Revista Canto da Iracema - Edição maio 2010

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a cultura cearense pertinho de você! UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURAL CANTO DA IRACEMA > ANO 11 > Nº 54 > MAIO 2010 a cultura cearense pertinho de você! Distrib Distrib Distrib Distrib Distrib uição Gr uição Gr uição Gr uição Gr uição Gr a a a a a tuita tuita tuita tuita tuita VEND VEND VEND VEND VEND A PR A PR A PR A PR A PR OIBID OIBID OIBID OIBID OIBID A! A! A! A! A!

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a cultura cearense pertinho de você!

UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURALCANTO DA IRACEMA > ANO 11 > Nº 54 > MAIO 2010

a cultura cearense pertinho de você!

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IX BIENAL INTERNACIONALDO LIVRO DO CEARÁjoanice sampaio...

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coordenação geral zeno falcão jornalista responsável joanice sampaiocolaboradores audifax rios / joanice sampaio / kazane / cesar menezes portodiagramação artzen / endereço rua joaquim magalhães 331 centro / fortaleza / cearácontato (85) 9993.7430 / 8803.8030 e-mail [email protected]

AVE REGINA,SANCTA DEI GENITRIXaudifax rios...

AMICI´S RESTAURANTE / Dragão do MarASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO CEARÁBIBLIOTECA PÚBLICA MENEZES PIMENTELBNB / Sede / PassaréBNB / Centro Cultural / CentroBNB / Clube / Santos DumontCASA AMARELA / Eusélio OliveiraCASA DA PAZ / Rua Senador PompeuCÂMARA MUNICIPAL DE FORTALEZACENTRO DRAGÃO DO MAR DE ARTE E CULTURALA HABANERA CHARUTARIA / Praia de IracemaESCOLA DE MÚSICA ALBERTO NEPONUCENOIMPHAR / Prefeitura Municipal de FortalezaBAR DO MINCHARIA / Praia de IracemaLIVRARIA LIVRO TÉCNICO / Dragão do MarMERCADO DOS PINHÕESMIS / Museu da Imagem e do SomMUSEU DO CEARÁPALÁCIO IRACEMA / Sede do Governo do Estado do CearáPREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZARÁDIO UNIVERSITÁRIA FMSECULTFOR / Secretaria de Cultura de FortalezaSECULT / Secretaria de Cultura do Estado do CearáSEBRAE-CE / SedeTEATRO DA PRAIA / Praia de IracemaTHEATRO JOSÉ DE ALENCAR

// Locais onde você encontra o Canto da Iracema

A Revista CantodaIracema é feita com sua colaboração.Dê sua sugestão, critique, opine, xingue, faça a revista conosco.

[email protected]

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ENTREEMCONTATO

RACHEL DE QUEIROZcentenário de nascimento...

ILUSTRAÇÃO CAPA - KAZANEKAZANEKAZANEKAZANEKAZANE

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Centenário da escritoraRachel de Queiroz.

EM MEMÓRIA!

HAROLDO DE ARAGHÃO, ASSIM COM AGÁ DE HOMEM MESMO. SEMPRE BONACHÃO,SEMPRE PAISÃO, BARZEIRO POR OPÇÃO.DEIXOU SETE MIL CIDADES, NO PIAUÍ, PARA SE (RE)FRESCAR NA BEIRA DA PRAIADE IRACEMA. (UM PIAUIENSE - MAIS CEARENSE - QUE TIVEMOS POR ESTAS PRAIAS).NOS DEIXA COM SAUDADES DE SEUS OLHOS VERDES BRAVIOS.QUE DEUS O TENHA, PARA SEMPRE...

Haroldão esteve a frente - há um bom tempo - do Largo do Mincharia, onde recebiadiariamente amigos e convidados da boemia, antiga e atual, resistindo bravamente os“maus” ventos que norteiam nossa bela Praia de Iracema.

// Homenagem de toda familia que faz o CANTO DA IRACEMA!

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BNB

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>>>>> [email protected]

AVE REGINA, SANCTA DEI GENITRIX

MAIO DAS FLORES, DAS MÃES, DAS NOIVAS. MAIO DE MARIA, ANDORES E LOUVORES; COROAÇÃO E ANJINHOSEM MANTO DE LAQUÊ E ALGODÃO, ASAS DE PAPEL CREPOM OU PENAS DE PATO. DE TRADIÇÃO A IMAGEM DAVIRGEM VISITA LARES CRISTÃOS AO SOM DE FURIOSA BANDA DE MÚSICA. TERÇOS E ROSÁRIOS, NOVENAS ELADAINHAS. E ROGOS DE INTERCESSÃO JUNTO A CORTE CELESTIAL PARA QUE HAJA FARTURA E BONANÇANESTA QUADRA DE INVERNO ESCASSO. MILHO PENDOANDO, FEIJÃO ENRAMANDO. E PAMONHAS, CANJICAS,BAIÃO NA MESA DO POBRE. ACOMPANHADOS DE DELICIOSAS CURIMATÃS, PIAUS, CARÁS, CANGATÍS ETUCUNARÉS. SE DEUS FOR SERVIDO. E SE TUDO CORRER BEM NESTA DESASTROSA TRAJETÓRIA DO PLANETATERRA, CADA VEZ MAIS CHEIA DE SURPRESAS E SOBRESALTOS; SOLAVANCOS E AVALANCHES. ASSUSTADO-RES. VALEI-NOS, MARIA! SALVE RAINHA, REGINA PECATORUM... ORA PRO NOBIS!

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VULCANO FURIOSO – Este, o quinto mês dos calendários juliano egregoriano, dedicado a Vulcano, de quem a deusa Maia teria sido mu-lher. Vulcano, filho de Zeus e Hera, deus do fogo e do trabalho, montouoficina nas profundezas do Etna, com a ajuda dos cíclopes, onde forjavaarmas e utensílios de seu ofício. Por este pedaço de tempo passeiam ossignos de Touro e Gêmeos. O primeiro regido por Vênus, o segundo porMercúrio. O taurino é dócil, fiel e obstinado; o geminiano, ágil, rápido eflexível. E o furor ígneo de Vulcano e seu refúgio no Etna teriam influen-ciado a ponto de se considerar maio o mês das noivas?

UMA VOZ NA ESCURIDÃO – Antonio Frederico Castro Alves (1847-1871) amou tanto a causa libertária quanto os encantos de EugêniaCâmara. Os dois, ao mesmo tempo. Foi no Teatro Santa Isabel, no Recife,em 1863, que declamou a primeira poesia dedicada à atriz. Quandocursava o segundo ano de Direito, três anos depois, fundou uma socieda-de abolicionista, quando se apaixonou pela prima-dona dos palcos. Em1868 declama “O Navio Negreiro” e rompe com seu amor. Em 70 publica“Espumas Flutuantes” e morre em 71. Em 74 falece Eugênia. Só em 83vem a lume “Os Escravos”. E a abolição dos negros ocorreu em 1888. É de“América” este trecho: “Ó pátria, desperta... Não curves a fronte / Queenxuga-te os prantos o Sol do Equador. / Não miras na fímbria do vastohorizonte / A luz da alvorada de um dia melhor? /// Já falta bem pouco.Sacode a cadeia / Que chamam riquezas... que nódoas te são! / Nãomanches a folha da tua epopéia / No sangue do escravo, no imundobalcão.”

A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DE HUGO – Hugo Bianchi, que éAlves Mesquita de batismo, renomado bailarino e coreógrafo cearense,pode ser visto de novo, leve e saltitante, no Theatro José de Alencar,graças ao inquieto poeta e múltiplo artista Sarubby. É o espetáculo“Bianchi” de Aldo Marcozzi dirigido por Sidney Malveira. Hugo é umalegenda, nascido em 1926, começou sua promissora carreira aos dezesseisanos, pelos tablados da terra, até que se aventurou a mostrar seu brilhona corte, o Rio de Janeiro. Onde se formou em dança clássica pelo ServiçoNacional de Teatro, ali aperfeiçoando sua técnica com nomes de expres-são, tais Eros Volúsia (que batizou academia sua), Dina Nora, MariaOlenewa, Vaslav Veltchk, Tatiana Leskova e David Drupé. Consagrou-secom as interpretações de Dom Quixote quando foi considerado o maiorbailarino brasileiro. Em 1966 fundou o Ballet Hugo Bianchi e formouartistas do porte de Goretti Quintela, Madiana Romcy e Mônica Luiza.Trabalhou ao lado de grandes nomes do balé como Douglas Mota eEmília Gregorina. Foi agraciado com a medalha Boticário Ferreira (Pre-feitura de Fortaleza), troféu Albaniza Sarasate (O Povo) e Sereia de Ouro(Verdes Mares).

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ALGO DE NOVO NO FRONT – Foi num mês de maio que aportaramno Canal da Mancha mil navios para a retirada, em Dunquerque, de cercade 337 mil soldados franceses e britânicos sitiados pelas tropas nazistas.Dunquerque era uma cidade de 27 mil habitantes, do departamentofrancês de Nord, importante porto, centro industrial, pólo petrolífero e na-val. O episódio ocorrido entre 29 de maio e 2 de junho de 1940 marcou umdos momentos cruciais da Segunda Guerra Mundial. Ali perto, naNormandia, palco de outro lance relevante desta campanha bélica: odesembarque aliado que passou para a história como o “Dia D”. Estesfatos e outros mais foram levados para a tela em febril propaganda ame-ricana onde eram enaltecidos os feitos heróicos dos ianques e ridiculariza-dos os soldados alemães. São dessa safra “De Dunquerque a Hiroshima”,“Dez dias de maio”, “O mais longo dos dias” e outros.

AS LÍNGUAS PSICOGRAFADAS – O dia 23 marca no calendáriocatólico a descida do Espírito Santo sobre as cabeças privilegiadas dosapóstolos de Jesus, cinqüenta dias após a Páscoa – Pentecostes. Na mesmadata os judeus comemoram o recebimento das tábuas da lei por Moisés, noalto do Sinai. O Divino revelou-se através e línguas de fogo e Pedro apres-sou-se em esclarecer que se tratava da luz prometida pelos céus à escuridãoda carne. Os espíritas asseguram que, a partir daí, ficou estabelecida a erada mediunidade, “alicerce de todas as realizações do Cristianismo atravésdos séculos”. A propósito, neste ano comemora-se o centenário do médiumFrancisco Cândido Xavier. Medalha, selo, livros, filme. No cinema, sob adireção do global Daniel Filho, o ator e xará Nelson Xavier encarnou o Chico.

SANTUÁRIO MARQUETADO – Fátima era uma pequena freguesiaportuguesa, distrito de Santarém, que abrigava a Cova da Íria, uma grutasem importância, não fora a aparição de Nossa Senhora a três pastorinhos,em 13 de maio e 13 de outubro de 1917. Lúcia, Jacinta e Francisco foramtestemunhas oficiais das aparições da Virgem e outros fenômenos sobrena-turais e, a partir daí, sucessivas romarias fizeram de Fátima o mais famososantuário católico do mundo. Em 1953 a imagem peregrina de Fátimapassou por minha terra, Santana do Acaraú, curando enfermos e espa-lhando outras graças. Hoje, Fátima é um reduto essencialmente turístico,estátuas espalham-se pelo planeta e... haja milagre, enquanto a Igrejalucra. Raro é o dia em que os correios não deixam à sua porta uma maladireta com venda de imagens, cromos, calendários, rosários e outros adere-ços sntificados, frutos da produção em massa da máquina milagrosa nas-cida de uma visão de inocentes criancinhas.

O PATRONO DA INFANTARIA – No pequeno Paraguai foi travadoentre 1865 e 1870 o mais violento conflito da América do Sul. O Brasildeclarara guerra ao acanhado país e foi apoiado pelo Uruguai e Argenti-na. Se fosse no futebol a coisa teria sido diferente. Mas aconteceu. Foi nummês de maio (1865) que foi assinada a Tríplice Aliança. E seguiram-se assangrentas batalhas de Riachuelo, Avaí, Tuiuti, Humaitá, Lomas Valentinas

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e Cerro Corá, onde Solano Lopez foi alcançado e morreu. Ao fim da guerra, amaior parte da população masculina do Paraguai havia sido dizimada e aeconomia inteiramente destruída. Um dos heróis desta carnificina foi o bri-gadeiro Antonio de Sampaio, cearense de Tamboril. Já havia lutado contraos movimentos rebeldes Farrapos e Balaiada e tomado parte da RevoluçãoPraieira. Foi ferido na batalha de 24 de maio (Tuiuti) e morto a bordo donavio Eponina, que o levava a Buenos Aires. Em Fortaleza tem rua com onome do general, a data da batalha e uma estátua que perambulou duran-te anos (CPOR e 23º.BC) até que estacionou na frente da 10ª. Região Militar.

ZÉ DA MADEIRA – Há um outro José que não o casto esposo, tão santoquanto, reverenciado no dia primeiro, o São José Operário. É o mesmo.Carpinteiro, marceneiro, artesão que caiu nas graças da matriarca Anna e sefez esposo da virgem Maria, grávida, para que esta não sofresse os constran-gimentos da língua alheia, ficar falada na comunidade como a priminhaIsabel, igualmente prenha do Divino Espírito Santo ou coisa que o valha...um astronauta errante com deliberadas intenções, segundo Erick VonDanninken. Da casta dos mesmos cosmonautas que fizeram o maior salseironas depravadas Sodoma e Gomorra, para tirar raça das belíssimas filhas deLott, neto de Noé da Barca. Dizem que na pequena oficina de José o meninoJesus já entalhava cruzes, antevendo o símbolo futuro de sua Igreja assen-tada por Pedro, o pescador de peixes e almas, sementeiro do Cristianismo, e,por extensão, da Santa Madre, forjada em granito e madeira de lei.

UM ANO SEM AUGUSTO – Sem as tiradas irônicas, as sentençasdefinitivas, as idéias geniais. Augusto Pontes, o pensador. Doutor marqueteiro,se esquivava da mídia, corria léguas dos holofotes. Pouco publicou, a não seras modinhas do cancioneiro popular. Foi guru de toda uma geração e autorintelectual de um doce crime: o Pessoal do Ceará. Falava através de códigosquando afinado com o interlocutor e adorava se comunicar por meio deintricados gráficos e esquemas. Por isso talvez tenha feito poesia concreta epapo abstrato. Ultimamente era cadeira cativa, diarista, do Clube do Bodeonde trocávamos idéias, farpas e charadas alucinadas. Ninguém saia incó-lume da sua verve afiada, maldosa e inteligente. Augusto, que saudadedanada!

MINI ESTRIGAS, GRANDE ACERVO – Quem se habilita? Depois detantos anos de desprezo público o Mini Museu Firmeza está sendo leiloado,rifado, liquidado. Estrigas e Nice não mais podem esperar. Muito se prome-teu, nada cumprido. O acervo merecia espaço mais amplo. E mais carinho.O mesmo amor com que Zenon, Bandeira e Aldemir e outros puseram tintanas telas. O mesmo amor com que Nice e Nilo conservavam a memóriadestes amigos escapianos. Que não mais ouvem o trinar dos pássaros dosbosques do Mondubim Velho. São despertos agora, pelo apito tão aflito dometrô que chega.

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Rachel de Queiroz17/11/1910 • 04/11/2003

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CENTENÁRIO

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Rachel de Queiroz nasceu em Fortaleza (CE), em 17 de novembrode 1910, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ) em 4 de novembro de 2003,filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, descende,pelo lado materno, da estirpe dos Alencar, parente portanto do autorilustre de “O Guarani”, e, pelo lado paterno, dos Queiroz, família deraízes profundamente lançadas no Quixadá e Beberibe.

Em 1917, veio para o Rio de Janeiro, em companhia dos pais queprocuravam, nessa migração, fugir dos horrores da terrível seca de1915, que mais tarde a romancista iria aproveitar como tema de “OQuinze”, seu livro de estréia. No Rio, a família Queiroz pouco sedemorou, viajando logo a seguir para Belém do Pará, onde residiu pordois anos.

Em 1919, regressou a Fortaleza e, em 1921, matriculou-se noColégio da Imaculada Conceição, onde fez o curso normal, diplomando-se em 1925, aos 15 anos de idade. Estreou em 1927, com o pseudô-nimo de Rita de Queiroz, publicando trabalho no jornal O Ceará, deque se tornou afinal redatora efetiva. Em fins de 1930, publicou oromance “O Quinze”, que teve inesperada e funda repercussão no Riode Janeiro e em São Paulo. Com vinte anos apenas, projetava-se navida literária do país, agitando a bandeira do romance de fundosocial, profundamente realista na sua dramática exposição da lutasecular de um povo contra a miséria e a seca.

O livro, editado às expensas da autora, apareceu em modestaedição de mil exemplares, impresso no Estabelecimento Gráfico Urânia,de Fortaleza. Recebeu crítica de Augusto Frederico Schmidt, GraçaAranha, Agripino Grieco e Gastão Gruls. A consagração veio com oPrêmio da Fundação Graça Aranha. Em 1932, publicou um novoromance, intitulado “João Miguel”, e em 1937, retornou com “Cami-nho de Pedras”. Dois anos depois, conquistou o prêmio da SociedadeFelipe de Oliveira, com o romance “As três Marias”. Em 1950, publi-cou em folhetins, na revista O Cruzeiro, o romance “O Galo de Ouro”.

Cronista emérita, publicou mais de duas mil crônicas, cuja seletapropiciou a edição dos seguintes livros: “A Donzela e a Moura Torta”;“100 Crônicas Escolhidas”; “O Brasileiro Perplexo” e “O Caçador deTatu”. No Rio, onde reside desde 1939, colaborou no Diário de Notícias,em O Cruzeiro e em O Jornal. Tem duas peças de teatro, “Lampião”,escrita em 1953, e “A Beata Maria do Egito”, de 1958, laureada como prêmio de teatro do Instituto Nacional do Livro, além de “O PadrezinhoSanto”, peça que escreveu para a televisão, ainda inédita em livro. Nocampo da literatura infantil, escreveu o livro “O Menino Mágico”, apedido de Lúcia Benedetti. O livro surgiu, entretanto, das histórias queinventava para os netos. Dentre as suas atividades, destaca-se tam-bém a de tradutora, com cerca de quarenta volumes já vertidos para oportuguês.

Foi membro do Conselho Federal de Cultura, desde a sua funda-ção, em 1967, até sua extinção, em 1989. Participou da 21ª Sessão daAssembléia Geral da ONU, em 1966, onde serviu como delegada doBrasil, trabalhando especialmente na Comissão dos Direitos do Ho-mem. Em 1988, iniciou sua colaboração semanal no jornal O Estadode São Paulo e no Diário de Pernambuco.

Recebeu o Prêmio Nacional de Literatura de Brasília para conjuntode obra em 1980; o título de Doutor Honoris Causa pela UniversidadeFederal do Ceará, em 1981; a Medalha Mascarenhas de Morais, emsolenidade realizada no Clube Militar (1983); a Medalha Rio Branco,do Itamarati (1985); a Medalha do Mérito Militar no grau de GrandeComendador (1986); a Medalha da Inconfidência do Governo de Mi-nas Gerais (1989); O Prêmio Luís de Camões (1993); o Prêmio MoinhoSantista, na categoria de romance (1996); o Diploma de Honra aoMérito do Rotary Clube do Rio de Janeiro (1996); o título de DoutorHonoris Causa, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (2000).

Em 2000, foi eleita para o elenco dos “20 Brasileiros Empreende-dores do Século XX”, em pesquisa realizada pela PPE (PersonalidadesPatrióticas Empreendedoras).

“[...] tento, com a maior insistência, embora com tão

precário resultado (como se tornou evidente), incorporar

a linguagem que falo e escuto no meu ambiente nativo

à língua com que ganho a vida nas folhas impressas.

Não que o faça por novidade, apenas por necessidade.

Meu parente José de Alencar quase um século atrás

vivia brigando por isso e fez escola.”

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Capa do romance “O Quinze”da escritora Rachel de Queiroz,com ilustração de Luís Jardim.Edição de 1957.

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// OBRAS INDIVIDUAIS:

Romances:O QUINZE (1930)JOÃO MIGUEL (1932)CAMINHO DE PEDRAS (1937)AS TRÊS MARIAS (1939)DORA, DORALINA (1975)O GALO DE OURO (1985) - Folhetim Revista O CRUZEIRO (1950)OBRA REUNIDA (1989)MEMORIAL DE MARIA MOURA (1992)

Literatura Infanto-Juvenil:O MENINO MÁGICO (1969)CAFUTÉ & PENA-DE-PRATA (1986)ANDIRA (1992)CENAS BRASILEIRAS - Para gostar de ler 17

Teatro:LAMPIÃO (1953)A BEATA MARIA DO EGITO (1958)TEATRO (1995)O PADREZINHO SANTO (inédita)A SEREIA VOADORA (inédita)

Crônica:A DONZELA E A MOURA TORTA (1948);100 CRÔNICAS ESCOLHIDAS (1958)O BRASILEIRO PERPLEXO (1964)O CAÇADOR DE TATU (1967)AS MENININHAS E OUTRAS CRÔNICAS (1976)O JOGADOR DE SINUCA E MAIS HISTORINHAS (1980)MAPINGUARI (1964)AS TERRAS ÁSPERAS (1993)O HOMEM E O TEMPO (74 crônicas escolhidas}A LONGA VIDA QUE JÁ VIVEMOSUM ALPENDRE, UMA REDE, UM AÇUDE (100 crônicas escolhidas)CENAS BRASILEIRASXERIMBABO (ilustrações de Graça Lima)FALSO MAR, FALSO MUNDO (89 crônicas escolhidas - 2002)

Antologias:TRÊS ROMANCES (1948)QUATRO ROMANCES (1960) - O Quinze, João Miguel, Caminho de Pedras, As Três Marias.SELETA (1973) - organização de Paulo Rónai

Livros em parceria:BRANDÃO ENTRE O MAR E O AMOR (Romance - 1942) - com José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Jorge Amado.O MISTÉRIO DOS MMM (Romance Policial - 1962) - com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales,Jorge Amado, José Condé, Guimarães Rosa, Antônio Callado e Orígines Lessa.LUÍE E MARIA (Cartilha de Alfabetização de Adultos - 1971) - com Marion Vilas Boas Sá Rego.MEU LIVRO DE BRASIL (Educação Moral e Cívica - 1º. Grau, Volumes 3, 4 e 5 - 1971) - com Nilda Bethlem.O NOSSO CEARÁ (Relato - 1994) - com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek.TANTOS ANOS (Auto-Biografia - 1998) - com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek.O NÃO ME DEIXES (Suas Histórias e Sua Cozinha - 2000) - com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek.

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Estátua em homenagem a escritora Rachel de Queiroz, expostana Praça General Tiburcio Cavalcante no Centro de Fortaleza.

1977 - A escritora cearense Rachel de Queiroz é a primeiramulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras.

Autora de clássicos como “O Quinze”, “As três Marias” e“Memorial de Maria Moura”, Rachel ocupou a cadeira nº 5,

sucedendo Cândido Mota Filho.

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// OBRAS TRADUZIDAS POR RACHEL DE QUEIROZ:

Romances:AUSTEN, Jane. - Mansfield Parlz (1942)BALZAC, Honoré de. - A Mulher de Trinta Anos (1948)BAUM, Vicki. - Helena Wilfuer (1944)BELLAMANN, Henry. - A Intrusa (1945)BOTTONE, Phyllis. - Tempestade D’Alma (1943)BRONTË, Emily. - O Morro dos Ventos Uivantes (1947)BRUYÈRE, André. - Os Robinsons da Montanha (1948)BUCK, Pearl. - A Promessa (1946)BUTLER, Samuel. - Destino da Carne (1942)CHRISTIE, Agatha. - A Mulher Diabólica (1971)CRONIN, A. J. - A Família Brodie (1940)CRONIN, A. J. - Anos de Ternura (1947)CRONIN, A. J. - Aventuras da Maleta Negra (1948)DONAL, Mario. - O Quarto Misterioso e Congresso de Bonecas (1947)DOSTOIÉVSKI, Fiódor. - Humilhados e Ofendidos (1944)DOSTOIÉVSKI, Fiódor. - Recordações da Casa dos Mortos (1945)DOSTOIÉVSKI, Fiódor. - Os Demônios (1951)DOSTOIÉVSKI, Fiódor. - Os Irmãos Karamazov (1952) 3vDU MAURIER, Daphne. - O Roteiro das Gaivotas (1943)FREMANTLE, Anne. - Idade da Fé (1970)GALSWORTHY, John. - A Crônica dos Forsyte (1946) 3vGASKELL, Elisabeth. - Cranford (1946)GAUTHIER, Théophile. - O Romance da Múmia (1972)HEIDENSTAM, Verner von. - Os Carolinos: Crônica de Carlos XII (1963)HILTON, James. - Fúria no Céu (1944)LA CONTRIE, M. D’Agon de. - Aventuras de Carlota (1947)LOISEL, Y. - A Casa dos Cravos Brancos (1947)LONDON, Jack. - O Lobo do Mar (1972)MAURIAC, François. - O Deserto do Amor (1966)PROUTY, Oliver. - Stella Dallas (1945)REMARQUE, Erich Maria. - Náufragos (1942)ROSAIRE, Forrest. - Os Dois Amores de Grey Manning (1948)ROSMER, Jean. - A Afilhada do Imperador (1950)SAILLY, Suzanne. - A Deusa da Tribo (1950)VERDAT, Germaine. - A Conquista da Torre Misteriosa (1948)VERNE, Júlio. - Miguel Strogoff (1972)WHARTON, Edith. - Eu Soube Amar (1940)WILLEMS, Raphaelle. - A Predileta (1950)

Biografias e memórias:BUCK, Pearl. - A Exilada: Retrato de uma Mãe Americana (1943)CHAPLIN, Charles. - Minha Vida - caps. 1 a 7 (1965)DUMAS, Alexandre. - Memórias de Alexandre Dumas, Pai (1947)TERESA DE JESUS, Santa. - Vida de Santa Teresa de Jesus (1946)STONE, Irwin. - Mulher Imortal: Biografia de Jessie Benton Fremont (1947)TOLSTÓI, Leon. - Memórias (1944).

Teatro:CRONIN, A. J. Os Deuses Riem (1952)

* Os dados acima foram obtidos em livros de e sobre a autora, sites da Internet, jornais e revistas de circulação nacional.

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Rachel de Queiroz faleceudormindo em sua rede,no dia 04-11-2003, nacidade do Rio de Janeiro.

Deixou, aguardandoa publicação, o livro“Visões” de MaurícioAlbano e Rachel deQueiroz, uma fusão deimagens do Cearáfotografadas por Maurícioe com textos de Rachel.

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Durante 10 dias, Fortaleza foi a capital do livro e da literatura

A Bienal Internacional do Livro do Ceará jáse tornou um dos acontecimentos culturais mais

esperados do Estado. Este ano, os 10 dias (de09 a 18 de abril) reuniu principais nomes daliteratura nacional, editoras, livrarias e ainda a

cadeia produtiva da literatura e da leitura.

Quem compareceu ao Centro de Convençõesdo Ceará comprovou a crescente diversi-

dade nas apresentações musicais, even-

tos literários, oficinas, palestras, deba-

tes, além de convidados como Lira

Neto, Pedro Bandeira, Maurício de

Souza, Ziraldo, Tiago de Melo,

Nelson Motta e Erasmo Carlos,

que fez o show de abertura e no

// Cidade dos Livros

dia seguinte fez o lançamento de seu livro “Mi-nha fama de mau”. Ao todo, foram 148 lança-mentos literários em todo o evento.

Este ano, com o tema “O Livro e a Leitura dos

Sentimentos do Mundo”, a Bienal prestou ho-

menagem à escritora cearense Rachel deQueiroz, pelo seu centenário. Os espaços eram

denominados com as obras e de outras refe-

rências a escritora, como o espaço Não Me

Deixes, nome da fazenda de Rachel em Quixadá.

Mas além da homenageada e das atrações naci-onais, o grande fluxo de pessoas também cha-mou a atenção. Foram mais 469 mil visitantes

que movimentou R$ 7,7 milhões.

// FOTO CHICO GADELHA

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“Logo na chegada comprovei o que diziam: um fervilhão depessoas, ambulantes, tribos, uma euforia de um grande showpopular. Creio mesmo que tenha sido, com tantas estrelasreais, literais e emergentes e de modismos, porque ficouchic ir à Bienal, graças a Deus. Tanto que o espaço ficoupequeno pra tanta sede de cultura, apresentações, compro-metendo assim a qualidade do evento, tirando o sossego deuma contação de história, o silêncio pra sentir a poesia, maistempos para os debates, comentários e mesas-redondas,fazer o quê, né? É povo, e gente faz barulho mesmo. Oprazer maior foi ver Pedro Bandeira cercado de segurançascomo um astro pop, com seguidores querendo autógrafos, eouvir os poemas entoantes e ritmados dos Urbanóides(Urbanóides Poemas), comprometidos em enamorar a cida-de e seus tons, enquanto o Cordel revelava a ingenuidade epureza do Interior. Bem que poderia ter sido um mês”.• MARAJOARA FONTENELE / Professora.

“Sempre que a Bienal se acaba nos perguntamos o que fica.Além da economia gerada em toda cadeira do livro e emalguns setores como alimentação, temos livros a mais naestante dos leitores, temos pensamentos mais ricos após aspalestras e eventos. Nesta edição da Bienal tivemos um fo-mento a mais para escritores independentes e pequenaseditoras do Nordeste. É que a Secult doou um espaço de72m² para estas duas categorias, atendendo a uma reivindi-cação do Fórum da Rede Nordeste do Livro e da Leitura.Desta forma, 10 expositores puderam levar suas obras e terum contato mais próximos com o leitor. Com isso, abrimos apossibilidade de levar nossos autores e editores para as fei-ras e bienais no Nordeste. Outro ponto foi que sediamos o IIIFórum da Rede Nordeste do Livro, que reuniu representan-tes Ministério da Cultura como Fabiano dos Santos e TarcianaPortella; o Secretário Executivo do Plano Nacional do Livro eLeitura, José Castilho e de outras instituições, entre elas daCâmara Brasileira do Livro e Câmara Cearense do Livro. Comisso, avançamos em debates e conquistas”.• LUIZA HELENA AMORIM / Escritora e Coordenadora de Comunicação do Fórum de Literatura e Leitura do Ceará.

A Bienal do Livro do Ceará nesta edição reuniu algunsdos principais nomes da literatura nacional, editoras, li-vrarias e profissionais que compõem as cadeias do livro eda leitura. Ao longo de sua extensa e diversificada pro-gramação, o evento proporcionou aos visitantes 215 ativi-

dades entre shows, oficinas, palestras e debates; contou

com 223 convidados, entre escritores e artistas cearenses

(165), nacionais (53) e internacionais (5). Foram realiza-

dos ainda 148 lançamentos literários em espaços como:Arena Multicultural Memorial Maria Moura, Café Literá-rio e Estandes da Secretaria de Cultura do Estado –

SECULT além de Estandes dos próprios Expositores.

O Canto da Iracema esteve presente na mesa-redonda“Revistas Literárias Eletrônicas e Impressas no Ceará”,mediada pelo jornalista Dellano Rios.

> Joanice SampaioE-mail: [email protected]

Blog: papocult3.blogspot.comMSN: [email protected]

Twitter.com/joanices

IMPRESSÕES DE QUEM ESTEVE NA BIENAL 2010>

// FOTO CHICO GADELHA

// FOTO ALAN SANTIAGO

// FOTO ALAN SANTIAGO

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a cultura cearense pertinho de você!

Há 11 anos levando Cultura...

Para quem quer Cultura!

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FEITOarte

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>>>>> POR: CÉSAR MENEZES PORTO

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