REVISTA 22

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REVISTA DA ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE LETRAS Jandir João Zanotelli (organizador) Pelotas Outubro -2011 No.22 REVISTA ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE LETRAS Fundada em 9 de maio de 1970 Diretoria Presidente: Olga Maria Dias Ferreira Vice-Presidente RS: Maria Beatrz Mecking Vice-Presidente SC: Lauro Junkes Vice-Presidente PR: João Darcy Ruggeri Secretário: Wilma mello Cavalheiro 1

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Publicação da revista da academia sul brasileira de letras

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REVISTADA ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE LETRAS

Jandir João Zanotelli (organizador)

PelotasOutubro -2011

No.22

REVISTA ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE LETRAS

Fundada em 9 de maio de 1970

DiretoriaPresidente: Olga Maria Dias FerreiraVice-Presidente RS: Maria Beatrz MeckingVice-Presidente SC: Lauro JunkesVice-Presidente PR: João Darcy RuggeriSecretário: Wilma mello Cavalheiro

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Tesoureiro: Marísia Ferreira VieiraConselho EditorialÂngela Treptow SapperJandir João Zanotelli (organizador)Joaquim MoncksJosé Clemente PozenatoLígia Antunes LeivasMaria Alice EstrelaMaria Beatriz Mecking CaringiSérgio OliveiraWilma Mello Cavalheiro__________________________________________Revista da Academia Sul-Brasileira de Letras- N 20 (Abr.2011)

Pelotas: EDUCAT, 2010.Semestral. 150 p.ISSN 1809-5540 CDD B869.05

Letras – Periódicos. 2. Literatura – Periódicos.__________________________________________

Sede: Rua 3 de Maio 1060 – Conj.403 –Pelotas – RS– 96010-620E-mail- [email protected]

SUMÁRIO

Apresentação........................................................................5

EVENTOS..........................................................................7

POESIA .............................................................................19A flor do sonho – Florbela Spanca...........................19Primavera na Praça – Tristão Alencar P. Osório......20 Metamorfose – Wilma Mello Cavalheiro.................21Por Último – Lígia Antunes Leivas..........................22Eterno Efêmero.........................................................23Letras – Marisia de J. F. Vieira.................................24

Mãe, Madrasta,Terra Natal – Luiz Gonz. da Silva 27

TROVAS..........................................................................33TROVAS HUMORÍSTICAS...........................................35CONTOS E CRÔNICAS.................................................41

O allanamiento – Carlos Gil Turnes.........................41A cidade dos anjos – Ruth Ávila Zanotelli...............59

ARTIGOS........................................................................69Se os tubarões fossem homens. – Bertold Brecht....69A felicidade –Hélio Freitag......................................73Paixão e Liberdade – Jandir João Zanotelli..............76

ESTATUTOS SOCIAIS DA ASBL................................80

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CADEIRAS- PATRONOS – TITULARES DA ASBL..97

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APRESENTAÇÃO

De novo nossa Revista aí está. Tropeçando em múltiplos terremotos, tsunamis, furacões, inundações,

vendavais. Furacões e furacões. Furacões políticos e éticos também. Em sua singeleza, vestida da simplicidade, do suor e da beleza, nossa Revista

se entrega ao repasto do significado colhido entre todas as coisas.Nova diretoria comanda a Academia. Olga Maria à frente. Novo entusiasmo.

Sangue novo. Novos corações.A querida ex-presidente Lígia esteve lutando bravamente para recompor sua

saúde. Nosso afeto e nossas orações a acompanharam.Enquanto isso não pode ser ultimado nosso projeto de uma página eletrônica

onde também a revista e todas as revistas anteriores estarão localizadas. Temoscerteza que até a Primavera esta esperança florirá.

Enquanto isso, nosso inverno, - e que inverno! – nos recolhe ao redor do fogopara os papos familiares. Bem diziam os alemães – com vasta experiência deinvernos e neves – que é no inverno que se cozinha o pão. Isto é, o frio pode ser bompara consolidar os laços de amizade e de família.

Papai dizia que, sem o rigor do frio e da geada, não haveria trigo nem frutosdoces depois. Ele ajudava a aprofundar as raízes e a livrar a lavoura de muita pragade insetos e larvas prejudiciais.

Que venha, pois, o inverno, com caldos quentes, com mocotó, com vinhos eum bom livro de literatura, para antes e depois do trabalho.

E, não por último, um pedido insistente: envie sua contribuição literária (artigo,conto, poesia...) e nossa Revista terá maior robustez e pluralidade de rostos.

Jandir João Zanotelli (Coordeador).

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EVENTOS

1.José Anélio Saraiva – 99º Aniversário. Maravilhando a cada um de nós, comsua lucidez, com sua saúde, memória invejável, distribuindo sabedoria. Uma bênçãopara a ASBL para cada acadêmico, para cada amigo.

2. Luiz de Miranda, lançou, neste 1º de junho mais uma obra de sua grandecoleção VOZES DO SUL DO MUNDO, pela EDIPUCRS. Em sua valiosacriatividade estamos todos nós de parabéns.

3.Eleições da DIRETORIA

Em Assembléia Geral, reunida neste último dia 6 de maio, a Academia Sul-Brasileira de Letras, elegeu a nova Diretoria para o biênio 2011-2013. A Diretoriaficou assim constituída:

Presidente – Olga Maria Dias FerreiraVice-Presidente RS – Maria Beatriz MeckingSecretária Geral – Wilma Mello CavalheiroTesoureira – Marísia de Jesus Ferreira Vieira

Conselho Fiscal:Manoel Jesus Soares da SilvaJosé Anélio SaraivaJorge Moraes

A nova Diretoria foi empossada no mesmo ato da eleição, sendo que a possesolene acontecerá no dia 11 de agosto vindouro.

O entusiasmo da nova equipe pareceu contagiar a todos. A colaboração detodos foi cobrada e expressa com laços de profissionalismo e amizade.

Haverá novos caminhos e perspectivas para as letras da Academia e para a áreade abrangência da mesma (Paraná, Santa Catarina e RS).

Saudamos e parabenizamos os novos loboradores da Palavra. De parabéns a Academia Sul-Brasileira de Letras. De parabéns Pelotas. De

parabéns estão todos os operários da Literatura.Pelotas, 7 de maio de 2011.

4. A Academia terá seu lugar eletrônico com a biografia de cada acadêmico,obras e especialmente nossa Revista. Aguardemos quando setembro vier.

5. Faleceu nosso sócio emérito, amigo de muitas horas, o renomado em nosso

país e fora dele, uma das maiores autoridades em Direito do Trabalho, orador6

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encantador e profundo, literato e incentivador de literatos, nosso Mozart VitorRussomano. Do outro lado da vida acompanhará cada um dos passos de nossosacadêmicos e amigos. Que a ASBL saiba sempre inspirar-se na pessoa e no trabalhodele.

6. A presidente da CAPORI (Casa do Poeta Rio-Grandense, na 46ª gestãodaquela casa convida, numa gentileza infinita que gera remorso em não poderparticipar, para o 561º cafezinho poético, em Porto Alegre, neste dia 7 de junho. Osparabéns e o reconhecimento pelo excelente trabalho cultural desta querida eeminente poetisa, exemplo para todos os que lutam pela literatura.

7. Depois de carinhosa saudação às autoridades, aos confrades e confreiras, aosamigos e familiares presentes, Olga Maria nos brindou com o discurso quetranscrevemos:

“A noite de hoje significa vida e muita emoção. A investidura no cargo que assumo, adquire proporções inusitadas, em função de um retorno efetivo às atividades literárias, com responsabilidade duplicada.

Após um período de afastamento por debilidade física, e para cuidar da saúde,volto à ação. Isto representa ressurgir, renascer, recomeçar. E, neste recomeço, trago opropósito de empenhar firmes atitudes, na defesa da arte literária em minha terra.

Dar seguimento à gloriosa história desta Academia, há mais de quatro décadasfundada, se constitui em tarefa de extrema responsabilidade, compromisso ededicação.

A par de evocar o saudoso nome de Magda Costa, ilustre fundadora e primeirapresidente, segue-se o pensamento de longo período de relevantes serviços prestadosàs letras e à comunidade de minha terra – Pelotas.

Com o ânimo dos bravos, inicio mais uma etapa em minha vida, buscandoforças e incentivos maiores, na busca de corresponder à confiança de meus pares.

A eleição da Academia Sul - Brasileira de Letras, me surpreendeu. Jamaisimaginara galgar posto de tal envergadura, mercê dos altos valores literários de meusconfrades e confreiras, sobejamente, mais indicados para ocupar este lugar. Porgenerosidade e desprendimento, unanimemente, me concederam tal honraria. Ser-lhes-ei, eternamente, grata, pela oportunidade de propugnar, de modo mais direto,pelas artes, em especial, a Literatura, alicerce da história universal.

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Peço vênia para reverenciar os nomes daqueles com quem tive o privilégio deconviver, nas lides acadêmicas, e, certamente estariam comigo, nesta noite festiva:Edgard Curvello, Yvone Leda do Amaral, Maria Amélia Gonçalves Hillal, SadyMaurente de Azevedo, Scheila Stumpf, Heloiza Nascimento, Pedro Bággio e, maisrecentemente, Miguel Russowsky, além de Hoyêdo G. Lins e Túlio Vargas. A docelembrança de suas presenças amigas me incentiva a prosseguir no mister, comemoção redobrada.

Reportando-me, aos tempos do hoje, menciono, em particular, o nome dapoetisa Wilma Mello Cavalheiro, autora de obra consistente e bela, madrinha querida,neste sodalício, que me adentrou da Casa de João Simões Lopes Neto. A ela, renovomeu carinhoso reconhecimento e concreta admiração.

Permito-me relembrar, outrossim, a figura querida de Enrique SalazarCavero, a quem sucedo na cadeira de número vinte e sete, cujo patrono é MonsenhorLandell de Moura, o grande brasileiro, lídimo inventor da telefonia. A EnriqueSalazar minha saudosa homenagem.

Incontáveis seriam os agradecimentos, iniciando por meus inesquecíveispais, Atahualpa Gonçalves Dias e Maria da Trindade Gerth, pioneiros em minhaformação e credores eternos de meu amor.

Nos dias atuais, a meu lado, a extrema alegria da presença de meus filhos enetos, que animam minha vida, incentivam meu trabalho e inundam do mais puroafeto estes tempos do crepúsculo. A eles o que melhor tenho a ofertar: amorincondicional e um coração agradecido.

Com especial carinho, declaro saudade eterna ao companheiro de todas asmelhores horas de minha vida – Salvador Ferreira. A seu devotamento, ternura econforto espiritual, devo muito do que logrei conquistar, ao longo do tempo.Prematuramente ceifado do inesquecível convívio material – há vinte e cinco anospartiu para outra dimensão – mantém íntegro em minha vida, como fonte inesgotávelde inspiração e saudade. Inúmeros versos encontram em Salvador o alicerce de meussentimentos mais nobres. A grandeza do afeto que nos uniu há de perpetuar-se, nestestempos de inverno. A ele serei eternamente grata pelo representou e representa a meucoração fortalecido. Mantenha-se sua indelével memória, para sempre. Traçar meu plano de trabalho seria redundância. Quê mais poderia desejaralguém que amou as letras desde a mais tenra idade? Dos mais remotos sonhos, aostempos que me acalentam as tardes do agora, só existe espaço para a literatura comoum todo, em sua defesa e aprimoramento. Assim sendo, seguirei minha rota, decididae firme, com o precioso auxílio de confrades e confreiras, na colimação de objetivoscomuns. 8

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Levar a literatura às ruas, o livro ao povo, a poesia a crianças, jovens e idosos,a todos, indistintamente, será prioridade dessa gestão. Não me permitirei furtar-me abuscar recursos e parceria com o poder público, as universidades e as entidades irmãs– guardiãs dos sonhos e da cultura. Somente a força do trabalho, com união e denodo,pode alcançar vitória.

Não vibrarei com a projeção individual, mas com a grandeza da luta. Estou

certa de que, somente unidos, os operários das letras, obterão o reconhecimentopúblico - a maior conquista – a difusão do verdadeiro valor de obras magistrais.Nomes insignes me antecederam, muitos ainda estão por vir, e, o momento atual deveprevalecer, antevendo um futuro de louros.

Educação digna para todos é, sem dúvida, o grande desafio da humanidade. AAcademia Sul-Brasileira de Letras estará alerta ao problema, procurando, dentropossível equacioná-lo ou, ao menos, minimizá-lo.

Assumo nesta noite, os destinos de uma Academia madura e abrangente. Aolongo de sua trajetória, nomes ilustres surgiram e a prestigiaram. E mais, sua atuaçãose estende aos três estados do sul: Rio Grande, Santa Catarina e Paraná.

Como explanei no início, há mais de quarenta anos, bravos cidadãos e cidadãs,empunham a nobre bandeira da cultura e das letras, em seu nome. Nesse tempo,inúmeras dificuldades se colocaram à frente de grandes projetos e as mais expressivasquimeras. Dentre elas cumpre destacar a batalha, neste instante, descortinada: aobtenção de uma CASA DE CULTURA para Pelotas, para que se cumpram seus maisnobres ideais. Os trabalhadores da cultura e das artes de minha terra merecem. Atradição de Pelotas está ameaçada com entidades à procura de um Lar.

A modernidade não deve fugir de compromissos com o povo e as maissagradas ambições de luz e esclarecimento. Que seja essa festa um marco indelévelna consciência de quantos me ouvirem, aquinhoando o saber com o mínimo confortoesperado. Espero, ao fim desse árduo e prazeroso mandato, estar convivendo, comtodas as entidades congêneres, na tão desejada CASA DE CULTURA DE PELOTAS,A PRINCESA DO SUL

A abrangência da Academia Sul-Brasileira de Letras, fortalece e muito o ânimode seus integrantes. Ao expandir essa Academia a todo o sul do país, demonstra ogrande interesse de seus integrantes, na criação de entidades congêneres, capazes deabrigar os amantes das letras, tornando-os conhecidos e admirados. Somente aoperação conjunta pode promover o bem comum a que se propõe.

O amor à literatura não é apanágio de ninguém. Pertence a todos,indistintamente e, é perfeitamente cabível que se fundem novas academias, não só emPelotas, nesta região, mas em todo o Brasil. Em momento algum foi cogitada a

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exclusividade da idéia. O sol nasce para todos. Impõe-se espargir sua luz, comhumildade e sabedoria.

A inspiração, de forma alguma, é apanágio dos ricos e aquinhoados. Aocontrário, brota da alma do povo, da natureza, das belezas que existem entre o céu e omar. O exercício das letras vem do íntimo de cada um e quantos mais vieremexpressar o que sentem, mais se aproximarão do semelhante. E, por aí, se cultiva asemente da paz e da fraternidade. Que venham novas Academias, o espaço já foiconquistado. Os louros lhes pertence. E, que o Criador, em Sua Infinita Misericórdia,abençoe a todos.

O tempo corre célere e, não poderia encerrar minhas palavras, sem me dirigir,em especial a Jandir João Zanotelli, sábio acadêmico, querido confrade e imortalprofessor. Conviver com Jandir, na Academia, em seu lar, nos encontros acadêmicos,na Feira do Livro, em todos os momentos, dá-nos a segurança de novo aprendizado.Obrigada Jandir! Eu e meus pares te devemos muito pelo edificante “estar junto”,pois, quando contigo estamos, é assim que nos sentimos: - estamos juntos. Tu nãosabes ser diferente daquela pessoa, a um tempo inquietante e mansa que nos induz acrescer. Tua ternura, teu olhar de bondade, teu respeito pelo outro, são fontespermanentes de inspiração. Isso nos aproxima, amado mestre, e mostra que a vida ébela e que ainda devemos acreditar no amanhã. Que Deus te proteja, sempre.

E, assim, com esse depoimento de intensa admiração, finalizo minhas palavras,agradecendo, carinhosamente, o apoio de todos que aqui vieram, no testemunho dedesprendida amizade e, me encorajam a prosseguir na jornada.

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POESIA

A FLOR DO SONHOFlorbela Espanca

A Flor do Sonho, alvíssima, divina,Miraculosamente abriu em mim,Como se uma magnólia de cetimFosse florir num muro todo em ruína.

Pende em meu seio a haste branda e finaE não posso entender como é que, enfim, Essa tão rara flor abriu assim!...Milagre... fantasia... ou, talvez, sina...

Ó Flor que em mim nasceste sem abrolhos,Que tem que sejam tristes os meus olhosSe eles são tristes pelo amor de ti?!...

Desde que em mim nasceste em noite calma,Voou ao longe a asa da minh’almaE nunca, nunca mais eu me entendi...

PRIMAVERA NA PRAÇATristão Alencar Pereira Oleiro

A praça em festa se reveste de cores, anuncia a primavera repleta de flores, cobrindo o coração dos amantes, com amores, como a fonte saciando a sede das pombas. Os pardais avisam que estão amando, também. Seus ninhos abrigam sementes de vida que vêm. Nasce na praça alegria sem fim, trazendo energia para aquele que passa,

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cresce com graça, o belo jardim. A cada primavera a emoção se renova inspirando o poeta a escrever sua trova e nela deixar a magia que resta de passear pela praça.

METAMORFOSE

Wilma Mello Cavalheiro

Finalmente me solto de teus braços, sem lágrimas no olhar... sem sofrimento, sem procurar teus passos noutros passos, que outrora reforçavam meu tormento.

Nossos momentos, sempre tão escassos, deixavam na minha alma um desalento, que devagar foram rompendo os laços, desatando o prazer do encantamento.

Sei que o tempo matreiro não apaga as emoções vividas, e nos afaga com mil lembranças de felicidade.

Um grande amor não morre, não naufraga, sentimento tão forte não se esmaga, simplesmente transforma-se em saudade.

POR ÚLTIMO

Lígia Antunes Leivas

Cresceu sem ver que as estações passavam.

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A cada gota de chuva seus olhos inundavam-see a terra era árdua... A cada noite de sombrastemia o horror das faces contraídase o mundo parecia não ter cores.Cresceu aos pedaços, embrutecido talvez,entristecido por dentro... defendendo seu corpo(onde guardava o coração) dos horizontes de aço.Viveu... Lutou sobre cada dia...Resistiu... Sobreviveu....descobriu-se POETA!

Este poema foi premiado em 1° lugar no Concurso Pérola da Lagoa de São Lourenço do Sul

ETERNO EFÊMERO Beber auroras dormir luares carregar sonhos percorrer horizontes buscar o infinito ponto de espera lugar de chegada momento de partidaEspera a desfiar o rosário dos dias das horas de eternidadeAbraço de chegada beijo de partida saudade infinitaAlegria?...um instante...

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LETRAS

Marísia de J.F.Vieira

Pouco mais de vinte constituem nosso alfabeto. Em verdadeiro entreveroformam palavras e frases. Daí, surgem os textos em verso ou em prosa.

Os textos podem se apresentar como verdadeiro cardápio para o gosto doleitor - científicos, filosóficos, sociais, artísticos, sacros, enfim, uma variedade deassuntos que vão preencher livros e estes, as bibliotecas.

É na Literatura - a república das letras - que os escritores, poetas,romancistas e outros encontram-se à vontade. Ali, embaralham, desfiam, tecem,desembaraçam palavras para produzirem seus textos.

"O amor é mais precioso que a vida, e a honra mais preciosa que odinheiro. Mais preciosa que ambos é a palavra" Herbert Spencer. E a palavra é apersonagem principal, aquela figura indispensável para expressar pensamentos,ideias, afirmações, conceitos, julgamentos, comunicação, sabedoria, conversa comDeus na oração e muito mais.

O uso de palavras rebuscadas muitas vezes torna a leitura cansativa. PaulValéry afirma:"Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples. Entre duaspalavras simples, escolha sempre a mais curta".

E, dessa forma,, os escritores vão tecendo seus escritos, cada um comestilo próprio, individualizado.

A imaginação povoa as páginas dos livros. As palavras podem nos alegrar ou entristecer, podem ferir ou curar,

podem condenar ou absolver, podem libertar ou aprisionar... Elas podem declarar amor ou ódio e fazer amigos ou causar inimizades. Segundo Frei Beto "A palavra fere, dói. Dita no calor de mágoas ou ira,

penetra como flecha envenenada. A palavra salva. Uma expressão de alegria,acolhimento ou amor é como a brisa que ativa nossas melhores energias".

O escritor tem - nas palavras - uma arma para lutar pelo bem daHumanidade, para lutar pelo Meio Ambiente, para fazer da Literatura uma espadaflamejante, mágica, sem gume, capaz de impulsionar o progresso, proporcionarvários benefícios, entre eles um dos mais importantes: a PAZ.

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A MÃE > MÃE > MADRASTA CRUEL (terra natal)

Luiz Gonzaga da Silva Casimiro de Abreu deve ter sentido o mesmo que eu ao escrever a poesia Meus

Oito Anos: Oh que saudade que eu tenho da aurora de minha vida da minha infânciaquerida que os anos não trazem mais.

Que os anos tão trazem mais, não... Que a minha mãezinha, antes, tão querida

não pode mais me proporcionar.Quanta saudade ... Foi num dia ensolarado que a conheci, fiquei embevecido com o seu fulgor,

com o seu carinho maternal, com o seu olhar azul, límpido, às vezes carregados denuvens escuras, mas sempre alegres e festivos.

Depois fui crescendo, crescendo... e na escola...__A,B,C,D__Daqui a pouco

meu bolo fofinho __E,F,G...__meu leite quentinho na lancheira __H,I__Comodemora esse recreio que felicidade.La fora a querida mãe me espera e eu darei lindospasseios,verei pessoas felizes carregadas de pacotes que entram e saem das lojas.

Quanta felicidade minha mãezinha me dava. Oh que saudade!Ainda me lembro

o dia em que você se engalanou toda, vestiu-se de luz, de alegria ofuscante. quealegria!Eu, a Verinha, o Zeca, o Joca, a Nena, a Tita, e outros tantos brincavam de“bets”, queima, pique será até altas horas da noite.

Como nos sentíamos protegidos, pois nossa “Mãezinha” ali estava com seu

olhar vigilante, carinhoso, acalentador.

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E aquele dia?Como me lembro!Ganhei duas rodinhas de rolimã do seu Chico,a outra eu troquei com o Zeca por um carrinho velho que eu tinha, o Joca me deu oparafuso e a tábua e o Estevinho ajudou a montar o meu carrinho de rolimã.

Que euforia quando senti sob meu corpo o resfolegar das rodas em seu tapete

negro, o ventinho suave em minha face... Qual é o valor do X? Que é dizima periódica?Quem fundou... Daqui a pouco

meu pão com manteiga. E o meu leite quentinho?Ora já não sou mais criança... Qual o valor da hipotenusa? Nossa! Como são lindos os olhos da Susana!

Seno... co-seno... tangente...Quase meio-dia.Que fome!...Será que la em casa só vai ter feijão com polenta? Que saudade do bolo fofinho

de outrora! Paciencia. Papai ganha pouco... Ah, mas isso vai acabar. Logo que eutiver o certificado do Ensino Médio, vou poder arrumar um bom emprego. Ai simvou comprar aquele tênis que vi na vitrine, aquela jaqueta de couro, aquela moto! Ah!Aquela Suzuki novinha em folha...

Eu hei de vencer! A “mãezinha” não vai me abandonar. Eu sei que vourealizar todos os meus sonhos...

Susana!...Como nos amamos! Um dia ainda terei uma casa só para nós dois. Mãe! (soluço) Porque você mudou tanto. Quantos sonhos acalentei... Quantas

vezes me alegrei com você... E como me sentia feliz ao te ver to enfeitada e feliz naépoca do natal.

Queria ser engenheiro eletrônico. Como sonhei alto meu Deus! Faculdade!

Nem pensar... “Mãezinha”, não seja uma madrasta cruel! Porque você mudou tanto?(e no

radinho a pilha) “Eu sou o boy, boy”... não! Nem boy você me permitiu ser querida“mãezinha”! Será que tenho que abandoná-la? NÃO!Não posso! Longe de vocêminha terrinha... Longe da Susana? Eu morreria! Meu coração está aqui com você.em cada praça, em cada rua, em cada cantinho, em cada pedra da calçada está umpedacinho de mim!

__Poxa! Como demora esse caminhão! Que adiantou saber o Teorema de Pitágoras, a quantia de átomos do cloro, do

sódio, do ferro... saber as partes da célula, o valor do X, do Y, se agora... Quefome!”Minha fome é de leão, abro a marmita e o que vejo?” Nem feijão!

(O ônibus já está encostando) Adeus terra querida, lágrimas quentes queimam

meu coração... Sinto tanto ter que deixá-la. Meu coração está chorando, você sabe,mas sou obrigado a deixá-la, pois você se tornou para mim uma “MADRASTACRUEL”.

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Só me permitiu ser... um “BÓIA FRIA”!(soluço). Oh minha terrinha, não sepreocupe!O meu amor por você não morreu. Suas paisagens ficaram gravadas emminha retina para sempre!

Adeus Susana! Um dia eu volto para buscá-la. (suspiro). E o ônibus partiu para a capital levando aquele coração partido e com a cabeça

cheia de sonhos: Ganhar dinheiro e voltar para seu amor e sua terra natal.

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TROVAS

Sentimos tanta alegria quando estamos abraçados, que para nós, todo dia é “dia dos namorados”.

Divinei Rosali (RJ)

Mulher falsa? Dizem isto?Pode falar quem quiser, mas quem traiu Jesus Cristo foi homem, não foi mulher.

Gilda Moura (RN)

No solar da poesia há uma janela indiscreta, por onde o leitor espia o coração do poeta!

Marina Bruna (SP)

Perdoa se fui ousado.Não estou arrependido!Quem ama não tem pecado.Pecado... é tempo perdido!

Alba Helena Corrêa (RJ)

A luz de Deus é uma brisa que nos guia forte e densa, nossa alma só precisa do combustível da crença.

Wilma Mello Cavalheiro (Pelotas)

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A cada noite que passa O sonho em que eu não te vi foi o meu ninho de graça para estar perto de ti.

Jandir João Zanotelli (Pelotas)

TROVAS HOMORÍSTICAS

Se deu bem mal minha amiga, e agora, não tem mais jeito: escorregou pra barriga o silicone do peito.

Darly O. Barros (SP)

A pipoca da vizinha tem um sabor diferente, é tão quente e salgadinha, que aguça a gula da gente.

Wilma Mello Cavalheiro (Pelotas)

No estúdio, ao fotografar um gordo fazendo prosa: “Três por quatro? Nem pensar!Só cabe em nove por doze!”

Antonio Colavite Filho (SP)

O SANTO HOMEM

Não é trova, mas é delicioso o texto enviado por Roza de Oliveira:

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ESTE TEXTO MASSAGEOU O MEU EGOABRAÇOS E BÊNÇÃOS DO SANTO JULIO

Vocês acham que é fácil ser homem? Estamos iniciando uma campanha mundial para a instauração do Dia

Internacional do Homem. Já existe dia da mulher, dia do cachorro, dia do gay, até dia do contador de

piada! Por que não o Dia Internacional do Homem? Algumas razões para a criação do Dia Internacional do Homem: ********************* 1)Quem se veste como pingüim no dia do matrimônio? R: O humilde homem! ********************2) Quem é o encarregado de matar as baratas da casa? R: O valente homem! *******************3) Quem é que toma banho e se veste em menos de vinte minutos? R: O ágil homem! *******************4) Quem é que tem de gastar consideráveis somas em dinheiro comprando

presentes para o dia das mães, da esposa, da secretária e outras festas inventadas pelohomem para satisfazer à mulher?

R: O dadivoso homem! *******************5)Quem jamais conta uma mentira, mas apenas versões? R:O ético homem! *******************6) Quem é obrigado a ver a mulher com os rolinhos nos cabelos e cara cheia de

cremes? R: O compreensivo homem! *******************7) Quem tem que passar por uma TPM calado todo mês? R: O calmo homem! *******************E mais: * A tortura de ter que usar terno no verão.. * O suplício de fazer a barba todo dia. * O desespero de uma cueca apertada. * Viver sob o permanente risco de ter que entrar numa briga. * Pilotar a churrasqueira nos fins de semana enquanto todas se divertem. * Ter sempre que resolver os problemas do carro. * Ter que notar a roupa nova dela.

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* Ter que notar que ela mudou de perfume. * Ter que notar que ela trocou a tintura do cabelo de Imédia 713 para a 731

louro bege salmon plus up light forever. * Ter que notar que ela cortou o cabelo, mesmo que seja somente um

centímetro. * Ter que jamais reparar que ela tem um pouco de celulite. * Ter que jamais dizer que ela engordou, mesmo que isto seja a pura verdade* Trabalhar pra burro em prol de uma família que reclama que você trabalha

pra burro!

E depois as mulheres ainda acham que é fácil ser homem, só porque nós nãomenstruamos. ..

Caso fosse assim, aí nós seríamos até santificados ! É por tudo isso que estamos lançando a campanha do DIA DO HOMEM o dia 01 de Novembro (DIA DE TODOS OS SANTOS) Caso você faça parte desta campanha é só enviar para o número maior de

pessoas possíveis.

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CONTOS E CRÔNICAS

O Allanamiento

Carlos Gil Turnes

Meu amigo que consulto freqüentemente, o Dicionário da Real AcademiaEspanhola, dá diversos significados para a palavra allanamiento, todas derivadas dapalavra allanar (do latim applanare, de ad, a, e planus, plano). Neste conto voureferir-me à sexta acepção: entrar à força em casa alheia e percorrê-la contra avontade de seu dono.

Não tenho aqui outro livro que às vezes gostaria reler, o Código Civil daRepública Oriental do Uruguai, anotado e concordado por Celedonio Nin y Silva,meu tio-avô Celedonio. Esse livro estava na biblioteca de Papá, atrás da poltrona emque sentado estudei todos os exames que dei, os de preparatórios e os da faculdade.Não sei por que sempre tive uma grande atração por este livro. "A ignorância da leinão serve como desculpa", acho que dizia o artigo primeiro; e a partir de esseenunciado apareciam as fontes em que os codificadores uruguaios haviam-se baseadopara colocar esse princípio. Lamento não tê-lo à mão hoje, porque gostaria sabercomo o Código define allanamiento e, principalmente, como o limita.

Algo lembro ainda dos ensinamentos do Dr. Trianón, um advogado de rostoredondo que usava óculos de lentes grossas com moldura preta e pesada, que ia aoLiceo em seu Ford 48, da época que foi deputado. O Dr. Trianon, "Senhor, não,jovem, Doutor", corrigia quando algum estudante desavisado o chamava de senhor,foi meu professor de Introdução ao Direito no quarto ano do ensino médio e deDireito Usual, em segundo de Preparatórios. Devo reconhecer que o que o Dr.Trianon me ensinou foi mais útil do que muitas das coisas que me obrigaram aestudar em disciplinas consideradas mais nobres e adequadas à formação científicaque por muitos anos tive que suportar.

Uma das coisas que o Dr. Trianon me ensinou foi a ler e interpretar aConstituição. Quando criança fui um atento espectador do debate nacional daReforma Constitucional de 1952, que estabeleceu no Uruguai, o Conselho Nacionalde Governo, o Poder Executivo colegiado. Trianon era batllista, e embora respeitasseas leis que exigiam aos educadores uruguaios não externar suas preferências políticas,era um ardente colegialista. Eu era (e continuo sendo) colegialista por simpatia com22

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as idéias de José Batlle y Ordóñez, esse formidável personagem da política uruguaiado início do século 20, cuja influência projetou-se até os tristes acontecimentos quecaracterizaram os anos 70. Era colegialista sem conhecer a Constituição, mas gostavadessa Constituição que havia instaurado o Colegiado. Assim que quando o Dr.Trianón exigiu que lêssemos a Constituição como requisito para dar o exame deDireito Usual, apesar das reclamações da maioria dos meus colegas, me senticontente. Isso foi em 1959, sete anos após a Constituição de 1952 entrar em vigor. Ecreio que foi seu estudo e as discussões sobre sua interpretação e sua implantação queo professor promovia, que me levaram lentamente a ler e estudar o Código Civil.

Creio que no artigo da Constituição que estabelece os direitos dos indivíduos,há uma menção aos allanamientos. Esse tema foi longamente debatido em aula.Allanamiento era uma medida extrema, outorgada pelo Poder Judiciário frente aorequerimento de um promotor ou da Policia quando havia fortes indícios de se tercometido um ato ilegal. Entre as coisas que a legislação uruguaia estabelecia estavaque os allanamientos não podiam ser realizados à noite, o que havia assentadojurisprudência com respeito a que se entendia por noite. O Dr.Trianón nos contou queem um allanamiento famoso se havia estabelecido que até não poder-se ver um fio decabelo preto com a luz natural do sol não podia allanarse um domicilio.

Allanamiento era, portanto, uma questão de polícia e bandidos. Lembro-me deuma grande fotografia que apareceu na primeira página de El Plata onde se mostravao momento em que a casa de Zelarrayán, um bandido famoso que havia semeadopânico em Montevidéu, foi allanada por policiais fortemente armados.

Era uma quinta-feira de junho de 1975. Como fazíamos todos os dias, fomoscom Ricardo Soncini à Universidade em um carro na manhã e à tarde no do outro.Naquela manhã fomos no meu. Ao meio-dia, ao chegar à casa de Ricardo, vejo queAnabel estava na calçada conversando nervosamente com Martha, a esposa deRicardo.

"Que estás fazendo aqui?", perguntei estranhado que a essa hora não estivesseem casa.

"Tivemos visitas", respondeu tentando atenuar o impacto da notícia."Visitas..., quem veio?"."A policia. Vim te encontrar aqui para que não entrasses em casa de golpe”.

Subiu ao carro e fomos a casa. Tive uma sensação parecida à que haviaexperimentado de criança um 25 de agosto ao volver da chácara e encontrarmos queos ladrões haviam entrado em casa. Para diminuir o impacto, Anabel colocounovamente os livros na biblioteca. Mesmo assim era fácil perceber que haviam sido

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mudados de lugar e que a ordem em que nos entretínhamos em colocá-los estavaalterada.

"Não cheguei a ordenar o quarto", me advertiu antes de ir para dentro da casa.

Toda nossa coleção de slides e fotografias estava espalhada sobre a cama. Nãosei quantos slides teríamos, mas só os de nossa estadia na Europa eram mais de 800.Nossas fotos eram parte de nossa história, que compartíamos com os amigos. Essasfotografias não eram apenas registros frios de eventos ou situações, eram parteintegrante de esses fatos. Cada uma tinha sua história, sua justificação, sua anedota,que só nós conhecíamos e que em nosso relato abríamos com a profundidade que ointerlocutor merecesse segundo nosso desejo. Essas fotografias eram como estescontos, um pedaço de nossa vida que compartíamos com quem escolhêssemos.

Entretanto, no estado de direito da presidente Maria Estela Martinez de Perón,Isabelita, uns indivíduos que não havíamos convidado, amparados em sua força e sobo pretexto de defender nossos direitos, haviam manuseado sem respeito testemunhasde nossas jovens e intensas vidas.

Fiquei paralisado, sem saber por onde começar. "Levaram alguma coisa?"."Cerca de dez livros e uma carta de Julio que estava na gaveta da mesinha de

cabeceira. Disseram que hoje às seis da tarde fosses à Delegacia para depor".

Fui até a biblioteca para ver que livros haviam levado. Faltavam as obrascompletas de Che Guevara, quatro volumes, que havia comprado na LivrariaUniversal, a livraria da diocese que ficava ao lado da Catedral; faltava também o livrode Alain Labrouse, "Os tupamaros", também comprado nessa livraria, "As VeiasAbertas da América Latina", de Eduardo Galeano, um belo livro sobre a história dadominação européia na América Ibérica, dois livretes sem importância sobre FidelCastro que havia comprado na Universidade de Buenos Aires.

"São estúpidos", desafogou Anabel quando volvimos a ver as fotos. "Quandoperguntei que estavam procurando pegaram esta foto e responderam: “O que vocêacha disso”?”. “E você sabe quem é esse senhor?”, respondi. “Este homem é umamigo de meu cunhado, industrial no Peru. São estúpidos". Na foto comprometedoraeu aparecia junto a um amigo de toda a vida do meu irmão, no restaurante doaeroporto de Carrasco uma manhã de domingo em que ele voltava ao Peru.

Tiramos as fotos de em cima da cama. Não lembro se as ordenamos na hora.Cada foto tinha um número e estava registrada em um livretinha onde identificamos olocal onde havia sido tomada e a data e, em alguns casos, a hora.

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O almoço foi tenso. À tarde fui à Universidade. Dei aula até as cinco horas.Disse a Ricardo onde deixaria o carro. "Se as dez da noite não volvi a casa, chama aRifé". O Dr. Rifé, o primeiro Reitor da Universidade, que teve que deixar o cargoquando os "democráticos" peronistas assumiram o poder, continuava sendo nossareferência quando se detectava qualquer sinal de perigo.

Às seis me apresentei na Delegacia."A que vêm?", me perguntou o policial de plantão, depois de haver passado a

porta custodiada por outros dois armados de metralhadoras.

"Hoje de manhã allanaram minha casa e pediram para vir a esta hora"."Aguarde".Fez algumas perguntas e voltou. "Acompanhe-me".

O segui. Subimos uma escada até o primeiro andar, dobramos por um estreitocorredor e abriu uma porta de duas folhas de madeira escura, que dava a umapequena sala. Atrás de uma escrivaninha cheia de papéis havia três homens à paisana,sentados. Em cima de uma mesinha com rodas, uma máquina de escrever. Nasparedes, organogramas de diferentes organizações subversivas, com muitos de seusquadrinhos ocupados com um nome, e outros tantos vazios. Frente aos trêsexaminadores, uma cadeirinha. Encima de uma pilha de pastas, colocada de modoque eu pudesse lê-la, mesmo em frente onde eu me sentaria, um grossomimeografado com um título em letras grandes que dizia: O Movimento deLiberação Nacional Tupamaros MNL e a Guerrilha Latino-Americana.

"Sente-se", convidou com voz de mando o que estava no meio.

Sentei-me na cadeira estreita. Mirei o mimeografado e o afastei.

"Assim que teve visitas", me disse para iniciar a conversa.

"É, tive a desagradável surpresa de ter visitas que não convidei", respondi comvoz pausada, forte e segura, enfatizando cada sílaba e olhando nos olhos do meuinterlocutor.

"Por que, você não crê que o Estado tem o direito de se proteger?", perguntou.

"Claro que sim, dos bandidos. Mas as pessoas que trabalhamos, que deixamosnossos esforços para tornar este país melhor, temos o direito de ser respeitados".

Não sei o que aconteceu. Quando hoje penso nesse diálogo me convenço quemeu anjo da guarda mais uma vez me cobriu impedindo que me fizessem dano.

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"Bem, não o tome assim. Foi apenas uma visita"."Viraram minha casa em frente dos meus filhos, o que você acha?"."Sim, mas esses livros"."Esses livros foram comprados na livraria do bispo. Se eles são tão perigosos

porquê os deixam vender? Eu sou professor da universidade. Você acha que nãotenho que estar informado do que está acontecendo no mundo?".

Sem querer estava transformando meus interrogadores em interrogados."Bem, mas também encontramos uma carta"."Já vi, uma carta pessoal de meu irmão, funcionário internacional da OEA, a

Organização dos Estados Americanos. Desde que vi que a haviam tirado estoutentando entender qual é o interesse que têm nela". Minhas palavras continuavamsendo pausadas, firmes e seguras, e continuava a olhar meu interlocutor nos olhos.

"Diga-me, que é a FAO?", perguntou um dos examinadores."FAO?, Food and Agriculture Organization, Organização para a Alimentação e

a Agricultura, uma agência das Nações Unidas", respondi um pouco surpreendidopela pergunta.

"Foi o que foi disse o Dr. Masuet", comentou o que estava no meio."E quê relação tem a FAO com o FARO?"."FARO? Não faço idéia. Nunca ouvi falar disso"."Mas aqui, no seu livro, na página tal", e abriu o livro de Labrouse na página

indicada, "diz FARO, Forças Armadas Revolucionárias Orientais, que deram origemao Movimento de Liberação Nacional Tupamaros".

"Evidentemente você leu o livro com mais atenção que eu. Não lembrava dessapassagem”.

"E isto que diz na carta: quem sabe mais te convêm aterrissar no Brasil ex FAOno Equador...".

"Agora entendi. Foi por isso que trouxeram a carta. Se me houvesse perguntadono começo poderíamos ter poupado todo este tempo. O que acontece é que eu tenhoum oferecimento para ir trabalhar no Brasil, em uma universidade. Mas tambémtenho uma proposta firme, e se você quiser posso mostrar a correspondência, para ir aGuayaquil, no Equador, como técnico da FAO para organizar um laboratório decontrole de qualidade de vacinas veterinárias. Como não sabia o que fazer, consulteimeu irmão para saber a sua opinião. E essa carta é a resposta. Como vê, nada desubversivo".

A "entrevista" durou cerca de uma hora."Está bem, não tenho mais perguntas. Vocês?", perguntou o do meio a seus dois

acompanhantes. Como ninguém se manifestou: "está bem, pode ir"."E meus livros?"."Ah... agora vamos enviá-los ao Juiz Federal. Se ele decide os devolverão”."Quando?"."Mais ou menos em um mês",Nos despedimos sem mais cortesias que quando cheguei.

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"Ah... vamos ter de que identificá-lo. Fulano acompanha-o", disse a um dosexaminadores.

Aí fiquei nervoso. Isso não estava em minhas previsões. Descemos a escada eme levou por outro corredor. Esperei frente a uma porta fechada por cerca de cincoou dez minutos, certamente muito longos, até que um funcionário com rosto eexpressão de funcionário, desculpando-se pelo atraso me convidou a passar.

"Os dedos, por favor". Sujou meus dedos com a tinta espessa da identificaçãodigital, trouxe o consabido papelzinho sobre a madeirinha, pegou minha mão e foiestampando minhas impressões digitais sobre os requadros da ficha.

"Pode lavar-se as mãos".Tirei tudo o que pude de aquela marca que materializava por primeira vez que

minha identidade ficaria nos arquivos policiais. "Sente-se, por favor".Me sentei. O funcionário pegou outro formulário, sentou-se a meu lado e

começou a anotar os sinais de identificação.Poucos minutos depois, me liberou."Ah... me pediram que lhe informasse que amanhã às nove horas tem que vir a

fazer seu depoimento".Saí. Eram perto das oito da noite. No hall de entrada estava o Dr. Masuet,

secretário do Juizado Federal, que vivia frente à casa de Soncini, em nossa rua."Boa noite, como está?", perguntou solícito."E..., como vê, por aqui. Estou volvendo a casa, quer uma carona?"."Aceito, estou a pé".Saímos caminhando em direção ao carro. Hoje me pergunto que diabo estaria

fazendo o Dr. Masuet naquele momento na sede da polícia. Seria que meu anjo daguarda o enviou, ou talvez ele mesmo fosse o anjo da guarda?.

"Como foi a entrevista?"."Você sabia que me allanaron a casa?"."Sim, hoje de manhã informaram ao juizado. O juiz comentou que se lembrava

de você, inclusive que havia jurado em fevereiro para a carta de cidadania. Estesmilicos estão absolutamente perdidos. Veja", comentou arrastando as vogais com omelhor sotaque cordobés enquanto percorríamos as ruas escuras de Rio Cuarto emdireção ao bairro Bimaco, "alguns dias atrás foram a minha casa à meia-noite paraque registrasse uma operação subversiva. Quando chegamos à casa, aqui na AvenidaSabattini, na saída da cidade, percebi que era a casa de um conhecido minha, umhomem trabalhador, tranquilo, que nunca esteve envolvido em nada estranho. Quandoentramos veio um investigador com um livro na mão. "Veja, doutor, olhe o queencontramos", e entregou-me um livro. A Noite Vermelha. O abri, olhei..., era umlivro de sacanagem, posições sexuais..., essas coisas..., nada a ver com atividadessubversivas. “Sabe o que acontece”? ...estão sem saber o que fazer, a situação estáescapando de suas mãos e não sabem o que fazer".

"E nós pagamos o pato. Lhe digo uma coisa, vou embora da cidade".

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"Por isto?... Não se justifica. Isto não lhe afeta em nada. Não se preocupe. Háoutras cidades onde a situação está muito pior".

"Não, não é para outra cidade. Estou saindo do país. Tenho uma proposta parair ao Equador em um cargo internacional, que até agora não me havia entusiasmado.Mas depois disto, me convenci".

"É uma pena. O que está fazendo na universidade não pode deixá-lo pelametade".

Havíamos chegado frente a sua casa."Diga-me, doutor, e agora que devo fazer?"."Bem, amanhã vá declarar, leia atentamente o que vão lhe dar a assinar, não

deixe nada com que não concorde, e de aqui a um mês, mais o menos, vamos chamá-lo ao Juizado para devolver-lhe os livros que lhe sequestraram. Siga sua vida normal,e se o molestarem por qualquer coisa, chame-me”.

Nos despedimos. Volvi a casa e contei a experiência a Anabel.O dia seguinte era sexta-feira. Às nove horas apresentei-me novamente na

Delegacia. Me conduziram a uma pequena sala perto da porta de entrada, onde haviaum policial atrás de uma máquina de escrever.

A conversa começou em tom burocrático.Tac, tac, tac, tac, escrevia com um dedo, mais ou menos como eu."Têm carteira de identidade?".A entreguei.Escreveu mais ou menos por cinco minutos. De repente ele virou para mim

com um sorriso fingido nos lábios: "e... que acha do governo de nossa presidente?",me perguntou a queima-roupa.

"E..., veja, se me fizesse essa pergunta dentro da universidade lhe responderiaque de acordo com a lei 21465 (acho que esse era o número da lei universitáriavigente) é proibido fazer comentários de natureza política no âmbito daUniversidade". A medida que dizia a frase ia pensando como sair dessa rosca sem mecomprometer.

"Bem, mas aqui, entre nós, não é para constar no seu depoimento, é só entrenós".

"E você, que acha?", disparei em tom firme e mirando-o como para fulminá-lo.Desviou seus os olhos dos meus, deu de ombros e respondeu como se

desculpando: "está difícil". "Aha... está difícil", respondi em tom conciliador. Terminou de escrever. Entregou-me o depoimento para que o lê-se. Havia uma

frase que não gostei."Isto aqui não é verdade. Troque-o"."Não se preocupe." Colocou-a na máquina e escreveu outra frase retificando-a.Assinei e fui embora.Um mês depois fui buscar meus livros no Juizado Federal. A carta de Julio

perdeu-se entre a Delegacia e o Juizado. Quem sabe, algum historiador do tempo devocês, meus netos, a recupera e tenta decifrá-la. É possível que conclua que em suas

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linhas estava o macabro plano da dominação uruguaia sobre a América, fechando aconexão Montevidéu, Argentina, Equador e, finalmente, o Brasil, liderada por doisirmãos infiltrados, um numa organização internacional e outro no meio universitário,e que a conspiração foi abortada pelos patrióticos serviços da astuta políciariocuartense.

A CIDADE DOS ANJOS

Ruth Ávila Zanotelli

Marta morava lá onde os fazendeiros só passavam para ir ao cabaré que ficavano alto do cerro, numa casa rosa, com muros à volta e onde à noite acendiam umlampião que espalhava uma trêmula luz vermelha. Nas ruas das proximidades de suacasa passavam mulheres com trouxas de roupa na cabeça, ou baldes d’água,carregando os filhos no colo ou na barriga , as mais velhas de luto, com um lençopreto cobrindo os cabelos quando o finado era marido. Bem cedo passavam ascarroças que iam ao centro vender verduras, leite, ovos, laranja e bergamota noinverno , melancia no verão. À tardinha voltavam em procissão. Além de carroça,algum cavaleiro. Paravam no armazém para tomar um liso de canha e criar coragempara chegar em casa e enfrentar as queixas da mulher e o choro das crianças pedindocomida. Aos domingos passavam as mães com seus filhos vestidos de santo parapagar promessa na igreja matriz: os preferidos eram São Francisco, Santo Antônio,Santa Catarina e Santa Rita de Cássia e Nossa Senhora que em cada uma de suasmanifestações: Fátima, Lourdes, das Mercês, Desatadora de nós, do Bom Parto, etc.,era entendida como uma santa diferente. De resto, a rua era território livre para asbrincadeiras das crianças de todas as idades que saiam aos bandos de dentro doscasebres, os menores só com uma camisinha, pois não valia a pena vesti-los comcalças já que faziam as necessidades perna abaixo enquanto corriam atrás dosmaiores.

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O pai de Marta era dono do Armazém Paraíso que vendia cachaça, rapadura,velas, sabão e uns poucos víveres. A maioria dos fregueses comprava de duzentosgramas de açúcar, um quarto de quilo de feijão ou de arroz, uma meia barra de sabão(a não ser as lavadeiras que compravam uma inteira porque a patroa pagava). Amaioria comprava de caderneta para pagar no fim do mês. Apenas o tenente Trindadeque tinha uma chácara ao pé do cerro e uma senhora misteriosa, moradora da chácaraem frente, que nunca aparecia e que não se vizinhava dos moradores da vila,compravam à quilo. Eram bons fregueses e o vendeiro sempre tinha algumas latas degoiabada cascão, de compota de pêssego e abacaxi, umas garrafas de gasosa ou devermute para servi-los.

Marta só conhecia o centro da cidade de ir com a mãe, costureira, compraralgum tecido ou aviamento na loja do Salim, ou ainda quando ia ao culto ou nasfestas da igreja com as tias. Maravilhava-se com o tamanho das casas, gostavaespecialmente de passar na praça principal e ver o chafariz, um anjinho de pedra comum cisne no braço que cuspia água no laguinho. Mas o seu mundo mesmo era a vilado Passo do Príncipe, nome pomposo dado a uma periferia pobre de uma cidadezinhade latifundiários. Lá as casas de reboco descascado ou de tijolos sem reboco, erammeia-água, baixas, com duas pequenas janelas na frente que pareciam olhos: quandofechadas aparentavam um rosto triste, chorando; quando abertas tinham um ar deespanto. Na vila também tinha casebres feitos com restos de tábuas cobertos de zincoou então ranchos de torrão cobertos de palha Santa Fé. No inverno, quando o ventoMinuano se insinuava pelas frestas ou pelas portas e janelas dos casebres, todos seamontoavam numa só cama para compensar a pouca roupa e coberta escassa. Duranteo dia acendiam fogo de carvão em fogareiros feitos com latas de querosene e o cheiroacre de fumaça impregnava os cabelos, as roupas e a pele das pessoas, que adquiriamuma cor pardacenta. Lá por fim de setembro, início de outubro, quando começava aépoca das chuvas e o calor da primavera se anunciava, juntavam a água que caia dostelhados e a pele voltava à cor normal.

Pedrinho deveria ter uns três ou quatro anos a mais que Marta que na épocatinha seis. Era companheiro de brincadeiras do seu irmão e filho mais velho damulher misteriosa. Franzino, moreno, sempre descalço, calça curta de brim riscadocom tirantes cruzados nas costas, raramente sorria. Tinha um semblante triste e um arde abandono que despertava a compaixão da menina. Sentia pena dele sem saber porquê. Quando a mãe fazia rapadurinha de leite, escondia uma para dar ao Pedrinho.Morava na chácara com muitas árvores frutíferas que ficava em frente ao armazém. Acasa de moradia era grande e cinzenta, escondida entre as árvores, com as janelas dafrente sempre fechadas. Uma única vez a menina arriscou-se a entrar na cozinha pelaporta dos fundos. A pia estava cheia de louça suja, no chão viam-se algunsbrinquedos quebrados, fraldas sujas e nos cantos, sacos de batata, abóbora, cesta deovos, vindos da estância. Acima do fogão uma manta de charque pendurada por umarame que descia do teto e sobre a mesa aquela verdadeira maravilha que fez a

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menina arregalar os olhos e salivar: um enorme queijo amarelo. Pedrinho pegou afaca, tirou uma fatia e saiu comendo, enquanto ela ficou imaginando como deveriaser apetitoso cravar os dentes naquela massa macia, cheia de furinhos. Ao longo davida, Marta provou muitos queijos, mas nenhum tinha o sabor que ela imaginou queaquele teria, pois não chegou a provar, teve vergonha de pedir um pedaço.

Não conheceu a mãe do menino. Apenas ouviu sua voz pedindo que elefosse comprar um litro de vermute, fósforos, fumo em rama e papel Colomi poisestava sem cigarros. A vizinhança comentava que a mulher era amante de umfazendeiro que tivera dois filhos com ela e que Pedrinho seria filho de outro antesdele. Frequentemente, à noite, quando todas as luzes da vila se apagavam, ouvia-se oronco de um motor e o ranger da porteira da chácara abrindo e fechando. No outro diaPedrinho aparecia no armazém para pagar a conta.

Às vezes, o carro aparecia durante o dia. Então o menino perdia-se com seubodoque por entre as árvores ou ia pescar no açude. Ele não se misturava com asoutras crianças. Ficava empoleirado numa goiabeira perto do muro observando aalgazarra das crianças que nas suas correrias espantavam as galinhas e porcos queandavam soltos pela rua. Algumas vezes convidava o irmão de Marta para caçarpassarinhos ou soltar pandorga no alto do cerro. A menina pensava que a mãe dele erauma bruxa, que nem as das histórias que a avó contava e que o menino sofria dealgum feitiço.

A mãe de Marta era uma espécie de pronto-socorro da vila. Além decostureira, era uma das poucas pessoas que sabia ler e escrever e entendia de chás ehomeopatias. Tinha a sua “farmácia” particular de ervas e quando alguém adoecia eraa ela que recorriam. Médico só em caso de risco de morte. Muitas vezes elaacompanhou a mãe nas visitas aos doentes e além do remédio levavam uma marmitacom sopa ou uma canja de galinha. “É para ficar forte e espantar a doença”, diziaenquanto ia dando a sopa às colheradas, pois em geral o enfermo ou enferma estavatão fraco que nem conseguia segurar a colher.

Um dos artigos que não podia faltar no armazém era tintol preto para tingiras roupas do luto. A morte fazia parte da rotina da vila. Os vizinhos acompanhavam ovelório, levavam um punhado de flores quase murchas para botar aos pés do caixão econsolavam a família dizendo “o que se vai fazer, foi a vontade de Deus”.

Diferente era enterro de anjo. Creio que a maior produção da vila era decrianças de todas as idades, de todos os tamanhos, subnutridas, cheias de vermes,sujas, quase sem abrigo no inverno, muitas vezes tendo como alimento as sobras decomida que as mães traziam das casas onde trabalhavam como domésticas oufaxineiras. Morriam de verminose, de desnutrição, de sarampo, varicela, catapora,

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desidratação ou tantos outros males que encontravam terreno propício naquelespequenos corpos mirrados..

Quando uma criança morria era colocada num pequeno caixão de madeiratosca,pintado de branco, vestida com uma camisola branca e com grinalda na cabeça,se fosse menina . A mãe segurava as lágrimas e ninguém devia chorar, porque eramais um anjinho que Nosso Senhor chamara para o céu. O cortejo fúnebre eraformado por crianças, os maiores carregando o caixão, cantando: “mãezinha do céu,eu não sei rezar, só sei dizer, quero te amar...” Marta achava bonito enterro de anjo.Imaginava como deveria ser divertido um céu todo povoado de anjinhos, só queaqueles não eram rechonchudos como o anjinho de pedra da praça.

Uma noite, depois que o ronco do motor morreu entre as árvores da chácara,ouviu-se choro de mulher, a voz irada de um homem e gritos de menino pedindo“Chega! Chega!” No outro dia espalhou-se a notícia: o corpo de Pedrinho foraencontrado boiado no açude. O velório foi na casa da chácara, com porteira e janelasfechadas. No meio da tarde saiu um carro fúnebre levando um caixão cor de madeiracom apliques de metal dourado. Marta, como os demais moradores da rua assistiramda porta de suas casas. A menina abraçou-se nas pernas da mãe, limpou os olhos nasaia dela e perguntou:

- Mãe, o Pedrinho não virou anjo? - Certamente que sim, filha. Todas as crianças que morrem viram anjos. - Então porque o caixão não era branco e nós não cantamos “mãezinha do

céu” para ele?

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ARTIGOS

Se os Tubarões Fossem Homens Bertold Brecht

Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentís com os peixespequenos. Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas domar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais,quanto animais. Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada eadotariam todas as providências sanitárias cabíveis se por exemplo um peixinhoferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim de que não moressemantes do tempo. Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e láuma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.

Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas ospeixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões. Eles aprenderiam, porexemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitadospreguiçosamente por aí. Aula principal seria naturalmente a formação moral dospeixinhos. Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é osacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões,sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos. Seencucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem aobediência. Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquerinclinação baixa, materialista, egoísta e marxista. E denunciaria imediatamente ostubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.

Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre si a fimde conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.As guerras seriam conduzidaspelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que, entre os peixinhos eoutros tubarões existem gigantescas diferenças. Eles anunciariam que os peixinhossão reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assimimpossível que entendam um ao outro. Cada peixinho que na guerra matasse algunspeixinhos inimigos da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequenaordem das algas e receberia o título de herói.

Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também umaarte, haveria belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados emvistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio,nas quais se poderia brincar magnificamente. Os teatros do fundo do mar mostrariamcomo os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões.A

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música seria tão bela, tão bela, que os peixinhos sob seus acordes e a orquestra nafrente, entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelosmais agradáveis pensamentos. Também haveria uma religião ali.

Se os tubarões fossem homens, eles ensinariam essa religião. E só na barrigados tubarões é que começaria verdadeiramente a vida. Ademais, se os tubarõesfossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos,alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros. Os que fossem umpouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aostubarões, pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocadospara devorar. E os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordementre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheirosda construção de caixas e assim por diante. Curto e grosso, só então haveriacivilização no mar, se os tubarões fossem homens.

A FELICIDADE

Hélio Freitag 1

O século XX prometeu a conquista do espaço privado e esta foi uma de suasgrandes realizações. Ao final do século XIX, o próprio trabalho realizava-se,basicamente na esfera doméstica e a família desempenhava funções educacionais –no trato com as crianças, e assistenciais – no cuidado com os idosos. A generalizaçãodo trabalho assalariado retirou estas funções da família, socializou a educação e aassistência e estabeleceu uma nítida demarcação entre o tempo e o espaço público eprivado.

Na mesma linha, seria possível, ainda assinalar o fenômeno da reabilitação docorpo, as alterações comportamentais que se seguem diante da TV e da publicidadeetc... Ocorre, entretanto, que, paralelamente o século XXI vem produzindo, também,

1 Editorial – Jornal Diário da Manhã – Pelotas. 01/07/2011.

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outro fenômeno digno de nota: o encolhimento da esfera pública: o estreitamento dosespaços para o debate e a tomada de decisões que dizem respeito à vida de todos.Tudo se passa como se a esfera pública estivesse destinada, cada vez mais, aosprofissionais da política e aos tecnocratas de plantão.

O estranhamento contemporâneo frente à própria atividade política parece serapenas um sintoma de uma modificação mais profunda no interior da sociedademoderna. Nem sempre, entretanto, isto foi assim. Para os gregos antigos, levar umavida inteiramente privada significava, precisamente, privar-se de algo essencial para adignidade humana; a saber: a possibilidade de ser visto e ouvido na esfera pública,espaço por definição, de liberdade contraposta à esfera da necessidade que abarcava avida privada.

Modernamente, a própria idéia de felicidade passou a ser concebida exclusiva enaturalmente no âmbito privado da existência. Já nos é difícil visualizar apossibilidade de uma felicidade pública e o futuro de nossa cidade ou de nosso paíspodem dizer respeito a tudo, menos à felicidade.

A derrocada da experiência socialista e a inexistência de uma utopia potente noinício do século parecem reforçar esta tendência de privatização da sociabilidade quefaz com que os indivíduos se voltem para dentro de si mesmos. Paradoxalmente,entretanto, é este mesmo fenômeno que irá reduzir ao mínimo as chances de açõesdos sujeitos, que iraá fragmentá-los e submetê-los a uma lógica de reproduçãosistêmica e, consequentemente, afastá-los da felicidade. Para os modernos, afelicidade é uma distância: precisamente a distância que nos separa dos outros.

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PAIXÃO E LIBERDADE

Jandir João ZanotelliLibertas quae sera tamen (liberdade, embora tardia) era o lema dos

inconfidentes mineiros frente à metrópole portuguesa que só nos queria submissos,colonos, escravos. Liberdade que significava independência econômica, política ecultural. Liberdade para quem? Para os senhores das Minas do ouro e das pedraspreciosas que, substituindo o açúcar desde a saída dos holandeses, eram a granderiqueza de Portugal desde 1693. Agora (1790), as minas pareciam exaurir-se e oslucros diminuíam ante a sanha da Coroa em arrecadar o seu quinto (20%).

A proibição da indústria, da navegação, da Universidade por parte de Pombal

encarregado de reerguer Lisboa do terremoto de 1755 pesava demais sobre as costasdos brasileiros insuflados pelos ventos da Revolução Francesa, pela independênciados Estados Unidos, pelo iluminismo racionalista e cientificista renascentista quevarria a Europa.

A Inconfidência Mineira, paixão pela liberdade, um dos protótipos delibertação de toda a América Latina, é frustrada. Seus próceres condenados, presos,deportados. Para exemplo de todos Joaquim José da Silva Xavier (o Tiradentes) éenforcado, esquartejado e seus pedaços expostos à execração pública pelas estradasque levavam às Minas.

Em Montevideo, pertinho do aeroporto de Carrasco, uma escola uruguaia,singela e eficiente como é a educação fundamental de nossos vizinhos, traz o nomede “Tiradentes”, um pioneiro da independência da América Latina.

Hoje, aquele “bandido”, revolucionário execrado passou a ser o patrono daBrigada Militar, um exemplo a ser seguido, um mártir da Liberdade: um patrimôniode cidadania, de honra e de ética que faz bem estar na casa de nossa Brigada, e nocoração dos brasileiros.

Amanhã é Sexta-Feira da Paixão. Paixão de um homem, que, para os cristãos, éa própria Paixão de Deus pelo homem. “E tendo amado os seus que estavam nomundo, amou-os até o fim”. É a história, a saga, o mistério de um Deus que seapaixona pelos homens, por todos os homens, e o faz rompendo todos os limites. Atéo fim. E que, ultrapassando a morte, mostra que a Ressurreição é o espaço definitivopara o humano. Mostra em sua própria carne que o amor é o supremo horizonte dopensar, do fazer e do agir. O supremo critério das relações humanas na economia, napolítica, na organização social, na cultura e na religião. Mais que um ato depatriotismo e de moral o amor funda todo o patriotismo e toda a ética. Amor que dá osupremo sentido à luta pela liberdade, pela dignidade do homem. Amor que não seperde apenas no sentimentalismo emocional, mas que funda e eleva ao ápice todosentimento e emoção.

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Paixão pela pátria, paixão pelo rosto de cada homem e mulher. Paixão queliberta. Sem paixão não há liberdade. A liberdade que consiste em liberar-se ao outro,proximidade ao outro, até o fim.

É época de Páscoa. Tempo de paixão. Tempo de mudar de vida. De vida nova.De conversão. Tempo de verter nosso rosto ao rosto daquele que nos interpela porjustiça, por reconhecimento de dignidade e fraternidade.

É tempo em que a luta cidadã pela liberdade se encontra com a generosidaderadical que faz de cada homem, em toda e qualquer pátria, um irmão, mais que desangue, um irmão na radicalidade do Absoluto que, então pode ser chamado de Pai.

Arroubos de religiosidade? Falta de racionalidade?

Antes de mais nada, é vontade de desejar a você, prezado leitor, uma FelizPáscoa.

A Academia Sul-Brasileira de Letras augura a você a felicidade da Paixão queultrapassa a morte iluminando os caminhos do nosso existir.

ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE LETRAS

ESTATUTO SOCIAL

Título IDa Denominação, Sede, Símbolos e Abrangência

Art.1º - A ACADEMIA SUL-BRASILEIRA DE LETRAS a qual utilizará a sigla ASBL e,doravante neste Estatuto Social simplesmente como ASBL, com objetivos culturais e educacionaisé uma associação civil sem fins econômicos, com duração por prazo indeterminado, rege-se poreste Estatuto Social e pelas disposições legais atinentes, estando sediada na Rua 3 de Maio, número1060, conjunto 403, Pelotas – RS, com foro neste município.

Art. 2º - São símbolos da ASBL:a) O Brasão;b) A Bandeira;

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c) A Flâmula; d) A Pelerine;e) O Sinete.

Parágrafo único – Os símbolos da ASBL são descritos de forma minuciosa no RegimentoInterno.

Art. 3º - A ASBL, para fins de congregação de associados acadêmicos, abrange os Estadosdo Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná

§ 1º – Em cada um dos Estados nominados haverá uma seção da ASBL administrada por umvice-presidente.

§ 2º - A Seção 1 será a do Rio Grande do Sul, a Seção 2 será a de Santa Catarina, a Seção 3será a do Paraná.

TÍTULO IIDos Objetivos

Art. 4º - São objetivos da ASBL:a) Congregar literatos e intelectuais de sua área de abrangência;b) Incentivar a investigação, o desenvolvimento das atividades culturais, a criação,

elaboração e a divulgação de obras literárias na região;c) Instituir concursos, prêmios e outros incentivos;d) Manter intercâmbio e colaborar com as entidades congêneres em âmbito local, regional,

nacional e internacional;e) Associar-se e colaborar com instituições educacionais públicas ou privadas no incentivo

ao ensino e aprendizagem da língua pátria.

TÍTULO IIIDo Patrimônio

Art. 5º - O Patrimônio da entidade é constituído de:a)direitos de qualquer natureza suscetíveis de serem apreciados economicamente;b) bens imóveis e móveis;c) biblioteca, fototeca, pinacoteca, hemeroteca e demais recursos audiovisuais;d) montante oriundo da contribuição do quadro social;e) doações e quaisquer rendas eventuais.

Parágrafo único – A biblioteca, cuja organização e funcionamento serão regulados porRegimento Interno, reúne em seu acervo livros, jornais, revistas, fotografias, arquivos e museuadquiridos com recursos próprios ou recebidos em doação; para constituição de seu acervo, sãopriorizadas as obras dos acadêmicos, dos autores da área de abrangência da ASBL.

TÍTULO IVDa Organização Deliberativa e Administrativa

Art. 6º - A organização deliberativa e administrativa da ASBL compreende:a) a Assembléia Geral;b) a Diretoria;c) o Conselho Fiscal.d) as Seções Estaduais

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CAPÍTULO I Dos Sócios

Art. 7º - A ASBL congrega as seguintes categorias de associados:

a) Fundadoresb) Acadêmicos;c) Beneméritos;d) Honorários;e) Correspondentes.

§ 1º - São associados Fundadores aqueles que assinaram a Ata de Fundação da AcademiaSul-Brasileira de Letras, em 09 de maio de 1970.

§ 2º - São associados Acadêmicos os literatos dos três Estados sulinos que, tendo, pelo menos, um livro publicado em qualquer gênero literário e que, apresentados por membro do sodalício, tenham o seu ingresso aprovado pela Assembléia Geral.

§ 3º - São associados Beneméritos as pessoas físicas ou jurídicas que prestarem relevantesserviços à Academia, independentemente de naturalidade ou nacionalidade, a juízo da AssembléiaGeral.

§ 4º - São associados Honorários as pessoas físicas ou jurídicas que se destacarem nadifusão da cultura, independentemente de naturalidade ou nacionalidade a juízo da AssembléiaGeral.

§ 5º - São associados Correspondentes as pessoas físicas ou jurídicas, com residência ousede fora do município de Pelotas e que, constantemente trocarem informações de interesse daASBL e/ou da cultura, e tiverem o nome aprovado pela Diretoria.

§ 6º - A proposição à Diretoria de nomes para associado Benemérito, Honorário eCorrespondente é atribuição dos Sócios Acadêmicos, acompanhando a indicação curriculum vitae ecircunstanciada exposição de motivos.

Art. 8º - O quadro de Associados Acadêmicos se compõe de até 60 (sessenta) membros,cujas cadeiras têm um patrono específico; o de sócios Beneméritos, Honorários e Correspondentesnão tem limite prefixado.

Parágrafo único – A Direção da Academia cuidará de uma adequada distribuição devagas que contemple a representatividade dos três Estados.

CAPÍTULO II Dos Direitos e Deveres dos Associados

Art. 9º – São direitos dos associados de todas as categorias:a) Participar das atividades da Academia, utilizar o seu patrimônio, freqüentar os espaços da

sede, referir em suas obras e publicações sua pertinência à entidade;b) Sugerir, propor, discutir políticas e medidas que visem ao engrandecimento do ASBL;

Art. 10 – São direitos dos associados Acadêmicos:a)Ocupar cadeira numerada do Quadro Acadêmico;

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b) Usar o sinete acadêmico;c) Mencionar em suas obras o título de membro da ASBL, referindo o número da cadeira

que ocupa e o nome do patrono, se assim desejar;d) Votar e ser votado para os cargos eletivos da ASBL, conforme as normas da entidade;e) Ocupar cargos e desempenhar atividades nosDepartamentos, a convite do Presidente;f) Representar a ASBL, quando autorizado para isso, por procuração do presidente; g) Vitaliciedade;h) Renunciar à vitaliciedade.

Parágrafo único – O associado que perder a cadeira na entidade conforme o disposto noparágrafo 3º do Art. 12, não poderá, a partir de então, referir sua pertinência à ASBL.

Art. 11 – São deveres dos associados de todas as categorias:a) Cumprir e fazer cumprir o Estatuto Social, o Regimento Interno, as normas e deliberações

da ASBL;b) Contribuir para o bom nome da entidade;c) Incentivar a cooperação com as entidades congêneres e outras instituições culturais;d) Zelar pela imagem e moralidade pública da ASBL.

Art. 12 – São deveres dos associados Acadêmicos, além dos especificados no artigoanterior:

a) Participar de reuniões, assembléias, solenidades e eventos promovidos pela ASBL.b) Pagar mensalmente, ou em outras modalidades oferecidas pela Diretoria, as contribuições

financeiras estipuladas;

§ 1º - É condição para participar das Assembléias Gerais, ordinárias ou extraordinárias, comdireito a voto, estar quite com a tesouraria.

§ 2º - O associado que não cumprir seus deveres será submetido a julgamento por umacomissão, designada pela Diretoria, e com atribuições estabelecidas pelo Regimento Interno,garantidos ao acusado direito de ampla defesa e de contraditório.

§ 3º São previstas as seguintes penalidades: a) Advertência – Será aplicada ao associado que infringir os deveres previstos nas

letras a), b, e c do Art. 11, e as letras a) e b) do Art. 12. b) Suspensão - Será aplicada ao associado que descumprir o previsto na letra d) do

Art. 11 ou reincidir na infringência dos deveres para o que se prevê pena de advertência.c) Perda da cadeira – Será aplicada a penalidade de perda da cadeira ao associado que,

advertido e suspenso, reincidir em suas faltas, bem como ao associado condenado judicialmente poratos considerados desabonatórios e indignos de participação na Academia, assegurada a postulaçãode nova cadeira no quadro.

§ 4º - As penas de advertência e suspensão são de alçada da Diretoria; a aplicação da penade perda da cadeira proposta ao final do processo pela comissão julgadora, é de competência daAssembléia Geral, sendo que de qualquer penalidade será notificado o infrator através dedocumento escrito expedido pela Diretoria.

CAPÍTULO IIIDa Assembléia Geral.

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Art. 13 – A Assembléia Geral, órgão soberano da entidade, é constituída pelos associadosacadêmicos em pleno gozo de seus direitos estatutários.

Art. 14 – A convocação para as Assembléias Gerais, com a especificação da ordem do dia,será feita pelo Presidente, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, mediante edital afixado nolocal da sede e/ou em órgão de divulgação, bem como através de correspondência pessoal enviada acada acadêmico, comprovando-se a data de remessa pelo carimbo de postagem.

Art. 15 – A Assembléia Geral Ordinária, bem como a Extraordinária, serão abertas peloPresidente ou por seu substituto legal que, se assim o decidir a Assembléia, passará a direção dostrabalhos ao associado que for escolhido por maioria, convidando auxiliares para o desempenho dastarefas inerentes à reunião.

Art. 16 – As Assembléias Gerais funcionarão, em primeira convocação, na hora marcada,com a presença mínima de 20% dos acadêmicos com direito a voto e, em segunda convocação,trinta minutos após a hora marcada, com a presença mínima de 10% dos associados habilitados.

Art. 17 – Para deliberar sobre a destituição do Presidente ou a alteração dos EstatutosSociais da ASBL, a Assembléia especialmente convocada para este fim, não poderá deliberar, emprimeira convocação, sem a maioria absoluta dos associados aptos a votar, ou com menos de umterço nas convocações seguintes, exigindo-se o voto concorde de, no mínimo 2/3 dos presentes.

Art. 18 – Nas Assembléias de caráter eletivo será facultado o voto por correspondência aosacadêmicos residentes fora da sede, sendo o assunto regulado pelo Regimento Interno, vedada amodalidade de voto por procuração.

Art. 19 – São atribuições da Assembléia Geral: a) Eleger a Diretoria da ASBL e os integrantes do Conselho Fiscal;b) Aprovar o estatuto social e o regimento interno, assim como suas modificações;c) Apreciar, aprovando ou rejeitando o relatório financeiro da Diretoria acompanhado de

parecer do Conselho Fiscal;d) Apreciar, homologando ou rejeitando as propostas de ingresso de novos associados

acadêmicos, bem como o de associados beneméritos e honorários, mediante exposição de motivosexarada pela Diretoria;

e) Decidir pela aplicação ou não da penalidade de perda da cadeira ao associado julgadoconforme o parágrafo 3º do Art. 12.

f) Destituir o Presidente com a concordância e o quorum previstos no art. 17.g) Decidir pela extinção da ASBL conforme o disposto no Art. 35.

CAPÍTULO IV Da Diretoria

Art. 20 – A Diretoria da ASBL compreende os seguintes cargos e funções:a) Presidente;b) 1º Vice-presidente (RS);c) 2º Vice-presidente (SC);d) 3º Vice-presidente (PR);e) Secretário Geral;

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f) 1º Secretário (RS);g) 2º Secretário (SC);h) 3º Secretário (PR)i) Tesoureiro Geral;j) 1º Tesoureiro (RS);k) 2º Tesoureiro (SC);l) 3º Tesoureiro (PR).

§ 1º – A Diretoria contará ainda, para auxiliá-la, com o Departamento de Imprensa eRelações Públicas, bem como com os cargos de Diretor do Patrimônio e outros que julgarnecessários, todos os titulares de livre escolha do Presidente e segundo normatização exarada porele.

§ 2º - Os cargos da Diretoria são eletivos, conforme art. 19, a), havendo para cada cargo,excetuado o de Presidente, um suplente que auxiliará o titular em suas funções e o substituirá emseus impedimentos.

§. 3º - O mandato da Diretoria é de 2 (dois) anos.

Art. 21 – Compete à Diretoria:a) Aprovar e pôr em prática as políticas a serem implementadas pela Academia;b) Decidir quanto aos valores e formas de cobrança das contribuições financeiras dos

associados acadêmicos; c) Auxiliar a presidência na administração da entidade;d) Apreciar a indicação de nomes para associados acadêmicos, beneméritos, honorários

encaminhando os nomes aprovados à homologação da Assembléia Geral;e) Autorizar contratos de locação ou os que implicarem comprometimento financeiro por

parte da ASBL;f) Conceder licença ou aceitar a demissão de associados, quando solicitadas por escrito pelo

interessado em documento com firma reconhecida;g) Aprovar a admissão ou demissão de funcionários com suas obrigações e salários

especificados;h) Autorizar o ingresso de Associado Correspondente.

Art. 22 – O Presidente será eleito pela Assembléia Geral, para um mandato de 2 (dois) anose podendo ser reconduzido para um segundo mandato.

Parágrafo único – Em caso de vacância do cargo de Presidente, com menos de 50%do mandato, far-se-á nova eleição.

Art. 23 – Compete ao Presidente: a) Escolher, empossar e dispensar os titulares de Departamentos e de cargos não eletivos,

dentre os associados da ASBL;b) Representar a ASBL ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente, em todos os atos

de administração e gestão, podendo para tanto, quando necessário, nomear procurador com poderesespecíficos para representá-lo.

c) Assinar juntamente com o Tesoureiro os documentos da tesouraria e especificamente oscheques bancários;

d) Admitir e demitir funcionários;e) Resolver “ad referendum” da Diretoria, os assuntos considerados de urgência, dando

ciência aos demais diretores na sessão imediata;f) Convocar e dirigir a Assembléia Geral e os atos solenes realizados pela entidade;

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g) Convocar e presidir as reuniões de Diretoria;h) Prestar contas de sua gestão através de relatórios financeiros apreciados pelo Conselho

Fiscal e pela Assembléia Geral.

Art. 24 – Aos vice- presidentes, eleitos com o presidente, e com igual mandato, compete:a) Auxiliar o presidente no exercício de suas funções;b) Substituir o presidente em seus impedimentos e concluir o mandato, em caso de vacância

do cargo, obedecida a ordem de precedência sucessivamente;Participar das reuniões da Diretoria;c) Organizar e executar o protocolo das solenidades;Presidir e administrar a Seção do respectivo Estado, auxiliado por um Secretário e um

Tesoureiro, desenvolvendo as atividades da ASBL que melhor julgar oportunas e relevantes, emrepresentação do Presidente.

Parágrafo único – A administração econômico-financeira, a contabilidade e a prestação decontas das atividades da Seção cabem ao Vice-Presidente.

Art. 25 – Compete ao Secretário Geral:a) Assinar, com o Presidente os documentos relativos à Secretaria;b) Lavrar, em livro próprio, as atas de todas as sessões da Diretoria;c) Manter em dia os registros da entidade.

Art. 26 – Compete aos Secretários auxiliar o Secretário Geral em suas atividades e manterem dia o registro da respectiva Seção.

Art. 27 – Compete ao Tesoureiro Geral:a) Assinar, com o Presidente, cheques e documentos;b) Conservar sob sua guarda os valores da entidade;Manter em dia os registros atinentes a seu cargo;c) Manter em dia o registro de imóveis e móveis da Academia.

Art. 28 – Compete aos Tesoureiros das Seções auxiliar o Tesoureiro Geral fornecendo-lhe osdados para a prestação geral de contas da ASBL e auxiliar o Vice-Presidente em tudo o que dizrespeito às atividades de tesouraria na Seção à semelhança das tarefas exercidas pelo TesoureiroGeral em relação à ASBL.

Art. 29 - As funções de Diretor de Patrimônio, de Assessor de Imprensa e de RelaçõesPúblicas serão especificadas no Regimento Interno, de acordo com o estabelecido no presenteEstatuto Social.

CAPÍTULO V Do Conselho Fiscal

Art. 30 – O Conselho Fiscal é composto por 3 (três) membros efetivos e 1 (um) suplente,tendo a função de examinar os relatórios financeiros e contábeis da Diretoria e das Seções, emitindoparecer para encaminhamento à Assembléia Geral.

Parágrafo Único – A função de conselheiro fiscal é prerrogativa dos associados acadêmicos,eleitos, pela Assembléia Geral para um mandato de 2 (dois) anos.

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CAPÍTULO VI Das Seções estaduais

Art. 31 – Às seções estaduais compete:a) Promover o congraçamento dos associados de seus respectivos Estados e o entrosamento

com os dos demais Estados;b) Indicar à Diretoria da ASBL nomes de acadêmicos a serem apreciados pela Assembléia

Geral, para o preenchimento de cadeiras vagas.c) Indicar, dentre os acadêmicos do respectivo Estado, candidatos a Vice-Presidente,

secretário e tesoureiro para a Seção, e seus respectivos suplentes a serem eleitos pela AssembléiaGeral.

§ 1º - Respeitadas as normas do Estatuto Social e do Regimento da ASBL, cada seçãoorganizará seu regimento interno;

§ 2º - Cada seção, além de participar das atividades gerais da ASBL, administrará suasatividades, mantendo contabilidade própria e arcando com seu ônus financeiro.

TÍTULO VDas Disposições Gerais e Transitórias

Art. 32 – A ASBL comemorará o aniversário de sua fundação em 9 de maio, data em queserão empossados os membros da Diretoria e do Conselho Fiscal eleitos na Assembléia Geral.

Art. 33 – Os associados não respondem, nem pessoal nem solidariamente, pelas obrigaçõescontraídas pela ASBL.

Art. 34 – Os associados acadêmicos poderão requerer, por escrito , licença por um ano dasatividades da ASBL.

Art. 35 – A ASBL somente será extinta por deliberação da Assembléia Geral Extraordinária,convocada para este fim, com a presença de ¾ dos associados acadêmicos em pleno gozo de seusdireitos e com votos favoráveis de, no mínimo, ¾ dos participantes, destinando-se o patrimônio aoutra entidade congênere ou ao município em que estiverem sediadas a sede da ASBL e suasrespectivas seções na proporção dos bens nelas localizados.

Art. 36 – As regras decorrentes deste Estatuto Social serão disciplinadas pelo RegimentoInterno ou Interno e por resoluções da Diretoria.

§ 1º - A Diretoria elaborará o Regimento Interno no prazo de 120 (cento e vinte) dias.

§ 2º – Na falta do Regimento, e os casos omissos serão resolvidos pela Diretoria.

Art. 37 – O presente Estatuto Social, aprovado pela Assembléia Geral, entraráimediatamente em vigor, revogados as disposições em contrário e o Estatuto até agora vigente,registrado sob o nº 1.280, a fls. 43v/44 do Livro A5, em 12 de novembro de 1973, no Registro dePessoas Jurídicas em Rocha Brito Serviço Notarial e Registral, de Pelotas.

Aprovado na Assembléia Geral de 06/12/2003 e adequado às novas normas da legislação

federal. 45

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ASBL :CADEIRAS-PATRONOS-TITULARES

CADEIRA No.1 Patrono: Jorge Salis GoulartTitular I: SADY MAURENTE AZEVEDOTitular II: MARÍSIA DE JESUS F. VIEIRAEndereço: G. Telles, 607/901 CEP 96010-310 fone (53) 33028943 - 91088139E-mail: [email protected]

CADEIRA No.2 Patrono:Francisca Marcant GonçalvesTitular: MANOEL JESUS SOARES DA SILVA Endereço: R. João Jacob Bainy, 266 – Pelotas RSE-mail: [email protected]

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CADEIRA No.3Patrono: Manoelito de OrnellasTitular: I- IVONE LEDA DO AMARALTitular II:Endereço:

CADEIRA No.4Patrono: Nelson Abott de FreitasTitular: JOAQUIM MONCKSEndereço:R. Lima e Silva, 116/401

CEP 90050-100 Porto Alegre RSE-mail: [email protected]

CADEIRA No.5Patrono: Érico VeríssimoTitular: VALTER SOBREIRO JÚNIOREndereço: R. Prof. Araújo, 2149/102

CEP 96020-360 Pelotas RS

CADEIRA No.6Patrono: Fernando Luis OsórioTitular: MÁRIO OSÓRIO MAGALHÂESEndereço: Av. Domingos de Almeida 3030

CEP 96085-470 Pelotas RS

CADEIRA No.7Patrono: Paula Correa LopesTitular: CATARINA SCHENINI CUNHAEndereço: R.Vicente Lopes dos Santos, 200/301CEP 90103-140 Menino Deus, P. Alegre RS – [email protected]

CADEIRA No.8Patrono: Francisco de Paula Pinto MagalhãesTitular: JOSÉ ANÉLIO SARAIVAEnd: R. João da Silva Silveira, 211- Na. S. Fátima

CEP 96080-000 Pelotas RS

CADEIRA No.9Patrono: Francisco Antônio Vieira Caldas Júnior

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Titular: SUELLY CORRÊA GOMESEndereço: R. Heinrich Hosang, 165/303

CEP 89012-190 Blumenau SC

CADEIRA No.10Patrono: Francisco Lobo da CostaTitular I: José Vieira EtcheverryTitular II: IRMÃO ELVO CLEMENTEEndereço:

CADEIRA No 11Patrono: Álvaro José Gomes Porto AlegreTitular: FELIPE ASSUMPÇÃO GERTUMEndereço: Av. A A Assumpção, 9805

CEP 96090-240 Pelotas RS

CADEIRA No.12Patrono: Marieta Mena Barreto Costa AmadorTitular: ANA LUIZA TEIXEIRAEndereço: Av. Borges de Medeiros, 1141/193CEP 90020—25 Porto Alegre RS

CADEIRA No. 13Patrono: João Simões Lopes NetoTitular: I - ÂNGELO PIRES MOREIRATitular II: Endereço

CADEIRA No l4Patrono: Aurora Nunes WagnerTitular I:LYDIA MOMBELLI DA FONSECATitular II:

CADEIRA No.15Patrono: Irajá Moraes NunesTitular: SÉRGIO OLIVEIRAEndereço: R. Leonardo Colares, 137/10148

Page 49: REVISTA 22

CEP 96020-190 Pelotas RS

CADEIRA No 16Patrono: Raul de LeôniTitular I: IVO CAGGIANITitular II: LÍGIA ANTUNES LEIVASEndereço: R. Dr. Franklin Olivé Leite, 323

CEP 96055-520 Pelotas [email protected]@yahoo.com.br

CADEIRA No. 17Patrono: Demerval AraújoTitular: I -HARLEY CLÓVIS STOCCHEROTitular: II - Endereço:

CADEIRA No .18Patrono Alberto Coelho da CunhaTitular: RONALDO CUPERTINO DE MORAESEndereço: R. Gen. Osório, 938

CEP 96020-000 Pelotas RS

CADEIRA No. 19Patrono: João Cruz e SousaTitular I: Rondon SoaresTitular II: LAURO JUNKESEndereço: R.Capitão Romualdo de Barros, 251.

CEP 88015-000(Carvoeira)Florianópolis SC

CADEIRA No. 20Patrono: Maria Alzira Freitas TaquesTitular: ZENIA DE LEÓN (Licenciada) Endereço: R. Bernardino Santos, 74

CEP 96080-030 Pelotas RS

CADEIRA No. 21Patrono: Victor RussomanoTitular: JORGE MORAESEndereço: R. Manoel Caetano da Silva, 16

CEP 96025-230 Pelotas RS49

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CADEIRA No.22Patrono: Januário Coelho da CostaTitular: CLÓVIS ALMEIDA ALT Endereço: R. Cel. Alberto Rosa, 268

CEP 96010-770 Pelotas RS

CADEIRA No. 23Patrono: Adalberto Guerra DuvalTitular: CLÓVIS P. ASSUMPÇÃOEndereço: Av. 16 de Julho, 165

CEP 90550-220 Porto Alegre RS

CADEIRA No. 24Pat:Antônio José Gonçalves ChavesTitularI:HELOISAASSUMPÇÃO NASCIMENTOTit. II:MARIA BEATRIZ COSTA MECKING Endereço: R. Vol.Pátria 1039/ 1203

CEP 96010-610E-mail: [email protected]

CADEIRA No.25Patrono: Guilherme de AlmeidaTitular: OSÓRIO SANTANA FIGUEIREDOEndereço: R. Procópio Mena, 97550

Page 51: REVISTA 22

CEP 97300-000 São Gabriel RS

CADEIRA No. 26Patrono: Ceslau Mario BiezankoTitular: ANTENOR PEIXOTO DE CASTROEndereço: R. 15 de Novembro, 666/1110

CEP 96015-000 Pelotas RS

CADEIRA No. 27Pat: Roberto Landell de MouraTit I: ENRIQUE SALAZAR CAVEROTitularII:OLGA MARIA DIAS FERREIRA End: Gen. Neto, 625/302 Pelotas RS –CEP 96015-280E-mail: [email protected].

CADEIRA No.28Patrono: José Xavier de Freitas

Titular: MIGUEL RUSSOWSKI

CADEIRA No. 29Patrono: Aureliano Figueiredo PintoTitular: FRANCISCO PEREIRA RODRIGUESEndereço: R. Vasco Alves, 435

CEP 90010-410 Porto Alegre RS

CADEIRA No. 30Patrono: Alberto Pereira RamosTitular: ANTÔNIO KLEBER MATHIAS NETTOEndereço: R. Castro Alves, 950

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Page 52: REVISTA 22

CEP 25959-075 Teresópolis, RJ

CADEIRA No. 31Patrono: Dionélio MachadoTitular: DANILO UCHAEndereço: R. Lopo Gonçalves, 172

CEP 90050-350 Porto Alegre RS

CADEIRA No. 32Patrono: Tristão Veloso Nunes Vieira(MárcioDias)Titular: MARIA ALICE ESTRELAEndereço: Largo Gomes da Silva, 3635/201

CEP 96020-240 Pelotas RS

CADEIRA No. 33Patrono: José Vieira PimentaTitular I: JOSÉ BACCHIERI DUARTETitular II:

CADEIRA No. 34 A foto é de Sejanes DornellesPatrono: Josué GuimarãesTitular: JOSÉ TÚLIO BARBOSAEndereço: Av. João Pessoa, 1784/803

CEP 90040-001 Porto Alegre RS

CADEIRA No. 35Pat: Hipólito José da CostaTit I: Edgar José CurvelloTitular II: ÂNGELA TREPTOW SAPPEREnder: Rua Paulo Alcides Porto Costa, 205 - Cep 96090-000 Email: [email protected] – Fone: 53-32264122

CADEIRA No. 36Patrono: Juliné da Costa SiqueiraTitular I: PEDRO BAGGIO52

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Titular II: Endereço:

CADEIRA No. 37Patrono: Antônio Gomes de FreitasTitular I: MARIA AMÉLIA GONÇALVES HILLALTitular IIEndereço:

CADEIRA No. 38Patrono: Ramiro BarcelosTitular I: HUGO RAMIREZTitular II:Endereço:

CADEIRA No. 39 Patrono: Arquimedes FortiniTitular: PÉRICLES AZAMBUJAEndereço: R.7 de Setembro, 1561CEP 96230-000 Santa Vitória do Palmar RS

CADEIRA No. 40Patrono: Darci AzambujaTitular: ANSELMO AMARALEndereço: R. Gen. Osório, 2279CEP 96230-000 Santa Vitória do Palmar RS

CADEIRA No. 41Patrono: Mário QuintanaTitular: WILMA MELLO CAVALHEIROEndereço: R. Anchieta 3173/102

CEP 96015-420 - Pelotas RSF: (53) 32255045

CADEIRA No. 42Patrono: Oscar BertholdoTitular: JANDIR JOÃO ZANOTELLI

Endereço: R. Jaguarão, 643CEP 96090-350 - Laranjal – Pelotas RSE-mail: [email protected]

fone (53-)32262662

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CADEIRA No. 43Patrono: Noemi Assumpção Osório CaringiTitular: NAIR SOLANGE PEREIRA FERREIRAEndereço: General Telles, 358

CEP 96010-310 - Pelotas RSE-mail: [email protected]

CADEIRA No. 44Patrono: Delminda Silveira TitularI: CHEILA STUMPFTitular II: JULIO DIAS DE QUEIROZ

CADEIRA No. 45Patrono: Noemi Vale da RochaTitular: BLAU FABRÍCIO DE SOUZAEndereço: Av. Juca Batista, 8.000, casa 114Belém Novo, CEP 91.780-070 Porto Alegre RS E-mail: [email protected]

CADEIRA No. 46Patrono: Magda CostaCirce de Moraes Palma MonteiroTit:NEUSA MARILÚ DUARTEEnd: Av. Independência, 1196CEP 96300-000 - Jaguarão RS

CADEIRA No. 47Patrono: Carlos Drummond de AndradeTitular: LUIZ DE MIRANDAEndereço: José do Patrocínio, 95/405

CEP 90050-001 Porto Alegre RS

CADEIRA No. 48Patrono: Guilhermino CezarTitular: JOSÉ CLEMENTE POZENATOEndereço: R. Conselheiro Dantas, 1290/301CEP 95054-000(S.Família)Caxias do Sul RS

E-mail: [email protected]

CADEIRA No. 49Patrono: Luiz DelfinoTitular I: PASCHOAL APÓSTOLO PÍTSICATitular II: JOSÉ ISAAC PILATI Endereço: Largo Benjamim Constant 691/603

CEP88015-390 Florianópolis SC54

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E-mail: [email protected]

CADEIRA No. 50 Patrono: Virgílio VárzeaTitular: HOYÊDO DE GOUVÊA LINSEndereço: R. D. Joaquim, 132

CEP 88015-310 Florianópolis SC

CADEIRA No. 51Patrono: Brasílio ItiberêTitular: CLORIS CASAGRANDE JUSTENEndereço: R. Des. Otávio do Amaral 57/142

CEP 80730-400 Curitiba PR

CADEIRA No. 52Patrono: Scharffenberg de QuadrosTitular: CLOTILDE DE QUADROS CRAVOEndereço: R. XV de Novembro 1630

CEP 80050-000 Curitiba PR

CADEIRA No. 53Patrono: Luiz Carlos Pereira TourinhoTitular: IVO ARZUA PEREIRAEndereço: Cons. Laurindo, 890/702

CEP 80060–100 Curitiba – [email protected]

CADEIRA No. 54Patrono: Oscar Joseph de Plácido e SilvaTitular: JOÃO DARCY RUGGERIEndereço: R. Nestor Vistor, 227CEP 80620-400 Água Verde – Curitiba - Pr.E-mail: HYPERLINK mailto:[email protected] [email protected]

CADEIRA No. 55Patrono: João CândidoTitular: LAURO GREIN FILHOEndereço: Av. D. Pedro II, 571/701

CEP 80420-060 Curitiba -Pr55

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CADEIRA No. 56Patrono: Assad AmadeoTitular: LUÍS RENATO PEDROSOEndereço: R. Carlos de Campos, 482/62

CEP 85540-110 Curitiba - Pr

CADEIRA No. 57Patrono: Emílio de MenezesTitular: ROZA DE OLIVEIRAEndereço: R. João Negrão, 140/71

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CADEIRA No. 58Patrono: Ruy WachowiczTitular: SEBASTIÃO FERRARINIEndereço: R. XV de Novembro 1050

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CADEIRA No. 59Patrono: Telêmaco BorbaTitular: TÚLIO VARGASEndereço: R. Coronel Dulcídio 1239/5

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CADEIRA No. 60Patrono: Ildefonso Pereira CorreiaTitular: VALTER MARTINS DE TOLEDOEndereço: Av. Pres. Getúlio Vargas,3737/33

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