Revista Cibernetica

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Cibernética vista T e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a Volume 1 | Edição 4 Dezembro A mulher mais poderosa do mundo virtual angolano Katya Rossana, 2012EMRETROSPECTIVA

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Teclando Para a Mudanca

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CibernéticarevistaT e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a

Volume 1 | Edição 4

Dezembro

A mulher mais poderosa do mundo virtual angolanoKatya Rossana,2012EMRETROSPECTIVA

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CibernéticarevistaT e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a10.DEZ.2012

Regulares

04 - CARTA DO DIRETOR Em 2012, a nossa democracia sofreu baixarias Por Pedrowski Teca

06 - RETROSPECTIVA: Retrospectiva das actividades do Movimento Cívico em 2012 Por: Mbanza Hamza/Central angola

POETSIAS

22 - Teoria Geral da Incircunstân-cia; Cultos de Além Mim-Mundo dos Homens

Por: Fridolim Kamolakamwe

Análises

13 - ANÁLISE: Parabens MPLA Por: Sérgio Conceição14 - O silêncio do Presidente, era ou não uma inconstitucionalidade? Por: Amândio Pedro20 - Angola, o mito e a utopia de uma democracia Por: Jorge Cerejo, Jusrista

Artigos

10 - Katya Rossana, a mulher mais poderosa do mundo virtual angolano Por: Pedrowski Teca

12 - O Crescente Surgimento De Perfis Fantasmas No Facebook Por: Al Felix

TÓPICOS

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A Revista Cibernética é uma publicação electrónica Angolana que surgiu como um contributo na diversificação de plataformas cibernéticas de informação, de-bates, educação e entretenimento no seio da comunidade Angolana e da comunidade de expressão da língua portuguesa com interesses em assuntos concernentes à Angola.

* * *

Director & Editor:

Pedrowski Teca

Colaboradores:

Mbanza HamzaAl Felix

Sérgio ConceiçãoAmândio Pedro

Jorge CerejoFridolim Kamolakamwe

Paginação & Design:

Revista Cibernética

Contactos:

[email protected]

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Grande Repórter:

Vaga

© Copyrights 2012 Revista Cibernética

Proprietário:

Pedrowski Teca

* * *As opiniões expressas pelos

colaboradores, entrevistados e colunistas na Revista Cibernética

não engajam a revista.

CartadoDirectorCibernéticarevista

T e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a

PEDROWSKI TECA

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Em 2012 Teclamos

Para a Mudança

ano de 2012 ficará marcada na história de Angola, como um ano em que o Presidente José Edu-

ardo dos Santos, após quase 33 anos no poder sem nunca ter sido eleito, foi empossado como um Presidente eleito da República de Angola, mas também será registado como o ano em que foram definidas o carácter dos prin-cipais intervenientes da arena política angolana.Pela primeira vez na história do nosso

país, este ano realizou-se um pleito eleitoral completo, embora englobado num sistema eleitoral generalista onde tanto as eleições presidenciais, com as legislativas foram fundidas e mergulha-das em “Eleições Gerais”.O país ganhou, apesar dos apesares,

um Presidente que possa ser chamado eleito e fez história pela realização de eleições pacíficas, embora com alguns incidentes registados, mas que houve um retrocesso imenso na consolida-ção da nossa democracia e Estado de Direito.A República de Angola, perdeu uma

imensa oportunidade na consolidação

Em 2012, a nossa democracia sofreu baixariasda sua democracia durante as Eleições Gerais de 31 de Agosto de 2012, adi-ando assim um sistema que falicitaria a introdução de uma governação justa e transparente.A maneira em que as eleições foram

realizadas, careceu de transparência e justeza desde o processo de registo eleitoral, rejeição e aprovação de parti-dos políticos concorrentes as eleições, exclusão de observadores eleitorais e delegados de listas, o secretismo do Ficheiro Central do Registo Eleitoral (FICRE) que foi a base principal das in-congruências eleitorais deste ano, os cadernos eleitorais com nomes de fale-cidos e a afixação de eleitores em locais de votos distantes, à contagem (feita no centro de escrutínio no Talatona) e a divulgação dos resultados eleitorais no Centro de Informação Aníbal de Melo na Mutamba, onde sem observarem a contagem, os observadores e jornalis-tas nacionais e internacionais recebiam o anúncio do que se passava no país e em Talatona.Com tais golpes baixos, a democracia an-

golana sofre mais uma vez um adiamento, e com ela a falta do equilíbrio parlamentar dos partidos políticos da oposicao e do regime, que determina a prevenção do uso e abuso da maioria parlamentar no reinforço, introdução e aprovação de leis que a olhos nús regridem os esforços colectivos genuinos para a solidificação de um Estado de Direito que vela pela dis-tribuição equitativa das riquezas do país.Contudo, o ano de 2012 não trouxe nada

de novo ao povo angolano mas sim fortifi-

cou a ideia de continuidade de um sistema governamental existente.Portanto, a continuidade do sistema de

coisas em Angola, não encaixa no nível de insatisfação das populações que cada vez mais se intensifica com inúmeras acusa-ções e denúncias de má-governação desde as autoridades tradicionais, os governos locais ao governo central (o executivo).Ainda neste ano cessante, a prova mais

clara da insatisfação popular mostrou-se evidente pelas constantes reivindicações em forma de várias manifestações real-izadas por jovens, vendedores ambulan-tes e antigos combatentes de guerra.A ineficiência e incompetência no provi-

mento de bens de necessidades básicas testemunhadas após as eleições, no caso da falta de água e luz, demonstraram o quanto o regime do MPLA exausta os recursos do Estado na tentiva da satis-fação das necessidades do povo durante a campanha eleitoral e sem um plano de continuidade, mas que tudo volta à normal desgovernação a que estamos habitu-ados após as eleicoes. É imperativo que nesta continuidade,

o regime esteja consciente das suas responsabilidade e trabalhe em prol do benefício das populações, porque num sentido contrário, haverão possibilidades de surgimento de acções ou intervenções cívicas mais severas por parte dos gov-ernados.Esta tomada de consciência por parte

dos governantes passa pela consolidação e exercício da democracia e transparên-cia na governação do povo angolano.

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Por: Mbanza Hanza/Central Angola

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Fazer ativismo em regimes ditatoriais e totalitários é muito difí-cil. A situação piora quando a ambição de poder e a vontade de se eternizar no trono corrompem o já corrompido ditador, Angola é parte deste episódio triste, tão triste porque a vasta maioria dos que hoje oprimem o povo, foram os que outrora lutaram para lib-ertá-lo da escravidão colonial portuguesa. Mudaram-se as frentes, criaram-se novos inimigos, enriquecem e fazem-se enriquecer e esqueceram-se o povo.Desde Março de 2011 que um punhado de jovens, que vai crescendo

a seu rítmo, tem manifestado publicamente o seu descontentam-ento contra a administração de, um dos 10 mais longevos chefes de estado do mundo, José Eduardo dos Santos e da sua máquina opressora/desgovernativa MPLA. A razão deste descontentamento encontra eco primeiro, na lon-

gevidade do presidente da república, 33 anos ininterruptos no poder. Segundo, na desigualdade social, no atropelo propositado e sistemático das leis, no sufoco dos poderes judicial e legislativo vincando apenas a vontade clarividente do ditador, na discrimina-ção política, étnica e racial, no galopante desemprego, na falta de luz e saneamento básico, na pobreza extrema, na falta de ensino de qualidade, na valorização da mão-de-obra estrangeira em detri-mento da nacional, na falta dos serviços de saúde, enfim, na falta de tudo aquilo que até agora foram só promessas impressas em papel e engavetadas a chave de ouro.Apresentamos a seguir um resumo das atividades levadas a cabo

durante o ano que agora finda, 2012, nesta árdua luta por justiça, democracia e igualdade social. Queremos lembrar que o nosso objetivo não é gabarmo-nos de coisa alguma ou autoglorificarmo-nos nem mesmo daquilo que seria considerado realização nossa. Reconhecemos que o caminho ainda é longo e que o que se fez até agora é ínfimo, o resumo que agora vos apresentamos serve para

mostrar quanto trilho ainda temos pela frente.

PERDAS – VIOLÊNCIA, JULGAMENTOS INJUSTOS, MANIFESTAções BARRADAS:Janeiro – dia 22, Cacuaco. Jovens em Cacuaco manifestam-se pela

falta de luz e água nos seus bairros. 12 foram detidos, julgados e 8 foram condenados a 3 meses de encarceramento. Julgamento decor-rido sem advogado de defesa. Pena convertida em multas rondando a 48 mil kwanzas cada um. Famílias endividam-se para pagar a multa, outras não conseguem pagar, lança-se a campanha de solidariedade “o teu grão de areia, o nosso deserto” que vai agora a encerrar no dia 15 deste mês para acudir esta infame situação e ressarcir os gastos feitos por estas famílias de patriotas com a multa imposta por um jul-gamento injusto.Fevereiro – dia 3, Cacuaco. Numa tentativa de clamar pela liberta-

ção de seus companheiros presos injustamente, outro grupo de jovens sai à rua em manifestação. Mais violência e detenções e o episódio de julgamento injusto repete-se.Março – dia 7, Cazenga. Mário Domingos e Kembamba são raptados

nas imediações do tanque do Cazenga por indivíduos não identificados, são brutalmente espancados, ficando com ferimentos graves e hema-tomas na cabeça, rosto e a sangrar pelas narinas.Março – dia 9, Rangel. Na véspera da manifestação marcada para

o dia 10 de março para exigir a saída de Suzana Inglês do cargo de presidente da CNE, a residência do jovem Carbono Casimiro é invadida em plena luz do dia (14h) por indivíduos ligados à Bento Kangamba, com barras de ferro e cabos elétricos. Os 5 jovens que lá se encontra-vam descontraídos com a TV, foram barbaramente agredidos. Santero, um dos 5 levou 20 pontos na cabeça, até um senhor de idade, o mais velho Ramalhete (sobrevivente do 27 de Maio de 1977, 64 anos) não foi poupado tendo levado 4 pontos na cabeça, para não falar do Cavera,

Retrospectiva das actividades do Movimento Cívico em 2012

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Carbono e Sampaio que também não escaparam da investida.Março – dia 10, Cazenga e 1º de Maio. Manifestação para exigir a

demissão de Suzana Inglês da presidência da CNE. Marcada de ter-ror e sangue. Os agressores acobertados pela polícia, com barras de ferro, cabos elétricos, porretes, paus, pedras e restos de tudo quanto é sólido encontrado na via pública, atacaram sem dó nem lástima os indefesos manifestantes. David, uma das vítimas, teve de ser socorrido em dois hospitais (Cajueiros e Américo Boa Vida), teve o tímpano direito rebentado, Luaty teve a cabeça partida levando 7 pontos. Dr. Filomeno Viera Lopes (Secretário Geral do partido político Bloco Democrático) foi dos que mais violentamente sofreu, tendo-lhe sido quebrado o braço direito 3 vezes, além de ferimentos graves na cabeça e outras partes do corpo. A dona Ermelinda Freitas teve o tornozelo direito deslocado, Jovelino, Hexplosivo, Tukayano, Putu Mário e outros fizeram parte do guisado de vítimas com ferimentos graves e o jovem Mário até hoje sofre com problemas no peito de tanta pancadaria que recebeu, muita, para os seus 17 anos de idade.Março – dia 10, Benguela. 3 jovens (Hugo Kalumbo, Jesse Lufendo e

David) são detidos por se juntarem a manifestação para exigir a demis-são de Suzana Inglês da presidência da CNE organizada localmente. São julgados sumariamente acusados de assuada, arruaça e agressão à agentes da polícia (as mesmas acusações imputadas à 21 jovens mani-festantes em Setembro de 2011) e condenados injustamente a pena de 3 meses de prisão, convertidos em multa num valor de 42 mil kwanzas cada um.Março – dia 12, a Televisão Pública de Angola (TPA) dá cobertura

extensiva ao suposto Movimento pela Paz que reivindica as agressões de 10 de Março como sendo de sua autoria e prometem mais atos de gênero e de forma implacável contra todos aqueles que “estão contra a paz e querem guerra”.Abril – dia 28, Cacuaco. O regime angolano dispersa a tiros um

grupo de jovens manifestantes que pretendia marchar contra o al-coolismo, prostituição e violência doméstica em Angola (lembrando que cerca de 10 dias antes, havia sido aprovada a lei contra a vio-lência doméstica). Os agressores além de armas de fogo, usaram barras de ferro e picaretas. Dois jovens ficaram gravemente feri-dos e lhes foi negada assistência no hospital municipal de Cacuaco. Neste mesmo dia, o governo da província de Luanda cedeu o Largo da Independência à maior empresa de álcool de Angola, a Cuca, para a realização de uma festa.Maio – dia 22, Rangel. Milícias pró dos Santos-MPLA invadem o

local de reuniões dos jovens ativistas (21h), munidos com barras de ferro, pistolas, cabos elétricos e porretes e agridem violentam-ente os 10 jovens que lá se encontravam em acertos sobre as suas atividades. Ferem gravemente Mbanza Hamza (12 pontos na cabeça, braço esquerdo deslocado), Gaspar Luamba (8 pontos na cabeça, perna esquerda perfurada com chave de fenda, dois dedos da mão direita partidos), Hexplosivo Mental (7 pontos em ambos braços, dedo médio direito deslocado), Jang Nómada (4 pontos na cabeça), Américo Vaz, Tukayano Rosalino, Mabiala Sozinho, Alexandre Dias dos Santos “Libertador” e Massilon Chindombe também não foram poupados.Maio – dias 25 e 27, Ingombotas e Cazenga. Dois soldados da

guarda presidencial que pretendiam reivindicar sobre o aumento de seus subsídios, Àlves Kamulingue e Isaías Kassule, são raptados por indivíduos não identificados e até hoje não se sabe se estão vivos ou mortos.Junho – dia 11, Lisboa. Trama da cocaína ao jovem ativista, Luaty

Beirão. É encontrado na sua bagagem (que consistia num pneu de bicicleta) um quilograma de cocaína, a intenção era vê-lo atrás das grades por uns anões – mas felizmente, a justiça portuguesa não está eduardizada.

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Junho – dia 20, antigos combatentes saem às ruas para exigir enquadramento na caixa social.Julho – dia 14, São Paulo. Manifestação para exigir a anulação da

candidatura de José Eduardo dos Santos às eleições gerais de 31 de Agosto por ser “uma fraude”, um presidente ilegal. A manifestação acaba com a detenção de mais de 13 manifestantes incluindo: Hugo Kalumbo, Rosa Mendes, Nfuka Muzemba, Pedro Malembe, Mário Do-mingos e muitos outros.

GANHOS – PALESTRAS, DESPERTAR DA SOCIEDADE, MANIFES-TAÇÕES:Janeiro – nos dias 27 e 28, primeiro encontro provincial da ju-

ventude, cujo objetivo primordial era refletir em torno do papel que a juventude deve desempenhar de forma social e politica para as-segurar as transições intergeracionais e a responsabilidade social sobre os destinos do país.Abril – Benguela, campanha “Por Uma Angola Livre”. Por causa

das agressões contra manifestantes, a associação cívica Omunga em Benguela, através do seu espaço Quintas de Debates, lança (ofi-cialmente a 29 de Março) a campanha contra a proibição, repressão e criminalização da liberdade de manifestação em Angola. O objetivo era colher 50.000 assinaturas a serem enviadas ao Presidente da República e ao Presidente do Tribunal Supremo. Outro aspeto da campanha era, para quem aderisse, criar uma frase refletiva sob o slogan “Por Uma Angola Livre”, pintada com as cores da bandeira da República.Maio – dia 14, foram-nos cedidos 2 horas semanais de emissão na

rádio despertar. Foi o nascimento do programa Zwela Ngola. Este

primeiro dia foi uma total desilusão, pois o programa não foi emitido por razões inconfessas. Mas depois daí, seguiu a todo gás até conhecer outros inconvenientes em Setembro.Maio – dia 19, movidos pelo poder transformador das mani-

festações, e forçados pela surdez do regime JES em indigitar e manter a Suzana Inglês na presidência da CNE, o partido UNITA convoca uma das maiores manifestações dos últimos tempos e nós apoiamos (onde milhares e pessoas afluíram o local não por promessas de Cuca ou assistirem músicos famosos, mas pelo dever cívico e moral de contribuírem para o engrandecimento da consciência patriótica e social de que “cada ato nosso é o que muda o mundo”) para forçar sua destituição e foi bem-sucedida a iniciativa. Tendo sido exonerada um dia antes da manifestação.Agosto – dia 11, LAASP. Segundo encontro provincial da juven-

tude – “O voto é nosso”. Teve como objetivo criar um mecanismo de observação/fiscalização das eleições, apelidada de campanha pela Verdade Eleitoral. De onde se lançou a plataforma online do Movimento pela Verdade Eleitoral em www.eleicoesangola2012.com.Agosto – dia 20. Lançada a campanha “Cidadão em Protesto

Permanente”. Visa “encorajar os nossos irmãos que reclamam no anonimato a dar um passo em frente para a zona iluminada e dizer sem medo “estou farto!” dizia o comunicado (exemplos no site: http://centralangola7311.net).Setembro – dia 20, Maianga. Vigília contra a tomada de posse

dos partidos da oposição por as eleições se terem provado injus-tas, não credíveis, fraudulentas. Como não deixaria de ser, fomos detidos e mantidos sob cárcere por mais de 7 horas.

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Novembro – dias 12-17, estreia na Aljazeera. Documentário “Angola: Birth of a Movement” – (Angola: O Nascimento de um Mo-vimento). Retrata o dia-à-dia de 3 ativistas angolanos, bem como a sua luta em prol da democracia, justiça e igualdade social.Dezembro – Fomos convidados para fazer parte da Conferência

Africana da Juventude a ter lugar em Maputo de 9 à 14 de Dezem-bro. Uma conferência que contará com mais de 200 delegados de diversos países da África, para se discutir dentre vários assuntos estes: democracia e boa governação em África, desenvolvimento sustentável, educação transformadora em África almejando rev-oluções pacíficas, equidade de gênero, educação e formação em novas tecnologias de informação, etc.

RESUMINDO – SEM CONCLUIR:- Mais de 12 Manifestações públicas com diversas exigências;- Mais de 60 pontos nas cabeças e corpo, braços partidos e

internamentos hospitalar;- Dois (2) manifestantes desaparecidos até hoje;- hantagem, perda de emprego, rejeição pela família;- Ameaças de morte, raptos e descaracterização quase sem

conta;- Sociedade cada vez mais a se sentir movida a participar da

causa;- Cada vez mais as pessoas despertam e esperamos que des-

pertem mais ainda;- Causa conhecida e reportada além fronteiras;- Iniciativas não são monopólio de um punhado de jovens arrua-

ceiros, lúmpenes e drogados, como carinhosamente nos tratam;- A febre a alcançar outras províncias, etc, e esperamos que

cada vez mais se evolua e cresça o ativismo cívico. Que a so-ciedade tome consciência do seu poder e saiba usá-lo para

melhorar-se a si mesma. FORA!!! COM TODOS DITADORES E OPRESSORES, ONDE QUEIRA

QUE SURJAM!Juntamos aqui os nossos principais meios de divulgação das

nossas atividades e do que acontece no país. É o nosso mural não só de lamentações, mas especialmente de apelar a consciência social crítica. O nosso ponto de encontro, a nossa casa comum, a nossa voz.http://centralangola7311.net – este é o nosso principal meio de

divulgação. O nosso site, tal como diz a mensagem de apresen-tação do portal é “ponto de encontro, de informação e de debate sobre a situação política de angola.” Nosso atual maior, senão único meio de divulgação.www.eleiçõesangola2012.com – plataforma de observação

paralela das eleições de 31 de agosto de 2012. Poderão encontrar as inúmeras denúncias de irregularidades do processo eleitoral, alguns resultados provisórios que contrastam os dados ofici-ais publicados pela CNE, denúncias em vídeo, áudio e imagens. Poderão também encontrar a nossa avaliação do processo eleito-ral.Central7311 – é o nosso canal no Youtube. Publicamos material

audiovisual através deste canal, a nossa pequena biblioteca de vídeos das manifestações, coberturas noticiosas, conferências, palestras e outras.Zwela Ngola? – nosso programa de rádio, emitido todas se-

gundas e quartas das 14 às 15h, rádio despertar 91.0 ou www.radiodespertarangola.com.Central Angola – nosso perfil no [email protected] – é o nosso e-mail de contacto.+244 912 259 794 – nosso contacto telefónico.

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A mulher mais poderosa do mundo virtual angolano

Ela partiu corações, por ela, homens angolanos segregaram incon-táveis litros de lágrimas, suores e espermatezóides, possivelmente quebrou lares e famílias, e na noite em que foi exposta, o engenheiro por detras da Katya Rossana informou-nos em privado que “mais da metade das figuras públicas angolanas no Facebook”, precisamente políticas, estavam a implorar para que a ela não revelasse os seus segredos mais íntimos.Atribuir o título de “mulher mais poderosa do mundo virtual angolano”

a mística personagem Katya Rossana, pode suscitar vários sentimentos a favor e contra, mas após uma profunda análise da situação, a Revista Cibernética esteve convicto de que a Rossana merece tal designação.Fruto de uma investigação salutar, hoje quem olha para a capa desta

edição do fim do ano da Revista Cibernética, pode afirmar com autori-dade de que a jovem em manchete é a modelo belga, Priscilla Kabeya, mas a verdade indiscutível é simplesmente que para milhares de ango-lanos usuários de internet, o rosto da Priscilla sempre terá um outro nome: Katya Rossana, e para os que tiveram a oportunidade de conhe-cé-la melhor, o nome Catarina Rossana Van-Dúnem será uma relíquia das armadilhas da internet a não ser esquecida.Realço que quando começei a fazer parte da investigação, analisando

evidências (fotografias e conversas), pela solidez da amizade que tive com a Katya, via-me predominantemente duvidoso quanto as provas, ao ponto que fui exigindo a buscas de mais e mais provas que culmina-ram na exposição da mesma.A Katya foi um projecto dígno de óscares engenhado por uma figura

bem conhecida na praça cibernética angolana mas como todo um pro-jecto maravilhoso, houve lapsos imperdoáveis quando o engenheiro, pelo sucesso da armadilha, começou a emocionar-se, involvendo e brincando com pessoas inocentes, que encontravam-se do mesmo lado da luta pela causa que defendia.Todas as vítimas da jovem fictícia tiveram um único ponto fraco: não

resistiram as tentações da carne, neste caso, a beleza e a inteligência incomparável jovem fictícia, Katya Rossana.Descobrimos que a emoção ou o descontrolo foi imenso ao ponto que o

projeto Katya perdeu o foco do objectivo da sua criação e foi se encur-ralando em vários cíclos viciosos românticos. Tornou-se mais evidente que por mais íntimas que sejam as aventuras, os homens também falam (fofocam-se) entre eles e este aspecto de troca de impressões foi crucial na montagem de peças do xadres Katya Rossana.As evidências eram tantas ao ponto que durante o processo de in-

vestigação, começamos a notar facilmente as contradições do pro-jecto, tanto nas inúmeras conversas privadas, como nas fotografias íntimas e públicas que ela enviava às suas vítimas ou postava no seu perfil.Também descobrimos e contactamos inúmeras vítimas da Katya

que partilharam as suas histórias. Até actualmente, apenas parte do resultado da investigação foi exposta, e as demais informações foram guardadas após análise de quem se beneficiaria com a divul-gação das mesmas informações. O que torna a Katya a mais poderosa no mundo virtual angolano?O projecto Katya Rossana enquadra-se e pode ser caracterizado

como um projecto de inteligência. Segundo a nossa investigação, o perfil fictício foi criado em Junho de 2011 e com o intuito de recolher informações úteis e secretas, tanto íntimas como políticas, de indi-vidualidades prominentes angolanos.Neste preciso momento, mesmo sendo exposta, a Katya Rossana é

detentora, pelo seu periodo de existência, de milhares de informa-ções secretas e íntimas de figuras públicas angolanas como: políti-cos, analistas, jornalistas, activistas cívicos e cidadãos comuns mas com presenças notáveis no mundo cibernético.Se hoje a Katya Rossana decide divulgar as informações que ela

obteve por parte das suas vítimas por meio de conversas priva-das, muita gente famosa poderá perder os seus empregos, serem divorceados e inevitalmente serão vítimas de difamação na praça pública cibernética e não só.Depois da exposição da Katya Rossana, o mundo cibernético an-

golano já não é o mesmo. Intensificou-se a ideia de que os usuários da internet andam sob vígia e aumentou a desconfianca entre os internautas.Infelizmente também não houve impunidade para o “team” de inves-

tigação que expôs a Katya Rossana porque as pessoas começaram a conotá-los como pessoas que por tudo e por nada estariam a inves-tigar tudo e todos. A realidade é que uma pessoa apenas torna-se álvo de investigação se for ator de um acto relevante e interessante para com a Nação Angolana.Após a exposição da Katya Rossana sem antes confrontarmos o

seu engenheiro com os resultados da nossa investigação, tendo sido contactado pelo mesmo, cheguei a concluir que o único erro do pro-jecto foi ter-se involvido com pessoas inocente, o que a encurralou no jogo.

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Por mais que seja uma das melhores investigações e exposições do ano 2012, acredito que se contactássemos o enginheiro da Katya antes da exposição, ela não seria exposta porque, embora com mé-todos anéticos, a intenção era o estabelecimento de uma contra inteligência e não, como confessou o enginheiro do projecto, pre-cisamente a extorsão de dinheiro.Desta feita, o projecto Katya Rossana foi um dos maiores projectos

engenhados virtualmente e que teve um impacto enorme no com-portamento dos internautas.Se a 7 de Março de 2012, o anónimo Agostinho Josnas Roberto dos

Santos, conseguiu pôr o país todo em pé e em estado de alerta ver-melha, em 2012, a Katya Rossana, com as informações que tem en-quanto decide o que fazer com as mesma, é a mulher mais poderosa do mundo virtual angolano.

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“Al, só quem teve um comportamento vergonhoso tem algo a temer dela. De fato a foto é falsa, mas a pessoa é real. Mas isso você virá a saber um dia”. Com essas palavras um “anônimo” confabulou-me aquando da aparvalhada notícia do perfil fake no Facebook de Katya Rossana. O anonimato,nas mais diversas formas, sempre ocorreu na história.

Um cenário em que o sujeito que produz a ação não é identificado ou conhecido, a isso se dá o nome de anonimato. As formas de anonimatos são várias e possuem graus de intensidade diferentes. Uma das formas mais comum de anonimato é a pseudonímia, em que, ao criar um nome imaginário ou de pessoa real, o indivíduo mantem-se anônimo,apesar de a última possuir impactomais lesivo sobre a moral.Menos corriqueira, porém, a heteronímia é outra forma de “véu” da

pessoa anônima. Nela o indivíduo se utiliza do nome de outrem para “incriminar” ações que o outro não praticou. Em literatura tal é co-mum, mais especificamente como: a criação ou uso de nomes e per-sonagens por um autor para assinar obras suas com estilos literários diferentes.Anonimatos exacerbam-se por todos os lados, sobretudo, na hodierna

era da informação, onde “perfis” escondem-se por detrás das muitas pantalhas de laptops, tablets e telemóveis. Entre os Angolanos das re-des sociais, os anonimatos existem aos milhares. Por que será?Será que devemos, como sociedade, discutir a importância ou não

do anonimato na Internet? E, quando é que o anonimato pode ser uti-lizado visando um bom ou maupropósito?A meu ver, as respostas para tais perguntasestão subordinadas. Subordinadas, basicamente, ao propósito a que o anonimato se presta. Se ele se prestar a, por exem-plo, esconder uma fonte e impedir que esta venha a ser punida por seu governo cuja ideologia e/ou atos são danosos à maioria, talvez esteja-mos diante de “um bom” propósito de anonimato. Repito: talvez. Oposto

a isso, o anonimato pode se tornar nocivo, quando as intenções são socialmente subversivas englobando atos criminosos que tenham em vistalesar terceiros.Pois bem, tento abrir esse leque para exatamente falar dos “re-

centes” surgimentos de “perfis fantasmas” de “Angolanos” que pululam soltos nasredes sociais por toda a Internet! O caso em-blemático foi o de KatyaRossana, a fictícia musa que, utilizando-se das fotos da modelo belga Priscilla Kabeya,segundo conta-se, muniu em seu disco duro, conversas, bate-papos, fotografias íntimas de miríades de homens, alguns da alta sociedade Angolana, sem dizer, dalguns que, atabalhoadamente, munidos de “mentes ngombelan-tes” remeteram quantias vultadas à doce Katya, residente algures na França, a fim de fazer programas, sabe-se lá Deus de que “per-fis”. Eis aí o perigo que os “anonimatos” representam e as lições aprendidas à duras penas de vergonha em 2012 por pessoas que “ainda” preferem-se anônimas.Pessoalmente, sou mesmo de opinião a que nos desnudemos, ex-

pondo às claras nossa real identidade quando rimbombamos os maus-feitos do esquizofrênico regime no poder em Angola. Neste caso, quando se faz a “luta” no anonimato, mata-se “alguém”, me-nos as reais “pessoas” envolvidas. Daí, por que devo crer em perfis fictícios como o do tal “Agostinho Jonas Roberto dos Santos”, ou algo parecido? Pessoas semelhantes a essa, lutam, porém, com as armas erradas e por associação tenderão a obter vitórias nenhu-mas.No entanto, KatyaRossana é um grande ícone que traz à tona a

verdade de que, como Angolanos, somos um povo assaz criativo, inteligente e digno de dramaturgias como o do inglês William Shake-speare ou do estadunidense Arthur Miller. Assim como KatyaRos-sana, a infestação de gente anônima não pára por aqui.

O Crescente Surgimento De Perfis Fantasmas No Facebook

Por: Al Felix, Internacionalista. São Paulo, Brasil.

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Meu pai sempre foi do MPLA. Quando era mais pequeno lembro-me das inúmeras reuniões que passavam-se lá em nossa casa, aí junto à fábrica de pneu da Mabor.Estas reuniões eram chatas. Meu pai e seus amigos juntavam-se lá em casa e a maioria deles ves-

tidos de camisas vermelhas, lá sentavam eles e punham-se a rabisca-rem nos inúmeros papeis que tinham em cima da mesa, coisas que meu irmão e eu não percebíamos patavina de nada. Só sei que muitas vezes ouvíamos eles a citarem alguns nomes. Eram nomes de pessoas lá do bairro e dos bairros vizinhos. Não fazíamos idéia nenhuma do motivo que os levava a escreverem o que escreviam. Ouvíamos apenas e eu e meu irmão continuávamos a ver a Televisão Publica de Angola (TPA). Chamavam-se Camarada. Era Camarada Biguá, Camarada Silva, Ca-

marada Domingos, Camarada Jaime etc, etc. O meu pai que no dia-dia era chamado de Biguá, nos dias das reuniões era sempre Camarada Biguá. Não percebíamos nada. Não percebíamos também porque é que tínhamos lá em casa fotos do Camarada Presidente António Agostinho Neto e do Camarada Presidente José Eduardo dos Santos espalhados por quase todos os cantos de casa. Apenas sei que tínhamos, embora não tivéssemos fotos nenhumas nossas penduradas nas paredes.Quando se aproximava um feriado nacional, as reuniões se intensi-

ficavam. Eram quase que diárias. Tinham que fazer concertações de idéias – diziam eles. Na estante só havia livros que falavam do COMUNISMO, UNIÃO SOVIÉ-

TICA, CUBA LIBRE, COMBATER O IMPERIALISMO, O CAPITALISMO, ETC, ETC. Eram livros chatos. Eram mesmo livros chatos que nem uma imagem trazia. Meu irmão e eu nos perguntávamos porque carga de água nosso pai lia “aquelas porcarias”. É que o homem lia mesmo, passava hora e horas, depois do trabalho, a ler aqueles livros. O tempo foi passando, passando e caiu o muro de Berlim, a União

Soviética desmorona-se, o bloco do Leste desfaz-se. José Eduardo encontra-se com Savimbi em Portugal. Surge a paz. Finalmente. As reuniões SÃO CADA VEZ MAIS INTENSAS. Chega as Eleições de 1992. Meu pai e os seus “Camaradas” participam fervorosamente na campanha eleitoral e nos dizia “que agora é que vai ser”, ou então que “está no papo”. Eu obviamente que não percebia o que ele queria dizer com aquele “agora é que vai ser” e “está no papo”. Lembro que um dia um amigo nosso foi para nossa casa com uma camisola da UNITA – era campanha e quem não queria uma cami-sola dos Partidos Políticos? Meu pai deu corrida ao “camba”…disse que era má influência para nós. Só neste momento fiquei a saber verdadeiramente que o meu pai afinal era do MPLA. E era frené-tica e fervorosamente do MPLA. Os anos foram passando. Meu pai continua a ser do MPLA. Só que já não é o único lá de casa. Hoje quando me lembro da minha infância, vejo que aquelas reuniões afinal influenciaram-me. Tanto assim é, que hoje também sou deste grande Partido que agora no dia 10 de Dezembro de 2012, fará mais um ano desde à sua criação. Sim. Eu também agora sou do MPLA e é com todo orgulho que

digo isto. E digo isto porque estou certo que o MPLA, embora tenha cometido inúmeros erros durante todos estes anos de governação, ainda é o melhor Partido para governar este país.Digo isto porque é minha convicção que o MPLA é o Partido que a

maioria dos angolanos têm nos seus corações.

VIVA O MPLA.VIVA ANGOLA.PARABÉNS MPLA*Para o Biguá -meu pai – com muito amor, estima, carinho,

consideração e respeito.

Por: Sérgio Conceição PARABÉNS MPLA*

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Por: Amândio Pedro

O presente texto, tem como objectivo analisar o acto do Presi-dente em não “discursar” sobre o Estado da Nação na abertura do ano parlamentar. De acordo com os defensores deste acto, o Presidente da Repúbli-

ca, tinha endereçado uma carta ao presidente da Assembleia Na-cional, na qual ele “esclarece” que “na ocasião de Segunda-Feira, 15 de Outubro de 2012, embora presente, ele não iria proferir qualquer mensagem sobre o Estado da Nação, (PORQUE) tendo em conta que no dia 26 de Setembro de 2012, na sua cerimónia de investidura, di-rigiu ao país uma mensagem sobre o Estado da Nação e as políticas preconizadas para a resolução dos principais assuntos, promoção do bem-estar dos angolanos e desenvolvimento do país”. O Chefe de Estado considerou que tendo-se passado, apenas 15

dias, desde aquela data, “proferir outro discurso sobre esse tema seria fazer as mesmas afirmações por outras palavras”. Sinceramente, confesso que o desdobramento do evento referen-

O silêncio do Presidente, era ou não uma

inconstitucionalidade?ciado à cima, deixou-me triste e pasmado. Não soube se isso se tratava de um acto de arrogância ou apenas ignorância por parte do nosso Presidente. Este texto, examina a hipótese de que, nós em geral, evidenciamos

uma inconstitucionalidade por parte do Presidente da República. Os meus argumentos, centram-se, em certos imperativos constitu-

cionais, começando pelo preâmbulo da Constituição da República de Angola (CRA) que enfatiza que a: “...Constituição como a presente é, pela partilha dos valores, princí-

pios e normas nela plasmados, um importante factor de unidade na-cional e uma forte alavanca para o desenvolvimento do Estado e da sociedade”. “Empenhando-nos, solenemente, no cumprimento estrito e no respeito

pela presente Constituição e aspirando que a mesma postura seja a matriz do comportamento dos cidadãos, das forças políticas e de toda a sociedade angolana”.

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Na mesma perspectiva, a Constituição, no seu Artigo 2.º, sublinha que a República de Angola é um Estado Democrático de Direito que tem como fundamentos a soberania popular, o primado da Constituição e da lei, princípio este que é também realçado no Artigo 6.º que diz que a Constituição é a lei suprema da República de Angola e de que o Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade, devendo respeitar e fazer respeitar as leis. Em síntese, a verdade é que um Estado de Direito significa que nenhum

indivíduo, presidente ou cidadão comum, está acima da lei e que os governos democráticos exercem a autoridade por meio da lei e estão eles próprios sujeitos aos constrangimentos impostos pela lei. Num Estado de Direito, naquele em que a democracia prevalece, é

necessário que os direitos, e principalmente a articulação dos impera-tivos constitucionais, sejam respeitados. O Artigo 118.º é claro no seu discurso em que “o Presidente da

República dirige ao País, na abertura do Ano Parlamentar, na Assem-bleia Nacional, uma mensagem sobre o Estado da Nação e as políticas preconizadas para a resolução dos principais assuntos, promoção do bem-estar dos angolanos e desenvolvimento do País”. O artigo mencionado acima, não constitui uma escolha, mas sim uma

«ordem», ou em outras palavras, um imperativo. O presidente, como cidadão Angolano, deve e deveria obedecer este imperativo sem «ki-jila» ou simplesmente sem mais, nem menos. Então, uma leitura em que o presidente não vai proferir qualquer

mensagem sobre o Estado da Nação, seja qual for a razão, e que a distribuição por todos os deputados, na cerimónia de aber-tura do ano legislativo parlamentar o texto da mensagem dirigida pelo PR ao povo angolano no acto de investidura, não constitui um acto legítimo mandatado em termos do artigo 118º da CRA. Porque, sem margens de duvida, esta leitura, consiste de «ilogici-dades». Ademais, o artigo 117º da CRA é claro na articulação de que as competências

do Presidente da República são as definidas pela presente Constituição. Qualquer leitura, que não obedece o artigo 118º da CRA, constitui uma

leitura extra-constitucional, ou simplesmente, fora do âmbito legiti-mado pela constituição O não cumprimento do artigo 118º constitui uma baixa apreciação

dos imperativos constitucionais pelo Presidente da República, im-perativos estes que em termos do juramento fornecido pelo artigo 115.º da CRA que pode-se ler em conjunto com o artigo 108.º(5) em que o Presidente da República jurou desempenhar com toda a dedi-cação as funções de que foi investido; especialmente (ênfase meu), cumprir e fazer cumprir a Constituição da República de Angola e as leis do País. Senhor Presidente, com todo respeito, isso não foi um bom começo

para si.As consequências da inconstitucionalidadeMais uma vez o ponto de partida, é o artigo 2.º que fundamenta que

a República de Angola é um Estado Democrático de Direito que tem como fundamentos a soberania popular, o primado da Constituição e da lei, a separação de poderes e interdependência de funções. Ultimamente, temos lido dos deputados que eles querem empenhar

um papel mais fiscalizador, para contribuírem no assentamento da democracia e no papel que a Assembleia Nacional tem em fiscalizar o executivo. Palavras estas, corroborada pela secretária de estado para as relações exteriores, Ângela Bragança, numa declaração à Angop, dizendo que espera melhor fiscalização por parte dos depu-tados em relação a legislatura anterior. No meu parecer, o «gaffe» presidencial, oferece-nos a oportuni-

dade de «testar» o conceito Angolano de democracia, o fundamento de que primamos a separação de poderes, e de que, de facto, somos um Estado de Direito e claro testar as palavras dos próprios depu-tados, «if they mean, business». Mediante, o «gaffe» que o PR cometeu, orientado pela Constituição

da República de Angola, vou argumentar, que existem duas possibili-dades de fiscalização: 1. Fiscalizacao pela esfera legislativa do Estado (processo legis-

lativo):

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Consoante dita, o artigo 173.º da CRA, a requerimento do Presi-dente da Republica, de 10 (dez) Deputados em efectividade de fun-ções, de qualquer Grupo Parlamentar e das Comissões de Trabalho Especializadas (neste caso, a 1a. comissão dos assuntos constitu-cionais e jurídicos) pode ser solicitada à Assembleia Nacional a urgência na discussão de qualquer projecto ou proposta de lei ou de resolução. A Assembleia Nacional pode, a requerimento de dez Deputados ou

de qualquer Grupo Parlamentar, declarar a urgência na discussão de “qualquer assunto de interesse nacional”. Requerida a urgência de agendamento de qualquer assunto, com-

pete ao Presidente da Assembleia Nacional decidir do pedido, sem prezuíso de recurso para o Plenário a fim de deliberar sobre a urgência requerida. Claro, o que vai estar em debate, será a asseveração de que se o

acto do presidente em não discursar, desobedece o âmbito esta-belecido em termos do Artigo 118.º da CRA. No meu ver, a resposta é sim. No seu pior, o que é que acontece quando o PR fere a Con-stituição, que ele jurou defender em termos do artigo 115 da CRA?Ele pode ser destituído em termos do Artigo 129.º da Constituição,

que diz: “Artigo 129.º (Destituição do Presidente da República) O Presidente da República pode ainda ser destituído por crime

de violação da Constituição que atente GRAVEMENTE contra: *a) O Estado democrático e de direito; b) A segurança do Estado; c) O regular funcionamento das instituições. Compete ao Tribunal Supremo conhecer e decidir os proces-

sos criminais a que se referem as alíneas a), b) e e) do n.º 1 do presente artigo instaurados contra o Presidente da República. Compete ao Tribunal Constitucional conhecer e decidir os proces-sos de destituição do Presidente da República a que se referem as alíneas c) e d) do n.º 1, bem como do n.º 2 do presente artigo. 5. Os processos de responsabilização criminal e os processos

de destituição do Presidente da República a que se referem os números anteriores obedecem ao seguinte: a) A iniciativa dos processos deve ser devidamente fundamen-

tada e incumbe à Assembleia Nacional; b) A proposta de iniciativa é apresentada por um terço dos Depu-

tados em efectividade de funções; c) A deliberação é aprovada por maioria de dois terços dos

Deputados em efectividade de funções, devendo, após isso, ser enviada a respectiva comunicação ou petição de procedimento ao Tribunal Supremo ou ao Tribunal Con-stitucional, conforme o caso.*6. Estes processos têm prioridade absoluta sobre

todos os demais e devem ser conhecidos e decididos no prazo máximo de cento e vinte dias contados da re-cepção da devida petição”. Após a asseveração do “crime presidencial”, será

que o PR pode ser destituído por causa do mencionado «gaffe»?A minha opinião é que este não vai ser o

caso, isso porque, embora existe o crime de violação a Constituição por parte do

PR, este crime não atenta GRAVEMENTE contra o Estado Democrático e de Direito; como é necessário em termos da Donstituição. 2. Fiscalização pela esfera Judicial do Estado (Processo Judicial) Em abrigo da CRA, o artigo 180.º da CRA fundamenta que ao Tribunal

Constitucional compete, em geral, administrar a justiça em matérias de natureza jurídico-constitucional, nos termos da Constituição e da lei. Vai competer ao Tribunal Constitucional: *a) Apreciar a constitucionalidade de quais-

quer normas e demais “Actos do Estado”; b) Apreciar preventivamente a constitucionalidade as leis do parlamento; *c) Exercer jurisdição sobre outras questões de natureza jurídico constitucional, eleitoral e político-partidária, nos termos da Constitu-ição e da lei; Neste sentido, a alegação que será asseverada é se o acto do presi-

dente não discursar em termos do artigo 118.º da CRA constitui uma inconstitucionalidade. Em relação a este processo judicial, o artigo 226.º da CRA formará a

base em que eles vão subordinar-se. Este artigo diz que: “A validade das leis e dos demais actos do Estado, da administração

pública e do poder local depende da sua conformidade com a Consti-tuição.São inconstitucionais as leis e os actos que violem os princípios e

normas consagrados na presente Constituição”. Após a asseveração de todas evidências relacionadas a este processo,

vai recair ao Tribunal Constitucional a tarefa de reflectir e pronunciar-se sobre a constitucionalidade do acto do presidente, em condições de plena liberdade, justiça e transparência. É meu entender, que embora não existem possibilidades do Presidente

da República ser destituído, ele vai sair a perder, porque nem direito de reivindicar, a ignorância ele tem, porque como se diz em latin, «ig-norantia juris non excusat ou ignorantia legis neminem excusat» - A ignorância da lei não é uma escusa/desculpa.

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Actualmente Angola trilha na rota da paz, na utopia de uma democracia e em direcção ao mito do desenvolvimento, mas é lamentavel-mente ridículo e estupidamente triste saber que em Angola a Democracia se constrói com estradas assustadoramente horrorosas e com hospitais rachados, produtos do protocolo chinês. Os pilares da Democracia angolana assen-

tam na base da pobreza do povo e a sua falsa efectivação fundamenta-se na Constituição do Alcoolismo a luz do artigo do analfabetismo que tem como epígrafe a corrupção e implementa-ção da miséria na população.Falando da PAZ:Paz é o desejo supremo de uma Nação, é o

caminho certo para o desenvolvimento. Ela (paz) funciona como uma excêntrica alavanca

que impulsiona os arriscados projectos do presente em agradáveis certezas do amanhã. Paz é o terreno fértil para se cultivar a flor do futuro, é a argamassa ideal para sedimentar os direitos fundamentais na estrutura de um Estado, construindo assim os alicerces para a edificação da justiça social.A paz social em Angola está a ser sedimentada

no apartheid da Centralidade Kilamba, segrega-da na comodidade dos luxuosos apartamentos no qual poucos têm liberdade (financeira) de os adquirir e sendo cultivada no sossêgo do privilégio de lá morar. A paz social habita no exclusivismo das minorias.Falando da DEMOCRACIA:Democracia é o caldeirão onde se confeccio-

nam os nutrientes de um Estado, temperados com o condimento “escolhido pelo povo” e

servidos no prato das liberdades e garan-tias fundamentais inerentes a pessoa hu-mana.Sendo Democracia o poder de escolher,

definitivamente, não existe Democracia em uma Nação onde as principais opções de escolhas profissionais é ser Zungueiro e Rouboteiro. Que Democracia é essa em que o maior sonho de dignidade dos jovens é conseguir ser taxista (que também só é possível se o Executivo não o embebedar com as Cucas nas maratonas).Pergunto-me, onde está a Democracia

quando só temos o Maria Pia no sufoco das emergências de saúde? A não ser que nos deparamos com a democracia nas enchentes do atendimento médico, nas súplicas por socorro e nas noites dormi-

Angola, o mito e a utopia de uma democracia

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Por: Jorge Cerejo, Jusrista

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das “democraticamente” à porta dos hospitais públicos, acabando por falecer em frente a T.P.A?- O Mito e a Utopia de uma Democracia:Para os mais velhos, Democracia em Angola é

uma fábula, para os jovens não passa de uma ilusão e na boca dos políticos, Democracia é um disparate.Participação na vida públicaNa Democracia Representativa, a formulação

de políticas públicas não se deve desassociar da “participação e consulta pública”, que é um elemento fundamental da boa governança, que permite ao Executivo obter novas ideias, infor-

mações e preferências dos cidadãos para as tomadas de decisões, contribuindo deste modo, para o aumento da confiança pública no gover-no, “elevando a qualidade da Democracia e for-talecendo a capacidade cívica dos cidadãos”. Por favor, de quando em vez, consultem-nos,

afinal de conta somos os contribuintes e deten-tores do poder político de origem e gostaríamos muito de participar na vida pública e no destino das receitas do Estado de forma mais activa.DIREITOO artigo 2º da Constituição da República de

Angola (CRA), in fine, estabelece que, o mod-elo da nossa democracia é o Representativo e

Participativo, ou seja, não cabe apenas ao povo eleger os representantes, mas tam-bém cabe participar na vida pública e de ser informado sobre os actos do Estado e a gestão dos assuntos públicos (artigo 52º CRA) Assegurar e incentivar a participação

democrática dos cidadãos na resolução dos problemas nacionais, é uma tarefa fun-damental do Estado angolano, por força da alínea l) do artigo 21º da CRA.Esses são os imperativos constitucionais

que, dão vazão, a participação do povo de forma democrática nos assuntos do Estado.

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Fridolim Kamolakamwe

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Teoria Geral da Incircunstância

Óhhh sátira dominical!É um quase se dar de imenso carpir

Quando silente soçobra o fundo que mais se intenta encobrir: uma nau, uma pergunta podre: tudo o que de resto faz mãe com filho às costas

_Pobre de tão cobre que se encobre: na indiferença dos dramaturgos: sorri-dentes entre gólgotas de só falar & falir

De tanto zurzir. Procura-se o que se não procura: diante dos espelhos o mar conhece o preço da amnésia que faz voar o país: entre loucuras a turbo: é um

quase se dar de imenso carpir: teoria geral da incircunstância: Ó sátira dominical!

A dor é 4x4Malgrado o quadro dentre espumas e blenorragia: flores falciformes

Há um território no útero de cada explosão onde os deuses fumam a paz para pressa dos jornais: lá onde uma estrada leva ao não leva: salmos de contra-pão: uma nau uma pergunta podre: tudo o que de resto faz mãe com filho às costas:

_ pobre de tão cobre que encobre a ficção das boas vontadesDramaturgos sorridentes entre gólgotas de só falar & falir.

: Óhhh sátira dominical!- Kuito,23 de Março 2005

Cultos de Além Mim-Mundo dos Homens

Agora, alugas um autofalante JVCColocas o autofalante na direcção das janelas dos manicómios: lá

Lá mesmo. Nos encómios: Onde nossas mães nuas aprendem com que agulhas se atropela uma canção

para parto das castrações. & depois à golpes de cançõesAlugas um polícia de cinco tostões

Para triturar minha almaSó porque te fica tão difícil assim__ repartir comigo a banha de porco que tam-

bém já encontraste aqui__ESTE É O MUNDOS DOS HOMENSESTE É O MUNDO DOS HOMENSESTE É O MUNDO DOS HOMENS

Não olhes nunca para trás, pois eis que atrás vem genteSe não aquilo que conseguiste outros voltam a tirar

ESTE É O MUNDOS DOS HOMENSESTE É O MUNDO DOS HOMENSESTE É O MUNDO DOS HOMENS

Não te fies nunca no amor eterno, pois que as promessas do altar podem morder: quanto mais o padre se embriaga de vinho e Deus se esquece da sua própria

imagem e semelhançaESTE É O MUNDOS DOS HOMENSESTE É O MUNDO DOS HOMENSESTE É O MUNDO DOS HOMENS- Luanda,18 de Julho de 2011

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CibernéticarevistaT e c l a n d o p a r a a m u d a n ç a

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