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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIRÃO PRETO DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA Revisão taxonômica e anatomia de Awaous tajasica (Lichtenstein, 1822) (Gobiiformes: Gobiidae) João Pedro Trevisan dos Santos Monografia apresentada ao Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, como parte das exigências para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas RIBEIRÃO PRETO – SP 2016

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIR ÃO PRETO

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

Revisão taxonômica e anatomia de Awaous tajasica

(Lichtenstein, 1822) (Gobiiformes: Gobiidae)

João Pedro Trevisan dos Santos

Monografia apresentada ao Departamento de Biologia da

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo, como parte das exigências para a

obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas

RIBEIRÃO PRETO – SP

2016

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE RIBEIR ÃO PRETO

DEPARTAMENTO DE BIOLOGIA

Revisão taxonômica e anatomia de Awaous tajasica

(Lichtenstein, 1822) (Gobiiformes: Gobiidae)

João Pedro Trevisan dos Santos

Monografia apresentada ao Departamento de Biologia da

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo, como parte das exigências para a

obtenção do título de Bacharel em Ciências Biológicas

Orientador: Prof. Dr. Flávio Alicino Bockmann

RIBEIRÃO PRETO – SP

2016

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha família e aos meus amigos,

Por transformarem as experiências cotidianas em experiências inesquecíveis.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Flávio Alicino Bockmann, mais que um orientador, um exemplo de vida.

Minha eterna gratidão e reconhecimento.

À Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto e ao seu Departamento

de Biologia por toda a formação acadêmica oferecida.

Ao Prof. Dr. Ricardo Macedo Corrêa e Castro e ao biologista Dr. Hertz Figueiredo

dos Santos, pela ajuda preciosa para a realização desse trabalho.

Aos meus colegas do Laboratório de Ictiologia de Ribeirão Preto, André Esguícero

Dahyes Felix Regasso, Fernando Apone, Pâmela Rodrigues Braga, Pedro Pereira Rizzato,

Renata Stopiglia e Osmar Santos, pelo carinho, apoio e ajuda incondicional, em todos os

momentos, durante a realização desse trabalho. À Cláudia Romilda Ferreira Nunes, por

manter o LIRP sempre em ordem e por toda gentileza.

Aos antigos alunos Laboratório de Ictiologia de Ribeirão Preto Murilo Nogueira de

Lima Pastana, Thiago Pereira, William Gotto Ruiz , que me acolheram de braços abertos

desde a minha entrada no laboratório.

Ao Prof. Dr. Wilfred Klein pela ajuda de fundamental importância com as traduções de

textos em alemão.

Aos curadores das coleções fiéis depositárias brasileiras Roberto E. Reis (MCP),

Marcelo R. Britto (MNRJ), Wolmar B. Wosiacki (MPEG), Aléssio Datovo (MZUSP), Luiz

R. Malabarba (UFRGS), Ricardo S. Rosa (UFPB), Paulo H. F. Lucinda (UNT), pelo

empréstimo de material fundamental para a realização desse trabalho.

Aos curadores de coleções fiéis depositárias estrangeiras Prof. Dr. Mark H. Sabaj

(ANSP), e Profa. Dra. Ana Rosa Ramirez Coghi (UCR) e em especial a Mariangeles Arce

(ANSP) e Arturo Ângulo (UCR) por intermediar e facilitar o empréstimo do material.

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Ao Prof. Dr. Sven O. Kullander (SMNH), Prof. Dr. Peter Bartsch (ZMB), por fornecer

informações valiosas sobre o material atribuído a série-tipo de Awaous tajasica.

A Profa. Dra. Mariana Françozo (LUCL), pela disponibilidade em responder

prontamente as perguntas acerca da história das primeiras ilustrações atribuídas a Awaous

tajasica.

Aos integrantes do laboratório de Biologia Comparada e Abelhas. Em especial, ao Prof.

Dr. Eduardo A. B. Almeida e ao Dr. Fábio B. Quinteiro por permitirem acesso ao

estereomicroscópio e ajuda no manuseio do equipamento.

A Dione Seripierre (MZUSP), pela ajuda inestimável na obtenção de referências

fundamentais para a realização desse trabalho.

Aos meus colegas da Quadragésima Nona turma do curso de Bacharelado em Biologia

da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras, que propiciaram uma graduação rica tanto no

sentido acadêmico quanto pessoal.

Esse trabalho não teria sido possível sem o apoio financeiro e científico oferecido pelo

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIC e pela Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (No. Proc. 2015/14323-1), por meio

de bolsas de Iniciação Científica concedidas e da competente assessoria de seus revisores.

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RESUMO

Atualmente, o gênero Awaous compreende 22 espécies válidas, a maioria delas presente na

região tropical. Awaous tajasica, de hábito anfídromo, é tida por ocorrer ao longo da costa oeste

do Oceano Atlântico desde o estado da Flórida, nos Estados Unidos, até o estado de Santa

Catarina, no Brasil, com registros também no Oceano Pacífico. Essa ampla área de distribuição

pode ser fruto da identificação incorreta de exemplares ou resulta de uma grande capacidade de

dispersão que essa espécie apresentaria. Essa espécie foi originalmente descrita de maneira

muito sumária, com base em material proveniente do Brasil. Além disso, alguns caracteres

diagnósticos propostos pelo último revisor são problemáticos, o que dificultaria ainda mais a

identificação dessa espécie. Awaous tajasica é uma das primeiras espécies descritas e ilustradas

da ictiofauna brasileira, datando de 1822, mas aparecendo na literatura pela primeira vez em

1648. Além disso, estudos anatômicos de representantes do gênero Awaous são deficientes,

incluindo aqueles sobre A. tajasica. Em vista desse cenário, o objetivo fundamental desse

trabalho foi determinar a identidade e diagnosticar A. tajasica. A partir de uma investigação

morfológica de espécimes de coleções científicas, contemplando grande parte de sua variação

geográfica, foi possível diagnosticar A. tajasica com base em caracteres merísticos e do sistema

látero-sensorial e estabelecer sua distribuição geográfica como sendo do estado do Maranhão

até estado do Rio Grande do Sul, no Brasil. Foi feita também uma descrição osteológica de A.

tajasica, como uma contribuição para futuros estudos filogenéticos.

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ABSTRACT

The genus Awaous currently comprises 22 valid species, most of them distributed in the tropical

region. Awaous tajasica, of amphidromous habit and originally poorly described, is reported to

occur along the west coast of the Atlantic from the state of Florida, United States, to the state

of Santa Catarina, Brazil, with occurrence reports also in the Pacific. Such a widespread

distribution may be a result of an incorrect identification of the species or might be an evidence

of great capacity for dispersal across the sea. This species was originally described in a

summary way, on the basis of material from Brazil. In adittion, some diagnostic features

proposed by the last reviewer are problematic, further hampering the identification of this

species. Awaous tajasica was one of the first fish species described and illustrated for the

Brazilina Ichthyofauna, dating from 1822, but debuting in the literature in 1648. Taking into

account this scenario, the fundamental aim of the present study is to state the identity and

diagnose A. tajasica. on the basis of a morphological investigation of specimens from scientific

collections, encompassing a great part of the geographical variation. The first description was

poor in details, and based on a picture and a woodcut, in addition to some specimens from

Brazil. Furthermore, some of the characters used to diagnose A. tajasica are questionable,

compromising the identification of the material. In addition, there are very few anatomical

studies related to Awaous, an osteological study of A. tajasica was implemented, intending to

find features useful for its diagnosis, and potentially informative to forthcoming phylogenetic

analyses. Based on a morphological investigation of specimens housed at scientific collections,

encompassing a large part of it geographic variation, it was possible to diagnose A. tajasica on

the basis of meristic characters and the laterosensory system and to establish its geographical

distribution as being from the state of Maranhão to state of Rio Grande do Sul, Brazil. An

osteological description of A. tajasica was also made as an account to future phylogenetic

studies.

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 1

II. OBJETIVOS .......................................................................................................................... 6

III. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 7

3.1 Material examinado .......................................................................................................... 7

3.2 Dados morfométricos e merísticos.................................................................................... 8

3.3 Estudo do esqueleto ........................................................................................................ 10

IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 13

4.1. O gênero válido para Gobius tajasica Lichtenstein, 1822 ............................................. 13

4.2 Material-tipo de Gobius tajasica .................................................................................... 14

4.3 Identidade de Awaous tajasica ....................................................................................... 15

4.4 Taxonomia e distribuição geográfica de Awaous tajasica .............................................. 19

4.4.1 Tratamento taxonômico de Awaous tajasica ............................................................... 19

4.4.2 Comentários sobre os caracteres diagnósticos de Awaous tajasica ............................. 27

4.5 Descrição do esqueleto de Awaous tajasica ................................................................... 35

4.5.1 Crânio ........................................................................................................................... 35

4.5.2 Elementos da maxila superior ...................................................................................... 38

4.5.3. Suspensório ................................................................................................................. 38

4.5.4. Arcos branquiais ......................................................................................................... 40

4.5.5. Arco hióide ................................................................................................................. 41

4.5.6 Cintura e nadadeira peitoral ......................................................................................... 41

4.5.7 Cintura e nadadeira pélvica .......................................................................................... 42

4.5.8. Coluna vertebral .......................................................................................................... 43

4.5.9. Esqueleto e nadadeira caudal ...................................................................................... 43

4.6 Comentários filogenéticos .............................................................................................. 43

V. LITERATURA CITADA .................................................................................................... 45

VI. TABELAS .......................................................................................................................... 52

VII. GRÁFICOS ....................................................................................................................... 58

VIII. FIGURAS ........................................................................................................................ 70

IX. ANEXO .............................................................................................................................. 83

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I. INTRODUÇÃO

Os peixes representam um pouco mais da metade de toda a diversidade de vertebrados do

planeta (Nelson, 2016). A classe Actinopterygii, compreende os peixes com nadadeiras raiadas,

sendo um dos maiores táxons dentro de vertebrados (Nelson, 2016). Nessa classe, encontramos

a ordem Gobiiformes (Nelson, 2016).

Dentro dessa ordem, encontra-se a família Gobiidae (Nelson, 2016; Gill & Mooi, 2012),

composta por 210 gêneros distribuídos por cinco subfamílias: Oxudercinae, Amblyopinae,

Sicydiinae, Gobionellinae e Gobiinae (Pezold, 1993). Na subfamília Gobionellinae encontra-se

o gênero Awaous Valenciennes (1837), objeto desta investigação.

Atualmente, Awaous é composto por 22 espécies válidas (Eschmeyer & Fong, 2015) e

apresenta distribuição pantropical (Parenti & Thomas, 1998). Difere dos demais gêneros de sua

família, principalmente, por apresentar uma série de projeções cônicas, carnosas, localizadas

na região anterior à base da nadadeira peitoral, abaixo do opérculo (Watson, 1992). Awaous

tem como espécie-tipo Gobius ocellaris Broussonet, 1782 cuja localidade-tipo é “Tahiti”, a

maior ilha da Polinésia Francesa. Segundo Watson (1992), Awaous tem como seus sinônimos

juniores Platygobius Bleeker, 1874; Trichopharynx Ogilby, 1898; Suiboga Pinto, 1960 e

Chiramenu Visweswara Rao, 1971. Esse gênero era, até recentemente, dividido em três

subgêneros, Chonophorus Poey, 1860 e Euctenogobius Gill, 1859 (Watson, 1992), que são hoje

considerados sinônimos juniores de Awaous (Kottelat, 2013).

Várias das espécies hoje assinaladas à Awaous foram originalmente descritas em Gobius

Linnaeus, 1758, gênero-tipo da família Gobiidae. Linnaeus (1758) caracterizou Gobius por

apresentar dois poros na região entre os olhos, quatro raios branquiostégios e nadadeira pélvica,

com doze raios, fundida em uma estrutura oval. Broussonet (1782) descreveu nesse gênero uma

forma do Taiti que apresentava uma mancha característica na primeira nadadeira dorsal similar

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a um olho, a qual denominou Gobius ocellaris que veio a ser designada como espécie-tipo de

Awaous (Bleeker, 1874).

Valenciennes (1837) descreveu Awaous então como uma subdivisão de Gobius. Essa

divisão incluiu as espécies que se assemelhariam à espécie Gobius ocellaris Broussonet, 1782.

Steindachner (1861) teceu comentários sobre os limites do gênero Gobius e destacou a

importância do uso de divisões dentro do grupo. Como exemplo, ele citou a divisão Awaous de

Valenciennes (1837) e descreveu Gobius litturatus Steindachner, 1861 com a grafia “Gobius

(Awaous Val.?) litturatus”. Esse trabalho poderia corresponder à descrição original de Awaous,

então como um subgênero de Gobius, caso o uso do nome do gênero por Valenciennes (1837)

tenha sido proposto em um contexto puramente vernacular (Jordan & Evermann, 1886;

Eschmeyer, 1998). Este trabalho também se constitui na primeira vez que Gobius tajasica é

assinalado ao gênero Awaous, então uma divisão ou subgênero de Gobius.

Bleeker (1874) propôs uma classificação dos gobiídeos com base no número de escamas

e na dentição. Em sua classificação, ele elevou a divisão Awaous ao nível de gênero dentro da

família Еugobii. Bleeker (1874) incluiu 14 espécies em Awaous e selecionou Gobius ocellaris

Broussonet, 1782 como sua espécie-tipo. O gênero foi caracterizado por possuir dentes da

mandíbula e maxila com o mesmo ângulo e sem conexão externa. Bleeker (1874) também

propôs o gênero Platygobius que foi posteriormente sinonimizado em Awaous (Watson, 1992).

Dentre as espécies do gênero Awaous, está Awaous tajasica (Lichtenstein, 1822), objeto

deste estudo. Awaous tajasica incluem peixes de porte médio-pequeno, atingindo 16.2 cm de

comprimento padrão (Kullander, 2003), que vivem em fundos arenosos de rios. São

considerados onívoros, porém mais da metade do seu conteúdo gástrico são algas (Sabino &

Castro, 1991). As estratégias de alimentação são o pastejo e a coleta de substrato, com separação

dos itens alimentares (Sabino & Castro, 1991). Awaous tajasica é uma espécie normalmente

encontrada em rios, porém, ocasionalmente, alguns exemplares são coletados em água salobra

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de córregos intermitentes durante a estação seca, existindo registros de ocorrência, também, em

campos alagados e pântanos marginais ao curso de rios e córregos (Watson, 1996). Awaous

tajasica é uma espécie anfídroma (Myers, 1949; McDowall, 2007).

Essa espécie foi originalmente descrita como Gobius tajasica com base em material

proveniente do Brasil (Lichtenstein 1822), mas seus primeiros registros, embora indisponíveis

nomenclaturalmente, datam da época do Brasil Holandês (Piso & Marcgrave, 1648; Piso, 1658;

Mentzel, 1660; Ferrão & Soares, 1993).

Valenciennes (1837) quando da descrição da divisão Awaous, incluiu Gobius banana

Valenciennes, 1837, procedente de “Santo Domingo”. Valenciennes (1837) não incluiu Gobius

tajasica Lichtenstein, 1822 na divisão Awaous, mas sim na divisão dos Lancetes, que abrigaria

formas que seriam similares à Gobius lanceolatus Bloch, 1783, hoje sinônimo júnior de

Gobionellus oceanicus (Pallas, 1770).

Apesar de Awaous tajasica ser tratada com uma espécie válida, existem incertezas sobre

os seus limites. Por exemplo, ora Awaous banana (Valenciennes, 1837) é considerada um

sinônimo júnior de Awaous tajasica (Lichtenstein, 1822) (e.g. Jordan & Everman, 1896;

Steindachner, 1911), ora é tratada como espécie válida, distinta de A. tajasica (Cuvier &

Valenciennes, 1837; Watson, 1996; Kullander, 2003; van Tassel, 2011).

Não apenas a nomenclatura e a taxonomia de Awaous tajasica e de seu gênero são

confusas. Mesmo a identidade do peixe que hoje corriqueiramente recebe este nome é

controversa, com essa problemática remontando à sua primeira citação na literatura, à época da

ocupação holandesa no Brasil (Piso & Marcgrave,1648; Piso, 1658; Mentzel, 1660; Ferrão &

Soares, 1993). Lichtenstein (1822), quando descreveu Gobius tajasica com base em material

proveniente do Brasil, comparou e identificou a espécie com o peixe denominado “taiasica”

que foi descrito e ilustrado nas obras de Piso & Marcgrave (1648), Piso (1658) e Mentzel

(1660), o que pode sugerir que este exemplar seria um síntipo.

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Lichtenstein (1822), quando descreveu Gobius tajasica, também notou as diferenças entre

o material que tinha em mãos e as ilustrações originais, como as duas nadadeiras dorsais

separadas por um espaço considerável e a nadadeira anal oposta e pouco maior que a segunda

nadadeira dorsal, mas conclui que se tratavam da mesma espécie. Valenciennes (1837) foi o

primeiro a questionar sua identidade, enfatizando que não existiria nenhum gobiídeo com as

proporções apresentadas na figura. Segundo ele, o comprimento da cabeça seria muito grande

e o número de raios exagerado. Além disso, destacou que recebeu indivíduos com o formato da

cabeça similar ao da espécie Gobius lanceolatus, mas com a nadadeira caudal danificada. A

cauda desses exemplares apresentaria formato similar ao da pintura analisada por Lichtenstein

(1822), o que o levou a concluir que na gravura original a nadadeira representada também

estaria danificada e atribuiu a figura à Gobius brasiliensis, sinônimo de Gobioides

broussonnetii Lácepede, 1800.

Para tornar a situação ainda mais intrincada, a descrição de Gobius tajasica de

Lichetenstein (1822) é bastante sumária e seu material-tipo não foi localizado no Museum für

Naturkunde de Berlim (Watson, 1996). Como consequência do aparente sumiço do material-

tipo de Gobius tajasica, Watson (1996), em sua revisão, designou um neótipo (ANSP 84175),

procedente de Russas, no Ceará. Entretanto, Eschmeyer (1998) mencionou que o material-tipo

poderia corresponder ao lote ZMB 2036, mas este lote não foi examinado até o momento.

Watson (1992) realizou um trabalho de revisão do gênero Awaous concluindo que três

subgêneros deveriam ser utilizados, sendo esses Awaous, Chonophorus e Euctenogobius, os

dois últimos anteriormente sinônimos de Awaous.

Em 1996, Watson revisou as três espécies presentes no subgênero Chonophorus, que

inclui Awaous tajasica (Lichtenstein, 1822), estabelecendo seus dois juniores: Euctenogobius

latus O’Shaughnessy, 1875 e Suiboga travassosi Pinto, 1960. Ademais, definiu caracteres

diagnósticos e a área de distribuição dessas espécies.

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Apesar de Awaous tajasica ser predominantemente dulcícola, pelo menos em sua fase

adulta, não raro, aparece em catálogos de espécies marinhas (e.g. Menezes & Figueiredo, 1985;

Menezes, 2003). A real área de distribuição geográfica de A. tajasica também é controversa.

Enquanto alguns trabalhos mais recentes afirmam que a distribuição de A. tajasica se estenderia

desde o sul do estado da Flórida, nos Estados Unidos da América, até o estado de Santa

Catarina, no Brasil (Castro-Aguirre, 1999; Ruiz-Campos, 1999, 2002; Menezes, 2003; van

Tassel, 2011), ocorrendo também em todo o Caribe, outros trabalhos sugerem uma distribuição

menor, restrita ao Brasil, abrangendo desde o estado do Piauí até o estado de Santa Catarina

(Watson, 1996; Kullander, 2003; Lasso-Alcalá & Lasso, 2008). A espécie também está

registrada na costa pacífica, na Baixa Califórnia, na costa oeste do México (Ruiz-Campos,

1999, 2002), sugerindo uma possível migração pelo Istmo do Panamá.

A ampla área de distribuição de Awaous tajasica estaria provavelmente relacionada ao

hábito anfídromo (Myers, 1949; McDowall, 2007). Espécies anfídromas são caracterizadas pela

migração entre a água doce e a água salgada por motivo outro que não o reprodutivo (Myers,

1949). No caso das espécies de Awaous, essa migração se daria por razões tróficas (Radtke et

al., 1988, Chubb et al., 1998; Thacker, 2013). Os adultos depositam seus ovos nos rios,

posteriormente as larvas se dirigem à água salgada onde permanecem como parte do plâncton.

Em seguida, as larvas retornam à água doce para residir definitivamente ao longo da fase adulta

(Radtke et al., 1988, Chubb et al., 1998; Thacker, 2013). Entretanto, essa hipótese de ampla

distribuição somente pode ser corroborada por meio de uma análise taxonômica detalhada que,

de fato, indique que as diversas amostras atribuídas à A. tajasica provenientes de amplas

extensões geográficas se tratem da mesma espécie. Investigando a possibilidade de alguns

registros de ocorrência desta espécie estarem, na verdade, condicionados a equívocos na

identificação.

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Uma análise prévia dos caracteres diagnósticos de A. tajasica (Watson, 1996) mostrou

que estes não são totalmente confiáveis. Além disso, nada se sabe sobre as relações filogenéticas

entre as espécies do gênero Awaous e muito pouco sobre as características do esqueleto de A.

tajasica, que frequentemente subsidiam tais estudos filogenéticos. As poucas ilustrações

conhecidas são de partes do crânio, do arco branquial e do esqueleto caudal que foram

apresentadas por Caires (2012). Dessa forma, uma descrição osteológica desta espécie seria

muito bem-vinda, pois proveria possíveis caracteres para análises filogenéticas futuras.

II. OBJETIVOS

Diante dos problemas acima descritos referentes ao peixe gobiídeo Awaous tajasica,

os seguintes objetivos foram delineados:

• Determinar a identidade do peixe que é correntemente identificado como Awaous

tajasica.

• Determinar a composição da série-tipo de Gobius tajasica e sua localização.

• Determinar o gênero válido para Gobius tajasica.

• Diagnosticar e redescrever Awaous tajasica, comparando-a com outras espécies do

mesmo gênero semelhantes e geograficamente próximas.

• Delimitar a real área de ocorrência de Awaous tajasica.

• Fazer uma descrição do esqueleto de Awaous tajasica.

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III. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Material examinado

O material analisado provém exclusivamente de coleções científicas. O critério adotado

para escolha do material foi principalmente geográfico. A seleção inicial dos espécimes foi feita

por meio de bancos de dados online de coleções científicas a partir da ferramenta de busca

speciesLink (http://splink.cria.org.br/).

Os exemplares foram solicitados de modo a permitir um estudo de populações

geograficamente distantes, objetivando analisar semelhanças e diferenças entre os indivíduos

na busca por possíveis caracteres de valor taxonômico.

Além do material depositado no Laboratório de Ictiologia de Ribeirão Preto (LIRP),

também foi requisitado empréstimo de outras instituições, cujos acrônimos institucionais estão

entre parênteses: Academy of Natural Sciences of Drexel University, Philadelphia (ANSP),

Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), Museu de Ciências e Tecnologia

da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (MCP), Universidade Federal do Rio

Grande do Sul (UFRGS), Museu Nacional (MNRJ), Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG),

Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Universidade Federal do Tocantins (UNT) e

Universidade de Costa Rica (UCR). Este material abarca grande parte da área de distribuição

da espécie que é referida na literatura. O material de Awaous tajasica está listado na própria

seção dedicada à espécie.

Também foram solicitados empréstimos de outras espécies do gênero Awaous. Dentre os

empréstimos recebidos, foram obtidos exemplares de Awaous banana (Valenciennes, 1837),

Awaous flavus (Valenciennes, 1837). Os detalhes das informações contidas nos lotes obtidos

por empréstimo do material comparativo estão apresentados no Anexo.

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3.2 Dados morfométricos e merísticos

Os dados morfométricos e merísticos foram obtidos a partir da análise de espécimes

preservados em álcool 70% e tomados do lado esquerdo do peixe, exceto quando esse se

encontrava danificado. As observações foram realizadas com o auxílio de um

estereomicroscópio Leica, modelo MZ16-DFC295. As contagens e medidas seguem Akihito

(1984), Watson (1992, 1996) e Caires (2012). As medidas foram realizadas com o auxílio de

um paquímetro digital com precisão de 0,1 mm e foram tomadas ponto a ponto. Um

detalhamento maior das medidas realizadas pode ser observado na Figura 1 e na Tabela 1. As

medidas foram expressas como porcentagens do comprimento padrão, exceto aquelas tomadas

de regiões da cabeça, que foram transformadas em porcentagens do comprimento da cabeça.

Medidas de subunidades das nadadeiras pélvicas também foram expressas como porcentagens

de seu comprimento.

Foram considerados, nas tabelas de A. tajasica e A. banana, apenas indivíduos com

comprimento padrão igual ou superior a cinco centímetros. Esse limite foi estabelecido porque

indivíduos com comprimento padrão igual ou superior a cinco centímetros apresentavam o

padrão de colorido em manchas, um indicativo de que não eram mais juvenis. Apesar de um

prejuízo amostral, essa alternativa torna as comparações mais confiáveis, visto que a taxa de

crescimento da cabeça e do restante do corpo varia conforme o grau de desenvolvimento do

animal, tendendo a se estabilizar em estágios posteriores do desenvolvimento.

No intuito de verificar a presença de variação morfométricas associada à latitude, de

modo que se pudesse verificar a possibilidade da existência de grupos dentro de A. tajasica foi

realizada uma Análise de Componentes Principais (ACP), de caráter exploratório. Para isso, foi

utilizado o programa computacional Statistica 13 para os espécimes identificados como A.

tajasica, sendo consideradas as medidas lineares de 15 das 25 estruturas apresentadas na Tabela

1, a exceção são as seguintes medidas: comprimento padrão, comprimento da cabeça,

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comprimento da nadadeira pélvica, distância entre os olhos, altura do corpo, comprimento do

pedúnculo caudal, largura das nadadeiras pélvicas, comprimento do freno das nadadeiras

pélvicas, distância entre os espinhos das nadadeiras pélvicas e largura das nadadeiras pélvicas.

Estas medidas foram excluídas por não apresentarem as premissas exigidas pela Análise de

Componentes Principais.

Para os dados merísticos, foram realizadas contagens de raios das nadadeiras, de escamas

e de elementos osteológicos. Nos dados merísticos, foram discriminados o número de raios

rígidos, transformados em espinhos, representado por algarismos romanos e o número de raios

flexíveis, representado por algarismos arábicos.

Os dois últimos raios da segunda nadadeira dorsal e da nadadeira anal estão inseridos

muito proximamente, embora tenham sido considerados erroneamente como sendo um raio

único ramificado na base por Akihito (1984). Por esta razão, foram contados separadamente.

Para a contagem de escamas tomou-se como base o trabalho de Akihito (1984), que tentou

padronizar uma metodologia específica para tomada de caracteres merísticos dos membros da

família Gobiidae. Tais contagens são realizadas na região pré-dorsal, longitudinal e transversal

(sensu Akihito, 1984). Também foram incluídas outras contagens, tomadas na margem dorsal,

ventral e na região circumpeduncular dos exemplares (Caires, 2012). A contagem de escamas

na região pré-dorsal é problemática. As escamas dessa região, quando presentes nos exemplares

de A. tajasica e A. banana, não apresentam disposição linear, o que torna a contagem de

escamas nessa região um tanto imprecisa. Por esta razão, esta contagem não foi realizada. A

contagem de escamas ao longo do corpo no sentido longitudinal se inicia na borda posterior do

opérculo e se encerra na base dos raios da nadadeira caudal (Akihito, 1984). Por ser realizada

desde a borda posterior do opérculo, essa contagem inclui escamas localizadas na região pré-

dorsal, o que também dificulta sua contagem. Assim, para a realização desse estudo, a contagem

de escamas na região longitudinal foi considerada a partir da vertical traçada desde a base de

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implantação do primeiro raio da primeira nadadeira dorsal, como forma de eliminar os ruídos

da análise. A forma como as contagens foram realizadas se encontra detalhada na Tabela 2.

O conceito de espécie adotado no presente trabalho concorda com Nelson & Platnick

(1981), que define espécie como sendo uma entidade representada pela menor amostra de

indivíduos passível de delimitação por uma série de caracteres diagnosticáveis. (Nelson &

Platnick, 1981; de Queiroz, 2007).

3.3 Estudo do esqueleto

Para análise do esqueleto de Awaous tajasica, espécimes foram radiografados por meio

do sistema digital Faxitron, modelo LX-60-DC12, disponível no Laboratório de Ictiologia de

Ribeirão Preto. As radiografias permitiram efetuar contagens de vértebras, costelas, raios das

nadadeiras (incluindo procorrentes) e padrão de ramificação dos raios, além de identificar a

origem e término das nadadeiras dorsal e anal, por meio da referência do local de inserção da

extremidade dos pterigióforos entre os espinhos neurais e hemais das vértebras

correspondentes. As vértebras contadas foram discriminadas em torácicas e abdominais, sendo

consideradas torácicas aquelas que apresentaram os arcos hemais abertos, geralmente

associados às costelas, e abdominais aquelas com arcos hemais fechados, formando um espinho

hemal.

Outra técnica empregada para o estudo da anatomia interna dos exemplares foi a

diafanização. Essa técnica permite preparações de espécimes articulados com tecidos ósseos e

conjuntivos corados diferencialmente. Os exemplares foram diafanizados seguindo o protocolo

de dupla coloração de Taylor & van Dyke (1985).

Os exemplares diafanizados são pertencentes aos lotes LIRP 5745 e LIRP 549. Ademais

também foi preparado um exemplar juvenil, pertencente ao lote LIRP 1074, com intuito de

facilitar a visualização das cartilagens.

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Após submetidos ao procedimento de diafanização, os indivíduos foram dissecados de

acordo com Kindermann et al. (2007) e Miller (1973) e, em seguida, fotografados em

estereomicroscópio Leica, modelo MZ16-DFC295, com câmera fotográfica digital acoplada. A

partir de uma análise das fotografias, foram confeccionados desenhos, realizados com o auxílio

de uma mesa digitalizadora Wacom, modelo Bamboo Pen CTL-470, e do programa

computacional Adobe Illustrator CS6.

Nas ilustrações, os elementos retratados com círculos internos correspondem às

cartilagens, enquanto elementos lisos representam os ossos. As fossas foram representadas com

linhas paralelas.

Foi realizada uma comparação entre os elementos do esqueleto descritos ao longo da

análise osteológica e os elementos considerados diagnósticos em nível de ordem (sensu Nelson,

2016), e em nível de família (sensu Gill & Mooi, 2012).

A terminologia do esqueleto seguiu Akihito (1969), Birdsong (1988), Harrison (1989),

Kinderman et al. (2015) e (Caires, 2012). A terminologia do canal látero sensorial segue

Akihito (1984).

A lista contendo as abreviações dos elementos do esqueleto utilizadas neste trabalho é

apresentada na página a seguir.

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a: região anterior ang: porção angular do anguloarticular art: porção articular do ângulo articular bb: basibranquiais bh: basi-hial bo: basioccipital bpt: basepterígio cb: ceratobranquiais cap: cabeça articular proximal ch1: cerato-hial anterior ch2: cerato-hial posterior cia: cartilagem interarcual cic: cartilagem intercleitral cle: cleitro cm: cartilagem de Meckel co: canal oculoscapular cor: coracóide cos: costela cpd: cartilagem procurrente dorsal cpv: cartilagem procurrente ventral cr: cartilagem rostral csd: espaço do canal semicircular dorsal csl: espaço do canal semicircular lateral d: região dorsal den: dentário eb: epibranquiais ecp: ectopterigóide eh: espinho hemal el: etmóide lateral en: espinho neural epi: epiótico ep: epural esf: esfenótico esc: escápula esp: espinho exo: exoccipital fac: forâmen da artéria carótida fb: faringo branquiais fr:frontal fos: fossa subtemporal hb: hipobranquiais hhd: hipo-hial dorsal hhv: hipo-hial ventral

hio: hiomandibular hip: hipurais ih: interhial int: intercalar iop: interopérculo lac: lacrimal lm: lamina medial mes: mesetmóide mtp: metapterigóide mx: maxilar na: nasal op: opérculo pal: palatino par: processo articular parh: par-hipural pcv: processo ventral pmx: pré maxilar plt: processo lateral triangular post: pós-temporal pop: pré-opérculo pro: proótico psf: parasfenóide pte: pterígio pter: pterótico qua: quadrado rad: radial distal rap: radial proximal rm: radial medial rr: raio não ramificado rb: raios branquiostégios scl: supracleitro so: supraoccipital sop: sub-opérculo sim: simplético ur: uróstilo urh: urohial ucp: último centro pré-caudal vo: vômer I: forâmen do nervo olfatório V: forâmen do nervo trigêmeo VII: forâmen do nervo vestibulococlearis X: forâmen do nervo vago

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IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. O gênero válido para Gobius tajasica Lichtenstein, 1822

A autoria do gênero Awaous por Valenciennes (1837), que atualmente abriga Gobius

tajasica Lichtenstein (1822), foi colocada em dúvida por Jordan & Evermann (1886), por

acreditarem que se trataria de uma simples menção a um nome vulgar, em linguagem

corriqueira em francês e não de uma descrição formal de um táxon novo. Steindachner (1861),

ao reconhecer o valor do uso divisões dentro do grupo com sugerido por Valenciennes (1837),

descreveu uma nova espécie do gênero Gobius dentro da divisão Awaous, como um subgênero:

“Gobius (Awaous Val.?) litturatus”. O uso de um ponto de interrogação logo após o nome de

Valeciennes indica que mesmo Steindachner tinha dúvidas quanto ao fato daquele autor ter

utilizado o nome Awaous em um contexto informal ou se o teria proposto com intenção de

nomear cientificamente um grupo de organismos. Esse trabalho poderia corresponder à

descrição original de Awaous, então como um subgênero de Gobius, caso o uso do nome do

gênero por Valenciennes (1837) tenha sido proposto em um contexto puramente vernacular

(Jordan & Evermann, 1886; Eschmeyer, 1998).

Se a menção a Awaous de Valenciennes (1837) for considerada um uso vernacular e,

portanto, sem valor nomenclatural, Steindachner (1861) passaria a ser o autor do gênero

Awaous. No entanto, esta mudança do autor e data de autoria do gênero, o tornaria sinônimo

júnior ao menos de Chonophorus Poey (1860), que tem como espécie-tipo Chonophorus

bucculentus Poey (1860), por monotipia (hoje considerado um sinônimo júnior de Gobius

banana Valenciennes (1837) - Watson, 1996). De fato, a espécie em estudo já foi utilizada na

combinação Chonophorus tajasica, inclusive em tempos recentes (e.g. Jordan & Eigenmann,

1886; Begossi & Ramires, 2013).

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Todavia, o fato é que o International Code of Zoological Nomenclature (Anônimo, 1999,

2016) não dispõe sobre como discriminar se um nome foi utilizado com um propósito científico

ou como um nome vulgar, vernacular. O fato do nome ter sido utilizado por Valenciennes

(1837) na forma Awaous, a mesma utilizada por Steindachner (1861), e por não se tratar de uma

palavra que faça parte da língua francesa, sendo este nome derivado, na verdade, da palavra

“awao”, um termo que é aplicado na Polinésia Francesa para peixes gobiídeos (Watson, 1992),

são indicadores que não se trata de um termo coloquial francês. Como o nome Awaous foi

proposto explicitamente para denominar uma divisão de um gênero de animais (Gobius), não

há razão para não considerar a aplicação de Valenciennes (1837) como o primeiro nome

disponível e válido para este gênero.

4.2 Material-tipo de Gobius tajasica

Lichtenstein (1822), na sua descrição original de Gobius tajasica, mencionou

genericamente que a mesma se baseava em “uma espécie do gênero Gobius recentemente

chegada do Brasil”. Todavia, menciona que o tamanho da espécie varia de “6-7 polegadas de

comprimento”, o que permite inferir que talvez existissem dois ou mais síntipos. Considerando

a origem de Lichtenstein, este material deveria estar tombado no Zoologisches Museum der

Friedrich-Wilhelms-Universität zu Berlin, atualmente Museum für Naturkunde de Berlim.

Watson (1996), alegando que o material-tipo de Gobius tajasica estaria perdido, designou um

neótipo (ANSP 84175), proveniente de Russas, Ceará, no Brasil. Eschmeyer (1998) sugeriu que

um síntipo de Gobius tajasica poderia existir, correspondendo ao lote ZMB 2036. Entretanto,

este lote contém atualmente dois indivíduos de Gobius cruentatus Gmelin (1789), coletados no

Mediterrâneo (Peter Bartsch, com. Pess.). Uma análise dos exemplares radiografados desse lote

permite confirmar que não se trata de Awaous tajasica em função da fórmula de pterigóforos

da primeira nadadeira dorsal (2211) (vs. 1221 em A. tajasica). Como no registro original do

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lote ZMB 2036 são mencionados 3 exemplares, e apenas 2 foram encontrados, é possível que

o exemplar desaparecido se trate do exemplar mencionado por Eschmeyer (1998), que pode ter

sido removido pelo antigo curador de peixes do ZMB, Hans-Joachim Paepcke (Peter Bartsch,

com. Pess.). O curador de peixes atual do ZMB, Peter Bartsch, está investigando esta

possibilidade. Caso esse exemplar se revele o síntipo de Gobius tajasica, a ação de Watson

(1996) em designar o neótipo para espécie, deve ser considerada inválida.

Lichteinstein (1822) mencionou que as gravuras do peixe “tajasica” das obras de Piso &

Marcgrave (1648), Piso (1658) e Mentzel (1660) eram flagrantemente diferentes entre si. O

autor reconheceu, entretanto, que a pintura original publicada em Mentzel (1660) seria

correspondente à mesma espécie que ele tinha em mãos para sua descrição de Gobius tajasica

(Lichtenstein, 1822). Entretanto, o espécime representado naquelas obras não faz parte da série-

tipo da espécie pois trata-se apenas de uma referência àquelas obras, e toda descrição de G.

tajasica é baseada apenas nos indivíduos que ele tinha em mãos.

4.3 Identidade de Awaous tajasica

Conforme anunciado na Introdução deste trabalho, a identidade do peixe usualmente

chamado de Awaous tajasica é controversa, com sua problemática remontando a época da

ocupação holandesa no Brasil. No intuito de tentar esclarecer as confusões sobre a identidade

deste peixe, é feito abaixo um retrospecto histórico.

O período de 1630 a 1654 foi marcado pela presença holandesa no nordeste brasileiro.

No ano de 1637 chegou ao Brasil a comitiva de Johan Maurits van Nassau-Siegen, conhecido

posteriormente como Maurício de Nassau, então nomeado governador da província de

Pernambuco (Ihering, 1914; Albertin, 1985; Françozo, 2010).

Em sua comitiva estavam presentes Albert Eckhout, um brilhante ilustrador da natureza

brasileira, Franz Post, outro grande artista, Willem Pies (posteriormente conhecido como

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Guilherme Piso, em português), um médico e naturalista, e seu ajudante George Marcgrave, um

jovem naturalista e astrônomo (Françozo, 2010) tido como prodígio nos meios acadêmicos

(Ihering, 1914; Albertin, 1985).

Durante a sua estadia, os pesquisadores e naturalistas da comitiva de Nassau se

empenharam em documentar a fauna e flora brasileira, além de executarem um estudo detalhado

dos habitantes das índias ocidentais (Ihering, 1914, Ihering; Albertin, 1985; Françozo, 2010).

Marcgrave também se empenhou em desenhar mapas topográficos completos da região, o que,

naturalmente, chamou a atenção do conde de Nassau que, além de se tornar amigo do

naturalista, também construiu um observatório para que o jovem também pudesse se empenhar

nos seus estudos astronômicos (Albertin, 1985).

Infelizmente, o desfecho da história não reflete a beleza das terras documentadas.

Marcgrave e Piso se desentenderam e foi o fim de uma longa parceria entre os pesquisadores

(Ihering, 1914, Albertin, 1985, Boeseman, 1990, Françozo, 2010). Em virtude de sua

desconfiança em relação à Piso, Marcgrave criptografou seus manuscritos e, juntamente com

as ilustrações, a Maurício de Nassau, sendo posteriormente enviado à Angola, país de seu

falecimento (Ihering, 1914; Albertin, 1985; Boeseman, 1990; Françozo, 2010).

Maurício de Nassau entregou a obra de Marcgrave à Johannes de Laet, na época diretor

da companhia das índias ocidentais (Françozo, 2010). De Laet então decodificou os textos a

partir da chave que Marcgrave também confiou a Nassau (secundum alphabetum secreto

relictum) e, no ano de 1648, publicou uma obra com o conteúdo dos escritos, o livro intitulado

Historia Naturalis Brasiliae.

Em seu prefácio, De Laet deixa claro que recebeu os originais de Maurício de Nassau, de

maneira desordenada, e que o mesmo atribuiu as imagens às descrições à sua maneira (Piso &

Marcgrave, 1648). Posteriormente, as pinturas a óleo originais foram reunidas e organizadas

em uma coleção composta por quatro volumes denominada Theatrum Rerum Naturalium

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Brasiliae, por Christian Mentzel (1660), médico pessoal de Friedrich-Wilhelm, Eleitor de

Brandemburgo, que organizou as pinturas em quatro volumes (Ferrão & Soares, 1993). As

pinturas destes volumes foram incorporadas, em seguida, a uma coleção maior, que já contava

com 134 volumes, denominada Libri Picturati, ocupando o espaço dos volumes 32-35 (A 32-

35) (Albertin, 1985; Whitehead, 1976; Boeseman, 1990; Françozo, 2010). A coleção Libri

Picturati foi então doada por Maurício de Nassau para Friedrich-Wilhelm, sendo então

depositada, sucessivamente, na Biblioteca do Eleitor, na Biblioteca Real e, finalmente, na

Biblioteca Estadual Prussiana, na atual Alemanha (Ihering, 1914; Whitehead, 1976; Ferrão &

Soares, 1993). Porém, em função da segunda guerra mundial, a obra se perdeu (Whitehead,

1976).

Essa coleção percorreu um longo caminho, e a última localidade relatada foi um mosteiro

beneditino que havia sido incendiado. Felizmente essas ilustrações foram recuperadas, tendo

sido transportadas por carretas do exército polonês em 1947 até a biblioteca Jaguelônica, em

Cracóvia, na Polônia (Albertin, 1985; Ramón-Laca, 2001; Françozo, 2010). A preservação

destas imagens se deu provavelmente porque estavam acondicionadas junto a alguns

manuscritos orientais, às partituras originais da Sétima, Oitava e Nona Sinfonia de Beethoven,

a Sinfonia Júpiter e os atos 3 e 4 do Casamento de Fígaro, de autoria de Mozart, além de alguns

esboços da Oitava e Nona Sinfonia de Brücker (Whitehead, 1976).

A xilogravura de “tajasica” da obra Historia Naturalis Brasiliae (Piso & Marcgrave,

1648; Figura 5B) foi baseada em uma pintura à óleo (pr. 26) de um peixe anotado como

“T’áyaçica” que aparece no Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae (Figura 5A). A pintura que

supostamente originou a xilogravura difere desta em vários aspectos, indicando que a

xilogravura foi alterada na obra Historia Naturalis Brasiliae (Piso & Marcgrave, 1648; Ferrão

& Soares, 1993).

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Segundo Albertin (1985), a autoria da maioria das aquarelas originais se deve

provavelmente à Albert Eckhout. Entretanto, percebe-se que esse desenho em particular, assim

como alguns outros, se trata de uma reprodução muito menos fidedigna, artisticamente mais

grosseira, feita em um estilo completamente diferente das demais pinturas da obra, com os

limites do corpo do peixe e de suas nadadeiras definidos por linhas pretas e com colorido do

corpo mais homogêneo, com técnica muito primitiva para expressar profundidade.

Por outro lado a expressiva maioria das pinturas dos peixes que constam do Theatrum são

notavelmente mais fiéis, permitindo sua pronta identificação. Além disso, existem diferenças

notáveis entre a pintura original e a xilogravura correspondente (Figuras 5A e 5B), com

destaque para as nadadeiras dorsais, que são separadas na pintura do Theatrum (vs. unidas na

xilogravura da Historia Naturalis Brasiliae), para o comprimento da nadadeira anal, que é

muito menor na pintura do Theatrum, com sua origem na vertical pelo espaço entre as duas

nadadeiras dorsais, bem posterior à base da primeira nadadeira dorsal (vs. nadadeira anal bem

mais longa, com sua origem atingindo a vertical traçada pela metade posterior da base da

primeira nadadeira dorsal na xilogravura da Historia Naturalis Brasiliae) e extremidade da

nadadeira caudal não ilustrada (vs. ilustrada com a forma emarginada na xilogravura da Historia

Naturalis Brasiliae).

Na introdução do primeiro tomo do Theatrum (Ferrão & Soares, 1993), é esclarecido que

algumas das pinturas foram feitas posteriormente, seguindo as descrições de Marcgrave. Isso

pode explicar a disparidade entre aquelas ilustrações e o peixe correntemente identificado como

A. tajasica. Acreditamos que a pintura que baseou a xilogravura foi feita posteriormente, após

a viagem de Piso e Marcgrave. Entretanto, detalhes da descrição e da ilustração da “taiasica”

de Piso & Marcgrave (1648), como o formato da cabeça, posição dos olhos, o padrão de

colorido e o micro-hábitat, descrito como fundo arenoso, permitem identificá-la como sendo de

fato Awaous tajasica.

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Essas ilustrações foram posteriormente analisadas por Lichtenstein (1822), quando da

descrição original de Gobius tajasica. O autor comparou exemplares da coleção do museu de

Berlim com a pintura e concluiu que o peixe que tinha em mãos coincidia com o peixe na

imagem. A descrição de Lichtenstein é muito sumária. O autor compara o material que tinha

em mãos às três representações encontradas na literatura da época. Sendo essas pertencentes à

pintura original (Figura 5A), à xilogravura presente no livro de Piso & Marcgrave (1648)

(Figura 5B) e à xilogravura presente no livro Indiae Utriuske re Naturali et medica (Piso, 1658)

(Figura 5C) (Lichtenstein, 1822). O autor aponta a diferença clara entre a pintura à óleo e as

xilogravuras, principalmente no que se refere à distância entre as duas dorsais e ao fato de que

a nadadeira anal seria oposta e pouco maior que a segunda nadadeira dorsal. Apesar de não

citada na descrição de Lichtenstein existe outra representação da prancha “taiasica” no livro de

Johan Johnston & Marcgrave, de 1657 (Figura 5D).

4.4 Taxonomia e distribuição geográfica de Awaous tajasica

4.4.1 Tratamento taxonômico de Awaous tajasica

Awaous tajasica (Lichtenstein, 1822)

Gobius tajasica Lichtenstein, 1822 (localidade-tipo - Brasil).

Euctenogobius latus O'Shaughnessy, 1875 [localidade-tipo - Bahia, Brasil, erroneamente referenciada como sendo Amazônia em Watson, 1996].

Suiboga travassosi Pinto, 1960 [localidade-tipo - Rio Pituaçu, Salvador, Bahia, Brasil].

Material-tipo : ANSP 84175, neótipo de Gobius tajasica (não examinado), designado por

Watson (1996) [síntipo de Gobius tajasica talvez ZMB 2036 (não localizado)]; BMNH

1862.11.23.42, holótipo de Euctenogobius latus O'Shaughnessy, 1875 (não examinado); MNRJ

6196, holótipo de Suiboga travassosi Pinto, 1960 (não examinado).

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Material examinado: UFRGS 16019, 2, 35,3-46,5 mm CP, Rio Mampituba em Vila

Lothhammer, Vila São João, Santa Catarina, Brasil. UFRGS 16057, 2, 22,3-24,8 mm CP,

Pirataba I., Vila São João, Rio Grande do Sul, Brasil. UFRGS 17055, 1, 126,1 mm CP, Rio

Ladim, na BR-101 junto à ponte no Km 28, afl. baixo Rio Vaza Barris, Muribeca, Sergipe,

Brasil. UFRGS 17089, 2 96,3-99,4 mm CP, Rio Banhado na BR 101, junto a ponte, Itaporanga

d'Ajuda, Sergipe, Brasil. MCP 15266, 1, 133,8 mm CP, arroio desembocando diretamente no

mar, Praia do Pinhal, Cidreira, Rio Grande do Sul, Brasil. MCP 17858, 1, 33,6 mm CP, Rio

Bamburral (afl. do Rio São Mateus), na estrada ES-130 entre Nova Vanecia e São Mateus,

Espírito Santo, Brasil. MCP 42069, 1, 112,1 mm CP, Rio Pequeno, Linhares, Espírito Santo,

Brasil. MCP 17853, 2, 99,9-168,8 mm CP, Rio Itanhém, no corredor iniciando na estrada entre

Teixeira de Freitas e Medeiros Neto, a 17 km da BR-101, Teixeira de Freitas, Bahia, Brasil.

MCP 30931, 1, 96,7 mm CP, Rio Barreiro na estrada BR 101 entre Pilar e São Miguel dos

Campos (afluente Rio Sumauma -> Lagoa Mamguaba). São Miguel dos Campos, Alagoas,

Brasil. LIRP 480, 4, 44,7-102,2 mm CP, Rio Perequê, Itapema, Santa Catarina, Brasil. LIRP

7687, 2, 37,5-82,4 mm CP, Rio Itamambuca, sob a ponte da BR-101, Ubatuba, São Paulo,

Brasil. LIRP 543, 11, 29,5-49,2 mm CP, Rio Indaiá, Ubatuba, São Paulo, Brasil. LIRP 1022,

1, 69,6 mm CP, Rio da Fazenda, Parque Estadual da Serra do Mar - Núcleo Picinguaba,

Ubatuba, São Paulo, Brasil. LIRP 1031, 1, 37,2 mm CP, Rio da Fazenda, núcleo Picinguaba,

Ubatuba, São Paulo, Brasil. LIRP 1045, 2, 36,7-62,9 mm CP, Rio da Fazenda, núcleo

Picinguaba, Ubatuba, São Paulo, Brasil. LIRP 5745, 3, 97,9-73,9 mm CP, Rio Paúba, São

Sebastião, São Paulo, Brasil. LIRP 10956, 1, 39 mm CP, Rio Perequê-mirim, Bertioga, Estado

de São Paulo, Brasil. LIRP 12193, 1, 46,6 mm CP, Rio Cumburu; afluente do Rio Juqueriquerê,

Caraguatatuba, São Paulo, Brasil. LIRP 549, 2, 65,9-83,6 mm CP, Rio Pedra Branca, faz.

Muricana, Perequê-Açu, Parati, Rio de Janeiro, Brasil. LIRP 567, 3, 40,1-49,7 mm CP, Rio

Muricana, faz. Muricana, Perequê-Açu, Parati, Rio de Janeiro, Brasil. LIRP 6848, 1, 106,1 mm

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CP, Rio Itabapoana, Bom Jesus do Itabapoana, Rio de Janeiro, Brasil. MZUSP 111193, 1, 106

mm CP, drenagem sudeste, Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. MZUSP1605, 1, 125,8 mm

CP, Cubatão, São Paulo, Brasil. MZUSP 53340, 2, 67,2-50,9 mm CP, Rio Capinzal, Cananéia,

São Paulo, Brasil. MZUSP 54170, 1, 96,5 mm CP, Rio Boiçucanga, São Sebastião, São Paulo,

Brasil. MZUSP 66629, 2, 90,6-90,8 mm CP, Rio Indaiá, junto à estrada Rio-Santos, Ubatuba,

São Paulo, Brasil. MZUSP 73340, 3, 64,9-89,4, Rio Piavu, São Sebastião, São Paulo Brasil.

MZUSP 74340, 1, 81,4 mm CP, Rio Piavu, Camburi, São Sebastião, São Paulo, Brasil.

MZUSP 107461, 1, 60,7 mm CP, Ubatuba, drenagem sudeste, São Paulo, Brasil. MZUSP

113753, 1, 90,5 mm CP, Intanhaém, Drenagem costeira, São Paulo, Brasil. MZUSP 114804,

1, 112,8 mm CP, Peruíbe drenagem costeira, São Paulo, Brasil. MZUSP 10319, 1, 124,4 mm

CP, Rio Paraíba, São João da Barra, Rio de Janeiro, Brasil. MZUSP 26742, 2, 77,1-92,9 mm

CP, Cabeceira do Rio Guapiaçu, Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro, Brasil. MZUSP

100849, 1, 150,4 mm CP, Rio Grande, Trajano de Morais, Rio de Janeiro, Brasil. MZUSP

111241, 1, 130,3 mm CP, Rio das Almas, Nilo Peçanha, drenagem leste, Bahia, Brasil. MZUSP

112714, 1, 98,5 mm CP, Taperoá, drenagem leste, Bahia, Brasil. MZUSP 66634, 1, 92,8 mm

CP, Rio dos Remédios, Maceió, Alagoas, Brasil. MZUSP 51745, 1, 113,5 mm CP, Rio São

Francisco, no porto da balsa, Santana do São Francisco, Sergipe, Brasil, MNRJ 14771, 1, 139,3

mm CP, Rio Novo, Cataguases, Minas Gerais, Brasil. MNRJ 22941, 2, 70,9-92,2 mm CP, Rio

Limoeiro, Itagimirim, Bahia, Brasil. UNT 9259, 3, 95,1-131 mm CP, Rio Almada na vila de

Castelo Novo, Ilhéus, Bahia, Brasil. UNT 9498, 1, 106,9 mm CP, Rio Gongogi., Gongogi,

Bahia, Brasil. UNT 10384, 1, 16,7 mm CP, Rio Almada, Ilhéus, Bahia, Brasil. UNT 10418, 1,

120,8 mm CP, Rio Almada em Castelo Novo, Ilhéus, Bahia, Brasil . UFPB 3430, 1, 67,6 mm

CP, Complexo Estuarino Mundaú-Manguaba, Maceió, Alagoas, Brasil. UFPB 4104, 1, 75,1

mm CP, Rio Paraíba do Norte, Itabaiana, Paraíba, Brasil. UFPB 4151, 1, 120,8 mm CP, Rio

Paraíba do Norte, Paraíba, Brasil. UFPB 4525, 4, 120,1-148,4 mm CP, Rio Angelim, Bacia do

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22

Rio Mamanguape, Areia, Paraíba, Brasil. UFPB 5737, 1, 122,3 mm CP, Jusante do Açude

Cacimba da Várzea, Cacimba de Dentro, Paraíba, Brasil. UFPB 9336, 1, 43,1 mm CP, Rio

Popocas, Alhandra, Paraíba, Brasil. UFPB 9359, 1, 107,3 mm CP, Rio Cupissura, Alhandra,

Paraíba, Brasil. UFPB 9360, 1, 106,9 mm CP, Rio Cupissura, Alhandra, Paraíba Brasil. UFPB

10028, 1, 68,8 mm CP, riacho inominado, afluente do Rio Cruxati, Itapipoca, Ceará, Brasil.

ANSP 174255, 1, 134 mm CP, Rio Itapemirim, ponte sobre a BR-101, Rio Novo do Sul.

Espírito Santo, Brasil. ANSP 174254, 1, 107,3 mm CP, Rio Caraiva, próximo à BR-101, Monte

Pascoal. Bahia, Brasil. ANSP 84174, 1, 95,3 mm CP, Rio Choró, Ceará, Brasil. ANSP 84176,

103,8-145,2 mm CP, Fortaleza, Ceará, Brasil.

Diagnose: Awaous tajasica difere de Awaous flavus por apresentar canal oculoscapular

posterior contínuo entre os poros H e K (vs. descontínuo em A. flavus), coloração caracterizada

por manchas irregulares ao longo do comprimento do corpo (vs. colorido corporal caracterizado

por barras verticais em A. flavus) e maior comprimento padrão, atingindo 168,8 mm CP (Tabela

3) (vs. até 84,0 mm CP em A. flavus - Tabela 5). Awaous tajasica difere de A. banana por

apresentar as seguintes características: poro F do canal oculoscapular anterior simples (Figura

3A) (vs. poro F do canal oculoscapular anterior duplicado em A. banana - Figura 3B); escamas

na região entre os espinhos das nadadeiras pélvicas ausentes (Figura 4A) (vs. escamas na região

entre os espinhos das nadadeiras pélvicas presentes em A. banana - Figura 4B); 13-18 escamas

na série transversal (Tabela 6) (vs. 16-26 em A. banana - Tabela 7); 34-58 escamas na série

longitudinal (Tabela 6) (vs. 52-66 em A. banana - Tabela 7).

Descrição: Formato geral do corpo é apresentado na Figura 2. Corpo relativamente

alongado, diminuição da altura do corpo posteriormente. Circular na região pré-dorsal,

gradualmente comprimida posteriormente. Perfil lateral pouco convexo na região anterior,

gradualmente se tornando quase ortogonal na região posterior. Pedúnculo caudal mais baixo e

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comprimido, quando comparado a região anterior do corpo. Em vista dorsal, a região pré-dorsal,

tomada entre a base de implantação do primeiro raio da primeira nadadeira dorsal e a borda

anterior do opérculo, apresenta uma forma convexa. É possível diferenciar uma protuberância

de formato elipsoide, no centro dessa região, se estendendo desde a região anterior do primeiro

raio da primeira nadadeira dorsal até a região mediana do osso supraoccipital. As escamas da

região pré-dorsal, quando presentes, apresentam menor tamanho se comparadas às escamas

localizadas na região delimitada entre vertical traçada a partir do primeiro raio da primeira

dorsal e a base de implantação dos raios da nadadeira caudal, tamanho das escamas não aumenta

progressivamente ao longo do comprimento do corpo, mantido desde o início da primeira

nadadeira dorsal até o final do pedúnculo caudal. Região posterior ao primeiro raio da primeira

nadadeira dorsal também caracterizada por uma forma convexa região anterior que mostra uma

perda gradual e progressiva da curvatura quando aproximada ao pedúnculo caudal. Vista dorsal

da cabeça apresenta uma curvatura convexa contínua ao perfil dorsal da base do tronco. Perfil

ventral da cabeça, assim como do tronco, apresenta apenas uma pequena curvatura côncava ao

longo de toda a sua extensão, sendo quase perfeitamente plano. Abertura urogenital localizada

anteriormente ao ânus, entre o final da primeira nadadeira dorsal e início da segunda nadadeira

dorsal.

Comprimento da cabeça maior que a largura, cabeça deprimida, de formato trapezoidal

ou cordiforme dependo do grau de desenvolvimento do músculo adductor mandibulae. Dorso

da cabeça coberto por pele fina, sem escamas. Olhos presentes, margem dorsal das órbitas

ultrapassa ligeiramente os limites do topo da cabeça e bordas ventrais são parcialmente cobertas

pelas bochechas. Narinas anteriores e posteriores se encontram próximas uma da outra, sendo

essa distância menor que a distância entre as duas narinas da mesma região. Boca subterminal,

de abertura convexa anteriormente. Os lábios são carnosos e proeminentes. Palato e vômer sem

dentes, porém com papilas dérmicas abundantes que se estendem até a região faringiana.

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Raios branquiostégios sempre em número de cinco. O primeiro, o segundo, terceiro, e

quarto raios encontram-se associados ao cerato-hial anterior. Quinto raio relacionado ao cerato-

hial posterior. Membrana branquiostégia livre entre a borda posterior do opérculo e a região do

istmo, aderindo-se, ao istmo, na região posterior da borda inferior do opérculo.

As nadadeiras pélvicas encontram-se fundidas, através de uma membrana conectiva.

Originam-se na região ligeiramente posterior à vertical traçada a partir da base da nadadeira

peitoral e se encontram na região medial do ventre. Apresentam, dois espinhos associados a

uma membrana de aspecto trapezoide em toda a extensão do seu comprimento, denominada

freno. Nadadeiras pélvicas com cinco raios ramificados, sendo o quinto raio fundido a

membrana conectiva. Raios ramificados, mais próximos dos espinhos, apresentam menor

tamanho e geralmente aparecem obliterados pelo freno em vista ventral. Raios ramificados

localizados mais medialmente ao corpo apresentam maior tamanho. Raios ramificados

intermediários apresentam uma diminuição proporcional à medida que se encontram mais

próximos aos espinhos. Tal disposição condiciona uma estrutura similar a uma ventosa, de

aspecto deltoide, na qual os vértices apresentam contornos orgânicos.

Nadadeiras peitorais com a margem distal lanceolada. Primeiro raio segmentado, mas não

ramificado. Apresentam entre 14 e 16 raios segmentados. O raio de maior comprimento é

geralmente o sexto ou o sétimo. O comprimento dos raios adjacentes tende a diminuir conforme

a sua implantação se aproxima do limite ventral e dorsal dessa nadadeira.

Primeira nadadeira dorsal arredondada dorsalmente, membrana não atinge a extremidade

dos espinhos, resultando em uma conformação serrilhada, claramente se originando

posteriormente à nadadeira pélvica. Geralmente não atingindo a segunda nadadeira dorsal.

Segunda nadadeira dorsal apresenta formato de paralelogramo, membrana dessa

nadadeira, atinge a extremidade dorsal dos raios, condicionando um aspecto liso dorsalmente.

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Formada por um espinho e onze raios ramificados, salvo raríssimas exceções que apresentam

dez raios ramificados, o último raio está dividido desde a sua base. Essa nadadeira se origina

na mesma linha da nadadeira anal, geralmente não atingindo a bases dos raios da nadadeira

caudal.

Nadadeira anal com o mesmo formato da segunda nadadeira dorsal e mesma contagem

de raios. Além disso o último raio também se encontra dividido desde a sua base.

A nadadeira caudal arredondada com lobos simétricos. Constituída de seis raios

ramificados no lobo superior e seis a sete no inferior.

Escamas classificadas como ctenóides periféricas, à exceção da região do peito que

apresenta escamas cicloides.

Linha lateral incompleta. Canal oculoscapular anterior apresentando poros A, B, C, D, F,

G e H, poro D individual, demais poros pareados. Canal oculoscapular posterior apresentando

poros K e L. Canal pré-opercular apresentando poros M, N e O.

Padrão de colorido em álcool etílico: Se caracteriza pela presença de barras e manchas

amarronzadas em um fundo amarelo ou oliváceo. Duas barras paralelas conspícuas que se

originam, uma na borda anterior e outra na borda ventral dos olhos e se encerram na borda

ventral do lábio superior, a primeira mais próxima a região dorsal do lábio e a segunda mais

próxima ao centro da boca. Bochecha com duas estrias horizontais ligeiramente descendentes,

uma se originando na borda póstero-ventral do olho e se encerrando na borda anterior do

opérculo e outra se originando pouco posteriormente à borda ventral do lábio superior, também

se encerrando na borda anterior do opérculo, porém, mais ventralmente. Região do tronco

apresenta uma barra em forma de semicírculo se originando um pouco posteriormente ao poro

F do canal oculoscapular e se encerrando um pouco posteriormente à base de implantação dos

raios da nadadeira peitoral, se situando acima dessa nadadeira. Outra barra em forma de

semicírculo que se origina na região mediana dorsal do corpo anteriormente à linha traçada a

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partir da margem posterior do opérculo e se encerra no terço anterior da nadadeira peitoral,

situada na parede do corpo, sendo parcialmente encoberta pelos raios da nadadeira peitoral,

também apresenta uma terceira barra em forma de semicírculo se originando na região dorsal

do corpo um pouco posteriormente à vertical traçada a partir do início da nadadeira peitoral e

se encerrando no início do terço posterior dessa mesma nadadeira, também situada na parede

do corpo, sendo parcialmente encoberta pelos raios da nadadeira peitoral. Barra transversal se

iniciando na borda súpero- posterior do opérculo e se encerra na borda inferior anterior desse

mesmo osso. Exemplares juvenis apresentam, além das duas barras em forma de semicírculo,

outras três ao longo do comprimento do corpo de formato vertical, que tem a sua forma

gradativamente substituída por uma forma irregular, arredondada, aproximada a manchas nos

exemplares adultos, concentradas na região medial do corpo. Região dorsal do corpo povoada

de pequenas manchas arredondadas que, devido à proximidade, podem formar pequenas barras

de traçado irregular. Mancha arredondada e regular se originando na base de implantação dos

raios da nadadeira caudal se estendendo posteriormente sobre os raios dessa nadadeira,

cobrindo um décimo do comprimento dessa nadadeira.

Membrana situada entre os raios da primeira nadadeira dorsal com barras horizontais

interrompidas e círculos diminutos, de coloração amarronzada. Membrana da segunda

nadadeira dorsal também com colorido caracterizado por barras horizontais interrompidas e

com manchas arredondadas diminutas. Nadadeira anal com coloração clara, quase hialina.

Nadadeira pélvica com coloração amarelada. Nadadeira caudal com 9 barras verticais

interrompidas.

A morfometria da espécie Awaous tajasica está apresentada na Tabela 3, as contagens

dos raios e das escamas estão representadas na Tabela 6 e a contagem dos elementos da

anatomia interna na Tabela 9.

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Distribuição geográfica: Awaous tajasica se distribui em rios, lagos e poças de maré,

desde o estado do Maranhão até estado do Rio Grande do Sul, no Brasil (Figura 16).

4.4.2 Comentários sobre os caracteres diagnósticos de Awaous tajasica

Alguns dos caracteres considerados como diagnósticos por Watson (1996) são

problemáticos. O autor elenca quatro características que poderiam discriminar Awaous tajasica,

a saber: (1) contagem de escamas na série longitudinal; (2) contagem de escamas na série

transversal; (3) contagem de escamas na série pré-dorsal; e (4) presença do poro F do canal

látero-sensorial cefálico quase sempre único e raramente ramificado.

As contagens realizadas durante a elaboração desse trabalho apresentaram algumas

divergências quando comparadas às apresentadas por Watson (1996). A contagem realizada na

série transversal, que segue metodologia idêntica, apresentou variação diferente (13-18 vs. 14-

21). As contagens das séries pré-dorsal e longitudinal não são comparáveis com aquelas citadas

no trabalho de Watson (1996), já que seguem outra metodologia.

A contagem de escamas na região pré-dorsal foi considerada como um caráter diagnóstico

por Watson (1996), e por isso merece especial atenção. Na maioria dos exemplares de A.

tajasica estudados essa região apresentaria áreas desprovidas de escamas segundo Watson

(1996), mas nunca ausência completa de escamas. Porém, a literatura sugere que essa ausência

pode estar condicionada ao desenvolvimento do animal. Erdman (1961) observou que as larvas

do gênero Sicydium se apresentam completamente sem escamas quando retornam aos rios e que

essas vão sendo adquiridas gradativamente a partir do pedúnculo caudal. As escamas dos

indivíduos do gênero Awaous provavelmente se desenvolvem da mesma forma, já que as larvas

coletadas em seu retorno ao rio apresentam escamas diminutas ou ausentes (Radtke et al.,

1988). Sendo assim, a última região a ser completamente escamada seria justamente a região

pré-dorsal.

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Características do desenvolvimento dificultam severamente a análise das escamas nessa

região, tornando a confiabilidade dos dados questionável. A contagem de escamas na série

longitudinal em gobiídeos inclui algumas escamas da região pré-dorsal (Akihito, 1984),

comprometendo também a contagem nessa série de escamas. Em adição, as escamas dessa

região não apresentam disposição linear, o que, combinado ao tamanho diminuto das mesmas,

torna a contagem de escamas nessa região altamente imprecisa, mesmo em indivíduos que

apresentam essa região completamente escamada. Por fim, a contagem de escamas na região

pré-dorsal ainda apresenta sobreposição quando comparada às contagens de outras espécies do

gênero, refletindo em baixo poder diagnóstico deste caráter de A. tajasica.

A contagem dos elementos do esqueleto da espécie A. tajasica se mostrou extremamente

conservada. Não houve variação no número de costelas (10), de vértebras (25), no número de

vértebras associadas aos pterigóforos da primeira (3) e da segunda (8) nadadeiras dorsais e da

nadadeira anal (10). Apesar de apresentar uma certa variação no número de raios não

ramificados dos lobos dorsal (13-16) e ventral (15-12) da nadadeira caudal, no padrão de

ramificação dos raios dos lobos dorsal e ventral da nadadeira caudal, no número total de raios

da nadadeira caudal, não foi possível detectar agrupamentos consistentes dentro das amostras

de Awaous tajasica, com relação a estes atributos.

Duas outras espécies de Awaous, similares e geograficamente próximas, foram

comparadas, na tentativa de diagnosticar A. tajasica. Awaous banana já foi tratada como

sinônimo júnior de A. tajasica (e.g. Jordan & Evermann, 1896; Steindachner, 1911). Awaous

flavus é tida por ocorrer desde a Colômbia até a desembocadura do Rio Amazonas (Watson &

Horsthemke, 1996), porém alguns trabalhos recentes sugerem que espécie se restrinja a região

entre a foz do Rio Orinoco, na Venezuela, e a foz do Rio Amazonas (Lasso-Alcalá & Lasso,

2008), ocorrendo em simpatria com Awaous tajasica na região norte do Brasil.

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A ausência de escamas na região delimitada pelos espinhos da nadadeira pélvica parece

separar A. tajasica de A. banana. Alguns representantes de A. tajasica apresentam escamas na

região peitoral, porém não no espaço acima mencionado. Essa característica contrasta com a

abundante presença de escamas na região entre os espinhos da nadadeira pélvica de A. banana.

Alguns exemplares de A. banana analisados apresentaram inclusive a região do freno,

delimitado pelos espinhos da nadadeira pélvica, escamado. Entretanto, essa característica pode

ser condicionada pelo desenvolvimento. De acordo com Erdman (1961), os indivíduos tendem

a desenvolver escamas ao longo do corpo a partir do pedúnculo caudal, de tal maneira que a

região entre os espinhos pélvicos tenderia a adquirir escamas tardiamente.

Outro caráter diagnóstico importante foi a presença do poro F do canal oculoscapular

(sensu Akihito, 1984), que é simples em A. tajasica e duplicado em A. banana.

É notável que os exemplares juvenis de A. tajasica e A. banana apresentem a região

peitoral totalmente nua e o poro F do canal sensorial cefálico sempre simples. Essas

características dos juvenis podem ser utilizadas como caracteres diagnósticos, porém a partir

de um certo tamanho. Esse condicionante ligado à morfologia de canais já foi documentado por

uma série de outros autores, incluindo autores que trabalharam com esses canais em linhagens

que se encontram na base da diversificação dos actinopterígios (Allis, 1889). Além disso, alguns

exemplares de juvenis provenientes da Costa Rica apresentaram uma pequena ramificação no

poro F, o que reforça a hipótese que esse canal se ramifica distalmente, se abrindo em dois

poros, ao longo do desenvolvimento.

As contagens realizadas demonstraram que existe uma diferença entre a quantidade de

escamas em A. tajasica e A. banana. Awaous tajasica apresentou um número reduzido na série

transversal, variando de 13 a 18 escamas (Tabela 6) enquanto que A. banana teria de 16 a 26

escamas naquela série (Tabela 7). Na série longitudinal, A. tajasica exibe de 34 a 58 escamas

(Tabela 6) enquanto que A. banana variou de 52 a 66 escamas (Tabela 7).

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4.2.3 Comentários sobre a taxonomia e a variação de Awaous tajasica

A Análise de Componentes Principais não indicou a formação de grupos ao longo da

distribuição de A. tajasica, conforme ilustrado no Gráfico 1, sendo que os componentes

principais somaram 91,66%, não atingindo 95%, o que seria de se esperar se houvesse relação

entre a latitude [L1] e as variáveis analisadas. O Componente Principal (CP) 1 foi responsável

por explicar 87,71% da variação morfométrica encontrada no grupo, sendo que a variável

comprimento pré-opercular (CPop) foi a principal responsável por atuar no CP1. Já o

Componente Principal (CP) 2 foi responsável por explicar 3,95% da variação dos dados, e a

variável mais atuante foi o diâmetro orbital (DO).

A análise dos gráficos de Dispersão (Gráficos 2 a 23) indica que há sobreposição

morfométrica entre A. banana e A. tajasica, sem que haja qualquer discriminação morfométrica

entre estas duas espécies. Apesar disso, vale uma análise do comportamento das projeções

lineares das medidas obtidas. Iniciamos esta análise citando aquelas medidas que apresentaram,

praticamente, completa sobreposição dos dados de A. tajasica e A. banana, conforme projeção

linear, são elas: distância pré-dorsal (Gráfico 2); distância interorbital (Gráfico 7); diâmetro

orbital (Gráfico 9); segunda nadadeiras dorsal e anal (Gráficos 16 e 17); e comprimento da

nadadeira pélvica (Gráfico 20). No entanto, com relação a algumas medidas, A. tajasica

apresenta sempre projeção linear maior que aquela apresentada por A. banana, sendo elas:

comprimento pré-opercular (Gráfico 3); distância interopercular (Gráfico 6); distância entre

os olhos (Gráfico 8); espessura do lábio superior (Gráfico 10); distância dos espinhos da

nadadeira pélvica (Gráfico 21); e largura da nadadeira pélvica (Gráfico 22). Em A. banana

apenas a nadadeira peitoral (Gráfico 19) apresenta projeção linear maior que em A. tajasica.

Por fim, vale mencionar aquelas projeções lineares que sofrem uma inversão no seu

comportamento, conforme os comprimentos padrão, da cabeça e da nadadeira pélvica

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aumentam, são elas: comprimento mandibular (Gráfico 4); distância entre narinas (Gráfico

11); distância pré-anal (Gráfico 12); comprimento do pedúnculo caudal (Gráfico 14); altura

do pedúnculo caudal (Gráfico 15); nadadeira caudal (Gráfico 18); e comprimento do freno da

nadadeira (Gráfico 23). A altura do corpo (Gráfico 13) não se enquadra em nenhum dos

padrões anteriores e chama a atenção, pois inicia a sua projeção sendo maior em A. banana, no

entanto, conforme os valores de comprimento padrão aumentam e atingem os seus valores

máximos a altura do corpo de A. tajasica se iguala àquela apresentada por A. banana, indicando

um padrão de desenvolvimento diferenciado entre A. banana e A. tajasica.

4.2.4 Comentários sobre a distribuição geográfica de Awaous tajasica

Inicialmente a área de distribuição dos exemplares em coleção identificados como

Awaous tajasica (Lichtenstein, 1822) abrangia desde o estado da Flórida, nos Estados Unidos,

até o estado de Santa Catarina, no Brasil, ocorrendo também em todo o Caribe (Castro-Aguirre,

1999, Ruiz-Campos, 1999, 2002; Menezes, 2003; van Tassel, 2011). Além disso, existem

registros de ocorrência na costa leste do Oceano Pacífico (Ruiz Campos, 1999, 2002).

O panorama obtido após a realização desse trabalho mostra que A. tajasica possui

distribuição exclsuiva no Brasil, ocorrendo do estado do Maranhão até o estado do Rio Grande

do Sul. Awaous flavus é reconhecida por estar restrita à região Amazônica (Watson &

Horsthemke, 1995, Lasso-Alcalá & Lasso 2008) e A. banana teria uma distribuição mais

setentrional, sendo endêmica da região que se estende da Flórida até a Ilha de Trinidad e

Tobago.

Todos os trabalhos anteriores da literatura apontam o estado de Santa Catarina, no Brasil,

como o limite sul da distribuição de A. tajasica. No presente trabalho, foram identificados

espécimes de A. tajasica procedentes do estado do Rio Grande do Sul (UFRGS, 16019;

UFRGS 16057; MCP 15266), ampliando o limite austral da espécie.

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32

Não foi possível analisar material atribuído a A. tajasica proveniente do estado do

Maranhão e da sua divisa com o estado do Piauí. Todavia, a observação de exemplares

fotografados desta região (material encaminhado pelo curador da coleção ictiológica da

Universidade Estadual do Piauí) demonstrou a presença do poro F do canal oculoscapular com

o padrão simples, que é aquele encontrado em A. tajasica. Também, a análise das fotos dos

exemplares em vista ventral mostra a região entre os espinhos da nadadeira pélvica sem

escamas. Tais fatos indicam que esses exemplares pertencem de fato a A. tajasica,

correspondendo ao limite boreal de distribuição dessa espécie.

Um registro de ocorrência de A. tajasica atribuído à Guiana Francesa, especificamente ao

Rio Maroni (Le Bail et al., 2012), situa-se muito além do limite norte de distribuição proposto

para a espécie no presente trabalho. Porém a referida checklist não informa onde esse material

está depositado (Le Bail et al., 2012), se tratando provavelmente de um erro de identificação.

O material analisado corrobora a literatura que define a área de distribuição de A. banana

como sendo a região compreendida entre o estado da Flórida nos EUA e a Venezuela, ocorrendo

também nas Antilhas, desde Cuba até Trinidad e Tobago, não sendo reportada no arquipélago

das Bahamas (Böhlke & Chaplin, 1993).

A análise do material também confirma as informações da literatura em relação à

distribuição de A. flavus, o qual ocuparia a área desde o estado do Pará, no Brasil, até a foz do

Rio Orinoco, na Venezuela (Watson & Horsthemke, 1992). Todo o material analisado

proveniente da região Amazônica, pertencente ao gênero Awaous foi claramente atribuído a A.

flavus, incluindo exemplares originalmente identificados previamente como pertencentes a A.

tajasica (MPEG 3775; MPEG 3788; MPEG 4029; MPEG 4031; MPEG 4034 & MPEG

4038). Um mapa com os registros de ocorrência de indivíduos pertencentes ao gênero Awaous

na Venezuela (Figura 17) revelou a ausência de A. flavus ao norte da foz do Rio Orinoco,

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33

indicando que esse rio representaria o limite setentrional de distribuição dessa espécie (Lasso-

Alcalá & Lasso, 2008).

A ampla área de distribuição de Awaous tajasica, e das demais espécies do gênero, estaria

provavelmente relacionada ao hábito anfídromo (Myers, 1949; McDowall, 2007). Espécies

anfídromas são caracterizadas pela migração entre a água doce e a água salgada por motivo

outro que não o reprodutivo (Myers, 1949). No caso das espécies de Awaous, essa migração se

daria por razões tróficas (Radtke et al., 1988, Chubb et al., 1998; Thacker, 2013). Os adultos

depositam seus ovos nos rios, posteriormente as larvas se dirigem à água salgada onde

permanecem como parte do plâncton. Em seguida, as larvas retornam à água doce para residir

definitivamente ao longo da fase adulta (Radtke et al., 1988, Chubb et al., 1998; Thacker, 2013).

De acordo com a literatura quatro seriam os fatores principais relacionados à capacidade

dispersiva dessas larvas: o tempo de vida da larva no mar, a capacidade de percorrer grandes

distâncias, as barreiras biogeográficas e a influência das correntes oceânicas. (Rocha et al.,

2005).

As larvas de Awaous tendem a passar muito tempo no mar antes de retornar ao rio (Chubb

et al., 1998), chegando a permanecer em torno de 160 dias no ambiente marinho (Radtke et al.,

1988). A quantidade de ovos produzidos por fêmea em indivíduos do gênero Awaous é também

muito elevada, chegando a contagem de 40 a 220 mil ovos por ninho em A. melanocephalus

(Yamasaki & Tachihara, 2007).

Outra característica encontrada nos indivíduos do gênero Awaous corresponde ao fato de

os juvenis não retornarem ao seu rio natal (Zink, 1996; Sorensen & Hobson, 2005). Até o

momento, a vida planctônica desses animais é incerta (Keith & Lord apud van Tassel, 2011),

mas existe uma relação entre a abundância de alimentos e a migração, provavelmente ativa,

reportada nas ilhas do Havaí (Zink, 1996; Sorensen & Hobson, 2005). O estudo da capacidade

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dispersiva das larvas é dificultado em função do método de captura e identificação das larvas

(Cowen & Sponaugle, 2009). Por isso não foi contemplado no escopo desse trabalho.

As barreiras biogeográficas marinhas também foram levantadas como possíveis

delimitadoras da distribuição de A. tajasica. A literatura revela que essas barreiras podem variar

entre os grupos animais. Para grupos de fitoplâncton, existiriam 14 barreiras principais, dentre

elas, quatro na região amazônica (Gonzalez-Silveira et al., 2004). Para grupos de Mithracinae

(Decapoda), um grupo de camarões também anfídromos, a foz do Rio Amazonas, devido ao

grande volume de água doce vertido, funcionaria como uma barreira (Alvez et al., 2012). Um

estudo realizado com gênero Halichoeres (Perciformes: Labridae), cuja larva também se

desenvolve em ambiente marinho, demonstrou como principal barreira a foz dos Rios Orinoco

e Amazonas (Rocha et al., 2005). Entretanto, aparentemente, o Rio Amazonas não atuou como

um disjuntor de espécie do gênero Awaous, uma vez que A. flavus ocorre tanto ao norte como

ao sul da desembocadura do Rio Amazonas, embora exista uma grande lacuna de registro entre

essas regiões.

A costa brasileira é banhada por três correntes marítimas principais. A Corrente do Brasil

e Corrente Equatorial Norte, que são resultantes da bifurcação da corrente Sul Equatorial,

aproximadamente na latitude 8°S (Dengler et al., 2004), e a Corrente das Malvinas. A Corrente

do Brasil se dirige ao pólo sul até as latitudes 36ºS-40ºS, onde conflui com a Corrente das

Malvinas e então se afasta da costa (Olson et al., 1988), enquanto que a Corrente Equatorial

Norte se orienta em direção ao equador, se dirigindo até o Caribe. (Dengler et al., 2004). Por

fim, a Corrente das Malvinas, que apresenta zona de influência desde o Uruguai até a região de

Cabo Frio, também se orienta em direção ao equador. A Corrente das Malvinas representa um

importante fator limitante da distribuição de grupos zoológicos, constituindo um importante

limitador da distribuição de Mithracinae (Decapoda), por exemplo (Alvez et al., 2012).

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O limite norte de A. tajasica é estado do Maranhão, aproximadamente na latitude de 5°C.

Essa delimitação ultrapassa a bifurcação sofrida pela Corrente do Brasil. Porém, as correntes

tendem a variar o seu curso conforme as estações do ano (Gonzalez-Silveira et al., 2004; Olson,

1988). Portanto, esse fator não pode ser completamente descartado como sendo de influência

para o limite norte de distribuição de A. tajasica.

Não se pode descartar que o Rio Amazonas possa atuar como barreira geográfica para A.

tajasica. Em trabalhos realizados com fitoplâncton (Gonzalez-Silveira et al., 2004), com

crustáceos (Alvez et al., 2012) e com peixes recifais (Rocha et al., 2005) apontaram a região

amazônica como um divisor entre espécies. É possível que essa região também haja como fator

limitante da distribuição de A. tajasica.

4.5 Descrição do esqueleto de Awaous tajasica

4.5.1 Crânio

(Figuras 6 e 7)

Elementos descritos em vista ventral: Mesetmoide localizado posteriormente à

cartilagem rostral, em formato de semicírculo na região anterior, e formato de cuia

posteriormente, de tamanho pouco menor que a metade da região anterior do crânio. Apresenta

três processos, o primeiro na região dorsal, bifurcado anteriormente, formando dois tubos

adjacentes em uma conformação similar a asas de borboleta e formato triangular

posteriormente. O segundo processo na região ventral associado ao vômer. O terceiro processo

na região posterior, afilado, se conectando ao etmoide lateral. Mesetmoide com um par de

foramens na região central, associados a passagem do nervo olfatório. Etmoide lateral formando

uma estrutura em formato de onda, voltada para a região posterior. Presente dos dois lados do

crânio, localizado posteriormente ao mesetmoide, de tamanho equivalente a dois terços da

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região anterior do crânio. Responsável por formar a região anterior das órbitas. Etmoide lateral

ligado ao vômer e ao mesetmoide através de um processo bifurcado anteriormente, e ao lacrimal

por outro processo localizado na mesma região.

Cartilagem rostral ocupando a região imediatamente acima do vômer e uma área

semelhante, de forma aproximadamente circular, com sulcos anteriores nos quais se insere a

pré-maxila e sulcos laterais associados a inserção do palatino. Nasal tubular, localizado

lateralmente ao mesetmoide, apenas um pouco mais largo que o canal que se estende por sua

região central, não está associado a nenhum outro osso. Lacrimal de formato laminar, localizado

ântero-lateralmente à região anterior do etmoide lateral, e associado a esse, apresenta um

forâmen em sua região dorsal.

Frontais cobrindo grande parte do teto do crânio em formato de Y, ligados ao mesetmoide

em sua região anterior, recobrindo grande parte dos canais semicirculares anteriores. Região

posterior separada apresentando associação com o supraoccipital, e consideravelmente mais

larga que a anterior, ocupando quase metade da região posterior do crânio. Supraoccipital de

formato deltoide com suturas irregulares, conectado ao pterótico e ao epiótico posteriormente

e aos frontais anteriormente. Região posterior com prolongamento em formato de espinho, se

extendendo pelo comprimento da sutura entre os exoccipitais atingindo a região mediana.

Epióticos de formato cordiforme, localizados na região posterolateral do crânio, ligados a um

dos frontais anteriormente, ao pterótico na margem lateral direita, ao supraoccipital na margem

esquerda e ao exoccipital na região posterior, recobrem o canal semicircular dorsal. Exocciptais,

em vista dorsal, apresentando formato quadrático com os vértices arredondados, ligeiramente

convexo na borda distal. Esfenótico oriundo da junção dermoesfenótico e autoesfenótico,

ambos ossificados. Triangular, tão largo quanto o pterótico, contendo um processo na região

anterolateral proeminente formando um ângulo agudo. Recobre a porção anterior do canal

semicircular anterior. Pterótico de formato reniforme se estendendo por dois terços do

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comprimento do crânio, apresentando um processo em sua região interna associado

dorsalmente ao frontal e ao epiótico e ventralmente não se associa a nenhum osso delimitando,

assim, a parede lateral da fenda sub-temporal.

Elementos descritos em vista ventral: vômer constituindo a extremidade anterior do

assoalho do crânio. De formato quadrado, anteriormente, sob a cartilagem rostral e processo

posterior longo, em formato de espinho de comprimento quase atingindo a região posterior da

órbita, conectado ao mesetmoide e ao parasfenóide. Parasfenóide recobre grande parte do

assoalho do crânio, se conectando ao proótico e ao baseoccipital dorsalmente. Porção anterior

afilada e porção posterior em forma de triângulo, forâmen associado à passagem da artéria

carótida na região póstero-medial. Proótico de formato aproximadamente retangular, região

anterior associada ao esfenótico e posterior ao pterótico através de uma sutura irregular.

Forâmen associado à passagem do VII nervo craniano na região ligeiramente anterior ao centro.

Intercalares aproximadamente em forma de C, localizados lateralmente à asa do basioccipital,

recobrindo uma parte da fenda sub-temporal. Conectados aos proóticos anteriormente, aos

exoccipitais posteriormente e aos pós temporais ventralmente. Exoccipitais, em vista ventral,

apresenta formato truncado, com suturas irregulares, possuindo dois processos na região

anterior, um associado ao epiótico, dorsalmente, e outro associado à base do occipital,

ventralmente. Exoccipital constituindo a parede lateral do forâmen magno, com a presença de

um forâmen associado ao nervo craniano X, ou nervo vago. Exoccipitais não fazem contato

direto com o proótico e pterótico, delimitando, portanto, a região medial da fenda sub-temporal.

Basioccipital em formato de Y, atingindo a metade da região posterior do parasfenóide,

associado ao proótico anteriormente, ao exoccipital lateralmente e ao parasfenóide

ventralmente, delimitando a base do forâmen magno. Pterosfenoide e orbitosfenoide ausentes.

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4.5.2 Elementos da maxila superior

(Figura 8)

Pré-maxila correspondendo a estrutura mais anterior dorsalmente, na forma de um osso

alongado. Região anterior com um processo ascendente, pouco conspícuo, de tamanho similar

ao dos dentes medianos da pré-maxila, associado à cartilagem rostral. Processo articular

abaulado. Pré-maxila com três fileiras de dentes cônicos, apresentando uma diminuição

gradativa no tamanho no sentido anteroposterior. Maxila em formato de bastão, apresenta duas

apófises, uma dorsal abaulada, associada ao palatino e uma anterior em forma de soquete

associada à pré-maxila. Maxila edêntula.

4.5.3. Suspensório

(Figura 8)

Opérculo triangular, de tamanho comparável à altura da base da nadadeira peitoral, com

margem ventral côncava, em contato com o sub-opérculo. Sub-opérculo em formato de

semicírculo, com processo formato de cuia, na região anterior caracterizado por um espinho

ascendente na região anterodorsal. Pré-opérculo em forma de bumerangue, apresentendo região

medial de largura comparável ao comprimento do inter-hial, recobrindo o hiomandibular

externamente. Inter-opérculo em forma de bastão, extremidade anterior associada ao angular e

extremidade posterior relacionada ao subopérculo, porém sem contato, desarticulado no

desenho para facilitar a visualização.

Hiomandibular em formato de X, contendo três apófises com extremidades cartilaginosas,

uma, na região anterior, conectada ao esfenótico, outra, na região dorsomedial, associada ao

pterótico, e terceira, na região posterodorsal, relacionada ao opérculo, hiomandibular associado

ventralmente ao inter-hial através de uma cartilagem triangular conspícua. Região medial

apresentando forâmen associado ao nervo VII, próximo à base da apófise anterior. Inter-hial de

formato cilíndrico, associado ao hiomandibular dorsalmente e ao ceratohial

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posteroventralmente. Metapterigóide em formato retangular de comprimento equivalente à

metade do simplético. Acomodado na região posterodorsal do simplético, anteriormente

associado ao quadrado, através de uma cartilagem conspícua de formato quadrado. Simplético

em forma de bastão, anteriormente associado ao quadrado e posteriormente ao hiomandibular,

processo opercular ausente.

Quadrado em formato de C, com a extremidade posteroventral bem desenvolvida, com o

dobro do comprimento da extremidade posterodorsal, côndilo associado ao ângulo articular

curvando-se sobre a sua superfície dorsal, localizando-se externamente ao ânguloarticular.

Ângulo-articular aproximadamente triangular, estendendo-se desde o final da boca até o terço

anterior do dentário, localizando-se internamente ao dentário. Aumento gradativo da espessura

no sentido anteroposterior.

Dentário em formato triangular, de largura máxima, na região posterior, equivalente a um

terço do comprimento. Extremidade posterior abaulada, em sua superfície interna, onde se

associa ao ângulo articular. Processo coronóide na região posterodorsal do dentário, atingindo

o quarto inferior do prémaxilar em altura e com margem dorsal arredondada. Dentário com a

presença de dentes cônicos. Cartilagem de Meckel pronunciada, em formato de clava, com

aumento gradativo da altura no sentido anteroposterior, atingindo desde a região anterior à pré-

maxila até o primeiro terço do dentário.

Ectopterigoide triangular, de comprimento atingindo a metade do palatino, localizado

internamente ao quadrado. Palatino em forma de T, anteriormente associado à pré-maxila

orientando-se centralmente à estrutura abaulada do processo posterior da pré-maxila, apresenta

um processo ascendente posterodorsal associado ao mesetmoide. Ausência de endopterigóide.

Ausência de dentes notada em todos os ossos do suspensório, exceto o dentário.

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4.5.4. Arcos branquiais

(Figura 9)

Basi-hial em formato de Y, achatado dorso-ventralmente, borda anterior truncada e não

ossificada. Basibranquial 1 de formato triangular, não ossificado. Base branquial 2 em formato

de ampulheta, com o quádruplo do comprimento do basibranquial 1, ossificado apenas na região

central. Basibranquial 3 em forma de espátula, com o mesmo comprimento do basibranquial 3

e quase completamente ossificado. Basibranquial 4 em formato deltoide, cartilaginoso.

Hipobranquial 1 em formato de bumerangue com as duas extremidades simétricas, não

ossificado nas extremidades. Hipobranquial 2, também em formato de bumerangue mas com a

extremidade anterior com metade do comprimento da posterior, não ossificado nas

extremidades. Hipobranquial 3 em formato de leque, com uma projeção na extremidade

anterolateral atingindo a extremidade posterior do hipobranquial 2. Ceratobranquial 1 em

formato de bastão de comprimento comparável à metade da cesta branquial, apresentando cinco

rastros branquiais.

Ceratobranquial 2-4 também em forma de bastão, com comprimento equivalente a dois

terços do comprimento do ceratobranquial 1. Ceratobranquial 5, não ossificados na extremidade

anterior, formando uma estrutura de formato triangular, com placa dentária apresentando dentes

cônicos, incipientes, aproximadamente de mesmo tamanho. Apresenta processo conspícuo na

região médio-ventral em formato de bumerangue (Figura 10).

Epibranquial 1 em forma de forquilha não ossificado nas extremidades. Epibranquial 2

de formato idêntico ao hipobranquial 1, com metade de suas dimensões. Epibranquial 3 em

formato de ampulheta, com dimensões similares ao epibranquial 2. Epibranquial 4 em forma

de S, um pouco maior em comprimento que o faringobranquial 3.

Faringobranquial em forma de trapézio escaleno, com placa dentária apresentando dentes

cônicos, de mesmo tamanho dos dentes da placa dentária do ceratohial 5. Faringobranquiais 3-

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4 fundidos em uma estrutura triangular, medialmente curva, de largura máxima comparável à

metade da estrutura formada pela fusão dos Ceratohiais 5, também associado a uma placa

dentária com dentes cônicos comparáveis, em forma e tamanho, aos da placa associada ao

faringobranquial 2. Urohial em forma de quilha terminando em um espinho dorsal voltado para

a região posterior e um espinho ventral descendente.

4.5.5. Arco hióide

(Figura 9)

Hipo-hial ventral de formato piramidal, de região anterior romba com diminuição gradual

da altura no sentido anteroposterior. Hipo-hial dorsal também com forma piramidal, possuindo

região anterior truncada e diminuição gradual da altura no sentido anteroposterior. Cerato-hial

anterior em formato de bastão na região anterior e em formato retangular na região posterior,

Cerato-hial posterior triangular. Primeiro raio branquiostégio, afilado, associado à região

posterior do cerato-hial anterior. Segundo, terceiro e quarto raios branquiostégios laminares,

associados a região posterior do cerato-hial anterior. Quinto raio branquiostégio associado ao

cerato-hial posterior.

4.5.6 Cintura e nadadeira peitoral

(Figura 11)

Pós temporal laminar, com processo dorsal ovalado, de comprimento semelhante ao

supracleitro, associado ao intercalar. Processo ventral de tamanho semelhante e formato

triangular. Supracleitro em forma de bastão, laminar, região anterior com a extremidade

recurvada em sentido anterior, região posterior ligeiramente mais larga que a anterior. Cleitro

em forma de bumerangue, ocupando grande parte do comprimento da nadadeira peitoral. Com

dois processos ascendentes, triangulares, na região dorsal, e um processo posterior, associado

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ao radial proximal dorsal. Coracóide em forma de gota com dois processos dorsais. Processo

dorsal externo em forma de espinho de tamanho comparável ao da maior largura do coracóide,

processo dorsal interno bifurcado, anteriormente na forma de losango, e posteriormente no

formato de espinho, com o dobro do tamanho da maior largura do coracóide. Radial proximal

1, retangular, apresentando um processo, na região anterodorsal, triangular, associado ao

supracleitro. Radial proximal 2, 3 e 4 retangulares. Radiais distais não ossificados, ocupando

metade da base dos raios da nadadeira peitoral, todos associados aos raios, 15-16 elementos.

Raios da nadadeira pélvica com no máximo duas ramificações.

4.5.7 Cintura e nadadeira pélvica

(Figura 12)

Basipterígio em forma de U com processo na região mediano-ventral, bifurcado

anteriormente. Bordas laterais do basipterígio elevadas, com processo lateral de formato

triangular orientados em sentido medial, associadas ao espinho. Cartilagem pélvica não

observada. Um espinho, com extremidade cartilaginosa em cada nadadeira. Cinco raios

ramificados, também em cada nadadeira com duas ramificações principais, hemitríquia dorsal,

dos raios ramificados, da nadadeira pélvica apresentando três processos, primeiro processo

localizado na região anteromedial, similar a um côndilo, segundo processo de formato

triangular, localizado mais externamente e terceiro processo também com formato triangular,

localizado na região anteromedial, com região mais aguda inclinada medialmente (Figura 13).

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4.5.8. Coluna vertebral

(Figura 14)

Vértebras 10+15 em todos os exemplares analisados. Fórmula de pterigióforos da

primeira dorsal 3 (1221), segunda dorsal 8 (111111121), anal 10 (111111121). Vértebras

ossificadas e homogêneas. Vértebras torácicas Vértebras torácicas apresentando epipleurais, as

costelas somam dez. Espinhos neurais 1-3 mais robustos. Pteriogióforos da primeira nadadeira

dorsal mais robustos. Dois primeiros pterigióforos conectados diretamente aos raios, radial

medial ausente, demais raios conectados aos radiais mediais.

4.5.9. Esqueleto e nadadeira caudal

(Figura 15)

Par-hipural laminar, com a extremidade anterior ovalada e posterior em forma de bastão,

mais proeminente que a anterior. Par-hipural livre, associado ao sexto raio ramificado inferior.

Hipural 1+2, triangulares, associados ao uróstilo anteriormente e aos demais raios ramificados

inferiores posteriormente. Hipurais 3+4, também triangulares, associados ao uróstilo

anteriormente e aos raios ramificados superiores 1-6 posteriormente. Hipural 5 em forma de

bastão, em contato com os hipurais 3+4. Dois epurais fundidos. Em formato triangular

anteriormente e em formato de bastão posteriormente. Cartilagens procorrentes dorsal e ventral

de formato triangular, com 10-15 raios associados. Apenas um uróstilo presente. Nadadeira

caudal com i+7-6+i raios.

4.6 Comentários filogenéticos

A ordem Gobiiformes é caracterizada por uma série de características, tais como, ausência

de parietais, infraorbitais cartilaginosos ou ausentes, linha lateral reduzida a canais cefálicos,

bexiga natatória ausente, membranas branquiais unidas ao istmo, primeira nadadeira dorsal

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apresentando 4-10 espinhos flexíveis, segunda nadadeira dorsal e anal tipicamente compostas

de 1 espinho e raios ramificados de contagem variável, nadadeiras pélvicas abaixo das peitorais

e formada de quatro ou cinco raios ramificados, geralmente unidos e vértebras de 25 a 35

(Nelson, 2016). De fato, Awaous tajasica não apresenta ossos parietais (Figura 6), os

infraorbitais encontram-se ausentes (Figuras 6 e 7), a linha lateral é reduzida a um canal

oculoscapular anterior e posterior e um canal pré-opercular (Figura 3A), a membrana

branquiostégia encontra-se aderida ao istmo, a primeira nadadeira dorsal apresenta 6 espinhos,

a segunda nadadeira dorsal e a anal apresentam 1 espinho e 11 raios ramificados cada, salvo

raríssimas exceções, a nadadeira pélvica apresenta dois espinhos e cinco raios ramificados

fundidos e apresentam 25 vértebras, contagem que não variou em nenhum indivíduo analisado.

A família Gobiidae é diagnosticada por três sinapomorfias (Gill & Mooi, 2012): cinco

raios branquistégios, processo ventral do ceratobranquial 5 e base complexa na hemitríquia

dorsal dos raios ramificados da nadadeira pélvica, constituída de três processos, processo

anterior articular, processo lateral triangular e lamina medial. A. tajasica apresenta cinco raios

branquistégios, sendo o primeiro afilado e aderido à borda posterior do cerato-hial anterior

(Figura 9). É possível observar nessa espécie um processo ventral conspícuo, na margem

ventral, do ceratobranquial 5, em formato de bumerangue (Figura 10). A hemitríquia dorsal,

dos raios não ramificados, da nadadeira pélvica, apresenta os três processos citados

anteriormente, o que resulta em uma cavidade no centro dessa estrutura (Figura 13). De acordo

com esses autores, essa estrutura representa o ponto de origem do músculo extensor proprius,

o que altera a sua morfologia. A disposição dos processos de Awaous tajasica também foi

ilustrada no trabalho de Gill & Mooi (2012).

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V. LITERATURA CITADA

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VI. TABELAS

Tabela 1. Descrição das medidas realizadas e abreviações utilizadas.

Medida Abreviação Descrição

Comprimento Padrão CP Medido desde a extremidade anteromedial do rostro até o final do pedúnculo caudal

Comprimento da cabeça CC Medido desde a extremidade anteromedial do rostro até a borda posterior do opérculo

Comprimento da nadadeira pélvica

CNP Medida desde a base do freno até a ponta da membrana conectiva que funde os raios

terminais dessas nadadeiras

Distância pré-anal PA Medida desde a extremidade anteromedial do rostro até a abertura urogenital

Altura do corpo AC Medida da altura do corpo tomada a partir do primeiro raio da segunda nadadeira

dorsal

Comprimento do pedúnculo caudal

CPC Distância entre a base de implantação dos raios da nadadeira caudal e a base de

implantação do último raio da nadadeira anal

Altura do pedúnculo caudal

APC Medida na base de implantação dos raios da nadadeira caudal

Comprimento da base da primeira nadadeira dorsal

PND Medida desde a implantação do primeiro raio até a implantação do último raio da

primeira nadadeira dorsal

Comprimento da base da segunda nadadeira dorsal

SND Medida desde a implantação do primeiro raio até a implantação do último raio da

segunda nadadeira dorsal

Comprimento da base da nadadeira anal

NA Medida desde a implantação do primeiro raio até a implantação do último raio da

nadadeira anal

Comprimento da nadadeira caudal

NC Medido desde a base de implantação dos raios até a extremidade do maior raio

Comprimento da nadadeira peitoral

NP Medida desde a base de implantação dos raios, até a extremidade do maior raio

Distância pré-dorsal PD Medida desde a extremidade anteromedial do rostro até a base de implantação do

primeiro raio da primeira nadadeira dorsal

Comprimento pré-opercular

CPop Medido desde a extremidade anteromedial do rostro até a borda posterior do osso pré

opercular

Comprimento mandibular CMam Medido desde a extremidade anteromedial do dentário até a borda posterior do osso

angular

Largura do rostro LRB Medida da largura do rostro tomada a partir do final da boca

Distância interopercular DIOPEC Distância entre os opérculos, tomada a partir da base de cada opérculo

Distância interorbital DIO Distância entre os olhos tomada a partir do centro de cada olho

Distância entre os olhos DEO Distância entre os olhos tomada a partir da região medial da borda superior de cada

olho

Diâmetro orbital DO Distância horizontal entre as bordas anterior e posterior do olho

Espessura do lábio superior ELS Medida desde a extremidade anteromedial até a região póstero-medial do lábio

superior.

Distância entre as narinas DN Mede o intervalo entre as narinas anteriores.

Largura das nadadeiras pélvicas

LNP Medida da partir da extremidade do segundo raio de cada nadadeira pélvica

(amplitude máxima).

Comprimento do freno das nadadeiras pélvicas

CFNP Medido desde a base do freno das nadadeiras pélvicas até o seu ápice.

Distância entre os espinhos das nadadeiras pélvicas

DNP Medida do intervalo entre a base de implantação dos espinhos das nadadeiras

pélvicas.

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Tabela 2. Detalhamento das contagens de escamas realizadas.

Orientação Descrição

Longitudinal Tomada desde a vertical traçada a partir do primeiro raio da nadadeira primeira

nadadeira dorsal até a base da cauda.

Transversal Tomada desde o primeiro raio da segunda nadadeira dorsal até o quarto raio da nadadeira

anal.

Pré-dorsal Região posterior do osso supraoccipital até a origem da primeira nadadeira dorsal.

Circumpeduncular Série circumpeduncular tomada na região mais estreita do pedúnculo caudal.

Margem dorsal Tomada desde a base do último raio da segunda nadadeira dorsal até o primeiro raio da

caudal.

Margem ventral Tomada desde a base do último raio da nadadeira anal até o primeiro raio da nadadeira

caudal

Tabela 3. Dados morfométricos de Awaous tajasica. N: número de exemplares analisados. %CP: medidas em relação ao comprimento padrão. %CC: medidas em relação ao comprimento da cabeça. %CNP: medidas em relação ao comprimento da nadadeira pélvica. As demais abreviações seguem a Tabela 1.

Medidas Awaous tajasica (N=40)

Máximo Mínimo Média Desvio Padrão

CP 168,80 52,70

%CP

CC 53,82 26,83 31,08 5,09

CNP 22,39 13,77 18,76 1,95

PA 60,81 26,91 53,72 6,19

AC 52,95 10,82 16,41 8,28

CPC 21,44 7,86 15,69 3,24

APC 18,31 6,83 9,31 1,74

PND 17,00 8,67 12,82 1,70

SND 29,89 20,11 25,62 2,06

NA 26,30 20,83 23,58 1,29

NC 29,85 16,04 23,33 2,59

NP 25,25 17,82 21,74 1,71

%CC

PD 142,48 71,01 125,97 11,69

CPop 81,75 37,57 68,96 9,23

Cman 74,21 29,19 51,79 9,91

LR 61,88 19,09 38,15 8,06

DIOpec 66,33 25,44 51,97 8,21

DIO 30,07 11,26 23,02 4,59

DEO 71,18 3,85 12,06 9,56

DO 23,16 10,37 16,18 2,78

ELS 21,28 6,00 12,79 2,97

DN 19,54 8,51 14,89 2,35

%CNP

LNP 95,54 32,82 71,23 12,73

CFNP 30,11 13,20 20,80 4,57

DNP 27,03 8,76 15,36 3,70

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Tabela 4. Medidas morfométricas referentes à Awaous banana. N: número de exemplares analisados. %CP: medidas em relação ao comprimento padrão. %CC: medidas em relação ao comprimento da cabeça. %CNP: medidas em relação ao comprimento da nadadeira pélvica. As demais abreviações seguem a Tabela 1.

Medidas Awaous banana (N=20)

Máximo Mínimo Média Desvio padrão

CP 153,60 52,40

%CP

CC 31,38 25,47 28,59 1,81

CNP 21,39 16,19 19,02 1,61

PA 56,38 50,13 53,12 1,73

AC 17,55 13,51 15,13 1,25

CPC 20,45 9,35 17,14 2,39

APC 13,36 7,66 9,37 1,10

PND 13,81 11,34 12,53 0,85

SND 27,71 21,29 25,28 1,51

NA 26,49 20,52 23,64 1,46

NC 27,48 20,26 24,23 1,84

NP 26,62 18,22 23,48 1,95

%CC

PD 148,39 121,14 133,21 6,85

CPop 79,35 43,56 69,16 8,14

Cman 66,67 41,82 56,25 6,32

LR 60,00 29,47 38,27 8,26

DIOpec 54,84 23,56 41,96 9,70

DIO 32,90 13,46 23,34 4,38

DEO 14,77 7,65 10,69 1,93

DO 22,58 13,18 17,54 2,24

ELS 14,74 2,97 10,65 2,60

DN 19,71 11,41 14,90 2,36

%CNP

LNP 87,45 24,37 56,30 13,33

CFNP 33,33 9,24 22,83 6,80

DNP 21,95 8,03 13,08 3,65

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55

Tabela 5. Medidas morfométricas referentes à Awaous flavus. N: número de exemplares analisados. %CP: medidas em relação ao comprimento padrão. %CC: medidas em relação ao comprimento da cabeça. %CNP: medidas em relação ao comprimento da nadadeira pélvica. As demais abreviações seguem a Tabela 1.

Medidas Awaous flavus (N=13)

Máximo Mínimo Média Desvio padrão

CP 84,0 24,30

%CP

CC 17 6,70 12,80 4,59

CNP 0,23 0,09 0,19 0,03

PA 59,63 48,04 25,03 16,99

AC 19,76 11,48 7,65 3,20

CPC 19,31 12,37 7,66 2,25

APC 17,99 6,58 4,67 2,12

PND 16,87 4,72 6,25 2,40

SND 34,29 20,00 13,27 2,66

NA 33,05 16,92 12,35 2,77

NC 27,22 16,31 10,09 3,44

NP 23,29 12,34 9,45 5,04

%CC

PD 141,72 110,45 16,79 8,63

CPop 28,78 13,90 9,86 4,34

Cman 70,40 41,01 7,05 10,23

LR 70,40 29,85 5,61 10,26

DIOpec 67,26 27,94 6,71 10,41

DIO 32,29 20,00 3,45 3,10

DEO 16,59 4,48 1,15 3,14

DO 27,50 19,28 2,85 2,72

ELS 16,59 3,65 1,17 2,75

DN 19,30 9,41 1,71 3,51

%CNP

LNP 98,00 32,50 4,52 2,78

CFNP 30,43 16,67 2,38 3,90

DNP 17,06 8,70 1,44 16,60

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56

Tabela 6. Contagens referentes à Awaous tajasica. N: número de indivíduos analisados, i: espinhos, r: raios ramificados e nr: raios não ramificados.

Contagens Awaous tajasica (N=85)

Máximo Mínimo Moda

1ª dorsal 6i 6i 6i

2ª dorsal 1i+12r 1i+10r 1i+11r

Anal 1i+11r 1i+10r 1i+11r

Peitoral 15r+1nr 14r+1nr 15r+1nr

Pélvica 2i+10r 2i+10r 2i+10r

Transversal 18 13 14

Circumpeduncular 23 14 17

Margem dorsal 13 8 10

Margem ventral 14 8 10

Longitudinal 58 34 40

Tabela 7. Contagens referentes à Awaous banana. N: número de indivíduos analisados. i: espinhos, r: raios ramificados e nr: raios não ramificados.

Contagens Awaous banana (N=34)

Máximo Mínimo Moda

1ª dorsal 6i 6i 6i

2ª dorsal 1i+11r 1i+10r 1i+11r

Anal 1i+11r 1i+10r 1i+11r

Peitoral 15r+1nr 14r+1nr 15r+1nr

Pélvica 2i+10r 2i+10r 2i+10r

Transversal 26 16 21

Circumpeduncular 30 19 24

Margem dorsal 16 10 12

Margem ventral 17 10 12

Longitudinal 66 52 60

Tabela 8. Contagens referentes à Awaous flavus. N: número de indivíduos analisados. i: espinhos, r: raios ramificados e nr: raios não ramificados.

Contagens Awaous flavus (N=13)

Máximo Mínimo Moda

1ª dorsal 6i 6i 6i

2ª dorsal 1i+11r 1i+10r 1i+11r

Anal 1i+11r 1i+11r 1i+11r

Peitoral 15r+1nr 14r+1nr 15r+1nr

Pélvica 2i+10r 2i+10r 2i+10r

Transversal 15 12 13

Circumpeduncular 20 17 18

Margem dorsal 11 0 9

Margem ventral 11 8 10

Longitudinal 50 34 39

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57

Tabela 9. Contagens de alguns dos elementos constituintes da osteologia de representantes de Awaous tajasica. N: número de indivíduos analisados. Início 1ªdorsal: vértebra associada ao pterigióforo do primeiro raio da primeira nadadeira dorsal. Início 2ªdorsal: vértebra associada ao pterigióforo do primeiro raio da segunda nadadeira dorsal. Início anal: vértebra associada ao pterigióforo do primeiro raio da nadadeira anal.

Contagens Awaous tajasica (N=36)

Máximo Mínimo Moda

Vértebras torácicas 10 10 10

Vértebras abdominais 15 15 15

Costelas 10 10 10

Total de vértebras 25 25 25

Início 1ªdorsal 3 3 3

Início 2ªdorsal 8 8 8

Início anal 10 10 10

Raios não ramificados superiores 16 13 14

Raios não ramificados inferiores 15 12 14

Padrão de ramificação superior 7 7 7

Padrão de ramificação inferior 7 6 6

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58

VII. GRÁFICOS

Gráfico 1. Análise de Componentes Principais indicando a ausência da formação de grupos ao longo da distribuição de A.tajasica.

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59

Gráfico 2. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da distância pré-dorsal pelo comprimento da cabeça.

Gráfico 3. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) do comprimento pré opercular pelo comprimento da cabeça.

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

0,00 20,00 40,00 60,00

Co

mp

rim

ento

pré

op

ercu

lar

Comprimento da cabeça

Comprimento pré-opercular

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

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60

Gráfico 4. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) do comprimento mandibular pelo comprimento da cabeça.

Gráfico 5. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da largura do rostro pelo comprimento da cabeça.

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

0,00 20,00 40,00 60,00

Co

mp

rim

ento

man

dib

ula

r

Comprimento da cabeça

Comprimento mandibular

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

0,00 20,00 40,00 60,00

Larg

ura

do

ro

stro

Comprimento da cabeça

Largura do rostro

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

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61

Gráfico 6. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da distância interopercular pelo comprimento da cabeça.

Gráfico 7. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da distância interorbital pelo comprimento da cabeça.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

0,00 20,00 40,00 60,00

Dis

tân

cia

inte

r o

per

cula

r

Comprimento da cabeça

Distância inter opercular

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

0,00 20,00 40,00 60,00

Dis

tân

cia

inte

rorb

ital

Comprimento da cabeça

Distância Interorbital

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

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62

Gráfico 8. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da distância entre os olhos pelo comprimento da cabeça.

Gráfico 9. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da distância orbital pelo comprimento da cabeça.

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

0,00 20,00 40,00 60,00

dis

tÂn

cia

entr

e o

s o

lho

s

Comprimento da cabeça

Distância entre os olhos

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

0,00 20,00 40,00 60,00

Diâ

met

ro o

rbit

al

Comprimento da cabeça

Diâmetro orbital

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

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63

Gráfico 10. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da espessura do lábio superior pelo comprimento da cabeça.

Gráfico 11. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da distância entre as narinas pelo comprimento da cabeça.

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

0,00 20,00 40,00 60,00

Esp

essu

ra d

o lá

bio

su

per

ior

Comprimento da cabeça

Espessura do lábio superior

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

0,00 20,00 40,00 60,00

Dis

tân

cia

entr

e as

nar

inas

Comprimento da cabeça

Distância entre as narinas

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

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64

Gráfico 12. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da distância pré anal pelo comprimento padrão.

Gráfico 13. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da altura do corpo pelo comprimento padrão.

40,00

45,00

50,00

55,00

60,00

65,00

0,00 50,00 100,00 150,00 200,00

Dis

tân

cia

pré

an

al

Comprimento padrão

Distância pré anal

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

10,00

11,00

12,00

13,00

14,00

15,00

16,00

17,00

18,00

0,00 50,00 100,00 150,00 200,00

Alt

ura

do

co

rpo

Comprimento padrão

Altura do corpo

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

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65

Gráfico 14. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) do comprimento do pedúnculo caudal pelo comprimento padrão.

Gráfico 15. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da altura do pedúnculo caudal pelo comprimento padrão.

5,00

7,00

9,00

11,00

13,00

15,00

17,00

19,00

21,00

23,00

25,00

0,00 50,00 100,00 150,00 200,00

Alt

ura

do

ped

ún

culo

cau

dal

Comprimento padrão

Comprimento do pedúnculo caudal

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

20,00

0,00 50,00 100,00 150,00 200,00

Alt

ura

do

ped

ún

culo

cau

dal

Comprimento padrão

Altura do pedúnculo caudal

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

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66

Gráfico 16. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da segunda nadadeira dorsal pelo comprimento padrão.

Gráfico 17. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da nadadeira anal pelo comprimento padrão.

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

0,00 50,00 100,00 150,00 200,00

Segu

nd

a n

adad

eira

do

rsal

Comprimento padrão

segunda nadadeira dorsal

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

15,00

17,00

19,00

21,00

23,00

25,00

27,00

29,00

31,00

33,00

35,00

0,00 50,00 100,00 150,00 200,00

nad

adei

ra a

nal

Comprimento padrão

nadadeira anal

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

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67

Gráfico 18. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da nadadeira caudal pelo comprimento padrão.

Gráfico 19. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da nadadeira peitoral pelo comprimento padrão.

15,00

17,00

19,00

21,00

23,00

25,00

27,00

29,00

31,00

33,00

35,00

0,00 50,00 100,00 150,00 200,00

nad

adei

ra c

aud

al

Comprimento padrão

nadadeira caudal

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

15,00

17,00

19,00

21,00

23,00

25,00

27,00

29,00

0,00 50,00 100,00 150,00 200,00

nad

adei

ra p

eito

ral

Comprimento padrão

nadadeira Peitoral

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

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68

Gráfico 20. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) do comprimento da nadadeira pélvica pelo comprimento padrão.

Gráfico 21. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da distância entre os espinhos da nadadeira pélvica pelo comprimento padrão.

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

10,00 60,00 110,00 160,00 210,00

com

pri

men

to d

a n

adad

eira

pél

vica

Comprimento padrão

comprimento da nadadeira pélvica

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

0,00 10,00 20,00 30,00

Dis

tân

cia

entr

e o

s es

pin

ho

s d

a n

adad

eira

p

élvi

ca

Comprimento padrão

Distância entre os espinhos da nadadeira pélvica

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

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69

Gráfico 22. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da largura da nadadeira pélvica pelo comprimento da nadadeira pélvica.

Gráfico 23. Dispersão das medidas morfométricas de A. tajasica (em verde) e A. banana (em azul) da comprimento do freno da nadadeira pélvica pelo comprimento da nadadeira pélvica.

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

0,00 10,00 20,00 30,00

larg

ura

da

nad

adei

ra p

élvi

ca

Comprimento da nadadeira pélvica

largura da nadadeira pélvica

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

0,00 10,00 20,00 30,00

Co

mp

rim

ento

do

fre

no

da

nad

adei

ra

pél

vica

Comprimento da nadadeira pélvica

Comprimento do freno da nadadeira pélvica

A. tajasica

A. banana

Linear (A. tajasica)

Linear (A. banana)

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70

VIII. FIGURAS

Figura 1. Medidas realizadas. Ilustração adaptada de Steindachner (1911). As abreviaturas estão contidas na tabela 2.

CPC

APC

NC

LNP

CP

PD PND SND

NP ELS

NA

DO

AC

PA

DNP base

CNP

CFNP

DEO DIO DN

LR

DIOPEC

CPop

Cman

CC

LNP

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71

Figura 3. Vista lateral esquerda da cabeça evidenciando o canal oculoscapular e o estado do poro F. A: Awaous tajasica LIRP (5745) 103,1 mm CP; B: Awaous banana. UCR (210-7) 91,5 mm CP.

Figura 2. Vista lateral esquerda de exemplar da espécie Awaous tajasica. UNT (9259) 108,8 mm CP.

A B

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72

Figura 4. Vista ventral da região peitoral evidenciando a presença ou ausência de escamas na região entre os espinhos das nadadeiras pélvicas. A: Awaous tajasica LIRP (5745) 103,1 mm CP; B: Awaous banana UCR (210-7) 91,5 mm CP.

A

A

B

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73

D

Figura 5. Ilustrações originais de Awaous tajasica. A: Pintura original depositada na coleção Libri Picturati (retirada do livro Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae); B: xilogravura do livro História Naturalis brasiliae (Piso & Marcgrave, 1648); C: xilogravura do livro Indiae utriusque re naturali et medica (Piso, 1658); D: xilogravura presente no livro: Historiae naturalis de piscibus et cetis libri V (Johston & Marcgrave, 1657).

C

B

A

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74

na

vo

I

lac

fr

esf

pter

so

c

csd

exo

epi

csl

el

mes

cr

5 mm

a

Figura 6. Crânio de Awaous tajasica em vista dorsal. As abreviaturas estão detalhadas na seção Materiais e métodos.

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75

vo

el

lac

exo

Int

psf

VII esf

pro

pter

fac

bo

a

fos

5 mm

X

Figura 7. Crânio de Awaous tajasica em vista ventral. As abreviaturas estão detalhadas na seção Materiais e métodos.

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76

Figura 8. Elementos da maxila superior e suspensório em vista lateral direita de Awaous tajasica. As abreviaturas estão detalhadas na seção Materiais e métodos.

mx pmx

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77

bh

hhd

bb 1

bb 2

urh

hb 2

hb 1

ch1

cb 1

ch2

ih

rb

cia

eb 1

cb 2

eb 2

cb 4

eb 4

bb 3

hb 3

bb 4

cb 5

fb

cb 3

eb 3

fb 3+4

2 mm

Figura 9. Cesta branquial de Awaous tajasica em vista dorsal. As abreviaturas estão detalhadas na seção Materiais e métodos.

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78

cb 5

pcv

1 mm

a

Figura 10: Figura em vista ventral do Cerato branquial 5 de Awaous tajasica. Evidenciando o processo ventral. As abreviaturas estão detalhadas na seção Materiais e métodos.

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79

Figura 11. Cintura peitoral de Awaous tajasica em vista lateral esquerda. As abreviaturas estão detalhadas na seção Materiais e métodos.

post

scl

cle

cor

rap 1

rap 2

rap 3

rad

rap 4

a

d

5 mm

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80

plt

lm par

a

Figura 13: Região da cabeça articular proximal do segundo raio ramificado na nadadeira pélvica, em vista ventral. As abreviaturas estão detalhadas na seção Materiais e métodos.

Figura 12. Região da nadadeira pélvica de A. tajasica, em vista ventral. As abreviaturas estão detalhadas na seção Materiais e métodos.

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81

Figura 14. Vista lateral esquerda de exemplar diafanizado de Awaous tajasica. Evidenciando os elementos da coluna vertebral. As abreviaturas estão detalhadas na seção Materiais e métodos.

Figura 15. Vista lateral esquerda do esqueleto caudal de Awaous tajasica. As abreviaturas estão detalhadas na seção Materiais e métodos.

cpv

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82

Figura 17: Mapa ilustrando a ocorrência de Awaous banana (bolas) e Awaous flavus (estrelas), na Venezuela. Adaptado de Lasso Alcalá e Lasso, (2008).

Figura 16. Mapa indicando a distribuição geográfica das espécies de Awaous presentes no Oceano Atlântico analisadas no presente trabalho. Símbolos: círculos vermelhos - A. tajasica; círculos verdes - A. flavus; círculos amarelos - A. banana

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IX. ANEXO

Material comparativo:

Awaous banana: UCR 1352-8, 10, 61,8-94,9 mm CP, Cachoeira Hone, Limón, Costa Rica. UCR 2010-7, 7, 64,9-93,1 mm CP, Rio Suárez, Limón Costa Rica. ANSP 64613 1, 147,3 mm CP, Rio Motagua, el Rancho, Guatemala. ANSP 88598, 2, 112,6- 139 mm CP, Rio do aqueduto, San Boniato, Santiago de Cuba, Cuba. ANSP 85774, 4, 73,6-77,6mm CP, Porto Príncipe, Haiti. UCR 1144-6, 4, 56,6-108,9 mm CP, Rio Cocolis, Limón, Costa Rica. ANSP 118558, 1, 153,6 mm CP, Praia de Guayanes, Yabucoa. Puerto Rico, USA. ANSP 10819, 1, 153,6 mm CP, Índias ocidentais, Santo domingo, República Dominicana. ANSP 83066, 1, 32,2mm CP, rio Rosseau, Dominica, Dominica. ANSP 163759, 1, 42,2 mm CP, cachoeira Kelly na praia, Cahuita, Limon, Costa Rica.

Awaous flavus: MPEG 1223, 2, 55,4-59 mm CP, Praia de Jubim, mangue, Salvaterra, Pará, Brasil. MPEG 3775, 3, 25-49,2 mm CP, Bahia de Guajará, Icoroaci, Pará, Brasil. MPEG 3788, 2, 24,3-27,3 mm CP, Bahia de Guajará, Icoroaci, Pará, Brasil. MPEG 4029, 1, 32,2 mm CP, Rio Amazonas, furos-estuário, Pará, Brasil. MPEG 4031, 1, 33,1 mm CP, Bahia de Guajará, Icoroaci, Pará, Brasil. MPEG 4034, 1, 59,5 mm CP, Rio Amazonas, furos-estuário, Pará, Brasil. MPEG 4038, 2, 55,1-56 mm CP, Rio Amazonas, furos-estuário, Pará, Brasil. MZUSP 66633, 1, 84 mm CP, Rio Amazonas, perto de Santana, Amapá, Brasil. MZUSP 66631, Igarapé Aricurá, Cametá, Pará, Brasil. MZUSP 116296, 2, 59,3-60,1 mm CP, Bahia de Marajó, Belém, Pará, Brasil.