Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

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O que foi antes um sonho é hoje um exemplo que se realiza, a cada dia, em cada trabalhador atendido pelo sistema.

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Page 1: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

USUÁRIOS DE RODOVIAS JÁ NÃO RESISTEM AOS CAROS PEDÁGIOS

BARREIRABARREIRAECONÔMICA

CNTREVIS

TA

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE | ANO IX | NÚMERO 99 | SETEMBRO 2003

ECONÔMICAUSUÁRIOS DE RODOVIAS JÁ NÃO RESISTEM AOS CAROS PEDÁGIOS

LEIA TAMBÉM NESTA EDIÇÃO SEST/SENAT COMEMORA 10 ANOS

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE | ANO IX | NÚMERO 99 | SETEMBRO 2003

Page 2: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

Aplicar anúnci

Sest/Sena

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io institucional

at 10 anos

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PRESIDENTEClésio Soares de Andrade

PRESIDENTE DE HONRAThiers Fattori Costa

VICE-PRESIDENTES SEÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues SEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares Júnior SEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Benedicto Dario FerrazSEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti

PRESIDENTES E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃOSEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Otávio Vieira da Cunha Filho e Ilso Pedro MentaSEÇÃO DO TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio Benatti e Antônio Pereira de SiqueiraSEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca Lopes e Mariano CostaSEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Renato Cézar Ferreira Bittencourt e Cláudio Roberto Fernandes Decourt SEÇÃO DO TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Bernardo José Figueiredo Gonçalves de Oliveira e Nélio Celso Carneiro TavaresSEÇÃO DO TRANSPORTE AÉREO

Wolner José Pereira de Aguiar (vice-presidente no exercício da presidência)

CONSELHO FISCALTITULARES Waldemar Araújo, David Lopes de Oliveira, Éder Dal’Lago e René Adão Alves PintoSUPLENTES Getúlio Vargas de Moura Braatz, Robert Cyrill Higgin e José Hélio Fernandes

DIRETORIA

SEÇÃO DO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Denisar de Almeida Arneiro, Eduardo FerreiraRebuzzi, Francisco Pelucio, Irani Bertolini, Jésu Ignácio de Araújo, Jorge Marques Trilha,Oswaldo Dias de Castro, Romeu Natal Panzan,Romeu Nerci Luft, Tânia Drumond, Augusto Dalçoquio Neto, Valmor Weiss, Paulo Vicente Caleffi e José Hélio Fernandes;

SEÇÃO DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Aylmer Chieppe, Alfredo José Bezerra Leite, Narciso Gonçalves dos Santos, José Augusto Pinheiro, Marcus Vinícius Gravina, Oscar Conte,Tarcísio Schettino Ribeiro, Marco Antônio Gulin,Eudo Laranjeiras Costa, Antônio Carlos Melgaço Knitell, Abrão Abdo Izacc, João de Campos Palma, Francisco Saldanha Bezerra e Jerson Antonio Picoli

SEÇÃO DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de Sousa, José Alexandrino Ferreira Neto, José Percides Rodrigues, Luiz Maldonado Marthos, Sandoval Geraldino dos Santos, José Veronez, Waldemar Stimamilio, André Luiz Costa, Armando Brocco, Heraldo GomesAndrade, Claudinei Natal Pelegrini, Getúlio Vargasde Moura Braatz, Celso Fernandes Neto e NeirmanMoreira da Silva

SEÇÃO DO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Cláudio Roberto Fernandes Decourt, Glen GordonFindlay, Luiz Rebelo Neto, Moacyr Bonelli, AlcyHagge Cavalcante, Carlos Affonso Cerveira,Marcelino José Lobato Nascimento, MaurícioMöckel Pascoal, Milton Ferreira Tito, Sílvio VascoCampos Jorge, Cláudio Martins Marote, JorgeLeônidas Melo Pinho, Ronaldo Mattos de OliveiraLima e Bruno Bastos Lima Rocha

CONSELHO EDITORIAL Almerindo Camilo, Bernardino Rios Pim, Etevaldo Dias, Maria Tereza Pantojae Vanêssa Palhares

REDAÇÃOEDITOR RESPONSÁVEL

Almerindo Camilo (MG2709JP)[email protected] EXECUTIVOS

Ricardo Ballarine - [email protected] Seara (Arte) - [email protected]ÓRTERES

Eulene Hemétrio, Patrizia D’Aversa, Rodrigo Rievers,Rogério Maurício, Wagner Seixas (especial)e Zico PachecoFOTOGRAFIA

Paulo Fonseca e Futura PressINFOGRAFIA

Agência Graffo - (31) 3378-7145www.graffo.inf.brDIAGRAMAÇÃO E PAGINAÇÃO

Antonio Dias e Wanderson F. Dias

[email protected]ÇÃORafael Melgaço Alvim - [email protected] CarvalhoENDEREÇORua Monteiro Lobato, 123/101 CEP 31.310-530 Belo Horizonte MGTELEFONES(31) 3498-2931 e (31) 3498-3694 (Fax) [email protected]@uol.com.brNA INTERNETwww.cnt.org.brASSINATURA0800 78 2891ATUALIZE SEU ENDEREÇ[email protected] Fontana - (0xx11) [email protected]ção mensal da CNT, registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob onúmero 053, editada sob responsabilidade da AC&S Comunicação.

IMPRESSÃO WEB Editora TIRAGEM 40.000 exemplares

CNT Confederação Nacional do Transporte

Revista CNT

50

27

TURISMO FERROVIÁRIOA Revista CNT realizouduas viagens para avaliar as condições doserviço no Corcovado e no trecho BH-Vitória

RETRATO BRASILEIROO livro “Brasil das Placas” conta em fotosum pouco da cultura debeira de estrada, numaobra bem-humorada

ALTO CUSTOCaro, o pedágio chegaa consumir até 1/4do que as empresas recebem pelo frete

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CNTREVIS

TA

10 ANOS DE SEST/SENAT 34

CPIS DO ROUBO DE CARGAS 40

PORTOS FLUVIAIS 44

ALEXANDRE GARCIA 59

MAIS TRANSPORTE 60

REDE TRANSPORTE 63

IDET 64

HUMOR 66

ÍCONE EM REFORMAO aeroporto Santos Dumontpode enfrentar mudançasque descaracterizam suaarquitetura, uma das maisbelas do mundo

9

15CRISE AMPLAPesquisa feita pelo Itrans revelaque as pessoas estão usandomenos o transporte coletivo porfalta de dinheiro. Reportagemtraz análises das entidades declasse e do governo e mostra as medidas em estudo parareduzir o problema

ANO IX | NÚMERO 99 | SETEMBRO 2003

CAPA RODRIGO PETTERSON/FUTURA PRESS

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C om o apoio dos trans por ta do res detodo o Bra sil e o tra ba lho ex cep cio -nal de sen vol vi do por cen te nas decom pa nhei ros das fe de ra ções e dos

sin di ca tos; di re to res e co la bo ra do res das maisde 300 en ti da des que com põem o Sis te maCNT cria mos, há 10 anos, o SEST/SE NAT.

Na que le mo men to, nos so so nho era teruma ins ti tui ção que de sen vol ves se e dis se mi -nas se a cul tu ra do trans por te, pro mo ves se ame lho ria da qua li da de de vida e do de sem pe -nho pro fis sio nal do tra ba lha dor e o qua li fi cas -se para efi ciên cia e efi cá cia na pres ta ção deser vi ços para a so cie da de.

Com a cria ção do SEST/SE NAT, este de se jopas sou a ser nos so de sa fio, nos sa mis são.

Rea li za mos pes qui sas e es tu dos sis te má ti cosque nor tea ram o pla ne ja men to e o pro je to de im -plan ta ção do Sis te ma. A par tir des tes es tu dos,con ce be mos o SEST/SE NAT como uma ins ti tui -ção ca paz de atuar no de sen vol vi men to in te graldo tra ba lha dor em trans por te e de suas fa mí lias.

Hoje, são qua se cem uni da des doSEST/SE NAT que ofe re cem as sis tên cia mé di -ca e odon to ló gi ca, ações de es por te, la zer ecul tu ra. Ao mes mo tem po, ga ran tem o apri -mo ra men to pro fis sio nal atra vés da ca pa ci ta -ção, qua li fi ca ção e aper fei çoa men to dos pro -fis sio nais que já tra ba lham no trans por te,além de for mar no vos pro fis sio nais. São maisde 15 mi lhões de aten di men tos já rea li za dos.

Nos sas uni da des es tão ins ta la das, por todopaís, nas ci da des bra si lei ras com maior con cen -tra ção de tra ba lha do res do se tor e em pon tos es -tra té gi cos das ro do vias com maior mo vi men to.

Atual men te, um mi lhão de tra ba lha do res e 3 mi -lhões de fa mi lia res fre qüen tam o SEST/SE NAT.

Os re cur sos de in for má ti ca, das te le co mu ni -ca ções e da or ga ni za ção de re des, são pe çasfun da men tais para o ge ren cia men to de um Sis -te ma como este. Des de a cria ção do SEST/SE -NAT usa mos as mais mo der nas tec no lo gias deco mu ni ca ção. No âm bi to da apren di za gem,con ta mos com a REDE TRANS POR TE. Um ca -nal pri va do de te le vi são via sa té li te que ofe re cecur sos para o en si no a dis tân cia e trei na men toper ma nen te de nos sas equi pes. Na par te ad mi -nis tra ti va, con ta mos com uma rede to tal men tein ter li ga da de for ma a criar um am bien te or ga -ni za cio nal que in cen ti ve o pro ces so de ci só rioali nha do aos ob je ti vos ge rais da ins ti tui ção.

Es tes prin cí pios mo der nos de ad mi nis tra -ção ra cio na li zam os re cur sos e fa zem comque as uni da des do SEST/SE NAT vol tam-seto tal men te para a sua ati vi da de fim: atuar jun -to aos tra ba lha do res do trans por te com preen -den do suas ati tu des, mo ti va ções e a com ple -xi da de de seu am bien te de tra ba lho.

O aten di men to à co mu ni da de e o de sen -vol vi men to de par ce rias que in cen ti vem prá ti -cas res pon sá veis nos mais di ver sos as pec tosdo trans por te com ple tam o arco de atua çãodo SEST/SE NAT.

O que foi an tes um so nho, é hoje um exem ploque se rea li za, a cada dia, em cada tra ba lha doraten di do pelo Sis te ma.

Em 10 anos, fi ze mos mais do que atin girme tas. Cria mos uma ins ti tui ção viva, com pro -me ti da com a qua li da de de vida e a res pon -sa bi li da de so cial.

O QUE FOI AN TESUM SO NHO, ÉHOJE UM EXEM PLOQUE SE REA LI ZA,A CADA DIA, EMCADA TRA BA LHA DORATEN DI DO PELOSIS TE MA

SEST/SENAT 10 anos, umavitória no setor de transporte

EDITORIAL

CLÉSIO ANDRADEPRESIDENTE DA CNT

SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 7

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POLÊMICA AÉREA

8 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

CRÉ DI TONum país que cos tu ma se ufa narda po si ção que ocu pa no ran kingeco nô mi co mun dial, é de as sus -tar a rea li da de re tra ta da na re por -ta gem “Mui to além do bol so e doho ri zon te”, ma té ria de capa daedi ção de agos to des ta Re vis taCNT, mos tran do as di fi cul da desde aces so dos em pre sá rios do se -tor de trans por te ao cré di to. In fe -liz men te, é pre ci so cons ta tar queeste não é um pri vi lé gio ex clu si vodes te se tor da eco no mia. O bra si -lei ro de ma nei ra ge ral está lon gedas bur ras cada vez mais abar ro -ta das dos ban quei ros, a cas taque pelo vis to ain da vai con ti nuara do mi nar este país por mui to emui to tem po.

LUI GI BE NAC CI,PON TA GROS SA-PR

Pa ra béns à equi pe da Re vis taCNT” pela cla re za com que foitra ta da, na úl ti ma edi ção, a di fi -cul da de de cré di to que en fren ta ose tor de trans por te. É de se es pe -rar que o go ver no Lula in clua natão pro pa la da re for ma do Bra silum dis po si ti vo que per mi ta aosem preen de do res es ta be le ceruma re la ção mais jus ta com osdo nos do di nhei ro no Bra sil.CAR LOS EDUAR DO MOS CA TO,

SÃO PAU LO-SP

SO LI DA RIE DA DECom atra so, mas nem por istosem gra ti dão, ma ni fes to-me fe lizpela qua li da de da ma té ria so breres pon sa bi li da de so cial in cluí daem sua edi ção de ju lho. O tema ése gu ra men te um dos mais atuais,

não só no Bra sil, mas em todo omun do. Se não hou ver da par teda so cie da de ci vil a to ma da decons ciên cia de que não se devees pe rar dos go ver nos a so lu çãode nos sos pro ble mas, di fi cil men -te po de re mos le gar aos nos sos fi -lhos e ne tos um mun do me lhordo que o que re ce be mos de nos -sos pais. É cla ro que esta pos tu ranão deve nos co lo car na con di çãode in di fe ren tes em re la ção aosgo ver nos. Até por que, se as simagir mos, es ta re mos in cor ren donum dos maio res pe ca dos da eramo der na: a omis são. De ve mossim ter uma pos tu ra crí ti ca e fir -me de co bran ça para com os go -ver nan tes, se jam eles de mo cra ti -ca men te elei tos ou não. Mas fi cara es pe rar que de les ve nha a so lu -ção para os nos sos pro ble maspre men tes é no mí ni mo uma pos -tu ra in gê nua. Ou in sa na...MA RIA ISA BEL DE AL MEI DA

GUA RAN TIN GUE TÁ - SP

AN TO NOVVa lho-me des ta para enal te cer aboa ma té ria da jor na lis ta Eu le neHe mé trio so bre o cu rio so aviãoAn to no v, na re por ta gem “Um gi -gan te efi caz e prá ti co”. Pa ra bénsà equi pe.

RA FAEL PI RES COS TA SETE LA GOAS-MG

SU GES TÃOGos ta ria de su ge rir que vo cês

fi zes sem mais ma té rias so bre otra ta men to dis pen sa do aosusuá rios das em pre sas aé reas.Na ver da de, o que tem-se ve ri fi -ca do é que, no afã de di mi nuir

cus tos para com pa ti bi li zar suasdes pe sas, mui tas es tão ofe re -cen do aos usuá rios um ser vi çoaquém do es pe ra do. Em mui tosca sos, há em pre sas de ou trosse to res de trans por tes - trens eôni bus, por exem plo - con quis -tan do mais clien tes ofe re cen domais co mo di da de. Será que otema é atraen te?CAR LA MAR ÇAL DIAS

POR TO ALE GRE-RS

Pa ra béns pe las úl ti mas edi -ções, que têm tra ta do de te masva ria dos, de in te res se não só dequem atua no se tor de trans por -te, como é o meu caso, mas delei to res de qual quer ramo de ati -vi da de. Po rém, su gi ro que vo cêsdêem mais es pa ço a re por ta gensso bre tec no lo gia em trans por te.Esta é uma área ca ren te na dita“mí dia con ven cio nal”, e só po de -mos con tar com a Re vis ta CNTpara pu bli car ma té rias com focones te as sun to.LUIZ DE GÓES CA VAL LIE RIFEI RA DE SAN TA NA-BA

NOTA DO EDI TORAs su ges tões fo ram

en ca mi nha das ao Con se lhoEdi to rial para apre cia ção.

CAR TAS PARA ESTA SE ÇÃO

Rua Mon tei ro Lo ba to, 123, Sala 101, Ouro Pre toBelo Ho ri zon te, Mi nas Ge raisCep: 31310-530Fax: (31) 3498-3694E-mail: re vis tacn t@re vis tacnt.com.br

As car tas de vem con ter nome com ple to, en de re ço ete le fo ne. Por mo ti vo de es pa ço, as men sa gens se -rão se le cio na das e po de rão so frer cor tes

É cla ro queesta pos tu ranão deve nosco lo car nacon di ção dein di fe ren tesem re la çãoaos go ver nos

DO LEITORre vis tacn t@re vis tacnt.com.br

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SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 9

POLÊMICA AÉREAOBRA NO SANTOS DUMONT GERA EMBATE E PROMESSA DE MANTER A LINHA ORIGINAL

POR WAGNER SEIXAS

FOTOS INFRAERO/DIVULGAÇÃO

Montagem fotográfica com as mudanças previstas no aeroportoSantos Dumont

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S ob o in vó lu cro do ro man tis mo queali cer çou sua his tó ria e que con tri -buiu para a as cen são da via ção na -cio nal, da sin gu lar har mo nia de

suas for mas ar qui te tô ni cas e da pri vi le gia davi zi nhan ça com a baía da Gua na ba ra, o Pãode Açú car e o Cris to Re den tor, o ae ro por toSan tos Du mont ini cia um im por tan te pro ces -so de trans for ma ção, pas san do, po rém, poruma in ten sa po lê mi ca a par tir do anún cio dasobras de am plia ção e mo der ni za ção de suasins ta la ções. Nes se cabo de guer ra, as pon tasse di ver gem as pe ra men te e de fen dem pon tosde vis tas di ver gen tes, em bo ra o es ta do be li ge -ran te não im pe ça o iní cio das obras mar ca dopara este se mes tre. A acir ra da dis cus são, queen con trou gua ri da na co lu na do mi ni cal deElio Gas pa ri, na “Fo lha de S. Pau lo” e em “OGlo bo”, re to mou o de ba te so bre a im por tân -cia do San tos Du mont e, prin ci pal men te,trou xe à tona, de for ma ní ti da e preo cu pan te,a ago nia do ae ro por to Tom Jo bim.

De um lado, ar qui te tos, am bien ta lis tas,pi lo tos, agen tes de via gem e de fen so resdo pa tri mô nio his tó ri co vis lum bram a der -ro ca da li te ral do mais belo ae ro por to domun do. O ci neas ta Or son Wel les cha mouo ter mi nal de “obra-pri ma” da ar qui te tu ra.En can tou-se tan to que gas tou mui tos ro -los de fil mes para imor ta li zar o lo cal. Naou tra pon ta, a In frae ro, com pa nhias aé -reas e ha bi tuais pas sa gei ros jus ti fi cam aemer gên cia da obra sob ale ga ção de o lo -cal ser in ca paz de com por tar o flu xo atualde usuá rios. O ae ro por to re ce be anual -men te qua se 6 mi lhões de pes soas, quan -do sua ca pa ci da de má xi ma é de 3 mi -lhões. O des con for to é vi sí vel e o em -preen di men to pre vê o aten di men to de 8,5mi lhões de pas sa gei ros/ano. Ape sar das ra zões de cada um, o pro je to

des lan cha à re ve lia dos de ba tes aca lo ra dose irá con su mir R$ 230 mi lhões, de ven do es -tar con cluí do em 2006, a tem po de o Rio de

ORSON WELLESCHAMOU O SANTOS DUMONTDE “OBRA-PRIMA” DA ARQUITETURAE GASTOU ROLOSDE FILMES PARAIMORTALIZAR O AEROPORTO

10 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

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SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 11

Ja nei ro re ce ber atle tas para os Jo gos Pan-Ame ri ca nos de 2007. Mes mo com a gri tage ral, a obra ten de a se ade quar às par tesem con fli to. A des pei to da am plia ção do ter -mi nal de pas sa gei ros de 19 mil para 55 milme tros qua dra dos, a In frae ro afian ça que aar qui te tu ra não será des ca rac te ri za da. Elase ga ran te no aval do au tor do pro je to, o ar -qui te to Sér gio Jar dim, da em prei tei ra Fi -guei re do Fer raz, e, prin ci pal men te, do acor -do fir ma do com o Ins ti tu to Es ta dual do Pa -tri mô nio His tó ri co do Rio de Ja nei ro (Ine -pac), no qual foi as se gu ra da a pre ser va çãodas li nhas ori gi nais do ae ro por to.Para ar qui te tos, am bien ta lis tas e de fen -

so res do pa tri mô nio his tó ri co, tais obras re -pre sen tam um sa cri lé gio a um te sou ro ar -tís ti co, mes mo com as ga ran tias ofe re ci daspela In frae ro. O ae ro por to se ali nha a ou -tros mo nu men tos re le van tes e adi cio na dosao glos sá rio de ar qui te tu ra imor tal, comopor exem plo, o me trô de Mos cou. “São be -lís si mos e fo ram cons truí dos para se remin to cá veis”, diz o ar qui te to ca rio ca Fer nan -do Bar bo sa.O di re tor do Ine pac, Mar cos Mon tei ro, ao

ana li sar o pro je to no iní cio do ano, exi giuuma sé rie de mu dan ças em re la ção à pro -pos ta apre sen ta da pela equi pe de Sér gioJar dim. As al te ra ções fo ram aco mo da dasàs re co men da ções téc ni cas do ór gão. Opré dio do ae ro por to foi tom ba do em agos tode 1998 e ne nhu ma al te ra ção pode ser fei -ta, sob pena de os res pon sá veis res pon de -rem cri mi nal men te pelo ato.Por par te de Mon tei ra e seus téc ni cos,

ha ve rá uma vi gi lân cia per ma nen te. “De sa -pro va mos as mo di fi ca ções in ter nas no ter -mi nal já exis ten te e foi pe di do um es pa ça -men to maior en tre os dois pré dios. A In frae -ro se com pro me teu a cum prir as re co men -da ções. Se, no en tan to, a em pre sa al te rarum cen tí me tro ao lon go da obra, va mos in -ter vir”, pro me te o di re tor do Ine pac. Não

NOVO TERMINAL SERÁ EXCLUSIVOPARA EMBARQUE DE PASSAGEIROS

A s obras de am plia ção emo der ni za ção do San -tos Du mont es tão pro -

gra ma das para co me çar nes tese gun do se mes tre, com tér mi -no pre vis to para an tes de2007, se gun do o cro no gra ma.As ins ta la ções da Ae ro náu ti caque es tão no ae ro por to se rãotrans fe ri das para a Base Aé reado Ga leão. Um pla no viá rio foicria do para ser exe cu ta do noen tor no do lo cal e o pre fei toCé sar Maia já des ti nou R$ 20mi lhões para a me lho rar oaces so ao ter mi nal de pas sa -gei ros e eli mi nar pos sí veistrans tor nos de trân si to.

De acor do com o pro je to,será er gui do um novo ter mi nalso men te para em bar que,além da re for ma do ter mi nal

já exis ten te e a cons tru ção deum cor re dor de li ga ção en treos dois. A In frae ro pre ten deins ta lar nove pon tes de em -bar que e tam bém ade quar opá tio do ae ro por to às no vastrans for ma ções. Sem en ten -der a ra zão de tan ta po lê mi ca,o pre si den te da In frae ro dis seque a em pre sa quer que osae ro por tos cen trais do país fi -quem mais mo der nos e con -for tá veis. Ci tou como exem ploCon go nhas, em São Pau lo, ePam pu lha, em Belo Ho ri zon -te, que já re ce be ram in ves ti -men tos e fo ram me lho ra dos.“Isso não sig ni fi ca que va mosabrir mão da trans fe rên ciados vôos que não são da pon -te aé rea para os gran des ae ro -por tos. Ae ro por tos cen traisde vem se co mu ni car ape nascom ou tros ae ro por tos cen -trais”, de fen de Car los Wil son.

MUDANÇAAmpliação altera embarque de usuários

CELSO AVILA/FUTURA PRESS

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12 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

exis te um pro to co lo as si na do e tudo se equi -li bra no fio do bi go de. A po lê mi ca não se con cen tra ape nas no as -

pec to his tó ri co-ar qui te tô ni co. A essa al tu ra, otema já não é tão re le van te, a par tir de com pro -mis sos de que nada será to ca do. A ala con trá riaà am plia ção es ten de sua lis ta de ra zões parabom bar dear o pro je to: da nos am bien tais, con -ges tio na men to do trân si to na área cen tral do Rioe a de cre ta ção do fim do ae ro por to Tom Jo bim.O pri mei ro es to pim da cri se ocor reu quan do opro je to foi apre sen ta do pela In frae ro há três me -ses, du ran te au diên cia pú bli ca, na qual par ti ci -pa ram agen tes de via gem, pi lo tos de avião e as -so cia ções de ar qui te tos. De for ma unâ ni me, elesse po si cio na ram con tra e ale ga ram que os gas -tos eram des ne ces sá rios face à ino pe rân cia doan ti go Ga leão, na Ilha do Go ver na dor, cuja ca pa -ci da de ope ra cio nal ocio sa che ga a 75%.

In ten cio nal men te, abriu-se uma fren tepró-Tom Jo bim sob o es cu do da mo der ni za -ção do San tos Du mont. “De ve riam di vi diros vôos de for ma ra cio nal en tre os dois ae -ro por tos. En quan to o San tos Du mont é su -fo ca do e pa re ce uma ro do viá ria do Ter cei roMun do, o Tom Jo bim ago ni za”, diz Car losFer nan des An dra de, do IAB-RJ. Ele se so -cor re a nú me ros para con so li dar sua tese.O Tom Jo bim tem con di ções de re ce ber 17mi lhões de pas sa gei ros/ano e hoje esse nú -me ro não pas sa de 4,5 mi lhões. Até en tão,o es ter tor do an ti go Ga leão não era de ba ti -do pu bli ca men te. O ar gu men to en con tra res so nân cia na

Pre fei tu ra ca rio ca. O sub se cre tá rio de Tu ris -mo da ci da de, Pau lo Bas tos, de fen de umpla ne ja men to por par te da In frae ro na dis tri -bui ção dos vôos para San tos Du mont e Tom

GLÓRIA E LUXO NA PORTA DO RIO DE JANEIRO

O com po si tor mi nei ro Fer nan doBrant, só cio re mi do do Clu be da Es -qui na, ja mais es que ceu suas idas

ao Rio de Ja nei ro quan do ado les cen te, par -tin do da Pam pu lha em di re ção ao San tosDu mont, pe las asas da Pa nair. Só pôde des -cre ver suas emo ções quan do com pôs, em1974, “Sau da des dos Aviões da Pa nair”,que Elis Re gi na tor nou a mú si ca imor tal.Num dos tre chos, a mi nei ri ce qua se sim pló -ria de Brant se re ve la numa con fis são ina -cre di tá vel: “A pri mei ra Coca-Cola foi, melem bro bem ago ra, nas asas da Pa nair/Amaior das ma ra vi lhas foi voan do so bre omun do/Nas asas da Pa nair”.

O com po si tor teme que as obras no San -tos Du mont apa guem a me mó ria fí si ca de

um mo nu men to que está in trin se ca men teli ga do à his tó ria da avia ção bra si lei ra. “A Pa -nair é só uma re cor da ção. Será que o mes -mo ocor re rá com o ae ro por to?”

De for ma pri vi le gia da, o poe ta Vi ní ciusde Mo raes tam bém viu da ja ne la do aviãoque pou sa va no ve lho ter mi nal do an ti goCa la bou ço as be le zas do Rio. E es cre veupara o ami go Tom mu si car: “Vejo o mar, oCor co va do, o Cris to Re den tor e o in fi ni to”.“A pri vi le gia da lo ca li za ção do ae ro por to e aopor tu ni da de de ver am pla men te a ci da demais bela do mun do são ra zões jus ti fi ca daspara se bri gar pelo as sen to da ja ne li nha”,diz o es cri tor An tô nio Bar re to e fre qüen ta dorda pon te aé rea.

O mais no tó rio play boy bra si lei ro, o ex-

mi lio ná rio Jor gui nho Guin le, hoje com 88anos, ga ran te ter pas sa do um sex to de suavida nas ram pas do San tos Du mont. Já peloae ro por to ima gi na va-se nos bra ços de suasmu sas holly woo dia nas, como Rita Hay -worth, Ma rilyn Mon roe e Kim No vak e a “fel -li nia na” Ani ta Ek berg. Ia vi si tá-las cons tan -te men te e ador ná-las de mi mos e jóias.

Re ce bia os ami gos de boe mia, comoPor fí rio Ru bi ro sa, Baby Pig na ta ri e Ali Kahn,e suas “deu sas” do ci ne ma. Para Guin le, asim ples men ção de que o ae ro por to podeso frer al te ra ções na sua ar qui te tu ra dei xa-lhe an gus tia do. “Co nhe ço o mun do todo epos so ga ran tir que o San tos Du mont é omais belo de todo o pla ne ta. Qual quer me -xi da será um cri me con tra o pa tri mô nio.”

CLUBE DA ESQUINAFernando Brant cantou o Rio do avião

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SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 13

CHARMESantos Dumont completou a cara do Rio de Janeiro

Jo bim. “Esse equi lí brio será de ci si vo paraque a pre fei tu ra con ce da o li cen cia men topara a obra”, amea ça Bas tos. Mui to mais doque re co men dar esse “equi lí brio”, os go ver -nos mu ni ci pal e es ta dual se preo cu pam como es va zia men to do Ga leão, o des man te la -men to de es tru tu ras e a per da de sta tus da -que le ae ro por to, cu jas con se qüên cias ba temdi re ta men te na eco no mia do Es ta do. De acor do com o Co mi tê de Em pre sas Aé -

reas do Ga leão, nos úl ti mos anos dez com pa -nhias in ter na cio nais aban do na ram o lo cal epas sa ram a ope rar ape nas em São Pau lo.São os ca sos da nor te-ame ri ca na Del ta, daho lan de sa KLM e da ita lia na Ali ta lia. Hoje,ape nas sete em pre sas in ter na cio nais ain daope ram vôos di re tos para o Rio e qua tro -Uni ted Air li nes, Con ti nen tal, Bri tish Air ways eLan Chi le - che gam ao Ga leão via co ne xãoem Gua ru lhos. Por trás des sas mo di fi ca ções es tra té gi cas

cau sa das pela se mi fa lên cia do Tom Jo bim,uma das con se qüên cias da no sa ao Rio: a di -mi nui ção de tu ris tas na ci da de. O vice-pre si -den te de pla ne ja men to eco nô mi co da Va rig,Al ber to Fa jer man, jus ti fi ca a op ção por SãoPau lo. “A ci da de é o pólo de ne gó cios, e amaio ria de nos sos pas sa gei ros em vôos in ter -na cio nais é de pau lis tas.”A acu sa ção de se pro mo ver um es va zia -

men to do Tom Jo bim, re for ça da ago ra com aam plia ção do San tos Du mont, é re ba ti da pelosu pe rin ten den te de En ge nha ria da In frae ro,Jor ge Ditz. Se gun do ele, a mo der ni za ção visaaten der à de man da do ve lho ae ro por to, quehoje é de 5,6 mi lhões de pas sa gei ros/ano,em bo ra te nha ca pa ci da de para ape nas 3 mi -lhões. “A am plia ção é para adap ta-lo à de -man da atual”, ex pli cou. Ditz ar gu men ta, ain -da, que a em pre sa está, há dois anos, rea li -zan do uma cam pa nha para au men tar o mo -vi men to no Ga leão. À boca miú da, o lo cal não“de co la” por cau sa da vio lên cia na Li nha Ver -me lha, prin ci pal aces so ao ter mi nal.

A AMPLIAÇÃO VISA ADAPTAR OAEROPORTO ÀDEMANDA ATUAL,QUE HOJE É DE5,6 MILHÕES DEPASSAGEIROS

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téc ni ca”, mas nega não ter ha vi do trans pa -rên cia na dis cus são do pro je to. Car los Wil songa ran te que a em pre sa con sul tou to dos os ór -gãos ne ces sá rios para a apro va ção da pro -pos ta ao lon go dos úl ti mos dois anos, du ran -te a con fec ção do pro je to fi nal.Des de o in cên dio de 13 de fe ve rei ro de

1998, quan do dois ter ços do San tos Du montfoi con su mi do pelo fogo, cau san do um pre -juí zo de R$ 50 mi lhões, o lo cal de man daobras emer gen ciais de mo der ni za ção, ar gu -men tam os de fen so res do pro je to. Um dos -siê con fi den cial pro du zi do pela In frae roapon ta uma sé rie de itens que re co men dama am plia ção. O re la tó rio ob ser va o pro ble maen fren ta do pe los pas sa gei ros, fun cio ná rios eaté mes mo pe las ma no bras de de co la gem epou so. De acor do com o do cu men to, osusuá rios cor rem ris cos enor mes du ran te odes lo ca men to até as ae ro na ves. “O mo vi -men to da pon te aé rea Rio-São Pau lo é in ten -so e o lo cal não com por ta ta ma nha car ga,exi gin do adap ta ções para seu fun cio na men -to nor mal”, diz um en ge nhei ro que aju dou acon fec cio nar o dos siê. l

Em bo ra a In frae ro re co nhe ça a ex ces si vacon ces são de vôos para o San tos Du mont, eladi vi de a res pon sa bi li da de com o DAC (De par -ta men to de Avia ção Ci vil). O pre si den te da In -frae ro, Car los Wil son, lem bra que uma co mis -são for ma da por téc ni cos da es ta tal que co -man da e do DAC de ter mi nou a re du ção devôos no San tos Du mont. Ain da se gun do ele,ou tras me di das de im pac to se rão to ma daspara res sus ci tar o Tom Jo bim e re cu pe rar seumo vi men to. “Po de mos ze rar as ta ri fas ae ro -por tuá rias para atrair no va men te as em pre saspara o ae ro por to in ter na cio nal. Mas é pre ci soha ver uma ação con jun ta”, acres cen ta Car losWil son, sem dar maio res de ta lhes.An tes mes mo de as sen tar o pri mei ro ti jo lo,

a mo der ni za ção do San tos Du mont sus ci tade ba tes e é lan ça do so bre ele sus pei tas de fa -vo re ci men to. O IAB-RJ cri ti ca a au sên cia deli ci ta ção e a “es tra nha” es co lha téc ni ca dopro je to con du zi da pela In frae ro. Fer nan desacu sa a es ta tal de des con si de rar a sua apre -sen ta ção e dis cus são pú bli ca. A as ses so ria daIn frae ro ad mi te não ter pro mo vi do con cur so,an co ran do-se no dis po si ti vo le gal da “li ci ta ção

BELEZA Infraero garante que o projeto de ampliação não irá esconder o cenário carioca dos olhos dos passageiros

A PANAIR É APENAS UMARECORDAÇÃO.SERÁ QUE O MESMO VAI OCORRER COMO AEROPORTO?

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POR RODRIGO RIEVERS

PAULO FONSECA

OCÍRCULO SE FECHAOCÍRCULO SE FECHA

SEM EMPREGO, SEM COMIDA E TAMBÉM SEM DINHEIROPARA O TRANSPORTE. É O RETRATO DO BRASIL ATUALSEM EMPREGO, SEM COMIDA E TAMBÉM SEM DINHEIROPARA O TRANSPORTE. É O RETRATO DO BRASIL ATUAL

POR RODRIGO RIEVERS

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16 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

urbano pertenciam às classes D e E, ou seja,aquelas com rendimento mensal até R$ 720. Poderia ser apenas mais um dado não fosse

o fato de as pessoas incluídas nessa faixa derenda representarem cerca de 45% da popu-lação brasileira. Em números frios, 20 milhõesde pessoas não têm acesso ao transporteurbano. Como esse grupo não tem condiçõespara ter um carro, foi necessário identificar quala forma utilizada para locomoção. Ao contráriodo que supunham técnicos e empresários dosetor de transporte urbano, parcela significativanão havia migrado para o transporte alternativo.Simplesmente, deixou de utilizar o transportemotorizado (ônibus, trens e metrôs). “Optarampor economizar o dinheiro da passagem e pas-

Amais significativa dimensão da po-breza é a fome. Tanto que a primeirareação do presidente Luiz Inácio Lulada Silva, ao ser eleito, foi anunciar o

programa Fome Zero para atender os 50 mi-lhões que não se alimentam. A pobreza, que serevela também na dificuldade de acesso à edu-cação, saúde e emprego, começa a mostraruma nova, mas não menos perversa faceta, re-presentada pela baixa mobilidade da populaçãoque vive nas grandes metrópoles brasileiras.Conseqüência da perda de poder aquisitivo e dopreço das tarifas do transporte coletivo urbano,esse tipo de exclusão social faz surgir um novogrupo: o dos “sem-transporte”.Esse fenômeno foi captado na primeira eta-

pa da pesquisa Mobilidade e Pobreza, queenvolveu entrevistas com grupos de jovens eadultos, de ambos os sexos, com renda mensalaté três salários mínimos (R$ 720), moradoresdas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio deJaneiro, Belo Horizonte e Recife. Realizado peloInstituto de Desenvolvimento e Informação emTransporte (Itrans), ONG que estuda as neces-sidades de mobilidade das populaçõesurbanas, o trabalho será finalizado no fim denovembro, com a conclusão da análise e tabu-lação final dos dados da pesquisa domiciliar poramostragem. Mas, pelo relatório preliminar, épossível identificar que parcela significativa dapopulação dessas regiões metropolitanas tempouco acesso ao transporte urbano.Além das entrevistas com usuários e da

pesquisa domiciliar em fase de conclusão, omapeamento das condições de mobilidade dapopulação mais carente, realizado pelo Itrans,baseou-se em dados produzidos por outrosórgãos. Uma das principais fontes foi o trabalhorealizado em 2002, em dez metrópolesbrasileiras, pela então Secretaria Especial deDesenvolvimento Urbano da Presidência daRepública (SEDU-PR), hoje incorporada aoMinistério das Cidades. O estudo revelou queapenas 27% dos usuários do transporte coletivo

ALTERNATIVANa metrópole, a bicicletajá é realidade e convivecom o trânsito pesado

“OPTARAM PORECONOMIZAR ODINHEIRO DAPASSAGEM PARAANDAR A PÉ OUDE BICICLETA”

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SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 17

ESTUDO REVELOUQUE APENAS 27%DOS USUÁRIOS DO TRANSPORTECOLETIVO URBANOPERTENCIAM ÀSCLASSES D/E

LONGO PERCURSOMoradores de periferiasofrem com distância

ALEXANDRE SEVERO/DIÁRIO DE PERNAMBUCO/FUTURA PRESS

KATIE MULLER/GAZETA DO POVO/FUTURA PRESS

DRAMA DIVIDE ESPAÇOCOM BRIGA POLÍTICA

OMetrô, a Companhia Municipal deTransportes Urbanos (CMTU) e aSPTrans, empresa da prefeitura que

gerencia o transporte na capital paulista, têmprogramas de assistência ao desempregado.As exigências, no entanto, restringem o acessoao benefício. É preciso ter sido demitido e estardesempregado entre um e seis meses. No casodo Metrô, o trabalhador deve viajar com acarteira de trabalho para eventual checagemda fiscalização, como forma de evitar fraudesou uso de terceiros.

Paulo Martins, gerente do Centro deAmparo ao Trabalhador da Força Sindical,acusa o não-cumprimento de uma lei da entãoprefeita Luiza Erundina, de 1992, que obrigariao município a dar vale-transporte para quemestá desempregado até um ano e tenha trabal-hado com carteira assinada por 180 dias. Aentidade diz que tem 20 mil trabalhadorescadastrados aptos a receber o benefício echegou a impetrar um mandado de segurançapara obrigar a prefeitura a pagar os vales.

A chefe de gabinete da Secretaria deAssistência Social da Prefeitura, Márcia Barral,rebate a acusação e diz que a Força Sindicalestá fazendo “demagogia” com uma lei quenão tem mais eficácia porque não foi reeditadadepois de um período de seis meses.

Mesmo assim, há quatro meses, a Justiçadeterminou que o município cadastrasse ossindicatos que fariam a distribuição dos pass-es. “Mandamos a lista dos documentosnecessários e até o momento os sindicatos nãoresponderam”, afirma a chefe de gabinete.

(GONÇALO JÚNIOR)

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18 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

saram a percorrer longas distâncias a pé ou debicicleta”, diz o sociólogo e presidente do Itrans,Maurício Cadaval.Na região metropolitana do Recife, a

pesquisa identificou forte tendência para o usode bicicletas. Nas demais, a caminhada épreferida pela maioria dos excluídos. A falta dedinheiro para pagar passagem provoca reações,às vezes violentas, principalmente entre os maisjovens. Sempre que possível, eles burlam opagamento das tarifas como forma de minimizaros gastos com transporte. No entanto, as estraté-gias utilizadas diferem de região para região.Em Belo Horizonte, por exemplo, ao invés de

pedir carona para o trocador ou motorista, ten-tam passar pela roleta “na marra”, segundodescreveu um dos entrevistados. No Rio,muitas pessoas, mesmo sem estar estudando,utilizam uma carteira de estudante falsificadaou um uniforme escolar emprestado para nãopagar passagem. Já em Recife, os usuáriosnegociam com o trocador para não pagar oupagar apenas metade da passagem e não girara catraca. Em São Paulo, as pessoas simples-mente passam por baixo da roleta.

O SONHO DE TER UMA MOTO

O me lhor ami go do ho memé a bi ci cle ta. Pelo me nospara o pernambucano

Adria no Lo pes da Sil va. Ele moracom a mãe e o ir mão no bair rohu mil de de Tor rões, pe ri fe ria doRe ci fe. Du ran te o dia, AdrianoLopes tra ba lha como em ba la dorem um su per mer ca do e, à noi te,es tu da em uma es co la pú bli ca,onde cur sa a 3ª sé rie do en si nomé dio. Não é de car ro nem deôni bus, mas, sim, com sua bi ci -cle ta “qua se nova, ano 2002”,como faz ques tão de di zer, queAdria no, 21 anos, vai to dos osdias de casa para o tra ba lho edepois para a es co la.

A bor do de sua bi ci cle ta, o jo -vem per nam bu ca no gas ta dia ria -men te mais de uma hora e meiapara se lo co mo ver. Esse é o tem -po que Adria no leva para per cor -rer os tra je tos de ida e vol ta en tresua casa, o tra ba lho e a es co la.São 25 mi nu tos para atra ves sarcada tre cho de apro xi ma da men te4 km. Com o ca lor do Re ci fe etem pe ra tu ra em vol ta dos 30º C,Adria no che ga aos lu ga res sem -pre es ba fo ri do, suor es cor ren dopelo cor po, inconveniente queacaba sendo o menor dentretodas as dificuldades queenfrenta em seu dia-a-dia.

O su per mer ca do onde Adria notra ba lha for ne ce dois va les-trans -por te por dia para os fun cio ná rios.Mas, ape sar de mo rar per to do lo -cal de tra ba lho, ele pre ci sa ria pe -gar qua tro ôni bus para ir e vol tarpara casa, consequência doestrambótico sistema de transportecoletivo administrado pela Prefeitu-ra. Por tan to, para percorrer o per-curso diário, o traba-lhador te riaque pa gar duas pas sa gens a maispor dia, exa ta men te R$ 2,60. Asoma des sa des pe sa ex tra no fi naldo mês sig ni fi ca ria me nos R$ 65no or ça men to já aper ta do de Adria -no, que ga nha um sa lá rio mí ni mo -qua se 30% do seu ren di men to.Este foi o prin ci pal mo ti vo que o feztro car o ôni bus pela bi ci cle ta. Masnão o úni co.

Adria no só anda de ôni bus quan -do é a úni ca al ter na ti va, como empas seios para a praia ou o shop pingou ir ao mé di co. Ape sar dessa res tri -ção, ele cal cu la que ain da gas ta R$30 por mês em pas sa gens. Por isso,pen sa mes mo em con se guir jun tardi nhei ro para com prar uma moto.“Não pre ci sa ser des sas po ten tes,lu xuo sas. Uma 125 já es ta ria bomde mais, além de ser eco nô mi ca”,so nha. En quan to a moto não che ga,sua bi ci cle ta con ti nua sen do o me -lhor ami go de to das as ho ras.

POR HUGO PORDEUS

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Até para as pessoas que estão no merca-do formal e têm direito ao benefício do vale-transporte, a situação não é das mais con-fortáveis. A pesquisa identificou casos deempregadores que não fornecem o númerosuficiente de passagens. Por isso, há situ-ações de trabalhadores que durante os cincodias úteis da semana moram na rua por faltade dinheiro para voltar às suas casas. “É umfenômeno que está diretamente vinculado àperda do poder de compra dos salários e aoaumento das tarifas no transporte públicourbano”, afirma Cadaval. A elevada participação dos gastos com trans-

porte no orçamento familiar restringe o direitode ir e vir de muitos usuários. É que um gastomaior com transporte significa redução nasdespesas com alimentação, saúde, vestuário,estudo e, principalmente, locomoção paraprocura de emprego.E é para desempregados e informais que a

situação se torna mais perversa. Eles nãopodem nem utilizar os estratagemas de pularroleta ou passar “na marra” para não desequili-brar o orçamento mensal. É que na maioria dos

SEM ESTRESSEQuando fez as contas,Luzanira Miranda preferiudormir no emprego

DESESPEROFalta de dinheiro, tarifa alta, nada ajuda o usuário

DOMÉSTICAPREFEREDORMIRNOEMPREGO

L u za ni ra Mi ran da, ma nauen se de 46anos, é do més ti ca e mora dis tan tedo em pre go. Quan do fez as con tas

de quan to iria gas tar com a con du ção,sem con tar o des gas te de pas sar qua seduas horas num ôni bus, não teve dú vi das.“De ci di dor mir no em pre go, as sim meu sa -lá rio ren de mais, evi to o es tres se de acor -dar cedo e pas sar mui to tem po pre sa notrân si to. O cus to com o trans por te se ria tãoalto que não com pen sa ria. Só vou paracasa no fim de se ma na.”

Sim pá ti ca e bem-hu mo ra da, Nira,como é cha ma da, co me ça seu tra ba lho às7h30, um ex pe dien te que vai até as 17h. Aop ção de não vol tar pra casa ga ran te umaeco no mia diá ria de R$ 8,40 e al gu mas ho -ras a mais de sono. Se op tas se por vol tarpara casa dia ria men te, te ria que es tar depé no má xi mo às 5h.

De Cu ban go, em Ni te rói, onde moracom a irmã, até o lo cal de tra ba lho, na Pra-ia da Bica, na Ilha do Go ver na dor, leva umahora e meia, com trân si to bom. São doisôni bus, R$ 4,20 só na ida. So ma da a vol tapara a casa, con so me 3,5% do sa lá rio mí -ni mo por dia ape nas de con du ção - no mês(mé dia de 22 dias úteis), são R$ 184,80.

Por 20 anos, Nira mon tou e cui dou deum bar em Ma naus. O can sa ço e pro -ble mas eco nô mi cos le va ram a fe char one gó cio. Ela ven deu tudo e via jou parao Rio de Ja nei ro. Em ja nei ro de 2001,con se guiu o em pre go como do més ti cae re sol veu per ma ne cer na ci da de.

POR ELLEN SOARES

PAULO FONSECA SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 19

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VARREDORPERCORRE50 KM DE BICICLETA

O var re dor de rua Glad son Ri car do,26, acor da às 5h30 to dos os dias.Pega sua bi ci cle ta às 6h e che ga ao

lo cal onde tra ba lha às 6h40. Ele mora emVes pa sia no, na Gran de Belo Ho ri zon te e pe -da la os 24 km de dis tân cia há oito anos.“Che go mais rá pi do, gas to cer ca de 35 mi -nu tos. Se fos se pe gar ôni bus, eu te ria deacor dar mui to mais cedo e não po de ria pas -sar meu car tão para a mi nha na mo ra da.”

O car tão é a bi lhe ta gem ele trô ni ca da

BHTrans, em pre sa que ge ren cia o trans -por te da ci da de. Ri car do re ce be men sal -men te o be ne fí cio e re pas sa para a na mo -ra da. Sem o car tão e na de pen dên cia depe gar dois ôni bus para tra ba lhar, o sa lá rionão ren de - são R$ 4,70 de pas sa gem pordia, mais de R$ 100 por mês.

“Man te nho o cor po em for ma e aju do amu lher com quem pre ten do me ca sar”,con ta o var re dor, que fez até um se gu ro derou bo da bi ci cle ta.

20 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

SOLIDARIEDADEGladson Ricardo ajuda a namorada aandar de ônibus em Belo Horizonte

MOVIMENTOQUER 25% DA CIDE

A s pes qui sas in di cam que a fal tade mo bi li da de das po pu la çõesmais ca ren tes está re la cio na da

ao en co lhi men to eco nô mi co. Mas téc ni -cos, em pre sá rios do se tor de trans por tee mem bros do go ver no fe de ral con cor -dam que, se fo rem re vis tas ques tõesque hoje con tri buem para o en ca re ci -men to das ta ri fas, como gra tui da des etri bu ta ção, o cus to ta ri fá rio pode ser re -du zi do no mé dio pra zo.

O pre si den te da As so cia ção Na cio naldas Em pre sas de Trans por tes Ur ba nos(NTU), Otá vio Viei ra da Cu nha Fi lho, dizque o alto cus to do ser vi ço se deve aqua tro fa to res: gra tui da des, alta car gatri bu tá ria, au sên cia de po lí ti ca de sub sí -dios e en car gos so ciais. “Se fo rem tra ba -lha das no âm bi to do go ver no fe de ral edo Con gres so Na cio nal, será pos sí vel re -du zir em até 50% o cus to da ta ri fa”, ga -ran te Cu nha Fi lho.

Cien tes de que algo pre ci sa ser fei to,en ti da des, em pre sas e sin di ca tos de tra -ba lha do res em trans por te lan ça ram emagos to, du ran te o se mi ná rio Mo bi li da dee Po bre za, pro mo vi do pela NTU em par -ce ria com a As so cia ção Bra si lei ra dasEm pre sas de Trans por te Ter res tre dePas sa gei ros (Abra ti) em Bra sí lia, o Mo vi -men to Na cio nal pelo Di rei to ao Trans -por te Pú bli co de Qua li da de para To dos(MDT). O ob je ti vo é in se rir o de ba te so -bre o trans por te ur ba no na agen da so -cial e eco nô mi ca do país.

O MDT ela bo rou pro pos tas emer gen -ciais para re du zir a que da de de man dano se tor e me lho rar as con di ções de mo -bi li da de da po pu la ção mais ca ren te.Para me lho rar a qua li da de do trans por -te, o mo vi men to pro põe a des ti na ção de

casos não há orçamento mensal, caso a mulher,pais ou filhos não tenham nenhuma ocupação.Cerca de 60% dos entrevistados durante a

primeira fase da pesquisa estão desemprega-dos - são 12 milhões de pessoas sem trabalho,segundo os institutos de pesquisa. E apenas20% das pessoas inseridas na faixa de rendaaté três salários mínimos têm carteira assinadaou são funcionários públicos. Sem o benefíciodo vale-transporte, distribuído apenas para tra-balhadores do setor formal, desempregados einformais têm sua mobilidade cada vez maisrestrita. “Sem dinheiro para passagem, osdesempregados não podem procurar emprego.Sem emprego, não têm dinheiro para se deslo-car. Está formado então um círculo vicioso”,assinala Cadaval.Há também a ausência de opções de

entretenimento e lazer, em função do baixo

POR MÔNICA D’ANGELO

“COM POUCOSRECURSOS E A TARIFA ALTA, A POPULAÇÃO MAIS CARENTERESTRINGIU SEUACESSO AO LAZER”

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MOVIMENTOQUER 25% DA CIDE

PROGRAMA DARÁ BENEFÍCIO

P ro je to de lei apre sen ta do emagos to pelo de pu ta do fe de ralJack son Bar re to (PTB-SE),

que cria o Pro gra ma Na cio nal deMo bi li da de e Aces so ao Trans por tePú bli co, pre ten de vin cu lar me di dasde in clu são no trans por te pú bli co àsações do Fome Zero, a prin ci pal epri mei ra ação do go ver no Lula nocam po so cial.

Se gun do o par la men tar, o pro je totem o ob je ti vo de ga ran tir o di rei tocons ti tu cio nal de ir e vir das pes soasque es tão abai xo da li nha da po bre za,me dian te a con ces são de vale-trans -por te. “Hoje, mo bi li da de não pas sa de

uma fi gu ra de re tó ri ca, esse di rei to nãoexis te”, jus ti fi ca Bar re to.

O pro je to con si de ra ci da dãos abai xo dali nha da po bre za aque les com ren da men -sal fa mi liar in fe rior a meio sa lá rio mí ni mo– hoje, no va lor de R$ 120. O be ne fí cio se -ria con ce di do a mo ra do res dos cen tros ur -ba nos. Para re ce bê-los, se ria pre ci so es tarca das tra do no Pro gra ma Na cio nal deAces so à Ali men ta ção (PNNA).

Pelo pro je to de lei, ca be rá ao Po derExe cu ti vo de fi nir os cri té rios para con -ces são do be ne fí cio, além da or ga ni za -ção do ca das tra men to, de fi ni ção daquan ti da de de vale-trans por te por fa mí -lia e o pe río do da du ra ção do be ne fí cio.

25% dos re cur sos da Con tri bui ção de In -ter ven ção so bre Do mí nio Eco nô mi co(Cide) para o se tor, in cen ti vo ao uso decom bus tí veis me nos po luen tes e a re to -ma da de in ves ti men tos pra in fra-es tru tu -ra de trans por te ur ba no.

Para ba ra tear as ta ri fas, o MDT pro -põe tra ta men to tri bu tá rio di fe ren cia dopara o se tor, cria ção de fun dos para fi -nan ciar as gra tui da des, de so ne ra ção dosprin ci pais in su mos uti li za dos como o óleodie sel e ener gia elé tri ca e for ta le ci men toda po lí ti ca do vale-trans por te por meio daam plia ção do sub sí dio aos tra ba lha do resin for mais. Pro pos tas que che ga rão à Re -for ma Tri bu tá ria.

O mi nis tro das Ci da des, Olí vio Du tra,re co nhe ce que o go ver no se au sen toudas ques tões re la ti vas ao trans por te ur -ba no nos úl ti mos dez anos. “O ma ni fes -to lan ça do pelo MDT apon ta ob je ti vosiguais aos do Mi nis té rio das Ci da des,por isso te nho cer te za de que se re mospar cei ros na per se gui ção des ses ob je ti -vos”, diz. Du tra anun ciou ain da que opro je to Pró-Trans por te terá R$ 250 mi -lhões para fi nan ciar in ves ti men tos emin fra-es tru tu ra do sis te ma de trans por teco le ti vo nes te ano.

O se cre tá rio de Trans por te e Mo bi li da -de Ur ba na do Mi nis té rio das Ci da des,José Car los Xa vier, afir ma que ques tõescomo tri bu tos e gra tui da des se rão re vis -tas. “A gra tui da de é uma ques tão cen tralpra nós. Pre ci sa ha ver uma re gra paracriar fon tes de fi nan cia men to.” Já o mi -nis tro dos Trans por tes, An der son Adau to,diz que, por “ser gran de o nú me ro debra si lei ros ex cluí dos do di rei to de ir e vir,será pre ci so tra ba lhar para fa ci li tar oaces so ao trans por te pú bli co.”

JACKSON BARRETO “O direito de mobilidade não existe”

CÂMARA FEDERAL/DIVULGAÇÃO

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orçamento familiar e do alto valor das tarifas.Na pesquisa, existem relatos de mães quedesistem de se deslocar com seus filhos paraalguma atividade de lazer. “Com poucosrecursos e a tarifa alta, a população mais car-ente tem restringido seu acesso ao lazer.Sem emprego, sem renda e sem lazer, for-ma-se um caldeirão de insatisfações”, apon-ta o presidente do Itrans.Apesar de reconhecer que a solução

definitiva para a questão passa pela retoma-da do crescimento econômico e conse-qüente geração de empregos, Cadaval dizque o governo federal precisa voltar a con-duzir a política de transporte urbano no país,atualmente a cargo única e exclusivamentedos municípios. “Durante os últimos dezanos, o governo federal abandonou as políti-cas públicas direcionadas ao transporteurbano. O resultado foi ausência completade investimentos em infra-estrutura, comoconstrução de corredores exclusivos paraônibus, aumento da oferta de linhas demetrôs e trens urbanos.” O sociólogo defende soluções que podem

ser tomadas para baixar o preço das tarifasdo transporte coletivo urbano no curto e nomédio prazo. Uma delas seria a revisão dobenefício do vale-transporte. Em muitoscasos, segundo ele, o vale-transporte con-templa quem não tem necessidade de usá-lo. A pesquisa do Itrans identificou situaçõesde pessoas que recebem o benefício porestarem no mercado formal, mas acabamvendendo os vales para os mais pobres, quesão os que realmente deveriam ser contem-plados. “Por isso, o governo precisa reveressa legislação, que é federal e só pode seralterada se houver vontade política.”Outro aspecto abordado por Cadaval,

com base nos resultados preliminares dapesquisa do Itrans, diz respeito à questãodas gratuidades para idosos, estudantes,policiais, carteiros, entre outras catego-

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rias. Hoje, não há fontes de recursos paracobrir esses benefícios. O custo da gratu-idade de um estudante, por exemplo, érepassado para a tarifa e, em última análise,quem arca com o benefício são os usuáriosdo transporte coletivo. “Não sou contra gra-tuidades, mas é preciso que haja fontes definanciamento para cada uma delas”,defende o sociólogo.

ParticipaçãoDoutora em transportes e professora do

mestrado em transportes da Universidadede Brasília (UnB), Yaeko Yamashita tam-bém defende maior participação do gover-no na elaboração e implementação depolíticas para o setor. Segundo ela, aredução do uso do transporte coletivourbano vem sendo identificada há pelomenos sete anos, sem que nenhuma medi-da concreta fosse tomada. “Essa redução

SACRIFÍCIOA rotina é enfrentar osperueiros ou levantar de madrugada para andar até o trabalho(ao lado)

“NÃO DESEJO NEMA UM INIMIGO”

A maior área de con cen tra ção ur ba -na do país cos tu ma tra zer um pro -ble ma a mais para quem está de -

sem pre ga do: a lon ga dis tân cia en tre a pe -ri fe ria e o cen tro, onde es tão as prin ci paisopor tu ni da des de em pre go. A ro ti na dode sem pre ga do João Ro mão Ba tis ta, 40,ca sa do e pai de três fi lhos, é um exem plodes sa tra gé dia.

Há um ano, ele se des lo ca de Embu, naGran de São Pau lo, até a ca pi tal em bus cade tra ba lho. Como pre ci sa pa gar seis pas -sa gens de ida e vol ta, Ba tis ta só via ja deduas a três ve zes por se ma na - mé dia deR$ 11 por dia. Se fos se dia ria men te a SãoPau lo pro cu rar tra ba lho, gas ta ria me ta dedo se gu ro-de sem pre go má xi mo (R$ 494),con ce di do ape nas cin co ve zes.

O jei to é ape lar para a boa von ta de doco bra dor ou do mo to ris ta. “É uma si tua çãocons tran ge do ra. Ja mais ima gi nei pas sarisso na mi nha vida e não de se jo isso nem aum ini mi go.”

No dia da en tre vis ta, Ba tis ta es ta va noCen tro de Am pa ro ao Tra ba lha dor da Fren -te Sin di cal. Já pas sa va do meio-dia quan doele mos trou seu al mo ço: meio copo de cafécom lei te e uma broa de mi lho. “Essa é ami nha re fei ção até a noi te.”

Após tra ba lhar 15 anos como exa mi na -dor de li nhas da Te lesp (atual Te le fô ni ca),Ba tis ta ten ta man ter a ca be ça no lu gar, em -bo ra en fren te dias de de pres são. “É ter rí veldei tar pen san do no que fa zer no dia se -guin te para ali men tar meus fi lhos.”

ITRANSMauricio Cadavalquestiona gratuidade

POR GONÇALO JÚNIOR

Page 25: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 25

da demanda tem raízes na queda de rendi-mento da população, no alto custo da tari-fa e na falta de políticas públicas para osetor”, aponta Yaeko. Com relação ao vale-transporte, a professora

diz que, em conseqüência das seguidasretrações econômicas, o benefício “está virandomoeda de troca”. “Em São Paulo, se um trabal-hador tiver que gastar um vale-transporte parapegar um ônibus e percorrer a distância de 2km, ele opta por ir a pé, pois gasta menos din-heiro e, em muitos casos, menos tempo tam-bém”, exemplifica.Para o doutor em transportes e tam-

bém professor da UnB, Paulo César Mar-ques da Silva, a causa básica para a fal-ta de mobilidade é o empobrecimento dapopulação que usa o transporte públicourbano. “Com a renda caindo vertigi-nosamente nos últimos anos, as pessoas

ANÁLISE SAI EM NOVEMBRO

P ara che gar às con clu sõesob ti das no re la tó rio pre li mi -nar da pes qui sa Mo bi li da de

e Po bre za, o Itrans rea li zou aná li -ses pro ve nien tes de pes qui sasqua li ta ti vas que usa ram a téc ni cade gru pos. O pro gra ma de en tre vis -ta con sis te em reu niões com gru -pos pe que nos e ho mo gê neos depar ti ci pan tes, con du zi das por ummo de ra dor ex pe rien te.

Fo ram se le cio na dos dois gru posem cada uma das qua tro re giõesme tro po li ta nas ana li sa das. Cadagru po foi cons ti tuí do por um nú me -ro igual de ho mens e mu lhe res,com ocu pa ções dis tin tas. Para fa ci -li tar a di nâ mi ca, jo vens (15 a 24

anos) tra ba lha ram se pa ra da men tede adul tos (25 a 65 anos).

Nas reu niões, fo ram abor da dos te -mas como mo ti vos e ca rac te rís ti casdos des lo ca men tos, trans por te e re la -ção com o lo cal de mo ra dia, mo bi li da -de e aces so ao tra ba lho e à pro cu rade em pre go, aces so à es co la, saú de eop ções de la zer, além do gas to comtrans por te no or ça men to. “Os re sul ta -dos via bi li za ram a aná li se pre li mi nar eser vi ram de base para a pes qui sa poramos tra gem do mi ci liar”, diz o pre si -den te do Itrans, Mau rí cio Ca da val.

A pes qui sa do mi ci liar já está con -cluí da. A aná li se e ta bu la ção dos da -dos, se gun do Ca da val, es ta rá con cluí -da até no vem bro des te ano.

PAULO FONSECA

MARCELO ALVES/FUTURA PRESS

Page 26: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

A RUA ESTÁ SE TORNANDO RESIDÊNCIA FIXA

Apes qui sa Mo bi li da de e po bre za, rea -li za da pelo Itrans, iden ti fi cou umnovo fe nô me no so cial que co me ça a

sur gir nas ruas dos gran des cen tros ur ba nosbra si lei ros. É o dos “mo ra do res na rua”, pes -soas cu jos lo cais de tra ba lho es tão dis tan tesdas re si dên cias e que, por isso, não têmcon di ções fi nan cei ras para ir e vir do tra ba -lho to dos os dias. Pas sam, en tão, a dor mirnos lo cais de tra ba lho ou, em ca sos ex tre -mos, nas ruas, con vi ven do com pes soasque real men te não têm re si dên cia fixa.

O Pro je to Meio-Fio, im ple men ta do nocen tro do Rio de Ja nei ro pela ONG Mé di coSem Fron tei ras (MSF) para ofe re cer as sis -tên cia mé di ca, so cial e psi co ló gi ca a mo ra -do res de rua da re gião, es ten deu sua atua -ção para os tra ba lha do res do mer ca do for -mal ou in for mal que, pelo bai xo sa lá rio e o

alto custo das ta ri fas de trans por te, não vol -tam para casa no fi nal do dia.

“Já iden ti fi ca mos esse mo vi men to depes soas que mo ram nas pe ri fe rias e tra ba -lham no cen tro. Sem di nhei ro para vol tarpara casa to dos os dias, elas vi vem nasruas du ran te a se ma na e vol tam para casaso men te no fim de se ma na”, diz a psi có lo -ga do Pro je to Meio-Fio, Lour di le na Es terdos San tos. A au sên cia do lar du ran te ase ma na tem con se qüên cias tan to para oin di ví duo como para sua fa mí lia. As maisgra ves e per ver sas, se gun do a psi có lo ga,são a com ple ta de ses tru tu ra ção fa mi liar ea per da de vín cu los.

Es ter dos San tos diz que mu lhe res e fi -lhos se res sen tem da au sên cia do ma ri do,do pai de fa mí lia. E lem bra que o tra ba lha -dor que vive na rua du ran te a se ma na

apre sen ta per da de auto-es ti ma. Em mui -tos ca sos, es sas pes soas aca bam por mo -rar de fi ni ti va men te nas ruas. “Tem umcaso de um tra ba lha dor que me dis se quenão vol ta ria mais para casa por que ou pa -ga va a pas sa gem ou le va va o pão para o fi -lho. Esse é um tí pi co caso de de ses tru tu -ra ção fa mi liar pro vo ca da pela ques tãoeco nô mi ca”, apon ta.

De acor do com le van ta men to rea li za dope los téc ni cos do Pro je to Meio-Fio, 36% daspes soas en tre vis tas di zem que a rua foi umdes do bra men to de uma si tua ção eco nô mi -ca ins tá vel. Os da dos ain da re ve lam queape nas 1% dos be ne fi ciá rios do pro je to épe din te, e so men te 1,5% pra ti ca fur tos. Agran de maio ria, 40% dos en tre vis ta dos,exer ce al gum tipo de ati vi da de re mu ne ra dano mer ca do in for mal ou for mal.

tornam-se simplesmente incapazes depagar a tarifa”, diz. Como medida emergencial, ele sugere

um modelo que não onere o usuário e queseja sustentado pelo sistema econômico,ou seja, por fábricas, indústrias, comércioe prestadores de serviço em geral. “Elessão interessados diretos nisso. Semcondições de transporte, a economia nãopode se movimentar. Por isso, o mercadoque produz deveria financiar o custo dotransporte do trabalhador”, defende. Silvadiz que um fundo de transporte alimenta-do por contribuições das empresas pri-vadas poderia solucionar o problema nomédio prazo. l

MORADIADormir na rua é opção para quem não consegue pagar o ônibus

PAULO FONSECA

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SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 27

OUTRAFACEDACRISE

TARIFAÇÃO

MODAL RODOVIÁRIO

PEDÁGIO CARO CONSOME ATÉ 25% DO FRETE, MAS TARIFA PODERIA CAIR PELA METADE

POR EULENE HEMÉTRIO E RODRIGO RIEVERS

MARCELO ALVES/FUTURA PRESS

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28 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

A de ca dên cia da ma lharo do viá ria, ob ser va dacom mais pro fun di da dee gra vi da de a par tir da

dé ca da de 1990, re fle te na vidade todos os cidadãos e em inú me -ros se to res da eco no mia bra si lei racom con se qüên cias que já che ga -ram ao li mi te. A vida hu ma na já setor nou ví ti ma co mum nas es tra -das, ao en ca rar bu ra cos, lama,má si na li za ção e con di ções mí ni -mas de se gu ran ça para tran si tar.O trans por te de car ga, mola es -sen cial da eco no mia na cio nal, ficape ri go sa men te com pro me ti do name di da em que o mo dal ro do viá -

rio res pon de por 68% do se tor. Etransporte mais caro reflete nopreço de tudo. Inclusive dos pro-dutos da cesta básica. Não bas -tas se a ne gli gên cia com a con ser -va ção, há ain da o com pli ca dor docus to da via gem com os al tos pre -ços dos pe dá gios co bra dos nasro do vias bra si lei ras, que se guemum in cóg ni to cri té rio de ta ri fa ção.Uma via gem de São Pau lo ao Riode Ja nei ro pela Du tra, por exem -plo, che ga a con su mir até 25% dofre te nos seis pos tos de pe dá gioao lon go do tra je to, se gun do le -van ta men to da Fe de ra ção dasEm pre sas de Trans por te de Car -

“O SETOR DE TRANSPORTES ESTÁ FALINDO” DIZ ABCAM

Um gran de “pa ra dão na cio nal”pode aba lar as es tru tu ras do go -ver no, caso não haja si na li za ções

rá pi das de mu dan ças no mo de lo de ges tãodos pe dá gios. A pro mes sa é do pre si den teda As so cia ção Bra si lei ra dos Ca mi nho nei -ros (Ab cam), José da Fon se ca Lo pes.

“A ba ta lha por co bran ças de ta ri fasmais jus tas mo bi li za toda a ca te go ria, quejá está re vol ta da com as de li be ra ções so brea Cide (Con tri bui ção de In ter ven ção no Do -mí nio Eco nô mi co)”, des ta ca Fon se ca. Oim pos to co bra do no pre ço dos com bus tí -veis será par ti lha do en tre União, Es ta dos emu ni cí pios e não será des ti na do na sua to -ta li da de para a ma nu ten ção e cria ção dein fra-es tru tu ra do trans por te, mo ti vo peloqual foi cria do ori gi nal men te.

O pri mei ro e prin ci pal item que a ca -te go ria rei vin di ca é a re du ção de pre çosdos pe dá gios, uma vez que os ca mi nho -nei ros pa gam o do bro do pre ço por eixodo que os car ros de pas seio. Se gun doFon se ca, o cus to che ga a one rar em até50% o fre te re ce bi do pelo trans por ta dor.“Nós bri ga mos para a Cide sair e, de poisque ela foi cria da, nós con ti nua mos semnada. O trans por te, ob je ti vo para o qualfoi cria da, não re ce beu re cur sos.”

Fon se ca de fen de, ain da, que de ve -ria ha ver uma cláu su la nos con tra tosque obri gas sem as con ces sio ná rias aco lo car e man ter ba lan ças para con -tro lar o peso dos veí cu los. “Se os ca -mi nhões es tão de te rio ran do as ro do -vias, é por que não há fis ca li za ção ade -

qua da. Não é jus to pa gar mos o do brodo pre ço por eixo por um pro ble maque não é nos so.” Os ca mi nho nei rosrei vin di cam tam bém pon tos de des -can so e maior fis ca li za ção da Po lí ciaRo do viá ria Fe de ral (PRF).

“O se tor de trans por tes está fa lin do. Jáman dei cor res pon dên cias para o pre si den -te Lula e para os mi nis tros de Pla ne ja men -to (Gui do Man te ga) e da Casa Ci vil (JoséDir ceu) e es tou di re ta men te em con ta tocom o mi nis tro An der son Adau to (Trans -por tes), que deu si na li za ções po si ti vas. Senão hou ver uma pro pos ta ur gen te, nós va -mos pa rar. Não es ta mos brin can do. Se aprio ri da de é o Fome Zero, quem vai trans -por tar os ali men tos?”

EU LE NE HE MÉ TRIO

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SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 29

gas do Es ta do de São Pau lo (Fet -cesp) - R$ 153 para ca mi nhõescom seis ei xos e R$ 127,50 paracin co ei xos.Na ava lia ção do as sis ten te téc -

ni co da Fe de ra ção das Em pre sasde Trans por tes de Car gas do Nor -des te (Fetracan) e su per vi sor doCon se lho Re gio nal do Sest/Se nat,en ge nhei ro Jor ge do Car mo Ra -mos, os pre ços co bra dos nas pra -ças de pe dá gios de todo o Bra silpo de riam abai xar até 50%, em al -guns ca sos. Re cen te le van ta men -to da Fe tra can so bre as ta ri fas co -bra das em vá rias par tes do mun -do cons ta tou que o pe dá gio bra si -lei ro é um dos mais ca ros do pla -ne ta. Na com ba li da Ar gen ti na, porexem plo, o pre ço mé dio co bra do éde US$ 1,4 por qui lô me tro, qua setrês ve zes me nor que a mé dia bra -si lei ra - US$ 3,4 por qui lô me tro.Para Jor ge Ra mos, fal tam cri té -

rios cla ros para se es ta be le cer os

UMA VIAGEMDE SÃOPAULO AORIO DEJANEIRO

PELA DUTRACONSUMEATÉ 25% DOFRETE EMPEDÁGIO

va lo res das ta ri fas bra si lei ras.“Aqui se co bra por eixo. Na Eu ro -pa, há uma es ca la em que o veí -cu lo de cin co ei xos paga algo emtor no de três ve zes o va lor do quetem um eixo, e não cin co ve zes,como no Bra sil.”De acor do com o en ge nhei ro,

essa for ma de co bran ça é umafa lha gra ve e cau sa do ra de pre -juí zos aos trans por ta do res e a to -dos que uti li zam seus ser vi ços.“O item ta ri fa de pe dá gio nãopode ser su pe rior ao gas to comcom bus tí veis e des pe sas compes soal. En tre tan to, nos so es tu -do mos tra que na pla ni lha detrans por ta do ras com veí cu los decin co ei xos há ca sos em que ocus to com pe dá gios fica até 17%maior que as des pe sas comcom bus tí veis e pes soal.”Para mu dar essa equa ção ne -

fas ta, Jor ge Ra mos de fen de queos go ver nos fe de ral e es ta duaisre ne go ciem os con tra tos dascon ces sio ná rias e mu dem os cri -té rios para no vas con ces sões.“Há con ces sio ná rias que têm lu -cro de 25%, 35% anuais, o queé mui to alto. No pre ço do pe dá -gio es tão in cluí dos to dos os cus -tos pos sí veis e ima gi ná veis. A ta -ri fa co bre tudo, o con ces sio ná rionão tem qual quer cus to.”Quan do foi anun cia da a nova

fase de con ces sões das ro do viasfe de rais, o alar me soou: a pos si bi -li da de de Fer não Dias, Ré gis Bit -ten court e tre chos da BR-101 se -rem sub me ti dos ao mo de lo ado ta -do no go ver no an te rior dei xou ose tor trans por ta dor te me ro so deum caos para em pre sas e de um

pos sí vel “pa ra dão” nas es tra das.Mas o go ver no não con ta va

com uma rea ção ime dia ta do se -tor trans por ta dor. Em car ta en via -da ao nú cleo po lí ti co da ges tãoLula (mi nis tros José Dir ceu, An to -nio Pa loc ci e Gui do Man te ga) e aomi nis tro dos Trans por tes, An der -son Adau to, li de ran ças do se torcri ti cam du ra men te o mo de lo decon ces são, ma ni fes tan do suacon tra rie da de ao sis te ma de pri -va ti za ção das ro do vias, por con si -de rá-lo per ver so e one ro so para alo gís ti ca nas ope ra ções de trans -por te pe los pre ços ex ces si vos pra -ti ca dos, “que aca bam one ran dotam bém o cus to Bra sil”. O se torpede a ado ção de um sis te maque te nha me nor im pac to no cus -to do trans por te.Cria do há oito anos como al ter -

na ti va ur gen te para re sol ver a si -tua ção caó ti ca das ro do vias, o Pro -gra ma de Con ces são foi a sal va çãopara a ino pe rân cia do po der pú bli -co, que aban do nou um se tor vi talpara a saú de eco nô mi ca do país.Para ga ran tir pre ços bons, o paísop tou pelo pro gra ma de con ces -são que pri vi le gia o re tor no para ascon ces sio ná rias via pe dá gio. Eque ago ra mos tra seus re sul ta dos.

Al mo ço caroO di re tor de Ou tor gas do Mi nis -

té rio dos Trans por tes (MT), Ale -xan dre Ga vri loff, diz que o pe dá -gio é ne ces sá rio para man ter ases tra das em bom es ta do de con -ser va ção. Ele se gue o ra cio cí nio:se o di nhei ro para as ro do vias saido go ver no fe de ral, é o con tri buin -te quem paga. Se não sai, por que

RODOLFO BUHRER/GAZETA DO POVO/FUTURA PRESS

PREÇO ALTOEstudos mostramque o custo dopedágio no Brasilpode ser reduzi-do em até 50%

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30 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

“NÃO TEMALMOÇO DEGRAÇA, PORISSO PAGAQUEM USA OPEDÁGIO”

a ro do via é con ce di da, o usuá riodes sa ro do via pre ci sa pa gar. “Nãotem al mo ço de gra ça, por issopaga quem usa o pe dá gio.”Para o di re tor, não é pos sí vel

afir mar que o pe dá gio é caro. “Pe -dá gio é caro na me di da em que ousuá rio não re ce be a con tra par ti -da jus ta por aqui lo que ele paga.Por isso, fa lar que é caro ou ba ra -to é re la ti vo, pois de pen de do queele re ce be em tro ca.” Ele ad mi te,no en tan to, que há si tua ções emque os usuá rios não re ce bem osser vi ços ade qua dos, como se gu -ran ça e aten di men to mé di co.Ape sar da tese “não tem al mo -

ço de gra ça”, o go ver no já en saiafor mas de bai xar os pre ços naspró xi mas con ces sões. “Nós que -re mos que o mo to ris ta não se sin -ta le sa do em pa gar o pe dá gio”,afir ma Ga vri loff, já dis tan cian do-seda tese da re fei ção cara. Os pas sos rumo a uma re du ção

efe ti va do pe dá gio já co me ça ram.De pois de ou vir o se tor trans por ta -dor so li ci tar ga ran tia de má xi macom pe ti ti vi da de na se gun da fasedo pro ces so de con ces são das ro -do vias fe de rais, o pre si den te Lulade ci diu, em reu nião rea li za da em 5de se tem bro com os mi nis tros An -der son Adau to, Man te ga, Pa loc ci eJosé Dir ceu que, dos sete no vostre chos a se rem li ci ta dos para con -ces são, so men te dois se riam fi na li -za dos (BR-153, em SP, e BR-393,no RJ). Nes ses tre chos, a ta ri faequi va len te do pe dá gio é de R$5,75 a cada 100 km per cor ri dos na153 e de R$ 4,13 na 393.A me di da re ve la uma cla ra ten -

ta ti va de criar maior in te res se pelo

RISCOFonseca, daAbcam advertepara a ameaçade falência

• Empresa: ConcerRodovia: BR-040 Tarifa: R$ 28,20

• Empresa: CLNRodovias: BA-099 e BA-522Tarifa: Entre R$ 19,90 e R$ 30

• Empresa: RodosolRodovia: ES-060Tarifa: Entre R$ 9 e R$ 24,60

• Empresa: Caminhos do ParanáRodovias: BR-277 e PR-438Tarifa: Entre R$ 19,80 e R$ 25,20

• Empresa: CataratasRodovia: BR-277Tarifa: Entre R$ 22,80 e R$ 24

• Empresa: EconorteRodovias: BR-369 e PRs 323 445Tarifa: R$ 24,60

• Empresa: EcoviaRodovias: BR-277 e PRs 407 e 508Tarifa: R$ 31,20

• Empresa: RodonorteRodovias: BR-277 e PR-151Tarifas Entre R$ 15,60 e R$ 22,80

• Empresa: ViaparRodovias: BRs 369, 376 e PRs 317e 444Tarifa: Entre R$ 16,80 e R$ 24,60

• Empresa: BritaRodovias: RSs 235 e 466Tarifa: R$ 3,90

• Empresa: ConcepaRodovia: BR-290Tarifa: Entre R$ 11,40 e R$ 22,20

• Empresa: ConviasRodovias: BR-116 e RS-122Tarifa: R$ 6,70

• Empresa: CoviplanRodovias: BRs 285 e 386 e RS-153Tarifa: R$ 6,60

• Empresa: EcosulRodovias: BRs 116, 293 e 392Tarifa: R$ 12,40

• Empresa: MetroviasRodovias: BRs 116 e 290 e RSs 030, 040 e784Tarifa: R$ 6,70

• Empresa: RodosulRodovias: BRs 116 e 285Tarifa: R$ 6,70

• Empresa: Santa CruzRodovias: BR-471 e RS-287Tarifa: R$ 6,60

• Empresa: SulviasRodovias: BR-386 e RSs 128, 130, 435 e 453Tarifa: Entre R$ 6,70 e R$ 13,40

• Empresa: CRTRodovia: BR-116Tarifa: Entre R$ 18 e R$ 25,80

• Empresa: LamsaRodovia: Linha AmarelaTarifa: R$ 5,80

• Empresa: NovaDutraRodovia: BR-116Tarifa: Entre R$ 15 e R$ 34,80

• Empresa: Ponte S.ARodovia: BR-101Tarifa: R$ 16,20

• Empresa: Rota 116Rodovia: RJ-116Tarifa: R$ 15,20

• Empresa: Via LagosRodovia: RJ-124Tarifa: Entre R$ 31 e R$ 47,30

• Empresa: AutobanRodovias: SPs 300, 330 e 348Tarifa: Entre R$ 10,80 e R$ 16,40

• Empresa: AutoviasRodovias: SPs 255, 318, 330, 334 e 345Tarifa: Entre R$ 5,60 e R$ 13

• Empresa: CentroviasRodovias: SPs 310 e 225Tarifa: Entre R$ 10 e R$ 15,60

RODOvIAS Em cOncESSãO

RADIOGRAFIA DOS PEDáGIOSC O n F i R A O vA l O R D A s tA R i FA s * n A s R O D O v i A s COnCeDiDAs e FeDeRAis

• As tarifas das concessionárias se referem a veículos de classe 8 (caminhões com 6 eixos).Os valores indicam preço máximo e mínimo nos trechos administrados pelas empresas

Fonte: Dnit, concessionárias e ABCR

Rodovias estatais

Rodovia Município Tarifa básica ÓrgãoSP-065 Nazaré Paulista R$ 6,80 Dersa SP-070 Itaquacetuba R$ 6,80 DersaAyrton Senna Guararema R$ 6,80 Dersa SP-070 Jacareí R$ 3,60 Dersa Carvalho Pinto Caçapava R$ 3,60 Dersa SP-270 Pres. Bernardes R$ 3,60 DER-SPRaposo Tavares Caiuá R$ 3,60 DER-SP SP-300 Areiópolis R$ 5,80 DER-SP Marechal Rondon Avaí R$ 5,20 DER-SP Marechal Rondon Promissão R$ 5,30 DER-SP Marechal Rondon Guararapes R$ 5,80 DER-SP Marechal Rondon Castilho R$ 4,30 DER-SP SP-324 Vinhedo R$ 3,20 DER-SPSP-324 Guaira R$ 3 DER-PR RS-239 Novo Hamburgo R$ 1,40 DER-RS RS-135 Passo Fundo R$ 2,30 DER-RS RS-122 Rincão do Cascalho R$ 2,80 DER-RS

Page 31: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

M u dan ças na le gis la ção tri bu tá ria re -fe ren te à co bran ça de pe dá giopodem ti rar do fun do do baú uma

me di da não mui to bem-su ce di da, que in co -mo dou os mo to ris tas no iní cio da dé ca da de90: o selo-pe dá gio. An tes con di cio na da à uti -li za ção efe ti va da via, a co bran ça da ta ri fa po -de rá ser fei ta li vre men te com a apro va ção dotex to da re for ma tri bu tá ria.

De acor do com a emen da 27/2003, que al -te ra o sis te ma tri bu tá rio na cio nal, fica per mi ti do“es ta be le cer li mi ta ções ao trá fe go de pes soasou bens, por meio de tri bu tos in te res ta duais ouin ter mu ni ci pais, ad mi ti da a co bran ça de pe dá -gio” (Art 150 - V).

O re la tor da re for ma tri bu tá ria, de pu ta doVir gí lio Gui ma rães (PT-MG), no en tan to, che -gou a afir mar que não há mo ti vos para te mer avol ta da co bran ça. Se gun do ele, a in ten ção dotex to foi de ape nas ex tin guir as con tro vér siasju di ciais, uma vez que os tri bu nais es tão “en -

tu pi dos de ações que con tes tam o pe dá gio”.Para o mes tre em en ge nha ria de trans por -

tes Neu to Gon çal ves dos Reis, as ses sor téc ni -co da NTC, o selo-pe dá gio foi “uma me di dapí fia que não deve re tor nar”. “Foi uma ex pe -riên cia mal-su ce di da e des mo ra li za da. Ele (oselo) não fun cio nou por que não ti nha nin -guém para fis ca li zar e, se hoje for im plan ta do,vai acon te cer o mes mo”.

A me di da, cria da em de zem bro de 1988 porde cre to do en tão pre si den te José Sar ney, obri -ga va os mo to ris tas a com pra rem, men sal men -te, um ade si vo que era co la do no vi dro dian tei -ro do car ro como con di ção para tra fe gar nas ro -do vias fe de rais. O ob je ti vo era ge rar re cur sospara re cu pe rar as es tra das bra si lei ras - o mes -mo mo ti vo que ori gi nou a cria ção da Cide. Oselo foi ex tin to em maio de 1990 por Fer nan doCol lor e, des de en tão, mui tas ro do vias fo rampri va ti za das em tro ca da co bran ça de pe dá gios.

EU LE NE HE MÉ TRIO

SELO PEDÁGIO VOLTA A ASSOMBRAR

edi tal e, con se qüen te men te, re du -zir o pre ço das ta ri fas dos pe dá -gios. A pre vi são é que essa re vi sãofi que pron ta em seis me ses. Ascon ces sões da Fer não Dias e Ré -gis Bit ten court es tão na pas ta paranova aná li se dos lo tes que fo ram àli ci ta ção no go ver no pas sa do, maslogo de pois sus pen sos pelo Tri bu -nal de Con tas da União (TCU).O go ver no pro me te jo gar duro

para re du zir a ta ri fa. A Re vis taCNT apu rou que, caso as li ci ta -ções não ofe re çam pro pos tas compre ços de pe dá gio mais ba ra tos, acon cor rên cia pode ser can ce la da.A co bran ça é por trans pa rên cia

em todo o pro ces so li ci ta tó rio e,pos te rior men te, na pró pria con -ces são, as sim como o con tro le so -cial des ta, por meio da im plan ta -ção de co mis sões tri par ti tes já pre -vis tas na le gis la ção. Nes se pla no

de diá lo go e en ten di men to, o MTrea li za um tra ba lho ba ti za do pro vi -so ria men te de “No vas Al ter na ti vaspara Con ces sões Ro do viá rias”,com par ti ci pa ção de to dos os seg -men tos usuá rios das ro do vias.Para dis cu tir a Du tra, foi cria do oGru po Pa ri tá rio de Tra ba lho (GPT),que reú ne con ces sio ná ria, em pre -sas de trans por te e au tô no mos ego ver no. O GPT, já ho mo lo ga dopela Agên cia Na cio nal de Trans -por tes Ter res tres (ANTT), irá es tu -dar so lu ções para que o va lor data ri fa não seja tão caro ao usuá rio.

Mo de lo so fis ti ca doEn tre as al ter na ti vas em exa -

me, es tão o con cei to de ta ri fa ade -qua da ao per fil do usuá rio e a uti -li za ção de chips nos veí cu los queper mi ti riam que um sa té li te lo ca li -zas se e ta ri fas se o usuá rio.

“EM GOVERNOQUE

FUNCIONA,SEGURA-DORAS E SISTEMAPÚBLICO DÃO

ASSISTÊNCIAAOS

USUÁRIOS”

• Empresa: EcoviasRodovias: Sistema Anchieta-ImigrantesTarifa: Entre R$ 1,60 e R$ 23,60

• Empresa: InterviasRodovias: SPs 191, 215, 330 e 352Tarifa: Entre R$ 2,80 e R$ 6,80

• Empresa: RenoviasRodovias: SPs 215, 340, 342, 344 e 350Tarifa: Entre R$ 4 e R$ 12,80

• Empresa: ColinasRodovias: SPs 075, 127, 280 e 300Tarifa: Entre R$ 4,60 e R$ 10,40

• Empresa: SPViasRodovias: SPs 127, 255, 258, 270 e 280Tarifa: Entre R$ 5,60 e R$ 11,40

• Empresa: TebeRodovias: SPs 323, 326 e 351Tarifa: Entre R$ 5 e R$ 7,80

• Empresa: Triângulo do SolRodovias: SPs 310, 326 e 333Tarifa: Entre R$ 4,60 e R$ 14,40

• Empresa: VianorteRodovias: SPs 322, 325 e 330Tarifa: Entre R$ 5,20 e R$ 12

• Empresa: ViaoesteRodovias: SPs 075, 270 e 280Tarifa: Entre R$ 5,60 e R$ 15,20

RADIOGRAFIA DOS PEDáGIOSC O n F i R A O vA l O R D A s tA R i FA s * n A s R O D O v i A s COnCeDiDAs e FeDeRAis

• As tarifas das concessionárias se referem a veículos de classe 8 (caminhões com 6 eixos).Os valores indicam preço máximo e mínimo nos trechos administrados pelas empresas

Fonte: Dnit, concessionárias e ABCR

Rodovias estatais

Rodovia Município Tarifa básica ÓrgãoSP-065 Nazaré Paulista R$ 6,80 Dersa SP-070 Itaquacetuba R$ 6,80 DersaAyrton Senna Guararema R$ 6,80 Dersa SP-070 Jacareí R$ 3,60 Dersa Carvalho Pinto Caçapava R$ 3,60 Dersa SP-270 Pres. Bernardes R$ 3,60 DER-SPRaposo Tavares Caiuá R$ 3,60 DER-SP SP-300 Areiópolis R$ 5,80 DER-SP Marechal Rondon Avaí R$ 5,20 DER-SP Marechal Rondon Promissão R$ 5,30 DER-SP Marechal Rondon Guararapes R$ 5,80 DER-SP Marechal Rondon Castilho R$ 4,30 DER-SP SP-324 Vinhedo R$ 3,20 DER-SPSP-324 Guaira R$ 3 DER-PR RS-239 Novo Hamburgo R$ 1,40 DER-RS RS-135 Passo Fundo R$ 2,30 DER-RS RS-122 Rincão do Cascalho R$ 2,80 DER-RS

Page 32: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

De acor do com a as ses so ria de im -pren sa da As so cia ção Bra si lei ra de Con -ces sio ná rias de Ro do vias (ABCR), es tu -dos rea li za dos por con sul to res, ins ti tui -ções aca dê mi cas e ór gãos go ver na men -tais de mons tram que os be ne fí cios co lo -ca dos à dis po si ção dos usuá rios são su -pe rio res ao cus to do pe dá gio, in clu si vepara os trans por ta do res de car ga.“Esse mo de lo mui to so fis ti ca do, com

so cor ro mé di co, téc ni co e me câ ni co, sóexis te no Bra sil. Isso one ra mui to o pe dá -gio. Num go ver no que fun cio na, são asse gu ra do ras e o pró prio sis te ma pú bli code saú de que dão as sis tên cia aos usuá -rios”, diz o mes tre em En ge nha ria deTrans por tes, Neu to Gon çal ves dos Reis,as ses sor téc ni co da NTC.Se gun do a as ses so ria de im pren sa da

No va Du tra, há uma fal ta de cul tu ra da im -por tân cia do sis te ma de con ces são noBra sil e au sên cia de jus ti ça ta ri fá ria. “Mui -tos usam a ro do via e não pa gam pe dá gio.Com isso, so bre car re gam os ser vi ços eone ram quem paga pelo mes mo.” O pre -si den te da Fet cesp, Flá vio Be nat ti, con fir -ma que, só na via Du tra, cer ca de 75%dos usuá rios não pas sam pe las bar rei ras.“Es sas dis tor ções pre ci sam ser cor ri gi das,pois só quem usa a ro do via de pon to apon to paga o pe dá gio para que 100% uti -li zem o sis te ma.”Para Be nat ti, de ve ria ha ver uma re dis -

cus são do mo de lo em pre ga do no país.“Não so mos con trá rios à co bran ça de pe -dá gio para ter mos es tra das em boas con -di ções de uso. No en tan to, é pre ci so re veros con tra tos de con ces são. Mui tos con tra -tos fo ram as si na dos vi san do uma maiorcon tra par ti da ao go ver no. Des sa for ma, osusuá rios das ro do vias pri va ti za das aca -bam pa gan do tam bém pe los be ne fí ciosfei tos nas es tra das es ta tais e fe de rais, eisso não é jus to.” l

O alto cus to dos pe dá gios é cau sada re vol ta tan to de ca mi nho nei -ros quan to de mo ra do res de re -

giões pró xi mas às ro do vias pri va ti za das.Para fu gir das co bran ças, con si de ra dasabu si vas, mui tos mo to ris tas fa zem ver -da dei ros ma la ba ris mos nas cha ma das“ro tas de fu gas”, as es tra das al ter na ti vasusa das como op ção de tra je to de via gemou como des vio das pra ças de pe dá gios.

Em Osas co, a 15 km de São Pau lo,os mo ra do res che ga ram a im pri mir 50mil pan fle tos com ro tas al ter na ti vas paraes ca par do pa ga men to de pe dá gio nasmar gi nais da Cas te lo Bran co. Fo ram co -lo ca das se tas em mu ros da ci da deorien tan do os mo to ris tas a se gui rem no -vos ca mi nhos. Isso por que a Viaoes te,con ces sio ná ria da ro do via, fe chou osaces sos à pis ta prin ci pal da ro do via e osmo to ris tas pas sa ram a pa gar pe dá giopara ro dar ape nas 11 km na es tra da.

No fi nal de 2001, a ad vo ga da San -dra Ca val can ti im pe trou um man da dode se gu ran ça na Jus ti ça que lhe ga ran -tiu pas sa gem li vre no pe dá gio da mar -gi nal da Cas te lo. A de ci são ju di cial tevecomo base uma lei es ta dual que proí bea ins ta la ção de pe dá gios den tro de umraio de 35 km des de o mar co zero deSão Pau lo.

Se gun do a Co mis são de Con ces sõesde São Pau lo, a cons tru ção das mar gi -nais foi a so lu ção que o Es ta do en con -trou para aten der os mo ra do res de Al -pha vil le (con do mí nios fe cha dos de altoluxo em Ba rue ri), que re cla ma vam doscon ges tio na men tos diá rios. O go ver nopau lis ta es tu dou três op ções para fi nan -ciar os cus tos da am plia ção e ma nu ten -ção das es tra das: ICMS, im pos to so brecom bus tí veis (por emen da cons ti tu cio -nal) e, por fim, o pe dá gio. Op tou-se poressa úl ti ma.

Em Cam pi nas, a 95 km de São Pau -

lo, o Con se lho de De sen vol vi men to daRe gião Me tro po li ta na da ci da de quer aofi cia li za ção das ro tas de fuga dos pe -dá gios das nove ro do vias lo cais ad mi -nis tra das por con ces sio ná rias. Um es -tu do foi apre sen ta do à Câ ma ra Me tro -po li ta na de Pe dá gio apon tan do as viasal ter na ti vas às ro do vias que cor tam as19 ci da des da re gião.

Se gun do o es tu do, atual men te osusuá rios não têm op ções de es tra das al -ter na ti vas para fu gir das 12 pra ças depe dá gio. O le van ta men to mos tra que osmo to ris tas usam hoje pelo me nos novero tas de fuga, com con di ções pre cá rias,e que cada uma de las pos sui pelo me -nos mais três es tra das des co nhe ci das,mas que são apon ta das como ro tas empo ten cial.

De acor do com a Ar tesp (Agên cia Re -gu la do ra de Ser vi ços Pú bli cos De le ga -dos de Trans por te do Es ta do de SãoPau lo), ne nhum con tra to pre vê que ascon ces sio ná rias se res pon sa bi li zem pelacria ção de es tra das al ter na ti vas ou pelacoi bi ção de ro tas de fuga.

Rio de Ja nei roNo Rio, a “guer ra” con tra o pe dá gio

de Xe rém, no Km 103 da ro do via Was -hing ton Luiz (BR-040/Rio-Juiz Fora),em Du que de Ca xias, teve em ju nhoum de seus mo men tos mais ten sos.De pois de fe cha rem a pis ta sen ti doRio-Pe tró po lis por três ho ras, 2.000ma ni fes tan tes de pre da ram oito ca bi -nes de co bran ça do pe dá gio.

O pro tes to co me çou logo após a Con -cer, con ces sio ná ria que ad mi nis tra a ro -do via, des truir uma via se cun dá ria usa -da como “rota de fuga” do pe dá gio. Aes tra da atra ves sa va a Vila Olim po, naen tra da de Xe rém. A con ces sio ná ria ti -nha uma li mi nar da Jus ti ça per mi tin do ofe cha men to do aces so ir re gu lar.

CUSTO DATARIFA GERA “ROTAS DE FUGA”POR ROGÉRIO MAURÍCIO

Page 33: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 33

DESVIO Em ßão Paulo, motoristas driblam os altos preços procurando rotas alternativas em seus trajetos

PARA ECONOMISTA TRAJETO ALTERNATIVO É MAIS BARATO

E s tu do pro du zi do pela eco no -mis ta Da nie la Bar tho lo meucom pa rou os gas tos de um

ca mi nhão no per cur so de uma rotaim por tan te do Es ta do de São Pau lo(Cam pi nas-Bau ru) fei to por dois tra -je tos di fe ren tes: um com ple ta men tepri va ti za do, com sete pe dá gios en treida e vol ta, e ou tro uti li zan do “rota defuga”.

O iti ne rá rio ad mi nis tra do por con -ces são pos sui 565 km de ex ten são esete pra ças de pe dá gio. Já o tra je tode fuga tem 545 km e dois pon tos depe dá gio. Com es ses da dos, com pa -

rou o cus to-be ne fí cio da eva são. Da nie la ado tou como pa drão o

con su mo de um ca mi nhão Truck,mo de lo Mer ce des-Benz 1418, comtrês ei xos, fa bri ca do em 1998, trans -por tan do uma car ga mé dia de 7,4 to -ne la das. To das as via gens fo ram rea -li za das pelo mes mo mo to ris ta, sem -pre nos mes mo ho rá rios.

De pois de per cor rer duas ve zescada iti ne rá rio, a au to ra con cluiu queo con su mo de com bus tí vel é 63%su pe rior quan do per cor ri do o tra je toal ter na ti vo (de fuga dos pe dá gios).

No gas to com pe dá gios, o de sem -

bol so na ro do via con ce di da foi de R$90, en quan to que na rota al ter na ti vafo ram gas tos R $ 30,30.

O ca mi nhão con su miu 8,7 li tros amais de óleo die sel por to ne la datrans por ta da na fuga dos pe dá gios,mo ti va do pela si tua ção pre cá ria dases tra das se cun dá rias. Isso adi cio nouum cus to ex tra de R$ 58,65 comcom bus tí vel e ele vou o cus to to tal davia gem pe las ro tas al ter na ti vas a R$88,95. Mes mo as sim, a rota al ter na -ti va sai R$ 1,05 mais ba ra ta em re la -ção ao tra je to da con ces sio ná ria.

RO GÉ RIO MAU RÍ CIO

FUTURA PRESS

Page 34: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

Um mi lhão de tra ba lha do res e 3 mi lhões de fa -mi lia res aten di dos em 10 anos. Nes te pe río dofo ram cons truí das 96 uni da des, to das já emple no fun cio na men to, com um in ves ti men tocom pa tí vel com o cres ci men to do pa tri mô nio

atual: são nada me nos que R$ 600 mi lhões à dis po si ção dostra ba lha do res em trans por te. Para fes te jar es tes nú me ros, inú me ras ati vi da des so ciais

es tão mar can do, nes te mês de se tem bro, o dé ci mo ani ver sá -rio do SEST (Ser vi ço So cial do Trans por te) e do SE NAT (Ser -vi ço Na cio nal de Apren di za gem do Trans por te), en ti da des daCon fe de ra ção Na cio nal do Trans por te (CNT), cujo ob je ti voprin ci pal é ofe re cer opor tu ni da de de qua li fi ca ção pro fis sio nale as sis tên cia mé di co-odon to ló gi ca e de la zer aos tra ba lha do -res do trans por te do Bra sil. Pre sen te em todo o País, o sis te ma SEST/SE NAT con ta

com 96 uni da des. To das elas pro mo ve ram even tos es pe ciaispara mar car a pas sa gem do 14 de se tem bro de 2003. Em to -das, a tô ni ca foi “Trans por te e Ci da da nia”, tí tu lo do even tona cio nal que tem por fi na li da de des per tar o es pí ri to de ci da -dão cons cien te e par ti ci pan te por meio de vá rias ati vi da deses por ti vas, cul tu rais e de la zer, além de aten di men to na áreade saú de e pres ta ção de ser vi ços. Para mar car os 10 anos do SEST/SE NAT foi realizada,

ain da, uma “Gin ca na So li dá ria” de com ba te à fome, paraa ar re ca da ção de ali men tos para pes soas ca ren tes. Acom -pa nhe, nes te en car te es pe cial, um pou co da his tó ria des teque é se gu ra men te um dos maio res em preen di men tos so -ciais do Bra sil mo der no.

Page 35: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

O gi gan tis mo dos nú me ros fala porsi e mos tram, de for ma in de lé vel,a im por tân cia do SEST/SE NAT navida de mi lhões de pes soas em

todo o país. Cria do com o pro pó si to de daras sis tên cia in te gral ao tra ba lha dor do trans -por te, o SEST/SE NAT co me mo ra, aos 10anos de exis tên cia, o su ces so dos ser vi çosque pres ta em ní vel na cio nal, cum prin do àris ca o com pro mis so de ofe re cer opor tu ni -da de de me lho ria de vida àque les para osquais foi cria do. De ação em ação, de opor -tu ni da de em opor tu ni da de ofe re ci das em to -dos os rin cões bra si lei ros, o SEST/SE NATtem con tri buí do de for ma de ci si va para acons tru ção de um Bra sil eco no mi ca men temais de sen vol vi do e so cial men te mais jus to.A cons tru ção da ci da da nia e a res pon sa -

bi li da de so cial, pi la res da fi lo so fia de tra ba -lho do sis te ma SEST/SE NAT, es tão es tam -pa dos na efi ciên cia e na uni ci da de de açãode to das as uni da des es pa lha das do Oia po -que ao Chuí. Pre sen te li te ral men te em todoo Bra sil, o sis te ma leva edu ca ção pro fis sio -nal e pro mo ção so cial para os tra ba lha do -res e suas fa mí lias, aten den do suas ne ces -si da des nas áreas de edu ca ção, as sis tên -cia mé di ca e odon to ló gi ca, cul tu ra, la zer ees por te. São mais de 15 milhões de atendi-mentos, sem incluir os números de 2003. O SEST/SE NAT ini ciou sua tra je tó ria em

14 de se tem bro de 1993, a par tir da san -ção da lei nº 8.706, vol ta do para a va lo ri za -

ção dos trans por ta do res au tô no mos e dostra ba lha do res bra si lei ros que atuam no se -tor de trans por te. Sua im plan ta ção foi re -sul ta do de um am plo e lon go pro ces so decons cien ti za ção do se tor, arregimenta dopela CNT, quan to à ne ces si da de de in cre -men tar a edu ca ção pro fis sio nal e a pro mo -ção so cial para este gru po de tra ba lha do rese suas fa mí lias, que, com ca rac te rís ti caspró prias, es ta vam a exi gir uma abor da gemdi fe ren cia da para o al can ce do aten di men -to de suas ne ces si da des. O tra ba lho che ga ao dé ci mo ani ver sá rio

sem per der de vis ta o de sa fio que ins pi rousua cria ção: cons truir um se tor de trans -por te qua li fi ca do, mais pro du ti vo e efi caz,na bus ca per ma nen te da me lho ria do bem-es tar de seus tra ba lha do res, bem comodos ser vi ços pres ta dos à so cie da de. Atual-mente, mais de 1 milhão de trabalhadorese 3 milhões de farmiliares frquentam oSEST/SENAT.

Exem plos con fir mam efi ciên ciado sis te maO su ces so, im por tan te para qual quer ins ti -

tui ção, sem pre foi ar dua men te per se gui do peloSEST/SE NAT. E está tra du zi do na bus ca cons -tan te da efi ciên cia e efi cá cia, na uti li za ção deco nhe ci men tos e tec no lo gias ne ces sá rios paraa rea li za ção das ta re fas es pe cí fi cas de cadapro gra ma de se nha do e na ca pa ci da de paraatuar jun to aos tra ba lha do res, com preen den do

PRESENTEDO OIAPOQUEAO CHUÍ

SEST/SENAT 10 ANOS

Page 36: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

suas ati tu des e mo ti va ções e a com ple xi da dedo seu am bien te de tra ba lho.

Al guns des ta ques:• Uso in ten si vo e ade qua do dos re cur sos da

in for má ti ca e das te le co mu ni ca ções. Em es pe -cial, me re ce ser ci ta da a uti li za ção da In tra net node sen vol vi men to dos fó runs de dis cus são, noen vio rá pi do de in for ma ções e ba ses de da dos,ga ran tin do o acom pa nha men to das ações e a in -te ra ção e atua ção igua li tá ria de to dos os co la bo -ra do res do SEST/SE NAT, cada um em sua re giãode tra ba lho. O sis te ma in ter li ga mais de 2.000mi cro com pu ta do res, dis po ni bi li zan do um cres -cen te nú me ro de cur sos à dis tân cia, cur sos pre -sen ciais, ban co de con teú dos, ati vi da des de la -zer e es por tes, além dos ser vi ços mé di cos eodon to ló gi cos, ga nhan do em eco no mia de es ca -

la e em qua li da de, eli mi nan do as so bre po si ções,a du pli ci da de e o des per dí cio• Des cen tra li za ção da ati vi da de-fim, atra vés

das uni da des lo ca li za das em todo o País, nasca pi tais e em ci da des que pos suem trá fe go in -ten so de veí cu los co le ti vos de pas sa gei ros e decar ga, e nas prin ci pais ro do vias bra si lei ras• Com pro mis so per ma nen te com a pro mo -

ção hu ma na, so cial e pro fis sio nal, bem comocom a me lho ria da qua li da de de vida dos be ne -fi ciá rios de seus ser vi ços• A bus ca cons tan te por par ce rias com or ga nis -

mos pú bli cos e pri va dos, que pos sam ge rar si ner giaque ele vem a efi cá cia dos ob je ti vos ins ti tu cio nais

Cro no lo gia do su ces so: daim plan ta ção aos dias atuaisApós os 10 anos de ati vi da de, os re sul ta dos

SENAT - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO TRANSPORTENÚMEROS DE ATENDIMENTOS REALIZADOS

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003* TOTAIS GLOBAIS

3.790 52.735 76.972 290.123 278.769 148.493 168.552 225.411 227.796 - 1.472.641

- 102.780 608.400 110.895 119.559 274.865 162.194 172.597 183.384 - 1.734.674

- - - - - - 7.931 9.205 7.043 - 24.179

27.800 325.510 148.826 182.210 155.355 199.453 207.924 245.279 306.241 - 1.798.598

14.000 109.535 197.903 258.572 474.067 594.001 548.790 654.482 487.162 - 3.338.512

- - - - 437.364 712.895 978.862 1.325.553 1.696.577 - 5.151.251

- - - - 197.032 316.499 266.192 601.792 548.823 - 1.930.338

ANO

AÇÕES

PRESENCIA

ISENSIN

O À

DISTÂNC

IAENSIN

O SUPLET

IVOE M

ÉDIO

CONSULTA

MÉDIC

ACONSULTA

ODONTOLÓGIC

AESPORTE E

LAZER

EDUCAÇÃO P/

SAÚDE

SISTEMA JÁ SEFIRMOU COMOUM DOS MAISIMPORTANTESEMPREEN-DIMENTOS SOCIAIS DETODO O PAÍS

SEST/SENAT 10 ANOS

*DADOS DE 2003 AINDA NÃO CONCLUÍDOS

Page 37: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

são vi sí veis e o mo de lo pas sou a ser im ple men -ta do a cada ano. O com pro mis so de ga ran tir a pre sen ça fí si -

ca do SEST/SE NAT em todo o país, com a im -plan ta ção das uni da des re gio nais, já é umarea li da de. A meta da ins ti tui ção foi am plia da eirá dis po ni bi li zar aos tra ba lha do res, até 2005,um to tal de 145 uni da des em ple no fun cio na -men to, sen do 65 es tru tu ras maio res e 80 es -tru tu ras me no res nas prin ci pais ro do vias bra -si lei ras. Hoje, o sis te ma con ta com 50 uni da -des nos gran des cen tros e 46 nas es tra das,além de 13 gran des uni da des com obras eman da men to.

Acom pa nhe as fa ses evo lu ti vas do SEST/SE NAT: • A fase de Pla ne ja men to (1993-1994) -

re pre sen tou a rea li za ção do so nho atra vésda dis se mi na ção dos prin cí pios ad mi nis tra -ti vos e or ga ni za cio nais idea li za dos por Clé -sio An dra de, pre si den te da CNT, não sópara as li de ran ças sin di cais do país comopara os gran des em pre sá rios, os quais per -ce be ram a im por tân cia da pro pos ta e a elaade ri ram. Nes sa fase, fo ram de sen vol vi dosos pro je tos de im plan ta ção, en tre ou tros,do en si no à dis tân cia atra vés de um ca nalde TV ex clu si vo para o trans por te. Tam bémfoi de fi ni da a li nha de Ges tão das Uni da dese rea li za do o pri mei ro pla ne ja men to es tra -té gi co das ins ti tui ções. • A fase de De co la gem (1994-1995) -

com preen deu a cons tru ção das pri mei rasuni da des do SEST/SE NAT, mon ta gem daRede Trans por te, ela bo ra ção dos pri mei roscur sos à dis tân cia, im plan ta ção do Pro gra -ma de En si no a Dis tân cia (PEAD), rea li za -ção de con vê nios para me lhor su prir es tru -tu ra exis ten te, im plan ta ção das uni da despro vi só rias, iní cio do aten di men to e a for -ma ta ção da ino va do ra es tru tu ra or ga ni za -cio nal e ad mi nis tra ti va.• A fase de Im plan ta ção (1995-1998) -

con ti nui da de da “fase de De co la gem”, como in cre men to das cons tru ções de 76% dasuni da des hoje exis ten tes; im plan ta ção umadi nâ mi ca rede in for ma ti za da. • A fase de Con so li da ção (a par tir de

1999) - Com o SEST/SE NAT pre sen te empra ti ca men te to das as ca pi tais e em inú me -ros mu ni cí pios de im por tân cia eco nô mi ca,80% da meta ini cial de im plan ta ção (de 120uni da des) já es tão cum pri dos. Atual men te,o sis te ma uti li za, de for ma mais in ten sa, omar ke ting atra vés de cam pa nha es pe cí fi cade di vul ga ção do Sis te ma e de Va lo ri za çãodo Tra ba lha dor do se tor, bem como in ten si -fi ca a ca pa ci ta ção dos re cur sos hu ma noscom a par ti ci pa ção do IDAQ (Ins ti tu to de de -sen vol vi men to, As sis tên cia Téc ni ca e Qua li -da de em Trans por te), pre pa ran do-os paraum novo mo men to de atua ção.

Es tru tu ra efi cien te faz a di fe ren çaAo todo o sis te ma con ta com 1.879 pro -

fis sio nais, além de 456 em ati vi da des dede sen vol vi men to pro fis sio nal e 2.775 par -cei ros, en tre ins tru to res, fa ci li ta do res doPro gra ma de Edu ca ção a Dis tân cia e orien -ta do res de en si no do su ple ti vo, que aten -dem em 40 mil em pre sas, sin di ca tos pa tro -nais e dos tra ba lha do res e nas 96 uni da desdo SEST/SE NAT.As uni da des maio res têm es tru tu ra fí si ca

pa dro ni za da, con tan do com qua dras po lies -por ti vas, cam po de fu te bol, nú cleo aquá ti cocom pis ci na in fan til, adul to e semi-olím pi ca,chur ras quei ras, res tau ran te ou lan cho ne te,par que in fan til, área para gi nás ti ca, au di tó -rio com ca pa ci da de para 200 pes soas epal co pró prio para even tos edu ca ti vos e so -ciais (pe ças de tea tro, shows mu si cais,apre sen ta ção de gru pos fol cló ri cos etc),am plo sa lão de fes ta, sala po li va len te e salapara TV e ví deo. Para aten di men to na áreade saú de, pos suem três con sul tó rios mé di -cos e um odon to ló gi co, com pos to de no mí -

SEST/SENAT 10 ANOS

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• MONTES CLAROS (MG)“Concluí os cursos de telemarketinge de auxiliar administrativo.Embora sejam oferecidos a baixocusto, eles são excelentes.É um pequeno investimentopara um grande retorno” Fábio Rodrigues Lima19, AUXILIAR ADMINISTRATIVO

• BENTO GONÇALVES (RS)“O serviço odontológico é deprimeira qualidade. Chega sermelhor que os da redetotalmente privada. Toda afamília o utiliza com segurançade um bom resultado”EDIR TREMAOR 35, DONA-DE-CASA

• NATAL (RN)“Fiz recentemente o cursode capacitação de condutorde transporte coletivo. Em Natal,essa qualificação é obrigatória e oSest/Senat é a nossa únicaoportunidade já que o Detranlocal exige, mas não oferece essaformação”BERTO BRUNO DOS SANTOS33, MOTORISTA

• PORTO VELHO (RO)“Faço natação na unidade e, além deter facilidade no acesso ao esporte,tenho a confiança de estar sendoassistido por profissionaiscompetentes já que esporteé saúde” ROBERTO CARLOS SANTOS28, ASSESSOR COMERCIAL

• MANAUS (AM)“Há sete anos eu e minha famíliautilizamos os serviços da unidade. Noss últimos meses, utilizamos osserviços médico e odontológico. São serviços excelentes. Não há o que reclamar, pois, se não fossem eles, estaríamos dependendo da saúdepública, que é um caos”ANA MARIA DA COSTA PINTO30, DONA-DE-CASA

• CUIABÁ (MT)“Eu e minha família utilizamosos serviços médicos e de lazer daunidade, pois o acesso é fácil, seguroe fica bem mais barato, sobrandodinheiro para gastarmos comoutras coisas”SILVANIR JOSÉ DO CARMO29, INSPETOR DE TRANSPORTES

• ARAÇATUBA (SP)“Tenho acesso à saúde preventiva sem ademora e burocracia da saúde pública.Além disso, o atendimento é ótimo. Nãotemos de nos preocupar com horários.Os atendentes da unidade são tãoatenciosos que até nos ligam paralembrar das consultas”LUCINETE ALVES DE OLIVEIRA28, RECEPCIONISTA

PALAVRA DE USUÁRIOCONFIRAOS DEPOIMENTOS

SEST/SENAT 10 ANOS

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ni mo seis e no má xi mo 12 ga bi ne tes den tá -rios. Na área de edu ca ção, as uni da desmaio res con tam com seis sa las de aulaequi pa das com te le vi sor, vi deo cas se te euma am pla ofi ci na pe da gó gi ca. As uni da des me no res, ins ta la das nas

prin ci pais ro do vias bra si lei ras, têm a fi na li -da de de apoiar os tra ba lha do res de em pre -sas de trans por te ro do viá rio e trans por ta do -res au tô no mos em sua jor na da de tra ba lho,ga ran tin do efe ti va as sis tên cia a esse pú bli coque, por es tar sem pre nas es tra das, não dis -põe de tem po para bus car nas es tru tu ras ur -ba nas o apoio de que tan to ne ces si ta.As ati vi da des de pro mo ção so cial dis po -

ni bi li za das pelo SEST/SE NAT en glo bam umcon jun to de ações dis tri buí das em duasáreas dis tin tas de atua ção - saú de e la zer.As ações de saú de com preen dem a as sis -tên cia mé di ca e odon to ló gi ca. É prio ri da -deß da en ti da de a atua ção pre ven ti va quecon tri bua para a dis se mi na ção de in for ma -ções e es ti mu le a cria ção de há bi tos vol ta -dos para a pre ser va ção da saú de. No en -tan to, as ati vi da des de ca rá ter edu ca ti vo epre ven ti vo não ex cluem a ne ces si da de deações de ca rá ter cu ra ti vo mais pre sen tenas áreas de odon to lo gia, gi ne co lo gia e of -tal mo lo gia. O pro gra ma mé di co ofe re ce aosusuá rios aten di men to nas es pe cia li da desde clí ni ca ge ral, pe dia tria, of tal mo lo gia, gi -ne co lo gia e me di ci na do tra ba lho, área emque tem rea li za do in ves ti men tos em equi -pa men tos de úl ti ma ge ra ção e in ten si fi ca doa es pe cia li za ção de pro ce di men tos maiscom ple xos. Res pal da do em pes qui sa rea -li za da jun to às uni da des, está sen do im ple -men ta da a es pe cia li da de de car dio lo gia emní vel na cio nal, já que ess sa é uma dasgran des de man das do se tor.Na área de edu ca ção o SEST/SE NAT tem

se em pe nha do na cons tru ção do co nhe ci -men to, de sen vol ven do pro je tos de edu ca -ção à dis tân cia e pre sen cial. Ve ri fi ca-se

que, tan to por par te dos em pre ga dos quan -to dos em pre ga do res, há uma preo cu pa çãocons tan te com qua li fi ca ção pro fis sio nal,for ma ção para o tra ba lho, edu ca ção sis te -má ti ca con tí nua e cons cien ti za ção da ne -ces si da de de per ma nen te atua li za ção eaper fei çoa men to pro fis sio nal.Con co mi tan te men te, o SEST/SE NAT cons ta -

tou a ne ces si da de per ma nen te de atuar na bus -ca da di mi nui ção do nú me ro de aci den tes detrân si to, re du ção dos cus tos das em pre sas, naem pre ga bi li da de do tra ba lha dor, au men to dapro du ti vi da de, im ple men ta ção de pro gra mas vol -ta dos ao mo ni to ra men to da qua li da de e em no -vas tec no lo gias, en tre ou tros te mas. Com com pro mis so na cons tru ção da ci -

da da nia que pede ne ces sa ria men te umaprá ti ca edu ca cio nal vol ta da para a com -preen são da rea li da de so cial e dos di rei tose res pon sa bi li da des em re la ção à vida pes -soal e co le ti va, o sis te ma in cor po rou, a par -tir de 2003, como te mas trans ver sais, quede vem per mear com na tu ra li da de os te mastra ba lha dos du ran te os cur sos, prin cí pioséti cos, de fe sa da ci da da nia, de fe sa domeio am bien te, va lo ri za ção pes soal e pro -fis sio nal e in clu são di gi tal.Me re ce des ta que ain da a qua li fi ca ção

dos mo to ris tas pro fis sio nais que exer cempa pel de fun da men tal im por tân cia es tra té gi -ca na eco no mia bra si lei ra. O do mí nio de te -mas como di re ção de fen si va, le gis la ção detrân si to, pre ven ção de aci den tes, re gras ge -rais de cir cu la ção, pri mei ros so cor ros, meioam bien te, ci da da nia e re la cio na men to in ter -pes soal, já con tem pla dos em cur sos re gu la -men ta dos pelo CON TRAN (Con se lho Na cio -nal de Trân si to), está pre sen te nos con teú -dos tan to dos cur sos à dis tân cia quan to doscur sos pre sen ciais pro du zi dos peloSEST/SE NAT e são tam bém de vi tal im por -tân cia para a di mi nui ção de aci den tes,como tam bém são pro pul so res da efi ciên -cia, efi cá cia e efe ti vi da de do trans por te. l

SEST/SENAT 10 ANOS

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A lém das pés si mas con di ções da gran -de maio ria das es tra das bra si lei ras, ostrans por ta do res en fren tam tam bém api ra ta ria das qua dri lhas de rou bo de

car gas. E a si tua ção da ma lha ro do viá ria está in -ti ma men te li ga da ao cri me. “A de te rio ra ção dases tra das fa ci li ta e con so li da os rou bos”, afir ma opre si den te da As so cia ção Bra si lei ra de Trans por -ta do res de Car gas (ABTC), New ton Gib son. Se -gun do ele, em vá rios tre chos do país os mo to ris -tas são obri ga dos pra ti ca men te a pa rar o ca mi -nhão por cau sa dos bu ra cos. “É a con di ção pro -pí cia para o ban di do atuar”, aná li se com par ti lha -da por po li ciais ro do viá rios e mo to ris tas.O ca mi nho nei ro José Na tan Emí dio Neto,

pre si den te da União Bra si lei ra dos Ca mi nho nei -ros, faz coro com Gib son. “Ge ral men te, nos ca -

sos de as sal tos os mo to ris tas são sur preen di doscom o ca mi nhão em mar cha len ta ou pa ra do.Di mi nuir a ve lo ci da de por al gum mo ti vo fa ci li ta aação dos ban di dos”, afir ma Na tan. “Na BR-040,en tre Juiz de Fora e Rio de Ja nei ro, se você an -dar a 80 km/h já cor re o ris co de o la drão ati rarno seu pé.”A Po lí cia Ro do viá ria Fe de ral re co nhe ce que a

má con ser va ção das ro do vias con tri bui para oau men to do nú me ro das ocor rên cias. Se gun doo as ses sor do De par ta men to de PRF do Mi nis té -rio da Jus ti ça (DPRF-MJ), Ri car do Tôr res, o ór -gão está fa zen do um le van ta men to dos pon toscrí ti cos para re pas sar ao De par ta men to Na cio nalde In fra-Es tru tu ra de Trans por tes (DNIT). “Es pe -ra mos que a re cu pe ra ção ocor ra o mais bre vepos sí vel, pois a má con ser va ção viá ria di mi nui a

“SE VOCÊ ANDAR A 80 KM/H JÁ

CORRE O RISCO DEO LADRÃO ATIRAR

NO SEU PÉ”

O CENÁRIO IDEALSEM OS RESULTADOS DAS CPIS, O CRIME REINA NAS ESTRADAS

ROUBO DE CARGAS

MODAL RODOVIÁRIO

POR ROGÉRIO MAURÍCIO

FOTOS MARIO ANGELO/FUTURA PRESS

Page 41: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 41

to tal de cri mes. De acor do com le van ta men to doSin di ca to das Em pre sas de Trans por tes de Car -ga de São Pau lo e Re gião (SET CESP), no anopas sa do ocor re ram 2.450 as sal tos nas es tra dase ci da des pau lis tas, o que re sul tou em pre juí zode R$ 205,9 mi lhões. No pri mei ro se mes tre des -te ano, fo ram re gis tra dos 591 rou bos e R$ 49,3mi lhões de per das.E a si tua ção já foi pior. De acor do com da dos

da ABTC, em 1999 o rou bo de car gas deu pre -juí zos de R$ 374 mi lhões às em pre sas. Na que -le ano, fo ram re gis tra das 4.967 ocor rên cias - umcres ci men to de 93,6% na com pa ra ção com as2.566 ocor rên cias de 1994. A si tua ção alar man -te foi cons ta ta da pela CPI do Nar co trá fi co. Ins ta -la da em abril de 1999, a co mis são apu rou a li -

ve lo ci da de de trá fe go e fa ci li ta a abor da gem cri -mi no sa”. Um pa lia ti vo que a PRF vem uti li zan doé a iden ti fi ca ção dos tre chos mais pe ri go sospara co lo ca ção de via tu ras nos ho rá rios pro ble -má ti cos, “o que por ve zes es bar ra na in dis po ni -bi li da de de pes soal e lo gís ti ca de cada re gio nal”. O mi nis tro dos Trans por tes, An der son Adau -

to, acre di ta que, com a re cu pe ra ção das ro do -vias, o pro ble ma será ate nua do. No dia 18 deagos to, Adau to e o pre si den te Luiz Iná cio Lula daSil va es ti ve ram em Pou so Ale gre, no Sul de Mi -nas, onde anun cia ram a re cu pe ra ção de cer cade 7.000 qui lô me tros de ro do vias em todo opaís, para o Pro gra ma de Re cu pe ra ção e Ma nu -ten ção de Ro do vias Fe de rais. Se rão in ves ti dosR$ 490 mi lhões, me nos que o pre juí zo oca sio -na do pe los cri mes, que, se gun do o pró prio mi -nis té rio, foi de R$ 550 mi lhões no ano pas sa do.

Me to do lo gia di fe ren teA maior par te das obras de re cu pe ra ção será

em Mi nas Ge rais, que tem a maior ma lha ro do -viá ria do país e li de ra as es ta tís ti cas des se cri me.De acor do com os nú me ros ofi ciais do DPRF, ases tra das fe de rais mi nei ras re gis tra ram, en tre ja -nei ro e ju nho des te ano, 24,3% (20) das 82ocor rên cias no país. Mas o nú me ro pode sermaior. Se gun do da dos da Su pe rin ten dên cia daPo lí cia Ro do viá ria em Mi nas (PRF-MG), até 31de ju lho, o nú me ro de rou bos de car gas che goua 118, di fe ren ça de 590%. As ro do vias mais vi -sa das são as BRs 040, 365 e 050.Há dis cre pân cia tam bém em es ta tís ti cas do

cri me em ou tros Es ta dos. São Pau lo e Rio de Ja -nei ro, que, se gun do es ti ma ti vas da ABTC, con -cen tram cer ca de 80% dos rou bos de car gas nopaís, apa re cem jun tos nas es ta tís ti cas ofi ciaisdes te ano do DPRF com ape nas 15,8% dos cri -mes re gis tra dos. Os lo cais de maior in ci dên ciasão Anhan gue ra, Nova Du tra e Cas te lo Bran co.Uma jus ti fi ca ti va para o de sen con tro de nú -

me ros se ria a me to do lo gia. As in for ma ções daABTC in cluem tam bém as ro do vias es ta duais,que se riam res pon sá veis por cer ca de 40% do

OS R$ 490 MIINVESTIDOS PARARECUPERAR

ESTRADAS FICAMATRÁS DOS R$ 550MI DE PREJUÍZODAS EMPRESAS

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42 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

CONGRESSO ESTUDA QUATRO PROJETOS

Onú me ro as sus ta dor de ocor rên cias de rou -bos de car gas em todo o país, que faz doBra sil o cam peão mun dial des se tipo de

cri me, e os pre juí zos es tra tos fé ri cos das trans por ta -do ras es ti mu la ram a cria ção de uma CPI mis ta noCon gres so para in ves ti gar as qua dri lhas. Ins ta la daem 16 de maio de 2000, a CPI do Rou bo de Car -gas tam bém in ves ti gou a la va gem de di nhei ro e odes man che de ca mi nhões, pro ble ma que já ha viasido le van ta do pela CPI do Nar co trá fi co (1999).

Pre si di da pelo se na dor Ro meu Tuma (PFL-SP)- Os car An dra de (PL-RO) foi o re la tor -, a CPI, após200 de poi men tos em sete me ses de tra ba lho, in di -ciou, no re la tó rio fi nal apro va do em de zem bro pas -sa do, 156 pes soas, 17 de las mem bros do De par -ta men to de In ves ti ga ções so bre Cri mes Pa tri mo -niais (De pa tri), ór gão da Po lí cia Ci vil de São Pau lo.Eles for ma riam uma qua dri lha com o ob je ti vo defa ci li tar o rou bo no Es ta do. Tam bém foi in di cia do o

en tão de pu ta do dis tri tal José Fus cal di Ce si lio.O tra ba lho re sul tou em pro pos tas de lei, apre -

sen ta das por Tuma ao Con gres so no dia 29 de ju -lho. Os pro je tos deverão pas sar pela Co mis são deCons ti tui ção e Jus ti ça até che gar ao ple ná rio.

Uma das ini cia ti vas tor na obri ga tó ria a in ter ven -ção da Po lí cia Fe de ral na ocor rên cia de cri mes in -te res ta duais e in ter na cio nais (pro je to 153/2003).Ou tra pro pos ta au to ri za o rom pi men to do la creadua nei ro du ran te a ins pe ção de car gas (152/2003). O tex to afirma que, após a ins pe ção, sejaco lo ca do novo la cre, mas, com in dí cio de cri me, osbens se rão apreen di dos para ave ri gua ção.

Os ou tros dois pro je tos apre sen ta dos por Tumasão eli mi na ção da co bran ça de im pos to so bremer ca do rias fur ta das ou rou ba das an tes da en tre -ga ao des ti na tá rio (151/2003) e o pla no de ti pi fi carao me nos a re cep ta ção cul po sa, quan do pra ti ca dapor co mer cian tes ou in dús trias (154/2003).

ga ção ín ti ma do trá fi co de dro gas com o rou bode car gas, o que es ti mu lou a aber tu ra de umain ves ti ga ção es pe cí fi ca.Pro pos ta pelo en tão de pu ta do Os car An dra de

(PL-RO), a CPI Mis ta do Rou bo de Car gas foi ins -ta la da em maio de 2000 no Con gres so e in ves ti -gou até de zem bro de 2001 todo o es que ma derou bo de car gas no país. O en tão pre si den te daco mis são, se na dor Ro meu Tuma (PFL-SP), en -ca mi nhou o re la tó rio fi nal que pe diu o in di cia -men to de 156 pes soas ao Mi nis té rio Pú bli co.Com o fim da CPI, foi cria da, em fe ve rei ro úl -

ti mo, a Sub co mis são Es pe cial de Rou bo de Car -gas. Pre si di da pelo de pu ta do fe de ral Fran cis coAp pio (PP-RS), a sub co mis são vai rea li zar au -diên cias pú bli cas nos Es ta dos - em ou tu bro, osde pu ta dos es ta rão em Belo Ho ri zon te. Ap pio de -

PROJETOSRomeu Tuma enviou ao Congresso as propostas de lei geradas pela CPI

Page 43: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 43

“SE TEM POLICIAL,EMPRESÁRIO,POLÍTICO ENVOLVIDO TEMQUE ABRIRINQUÉRITOS CONTRA ELES”

fen de a ado ção de le gis la ção mo der na. “Pre ci -sa mos de leis para di fi cul tar o rou bo de car gas.Leis para pu nir já exis tem. Atual men te, quan doo ban di do vai para o Pa ra guai e Bo lí via, porexem plo, não pre ci sa pro var por que está di ri gin -do o car ro de ter cei ros”, diz. De acor do com Ap -pio, os ban di dos mi gra ram dos ban cos para ases tra das, onde o mo to ris ta é pre sa fá cil. “Não foio cri me que se or ga ni zou, mas a so cie da de quese de sor ga ni zou. O rou bo de car gas fun cio nacomo moe da de tro ca do trá fi co.” O de pu ta do,que tam bém foi re la tor da CPI do Cri me Or ga ni -za do na As sem bléia gaú cha, diz que 25% dafro ta do Rio Gran de do Sul é clo na da.New ton Gib son co bra das au to ri da des pro vi -

dên cias para coi bir o rou bo de car gas. “Todo ole van ta men to do pro ble ma já foi fei to pela CPI.To dos os en vol vi dos fo ram iden ti fi ca dos. Esse re -la tó rio (da CPI) não sei para onde foi en ca mi nha -do. Se tem po li cial, em pre sá rio, atra ves sa dor,po lí ti co en vol vi do tem que abrir in qué ri tos con traeles. Por que a Câ ma ra (dos De pu ta dos) nãotoma po si ção?” (leia mais no box.)

Nos Es ta dosAs CPIs fe de rais do Nar co trá fi co e do Rou bo

de Car gas pro vo ca ram a aber tu ra de co mis sõeses ta duais, mas ape nas duas fo ram des ti na dasex clu si va men te para in ves ti gar o cri me nas es -tra das. Em Per nam bu co, a CPI foi cria da emabril pas sa do e os de pu ta dos es tão co lhen do de -poi men tos. Se gun do o pre si den te da CPI, Pe droEu ri co (PSDB), os tra ba lhos de vem ser en cer ra -dos em ou tu bro.Em San ta Ca ta ri na, após 90 dias de tra ba lho,

o re la tó rio fi nal foi re pas sa do para a Se cre ta ria deEs ta do de Se gu ran ça con ti nuar as in ves ti ga ções.O pre si den te da CPI, de pu ta do Ma noel Mota(PMDB), pe diu a pror ro ga ção do tra ba lho, re pro -va da pe los par la men ta res. “Pre ci sa ria de maistem po para in ves ti gar, mas meus no bres co le gasfo ram con tra. Du ran te a CPI, re ce bi 14 li ga çõescom amea ças e en fren tei tudo”, diz. l

PRODUTO VISADOO cigarro é das cargasmais roubadas nasrodovias nacionais

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44 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

S e man ti do o atual en -tu sias mo com o trans -por te hi dro viá rio, empou co tem po o Triân -

gu lo Mi nei ro en tra rá em de fi ni ti -vo no cor re dor Tie tê-Pa ra ná,uti li zan do-se dos rios Gran de ePa ra naí ba. Não é de hoje quees ses dois cur sos d'água sãomo ti vo de pes qui sas de em pre -sas da agroin dús tria para ade -qua ção lo gís ti ca, mas só ago rao pro ces so toma im pul so. Emmea dos do pró xi mo ano, doispor tos flu viais po dem abrir umes coa dou ro da pro du ção agrí -co la mi nei ra para o por to deSan tos, via rio Tie tê. Se gun doava lia ções pre li mi na res dospro je tos, o in ves ti men to emcada um dos ter mi nais mo du la -res será de R$ 6 mi lhões, umcus to qua tro ve zes me nor doque um por to con ven cio nal.Um dos pon tos de par ti da

de em bar ca ções será na mar -

O TRIÂNGULO QUER NAVEGARREGIÃO PROJETA OBRAS PARA ESCOAR PRODUÇÃO AGRÍCOLA

POR ZICO PACHECO

PORTO FLUVIAL Santa Vitória trabalha para entrar na rota de escoamento agrícola

PORTOS FLUVIAIS

INVESTIMENTOS

MANOEL SERAFIM/CORREIO

Page 45: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

gem mi nei ra do Pa ra naí ba,no dis tri to in dus trial de Cha -ves lân dia, em San ta Vi tó ria, eo ou tro na bar ra gem de ÁguaVer me lha, no rio Gran de, emItu ra ma. Con si de ra do o mar -co zero no Bra sil Cen tral, amo vi men ta ção de car gas pelorio Pa ra naí ba já é sig ni fi ca ti vano por to de São Si mão porcin co em pre sas goia nas (Gra -nol, Quin tel la, Nova Ro sei ra,Ca ra mu ru e ADM-Tu ba rão).Ao in vés de uma ins ta la çãoúni ca, as em pre sas ope ramcom mó du los de em bar queau tô no mos, es pé cies de ex -ten são das uni da des pro du ti -vas in dus triais, co lo ca das aolon go do lei to do rio. A Pre fei -tu ra de San ta Vi tó ria as si mi -lou o exem plo e está re ce -ben do pro pos tas de em pre -sas que têm in te res se em ins -ta lar ar ma zéns, es tei ras e en -cla ves em mó du los in di vi -duais se me lhan tes aos ins ta -la dos na mar gem goia na doPa ra naí ba.Após um fó rum rea li za do

em abril em Uber lân dia, umapar ce ria foi for ma da en tre aPre fei tu ra de San ta Vi tó ria e aSe cre ta ria de Trans por tes deMi nas Ge rais. Uma área de484 mil me tros qua dra dos(1.000 me tros à mar gem dorio) foi doa da pela ad mi nis -tra ção mu ni ci pal à CDI (Com -pa nhia de Dis tri tos In dus triaisde Mi nas Ge rais), que estáne go cian do com to tal au to no -mia jun to aos in ves ti do respri va dos. Além dis so, Mi nas

Ge rais está ex pe ri men tan do oPPP (Pla no de Par ce ria Pú bli -co-Pri va do). De pois de cria doum Fun do de Amor ti za ção, oin ves ti men to pri va do em in -fra-es tru tu ra re tor na comisen ções so bre o cres ci men todo ICMS (Im pos to de Cir cu la -ção de Mer ca do rias e Ser vi -ços) das em pre sas.A pa vi men ta ção para o aces -

so da BR 365 à área de li mi ta dapara ser o dis tri to in dus trial já

está con cluí da, fal ta ape nas aex ten são de ener gia elé tri ca. Ose cre tá rio de In dús tria, Co mér -cio e Tu ris mo de San ta Vi tó ria,José Da vid Ro dri gues Quei roz,in for ma que a in fra-es tru tu raes ta rá fi na li za da an tes da as si -na tu ra dos con tra tos de par ce -ria. Se gun do Quei roz, três em -pre sas de gran de por te es tão in -te res sa das em cons truir uni da -des de es coa men to no dis tri to -uma do se tor de ar ma ze na gem,

Osis te ma hi dro viá -rio bra si lei ro su -pe rou a mar ca de12 mi lhões de to -

ne la das mo vi men ta das em2002, con for me nú me rosfor ne ci dos pe las ad mi nis tra -ções por tuá rias à An taq.

A re gião Sul li de ra o ran -king na cio nal de trans por tede car ga ge ral e de gra nelsó li do ou lí qui do, prin ci pal -men te em de cor rên cia dosre sul ta dos do por to ma rí ti mode Rio Gran de (RS), quemo vi men tou 3,5 mi lhões deto ne la das das 5,3 mi lhõesde to ne la das que pas sa rampe los por tos gaú chos de Es -

tre la, Por to Ale gre, Pe lo tas eChar quea da.

A re gião Nor te tem o se -gun do maior ín di ce, com3,5 mi lhões de to ne la das.Des se to tal, 68% re pre sen -tam o mo vi men to no ter mi -nal flu vial de Por to Ve lho.

No Cen tro-Oes te, Co rum -bá-La dá rio apre sen tou ame lhor per for man ce in di vi -dual, ao em bar car 1,9 mi -lhões de to ne la das de car -

gas de gra nel só li do. No Su des te, o por to de

Pre si den te Epi tá cio em bar -cou um to tal de 1,4 mi lhãode to ne la das de car gas degra nel só li do, cerca de 99%de toda a mo vi men ta ção deSão Pau lo.

Os dados do Su des te nãoin cluem no le van ta men to osnú me ros do por to de San -tos, que re ce be gran de aflu -xo de car gas mul ti mo dais.

PELAS ÁGUAS,12MILHÕESDE TONELADAS

SAÍDA Hidrovias começam a mostrar força

“TEMOS DEIMPLANTARUM NÚCLEOQUE ACABECOM A SEG-MENTAÇÃO”

MANOEL SERAFIM/CORREIO

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46 CNTREVISTA AGOSTO 2003

ou tra de gra ne li za ção e ou tra dosu croal coo lei ro.Em bo ra as ne go cia ções

se jam man ti das a sete cha -ves, sabe-se que o maior in -te res sa do em ace le rar asobras em San ta Vi tó ria é o se -tor su croal coo lei ro. O Gru poJoão Lyra, in te res sa do de pri -mei ra hora, es qui va-se da im -pren sa. A pres sa dos usi nei -ros ins ta la dos no Triân gu loMi nei ro em cons truir umarota al ter na ti va ao Atlân ti cotem jus ti fi ca ti va: o in te res sedo go ver no ja po nês no ál coolbra si lei ro. A par tir do pró xi moano, se rão adi cio na dos 3%de ál cool à ga so li na com bus -tí vel dis tri buí da no Ja pão.Quan do a por cen ta gem deadi ção che gar aos pre vis tos10% de ál cool, o Ja pão es ta -rá im por tan do o equi va len te atoda a pro du ção bra si lei ra. Sem par cei ros, os usi nei ros

po dem até con ti nuar ban can dogran de par te dos in ves ti men tos,mais um mo ti vo na pre cau çãoem re ve lar va lo res in ves ti dos.No pro gra ma de re cu pe ra çãode ro do vias, lan ça do em ju lhopelo go ver na dor Aé cio Ne ves,Mi nas Ge rais terá 400 km depa vi men ta ção cus tea das pe lospro du to res de açú car do Triân -gu lo Mi nei ro.Ain da não há ne nhum es tu -

do con clu si vo a res pei to do au -men to do tre cho na ve gá vel dorio Pa ra naí ba. O maior pro ble -ma é a ina de qua ção nas bar ra -gens das hi dre lé tri cas, to dascons truí das sem eclu sas (com -par ti men tos que pos si bi li tam atrans po si ção de em bar ca çõespe las bar ra gens por mé to do na -tu ral de en chi men tos e es va zia -men tos). Se fos se pos sí vel na -ve gar até Ara gua ri, cru zan do asbar ra gens de Ca choei ra Dou ra -da e Itum bia ra, se ria pos sí vel

fa lar em gran des in ves ti men tosde mul ti mo da li da de.

Sem ca lhaMas o pro ble ma tam bém pas -

sa a ser ou tro, se gun do in for ma oam bien ta lis ta Wil son José da Sil va,do re cém-cria do co mi tê da Ba ciaHi dro grá fi ca do Pa ra naí ba. Ape sarde ser a ter cei ra maior do país (sóé me nor que do Ama zo nas e SãoFran cis co), o rio não tem ca lha su -fi cien te em vá rios pon tos. Em1998 e 1999, Sil va par ti ci pou deuma ex pe di ção cien tí fi ca por seisme ses, per cor ren do o rio com bar -cos sim ples, da nas cen te até aunião com o rio Gran de. Ele aler taque o re pre sa men to de vá riospon tos para abas te ci men to de pi -vôs cen trais e o des ma ta men to in -dis cri mi na do in ter fe ri ram nas nas -cen tes, em Pa tos de Mi nas. “Dos23 cór re gos e ri bei rões que dãoori gem ao Pa ra naí ba, só oito con -ti nuam vi vos”, diz o am bien ta lis ta.

“A HOMOLO-GAÇÃO DOTERMINALPARAOPERAÇÕESESTARÁEXPEDIDAATÉ O FINALDO ANO”

EM OBRASPorto fluvial iráexigir projetos deviabilização

JOB QUEIROZ/O PATRIOTA/DIVULGAÇÃO

Page 47: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 47

Si tua ção bem di fe ren tevive a re gião do Bai xo Vale doRio Gran de. Lá, tudo si na li zapara a cons ti tui ção de umter mi nal in ter mo dal de car -gas. O in ves ti men to é bemme nor, se fo rem con si de ra -das as obras que po dem serapro vei ta das.

A Cons tru to ra Ca mar go Cor -reia dei xou ins ta la do um cais,há 30 anos, quan do le van tou abar ra gem de Água Ver me lha,no lado do mu ni cí pio mi nei rode Itu ra ma. Do ou tro lado dorio, no ter ri tó rio do re cém-eman ci pa do mu ni cí pio de Ou -roes te, os cons tru to res dei xa -

ram ins ta la dos 1.700 me tros depis ta de um ae ro por to de car -gas. A Fer ro nor te está em Apa -re ci da do Ta boa do, na tri pli cadi vi sa de Mato Gros so do Sul,Mi nas Ge rais e São Pau lo a me -nos de 80 km de um en tron ca -men to com a fer ro via em Fer -nan dó po lis, sem con tar inú me -

COM ADIÇÃODE 10% DEÁLCOOL,O JAPÃOIMPORTARÁTODA APRODUÇÃOBRASILEIRA

Page 48: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

48 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

ras ro do vias que in ter li gam asci da des li mí tro fes.Um gru po para im plan ta ção

do ter mi nal foi for ma do as simque An der son Adau to as su miuo Mi nis té rio dos Trans por tes.Em fe ve rei ro, esse gru po es te veem Bra sí lia para re la tar o pro je -to. De pois des se en con tro, ou -tras duas reu niões fo ram rea li -za das. Uma quar ta foi con vo ca -da in for mal men te e rea li za dana casa do ministro, em Ubera-ba, há me nos de dois me ses.

In ver são mi gra tó riaO pro je to in ter mo dal já está

cons ti tuin do pes soa ju rí di ca,que pode ser tan to um con sór -cio in te res ta dual como umaagên cia de de sen vol vi men toque fa ci li te as ne go cia çõescom em pre sá rios e go ver nos.Além de An der son Adau to,que acom pa nha a obra des dea épo ca em que era de pu ta does ta dual em Mi nas Ge rais, opro je to con ta com apoio dosgo ver nos de São Pau lo, Mi nasGe rais, Mato Gros so do Sul eGoiás, além de uma ban ca dacon gres sis ta de dois se na do rese oito de pu ta dos. “A ho mo lo -ga ção do ter mi nal para ope ra -ções es ta rá ex pe di da até o fi -nal do ano”, diz o em pre sá rioCar los Lima. “Te mos de im -plan tar um nú cleo de de sen -vol vi men to que aca be com aseg men ta ção e pos si bi li te a in -ver são mi gra tó ria”, re su me ola bo ra to ris ta pós-gra dua do emges tão de ne gó cios.Lima diz que uma em pre sa

T an to o pro je to de in ter mo da li da dede sen vol vi do na mi cror re gião doBai xo Rio Gran de quan to o pro je to

de atra ção de em pre sas para o dis tri to in -dus trial de Cha ves lân dia, em San ta Vi tó ria(MG), co me ça ram a ser via bi li za dos an tesmes mo da li be ra ção dos re cur sos pelo go -ver no. E o fim da de li mi ta ção de fron tei rasri bei ri nhas já é con si de ra do uma vi tó riana re gião. O Ter mi nal In ter mo dal de ÁguaVer me lha uniu o no roes te pau lis ta ao Pon -tal do Triân gu lo - re giões an tes ri vais -, nabus ca de so lu ções lo gís ti cas para che gar a no vosmer ca dos em con di ções com pe ti ti vas.“Va mos fa zer de tudo para via bi li zar o por to de San -

ta Vi tó ria, que é uma ne ces si da de re gio nal”, afir ma oge ren te da Am vap (As so cia ção dos Mu ni cí pios do Valedo Alto Pa ra naí ba), Car los Va lim, que par ti ci pou dasdis cus sões do fó rum rea li za do em Uber lân dia. Nova ro -da da de de ba tes acon te ce ria em agos to, em Ube ra ba,para re dis cu tir o trans por te em Mi nas Ge rais. Em pau -ta, no va men te es ta rá o trans por te hi dro viá rio.Mas os pro ble mas não fi ca rão res tri tos aos in ves -

ti men tos para via bi li za ção da in fra-es tru tu ra do por -to flu vial. O pes qui sa dor Pau lo Cor si, es pe cia lis ta emope ra ções no por to de Ita jaí (SC), adian ta que di fi -cul da des po dem sur gir nos “gar ga los”. “De pen den -do da car ga, da in te gra ção mo dal e do por to de ex -por ta ção, o flu xo pode apre sen tar sé rias res tri çõesope ra cio nais em fun ção da ne ces si da de de es pe cia -li za ção das ins ta la ções e, em al guns ca sos, de con -ges tio na men tos já exis ten tes”, afir ma Cor si.Mau rí cio Mi ran da, coor de na dor-téc ni co da Uni ver si -

da de da Dis tri bui ção, ins ti tui ção de en si no cor po ra ti voem Mi nas, dis se que ain da pre ten de le van tar in for ma -ções a res pei to dos be ne fí cios do trans por te hi dro viá rio.

PROBLEMAS VÃOALÉM DE DINHEIRO

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SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 49

ope ra do ra de ter mi nais in ter mo -dais já de mons trou in te res se emter a con ces são, mas tem ex -pec ta ti vas de que ou tras in te res -sa das vão se apre sen tar a par tirda di vul ga ção in ter na cio nal. Dasem pre sas que se in te res sam emins ta lar no dis tri to in dus trial deItu ra ma, duas gra ne lei ras man -têm es trei to con ta to com o mi -nis tro e aguar dam o si nal ver depara mon tar ins ta la ções de pro -ces sa men to agroin dus trial. A re -gião tam bém ga nha ria com o in -cen ti vo a de ter mi na das cul tu raspe re cí veis. Ja les, por exem plo, éuma gran de pro du to ra de uva,mas so fre com o cus to de ex por -ta ção, pois des pa cha o pro du todo ae ro por to de Vi ra co pos, emCam pi nas. “As sim como uvas,flo res e hor ta li ças tam bém se -riam pro du ções in cen ti va dascom a in clu são de li nhas in ter -na cio nal no ae ro por to de Ou -roes te”, ar gu men ta Lima.

Ou tro en tu sias ta que nãomede es for ços para pro var a via -bi li da de téc ni ca do com ple xo in -ter mo dal é o en ge nhei ro do DERde Mi nas Ge rais, Val dei rê Al vesFer rei ra. Ele con si de ra a pos si bi li -da de de cons tru ção de uma eclu -sa a par tir de um des vio do cur sodo ri bei rão de Água Ver me lha,pro lon gan do por mais 170 km ana ve ga ção pelo rio Gran de parache gar até a bar ra gem de Ma rim -bon do, na re gião de São José doRio Pre to (SP). Ao se pro lon gar oiti ne rá rio até a re pre sa de Vol taGran de, será pos sí vel aten der àsre giões de Ube ra ba e Ri bei rãoPre to e, pos te rior men te, che gar àre pre sa de Iga ra pa va, le van do ahi dro via até a re gião de Fran ca. “As ro do vias pre ci sam ser

de sa fo ga das”, diz Fer rei ra. “Otrans por te ro do viá rio de ve ria le -var só o al ta men te pe re cí vel enão per cor rer tre chos diá rios su- pe rio res a 300 km.” l

“DOS 23CÓRREGOSE RIBEIRÕESQUE DÃOORIGEM AOPARANAÍBA,APENAS 8 CONTINUAMVIVOS”

SEM FRONTEIRATerminal de ÁguaVermelha une SPao Triângulo

JOB QUEIROZ/O PATRIOTA/DIVULGAÇÃO

JOB QUEIROZ/O PATRIOTA/DIVULGAÇÃO

Page 50: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

BRASILVIAJADE TREMO Bra sil tam bém de ve ria an dar de

trem. Essa pre mis sa, de fen di dapor es pe cia lis tas, em pre sas delo gís ti cas, eco no mis tas e afins,

fica fá cil de de fen der e acei tar quan do osnú me ros são con fron ta dos. Res ta o di -nhei ro para que a tão ba da la da so lu ção -ou al ter na ti va viá vel para o caos ro do viá rio- seja rea li da de e não tese.Mas e o tu ris mo pe los tri lhos, qual é a

rea li da de des se se tor? O que o tu ris ta en -con tra nes se ca mi nho? Foi para pro cu rar

par te des sas res pos tas que a re por ta gemda Re vis ta CNT em bar cou em duas via -gens. A es co lha dos tre chos le vou emcon ta dois fa to res. Um de les é es sen cial -men te tu rís ti co, o ou tro agre ga in te res sesin dus triais. Re pre sen tam, des sa for ma,um qua dro que po de ria tor nar o tu ris mofer ro viá rio re pre sen ta ti vo no país.A pri mei ra via gem leva ao Cris to Re -

den tor. Para mos trar como a in dús triapode aju dar no se tor, o se gun do em bar -que vai de Belo Ho ri zon te a Vi tó ria, na li -

RELATOS DE PASSEIOS PELO CORCOVADO E NA LINHA BELO HORIZONTE- VITÓRIA MOSTRAM QUE OTURISMO FERROVIÁRIO É ALTERNATIVA E PRECISA DE APOIO PARA OFE RECER MELHORES SERVIÇOS

Page 51: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 51

A VIAGEM NÃODEIXA ESCAPARAS CENAS QUEEXPLICITAM ADESIGUALDADESOCIAL DO PAÍS

BRASILVIAJADE TREMnha ad mi nis tra da pela Vale do Rio Doce.Os re la tos ana li sam os ele men tos que umtu ris ta so li ci ta. Da pon tua li da de à hi gie ne,do aten di men to ao con for to, além de es -tru tu ra, ser vi ços e ex tras que o via jan tegos ta, como co mér cio e ali men ta ção.Sem es que cer os be los ce ná rios que

os dois pas seios pro por cio na ram às re -pór te res Pa tri zia D'Aver sa e San dra Car -va lho. As jor na lis tas via ja ram in cóg ni tas.O que vi ram e re la tam nas pá gi nas 51 a55 são ce ná rios sem ma quia gem.

P ou ca gen te se dá con ta que o Cris toRe den tor po de ria não exis tir se nãofos se a his tó ri ca Es tra da de Fer ro do

Cor co va do e suas má qui nas. Foi du ran tequa tro anos que mais de 1 to ne la da de pe -ças vin das da Fran ça fo ram trans por ta dasnos seus va gões para con cluir a obra, íco nedo Bra sil no mun do in tei ro, em 1931.To dos os anos, mais de 600 mil pes soas

são le va das ao Cris to Re den tor via Es tra da deFer ro, pri mei ra fer ro via ele tri fi ca da do Bra sile o pas seio tu rís ti co mais an ti go do país,inau gu ra do em 1884.Che gar à es ta ção do trem é como es tar

num par que de di ver sões ta ma nha a quan ti -da de de pro du tos e ser vi ços dis po ní veis parao vi si tan te. Vá rios quios ques de lem bran çascha mam a aten ção pelo co lo ri do das pe ças,como a baia na ves ti da de ver de e ama re lo (R$35). O to que de mo der ni da de fica por con tada loja do Hard Rock Café. E para quem gos -ta de brin que dos ca ros, ali está a H.Stern comsuas jóias de pe dras bra si lei ras. Por R$ 20, é pos sí vel le var a tra di cio nal foto

no pra to de por ce la na, com sete fun dos dis po ní -veis. Tudo ele trô ni co, via com pu ta dor. Se o tu ris -

POR PATRIZIA D’AVERSA

PASSEIO NO RIOQUE SOBREVIVEVISITA AO CRISTO ENCANTA TURISTAS E MOSTRAA BELEZA DA CIDADE DIVIDIDA COM A MISÉRIA

FOTO DE MARIANA VIANNA/AJB/FUTURA PRESS

RELATOS DE PASSEIOS PELO CORCOVADO E NA LINHA BELO HORIZONTE- VITÓRIA MOSTRAM QUE OTURISMO FERROVIÁRIO É ALTERNATIVA E PRECISA DE APOIO PARA OFE RECER MELHORES SERVIÇOS

CORCOVADO

Page 52: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

HISTÓRIATuristas desembarcam na Estação do Corcovado,que já recebeu a visita da família imperial

ta qui ser, pode en viar por e-mail a foto di gi tal ti -ra da na hora, por R$ 10.Para ma tar a fome, o Café do Trem com bi -

na a ten ta ção com his tó ria. Ins ta la do no car roinau gu ral da es ta ção, o vi si tan te pas seia pelomes mo va gão que le vou d. Pe dro 2º ao alto domor ro do Cor co va do pela pri mei ra vez, em 9de ou tu bro de 1884. O trem, na épo ca a va -por, foi con si de ra do um pro dí gio da en ge nha -ria por per cor rer 3.829 me tros de li nha fér reaem ter re no ín gre me. De ca ro na no ca lor doRio de Ja nei ro, a lan cho ne te da es ta ção in fla -cio na os pre ços - o clás si co Chi ka bon sobe dota be la do R$ 1,30 para R$ 2,30.

A su bi daNa hora de co me çar a via gem até o topo, a

cer ca de 20 mi nu tos e 710 me tros de dis tân cia,um cer to sus to pelo ca lor - os va gões não têm ar-con di cio na do. O trem é novo, po rém os ban cosem seu in te rior, de ma dei ra, pe cam pelo des -con for to. Em 1910, os trens a va por fo ram subs -ti tuí dos por má qui nas elé tri cas, tro ca das em1979, pela atual ad mi nis tra do ra, a Es fe co, pormo de los suí ços mais mo der nos.O pú bli co se re ve la uma mis tu ra de tu ris -

tas es tran gei ros, um gru po de pro fes so res emcon ven ção na ci da de e ca rio cas com suas fa -mí lias, pri vi le gia do pelo ce ná rio na tu ral. Nasu bi da, a ve ge ta ção do Par que Na cio nal daTi ju ca, a maior flo res ta ur ba na do pla ne ta, re -fres ca o va gão e en che os olhos de quem fazo pas seio. São se rin guei ras cen te ná rias e di -fe ren tes es pé cies na ti vas.Em al guns tre chos é pos sí vel en xer gar o

Rio de Ja nei ro. É pre ci so fi car aten to paranão per der os me lho res flas hes da pai sa -gem. De um lado, a La goa Ro dri go de Frei -tas, do ou tro o Pão de Açú car e as praiasde Bo ta fo go e Fla men go. Mas a via gemnão dei xa es ca par as ce nas que ex pli ci tama de si gual da de so cial do país, com as be -las ca sas e edi fí cios do Ca mi nho do Cor co -va do di vi din do a pai sa gem com os mor rosdo Sil ves tre e Cer ro Corá.A pa ra da das Pai nei ras é para quem de se ja

co nhe cer o ho tel de sa ti va do que leva o mes monome da es ta ção in ter me diá ria ou fa zer ca mi -nha das pela Flo res ta da Ti ju ca. Ao che gar ao Cris to Re den tor, o vi si tan te

pode per ma ne cer o tem po que qui ser. Só é pre -ci so fi car aten to aos ho rá rios de des ci da do trem.

CORCOVADO

QUANDO

Diariamente, das 8h30 às18h30, com saídas a cada 30min

QUANTO

R$ 25 (ida e volta). Criançasaté 5 anos não pagam. Em dólar,

o ingresso sai por US$ 10ONDE

Rua Cosme Velho, 513, Laranjeiras. INFORMAÇÕES

(21) 2558-1329 [email protected]

EVANDRO TEIXEIRA /AJB/FUTURA PRESS

Page 53: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 53

V ia jar de trem de Belo Ho ri zon te a Vi tó ria temseu char me. Ver pai sa gens (ain da que delon ge) como o pico do Ibi ti ru na, em Go ver -

na dor Va la da res, a Pe dra da Índia, em Ai mo rés, asplan ta ções de ba ba çu, no Es pí ri to San to, e acom -pa nhar o cur so do rio Doce é uma ex pe riên ciapara eco tu ris ta ne nhum bo tar de fei to. Mas o me -lhor é co nhe cer pes soas. Afi nal, são apro xi ma da -men te 13 ho ras de via gem. E para aque les de sa -com pa nha dos de um bom li vro, o en tre te ni men tomais in di ca do é con ver sar.Boas ami za des e até mes mo re la cio na men tos

amo ro sos cos tu mam nas cer nos va gões. “Já vimui ta gen te se co nhe cer aqui e de pois se ca sar”,lem bra um fer ro viá rio apo sen ta do que via ja va parao li to ral. Mas a via gem tem tam bém suas des van -ta gens, como o con ta to com pó de mi né rio de fer -ro. A lo co mo ti va, com pos ta de 13 va gões (dois paraa clas se exe cu ti va), du ran te a tra je tó ria, tem en con -tros pa ra le los com car re ga men tos de mi né rio, dema dei ra e de pe dras de már mo re.Por vol ta das 6h29, na es ta ção Der me val José Pi -

men ta, na saí da da ca pi tal mi nei ra, a fila para com -prar pas sa gens já es ta va ex ten sa. O em bar que, às7h30, res pei ta o que diz a pas sa gem. As “fer ro mo -ças” orien tam so bre os lu ga res e ex pli cam como fun -

PARA MUITOSPASSAGEIROS,AQUELA SIMPLESVIAGEM ERAUM GRANDE

ACONTECIMENTO

Sain do da es ta ção, ido sos, de fi cien tes fí si cos eos mais can sa dos con tam com dois ele va do respa no râ mi cos. Ou tras op ções são a es ca da ro lan -te ou os 220 de graus da es ca da ria.Para des cer, todo Cris to aju da. É quan do se

apro vei ta me lhor a vis ta. Numa ve lo ci da de me -nor, é pos sí vel ob ser var a flo res ta em mais de ta -lhes e fi nal men te avis tar um e ou tro mico queapa re ce ram de sur pre sa para o con ten ta men todas crian ças e tu ris tas.A des ci da, tran qüi la, du rou pou co mais do

que os pre vis tos 20 mi nu tos. Lá em bai xo,fica a sen sa ção de ple ni tu de ali men ta da peloce ná rio do Rio.

Di casPara apro vei tar me lhor o pas seio, a re por ta -

gem ofe re ce al gu mas di cas. Na hora de es co lhero lu gar para sen tar no trem, pre fi ra o lado di rei -to, na su bi da e na des ci da. Nes sa po si ção, épos sí vel con fe rir pai sa gens di fe ren tes du ran te ostra je tos e a vis ta é pri vi le gia da.O me lhor ho rá rio para fa zer o pas seio é à tar -

de. O mo ti vo é sim ples, o sol es ta rá ba ten do defren te no Pão de Açú car, o que dei xa a vis ta ain -da mais bo ni ta e pro por cio na lin das ima gens.

POR SANDRA CARVALHO

BH-VITÓRIA

ENTRE O PÓ EASMONTANHASPOLUIÇÃO DE MINÉRIO É RECOMPENSADA

PELO CENÁRIO E BOA CONVERSA NA VIAGEM

JOAO PAULO ENGELBRECHT /AJB/FUTURA PESS

Page 54: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

54 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

cio na o aten di men to de bor do. O va gão da clas se exe -cu ti va con ta com 80 lu ga res semi-lei to, ar-con di cio na -do (25º) e dois ba nhei ros.A par ti da só ocor reu às 9h. O mo ti vo do atra so, se -

gun do o res pon sá vel pela via gem até Go ver na dor Va -la da res, foi uma fa lha da co mu ni ca ção via sa té li te nostri lhos da Fer ro via Cen tro Atlân ti ca (FCA). A co mer -cian te Le tí cia Lima, que cos tu ma via jar se ma nal men -te para Ai mo rés (MG), foi sur preen di da pelo atra so.“Em qua tro me ses, isso nun ca acon te ceu co mi go.”Mas para o pin tor Leni Poss mo ser, que tam bém via jacom fre qüên cia, atra sar é co mum. “Nun ca de sem -bar quei no ho rá rio pre vis to.”Para mui tos pas sa gei ros, aque la sim ples via gem

era um gran de acon te ci men to, como é o caso de Car -los Hen ri que, 10 anos, que fa zia par te de um gru pode ex cur são do Mi nas Tê nis Clu be, com des ti no aIpa tin ga (MG). Para Da niel, tam bém 10 anos, a via -gem era um mar co. “Já via jei de trem em ou tros paí -ses”, con ta, mas, para am bos, o pas seio no Bra silacon te cia pela pri mei ra vez. As crian ças não saíam daala dos fu man tes - um es pa ço ao ar li vre en tre os va -gões de onde se pode ver, sem a bar rei ra das vi dra -ças, as mon ta nhas de Mi nas.A uma ve lo ci da de que va ria va en tre 40 km/h e

60 km/h, o trem faz o per cur so de 664 km com 28pa ra das para em bar que e de sem bar que e maisduas para abas te ci men to. Para en tre ter, du ran te avia gem, as “fer ro mo ças” pas sam vá rias ve zes pelaclas se exe cu ti va para aten der pe di dos de lan cheou pu bli ca ções (jor nais de Mi nas e do Es pí ri to San -to e qua tro tí tu los de re vis tas). Na par ti da, em Belo Ho ri zon te, as pes soas es ta -

vam sé rias, de pou cas pa la vras. Mas, de pois deoito ho ras de via gem, na pa ra da em Go ver na dor Va -la da res, onde um gran de nú me ro de pes soas de -sem bar ca, o cli ma já era de des con tra ção, com tro -ca de te le fo nes ou e-mails. A pa ra da dura cer ca de7 mi nu tos. Após a tro ca de equi pes de tra ba lho, alo co mo ti va se gue o ca mi nho.

Re fei çõesO al mo ço foi re ser va do às 10h30 e ser vi do às

11h30 ao pre ço de R$ 5. No car dá pio do dia, ar roz

bran co, fei jão tro pei ro, ma car rão com maio ne se, bo li -nhos de man dio ca e duas op ções de car ne - fran gogre lha do ou me da lhão. A re fei ção pode ser con su mi -da no va gão-lan cho ne te, que aten de à clas se eco nô -mi ca tam bém, ou na pol tro na. Os pas sa gei ros têm àdis po si ção uma ban de ja de colo sim ples e lo cal ade -qua do para co lo car co pos.O car dá pio tam bém tra zia op ções de san duí ches,

be bi das lác teas, do ces, sor ve tes, bis coi tos e sal ga di -nhos. Du ran te a via gem, é proi bi do o con su mo de be -bi das al coó li cas. Às 19h, o jan tar é ser vi do com asmes mas op ções do al mo ço. De pois, era só dor mir eaguar dar a che ga da em Vi tó ria, às 22h25.Na via gem de vol ta, a re por ta gem em bar cou

na clas se eco nô mi ca, sem ar-con di cio na do eaten di men to de bor do. As ja ne las pu de ram seraber tas e o con ta to com o pó de mi né rio de fer roque im preg na as rou pas só é com pen sa do pelavi são ní ti da das pai sa gens.Na clas se eco nô mi ca, qual quer tipo de aten di -

men to deve ser so li ci ta do. Para com prar lan ches, éne ces sá rio atra ves sar vá rios va gões para che gar à lan -cho ne te. De duas em duas ho ras, pas sam fun cio ná -rios ven den do sal ga di nhos, re fri ge ran tes, su cos eágua. Ou tros fun cio ná rios pas sam com fre qüên ciacon fe rin do pas sa gens. O al mo ço, tam bém ser vi do às

SERVIÇOO atendimento é constante no trajeto

“NÃO DÁ PARAVIAJAR TRÊS

HORAS DE TREMSEM CANTAR. ASPAISAGENS NOSINSPIRAM”

EUGÊNIO GURGEL

Page 55: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 55

11h30, cus te o mes mo pre ço da clas se exe cu ti vapara as mes mas op ções do dia an te rior. A re fei ção éser vi da sem ban de ja e com um pra to de plás ti co paraapoiar o mar mi tex e co pos. O pas sa gei ro pre ci sa seequi li brar para não der ra mar a co mi da.

Hi gie neOs ba nhei ros são iguais para as duas clas -

ses. Po rém, na clas se eco nô mi ca, sem ar-con di cio na do, o mal-chei ro no ar fica a pai -rar. Mas o ser vi ço de lim pe za e hi gie ne é efi -cien te. Os ba nhei ros são lim pos, as sim comoos va gões, pelo me nos seis ve zes por via gem.Para o con fe ren te de pro du tos Ja dir de Je sus,

que de sem bar cou em Ita pi na (ES), a via gem na clas -se eco nô mi ca tem suas van ta gens. Acom pa nha do de

um ami go e de um vio lão, ele to cou du ran te todo oper cur so. “Não dá para via jar três ho ras de trem semcan tar. As pai sa gens nos ins pi ram. Se a gen te es ti ves -se na exe cu ti va, mui tas pes soas já te riam me man da -do ca lar a boca, pois can ta mos mú si cas ser ta ne jas.Aqui, es ta mos agra dan do à maio ria” , diz con ven ci dodo re sul ta do da sua pes qui sa in for mal.A dona-de-casa Ro sa li na Fer nan des em bar -

cou em Ipa tin ga acom pa nha da de uma fi lha eduas ne tas de 1 e 3 anos, que fi ca ram aco mo da -das so bre a ba ga gem, pois “car re gá-las no colopor 4 ho ras se ria mui to des con for tá vel”. “Elas nãore cla mam e até gos tam de via jar as sim. No trem,elas têm mais li ber da de”, con ta a avó, que che -ga ria em Belo Ho ri zon te às 21h, uma hora a maisdo que in for ma o ro tei ro. l

MARCA DE MINASAs montanhas são ocenário da viagem

EUGÊNIO GURGEL

BH-Vitória-BH

QUANDO

Diariamente, às 7h30 (saídade BH) e às 7h (saída de Vitória)

QUANTO

R$ 37,80 (classe executiva) eR$ 23,10 (classe econômica)

ONDE

Belo Horizonte - Av. Aarão Reis, 423Cariacica - BR 262, Km 0

INFORMAÇÕES

(31) 3273-5976 e (27) 3246-1215

Page 56: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

56 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

A s es tra das bra si lei ras não re ve lamsó pe ri go e aban do no. Pla cas en -con tra das pelo ca mi nho tam bémre ve lam, com ex tre ma fi de li da de, a

cul tu ra de um povo semi-anal fa be to que nãoper de, nun ca, o sen so de hu mor. Além datris te rea li da de já bas tan te co nhe ci da porquem se aven tu ra a en fren tar as ro do vias, osca mi nhos es con dem uma di ver si da de ím parque so men te pode ser co nhe ci da ao se co lo -car o pé na es tra da - ou nos li vros.Em mais de 45 mil qui lô me tros ro da dos

(uma com ple ta vol ta ao mun do) e 23 Es ta dosper cor ri dos, José Eduar do Ca mar go, edi tor dosguias “4 Ro das”, ex plo rou esse uni ver so da im -pro vi sa ção e, jun to com o cor de lis ta L. Soa res(pseu dô ni mo de An dré Fon te nel le, edi tor da“Veja”), fi ze ram “O Bra sil das Pla cas: Via gempelo País ao Pé da Le tra”. O li vro, pu bli ca dopela edi to ra Abril, traz 100 pá gi nas de fo tos depla cas, out doors e, até mes mo, mu ros pi cha -dos por vá rios can tos do país. As fo tos de Ca mar go dia lo gam com a li te ra -

tu ra de cor del e fa zem um ca sa men to per fei tocom a ti po gra fia “Bra si lê ro”, cria da pelo de sig -ner pa ra naen se Crystian Cruz, di re tor de arteda re vis ta “Pla car”. Ins pi ra da es pe cial men tena es cri ta po pu lar, a ti po gra fia é uti li za da comex clu si vi da de na pu bli ca ção, crian do uma sin -to nia per fei ta en tre tex to e ima gem.A obra, por sua vez, não re tra ta ape nas a

fal ta de escolaridade do povo bra si lei ro, pois amaio ria dos anún cios não apre sen ta er ros or -to grá fi cos. O que mais cha ma a aten ção dolei tor é a for ma im pro vi sa da de co mu ni ca ção

ESTRADASQUE RIEMLIVRO REGISTRA COM BOM HUMOR AS PLACAS DA BEIRA DAS RODOVIAS

FOTOGRAFIA

CULTURA

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SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 57

que cada per so na gem uti li za para “ven der oseu pei xe”. No Mato Gros so, por exem plo,tem até “Ho tel para Chi fru dos”. Já na Tocados Fan tas mas, só en tra quem tem “ne gó cio”e, numa praia de Itaú nas (ES), é “Proi bi doFa ro fei ros”. Em Per nam bu co, os via jan tes po -dem co nhe cer, ain da, a cu rio sa mar ce na ria“Dois Ca ce tes”.Al gu mas pla cas, até ofi ciais, são hi lá rias

pela du pla interpretação que pro vo cam, pornão terem sentido algum ou ape nas pelo lo calonde são co lo ca das. É o caso de “Para Ma ta -dou ro Aguar de no Acos ta men to Adian te”. L.Soa res, por sua vez, tra ta de brin car com aspa la vras: “Aqui nes se ma ta dou ro/ Mata boimata boia da/ Mata de mor te mor ri da/ E tam -bém mor te ma ta da/ Se você pro cu ra a mor te/É só dar uma en cos ta da”.Sem per der a pia da, o au tor abu sa da cria -

ti vi da de bra si lei ra e cria poe mas ri ma dos. Dasfa lhas de or to gra fia, o cor de lis ta faz en re do:“In con trei em Ta ba tin ga/ Orta di pri mei ra cra -se/ 1 reau o pé de cove/ E mais 5 o pé de al fa -se/ Aper tei a cam pai nha/ nem que riam que eupa ga se”. Para Ca mar go, a união con tri buiupara re for çar a lin gua gem ca sual am pla men teuti li za da no in te rior do Bra sil, pro por cio nan douma lei tu ra leve e agra dá vel. Como via ja sem pre so zi nho a tra ba lho, o

edi tor dos guias “4 Ro das” co me çou a fo to -gra far as pla cas como hobby e hoje já reú nemais de 300 ima gens. “Ge ral men te, as pes -soas que es tão via jan do co men tam os ca sos,mas o as sun to mor re ali. Como eu não ti nhacom quem co men tar, co me cei a ti rar fo tospara mos trar aos co le gas que, mui tas ve zes,não acre di ta vam nas his tó rias”, con ta Ca -mar go. Quem en fren ta si tua ção se me lhan tepode rom per o des cré di to e en viar a pro vapara o site do li vro (www.bra sil das pla -cas.com.br). O en de re ço tem uma se ção re -ser va da para fo tos que lei to res e in ter nau tasre gis tra ram nas ro do vias bra si lei ras.Cam peã de cli ques, o Nor des te foi a re gião

ESTRADASQUE RIEMLIVRO REGISTRA COM BOM HUMOR AS PLACAS DA BEIRA DAS RODOVIAS POR EULENE HEMÉTRIO

FOTOS JOSÉ EDUARDO CAMARGO/DIVULGAÇÃO

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58 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

onde o au tor per ce beu o maior nú me ro de pla -cas cu rio sas. Isso não quer di zer, no en tan to,que as gran des ca pi tais es te jam isen tas deanún cios tam bém bas tan te inu si ta dos. Emuma ban ca de jor nais em ple no Rio de Ja nei -ro, o jor na lis ta pre sen ciou um fato cu rio so. So -bre a capa de uma “Play boy”, o fla gra doanún cio es cla re ce dor: “Avi so ao con su mi dor.Ar tis ta com SI LI CO NE”, a tam par os atri bu tosda Fei ti cei ra.Ca mar go reu niu um vas to ma te rial du ran te

três anos e, com a aju da do edi tor de fo to gra fiada edi to ra Abril, Ri car do Cor rea, se le cio nou asima gens mais cu rio sas para mon tar o li vro. De -pois do lan ça men to de “O Bra sil das Pla cas”, oau tor fez uma ex po si ção em São Pau lo e par tepara no vos vo lu mes no mes mo mo de lo. l

DE PERSEGUIDOA FÃ DA XUXA

Du ran te suas via gens peloBra sil, o jor na lis ta José Eduar- do Ca mar go tam bém co le -cio nou uma sé rie de his tó -

rias. De pon ta a pon ta do país, ob ser vouce nas que cons tan te men te pas sam ba -ti do aos olhos co muns, já tão vi cia dosao au to ma tis mo dos fa tos.

Ca mar go res sal ta que, mui tas ve zes,uma má qui na fo to grá fi ca aca ba ge ran -do es tra nha men to e pro vo can do rea -ções das mais di ver sas. Em Ta nha çu,in te rior da Ba hia, por exem plo, Ca mar -go qua se apa nhou. “Es ta va pas san doquan do vi um Fus ca já bem des gas ta dosen do ofe re ci do como prê mio em umafes ta da ci da de. En quan to eu ti ra va afoto, apa re ceu o dono do veí cu lo, queera ini mi go po lí ti co do pre fei to. Eleachou que era per se gui ção e par tiupara cima de mim”. Por sor te, o jor na -lis ta con se guiu se ex pli car e fa zer re gis -tro do fato que ilus tra sua obra.

Em Xi que-Xi que de Iga tu (BA), umpe que no vi la re jo de 365 ha bi tan tes, oau tor tam bém en con trou um ho memque se gaba de ser o fã nú me ro 1 deXuxa, a apre sen ta do ra de TV. Na por tade seu es ta be le ci men to, onde se en -con tra de tudo, Ca mar go re gis trou:“Pon to. En tra aqui, e com pre al gu macoi sa. Ama ril do”, um lo cal ideal paraquem cos tu ma en fren tar as es tra das. Osim pá ti co co mer cian te tam bém mos tracom or gu lho a sua obra: um guia da ci -da de, total men te fei to a mão.

“O BRASIL DAS PLACAS”

AU TO RES

JOSÉ EDUAR DO

CA MAR GO E L. SOA RES

EDI TO RA

ABRIL (100 PÁGS)

PRE ÇO

R$ 24,95

ONDE COM PRAR

BAN CAS

E LI VRA RIAS E PELO SITE

WWW.BRA SIL DAS PLA CAS.COM.BR

Page 59: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 59

Reformas no pós-reformas

ALEXANDRE GARCIA

OPINIÃO

Bra sí lia (Alô) - Ter mi na das as re for masda Pre vi dên cia e tri bu tá ria, o go ver novai con ti nuar as mu dan ças que jul gane ces sá rias na Cons ti tui ção e na lei or -

di ná ria, para re ti rar en tra ves le gais ao de sen vol -vi men to do país. Se quer um país mais jus to,mais es tá vel, me nos bu ro crá ti co, me nos tra va -do, en tão é pre ci so con ti nuar mu dan do. A bemda ver da de, re co nhe ça-se que as re for mas dostri bu tos e da Pre vi dên cia fi cam bem aquém done ces sá rio. Não se re du zi ram a quan ti da de e opeso dos im pos tos, nem se eli mi na ram to das asde si gual da des e gas tan ças da Pre vi dên cia. Masjá foi um iní cio. Como de cos tu me, faz-se ameia-sola pos sí vel e, de pois, os re men dos.O pre si den te Lula está de ter mi na do a en -

viar ao Con gres so – con cluí das as mu dan çasna Pre vi dên cia e nos im pos tos – as re for massin di cal e tra ba lhis ta. O ex-lí der sin di cal (nãovou acres cen tar de es quer da por que ele já re -pu diou essa qua li fi ca ção) re co nhe ce, des de acam pa nha pre si den cial, de fei tos de es tru tu rajá de nun cia dos pelo pen sa men to li be ral: asleis tra ba lhis tas en tra vam o cres ci men to, ini -bem o em pre go, di fi cul tam as re la ções en treca pi tal e tra ba lho, es ti mu lam a ile ga li da decon tra tual e acha tam os sa lá rios. A es tru tu rasin di cal é cor po ra ti va, per mi te a ma nu ten çãode apa re lhos sin di cais, eter ni za pe le gos e aco -lhe cai xas-pre tas. Por isso, é pre ci so mu dar,ou o país con ti nua rá pre so a uma es tru tu rapa ter na lis ta, de ma gó gi ca e cor po ra ti va, cria danos anos 30 por ins pi ra ção fas cis ta.

Os tra ba lhos des sas duas re for mas jáco me ça ram, num foro rea li za do em mea dos deagos to, em Bra sí lia. A idéia é já ir dis cu tin do compo lí ti cos, téc ni cos, tra ba lha do res e em pre sá riosque mu dan ças de vam cons tar de um an te pro je -to. Des ta vez co me ça-se a tem po. Por que na re -for ma tri bu tá ria, os em pre sá rios só fo ram cha -

ma dos a opi nar num co mi tê da Câ ma ra Fe de raldias an tes da vo ta ção em pri mei ro tur no. De pois, ain da vem mais. O mi nis tro José

Dir ceu me ex pli cou que no iní cio do go ver noLula criou dois mi nis té rios e três se cre ta riassem co nhe cer exa ta men te como fun cio na ria acú pu la ad mi nis tra ti va. Ago ra, já co nhe ce o quefun cio na e o que não fun cio na, e co me ça apro cu rar so lu ções para tor nar o go ver no maisleve e mais ágil. As sim, até o fim do ano, de ve -rá fa zer uma re for ma ad mi nis tra ti va, ex tin guin -do mi nis té rios, se cre ta rias e ór gãos. Na mes maoca sião, apro vei ta para me xer em no mes e dardois pos tos ao PMDB. Ou tra re for ma na fila,para dar mais re pre sen ta ti vi da de ao sis te mapre si den cial e de mo crá ti co, é a re for ma po lí ti -ca. Vai ser ne ces sá ria para evi tar le gen das dealu guel – par ti dos que são me ros pas sa por tespara o ho rá rio po lí ti co gra tui to –, in fi de li da depar ti dá ria e tro ca-tro ca de si glas.É por cau sa da re for ma po lí ti ca que não te -

mos re for ma al gu ma. Em 1988, os cons ti tuin -tes, hu mil de men te des con fia dos de que po de -riam es tar co me ten do er ros, pre vi ram, nas dis -po si ções tran si tó rias, que em cin co anos aCons ti tui ção se ria re vi sa da, sem a exi gên cia damaio ria de 60%, bas tan do maio ria sim ples. Em1993, os re la to res da re vi são, de pu ta dos Nél -son Jo bim e Ibra him Abi-Ac kel, pre pa ra ramum tra ba lho mui to bem fei to, re du zin do o nú -me ro de im pos tos e a car ga fis cal, ali vian do pri -vi lé gios e en car gos da Pre vi dên cia e re du zin doas des pe sas do Es ta do. Nes sa re du ção, es ta -vam o nú me ro de de pu ta dos e ve rea do res eres tri ções para a mul ti pli ca ção de mu ni cí pios.Foi o si nal para o PMDB de Quér cia e seu mu -ni ci pa lis mo boi co tar a re vi são e se pul tar as re -for mas. As sim, po de ría mos es tar com o paísajus ta do des de 1993 se não ado rás se mos jo garfora nos sas opor tu ni da des.

É PRE CI SO MU DAR,OU O PAÍS CON TI NUA RÁPRE SO A UMA ES TRU TU RA PA TER NA LIS TA,DE MA GÓ GI CA ECOR PO RA TI VA

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60 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

MAIS TRANSPORTE

O governo deverá concluir atéoutubro um estudo sobre asalternativas técnicas, diretrizes,metas, prazos e estratégias deimplantação do biodiesel mis-turado ao óleo diesel, assimcomo é feita hoje a mistura deálcool à gasolina. O trabalhoestá sendo realizado por umgrupo inter-ministerial pordeterminação do presidenteLuiz Inácio Lula da Silva. Pro-duzido a partir de óleos vege-tais, o biodiesel deverá ter umatributação específica e difer-ente da aplicada nos demaiscombustíveis. O início dostestes de campo em frotas deveículos controladas está pre-visto para 2004. O projeto visareduzir as importações docombustível e as emissões degases poluentes e o desen-volvimento econômico dos pro-dutores de oleaginosas.

BIODIESEL

LOGÍSTICA EM ALTA

O porto Brasco de logísticaoffshore, na Ilha daConceição, em Niterói, foiinaugurado em agosto.O terminal, no qual foraminvestidos R$ 9 milhões, foidefinido pelo governoestadual como uma célulade desenvolvimento eatração de empresaspara o Rio de Janeiro.

PORTO NO RIO

CRESCIMENTOEmbalada pelasferrovias, a logística aumentasua receita

Estimulado pelo interesse emreativar as ferrovias e peloaumento das exportações, osetor de logística registroucrescimento de receita de341% desde 2000. Mesmoassim, o número deempresas do segmento

está diminuindo e, naopinião do diretor doCentro de Estudos emLogística (CEL) da Coppead,Paulo Fleury, a tendência écair ainda mais paraconcentrar em poucase grandes marcas.

BASTIDORES & NEGÓCIOS

FERNANDO PILATOS/FUTURA PRESS

Page 61: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

A CNT e o Ministério dosTransportes assinaram, noúltimo dia 20 de agosto,convênio de cooperação técnicapara o acompanhamento eapresentação de relatóriosrelacionados à execução deobras nas rodovias federais.A CNT irá acompanhar asatividades de execuçãodas obras das rodovias federaisindicadas pelo Ministério dosTransportes e sugerir novostrechos rodoviários que estejam

em estado crítico e quemereçam prioridade narestauração. Tambémassinaram o convênio aAssociação Brasileira dosTransportadores de Carga(ABTC), Associação Brasileiradas Empresas de TransporteRodoviário Intermunicipal,Interestadual e Internacionalde Passageiros (Abrati) eAssociação Nacional dasEmpresas de TransporteRodoviário de Carga (NTC).

CONVÊNIO PELAS ESTRADAS

PrevençãoO Sest/Senat de Cariacica inaugurou uma pistapara simulação de incêndios que atenderá omódulo de prevenção e combate a incêndios docurso de Movimentação de Produtos Perigosos.A pista foi construída nos moldes da utilizada notreinamento para brigadistas do Corpo deBombeiros. A unidade fica na rodoviaGovernador José Sette, Km 0,5. Maisinformações pelo telefone (27) 3346-3150.

Ensino médioA unidade de Teresina firmou convênio com aSecretaria Estadual de Educação para conclusãodo ensino médio fundamental de 500profissionais do sistema de transporte coletivo.O acordo visa proporcionar assistênciatécnico-pedagógica no desenvolvimento deatividades educacionais para jovens e adultostrabalhadores do setor de transporte. OSest/Senat de Teresina fica na praça LandriSales, 620, no centro. Mais informações pelotelefone (86) 221-0858.

Projetos sociaisO posto de Montes Claros está desenvolvendoum programa de qualificação, em parceria coma empresa Transnorte, para capacitar motoristasurbanos e rodoviários. O programa, comduração de três meses, tem como finalidadeformar e preparar profissionais desempregadospara facilitar sua inserção no mercado detrabalho. A unidade mineira também colocouem prática o projeto Independência e Cidadania,programa para ajudar a procura do primeiroemprego. A expectativa é beneficiar cerca de100 adolescentes carentes e regularmentematriculados na escola municipal Maria deLourdes Pinheiro. O Sest/Senat de MontesClaros fica na av. Lago do Tucuruí, s/nº.Informações pelo telefone (38) 3223-0033.

RETOMADA Regis Bittencourt volta ao programa de obras

OBRAS RETOMADAS

As obras de duplicação dotrecho paulista da BR-116 foramretomadas no mês passado,após anúncio do ministro dosTransportes, Anderson Adauto,durante visita de vistoria a

Juquitiba (SP). A RegisBittencourt é parte integrante doPrograma de Duplicação eRestauração do Corredor doMercosul e está com mais de70% dos trechos concluídos.

CNT EM PAUTA

KATIE MULLER/GAZETA DO POVO/FUTURA PRESS

Page 62: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

APLICAR ANUNCIO INSTITUCIONAL MINISTÉRIO DOSTRANSPORTES SEMANA DOTRÂNSITO

Page 63: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 63

SEST/SENAT

CUR SOS

DISTÚRBIOS DO SONO:AVALIAÇÃO, DIAGNÓSTICOE TRATAMENTODia 6, • 12h15 e 14h50h, com reprise

no dia 28, • 9h e 13h45

Médicos, dentistas, psicólogos, assis-tentes sociais e demais profissionais daárea de saúde das unidades Sest/Senate das empresas de transporte são o

público-alvo desse curso de três aulas.O objetivo é mobilizar as equipes desaúde em defesa da higiene do sono,da qualidade de vida e da queda dosíndices de acidentes nas estradas, pormeio da qualificação para a realizaçãode diagnóstico e tratamento dos distúr-bios do sono, com ênfase na Síndromeda Apnéia Obstrutiva do Sono

BORRACHEIRODias 17 a 24, • 9h e 13h45, com reprise

nos dias 24 a 31, • 12h15 e 14h50

Os tipos de pneus e rodas, a mon-tagem e desmontagem, os cuidadosnecessários para a manutenção emuito mais fazem parte do curso deBorracharia. São 29 vídeo-aulas comconteúdo completo. Se a sua empresaainda não tem esse curso, aproveite achance para gravá-lo.

IDAQ

DESTAQUES • OUTUBRO 2003

PROGRAMA: VIVA A VIDADiariamente, às 11h45

Produzido pela STV - Rede SescSenac de Televisão, o “Viva aVida” é dedicado à prevenção dasaúde. De maneira simples, orien-ta sobre como equilibrar aspectosfísicos, psicológicos e emocionaisem busca de uma vida com melhor qualidade. As reportagens

e entrevistas mostram comobem-estar e saúde estão aoalcance de todos

• Para conferir a programaçãocompleta de outubro da RedeTransporte, acesse www.cnt.org.br

NOVIDADE NA PROGRAMAÇÃO

APRENDER A EMPREENDERDias 23 e 24, • 10h10, com reprise • 16h30

Produzido pelo Sebrae, o cursotem como objetivo desenvolveras qualidades do comportamen-to empreendedor, despertar eestimular conhecimentos, habil-idades e valores empresariais.Destina-se a empreendedores,estudantes, empresários for-mais e informais, a partir dos16 anos de idade e que atuamem segmentos variados. O cur-so tem dez aulas de 15 minutoscada e é complementado commaterial didático fornecido peloSebrae, que também avalia ecertifica os participantes.

Page 64: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

64 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

NOVO IDET

ESTATÍSTICA

O novo for ma to do Índicede De sem pe nho Eco -nô mi co do Trans por te(Idet), pes qui sa rea li za -

da pela CNT/Fipe-USP, foi apre -sen ta do aos re pre sen tan tes do se -tor trans por ta dor du ran te o 4ºCon gres so Na cio nal In ter mo daldos Trans por ta do res de Car gas,pro mo vi do pela As so cia ção Bra si -lei ra dos Trans por ta do res de Car -gas (ABTC) em de agos to.A ma triz ori gem-des ti no no

trans por te ro do viá rio e fer ro viá riode car gas e pas sa gei ros re ce beunovo tra ta men to, as sim como osin di ca do res do trans por te de pas -sa gei ros (en tre eles o IPK).Em ju lho, o vo lu me mo vi men -

ta do pe las em pre sas de car gassu pe rou os 37,1 mi lhões de to ne -la das. Esse nú me ro re pre sen taum acrés ci mo de 5,8% so bre ovo lu me re gis tra do em ju nho, mo -ti va do pelo maior nú me ro de diasúteis (23 con tra 20). En tre ja nei ro e ju nho de

2003, a mo vi men ta ção de car -gas no mo dal fer ro viá rio re gis -trou um vo lu me su pe rior a 171,3

No seg men to in ter mu ni ci pal depas sa gei ros, fo ram re gis tra dos47,7 mi lhões des lo ca men tos con -tra 45,6 mi lhões no pe río do an te -rior, um cres ci men to de 4,7%. Notrans por te co le ti vo ur ba no, fo ramre gis tra dos 884,1 mi lhões des lo -ca men tos em ju lho (38,43 mi -lhões por dia útil) pe las em pre sascon ces sio ná rias. O IPK mé dio para o pe río do foi

de 1,588, os ci lan do en tre 1,302,na re gião me tro po li ta na do Rio deJa nei ro, e 2,459, no Rio Gran dedo Sul. O IPK es ta be le ce uma re -la ção en tre a de man da por trans -por te co le ti vo, nú me ro de pas sa -gei ros trans por ta dos e a ofer ta, re -pre sen ta da pela qui lo me tra gemou pro du ção qui lo mé tri ca. A mé -dia no Bra sil é de 2,3.Para maio res es cla re ci men tos

e/ou para down load das ta be lascom ple tas do Idet, aces se naInternet www.cnt.org.br ouwww.fipe.com.br. l

mi lhões de to ne la das úteis, su -pe rior em 10,5% so bre o pri mei -ro se mes tre de 2002. O es for çoex por ta dor em preen di do nes sepe río do e os in ves ti men tos rea li -za dos pe las em pre sas de trans -por te fer ro viá rio de car gas são osprin ci pais res pon sá veis pelo de -sem pe nho.Para a mo vi men ta ção do se tor

aqua viá rio de car gas, ain da nãoes tão dis po ní veis as in for ma çõesde par te dos por tos do Su des te.

FERROVIASEM REAÇÃO

O MODALFERRO-VIÁRIOCRESCEU10,5%SOBRE OPRIMEIROSEMESTREDE 2002

MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS POR MODALEM TONELADAS

2002 2003

AEROVIÁRIO 230.216 242.488 5,33

AQUAVIÁRIO 213.433.167 – –

FERROVIÁRIO 155.006.649 171.318.006 10,52

RODOVIÁRIO 217.731.658 219.257.553 0,70

MODAL ACUMULADO NO PRIMEIRO SEMESTRE VARIAÇÃO (%)

FONTE: CNT / FIPE-USP

Page 65: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

MODAL RODOVIÁRIO DE CARGATONELADAS TRANSPORTADAS EM JULHO/2003

DESTINO

GO MS MT RJ SP SUL BRASIL

GO 16.164 2.519 5.190 16.550 53.182 1.717 571.904

MS 94 90.920 4.543 331 34.139 48 130.135

MT 42 457 15.211 24.550 24.686 13.016 105.815

RJ 9.998 17.299 14.019 878.749 977.340 352.454 2.649.179

SP 95.896 121.517 135.541 921.419 12.903.846 2.394.663 17.979.128

SUL 2.593 4.645 36.127 288.640 1.888.660 6.731.955 9.357.817

BRASIL 254.192 237.861 234.308 2.300.778 17.506.396 9.574.202 37.133.341

ORIGE

M

FONTE: CNT / FIPE-USP

MODAL RODOVIÁRIO INTERESTADUALPASSAGEIROS TRANSPORTADOS EM JULHO/2003

DESTINO

NORTE NORDESTE CENTRO-OESTE SUDESTE SUL BRASIL

NORTE – 30.601 9.098 12.138 442 52.279

NORDESTE 30.601 1.430.286 33.426 336.035 2.558 1.832.906

CENTRO-OESTE 9.098 33.426 101.845 337.766 46.344 528.479

SUDESTE 12.138 336.035 337.766 2.315.151 493.888 3.494.978

SUL 442 2.558 46.344 493.888 486.564 1.029.796

BRASIL 52.279 1.832.906 528.479 3.494.978 1.029.796 6.938.438

ORIGE

M

FONTE: CNT / FIPE-USP

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66 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

HUMOR

VALTÊNIO é chargista do jornal CORREIO, de Uberlândia (MG)

VALTÊNIO

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SETEMBRO 2003 CNTREVISTA 67

Page 68: Revista CNT Transporte Atual-SET/2003

68 CNTREVISTA SETEMBRO 2003

APLICAR ANUNCIO INSTITUCIONAL A SER DEFINIDO PELACNT, MAS QUE SERÁ ENCAMINHADO NO MESMO CD