Revista Beyond

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11 erfil P Helena de Barros é mestre em design pela ESDI/UERJ [Escola Superior de Desenho In- dustrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro] com a dissertação Em busca da aura: dinâmicas de construção da imagem impressa para a simulação do original (2008) e designer formada pela mesma instituição em 1994 com o tema Design Gráfico e Novas Tecnologias de Imagem e o projeto gráfico A Alma Subi- tamente Entorpecida – ensaio gráfico sobre a sensibilidade, através de Antonin Artaud, Vas- lav Nijinski e Vincent Van Gogh (vencedor do prêmio Carmem Portinho de Arte e Cultura). Nos últimos 15 anos desenvolve projetos Retrato Vitoriano em homenagem a Ray Caezar 4 rte Digital A As imagens a seguir são trabalhos autorais onde o personagem Helenbar é modelo e designer das imagens, através de auto-retratos manipulado digitalmente, como o exemplo ao lado. Exposto inicialmente no site fotolog. com, Helenbar já recebeu mais de 1.120.000 pageviews de todo o mundo. A seguir você acompanha algumas das imagens e fragmentos da história de Won- derland, série baseada na obra original de Lewis Carroll, Alice no País das Maravi-lhas, de 1865. O trabalho completo da série com os outros fragmentos estão disponíveis no web- site de Helenbar, com outros auto-retratos, inclusive alguns comemorativos, entrevistas e trabalhos extraídos de seu portifólio. autônomos de design gráfico, principalmente impressos e projetos de exposição na área cultural. Especializada em tratamento de imagem digital para grandes formatos, é responsável também pela arte-finalização e pré-produção de projetos. Destacam-se os projetos desen- volvidos para o Museu do Índio, Anima Mundi, Natura, Nokia, Anna Bella Geiger e Centro Cultural da Light. Atualmente leciona as disciplinas de Ma- teriais e Processos Gráficos I e II no curso de graduação de Desenho Industrial da ESDI/ UERJ.

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Conteúdo da revista Beyonde, de Gráfica 2, para o curso de Desenho Industrial

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erfilP

Helena de Barros é mestre em design pela ESDI/UERJ [Escola Superior de Desenho In-dustrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro] com a dissertação Em busca da aura: dinâmicas de construção da imagem impressa para a simulação do original (2008) e designer formada pela mesma instituição em 1994 com o tema Design Gráfico e Novas Tecnologias de Imagem e o projeto gráfico A Alma Subi-tamente Entorpecida – ensaio gráfico sobre a sensibilidade, através de Antonin Artaud, Vas-lav Nijinski e Vincent Van Gogh (vencedor do prêmio Carmem Portinho de Arte e Cultura).

Nos últimos 15 anos desenvolve projetos

Retrato Vitoriano em homenagem a Ray Caezar

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rte DigitalA

As imagens a seguir são trabalhos autorais onde o personagem Helenbar é modelo e designer das imagens, através de auto-retratos manipulado digitalmente, como o exemplo ao lado.

Exposto inicialmente no site fotolog.com, Helenbar já recebeu mais de 1.120.000 pageviews de todo o mundo.

A seguir você acompanha algumas das

imagens e fragmentos da história de Won-derland, série baseada na obra original de Lewis Carroll, Alice no País das Maravi-lhas, de 1865.

O trabalho completo da série com os outros fragmentos estão disponíveis no web-site de Helenbar, com outros auto-retratos, inclusive alguns comemorativos, entrevistas e trabalhos extraídos de seu portifólio.

autônomos de design gráfico, principalmente impressos e projetos de exposição na área cultural.

Especializada em tratamento de imagem digital para grandes formatos, é responsável também pela arte-finalização e pré-produção de projetos. Destacam-se os projetos desen-volvidos para o Museu do Índio, Anima Mundi, Natura, Nokia, Anna Bella Geiger e Centro Cultural da Light.

Atualmente leciona as disciplinas de Ma-teriais e Processos Gráficos I e II no curso de graduação de Desenho Industrial da ESDI/UERJ.

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Pintando as Rosas

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Uma grande roseira se erguia à entrada do jardim: as rosas eram brancas, mas tres jardineiros se ocupavam em pintá-las de vermelho. Alice achou isso bastante curioso e aproximou-se para ouvir o que diziam. (...) – Vocês podiam me dizer, por favor – perguntou Alice meio tímida –, por que estão pintando essas rosas? Cinco e Sete não disseram nada, mas olharam para Dois. Este começou a explicar em voz baixa: – Bem, senhorita, o caso é o seguinte: isso aqui deveria ser uma roseira vermelha, mas por engano plantamos uma roseira branca. E se a Rainha der por isso, seremos todos decapitados, está entendendo?

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esign GráficoDPlaneta Energia:

Fotos da exposição permanente do Centro Cultural da Light.

» design gráfico da exposição e painéis iconográficos.[projeto de montagem de Simone Melo]2002

Aparição no Ar

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“Olhou em volta procurando algum meio de escapar dali, e se perguntava se poderia sair sem ser vista, quando subitamente notou uma curiosa aparição no ar: isso a princípio intrigou-a bastante, mas depois de observar durante algum tempo, per-cebeu que era um sorriso, e disse para si mesma: “É o Gato de Cheshire. Agora tenho com quem conversar”. – Como é que está indo? – perguntou o Gato, assim que teve boca suficiente para falar. Alice esperou até que os olhos aparecessem, e então cumprimentou-o com a cabeça. “Não adianta falar com ele” – pensou – “até que as orelhas apareçam, pelo menos uma delas”.

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ETC :: Quem você acha interessante no Brasil hoje, em termos de arte e cultura?

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As minhas referências de arte são mais internacionais como Pierre et Gilles, Mark Ryden, Jeff Koons, Joel Peter Witkin. Por aqui, gosto de uma ou outra coisa isolada.

Ainda não. Mas gostaria muito de ilus-trar os contos de Oscar Wilde.

atériasMWonderland: Helena de Barros, uma viagem com AliceEntrevista por Jussara Salazar

Et Cetera: Revista de literatura & arteCuritiba, n¼ 4, pp 104-109, set. 2004.

ETC :: Por que você escolheu Alice de Lewis Carrol para construir o seu trabalho? Você leu a obra dele?

ETC :: Nas imagens você se coloca no lugar da personagem. Por que? É apenas um trabalho de modelo?

Desde que li o livro pela primeira vez, tive muita vontade de me sentir no papel da Alice e vivenciar todas aquelas situa-ções. Este é o motivo de usar a minha própria imagem para o personagem, é um tipo de projeção e realização pessoal. Além disso, ela é o único personagem real e humano da história, o que faz do livro um excelente roteiro para o trab-alho individual de fotomontagem, já que a única pessoa com que preciso contar sou eu mesma e posso desenvolver todos os outros personagens digitalmente.

As versões infantis de Alice, sempre me deixaram muito intrigada quando era criança. Na adolescência, com uns 17 anos, finalmente li o original de Lewis Carroll, na excelente tradução do Sebas-tião Uchoa Leite e fiquei completamente encantada com o humor insólito, os jogos com palavras e costumes, e a total liberdade criativa. Desde então, tenho uma certa obsessão pelos mundos de Alice. Eles representam, para mim, uma mistura do sarcasmo e psicodelismo adultos com a mais encantadora nos-talgia infantil. A narrativa de Carroll é recheada de imagens deliciosas, sempre as construo na minha cabeça. Tentar realizá-las graficamente é uma grande satisfação...

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ETC :: Como é o processo de montagem das imagens?

O processo é bastante individual e solitário. Concebo as cenas, fotografo os objetos e a mim mesma, pesquiso imagens e referências, faço desenhos vetoriais e a manipulação de imagens. Como estou me inspirado numa estória riquíssima, a primeira coisa é ler trechos do livro, pra ver que imagens aparecem na minha cabeça. Como não estou me vendo no momento do click, chego a fazer até 90 fotos para selecionar os

elementos que quero. Faço um grande Frankstein, com um pedaço de cada foto, as vezes o rosto vem de uma, a perna de outra e o laço do vestido de outra ainda... esta é a parte que demora mais com os retoques, ajustes de cor e recortes. Quando o corpo está montado, começo a construir o cenário e os outros perso-nagens. Fotografo muitas plantinhas em jardinzinhos na rua, bichos de amigos e pesquiso referências em livros e na internet também. O trabalho todo é feito usando apenas o Photoshop. Os originais das minhas fotos são bastante precários, tenho que superar grandes problemas técnicos, pois faço todas as fotos sem nenhuma iluminação especial com uma camera de apenas 4 mega pixels, para chegar num resultado de impressão quase 4 vezes maior. É praticamente uma pintura de pixels, onde reconstruo a imagem em todos os detalhes, cores e formas.

ETC :: Você tem novos projetos?

Minha intenção é a de realizar as ima-gens que o texto me inspira. Quero dar forma ao texto. Procuro ser o mais fiel à estória possível, mas às vezes percebo que alguns detalhes eu imagino um pouco diferente, e aí privilegio a minha memória afetiva. Por mais fiel que eu tente ser, o resultado de uma imagem sempre é muito mais específico e fechado em si mesmo do que o texto, que pode ser recriado na mente de cada um, à sua maneira. Desta forma, acho que eu estou recontando e ao mesmo tempo recriando, acrescentando muitas inter-pretações pessoais.

ETC :: Na escolha das cenas você in-terfere, por exemplo, você cria novas situações a partir do texto ou segue à risca os capítulos do livro de Alice?

Coleciono “santinhos” antigos há oito anos e trabalho a partir destas imagens. É um projeto muito menos pop do que a Alice, mais introspectivo.

ETC :: Você já trabalhou com outros autores da literatura?