Revista Albatroz
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1
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3
Albatroz
Sumário:
EDITORIAL-------------------------------------------------- 4
CARTAS DO LEITOR ------------------------------------- 6
REPORTAGEM DE CAPA ------------------------------- 8
SEÇÕES --------------------------------------------------- 11
CHARGES ------------------------------------------------ 14
ENTREVISTA --------------------------------------------- 15
POR QUE ALBATROZ? O albatroz é uma ave que foge do convívio com outros animais, espalham-se por praticamente toda a região do Oceano Atlântico e pelo norte do Oceano Pacífico, e é considerado uma das espécies que mais migram. Esse nome foi escolhido para simbolizar o principal tema da nossa revista, a migração. Esse pássaro migra, à procura de melhores condições de vida, e nesta edição o “Pássaro Albatroz” vai migrar em busca de uma melhor condição de saúde.
VAMOS VIAJAR COM ELE!
4
EDITORIAL
ÚLTIMA CHAMADA PARA
À SAÚDE
Equipe editorial – 06/05/15
Em um mundo onde existe uma
divisão entre países
desenvolvidos e
subdesenvolvidos, presencia-se
um grande fluxo migratório. Isso
ocorre diante de causas sociais,
políticas e culturais, que fazem
pessoas procurarem refúgio em
nações distantes da sua,
buscando melhores condições de
vida.
Esse deslocamento ocorre,
inclusive, por questões de saúde.
De acordo com a ONU, “Toda
pessoa deve desfrutar do mais
alto padrão de saúde física e
mental.” E os direitos humanos
preveem que todos os cidadãos
têm o direito de usufruir de um
sistema de saúde de qualidade.
No entanto, na prática, a situação
é diferente.
Diante disso, a Revista Albatroz
optou por uma visão que abrange
as necessidades da maioria das
pessoas envolvidas na temática
migração e saúde: os imigrantes.
No âmbito mundial, é possível
mencionar pandemias e
epidemias, como a gripe
espanhola, tuberculose, AIDS, que
geraram diversos fluxos
migratórios, em alguns casos até
de países do Bloco Norte para o
Bloco Sul, como os espanhóis que
vieram para o Brasil em 1918,
durante a pandemia da gripe
espanhola. Um exemplo mais
recente de migração por motivos
de doença é a disseminação do
vírus Ebola, no Oeste africano. A
epidemia conseguiu se espalhar
para países populosos, como
Nigéria, aumentando o número
de infectados.
Ao ‘’bater em retirada’’ e partir
para outro país, o estrangeiro
pretende deixar para trás uma
situação de precariedade e
encontrar um tratamento
adequado ou até a cura para sua
doença. Não se pode ignorar o
ponto de vista das potências que
são alvos dos imigrantes quando
o assunto é adentrar o seu
território em busca de melhorias
na saúde. Enquanto dever do
Estado, a prioridade é proteger a
população nativa das possíveis
disseminações de epidemias e
vírus fatais. O problema está na
deficiência dos sistemas de saúde
dos países de origem dos
5
imigrantes.
É persistente a procura do
tratamento que se encontra
menos acessível em países
subdesenvolvidos e, não se faz
tão eficiente, uma vez que a
demanda de pacientes é maior e
a disponibilidade de
medicamentos, aparelhos e
profissionais é menor.
Por conta de tudo isso, trazemos
sempre em nossas matérias
pontos referentes aos direitos
humanos que estão diretamente
relacionados ao tema migração e
saúde . Ao negar um tratamento
ao imigrante, há também uma
negligência ao direito à saúde
(basilar a todo indivíduo), o que é
um desrespeito ao cidadão.
É necessário que haja respeito e
solidariedade na relação entre os
imigrantes e o país que os
acolherá, mas também um
controle do Estado no fluxo de
entrada de estrangeiros,
principalmente em períodos de
epidemias. Aliado a tais medidas,
os países de onde as epidemias e
outras doenças surgem devem
controlar o fluxo de saída e
buscar uma melhoria na
qualidade de vida e no
desenvolvimento da nação, para
que os cidadãos possam ter uma
vida digna, sem ter a necessidade
de fugir para ter seus direitos
respeitados.
6
CARTAS DO LEITOR
Ebola é uma ameaça
mundial:
Venho acompanhando, há algum
tempo, a Revista Albatroz e
gostaria de parabeniza-los pelo
excelente trabalho realizado,
cumprindo fielmente seu papel,
na qualidade de veículo de
comunicação, de levar
informação e conhecimento para
seus leitores de maneira clara e
verdadeira.
Na edição passada, a revista
abordou a questão da saúde e da
migração e gostaria de expor meu
ponto de vista. Venho analisando
a situação de África e fiquei muito
chocado. É frustrante saber que
pessoas têm que mudar de país
porque, dentre outros fatores, o
direito à saúde de qualidade lhes
foi negado.
Vale destacar que a epidemia já
se alastrou pela África Ocidental e
sempre há o risco de tornar-se
global, fazendo com que a
Europa, principalmente por causa
da proximidade, seja a principal
porta de entrada desses
imigrantes.
Diante disso, é compreensível que
países europeus adotem posturas
mais rígidas quanto à chegada de
imigrantes. O risco de um vírus
como esse se espalhar é alto
demais e as consequências seriam
desastrosas, até porque a
temporada de migrações no
Mediterrâneo está se
aproximando do auge.
Renato Sobrinho
Salvador – Ba 28/04/2015
Ebola é um problema
mundial:
Sou uma fiel assinante dessa
conceituada revista e venho
parabenizar toda a equipe pela
construção das matérias. Quando
li na edição anterior que a revista
Albatroz traria mais reportagens
sobre saúde e migrações, fiquei
instigada e ansiosa para ler, pois
esse assunto é interessante e
importante para se debater.
Venho sempre me perguntando
como seria nosso mundo se as
pessoas fossem mais solidárias e
fraternas umas com as outras, se
tivessem mais compaixão.
7
Acredito que seria bem mais
saudável. Meu pensamento se
encaixa perfeitamente no
problema no qual a África está
enfrentando com a epidemia do
vírus Ebola.
Um continente “atrasado” em
relação ao mundo, onde os
direitos básicos do ser humano
não são respeitados.
Dependentes de uma saúde
precária, os africanos migram
para o norte, em direção à
Europa, buscando uma vida digna
e de qualidade para si mesmos e
para suas famílias. Atravessam o
Mediterrâneo em condições sub-
humanas e com elevado risco de
morte apenas para serem
barrados na costa europeia,
muitas vezes, de maneira
agressiva.
É importante frisar o quanto o
egoísmo e descaso por parte dos
europeus para com os africanos
está evidente. É frustrante saber
que a Itália, França e Espanha,
principais portas de entrada para
a Europa usadas pelos africanos,
são os que adotam posturas mais
rígidas e preconceituosas com
relação aos imigrantes.
Por isso, acredito que os países
europeus deveriam ser mais
clementes com a população
africana e acolher esses
imigrantes, ou então ajudar os
países onde o Ebola se alastrou a
controlar e combater a doença,
uma vez que a Europa conta com
um sistema de saúde de
qualidade. Está na hora de
paramos de olhar apenas para
nossos umbigos.
Victória Fraga
Salvador – Ba 29/04/2015
8
REPORTAGEM
ZIKA VÍRUS CHEGA AO BRASIL A doença africana antes nunca vista na América Latina começa a
preocupar os brasileiros
Conhecido como transmissor da dengue, o mosquito Aedes aegypti vem sendo responsável, também, pela transmissão do Zika Vírus. Seus primeiros casos foram na África e na Ásia, no século XX, e chegou ao território brasileiro em 2014,durante a Copa do Mundo, por causa dos turistas, juntamente com a grande população de insetos que habitam a nossa região. Por conta do grande número de estrangeiros, alguns deles já infectados, a doença conseguiu espalhar-se tanto entre os emigrantes quanto entre os nativos.
NOSSA REALIDADE
Identificada na Bahia, atingiu moradores de diversas partes do
estado, principalmente na região metropolitana de Salvador,
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gerando tensão nos habitantes. A descoberta foi feita pelos pesquisadores GÚBIO SOARES, SILVIA SARDI (membros do Instituto de Ciências e Saúde da UFBA) que após a análise de amostras de sangue de pacientes de Camaçari, por meio de uma técnica chamada RT-PCR. Segundo o pesquisador “A doença possui sintomas semelhantes aos da dengue, como febre, diarreia, dores e manchas do corpo. O Zika Vírus não é tão grave quanto Dengue ou Chikungunya, não leva o paciente à morte. O quadro parece alérgico, é mais tranquilo e o tratamento é o mesmo. Além destes sintomas, o paciente pode apresentar sinais de conjuntivite” explica.
Um dos fatores importantes e preocupantes para a disseminação de vírus é a migração. Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas) atualmente, cerca de 200 milhões de pessoas (3% da população mundial) não vivem em seus países de origem. Sejam essas migrações temporárias ou
definitivas, o fato é que muitos migrantes carregam consigo algumas doenças, mesmo sem saber, e esses agentes patológicos se proliferam com bastante facilidade, podendo causar até uma epidemia global. Para evitar epidemias de doenças contagiosas é preciso haver um controle estatal relacionando tanto o país de origem quanto o de destino. Como a maioria dos países acolhedores são desenvolvidos e possuem maiores condições para o tratamento de doenças, são os que deveriam ter maior participação no contexto da migração envolvendo questões de saúde. Países com maior desenvolvimento nesta área tem maior capacidade de abrigar pessoas que portam uma doença, seja ela infecciosa ou não.
Além das doenças transmissíveis e contagiosas, muitas pessoas também migram em busca de tratamentos para outros tipos de doença, como por exemplo, o câncer.
10
Outro problema de saúde bem grave que o mundo vem enfrentando é a desnutrição. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde) a desnutrição é a maior ameaça ao sistema de saúde público mundial, com mais de 178 milhões de crianças desnutridas no mundo. Daí surgem os problemas de saúde, juntamente com a falta de saneamento básico e o pouco comprometimento dos governos na implantação de medidas necessárias para amenizar os problemas dessa ordem. Entre os motivos da desnutrição temos a falta de uma dieta rica em proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e minerais, que em algumas regiões no mundo, em sua maioria os países subdesenvolvidos, esses alimentos são escassos. Crianças desnutridas com menos de cinco anos de idade têm o sistema imunológico fragilizado e são menos resistentes às doenças comuns da infância. É por isso que um simples resfriado ou uma crise de diarreia pode matar uma criança desnutrida. Mas como a desnutrição gera a migração?
Sem tratamento ideal nos seus países de origem, as famílias desesperadas com essa falta de atendimento qualificado migram para países que atendam as suas
necessidades, principalmente os desenvolvidos. É possível tomar como exemplo a embarcação que naufragou no Mar Mediterrâneo nesse mês de abril, que continha mais de 900 imigrantes. A grande maioria desses migrantes era africana, que com certeza fugiam das péssimas condições de saúde do seu continente.
Com todos esses problemas relacionados à saúde, ocorrendo de forma mútua no mundo, as nações, principalmente aquelas mais desenvolvidas, devem se posicionar de forma a não atribuir aos imigrantes a culpa pela disseminação das doenças e vírus. Assim, esses deveriam receber abrigo dos países que detém condições suficientes de lhes proporcionar uma saúde melhor, sem que sua própria população seja afetada.
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SEÇÕES
Filme "Guerra Mundial Z":
Na abordagem do tema Migração
e Saúde não podemos deixar de
lado as epidemias que causam
terror em tantos lugares no
mundo. Mas, e quando há a
disseminação de um vírus ocorre
em todo o planeta? Países
inteiramente dominados, pessoas
lutando pela vida e uma
incansável procura pelo "paciente
zero"? É de forma sobrenatural
que o filme "Guerra Mundial Z",
dirigido por Marc Forster, traz
como um problema de saúde
maltratado afeta diferentes
populações e como a migração
tem participação nisso, afinal se
torna o meio de transporte da
doença, no caso, do vírus.
Com um elenco bem escolhido,
bons efeitos especiais, "Guerra
Mundial Z" conta a envolvente
história de Gerry, um "paizão"
que faz de tudo para salvar a vida
de sua família contra uma
epidemia que se espalhou pelo
mundo. O filme nos mostra uma
reação em cadeia de medo e
desespero, por parte da
população, revelando que, se o
enredo fosse real, seriam poucos
aqueles que tomariam as rédeas
e achariam uma solução.
Dessa forma, é uma excelente
pedida, considerando a
importância dessa temática na
contemporaneidade.
Filme "A Epidemia" de 1995:
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A migração internacional é um
fator considerado um dos
desafios da saúde pública a nível
mundial. Com o filme "A
Epidemia", dirigido por Wolfgang
Petersen em 1995, podemos
perceber tal afirmação, uma vez
que mostra um processo de
contrabando de animais da África
para os Estados Unidos. E é no
continente africano que um
macaco acaba adquirindo uma
doença contagiosa de época.
Como esperado, a doença
começa a se espalhar causando
grande impacto na vida de várias
populações. Apesar de um enredo
meio trágico, "A epidemia" traz
um bom elenco, fantástica
produção, excelente cenário e
efeitos sonoros que o tornam
ainda mais intenso.
A grande sacada do filme é
mostrar a necessidade da
interferência dos governos, dos
mais diversos países, em relação à
fiscalização da migração e ao
controle da doença. Não deixe de
conferir!
Série "The Last Ship" :
O seriado "The Last Ship", criado
por Hank Steinberg e Steven
Kane, aborda fortemente a
temática de migração e saúde,
focando na descoberta de um
vírus que começou a causar
pânico ao redor do mundo. Nesse
meio termo, um grupo de pessoas
isola-se em um navio, no meio do
mar, para, ao mesmo tempo, fugir
dessa nova epidemia e achar uma
cura para a doença. Assim, a
migração vem como uma vilã por
espalhar o vírus.
Nas grandes potências atuais, os
governos mantêm suas atenções
na parte da população que mais
lhe favorece: a elite. "The Last
Ship" tem como crítica principal a
falta de ajuda desses países aos
imigrantes que buscam saúde.
Por isso, um grupo decide por si
só achar a cura da epidemia.
Mas será que a solução de uma
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crise internacional sempre tem
que partir de uma iniciativa
privada? Não teríamos que
receber ajudas governamentais
para prezar pela boa vida? A
série conta ainda com um
elenco admirável, escolhido a
dedo, traz efeitos especiais
inigualáveis, figurinos e
cenários esplêndidos. Corre
para dar uma olhada!
Livro "Saúde, migração e
interculturalidade":
O fenômeno migratório é um
fato global com características
multidisciplinares e efeitos
transversais, que afeta espaços
regionais, nacionais e
internacionais. E o livro "Saúde,
migrações e
interculturalidade", de Natália
Ramos, apresenta justamente
esse fato, por reunir o conjunto
diversificado e atualizado de
trabalhos científicos sobre as
questões da saúde, migração,
interculturalidade, sublinhando
a complexidade de fatores
intervenientes nesse âmbito.
Com um posicionamento
próprio, metodológico e
epistemológico a respeito das
diferentes intervenções no
domínio migração e saúde, a
obra se mostra bastante
completa e crítica, abordando
conclusões científicas, opiniões
leigas e experientes,
contribuindo para ampliar os
horizontes em relação a esse
tema que engloba tanta
multiplicidade. Vale a pena
conferir! Se divertindo
também se aprende!
14
CHARGES
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ENTREVISTA
‘’ A doença mais frequentemente transmitida,
atualmente, por passageiros é a dengue.’’
Edson Moreira é um infectologista, doutor em epidemiologia pela
universidade de Columbia, Nova York. Trabalha no Núcleo de
Epidemiologia e Estatística, no Centro de Pesquisa Gonçalo Moniz –
Oswaldo Cruz, em Salvador, na Bahia. É, ainda, pesquisador do
Núcleo de Apoio à Pesquisa, nas Obras Sociais Irmã Dulce.
Albatroz: Com o passar dos
anos, o número de doenças
trazidas por imigrantes
infectados vem aumentando ou
diminuindo?
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Edson Moreira: Na verdade, as
doenças trazidas por imigrantes
não representam ameaça à
saúde pública, porque eles
sofrem um escrutínio para
imigrar, a menos que a
migração seja clandestina. O
maior trânsito das doenças
infecciosas se dá pelas pessoas
que moram no próprio país
pela maior mobilidade e
facilidade de viajar. Com o
barateamento das passagens
aéreas, as distâncias
diminuíram, aumentando as
conexões e a transição de
pessoas pelo país. Hoje, existe
controle e notificação de
doenças que são transportadas
pelos passageiros. No passado,
diarreia e malária eram
transmitidas por pessoas que
saíam de lugares
subdesenvolvidos, com
saneamento básico precário,
para lugares em
desenvolvimento. A doença
mais frequentemente
transmitida, atualmente, por
passageiros é a dengue.
Portanto, os próprios viajantes
residentes do país apresentam
mais risco à saúde e
representam meios de
comunicação de doenças
transmissíveis do que os
imigrantes.
Albatroz: Por que a
necessidade de tomar vacinas
contra doenças infecciosas no
caso de viagens de fora para
dentro do Brasil e vice versa?
Edson Moreira: Hoje existe a
especialidade “ Medicina dos
Viajantes ” que é um grupo de
especialidade da infectologia
que aconselha quanto aos
cuidados e vacinas necessárias
para as pessoas que vão viajar
do Brasil para áreas endêmicas.
Cuidados também que o
brasileiro tem que ter para
entrar em outros países. Por
exemplo, nós temos áreas
endêmicas para febre amarela,
então se viajarmos para um
país que não tem febre
amarela, a vigilância sanitária
desses países se certificará de
que já tomamos tal vacina.
Albatroz: O Brasil toma as
medidas necessárias para evitar
a entrada de imigrantes
17
infectados no nosso país?
Edson Moreira: Sim. A
vigilância sanitária no Brasil
tem procedimentos para
averiguar a possibilidade de
imigrantes trazerem doenças
transmissíveis, e mais que isso,
eles tomam providências para
tentar prevenir ou deixar de
quarentena. Isso é
particularmente difícil em
situações de pandemias, como
a da gripe que tivemos
recentemente (H1N1) que foi
algo que atingiu proporções
pandêmicas, e havia todo
cuidado de rastrear as pessoas
que vinham de lugares onde a
doença se alastrava, deixando-
as de quarentena para prevenir
a disseminação.
Albatroz: Sobre essa nova
doença (febre Chikungunya),
como o Brasil deve interferir
para que essa epidemia não se
expanda e considerando que
sua transmissão foi feita por
infectados de outros países?
Edson Moreira: Chikungunya é
um vírus, proveniente da região
da Ásia e África, que foi
introduzido recentemente no
Caribe e no Brasil, mais
especificamente em Feira de
Santana e na região amazônica.
Curiosamente, a doença não se
espalhou, talvez porque ela
esteja competindo na sua
disseminação com o mesmo
vetor (aedes aegypti). Então,
talvez por competição, nós
vivemos hoje uma epidemia de
dengue e esses dois vírus
competem com o mesmo vetor
e por isso ela não se expandiu
igual ocorreu no Caribe. Mas
não quero dizer que ainda não
possa acontecer aqui.
Albatroz: Qual sua opinião
sobre as pessoas que vem para
o Brasil e sofrem com a
discriminação e o medo da
população perante a
disseminação de diversas
doenças, possivelmente
trazidas por imigrantes?
Edson Moreira: O medo em
relação a doenças
possivelmente trazidas por
imigrantes é procedente. No
entanto, com as facilidades nos
meios de transporte, é possível
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que as doenças sejam
transmitidas também por
viajantes, pessoas que residem
no próprio país ou outros
visitantes. É bom lembrar que
imigrantes sofrem de certa
forma um escrutínio e uma
seleção, e representam risco
menor do que o viajante
habitual.
Albatroz: Qual sua posição e
opinião, como médico, sobre os
casos de migrações
clandestinas com o intuito de
tratamento de saúde?
Edson Moreira: Infelizmente,
as dificuldades de acesso a
tratamento de saúde faz com
que algumas pessoas busquem
migrar para outros países em
busca de atendimento das suas
doenças. Essa é uma situação
que merece atenção e deveria
ser tratada com todo respeito
pelos direitos à saúde que
todos os indivíduos têm. É claro
que buscar migrar ilegalmente
para tratar sua doença não é o
melhor caminho, mas as
autoridades, sobretudo de
países desenvolvidos e em
desenvolvimento deveriam
buscar uma solução para
resolver esse problema grave
de pessoas que
desesperadamente buscam
migrar para outros lugares para
ter suas doenças tratadas.
Albatroz: O que você tem a
dizer sobre essa nova doença
que vem se alastrando
principalmente na região
metropolitana de Salvador e
que segundo notícias foi
disseminada por imigrantes,
especialmente africanos, no
período da copa?
Edson Moreira: Os casos de
doenças atemáticas com febre
e dores articulares foi atribuído
ao vírus Zika, que ainda está em
investigação. Aparentemente,
trata-se de fato desse vírus,
que é originário da África e
pode ter sido trazido por
visitantes, por ocasião da copa.
Mas isso ainda é um pouco de
especulação; ainda é necessário
fazer algumas avaliações nos
casos que foram identificados
para se ter certeza tanto da
origem da doença como ela
19
pode ter sido introduzida. Mas
em muitos casos, a gente não
consegue identificar
precisamente como é que uma
doença é trazida, pela
facilidade hoje das viagens e
como as pessoas se deslocam
de um lugar para outro do
mundo muito facilmente, é
difícil hoje a gente rastrear e
identificar exatamente como é
que uma doença nova é
introduzida de um lugar para
outro.
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EXPEDIENTE:
REVISTA ALBATROZ
é uma publicação
mensal do 1°D do
Colégio Antônio
Vieira, produzida
pelo Núcleo de
alunos da classe.
www.colegioantoni
ovieira.com
CARTA DO LEITOR:
-Ariane Bessa;
-Clément Laporte;
- Iuri Cruz;
-Pedro Adelar;
-Raphael Freitas;
-Renato Sobrinho;
-Victória Fraga;
CHARGE:
-Arthur Coelho;
-Felipe Reis;
-Gabriel Novaes;
-Henrique Lobo;
-Maria Barreto;
-Sofia Muzzio;
DIAGRAMAÇÃO E
EDIÇÃO DE
IMAGENS:
-Beatriz Rios;
-Nina Godinho;
-Stefania Zingone;
-Victória Fraga;
EDITORIAL:
-Beatriz Rios;
-Gabriela Vidreira;
-Julia Abreu;
-Nina Godinho;
-Stefania Zingone;
-Victória Mendonça;
ENTREVISTA:
-Bruno Cerqueira;
-Evandro Rocha;
-Felipe Brandão;
-João Felipe;
-João Gabriel
Almeida;
-Michel Gomes;
PROPAGANDA:
-Alice Dias;
-Amanda Carmel;
-Jair Arthur;
-Pedro Costa;
-Ronaldo Menezes;
-Thiago Vinicius;
REPORTAGEM DE
CAPA:
-Alice Barreto;
-Beatriz Rosier;
-Marcelo Pondé;
-Maria Eduarda
Lima;
-Pedro Augusto;
-Victória Facó;
SEÇÕES:
-Ana Carolina attos;
-Beatriz Peixoto;
-Bráulio Bomfim;
-Bruna Garcia;
-Jade Calatroni;
-Liliane Carrilho;