formular, evaluar, aprobar y
ejecutar proyectos productivos es
la siguiente: 1) Identificación de
potencialidades y necesidades
productivas, a través de diagnós-
ticos participativos. 2) Articulación
con productores, universidades,
centros de investigación cien-
tífica, instituciones financieras,
autoridades locales y regionales.
3) Formulación del proyecto con
el acompañamiento técnico del
Fonacit. 4) Evaluación y aproba-
ción del proyecto. 5) Asignación
y transferencia de recursos. 6)
Ejecución, seguimiento y control.
Guillermo Barreto, viceminis-
tro para el Fortalecimiento de la
Ciencia y de las Tecnologías, afir-
ma que “el diálogo directo con
los productores permite conocer
sus inquietudes y necesidades, y
mejorar los programas de finan-
ciamiento y apoyo. De esta forma,
estamos logrando que las innova-
ciones tecnológicas se incorporen
a los procesos productivos”.
19
Esta dimensión política de la
tecnología está incluida en el II
Plan Socialista de la Nación Simón
Bolívar, para el período 2013-2019,
con dos objetivos claves: 1) Im-
pulsar la innovación y producción
de insumos tecnológicos para la
pequeña agricultura, con miras a
incrementar los índices de efica-
cia y productividad. 2) Fomentar
la organización y formación del
Poder Popular y las formas co-
lectivas para el desarrollo de los
procesos productivos a nivel local.
Pueblos que siembran lo que comen
Según Carlos Carbonell Ar-
reaza, biólogo del Centro de In-
vestigaciones del Estado para la
Producción Experimental Agroin-
dustrial (Ciepe), en Venezuela, se
vive una evolución en términos
ideológicos, metodológicos y
operativos. “Hemos aprendido
a trabajar con las poblaciones
rurales más necesitadas. En los
DESAFIOS do DRS
La agricultura urbana y periurbana es otra de las estrategias agroalimentarias venezolanas Viceministro Guillermo Barreto
Foto: Agencia Venezolana de Noticias Foto: Fonacit
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 20
últimos años, hemos desarrolla-do paquetes tecnológicos para producir alimentos de alto con-tenido nutricional y a bajo costo, a partir de especies autóctonas piscícolas, como la cachama, el
coporo, el bagre y otros peces de agua dulce”.
Desde los laboratorios del Ciepe, se han producido embu-tidos, salchichas, enlatados, cuya materia prima es el pescado. A di-ferencia de los embutidos y otros productos a base de cerdo —para los que se utiliza carne de segun-da, o residuos—, los alimentos a base de pescado son hechos con carne de primera, y son más be-neficiosos para la salud humana.
El conocimiento obtenido por el Ciepe ha sido socializado con los productores de la Red Socia-lista de Innovación Productiva Antonio José de Sucre, en Soco-pó, estado Barinas; y antes de que
culmine 2013, se va a comenzar
a ejecutar un proyecto de escala-
miento que permitirá obtener la
primera producción venezolana
semiindustrial de embutidos a
base de cachama. Esto es funda-
mental; porque —como indica el
ministro para las Industrias, Ricar-
do Menéndez—, “si el prototipo
realizado queda como una curio-
sidad, y no termina en una fábrica
o en una unidad de producción,
resolviendo como un esquema
alternativo de producción, no es-
tamos haciendo nada”.
Signos de campesinos y campesi-nas que transforman
Integrada por 86 productores
—de los cuales 24 son mujeres—,
la Red Antonio José de Sucre co-
menzó con un proyecto inicial
que incluyó la formación de los
86 productores en el área de cría,
reproducción y procesamiento
de cachamas. Luego, presentó
un prototipo de un oxigenador
que permite ampliar la produc-
ción piscícola. El Mppcti certi-
ficó el prototipo, y entregó los
recursos para la elaboración de
20 oxigenadores. El proyecto de
escalamiento actual comprende
la instalación de una fábrica de
alimentos para peces, una plan-
ta procesadora de pescado y un
laboratorio de reproducción de
alevines. Asimismo, contempla
la fabricación chinchorros para la
“La tecnología armoniza la rapidez, calidad e inocuidad de los procesos productivos. En nuestro caso, pudimos cam-biar todos los utensilios de madera y aluminio, por otros de acero inoxidable. De trabajar con gas, pasamos a trabajar al vapor”. ( José Gregório González)
2020
Red Socialista Innovación Productiva Siembra Vida
DESAFIOS do DRS
Foto: Inces Lara
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 21
pesca y la capacitación de otros
productores.
La RSIP Antonio José de Sucre
ha recibido apoyo del Institu-
to Nacional de Investigaciones
Agrícolas, del Ciepe, de Petróleos
de Venezuela, y de universidades
nacionales reconocidas, como
la Universidad Centroccidental
Lisandro Alvarado y la Universi-
dad Nacional Experimental de los Llanos Occidentales Ezequiel
Zamora. David Saturno, uno de
los productores de la Red Anto-
nio José de Sucre, de los Llanos
venezolanos, expone que el Go-
bierno entrega un financiamiento
“no retornable”, que se debe tra-
ducir en desarrollo local. Para él,
la investigación, la formación, el
financiamiento, la asistencia téc-
nica y el acompañamiento son los
principales componentes para el
desarrollo rural y el Buen Vivir de
los campesinos.
Otro pequeño productor que
expresa su postura sobre la aplica-
ción de la tecnología y las buenas
prácticas agrícolas es José Grego-
rio González, miembro de la Red
de Queso Telita (un queso fresco,
bajo en sal) de Upata, estado Bo-
lívar. “La tecnología armoniza la ra-
pidez, calidad e inocuidad de los
procesos productivos. En nuestro
caso, pudimos cambiar todos los
utensilios de madera y aluminio,
por otros de acero inoxidable. De
trabajar con gas, pasamos a tra-bajar al vapor”.
González destaca, además, los resultados: “Se duplicó la pro-ducción: ahora, producimos 2 mil kilos de queso diarios. El queso, refrigerado, duraba 3 días; ahora, dura 30 días. Se involucraron otros productores pecuarios: 10 pro-ductores participan en la produc-ción del queso, y 60 productores proveen la leche. Y otro elemento importante: la Red ha involucrado a las escuelas y consejos comuna-les para ir multiplicando el cono-cimiento sobre cómo se prepara el queso telita”.
Visión femenina del desarrollo rural
En la nueva ruralidad vene-zolana, también, emergen las mujeres en las políticas públicas. Alcira Vargas, una de las 23 tec-nólogas populares apoyadas por el Mppcti, es consciente de la participación activa de la mujer en los procesos de innovación para el desarrollo rural. “En la Red Siembra Vida, lideramos las mu-jeres. De los 68 productores, 57 son mujeres. Cultivamos cilantro, apio españa, cebollín... Todos los viernes, hacemos una dinámica de compartir rubros. En total, so-mos 865 personas que estamos participando en la red”.
Esta mujer campesina, de 47 años de edad, se hizo merecedo-
ra del Premio de Innovación del estado Lara, con un proyecto de producción artesanal de alimen-to para gallinas ponedoras, a base de cortezas de frutas y verduras, y cáscaras de huevos. La fórmula, que tiene 17.8 de proteína, asegu-ra la producción de huevos con colesterol cero.
Vargas añade: “Yo informé al Ministerio sobre la necesidad de adquirir un molino, un deshidra-tador y una mezcladora a gran escala; y enseguida, recibimos el apoyo. Antes de obtener las má-quinas, producíamos un saco de alimento por día; ahora, sacamos hasta 20 sacos, que sirven para alimentar cerca de 2 mil gallinas, durante 3 días... Las máquinas fueron elaboradas por tecnólogos populares”.
Aprendizajes y saberes compartidos
Para los productores venezola-nos, es cuestión de “conciencia y de que lo que se produzca no se vaya del territorio”. Ahí, Venezuela tiene un camino bien andado. En este país, se están promoviendo relaciones sociales de cooperaci-ón, y no de competencia. La po-lítica rural venezolana prioriza la propiedad social, el autoconsumo, la articulación colectiva y la movili-zación de las energías sociales.
Nerliny Carucí, periodista colaboradora de la Revista do Fórum DRS.
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DESAFIOS do DRS
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 222222
DESAFIOS do DRS
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 2323
Conceito de rural é debatido no Senado Federaldo Brasil
No último dia 22 de março, o Senado Federal do Bra-
sil abriu as portas da casa para discutir o futuro do rural
no País por meio de uma reconceitualização da área
rural. Especialistas ouvidos pela Comissão de Agricul-
tura e Reforma Agrária chamaram a atenção para o real
tamanho da população no campo e para a importância
da agropecuária para o país. Eles pediram mais investi-
mento em políticas públicas para melhorar a qualida-
de de vida e a produtividade na área rural. O encontro,
transmitido ao vivo para todo o País, aumentou ainda
mais a discussão em torno do tema. Conheça os princi-
pais pontos debatidos
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 242424
“Brasil rural” precisa de políticas públicas diferenciadas
Tendo como ponto de partida o projeto do Instituto Interameri-cano de Cooperação para a Agri-cultura (IICA) que busca redefinir os critérios de ruralidade, especia-listas ouvidos em audiência pela Comissão de Agricultura e Refor-ma Agrária (CRA) esperam que a consciência do tamanho e da di-versidade do Brasil rural estimule políticas públicas mais favoráveis e realistas para o setor.
Acir Gurgacz (PDT-RO), vice-presidente da CRA, destacou que, segundo levantamentos oficiais do Instituto Brasileiro de Geogra-fia e Estatística (IBGE), em 2010 o Brasil tinha menos de 16% de população rural. A partir desse dado, o Brasil passa a ser consi-derado um país mais urbanizado que muitos países europeus e até mesmo que os EUA. No entanto, os debatedores chamaram a aten-ção para o tamanho da popula-ção no campo — maior do que as estatísticas oficiais apontam — e a expressiva importância da agro-pecuária na economia brasileira.
Víctor Villalobos, diretor-geral do IICA, defendeu um lugar cen-tral nas políticas públicas em face do potencial agrícola do Brasil, ressaltando que conhecimento e inovação serão determinantes para fazer frente à demanda crescente
DESAFIOS do DRS
As discussões em torno do projeto “Repensando
o conceito de Ruralida-
de no Brasil: implicações
para as Políticas Públicas” se am-pliam cada vez mais. O tema de proporções mundiais está esti-mulando o interesse de outras esferas da sociedade. Prova disso foi o interesse do Senado Federal brasileiro em discutir o tema.
Neste sentido, a instituição promoveu, no último 22 de mar-ço, no marco do Ciclo de Pales-tras e Debates da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária um evento dedicado ao tema. O senador Acir Gurgacz (PDT/RO), vice-presidente da Comissão, conduziu o debate, que contou com as participações do diretor-geral do IICA, Víctor Villalobos; a embaixadora do México, Beatriz Paredes; a secretária de desenvol-vimento territorial, representado o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Andrea Butto; o repre-sentante do IICA no Brasil, Manuel Otero; o consultor do IICA, Hum-berto Oliveira e a coordenadora do Projeto, Tânia Bacelar.
Para Otero a discussão no Se-nado foi importante para a visibi-lidade do projeto e a diversidade de participantes. “Reconheço que nesses dois anos de projeto, trabalhamos muito próximo do executivo e, agora, a discussão se aproxima do legislativo. Assim,
estamos muito contentes e espe-rançosos pelo aprofundamento do diálogo. Estou convencido que é uma contribuição não apenas para o Brasil, mas para toda Amé-rica Latina”, explicou. “Há que se destacar que as conclusões desse projeto podem ser apresentadas na reunião dos Ministros de Agri-cultura, a JIA”, lembrou.
A apresentação do projeto foi feita por Tânia Bacelar e Humber-to Oliveira. Tânia registrou que o Projeto visa a construção de uma tipologia atualizada dos espaços rurais no Brasil e implicações para as políticas públicas, abordando 4 componentes principais, cuja execução está a cargo do IICA:
• (I) análise das concepções de ruralidade, seus alcances e limitações, no Brasil e em 8 países da América Latina e Europa;
• (II) formulação e validação no campo de propostas de tipologias dos espaços rurais no Brasil;
• (III) análise das implicações e impactos de uma releitura do rural e suas tipologias nas políticas públicas de desen-volvimento rural; e
• (IV) elaboração de subsídios técnicos e institucionais para a realização de iniciativas se-melhantes em outros países da América Latina.
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 25
por alimentos. “E os demais países latino-americanos também deve-rão investir no aumento da produ-tividade agrícola”, disse.
“Sabemos que, para 2050, se requererá duplicar a quantidade de alimentos que hoje se produz, enquanto a produtividade agrope-cuária também deverá atender as demandas de derivados agrícolas para seus crescentes usos alimen-tícios. Os territórios rurais também requerem um lugar central nas políticas e nas ações do Estado”, defendeu.
A embaixadora do México, Bea-triz Paredes, considerou importante mudar o paradigma cultural e in-vestir em educação no campo de modo a combater o êxodo rural.
“Construir uma nova ruralida-de é indispensável para o mundo. Ainda mais para o Brasil, que conti-nuará sendo um país agrícola. Este
estudo vai reorientar os investi-mentos públicos no rural”, afirmou.
Visão integrada
A secretária de Desenvolvimen-to Territorial do Ministério do De-senvolvimento Agrário, Andrea Lo-rena Butto Zarzar, reivindicou uma “visão integrada sobre o rural” e a articulação dele com um projeto de desenvolvimento nacional. Ela ressaltou a importância de discutir o conceito de ruralidade no país.
“Para nós, do ministério, é algo muito importante socializar o co-nhecimento acumulado, difundir uma pesquisa que é de muita
25
relevância para pensar o rural e pensá-lo integrado ao nacional, não pensá-lo de forma isolada. Fazer isso no âmbito do Senado, na CRA, é também muito impor-tante”, afirmou.
Urbanizar o rural e ruralizar o urbano
Durante o debate na CRA, a professora Tânia Bacelar, da Uni-versidade Federal de Pernambu-co (UFPE), propôs uma “releitura do rural contemporâneo” de modo a questionar as políticas públicas de hoje para o mundo rural.
Ela considera positivo que, desde os anos 90, a agricultura
DESAFIOS do DRS
Foto: Arquivo IICA
Há que se destacar que as conclusões desse projeto podem ser apresentadas na reunião dos Ministros de Agricultura, a JIA. (Manuel Otero)
Da esquerda para direita: Humberto Oliveira, Victor Villalobos, Beatriz Paredes, Acir Gurgacz, Tânia Bacelar, Manuel Otero e Andrea Butto.
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 262626
DESAFIOS do DRS
familiar tenha voltado a ser vista como patrimônio do país — con-ceito que, lembrou, já sofreu muita resistência.
Cristovam Buarque (PDT-DF) classificou como preconceituosa a visão de que riqueza é sinôni-mo de urbano, afirmando que até hoje a base da balança comercial do país tem sido o produto rural. “É preciso definir progresso pela qualidade de vida, não por ren-da, -consumo e técnica moderna.” Para o senador, será preciso “urba-nizar o rural e ruralizar o urbano”.
“Precisaremos de uma política que mantenha a qualidade urba-na, que leve a qualidade rural a quem não está nas próprias cida-des e case o rural com o urbano. Fazer com que as pequenas ci-dades se transformem também nas produtoras de alimentos, dos bens agrícolas, e ter uma vida ru-pestre, digamos, perto da cidade.”, disse.
Para Humberto de Oliveira, consultor do IICA, no Brasil há “es-tados inteiros rurais”, o que torna necessário modificar o orçamento público para auxiliar os 70% dos municípios brasileiros que têm menos de 20 mil habitantes: “O meio rural não reivindica apenas política agrícola e agrária, mas também políticas de saúde, edu-cação, comunicação, entre outras. Não podemos ter uma educação que nos expulse de nosso lugar”, afirmou.
Análise - Ausência de Políticas Públicas para o rural
Humberto Oliveira
A contagem da população pelo IBGE apresenta um índice de urbanização que coloca o Brasil entre os países mais urbanizados do mundo, gerando uma distor-ção que impacta negativamente o meio rural, na medida em que se interpreta que a sua população diminui a cada década e que as políticas públicas devem se voltar com prioridade para as regiões metropolitanas e as médias e gran-des cidades brasileiras.
A ausência de uma política de desenvolvimento rural que tenha como premissa essa nova defini-ção sobre o que é rural no Brasil agrava essa situação. A falta de uma política de desenvolvimen-to para o meio rural exclui uma significativa parcela da popula-ção brasileira do planejamento governamental e do desenho de políticas públicas, cuja prioridade é urbana e está voltada para as áreas de maior concentração populacio-nal (municípios com mais de 100 mil habitantes) e cuja prioridade rural é o setor econômico primá-rio - agricultura, pecuária, pesca e extrativismo - e não o espaço rural.
Aliás, essa confusão entre o rural território e o rural setor é responsável por deixar sempre em segundo plano, quando não
É preciso definir progresso pela qualidade de vida, não por renda,
consumo e técnica
moderna.
(Cristovam Buarque)
Cristovam Buarque
Foto:Arquivo IICA
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 2727
DESAFIOS do DRS
muitas vezes esquecidos os pe-quenos municípios brasileiros. É só observar que muitas ações governamentais voltadas para os municípios são priorizadas para municípios com mais de 50 mil habitantes, quando 89% dos muni-cípios do país possuem população igual ou inferior a esse número.
Um importante indicador reve-lado pelo Censo 2010 é sobre cres-cimento da população nos muni-cípios de acordo com o tamanho da população, onde se constata que o conjunto dos municípios com menos de 10 mil habitantes tem taxa de crescimento negativa, ou seja, perde população, os mu-nicípios de 10 a 20 mil habitantes praticamente estão estagnados, pois a taxa de crescimento é de apenas 0,07%, enquanto os muni-cípios que crescem acima da mé-dia nacional que é de 1,17% são os municípios com população acima de 100 mil habitantes.
O mais grave é que uma parte significativa desses municípios es-tão concentrados em territórios es-sencialmente rurais, fazendo com que a ausência de prioridade para municípios com menos de 50 mil habitantes, prive toda uma região, as vezes várias regiões contíguas, de serviços e infraestrutura públi-ca, dificultando enormemente o acesso dessa população, que é obrigada a deslocar-se a grandes distâncias para ser suprida pelo atendimento do estado, fato que
certamente incentiva a migração e novas concentrações popula-cionais. Essa realidade é muito frequente no Norte do Brasil.
É importante admitir que uma cidade com menos de 50 mil ha-bitantes, e milhares delas com menos de 20 ou 10 mil habitan-tes, deva ter todos os serviços pú-blicos e infraestrutura que possui um município de 100 mil ou mais pessoas. Por isso se faz necessário uma política de desenvolvimento rural que tenha estratégias, instru-mentos, mecanismos e ferramen-tas apropriadas ao planejamento e gestão pública de acordo com essa realidade, como planos dire-tores das cidades adequados ao papel que elas desempenham nesses lugares, planos territoriais de desenvolvimento, planos de apoio a cadeias produtivas, planos de educação, entre outros.
Um exemplo de estratégia adequada ao meio rural é o uso da abordagem territorial, que con-siste em prover o território e não obrigatoriamente cada um dos municípios, tanto de infraestrutu-ras e serviços públicos necessários e de qualidade como outros inves-timentos para o desenvolvimento do território como um todo, be-neficiando toda a sua população. Significa que é possível incluir no planejamento público anual e plurianual, a implantação em cada território de universidades, institui-ções de ensino técnico profissio-
nalizante, serviços hospitalares de média ou alta complexidade, ser-viços de segurança pública, lazer, esporte, cultura, comunicação, ins-titutos de pesquisa e tecnologia e investimentos públicos e privados para atividades produtivas nos se-tores primário, secundário e terciá-rio. Some-se isto os investimentos em projetos ambientais, primando pela escolha de uma visão multi-dimensional e multisetorial do de-senvolvimento sustentável.
O Projeto “Repensando o con-ceito de ruralidade no Brasil: impli-cações para as políticas públicas” tem como objetivo construir uma tipologia atualizada dos espaços rurais do Brasil, tomando por base os avanços conceituais da temáti-ca da ruralidade e territorialidade desenvolvidas no âmbito da aca-demia, de entidades governamen-tais gestoras de políticas agrárias e dos movimentos sociais, para impactar políticas públicas desti-nadas a atender a população do meio rural brasileiro, ampliando os resultados da ação do estado e melhorando o desempenho dos governos na entrega de bens e serviços a essas populações.
Foto: Arquivo IICA
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 28
Bruno Moraes, jornalista da Revista do Fórum DRS, com informações da Comuni-cação do Senado Federal.
2828
DESAFIOS do DRS
Conheça o projeto
O projeto Repensando o conceito de Ruralidade no Brasil: implicações para as Políticas Públicas tem como objetivo a construção de uma tipologia atualizada dos espaços rurais do Brasil, tomando por base os avanços conceituais da temática da ruralidade e territo-rialidade desenvolvidos no âmbito da academia, de entidades governamentais gestoras de políticas agrárias e dos movimentos sociais. Além disso, uma parte do estudo estará centrada em conhecer os espaços rurais de outros oito países: Holanda, França, Espanha, México, Costa Rica, Chile, Equador e Uruguai.
O estudo explicitará também as implicações desta releitura atualizada do rural bra-sileiro nas políticas públicas de promoção do seu desenvolvimento. Proporcionará um novo instrumento para ampliar e consolidar o debate acerca do lugar e importância dos espaços rurais e das populações que deles dependem no processo de construção de um projeto nacional de desenvolvimento sustentável, em suas distintas dimensões: política, econômica, social, cultural e ambiental.
O projeto é desenvolvido em parceria pelo Fórum DRS, pelo Ministério do Desenvolvi-mento Agrário, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT) e do Núcleo de Estudos Agrários (Nead), o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Ministério do Planejamento e Orçamento e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Mais:
• Assista video reportagem sobre o evento no Senado Federal;
• Assista entrevista em vídeo com o coordenador-executivo do Fórum DRS, Carlos Miranda, especialista em Agricultura, Territórios e Bem Estar Rural do Instituto In-teramericano de Cooperação para a Agricultura (IICA);
• Notícias, galerias de imagens, vídeos e outros no link: http://iicaforumdrs.org.br/iica2011/noticias/lernoticia/396
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REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 29
Mais que uma Série.Uma referência no tema do Desenvolvimento Rural Sustentável.
conheça todos os títulos em: www.iicaforumdrs.org.br
Volume 1 - Pobreza Rural
Volume 2 - Pobreza Rural
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DESAFIOS do DRS
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ECADERT:una estrategia de desarrollo que se consolida
Visto en el mapamundi, el istmo centroamericano
puede parecer un puente pequeño que une a las dos
grandes masas continentales. Sin embargo, esta fran-
ja de tierra compuesta por siete países, es un amplio
mosaico de convivencia para más de cuarenta millones
de de personas de diversos grupos étnicos. Gran parte
de ellas habitan y se desarrollan en los territorios rura-
les. Articular, fortalecer e impulsar las potencialidades
en las zonas rurales centroamericanas, así como en la
República Dominicana, es parte del propósito de la Es-
trategia Centroamericana de Desarrollo Rural Territorial
ECADERT 2010-2030, con el fin de mejorar las condicio-
nes de vida en todos los ámbitos de los pobladores ru-
rales centroamericanos. Dos años después de su crea-
ción, algunos resultados son elocuentes y alentadores.
Foto
: ECA
DERT
Participación de los actores territoriales en los
procesos ECADERT es uno de los pilares del éxito de la
implementación de esta iniciativa.
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ECADERT, dos Años Después, los Sueños Empiezan a Concretarse
Antes de que se formula-ra la Estrategia Centroa-mericana de Desarrollo Rural Territorial para
Centroamérica y República Do-minicana, conocida como ECA-DERT, los habitantes rurales cen-troamericanos, históricamente no solo habían sido excluidos del de-sarrollo socio económico, educati-vo y comercial, sino también de la toma de decisiones sobre asuntos que los afectan directamente. Si bien los territorios centroameri-canos comparten problemáticas afines, cada territorio tiene su propia historia e identidad. Para aprovechar su potencialidad es-pecífica, es necesario que su po-blación pueda definir un proyecto de futuro para el territorio y orga-nizarse para impulsarlo.
Algunos hechos marcaron la vida de muchos centroamerica-nos y repercutieron en el desar-rollo social y económico de la región. Conflictos armados cos-taron miles de vidas, una sangría económica y el desequilibrio so-cial y emocional en las décadas de 1970 y 1980. Aun donde no se sufrió de manera directa la dura etapa bélica, hubo flujos masivos de inmigrantes y dificultades co-merciales. Por otra parte, fenóme-nos naturales como terremotos, huracanes, explosiones volcánicas
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y sequías afectaron a zonas rurales y urbanas, provocando pérdidas humanas y trastornos mayores en las economías, acentuando las condiciones de pobreza rural. Hoy debemos sumar los eventos extemos y fuertes variaciones en la distribución de las lluvias, pro-vocadas por el cambio climático.
Estas situaciones, aunadas a problemas heredados de la his-toria de la región, sumieron a los pobladores rurales de Centroa-mérica en un estado de angustia y deterioro. Surgieron múltiples proyectos, propuestas y acciones por parte de los Estados, de incon-tables NG´S y organismos interna-cionales que trabajaron en la bús-queda de soluciones inmediatas. Sin embargo, a pesar del trabajo y fuertes inversiones que se ejecu-taron, muchos de estos esfuerzos fueron insuficientes para resolver los profundos y acentuados pro-blemas en la región.
La ECADERT, una estrategia de integración y desarrollo
La ECADERT es una estrategia regional aprobada primero por el Consejo Agropecuario Centroa-mericano y avalada por la Cumbre de Jefes de Estado y de Gobier-no del Sistema de la Integración Centroamericana SICA, en el 2010, después de un proceso de con-sulta ampliamente participativo. Busca generar oportunidades y
fortalecer las capacidades de la población de los territorios rurales de Belice, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicaragua, Panamá y República Dominicana, para que puedan mejorar signifi-cativamente la calidad de la vida en ellos y construir una sólida ins-titucionalidad social que impulse y facilite un desarrollo solidario, incluyente y sostenible.
Desde su elaboración, la ECA-DERT ha contado con la partici-pación de hombres y mujeres, jóvenes, las familias rurales, los pueblos indígenas y comunida-des afrodescendientes, así como las comunidades y las organiza-ciones públicas y privadas del territorio.
Parte del trabajo desarrollado por la ECADERT durante estos dos años de ejecución ha estado en la formación de capacidades, tanto en el ámbito regional como nacional y territorial. Este ha co-brado fuerza y ha comprometido a todos los componentes que se entrelazan para su ejecución, in-cluyendo tanto a la sociedad civil como a las instituciones estatales, gobiernos locales y otras autori-dades territoriales.
Hoy, dos años después, el ba-lance sobre la Estrategia de parte de dirigentes comunitarios, cam-pesinos, acaldes, representantes indígenas, jóvenes, representan-
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tes gubernamentales y de orga-
nismos de cooperación extranje-
ra, es optimista.
En voz de beneficiarios
Hoy después de dos años de
trabajo de la ECADERT en algunos
territorios rurales de Centroaméri-
ca y República Dominicana, don-
de tiene incidencia la Estrategia,
las dudas, los temores y la descon-
fianza han empezado a disiparse
conforme se madura el trabajo y
el proceso empieza a dar resul-
tados positivos. En palabras de
pobladores rurales, ¨La ECADERT
expresa una voluntad política de
nuestros gobernantes, especial-
mente el sector agropecuario
que responde a una demanda
muy antigua de parte de actores
locales, productores, redes de mu-
jeres, grupos indígenas¨, expresó
el costarricense Wilson Campos,
vice alcalde y dirigente comunal
y campesino de Guatuso, uno de
los cantones más pobres de Cos-ta Rica. ¨Estamos muy motivados porque sentimos que por prime-ra vez hay una voluntad política clara, que ve el desarrollo rural como una responsabilidad de los actores locales, pero que tie-ne que tener responsabilidad de parte de los Estados. La ECADERT expresa esa intención y estamos trabajando para que se convierta en proyectos y en desarrollo para los habitantes del sector rural¨, agregó Campos.
Por su parte Roger Rodríguez Cruz, Director General de Política del Ministerio Agropecuario Fo-restal de Nicaragua, expresó que la ECADERT es el concurso de to-dos los sectores que habitan en las áreas rurales. ¨La ECADERT tie-ne algo significativo y es que nos permite desarrollarnos con base en las potencialidades del terri-torio. No es un esquema ya de-finido, sino que se trabaja en los
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DESAFIOS do DRS
territorios y con la población prin-
cipalmente. Esta es una estrategia
para el desarrollo rural y el territo-
rio rural. No es solamente la parte
agrícola o la parte agropecuaria,
sino que hay agroindustria, turis-
mo y otras actividades mas allá de
la parte agropecuaria que llevan
al desarrollo del territorio partien-
do de las necesidades del mismo¨,
acotó Rodríguez. Su compatriota
Deisy Pérez Vásquez, representan-
te del pueblo indígena San Lucas,
del Departamento de Madríz, al
norte de Nicaragua, hace eco de
esta afirmación, al decir de mane-
ra animada: ¨la ECADERT significa
el rescate de nuestra cultura, de
nuestra forma de sembrar, cultivar
y comercializar nuestros produc-
tos tradicionales. Para nuestros
pueblos originarios, también sig-
nifica seguir en la lucha por me-
jorar las condiciones de vida de
nuestras familias tanto indígenas
como campesinas.¨
Foto: ECADERT
I Congreso de Desarrollo Rural Territorial en Cen-
troamérica y República Dominicana donde destacó
la participación de los Ministros de Agricultura del
Consejo Agropecuario Centroamericano (CAC) y de
autoridades de los países y las organizaciones socias
de ECADERT.
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Una particularidad de esta estrategia es la integración de República Dominicana, que si bien por su naturaleza insular no intercambia frontera terrestre con ningún país del istmo, vio la necesidad de sumarse al trabajo
centroamericano para enfrentar y mejorar las condiciones de vida rural en el país caribeño. ¨Estamos fuera del istmo pero no fuera del área y la organización nos obliga a trabajar de manera unida para lograr resultados impactantes y las experiencias de Centroaméri-ca. Para nosotros es la clave para lograr el desarrollo que estamos buscando. Nuestro gobierno so-licitó su incorporación al Sistema de Integración Centroamericana y fue aceptada y eso demuestra que los países necesitan estar juntos para poder aprender de las experiencias. El haber entrado al SICA y poder ser parte de todo este proceso es muy importante, porque ya no nos sentimos solo una isla en el Caribe, ahora tam-bién somos parte de Centroamé-
rica, eso fortalece las relaciones entre los países.¨ De esta manera se expresó la dominicana Oneida Felix Medina, miembro de la Co-misión Nacional para la Ejecuci-ón de la ECADERT y coordinadora para Centroamérica y República Dominicana de la red regional de Grupos de Acción Territorial.
Proyectos en el marco de la ECADERT
En la actualidad existen 38 territorios focales que fueron designados por las comisiones nacionales. También hay varias propuestas de territorios trans-fronterizos y de territorios afines, con características o identidades comunes y situados en varios pa-íses. Con el objetivo de impulsar y estimular el trabajo en el marco de la Estrategia, 23 proyectos de desarrollo rural territorial, fueron seleccionados en dos convoca-torias del Fondo Regional para la ejecución de la ECADERT, con recursos del Fondo España-SICA. Entre otros objetivos, algunos de estos proyectos procuran mejorar los servicios de salud en un ter-ritorio de Honduras, fortalecer la identidad cultural en el distrito de Río Jesús en Panamá, promover acciones de manejos sostenible en la Cuenca Bahía de Jiquilisco en El Salvador, fortalecer la insti-tucionalidad y el desarrollo eco-nómico rural en el sur de Costa Rica, fomentar la fruticultura para dinamizar el desarrollo de la eco-
ECADERT está incluyendo a todos, sin distingo de raza, de sexo ni religión, todos estamos trabajando juntos por el desarrollo rural del territorio de Mariato
La ECADERT se orienta al rescate de
la cultura territorial, de las formas de
sembrar, cultivar y comercializar los
productos tradicionales.
Foto: ECADERT
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Luis Gamboa Hernández, periodista cola-borador de la Revista do Fórum DRS.
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nomía rural territorial en Huista de Guatemala y desarrollar el turismo eco-cultural en la zona de River Valley en Belice. Dichos proyectos deben contribuir en forma directa con el cumplimiento de una o va-rias acciones estratégicas conte-nidas en los planes de desarrollo territorial. En total se asignaron un millón ochocientos mil dólares distribuidos entre los proyectos seleccionados, que serán ejecu-tados y administrados exclusiva-mente por las organizaciones en los territorios.
¨ECADERT nos ha brindado apoyo para desarrollar proyectos en medio ambiente, economía, comercialización de productos, agricultura y turismo, y esto nos favorece enormemente, ya que nuestro municipio y otros muni-cipios vecinos, están instalados en uno punto altamente turístico en la provincia de Veraguas¨, externó Ángel Batista, alcalde del munici-pio panameño de Mariato. ¨ECA-DERT está incluyendo a todos, sin distingo de raza, de sexo ni reli-gión, todos estamos trabajando juntos por el desarrollo rural del territorio de Mariato. Al 2030 se supone que tendremos resulta-dos y Mariato va a ser un polo de desarrollo turístico, económico y comercial gracias al apoyo de Eca-dert,¨ concluyó el alcalde.
Para la cooperación española, mediante el fondo España SICA,
que ha jugado un papel impor-tante en la formulación y apoyo de la ECADERT, los resultados ob-tenidos en el proceso de dos años de trabajo han sido suficientes para justificar el seguimiento y la colaboración de parte de de esta instancia de cooperación.
¨El fondo España SICA es un instrumento conjunto creado por la Cooperación Española y el Sis-tema de Integración Centroameri-cana. Pretende canalizar el apoyo institucional español al proceso de integración regional. El instru-mento de la cooperación españo-la y el desarrollo rural ha sido uno de los componentes centrales de la cooperación española en Cen-troamérica y se justifica porque la ECADERT es una de las estrate-gias que más sólidamente se han creado en el seno del proceso de integración¨, adujo Vicente Gon-zález, Asesor Principal del Fondo España-SICA.
Para el Consejo Agropecuario Centroamericano CAC, instan-cia que tiene la responsabilidad político-institucional por la ejecu-ción coordinada de la ECADERT, esta propuesta es la que más ex-pectativas ha despertado, ya que según Julio Calderón Secretario Ejecutivo del Consejo Agropecu-ario Centroamericano la ECADERT pasó de ser solamente un acuer-do a ser una iniciativa viva. ¨Hoy debemos continuar con la ejecu-
ción de las iniciativas regionales que están en curso. Hay mucho que hacer todavía en apoyo a los despachos de los ministerios de agricultura, en las diversas ins-tancias que tienen que ver con el desarrollo agropecuario de la región, los avances en el tema de unión aduanera centroamericana, el fortalecimiento de agricultura familiar y el trabajo intersectorial como lo es la iniciativa de segu-ridad alimentaria y nutricional de Centroamérica y República Domi-nicana¨, concluyó Calderón.
Por último Ernest Banner, co-ordinador de desarrollo rural del Ministerio de Trabajo, Gobierno Local y Desarrollo Rural de Beli-ce, externó sus sueños sobre el futuro de la ECADERT. ¨En algún momento quiero ver la estrate-gia implementada, quiero ver las herramientas utilizadas, a la gente beneficiándose del desarrollo y de lo que ellos necesitan y la ECA-DERT les permite a las personas que digan qué es lo que quieren y qué necesitan. Creo que es un ideal que se va cumpliendo, aun frente cambios de gobiernos o cambios de personal a nivel lo-cal,… es un desarrollo sostenible continuo y hay que continuar trabajando para lograr nuestras metas,¨ finalizó el señor Banner.
Diálogos do Fórum DRSEdição 6
Ano 1
Dezembro/2012
Nelson Martins
Humberto Oliveira
Maria Nazareth Wanderley
Os Desafios Políticos e Institucionais para Gestão do Desenvolvimento Rural
Carlos Eduardo Barbosa
Diálogos do Fórum DRS
A inclusão Socioprodutiva sob a óptica dos movimentos sociais
Edição 1
Ano 1
Março/2012
Cândido Grybowski
Alberto AdibJean Marc
Ivanilson Guimarães
Diálogos do Fórum DRS
Inclusão Socioprodutiva no Equador
Edição 4
Ano 1
Julho/2012
Miguel Carvajal Aguirre
Diálogos do Fórum DRS
Desenvolvimento Rural, Território e Políticas Públicas de
enfrentamento da Pobreza
Edição 5
Ano 1
Agosto/2012
Jerônimo Souza
Sérgio LeitePhilippe Bonnal
Joaquim Soriano
TODO MÊS UM NOVO DIÁLOGO! NÃO PERCA!
Gestores públicos, pesquisadores e representantes da sociedade civil
discutindo o rural brasileiro.
Diálogos do Fórum DRSEdição 7
Ano 2
Fevereiro/2013
Cândido Grybowski
Leonilde Medeiros
Camilo Santana
Os Desafios Políticos para a Gestão
Territorial do Desenvolvimento RuralHumberto Oliveira
www.iicaforumdrs.org.br
Diálogos do Fórum DRS
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Políticas para la Agricultura Familiar (PAF) en América Latina:
potencial y desafíos
Sérgio Sepulveda es Director de la B & C Asociados. San José. Costa Rica.
Las PAF han evolucio-nado en los países de la región a través de
programas desiguales en con-cepción, tamaño de esfuerzo y resultados obtenidos. Sin embar-go, en la última década se ha he-cho más obvia la importancia de concebirlas con objetivos de mayor cobertura social y productiva. Esa tendencia es el resultado de factores generados por el ambiente volátil en los mercados globales de alimentos y la aparición de escenarios so-ciales y ambientales inestables en los países. Definitivamente se ha reconocido la importancia vi-tal de la contribución de la AF a la oferta interna de alimentos, así como su potencial para acoplar-se favorablemente a procesos de globalización que salvaguarden la identidad cultural, respeten el capital natural y fortalezcan pro-cesos democráticos de toma de decisiones.
En ese contexto es crucial reconocer que la inercia secto-rial preponderante del esque-
ART IGOARTIGO
ma institucional responsable por las PAF, dificulta la consolidación de mecanismos que aprovechen sinergias intersectoriales. Esa tendencia ha inducido a focali-zar esfuerzos en la producción agrícola primaria, dificultando la aplicación de un enfoque de cadenas de valor, así como la incorporación de opciones pro-ductivas que amplíen el espectro de bienes y servicios ofrecidos.
Por otro lado, las instituciones públicas deben afinar su enten-dimiento de la lógica de la AF, para perfeccionar las políticas e innovar sus métodos, conte-nidos y estructura acordes con la diversidad étnica, social, econó-mica y de género que caracteriza a la AF. No obstante los países han reconocido el rol crucial de la formación de capacidades en gestión del negocio rural, sus esquemas didácticos requieren ser actualizados y escalados para preparar un número mayor de emprendedores rurales.
Para que las PAF contribuyan a transformaciones productivas, sociales, ambientales y organi-zacionales, se hace necesario
comprender que el sistema actual requiere de ajustes en el ámbito macro, meso y micro. Por ende, las PAF deben ser concebidas y ejecutadas como componentes de una política de Estado de largo plazo que contri-buya a un desarrollo solidario e incluyente.
De igual manera debe que-dar claro que las PAF tienen que ser complementadas por políticas habilitantes que empa-rejen el terreno, superando te-mas críticos de acceso a la tierra, capital e innovación tecnológica y, que a la vez, fortalezcan y promuevan formas asociativas de la producción, sumadas a agendas para la formación de capacidades en gestión de em-prendimientos y mercados.
En síntesis, las PAF deben adoptar un marco de análisis y operativo innovador que per-mita articular factores econó-micos, sociales, ambientales y políticos tendientes a equilibrar las fuerzas de la sociedad civil or-ganizada, del estado y del merca-do en procesos participativos de toma de decisiones.
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Foto
: Arq
uivo I
ICA
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DESAFIOS do DRS
Com grande experiência na área
de Antropologia, com ênfase em
Antropologia e Gênero, atuando
principalmente nos temas de gê-
nero, mulher, trabalho e políticas
públicas, Andrea Butto, como se-
cretária de desenvolvimento ter-
ritorial, analisa nesta entrevista
que o desafio de integrar políticas
é uma imensa tarefa do governo
e da sociedade civil; passa por
uma apropriação por parte das
populações beneficiárias das polí-
ticas existentes, uma aproximação
entre os órgãos responsáveis por
cada uma das políticas públicas,
de construir um olhar de conjunto
e mais aprofundado sobre os pro-
cessos econômicos e sociais dos
territórios, nos estados, regiões e do
país. Saiba mais o que Butto falou
para a Revista Fórum DRS.
O Brasil é conhecido por ser mui-to desigual, mas há uma desigual-dade entre o rural e o urbano e entre as regiões, que incide forte-mente nas questões de gênero e etnia. Qual a importância da abor-dagem territorial para as políticas públicas e a implicação desta so-bre as desigualdades?
A partir do governo Lula e no governo da Presidenta Dil-ma Russeff, o Estado brasileiro impulsionou uma importante transformação na economia bra-sileira, passou a combinar cres-cimento econômico e melhoria da distribuição de renda. A maior expressão dessa mudança está no aumento do PIB real em 29% entre 2001 a 2011 com uma evo-lução mais favorável na renda da população mais pobre.
Reduziram-se as desigualdades regionais com o incremento de renda nas regiões mais pobres. Os dados da PNAD/IBGE entre 2001
A importância da abordagem territorial e suas implicações nas desigualdades sociais
Mestre em antropologia pela Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE), 1996 e graduada em Ciências Sociais
pela mesma universidade (1992); Professora titular da Universidade Federal Rural
de Pernambuco; Atuou como Diretora de Políticas para
Mulheres Rurais da Secretaria- Executiva do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (SDT/MDA) e atualmente é Secretária de Desenvolvimento Territorial
do MDA.
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ENTREV ISTA
Foto: Pedro Ladeira
Por Redação da Revista Fórum DRS
Andrea Lorena Butto Zarzar
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DESAFIOS do DRS
e 2011 mostram que no nordeste, a renda do trabalho se expandiu em média 3,3% ao ano, acima do índice nacional que equivale a 2,1%. Associada à redução das desigualdades regionais, é impor-tante observar que é a renda dos mais pobres a que mais cresce. Entre 2001 a 2011 a renda dos 20% mais pobres aumentou em ritmo sete vezes maior do que a dos mais ricos. A população em situação de extrema pobreza pas-sou de 14% em 2001 para 4,2 em 2011 e os dados relativos a 2012 já nos indicam um patamar menor ainda, equivalente a 2,5 milhões de pessoas.
A pobreza rural teve uma que-da expressiva, com redução da taxa de 48,6%, em 2002, para 32%, em 2008, indicando a saída da pobreza de mais de quatro milhões de pessoas. A pobreza extrema também foi reduzida passou de 19,9% para 11,7% no mesmo período.
Entre 2003 e 2011, a renda mé-dia dos domicílios da agricultura familiar teve um crescimento real de 52% enquanto que a da po-pulação brasileira no período teve um crescimento real de 16% e a renda proveniente do trabalho agrícola foi de 47%.
Também deve-se considerar as desigualdades sociais, dentre elas as existentes entre homens
e mulheres, que foi impactada diretamente pelas políticas de redistribuição de renda. As medi-das adotadas para a valorização do salário mínimo e os programas de transferência de renda tiveram papel decisivo para o aumento de renda das mulheres. As políticas de apoio à agricultura familiar e reforma agrária e as políticas para
A promoção política articulada entre as três esferas de governo com participação social, o des-taque recai nos programas que foram criados na chamada agen-da social do governo Lula, e no Plano Brasil Sem Miséria, para além de um processo crescente e cada vez mais institucionalizado e inte-grado de participação social no
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ENTREV ISTA
A pobreza rural teve uma queda expressiva, com redução da taxa de 48,6%, em 2002, para 32%, em 2008, indicando a saída da pobreza de mais de quatro milhões de pessoas. A pobreza extrema também foi reduzida passou de 19,9% para 11,7% no mesmo período.
as mulheres rurais resultaram na diminuição do trabalho não remunerado e no aumento da renda no chamado trabalho por conta própria.
Esta mudança integra uma clara estratégia de promoção do desenvolvimento nacional que se traduz na universalização dos direitos sociais e diminuição das desigualdades sociais e regionais e que se alia a outras duas frentes importantes, a da promoção de políticas articuladas entre as três esferas de governo com participa-ção social e; a da recuperação da capacidade de planejar e investir fortalecendo o mercado interno.
conjunto da agenda do governo
federal.
O destaque que cabe ser fei-
to é ao Programa Territórios da
Cidadania que promover a inte-
gração de políticas públicas num
arrojado plano de investimentos
comuns ao governo federal, e aos
governos estaduais e municipais e
a real efetivação de políticas num
ambiente inovador de governan-
ça pública que se desenvolve
a partir dos territórios rurais e a
partir dos acúmulos da política de
desenvolvimento territorial que
já estava em construção desde o
início do governo Lula.
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 404040
ENTREV ISTA
Seguiremos fortalecendo a politica de desenvolvimento territorial, a participação social nas instâncias colegiadas e com maior sustentabilidade, promoveremos maior coordenação das entidades parceiras e dos entes federados.
A partir dos seus três eixos de atuação: apoio a atividades pro-dutivas; cidadania e direitos e; infraestrutura e de um ciclo de gestão que inclui o fortalecimen-to do pacto federativo e a parti-cipação social por meio de mais de 9 mil entidades da sociedade civil envolvidas, rompe-se com o paradigma do rural como atraso
e como apenas um espaço de produção de mercadorias, para afirmar o rural como espaço de vida, integrado a um projeto de desenvolvimento nacional justo e solidário e protagonizados por distintos setores sociais.
Alimentando-se desta experi-ência e buscando focalizar ações para a população extremamente pobre cria-se em 2011, o Plano Brasil Sem Miséria. Atuando nos mesmos eixos mas criando instru-mentos específicos em adequa-ção de uma estratégia mais focali-zada no público a ser beneficiado, este plano também prevê a inte-gração com as políticas publicas da agricultura familiar e reforma
agrária, bem como a participação social associada a uma estratégia de desenvolvimento territorial já que como disse recentemente a Presidenta Dilma Russeff : o fim da pobreza extrema é só o começo.
A ampliação da capacidade de planejamento e de investimento tem maior expressão do PAC2, o
maior programa de investimentos
em infraestrutura do país. A taxa
de investimentos do setor públi-
co cresceu em 51% no período
de 2003 a 2012, e como parte
deste programa não se expandiu
apenas investimentos em logís-
tica e energia, mas também em
infraestrutura social e urbana, a
exemplo do Comunidade Cidadã;
Minha casa, Minha vida; Água e
Luz para Todos, o que inclui obras
de saneamento, infraestrutura vi-
ária, equipamentos para estradas
vicinais, educação, saúde dentre
outros. Associado à melhoria da
infraestrutura obtivemos a maior
taxa de elevação do emprego,
que cresceu 75,4% .
Um importantíssimo destaque está na destinação dos investi-mentos no território nacional. Com exceção da ação de iniciação ao esporte todos os investimen-tos voltados para a infraestrutura social e urbana, comohabitação, creches e pré-escolas, unidades básica de saúde, pavimentação, saneamento, estradas vicinais e cidades digitais estão dirigidos para os municípios com até 50 mil habitantes excluídos aqueles que se encontram nas regiões metropolitanas.
Um bom exemplo de inves-timento em infraestrutura com rebatimento direto na renda dos produtores e provimento de serviços básicos, é a atuação do Ministério do Desenvolvimento Agrário na implantação e recu-peração de estradas vicinais que visa garantir o escoamento da produção da Agricultura Familiar. O programa é agora coordena-do pela SDT o que permitirá sua articulação com o Programa de Infraestrutura e Serviços da Agri-cultura Familiar, fortalecendo os vínculos com os governos locais e a participação social na gestão da política de desenvolvimento territorial.
Apesar das transformações estruturais em curso, o Brasil país ainda é um dos países mais desi-guais. Para consolidar este mode-lo inclusivo de desenvolvimento
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e potencializá-lo é muito impor-tante avançar na adoção da abor-dagem territorial, que considera o desenvolvimento rural como um processo social com distintas fa-ces e dimensões (econômica, so-cial e ambiental). E, ao fazer isso, estaremos fortalecendo alguns dos principais eixos do novo mo-delo de desenvolvimento, como a articulação das políticas setoriais, a valorização do protagonismo da população envolvida e o estimulo a processos locais que dinamizam as regiões e as integram ao desen-volvimento nacional.
Os principais motores desta estratégia fortalecem o modelo em curso já que: 1) articula as po-líticas setoriais e sua forma de exe-cução; 2) valoriza o protagonismo da população envolvida e 3) in-tegra o rural ao desenvolvimento nacional, estimulando processo locais,integrados às demais esca-las de forma a estimular a partici-pação de governos e sociedade civil na definição de projetos de desenvolvimento.
Como os resultados do Projeto “Repensando o conceito de Rura-lidade”, desenvolvido em parceria com a SDT/MDA, que pretende apresentar um olhar moderno da concepção do rural, podem influenciar essa abordagem ter-ritorial no País? E como isso pode ser repercutido a outros países da América Latina?
A pesquisa Repensando o Con-ceito de Ruralidade no Brasil: impli-cações para as políticas públicas retoma um debate importante sobre o que é o rural e o dimen-sionamento do rural no Brasil.
Tomando as distintas dimen-sões contidas no conceito, a pesquisa considera os conceitos vigentes e suas repercussões so-bre o ordenamento jurídico, tri-butário, geográfico e estatístico a fim de indicar como o rural foi reduzido e isolado na historia do nosso país.
Partindo da premissa que orural não pode estar associado exclusivamente à dimensão agrí-cola, nem concebido como um resíduo atrasado do urbano que necessita se modernizar, afirma o Brasil Rural Contemporâneo, como espaço de produção e re-produção de vida, da cultura bra-sileira, da preservação dos bens da natureza.
A elaboração de uma nova tipologia do rural a partir destas problematizações e da conside-ração das dimensões econômicas, sociais, culturais e ambientais, já indicamuma ampliação do que vem a ser rural no Brasil quando comparada com as estatísticas oficiais. Os municípios rurais pas-sam arepresentar 89% da totali-dade dos municípios brasileiros e agregam 30% da população
total do país, o que representa um aumento do peso do rural na geografia nacional, elevando sua presença na definição da agenda das políticas que ainda hoje estão orientadas prioritariamente para a realidade urbana.
A pesquisa contribui, ainda, para avaliar a situação atual das ações dirigidas a um novo padrão de planejamento, integração e descentralização das políticas públicas destinadas ao rural. Per-mite, ainda, melhor caracterizar os territórios rurais e qualificar o planejamento territorial em suas distintas escalas.
A Senhora possui grande ex-periência na questão de gênero. Como avalia a atual situação das mulheres do campo na América Latina, mais especificamente no Brasil? Quais os desafios para as políticas públicas?
Na América Latina e Caribe, as mulheres estão consolidando o seu papel na soberania alimen-tar como as principais gestoras da produção de alimentos, dos serviços ambientais e da biodi-versidade.
As mulheres desenvolvem uma intensa carga de trabalho com jornadas superiores as dos homens, combinam o trabalho produtivo com atividades do-mésticas, incluindo a preparação
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ENTREV ISTA
Foto: MDA/SDT
de alimentos para suas famílias, o
trabalho comunitário e de cuida-
dos, participando de forma sig-
nificativa, na superação de crises
econômicas.
Contudo, esse trabalho não é
suficientemente valorizado e, por-
tanto, a renda das mulheres ainda
é menor do que a dos homens, o
que afeta também a capacidade
de tomar decisões.
As mulheres enfrentam muitas
restrições no acesso à terra, aos
recursos naturais, aos recursos
públicos de apoio a produção
(crédito, assistência técnica e tec-
nologias) e à educação.
No Brasil, as mulheres corres-
pondem a quase a metade da
população rural, as mais jovens são as mais afetadas pelos pro-cessos migratórios e a maioria delas não contam com o devido reconhecimento da sua condição de agricultora familiar.
A economia rural sempre este-ve marcada pela divisão sexual do trabalho. Os homens estão asso-ciados a atividades econômicas que geram emprego, ocupação e renda, enquanto as mulheres con-centram-se em atividades volta-das para o auto-consumo familiar, com baixo grau de obtenção de renda e assalariamento. Ocupam-se principalmente da criação de aves e pequenos animais e da horticultura. Esta realidade nos permite entender porque as mu-lheres rurais representam 64% do
total das mulheres trabalhadoras
brasileiras que não auferem renda.
O seu trabalho é considerado
como uma mera extensão dos
cuidados dos filhos e dos demais
membros das famílias, um traba-
lho concebido como uma ajuda,
decorrente também do oculta-
mento do trabalho delas.
Apesar disso, transformações
vem ocorrendo: o arrefecimento
da migração feminina, uma ten-
dência a maior igualdade entre os
sexos no rendimento dos ocupa-
dos e uma queda na proporção
de mulheres ocupadas sem re-
muneração.
A promoção do desenvolvi-
mento sustentável no país consi-
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 43
ENTREV ISTA
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derou a necessidade de valorizar o protagonismo das mulheres considerando-as como sujeitas ativas e interlocutoras na relação com o Estado. Elas lideraram na família a efetivação do direito à habitação e às transferências de renda, através do Programa Minha Casa e Minha Vida e do Programa Bolsa Família, ganhando centra-lidade portanto na implementa-ção de programas estratégicos do governo federal e no desenvolvi-mento rural, políticas de promo-ção da igualdade buscaram reco-nhecer o seu trabalho e garantir seus direitos.
No Ministério do Desenvol-vimento Agrário, para além do Programa Nacional de Docu-mentação da Trabalhadora Rural e do Programa de Organização Produtiva de Mulheres Rurais, fo-ram promovidas ações afirmativas que qualificaram e ampliaram a participação das trabalhadoras rurais nas políticas de apoio à agricultura familiar e reforma agrária. Este esforço se traduziu desde o reconhecimento delas como agriculturas no cadastro da agricultura familiar brasileira, atra-vés da instituição da titularidade conjunta em caráter obrigatório na Declaração de Aptidão ao Pro-naf , passando pela instituição da política de credito especial para as mulheres, com o Pronaf Mulher, a criação de uma política setorial especializada na assistência téc-
nica e extensão rural, na adoção de um conjunto de medidas para favorecer e priorizar a compra da produção delas no Programa de Aquisição de Alimentos e do es-timulo à participação em eventos de promoção comercial a exem-plo da Feira Nacional da Agricul-tura Familiar e Reforma Agrária onde elas já são mais de um terço das expositoras.
O governo federal também garantiu o direito à terra para as mulheres, embora previsto em nossa constituição federal só em 2003 veio a se efetivar. O direito à terra foi complementado com estímulos à sua participação na economia por meio da oferta de assessoramento e financiamento da produção, através da ATES e do Credito Apoio Mulher.
O conjunto destas políticas foram articuladas à estratégia do desenvolvimento territorial, em parceria com ONG,s e movi-mentos sociais, constituíram-se comitês territoriais de mulheres, promoveram-se ações de capa-citação e articulação de políticas públicas nos territórios da cida-dania.
Penso que um desafio impor-tante é a incorporação da dimen-são não monetária da economia, presente no trabalho doméstico e de cuidados das pessoas. É neces-sário reconhecer que este traba-
lho não é remunerado, necessita
ser valorizado e compartilhado
com os homens. Deve-se tam-
bém ampliar a responsabilidade
do Estado, por meio de implan-
tação de serviços e de ações de
sensibilização e conscientização
sobre o valor e a necessidade de
socialização do trabalho domés-
tico e do cuidado.
A Senhora está à frente da
Secretaria de Desenvolvimento
Territorial do Ministério do Desen-
volvimento Agrário. Quais são os
principais desafios de sua gestão?
Grandes avanços marcaram a
primeira década da política de de-
senvolvimento territorial. A etapa
inicial da criação de uma politica
de desenvolvimento territorial
no MDA já foi alcançada princi-
palmente com a criação de uma
institucionalidade local – colegia-
dos, de sensibilização de gover-
nos estaduais e de outros órgãos
federais. A experiência do MDA
foi muito rica na criação de uma
nova institucionalidade de gover-
nança, já que fomos muito além
da criação de espaços de partici-
pação social – marca importante
do governo Lula e Dilma e afirma-
mos um conceito novo de gestão,
em que a participação social e o
pacto federativo se combinam e
formam um modo permanente
de promoção do desenvolvimen-
to rural.
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 44
Também foi importante a ex-
perimentação de instrumentos
de planejamento, gestão social
implementados principalmente
a partir dos PTDRS e de outros
instrumentos de planejamento
específicos para a promoção da
inclusão produtiva, com destaque
especial para os Planos Safras Ter-
ritoriais e os Planos Territoriais de
Cadeias Produtivas.
Sem dúvida o maior resultado
desta experiência foi a resposta
de todo o governo federal a estas
iniciativas com a criação do Pro-
grama Territórios da Cidadania, à
medida que obtivemos uma res-
posta do conjunto do governo fe-
deral à agenda de promoção do
desenvolvimento rural de grande
alcance e sob coordenação do
núcleo de governo.
Foi um período também de
criação e consolidação das prin-
cipais políticas de fortalecimento
da agricultura familiar, dos assen-
tados, para as mulheres e comu-
nidades rurais tradicionais. Hoje
há um conjunto de política pú-
blicas diferenciadas que não havia
antes e que já alcançaram escala
e amadurecimento para ganhar
consciência da necessidade de
maior integração entre si.
O desafio de integrar políticas é
uma imensa tarefa de governo e
da sociedade civil, passa por uma
apropriação por parte das popu-
lações beneficiárias das políticas
existentes, uma aproximação en-
tre os órgãos responsáveis por
cada uma das políticas públicas,
de construir um olhar de con-
junto e mais aprofundado sobre
os processos econômicos e so-
ciais dos territórios, nos estados,
regiões e do país.
Com o que já foi feito, com o
Programa Territórios da Cidada-
nia, o Plano Brasil sem Miséria e
as possibilidades abertas no di-
álogo com a agenda territorial li-
derada pelo Ministério do Plane-
jamento, muito mais poderá ser
feito. O futuro da política deve
valorizar esta trajetória, buscar
qualificar a experiência, atualizar
a estratégia e sintonizá-la com
o projeto de desenvolvimento
nacional em curso.
Seguiremos fortalecendo a
politica de desenvolvimento ter-
ritorial, a participação social nas
instâncias colegiadas e com maior
sustentabilidade, promoveremos
maior coordenação das entidades
parceiras e dos entes federados.
Devemos investir num trabalho
complementar de planejamento
territorial, por meio de ações de
qualificação e atualização para
uma estratégia também de cur-
to prazo em sintonia com proje-
to local e global, de aproximação
com as chamadas frentes de ex-
pansão das dimensões estratégi-
cas do desenvolvimento nacional
expresso no Plano Plurianual e no
projeto Brasil 2022.
Os territórios da cidadania, são
uma referência para a priorização
de investimentos públicos é mui-
to importante que busquemos
aprofundar a experiência atri-
buindo a ele maior capacidade
de articulação local e setorial e
como parte desta estratégia ar-
ticular mais o PTC com o Plano
Brasil sem Miséria.
Promover um forte investi-
mento na integração de políticas
públicas, a começar pelo próprio
MDA e suas políticas de inclusão
produtiva. Ajustar a estratégia de
inclusão produtiva de forma a se
complementar com as unidades
do MDA e outorgar-lhe maior di-
mensão territorial.
Também é muito importante
promover estratégia de supri-
mento de infraestrutura rural em
especial diálogo com o PAC2, o
que a dimensão produtiva, viária,
hídrica e de inclusão digital supe-
rando a visão ainda presente de
projetos atomizados e concorren-
tes no território.
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ENTREV ISTA
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 4545
Informa-se muito, comunica-se pouco
É cada vez mais alarmante a
forma como o conhecimento
técnico e científico acumula-
do das instituições e organizações é
transmitido à população, especial-
mente para os micros e pequenos
empresários, agricultores familiares e
os membros das comunidades mais
carentes. Decide-se o quê e como se
fala, sem ter uma imagem fiel do re-
trato e realidade do cidadão.
Não há hoje nas organizações, com
raras exceções, uma preocupação com
a comunicação dos chamados conte-
údos complexos, ou seja, aqueles cujo
contexto cultural não é de domínio pú-
blico. O mais preocupante e o grande
problema dessa constatação é que
grande parte do conhecimento acu-
mulado, que inclui novas tecnologias e
inovações, tratados atualmente nas ins-
tituições e organizações são de temas
caracterizados como complexos para o
cidadão comum, ou seja, temas como
mudanças climáticas, desenvolvimento
sustentável, segurança alimentar, ener-
gia, recursos hídricos, gestão de risco,
entre outros.
Apesar de ser gritante a necessida-
de de se investir na comunicação pú-
blica desses conteúdos, os gestores pa-
recem se contentar com uma política de informação em grande quantidade para atingir o cidadão. São inúmeras in-formações de qualidade, acumuladas por meio de um processo de gestão do conhecimento, desenvolvidas por profissionais gabaritados e transmiti-das ao grande público por meio do que há de melhor em tecnologia da informação que se perdem nas mãos do cidadão comum. Um alto investi-mento em informação e que, sem dú-vida, traz alguns resultados positivos, no entanto, não garante o consumo dessa informação pela população e, consequentemente, não se consegue estabelecer um processo de comuni-cação, por meio do qual as pessoas irão interagir, criticar, dialogar e outros.
Continuar com essa política de in-formação em grande escala sem se agregar uma política dedicada à comu-nicação pública é escolher uma via de mão única, na qual só o emissor se be-neficia e a informação se torna objeto de comunicação apenas daqueles que dominam determinado assunto ou que fazem parte daquele contexto em torno da mensagem. Essa via propicia uma sensação de dever cumprido ao emissor que acredita ter disponibiliza-do determinada informação relevante ao cidadão, no entanto, é este último quem sai perdendo, pois tem acesso à informação, mas não consegue con-sumi-la, aproximá-la de seu contexto.
Para estabelecer uma comunicação eficaz da informação do tipo complexa com a população é preciso, entre ou-tros, se preocupar com a decodificação
do código linguístico; a contextualiza-
ção do tema; com a complexidade da
mensagem e, principalmente, com a
atribuição de relevância do receptor
com determinado tema. Este último
condiciona todo o processo de comu-
nicação, pois determina o quanto uma
pessoa está disposta a gastar tempo e
energia para consumir a mensagem. Se
não há atribuição de relevância, dificil-
mente será estabelecido um processo
de comunicação e os altos gastos com
informação serão inúteis.
Academicamente a comunicação
ocupa um patamar que oferece solu-
ções para este impasse. Em 2011, foi
reconhecida pela comunidade acadê-
mica uma nova área da comunicação:
a Comunicação Pública de Conteúdos
Complexos (CPCC), um modelo para
descrever e compreender os processos
e problemas da comunicação pública
da complexidade, particularmente da
ciência, tecnologia e inovação, forne-
cendo instrumentos novos e importan-
tes para a sua solução. Falta, agora, uma
aposta por parte dos gestores públicos
para investir nessas soluções.
Neste sentido, há que se destacar
o trabalho desenvolvido pelo IICA, por
meio do Fórum Permanente de Desen-
volvimento Rural Sustentável (Fórum
DRS), que vem desenvolvendo projeto
de Comunicação Pública no tema com
base na CPCC. Espera-se que a primei-
ra de muitas outras iniciativas para se
comunicar cada vez mais e de forma
eficiente o conhecimento técnico e
científico para a população.
ART IGOARTIGO
André Kauric é Jornalista e
Consultor do Fórum DRS
Foto
: Arq
uivo I
ICA
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 46
Frases DRSespecial
Sabemos que, para 2050, se requererá duplicar a quantidade de alimentos que hoje se produz, enquanto a produ-tividade agropecuária também deverá atender as demandas de derivados agrícolas para seus crescentes usos alimentícios. Os territórios rurais tam-bém requerem um lugar central nas políticas e nas ações do Estado.
Victor Villalobos, Diretor-geral do IICA
SET/OUT/NOV 2012 REVISTA FÓRUM DRS 46
Reconheço que nesses dois anos de projeto, trabalhamos muito próximo do executivo e, agora, a discussão se aproxima do legislativo. Assim, estamos muito contentes e esperançosos pelo aprofun-damento do diálogo. Estou convencido que é uma contribuição não apenas para o Brasil, mas para toda América Latina. Há que se destacar que as conclusões desse projeto podem ser apresentadas na reunião dos Ministros de Agriculturas, a JIA
Manuel Otero, Representante do IICA no Brasil
Importantes comentarios sobre la ruralidad, es-perando que el gran Brasil, en su razon Estatal, implemente politicas publicas, conducentes a mirar proactivamente el campo, donde se dan razones historicas, idiosincraticas, geograficas, que determinan la vocacion agricola de Lati-noamerica. Hay que empezar por la educacion y una mayor y real presencia del Estado en el sector rural, alli esta la despensa del futuro.
Oscar Alberto Roman Roman Cabra, comentario pelo
site do Fórum DRS
REVISTA FÓRUM DRS JAN/FEV/MAR 2013 47 REVISTA FÓRUM DRS SET/OUT/NOV 2012 47
Há estados inteiros rurais, o que torna necessário modificar o orçamento pú-blico para auxiliar os 70% dos municí-pios brasileiros que têm menos de 20 mil habitantes. O meio rural não reivin-dica apenas política agrícola e agrária, mas também políticas de saúde, edu-cação, comunicação, entre outras. Não podemos ter uma educação que nos expulse de nosso lugar.
Humberto de Oliveira, consultor do IICA
É importante incluir no debate a ruralidade não agrícola, desde o turismo, o artesanato, os serviços ambientais, a arte e a cultura.
Alberto Viana, comentário pelo site do Fórum DRS
É preciso definir progresso pela qualidade de vida, não por renda, ¬consumo e técnica mo-derna. É preciso urbanizar o rural e ruralizar o urbano. Precisaremos de uma política que mantenha a qualidade urbana, que leve a qua-lidade rural a quem não está nas próprias ci-dades e case o rural com o urbano. Fazer com que as pequenas cidades se transformem tam-bém nas produtoras de alimentos, dos bens agrícolas, e ter uma vida rupestre, digamos, perto da cidade.
Cristovam Buarque, Senador (PDT-DF)
Para nós, do ministério, é algo muito importante socializar o conhecimento acumulado, difundir uma pesquisa que é de muita relevância para pensar o rural e pensá-lo integrado ao nacional, não pensá-lo de forma isolada. Fazer isso no âmbito do Senado, na CRA, é também muito importante
Andrea Lorena Butto Zarzar, Secretária de desenvolvimento territorial
Construir uma nova ruralidade é indispensável para o mundo. Ainda mais para o Brasil, que continuará sendo um país agrícola. Este estu-do vai reorientar os investimentos públicos no rural
Beatriz Paredes, Embaixadora do México no Brasil
Felicito a Brasil que ha puesto en la agenda “política” la discusión de los te-mas vinculados a la ruralidad y al De-sarrollo Territorial fundamentalmente. Saludos desde Uruguay.
Patricia Duarte, comentario site Fórum DRS
JAN/FEV/MAR 2013 REVISTA FÓRUM DRS 48
En VenezuelaPolíticas para asegurar la cobertura y calidad de la
infraestructura, los servicios y la producción rurales