Revista Canto da Iracema - Edição agosto 2011

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UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURAL CANTO DA IRACEMA > ANO 12 > Nº 69 > AGOSTO 2011 Nº 07 > Julho 2011 a cultura cearense pertinho de você! 22 DE AGOSTO DIA DO FOLCLORE

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UMA PUBLICAÇÃO DO INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO SOCIOCULTURALCANTO DA IRACEMA > ANO 12 > Nº 69 > AGOSTO 2011

Nº 07 > Julho 2011

a cultura cearense pertinho de você!

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EDITORIAL

>>>>> as matérias publicadas são de inteira responsabilidade de seus autores!

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> Q U E M S O M O S !

coordenação geralcoordenação geralcoordenação geralcoordenação geralcoordenação geral zeno falcão • coordenador adjunto • coordenador adjunto • coordenador adjunto • coordenador adjunto • coordenador adjunto pingo de fortaleza • jornalista resp.• jornalista resp.• jornalista resp.• jornalista resp.• jornalista resp. joanice sampaio - jp 2492-ce • produtor• produtor• produtor• produtor• produtorexecutivo executivo executivo executivo executivo arnóbio santiago • assistente de produção • assistente de produção • assistente de produção • assistente de produção • assistente de produção tieta pontes • revisão• revisão• revisão• revisão• revisão rodrigo de oliveira - tembiu.pro.br • colaboradores nesta edição • colaboradores nesta edição • colaboradores nesta edição • colaboradores nesta edição • colaboradores nesta ediçãopoliana braga | lourdes macena | wagner pereira | walden luiz | angelo tomasini | paulo tadeu | joão leite neto | augusto moita | nilze costa | caléalencar | kazane • conselho editorial • conselho editorial • conselho editorial • conselho editorial • conselho editorial augusto moita | audifax rios | calé alencar | erivaldo casimiro • diagramação• diagramação• diagramação• diagramação• diagramação artzen • contatos• contatos• contatos• contatos• contatos> cantocantocantocantocantoda iracema da iracema da iracema da iracema da iracema rua joaquim magalhães 331 | cep 60040-160 | centro | fortaleza | ceará | (85) 3032.0941 | [email protected] > solar solar solar solar solarav. da universidade 2333 | benfica | fortaleza | ceará | (85) 3226.1189 | [email protected]

FOTOS CAPA > GRUPO RAÍZES NORDESTINAS | ARQUIVO PARTICULAR

O período de férias já passou e começamos o segundo semestre de 2011 com novidades.Há muito tempo acalentamos o sonho de cada vez mais contribuir com o crescimento da cultura cearense e tambémpara uma sociedade mais justa e humana. Diante deste propósito, surgiu o Instituto de Comunicação SocioculturalCanto da Iracema que produz esta estimada revista e agora parte para mais uma realização. Compartilhamos comvocê, leitor, a alegria de sermos selecionados no II Edital da Seleção dos Pontos de Cultura do Estado do Ceará. Agoratemos um Ponto de Cultura, e sobre esta nova iniciativa, você conhecerá na coluna De Ponto a Ponto.

O dia 22 de agosto é uma data importante para o calendário cultural do Brasil: comemoramos o Dia do Folclore e pelonosso Ceará, diversos eventos festejarão esta efeméride. Aqui em Fortaleza, será realizado o IV Encontro de Grupos de CulturaTradicional Popular. No encontro, figuras representativas do nosso meio cultural serão homenageadas. Também trouxemospara as nossas páginas, artigos de pessoas que são referência nos estudos das manifestações populares. O jornalista PauloTadeu nos guia pelo Ciclo Natalino; o jornalista Ângelo Tomasini adentra o universo das festas juninas; a professora LurdesMacena, discorre a respeito do Dia do Folclore e as tradições cearenses; as tradições da Semana Santa pelo teatrólogo WaldenLuiz; a tradição do Carnaval em Fortaleza pelo arte educador Wagner Pereira e o Carnaval de Rua pela folclorista Maristela Holanda.

Também nesta edição, nosso companheiro José Leite Netto e o trabalho da artista plástica Maíra Ortins. E por falar em artes plásticas,Calé Alencar relembra alguns de seus encontros com o maior pintor pop brasileiro: Aldemir Martins. Ainda sobre reminiscências, NilzeCosta e Silva dá uma volta no tempo e relembra suas idas e vindas pelas ladeiras da Praia de Iracema. Com bom humor, AugustoMoita deixa de ser personagem do querido cronista Airton Monte e o tem como tema central de seus causos de maneira quasefreudiana. Boa leitura!

FOLK + LORE

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O IV Encontro de Grupos de Cultura Tradicional Popular que este ano recebe o título de

“FOLGANÇA – UMA FESTA DE RITMOS E ALEGRIA” é um evento em comemoração ao Diamundial do Folclore, que se reveste de fundamental importância para o reconhecimento das lingua-gens das culturas tradicionais populares no Estado do Ceará.

O referido evento é promovido pelo GTF Raízes Nordestinas com o apoio da Associação Benefi-cente do Planalto do Pici, Comissão Nacional de Folclore, Revista Canto de Iracema, EnCena Produ-

ções, Banco do Nordeste, Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura de

Fortaleza (Secultfor), e do Governo do Estado do Ceará através da Secretaria de Cultura (Secult-CE),com certeza, superará as expectativas em todos os aspectos. A vasta programação do evento constará,

dentre outras atrações com: seminários, oficinas, exposição de artesanato cearense, além de apresenta-

ções de grupos folclóricos, diversas manifestações da cultura tradicional popular de Fortaleza, RegiãoMetropolitana e interior do Estado.

O folclore brasileiro é um dos mais ricos do mundo, uma mistura das três etnias - índios, brancos e

negros. No Ceará, temos representações próprias, somos alegres hospitaleiros e festivos.

“FOLGANÇA”UMA FESTA DE RITMOS E ALEGRIA

DIA MUNDIAL DO FOLCLORE - 22 DE AGOSTO

22 DE AGOSTO

CENTRO DE CIDADANIA CÉSAR CALS

(RUA CEL. MATOS DOURADO, 1499 – PICI A PARTIR DAS 18H)– Abertura Oficial da Semana do Folclore– Entrega das Placas aos Homenageados– Apresentações Culturais

CENTRO DE ARTE E CULTURA DRAGÃO DO MAR

25 E 26 DE AGOSTO – Auditório - Seminário “Folclore - Educação e Turismo” - 14h.27 E 28 DE AGOSTO – Ateliê - Oficinas de Danças Tradicionais Populares - 14h.27 E 28 DE AGOSTO – Apresentações culturais com diversos grupos folclóricosda capital e interior do Estado, a partir das 18h.

PRAÇA DO BAIRRO JOÃO XXIII31 DE AGOSTO – Encerramento da Semana do Folclore, com Barracas de Artesanato,Comidas Típicas e apresentações de Grupos Folclóricos. A partir das 18h.

> POLIANA SANTOS BRAGAEspecialista em Cultura Folclórica – IFCE

Coordenadora do projeto “FOLGANÇA”PROGRAMAÇÃO

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GERTRUDES FERREIRA DOS SANTOS (DONA GERTA)Mantém e participa da Dança da Cana Verde há 74 anos. Viúva do ex-líder

do grupo, José dos Santos, Dona Gerta assumiu a liderança como forma demantê-lo vivo em sua lembrança. Aos 78 anos de idade, é ela quem repassaa música, o figurino, os adereços e os significados da dança para o grupo

composto por 35 brincantes, que são parentes e amigos da comunidade de

pescadores do bairro do Mucuripe, onde reside.

DESCARTES MARQUES GADELHA (DESCARTES GADELHA)Artista plástico, deu inicio a sua produção pictórica e de escultura na década

de 60. Em 1999, desaguaria nas “Cicatrizes Submersas”, desencadeadas porseu olhar expressionista em torno deserdados pelo açude Cocorobó. Uma

produção que durante quatro décadas, proporcionou reações das mais incisi-vas, de acordo com a evolução da liberdade e do pensamento.

Descarte se marca pela expressiva retratação dos sentimentos em rostosregionalizados, do povo nordestino. Ritmista, compositor de loas e samba

enredo, contribui e continua contribuindo ainda até os dias atuais para o carnaval de rua de Fortaleza.

Iniciou com ritmista das baterias de escola de samba, na década de 70, esteve presente na criação efundação de alguns maracatus cearenses, entre eles podemos citar: Vozes da África, Nação Baobá,Nação Iracema, Nação Axé de Oxossi, Solar e o Maracatu Rei do Congo.

FRANCISCO DA SILVA FREITASNascido no dia 17 de Fevereiro de 1947, Professor Freitas, como ficou maisconhecido, iniciou sua vida artística aos 14 anos de idade no ano de 1961, no

Grupo de Rondas Operárias do SESI, grupo pioneiro na área de pesquisa eprojeção folclórica no Norte e Nordeste, cujas atividades tiveram inicio no

ano de 1955.

Logo se destacou como dançarino, e tamanho era o seu envolvimento com

o grupo, que em pouquíssimo tempo passou a auxiliar D. Maria Albuquerque,

mentora do grupo, nas pesquisas e montagens de novas danças catalogadas

pelo grupo. Foi também cenógrafo, figurinista e com seu dom de grande artesão construía boa partedos adereços que o grupo utilizava em suas apresentações.

Freitas foi professor de Educação Artística da escola do SESI e ministrou vários cursos de artesplásticas oferecidas à comunidade pela entidade. Em 1980 fundou o Grupo Parafolclórico Terra da

Luz, que semanalmente costumava apresentar-se para turistas da rede hoteleira de Fortaleza, bemcomo no antigo Teatro da EMCETUR. Fundou vários grupos ao longo do tempo, destacando-seainda vários grupos das cidades de Redenção e Caucaia.

OS HOMENAGEADOS

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O Carnaval de Rua de Fortaleza é um espaço abertopara o massacrado homem comum viver, dar vida a seuspersonagens críticos e mitos dando vazão à fantasia re-primida no dia a dia durante os outros dias do ano.

As ruas do centro se enchem de anônimos foliões,desgarrados brincantes do bloco do eu sozinho ou felizparticipante bloco de sujo, companheiros de momentode euforia etílica e momina.

O carnaval que conhecemos é uma festa bem brasilei-ra, embalada por ritmos africanos que aqui ganharam umsotaque especial e o colorido das penas de emas de al-gum espanador desfeito representando a herança indí-gena, embora seja um legado trazido de Além Mar, pelocolonizador português que de bumbo em punhoconclamava o povo para os três dias de folia.

O desfile na Avenida Domingos Olímpio vem ano a anoconquistando uma maior participação das pessoas quenão se sentem atraídos pelas praias, serras tranqüilas oua folia dos “melados” e molhados de algumas cidades dointerior.

Com seus desfiles de blocos, cordão, escola de sam-ba, afoxés e maracatus, oferece diversão garantida, re-pleto de brilho, luxo criatividade e beleza, num espetácu-lo que cresce a cada ano.

Os afoxés e os Maracatus constituem o grande desta-que do carnaval de rua, nada ficando a dever em luxo eriqueza a nenhuma outra agremiação de fora do Estado.Com suas cortes flamejantes de brocados, lamê,pedrarias, paetês e seus esplendores monumentais, osmaracatus têm conquistado cada vez mais a visão do des-lumbrado espectador, que por alguns momentos esque-ce as suas condições reais de vida, para viver o conto defadas do encantamento, luxo e riqueza, embalados pelobatuque dolente das suas poéticas loas.

É assim que o chão da avenida se enche de brilho,refletindo as estrelas, nas lantejoulas dispersas no asfal-to, fugitivas de algum bordado mais apressado.

> MARISTELA ATAÍDE HOLANDAFolclorista, Pesquisadora, Musicóloga,

Coordenadora do Grupo Luar do Sertão.

FOLCLORE é a marca da criatividade, da inventiva popular e da recriação na busca dealternativas e formas de sobrevivências e resistência do homem simples. Ele é espontâneodinâmico e sempre atual, mesmo quando, pela memoria, guarda formas antigas de vida.

O Folclore nos chega sem percebermos, por meio de um condicionamento inconsciente, daimitação ou da reinterpretação de fatos diversos da vida do homem e vai se estabelecendo, àmedida que determina expressão é aceita no grupo social se torna tradição.

Muito mais do que se pode imaginar, o folclore é parte de nossa vida. Ele entrelaça em nossamaneira de ser e se manifesta como resultado das nossas praticas familiares, conduzido pelamemória e garantido pela dinâmica do grupo do qual fazemos parte.

O Folclore cearense é rico, diverso e plural. Poderíamos citar lendas da Carimbamba, aSereia Encantada de Jericoacoara, o Boi Espácio, a lenda da Carnaubeira, a lenda do Algodão,o pássaro encantado da gruta de Ubajara: histórias como a do vendedor de pau torto, do casale os quatros filhos, do velho e o bode: danças como torém, toré, caninha verde, maneiro pau,leruá, cocos, xote, baião, dança de São Gonçalo, entre outras.

Destaco também folguedos como pastoril, reisados, bumba-meu-boi, rei de congos,fandangos e maracatus e ainda o teatro folclórico dos dramas cantados, entre tantas outrasformas de criar e construir, fazer e ser que fortalecem e marcam a nossa identidade.

> LOURDES MACENA | Pesquisadora, Coordenadorado Curso de Cultura Folclórica Aplicada – IFCE. Presidente daComissão Nacional de Folclore. | Trechos do artigo publicadono jornal O POVO – 24 Agosto 2010.

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O carnaval cearense é oriundo do ENTRUDO, que era a brincadeiragrosseira de molhar os outros à traição, por vezes prejudicial à saúde, maispraticada pela população de baixa renda, ou escravos, que não tinham comose divertir e gastava o tempo em atirar cuias d’água nas pessoas quepassavam distraidamente. Depois se passou a usar laranjinhas feitas de cerarecheadas de água de cheiro, como forma de amenizar a brincadeira de maugosto, que foi proibida por volta de 1850, subsistindo somente nos lugare-jos e povoados mais afastados, prática ainda hoje encontrada em algunsmunicípios do estado com o nome de “mela-mela”.

Depois, com o advento do CORSO, desfile de carros enfeitados, pelasprincipais avenidas, surgido no Rio de Janeiro e logo, como tudo maisimitado aqui no Ceará, surgiram também os mascarados, logo denominadosde PAPANGUS, que saíam as ruas vestidos num camisolão colorido e com orosto encoberto por uma máscara bem amarrada, com pés e mãos cobertos,de modo a impedir a sua identificação.

Depois vieram os homens vestidos de mulher, não eram travestis,muitos casados vestidos e maquiados pelas próprias esposas, mães, irmãsou noivas, usando as roupas emprestadas pelas mesmas, que saiam à ruabrincando e cantando marchinhas carnavalescas compostas para este fim esucessos nas rádios PRE 9 e IRACEMA. Antes mesmo das marchas peladiversidade surgiram cordões carnavalescos, como: AS BAIANAS E O CORDÃODAS COCACOLAS, onde só os homens participavam vestidos de mulher, comfantasias especialmente desenhadas e confeccionadas para o desfile nostrês dias de folia.

Havia, no centro da cidade, “casas de recursos”, pensões que abriga-vam “mulheres da vida fácil”, que colocavam seu melhor time em cima deum caminhão enfeitado com palhas de coqueiros e todas fantasiadas deZorro ou pistoleiras, que eram suas fantasias preferidas, e desfilavam no“corso” pela avenida Duque de Caxias. Os blocos se formavam e desfilavamlivremente, sem necessidade de filiação a qualquer sindicato, federação, ouassociação.

A prefeitura colocava um palanque, onde ficavam as autoridades e seencarregava de colocar uma gambiarra de luzes, e uma corda para servir deisolamento. As famílias levavam suas cadeiras e colocavam ao longo daavenida para assistir o desfile.

As crianças brincavam com o lança-perfume, CLORETIL, atirando jatosdo líquido perfumado e refrescante nas rainhas dos maracatus, numa formade manifestar o seu carinho e admiração.

Grande era o número de foliões, que fantasiados da mais criativaforma, faziam homenagens ou críticas a situações sociais ou políticas, comoa seca, a fome ou ao salário. Grande também era o número de homens

> WAGNER PEREIRA | Arte Educador, Diretor Teatral, Coreógrafo,Especialista em Cultura Folclórica – IFCE

fantasiados de mulher e mulheres fantasiadas de homens, uma forma debrincar, tranquilamente, no meio da multidão sem ser reconhecida oucensurada por quem quer que seja, e muito menos importunada, pois, aspessoas saiam de casa, isoladamente ou em grupos, batendo lata, unica-mente com o intuito de brincar, se divertir.

A população, mais recatada, também se divertia, acorrendo em massa,ao centro da cidade, para ver as divertidas criações dos blocos de sujos ou abeleza das fantasias dos cordões carnavalescos e a riqueza de bordados dasluxuosas fantasias dos maracatus que enchiam a avenida e os olhos debrilho.

Não precisava de organização nem regulamentos. O povo era organiza-do na sua aparente desorganização e regulado pela ética, a moral, os bonscostumes, o desejo de se divertir e o respeito ao próximo. Poucas eram asocorrências policiais, só os casos mais graves de embriagues.

Bons tempos de carnaval de uma Fortaleza que cresceu desordenadamentee perdeu a inocência e ingenuidade. A Rua Senador Pompeu e a Duque deCaxias, ficaram pequenas para o tamanho do nosso carnaval.

Tempos que não voltam mais, e que não serviram de experiência parao carnaval atual. Os erros e os acertos de todos esses anos não serviram paranortear os produtores, as federações, os próprios blocos e quantos sãoresponsáveis pela feitura do desfile carnavalesco de rua da cidade de Forta-leza. Contudo, cresce o número de Maracatus, Afoxés, Blocos, de brincantese de público para o desfile de carnaval.

Necessário se faz lembrar que quem faz o carnaval é o povo e ao povose destina o espetáculo. Está mais que na hora das autoridades envolvidascom turismo e com a cultura abrirem os olhos para esta ópera a céu abertoque é nosso maracatu e os nossos afoxés, modelo único em brilho ecriatividade no Brasil e que desperta espanto e encantamento em todos queo assistem. Por ser único e belo, merece ser tratado como um espetáculocapaz de seduzir a população de outros estados, desejosa de entretenimentoe de ver algo diferente e fascinante.

O que estou dizendo não é nenhuma novidade recentemente descober-ta, mas que nossas autoridades teimam em ignorar, insistindo em trazershows de cantores consagrados que pouco ou nada têm a ver com o nossocarnaval cearense, num total desrespeito a cultura local e na esperança deatrair público para um evento que por se só já é um grande atrativo.

Por favor, não queiram acabar com a nossa cultura tradicional popularque é tão bela, e deixem o povo brincar.

O CARNAVAL DO POVOO CARNAVAL DO POVO

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É tradição herdada dos portugueses, celebrar a Semana Santa, commuita contrição, respeito e participação nos atos litúrgicos da igreja católi-ca. A Páscoa, segundo Aleixo Filho, foi estabelecida pelos judeus em memó-ria da passagem do Mar Vermelho e também da ação do anjo exterminador,que na noite em que os judeus partiram do Egito, não atingiu as casas dosisraelitas, marcada com sangue do cordeiro. Entre os cristãos, esta festacelebra-se em comemoração à Ressurreição de Jesus Cristo, isto é, da suapassagem da morte para a vida.

De acordo com Alves Neto, em “Crônicas & Comentários”, 1987, “aIgreja Católica celebra a festa da Páscoa no domingo após o décimo quartodia da lua de março, ou, por outra forma, no domingo depois da primeira luacheia, que se segue ao equinócio da primavera, e cai sempre entre os dias21 de março e 26 de abril, podendo, pois, a época da festa variar de trintae seis dias”. Neste período, os santos católicos são cobertos com pano roxoem sinal de pesar, os sinos silenciam e nos atos como a procissão do SenhorMorto, só se escuta o estalar das “matracas”, peça de madeira ladeada poraldábras de metal, que quando agitada manualmente produz um barulhofunesto.

Some-se às cerimônias religiosas, as superstições: (não cortar o cabelo,não cantar, não ligar o rádio, não varrer a casa, porque tudo isso ‘faz mal”)e o costume popular (uma forma de catarse coletiva) de jogar os pecadossobre um bode expiatório, na figura bíblica do apóstolo traidor, JudasIscariote. Já faz parte do folclore, em todo o Brasil, desde as capitais àsmais remotas vilas, os costumes de “malhar o Judas”, “serrar os velhos”, “otestamento do Judas” e os aterrorizantes “caretas”.

Eu mesmo, na minha adolescência, (que não faz muito tempo), confec-cionei, com a ajuda dos amigos da Rua Princesa Isabel, um testamento e umJudas, o qual foi roubado, como manda a tradição e apesar dos nossoscuidados, por uma vizinha, que estava em adiantado estado de gravidez esaiu correndo, grotescamente com o seu barrigão de nove meses, abraçadacom o tal boneco, sem que os seus guardiões percebessem.

A feitura do Judas e do seu testamento, é um costume que, felizmente,ainda perdura e até está se expandindo, com a manufatura e a comercializaçãode Judas nas principais avenidas de Fortaleza.

Quem passar pela Avenida dos Expedicionários, Avenida Bezerra deMenezes, entre outras, no período que antecede o sábado da Aleluia, vaiencontrar com facilidade artesãos vendendo Judas no meio do passeio, pormenos de “trinta ciclos de prata”, muitos desses bonecos com caras depolíticos bastante conhecidos, que traíram o povo, e que serão malhados equeimados em via pública, pela população, uma vez que a comunidade nãopode queimar os originais.

Os “Testamentos de Judas”, são versos satíricos, que os popularesfazem ressaltando os “mal feitos” e os defeitos de pessoas que, de umaforma ou de outra, prejudicam à comunidade ou provocam uma forteantipatia, falando da vida alheia ou tomando medidas impopulares, ousimplesmente por mera brincadeira, ressaltando os defeitos e manias davítima escolhida, chegando muitas vezes a serem ofensivos ou impiedosos,provocando até inimizade entre os criticados e os organizadores da brinca-deira. Uma ofensa imperdoável consiste em se deixar no testamento um parde “chifres” para quem já os tem, ato que muitas vezes termina com osparticipantes sendo dispersos a tiros de espingarda, disparado pelo ofendi-do.

Outro tipo de provocação levada a efeito durante e Semana Santa é abrincadeira do “Serra o Velho”, que consiste em se colocar alguns gatosdentro de uma grande lata ou tambor, e na noite de sexta-feira, sair emgrupo, mascarado, pela rua, carregando a tal lata e um serrote, parar na

porta da casa de algum velho ou velha que seja muito rabugento ou faladorda vida alheia e serrar a lata, provocando grande barulho, com gritos einsultos ao morador que caiu no desagrado dos serradores.

Esta farra, muitas vezes termina em pancadaria, pois os parentes doserrado não concordam com aquele insulto, ou agouro, e partem para tomaras dores do ancião ofendido.

Este costume era muito comum em Coreaú, cidade do interior cearense,onde meu pai foi Juiz de Direito e teve a oportunidade de assistir uma destasbrincadeiras, onde os netos, por simples farra, serraram o próprio avô, cujonome eu me reservo o direito de preservar, por se tratar de pessoa muitoconhecida e querida, de família tradicional do nosso sertão.

Durante quase toda a Semana Santa era observada a obediência dojejum, quando também a população, em sua grande maioria, se abstinha decomer carne e os pescadores passavam de porta em porta, com as cordas depeixes penduradas numa vara equilibrada no ombro vendendo o produto desuas pescarias e obtinham um bom lucro com a venda do pescado.

Outro costume era presentear os parentes, amigos e vizinhos, com otradicional e delicioso “Pão de Côco”, iguaria típica da Semana Santa doCeará, para o desjejum, café do sábado de Aleluia.

Também não eram raras as palmas nas portas das casas, com as pessoasmenos favorecidas, pedindo o “Jejum”, ou seja, alguma esmola comestívelpara quebrar o jejum de todo o ano.

No Domingo de Ramos, se levava, e ainda se leva palhas verdes decarnaubeira para serem bentas durante a missa. Palhas que eram transadasem forma de cruz e colocadas, depois, atrás da porta de entrada da casa paraevitar os raios, as tempestades e a influência do demônio porque, dizem queestando Jesus morto, ele passaria a dominar o mundo.

Um folguedo bastante difundido por todas as regiões é a brincadeira dos“caretas”. Na noite de sexta feira da paixão, um grupo de homens sai ásruas, de chicote em punho, usando máscaras confeccionadas com papelão,couro de bode, sementes, cordas, chifres e outros materiais, de forma que odisfarce fique aterrorizante a ponto de os próprios brincantes não reconhece-rem uns aos outros.

Em Jardim, interior cearense, os caretas roubam, com uma careta com-placência dos donos, pés de milho, bananeiras, galinhas e outros objetosque encontram pelos alpendres e quintais. As galinhas são utilizadas comotira gosto dos brincantes no Sábado de Aleluia e as plantas e os outrosobjetos furtados são usados na preparação do “sítio do Judas”, (uma vez quea bananeira e a cana não dão para ninguém se enforcar nos seus galhos),havendo até concurso para a escolha do “sítio” mais bonito. O “sítio doJudas” é um grande círculo tendo ao centro as bananeiras e canas madurasroubadas e a brincadeira consiste em os caretas, de chicote em punho, nãodeixar que a população roube as canas, as bananas e outras frutas que estãocolocadas no centro do círculo.

A comunidade se diverte, tentando recuperar seus próprios objetos, queforam roubados pelos caretas, anteriormente, das casas vizinhas, sem levarnenhuma, ou poucas, chicotadas. E, assim, como em quase toda manifesta-ção da cultura popular tradicional, o sagrado e o profano se entrelaçamnesta mistura de diversão, sátira, purgação, beleza, inocência e fé.

Pena que com a modernidade, muitos dos nossos usos e costumes setornem quase inviáveis, pela modificação dos espaços físicos das cidades, oaumento de violência e a proliferação de “novas religiões”, que proíbem osseus adeptos de participarem livremente das manifestações culturais, costu-mes, festas e tradições populares.

> WALDEN LUIZ Arte Educador,

Teatrólogo e Folclorista.

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No mundo contemporâ-neo o boom do processo decomunicação, juntamentecom o universo virtual mo-vido a internet fazem tudoacontecer mais rápido. Asnovidades passam a ser“velhidades” em questão deminutos. Levando isso parao campo da eterna luta:Modernidade x Cultura Po-pular (que acho que não émais nem luta, sim uma aju-da na conservação de tradições), não é mais tão necessário chegar o mês dejunho para se pensar ou sentir o “gostinho” de festa junina. Afinal, hoje osgrupos de Quadrilha se preparam durante o ano inteiro para fazer suasapresentações em festivais nos meses de junho e julho, e por vezes atésetembro, o tal “São João fora de época”. E para comer as saborosascomidas do período, os enlatados fazem a sua parte e os “pratinhos juninos”(baião de dois, vatapá e paçoca) são vendidos em todos os lugares.

Portanto, hoje em dia o que nos faz distinguir o clima junino fica muitopor conta do Folkmarketing (conceito desenvolvido pelo pesquisadorparaibano Severino Lucena), quando as grandes empresas põem os seusdepartamentos de marketing para pensar campanhas que elevem a dataque tanto identifica principalmente os nordestinos.

Aliado a isso as grandes festas que dura o mês inteiro em cidades comoCampina Grande, Caruaru e Mossoró reforçam a imagem do mês.

Ao invés da espera pelas novenas e pelas quermesses, simpatias efogueiras de outrem. Hoje a espera é pelos shows de Forró e os Festivais deQuadrilhas.

E é partindo para o campo da Quadrilha Junina, que podemos fazer umareflexão a cerca de como o modo de viver do homem está atrelado ao tempoque hoje em dia passa tão rápido, e traz novas propostas a cada dia.

Assistindo a um grupo de Quadrilha Junina da cidade de Camocim (360km de Fortaleza), chamado Beira Lixo escutamos uma música que falava:“O São João tá diferente / tá melhor / tá no clima da gente / só, só, só...”.

A partir de então podemos ver como a dinâmica da cultura se instalousobre a dança (que muito se questiona se já não é um folguedo), e sobre osfestejos de uma maneira geral. O espetáculo de passos e entrelacesprotagonizado por pares, após a encenação do casamento, que não temmais nada de matuto, nos faz agora pensar em grandes espetáculos de balé.E porque não um espetáculo para homenagear os santos e se divertir nasnoites juninas?

Em meio ao desenrolar da coreografia, ela que agora por vezes dispensaa figura do marcador (mais um personagem apresentando a dança e seapresentando, ao invés de comandante da sequência de passos como emoutros tempos), surgem os personagens enquanto os casais vão cantando ese exibindo para o público.

O casal de noivos, donos da festa, tem agora o seu momento de desfilare de se mostrar para os que assistem. Em outro momento, neste, em solo,surge a Rainha, que deveria ser a Rainha do milho ou do partido azul e doencarnado. Agora ela é simplesmente Rainha e realiza seu desfile com

> ANGELO TOMASINI | Jornalista, pós-graduado em Moda e Marketing e pós-graduandoem Cultura Folclórica Aplicada. Editor do site especializado em Quadrilha Junina, www.ispia.com.

rodopios a perder de vistas,com um jogo de saiasenvolvente chamando todaa atenção para si.

Permeado entre essesdois momentos chaves, ci-tados acima, e mais a aber-tura, que se deve por exce-lência falar sobre o tema aser trabalhado durante aapresentação, a Quadrilhase desenrola com seu figu-rino hiper colorido, rico e

brilhante ao som de “marchas juninas”, digamos mais contemporâneas.Quanto ao figurino, a chita anda cada vez mais rara pelos salões, podendopor vezes até aparecer toda rebordada, dando um maior glamour ao materi-al. Mas a “última tendência” é utilizar as passarelas do mundo Fashion, aHaute Couture Francesa, e as novelas como referência na construção daimagem dos brincantes.

Outro grande protagonista das Quadrilhas Juninas vem sendo o acompa-nhamento musical. O que dizer das verdadeiras bandas, com violão, baixo,zabumba, triângulo, sanfona, flauta e até violino? As músicas do velho Lulaentão? Estas estão somente na memória e na inspiração dos novos compo-sitores. Agora cada Quadrilha tem as suas próprias músicas. E porque não?É bem verdade, que palavras como amor, paixão, balão, fogueira, coração eoutras, nesses rumos acabam sendo bem repetitivas e pegajosas na memó-ria. Mas se a vida é feita desses elementos, mais uma vez repetimos, porquenão?

Por todos esses elementos é que podemos dizer que a Quadrilha Juninacomo muitos pensam não se degenerou ou se descaracterizou. Aliás, muitose fala em descaracterizar... Mas ela nunca esteve estática. A Quadrilha, deuma maneira geral é camaleônica. Aqui mesmo no país é diferente em cadaregião. No Nordeste chega a ser diferente em cada estado. Sai dos camposdo velho mundo, passa pelos palácios, se espalha pelo mundo, chega aquino Brasil que a assimila de uma maneira debochada e acontece o regresso,a volta ao campo. Quando pensam que ela está esquecida, retorna àscidades com toda a força, assumindo novos valores, valores dos quadrilheiros(assim diz-se de quem dança Quadrilha), da sistemática do mundo contem-porâneo com seus vícios e tecnologias, onde não basta ser visto, tem que sero melhor. Eis que surgem os festivais com suas regras e disputas acirradas.

E não pensem que os festivais são responsáveis pela Quadrilha Juninacontemporânea, mas sim um fôlego para que não acabassem em mostras,onde fossem vistas como uma peça de museu. Eles instalaram a competiçãoque por sua vez exigiu inovação, que por sua vez exigiu criatividade, e deuem mais de 300 grupos no Ceará.

Hoje eles são responsáveis, dentre outras coisas, pela socialização dejovens e crianças, e muitas vezes de uma comunidade inteira em torno deum ideal, vencer. E quem não quer vencer na vida?

A verdade é que a música que citamos no início é a verdadeira traduçãodo, “Viva São João”, no século XXI. Um misto de identidade da culturapopular, da cultura de massa, do folclore, uma mistura mesmo. E mistura éo DNA do Brasil.

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São muitas as simbologias do Ciclo Natalino. Contudo, comovem-me aslapinhas ou presépios residenciais, representação do nascimento de JesusCristo. Instituídas por São Francisco em 1223, na Itália, espalharam-sepelo mundo e resistem em vários bairros de nossa Fortaleza. Visitar Lapinhasé um autêntico tributo ao verdadeiro Aniversariante de 25 de Dezembro,porém, é preciso a autorização expressa do dono da casa. No Natal passadovisitei algumas, cada qual mais bela dentro da proposta de quem a armou,tudo feito com muito zelo e carinho que, ao final, transformam-se em obrasde arte, dignas da homenagem ao Menino Jesus na reprodução do cenáriode Belém.

Conversando com famílias católicas, vou descobrindo e anotando ende-reços de lapinhas, às quais declinarei aqui imbuído do mais nobre senti-mento da autêntica cristandade. No Centro da Cidade, na Rua Barão deAratanha, nº 400, D. Maria Martins Dourado arma uma lapinha na área ejardim. No Bairro de Fátima, na Rua Sebastião Lemos, 255/101. NoMontese tem algumas, como a de D. Josefa Auri de Lavor, na Rua CoronelAmâncio Cavalcante nº 7 (3494-5979), antiga Vila dos Marítimos, próxi-mo ao Supermercado Extra; na Rua Alan Kardec, 64, existe a lapinha de D.Maria Selma Dória Figueiredo e na Rua 15 de novembro, há uma lapinhada  Betinha; na Rua Frei Vicente Salvador, 869, (3491-3137) D. MariaJosé Oliveira Silva e o filho  Wagner Pereira fazem lapinha temática,acrescentando rituais como “Queima das Palhinhas”, Pastoril, Reisado,Bumba Meu Boi e, iniciando o ciclo momino, apresentação do Afoxé OxumOdalá.

Uma das mais tradicionais da Vila União, precisamente na Rua RaulCabral nº 614/ esquina Rua Antônio Correia Lima, (3491-5551) foi criadapela saudosa senhora Francisca Rocha Silva (Dona Nenzinha). Realmenteum deslumbramento!

No Joaquim Távora tem várias lapinhas. Na Rua João Brígido, 227(3226-4697), há mais de 20 anos Dona Maria Martinha Alves da Costa (D.Naná), monta suas lapinhas e diz: “Não é um enfeite e sim o verdadeirosímbolo do Natal”. Na mesma rua, quase defronte, no nº 200 (3226-2736) existe a grandiosa gruta do presépio de Elizabete Braga Marinho (D.Betinha). No Bairro Pio XII, Rua Ana Gonçalves, 702 (3227-4158), MariaJosé Oliveira Rocha (D. Mazé) instala a sua lapinha há  15 anos. Na

CICLONATALINOLapinhas e Presépios de Fortaleza

> PAULO TADEU SAMPAIO DE OLIVEIRA Jornalista, membro da Comissão Cearense de Folclore.

Travessa Carlos Vasconcelos, 2411 (3246-2758)  tem  o de Maria AntôniaSilva de Carvalho, e na av. Antônio Sales, 980 (3246-9619)  o de  D.Antônia Izaías de Araújo, exímia restauradora. Aliás, eu e minha irmãMaysa Sampaio temos  singelo presépio  na Rua Barão de Aracati, 2595/202 (3246-6542) tradição de nossos pais Antônio Gomes de Oliveira eMaria Dolores Perdigão Sampaio Gomes e a nossa mana  Maria AméliaSampaio Silveira também  mantém o seu na Rua Plutão, 129 (3225-6394), lá no Bairro do Pici. No Dionísio Torres, na Rua Marcondes Pereira,nº 1077, sede do Instituto Aquilae do psiquiatra Dr. Raimundo SeveroJúnior (3227-6868), instalo lapinha com Franklin Wangss. Na  FiscalVieira, 3382 (3247-2935) D. Francisca Trajano e a filha Maria Eldenir pintam e montam presépio. O casal  D. Iracema Vieira Braga e Sr. GarridoBraga  instalam na rua Sebastião Lemos, 255/101, Bl-A (3082-4179); oprof. Expedito Passos Lima instala duas na Av. Aguanambi , 1564, nos Aptos.301/302 (3472-5975).

O Bairro do Jacarecanga também é pródigo em lapinhas. Tem a de D.Enói Freire da Silva na Av. Filomeno Gomes, 293 (3238 -9815) utilizapedras retiradas do mar; a de  Dona Georgina Arruda Pontes na Rua BragaTorres, 671 (3246-1073) – premiadíssima, com mais de 68 anos deexistência, e na Rua Aprendizes Marinheiro, nº394 (3238-1293) a dasirmãs Zilmar e Nely Lima (utiliza uma estrela outrora pertencente à antigaIgreja da Sé) e, vizinho,  a de D. Maria Zélia de Lima Pereira. Na rua CarlosVasconcelos, 472/603 (3248-0101) tem o do  casal Ana Memória eStênio Holanda. Na Tibúrcio Cavalcante com Dep. Moreira da Rocha – Ed.Da Vinci (3224-5005) D. Maria Izete Rodrigues Nonato tem o seu. NoMucuripe, na Rua Senador Machado, 290 (3263-1385),  Raimunda daCosta Santos, há mais de 60 anos mantém o maior presépio da cidade,artesanalmente movimentado, e em 25 de dezembro – Dia de Natal, às16 horas,   distribui presentes à criançada  e encena o nascimento deJesus! Em Messejana destaca-se  o  de Dona Maria. Lúcia Rocha Dummar,nos jardins da Mansão Castelo.

Lapinhas com cidades cenográficas movimentadas as têm: D. SôniaMaria Bastos Barbosa, na Rua Andrade Furtado, 515/701, Ed. Le Louvre,Parque do Cocó, (3262-5055) 9969-5859; e a de Lucila Norões, noDionísio Torres. Parabéns a todos por comemorar o Ciclo Natalino com overdadeiro espírito da cristandade!

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...coisas que conto!

Por:

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A você que teve a infelicidade de ler AirtonMonte para entra na faculdade; você que, sôfrego,

corre as páginas do matutino em busca dafamigerada coluna do dito cujo; acha-o capaz detornar-se imortal na Academia, tenho uma reve-

lação esclarecedora: o Antônio Airton é uma far-

sa! Não, não sou eu a quem ele chama “O velho

Moita”, o seu verdadeiro mentor, e sim o patriar-

ca dos Monte, o glorioso e saudoso “Dom AirtonMonte”.

Foi Dom Airton, o responsável pelos desdo-bramentos celulares do farsante, um dos melho-res “copo e papo” da nossa querida Gentilândia.

Quem, como eu, teve o prazer de desfrutaruma tarde de sábado, regada a muitas geladas no

Bar do Luiz Pikas, sabe o que estou dizendo.

Por ter sido radialista, desportista (ponta direi-

ta do Gentilândia), militar durante

a 2ª Guerra e, acima de tudo boêmio, contava

saborosas histórias capazes de porem no sacotodas essas fajutas crônicas de seu usurpador re-bento.

Certa feita estava o venerável Dom a bebericar

umas espumosas nos bares gentilandinos, quan-

do um dos presentes perguntou-lhe pelo seu ho-mônimo filho. Queria saber qual a especialidademédica escolheria no curso que à época estavafrequentando. O sábio pai ainda não tinha digeri-

do bem a opção do filho pela psiquiatria. O fatodeixava-o um pouco desolado e os amigos maisíntimos evitavam constrangê-lo. Já os mais sar-

cásticos, nem tanto.

- E aí, ele vai ficar mesmo no Mira y Lopez?

- Parece que vai. Eu tenho dito pra ele queesse negócio de cuidar de doido não tem futuro.

Bom seria se fizesse cardiologia. Isso sim dádinheiro.

Logo, logo outros confrades da mesa tentam

confortá-lo:

- Mas é isso mesmo. De repente ele se dábem com isso. Quem sabe? Isso de psicanáliseestá na moda. Ele vai se estribar.

- Quem? Aquilo é um besta. Vocifera o

indigitado genitor.

- O senhor há de convir que o mundo está

cheio de doido, insiste o outro, que estava be-

bendo de graça.

- Mas tudo liso. Rico não fica doido, no

máximo se torna excêntrico.

Faz-se silêncio e ele aproveita para ir tirar

água do joelho. Quando retorna, a mudez

dos interlocutores ainda permanecia. Dentreeles um, de semblante pensativo tentandotalvez acabar com todo mal estar criado, se

manifesta:

- Pensando bem, Dom Airton, esse ne-

gócio pode até dar certo. Pois eu nunca vi

doido ficar bom, nem ninguém morrer dedoidice. Vai ter cliente pro resto da vida.

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Por:

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Muitos são os caminhos. O símbolo manchado de sangue espelhado na parede. Aspartes do corpo e diz o poeta que “os olhos nasceram e ficaram dez anos esperando que oresto do corpo nascesse”. E nasce no útero do verso a dialética do desenho, da gravura e daescultura. As linhas da vida se confluem no pneumotórax da urgência com seus pingosvermelhos, a tirania da morte é superada pela fé de reconstruir – a arte. Reconstruir é ooficio da artista, o criar naquilo que já foi criado, a destreza e o drama. Tudo flui paraManoel Bandeira na obra de Maíra Ortins. O resto fica por conta dos olhos do espectador.

Se transgredir é recriar, digo que é na inquietação e transgressão que montamos, através da observação, a vida do poema na pintura ou naescultura. As causas e os efeitos, as evidência no sustentáculo do verso. “Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?”. Visto que o impacto daobra choca e nos faz dançar na chuva. Os objetos de morte espelhados no espaço, na imensidão do imaginário, diz: “Belo belo minha bela, Nãoquero óculos nem tosse”. Ouve-se o suspiro do martelo na voz do poeta, de leve perfurando a parede. As nossas pobres regras não são contidas na

natureza, nossa doce-amarga mania de distinguir isso é belo, aquilo é feio. A natureza não. A obra é a natureza da arte que por siexiste, no tempo e no espaço.

Não rejeita, nem é rejeitada. Ilumina-se. Seu pulmão está disperso no branco, o coração pulsa e o vermelho Tosse, Tosse. Tudonos surpreende no sucesso do contrário e assim tudo é íngreme pra arte verdadeira. O poema toma nova forma, sua disposição eversificação acompanham linhas, seria o caminho da “poesiavida” correndo e escorrendo num rio de gesso? A metáfora de ManoelBandeira foi pintada, desenhada, esculpida. Maíra Ortins une a literatura às artes plásticas, o velho ao novo, o canto que não cala:faz sexo com Bandeira, grita – sangra. E diz o poeta que “Assim eu quereria o meu último poema. Que tivesse a beleza das floresquase sem perfume”. “A vida inteira”, de Maíra Ortins, nos permite que o véu desça. O inédito fica de pé e toma seu caminho –transforma-se: o pigmento, o desenho, a nanquim o seu universo de palavra recriado no que surpreende na destreza dos contrários.

Abro os olhos e aguardo as imagens me chegarem. Vejo a pequena estatura do meu corpo a percorrer duas longasladeiras. Nascem na Rua José Avelino (Praia de Iracema) e vão subindo até se perderem lá em cima, na Rua MonsenhorTabosa. Ergo o olhar constantemente para o alto da ladeira. As possibilidades são tantas! Vou ver por muito tempoainda a casa da louca a me fazer caretas. Sua casa era vizinha à mercearia que ficava no alto da ladeira, onde eu iacomprar picolé, bombons e chicletes, montada numa bicicleta. Depois descia em desabalada carreira, com medo queo veículo não parasse no seu ponto de partida.

Não me lembro dos degraus de que fala o pesquisador cearense Nirez, em seu livro “Fortaleza de Ontem e de Hoje”,nem são do meu tempo os bondes que percorriam a primeira ladeira que subia até a Igreja da Prainha. Mas lembro-meainda da casa grande, quase um castelo, que a meninada acreditava ser mal-assombrada. Ali morara anos antes umsenhor de hábitos esquisitos, com sotaque carregado. Dizem que sua alma se apegara às torres, de onde fitavaconstantemente o mar. Era o Mister Hull, que em vida transformara sua casa em um observatório astronômico.

Assistimos com tristeza a casa antiga ser demolida, pois a meninada da época acreditava piamente que o Mister Hullainda estava lá, observando os navios que chegavam ao Porto, que se transformou na Ponte Metálica.

Ao subir a ladeira, vemos logo a Igreja da Prainha, uma das mais vivas lembranças dos meus tempos de menina. Conta-nos os historiadores que o prédio foi construído inicialmente para ser um colégio de órfãs, em 1863. Mas logo em1864, ainda durante a construção, foi convertido em seminário. A construção foi realizada praticamente à custa deesmolas, pois foi muito pouca a ajuda governamental.

Neste momento em que escrevo sou aquela menina que sobe a ladeira de véu e terço na mão. De longe ouço ocântico dos seminaristas a acompanharem o padre na celebração da missa. Imagino o rosto moreno do rapazinhovestido de padre na primeira fila. Ajoelhado, o seminarista me olha e me sorri, numa piscada de olho. Na despedida,outra piscada. Decididamente aquele menino não tinha vocação para padre. O apelido dele era Carioca e muitas dasmeninas iam à missa cedo, a fim de conseguir um bom lugar para paquerar o seminarista.

Da porta da Igreja, antes de descer a ladeira de volta à minha casa na Rua Dragão do Mar, olho o mar, que seincendeia ao pôr-do-sol.

A VIDA INTEIRAMANOEL BANDEIRA NA OBRA DE MAÍRA ORTINS

Por:

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Por:

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Aldemir Martins um pajé nascido pelaIngazeiras criado no oco do mundo no dizerda canção. Aldemir pintor pajé sangue Cariribelo exemplar da raça cearense do sercearense com talento de maior artista popda pintura brasileira. o pintor pajé pop umdia de noite viu na tevê a minha voz can-tando a flor do bem querer e eu cheguei namanhã seguinte ao seu ateliê e ele foi logodizendo gostei da canção tava um meninomuito bonito. pois tome aqui uma gravurae de quebra leve a marca de ferrar gadoque eu aprendi a desenhar no Crato. temaí uma letra c três vezes meio que forman-do uma florzinha. leve, é seu.

Meu pé pisava o espaço da praça e de longe eu via a cabeça dopeixe parecendo saltar de dentro do mural de tanta boniteza que omestre Aldemir botou ali. peixe morador das águas fonte pajeúna nodizer da canção. o peixe do mestre vira camisa o gato do mestre viracopo o cangaceiro do mestre vira prato vira tudo um motivo pra ilumi-nar de beleza os olhos de quem ama a arte.

Uma vez foi o meu caminho cruzar com o do mestre Aldemir naaprazível Vila Morena da Praia de Iracema cassino dos oficiais ameri-canos ao tempo da segunda guerra mundial, reduto de artistas boê-mios e loucos em busca de paz em algum lugar dos anos setenta aosoitenta. No Estoril prosamos uns dois tostões de conversa e por qual-quer dois mil réis comprei a edição do Navio Negreiro do Castro Alvescom ilustrações do Mestre Aldemir logo logo abordado para deixar naprimeira página a assinatura que vale um Aldemir, pintor pajé popque pintou um gato que virou prato um xanim virou lençol cachorrovirou panela.

Outra vez foi o meu caminho cruzar com o do Mestre Aldemir paracom sua permissão reproduzir a capa original do disco Ceará, Terra daLuz. Assim foi o tempo e assim foi sendo e nesse tempo e lugar estavaeu pedindo autorização para a capa e fiz o mestre feliz pelo que ele

disse e ainda hoje diz em minha lembrança diz em meu contar de suasatisfação de ver a capa de novo e pela primeira vez no cedê feito doelepê feito pelas mãos de Gerardo e Danúbio, o vinil refeito em digitalpor mim e Cláudio Pereira.

Foi também uma vez o mestre Aldemir me disse ser a negra deRedenção, quase em frente ao Museu do Escravo Liberto, um desenhoseu rabiscado aos quinze anos de idade e transformado em peça depastilhas pelas mãos de Eduardo Pamplona. Em Redenção todoschamam a negra e quando marcam referência do lugar dizem assimvai ser lá na negra, perto da negra, antes e/ou depois da negra, agente se vê na negra.

O violeiro vira livro vira caneca a rendeira os galos viram capas dedisco capas de revista e viram todos os olhos do mundo todo o pajépintor pop encantar o tempo e o espaço fazendo beleza no traço umcarro de boi rangendo de suas tintas. Aldemir mestre Martins um sabiáum passarim senhor dos ventos das cores peixe vira toalha vaqueirovira lenço gente vira estojo vira retirante isqueiro vira sabiá faqueirocadeira porta e chinela se duvidar vira mesa lençol toalha janela viratudo feito cor feito quadro aquarela. O pintor pop pajé também viraqualquer coisa quando a tinta escorrendo vai no rumo da imagemseja peixe seja rio seja mar marina arara seja caju seja céu.

O meu querer não tem medida nem volume altura nada tem sóbeleza guardada no fundo do coração paixão vulcão terremoto tsunamiviração porrada de ferro em ferro salve Jorge e seu dragão. no ateliê domestre tudo tinta gentileza tempo de delicadeza flora finesse finezatem tanta da boniteza saída destes pincéis tem pajé pop pintor pare-cendo a luz acesa na cumeeira da casa no terreiro da fazenda noquintal à beira mar parece que o mundo todo gira dentro desta salagalos gatos garajais violeiros cangaceiros violões e mil punhais arreiosde ouro e prata nos cavalos do sertão. Aldemir mestre pajé pintor popbrasileiro me deu um peixe do mar do tamanho da alegria me deuterra tempo espaço me deu o que mais queria sua pintura de frutos asmais bonitas das flores, bichos ondas vacaria todas as cores das mãospor onde a tinta escorria.

FULÔDOLÁCIO>

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CANTO DA IRACEMA,

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HÁ 12 ANOS... PARTILHANDO CULTURAS!

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O PONTO DO CANTO

CANTO CULTURAL DO CEDROPo

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> O EDITAL

Nesta edição do Edital da Seleçãodos Pontos de Cultura do Estado do Ceará foram contemplados maiscem novos Pontos de Cultura, ampliando para 131 municípios doCeará contemplados pelo Programa, totalizando 242 pontos, sendo 42na Região Metropolitana.

O edital tem como objetivo apoiar instituições que desenvolvamações de impactos sócio-cultural em suas comunidades, atuando emredes sociais, estéticas e políticas, por meio de repasse de recursosfinanceiros do Programa Mais Cultura do Ministério da Cultura – Pon-tos de Cultura e Secretaria da Cultura do Estado do Ceará.

O repasse total do valor de investimento é de R$ 18 milhões emtrês anos, sendo R$ 12 milhões do MINC e de R$ 6 milhões de

A cultura cearense é pulsante. Que assim diga a nossa Fortaleza.Por seus diversos cantos proliferam batuques, malabares, teatro, pro-duções audiovisuais do Centro ao Pirambu; cantares ancestrais, regio-nais, urbanos. As artes visuais dentro e fora das galerias. A literaturaseja ela no papel, na web ou na mesa de bar vendida pelo escritorsonhador e marginal das corporações editoriais. Há de tudo!

Diante dessa miscelânea, surge a necessidade de registrá-la, co-nhecer seus protagonistas e coadjuvantes. Surge a vontade de falar deum lugar chamado Praia de Iracema, o satélite da vida cultural poraqui. Surge um canto, o Canto da Iracema. E assim começa a cami-nhada, que ao longo desses 12 anos é de trazer a cultura cearensepara junto do leitor. Falar do trabalho de nossos artistas e do queacontece no âmbito cultural de Fortaleza e do Ceará.

Agora, o Canto da Iracema passa a escrever a cultura de modoainda direto. Promovendo a cultura em sua forma prática. O Institutode Comunicação Sociocultural Canto da Iracema, responsável pelapublicação deste veículo, nos próximos meses passa a executar umnovo projeto: o Ponto de Cultura Canto Cultural do Cedro.

Selecionado entre os entre os novos projetos do II Edital da Seleçãodos Pontos de Cultura do Estado do Ceará, o Ponto de Cultura, atuarána região Centro-Sul do estado, respectivamente na cidade do Cedro. Oponto atenderá crianças e adolescentes de 07 a 15 anos, que partici-parão de oficinas de instrumentos de sopro, bateria, percussão, violãoe técnica de palco/roadie. No campo do audiovisual, oficinas dedocumentário e vídeo. Na comunicação, webdesign, redes sociais,Photoshop e rádio.

REVISTA DÁ NOVO PASSO NO FOMENTO E DIFUSÃO CULTURAL

> INFORMAÇÕES:Instituto de Comunicação Sociocultural

Canto da Iracema | (085) 3032 0941/9993 7430

contrapartida do Governo do Estado do Ceará. De acordo com o Secre-tário Francisco Pinheiro a meta é que até 2014 todos os municípioscearenses estejam contemplados pelo Programa.

> ENTENDA SOBRE PONTOS DE CULTURA

São entidades reconhecidas e apoiadas financeira einstitucionalmente pelo Ministério da Cultura e pela Secretaria daCultura do Estado do Ceará, que desenvolvem ações de impactosociocultural em suas comunidades, atuando em redes sociais, esté-ticas e políticas.

O Ponto de Cultura não tem um modelo único, nem de instala-ções físicas, nem de programação ou atividade. Um aspecto comuma todos é a transversalidade da cultura e a gestão compartilhada.Com informações da Secult.

“As oficinas são direcionadas para trêsnúcleos principais: música, vídeo comunica-ção. Em cada uma, construiremos atividades re-lacionadas, de forma que estes núcleos secomplementem. A produção das oficinas fica por contado pessoal do Panela Discos, nosso parceiro, que juntamen-te com pessoal local e demais profissionais do Canto irão, nesses 3anos, fazer com que todas as metas dos cursos sejam cumpridas”,declara Zeno Falcão, presidente do Instituto e coordenador geral doPonto de Cultura.

Os organizadores esperam atender diretamente, através dos cur-sos, um público aproximado de 500 jovens do local. E com as ativida-des externas, preveem o aumento substancial desse número.

“Já a partir do primeiro ano, quando teremos toda a grade doscursos, assim como a confirmação de todo pessoal envolvido, começa-remos a construir as bases da formação, que acontecerá em atividadeconjunta ao final do terceiro ano”, acrescenta Zeno Falcão.

O ponto será uma referência na região e as expectativas são deque todas as pessoas que se formem a partir dele façam parte daconstrução e manutenção de suas atividades além dos três anos pre-vistos.

Para a operacionalidade dos cursos, a estrutura será totalmentecoberta pelo próprio Ponto, sendo que as instalações e locações serãocompartilhadas em parceria com o Cedro Tênis Clube e com o InstitutoFederal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) – CampusCedro.

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