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vitória Ano X Nº 117 Maio de 2015 vitória Revista da aRquidiocese de vitóRia - es A proposta das escolas em tempo integral depende de um debate sobre o projeto pedagógico e formação dos agentes A comunicação é um processo que começa antes da gestação e se desenvolve tendo como modelo a família REPORTAGEM I Humanizar o parto: devolver o protagonismo às mulheres PRIORIZE A PESSSOA ATUALIDADE DIÁLOGOS

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vitóriaAno X • Nº 117 • Maio de 2015

vitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

A proposta das escolas em tempo integral depende de um debate sobre o projeto pedagógico e formação dos agentes

A comunicação é um processo que começa antes da gestação e se desenvolve tendo como modelo a família

RepoRtagem I Humanizar o parto: devolver o protagonismo às mulheres

pRIoRIZe a pesssoa

AtuAlidAde

diálogos

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arquivix

@arquivix

Fazer projetos, planejamentos, roteiros, organização de agendas, etc. etc., tem se tornado a prioridade das prioridades. Parece que se não existirem projetos,

planos, organização, a vida não está planejada e, por isso, não irá para lugar algum. Governos fazem reuniões de planejamento e as desdobram em projetos e planos. Or-ganizações e entidades pagam caro para quem apresentar projetos com apelos atuais e capazes de angariar adeptos e financiadores. Igrejas planejam e fazem esforços enor-mes para se modernizarem e trabalharem com projetos e planos que possam ajudar a atingir os objetivos a que se propõem. Não me cabe desmerecer ou discorrer sobre isso, mas por trás de projetos existem vidas e, muitas situações não podem ser descritas ou compreendidas apenas por estatísticas, números e definições que as caracterizem, determinem e transformem. Nesta edição o foco é na razão de todos os planos, projetos e planejamentos: a pessoa. Boa leitura! n

a pessoa no centro dos planejamentos

editoriAl

fAle com A gente

maria da luz fernandeseditora

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“Por trás de projetos existem vidas e,

muitas situações não podem ser descritas

ou compreendidas apenas por estatísticas,

números e definições que as caracterizem,

determinem e transformem.”

mitraaves

www.aves.org.br

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vitóriavitóriaRevista da aRquidiocese de vitóRia - es

Ano X – Edição 117 – Maio/2015Publicação da Arquidiocese de Vitória

IdeIasIncapazes de dormir, mas interminavelmente ocupados em sonhar

mIcRonotícIasDesmatamento na Amazônia

aconteceDestaques da 53ª Assembleia

dos Bispos do Brasil

Arcebispo Metropolitano: Dom Luiz Mancilha Vilela • Bispos Auxiliares: Dom Rubens Sevilha, Dom Joaquim Wladimir Lopes DiasEditora: Maria da Luz Fernandes / 3098-ES • Repórter: Letícia Bazet / 3032-ES • Conselho Editorial: Albino Portella, Alessandro Gomes, Edebrande Cavalieri, Gilliard Zuque, Marcus Tullius, Vander Silva • Colaboradores: Dauri Batisti, Giovanna Valfré, Raquel Tonini, Pe. Andherson Franklin • Revisão de texto: Yolanda Therezinha Bruzamolin • Publicidade e Propaganda: [email protected] - (27) 3198-0850 • Fale com a revista vitória: [email protected] • Projeto Gráfico e Editoração: Comunicação Impressa - (27) 3319-9062 • Ilustrador: Richelny Lorencini e Rennan Mutz • Designer: Albino Portella • Impressão: Gráfica 4 Irmãos - (27) 3326-1555

16 espiritualidade

18 caminhos da bíblia

21 arquivo e memória

24 diálogos

28 especial

38 Festa da penha

42 prática do saber

45 cultura capixaba

editorial

atualidade Escolas de tempo integral: solução para a educação?

comunicação Inscreva-se para o Muticom!

economia política Trabalho

aspas Eduardo Galeano

pensar

viver bemSaia da depressão

carismas religiosos

entrevistaCom trabalho e Fé!

reportagemDevolvendo às mulheres oprotagonismo no parto

ensinamentosA essência da Doutrina Social da Igreja

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AtuAlidAdegilliard Zuque

escolas de tempo integral: solução para a educação?integral. Por definição, quer dizer total, inteiro, global. É o que pretende ser o projeto de escola em tempo integral proposta pelo governo para algumas escolas do estado, de forma piloto.

Um dos pilares da campanha política do governador eleito, Paulo Hartung, o projeto educacional de tempo integral, batizado de “Escola Viva”, enfrenta resistência de pro-

fessores e estudantes. Nesse novo modelo de ensino, o tempo de permanência do aluno na escola será ampliado e passa a oferecer, além das aulas no turno regular, atividades em diversas outras áreas no turno inverso. A partir da década de 90, com a publicação do Estatuto da Criança e do Adolescente (1997) e da Lei de Diretrizes e Bases da

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AtuAlidAde

Educação (1996), o Brasil pas-sou a compreender a educação integral como resposta às muitas vulnerabilidades das crianças e adolescentes e possibilidade para o aprimoramento contínuo da qualidade da aprendizagem. Segundo especialistas, a existência por si só desse turno inverso de estudos não resulta em educação integral. As ativi-dades oferecidas precisam estar ligadas ao conteúdo regular para que possam desenvolver os alu-nos de forma completa, em sua totalidade. Muitas escolas bra-sileiras já oferecem a opção do período integral com resultados positivos, mas o projeto também gera desconfianças e incertezas. Um dos riscos de implanta-ção de escola em tempo integral é a concepção assistencialista do projeto, de suprir as carências sociais dos alunos, um alívio para os pais que trabalham o dia todo e não conseguem dar o suporte que os filhos precisam.

A garantia de alimentação e o distanciamento dos perigos do lado de fora dos muros escolares são elementos que dão força ao projeto, principalmente nas periferias. O estado surge então, como resposta a essas necessida-des já que mantém os estudantes com atividades enquanto os pais buscam o sustento das famílias. Aqui no Espírito Santo, a proposta era aprovar o projeto para que as primeiras escolas em tempo integral já funcionassem no segundo semestre desse ano. A rapidez do governo assustou alunos, professores e até de-putados. Depois das críticas, a Comissão de Cidadania da Assembleia Legislativa pediu vista à proposta. O secretário Estadual de Educação, Haroldo Rocha se reuniu com um grupo de estudantes para discutir me-lhorias no programa. Há criticas quanto a falta de um plano pe-dagógico mais consistente, além da logística com as atuais turmas

O qUe se precisa bUscar cOm O prOjetO, mais dO

qUe ter O alUnO pOr hOras dentrO das escOlas, é

Uma educação IntegRal. toda a cIdade deve seR o espaço educatIvo. é precisO

pensar também nO tempO dOmésticO da criança,

qUe precisa da cOnvivência cOm a Família para se

desenvOlver integralmente.

de meio período nessas unidades e a infraestrutura das escolas que vão receber o projeto. Pela proposta, entre as ações previstas estão o uso de mídias (televisão, jornal, rádio e revista) de forma articulada e a ampliação do currículo escolar com atividades nos campos da cidadania, ética, cultura e artes, esporte e lazer, direitos huma-nos, educação ambiental, inclu-são digital, saúde, investigação científica, educação econômica e comunicação. Os estudantes receberão refeição e lanche. Outra questão que deve ser discutida é a capacitação dos professores. Segundo o texto referência do Governo Federal, a implantação da Educação em tempo integral nas escolas “im-põe também e principalmente projeto pedagógico, formação de seus agentes, infraestrutura e meios para sua implantação”. Estaria o corpo docente das es-colas preparado para este novo modelo de ensino? Também surgem críti-cas quanto à eliminação da possibilidade do jovem poder desempenhar atividades em programas sociais do governo, como o “Menor aprendiz’, ou estágios para os alunos que também fazem cursos técnicos. Segundo o secretário, Haroldo Rocha, em matéria publicada pelo portal G1-ES, o aluno terá autonomia para dizer se quer

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O que se precisa buscar com o projeto, mais do que ter o aluno por horas dentro das es-colas, é uma educação integral. Toda a cidade deve ser o espaço educativo. É importante pensar também no tempo doméstico da criança, que precisa da con-vivência com a família para se desenvolver integralmente. Para um aprendizado inte-

ou não participar do projeto. É fato que todo novo pro-jeto que vem na perspectiva de alterar um sistema causa descon-forto, insegurança e incertezas. Professores terão seus horários alterados, outros necessitarão de capacitação para a nova rea-lidade, novos poderão ser con-tratados. A abertura de turmas em tempo integral, numa pers-pectiva macro de ampliação do projeto, elimina turmas de meio período nessas escolas, o que pode causar remanejamento de alunos. Inquestionável também que a integralidade do processo de educação irá criar hábitos de estudos, aprofundamento de conteúdos vivenciados no tur-no regular; desenvolver outras habilidades do aluno, possibilitar aos estudantes ambiente mais adequado e assistência neces-sária para a realização de suas tarefas; entre outras vantagens.

segUndO O textO reFerência dO gOvernO

Federal, a implantaçãO da edUcaçãO em

tempO integral nas escOlas “impõe também e

principalmente prOjetO pedagógicO, FOrmaçãO

de seUs agentes, inFraestrUtUra e meiOs para

sUa implantaçãO”. estaRIa o coRpo docente das escolas pRepaRado paRa este novo modelo de ensIno?

gral, deve-se considerar o in-vestimento em outras políticas setoriais na sociedade, como cultura, esporte, assistência so-cial e meio ambiente. A educa-ção integral acontece quando está integrada a um projeto que vê a política social como um todo, deve prever as pos-sibilidades de interação com a comunidade e com a cidade. n

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micronotíciAs

plantações inteligentes

construções sustentáveis

Um aplicativo que conecta o agricultor à sua plan-tação, reduzindo o consumo de água na irrigação, rendeu a uma brasileira de 23 anos uma bolsa para estudar em uma universidade na Califórnia ligada à Nasa. A instituição, que funciona em um centro de pesquisa da Nasa no Vale do Silício, selecionou empreendedores de 19 países para

A França aprovou recentemente uma lei que obriga os prédios co-merciais a terem telhados verdes ou placas solares. Ativistas am-bientais franceses queriam que todos os prédios fossem obrigados a utilizar vegetação em todos os telhados, inclusive os residenciais. Mas os parlamentares concluíram que a medida seria muito cara para esse consumidor. Os telhados ver-des formam um isolamento de ca-lor e ruído, o que reduz a necessi-dade de aparelhos de refrigeração durante o calor e aquecimento para o inverno. Além disso, bloqueiam as partículas de poeira, purificam o ar, e retêm água da chuva, além de reduzirem problemas de es-coamento durante chuvas fortes. Já os painéis solares convertem a energia do sol em eletricidade, o que dispensa a utilização de fontes não renováveis, como as termoe-létricas, por exemplo.

desmatamento na amazôniaO Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), ONG de Belém, divulgou levan-tamento não-oficial que indica o aumento de 195% no desma-tamento da Amazônia Legal em março deste ano, comparado com o mesmo mês do ano anterior. O SAD, sistema usado pela ONG, de-tectou 58km2 de desmatamento na Amazônia Legal em março de 2015. Em março de 2014 o índice

era de 20km2. O Imazon ressalta que neste ano foi possível mo-nitorar 47% da área florestal. Os outros 53% estavam cobertos por nuvens, sendo que no ano anterior a cobertura foi de 58%. Por isso, os dados podem estar subesti-mados, afirma a ONG. Segundo o relatório do Imazon, em março deste ano, o desmatamento se concentrou no Mato Grosso (76%) e no Amazonas (13%).

seu programa de imersão “Call to Innovation”. O aplicativo utiliza sensores espalhados pelo campo, que avaliam a umidade do solo e a presença de pragas, entre outros parâmetros. Esses dados são interpretados pelo aplicativo, que indica ao agricultor os intervalos de irrigação e outras variáveis em tempo real.

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cultura indígena além da universidadeA Universidade Federal de Santa Catarina formou a sua primeira turma com-posta só por índios. O grupo se gradua em Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica. São 85 alunos das etnias guarani, kaingang e laklãnõ/xokleng, provenientes do Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O curso teve duração de quatro anos, entre aulas na universidade e atividades desenvolvidas nas aldeias. Os estu-dantes receberam formação para lecionar nas áreas de infância, linguagens, humanidades e conhecimento ambiental indígena. O juramento na colação de grau falou de cultura, liberdade, autonomia, luta pela terra, autodeterminação, alegria e crianças sadias. O discurso dos oradores ressaltou a preocupação com o futuro, a importância das tradições culturais e da demarcação de ter-ritório indígena.

tecnologia a favor da vidaO diagnóstico rápido do câncer é um fator determinante para a sobrevida e para a quali-dade de vida dos pacientes. A brasileira Pris-cila Monteiro Kosaka, de 35 anos, doutora em Química pela Universidade de Brasília e integrante do Instituto de Microeletrônica de Madri, pode revolucionar a antecipação do diagnóstico de câncer. Ela desenvolveu um sensor ultrassensível que identifica a doença a partir de um exame de sangue, usando uma técnica chamada de biorreconhecimento, que também poderá ser usada no diagnóstico de hepatite, HIV e do Mal de Alzheimer. Através de biomarcadores, o sensor aponta se o pa-ciente está nos estágios iniciais da doença, antes mesmo de desenvolver os sintomas. O procedimento evita biópsias e outros proce-dimentos invasivos e possibilita o tratamento nos estágios iniciais da doença, antes que ela sofra metástase. A taxa de erro do sensor é de apenas dois em cada 10 mil ensaios reali-

zados em laboratório. Sem data prevista para estar no mercado, a ideia é que o nanosensor seja ultrassensível e de baixo custo, para que todas as pessoas tenham acesso, em especial na saúde pública.

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equipe de comunicação do muticom

comunicAção

Inscreva-se para o muticom

estamos a menos de três meses para o 9º muticom. a comissão responsável pelo encontro trabalha a todo vapor para dei-

xar tudo em ordem para os dias do encontro. nas subcomissões o ritmo também é intenso: dúvidas dos participantes sobre inscrições, orientações sobre a cidade e distâncias, prepa-ração de toda a logística do local, divulgação nos veículos de comunicação nacionais (rádios, tv’s e sites), além das redes sociais, estão entre as principais atividades.

O Muticom segue sua marca de ser um evento que quer discutir com a sociedade demandas atuais, por isso a escolha pelo tema “Éti-ca nas comunicações”. Palestras e Grupos de trabalho vão discutir o tema central sob diferentes óticas e olhares. O GT conduzido pelo professor Miguel Pereira, “Comportamento do indivíduo nas Redes Sociais” vai discutir, por exemplo, os novos espaços de mídia e como as pessoas se posicionam neles, seja individu-almente, seja como instituição. Já o bispo auxiliar da Arquidiocese de Porto Alegre (RS), dom Leomar Brustolin coordenará o grupo que vai, diante das novas conformações midiáticas, olhar para a religião per-cebida no mercado e nos ambientes institucionais como produto e pro-

curar entender como se posicionar e como tratar da fé na mídia. Mas o 9º Muticom é muito mais! Maria da Luz Fernandes, que integra a comissão de conte-údo, destaca: “a manhã de sábado está reservada para experiência de comunicação alternativa desenvol-vidas em Vitória. Entendemos que essa é uma oportunidade de diálo-go entre os participantes e agentes locais que fazem do processo de comunicação uma oportunidade de desenvolvimento”. n

Marcelo canellas

Pe. Gildásio Mendes

MiGuel Pereira

doM leoMar Brustolin

elson Faxina

palestrantes do 9º muticom

Faça sua inscrição

9º Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom)15 a 19 de julho de 2015Centro de Convenções de Vitória, Vitória, ESInformações: muticom.com.br (clique em INSCRICOES e siga o passo-a-passo)facebook.com/muticomvitoria

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ideiAs

há livros e tempos. Há livros, tempos e os entremeios entre eles onde podemos cair. E quando ali estamos, entre um livro - um bom livro - e o tempo (o ano, a

realidade na qual o lemos), uma conjunção se estabelece e uma poderosa e enigmática usina é acionada para a produção abundante de bons sentimentos, insights, entendimentos e novas percepções das realidades. Normalmente os leitores – incapazes de dormir, mas in-terminavelmente ocupados em sonhar – somos levados a ler o que o momento apresenta como boa leitura seja por indicação de alguém, por uma escolha numa livraria ou biblioteca, ou por outro viés qualquer, mas, sempre - impossível não ser assim - bons livros ficam para trás. E somente mais tarde, sabe-se lá por quais acasos ou arranjos da vida, alguns podem reaparecer para favorecer a conjunção a que me referi. E quando isso se dá somos tomados por um espanto: que maravilha! Das obras do Colombiano Gabriel Garcia Marques – cito como exemplo – O Amor Nos Tempos do Cólera ficou reservado nas gavetas dos anos para que eu o desfrutasse somente agora há uns meses atrás. Não sei exatamente quando, mas penso que por volta de 2007, um belo filme

foi feito a partir desta obra. Vi o filme. Foi outro apelo para ler o livro. Não o fiz. Não sei exatamente por quê.

Provavelmente outro se colocou no lugar. Ou o livro se pôs a me esperar na curva certa da estrada. Ali onde

ele se fazia irremediavelmente necessário para uns bons momentos de longas viagens por Américas

de dormir, mas interminavelmente

Incapazes

ocupados em sonhar

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dauri Batisti

“noRmalmente os leItoRes – IncapaZes de doRmIR, mas InteRmInavelmente ocupados em sonhaR – somos levados a leR o que o momento apResenta como boa leItuRa [...] bons lIvRos FIcam paRa tRás. e somente maIs taRde, sabe-se lá poR quaIs acasos ou aRRanjos da vIda, alguns podem ReapaReceR paRa FavoReceR a conjunção a que me ReFeRI.”

sempre a se descobrir. Agora outro extraordinário alinhamento acontece. Claro que outros livros foram lidos nesse ínterim. Mas falo aqui dos que ficam como referências, dos que se inscrevem no cânon pessoal como os melhores. Tomo-o em doses sem pressa. Não o leio para chegar à última página e exclamar: ah, terminei mais um! Não. Tomo-o para desfrutar de bons sentimentos, para coletar nas minhas experiências, ao eco daquelas vozes, entendimen-tos mais bonitos sobre a vida. E este livro não me apareceu como uma novidade. Ele sempre esteve diante de mim - de um modo ou de outro - como uma possibilidade. Explique-se por que ficou para trás. Não há ex-plicação. Ficou para o momento certo - arranjo um sentido. Pois bem... foi assim... deparei-me de novo com ele, agora na internet, na forma que tem sido minha frequente forma de leitura, via EPUB (Electronic Publication). Pronto. Aconteceu. Falo de Memórias de Adria-no, da escritora belga Margue-rite Yourcenar, publicado pela primeira vez em Paris no ano de 1951, com grande sucesso. Como falar dessa profusão de pensamentos, contemplações,

sentimentos em que o livro e o tempo no qual o leio me colo-cam. Talvez a melhor expressão seja aquela que aponta para o pano comum que acolhe, que ampara, que reúne de todos o que todos carregam: a beleza e a fealdade da própria existência; a pedra e a pluma que constituem nossos sonhos. Vai-se no livro em viagens com o imperador Adriano pelas várias e vastas paisagens do Im-pério. Mas é pelos meandros da

de movimentos e nuances dos mediterrâneos da própria alma. Seguindo com a autora que recria as memórias perdidas do imperador famoso percebo que o sentimento de solidariedade é o que cresce com a leitura. Ali está a autora, o imperador, vidas, anseios, outros de mim mes-mo. Outros tão bonitos e feios quanto, tão especiais e comuns quanto, tão estranhos e tristes quanto, tão frágeis e capazes quanto... E essa percepção do

alma humana que vamos quando nos são compartilhadas suas me-mórias, seus pensamentos, sua intimidade. Em várias páginas o leitor perde o seu lugar, e é a personagem quem lê o leitor. Ao mesmo tempo em que pela janela das páginas o leitor per-corre as províncias romanas, as mesmas páginas brilham diante dele como espelho revelador

outro, humano, ali, na rua ou no livro, tão dessemelhante e tão igual, precisa me sensibili-zar para que eu me reinscreva sempre entre aqueles que tempe-ram cotidianamente suas atitudes com a força da solidariedade... e, se possível, da ternura. n

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trabalho

economiA PolíticA

“Uma forma adequada de celebrar e valorizar o trabalho é desejar que esses experimentos ocorram sob a proteção de quem inspira o nome deste mês, Maria, a deusa da fecundidade.”

Arlindo VilaschiProfessor Associado de economia da ufes

Omês de maio se inicia com a celebração internacional da inserção do ser humano no processo produtivo. essa inserção desde os primórdios de todo processo

civilizatório se deu majoritariamente através de habilidades manuais e/ou via o uso da força física. ainda que alguns de-sempenhassem funções de concepção, coordenação e gestão, o fator de produção trabalho é historicamente caracterizado como mão de obra.

receram e deram lugar à prestação de serviços que utilizam intensamente a captação, o tratamento, a transmissão e a recepção de informações. E esse processo aproxima espaços distantes geograficamente e com histórias e cul-turas bem distintas. Isso implica em desafios cada vez maiores para quem já se encontra no mer-cado de trabalho e para aqueles que nele serão incluídos no futuro. Daí, a neces-sidade de serem valorizados os processos de geração/difusão de conhecimento e aqueles voltados para a aprendizagem. Sem receitas prontas para o que pessoas, organizações e sociedade como um todo precisam fazer diante de desa-fios que essas necessidades impõem, é importante ter humildade diante deles e se colocar disponível para experimentos múltiplos e diversos. Por isso, uma forma adequada de celebrar e valorizar o tra-balho é desejar que esses experimentos ocorram sob a proteção de quem inspira o nome deste mês, Maria, a deusa da fecundidade. n

Isso se justificava já que desde sempre foi a habilidade humana de ma-nusear ferramentas rudimentares ou sofisticadas para trabalhar a terra, pro-duzir artesanalmente ou maquinofaturar bens ou construir obras - dentre outros - que diferenciou o trabalho da simples força motriz de outros seres viventes. A chamada revolução industrial começou a alterar esse quadro mas a grande ruptura se deu nas últimas décadas do século passado com o advento da chamada era da informação e das comunicações. Crescentemente o demandado dos humanos mais que a força/destreza física vem sendo a habilidade de usar de forma criativa informações disponíveis. Isso é facilmente constatável desde o que era requerido de uma empregada doméstica ou de um tratorista; de uma secretária ou de um desenhista no passado e o que hoje se espera de quem trabalha em casa, no campo ou em escritórios. Diante de equipamentos cada vez mais sofisticados e crescentemente mais baratos, algumas ‘profissões’ desapa-

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esPirituAlidAde

dom rubens sevilha, ocdBispo Auxiliar da Arquidiocese de Vitória

a noite escura e deserta

profunda. O problema é que essa verdade real e profunda não pode ser traduzida em palavras humanas. Daí ser impossível ao ser humano dizer exatamente o que vê ou entende a partir da fé. São uma convicção e certeza interiores, mas, impossível de ser faladas, muito menos explicadas. Sei em quem acreditei, podemos dizer com São Paulo (2 Tm 1, 12); porém, na hora de dar razões da nossa fé, só podemos balbu-ciar ou falar através de alegorias, metáforas, poesias. E se alguém duvidar da verdade do que enxergamos com a luz da fé a resposta é simples: faça você a experiência pessoal da fé, que você vai ver e saber o que eu vejo. Simples assim. Mas se eu fosse tentar dizer algo, diria: vejo Alguém que me envolve completamente e, envolvido n’Ele, enxergo sua presença na escuridão; e na noite deserta já não estou mais sozinho. “Senhor, eu sei que tu me sondas e me conheces, sabes tudo de mim, quando me sento ou me levanto. De longe conheces meus pensamentos” Salmo 138. n

avida não é fácil para ninguém. Em al-gum momento da existência todos nós já experimentamos situações difíceis:

decepção no relacionamento familiar, derrota na vida profissional, sonhos e planos fracassa-dos, perda de pessoas que amamos, decisões erradas, arrependimentos, situações humi-lhantes, angústia, raiva... São tantas emoções! Quem não tem a luz da fé fica perdido na noite escura e deserta da vida. A fé é luz que ilumina a estrada e nos permite enxergar com os olhos da alma o que não vemos com os olhos da carne, ou seja, o que percebemos somente com a razão, com os sentimentos, com os instintos... Quem recebeu o dom da fé consegue en-xergar no escuro. O que o cristão enxerga no escuro? Não sei. Ninguém jamais conseguiu explicar o que vê com os olhos da alma. Não será uma miragem? Ou uma ilusão de ótica espiritual? Um amigo imaginário chamado Deus? A única pessoa nesse mundo que tem os olhos sadios e enxerga bem são os que têm fé. Quem não tem fé é doente dos olhos interio-res. Na fé enxergamos a verdade da realidade

“qUem nãO tem a lUz da Fé Fica perdidO na nOite

escUra e deserta da vida. a Fé é luZ que IlumIna a estRada e nos peRmIte enxeRgaR cOm Os OlhOs da alma O qUe nãO

vemOs cOm Os OlhOs da carne”

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A memória guardará o que valer a pena. A memória sabe de mim mais que eu; e ela não perde o que merece ser salvo.

A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.

AsPAs

eduardo galeanoescritor, jornalista e ensaísta uruguaio, que faleceu aos 74 anos, no dia 13 de abril de 2015

Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca.

Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.

Não passo de um mendigo do futebol, ando pelo mundo de chapéu na mão, e nos estádios suplico: - Uma linda jogada pelo amor de Deus! E quando acontece o bom futebol, agradeço o milagre - sem me importar com o clube ou o país que o oferece.

revista vitória I Maio/201517

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cAminhos dA BíBliA

Pe. Andherson franklin, professor de sagrada escritura no iftAV e doutor em sagrada escritura

Para o apóstolo, ao aderir a Cristo, o fiel é chamado a percorrer um caminho de sucessiva e constante transforma-ção, um processo que requer empenho e grande disciplina e, acima de tudo, uma incondicional abertura ao Espírito de Deus, que o transforma e que lhe ensina a obediência. O Espírito Santo é o germe que faz surgir a novidade em meio aos esquemas antigos de um mundo marcado pela divisão e pela separação, conduzindo a humanidade à adesão à fé em Cristo, no qual as divisões são superadas.

Vida Novaos desafios da

em cristo

apáscoa se apresenta como um tempo de grande re-novação da vida, no qual, unido a cristo, o cristão é introduzido numa realidade de vida nova. em meio aos

desafios do tempo presente, a experiência do apóstolo paulo é iluminadora, pois, ressalta um aspecto essencial desta nova dimensão de vida, que é transformação interior do fiel, ou seja, a sua conformação total e plena a cristo pela fé.

Nesta vida nova no Espírito, o cristão, chamado ao discipulado, não se encontra só, mas é acompanhado por uma nova família, não mais formada por laços e convicções humanas, que deixaram de existir na cruz de Cristo, mas uma família reunida na fé em Cristo morto e ressuscitado. A Igreja, comunidade dos discípulos missionários, congregada ao redor da vitória de Cristo sobre a morte, é uma nova comunidade de irmãos e irmãs. Sendo assim, a Igreja reconhece no gesto de amor da cruz ter Deus como Pai, que a faz assumir uma atitude e um

“A Igreja é vocacionada, em suas posturas e

em suas escolhas a globalizar a

esperança e a solidariedade,

a justiça e os direitos humanos,

construindo uma nova sociedade

baseada no amor de Cristo Ressuscitado.”

revista vitória I Maio/201518

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“nesta vida nOva nO espíritO, O

cristãO, chamadO aO discipUladO,

nãO se encOntra só, mas é

acOmpanhadO pOr Uma nOva

Família, nãO mais FOrmada pOr

laçOs e cOnvicções hUmanas, qUe

deixaram de existir na crUz de cristO,

mas uma FamílIa ReunIda na Fé em cRIsto moRto e RessuscItado.”

amor filial, que gera um compromisso de fraternidade mútua, no serviço da caridade fraterna. Neste caso, a renovação do cristão em Cristo não se reduz à sua esfera pri-vada, configurando-se como um mero processo interior, mas deve ser algo que se estenda ao mundo circundante, se expresse em suas relações com os outros e em seu modo de viver. Tal atitude ressalta a descontinuidade entre a vida passada do fiel, marcada pelas coisas velhas e pelo ingresso na nova criação em Cristo e na vida nova segun-do o Espírito. A adesão do fiel a Cristo o insere numa nova realidade de vida, num caminho de discipulado, no qual os critérios e os valores deste mundo, a maneira de viver e as escolhas pessoais e comunitárias sejam marcadas pela fé e pelo amor de Cristo. Numa sociedade manchada por tantas divisões e contradições, o dis-cípulo de Cristo é convidado a abrir--se plenamente ao Seu amor manifesto na cruz, deixando-se guiar por ele, na esperança de ver manifestado em suas ações o agir de Cristo. Assim, marcados e formados por esse amor concreto, os discípulos se lançam na realidade do mundo e das relações humanas, na busca de um comprometimento concreto com

os irmãos no amor e no serviço. Diante dessa sociedade complexa e multiforme, em constante desenvolvimento cultural, econômico, social, político e religioso, a Igreja, comunidade dos discípulos missionários é questionada a confirmar e revitalizar, em sua pregação e em sua postura eclesial, a novidade do Evange-lho de Cristo. Assim sendo, a Igreja, é vocacionada, em suas posturas e em suas escolhas a globalizar a esperança e a solidariedade, a justiça e os direi-tos humanos, construindo uma nova sociedade baseada no amor de Cristo Ressuscitado. n

revista vitória I Maio/201519

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Foto

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ArquiVo e memóriA

giovanna Valfrécoordenação do cedoc

madrinha da criança: nossa senhora

doRvelIna, batizada no dia 8/4/1917, no convento da penha, com cinco meses de idade, teve como madrinha nossa senhora da penha

joaquIm, batizado em 26/12/1933 na catedral

de vitória teve como madrinha

nossa senhora dos

Remédios

eEm séculos passados era comum na Europa o há-bito de dar aos filhos o

nome do santo de proteção, e ter Nossa Senhora como ma-drinha da criança. Colonizado por europeus, o Brasil manteve essa tradição por muito tempo. Documentos dos séculos XVIII e XIX guardados em nosso acervo comprovam essa prática, que hoje, apesar de não ser proibi-da, não é mais incentivada pela Igreja.

Outrossim, o Ritual para o Batismo de crianças e os docu-mentos e subsídios que orientam a celebração do batismo, reco-mendam que a Igreja celebre respeitando a cultura e índole do povo. Mantém-se, para contem-plar a devoção a Nossa Senhora que, após o batismo, a criança seja consagrada a Deus pela intercessão de Nossa Senhora, mantendo assim um equilíbrio entre o Ritual do Batismo e a religiosidade popular. n

revista vitória I Maio/201521

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ViVer Bem

para sair da depressãodepressão. A maio-

ria de nós sabe o que é, mas você

já parou para pensar por-que tantas pessoas estão desenvolvendo esta do-ença? E porque uns têm e outros não? Olhe a sua volta neste momento, você consegue identificar quem tem e quem não tem? A depressão é uma alteração do humor carac-terizada por uma tristeza profunda. Pode ocorrer em todas as idades e seus principais sintomas são

por momentos de crises, em que se sintam inca-pazes de enfrentar deter-minadas situações. Ficam sem recursos para resolver seus problemas e com isso ficam mais vulneráveis para perceber e gerenciar a situação de modo eficaz. Neste momento as pessoas manifestam sintomas que reduzem suas habilidades e recursos para processar as informações para o enfrentamento da situa-ção, para a resolução do problema e a regulação

insônia ou sono exces-sivo, isolamento social, diminuição do interesse ou prazer em atividades que antes eram prazero-sas, perda ou ganho de peso, cansaço ou perda de energia, dificuldade para pensar ou se concentrar, pensamentos sobre morrer ou tirar a própria vida. Todos nós, em algum momento de nossas vidas já passamos por crises ou conhecemos alguém que já passou por isso, certo? As pessoas podem passar

revista vitória I Maio/201522

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giselle tavares m. de oliveiraespecialista em terapia cognitiva comportamental

das emoções. Algumas situações podem signifi-car uma crise para uma pessoa e não para outra, ou a mesma situação pode significar uma crise para uma pessoa em um mo-mento de sua vida, mas não em outro, devido ao fato de que os recursos de enfrentamento variam nas diferentes fases e contex-tos da vida. A depressão envol-ve 3 fatores: genéticos, isto é, se você tem casos na família pode ser que desenvolva ou não a do-ença, após passar por um acontecimento traumá-tico; ambientais em que seu meio pode fazer você ficar doente, por exemplo, estresse no trabalho dei-xam pessoas vulneráveis

a uma reação depressiva, e a própria personalidade da pessoa, quem nunca ouviu dizer que fulaninho tem o “temperamento depressi-vo”. Como lidar com a doença? Primeiro ponto, a depressão é uma doença como qualquer outra. Se você acha que tem alguns dos sintomas descritos no texto procure um médico. Quanto mais cedo come-çar o tratamento mais rá-pido a vida volta ao rumo. Em alguns casos é preciso o uso de medicamentos para que haja o equilíbrio emocional, e em combi-nação com o tratamento medicamentoso, orienta--se fazer terapia para au-mentar os ganhos e acele-rar o processo de melhora.

Só o remédio por si não faz o efeito desejado. Por fim, o que podemos fazer para evitar a depressão? Ter uma boa qualidade de vida, praticar atividade fí-sica, ter uma alimentação saudável, ter pensamentos positivos. n

“a depressãO é Uma alteraçãO

dO hUmOr caracterizada

pOr Uma tristeza prOFUnda

[...] algumas sItuações podem sIgnIFIcaR uma cRIse paRa uma pessoa e não paRa outRa.”

revista vitória I Maio/201523

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diálogos

um longo caminho

revista vitória I Abril/201524

Dom Luiz Mancilha Vilela, ss.cc. • Arcebispo de Vitória ES

OSanto Padre, o Papa Francisco, chamou-nos a

atenção em sua mensa-gem para o Dia Mundial da Comunicação Social, que a “família é o primeiro lugar onde aprendemos a comunicar”. O Papa, logo no início de sua mensa-gem, evoca o belo encon-tro entre Maria, a Mãe de Jesus e Isabel afirmando que “este episódio mostra--nos, antes de mais nada, a comunicação como um diálogo que se tece com a linguagem do corpo.” Motivado pelo San-to Padre que apresenta a família como lugar da comunicação quero pon-tuar uma questão que considero de fundamental importância na trama da comunicação familiar. Concordo plenamente sobre o diálogo no ven-tre materno. Ali, de fato, a mãezinha e o feto em plena evolução vital es-tabelecem um diálogo su-blime. Não poucas vezes tenho ouvido comentários emocionados da mãe que sente e vibra de alegria

que a intercomunicação ou diálogo na família aconte-ça com sucesso, considero que deve ocupar o primei-ro e mais importante lugar o entendimento entre ma-rido e mulher ou esposo e esposa. Sim, considero o casal que dialoga e se comunica o elemento mais importante para o sucesso da vida familiar, desde o ventre materno. O filho é fruto do diálogo de amor entre esposo e esposa que se

quando aquele pequeno ser que ela carrega em seu ventre dá sinal de vida, seja mexendo os pezinhos seja movimentando-se de outra forma. É um diálogo indescritível de duas vidas que se amam e crescem no amor. Porém, eu gostaria de provocar uma reflexão su-gerindo que consideremos a comunicação antes e de-pois da geração do filho e de seu desenvolvimento no ventre da mãe. Para

amam apaixonadamente. A comunicação entre os pais geram a vida e o bem estar do novo ser no ventre materno. A comunicação amorosa e terna dos es-posos, depois da gestação do filho, dá segurança ao nascituro, faz com que ele cresça também no amor. Prepara-o para o encontro com o mundo exterior ao vir à luz. O diálogo amoroso entre os esposos, duas pes-soas livres e maduras que

dom luiz abençoa comunicadores no dia mundial das comunicações sociais 2012

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um longo caminho

revista vitória I Abril/201525

dá firmeza e consistência ao filho que, por sua vez, cresce, desenvolve-se num ambiente favorável. Sua vida que, sem este exem-plo paterno e materno, poderia ser agressiva, ego-ísta, assume uma postura semelhante à de seus pais. O filho vai aprendendo a decidir, a se relacionar, a comunicar-se com o seu semelhante e com a natu-reza recebendo uma for-te influência positiva de ternura e de paz interior,

uma vez que foi gerado o amor e vem crescendo num ambiente de amor. Estou convencido de que o casal ocupa o lugar mais importante na co-municação familiar. Se o casal não se entende, seja por falta de maturidade humana, seja por falta de maturidade na fé, os filhos sofrem com isso desde o seio materno. Por isso considero também de suma impor-tância o jovem casal que

decide assumir a vida con-jugal recebendo o Sagra-do Matrimônio, precisa do auxílio orientador e formativo de outro casal devidamente preparado e maduro tanto humanamen-te como na fé. Aprende-se a dialogar desde a geração no amor e por amor, se-guindo um longo caminho desde o ventre materno. Este longo caminho deve ser indicado e orientado por um casal que conhece e está em pleno caminho. Dialogando gera-se a vida, dialogando vive-se desde o ventre materno até a plena realização do ser humano, gerado na famí-lia dialogal e inserindo-se definitivamente na Grande Família Dialogal, a San-tíssima Trindade. Um longo caminho a percorrer..., mas, belo caminho... Caminho da felicidade! Oremos pedindo a Deus que o Sínodo a ser realizado em Roma no próximo mês de outubro, ajude os casais a cresce-rem na Comunicação entre si e com Deus. n

se apóiam e se fazem de suporte um para o outro, comunicam paz, alegria e ternura ao filho que vai aprendendo a se relacionar com o seu mundo externo, a natureza e as pessoas com quem vai também crescendo no diálogo. No diálogo e olhando para os pais que o geraram no amor e o ajudam pelo testemunho de ternura en-tre eles, o filho vai desco-brindo quem ele é. Este testemunho dialogante

“sim, cOnsiderO

O casal qUe

dialOga e se

cOmUnica O

elementO mais

impOrtante para

o sucesso da vIda FamIlIaR, desde o ventRe mateRno.”

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A arte sacra é uma forma de evangelização, evangelizar por meio da beleza.

Somos uma empresa familiar especializada em arte sacra contemporânea. Criamos e executamos trabalhos em Arte sacra contemporânea, Pintura Mural, Afresco Seco, Azulejaria, Vitral e Panôs litúrgicos com temática Sacra, Ilustração e Projeto Iconográfico.

Trabalhamos em parceria com a comunidade, Arquitetos, Decoradores, Párocos e clientes.Solicite um orçamento sem compromisso.

A arte é um instrumento de evangelização, já que ela atrai o olhar do público auxiliando na catequização e evangelização, logo a arte sacra é uma atividade pastoral.

Esta atividade não pode paralisar, as novas cidades, os novos bairros merecem este mesmo acesso, o que demonstra o zelo, originalidade e criatividade do povo o que incentiva o enriquecimento cultural e vital de toda a comunidade.

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cArismAs religiosos

Filhas da caridade anunciar a Redenção

Família Religiosa do verbo encarnado

Doadas a Deus, em comunidade, para o Serviço dos Pobres. Este é o carisma das Filhas da Caridade, fundadas na França por São Vicente de Paulo e Santa Luísa de Marillac no século XVII. As irmãs possuem atuação expressiva na evangelização, educação e atendimento a doentes e idosos. São a primeira con-gregação religiosa feminina no Espírito Santo, chegando em 1900 a convite de Dom Neri. Atuam no ramo da educação, no Colégio São José, em Vila Velha.

“Os religiosos, portanto, fiéis à profissão, deixando tudo por amor de Cristo (cfr. Mc. 10,28), sigam-no (Mt., 19,21) como única coisa necessária (cfr. Lc. 10, 42), ouvindo a Sua palavra (Lc. 10,39), solícitos das

coisas que são d’Ele (cfr. 1 Cor. 7,32).” (cf. Perfectae Caritatis, 5) Esta é a motivação para exercer a missão, praticar a caridade e inculturar o Evangelho. A inspiração dos fundadores dos Redentoristas, Filhas da

Caridade e Família do Verbo Encarnado.

Essa foi a inspiração de Santo Afonso de Ligório ao fundar a Congregação do Santíssimo Re-dentor, no ano de 1732, na Itália. O jovem e renomado advogado,

aos 30 anos, contra a vontade do pai, abandonou o exercício da profissão e tornou-se sacerdote. Os membros desta congregação são chamados de redentoristas e tem a sua principal forma de apostolado na missão. Em nossa Arquidiocese, os Redentoris-tas estão presentes na Paróquia Sagrada Família, em Cariacica, onde residem quatro religiosos na comunidade.

Padres e irmãs que se encarregam de fazer memória da Encarnação de Jesus Cristo e anunciá--la a todas as pessoas. Esta é a família do Verbo Encarnado, fundada na Argentina, no ano de 1984. Os padres constituem o Instituto do Verbo Encarnado e exercem sua missão nas famílias, na educação, nos meios de comunicação, promovendo a Evangelização da Cultura. Chegaram em nossa Arquidiocese no ano de 2012 e hoje três padres trabalham nas paróquias São José de Anchieta e São João XXIII, ambas no município de Serra. O ramo feminino é chamado de Instituto das Servidoras do Senhor e da Virgem de Matará e chegaram no ano de 2011. As seis religiosas se dividem em duas comunidades, uma em Vila Velha, na paróquia São Francisco de Assis e outra em Serra, na paróquia São José de Anchieta, auxiliando nos trabalhos pastorais onde estão inseridas.

marcus tullius

revista vitória I Maio/201527

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esPeciAl

edebrande cavalieridoutor em ciências da religião

manifestaçõesa Igreja diante das

Odireito de manifestação faz parte do re-gime democrático e, no caso brasileiro, nem sempre assim aconteceu. O pior das

manifestações atuais é que muitos desejam que haja um golpe militar que, provavelmente, limi-tará este direito. profunda contradição, merece-dora de nosso repúdio mais veemente! O direi-to à liberdade de pensamento e de expressão é uma das maiores conquistas do mundo moderno.

Voltaire, filósofo francês, dizia que podia não concordar com nada que outra pessoa falasse, mas defenderia até a morte o direito desta pessoa em mani-festar sua opinião. Triste é ver que muitas pessoas somente agora estão preocupadas com as manifesta-ções. Nunca se importaram com aqueles que bloqueavam uma rodovia, uma avenida, pedindo segurança para atravessar, can-sados estavam de tantas mortes. Olha-se apenas hipocritamente o transtorno do engarrafamento. Nunca se importaram com as ma-nifestações que aconteciam nas periferias urbanas, que bradavam pelo fim da violência da guerra entre traficantes e o confronto com a força policial. Quem nun-ca se importou com a morte de tantos inocentes, o que estaria

buscando agora nas manifesta-ções? Não podemos camuflar a corrupção, mas também não podemos achar que ali estejam todos os nossos males e mazelas. Muitas vezes, é prudente duvidar das boas intenções! Por que o grito dos pobres não vira notícia? Por que não se importar com o grito de dor das filas de hospitais e postos de saúde? Por que não se importar com as condições de trabalho de nossos professores? Enfim, agora as manifestações viraram notícia na grande mídia. Os luga-res das manifestações não são os mesmos para todos. Para uns em tardes de domingo e em lugares previamente determinados. Para outros, as ruas mesmas e nos dias da semana. Estariam todos ao lado dos menos favorecidos da sociedade? E a Igreja, qual

deve ser sua opção evangélica entre tantos interesses? No período da ditadura era um orgulho ver as portas das Igre-jas abertas para acolher as pessoas que lutavam pela liberdade. Hoje temos visto muito silêncio e tem-plos lotados. Para muitos cristãos a opção preferencial pelos pobres é ainda puro discurso. O que falta na mesa do pobre joga-se no lixo todos os dias. O único grito de um cristão é pela justiça e pelo direi-to. Manifestação sem luta pela justiça é hipocrisia, combatida e condenada por Jesus Cristo. Para um cristão o fundamen-tal das manifestações é de ordem profética. É preciso lutar contra o retrocesso da vida democrática. A luta é pela Justiça e pelo Direito em favor dos menos favorecidos da sociedade. Não vamos acabar com a violência criminalizando menores de idade e pobres. Não melhoraremos nossas instituições políticas sem uma profunda re-forma política. Não é através do ódio que iremos construir o Reino dos Céus, mas através do amor a todos. n

revista vitória I Maio/201528

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entreVistA

vitória - Fale um pouco de você“Seu” João - Meu nome é João luis da silva, tenho 70 anos, ca-sado, pai de sete filhos e caseiro do convento da Penha.

vitória - Há quanto tempo tra-balha no Convento?“Seu” João - 20 anos.

vitória - O que é para o senhor morar este tempo todo na área do Convento?“Seu” João - Muito bom. É um lugar muito sossegado, em con-tato com a natureza, cercado de pessoas boas. aprendo muito aqui. nestes 20 anos aprendi a viver algumas coisas e isto for-talece muito a fé da gente.

vitória - Que coisas são es-tas?“Seu” João - relações com as pessoas, comportamento, jeito de enxergar tudo.

vitória - Você é uma pessoa religiosa?“Seu” João - sou religioso sim, não sei se faço o que deus manda. Mas sou religioso.

vitória - Como é o seu trabalho no dia a dia?“Seu” João - depende muito das necessidades do dia, mas eu cuido da casa Verde, da horta, corto a grama do convento e faço as pequenas manutenções que vão surgindo.

vitória - Gosta deste trabalho?“Seu” João - sim, muito. Gosto muito de trabalhar com mato, com planta, bicho... às vezes é melhor do que trabalhar com gente. Mas, o povo daqui é muito bom.

vitória - Trabalhou com o que antes?“Seu” João - era vaqueiro, lá em lajedão, na Bahia, fazia de tudo lá. Montava desde os nove anos, amarrava boi, trabalhava com os animais e com a roça. lá aprendi a plantar e era muito feliz. Mas depois o dono da fazenda morreu e as coisas começaram a desandar até que tive que sair de lá.

vitória - Como veio parar no Convento?“Seu” João - Quando a coisa na fazenda estava muito ruim mesmo,

recebi o convite do Frei na época.

vitória - A transição foi difícil?“Seu” João - não. o contato com a natureza facilitou muito, não tem os bichos para cuidar, mas poder plantar, cuidar da horta, andar no mato me faz muito feliz.

vitória - E a relação com os freis?“Seu” João - Ótimo. Há muito respeito e carinho na relação deles com a gente. acompanho e con-vivo com todos.

vitória - O que representa tra-balhar na Festa da Penha estes anos todos?“Seu” João - É uma imensa alegria fazer esta festa por muitos anos. o frei pede para que eu vá para o estacionamento do campinho para orientar as pessoas, evitar tumultos na área da van e cuidar da segurança de todos. lá eu recebo as pessoas e o contato é ótimo. o povo é muito educado e vem com espírito de paz.

vitória - O que muda a cada ano?

Vander Silva

com trabalho e Fé!quem passa pela Festa da penha, possivelmente vai encontrar com o “seu” joão, que sempre solícito ajuda no estacionamento do campinho e onde mais os serviços dele forem necessários.

revista vitória I Maio/201530

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“Seu” João - este ano eu senti a presença de pessoas mais velhas que vem rezar. os jovens continu-am vindo, mas este ano vi muitas pessoas com mais idade, gente buscando algo, a coisa está feia. também noto que a cada ano esta festa cresce mais. a romaria dos homens foi um arraso.

vitória - Vivencia muitos exem-plos de fé?“Seu” João - Vejo muitas pessoas

que vem aqui para agradecer, seja por questão de saúde, gente que tinha tumor e mais um monte de coisa ou com problema financeiro. este ano vi uma foto fantástica que me mostraram da romaria dos Homens. a foto foi tirada de cima e dava para ver uma luz que parecia ser Jesus acompanhando a santa, olhando a imagem. isto mexe com a gente. É uma foto mui-to bonita. não sei o que as pessoas pensam, mas para mim era Jesus

participando da romaria. tudo isto fortalece muito a fé da gente.

vitória - E a presença de Maria na sua vida?“Seu” João - também tenho muito o que agradecer. Meu filho bebia muito e isto fez que a vida dele desandasse toda. ele perdeu muito dinheiro, estragou o casamento, já que a esposa dele o abandonou. a gente rezava muito e recorremos a nossa senhora. ela abençoou a gente. ele largou completamente a bebida e hoje é um grande ho-mem. trabalhador. outro filho meu também passou por isto e graças à Maria tudo ficou bem. agradecemos muito a ela.todos os dias eu peço a nossa se-nhora que nada de mal nos atinja e ela sempre olha por nós.

vitória - Sente saudades da vida da fazenda?“Seu” João - Muita. saudade de mexer com os bichos. Mas, hoje não agüento muito mais não. an-tes cavalgava o dia todo, hoje se for logo ali de cavalo volto com as pernas bambas.

vitória - Pretende trabalhar por quanto tempo ainda no Con-vento?“Seu” João - enquanto me acei-tarem. [risos] n

Foto

: Sol

ange

Sou

za

revista vitória I Maio/201531

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mundo litúrgico

quando se faz o rito da aspersão? O tempo da Páscoa é o período mais privilegiado para valorizar a aspersão com água benta. Ele compõe um ciclo importante do ano litúrgico chamado ciclo Pascal, que compreende a Qua-resma e a Páscoa propriamente dita. O cume desse período é o Tríduo Pascal. A Quaresma já nos apresenta uma dimensão ba-tismal, orientada para a Vigília Pascal, quando são batizados os catecúmenos. A aspersão pode ser feita em todas as missas domini-

cais, como prevê o próprio Missal Romano, mas no tempo da Páscoa ganha um sentido mais profundo. No rito da aspersão está contida a memória do batismo e toda uma história que ele evoca. A água é o meio de onde emerge a primeira criação, narrada no livro do Gê-nesis. Na narração do Dilúvio, nós encontramos a destruição e a regeneração pela água. O Êxodo sugere a liberdade do povo eleito, ao fazê-lo passar pelas águas liber-tadoras. Essa história é lembrada

pela oração de bênção da água que precede a aspersão. No Novo Testamento, os evangelhos assi-nalam a segunda criação através do Batismo de Jesus no Jordão. Assim, para os cristãos, a água aspergida, sinal de morte e vida, é símbolo do mistério pascal, memória do batismo. Ainda é comum encontrarmos em mui-tas igrejas, recipientes com água benta nas portas das Igrejas, para que os cristãos possam fazer o sinal da Cruz ao entrar e ao sair.

revista vitória I Maio/201532

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maio: mês de maria

marcus tullius comissão Arquidiocesana de liturgia

Sempre dizemos que maio é o mês de Maria, “é um mês em que, nos templos e entre as paredes domésticas, sobe dos corações dos cristãos até Maria a homenagem mais ardente e afetuosa da prece e da venera-ção.” (Papa Paulo VI na Carta Encíclica Mense maio, 1965) Dentre as diversas expressões, encontramos nas comunidades eclesiais a reza do terço, coroa-ções, ladainhas, ofício de Nossa Senhora, dentre outras. “Na ce-lebração anual dos mistérios de Cristo, a santa Igreja venera com

especial amor a bem-aventurada Mãe de Deus, Maria, que por um vínculo indissolúvel está unida à obra salvífica do seu Filho; nela admira e exalta o mais excelente fruto da redenção e a contempla com alegria como uma purís-sima imagem daquilo que ela mesma anseia e espera ser.” (SC 103) As relações entre Maria e a liturgia está no fato dela ser reconhecida como modelo ex-celentíssimo de Igreja, na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo. (cf. MC 16) A celebração das festas marianas

deve, sobretudo, conduzir-nos a uma espiritualidade centrada no mistério de Cristo. No ano litúrgico não existe um “ciclo mariano” paralelo ao de Cristo. Isso não se sustenta nem teo-lógica, nem liturgicamente. A Igreja, ao prestar culto à Maria, nunca a separa de seu filho Jesus e venera a Mãe de Deus unida à obra da salvação de Cristo. (cf. SC 103) Dessa maneira, a memória de Maria é celebrada perenemente entrelaçando-se com os mistérios de Cristo. n

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rePortAgem

humanizar o parto: devolver o

protagonismo às mulheres e gênero nos espaços público e privado”, divulgada em 2010 pela Fundação Perseu Abramo, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência durante o parto. Os tipos mais comuns de violência, segundo o estudo, são gritos, procedimentos dolorosos sem consentimento ou informa-ção, falta de analgesia e até ne-

a gravidez é um momento de emoção e alegria para as famílias. Planejamen-

to, emoção a cada mês e a cada descoberta, compartilhamento de sensações entre pai e mãe, e mais união entre o casal. Todo esse misto de sentimentos bons podem desmoronar no momento crucial: o parto. De acordo com a pesquisa “Mulheres brasileiras

gligência.Também é considera-da violência obstétrica recusar dar bebida ou comida para uma mulher durante o trabalho de parto ou impedir procedimentos simples, como massagens para aliviar a dor e a presença de um acompanhante na hora do parto. Ainda faz parte dessa lista um item pouco questionado e muito comum, principalmente no Bra-sil, que é agendar uma cesárea sem a real necessidade. Diante desse cenário, um termo virou o assunto em hospi-tais, redes sociais e entre amigos, como uma forma de oposição aos procedimentos que não res-peitam o desejo das mulheres: o parto humanizado. De acordo com o médico obstetra Frederico Bravim Vitorino, o termo “sig-nifica melhorar a prestação de serviço, trazendo de volta para a mulher, aquilo que sempre foi dela, que é o protagonismo no parto. Então quando a gente fala em humanizar a assistência ao parto e ao nascimento, na ver-dade a gente não está falando de

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te muita desinformação, crença na cabeça de médicos e pacientes de situação em que é indicada uma cesariana, mesmo sabendo que não é necessária. “Existe muita desassistência da parte dos pré-natais e do desenvolvimento da gestação. Além disso, a saúde suplementar não ‘financia’ de maneira adequada o parto, falta incentivo em exercer a atividade, desinteresse da classe médica, pois se você for olhar o aspecto tempo, é mais interessante fazer uma cesariana que demora duas horas, do que um parto normal que pode durar dias”. O médico afirma ainda que a escolha de muitas mulheres pela cesariana se dá pela falta de informação. “Se você conversar e explicar que ela pode ter um parto diferente daquele que ela conhece, um par-to em que ela será respeitada, as suas vontades também, ela vai optar por esse. Já existem traba-lhos mostrando que as mulheres

quando conhecem esse modelo de obstetrícia elas optam muito mais pelo parto normal, do que pela cesariana”, disse. Ao anunciar a nova resolu-ção de incentivo aos partos nor-mais, o ministro da saúde, Arthur Chioro afirmou que não se pode aceitar que as cesáreas sejam realizadas em função do poder econômico ou por comodidade. “Não há justificativa de nenhu-ma ordem, financeira, técnica, científica, que possa continuar dando validade a essa taxa alta de cesáreas na saúde suplementar. Temos que reverter essa situa-ção que se instalou no país”. O Ministro reforçou ainda que a redução de cesáreas não é uma responsabilidade exclusiva do poder público, mas de toda a sociedade brasileira. Para que os índices sejam

humanizar o parto: devolver o

protagonismo às mulheres uma técnica, um modelo ou uma maneira de assistir esse parto, humanizar significa respeitar as vontades da mulher, naquilo que for possível. No que não for pos-sível, precisamos orientá-la”. Esse empoderamento da mulher, como protagonista do nascimento de seu filho, além das rodas de conversa informais, tomou forma como resolução do Ministério da Saúde, que estabelece normas para estímulo do parto normal e a consequente redução de cesa-rianas desnecessárias. As novas regras ampliam o acesso à infor-mação pelas consumidoras de planos de saúde, que poderão soli-citar às operadoras os percentuais de cirurgias cesáreas e de partos normais por estabelecimento de saúde, por médico e por operado-ra. Segundo a Organização Mun-dial da Saúde, o Brasil é o país onde mais se realizam cesáreas no mundo. As taxas chegam a 84% no sistema privado e a 40% no SUS, sendo o recomendado pela OMS de 15%. Para Doutor Frederico, exis-

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reduzidos e as mulheres possam se apropriar daquilo que lhes é de direito, uma palavra é imprescin-dível: informação. E foi pela busca daquilo que julgava ser melhor para ela e seu filho, que Thayana Madelli, de Aracruz optou pelo parto huma-nizado. “Eu e meu marido sempre quisemos ser respeitados nesse mo-mento tão bonito e íntimo, e nós não queríamos perder isso. Fomos em busca de informação sobre tudo. Eu preciso fazer e aceitar tudo aquilo que o médico está mandando? Sou obrigada a parir deitada? Tenho uma posição fixa para ter meu nenêm? Então buscando essas informações entendemos que o parto humanizado é a melhor alter-nativa para que a nossa vontade e o nosso mo-mento fossem respeitados”. A s s i m como pensa Dr. Frederico, Thayana acre-dita que as cesa-rianas deixaram o parto sistematizado. Ela, que en-trou em trabalho de parto em uma quinta-feira e pariu na segunda--feira, questiona qual médico quer se colocar tanto tempo a serviço de uma paciente e afirma que é muito mais cômodo para o profissional optar e fazer a gestante optar por uma cesariana. Thayana tem 27 anos e é mãe de Pedro, seu primeiro filho, que tem apenas um mês. Ela conta que a segurança durante toda a ges-

te, com certeza qualquer pessoa pode fazer um parto humanizado. Eu acredito que é possível mudar”.

O apoio incondicional

Com o aumento da discussão sobre humanizar o atendimento a gestante e o trabalho de parto, uma figura desponta como o gran-de apoio neste momento, a doula. Segundo a definição do Dr. Frede-rico, essas são como as comadres de antigamente, responsáveis por aconselhar, massagear, ajudar a mu-lher durante esse momento. Sem profissão regulamentada, elas não precisam de formação específica, mas são fundamentais no apoio à gestante durante todo o momento. “O meu índice de cesariana é baixo, e poucas aconteceram com pacien-tes que não tinham doula. Elas são decisivas no momento crucial da vida da mulher. Durante o trabalho de parto, as gestantes passam por diversas fases, inclusive a negação

tação e a certeza de estar fazendo a coisa certa a motivou em cada contração. “A cada dor eu sentia que estava mais perto de tê-lo em meus braços, quanto mais eu sentia dor, mais eu tinha vontade de ter ele comigo. Quando o Pedro nasceu foi como se tudo desaparecesse, porque eu e meu filho fomos capazes disso. É uma sensação incrível e eu pas-saria por tudo de novo”, contou. A segurança das informações e o apoio de sua médica também foram essenciais para a escolha de Maria Clara Davel, que teve os dois filhos, Frederico, de 2 anos e 8 meses e Vitória de 40 dias, pelo parto normal humanizado. “Na ver-

dade a pergunta para as gestan-tes deveria ser porque não ter o filho pelo método normal. A minha única certeza é que eu não queria fazer uma ce-sárea. Durante a gravidez fiz

fisioterapia e a minha primeira op-ção era o parto normal. Para isso me preparei psicologicamente e fisicamente”. Segundo ela, a cultura da ce-sariana deve ser combatida prin-cipalmente pelos hospitais e pela classe médica. “Se o médico se conscientizasse e quisesse mostrar para a gestante o que é melhor para ela e o filho, incentivaria a melhor opção. Se há uma equipe conscien-

rePortAgem

“exIste muIta desassIstêncIa

da paRte dos pRé nataIs e do

desenvolvImento da gestação.”

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meu lado durante todo o tempo e me passou muita força, então foi óti-mo”, contou Thayana. Para Maria Clara, os seus partos deixaram um sentimento indescritível, ainda mais completo. “O pai participa muito, meu marido me ajudava a segurar na posição mais confortável, você sabe que não está sozinha, isso faz muita diferença. Para a cumplici-dade do casal isso foi fantástico”. Graziele Rodrigues é doula da Equipe Zalika - Maternidade, Parto & Infância, e explica um pouco mais a atuação da doula no trabalho de parto. “Atuamos com técnicas não farmacológicas de alívio da dor e apoio emocional. Usamos orientação de exercícios que pro-movem maior conforto durante as contrações e também contribuem para evolução do trabalho de parto; fazemos massagens que aliviam o incomodo das contrações; avaliamos o desenvolvimento das fases do trabalho de parto e orientamos o momento de transferir para o hospi-tal; conversamos e orientamos sobre os medos; e, estamos disponíveis para o que a mulher necessitar e solicitar”. Para ela, o sentimento du-rante esse acompanhamento é de vida renovada. “Cada nascimento acompanhado é transmutado na renovação da fé na humanidade. Na fé de que as pessoas podem ser amáveis, amadas e respeitadas em todas as fases de sua vida, incluindo o nascimento e o parto. Cada nas-cimento é único e trazem para nós uma enorme felicidade”. n

daquele momento, seja por medo, insegurança, angústia, até pela dor, e nesse momento entra o personagem da doula, que é quem está acredi-tando nela, que ela confia e que vai olhar nos olhos dela e dizer que ela pode parir”, afirmou o obstetra. Para as mães que contaram com o apoio dessa figura, também é possível compreender a importância da presença das doulas. “Eu pude comparar um parto com doula e sem doula, e ela traz uma tranquilidade e segurança que a gente não tem. No

primeiro, as primeiras dores que eu senti, eu fui para o hospital correndo. Com a doula, eu consegui ficar em casa mais tempo, entender o que o corpo estava falando, tanto que consegui fazer totalmente natural, sem analgesia, ao contrário do meu primeiro parto. Ela traz a consciên-cia que a gente perde no momento de dor”, contou Maria Clara. Thayana também é favorável a presença da doula. “A minha doula foi uma graça, ela me passou muita tranquilidade, me ajudou muito com palavras de incentivo. É um incentivo que a gente precisa. Com certeza ela é essencial. Quando eu comecei a sentir as dores ela foi para a minha casa, me ajudou, e soube o momento certo da gente ir para o hospital”. Outra companhia fundamental no momento do parto de nossas en-trevistadas foi o marido. E a escolha pelo parto normal aproximou ainda mais os interesses e a cumplicidade do casal. “Meu marido esteve ao

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festA dA PenhA

muita gente e muita féa Festa de nossa senhora da penha, padroeira do estado do espírito santo foi marcada pela quantidade de fiéis e romeiros e pela fé que se expressou em todos os momentos de celebrações e devoções.

Crianças emocionam com músicas, gestos, representações e pedido de bênção.

Multidão se une para celebrar e participar de shows

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Homens, mulheres, jovens e adultos se concentram e rezam à Senhora das Alegrias

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Crianças emocionam com músicas, gestos, representações e pedido de bênção.

Multidão se une para celebrar e participar de shows

Romeiros expressam a fé em romarias específicas

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ensinAmentos

A essência da Doutrina Social da Igreja

Objetivando uma visão de conjunto dos ensinamentos da Igreja nesse campo, publicou--se em 2004, o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, o qual constitui, nas palavras do

Cardeal Sodano, então Secretá-rio de Estado do Vaticano, im-portante instrumento de evan-gelização, colocando a pessoa e a sociedade em relação com a luz do Evangelho. Alinhando-se ao caminhar teológico-doutrinal da Igreja, o Documento de Aparecida acen-tua a importância do estudo do Compêndio a fim de promover a atuação transformadora dos cristãos na sociedade, eviden-ciando a essência da Doutrina Social da Igreja.

Omagistério da igreja (constituído pelo papa e pelos bispos em comunhão com ele) eviden-cia a relevância do evangelho e da fé na vida

pública e social, e denuncia os efeitos destrutivos da injustiça resultantes do pecado. assim, os pronuncia-mentos da igreja sobre as questões sociais, políticas e econômicas constituem a doutrina social da igreja.

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A essência da Doutrina Social da Igrejao documento de aparecida mostra que a doutrina social da Igreja

Vitor nunes rosaProfessor de filosofia na faesa

• sustenta-se na dinâmica daprópria missão da Igreja, por meio do testemunho dos cristãos e da ação solidária para transformar o mundo segundo Cristo. Nessa perspectiva, a Igreja cultiva a amizade com Cristo na oração, o apreço pela celebração litúrgica, a experiência comunitária e o compromisso permanente com o serviço às demais pessoas, principalmente aos mais pobres;

• fomentaacolocaçãoemcomumda fé cristã e das respostas aos problemas, para o bem dos mais pobres, à luz dos princípios da dignidade, subsidiariedade e solidariedade, vivendo a f idel idade na imitação de

Jesus Cristo, despertando a esperança e colocando a Igreja como advogada da justiça e defensora dos pobres, diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas;

• situa-senoconjuntodoprocessoevangelizador, considerando que a evangelização envolve a promoção humana integral a partir de Cristo e a autêntica libertação, condição essencial para uma ordem justa na sociedade;

• mostra c laramente que oserviço da caridade, o anúncio da Palavra e a celebração dos sacramentos são expressões

inerentes à própria essência da Igreja, cuja missão requer a promoção e a reivindicação de ações concretas fundamentadas numa perspectiva ética, solidária e humanista;

• atestaquenós,cristãos,somoschamados à santidade e a expressar nossa fé, participando da construção de uma sociedade conforme o projeto de Deus, mantendo a coerência entre fé e vida no âmbito político,econômico e social. n

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PráticA do sABer

“asensação de dever cumprido é enorme”. Esse é o senti-mento do aluno do último período do curso de História, Diego Mateus, professor de História do Brasil no projeto

de extensão Compartilhando Saberes, desenvolvido na Universidade Federal do Espírito Santo. Com foco no relacionamento entre alunos e comunidade, e na troca de experiências e saberes entre os seus atuantes, o projeto oferece aulas gratuitas a estudantes de escolas públicas que não tem condições de custear um cursinho pré-vestibular para alcançar a aprovação. As aulas, de todas as disciplinas, são ministradas por universitários e mestrandos da Ufes, e de outras instituições de ensino. No total, são 7 bolsistas e 32 voluntários. Para Diego, além de contribuir e ver no olhar de seus alunos

projeto promove aprendizado mútuo e inclusão social

a gratidão pelo trabalho desen-volvido, é gratificante vê-los já aprovados pelos corredores da Universidade. “Eles se sen-tem privilegiados por estarem aqui, não apenas estudando, mas convivendo no ambiente da universidade, conhecendo e descobrindo as possibilidades existentes aqui dentro”. Em quatro salas com 270 estudantes, o Compartilhando

letícia Bazet

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faculdades. Cassandra afirma que o trabalho é conjunto e tem dado certo. “A cada ano vai melhorando um pouco mais, todos nós aprendemos juntos, eu, professores e estudantes. Tem dado muito certo, nós fa-zemos atividades de campo, levando os alunos para outros

dos. Para nós, enquanto alunos universitários, é uma experi-ência que nos possibilita não chegarmos crus ao mercado”, disse. Cassandra reitera o posi-cionamento do professor: “é muito importante eles terem a referência de contato com a

comunidade, com a inclusão e cidadania desses alunos, e ain-da o contato com a sala de aula. Não é um estágio, é uma experiência real, pois muitos nunca deram aula e inicia-ram aqui, primeiro com a monitoria, sendo auxiliados, e depois encaram o desafio de lecionar. Além disso, a gente traz a comunidade para dentro da uni-

versidade, que é de uma riqueza muito grande para eles”. De acordo com ela, o projeto já conseguiu com que os alunos do projeto paguem o mesmo valor do que os estudantes da Ufes no Restaurante Univer-sitário. A outra bandeira a ser conquistada, conforme infor-mou, é o passe escolar, pois é elevado o índice de evasão escolar pela falta de recursos para a passagem. n

proporcionar reconhecimento e prestígio. Nós temos um perfil de inclusão, enxergamos nesse aluno um futuro universitário e profissional bem sucedido. A gente trabalha em cima de um perfil do estudante enquanto cidadão”. O trabalho, que existe des-de 2010, no último vestibular da Ufes aprovou mais de 50% dos alunos, além daqueles que con-seguiram desconto em outras

locais onde eles possam ganhar conhecimento fora da sala de aula. Em um passeio consegui-mos falar de História, Biologia, Geografia”. Segundo Diego, o projeto é necessário para os alunos, que veem ali uma oportunidade, e também para os alunos-mestres, que ganham um fortalecimento acadêmico, a partir da prática docente. “É uma via de mão dupla, pois todos são beneficia-

Saberes acontece na própria Ufes, diariamente, e, conforme a necessidade, aos sábados e domingos também. Para a coor-denadora Cassandra Fernandes, o que o difere de um pré-ves-tibular convencional é o trata-mento. “Não os tratamos aqui como um número que vai nos

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Depósito bancáriono Banestes:Agência 104

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Departamento ComercialFunDAção nossA sEnhorA DA PEnhA / EsRua Alberto de Oliveira Santos, 42 - Ed. Ames 19ºsalas 1916 e 1920 - CEP 29010-901 - Vitória - ESTelefone: (0xx27) 3198-0850

Assinatura anual: r$ 85,00 Periodicidade: mensal

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Data de nascimento: __________________________________ CPF: ___________________________________________

culturA cAPixABA

carnaval de congo de Roda d’agua

O carnaval de congo da comunidade de Roda D’agua, em Cariacica,

acontece todo ano durante o pe-ríodo das festas em homenagem à padroeira do Estado do Espírito Santo – Nossa Senhora da Penha. Segundo a história, os mora-dores da comunidade rural, por

diovani favoretohistoriadora

“Uma tradição de mais de 100 anos,

a festa de congo percorre, ainda hoje,

as ruas de Roda D’agua entoando

cantigas populares de devoção à

Padroeira.”

não poderem se deslocar até o Con-vento da Penha, em Vila Velha (que segundo relatos era muito longe e de difícil acesso) optaram por promover os festejos na tradicional localidade de Cariacica (bem aos pés do Mochuara). Uma tradição de mais de 100 anos, a festa de congo percorre, ainda hoje, as ruas de Roda D’agua ento-ando cantigas populares de devoção à Padroeira e é acompanhada por todos os moradores e visitantes. Durante a procissão de apre-sentação das Bandas de Congo alguns moradores, fantasiados com máscaras, dão cores ao cortejo e animam a festividade. Dentre esses foliões pode-mos destacar a figura folclórica do “João Bananeira” que, vestido com folhas de bananeira, tecidos e/ou chita, e tendo o rosto coberto por uma máscara ornamental, en-canta os brincantes e participantes da congada. O detalhe da brincadeira está em tentar adivinhar quem está por traz da máscara, o que só é revelado no final da festa. n

Iaiá, você vai à Penha, me leva, ô me levaEu vou tomar capricho, meu bem, vou trabalharEu tenho uma promessa a pagarEssa promessa que eu tenho a pagarÉ a Santa Padroeira, Ela vai me ajudar! Ô Iaiá!(Toada de Congo)

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Acontece

presentantes da CNBB no Sínodo dos Bispos sobre a Família, que acontece no Vaticano, de 4 a 25 de outubro. Os membros escolhi-dos foram Dom Sérgio da Rocha, o bispo de Camaçari (BA), dom João Carlos Petrini, o arcebispo de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha, e o arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer. Entre os assuntos tratados durante a Assembleia, a reforma política foi destacada. Em nota sobre o momento nacional, que partiu da análise apreensiva do episcopado diante da realidade brasileira, os bispos afirmam que

de 15 a 24 de abril, os bispos do Brasil esti-veram reunidos em As-

sembleia. Na ocasião, foi eleita a nova presidência da CNBB, que agora tem como presidente, Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília (DF), como vice-presi-dente, o arcebispo de Salvador (BA) e primaz do Brasil, dom Murilo Sebastião Krieger, e o cargo de secretário-geral perma-nece com Dom Leonardo Steiner, bispo auxiliar de Brasília, após a sua reeleição. Também foram eleitos os presidentes das doze Comissões Episcopais de Pastoral e os re-

destaques da 53ª assembleia dos bispos do brasil

entre os caminhos de solução para os problemas vividos, é ne-cessária uma Reforma Política que atinja as entranhas do sistema político brasileiro. De acordo com a carta, “apartidária, a pro-posta da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, da qual a CNBB é sig-natária, se coloca nessa direção”. A nota aponta ainda que projetos de lei e outras discussões surgidas em Brasília com o ob-jetivo de retomar o crescimento do país, como sobre a terceiri-zação do trabalho, a redução da maioridade penal, o Estatuto do Desarmamento e ainda a questão da demarcação das terras indí-genas, precisam ser feitos sem levar prejuízo à população, aos trabalhadores e, principalmente, aos mais pobres. Para a CNBB, “o momento não é de acirrar ânimos, nem de assumir posições revanchistas ou de ódio que desconsiderem a política como defesa e promoção do bem comum. Os três poderes da República, com a autonomia que lhes é própria, têm o dever irrenunciável do diálogo aberto, franco, verdadeiro, na busca de uma solução que devolva aos brasileiros a certeza de superação da crise”. n

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