Revista Comunità Italiana Edição 161

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Super Mario Rio de Janeiro, dezembro de 2011 Ano XVIII – Nº 161 Miúcha celebra bossa nova em Roma e faz revelações www.comunitaitaliana.com Assim é chamado o atual premier Mario Monti que tem a árdua tarefa de salvar seu país e a moeda europeia Em exclusiva, Massimo D’Alema afirma que a Itália não quebra e diz que títulos italianos são excelente investimento NATAL Italianos preferem produtos Made in Italy para aquecer a economia COMPORTAMENTO Festas de casamento sustentáveis viram moda no Norte da Itália ISSN 1676-3220 R$ 11,90 R 7,00 SANTA SÉ Novo embaixador do Brasil conta em exclusiva detalhes de ações junto ao Papa

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Edição Completa Número 161 para leitura online. Revista Comunità Italiana, a maior mídia da comunidade ítalo-brasileira.

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Super Mario

Rio de Janeiro, dezembro de 2011 Ano XVIII – Nº 161

Miúcha celebra bossa nova em Roma e faz revelações

www.comunitaitaliana.com

Assim é chamado o atual premier Mario Monti que tem a árdua tarefa de salvar seu país e a moeda europeia Em exclusiva, Massimo D’Alema afirma que a Itália não quebra e diz que títulos italianos são excelente investimento

NatalItalianos preferem produtos Made in Italy para aquecer a economia

CoMportaMeNtoFestas de casamento sustentáveis viram moda no Norte da Itália

ISSN

167

6-32

20R$

11,

90R

7,0

0SaNta SéNovo embaixador do Brasil conta em exclusiva detalhes de ações junto ao papa

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Job: 285804 -- Empresa: Burti -- Arquivo: 285804-24196-109093-22916-083-Fiat-Novo Palio Traseira-Laranja-45x32_pag001.pdfRegistro: 59262 -- Data: 17:41:51 30/11/2011

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Job: 285804 -- Empresa: Burti -- Arquivo: 285804-24196-109093-22916-083-Fiat-Novo Palio Traseira-Laranja-45x32_pag001.pdfRegistro: 59262 -- Data: 17:41:51 30/11/2011

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24 | Super Mario (Monti) e o seu pacote de Natal Saiba mais sobre o novo primeiro-ministro italiano, cujo estilo sóbrio de circular pela capital Roma se opõe ao de Berlusconi, e seu pacote de medidas econômicas Salva Italia, que pretende poupar bilhões de euros no meio da crise europeia

12 | O Brasil na Santa Sé O novo embaixador do Brasil no Vaticano Almir Franco de Sá Barbuda conta com exclusividade à Comunità a conversa que teve com o Papa Bento no dia da cerimônia de sua posse

16 | Natal made in Italy Com o aperto dos cintos, italianos elegem a prata da casa para presentear familiares e aquecer a economia interna

20 | Casamento alternativo Nasce um novo nicho de mercado no Belpaese: o das festas de casamento ecológicas, sustentáveis e éticas que financiam projetos de organizações como Médico Sem Fronteiras e Emergency

34 | Alpinismo A coragem do alpinista Reinhold Messner contada por ele mesmo em meio às Dolomitas

Dezembro de 2011 Ano XVII I Nº161

Chamada de “regina della bossa nova” pela imprensa italiana, Miúcha conta à Comunità por que escolheu a Cidade Eterna para comemorar seu aniversário com um concerto único e relembra shows antológicos ao lado de Tom, Vinícius e Toquinho na Itália

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CAPA

Nossos colunistas

07 | Cose NostreEx-governador Rondon Pacheco e o executivo Marco Mazzu, da Iveco, levam a medalha Italia Affari de 2011

10 | Fabio Porta Dall’improvvisa ma inevitabile caduta di Berlusconi alla repentina e promettente nascita del governo Monti

11 | Ezio MaranesiMa per amare l’Italia bisogna emigrare?

51 | Guilherme Aquino Acordo entre Brasil e Itália vai levar seis mil estudantes brasileiros a universidades italianas até 2014

58 | Giordano Iapalucci La rassegna Le belissime italiane – auto di ogni tempo rende omaggio a designer come Martinengo e Bertone

66 | Claudia Monteiro De Castro Com ambiente aconchegante, restaurante romano Due Ladroni guarda no nome uma história de mais de 50 anos

Comportamento

AtualidadeModa

Esporte

48 | Cinema Festivais promovem mostras de clássicos e contemporâneos dedicados ao cinema italiano, como o REcine e o Venezia Cinema

52 | Bienal Pavilhão italiano na Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo trouxe profissionais de renome como Ado Franchini

54 | Antonio Landi Reinauguração de casarão histórico em Belém homenageia arquiteto bolonhês que mergulhou na Amazônia brasileira em pleno século XVIII

Momento Itália-Brasil

36 | Joias A designer italiana Francesca Romana Diana abre seu ateliê à

Comunità e revela o segredo do sucesso de

sua grife que acaba de completar

cinco anos

59 | Italian Style Luvas em estampa animalier da Dolce&Gabbana e chapéu em camurça da Emporio Armani estão entre as novidades do inverno italiano

Vict

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Moda

dezembro 2011 | comunitàitaliana4

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Faça revisões em seu veículo regularmente.

O PRESENTE NUNCA ESTEVE TÃO À FRENTE DO SEU TEMPO.

Nos últimos cinco anos, a Iveco lançou seis famílias de produtos que redefi niram os parâmetrosde inovação do mercado. Agora chega a nova linha de produtos Iveco, batizada ECOLINE, quevem reforçar a história de sucesso da marca e estabelecer novos patamares de eficiência e confi abilidade para os clientes. São caminhões ainda mais robustos e confortáveis, com motores mais potentes, mais econômicos e menos poluentes. São mais de 140 versões de produtos, que chegam ao mercado entre 2012 e 2014. Trata-se de uma nova geração de caminhões para uma nova geração de clientes.

IVECO. A MARCA DA NOVA GERAÇÃO.

ECOLINE, A NOVA GERAÇÃO IVECO.

A Iveco apoia o Momento

Itália/Brasil

Page 6: Revista Comunità Italiana Edição 161

Diretor-PreSiDente / eDitor:Pietro Domenico Petraglia

(rJ23820JP)

Diretor: Julio Cezar Vanni

PubliCação MenSal e ProDução:editora Comunità ltda.

tirageM: 40.000 exemplares

eSta eDição foi ConCluíDa eM:12/12/2011 às 11:30h

DiStribuição: brasil e itália

reDação e aDMiniStração:rua Marquês de Caxias, 31, niterói, Centro, rJ

CeP: 24030-050tel/fax: (21) 2722-0181 / (21) 2722-2555

e-Mail: [email protected]

reDação: guilherme aquino; leandro Demori; Cíntia Salomão Castro; nathielle Hó

Vanessa Corrêa da Silva; Stefania Pelusi

reViSão / traDução: Cristiana Cocco

ProJeto gráfiCo e DiagraMação:alberto Carvalho

[email protected]

CaPa: editoria de arte

ColaboraDoreS:Pietro Polizzo; Venceslao Soligo; Marco lucchesi; Domenico De Masi; fernanda Maranesi; beatriz rassele; giordano iapalucci; Cláudia Monteiro de Castro; ezio Maranesi; fabio Porta; Paride

Vallarelli; aline buaes; franco gaggiato; Walter fanganiello Maierovitch; gianfranco Coppola

CorreSPonDenteS: guilherme aquino (Milão); leandro Demori (roma);

Janaína Cesar (treviso); lisomar Silva (roma); Quintino Di Vona (Salerno); robson bertolino

(São Paulo); Stefania Pelusi (brasília); Vanessa Corrêa da Silva (São Paulo);

gianfranco Coppola (nápoles)

PubliCiDaDe: osvaldo requião

rio de Janeiro - tel/fax: (21) 2722-2555Cel: (21) 9483-2399

[email protected]

rePreSentanteS: espírito Santo - Dídimo effgen

tel: (27) 3229-1986; 3062-1953; 8846-4493

[email protected]

brasília - ZMC representações Zélia Corrêa

tel: (61) 9986-2467 / (61) 3349-5061e-mail:[email protected]

Minas gerais - gC Comunicação & Marketing geraldo Cocolo Jr.

tel: (31) 3317-7704 / (31) 9978-7636 [email protected]

Comunitàitaliana está aberta às contribuições e pesquisas de estudiosos brasileiros, italianos

e estrangeiros. os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores, sendo

assim, não refletem, necessariamente, as opiniões e conceitos da revista.

la rivista Comunitàitaliana è aperta ai contributi e alle ricerche di studiosi ed esperti brasiliani, italiani e estranieri. i collaboratori esprimono, nella massima

libertà, personali opinioni che non riflettono necessariamente il pensiero della direzione.

iSSn 1676-3220

Editorial ExpEdiEntE

Fundada em março de 1994

A última edição do ano traz o Papai Noel Mario Monti na capa. Não é dito que ele traga somente bons presentes e que de sua sacola saiam pacotes capazes de fazer sorrir imediatamente. Apelidado de super Mario e bem aceito inicialmente por todos, o novo presidente do Conselho de Minis-

tros, em seu primeiro mês no cargo, já viveu a experiência de duros protestos em uma greve geral, no último dia 12, organizada pelos sindicatos descontentes com as medidas impostas aos trabalhadores e cidadãos italianos. Chamado ao trabalho pelo presidente da República Giorgio Napolitano, ele foi colocado ali não para lançar medidas popula-res, mas para enfrentar um débito público de quase quatro trilhões de euros.

Era de se esperar que a população fosse chamada ao sacrifício. É assim que acon-tece quando a máquina pública desestabiliza as contas e provoca uma crise. O povo

que elegeu seus administradores – importante recordar que a dívida pública equivalente a 120% do PIB não foi gerada somente pelo governo Berlusconi – paga o pato. Nós, num recente passado, conhecemos bem essa faceta da democracia que gera um totalitarismo burocrático, que suspende garan-tias, liberdade e direitos adquiridos, afinal tivemos experi-ências múltiplas de planos escabrosos. Um deles confiscou/congelou até mesmo a poupança dos brasileiros.

Se a economia não cresce é porque as instituições polí-ticas, econômicas e sociais são mais fechadas que abertas e o capitalismo italiano – repleto de empresas subsidiadas pela mão pública e governadas por pactos sindicais – não acom-panha a evolução do mundo industrializado. A sociedade civil está diante de uma corporação que penaliza o mérito e atrasa a alternância de gerações. Por enquanto, as medidas

de Monti se limitam a tecnicidade fiscal. Para ganhar tempo, deu aos partners europeus a demonstração de que a Itália está disposta a sacrifícios. Mas os próximos passos de-vem ser em direção a um projeto de reformas que faça com que o país se desenvolva.

Na matéria de nossa nova correspondente em Roma, a experiente jornalista Gina Marques mostra quem é o escolhido para salvar a pátria e entrevista o ex-premier Mas-simo D’Alema, deputado que é um ícone da esquerda italiana e diz que os títulos italia-nos são um excelente investimento.

Nesta edição o leitor conhecerá o novo embaixador do Brasil na Santa Sé, que abre as portas da belíssima casa onde viveu Caravaggio, o Palácio Caetani em Roma, para dar detalhes da ostentosa cerimônia de posse e de como será a relação Brasil/Vaticano. Almir Franco de Sá Barbuda será o nome chave na organização da 48ª Jornada Mundial da Juventude, que acontecerá no Rio de Janeiro em julho de 2013 com a presença do papa Bento XVI.

Ainda neste número, poderá se deleitar com a deliciosa simpatia da estrela da bossa nova Miúcha, que em uma entrevista reveladora à repórter Cintia Castro, conta como a Roma dos anos 50 “pegava fogo”.

Boa leitura, feliz Natal e um 2012 repleto de notícias melhores a todos!

Consertar custa caro

Pietro Petraglia Editor

dezembro 2011 | comunitàitaliana6

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O ex-governador de Minas, Rondon Pacheco, e o presidente da Iveco para a América Latina, Marco Mazzu, foram os home-

nageados da 6ª edição da Entrega da Medalha Italia Affari. Reali-zado pela Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indústria de Mi-nas Gerais, o evento aconteceu nos Salões do Automóvel Clube de Belo Horizonte, no último dia 29 de novembro. Rondon, de 92 anos, responsável pela instalação da Fiat em Minas, falou da sua admiração pelo presidente da empresa na Itá-lia, Giovanni Agnelli, e lembrou do acordo selado entre eles em Turim na década de 1970, para a implantação de uma indústria automobilística em Betim.

AçoO grupo italiano Techint acertou a compra de 27,7% do capital

votante da Usiminas por R$ 5 bilhões. Com a transação, a maior produtora de aços planos do Brasil passará a ser contro-lada por estrangeiros: metade por japoneses (através da Nippon Steel) e metade pelos italianos. Juntos, terão 57,2% das ações ordinárias. Os italianos também planejam se associar à empre-sa na construção de uma laminadora. O local ainda não foi de-finido, mas a disputa deve ficar entre Rio e Minas. Fundada em 1945 e controlada pela família Rocca, a Techint possui mais de 54 mil funcionários e um faturamento global de U$ 19 bilhões.

Da VinciUm pastor que tosa uma ove-

lha, tendo ao fundo uma pai-sagem de colinas e construções arquitetônicas. Esta é a nova pintura atribuída a Leonardo da Vinci, descoberta na Itália. O estudioso trevigiano Luciano Buso fez o anúncio há poucos dias e acredita que a assinatu-ra da tela é do artista toscano. Para Buso, a obra pode ser um au-torretrato, pois os traços do pas-tor retratado “trazem uma extra-ordinária semelhança com o vulto de Da Vinci”. Na tela, o nome Le-onardus, codificado entre os pelos da ovelha, e os vários L na cabeça do pastor comprovariam a inten-ção de Leonardo de que o pastor fosse seu autorretrato.

Wi-Fi na RocinhaA TIM acaba de dar início ao projeto de

Wi-Fi na Rocinha, permitindo aos in-ternautas da comunidade o acesso à in-ternet com velocidade de até 50 Mbps. A intenção é promover uma rede privada, à qual somente os clientes da empresa po-derão acessar em alta velocidade, e uma pública, aberta para qualquer usuário que tenha um aparelho com conexão Wi-Fi. No primeiro trimestre de 2012, a TIM preten-de abrir uma loja e um quiosque de vendas na Rocinha. Além disso, a companhia vai lançar, em 2012, um serviço de banda lar-ga fixa residencial, estabelecendo concor-rência com a Oi. A Tim comprou em julho deste ano a rede AES Atimus, expandindo sua rede de fibra ótica em 21 cidades. A AES Atimus foi rebatizada de TIM Fiber.

Ferrari FF chega ao BrasilO Grupo Via Italia, representante oficial da Ferrari no

Brasil, começa a vender a Ferrari FF no país por R$ 2,7 milhões. O grupo não fala sobre os interessados em comprar o veículo. Quem tiver a curiosidade de ver o modelo de perto, pode ir até o showroom da marca, na Avenida Brasil, em São Paulo, onde está exposto um exemplar da macchina. A previsão de venda é de cinco a seis unidades até dezembro.

Prêmio AutodataO grupo Magneti Marelli

venceu, pela terceira vez, o prêmio AutoData de 2011, a mais importante premiação do setor auto-mobilístico do Brasil. A em-presa subsidiária do grupo Fiat levou a melhor na categoria Sistemista, com as tecnologias Free Choice (câmbio manual com con-trole eletrônico) e lanterna LED. A cerimônia de entre-ga do prêmio aconteceu em 24 de novembro, no Centro Universitário Senac, em São Paulo. O grupo é sedia-do em Corbetta, na provín-cia de Milão, e está presente no Brasil desde 1978.

Padre expulso pela ditaduraExpulso do país durante a dita-

dura militar por ter se negado a celebrar uma missa em home-nagem ao Sete de Setembro, no interior de Pernambuco, o padre italiano Vito Miracapillo vai re-gressar ao Brasil. Ele ganhou o vis-to de permanência definitiva do governo brasileiro e voltará à Pas-toral da Igreja Católica de Ribei-rão, na Mata Sul de Pernambuco. O visto da permanência no Brasil foi concedido pelo Departamento de Estrangeiros, ligado à Secreta-ria Nacional de Justiça. O religio-so já havia feito algumas tentati-vas para voltar ao Brasil durante os oito anos do governo Lula.

Luxo nos olhosCom o objetivo de aumen-

tar a presença em um dos mercados de luxo que mais crescem no Brasil, a italiana Luxottica, a maior fabricante de óculos do mundo, confir-mou o acordo para a compra da brasileira Tecnol, por cerca de 110 milhões de euros. A fabricante das marcas Ray-Ban e Oakley calcula que o negócio permitirá a produção local de seus artigos, com con-siderável corte nos impostos de importação. A Luxottica, inicialmente, comprará 80% da Tecnol, ficando o restante para os próximos quatro anos. A marca ainda planeja adqui-rir produtoras e distribuido-ras para reduzir o orçamento e agilizar entregas.

cosenostreJul ioVanni

comunitàitaliana | dezembro 2011 7

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“Quero parabenizar a revista pela linda matéria sobre o espetáculo Ensaio sobre a beleza. Eu presenciei na Cine-

lândia essa festa que reuniu brasileiros, italianos e descen-dentes, e fiquei extasiada com coreografias e músicas que lembram a união desses dois povos.

CAROLINA DIAS, Rio de Janeiro – RJ – por e-mail

“Como foi publicado na imprensa, o santo padre Bento XVI nomeou-me arcebispo metropolitano de Taranto. Após 27

anos no Brasil, 20 no Rio e 7 em Petrópolis, volto à Itália. Parto no dia 1º de janeiro para a Puglia, minha região de origem, e farei o ingresso na Arquidiocese de Taranto em 5 de janeiro, vigília da Epifania. Saudações cordiais à toda equipe da Comunità Italiana.

DOm FILIppO SANtORO – por e-mail

cartas

O jornalismo deveria ser limitado nas áreas de confronto após morte de cinegrafista da Band?

Analistas dizem que Brasil, Rússia, Índia e China podem ajudar a superar a crise europeia. Concorda?

Empresa italiana Benetton mostra líderes se beijando em campanha, incluindo o Papa. Você apoia?

No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 04/11/11 a 09/11/11.

No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 16/11/11 a 22/11/11.

No site www.comunitaitaliana.com entre os dias 10/11/11 a 15/11/11.

Não - 66,7%

Não - 58,3%

Não - 41,7%

Sim - 33,3%

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Sim - 58,3%

opinião

“O meu conselho de ministros? Gianna Nannini premier. No Ministério da Economia, Fiorella Mannoia. No da Cultura, porém, coloco Vasco Rossi”,Laura Pausini, cantora italiana, em entrevista a Donna Moderna

“Elevada competência dos membros do novo Executivo

é uma garantia extra de eficiência da gestão”,

Barack Obama, presidente dos Estados Unidos, sobre o novo

governo de Mario Monti

“Na cama, é melhor ficar

sozinho”, Charlize Theron,

atriz sulafricana, ao falar o quanto se

sente solteira e feliz aos 36 anos

“Berlusconi daria um grande personagem

para filme”, Pedro Almodóvar, cineasta

espanhol, durante entrevista publicada no jornal italiano

La Stampa

“Espero que o Parlamento possa

tratar essa questão. Negar isso é uma

autêntica loucura, um absurdo. As crianças têm essa aspiração”,

Giorgio Napolitano, presidente da Itália, em

pronunciamento no dia 22 de novembro, ao mostrar desacordo sobre a atual

legislação italiana que não prevê o reconhecimento

da cidadania italiana aos filhos de imigrantes

nascidos no país

“Mario Monti trabalhou na Goldman Sachs. Mario Draghi também trabalhou na Goldman Sachs. Sabe, a Goldman Sachs é aquele bando de simpáticos engravatados que deixou a América de cuecas”,Maurizio Crozza, apresentador de televisão, durante o programa Italialand, transmitido pela La7 em novembro, ao falar sobre as ligações entre o banco de investimento americano Goldman Sachs, o novo premier italiano (Monti) e o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi

“Não devemos virar uma empresa autorreferencial, como a política italiana, na qual todos falam entre si, mandam ‘mensagenzinhas’ entre si, como em um círculo fechado. Devemos manter a janela aberta sobre o mundo”,Luca Cordero di Montezemolo, presidente da Ferrari, ao falar durante o evento Matching, na cidade de Rho

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no celular

enquetes frases

dezembro 2011 | comunitàitaliana8

Page 9: Revista Comunità Italiana Edição 161

A Vida em RomaDezembro é o último mês para conferir, em Belo Horizonte, a exposição intitulada Roma – A vida e os imperadores, inaugura-da em 21 de setembro na Casa Fiat de Cultura. As 370 obras contam a história e o cotidiano dos imperadores e do povo da época do Império Romano. São

esculturas, mosaicos, joias, ce-râmicas, afrescos, adornos e vestimentas, provenientes de importantes museus da Itá-lia. Com curadoria de Guido Clemente, a exposição vai até o dia 18, e deve seguir para o Masp, em São Paulo, por volta do dia 25 de janeiro. www.casafiatdecultura.com.br

Vicenzaoro 2011 Uma exposição internacional do ouro e da feira de comércio de joias acontece de 14 a 19 de janeiro de 2012, em Vicenza, no Vêneto, região da Itália,

país onde são produzidas, há séculos, peças de ourivesa-ria famosas pelo seu design e pela sua beleza. A Vicenza-oro First cobre toda a gama de mercadorias valiosas, graças à presença de 1500 expositores que vão mostrar ao público o que produzem de melhor. Acontecem também reuniões, workshops e conferências. Pa-ralelamente, ocorre o T-Gold, que exibe as últimas tecno-logias aplicadas aos metais preciosos. http://www.firstevent.it/

De ChiricoA mostra realizada pela Casa Fiat de Cultura tem a curado-ria de Maddalena D’Alfonso e passa por Belo Horizonte, Porto Alegre e São Paulo no período de 9 de dezembro

deste ano a 20 de setembro de 2012. O pintor italiano exerceu influência sobre vá-rios artistas brasileiros, entre eles Tarsila do Amaral, Di Ca-valcanti, Candido Portinari e Iberê Camargo. As 22 pintu-ras vieram do Museu de Arte Moderna de Nova York, do Art Institute de Chicago, do Museu Picasso de Paris, do acervo de colecionadores e da Fundação De Chirico.www.momentoitalia.com.br

Arte e Meio AmbienteA exposição Arte e Meio Am-biente: Rompendo Fronteiras está aberta à visitação até 11 de março de 2012, no Palá-cio do Horto, em São Paulo.

A curadoria é de Ana Cristina Carvalho. As obras perten-cem ao Acervo dos Palácios do governo paulista e foram feitas por artistas de renome como Alfredo Volpi, Eliseu Visconti, Victor Brecheret, Ernesto Di Fiori, Claudio Tozzi e Maria Bonomi. Na mostra também estão ex-postos trabalhos com foco no gênero paisagem, como a coleção de gravuras de es-pécies de palmeiras de João Barbosa Rodrigues, e a série de aquarelas de bromélias e orquídeas brasileiras de Mar-gareth Mee.www.acervo.sp.gov.br

Modigliani: Imagem de uma VidaInicialmente prevista para começar em 10 de janeiro no Rio, a exposição do pintor Modigliani teve sua inaugu-ração transferida para o dia 31 do mesmo mês, no Museu Nacional de Belas Artes. En-tre as mais de 170 obras, há pinturas em óleo originais e esculturas em bronze. O acer-vo, que pertence ao Instituto Modigliani, traz um panora-ma da vida e obra do artista de 1906 a 1920. www.mnba.gov.br

naestante

Senti che Storia! Os autores Luca Di Dio e Rosella Bellagamba reúnem algumas das mais célebres canções italianas, tais como Fratelli d’Italia, Bella ciao, Tu vuò fà l’americano e Nessuno mi può giudicare. Acompanha um CD e apresenta dez percursos temáticos relacionados à história italiana, desde a Unificação até os dias atuais. A narração é feita sob a ótica intercultural, e o livro é indi-cado a estudantes do idioma italiano de vários níveis. A obra foi lançada no Brasil durante a 57ª Feira do Livro de Porto Alegre, que aconteceu entre outubro e novembro de 2011. Editora Edulingua, 96 páginas, R$ 30,00.

As relações entre o Brasil e a Itália: formação da italia-nidade brasileira O autor Amado Luiz Cervo trabalha em seu livro três fases que marcaram as relações entre Brasil e Itália: a imigração, as entreguerras e a cooperação econômica desde 1949. Nos últimos anos, houve certo declínio italiano e a ascensão brasileira. Contudo, o passado de influências italianas se prolonga, seja na presença dos empreendimen-tos, seja na participação étnica e cultural no Brasil. Mas a italianidade brasileira se desvincula da matriz: a Itália per-segue sua identidade na “pureza da raça”, enquanto o Brasil apresenta pluralidade étnica e cultural. Editora UnB, 435 pá-ginas, R$ 55,00.

“Fui a Roma porque ganhei uma bolsa de pesquisa sobre Federi-

co Fellini na Università degli Studi di Roma La Sapienza. Adorei a cidade, com a atmosfera que mescla o antigo com o moderno. O Coliseu represen-ta bem esse patrimônio cultural e his-tórico que é próprio da Itália.

ANNA pAuLA LemOS Rio de Janeiro, RJ — por e-mail

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comunitàitaliana | dezembro 2011 9

Page 10: Revista Comunità Italiana Edição 161

L’Italia s’è desta!Dall’improvvisa ma inevitabile caduta di Berlusconi alla repentina e promettente nascita del governo Monti

Diciamolo subito, per chia-rezza e a scanso di equivoci: il Professor Mario Monti, neo-Presidente del Consi-

glio italiano, non farà miracoli.La crisi finanziaria internaziona-

le che da alcuni mesi si è concentrata sull’Eurozona, prima sui Paesi più pe-riferici (Grecia, Spagna, Portogallo) spostandosi poi nel cuore del conti-nente (Italia, Belgio, Francia), non potrà essere risolta da una sola nazio-ne, meno ancora da un solo uomo.

L’Europa e l’Euro possono soprav-vivere o morire soltanto se saranno in grado di condurre una seria battaglia con l’obiettivo di rafforzare le istitu-zioni politiche, ma anche economiche, dell’Unione; nessun Paese, nemmeno il più forte, può avere l’ambizione o la presunzione di farcela da solo.

E’ pur vero, però, che Mario Mon-ti un miracolo l’ha già fatto, e almeno questo gli va riconosciuto: dopo un lunghissimo anno di crisi, nel corso del quale il governo Berlusconi era sta-to travolto contemporaneamente da scandali ripetuti, dal successivo inde-bolimento della propria maggioranza parlamentare e dall’acuirsi della crisi economica e finanziaria, nell’arco di una sola settimana è riuscito nel qua-si proibitivo intento di dare vita ad un nuovo governo. Non solo; dopo anni di contrapposizione frontale e di posi-zioni spesso inconciliabili, il governo Monti nasce con il sostegno della qua-si totalità del Parlamento. Solo la Lega Nord, infatti, non ha votato la fiducia al nuovo esecutivo.

Si è trattato di una grande di-mostrazione di serietà ed efficienza proprio da parte di quelle stesse isti-tuzioni democratiche, Presidenza della Repubblica e Parlamento in te-sta, che più di una volta sono state criticate per la scarsa capacità di inci-dere tempestivamente in merito alla crisi economica e politica in atto.

Come è sempre accaduto nei mo-menti più difficili e delicati, l’Italia ha così ritrovato unità e senso di respon-sabilità davanti ad una situazione che

all’estero, avendo vissuto per oltre dieci anni fuori dall’Italia; anche io sono figlio di emigrati, mio papà è nato in Argentina e mio nonno aveva una piccola fabbrica vicino Buenos Aires: conosco bene l’impor-tanza ed il ruolo degli italiani nel mondo!”.

Parole, è vero, ma parole pesanti e significative perché pronunciate dal Presidente del Consiglio dei Ministri dell’Italia nel giorno della sua investitu-ra parlamentare; parole che mai avevamo sentito dalla bocca del suo predecessore, Silvio Berlusconi, il quale anzi era solito

riferirsi agli italiani nel mondo come a “quelli che non pagano le tasse e ai quali abbiamo dato il diritto di voto”. Una bella differenza, di toni e si sostanza.

Gli ultimi tre anni di governo hanno praticamente cancellato le risorse per le comunità italiane all’estero: rete conso-lare, assistenza socio-sanitaria, lingua e cultura, sistema di rappresentanza. Nel 2012 le somme destinate dal bilancio del Ministero degli Esteri a questi interven-ti saranno ridotte a meno di un terzo del 2008, ultimo anno del governo Prodi.

Risalire la china sarà un’impresa difficile e complessa. Quello che chiediamo al go-verno non è semplicemente un ripristino di somme tagliate, necessarie a salvaguardare quei programmi in grado di mantenere vivo il legame tra l’Italia e gli italiani nel mondo. Vogliamo innanzitutto sapere dal nuovo governo se l’Italia crede ancora in quel pa-trimonio unico, insostituibile e irripetibile che sono le sue straordinarie e numerose collettività che vivono all’estero.

Una domanda semplice, per la quale chiediamo una risposta altrettanto netta e chiara.

qualcuno aveva già giudicato irreversibile e compromessa; dal baratro si è così pas-sati alla speranza; una speranza ed una fiducia personificata da colui che più di ogni altro godeva sul piano interno ed in-ternazionale della necessaria credibilità, unitamente alla competenza, per affron-tare questa difficile missione.

Si tratta soltanto dell’inizio di un per-corso impervio e complesso, lo sappiamo.

Ma a volte i primi passi sono indicativi ed esemplari.

Gli italiani all’estero, per esempio, non possono che apprezzare le prime parole ri-volte dal nuovo capo del Governo italiano ai deputati riuniti alla Camera nel giorno del-la fiducia: “Anche io sono stato un italiano

Gli italiani all’estero non possono che

apprezzare le prime parole a loro rivolte dal nuovo capo del governo

opinioneFabioPor ta

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Page 11: Revista Comunità Italiana Edição 161

E’ il mio PaesePer amare l’Italia bisogna emigrare?

“Is my country, right or wrong”. La frase, di un Carneade americano, è famosa. Il mio Paese, giusto o sbagliato,

qualunque cosa si dica e accada, è il mio Paese. E’ la terra in cui sono nato, in cui ho vissuto la mia giovinezza e i miei primi amori, ho sognato le mie speranze, ho lot-tato per farmi spazio, ho gioito e sofferto come solo i ragazzi sanno gioire e soffrire. In quella terra, in quelle nebbie padane, tra le colonne dei palazzi medioevali, gli occhi fissi sulle tele rinascimentali del Duomo, il canto dei campi, del bosco e delle contadine dell’aia quando ancora cantavano, le pagi-ne di Pavese, Gadda e Moravia, si è fatta la mia cultura. Giusto o sbagliato, era ed è il mio paese. La vita mi ha portato a vivere in un’altra terra che mi ha accolto fraterna-mente, e a cui sono riconoscente, ma l’Italia è sempre il mio Paese, right or wrong.

L’Italia degli ultimi decenni ha prosperato spendendo soldi che non aveva. Troppi soldi. Se li è fatti prestare. Come poteva non pensare che sarebbe arrivata l’ora di pagare il debito? L’ora, puntuale come la morte, è arrivata, e ci è stato presentato il conto. Ci aspettano grandi sacrifici. Fa rabbia, rivolta, ma questa Italia improvvida e irresponsabile è comunque il mio Paese. Abbiamo dato fiducia al governo di un uomo, imprenditore di successo, che aveva il compito di rinnovare l’Italia. Non l’ha fatto; non ha saputo, o potuto, o voluto farlo. Dicono che l’Italia sia inaffidabile e forse c’è del vero, ma non è il momento degli inutili orgogli. Dobbiamo reagire con umiltà e fermezza, e dare fiducia a chi ci possa governare con efficacia e rappresentare degnamente. Sono deluso, ma quest’Italia inaffidabile è comunque il mio Paese. Discutiamo fin che si vuole se l’Italia sia o non sia “nazione”: sicuramente

c’è un oceano tra i montanari della Val Senales e i contadini dell’agrigentino. Il processo di unificazione politica è discutibile, ma l’Italia unita è un fatto, piaccia o no, e questa discutibile Italia è comunque il mio Paese. E che dire dei tanti zombi della politica nostrana, che cadono sempre in piedi, risorgono e comandano per decenni impedendo il rinnovamento delle idee? e delle mezze figure che non hanno la dignità di dimettersi quando cambiano credo politico? Il loro motto è “giusto o sbagliato, è la mia poltrona”. Ci vergognamo per loro, ma questa troppo tollerante Italia è comunque il mio Paese. Abbiamo il maggior patrimonio artistico del mondo e non siamo capaci di valorizzarlo. Abbiamo ricchezze paesaggistiche di incomparabile bellezza e abbiamo permesso che amministratori corrotti le deturpassero. Gridiamo il

nostro sdegno, ma non posso non sentire che questa Italia, troppo spesso incompetente e corrotta, è comunque il mio Paese. Vi sono regioni intere in cui le mafie imperano. L’Italia le sta combattendo, ottiene vittorie, ma troppe sono le collusioni con il mondo politico e imprenditoriale, troppi sono i condizionamenti sociologici e culturali, e le mafie prosperano. Non siamo fieri di questa Italia che non sa vincere questa guerra, ma essa è comunque il mio Paese. Decenni di governi distratti o interessati, e quindi colpevoli, hanno permesso il prosperare di caste e corporazioni. Oggi l’Italia è un Paese conservatore, quando avrebbe la necessità vitale di rinnovarsi; il mondo moderno lo esige. Troppi interessi incrociati lo impediscono. Assistiamo inermi, con l’animo in rivolta, ma questa Italia pietrificata è comunque il mio Paese. Ed è sempre e comunque un grande Paese.

L’Italia ci ha dato mille motivi di orgoglio e ci sta dando ora mille motivi di tristezza. Noi emigrati poco possia-mo fare: andremo ancora una volta a votare e eleggeremo ancora una volta i nostri rappresentanti, per quanto inu-tili possano essere. Continueremo ad emozionarci per la rossa di Maranello o per l’azzurra di Prandelli, a legge-re con apprensione i giornali italiani sul web, a rattristarci per l’alluvione a Monterosso, ad indignarci per i crolli di Pompei o per i risolini beceri del na-poleoncino Sarkozy. C’è una cosa però che possiamo fare: insegnare ai fratelli italiani d’Italia ad amare e rispettare il loro, il nostro Paese, right or wrong, qualunque cosa accada.

La vita mi ha portato a vivere in una altra

terra che mi ha accolto fraternamente, e a cui sono riconoscente, ma l’Italia è sempre il mio Paese, right or wrong

opinioneEzioMaranesi

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Ele foi recebido pelo Rei e pela Rainha da Bélgica, pelo Grão-Duque e pela Grã-Duquesa de Luxemburgo e,

recentemente, pelo Papa Bento XVI. Co-nhece pessoalmente diversos presidentes de vários países do mundo e coleciona condecorações. A carreira diplomática de Almir Franco de Sá Barbuda é repleta de glórias, mas nem por isso ele perdeu a simplicidade. Em 42 anos de serviço no Itamaraty, foi escolhido pela presidenta Dilma Rousseff para ser o embaixador do Brasil junto à Santa Sé, cargo que ele define como “chave de ouro”, antes de se aposentar ao fim de 2013. Afinal, ele terá a honra de acompanhar a segunda viagem de Bento XVI ao Brasil na ocasião da 48ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em julho de 2013, no Rio de Janeiro, um evento que poderá reunir cerca de quatro milhões de pessoas.

No encontro com a revista Comuni-tà Italiana, Almir Franco de Sá Barbuda falou da sua vida em Roma e da carreira diplomática, e contou os detalhes da reu-nião com o Papa Bento XVI ocorrida em

31 de outubro, quando lhe entregou as Cartas Credenciais como embaixador do Brasil junto à Santa Sé.

— A nossa conversa durou cerca de 20 minutos. Falamos da situação socioeco-nômica brasileira e da próxima Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro. Fiquei impressionado com a sua cultura, com o conhecimento que ele tem do Brasil e, principalmente, com a capacidade dele de te deixar a vontade. Durante o encon-tro, o Papa me perguntou sobre a saúde do ex-presidente Lula e disse que iria re-zar por ele. Assim que voltei para casa, escrevi ao Lula contando que alguém mui-to especial lhe dedicava as suas orações e ele ficou emocionado — conta.

Emoção também não falta ao embai-xador. Seus olhos brilhavam quando ele descreveu o protocolo para ser recebido pelo Papa. O cerimonial pede que os diplo-matas acreditados junto à Santa Sé usem a casaca com as condecorações, enquanto as mulheres devem portar vestidos pretos com um véu da mesma cor sobre a cabeça. Para esta ocasião especial, vieram as su-as duas filhas, Gabriela e Adriana, e seus

dois netinhos. Ao cumprimentar o Papa, o filho de Gabriela, Cauã, de 6 anos, ficou tímido e abaixou a cabeça. Adriana, que vive nos Estados Unidos, veio acompa-nhada do marido americano Gavin e da filha Sasha, de 7 anos.

O protocolo é perfeito porque, pa-ra a Igreja Católica, a tradição é um rico patrimônio cultural. Naquela manhã, o Va-ticano enviou três carros à sua residência, um para o embaixador, outro para a famí-lia e o terceiro para o corpo diplomático. Os veículos seguiram em comitiva precedi-da por um grupo de batedores que abriram os caminhos pelo trânsito de Roma.

— Ao chegar ao Vaticano, fui recebido pelo Gentiluomo no pátio de São Damásio. Ele me acompanhou dentro do Palácio Apostólico, onde a Guarda Suíça Pontifícia prestou as honras. Em seguida, atravessa-mos um corredor longo, a Loggia, com teto e paredes decoradas com afrescos renas-centistas, onde encontramos os assessores na antecâmara do papa. Da Loggia, segui-mos em cortejo para a sala Clementina, onde fomos recebidos pelo prefeito da Casa Pontifícia, que me apresentou ao

O novo embaixador do Brasil na Santa Sé abre as portas de sua residência no Palácio Caetani, onde viveu Caravaggio, e conta com exclusividade à Comunità

os detalhes da conversa que teve com o Papa Bento no dia da cerimônia de posse

Gina MarquesDe Roma

de Dilmano Vaticano

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Pontífice, em sua Biblioteca Pesso-al. Após a apresentação e a troca de discursos, houve um diálogo só en-tre nós dois — narra.

Depois da audiência, entraram os familiares do embaixador, que foram apresentados, um por um. Em seguida, os diplomatas. Todas as etapas estão documentadas com fotos de grupo. Logo após, o embai-xador foi recebido pelo secretário de Estado da Santa Sé, o cardeal Tarcisio Bertone. Mais tarde, foi acompanhado em uma visita den-tro da Basílica de São Pedro, onde fez orações na Capela do Santíssi-mo Sacramento e, depois, ao Altar da Virgem Maria. Por fim, no túmu-lo de São Pedro. Esta é uma etapa tradicional, reservada só aos países cuja maioria da população é cató-lica. O Brasil é o país com maior número de católicos no mundo: cerca de 130 milhões de brasileiros foram batizados — o que corres-ponde a 68% da população.

Jornada Mundial da JuventudeEste é um grande momento para o Brasil. Além da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016, em junho do próximo ano, o Rio de Janeiro vai hospedar a Conferência das Nações Unidas sobre ambiente e desen-volvimento sustentável, a Rio+20. Em julho de 2013, também no Rio, aguarda-se o maior evento católico do mundo: a Jornada Mundial da Juventude. Segundo o embaixador Barbuda, estima-se que a próxi-ma JMJ possa superar o grande evento de 1995 que ocorreu em Manila, nas Filipinas, e contou com

a participação de 4 milhões de pessoas. Ele explicou também que o evento é realizado a cada três anos, mas que o Vaticano decidiu antecipar um ano para realizá-lo no Brasil. O anúncio foi dado por Bento XVI durante o último dia da JMJ de 2011, em Madri, na Espanha.

— A Jornada Mundial da Juventude é bem pro-gramada. Os países interessados apresentam as suas candidaturas e uma comissão do Vaticano avalia a me-lhor opção. No nosso caso, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) fez uma excelente apresentação. Reconheço e agradeço também o trabalho dos meus an-tecessores, como a embaixadora Vera Barrouin Machado e o embaixador Luiz Felipe de Seixas Corrêa. Graças ao trabalho de todos eles e do governador Sérgio Cabral, po-deremos hospedar este grande evento — afirma.

Residência do embaixador é o Palácio Caetani— Eu nunca poderia imaginar que um dia moraria num palácio onde o artista Caravaggio viveu por dois anos, de 1601 a 1603 — confessa o atual embaixador. Trata-se do Palácio Caetani, a Residência da Embaixa-da do Brasil junto à Santa Sé. A construção tem quase 500 anos e fica na Via delle Botteghe Oscure, em uma das áreas mais antigas e tradicionais do centro históri-co de Roma. A riqueza cultural do lugar está dentro e fora. Para se ter uma ideia, a poucos metros dali, ficam as antigas ruínas romanas onde o imperador Júlio Cé-sar foi assassinado no ano 44 antes de Cristo.

O palácio foi construído por Alessandro Mattei em 1545. A sua história está ligada a duas grandes e

importantes famílias romanas: a dos Mattei, que moraram nele por cerca de um século meio, e a dos Caetani, seus proprietários por mais de cem anos e responsáveis por parte da decoração interna em estilo barroco.

O monumento abriga a residên-cia do embaixador do Brasil junto à Santa Sé há 42 anos. Por coinci-dência, foi em 1969 que Barbuda concluiu os estudos da carreira di-plomática no Instituto Rio Branco e entrou no Itamaraty.

São diversas as salas ricamente decoradas com quadros e objetos de valor inestimável. Consideran-do a preciosidade do lugar, seu cão Benji, de raça wheaten terrier, pode entrar somente na área de serviço e no grande terraço. Benji, de três anos de idade, foi comprado nos Estados Unidos, país onde Barbuda foi cônsul-geral do Brasil em Wa-shington, de 2008 a 2011.

A paixão pela líricaAlmir de Sá Barbuda nasceu em Ma-naus em 1943, onde viveu até os 10 anos de idade. Seu pai era político e, como deputado federal, foi trans-ferido com a família para a então capital do Brasil, o Rio de Janeiro.

Ao longo da sua carreira diplo-mática, não é a primeira vez que Barbuda vive em Roma: de 1985 a 1988 ele foi designado represen-tante alterno da Representação junto à Organização para a Alimen-tação e Agricultura (FAO).

— Eu sempre quis voltar a viver em Roma, mas quando eu me apo-sentar, vou morar no Rio.

Para ele, viver na Itália significa estar em uma sintonia perfeita, pois a sua grande paixão é a música clás-sica, em particular a lírica e a ópera. Quando é possível, vai ao Teatro Amazonas, em Manaus. Nos inter-valos, aproveita para tomar um bom Tacacá, caldo típico amazonense.

— Algumas vezes aproveito um fim de semana para viajar à Vene-za ou a Nápoles para assistir a uma grande ópera. Aqueles que amam a lírica são assim, programam suas viagens de acordo com os espetácu-los, porque os lugares são sempre interessantes — explica.

Na vida de um embaixador, a saudade é uma companheira contí-nua. Saudades do Brasil, para onde Barbuda voltará daqui a dois anos, encerrando uma carreira gloriosa. Em compensação, ele vai deixar cantar de novo o trovador, ouvindo sons das fontes murmurantes na sinfonia da floresta.

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O embaixador Barbuda estima que a próxima Jornada Mundial da Juventude, que acontece no

Rio, em 2013, possa superar o público de quatro milhões de pessoas, registrado nas

Filipinas em 1995

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Quem não traz, entre as memórias da infância, os lanches com goiabinha ou com os salgadinhos

de queijo da Piraquê? A marca de biscoitos e massas que já fazem par-te da história dos brasileiros há seis décadas perdeu, no último dia 30 de novembro, o seu fundador. Filho de italianos da cidade de Busto Arsizio, na província de Varese, o engenheiro agrônomo paulista Celso Colom-bo faleceu no Rio de Janeiro aos 88 anos, de infarto, em sua casa, após ter trabalhado normalmente nos escritórios da sede da empresa, no bairro carioca de Madureira.

Três dos quatro filhos de Celso, que ocupava a presidência da empresa desde a sua fundação — Celso Filho, Sérgio e Eduardo — trabalham na di-retoria, assim como o neto, Alexandre Colombo, diretor de marketing. Ain-da não foi definido quem assumirá o controle da indústria, o que deve acontecer até o início de 2012.

Quando Celso Colombo inaugu-rou a fábrica da Piraquê, em 1953, havia cerca de 200 empregados no es-tabelecimento, onde eram produzidos somente salgados. Hoje, a empresa

familiar pode se orgulhar de ser um dos maiores produtores de massas e biscoitos do Brasil, com 4.500 funcio-nários e filiais em cinco estados.

Aos 20 anos, Celso já trabalhava na fábrica do pai Romeo Colombo, só-cio da marca de biscoitos São Luiz, que acabaria sendo comprada pela gigante suíça Nestlé, em 1967. Sua vontade, no entanto, era abrir uma indústria no Rio, então capital do país. No dia 8 de setembro de 1950, ainda em São Paulo, ele recebeu um telegrama de um amigo, sobre um bom terreno que estava disponível, de 15 mil m², perto da Avenida Brasil, importante eixo do transporte na cidade.

Em fevereiro de 1951, a família Colombo muda-se para o Rio. Celso escolheu o melhor para implantar a Piraquê: a máquina Vicars, com for-no contínuo, era a mais moderna da época, quando os equipamentos tra-dicionais exigiam que o biscoito fosse levado em uma bandeja até os fornos.

— Meu avô dizia que fazia o me-lhor produto que era capaz de fazer, para todas as classes. Não temos uma linha premium. O preço mais alto do mercado brasileiro é o da Pi-raquê, porque não economizamos em matéria-prima. O gergelim im-portamos da Espanha. O goiabinha (um dos produtos mais vendidos pela marca, desde 1966) leva goia-bada de verdade, e não polpa de goiaba, como os outros fazem — conta Alexandre Colombo.

Comendador do Estado italianoA Piraquê também inovou quando foi a primeira indústria brasileira a adotar o pacote como embalagem em um tempo em que os biscoitos eram vendidos em latas, e os cami-nhões passavam para recolhê-las, recorda o neto Alexandre.

A tabela de preços praticados na venda aos comerciantes, independen-te do porte do estabelecimento onde as massas, as margarinas e os biscoi-tos da fábrica são comprados pelos consumidores, é outra marca regis-trada da empresa. “O pequeno de hoje pode ser o grande de amanhã” era um dos lemas do patriarca da Piraquê.

Como reconhecimento aos seus altos méritos no campo econômico e social, considerados como uma contri-buição distinta em prol da comunidade italiana pelo governo da Itália, Celso Colombo recebeu, em 2008, a Ordem da Estrela da Solidariedade Italiana, no grau de comendador, conferida pelo presidente da República, Gior-gio Napolitano, e pelo então Ministro das Relações Exteriores, Massimo D’Alema, das mãos do então cônsul do Rio, Massimo Bellelli.

— Quando estive pela primei-ra vez na Piraquê, em 1994, fiquei impressionado pela forma de tra-tamento e o carinho que a família Colombo dedica aos seus colabora-dores. Ficamos consternados com o falecimento de um homem que sempre dignificou a comunidade ítalo-brasileira. Será lembrado pe-la comunidade por ser um cidadão consciente e empresário vitorioso — ressaltou o presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio e Indús-tria do Rio, Pietro Petraglia.

Celso Colombo: ícone das massasFundador da Piraquê morre aos 88 anos no Rio, cidade onde estabeleceu a segunda maior fábrica de biscoitos e massas do país

Cintia Salomão Castro

O industrial Celso Colombo recebeu

das mãos do então cônsul do Rio,

Massimo Bellelli, a comenda da

Ordem da Estrela da Solidariedade

Italiana, em 2008

“Meu avô dizia que fazia o melhor produto que era capaz de fazer, para todas as classes. O goiabinha leva goiabada de verdade”Alexandre Colombo, diretor da Piraquê

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Enquanto o novo governo do premier Mario Monti corre contra o tempo para afastar as previsões de recessão para 2012, os italianos se preparam pa-ra as festas de final de ano com mais pessimismo

que seus colegas europeus, esperando pagar ainda mais im-postos no ano que vai entrar, mas com um orçamento para as compras de Natal ainda acima da média europeia e com o otimismo de que, valorizando os produtos nacionais, poderão ajudar o país a sair da crise.

Segundo uma pesquisa do Observatório Nacional da Fe-derconsumatori, a federação italiana dos consumidores, os preços médios dos produtos típicos das festividades natalinas cresceram 4% em relação ao ano passado, enquanto o consu-mo diminuiu 19% nos últimos dois anos. Segundo a entidade, as famílias, diante da situação de crise, se preparam com grande antecedência para as festividades de final de ano. De acordo com a tabela divulgada pela entidade, os custos relati-vos às festas registraram aumentos em todos os setores em comparação a 2010. No setor de alimentos, o aumento médio dos preços de artigos como lentilhas, mel, prosecco, salmão e panetones foi de 2%, com algumas exceções, a exemplo dos vinhos brancos, que registraram 5% de aumento e, os embuti-dos, que diminuíram entre 3 e 4% seus preços. A antecipação das liquidações das lojas seria uma das soluções propostas pela entidade para diminuir o efeito negativo da crise. As liquidações, no entanto, já são amplamente registradas nas lojas das principais cidades do país desde novembro.

A prata da casa é a preferida Uma pesquisa realizada pela consultoria europeia Deloitte re-velou que quase 73% dos consumidores italianos pretendem adquirir produtos made in Italy nas suas compras para o Natal de 2011, o que demonstra um nível de patriotismo mais elevado do que a média dos europeus. Nos outros países do continente, 60% das pessoas declararam os mesmos objetivos de favorecer os próprios mercados nacionais. A pesquisa Deloitte evidencia um reconhecimento pela qualidade da produção italiana, mas também a vontade dos italianos de apoiarem a retomada do crescimento econômico em um momento de crise.

De acordo com a pesquisa, o gasto médio dos italianos du-rante o mês que precede as festas natalinas será de 625 euros por família, número superior em 6,5% à média europeia, de 587

Apesar do aumento dos preços e da queda no consumo geral, 73% dos italianos escolherão produtos italianos para presentear amigos e familiares no Natal

natalmade in Italy

contra a crise

Aline Buaesde Nápoles

ComportamEnto ConSumo

16 dezembro 2011 | comunitàitaliana

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euros por família, ainda represen-ta uma queda de 2,3% em relação a 2010. Segundo a pesquisa, metade dos italianos utilizará tanto internet quanto as lojas para pesquisar e com-parar os preços dos presentes. No entanto, apenas 10% realizarão as compras diretamente online. A 14ª edição da pesquisa natalina Xmas Survey, da consultoria internacional Deloitte, é o resultado de sondagens feitas no mês de setembro com mais de 18 mil consumidores de 18 países da Europa, com o objetivo de iden-tificar as intenções de gastos com presentes, comidas, bebidas e ativi-dades para o tempo livre.

A pesquisa salienta que as pre-ocupações dos europeus com o andamento da economia e o medo de perder o emprego são as princi-pais causas da redução dos gastos com as festas de final de ano. Na Itália, 74% dos entrevistados afir-

maram que vão gastar menos por causa da crise. O desejo de celebrar o Natal, porém, permanece forte e, apesar do pessimismo difuso — que leva 84% dos consumidores italia-nos a acreditarem que a Itália ainda esteja em recessão, contra 60% da média europeia — não se deve su-bestimar o dado que muito italianos acreditam que seu poder de aquisi-ção continua o mesmo (33%), ou que aumentou (9%), em relação ao ano passado. Segundo o levantamento

da Deloitte, 68% dos italianos ainda têm uma percepção pessimista em relação a uma retomada econômica em 2012, contra 4% que acreditam no crescimento da economia.

Presente gastronômico em primeiro lugar Ainda segundo a pesquisa, confir-mando o pessimismo em relação à instabilidade econômica, 42% dos italianos gastarão menos com di-versão neste final de ano, 41% com despesas irregulares e 40% com roupas. Apesar do aperto no cinto da economia, apenas 11% dos ita-lianos declararam que pretendem diminuir os gastos com alimentos durante as festas natalinas.

Almoços, jantares e presentes culinários dominam os pensamen-tos dos italianos que vão às compras (40%), seguidos de presentes não comestíveis (39%), viagens (13%) e apenas 7% para as atividades sociais. Segundo uma análise da organização agrícola italiana Coldiretti, baseada na pesquisa Deloitte, enquanto os gastos com presentes devem dimi-nuir 3%, os gastos natalinos com comidas e bebidas terão um corte de apenas 1% nos orçamentos dos con-sumidores italianos, comprovando uma tendência de aumento na busca por presentes do setor enogastronô-mico, com produtos que celebram os sabores e os aromas tradicionais do

40%

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13%

7%

1%

alimentos e bebidas

Presentes

Viagens

atividades sociais

outros

O que os italianos preferem comprar neste Natal

Fonte: “Xmas Survey 2011” Deloitte

território italiano. Para a Coldiretti, este dado comprova o verdadeiro “boom” de compras realizadas diretamente com produtores agrícolas ou em mercados e feiras com proveniência garantida, além de ofertas especiais, como os cestos natalinos com produtos típicos italianos.

Entre os principais desejos de compras, segundo a Deloitte, estão os bens e serviços relacionados com o bem estar pessoal, o que inclui alimentos, bebidas, via-gens e livros. De um ponto de vista geral, a busca por presentes úteis e com melhor relação qualidade-preço, em contraste com os desperdícios, determina as deci-sões de gastos dos consumidores italianos.

— A preocupação com a situação econômica está influenciando as decisões de compras dos consumi-dores italianos, que este ano tendem a ser ainda mais prudentes com as compras dos presentes de Natal — afirma Dario Righetti, responsável pelo setor Con-sumer Business da Deloitte Itália.

— Prudentes sim, mas sem medo de comprar, dado o forte desejo de celebrar e a convicção de um poder aquisitivo estável — acrescenta.

Segundo a pesquisa Deloitte, os presentes mais desejados pelos consumidores europeus são livros, via-gens e dinheiro, enquanto os produtos que mais serão presenteados em toda a Europa são perfumes, cosméti-cos, livros, roupas e acessórios. Na Itália, os presentes mais desejados pertencem à categoria massagens, tra-tamentos e produtos de beleza, com 30% da preferência dos entrevistados. Em relação aos presentes para crian-ças até 12 anos, permanece a componente da educação, com metade dos consumidores preferindo brinquedos como jogos educativos e livros ilustrados.

Confirmando uma tendência já revelada em 2010, um dos fatores que mais pesam na hora de decidir o que comprar este ano está na preferência por produtos de alta utilidade e o melhor preço. Na Itália, 90% dos entrevistados afirmam que vão comprar produtos úteis para presentear, ou seja, os presentes se tornam cada vez mais essenciais e sem desperdícios. Em relação ao preço, 72% levarão em consideração produtos que esti-verem em promoção no momento da compra.

Apesar de pessimistas com a crise, apenas

11% dos italianos estão dispostos a diminuir

os gastos com alimentos durantes as

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Sensação de liberdade, adrenalina e velocidade fazem da moto um meio de transporte alterna-tivo para muitas pessoas que não podem perder tempo no trânsito das grandes cidades. O veícu-

lo substitui os transportes coletivos, com deslocamento rápido e manutenção barata. E o Brasil é um mercado pro-missor quando o assunto é transporte sobre duas rodas.

Clima, geografia e políticas de produção e importa-ção favorecem o país, que é o quinto maior fabricante de motos do mundo. De acordo com o Ins-tituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as vendas no Brasil ultrapassarão as de automóveis até 2014. Dentro de dez anos, a frota de motos vai superar a de car-ros. Em um comparativo feito pelo Ipea, o mercado cresceu 15% ao ano entre 1998 e 2008, enquanto o automobilístico teve um crescimento anual de apenas 7,5% du-rante o mesmo período. Os números são animadores e muitos fabricantes querem pegar carona na garupa da moto brasi-leira. A montagem e manutenção, antes feitas nos países de origem, agora são re-alizadas também no Brasil. O esqueleto da moto que envolve chassi, parte elétrica, suspensão, pneus e todos os outros componentes são preparados com o mesmo cuidado da matriz.

Linhas de montagem no BrasilA italiana MV Agusta e a americana Harley-Davidson apostaram no Brasil — único país onde estas marcas têm linhas de montagem fora de suas sedes. Construí-das de forma artesanal, as motocicletas da MV Agusta

começaram a desembarcar no Bra-sil no fim de setembro e já estão sendo montadas na fábrica da Da-fra Motos, em Manaus. Segundo o diretor de exportações da marca italiana, Raffaele Giusta, em mé-dia, 60 unidades chegam ao país, por mês, para que as vendas come-cem em dezembro.

— Queremos comercializar cer-ca de mil motocicletas no primeiro ano. Se atingirmos essa meta, o

Brasil será o segundo país que mais vende as nossas ‘joias’, posição ocu-pada hoje pela França — garante.

Para o presidente da Dafra Mo-tos, Creso Franco, suas principais conquistas foram atingidas.

— Em três anos, tornei o mer-cado nacional mais interessante e competitivo e minha empresa mais lucrativa. Além disso, em nossa fábrica, são montados três mode-los da BMW (G650 GS, F800 GS e F800 R) e três da MV Agusta,

só que essa será representada por mim, e de forma sólida.

Em 2010, a MV Agusta con-solidou o nome Brutale, com os modelos 990, 1090R e 1090RR. Atualmente, a empresa aposta no segmento de média cilindrada, com um motor de três cilindros. O presidente da MV Agusta, Gio-vanni Castiglioni, demonstra não temer a concorrência.

— Somos uma fabricante relati-vamente pequena, mas com muito potencial. Os próximos lançamentos terão preços agressivos e, por isso, as demais terão de vir para cima. Espe-ro dobrar as vendas em dois anos e triplicar em três — ressalta.

A direção da Harley-Davidson também anuncia planos para ex-pandir a rede no Brasil, ao mesmo tempo em que concentra seus esfor-ços na área de serviços. Na primeira fase, a meta é formar uma rede com 12 distribuidores, em cidades como Rio de Janeiro, Brasília, Porto Ale-gre e Campinas. Até o final de 2011, pelo menos 10 revendas devem en-trar em operação.

— Nós estamos procuran-do expandir nossa marca além dos Estados Unidos, e o Brasil é um mercado estratégico para nós — enfatiza Mark Van Genderen, vice-presidente da Harley-David-son na América Latina.

A japonesa Kawasaki já monta suas motos em Manaus, sem inter-mediários. A BMW também trilha esse caminho e, a partir de 2012, será a vez da Ducati e da KTM. A montagem na cidade amazonense proporciona uma redução de 30% no preço final das motos, o que torna o produto mais competitivo. Outros locais fora da Zona Franca estão re-cebendo novas montadoras, como a fabricante chinesa Shineray, que in-vestiu R$ 100 milhões na fábrica em Porto de Suape, Pernambuco.

Na garupaBrasil recebe investimentos no setor de motocicletas e atrai fabricantes como a italiana MV Agusta e a americana Harley-Davidson

Nathielle Hó

EConomia

18 dezembro 2011 | comunitàitaliana

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O perfil da cooperação entre Itália e Brasil foi o tema do I Semi-nário Internacional

do programa Brasil Próximo, que aconteceu em novembro, no Pa-lácio do Planalto, em Brasília, O objetivo do evento foi abrir um espaço de discussão para os proje-tos que fazem parte do programa Brasil Próximo. Também foram dis-cutidos os cronogramas de execução desses projetos e as possibilidades de relacionar as diversas atividades previstas pelo programa.

O seminário contou com a participação do ministro-chefe da secretaria-geral da presidência da República, Gilberto Carvalho, e de diversos políticos brasileiros. Autoridades italianas também compareceram, a exemplo do em-baixador Gherardo La Francesca, e pessoas ligadas ao projeto, como o coordenador-geral do programa Brasil Próximo, Giampiero Rasimelli.

Em seu discurso de abertura, Gilberto Carvalho ressaltou a re-lação “profunda e diferente” que existe entre Brasil e Itália.

— Aprendemos muito com a Itália nas áreas de cooperativismo, turismo e agricultura familiar. Que-remos cada vez mais uma relação entre irmãos, entre iguais, uma relação fraterna, porque é a troca de maneira altiva que nos interessa. O programa Brasil Pró-ximo é um elemento concretizador, facili-tador e solidificador dessa relação que que-remos ter com a Itália, com o governo e, so-bretudo, com o povo italiano — declarou.

O ministro tam-bém reconheceu a importância do pro-grama, que, segundo ele, já está bem encaminhado e em breve poderá oferecer resultados.

— Queremos jogar todo o peso e toda a força para que o Brasil Pró-ximo prossiga, dê frutos e seja um marco nessa longa e profícua histó-ria de nossas relações — concluiu.

Durante a abertura do seminá-rio, foram realizados três painéis de discussão. Os temas abordados foram Desenvolvimento Territorial

e Internacionalização; Cooperativis-mo; e O programa Brasil Próximo no contexto da cooperação entre Brasil e Itália. No dia seguinte à abertura do seminário, foram organizadas as reuniões de diversos grupos de tra-balho. O evento foi concluído com uma palestra final, que apresentou aos participantes um resumo dos debates e dos projetos discutidos.

Resultado de acordos firma-dos entre os governos dos dois países, o programa Brasil Próximo busca implementar projetos-piloto de cooperação em diversas áreas, em

parceria com estados e municípios brasileiros, com foco no desenvolvi-mento local das regiões incluídas no programa. Fazem parte do Brasil Próximo mais de 40 ci-dades nos estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí e Amazonas. Na Itália, participam do projeto de cooperação as regiões de Úmbria, Marche, Toscana, Emí-lia-Romanha e Ligúria.

Em dezembro de 2009, uma comissão

responsável pela gestão do programa Brasil Próximo já havia sido instalada em Brasília, formada por represen-tantes de 11 ministérios brasileiros. A principal finalidade é a de coorde-nar as parcerias entre os dois países no âmbito do programa. O decre-to que formou a comissão instituiu uma secretaria-executiva que ficou responsável pela coordenação do grupo, chefiada pela secretaria-geral da presidência da República.

Entre iguaisSeminário realizado em Brasília discutiu programa que visa implementar projetos de cooperação envolvendo regiões do Brasil e da Itália

Vanessa Corrêa da Silva

“O programa Brasil Próximo é um elemento concretizador, facilitador

e solidificador dessa relação que queremos ter com a Itália, com o governo e, sobretudo, com o povo italiano”

Gilberto Carvalho, ministro-chefe da secretaria-geral

da presidência da República

atualidadE

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O convite é confecciona-do por cooperativas que empregam pesssoas so-cialmente excluídas. As

alianças contêm diamantes cuja extração respeitou os princípios de direitos humanos. O buffet, preparado exclusivamente com alimentos orgânicos. A organiza-ção de festas de casamentos éticas e sustentáveis virou um negócio de sucesso em Milão — onde uma associação começou oferecendo serviços fotográficos para os noi-vos com doação de 30% do lucro a projetos sociais em países como Birmânia e Tibet, e hoje é líder de uma espécie de rede de coopera-tivas que oferecem serviços para casais interessados em organizar um evento socialmente responsá-vel, ético e sustentável. No final de outubro, ocorreu a segunda edi-ção da Feira Matrimoni Solidali, em Lacchiarella, província de Milão, que reuniu os principais fornece-dores desta rede de prestadores de serviços e atraiu jovens casais de diversas partes do Norte da Itália.

Em um país onde o mercado matrimonial é um dos poucos que sobrevive intacto às crises econô-micas — com festas excessivas e caras que obrigam muitos jovens casais a recorrerem a empréstimos

— ser chique virou sinônimo de ser justo e solidário. Pelo menos em Milão, metrópole-termômetro de novas tendências italianas. A asso-ciação Matrimoni Solidali, fundada oficialmente há cerca de um ano, é decorrente de um projeto iniciado em 2003 junto à sua promotora, a organização social milanesa Libe-ro Laboratório, que oferecia parte dos lucros obtidos com serviços fotográficos para festas de casa-mento para apoiar um projeto de cooperação internacional na África. Conforme explica um dos coorde-nadores de Matrimoni Solidali, o fotógrafo Giuseppe Galimberti, aos poucos outros projetos internacio-nais foram sendo inseridos na lista de doações. O resultado é que, hoje, aos noivos que solicitam um orça-mento fotográfico, é oferecida uma “tabela transparente”, com 30% do lucro obtido pela associação doado

Um outro casamentoCooperativas de Milão inventam um novo filão no mercado de noivos: festas de casamento éticas, ecológicas e sustentáveis que financiam projetos sociais na Itália e em outros países

ComportamEnto

Aline Buaesde Nápoles

A organização Matrimoni Solidali e a Libero Laboratório

direcionam parte dos lucros de fotografias

de casamentos para projetos

de cooperação internacional na África

dezembro 2011 | comunitàitaliana20

Page 21: Revista Comunità Italiana Edição 161

a um projeto social escolhido pe-los clientes. No total, oito projetos fazem parte da lista oficial, como um plano de combate à malária em Burkina Faso e um programa para oferecer refeições em escolas de refugiados na Birmânia. E não só: Galimberti ressalta que os noivos podem também sugerir projetos que gostariam de colaborar, como ocorreu recentemente com um ca-sal que sugeriu um projeto no Haiti do qual conheciam detalhes.

Mas a ideia de um “casamento solidário” vai muito além da contri-buição com os lucros dos fotógrafos. Galimberti explica que, aos pou-cos, foi crescendo a necessidade de reunir parceiros de determinados setores, como produtores de ali-mentos orgânicos e associações que empregam pessoas excluídas do mundo do trabalho — não apenas deficientes físicos ou mentais como presidiários ou tóxicos dependentes — para oferecer serviços específicos para festas de casamento social-mente responsáveis.

— O objetivo do projeto é se tornar um instrumento para os noivos escolherem serviços com certificação de transparência e so-lidariedade, ou seja, fornecedores solidários — define Galimberti, ci-tando como exemplo a joalheria Belloni, de Milão, que certifica etica-mente suas joias com a garantia de que a extração das pedras preciosas ocorreu através de um processo res-peitoso dos direitos humanos dos trabalhadores e com uma renda que permaneceu dentro da comunidade.

— O ponto principal é o desen-volvimento sustentável, a exemplo do que acontece no setor de bom-bonieres, no qual as cooperativas empregam o trabalho de pessoas que, de outro modo, não encon-trariam ocupação. Em resumo, são projetos de valorização e promoção do trabalho— afirma o fotógrafo e fundador do projeto.

Da Lombardia para o resto da ItáliaA maior parte dos fornecedores atua na região da Lombardia, mais especificamente, ao redor de Milão. Porém, Galimberti acredita na pos-sibilidade de ampliar o projeto em todo o território italiano.

— Queremos nos tornar uma espécie de selo de qualidade para toda a Itália, de fornecedores de serviços e produtos eticamente certificados.

A edição inaugural da Fei-ra Matrimoni Solidali ocorreu

em fevereiro, em Milão, como um momento importante de encontro e conhecimento dos fornecedores e apresentação da rede ao público e à imprensa. Para aquele primeiro encontro, tinha sido escolhido um espaço expositivo tradicional da cidade. Para esta segunda edição, o próprio espaço expositivo esco-lhido, uma casa de campo histórica restaurada recentemente através de um projeto de recuperação am-biental em uma região agrícola a 20 km de Milão, pois simbolizava o objetivo dos fornecedores presen-tes, pois o espaço é proposto como o local ideal para festas “socialmen-te responsáveis”.

Galimberti ressalta que o suces-so desta segunda edição da feira, que reuniu centenas de jovens ca-sais provenientes de todo o norte da Itália, de Turim a Verona, foi de-vido, sobretudo, à visita de pessoas que pouco ou quase nada conheciam de desenvolvimento sustentável.

— Para nós foi uma ótima surpresa, já que não queremos absolutamente nos fechar para pes-soas que já conhecem o discurso da solidariedade. Queremos nos abrir para quem nos procura para des-cobrir como se faz uma casamento diverso, sem gastos excessivos.

Galimberti explica que a trans-parência dos preços é também um diferencial em relação aos organizadores de casamentos tra-dicionais, que normalmente não esclarecem todos os gastos que os noivos terão de arcar.

— Nós oferecemos um servi-ço muito transparente, no qual os noivos sabem desde o início quan-to deverão gastar.

Os preços oferecidos também, em alguns casos, chegam a 20% a menos do que os fornecedores tra-dicionais de serviços para festas de casamento.

Convites by MSF e EmergencyDiversas organizações humanitá-rias renomadas, como a Médicos Sem Fronteiras (MSF) e a Emer-gency, participaram da Feira Matrimoni Solidali para apresen-tar seus serviços, como convites e bombonieres para festas de ca-samentos. Os convites da MSF na Itália, por exemplo, têm um custo sugerido de € 3,50 por peça, e to-do o processo de seleção, compra e envio dos convites é organizado através do site da organização e re-alizado em períodos que variam de 15 a 20 dias. Retirado o custo da mão de obra e do material, todo o

lucro é destinado aos projetos da organização em todo o mundo.

A maior parte das coopera-tivas de pequeno e médio porte que estão se especializando no se-tor na Itália emprega pessoas com deficiências físicas ou mentais, permitindo uma nova vida a es-tas pessoas, como a cooperativa Il Brugo, de Monza, que oferece bombonieres e convites em papel reciclado, e a Bottega di Pinocchio, de Brescia, que oferece porta guar-danapos e outras peças em madeira confeccionadas por jovens porta-dores de deficiência física. Desde 2004, a Uroburo forma e empre-ga, em Milão, jovens e adultos com deficiências mentais no setor de ourivesaria. A cooperativa Altros-pazio, que possui lojas com artigos de produção artesanal solidária em toda a Itália, oferece produtos como pratos e copos descartáveis rigorosamente ecológicos.

A segunda edição da feira Matrimoni Solidali aconteceu

em outubro, em uma casa de campo histórica restaurada

através de um projeto ambiental

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Viver de uma maneira ecologicamente corre-ta é uma necessidade moderna. A premis-

sa que envolve as ações “reciclar, preservar e transformar” é muito atual e tem a ver não só com o com-portamento do consumidor, como também faz parte de uma mudança do modo de produção dos bens ma-teriais. A exposição Design Italiano para Sustentabilidade, que aconte-ceu em novembro, no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, teve essa finalidade: mostrar como os italianos trabalham com a questão da sustentabilidade na decoração.

Com o incentivo do Ministério italiano do Meio Ambiente e com o apoio do Fórum das Américas, a mostra colocou em evidência uma seleção de produtos de empresas italianas que souberam integrar responsabilidade ambiental com inovação e design, e procurou cons-cientizar o visitante em relação aos problemas ambientais causados com a produção de objetos de con-sumo. Foram reunidas 40 peças, desde aparelhos de iluminação e pisos, a objetos cotidianos da casa, cozinha e escritório, e até tecidos produzidos na Itália.

Com curadoria de Marco Ca-pellini, designer e consultor do Ministério das Atividades Produ-tivas, e do Observatório Nacional de Resíduo na Itália, o evento deu continuidade ao livro Design Italia-no per la Sostenibilitá, editado em 2009 pelo governo italiano.

Etiqueta traz informações sobre material usadoCapellini entrou para o mundo do design sustentável graças a um decreto-lei, elaborado pelo Minis-tério italiano do Meio Ambiente, o qual exige que pelo menos 30% dos produtos comprados por entidades públicas e empresas financiadas pelo Estado sejam fabricados com materiais reciclados. Ao perce-ber que a demanda por este tipo de produto crescia, mas não era acompanhada por sua oferta, o de-signer criou o Remade in Italy, um projeto que visa promover o con-ceito de design sustentável entre as empresas. Além disso, ao perce-ber que as empresas e os próprios consumidores ainda têm muitas dúvidas a respeito dos produtos feitos com materiais reciclados, o designer decidiu usar sua arte para transmitir conhecimento susten-tável à sociedade. 

Agora, todos os produtos cria-dos por Capellini vêm com uma etiqueta informativa, que detalha

os materiais usados na confecção dos objetos e, ainda, o quanto o consumidor está economizando em matéria-prima, gás carbônico, água e energia ao comprar um ar-tigo de design sustentável.

Em 2009, ele participou de al-gumas iniciativas na área do design ecológico, como o projeto “Diálo-go Sustentável Brasil-Itália”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Capellini acredita que o país está crescendo bastante neste setor.

— O Brasil e toda a América Latina estão cada vez mais inte-ressados em novas técnicas de ecodesign. A diferença é que na Europa trabalhamos com o concei-to de ‘reciclagem’, enquanto aqui vocês preferem a ‘reutilização’ dos materiais — o que, inclusive, dimi-nui o consumo — enfatizou.

Diferentemente de anos atrás, quando o designer era quase que apenas um maquiador, que só cui-dava da casca e não do conteúdo, hoje, Capellini tem a obrigação de interagir com os processos indus-triais e propor novas soluções de design que minimizem os efeitos de degradação ambiental da pro-dução.

— Os produtos ambiental-mente sustentáveis respeitam o planeta, não exploram os recursos naturais e possuem um ciclo de vi-da controlado. Estamos numa fase em que consumimos mais do que necessitamos, e isto não é bom pa-ra outras gerações. A Itália, um país de poucos recursos, e o Brasil, que tem muito o que preservar, podem fazer e aprender muito juntos — concluiu.

Etiqueta ecológicaO designer italiano Marco Capellini mostra no Brasil que sustentabilidade combina, e muito, com decoração e beleza

Nathielle Hó

A exposição procurou conscientizar os visitantes, que tiveram acesso a etiquetas informativas com detalhes sobre os materiais usados na fabricação dos objetos

“O Brasil e toda a América Latina

estão cada vez mais interessados em novas técnicas de ecodesign.

A diferença é que na Europa trabalhamos

com o conceito de ‘reciclagem’, enquanto

aqui vocês preferem a ‘reutilização’ dos

materiais — o que, inclusive, diminui o

consumo”, diz Marco Capellini, curador da

mostra Design Italiano para Sustentabilidade

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Moda a doisEm parceria com instituições brasileiras, a italiana Yama-

may, especializada em moda íntima e de praia, lançou um concurso onde estudantes desenvolveram modelos de biquínis e acessórios. O design e as cores foram levados em conside-ração para selecionar os felizardos que farão, em 2012, um estágio de três meses em Gallarate (próximo de Milão) no uffi-cio stile (escritório de estilo). A Faculdade Santa Marcelina e o Instituto Europeu de Desing, ambos de São Paulo, e o Senai CETIQT, do Rio de Janeiro, foram as instituições escolhidas para a competição. Na etapa final, os grandes vencedores pelos melhores croquis foram: Hanna Loureiro, José Emilio Bona-dio, Renata de Mattos Perez, Joanna Barros, Micheline de Souza Pimenta e Nirvana Tuffanelli. A intenção da empresa é estreitar os laços comerciais com o Brasil no mercado da moda.

Cidadania italianaO novo ministro italiano de Cooperação e Integração, An-

drea Riccardi, anunciou que está em estudo uma lei para conceder cidadania aos filhos de estrangeiros nascidos na Itá-lia. O presidente, Giorgio Napolitano, levantou o debate ao classificar de ‘loucura’ e de ‘absurdo’ que as crianças não se-jam consideradas italianas. Existe quase 1 milhão de crianças nessa condição no país. A atual lei sobre a cidadania segue o conceito de Ius Sanguinis, ou seja, o direito de sangue significa que só as crianças nascidas de pai ou mãe naturais da Itá-lia podem ser consideradas cidadãs. Quando completam 18 anos, elas podem pedir a cidadania, mas precisam demons-trar que viveram sempre na Itália desde o nascimento.

Vik Muniz na EmbaixadaA Criação de Adão de Michelangelo Buonarroti recriada e

contornada pelo lixo, exposta em uma galeria barroca projetada por Francesco Borromini com afrescos de Pietro Cortona. Foi assim que o artista plástico Vik Muniz coroou seu sucesso artístico, trazendo para a Itália a exposição Ma-trizes Italianas, com o incentivo do embaixador do Brasil José Viegas Filho. Outra obra inédita de Vik é sobre um Caravaggio: Bacchino malato, ou seja “jovem deus do vinho doente”, uma livre tradução que faz parte da série Pictures of Magazine 2. Nessa coleção, o artista usa retalhos de livros e revistas para recriar as obras. A mostra poderá ser visi-tada gratuitamente até o dia 18 de dezembro, na Galeria Cortona, dentro do Palácio Pamphilj, na sede da Embaixa-da do Brasil, na Piazza Navona, em Roma.

Desfile da LuzA Rua XV de Novembro, em Curitiba, transformou-se em

palco de mais uma atração de Natal na noite do dia pri-meiro de dezembro. A Galeria de Luz, uma instalação com mais de 50 mil lâmpadas, mudou a paisagem do calçadão. O tema é uma homenagem à Itália. O artista italiano Valerio Festi projetou uma sequência de portais luminosos em pers-pectiva. Ele disse que o esquema foi originalmente desenhado por Leonardo da Vinci. A ideia é que, ao longo do passeio, o vi-sitante conheça desenhos que mudem de acordo com o ponto de vista. Mais tarde, 50 artistas e 100 técnicos estrearam o espetáculo Desfile da Luz, com 20 palcos móveis, onde bailari-nos, atores e malabaristas encenaram um espetáculo natalino.

Vence a dupla Brasil-ItáliaA competição demorou cinco meses e a concorrência en-

tre 12 candidatos foi acirrada. Ao final, o Comitê de Organização das Olimpíadas Rio 2016 decidiu que a em-presa italiana Filmmaster Group, em parceira com a bra-sileira Srcom, no consórcio “Cerimônias Cariocas 2016”, vai organizar os principais eventos dos jogos olímpicos em 2016. Eles vão realizar desde o percurso mundial da tocha olímpica até a cerimônia de abertura. A Filmmaster é dirigida por Marco Balich, empresário que já organizou as cerimônias de encerramento das Olimpíadas Invernais de 2002, em Salt Lake City, e das Olimpíadas Invernais de 2006, em Turim. Guiada por Abel Gomes, a Srcom conta com 20 anos de experiência em eventos criativos e com a experiência na organização dos Jogos Mundiais Militares — que aconteceram no Rio de Janeiro, em junho de 2011 — e da cerimônia do lançamento da marca Rio 2016.

Audrey Hepburn e a sua RomaDe outubro a dezembro, Roma

recebeu, no Museu Ara Pacis, a exposição Esterno Giorno – Audrey a Roma, em homenagem à grande estrela do cinema Audrey Hepburn (1929-1993), que viveu na capital italiana por um quarto de século, entre os anos 1960 e 1980. As fo-tos extraídas sobretudo de arquivos jornalísticos, contam momentos im-portantes da vida de Audrey, como a atuação em filmes como Vacanze Ro-mane, o casamento com seu segundo

marido, o médico italiano Andrea Dotti, e o trabalho como Embaixatriz da Unicef, ao qual se dedicou exclusi-vamente nos últimos anos de vida. O objetivo principal da mostra inédita foi reunir fundos para um projeto da Unicef de combate à desnutrição em Chade, na África Central. Em 1994, um ano após sua morte, os dois filhos de Audrey e seu último compa-nheiro fundaram a Fundação Audrey Hepburn para Crianças.

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Ele foi apelidado de Super Mario, o homem encarregado de salvar a Itália da crise. Rapidamente, os italianos lançaram na internet um jogo de videogame com os de-

safios do “Super Mario”. Entre os maiores obstáculos do jogo, o grande herói tenta reduzir a dívida públi-ca do país, que equivale a 120% do Produto Interno Bruto (PIB). Traduzido em cifrões,  são cerca de um trilhão e novecentos bilhões de euros. Sem contar que o crescimento da Itália para 2012 foi estimado pela Organização para a Cooperação Econômica e De-senvolvimento (OCSE) em - 0,5%, ou seja, negativo, e com risco de recessão.

Enquanto os mercados financeiros estavam de olho na estabilidade política italiana, o ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi fazia acrobacias e ba-lançava com os escândalos sexuais e com a Justiça. Acabou caindo da corda bamba e perdeu a maioria na Câmara dos Deputados. Foi então que o presiden-te da República Giorgio Napolitano chamou a pessoa mais indicada para socorrer a nação: o professor Ma-rio Monti.

da pátria?salvadorQuem é o

Chi è il salvatore della patria?O novo governo do professor Mario Monti, cujo estilo sóbrio de circular

em Roma ao lado da esposa contrasta com o do ex-premier Berlusconi, reúne

técnicos para salvar o país da crise

Il nuovo governo del professor Mario Monti, il cui stile sobrio di andare in giro per Roma accanto alla moglie contrasta con quello dell’ex premier Berlusconi, riunisce tecnici per salvare il paese dalla crisi

Gina MarquesDe Roma

L’ uomo incaricato di salvare l’Italia dalla crisi viene chiamato Super Mario. Ra-pidamente gli italiani hanno lanciato in internet un videogioco con le sfide del

“Super Mario”. In uno dei maggiori ostacoli del gioco il grande eroe cerca di ridurre il debito pubblico ita-liano, pari al 120% del Prodotto Interno Lordo (PIL). Tradotto in cifre, ammonta a 1900 miliardi di euro circa. Senza contare che la crescita dell’Italia per il 2012 è stata stimata dall’Organizzazione per la Coo-perazione Economica e lo Sviluppo (OCSE) in – 0,5%, ossia, negativo e con rischio di recessione.

Mentre i mercati finanziari osservavano la sta-bilità politica italiana, l’ex primo ministro Silvio Berlusconi faceva acrobazie e vacillava dovuto agli scandali sessuali e a quelli penali. Alla fine è crollato e ha perso la maggioranza alla Camera dei Deputati. È stato allora che il Presidente della Repubblica Giorgio Napolitano ha chiamato la persona più indicata a soc-correre la nazione: il professor Mario Monti.

L’economista Monti è molto esperiente nel cam-po delle maggiori istituzioni finanziarie mondiali:

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Capa atualidadE

O economista Monti tem experiência em tratar com as maiores instituições financeiras do mundo: atuou várias vezes como comissário da União Euro-peia na área de finanças. Em seu currículo constam estudos com os Prêmios Nobel para a Economia James Tobim e Lawrence Klein. Passou por prestigiosas uni-versidades internacionais, além de ser presidente da Universidade Bocconi de Milão desde 1994. Enfim, uma biografia impecável que conta ainda com uma

grande vantagem: a de não ser um político.Numa Itália onde os políticos não para-

vam de brigar, o único que poderia trazer um pouco de paz seria um tecnocrata.

Após consultar 34 grupos parlamen-tares, desde os pequenos até os grandes partidos, Monti decidiu

formar uma equipe de 16 ministros técnicos e não políticos, sendo que ele

mesmo comanda o gabinete da economia e finanças, ponto

frágil da Itália que ele foi chamado a socorrer.

Apoios de peso O governo Monti recebeu a confiança internacional. Os grandes líderes do mundo rapidamente enviaram-lhe mensagens de congratula-

ções. Afinal, ele é a esperança não só de salvar a Itália, mas principalmen-te o euro e, assim, evitar que o país

seja a primeira peça de um dominó que faria despencar a Europa inteira com

reflexos mundiais.

Ministros com pasta do novo governo da ItáliaMinistri in carica del nuovo Governo Italiano

Giulio Terzi di Sant’Agata

Relações ExterioresAffari Esteri

Anna Maria Cancellieri

InteriorInterno

Paola Severino Justiça

Giustizia

Giampaolo di Paola DefesaDifesa

Renato Balduzzi SaúdeSalute

ha lavorato molte volte come commissario presso l’Unione Europea nell’area di finanze. Nel suo curri-culum risultano momenti di studio con i Premi Nobel per l’Economia James Tobim e Lawrence Klein. Ha lavorato in famose università internazionali, oltre ad essere presidente dell’Università Bocconi, a Mila-no, dal 1994. Insomma, un’impeccabile biografia che inoltre conta su di un altro grande vantaggio: quello di non essere un politico.

In un’Italia in cui i politici non la smettevano di litigare, l’unico che poteva portare un po’ di pace sa-rebbe stato un tecnocrate. Dopo aver consultato 34 gruppi parlamentari, dai piccoli ai grandi partiti, Monti ha deciso di formare un’équipe di 16 ministri tecnici e non politici, ma è lui stesso a guidare il ga-binetto di economia e finanze, visto che è proprio questo il punto fragile dell’Italia che Monti è stato chiamato ad aiutare.

Appoggio di pesoIl governo Monti ha ricevuto messaggi di fiducia internazionali. I grandi leader mondiali gli hanno rapidamente mandato messaggi di congratulazioni. In fondo lui è la speranza non solo di salvare l’Italia, ma specialmente l’euro e, cosí, di evitare che il paese sia il primo pezzo di un domino che farebbe crollare l’intera Europa, con riflessi in tutto il mondo.

  Il nuovo premier ha anche ricevuto l’importante appoggio di uno stato speciale: la Santa Sede. In real-tà il Vaticano non vedeva di buon occhio le peripezie morali di Berlusconi, e l’arrivo di Monti ha causato un certo sollievo tra le autorità ecclesiastiche. Senza con-tare che il professore è cattolico praticante ed è andato immediatamente di persona a salutare Benedetto XVI all’aeroporto per augurargli buon viaggio, prima che il

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O novo primeiro-ministro recebeu também o importante apoio de um Estado especial: a Santa Sé. Na verdade, o Vaticano não via com bons olhos as peripécias morais de Berlusconi e a chegada de Monti causou um certo alívio entre as autoridades eclesiásticas. Sem contar que o professor é católico praticante e não hesitou em ir pessoalmente saudar o Papa Bento XVI no aeroporto e desejar-lhe boa via-gem antes dele partir para o Benin, na África. Além disso, alguns dos novos ministros são católicos, dos quais se destacam o ministro de Cooperação Inter-nacional e Integração, Andrea Riccardi, fundador da associação humanitária  Comunidade de Santo Egí-dio; o ministro da Saúde, Renato Balduzzi, professor da Universidade Católica; e o ministro da Cultura, Lorenzo Ornaghi.

Com a mudança de governo, as sondagens de-monstram que os italianos passaram da depressão à euforia. Segundo uma pesquisa realizada pela empre-sa Demos, de cada 10 italianos, oito aprovam o novo Executivo. O consenso pessoal do novo primeiro-ministro é ainda maior: 85% dos italianos acreditam que Monti é capaz de tirar o país da crise. Como se ele pudesse guiá-los até a Terra Prometida (o cresci-mento econômico e o equilíbrio do balanço), como fez Moisés no Mar Vermelho.   

Ministros sem pasta

ministri senza portafoglio

Corrado Passera Desenvolvimento e

InfraestruturaSviluppo Economico

e Infrastrutture

Mario Catania Políticas AgrícolasPolitiche Agricole

e Forestali

Enzo Moavero Milanesi

Assuntos EuropeusAffari Europei

Piero Gnudi Turismo e EsporteAffari Regionali, Turismo e Sport

Fabrizio Barca Coesão Territorial

Coesione Territoriale

Andrea Riccardi Coop. Intern. e Integração

Coop. Intern. e Integrazione

Piero Giarda Relações com o ParlamentoRapporti con il Parlamento

Corrado Clini Meio Ambiente

Ambiente

Francesco ProfumoEducaçãoIstruzione

Lorenzo OrnaghiCulturaBeni e

Attività Culturali

Elsa Fornero Trabalho e Igualdade

de OportunidadesLavoro e

Pari Opportunità

papa partisse per il Benin, in Africa. Inoltre una par-te dei suoi ministri è cattolica, come il ministro della Cooperazione Internazionale e Integrazione, Andrea Riccardi, fondatore dell’associazione umanitaria Co-munità di Sant’Egidio; il ministro della Salute, Renato Balduzzi, professore dell’Università Cattolica; e il mini-stro per i Beni e le Attività Culturali, Lorenzo Ornaghi.

 Con il cambio di governo, i sondaggi dimostra-no che gli italiani sono passati dalla depressione all’euforia. Secondo una ricerca realizzata dalla De-mos, su 10 italiani 8 approvano il nuovo Esecutivo. Il consenso personale del nuovo premier è ancora maggiore: l’85% degli italiani credono che Monti sia capace di risolvere la crisi del paese. Come se lui po-tesse guidarli fino alla Terra Promessa (la crescita economica e l’equilibrio del bilancio), come fece Mo-sè nel Mar Rosso.

O Vaticano não via com bons olhos as peripécias morais de

Berlusconi e a chegada de Monti causou um certo alívio entre as

autoridades eclesiásticas

Il Vaticano non vedeva di buon occhio le peripezie morali di Berlusconi e l’arrivo di Monti ha causato un certo sollievo tra le autorità ecclesiastiche

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Capa atualidadE

Dentro da Itália, o governo de Mario Monti recebeu uma confiança recorde de 90% dos políticos, exceto da Liga Norte, ex-aliada de Silvio Berlusconi, e de poucos gatos pingados entre os parlamentares. A presidente de Confindustria (Confederação dos Industriais), Em-ma Marcegalia, disse que Monti é a última chance e pediu que os partidos não criem problemas. Os princi-pais sindicatos, CGIL (Confederação Geral Italiana do Trabalho) e CISL (Confederação Italiana dos Sindica-tos dos Trabalhadores) também confirmaram o apoio a Monti nos primeiros dias de governo, mas com res-salvas. Após o anúncio do pacote de medidas no dia 5 de dezembro, no entanto, convocaram paralizações em protesto contra o aperto na previdência social.

 Sacrifício sim, lágrimas e sangue nãoEm sua primeira entrevista coletiva antes de ser con-firmado pelo Parlamento como novo premier, Monti afirmou que a sua equipe sólida de ministros deve durar até abril de 2013, final previsto da legislatura, mas que, sem o apoio dos partidos, renunciará. Sobre o plano de austeridade, comentou:

— Nunca pedi lágrimas e sangue, mas sacrifícios sim.O professor aproveitou a ocasião para explicar

que os desequilíbrios sociais são inaceitáveis e falou da importância de incentivar os jovens, fundamen-tais na construção do país.

— A política deve prestar muita atenção àqueles que vão votar no futuro — comentou. Monti também dedi-cou atenção à participação das mulheres na sociedade.

 Novo estilo de governarDesde a sua nomeação, no último 16 de novembro, Mario Monti está apresentando um novo estilo de go-vernar. Muitos ficaram perplexos quando, num domingo sucessivo à sua nomeação, ele saiu a pé do Palácio Chigi, sede da Presidência do Conselho, acompanhado pela esposa Elsa para ir à missa. Em seguida, foram cami-nhando até um museu para ver uma exposição. Algumas pessoas estavam aguardando para comprar o ingresso. Mario Monti fez a fila e pagou as entradas do seu bolso.

Logo após tomar posse, decidiu que os membros do seu governo deveriam usar carros italianos. Na-da de estranho, considerando que o presidente da França Nicolas Sarkozy só anda de carro francês e a Chanceler da Alemanha Angela Merkel só admite ve-ículos alemães.  

Já com Silvio Berlusconi era diferente. Além de usar um veículo oficial de marca alemã, Roma vivia o barulho contínuo das escoltas e um desfile de carros com vidros fumês ostentando poder e riqueza. Afinal, em 2008, os italianos elegeram um dos homens mais ricos do país e toda a sua “corte” seguia o mesmo estilo de vida.

  In ambito italiano, il governo Mario Monti ha ricevuto una fiducia record dal 90% dei politici, meno che dalla Lega Nord, ex alleata di Silvio Ber-lusconi, e di pochi parlamentari. Il presidente di Confindustria (Confederazione Generale dell’In-dustria Italiana) Emma Marcegaglia ha detto che Monti è l’ultima chance e ha chiesto che i partiti non creino problemi. Anche i principali sindacati, CGIL (Confederazione Generale Italiana del Lavo-ro) e CISL (Confederazione Italiana dei Sindacati dei Lavoratori) hanno confermato il loro appoggio a Monti Monti nei primi giorni di governo, ma con riserve. Infatti, dopo la divulgazione del pacchetto di misure fatta il 5 dicembre, hanno convocato scio-peri per protestare contro i tagli fatti alle pensioni.

Sacrifici sí, lacrime e sangue noNella sua prima conferenza stampa prima di esse-re confermato dal Parlamento come nuovo premier, Monti ha detto che la sua solida équipe di ministri dovrebbe rimanere fino all’aprile 2013, data limite prevista della legislatura, ma che senza l’appoggio dei partiti rinuncerebbe. Parlando del piano di austerità, ha commentato:

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Desde que o reitor da Universidade Comercial Luigi Bocconi foi chamado à dura missão de primei-ro-ministro da Itália, as sirenes dos carros oficiais baixaram o tom. Alguns ficaram perplexos também ao vê-lo entrar na estação ferroviária central em Ro-ma, a Termini, e esperar na plataforma a sua querida esposa Elsa, que chegava com as malas de Milão.

“Sobriedade”, disse Monti aos parlamentares. Quando ele apareceu junto à esposa debruçado em uma das janelas do Palácio Chigi, parecia qualquer inquilino quando muda de casa. O casal Monti de-cidiu viver neste palácio de 10.000 m² com vista para a Praça Colonna, onde está a antiga coluna em homenagem às conquistas do imperador romano Marco Aurélio. Eles vão morar ali até 2013, ou seja, a

— Non ho mai chiesto lacrime e sangue, ma sacrifici sí.Il professore ha sfruttato l’occasione per spie-

gare che gli squilibri sociali sono inammissibili e ha parlato dell’importanza di incentivare i giovani, fon-damentali per la costruzione del paese.

— La politica deve fare più attenzione a coloro che voteranno in futuro — ha detto. Inoltre Monti ha par-lato della partecipazione delle donne nella società.

 Nuovo stile di governoFin dal 16 novembre, giorno della sua nomina, Mario Monti presenta un nuovo stile di governo. In molti sono rimasti perplessi quando, la domenica dopo la sua nomina, è uscito a piedi da Palazzo Chigi, sede della Presidenza del Consiglio insieme alla consorte Elsa per andare a messa. Dopo hanno camminato fino ad un museo per vedere una mostra. C’era gente in fila per comprare gli ingressi. Monti ha fatto la fila e ha pagato i biglietti di propria tasca. Subito dopo l’in-sediamento ha deciso che i membri del suo governo avrebbero dovuto usare auto italiane. Niente di strano se si considera che il presidente della Francia Nicolas Sarkozy, va solo in macchine francesi e la Cancelliera tedesca Angela Merkel ammette solo auto tedesche.

Invece per Silvio Berlusconi era diverso. Oltre ad usare un veicolo ufficiale di marca tedesca, Roma con-viveva con il frastuono continuo delle scorte e una sfilata di macchine coi vetri fumé, sfoggiando pote-re e ricchezza. In fondo, nel 2008 gli italiani avevano eletto uno degli uomini più ricchi del paese e tutta la sua ‘corte’ seguiva lo stesso stile di vita.

Da quando il rettore dell’Università Commercia-le Bocconi di Milano è stato chiamato per la difficile missione di essere il premier italiano, le sirene delle macchine ufficiali sono diminuite. Qualcuno è rima-sto perplesso anche quando l’hanno visto entrare nella stazione centrale di Roma, Termini, e aspettare in una banchina la sua cara consorte Elsa, che arriva-va con i bagagli da Milano. “Sobrietà” ha detto Monti ai parlamentari. Quando si è affacciato insieme alla moglie ad una delle finestre di Palazzo Chigi, sem-brava un qualsiasi inquilino quando trasloca. I Monti hanno deciso di vivere in questo palazzo di 10.000 m² con vista su Piazza Colonna, dove si trova l’antica co-lonna eretta in omaggio alle vittorie dell’imperatore romano Marco Aurelio. Ci vivranno fino al 2013, os-sia, l’attesa durata di questo governo che lui definisce come un “impegno nazionale”.

Desde que o reitor da Universidade Comercial Bocconi de Milão foi

chamado à dura missão de primeiro-ministro da Itália, as sirenes dos

carros oficiais baixaram o tom

Da quando il rettore dell’Università Commerciale Bocconi di Milano è stato chiamato per la difficile missione di essere il premier italiano, le sirene delle macchine ufficiali sono diminuite

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A carreira política de Massimo D’Alema é longa. Ele foi primei-ro-ministro da Itália de outubro

de 1998 a abril de 2000, ministro das Relações Exteriores e vice-presidente do Conselho de Ministros durante o gover-no de Romano Prodi (entre 2006 e 2008). Atualmente é deputado do Partido Demo-crático e preside o Comitê Parlamentar para a Segurança da República (Copasir). Enfim, experiente como uma raposa polí-tica que conhece bem o assunto.

D’Alema recebeu a revista Comunità Italiana na sede da fundação Italianieu-ropei, que ele preside. Trata-se de uma associação que se ocupa da formação de jovens na política. Da janela do seu escritório com vista para a Piazza Far-nese, uma das mais bonitas praças de Roma, na qual o palácio principal abri-ga a embaixada francesa. No encontro, ele aproveitou para enviar saudações ao seu grande amigo, o ex-presidente Lula, com quem esteve no último 19 de ou-tubro em Madri, durante a Conferência Progressista Global. Apesar das dificul-dades, ele lembra que a Itália possui “um rendimento per capita muito elevado  e com uma  riqueza acumulada sete vezes superior ao seu débito”. E afirma que o país não vai falir.

Comunità Italiana - O senhor acre-dita que Mario Monti é a melhor solução para salvar a Itália da crise?Massimo D’Alema - É um passo im-portante porque estávamos em uma condição dramática, com um governo completamente sem credibilidade inter-nacional e incapaz de realizar as reformas necessárias. Claro que é uma situação de emergência. Este é um governo que deve contar com o apoio de todos os parti-dos para fazer as reformas fundamentais para enfrentar a crise e relançar a econo-mia. Depois, virão as eleições. 

CI - O fato de ser um governo composto só por tecnocratas não de-monstra uma falência dos políticos?MA - É claro que existe uma dificulda-de política. O caminho normal seriam as eleições antecipadas, que nós teríamos vencido. Mas, neste momento, é preci-so considerar que o país está passando por uma gravíssima crise e as eleições poderiam fa-zer precipitar a crise financeira. No entanto, foi uma escolha política, pois é o parlamento que deve aprovar o governo. Portanto, foi um ato de res-ponsabilidade política, ou seja,

preferiu-se salvar o país, evitando anteci-par as eleições.

CI - Este governo pode significar uma pausa de reflexão aos partidos?MA - Acredito que sim. Este governo de-ve fazer as reformas necessárias, como a da lei eleitoral e outras reformas para re-duzir os custos da política.

CI - Na Itália, espera-se que Mon-ti salve o país da crise, mas qual é a expectativa dos italianos que vivem no exterior? MA - Os problemas afetam os italianos na Itália. Aqueles que estão no exterior repre-sentam uma fonte para o país. Precisamos reforçar as ligações com os italianos que vi-vem no exterior: é importante para reforçar a nossa economia. O Brasil é um país em crescimento econômico que oferece grandes possibilidades à Itália. Apesar das dificul-

dades, a Itália é um grande país com um rendimento per capita muito elevado e com uma rique-za acumulada sete vezes superior ao seu débito. A mensagem que eu daria aos italianos no exterior é: comprem os títulos de Estado italianos, o rendimento é ótimo, e a Itália não vai falir.

Capa atualidadE

Monti subito dopo che ha cambiato casa è sta-to rapido nel chiedere che restituisssero al Museo delle Terme di Diocleziano, a Roma, il gruppo sta-tutario “Marte e Venere”. Il gruppo marmoreo era stata chiesto in prestito da Berlusconi per dare uno stile, definito dai critici d’arte come “imperialista trash”, al cortile del Palazzo, che il magnata della

tv aveva definito uno “schifo”. Ma bisogna ora sape-re se toglieranno a Marte il pe-ne posticcio che Berlusconi ave-va fatto mettere in un intervento di restauro e che ha causato po-lemiche l’anno scorso.

Monti ha studiato con i gesuiti e forse per questo ha i riflessi rapidi. Quando dei politici del partito Popolo della Libertà (Pdl) hanno minaccia-to di “togliere la spina del governo”, ha chiesto con ironia ai parlamentari che non parlassero di spe-gnere il governo:

— Spero che il governo non sia un rasoio elettri-co né un polmone artificiale, perché il rasoio taglia e il polmone artificiale tiene in vita artificialmente un

esperada duração deste governo que ele define como “empenho nacional”.

Monti, logo depois que se mudou, foi rápido em pedir que devolvessem ao museu das Termas de Dio-cleciano, em Roma, as estátuas “Marte e Vênus”. As esculturas haviam sido emprestadas à residência do premier a pedido de Berlusconi para dar um estilo, defi-nido pelos críticos de arte, de “imperialista trash”, junto ao pátio do palácio que o magnata da televisão definiu como um “asco”. No entanto, é preciso saber se arranca-rão de Marte o pênis que Berlusconi mandou colocar em uma restauração que causou polêmica no ano passado.  

Monti estudou com jesuítas e talvez por isso te-nha reflexos rápidos. Quando alguns políticos do partido Popolo della Libertà (PDL) ameaçaram “tirar a tomada do governo”, ele pediu com ironia aos par-lamentares que não falassem de desligar o governo:

— Espero que o governo não seja um barbeador nem um pulmão artificial, porque o barbeador corta e o pulmão artificial mantém em vida, artificialmente, um organismo que, do contrário, morre — explicou, referin-do-se a uma classe política que teme enfrentar a crise.

O novo premier não aprecia seu antecessor. Em outubro, escreveu uma carta a Berlusconi na qual lhe disse: “Espero que prevaleça no senhor a ambição de devolver à Itália o papel que lhe pertence na Europa, acelerando em silêncio o restabelecimento, a respeito de um sucesso eleitoral a todo custo para a sua parte política, num país cada vez mais populista, destacado

Massimo D’Alema: “A Itália não vai falir”

“Comprem os títulos de Estado

italianos, o rendimento é

ótimo, e a Itália não vai falir”

Massimo D’Alema, político italiano

Mario Monti discutiu medidas econômicas

necessárias para salvar a zona euro com a

chanceler alemã Ângela Merkel e com o presidente

francês Sarkozy

Mario Monti ha discusso misure economiche

necessarie per salvare la zona euro con la

cancelliera tedesca Ângela Merkel e il presidente

francese Sarkozy

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La carriera politica di Massimo D’Alema è lunga. È stato Capo del Governo Italiano dall’otto-

bre del 1998 all’aprile del 2000, Ministro degli Affari Esteri e Vicepresi-dente del Consiglio dei Ministri durante il governo di Romano Prodi (fra il 2006 e il 2008). Attualmente è deputato del Partito Democratico e presiede il Co-mitato Parlamentare per la Sicurezza della Repubblica (Copasir). Insomma, una esperta volpe politica che conosce bene la materia.

D’Alema ha ricevuto la rivista Comu-nità Italiana nella sede della fondazione Italianieuropei, da lui presieduta. Si trat-ta di un’associazione che si occupa della formazione dei giovani in politica. La fine-stra del suo ufficio dà su Piazza Farnese, una delle piazze più belle di Roma, dove Palazzo Farnese ospita l’Ambasciata di Francia. Ha approfittato dell’incontro per inviare i saluti al suo grande amico, l’ex presidente Lula, col quale si è incontrato il 19 ottobre scorso a Madrid durante la Conferenza sul Progresso Globale. Nono-stante le difficoltà ricorda che l’Italia ha “un reddito pro capite molto alto e una ricchezza accumulata sette volte superio-re al suo debito”. E afferma che il paese non fallirà.

Comunità Italiana – Lei pensa che Mario Monti sia la miglior soluzio-ne per salvare l’Italia dalla crisi?Massimo D’Alema - È un passo im-portante perchè ci trovavamo in uma situazione drammatica, con un governo completamente senza credito interna-zionale e incapace di realizzare le riforme necessarie. E’ chiaro che siamo in una situazione di emergenza. Questo è un go-verno che deve contare sull’appoggio di tutti i partiti per fare le riforme fonda-mentali per affrontare la crisi e rilanciare l’economia. Dopo, verranno le elezioni. 

CI – Il fatto di essere un governo composto solo da tecnocrati non dimostra un fallimento dei politici?MA - È chiaro che esiste una difficoltà politica. La strada normale sarebbe sta-to quella di antecipare le elezioni, che noi avremmo vinto. Ma in questo momen-to bisogna tener presente che il paese sta passando per una gravissima crisi e le elezioni potrebbero aggravare la crisi economica. Comunque è stata una scelta politica dato che è il parlamento che deve approva-re il governo. Perciò è stato un atto di responsabilità politica,

ossia si è preferito salvare il paese evitan-do le elezioni anticipate.

CI - Questo governo può significare una pausa di riflessione per i partiti?MA – Penso di sì. Questo governo deve fare le riforme necessarie, come quella per la legge elettorale e altre riforme per ridurre i costi della politica.

CI – In Italia ci si aspetta che Monti salvi il paese dalla crisi, ma qual è l’aspettativa degli ita-liani che vivono all’estero? MA - I problemi toccano gli italiani in Italia. Quelli che stanno all’estero rappre-sentano una fonte per il paese. Dobbiamo rafforzare i legami con gli italiani che vivono all’estero: è importante per raf-forzare la nostra economia. Il Brasile è un paese in crescita economica che offre all’Italia grandi possibilità. Nonostante

le difficoltà l’Italia è un grande paese con un reddito pro capite molto alto e una ricchezza ac-cumulata sette volte superiore al suo debito. Il messaggio che vorrei trasmettere agli italiani all’estero è: comprate i titoli di Stato italiani, il rendimento è ottimo, e l’Italia non fallirà.

Massimo D’Alema: “L’Italia non fallirà”

“Comprate i titoli di Stato

italiani, il rendimento è

ottimo, e l’Italia non fallirà”

Massimo D’Alema, politico italiano

da Europa e talvez visto como responsável de uma fa-lência na integração europeia”.

Enquanto os partidos começavam a brigar por 30 lugares de vice-ministros, Monti foi conversar com os líderes europeus, o presidente da Comissão Europeia José Manuel Barroso, o presidente do Conselho Euro-peu Herman Van Rompuy, além de Nicolas Sarkozy e Angela Merkel.

— A Europa nos pede rigor, e não vice-ministros — explicou.

Na verdade, Monti não ama os políticos dispostos a tudo, só para vencer. No seu discurso no parlamento disse:

— Peço que não me chamem de presidente do Conselho. Continuem me chamando de professor. Os presidentes passam, os professores permanecem.

Mensagem recebida, professor Monti. Super Ma-rio Monti.

organismo che se no muore — ha spiegato riferen-dosi ad una classe politica che ha paura di affrontare la crisi.

Il nuovo premier non apprezza il suo predecesso-re. In ottobre ha scritto una lettera a Berlusconi in cui gli diceva: “Confido, signor presidente, che prevalga in Lei l’ambizione di riportare l’Italia nel ruolo che le appartiene in Europa, accelerando in silenzio il risa-namento, rispetto a quella di un successo elettorale a tutti i costi per la Sua parte politica, ma in un Paese sempre più populista, distaccato dall’Europa e magari visto come responsabile di un fallimento dell’integra-zione europea”.

Mentre i partiti cominciavano a discutere per i 30 posti di vice ministro, Monti è andato a parlare con i leader europei, il presidente della Commissione Europea José Manuel Barroso, il presidente del Con-siglio Europeo Herman Van Rompuy, oltre a Nicolas Sarkozy e Angela Merkel.

— L’Europa ci chiede rigore e non vice ministri — ha detto.

In realtà Monti non ama i politici disposti a tut-to solo per vincere. Nel suo discorso in parlamento ha detto:

— Vi prego non chiamatemi presidente del Consi-glio, continuate a chiamarmi professore. I presidenti passano, i professori restano.

Messaggio ricevuto, professor Monti. Super Ma-rio Monti.

Monti circula por Roma com a esposa Elsa: jeito sóbrio difere do estilo do

ex-premier Berlusconi

Monti va in giro per Roma con la moglie Elsa: comportamento sobrio è

differente dallo stile dell’ex premier Berlusconi

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Page 32: Revista Comunità Italiana Edição 161

O plano de austeridade anunciado pelo pre-mier italiano Mario Monti a três semanas do Natal propõe rigor e exige dos italianos sacrifícios para o crescimento econômico

do país. As medidas — que incluem o endurecimento do sistema de aposentadorias e o aumento dos impo-stos sobre imóveis e veículos — fazem parte do que Monti chamou de Decreto Salva Itália. O documento apresentado ao Parlamento contempla medidas de ajuste de 24 bilhões de euros, além de 10 bilhões de euros em investimentos para promover o crescimento.

Capa atualidadE

O pacote de Natal de Mario MontiEntre as medidas que passam a valer em 2012, estão o aumento da idade mínima

para a aposentadoria e o incremento de impostos sobre automóveis e imóveis

Tra le misure valide dal 2012 in poi ci sono il rialzo dell’età per il pensionamento e tasse su auto e immobili

Aposentadoria: A reforma das aposentadorias a partir de 2012

prevê um aumento do número de anos de contribuição. Atualmente, exige-se 40 anos. No ano que vem, passa a ser 41 para as mulheres e 42 para os homens. Além disso, o

cálculo do valor recebido será feito em função do conjunto da carreira, e não dos últimos salários. A idade de aposentadoria para as mulheres passa de 60 para 62 anos e o dos

homens, de 65 para 66 anos.

Pensioni: La riforma delle pensioni dal 2012 prevede un

aumento del periodo di versamento dei contributi. Finora era di 40

anni. L’anno prossimo diventerà di 40 anni per le donne e 42 per gli uomini. Inoltre il calcolo del valore ricevuto sarà fatto basandosi sul

totale della carriera e non più sugli ultimi stipendi percepiti. L’età del pensionamento per le donne passa

dai 60 ai 62 anni e quella degli uomini dai 65 ai 66 anni.

Il pacco di Natale di Mario Monti

IVA: O imposto incide sobre a despesa ou consumo e

tributa o valor agregado das transações efetuadas pelo contribuinte. Vai aumentar em 2 pontos percentuais a partir do segundo semestre

de 2012. Os 4 bilhões de euros previstos com esta arrecadação seraão destinados a ajudar as famílias, os jovens e as

mulheres.

IVA: L’imposta incide sulla spesa o sul

consumo e tributa il valore aggiunto delle operazioni fatte dal

contribuente. Aumenterà 2 punti percentuali dal secondo semestre del

2012. I 4 miliardi di euro di entrata previsti

saranno destinati ad aiutare le famiglie giovani e le donne.

Províncias: O pacote de cortes no

custo da política consiste em uma

drástica diminuição das desepesas dos Conselhos

provinciais, os quais não poderão contar

com mais de 10 conselheiros. Foram abolidas, ainda, as juntas provinciais.

Province: Il pacchetto di tagli fatti al costo della politica consiste

nell’affrontare una drastica diminuzione

delle spese dei Consigli provinciali,

che non potranno più contare su più di 10 consiglieri. Inoltre

sono stati abolite le giunte provinciali.

Automóveis e barcos: Os carros

de grande cilindrada vão pagar 20

euros por potência superior a 170 kw. Para os barcos de

10 a 12 metros, serão 7 euros por

dia. Já a taxa sobre as embarcações

maiores pode chegar a 150 euros por dia.

Auto: Le auto di grande cilindrata

pagheranno 20 euro per ogni kw di potenza del veicolo superiore

a 170 kw (231 hp). Per le imbarcazioni dai 10 ai 12 metri saranno 7 euro al

giorno. Invece la tassa sulle imbarcazioni più grandi potrà arrivare a 150 euro al giorno.

Limite do uso de cédulas: O governo incluiu

no pacote medidas que restringem o pagamento em espécie “contra a sonegação fiscal”. Propõe-se a proibição

do uso de cédulas para pagar um valor superior a mil

euros. A partir de 2012, os italianos terão que usar mais cartões de crédito e débito,

e cheques para efetuar compras e pagar boletos.

Limite al contante: Il governo include nel pacchetto misure che

limitano il pagamento in contante “contro le frodi

fiscali”. Si propone il divieto dell’uso di contante per

pagare valori superiori ai mille euro. Dal 2012 gli

italiani dovranno usare di più la carta di credito e di

debito e gli assegni per fare acquisti e pagare le bollette.

Gina MarquesDe Roma

L a manovra di austerità annunciata dal pre-mier italiano Mario Monti a tre settimane dal Natale propone rigore e esige dagli ita-liani sacrifici per la crescita ecoomica del

paese. Le misure – che prevedono una stretta delle pensioni e l’aumento delle tasse su auto ed immo-bili – fanno parte di quello che Monti ha chiamato Decreto Salva Italia. Il documento presentato in Par-lamento prevede misure di tagli da 24 miliardi di euro, oltre ai 10 miliardi di euro in investimenti per promuovere la crescita.

32 dezembro 2011 | comunitàitaliana

Page 33: Revista Comunità Italiana Edição 161

O objetivo, segundo o novo governo italiano, é também tentar resolver os desequilíbrios entre as classes sociais por meio da redução de alguns pri-vilégios, apertando o cinto e pisando no acelerador. Monti quer alcançar o equilíbrio orçamentário em 2013, pois os planos de austeridade de 60 bilhões de euros, aprovados em julho e setembro, não serão su-ficientes para atingir a meta, diante da contração da economia italiana. Esta é a quinta reforma econômi-ca pela qual passa a Itália em 2011.

Ao explicar o plano, Monti insistiu no caráter urgente da situação, e lembrou que, há menos de três semanas, recebeu a missão de “ajudar a salvar a Itália” de uma grave crise que “ameaça o que reali-zaram, em 60 anos de sacrifícios, pelo menos quatro gerações de ita-lianos”.

Uma das novidades é que Monti abdicou do seu salário de po-lítico. Consciente do impacto das medidas impostas aos italianos, o ex-professor de econo-mia considerou “um dever renunciar aos salários de presidente do Conselho e ministro de Economia e Finanças”.

A ministra do Trabalho e Igualdade de Oportuni-dades, Elsa Fornero, se comoveu e chorou ao explicar os sacrifícios que serão necessários.

O pacote da manovra contém um “remédio amar-go” para os italianos e inclui o aumento dos anos de contribuição exigidos dos trabalhadores para a aposentadoria e o incremento de impostos sobre au-tomóveis e barcos.

Imóveis: Os impostos sobre a primeira casa

serão na proporção de 4 por mil, mas os municípios poderão elevar ainda mais a

quota, acrescentando 2 por mil. O valor do

cadastro foi reavaliado em 60%.

Casa: L’imposta sulla prima casa

costerà un’aliquota dello 0,4% ma i

comuni potranno aumentare ancora la quota aggiungendo lo 0,2%. Sono anche

stati rivalutati gli estimi del 60%.

Escudo fiscal: Estipula-se a

intervenção de uma alíquota de 1,5% sobre

os capitais reentrados na Itália com o

“escudo fiscal”.

Scudo fiscale: E’ prevista una

“tassa” una tantum dell’1,5%

sui capitali rientrati tramite l’ultimo scudo

fiscale.

La meta, secondo il nuovo governo italiano, è an-che quella di cercare di risolvere gli squilibri tra i ceti sociali grazie alla riduzione di certi privilegi, strin-gendo la cinta e pigiando l’accelleratore. Monti vuole raggiungere l’equilibrio finanziario nel 2012, visto che i piani di austerità di 60 miliardi di euro appro-vati in luglio e settembre non saranno sufficienti per raggiungere la meta, dovuto alla contrazione dell’eco-nomia italiana. Questa è la quinta riforma economica per cui passa l’Italia nel 2011.

Spiegando il piano Monti ha insistito sul carratte-re urgente della situazione ed ha ricordato che, meno

di tre settimane fa, ha ricevuto la missione di “aiutare a salvare l’Italia” da una grave crisi che “minaccia ciò che hanno realizzato, in 60 anni di sacrifici, perlomeno quattro ge-nerazioni di italiani”.

Una delle novità è che Monti ha rinuncia-to al suo stipendio di politico. Consapevole dell’impatto delle mi-

sure imposte agli italiani, l’ex professore di economia ha considerato sia “un dovere rinunciare agli stipendi di presidente del Consiglio e ministro dell’Economia e Finanze”.

Il ministro del Lavoro e Pari Opportunità, Elsa Fornero, si è commossa ed ha pianto mentre spiega-va i sacrifici che saranno necessari.

Il pacchetto della manovra contiene una “medi-cina amara” per gli italiani che include l’aumento degli anni di contributi necessari per il pensiona-mento dei lavoratori e l’aumento di tasse su auto e imbarcazioni.

comunitàitaliana | dezembro 2011 33

Page 34: Revista Comunità Italiana Edição 161

Pai de quatro filhos, com cem expedições, 3.500 escaladas e autor de vários livros sobre al-

pinismo, ele é ainda proprietário de uma cadeia de cinco museus da montanha instalados em cas-telos no Alto Ádige — chamados de MMM, Messner Mountain Museum. Este é Reinhold Mess-ner, nascido no Sul do Tirol. Perto de completar 70 anos, o italiano caminha a passos largos pelas mon-tanhas das Dolomitas.

Não importa o grau de inclina-ção do terreno, o ritmo é o mesmo. O seu fôlego é de sobra. Nele, o cansaço não dá o ar da presença. O alpinista percorre a trilha em si-lêncio e com a intimidade de quem conhece cada metro quadrado de onde pisa. O barulho da respiração, em afã, vem dos pulmões e das na-rinas dos quase 70 “trekkers” que acompanham o grande escalador em retorno à sua origem — as Do-lomitas, que foram, para Messner, o seu ginásio esportivo.

— Já faz uns dez anos que me sinto disponível a dividir as minhas experiências com outras pessoas. E o faço com prazer em eventos co-mo este, o IMS de Bressanone, nos quais posso interagir com grandes grupos. Ao fazer isto na monta-nha, fica muito fácil contar minhas emoções e aventuras — conta. En-quanto ganha tempo pensando nas

questões e recuperando o fôlego, o alpinista admira a paisagem, no Monte Muro, a 2.332 metros de altura.

Para chegar até lá em cima, o grupo acompanhou o es-calador por quase duas horas e meia de subidas e descidas.

— Vim de Gênova. Fiz esta viagem até aqui para conhecer de perto o homem Reinhold Messner. Ele é um ponto de referência para mim. Adora a montanha, assim como o grande Walter Bonatti, que nos deixou pouco tempo atrás. A sua vitalidade e as suas lições de vida me impressionam — diz Enrico Cardillo durante a caminhada que tinha as Dolomitas, do lado do Alto Agide, como companheiras de viagem.

— A mim interessa a aproximação, quando ain-da não sei como serão as coisas. Mas tento me cercar de gente especialista em terrenos que não conheço. E quando chegam pessoas de outro “mundo”, elas me en-sinam como algumas coisas funcionam. Por exemplo, quando fui à Antártica, tive acesso a informações im-portantes para a minha caminhada no gelo — conta Messner. Ainda que, para os seus fãs, Messner seja, ele próprio, uma figura quase extraterrestre.

O primeiro homem a escalar as 14 montanhas mais altas do mundo, sem o auxílio de garrafas de oxigênio, con-fessa, para espanto geral, ser um medroso. E é graças ao medo que está vivo, depois de ver a morte de perto em di-ferentes ocasiões. Em uma delas, sofreu a perda do irmão, Günther Messner, na montanha Nanga Parbat, em 1970.

O medo e a coragem são duas faces da mesma me-dalha, define.

— Se eu não fosse medroso, não estaria vivo. O medo é o aquilo que lhe diz ‘até aqui tudo bem, mais além, não’. Todos nós temos medo. Os me-lhores alpinistas são aqueles que têm medo. Se não fosse assim, não esta-riam vivos. Porque conhecem mais do que os outros os riscos de tudo aquilo que pode ocorrer. O proble-ma maior é quando somos jovens e ainda não temos a experiência pa-ra enfrentar a natureza. A natureza é diferente todos os dias. É caótica, selvagem. Não sabemos como reagi-remos e me interessa descobrir o que ocorre conosco quando nos confron-tamos com a natureza selvagem.

Nascido em 1944, Messner co-meça a viver a sua última grande exploração: a velhice.

— A última aventura de todos nós é a velhice. Uma aventura séria, não fácil, mas muito interessante. Tive a sorte de passar 50, 60 anos na montanha, tendo a sabedoria, os meios e o tempo, algo que consegui obter. A maioria das pessoas faz um trabalho sério e não são como eu, o conquistador do inútil. Elas não têm tempo para passar a vida gi-rando pelas montanhas. Assim, eu posso transmitir um pouco das mi-nhas emoções, da minha vida.

No pico da coragemÍcone do alpinismo, Reinhold Messner conta a jovens escaladores o segredo da coragem que o levou a ser o primeiro homem a subir as 14 montanhas mais altas do mundo

Guilherme AquinoDe Milão

ESportE

34 dezembro 2011 | comunitàitaliana

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Viagem à ItáliaA cerimônia de entrega do 5º Prêmio UFF de Literatu-

ra — que teve como tema Viagem à Itália — aconteceu no dia 5 de dezembro, no Teatro Municipal de Niterói, on-de atores encenaram os contos, as crônicas e as poesias que participaram do concurso. O primeiro lugar de cada cate-goria ganhou um notebook e o Troféu Itapuca, ofertados pela Comunità Italiana e pela Câmara Ítalo-Brasileira de Co-mércio e Indústria do Rio. Uma antologia organizada pela editora da UFF, a Eduff, reuniu as obras dos participantes. O prêmio de melhor crônica foi entregue a Nilson Lattari pelo presidente da Câmara, Pietro Petraglia. A professora da UFF e coordenadora do projeto, Sônia Peçanha, anunciou como melhor poeta Eduardo de Paula Nascimento, enquanto o vencedor na categoria conto foi Newton Novaes Barra Filho.

Branco, vermelho e verdeRadicada no Brasil há 15 anos, a cantora italiana Ma-

falda Minnozzi se apresentou em novembro, em São Paulo, no palco do Bourbon Street, com o show Il Bianco, Il Rosso, Il Verde. O nome do espetáculo faz referência às cores da bandeira tricolore. Minnozzi contou belas histórias e interpretou sucessos próprios e clássicos italianos, além de hits contemporâneos, levando o público a uma viagem sentimental à Itália. O show teve a participação especial do cantor e compositor Rafael Alterio. O público também pô-de conferir a apresentação do novo videoclipe de Mafalda, Con un Sorriso.

Umbria Jazz no BrasilUm dos maiores festivais na Europa, a sexta edição

do Umbria Jazz Brasil trouxe a Brasília e a São Pau-lo o jazzista italiano Ramberto Ciammarughi em três apresentações. Os shows aconteceram em novembro, na Embaixada italiana e na Livraria Cultura do Shopping Igua-temi, em Brasília, com abertura de Pedro Martins e Trio; e em São Paulo, no Bourbon Street, com participação do Swing Samba Combo. Ciammarughi tocou improvisações com base em algumas das mais célebres trilhas sonoras da sétima arte, comovendo o público.

— É uma viagem pela música do cinema, dedicada espe-cialmente aos filmes italianos. O projeto se chama “100 anos de emoções”, porque se refere  aos primeiros cem anos de ci-nema — comentou o organizador do evento Stefano Lazzari.

Realizado há 38 anos na Itália, o evento acontece no Brasil desde 2006, quando a Federação Nacional das As-sociações de Pessoal da Caixa Econômica trouxe o projeto para o país. O festival já passou por Brasília, Curitiba, Ouro Preto, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador.

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36 dezembro 2011 | comunitàitaliana

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No dia 20 de outubro, a estilista italiana Fran-cesca Romana Diana reuniu vips como Carolina Ferraz, Giselle Amaral e João Hen-rique de Orléans e Bragança para comemorar

os cinco anos de sua grife, no Rio de Janeiro. Com 19 franquias espalhadas pelo Brasil e três no exterior, e cons-tando no figurino de novelas globais como O Astro, não faltam motivos para comemorar. Após 20 anos de sucesso com a loja Francesca Romana, ela relançou, em novembro de 2006, suas joias no mercado brasileiro com a marca que leva seu nome completo: Francesca Romana Diana.

A paixão de Francesca pelas pedras brasileiras come-çou na época em que frequentava o curso de Biologia da Universidade de Roma. Durante os estudos sobre fósseis e rochas, surgiu a ideia de conhecer o Brasil, detentor de abundantes jazidas de quartzo. A primeira visita aconteceu em 1986, quando ficou impressionada com o que viu nas reservas de Minas Gerais. Em Roma, tinha um trabalho de meio-expediente, como tantos estudantes universitários italianos, mas a atividade exercida já era a arte da ourive-saria. Quando voltou da viagem pelo Brasil, porém, algo mudou no seu jeito de fabricar colares, pulseiras e brincos: Francesca passou a usar quartzos, ágatas, citrinos e ame-tistas para compor as peças que revendia a lojas romanas.

Algum tempo após o “namoro” com os cristais brasi-leiros, ela tomou a decisão que a traria definitivamente para o solo do Brasil: decidiu abrir seu próprio ateliê no país. Montou sua equipe e passou a vender para grifes como a H. Stern.

— Naquela época, as pedras brasileiras não eram usadas para fazer joias sofisticadas, somente para sou-venir, mesmo no Brasil. Fui pioneira nesse aspecto — conta Francesca Romana Diana à Comunità, em seu ateliê, no bairro carioca de Botafogo.

Parceria com NiemeyerA primeira loja da designer foi inaugurada no Rio, em 1991, em Ipanema, charmoso bairro que recebe muitos

Design preciosoHá duas décadas, Francesca Romana Diana vem lapidando as pedras naturais brasileiras com a elegância do design italiano e dá à luz coleções cheias de glamour que caíram no gosto dos vips

turistas. Suas joias, feitas de modo artesanal — o que garante exclusi-vidade ao comprador — e banhadas a ouro ou a prata, e adornadas com quartzos, ágatas, citrinos, sodalitas, ametistas, amazonitas e jaspe, caí-ram no gosto das elegantes mulheres que passavam pelo local.

A partir daí, a marca se expandiu e cresceu com novas coleções e par-cerias. Uma delas foi estabelecida há três anos com o arquiteto Oscar Niemeyer, a quem procurou e mos-trou seus desenhos e ideias.

— Ele adorou e foi muito recep-tivo. Trocamos sugestões sobre o material — lembra a italiana.

O resultado é uma linha de braceletes e anéis com elegantes

Cintia Salomão Castro

Joias do MiB e CaMpidoglio

O embaixador Gherardo La Francesca entrou em contato com Francesca Romana Diana para que a estilista de-

senhasse uma linha de pulseiras e broches especialmente baseada no logo criado por Washington Olivetto para o Mo-mento Itália-Brasil. Foram feitos 30 braceletes exclusivos, pos-teriormente presenteados pela Embaixada à presidente Dilma

Rousseff, à ex-primeira dama Dona Marisa e à atriz Cristiane Torloni, que usou o bracelete durante o espetáculo Ensaio so-bre a beleza, evento que inaugurou a agenda do MIB no Rio. Já na coleção Michelangelo, o desenho da pavimentação da Pia-zza del Campidoglio é a base para as peças de pedras claras e brincos em formas de mandala, em uma homenagem a Roma.

silhuetas estampando as linhas ar-quitetônicas de Brasília.

De outra parceria, desta vez com a pintora Lelli de Orleans e Bragança, nasceu uma coleção de delicados braceletes com paisagens tropicais da fauna e flora brasilei-ras do século XIX.

Francesca é também a designer que assina as peças dedicadas ao Momento Itália-Brasil, a extensa agenda de eventos culturais, gastro-nômicos e comerciais que acontece até junho de 2012. E ela quer con-tinuar sua expansão pelo país, sem esquecer-se de realizar o sonho de ser representada em sua terra natal.

— Quero lançar novas linhas e abrir mais lojas no Brasil. E procuro um franqueado na Itália. Meu sonho é abrir uma loja em Milão — avisa.

Semi-preciosas não, preciosas sim Curadora do livro Pedras preciosas, Francesca continua pesquisando o uso das pedras ao longo da histó-ria, desde a antiguidade aos dias de hoje. Os minerais encontrados no Brasil, como ametistas, jaspes, sodalitas e citrinos, são conhecidos como pedras “semi-preciosas”, mas Francesa Romana Diana não gosta de usar o termo.

— Para mim, estas são todas pedras preciosas. Os ingleses cha-mavam de semi-preciosas as rochas que não eram localizadas em suas colônias — afirma.

Após 22 anos morando no Bra-sil, a designer de origem napolitana não pensa em voltar para a Itália. E a beleza é o motivo principal de sua escolha pelo Rio de Janeiro como cidade para viver.

— É uma cidade que me dá inspi-ração para criar. O que mais abastece o processo de criação é a beleza.

Sobre as propriedades ener-géticas e curativas popularmente atribuídas, há séculos, às diver-sas espécies de rochas, a italiana comenta que, apesar de não ser especialista no assunto, tem a cer-teza de que as pedras que a cercam lhe “dão muita energia por conta da vibração que emanam”.

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Após passar por São Pau-lo e Porto Alegre com sucesso, a programa-ção brasileira do Italia

comes to you foi encerrada em alto estilo no Rio de Janeiro, onde a se-de Consulado italiano abrigou as atrações que incluíram exposições de arte e um jantar de gala ofereci-do no dia 16 de novembro.

Com a crise econômica euro-peia, a tendência é que a Itália aposte cada vez mais fichas nos turistas provenientes dos países emergentes, contou à Comunità o diretor da agência italiana de turis-mo para a América Latina, a Enit, Salvatore Costanzo.

— O turismo tende a auxiliar no incremento de outras áreas. Estimu-la outros setores da economia, como o comércio e a indústria — ressalta.

Atenta aos “países que estão levando pra frente a economia mun-dial”, conforme lembrou Roberto Rocca, diretor do Departamento de Turismo do governo italiano, a Itália está investindo nos visitantes que partem do Brasil, da Rússia, da Índia e da China para conhecer cidades co-mo Florença, Roma, Veneza e Pisa.

— O projeto no qual mais acre-ditamos é esse do Brasil, onde o

turismo já representa potencialmente um grande cres-cimento. E esperamos não apenas que mais brasileiros conheçam as cidades italianas, mas também quere-mos incrementar a fratellanza entre os dois países. Há muitos italianos no Brasil, que querem conhecer suas raízes — frisou Rocca, durante o jantar de gala que reuniu convidados como o diretor do Instituto Italiano de Cultura, Rubens Piovano; a diretora do Teatro Mu-nicipal do Rio, Carla Camurati; a cantora Miúcha; e o empresário Rodolfo Teichner.

Incentivos continuarãoO governo de Mario Monti procurará dar continui-dade à política de incentivo ao projeto Italia comes to you, cujo objetivo é consolidar a Itália enquanto me-ta turística nos países dos Brics. O programa começou durante a gestão da ex-ministra Michela Brambilla (do governo Berlusconi), já percorreu cidades chinesas (Cantão, Shangai e Pequim) e russas (Moscou, São Pe-terburgo e Ekaterinburgo), e chegará à Índia em 2012. O turismo representa 12% do PIB italiano, lembraram as autoridades italianas.

Durante seu pronunciamen-to, o cônsul italiano no Rio, Mario Panaro, ressaltou o papel do Enit e do Instituto Italiano de Cultura na promoção do turismo italiano jun-to aos brasileiros.

Arte inspirada na ItáliaO evento incluiu uma exposição de pinturas e esculturas de artistas brasileiros que percorreram cidades da Itália e colheram inspiração do que viram. Os trabalhos refletem os olhares únicos de cada um dos dez artistas sobre a Itália, entre textos, esculturas e pinturas de Ziraldo, An-dré Filur, Antonio Peticov, Caciporé Torres, Claudio Tozzi, Ding Musa, Franco Cava, Hô Monteiro, Rodrigo Erib e Zélio Alvez Pinto.

O público também pôde con-ferir gratuitamente uma obra do Renascimento: o Cupido, de Guglielmo della Porta, artista discípulo de Michelangelo. A es-cultura feita com técnica de bronze fundido com cera persa pertence à coleção Farnese, do Museu de Ca-podimonte, de Nápoles.

O turismo enogastronômico, ponto forte das regiões italianas, não ficou de fora: uma degustação de trufas, harmonizada com vinhos da região de Abruzzo, aconteceu no dia 18 de novembro. O sommelier Ale-xandre Furniel escolheu os vinhos brancos (prebiano), rosês (cerasuo-lo) e os tintos leves e encorpados (da uva montepurciano) oferecidos ao público que se inscreveu pre-viamente para a ocasião. A música ficou por conta do ítalo-brasileiro Franco Cava que, acompanhado de banda, interpretou a canção de sua autoria, Mediterralia, composta es-pecialmente para o projeto, durante o jantar do dia 16.

A Itália para os BricsAutoridades italianas encerram etapa brasileira do Italia comes to you no Rio e destacam a importância dos turistas provenientes dos países que estão levando a economia mundial “para a frente”

Cintia Salomão Castro

O presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Indústria e Comércio do Rio, Pietro Petraglia; o cônsul da Itália no Rio, Mario Panaro; a diretora do

Theatro Municipal, Carla Camurati; e o diretor do Instituto Italiano de Cultura, Rubens Piovano, durante o coquetel realizado no Italia comes to you

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Um arquipélago de ex-posições transforma oito museus e teatros em “ilhas” conecta-

das entre si pela arte e, ao mesmo tempo, espalhadas pela Itália, de norte a sul. O projeto faz parte das comemorações dos 150 anos da Unificação italiana e conse-gue, através da expressão artística — pobre no material e rica na cria-tividade — unir as cidades de Bari a Turim, passando por Roma, Bolo-nha, Bérgamo, Nápoles e Milão. A grande mostra recebeu o nome de Arte Pobre, termo criado pelo crí-tico e histórico Germano Celant, em 1967, durante uma exposição em Gênova e, não por acaso, cura-dor desta megaexposição. O termo foi usado para definir os trabalhos artísticos que rompem com tradi-ções, ignoram as fronteiras de um território natural e artificial, cor-poral e mecânico e, acima de tudo, resgatam elementos originais, co-mo o ferro, a madeira e a terra.

O visitante pode conferir mais de 200 peças de artistas que vão de Giovanni Anselmo a Giuseppe

Penone, Pino Pascali a Alighinero Boetti, Andy Warhol a John Baldes-sari, passando por Mario e Marisa Merz, Michelangelo Pistoletto e Gilberto Zorio. A mostra cobre um arco de tempo que vai de 1967 até 2011. Fundações, museus, galerias e colecionistas privados empres-taram obras para a exposição, que acontece no Museu da Triennale, em Milão, templo máximo do de-sign italiano.

O percurso convida o visitante a refletir e a interagir com obras, aparentemente, simples, cruas e nuas. Os cúmulos de pedras, e os

pedaços de carvão e de telas em es-tado bruto compõem as instalações de Jannis Kounnelis. Portas mura-das e uma sequência de superfícies metálicas, atravessadas por flores e velas, algodão e ferro, refletem a busca pela imortalização do tempo e dos gestos primitivos.

A meta de encontrar o “objeto de menos”, combustível do príncipio e força motriz deste movimento, obriga aos artistas a apoderarem-se de tudo ao redor. Naquela época, a luz de neón, os tubos florescentes e os fios de nylon eram novidades. Os adeptos do movimento não per-deram tempo em descobrir outras utilidades para tais materiais. As-sim, um guarda-chuva apoiado no chão e transpassado por uma lâm-pada de neón serve de modelo para a representação da ação da queda de um raio.

Uma das obras de maior im-pacto é o iglu de Mario Merz, feito de estilhaços de vidro, lascas de madeira e pedaços de ferro. Os adeptos do movimento não per-deram tempo em descobrir outras utilidades para tais materiais. A forma de casas dos esquimós tra-duz a ideia de adaptação. Ali, uma grande mesa em espiral serve de “ voz” para o artista denunciar a pos-sibilidade da coexistência de dois mundos distantes, assim como o dramático confronto entre estas duas realidades, representadas pe-lo artesanado e pela indústria.

— O que nós tentamos fazer, com a cumplicidade dos artistas e das instituições culturais, foi dar uma dimensão internacional. Assim, seria possível dar um “res-piro” para a Itália, como aconteceu com o movimento do futurismo, que marcou a modernidade no mundo — explicou o curador Ger-mano Celant.

A “arte pobre”, ao contrário do que afirmam alguns críticos, criou um filão que ainda hoje faz a história e a performance da ar-te contemporânea. Como negar a influência de artistas como Pisto-netto que, na Bienal de Artes de Veneza, encantou o mundo ao des-truir, com um martelo, os espelhos da sua obra de arte? Com a respos-ta, os visitantes e sonhadores em descobrir na pobreza absoluta dos materiais a riqueza das ideias e das mensagens. Um exercício de tena-cidade, paciência, sensibilidade e, claro, ironia, muita ironia.

A exposição Arte Povera 1967-2011 vai até 29 de janeiro, na Triennale de Milão.

Pobre arte ricaExposição em Milão faz um retrospecto do movimento da chamada arte pobre, que produz ricas e criativas obras com material como pedras, carvão e pedaços de ferro

Guilherme AquinoDe Milão

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è diventato un foro privilegiato per la divulgazione delle ricerche dei suoi soci e uno strumento effica-ce per avere un quadro aggiornato degli studi di italianistica e delle di-verse metodologie adottate.

— Agli inizi eravamo un piccolo gruppo di professori, una trentina, che venivano soprattutto da Sal-vador, Fortaleza, Rio de Janeiro e San Paolo. Adesso siamo più di 150 docenti, la maggior parte professo-ri universitari, però ci sono anche insegnanti di scuole private o di corsi liberi di italiano. Non c’è una discriminazione: chiunque insegni italiano, dimostrando che ha que-sta funzione, può associarsi — ha sottolineato Porru, romano di ori-gini sarde che insegna a Salvador da 36 anni.

Alla fine dell’assemblea generale è stato deciso un nuovo direttivo. Mauro Porru, presidente dal 2005 e Flora De Paoli, vicepresidente, hanno lasciato il timone a Lu-cia Sgobaro Zanette, fiorentina e docen-te all’Universidade Federal do Paraná (UF-

PR) e a Fabiano Dalla Bona, di Curitiba, ma di

famiglia italiana e attualmente do-cente di italiano all’ UFRJ.

— Noi adesso siamo in una situazione più comoda perché pos-siamo chiedere, aiutare, ma non dobbiamo più portare la bandie-ra. Adesso è giunto il momento di

Nel 2000 i soci dell’ABPI si era-no ritrovati nel planalto central in occasione del ventesimo anni-versario dell’Associazione, ma era stato un evento minore.

— Da allora non abbiamo tro-vato grandi cambiamenti a livello di struttura, perché non sono sta-ti introdotti corsi nuovi all’ UnB; mentre abbiamo notato un au-mento di interesse da parte degli studenti, ma l’università finora non si è attrezzata per rispondere a que-sta necessità — ha dichiarato Flora De Paoli Faria, direttrice del Centro di Lettere e Arte all’Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

L’ABPI è stata fondata nel 1980 dalla professoressa Gina Magnavita Galeffi e da Romano Galeffi a Salva-dor. Da allora il convegno dell’ABPI

Più di 150 partecipanti, inclusi docenti e studen-ti hanno preso parte al XIV Congresso dell’As-

sociazione Brasiliana Professori di Italiano (ABPI) che si è svolto a no-vembre a Brasília.

— La scelta della città non è stata casuale — ha spiegato il socio fonda-tore, Mario Porru. All’Università di Brasília (UnB) manca infatti una cat-tedra di italianistica, la prima cosa che chiedono le istituzioni sono i numeri e a Brasília c’è una richiesta significati-va, che non possono ignorare. Inoltre è stata scelta questa sede anche in funzione dei 150 anni dell’Unità d’Italia, che è stato uno dei temi trat-tati durante le conferenze e anche del Momento Italia-Brasile (MIB).

Per espandere la lingua di DanteL’Associazione Brasiliana Professori di Italiano dedica il suo XIV Congresso all’Unità d’Italia. Comunità intervista il comitato direttivo uscente per parlare delle sfide dell’insegnamento dell’italiano in Brasile

EduCazionE

Stefania PelusiDe Brasília

Il socio fondatore dell’Associazione

Brasiliana di Professori di Italiano,

Mauro Porru

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passare la bandiera ai giovani. Per questo come immagine della nostra locandina è stata scelto il quadro di Domenico Induno “Donne che con-fezionano la bandiera Tricolore”. Noi abbiamo insegnato a cucire la bandiera, adesso tocca a loro portar-la — ha commentato con un tenero sorriso la prof.ssa De Paoli, nata in provincia di Cosenza e trasferita-si in Brasile con la famiglia quando aveva 3 anni.

Nuovi progetti per espandere l’italianoIl nuovo vice presidente, Fabia-no Dalla Bona, ha dichiarato che tra i progetti futuri ci sarà quello di continuare il lavoro avviato dal comitato anteriore, nel senso di portare l’italiano anche nei posti in cui la presenza di questa lingua è discreta o addirittura inesisten-te, come nel caso di Belém, capitale dello stato del Pará.

— L’ultimo convegno dell’ABPI, nel 2009, si è svolto a Belém, ed il discorso inaugurale è stato pre-sieduto dalla presidente dell’ Accademia della Crusca, Nicoletta Maraschio, che insegna Storia del-la Lingua all’Università di Firenze ed è la prima donna ad ottenere questo prestigioso incarico — ha spiegato l’ex presidente dell’ABPI.

— A Belém abbiamo creato la possibilità di avere un professore d’italiano all’università. Attraverso l’ambasciata che ha pagato un do-cente per un mese e mezzo, è stato possibile creare un sistema intensivo ed è stata una presenza abbastanza consistente sia nel corso di laurea che nella post-laurea. Si deve lancia-re il seme, poi quello che verrà dopo non possiamo indovinarlo, ma noi speriamo bene — ha raccontato con molta euforia De Paoli.

La funzione principale dell’ABPI è quella di congregare tutti i pro-fessori a livello nazionale, anche usando le nuove tecnologie, in maniera da rendere la comunica-zione e la divulgazione di notizie ed eventi più immediata in un pa-ese in cui le distanze sono enormi. Uno degli obiettivi che si prefigge la nuova presidente dell’associazio-ne è appunto quello di mantenere uniti tutti i docenti di italiano spar-si per il Brasile per lavorare insieme in maniera collaborativa. Tra le difficoltà segnala i finanziamenti, dovuti anche alla forte crisi che sta affrontando l’Italia:

— Quello che ci aiuta è che il Brasile è in un momento di espan-sione e di progresso e si interessa

all’italiano; inoltre c’ è un’accetta-zione affettuosa del popolo italiano qui e questo aiuta il nostro lavoro.

Della stessa opinione anche la docente De Paoli, che afferma che il governo brasiliano investe molto nell’insegnamento della lingua italia-na, di più rispetto al governo italiano.

— Esistono degli istituti di ricer-ca brasiliani che concedono borse di studio a chi studia l’italiano. Il nostro evento è stato finanziato in gran parte dalla CAPES, che è un organo del governo brasiliano che appoggia la formazione dei docenti — ha sottolineato.

Ogni due anni l’ABPI organizza un congresso nazionale, il prossimo sarà a Vitória, capitale dello stato di Espírito Santo. Occasionalmen-te, nel periodo tra i congressi, ci sono degli incontri minori che ven-gono chiamati incontri regionali. Il prossimo si terrà a Londrina, nel nord del Paraná, per risolvere una “situazione urgente”.

I corsi a livello di post-laurea, master e dottorato in italianistica, sono stati creati prima a Rio de Ja-neiro all’UFRJ e successivamente a San Paolo, che ha offerto per molti anni il master e recentemente ha aperto anche il dottorato. In Brasi-le sono 15 le università, federali e statali, ad offrire il corso di laurea

in italiano. All’UnB esiste la disci-plina nel corso di lettere, ma non esiste una laurea specifica.

— L’italiano oggi dentro la so-cietà brasiliana occupa dei posti importanti e può decidere delle co-se, può aiutare in questo processo di espansione, ma è sempre neces-sario trovare e aprire più spazi per la crescita di questa lingua — ha sottolineato la dottoressa De Paoli.

In generale, sostengono i quat-tro intervistati, la richiesta di studiare l’italiano è in costante aumento: l’italiano è sempre più in crescita quantitativamente e

qualitativamente. Adesso i pro-fessori dell’ABPI sono in grado di diventare formatori di formatori, grazie alle loro specializzazioni e ai dottorati.

— Ad esempio, adesso stia-mo organizzando dei corsi di aggiornamento per i professori, mentre prima venivano direttamen-te impacchettati dall’Italia — ha specificato Mauro Porru.

— I nostri colleghi produco-no delle grammatiche, dei libri, dei risultati di ricerche perché so-no loro che conoscono la realtà dello studente brasiliano e quin-di sono in grado di trovare delle strategie di insegnamento riguar-do la fonetica, sanno quali sono i principali ostacoli per i lusofoni brasiliani e spiegano come supe-rarli — ha spiegato il presidente uscente dell’ABPI.

Tra i progetti futuri del nuovo comitato direttivo: continuare ad espandere l’insegnamento della lin-gua di Dante, non solo all’università, ma anche nelle scuole elementari e medie, statali e pubbliche.

— È un lavoro che stiamo fa-cendo da anni e continueremo a fare — ha concluso Zanette.

I nuovi direttori dell’ABPI insieme a

quegli uscenti

“L’italiano oggi dentro la società brasiliana occupa dei posti importanti e può decidere delle cose, ma è sempre necessario aprire più spazi per la crescita di questa lingua”Flora De Paoli, dottoressa

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T orna Miucha, la regina della bossa nova a Roma. Assim anunciavam nos jornais ita-lianos, pouco antes do concerto marcado para o dia 30 de novembro. Faltavam

quarenta e oito horas para o embarque, e Miúcha es-tava radiante. A apresentação única no The Place tinha um significado particular, e não apenas por ser o dia do aniversário da cantora, que ela fazia questão de co-memorar na capital italiana. Também porque Roma é uma cidade especial para os Buarque de Hollanda, contou à Comunità a primogênita dos sete filhos do casal Sérgio e Maria Amélia. Ali, junto com os seis ir-mãos, incluindo Chico, ela morou nos anos 1950, uma época que “pegava fogo”. Havia os filmes de Fellini, que causavam sensação, e Vinicius de Moraes can-tando pelos bares. Foi em uma noite daquelas que ela cantou ao microfone pela primeira vez, puxada pelo poetinha. Tudo isso antes de conhecer, em Paris, João Gilberto, com quem teve a filha Bebel. Miúcha lembra, com precisão, o percurso da época em que es-tudava belas artes, recém saída do segundo grau. “O meu caminho era esse: eu descia pela Piazza Barberi-ni, andava em via Sistina, descia as scalinate de Piazza di Spagna, passava por via Condotti e via del Corso, e entrava em via di Ripetta”. Percurso esse que ela, Heloísa Maria Buarque de Hollanda, prometeu revi-ver em 2011. Sem esquecer de matar as saudades das trufas brancas, maravilha gastronômica típica da Itá-lia que conheceu nos restaurantes romanos e que até hoje lhe arranca suspiros.

Comunità Italiana - Sua fa-mília possui uma história na Itália. Seu pai, o historiador Sérgio Buarque de Hollan-da, morou em Roma nos anos 1950. Quais são as suas lembranças dessa época? Miúcha - Meu pai foi convidado para ser uma espécie de adido cul-tural na Embaixada brasileira. Ele dava aulas de Estudos Brasileiros na Universidade de Roma. Somos sete filhos, e fomos todos para lá. Só eu que fiquei, no início, no Rio, pois es-tava terminando o ginásio. Mas fui no final de 1954, quando eles já es-tavam há quase um ano. Voltamos em 1955. Fiquei ao todo um ano e pouco em Roma, enquanto os ou-tros ficaram mais de dois anos.

Nós todos temos uma lembran-ça de Roma como de um tempo maravilhoso. O Chico (Buarque), mesmo quando se exilou, procurou Roma para ficar.

Lembro até hoje do endereço. Morávamos na Via San Marino 12, no bairro Nomentano, perto de via-le Gorizia. Os meninos foram para uma escola americana e aprenderam inglês. Eu tinha terminado o giná-sio, e fui para um curso de história da arte, que era maravilhoso. Eram

freiras dominicanas (mamãe era chegada numa igreja), francesas. Foi bom para eu desembaraçar o francês. Naquela época, a cultura era muito europeia; o inglês não contava muito.

CI- Como foi a experiência com as artes plásticas?M - Eu gostava de desenhar. Estudei na Academia delle Belle Arti, e tive um professor particular que me deu as primeiras noções de desenho. Não fiz estudos formais, porém esse percurso me abriu muito a cabeça. Mais tarde, ganhei uma bolsa para estudar história da arte em Paris, na Sorbonne e no Museu do Louvre. Fiquei deslumbrada com negócio de arte. E mamãe gostava muito. Ela fazia questão de nos levar aos mu-seus para falar de história da arte, em Florença, Siena, Assis.

O maior impacto da época na Itália foi esse lado artístico e essa coisa depois da fotografia. Roma é um museu ao ar livre e tem aquela coisa bagunçada e maravilhosa que faz com que você saia de monu-mentos greco-romanos para entrar em edifícios barrocos e, desvairado, se depara com construções floren-tinas. Cada um de nós ganhou um mapa de Roma. Todos os lugares

Miúcharegina di roma,

reencontra a cidade eterna

Em entrevista exclusiva, a cantora que participou do nascimento da bossa nova conta por que escolheu Roma para comemorar seu aniversário com um concerto especial e relembra histórias

vividas na Itália ao lado de Vinicius de Moraes, como a primeira vez em que cantou ao microfone

Cintia Salomão Castro

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que visitávamos, riscávamos. Meu irmão Álvaro voltou com o mapa todo riscado.

Apesar de morar com meus pais, ia e voltava da escola sozinha, fazia passeios incríveis. No Brasil, eu era muito presa em casa e vivia fora de órbita, mas, em Roma, eu tinha es-sa liberdade. Era uma outra cabeça.

CI - Como era o clima em Roma nessa época, em me-ados dos anos 50?M - Cheguei em uma época que pega-va fogo. Lembro dos filmes de Fellini, de ter ido ao Cinecittà. Os amigos dos meus pais estudavam cinema. Íamos com eles assistir aos filmes.

Houve o crime de Wilma Mon-tese, um assassinato sério que chocou Roma. Envolveu o filho (Piero Piccioni) de um ministro (Attilio Piccioni), que era um pia-nista de jazz, e até um marquês (Ugo Montagna). Papai adorava es-sa história, e foi nela que Fellini se inspirou para fazer a Dolce Vita. Era maravilhoso você saber das coisas e depois vê-las no cinema.

Quem sempre ia lá em casa era o Vinicius (de Moraes). Naquele perí-odo, ele servia como diplomata em Paris. Pegava o trem e ia até Roma. Havia um grupo grande de amigos do meu pai. Eles fizeram amizade com pessoas como Giuseppe Un-garetti, um grande poeta que ficou amigo da turma toda e fez algumas traduções de Vinicius. Lembro de Vinicius, que adorava um bar. Ele chegava no bar Excelsior e telefo-nava lá pra casa, dizendo “Sérgio vem pra cá, estou aqui com Irene Papas” (uma lindíssima atriz grega) e mamãe olhava “assim”... (risos).

CI- Era muito diferente da Roma de hoje?M - Está tudo tão cheio de gente! Essa é a impressão que eu tenho. Eu ficava esquentando ao sol, nas scali-nate (escadarias), porque a aula era de manhã cedo. Mas não tinha essa gente toda, essa loucura de hoje!

Lembro de ter levado minha filha Bebel, a Florença, passamos

pela Ponte del Vecchio, e só havia turistas canadenses, suecos, loiros de três metros de altura, nem conseguí-amos olhar a paisagem (risos). Nos anos 50, era outra coisa, é impressionante.

CI - O show em que você cantou com Tom, Vinicius e Toquinho, em 1978, na Itália, depois de ter passado pelo Brasil, é conside-rado antológico...M - Esse foi um show muito especial, porque foi o re-encontro do Tom com Vinicius: uma dupla que lançou a nossa música brasileira. Uma grande parte dos músicos se projetou com composições deles. Tenho lembranças maravilhosas desse show na Itália. Fizemos no Sistina (Roma), em Milão, em Bolonha, em Prati. Foram 15 dias em Roma retomando aquele percurso que eu fazia nos anos 1950. O Toquinho, que estava na turnê, nunca pa-rou de tocar na Itália, é queridíssimo lá, e é um oriundo.

CI - Como foi o convívio com Vinicius e a in-fluência dele na sua carreira?M - Vinicius frequentava muito a nossa casa. Ele era mui-to amigo do meu pai antes mesmo do meu nascimento, e até antes dele se casar. Meu pai sempre gostou muito de música e tocava piano, mas nunca estudou a sério. Tentava tocar bossa nova, mas você tinha que ver que de-sastre, ele tocava com o ritmo do maxixe (risos). Lembro de quando eu era pequena, do Vinicius lá em casa. Acho que foi ele quem nos deu a ideia do que era um compo-sitor. Contava histórias sobre Noel Rosa, por exemplo. Começávamos a fazer música lá em casa, com meu pai. Eu fazia de brincadeira, e o Chico fazia música. Era uma coisa muito lúdica. Era uma festa quando Vinicius ia lá em casa, pois podíamos dormir mais tarde. Ouvíamos e aprendíamos muita coisa. Foi ele quem me ensinou as primeiras posições de violão, que depois eu passei para o Chico. A primeira vez em que cantei ao microfone foi em

Roma, por causa do Vinicius. Fomos a um restaurante chamado Osteria dell’Orso, e havia um bar chamado Il Bar. Era o tempo das trufas bran-cas. Foi uma noite com meus pais. Por ser a filha mais velha, eles me davam alguns privilégios, e aquela foi a primeira vez em que comi trufas brancas... E até hoje me enlouquece o fato de comer trufas brancas! No fim do jantar, veio o recado que Vi-nicius estava nos esperando no bar, e para lá fomos. O pianista já sabia tocar algumas canções do Vinicius, como Medo de amar. Ele estava can-tando, e me deu o microfone. Então, eu cantei, fiquei emocionadíssima... Meu pai estava adorando, e mamãe não achava a menor graça (risos). Vinicius e meu pai são as duas pes-soas que conheci que mais souberam cultivar amizade. Outra pessoa mui-to querida da qual lembro é o Sergio Bardotti, que fez várias traduções de Vinicius e a parte italiana de Os Saltimbancos. Era um grande ami-go de nós todos e morreu em 2007. Sergio nos levava para fazer pas-seios gastronômicos, nos arredores de Roma, durante os quais cada lu-gar era uma coisa de doido. Havia pousadas incríveis em castelos, com comidas e bebidas inimagináveis, naquelas cidadezinhas medievais. Há uma música de Vinicius e Toqui-nho que eu vou cantar no show. La Voglia, la pazzia fez mais sucesso na Itália do que no Brasil, e a tradução é do Bardotti. Essa canção já foi canta-da por muita gente na Itália, como a cantora Ornella Vanoni.

CI - E como surgiu a ideia desse show do dia 30?M - Será uma apresentação única em um lugar chamado The Place. Eu deci-di passar meu aniversário, no dia 30 de novembro, em Roma. O produtor italiano Max de Tommasi era consi-derado quase como um filho pela tia Lea Millon, uma empresária artística que trabalhou com Caetano e Gil, fa-lecida neste ano. Fui com ela a Roma

EntrEviSta

Miúcha com Vinicius, Tom e Toquinho: cenas do show antológico que percorreu cidades italianas em 1978

A primeira vez em que cantei ao microfone foi em Roma, por causa do Vinicius. Ele estava

cantando em um bar e me deu o microfone. Então, eu cantei,

fiquei emocionadíssima... Vinicius e meu pai são as duas pessoas que conheci que mais

souberam cultivar amizade

No Brasil, eu era muito presa em casa e vivia

fora de órbita, mas, em Roma, eu tinha essa liberdade. Era uma

outra cabeça

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Page 45: Revista Comunità Italiana Edição 161

há três anos. Ela tinha paixão por Ro-ma. Certa vez, tia Lea disse ao Max: “Vou te pedir uma coisa. Quando eu morrer, quero que você jogue minhas cinzas em Roma”. Então, quando ela morreu, em abril, os amigos se junta-ram e fizeram um roteiro para jogar suas cinzas nos lugares de que mais gostava. Eles lançaram em praças, restaurantes, na piazza Fontana. En-tão, eu entrei numa de pensar: não quero voltar a Roma de cinzas não, quero agora mesmo, e na época das trufas (risos)!

Quando fui ver minhas milhas, vi que não dava para pagar um voo na executiva, e o hotel onde eu queria fi-car tinha triplicado o preço! Aí pintou essa história de fazer um show, e me chamaram para uma apresentação em um lugar pequeno, mas dá para cobrir os gastos da viagem. O produ-tor é o Gianni Ciuffini, casado com uma brasileira, a Janete. Eles produ-ziram o espetáculo Brasil Memórias, uma homenagem ao Tom, durante o qual cantei em um dia, e Toquinho em outro. Os ensaios serão com Ed Palermo, um guitarrista italiano que fez vários trabalhos com artistas bra-sileiros. Ele já gravou com Menescal, e me foi sugerido pelo Max.

Além disso, estou muito con-tente pelo fato de ficar no Hotel d’Inghilterra. É um super hotel, com 160 anos. Chico esteve e falou muito bem de lá. Era um local muito querido dos poetas românticos, como Byron.

CI- Qual será o repertório?M - Serão 20 canções. Inclui Samba do avião, Corcovado e Águas de Março, canções que falam das paisagens do Brasil. Será um show intimista e vou falar de Vinicius. Pretendo falar ao público sobre o convívio de uma vi-da inteira, da presença dele na nossa casa, da criação com o Tom... Quero fazer uma menção da convivência com artistas, como o Ungaretti. Com-binei com o Max que ele vai fazer a narração de Eu sei que vou te amar. Cabe direitinho com o Soneto da Fide-lidade, em italiano, do Ungaretti.

Programei também com Ed Pa-lermo que ele vai fazer um bloco das músicas de bossa nova mais conhe-cidas. Eu canto La voglia, la pazzia e, então, entra Chico na história, pois vou interpretar as composições

dele, como O que será; Todo sentimento; Vai levando; Sam-ba de Orly (que na verdade seria o Samba de Fiumicino); e Maninha e João Maria, que Chico fez pra mim.

CI - Seu último CD saiu há três anos. Pode contar seus projetos atuais?M - Meu último CD foi o Outros sonhos, da Biscoito Fino, com músicas de Vinicius. Depois, saiu pela Sony um apa-nhado, Miúcha com Vinícius/Tom/João (2008). Acho que fui a única cantora que cantou com esses três. O projeto no qual estou mais envolvida agora é o roteiro do filme so-bre o Tom, lançado recentemente no Festival de Filme de New York, Music according to Tom Jobim, do Nelson Pereira dos Santos. Estou há quatro anos trabalhando com o Nelson. A primeira parte mostra só entrevistas com as mulheres mais próximas, a irmã, a primeira e a segunda esposas. O segundo é só música, sem nenhuma palavra nem escrita nem falada. Tem imagens de shows no Canecão, em Jerusalém, com Frank Sinatra e Ella Fit-zgerald, e tudo misturado com cenas engraçadas. Você se emociona com uma coisa e cai na gargalhada com outra. Nelson conseguiu um ritmo impressionante nesse filme.

Fazem parte do núcleo o Paulinho (Jobim) e a Do-rinha, neta do Tom, que faz vídeo.

CI - Pensa em lançar algum CD?M - Estou preparando um DVD, com memórias sobre amigos, porque tenho muito material gravado com pessoas, épocas e países diferentes. Quero fazer esse trabalho de coletânea com a jornalista Regina Zappa.

Estou também com um disco na cabeça, mas há pro-jetos mais importantes agora. Aquilo ali (ela mostra pastas com arquivos cheias de papéis) são cartas escri-tas por mim. Eu morei 13 anos fora do Brasil e escrevia compulsivamente, talvez por não ter muito com quem conversar. A maior parte é de quando morei nos Estados Unidos, no México e na França. Já mandei digitalizar tudo. Já recebi várias ofertas para publicá-las.

CI – Como você observa o atual cenário da MPB?M - Está tudo trocado, né? Acho que podíamos fazer o movimento dos “Indignados da música” (risos). Tem um monte de nomes que não sei quem é quem, tem agro, universitário, padre ecológico, esses rótulos distribuí-dos. Mas também há coisas maravilhosas, como Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, o rapper (Criolo Doido) que

fez uma versão de Cálice, e a quem o Chico respondeu. Gosto muito tam-bém de Arnaldo Antunes. Não estou acompanhando como acompanhava antes, como fazia quando a Bebel morava comigo. Tem a Mariana de Moraes, e é impressionante como nossa amizade já está na quarta ge-ração: a filha dela é amiga da filha do Carlinhos Brown e da Lelê (Helena Buarque de Holanda). Tem muita gente legal aí rolando. Aqueles gru-pos de Pernambuco, então, eu acho formidáveis.

CI - A musicalidade da Be-bel (Gilberto) tem muito da sua influência?M - O Tom tinha uma teoria: a matemática e a música são os pa-trimônios geneticamente mais comprovados. Viemos de uma famí-lia que gosta muito de música.

Não quero voltar a Roma de cinzas não,

quero agora mesmo, e na época das trufas!

Acho que podíamos fazer o movimento dos “Indignados da música”. Tem um

monte de nomes que não sei quem é quem,

tem agro, universitário, padre ecológico, esses rótulos distribuídos.

Mas também há coisas maravilhosas, como Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante

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Page 46: Revista Comunità Italiana Edição 161

Cenas que falam das cri-ses econômicas que assolaram o mundo nos últimos anos, sob di-

versas perspectivas, são vistas nos filmes selecionados para a sexta edição do Festival Internacional de Cinema de Roma, que aconteceu de 27 de outubro a 4 de novem-bro. Formado por cineastas como Susanne Bier e Carmen Chaplin, o júri internacional foi presidido por ninguém menos que Ennio Morri-cone, maestro italiano que assinou a trilha sonora de dezenas de filmes. Foi premiado como melhor filme Un cuento chino (Espanha-Argentina, 2011), de Sebastián Borensztein, produção que recebeu também o prêmio do público. Estrelado pe-lo ator e diretor argentino Ricardo Darin, o longa é ambientado em uma Buenos Aires recém saída da crise que afetou o país em 2001. Já o prêmio de melhor ator foi para o francês Guillaume Canet por conta da atuação em Un vie meuiller (Fran-ça, 2011), onde interpreta Yann, um cozinheiro de 35 anos que se apaixo-na por uma garçonete, mãe solteira

de um menino. Juntos, decidem as-sumir empréstimos para realizarem o sonho de adquirir um restaurante na França. O personagem de Ca-net, rapidamente submerso pelas dívidas, acaba enfrentando uma realidade atualmente bem conheci-da dos europeus, com um sistema financeiro indiferente e um duro co-tidiano, o que acaba levando o casal a migrar para o Canadá.

Fora da lista dos premiados, mas ainda dentro do tema da crise finan-ceira europeia, o filme L’Industriale (Itália, 2011), apresentado em concurso na seleção oficial, narra a história de Nicola, um homem orgulhoso, proprietário de uma fá-brica de 70 funcionários em Turim à beira da falência. Em meio a uma grave crise que sufoca o país inteiro, ele se nega a pedir ajuda e sempre responde a quem pergunta sobre a sua situação: “Eu resisto”. O diretor Giuliano Montaldo, na apresenta-ção do filme, explicou que a analogia com a vida real serve também ao próprio mundo do cinema.

— Nós, que fazemos cinema, sa-bemos o que significa resistir. Nós resistimos todos os dias em meio à precariedade. Por isso, entendo a precariedade atual e as falências dos empresários — afirmou o cineasta italiano, diretor da película que foi sucesso nos anos 70, Sacco e Vanzet-ti (1971). O Norte industrializado italiano sufocado pela crise finan-ceira é o ambiente do filme Il mio domani (Itália, 2011), que enfrenta o tema frenético das demissões em massa pelo olhar introspectivo de uma bem sucedida profissional de recursos humanos que, conceitua-da na coordenação de processos de demissões, questiona sua vida pro-fissional e pessoal a partir do que restou das suas relações familiares em uma Milão “fria e solitária”.

Mas o principal filme do Fes-tival é Too big to fail (EUA, 2011). Incluído na seleção oficial, mas fo-ra de competição, longa é baseado no livro homônimo do colunista do jornal The New York Times, Andrew Ross Sorkin. Narra em detalhes a crise financeira de 2008 e a falên-cia do gigante econômico Lehman Brothers. Diretor de sucessos co-mo Los Angeles - Cidade Proibida (1997), Curtis Hanson mostra os bastidores daquela que foi defini-da “a grande depressão do terceiro milênio”, centralizando na vida de personagens “grandes demais para quebrarem”, como Henry “Hank” Paulson (Willian Hurt), secretário do Tesouro americano e ex-presi-dente do banco Goldman Sachs. Um dos méritos do filme é se ba-sear no trabalho de Sorkin, garoto prodígio do jornalismo econômi-co americano que, com apenas 34 anos, lançou um dos melhores re-latos sobre a crise econômica de 2008. Logo após seu lançamento, teve os direitos de adaptação para a tela adquiridos pela HBO, produto-ra do filme.

Luz, câmera e criseSituação econômica vira protagonista no Festival de Cinema de Roma, que reuniu filmes de diversos países contando os problemas econômicos na Europa e nos Estados Unidos

CinEma

Aline Buaesde Roma

Acima, Guillaume Canet, premiado no

Festival Internacional de Cinema de Roma

como melhor ator pelo filme Un vie meuiller.

Abaixo, o diretor de L’industriale, Giuliano Montaldo, que fala da

crise econômica como uma situação presente também na produção

do cinema atual

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Page 47: Revista Comunità Italiana Edição 161

O melhor de ontem, hoje e sempreO melhor do cinema contemporâneo e da era de ouro da Itália se encontraram em São Paulo durante a 7ª Semana Pirelli de Cinema Italiano

Com o melhor da pro-dução antiga e atual italiana, foi realizada, em novembro, na ca-

pital paulista, a 7ª Semana Pirelli de Cinema Italiano, que exibiu 24 filmes — 12 novos e 12 clássicos. O evento, que este ano faz par-te da programação do Momento Itália-Brasil (MIB), aconteceu pela primeira vez em 2005 e, desde en-tão, vem crescendo em público.

— Começamos com 1.500 pessoas assistindo aos filmes e hoje chegamos a sete mil — reve-lou a curadora Érica Bernardini. A programação destacou filmes pro-duzidos em 2010 e 2011, todos inéditos no Brasil, exceto A Joia, exibido no Festival do Rio de 2011.

A curadora explicou que a Se-mana Pirelli é divida em três partes: cinema contemporâneo, formativo e de retrospectiva, onde cada uma tem sua importância.

— Na mostra contemporânea, tentamos mostrar a diversidade estilística sob o critério da qualida-de. Na retrospectiva, valorizamos o clássico cinema italiano, e é a oportunidade de vermos esses fil-mes em tela grande. Nos debates e palestras, podemos trazer grandes nomes do cenário cinematográfico para um encontro com o público.

Érica também ressaltou que os filmes são exibidos na rede

Cinemark, atingindo um público nem sempre acostumado aos filmes de arte, mas que acaba se sentindo atraído por estas produções. Outro diferencial da Semana Pirelli de Cine-ma Italiano é que, mesmo exibidos em grande circuito, os filmes têm ingressos a preço promocional — uma forma de incentivar o público.

Na lista de filmes contemporâ-neos exibidos, o destaque foi Bar Sport, comédia dirigida por Massi-mo Martelli, baseada no best seller homônimo de Stefano Benini. O fil-me foi lançado no dia 21 de outubro na Itália e teve sua primeira exibição internacional nesta 7ª Semana Pirelli

de Cinema Italiano. Também foi reali-zada a première de Manuale d´amore 3 (As idades do amor), com Robert De Niro e Monica Bellucci, escolhido co-mo filme de abertura da Semana.

Entre os clássicos, a homena-gem foi para Mario Monicelli, que morreu no final do ano passado aos 95 anos e teve cinco películas exibidas. A criteriosa escolha da programação, segundo a curadora Érica Bernardini, tem um motivo.

— Buscamos filmes que fos-sem reconhecidos pelo público brasileiro, mas evitamos aqueles de superexposição nos últimos anos. Considerei também a representa-tividade do momento histórico, como é o caso de Anni difficili e Il cammino della speranza — explicou.

Debates e aulas de Bruno BozzettoAlém dos filmes, a Semana ofere-ceu atividades formativas abertas a jornalistas, críticos, estudantes e interessados na sétima arte, sem-pre gratuitas. Este ano, um dos destaques foi o debate sobre a res-tauração de filmes, uma expertise dos italianos que, nas últimas dé-cadas, promoveram o resgate de inúmeras obras-primas esquecidas nas prateleiras dos grandes estú-dios e cinemas.

O encontro teve como estrela Alberto Barbera, diretor do Museu de Cinema de Turim, instituição pioneira na restauração de filmes que possibilitou a apresentação, na própria 7ª Semana Pirelli, de sete clás-sicos da era de ouro, entre eles De crápula a herói (O general Della Rovere) (1959), de Roberto Rossellini; Roma (1972), de Fellini; e A classe operária vai ao paraíso (1971), de Elio Petri.

Também participou do even-to o cineasta Bruno Bozzetto, um dos expoentes do cinema de anima-ção na Itália, que esteve à frente do workshop Como nasce uma história e um roteiro. Bozzetto ministrou qua-tro aulas diferentes ao lado do músico e maestro Roberto Frattini, atual des-taque da consagrada escola italiana de música para teatro e cinema.

Após a exibição em São Paulo, os filmes contemporâneos foram vistos em Ribeirão Preto. A par-tir da votação em todas as sessões do público de São Paulo e Ribeirão Preto, será entregue, no dia 8 des-te mês, o Prêmio Pirelli de Cinema Italiano, que vai dar R$ 40 mil à produção escolhida por um júri es-pecializado. O prêmio é um apoio ao lançamento e à distribuição do filme vencedor no Brasil.

Janaína PereiraDe São Paulo

O cineasta Bruno Bozzetto, especialista em

animação, ministrou workshop sobre o

desenvolvimento de roteiros para cinema

CinEma

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Page 48: Revista Comunità Italiana Edição 161

O Festival Internacional de Cinema de Arquivo comemorou dez anos de existência prestando

homenagem à Itália, país detentor de uma das mais importantes cine-matografias do mundo. No período de 7 a 11 de novembro, o público assistiu a clássicos e raridades do cinema italiano com direito a en-trada franca. O evento fez parte das comemorações do Momento Itália-Brasil e contou com o pa-trocínio da Petrobras, Eletrobrás, Casa da Moeda e do BNDES.

Os filmes exibidos no Arquivo Nacional seguiram um recorte cro-nológico e temático. Cinco frentes da relação cinematográfica entre Itália e Brasil foram abordadas: os pioneiros dos dois países; os fil-mes da Companhia Vera Cruz; os grandes clássicos italianos do pós-guerra; o cinema brasileiro depois dos anos de 1950, influenciados pe-lo Neorrealismo; e o caso do Cinema Novo e as relações com a Itália.

Desde que foi criada, há dez anos, a mostra cumpre uma função cultural e social de conservação e divulgação de filmes por vezes esque-cidos, mas de grande importância histórica, como bem enfatizou Clo-vis Molinari, curador do evento.

— O princípio básico que orien-ta o REcine é o de restabelecer uma nova relação com o público. Tirar os filmes das prateleiras: este é o princi-pal objetivo do festival. Toda vez que reaproveitamos os filmes, aumen-tam as chances de ganharem fôlego e permanecerem no convívio social. O que não pode é filme excluído, separado, escondido. Se isso acon-tecer, não é democrático nem vai ao encontro do verdadeiro papel de uma instituição pública — conclui.

O cinema brasileiro, desde sua origem, recebe forte contribuição de artistas e empresários vindos da Itália. Paulo Benedetti, Vittorio Capellaro e Alfonso Segreto, entre outros, ocupam posição de destaque na história e no desenvolvimento da produção cinematográfica brasi-leira. Por isso, a intenção do festival, de acordo com Clovis Molinari, era estabelecer um traço que indicasse onde os italianos influenciaram os brasileiros, sem comparar os dois tipos de cinema, porque ambos guardam muitas peculiaridades.

— O REcine não pretendeu em nenhum momento fazer uma comparação entre as duas cinema-tografias. Entretanto, não tivemos dificuldade em perceber que os italianos imigrantes do início do século XX, até mesmo um pouco antes, contribuíram para a funda-ção do cinema brasileiro. A Itália está na raiz do nosso cinema! De-pois, os técnicos foram chegando e participaram de diversos projetos, como o da construção de um grande estúdio, nos moldes de Hollywood, que foi a Companhia Vera Cruz no final dos anos de 1940 e início da década de 1950. A relação com o Cinema Novo, e até mesmo antes dele, é evidente. O movimento do Neorrealismo influenciou todo o mundo, o Brasil não ficou de fora. Filmes simples, de baixo orçamento e repletos de preocupações sociais,

com atores não profissionais, fo-ram feitos no período do Cinema Novo. Estes também conquistaram o público estrangeiro, notadamen-te as inquietações provocativas e renovadoras de Glauber Rocha — ressaltou Molinari.

Na noite de abertura, foram exibidos três filmes do cineasta Gil-berto Rossi, acompanhados pela música instrumental desenvolvida ao piano por sua bisneta Ana Cláudia Agazzi, recriando a atmosfera das primeiras sessões do cinema mudo.

Ao longo do festival, o público foi agraciado com raridades. Des-taque para Cabiria, de Giovanni

O cinema recontadoREcine completa dez anos e homenageia o cinema italiano no Arquivo Nacional com exibição de filmes históricos e debates

Nathielle Hó

Abaixo, as atrizes homenageadas

Vanja Orico e Ruth de Souza; à direita,

o ator Ney Latorraca: presenças ilustres

no REcine

O cônsul da Itália, Mario Panaro, assiste

à premiação de filmes durante o

REcine

CinEma

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Page 49: Revista Comunità Italiana Edição 161

Pastrone, filme de 1914, em cópia restaurada. Outra novidade para os expectadores foi a série de filmes de Vittorio De Seta, cineasta sicilia-no desconhecido do grande público brasileiro. Os primeiros filmes ita-lianos, da fase silenciosa, enviados pelo Museu Nacional de Cinema e pela Cinemateca de Bolonha, tam-bém estamparam a grande tela.

Nelson Pereira dos Santos e o cinema italianoA assistente de direção Renata Franceschi, que trabalhou, na Itália, com diretores como Luchino Vis-conti e Franco Zeffirelli, lembrou que o cineasta Nelson Pereira dos Santos, considerado o “tradutor do Neorrealismo” no Brasil, tinha mui-ta simpatia pelo cinema italiano. O REcine defende a ideia de que, na obra de Nelson, há um grande diá-logo com a filmografia de Visconti, e Renata confirma essa tese.

— Conheci Nelson em 2004, em uma retrospectiva de filmes de-le no Instituto Latino-Americano de Roma. Como trabalhei por longo período com Visconti, percebi que havia uma amizade entre eles. Vis-conti, que era de esquerda, apoiou Nelson nos anos 1960, época da ditadura militar no Brasil. Além dessas afinidades, é nítida a influ-ência de Visconti e do Neorrealismo italiano no cinema do diretor brasi-leiro. Exemplo disso é o filme Vidas Secas — ressaltou Franceschi.

O festival apresentou também uma mostra competitiva, sob o cri-tério de aceitar somente filmes que reutilizam imagens de arquivo de ins-tituição pública ou privada. Todos os anos, acontece uma oficina, durante

a qual são disponibilizadas essas imagens. Na edição deste ano, o res-ponsável foi Luiz Carlos Lacerda, que formou grupos que realizaram cur-tas-metragem com o tema: Onde está a Itália na cidade do Rio de Janeiro? De acordo com Molinari, a intenção da competição é incentivar o exercício da edição, da montagem de filmes com imagens antigas.

— O passado pode ser refeito, relido, reinterpretado e revelado para quem o desconhecia em su-as particularidades. A intenção foi estimular esse gênero de filme barato. Um arquivo na mão e uma

ideia na cabeça! Ou um cinema sem câmera! — completou Molinari.

Ao longo do festival, aconteceu o Fórum de Debates, com o objetivo de levantar questões da área cinema-tográfica, recuperar pessoas, ideias e projetos. O público teve opor-tunidade de conhecer técnicas de preservação e restauro de películas.

Homenagens a cineastas e premiaçõesUm dos momentos mais marcan-tes foi a sessão de homenagens, que buscou resgatar personalidades que estiveram durante muito tem-po na ativa e que hoje se encontram esquecidos. A edição de 2011 do REcine prestou reverência a nomes como Pascoal Segreto, Paulo Bene-detti, Gianfrancesco Guarnieri, Dib Lufti, Gianni Amico, Gustavo Dahl, Ruth de Souza e Vanja Orico. Para completar a lista, Paulo Cesar Sara-ceni, cujo filme inédito O Gerente, baseado em conto homônimo de Carlos Drummond de Andrade, foi exibido na Mostra Informativa do evento. A atriz Ruth de Souza, ho-menageada com a exibição de cenas de Sinhá Moça de 1953, dirigido por Tom Payne, demonstrou saudosis-mo do cinema antigo. A atriz Vanja Orico, que canta e interpreta em O Cangaceiro, de Lima Barreto, fa-lou da importância do REcine para manter vivos, na memória das pes-soas, os mestres do cinema.

— O Cangaceiro foi o melhor filme já feito. Lima Barreto mor-reu pobre, esquecido num asilo em Campinas, porque nunca quis sair do Brasil. Os grandes pioneiros são esquecidos — lamentou Vanja.

Após uma semana intensa de exibição de filmes, o REcine foi en-cerrado no dia 11 de novembro, com a presença do cônsul da Itália no Rio de Janeiro, Mario Panaro. O júri oficial elegeu como melhor filme da mostra competitiva No lixo do Ca-nal 4, de Yanko Del Pino, enquanto o voto popular escolheu Clementina de Jesus – Rainha Quelé, de Weren-ton Kermes. O Prêmio Especial do Júri ficou com o filme La Febre del fare, de Michelle Mellara e Alesan-dro Rossi. Molinari acredita que o evento conseguiu atingir o seu ob-jetivo, valorizando e divulgando as obras audiovisuais italianas que tanto influenciaram o Brasil.

— O legado deixado para o ci-nema brasileiro tem a ver com a própria natureza humana dos italia-nos: paixão, inteligência, eloquência, capacidade técnica e inventividade! — finalizou Molinari.

O curador do festival, Clovis Molinari, é

homenageado na tela de cinema do pátio

do Arquivo Nacional

O lendário filme italiano Cabiria, de

1914, do diretor Giovanni Pastrone,

foi exibido em cópia restaurada

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Page 50: Revista Comunità Italiana Edição 161

De 5 de novembro a 14 de dezembro, os cinéfilos de São Paulo, Curitiba, Brasília, Belo Horizonte

e Rio de Janeiro puderam conferir uma seleção de filmes italianos que foram apresentados na 68ª edição da Mostra Internacional de Arte Ci-nematográfica de Veneza. A mostra itinerante Venezia Cinema, promo-vida pela Embaixada da Itália e pela Bienal de Veneza, chegou à sétima edição; desta vez, dentro da progra-mação do Momento Itália-Brasil. Por isto, este ano ganhou o nome de Cine MIB - Venezia Cinema.

Foram exibidos seis filmes, en-tre eles, os três que concorreram ao Leão de Ouro em Veneza em 2011: Terraferma, de Emanuele Crialese (que ganhou o Grande Prêmio Es-pecial do Júri); Quando la notte, de

Cristina Comencini; e L´ultimo ter-restre, de Alfonso Pacinotti. O lon-ga italiano que foi apresentado em Veneza fora de competição, Il villag-gio di cartone, dirigido por Ermanno Olmi, também faz parte da mostra. Os outros dois filmes são homena-gens aos 150 anos da Unificação italiana, celebrados este ano.

Separados por mais de sessen-ta anos, os filmes 1860, de Alessan-dro Blasetti, rodado em 1947 e res-taurado pela Cineteca Nazionale di Roma, e Noi Credevamo, de Mario Martone (2009), têm em comum a narrativa do percurso da história

italiana a partir da unidade do Es-tado. Martone, que este ano foi ju-rado em Veneza, comentou sobre a importância de seu filme.

— Não tenho projetos futuros porque Noi Credevamo me ocupou muito tempo e tem uma importân-cia enorme para minha carreira. Fi-co feliz do filme continuar sendo comentado, mesmo dois anos de-pois de ter sido realizado — reve-lou o diretor, que levou dois anos para concluir a produção.

Este ano, Noi Credevamo foi o grande vencedor do prêmio David de Donatello da Academia de Cinema italiano, conquistando sete estatue-tas (foi indicado a 13), entre elas, a de melhor filme e a de melhor roteiro.

Mimmo Cuticchio em São PauloNa passagem por São Paulo, o des-taque foi a exibição, pela primeira vez na cidade, do premiado Terra-ferma, que já havia feito sucesso du-rante o Festival do Rio, em outubro.

O longa de Emanuele Crialese, que aborda o delicado tema da imi-gração, foi o filme de abertura do Cine MIB-Venezia Cinema, no Ci-nesesc, e contou com a presença do ator e diretor teatral siciliano, Mim-mo Cuticchio, que interpreta o per-sonagem Ernesto, um septuagená-rio, irredutível pescador que pratica a lei do mar, papel de fundamental importância na trama. Cuticchio é conhecido do público brasileiro por seu papel de narrador dos Pupi (marionetes de antiga tradição sici-liana) em O Poderoso Chefão Parte 3, de Francis Ford Coppola.

Além de apresentar o filme, o ator fez sua primeira turnê pelo Brasil com seu grupo, o Cuticchio, famoso teatro de marionetes que narra as aventu-ras de Carlos Magno e seus paladinos. Sobre o longa de Crialese, Mimmo Cuticchio disse que seu personagem é um homem que carrega dentro de si muitos valores e quer ensinar o ofí-cio de pescador ao neto, o que o torna essencial para o desenrolar da trama.

— Ele vê seu neto distraído em relação ao que acontece à sua volta e tenta protegê-lo de acordo com os va-lores fundamentais de sua cultura. O filme não tem como alvo a questão da lei de imigração, mas a moral e a ética que envolve as pessoas — analisou.

Com o Cine MIB-Venezia Cine-ma, os espectadores tiveram a opor-tunidade de assistirem a filmes que não têm previsão de serem exibidos no Brasil, à exceção de Terraferma, que poderá ser visto no país em 2012 — mas ainda sem data de estreia.

De Veneza para o BrasilMostra itinerante apresenta filmes italianos exibidos no Festival de Veneza em cinco cidades brasileiras e leva o premiado Terraferma à capital paulista

CinEma

Janaína PereiraDe São Paulo

Foram exibidos na mostra itinerante

os filmes Quando la notte (foto ao alto) e

L’ ultimo terrestre, que concorreram

ao Leão de Ouro do Festival de Veneza

“O filme não tem como alvo a questão da lei de imigração, mas a moral e a ética que envolve as pessoas”

Mimmo Cuticchio, ator, sobre o longa Terraferma

50 dezembro 2011 | comunitàitaliana

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RobôsO grupo genovês de robótica Tele-

robot comprou 70% da brasileira Nupe Ferramentaria (agora batizada de Telerobot Brazil Automoção). A empresa italiana é uma das princi-pais sociedades no mercado de má-quinas e sistemas automáticos para processos produtivos. A divisão High Speed Machines deve ser a ponta de diamante do investimento no mer-cado brasileiro. O crescimento e a modernização do Brasil seguem de vento em popa e abrem o apetite do investidor estrangeiro. E o setor da automoção é uma das locomotivas da expansão brasileira. A Telerobot Bra-zil já está de olho em novas possibili-dades de aquisições.

Pneu furadoA Procuradoria de Milão decidiu enqua-

drar o presidente da Pirelli, Marco Tronchetti Provera, por corrupção inter-nacional, entre outras acusações, no caso Telecom. Na época, ele era o presidente da poderosa multinacional italiana. Os pro-curadores acusam o pagamento de 26 milhões de euros ao mega-especulador do mercado finan-ceiro Nagi Nahas, a título de consulto-ria, durante os anos de 2002 e 2006. O dinheiro teria saído da “conta do presidente” durante a guerra da Telecom com o sócio brasileiro Daniel Dantas, acionista da Brasil Telecom, alvo da batalha ítalo-brasileira. A pendenga ju-diciária promete dar panos para a manga.

Bolsa de estudos IIO grupo Fiat concluiu a décima sétima edi-

ção da iniciativa para os filhos dos fun-cionários, chamada “Prêmios e Bolsas de Es-tudo Fiat”. A ideia é valorizar jovens talentos

nos países nos quais a Fiat está presente. A cerimônia de entrega foi em Turim, mas também ocorreu em outros oito países onde o grupo é forte referência no mercado automobilísti-co: Brasil, Bélgica, Estados Unidos, Polônia, China, Inglaterra, França e Espa-nha. Em 2010, foram dis-tribuídos cerca de dez mi-

lhões de euros para 600 pessoas. Desta vez, foram 149 jovens agraciados com uma ajuda econômica para a universidade. A questão é que, com o fechamento da histórica fábrica de Termini Imerese, os filhos daqueles ope-rários não terão acesso à iniciativa.

Bolsa de estudos ISeis mil estudantes brasileiros deverão

frequentar as universidades e institui-ções de pesquisa italianas até 2014. Este é o resumo da ópera de um acordo assinado entre o Brasil e a Itália. O objetivo é desenvolver a iniciativa Ciência sem fron-teiras, promovida pelo go-verno da presidente Dil-ma Rousseff. O Capes e o CNPq são os principais órgãos brasileiros pelos quais irão passar boa par-te das 75 mil bolsas de estudo para alunos no ex-terior. Pesquisadores ita-lianos e brasileiros poderão trabalhar lado a lado e estreitar os laços, não apenas cultu-rais, mas científicos. O Politécnico de Milão está de portas abertas. E não é de hoje que muitos estudantes brasileiros frequentam a renomada universidade italiana.

No rastro do sucesso da mostra La America, sobre as viagens dos imi-

grantes de Gênova a Nova York ocorri-das entre 1862 e 1914, o Museo do Mar e da Navegação de Gênova abre as por-tas para uma nova e emocionante aven-tura do passado. Memórias e Migrações refaz os passos dos imigrantes italianos que rumaram para as Américas do Nor-te e do Sul, tendo o Brasil e a Argenti-

na como destinos principais. Depois de longa travessia, os italianos iriam ter contato, no Brasil, com a lavoura como mão de obra substituta da escravidão. Por isso, a exposição conta, entre outras instalações multimediáticas, com a re-produção de uma cabana de uma fazen-da, além de documentos diplomáticos e pessoais sobre as impressões de brasi-leiros e italianos da época.

Tempos passados, tempos modernos

milãoGui lhermeAquino

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Com o tema Arquitetura para todos: construindo cidadania, a 9ª Bienal Internacional de Ar-

quitetura de São Paulo teve como principal objetivo aproximar o grande público das questões cen-trais do urbanismo. Apelidada de NonaBia, a edição quis mostrar aos visitantes que eles vivem, es-tudam, trabalham, produzem e moram em ambientes onde a ar-quitetura e o urbanismo são uma presença constante, que interfe-re de forma direta em suas vidas. Realizada entre 1º de novembro e 4 de dezembro, a mostra trouxe fotografias, pinturas, instalações e vídeos com temas que giravam em torno da vida na metrópole.

— O objetivo foi fazer uma Bienal que não apenas debatesse a arquitetura no âmbito dos ar-quitetos, mas que ultrapassasse a corporação e aproximasse a ar-quitetura da sociedade — disse o curador do evento, Valter Caldana.

Ele explicou que a grande inte-ratividade da exposição quis deixar claro que é possível a todos inter-vir na arquitetura, de modo que “a pessoa se veja dentro da arquitetu-ra da cidade e que seja um agente participativo”.

A mostra principal foi organiza-da na Oca, no parque do Ibirapuera, onde foram expostos cerca de 400 projetos de mais de 30 países. Al-guns deles, como Noruega, Israel e França, tiveram espaços próprios para exposições.

Recuperação urbanaEm seu pavilhão, a Itália apre-sentou exemplos de revitalização urbana realizados em grandes cida-des. Um deles foi o projeto Officine del Volo, que recuperou as Oficinas Aeronáuticas Caproni, em Milão, transformando-as em um espaço pa-ra múltiplos eventos. Outros projetos apresentados foram a revitalização de uma área industrial na ilha de Giudecca, em Veneza, e a trans-formação de uma antiga fábrica de automóveis Alfa Romeo em um conjunto de prédios residenciais e escritórios, também em Milão. Intitulado Arquitetura italiana e re-cuperação urbana, o pavilhão fez parte do Momento Itália-Brasil e teve o apoio do Instituto Italiano de Cultura de São Paulo. Uma apre-sentação dos projetos mostrados

no pavilhão reuniu os curadores da exposição italiana, Ado Franchini, Patricia Malavolti e Emilia Pedrelli. Durante a apresentação, o arquite-to Ado Franchini explicou que, na Itália, a partir da década de 1990, o tema da revitalização urbana ganhou força, com projetos que deram um novo uso a diversos edifícios indus-triais abandonados e deteriorados.

— Para construir a cidadania, é preciso dar valor à cidade como um recurso a ser preservado. O que procuramos é construir uma vitali-dade urbana e ter uma cidade em que todos gostariam de viver — disse Franchini.

— Há uma convivência com a arquitetura na Itália muito maior do que aquela que existe em São Paulo. Aqui, estamos trabalhando para desenvolver uma relação pa-recida com aquela que os italianos têm com seus espaços arquitetôni-cos — ressaltou Caldana.

Em sua palestra, Franchini apresentou três projetos para a reutilização de espaços urbanos e prédios industriais, com propos-tas de construção sustentáveis, na região da Lombardia. Um dos exem-plos foi a recuperação do Acciaierie Falk, uma imensa área industrial em Milão, hoje abandonada.

— A revitalização da área, com a implantação de uma grande área verde, proporcionará um verda-deiro “pulmão” à região norte da cidade — explicou Franchini.

O arquiteto falou sobre a impor-tância de preservar as construções antigas das cidades, mantendo sua identidade visual, mas alertou para os exageros na tentativa de evitar mudanças.

— A conservação nostálgica é perigosa, porque nos faz voltar atrás. Ela paralisa o desenvolvi-mento de novas ideias. Já a relação entre o velho e o novo é benéfica e deve ser estimulada.

Construção cidadãEm sua participação na 9ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, a Itália trouxe exemplos de revitalização urbana que melhoram a vida em suas cidades

Vanessa Corrêa da SilvaDe São Paulo

“A conservação nostálgica é perigosa e paralisa o

desenvolvimento de novas ideias. Já a relação entre o

velho e o novo é benéfica e deve ser estimulada”

Ado Franchini, arquiteto italiano

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prospectivos com elementos vege-tais da floresta amazônica. O espaço será decorado completamente, do teto às paredes, para criar essa vir-tualidade total e um espaço muito sugestivo”, explicou Lenzini em um vídeo publicado no YouTube, grava-do durante a execução dos trabalhos no local, em setembro.

Erudição fez a diferençaO autor do projeto de decoração da Sala Bolonha e pró-reitor de Relações Internacionais da Uni-versidade Federal do Pará, Flávio Sidrim Nassar, explica que a grande diferença entre Landi e os artistas do mesmo período que atuavam nas cidades brasileiras era sua for-mação erudita.

Amazônia à bolonhesa

Reinauguração da Casa Rosada homenageia a obra do arquiteto de Bolonha que mudou para sempre a paisagem da capital do Grão-Pará e foi

o primeiro a romper com o barroco em solo brasileiro

Rosada, uma construção do século XVIII cuja decoração erudita é atri-buída a Landi. A restauração conta com pinturas e decoração do pro-fessor Pietro Lenzini, da Academia de Belas Artes de Bolonha, auxilia-do por Giorgio Drioli. A abertura do espaço fez parte do Momento Itália-Brasil e contou com a pre-sença do embaixador Gherardo La Francesca, no dia 8 de dezembro.

O arquiteto Pietro Lenzinni cha-ma atenção para o fato de Landi, aluno de Bibiena, ter aprendido a pa-dronizar muito bem a pintura ligada ao teatro, criando um espaço virtual por meio da dilatação do espaço real, o que é tipicamente bolonhês.

“Na decoração na Casa Ro-sada procuramos misturar itens

Quando veio para o Brasil contratado a man-do do rei de Portugal, que acabara de assinar o Tratado de Madrid com a Espanha e que-ria estabelecer os limites de fronteira no

território do império, provavelmente, o bolonhês An-tonio Giuseppe Landi não imaginava o quão mudaria a paisagem da capital do Pará. O arquiteto da Academia Clementina, uma das mais prestigiadas escolas de arte do século XVIII, era aluno do famoso mestre Fernan-do de Bibiena (1659–1739). Sua obra reunia elementos que o aproximavam de um estilo que começava a ser es-boçado e surgiria com força nas décadas seguintes nas cidades europeias — o neoclassicismo. Por isso, Landi é o autor das primeiras manifestações de rompimento, no Brasil, com o então onipresente estilo barroco.

Para homenagear o artista italiano e sua obra, aca-ba de ser inaugurada a Sala Bolonha, situada na Casa

Cintia Salomão Castro

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— Landi fez uma arte única na história do Brasil, por conta de sua formação erudita, ao contrário daqueles que trabalhavam naque-la época, como Aleijadinho. Em Belém, Landi projeta o quartel, o Hospital (Real), o Palácio dos Go-vernadores, a Catedral, as casas senhoriais, as igrejas de conventos, os engenhos. Ele era o “Niemeyer” da nova capital do estado do Grão-Pará — explica, ao lembrar que o italiano chegou ao Brasil logo após a capital da região ter sido trans-ferida da cidade de São Luís para Belém, em 1753.

Ecos de Bolonha em LisboaAntes de chegar ao Norte brasilei-ro, o bolonhês passou dois anos em Lisboa, onde já havia italianos em atividade, como Filippo Terzi, construtor da igreja de São Vicen-te de Fora, e até mesmo o filho do mestre de Landi, Francesco Bibie-na. Giovanni Carlo Galli Bibiena projetou a Ópera do Tejo, mas o faustoso teatro da corte foi destru-ído sete meses após a inauguração durante o devastador terremoto que atingiu a capital portuguesa em 1755. O chefe da missão que trou-xe Landi ao Brasil como cartógrafo e naturalista era Francisco Xavier de Mendonça, irmão do Conde de Oeiras, o futuro Marquês de Pom-bal, que desenvolveu uma ampla reforma nos domínios lusitanos.

Os portugueses pediram ao ita-liano que voltasse à Europa, mas o italiano, sempre adiando o retorno, acaba ficando no Brasil, onde casa-se por três vezes, tem duas filhas e falece em 1791.

Por conta dessa ponte en-tre a coroa portuguesa, Bolonha e Belém, podemos identificar os mesmos traços artísticos da Aca-demia Clementina em Lisboa e em monumentos da capital do Pará, como a igreja de São João Batista.

— A primeira Academia de arte papal é a de São Lucas, em Ro-ma, na qual vem a nascer o Barroco, com todos os seus “excessos”. A Clemen-tina parte em busca de um estilo próprio, começa a “limpar” aqueles excessos e adota um perfil neoclas-sizante, o estilo precursor do neoclassicismo — ex-plica o arquiteto Nassar, coordenador do Fórum Landi, criado durante o Seminário Internacional Landi e o século XVIII na Amazônia, que reuniu especia-listas brasileiros e estrangeiros em Belém, em 2003. O grupo é

formado por pesquisadores, pro-fessores e alunos interessados na História da Amazônia no século XVIII, e conta com a parceria da Universidade de Florença e Bolo-nha, além da Fundação Ricardo Espírito Santo em Lisboa. A re-alização de estudos que visam a

recuperação, revitalização e con-servação integrada do legado arquitetônico e artístico de Landi está entre os objetivos do Fórum.

O acadêmico Landi traçou ino-vação nos mais de 10 monumentos de sua autoria em Belém, a exemplo da Catedral Metropolitana, da Ca-pela de São João Batista, da Igreja de Santana (sua última obra) e da igreja de Nossa Senhora do Carmo. O que fazia era completamente no-vo em comparação ao barroco que predominava no Brasil. Apesar disso, seu trabalho não chegou a influenciar a arquitetura nas outras regiões brasileiras por conta do iso-lamento que sofriam na época da colônia, explica o Flavio Nassar.

— Essa manifestação ficou res-trita ao Pará. Naquela época, não havia um sistema de comunicação entre as cidades. A Amazônia sequer fazia parte do Brasil, mas estava in-serida no estado do Grão-Pará, com uma administração independente do estado do Brasil, cuja capital era Salvador e, posteriormente, Rio de Janeiro. Belém era uma ilha. So-mente no interior do estado se faz notar sua influência.

Casa Rosada

Inaugurada pelo embaixador Gherardo La Francesca, no dia 8 de dezembro, em evento do Momento Itália-Brasil, a construção do século XVIII é uma antiga residência senhorial. A

Casa Rosada fica naquela que foi a primeira rua de Belém: chamava-se Rua do Norte, hoje Siqueira Mendes. Atribui-se o “banho de loja” recebido ao gênio do italiano Landi, sobretudo por conta da decoração erudita da fachada e do teto revestido de estuque (técnica que praticamente existia apenas em Bolonha). Os novos ricos da época queriam ter algo com a assinatura do italiano, explica o arquiteto, Flavio Nassar, autor do projeto de decoração da Sala Bolonha. A execução dos trabalhos fica por conta do professor Pietro Lenzinni, da Academia de Belas Artes de Bolonha, auxiliado por Giorgio Drioli.

Na sala, pinturas de animais e plantas como troncos de açaí, palmeiras e espadas de São Jorge recriam um ambiente tipica-mente amazônico com o uso da quadratura, técnica do século 18, típica de Bolonha, empregada em teatros e altares, e aplicada por Landi na igreja de São João Batista, em Belém.

Para permitir uma visualização tridimensional ao visitante, há a possibilidade de ter dois acessos à sala, com mudança de perspectiva de acordo com a porta de entrada utilizada pelo visitante, detalham os artistas.

A Capela de São João Batista, em Belém: uma

das obras do italiano Landi, o primeiro a

romper com os padrões barrocos no Brasil

O cenário da Sala Bolonha retrata a síntese de duas

culturas, italiana e amazônica, da qual o arquiteto Landi é um

símbolo de imersão criativa

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O artista plástico Inos Cor-radin utiliza o tema da natureza para desenvol-ver uma filosofia da cor,

com uma cultura de sentimentos através dos quais revela um mundo de forma singular que se traduz na riqueza da sua obra e no caráter lú-dico. Uma pessoa acessível, que não gosta de formalidade, e comprome-tida consigo mesma, mantendo, ao longo da carreira, a coerência de uma

pintura descomprometida e legíti-ma. Assim pode ser descrito o pintor italiano, que comemora, em 2011, 60 anos de atividade, com mais de 250 exposições internacionais.

— Inos elabora o gênero hu-mano através das metáforas e da simbologia figurativa de seus per-sonagens. Seus quadros resultam de muita dedicação, postulan-do um artista que trabalha com paixão. Trata-se de uma pessoa ex-tremamente amável e legítima que foi muito bem aceita pelo povo bra-sileiro. Eu diria que o coração dele

tem as cores do Brasil e da Itália — declarou à Comunità o curador Lothar Fidelis, durante a inaugura-ção da exposição.

A mostra na Câmara dos De-putados representa, em síntese, a trajetória de Corradin, que completa 82 anos de idade durante a realiza-ção do evento. Nascido em 1929, em Vogogna, ele vive no Brasil des-de 1950. Trouxe consigo as formas e as cores das aldeias de sua infância e as misturou, em solo brasileiro, à experiência do Novo Mundo.

— Ele é um exemplo da troca positiva que italianos e brasileiros são capazes de produzir. O evento entrou na programação do MIB, pois a filosofia é a de valorizar o que esses dois países podem fazer juntos — declarou o embaixador da Itália, Gherardo la Francesca.

Corradin contou à Comunità que a lembrança mais bonita dos seus 60 anos de carreira refere-se à sua primeira exposição, em Salva-dor, no ano de 1953.

— Eu não tinha um centavo no bolso. Fui na aventura e encontrei um grupo de artistas que ajudou-me muito — lembra

Autenticidade da cultura antigaOutro momento do qual lembra com um sorriso é quando aconteceu a exposição em sua cidade-natal, durante a qual participaram todos os agricultores. É uma aldeia pe-quena de 1500 habitantes, e “todos estavam lá, foi muito emocionante”. Há tempos atrás, ali viviam três mil pessoas, mas muitos faleceram ou foram embora. No entanto, aque-les que ficaram são testemunhas da italianidade, da cultura antiga e da gastronomia verdadeira, ressal-ta o artista plástico, que chegou ao Brasil aos 21 anos e se instalou em Jundiaí, no interior paulista.

— Agora, com 82 anos, eu me sinto mais brasileiro, mas as raízes nunca se esquecem. O povo brasilei-ro é maravilhoso. Fiz exposição em quase todo o mundo, mas pessoas amáveis e hospitaleiras como os bra-sileiros não se encontram — ressalta.

Aos jovens artistas, ele aconse-lha que não desistam, apesar das dificuldades.

— Passei por muitos proble-mas, mas estou aqui e ganhei. E ainda não acabou, porque quero vi-ver 100 anos! — concluiu.

A exposição está aberta à visita-ção até 22 de janeiro de 2012, aos sábados, domingos e feriados, das 9 às 17 horas. A entrada é franca.

Seis décadas de metáforasMostra do italiano Inos Corradin, radicado no Brasil, é inaugurada no Gabinete de Arte da Câmara dos Deputados de Brasília

Stefania PelusiDe Brasília

ExpoSição

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Uma arte que, a cada dia, faz mais parte da roti-na das pessoas ao redor do mundo é a fotografia.

Mas, para fotografar, é necessário o abandono do foco utilitário, auto-mático e acomodado sobre as coisas, e adotar um olhar selecionador e analítico para “desenhar” com a câ-mera o objeto desejado. Ao se visitar a exposição Gabriele Basilico, que reúne 63 fotografias de grande e mé-dio formato e 15 painéis, refletindo a contínua transformação da imagem das cidades, é possível compreender essa forma de olhar. A mostra acon-tece até 18 de dezembro, no centro cultural Oi Futuro Flamengo, no Rio, e integra as comemorações do Momento Itália-Brasil. Tem o pa-trocínio do Oi Futuro e o apoio do Instituto Italiano de Cultura do Rio de Janeiro, da Embaixada da Itália e do Museu de Fotografia Contem-porânea de Cinisello Balsamo. A curadoria é assinada por Nina Dias e pela italiana Paola Chieregato.

Para a mostra, Basilico passou um período de 11 dias na capital fluminense, em julho, pesquisan-do e registrando várias regiões. Para o fotógrafo, o Rio de Janeiro é uma cidade com algumas parti-cularidades ligadas à sua história e ainda mais à sua geografia, princi-palmente por causa das inúmeras favelas que dão um contorno dife-renciado à cidade.

— Exploramos o Rio e atravessa-mos diversos bairros, interceptando

paisagens e lugares até muito diver-sos. Inevitavelmente, fui atingido pelo fenômeno das favelas, não apenas pelo seu grande número, disperso no tecido urbano da cidade carioca, mas, principalmente pelas soluções construtivas que pude ver nos lugares “pacificados” — ressal-tou Basilico.

Além das fotos do Rio, o públi-co terá a oportunidade de ver obras da série Milão Retratos de Fábricas (1978-1980), para a qual Basilico fotografou a periferia industrial milanesa, enquanto as áreas Ci-dades e Work in Progress reúnem diversas fases da produção do fotó-grafo, desde 1984. Uma outra área traz imagens impactantes de Bei-rute, capital do Líbano, realizadas em 1991, no período pós-guerra. De acordo com a curadora Nina Dias, Gabriele Basilico gosta de do-cumentar os limites das cidades.

— As zonas monumentais, portuárias, limítrofes e periféricas, a geografia, as grandes avenidas e as saídas da cidade são alguns dos

pontos que constroem e compõem o seu interesse — completa.

Foco nas transformações das cidadesSegundo a curadora Paola Chiere-gato, o italiano é interessado em tudo relacionado à arquitetura. Sua visão envolve também os ele-mentos que interferem no desenho da paisagem urbana: as placas de trânsito, as faixas de pedestre, as sinalizações.

A metáfora do corpo humano é frequentemente usada por Ba-silico para descrever seu modo de explorar e de narrar a cidade, que é como um corpo em crescimento, em transformação, explica Paola. Assim, o fotógrafo se torna “o mé-dico que o percorre para estudar e compreender sua forma”.

— Gabriele não é apenas fasci-nado pelos monumentos históricos e pelas arquiteturas importantes, pela beleza estética em si, mas, ao contrário, é fortemente interessa-do pelas cidades de médio porte, pelas periferias e por aqueles lu-gares em via de transformação sempre mais rápida, que levam a confundir uma cidade com a outra.

Os visitantes que apreciarem a obra do fotógrafo italiano pode-rão levar para casa algumas de suas imagens: um livro com 68  fotos de Basilico — a cores e em preto e branco — já está à venda nas li-vrarias. Com texto analítico das curadoras e uma entrevista com o crítico de arte Paulo Sergio Duarte, é uma coedição Oi Futuro/Francis-co Alves.

A moldura do concreto

O Rio de Janeiro recebe a exposição fotográfica de Gabriele Basilico, que conta a história de várias cidades e suas transformações

Nathielle Hó

“No Rio, fui atingido pelo fenômeno das

favelas, não apenas pelo seu grande

número, mas, principalmente, pelas soluções construtivas

que pude ver nos lugares pacificados”

Gabriele Basilico, fotógrafo italiano

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Stagione che vai, Firenze che troviVi è mai capitato di essere appena

ritornati da un viaggio e scoprire di non aver visto neanche la metà del-le luoghi simbolo o assaggiato quella ricetta tipica del posto? Il nuovo alma-nacco degli eventi e specialità fiorentine “Stagione che vai Firenze che trovi” viene incontro a quei visitatori che si appre-stano a visitare la città rinascimentale rivoltandola da capo a piedi. Un vero e proprio vademecum su come vivere appieno tutti gli appuntamenti e avve-nimenti che Firenze offre in ogni mo-mento dell’anno: dai prodotti enoga-stronomici all’artigianato, dagli angoli più pittoreschi da visitare al folklore e feste popolari. Come non assaggiare la fresca panzanella in un caldo pomerig-gio d’estate o un buon piatto caldo di ribollita nel freddo inverno fiorentino!

PretiosaImmaginate un palazzo medievale nel cuo-

re del centro storico della città pieno di meandri e di stanze a volte. Luce soffusa, muri che trasudano e odorano di storia... un ambiente perfetto per una galleria d’ar-te contemporanea qual è Varart. Pretiosa è il titolo di questa mostra collettiva dove artisti di tutta Italia, dal Trentino alla Calabria pre-sentano sculture, quadri e gioielli che hanno come elemento comune l’oro. Dai quadri a sfondo sacro di Elena Diaco a quelli astratti di Alessandro Gamba, dalle pitture informa-li di Candida Ferrari e Francesco Menichet-ti alle sculture di Graziano Pompili fino ad arrivare alle “piccole gioie” di Mirta Carroli. Fino al 28 gennaio. Ingresso gratuito.

Il mito in vespaUn ingegnere aeronautico (il mito) con

un nome di altri tempi, Corradino D’Ascanio e la sua storica e intramonta-bile creatura, la Vespa. Saranno, e non poteva che essere così, celebrati al Museo Piaggio di Pontedera (Pisa). L’esposizione “Corradino D’Ascanio: uomo, genio, mago, mito” ripercorre la storia della Vespa met-tendo in mostra anche pezzi pregiati ra-rissimi di tiratura estremamente limitata. A dispetto di quanti possano pensare che il leggendario motociclo sia solo un mez-zo da museo le vendite in questi ultimi anni sono aumentate vertiginosamente. Nel 2011 usciranno dalla fabbrica ben 150.000 esemplari, tre volte tanto rispet-to solo al 2003! Ingresso gratuito.

Dalla Macchia al ContemporaneoLa città di Pisa presenterà il prossimo 14

gennaio una mostra che abbraccia sia l’aspetto puramente pittorico che quello della scultura fino ad arrivare alla più recen-te arte fotografica. Si tratterà di un evento di livello internazionale. Le opere proven-gono da artisti italiani e europei in un arco temporale che va dal primo novecento al contemporaneo. La Toscana cerca, anche in questo contesto, di continuare la tradizione di grande “bottega” dell’arte come quella di proporsi come nuovo laboratorio e fucina di nuove esperienze arti-stiche sia a livello nazionale che fuori dai propri confini. Ingres-so gratuito.

Nasce da un’idea di Agostino Barlacchi e promossa dal Comune di Cadenza-

no la rassegna automobilistica “Le Bellis-sime Italiane- Auto di ogni tempo”. L’idea è quella di rendere omaggio ai grandi designer come Martinengo, Bertone e Pininfarina, tra gli altri, che hanno reso il made in Italy delle quattro ruote un punto di riferimento internazionale. La mostra sarà disposta su circa 1.500 me-

tri quadrati suddivisi in “isole del tem-po”. Un tempo che va dal 1920 al 1980: sessant’anni di grande storia dell’auto tra cui la Ferrari 250 Testa Rossa, la Lamborghini Miura fino alla Lancia Stra-tos e alla mitica rally 037. Dal lunedì al venerdì dalle 15.00 alle 19.00 fino all’8 gennaio. Sabato e domenica aperti anche la mattina presso l’ ATC Cadenzano, Via Giotto, 5 – Calenzano (FI).

Italiane... e bellissime

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Brasil. Escolhemos seis profissio-nais para representar cada região italiana. Eles exploraram muito as novas linhas e mostraram possibili-dades de proporções, acabamentos e combinações — comentou o ge-rente de marketing da empresa Tiago Nogueira.

A diretora de compras e finan-ceiro é da mesma opinião:

— Entre as nossas mostras, essa é uma das mais bonitas que já vi. Nunca vi tanta ousadia combinada com bom gosto — avalia Célia Nogueira.

Durante a inauguração, a espo-sa do fundador da Lider, Luziaria Nogueira, declarou que a exposição brinda o trabalho do dia a dia.

Homenagem decoradaLider homenageia Itália com mostra especial de ambientes decorados onde cidades italianas como Veneza e Florença cabem em uma sala de estar

O alto nível da exposição rendeu o apoio do Momento Itália-Brasil.  A embaixatriz da Itália Antonella La Francesca participou da inauguração e conferiu ainda mais autenticidade ao evento ao ceder peças de seu pró-prio acervo para serem usadas na elaboração dos interiores.

— A mostra está muito linda. Por toda a parte, se nota a referência ita-liana com o tom caloroso brasileiro. Tudo cheio de cores, com um toque de alegria e de vida. Resume muito bem os estilos dos dois países — avaliou.

Os ambientes temáticos ocu-pam o showroom da parte térrea da loja que acolheu, em Brasília, duran-te a inauguração, 300 convidados.

— A Decora Líder sempre tem um tema e este é o ano da Itália no

Uma das maiores empresas de móveis e decoração do país homenageia a Itália em uma mostra com cin-

co ambientes temáticos, inspirados nas cidades de Veneza, Roma, Flo-rença e Milão, e nas decorações da Salone Internazionale del Móbile, realizada em Milão. Organizada em Brasília pela empresa Lider Interio-res, a mostra apresenta ambientes para os quais todos os arquitetos e designers fizeram uso, como recur-so decorativo, das fotos artísticas de Clausem Bonifácio reunidas na série La Luce Italiana, cujo foco é a beleza das cidades italianas.

Stefania PelusiDe Brasília

A diretora de decoração, Augusta Nogueira, ao

lado da embaixatriz da Itália, Antonella La Francesca, que cedeu

peças do seu acervo para a decoração do evento

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— Tivemos muitas conquistas, mas também muitas dificuldades. Por isso, nos dá muita felicidade em ver uma mostra com tanta be-leza e qualidade, feita a partir dos nossos produtos.

Com 22 lojas, 1400 funcioná-rios diretos e seis fábricas, a Lider Interiores é uma das maiores em-presas de móveis e decoração do país. A Itália foi se firmando ao lon-go dos anos como berço do design, lembram os executivos da empresa.

— Um berço paradoxal que, ao mesmo tempo em que lança ten-dências antes de qualquer outro país, bebe da fonte de seus cenários e monumentos seculares, cuidado-samente preservados — comentou Augusta Nogueira, diretora de de-coração.

A junção entre o novo e o an-tigo serviu de referência para a mostra. Cada profissional recebeu um ambiente com um nome de uma cidade e começou o processo de criação que deu origem às cinco áreas. Todos os arquitetos envol-vidos apresentaram ambientes que remetem de alguma maneira à influência, às inspirações e aos con-ceitos italianos.

A vitrine acolheu criações da Domo Arquitetos (Daniel Man-gabeira, Henrique Coutinho e Matheus Seco), que homenagearam arquitetos e designers italianos.

Dividido em dois setores, o espaço era dedicado ao ítalo-austrí-aco Ettore Sottsass, formado pela universidade de Turim, no qual a união do preto com as cores for-tes e marcantes do mobiliário da Lider cria um espaço contempo-râneo e divertido, e ao arquiteto e designer italiano Antonio Citterio, cujo ambiente mais tradicional traz branco, madeira e tons básicos. Dois italianos completamente dife-rentes, mas que têm em comum a irreverência e sofisticação.

Roma, Veneza e Milão em 200 m² O ambiente dedicado à Città Eter-na tem a assinatura da arquiteta Cybele Barbosa, que concebeu uma proposta para sala de estar, jantar e home em 200 metros quadrados.

— Para fazer esse projeto, fize-mos uma pesquisa sobre a cidade. Tentamos juntar o estilo da cida-de com as novas tendências da feira de móveis de Milão, mais o mobiliário da loja. Roma é conhe-cida pelos monumentos antigos, como o Coliseu. Por isso, tenta-mos juntar o rústico para lembrar

o antigo. Mas, ao mesmo tempo, com móveis modernos, pois Ro-ma é, também, atual. Fizemos uma composição que juntasse o novo e o antigo, o contemporâneo e o rústi-co — explicam as jovens arquitetas e designers Clarice Camargo e Cris-tina Amorim.

O amplo espaço reflete a mag-nificência da arte e da cultura romanas, traduzidas em tons de bege, terracota e vermelho. Uma parte da equipe foi até Milão para estudar as novas tendências apre-sentadas durante o último Salone Internazionale del Móbile, em abril.

Uma grande foto das gôndolas roxas venezianas protagoniza o li-ving do terceiro espaço realizado pelo arquiteto André Martins. Ele buscou na fascinante Veneza ele-mentos para compor o ambiente de 285 metros quadrados, composto

por living, home theater, home office e sala de jantar. Trabalhou tons que vão do bege ao terra, e explorou novos acabamentos amadeirados, além de utilizar inúmeras matérias primas como madeira maciça, vi-dro pintado, acrílico, tecido, couro e metais.

Milão inspirou Rogério Cava-nellas e André Gamoeda, da Duo Arquitetura e Design de Interiores. Eles assinaram um espaço compos-to por home, living, sala de jantar e espaço de recepção, ressaltando a atmosfera sofisticada e cosmopoli-ta da capital do design e da moda.

— Quando se pensa em Mi-lão, vem à tona um oásis de conceitos sobre moda, design de mobiliário, iluminação, joalheria. Traduzimos essa referência em uma ambientação lúdica, onde os visitantes possam perceber em to-dos os detalhes o que é estar na cidade — comentou Cavanellas, mostrando a mesa roxa sob o belo lampadário preto. A dupla explo-rou, sobretudo, cores como o preto, o roxo, o amarelo e o vermelho para criar um espaço onde a antiguidade mistura-se com a modernidade.

A jovem mineira Karine Gon-çalves transformou a área de atendimento da loja ao expandi-la com um lounge-café.

— A madeira crua e o tijolinho são os materiais mais puros e re-presentam Florença. A moldura atrai-se ao luxo porque é uma mol-dura toda rebuscada — explica a criadora do espaço, que escolheu o verde por remeter muito à Itália e o dourado por causa da relação com o Renascimento florentino.

A Mostra de Ambientes Decora-dos Lider está aberta à visitação no Casa Park, em Brasília, de segunda-feira a sábado, das 10h às 22h, e aos domingos, das 14h às 20h, até o primeiro trimestre de 2012.

O espaço Roma mistura o rústico com o moderno

em tons de bege, terracota e vermelho

A diretoria da Lider Interiores com a

embaixatriz Antonella La Francesca

“Traduzimos a referência sobre Milão em uma ambientação lúdica, onde os visitantes possam perceber em todos os detalhes o que é estar na cidade”Rogério Cavanellas, arquiteto

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Em 1877, chegaram à futura cidade de João Neiva, no Espírito Santo, as primeiras levas de imigrantes oriundos da Itália. Para a colonização desse núcleo, vieram as famílias Negri, Tonon, Sarcinelli e Girelli. Ali, a Mata Atlântica descia do Monte

Negro a 800 metros de altitude e avançava, aproximando-se do rio Pi-raqueaçu. A polifonia dos pássaros ecoava pelo mágico vale, com o rio serpenteando a extensão das terras a serem desbravadas, protegidas por jacarandás, perobas, ipês e outras centenárias árvores de grande porte. Animais selvagens de todas as espécies vagueavam pelas matas e doenças tropicais sempre se faziam presentes no caminho dos desbravadores. Este foi o cenário encontrado pelo patriarca Orestes Negri e por outros pio-neiros advindos da Itália, que atravessavam o mar com seus familiares em busca de novos desafios nos trópicos.

Homem culto e detentor de título nobiliárquico, Orestes tinha uma visão voltada para o progresso da grande propriedade. Essa deveria ser cultivada em conjunto com as recém- chegadas levas de imigrantes, que vinham ocupar novos espaços, com a esperança de dias melhores. A família Negri trouxe da Europa maquinário para beneficiamento do café, tendo se tornado compradora desse produto em toda região, para fins de exportação, tendo em vista sua excelência e aceitação nas mesas europeias.

Após alguns anos, chega a João Neiva, em 1906, a estrada de ferro que ligava Vitória a Minas Gerais. Seus trilhos atravessavam a propriedade dos Negri, que, ávidos pelo progresso, doam terras para a montagem de uma grande oficina de reparos de locomotivas e confecção

de peças, incluindo a estação ferroviária.

IlLettoreRacconta

João Neiva, ES

A família Negri colaborou para o desenvolvimento do futebol na região ao doar terreno para a instalação do estádio João Neivense — pontapé para a fundação do Clube de Futebol Sul América. Além do estádio, também foi doado pelos Negri terreno para erguer o ginásio João Neiva, sob o comando de Ângelo Dell Oro. No local, eram ministradas aulas de italiano que se aproximavam do ensino da Itália. Ali, também eram oferecidas aulas de latim, grego, inglês e francês. A maioria dos professores era descendente de italianos: Caniçalli, Vescovi, Possatto, Sarcinelli, Farina, Geanvirgina, Pia Teresa, Albertini.

Tenho ainda viva na memória a professora de desenho, Geanvirginia, detentora de um extraordinário talento lapidado em Veneza. Foi autora de nobres quadros de influência renascentista. Uma de suas obras iluminava a residência do ex-deputado estadual Nilzo Plazzi, filho da terra.

Tais construções levaram impulso ao desenvolvimento artístico e cultural da cidade, somado à influência de respeitáveis artistas italianos, como Fran-cisco Righetti, nascido em Barga, na Toscana. Excelente violinista, possuía, também, pendor para a pintura, deixando sua marca nas igrejas católicas localizadas no estado do Espírito Santo, nas cidades de Demétrio Ribeiro, Pen-danga e Santo Antônio.

Além das obras de cunho cultural e esportivo, se desen-volvia a passos largos os meios de transporte. Nesse momento, a ferrovia ofertava cada vez mais empregos e o progresso to-mava conta de João Neiva. A energia elétrica chegou à região através de Eutalis, outro membro da família Negri — o que viabi-lizou o acesso ao rádio a toda população. Passear pelas ruas da cidade tornava-se ainda mais prazeroso ao som das músicas clássicas que serviam de “pano de fundo” para o desenrolar do tranquilo cotidiano. Nesse contex-to, houve migração das cidades vizinhas, como Demétrio Ribeiro, para João Neiva, que estava em constante expansão.

O trabalho de Orestes Negri e o seu legado ainda se encontram pre-sentes em toda a região. Seus descendentes continuam operosos na cidade, ajudando a intensificar o progresso introduzido por seus antepassados. Seu antigo casarão permanece até hoje no centro da cidade. Olhar para ele faz reviver toda a juventude, que tive o privilégio de desfrutar neste pedaço da Itália.

Arilton Mattos Niterói - RJ

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Vêneto

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O restaurante ganhou diversas vezes o título de melhor

italiano de São Paulo e agora se prepara

para levar sua receita de sucesso para Brasília e Rio de

Janeiro em 2012

Um italiano de sucessoDestaque na cena gastronômica paulistana, o Due Cuochi se prepara para expandir sua marca em outras capitais do país

gaStronomia

Tido como um dos melho-res restaurantes italianos de São Paulo, o Due Cuo-chi decidiu expandir seus

negócios e em breve irá oferecer seus pratos em outras duas cidades. Cria-do em 2005, o restaurante, apesar de jovem, já ganhou diversas vezes o título de melhor italiano de São Pau-lo e agora se prepara para levar sua receita de sucesso para Brasília e Rio de Janeiro.

— A ideia de abrir essas filiais surgiu naturalmente, em função do crescimento do restaurante e da procura de clientes de fora de São Paulo. O Due Cuochi é uma marca que se consolidou e há algum tem-po vínhamos tendo uma grande oferta de clientes e de parceiros in-teressados em levá-lo para outros

lugares, principalmente Rio de Ja-neiro Brasília — afirmou Ida Maria Frank, uma das proprietárias do restaurante.

Ida cuidava do Maria’s Bistrot, no bairro paulistano do Itaim, quan-do foi procurada pelo chef Paulo Barroso de Barros. Na época, ele tra-balhava no La Vecchia Cucina. Após um mês de negociações o bistrô deu

lugar ao Due Cuochi que, rapida-mente, conquistou vasta clientela e elogios de diversas publicações es-pecializadas em gastronomia. Três anos depois, ganharia uma filial, no shopping Cidade Jardim, cuja cozinha é comandada pelo chef Ivo Lopes, que já trabalhou no italiano Pomodori, também em São Paulo. O projeto de abertura das novas fi-liais é uma parceria do Due Cuochi com a empresa Multiplan, que admi-nistra 13 shopping centers no país.

— Fomos procurados no ano passado pela Multiplan, que nos ofecereu excelentes condições para abrir o Due Cuochi, tanto em Brasí-lia quanto no Rio — disse Ida.

O restaurante da capital federal deve ficar pronto em 2012 e funcio-nará no Brasília Park Shopping, mas ainda não há previsão de inaugura-ção. A filial do Rio de Janeiro será entregue também no ano que vem e será localizada no shopping center Village Mall, na Barra da Tijuca.

Com a abertura da filial em Brasí-lia, Ida pretende se revezar entre São Paulo e a capital federal até comple-tar o treinamento da nova equipe.

— Já temos uma pessoa que deve sair de São Paulo para atuar como chef em Brasília, mas devo permanecer um tempo razoável na cidade para coordenar os trabalhos e imprimir no restaurante o mes-mo modo de funcionamento do Due Cuochi — explicou.

Apesar de buscar a mesma quali-dade na preparação dos pratos e no atendimento da clientela, Ida garan-te que não quer criar meras cópias do Due Cuochi nas novas filiais.

— Nosso conceito não é o de uma cadeia de restaurantes, mas sim de lojas únicas que repetem o mesmo alto padrão. Teremos basi-camente o mesmo cardápio, mas vamos incorporar algumas dife-renças nas filiais para contemplar o paladar das diferentes regiões.

Admiradores do Due Cuochi de outras partes do Brasil terão que viajar para São Paulo, Rio ou Brasí-lia para experimentar pratos como o ravióli recheado com maçã e shi-meji ao molho de gorgonzola doce, e o fuzilli de calabresa, pois Ida não planeja expandir a marca para ou-tras cidades.

— Resistimos muito a sair de São Paulo e só concordamos quando tivemos certeza de que poderíamos imprimir a mesma qualidade no trabalho e nos produ-tos que oferecemos. Acho que não teremos mais do que essas quatro unidades no país — completou.

Vanessa Corrêa da SilvaDe São Paulo

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saporid’italiaVanessaCorrêadaSi lva

Serviço: Taormina Alameda Itu, 251, Jardins | Tel: (11) 3253-6276

Horário de Funcionamento: Aberto todos os dias, das 12h às 15h.

Medalhões de bacalhauRendimento: Cerca de 28 medalhões

Massa: 1 kg de farinha de grano duro; 2 copos de água filtrada; uma pitada de sal.Misturar bem a farinha, o sal e a água, e deixar descansar por 10 minutos. Abrir a massa e cortar em círculos, no formato de uma medalha.

Recheio: 1 kg de bacalhau fresco; um punhado de salsinha picada; raspas de limão siciliano; azeite extra virgem.Misturar os ingredientes. Rechear a massa com a mistura e fechar. Colocar em água fervente com sal e cozinhar de 4 a 5 minutos.

Apresentação: Em cada prato com 4 medalhões, colocar 4 ou 5 quadrados de bacalhau grelhado, salsinha picada, raspas de limão siciliano, e 2 ou 3 tomates cereja cortados ao meio. Regar tudo com caldo de laranja.

Com o cuidado de mamma

sicilianaCom menu recheado de receitas típicas feitas com

ingredientes sempre frescos, o Taormina tem um tempero a mais: a simplicidade e a atenção à mesa com os clientes

São Paulo – Após viver durante anos na Sicília, Helena Maria Zamperetti Morici retornou a São Paulo e passou a morar na esquina do colégio Dante Alighieri. Àquela altura, não imaginava que a localização de sua casa a

levasse a abrir um restaurante, anos mais tarde.— Meus filhos estudavam no Dante e sempre levavam os

amigos para a minha casa, que virou uma espécie de ‘pronto-socorro’ do colégio. Os meninos iam para lá quando precisa-vam de meias, quando tinham febre... E eu sempre acabava dando comida para eles. As mães perguntavam: ‘Como você faz aquele molho de tomate de que meu filho gosta tanto? E a massa?’ — conta Helena.

— Queriam que eu vendesse a comida, mas eu não vendia, sempre dava— continua.

Com o passar do tempo, a “cobrança” aumentou: Helena e o marido decidiram abrir um restaurante. Foi assim que, há 11 anos, surgiu o Taormina, restaurante especializado em culinária siciliana. Descendente de italianos de Vicenza e Padova, região do Vêneto, Helena é casada com Salvatore Morici, de origem si-ciliana, e passou boa parte de sua vida morando em Palermo. Foi lá que aprendeu as receitas dos pratos oferecidos no restaurante.

Da ilha, o casal importou, além dos pratos típicos, a simpli-cidade siciliana.

— Aqui não tem toalha nem cardápio, o cardápio sou eu — resume Helena.

O restaurante funciona com um menu de preço fixo (R$ 35 de segunda a sexta e R$ 52 aos sábados e domingos) que inclui antepasto, o prato principal, frutas, café e o cannolo — tradi-cional doce siciliano feito com ricota e frutas cristalizadas.

— Sem veneno, como aquele servido no filme O Poderoso Chefão, senão os clientes não voltam — brinca.

Para começar, são servidos os antipasti, que podem variar entre bruschette, caponata ou beringela à parmegiana. De fa-bricação caseira, as massas podem levar calabresa ou bacalhau,

sempre frescos. No Taormina, não entram enlatados nem congela-dos. Às sextas-feiras, o restaurante serve frutos do mar.

Depois da porção de frutas, do café e do tradicional cannolo, a re-feição termina com uma dose de li-moncello. Taormina é o nome de uma pequena cidade para onde Helena costumava levar os amigos brasilei-ros que ainda não conheciam a Si-cília. Muitos clientes decidiram visi-tar a ilha depois de conhecer a casa.

— O ex-cônsul da Itália em São Paulo, Marco Marsili, dizia que o

restaurante deveria ser considerado uma embaixada da Itália, porque muitas pessoas visitaram a Sicília depois de comer aqui.

Helena dá dicas e até prepara itinerários. O “trabalho de divulgação” da Sicília rendeu uma carta de agradecimento do presidente da região italiana, dirigida a Salvatore.

O sucesso fez com que Helena e Salvatore abrissem uma filial em Moema, onde o destaque é a organização de eventos. Na região da Paulista, o restaurante atrai muitos executivos e, para que estes não sujem suas camisas brancas com molho, He-lena sugere que usem uma proteção que ela mesma amarra ao pescoço dos clientes. Enfim, o mesmo cuidado que tinha com os filhos e seus amigos nos tempo de escola.

Situado na região da Paulista, o Taormina atrai muitos executivos

durante a semana

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Due Ladroni

Vizinhos: por que tê-los?“I want to be alone”, dizia Greta Garbo. “O inferno são os outros”, dizia Sartre. Realmente, desde que o mundo é mundo,

convivência nunca foi fácil. Se, até no casamento por amor, tantos são os sapos engolidos e, mesmo assim, muitos casais não aguentam, imagine com nossos caros cidadãos, que não são nem a doce metade, nem família, nem amigo.

Convivência é uma arte reservada a quem tem uma boa dose de diplomacia.Já escrevi, antes, nesta coluna, sobre os vizinhos na Itália, e sobre um senhor que “batendo” a toalha fora da janela, jogava

as migalhas e, certa vez, uma faca, direto para o andar de baixo, ou seja, o meu! Enfim, mudei de condomínio. Vida nova, casa nova… Novo lar, doce lar. Novos vizinhos e obviamente…. novos problemas.

Existe até um livro publicado na Itália: Como sobreviver ao condomínio. Para ver como a questão é complicada. No condomínio antigo, tinha que lidar com as migalhas que voavam dentro de casa. Agora, além desse problema, que persiste, surgiram outros.

Os elevadores na Itália são pequenos e, às vezes, não partem do térreo e sim, de uma espécie de primeiro andar. Por esse motivo, muitas pessoas do meu condomínio deixam os carrinhos de bebê no térreo, principalmente os carrinhos maiores, que não entram no elevador a não ser fechados.

Pelo jeito, a prole vem se multiplicando muito rapidamente no meu condomínio e foram parar seis carrinhos “estacionados” no térreo. O que causou protestos, cartazes ferozes criticando os pais e vandalismo de alguns moradores.

Assim, foi convocada de urgência uma reunião de condomínio “devido a assunto de extrema importância”: eliminar os carrinhos deixados no térreo e os porta guarda-chuvas em frente à porta das casas.

Ora, eu era duplamente pecadora. Pelo carrinho e pelo porta guarda-chuvas. Assim, para defender a categoria dos pais e dos proprietários dos objetos, fui à primeira reunião de condomínio da minha vida.

Éramos seis gatos pingados: eu e cinco detratores do carrinho. Papo vai, papo vem. Eles mostram toda a indignação do mundo. Quando eles tiveram filhos, levavam sempre o carrinho para cima. Por que eu não podia fazer o mesmo? Eu me defendi dizendo que com gêmeos a questão era mais complicada. Uma exceçãozinha? “Ora”, diziam em coro, “mas se fizermos uma exceção, o futuro está comprometido… e os filhos dos futuros moradores?” Duas horas e muita saliva depois, eles acabam por autorizar somente os carrinhos de gêmeos. Ufa!

Entra em discussão outro assunto grave: os porta guarda-chuvas, um atentado à beleza do condomínio! Decisão: banido para sempre! Tudo bem. São os sapos engolidos em nome da convivência. Em outras palavras, a famosa diplomacia.

Assim, com meu carrinho duplo de bebê no térreo e com os guarda-chuvas dentro de casa, a vida no condomínio prossegue tranquila.

Isso é, até que um morador ache o próximo abacaxi.

Em Roma há alguns restaurantes com nomes divertidos. Um deles é o Due Ladroni. Fica na piazza Nicosia, no centro histórico de

Roma. O ambiente é aconchegante e a comida, muito boa. No outono, fazem um delicioso tagliolini com tartufo branco.

Mas o interessante é a origem do nome do restaurante. Foi aberto em 1945, por dois irmãos como osteria, ou seja uma espécie de restaurante mais simples. Atraídos pelos bons preços, os clientes mais assíduos eram os caminhoneiros. Mas o local começou a ganhar fama e a clientela aumentou. Como a lei da oferta e procura, quanto mais clientes eles tinham, mais os preços aumentavam. Os caminhoneiros, então, para marcar encontro com os colegas de profissão diziam: “A gente se encontra lá nos dois ladrões!”

Há mais de duas décadas, o restaurante tem outros proprietários. Mas a comida continua ótima, o restaurante continua cheio e os proprietários, sempre faturando muito.

la gente, il postoClaudiaMonteiroDeCastro

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