Revista ARC DESIGN Edição 23
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C A R TAZ E S D O C ON S T R UT I V I S MO RU S S O
D E S IGN HOL A ND Ê S + A R T E S AN ATO BR A S IL E IRO
B AN H E IRO S : NO VID AD E S N A IT Á LIA E NO B RA S IL
A RQ. D E IN T E RIO RE S : S IM P LIC ID A D E = P E R F E IÇ Ã O
MO S C H IN O: HU MO R E IRONI A N A M OD A
DE S IGN BR A S ILE IR O: 50 A NO S E M RE VI S TA
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Nº
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REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
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A lu mi ná ria que ilus tra a capa des ta edi ção é re -
sul ta do do tra ba lho con jun to en tre es tu dan tes de
de sign ho lan de ses e ar te sãos bra si lei ros (veja ma -
té ria na pá gi na 17).
Pro du zi das a par tir de fi nís si mas lâ mi nas de ma -
dei ra co la das, en can tam por sua apa rên cia leve e
de li ca da. De se nho de as pec to so fis ti ca do, lem bra
ele men tos da cul tu ra po pu lar bra si lei ra, como as
lan ter nas de pa pel das fes tas ju ni nas.
Pro du to low-tech, não exi ge ma qui ná rio so fis ti ca -
do – re quer ape nas ha bi li da de ma nu al e mu i ta pa -
ci ên cia. As lâ mi nas de ma dei ra são re a pro vei ta das
de em ba la gens, do a das pe las fá bri cas vi zi nhas à
fa ve la Mon te Azul.
Um bom de sign... sus ten tá vel!
No alto da página, foto que foi duplicada e espelhada para a
montagem da capa. Na foto central, imagem na qual se
percebe a elasticidade do material: a madeira é utilizada em
sua espessura mínima, tornando-se elástica e ecologicamente
correta pela economia de matéria-prima. Uma de suas pro-
priedades que reafirma o ditado “sabendo usar não vai faltar”.
Acima, dois modelos desenvolvidos com o mesmo conceito
Foto
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ARC
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IGN
O que vitrines de moda, bonecas de pano, banheiros e um espaço de exposições
têm em comum?
Poderíamos dizer que todos nascem de um projeto, de um design.
Mas sua similaridade, de fato, é que todos esses projetos e produtos estão rela-
cionados com nosso comportamento. É o design que dita o comportamento, os
hábitos da vida moderna? Ou são estes que determinam o design dos objetos?
Nesta edição, damos uma idéia do que será a nova ARC DES IGN.
Um projeto gráfico ágil , matérias sobre design de interiores, moda, design de
produto, design gráfico que, reunidas, traçam um perfil do nosso comportamento
atual, moderno, antenado no mundo.
Aproveitem!
Maria Helena Estrada
Editora
A ex po si ção que inau gu ra o Ins ti tu to To mieOh ta ke, em São Pau lo, traz um pa no ra ma so -bre o de sign bra si lei ro, grá fi co e de pro du to,nos úl ti mos 50 anos. Vi si te-a co nos co
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Hu mor e con tes ta ção eram duas cons tan tesno tra ba lho do fas hion de sig ner Fran co Mos -chi no. Mos tra mos al gu mas das úl ti mas vi tri -nes de sua gri fe, nas quais a ma lí cia e a iro -nia de Mos chi no per ma ne cem vi vas
A co la bo ra ção en tre ar te sãos bra si lei ros ede sig ners ho lan de ses deu ori gem a uma sé -rie de pro du tos ar te sa nais com alto va loragre ga do. Con fi ra a ex po si ção, re a li za da noMAM-Hi gie nó po lis, em São Pau lo
DESIGN
SOLIDÁ
RIO
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trad
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NEWS 4
PANORAMA BRASIL: BANHEIROS 70
MATERIAL CONNEXION 76
EXPEDIENTE 86
ASSINATURAS 87
343428281717
REVISTA BIMES TRAL DE DESIGN ARQUITETURA INTERIORES COMPORTAMENTO
n º 23 , j ane i r o / f e ve re i r o 2002
GRÁF
ICA
UTÓPICA
Da R
edaç
ão
Design gráfico inovador como ex pressãopolítica; a arte como “instrumento deinvenção da realidade”. O construtivismorusso é o tema da exposição “GráficaUtópica”, que aconteceu até 24 de fevereiroem São Paulo
SIMPL
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O Es tú dio Jac que li ne Ter pins, inau gu ra do re -cen te men te em São Pau lo, com bi na des po ja -men to, sim pli ci da de for mal, es pa ços ge ne ro -sos e ilu mi na ção dra má ti ca. Con fi ra o “ce ná -rio” cri a do por Fe lip pe Cres cen ti, com ilu mi -na ção de Gil ber to Fran co e Car los For tes
Es pa ço de des can so, au to con tem pla ção ere fle xão, mas prin ci pal men te de pra zer, oba nhei ro con tem po râ neo as su me pa pelem ble má ti co na casa con tem po râ nea. Pu -bli ca mos os úl ti mos lan ça men tos paralou ças, me tais e aces só ri os ex pos tos naCer saie, Bo log na
MUI
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RAZE
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lent
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PUBLI-EDITORIAIS:
Giroflex apresenta a cadeira 63 38
Voko, novas cadeiras Duo e Nella 40
Firma Casa por João Armentano 56
Forma, design com nome e sobrenome 58
646450504242
BANG & OLUFSEN NO RIOA Bang & Olufsen acaba de inaugurar sua primeira loja no
Rio de Janeiro, terceira filial no Brasil. Os cariocas terão a
oportunidade de conhecer os equipamentos da empresa
dinamarquesa de áudio e vídeo, que têm como principais
características qualidade em som e imagem e design ino-
vador. A arquitetura da nova loja, seguindo a linha mundial
da empresa, apresenta o conceito batizado de Blue Print,
com iluminação adequada à demonstração de cada
equipamento e painéis azuis distribuídos pelo show-
room que trazem informações sobre os produtos e
serviços da empresa.
Bang & Olufsen: Estrada da Gávea, 899 (São Conrado
Fashion Mall, loja 223), Rio de Janeiro. Tel.: (21) 2422-6079.
www.bang-olufsen.com.br
SALÃO DO MÓVEL 2002, MILÃOA cada ano são inúmeros os leitores que nos procuram pedindo infor-
mações ou ajuda para conseguir passagem, hotel ou entradas para as
Feiras da Primavera, em Milão. O Salão Internacional do Móvel: EIMU
(Salão do Escritório), Eurocucina (Salão da Cozinha) e Salão do
Complemento serão realizados de 10 a 15 de abril de 2002.
Para que possamos dar uma resposta a quem nos procura, e
visando baratear custos por meio da organização de um grupo
maior de visitantes, contatamos uma operadora de turismo que
poderá esclarecer qual quer dúvida. Informações: Agda –
99088752; Katty – 91798400; escritório – 38845111.
LUGAR DE BELEZA É NA COZINHAInvestir em desenvolvimento de design não é novidade para a
Brastemp, que há 30 anos se destaca como uma das empresas
que mais investem neste setor. Um dos novos frutos desse
investimento é a linha de fornos e fogões Mosaic, que propõe
sofisticação e funcionalidade ao ambiente mais disputado da
casa. São dominós, cooktops, coifas e fornos de parede modu-
lares, que se adequam a cada necessidade. Vidro e inox são os
materiais destacados, em equipamentos de linhas despojadas.
As novidades são os fornos com programa Intelligent System, com
diversos tipos de programação para o preparo de alimentos, e o sis-
tema Total Clean, um autolimpante total. É mesmo para deixar todo
mundo com veleidades de chef...
Atendimento ao Consumidor Brastemp: 0800-900-999
www.brastemp.com.br
4ARC DESIGN
5ARC DESIGN
MULTIFACESPossibilidades múltiplas com as linhas de tomadas e
interruptores Visage e Duomo Spazio, que a Siemens
acaba de colocar no mercado. Visage é leve e sofistica-
da, e apresenta módulos e molduras na cor branca, que
podem ser combinados de acordo com as necessi-
dades de cada projeto. As linhas delicadas foram cri-
adas para facilitar a limpeza, sem esquecer
da estética e a praticidade.
Duomo Spazio tem molduras em 13 opções de
cores, e módulos em grafite, branco ou bege.
Variações e combinações que se adaptam a
qualquer ambiente, permitindo composições
simples ou inusitadas.
www.siemens.com.br
RÚSTICO REVISITADOAntigos materiais, soluções inovadoras. A nova coleção de
móveis do Empório Beraldin reinventa a utilização de materiais
rústicos e cria peças sofisticadas. O couro sai do estofado
para revestir mesas, cadeiras ou até paredes e pisos.
Pastilhas de chifre, osso ou coco dão visual criativo a tampos
de mesas, caixas e baús. O desenho das peças, com linhas
simples, valoriza a beleza natural dos materiais e as opções
de acabamento ampliam a gama de possibilidades.
O Empório Beraldin tem lojas em São
Paulo, Rio de Janeiro e
Salvador. Em São Paulo,
o show-room fica na Rua
Mateus Grou, 604.
Tel.: (11) 3030-3956.
OUSADIAVermelha, roxa, laranja ou marrom: cores fortes se
destacam na nova linha modular de armários e
estantes da Ornare. Para os discretos, elas aparecem
nos detalhes, em meio à sobriedade do branco ou do
wengé; para os mais ousados, assumem o papel prin-
cipal, em portas e prateleiras coloridas, aliadas a
novos elementos de acabamento em alumínio, vidro
argentado fosco ou acrílico. Segurança é também
destaque da linha: uma das opções de módulos é a
gaveta com cofre, que
só pode ser aberta
com cartão magnético.
A equipe da empresa
desenvolve projetos
per so nalizados para
cada necessidade.
A Ornare possui lojas em São Paulo, Salvador, Porto
Alegre, Brasília e no Rio de Janeiro. Em São Paulo, o
show-room fica na Al. Gabriel Monteiro da Silva, 1.101.
Tel.: (11) 3061-0747.
www.ornare.com.br
6ARC DESIGN
GELADEIRAS ORGANIZADASA Electrolux, líder mundial do mercado de eletrodomésticos,
lança a linha de refrigeradores Electrolux Super, bom exemplo
de como se alia design e funcionalidade a cada produto. São
oito modelos, todos com baixo consumo de energia elétrica,
novidades no aproveitamento do espaço interno e novo proje-
to para superfícies externas. Nos modelos RE34 e RE37, um
“dispenser” coloca as latas no lugar certo, e uma prateleira
exclusiva para garrafas garante a organização. Pequenas
prateleiras removíveis acomodam diversos tipos de alimento e
podem ser levadas diretamente à mesa. O destaque fica por
conta do sistema frost-free “Degelo Mágico”, com um
indicador luminoso que
avisa o momento certo
de descongelamento:
aperta-se um botão e o
degelo acontece auto-
maticamente. O dia-a-
dia doméstico já chega a
ser um prazer!
Atendimento ao Consu -
midor Electrolux:
0800-78-8778
www.electrolux.com.br
ORIGENSContemporâneo e tradicional dividem espaços na nova coleção
da Interni. A coleção “Origens”, assinada pela designer Maria
Cândida Machado, reúne acessórios, móveis e objetos inspira-
dos em joalheria, cerâmica e esculturas com ares primitivistas.
Nos móveis, madeiras como a imbuia, wengé e o cedro escuro
ganham destaque, sobriedade de linhas retas que remetem às
peças modernistas. Tranças, palhas e outras inter-
venções dão toque artesanal e de brasilidade.
A Interni possui lojas em São Paulo e no Rio de
Janeiro. Informações pelo telefone (11) 3081-9139.
www.interni.com.br
LUZES PARA A IMAGINAÇÃOLuminária, bolsa, brinquedo, decoração, acessório, a
Baguette Lampe, nova luminária da Nuts Design, é um con-
vite à diversão. Leve e descontraída, feita em polipropileno,
pode ser montada em formato cilíndrico, cônico, assimétri-
co. A estampa foi inspirada no calçadão de Ipanema e vem
nas cores pink, azul ou branca. A embalagem, uma bolsa
baguette feita do mesmo material, pode ser usada como
acessório urbano, bolsa de praia, e o que mais a imagi-
nação permitir.
Baguette Lampe, disponível na Benedixt: Pça. Benedito
Calixto, 103, São Paulo. Tel.: (11) 3062-6551.
Abaixo, poltrona Romeu 04,que integra a coleção Origens
JEQUITIBÁNovidades na La Lampe: Fernando e Humberto Campana assi-
nam a linha Jequitibá, composta por abajur e arandela em
acrílico, em formato cilíndrico, com placas coloridas que se
encaixam na estrutura. A disposição interseccional das peças
permite difusão da luz com efeito cromático. A variedade de
cores das placas amplia as pos-
sibilidades de efeito.
Show-room La Lampe: Al. Gabriel
Monteiro da Silva, 1.258, São
Paulo. Tel.: (11) 3082-4055.
“TOK” NOVO PARA O NORDESTEFortaleza acaba de receber sua maior loja de design e decoração. A
Tok&Stok inaugurou no último mês de dezembro sua loja na capital
cearense, que já chega com o título de maior do Nordeste. Num
espaço de 4,2 mil metros quadrados, em ambiente claro, com ilu-
minação natural, os clientes vão encontrar entre os produtos da
loja soluções criativas para casa e escritório.
À praticidade característica da loja, soma-se o design exclusivo de
marcas como Innovator e Pelikan Design, com espaço também para
o design nacional, em peças de Michel Arnoult, Guilherme Bender,
Duílio Ferronato. Além do espaço para a exposição de produtos, a fi -
lial de Fortaleza conta com um Baby Stok – para as crianças se
divertirem enquanto os pais fazem suas compras – e um Café
Design relax e descontração para depois das compras.
Tok&Stok Fortaleza: Av. Washington Soares, 3.536. Tel.: (85) 273-0422.
TAPEÇARIA CONTEMPORÂNEAAcabou-se – enfim! – a era dos carpetes, dos
“persas”, na decoração das casas. Um bom
momento para a Punto e Filo, que acaba de inau-
gurar seu show-room em São Paulo. Es -
pecializada em tapetes assinados, com design
contemporâneo, a empresa executa projetos
em processo semi-artesanal, com matéria-
prima de qualidade e acabamento manual. A
coleção de estréia, assinada pelo artista plástico
Alfredo de Oliveira, traz 40 criações que podem
ser revisitadas pelas 68 variedades de cores de
fio oferecidas pela empresa. Aguardem novi-
dades, Mario e Vivian Pisanechi, idealizadores da
Punto e Filo, prometem lançar uma coleção assi-
nada a cada seis meses.
Punto e Filo: Al. Tietê, 618, casa 6, São Paulo.
Tel.: (11) 3061-1412.
Acima, tapete Congonhas, design Alfredo de Oliveira
ARC DESIGN
7
17ARC DESIGN
Design Solidário
De sign ho lan dês e ar te sa na to bra si lei ro:
duas re a li da des di ver sas reu ni das pelo
mes mo pro je to. O re sul ta do, ex pos to re cen -
temen te no MAM-Hi gie nó po lis, São Pau lo,
são ob je tos que unem sim pli ci da de e ri que za
for mal, fru to da co la bo ra ção en tre es -
tudan tes ho lan de ses e ar te sãos bra si lei ros
Acima, bolsa em pelica holandesa
explora a furação, técnica utilizada
pelos artesãos de Serrita na fabri-
cação das vestes dos vaqueiros,
que tanto enfeitaram Lampião e
Maria Bonita. Ao lado, diversas
peles empregadas na fabricação
dos objetos em Serrita
Foto
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Foto
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18ARC DESIGN
Win nie Bas ti an
Ar te sa na to x in dús tria, ru ral x ur ba no,
cul tu ra tra di ci o nal x di ver si da de cul tu -
ral, cul tu ra po pu lar x cul tu ra eru di ta: o
con fron to das di fe ren ças cul tu rais
cons ti tui a base do pro je to De sign So -
li dá rio, re a li za do por A CASA, Mu seu
Vir tu al de Ar tes e Ar te fa tos Bra si lei -
ros, em par ce ria com di ver sas en ti da -
des, en tre as quais a De sign Aca demy
Eind ho ven, tra di ci o nal es co la ho lan de -
sa de de sign (veja ARC DE SIGN nº 15).
O pro je to teve iní cio em no vem bro de
2000, quan do pro fes so res da De sign
Aca demy es ti ve ram no Bra sil pela
pri mei ra vez, para co nhe cer a re a li -
da de das co mu ni da des com as quais
iri am tra ba lhar. Ví de os com ima gens
do co ti di a no das co mu ni da des e amos tras dos ma te ri ais
tra di ci o nal men te uti li za dos fo ram le va dos para a Ho lan da e
trans mi ti dos aos es tu dan tes.
Uni ver sos ex tre ma men te di fe ren tes, se não opos tos, fo ram
alvo des te pro je to: Ser ri ta, ser tão de Per nam bu co, e Mon te
Azul, fa ve la da ci da de de São Pau lo. A di fe ren ça mais mar can -
te en tre am bos é a base cul tu ral que re fe ren ci ou a pro du ção
dos ob je tos. Em Ser ri ta, onde o ar te sa na to em cou ro – pro du -
ção de ves tes e aces só ri os para va quei ros – era uma tra di ção
só li da, pas sa da de pai para fi lho, o tra ba lho re fe ren ci ou-se na
cul tu ra lo cal. Além dis so, os ar te sãos ti nham com ple to do mí nio
do ma te ri al: sa bi am tudo o que ele po de ria ofe re cer e como tra -
ba lhá-lo para ob ter o efei to de se ja do. Em Mon te Azul, como os
ar te sãos já li da vam com a ma dei ra de for ma ele men tar, o tra -
ba lho ba se ou-se em re fe rên ci as (téc ni cas e for mais) ex ter nas:
o uso da ma dei ra la mi na da co la da na pro du ção de ob je tos
com for mas or gâ ni cas.
Ao lado, bolsas em couro: em
uma ex plora-se a furação como
elemento formal e funcional e,
na outra, introduz-se o uso do
pêlo de cabra, material abun -
dante na região. O geometrismo
da costura, na bolsa branca, é
um elemento da cultura holan-
desa que traz variantes para o
desenho local
Fotos Herman Kuijer
Foto Andrés Otero
Os ob je tos re sul tan tes des sa ex pe ri ên cia fo ram ex pos tos no MAM-Hi gie nó po lis, São Pau lo, e,
ape sar da di fe ren ça de con tex tos, ma te ri ais e téc ni cas com os quais fo ram pro du zi dos, tra zi -
am um de no mi na dor co mum: o de sign.
Du ran te dois me ses, os es tu dan tes par ti ci pa ram de ofi ci nas na De sign Aca demy, nas quais de -
sen vol vi am pro tó ti pos de ob je tos com os ma te ri ais es pe ci fi ca dos (pa pel, te ci do e ma dei ra, no
caso de Mon te Azul, e cou ro, no caso de Ser ri ta). Es ses pro tó ti pos fo ram tra zi dos para o Bra sil
e, com base ne les, es tu dan tes e ar te sãos che ga ram aos pro du tos fi nais. “Trou xe mos cer ca de
20 idéi as e es co lhe mos umas cin co para tra ba lhar”, ex pli ca a de sig ner Hel la Jon ge ri us, co or de -
na do ra do Het Ate li er (ate liê de ar te sa na to) da De sign Aca demy. “O fato de tra zer mos ob je tos
tor nou a dis cus são mais fá cil; é mu i to di fí cil fa lar ‘no ar’: quan do você traz algo con cre to, pode-
se dis cu tir em cima e di zer ‘sim’ ou ‘não’”. As ofi ci nas pre pa ra tó ri as tam bém fun ci o na ram como
uma se le ção para es co lher os 15 es tu dan tes que vi e ram ao Bra sil. “Ape nas os mais ca pa ci ta dos
po de ri am vir, pois o tem po era mu i to cur to” (os es tu dan tes pas sa ram en tre três e qua tro se ma -
nas no Bra sil), diz Li es beth in’t Hout, di re to ra da De sign Aca demy. Des se gru po, cin co es tu dan -
tes tra ba lha ram em Ser ri ta e dez em Mon te Azul.
Den tre os ob je tos de sen vol vi dos no mó du lo Ser ri ta, três re cur sos se des ta cam: a fu ra ção e
a mol da gem do cou ro de ca bra e a in tro du ção da pele de por co.
No alto das duas páginas, da esquerda para direita, cenas de Serrita mostram a artes dos arreios; o modo como o couro é colo-
cado para secar; aluna holandesa “experimentando” as peles; dois flagrantes do desenvolvimento dos trabalhos, reunindo mão-
de-obra brasileira e holandesa e a festa de exposição dos trabalhos. Abaixo, aluna da Design Academy com o traje de vaqueiro
Foto
Her
man
Kui
jer
20ARC DESIGN
Na pro du ção do gi bão, ves te tra di ci o nal do va quei ro do ser tão per -
nam bu ca no, a fu ra ção era se gui da da pas sa gem dos fios, era uma
eta pa da cos tu ra das pe ças. Nos pro du tos do pro je to De sign So li -
dá rio, essa fu ra ção fi cou apa ren te, pas san do de ele men to cons -
tru ti vo a ele men to for mal.
A pele de por co, em bo ra seja abun dan te na re gião de Ser ri ta, qua se não é em pre -
ga da nos uten sí li os tra di ci o nais. Fas ci na dos com a be le za do ma te ri al, es tu dan tes e
pro fes so res ho lan de ses su ge ri ram sua uti li za ção na pro du ção de um par de san dá -
li as, nas quais os pê los sur gem como ele men to mar can te.
O cou ro de ca bra, por sua vez, é um ve lho co nhe ci do dos ar te sãos lo cais, que do -
mi nam to das as téc ni cas de ma nu fa tu ra en vol ven do o ma te -
ri al. A mol da gem do cou ro de ca bra, que já era em pre ga -
da pe los ar te sãos lo cais na fa bri ca ção do gi bão, foi uti li za -
da para re ves tir mo rin gas me tá li cas.
Em Mon te Azul, o pro je to tam bém uti li zou ma te ri ais já tra ba lha dos
an te ri or men te pe los ar te sãos – pa pel re ci cla do, te ci do e ma dei ra –, pois o
in tu i to era o de re vi ta li zar os ob je tos ar te sa nais sem in ter fe rir na tra di ção lo cal.
O pa pel reciclado, an tes uti li za do para con fec ci o nar ca der nos e artigos de pa pe la ria,
Ao lado, artesão trabalha na con-
fecção de sandália. Abaixo,
sandália com solado em couro
curvado e tiras com aplicação de
pele de porco: aos materiais incor-
porados à tradição local somam-
se novos, como a chapa de aço
inox no solado que marca a
numeração do calçado. No pé da
página, san dália com tiras elásti-
cas e solado em couro de cabra
curvado e colado
Foto
Her
man
Kui
jer
21ARC DESIGN
des sa vez deu ori gem a brin que dos e uten sí li os do més ti cos (ti ge las e fru tei ras).
Com o te ci do, os ar te sãos cons tru í ram bo ne cas, de sen vol vi das com base na pro xi -
mi da de exis ten te en tre a bo ne ca e sua dona. To das as bo ne cas po dem ser “ane xa -
das” às rou pas das cri an ças por meio de bo tõ es, ca sas, la ços, ou
ain da por uma pe que na bol sa. Seus bra ços são lon gos, po den do
ser amar ra dos em tor no da cri an ça, e as mãos são qua se “ar go las”,
na me di da exa ta para en vol ver o pu nho: as me ni nas po dem sair
“de mãos da das” com suas bo ne cas. Além dis so, as bo ne cas ex plo -
ram o sen ti do do to que: são fei tas em te ci do ave lu da do – o qual é
pes pon ta do para que sua “ma ci ez” se tor ne mais evi den te – e seu
ves ti do se trans for ma de lon go em cur to com um sim ples
ges to.
No que se re fe re aos tra ba lhos em ma dei ra, gran de
par te da ma té ria-pri ma uti li za da – do a da por em pre sas
pró xi mas à co mu ni da de – é for ma da por “res tos”, em -
ba la gens re a pro vei ta das. Ob je tos com for mas ele gan -
tes, exe cu ta dos em fi nís si mas lâ mi nas de com pen sa do
mol da das e co la das são ex ce len tes exem plos do uso ra -
ci o nal e sus ten tá vel da ma dei ra.
Ao lado, processo de moldagem
do couro para o revestimento
das moringas metálicas, que
aparecem, já finalizadas, abaixo
Foto
And
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Oter
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Foto Herman Kuijer
22ARC DESIGN
Ma ria He le na Es tra da
Diz-se do ar te sa na to bra si lei ro que é, so bre tu do, kitsch.
Mas o que es ta rá acon te cen do, qual o lap so de tem po e es pa ço – de cul tu ra? – en tre
a ri quís si ma cri a ção dos ma ra jo a ras, dos in dí ge nas ain da não con ta mi na dos pela
ci vi li za ção, das car ran cas do São Fran cis co, de mes tre Vi ta li no, da arte sa cra
e pro fa na e do bar ro co bra si lei ro, des sa cul tu ra que foi vis ta – e emo ci o nou
a to dos – na mos tra Bra sil + 500?
Hoje, o que en con tra mos nas pe que nas co mu ni da des per di das Bra sil
aden tro, ou nas ci da de zi nhas tu rís ti cas?
Te mos de con cor dar que esse ar te sa na to, atu al men te ex pres são de nos sa cul tu ra po pu lar,
na mai o ria das ve zes é de bai xís si ma qua li da de: tal vez numa ten ta ti va de “acer tar” o gos to
do pú bli co, da que le pú bli co que bus ca “lem bran ci nhas”.
Na de fi ni ção do crí ti co nor te-ame ri ca no Cle ment Gre en berg, “o kitsch é
a arte fei ta para aca ri ci ar os pre con cei tos, o gos to pas si vo e aco mo -
da do”, se ria como uma ex pres são de em pa tia po pu lar, de
fá cil acei ta ção.
Por ou tro lado, em en tre vis ta a ARC DE SIGN (nº 15, ju -
lho/agos to de 2000), Hel la Jon ge ri us, em sua pri mei ra vi -
si ta ao Bra sil, de cla ra va que “um ob je to se co mu ni ca com
o meio am bi en te e trans mi te um si nal emo ci o nal”,
afir ma ção que pode ser lida como a li nha
con du to ra no pro ces so – e no pro je to – que
ora se ini ci a va, e que par tia de uma pro pos ta de -
li ca da e pe ri go sa, ou seja, de sen vol ver um pro je to
bra si lei ro – ori gi na do pela equi pe de A Casa –, en vol ven -
do uma es co la de de sign e um gru po de pro fes so res e es tu -
dan tes ho lan de ses. O re sul ta do é a ex po si ção Bra sil-Ho lan da.
Mas os pres su pos tos en vol vem ques tõ es fun da men tais de
pos tu ra e me to do lo gia pro je tu al, cuja pre mis sa e per gun ta bá -
si ca se riam: como li dar com o fa zer ar te sa nal, como agre gar va lor,
Pode o designer interferir
na cultura popular?"O so nho pre ce de a in ven ção". "A for ma se gue a fu são". Fra ses en con -
tra das na bro chu ra so bre a De sign Aca demy Eind ho ven, que ser vem de
mote para um iní cio de dis cus são so bre as ques tõ es que en vol vem as
fron tei ras e con ta mi na çõ es en tre ar te sa na to, de sign e cul tu ra po pu lar
Foto A
ndrés
Otero
Foto Andrés Otero
Na página ao lado, no alto, luminária em madeira laminada curvada, em uma
única peça, sem emendas. A base funciona como um “clip”, para prendê-la à
superfície da mesa.
Diversas ripas, unidas na parte inferior por faixas de tecido, dão origem a bande-
ja da página ao lado: enquanto aberta, apresenta grande rigidez; ao ser inverti-
da, torna-se maleável, podendo ser enrolada para facilitar o acondicionamento.
Nesta página, luminárias em lâminas de madeira coladas: delicadeza, flexibili-
dade e jogo de sombras geram um produto com apelo formal e lúdico
Foto
Zaí
da S
ique
ira
24ARC DESIGN
Abaixo, banco em ma deira lamina-
da. As prensas para a produção de
todos os objetos em ma dei ra cur-
vada foram confeccio nadas na
Holanda pelos pró prios es tudan -
tes e permitiram a transmissão do
know-how aos artesãos da Asso -
ciação Comuni tá ria Monte Azul
No alto das duas páginas, cenas da favela Monte Azul, onde foram desenvolvidos os trabalhos em madeira, papel e
pano. Da esquerda para direita: a favela; a oficina de madeira; reunião de trabalho para discussão dos protótipos trazi-
dos da Holanda; o bar do Bola; uma discussão em torno dos primeiros protótipos; prensa para moldagem da madeira
prin ci pal men te li dan do com uma cul tu ra tão di ver sa, como che gar às pró pri as mãos
– e alma – do povo que o pro duz?
En tre ou tros exem plos de re sul ta dos po si ti vos da in ter fe rên cia do de sig ner nas co mu ni da -
des ar te sa nais, ci ta mos a Índia, onde há mais de dez anos o go ver no con tra ta de sig ners ita -
li a nos para atu a rem jun to às co mu ni da des; a Tai lân dia, onde é vi sí vel o re sul ta do ob ti do ao
lon go das úl ti mas duas dé ca das; a pró pria Itá lia, que con tra ta de sig ners de Mi lão para
orien tar a produção em tra di ci o nais co mu ni da des que tra ba lham com o vi dro ou a por ce la -
na, por exem plo. No Bra sil, o Se brae to mou a si o de sa fio, ele gen do co mu ni da des, se le ci o -
nan do de sig ners bra si lei ros ca pa zes de trans for mar aque le em po bre ci do fa zer tra di ci o nal
em pe ças que pos sam ser in tro du zi das – com su ces so – no mer ca do.
No ou tro ex tre mo, a Ho lan da, cuja ver ten te no de sign ex plo ra o pro je to semi-in dus tri al, va -
lo ri za os re cur sos na tu rais, fala de re ci clo e re-uso, pes qui sa ma te ri ais tec no ló gi cos e os uti -
li za com tec no lo gias não-so fis ti ca das, pri vi le gia o “pen sar sim ples, vi ver sim ples”. De li ca de -
za se ria a pa la vra para de fi nir a ação de pro fes so res e es tu dan tes ho lan de ses nes se pro ces -
so de in te gra ção a que se pro pu se ram. De li ca de za, in tu i ção e hu mil da de. Apren der, apreen -
der para po der con du zir, ou me lhor, para po der che gar a uma cri a ção con jun ta.
Nes sa com ple xa mis são de fa zer re vi ver a cul tu ra po pu lar e o ar te sa na to de um povo, uma
vez ini ci a do o pro ces so, é pre ci so ter em men te como es co ar essa pro du ção, como fa zer
com que ela che gue, com su ces so, ao mer ca do. Um pro ces so no qual não ca -
bem in ge nu i da de ou sen ti men ta lis mo, mas um tra ba lho de pes qui sa
bem di re ci o na do, um mar ke ting cer tei ro.
Essa pri mei ra ex pe ri ên cia Bra sil-Ho lan da vem ca mi nhan do, pas so
a pas so, com seu ob je ti vo fi nal bem-de fi ni do. Cri ar pro du tos para
se rem co mer ci a li za dos, e não ape nas no Bra sil, ten do o cu i da do de
não se tor nar fol cló ri ca (no mau sen ti do), de não trair, como de fi ne
Ema no el Arau jo no ca tá lo go da ex po si ção Bra sil + 500, “essa mão
bra si lei ra, essa alma bra si lei ra de mu i tas co res e de mu i tas ori gens,
que im preg na com sua for ça a cri a ção po pu lar nes se imen so país”.
Pelo que foi vis to na ex po si ção, os ho lan de ses – e bra si lei ros – acer -
ta ram a mão, cri an do um uni ver so de ob je tos com bai xa – e mu i tas ve -
zes ne nhu ma – tec no lo gia e alto va lor agre ga do. �
Fotos Herman Kuijer
Foto
And
rés
Oter
o
25ARC DESIGN
As formas orgânicas e a economia de material foram
amplamente exploradas pelos designers holandeses junto
aos artesãos de Monte Azul. Acima, conjunto de pratos em
madeira laminada curvada; ao pé da página, prato em lâmi-
nas de madeira, no qual a costura é o elemento que permite
a formação das curvas. Note-se, em todos os produtos, a
espessura mínima das lâminas
Foto Andrés Otero
Foto Andrés Otero
26ARC DESIGN
Ao lado, tabuleiro para xadrez em madeira
laminada curvada, formado por 16 tiras
entrelaçadas. O mesmo conceito foi utiliza-
do na construção de descansos para pratos
Antes do projeto Design Solidário, os
artesãos de Monte Azul já trabalhavam com
papel reciclado, que dava origem a cader-
nos e outros itens de papelaria. Agora (foto
abaixo), a técnica do papel machê foi intro-
duzida para criar utensílios domésticos
Foto Herman Kuijer
27ARC DESIGN
O pro je to De sign So li dá rio é uma re a li za ção de A CASA, Mu seu Vir tu al de Ar tes
e Ar te fa tos Bra si lei ros, em con jun to com Se brae, De sign Aca demy Eind ho ven,
Ur ban Fa bric (em pre sa ho lan de sa es pe ci a li za da em pes qui sa e con sul to ria na
área de ar qui te tu ra e ur ba nis mo e in ter câm bio cul tu ral en tre Ho lan da e Bra -
sil), Fun da ção Pa dre João Cân cio (Per nam bu co), As so ci a ção dos Ar te sãos do
Ser tão Cen tral (Ser ri ta-PE) e As so ci a ção Co mu ni tá ria Mon te Azul (São Pau lo).
Os pro du tos re sul tan tes des sa ex pe ri ên cia fo ram ex pos tos no MAM Hi gie nó po lis (São
Pau lo) en tre 30 de no vem bro de 2001 e 6 de ja nei ro de 2002. A ex po si ção deve se -
guir para o Es pa ço Cul tu ral Ban de pe (Re ci fe - PE) e, mais tarde, para a Ho lan da
Nesta página, bonecas em tecido felpudo: macias e flexíveis,
foram idealizadas para estar junto ao corpo da criança. Interação
é outro elemento-chave: o “vestido” da boneca pode se transfor-
mar de longo em curto com um simples gesto. No fundo da página,
desenho conceitual da boneca
Foto
And
rés
Oter
o
28ARC DESIGN
MOSCHINO“Na vida, importam as atitudes.
Irreverência na moda: as vitrines de Moschino
O mesmo se aplica à moda.”MoschinoModa, para Moschino, não era um fenômeno frívolo, epidérmico.
Era um instrumento para a criação de signoscapazes de comunicar sua própria mensagem
MO
DA
Carismático, irreverente e rebelde,
Moschino ironizava o próprio traba lho e
desmistificava o “sistema moda”. O slogan
de uma de suas coleções, “Ready to
Where?”, foi um dos muitos que usava
para “castigar” as “fashion victims”.
Formado pela Academia de Belas Artes
de Brera, interessado na cultura pop,
fashion designer “malgré lui”, Moschino
começou sua carreira como ilustrador no
ateliê de Gianni Versace, que o convidou
a ser o designer da Cadette, tendo criado
as coleções da marca por 11 anos.
Em 1983 lança sua primeira coleção e,
apesar de todas as “anomalias” que suas
criações apresentavam, de toda a crítica
feroz de que foi alvo, todos concor-
davam que Moschino era um mestre na
arte do corte e costura.
Sua última exposição, em um museu de
Milão, no início dos anos de 1990 – que
Nesta página, ao lado, “Atelier com Glitter” (setem-
bro/novembro 2000); no pé da página, “Crocodilo”
(fevereiro/março 2000). Vitrines do show-room da
Via Sant’ Andrea 12, Milão
Maria Helena Estrada
foi também meu primeiro “encontro” com
Moschino –, me deixou totalmente estar-
recida: “então moda também é isto?”
Inte ligente, divertida, pura ironia; com
di versas referências à arte pop, virava
pelo avesso o que até então era enten-
dido como alta-costura.
Moschino, mesmo no auge de sua fa ma,
morava em um pequeno aparta men to;
participava de inú meras campanhas de
caridade e sociais e foi o primeiro a lan -
çar, na moda, um movimento em favor da
ecologia, em 1994, com a coleção
“Ecouture!”, para a qual es co lheu tecidos
e cores naturais, le vantando a questão do
respeito à natu reza.
Desde 1994, Rossella Jardini é diretora
de criação da marca, tendo em sua
equipe uma jovem tailandesa formada
pelo Art Institute de Chicago, EUA:
JoAnn Tann, que iniciou seu trabalho no
Na página ao lado, no alto, “Anulação” (ou tu bro/novembro
1998); embaixo, “Camuflagem” (setembro/novembro
2000). Vitrines do show-room da Via Durini 14, Milão
Nesta página, ao lado, “Figura que Desaparece”
(ou tubro/dezembro 1999); no pé da página, “Nos Om -
bros” (abril/maio 2001). Via Sant’ Andrea 12, Milão
32ARC DESIGN
estúdio como fashion designer, desde
1998 se dedica às vitrines de Moschino.
“Vitrine como estrutura comunicativa, pois
os produtos à venda não existem sem a sua
própria mitologia discursi va, sem a sua
retórica cenográfica”, co men ta o designer
italiano Marco Ferreri no livro sobre a
moda “C.P. Company”, cuja rese nha será
publicada em nossa próxima edição.
Para compreender essas vitrines de
Moschino, é preciso conhecer um pouco
de sua obra, pois elas fazem parte de um
enorme trabalho com o qual este rebelde
do sistema, “mais artista e filósofo que
fashion designer”, introduziu o humor na
indústria da moda.
“Meu trabalho”, declara Jo Ann, “é basi-
camente uma continuação (es pero mere-
cer este termo) do trabalho de Moschino
– desenvolvendo sua tradição de humor,
loucura, surrealismo e transgressão. �
Nesta página, ao lado, “Pernas Longas” (setem -
bro/novembro 2001); abaixo, “Alie níge nas” (ju lho/
setembro 2001). Via Sant’ Andrea 12, Milão
Na página ao lado, no alto, “Pasta” (setembro/ou tubro
2001) – Via Durini 14, Milão. Embaixo, “Saia de Pa nos
Velhos” (março/abril 1999) – Via Sant’ An drea 12, Milão
50
Ao lado, de Ligia Clark, capa do disco
“Poesias”, década de 1950. No centro,
tesoura Ponto Vermelho, design José
Carlos Bornancini e Nelson Ivan
Petzold, 1993. Abaixo, de Raimundo
Nogueira, capa do disco “Orfeu da
Conceição”, década de 1950
anos de design brasileiroSingular e Plural...quase...
E X P O S I Ç Õ E S
Con vi da mos a jor na lis ta Ethel Leon, cu ra do ra da
mos tra "Sin gu lar e Plu ral: ...qua se... últimos 50
anos de de sign no Brasil", para um exer cí cio pou -
co usu al. Mu dan do de pers pec ti va, ela lan ça um
novo olhar so bre o tema e nos con ta o que foi essa
re tros pec ti va do de sign bra si lei ro
34ARC DESIGN
O que é uma ex po si ção re tros pec ti va de de sign
bra si lei ro? Deve-se fa lar dos clás si cos? Deve-se
acen tu ar al gu mas área me nos co men ta das? Ou o
de sign “mu se o lo gi ca men te” vá li do é ape nas aque le
ca paz de rom per com pa ra dig mas de seu tem po?
Vá ri as ex po si çõ es eram pos sí veis den tro da te má -
ti ca en co men da da: os úl ti mos 50 anos no Bra sil.
Mi nha pri mei ra idéia foi cons tru ir um pa no ra ma
que pos si bi li tas se co te jar a pro du ção bi di men si o -
nal e a tri di men si o nal con ten do gran des no mes
(mas não ape nas eles) e cha man do a aten ção para
a plu ra li da de das ori gens do de sign bra si lei ro.
Uma ex po si ção de pe ças de es ca las tão di fe ren tes
quan to uma mar ca e uma mesa ou uma mi ni a tu ra de per fu me e uma
pol tro na era um tre men do de sa fio, in clu si ve para a mon ta gem. Acha mos
(e uso o plu ral por que a idéia foi com par ti lha da por Ri car do Oh ta ke, di -
re tor do Ins ti tu to To mie Oh ta ke), no en tan to, que este se ria o pa pel de
um cen tro cul tu ral, afas ta do das pre o cu pa çõ es mer ca do ló gi cas e afei to
às pos si bi li da des de lei tu ras trans ver sais do de sign.
Indo um pou co além dis so, ao pen sar que essa ex po si ção se re a li za va
num cen tro cul tu ral que pri vi le gia as ar tes vi su ais, pa re cia im por tan te
mos trar as in ter co ne xõ es de ar tis tas plás ti cos/ar tis tas grá fi cos. Por isso
es tão na mos tra a capa do dis co cri a da por Lygia Clark e as ilus tra çõ es
de Al de mir Mar tins para a in dús tria de pra tos “Go ya na”, a re vis ta “Se -
nhor”, de Car los Scli ar, o pro je to grá fi co do Su ple men to Do mi ni cal do
Jor nal do Bra sil fei to por Rei nal do Jar dim (não con se gui mos ob ter exem -
pla res do pro je to de sen vol vi do por Amíl car de Cas tro para o JB), a atu a -
ção de Car los Clé men na in dús tria edi to ri al etc. Há uma apro xi ma ção da
in dús tria com a arte que, ao lon go do tem po, foi sen do re con fi gu ra da
como uma re la ção da in dús tria com o cam po do de sign.
PLU RA LI DA DE
Os ex po en tes da plu ra li da de que a ex po si ção quis acen tu ar são duas
em ba la gens, am bas ma gis trais e du ra dou ras: a lata de sar di nhas Co -
quei ro, pro je to de Ale xan dre Woll ner, de 1958, e o bom -
bom Pres tí gio, pro je to de An to nio Mu niz Si mas, da agên cia
de em ba la gens DIL, de 1961. Apre sen ta das numa es pé cie
de tú nel do tem po, elas são as úni cas em ba la gens de ali -
men tos e es tão ex pos tas em gran des pai néis, numa es pé cie
de cha ve de lei tu ra de toda a mos tra.
Den tre to dos os cam pos do de sign foi pre ci so es co lher al -
guns cuja his tó ria fos se ex pres si va nes ses úl ti mos 50 anos
para que pu dés se mos lan çar um olhar re tros pec ti vo em di re ção às mes -
mas ca te go ri as de ob je tos: car ta zes e mar cas cul tu rais, li vros e dis cos,
Na foto acima, da esquerda para a direita:
poltrona Ouro Preto, design Michel Arnoult e
Norman Westwalker, 1960; cadeira para
mesa de jantar, design Joaquim Tenreiro,
1960. Abaixo, cadeira de Júlio Katinsky, 1959
35ARC DESIGN
Ethel Leon
À direita, de Sérgio Rodrigues, banquinho
Mocho, 1954. À esquerda, capa do livro
“Antes, o Verão”, design Eugênio Hirch,
década de 1960; na sequência, capa de
“O Pasquim”, design Carlos Prosperi,
1969. No pé da página, de Zanine Caldas;
Chaise, anos de 1950
im pren sa, ge la dei ras, mó veis e uten sí li os re si den ci ais; em ba la gens de per -
fu mes e cos mé ti cos. O de sign apa re ce en tão com o des ta que que efe ti va -
men te tem na vida co ti di a na. De tan to em tan to, a ex po si ção faz re fe rên cia
ao pro ces so de pro du ção in dus tri al – seja com um mol de em aço ou em ges -
so de um fras co de per fu me; com as pro vas de im pres são cor ri gi das da
capa de um dis co; da foto de uma ca dei ra des mon ta da.
Ou tros cri té ri os têm um quê de ne ga ção à enor me con fu são que se faz do
ter ri tó rio do de sign – que, por mais di á lo go que te nha com a pro du ção ar -
te sa nal e com a arte, foi ca paz de con fi gu rar um cam po es pe cí fi co e pas sí -
vel de ser com pre en di do. Fo ram de li be ra da men te pri vi le gia dos si nais e ar -
te fa tos re co nhe cí veis por um gran de nú me ro de pes so as, por que pro du zi -
dos em sé rie e daí re le van tes para a nos sa pai sa gem. Des se modo, ex clu í -
mos da mos tra qual quer re fe rên cia des se fa zer dos ob je tos úni cos, das ga -
le ri as de arte e pre fe ri mos os li vros e os dis cos que mu i tos têm em casa,
as mar cas cul tu rais re co nhe cí veis e as ge la dei ras.
Os gran des no mes do de sign au to ral fo ram lem bra dos. Aque les que se
tor na ram in dus tri ais como Jo a quim Ten rei ro, Ge ral do de Bar ros, Sér gio
Ro dri gues, Za ni ne Cal das, Jor ge Zals zu pin e tam bém Car los Mot ta, Ales -
san dro Ven tu ra e Pe dro Use che, em épo cas mais re cen tes. Es tão lá tam -
bém aque les que cha mo de de sig ners em pre en de do res, que ge ren ci am a
pro du ção de seus pro je tos em re des de for ne ce do res, ou seja, tor na ram-
se pe que nos em pre sá ri os e ges to res, mas não in dus tri ais tra di ci o nais.
Na área de em ba la gens es co lhe mos um se tor in dus tri al ex tre ma men te
com ple xo, que é a per fu ma ria. No va men te a ges tão pos si bi li ta
que se en con trem num mes mo pro du to di fe ren tes ato res
so ci ais e mo dos de pro du ção, como na li nha Ekos, da
Na tu ra, que reú ne o tra ba lho ar te sa nal de Nido Cam -
po lon go, e a pe que na li nha de mon ta gem da Tá til De sign
ou ain da na Mystè res d’Ama zo nie, que jun ta a ex pe ri ên cia pro -
fis si o nal da de sig ner Re na ta As hcar com os ces tos in dí ge nas
com pra dos de di fe ren tes co mu ni da des ama zô ni cas.
ARC DESIGN
36
Di fi cul da des na obra do pró prio
Ins ti tu to Oh ta ke Cul tu ral im pe di -
ram que pe ças mu i to sig ni fi ca ti vas de equi -
pa men tos ur ba nos e veí cu los fos sem apre -
sen ta das no átrio e que es ta be le ce ri am o di -
á lo go com a rua: mó veis ur ba nos de Cu ri ti -
ba (Ma no el Co e lho), do Rio de Ja nei ro (Guto Índio da Cos ta),
de San to An dré (Os wal do Mel lo ne) e pai néis do pro je to im -
plan ta do na Ave ni da Pau lis ta em 1973 por Cau du ro & Mar ti -
no. Tam bém não fo ram apre sen ta dos o au to mó vel Bra sí lia,
da Volks wa gen do Bra sil, e os de se nhos ori gi nais de seu pro -
je tis ta Már cio Pi an cas tel li e o novo mi cro ô ni bus da Mar co Po -
lo, o Vo la re, da equi pe de de sign in ter na da em pre sa.
Es tas são, se gun do Ri car do Oh ta ke, as pri mei ras pe ças de
uma nova ex po si ção do ins ti tu to, cujo tema de sign do es pa -
ço pú bli co será tra ta do em toda a sua es pe ci fi ci da de e uni ver -
sa li da de. Com cer te za, o de sign bra si lei ro ga nhou com o Ins -
ti tu to To mie Oh ta ke um es pa ço não só de ex po si ção, mas de
re fle xão so bre seu per cur so e suas áre as li mí tro -
fes. Além da ex po si ção, fo ram edi ta dos
dois ma te ri ais, um flyer ex pli ca ti vo
so bre o al can ce do de sign no co ti di a -
no e uma pu bli ca ção de 16 pá gi nas,
que con tém os no mes dos de sig ners
ex po si to res, ima gens de vá ri os dos
itens ex pos tos e um tex to meu dis cu -
tin do al gu mas ques tõ es do de sign
bra si lei ro con tem po râ neo. Um ví deo
pro du zi do pela Do cu men ta com di re -
ção de Cacá Vi cal vi apre sen ta e ex pli -
ca al guns as pec tos da ex po si ção. �
A exposição “Singular e Plural” acon-tece até o dia 3 de março de 2002 noInstituto Tomie Ohtake: Av. Brig. FariaLima, 201, São Paulo. Catálogo e fita de vídeo podem seradquiridos pelo telefone (11) 6844-1900,com Daniela Coelho.
Escada, design Alessandro Ventura, 1987. Ao lado, Luminária
SSS, design Giorgio Giorgi Jr e Fábio Falanghe, 1988. Abaixo,
capa do livro “O Homem Nu”, design Bea Feittler, 1970, e no pé da
página, de Geraldo de Barros, banqueta de bar, década de 1950
37ARC DESIGN
38ARC DESIGN
GIROFLEXRua Dr. Rubens Gomes Bueno, 691 Santo Amaro - São Paulo, SP Tel.: 0800 112580www.giroflex.com.br
Pro je ta da pela Zemp+Part ner De sign, a ca -
dei ra para es cri tó ri os Gi ro flex 63 alia er -
go no mia, tec no lo gia, con for to e de sign
ao uso sus ten tá vel de ma te ri ais re sis -
ten tes e du rá veis.
O as sen to da Gi ro flex 63 possui a par -
te frontal em curva, o que dá li ber da de
de mo vi men to para as per nas e evi ta o
des con for to da pres são. O en cos to é fa -
bri ca do em po li pro pi le no, cu jas pro pri -
e da des elás ti cas per mi tem dis tri bu ir
o peso exer ci do pelo cor po de for ma igual
por to dos os pon tos de apoio.
Ao op tar pelo en cos to em plás ti co apa ren te, a
Gi ro flex ino va, dei xan do de lado o tra di ci o nal
en cos to es to fa do (em bo ra essa op ção não te -
nha sido eli mi na da da li nha) e mos tran do que
o en cos to em po li pro pi le no pode ser tão con -
for tá vel quan to aque les al mo fa da dos. Além
dis so, sua pro du ção é fei ta de for ma sus ten tá -
vel, com a uti li za ção de ma te ri ais re ci clá veis,
pois a eco lo gia é mais uma das pre o cu pa çõ es
da em pre sa.
A li nha Gi ro flex 63 apre sen ta oito ver sõ es,
com gran de va ri e da de de co res. As ca dei ras
gi ra tó ri as são ofe re ci das com ou sem apoio
de bra ços. Os mo de los de in ter lo cu ção são
em pi lhá veis e com pe que nos en ga tes op ci o -
nais na ver são de qua tro pés (as ca dei ras po -
dem com por fi lei ras que ra ci o na li zam a uti li -
za ção do es pa ço). So lu çõ es que se ade quam à
ne ces si da de de cada es cri tó rio.
G I R O F L E X
PU
BL
I
ED
IT
OR
IA
L
Nas duas pá gi nas, Gi ro flex 63, pro du zi da com
ma te ri ais re ci clá veis. Nes ta pá gi na, ver são
com ro dí zi os e duas op çõ es de al tu ra de en -
cos to. Na pá gi na ao lado, ver são em pi lhá vel,
com pés em tubo con tí nuo; no alto, detalhe
dos encostos estofados (opcionais)
36ARC DESIGN
V O KOA Voko, uma das pri mei ras in dús tri as
in ter na ci o nais de mó veis para es cri tó -
rio a atu ar no mer ca do bra si lei ro, está
com sua se gun da fá bri ca já em cons -
tru ção, com pre vi são de iní cio de ati vi -
da des para o co me ço de 2002. A fá bri -
ca vai pro du zir as no vas li nhas Duo,
Nela, Sita e Neo.
As pol tro nas e ca dei ras Duo, com de -
sign clás si co, con fe rem ele gân cia e
di na mis mo ao es cri tó rio. En cos to e
PU
BL
I
ED
IT
OR
IA
L
Na pá gi na ao lado, no alto, ca dei ra Duo comro dí zi os. Embai xo, ca dei ra Nela com ro dí zi os,na ver são sem bra ços.Nes ta pá gi na, aci ma, mo de lo com es pal daralto da li nha Nela. À di rei ta, pol tro na da li nhaDuo, de sign de Ga bri el Tei xi dó; o re ves ti men toop ci o nal em cou ro tor na a pol tro na ain damais so fis ti ca da
VOKOAv. das Nações Unidas, 12.995 – MezaninoBrooklin – São Paulo, SP Tel.: (11) 5507-3730 – [email protected]
as sen to pos su em me ca nis mos sin cro -
ni za dos que am pli am o con for to e a
adap ta ção ao bi ó ti po do usu á rio, num
de se nho er go nô mi co que fa vo re ce a
pos tu ra cor re ta e con for tá vel.
A li nha Nela, por sua vez, apre sen ta
pol tro nas e ca dei ras com de sign ar ro -
ja do, ide a li za do para em pre sas di nâ mi -
cas, sin to ni za das aos no vos rit mos glo -
bais. As sen to e en cos to com es tru tu ras
in de pen den tes com põ em um vi su al
har mô ni co. Ajus tes pre ci sos per mi tem
de fi nir di fe ren tes al tu ras de en cos to,
as sen to e bra ços, e um sis te ma op ci o -
nal sin cro ni za do re gu la a ten são en tre
as sen to e en cos to de acor do com o
peso do usu á rio.
Pri o ri zan do a ade qua ção a pa drõ es in -
ter na ci o nais de er go no mia e valori zan -
do o de sign, a Voko pro cu ra qua li da -
de, fun ci o na li da de e be le za para seus
pro du tos, de sen vol vi dos a par tir de
es tu dos ri go ro sos, den tro das es pe ci fi -
ca çõ es do Cen tro Eu ro peu de Nor mas
e pa drõ es ale mães de qua li da de D.I.N.
So ma do a isto, a par ce ria de des ta -
que com a Franch e sua equi pe de
de sig ners re co nhe ci dos in ter na ci o nal -
men te de mons tra os ob je ti vos da Voko
de al can çar a ex ce lên cia em seus pro -
du tos. O re sul ta do são pe ças efi ci en -
tes, que ga ran tem con for to e dão per -
so na li da de ao am bi en te de tra ba lho.
42ARC DESIGN
1904-1942. Rússia. Época de revoluções e de ênfase nas artesgráficas como portadoras de mensagens políticas e sociais. Quala importância da gráfica russa para o design gráfico até hoje?Qual a razão de seu prestígio e repercussão?
No alto da pá gi na, li to gra fia de au tor des co nhe ci -
do: “ape sar do es for ço de três anos de ini mi gos
de todo mun do, a re vo lu ção anda a pas sos de gi -
gan te” (71 x 50 cm - 1919 / 1920).
Aci ma, da es quer da para a di rei ta: Vla di mir Ma ya -
kovsky, em foto de Ale xan der Rod chen ko (1924);
El Lis sitzky (1932); Ka zi mir Ma le vich (1925); A.
Rod chen ko e Var va ra Ste pa no va (1922).
Ao lado, publicidade com arte de A. Rod chen ko e
tex to de V. Ma ya kovsky ( 15,3 x 15 cm - 1923).
Na pá gi na ao lado, li to gra fia de I. Gu mi ner (101 x
70 cm - 1927)
ráfica utópicag
DE
SI
GN
G
RÁ
FI
CO
43ARC DESIGN
44ARC DESIGN
De 1904 a 1942, o pro ces so de trans for ma çõ es que leva
à eclo são da Re vo lu ção Rus sa e ao sur gi men to da
Uni ão So vi é ti ca com pre en de pe rí o dos dis tin tos que
mar cam a sua or ga ni za ção so ci al e po lí ti ca, e também
es tão for te men te li ga dos a uma sé rie de in flu ên ci as cul -
tu rais vei cu la das no pla no da ex pres são grá fi ca.
Nes se sen ti do, é pre ci so, pri mei ro, apon tar as ex pe ri ên -
ci as do gra fis mo do fi nal do sé cu lo XIX e iní cio do XX, de
ní ti da in flu ên cia eu ro péia, so bre tu do in gle sa e fran ce sa,
com o cha ma do art nou ve au. A par tir de 1917, ga nha
pres tí gio a lin gua gem grá fi ca de ca rá ter po lí ti co po pu lar,
com as “Lu boks”, que de ram ori gem às “Ros tas” – car ta -
zes po lí ti cos que ex pres sa vam a ide o lo gia re vo lu ci o ná -
ria. Du ran te os anos de 1920, evi den ci am-se as ex pe ri ên -
ci as grá fi cas que re ve lam a in flu ên cia de mo vi men tos
como o cu bis mo e o fu tu ris mo. No fi nal des sa dé ca da,
À esquerda, arte de K. Ma le vich com tex to de V. Ma ya kovsky (56,2 x 39,7
cm - 1914). Abai xo, li no gra vu ra de V. Le be dev: “cam po nês, se não que -
res ali men tar os la ti fun di á ri os, ali men te o ‘front’...” (81 x 48 cm - 1920).
Na se quên cia, cartaz em li to gra fia de au tor des co nhe ci do: “Mos cou ver -
me lha: co ra ção da re vo lu ção pro le tá ria mun di al” (71 x 53 cm - 1920)
Da Redação
45ARC DESIGN
com a to ma da do po der por Sta lin, ve ri fi ca-se o de clí nio
das ma ni fes ta çõ es ex pe ri men ta lis tas e a vi ra da con ser -
va do ra para o re a lis mo so ci a lis ta, quan do os cons tru ti -
vis tas per dem a for ça que ti nham na má qui na de pro pa -
gan da so vi é ti ca, ain da nos anos de 1930.
Arte e po lí ti ca in ti ma men te li ga das e uma ge ra ção de
gran des ta len tos – que se es go tou em um cur to es pa ço
de tem po – ex pli cam como as ar tes grá fi cas na URSS
Acima, da esquerda para direita: frag men tos de cartaz em
li to gra fia de G. Kluts sis, S. Si en kin e A. Rod chen ko (107 x
72 cm - 1924) “V. I. Le nin”. Abaixo, da esquerda para direi-
ta: capa da re vis ta “Es tu dan te Pro le tá rio”, G. Klut sis (27,3
x 19 cm - 1923); A. Rod chen ko, pu bli ci da de, co la gem com
tex to de Ma ya kovsky (36 x 54 cm - 1923);
46ARC DESIGN
fo ram ca pa zes de dei xar mar ca da sua for ça, ser vin do
de base e ins pi ra ção para mu i tos mo vi men tos es té ti cos
fu tu ros, prin ci pal men te no cam po da pró pria grá fi ca.
Ma ya kovsky, Rod chen ko, Ta tlin, Lis sitzky, Ma le vich,
os ir mãos Sten berg eram as fi gu ras mais im por tan tes.
Nas dis cus sõ es que esse pe rí o do da his tó ria da arte e
da grá fi ca rus sa ain da in ci ta, Evan dro Sal les, cu ra dor
da mos tra “Grá fi ca Utó pi ca”, re a li za da recentemente
em Bra sí lia e em São Pau lo, es cla re ce no tex to do ca tá -
lo go: “os ar tis tas que com pu se ram a cha ma da van guar -
da rus sa ti nham como ob je ti vo pri mor di al a bus ca pe -
las es tru tu ras for ma ti vas do olhar. Olhar este que não
ape nas vê o mun do, mas an tes o de fi ne, o con for ma, o
es ta be le ce en quan to re a li da de. A arte pa re ce ter sido
en ten di da, en tão, não ape nas como um ins tru men to de
ação ou in ter ven ção so bre a re a li da de, mas bem mais
do que isso, de in ven ção da re a li da de”.
No vas to mo vi men to da van guar da ide o ló gi ca e re vo lu -
ci o ná ria, guia do pelo po e ta Vla di mir Ma ya kovsky, são
duas as cor ren tes que ca rac te ri zam a arte so vi é ti ca dos
anos de 1920: o su pre ma tis mo e o cons tru ti vis mo.
O su pre ma tis mo, guia do por Ka zi mir Ma le vich, pro põe-
se à sín te se da idéia e da per cep ção na com bi na ção de
sím bo los ge o mé tri cos para che gar à abs tra ção ab so lu ta.
O cons tru ti vis mo fun da seu pro gra ma na eli mi na ção
do con cei to de re pre sen ta ção na arte, para subs ti tuí-lo
por aque le de cons tru ção da pró pria arte. A ação ar tís -
ti ca é edu ca ti va e se ma ni fes ta no cam po da ar qui te tu -
ra, do de se nho in dus tri al e do de sign grá fi co, so bre tu -
do por meio dos “mass me dia”.
Os ar tis tas mais re pre sen ta ti vos des se mo vi men to são
Rod chen ko e Lis sitzky, que no pla no for mal se ba sei am
na te má ti ca su pre ma tis ta, para trans for má-la em ver da -
dei ra arte po pu lar.
Se guin do os con cei tos do ma ni fes to fu tu ris ta de Ma ri -
net ti, de 1913, a ti po gra fia pas sa a ser en ten di da não
ape nas como um mero sis te ma re pro du ti vo, mas como
a arte da cons tru ção e co lo ca ção de sig nos, do ta dos de
qua li da des icô ni cas, sim bó li cas e se mân ti cas, que con -
du zem a um novo modo de con ce ber a peça grá fi ca. A
Nesta página e na próxima, três pá gi nas do li vro “Isto”
(23,8 x 15,7 cm - 1923), que pu bli ca va o po e ma ho mô ni mo
de V. Ma ya kovsky. Com arte de A. Rod chen ko, o li vro foi o
pri mei ro ilus tra do uni ca men te com o uso de fo to mon ta gem
47ARC DESIGN
48ARC DESIGN
Nes ta pá gi na, car ta zes (li to gra fi as) de Ge or gii e Vla di mir Sten berg para fil mes nor te-ame ri ca nos. Aci ma, car taz do fil me “In to le rân cia” (13 x 108 cm - 1926).
Abai xo, da es quer da para a di rei ta, car ta zes (108 x 71 cm) para os fil mes: “Ex pres so No tur no” (1929); “Fi lhi nho do Pa pai” (1926); “O Ge ne ral” (1927).
Na pá gi na ao lado, no alto, cartaz em li to gra fia de El Lis sitzky: “To dos para o front, to dos para vi tó ria!” (89 x 59 cm - 1941). Na se quên cia, cartaz em li to -
gra fia de V. Ku la gui na: “1905 - Ca mi nho para Ou tu bro” (105 x 74 cm - 1929)
49ARC DESIGN
uti li za ção de di ver sas co res e a va lo ri za ção dos es pa -
ços em bran co sub ver tem a or to go na li da de por meio
da com pe ne tra ção de ca rac te res ir re gu la res, que se
mul ti pli cam e se de for mam, ge ran do no vas re la çõ es
com po si ti vas no es pa ço bi di men si o nal.
Houve um grande desenvolvimento nas ex pe ri men -
ta çõ es ti po grá fi cas e tor nou-se ex plí ci ta a pre di le ção
pe los ca rac te res a bas tão, usan do fon tes com de se -
nhos ge o mé tri cos. O ob je ti vo des sa nova es té ti ca foi
o de cri ar uma lin gua gem que ex pri mis se di na mis mo
e ten são, sem per der a har mo nia com po si ti va.
Re vis tas, car ta zes de pro pa gan da po lí ti ca e de pu bli -
ci da de de pro du tos, bem como o anún cio de ex po si -
çõ es, de lei tu ra de po e mas, de con cer tos e de de ba tes
cul tu rais, ilus tra ção para li vros, car ta zes para pe ças
de te a tro e de ci ne ma eram os su por tes so bre os
quais atu a vam.
A nova lin gua gem grá fi ca era, ao mes mo tem po, ex -
pres são e veí cu lo de mu dan ças, mo de la da gra ças aos
no vos sis te mas de pro du ção, e ser via às di ver sas ideo -
lo gias po lí ti cas e so ci ais. Ce le bra va a má qui na e des -
fru ta va de sua ca pa ci da de e po ten ci al, mas seu ím pe to
de fun do era o de se jo ra ci o na lis ta de me lho rar a or ga -
ni za ção e a co mu ni ca ção da in for ma ção.
“De fi nin do em pou cas pa la vras o de sign grá fi co mo -
der no, po de mos di zer que ele sur giu de uma for ça de -
mo crá ti ca e igua li tá ria que eli mi nou o frí vo lo de co ra ti -
vis mo, sím bo lo do pri vi lé gio de clas se, para su bli nhar
a fun ção do im pres so, no qual não a de co ra ção, mas o
ob je to era a prin ci pal for ma de arte”, afir ma Owen. �
Bi bli o gra fia:
Catálogo da exposição Gráfica Utópica - Arte Gráfica Russa 1904-1942.
OWEN, Wil li am. Magazine Design. Londres: Laurence King, 1991.
FI O RA VAN TI, Gior gio. Gra fi ca & Stam pa. Itália: Za ni chel li, 1984.
A exposição Gráfica Utópica, realizada pelo Centro Cultural Banco do Brasil, já
foi apresentada em Brasília e São Paulo e acontecerá de 26 de fevereiro a 28
de abril de 2002 no Centro Cultural Banco do Brasil RJ
50ARC DESIGN
Jac que li ne Ter pins aca ba de inau gu rar seu es tú dio e show-room em São Pau lo.
No es pa ço, pro je ta do pelo ar qui te to Fe lip pe Cres cen ti, está ex pos ta gran de
par te da obra da de sig ner, re ve lan do sua tra je tó ria ao lon go dos úl ti mos 13 anos
Acima, composição com cinzeiros Pixel, lançados em 2001. Juntos, assumem outra
dimensão: não mais aquela do objeto utilitário, mas a do objeto-arte. A la pi dação cônca-
va reflete a imagem fragmentada e multiplicada, mas as bordas – pla nas – de cada peça
reproduzem a imagem real
Winnie Bastian Fotos Andrés Otero
SIMPLICIDADE PLANEJADA
IN
TE
RI
OR
ES
51ARC DESIGN
Ao lado, vista da porta de acesso,
emoldurada pelas co lu nas pré-
existentes. Abaixo, o nível supe -
rior do piso térreo, que abriga o
show-room direcionado a lojistas
52ARC DESIGN
Quem en tra no Es tú dio Jac que li ne Ter pins pela pri mei ra
vez sur pre en de-se: é fato. Ad mi ra-se com a ge ne ro si da de do
es pa ço – que pos sui, em gran de par te, pé-di rei to du plo e
enor mes co lu nas –, mas a prin ci pal sur pre sa deve-se a um
fa tor ines pe ra do: o des po ja men to pro po si tal. Es pa ço de di ca -
do a ob je tos pre ci o sos, o es tú dio foi con ce bi do sem os ten ta -
ção, bus can do cer ta neu tra li da de, “como se fos se um fun do
in fi ni to para as pe ças ex pos tas”, ex pli ca Fe lip pe Cres cen ti,
au tor do pro je to ar qui te tô ni co. A cor es co lhi da – a bran ca –
e o uso de for mas pu ras vêm ao en con tro des sa in ten ção.
A le ve za do es pa ço é su bli nha da pela sol tu ra de vo lu mes:
Cres cen ti tra ba lhou o con cei to da in de pen dên cia de pla -
nos, ou seja, pla nos ho ri zon tais e ver ti cais não se to cam,
apa ren te men te. Des sa for ma, as co lu nas pa re cem “fu rar” o
me za ni no e os pla nos ho ri zon tais – pra te lei ras, la jes, vi gas,
pa ta ma res de es ca da – dão a im pres são de es tar flu tu an do.
Ou tro as pec to im por tan te diz res pei to ao con tex to do es tú -
dio, ins ta la do no piso tér reo de um edi fí cio da dé ca da de
1950. Lo ca li za ção pri vi le gia da, mas, ao mes mo tem po, ta -
re fa de li ca da, pois qual quer in ter fe rên cia deve ser es tu da -
da com cu i da do para não de ne grir ou des ca rac te ri zar o
es ti lo ar qui te tô ni co da épo ca.
A mai or pre o cu pa ção no mo men to do pro je to, se gun do o ar -
qui te to Fe lip pe Cres cen ti, não era fa zer um pro je to de res tau -
ro, mas con fe rir ao es pa ço uma lin gua gem con tem po râ nea
con di zen te com o edi fí cio. Além dis so, de ve ria ha ver um di á lo -
go en tre o es pa ço novo e o an ti go, mo ti vo pelo qual as co lu nas
in ter nas – prin ci pal ele men to de in te ra ção en tre o es tú dio e o
pré dio – são mar ca das com um tom su til de bege, cor pre do -
mi nan te do edi fí cio. De su ti le zas, ali ás, é fei to esse pro je to.
53ARC DESIGN
À direita, nível superior do pavi-
mento térreo; em pri meiro pla no, a
escada, que parece flu tuar, reve-
lando o conceito nor tea dor do pro-
jeto arqui tetônico.
A integração entre arquitetura e ilu-
minação se explicita na ima gem
abaixo: uma “língua” de gesso orga-
niza o mezanino – in tegrando o
escritório da de signer (ao fundo) e
a sala de reu niões (em primeiro
plano) – e per mi te conjugar ilu -
mina ção direta e indireta
Na página ao lado, vista parcial do
nível inferior do piso térreo, tendo
em primeiro pla no as pol tronas
Quatro e, em segundo, o painel e o
banco Pixel; ao fun do, grandes
panos de vidro de finem o espaço; a
por ta hi per dimensionada e as colu-
nas dialogam por meio da esca la.
Ao lado, nível superior do pavi men -
to térreo: grandes calhas me tá -
licas aparentes ordenam a ilu -
minação e conferem lógica ao teto
54ARC DESIGN
Ou tro as pec to re le van te é a mul ti fun ci o na li da de do es pa ço.
Além do show-room da de sig ner, o es tú dio abri ga áre as
de di ca das a ven das para lo jis tas, ate liê de cri a ção e es cri -
tó rio e, ain da, áre as de apoio, como copa, ba nhei ros, co zi -
nha, de pó si to. A co e xis tên cia de di ver sas fun çõ es si mul tâ -
ne as re sul tou em es pa ços sem di vi sõ es rí gi das, per mi tin do
fle xi bi li da de de uso. A úni ca di vi são mais definida é en tre
am bi en tes so ci ais (piso tér reo) e pri va dos (me za ni no). Os
dois am bi en tes do piso tér reo (show-room e ven da a lo jis -
tas) são se pa ra dos ape nas por um des ní vel e as duas por -
tas de en tra da não apre sen tam di fe ren ci a ção de hie rar quia
ou fun ção, per mi tin do que os es pa ços com por tem di ver sos
usos em di fe ren tes si tu a çõ es.
Esse con cei to tam bém se re fle te na ilu mi na ção do es tú dio,
pla ne ja da para acom pa nhar to das as mu dan ças às quais o
es pa ço – prin ci pal men te as sa las de ex po si ção – está su jei -
to. Para pro por ci o nar a fle xi bi li da de ne ces sá ria, há a com -
bi na ção de di ver sos sis te mas de ilu mi na ção (di re ta e in di -
re ta), per mi tin do a va ri a ção dos fa chos de luz e tam bém de
po si ci o na men to e an gu la ção.
Nas áre as de ex po si ção, uti li zou-se ilu mi na ção di re ta, pois,
além do am bi en te ser todo bran co – a luz que foca as pe ças
Abaixo, nível inferior do térreo: pureza de formas e iluminação dramática permeiam todo o espaço, que assim assume um caráter cenográfico. Sob o mezani-
no, um forro de gesso embute spots cujas lâmpadas podem ser rotacionadas em mais de 60 graus em relação ao eixo horizontal. O resultado é liberdade
total na hora de dispor as peças, que não precisam se sujeitar à localização do foco
55ARC DESIGN
se re fle te nas pa re des e ilu mi na o am bi en te –, o ob je ti vo é
va lo ri zar as pe ças.
Onde há pé-di rei to du plo, a ilu mi na ção foi tra ba lha da com
ca lhas (tri lhos), nas quais as lâm pa das são fi xa das e di re ci o -
na das con for me o la yout de se ja do. Es sas ca lhas são pro po -
si tal men te lar gas para au xi li ar na com po si ção de um de se -
nho ló gi co para o teto, an tes en tre cor ta do por vi gas que não
obe de ci am a qual quer mo du la ção. “Cri a mos duas li nhas for -
tes de ca lhas no ní vel in fe ri or e duas no ní vel su pe ri or para
or ga ni zar o teto”, ex pli ca Gil ber to Fran co, res pon sá vel, ao
lado de Car los For tes, pelo pro je to de ilu mi na ção do es tú dio.
A área lo ca li za da sob o me za ni no, por sua vez, re ce beu lu -
mi ná ri as em bu ti das no for ro de ges so, cada qual agru pan do
qua tro lâm pa das gi ra tó ri as e in cli ná veis, tam bém vi san do a
li ber da de de com po si ção das pe ças em ex po si ção. Nas de -
mais áre as, ilu mi na ção di re ta e in di re ta se com ple men tam e,
ali a das ao uso do dim mer, permitem di ver sos efei tos de luz.
Pro je to de nu an ces su tis, es pa ços ge ne ro sos e ilu mi na ção
mi nu ci o sa: o con jun to da obra de Jac que li ne Ter pins não
po de ria es tar em ou tro lu gar. “Sem pre tive von ta de de en -
trar num es pa ço que ti ves se vá ri as coi sas mi nhas e eu vis -
se o todo des ses 13 anos”, diz a de sig ner. �
Nos detalhes abaixo, algumas das sutilezas que constroem o projeto, quase todas ligadas ao conceito da independência entre planos hori zontais e verticais
(note-se a soltura de volumes). Em sentido horário: escada de acesso ao mezanino; início do corredor do mezanino; relação entre piso, coluna e pano de
vidro no piso térreo; no lavabo, pia em vidro e, fazendo as vezes de espelho, luminária Mira
56ARC DESIGN
FIRMA CASAAl. Gabriel Monteiro da Silva, 1.487 São Paulo, SP – Tel.: (11) 3068-0377
Av. das Américas, 7.777, Rio Design Barra,Rio de Janeiro, RJ – Tel.: (21) 2438-7586
www.firmacasa.com.br
Na página ao lado, destaque para sofá e pol tronas
Onda (design De Pas, D’Urbino e Lomazzi, 1985):
movimento e leveza aliados à iluminação fazem
do living um lugar privilegiado da casa
O design ganha cada vez mais des -
taque na composição de espaços, tor-
nando-se o diferencial em ambientes
contemporâneos. A Firma Casa, que
representa marcas conceituadas do
design internacional – como as italia -
nas Zanotta e Moroso – e conta com
peças exclusivas de design brasileiro,
oferece móveis e objetos que agradam
aos mais diversos perfis: discretos ou
ousados, clássicos ou vanguardistas.
Nas fotos, três ambientes projetados
por João Armentano para residências
distintas ilustram algumas possibili-
dades para espaços e gostos diversos.
À esquerda, a sobriedade clássica do
estar social é quebrada pelo design
arro jado do banco Plana, de Massimo
Iosa Ghini. No pé da página, preto e
bran co, cores predominantes no proje-
to, recebem intervenção do amarelo na
poltrona Ardea, desenhada por Car lo
Mollino na década de 1950, que confere
luminosidade à sala. Na página ao lado,
“as formas curvas do sofá Onda (design
De Pas, D’Urbino e Lo mazzi), combi-
nadas à iluminação na tu ral abundante,
trazem leveza ao espa ço, convidando
ao relax”, afirma Armentano.
F I RMA C A S A
PU
BL
I
ED
IT
OR
IA
L
Nesta página, móveis contemporâneos se destacam em ambientes pre-
dominantemente clássicos: acima, banco Plana, de Massimo Iosa Ghini,
1988; abaixo, poltrona Ardea, design Carlo Mollino, anos de 1950
DES
IGN
, CO
M N
OM
E E
SOBREN
OM
E A iden ti da de, seja de um país, de uma cul tu ra ou de uma pes soa, não é um con cei -
to imu tá vel, es tá ti co, pa ra do no tem po. “A iden ti da de se cons trói en quan to se vive.”
O mes mo su ce de com as em pre sas, so bre tu do com aque las que têm uma his tó ria
a con tar, que são par te da pró pria cul tu ra da so ci e da de na qual atu am; sem mu dar
sua pos tu ra e fi lo so fia, evo lu em no tem po, se re po si ci o nam no mer ca do.
Fa la mos da For ma, uma das em pre sas pi o nei ras na in tro du ção do mo bi li á rio con -
tem po râ neo ou, me lhor di zen do, do de sign no Bra sil.
O de sign, ou de se nho in dus tri al, com as si na tu ra e data de cri a ção, teve iní -
cio há cem anos, com o nas ci men to das in dús tri as. No iní cio do sé cu lo
XIX – e ain da hoje, pas mem! –, o mó vel pro du zi do por ar te sãos era
co pi a do de gros sos ca tá lo gos que di fun di am es ti los ou mo das de
im pé ri os e rei na dos: Luís XV, Pom pa dour, D. Ma no el e ou tros, e
mes mo o co lo ni al bra si lei ro.
Al gu mas pe ças de mo bi li á rio do fi nal do sé cu lo XIX e da vi ra -
da do sé cu lo XX, no en tan to, se des ta ca ram pela sua mo der -
ni da de, pela sua ex pres são de van guar da. Hoje, re gis tra -
das pela his tó ria, per ten cem a mu seus ou a co le çõ es par -
ti cu la res. É o caso dos pro je tos de ar qui te tos como Hoff -
mann, Van de Vel de, Loos, Wag ner.
Aqui sur ge a per gun ta: por que al gu mas ca dei ras são co -
pia das e ou tras não?
A res pos ta é sim ples: são co pi a das aque las que já che ga -
ram ao Bra sil, há mu i tas dé ca das, com pres tígio e sta tus,
com gran de su por te pu bli ci tá rio e de ima gem gra ças à ces são
de seus di rei tos de pro du ção a gran des em pre sas in ter na ci o -
nais. E quem con fe re es ses di rei tos? Ge ral men te fun da çõ es ou
mu seus que os de têm, jun ta men te com a pos se dos de se nhos e
pro tó ti pos ori gi nais. Mas isto é uma ou tra his tó ria …
Na ver da de, de pois de qua se um sé cu lo de vida, es ses mó veis en tram no
gos to po pu lar e, de vi do às có pi as, dei xam de ser – no cam po do mo bi li á rio
– os gran des in di ca do res de sta tus e cul tu ra. Os no vos íco nes do de sign são as
pe ças do novo mi ni ma lis mo, em ma te ri ais ino va do res, em plás ti cos de úl ti ma ge ra -
ção. Mas se que re mos fi car no de sign his tó ri co, há ou tras fon tes a serem ex plo ra das.
1918RED & BLUE
Guerrit Rietveld
1925WASSILY
Marcel BreuerF 0 RMA
PU
BL
I
ED
IT
OR
IA
L
1903HILL HOUSE
Charles Rennie Mackintosh
1929MR
Mies van der Rohe
59ARC DESIGN
2001 BOHEM Philippe Starck
1928LC4
Le Corbusier, P. Jeanneret e C. Perriand
1929BARCELONA
Mies van der Rohe
Foto Ne
lson Ko
n
194871
Eero Saarinen
1952DIAMOND
Harry Bertoia
1955
SERIES
7Arn
e Jacobs
en
1930BRNO
Mies van der Rohe
Foto
Nelso
n Ko
n
61ARC DESIGN
UM SÉCULO DE DESIGNNa For ma con vi vem, lado a lado, as ca dei ras em ble má ti cas do sé cu lo
XX. Hoje, suas no vas co le çõ es es tão apoi a das no seguinte tripé: a
van guar da do mo bi li á rio; a in tro du ção do de sign es can di na vo – o
his tó ri co e o con tem po râ neo; o novo con cei to para mo bi li á rio de es -
cri tó ri os in tro du zi do pela Her man Mil ler, dos Es ta dos Uni dos.
Pe ças mun di al men te famosas, como a ca dei ra Di na mar que sa, da dé ca da
de 1950, che gam ao Bra sil em nova lin gua gem ou rou pa gem. A clás si ca pol tro -
na de Paul Kjae rholm, no en tan to, per ma ne ce imu tá vel em sua for ma per fei ta.
A Fritz Han sen, da Di na mar ca, em pre sa que as pro duz, pro põe tam bém
no vas ti po lo gias – bi om bos le ves, em ma te ri ais inu si ta dos –, além de ca dei ras de Vico Ma gis tret ti.
A italiana Kar tell, lí der mun di al no mo bi li á rio em plás ti co, lan ça o mais cris ta li no dos ma te ri ais arti -
fi ci ais, com ban que tas que – por essa ra zão – re ce be ram o nome de Bo hem, e com ca dei ras que nos
re me tem à me mó ria dos anos de 1950. Seu au tor? Phi lip pe Starck.
Da Her man Mil ler in tro duz-se o Re sol ve, pro je to de Ayse
Bir sel. Ten do lan ça do nos anos de 1970 o es cri tó rio
de plan ta aber ta, a Her man Mil ler re vo lu ci o na
con cei tos, mais uma vez, nas plan tas que
tra ba lham com ân gu los de 120 graus.
As sim, anos 1950 com ma te ri ais de
van guar da, anos 1950 re e di ta dos
em no vas to na li da des – é o “way
of life” que re vi si ta dé ca das re cen -
tes, tra zen do sem pre uma nova
con tri bu i ção, em mo de los clás si -
cos ou de van guar da.
A nova For ma, sem pre mais ágil, traz
os úl ti mos lan ça men tos da Eu ro pa, dita
com por ta men tos, em sin to nia com a mo -
der ni da de in ter na ci o nal.
1956POLTRONA TULIPAEero Saarinen
1965POLLOCK
Charles Pollock
1965ALBINSON
Don Albinson
1957EGG
ArneJacobsen
1992 LABYRINT Pelikan Design
Foto
Nelso
n Ko
n
62ARC DESIGN
1966PLATNER
Warren Platner
1973RASMUSSEN
Morrison and Hannah
1966MALITTE
Sebastian Matta
1956 PK2
2 Paul Kj
aerhol
m
Foto Nel
sonKon
63ARC DESIGN
NOVOS RUMOS
2001 EROS Philippe Starck
Mas para o su ces so de uma em pre sa é pre ci so algo além de uma
bela co le ção de pro du tos.
Em 1997 a For ma pas sa a fa zer par te do gru po Gi ro flex e se re vi ta li za.
Fun da da em 1955 por dois pi o nei ros ide a lis tas, que ha vi am che ga -
do ao Bra sil já im preg na dos pela cul tu ra eu ro péia – Er nes to Wolf,
em pre sá rio, e Mar tin Eis ler, ar qui te to for ma do em Vi e na –, a For ma
foi por ta do ra de uma nova men sa gem, reu nin do a me lhor e mais
com ple ta co le ção de de sign do Bra sil.
A par tir da dé ca da de 1990, com sua par ti ci pa ção no gru po Gi ro flex,
a For ma ga nha em ex pan são e pres tí gio. Ado ta um mo der no pla ne -
ja men to em pre sa ri al, mo der ni za sua es tru tu ra, in ves te em
design, tec no lo gia e pes so al.
O pri mei ro pas so foi a mo der ni za ção de sua fá bri ca si -
tu a da em Ta bo ão da Ser ra, São Paulo, bem como
dos es cri tó ri os jun to à fá bri ca. Es tes, ago ra com
plan ta aber ta, se tor nam mais ágeis. Na fá bri -
ca – hoje toda in for ma ti za da – são ins ta la das
cé lu las de pro du ção rá pi da e todo o ma qui ná -
rio é de úl ti ma ge ra ção. Na pa ra le la, o aca ba men -
to ar te sa nal con ti nua a re ce ber o mes mo cu i da do, e o trei na men to
é pas sa do de ge ra ção a ou tra, man ten do uma tra di ção da em pre sa.
De acor do com Mar kus Schmidt, di re tor de mar ke ting e co mu ni ca -
ção da For ma, “são as pes so as que nela tra ba lham que fa zem a cul -
tu ra da em pre sa”. As sim, a For ma in ves te em seus fun ci o ná ri os
com trei na men tos cons tan tes, pro cu ran do man ter seu qua dro es tá -
vel. Um di fe ren ci al que o cli en te per ce be e apre cia.
Por ou tro lado, os co la bo ra do res ex ter nos são sem pre bem-vin dos, per -
mi tin do o di á lo go, pro pi ci an do a tro ca com o mun do fora da em pre sa.
A his tó ria da For ma pros se gue, com a mes ma qua li da de no de -
sign, com a mes ma aten ção à sua ima gem, an te na da nas no -
vas ten dên ci as e com por ta men tos, con ser van do seu pa pel
de li de ran ça no mer ca do bra si lei ro.
1976ZAPF
Otto Zapf
1983WESTSIDE
Ettore Sottsass
1984T-LINE
Burkhard Vogtherr
Foto
Nelso
n Ko
n
Bolonha, Itália, sede da feira
Cersaie, mostrou de 2 a 7 de
outubro todo o prazer que tec-
nologia e design podem propor-
cionar. Dos chuveiros às ba -
nheiras, das louças aos metais,
a equação é uma só: conforto =
prazer. Sem esquecer proble-
mas reais, como economia de
água, redução de medidas e
facilidade de instalação.
Angélica Valente
prazerMui to
64ARC DESIGN
Foto
Gui
do B
arba
Gel
ata
FE
IR
AS
65ARC DESIGN
“O banheiro é o que resta de
indevassável para a alma e o corpo
do homem. Neste templo que serve,
ao mesmo tempo, ao deus do narci-
sismo e ao da humildade, é que a civi-
lização contemporânea encontrará
sua máxima expressão, seu último
espelho – que é o propriamente dito.”
Millôr Fernandes
Na página ao lado, modelo de cabine ducha
em fibra de vidro muito utilizada na Europa,
que já vem totalmente equipada para o uso,
com hidromassagem e duchas em diversas
alturas. Ao fundo, esponja natural da
Accakappa. Nesta página, equipamentos da
Cesana, Itália. Acima, cabine ducha com
duas va riantes de chuveiro e, ao lado, ba -
nheira ergonômica com box agregado
66ARC DESIGN
Re can to re lax, o ba nhei ro é o lu gar da casa onde li -
vre men te can ta mos, dan ça mos, se cre ta men te ado -
ra mos nos sas for mas, cho ra mos es con di do e saí -
mos de cara lim pa. A esse pal co par ti cu lar de di ca -
mos cada vez mais aten ção e nos em pe nha mos na
cons tru ção de um re fú gio para ame ni zar nos so co -
ti di a no de ma nei ra pra ze ro sa. Tec no lo gia e de sign
são hoje nos sos ali a dos nes sa fa ça nha.
Na Gré cia An ti ga as ca sas de ba nhos pú bli cos eram
tão mo vi men ta das quan to as ágo ras, e era onde, em
com ple to re lax, dis cu ti am-se os pro ble mas da pó lis.
Nas ca sas de ba nho ro ma nas, toda a ca pa ci da de ar -
tís ti ca era em pre ga da. Com pos tas por inú me ras sa -
las, cada uma cor res pon den te às eta pas do ri tu al:
sa las fri as, quen tes, se cas, mo lha das, sa las para o
re pou so, para a pre pa ra ção. Mo sai cos ins pi ra do res,
es ta tu e tas, pin tu ras mu rais pre ci o sas fa zi am do am -
bi en te ver da dei ros tem plos da arte.
A par tir da Ida de Mé dia, a prá ti ca pas sa a ser con si -
de ra da um ato (quem di ria...) im pu ro e os ba nhos pú -
bli cos são abo li dos. Nes se mo men to, qua se todo o
há bi to de hi gie ne é re le ga do a se gun do pla no, até
mes mo nos lo cais onde se pra ti ca va a me di ci na. Não
é de se ad mi rar o sur gi men to das gran des epi de mi as
de pes te que as so la ram a Eu ro pa por tan tos sé cu los!
Ao con trá rio dos oci den tais, os po vos do Ori en te
sem pre fi ze ram do as seio ín ti mo um há bi to de pra -
zer, um mo men to es pe ci al do dia. O hin du ba nha-
se no Rio Gan ges para a pu ri fi ca ção. Tam bém osNo alto da página, gaveteiro de Philippe Starck para a Duravit, Alemanha,
produzido com chapas de polipropileno, na qual o corte das laterais permite
um encaixe perfeito. Acima, área molhada do ba nheiro Acquagrande, com
piso em módulos de cerâmica, Tatami, que se completa em sua linearidade
com a área seca para relax. Projeto de Giulio Cappellini e R. Palomba para a
Ceramica Flaminia, Itália
67ARC DESIGN
Nesta página, sabonetes da Lush e peças da Cesana,
Itália. À esquerda, painel mostrando a vista das cubas
em planta; acima, banheira ergonômica com superfície
porta-objetos
Foto
Gui
do B
arba
Gel
ata
pri mei ros ha bi tan tes das Amé ri cas nun ca aban do na -
ram o há bi to de ba nhar-se jun to à na tu re za, em rios de
águas cla ras. Na tra di ção ja po ne sa, re ser vam-se es pa -
ços pri vi le gia dos para o ba nhei ro, ao ar li vre, em con ta -
to com a na tu re za. O ba nho de imer são é o ápi ce do ri tu -
al, e só deve ser fei to de pois de re ti ra das do cor po, com
pa nos úmi dos, to das as im pu re zas. O for ma to do ofu rô
in duz à aco mo da ção do cor po em po si ção fe tal, dan do
uma sen sa ção de se gu ran ça.
A no ção de hi gie ne só vol ta a ser as si mi la da pe los oci -
den tais no sé cu lo XIX, quan do Pas teur des co bre a fau na
ma lé vo la es con di da de bai xo de nos sas unhas e em ou -
tros tan tos lu ga res. Hos pi tais, açou gues, co zi nhas, la bo -
ra tó ri os pas sam a ser re ves ti dos de azu le jos bran cos
para fa ci li tar e evi den ci ar a lim pe za, que ago ra é pa la vra
de or dem. O ba nhei ro tam bém se ria alvo do ex pur go da
su jei ra – e não é à toa que por tan to tem po pre ser va ria o
as pec to frio e hos pi ta lar.
Mais tar de, já no sé cu lo XX, Le Cor bu si er pro põe a “má -
qui na de ha bi tar”: ain da a fun ção, mas não o pra zer.
A in tro du ção das co res tal vez te nha sido o pri mei ro pas -
so para as trans for ma çõ es que se se gui ram... mas ain da
um ges to mu i to tí mi do. Na ver da de, a trans for ma ção é
con cei tu al. Pas sa-se da tra di ção cal vi nis ta nor te-ame ri ca -
na, na qual ba nho = ex pur go de im pu re zas, para aque la
ja po ne sa, que sabe, há mi lê ni os, que ba nho = pra zer.
Hoje o ba nhei ro é o cen tro das aten çõ es, lu gar da casa
onde se é mais pró di go nos gas tos. A Cer saie, fei ra de
lou ças, me tais e com ple men tos para o ba nho, re a li za da
na ci da de de Bo lo nha (veja ARC DE SIGN nº 22), é uma
de mons tra ção cla ra des sa nova fi lo so fia. Como no mun -
do das ma ra vi lhas, vão des fi lan do as ca bi nes para chu -
vei ro com som, es pe lho an ti em ba çan te, ban qui nho, três
ou qua tro ja tos em al tu ras di fe ren tes, que mas sa gei am
om bros, cor po, pés e alma. As ba nhei ras são ou tro pal co
de atra çõ es: a er go no mia mos tra sua im por tân cia no pro -
je to das pias e, prin ci pal men te, das ba nhei ras, de for mas
ar re don da das, que nos aco lhem, dan do um adeus aos ar -
cai cos e des con for tá veis ba nhos de imer são. Pen sa-se
nos pe que nos e nos gran des es pa ços, pen sa-se em como
mas sa ge ar nos so cor po, com re lax ou es tí mu lo, re gu lan -
do a in ten si da de dos inú me ros ja tos d’água. Pen sa-se em
como eco no mi zar a água!
Para os gran des es pa ços, a re fe rên cia cla ra é o ba nho
ro ma no: três, qua tro sa las com põ em o am bi en te, com es pa -
ço para se des po jar, para o ba nho de va por, du cha fria,
imer são e o que mais se de se jar. A área seca terá igual im -
por tân cia, para que de pois de um ba nho re la xan te – ou es -
ti mu lan te – o ri tu al con ti nue com a apli ca ção de cre mes e
óle os, pro lon gan do a sen sa ção de pra zer. E se o ba nhei ro é
do ca sal, pias e lou ças sa ni tá ri as vi rão em du plas, evi tan do a
re pe ti ção de mais uma das pe que nas tra gé di as do co ti di a no!
País das ma ra vi lhas – mas sem pas ses de má gi ca –, este
dos no vos ba nhei ros! In ves ti men to em tec no lo gia e co ra -
gem de ar ris car no de sign e na ino va ção com põ em a fór -
mu la do su ces so de uma in dús tria que, na Eu ro pa e nos
EUA, está cres cen do ver ti gi no sa men te a cada ano. �
Na página ao lado, projeto do arquiteto Norman Foster, que também
desenhou todas as peças e armários da série Bathroom Foster para a
Duravit e Hoesch, Alemanha, nos quais o desenho de cada peça parte de
duas semicircunferências.
Nesta página, design Citterio e Brioschi para a Join (acima) e para a Pozzi
Ginori (abaixo). Nas duas páginas, bolas aromáticas para banho, da Lush
Quan to tem po leva uma nova idéia, sur -
gi da no mer ca do in ter na ci o nal, para che -
gar ao Bra sil? De pen de de seu pú bli co
con su mi dor e dos in ves ti men tos ne ces sá -
ri os para sua im plan ta ção.
Im por tar ou de sen vol ver a pró pria in -
dús tria? Ou tra per gun ta cru ci al que as
em pre sas, com mai or ou me nor ve lo ci -
da de, se em pe nham em res pon der.
Publicamos os últimos lançamentos da
Cersaie – feira italiana que, além dos
revestimentos cerâmicos (veja ARC
DESIGN nº 22), expõe os lançamentos
em louças, metais e complementos para
o banheiro – e mostramos a quantas
andam o mercado brasileiro e seus
produtos mais recentes e atualizados.
PANO
RAMA
BRAS
IL B A N H E I R O S
Preç
os p
esqu
isad
os em jan
/ 20
02
71ARC DESIGN
DECA Lavatório quadrado de semi-encaixe Dimensões: 41 cm x 41 cmToalheiro em aço escovadoPreços ainda não disponíveisAtendimento Deca: 0800-117-073 www.deca.com.br
DECA Ducha AcquamaxDiâmetro: 21 cm; espessura: 1 cm R$ 390,00Atendimento Deca: 0800-117-073 www.deca.com.br
INTERBAGNOLavatório Steel, design J. L. BianchiAço escovado55 cm x 50 cm x 84 cm R$ 1.500,00www.interbagno.com.br
DOCOLMisturadores para parede Docol Formatta Acabamento cromo acetinadoR$ 591,81Atendimento Docol: 0800-474-333 www.docol.com.br
72ARC DESIGN
PLANCORPPia Germania 900, Tecno Marbel, ItáliaProduzida em Marlux (mistura de pó e grãos demármore e resina) Dimensões: 90 cm x 240 cm x 60 cmPreço sob consultaPlancorp: Rua Lopes do Amaral, 98, São Paulo.Tel.: (11)3845 [email protected]
NEAL’S YARDBucha esfoliante em sisalR$ 8,00
Neal’s Yard Remedies: Rua Melo Alves, 383, São Paulo.
Tel.: (11) 3064-8414
PEDRAZZI DESIGNLaundry Basket, design Aukje Peters, HolandaCesto de polipropileno revestido com peçaúnica de malha por dentro e por foraR$ 105,00 [email protected]
DOCOLMisturador DocolTronic Acionamento automático e ajuste de temperaturaR$ 843,91Controle remoto opcionalR$ 576,98Atendimento Docol : 0800-474-333www.docol.com.br
BUDDEMEYERToalhas de algodão egípcioBanho extra large: R$ 34,50; banho large: R$ 25,50;rosto: R$11,50Atendimento Buddemeyer: 9 (0 XX 47) 631-7057
TOK STOKTapete Marolinha, design Valter BahcivanjiEspuma vinílica com arruelas de PVC50 cm de diâmetroR$35,00Atendimento ao Consumidor Tok&Stok : 0800-160-161www.tokstok.com.br
COZACabide para porta da linhaCoza/Forma, design Cristina Zatti Aço inox e polipropilenoAltura: 40 cm ou 25 cm R$ 40,00Atendimento ao Consumidor Coza:0800-703-8585
74ARC DESIGN
ASTRABanheira de hidromassagem Linea SerenadeMedidas: 180 cm x 90 cm x 48 cmR$1.270,00Loja de fábrica Astra: Via Marginal Anhangüera, Km 62Atendimento ao Consumidor Astra: 0800 146 977
PLANCORPTorneira Nobili para cozinha e banheiro, design Pininfarina, ItáliaMisturador de temperatura monocomandoPreço sob consultaPlancorp: Rua Lopes do Amaral, 98, São Paulo. Tel.: (11)3845 [email protected]
INTERBAGNOArmários linha Orbit, design Ivan Scarpelini Em arvoplac (branco) ou compensado naval(ébano), acabamento em PVCColuna branca: R$ 1.599,00 Módulo bipartido: R$ 844,00 www.interbagno.com.br
DECA Lavatório de cuba redonda com porta-toalhas incorporado Coleção Deca MasterLançamento em marçoPreço ainda não disponívelMisturador cromado linha Revival R$ 685,00Atendimento Deca: 0800-117-073 www.deca.com.br
Terracota com alta resistência e flexibilidade, leve e com baixa absorção de umidade. É feitade 90% de argila italiana (cotto) misturada com quartzo e resinas patenteadas, curadas a altastemperaturas, cortadas em grandes tamanhos (119,38 cm x 299,72 cm e 19 ou 31,8 cm deespessura) e polidas. Aplicações incluem pisos, revestimentos, persianas externas (fachadas),tampos e balcões
COTTO STONE mc# 3610-01
Tecidos trançados ou tricotados em poliéster, náilon, viscose e seda; são transparentes, plis-sados, amassados, triturados, semelhantes ao tafetá ou à organza, laminados, colados, revesti-dos, impressos, com desenhos texturizados, sombreados, iridescentes e metálicos. Para modafeminina, cortinas, colchas e tapeçaria
SYNTHETIC FABRICS mc# 3446-01
STONEHENGE SERIES mc# 1965-05
Metais, tecidos convencionais e de malha metálica são laminados entre painéis de diversostipos de vidro temperado e decorado; para aplicações de arquitetura e design, iluminação esistemas de envidraçamento interior e exterior
Ladrilho para piso em cortiça natural, destinado a uso comercial e residencial. Durável,resiliente, impermeável a líquidos e gases, não absorve poeira, tem propriedades isolantes tér-micas e acústicas e não propaga chamas ou libera gases tóxicos durante a combustão.Disponível em diversas estampas, nas versões natural e com acabamento em acrílico antiUV
NATURAL CORK PARQUET T ILE mc# 1098-01
MATERIAL
CONNE XION
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Acabamento acetinado decorativo para alumínio, durável e resistente a solventes. Pode teraparência de madeira, mármore, granito ou outros. Uma única camada de um pó (patenteado)é aplicada inicialmente à superfície do metal, que é então decorada por um processo de trans-ferência de calor (a 200oC), utilizando um papel decorativo (também patenteado) tingido eatóxico. Diversas superfícies podem ser cobertas incluindo as laminadas, as irregulares e ascurvas, tanto em ambientes internos como externos
VIV-DECORAL® mc# 3646-01
Tela ultra-resistente, feita de polipropileno ou poliéster (conforme a finalidade), em diversasespessuras e tamanhos de malha. Aplicações incluem capas, carregamento de cargas, redes desegurança e caça, proteção para passarinhos, cercados para animais, suporte para plantas ecobertura de piscinas e tanques. Disponível nas cores preta, verde, vermelha e azul
NETTING mc# 3876-01
BIOPLAST® mc# 3682-01
Um biopolímero feito de goma de amido composta e outros ingredientes biodegradáveis, que sãoprocessados em grânulos para injeção e extrusão em películas planas e folhas. Uma vez que abiodegradação somente começa sob certas condições, como a presença de microrganis mos, osgrânulos biodegradáveis podem ser utilizados e armazenados de maneira similar ao armazena-mento de plásticos sintéticos convencionais. O material também pode ser reciclado e reutilizado
Sistema de painéis (0,60 x 0,60 m) com juntas macho e fêmea nos quatro eixos, chanfrados.Fabricado em MDF com revestimento em melamina (padrão madeira ou texturas abstratas) oupapéis de parede especiais
WALL PANEL SYSTEM mc# 0009-01
77ARC DESIGN
Feltro perfurado feito de polipropileno, poliéster ou uma mistura de ambos. Não contém colae é colorido por adição de pigmentos. A respirabilidade pode ser ajustada pelo tamanho, local-i zação e número de perfurações e a rigidez, por meio da termofixação (leve ou profunda) emum ou ambos os lados. O feltro pode receber tratamento contra radiações UV e para retardaro fogo. Disponível em diversas gramaturas (80 a 250 g/m2), é oferecido em rolos com largu-ra padrão de 145 cm e espessuras diversas, em 12 cores. Aplicações incluem bolsas, malas,calçados, mobiliário, decoração, drenagem, filtragem e isolamento térmico, visual e acústico
PERFOTEX mc# 3785-01
Espuma inodora de poliuretano moldado para produtos médicos – como colchões, almofadase travesseiros –, que obedece à pressão do corpo e volta à forma original após o uso.Disponível em três densidades, indicadas pela cor do produto: macia (amarela), média (laran-ja) e dura (verde)
ALOVA® mc# 3652-01
Apoio:
Apoio Institucional:
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Uma Publicação Quadrifoglio EditoraARC DESIGN nº 23, janeiro/fevereiro 2002
Diretora Editora – Maria Helena EstradaDiretor Comercial – Cristiano S. BarataDiretora de Arte – Fernanda Sarmento
Redação:Editora Geral – Maria Helena EstradaEditora de Design Gráfico – Fernanda SarmentoChefe de Redação – Winnie BastianRedatora – Angélica ValenteRevisora – Jô A. SantucciProdução – Tatiana Palezi
Arte:Designers – Adriana Lago
Cibele Cipola
Participaram desta edição:Andrés OteroEthel LeonFernando Perelmutter
Departamento Administrativo:Cláudia Hernandez
Departamento de Circulação e Assinaturas:Maurício Grazzini
Conselho Consultivo:Professor Jorge Cunha Lima, diretor da Fundação Padre Anchieta; arquitetoJulio Katinsky; Emanuel Araujo, diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo;Maureen Bisilliat, curadora do Pavilhão da Criatividade do Memorial daAmérica Latina; João Bezerra, designer, especialista em ergonomia; RodrigoRodriquez, especialista em cultura e design europeus, presidente daFederlegno-Arredo, Itália, consultor de Arc Design para assuntos internacionais
Fotolito: Relevo AraújoImpressão: Takano Editora Gráfica Ltda.Papel: Suzano Papel – Couché Reflex Matt (miolo – 150 g)
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