Revista Ásiaki

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· Visual Kei em Belém. pág 3

· O Laço entre Brasil e Japão. pág 11

· Espiritualidade do Seicho-no-ie. pág 14

· A rejuvenescedora massagem tailandesa. pág 18

· Conexão digital Brasil Japão. pág 22

· Os quimonos de Belém. pág 25

· Viaje pela mundo de Chihiro. pág 29

· A arte da dança oriental. pág 31

· A tradição da literatura japonesa. pág 35

· A ideologia do judô. pág 39

· O budismo e a sociedade de valores. pág 42

· A terapia contra demônios. pág 44

· Realidade aumentada. pág 47

· A arte da imortalidade. pág 49

· A filosofia do taoísmo. pág 52

· O país do futebol. pág 55

· O canto transcendental. pág 59

Oriente na Amazônia? Este foi o ousado desafio dos estudantes de curso de Comunicação Social – Jornalismo, da Universidade Federal do Pará, ao idealizar a Revista ÁSIAKI. A proposta era combinar diversidade cultural, novas visões de mundo e a boa e velha dose de entretenimento cotidiano. Conseguimos? Ao leitor, deixamos a tarefa de folhear essa idéia. Mas, o que a cultura oriental tem haver com a “Belém-Amazônia-Brasil”? Diríamos quase tudo. O cotidiano daqui não diferente do daí, do de lá e,

muito menos, do outro lado do mundo. Logicamente, as práticas culturais são diversas e singulares. Entretanto, somos, em sua maioria, homens e mulheres urbanos, consumidores de uma cultura global e híbrida por natureza. Por conta dessa mistura, reunimos o que de Oriente tem na Amazônia e o que de Amazônia tem no Oriente. Esporte, literatura, cinema, economia, religião. Dos diversos temas aos mais invisíveis dos prazeres de uma população que convive com o rotineiramente inusitado.

Nesta edição

Ficha técnica

* Professores responsáveis: Ana Petruc-celli, Ronaldo e Simone Romero.* Produtores de textos e fotos: Abílo Dantas; Aílton Faro; Andréa Mota; Brena Freire; Clareana Rodrigues; Felipe Cortez; José Fontelles; Josué Ri-beiro; Killzy Lucena; Paula Catarina; Raphael Freire; Suanny Lopes; Wellington Lima

* Diagramação e tratamento de imagens: Raphael Freire

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por: Felipe Cortez e Raphael Freire

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Jaime Neto é o precursor do movimento

Cultura pop japone-sa em Belém

Muito vermelho, flores coloridas, karaokê...Tradicionalmente, o Japão é conhecido por expressar sua

cultura brilhantemente colorida por meio de comidas diferentes, quimonos de cores vibrantes, teatro com

personagens típicos. Mas durante a 2ª Guerra Mundial, a vida dos japoneses mudou como se tivesse desaparecido

toda a tradição e encantamento da sociedade japonesa.

· A tradição da literatura japonesa. pág 35

· A ideologia do judô. pág 39

· O budismo e a sociedade de valores. pág 42

· A terapia contra demônios. pág 44

· Realidade aumentada. pág 47

· A arte da imortalidade. pág 49

· A filosofia do taoísmo. pág 52

· O país do futebol. pág 55

· O canto transcendental. pág 59

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impulso e o desejo de expressar seus estilos e car-acterísticas que lhes são próprios foram reprimidos. Os japoneses viviam em uma sociedade onde os valores individuais e os padrões de homogeneidade eram im-postos com a justificativa para alcançar a supremacia econômica e tecnológica, na tentativa de reerguer o país que havia sido destruído durante a guerra. Em casa, na escola e entre amigos, a regra era simplesmente aceitar e seguir os mandamentos impostos pelo grupo. Com quase todos os prazeres individuais negados, a nação perseguia seus objetivos em concordância harmoniosa e sempre com pensamento coletivo, deixando de lado a riqueza cultural e a variedade individual. Cansados dessa uniformização e padronização, di-versos movimentos surgem com o objetivo de buscar a individualidade e expressão dos sentimentos mais profundos. Um dos precursores é o J-Rock ou rock japonês, movimento musical de contra-cultura que surgiu com a intenção de romper com convenções. “Os

jovens japoneses não tinham imagem definidas deles mes-mos. Por não saberem, ainda, a pensar como indivíduos, eles queriam se libertar das semelhanças, abraçando o diferente, o exótico”, diz Ken Ohira, autor de 10 livros sobre psiquiatria de adolescentes. Todo esse desespero

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pela busca da diferencia-ção do todo é perfeita-mente vista por meio de um movimento visual chamado de Visual Kei ou simplesmente VK. Antes de tratarmos mais a fundo sobre o Visual Kei, uma coisa deve ser esclarecida: todo VK pertence ao J-Rock, mas nem todas as bandas adotam o es-tilo VK. Ambos estão estreitamente relacionados. Se você está lendo essa matéria e chegou até aqui con-seguindo perceber que VK e J-Rock não são a mesma coisa, parabéns! Mas se você ainda não entendeu essa diferença, a hora é agora. Imagine que você é um adolescente japonês que está cansado de seguir as normas que lhe são impostas e de se vestir quase igual a todo mundo. Por ser um estilo musical popular no Japão, você ouve J-Rock e gosta bastante da mistura de sons. Depois fica sabendo o que compõe todo esse movimente e começa a se vestir como os integrantes dessas bandas. Pronto você já é um VK! A partir de agora, você passa a usa roupas muito chamativas, maquiagem bastante carregada, muitas vezes aposta nas tentativas de copiar modelos de personagens de animes... Segundo a psicóloga Sandra Bastos, tipos de comportamentos como este ocorrem principalmente devido uma fase conhecida como polarização, onde o desvio de atenção do âmbito familiar é transferido para o social. “O adolescente começa a descobrir uma outra visão de mundo, ele está deixando de priorizar o núcleo familiar e começa a priorizar o núcleo social e as relações interpessoais”, explica. Com essa transformação o adolescente procura se apoiar em alguém que o entenda. “Quando começa a ter os primeiros embates com a família, o grupo social funciona como um suporte para esta fase de insegurança, descoberta, transição. O grupo é compreensivo, acha que ele está certo. A necessidade de se sentir igual, de ser aprovado em um grupo, pode ser motivada por diver-

O Visual Kei é apenas uma vertente dentro do J-Rock,

que pode ser considerado um dos principais, ou o principal,

movimento que romperam com convenções e com a

desindividualização no Japão.

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A turma de VK’s se reúne todos os fins de semana na cidade

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sos fatores. Todos os adolescentes querem chamar atenção, com tanto que não chame atenção sozinho”, explica Sandra. Essa busca pela individualidade do grupo muitas vezes é alvo de preconceitos e estra-nhesa, principalmente pelos mais tradicio-nalistas. “Já aconteceu de eu estar andando na rua e uma senhora, quando me viu, desviou o caminho para não passar perto de mim”, conta a promoter e empresária Cris Vasconcelos, 30, dona da banca Cristal Mistical e VK. Existem bandas que não abusam de roupas e maquiagens elaboradas e per-formances extravagantes – seguem uma tendência mais ocidental na maneira de se vestir –, mas tocam J-Rock, entre elas estão as bandas 175 R, L’Arc~en~Ciel, Sex Machineguns, Wyse, BUCK-TICK. “Pro ado-lescente ‘o mundo é seu limite’. O processo de rebeldia, de ser diferente, de querer aparecer é passageiro”, justifica Sandra.

Esse estilo musical é bem difícil de ser classificado, pois cada banda possui a sua maneira de tocar e nem sempre seguem o mesmo estilo o tempo todo. As bandas de J-Rock sofrem influência de outras derivações do rock, punk e metal. Quando grupos musicais resolvem mudar a sonoridade das músicas, eles não param por aí: mudam todo o aparato, o interesse e o pensamento. Quando questionados sobre a qualidade das músicas, os jovens disseram que retratam a realidade da nossa sociedade. “A música não é para ser entendida, mas para ser sentida”, conta Giovanna Sovano, 17, VK desde os 14 e gosta de ser chamada de Gika. Apesar desse estilo se chamar J-Rock (rock japonês), ser popular no Japão e as bandas serem compostas todas por japoneses, a maioria dos nomes das bandas não são es-critos em japonês: Malice Mizer, Dir em Grey, X Japan, entre outras. Em Belém existem cinco bandas (Otaku Band, X Japan Cover, Shinob 88, Kuroi Usaghi e Hasenga) que se dedicam a tocar no estilo do rock japonês e que também são adeptas do Visual Kei, as bandas geralmente tocam em reuniões feitas pelos próprios integrantes ou em eventos como o Japan Rock Festival, que está sendo organizado por Cris.

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A turma de VK’s se reúne todos os fins de semana na cidade

Alguns se vestem para

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Algumas garotas se vestem com roupas maculinas

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Otaku, é?“O seu clã” ou “a sua família” são os significados originais da palavra japonesa otaku. Porém, no Japão da década de 80, Otaku virou sinônimo de fanático ou maníaco. A popu-larização da palavra entre os fãs de anime ocorreu por vol-ta de 1989, quando o croni-sta Akio Nakamori utilizou a palavra em um de seus livros, “A era de M”, cujo enredo descreve uma série de assas-sinatos praticados por um viciado em animes e mangás pornográficos. A publicação contribuiu para disseminar uma imagem pejorativa do otaku, que passou a sugerir o portador de qualquer tipo de obsessão dentro e fora de Nihon. O viciado em videog-ames, por exemplo, é um g–mu otaku. Já um pasokon otaku seria um maníaco por com-putadores. Anime e mangá otakus são os fãs do universo dos desenhos japoneses.Em Belém, o fenômeno Otaku já se encontra consolidado, mas reservado a um pequeno público, composto por fãs que buscam trocar informações sobre seus desenhos favoritos e acabam se tornando grandes amigos, formando ramificadas redes de relações. Uma delas pode ser observada no Orkut,

VK’s de Belém buscamidentidade própria O movimento que mudou a cara do rock japonês a partir da década de 80 surgiu em Belém no seio de um outro fenômeno da cultura nipônica, o universo Otaku. Em 2004, um amante dos desenhos japoneses chamado Jaime Netto, 16, plantou as sementes do Visual Kei na Cidade das Mangueiras. Ele percebeu que, apesar dos eventos direcionados para os fãs de desenhos japoneses já apresentarem vídeos-clipe das bandas visuais de J-Rock, ninguém via nisso a inspiração para se vestir como estes artistas, como até então só se fazia com personagens de desenhos. Jaimediz que sempre foi “alucinado” por cultura japonesa. Sempre participou das festas promovidas pela comunidade nipônica local e buscou ler tudo o que lhe caia nas mãos sobre a cultura oriental. “Até que um dia, numa revista de variedades que o consulado japonês do Pará distribui, tinha uma matéria sobre Harajuku. Eu achei curioso e resolvi pesquisar mais na internet. Nessa época, em meados de 2003, eu nem sabia que havia eventos de anime em Belém e que faziam cosplays. Daí, no ano seguinte, quando fui ao primeiro evento, vi pessoas fazendo cosplay e clipes de j-rock como atrações do evento, mas ninguém fazia VK”. No Animazon, realizado no Taikai (tradicional encontro de otakus em Belém) de 2005, Jaime, acompanhado de Giovanna Sovano, amiga da escola, usava roupas pretas

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O hobbie dos jovens é posar para fotos nos fins de semana

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Rege, celebridade entre os VK’s de Belém

mas precisamente na comuni-dade Animazon. “A gente não

conhece todo mundo, mas essas redes de relações per-

mitem que a gente possa di-vulgar os eventos”, diz Arcan-

jo – na verdade Alexandre – otaku de 24 anos que continua

firme no que gosta e faz cara feia para quem ainda acredita que anime é coisa de criança

ou adolescente. A divulga-ção do primeiro Tomodachi de

2008, ocorrido em março, por exemplo, foi feita apenas por Orkut. Assim, conseguimos

reunir no Cefet-PA cerca de 700 otakus. Os principais

eventos de Belém são o ‘Otaku no Matsuri’, ‘Tomodachi-Con’, ‘Animazon no Taikai’ e o ‘Animazon Connection’ (os dois

últimos se diferenciam apenas pelos grupos organizadores).

Nesses eventos, os otakus basicamente fazem concursos

de cosplay, onde quem vence é quem imita a atitude e se

veste mais fielmente como os seus personagens de desenho

favoritos; cantam os animesongs ou outras músicas asiáticas

que gostam. Além disso, jogam games como Super Smash Brothers e The King of Fighters e

também dançam, conhecem novos otakus e trocam idéias sobre os velhos e novos an-

imes da praça.

e rasgadas e maquiagens feitas pelos próprios adoles-centes, que lembravam os VK’s da década de 90, em que predominou o Kote Kote Kei (ver boxe ‘Gêneros de Visual Kei’). “Já no nosso segundo VK nos preocupamos em mandar fazer as roupas em costureiras e tivemos mais cuidado com cabelo e maquiagem. Algum tempo depois, o garoto adotou um pseudônimo, como faz todo VK. Seu novo nome era Hooki. “Hooki pode significar várias coisas: abandono, rebeldia, difer-ente e vassoura. Naquela época o que eu queria mesmo eram os três primeiros significados. Vale lembrar que todo artista do cenário J-Rock/Visual Kei adota um pseudônimo”, Jame continua dando exemplo do guitar-rista da banda The Gazette, conhecido como Aoi (significa “Azul”), que, na verdade, se chama Shiroyama Yuu, um nome comum no Japão. “Inspirado nisso, muitos fãs adotam pseudônimos também”. Hoje, os eventos que reúnem os otakus da cidade recebem VK’s aos montes. Entretanto, também há encontros exclusivos para esses grupos, que ocorrem geralmente sob as for-mas de reuniões fecha-das em locais específicos – casas, salões alugados e praças reservadas – e de passeios do tipo Hara-juku, em que os VK’s desfilam, em grupo, por lugares públicos como um shopping, uma praça ou um bosque. Já nas reuniões fechadas, os VK’s ouvem e conversam sobre J-Rock, cantam músicas que gostam em karaokês, brincam, para não deixar nada passar em branco, se fotografam. É a fotografia aliás, que permite o contato de outros otakus com o universo do VK através de sites de relacionamento como o Orkut, ferramenta virtual já enraizada na cultura comunicacional desta turma. Reges, lembra que Visual Kei não está ligado apenas

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à aparência. “Visual Kei não é só pose, é uma atitude. Não adianta querer fazer um figurino bem feito se a pessoa não conhecer o j-rock e as bandas. VK não é uma tribo, é um movimento”, diz o jovem de 18 anos, vocalista de pelo menos três bandas de música japonesa de Belém, também animador de encontros, cosplayer e, além de tudo isso, o rapaz ainda se dedica em ser o hair design do grupo. Isso mesmo, Reges prepara os cabelos dos amigos VK’s e o próprio, além de conhecer técnicas de maquiagem. Não é à toa que ele cursa Design em uma faculdade de Belém. Para ver o

Harajuku: O outro lado do espelho Belém não possui um “point” específico para o Visual Kei. Normalmente, nossos VK’s se reúnem em locais como Parque da Residência e Casa das Onze Janelas, onde, dizem com unanimidade, ficam a salvo de “olhares maldosos”. Entretanto, no berço do movimento músico-visual japonês, há um bairro que acolhe todos os fins de semana, não apenas os VK’s, mas todas as tribos de Nihon.. Quem chega de trem à província de Shibuya (em Tóquio) pela linha Yamanote e dá os primeiros passos para fora da estação Harajuku pode se sentir transportado para outra dimensão da moda alternativa, onde seres, aparentemente jovens e humanos, desfilam com o que há de mais in-imaginável na arte de se vestir. Adolescentes as portas da vida adulta, perseguidores do reconhecimento à sua singularidade. Bairro tradicional da moda underground japonesa, Harajuku, herdeiro do nome da estação que circunda, é, aos domingos, um dos maiores palcos da imaginação oriental. Grupos de adolescentes com estilos em comum transitam pelas ruas, consomem nas lojas das grandes grifes, conhecem outros jovens e obser-vam peças que poderão usar de um jeito diferente do observado no próximo domingo. Garotas Gyaru de ar infantil posam loiras e bronzeadas para as lentes curiosas de amigos e turistas. Loli-tas, góticas ou elegantes, observam sorridentes os artistas de rua não menos exuberantes, rodeados de cosplays de bandas de J-Rock e Visual Keis. Muitos flashes, vídeos gravados, apresentações de novas

Um dos locais preferidos dos VK’s de Belém é o complexo Feliz Lusitania

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bandas e a tecnologia “made in japan” afloram a todo minuto em cada esquina. No fim da tarde de domingo, começa a metamorfose. O que eram seres de intrigante e, muitas vezes, apaixonante aparência, entram em casúlos – geralmente os banheiros de lanchonetes como McDonald’s e Burger King – para tornar às suas formas originais. Harajuku recebe todos os domingos entre 3 e 4 mil jovens que, não raro, passaram a semana ralando na escola, dando duro no trabalho e se comportando bem no ambiente familiar para, naquele dia, provar sua capacidade de superar moda(s) do do-mingo anterior, desenhando, produzindo e usando suas próprias peças.

Criatividade e grana Incorporar o grotesco Eroguro Kei ou o tradicional An-gura em um figurino oportuno não é tarefa para qualquer um. Se a criatividade é fundamental para a confecção da peça, a verba para continuar produzindo é indis-pensável. O processo de criação é demora-do e exige paciência. Basicamente, segue as seguintes etapas: 1) escolha do visual,

pode ser cosplay do integrante de uma banda ou mais uma criação pessoal; 2) a pesquisa dos materiais, peças e assessórios que vão compor o figurino; 3) testes e pesquisas de cabelo e maquiagem; 4) teste de tecidos, linhas e assessórios com a costureira; 5) finalização do figurino. Ter paciência ajuda muito na escolha dos elementos adequados a cada composição, já que é quase impossível alcançar o resultado ideal num primeiro instante. Feira pós-moderna, a internet é um dos locais mais indicados para o início das pesquisas de construção do figurino. Sites de venda são as principais barracas para consulta.

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Os garotos também ousam com roupas femininas

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Encontrar uma costureira paciente e com habilidade de cópia suficiente para produzir exatamente o que se pede é outra tarefa difícil, mas não impossível. É com essa profissional que eles trocam informações diariamente em busca da costura perfeita ou da manga de corte reto do casaco para um visual aristocrático, por exemplo. Diferente do Cosplay, em que a necessidade de alcançar uma semelhança extrema com o original é o que conta, a criação do VK é livre e permite o reaproveitamento de peças. E, em se tratando de Visual Kei, o importante é agregar o máximo de informações e inovação. Botas com salto plataforma velhas são exemplos de peças aproveitadas por adeptos de vários estilos VK.O preço das roupas, assessórios e cosméticos varia bastante. Existem visuais em que se gasta R$30 – com maquiagem e alguns detalhes – e outros que custam R$300. Não existe um preço fixo, pois cada criação é única. Mas a construção sempre exige um investimento. “As roupas do meu primeiro visual eu tinha em casa. Já o segundo, em que fiz cosplay do Mana (do Malice Mizer) em Beast of Blood, tive que pegar várias fotos e levar na costureira”, diz Gio-vanna Sovano, 17, que fez seu primeiro VK em 2005. Quem faz VK em Belém, então, é quem possui, além da criativ-idade, recursos para a empreitada. Dinheiro esse que vem do tra-balho próprio – como fazem muitos jovens em Harajuku para ali-mentar seus hobbies – ou dos pais. É pos-sível obter ajuda para a produção de figurinos com quem entende disso em Belém. Mem-bros da comunidade Visual Kei Pará, do Orkut, ensinam onde pesquisar e indicam costureiras que já trabalharam com VK e cosplay.

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As ruas de Belém servem como passarelas de desfile de moda

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Ingrediente essencial na alimentação dos dois países, o arroz se apresenta em diversas versões e acom-panhamentos: tradicional, à grega, sopa de arroz do pai José (mais uma dieta para emagrecer) e os diversos tipos de sushi que existem: Niguiri, Gunkan, Norimaki, entre outros. Sozinho ele in-tegra a lista dos mais nutriti-vos alimentos para consumo. Já serviu de moeda para pagamentos de impostos no Período Edo (1660 – 1800), no Japão. Além de ser con-siderada uma das armas da

longevidade. Atualmente teve o seu genoma decodificado em pesquisa realizada por cientistas de vários países, dentre eles Brasil e Japão. No Japão, o arroz é assunto de Estado. A rizicultura transformou a planície de Kanto, região leste do Japão, em uma zona bastante povoada. O cereal foi a principal atividade econômica do país até metade do século XIX, mesmo com as limitações de clima e solo da região. O território japonês apresenta limitações, devido ao

O laço entreBrasil e JapãoCulturalmente falando, Brasil e Japão são bem diferentes. Seja nas religiões tradicionais de cada um, nas relações internacionais ou na culinária. Enquanto um cria seus filhos para o mundo, o outro abriga três ou mais gerações da mesma família sob o mesmo teto; um produz filme carregado de mazelas do real, o outro exporta as lutas no patamar de arte. Entretanto, um alimento os une, o arroz.

por: Andréa Mota

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O Brasil é um dos maiores expotadores de arooz do mundo

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fato de 80% de área apresentar relevo montanhoso – meio desfavorável para atividades agrícolas – e apenas 16% de planícies, onde o cultivo é facilitado. Já o clima da região é favorável a esse setor agrícola, principalmente pela ocorrência de quatro estações do ano responsáveis em fornecer calor e umidade, exigida para o sucesso do cultivo. Antes mesmo de vir a ser um dos produtos agrícolas mais nutritivos, o Oryza Sativa – como o arroz é nomeado cientificamente – é considerado um alimento tradicional na cultura agrícola do Brasil desde 1530 quando foi en-contrado o primeiro registro de cultivo na capitania São Vicente, no período colonial. Hoje, o grão não só ocupa notoriedade na história como também movimenta a balança comercial anual no Brasil. Em 1989, o país tornou-se um dos principais importadores de arroz no mundo, atingindo, em 1998, uma média superior a 10% da demanda interna. Grande

parte dos brasileiros consome o produto, que é considerado o principal alimento da cesta básica e corresponde a 22% do orçamento ali-mentar mensal do trabalhador. A cultura do arroz, no Pará é introduz-ida no campo com o início do período

chuvoso, que se estende de janeiro a maio e como al-ternativa para cultivos em regiões úmidas. Boa parte do cultivo no Estado concentra-se na agricultura de subsistência. Com o objetivo de dinamizar o cultivo do arroz no país e ampliar parcerias com países que possuem história e ações de vanguarda na prática da rizicultura, foi realizado, no dia 26 de março, o “I Seminário Nipo-Brasileiro sobre a cultura do arroz”, em Brasília (DF). O evento, promovido pela embaixada do Japão no Bra-sil em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), inaugurou a união entre os países em questão.

A cultura do arroz, no Pará

é introduzida no campo com o início do período chuvoso,

que se estende de janeiro a maio e como alternativa

para cultivos em regiões úmidas. Boa parte do cultivo

no Estado concentra-se na agricultura de subsistência.

No Japão, o arroz é assunto de Estado. A rizicultura transformou a planície de Kanto, região leste do Japão, em uma zona bastante povoada. O cereal foi a principal atividade econômica do país até metade do século XIX, mesmo com as limitações de clima e solo da região. O território japonês apresenta limitações, devido ao fato de 80% de área apresentar relevo montanhoso – meio desfavorável para atividades agrícolas – e apenas 16% de planícies, onde o cultivo é facilitado. Já o clima da região é favorável a esse setor agrícola, principalmente pela ocorrência de quatro estações do ano responsáveis em fornecer calor e umidade, exigida para o sucesso do cultivo.

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O consumo médio de arroz no Brasil varia de 74 a 76 Kg/habitante/ano

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Oshizushi (sushi prensado): Um pedaço em forma de bloco usando um molde

de madeira, chamado oshibako. O chefe de cozinha alinha o fundo do

oshibako com a cobertura, cobre-o com arroz de sushi, e pressiona a tampa do molde para baixo para criar um

bloco compacto e retilíneo. O bloco é removido do molde e cortado em

pedaços que cabem na boca.

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Futomaki (rolinhos grandes): Cilíndrico e grande, é um dos mais populares sushis. Possui como recheio variada combi-nação de peixes, folhas e raízes. Tendo tradicionalmente recheios ímpares, é um dos mais aprecia-dos em festivais e datas comem-orativas.

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Makizushi (sushi enrolado): Um pedaço cilíndrico, formado com a ajuda de uma esteira enrolável de bambu, chamada makisu ou sudare. O makizushi é geralmente embrulhado em nori, uma folha de alga marinha desidratada que abriga o arroz e o recheio.

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Uramaki (enrolado ao contrário): Um pedaço cilíndrico médio, com dois ou mais

recheios. O Uramaki se diferencia dos outros maki porque o arroz está na parte externa e o nori na interna. O recheio fica

no centro, rodeada por uma camada de nori, então uma camada de arroz e uma

cobertura de ovas de peixe ou sementes de gergelim torradas completam a especiaria.

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Juventude,Espiritualidade eEngajamentoJovens do Brasil inteiro resolveram seguir uma doutrina que prega a manifestação do amor em todos os atos, anulação do ego e a prática da meditação como maneira de iluminar a

por: Brena Freire

Isso é algo de grande destaque, pois egoísmo, vaidade e stress parecem palavras de ordem no mundo moderno. Por isso, a Seicho-No-Ie, filosofia/religião de origem japonesa, tem se mostrado um ótimo seguimento para quem decide viver melhor buscando o equilíbrio mental e espiritual. Qualquer pessoa pode ser adepta da Seicho-No-Ie, e cada vez mais aumenta o número dos que entram em contado com sua doutrina e re-solvem praticá-la. Mas a Associação dos Jovens da Seicho-No-Ie (AJSI) merece atenção. Ela existe desde 1948 e tem o objetivo de difundir a doutrina e despertar a capacidade de cada jovem seguidor, a partir de 15 anos, para benefício próprio e da sociedade. A AJSI é uma das organizações da Seicho-No-Ie que promove eventos e reuniões semanais com o foco na difusão dos ensinamentos. Cada cidade possui uma As-sociação regional e cada regional possui uma local (AL). Em Belém existem três Associações Locais em que muitos jovens desenvolvem trabalhos. Juliana Bandeira, 17 anos, é ligada a Seicho-No-Ie

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As reuniões acontecem semanalmente Belém

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desde a infância. Ela conta que ao nascer, teve problemas de saúde, e sua mãe, conhecedora dos ensinamentos, mas afastada na época, procurou a religião em busca de ajuda. Ao crescer, Juliana começou a se interessar pelos ensinamentos, e hoje é presidente da Associação Local Umarizal. Outros jovens simplesmente se interessam pela doutri-na e resolvem segui-la, como Jádua Fernandes, 26. Ela

começou a frequentar as reuniões por convite da mãe e atualmente faz parte da AJSI. Jádua conta que por causa da prática dos ensinamentos, já realizou muitos desejos, principalmente a con-quista de seu primeiro emprego. A existência de uma Associação de jovens é justificada pelos diferentes in-teresses. Por esse motivo, assim com os jovens, os homens adultos, as mulheres, os professores e os empresários possuem grupos específicos em associações. No entanto, essas especificações não dificul-tam a participação de pessoas de fora nas reuniões. “Não queremos que as pessoas pensem que aqui é fechado só para quem já participa. Sou católica, mas freqüento a Seicho-No-Ie assim como vou à missa. Os espíritas, evangélicos, católicos... Todo

mundo é bem vindo!”, ressalta Juliana Bandeira. Em todas as organizações há um Preletor, uma pessoa que toma a dianteira durante as reuniões, lendo os sutras e fazendo as orações. A Preletora Vitorina faz parte da AJSI de Belém e passou a exercer o cargo depois de passar por alguns níveis de estudo e de trabalho na As-sociação. “Os jovens precisam de orientações específicas” disse a Preletora ao explicar a necessidade de os jovens se reunirem e trabalharem para a Associação. “As pessoas devem ter um canal para conversar com Deus.”, disse Juliana ao se referir à necessidade que as pessoas, incluindo os mais jovens, têm de um direciona-mento espiritual, “A Seicho é um bom caminho porque as pessoas precisam se reverenciar mais como filhos de Deus, e entender que a vida que pulsa em nós, nada mais é que a vida de Deus.”, completa. Na Associação Local Umarizal, as reuniões acontecem todos os domingos às 17h na rua Generalíssimo Deodoro

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Sobre a Seicho-No-Ie Embora a Seicho-No-Ie tenha se tornado oficial em 1930, já era praticada anteriormente em uma vila no município de Kobe no Japão. Seu fundador foi Masa-haru Taniguchi que ficou muito conhecido durante a II Guerra Mundial, incorporando elementos do Xintoísmo, Budismo e cristianismo na nova doutrina. Chegou ao Brasil trazida pelo grande número de imigrates japoneses no início do século XX. Em pouco tempo os ensinamentos da Seicho-No-Ie já es-tavam difundidos em todo país por meio de revistas e calendários. A Seicho-No-Ie ou “Casa da Plenitude” pode ser considerada uma religião ou uma filosofia de vida. Seus adeptos crêem que somente Deus e o que ele cria, prin-cipalmente os humanos, existem verdadeiramente. Todas as outras coisas são manifestações da mente humana, não

SEICHO-NO-IEOs praticantes e sua doutrina

· Agradecer a todas as coisas do Universo;

· Conservar sempre o sentimento natural;

· Manifestar o amor em todos os atos;

· Ser atencioso para com todas as pessoas, coisas e fatos;

· Ver sempre a parte positiva das pessoas, coisas e fatos, e nunca as suas partes negativas;

· Anular totalmente o ego;

· Fazer da vida humana uma vida divina e avançar crendo sempre na vitória infalível;

nº 675, entre Domingos Marreiros e Boa Ventura. Todos são convidados, sem restrições.

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Na AJSI também são vendidos livros sobre a doutrina japonesa

Organização Atualmente a Seicho-No-Ie do Brasil é dividida em cinco organizações: Associação Fraternidade, Associa-ção Pomba Branca, Associação dos Jovens, Associação da Prosperidade e Departamento de Educadores. Tais organizações promovem eventos para diferentes tipos de publico, dando atenção especial a cada um. Além disso, programas de TV e rádio, livros e revistas, são utilizados para propagar as ações dessas organizações, bem como os ensinamentos da doutrina. Existem tam-

bém as Academias de Treina-mento Espiritual procuradas por quem deseja equilíbrio e paz interiores. Em 2006 foi inau-gurado em São Paulo o Museu Histórico da Seicho-No-Ie do Brasil, atendendo a necessidade de preservação da memória do seguimento no país.

tem a mesma natureza divina. Nesse sentido, doença, pecado, morte e até mesmo o mal não são eternos, por isso não existem. São projeções da mente humana.A essência de toda a doutrina é que “O homem é filho de Deus” e por isso precisa manifestar sua perfeição praticando cotidianamente os atos de amor e caridade, leituras de Sutras sagrados e a meditação. Como con-

sequência da prática dessas ações, os seguidores da Seicho-No-Ie acreditam ser contemplados com fatos milagrosos como a cura de doenças, harmonia em seus lares, solução de problemas econômicos e êxito profissional. Pessoas de qualquer religião podem ser seguidores dos ensi-namentos da Seicho-No-Ie. Isso porque é uma filosofia que não prega o sectarismo religioso, ou seja, para os seguidores, todas as religiões possuem bons aspectos. Todas provêm de um único Deus, o que aliás é outro ensinamento: o monoteísmo.

Para saber mais

Seicho-No-Ie do Brasil: www.sni.org.br

Sede de Belém: Av. Generalíssimo Deodoro, 675 - CEP 66055-240 Fone/Fax.: (91) 3224-5579 / 3212 - 4458

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Massagem Tailande-sa: relaxante e reju-venescedora

Dores na costa, pernas, cabeça, ansaço, estresse... Essas são reclamações comuns que ouvimos (e também sentimos) diariamente de trabalhadores que passam de seis a oito horas exercendo sua profissão. Mas essas pessoas se queixam porque ainda não conhecem um estilo de massagem oriental que promete relaxamento, tranqüilidade e a capacidade de preservar a juventude.

por: Raphael Freire

A massagem citada acima é conhecida como Thai Massagem ou simplesmente Massagem Tailandesa. Desenvolvida no século V a.C - época de Siddhartha Gautama, o Budha - pelo médico indiano Jivaka Kumar

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Bhaccha (considerado o pai da medicina tailandesa) na região que hoje compreende a Índia e o Nepal, a técnica chegou à Tailândia - por tradição oral mestre/discípulo há quase 2500 anos com a expansão do Budismo na região. Intimamente ligada a essa doutrina, a massagem Thai é um caminho para se cultivar os quatro estados divinos de: Metta (bondade amorosa), Karuna (com-paixão), Mudita (alegria contagiante) e Uppekha (im-

parcialidade, não-agressão). Hoje, é praticada como um dos pilares da medicina tradicional tailandesa, que é composta por quatro ramos distintos: a medicina nutricional, a fitoterapia, a prática da meditação, além da própria massagem. Com um enfoque mais energé-tico do que físico, a Thai Massa-gem é feita por meio de pressões profundas com as mãos, pole-gares, joelhos, cotovelos e ante-braços nos canais chamados Sen, por onde circula a energia vital do corpo e também por alonga-mentos musculares, manipulações articulares e torções. O objetivo é

liberar os bloqueios e estagnações da energia vital, para que haja um equilíbrio no nível de energia essencial à manutenção de um indivíduo saudável e livre de dores; ou seja, manter em equilíbrio e harmonia o corpo, a mente e o espírito. A cadência dos movimentos da massagem propicia um profundo relaxamento e bem-estar interior tanto para o cliente como para o massagista. Por isso, para que a eficácia da massagem seja alcançada é necessário que o terapeuta utilize a meditação e o Yoga; e o cliente precisa respirar profundamente, além de ambos estarem em um lugar tranqüilo. Durante uma seção, que dura em média duas horas, há um sentido de fluidez, integração e companheirismo. “O corpo físico tem memória emo-cional . Muitas vezes quando tocamos alguém, estamos tocando os pais e a família e toda a influência deles na pessoa. Estas memórias estão enraizadas nos músculos, tendões,olhar, postura, respiração. A intenção da Mas-sagem Thai é então , dissolver memórias emocionais

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Ligação com o erotismo Logo quando se pensa em massagem tailandesa a primeira imagem que vem em nossas mentes é a de prostitutas oferecendo-a em troca de dinheiro. Não se pode negar que esse tipo de massagem possui uma con-hecida conotação erótica, mas esse não é o real sentido da massagem. No Ocidente a massagem tailandesa foi disseminada como sendo uma massagem de cunho erótico, servindo para excitação e prazer sexual, sendo distorcida a sua natureza terapêutica e espiritual. Segundo Sônia, as guerras no Oriente - em especial as do Vietnã, Laos e Camboja, países vizinhos da Tailândia – contribuíram para o crescimento da prostituição e outras circunstâncias sócio-econômicas da própria Tailândia. Foi dessa forma que os ocidentais tiveram o primeiro contato com a Thai Massagem, sob a experiên-cia da conotação sexual. O contato corporal nesse tipo é massagem é muito intenso, mas o nível de concentração, relaxamento, confiança e seriedade é muito alto; além disso, o “paciente” permanece ves-tido em roupas confortáveis durante a massagem Thai e não são necessários óleos para a pele. As pessoas estão buscando cada vez mais um conforto espiritual, onde as relações humanas ultrapassem cada vez mais os valores mate-riais e as pessoas busquem uma vida subjetivamente mais saudável e mais próxima dos seus semelhantes.

que possam estar limitando o crescimento verdadeiro do cliente”, conta Sônia. Apesar de tantos benefícios, a massagem é contra indicada para pessoas que sofrem de doenças cardíacas congestivas, osteoporose, as que possuem próteses de joelho, quadril, etc.

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Espiritualidade Nós ocidentais estamos

acostumados a um médico nos receitar remédios para

que uma doença seja curada, talvez por isso, às vezes é difí-cil acreditarmos no potencial

de cura dado a um ser vivente, como sendo um dom da

própria natureza. “Todo o que sofremos no corpo físico é

apenas expressão do que está em desequilíbrio nos planos energéticos e sutis de nossos

corpos psíquicos, emocio-nais e espirituais. Por isso, no

oriente, a medicina sempre esteve ligada às práticas es-

pirituais. Todos os recursos e procedimentos médicos deco-rrem desta visão espiritual do ser humano”, diz a terapeuta

corporal Sônia Imenes.

Thai Massagem na GravidezA Thai Massagem é uma prática meditativa que promove estados meditativos e contem-plativos que estreitam os laços mãe/filho e permitem à gestante saborear uma gravidez prazerosa e saudável. Durante a gestação, a massagem alivia os desconfortos, bem como prepara o corpo para o parto trabalhando a mobilidade e o fortalecimento das articulações, atuando sobre o sistema nervoso, melhorando o sono, a digestão e diminuindo o stress; propicia, com o toque acolhedor, suporte emocional e conforto; reduz e alivia dores nas articulações, pescoço e costas causadas pelas alterações na postura, fraqueza muscular, tensões e ganho de peso; melhora a circulação sanguínea e estimula o sistema linfático e ajuda a manter a elasticidade da pele. No fim das sessões, há também espaço para debates em grupo sobre questões da gravidez, parto, corpo e maternidade. “Em grupos com outras gestantes ou em sessões individuais, a massagem tem um papel significativo na preparação da futura mamãe. A experiência do contato corporal durante a gestação, o trabalho de parto e após o nascimento do bebê ajudam-na a tocar com mais eficiência e transmitir carinho, conforto e segurança a seu filho”, afirma Sônia Imenes.

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Conexão digitalHá 57 anos, Assis Chateaubriand, um dos maiores visionários da historia do Brasil inaugurava na cidade de São Paulo a TV Tupi, a primeira emissora de televisão da América Latina. De

lá para cá a televisão exerce um papel fundamental e mar-cante em nosso país, tanto que hoje a TV está presente em 96% das residências brasileiras. Ela tem o poder de levar o

mais variado cardápio de conteúdos até seus telespectadores e estes por sua vez resignificam essas informações da forma que melhor lhes convém. A TV se tornou um espaço público

com constantes tensões e disputas de poderpor: Aílton Faro

quando as teorias apocalípticas anunciavam o seu fim em conseqüência do advento da internet, surge a TV Digital para mostrar que esse meio de comunicação está longe de seu fim. No Brasil as transmições da TVD tiveram inicio no dia 2 de dezembro de 2007, em São Paulo, A solenidade de inauguração reuniu a cúpula do Gov-erno Federal, as principais empresas de radiodifusão do país, políticos dos mais variados nichos. Os discursos calorosos e um vídeo promocional ditaram o ritmo da festividade. No que tange o processo de digitalização das transmições televisivas sobram duvidas do que mudou e do que real-mente pode mudar. E se para alguns o modelo adotado irá reconfigurar as relações sociais e conduzir o processo de convergência midiática, para outros muda sem mudar nada. Algo que vem gerando muita dis-cussão diz respeito ao modelo de TVD adotado pelo Brasil. No dia 26 de junho de 2006 o presidente Luiz

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Inácio Lula da Silva decidiu por decreto que o Brasil adotaria o sistema de modulação de TVD do Japão, o ISBD-T, para servir como base do Sistema Brasileiro de TV Digital. Estavam na briga também os modelos ATSC dos Estados Unidos e o Europeu DVB. Além de consórcios financiados pelo governo (conduzidos pelo CPqD e Anatel, e pela SET/Abert, esta ultima ligada as radiodifusoras) envolvendo diversas instituições de pesquisa para desenvolverem um sistema brasileiro e também analisar, caso implantados, qual dos modelos estrangeiros se adaptaria melhor às condições do país. Mas por que foi escolhido o modelo do Japão? . O ISBD-T é o único modelo que já oferece porta-bilidade, ou seja, que possa ser transmitido à aparelhos moveis como celulares e leptops, e sem custo ao usuário. Outro motivo considerável para a escolha desse modelo foi a dispensa do pagamento de royalties. Já entidades como o INTERVOZES “Coletivo Brasil de Comuni-cação Social” argumentam que o principal motivo por essa escolha se deu por conseqüência da enorme pressão que a Rede Globo e as outras radiodifusoras fizeram em defesa do japonês. A professora da Faculdade de Comunicação Social da UFPA Maria Ataíde Malcher esclarece que a Rede Globo promoveu audições e pesquisas para saber qual modelo seria o melhor,de acordo com os seus interesses, e que mudanças poderiam ocorrer nesse processo de migração digital. “Para a Globo o padrão japonês é mais interessante por conta da alta qualidade das imagens e do som e por motivos mercadológicos. O ISDB permite às emissoras de TV disponibilizarem sua programação aos receptores moveis como celulares sem a necessidade de encaminha-las antes às redes de transmissões das operadoras de celular”, esclarece a professora. O que deixaria as teles de fora de um negócio de cerca de 100 bilhões de dólares. Gerando certo descontentamento dessas empresas em relação ao governo. Esse valor pode explicar a dispensa dos royalties pelo governo japonês pelo uso de sua tecnologia, pois o contrato assinado por Celso Amorim, Ministro das Relações Exteriores do Brasil e por Taro Aso, Ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão, prevê a construção de uma indústria de semi-condutores com capital japonês. O que gerou um outro descontentamento com o governo, dessa vez por parte

De acordo com o Prof. Dr. Evaldo Gonçalves Pelaes, do curso de pós-graduação em telecomunicação da UFPA, o ISBD-T foi o modelo que melhor se adaptou as condições geoclimáticas e ao relevo do país, apesar das diferenças em relação ao Japão

A TVD pode ainda oferecer outros tipos de serviços como: acesso a internet,

informações sobre o clima/temperatura, resenhas de filmes, detalhes da

programação e a tão sonhada interatividade.

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O que muda na forma de se fazer TV no Brasil?Muito se argumenta em relação ao fato de nós viver-mos em uma sociedade das imagens. Em certa medida a televisão é o espelho dessa sociedade. E quando se fala em alta definição quer dizer que um maior número de detalhes se tornam perceptíveis. “Nas audições pro-movidas pela Rede Globo foram exibidas cenas de um mesmo programa nos padrões analógico e digital a fim de estabelecer as diferenças entre eles. Se na TV analógica o rosto da Fátima Bernardes parece perfeito, na digital sobram rugas e marcas de espinhas, se nos comerciais de cerveja as modelos exibam seus corpos esculturais, agora aquela celulite inocente, a estria quase invisível pode se tornar um grande incomodo, principalmente para quem quer transparecer perfeição. E isso demanda muitas mudanças: na maquiagem, na composição dos cenários, na forma física dos atores”.As transmissões da TV Digital no Brasil tiveram inicio no final do ano passado. Inaugurações de emissoras de tele-visão e de inovações tecnológicas as vésperas de grandes

eventos esportivos, como Ólimpíadas e Copas do Mundo, não é nenhuma novi-dade no Brasil. Era prática corriqueira

no período da Ditadura Militar. Por isso nem

a tecnologia pela téc-nica nem a tecno-logia pelos grandes latifúndios da ra-diodifusão poderão consolidar o direito a uma comunicação democrática. Por isso discutir com a população e dão-

lhes condições de aceso a essas tecnologias, será sempre o melhor começo para novas eras.

MudançasSegundo o professor Evaldo Pelaes “A TV Digital possui uma tecnologia bem mais avan-çada; uma definição bem maior das imagens. Em quanto na TV analógica a resolução média é de 480 linhas com um formato de (4:3), na digital é de 1.080 linhas e no formato widescreen (16:9), possui cores mais níti-das, com seis canais de som - Dolby Digital, já o analógico suporta apenas dois - mono e estéreo”. Ainda é cedo para afirmar que tipos de serviços a respeito da interatividade serão realmente disponibilizados no Brasil. Essa característica da TVD é um processo que ainda está sendo estudado não só em nosso país mas também em outros onde já foram implantados e que ainda irão implantar, como a China, que até o final de 2008 pretende iniciar as suas transmições de TVD.

das empresas que trabalham com a indústria de semicon-dutores aqui no Brasil.

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Início agitado de uma manhã em Kyoto, no Japão. No seio da turba

de ternos, blazers e calçados mod-ernos ocidentais que flutuam pelas

ruas envolvendo seus usuários, uma senhora caminha apressada trazendo pelo braço direito uma jovem, provavelmente sua neta,

ambas vestindo finos e coloridos kosodes. Há cerca de 30 anos, estas vestes representavam a superfície

da alma japonesa

Os quimonos de Belém

por Felipe Cortez

Hoje, porém, cederam espaço à criatividade dos es-tilistas de Nihon e de vários cantos do planeta. “A coisa para se vestir” (significado literal de kosode), entretanto, sobrevive como vestuário padrão das reuniões mais for-mais e tradicionais da família japonesa. Em pensar que, há um século, o kosode chegou ao Brasil com outro nome, vigorante até hoje. Seria ela Kimono, palavra resultante das transformações advindas da reabertura japonesa ao Ocidente, no século XIX. A original kosode, entretanto, designa os belos e finos trajes que marcaram atores soci-ais da história japonesa por mais de um milênio, quando Kyoto virou capital do Império Nipônico. A versão aportuguesada quimono, por sua vez, rep-resenta não apenas a tradicional veste japonesa, como também os trajes típicos de artes marciais como o Karatê e o Judô. Trata-se, na verdade, do primeiro significado ao qual a palavra quimono remete no estado do Pará. A tradicional veste é rara em Belém, podendo ser observada

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em algumas reuniões da comunidade nipônica local. E não havendo muitas lojas especializadas em sua comercialização nessa região do Brasil, é comum que muitos quimonos sejam importados dos estados de São Paulo e Paraná, principais pólos da cultura japonesa no Brasil, ou até mesmo do Japão. Mas há na Cidade das Mangueiras quem se inspire no kimono para recriar a moda. A sofisticação milenar do quimono pode ser observada desde as primeiras coleções da grife Manufatura, criada em 2005 pelas estilistas Izabela Jatene e Milene Fonseca. Naquele ano, as paraenses resolveram fazer releituras dos padrões do kimono, utilizado como referência para a criação de trajes adaptados ao clima local e estampados à moda brasileira. Assim, Izabela e Milene criaram outras formatações do quimono, como vestidos e blusas de uma só camada, agradáveis nos costumeiros 28º C de Belém, além de serem muito mais leves e práti-cos do que os antigos quimonos de 12 cama-

das do Japão Feudal. “O que fizemos foi dar um grande ‘quê’ de brasilidade nesses quimonos, quando você dá a cor, a estampa”, explica Izabela. A brasilidade a que a estilista se refere não está presente apenas no colorido dos quimonos que desenha com Milene, mas ao próprio formato que o traje ad-quiriu no panorama climático do Trópico Úmido. Izabela conta que o trabalho desenvolvido com estampas é também influenciado pela própria cultura japone-sa. “O Japão é extremamente colorido. E hoje, se você for analisar a sociedade japonesa pós-moderna, verá que ela é mais colorida do que antes. Então eles [os estilistas japoneses], e até nós, vamos buscar essas cores nas referências ori-entais, inclusive religiosas”, diz. Izabela conta que seus quimonos sempre sofrem alterações na forma entre uma coleção e eoutra, devido à ânsia

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Isabela Jatene, além de estilista, le-ciona no curso de ciências sociais na

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Kamakura (1185-1333)Todo militar odeia frescura –a exceção dos bofes de elite da vida. Não é a toa que, durante o surgimento da classe militar dos Samurai, os quilos e mais quilos de pano de sokutais e juni-hitoes perderam a vez para os hitatares (homens) e kosodes (mulheres), conjuntos mais simples com mangas curtas e saiões flexíveis chamados hakamas, mas ainda feitos a partir da seda. A frescura ainda sobrevivia.

Edo (1603-1868)Se virasse filme, se chamaria a “Supremacia Kosode”. Neste

período o kosode, até então limitado às mulheres, conquistou

a macharada a partir de adaptações de tamanho e temas. O

desenvolvimento e popularização de movimentos culturais como

o teatro Kabuki só aumentaram a moral do kosode, que viu o

nascimento de um famoso irmão, o furisode, kimono de manga longa

usado por gueixas como ferramenta de sedução. Data daí a consolidação

do kosode como veste padrão dos japoneses.

Meiji (1868-1912)Aí avacalhou. Nesses tempos o

Japão se abriu para o Ocidente e este chegou ao arquipélago com tudo o que tinha direito: ternos,

gravatas, sapatos de couro e vestidos dos mais variados.

Governo japonês viu aquilo e gamou, né? Decretou que

todos os funcionários públicos, militares e civis deveriam usar

trajes à moda do Ocidente –leia-se à inglesa.

Heian (794-897)Paz, fartura para as elites e a arte se desenvolvendo plenamente. Esse foi o terreno fértil para o surgimento oficial dos primeiros kimonos japoneses. Os nobres usavam sokutai, conjunto com mangas e caudas largas que, à época, só perderia em pompa para os juni-hitoes, kimonos formados por conjuntos de 12 camadas que davam um aspecto singular –difícil encontrar um adjetivo para expressar tal beleza- às cortesãs da corte imperial japonesa.

Muromachi (1338-1568)Constantes batalhas pelo fragmentado poder do arquipélago fizeram deste período o mais sanguinolento da história japonesa. No meio de todo o quebra pau, os caras inventaram de trocar a seda dos hitatares pelo linho, o que resultou no suô e no daimon. A mulherada, por sua vez, manteve o kosode no topo da parada de veste padrão.

Crédito das gravuras: The Book of Kimono

Showa (1926-1989)O processo se intensificou ainda mais

após a segunda guerra, quando o derrotado Japão conheceu um aliado um

tanto culpado por brincar de cowboy com bombas atômicas: Os Estados

Unidos. Os estilos de kimono ficaram menos complexos e a distinação entre

wafuku (roupas japonesas) e ifuku (roupas orientais) ficou mais clara.

O QUIMONO ATRAVÉS DAS ERAS

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por exclusividade da clientela. “Como a gente mistura muito tecido, nenhuma peça fica parecida com outra”. A demanda, que exige a manutenção mensal de cinco a seis peças nos cabides da Manufatura, é interpretada por Izabela de dois modos: o antropológico e o da moda. “O Brasil tem uma relação com a cultura oriental muito forte, não só a partir da lógica migratória”, lembra. A estilista entende que a contemporaneidade, também reclama uma resignificação de valores, o que trouxe à tona os valores da cultura oriental, sobretudo as filosofias espirituais orientais, o que, por sua vez, estreitaram os vínculos culturais não só entre Brasil e Japão, mas entre o Ocidente e o Oriente, em uma ótica mais abrangente. “O meu princípio de vida é o budismo. A partir dele eu tento resignificar uma série de coisas na minha vida. A própria filosofia budista vem crescendo no mundo inteiro, e não vem crescendo à toa. Isso acontece porque ela realmente repensa os significados do consumo, da alimentação e da vida cotidiana a partir de uma lógica que não é uma lógica do outro, mas uma lógica de você mesmo”. É bem provável que a esta altura da matéria você esteja louca (o) para ter um quimono. Mas antes de sair em busca do traje pela Internet ou até mesmo de fazer uma visita às estilistas da Manufatura, é bom ter uma idéia do quanto custa essa verdadeira iguaria da moda mundial. A reportagem pesquisou preços de quimonos em diversas lojas e a uma conclusão chegou: encontrar quimono bom e barato é tarefa para difícil. Em alguns sites é possível encon-trar quimonos entre US$ 80 e US$ 150. Por aqui, a releitura dos quimonos da Manufatura, dependendo do formato, se blusa ou vestido, custam entre R$ 120 e R$ 160. Nada mal para o similar de um original que pode chegar aos salgadinhos US$ 40 mil. A apropriação cultural muitas vezes passa despercebida, encoberta por um desejo pelo que é belo. Kosode ou ki-mono, “made in Japan” ou “du Pará”, a peça encanta gerações de mulheres de todas as etnias e mesmo que não seja a mais indicada para se usar no calor de Belém, vale experimentar.

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O Ocidente se apropria de algumas referências da cultura

oriental, pois há uma relação com as pessoas que chegaram aqui, culturalmente falando, e

também porque o ser humano está para o consumo assim como está para a lógica do

belo, porque ele acha bonito, porque ele internaliza algumas

coisas. Dentro dessa grande miscelânea pós-moderna,

você tem várias referências culturais postas e você vai

apropriando isso de diversas formas

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A personagem principal do filme é Chihiro, uma garota de 10 anos que acredita que todo o universo deve atender aos seus caprichos. Após seus pais lhe contarem que vão mudar de cidade, ela fica furiosa, e não faz nenhum esforço para esconder sua raiva. Durante a viagem de mudança, completamente absorvida pelas lembranças dos amigos que estão ficando para trás, Chihiro percebe que seu pai se perdeu no cidade aparentemente sem nenhum habitante. Famintos, os pais da garota decidem comer a comida que está disponível

A Viagem de Fantástico, sensível e empolgante.

Assim podemos começar a descrever o filme “A Viagem de

Chihiro”. Amantes do gênero Animação/Aventura gostaram do

filme, principalmente por prende o espectador até o final feliz, que

apesar de doce, não é “meloso”.

por: Killzy Kelly

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em uma das casas, enquanto a menina explora a cidade. Entretanto, logo ela encontra com Haku, um garoto que lhe diz para ir embora o mais rápido possível. Ao reencontrar seus pais, Chihiro fica surpresa ao ver que eles se transformaram em gigantescos porcos, en-quanto que misteriosos seres começam a surgir do nada. É o início da jornada da garota em um mundo fantasma, povoado por seres fantásticos, no qual humanos não são bem-vindos. Sua estadia nesse lugar mágico não é gratuita e muito menos de aventuras cheias de flores ou príncipes. Logo ela começa a trabalhar numa casa de banhos, onde o trabalho é grande, exaustivo e nem um pouco compensador, mas para Chihiro isso é apenas uma parte do seu aprendizado, não de afazeres domésticos, mas de como ser uma criança mais humana, generosa e compreensiva.

Extras que valem a pena Após ver o filme é quase con-seqüência pular para os extras, e nele o material é fundamental para conhecer mais como o filme. São mostradas todas as etapas de produção dos desen-hos, da história e da animação. O foco principal, entretanto, é para o prazo apertado que o diretor e roteirista Hayao Miyazaki teve para concluir o filme. Não se sabe ao certo o porquê, mas o apuro técnico pode ser uma das explicações, já que os desenhos são no mínimo impecáveis. Ao contrário do que se pensa, japoneses tem problemas com tempo e projetos como o restante de nós, mortais. Lançado em 2001, com 122 minutos de duração, o filme de Miyazaki é uma produção de sete estúdios. No Oscar 2001 era um dos favoritos a Melhor Filme de Anima-ção e de fato levou a estatueta pra casa. Recebeu uma indicação ao BAFTA e ao Cesar, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, mas foi ao ganhar o Urso de Ouro no Festival de Berlim que realizou sua grande façanha já que se trata do primeiro longa-metragem de animação a ganhar o prêmio.

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Quarenta braços ágeis atiram redes de pesca imaginárias ao ar. Os pés, em igual número, conduzem com harmonia pescadores dançarinos que vibram a cada “dokaisho! dokaisho!” e “soran! soran!”.

No salão da Associação Nipo-Brasileira, o público que contemplava esta seqüência de movimentos pela primeira vez pasmou e aplaudiu. A cena, ocorrida em 2005 em Belém, certamente pode ser observada em outras cidades brasileiras onde um grupo de Yosakoi Soran tenha feito sua primeira apresentação Oficialmente criado em 1992, o Yosakoi Soran é uma das mais populares manifestações da recente e expansiva cultura popular japonesa. Naquele ano, em uma viagem a província de Kochi, ao sul do arquipélago nipônico, estudantes de Hokkaido, cidade do Norte japonês, con-heceram a dança Yosakoi Naruko, que expressa o amor entre um monge e uma mulher. De volta a Hokkaido, os jovens decidiram fundir o Yosakoi Naruko com o Soran Bushi, outra dança tradicional do Japão, que enaltece a força dos pescadores do Norte do país. Não demorou muito para que o híbrido pop resultante da fusão destas danças ganhasse força na terra do sol nascente e ultra-

Yosakoi Soran: arte e dança oriental

por Felipe Cortez

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passasse seus limites geográficos, chegando a cidades de todos os continentes, como Belém. A cada apresentação na cidade das Mangueiras, os gru-pos de Yosakoi ganham novos componentes, desejosos de conhecer mais uma expressão artística de uma cultura que abre os braços ao paraense e que vai comemorar, em 2009, oitenta anos de enraizamento no estado. Sim, esta é a idade que a imigração japonesa no Pará –ou melhor, na Amazônia- está prestes a completar. Diferente do que ocorre com boa parte da chamada cultura pop japonesa, muitas vezes “baixada” via Internet –como ocorre com as animações japonesas-, o Yosakoi Soran aqui chegou através de um nipônico de carne e osso. Em 2004, Momoe Omura, professora de japonês nascida em Hokkaido, veio para um intercâmbio de dois anos com a escola Novo Mundo, na capital paraense, onde ensinou os passos da dança a crianças das turmas de língua japonesa. “Como todos os anos a escola promove um festival de cultura brasileira e japonesa, ela ensinou as crianças das turmas de japonês a dança Yosakoi Soran e

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tivemos a idéia de passar também passar para os alunos jovens apren-derem”, conta Mônica Honda, coordenadora do grupo Shinsekai, que, em português, significa Novo Mundo. O Yosakoi Soran do Shin-sekai conta com 36 integrantes ensaiando regularmente, durante as manhãs de sábado. “Yosakoi Soran constitui-se essencialmente de uma sincronia de movimentos simples, em geral, baseados no cotidiano dos pesca-dores. Também é interessante a

necessidade de um grande numero de pessoas (no Brasil os grupos costumam ter entre 30 e 40 pessoas, e no Japão, passam de 100 pessoas por grupo) para apresentações, posto que o efeito visual da sincronia torna-se mais evidente, algo que acentua a beleza da dança”, diz Igor Almeida, também membro do Shinsekai. Segundo grupo de Yosakoi Soran fundado em Belém, o Yui, da escola Kyoto Oti, cresce junto com o interesse do paraense pelo Oriente. Yui significa união e nomeia o grupo fundado em 2007. Com pouco mais de um ano de existência, o grupo aproveita os eventos comemora-tivos do centenário da imigração japonesa no Brasil –a exemplo do que também faz o Shinsekai- para congregar novos dançarinos, como é o caso da estudante Agrícia Pimenta, de 22 anos, que começou a aprender Yosakoi Soran em uma das oficinas festivas da Kyoko Oti. “Meu namorado é japonês, então já tenho um certo contato com essa cultura. Mas foi num evento, o Amazônia no Matsuri do ano passado, que vi a dança e fiquei admirada. Quando vi no jornal que tinha uma oficina ensinando Yosakoi Soran, pensei que não podia perder a chance de aprender”. Agrícia desconhecia a jovi-alidade do Yosakoi Soran até se deparar com a professora da dança, cinco anos mais jovem que a aprendiz. Caro-lina Loureiro, 17 anos, aprendeu a dançar no início de 2007 e com dois meses de treinos já ensinava o Yosakoi Soran. “Já havia tido contato com essa dança em outra escola de japonês. Mas aqui, na Kyoko Oti, um profes-sor mostrou um vídeo de Yosakoi pra gente. Muitos gostaram e começaram a ensaiar. Hoje nosso grupo tem

Há quem diga que a dança agrada pela simplicidade dos movimentos e pela disciplina que desperta.

O fortalecimento dos grupos de Yosakoi Soran em Belém

é condicionado pelo interesse crescente do brasileiro por um Oriente cada vez mais

próximo.

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cerca de 20 componentes regulares, número que aumenta a cada mês. Muitos deles já faziam japonês e resolveram participar, até porque é de graça, ninguém paga mensali-dade pra aprender Yosakoi”. O ensino do Yosakoi Soran é gratuito nos dois grupos de Belém. Entretanto, se o dançarino pensa em participar das apresentações do Shinsekai ou do Yui, precisa mandar fazer a própria roupa, que custa de R$70 a R$100. Ser convidado para novas apresentações e receber integrantes é o reconhecimento a um trabalho intenso de divulgação da cultura japonesa no Pará. Para corre-sponder a isso, os dançarinos das escolas Novo Mundo e Kyoko Oti tentarão levar o estado aos lugares mais altos do pódio do 6º Festival Yosakoi Soran, que vai reunir 40 grupos de todos o Brasil em São Paulo no dia 27 de julho e distribuir R$20 mil em prêmios. Enquanto o festival não chega, os grupos aproveitam cada evento da comunidade nipônica local para atiçar a coceira da curiosidade de pes-soas de toda Belém. Contudo, independente da posição alcançada no concurso na Paulicéia, o Yosakoi Soran de Belém só tem a crescer até 2009, quando a presença do japonês na Amazônia completa oito décadas e muitas festas em homenagem a ocasião devem querer, entre suas atrações, o híbrido pop de Hokkaido.

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Tradição e modernidade: literatura japonesa

Por mais de séculos a cultura oriental, com seus mitos e lendas, instiga a mentalidade do Ocidente. Dragões, samurais e gueixas,

personagens que chegam à imaginação contemporânea por meio de suas histórias

repassadas de boca-em-boca seja pela literatura popular ou pela tradicional.

por: Paula Catarina

século III foi o período inicial em que a cultura japonesa passou por uma forte influência estrangeira. Os carac-teres chineses preencheram a lacuna fonética que os ideogramas – símbolos que representam somente idéias e não sons – como os kanjis, deixavam. Assim como a nossa literatura, a literatura japonesa é dividida em fases, porém os períodos são denominados de acordo com o nome da capital do Império. O Kojiki, que é “O Registro de Assuntos Antigos” e data

de 712 d.C., é uma das obras mais antigas. A Manyoshu (Miríade de flores) também faz parte dos clássicos dessa literatura e é a mostra de uma diversidade de textos escritos por vários membros das classes sociais japonesa, de membros das classes mais populares a imperadores. Kakino-moto no Hitomaro, membro da aristocracia do período Nara, é considerado o poeta representativo do Manyoshu, nele escreveu

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alguns chokas ou poemas longos. A segunda fase da literatura compreende-se no período Heian, quando a capital passou de Nara para Heian-kio, “Capital da paz”, atual Quioto. O período que durou de 794 a 1192, é marcado pela autenticidade feminina e como obra de destaque, Gengi Monogatari ou “Histórias de Gengi” é reconhecido como o primeiro grande ro-mance do mundo. Escrito pela dama da corte Murasaki Shikibu, o trabalho contém 54 volumes, e descreve a subjetividade e a elegância da aristocracia japonesa, na batalha entre as famílias Tara e Minamoto. As mulheres, durante esse momento, tiveram voz nos poemas em prosa. Entres essas contadoras de história, Sei Shônagon mostrou sua sutilidade feminina e leveza na obra Makura no Soshi ou “Livro de cabeceira”. Com humor e realismo a história consegue descrever o elegante cotidiano da corte japonesa. Enquanto o período apresentava um forte toque das damas, e as mulheres ficaram encarregadas de registrar as glórias da época, “os homens se preocupavam em escrever em chinês assim como os europeus se preocu-pavam em escrever em latim, como forma de erudição”, segundo uma pesquisa da The International Society for Edu-cational Irformation. O final do período foi marcado por violentas batalhas e guerras internas, o governo começava a ser dominado

pelos guerreiros samurais ou saburais (que vem do verbo sabu, “aquele que presta serviços”). Com o surgimento de uma nova classe, os guerreiros samu-rais tomaram o lu-gar do antigo herói cor tesão. Como reflexo do trágico período de batalhas, a literatura medieval tornou-se nostálgica e passou a tratar sobre temas como a efemeridade da

O Livro de Cabeceira (The Pillow Book)Por Suanny Costa Com certeza ao terminar de ver um filme, a primeira coisa que lhe ocorre são palavras que o sintetizam. Ás vezes saem “fantástico”, “ruim”, “fraco”, “emocionante”. Mas não se apavore se após assistir “O Livro de Cabeceira” (Pillow Book, 1996), de Peter Greenaway, essas palavras que simplificam as coisas não aparecerem e no lugar delas estar uma mistura de sentidos como tradição, paixão, sedução e desejo. O filme faz juz ao gênero drama ao contar a história da jovem Nagiko, que vive em Kiotto, no Japão dos anos 70, e comemora o seu aniversário com um estranho ritual. Seu pai escreve em seu rosto uma benção, “Ele (Deus) pintou os olhos e a boca e assinou o próprio nome para que o dono jamais o esquecesse”, enquanto sua tia lê “um livro de cabeceira” escrito por Sei Shonagon, uma japonesa do século X. Nagiko cresce entre livros, papéis e escritas em corpos nus, que se repete como um ritual a cada ano. A perda do pai vai marcar toda a trajetória

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de Nagiko no filme: “Em memória de meu pai

e de Sei Shonagon, eu teria amantes que me

lembrassem o prazer da caligrafia”, “gostaria de

honrar meu pai tornando-me escritora”.

A grande mudança na história do filme se dá

quando Nagiko descobre que o editor para quem

seu pai trabalhava havia traído-o. Ela começa uma vingança escrevendo treze livros-corpos mensageiros

que tratam sobre desejo, traição, amor, sedução, prazer, vingança, vida,

e envia-os ao editor. Até mesmo o tradutor e

amante, Jerome, é enviado por Nagiko. O último livro

é o livro da morte, corpo de um samurai em que o editor lê sua própria

sentença de morte. Contudo, o que Nagiko

menos espera é que encorajado por um amigo

Jerome forjasse uma cena de Romeu e Julieta,

bebendo a própria tinta da caligrafia, que misturada a

uma dose de pílulas o mata. Depois da morte do editor, pai, amantes, não há mais livros-corpos, mas o parto

de um bebê e a confissão de estar preparada também

para o parto do seu próprio livro de cabeceira.

vida humana. Destacou-se nesse contexto uma coleção de versos, de aproximadamente dois mil poemas, a Shin Konkinshu, autorizados pelo imperador. A obra mostra como o Japão tinha caminhado para a sua Era Medieval. O gênero também teve influência da literatura kana e inspirou uma das mais famosas representações teatrais, o Kabuki. Em 1858, a indústria tecnológica começava a avançar, e o Japão passou por uma fase de restauração, conhecida como Era Meiji. A literatura neste momento sofria as con-seqüências de todo uma influência do oeste do mundo, pois o país abria-se para um novo horizonte, em que o lema utilizado era “moral asiática e tecnologia ocidental”. Em 1878, foi feita a primeira tradução japonesa de um romance europeu, e nas próximas décadas as traduções passaram a crescer rapidamente. Escritores como Futabei Shimei, com a obra Ukigumo- “A Nuvem Levada pelo Vento” revitalizou a literatura realista num romance progressista e sarcástico, nele o escritor criticava o pensamento feudal remanescente, e como a civilização japonesa estava respondendo às influências internacio-nais. Depois da guerra russo- japonesa que durou de 1904 a 1905, os autores se sentiram inspirados com a vitória e a literatura avançou impetuosamente. Mori Ogai e Natsume Soseki, ficaram conhecidos como os maiores romancistas do modernismo nipônico. Outros nomes também se destacaram na poesia e nas narrativas como Shimazaki Toson, Shiga Naoya, Tanizaki Junichiro e Yosano Akiko. Hoje graças as seus temas universais e a toda sua gama de tradição secular, a literatura chega mais frequent-emente às portas ocidentais e escritores como Tanizaki Jun-ichiro. Kinkakuji - O Templo do Pavilhão Dourado - é um dos romances que chegam as prateleiras das bibliotecas domésticas mundo a fora, e conta a história de um jovem sacerdote enlouquecido que incendiou um templo em Quioto, além de ser baseado em fatos reais. Nigen Shikkaku - Não mais humano - de autoria de Dazai Osamu expõe como foi forte a influência norte-americana nesse novo jeito de escrever, e críticas são feitas a obra, que mostra uma cultura de tradições banhada por in-fluências externas.

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O Caminho mais suave: história e ideologia do judô“Eu não entendi direito não. Só sei que achei muito firme. Tinha um monte de cara voando por cima das árvores, se equilibrando em galhos, e dando socos em câmera lenta... Muito doido!”

por: Abílio Dantas

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Não é raro comentários como esse citado acima serem feitos sobre as lutas em filmes orientais. Com certeza você já fez ou ou-viu algum parecido, não? A beleza e as particularidades dos movimentos das artes marciais retratadas nesses filmes sempre foram obje-tos de fascínio do ocidente. Desde as crianças e jovens fãs de animes sobre samurais e guerreiros sobrenaturais, até os mais velhos em busca de longevidade, muitos já tiveram algum contato com elas, ou ao menos uma pequena curiosidade. Tanto que o número de praticantes no Brasil e no mundo só aumenta com o tempo. Porém, o elemento essencial destas artes corre o risco de ser deixado de lado. Diante da exuberância dos códigos e técnicas pertencentes às lutas, os praticantes podem esquecer ou não darem a importância devida às origens e fundamentos de todas elas: as suas ideologias. Cada uma tem a sua, não se engane não. Não é à toa que alguns lutadores de kung fu imitam os movimentos do louva-deus, ou que os “karatecas” emitem gritos após os golpes. Atrás de tudo isso existem conjuntos de idéias próprias com visões e objetivos filosóficos específicos.

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Todos, sem exceção, tão fascinantes quanto os vôos e chutes do Bruce Lee.Nesta matéria trataremos um pouco do judô ou , como nos indica a sua etimologia, (ju = caminho, do = suavi-dade) o “caminho da suavidade”. Este esporte tem uma ideologia tão presente em sua própria prática, fundamen-tada em mobilizações e projeções, que analisá-las separa-damente torna-se impossível. Vamos à sua história.

Sábia natureza Japão, 1882. A primeira academia de judô é inaugurada em Tóquio e após cem anos terá...Bem, não sejamos tão apressados. A história do judô começa bem antes de tudo isso. E a partir de uma típica lenda oriental. Uma lenda que deu origem ao estilo de luta Yoshin-Ryu (Escola do Coração do Salgueiro), e que ,por sua vez, levou Jigoro Kano a definir as diretrizes de sua “invenção”. Shirobei-Akyama era um médico e filósofo muito preocupado com os males do mundo. Na verdade, não exatamente com os males, mas, sim, com as suas causas. Após muito refletir, ele concluiu que a má utilização do corpo e do espírito era a resposta, porém ainda não sabia como aplicá-la para chegar a uma solução.Através dos estudos de acupuntura, taoísmo e de técnicas terapêuticas chinesas, ele elaborou uma hipótese e passou a ensiná-la aos seus discípulos.Baseava-se puramente na aplicação do mal contra o mal, da força contra a força, e a aplicava tanto na medicina quanto nas lutas. Usada em doenças simples e oponentes comuns sua teoria funcionava. Porém, quando enfrentava adversários mais fortes e males complexos não surtia efeito algum. Logo seus alunos o abandonaram e sua credibilidade foi reduzida à zero. Derrotado, Shirobei se retirou durante cem dias em um templo e meditou incansavelmente em busca de uma resposta.“Opôr uma força à outra só é vantajoso se a força adversa for menor que a minha”, disto o médico tinha certeza, mas só isto não bastava. A resposta só viria soprada pela natureza, bem de leve, no vento. Um dia, enquanto Shirobei passeava contemplando o jardim que entrava na estação do inverno, chamou-lhe atenção o rangido de pequenos galhos que quebravam por tentarem resistir ao peso da neve. Ao lado havia um velho salgueiro. O médico analisou a árvore cuidadosa-

Princípios da arte de Jigoro *Princípio da Máxima Eficácia do Corpo e do Espírito (Seiryoku Zen’Yo): Baseia-se principalmente no respeito e cuidado que devemos ter com aprimoramento do nosso corpo. E aplica-se não só ao esporte, mas em qualquer atividade da nossa vida. Qualquer movimento deve ser importante e nunca disperdiçado, para o autoconhecimento e também o de todos à nossa volta. E este movimento só atingirá a sua máxima eficácia quando o nosso corpo e nosso espírito estiverem preparados. * Princípio da Prosperidade e Benefícios Mútuos (Jita Kyoei): Quando vemos a conduta dos atletas nas competições oficias e percebemos o respeito com que se tratam, é este princípio que prevalece. Ele nos mostra que ninguém atinge a sabedoria sozinho, mas sim a partir do convívio e troca de conhecimento com o outro. *Princípio da Suavidade (Ju): Diretamente herdado da Escola do Coração do Salgueiro, este princípio basea-se no aproveitamento das forças contrárias, como o salgueiro ao enfrentar a neve. Reflete-se no uso do princípio das alavancas presentes em muitos golpes de projeção. O próprio Jigoro Kano possui um discurso famososo explicando o Ju.

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mente e percebeu que seus galhos não quebravam como os outros. O salgueiro não enfrentava impunemente a força da neve. Hum...Interessante. Ele apenas curvava-se ao máximo à medida que o oponente armazenava-se em seus galhos, e esperava até que este deslizasse e caísse no chão, derrotado. Tão derrotado quanto os pequenos galhos valentes. Nascia então um dos lemas fundamen-tais do judô, um dos sentidos inaugurais desta arte: o princípio da suavidade. Aquele que diz: ceder para vencer. Jigoro Kano soube entendê-lo como poucos e defendê-lo durante toda a sua vida. Mas, afinal, quem foi esse tal de Jigoro? Excelente pergunta.

Rumo ao Kodokan Quem visse aquele rapaz franzino de 1,57m de altura e pesando 40 kg, treinando em uma tarde qualquer no Japão, nunca iria imaginar que ele se tornaria um dia o fundador de uma arte marcial. Até então, as lutas eram muito associadas a homens de grande estatura e força física, pois a prática do Jiu-Jitsu ou Jun-Jutsu era a mais difundida e encontrada em estabelecimentos de ensino e de poder, como o exército e a polícia. Aluno de mestres do jiu-jitsu , como Hachinosuke Fukuda e Tsunetochi Iikubo, Jigoro não se identifi-cava com esta atividade. Por mais que se esforçasse, nunca chegaria à perfeição, pois precisaria se tornar uma outra pessoa. Começou, então, a questionar-se sobre o papel de uma arte marcial. O homem deve servir a ela ou ela deve servir a ele? Resolveu ficar com a segunda hipótese. E assim, utilizando também técnicas variadas do jiu-jitsu, a sua “invenção” foi tomando forma. Surgia o judô. Agora, sim! Japão, 1882. A primeira academia de judô é inaugurada em Tóquio e após cem anos terá transformado o esporte no mais praticado do país. Pre-sentes em todas as escolas e também na polícia oficial.O estilo e a academia de Jigoro Kano chamou-se Kodokan

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( Ko= fraternidade, Do= caminho, Kan= instituto), e seus três princípios estão sempre refletidos nos golpes e movimentos da luta. Após a segunda guerra o judô espalhou-se. Em 1952, fundou-se a Federação Internacional de Judô em Paris, com 29 países- membros.

Judô no Brasil “O judô entrou no Brasil em 1908, quando o senhor Mitsuya Maeda veio e se radicou no Pará, inclusive. O judô no Brasil, coincidentemente, começou aqui. Tanto que o corpo dele (Mitsuya) foi sepultado em Belém. Se você entrar na nave principal do cemitério Santa Isabel,

no meio, à direita da capela, está a sepultura dele.”O professor Fer-nando de Jesus, responsável pela disciplina Teoria e Métodos das Lutas na Universidade Estadual no Pará (Uepa), é que nos conta esse fato tão pouco conhecido. Ele tam-bém nos fala que após desembarcar em Santos e passar um tempo em Manaus e Porto Alegre, fazendo exi-bições da arte marcial, o Sr. Maeda (também conhecido como Conde Coma) envolveu-se com uma moça e acabou casando-se em Belém. Após um tempo, desenvolveu aca-demia e fixou-se na cidade. Em 1938, a chegada de um grupo de nipônicos liderados por Riuzo

Ogawa foi muito importante para a difusão do esporte. Eles fundaram a Academia Ogawa e,embora, não en-sinassem exatamente o estilo Kodokan Judo, ajudaram imensamente a cultura e os ensinamentos de Jigoro Kano a serem conhecidos e estudados no Brasil.A Confederação Brasileira de Judô foi fundada em 18 de Março 1969 e reconhecida em 1972, por decreto.

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Soka Gakkay, o Budismo de uma sociedade de criação de valorespor: Wellington Lima

O Budismo é uma filosofia de vida fundada na Índia, no século VI a.C., por um rico príncipe chamado Sidarta Gautama. Após muito sofrimento e uma vida de tristeza, ele abandona sua esposa e seus dois filhos, e parte em busca de felicidade e paz interior. Nessa busca ele alcança o estado de “iluminação”, ou seja, ele consegue chegar ao grau de paz interior, buscado por todos os praticantes do Budismo. Desde então começa a ser chamado de Buda Sakyamuni, o “Primeiro Buda”. Uma ONG (Organização não gov-ernamental) japonesa, Denominada SGI (Soka Gakkay Internacional), representa uma das principais ramifi-cações do budismo. Essa organização tem seu fundamento teórico do bud-ismo voltado para o tripé, paz cultura e educação, ou seja, ela visa princi-palmente a educação e a cultura, pois acreditam que através delas consigam encontrar a paz. A soka Gakkay pode ser entendida como uma “sociedade de criação de valores”. A ONG foi fundada em 1930, pelo professor Tsunebaro Makiguti, após se converter ao budismo de Nitiren Daishonin. Nitiren nasceu em 1922, e em 1933 entrou para o sacerdócio no templo de Seityo e começou a estudar o budismo. Em Quioto, estudou todos os sutras de Sakyamuni, e concluiu que o Sutra de Lótus é seu ensino máximo, dele extrai o ensinamento do “Nam-myoho-hengue-kyo”, que é recitado pelos membros da associação, como mantra, ou seja, é recitado diversas vezes por eles para alcançarem a paz. “Nam-myoho-hengue-kyo”, é considerado pelos

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membros da Soka Gakkay como a expressão da verdade máxima da vida e também como evidencia sua realidade essencial. Nam deriva do sânscrito e significa “devotar”, ou seja, direcionar sua vida para encontrar o estado de iluminação. Mioho literalmente significa “Lei mística”. Rengue é a lei de causa e efeito, sendo a lei budista que pode ser entendida como acumulação de “karmas”, um karma pode ser positivo ou negativo, é acumulado de acordo com as realizações do individuo na vida. Para os budistas existe um ciclo contínuo de vida, morte e renascimento, esse ciclo é definido de acordo com a acumulação de karma do individuo. E finalmente Kyo significa a função e a influência da vida. Hoje essa organização está presente em 190 países, pos-sui escolas, universidades, etc. Ao longo de sua história a ONG já teve três presidentes. O primeiro foi seu fundador Tsunebaro Makiguti. O segundo Jossei Toda, discípulo de Tsunebaro. E o terceiro e atual presidente Daisaku Ikeda, discípulo de Jossei Toda. A estudante do curso de Direito da Universidade Federal do Pará (UFPA), Caelem Yumi Takeda, 20 anos, se converteu ao budismo da Soka Gakkay aos 16 anos, pois segundo ela, por volta dos 14, como de costume da maioria dos adolescentes, brigava muito com seus pais, e por causa disso sentia-se muito triste, e afirma que encontrou na Organização a tranquilidade e paz que procurava. “A ONG é voltada para a vida prática, ou seja, promovendo através da educação e da cultura, o ponto de equilíbrio das pessoas”, disse Caelem Yumi. Os encontros funcionam acontecem por reuniões es-pecificas, divididas de acordo com os interesses de cada grupo e faixa etária dos seguidores. Eles se dividem em Divisões Feminina (DF), onde as orações e palestras são voltadas para mulheres acima dos 35 anos, as casadas, etc. Existe a divisão Masculina (DM), direcionada aos homens casados também. Outra divisão seria a Divisão Sênior (DS), voltada para os idosos. Dentro dessas divisões ocorrem também as reuniões especificas direcionadas aos jovens. Há a Divisão Femi-nina de Jovens (DFJ), e a Divisão Masculina de Jovens (DMJ), os temas abordados são os que mais atraem os jovens.

As assembléias se dão primeiro com a oração, depois a explanação dos assuntos es-colhidos previamente, ou seja,

cada reunião é chamada uma pessoa para ministrar uma

espécie de palestra, e depois disso há os relatos, as pessoas

vão a frente para expor suas realizações, ou para expor

suas necessidades, pedindo em forma de oração para as-

sim realizar-se.

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Acupuntura: terapia ou arma contra demônios?

soluço, antes mesmo de ser um mau funcionamento da respiração pelo diafragma, é calo no pé dos desavisados. Durante décadas, criaram-se mecanismos exóticos para enganar esse mal. Algodão molhado na testa, sustos totalmente previsíveis e copos e mais copos de água. Hoje, as práticas alternativas de saúde ganharam visibilidade. Experi-mente pressionar o dedo mínimo enquanto soluça. Em instantes, o som vergonhoso cessa. Essa prática simples é a acupuntura. A acupuntura terapêutica é uma técnica de tratamento que consiste em estimular determinados pontos na superfície da pele. Entretanto, a acupuntura não se configurava como alternativa terapêutica ate antes de 90 a.C. Originaria da China, a utilização de agulhas em partes do corpo possuía outra finalidade. Segundo a medicina chinesa, há uma relação de causa e efeito entre os fenômenos correspondentes ou não. Isso significa dizer que quais-quer doenças, de maior ou menor grau que acomete o homem, advêm de um desequilíbrio das suas praticas no mundo. O vento, a umidade, ou ate a comida pode-riam, em certas condições, afetar o homem. Na Era Shang - entre 18 a.C à 16 a.C - o conceito de doença era diferenciado. Enquanto os ocidentais reme-tem doença às debilidades físicas ou mentais, os Shang classificavam como enfermidade desde uma simples

por: Andréa Mota

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Mais tarde, nasce a Medicina de Correspondência Sistemática. Segundo ela, os males não seriam causados por demônios, mas por influências e emanações abstratas e concretas. Assim, surge o conceito de “Qi”. Inicialmente, consistia em um “vento” causador de doenças. Com o tem-po, o conceito evoluiu de influencia malévola, para “influencias matérias sutis”. Daí surge os conceitos de “repleção” e “depleção”, onde uma seria a supremacia de influencias malévo-las e a outra, perda de influencias apropriadas ao organismo, respectivamente. De acordo com a Medicina Sistemática, a saúde e a har-monia seriam conseqüências de não haverem extravagâncias ou excessos, sejam alimentares, sexuais, morais ou climáticos. E possível entender essa medicina ao as-sociarmos seus conceitos com o contexto que ela estava inserida. Neste período, o império se integrava, surgindo grandes metrópoles. Aliado a sua expansão, há um desenvolvimento do

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dor de dente ate derrotas na guerra. Eles acreditavam estar sendo castigados por seus ancestrais. Por conta disso, os procedimentos preventivos e terapêuticos envolviam presentes e oferendas aos mortos. A partir de 771 a.C, a causa dos infortúnios do homem mudou. Dos ancestrais vingativos passou-se a crer na existência de demônios que perturbavam a harmonia, antes mantida pelos ancestrais agraciados com as oferendas. Com isso, cresce a importância dos Xamãs ou Shaman. Os rituais shamânicos consistiam em unir forcas com espíritos mais graduados, a fim de controlar – através de exorcismos – os demônios. Nestes rituais, os shamans utilizavam espadas ou lanças, poções, drogas medicinais, no combate ao “tinhoso”. A partir daí surge uma forma rudimentar de acupuntura, onde as agulhas tinham a forma de espadas dos exorcistas e eram inseridas ou pressionadas sobre treze pontos da superfície da pele. Porém, esta prática não tinha como objetivo tratar as doenças em si, mas expulsar e combater os demônios.

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comércio, dos meios de transporte e alimentação. Nasce um sistema complexo cujo funcionamento se da pela harmonia das partes integrantes. Com isso, a medicina de correspondência toma para si esses conceitos, mas com outra terminologia: Zang consistia nos depósitos ou órgãos e seria onde “Qi” se infiltrava; Fu, palácios por onde “Qi” passava; e, Ching-lo são os canais (ou meridianos) que uniam todo o sistema. O objetivo dessa medicina, portanto, era identificar e localizar as áreas de obstrução, deficiências e repleções. Com o fluxo de “Qi” continuo e normalizado, evitavam-se possíveis doenças.

Hoje, Acupuntura Terapêutica A acupuntura terapêutica foi descrita pela primeira vez em 90 a.C. Foram descobertos, recentemente, em tumbas encontradas em Ma Wang Tui, livros que descrevem onze canais separados, onde cada um era associado a sintomas específicos. O tratamento consistia em queimar lã de Artemísia, ou “moxa”, ou pela punção de abscessos feita com pedras pontiagudas. Porem, e no livro “Nei Ching” que se descrevem os procedimentos utilizados pela acupuntura ate nossos dias. Curiosamente, o interesse da comunidade medica só foi aceso quando o jornalista americano James Reston foi tratado com acupuntura. Com isso, a medicina tradicional se interessou pelo uso da acupuntura como analgesia em cirurgias. Assim, proliferou-se o numero de clinicas que utilizaram a pratica como terapia a dores crônicas. Com isso, a acupuntura e a medicina chinesa de forma geral passaram a ser objeto de estudo da medicina tradicional do ocidente. Entretanto, ainda há resistência de uma parte da comu-nidade científica. Muitos afirmam que as agulhas agem, no máximo, como placebo. A falta de comprovação científica da alternativa também reforça a noção de que o procedimento não passa de uma ilusão psicológica. Os defensores, porém, derrubam este último argumento através de resultados eficientes da acupuntura nas práticas veterinárias. Independente dessa lacuna científica, a acupuntura já faz parte da vida ocidental. Acupuntura estética, anal-gésica, espiritual – na estabilização de diabetes – e até no tratamento da obesidade, são meios já autenticados por grande parte das pessoas no mundo.

Vale lembrar, porém, que, assim como nos tratamen-tos da medicina tradicional do ocidente, a acupuntura

e uma parte do tratamento. Juntamente com bons hábitos alimentares, exercícios físicos diários e moderados, além de outros procedimentos, a acu-

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Você já teve vontade de entrar em um jogo de computador? Ou mesmo de expandir a realidade? Parece sonho né? De fato ninguém superou ainda as leis físicas, mas trazer objetos virtuais para a realidade já é possível e é isso o que proporcionam os estudos em Realidade Aumentada

Realidade Aumentada

por: Suanny Lopes

Diferente da realidade virtual, onde o usuário é imerso num ambiente não real sem possibilidade de interação, na realidade aumentada (RA) a interatividade é possível. O mundo real é combinado com elementos virtuais fazendo com que o usuário perceba os objetos (reais e virtuais) ao mesmo tempo e ainda possa manipulá-los. É a potencialização dos sentidos humanos. Essa tecnologia é nova e ainda pouco conhecida. O entretenimento e a educação são as principais áreas de aplicação, porém outras áreas como medicina, mecânica e mesmo os militares já começaram a atentar para pos-síveis utilizações da ferramenta.

Como funciona na prática a RA Para visualizar os objetos virtuais o usuário precisa utilizar alguns componentes que podem ser capacetes ou óculos. Uma das principais dificuldades das pesquisas em RA é precisar o local no mundo real para inserir o objeto vir-tual e fazer com que ele interaja com o usuário. Por isso,

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uma ferramenta chamada ARToolKit foi desenvolvida para calcular essa posição e permitir que programadores desenvolvam aplicações da RA. Essa ferramenta, que é um software livre, utiliza mar-cadores de papel para determinar onde os objetos devem aparecer no mundo real. Técnicas de processamento de imagens são usadas para reconhecer esses pontos e transformá-los em imagens binárias, isto é, imagens tra-duzidas para a linguagem computacional. Assim feito, o objeto virtual será desenhado sobre esses pontos. No Japão, a pesquisadora paraense Marina Oikawa, bolsista de um programa desenvolvido pelo governo japonês para estudantes estrangeiros de pós-graduação, tenta desenvolver um algoritmo que permita posicionar os objetos virtuais sem a utilização de marcadores. Se-gundo Marina já existem alguns algoritmos que permitem fazer isso, mas ela está pesquisando um novo. Na prática, o funcionamento da RA e a interação com o usuário ficam mais perceptíveis em aplicações tais como nos concertos de automóveis. Um mecânico, por exem-plo, ao utilizar óculos especiais, obtém informações do sistema do veículo que o auxiliam a encontrar possíveis falhas. Assim, ele enxerga os passos para desmontar o motor e ainda tem acesso a informações importantes de cada peça.

Brasil X Japão No Brasil, o estudo tem avançado. Os laboratórios de pesquisa na área se concentram basicamente em São Paulo, Recife e Uberlândia. No Japão, há uma universidade de pós-graduação chamada Nara Institute of Science and Technology onde se encontram muitos profissionais considerados de ponta em suas áreas de pesquisas. Entre eles está o próprio desenvolvedor da ferramenta ARToolKit, Dr. Hirokazu Kato. De acordo com Marina, estudante do instituto, os japoneses “investem massivamente em pesquisa, os laboratórios são muito bem equipados e tem projetos internos de fomento a pesquisa que você nunca veria no Brasil, pelo menos não em Belém.É outro mundo e é bem difícil comparar...Muito ainda precisa ser feito nas universidades brasileiras para as coisas funcionarem tão bem como funcionam aqui. No Japão o investimento em educação é realmente incrível.”

Para Saber mais www.hitl.washington.edu/artoolkit/www.realidadeaumentada.com.br/home/www.naist.jp/index_e.html

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Marina Oikawa vive e estuda no

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Para Saber mais www.hitl.washington.edu/artoolkit/www.realidadeaumentada.com.br/home/www.naist.jp/index_e.html

“A procura pela prática divide-se entre o grupo que busca a ‘marcialidade’ e defesa pessoal e o grupo que a procura como terapia, já que ajuda na circulação cardiovascular e digestiva, na respiração aeróbica, na coordenação entre outros benefícios”, afirma o professor da Associação Chin Wu de Kung Fu – Wushu, na Cidade Nova 6, em Ananindeua, Pablo Silva. Ele começou aos 13 anos, ainda no combate e há sete anos começou o Tai Chi a conselho de seu treinador como complemento do programa de exercícios. Segundo Pablo, “o Tai Chi Chuan é uma modali-dade de kung-fu, que se divide em externa, aquela que exige mais força física; e interna, aquela que está entre a meditação e a concentração”. A técnica chinesa se aplica a segunda delas e busca equilibrar as energias internas, influenciando nas externas, priorizando a meditação e a respiração, fazendo uso das técnicas de artes marciais. Por ser uma ginástica marcial realizada com a mente concentrada no ritmo contínuo do corpo, seus movimentos lentos, relaxamento e respiração profunda resultam numa melhoria do estado geral de saúde. A prática contínua também permite es-tender a meditação às demais atividades diárias, como estudar, trabalhar, dançar, atividades que exigem maior concentração e esforço. “Domínio

Tai Chi Chuan: a Arte da Imortalidade

por:Clareana Rodrigues

Relaxamento, terapia, filosofia de vida e arte marcial. O Tai Chi Chuan pode ser enquadrado em todas essas categorias e como a maioria das práticas chinesas é um mistério para nós

ocidentais. Sua ligação com a saúde e a filosofia é muito es-treita e vem alcançando os paraenses que estão em busca de

técnicas de defesa pessoal e terapia

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de si mesmo e do meio (parte interna e externa)”, afirma Thiago César de Souza, praticante da técnica há oito meses. Apesar da eficiência e de poder ser prati-cado em qualquer idade, como o próprio instrutor brinca. “Deve ser praticada em qualquer idade, de 5 a 88 anos, basta ter força de vontade e pagar corretamente a mensalidade”, diz Pablo Silva. O Tai Chi em Belém tem poucos praticantes e enfrenta, como a maioria das práticas que envolvem luta, o preconceito entre as pes-soas que não a conhecem, o que também na opinião de Pablo ocorre em razão da falta de divulgação do esporte. A aula inicia com relaxamento e exercí-cios de respiração que se diferencia por ser abdominal. Em seguida os alunos acompanham o profes-sor nos movimentos e realizam um trabalho individual de correção de exercícios. Além disso, os alunos fazem trabalhos em dupla, através da simulação de ataques e utilizam alguns instrumentos como a espada, o leque e o bastão. Tiago de Souza diz que adquiriu mais resistência e força física, principalmente nas pernas e no diafragma. “Aumentei a minha coordenação, capacidade pulmonar, concentração e inclusive domínio da dor, sensação de calma e bem estar”.

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Apesar da China ser considerada a 4ª econo-mia mundial, com um PIB (Produto Interno Bruto) que atingiu 11,4 %, no ano de 2007, o país ainda enfrenta problemas e crises – desigualdades regionais, má distribuição da riqueza, fragilidade do sistema financeiro, saúde e poluição do meio ambiente – assim como a maioria dos países em desenvolvi-mento (os antigos países do terceiro mundo). A partir da década de 90 o país entrou no mundo globalizado, impondo-se como maior produtor mundial de alimentos. “A China está se deslocando progressivamente da economia dos Estados Unidos e há mais de 10 anos é uma locomotiva da eco-nomia mundial”, conta o embaix-ador brasileiro, na China, Luis Augus-to Castro Neves. A aber tura e c o n ô m i c a d a China ao capital estrangeiro possibilitou que as empresas multinacionais espalhadas pelo mundo pudessem instalar suas filiais, devido os baixos custos de produção, mão-de-obra abundante e barata e mercado consumidor amplo. Os salários chineses são baixos, uma vez que o governo faz um controle que pos-sibilita que as empresas tenham um custo reduzido de produção e contratação o que justifica o alto índice de exportação. Mas não quer dizer que a população viva na mi-séria, pois apesar de ganharem pouco, esse salário dá para arcar com as despesas básicas,

Paradoxo chinêspor:Josué Ribeiro

como: alimentação, transporte, vestuário, etc. A vantagem é que a China procura re-solver seus problemas através de soluções práticas. Para combater as desigualdades de renda, a escola passou a ser gratuita e há um investimento pesado na educação com o objetivo de reduzir as disparidades em médio prazo. Quanto ao meio ambiente, verifica-se que a preocupação chinesa está nos danos trazidos para o seu desenvolvimento como a falta de consciência ambiental e os problemas que se acarretaram com a destruição da natureza. Mesmo com todo esse potencial de cresci-

mento econômico, seus obstáculos a ser-em ultrapassados são: a falta de qualificação profissional – ape-sar da grande núme-ro de mão-de-obra disponível – o que prejudica a economia chinesa; o aumento da dependência de

recursos energéticos externos, como o petró-leo e a instabilidade política causada pelo enfraquecimento do partido comunista. A saúde chinesa foi abalada com a epi-demia SARS (Síndrome Respiratória Aguda Grave), que deixou um número de aproxi-madamente 371 mortos e uma grande quan-tidade de infectados que faziam tratamento. Este fato foi criticado por muitos países devido o governo chinês ter tentado que este fato não fosse divulgado.

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Taoísmo: união de filosofia e religião

A religião taoísta é o único con-junto de ensinamentos filosó-ficos e práticas religiosas com início na China e com um núme-ro de seguidores apenas menor que o budismo (religião mais popular da China)

As origens do taoísmo estão ligadas aos antigos panteís-tas chineses e crenças xamânicas .O xamanismo é um conjunto de crenças ancestrais e sua prática estabelece contato com outros planos de consciência, a fim de obter conhecimento, poder, equilíbrio e saúde. Busca a tranqüilidade, paz, profunda concentração e estimula o bem estar físico, psicológico e espiritual. A religião é baseada no politeísmo (religião com crença em mais de um deus). O objetivo do taoísmo é a libertação da alma, que segundo as crenças taotistas só seria possível com o retorno do espírito a sua forma mais plena chamada de Tao, que literalmente significa: “essência inata e primordial de todas as coisas”. Para que o homem consiga que a sua alma alcance o Tao, seria necessário, por exemplo, o desapego do mundo material.Na busca por tal objetivo os seguidores do taoísmo realizam a meditação, buscam a vida em harmonia com a natureza, praticam danças e cultos aos ancestrais. Atualmente, existem mais de 1600 templos taoístas

por: José Fonteles

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O taoísmo surgiu no século II durante o período dos estados guerreiros e se tornou uma religião oficial apenas três séculos depois

espalhados pelo mundo.A estimativa é de que nesses templos existam cerca de 25 mil sacerdotes. Para levar adiante e divulgar a cultura taoísta, a associação taoísta chinesa publicou dezenas de obras clássicas do taoísmo e compilou mais de 30 livros sobre a religião e uma série

de livros sobre a cultura taoísta. A associa-ção publica ainda uma revista bimestral, chamada “O Taoísmo da China”, distribuída no próprio país e enviada ao exterior. A Academia Chinesa de Taoísmo, fundada em 1990, oferece cursos aos jovens interessados sobre as investigações e estudos taoístas. Milhares de estudantes graduaram-se na aca-demia desde seu estabelecimento.No Brasil também existem templos taoístas. A Sociedade Taoísta do Brasil (STB) tem como objetivo difundir os ensinamentos do taoísmo no país mais católico do mundo.Fundada em 15 de janeiro de 1991 por Wu Jyh Cherng, na cidade do Rio de Janeiro , a

sociedade taoísta brasileira mantém contato com a socie-dade taoista chinesa para que se mantenha atualizada e bem informada sobre as práticas e ensinamentos taoístas. Templo da Transparência Sublime é o nome do templo localizado na cidade do Rio. Os praticantes do taoísmo receberam em março de 2002 o seu segundo templo.Construído na cidade de São Paulo com o nome de Templo do Tesouro do Espírito.E no inicio de 2004, também no estado de São Paulo, na cidade de Embu, a STB recebeu, como doação da prefeitura da cidade, um terreno de 6 mil metros quadrados, onde foi construído um centro de meditação taoísta.. Por ter uma origem muito antiga, o Taoísmo apresenta muitas ramificações. Seus conhecimentos, manifesta-dos através de várias Escolas Taoístas, poderiam, de modo geral, ser classificados segundo cinco vertentes: a primeira delas chama-se Dân Ding, que significa lit-eralmente caldeirão e elixir, é chamada no Ocidente de Escola da Alquimia. A segunda chama-se Fú Lù, Fú significa correspondência e Lù quer dizer Ordenar. Ou seja, é a Escola da Correspondência e da Ordenação, referindo-se à Escola Ritualística e da Lei Cósmica. A terceira chama-se Jîng Dian, que literalmente significa Textos Clássicos. São escolas que enfatizam mais os

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Lao Tzu,um dos Deuses do Taoísmo

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estudos clássicos, podem ser chamadas de Escolas Filosó-ficas ou Escolas de Estudos filosóficos do Taoísmo. A quarta chama-se Jî Shàn, que significa Acumulação da Bondade. Aplica os conhecimentos taoístas em benefício da sociedade, da pessoa, da vida. É a escola voltada para a doação e para as práticas taoístas na vida quotidiana. A última chama-se Zhân Yuàn, que significa Oráculos e Experiências, ou seja, Yi Jing (I Ching), astrologia, artes marciais, acupuntura, incluindo conhecimentos de cura através da ervas da medicina taoísta e diversos trabalhos energéticos. O objetivo da STB é mostrar para seus integrantes todas as origens e ensinamentos das vertentes taoístas, buscando sempre uma união en-tre elas.Ensino de filosofia e artes taoístas,meditação,palestras sobre o Tao Te Ching,retiros espirituais e rituais taoístas, são atividades oferecidas pela STB Em Belém a companhia de dança nataraja tem no taoísmo como base da sua filosofia de ensino. A Cia de Dança Nataraja, dirigida por Marieta Hamsá, trabalha exclusivamente com a Dança Cósmica de Shiva. A companhia foi criada em 1998, com o objetivo de desenvolver um trabalho inspirado na Arte Shivaista. “De maneira geral, na dança cósmica de Shiva, dançamos no universo, com o universo, trabalhando o corpo, a mente e o espírito em aulas teórico-práticas, aliando dança, canto e meditação em busca de uma auto-imagem, auto-estima, con-sciência corporal e inter-relacionamentos grupais saudáveis e harmônicos. A Dança de Shiva sim-boliza os ciclos cósmicos de criação e renovação bem como o ritmo diário de nascimento e morte, tanto no micro como nos macrocosmos, que são vistos no misticismo hindu, como base de toda existência”, escreve Marieta Hamsá para o flog da companhia de dança na internet.

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O nome do grupo (Shiva Nataraja) é uma homenagem a uma das mais poderosas representações da Deusa Shiva

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Brasil: o país do futebol?

As olimpíadas de Pequim iniciam-se em agosto deste ano, mas desde o anúncio do país sede, milhões e milhões de

dólares já foram gastos, milhares de toneladas de aço já foram usadas, diversas tecnologias foram pensadas e postas em

prática e, é claro, exércitos de operários ainda dedicam esfor-ços para que todas as obras estejam prontas até o dia da aber-

tura dos jogos olímpicos

Como as autoridades chinesas querem que o auda-cioso e futurista projeto seja lembrado por sua mod-erna arquitetura e fique marcado na história, o Estádio Olímpico - que antes de ficar pronto já se tornou cartão postal comparado com a Grande Muralha da China e

com o retrato de Mão na Praça da Paz Celestial – é a obra mais cara (500 milhões de dólares), mais moderna e a mais querida dos chineses. Por isso será palco das cerimônias de abertura e encerramento dos jogos, das competições de atletismo e das partidas finais do futebol. O “Ninho de Passarinho” , como é mais conhecido por seu design inovador, mistura um emaranhado de vigas de aço, o que para os organizadores é uma perfeita combinação de elegância e simplicidade. A obra está recheada

de inovações tecnologias que prometem agradar turistas e ambientalistas de todo mundo. A estrutura do teto aproveita a iluminação natural; foram construídos siste-mas de coleta de água da chuva e métodos de ventilação que utilizam ao Maximo o ar natural; a arquibancada está disponível de modo que permite a todos ficarem praticamente a mesma distancia dos competidores,

por: Raphael Freire

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O projeto do estádio foi escolhido em um con-curso feito pela prefeitura de Pequim

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apenas em ângulos diferentes. O estádio também conta com um shopping center e uma área de lazer. Não vai ser dessa vez que o Brasil vai sediar uma olimpíada, mas em 2014 – 64 anos depois – o nosso país volta a sediar uma copa do mundo, e Belém é uma das possíveis cidades que receberão algumas partidas. Mas será que a nossa cidade está preparada para receber parte de um evento desse porte? “Temos um potencial muito grande na área turística, estamos na Amazônia, que causa grande curiosidade ao público estrangeiro. Além disso, há muita vontade política que Belém tenha jogos da Copa do Mundo. Tudo será feito para que consigamos, e estamos muito confiantes em trazer a Copa para cá - diz a secretária de Esportes do Pará, Lúcia Penedo”. Belém possui o Estádio Olímpico Edgar Proença ou simplesmente Mangueirão, inaugurado há mais de 30 anos. O estádio sofreu uma grande reforma em 2002 e passou a oferecer modernos vestiários equipados com aparelhos de alta tecnologia, mais conforto e segurança aos visitantes. Para a copa de 2014, o governo pretende tomar medidas técnicas para o funcionamento eficiente de um estádio, de acordo com os padrões internacionais estabelecidos pela FIFA (Federação Inter-nacional de Futebol), através da construção de rampas; implantação do museu do es-porte; construção de uma ampla praça de alimentação e cisternas para reaproveitar a água da chuva; o uso de catracas eletrôni-cas mais modernas nas entradas a fim de tornar o acesso ao Mangueirão totalmente informatizado. De acordo com o projetista original do estádio, o arquiteto e projetista do estádio, Alcyr Meira, o Mangueirão, não precisa de significativas alterações para re-ceber partidas de Copa do Mundo. “Projetei este estádio há 33 anos com um conceito moderno e acredito que internamente não serão necessárias muitas modificações”, contas Alcyr que também está à frente do atual projeto de reforma.

No estádio são disputados os principais jogos do Clube do Remo, Paysandu Sport Club e Tuna Luso Brasileira

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O novo estádio possui quatro níveis: o térreo, o das cadei-ras e tribuna de honra, o das cabines e o das arquibanca-

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Na região em torno do estádio será realizada a con-strução de um complexo esportivo que prevê a inclusão de um centro de treinamentos junto ao estádio, um ginásio poliesportivo e dez outros miniginásios, que na Copa seriam usados como centros de hospitalidade (am-plamente citados pela Fifa em seu caderno de encargos). Para conseguir verba que possa viabilizar a execução do

projeto, o Governo do Estado visa bus-car patrocínio de empresas mineradoras que atuam no Estado. “Basicamente, a idéia é que o Governo do Estado invista no Mangueirão e a prefeitura fique com a parte de infra-estrutura urbana. A ini-ciativa privada seria um reforço”, conta Lúcia Penedo. Mas para sediar alguns jogos da Copa do Mundo não são necessárias somente inovações tecnológicas parecidas com as da China. Segundo Alcyr Meira são necessários também investimentos na

qualificação e conscientização da população do es-tado. “Além da reforma na infra-estrutura, prefeitura e Governo Estadual devem investir na qualidade de do atendimento ao público (turistas); bons hotéis e um número suficiente deles; melhoria na o trânsito caótico da cidade; na segurança da cidade e Belém; na limpeza da cidade”. Depois que Belém possuir todos esses elementos – que deveriam ser exigências da FIFA – os paraenses podem começar a se animar em ver grandes seleções mundiais jogando em solo marajoara.

Você Sabia? O Estádio Nacional de Pequim será inaugurado às 8 horas do dia 8 do mês 8 de 2008, já que o 8 é um número de sorte para os chineses.Se todas as vigas de aço fos-sem colocadas em linha retas, elas formariam 43 km de extensão mais de uma volta inteira na órbita do planeta terra. Com o dinheiro gasto para a construção do Estádio Nacio-nal – 500 milhões de dólares – daria pra comprar 15,7 milhões de quilos de feijão. A capacidade do estádio será de 91 mil pessoas, valor que completaria 2022 ônibus urbanos com os passageiros sentados.

Além do estádio, Alcyr também projetou o Campus Universitário da UFPA

Vista panorâmica do complexo do

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Ginásio Olímpico de Basquete- Arena WukesongCapacidade 18 milModalidades basquete

Ninho de Pássaro - Estádio OlímpicoCapacidade 91 milModalidades atletismo e futebol

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Cubo D’Água - Centro AquáticoCapacidade 17 milModalidades natação, nado sincronizado e pólo-aquá-tico

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Quadra Olímpica de Tênis Capacidade 17,4 mil Modalidades Tênis

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A Transcendência e o Cantar Hare Krishna

Não pensem que eles largaram tudo e ficam enclausura-dos dentro de um templo rezando, aos que querem ser monges sim, mas os devotos são pessoas como qualquer um, inclusive um Hare Krishna pode estar ao seu lado na escola, no trabalho, no ônibus, em qualquer lugar. O movimento Hare Krishna surgiu na Índia no fim do século XV e início do século XVI baseado nos ensi-namentos do guru Sri Krishna Chaitanya Mahaprabhu. O movimento também conhecido por Sociedade Interna-cional para a Consciência de Krishna (ISKCON, sigla em inglês) é uma tradição monoteísta que está inserida na cultura Védica ou Hindu. O ocidente passou a ter contato com os ensinamentos Hare Krishna em 1965, quando A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada recebeu a árdua missão de divulgar a religião para uma parte do planeta predominantemente católica. A filosofia do Movimento Hare Krishna provêm de escritos conhecidos como Vedas, que são textos que tratam – na língua sânscrita – sobre psicologia, cosmo-logia, política, arquitetura, astrologia, arte, saúde, entre outros temas. O seu principal conteúdo diz respeito a um processo de compreensão espiritual por meio de respostas a perguntas complexas que qualquer um já se fez algum dia: Quem sou eu? Por que estou aqui? Qual o objetivo da vida? Como posso alcançá-lo? De acordo com os Vedas, nós somos uma pequena partícula espiritual que dá vida ao corpo material, então todos os seres vivos são uma partícula espiritual dentro de um determinado corpo material. Nós, partículas es-

Roupas coloridas, cabeça raspada, músicas e danças alegres, hábitos alimentares saudáveis... São por essas características que os Hare Krishnas passaram a ser conhecidos por muitas

pessoas no Ocidente. Porém poucos conhecem sua filosofia de vida e religiosa, suas atividades, suas crenças, seus princípios, etc.

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Nos cultos são feitas orações em adoração à Krishna

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pirituais, estamos aqui para alcançarmos o verdadeiro objetivo da vida: a volta para onde viemos, um lugar eterno, com muita bem-aventurança e conhecimento, para vivermos o puro amor divino da Suprema Personalidade de Deus e para alcançarmos esse objetivo é necessário estar sempre em contato com Deus.

Os sete propósitos Srila Prabhupada, ao fundar a ISKCON, elaborou sete propósitos com a intenção de que os devo-tos cultivassem a pura consciência a serviço do amor di-vino. “Eles [os propósitos] funcionam com o proposição de expandir uma consciência divina para a sociedade, têm como objetivo favorecer a sociedade como um todo. De acordo com a filosofia védica a vida começa quando se vivencia esses princípios”, diz Cléber Guerreiro, ou melhor, Krishna Kathamrta, 34, hare krishna e proprietário do Bhagavat Prasada, 1º restaurante lacto-vegetariano de Belém. 1- Propagar o conhecimento espiritual entre as socie-dades a fim de educar todas as pessoas nas técnicas da vida espiritual, restabelecendo o equilíbrio dos valores na vida e, finalmente, alcançando a verdadeira união e paz mundiais.2- Propagar a consciência de Krishna (Deus), assim como foi revelada nas grandes escrituras da Índia - Bhagavad-gita e o Srimad Bhagavatam. 3- Unir os membros da sociedade e torná-los mais próximos de Krishna (a entidade primordial). Isto fará com que cada alma (tanto dos membros, como da sociedade) seja parte integrante de Krishna. 4- Ensinar e encorajar o movimento de sankirtana - o canto congregacional do santo nome de Deus - tal como foi reve-lado nos ensinamentos do Senhor Sri Caitanya Mahaprabhu. 5- Erguer, para os membros da sociedade e demais, um local sagrado de passatem-pos transcendentais dedicado à personali-dade de Krishna.6- Manter os membros unidos com a finalidade de ensinar um modo de vida

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Homenagem especial ao fundador da doutrina

Durante as celebrações há apresentações de danças indianas

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mais simples e natural. 7- Publicar e distribuir periódicos, revistas e livros com os propósitos acima mencionados. As quatro virtude Além dos sete princípios, os devotos devem bus-car quatro virtudes indispensáveis para se ter uma vida identificada com valores espirituais e eternos: misericórdia – não comer animais; limpeza – não praticar sexo ilícito, ou seja, sexo fora do casamento; austeridade – não se intoxicar e veracidade – não praticar jogos de azar. “São elas [as virtudes] que definem um homem como verdadeiramente um ser humano, nós seguimos para facilitar o nosso avanço rumo ao supremo... O mundo clama por paz, mas como ter paz se as pessoas se alimentam diari-amente de violência? Milhões e milhões de animais

são sacrificados diariamente, com o único propósito de satisfazer o paladar. É comprovado cientificamente que o ser humano não necessita de carne pra sobreviver. Eu sou vegetariano há quase dez anos e estou aqui vivo, com saúde”, justifica Krishna Kathamrta.

A religião Hare Krishna tem como principal foco a transcendência, ou seja, a libertação do cativeiro mate-

rial, se desprender da busca por bens materiais presentes constantemente em nossas ações, já que as formas materiais são temporárias e limi-tadas. Isso é feito por meio do cantar dos santos nomes – mantras –, em especial o Maha Mantra (saiba mais em ‘a forma auditiva de Krishna’). “O grande mantra funciona como um processo de libertação da mente, purifica nossos sentidos, nosso coração e vai fazendo a gente gradualmente agir, ter atitudes favoráveis rumo à transcendên-cia”, conta Krishna Kathamrta.Diferente do que muitos pesam, os Hare Krishnas

acreditam em um único Deus: Bhagavan (bhaga significa ‘opulência’ e van significa ‘aquele que possui plenamente’, em sânscrito) ou popularmente Krishna, um nome de Deus que significa todo-atrativo em sânscrito. Eles bus-cam estar em contanto constante com esse Deus através da Bhakti yoga (bhakti=devoção e yoga=conexão, união). “A gente pode estar em yoga 24 horas por dia, voltando

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Altar onde são feitas reverencias e ofertas ao Deus Krishna

Durante as celebrações há apresentações de danças indianas

Uma das inúmeras representações de

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todas as nossas ativi-dades para Deus. Por exemplo, ao cozinhar eu posso espiritualizar essa ação, cozinhando consciente de Krishna, oferto aquele ato para Deus”, diz Kathamrta.

Krishna tem forma e personalidade Um dos ensinamentos básicos é o de que Krishna é ou foi uma pessoa. O próprio Krishna diz isso no Bhagavad-gita.”Homens sem inteligência, que não me conhecem perfeitamente, pensam que Eu, a Suprema Personalidade de Deus, Krishna, era impessoal e depois assumi esta personalidade. Devido a seu conhecimento escasso, eles não conhecem minha natureza superior, que é imperecível e suprema” (7.24). “Existem duas grandes escolas filosóficas na tradição do oriente: uma é impersonalistas e acredita que deus é apenas uma luz, um brilho. Já a escola Vaisnava é personalista, para eles krishna é uma pessoa, é uma luz, é amor, ele assume uma forma que nós podemos nos relacionar com ele, essa é a concepção de personalismo, então entendemos que ele é uma pessoa que fala, que age, que toca flauta, que come”, explica Krishna Kathamrta. Deus Krishna tem inúmeras dimensões e encarna-ções, a forma personalista é uma delas.

A Teoria do Karma Lembra da terceira lei de Newton? Aquela que diz que para toda ação sempre haverá uma reação? Pois bem, esse é o mesmo conceito que explica a Teoria do Karma. Ela funciona da seguinte maneira: as ações, as atitudes – boas ou más – que realizamos hoje, nesta vida, influenciarão fortemente em nossas próximas vidas. Daí surge, atrelado ao conceito da Teo-ria do Karma, a crença na reencarnação. Assim como os espíritas, os Hare Krishnas crêem que nós reencarnamos e dizem que esta vida é apenas uma das que tivemos e, das que ainda vamos ter, e que o nosso corpo atual não é o primeiro, mas o mais recente de todos os que tivemos. “A nossa concepção de reencarnação é de transmigra-

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Todos desclaços e sentados assistem as celebrações

Nos cultos sempre é feita a leitura do livro mestre nos dois

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ção, nós transmigramos de um corpo para outro, de acordo com as nossas atividades recebemos um corpo específico... Segundo a literatura védica existem oito milhões e quatrocentos mil formas de corpos diferentes nesse universo material e nós estamos sujeitos a pegar qualquer um deles de acordo com as nossas ações”, conta Kathamrta. Talvez essa crença possa ser explicada etimologica-mente, por meio dos cinco elementos que compõem a palavra reencarnação: re= “de novo”; en= “para dentro”; carn= “carne”; ação= “causar ou tornar-se”; ou seja, “o processo de voltar a carne”. Muito usada para expressar a mesma idéia de reencarnação, existe a palavra trans-migração (trans= “através”; migr= “ir ou mudar-se”; e ação= “processo de causar ou de tornar-se”), as duas

tem o mesmo sentido de mudar de um para o outro.

Hare Krishnas em Belém O movimento, ou melhor, a re-ligião Hare Krishna teve seu auge em Belém na década de 80, naquela época era comum vermos típicos Hare Krishnas – monges – com roupas coloridas e cabeça raspada em ônibus da cidade vendendo livros, difundindo a filosofia, con-

vidando as pessoas a participarem dos festivais de domingo. Naquela época existiam alguns

templos em Belém, porém hoje os adeptos do Hare Krishna na cidade – uma congregação em torno de 40 pessoas – contam somente com um centro cultural, mais conhecido como Centro Hare Krishna de Belém, onde podem se encontrar, fazer devoções a Krishna e neste mesmo espaço funciona um restaurante com um cardápio feito com base em uma dieta lacto-vegetariana – os Hare Krishnas não comem ovos, carnes e peixes –, além de uma pequena loja de artigos esotéricos, incensos e livros. Todos os domingos o Centro Hare Krishna de Belém promove festivais para adorarem todos juntos – outra característica dos Hare Krishnas, eles visam bastante pelo coletivo e o consideram ponto congregacional do santo nome de Deus – a Suprema personalidade de Deus

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As orações são sempre acompanha-das de música e cantos

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e todos que estiverem interessados em conhecer um pouco mais desse estilo de vida um tanto quanto difer-ente o Centro estará de portas abertas para recebê-los assim como fui recebido, aliás, muito bem. “Qualquer pessoa pode vir, de qualquer credo religioso... Tem pes-soas que vão pro movimento por vários fatores, entre eles por curiosidade, como foi o meu caso. Há outras características de pessoas que vão para o movimento buscar conhecimento, sabedoria, verdade e um outro caso, pessoas que estão aflitas, sofrendo, com dúvidas, inquietações”, afirma Flávio Lacerda, 34, mais conhecido entre os devotos como Lavanga Sakha Das.

A forma auditiva de Krishna Entre as escrituras indianas estão os mantras (man - mente; tra - liberar) que são mensagens cantadas para uma realização espiritual. É por meio também do can-tar dos mantras – além da bhakti yoga – que os Hare Krishnas tentam alcançar a transcendência e mantêm a conexão com Deus. Existem mantras para destruírem inimigos, para curar doenças, para nos proteger, para nos purificar e mantras que glorificam os semideuses. Você já deve ter ouvido um mantra na rádio ou na TV, em especial o Maha Mantra, que ficou conhecido na voz de Nando Reis e Os Infernais (Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare/ Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare). O Maha Mantra Hare Krishna é composto por apenas três palavras: hare (energia de Deus); krishna (o todo atrativo) e rama (a fonte de todo prazer) elas são cantadas em vários ritmos, em diversas melodias. Segundo Krishna Kathamrta cantar o maha mantra seria como fazer uma oração para Deus. “Quando a gente canta o maha man-tra hare krishna, a gente tá falando ‘Ó Senhor, ó energia divina fonte do nosso amor, por favor, me ocupe em seu serviço, me ocupe em sua atividade’ e aí a gente pede pra fazer serviço devocional, a gente entra em Bhakti yoga”, declara. Inclusive pode-se cantar o mantra de uma forma mais introspectiva chamada de “japa” e normalmente é feita com a ajuda de um rosário de 108 contas, chamado japa-mala. Para cada conta canta-se uma vez o mantra. 108 contas cantadas equivalem a “uma volta”. Quem está se iniciando na religião costuma fazem um voto de cantar no mínimo 16 voltas por dia. Muitas pessoas consideram

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O livro base O mais importante livro tran-scendental é o Bhagavad-gita. Ele foi falado diretamente por Krishna e ainda é considerado o livro sagrado mais popular da Índia. É desse livro que os Hare Krishnas retiram os ensina-mentos para aplicarem em suas vidas. O Bhagavad-gita é com-posto de 18 capítulos divididos em versos e macro-sessões que tratam de yoga da devoção, do trabalho; sobre como alcançar a luz através do conhecimento entre outros ensinamentos. Das três autoridades na vida espiri-tual – o guru, os devotos e as escrituras – as escrituras são a autoridade máxima.

Para os devotos, Deus possui vários nomes, pois ele se mani-festa de diferentes maneiras. De acordo com as atividades que Deus manifesta, ele possui um nome específico; por ex-emplo: Rama, Hari, Narayana, Vishnu, Nrsimhadeva, Krishna, etc. todos eles se referem a um único ser, Deus. Aliás, dia 18 de maio foi comemorado o Dia da Proteção Transcendental, onde Krishna se apresenta na forma extraordinária metade homem metade leão (Nrsimhadeva). Durante a celebração foram fei-tas reverências, oferendas, can-tos, dança e louvor a deidades

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as primeiras horas do dia, antes mesmo do sol nascer, como sendo os mais agradáveis para essa prática. Os Hare Krishnas acreditam que um dia o universo vol-tará a viver a era dourada, a era em que toda a sociedade compartilhará dos ensinamentos que Bhaktivedanta Swami Prabhupada trouxe para o Ocidente há mais de 40 anos. “A gente acredita que um dia o mundo vai se tornar hare krishna, as pessoas vão ter a consciência de Krishna... Vai chegar um momento que as outras religiões vão se silenciar e vão clamar por uma escritura e uma cultura teocêntrica que satisfaça a todos”. Conta Malanga. Segundo ele é no momento em que essa era chegar que o mundo estará a salvo. “As pessoas deviam se perguntar a respeito da religião hare krishna. A so-ciedade tem que entender outros pontos de vista sobre deus, pelo menos a idéia de admitir que existem outras escrituras, outros credos. A gente tem pra oferecer música, dança, cultura, língua, muita coisa como modo de vida, um conhecimento milenar muito poderoso que está cada vez mais atual, misticismo (comunhão com deus), nossos livros têm aventura, drama, intriga, guerra, vio-lência, romance, sedução, enfim tudo que as pes- soas buscam através do cin- ema, de coisa matérias, coisas mundanas, por que na nossa cul- tura a gente não nega as coi- sas, só fazemos uso delas. A gente tenta fazer um bom uso das coi- sas, tentamos transfor mar o mundo mate-rial numa coisa boa”, conclui.

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no altar. Não se pode confundir o fato de Deus possuir vários nomes com a existência de Semideuses – Devas, em sân-scrito –. “Semideuses são administra-dores do universo, são eles que auxiliam Deus na manutenção desse universo material”, es-clarece Krishna Kathamrta, o Cléber. As suas principais funções são: assegurar que tudo funcione perfeitamente dentro das manifestações cósmicas e manter a lei e a ordem dentro do universo. Entre os principais semideuses estão: o Senhor Brahma, que é o criador do universo e o primeiro a ser criado; o Senhor Shiva, que é o destruidor do universo; Rei In-dra é o rei dos planetas celestiais e o controlador do clima; Vayu é o semideus encarregado do ar e dos ventos; Candra é o con-trolador da lua e da vegetação; Varuna é o senhor dos oceanos e mares; Yamaraja é o senhor da morte e por aí vai. Existem mil-hares de semideuses que estão controlando todas as diferentes atividades dos corpos das enti-dades vivas e o funcionamento dos elementos.