Reverso 74 set brasil

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SET BRASIL 74 EDIÇÃO DOS LUMIÉRES AO CAPITÃO NASCIMENTO Uma breve história do cinema nacional O evento local é referência em todo o país CACHOEIRA DOC TOP 5 FILMES NACIONAIS Cinco filmes que você não pode deixar de ver Conheça mais sobre o cinema brasileiro

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SET BRASIL

74EDIÇÃO

DOS LUMIÉRES AO

CAPITÃO NASCIMENTOUma breve históri

a

do cinema nacional

O evento local é

referência em todo

o paísCACHOEIRADOC

TOP 5FILMES NACIONAIS

Cinco filmes que

você não pode deixar

de verConheça m

ais sobre o

cinema brasileiro

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Jornal Laboratório do Curso de JornalismoCentro de Artes Humanidades e Letras (CAHL)Quarteirão Leite Alves, Cachoeira/BA

CEP - 44.300-000 Tel.: (75) 3425-3189

Acesse o Reverso Online

ReitorPaulo Gabriel Soledad Nacif

Coordenação EditorialJ. Péricles Diniz e Robério Marcelo

EditorMatheus Buranelli

RedatoresAdrielle Coutinho

Alane ReisJenypher PereiraMatheus BuranelliPaloma Teixeira

Rafael Lopes

Editoração GráficaAdrielle CoutinhoMatheus Buranelli

CARTA AO LEITOR

CINEDITORIAL

EXPEDIENTE

ÍNDICESET Brasil é uma produção laboratorial do curso de Comunicação Social da Universida-de Federal do Recôncavo da Bahia. A revista segue uma linha editorial não factual e bus-ca tratar o tema desde esferas mais gerais até aspectos mais específicos.

Para aqueles que, apesar da capa, não com-preenderam o propósito da revista, aqui es-tão algumas explicações:Como insinua o nome, SET Brasil projeta acerca da produção cinematográfica nacio-nal. O título faz menção à sétima arte bra-sileira e ao set de gravação, o que sugere uma análise interpretativa e técnica dos fil-mes em abordados.

Sente-se confortavelmente e aproveite.

Larissa AndradeEstudante de Cimena e Audiovisual da UFRB

Rasgando a tela

“O cinema é uma AR-15 e nós negros brasileiros sabemos atirar”, afirmava Zózimo Bulbul, que destaca a pas-sagem do negro, enquanto temática para a direção dos filmes. Deixando de estar à frente das câmeras para olhar de atrás delas, ao assumir a perspectiva da auto representação. Zózimo, Waldir Onofre e Antônio Pi-tanga, são atores que passam a rea-lizar filmes na década de 70, tendo a temática racial em foco. Porém, Bul-bul compõe uma filmografia, dentre essas obras destaca-se a primeira: Alma no olho (1973), realizado com restos de película. No qual além de dirigir ele também atua.

Alma do Olho possui uma simplicidade na forma que reflete a complexidade do conteúdo, inspirado no livro Alma do Exilio, a autobio-grafia de Edgridge Clearver, um dos líderes dos Panteras Negras. O pri-meiro elemento de ambas as obras (o filme e o livro) evidencia o exílio do indivíduo na diáspora africana, o

corpo negro no curta-metragem é o fio condutor da narrativa. Inicialmen-te um homem expressivo, dançante e livre, de repente, a expressão de medo o domina e distancia-se em busca da saída, logo após aparece agachado, com um calção branco e uma grande corrente branca nos pu-nhos, simboliza a escravidão.

Por fim, quebra a corrente. A quebra da “corrente branca” é em-blemática na qual o ator/persona-gem/diretor rasga as telas do cine-ma ocupando “lugar de onde fala”, assumindo a direção estabelecendo a luta para a auto representação, na qual, “nós estamos por nós mes-mos” (Steve Biko), assim como nós falamos por nós: A tela escurece ... mas ainda não vê que vamos invadir sua TV. A câmera estremece e fica fora do ar, retornando para o eixo, pois assim será. Minha arma é uma câmera na mão, as se for necessário outros meios virão...

Larissa Andrade é realizadora do Coletivo de Cinema Negro, Tela Preta.

Dos Lumiére ao Capitão Nascimento

CachoeiraDOC O evento leva o público a

viagens não imaginadadas no interior

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Uma viagem no tempo pelos

caminhos do Cinema Brasileiro

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Cineastas do futuro

Entrevista com revelação do cinema

baiano: Violeta Martinez

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TOP 5 Cinco filmes que você não pode deixar de ver!

Locadora Resenhas de filmes pra você escolher

A SET Brasil é uma produção da disciplina Jornalismo Impresso II. Os textos são autoria dos discentes do cur-so de Comunicação, mas as fotos não. Aquelas que não forem creditadas são frames de filmes e, portanto, crédito

da direção de fotografia.

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1898 – 1906 - Affonso Segretto chega ao Brasil e faz as primeiras

filmagens do porto do Rio de Janeiro. Um imenso mercado de

entretenimento é montado em torno da capital federal no início

do século XX. Centenas de pequenos filmes são produzidos por

proprietários de salas de cinema no circuito Rio – São Paulo.

1908 a 1911 - Com o aumento industrial e o crescente uso

de energia elétrica no Rio de Janeiro, há um florescimento do

comércio cinematográfico, dando início à chamada “primeira

época de ouro”. Melodramas e reconstituições de crimes são

realizados por Francisco Serrador, Antônio Leal e os irmãos

Botelho.

Alane Reis

1911 - Fundada a Companhia Cinematográfica Brasileira, dirigida por

Francisco Serrador. Empresários norte-americanos visitam o Rio de

Janeiro para sondar o mercado cinematogrváfico do País. Nos próximos

dez anos, o cinema brasileiro passa a se amparar na produção de

documentários e cinejornais.

1923 - Entre 1923 e 1933, fora do eixo Rio - São Paulo, ocorre uma série

de ciclos regionais de pequena duração em Cataguases (MG), Campinas

(SP), Recife (PE) e Porto Alegre (RS), entre outras cidades. Em 1930, Mário

Peixoto lança Limite, clássico do nosso cinema mudo.

1930 a 1937 - Inicia-se a era do cinema falado. Adhemar Gonzaga cria a

Cinédia, que produz dramas populares e comédias musicais, como

Alô, Alô Brasil (1935) e Alô, Alô Carnaval (1936), que revelam a

cantora Carmen Miranda, sucesso internacional. A década também

é o ano de inauguração do Brasil Vita Filmes (1934) e a Sonofilmes

(1937). O cinema nacional sofre a forte concorrência do esquema

de distribuição das produções norte-americanas.

1941 – Nasce a Atlântida Cinematográfica, com o lançamento de

Moleque Tião (José Carlos Burle), com Grande Otelo. A Atlântida

faz grandes investimentos em infraestrutura e tem uma produção

constante.

1949 - A criação do estúdio Vera Cruz representa o desejo de

diretores que, influenciados pelo requinte das produções estrangeiras,

procuravam realizar um tipo de cinema mais sofisticado. Em apenas

cinco anos de existência, o estúdio realiza 18 longas-metragens.

1953 a 1955 - O filme O Cangaceiro (Lima Barreto, 1953), produzido

pelo estúdio Vera Cruz, ganha o prêmio de Melhor Filme de Aventura

no Festival de Cannes. A produção da Vera Cruz representa o

movimento que divulga o cinema nacional para o mundo inteiro:

o Cinema Novo. Em 1955 Nelson Pereira dos Santos lança o filme

precursor deste movimento, Rio, 40 Graus.

1960 - Um grupo de jovens cineastas começa a realizar uma série

de filmes imbuídos de forte temática social. Entre eles está Gláuber

Rocha, cineasta baiano e símbolo do Cinema Novo. Diretor de

filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964) e O Dragão

da Maldade Contra o Santo Guerreiro (1968), Rocha torna-se uma

figura conhecida no meio cultural brasileiro, defendendo uma arte

revolucionária que promovesse verdadeira transformação social e

política. Diretores como Cacá Diegues, Joaquim Pedro de Andrade

e Ruy Guerra participam dos mais prestigiados festivais de cinema

do mundo, ganhando notoriedade e admiração.

1964 a 1968 – É a “segunda época de ouro” do cinema brasileiro.

Mesmo após o golpe militar de 1964, que instala o regime

autoritário no Brasil, os realizadores do Cinema Novo e uma

nova geração de cineastas – conhecida como o “údigrudi”, termo

irônico derivado do underground norte-americano. As produções

com críticas a realidade social continuam, usando metáforas para

burlar a censura dos governos militares. Dessa época, destacam-

se o próprio Gláuber Rocha, com Terra em Transe (1968) e

Rogério Sganzerla, com O Bandido da Luz Vermelha (1968).

Comédias leves conhecidas como “pornochanchadas” viram

sucesso de público.

1969 - A fim de organizar o mercado cinematográfico e angariar

simpatia para o regime, o governo Geisel cria a estatal Embrafilme,

que teria papel preponderante no cinema brasileiro até sua

extinção em 1990.

1976 - Dessa época datam alguns dos maiores sucessos de público

e crítica da produção nacional, como Dona Flor e Seus Dois Maridos

(Bruno Barreto, 1976) e Pixote, a Lei do Mais Fraco (Hector Babenco,

1980).

1986 - O fim do regime militar e da censura, em 1985, aumenta

a liberdade de expressão e indica novos caminhos para o cinema

brasileiro. Fernanda Torres ganha o prêmio de melhor Interpretação

feminina, no Festival de Cinema de Cannes, pelo filme Eu Sei que Vou

Te Amar, de Arnaldo Jabor.

1990 – As políticas neoliberais do governo Collor fecham a Embrafilme,

o Concine, a Fundação do Cinema Brasileiro e o Ministério da Cultura.

São extintas as leis de incentivo à produção, a regulamentação do

mercado e até mesmo os órgãos encarregados de produzir estatísticas

sobre o cinema no Brasil. O Mercado brasileiro é aberto aos filmes

estrangeiros, quase todos norte-americanos. A produção nacional,

dependente da Embrafilme, entra em colapso, e pouquíssimos longas-

metragens nacionais são realizados e exibidos nos anos seguintes.

1992 - Criada a Secretaria para o Desenvolvimento do Audiovisual,

que libera recursos para produção de filmes por meio do Prêmio

Resgate do Cinema Brasileiro. A indústria brasileira de cinema se

reergue gradualmente. Esse período é conhecido como a “Retomada”

do cinema brasileiro.

1995 a 1999 - Em pouco tempo, três filmes são indicados ao

Oscar de Melhor Filme Estrangeiro: O Quatrilho (Fábio Barreto,

1995), O Que é Isso, Companheiro (Bruno Barreto, 1997) e

Central do Brasil (Walter Salles, 1998), também vencedor do

Urso de Ouro do Festival de Berlim, pelo papel de Dora

(Fernanda Montenegro), que recebe o Urso de Prata de melhor

atriz no mesmo festival, além da indicação ao prêmio de melhor

atriz no Oscar e no Globo de Ouro de 1999. Nomes como

Walter Salles, Carla Camuratti, diretora de Carlota Joaquina,

Princesa do Brasil (1995), tornam-se nomes conhecidos do

grande público, atraindo milhões de espectadores para as salas

de exibição.

2001 - Criada a Agência Nacional de Cinema (Ancine). O filme

Abril Despedaçado (Walter Salles, 2001) é indicado ao Globo de

Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.

2002 a 2005 - O filme Cidade de Deus (Fernando Meirelles,

2002) recebe quatro indicações ao Oscar: Melhor Diretor;

Melhor Roteiro Adaptado; Melhor Edição e Melhor Fotografia.

Em 2009, o longa foi escolhido um dos cem melhores filmes de

todos os tempos pela revista norte-americana Time. Em 2005 O

filme Dois filhos de Francisco (Breno Silveira) vende 5,3 milhões

de ingressos, sendo o grande sucesso nacional da época.

2008 a 2012 - A Ancine lança o Fundo Setorial do Audiovisual,

um marco na política pública de fomento à indústria

cinematográfica no país. Tropa de Elite (José Padilha, 2008)

ganha o Urso de Ouro de Melhor Filme no Festival de Berlim.

Em 2010, o diretor lança a continuação do longa-metragem.

Tropa de Elite 2 atrai 1,25 milhão de pessoas no primeiro fim

de semana de exibição e quebra o recorde de público em

estreias do cinema nacional. O filme ultrapassou Dona Flor e

Seus Dois Maridos (1976), até então o mais visto na história do

cinema nacional, com 12 milhões de espectadores..

Dos Lumiére ao Capitão NascimentoUma viagem no tempo pelos caminhos do Cinema Brasileiro

Caso alguém pergunte, em um futuro distante, qual terá sido o meio de expressão de maior impacto da era moderna,

a resposta será quase unânime: o audiovisual. Inventado em 1895 pelos irmãos Lumiére, o cinema revelou-se peça

fundamental do imaginário coletivo do século XX, seja como fonte de entretenimento ou de divulgação (e por vezes,

dominação) cultural dos povos que detiveram a técnica da produção cinematográfica.

No Brasil, o primeiro cinematógrafo - aparelho híbrido que associa funções da máquina de filmar, revelação de película

e projeção – aporta em 1898, com o imigrante italiano Affonso Segretto, o primeiro cineasta “brasileiro”.

A Set Brasil preparou para você, uma exposição dos principais bastidores da história do Cinema Nacional, de Segretto,

no final do século XIX, aos recordes de bilheteria nos cinemas nacionais com os filmes Se eu fosse você 2 (Daniel Filho,

2009) e Tropa de Elite 2 (José Padilha, 2010).

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Cidade histórica, banhada pelo rio

Paraguaçu, com uma população marcada

por uma cultura religiosa forte. Cada

esquina de Cachoeira tem muita história para

contar, talvez andando pela praça, atravessando

a ponte Dom Pedro II ou dançando um legítimo

samba de roda, seja possível se sentir como no

século 19. Um cenário de filme.

Desde 2010, Cachoeira vem sendo palco de um

festival que, pouco a pouco, está garantindo o seu

espaço nos festivais nacionais, o CachoeiraDoc. A

pretensão do festival é que Cachoeira e a Bahia

estejam conectadas ao mundo através das lentes

de diversos cineastas, com olhares e experiências

distintas, estimulando um intercâmbio de ideias

e culturas. Amaranta Cesar, curadora do evento,

frisa que “o documentário é uma aventura no

conhecimento do outro”.

A ideia de um festival de documentários foi

nascendo quando Amaranta Cesar ao corpo de

professores do curso de Cinema e Audiovisual

da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

(UFRB), juntamente com a também professora do

mesmo curso, Ana Rosa Marques. Para Amaranta,

professora de documentários, era necessário fazer

com que os filmes e seus respectivos realizadores

chegassem aos alunos de toda a universidade e

também à comunidade, pois para se entender sobre

documentários, inicialmente é preciso conhecê-los.

O acesso a documentários costuma ser difícil,

pois não há plataformas que os divulguem de

formas tão intensas quanto os filmes comerciais,

por exemplo. A comunidade acaba ficando alheia

a produções que merecem destaque. Segundo

Amaranta, tanto a universidade, quanto Cachoeira

são lugares de difusão de ideias e projetos num

pensamento do cinema como um todo. “Cachoeira

é um ambiente propício para o festival. O lugar de

convivência em torno dos filmes é muito amplo”,

afirma.

Plataformas de financiamento tiram as ideias

do papel

Curadora do evento, Amaranta afirma que ele só

foi possível a partir de um edital do Fundo de

Cultura. Todas as quatro edições contaram com

o prêmio de editais para acontecer. Mesmo com

alguns problemas, como atraso no recebimento

da verba, ela garante que essa política cultural é

muito importante para tornar viáveis eventos que

antes não eram possíveis de serem realizados,

principalmente no interior.

Outras formas de financiamento que existem, dão

certo e são muito importantes para tirar ideias

interessantes do papel são as plataformas de

financiamento coletivo que ganharam corpo e

FESTIVAL TRAZ HISTÓRIAS

PARA CACHOEIRAPaloma Teixeira

força na internet. A dificuldade de levar um projeto

adiante e fazer com que ele seja reconhecido

existe e essas ações são de extrema importância

para auxiliar os idealizadores.

O documentário Tão longe é aqui apresentado

na mostra Sessões Especiais do CachoeiraDoc

deste ano foi viabilizado a partir de doações de

uma dessas plataformas virtuais. De acordo com

a jornalista e diretora do documentário, Eliza

Capai, programas como esses, que têm o intuito

de incentivar pessoas a participar com doações,

mesmo que pequenas, acabam desempenhando o

papel de humanizar os doadores.

Pessoas, culturas e uma rica troca de histórias

Uma dos pontos que mais chama a atenção de quem

vem ao CachoeiraDoc é o aumento significativo do

público. De acordo com a idealizadora, o evento

vem ganhando prestígio tanto na Bahia quanto fora

dela e isso acaba refletindo no número de pessoas

que se deslocam de suas cidades para assistir as

produções. “Os realizadores dos documentários

aceitam os convites com mais facilidade. Até a

relação com as escolas daqui melhorou, agora os

alunos vêm, participam das oficinas.”

O documentário consegue atrair as pessoas não

só pela história, mas tudo que está envolvido em

sua produção, partindo da narrativa até a sua

estética. Para Everaldo Júnior, 22, estudante de

história, “estar presente nas mostras seria um

ganho cultural muito forte e interessante, muitos

alunos desejam participar, mas não tem essa

possibilidade”. Segundo Amaranta, deveria haver

uma maior sensibilidade entre os professores da

universidade em relação a permitir que os alunos

participem das sessões, pois, para ela o “festival

não é só do curso de cinema”.

Quarta edição

Com uma programação rica e auditório

constantemente lotado, o CachoeiraDoc exibiu

cerca de 41 documentários, alguns deles inéditos

O CachoeiraDOC leva o público a viagens não imaginadadas no interior

VENCEDORES DAS MOSTRAS COMPETITIVAS 2013:MELHOR CURTA METRAGEM

Júri Oficial:Mauro em Caiena (Ceará, 2012, 18 min.), de Leonardo Mouramateus.

MELHOR LONGA METRAGEM

Júri Oficial e Jovem:Os dias com ele (São Paulo, 2013, 107 min.), de Maria Clara Escobar.

MELHOR CURTA METRAGEM

Júri Jovem:Jessy (Bahia, 2013, 13min.), de Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge.

MENçãO HONROSA

Júri Jovem:Procurando Rita (Bahia, 2012, 7 min.), de Evandro Freitas.

Foto: Cá

ssius Bo

rges

no país. A abertura do festival foi no Largo d’Ajuda,

onde foi exibido o documentário “A vida sobre a

terra”, de Abderrahmane Sissako, e contou com

mais de 300 telespectadores. O CachoeiraDoc

trouxe mostras competitivas, Recôncavo, sessões

especiais, além da mostra África: filmes de regresso

e questões à terra natal e Clássicos do Real, que

homenageou o cineasta baiano Alexandre Robatto.

Além da presença dos idealizadores, o evento

também contou com a participação de artistas

que animaram a noite cachoeirana. A abertura

contou com a apresentação do cantor Mateus

Aleluia e no sábado, o foyer do Centro de Artes

Humanidade e Letras (CAHL) foi animado com a

banda Escola Pública e a Festa Independência

Discotecagem. Foto: Ge

ovan

e Pe

ixoto

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Cidade de Deus é um marco no cinema nacional, adaptado do livro homônimo do escritor Paulo Lins e dirigido por Fer-nando Meirelles, piscar os olhos pode ser perder algum detalhe crucial para a tra-ma. Pela primeira vez, traficantes que só apareciam nas páginas policiais mortos ou presos, adquirem consistência, tor-nam-se gente. Inaugura-se a moda bra-sileira de fazer filmes sobre a periferia.

Em termos estilísticos, o filme já começa com cenas de impacto. O público acom-panha, rapidamente, a trajetória de uma galinha que escapa da degola. A com-posição ganha ritmo por meio de cortes rápidos e do uso da câmera na mão. A história (e a câmera) dão um giro e a trama recua para os anos 60, a fim de explicar como surgiu aquele conjunto habitacional da zona oeste carioca, a Cidade de Deus (CDD), bem como o de-senvolvimento da criminalidade na região.

O filme traz duas tramas principais. De um lado, Dadinho (Douglas Silva), um me-nino que ainda muito criança foi seduzi-do pelo crime. Quando jovem, aumenta o desejo pelo poder, e um dia em um terreiro de Candomblé é apelidado com o nome de Zé Pequeno (Leandro Firmino da Hora), começa aí seu envolvimento pleno com o tráfico. Paralelo ao primeiro personagem, conhecemos Busca-Pé (Ale-xandre Rodrigues), um colega de infância de Dadinho que prefere seguir sua vida a margem do crime, mesmo que nem

sempre fora dele.

No cinema brasileiro, diversas são as inova-ções da obra cinematográfica: a quebra com a cronologia representou uma novidade em termos de montagem. Flashbacks, fusões, nar-rativas paralelas, tomadas com enquadramen-tos inusitados e subjetivos, linguagem e estéti-ca de videoclipe. Momentos de duplicação da tela, mostrando acontecimentos paralelos de maneira simultânea. Som e imagem que não casam, mas funcionam bem como amantes, a exemplo da cena em que Cabeleira (Jonathan Haagensen) é morto pela polícia enquanto, ao fundo, ouve-se Cartola.

O elenco foi outro trunfo de Cidade de Deus, com exceção de Matheus Nachtergaele, os atores são em sua maioria, amadores, mo-radores de favelas cariocas, oriundos de es-colas de atuação presentes em suas comuni-dades. Interpretam histórias comuns aos seus cotidianos.

Cidade de Deus fala de violência, crime e pobreza como produtos da mesma engrena-gem, o descaso do Estado em acabar com as cruéis desigualdades sociais. Não sugere soluções, apenas descreve, do ponto de vista de quem conhece bem, Paulo Lins, “nascido e criado” na própria CDD, considerada uma das maiores e mais violentas favelas da América Latina, que em 2002 contava com 120 mil ha-bitantes. Superpremiado nacional e internacio-nalmente, é o primeiro filme feito no Brasil a ser indicado em quatro categorias do Oscar: melhor filme, roteiro, fotografia e direção.

Quando a periferia Recém-chegado na cidade grande, Raimundo Nonato (João Miguel) se vê desempregado e sem muitas perspectivas. Por sorte, conhece Zul-miro (Zeca Cenovicz) e é contratado, então, para trabalhar como cozinheiro em um boteco. Entretanto, sua inesperada habilidade com os pratos o leva a outros caminhos.

Nonato passa a ser reconhecido pela coxinha que faz e o boteco que antes era vazio toma outra dimensão. Entre os muitos clientes atraí-dos pelo quitute, figura Íria (Fabiula Nascimento), uma prostituta glutona. O nordestino se deixa envolver por ela e, em uma “troca de favores” alimenta a sua gula numa relação estritamente sexual mas que, para ele, não era bem assim.

Desde o início, a trama se desenvolve de forma não-linear, o que faz com que a película se torne ainda mais emocionante e consiga manter do início ao fim a atenção do espectador. Ora ambientado na cozinha, ora em uma cela, o pú-blico passa, aos poucos, a descobrir o porquê de Nonato, aquele homem sossegado e, muitas vezes ingênuo, ter ido parar ali.

É através da comida, também, que ele adquire a confiança de seus companheiros de cela, o que lhe confere certo prestígio e desencadeia uma relação de poder. Poder, sexo e cozinha são ba-sicamente os três ingredientes principais desta receita de sucesso. O longa foi o vencedor na categoria melhor filme pelo Festival de Cinema do Rio de Janeiro, em 2007, e pelo Grande Prêmio Cinema Brasil, no ano seguinte; venceu, também, o Prêmio de Produção de Filmes de Baixo Orçamento do Ministério da Cultura.

Drama temperado com doses de humor e que inevitavelmente desper-ta a fome, Estômago é um filme de

2007 dirigido por Marcos Jorge

Da celaà cozinha

invadiu as telonas

É noite quando um homem leva, sem pudor, uma jovem de aparência indígena para um hotel aos beijos. Ela o acompanha de bom grado e eles parecem estar se entendendo quando outro ho-mem, também com fisionomia indígena, surge na entrada do estabelecimento chamando pela jovem visivelmente aborrecido. Os rapazes discutem. Ela assiste. A briga não demora. Logo é silenciada por um tiro disparado pelo índio contra o acompa-nhante da jovem.

Esta primeira cena desencadeia a trama de Árido Movie. O filme foi lançado em 2006 e dirigido pelo pernambucano Lírio Ferreira. Também conta com roteiro de Hilton Lacerda, Sérgio Oliveira e Eduardo Nunes; produção e fotografia de Murilo Salles. Dão vida ao drama os atores Guilherme Weber, Giulia Gam, Gustavo Falcão, Selton Mello e José Dumont.

Após o assassinato de seu pai, o repórter do tempo Jonas (Weber) sai de São Paulo rumo Ro-chas (PE), sua cidade natal. Sem ter tido muito contato com sua família paterna, não consegue se situar na realidade do local. Em contrapartida, todos os habitantes assistem a ele no noticiário diariamente.

A família, esquecida pelo protagonista, o cobra para que vingue a morte do pai. Algo muito difícil para um sistemático repórter. Matar não é nem de longe uma possibilidade. Vingar alguém é algo de outro mundo para Jonas.

Um enredo bastante simples, mas é este conflito que norteia a trama. A divergência entre os hábi-tos de um jornalista de projeção nacional, criado na capital, e dos costumes e expectativas de sua família interiorana.

O próprio título sugere uma dualidade quando mistura uma palavra que faz referência direta ao nordeste com outra palavra em inglês. É um retra-to do encontro entre essas duas realidades e este é, sem dúvidas, o aspecto de maior êxito do filme.

Talvez a escolha de um ator paranaense para este papel tenha contribuído para evidenciar essa característica. O ator não se encaixa fisicamente com as características nordestinas, tais como al-tura, cor de pele, cabelo e olhos.

A interpretação deixa um pouco a dese-jar, com efeito para o protagonista. Motivo que deve ter dado destaque à atuação dos índios – Dumonte e a modelo Suyane Moreira. Renata Sorrah, como a mãe do protagonista, recebe um papel pouco signi-ficativo, assim como Matheus Nachtergaele, que é pouco aproveitado.

Há muitas histórias aparentemente sem propósito para contribuir com o enredo principal, como a saga dos amigos do pro-tagonista em seu encalço e a busca de Soledad (Gam) pelo “Meu Velho”.

Apesar de tudo, é interessante a forma como o sertão é tratado numa perspectiva um pouco (bem pouco mesmo) contempo-rânea. Menos inóspita.

Feitas as críticas pontuais, o filme consegue ser simples, sem ser simplista. Diversos as-suntos compõem o pano de fundo da tra-ma. Sem nunca parecer moralista o diretor tratou do uso de maconha, do consumo de álcool, do coronelismo no sertão e da marginalisação imposta aos índios.

Árido Movie, que apesar do nome, é um fil-me rico. Ganhou seis pêmios no Festival de Pernambuco – entre eles Melhor Diretor e Melhor Filme – e também ganhou o prêmio de melhor direção no Festival de Cinema Brasileiro de Miami.

Um filmenada árido

Alane Reis

Filme baseado na narrativa de Dias Gomes, lançado em 1962, o longa O Pagador de Promessas surpreende. Filmado em Salvador, capital da Bahia, premiado com a Palma de Ouro no Festival Nacional de Cannes, na ca-tegoria melhor filme e indicado ao Oscar de 1963 na categoria melhor filme estrangeiro, foi um pouco esnobado pela crítica nacional e ovacionado pela internacional.

O filme surpreende principalmente pela sua narrativa bucólica e roteiro atraente dan-do ênfase a subversão entre religiões, Zé do Burro, personagem principal, interpretado por Leonardo Vilar, ao pagar sua promessa é pego de surpresa com a proibição de en-trar na igreja, pois o juramento foi feito a Iansã no terreiro de candomblé.

Uma dos fatos mais interessantes que ocor-rem no filme é a fama que Zé do Burro vai ganhando com a polêmica da promessa que é mal sucedida até certo ponto. O persona-gem principal vira um importante papel de protesto para os que aderem ao candomblé, mas ao mesmo tempo consegue ser vítima da mídia com a “acusação” de promover a reforma agrária, já que a sua promessa também envolvia doação da sua terra aos pobres.

O Pagador de Promessas se tornou um clás-sico e indispensável em qualquer coleção dedicada ao cinema brasileiro, principalmen-te porque o roteiro tem capacidade intelec-tual e principalmente, surpreende com sua técnica avançada.

Adrielle Coutinho

Narrativa de 62surpeende

Jenypher Pereira

Matheus Buranelli

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Com a chegada do curso de Cinema e Audiovisual na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), em Cachoeira e na Universidade Estadual do Sudo-este da Bahia (UESB), em Vitória da Conquista – o primeiro caracterizado pela expansão e interiorização do ensino superior –, o cenário cinematográfico baia-no tem mudado. Jovens cineastas com visões e ideias inovadoras têm ocupado e conquistado seu espaço na sétima arte. É o caso da jovem cineasta Violeta Martinez. Baiana, a jovem natural de Valença foi parte integrante da primeira turma do curso de Cinema e Audiovisual da UFRB e acabou se formar tendo como Trabalho de Conclusão de Curso o longa metragem Um filme para Michal.

O filme, que conta – de forma intimista – a história de vida do ex-alpinista e ex-proprietário do Sebo Café com Arte de Cachoeira (ambiente por muito tempo freqüentado por estudantes e funcionários da UFRB), utiliza imagens de arquivo mostrando desde a época em que Michal (protagonista) praticava o alpinismo e imagens feitas pela equipe de produção do longa, caracterizando o protagonis-ta nos dias atuais. O documentário, que teve sua primeira exibição no mês de julho no Cineclube Mário Gusmão, no Campus da UFRB em Cachoeira, contou com a presença de estudantes, professores e funcionários da Universidade além de membros da comunidade cachoeirana.

Depois de mais uma etapa vencida, a cineasta contou pro SET Brasil um pouco da experiência de ter gravado um longa-metragem e as dificuldades encontra-das por ela no processo de gravação.

SET Brasil: Como surgiu a ideia de um longa sobre a vida de Michal?Violeta Martinez: A idéia surgiu a partir da convivência com Michal, pois eu fre-quentava o seu Sebo- bar, o Café com Arte. A cada visita, Michal me surpreendia Wcom sua história de vida, um cara que foi alpinista e empresário de sucesso ao mesmo tempo e que naquele momento era dono de um bar numa cidade como Cachoeira... Tudo isso me intrigava e a partir dessa relação nos tornamos amigos e eu decidi fazer o filme.

SET Brasil: Como foi pra você gravar com Michal, como foi lidar com a questão emocional?Violeta Martinez: Como disse, eu me tornei amiga de Michal, frequentava não só o Café, como também sua casa. De-cidi que queria começar a filmar durante

Confira breve entrevista com a jovem cineasta Violeta Martinez.

Cineastas do futuro::: baianos são destaque nas

produções cinematográficas

as férias e fiquei quinze dias na casa de Michal filmando. Pra mim essas imagens seriam apenas uma pesquisa para o roteiro que ainda estava escrevendo. Mas não foi isso que aconteceu... Na verdade eu já estava fazendo o filme, imer-sa nele. O mais difícil era conseguir separar justamente a amiga da cineasta. E com o fato dele ter tido um acidente vascular cerebral essa questão se intensificou. Separar os sentimentos e tomar decisões foi o mais difícil pra mim.

SET Brasil: O filme é um produto de conclusão de curso. Conta pro SET um pouco da experi-ência de gravar um longa ainda na faculdade, na condição de estudante. Quais as dificuldades encontradas em todo o processo de produção do documentário?Violeta Martinez: Eu sempre levei a sério tudo que eu faço, apesar de na época eu ainda ser estudante de Cinema, minhas motivações eram maiores do que o espaço acadêmico. Pra mim

Cinema é paixão, mas é também um trabalho. E como todo trabalho, deve ser levado a sério. A universidade é um espaço único e de extrema importância, a UFRB apoiou muito o meu proje-to, a sua estrutura foi importantíssima para esse longa-metragem poder ser realizado. Agradeço a minha orientadora Angelita Bogado e a todos os professores envolvidos no projeto. Agradeço também a minha equipe, a maior parte formada por alunos da UFRB, pessoas que já atuam no mercado de trabalho, e estão preparadas pra qualquer projeto cinematográfico. Por fim, agra-deço também o apoio financeiro da Fundação Cultural do Estado da Bahia, Fundo de Cultura e Secretaria de Cultura. As dificuldades são as mesmas de qualquer produção, mas pra mim a maior dificuldade estava no campo da constru-ção fílmica, como diretora de um primeiro longa metragem.

SET Brasil: Sobre a pré-estréia - que aconteceu

no auditório do CAHL -, como foi pra você fazer uma pré-estréia de seu filme na própria Universi-dade em que formou? O achou da receptividade do público?Violeta Martinez: Achei maravilhoso, porque foi um convite da professora Cyntia Nogueira e do Cineclube Mário Gusmão. Foi uma honra poder exibir primeiro o filme em Cachoeira, no lugar onde me formei e ainda ter a presença de Mi-chal durante a sessão. Fiquei muito feliz com a receptividade, com críticas bastante positivas.

SET Brasil: Seu filme já é um sucesso e está entre os mais comentados das produções au-diovisuais do curso de Cinema da UFRB. Agora, depois de formada, quais seus planos e projetos para o futuro? Tem algum projeto que possa nos adiantar? Algum curta ou longa vindo por aí?Violeta Martinez: Tem o projeto Faz-se filmes que também foi contemplado num Edital da Se-cretaria de Cultura, no setor da Economia Criati-va que estamos por realizar até o ano que vem. Esse projeto, idealizado por mim e meu irmão, o artista visual Gugui Martinez, vem sendo pro-jetado desde 2010, e foi pensado e executado em forma de intervenção urbana em Cachoeira. Faz-se Filmes é um projeto itinerante que pro-põe percorrer onze cidades do interior da Bahia, oferecendo o serviço de produção de filmes em curta-metragem a população de pouco acesso a produção de cinema e cultura digital. O projeto busca incentivar e possibilitar todo e qualquer cidadão a criar e ampliar sua produção econô-mica e/ou artística, a partir das propostas de filmes a serem apresentadas em cada localidade pelas pessoas que solicitarem o Faz-se Filmes, mobilizando comunidade e equipe.

SET Brasil: Na sua concepção, quais obstáculos maiores de se realizar um documentário de lon-ga-metragem? Qual obstáculo mais agravante?Violeta Martinez: O documentário é instigante, mas ele é perigoso se você não souber medir cada decisão que tomar. Existe uma responsa-bilidade muito grande, pois você está tratando do outro. Existem outras vidas envolvidas e se você não tomar cuidado pode ultrapassar alguns limites éticos. Acima de tudo temos que ter o respeito pelo outro, sem também afetar a criati-

vidade no filme. E isso é muito difícil. No campo da produção, o obstáculo maior é que no Brasil o realizador independente tem que ser um pou-co de tudo. Você acaba fazendo e aprendendo até o que não gosta. Pois o sistema de produ-ção tenta imitar um modelo industrial, mas na realidade isso não acontece na prática. Então na verdade a responsabilidade financeira de um projeto muitas vezes está sobre os ombros do diretor e não do produtor. Isso dificulta um pouco o trabalho, pois você fica sobrecarregado e muitas vezes isso atrapalha o processo de criação.

SET Brasil: Qual dica você dá para os futuros cineastas? O que fazer para alcançar o sucesso e ter visibilidade com seu trabalho?Violeta Martinez: Acho que não posso dar ne-nhum tipo de dica, o que poderia dizer é que cada um tem que fazer o que gosta, acreditar sempre nos seus sonhos, e acima de tudo ser sincero consigo mesmo. É isso que tento fazer

sempre. Não sei o que fazer pra alcançar algum sucesso ou visibilidade, porque isso é bacana, mas não é o mais importante. Já me preocupei demais com isso, mas com a experiência aprendi que a opinião dos outros as vezes não importa. Quando você se liberta disso, de ficar preso a uma decisão de um júri, por exemplo, é porque você já está em outro patamar. A arte em si é maior que tudo isso, e eu vou continuar realizando independente de ganhar visibilidade ou não. Sou a favor do sustento, e como disse, vejo o cinema como arte, mas também como trabalho. Mas a gente sabe que é difícil viver só disso, existem muitas coisas envolvidas... Não me interessa ser uma pessoa diplo-mática, então você tem que saber o que quer, e saber as consequências de tudo isso. São escolhas, e como toda ação, há uma reação.

Rafael Lopes

Um filme para Michal é apenas um exemplo do que está sen-do produzido por essa nova geração de cineastas, mas há muito sendo realizado por esses jovens. São filmes com diferentes olhares e estéticas que, na maioria das vezes dialogam com uma vertente segmentada da sétima arte – os chamados filmes “cult” – voltados para um público consumidor seleto. É essa nova geração que têm consolidado grandes eventos e festivais como o CachoeiraDoc (Festival de Documentários de Cachoei-ra), que ano no próximo ano chega a sua quinta edição.

Eu sempre levei a sério tudo que eu faço, apesar de na época eu ainda ser estudan-te de Cinema, minhas mo-tivações eram maiores do que o espaço acadêmico”

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Making off: Um filme para Michael

Formada pela UFRB, Violeta acaba de estrear um longa metragem

Foto de divulgação

Nova geração de cineastas surge com a criação do curso de cinema da UFRB, no Recôncavo Baiano.

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Melhores Filmes NacionaisÉ difícil a missão de avaliar e escolher. Quando se trata de filmes, então, a tarefa fica ainda mais complicada, pois há de se levar em

consideração que não há como alcançar uma verdade absoluta.

Entretanto, depois de diversas leituras e pesquisas, elencaremos os cinco melhores filmes brasileiros de todos os tempos segundo críticos

e especialistas no assunto:

Jenypher Pereira

TOP5

Terra em TransePaulo é um jornalista que tenta mudar a situ-ação ao planejar a ascensão de um canditato

supostamente oposicionista chamado Vieira e buscando o apoio do maior empresário do país para deter o avanço de uma multinacio-nal estrangeira sobre o capital do país. Tudo começou bem; porém, problemas sociais e a

corrupção arruinaram sua intenção.

(Glauber Rocha, 1967) Vidas Secas

No paupérrimo Nordeste brasilei-ro, uma família vive sem esperan-ças no futuro por causa da seca e miséria que assolam suas vidas. Uma das grandes obras-primas do cinema brasileiro.

(Nelson Pereira dos Santos, 1963)

O Pagador de Promessas

Zé é um cidadão simples que vê seu burro - bicho de grande estima para ele - ficar muito doente. Sendo assim, ele faz uma promessa: se ele ficar curado, ele carregará uma cruz até a cidade como sacrifício pelo “milagre”. O burro então fica bom e Zé tenta cumprir sua promessa... Até a chegada na igreja, quando o padre recusa-se a deixá-lo entrar ao saber o motivo do sacrifício.

(Anselmo Duarte, 1962)

Deus e o Diabo

O cangaceiro Manuel e sua mulher Rosa são

obrigados a viajar pelo sertão, após ele ter ma-tado o patrão. Em sua jornada, eles acabam

cruzando com um Deus negro, um diabo loiro e

um temível homem.

(Glauber Rocha, 1964)

na terra do Sol

Cidade de DeusA história é fictícia, mas inspira-da em fatos reais narrados por um jornalista que foi morador

da Cidade de Deus, no livro de mesmo nome. Conta a história

de um garoto chamado Buscapé desde sua infância, nos anos 60, até o final dos anos 70, dando

uma idéia da criação das favelas, da origem do tráfico de drogas e de sua relação no dia a dia dos

moradores.

(Fernando Meirelles e Katia Lund, 2002)

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