revista 40 anos já revisada

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Novembro de 2010 3 Quando nos foi dado o desafio de fazer uma revista comemorava dos 40 anos do ICHS, pensamos: como fazer um trabalho tão importante, se acabamos de chegar aqui (o curso de comunicação social foi iniciado em março de 2010), e não conhecemos ninguém? Mas o apoio e a colaboração de muitos novos colegas de trabalho tornaram possível a realização desta edição. Nossos objevos foram em uma única edição: comemorar a data tão especial, apresentar as principais avidades do instuto hoje e apontar as tendências do ICHS do futuro. Uma ideia de “ontem, hoje e amanhã”. E o que pudemos notar, durante as entrevistas, foi um senmento colevo de gradão por termos chegado até aqui e, ao mesmo tempo, uma grande expectava diante de novos cenários e desafios que se apresentam. A gradão vem, principalmente, por termos conseguido fazer com que saberes cienficos caminhassem lado a lado com saberes de ação, transformando nossos alunos em cidadãos conscientes sobre seu papel na sociedade. A expectava, logicamente, surge em função dos novos números do ICHS, que passou de quatro para 14 cursos em um curto período de tempo. Os desafios do futuro, do século 21, que parecia tão distante, já chegaram há uma década. E o ICHS está construindo o seu futuro e o de milhares de jovens que por aqui passam e ainda passarão. A tal expectava também se alimenta diante das diferentes demandas que se apresentam aos professores, sobretudo em função das aplicações de novas ferramentas tecnológicas. Em situações alarmistas, elas substuem as pessoas. Mas, na realidade, elas são nossas aliadas na construção de um ensino eficiente, unido a uma extensão realista e a uma pesquisa reflexiva e funcional. A diversidade de desafios, portanto, deverá alimentar novos debates sobre os rumos que vamos seguir. Cabe ao nosso me de docentes e técnicos lutar para manter o que vem dando certo. E também o estabelecimento de um compromisso pela busca connua da excelência, tratando a educação como uma prioridade. Um projeto de vida. Equipe de Comunicação Social Desafios à vista editorial

Transcript of revista 40 anos já revisada

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Novembro de 2010 3

Quando nos foi dado o desafio de fazer uma revista comemorativa dos 40 anos do ICHS, pensamos:

como fazer um trabalho tão importante, se acabamos de chegar aqui (o curso de comunicação social foi

iniciado em março de 2010), e não conhecemos ninguém? Mas o apoio e a colaboração de muitos novos

colegas de trabalho tornaram possível a realização desta edição.

Nossos objetivos foram em uma única edição: comemorar a data tão especial, apresentar as

principais atividades do instituto hoje e apontar as tendências do ICHS do futuro. Uma ideia de “ontem,

hoje e amanhã”. E o que pudemos notar, durante as entrevistas, foi um sentimento coletivo de gratidão

por termos chegado até aqui e, ao mesmo tempo, uma grande expectativa diante de novos cenários e

desafios que se apresentam.

A gratidão vem, principalmente, por termos conseguido fazer com que saberes científicos

caminhassem lado a lado com saberes de ação, transformando nossos alunos em cidadãos conscientes

sobre seu papel na sociedade. A expectativa, logicamente, surge em função dos novos números do ICHS,

que passou de quatro para 14 cursos em um curto período de tempo. Os desafios do futuro, do século

21, que parecia tão distante, já chegaram há uma década. E o ICHS está construindo o seu futuro e o de

milhares de jovens que por aqui passam e ainda passarão.

A tal expectativa também se alimenta diante das diferentes demandas que se apresentam aos

professores, sobretudo em função das aplicações de novas ferramentas tecnológicas. Em situações

alarmistas, elas substituem as pessoas. Mas, na realidade, elas são nossas aliadas na construção de um

ensino eficiente, unido a uma extensão realista e a uma pesquisa reflexiva e funcional.

A diversidade de desafios, portanto, deverá alimentar novos debates sobre os rumos que vamos

seguir. Cabe ao nosso time de docentes e técnicos lutar para manter o que vem dando certo. E também o

estabelecimento de um compromisso pela busca contínua da excelência, tratando a educação como uma

prioridade. Um projeto de vida.

Equipe de Comunicação Social

Desafios à vista

editorial

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4 Novembro de 2010

ExpedienteICHS em revista - 40 anos

Reitor: Ricardo Motta Miranda / Vice-reitora: Ana Maria Dantas Soares / Decana de Ensino de Graduação: Nídia MajerowiczDecana de Pesquisa e Pós-Graduação: Áurea E. Aznar Neves / Decano de Extensão: José Claudio de Souza Alves

Decano de Assuntos Estudantis: Carlos Luiz Massard / Decano de Assuntos Administrativos: Pedro Paulo de Oliveira SilvaDecano de Assuntos Financeiros: Eduardo Mendes Callado / Diretor do Instituto de Ciências Sociais e Humanas: Antônio Carlos

Nogueira / Idealização Pedagógica do Projeto da Revista: Simone M. G. Orlando / Editora-chefe: Cristiane VenancioEditora-assistente e revisora: Ivana Barreto / Projeto gráfico e Diagramação: Robson Barbosa / Pesquisa de imagens: Gian Cornachini

Capa: Alex Guedes (professor do curso de Belas Artes) / Repórteres – alunos do curso de Comunicação Social:Alessandra Bueno / Ana Carolina Brandão / Analine Molinário / Andreza dos Santos / Bruna Veiga / Carolina Roberta Vaz dos Santos /

Caroline Ribeiro / Dayana Darla / Enila Bruno / Fernanda Magalhães / Gian Cornachini / Igor Ferraz / Ingraty Victorio / Isabela Teodoro /Jéssica Reis / Jéssica Mazza / Kilber Moreira / Laila Carvalho / Lívia Neves / Lucas Cruz / Pollyana Faria / Thaís Yukiko

A revista ICHS 40 anos é uma edição comemorativa, sob a responsabilidade do curso de Comunicação Social,do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFRRJ.

Editorial ...................................................... 3

Índice e Expediente .................................. 4

Entrevista: Antônio Carlos Nogueira, diretor

do ICHS ...................................................... 5

História do ICHS .......................................... 8

40 anos de ensino ................................... 10

40 anos de extensão ............................... 12

40 anos de pesquisa ............................... 16

Ex-alunos do ICHS se destacam no

mercado ................................................. 18

Ex-reitor também é do ICHS .................... 20

Departamentos do ICHS .......................... 22

Conheça os cursos do ICHS ............ 23 a 36

Projetos e parcerias ................................. 37

Perspectivas da pesquisa acadêmica .... 38

ICHS do futuro .......................................... 41

Entrevista: Elisa Guaraná .......................... 45

Organograma ......................................... 47

Linha do tempo ....................................... 48

Homenagem a Paulo Freire ......................50

100 anos da Rural ................................... 51

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Pollyana Faria

Quais são as características mais importantes do atual ICHS?Nogueira: O nosso grande diferencial é essa capacidade humana instalada, com professores-pesquisadores de alto nível, um quadro técnico-adminis-trativo que também busca qualificação e um corpo discente que encontra um ambiente acadêmico agradável e instigante.

Qual foi o maior obstáculo encon-trado ao assumir a diretoria do instituto?

Nogueira: O maior obstáculo era a di-ficuldade de comunicação entre as pes-soas. Em 2004, encontrei grupos muito separados, sem diálogo. Esse trabalho de humanização das relações, acredito, foi e é fundamental, pois nunca deve-mos estar contentes com os avanços já alcançados. Para construirmos programas consistentes, de preferência interdisciplinares, o diálogo com o outro e o respeito à diversidade são a chave para alcançarmos a riqueza da univer-salidade de pensamento.

O que os colaboradores do ICHS têm feito para tornar os cursos

Luta pela consolidaçãoda excelência

Antônio Carlos Nogueira, atual diretor do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFRRJ, atua como um verdadeiro maestro à frente do ICHS: é responsável por 14 cursos, com um total de 2.500 alunos. Em seu segundo mandato no cargo, ele está à frente da maior expansão ocorrida no Instituto desde a sua criação. Ele concedeu à “Revista ICHS 40 anos” uma entrevista em que fala sobre a política de governo que permitiu a criação de novos cursos, as dificuldades, os feitos até en-tão, além de perspectivas para o futuro. Este mineiro de Patos de Minas completou recentemente 60 anos e é graduado em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa. Possui dois mestrados (um deles, inclusive, na Universidade de Paris - Nanterre) e doutorado em Comunicação pela USP. Formado também em artes cênicas, Nogueira conduz, de forma orquestral, o ICHS há seis anos.

Entrevista Antônio Carlos Nogueira - diretor do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFRRJ

Diretor do ICHS aposta em programas de pesquisa consistentes para dar base sólida às novas graduações

Fotos Letícia Santos

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6 Novembro de 2010

Entrevista Antônio Carlos Nogueira - diretor do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFRRJ

reconhecidos e de qualidade?

Nogueira: A nova realidade do ICHS é um quadro docente qualificado, com muitos pesquisadores, que já estruturaram suas áreas, de modo a serem competitivos junto às agências de fomento. Assim, estão desen-volvendo projetos de pesquisa e de intercâmbio, que qualificam o fazer acadêmico pleno, de quem ensina porque pesquisa.

No seu mandato, o que foi feito para ampliar as áreas de ensino, pesquisa e extensão?

Nogueira: Em outubro de 2004, quando assumi a direção do Instituto junto com o professor João Luiz Fer-reira de Azevedo, tínhamos grandes desafios ligados à infraestrutura. Tam-bém havia instabilidade em alguns cursos de Três Rios. Trabalhamos for-temente para dar melhores condições ao ensino – reformas de salas de aula e instalação de equipamentos; e luta-mos para dar estabilidade aos cursos de Três Rios. Contamos com decisivo apoio da administração superior e tivemos uma grande vitória com a consolidação de dois campi da Rural que nasceram do ICHS: Três Rios e Nova Iguaçu. No segundo mandato, junto com a professora Elisa Guaraná de Castro, trabalhamos pela conso-lidação das humanidades na Rural, com a criação de 10 novos cursos em condições de virem a ser também robustos programas de pesquisa e de pós-graduação.

O senhor acredita que o resultado das eleições pode interferir nos projetos das instituições públicas?

Nogueira: A grande expansão da educação superior feita pelo Gover-no Lula tornou-se uma política de Estado. O povo brasileiro apostou na continuidade das mudanças que o país vivencia e a educação, em todos os níveis, continuará a ser prioridade, não tenho dúvida.

Há alguma imposição política ou partidária, por parte da reitoria, ou mesmo do Governo federal, sobre os institutos ou, no caso, o ICHS?

Nogueira: Não, nenhuma. Há, na verdade, uma política de governo que nós queremos que se transforme em política de Estado. Porque o Brasil, infelizmente, raramente dispõe de políticas de Estado. Existem muitas políticas de governo que são mudadas quando muda o governo. O Ministério da Educação, nos últimos cinco anos, triplicou o orçamento da educação: passou de R$ 19 para 59 bilhões. O Programa de Apoio a Planos de Rees-truturação e Expansão das Universi-dades Federais (Reuni) é uma política do governo de expansão de triplicar as vagas nas universidades públicas. Isto não é uma política imposta pelo PT. Há uma política clara de expan-são, que as universidades que tiveram competência abraçaram. Na UFRRJ, os professores das Ciências Humanas e Sociais foram mais ágeis ao abraçar esta causa e construir os cursos.

Mas como essa política deixariade ser governamental para ser uma política estatal?

Nogueira: A partir do momento em que se tem a garantia constitucional de que parte do orçamento se desti-na a educação, esse percentual deve ser respeitado. Para exemplificar, o governo Fernando Henrique, no ano 94, adotou uma lei chamada de DOU (Desvinculação do Orçamento da União), em que a Constituição dizia que se deveria aplicar uma porcen-tagem específica na educação. E então se desvinculava 30% e ali nin-guém mexia. Só sobravam os outros 70%. Quando se cria uma política de estado (não importa qual governo), o estado não pode diminuir a verba da educação. Isso foi consolidado com o governo Lula. Não estou defen-dendo o governo, mas estou dizendo que o Ministério da Educação, ao fazer a política de criar vagas nas universidades federais, contratou os professores, criou uma política que o próximo governo não pode retro-ceder. O próximo governo não pode demitir os novos professores. Isto é um fato consolidado, que dá mais segurança a todos.

Não fica certo receio de que os cursos novos não tenham

tanto apoio, caso o governo mude algumas premissas já estabelecidas?

Nogueira: As bases já constituídas não permitem isso. Apenas que os programas passem por dificuldade, se houver uma mudança de posicio-namento. Caso o próximo governo seja insensível com a educação, como foi o governo Fernando Henri-que. A gestão dele considerava que as estruturas privadas de ensino dariam conta das demandas e que o estado não precisava aumentar sua quantidade de vagas. Se o governo tem uma parte já feita, há garantia de consolidação. Uma coisa é a conso-lidação de cursos novos, outra é o apoio que o governo dá às univer-sidades públicas. No entanto, com relação à manutenção da estrutura dos docentes e da universidade, há uma garantia de permanência.

Quais são os cursos de pós-graduação, mestrado e doutorado que o instituto oferece?

Nogueira: O nosso principal progra-ma é o Curso de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimen-to, Agricultura e Sociedade (CPDA), com uma bela história construída em 34 anos. Uma referência nacional e internacional de como é possível construir interdisciplinaridade com qualidade. Temos um consistente Curso de Mestrado em História, uma parceria muito bem-sucedida entre o ICHS e o Instituto Multidisciplinar; e um Curso de Mestrado Profissional em Gestão e Estratégia em Negó-cios, que passa por uma reestrutura-ção e poderá também vir a oferecer o mestrado acadêmico. Há dois progra-mas lato sensu, que também podem vir a desenvolver mestrados: Agro-negócios e Administração de Ser-viços de Alimentação. Temos ainda equipes qualificadas que compõem o quadro docente dos novos cursos e que já caminham para a criação de mestrados, nas áreas de Ciências Sociais, Filosofia, Letras e Comuni-cação Social.

Em tantos anos de direção, com certeza, o senhor já presenciou

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muitas histórias. Tem alguma curiosa ou um fato pitoresco que se destaque?

Nogueira: Na verdade, uma ativida-de que pode ser considerada muito engraçada inclusive me envolve. Há uma peça na qual eu faço uma grande gozação com essa empáfia de professores que “se acham”. Até estou pensando em montar ela aqui novamente. A peça se chama “Panda e Fanta” e conta a história de duas professoras doutoras. A peça inteira é uma imensa gozação sobre quem “se acha demais”. Eu já apre-sentei algumas vezes. A última vez faz uns três anos. Estamos vendo se na semana de comemoração dos 40 Anos do ICHS ela aparece de novo.

Há alguma representação dos estudantes junto à direção do

Instituto? Como funciona?

Nogueira: O colegiado máximo do ICHS é o Conselho Departamental, que tem representantes dos diretórios acadêmicos de cada curso. Nós já te-mos diretórios de História, Administra-ção, Economia, Economia Doméstica, Direito e Ciências Sociais. A iniciativa de montar um diretório acadêmico partiu dos alunos e a participação fun-ciona com um esquema de rodízio. Hoje, segundo a legislação, os alunos têm direito a três votos no conselho. Todos os diretórios podem partici-par com direito a voz - três votam. A dinâmica de como é realizado esse rodízio é escolhida através de uma votação feita pelos alunos. Nesses conselhos, são tomadas as decisões com relação a orçamentos, questões acadêmicas, bancas, programas de pesquisa, disciplinas, cursos. Tudo

decidido por voto de maioria. Têm direito a voto: o diretor, o vice, o chefe de cada departamento, um professor representando cada departamento, e mais três estudantes, num total de 15 votos.

Qual a sua posição diante dos desafios dos novos cursos?

Nogueira: Desde 2008, a direção do ICHS tem sido proativa no apoio à criação de novos cursos e no fortale-cimento dos programas já iniciados. O desafio atual não é criar novos cursos, mas consolidar programas no ensino, na pesquisa e na extensão. Só acredito em áreas consolidadas na graduação quando há programas de pesquisa consistentes associados. E estes precisam da pós-graduação para tornarem-se competitivos junto às agências de fomento.

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8 Novembro de 2010

Retrospectiva

Cristiane Venancio

O ano era 1969 e um misto de admi-ração e desconfiança permeava o mundo com a chegada do homem à lua. No es-porte, Pelé marcava seu gol de número 1.000 e, na cultura, o festival de rock mais comentado de todos os tempos, Woods-tock, mobilizou 500 mil jovens durante três dias, numa fazenda próxima a Nova York. Na mesma época, o Departamento de Defesa Norte Americano construiu uma rede de computadores chamada Ar-panet, que foi o embrião da internet.

No Brasil, o general Emilio Médici

A história do ICHSimpunha os tempos mais duros da dita-dura militar conhecidos como os “anos de chumbo”. A UFRRJ teve de se adap-tar às dificuldades da época. Exatamente neste ano, foram tomadas todas as deci-sões e providências para que as ciências humanas passassem a fazer parte do rol de graduações oferecidas.

– Caso contrário, a Universidade vol-taria a ser uma escola limitada às ciências agrárias. Como ninguém queria isso, os avanços aconteceram – comentou o ex-reitor José Antônio da Veiga.

O Instituto tem sua origem apontada por alguns em uma época anterior, como

é o caso da professora Nancy dos Santos Dorna, chefe do Departamento de Eco-nomia Doméstica. Segundo ela, o curso de Educação Familiar foi o embrião do ICHS, pois já desenvolvia atividades na área.

– O prédio onde estamos hoje ia ser um hospital. Antigamente, as pessoas morriam muito de malária. A estrutura foi aproveitada para estabelecer o curso de Educação Familiar que, mais tarde, veio a se chamar Economia Doméstica – recordou a professora.

Professoras e freiras francesas inicia-ram o trabalho de educação familiar no campo. Um nome importante neste con-texto foi o de Anne Marie Christine Ger-maine Marsaud.

– Ela foi uma pioneira que, certamen-te, ficaria muito feliz em ver o atual está-gio de crescimento da Rural e, principal-mente, do ICHS – disse a professora.

Para ela, os 40 anos do ICHS têm um significado especial:

– Eles significam o meu crescimento também. Para mim, o ICHS não é só um espaço. Tenho uma relação pessoal, pois, quem estudou e hoje trabalha aqui tem um carinho, algo especial. É um grande aprendizado – comentou.

O mesmo caminho trilhou o profes-sor do Departamento de Ciências Admi-nistrativas Edival Dan. Como ex-aluno e atual docente, ele também diz estar emo-cionado com os 40 anos do Instituto.

– O ICHS está dentro de mim. Eu me sinto honrado e digo que o ICHS está de parabéns. Fico orgulhoso de fazer parte dista história. Afinal, fui aluno da segun-da turma de Administração – observou ele.

Marcelo Sobreiro, professor do mes-mo Departamento, observa que a Uni-versidade tem significados semelhantes em sua vida profissional e pessoal.

– Eu diria que o ICHS é o meu segun-do lar. Passo aqui uma grande quantidade de tempo e me sinto realizado. A propósi-to, esta expansão que está ocorrendo ago-ra é um grande desafio a todos. Eu diria que é a maior vanguarda da Universidade nos últimos tempos – destacou.

Nancy Dorna concorda com o colega Nancy: “Quem estudou e trabalha aqui tem um carinho especial”q

Fotos Cristiane Venancio

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em relação ao rápido e recente crescimen-to do Instituto.

– Tínhamos tudo funcionando muito bem. De repente, enchemos a nossa casa. Logicamente, existem choques, pois toda transformação assusta um pouco no iní-cio. Mas estou com uma expectativa mui-to boa. Tenho certeza de que vai ser uma coisa muito positiva para todos – comen-tou. – Estávamos precisando de mudan-

ças. Muitos cursos eram necessários pela demanda. Sentíamos necessidade de ver a Universidade crescer.

Nancy resume a história do ICHS de forma simples, mas contundente:

– Tivemos muito mais vitórias do que derrotas. A vida inteira nós brigamos. E só conseguimos conquistar as coisas através da luta. O ICHS, hoje, está conquistando seu espaço, seu reconhecimento, seu res-

peito dentro da própria Universidade.Nancy acredita, no entanto, que a con-

solidação de todas as mudanças agora ini-ciadas levará algum tempo para ocorrer.

– Acho que não vou ver a conclusão deste crescimento, pois o ICHS ainda vai mudar mais a estrutura da universidade, que era essencialmente agrária. Hoje, ela é muito mais interdisciplinar graças ao ICHS. Saímos do agrarismo – comentou.

Edival Dan: “Eu me sinto honra-do e o ICHS está de parabéns”

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10 Novembro de 2010

Retrospectiva

Dayana Darla

Em quatro décadas, vários aconteci-mentos marcaram a trajetória do ICHS como um todo. O ensino, como parte do tripé sustentador de um instituto – pesquisa, extensão e ensino – tem sido o mais sólido nestes anos. Segundo o professor e ex-aluno da segunda turma de Administração, Edival Dan, as disci-plinas do curso eram em comum com as de Economia Doméstica e as de Ciên-cias Contábeis. Somente no 3º e no 4º períodos, o aluno podia optar por suas disciplinas específicas.

Ao longo do tempo, houve a criação de poucos cursos direcionados à área de ciências humanas, entre as décadas de 1970 e 1990, o que fortaleceu o predo-mínio das ciências agrárias na UFRRJ, porque elas já possuíam uma forte infra-estrutura dentro da Universidade.

– Os alunos que não faziam parte da elite dos cursos agrários sofriam certo preconceito e não eram levados a sério – conta o professor.

O regime era seriado, ou seja, a avalia-ção era feita anual e não semestralmente

40 anos de ensinocomo é nos dias de hoje. A média das no-tas era sete e o aluno que não alcançasse seria reprovado, ficando impedido de cur-sar as matérias separadamente. Depois, foi inserido o sistema de avaliação de crédi-tos, que é composto por uma série de dis-ciplinas cumpridas isoladamente, o que oferece aos estudantes a oportunidade de elaborar sua grade curricular, obedecendo às exigências de pré-requisitos.

Criação dos novos cursosEm 1991, ao curso de Administra-

ção foi acrescentada a especialidade “de empresas”. O fato representou um

avanço na época, dada a predominância dos cursos das áreas agrárias. Partindo deste diagnóstico, o Departamento de Letras e Ciências Sociais (DLCS) criou, em 2001, o curso de História. Segundo o relato do professor Manuel Barros da Motta, registrado no documento “Pro-posta de Divisão do DLCS em Quatro Departamentos”, de setembro de 2010, “o Departamento também chegou a ofe-recer, durante o período dos governos militares, as disciplinas de Problemas Sociais Brasileiros e Organização Social e Política, cujas aulas ocorriam sob a for-ma de conferências ministradas inicial-mente por um Almirante da Marinha.”

O surgimento do curso de História foi um desafio, uma vez que dependia da cola-boração em equipe do conjunto de docen-tes do DLCS. Como ainda não havia sido criada nenhuma vaga de professor para o cargo, os professores de Sociologia e Filo-sofia passaram a integrar o corpo docente, até surgirem novas contratações.

Porém, o movimento expansionista teve seu processo de consolidação em 2005, com o projeto de ampliação do Ensino Superior Público do Governo

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Lula. No ano seguinte, foi criado o curso de Pedagogia, no Instituto de Educação (IE), em Seropédica. Contudo, foi em 2007 que se intensificou o crescimento dos cursos de graduação, com a imple-mentação do Programa de Apoio a Pla-nos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

Desse modo, o projeto do Governo federal foi fundamental para a criação de novos cursos no ano de 2009: licen-ciatura em Belas Artes, Letras, Filosofia, Licenciatura e Bacharelado/Licenciatu-ra em Ciências Sociais, Bacharelado/Li-cenciatura em Geografia e Bacharelado em Direito e Bacharelado em História.

A Universidade ficou com mais 14 formações a partir de 2010. No campus sede, em Seropédica, os cursos de Rela-ções Internacionais, Comunicação So-cial, Ciências Contábeis, Administração Pública, Psicologia, Hotelaria, Farmácia, Sistemas de Informação, Engenharia de Materiais e Engenharia Agrícola e Am-biental. Em Nova Iguaçu, Computação e Geografia. Já em Três Rios, foi imple-mentado o curso de Gestão Ambiental.

Grandes avanços no institutoO DLCS, para atender a atual deman-

da dos novos cursos, aumentou seu nú-mero total de docentes de 22 para 95 e se

tornou o maior departamento da univer-sidade, abrigando sete cursos – História, Ciências Sociais, Filosofia, Letras, Belas Artes, Relações Internacionais e Comu-nicação Social. Esse processo aconteceu a partir de um critério minucioso de ava-liação de excelência acadêmica, no qual a maioria dos professores é portadora do título de doutor. Este fato contribuiu para as primeiras mudanças do número de projetos de pesquisa e extensão apro-vados junto às instituições que estimulam o progresso científico, como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (Cnpq) , a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e o Programa de Exten-são Universitária (Proext).

No mês de agosto, houve a primeira divisão departamental a partir do DLCS. História e Relações Internacionais pas-saram a formar o DHist. Os outros cin-co cursos que ainda oneravam o quadro docente do DLCS forama beneficiados, em outubro de 2010, com a aceitação pelo CONSU do desmembramento do DLCS em novos quatro departamentos, ainda sem sigla: Departamento de Artes, Departamento de Ciências Sociais, Dea-partamento de Filosofia e Departamento de Letras e Comunicação Social. Esta di-visão, ainda muito recente, será marco na

história do ICHS, pois consolida o movi-mento de expansão na universidade.

O ICHS também ganhou um curso de línguas, que se insere no pro-pósito de ampliar os cursos de extensão da UFRRJ. Os alunos podem optar en-tre aulas de produção e interpretação de diferentes tipos de texto em língua por-tuguesa, além das de inglês e espanhol instrumental, com duração, a princípio, de seis meses. O início foi no mês de setembro deste ano, através do Centro de Estudos de Língua (Celing), projeto criado e estruturado pelo curso de Le-tras. Como a procura foi muito grande, o departamento responsável pretende expandir suas turmas no próximo ano.

O curso de Letras também deu início, em fevereiro de 2010, ao Progra-ma Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid). Ele tem o objetivo de incluir os professores e alunos em semi-nários e jornadas científicas, impulsionar a publicação de artigos científicos em revistas acadêmicas, atividades de ofi-cinas e cursos à comunidade acadêmica na semana de eventos Prodocência, na UFRRJ. O curso de Comunicação So-cial, por sua vez, oferece ainda aos seus alunos laboratórios de prática e pesqui-sa, objetivando fortalecer a comunica-ção interna e externa da Universidade.

Assim, o ICHS tem o claro pro-pósito de oferecer aos alunos cada vez mais excelência na graduação, pesquisa e extensão universitárias, procurando desenvolver projetos que estimulem os discentes e proporcionem novas pers-pectivas no meio acadêmico.

Acervo ICHS

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12 Novembro de 2010

Retrospectiva

Simone Orlando

Há 30 anos, a UFRRJ oferece a disci-plina “Extensão Rural” para os cursos de Agronomia, Zootecnia, Engenharia Flo-restal, Economia Doméstica, Medicina Veterinária, Engenharia Agrícola e Licen-ciatura em Ciências Agrícolas.

O que muitos não sabem é que a Área de Extensão Rural (AER) está vinculada ao Departamento de Ciên-cias Sociais (DCS) do ICHS. O motivo é muito simples: o tipo de docente que ministra esta disciplina deve ser essen-cialmente alguém com conhecimentos específicos para discutir a dimensão humana das Ciências Agrárias para fu-turos “extensionistas” - nome dado aos profissionais que atuam junto ao meio rural e aos diversos públicos que dele fazem parte.

Hoje, cerca de 400 alunos dos últi-mos períodos destas formações são anu-almente atendidos por cinco professores da AER, que lecionam, além da discipli-na “Extensão Rural” como obrigatória, “Projeto de Extensão Rural” de caráter optativo. Em 2011, a área encampará ain-da “Metodologia da Ciência” e “Métodos e Técnicas da Pesquisa”, com conteúdos voltados especificamente para as Ciências Agrárias, o que agregará uma demanda de mais 135 alunos por semestre.

Cesar Augusto Da Ros, engenheiro agrônomo, doutor em ciências sociais em desenvolvimento agricultura e sociedade (CPDA/UFRRJ), atual coordenador da AER, explica que a área passou por uma reformulação significativa em 2007. Os docentes envolvidos se dispuseram a atu-alizar o conteúdo programático da disci-plina e a abordagem na condução das au-las. Por meio de temas que despertassem uma melhor articulação entre a teoria e a prática e uma reflexão sobre as diversas dimensões que compõem a realidade do meio rural, a bandeira da mudança foi atentar para a constituição de um profis-sional mais sensível aos problemas que

40 anos de extensãoO elo entre as Agrárias e as

Humanas no ICHS

“”

Já não é mais possível pensar num mundo rural como um espaço isolado, com valores e costumes próprios e com uma economia voltada exclusivamente às atividades agrícolas.Cesar Da Roscoordenador da AER

extrapolam a esfera de produção técnica no campo.

Tudo isso só foi possível porque o perfil dos extensionistas mudou. O que está em pauta, no momento, são profis-sionais que possam atuar também junto ao público da agricultura familiar e da reforma agrária, ao contrário do que se pensava no passado para os egressos dos cursos das Ciências Agrárias, quando o foco eram os médios e grandes empresá-rios rurais mais capitalizados.

Entre as décadas de 50 e 80, tinha-se como eixo de estudo para a Extensão Ru-ral a difusão de inovações no campo. O que estava em jogo na relação de apren-dizado era o incentivo para transformar pequenos produtores em grandes empre-endedores, com o respaldo do modelo de

agronegócio, dos pacotes tecnológicos e da imposição verticalizada do conhe-cimento. De acordo com Da Ros, esta abordagem trazia o conceito de desenvol-vimento rural atrelado somente ao cresci-mento do PIB agrícola, desconsiderando o diálogo e o saber tradicional acumula-dos ao longo das gerações.

As bases que viabilizavam esta inter-pretação vinham das instituições de pes-quisa, articuladas às políticas de crédito

agrícola subsidiadas no país. Conhecido mundialmente por ‘revolução verde’, o processo em questão caracterizou-se por concentrar-se apenas nas soluções de or-dem tecnológica, em detrimento da ado-ção de medidas que pudessem minimizar as graves desigualdades de riqueza e ren-da no campo.

A nova proposta de formação para o século XXI prevê que o profissional do setor seja capaz de aliar teoria e prática numa mesma experiência.

– E que ele também contribua na decodificação das demandas dos agri-cultores, a fim de convertê-las em ações e políticas, capazes de promover o desen-volvimento rural sustentável e o aumento da qualidade de vida das comunidades rurais – ressalta o coordenador.

O professor Joanes de Oliveira Dias leciona na área há 25 anos e, prestes a se aposentar, relembra o quanto que, nos últimos anos, a AER cresceu e ganhou novos rumos. Para o cativo docente da área, a tendência é que a Extensão Rural ganhe espaços mais significativos dentro da UFRRJ e da discussão acadêmica na-cional.

Para concretizar este ideal, Da Ros

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Todos os anos, a Extensão Rural envia dezenas de alunos ao campo para promover atividades de aprendizado

elucida que a disciplina hoje não só dis-cute o desenvolvimento sustentável, a agroecologia, a agricultura familiar e suas relações com a segurança alimentar, como busca valorizar e resgatar a importância dos movimentos sociais camponeses, das experiências de organização social e lutas históricas pela terra. Busca ainda refor-çar o sentido da crítica como elemento essencial para o desenvolvimento da re-organização do trabalho e da produção dentro de uma ótica do associativismo, do cooperativismo e da economia solidá-ria. Outro ponto de reflexão para os que estudam a disciplina são as desigualdades sociais associadas a gênero, etnias e gera-ção, bem como o impacto da expansão das novas tecnologias de comunicação e informação para o campo.

A comunicação também é tema em pauta na formação. É pensada como um meio de viabilizar a expressão identitária das populações do meio rural, entendendo-os como sujeitos críticos, capazes de reagir às políticas governamentais e não-governa-mentais como produtores de sentido.

Trabalho de campoOs alunos da disciplina “Extensão

Rural” realizam, em média, seis visi-tas técnicas semestrais em proprieda-des familiares, assentamentos rurais ou comunidades de pescadores, com a finalidade de ter um contato maior com a realidade social do meio rural fluminense.

Toda visita é precedida de um pre-paro teórico. Os alunos são divididos em Grupos de Trabalho, recebem um conjunto de orientações ou um Pla-no de Desenvolvimento de Assenta-mento (PDA) e são posteriormente orientados a elaborar um trabalho final com base nas informações cole-tadas.

Nesta empreitada, ao voltarem para a sala de aula, são desafiados a realizar diagnósticos rurais, na busca de identificar problemas de diversas naturezas, principalmente de ordem técnica, econômica, social e ambien-tal. Pelo levantamento que fazem, percebem se existem entraves no pro-cesso produtivo das famílias implica-das. Além disso, podem reconhecer potencialidades capazes de orientar a proposição de estratégias de desen-volvimento rural.Da Ros é coordenador da AER

Acervo ICHS

Letícia Santos

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14 Novembro de 2010

l Propor uma ampliação do número de disciplinas de temática socioeconômica na matriz curricular dos cursos das Ciências Agrárias, distribuindo-as nos períodos ao longo dos cursos.

l Propor a criação de um Fórum de debates entre os professores que ministram disciplinas das ciências humanas para os cursos das ciências agrárias, visando promover o diálogo e a articulação entre as temáticas tratadas, evitando-se assim, a sua fragmentação.

l Ofertar disciplinas optativas que discutam temas correlatos à extensão rural, tais como os processos de desenvolvimento, a agroecologia, as metodologias participativas, os projetos de extensão e as formas sociais de organização da produção (associativismo e cooperativismo), entre outros temas.

l Incentivar uma maior reflexão sobre o tema da extensão rural nas semanas acadêmicas, oficinas, estágio de vivência e intercâmbio mais regulares de estudantes e professores.

l Ampliar as vias internas de publicização de temáticas ligadas à extensão rural tais como etnia, raça, gênero, comunicação, desenvolvimento local e agroecologia. A chegada do Curso de Comunicação Social e a possibilidade de fácil veiculação proporcionada pela Internet pode vir a viabilizar novos produtos em parcerias futuras.

l Promover uma maior interação com áreas de conhecimentos afins (educação, sociologia, comunicação, antropologia, ecologia) para que a extensão rural possa se favorecer da teoria contemporânea produzida em áreas correlatas.

l Estimular a construção de histórias de vida com os pioneiros da extensão rural no Brasil (“memória da extensão rural”), mediante a proposição de projetos de pesquisa com esse cunho.

l Reivindicar a criação de uma estrutura de apoio na UFRRJ para garantir condições de recursos financeiros, laboratórios (mídias, recursos didáticos e audiovisuais), transporte eficientes e seguros nas atividades de extensão.

l Construir parcerias interinstitucionais entre a UFRRJ, a EMBRAPA-Agrobiologia, a EMATER-Rio, ONG´s e as organizações de representação dos agricultores familiares e assentados, visando a realização de projetos de pesquisa e extensão com incidência sobre a realidade social do meio rural fluminense.

l Construir um curso de pós-graduação, em nível de especialização, ou um mestrado profissional para profissionais de nível superior com atuação na extensão rural junto ao público dos agricultores familiares e assentados, visando capacitá-los em processos de intervenção que promovam o desenvolvimento rural sustentável.

l Promover a publicação de trabalhos que reúnam não só os resultados das pesquisas realizadas pelos professores da área, mas também das reflexões realizadas nas atividades de ensino e extensão.

Retrospectiva 40 anos de extensão

EntEnda mElhor

Desafios para a área

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Edilene Lagedo TeixeiraCoordenadora do NúcleoIntedisiciplinar de Economia Doméstica

A extensão, a meu ver, está longe de ser uma parte do tripé de sustenta-ção da formação acadêmica, uma vez que a pesquisa, o ensino e a extensão, neste conceito, sugerem um começar de forma separada. O conceito cons-truído por experiências vividas nos 30 anos de atividades profissionais, como educadora, me permite tecer uma visão desta trilogia, que se fundamenta na Formação Acadêmica como um único corpo comandado por seus órgãos, te-cidos e demais sistemas que funcionam em um único momento, através de re-lações e inter-relações que nos permi-te perceber a interdependência: cada um não pode ser visto isoladamente. Principalmente, quando se trata desta formação rica e construída com valores sociais, culturais, econômicos, históri-cos e políticos responsáveis pela quali-dade de vida da sociedade com quem está comprometida. O ensino, promovendo a rede de co-nhecimentos do aluno, se sustenta com a extensão, que democratiza e socializa es-tes conhecimentos. E ainda se fortalece com a pesquisa, que faz as identificações de problemas existentes no cotidiano. Isso realimenta o ensino e, assim, cada parte deste conceito, que fundamenta todo o processo de aprendizagem, se vê interdependente do outro.

Ao lembrar-me do ano de 1975, quando era discente, recordo-me do vislumbre do acesso à Universidade, representada aqui pelo ICHS. Lembro-me das relações das formações especí-ficas com os cursos de Economia, de Ciências Contábeis, de Administração e da Economia Doméstica. Isto me fez “reler” momentos fundamentais de mi-nha prática, retidos na memória, que permitiram a compreensão do contex-to, desenvolvida por uma leitura crítica.

“O ensino que promove a rede de conhecimentos se sustenta com a extensão”

Isto implica a percepção das relações entre o texto e o contexto a ser lido do hoje. Então, hoje, como docente, per-ceber-se 35 anos após aquele momen-to, com o mesmo vislumbre, é muito importante. No entanto, com um olhar maduro e mais crítico, diante e vivendo a globalização, o crescimento tecnoló-gico e a grandeza da diversidade, cons-tituída pelo crescimento da oferta de cursos acontecida nos últimos anos.

Diante de tudo isso, eu diria ao ICHS que aproveite esta diversida-de de saberes construída a partir de cada implantação do corpo docente e discente de cada curso. Para forta-lecer sua essência construída dos va-lores científicos, sociais e humanos, levando ao que todos nós desejamos: a almejada educação transcendente,

permeada pela interdisaciplinaridade e multiplicidade de conhecimentos, que parece estar em fase de sensibili-zação efetivada, por exemplo, com a prática de ensino dinâmico, crítico e de qualidade, como é esta construção histórica dos 40 anos do ICHS. Uma ação prática do relato de conhecimen-to como registro histórico, do aqui e agora, para um futuro próximo a ser vivenciado por novas oportunidades. Uma situação concretizada pelo en-volvimento dos próprios cursos na realização de uma prática acadêmica verdadeira. Um processo encadeado pelo curso de Comunicação Social, responsável pela construção de uma grande teia com outros cursos, vis-lumbrando como resultado a Revista 40 anos do ICHS.

Edilene: “O ensino também se fortalece muito com a pesquisa”

Cristiane Venâncio

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16 Novembro de 2010

Retrospectiva

40 Anos de PesquisaAna Carolina Brandão

“O papel da mulher numa socieda-de em mudança”. Este título poderia ser de um estudo dos anos 2000, no entanto, é uma das primeiras pesqui-sas realizadas pelo ICHS, datada de 1971, década em que foi criado o Ins-tituto, elaborada pelo Departamento de Economia Doméstica (DED). Ao longo dos anos, desde a sua criação, o ICHS desenvolve pesquisas dos mais variados temas, relativas aos seus de-partamentos de ensino.

De acordo com relatório de ati-vidades do Instituto, arquivado no Centro de Memória da UFRRJ, foi a partir de 1981 que a pesquisa passou a ser incentivada institucionalmen-te no ICHS, com a realização de um seminário. Hoje, os estudos são bem mais elaborados, por docentes de gra-duação, discentes de graduação e de pós-graduação, como pesquisas de iniciação científica, sendo algumas de-las financiadas pelo Conselho Nacio-nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

Desde 1994, os trabalhos de des-taque realizados no ICHS são publi-cados na revista Séries Humanas da Edur, editora da UFRRJ, que já apre-senta mais de 130 pesquisas catalo-

gadas. No próprio ano de 1994, um estudo de grande repercussão foi a “Avaliação da contribuição da gerên-cia pela qualidade total ao processo estratégico das empresas: um estudo de caso na Xerox do Brasil”, do atual professor do Departamento de Ci-ências Administrativas e Contábeis (DCAC), Silvestre Prado de Souza Neto, juntamente com os professo-res Marcelo Álvaro da Silva Macedo, atual docente da UFRJ, e Ruthberg dos Santos (já falecido).

O projeto de pesquisa foi todo de-senvolvido com visitação dos profes-sores às indústrias, apurando dados e assistindo a palestras e congressos sobre o tema. Desde 1990, Silvestre Prado trabalha a questão da quali-dade na indústria, daí a iniciativa de realizar um trabalho na área, além do fato de se tratar de um assunto ainda pouco explorado.

– A pesquisa obteve reconheci-mento. Após esse estudo, a questão da qualidade passou a ser trabalhada por outros estudiosos – diz o professor.

O trabalho também favoreceu o reconhecimento do curso de Admi-nistração na UFRRJ, pois até aquele momento muitos acreditavam que se tratava de Administração Agrária e não de Empresas.

– Quando nós visitávamos as in-dústrias e falávamos que éramos da UFRRJ, muitos se espantavam, por acharem que aqui só tinha Adminis-

Prado Neto: repercussão depesquisa entre organizações do Rio

tração Agrária – conta.

Mais resultadosOutra pesquisa publicada na Séries

Humanas, apresentada em jornada de iniciação científica, foi da professora Tatiane de Oliveira Pinto, do DED, no ano 2002. Na época, ela era aluna de Economia Doméstica e foi convidada a participar de um projeto de iniciação científica pela professora Patrícia de Freitas, sua orientadora na graduação. A então aluna de 3º período começou a desenvolver o estudo “Internet, um novo conceito de brincadeira infantil”, a partir do desdobramento de um tra-balho com temas de consumo e gênero voltados para a criança.

– A possibilidade de estar refletin-do sobre o uso da internet, que hoje é uma realidade, inclusive para as crian-ças, incentivou bastante o projeto de pesquisa – diz a professora.

Atualmente, há diversas pesquisas sendo desenvolvidos pelos docentes do ICHS. Entre os cinco departamen-tos em funcionamento (sem esquecer que eles foram desmembrados e serão dez, brevemente) há bons exemplos de pesquisas em andamento: “O pa-pel da persuasão na articulação entre filosofia e política em Platão” lidera-da pelo do professor AdmarAlmeida da Costa, do curso de Filosofia; “A ge-netização do parentesco e o impacto na questão da infância e adolescência no município do Rio de Janeiro”, co-ordenada pela professora Alessandra de Andrade Rinaldi, do curso de Ci-ências Sociais; “Exposições Gerais de Belas Artes, 1894-1930: Transcrição e disponibilização em rede de notas de imprensa”, organizada pelo professor Arthur Gomes Valle, da graduação de Belas Artes; e “Cognição, Discurso e Interação”, liderada pela professora Maria do Rosário da Silva Roxo, do curso de Letras.

Cristiane Venâncio

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Cristiane Venancio

Impossível falar de 40 anos de pesquisa no ICHS sem fazer

referência ao Programa de Pós-Gradu-ação de Ciências Sociais em Desen-volvimento, Agricultura e Sociedade

(CPDA). Antiga unidade de estudos de agronegócios da Fundação Getú-lio Vargas, em convênio com o Mi-nistério da Agricultura, o centro de estudos foi encampado pela UFRRJ em 1981. São praticamente 30 anos de atividades.

A professora Eli de Fátima Napo-leão, na UFRRJ desde 1982, tem atu-

ado no CPDA principalmente em pesqui-sas fundamentadas no pensamento lati-no americano e brasileiro, relacionando as ciências sociais às raízes agrárias.

– Tenho um sentimento afetivo enorme pelo ICHS, pois foi a única entidade de uma universidade que nos aceitou dentro dos moldes em que já trabalhávamos. O marco de nossa vinda para cá foi formarmos um perfil universitário novo – comentou. – O CPDA nasceu para formar técnicos do setor público agrícola e aqui o perfil da demanda se am-pliou para a área acadêmica. O ICHS tem o mérito de ter alcançado uma qualificação significativa fora das tradicionais ciências agrárias.

Atualmente, segundo a professora, a tendência nos pró-ximos anos do CPDA – referência em pesquisa em toda a América Latina – é, além de ser procurado para estudos de ciências agrárias, receber uma grande demanda para pes-quisas de ciências humanas e sociais.

– Temos recebido muitos projetos interessantes nas áreas do Direito, da Administração e até da Geografia. Isto é exce-lente, pois a interdisciplinaridade é fundamental para a pes-

quisa acadêmica – observou a professora. – Até porque a percepção de muitas pesso-as é a de que o mundo rural é muito restrito. E, na verda-de, a cidade influi muito na vida do campo e essas pes-quisas ajudam a desmistifi-car este pensamento.

O CPDA tem recebido alunos de todo o país, da América Latina e da Áfri-ca. Para Eli Napoleão, esta convivência com pessoas de culturas tão diversas tem sido um diferencial entre os pesquisadores.

– Hoje, temos cerca de 130 alunos, sendo 15 estrangei-ros. Esta é a coisa de que mais gosto lá – comentou ela. – Temos alunos do Oiapoque ao Chuí. Academicamente e afetivamente, os problemas sociais nos unem. A troca, por-tanto, é fantástica.

Segundo ela, de tempos em tempos, as linhas de pes-quisa do centro de estudos são repensadas e analisadas de acordo com as demandas.

– Quando é necessário, nós extinguimos algumas e cria-mos outras. Temos de estar atentos às mudanças. Não po-demos deixar de ampliar nossos horizontes e visão de mun-do – comentou.

Em 2007, o CPDA fez uma reunião com ex-pesquisado-res que por lá passaram.

– Conseguimos reagregar 450 ex-alunos, e vimos que preparamos pessoas em diversas áreas. Desde o que está remarcando terras indígenas até o assessor da Presidência da República – salientou. – Temos entendido o campo brasi-leiro e temos conseguido modificá-lo. Conquistamos nossos objetivos. Tenho muita satisfação de fazer parte do CPDA, do ICHS e da UFRRJ.

CPDA: pesquisa para entender o campoCristiane Venancio

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18 Novembro de 2010

Jéssica ReisCaroline Ribeiro

Preparar com excelência profissional e proporcionar um forte embasamento humanístico e social tem sido o lema do ICHS, ao longo dos seus 40 anos de exis-tência. A ideia sempre foi oferecer aos alu-nos orientação e espaço dentro da Univer-sidade para a execução de projetos, visando à experiência e à vivência da profissão.

A filosofia adotada pelo Instituto pode ser comprovada pela trajetória profissio-nal de ex-alunos, como o atual coordena-dor de logística da Votorantin Siderurgia, empresa de destaque no mercado nacio-nal. Formado em 2001, Marcus Vinícius Damacena foi aluno de Administração da UFRRJ, curso que, na última avaliação do MEC, teve conceito A e está entre as gra-

duações pioneiras do ICHS.No Instituto, Marcus foi presidente

da Empresa Júnior de Multiconsultoria, que há 13 anos tem o objetivo de ofere-cer experiência aos estudantes de Admi-nistração e de Economia. Os quatro anos de trabalho na Multiconsultoria lhe pro-porcionaram capacitação para o mercado e o ajudaram como administrador, inclu-sive abrindo portas.

– A experiência que mais me ajudou na Universidade foi o período em que eu atuava na Empresa Júnior. Hoje, percebo isso como o primeiro passo que dei rumo a maiores saltos na minha vida profissio-nal – conta.

Ele ressalta a importância do ICHS e como a UFRRJ fez diferença na sua vida.

– O Instituto foi tudo e mais um pou-co. Foi onde me descobri e percebi que

nasci para ser administrador. Conheci vários profissionais dentro e fora da Uni-versidade que me permitiram abrir a ca-beça e sair do lugar comum – declara.

Damascena destaca o fato de ter es-tado em uma instituição de ensino com perfil tão diversificado.

– A Rural nos permite ter visões di-ferentes do mundo, com uma riqueza pouco comum. Convivi com pessoas de todo o Brasil, de classes sociais distintas e isso é uma escola que não tem preço – constata.

Quanto ao fato de ser um dos entre-vistados nessa reportagem, Marcus reco-nhece que isso só ocorreu devido à exce-lência da própria Universidade.

– Se pudesse definir a Rural em uma palavra seria “realização”. Lá, vivi a melhor fase da minha juventude – acrescenta.

Conquistas

Ex-alunos do ICHS se destacam no mercado de trabalhoFormação humanista e plural contribui para a

formação de profissionais diferenciados

Êxito profissional é uma marcade quem passa pela Rural

Hoje, aos 32 anos, com pós-gra-duação em Logística pela Fundação Getúlio Vargas e mestre em Estratégia (UFRRJ), o ex-aluno revela que o se-gredo do sucesso na profissão é nunca deixar de sonhar e se esforçar para al-cançar suas metas.

O êxito profissional tem sido uma marca na vida de ex-alunos do ICHS. Maria Célia Bonilha, formada em Eco-nomia Doméstica, hoje é assessora de segurança alimentar e nutricional da ONG inglesa Plan International Brasil, na unidade de São Luís (MA). Com pa-lestras ministradas em diversos países, Maria Célia cursou mestrado em Ciên-cias e Tecnologia de Alimentos.

Desde 2007, seu trabalho na ONG é voltado para crianças e adolescentes.

Célia destaca a importância do incenti-vo profissional dado pelo ICHS quando ainda era universitária.

– Desde aluna, sempre fiz estágios muito bons, e antes de me formar já es-tava no mercado de trabalho exercendo minha profissão – conta.

Orgulhosa de ter estudado na UFRRJ, ela aponta os estágios de mul-tidisciplinaridade do antigo Núcleo In-terdisciplinar de Economia Doméstica e Ensino Fundamental (Niedef), hoje Núcleo Interdisciplinar de Economia Doméstica (Nied), como fundamentais para o desenvolvimento de sua carrei-ra. O Núcleo, formado por alunos es-tagiários e professores, realiza projetos direcionados para o atendimento da comunidade local, escolas e cooperati-

vas, como atividades culturais e cursos profissionalizantes. Célia diz que o mer-cado está pronto para quem busca expe-riência desde cedo.

– Para quem faz estágios, dedica-se e sabe o que quer não tem mercado di-fícil. O Niedef foi o ponto-chave para meu sucesso profissional – revela.

A economista doméstica valoriza a relação cultivada no Instituto entre alu-nos, professores e funcionários.

– Durante a graduação, eles foram meu esteio. Os funcionários são a alma da Rural e os docentes, em sua grande maioria, estão comprometidos. A Uni-versidade me propiciou não somente a parte profissional, mas o amadureci-mento como pessoa. Foi, em particular, uma escola de diversidades – conclui.

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Divulgação

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20 Novembro de 2010

Retrospectiva

Cristiane Venancio

Impossível relembrar a trajetória de ex-alunos do ICHS que se destacaram no mercado e não pensar no professor José Antonio Veiga. Único reitor da história da Universidade oriundo do Instituto, ele foi eleito por dois mandatos consecuti-vos, de 1996 a 2003.

Formado em Administração e em Economia, o docente teve uma carreira marcante na UFRRJ. Começou em 1977, como professor colaborador do curso de Ciências Econômicas. Logo depois, no início da década de 80, já era diretor de assuntos acadêmicos e registro geral da Universidade.

– Isto me deu um grande conhecimen-to sobre os cursos. Conhecer a UFRRJ e seus detalhes foi fundamental para a mi-nha carreira – observa o professor.

De acordo com Veiga, em 1987, o en-tão decano de ensino e graduação deixou o cargo e ele foi chamado pela reitoria para substituí-lo.

– Fiquei lá até 1989 e os processos que ocorriam na política do país ocor-riam semelhantemente na Universi-dade. Percebíamos que o processo de eleição aqui dentro estava se demo-cratizando. Pelo menos no campo das ideias – comenta.

Ele ressalta, ainda, que o atual diretor do ICHS, Antônio Carlos Nogueira, foi peça-chave na condução do processo de eleições diretas.

– Ele era presidente da Associação de Docentes da Universidade (Adur).Vejo que isto foi muito positivo – continua.

De 1989 a 1992, José Antônio Veiga exerceu o mandato de vice-reitor e, no fi-nal, foi candidato a reitor.

– Eu era a expressão do continuísmo e havia certo receio de algumas partes. – sa-lienta. – Havia uma visão de que as huma-nidades não formavam uma ciência e, por isso, havia um preconceito por parte dos acadêmicos.

Ex-reitor também é do ICHSJosé Antônio Veiga esteve à frente

da Universidade por oito anos

Veiga não foi eleito e voltou à sala de aula “para ganhar mais experiência”, se-gundo ele. Em 1996, aconteceram duas coisas importantes na carreira: a conclu-são do mestrado e a vitória como reitor, nas urnas.

– Fui eleito pelas três representações: docentes, técnicos e alunos – conta. – Em 1998, o governo de Fernando Henrique Cardoso mudou a lei e, assim como o pre-sidente da República, eu também pude ser reeleito, no ano seguinte. Estava mais seguro e mais maduro.

Foi desse modo que este fluminense de Vargem Alegre, distrito de Barra do Piraí, levou a marca do ICHS ao mais alto posto da UFRRJ por oito anos.

– Sou da quarta turma de Economia.

Aqui é minha segunda casa. Aqui me ca-sei, tive meus dois filhos e hoje sou o pro-fessor mais antigo do Departamento de Ciências Econômicas – comenta.

O professor se emociona ao lembrar-se da trajetória do ICHS.

– Este Instituto foi construído com muita luta. Saímos do brejo, do pânta-no, e levamos o curso de Administra-ção ao conceito A – conta. – Criamos o mestrado em administração, cursos de pós-graduação em nível de especializa-ção, o curso de Administração à distância (Cederj), a interiorização, parcerias com fundações, prefeituras. Construímos os prédios novos (anexos I e II). A minha história se confunde com a do ICHS. E eu tenho muito orgulho disso – conclui.

Veiga: “Minha história se confunde com o ICHS. Tenho orgulho disso”

Cristiane Venâncio

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A práticA AliAdA à teoriA

odepartamento de economia doméstica oferece a seus alunos a oportunidade de colocar em prática o conteúdo aprendido em sala

de aula. o laboratório do curso, dentro do icHS, é um dos diferenciais da graduação.

Letícia Santos

Retrospectiva

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22 Novembro de 2010

ICHS hoje

Cristiane Venancio

Uma trajetória tão marcante não po-deria ser construída sem a participação indiscutivelmente positiva dos técnicos administrativos do ICHS. Juntamente com o corpo docente, eles formam a base do serviço de excelência que é oferecido aos alunos e à comunidade há 40 anos. Atualmente, cerca de 50 técnicos atuam em todo o Instituto em áreas distintas. Sejam secretárias, assistentes ou técnicos, eles estão sempre lá, para atender profes-sores e alunos de forma eficiente.

Gilcéia Ribeiro trabalha no ICHS há 35 anos. Há seis é secretária da direção da unidade: todo o primeiro mandato do professor Antônio Carlos Nogueira como diretor, e a metade do segundo, em anda-mento. Orgulhosa por fazer parte desta história vitoriosa, Gilcéia sabe que ainda há desafios.

– Mas tivemos muitas conquistas também. Vejo como a mais importante a expansão dos cursos iniciada em 2009 e que continua até agora. Temos muito tra-balho pela frente – observou.

Rosane Reis, há 21 anos na UFRRJ, é coordenadora do Espaço Cultural Paulo Freire há seis. Ela também se emociona ao recordar a história do Instituto.

– A minha geração teve uma partici-

pação muito concreta na construção do ICHS atual. É uma história de muita luta e o resultado está aqui: o Instituto nunca foi tão aberto – observa. – O mais difí-cil para nós, técnicos, era conseguir uma paridade de sentimento, de trato. E isso nós atingimos agora. Crescemos, ama-durecemos e somos tratados de igual para igual.

Curso de especialização em Gestão Pública é aprovado

Segundo ela, o corpo técnico do ICHS está num momento muito positivo.

– Estamos juntos há muito tempo e, por isso, somos unidos. Isso é uma con-quista, que é do Instituto também. Hoje, nossa unidade de trabalho é mais volta-da para o ser humano e mais preocupada com a qualificação de todos – comenta.

Desde o início do ano, a Universidade vem dando treinamento a seus técnicos administrativos em Gestão de Projetos, que consiste em módulos de gestões se-paradas, como Gestão do Tempo, da Co-municação, de Custos, entre outras áreas. Cinco técnicos do ICHS têm participado. Outro projeto da UFRRJ é o curso de es-pecialização em Gestão Pública, aprova-do em setembro na Câmara de Decania de Pós-graduação. A primeira turma, prevista para começar em 2011, deverá

atender principalmente ao corpo técnico da Universidade.

A recente expansão do Instituto afeta diretamente o trabalho dos técnicos ad-ministrativos. O crescimento tem causa-do expectativas.

– O desafio é melhorar a estru-tura. Em dois anos, o ICHS cresceu tanto que ainda não entendemos a dimensão real do novo Instituto. Antes, conhecía-mos todos os alunos por nome. Hoje, não temos mais condições disso – diz Rosane. – A responsabilidade cresce, causa certo susto, mas isso é positivo. Temos que acreditar que tudo vai dar certo.

Como coordenadora do Espaço Cultural Paulo Freire, Rosane vê um pa-pel fundamental para uma entidade como esta dentro de um Instituto de Ciências Humanas e Sociais.

– Nossa função é mostrar que a educa-ção é algo muito maior do que aquilo que ocorre na sala de aula. Mostrar a cultura popular e como ela faz parte da cultura científica. Não podemos desvincular uma coisa da outra – observa. – A cultura faz parte de uma educação plural. Sem des-merecer o conhecimento técnico, sistê-mico, pois precisamos formar nossos alu-nos como pessoas completas. O mundo está plural demais para ficarmos apenas dentro da sala de aula.

Apoio de técnicosadministrativos é fundamental

Grupo recebe treinamento constante para manterfuncionamento do ICHS em dia

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Thaís Yukiko

Um dos três cursos pioneiros do Instituto de Ciências Humanas e Sociais da UFRRJ, o curso de

Administração, portanto, tem 40 anos de existência e tornou-se referência para os estudantes da área. Também pioneiro nos processos de interioriza-ção (abertura de cursos da Universida-de no interior do estado do Rio de Ja-neiro), a graduação já foi oferecida em Volta Redonda e Quatis. Atualmente, é oferecida nos três campi da Rural: Se-ropédica, Três Rios e Nova Iguaçu.

Em 1970, o curso de Administra-ção foi implementado para responder à necessidade de criação do então De-partamento de Ciências Sociais, assim nomeado para que a UFRRJ recebesse o título de universidade, já que a ins-tituição tinha foco mais eviedente nas

Ciências Agrárias. Iniciava-se uma his-tória de vitórias do curso, que recebeu conceito A do MEC na década de 90.

A primeira turma tinha 17 alunos e nove professores começaram as ativi-dades da graduação em Administração. Atualmente, 40 docentes ministram aulas para o que hoje é o maior curso da Universidade.

Ao concluir a graduação, o estu-dante deste curso sai da UFRRJ com o título de Bacharel em Administração com habilitação em Administração de Empresas. Este é o curso com o maior número de matrículas no ensino supe-rior no país. Só no ano de 2008, foram mais de 860 mil, segundo o Censo de Educação Superior mais recente. Atu-almente, dos cerca de 300 mil profis-sionais registrados no Conselho Fe-deral de Administração, quase 80 mil estão em São Paulo. Apesar da grande

competitividade na área, o setor ainda é atraente, pois cerca de metade dos cargos de uma empresa é destinada a cargos administrativos.

Com o objetivo de aproximar a Uni-versidade do mercado e da comunida-de, o curso tem uma Empresa Júnior (ou Multiconsultoria) na qual os alu-nos podem pôr em prática o conheci-mento adquirido durante as aulas. Isto permite uma aprendizagem eficiente e permite ao aluno ter contato com prá-ticas vigentes no mercado.

Entre as áreas de atuação do profis-sional de administração estão recursos humanos, financeira, produção, logísti-ca, terceiro setor, auditoria, marketing, meio ambiente, projetos. Para que tenha entrada em todos estes setores, o aluno recebe um leque de disciplinas das áreas de humanas, sociais e exatas. A gradua-ção deve ser feita de quatro a sete anos.

AdministraçãoFotos Divulgação

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24 Novembro de 2010

Administração Pública

Bruna Veiga

Coordenado pelo professor Sau-lo Barbará, o novíssimo curso de Administração Pública do

ICHS foi criado para atender a uma demanda de alunos por esta área da administração. O Projeto Pedagógi-co do Curso (PPC) foi construído, segundo a coordenação, para suprir a preocupação e a cobrança dos cida-dãos sobre a necessidade de a gestão dos governos, em geral, terem pro-fissionais capacitados administran-do órgãos públicos.

O curso visa a profissionalizar o indivíduo que deseje se engajar numa carreira definida pela gestão pública, que é muito diferente da administração privada. Enquanto esta última é desenvolvida com o objetivo de promover, de maneira geral, a riqueza de empresas com fins lucrativos, sociedades anôni-

mas e limitadas, a primeira tem como meta prioritária atender ao cidadão, que é o verdadeiro usuário do serviço público. O foco, portan-to, é priorizar a gestão eficiente de instituições governamentais em to-das as esferas.

Os três primeiros períodos do curso são oferecidos em comum com o curso de Administração. A partir do quarto período, os alunos passam a receber o conhecimen-to específico de gestão pública. Ao todo, são 19 novas disciplinas, iné-ditas na UFRRJ. Áreas como políti-cas públicas, gestão de orçamentos públicos e controladoria fazem par-te do currículo da nova graduação.

O mercado de trabalho está em expansão, pois, além de os gover-nos, de forma geral, estarem em busca de profissionais mais quali-ficados, as empresas privadas tam-bém procuram profissionais com

este conhecimento, pois muitas or-ganizações interagem com o poder público. Dentro deste perfil, estão ainda as organizações não gover-namentais e algumas instituições do Terceiro Setor. Como muitos órgãos destas naturezas atuam jun-to a governos, eles se constituem num possível e promissor caminho profissional. A presença de um pro-fissional com a formação em Admi-nistração Pública pode ajudar a ga-rantir uma governança corporativa mais efetiva nas empresas privadas, o que é, atualmente, crucial para as práticas do mercado de capitais.

O programa Reuni, do Governo federal, permitiu a criação do curso, que só é oferecido em mais quatro universidades públicas do país. A graduação tem duração de quatro anos e, atualmente, funciona ape-nas no período noturno com uma entrada de 45 alunos por ano.

Cristiane Venâncio

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Novembro de 2010 25

Belas Artes

Kilber Moreira

A Licenciatura em Belas Artes é recente na UFRRJ. Nasceu em 2009 e tem duas origens: a in-

clusão de uma graduação artística na UFRRJ e a necessidade de oferecer mais uma opção para os que desejas-sem seguir carreira nesta área – como pesquisadores, professores e artistas em geral – já que no estado do Rio de Janeiro ele só existia na UFRJ.

No primeiro semestre letivo da nova graduação, o corpo docente era formado por apenas três professores. Em 2010, foram efetivados mais nove docentes.

– O número de professores vem aumentando. Sabemos que ainda há um longo caminho para a consolidação total do curso na Universidade, mas ele já apresenta crescimento e desenvolvi-mento notáveis – observa Fábio Mace-do, atual coordenador do curso.

Segundo Vinicius Gomes, vice-co-ordenador de Belas Artes, que ocupou a coordenação interina do curso no pe-ríodo de janeiro a abril de 2010, há pro-jetos da Universidade que contam com

a participação desta graduação, como o Prodecência e o AnimaRural. Este últi-mo é uma iniciativa própria do curso, no qual são realizadas exibições e deba-tes sobre animações abertas ao público, fato que vem atraindo o interesse e a participação de alunos de outras áreas.

Para o professor, o curso de Licen-ciatura em Belas Artes tem como hori-zonte humano contribuir com um enri-quecimento cultural da população.

– Além disso, o ensino de arte, mais do que atender a uma demanda funcional pública, busca em um nível mais profundo, acolher uma deman-da própria da alma humana: a ausên-cia de arte na sociedade nos aproxima da barbárie, mesmo dispondo de so-fisticação lógica, tecnológica e cien-tífica e sabendo que estas áreas inte-gram o processo de aprendizado em arte. Gostaríamos que o compromis-so com esse dado fundamental fosse nosso cartão de visitas dentro e fora da Universidade – salienta.

Gomes ressalta que, como é caracte-rístico em cursos novos, ainda é preciso uma adaptação estrutural da Universi-dade ao curso, principalmente no que-

sito espaço para os equipamentos e para a prática dos alunos durante as aulas:

– Nossa coordenação tem feito os esforços formais necessários. E nós, professores, temos certeza de que a administração superior está sensível a essas demandas. Sabemos que breve-mente poderemos contar com equi-pamento, laboratórios e pessoal neces-sários a um excelente rendimento do curso e, conseqüentemente, teremos uma boa avaliação por parte do MEC, no momento correto.

De acordo com Gomes, o curso atende a uma grande demanda de professores de arte nas escolas.

– A inexistência de profissionais habilitados (nesse momento existe um sem-número de professores atu-ando nos ensinos Médio e Funda-mental sem formação específica) nos faz acreditar que estamos no caminho certo – afirma.

O curso dura quatro anos e o pro-fissional pode atuar com ensino, mas também com restauração, escultu-ra, pintura, desenho, organização de mostras e exposições, entre outras atividades ligadas à arte.

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26 Novembro de 2010

Ciências Contábeis

Ingraty Victorio

Após mais de 30 anos parado, ressurge revigorado o cur-so de Ciências Contábeis na

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Com foco na atualida-de, deu-se o reinício do curso no segundo semestre deste ano. A gra-duação tem como principal objetivo preparar o aluno de uma forma plu-ral, para desempenhar seu papel da melhor forma possível em qualquer área que se faça necessária a presen-ça de contador: desde um escritório, dentro de uma empresa, até uma sala em um tribunal judiciário.

Segundo a coordenadora do cur-so, Tereza de Jesus Ramos da Silva, a graduação de Ciências Contábeis tem a intenção de formar um profis-sional completo.

– Queremos que nossos alunos saiam daqui pessoas aptas a en-frentar os desafios do mundo con-temporâneo, onde a aceleração do processo de conhecimento exige profissionais com formação ampla e

sólida – explicou a professora.Segundo a coordenadora, para

que tal objetivo se realize, o curso oferece além de disciplinas que são a base teórica do currículo, algumas de outros cursos como Administra-ção, Direito, Filosofia e Ciências So-ciais. Para Tereza, elas contribuem muito para a formação, tanto profis-sional quanto acadêmica, do aluno.

De acordo com a coordenadora, o curso deverá estimular o aluno na carreira acadêmica. Já existem pro-postas de grupos de pesquisa em al-gumas áreas, como custos, finanças empresariais, pesquisas em auditoria e perícia contábil. Para ela, os labo-ratórios de pesquisa irão auxiliar o discente tanto intelectual como pro-fissionalmente, dando-lhe estrutura para seguir a carreira de pesquisador ou assumir qualquer outro tipo de atuação dentro de sua área:

– Nesse contexto, o curso está pro-gramado para estimular a busca de novos horizontes, sugerindo o desen-volvimento de novas metodologias.

O mercado de trabalho encon-

tra-se bem favorável àqueles que se interessam pela carreira. Tanto na área privada quanto na pública, há sempre uma atividade que só o con-tador pode realizar. Tereza explica a área de atuação do profissional.

– Sob o aspecto legal, enfocando o aspecto fiscal e tributário, ela exer-ce efetivamente controle sobre os impostos, taxas e contribuições, pro-porcionando dados e informações se-guras para o correto planejamento tri-butário e o aproveitamento de even-tuais benefícios ou incentivos; na área econômico-financeira traduz-se em importante instrumento de controle e de acompanhamento dos rumos da empresa, permitindo à administração a detecção e correção de procedimen-tos, que muitas vezes, poderiam levar a perdas irreparáveis.

A coordenadora conclui:– A contabilidade é um podero-

so instrumento administrativo, ca-paz de controlar efetivamente todo o patrimônio da empresa e de fazer a diferença no mercado, hoje tão competitivo.

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Novembro de 2010 27

Economia

Caroline Ribeiro

O curso de Ciências Econômicas existe na UFRRJ desde 1970, e completa, junto com o ICHS, 40 anos de existência.

Hoje, a graduação tem conceito quatro estrelas na avaliação do MEC e é um dos mais reco-nhecidos nas universidades públicas do Rio de Janeiro.

Os alunos de Economia têm à sua dispo-sição um corpo docente formado por vinte professores. Após a conclusão do curso, o es-tudante leva o título de Bacharel em Ciências Econômicas, podendo formar-se em no míni-mo quatro e no máximo sete anos.

A graduação abrange disciplinas de várias áreas do conhecimento, que vão das ciências humanas à área de exatas. Esse embasamento social e econômico torna a formação do aluno numa experiência rica e diversificada, o que permite a atuação do profissional em bancos, órgãos governamentais, mercado financeiro, bolsa de valores além de assessoria e consulto-ria a empresas.

O profissional dessa área tem como função o planejamento e a análise econômica de inves-timentos e financiamentos de qualquer nature-za. E como sua formação é ampla, pode voltar-se para o estudo de políticas salariais, custo de vida, além de pesquisa em problemas ligados à produção e circulação de bens e serviços.

No Instituto de Ciências Humanas e Sociais, o estudante tem a oportunidade de experimen-tar a carreira e praticar o conteúdo das aulas. Essa possibilidade é alcançada na Empresa Júnior Multiconsultoria, que é um espaço coor-denado pelos próprios alunos com o intuito de auxiliar na preparação para o mercado de traba-lho. O espaço é usufruído também pelos alunos do curso de Administração.

Além disso, a Universidade oferece vários projetos de extensão na área de economia, que pretendem integrar a universidade à comuni-dade em sua área de influência. Os projetos de pesquisa são a outra face deste curso, que também pretende enriquecer a formação aca-dêmica do aluno.

Através dessas orientações, das oportuni-dades oferecidas dentro da instituição, e da indicação para estágios externos, o aluno sai com um currículo atualizado e competitivo. A graduação em ciências econômicas da UFRRJ deve ser feita entre quatro e sete anos. O coor-denador é o professor Alberto de Oliveira.

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28 Novembro de 2010

Ciências Sociais

Andreza Almeida dos Santos

O curso de Ciências Sociais da UFRRJ, que começou no primeiro semestre de 2009,

foi idealizado principalmente pela professora Elisa Guaraná. Em pou-co mais de um ano, já conta com 18 professores diretamente envolvidos, quatro concursados, que aguardam ser empossados, com previsão de que mais quatro sejam selecionados em concursos públicos futuros.

Embora ainda muito recente, o curso vem aos poucos se solidifican-do. Segundo Marco Antônio Perru-so, ex-coordenador do curso, todos os trâmites para a regulamentação

pelo MEC estão sendo cumpridos. A formação inclui o desenvolvi-

mento de dois grupos de pesquisa financiados pelo CNPQ: o Núcleo de Análise em Políticas Públicas (Napp), que envolve questões relativas a mo-vimentos sociais, violência, seguran-ça e etinicidade; e o Núcleo de Estu-dos e Manifestações Artísticas e Bens Culturais (Mabec), que pesquisa arte, cultura, saúde mental, entre ou-tros temas. Há também vários outros projetos em andamento, destacando-se aqueles relativos à pesquisa de professores, à iniciação à docência e

à criação dos cursos de pós-graduação lato e strictu sensu, como afirma o pro-fessor de Sociologia do Departamento, André Luiz de Figueiredo:

— Esperamos agora as primeiras respostas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janei-ro (Faperj) no que se refere à ques-tão de bolsas de iniciação científica e pesquisa. Então, estaremos nos aparelhando para começar a traba-lhar de verdade.

Vale ressaltar também o en-foque que o curso dá ao pensa-mento social brasileiro e latino-americano, sem, contudo, deixar de lado os clássicos e contem-porâneos das Ciências Sociais

no mundo. Afinal, essa postura visa à formação de profissionais com perfil crítico, capazes de atuar em diversas áreas da sociedade brasileira, como ensino, políticas públicas, movimen-tos sociais e ONGs. Dessa forma, o conteúdo a ser estudado pelos alunos, ao longo da vida acadêmica, estará sempre em sintonia com a realidade enfrentada pelo país.

Segundo Marco Antônio Perruso, além do fato de contar com professo-res jovens, que estão em pleno vigor das suas produções intelectuais, o curso ainda apresenta um possível di-

ferencial: — Existe a preocupação em de-

senvolver pesquisas nos múltiplos protagonismos sociais, políticos e culturais de grupos subalternizados da sociedade brasileira e de outras so-ciedades que compartilham com um histórico de desigualdade social.

A licenciatura e o bacharelado em Ciências Sociais funcionam no perío-do vespertino, contam com cerca de 120 alunos atualmente matriculados e oferecem 80 vagas anuais. A coorde-nadora atual é a professora Nalayane Mendonça Pinto.

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Novembro de 2010 29

Comunicação Social

Simone Orlando

O curso de Comunicação Social (CS), com habilitação em Jornalismo, nasceu do sonho e do empenho do atual diretor do Instituto, professor Antônio Carlos Nogueira, e come-

çou a ganhar corpo gradativamente com a proposição de concursos para docentes, em meados de 2009 e início de 2010. Seis profes-sores foram contratados, até então, todos oriundos de uma vasta experiência no ensino superior privado.

Num trabalho coletivo, esta equipe se reuniu ao longo do segundo semestre do ano passado para idealizar o Projeto Pe-dagógico Curricular (PPC) e construí-lo, tendo como norte as experiências de outras universidades e uma proposição de Di-retrizes Novas para o Curso de Jornalismo, anunciadas em abril de 2009 pelo MEC.

Em março de 2010, a grade curricular proposta no PPC foi implementada com a entrada efetiva de 35 alunos no quadro discente (frutos do Enem). Estes estudantes, que começaram o ano somente assistindo aula, atualmente já participam da con-fecção desta revista, de um blog para o ICHS e da reformulação do site do Instituto.

Com tudo por implementar – laboratórios, estúdios, equipa-mentos – e com garra para fazer a formação acontecer, o pequeno colegiado do curso (entrevistado para a matéria) diz ter orgulho de ser responsável por criar e fazer valer um novo curso de Jornalis-mo no país, sobretudo, na região em que se encontra a UFRRJ, que atende especialmente ao público da Zona Oeste do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense. A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro é, por isso, a única IES pública a oferecer o curso de Jornalismo nessas regiões, já que Uerj, UFF e UFRJ, que também possuem a graduação em CS, ficam localizadas no Grande Rio e em Niterói.

Apesar da controver-sa queda de diploma da profissão, o mercado de trabalho em Jornalismo

está em franca expansão no Brasil, com oportunidades em di-versos setores sociais. Com o advento da internet e a abertu-ra de uma nova frente de atuação para os profissionais da área, aumentam as possibilidades de trabalho que existem para o Bacharel em Jornalismo. Dentre as principais funções de um jornalista, destaca-se o trabalho em redações de jornais impres-sos e digitais; revistas impressas e digitais; TVs; rádios e sites nacionais e estrangeiros que atuem no país; agências de notícias nacionais e internacionais; assessorias de imprensa de órgãos públicos federais, estaduais e municipais; além de organizações privadas e organizações não governamentais; atuação na área de comunicação empresarial de empresas públicas e privadas; assessoria de imprensa de pessoas físicas (empresários, intelec-tuais, políticos etc.); assessoria de comunicação em geral e de imprensa de organizações nacionais e internacionais; consulto-ria em projetos comunitários de comunicação.

O bacharelado em jornalismo na UFRRJ oferece 45 vagas anuais, funciona no período noturno e solicita o cumprimento de 3.310 horas totais. Tem-se, como meta futura, aumentar o número de vagas anuais (com uma entrada por semestre), além de fazer valer outras habilitações da área como publicidade, pro-dução editorial ou cinema.

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30 Novembro de 2010

Direito

Lucas da Cruz

Nascido do ideal de professores que viram a necessidade de uma gradu-ação em Direito, a UFRRJ tomou

a decisão de criá-lo em 2008. O curso é dividido em 10 períodos, e o aluno deve ter no mínimo 3.850 horas de aulas. É possível encontrar o curso nos três cam-pi: Seropédica, Três Rios e Nova Iguaçu.

O coordenador do novo curso, o pro-fessor Afrânio Faustino de Paula Filho, contou que a nova graduação também foi fruto do programa federal de incen-tivo ao crescimento das universidades, o Reuni. Ele contou como surgiu o bacha-relado em Direito, uma antiga demanda do ICHS.

– O curso foi elaborado pelo grupo da UFRRJ que visava ampliar a área de Ci-ências Humanas na Universidade. Com

professores bons e experientes, a nova graduação foi aprovada.

Segundo o professor, havia uma de-manda antiga por parte de candidatos a uma vaga e até por parte de alunos de ou-tros cursos.

– O curso de Direito, tanto em Sero-pédica como em Nova Iguaçu, foi um dos mais concorridos no vestibular. Superou todas as nossas expectativas. Estamos muito felizes com esta procura – comen-tou de Paula Filho.

Para o coordenador, o grande desafio do novo curso é formar alunos que pos-sam atuar nas várias áreas que a carreira abrange; um profissional plural.

O curso é dividido em 10 períodos e, a partir do 9°, o aluno deve escolher entre duas áreas de formação: direito ambien-tal e urbanístico ou direito empresarial.

A graduação em Direito da UFRRJ

está no caminho certo. Segundo o coor-denador, a constatação é do MEC:

– Recebemos recentemente os ava-liadores do Ministério da Educação, que analisaram o nosso curso e recebemos a nota máxima, que é cinco. Isso prova a seriedade e a qualidade dos nossos pro-fessores e alunos – afirmou, com orgulho, o coordenador do curso.

O profissional com graduação em Direito tem à sua disposição um grande leque de opções no mercado de trabalho: se seguir a advocacia, pode atuar repre-sentando empresas ou pessoas nas áreas do comércio, trabalho, família, meio am-biente entre outras. Se seguir a carreira jurídica, poderá atuar como juiz, promo-tor público, delegado de polícia ou advo-gado público.

O curso de Direito é noturno (em Se-ropédica) e oferece 45 vagas anuais.

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Novembro de 2010 31

Economia Doméstica

Enila Bruno

Desde o início, o curso superior de Economia Doméstica teve seus objetivos atrelados à melhoria da

qualidade de vida da sociedade brasileira, tendo como foco a organização familiar. Para o meio rural, a formação em questão buscou desenvolver atividades de educa-ção, extensão e capacitação profissional dos diferentes atores sociais que fazem a vida no campo. Mais tarde, também para os espaços urbanos, buscou realizar pesquisas, programas de capacitação pro-fissional em diferentes áreas, como res-taurantes, creches, instituições de longa permanência de idosos, associações, coo-perativas, ONGs, entre outras. Acompa-nhando a dinâmica da sociedade, o cur-rículo do curso de Economia Doméstica passou por inúmeras transformações.

Como sustentação para as mudanças, o Departamento de Economia Doméstica/UFRRJ investiu na capacitação e já conta

hoje com 20 professores, com titulação de doutorado e mestrado, que atendem cer-ca de 200 alunos, o que traz para o curso um diferencial para a formação de futuros profissionais. Hoje, o curso possui quatro áreas que formam a base da profissão de economista doméstico, seja na modalida-de licenciatura ou bacharelado. São elas: Saúde, Família e Desenvolvimento Hu-mano; Espaço e Administração Familiar; Alimentação e Nutrição e Vestuário e Têx-teis. O curso conta ainda com duas espe-cializações “Administração de Serviços de Alimentação” e “Gestão em Hotelaria”. Em breve, pretende implementar “Educação Infantil”, que se encontra em tramitação nos órgãos superiores da UFRRJ.

A origem do curso está nas experiên-cias da educadora familiar francesa Anne Marie Germaine Marsaud, em 1937, que se estabeleceu no Brasil para atuar nas Escolas de Serviço Social e Educação Familiar, no Rio de Janeiro. Já em 1951, aconteceu o 1º Curso de Especialização

Agrícola para Educadoras Familiares e Assistentes Sociais, na antiga Universida-de Rural do Brasil.

Atualmente, o curso é oferecido em cinco universidades públicas brasileiras e em outras no exterior. A carreira do economista doméstico ainda é pouco conhecida, por ter estado durante muito tempo ligado à imagem da casa e do mun-do rural (com foco na família). Contudo, das áreas de atuação do Economista Do-méstico pode-se dizer que é um profis-sional habilitado para desenvolver ações que promovam o indivíduo, a família e a comunidade em seu contexto social, eco-nômico, cultural e político no que tange a qualidade de vida, independentemente de esse contexto ser urbano ou rural.

Na UFRRJ, o bacharelado em Econo-mia Doméstica é oferecido desde 1963, antes da própria conformação do Institu-to. Tem caráter integral, com oferta de 40 vagas anuais. Seu coordenador atual é o professor Jorge Luis Góes Pereira.

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32 Novembro de 2010

Analine Molinário

O curso de Filosofia da Universida-de Federal Rural do Rio de Janei-ro (UFRRJ) foi criado em 2008,

sendo sua primeira turma do primeiro semestre de 2009. Inicialmente eram três professores atuando e mais dois profes-sores que somavam o corpo docente. Já em 2010, a equipe de professores conta com 14 profissionais atendendo além dos alunos de Filosofia, alunos de outras 13 turmas com um total de 23 turmas para cursos da Universidade. A habilitação do curso é em licenciatura com carga horária sugerida de oito semestres.

Segundo o coordenador do curso, José Nicolao Julião, a partir do 2° semes-tre de 2011 funcionará na instituição, uma segunda licenciatura para profes-sores que já possuam uma Graduação de Licenciado, independente da área da habilitação. De acordo com o professor de Filosofia, Pedro Hussak, a segunda Licenciatura em Filosofia faz parte do Plano Nacional de Formação de Profes-sores da Educação Básica – PARFOR e já funciona em Nova Iguaçu e “se destina a professores com mais de três anos na rede e funciona no Instituto Multidisciplinar de Nova Iguaçu na parte da manhã”.

Para o coordenador do curso de Fi-losofia, “por se tratar de um novo curso de Graduação dentro da Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), tem-se a pretensão de criar um centro de excelência na instituição, com uma relação de interdisciplinaridade entre as Ciências Naturais e as Ciências Huma-nas, a partir de um meio filosófico, de forma a aperfeiçoar o estudo nestas áreas”.

Ainda segundo Julião, doutor em Filo-sofia pela Universidade Estadual de Cam-pinas, a maior dificuldade encontrada dentro da UFRRJ para o andamento do curso é a carência de livros de Filosofia na biblioteca. Já para o professor Pedro Hussak, as dificuldades apresentadas são as mesmas encontradas por professores de outros cursos criados pelo Projeto de Reestruturação e Expansão (PRE) e para vencê-los será necessário muito trabalho.

E como forma de melhorar a forma-ção dos alunos de Filosofia, o curso possui projetos como o PIBID que é o Projeto de Pró-Docência, sendo 23 alunos bolsistas,

Filosofia

além de um grande número de professores concorrerem à bolsa de iniciação científi-ca nas modalidades: Programa Interno de Iniciação Científica (PROIC) e Programa Interno de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), concorrendo também em editais da da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). No momento, dois alunos do curso têm bolsa de iniciação científica, com a possibilidade de ampliar esse quadro.

Segundo o coordenador, os alunos formados pela UFRRJ encontrarão boas oportunidades de emprego, pois na área de Humanas, a Filosofia é a que mais dispõe de vagas e, a partir de 2011, a disciplina de Filosofia será obrigatória no Ensino Mé-dio abrindo 1500 vagas que se encontram

ociosas. Julião acredita na importância da obrigatoriedade da disciplina de Filosofia no Ensino Médio, já que de acordo com o coordenador, irá contribuir para um cará-ter mais crítico dos alunos que chegarão a Universidade, com uma formação na área de Humanas mais fundamentada e com o senso crítico mais aguçado.

Para aluna da primeira turma de Fi-losofia, Carla Larissa Dias, o curso tem atingido suas expectativas. Para ela que no início se sentiu assustada com o curso, hoje tem certeza de que fez uma escolha certa. O professor Pedro Hussak destaca como diferencial do curso da Rural a qua-lidade do corpo docente.

Outras informações sobre o curso aces-se: http://www.ufrrj.br/cursos/filosofia

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Novembro de 2010 33

Igor Ferraz

Durante a última década, o curso de História foi criado, cresceu e se tornou um dos destaques dentro

do ICHS e da UFRRJ. Inaugurado em 2001, no campus de Seropédica, come-çou suas atividades oferecendo apenas a opção em licenciatura no turno da noite. Porém, se desenvolveu, foi reconhecido pelo MEC em 2004, e contou com o Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) para iniciar seu crescimento, que culminou na criação do bacharelado, oferecido no turno da tarde. Segundo a vice-diretora do ICHS, professora Elisa Guaraná, ha-via uma grande demanda por um curso de História na instituição.

– Percebemos que muitas pes-soas procuravam a Universidade em busca de uma graduação em História. E, geralmen-te, essas pessoas eram oriundas da Baixada Fluminense. Per-cebemos, en-

tão, o potencial deste curso – comen-tou a professora.

A partir de 2009, o ICHS, que rece-bia 40 alunos por ano para o curso de História, todos no primeiro semestre, passou a receber mais 80, destinados ao bacharelado, divididos entre o pri-meiro e o segundo semestres. No total, são 120 novos alunos por ano, que le-vou à ampliação do corpo discente para 480 matriculados. A expansão também passou pelo corpo docente, que conta atualmente com 19 professores, vários

com títulos de mestre e doutor.O mestrado, antigo desejo dos ide-

alizadores do curso, foi implementado em 2008, autorizado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do En-sino Superior (Capes) com o conceito três, comum a todos os cursos recém-autorizados. Na época, o programa foi elogiado pela comissão, composta por pesquisadores da UNB e da Unicamp. Em 2010, com a terceira turma forma-da, o curso ofereceu um total de 45 va-gas e já abriu o processo de seleção para o ano que vem. Com expectativas para aumentar o número de vagas do mes-trado e instalar o doutorado em 2012, o curso de História procura aproveitar ao máximo o momento de expansão pelo qual passa a Universidade.

O profissional formado pela licen-ciatura em História pode atuar com

professor dos ensinos Fundamental e Médio. Já o bacharel tem aber-

tura em outras áreas como consultoria e empresas

como museus e insti-tutos de pesquisa. A

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34 Novembro de 2010

Hotelaria

Fernanda MagalhãesLaila Carvalho

Hotéis, cruzeiros, agências de turismo e lazer. Esse é o mundo que espera pelos graduandos do curso de Hote-

laria da UFRRJ. Com a primeira turma ini-ciada em 2010, o curso entra no rol de ofer-tas do ICHS com a promessa de acolher um Hotel-Escola de altíssimo nível e uma forma-ção que não tenha o foco só no conhecimen-to técnico, mas na produção de pesquisa/conhecimento na área em questão.

A coordenadora do curso, Maria Lúcia de Almeida Martins, acredita que, apesar de novo, o curso formará profissionais ca-pacitados e que encontrarão na Universi-dade a estrutura necessária para suas prá-ticas, o que, segundo ela, é essencial para o aprendizado.

O curso, por si só, já é um marco, já que é a primeira vez que ele é oferecido em uma universidade pública no Rio de

Janeiro. No Brasil, só outros dois estados – Bahia e Rio Grande do Sul – oferecem a graduação gratuitamente, além do Dis-trito Federal.

A ideia do curso nasceu dentro de ou-tra graduação. Segundo a coordenadora, com os incentivos oferecidos pelo Reuni, o curso de Economia Doméstica sugeriu a criação de cursos em áreas afins. E assim surgiu o novo curso de Hotelaria. Outra consideração importante na sua imple-mentação foi a intenção de dar continuida-de à formação técnica que é oferecida pelo Colégio Técnico da Universidade Rural. Além disso, o conteúdo programático de Hotelaria pode ser usado como enriqueci-mento curricular de alunos de diferentes cursos oferecidos no ICHS, entre eles Ad-ministração, Ciências Sociais e o próprio curso de Economia Doméstica.

O bacharel em Hotelaria estará apto a compreender questões técnicas, socio-culturais, político-econômicas a partir

do planejamento de forma estratégica, da administração e da organização no setor hoteleiro, principalmente em áreas como hospitalidade e lazer, agenciamen-to e transportes, organização de eventos e do ambiente, gestão e administração de hotéis. Além dessas áreas, o profis-sional encontrará campo de trabalho em outros setores da hospitalidade, como cruzeiros marítimos, gastronomia, spas e até clínicas, como uma forma de ex-pansão para sua atuação.

– É uma área que nos abre um leque de possibilidades. Não estamos pensan-do em formar profissionais para a Copa de 2014 ou para as Olimpíadas de 2016. Isso só pensa quem não conhece a Ho-telaria. Esses eventos serão ótimos, mas temos a região da Costa Verde carente de mão de obra, inúmeros locais de traba-lho, hotéis, restaurantes, agências, coisas que duram mais que um mês – afirma a coordenadora.

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Novembro de 2010 35

Letras

Alessandra Bueno

Entre as novidades introduzi-das no ICHS em função das políticas de expansão, está

o curso de Letras com as habilita-ções Português- Inglês-Literaturas e Português- Literaturas. A gradua-ção já está no quarto período e atu-almente seu corpo docente é forma-do por 19 professores.

A coordenadora do novo curso, Maria do Rosário da Silva Roxo, ex-plicou a origem deste bacharelado da UFRRJ:

– Quem teve a idéia e lutou por muitos anos para que o curso fosse implementado na Rural foi o re-centemente falecido professor João Luiz Ferreira de Azevedo. Ele insis-tiu muito para que o curso de Letras fosse uma realidade e acabou con-seguindo. Foi uma vitória.

Assim, em 2009 entraram os pri-meiros alunos do curso de Letras da Universidade. Hoje, estão regu-larmente matriculados cerca de 190 alunos.

Segundo a coordenadora, são muito envolvidos e, neste processo de implementação do curso, estão contribuindo para a sua construção.

– Eles entendem todas as difi-culdades e valorizam o empenho de cada professor para que o cur-so seja melhor a cada dia. Exemplo disso foi a realização da nossa se-gunda semana acadêmica, que deu ótimos resultados – observou Ma-ria do Rosário.

A graduação de Letras tem como objetivo manter o equilíbrio entre a capacitação de seus alunos para o ensino da língua materna e também da língua estrangeira. O profissional desta área tem, entre suas opções no

mercado os ensinos Fundamental e Médio, trabalhar na preparação de textos – da seleção de originais à tradução, padronização e revisão, treinar colaboradores de empresas na fluência de línguas estrangeiras, laboratórios de dublagem e legen-dagem de filmes, tradução e inter-pretação, entre outras.

Uma das inteções do curso, futu-ramente, segundo a coordenadora, é investir fortemente na extensão universitária.

– Temos ideias para vários pro-– Temos ideias para vários pro-jetos. Não só para a comunicada discente, mas também para a po-pulação local e de cidades vizinhas. Há um forte apelo na região e pre-cisamos aproveitar este potencial – comentou. – Pretendemos ainda criar grupos de pesquisa, produzir artigos e, mais adiante, criar os cur-sos de mestrado e doutorado.

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36 Novembro de 2010

Relações Internacionais

Igor Ferraz

A criação do curso de Relações In-ternacionais é uma das grandes novidades do ICHS no ano em

que completa 40 anos. Seu surgimento na Universidade é resultado da segunda fase do Programa de Reestruturação e Expan-são das Universidades Federais (Reuni) do governo. A UFRRJ estipulou o Proje-to de Reestruturação e Extensão (PRE-UFRRJ) com a intenção de se preparar para receber novos cursos, professores e alunos, além de fazer o acompanhamento dos cursos já existentes.

O professor Ricardo de Oliveira, que leciona na graduação e na pós-graduação de História e coordena Relações Interna-cionais, enfatiza que a principal particula-ridade do curso é o fato de a grade apre-sentar uma grande dimensão multidisci-plinar. Segundo o coordenador, este fato

exige dos discentes uma visão global das humanidades.

– Ao longo do curso, o aluno toma contato com as áreas econômica, históri-ca e política. Estas três constituem o eixo fundamental da formação de um profissio-nal de Relações Internacionais. – ressalta Ricardo. – Além de disciplinas no campo da filosofia, geografia, das ciências sociais (sociologia e antropologia) e do direito.

O corpo docente, assim como sua gra-de curricular, é composto por professores de diferentes departamentos do ICHS. Para cada professor do curso de Relações Internacionais são destinadas duas disci-plinas. Como o currículo prevê dez disci-plinas exclusivas, o total de docentes será de cinco em 2013.

Uma das exigências do Reuni para a abertura de novos cursos nas universida-des federais é que as disciplinas obrigató-rias sejam oferecidas no turno da noite.

Portanto, Relações Internacionais tem sua grade de horários elaborada apenas para o período noturno. No primeiro semestre de 2010, uma turma de 40 alunos inaugu-rou as atividades. Com o ingresso de mais 40 alunos no segundo semestre deste ano, o professor Ricardo de Oliveira tem a pre-visão de que, no fim de 2013, quando a primeira turma completará o curso, o total de alunos seja de 320.

Vale lembrar que Relações Interna-cionais ainda não foi reconhecido pelo MEC. Contudo, seu funcionamento é garantido, já que as universidades podem criar novos cursos em seus quadros sem a autorização do Ministério. Porém, para a emissão de diploma e outros documen-tos acadêmicos, o curso precisa ser regu-lamentado. A regulamentação, por sua vez, pode ser solicitada ao MEC quando a primeira turma estiver com 75% do cur-so concluído.

Fotos Divulgação

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Novembro de 2010 37

ICHS hoje

Lívia NevesIsabela Teodoro

Não é só o ICHS que tem motivo para comemorar seus 40 anos de existência. Milhares de estudantes que por lá passaram também podem se orgulhar de uma história marcada por inú-meras parcerias e projetos bem sucedidos. Estes convênios têm propiciado a inúmeras instituições e alunos a possibilidade de estágios e contratos, que têm tornado o elo entre a UFRRJ e várias empresas cada vez mais forte.

A professora Amparo Villa Cupolillo, assessora especial da reitoria com a responsabilidade de Coordenar o Setor de Inte-gração Escola-Empresa-Governo (Sinteeg), afirma que as par-cerias têm servido para fortalecer a imagem da Universidade junto às organizações.

– Queremos fazer do setor de estágios da universidade um espaço de divulgação dos nossos cursos para as empresas. As-sim, abrimos oportunidades não só para estágios, mas também para o mercado de trabalho. Nosso objetivo é que as empresas saibam que tipo de formação nós damos aqui através dos nossos estagiários – declarou.

O Sinteeg é o setor que tem entre suas funções ser interme-diário entre as instituições, sejam públicas ou privadas, e o esta-giário; coordenar as atividades administrativas relativas ao está-gio interno; divulgar as vagas de estágios e recrutar, inscrever e encaminhar os candidatos às suas respectivas empresas. Atual-mente, grandes organizações do mercado, que estão convenia-das com a Universidade, possuem em seus quadros estudantes dos cursos do ICHS.

De acordo com a professora Amparo, os alunos da UFRRJ têm, atualmente, facilidade para conseguir uma oportunidade de estágio.

– Nesse momento, nós estamos abrindo fronteiras em todas as empresas que consideramos idôneas e que vão oferecer estágios. Elas não vêm aqui à procura de mão de obra barata, e sim porque querem profissionais de qualidade em formação – observou.

Minorias também têm oportunidadeO ICHS, de forma particular, preocupa-se em manter con-

vênios com empresas e instituições que dêem oportunidade a todos. O curso de Ciências Sociais cedeu alguns de seus pro-fessores para, em parceria com o Instituto Nacional de Coloni-zação e Reforma Agrária (Incra), formular uma graduação vol-tada para trabalhadores rurais de assentamentos e populações

tradicionais (indígenas e quilombolas). O projeto, já aplicado em outras universidades, tem como objetivo graduá-los em Agroecologia, História e Sociologia. Os alunos saem do campo para a UFRRJ, aprendem a teoria e depois voltam, aplicando de forma a prática os conteúdos apreendidos. Essa iniciativa dá oportunidade a quem normalmente não teria acesso à univer-sidade. Uma prova disso é o exame admissional, realizado tam-bém na língua indígena.

O ICHS e a Uerj, por sua vez, oferecem um cur-so lato sensu para professores da rede pública de ensi-no, que conta com o apoio das secretarias Estadual e Mu-nicipal de Educação. Ele habilita o docente a atuar na área etno-racial sobre história africana no Ensino Médio. Já o curso de Letras trouxe a professora Lívia Paes, docente da área de língua e literatura latina da Universidade Federal Flu-minense (UFF), para ministrar um curso de extensão em latim medieval. Destinado a alunos de Letras, História e Filosofia e demais interessados, é também aberto à comunidade.

Alunos de Economia e de Administração podem estagiar na MultiConsultoria, empresa júnior que atua na consultoria em-presarial, atendendo micro e pequenas empresas da região do entorno da UFRRJ. Eles prestam serviços nas áreas de projetos, marketing, finanças, recursos humanos, entre outros. O grupo identifica problemas nesses setores e apresenta soluções. Embo-ra não sejam remunerados, a política de premiação da empresa permite que os alunos façam cursos por ela financiados, com recursos provenientes dos projetos executados. O processo se-letivo ocorre de seis em seis meses e consiste em uma triagem que inclui análise de currículo, dinâmica de grupo, provas e en-trevistas. Os selecionados passam por um programa de trainee, podendo depois tornarem-se consultores, gerentes de projeto ou coordenadores de área.

Outro exemplo de relacionamento do ICHS com a comu-nidade é o do ex-aluno de Administração, Alexander Silva, que fundou o grupo de teatro Filhos da Arte. Segundo ele, o gru-po surgiu com a finalidade de servir como laboratório para os participantes da oficina que ele ministrava no Centro de Arte e Cultura (CAC).

– Há dois anos, nos tornamos independentes e agora somos uma equipe extensiva. Atualmente, são cerca de 20 alunos, po-rém, mais de 100 já passaram por aqui – ressalta.

O Filhos da Arte tem uma série de parcerias, entre elas com o Decanato de Ensino de Graduação (DEG), com o Centro Cultural Paulo Freire e com o Decanato de Extensão (DEXT).

Projetos e parcerias

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38 Novembro de 2010

Perspectivas

Cristiane Venancio

Estratégica para o desenvolvimento do país, a pesquisa acadêmica tem sido um dos alvos de jovens professores do ICHS. Em busca da construção do conhe-cimento científico e da excelência, alguns têm se destacado no Instituto, como é o caso do professor Marcelo Sales Ferreira, de 32 anos. Prestes a concluir o Doutora-do em Engenharia de Produção (Coppe – UFRJ), ele contabiliza pelo menos dez participações em eventos acadêmicos nos

últimos três anos, além de artigos e capí-tulos de livros.

Professor titular do curso de adminis-tração há quatro anos, ele vê na pesquisa a ponte que pode unir mais a universida-de ao mercado.

– Minha percepção, como pesquisa-dor, diz que atualmente cabe uma refle-xão da nossa parte, sobre o nosso papel como professores e administradores, so-bretudo no contexto atual. Vejo que essa aproximação só traria ganhos para os dois lados – observou.

Para Marcelo Sales, as parcerias são vitais para o desenvolvimento da pesqui-sa científica.

– Seria interessante haver mais rela-cionamento com órgãos do governo e ad-ministrações locais. Vejo também que se-ria necessário existir uma abertura maior por parte das empresas para termos mais facilidade na hora de fazermos nossas pesquisas – comentou.

Uma parceria foi o que ele fez tam-bém ao publicar um artigo na Revista de Gestão da USP, no segundo trimestre

Perspectivas napesquisa acadêmica

“”

Minha percepção, como pesquisador, diz que atualmente cabe uma reflexão da nossa parte, sobre o nosso papel como professores e administradores, sobretudo no contexto atual. Vejo que essa aproximação só traria ganhos para os dois lados.Marcelo Sales Ferreiraprofessor

Para o jovem professor Marcelo Sales, as parcerias são vitais para o desenvolvimento da pesquisa científica

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Novembro de 2010 39

deste ano. Em conjunto com os profes-sores Marco Antonio Ferreira de Souza (UFRRJ) e Marcelo Álvaro da Silva Ma-cedo (UFRJ), ele tem buscado na pesqui-sa a base para sua formação.

– Acredito que eu e os outros pro-fessores temos que, cada vez mais, nos apresentar para as iniciativas científicas – resumiu.

O docente disse sentir-se desafiado a procurar temas diferenciados para pes-quisas em administração.

– Conversei com um avaliador do Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação em Administração (EnAnpad), e ele me contou que os te-mas estão muito repetitivos. Acredito que a Rural tem condições de contribuir para uma mudança neste cenário. Pode-mos inovar – afirmou ele.

Pesquisa pode ser elo entre universidade e sociedade

Quanto aos 40 anos do ICHS, Marce-lo Sales também não deixa de citar a pes-quisa acadêmica.

– Só tenho que agradecer ao Institu-to. Fiz minha graduação e meu mestrado aqui. Desejo que o conhecimento seja cada vez mais divulgado e compartilha-

do – comentou. – E que área de humani-dades possa cada vez mais fazer a ponte entre a universidade e a sociedade através da pesquisa.

Segundo o professor, o mercado pres-siona as pessoas por resultados. Na uni-versidade, no entanto, a lógica é um pou-co diferente: os próprios docentes se co-bram, principalmente quando o assunto é pesquisa, tanto em termos qualitativos como quantitativos.

Daniel Ribeiro de Oliveira, de 29 anos, docente do curso de Economia, é outro jovem talento do ICHS, apaixona-do por pesquisa. Também prestes a ter-minar o curso de doutorado, só que em Teoria Econômica na UFF, ele vê este pe-ríodo de expansão da Universidade como o momento oportuno para um maior envolvimento do curso com a pesquisa científica.

– Eu sinto orgulho de ser de uma gra-duação pioneira do Instituto, já conso-lidada. Mas vejo que é hora de crescer e avançar – afirmou.

Segundo o docente, o curso tem ape-nas uma especialização em Gestão do Agronegócio, criada em 1997, pelo pro-fessor Luiz Carlos Lima.

– O que estamos fazendo hoje é o

planejamento de um mestrado interdis-ciplinar. Pretendemos trazer pessoas de outras instituições como a Embrapa e a UFF – contou. – Atualmente, em função do Reuni, temos vários professores novos com condições de participar deste curso. Acredito que o funcionamento seja ape-nas uma questão de tempo.

Para Daniel de Oliveira, a figura do professor, hoje, está diretamente ligada às perspectivas da pesquisa e da extensão.

– Vejo a necessidade da expansão de ideias que proporcionem o crescimento dos alunos e que, de preferência, também permitam o intercâmbio de propostas com outros campi da universidade, como Nova Iguaçu e Três Rios – observou ele. – Uma destas ideias é proporcionar aos discentes o maior número possível de ex-periências práticas. Queremos aplicar as teorias.

O jovem professor afirma que, para ele, é um privilégio fazer parte da história do ICHS.

– Fiz minha graduação aqui, portan-to, o Instituto também faz parte da minha história. Que venham mais 40 anos – res-saltou. – É um órgão que se transformou de uma maneira surpreendente e deu mais vigor a todos.

Daniel Ribeiro: momento oportuno para um maior envolvimento das Ciências Econômicas com a pesquisa

Fotos Cristiane Venâncio

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40 Novembro de 2010

Perspectivas

Ana Carolina Brandão

Os novos cursos de graduação do ICHS nem formaram a primeira turma da graduação, mas já estão com proje-tos de pesquisa em desenvolvimento. Este é o caso do curso de Letras, que possui um grupo de pesquisa – o Nú-cleo de Estudos sobre Processamento, Aprendizagem e Aquisição da Lingua-gem (Nepaal), liderado pela professora Tânia Mikaela Garcia. Ela conta com a colaboração de mais cinco jovens pes-quisadores.

O curso de Belas Artes também está com um projeto de pesquisa em andamento. Chama-se “Arte: Ensino e Produção” que, cadastrado no ano de 2009 no Diretório dos Grupos de Pes-quisa do CNPQ, possui três linhas fun-damentais de pesquisa: ensino artísti-co, estudo sobre teoria e literatura da arte, e produção artística. O grupo tem um total de 15 pesquisadores e 13 es-tudantes vinculados. Coordenado pelo professor Fábio Cerdeira, o estudante Wesley Nunes Dantas, um dos mem-bros do grupo e aluno da primeira tur-

ma de Belas Artes, participa ativamente do projeto na linha de pesquisa ensino artístico, “Arte e Inclusão: desenho ar-tístico para o Abrigo Casa da Criança”, onde trabalhada diretamente com me-nores do abrigo de Seropédica.

– Creio que este projeto tem uma importância ímpar, pois trabalhamos educando visualmente as crianças, dando a elas o contato com uma cul-tura formal da imagem. Cultura que, a meu ver, deveria ser disseminada pelas escolas nas aulas de educação artística – comentou o aluno.

Uma nova geração de pesquisadores

- Gestão social: ensino, pesquisa e prática; - Redes, desenvolvimento local e gestão social no estado do Rio de Janeiro; - Estabilização, reformas estruturais e desenvolvimento regional no Brasil, 1990/2000: uma análise quantitativa; - Cálculo do valor adicionado do Complexo Agroindustrial (CAI) e análi-se das cadeias produtivas agroindustriais doestado do Rio de Janeiro; - Cadeia produtiva do algodão; - Estudo diagnóstico do sistema e da cadeia produtiva da pecuária de corte do estado do Rio de Janeiro; - Arranjo produtivo da banana orgânica do Rio de Janeiro: estrutura industrial brasileira; - A observação internacional do im-pacto do Comperj sobre os objeti-vos de desenvolvimento do milênio (odms - onu habitat)

nos municípios do Conleste; - Panorama nacional do saneamento básico: uma análise da cadeia pro-dutiva do saneamento básico; - Análise de dados econômico-financeiros e contábeis das empresas prestadoras de serviço de saneamento básico.

Fonte: professor Daniel Oliveira

Pesquisas mais recentes realizadas peloDepartamento de Ciências Econômicas:

Divulgação

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Novembro de 2010 41

Perspectivas

Simone Orlando

Em menos de dois anos, a chegada de novos cursos causou um impacto signifi-cativo no cotidiano e na imagem da Rural perante seus públicos cativos. A vocação e reconhecimento nas áreas agrárias estão deixando de ser o único carro-chefe da universidade. A presença de outros seg-mentos profissionais e científicos trará, em pouco tempo, uma nova identidade para a Instituição.

A ampliação do rol de graduações foi fruto do Programa de Expansão e Rees-

truturação das Universidades Federais (Reuni), através da implementação do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e Plano de Reestruturação e Ex-pansão (PRE) da UFRRJ.

O ICHS foi a unidade de ensino mais afetada por esta iniciativa. O número de cursos triplicou e dobrou o contingente de professores e alunos. Atualmente, as 14 formações comportam cerca de 2.500 discentes e 200 docentes. As aulas acon-tecem nos turnos da manhã, da tarde e da noite, na sede principal e em prédios mais próximos como o Caic, Pitágoras e

Instituto de Educação, ou mais distantes como o Pavilhão Central (P1) e o Institu-to de Biologia.

Para atender a toda essa demanda e evitar a pulverização das aulas, estão previstas mudanças das mais diversas or-dens. Reformas e adequação dos espaços acadêmicos e administrativos, obras de infra-estrutura, aquisição de equipamen-tos e materiais permanentes são as priori-dades do biênio 2011/2012.

O governo Lula disponibilizou cer-ca de R$ 20 milhões, para que a UFRRJ cumpra as metas do Reuni. Os primeiros

O ICHS do futuroIlustração digital em 3D do complexo de prédios do projeto de expansão – 2011/2012

Novos prédios e salas de aula, laboratórios de informática, gabinetes para todos os professores, banheiros reformados, ambientes destinados a leitura e pesquisa, ampliação das áreas de

iluminação e da pavimentação. Tudo isto, além de paisagismo e auditório multimídia estãoentre as principais mudanças previstas para o Instituto em 2011

Reprodução

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42 Novembro de 2010

Perspectivas

investimentos em infra-estrutura já fo-ram feitos e vão beneficiar diretamente o ICHS, já que, dos 16 cursos criados, 10 pertencem às áreas de Humanas (Letras, Comunicação Social, Belas Artes, Filoso-fia, Relações Internacionais, Direito, Ci-ências Sociais, Hotelaria, Administração Pública e Ciências Contábeis).

Os números inclusive atestam: de 14 novos prédios de aula práticas, dois estão sendo construídos com a finalidade de

alocar laboratórios para os cursos de Be-las Artes e Hotelaria. No pavilhão de aula teórica, composto por 33 salas, grande parte será ocupada pelo ICHS. No con-junto destinado aos professores, dois de três prédios serão voltados ao Instituto e atenderão a 288 docentes, a partir de for-mação de gabinetes duplos em 144 salas. Da aquisição de 10.000 novos títulos para a biblioteca, 80% se destinam para livros da área de Humanas.

Aulas com “cheiro de tinta” no próximo ano

O primeiro pavilhão a ficar pronto é composto de quatro prédios de dois pavimentos, interligados por rampas e escadas, com laboratórios de informáti-ca, salas de estudos (individuais e para grupos), auditório com capacidade para 200 pessoas e 33 salas de aula, dotadas de toda infra-estrutura de multimeios.

Pavilhão de aulas: visão panorâmica

Pavilhão de aulas: rampa que liga o conjunto de prédios

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Novembro de 2010 43

A conclusão da obra está prevista para março de 2011, segundo Ricardo Olivei-ra, professor do departamento de Histó-ria e assessor especial da reitoria. Estima-se que no início do ano letivo, portanto, grande parte das aulas do Instituto já seja ministrada neste novo conjunto de prédios. Pensando nos cursos noturnos, haverá iluminação e pavimentação do ca-minho que liga a sede atual ao novo es-paço de ensino. O complexo localiza-se próximo ao anexo III do ICHS (conhe-cido com PPG), em direção ao Instituto de Zootecnia.

Mas as novidades não param por aí. Em breve, o Instituto também arregaça as mangas para começar a quebrar pare-des, arrancar fios, canos velhos e azule-jos. Como a estimativa de término das obras do pavilhão de professores é final de 2012, tornou-se necessário adaptar o espaço da sede principal do ICHS para a estruturação de novos gabinetes para do-centes, além de ser necessário alocar, com mais espaço, 14 coordenações de curso e dez chefias de departamentos. Para os ga-binetes, serão reformadas sete salas gran-des para serem divididas para 100 novos professores. As coordenações de curso e os departamentos ficarão todos dispostos

Modelo de laboratório, visto em diagonal

provavelmente na ala do corredor princi-pal.

Além disso, está planejada a reforma dos banheiros internos, reestruturação da parte elétrica, ampliação de ramais de telefone, além de implementação de projeto de paisagismo no entorno do es-tacionamento.

Algumas salas também serão reforma-das para se tornarem laboratórios de pes-quisa acadêmica (para diversos cursos), de informática (com 45 computadores

novos conectados em rede), de redação digital (para futura agência de notícias) e fotografia (com 30 máquinas dotadas de softwares especializados para a edição de imagens). Estúdios de rádio e TV para o curso de Comunicação Social também estão orçados para começarem a ser cons-truídos.

Outra obra relevante, com previsão de conclusão no início de 2012, é o Com-plexo de Laboratórios de Aulas Práticas, composto de 14 prédios individuais. Se-

Modelo de laboratório, visto de frente

Fotos Reprodução

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rão atendidos neste complexo os cursos de Biologia, Química, Física, Educação, Hotelaria e Belas Artes.

O pavilhão de professores é outro gru-po de prédios previsto pra ser entregue no final do ano letivo de 2012. É compos-to por dois conjuntos (três edifícios por conjunto), com capacidade para alocar 288 professores. O objetivo é transfe-rir, em 2013, docentes, coordenação de curso, chefias de departamento e demais estruturas administrativas recentemente criadas para lá.

Biblioteca e “Bandejão” repaginados

As obras de infra-estrutura ainda vão oferecer um novo “bandejão” e uma bi-blioteca para atender a várias unidades do campus Seropédica.

— O Novo Restaurante Universitário acabou de ser licitado e deverá ter uma capacidade ampla para atender cerca de 6 mil refeições/dia. A perspectiva de con-clusão é 2012 — estima o professor Ri-cardo Oliveira.

As obras da Biblioteca Central estão

44 Novembro de 2010

Perspectivas

a todo vapor. No caminho Pavilhão Cen-tral – ICHS, notam-se trabalhadores em-penhados em ampliar o espaço da sede principal, em uma edificação que está sendo construída próxima ao prédio an-tigo. Além do prédio em questão, a Ru-ral também está investindo na ampliação do acervo de livros. Com 50 mil títulos

atuais, a universidade prevê a compra de mais 10 mil exemplares ainda este ano.

— Esta política responde à demanda real de constituição de Acervo Bibliográ-fico para atender as necessidades do PRE-UFRRJ, fundamentalmente na grande área de Ciências Humanas — explica o assessor da reitoria.

Caminho de acesso e passagem de um laboratório a outro

Vista panorâmica do complexo de laboratórios

Reprodução

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Novembro de 2010 45

Perspectivas

Cristiane Venancio

O ICHS do futuro passa pelo sonho da vice-diretora do Insti-tuto, professora Elisa Guaraná de Castro (foto). Aos 42 anos, 12 dos quais na UFRRJ, ela tem afi-nidade com a Universidade pra-ticamente desde quando nasceu. Seu pai foi professor da área das Ciências Agrárias e ela morou no campus da sede dos 2 aos 5 anos.

– Minha visão era de que a Universidade era essencialmente agrária. Só depois pude compre-ender a natureza e a vocação da Rural – comentou.

Eleita vice-diretora do ICHS pela primeira vez em 2009, Elisa compõe, junto com o professor Antônio Carlos No-gueira, a instância máxima no Instituto:

– Quando cheguei aqui, 12 anos atrás, encontrei uma área de humanas preo-cupante. Apesar de os cursos existentes serem atuantes, era uma atuação pouco valorizada. Hoje, há uma compreensão na Universidade sobre como as ciências humanas e sociais são importantes para o entendimento das outras áreas.

Segundo ela, a criação do curso de História, em 2001, foi um marco no iní-cio da expansão do ICHS.

– O esforço de professores e alunos foi muito grande, mas valeu a pena. Na época, o Instituto vivia o processo de in-teriorização da Economia e da Adminis-tração – explicou a professora. – Mas não tínhamos qualquer apoio do Governo fe-deral para uma expansão.

Para a vice-diretora do ICHS, o mais importante foi iniciar um processo de mu-dança da percepção sobre a importância da área de humanas na Universidade.

– Hoje, há uma política de Estado e que veio ao encontro de uma demanda de inte-

Diálogo possível entre agrárias, tecnológicas, humanas e sociaisO sonho da vice-diretora do ICHS, Elisa Guaraná, é impactar a

Baixada Fluminense com a formação de profissionais para a região

resses represada, dos próprios professores, de expansão para áreas clássicas das Ciên-cias Humanas como o Direito, Letras, a Fi-losofia e as Ciências Sociais – observou.

Elisa explicou que durante o processo de crescimento, outros cursos também ganharam espaço como Hotelaria, Co-municação Social, Belas Artes, Adminis-tração Pública e Relações Internacionais.

– Essa demanda não era só nossa e tivemos a comprovação disso com a alta procura por esses cursos logo que fo-ram implantados. Temos hoje um ICHS transformado com a presença de alunos, professores e técnicos motivados para construir não apenas os seus cursos espe-cíficos, mas que trouxeram novas agendas de discussão – salientou.

De acordo com Elisa, o corpo docen-te que hoje compõe o ICHS é altamente qualificado e traz para a experiência de ensino, pesquisa e extensão da Universi-dade o contato com novas redes de pes-quisadores nacionais e internacionais.

– Temos observado professores moti-vados, que se manifestam, por um lado, no engajamento em projetos com forte

demanda social – afirmou. – Por outro lado, há um esforço na verti-calização das humanas com a cria-ção de novas pós-graduações.

Diálogo e diversidade compõem o atual ICHS

Entre os principais desafios para o ICHS, neste momento dos 40 anos, Elisa destaca a necessida-de de diálogo entre as áreas agrária, tecnológica, humanas e sociais.

– Houve certo estranhamento sobre a diversidade dessas novas áreas. Há, ainda, a associação da área de ciências humanas a uma inserção utilitarista, assistencial. Da mesma forma, muitos profes-sores, que nunca se aproximaram

de temáticas como as desenvolvidas na área de agrárias, também estranham suas agendas de pesquisa. Isso vai trazer uma perspectiva nova – observa a professora. – Nos próximos 10 anos, precisaremos consolidar a área de humanas, suas gra-duações e pós-graduações.

Para Elisa, uma prioridade do Insti-tuto, no momento, é conseguir atuar de maneira impactante nas regiões em que a Universidade está inserida, como a Baixa-da Fluminense e a Baixada de Sepetiba.

– Temos a responsabilidade de formar profissionais para a região. Afinal, somos a única universidade que tem sua sede e um campus avançado na Baixada – observou.

Sobre os 40 anos do ICHS, sua vice-diretora é conclusiva:

– Para desenvolvermos mais ainda nossa área, precisamos de um forte diá-logo do ensino com a pesquisa e com a extensão. Fizemos grandes avanços e sin-to que vamos caminhar no que é nossa vocação: contribuir para a construção de um conhecimento que pensa a sociedade de forma reflexiva.

Cristiane Venâncio

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Memória

oS murAiS fAzem pArte dA culturA do icHS

Quem quer saber sobre os acontecimentos recentes e projetos do icHS não pode deixar de ler os murais o corredor principal do instituto. informações

sobre cursos, atividades de extensão, notas e até casas para alugar são disponibilizadas ali. o local também é um ponto de encontro dos estudantes.

Letícia Santos

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Novembro de 2010 47

ICHS hoje

DiretorAntônio Carlos NogueiraVice-DiretorElisa Guaraná de Castro

Departamento de Ciências AdministrativasContábeis - DCACChefe: Marco Antônio da Silva BatistaCoordenação de Administração: Luciene Gouveia BatistaCoordenação de Administração Pública: Saulo Barbará de OliveiraCoordenação de Ciências Contábeis: Teresa de Jesus Ramos da SilvaCoordenação de Direito: Afrânio Faustinode Paula Filho

Departamento de Ciências Econômicas - DeCEChefe: Paulo Roberto da SilvaCoordenação de Ciências Econômicas: Virgílio Roma de Oliveira Filho

Departamento de Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade - DDASChefe: Hector AlimondaSub-chefe: Fátima Portilho

Departamento de EconomiaDoméstica - DEDChefe: Nancy dos Santos DornaSub-chefe: Consuelo Salvaterra MagalhãesCoordenação de Economia Doméstica: Jorge Luiz de Góes Pereira

O ICHS em outubro de 2010Carolina Roberta Vaz

Em outubro de 2010, o Conselho Universitário aprovou a criação dos novos departamentos do ICHS. Assim, o Instituto passa a ter os seguintes departamentos: 1) Artes; 2) Ciências Administrativas e Contá-beis; 3) Ciências Econômicas; 4) Ciências Jurídicas; 5) Ciências Sociais; 6) Desenvolvimento, Agricul-tura e Sociedade; 7) Economia Doméstica; 8) Filosofia; 9) História; 10) Letras e Comunicação Social.

Outros institutos vinculados à UFRRJ são: Instituto de Agronomia, de Biologia, de Ciências Exatas, de Educação, de Florestas, de Tecnologia, de Veterinária, de Zootecnia, Multidisciplinar e de Três Rios.

Abaixo, está reproduzida a atual estrutura do ICHS, pois os novos departamentos ainda não têm suas chefias definidas.

Coordenação de Hotelaria: Maria Lúcia deAlmeida Martins

Departamento de História - DHISTChefe: Margareth de Almeida GonçalvesSub-chefe: Alexander ViannaCoordenação de História: Maria da Glória de OliveiraCoordenação de Relações Internacionais: Ricardo Oliveira

Departamento de Letras e Ciências Sociais - DLCSChefe: César Augusto Da RosSub-chefe: Maria do Rosário RoxoCoordenação de Ciências Sociais: Nalayane Mendonça PintoCoordenação de Letras: Maria do Rosárioda Silva RoxoCoordenação de Belas Artes: Fábio Ricardo Reis de MacedoCoordenação de Filosofia: José Nicolao JuliãoCoordenação de Comunicação Social: Simone

Orlando

Endereço: Rodovia BR 465 – Km 7 s/nCEP: 23890-000Seropédica – RJTel/fax:(21) 2682-1042 / 1702Correio Eletrônico:[email protected]

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48 Novembro de 2010

Memória

Criação do Instituto de Ciências Sociais

1969

São criadas as três primeiras turmas: Ciências Econômicas, Ciências Administrativas e Ciências Contábeis

1970

Ocorre a alteração da denominação do Curso Licenciatura de Educação Familiar para Licenciatura em Economia Doméstica atendendo a uma recomendação do MEC

O ICS passa a se chamar Instituto de Ciências Humanas e Sociais

Criação do Conselho de Pesquisa e Extensão

1975

O CPDA é incorporado pelo ICHS

1976

1978Criação do curso de extensão em Economia Doméstica

1990É criado o primeiro curso noturno de Administração

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Novembro de 2010 49

1995

A direção do ICHS, em parceria com o CIEE, cria um centro de atendimento para estágio

1997Fundação do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Política Educacional (Neppe)

Início do processo de interiorização

1999

Comemoração dos 30 anos do ICHS

2000Criação do Mestrado Profissional em Gestão e Estratégia em Negócios

2001

Criação do curso de História

2006É inaugurado o auditório e espaço cultural Paulo Freire

Construção do anexo PPG

2009

Criação de novos cursos com recursos do Reuni

2010

O ICHS completa 40 anos de ensino, pesquisa e extensão

Texto Lucas da Cruz / Foto Divulgação

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50 Novembro de 2010