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Moderna PLUS HISTÓRIA ALEXANDRE ALVES LETÍCIA FAGUNDES DE OLIVEIRA 1 CONEXÕES Volume único www.modernaplus.com.br Parte II Unidade E SUGESTÕES DE ATIVIDADES Unidade E - A construção do mundo moderno Capítulo 13 O império colonial português Ler textos e imagens 1 Observe nesta carta, escrita pelo padre Manoel da Nóbrega ao seu mestre em Coimbra, alguns costumes indígenas e os interesses dos jesuítas na conversão dos nativos. “Fazem guerra, uma tribu a outra, a 10, 15 e 20 leguas, de modo que estão todos entre si divididos. Si acontece aprisionarem um contrario na guerra, conservam-o por algum tempo, dão-lhe por mulheres suas filhas, para que o sirvam e guardem, depois do que o matam com grande festa e ajuntamento dos ami- gos e dos que moram por alli perto, e si delles ficam filhos, os comem, ainda que sejam seus sobrinhos e irmãos [...]. Não se guerreiam por avareza, porque não possuem de seu mais do que lhes dão a pesca, a caça e o fructo que a terra dá a todos, mas sómente por odio e vingança [...]. Onde quer que vamos somos recebidos com grande boa vontade, principalmente pelos meninos, aos quase ensinamos. Muitos já fazem as orações e as ensinam aos outros. Dos que vemos estarem mais seguros, temos baptisado umas cem pessoas pouco mais ou menos [...]. E alguns vêm pelos caminhos a nosso encontro, perguntando-nos quando os havemos de baptisar, mos- trando grande desejo e promettendo viver conforme o que lhes aconselhamos [...]. De muitas partes somos chamados, para irmos en- sinar as cousas de Deus e não podemos chegar, porque somos poucos; e certo, creio que em todo o mundo não se nos depara terra tão disposta para produzir o fructo como esta, onde vemos almas perecerem, por se não poder remedia-las [...]. Quando viajamos nós outros da Companhia, nunca nos abandonam, e antes nos acompanham para onde se queira, maravilhados com o que pregamos e escutando com grande silencio.” Carta de Manoel da Nóbrega ao Dr. Navarro, seu mestre em Coimbra [1549]. NÓBREGA, Manoel. Cartas do Brasil: 1549-1560. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1988. p. 90-94. (grafia original) a) Quais costumes indígenas foram relatados na carta? b) Qual seria, segundo Nóbrega, a razão das guerras entre as tribos indígenas? Qual argumento ele apresenta para sustentar sua hipótese a respeito dessas guerras? Detalhe de um biombo japonês representando corrida de cavalos, século XVIII. c) É possível perceber no texto a visão do jesuíta sobre a tarefa de conversão dos indígenas? Qual seria ela? 2 Não foram apenas os portugueses que se surpreenderam com os habitantes da Ásia, da África e da América e representaram seu estranhamento em imagens. A chegada dos portugueses também causou muito espanto entre esses povos. Veja na imagem como os japoneses representaram os portugueses. a) Observe as feições e as vestimentas portuguesas. Que aspectos foram acentuados pelo artista japonês? b) Por meio da imagem, é possível inferir se os japoneses tinham uma imagem positiva ou negativa dos portugueses? Justifique. c) A agilidade e a robustez dos cavalos chamaram a atenção dos japoneses. Os animais foram representados com riqueza de detalhes: veja sua musculatura, a sela, a rédea, as ferraduras. Que outro povo, ao entrar em contato com os europeus, também se impressionou com os cavalos? Problematizar o sentido, ou sentidos, da colonização 3 A produção de pesquisas sobre o período colonial brasileiro tem possibilitado novas interpretações sobre o processo de colonização. Às visões da historiografia clássica, que propunha um sentido único e plenamente realizado pela metrópole portuguesa, opõem-se, hoje, interpretações que analisam a realidade colonial como muito mais diversa e complexa do que os estudos anteriores haviam mostrado. Para aprofundar essa questão e trabalhar com os alunos a existência de diversas explicações para um mesmo período histórico, propomos que o professor debata com sua turma o sentido da colonização portuguesa no Brasil. A seguir, apresentamos dois excertos dos trabalhos de Caio Prado Jr. e da historiadora Sheila de Castro Faria que podem ser utilizados no debate. REPRODUÇÃO - GALERIA SUNTORO, JAPÃO

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Parte II Unidade E

SUgEStõES dE atIvIdadES

unidade e - a construção do mundo moderno

capítulo 13 o império colonial português

Ler textos e imagens

1 Observe nesta carta, escrita pelo padre Manoel da Nóbrega ao seu mestre em Coimbra, alguns costumes indígenas e os interesses dos jesuítas na conversão dos nativos.

“Fazem guerra, uma tribu a outra, a 10, 15 e 20 leguas, de modo que estão todos entre si divididos. Si acontece aprisionarem um contrario na guerra, conservam-o por algum tempo, dão-lhe por mulheres suas filhas, para que o sirvam e guardem, depois do que o matam com grande festa e ajuntamento dos ami-gos e dos que moram por alli perto, e si delles ficam filhos, os comem, ainda que sejam seus sobrinhos e irmãos [...]. Não se guerreiam por avareza, porque não possuem de seu mais do que lhes dão a pesca, a caça e o fructo que a terra dá a todos, mas sómente por odio e vingança [...].

Onde quer que vamos somos recebidos com grande boa vontade, principalmente pelos meninos, aos quase ensinamos. Muitos já fazem as orações e as ensinam aos outros. Dos que vemos estarem mais seguros, temos baptisado umas cem pessoas pouco mais ou menos [...].

E alguns vêm pelos caminhos a nosso encontro, perguntando-nos quando os havemos de baptisar, mos-trando grande desejo e promettendo viver conforme o que lhes aconselhamos [...].

De muitas partes somos chamados, para irmos en-sinar as cousas de Deus e não podemos chegar, porque somos poucos; e certo, creio que em todo o mundo não se nos depara terra tão disposta para produzir o fructo como esta, onde vemos almas perecerem, por se não poder remedia-las [...].

Quando viajamos nós outros da Companhia, nunca nos abandonam, e antes nos acompanham para onde se queira, maravilhados com o que pregamos e escutando com grande silencio.”

Carta de Manoel da Nóbrega ao Dr. Navarro, seu mestre em Coimbra [1549]. NÓBREGA, Manoel. Cartas do Brasil: 1549-1560. Belo Horizonte:

Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1988. p. 90-94. (grafia original)

a) Quais costumes indígenas foram relatados na carta?

b) Qual seria, segundo Nóbrega, a razão das guerras entre as tribos indígenas? Qual argumento ele apresenta para sustentar sua hipótese a respeito dessas guerras?

Detalhe de um biombo japonês representando corrida de cavalos, século XVIII.

c) É possível perceber no texto a visão do jesuíta sobre a tarefa de conversão dos indígenas? Qual seria ela?

2 Não foram apenas os portugueses que se surpreenderam com os habitantes da Ásia, da África e da América e representaram seu estranhamento em imagens. A chegada dos portugueses também causou muito espanto entre esses povos. Veja na imagem como os japoneses representaram os portugueses.

a) Observe as feições e as vestimentas portuguesas. Que aspectos foram acentuados pelo artista japonês?

b) Por meio da imagem, é possível inferir se os japoneses tinham uma imagem positiva ou negativa dos portugueses? Justifique.

c) A agilidade e a robustez dos cavalos chamaram a atenção dos japoneses. Os animais foram representados com riqueza de detalhes: veja sua musculatura, a sela, a rédea, as ferraduras. Que outro povo, ao entrar em contato com os europeus, também se impressionou com os cavalos?

Problematizar o sentido, ou sentidos, da colonização

3 A produção de pesquisas sobre o período colonial brasileiro tem possibilitado novas interpretações sobre o processo de colonização. Às visões da historiografia clássica, que propunha um sentido único e plenamente realizado pela metrópole portuguesa, opõem-se, hoje, interpretações que analisam a realidade colonial como muito mais diversa e complexa do que os estudos anteriores haviam mostrado.

Para aprofundar essa questão e trabalhar com os alunos a existência de diversas explicações para um mesmo período histórico, propomos que o professor debata com sua turma o sentido da colonização portuguesa no Brasil. A seguir, apresentamos dois excertos dos trabalhos de Caio Prado Jr. e da historiadora Sheila de Castro Faria que podem ser utilizados no debate.

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Parte II Unidade E Sugestões de atividades

texto 1

“No seu conjunto a colonização dos trópicos toma o aspecto de uma vasta empresa comercial, destinada a explorar os recursos naturais de um territó-rio virgem em proveito do comércio europeu. É este o verdadeiro sentido da colonização tropical, de que o Brasil é uma das resultantes; e ele explicará os elementos fundamentais, tanto no plano econômico como no social, da formação e evolução históricas dos trópicos americanos. Se vamos à essência da nossa formação, veremos que na verdade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros, mais tarde ouro e diamantes, depois algodão e, em seguida, café, para o comércio europeu. Nada mais que isto. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem atenção e considerações que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia brasileiras.”

PRADO JR., Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 1970. p. 32.

texto 2

“[...] No lugar da imagem de colonos engessados pela metrópole, vem à tona um grande dinamismo nas relações comerciais dos principais portos do Brasil com o Rio da Prata no sul da América, com Angola, Costa da Mina e Moçambique na África e Índia, e com Goa e Macau na Ásia. O que salta à vista é que muitas dessas áreas não eram de domínio português. Colonos do Brasil, portanto, comercializavam diretamente com outras regiões, furando a ideia de ‘pacto colonial’.

Por outro lado, os comerciantes que forneciam escravos para o Brasil no século XVIII negociavam diretamente com traficantes e chefes locais da África. [...] As negociações ocorriam mesmo em portos dominados por outros reinos, como era o caso da Costa da Mina. […]

Outro ponto ajuda a ampliar a interpretação sobre a sociedade colonial. Documentos trouxeram à luz uma vasta camada populacional, situada entre os grandes senhores e os escravos, que se inseria de forma decisiva na dinâ-mica do setor exportador. [...] Havia um importante mercado interno que relacionava os mais diversos setores de produção e de serviços aos negocian-tes que faziam a vez de patrocinadores da empresa colonial agroexportadora. A esses setores, alia-se o contrabando, feito sob as vistas benevolentes dos agentes da metrópole, numa política permissiva e corrupta. Por outro lado, mesmo que diversas leis ou alvarás tenham sido criados de modo a preservar o comércio aos próprios portugueses, necessidades políticas da Coroa — como a aliança com a Inglaterra desde o século XVII — fizeram com que se permitissem concessões a alguns estrangeiros.”

FARIA, Sheila de Castro. Colônia sem pacto. In: Revista de História da Biblioteca Nacional, jul. 2008. Disponível em www.revistadehistoria.com.br. Acesso em 14 mar. 2010.

a) Após a leitura dos trechos, o professor deverá promover um debate entre os alunos sobre os significados da relação colônia-metrópole para os autores:

● O sentido da colonização na visão de Caio Prado Jr.

● A visão das pesquisas recentes sobre a relação colônia-metrópole.

● Como cada interpretação vê as consequências da colonização para a história da sociedade brasileira.

b) Solicitar que os alunos justifiquem a existência de interpretações diferentes para a mesma realidade histórica.

c) A avaliação deverá pautar-se na observação e no registro das hipóteses, ideias e argumentos dos estudantes durante os debates. É importante verificar como confrontam as interpretações historiográficas, seus questionamentos, críticas, e se avançaram na compreensão da natureza da interpretação histórica.

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Parte II Unidade E Sugestões de atividades

capítulo 14 a colonização da américa espanhola

Ler textos e imagens

1 A Igreja e Convento de Santo Domingo em Cuzco, no Peru, foi erguida sobre as ruínas de um templo inca dedicado ao Sol, chamado Caracancha. Em 1650, apenas 17 anos após ter sido construída, um terremoto destruiu a igreja, restando apenas os muros de pedra do período incaico. O que vemos na foto a seguir é o resultado do trabalho de reconstrução da igreja.

Exterior da Igreja e Convento de Santo Domingo, em Cuzco, no Peru, em foto de 2005. Observe, à frente da igreja, a muralha que fazia parte do templo inca Caracancha.

a) Que aspectos simbólicos envolvem a construção da Igreja e Convento de Santo Domingo sobre as ruínas de Caracancha?

b) Na sua opinião, a Igreja e Convento de Santo Domingo é um símbolo de dominação europeia, do resultado de uma fusão de culturas ou da resistência dos costumes indígenas? Justifique.

2 Leia os textos a seguir.

texto 1

“Eu, Dom Luys de Velasco, em nome de Sua Majestade, faço-vos dom, a vós Juan de Yvarreta, habitante da cidade do México, de uma propriedade para gado miúdo nos confins da aldeia de Chocomán [...] que está livre de qualquer direito e os índios estão consentidores. E este dom [...] faço-vo-lo com a condição de que ele não implique prejuízo para Sua Majestade nem para terceiros. [...]”

Dom Luys de Velasco, vice-rei da Nova Espanha [1550-1564]. In: ROMANO, Ruggiero. Os conquistadores da América. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1972. p. 75.

texto 2

“Em todo o Peru houve e ainda há o costume de trazer essa coca na boca, desde manhã até a hora em que se deitam, conservam-na sem nunca a cuspirem. Tendo perguntado a alguns índios por que é que eles têm sempre a boca cheia dessa erva (que não comem e se limitam a conservar entre os dentes) eles res-pondem que assim sentem menos fome e se acham com mais força e vigor. Creio que alguma coisa lhe devem encontrar, ainda que me pareça muito simplesmente um costume vicioso e digno apenas de pessoas como o são esses índios. [...] E aquele a quem se atribuía uma encomienda de índios imediatamente fazia o seu principal negócio da coca que recolhia. [...] Há alguns na Espanha que enriqueceram com o valor dessa coca, depois de a haverem açambarcado nos mercados dos índios e de a haverem tornado a vender.”

LEON, P. Cieza de. La cronica del Peru [1553]. In: ROMANO, Ruggiero. Os conquistadores da América. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1972. p. 84.

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Parte II Unidade E Sugestões de atividades

a) A quais produtos ou atividades econômicas referem-se os textos 1 e 2?

b) Qual instituição criada pelos espanhóis na América é tratada nos dois textos?

c) Que informações o texto 1 fornece sobre o funcionamento dessa instituição?

Analisar um texto

3 Como atividade de fechamento do capítulo, o professor poderá ler com os alunos o texto a seguir, do filósofo do iluminismo francês Charles-Louis de Secondat, ou barão de Montesquieu (1689-1755), que apresenta uma interpretação sobre a finalidade das colônias. A partir da leitura, o professor poderá propor algumas questões para analisar oralmente o texto.

“O objetivo destas colônias é o de praticar o comércio em melhores condi-ções do que aquelas em que é praticado com os povos vizinhos, com os quais as vantagens são recíprocas. Estabeleceu-se que somente a metrópole poderia comerciar com a colônia; e isto com grande razão, porque o objetivo do esta-belecimento havia sido a constituição do comércio e não a fundação de uma cidade ou de um novo império... A desvantagem das colônias, que perdem a liberdade de comércio, é compensada pela proteção da metrópole, que a defende com suas armas.”

Charles-Louis de Secondat (barão de Montesquieu). Do espírito das leis. In: MARQUES, Martins Adhemar; BERUTTI, Flávio Costa; FARIA, Ricardo de Moura (Orgs.). História Moderna através de

textos. 11. ed. São Paulo: Contexto, 2005. p. 83. (Coleção Texto e documentos)

a) Segundo Montesquieu, que aqui representa o pensamento europeu, proponha as seguintes perguntas:

● Qual era o objetivo de possuir colônias?

● Quais desvantagens e quais vantagens tinham as colônias?

● Como o pensamento de Montesquieu está inserido na sua época histórica?

b) Montesquieu, já no século XVIII, procurava mostrar a finalidade das colônias, apontando as “vantagens” delas para compensar a sua falta de liberdade e autonomia. O objetivo dessa última questão é evitar juízos de valor. É importante que os alunos compreendam que, para o contexto da época, era natural esse tipo de ideia eurocêntrica. Na atualidade, porém, devemos ampliar o conhecimento da história considerando outros aspectos da relação colônia/metrópole, para evitar que apenas uma visão conduza as nossas opiniões sobre a formação das sociedades latino-americanas.

capítulo 15 o atlântico negro: o tráfico de escravos e as relações comerciais com a África

Analisar um documento histórico – As formas de pensar de um mundo escravista

1 Nas sociedades que praticaram, lucraram e sofreram com a escravidão realizada pelos europeus na África e nas Américas a partir do século XV, é inegável que essa forma de trabalho marcou profundamente todos os aspectos da vida social. Pinturas da época registram o comércio humano de africanos ligando o Brasil e a África; textos descritivos dessas regiões sempre mencionam a presença de escravos ou de gente envolvida na sua exploração; relatórios governamentais falam do perigo de estourarem rebeliões escravas; enquanto sermões de padres católicos buscam justificar a prática da escravidão. Enfim, nos artefatos culturais produzidos por essas sociedades, a escravidão está em toda parte.

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Levante de escravos num navio negreiro, pintura de 1756. Ex-voto do capitão de navio negreiro Francisco de Sousa Pereira, que agradece à Nossa Senhora do Rosário do Castelo o milagre realizado.

Placas de agradecimento (ex-votos) na Igreja de Nossa Senhora Desatadora de Nós. Município de Armação dos Búzios, estado do Rio de Janeiro, em 2009. Os ex-votos foram confeccionados em agradecimento por diversas graças supostamente alcançadas.

Coroação de um rei no Festejo de Reis, aquarela colorida de Carlos Julião, 1776.

Para compreender o documento

Ex-voto suscepto significa, em latim, o voto realizado. É uma manifestação artístico-religiosa de forte base popular, presente em todas as épocas e culturas.

1. O ex-voto é colocado em uma igreja ou capela, geralmente em forma de quadro, pintura, placa ou escultura.

2. Ele é oferecido a um santo ou divindade como pagamento por uma graça supostamente alcançada.

3. Está associado à graça que o devoto teria conseguido do santo ou divindade.

4. É comum uma pessoa que teve, por exemplo, uma doença na mão oferecer como ex-voto um molde em gesso de sua mão.

5. Uma pessoa que teve um parente curado de doença grave costuma oferecer uma foto dessa pessoa.

a) Descreva cada uma das imagens.

b) O que teria acontecido para que cada um desses objetos tenha sido oferecido como um ex-voto? Por quais supostos milagres as pessoas estavam agradecendo?

c) Considerando que um ex-voto foi feito no século XXI e outro no século XVIII, seria possível, hoje em dia, alguém fazer um ex-voto como aquele da imagem 1? Por quê?

Ler textos e imagens

2 Leia o texto e observe a imagem.

“Negar-lhes totalmente os seus folguedos [dos escra-vos], que são o único alívio do seu cativeiro, é querê-los desconsolados e melancólicos, de pouca vida e saúde. Portanto, não lhes estranhem os senhores o criarem seus reis, cantar e bailar por algumas horas honestamente em alguns dias do ano, e o alegrarem-se inocentemente à tarde, depois de terem feito pela manhã suas festas de Nossa Senhora do Rosário, de São Benedito e do orago da capela do engenho [...].”

ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil por suas terras e minas [1711]. São Paulo: Edusp, 2007. p. 103.

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a) Segundo Antonil, por que os senhores deveriam permitir a dança, a cantoria e o culto de santos e reis por parte dos escravos?

b) Qual era, contudo, o significado das festas e das brincadeiras para os escravos?

c) Como o texto se relaciona com a imagem?

3 A obra Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, foi publicada em 1881. A história é narrada pelo defunto Brás Cubas, um abastado habitante do Rio de Janeiro no século XIX. No trecho a seguir, Brás encontra Prudêncio, um ex--escravo que ele costumava maltratar durante a infância.

“Era um preto que vergalhava outro na praça. O outro não se atrevia a fugir; gemia somente estas

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únicas palavras: ‘— Não, perdão, meu senhor; meu senhor, perdão!’. Mas o primeiro não fazia caso, e, a cada súplica, respondia com uma vergalhada nova. [...]

Parei, olhei... Justos céus! Quem havia de ser o do vergalho? Nada menos que o meu moleque Prudêncio — o que meu pai libertara alguns anos antes. Cheguei-me; ele deteve-se logo e pediu-me a bênção; perguntei-lhe se aquele preto era escravo dele.

— É, sim, Nhonhô.— Fez-te alguma coisa?— É um vadio e um bêbado muito grande. Ainda

hoje deixei ele na quitanda, enquanto eu ia lá embaixo na cidade, e ele deixou a quitanda para ir na venda beber.

— Está bom, perdoa-lhe, disse eu.— Pois não, Nhonhô manda, não pede. Entra pra

casa, bêbado![...] Era um modo que o Prudêncio tinha de se des-

fazer das pancadas recebidas, transmitindo-as a outro. Eu, em criança, montava-o, punha-lhe um freio na boca, e desancava-o sem compaixão; ele gemia e sofria. Agora, porém, que era livre, [...] comprou um escravo, e ia-lhe pagando, com alto juro, as quantias que de mim recebera.”

ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas [1881].São Paulo: Globo, 2008. p. 158-159.

a) Qual a relação entre Brás Cubas e Prudêncio quando eram crianças? Como Brás o tratava?

b) Qual a condição social de Prudêncio no momento em que ele e Brás Cubas se reencontram?

c) Como Prudêncio reproduz a violência sofrida quando era escravo?

d) Que características da sociedade escravista do Brasil estão presentes no trecho?

Produzir um artigo de opinião

4 Organize uma atividade conjunta com o professor de Língua Portuguesa, propondo aos alunos a produção de um artigo de opinião que discuta o tema heranças da escravidão para a sociedade brasileira.

O artigo de opinião é um texto em que são expostos comentários, avaliações e expectativas sobre um determinado tema. Exemplos dessa categoria textual são os editoriais, artigos de análise, comentários de resultados de pesquisas, colunas assinadas. São textos com estruturas diversas, porém, no geral, seguem uma linha argumentativa que:

• Tem início com a identificação do tema/problema.

• Breve histórico de seus antecedentes.

• Tomada de posição do autor e formulação de uma tese.

• Apresentação de diferentes argumentos para justificar essa tese.

• Encerra-se com uma reafirmação da tomada de posição anunciada no início do texto.

É importante abordar os recursos linguísticos e estratégias discursivas utilizadas pelos autores de artigos de opinião, pois estes visam expor determinado posicionamento a respeito de algum tema.

Também se deve levar em consideração que para compreender e interpretar esse tipo de texto, é preciso identificar os interesses do autor, conhecer as circunstâncias da produção do texto etc.

a) Selecione artigos de opinião publicados em jornais, revistas e na internet sobre temas como racismo e preconceito no Brasil, as cotas para negros e indígenas nas universidades e a valorização da cultura afro-brasileira.

b) Analise com os alunos como cada artigo trata o período escravista e suas heranças para a sociedade brasileira.

c) Após a leitura e a discussão, solicite que eles escrevam a primeira versão de seus artigos, incorporando aspectos levantados nos textos lidos e na discussão realizada.

d) O professor poderá avaliar esse trabalho produzindo registros sobre a participação dos alunos nas discussões, analisando a construção do primeiro texto em sua estrutura geral e em aspectos específicos, como a escolha da abordagem, presença de conteúdos históricos, fundamentação dos argumentos. Na segunda produção, observar se houve mudança na estrutura textual, na mensagem principal defendida, nos argumentos, e como as informações históricas são utilizadas para fundamentar os pontos de vista dos alunos.

capítulo 16 a mineração na américa Portuguesa

Criar um portfólio das cidades históricas

1 Propõe-se a produção de um portfólio de cidades históricas mineiras pelos alunos. Um portfólio é uma seleção de itens que formam um acervo de documentos sobre determinado assunto, habilidade, atividade profissional ou processo de pesquisa.

No caso do projeto proposto, a ideia é que os alunos reúnam um conjunto de dados, como documentos escritos, imagens diversas, depoimentos, textos literários, dados estatísticos sobre as cidades históricas na atualidade, e os organizem tematicamente numa pasta-álbum. A construção do portfólio inicia-se com a identificação: capa, título e uma breve apresentação que oriente o leitor sobre o que ele encontrará, bem como uma exposição do processo de montagem do mesmo.

O conteúdo constitui-se de textos curtos, de autoria dos alunos, que tragam uma reflexão sobre o problema pesquisado, articulados a imagens e outras linguagens que auxiliem na compreensão da temática retratada no portfólio. No final, constam as fontes de informação utilizadas e a bibliografia. As linguagens e os materiais utilizados no portfólio são livres, desde que relacionados ao seu conteúdo,

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assim como podem ser variados os meios e suportes de sua apresentação: em pastas variadas, livros encadernados, CD-ROM, vídeo, em forma de revistas, jornais, sites ou blogs.

A realização desse projeto tem por objetivo ampliar o conhecimento dos alunos sobre a formação, preservação e desenvolvimento das cidades históricas, em especial em Minas Gerais. O projeto poderá envolver os professores de História, Artes, Geografia, Sociologia e Literatura.

Para desenvolver a atividade, a turma deverá organizar uma pesquisa sobre aspectos sociais, culturais e econômicos das cidades históricas: os processos de preservação e tombamento, as consequências destes para a vida dos moradores, para a economia e desenvolvimento locais, os usos sociais do patrimônio pela comunidade local, pelas políticas culturais e pelas atividades turísticas. Divididos em grupos por cidades e/ou temas – arquitetura, cultura, festas, religiosidade, economia, história local etc. – os alunos poderão coletar informações em livros, folder turístico, internet, estudos de campo, entrevistas com quem vive ou conhece uma dessas cidades para produzir um portfólio sobre uma ou algumas cidades históricas mineiras.

A avaliação do projeto pode ser realizada com a discussão em aula das informações parciais trazidas pelos alunos, pelo registro de suas dúvidas, pela qualidade da participação no projeto e pelo produto final apresentado por cada grupo.

capítulo 17 as treze colônias e a formação dos estados unidos

Ler textos e imagens

1 No Monte Rushmore, em Dakota do Sul, Estados Unidos, existe uma famosa escultura na qual aparecem, da esquerda para a direita, os rostos dos presidentes George Washington, Thomas Jefferson, Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln.

a) Os presidentes que aparecem na escultura estão relacionados a momentos-chave da história dos Estados Unidos. Que momentos foram esses?

b) A escultura foi encomendada para atrair turistas a Dakota do Sul. Mais do que um atrativo turístico, porém, ela tem outros significados. Sobre a obra, Gutzon Borglum afirmou: “O objetivo do memorial é transmitir a descoberta, expansão, preservação e unificação dos Estados Unidos com estátuas colossais de Washington, Jefferson, Lincoln e Theodore Roosevelt”. Pensando nisso, quais são os aspectos simbólicos dessa obra?

c) Os norte-americanos não foram os primeiros a esculpir esculturas gigantescas em pedra. Que outras civilizações também utilizaram essa técnica?

Sintetizar conteúdos

2 A unidade apresenta capítulos relacionados ao período colonial das Américas e às relações socioeconômicas desenvolvidas com o continente africano. Como uma atividade de síntese, o professor poderá trabalhar com os alunos os conceitos e as expressões a seguir, obedecendo as propostas listadas abaixo:

Monte Rushmore, em Dakota do Sul, Estados Unidos, em 2009. As obras de construção do memorial começaram em 1927 e terminaram em 1941, meses após a morte de seu criador, Gutzon Borglum.

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Escravidão – colonização – comércio triangular – mineração – povos indígenas – liberdade –

predestinação – mercantilismo

a) Listar os conceitos e as expressões na lousa (quadro de giz). Se algum outro termo tiver se destacado ao longo do trabalho com a unidade, o professor poderá acrescentá-lo à lista.

b) Solicitar aos alunos que levantem as informações que estão na unidade sobre as expressões listadas.

c) Após essa etapa, os alunos devem formar grupos e elaborar um esquema que interligue cada um dos conceitos e expressões, de acordo com os vínculos que cada um tem em relação ao outro dentro da história do período colonial americano. As expressões podem estar em pequenos quadros, compostos com o texto resultante da pesquisa, e cada quadro pode ser ligado ao outro com flechas que indiquem os vínculos entre eles.

d) O esquema final pode ser realizado em diversos formatos: cartazes, painéis etc. Incentivar a criatividade dos alunos para que cada grupo se preocupe tanto com o conteúdo do trabalho quanto com a sua apresentação final.

e) O trabalho pode ser apresentado para a classe. Outra possibilidade é que se faça uma produção conjunta de toda a classe. Um grupo inicia com uma expressão, seguido por outro que deve estabelecer a conexão com a anterior dentro do sentido histórico do conteúdo, e assim sucessivamente. Os grupos podem, inicialmente, escrever no quadro de giz, como se fosse um rascunho, e depois montar o trabalho final em um painel de papel pardo.

f) A avaliação pode ser realizada pela consistência do levantamento das informações, pela participação e comprometimento nas diferentes etapas do trabalho, e pela produção do resultado final da atividade.