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Revista República 1

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ExpEdiEntE Editorial SUMÁrio

ConJUntUraiS06 E 07

palaVra dE prESidEntE08

Juventude em risco

tECnoloGia09

Muito mais que robôs

inClUSÃo10 - 14

Horrores da homofobiaOnde achar táxis adaptados?A casa de Diácono

EntrEViSta15 a 17

Tudo pelo movimento

QUalidadE dE Vida18

Para funcionar na hora agá

SaÚdE19

Choro sem lágrimas

BElEZa20 e 21

Pelos nunca mais

EdUCaÇÃo22 e 23

Vento nosso de cada diaNossos cérebros em Harvard

CoMportaMEnto26 - 27

Cult japonês em alta

MEio aMBiEntE28 a 31

Cooperativas de reciclagemA lição da Markuzy

EMprEEndEdoriSMo32 e 33

De olho na Copa de 2014

nEGÓCioS34 a 36

Um ano de ChocolândiaFebre de descontosBeleza não tem classe

Moda37

Chique sem suar

talEntoS38

O rei dos teclados

CUltUra39

Sucesso de viola

tUriSMo42 a 44

Carnaval em São Luiz

GaStronoMia45 a 47

Paraíso das costelasSabores da terrinhaGuloseimas aos bocados

polÍtiCa48 a 51

Trabalho em boas mãosLugar de mulher é no governoNovos parâmetros para CulturaPrefeito vai a campo

Capa52 a 59

Indústria da construção

CidadES60 a 65

O que será do teatro e do estádio?Falta moradias na região

HiStÓria ViVa66 - 67

A trajetória de Saulo Garlippe

GEntE noSSa68 - 69

Saúde em primeiro lugar

MErCado70 - 71

Assédio moral

EConoMia72 a 75

Gastou demais em dezembro?Defesa como vocação

dECoraÇÃo76

hora de pensar na luz

ESportES77 a 80

Estratégias dos clubes do ABCSolidariedade com a bolaPunhos memoráveis

ConSUMo81-82

Páscoa critiva

O ano de 2013 começou engasgado pela fumaça de irres-ponsabilidade que comoveu o país com a morte de mais de duas centenas de jovens em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Em Palavra de Presidente, Cícero Martinha, vai além das cobranças individuais exploradas pela mídia sensacionalista e convida à reflexão. A Revista República respeita a dor das famílias das vítimas e engrossa o coro dos indignados com o descaso dos setores públicos e privados.

Na capa, expomos dor social mais surda, imposta à ca-tegoria que constrói o país. As condições sub-humanas dos canteiros de obras espalhados pelo Brasil submetem traba-lhadores da construção civil à insalubridade e risco de vida. Falta o básico: dignidade. E por mais que o movimento sindi-cal busque equidade salarial no país e defenda a campanha da Organização Internacional do Trabalho (OIT) por Trabalho Decente, a realidade é convertida em índices macabros que traduzem avanço do uso de drogas, exploração quase escra-va de mão de obra, mutilações e mortes. Tudo em nome da economia gananciosa.

As próximas páginas trazem ainda o ABC empreendedor, direcionado a futuro sustentável, com iniciativas de preser-vação ambiental e novas vocações econômicas, bem como inspirado pelos eventos esportivos que tomarão conta da na-ção. Talentos regionais não faltam nos campos de futebol e nas quadras, na música e nas artes, na gastronomia e na be-leza, na educação e na tecnologia. A entrevista com a fisio-terapeuta Regiane Krakauer emociona e, ao mesmo tempo, estimula a abandonar antigos paradigmas em favor do novo.

Há ainda convite à reflexão sobre o drama masculino diante da impotência sexual , bem como os horrores enfren-tados pelas vítimas de homofobia e o sufoco dos deficientes quando precisam de transporte. Acreditem, São Caetano é a única cidade da região que tem táxis adaptados. Como a edição chegará aos limites da quaresma, a coluna Consumo traz dicas que acariciam um tanto quanto ovos de chocolate. Antecipo nosso abraço de Páscoa e boa leitura!

Publisher ResponsávelDonizete Fernandes

Edição

Tuga Martins – MTb 19.845

Colaboradores• Liora Mindrisz – MTb 57.301 • Alexandre Poletto

• Shayane Servilha – MTb 68.513 • Tamyres Scholler •João Schleder •Gabi Bertaiolli

Fotos•Mário Cortivo– MTb 29.409

Revisão

•Professor Isaías Gomes de Lima

Editoração Eletrônica / Designer•Maysa Calmona

Comercial•Márcia Henrique

Diretoria ExecutivaPresidente - Cícero Firmino da SilvaVice-Presidente - José Braz da Silva

Secretário Geral - Sivaldo Silva PereiraSecretário Adm. e Financ. - Adilson Torres dos Santos

Primeira Secretária - Aldenisa Moreira de AraújoSegundo Secretário - Osmar César Fernandes

Terceiro Secretário - José Ramos da SilvaDiretor Executivo - Elenísio de Almeida Silva

Diretor Executivo - Geraldo Ferreira de SouzaDiretor Executivo - Geovane Correa de Souza

Diretor Executivo - José Roberto VicariaDiretor Executivo - Joseildo Rodrigues de Queiroz

Diretor Executivo - Aldo Meira SantosDiretor Executivo - Pedro Paulo da Silva

Diretor Executivo - Adonis Bernardes

Conselho da Diretoria Executiva• Geraldo Alves de Souza • Manoel Severino da Silva • Wilson Francisco • Edilson Martins • Rafael William Loyola • Bertoni

Batista Beserra• Maria Andréia Cunha Mathias • Jeferson Carmona Cobo • Marcos Antonio da Silva Macedo • Joelma

de Sales

Conselho Fiscal – Titulares• José Edilson dos Santos • Claudinei Aparecido Maceió

• Claudio Adriano Fidelis • Conselho Fiscal Suplentes• Altamiro Ribeiro de Brito • Marcos Donisete Felix

Comitê Sindical de Empresa

• Adair Augusto Granato • Anderson Albuquerque Brito• Carlos Alberto Vizenzi • Carlos Roberto Bianchi • Clayton Aurélio Domingues de Oliveira • Cleber Soares da Silva •

Gilberto Andrade de Lima • Givaldo Ferreira Alves • Hélio dos Santos • Jacó José da Rocha • Jânio Izidoro de Lima • Jessé Rodrigues de Sousa • José Moura de Oliveira • José Ramalho

Guilherme Feitosa • José Ricardo da Cruz • José Romualdo de Araújo • Juscelino Gonçalves Ferreira • Lincoln Patrocínio • Lourenço Aleixo da Rocha • Luiz Fernando Malva Souza •

Manoel Gabriel da Silva • Michele Raizer dos Santos • Nauro Ferreira Magalhães • Onésimo Teodoro da Silva • Otaviano Crispiniano da Rocha • Pedro Leonardo Rodrigues • Rossini

Handley Apolinário dos Santos • Viviane Camargo

ImpressãoProl EDitora Gráfica - Unidade Imigrantes - Av. Papaiz, 581 Diadema - SP - CEP 09931-610 - Fone: (11) 2169-6199

Tiragem: 10.000 exemplares

Contatos:Fone: (11) 4438-7329

[email protected]@revistarepublica.com.br

A Revista República é uma publicação da RP8 Comunicação em parceria com o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André

e MauáDonizete Fernandes

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Coro dos indignados

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C ONJUNTURAISLuto nacional

O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), que começou por volta das 2h30 em 27 de janei-ro comoveu todo o país. O fogo começou durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para show pirotécnico. O saldo foi de pelo menos 236 mortos, além de 74 pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Entre as vítimas fatais, um morador de Santo André, o representante comercial Rafael Paulo Nunes de Carvalho, de 32 anos. O episódio trouxe à tona a dis-cussão sobre as condições de segurança em casas noturnas no país.

Medalha Paulo FreireSão Bernardo do Campo foi escolhida para rece-

ber a Medalha Paulo Freire pela adoção do mode-lo inovador da Educação de Jovens e Adultos (EJA), constituído de acordo com as necessidades da po-pulação. O programa dispõe de três modalidades de aprendizado: alfabetização, elevação da escolaridade e qualificação profissional. De acordo com as neces-sidades dos alunos, oferece gratuitamente transpor-te, alimentação e material didático. Dessa forma, foi possível beneficiar 29.665 pessoas nos últimos qua-tro anos e reduzir a taxa de analfabetismo em 27%. A média nacional de analfabetismo é de 8,6% para pessoas acima de 15 anos e na cidade caiu de 4,5% para 3,3%.

Coleta seletivaA Secretaria de Planejamento Urbano, Habitação,

Meio Ambiente e Saneamento Básico (Sephama) deve concluir até o fim de 2013, a construção de Galpão de Triagem para Coleta Seletiva em Ouro Fino Paulista, distrito de Ribeirão Pires. Aprovada pelo Fundo Esta-dual de Recursos Hídricos (Fehidro) em dezembro de 2012, a instalação conta com investimento de cerca de R$ 477 mil (R$ 372.057,27 oriundos de repasse e R$ 104.939,23 de contrapartida municipal). A assinatura do convênio está prevista para março.

Recursos para segurançaA Prefeitura de Santo André recebeu recursos

na ordem de R$ 2,8 milhões do governo federal para implementar dois projetos de segurança: R$ 1.939.482,72 para o Programa de Segurança Públi-ca com Cidadania e R$ 862.042,91 para o de vide-omonitoramento. Está prevista a aquisição de oito bases comunitárias móveis, 32 rádios transmisso-res, 20 bicicletas e oito computadores que contem-plarão os bairros Jardim Santo André, Jardim Irene, Cata Preta, Vila João Ramalho e Jardim Vila Rica. O projeto de videomonitoramento contará com 22 no-vas câmeras, que se somarão às 19 já existentes.

O saldo de vagas da região ficou negativo em cinco mil postos de trabalho em dezembro de 2012. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram o resultado das admissões e desliga-mentos nos sete municípios. No ranking estadual entre os 350 municípios, Ribeirão Pires foi o município com a melhor colocação, ficando estável na 21ª posição; Rio Grande da Serra ocupou o 63º lugar, com menos 42 va-gas; Mauá em 237º, com saldo negativo de 365 postos; Diadema ficou na 251ª colocação e fechados 436 pos-tos de trabalho; Santo André em 312º colocado com a perda de 1.013 vagas; São Caetano com menos 1.600 empregos e em 334º na lista; e São Bernardo apresen-tou o pior desempenho em 338º do ranking e perda de 1.742 postos de trabalho.

O campeão olímpico Arthur Zanetti está na bronca com a Con-federação Brasileira de Ginástica (CBG). Incomodado com a de-mora na renovação de contrato do treinador Marcos Goto, o atle-ta de São Caetano colocou em dúvida a permanência na seleção. “Se ele não for, eu não vou. Ele é meu técnico e quem me criou”, afirmou em entrevista para a Rede Record. Como se isso não bas-tasse, Arthur lamenta o fato de continuar sem local adequado para treinamento, mesmo depois de ter conquistado o ouro em Londres. A prefeitura de São Caetano garantiu que a Associação de Ginástica Di Thiene passará por reforma.

De cara amarrada

Empregos no negativo

Divulgação

No vai e vem da avenida Perimetral, em Santo An-dré é difícil não notar a grande escultura que retra-ta uma família de mãos dadas. O monumento que homenageia o imigrante italiano completou quatro décadas em janeiro e para lembrar a data e honrar a grande contribuição deste povo para o desenvol-vimento da cidade, a Secretaria da Cultura, com o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá, realizou ato. Estiveram presentes o prefei-to Carlos Grana, o secretário de cultura Raimundo Salles, o presidente do Sindicato Cícero Martinha. O Monumento ao Imigrante Italiano foi construído pelo artista italiano Caetano Fracarolli, que também é au-tor de esculturas como A Mãe e O Semeador, ambas expostas na cidade de São Paulo.

Imigrante grazie a dio

As férias escolares e os feriados de final de ano não são motivo para o Sesc Santo André desacelerar. Dezembro e janeiro foram de muita música, dos mais diversos estilos, com destaques para os shows dos mineiros do Patu Fu, que comemoraram 20 anos de banda no dia 7 de dezembro, e do pernambucano Otto, que lançou novo álbum The Moon 1111 no dia 11 de janeiro. Também passaram por lá o swing brasileiro da Banda Gloria e, abrindo o ano, a Orquestra Voadora, inspirada nas marchinhas de carnaval. Representando o blues, o guitarrista André Christovam e a folk music, a dupla Victoria Vaz e Phillip Nutt e o músico Benjamin.

Verão do Sesc

Aproximadamente 104.680 trabalhadores do ABC ficaram isentos da dedução do Imposto de Ren-da (IR) sobre o valor da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) 2012. A estimativa leva em conta metalúrgicos, químicos e bancários, que possuem benefícios de maior valor. Os trabalhadores que re-cebem PLR de até R$ 6 mil não terão mais de reco-lher o tributo. Valores acima de R$ 6 mil o percentu-al foi escalonado.

Isenção de IR sobre PLR

Neymar do ABC? A semelhança física, principalmente pelo corte moicano, e a habilidade com a bola nos pés tornaram a comparação inevitável para Neilton Meira Mestzk. Nascido em Minas Gerais, mas criado desde os quatro anos na re-gião, o meia de 18 anos vem brilhando nas categorias de base do Peixe e já re-cebeu elogios até da maior estrela san-tista. “Não parece comigo, não”, brinca Neymar , que elogiou o novato por conta da decisiva participação na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior.

Sósia de Neymar

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PALAVRA DE PRESIDENTE

Cícero Martinha é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá.e-mail: [email protected]

Não tem como escapar da missão de por o dedo na mais recente ferida nacional, aberta pelo incêndio que ceifou a vida de 233 jovens

em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 27 de janeiro. Considerado o segundo maior incêndio da história do Brasil, o desastre da boate Kiss supera o número de vítímas do Edifício Joelma, em São Paulo, e perde apenas para o Gran Circus Norte-Americano, em Niterói (RJ), onde morreram 500 pessoas.

A tragédia expõe a urgência de amadurecer a re-flexão sobre os fatores que conduzem festas a des-fechos catastróficos. A sociedade precisa assumir que corrupção, falta de fiscalização dos poderes ins-tituídos e ganância pelo lucro fácil causam marcas indeléveis nas famílias brasileiras.

A prática midiática de apontar responsáveis sem a apuração cuidadosa também causa danos. Dor social dessa magnitude às vésperas de o país re-ceber eventos internacionais de grande porte pode levar turistas à debandada e inviabilizar o retorno de investimentos vultuosos. Mais que fiscalização ade-quada para autorizar o funcionamento de espaços para multidões, a impunidade tem de ser eliminada das práticas nacionais.

A pluralidade de erros extrapola critérios estru-turais como sistema de esvaziamento e porta corta fogo. Todos os atores envolvidos na exploração do negócio de entretenimento não podem mais priori-zar o lucro em detrimento de vidas. É preciso ter cla-reza que o incêndio foi fruto de pilha de aberrações públicas e privadas. Não são apenas os donos ou os seguranças da casa de shows, tampouco a Pre-feitura de Santa Maria e o Corpo de Bombeiros, que merecem condenação. O papel da mídia tem sido execrável desprovido dos mais nobres valores hu-manos.

Noticiar a tragédia passa muito longe da explo-ração macabra do fato. É tênue a linha que separa informação de interesse público do espetáculo dan-tesco sustentado por cinismo tamanho que chega a atribuir a falsa impressão de que o compromisso primeiro é com o público.

A maior parte das vítimas morreu por sufocamen-to e em breve a tragédia cairá no esquecimento, su-focada por outras notícias prioritárias. Os jovens que morreram no incêndio, bem como os familiares, me-recem tratamento mais respeitoso e luto verdadeiro.

Dor e responsabilidade

de todosCícero Martinha

Ele é inteligente, fala, dança, brinca de adivinha-ção e ainda reconhece as pessoas pela voz e rosto. Não, não é um animal de estimação.

Trata-se do NAO, robô humanoide criado inicialmente para fins educacionais e com o objetivo de interagir das mais variadas formas com crianças e adultos.

Com apenas 57 centímetros de altura, o NAO é equipado com câmeras, microfones, autofalantes e vários sensores, entre os quais, sensores táteis, de pressão e sonares. Tudo isso permite reconhecer face, voz e expressar emoções além de possuir 25 graus de flexibilidade nos movimentos.

Os pequenos humanoides são fabricados pela francesa Aldebaran Robotics, que já vendeu cerca de 30 mil exemplares no mundo. No Brasil, a única dis-tribuidora autorizada é a Somai, de Santo André, es-pecializada em tecnologia para educação no mercado há 18 anos e que oferece serviços para implantação de tecnologia em sala de aula, recursos de robótica e informática educacional além de programas extracur-riculares e EAD.

A expectativa é que muito em breve os robôs se-jam mais populares. “Assim como 20 anos atrás não era comum termos computadores, acredito que den-tro de cinco anos todos teremos um robô humanoide em casa”, afirma o diretor da Somai, Artur Mainardi Júnior.

Tamyres Scholler

Empresa de Santo André é única autorizada do Brasil a comercializar robô humanoide da Aldebaran Robotics

Os robôs custam em média 13 mil euros e, soma-das as taxas de importação, são vendidos no Brasil por R$ 80 mil, o que é o único obstáculo para maior aceitação no mercado, apesar do governo oferecer li-nha de crédito para as instituições de ensino.

Desde o início das vendas em 2011, a Somai já co-mercializou cerca de 20 robôs para algumas institui-ções, entre as quais o Colégio Jean Piaget em Santos e a USP de São Carlos. Para 2013, a Somai analisa novas propostas não só na parte de educação, mas também de entretenimento.

HolofotES

Além da possibilidade de apresentações em feiras e eventos, o NAO já fez ponta como ator, interpretando o robô Zariguim, na novela Morde e Assopra, exibida em 2011 pela Globo. Recentemente Mainardi Junior da Somai foi chamado para demonstrá-lo à equipe do SBT, que cogitou participação na novela infantil Car-rossel.

O NAO é considerado um dos mais avançados robôs da atualidade, no que diz respeito à interação com humanos e objetos. Em 1997, foi organizada a primeira Robocup, a Copa do Mundo de futebol entre robôs que será disputada pela primeira vez no Brasil em 2014.

NAOentre nós

TECNOLOGIA

Mario Cortivo

Mario Cortivo

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10 Revista República Revista República 11

C.B tinha apenas 16 anos quando foi agredido e as-saltado no banheiro de um

supermercado no Centro de Santo André. Na ocasião foi surpreendi-do por um homem e levou socos, chutes, xingamentos por conta da orientação sexual. Como se não bastasse, teve o bolso rasgado

Preconceito até quando?

Tamyres Scholler

Homossexuais vítimas de homofobia buscam apoio psicológico para superar traumas físicos e mentais

I NCLUSÃO

quando o agres-sor roubou seu aparelho celular e uma corrente de prata que estava usando. “Eu tenta-va gritar, mas mi-nha voz não saía”, disse o jovem, que foi arrastado até o estacionamento e tentou sem suces-so pedir ajuda an-tes que seu agres-sor pudesse fugir. Somente quando

chamaram sua mãe é que a Polí-cia foi acionada, mas já era tarde demais.

C.B foi indenizado pelo su-permercado com o valor do ce-lular roubado, porém passou por acompanhamento psicológico por mais de ano. “Eu me sen-ti um nada. Depois daquele dia

não conseguia sair de casa. Não entrava nem no banheiro do mé-dico. A perda dos bens materiais não foi nada perto do trauma físi-co e psicológico”, desabafa.

Longe de ser um problema resolvido, a homofobia represen-ta o ápice da intolerância e do desrespeito às diferenças. Pes-

quisa divulgada em 2012 pela Secretaria Esta-dual de Saúde demonstrou que cerca de 70% dos homossexu-ais que moram em São Paulo já foram vítimas de agressão. Foram ouvidas 1.217 pessoas com mais de 18 anos e 62% do total sofreram

com agressão verbal, enquanto 15% foram alvos de violência físi-ca e 6%, de violência sexual. O ambiente familiar é onde mais acontece, com 29% das reclama-ções. Em seguida, os ambientes religiosos registram 23%. “A ho-mofobia normalmente está ligada a temperamento agressivo em pessoas que podem ser intoleran-tes em outras situações e ter sen-timentos preconceituosos contra mulheres, negros, entre outros”, diz a psicóloga de São Caetano, Fabrícia Porto Macedo.

A psicóloga observa que a sociedade cria conceitos ao lon-go de certo e errado, os quais influenciam o modo de enxergar o mundo. “A maioria pode achar estranho, outros sentem raiva e uma minoria fica tão incomoda-da a ponto de se sentir agredido em determinada situação que considere errada”, diz Fabrícia Macedo, que atende diariamente homossexuais com idade de 20

a 25 anos e aposta na educação familiar como chave para acabar com o preconceito e a intolerân-cia. “Para educar sem preconcei-tos, os pais precisam se abster de conceitos particulares e acompa-nhar com diálogo aberto todas as fases do filho. O segredo é não explicar demais nem de menos e usar linguagem própria para cada idade”.

CoMBatE à ViolênCia

O Grupo Gay da Bahia (GGB) divulgou recentemente salto de 317% no número de homosse-xuais assassinados nos últimos sete anos no Brasil. Só em 2012 foram 338 mortes, o que repre-senta crescimento de 27% em comparação aos 266 casos em 2011.

Marcelo Gil que é presidente e fundador da ONG ABCD’S (Ação Brotar pela Cidadania e Diversi-dade Sexual), se recorda da per-

da do amigo que foi espancado no banheiro da rodoviária de São Bernardo, em 2004. “Ele qua-se morreu ali mesmo nos meus braços e os índices seriam bem maiores se computadas as agres-sões que não terminam em mor-te”, emociona-se o ativista.

A discriminação e o molesta-mento em famílias, escolas, no trabalho e na área militar, em ra-zão da orientação sexual ou da identidade de gênero, levam as pessoas a deixar a escola, impe-de conseguir emprego e dificulta que milhares no mundo procurem serviços de saúde. Entre outros projetos da ONG, como a Parada do Orgulho LGBT em Santo André, Marcelo destaca a parceria com empresas para fomentar a empre-gabilidade de transexuais e traves-tis no mercado de trabalho, pois muitos não conseguem emprego devido à orientação sexual. “O maior preconceito é o velado, que mata no silêncio”, adverte.

Marcelo Gil: parceria com empresaspara fomentar a empregabilidade de transexuais e travestis

Mario Cortivo

Mario Cortivo

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I NCLUSÃO

Se você for um dos 2.551.328 munícipes do ABC que, de acordo com o Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística (IBGE) possuem

algum tipo de deficiência motora, não conte com táxis. São Caetano é o único município que possui veículos adaptados, assim mesmos apenas dois. “Entrar em táxi convencional não é tarefa fácil. O porta-malas dos veículos não acomoda a cadeira de rodas por conta da diferença de largura. Devido à minha altura e às limitações por ser tetraplégico, geralmente o motorista não sabe como lidar com a situação, por ter de me transferir da cadeira para o interior do veículo. Alguns, que já possuem mais ida-de e problemas na coluna, não podem pegar peso e eu preciso da ajuda de duas pessoas para entrar no veículo, senão corro risco de fratura no quadril e pernas”, afirma Anderson Damasceno, que teve a oportunidade de experimentar veículo adaptado du-rante a Reatech – Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade.

A frota regional de táxis é de cerca de 1,3 mil veí-culos, número que não atende nem a demanda pelo serviço convencional prestado nos últimos anos, de acordo com a Associação dos Taxistas do Grande ABC, mas se uma pequena parte fosse adaptada, os portadores de deficiência física teriam um ganho na qualidade de vida. “Dependo do carro dos meus pais para os meus compromissos. Já cheguei a per-der consulta na AACD por não ter a opção de pegar um táxi para ir até lá. E me sentiria mais livre para ir e vir, menos dependente”, diz Damasceno.

Gabi Bertaiolli

Nem todos vão de táxi

Das sete cidades, apenas São Caetano possui veículos adaptados para portadores de deficiência física ou mobilidade reduzida

Em Santo André, não são concedidos novos alva-rás de táxi há cerca de 20 anos, porém, a Prefeitu-ra informou que realiza estudos com o sindicato da categoria para dimensionar o número necessário de táxis para o município e a seleção pública. A frota atual é de 420 permissionários. Quanto aos adapta-dos, a Prefeitura aguarda parecer jurídico para dar prosseguimento administrativo à implantação de ve-ículos acessíveis.

Com frota 358 veículos, dos quais, nenhum é adaptado, São Bernardo realizou em 2006 o último edital de chamamento público. A Prefeitura desta-ca que a prioridade da atual gestão é a mobilidade urbana, o que inclui ações em favor de deficientes. Sem incentivos fiscais para aquisição de veículos acessíveis, a Prefeitura de Diadema informou que a frota atual de táxis é de 163 veículos, nenhum adaptado. Mas, toda a frota do transporte público municipal é adaptada para portadores de deficien-tes físicos.

Existem 137 taxistas cadastrados em Mauá e a Prefeitura elabora projeto para o atendimento porta a porta às pessoas com mobilidade reduzida ou com deficiência, com micro-ônibus do Sistema Municipal de Transporte Coletivo Urbano. No caso de atendi-mento por táxi, Mauá iniciará estudos e consultas junto a permissionários para atendimento específi-co. Ribeirão Pires limitou-se a responder que a frota atual de táxis é de 71 veículos.

Em 2011, a Prefeitura de São Caetano, por meio das secretarias de Mobilidade Urbana (Semob) e dos Direitos da Pessoa com Deficiência ou Mobili-dade Reduzida (Dedef), entregou à população dois táxis adaptados. O veículo não é de uso exclusivo para pessoas com mobilidade reduzida, caso esteja livre, o táxi será usado para atender qualquer usu-ário. Com ponto no Terminal Nicolau Delic e na rua Aurélia, os táxis acessíveis podem ser acionados por telefone. A central de radiotáxi atende nos telefones 4221-4808 e 4224-1653.

Divulgação

Mario Cortivo

Anderson Damasceno: mais liberdade

para ir e vir

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Tamyres Scholler

Quem nunca ouviu o mandamento ame o pró-ximo como a si mesmo, pode não entender o que motiva Diácono Franco Chippari a dedi-

car a vida a pessoas carentes. Após 10 anos à fren-te da Casa de Convivência do Parque Miami, abrigo em Santo André para moradores de rua, abriu mão do merecido descanso para abrir por iniciativa pró-pria nova casa destinada ao mesmo trabalho. “Eles precisavam renovar a direção”, justifica a saída da instituição mantida pela Cáritas da Diocese de Santo André, em parceria com a prefeitura .

Membro consagrado da Igreja Católica, casado há 42 anos, pai de seis filhos e avô de seis netos, Diácono Franco arregaçou as mangas e tratou de procurar lugar para instalar a Associação Recanto da Esperança Dom Décio Pereira e dar continuida-de ao que mais lhe agrada: ajudar os desassisti-dos. O desafio foi achar o local com o mínimo de vizinhança possível. “Pela minha experiência, sei como é difícil para os vizinhos aceitar esse tipo de trabalho, talvez por preconceito ou até mesmo des-confiança”, admite.

Além de arcar com o aluguel, investiu em refor-mas e na compra de móveis para o lar, com capa-cidade de abrigar até 30 homens, todos maiores de 18 anos, que receberão tratamento médico, psicológico e humanizado, além de cinco refeições por dia. Da rotina constam atividades como alfabe-tização, oficinas de capacitação profissional, tera-pia ocupacional, bem como distribuição de tarefas domésticas voltadas à organização da dinâmica familiar.

A entidade é bem mais que uma casa de longa permanência, como costuma dizer Diácono Franco.

da esperançaDiácono Franco decide abrir casa de acolhida

para moradores de rua em Santo André

Trata-se de moradia alternativa para reconhecer o valor humano e recuperar a autoestima de indiví-duos marginalizados. “Quero re-socializar esses homens que estão vulneráveis e reduzir os danos causados pela vivência nas ruas como distúrbios mentais, dependência química, alcoolismo, entre outros”, diz.

Além da ajuda que recebe de 20 famílias da re-gião, Diácono Franco espera firmar parcerias para estruturar equipe com cozinheiro, cuidador, enfer-meiro, médico, psicólogo, fisioterapeuta e assisten-tes social antes de inaugurar a casa, no segundo semestre de 2013.

Novo endereço

I NCLUSÃO

Sem medo de mudar

Fisioterapeuta Regiane Krakauer engavetou 25 anos de método tradicional em favor da técnica CME, criado por Ramón Cuevas

Shayane Servilha

Depois de 25 anos trabalhando com o mé-todo de Bobath, a fisioterapeuta Regiane Krakauer deixou o ceticismo de lado e pagou

para ver e conhecer o método Cuevas Medek Exer-cises (CME). Atualmente, é a única especialista da região que traz no currículo o curso do método cria-do pelo fisioterapeuta Ramón Cuevas. Além disso, Regiane está entre os 10 profissionais no Brasil que têm o nível 3 do curso. Atenciosa e carinhosa, não

esconde a emoção de ver a evolução dos pacientes. Pouco conhecido, o método foi levado por Regiane a pacientes de Portugal e França.

RR – O que é o método CME? Regiane Krakauer - O Método CME foi criado e

desenvolvido por Ramón Cuevas, fisioterapeuta chi-leno, durante a década de 70, em Caracas, Vene-zuela. Um dia assisti a um vídeo na internet do fisio-terapeuta Rámon Cuevas trabalhando e achei

ENTREVISTA

Mario Cortivo

Mario Cortivo

marginalizados. “Quero re-socializar esses homens que estão vulneráveis e reduzir os danos causados pela vivência nas ruas como distúrbios mentais, de-pendência química, alcoolismo, entre outros”, diz.

Além da ajuda que recebe de amigos, Diácono Franco espera firmar parcerias para estruturar equipe com cozinheiro, cuidador, enfermeiro, médico, psicó-logo, fisioterapeuta e assistentes social antes de inau-gurar a casa, no primeiro semestre de 2013.

Quem nunca ouviu o primeiro mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas e a pró-ximo como a si mesmo, pode não entender o

que motiva Diácono Franco Chippari a dedicar a vida a pessoas carentes. Após 10 anos à frente da Casa de Convivência do Parque Miami, abrigo em Santo André para moradores em situação de rua, abriu mão do merecido descanso para abrir por iniciativa própria nova casa destinada ao mesmo trabalho.

Diácono da Igreja Católica Apostolica Romana, ordenado no dia 1º de maio de 1973. Casado há 47 anos, com Leonilda Romanini Chippari, pai de seis filhos e avô de sete netos, Diácono Franco arrega-çou as mangas e tratou de procurar lugar para insta-lar a Associação Recanto da Esperança Dom Décio Pereira e dar continuidade ao que mais lhe agrada: ajudar os desassistidos. O desafio foi achar o local com o mínimo de vizinhança possível. “Pela minha experiência, sei como é difícil para os vizinhos acei-tar esse tipo de trabalho, talvez por preconceito ou até mesmo desconfiança”, admite.

Além de arcar com as, investiu em reformas e na compra de móveis para o lar, com capacidade de abrigar até 30 homens, todos maiores de 18 anos, que receberão tratamento médico, psicológico e hu-manizado, além de cinco refeições por dia. Da rotina constam atividades como alfabetização, oficinas de capacitação profissional, terapia ocupacional, bem como distribuição de tarefas domésticas voltadas à organização da dinâmica familiar.

A entidade é bem mais que uma casa de longa permanência, como costuma dizer Diácono Franco. Trata-se de moradia alternativa para reconhecer o va-lor humano e recuperar a autoestima de indivíduos

Diácono Franco decide abrir casa de acolhida para moradores em situação de rua em Santo André

SERVIÇORua Caturrita, nº 80 – Recreio da Borda do CampoSanto André - (11) 4427-3302 (11) 9 9899-1577

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16 Revista República Revista República 17

os exercícios interessantes. Descobri que ele viria ao país no mesmo ano, em 2010. E resolvi pagar para ver. Se fosse bom para mim, eu iria realizar, caso não, eu descartaria.

RR- Quais foram as dificuldades em adotar o novo método?

Regiane Krakauer - Trabalhei durante 25 anos com o método Bobath, reconhecido no mundo todo e foi muito difícil engavetar todos esses anos. O CME é uma forma completamente diferente de fisiote-rapia. No primeiro nível do curso do CME, pergun-tava muito sobre padrões patológicos que lesões cerebrais causam em crianças. Algumas crianças cruzam as pernas, outras são mais durinhas e se esticam, esses padrões no Bobath são inibidos, mas no CME são utilizados. Então na verdade, foi uma dificuldade mudar minha cabeça, por ter trabalhado muito tempo com um método.

RR- Quais são as outras diferenças do CME em relação à técnica tradicional?

Regiane Krakauer – A técnica tradicional visa a prevenção de contraturas e deformidades, algum tipo de fortalecimento, mas de forma passiva e com mais apoios para a criança. E o Ramón começou a perceber que quanto menos ajudava, mais o cére-bro era obrigado a responder de forma automática. Então, o CME trabalha com exercícios antigravitacio-nais e estimula muito mais as crianças. O CME ex-põe os segmentos corporais da criança à influência da força da gravidade, promove o uso do apoio distal máximo no corpo da criança, desafia o sistema neu-romuscular com o objetivo de forçar o aparecimento de funções motoras ausentes e integrar exercícios de amplitude de movimento em manobras funcio-nais globais. O CME é bombardeio de estímulos.

RR - A técnica é utilizada apenas em crianças?Regiane Krakauer - Sim. Primeiro por conta do

peso. Os exercícios exigem a força do fisioterapeuta. Uma das limitações do método CME é justamente não conseguir fazer os exercícios mais complexos com muito peso. Os exercícios gravitacionais, por exemplo, consigo fazer com crianças de 18 a 20 qui-los.

RR - O método é indicado para quais tipos de do-enças?

Regiane Krakauer - A técnica é indicada para tratar crianças que têm o cérebro lesado, ou seja, que por algum motivo têm um atraso neuromotor por lesão não progressiva. É uma lesão que não vai se estender, não vai piorar, isso se chama encefa-lopatia crônica não evolutiva da infância. O CME trabalha com as crianças que têm cérebro lesado de forma crônica sem evolução, fazendo com que

as outras áreas que não foram lesadas criem novas rotas para suprir aquela lesão. Então, é utilizado em casos de atraso no desenvolvimento motor causado por paralisia cerebral, hipotonia, síndromes genéti-cas e atraso motor causado por quadro não dege-nerativo. É importante lembrar que a região lesada não tem volta e não tem como ser recuperada de nenhuma forma.

RR – Qual a periodicidade indicada para pleno efeito do tratamento?

Regiane Krakauer - Em qualquer método é acon-selhável que se faça todos os dias, porém o CME não demanda fazer todos os dias. E isso é algo meu, mas eu sempre coloquei os pais dentro da sala para acompanhar o trabalho, ao contrário de várias clínicas que não abrem essa possibilidade. A par-ticipação dos pais reflete muito no tratamento. No CME existe o home program, programa domiciliar por meio do qual os pais fazem os exercícios com os filhos a cada três meses. É fundamental que os exer-cícios sejam feitos em casa, pois é pela repetição que se tem o efeito desejado.

RR – E como foram os primeiros resultados nos pacientes?

Regiane Krakauer - Desde quando comecei a aplicar, percebi que melhoraram muito. Então ob-servei que dá certo e então propus para Joana le-var a Ana Carolina ao Chile para um intensivo com o Ramón. A melhora foi extraordinária e hoje ela

impossíveis. Senti uma melhora de 40% em mui-tos dos pacientes. E isso me estimulou a estudar mais e mais sobre a técnica.

RR- O que mudou depois dos três níveis do curso concluídos?

Regiane Krakauer – Mudou tudo. Na vida pesso-al, comecei a fazer musculação para ter mais força e parei de fumar. Na clínica, as crianças que eu já atendia tiveram evolução incrível. Na neuropediatria tudo é muito lento. É muito esforço para ganhar um passinho, mas esse passinho é extremamente im-portante para a família. E no CME eu vi a evolução muito mais rápida. Hoje, vêm pais de outros estados fazer o intensivo comigo para dar uma acelerada no tratamento. E também fui convidada para trabalhar no exterior e atendi crianças de Portugal e França.

RR – Como surgiu o convite para essa experiên-cia internacional?

Regiane Krakauer – Foi bem interessante. Uma mãe portuguesa, que mora na França, tem um filho com uma síndrome, viu uns vídeos meus no YouTube e me adicionou no Facebook. Eu aceitei e começa-mos a trocar mensagens. Ela queria que eu fosse cuidar do filho, mas eu ainda estava no começo do nível 2. Um adendo importante é que na França os fisioterapeutas são pagos pelo Estado. Então, se aprendem ou deixam de aprendem métodos novos, vão ganhar a mesma coisa. Ou seja, ninguém tem tanto interesse em aprender novas técnicas. Além disso, o método não é reconhecido pelos franceses. Quando terminei o nível 3, que é o último para quem não pretende dar aula, voltamos a conversar e com-binamos de fazer um intensivo. Nisso, uma amiga dela de Portugal também pediu para que eu aten-desse o filho e mais quatro pacientes. E no fim de 2012 voltei à França e atendi mais crianças.

RR- Já tem convite para voltar esse ano?Regiane Krakauer – Elas gostariam que eu vol-

tasse em maio, mas nesse mesmo período pretendo voltar e estudar com o Ramón porque ele inventa exercícios novos a cada dia. É muito rico ver o traba-lho dele. Então eu pretendo fazer estágio e aperfei-çoar mais a técnica para depois pensar nos convites do exterior.

RR- Como é feita a avaliação para saber se o pa-ciente vai reagir ao tratamento?

Regiane Krakauer - Existem 41 itens que dou nota de um a três. Sendo que zero não há reação ne-nhuma, o um tem esboço do movimento, o dois a crian-ça faz o movimento sem consistência e o três ela faz muito bem. Somo as notas de todos os itens e divido por 7.6, que vai me dar o valor da idade motora dela. Sabendo essa idade, eu e os pais traçamos três metas

para a criança atingir em oito semanas de tratamento. A terapia CME propõe esse período de testes para veri-ficar se a terapia pode ajudar a criança a progredir, se as três metas forem atingidas neste período podemos dizer que o CME é interessante para tal criança. E va-mos fazendo reavaliações de metas ao longo do trata-mento. Minha e xperiência com o CME me faz garantir que tem criança que evolui 10% em oito semanas e essa evolução é muito grande.

RR- Há contraindicação ao CME?Regiane Krakauer – Sim. As doenças degenerati-

vas, osteogênese imperfeita, pois fraturam com facili-dade, e epilepsia não controlada não são recomenda-das para fazer o tratamento do CME.

RR- Existe alguma material especial utilizado no CME?

Regiane Krakauer – Sim. São três caixas com as mesmas medidas, uma caixa alta, uma prancha quadrada, um cubo e uma barra. Assim que a crian-ça tenha condições de se manter de pé apoiada pela coxa, o uso dessas caixas dá ao terapeuta e aos pais todas as possibilidades biomecânicas funcionais para estimular as reações de estabilidade em bípe-de e as respostas de equilíbrio.

RR- A senhora é a única que trabalha com o CME na região. Isso é uma prova que as clínicas do ABC precisam buscar novos métodos?

Regiane Krakauer – Na verdade, sou privilegia-da nesse sentido, pois posso investir. O diferencial não está no endereço do fisioterapeuta e sim na si-tuação econômica do país. Os fisioterapeutas que-rem melhorar, querem fazer. Conversam comigo e falam que faço um trabalho lindo, diferenciado, mas que não pode parar de trabalhar para ir ao Chile e investir muito dinheiro e não ganhar. Não é falta de querer e sim em relação ao investimento que terá pouco retorno.

Mario Cortivo

Mario Cortivo

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Liora Mindrisz

Inúmeras pesquisas são rea-lizadas para justificar proble-mas de saúde da atualidade.

A Organização Mundial de Saú-de (OMS) aponta que 30% dos homens sofrem com impotência sexual no mundo. No Brasil, 15 milhões são afetados e as idades variam. Em pesquisa do Centro de Referência da Saúde do Homem, órgão da Secretaria de Estado da Saúde, 25 milhões de brasileiros com mais de 18 anos já passa-ram pela situação ao menos uma vez. No mesmo estudo, 40% dos homens na faixa dos 40 anos re-lacionam a disfunção ao estresse e outros problemas emocionais.

SemImpotência sexual atinge brasileiros de

todas as idades por problemas emocionais

A psiquiatra e psicoterapeuta Mara Moreschi defende a tese de que a impotência pelo estres-se está intimamente ligada aos costumes contemporâneos. “O interessante do desejo está no amor. O prazer pelo prazer cau-sa o estresse, que está deixando homens de todas as idades com problemas no sexo. É necessário buscar relações mais afetivas. É preciso ter equilíbrio entre cabe-ça, coração e o sexo”, diz.

A salvação não são remédios, que podem atrapalhar. “Drogas, bebidas, anabolizantes e outras substâncias aumentam o desejo, mas diminuem o desempenho. É

estresse

QUALIDADE DE VIDA

preciso ficar atento”, alerta a psi-quiatra. A saída é buscar a raiz do problema. “A potência está ligada à força. Com a mulher dividindo os gastos e invertendo os papéis, o homem perde força. Existem casamentos invertidos em que o homem se adapta bem e também há casamentos em que a mulher é muito autoritária e sufoca o companheiro. É preciso entender a razão do problema do homem, porque ele não está se sentindo forte perante a mulher”.

A qualidade de vida também deve ser levada em consideração. Estudo do Centro de Referência da Saúde do Homem revela que 90% dos pacientes que reclama-ram de impotência sexual aten-didos entre janeiro de 2011 e maio de 2012 são sedentários. Trabalho e vida agitada são fato-res que contribuem. “Profissio-nais que trabalham com o inte-lecto acabam sofrendo mais que trabalhadores braçais porque a cabeça não para e não fica livre em momento algum”, diz. Trân-sito cansa, mas não é causador de impotência sexual. A parte fí-sica se renova. “Precisamos ficar atentos com o mental. O desgaste emocional é o que levamos para casa”.

SAÚDE

Olhos vermelhos, sensação de ardência, visão embaçada, lacrimejamento e coceira. Os sin-tomas caracterizam a síndrome do olho seco,

caracterizada pela falta de lubrificação da córnea devido a problemas na produção da lágrima. Não há dados precisos sobre a incidência da doença no país devido à ausência de método bem definido de diag-nóstico clínico. Mas alguns estudos epidemiológicos nos EUA sugerem que a doença atinja aproximada-mente 10% da população. Ou seja, cerca de 18 mi-lhões de pessoas sofrem com a doença no Brasil.

As causas ambientais são os principais fatores para a síndrome do olho seco. “A vida moderna contribui, uma vez que passamos a maior parte do tempo sob ar-condicionado e diante de computado-res, celulares e televisão, piscamos menos e, con-sequentemente, não lubrificamos os olhos. Tempo seco e poluição também são vilões para os olhos”, diz oftalmologista Vagner Loduca Lima.

Além de causas ambientais, a síndrome é mais comum em mulheres depois da menopausa, idosos e consumidores de alguns remédios. “Baixos níveis de estrógeno pós-menopausa é a causa da maior in-cidência de olho seco em mulheres. Com o passar dos anos, a pessoa perde a capacidade de produção lacrimal. Aos 65 anos, se produz cerca de 60% me-nos lágrimas que aos 18 anos. A perda de produção lacrimal também decorre do uso de alguns remédios, como descongestionantes, antidepressivos, tranqui-lizantes e anticoncepcionais”, afirma o médico.

Consumo satisfatório de água e alimentação saudável são hábitos cotidianos que ajudam a pre-venir a doença. “O ideal é beber dois litros de água ao dia e adotar dieta com ácido graxo, presentes na semente de linhaça, em peixes e amêndoas, além

Shayane Servilha

Saúde num piscar de olhos

Síndrome do olho seco parece inofensiva, mas afeta cerca de 18 milhões de brasileiros

de frutas, verduras e legumes ricos em vitaminas A e E. Quem tem atividades que exigem concentração visual, como computador, sugestão é posicionar a tela um pouco abaixo da linha dos olhos e fazer pau-sas de dez minutos a cada hora de trabalho e piscar bastante”, recomenda.

Para o tratamento, o oftalmologista recomenda cirurgia para desobstruir o canal lacrimal, mas tam-bém é possível optar por lágrimas artificiais. Apesar do segundo tratamento ser simples, deve ser segui-do à risca para evitar complicações como a perda da visão. “A lágrima artificial deve ser prescrita por médico, porque não é medicamento inofensivo. Usar colírio por conta própria pode causar doenças gra-ves como catarata e glaucoma, que podem levar à cegueira”, adverte.

Divulgação

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go B

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Divulgação

Mara Moreschi: prazer pelo prazercausa o estresse

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20 Revista República Revista República 21

B ELEZA

Depilação a laser é técnica relativamente nova no Brasil, mas já tem feito su-

cesso entre mulheres e homens que querem eliminar pelos inde-sejados sem dor. Após três anos, a secretária Mariana Gonçalo aprova a eficácia do tratamento. “O resultado me surpreendeu. Hoje não tenho que demorar ho-ras na depiladora. Quando fiz não imaginava que nunca mais teria que me preocupar com os pelos. As mulheres que tiverem condi-ções de fazer vão amar. Não dói e o custo benefício a longo prazo é incrível”, afirma.

Muito confundida com fotode-

Shayane Servilha

Belezapor um fio

Depilação a laser elimina sem dor 90% dos pelos indesejáveis

pilação, a depilação a laser se difere pela intensidade das on-das de luz do feixe e durabilida-de pós-tratamento. O laser tem feixe reto. A intensidade da onda atinge as células germinativas na raiz dos pelos, impossibilitan-do que nasçam. A fotodepilação trabalha com luz pulsada de bai-xa intensidade, que apenas en-fraquece pelo e bulbo, por isso a manutenção é maior que com o laser.

Ao contrário do que muitos pensam, nenhum laser propor-ciona depilação definitiva porque existem folículos imaturos que podem se desenvolver no futu-

ro, mas ao final do tratamento, 90% dos pelos não irão crescer. A depilação a laser elimina a maior parte dos pelos porque a energia, em forma de luz, é atraí-da e captada pela melanina, pig-mento presente na haste do fio e responsável pela coloração. A energia destrói ou retarda a ca-pacidade do folículo produzir um novo fio. “Às vezes é necessária manutenção anual para os pelos imaturos, espécie de pelugem, que não incomoda. Mas depois das sessões, nunca nasce na mesma proporção que antes”, diz a fisioterapeuta Renata mar-chesi

O tratamento dura em média oito sessões, mesmo para quem possuem poucos pelos, com intervalo de 45 a 60 dias. O pelo só é destruí-do durante a fase de crescimento. Mesmo em área com poucos fios, parte estará crescendo, parte em repouso. As sessões são realizadas com esse intervalo justamente para que o laser atinja os pelos nas duas fases. “Para tratamen-to mais eficaz, os pelos devem ser bem grossos e escuros. Os grisalhos, brancos, loiros e ruivos são mais resistentes à depilação.”

Grávidas, portadores de marca-passo cardía-co, carcinoma, tumores benignos com tendência a progredir, tumores malignos e irritação cutâ-nea não são indicados para receber a técnica.

Além disso, é preciso tomar cuidado com o sol. “Antes de iniciar as sessões, recomenda-se ficar sem tomar banho de sol três semanas antes e uma depois da aplicação. E sempre usar prote-tor solar indicado para a pele”, orienta.

Quem optar pelo procedimento não pode re-alizar nenhuma depilação que retire o pelo pela raiz antes e durante o tratamento a laser. “O uso de lâminas e cremes depilatórios pode ser uti-lizado porque esses procedimentos preservam a estrutura do pelo, mantendo a haste intacta no folículo. Já a depilação com cera quente ou fria, pinça ou eletrólise deve ser evitada, senão o tratamento não terá resultado”, diz a espe-cialista.

Mario Cortivo

Renata Marchesi: pelos em menor proporção depois das sessões

Mario Cortivo

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22 Revista República Revista República 23

Residências e pequenas pro-priedades já podem optar por fonte alternativa de energia e proclamar independência das concessionárias. Os então estu-dantes de Engenharia Mecânica do Centro Universitário Anhan-guera de Santo André, Douglas Barreto e Wellington Pereira de Paula, desenvolveram equipa-mento de baixo custo movido a vento capaz de gerar energia suficiente para iluminações de emergência.

A Unidade Eólica Savonius, de cerca de quatro metros de altura,funciona da seguinte for-ma: três pás de aço inox giram com o vento que aciona conjun-to de engrenagens, movendo o alternador automotivo que, por sua vez, gera corrente elétrica. A energia gerada de 12 volts é armazenada em bateria, o que permite uso também sem vento.

O diferencial do protótipo é o público-alvo, pois já existem em-presas que fornecem produto si-milar para grandes companhias. “Nossa unidade visa residências, chácaras, sítios ou qualquer lu-gar que queira gerar energia sufi-ciente para iluminação no âmbi-to da segurança. Nossos clientes serão pessoas que têm consci-ência de energia desperdiçada e pretendem economizar”, afirma Douglas.

apaGÃo

Apesar de terem trabalhado durante os últimos cinco anos no projeto, a ideia de produzir algo capaz de gerar energia renová-vel a partir do vento surgiu bem antes, no início dos anos 2000. A motivação foi série de apagões que atingiu o Brasil, ainda no go-verno do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e que no fim do ano passado voltou atormen-tar o país. “A crise nos levou a

Sopro de independência

Estudantes de Engenharia de Santo André desenvolvem protótipo eólico para pequenos consumidores de energia

João Schleder

EDUCAÇÃO

pensar em nova forma de gerar energia. Foi então que pensamos em fazer espécie de cata-vento, que chegou a funcionar durante um tempo, mas logo esfacelou porque era feito de madeira”, lembra Douglas.

Outra motivação estava em produzir algo que gerasse ener-gia por meio de algo renovável e sem custo. “Quando falamos em energia, em qualquer parte do mundo, a primeira coisa que to-dos sonham é: maior distribuição possível, com maior economia”, diz Wellington. “Nossa vontade é que todos possam montar módu-lo próprio de energia em casa e não precisem mais pagar conta de luz. Esse é um sonho, mas que pode virar realidade com a ener-gia eólica”, completa Douglas.

parCEria

Para que o sonho possa virar realidade, a dupla busca parcei-ros. “Essa é a única forma de co-locar a Unidade Eólica Savonius no mercado. Gastamos mais de R$ 10 mil para apresentar o pro-tótipo na Semana de Engenharia e Tecnologia da universidade, o qual também foi Trabalho de Con-clusão de Curso”, aponta Dou-glas.

O aproveitamento de materiais da empresa de Wellington soma-do ao uso de softwares de Dou-glas baratearam o custeio do pro-tótipo. “Cada unidade custa R$ 20 mil em média”, revela Welling-ton. Porém, com ajuda de parcei-ros a produção pode ser em larga escala com custo muito menor.

Energia eólica no Brasil

A primeira turbina de energia eólica do Brasil foi instalada em Fernando de Noronha em 1992. Dez anos depois, o go-verno criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa).

Até meados de 2011, a energia eólica no Brasil tinha capa-cidade instalada de 1.000 MW (megawatt), suficientes para abastecer cidade com cerca de 400 mil residências.

DIvulgação

DIv

ulga

ção

Douglas Barreto e Wellington de Paula: equipamento de baixo custo para iluminação de emergência

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24 Revista República Revista República 25

Shayane Servilha

E DUCAÇÃO

Harvardem solo regional

A Harvard Medical School, dos Estados Unidos, conso-lida parceria com o Cepho-

-FMABC (Centro de Estudos e Pesquisas de Hematologia e On-cologia da Faculdade de Medicina do ABC) com a formatura da pri-meira turma no fim de 2012. Com o projeto piloto bem sucedido, em março inicia a segunda turma do curso de Pesquisa Clínica, na Fa-culdade de Medicina no ABC, em Santo André. “O curso é pioneiro e o Cepho passou a compor sele-to grupo credenciado por Harvard para ministrar a formação, até en-tão restrita apenas à USP e Uni-camp”, afirma o diretor executivo do Cepho-FMABC, Daniel Gomes Cubero.

O curso de Pesquisas Clíni-cas é aberto para acadêmicos, pesquisadores e profissionais da área de saúde e a proposta é oferecer noções básicas e avan-çadas de investigação clínica. A iniciativa discute a condução e interpretação de intervenções na área de saúde. Também desen-volve habilidades de checagem de informações, análise crítica e capacidade investigativa.

As aulas são realizadas uma vez por semana com professores norte-americanos por videocon-

ferência pelo Departamento de Educação Continuada da Uni-versidade de Harvard. “O Cepho coordena as dinâmicas de grupo e demais atividades que neces-sitem de interação entre alunos, inclusive com participação de gru-pos de outras partes do mundo. Em cada aula são escolhidos dois centros para interagir com os pro-fessores. São mais de 300 alunos pelo mundo todo”, detalha o di-retor executivo, que foi aluno da primeira turma.

Apesar de dinâmico, o curso demanda tempo além das aulas para ser contemplado plenamen-te. “Como em todo curso, o aluno precisa reservar horário para pós--estudo. Aqui não é diferente. O aluno deve encarar o curso como MBA e vai precisar de seis a 12 horas por semana para participar do grupo de discussão, realizar atividades e projetos científicos solicitados em aula, por meio dos quais consegue nota necessária para receber o certificado de pro-ficiência em Pesquisa Clínica emi-tido por Harvard”, afirma.

O diretor ainda enfatiza que o primeiro grupo espelha a força da educação na região. “Os 11 alu-nos que participaram são da FMA-BC e todos foram aprovados. Isso

mostra como a educação do ABC está em patamar elevado. Somos referência e atraímos olhar positi-vo para a região”.

Diferentemente da primeira turma, o curso passa a aceitar alunos de outras universidades em 2013. “Abrimos essa opção devido à alta demanda de alunos que buscam a faculdade. Estu-dantes da baixada muitas vezes não têm como se deslocar até o

centro de São Paulo. Todos aque-les que trabalham com Medicina serão bem-vindos ao curso, espe-cialmente, os que já são gradua-dos na área”.

Outra vantagem do curso na Faculdade de Medicina do ABC é o preço, que é quase 70% mais em conta. “Temos o incentivo por ser um curso novo. Muitos serão atraídos por esse benefício. O curso aqui está em torno de US$

2.700, e claro, com a metodologia e conceito de uma das melhores uni-versidades do mundo em Medicina.”

Os critérios de seleção cabem a Harvard, mas o aluno interes-sado tem que ser proativo. “Alu-nos participativos, que realizam projetos em universidades ou participam de grupos de estudos têm maior possibilidade de serem escolhidos. Além disso, o inglês fluente é critério básico”, diz.

Todos os alunos do curso realizado na Faculdade de Medicina do ABC foram aprovados pela universidade norte-americana

Diretor Daniel Cubero com formandos da primeira turma de Pesquisa Clínica

Divulgação

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João Schleder

Quem, quando criança, nunca sonhou em ser super-herói ou personagem de desenho ani-mado? O desejo tem ganhado cada vez mais

adeptos no mundo todo e a região não fica de fora. Duas vezes por ano, os cosplayers, como são chama-dos quem se veste como animes, mangás, figuras de videogame e até famosos cantores, se encontram em Santo André para apresentar requintadas fantasias.

O AnimABC, evento que reúne a comunidade Cos-play da região, já reuniu cerca de 150 mil pessoas, em 14 edições. Só na última, em novembro de 2012, foram mais de 14 mil. “Apesar da diversão, para muitos o encontro é coisa séria”, afirma Átila Tetsuo Cumagai, diretor da Across Entertainment, produtora do evento.

Desde que iniciou em 2005, a empresa sempre primou pelo profissionalismo. “O festival começou como convenção da cultura pop japonesa, mas hoje é composto por mais de 100 atividades, entre as quais oficinas de desenho, feira editorial e concursos de fantasia”, detalha. Além de desfilar, os cosplayers dis-putam prêmio em dinheiro.

Ao contrário do que muitos pensam, ser cosplayer vai muito além de comprar fantasia parecida com o desenho. “Não é apenas se vestir igual ao persona-gem e sair por aí. As pessoas que se dedicam a essa cultura costumam ter noção de atuação e interpreta-ção, copiando movimentos e falas”, garante Fernan-do Chinem.

Apaixonado pela cultura japonesa, ele afirma que costuma ir a fundo à caracterização. “Quando faço um cosplay procuro assistir o anime, seriado ou até

C OMPORTAMENTO

Cultura Cosplay realiza desejo de criança, mas também é coisa séria

Super-herói por um dia

vídeos de show do artista”, diz. A dedicação tem dado tanto resul-tado que Chinem já apareceu até na televisão, caracterizado como o famoso rapper sul-coreano Psy.

“Não tinha intenção de fazer cosplay ou cover do personagem, mas amigos falavam que eu con-seguia imitá-lo. Comecei a pegar as coreografias e até participei de concurso no programa do Gilberto Barros, na Rede TV”, conta. Atual-mente, apresenta-se como cover do Psy em eventos e festas.

Enquanto uns são cosplayers profissionais, outros levam a cul-tura com mais leveza. É o caso de Giuliana Onides. Fã de animes, adotou o cosplay influenciada por amigos. “Comecei há pouco tem-po. No último evento fui vestida de Yuuki Cross, personagem do man-gá Vampire Knight. Tem gente que faz superprodução, gasta muito dinheiro. Eu faço pela brincadeira, pelas novas amizades”, afirma.

Cosplay?

É contração das palavras em inglês costume (fantasia) e play (brincadeira). Pode ser considerado hobby, que consiste em se fantasiar de personagens de quadrinhos, games e desenhos animados japoneses. A prática ainda insere personagens per-tencentes ao universo do entretenimento, como filmes, séries de TV, livros e animações de outros países.

Além de criar os trajes, os cosplayers também interpretam o personagem caracterizado, reproduzindo traços de personali-dade como postura, falas e poses típicas. O hobby costuma ser praticado em eventos que reúnem fãs desse universo, a exem-plo do AnimABC.

A história do cosplay está ligada às convenções de ficção científica nos Estados Unidos. O primeiro exemplo moderno da prática data de 1939, durante a 1ª World Science Fiction Con-vention, ou Worldcon, em Nova Iorque, quando um jovem de 22 anos chamado Forrest J. Ackerman e sua amiga Myrtle R. Dou-glas compareceram ao evento como os únicos fantasiados entre um público de 185 pessoas.

Giuliana Onides: cosplay de Yuuki Cross, personagemdo mangá Vampire Knight

Mario Cortivo

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28 Revista República Revista República 29

A Organização das Nações Unidas (ONU) decla-rou 2012 como Ano Internacional das Coope-rativas de modo a evidenciar a contribuição de

modelo de negócio sustentável no desenvolvimento socioeconômico. No Brasil, pelo menos 6, 5 mil em-preendimentos de diferentes ramos empregam cer-ca de 296 mil pessoas como mostra o Serviço Nacio-nal de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo.

No ABC, as cooperativas de reciclagem merecem olhar mais atento. São pelo menos sete filiadas à

Alexandre Poletto

Junto é bem melhorCooperativas de reciclagem aquecem economia e

reforçam questões socioambientais

Coopcent ABC (Cooperativa Central de Catadores e Catadoras de Material Reciclável do Grande ABC) e cerca de 200 catadores que participam de todo o processo de reciclagem. Cooperativas são associa-ções de propriedade coletiva, formadas por pessoas com interesses comuns, geridas de forma democrá-tica, no que diz respeito a direitos e deveres. Os be-nefícios são estímulo à geração de trabalho e renda, contribuição para a redução da pobreza e promoção da integração social.

Diferentemente dos que trabalham por conta

própria, os catadores cooperados da região conquistaram inserção social, além de alguns direitos trabalhistas. “As cooperativas proporcionam aos colaboradores a oportunidade de trabalhar, de empreender e se recolocar no mercado”, afirma a diretora-pre-sidente da Coopcent, Joana D’Arc Costa.

Se a ação em conjunto de tra-balhadores é uma das vertentes da economia solidária, sistema organizado de autogestão com atividades de produção, distri-buição e consumo igual para os colaboradores, a importância da reciclagem no mercado é objeto de estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) desde 2010, o qual concluiu que

se todo lixo reciclável fosse devi-damente encaminhado para reci-clagem, o país teria renda de R$ 8 bilhões anuais. Mas os ganhos não se limitam às questões eco-nômicas nacionais. “O rendimen-to de quem está sozinho é inferior ao dos que fazem parte de deter-minado grupo. Além disso, não há lugar para armazenar e sele-cionar materiais, o que reduz as oportunidades de negociação na hora de vender”, diz o professor da Universidade Federal do ABC (UFABC) e mestre em Engenha-ria de Construção Civil e Urbana, Francisco Comarú.

Dificuldades que o catador autônomo Reginaldo Rodrigues, 40, de Santo André, experimen-ta diariamente. “Eu circulo pelas ruas atrás de materiais. Quem trabalha com cooperativa já tem locais certos, o caminhão só reco-lhe e leva para a venda”, admite. Mesmo com os benefícios das cooperativas, casos como o de

Rodrigues são comuns. Cerca de 800 mil pessoas trabalham com reciclagem, mas boa parte desse contingente não está em coope-rativa. “Esta é uma forma menos burocrática e alternativa que as pessoas têm de retornar ao mer-cado. Alguns procuram, mas pou-cos participam dessa união”, diz o professor.

Forma de incentivar o catador a integrar cooperativa é ampliar o espectro de políticas públicas vol-tadas para o setor. Hoje, além de o estado reconhecer a profissão, o catador tem a oportunidade de se capacitar por meio de cursos e parcerias. “As pessoas às ve-zes separam itens que não são recicláveis, pois não conhecem o que pode ou não ser reaproveita-do. Em outros casos, recebemos produtos sujos, o que dificulta a triagem”, lamenta Joana D’Arc da Costa, que defende a necessida-de de investir em educação am-biental.

Beco do Sapo

O cooperativismo surgiu em 21 de dezembro de 1844 no bairro de Rochdale, em Manchester, na Inglaterra, quando 27 tecelões fundaram a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, com o resultado da economia mensal de uma libra de cada participante durante um ano. Os tecelões buscavam alternativa econômica para atuar no mercado frente ao capitalismo ganancioso, com exploração da jornada de trabalho de mulheres e crianças e do desemprego crescente advindo da revolução industrial.

A constituição de pequena cooperativa de consumo no então chamado Beco do Sapo (Toad Lane) mudou os padrões econô-micos da época e deu origem ao movimento cooperativista. A iniciativa foi motivo de deboche por parte dos comerciantes, mas logo no primeiro ano de funcionamento, o capital da sociedade aumentou para 180 libras e uma década depois, o Armazém de Rochdale já contava com 1,4 mil cooperantes.

A valorização da união entre as cooperativas existe desde o surgimento e estão organizadas internacionalmente. A entidade que coordena esse movimento nos cinco continentes é a Aliança Cooperativa Internacional (ACI).

MEIO AMBIENTE

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MEIO AMBIENTE

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inovação. A quantidade de aparas geradas no pro-cesso de produção do papelão foi reduzida de 20 para cerca de quatro toneladas ao mês, apesar do aumento da demanda. “Investimos em máquinas e equipamentos mais modernos”, afirma o empre-sário. A sobra é prensada em fardos de 30 quilos e revendida aos fornecedores. A prensa antiga ge-rava fardos de 120 quilos. “Foi pensando na saú-de e segurança dos profissionais que manipulam e transportam o material que achamos por bem ad-quirir uma nova prensa, muito mais segura na ope-ração e que ainda diminui a carga manipulada”, diz a gestora de qualidade na empresa, Elaine Cristina de Lima Gonçalves. Das quatro empresas fornecedoras de papelão ondulado para a Mazurky, três trabalham exclusiva-mente com papel reciclado e a quarta usa mistura de reciclado com papel de primeiro uso. A carteira de clientes é composta de grandes indústrias dos setores moveleiro, automobilístico, farmacêutico, cosmético e de brinquedos, entre outros. As assertivas não terminam no chão de fábri-ca. A instalação de microestação de tratamento permite que 90% da água utilizada no processo

de impressão das embalagens e limpeza dos ins-trumentos de pintura seja reutilizada. “Da água tratada sobra uma borra de tinta compacta que é acondicionada em tambores e retirada pelo próprio fornecedor que, posteriormente, fará o descarte ou reaproveitamento de acordo com as normas vigen-tes”, esclarece Elaine Gonçalves. Além disso, pigmentos e cola utilizados nas em-balagens são à base de água e não utilizam sol-ventes derivados de petróleo. “Trabalhamos com matéria prima de baixa toxidade, tanto para funcio-nários quanto para o meio ambiente”, orgulha-se a gestora. O consumo racional de energia elétrica é outro fator que alavanca os resultados no balanço finan-ceiro da empresa. “Além da instalação de quadros de energia isolados, que permitem manter ilumina-das apenas áreas em uso, fornecemos aos funcio-nários material didático e palestras sobre raciona-lização de consumo. Percebo que 90% do pessoal coloca os conhecimentos em prática”, anima-se Marcel Mazurkyewistz e continua: “Todos sabem, também, que os resultados positivos, além dos be-nefícios para o planeta e para as gerações futuras,

ainda revertem em dinheiro, via PLR (Participação nos Lucros e Resultados)”, acrescenta o diretor.Há três anos na empresa, Carlos Alberto Ferreira, responde pela reciclagem, tanto da água quanto das aparas de papelão. “Tenho orgulho de fazer meu trabalho bem feito, sei que o resultado será favorável para a empresa, para meus filhos e para as futuras gerações”, diz.

loGÍStiCa rEVErSa

Este ano a presidenta Dilma Roussef sancionou o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, legislação específica que normatiza o tratamento e destino de resíduos sólidos no país. Entre as medidas para reduzir os impactos ambientais do excesso de des-cartes está a obrigatoriedade da implantação da lo-gística reversa. Ou seja, cada empresa passa a ser responsável pelo recolhimento e destino final dos resíduos gerados pelos produtos comercializados, mesmo depois de utilizado pelo cliente até o fim de sua vida útil. A medida se aplica a lâmpadas, baterias, eletrodomésticos, móveis e, entre outros, embalagens em geral. São Paulo é o primeiro estado onde esta legisla-ção está sendo, gradativamente, colocada em prá-tica. “Para nos adequarmos à legislação estamos esclarecendo muitos de nossos fornecedores que

Raspas e restos

interessamMazurky produz embalagens de papelãoondulado com alta tecnologia e respeito

a todas as normas, ambientais,trabalhistas e de segurança

Enquanto o mundo ainda recolhe as aparas dos recortes ambientais duvidosos realiza-dos na Conferência Mundial Rio + 20, pro-

movida pela ONU no Rio de Janeiro, em junho de 2012, a indústria de embalagens de papelão on-dulado Mazurky, instalada em São Bernardo, há mais de uma década registra sucesso e eficiência de práticas sustentáveis. O gene da política pre-servacionista da empresa está no Departamento Jurídico, que acompanha par e passo a legislação, sempre em constante transformação. “Semanal-mente, fazemos correções de rotas necessárias”, afirma o engenheiro e diretor industrial Marcel Ma-zurkyewistz. Nesse contexto, ecologia, sustentabilidade, res-ponsabilidade social e ambiental estão pulveriza-dos da documentação a todo o processo produtivo. Instalada há oito anos no município, a empresa gera cerca de 50 empregos diretos e é detentora, desde 2007, da certificação IS0 9001 – da quali-dade total. Em 2001 a indústria conseguiu as cer-tificações ISO 14000, da gestão ambiental, e ISO 18000, da saúde e segurança no trabalho. Na prática, as normas ganham contornos de

Roberto Barboza

ainda não têm conhecimento das novas normas. As pessoas, infelizmente, ainda veem este tipo de atitude como despesa adicional quando, pelo contrário, no final das contas, todos ganham com isso”, defende o diretor, mas admite que o retorno de embalagens usadas devolvidas pelos clientes ainda é pequeno. “Tivemos de assinar um termo de compromisso com pelo menos um cliente para sa-tisfazer as exigências da nova legislação”, afirma. Os demais resíduos gerados pela empresa são diariamente pesados e dispostos para a coleta uma hora antes da passagem do caminhão. “Nos-sos funcionários fazem as refeições em restauran-te conveniado, próximo à empresa, portanto não geramos quantidade significativa de resíduos orgâ-nicos ou úmidos”, detalha Elaine Gonçalves.

Das quatro empresas fornecedorasde papelão ondulado para aMazurky, três trabalhamexclusivamente com papel reciclado

Elaine Gonçalves: saúde e segurança sempre

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32 Revista República Revista República 33

A proximidade da Copa do Mundo de 2014 no Brasil gera expectativa para atle-

tas e torcedores brasileiros. Mas o Mundial não é só ansiosamente aguardado pelo que diz respeito às quatro linhas. O mercado em-preendedor enxerga grande opor-tunidade de lucrar com o evento, e muitos empresários da região têm se preparado com afinco para isto.

É o caso de Celso Ewao Assa-nome, proprietário da Japan Ar, Indústria e Comércio, de Mauá, empresa do setor plástico, que já

está produzindo produtos especí-ficos para a Copa do Mundo. “Es-tamos confeccionando pulseiras, bate palmas, cornetas, vuvuzelas, haste para carro, chocalho, caxixi e outros itens que ainda são se-gredo”, diz.

A perspectiva é tamanha que a Japan Ar pretende colocar 25 mi-lhões de produtos no mercado até o início do torneio. Para dar conta da demanda, Celso Assanome irá, pelo menos, triplicar o quadro de funcionários, hoje com 15. “Ire-mos fazer todo o investimento necessário. Queremos atender as

solicitações”, garante.O empresário não gosta de fa-

lar em números, mas afirma: “Di-ria que quadriplicaremos o nosso grau de realização pessoal com a Copa do Mundo. Mas nosso gran-de faturamento será contratar e ajudar pessoas que precisam. Assim como o Brasil, nós empre-sários também seremos campe-ões”.

aQUECiMEnto

Para quem espera faturar com o Mundial, mas, ao contrário de

Copa do Mundo irá incrementar PIB com R$ 183 bilhões e empresários da região querem golear

Celso, ainda não sabe bem o que fazer, o Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo) oferece apoio. Dados da Fifa e do Minis-tério do Esporte indicam que o torneio deve atrair ao país 3,7 mi-lhões de turistas e render incre-mento de R$ 183 bilhões no PIB (Produto Interno Bruto).

Para atender todos os visitan-tes e os próprios brasileiros, a entidade indica o associativismo como saída para criação de pro-dutos e serviços inovadores. “As parcerias possibilitam a criação de novos serviços e aumentam a oportunidade de colocação de produtos inéditos no mercado. Quando duas ou mais empresas se unem para buscar público dife-rente, a procura ganha mais força e os custos se tornam mais bai-xos”, diz o consultor do Sebrae--SP, José Bento Desie.

A Copa do Mundo proporciona-rá ao Brasil reposicionamento no cenário mundial e deve ser vista pelos empresários como nova oportunidade de trabalho. “Com o evento, o País passa a receber público e investimentos que an-tes não recebia. É preciso olhar mais atento para o momento”, orienta o consultor.

GolEar é inoVar

A empolgação, porém, não pode tomar conta dos pequenos e médios empreendedores. Ape-sar do leque de oportunidades que a Copa do Mundo traz, quem pensa em aproveitar o campeo-nato para investir deve tomar al-guns cuidados.

Durante o workshop Golear é Inovar, realizado pelo Escritório Regional do Sebrae-SP no Gran-de ABC, na Associação Comer-

cial e Industrial de São Bernardo (Acisbec), a entidade alertou que regras precisam ser segui-das por aqueles que pensam em associar produto ao mundial de futebol. A Copa é evento privado, e a Fifa vende direitos aos patro-cinadores, que têm exclusividade do uso da marca. “Os empreen-dedores também podem explo-rar a área de licenciamento de produtos e quiosques oficiais e a venda de produtos oficiais”, su-gere o coordenador do projeto de Licenciamento da Copa do Mun-do da Fifa 2014, Flavio Secchin.

São 10 categorias de produ-tos oficiais que podem ser pro-duzidos e comercializados por pequenas empresas que se as-sociarem à Fifa: vestuário, cal-çados, souvenirs, bolas, papela-ria, itens de torcedor, itens para casa, malas/bolsas, brinquedos e chapéus/bonés.

País da bola de ouro

E MPREENDEDORISMO

João Schleder

Mario Cortivo

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34 Revista República Revista República 35

Há 29 anos, Osvaldo Nunes, não imaginava que a ideia da Chocolândia fosse ganhar tamanha proporção. Depois da abertura da

matriz e mais três lojas espalhadas pelas zonas leste, sul e oeste de São Paulo, Nunes comemora o sucesso da loja do ABC, que em março completa um ano. Com cerca de 30 mil visitantes por mês, a loja conquista não apenas moradores da região, mas também turistas de outras cidades e estados. “Recebemos caravanas para fazer compras, princi-palmente, nessa época perto da Páscoa. O pessoal procura a parte de chocolate e os outros departa-mentos, como mercearia, hortifrutti, bebidas, higie-ne e limpeza, frios e laticínios. Crescemos porque trouxemos as necessidades diárias do consumidor, além das variedades de chocolate, que é difícil en-contrar quem não goste”, diz o empreendedor.

Em relação ao lucro da loja, Nunes destaca que primeiro é importante pensar em oferecer o melhor ao cliente, tanto na estrutura como nos produtos. “Sempre penso em atender o máximo de pessoas com o mínimo de margem de lucro, pois assim nun-ca vai faltar cliente. Em Santo André, tenho o prazo

Shayane Servilha

Chocolândia comemora um ano no ABC sob as bênçãos da Páscoa

de cinco anos para a loja se autopagar, mas tenho certeza que em dois anos e meio isso vai acontecer, por conta do sucesso que está fazendo em tão pou-co tempo”, afirma.

Com mais de 11 mil metros quadrados e 21 mil itens, a loja foi criada por conta da grande demanda de clientes do ABC que a matriz recebia. “O cliente do ABC é diferenciado. São pessoas que têm formação mais organizada, que têm princípios, como respeito, muito forte na estrutura. Então essa loja foi construí-da para atender de forma completa pessoas que têm visão mais analítica de consumo”, diz Nunes.

Outro diferencial que o proprietário destaca são os cursos do centro culinário, que todas as lojas ofe-recem aos consumidores e as empresas que que-rem qualificar funcionários. São cerca de 500 aulas divididas nas cinco unidades. “Temos professores especialistas nas mais diversas áreas gastronômi-cas. Alguns cursos são gratuitos e outros têm preços bem em conta. São diversas pessoas que garantem a renda da casa com as receitas que aprendem aqui. Além disso, aprendem a ser empreendedores e investir no próprio negócio”.

Doces negócios

NEGÓCIOS

Osvaldo Nunes: loja na região com 11 mil metros quadrados e 21 mil itens

N EGÓCIOS

RP8 Comunicação e Marketing aposta em site de cuponagem na região

Foi em plena febre dos sites de venda coletivas que a agência RP8 Comunicação

e Marketing, de Santo André, atreveu-se a ir além. Desenvolveu o site Cupom10.com e antecipou--se à nova tendência de economi-zar em compras virtuais: cupons de descontos. Diferentemente dos sites de compra coletiva, que ficam com 30% a 50% do valor da compra, o Cupom10 não retém parte do valor das ofertas. “Rece-bemos apenas o valor do cupom e o estabelecimento recebe o va-lor integral da oferta”, detalha o diretor do Cupom10, Luis Cesar Birello, engenheiro de sistemas.

No Brasil, o mercado de com-pras coletivas responderam por

Shayane Servilha

Descontos em um clique

7% do total do e-commerce na-cional no primeiro semestre de 2012. As vendas em sites de compras coletivas tiveram fatura-mento de R$ 731,7 milhões, to-talizando mais de 12 milhões de cupons vendidos, a ticket médio de R$ 60. Os descontos geraram economia de mais R$ 1,4 bilhão nos bolsos dos brasileiros. “A cuponagem é ação de marketing que pode ser utilizada para fideli-zar clientes e o hábito de coletar cupom pela internet começa a vi-rar moda”, afirma o diretor-execu-tivo da RP8, Donizete Fernandes.

Mania nos Estados Unidos, a cuponagem gerou mais de US$ 119 milhões em vendas e 39% dos consumidores americanos

relataram baixar cupons de sites em 2012. “O Cupom10 tem ofer-tas nas sete cidades da região em gastronomia, lazer, beleza, viagens. Temos mailing com mais de 100 mil e-mails para divulgar ofertas. A oferta de cada estabe-lecimento é elaborada conosco, definindo o prazo e detalhes de desconto”, diz Luis Cesar.

No Cupom10, os consumido-res não precisam reunir grupo mínimo de compradores. “O con-sumidor adquire cupom de des-conto pelo site e paga a oferta diretamente ao estabelecimen-to, com a aquisição do cupom o cuponauta não está comprando a oferta, mas o direito de utilizar o desconto da oferta, que não tem número mínimo de consumidores para ser validada”, diz o diretor.

A vantagem para os estabele-cimentos é o baixo investimento para ação de marketing viral, sus-tentada pelo mailing e frequente divulgação em redes sociais do Cupom10.com. “Levamos o nome do estabelecimento parceiro a quantidade expressiva de consu-midores. Depois que o parceiro assina contrato, o Cumpom10.com assume totalmente a divul-gação da oferta”, afirma Luis Ce-sar.

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36 Revista República Revista República 37

NEGÓCIOS

Foi o sonho pessoal de Silvia Helena e o espírito empreendedor do marido Sérgio Bonifácio Ferraz que fizeram a rede Silvia Helena’s ser referência

de beleza no ABC. Se em 1993, o pequeno salão loca-lizado em um bairro residencial, fez freguesia fiel, hoje as seis unidades estão em consideráveis endereços de consumo de São Bernardo e São Paulo. O segredo do sucesso é simples: trabalhar e valorizar funcioná-rios. “O trabalho fica mais fácil quando se acredita no sonho. É sempre importante lembrar da equipe de pro-fissionais, que garantem a qualidade do serviço e colo-cam em prática tudo o que temos na teoria”, diz Sérgio.

Melhoria na economia brasileira e aumento do po-der de compra das classes menos favorecidas foram determinantes para a expansão da rede. “O Brasil pro-picia condição melhor de consumo. Há 10 anos, não existia a condição de emprego que temos hoje. O con-sumo de beleza está diretamente ligado à migração de classes. O público, principalmente feminino, consome beleza a todo momento, mas quando o poder aquisiti-vo aumenta, consome mais ainda. Existem várias pes-soas que deixam de comprar roupa para fazer escova no cabelo”, afirma.

Preocupados não somente com a qualidade dos

Shayane Servilha

Vaidade dos emergentes

Rede de salões Silvia Helena’s expande negócios graças a aumento do poder aquisitivo de classes menos favorecidas

produtos, a rede preza por conforto e modernidade para os clientes, realizando reformas anuais em to-das unidades. “Não importa como esteja o salão, a Silvia faz questão de reformar. O cliente gosta, se sen-te bem ao ver mudanças em espaço que já está bom. É cuidado extra que temos, ainda mais se tratando de uma área que a beleza é vista nos mínimos deta-lhes”, diz o empresário.

Mesmo com vários convites de shoppings e hiper-mercados da região para a rede abrir salões, Sérgio Ferraz pretende apenas fomentar os que estão em funcionamento. “A Silvia e eu chegamos ao consenso de não abrir novos salões. Agora queremos trabalhar para manter os que temos. Outra proposta é turbinar toda infraestrutura e os serviços para poder atender melhor todos clientes”, diz.

Mesmo com estrutura, procedimentos e profissio-nais especializados, Sérgio Ferraz não desvaloriza salões de bairro, que são fortes concorrentes. “Não subestimo ninguém. O que está no shopping e no bairro tem a competência de trabalhar bem. O salão pequeno é concorrente em potencial, pois fica mais tempo com o cliente na cadeira e cativa mais. A maior parte dos nossos clientes procura serviço mais rápi-do”, diferencia.

Menina dos olhos da rede Silvia Helena’s, a uni-dade Tiradentes foi criada para atender noivas. “Essa é a unidade mais completa. Além de todos os servi-ços oferecidos como cabelo, maquiagem, depilação e unhas, temos a exclusividade. Constituímos espaço para o dia das noivas e vamos expandir porque a de-manda nos fins de semana é duas vezes maior do que imaginávamos”.

SERVIÇO

Silvia Helena’s Rua Tiradentes, 98, centro, São Bernardo do Campo Fucionamento: de terça a sábado das 9h às 22hTelefone: 4127-6950 / 4335-5859

MODA

Chique

Fashionistas ficam de cabeça quente atrás de elegância capaz de driblar o calorão

dos trópicos. Mas nada de dimi-nuir o comprimento da saia ou passar o dia se abanando. Em dias ensolarados, chique é descompli-car. A consultora de moda Mariana Guimarães ensina que, ao contrá-rio do inverno, no verão não é pos-sível inventar muito no look. “Use apenas as peças e acessórios es-senciais”, afirma. Escolha tecidos naturais como algodão, linho, seda. E mesmo não sabendo o tecido, co-loque junto à pele e tente perceber se esquenta a região que será utili-zado. Tecidos sintéticos impedem a transpiração e aumentam o calor. E esqueça as roupas apertadas que aumentam o desconforto.

Peças únicas são as melhores opções para a mulher ficar elegante e driblar o calor. “Vestidos são curingas nessa época do ano, pois po-dem ser usados em diversos segmentos de trabalho sem restrições. O macacão também é ótima opção, mas dependendo do tecido pode ser utilizado apenas para momentos mais casuais. Atenção ao compri-mento, no máximo cinco dedos acima do joelho e nada mais que isso, mesmo em profissões mais liberais, como publicidade”, diz.

Saias e shorts de alfaiataria também atribuem sofisticação. “Essas peças podem ser combinadas com camisas de tecidos mais leves e para deixar o visual menos sério, combine as peças com regata com detalhes em renda ou t-shirt colorida”, sugere. Quanto aos calçados, aposte em modelos confortáveis como rasteirinhas e sapatilhas. “O ideal para mulheres, que não abrem mão do salto, é levar sapatilha baixa para usar no almoço e voltar para casa no fim do dia”.

Dica refrescante é manter os cabelos presos e maneirar na maquia-gem. “Existe o mito que cabelo preso não deixa a mulher bonita, pelo contrário, um coque alto ou na nuca são sempre muito usados em fes-tas de gala. Esses coques vão aliviar o calor. Quanto à maquiagem, es-queça base e pó, pelo menos durante o dia. Um bom delineador, rímel e blush são suficientes e o melhor é que não precisam ser retocados a todo momento”, diz.

Apesar de poucas opções, homens também conseguem diminuir a sensação de calor. “Camisa de manga longa sempre será o correto na hora de se vestir. No verão, escolha cores claras e use gravata que se destaque. Ao contrário do que muitos pensam, as mangas podem ser dobradas até a altura do cotovelo. Em profissões menos rígidas, cami-sa polo é uma saída para diminuir o calor assim como meias e sapatos sem costura”.

Outra dica da consultora é ter uma troca para emergências. “Ho-mens que têm sudorese, suor excessivo, devem ter troca de roupa. É melhor garantir aparência cuidada ao encontrar-se com chefes ou clientes do que ficar desprevenido. Além disso, lenços umidecidos e spray de água aromatizada podem ser aliados contra o calor, porque ajudam a refrescar, hidratar e higienizar”, conclui.

Looks simplificados ajudam a driblar calor

a 40 grausShayane Servilha

Divulgação

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38 Revista República Revista República 39

É com o gingado do forró e a irreverência dos artistas, que Frank Aguiar divide o

tempo entre arte e política. De-sempenha o papel de vice-pre-feito de São Bernardo ao lado do prefeito reeleito Luiz Marinho, mas não esquece os fãs.

Famoso por interpretar músi-cas como Morango do Nordeste e pelo apelido que escuta até hoje, Cãozinho dos Teclados, Frank Aguiar nasceu na pequena cidade de Itainópolis e mudou para São Paulo em 1992, ano em que gravou o primeiro LP, aos 22 anos de idade.

Da infância humilde no Piauí, guarda boas lembranças e não dei-xa de visitar os pais que ainda mo-ram lá. “Quando criança meu pai era o único músico que eu ouvia to-car”, revela Frank, que aos seis anos ganhou do pai a primeira sanfona.

Contra a vontade dos pais, que

Tradição nos teclados

Tamyres Scholler

Depois de 20 anos de carreira, Frank Aguiar retoma ritmo de shows e embarca esse ano em turnê nacional

queriam filho médico ou advoga-do, iniciou os estudos de música na Universidade Federal de Tere-sina, mas não concluiu o curso. Já em São Paulo ficou na casa de amigos até conseguir dinheiro para se manter.

A fama chegou em consequên-cia de muito trabalho e dedicação, mas o reconhecimento nacional só veio depois de quatro discos lançados. “Já toquei de graça e já ofereci dinheiro em casas de shows para conseguir tocar. Mas quando veio o retorno comecei a ser chamado para muitos luga-res, inclusive na televisão”, conta.

No auge do sucesso, Frank Aguiar cumpria agenda de quase 30 shows por mês e média de 300 por ano. Chegou a fazer turnê nos EUA e Japão e coleciona Disco de Ouro, Platina e Diamante.

Em outro ritmo de vida e após

iniciar o segundo mandato como vice-prefeito de São Bernardo, o músico que também é formado em Direito, planeja dar continuidade na vida pública, mas não irá aban-donar os fãs. “Estou político, mas cantor serei sempre”, define-se.

Depois da comemoração dos 20 anos de carreira no ano pas-sado com direito a CD e DVD com participações especiais, Frank Aguiar planeja turnê nacional em-balado pelo hit do novo álbum Sa-fadim, que já tem prévia de clipe disponível no Youtube.

As surpresas não param por aí. Também está previsto para esse ano, o lançamento do filme sobre a vida do cantor, dirigido por Caco Milano e com participação do co-mediante Chico Anysio, em seu último trabalho inédito. Resta aos fãs esperar para conferir o ídolo também no cinema.

T ALENTOS C ULTURA

Dupla de Mauá já gravou quatro discos independentes e acumula

experiências de sete anos de parceria

O sertanejo universitário passa pela melhor fase. Assim como diversas duplas, que tentam a sorte e fazem de tudo para alcançar fama e

sucesso, André Mello de Andrade, 22, e Diego Mes-sias dos Santos, 27, começaram cedo e há sete anos batalham por um lugar ao sol. Moradores de Mauá, enfrentam rotina de 22 shows por mês e viajam por todo o Brasil.

Em 2006, quando se conheceram, André com ape-nas 15 anos arriscava apresentações solo em bares do ABC e Diego tocava violão sozinho. A música ser-taneja conduziu as trajetórias ao encontro. “Quando a gente começou, o sertanejo universitário não era essa fábrica de dinheiro que é hoje”, afirma André Mello.

Foram três anos de persistência até conseguirem gravar o primeiro CD com selo independente. O quarto álbum autoral, gravado ao vivo no ano passado, con-tou com a participação especial do grupo de pagode Soweto.

Mesmo sem gravadora, a dupla se apresenta em

Tamyres Scholler

Unidos pelo sertanejo

diversos lugares da região e interior de São Paulo, passando também por estados como Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal, Goiás e Santa Catarina.

Já participaram de eventos com grande público como o Aniversário de São José do Rio Preto e a Festa Junina de Mauá em 2010. Em outras oportunidades dividiram o palco com artistas famosos como Cezar Menotti e Fabiano, Edson & Hudson, Rio Negro e Soli-mões, Marcos e Belutti, entre outros.

Como inspiração para as composições, André Mello ouve desde João Mineiro e Marciano até duplas como Chitãozinho e Chororó, além das mais recentes. Para Diego a raiz caipira é inquestionável. “Meu pai sempre escutou moda de viola”, revela.

Embora façam aquilo que gostam, a dupla assume que a maior dificuldade da carreira é a instabilidade financeira, que impede de ter total controle dos ga-nhos do fim do mês. E tal qual o ditado quem não é visto não é lembrado, André Mello e Diego prometem conquistar cada dia mais fãs em todo o Brasil.

Mario Cortivo

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Reduto da cultura popular brasileira, São Luiz do Pa-raitinga é ponto de equilí-

brio entre o lazer agitado do Lito-ral Norte e trabalho constante do Vale do Paraíba, que conecta São Paulo e Rio de Janeiro. Às mar-gens da rodovia Osvaldo Cruz, que liga Taubaté a Ubatuba, a

A cidade que muito lembra as mineiras históricas, com ladei-ras e casarões do século XIX, se enche de alegria e serpentina. A média anual é de 450 mil turis-tas, dos quais, um terço visita a cidade só no Carnaval. Para em-balar a folia, a cidade organiza concurso de marchinhas. Nada

T URISMO

cidadezinha merece atenção, uma vez que harmoniza manifes-tações folclóricas, música e arte-sanatos. Durante o Carnaval, as ladeiras de paralelepípedo são tomadas por blocos de marchi-nhas e foliões que buscam apro-veitar o velho e tradicional feste-jo de rua.

Mamãe eu quero

São Luiz do Paraitinga mantém raiz carnavalesca e é destino dos amantes de marchinhas

Liora Mindrisz

de funk ou samba enredo. Du-rante cinco dias em São Luiz só se pula ao som do Allah-lá-ô.

A cidade possui mil leitos em pousadas e mais de duas mil va-gas em camping. Mas a grande procura é pelas mais de 500 ca-sas que são alugadas para tem-porada. Comissão de Carnaval com representantes da prefeitu-ra, comércio, blocos e bandas, da comunidade e da rede hoteleira é montada para planejar o even-to e receber o grande número de turistas. Além disso, a estrutura não deixa ninguém passar fome. São Luiz possui 10 restaurantes,

mas durante o evento é montada praça de alimentação para com-portar o grande fluxo de visitan-tes.

O apreço pela tradição é tan-to que este ano, com patrocínio da Skol, um mal entendido deu o que falar. A divulgação de pro-paganda da cervejaria informan-do que levaria a uma área vip no Carnaval grupos de funk, pagode e até o DJ francês Bob Sinclar, rendeu manifestações na inter-net. Contudo, a Comissão de Car-naval vetou a descaracterização da festa de marchinhas e a Skol irá remanejar as atrações para

outras cidades para se adaptar à tradição. O caso não passou de um susto.

dESaStrE natUral

A grande enchente do rio Pa-raitinga no verão de 2010 que impediu os festejos do Carna-val, inundou a cidade mais uma vez este início de ano. “Vários conceitos foram mudados após a enchente. Ocorreram muitos investimentos na infraestrutura local e São Luiz vem se transfor-mando em uma cidade mais pre-parada para o futuro, consolidan-do o novo ciclo econômico com foco no turismo, no qual possui como produto a cultura local e o meio ambiente”, conta o diretor de Turismo, Eduardo de Oliveira Coelho.

“Na parte cultural, principal-mente a imaterial, nada foi alte-rada mantendo a tradição das marchinhas carnavalescas. Mas após as enchentes novos espa-ços foram criados como a praça de eventos e o espaço do merca-do municipal e este ano estamos inovando com apresentação dos blocos de carnaval durante o Fes-tival de Marchinhas, que aconte-ce antes do carnaval”, conclui.

Coelho relaciona a alavanca-da com o apoio dos turistas e das administrações públicas. O diretor de Turismo relembra que na época houve muita doação de produtos e até de mão de obra dos visitantes da cidade, que aju-daram na limpeza e na recons-trução. “São Luiz vem se recu-perando da catástrofe em tempo recorde graças à solidariedade do povo brasileiro e aos investi-mentos dos governos federal e estadual, o que projetou a cidade como modelo de reconstrução”.

EM Maio tEM MaiS

Quem perder a oportunidade

Divulgação

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de curtir o Carnaval deste ano, ainda tem mui-tas possibilidades em São Luiz. Outra grande fes-ta popular agita as ladeiras e casarões luisenses em maio. “A Festa do Divino Espírito Santo dura 10 dias e o público pode chegar a 80 mil. O Carnaval é o maior evento da cidade em termos de público, mas a Festa do Divino possui uma tradição de mais de 200 anos”, revela o diretor de turismo. Este ano, a celebração acontece de 18 a 27 de maio.

O calendário festivo é rico, tem ainda a Festa do Saci, de 26 a 28 de outubro, o Arraiá do Chi PulPul durante as festividades juninas nos dias 08, 09 e 16 de junho, além da Festa da Cozinha Caipira de 3 a 5 de agosto, e a Festa de Santa Cecília, de 22 a 25 de novembro.

Mas nem só de música, artesanato e comida é feito o turismo de São Luiz. Facilmente nota-se a beleza natural que envolve a cidade por todos os lados. Por isso ainda há opções de turismo rural, visita a cachoeiras, as fazendas históricas, alam-bique, além dos esportes radicais como o rafting, passeios de bike, passeios a cavalo e passeios off--road. Há também seis roteiros rurais sinalizados e a opção do Parque Estadual da Serra do Mar Nú-cleo Santa Virgínia, que conta com mais de cinco trilhas pela Mata Atlântica, com grande procura por observadores de aves.

raÍZES da folia EM rECifE E olinda

Se quer fugir do samba, axé e funk no Carnaval e ir em busca da rica tradição pernambucana – re-sultado da mistura das tradições afro-brasileiras,

indígena e européia - deve passar pela experiência de conhecer a festa realizada todo ano em Recife e Olinda. As opções são inúmeras e a sensação é de que seria necessário mais de cinco dias de folia para dar conta de tanta festa. Enquanto as ladei-ras de Olinda abrigam blocos de frevo, caboclinhos, afoxés e maracatus, Recife Antigo recebe também grandes shows de música popular brasileira.

Não deixe de participar no sábado do bloco do Homem da Meia Noite, marco do carnaval de Olin-da, e do Galo da Madrugada, cartão postal da fo-lia recifense e registrado no Guinness Book como maior bloco de Carnaval do mundo. Este ano os ho-menageados do Carnaval de Recife são o percursio-nista Naná Vasconcelos e o fotógrafo Alcir Lacerda.

ConfEtES E SErpEntina naS rUaS CarioCaS

Mundialmente conhecido pelas escolas de sam-ba que apresentam grandes espetáculos na Sapu-caí, o Rio de Janeiro não fica para trás em termos de Carnaval de rua. Mais de 400 blocos tomam as ruas da zona sul e Centro da capital carioca, que atraem turistas à procura de uma folia democrática. O Cordão da Bola Preta é sinônimo de tradição que data de 1918. O mais antigo bloco de rua do Rio sai sempre no sábado de Carnaval e conta com parti-cipação até de famosos que trocam o glamour dos camarotes pela tradição das marchinhas. Depois do desfile que começa às 9h, a festa continua com bai-le carnavalesco, macarronada e muita serpentina na sede do Bola Preta, que fica na esquina das ruas da Relação e Lavradio, no centro da cidade.

A melhor costela com mandioca do ABC. É com este slogan que a Adeja Itajaí, em San-to André, convida os cliente a experimentar

o carro-chefe da casa. Se a afirmação é verdadei-ra, melhor é experimentar. O prato é realmente muito saboroso. Servida com farofa, vinagrete e dois molhos especiais, a carne seca tem sabor di-ferenciado porque é feita a partir de corte especí-fico. “Selecionamos apenas as três ripas de baixo, pois é a parte mais macia e saborosa da costela”, revela Tenório, um dos sócios.

Temperada apenas com sal grosso, a carne é embrulhada em papel alumínio, fica no bafo de 8 a 12 horas, dependendo da temperatura ambien-te. A peça não fica diretamente na churrasqueira, pois, dessa forma, a gordura derrete, eliminando o sabor da iguaria. A porção servida na Adega leva no mínimo 1,2 quilos de costela, suficiente para até cinco pessoas.

Muito macia, a carne fica ainda mais gostosa quando regada os molhos preparados pelo pró-prio Tenório. Um à a base de maionese e alho e o outro, preparado com tomates e ervas, com pitada de pimenta.

Para acompanhar a costela, além de outras

porções, como galeto na brasa e maminha na manteiga, a Adega Itajaí dispõe de boa carta de cervejas. As que chamam mais atenção são Serra Malte, a uruguaia Norteña e as artesanais Balmann, produzidas em Santo André, nas ver-sões Pilsen (tradicional de baixa fermentação), Weiss (de trigo) e Pale Ale (fermentação diferen-ciada e maior teor alcoólico).

Frequentada por público diferenciado, a casa dispõe de três ambientes distintos: interno, ex-terno e aconchegante mezanino. “Tivemos que fazer várias reformas para deixar a Adega do jei-to que queríamos, e penso que conseguimos”, garante Tenório, que adquiriu o ponto em 2009, em sociedade com seu cunhado Marco Matias, dando outra cara para o local.

No bafo e na brasa

Adega Itajaí, em Santo André, oferece delícias em

quantidades generosas

João Schleder

SERVIÇO

Adega ItajaíRua Itajaí, 509 – Jd. Paraíso, Santo AndréTelefone: 4426-2789

Divulgação Divulgação

GASTRONOMIA

Mario Cortivo

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GASTRONOMIA

O design gráfico Demétrio Teixeira deixou a cria-ção para comandar o boteco da família depois que o pai, José Teixeira, o famoso Portuga, fa-

leceu em 2010. A queda total do teto, nos primeiros meses da nova gestão foi sinal determinante para reformular o bar, inaugurado em 1996. A origem por-tuguesa foi a base para o antigo Flor da Benedetti se tornar Quinta do Portuga. “Meu pai era muito querido pelos clientes, mesmo com o jeito turrão. Em Portu-gal, quinta significa pequena propriedade. O nome é uma homenagem aos mais de 30 anos de experiên-cia do meu pai atrás do balcão”, conta.

A tarefa não foi fácil. Nos cinco meses de reforma,

Shayane Servilha

Delícia, ó pá!Quinta do Portuga traz sabores da terra mãe com simpatia brasileira

Demétrio teve o trabalho de aprender as receitas do pai, que foram premiadas no Festival de Comida de Botequim de Santo André de 2001 a 2008. “Ele não deixou nenhum modelo de receita. Foram feitas de várias formas até chegar ao nosso cardápio, mas até hoje aperfeiçoo para chegar à original. É um desafio continuar com o negócio da família”, diz.

Se no começo a antiga clientela do Portuga ficou arredia com o novo proprietário, hoje volta e aprova os novos sabores de croquetes, que são especiali-dade da casa. “O bolinho de jabá está tão gostoso quanto o do Portuga. E o novo cardápio traz mais opções, então não tem mais aquele ar de boteco só para beber. Ficou um bar com culinária de primeira para reunir a galera”, confessa o cliente fiel Ronaldo Pereira.

Cardápio repaginado e decoração também atraí-ram novos públicos. “A feijoada típica brasileira e o mexidão português, servido com arroz, feijão branco, bacalhau, brócolis, couve, ovos e cebola, constam das novidades. Assim conseguimos manter parte da antiga clientela, mas também atrair novos clientes, que hoje são formados praticamente por famílias, amigos e casais”, diz Demétrio.

Da cozinha ainda sai bacalhau à portuguesa, preparado com lombo de bacalhau cozido, brócolis, cebola, cenoura, couve e pimentão, grelhados com azeite, acompanhado de pão e creme de alho. Para completar a degustação, o Quinta tem carta de cer-vejas importadas, como a alemã Hofbräu Original e a britânica Fuller’s. Os doces portugueses também merecem atenção, como o pastel de Santa Clara, quitute de massa folhada com recheio de gemas.

SERVIÇO

Quinta do PortugaAvenida Dr. Alberto Benedetti, 301, Vila Assunção - Santo André. Funcionamento: De terça a sexta das 16h às 24he sábados das 12h às 22h.

Chef Denise Guershman traz para região nova percepção de sabores e ensinamentos de Alex Atala

Assim como no mercado da moda, a assinatura de pro-fissional da gastronomia é

grife disputada por restaurantes e bistrôs, que investem em chefs atentos às tendências que modu-lam paladares exigentes ao redor do mundo. Depois de estagiar e trabalhar com o renomado Alex Atala e passar por diversos res-taurantes no Brasil e na Europa, a andreense Denise Guerschman encara o desafio de combinar sa-bores na confecção de pratos do recém inaugurado Seu Figa, no bairro Jardim, em Santo André.

A experiência de anos na No-ruega, país com variedade de peixes e frutos do mar, inspira a paixão da chef por pescados e a decisão de não mascarar o real sabor dos alimentos com muitos temperos. “Não deve demorar para que técnicas e ingredien-tes brasileiros sejam tendência na gastronomia mundial, assim como ocorreu com a nouvelle cousine francesa e, há pouco tempo, com a gastronomia mo-lecular dos chefs espanhóis”, defende. Ensinamentos de Alex Atala serão para o resto da vida: o simples, se tratado como deve,

Gabi Bertaiolli

pode ser único, tanto para ingredientes e pratos, como para as pes-soas.

No leque de opções do Seu Figa, o prato que obteve mais acei-tação do público foi o Lampião e Maria Bonita: pastéis feitos com massa de pizza assados no forno à lenha, recheados com bacon, ma-minha e calabresa e os queijos mussarela, parmesão, provolone e gorgonzola. “Outro que se destacou, para minha surpresa, foi a pizza de taco, com iscas de filé mignon temperados e nachos, acompanha-dos por guacamole e sour cream”, conta. Os desafios não param por aí: Denise está inovando o cardápio da Confraria Jardim. “Teremos uma comida de boteco diferenciada”, garante.

CoMEr CoM oS olHoS

Quando retornou ao Brasil, em 2010, Denise fez curso de Foto Gour-met na Escola Panamericana de Artes, que a tornou profissional ainda mais completa. Atualmente, faz produção de fotografias e montagem de pratos para restaurantes, revistas, livros e grandes empresas.

Grife gourmet

Gringo: filé de frango marinado na cachaça, purê rústico de batatas com alho confit e tomates verdes fritos

Bruschetta Macadâmia:pão italiano, queijo brieaquecido, macadâmias e mel de laranjeiras

Divulgação/Denise Guerschman

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POLÍTICA

Assim que a Câmara de Santo André aprovar a reforma administrativa proposta pelo prefeito Carlos Grana, o presidente do Sindicato dos

Metalúrgicos de Santo André e Mauá, Cícero Marti-nha, começará a por em prática as políticas voltadas à classe trabalhadora. O sindicalista irá assumir a Secretaria de Trabalho e Renda, que será desmem-brada da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. “Vamos seguir o Plano de Governo, cuja proposta é mostrar para o mercado investidor que Santo André vale a pena e assim fomentar a geração de emprego e renda”, diz Martinha.

A determinação de seguir os ditames do Plano de Governo não será impedimento para Martinha levar para a administração petista a experiência acumu-lada em anos de militância sindical. “É imprescin-dível manter banco de dados atualizado, bem como fomentar a qualificação com plano de formação, es-pecialmente de jovens, de modo a responder com responsabilidade às novas demandas de mão de obra”, afirma o futuro secretário.

A educação profissional é componente essen-cial de novo padrão de relações capital-trabalho e consta como elemento essencial para o resgate da cidadania. O empenho de algumas empresas na qualificação de empregados, intima o poder públi-co a zelar pelos que sobrevivem na informalidade e sobram da modernização. A disposição é assegurar interface ajustada com as ações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, além de outras pastas a fim de integrar os vários setores da sociedade civil, inclusive o movimento sindical. “O poder público tem de intervir na fiscalização do ambiente de trabalho e assim dignificar as condições de produção de rique-zas”, defende.

Tuga Martins

Trabalho nas mãos do trabalhador

Cícero Martinha aguarda reforma administrativa para assumir o que faz melhor: zelar pelas relações capital e trabalho

O papel também cabe às Delegacias do Traba-lho e Martinha promete empenho na condução da campanha Trabalho Decente da Organização Inter-nacional do Trabalho (OIT). “As políticas voltadas à geração de emprego e renda foram atrofiadas pela gestão anterior e teremos de levantar o impacto cau-sado no mercado local”, adianta Martinha.

O ex-prefeito Aidan Ravin desativou o Centro de Atendimento Público que funcionava há cerca de 10 anos nas instalações do sindicato. “Na época justifi-cou dizendo que abriria um na Vila Luzita. Abriu, mas logo fechou”, testemunha o sindicalista, e continua: “Trabalhador nunca foi prioridade do governo ante-rior e nosso desafio é modernizar as relações de tra-balho na cidade, superando sob vários aspectos, he-ranças do populismo e do período de total descaso”.

Mario Cortivo

POLÍTICA

Professora da Faculdade de Medicina do ABC, socióloga, escritora, feminista, uma

das fundadoras do movimento Fe-minina de Santo André e mãe de Lucas de 19 anos, Silmara Con-chão agora também é secretária da nova pasta de Políticas para Mulheres, que integra a reforma administrativa do governo Carlos Grana. “São duas décadas de luta do Movimento das Mulheres em Santo André concretizadas com o Grana. Nós precisávamos que essa área tivesse status de primeiro escalão. Se não, a gen-te não consegue organizar ações

Shayane Servilha

Mulher andreense em primeiro lugar

Nova Secretaria de Políticas para Mulheres de Santo André é pautada pela vida feminina

incisivas para a promoção e igual-dade de gênero”, diz Silmara.

E não é apenas nas remedia-ções, como a Lei Maria da Penha, que a nova secretária pretende desenvolver ações. Silmara des-taca trabalho em conjunto com o setor de educação. “Precisa-mos potencializar agenda com professores para rever valores culturais. Nós, mulheres, reprodu-zimos conceitos machistas e pre-cisamos rever isso o tempo todo para não ensinarmos às crianças. Caso contrário será ciclo sem fim”, argumenta.

A secretária vai além e tam-bém pretende debater racismo e homofobia na cidade. “As rela-ções abusivas de poder são an-tônimo da democracia. Não po-demos viver em sociedade onde algumas vidas valem mais que outras. A secretaria vai ter esse tom, igualdade para todos. Temos que ter mudança de paradigma para que essa igualdade seja al-cançada. O combate à violência é o mínimo que podemos fazer”, fala.

Silmara Conchão participou da primeira gestão do ex-prefeito Celso Daniel na Assessoria dos Di-reitos da Mulher. “Todas as vezes que o Partido dos Trabalhadores não estava no poder, as mulheres tiveram participação ínfima. Hou-

ve retrocesso, pois os atendimen-tos das mulheres na delegacia da mulher foram fragilizados, per-demos a Casa de Apoio. Os mo-vimentos reivindicaram junto ao ex-prefeito e nada foi atendido”, lamenta.

Como assessora na gestão de Celso Daniel, em 2001, foi o prêmio internacional Dubai de Melhores Práticas do Mundo, no qual concorreu com 554 projetos de diversos países. “Tínhamos atuação muito forte nos projetos de habitação popular. Não éra-mos do setor de moradia, mas da área social. Fortalecíamos a liderança feminina, combatíamos a violência contra a mulher. O im-pacto disso na vida e na moradia foi enorme”, conta.

Em Santo André, 52% da po-pulação são mulheres. Embora a participação da mulher tenha au-mentado nos últimos anos, ainda não é maioria. “Sem dúvida, que conquistamos espaços na socie-dade, mas ainda somos desiguais social e economicamente. Na po-lítica, por exemplo, temos apenas duas vereadoras na cidade. A mulher precisa sair do lugar de oprimida. Só há opressor porque há o oprimido. Quando o oprimido se organiza, participa e se fortale-ce, a gente acaba com a ação do opressor”, afirma Silmara.

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Na estreia do Campeonato Paulista A2, o Ramalhão garantiu vitória com gol de

Willian Xavier aos dois minutos do primeiro tempo contra o Velo Clube. Na arquibancaba, um novo torcedor pé quente: o prefeito Carlos Grana, que surpreendeu o público dançando e cantando com a torcida organizada debaixo de chuva. Orgulhoso pela vitória, Grana acredita que trabalho do clube em conjunto com políticas públicas levará o time à Série A1. “Temos determinação grande em recolocar o time da cidade no fu-tebol de elite, como foi ano pas-sado. Para isso, é necessário que o time e a cidade façam trabalho em equipe. Nós, em 22 dias co-locamos o estádio de acordo com as normas da Federação Paulista de Futebol e os atletas treinaram forte para os jogos”, diz.

Gramado, sanitários, sistema de irrigação, manutenção, preo-cupação com acessibilidade e re-forma do elevador que dá acesso à arquibancada foram adequados para o primeiro jogo. Mas o prefei-to tem pé no chão e mais planos

Shayane Servilha

Amuleto da sorte

Cruzem os dedos, Carlos Grana foi ao estádio e torceu na estreia vitoriosa do Ramalhão

para o estádio Bruno Daniel. “O estádio passará por mais fases de reformas. Vamos ampliar o núme-ro de lugares para o público para 15 mil, com isso jogos em outras categorias também poderão ser realizados no estádio. Também teremos cobertura e construção de novos vestiários”, detalha o prefeito.

Melhor organização dos pro-jetos está diretamente vinculada ao desmembrado da Secretaria de Cultura até abril. “Com uma Secretaria apenas para Espor-te, Lazer e Recreação, o esporte

Bate-bolaMelhor jogador: De todos os tempos? Com certeza o Pelé.Goleiro: Pela história no clube e de vida, o Marcos do Palmeiras

não tem para ninguém.Treinador: Ele é polêmico, mas gosto de Vanderlei Luxemburgo. Jogo inesquecível: Final do Campeonato Paulista entre Santos

e Ponte Preta, na Vila Belmiro, em 1981.Estádio modelo: Conheço poucos, mas acredito que depois da

reforma o Maracanã será o mais completo.Time: Santos, mas com uma ressalva: hoje meu coração é divi-

dido com o Santo André.

amador também será agraciado. O esporte na terceira idade, que também é questão de saúde pública, deve ser contemplado porque os mais velhos merecem uma qualidade de vida melhor”, adianta.

O comando da nova pasta fi-cará a cargo da ex-atleta Marta de Souza Sobral, formada pelas categorias de base de basquete da cidade. “Não tenho palavras para descrever como é maravilho-so poder contar com uma atleta como a Marta em nossa gestão”, elogia.

Diego Barros

A fim de romper padrões populistas que lidera-ram os eventos culturais da última gestão, o novo secretário de Cultura de Santo André,

Raimundo Salles, está disposto a valorizar a produ-ção local. O advogado, que teve 13,42% dos votos na corrida pelo cargo do Executivo pelo PDT, diz que não vê sentido em custear grandes eventos e afir-ma que irá fazer política cultural de uma nova forma. “Acho que essa gestão da cultura tem um novo enfo-que: fazer diferente para ter resultados diferentes”.

A mudança de paradigma é a primeira ação no cargo. “A Secretaria de Cultura deve deixar de ser a fomentadora de grandes eventos. Entendemos como política de cultura a ideia de que pequenos movimen-tos na área cultural sejam tão ou mais importantes quanto os mega eventos. Na gestão passada, o con-ceito era diferente: grandes festas de brega e serta-nejo para grandes movimentações de pessoas. Dis-cordo na atitude de acarrear quase 1,5 milhão para shows e deixar a produção local à míngua”, defende.

O diálogo com a produção artística local já está aberto e será constante. “Nós já temos ouvido a sociedade civil e certamente iremos fazer gestão voltada para o futuro, sem o ranço anteriormente existente de afastar a iniciativa privada das ações culturais”, detalha. E é a iniciativa privada a grande parceira que o novo secretário busca. “As parcerias público privadas cabem em tudo. Temos lei de in-centivo fiscal à cultura, mas a produção cultural não pode estar engessada em ação governamental, nem

Liora Mindrisz

ser dependente de recursos públicos. Na França apenas 16% da produção tem participação do Es-tado. Nós imaginamos que temos de ser balizador, mas não tutelar a cultura”, argumenta.

roCk E CanJa

O secretário de Cultura já firmou parceria privada para manutenção de 18 monumentos da cidade e se empenhou em reinventar duas ações dos antigos governos petistas. “Vamos reconquistar projetos que se perderam no decorrer do tempo, mas que eram exitosos, como Rock’n Rua, que agora volta com uma parceria com a Rádio 89.1, e o Canja com Can-ja, que terá a venda da canja por parceiro”, revela.

Animado com as possibilidades, Salles diz que não teria aceitado comandar nenhuma outra secre-taria e aprova o desmembramento cultura e espor-tes. “Acredito que a cultura tem um peso político mui-to grande e merece atenção especial”, diz e continua: “Tenho relação com a cultura como administrador público, professor universitário, e escritor, uma vez que tenho três livros publicados. Quem foi candidato a prefeito de Santo André tinha de estar preparado para qualquer coisa. Acho que andei por Santo André e conheço a cidade o bastante para assumir essa res-ponsabilidade. Eu tinha diagnóstico das campanhas eleitorais que eu participei, mas o que me balizou fo-ram justamente os planos de governo do PDT e do PT. Isso será cumprido à risca”, garante.

Sai populismo,entra iniciativa privada

Secretário de Cultura quer investir na produção local com PPPs

P OLÍTICA

Mario Cortivo

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Existe descompasso brutal entre o avanço da indústria da construção civil nos últimos anos e as condições de trabalho nos canteiros de

obra em todo o país. O setor está mais vulnerável por conta das contratações em massa para atender o cronograma enxuto das obras da Copa do Mundo de 2014 e do Programa de Aceleração do Cresci-mento (PAC2). Isso sem considerar o aquecimento da economia, que naturalmente impulsiona o mer-cado privado da construção.

Falta de segurança, higiene, acomodações, ali-

Tuga Martins

Por trás dos tapumes

CAPA

Indústria da construção expõe descompasso entre avanço do setor e precárias condições de trabalho

mentação, transporte, bem como pouco tempo para ficar com a família e informalidade configuram cenário de verdadeira exploração de mão de obra, praticamente invisível aos olhos da sociedade. Se a precariedade generalizada nos canteiros de obra insulta mínimos direitos humanos, a desigualdade salarial insiste em expor o Brasil de contrastes, ró-tulo que os governos Lula da Silva e Dilma Rousseff primam em dissolver por meio de políticas de equi-dade social e programas de incentivo ao desenvol-vimento nacional.

Em 2012, mais de 500 mil trabalhadores do setor partici-param de paralisações. O dado foi divulgado pela Federação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (Fenatracop), cujo estudo apurou que grande parte das mobiliza-ções foi causada tanto por desi-gualdades salariais, como pela busca de melhores condições no ambiente de trabalho.Trabalha-dores da indústria da construção civil e pesada da região centro--sul do país ganham 30% a mais do que os do norte-nordeste. Enquanto um pedreiro do Está-dio do Corinthians em São Paulo recebe em média R$ 1,3 mil, o da Arena Pernambuco ganha R$ 800. A relação para o soldador

é de R$ 2,2 mil para R$ 1,5 mil. “Somente as más condições de trabalho igualam a luta da cate-goria”, dispara o presidente da Fenatracop, Wilmar Gomes dos Santos.

Julho de 2012 surpreendeu positivamente a construção ci-vil com a contratação líquida de 25.433 pessoas, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Se o nível de contratação impressiona pela quantidade, preocupa quan-to à qualidade, uma vez que 80% dos trabalhadores são admitidos na função de ajudante ou ser-vente. “O que observamos é que são profissionais sem capacita-ção ou, em caso pior, com expe-riência, mas submetidos a rebai-xamento salarial e que sofrem pressão para o cumprimento de serviços para os quais não estão preparados”, afirma o presiden-te do Sindicato da Construção e do Mobiliário de São Bernardo e Diadema (Sinstracom SBC-DMA), Admilson Oliveira. Para cada dois operários capacitados, oito são desqualificados para a função.

De janeiro a dezembro de 2012, dos 7.174 trabalhadores contratados em São Bernardo em empregos formais, 2.013 permaneceram nos empregos, ou seja 28% de saldo positivo. O menor salário médio na cons-trução foi de R$ 862,54 pagos aos recepcio-nistas. Cerca de três mil serventes foram contra-tados na cidade em 2012 por R$ 928,28 de salário médio. Já os 873 pedreiros contratados re-ceberam média de R$ 1.177,54, no mesmo período. “O que perce-bemos é que a cada profisisonal contratado, dois são serventes”, avalia o presidente do Sintracom SBC-DMA.

ConiVênCia

O vínculo dos trabalhadores firmado com a obra e não com as empresas é endossado pelo INSS (Instituto Nacional do Ser-viço Social) que mudou o modelo de recolhimento, criando o Ca-dastro Específico do INSS (CEI), para empresas e equiparados desobrigados de inscrição no CNPJ ou que ainda não a tenham efetuado e toda obra de cons-trução civil. “Com isso, as obras recolhem o benefício por metro quadrado e não precisam elen-car os trabalhadores”, lamenta Admilson Oliveira.

Em obras públicas, a precari-zação é consequência do preço jogado para baixo pelas constru-toras, que depois de ganharem a concorrência, repassam o aperto orçamentário para os trabalha-dores. Em empreendimentos pri-vados, o sucateamento dos direi-tos trabalhistas garante gorduras na margem de lucro. Para se ter ideia, em 2010 o grupo econômi-co Odebrecht teve o maior lucro no Brasil: R$ 2,7 bilhões. Ape-sar de ser um dos maiores gru-pos econômicos do país, grande parte dos recursos vem do setor público e não de investimentos privados.

O grande salto da Odebrecht

se deu entre 2009 e 2010. Em-presas ligadas ao grupo, com sede em Salvador, na Bahia, fecharam acordos estratégicos com empresas e fundos ligados ao governo. O maior foi com o Fundo de Investimento do FGTS (FI-FGTS), administrado pela Cai-xa Econômica Federal, que inje-tou quase R$ 3 bilhões em

Pedreiro do Estádio do Corinthians em São Paulo recebe em média R$ 1,3 mil, o da Arena Pernambuco ganha R$ 800

Mario Cortivo

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projetos liderados pelo grupo Odebrecht. Quando comparamos a média salarial da Odebrecht com as outras empresas do se-tor, observamos o primeiro lugar em lucro, entretanto, ocupa a quarta posição em média sala-rial paga aos funcionários, atrás da Andrade Gutierrez, da Galvão Engenharia e da Camargo Cor-reia, que tiveram percentuais de lucro muito menores.

“As obras do PAC estão empa-cadas, ora por questões do go-verno e ora por legislação am-biental”, dispa-ra o presidente do Sintracon SP e deputado estadual Antonio de Sousa Ramalho. A Capital regis-tra 370 mil em postos formais e o estado de São Paulo, 1,2 mi-lhão. “O Ministério do Trabalho está sucateado e não tem fôlego para acompanhar a expansão do setor”, diz. O dirigente sindical cobra o pacto assinado pelo go-verno federal com as federações para tratar de obras públicas e que não saiu do papel. “Tanto que as greves continuam”, justi-fica.

Inseguros e insalubres, al-guns canteiros de obras públicas não têm sequer papel higiênico. Muitos trabalhadores são atraí-

dos de outros estados e acabam submetidos a condições sub--humanas. “O trabalhador lida com materiais que podem estar contaminados por urina de rato e parece que o empregador vê trabalhador como algo descartá-vel”, lamenta Ramalho.

Se por um lado as previsões de crescimento do setor em 2013 animam, por outro preo-cupam. Vinte uma equipes do Sintracon SP visitam diariamen-te canteiros de obra. “São mais

Braços cruzados

Na construção da Usina Hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira, em Porto Velho (RO), 18 mil trabalhadores pararam por duas semanas por reajuste salarial de 30%, cinco dias de folga a cada 70 dias trabalhados (atualmente, a folga é dada a cada 90 dias corridos de trabalho), aumento da cesta básica de R$ 170 para R$ 350, plano de saúde gratuito extensivo a familiares, aumen-to dos adicionais de periculosidade e insalubridade, melhores condições de segurança e saúde. A obra é executada pela Ca-margo Corrêa e pela Enesa Engenharia Ltda.

Em solidariedade ao pessoal de Jirau, que peitou a decisão da Justiça, os 12 mil trabalhadores da obra de construção da Usina Hidrelétrica Santo Antonio, também em Porto Velho, deci-diram cruzar os braços.

Operários da Andrade Gutierrez da Arena Amazônia, em Ma-naus (MA), também cruzaram os braços em 2012 por não con-cordarem com supostos desvios de função, salários inferiores ao piso da categoria, e não pagamento de horas extras.

Trabalhadores do estádio do Beira Rio, que sediará os jogos da Copa do Mundo na cidade de Porto Alegre (RS), entraram em greve por aumento salarial de 15 % e condições da alimen-tação e dos alojamentos. Em Arena Dunas, cerca de 1,5 mil trabalhadores conquistaram 12% de aumento após dois dias de paralisação.

Em São Roque do Paraguaçu (BA), três mil trabalhadores das obras de manutenção e construção da plataforma da Petrobras, com data-base em 1º de março, pararam por 15% de reajuste; cesta básica de R$ 300; adicional de 100% sobre as horas ex-tras de segunda a sábado e de 130% aos domingos e feriados; Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) equivalente a 600 horas de trabalho; e piso salarial de R$ 980 para ajudantes, entre outros itens. Também foram registradas paralisações em grandes obras no Ceará, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro.

de 10 mil canteiros, mas o site da prefeitura aponta 60 mil alva-rás”, dimensiona. A conduta é de tolerância zero para irregularida-des de segurança. “Não damos mais prazo para o que está na lei e na convenção coletiva”, diz o presidente do Sintracon SP, que chegou a parar 10 obras de uma mesma construtora. A conclu-são foi que a paralisação causou prejuízo de R$ de mais de 100 milhões e que para cumprir os quesitos de segurança gastaria apenas 20% do valor. “Canteiros inadequados são consequência de ganância”, dispara.

Outra economia medíocre

praticada recai na folha de paga-mento uma vez que alguns em-preiteiros reduzem em até 70% o valor de uma obra às custas do trabalhador. Um terço dos salá-rios é legal e dois terços são pa-gos por fora e não incidem sobre os benefícios trabalhistas. O Sin-tracon SP contratou quatro escri-tórios de advocacia para tratar especificamente da questão das tarefas. “Em apenas um há acú-mulo de 600 audiências para 2013”, diz Ramalho. Os custos vão de R$ 15 mil a R$ 850 mil cada caso. “Os depósitos são fei-tos por fantasmas e o trabalha-dor corre risco de ser acusado de sonegação de imposto de renda porque não tem como provar a origem do dinheiro”, alerta o sin-dicalista.

O movimento sindical defende equidade no setor. As construto-ras ainda não deram conta da nova realidade do país. Se antes o trabalhador fazia de tudo para não ser demitido, hoje não hesi-ta em defender salário. A mão de obra se tornou escassa graças à migração para outros setores, entre 1980 e 1990, por causa da estagnação.

Com a virada em 2002, quan-do o país passou a receber gran-des investimentos em infraes-trutura, o setor da construção civil saltou de dois milhões de trabalhadores em 1990 para cin-co milhões em 2012. “O desafio é acabar com a informalidade, que atinge 52% da categoria”, diz Admilson Oliveira. Vale lem-brar que o setor é dominado por cerca de 12 grandes empresas e que a subcontratação é um dos grandes problemas do se-tor. Ao terceirizar os serviços, a construtora perde de vista o que ocorre com os trabalhadores e desconhece as reais condições existentes nas obras. A Fenatra-cop defende o Contrato Coletivo Nacional para o setor, garantin-do pisos profissionais nacionais com benefícios isonômicos entre as obras das mesmas contratan-tes, como Petrobras, Eletrobras, DNIT entre outras. “Embora haja diferenças de até 30% entre obras em relação ao Sudeste, os preços dos projetos são nacio-nais e financiados pelos recur-sos públicos por meio do FGTS, FAT, BNDES e Caixa Econômica Fede

Custos com ações trabalhista contra as conhecidas tarefas vão de R$ 15 mil a R$ 850 mil cada caso

Admilson Oliveira: 7.174 trabalhadores contratados

Paralisações: 500 mil trabalhadores cruzaram

os braços em 2012

Geovã Brito: fiscalização e nenhum acidente fatal em Santo André

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Antes de entrarem campo

Os sindicatos russos de trabalhadores da construção deram os primeiros passos em direção ao Trabalho De-cente nas obras para a Copa de 2018. Líderes sindicais se encontraram em dezembro de 2012 em Moscou com o apoio da ICM e da OIT, visando criar fóruns de discussão política nos projetos de construção em 11 cidades-sede.

Os programas preveem combater o tráfico de seres humanos e trabalho forçado, bem como mapeamento inicial das 11 regiões anfitriãs, com informações sobre as fontes de financiamento e o perfil das empresas contratadas e cam-panha por zero acidentes nos projetos de construção para a Copa.

Acordo Coletivo Nacional

*Piso mínimo salarial para o trabalhador da indústria da construção e outro para a Montagem Industrial

*Cesta básica ou ticket ali-mentação no valor de R$ 300

*Participação nos Lucros e Resultados (PLR) equivalente 440 horas

*Implementação de Plano de Saúde de forma gratuita

*Pagamento de horas-ex-tras de 80% de segunda a sex-ta, 100% sábados e domingos e 150% nos feriados; 50% de adicional noturno.

*Contrato de experiência admitido somente no primeiro emprego e com o prazo máxi-mo de 30 dias.

*Concessão de folga fami-liar de cinco dias a cada 90 trabalhados

*Existência de Represen-tação Sindical de Base nas obras com estabilidade

*Saúde e segurança no tra-balho como prioridade

*Garantia de não-discrimi-nação dentro do trabalho.

*Além disso, o documento estabelece a necessidade de contrapartidas sociais como: recolhimento de INSS durante o Seguro Desemprego; Criação de uma Mesa Nacional Tripar-tite de Combate a informalida-de e os Contratos Precários; criação do Sistema “S” Servi-ço Nacional de Qualificação e Ação Social do setor da Cons-trução de forma tripartite e pa-ritária; e deverão ser atreladas contrapartidas sociais aos re-cursos públicos do BNDES e do FGTS utilizados por empre-sas privadas.

ral, e contratados por empre-sas nacionais que maximizam os lucros com as diferenças re-gionais de salários”, defende a entidade.

Em busca da redução das de-sigualdades salariais e proble-mas nas condições de trabalho, os representantes da bancada dos trabalhadores na mesa tri-partite da construção apresenta-ram proposta de Acordo Coletivo Nacional no fim de 2012, a qual propõe um piso salarial mínimo nacional unificado (veja box).

O aumento de obras entre 2008 e 2012 chega a 60% em Santo André. A contrapartida é a degradação do ambiente de tra-balho. “Obra há quatro anos com 200 operários, vestiários, refeitó-rios e banheiros, hoje é feita com 100 trabalhadores em condições

piores”, afirma o secretário Geral e Administrativo do Sindicato da Construção Civil de Santo André (Construmob), Geovã Evangelis-ta Brito, que observa o sucatea-mento do ambiente de trabalho como meio de ampliar a margem de lucro das empreiteiras.

O número de postos de tra-balho aumentou, mas tem muito operário em condição informal. “As empresas aprenderam a pul-verizar a mão de obra e tocam a obra por fases, sem vínculo e com alta rotatividade”, diz. O mesmo ocorre em São Bernardo e Diadema, onde a prática das conhecidas tarefas escravizam o trabalhador sob remunera-ção não declarada. É na fase de acabamento que as tarefas são mais acentuadas. “O sindicato não concorda com este modelo e

procura conscientizar o trabalha-dor. Mas é difícil porque está di-retamente ligado ao ganho”, afir-ma Geovã Brito, ao destacar que maioria dos acidentes acontece durante a execução das tarefas e não no horário regulamentar.

ÍndiCES MaCaBroS

Acidentes que mais lembram produções de terror de Hollywood chamaram atenção da mídia para os indicadores da indústria da construção. Dois operários do Rio de Janeiro foram atingi-dos por vergalhões em obras: Eduardo Leite, de 25 anos, teve o crânio perfurado; em Francis-co Barroso, o pedaço de metal atravessou o pescoço – ambos sobreviveram. Em São Bernardo, o trabalhador Aureliano Pereira

da Silva, de 54 anos, não teve a mesma sorte. Morreu quando caiu de costas em um buraco de fundação da obra. Após o aciden-te, a vítima tentou se virar e foi perfurada no abdômen por verga-lhão de cerca de um metro.

Santo André não teve registro de acidentes fatais em 2012. O Construmob pratica política de conscientização sobre riscos no ambiente de trabalho, adoção adequada de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), conse-quências do uso de drogas e ál-cool. “Não é trabalho fácil. Temos de estar presentes todos dias e contamos com equipe de seis di-rigentes destacados para rodar obras nas quatro cidades - Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra”, afirma o secre-tário Geral.

O bom relacionamento do Construmob com Ministério de Trabalho tem garantido bons re-sultados. “Temos ido às obras com fiscais do MTE e observamos a decadência da qualidade dos EPIs: capacetes, cintos e botas de péssima qualidade expõem a saú-de e até a vida do trabalhador”, diz o sindicalista.

Sintracom SBC-DMA e Cons-trumob ainda enfrentam o desin-teresse do trabalhador da cons-trução civil pela sindicalização.

“Acaba não compensando porque os trabalhadores permanecem média de apenas dois meses em cada obra e o modelo prevê que quando está desempregado não pode ser sindicalizado. Ou seja, desmobiliza a categoria”, lamen-ta Geovã Brito. O resultado desse jogo de forças é que na hora que o trabalhador mais precisa, não tem apoio para defender os pró-prios direitos trabalhistas.

Estudo da Organização Inter-nacional do Trabalho (OIT) aponta que de 20% a 25% dos acidentes de trabalho envolvem usuários de drogas. O Brasil está entre os cin-co primeiros países do mundo em número de acidentes de trabalho em que as vítimas são usuárias de entorpecentes. E dos cerca de 500 mil acidentes que ocorrem por ano, cerca de quatro mil re-sultam em mortes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, a cada 10 dependentes quí-micos, quatro chegam a óbito, três vivem recaindo no consumo e três conseguem certo controle da dependência.

O Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID) calcula que o Brasil perde por ano US$ 19 bilhões por absenteísmo, aci-dentes e enfermidades causadas pelo uso do álcool e outras dro-gas. “Drogas lícitas e ilícitas

Wilmar Gomes dos Santos Antonio de Sousa Ramalho

Copa de 2014: obras do Estádio Mané Garrincha em Brasília

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sempre foram toleradas em alojamentos. As empresas não assumem a responsabilidade da fiscalização, especialmente em obras distantes, como de cons-trução de estradas ou linhas fér-reas, hidrelétricas e outras de grande porte”, afirma Admilson Oliveira. A maior preocupação é com o avanço do crack nos can-teiros de obras. Em Maceió (AL), a situação tem preocupado uma vez que a produtividade de tra-balhadores usuários da droga é reduzida drasticamente e atinge o desempenho do setor.

A maioria das mortes na cons-trução civil é em consequênc ia da queda de al-tura e de objetos em movimento ou em queda. Já os ferimentos mais graves são devido às quedas de altura, es-corregões e tropeções sobre o nível e de objeto em movimento ou queda. Só na cidade de São Paulo, pelo menos oito trabalha-dores morreram este ano e no Rio de Janeiro, foram pelo me-nos dois casos. Em todo o país, 438 trabalhadores da constru-

ção civil morreram em acidentes de trabalho em 2010 (dado mais recente disponível). Infelizmen-te, os números não retratam a realidade. O próprio governo os considera índices subestimados, porque só levam em conta fun-cionários com carteira assinada. Na construção civil, os informais são cerca de 40% da mão de obra, de acordo com o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sindus-Con-SP). O resultado é quadro de inválidos, cujo custeio é altíssi-mo para o Estado.

Não à toa, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) elegeu a cons-trução civil como tema em 2012 do programa Trabalho Seguro, que propõe aumentar a cons-cientização de trabalhadores e empresas sobre a necessidade de adotar medidas para evitar os acidentes. Foram realizados 13 atos públicos em grandes obras de infraestrutura e em 10 dos 12 estádios em que serão disputa-dos jogos da Copa do Mundo de 2014.

O programa Trabalho Seguro foi criado em 2011 por iniciativa do TST e do CSJT, em parceria com diversas instituições públi-cas e privadas, com o objetivo de formular e executar projetos e ações nacionais voltados à pre-venção de acidentes de trabalho.

Da força à fé

Debaixo de sol, chuva, vento, frio ou calor, os trabalhadores da construção civil não param, ex-ceto na hora do almoço. Atrás de braços fortes, mãos calejadas e olhar cabisbaixo, têm em co-mum a fé por dias melhores. Dividido entre traba-lho e faculdade de Informática, M.P é um dos pou-co que pretende deixar o setor assim que concluir a graduação. “Sei que posso ser mais que um burro de carga. O Lula, ex-presidente, é exemplo de que o peão pode ir longe, basta querer. Todos temos fé que as condições de trabalho vão melho-rar e que vão respeitar aqueles que constroem o mundo”, acredita.

Foi na profissão que F.P aos 58 anos viu a opor-tunidade de emprego como ajudante com apenas a quinta série concluída. Com 35 anos de experi-ência e mais de 70 obras no currículo, não esque-ce os anos que trabalhava 24 horas. Nesse perí-odo confessa ter utilizado drogas para aumentar a produtividade e levar mais dinheiro para casa. “Hoje eu não uso mais, porque não é a vida que pedi a Deus e não quero ser mau exemplo para meus filhos. O uso de drogas acontece em todas as obras. É difícil achar uma que não tenha. Mas não se deve julgar um trabalhador pai de família. Passei por isso, mas não desejo a ninguém”, diz.

No entanto, o consumo de entorpecente levou à tragédia em obra de centro empresarial que F.P trabalhou. “Meu colega tinha usado rebite para ficar acordado. Só que o corpo não aguenta por muito tempo. Por um descuido ele caiu do terceiro andar do prédio. Às vezes não dá para perceber que o peão está ligadão, mas os chefes fingem que não veem e o pessoal finge que não usa”, la-menta.

Outro problema comum, principalmente, em pequenas obras, é o desvio de função. O pedreiro J.S perdeu as contas de quantas vezes precisou aceitar o trabalho como ajudante de obra para não perder a oportunidade de emprego. “É im-portante ter especialidade em determinada área, mas quem trabalha em obra tem de aprender a fazer de tudo um pouco para garantir trabalho. Melhor trabalhar dobrado com uma função a me-

nor do que não ter nada na minha área”, diz.Se a maior parte dos trabalhadores cumpre

horário das 7h às 17h na construção do merca-do Joanin em São Bernado, J.S não pode dizer o mesmo. Isso porque prefere cumprir as tarefas e pagar as dívidas. “Ganha mais do que hora extra. Mas tem de ser bem vistoriado, porque tem gente que faz às pressas e acaba fazendo pela metade. Tarefa é melhor para quem tem bastante traba-lho, é só fazer e partir para o próximo”, detalha.

E não são apenas nas pequenas construtoras que os problemas acontecem. O carpinteiro F.V, atualmente nas obras do Shopping Atrium, relata que a rotatividade em grandes obras é desvan-tagem. “Ganha um pouco mais e tem os direitos certinhos, graças ao empenho do sindicato. Só que o trabalho não dura mais que um ano e meio. As construtoras não aproveitam os funcionários em outras obras quando o trabalho acaba, então a gente é dispensado. É um trabalho que não tem como manter vínculo”, diz.

E a disparidade entre grandes e pequenos em-preendimentos é maior se tratando de sindicaliza-dos. Depois de acidente de trabalho, que rendeu demissão, o armador F.B voltou a ser sindicaliza-do. “A gente acha que nunca vai precisar, por isso eu tinha me desligado do sindicato. Quando acon-tece o pior a gente se arrepende. É importante ter essa ajuda porque são os únicos que olham por nós. Todos os trabalhadores deveriam procurar esse suporte”, defende.

Cerca de 20% dos processos jul-gados no TST anualmente têm pedidos de indenizações decor-rentes de doenças ocupacionais ou acidentes de trabalho. “O país dispõe de boas normas de segurança que, se respeitadas, poderiam reduzir os acidentes e mortes nos canteiros”, defende o presidente do Sindicato dos

Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de São Paulo (Sintracon-SP), Antonio de Sousa Ramalho. Para que isso aconte-ça, é necessário aumentar a fis-calização. “Paramos obras quase todo dia por desrespeito às nor-mas de segurança”, afirma. Além de fiscalização e repreensão, in-clusive com multas altas contra as empresas, os trabalhadores precisam ser conscientizados.

As fiscalizações do Ministé-rio do Trabalho em canteiros de obras aumentaram de 25.706 em 2001 para 31.828 em 2011 e a construção civil tem sido priori-dade para os cerca de mil audito-res-fiscais que realizam ações de segurança no trabalho no país. Do orçamento de 2013 do MTE, R$ 3,1 milhões serão destinados à Inspeção em Segurança e Saú-de no Trabalho e outros R$ 990 mil aplicados em Auditoria Traba-lhista de Obras de Infraestrutura. “O trabalho exerce papel funda-mental nas condições de vida e saúde do indivíduo; o movimento sindical busca a adequação dos ambientes e das condições de trabalho de forma a garantir tan-to a sustentabilidade econômica quanto bem-estar e qualidade de vida”, diz Admilson Oliveira.

Os custos relacionados aos incidentes ocupacionais aumen-tam perdas financeiras. Somen-te uma política de saúde eficaz e segura garantirá redução dos encargos sociais relacionados aos custos indiretos da lesão no trabalho. “Riscos ou doenças ocupacionais na construção civil são agravados devido à alta rota-tividade, ao alto grau de informa-lidade dos contratos de trabalho e a subnumeração nos registros ocupacionais, o que torna difícil a identificação de populações defi-nidas ou o uso de dados secun-dários comuns na epidemiologia ocupacional”, diz Geovã Brito.

Do orçamento de 2013 do MTE, R$ 990 mil serão aplicados em Auditoria Trabalhista de Obras de Infraestrutura

Nas alturas: trabalhador nãoconta com o básico de segurança

Canteiros de obra: realidade inclui exploração de mão de obra, falta de higiene e drogas

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Dois ícones de Santo André deram o que falar no apagar das luzes do governo de Aidan Ra-vin e deixaram militantes de cultura, esporte

e patrimônio da cidade de cabelo em pé diante da incerteza do futuro. O Cine Teatro Carlos Gomes, que passou por início de restauro turbulento e a reforma no Estádio Bruno Daniel, que fechou as portas há mais de 15 meses, ainda incomodam os que primam pela manutenção da memória arquite-tônica da cidade.

A esperada revitalização do Carlos Gomes, in-tenção traçada há mais de duas décadas quando o prédio foi tombado em 1992, deve ser realizada ainda nesta gestão. Com o projeto de Aidan apro-vado pelo Comdephaapasa (Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetô-nico-Urbanístico e Paisagístico de Santo André), o atual secretário de cultura Raimundo Salles não vê problemas em continuar a obra.

A divergência na época não foi em relação ao projeto, mas em como o projeto foi implantado. O Ministério Público parou a obra porque a empresa não tinha capacitação técnica para restauro. “Esta-mos formatando o projeto aprovado pelo Conselho e as obras devem ter início no primeiro semestre. Temos recursos para começar e já estamos bus-cando parceria com a Fundação Banco do Brasil para que a obra seja concluída”, comemora Salles.

O secretário defende que a aprovação do anti-go projeto, que prevê a construção de casa de es-petáculos para a Orquestra Sinfônica da cidade, não deve ser rediscutida. “Entendo que o projeto foi aprovado pela comunidade, que é representada pelo Comdephaapasa. Por isso não faz sentido vol-

João Schleder e Liora Mindrisz

Carlos e Bruno à espera de Grana

Alvos de ações incautas, teatro e estádio aguardam soluções do novo governo de Santo André

c IDADES

tar a discutir o projeto, senão as coisas não saem do papel”, diz.

Produtores e ativistas da cultura rechaçam esta lógica. A arquiteta e urbanista Silvia Passarelli, in-tegrante dos movimentos SOS Carlos Gomes e Cul-tura Viva, critica a manutenção do projeto. “Acredi-tamos que não faz nenhum sentido o Carlos Gomes voltar a ser um cine-teatro e muito menos abrigar a orquestra. O edifício não tem pé direito e nem acús-tica para se tornar um local de espetáculos musi-cais”, detalha e continua: ”O fato de o projeto estar aprovado não significa que precisa ser executado“.

A sugestão do movimento Cultura Viva, que re-úne produtores e artistas da cidade, é que o Car-los Gomes se torne espaço de múltiplo uso. “Cine--teatro deve ser pensado para a sociedade, para a população que usa o entorno dos bancos e do

comércio do centro. Deve ser um espaço que estará aberto às 10h, que realizará saraus, expo-sições, shows”, diz Silvia. Tam-bém integrante do Cultura Viva, a pesquisadora cultural Simone Zárate concorda com a necessi-dade de readequação do projeto proposto pela última gestão. “O maior problema não é a reforma, mas pensar qual projeto instala-do será condizente com a reali-dade da cidade. Fazer cinema de arte, é uma ideia bacana. Mas um cinema de rua para 800 es-pectadores é muito além do pú-blico que alcançaria. Tem de ha-ver pesquisa para saber se existe demanda”, sugere.

Seja qual for o projeto implan-tado, uma coisa é certa: a im-portância deste patrimônio vai além de simples sobreposição de tijolos. “O Carlos Gomes é o cenário de algumas gerações. Nossos avós e bisavós ali assis-tiram Carlitos; nossos pais, os grandes romances produzidos em Hollywood e/ou as grandes produções ítalo-francesas; as gerações Beatles e, sem qual-quer preconceito, as pornochan-chadas nacionais, último respiro antes da transformação em loja de tecidos e estacionamento de veículos”, lembra o jornalista e memorialista do ABC, Ademir Medici.

ESpEranÇa rEnoVada

Literalmente abandonado pela administração passada, o estádio Bruno Daniel será, enfim, reformado. A princípio, o local passará por três grandes inter-venções. A primeira, inclusive, já está sendo realizada e consiste na manutenção do elevador, pin-tura, adequação do gramado, sa-nitários e recuperação do siste-ma de irrigação. O investimento gira em torno de R$ 150 mil.

Após a conclusão das obras emergenciais, em março o Bru-não terá a capacidade amplia-da de sete para 15 mil pessoas, podendo chegar até 20 mil, com obras ao custo de R$ 2 milhões. O projeto, no entanto, é ainda mais ousado. A ideia é que o es-tádio possa se tornar arena mul-tiuso, com arquibancada coberta e estrutura para receber shows, além de jogos. A empreitada será financiada por Parceria Público--Privada (PPP).

A preocupação do prefeito Carlos Grana com o patrimônio esportivo é tamanha que, quan-do ainda candidato, anunciou que as adequações do Brunão estariam entres as prioridades. Prova disso, é que o grande ato da campanha foi feito em frente ao estádio, com mais de cinco mil pessoas. “Queremos acabar com essa situação vergonhosa que é ver o time jogando em es-tádio emprestado”, disse à épo-ca.

Os torcedores estão confian-tes mesmo depois da decepção com o ex-prefeito Aidan Ravin, que chegou a assinar Termo de Ajustamento de Conduta (TAC),

para melhorias no local. “Acredi-tamos muito na palavra do pre-feito Grana. Reunimo-nos com ele várias vezes e temos plena convicção de que teremos um estádio decente”, diz Renato Ra-mos, presidente da Fúria Andre-ense, maior torcida organizada do clube.

CUrioSidadE

O Estádio Municipal Bruno José Daniel, conhecido também como Brunão, foi fundado em 14 de dezembro de 1969. O nome homenageia o pai do prefeito Celso Daniel, que foi vereador por três legislaturas seguidas (de 1952 a 1964), presidente da Câ-mara Municipal, prefeito interino (em 1955) e secretário da Fazen-da da cidade (no governo de Lau-ro Gomes). Bruno Daniel morreu em 1969.

O recorde de público do está-dio é de 21 mil pessoas, regis-trado no empate sem gols entre Santo André e Corinthians. A par-tida, realizada em setembro de 1983, marcou a despedida do ex-lateral corintiano Zé Maria do futebol.

Bruno Daniel: abertura dos jogos do interior em 1985

Carlos Gomes: primeira apresentação daOrquestra Sinfônica de Santo André

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Gabi Bertaiolli

Cerca de 50 mil moradias pre-cisam ser construídas nas sete cidades da região para por fim no déficit habitacional. O núme-ro consta de estudo de 2005, último realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística (IBGE) em parceria com a Fundação João Pinheiro (FJP). O peso da exclusão social fica mais evidente diante do fato de que quase 90% deste déficit se en-contram na faixa de renda fami-liar entre 0 a 3 salários mínimos. Se for levada em conta a inade-quação das moradias -- falta de infraestrutura, saneamento e ou-tras melhorias também chamado de déficit qualitativo --, soma-se ao déficit outros 70 mil domicí-lios. Os números da Universidade Federal do ABC são mais cruéis e dão conta de 1.059 assentamen-tos precários na região, os quais abrigam 211.677 domicílios, que equivalem a déficit qualitativo de 130 mil unidades habitacionais.

“A população excluída ocupa áreas despreparadas pelo mer-cado imobiliário, áreas com alta declividade, onde construção é

Mais que um simples tetoFalta de moradia de qualidade no ABC é questão urgente que não pode

ser resolvida nos limites administrativos dos municípios

vedada, áreas lindeiras a rios e córregos, áreas reservadas de loteamentos institucionais ou verdes e, ainda, áreas de gran-de importância ambiental, como Áreas de Proteção de Mananciais e Áreas de Proteção Permanente. Além de colocar em risco a inte-gridade física dos moradores, estas ocupações causam da-nos ambientais e comprometem a qualidade de vida na cidade como um todo”, detalha a pró--reitora de Planejamento e De-senvolvimento Institucional da Universidade Federal do Grande ABC (UFABC), Rosana Denaldi, autora do livro O Desafio de Pla-nejar a Cidade: política urbana e habitacional de Santo André SP, 1997 - 2008.

Como o problema habitacional é regional e não pode ser solu-cionado com medidas estanques limitadas aos municípios, o Con-sórcio Intermunicipal do Grande ABC tem papel fundamental para equacionar o problema. Ou seja, a articulação das sete cidades é mais que urgente para minimizar custos de oportunidade sócioe-

conômicos e ambientais. A ins-tituição pode auxiliar na cons-trução de pactos em torno da regularização do uso e ocupação do solo, buscando compatibilizar e articular a legislação urbanísti-ca e habitacional e, em especial, estabelecer índices e parâme-tros urbanísticos de parcelamen-to, uso e ocupação do solo de for-ma integrada, evitando, assim, a competição predatória entre os municípios, principalmente em áreas de divisa

“Além disso, o Consórcio pode providenciar diagnósticos regionais que identifiquem os processos de migração inter e intraregional em função de des-locamentos por trabalho, educa-

ção, lazer e na busca por condi-ções de moradia mais baratas e, também, as pressões endógenas e exógenas sobre o território, identificando os vetores e ten-dências de expansão urbana”, afirma Rosana Denaldi.

A elaboração de diagnósticos e cenários futuros deve alimen-tar sistema de informação para planejamento dinâmico e perma-nente de gestão regional. “Desta maneira, poderíamos mapear áreas aptas para a produção de habitação social e estocar terras, buscando disponibilizar áreas urbanizadas nas cidades, como forma de combater a exclusão socio espacial da população de baixa renda e intervir na dinâmi-

ca do mercado imobiliário”, deta-lha a especialista.

Outros pontos a serem explo-rados pela instituição é a gestão junto às esferas estadual e fe-deral para captação de recursos para projetos regionais de produ-ção de moradias e urbanização de favelas, bem como a promo-ção da recuperação urbanística e ambiental de assentamentos localizados em áreas de manan-ciais e em Áreas de Proteção Per-manente (APPs), ou ainda que ultrapassem os limites munici-pais. Cabe também equacionar questões relativas à infraestru-tura urbana em conjunto com as concessionárias estaduais e estabelecer convênios ou outros

CIDADES

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mecanismos de cooperação bilateral para viabi-lizar a recuperação ambiental dos assentamentos precários, que se localizam em mais de um muni-cípio, ou de assentamentos que se localizam em área de proteção ambiental, cuja regulamentação e gestão são feitas regionalmente por meio de co-mitês de bacias ou assemelhados.

Até novembro deste ano, o Instituto de Pesqui-sas Tecnológicas (IPT) em parceria com o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC deve concluir diag-nóstico para elaboração dos Planos Municipais de Redução de Riscos nas cidades de Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra e Santo André. Também está incluída no contrato a análise de áreas de inunda-ção de São Caetano. Todos os dados dos planos municipais serão integrados para a articulação de Programa Regional de Redução de Riscos a Desas-tres Naturais que contemplará as sete cidades.

O plano prevê mapeamento de áreas de risco indicadas pelas prefeituras e concepção de inter-venções estruturais para setores de risco, desde serviços de limpeza até obras de contenção de grande porte ou remoção de moradias, bem como oferta de treinamentos aos técnicos das prefeitu-ras, estimativa de recursos financeiros e indicação

de ações não estruturais. A elaboração dos novos planos será somada ao Plano Municipal de Mauá, também executado pelo Laboratório de Riscos Am-bientais apresentado em julho do ano passado, e aos trabalhos de Diadema realizados pela Regea - Geologia e Estudos Ambientais. São Bernardo já possui plano.

SUa CaSa, MEU GoVErno

Mesmo com o aumento significativo de investi-mento no setor habitacional no governo Lula com o Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) e o Programa Minha Casa Minha Vida, a escala de aten-dimento (0 a 3 salários mínimos) ainda é pequena frente ao déficit acumulado e os históricos entraves de acesso a terra urbanizada permanecem. “A terra se tornou mais escassa e cara na região metropo-litana. Além disso, cabe ressaltar que a população na faixa salarial mencionada concentra 90% do dé-ficit habitacional da região”, diz a especialista.

Se o acúmulo histórico do déficit parece enges-sar os índices habitacionais, falta de capacidade institucional ou vontade política para apresentar projetos para captação de recursos agravam o quadro. “É provavelmente o que aconteceu com o governo de Aidan Ravin em Santo André. Os proje-tos viabilizados no período de 2009 a 2012 foram, praticamente, os contratados pela administração anterior “, afirma.

São Bernardo avançou. Conseguiu captar recur-sos volumosos para suprir o déficit habitacional. O quantitativo atinge 38 mil famílias e o qualitativo, que é o mais significativo no município, soma 69,6 mil unidades. Para fazer frente às necessidades, o governo de Luiz Marinho adotou Política Habita-cional e elaborou Plano Local de Habitação de In-teresse Social (PLHIS), que é uma das exigências para adesão ao Sistema Nacional de Habitação de interesse social(SNHIS) e instrumento de âmbito municipal de implementação das ações da Política Nacional de Habitação (PNH).

Nos Programas de Urbanização de Assentamen-tos Precários e Produção Habitacional, as obras contratadas beneficiam 27 áreas e mais de 15 mil famílias. Todos os contratos contam com recursos do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do governo federal, e em cinco, há contrapartida complementar do governo do Estado de São Pau-lo. No Programa de Regularização Fundiária são 51 áreas com ações em andamento, que beneficiam mais de 15 mil famílias e, no Programa de Redução de Riscos, com recursos próprios e em contrato com o PAC 2, são 36 obras em 22 áreas, que bene-

ficiam mais de três mil famílias.Apesar de não possuir domi-

cílios em assentamentos precá-rios, São Caetano acolhe défi-cit habitacional total básico de 2.153 habitações. A situação é ímpar no ABC, uma vez que re-vela outro problema: os cortiços, indicados como domicílios com adensamento excessivo e famí-lias conviventes. “Mais do que intervir nas habitações já exis-tentes e na construção de no-vas moradias para a população desta faixa de renda, uma solu-ção seria promover a renovação urbana, ou seja, alteraração de uso. Por exemplo, transformar áreas industriais em áreas de uso habitacional e misto, além da substituição de tecido com a verticalização”, explicitou Rosa-na Denaldi.

As ações habitacionais da prefeitura para a população de baixa renda de São Caetano são desenvolvidas em parceria com o governo do Estado, através da CDHU que, em junho de 2011, entregou 97 unidades no bairro Prosperidade. Apesar de ressal-tar a informação sobre a ausên-cia de favelas, somente habita-ções coletivas que têm 100% de infraestrutura, o déficit habita-cional divulgado pela municipali-dade é muito inferior ao divulga-do pelo IBGE, sendo de apenas 122 moradias que totalizam 747 famílias.

SUpErlotaÇÃo

Do montante de 9,5 mil uni-dades que compõem o déficit ha-bitacional de Diadema, segundo informações da Prefeitura, 4,4 mil são foco prioritário da política pública de habitação do municí-pio e envolve famílias residentes em áreas de risco, de preserva-ção ambiental, às margens de ro-dovias ou beira de córrego. “Dia-dema, que possui uma das mais

altas densidades demográficas do Brasil, não conseguirá, por maior vontade política que exis-ta, resolver o déficit habitacional dentro dos limites do próprio ter-ritório. Provavelmente muitas em-pregadas domésticas, ajudantes de pedreiro e trabalhadores infor-mais moram em assentamentos precários localizados nos municí-pios vizinhos, principalmente São Paulo e Santo André”, diz.

Com relação à produção ha-bitacional, desde 2009 foram constituídos 23 empreendimen-tos populares pelo município. Deste total, cinco por meio do programa Minha Casa Minha Vida, do governo federal, sendo dois destinados a atender a As-sociação Pró-Moradia Liberdade e outros três, para atender a de-manda do Município, por meio do MCMV Modalidade FAR/Pre-feitura – Fundo de Arrendamento Residencial.

Entre 2009 e julho de 2012 foram entregues 1.228 unida-des habitacionais em Diadema, incluindo 340 unidades novas e outras 888 unidades. Outras 1.906 unidades estão em obras,

sendo 1.343 moradias novas e 563 unidades que estão rece-bendo melhorias habitacionais.

Em Mauá, além do investi-mento dos PAC 1 e 2 no Jardim Oratório, que envolve entrega de 120 apartamentos e regulariza-ção fundiária em todo o bairro, projeto de urbanização deve ser licitado pela atual administra-ção. A construção de 840 uni-dades habitacionais em parceria com o Movimento Nacional de Interesse Social atenderá 420 famílias oriundas de áreas de ris-co famílias, que recebem Auxílio Emergencial Financeiro porque estavam em áreas de risco e fo-ram removidas por ocasião das fortes chuvas de 2011.

O projeto de urbanização do Cerqueira Leite, que inclui dre-nagem, esgoto, contenção de encosta e pavimentação, está quase pronto e deve contar com a remoção de aproximadamente 400 famílias. Serão construídas 100 unidades no local e outras 300 em outra área. Além disso, a prefeitura estuda projetos para iniciar a construção de 2.641 moradias em 2013.

Divulgação

Rosana Dinaldi: população excluida

ocupa áreas despreparadas

pelo mercado imobiliário

SECOM PMSBC

Luiz Marinho: obras beneficiammais de 15 milfamílias

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66 Revista República Revista República 67

Foi a conduta regrada que as-segurou a liberdade de Sau-lo Roberto Garlippe durante

os anos de ferro no Brasil. Militan-te do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), teve de abandonar o curso de Engenharia Industrial da Faculdade de Engenharia Indus-trial (FEI) por questões políticas. “Éramos em 24 universitários ligados ao partido e tivemos de correr quando fomos denuncia-dos em 1972”, conta. O jeito foi morar em São Paulo com a então companheira Yara e trabalhar de maneira informal no Hospital das Clínicas para não chamar aten-ção.

Quando em 1973, outros ami-gos foram presos novo problema veio à tona porque sabiam o en-dereço de Saulo em São Paulo. “Eu não podia voltar para casa e cheguei a avisar Yara, mas nem bem ela apareceu à tarde no en-dereço, o Dops a levou”, lamen-ta. Saulo Garlippe teve de sumir e abriu mão de todo e qualquer contato com a companheira.

Tuga Martins

Para sempre militante

HISTÓRIA VIVA

Na clandestinidade e com pri-são preventiva decretada, Saulo começou a trabalhar em empre-sas pequenas que não faziam questão do registro em carteira. Cumpria a função de desenhista projetista até que o partido suge-riu que cursasse ferramentaria porque precisava de militante nas fábricas. “Fiz o curso, me formei e tirei nova carteira de trabalho. Consegui vaga na Metalúrgica Apolo, no Ipiranga, que produzia peças para carros. Fui colocado no Controle de Qualidade”, lem-bra.

Em 1976, casou com Cláudia com quem teve os filhos Juliana e Adolfo. Mais uma vez o partido orientou dizendo que precisava de militante no ABC, onde estaria o futuro da classe operária. Foi nas páginas da Gazeta Esportiva que Saulo viu vaga na Molins do Brasil, em Mauá. Pegou o trem até Capuava, fez teste e começou a trabalhar no chão de fábrica como ajustador mecânico. Nesta época conheceu Cícero Martinha

e em 1979 quando estorou a gre-ve, se tornaram lideranças. “Cos-tumávamos nos reunir na casa do Martinha para debater o Manifes-to Comunista. Éramos em quatro ou cinco”, orgulha-se.

Nos 40 dias de paralisação da Molins em 1980, Saulo acabou exposto publicamente ao lado de outros sindicalistas. “Não deu outra, o Dops me identificou e mais uma vez veio atrás”, conta. Na correria, os filhos foram entre-gues à vizinha pelo muro do quin-tal antes que a casa fosse revis-tada. Todas as lideranças ficaram escondidas na Igreja do Bonfim por 20 dias. O Dops cercava. “Lá estava todo o comando de greve e as famílias levavam comida. Um dia o Zé Maria saiu e foi preso. A disciplina de partido e de vida clandestina valeu muito”, diz.

A situação arrastou as assem-bleias da porta das empresas para o pátio da igreja e como o sindicato estava com interven-ção, o frei Luiz e Dom Cláudio apoiaram e cederam espaço para

a causa. “Havia vontade de transformar a so-ciedade e com a massa junto, nada segura”, afirma Saulo.

A Molins foi a última empresa a retomar as atividades e o período coincidiu com 1º de maio de 1980. “Eu ainda estava confinado na igreja, mas decidi sair para ir à matriz de São Bernar-do e depois em passeata até estádio de Vila Euclides. Estávamos todos lá”.

Nem bem voltou a trabalhar, Saulo encabe-lou a lista de 300 trabalhadores demitidos pela Molins. Conseguiu colocação na Laminação Nacional de Metais, em Utinga. Ficou apenas três meses porque foi dispensado logo depois de retornar de afastamento por acidente de trabalho. Enquanto buscava nova vaga, partici-pou da montagem da chapa do sindicato. “Para concorrer pela Chapa 3 consegui registro de metalúrgica”, detalha.

As eleições sindicais sofreram várias frau-des até que em 1982 não teve jeito. Os tra-balhadores tomaram. Mas um pouco antes, o Ministério do Trabalho cassou o mandato de Saulo. “O pessoal da diretoria me bancou na função de Secretário Geral de fato, mas não de direito. Quem assinava era o João Izídio”, diver-te-se. Logo nos primeiros meses de mandato, enfrentou conflito com Miguel Rupp. “Ele não me queria lá”, afirma. Em 1984, acabou saindo e Carlos Grana, na época com 18 anos, ocupou a vaga.

Antes de se dedicar à direção sindical, Saulo deixou o PCB e se filiou ao PT, fazendo parte da primeira executiva provisória do Diretório Muni-cipal de Santo André. Em 1982, o PT oficialmen-te foi reconhecido e o sindicalista foi candidato a vereador. Foi o mais votado no partido, mas abdicou para ficar no sindicato. “Eu acreditava que ali estava a roda da história e tenho certeza que fiz a opção certa”, orgulha-se.

No ano seguinte, participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e foi o primeiro secretário geral central no ABC por três anos. “Eu era Coordenador da CUT Nacio-nal para a América Latina e participamos em 1985 da Conferência Internacional Pelo não pagamento da dívida externa em Havana Cuba junto com outros 25 Sindicalistas da CUT do Brasil”, destaca.

Em 1986, lançou-se candidato a deputado federal pelo PT. Saulo aposentou-se em 2009 depois de mais de 36 anos de carreira. Rece-beu indenização da anistia política.

Disciplina partidária garantiu liberdade da trajetória político-sindical de Saulo Garlippe

Mario Cortivo

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A experiência incontestável de Elenísio de Al-meida Silva, o Leo, alicerça o Departamento de Saúde do Trabalho do Sindicato dos Me-

talúrgicos de Santo André e Mauá. Responsável pelo setor desde 1999, testemunha o aumento do interesse dos trabalhadores por informações e di-reitos relacionados à saúde. “O que mais preocupa a categoria ainda são os acidentes com mãos e as

Tuga Martins

Quero mais, saúde!

Qualidade de vida do trabalhador é prioridade das políticas sindicais

GENTE NOSSA

doenças ocupacionais. São as piores. trabalhador desenvolve função sob pressão da produtividade e não enxerga as consequências”, avalia.

A constatação é que as empresas pouco inves-tem no bem estar e prevenção de doenças ocupa-cionais. “O dinheiro sempre vai para equipamentos”, lamenta Leo. Mesmo novos, os equipamentos nem sempre são ergonômicos e acabam causando LER/

Dort (Lesões por Esforços Repe-titivos/Doenças Osteoarticulares Relacionadas ao Trabalho). As do-enças ocupacionais mais comuns são tendinite, bursite e problemas de coluna cervical e lombar.

O empenho do sindicato é buscar melhorias da qualidade de vida no ambiente de trabalho. “Tudo começa com uma peque-na dor. LER/Dort não têm cura e o trabalhador fica limitado e não consegue mais desenvolver as ca-pacidades profissionais”, alerta o sindicalista. O resultado é catas-trófico pois o funcionário preci-sa faltar para cuidar da saúde e empresa o vê como prejuízo para a meta de produtividade e opta pela demissão.

O Departamento de Saúde Ocupacional conta ainda com o médico Tarcisio Almeida, um dos melhores especialistas do ABC, que tem desenvolvido trabalho para estancar o avanço das do-enças. “Quando chega ao sindi-cato, o trabalhador já está com a saúde comprometida. O sindicato é a última porta em que bate”, lamenta. O atendimento médio é de cerca de 50 trabalhadores por semana

Da agenda de Leo constam ações preventivas, principalmen-te junto às Cipas. “O sindicato ca-pacita os cipeiros para multiplicar conhecimentos sobre a urgente necessidade de melhorar os am-bientes de trabalho”, afirma.

Qualquer função que cause desconforto é sinal de alerta. Cabe aos trabalhadores acionar o sindicato, que irá verificar. “Quan-do o operário passa de 15 dias afastado, vai para a Previdencia que avalia o caso para saber se é funcional ou não”, diz. Vale desta-car que dificilmente as empresas abrem Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). “Noventa por cento são abertas pelo sindicato”, atesta.

Quando a Previdência não ad-mite que a doença é funcional, o sindicato incia processo admi-nistrativo solicitando perícia do INSS no ambiente de trabalho, com presença do trabalhador, empresa e sindicato. “Perito faz nova avaliação e isso deixa a em-presa mais atenta. Temos conse-guido bons resultados”.

Em 2013, Leo quer promover mais aproximação do Departa-mento de Saúde com o chão de fábrica. “Quando o trabalhador assina contrato, está venden-do mão de obra e não a saúde. mpresa tem de pagar salário e também oferecer condições ade-quadas à saúde. Este é o desa-fio”.

Aos olhos do movimento sindi-cal, a competitividade não pode ser ancorada na depreciação da saúde dos funcionários. Legisla-ção não falta, mas fiscalização deixa a desejar uma vez que os investimentos oscilam de acordo com a sensibilidade do gestor que está à frente da empresa. “A

perícia do INSS tem visão patro-nal e não tem conduta isenta”, lamenta o sindicalista.

Outra questão que impac-ta as condições de trabalho é a falta de diálogo entre os minis-térios da Saúde, Previdência e Trabalho. Os entraves começam quando o trabalhador não tem convênio médico e não consegue atendimento pelo SUS a tempo de o perito do INSS verificar do-cumentos e exames que compro-vam a doença. “Alguns são obri-gados a trabalhar doentes, não têm amparo”, diz Leo.

O sistema é precário, mas à medida que determinada empre-sa começa a gerar muitos casos de doença ocupacional, deveria ser sinal automático para o Mi-nistério do Trabalho fiscalizar. O sindicato acaba fazendo o elo para conduzir o trabalhador no exercício do direito. “É trabalho social gigantesco, mas é gratifi-cante. Nenhum trabalhador sai do sindicato sem orientação”, garante.

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Mario Cortivo

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Assédio moral é um dos problemas mais omitidos no ambiente de trabalho

Não é brincadeira, não

MERCADO

Shayane Servilha

Presente no ambiente de tra-balho, o assédio moral tem crescido nos últimos anos.

Levantamento da OIT (Organização Internacional do Trabalho) revela que 42% dos brasileiros disseram ter sofrido algum tipo de assédio moral. A exposição dos trabalha-dores em situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho é uma das principais re-clamações dos trabalhadores. “É importante lembrar que um ato isolado de humilhação não é as-

sédio moral. Porém, quando o em-pregado é isolado do grupo sem explicações, passando a ser hosti-lizado, ridicularizado, inferiorizado constantemente o ato é considera-do assédio, que pelo artigo 136-A do novo Código Penal Brasileiro é considerado crime”, diz o advoga-do Marcelo Firmino da Silva.

Assédio moral é uma das prin-cipais reclamações dos trabalha-dores que procuram o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá. “As pessoas nos procu-ram, mas temem denunciar por

medo de perder o emprego. Pais de família sofrem nos cargos, principalmente, quando o assédio vem do superior. O importante é que essas reclamações cheguem a nós para que as providências necessárias sejam tomadas”, afir-ma secretário Geral, Sivaldo Silva Pereira, o Espirro.

Uma das formas que a enti-dade encontrou para ajudar os associados foi a criação da Linha Direta, conectada com o Chão de Fábrica. “O empregado ou alguém que presenciou alguma injustiça

As principais vítimas

Trabalhadores com mais de 35 anos.Pessoas que têm senso de culpa.Empregados mais competentes que o agressor.Deficientes físicos.Mulher em um grupo de homem.Homem em um grupo de mulher.Aqueles que têm crença religiosa ou orientação sexual diferente daquele que assedia.Trabalhadores dedicados excessivamente. Pessoas que vivem sozinhas.Empregado que está prestes a se aposentar.

Fonte: OIT (Organização Internacional do Trabalho)

Dar instruções confusas.Atribuir erros imaginários.Ignorar presença do funcionário.Pedir trabalhos urgentes sem necessidade.Mandar realizar tarefas abaixo da capacidadeprofissional.Não cumprimentar.Impor horários injustificados. Forçar o trabalhador a pedir demissão. Impedir o trabalhador de almoçar.Isolar o empregado perante os colegas. Retirar material necessário para o trabalho.

Situações mais frequentes

SERVIÇO

As denúncias podem ser realizadas no canal Linha Direta com o Chão de Fábri-ca através do telefone 0800 11 1239.

pode ligar e denunciar. Através da denúncia, o sindicato investiga os fatos e toma as medidas cabíveis para proteger o assediado. A pes-soa pode manter o anonimato e não ter receio de denunciar”, diz Espirro.

Outro empecilho por parte dos

trabalhadores é a dificuldade de comprovar o assédio sofrido no trabalho. “Mesmo sendo compli-cado de comprovar, a lei prevê de-tenção de três meses a um ano e/ou multa. Em casos de riscos psí-quicos e físicos a pena pode ser um a dois anos de reclusão. Para poder comprovar, o empregado precisa anotar dia, horário e que tipo de assédio que sofre, além disso, ter testemunhas trabalhem no mesmo setor”, diz Marcelo da Silva.

Engana-se quem pensa que o ato é realizado apenas por supe-riores. O advogado relata que o assédio entre colegas representa 40% das reclamações que rece-be. “Os apelidos vexatórios são queixas presentes. Nesse caso, o assediador alega ser brincadeira. Isso acontece porque a concorrên-cia dentro das empresas é cada vez mais frequente. Neste caso, o chefe deve advertir o subordinado, podendo demitir o assediador por justa causa”, adverte o advogado.

A pesquisa do OIT ainda alerta que o assédio moral é considera-do grave problema para a saúde

pública mundial. “As pessoas que sofrem com assédio têm mais pro-blemas psicológicos como depres-são e síndrome do pânico, que dependendo do nível, podem ser irreversíveis. O assédio prejudica a empresa, pois o trabalhador perde motivação, criatividade e iniciati-va. Por isso, ambiente agradável é fonte de desenvolvimento para a empresa”, diz a psicóloga Adriana Ribeiro.

São poucas as ações preven-tivas que podem ser realizadas, mas evitar diálogos sobre a vida pessoal e exposição em redes so-ciais funcionam. “O perfil psicoló-gico dos assediados é de pessoa plena em vitalidade, que teme de-saprovação e tem tendência a se culpar. O perfil é o que mais sofre, por isso quanto mais neutro o tra-balhador for no emprego melhor. Fotos pessoais em festas na inter-net também causam inveja e pode ser motivo de assédio”, afirma a psicóloga.

Mario Cortivo

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72 Revista República Revista República 73

João Schleder

Sai ano, entra ano e muitos acabam gastando mais do que podem com as festas de dezem-bro. O pior é que janeiro também é mês de

muitas despesas. Agora não adianta lamentar. A so-lução é uma só: pagar as contas.

Roberta Buarque calcula ter gastado cerca de R$ 400 apenas com enfeites e ceia para Natal e Ré-veillon. “Acho que a conta do supermercado ficou em pouco mais de R$ 300. Estávamos em cinco adultos e uma criança e a mesa precisava estar recheada. Com enfeites gastei pouco, pois já tinha muita coisa, algo em torno de R$ 100. Sei que não poderia, já que estou desempregada, mas é Natal”, justifica.

Para complicar ainda mais, ela e o marido preci-sam pagar IPTU e IPVA de dois carros. Como diz dita-do popular, terão de descobrir um santo para cobrir outro. “Como temos que quitar esses impostos, só poderei pagar a metade do meu cartão de crédito, pois não tenho dinheiro para tudo”, diz

Para quem, como Roberta, gastou mais do que podia e vai começar 2013 no vermelho, a educadora financeira Bianca Fiori sugere mudança de compor-tamento: “É imprescindível combater a verdadeira causa do problema financeiro e não somente o efei-to. Assumir uma posição ativa e procurar mudar o comportamento em relação ao dinheiro”.

E CONOMIA

Educadora financeira mostra formas de organizar contas de fim e início de ano

A profissional ainda orienta que todas as despe-sas e receitas mensais sejam colocadas no papel, para verificar excessos. “Fazer diagnóstico, levanta-mento detalhado de todas as dívidas com o nome do credor, o valor devido, as taxas de juros e o prazo”.

A partir disso, contas essenciais como água, ener-gia elétrica e gás devem ser priorizadas. Também é importante que se verifique as dívidas com bens em garantia e taxas mais altas como cartão de crédito, cheque especial e empréstimos. Pagar os credores sem nenhum critério, não resolverá o problema.

2013 no aZUl

Em nome do equilíbrio financeiro, o web desig-ner Bruno Perrod comprou presente de Natal ape-nas para a namorada. “Previ um início de ano mais apertado e por isso só comprei uma lembrança para ela. Meus pais e irmãos ficaram de fora, mas eles compreendem a situação”, afirma.

Por conta da contenção de gastos no fim de ano, conseguirá pagar aluguel, IPVA e multas do carro. “Sei que começo de ano é sempre complicado, mas como guardei boa parte do 13° salário conseguirei pagar tudo sem dificuldade”.

Para quem não conseguiu guardar o benefício,

Ano novo,contas novas

Uma vez ao ano, anote todos os gastos por 30 dias se tiver renda fixa ou 90 dias se a ren-da for variável, inclusive os centavos por tipo de despesas - restaurante, transporte, vestuário, perfumaria, guloseimas, farmácia, entre outros -, somando o total ao final do período. Com este exercício é possível refletir sobre gastos, mudar pequenos hábitos do cotidiano o que torna pos-sível a redução de cada despesa entre 10% e 20%, valor que deverá ser poupado para a re-alização de sonhos ou pagar dívida, por exem-plo). Esta é uma ferramenta simples, mas muito eficiente para ajudar a saber onde está sendo gasto cada centavo do seu dinheiro, onde pode ser economizado e as despesas que podem ser eliminadas.

Dica da especialista

Fiori indica: “Se não for possível pagar o valor total da fatura do cartão de crédito, cobrir o limite do che-que especial ou arcar com a parcela do empréstimo, vale a pena negociar”, garante. Mas é importante se planejar antes, de forma que a nova parcela caiba no orçamento.

Desesperados, muitos recorrem aos emprésti-mos. Sobre isso, a educadora financeira elucida: “Esse recurso é válido apenas se a pessoa conse-guir nova linha de crédito com juros mais baixos e parcelas que realmente caibam no orçamento, po-dendo inclusive transferir a dívida para outro banco que ofereça condições melhores”.

tUdo pElo tiMÃo

A falta de emprego não impediu que Tiago Benci-ce realizasse sonho comum à maioria dos corintia-nos: acompanhar in loco a participação do Timão no Mundial de Clubes, no Japão. Mesmo sem dinheiro e sabendo que acumularia dívida difícil de ser quita-da, o encarou o desafio.

Para complicar, o torcedor não se programou com antecedência, ao contrário da maioria dos fiéis, que começou a se preparar para a aventura logo após a conquista da taça Libertadores da América, no início de julho de 2012. Na verdade, Bencice não tinha in-tenção de viajar, até que a sorte bateu à porta.

“Logo que os ingressos começaram a ser vendi-dos no site da Fifa, vi que todos estavam com dificul-dades em adquiri-los. Então, resolvi entrar na página

para ver. Como não tive dificuldade, comprei. A in-tenção era guardá-los como recordação. Até aquele momento, nem passava pela minha cabeça ir ao Ja-pão”, afirma.

Com os bilhetes garantidos, o fã pensou que o sonho poderia virar realidade. O primeiro passo foi o passaporte. Em seguida transporte, visto (docu-mento necessário para ingressar em alguns países) e hospedagem. “As passagens foram bem complica-das. Pesquisei muito e acabei encontrando por R$ 4 mil (ida e volta). Desempregado e sem dinheiro, parcelei no cartão de crédito, e fui”, lembra.

Sem ter literalmente R$ 1 no bolso, Bencice em-barcou para o Japão às vésperas da estreia do Co-rinthians no torneio. “Nunca passei tanto perrengue na vida. Não tinha dinheiro, não tinha lugar certo para ficar, não tinha nada. Mas nada disso me desanimou. A vontade de ver o Corinthians no Japão era maior. Quando conquistamos o título, aí tive a certeza de que todo o esforço tinha valido a pena”, conta.

E o empenho foi realmente grande. Com dívida su-perior a R$ 7 mil, Bencice precisou suar a camisa. Bicos como entregar lanches, pizzas, venda de obje-tos pessoais, como computador e coleção de DVD’s, além de muitas rifas, foram imprescindíveis para que ele conseguisse acumular dinheiro. Mesmo assim, o torcedor não conseguiu acumular montante necessá-rio. Nada que o desanimasse. “O Corinthians é cam-peão do Mundo, e eu estava lá. Estou na história. Di-nheiro, a gente trabalha, corre atrás”.

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Mario Cortivo

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74 Revista República Revista República 75

Em defesa da nova vocação

Entendimentos da Prefeitura de São Bernardo com Forças Armadas abrem novas possibilidades de negócios na região

Gabi Bertaiolli

ECONOMIA

Os entendimentos entre Prefeitura de São Bernar-do e Marinha do Brasil

prosseguem em direção a terra firme com perspectivas de bons resultados. A apresentação das demandas de produtos e ser-viços às empresas do Grande ABC, realizada por sete almiran-tes em dezembro de 2012, abriu possibilidade de produção para os setores metal-mecânica (má-quinas, motores e eletrônica); alimentos; têxtil; material cirúr-gico-hospitalar; material de ex-pediente e de marinharia. “A ex-pectativa é aprofundar os temas já tratados, agora com o Coman-dante da Força, o Almirante de Esquadra Júlio Soares de Mou-ra Neto”, afirma o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (SDET), Je-fferson José da Conceição.

A experiência-piloto de firmar cooperação com o ABC, maior parque industrial da América Latina, pode ser iniciativa emble-mática e dar origem a outros en-contros em regiões também capa-citadas a fornecer insumos para a Marinha. O Brasil é o décimo país que mais investe no setor de De-fesa no mundo – R$ 37 milhões em 2011. “O Exército já manifes-tou disposição de realizar evento semelhante assim como a Aero-náutica”, adianta o secretário.

Para os sete municípios, a iniciativa fomenta a diversifica-ção da malha de negócios, sem perder focos tradicionais nos segmentos automotivo, químico e petroquímico. No longo prazo, a inserção na cadeia produtiva de Defesa pode reduzir a depen-dência da região em relação à indústria automotiva. “Empre-sas do ABC já estão recebendo pedidos de cotação, como é o caso de uma do setor têxtil de Santo André. Além disso, al-gumas instituições financeiras

sinalizaram interesse em finan-ciar empresas da região inte-ressadas em se tornar fornece-doras da Marinha”, completou Jefferson Conceição.

Consórcio Intermunicipal, Departamento da Indústria de Defesa da Federação das In-dústrias do Estado de São Pau-lo (Fiesp/Comdefesa), Centro de Indústrias do Estado de São Paulo e a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança ampliam a sustentação à iniciativa.

ConHECEr é prECiSo

O empenho do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, em consolidar a nova vocação produtiva desencadeou desde 2009 série de atividades, in-clusive viagens para Suécia e França para conhecer projetos concorrentes à licitação de 36 caças para a Força Aérea (FX-2), além de seminários com as em-

presas européias concorrentes, que resultaram na inauguração do Centro de Inovação Sueco--Brasileiro (Cisb) em 2011. A ad-ministração local trabalha ainda para instalar, em conjunto com o Ministério da Defesa, Agência de Catalogação no município, voltada a todo o ABC. “A insta-lação de novos elos da cadeia produtiva de defesa na região trará ganhos à população em geral, com a criação de empre-gos qualificados, avanços tecno-lógicos nos setores privado e pú-blico e novas possibilidades de negócios. Mas o benefício será também para São Paulo e Brasil, que só têm a ganhar com a am-pliação territorial e setorial da indústria de defesa, os transbor-damentos tecnológicos e o rea-parelhamento de nossas Forças Armadas”, defende o prefeito, no Volume II da publicação Ca-dernos de São Bernardo, Nova Fronteira da Indústria de Defe-sa.

DivulgaçãoDivulgação

Jefferson José da Conceição

Luiz Marinho: conhecer possibilidades mais que de perto

Jefferson Conceiçãofornecer insumos

para a Marinha

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76 Revista República Revista República 77

Já foi o tempo em que iluminação era utilizada so-mente para clarear, hoje é importante aliada para valorizar ambientes. Sofisticadas, acolhedoras e

divertidas, as diversas fontes de luz podem criar cená-rios para cada parte da casa. “A iluminação tem que ser pensada de forma particular para uso do local. Áre-as que são utilizadas para tarefas cotidianas pedem mais luz. Além disso, é importante observar a tonali-dade e modelo de lâmpada ou luminária, pois ajudam criar efeitos de sombra e luz que dão efeitos deseja-dos”, diz o designer de interiores, Ewerton dos Santos.

A cor da luz é primordial para criar os efeitos dese-jados. Lâmpada LED é recomendada para todos os cô-modos da casa. “Apesar da lâmpada fluorescente ser mais usada por ser econômica, tem sido substituída pela fita de LED, a qual tem mais durabilidade. As duas opções são indicadas para locais com luz geral. Mas para quem quer criar outras sensações, a luz amarela oferece acolhimento. É importante que o morador sai-ba que resultado quer no cômodo”.

Salas e quartos seguem os conceitos de luz geral, indireta e focal. A geral é para iluminar completamente o ambiente como sanca e lustres. Para receber con-vidados ou assistir televisão, a iluminação deve ser a

indireta, que proporciona clima mais aconchegante e, para isso, abajures caem bem. Já a focal é para realçar quadros, adornos ou dar destaque a determinada pa-rede. Utilize spots e alguns modelos de arandelas que deixam o espaço intimista”, sugere.

Mais simples na hora de escolher a melhor ilumi-nação, a cozinha não demanda efeitos e a luz geral é a mais certeira. “Aposte em bastante luz para iluminar bancadas, alimentos e utensílios. No caso da cozinha gourmet, pode-se colocar luminária focada na área da mesa”, afirma o designer.

Já no banheiro, a recomendação é usar luz para ajudar as tarefas do dia a dia, como barbear e maquiar. “Luz branca é o ideal. Mas caso o banheiro tenha a área de spa, pode ser trabalhada luz mais branda. Um filtro azul na iluminação da banheira ou chuveiro dão efeito relaxante. Esse é um dos raros casos que luz co-lorida cai sempre bem”, diz.

Outra dica do designer é valorizar a luz natural. “Além de economizar energia, supre a necessidade para funções básicas do cotidiano. Sem contar que consegue reproduzir as cores reais do espaço. Frestas nas paredes, janelas amplas e até mesmo parede em vidro ajudam aumentar a claridade natural”.

E fez-sea luz

D ECORAÇÃO

Shayane Servilha

Iluminação vai além de apenas clarear e se torna item importante para valorizar ambientes

Com objetivos bem distintos, os times da região foram às compras e procuraram reforçar as equipes da melhor forma possível para a tem-

porada 2013. Velhos conhecidos do futebol brasileiro como Fernando Baiano, Sérgio Mota e Rivaldo, que acertaram com São Bernardo, Santo André e São Ca-etano, respectivamente, são apenas alguns nomes que desfilarão pelos gramados do ABC este ano.

Contratado em meados de janeiro, Rivaldo vestirá a camisa do Azulão até o fim do ano. Nunca um atleta que já foi eleito o melhor do mundo defendeu time da região, caso de Rivaldo em 1999, que com o restante do elenco tentará fazer com que o São Caetano sur-preenda no Paulista e, principalmente, volte para a primeira divisão do Brasileiro.

“É um reforço de peso que vai dar um toque refina-do ao nosso meio de campo. A qualidade técnica dele é fantástica e vai ajudar bastante o grupo com sua ex-periência e liderança. Estamos muito satisfeitos com o desfecho da negociação”, orgulha-se o presidente Nairo Ferreira de Souza, que sofria a concorrência do Santa Cruz, time do coração do meia.

“Agradeço a todos os torcedores do Santa Cruz, que fizeram campanha para minha ida. Infelizmen-te, esse ano não deu. Agradeço a Deus que, com 40 anos, tenho a oportunidade de continuar jogando. Tive propostas de vários clubes e fico feliz com isso. Para os críticos, gostaria de dizer que isso só é conse-quência da minha dedicação”, disse o jogador.

PARA NÃO FAZER FEIO

O Tigre, que disputa pela segunda vez o Campeo-nato Paulista da primeira divisão, contratou mais de um time titular para não voltar a fazer feio na elite estadual – a equipe foi rebaixada em 2011. “Alguns atletas foram chegando aos poucos. Alguns jogado-res que ainda precisam de um pouco mais de tempo para o entrosamento na parte coletiva da equipe. Mas

João Schleder

Compras estratégicasTimes da região contrataram atletas renomados para 2013,

mas ninguém brilhará mais que Rivaldo

ESPORTE

o grupo está trabalhando, todos se dedicaram mui-to nos trabalhos intensos”, afirma o técnico Luciano Dias.

O grande destaque do elenco é o artilheiro Fernan-do Baiano, que terá a incumbência de manter a agre-miação na A1 e, quem sabe, surpreender na Copa do Brasil, competição que o time disputará pela primeira vez. “Posso passar para meus companheiros um pou-co do que vivenciei, sempre na intenção de ajudar, ao lado de outros atletas experientes que também tere-mos no elenco”, garante o atacante de 33 anos, que já rodou o mundo, jogando por times de Espanha, Ale-manha e Emirados Árabes Unidos.

Eterna promessaQuando surgiu para o futebol, defendendo a cami-

sa do São Paulo na Copinha de 2007, Sérgio Mota foi chamado de novo Raí. A comparação não fez bem ao jovem jogador de 18 anos, que acabou rodando o Bra-sil por times pequenos como Toledo e Icasa. No fim do ano passado, acertou com o Santo André.

Mais experiente, Mota quer deslanchar na carreira. Para isso, sabe que precisará jogar bem com a cami-sa do Santo André, que brigará na A2 do Paulista e na quarta divisão do Brasileiro. “Não me considero líder, apesar da boa experiência adquirida com a pouca ida-de. Tenho um pouco de vivência no futebol, que posso utilizar para ajudar os outros, assim como os demais jogadores podem fazer o mesmo comigo”, afirma.

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Rivaldo:camisa do Azulãoaté o fim do ano

EPORTES

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campeão Solidariedade de

Jogador Guilherme Torres realiza partida beneficentedepois da conquista do Mundial no Japão

João Schleder

O sufoco que o jogador Gui-lherme Torres passou quando soube que não

poderia jogar pelo Corinthians no Mundial de Clubes, no Japão, não impediu o atleta de demonstrar gratidão e solidariedade. Com o amigo e também jogador Hen-rique, do Atlético-PR, participou de partida beneficente no Clube Águias de Nova Gerty, em São Ca-etano. “Fui iluminado com o dom de jogar bola. Tive um ano ma-ravilhoso, que apesar do susto, terminou muito bem. Então, nada melhor que agradecer, podendo fazer o bem”, afirmou antes de entrar em campo.

O ingresso para a partida Ami-gos do Guilherme X Amigos do Henrique foi um quilo de alimento não perecível, todos doados para Fundo de Solidariedade de São Caetano. A primeira edição do jogo solidário, organizado pelo pai de Guilherme, Reinaldo Torres, foi em dezembro de 2011 em Cara-picuiba, mas como Guilherme é de Santo André, decidiu trazer o evento para região.

EPORTES

Guilherme não poderia ter se-guido outra profissão. Desde os primeiros meses de vida já agar-rava bolas de futebol. “Ele gos-tava de brincar de outras coisas, mas a bola sempre foi a grande paixão. Sei que é difícil afirmar, mas sempre tive certeza que ele chegaria aonde chegou”, conta Reinaldo Torres.

Com cerca de cinco anos, Gui, como era e ainda é chamado pela família, foi mostrar as habilidades em clube amador de São Cae-tano. “Como eu também jogava em São Caetano, fiz questão que viesse. Depois, percebemos que precisava de local mais profissio-nal e ele foi para o Juventus da Moóca, o Moleque Travesso. Lá, o futebol dele cresceu muito”.

Apesar da importância, o fute-bol de Guilherme brilhou de verda-de na Portuguesa, onde passou a despertar cobiça dos grandes de São Paulo. Já pelo profissional, o volante chamou a atenção do Co-rinthians ainda em 2011, quando foi peça fundamental na campa-nha vitoriosa da Lusa na Série B.

Porém, como o time do Canindé endureceu a negocia-ção, a transferência esfriou.

Mais de seis meses depois, o atleta praticamente acertou com o rival Palmeiras, quando o Timão literal-mente atravessou o negócio e fechou com Guilherme. “As propostas eram bastante parecidas e ele acabou optando pelo Corinthians, por entender que naquele momento era a melhor escolha”, afirma o pai, que ainda faz outra revelação: “Ele sempre foi corintiano”.

SUSto

Outro fator fundamental para que Guilherme op-tasse pelo clube de Parque São Jorge era a disputa do Mundial de Clubes, competição almejada por todo grande atleta. Porém, Guilherme não poderia imagi-nar o que o futuro lhe reservara. A seis dias de embar-car para o Japão, começou a pipocar na imprensa que a Fifa não aceitara a inscrição do atleta, por entender que a transferência da Portuguesa para o Corinthians havia sido concluída depois do prazo permitido pela entidade.

As malas estavam prontas e o pensamento era um só: a Copa do Mundo de Clubes no Japão. Porém, como diz velho jargão futebolístico, o jogo só acaba quando termina, literalmente. O clima de euforia e an-siedade foi transformado em tristeza quando em 27

de novembro de 2012, a seis dias do embarque, o volante Guilherme foi obrigado a dar a notícia que jamais quis ouvir: “Não vou poder ser inscrito no Mundial”.

No instante em que foi avisado pela diretoria do Corinthians que a inscrição havia sido vetada pela Fifa, os pensamentos do jogador resgataram momentos importantes da carreira como o convite do técnico Tite para que viajasse com a delegação ao Japão e a escolha pelo Corinthians quando tudo estava praticamente acertado com o Palmeiras.

A diretoria do clube tentou provar que a Fifa es-tava errada. Tudo foi feito, sem sucesso. “Foi com certeza um dos dias mais tristes da minha vida. Desde que havia acertado com o Corinthians, so-nhava com esse dia. Graças a Deus, tenho uma fa-mília estruturada e todos me apoiaram muito. Não me restou alternativa, a não ser ficar na torcida”, diz o jogador.

Não podendo atuar, o atleta pediu para que a diretoria o levasse mesmo assim. “Queria ajudar de alguma forma. O Tite gostou da idéia e formali-zou o convite. Participei de treinamentos, preleção, tudo. Não poderia jamais ficar de fora, e sinto que colaborei da melhor forma possível. Podem falar o que for, sou campeão do Mundo. Até a medalha eu ganhei”, brinca.

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Partida Solidária em gratidão à viagem com o Corinthians ao Japáo

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Memórias da direita abaladora

Ex-boxeador Rubens Oliveira conta do que ainda se lembra da carreira

João Schleder

As pancadas na cabeça afe-taram boa parte da memória de Rubens Oliveira, o Rubão.

O ex-pugilista não se lembrava se-quer que havia marcado entrevista com a República, em um sábado de janeiro, mas com simpatia e enor-me sorriso, abriu as portas de casa, no Sítio dos Vianas, em Santo An-dré. Munido de grande acervo de fotos e reportagens antigas, contou o que ainda se lembra da vitoriosa carreira no boxe.

Rubão foi um dos lutadores mais competentes que o Brasil teve nas décadas de 1950 e 1960. No-tícias da época dão conta que, em-bora não tivesse técnica das mais aprimoradas, o boxeador se desta-cava pelo excelente swing e potente

ESPORTE

direto de direita. Os títulos comprovam. Campeão Bra-sileiro, Sul e Latino-Americano – em 1961 e 1962, res-pectivamente –, o pugilista guarda como principal con-quista a medalha de bronze da categoria meio-pesado dos Jogos Pan-Americanos da Argentina, em 1963.

Nesta última competição, contudo, o campeão teve de superar revés sofrido por Muhammed Ali, ícone da modalidade até hoje, o qual já havia derrotado. “Não me passaram isso antes da luta. Acho que pensaram que eu poderia ficar com medo, desconcentrado. Mas não haveria problema nenhum. Eu nunca quis saber quem estava na minha frente. Meu objetivo era um só: derrubar o oponente”, afirma. Neste dia não deu certo. “Tomei uma piaba... Apanhei demais”, gargalha Rubão.

o inÍCio

Os primeiros contatos com o boxe surgiram quando Rubens Oliveira era ainda jovem. Extremamente re-

belde, arrumava confusão com enorme facilidade. O motivo era quase sempre o mesmo: disputa por mulheres. Uma grande briga, porém, mudou o destino. Dentro de um baile, saiu no tapa com três rapazes por uma garota. Já machucado, um deles sacou a navalha e fez enorme corte em seu braço esquerdo. A cicatriz ainda é visível, após 58 anos. “Depois daquele dia, resolvi que só iria brigar no ringue. Lá, eu sabia que ninguém puxava faca, era só no braço”, diz.

Funcionário da Pirelli de San-to André, Rubão se dividia entre trabalho e treinos, que eram re-alizados dentro da própria em-presa. De manhã, corria muitos

quilômetros para aprimorar a parte física. Depois, fazia pneus. Só subia nos tablados, quando a noite já havia caído. A rotina pesada fez com que largasse o esporte aos 36 anos. “Eu ainda tinha condições de lutar, mas estava ficando cansado. Sem contar que, naquela épo-ca, ser boxeador não dava dinheiro”, lamenta.

O amadorismo era tamanho que o pugilista che-gou a lutar estimulado apenas por saber que, em caso de vitória, traria para o Brasil o chapéu do cam-peoníssimo lutador argentino Oscar Bonavena. “Eu fui à Argentina para lutar com um compatriota dele. Antes da luta, ele disse que eu não teria chances. Eu, então, o chamei para uma aposta. O Bonavena disse que ha-via gostado da minha camisa e eu disse que queria o chapéu dele. Os dois ficaram lado a lado e eu fui para a luta.” Assim que, com belo direto de direita, derrubou o oponente, Rubão foi buscar o prêmio. “Quando o árbi-tro levantou meu braço, o chapéu já estava em minha cabeça. Aquilo me motivou demais”, recorda.

O que trazes

pra mim?

C ONSUMO

Shayane Servilha

Símbolo da Páscoa, o coelho é popular en-tre adultos e crianças.

Versão cupcakePreço sob consulta.

A Páscoa está próxima e é boa oportunidade para presentear familiares e amigos, mas não apenas com chocolates. Afinal, tem sempre

aquele que está em dieta ou que não se delicia tan-to com doces, mas não abre mão de uma lembrança temática. Além dos tradicionais ovos, vale sempre apostar em opções personalizadas para o presen-teado.

Em vez de trazer ovos de chocolate, a doceria Le Sucré resolveu investir em cup-cakes. São vários os sabo-res que podem ser escolhidos. Dos mais tradicionais, como chocolate e morango, até os mais inusitados de açaí e cupu-açu. As encomendas podem ser realizadas no site www.lesucre.com.br

Para quem não quer presentear com ovos de cho-colate, a Kopenhagen preparou a caixa de cenou-ras de chocolate ao leite com seis unidades. As cenouras também podem substituir os ovos de páscoa, na tradicional brincadeira à procura do coelhinho. O produto pode ser encontrado na loja Kopenhagen do Shopping Grand Plaza localizado à avenida Industrial, 600, loja 530, Santo André.

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Mario Cortivo

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Coelhinhos estão por toda parte e a coleção Cartoon da designer de joias Yara Figueiredo inclui colar de coelho que pode ser combinado com vários looks. A peça é ideal para entrar no clima da Páscoa com todo charme. Disponível no site www.yarafigueiredo.com.

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Belo e delicioso, o conjunto de cremes da marca Sephora, composto por sabonetes e hidratantes de chocolate, é novidade que causa doces sensações. Delicadamente perfumado, os produtos têm textura rica e não gordurosa, além de nutrir intensamente a pele. Presente para dar e receber prazer para o cor-po e a alma. Disponível no site www.sephora.com.br.

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Nessa Páscoa, a Brigadeira inovou e trouxe a gali-nha como símbolo para guardar os ovos recheados com brigadeiro. O diferencial do quitute vendido pela grife é que, por trás do docinho, há um conceito de embalagem e apresentação do produto que atrai o olhar do consumidor. O produto pode ser comprado no site www.brigaderia.com.br.

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Agradar a todos pode se tornar uma tarefa bem complicada. Caso a dúvida apareça na hora de es-colher o presente, uma caneca é sempre infalível. A linha chocofã da Imaginarium traz a caneca para os adoradores de chocolate e para começar o dia com bom humor. O produto pode ser encontrado na loja Imaginarium no Shopping ABC, avenida Pereira Bar-reto, 42, piso 2, loja 237, Santo André.

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