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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia O POVO FALA: FELIPÃO PODE GANHAR A COPA PRO BRASIL? (PAG. 11) Cachoeira - Bahia Maio de 2013 Edição 69 Pesquisas da Universidade redescobrem Maragojipinho (Página 9) População quer melhor atendimento no Hospital da Cachoeira (Página 3) Violência na região preocupa e deixa estudantes em alerta (página 3) Curso de Dança do Ventre traz um pouco da cultura oriental ao Recôncavo (Confura na página 6) TAMBÉM NESTA EDIÇÃO: Animais abandonados recebem atenção em Santo Amaro (pag. 4) Arquivo público volta a funcionar (pag. 5) É hora de escolher o melhor da moda para a temporada de inverno (pag. 12) Foto: Janaína Riber Foto: Mário Jorge Foto: Wiliane Passos Foto: Lorena Bernardes

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

O POVO FALA: FELIPÃO PODE GANHAR A COPA PRO BRASIL? (PAG. 11)

Cachoeira - BahiaMaio de 2013

Edição69

Pesquisas da Universidaderedescobrem Maragojipinho

(Página 9)

População quer melhor atendimento no Hospital da Cachoeira (Página 3)

Violência na região preocupa edeixa estudantes em alerta (página 3)

Curso de Dança do Ventre traz um pouco da cultura oriental ao Recôncavo (Confura na página 6)

TAMBÉM NESTA EDIÇÃO:Animais abandonados recebem atenção

em Santo Amaro (pag. 4)

Arquivo público volta a funcionar (pag. 5)

É hora de escolher o melhor da moda para a temporada de inverno (pag. 12)

Foto: Janaína Riber

Foto: Mário Jorge

Foto: Wiliane Passos

Foto: Lorena Bernardes

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo

Reitor da UFRBProf. Dr. Paulo Gabriel S. Nacif

Diretora do CAHLProfa. Dra.Georgina Gonçalves

Coordenação EditorialProf. Dr.Robério Marcelo RibeiroProf. Dr. José Péricles Diniz

EditorProf. Dr. J. Péricles Diniz

RedatoraFabiana Dias

Editoração GráficaProf. Dr. J. Péricles DinizAdriele Coutinho, Ilze Melo, Larissa Molina, Maeli Souza, Matheus Buranelli, Rodrigo Daniel Silva, Roquinaldo Freitas, Vanessa Araújo Barboza e Wiliane Passos

CACHOEIRA | BAHIA Maio 2013www.ufrb.edu.br/reverso 3CIDADECACHOEIRA | BAHIA

Maio 20132 OPINIÃO INEDITORIAL

Violência em Cachoeira deixa estudantes em alerta

Os pacientes da Santa Casa de Misericórdia, principal  hospi-tal de Cachoeira, se queixam da falta de atendimento e demora, apesar da reestruturação dos ser-viços de saúde. “Estou esperan-do há mais de uma hora para ser atendida, não é a primeira vez

que isso acontece, infelizmente dependo do SUS”, disse Maria Lucia de Almeida, moradora de Capoeiruçu, distrito de Cacho-eira.  A dona de casa reclamou de descaso, pois, segundo ela, o principal fator para tanta espera é a quantidade de médicos dis-ponível para a demanda diária de pacientes.

População questiona o atendimento do principal hospital da Cachoeira

Nos últimos meses, os estudan-tes do Centro de Artes, Huma-nidades e Letras (CAHL) da Universidade Federal do Recôn-cavo da Bahia (UFRB), locali-zado no centro de Cachoeira, têm sido as principais vítimas de assaltantes na cidade. A vio-lência está fazendo com que os universitários busquem alterna-tivas como morar em cidades vi-zinhas ou sejam obrigados a até

mesmo abandonar os cursos. Vítima de três assaltos, nos quais sofreu violência física e moral, a estudante M.W. chegou a desis-tir do curso. Além do prejuízo ocasionado pelo abandono do curso, a estudante desenvolveu a síndrome do pânico - um trans-torno de ansiedade no qual ocorrem ataques repetidos de medo intenso de que algo ruim aconteça de forma inesperada. Hoje, ela estuda em outro cur-

so no próprio CAHL, mas faz acompanhamento médico em Salvador para conseguir viver em Cachoeira.Além da insegurança nas ruas, os estudantes estão apreensivos até dentro das suas casas. O es-tudante J.L. teve a casa em Ca-choeira assaltada duas vezes. Em uma das ocasiões, teve que pular de umas das janelas, com uma altura de mais de dois metros, para fugir dos assaltantes.

Sobre as reclamações de descaso e falta de médico, o coordena-dor de gestão do hospital, Luis Antonio Araújo, informou que em relação à estrutura hospitalar houve um salto além do espera-do, para ele, as dependências es-tavam com a estrutura ultrapas-sada e fora das recomendações e das exigências da fiscalização sanitária. De acordo com ele, os hospitais de Maragojipe estão servindo como porta de entrada para a emergência e o complexo hospitalar  de Muritiba e Cruz

das Almas estão em crise. A par-tir destes agravantes, o Estado no seu planejamento estraté-gico percebeu que um  pronto--socorro do porte de Cachoeira precisava de um investimento do SUS.Questionado sobre o número de médicos para atendimento, Luis Antonio disse que quatro a cin-co médicos é o suficiente. “Para o porte e indicadores de procura a demanda de médico para a po-pulação é mais do que o satisfa-tória”, completou o gestor.

Reclamações

Adrielle Pereira Coutinho A turista de Salvador Adriana Sousa, que estava na sala de es-pera, apontou algumas falhas, pois apesar de precisar de um atendimento de urgência foi obrigada a esperar. “Acredito que esse hospital atende as ne-cessidades da população, po-rém, a urgência poderia funcio-nar corretamente”, disse.

Pacientes reclamam do atendimento da Santa Casa de Misericórdia de Cachoeira (Fotos: Mario Jorge)

Alissandro LimaO prefeito Carlos Pereira se reuniu com secretário de Se-gurança do Estado, Mauricio Barbosa, para tratar da ques-tão da violência em Cachoeira. Um dos resultados da reunião foi a mudança do batalhão res-ponsável pela segurança na ci-dade. O policiamento era feito por unidade da PM em Santo Amaro e passou a ser feito pela de Cruz das Almas.Segundo o delegado da cida-de, André Alves, a violência em Cachoeira aumentou 28%

Providênciasno período de janeiro a março de 2013 em relação ao mesmo período de 2012, devido ao tempo em que a cidade ficou sem policiamento, por causa da transferência da polícia. Ele afir-mou ainda que a prefeitura já está providenciando 25 câmeras para serem instaladas em diver-sos pontos da cidade. O moni-toramento será feito 24 horas pela Polícia Militar. A Polícia ci-vil, a prefeitura e a universidade estão firmando parcerias para tentar contornar a situação.

O que aprendi com o jornalismo diário?Eduarda TorallesJornalista

Essa é sempre a pergunta que me faço. Ainda lembro de uma pergunta que uma amiga me fez quando eu ainda estava tentando entrar na faculdade de Jornalis-mo, lá por 1993. “Para quê vais fazer jornalismo?”, ela me perguntou. Durante os quatro anos de faculdade, essa pergunta ficou martelando na minha cabeça. Só descobri a resposta depois de seis anos de formada, quando ingressei no jornalismo diário. Até então minhas experiências profissionais haviam sido em assessorias de empresa. Nada se compara a trabalhar num jornal diário.A primeira coisa que aprendi foi a não ter medo de perguntar. Mesmo que eu soubesse a resposta, nada substitui a riqueza de uma declaração de uma fonte. Declaração às vezes irritada, as vezes emocionada, as vezes cansada. Reações que com certeza irão refletir no nosso texto.Aprendo a observar antes de perguntar, ou a observar mais que perguntar. Há situações que não precisamos perguntar mais que o básico: Onde? Como? Quando? E Por quê? As informações para a nossa pauta estão nas nossas observações de como as pessoas vivem, como determinada situação transcorre, como as pessoas reagem diante de um determinado fato, um olhar, um gesto, qualquer reação ou falta de reação. O silêncio muitas vezes nos diz muito. E são essas percepções que enriquecerão o nosso texto.Aprendi que não existe uma verdade, que dificilmente conseguiremos descrever exatamente o que aconte-ceu ou como é determinado lugar. Cada um tem um ponto de vista, o nosso papel é ser o mais objetivos possível e nunca, mas nunca deixar de ouvir os dois lados da história.Aprendi a trabalhar em equipe. E quantas pautas boas o fotografo e o motorista me indicaram. Quantas informações importantes eles me passaram, que aca-baram enriquecendo o meu texto. Lógico que sempre temos que confirmar essas informações, não por falta de confiança, mas o texto é nosso e nós temos responsabilidade sobre o que escrevemos.

Responsabilidade esse foi outro grande aprendizado. Aprendi que nem toda a informação tem que virar uma matéria ou uma informação da matéria. Temos que ser sábios (responsáveis) em divulgar reportagens que não irão prejudicar os outros ou a nós mesmos. Em alguns momentos eu realmente optei por calar, nem sempre por medo, mas por acreditar que naquele momento a informação que eu tinha, se fosse divul-gada iria piorar uma determinada situação ou iria pre-judicar alguém. Também aprendi que não devemos agir por impulso. Já cometi erros, divulguei matérias que hoje talvez que pensasse duas ou três vezes antes de publicar. Aprendi que não somos super-heróis, que não somos os salvadores do mundo.Depois de cinco anos no jornalismo diário voltei a trabalhar numa assessoria de imprensa. Aí veio mais um aprendizado: o jornalismo diário, o aprendizado

do cara a cara com a fonte e com a rua, havia me dado uma carga de conhecimento que me habilitou, agora sim, para trabalhar numa assessoria de impren-sa. Eu conhecia a região, tinha agilidade e segurança para escrever um texto, tinha faro para identificar uma pauta, identificar qual declaração da fonte seria importante citar no texto.O que aprendi com o jornalismo diário? Que o jor-nalismo diário é um eterno aprendizado. Cada dia é uma nova descoberta, um novo aprendizado. Depois de cinco anos na assessoria de comunicação de uma multinacional voltei, por opção própria, ao jornalis-mo diário. Num novo jornal, em outro estado, com novos colegas. O aprendizado continua. É começar do zero com uma boa carga de aprendizado que devo ao jornalismo da Bahia, com certeza a melhor escola que tive!

CARTA AO LEITOR Mais uma edição do Reverso nas ruas!Prazer renovado e sensação de compromisso eresponsabilidade social pelo que noticiamos, sempre a usar como baliza os princpipios éticos das práticas e condutas dos jornalistas com formação.E como sempre - nunca é demais lembrar - contando com a boa vontade e bom senso daqueles que percebem que sendo um jornallaboratório da turma de quarto semestre para a disciplina Jornalismo Impresso nem sem-pre é possível trazer a notícia mais recente e a edição gráfica impecável.Porque sabemos que eventuais atrasos ou imperfeições são enormemente compensados pela certeza de que o Reverso tem cumprido sua missão primordial, que é ensinar,na prática, o bom jornalismo aos nossos estudantes. Afinal, é isso o que dá identidade ao nosso curso!Pois foi com tal disposição que fomos atrás dos fatos: a sensação de insegurança que se aprofunda em toda a região, afetando principalmente aos estudantes; as queixas contra o hospital local; as reformas no arquivo público e na biblioteca do Colégio Estadual; as discussões sobre o que é improbidade admi-nistrativa; e a implantação de termelétricas em Governador Mangabeira, entre outros temas.

Boa leitura! Péricles Diniz

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CACHOEIRA | BAHIA Maio 2013

CACHOEIRA | BAHIA Maio 2013www.ufrb.edu.br/reverso 5EDUCAÇÃOwww.ufrb.edu.br/reverso4 CIDADE

Samili Cintra

Inaugurado há mais de 35 anos, o arquivo público de Cachoeira possui documentos que contêm informações valiosas a respeito da história, cultura e política do Recôncavo da Bahia, alguns deles com dados de até 300 anos. Contudo, não havia como ter acesso a todo o seu conteúdo, já que, há alguns anos, estava fechado ao público.

Segundo José Luiz Bernardo, secretário de Cultura do município, as chaves do arquivo foram entregues ao grupo da Idade Preciosa, ligado à Associação Filantrópica Mulheres em Ação, e ele desconhece os motivos. Ele disse que o arquivo estava passando por uma dedetização e houve uma reunião com a Associação para que acontecesse a devolução das chaves.

Acessibilidade

“Um arquivista foi contratado”, contou Bernardo, e no mês de

março o arquivo voltou a funcionar. inicialmente os planos do secretário são de limitar o acesso público só à parte inferior do prédio, para que haja uma estrutura confortável aos pesquisadores. Preocupado com a acessibilidade, disse que o segundo e terceiro andares funcionariam apenas para a guarda do acervo.

Entretanto, mostrou-se apreensivo com o acesso público a esses documentos, pois, por serem frágeis, antigos e importantes, nem todos saberiam como manuseá-los. Inclusive, o acervo já sofreu a ação criminosa de pessoas que roubam os documentos, o que acaba prejudicando a população e os pesquisadores interessados nesses arquivos.

Rafaela Almeida dos Anjos, professora de história do Colégio Estadual da Cachoeira (CEC), costumava levar os seus alunos para fazer pesquisas no arquivo e contou que isso a ajudava muito. “É difícil, nós nunca mais fizemos um trabalho de pesquisa. Isso é um retrocesso”, desabafou.

Arquivo Público volta a funcionar em CachoeiraFechado há mais de cinco anos, o espaço cultural fazia falta a alunos, professores e pesquisadores

O secretário José Luiz Bernardo está preocupado com o acervo

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Lorena Bernardes

Com aquisição de novos livros, mesas e estantes, a Biblioteca Professora Iolanda Pereira Gomes do Colégio Estadual da Cachoeira está ganhando uma nova forma. Há dois anos, o acervo funcionava no prédio anexo ao colégio, que fica na Praça Ariston Mascarenhas, mas por causa de problemas com o telhado precisou ser deslocado para uma das salas da escola. De acordo com o diretor Flavius Almeida dos Anjos, ela retornará ao seu espaço original. “Estamos começando uma reforma, principalmente no telhado. Iremos refazer a pintura do prédio e (aqui é mais indicado usar> mas a mudança do acervo já está sendo feita”, explicou o diretor.

A Biblioteca Professora. Iolanda Pereira Gomes, nome dado em homenagem àquela que foi diretora da instituição durante mais de 12 anos, contém livros didáticos, literários e científicos, revistas e jornais, adquiridos por meio de licitações do próprio colégio ou programas oficiais de incentivo à leitura, contando também com doações de

Biblioteca do Colégio Estadual ganha reforma e foi reinaugurada

outras instituições. O acervo é composto por aproximadamente 7 mil livros, sendo 3. 332 catalogados pela internet. O sistema de informatização na biblioteca foi iniciado em 2010 e está em andamento.

Voluntário

Anderson Luis de Jesus Pinto, ex-aluno e voluntário do colégio, é um dos responsáveis pela organização do acervo. Ele é atendente da biblioteca do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), e a partir de sua experiência na instituição ajudou a inserir o processo de informatização no acervo. Quando ainda era aluno do Colégio Estadual da Cachoeira, Anderson ajudava a funcionária da biblioteca a procurar os livros. Ele afirmou que a organização do acervo facilita a procura e pesquisa dos livros e serve de estímulo à leitura, principalmente, por parte dos alunos.

O diretor Flavius Almeida considera pequena a frequência dos estudantes à biblioteca e acredita que “o espaço de certa

forma não estimula a presença deles no ambiente”, disse.

Ele reconhece a importância da leitura e pesquisa para a formação dos alunos e avaliou que falta muito a ser feito para que as mudanças ocorram. “Há casos de estudantes no ensino médio que lêem soletrando. O sistema vai empurrando estas pessoas e mais tarde elas serão cobradas. Falta criticidade em relação ao que se está lendo... Considero a leitura fundamental em diversos aspectos da vida, é muito mais que a construção de sentidos”, concluiu o diretor.

Com base no Censo Escolar 2011, apenas 27,5% das escolas públicas do Brasil têm bibliotecas. O direito a um acervo de pelo menos um livro por aluno em cada instituição de ensino é garantido pela Lei nº 12.244, editada pelo Governo Federal. Para cumprir esta determinação as redes públicas e privadas do país precisam construir cerca de 130 mil bibliotecas até 2020. O Colégio Estadual da Cachoeira está entre as poucas instituições públicas que possuem biblioteca.

Fachada do anexo do Colégio Estadual da Cachoeira O acervo da biblioteca ganhou novos livrosFotos:Ilze M

elo

Cães e gatos abandonados recebem amor e zelo em Santo Amaro

Maria Rita e Hozanita Freitas se disponibilizam a cuidar de animais abandonados

Os custos referentes à ração dos animais saem do bolso das responsáveis

Fotos: Alissandro Lima

Lorena Soares

Há mais de três anos, duas mulheres se sensibili-zaram com a situação dos animais abandonados nas ruas de Santo Amaro, a revendedora de pro-dutos de beleza Maria Rita Ribeiro e a professo-ra Hozanita Freitas, mais conhecida como Zane. Diariamente, elas saem com jornais velhos, vasi-lhas, garrafas plásticas e sacos cheios de ração para alimentar cães e gatos que não têm dono. Muitos felinos se refugiam em um terreno abandonado, al-guns já as reconhecem e logo que elas chegam vêm encontrá-las. Todos têm nomes e atendem quando são solicitados.Seja por falta de espaço, condições ou mesmo de carinho, pessoas abandonam animais. Eles são muitos, principalmente gatos que se reproduzem com maior facilidade. Há também cães com pro-blemas de pele e famintos, que vagam pelas ruas à

procura de restos de alimentos e saciam a sede em água de poças, quando chove.Sem apoio

Rita e Zane só contam com o apoio de familia-res e amigos. “No início, algumas pessoas fizeram campanha, mas depois pararam”, disse Rita. As duas sonham com a criação de uma ONG (Orga-nização Não Governamental) de proteção a esses animais, mas o número de pessoas com esse tipo de preocupação ainda é restrito no município.Além de cuidar dos animais na rua, ambas têm vá-rios animais em casa. Rita, por exemplo, tem duas cadelas e oito gatos. Zane tem um casal de cães e 11 gatos. A maioria desses animais foi encontrada doente ou simplesmente largada.“A gente vê um animal na rua sofrendo, é mesmo que ver uma pessoa que sofre doenças. Quando está com fome, mexe no lixo, é penoso”, disse

Zane. Em meio a tantos animais, Rita lembra--se com emoção de um cachorro que ela criou, de nome Ninão, cujo dono morreu e o cão ficou vagando pelas ruas. Sentido compaixão, ela o ado-tou. Com o tempo, Ninão foi apresentando sinais de uma doença rara em cães, a sindrome da Ana-sarca, em que a pele cai sobre os membros dando uma aparência desagradável, além do mau cheiro. “Ele viveu muitos anos, o povo dizia: sacrifica! Eu dizia: não. Precisou fazer uma cirurgia para retira-da de um abscesso próximo ao pênis, mas ele não resistiu à anestesia… Num ponto foi bom porque descansou”, contou.A vacinação dos animais é feita por um funcio-nário da saúde municipal que vai até a residência e aos locais onde ficam os animais. O banho nos cães é dado por quinzena e, em alguns gatos, men-salmente. “A gente troca a água, coloca vasilhas com pó de serra para as necessidades e deixa tudo limpo. O animal em um ambiente limpo, ele se educa”, disse Zane.Segundo Rita, animais castrados são mais fáceis de

serem adotados, sobretudo gatos, que não vão a telhados e nem ficam se reproduzindo tanto. As duas mulheres se juntam para levarem a lugares especializados em Salvador, que conveniados a instituições públicas, realizam o serviço gratuita-mente. O procedimento é rápido e os animais são liberados no mesmo dia.Para quem cria e se preocupa com tantos animais existem também privações. “Não dá para viajar, tem que deixar alguém de confiança. Criar bicho tem que ter muito cuidado”, explicou Zane. Mas mesmo abdicando de passeios, ela se sente feliz com o que faz.A despesa é dividida entre as amigas, pois além de alimentação, existem os gastos com higiene e saú-de e não há uma instituição local que se respon-sabilize com esses cuidados. Entretanto, o mais importante é o afeto, coisa que não falta a esses pequenos com duas mães que olham por eles com amor e muita dedicação.

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CACHOEIRA | BAHIA Maio 2013

www.ufrb.edu.br/reverso www.ufrb.edu.br/reverso76 REPORTAGEM

Curso de Dança do Ventre traz cultura oriental a CachoeiraVanessa Araújo

Alunos da UFRB dão aulas de circo para crianças em São FélixIlze MeloEstudantes da Universida-de Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) formaram o Grupo de Práticas Circenses, que se reúne voluntariamente no Centro de Cultura de São Félix, toda semana, para dar aulas gratuitas de circo para crianças da cidade.Os encontros tiveram início em novembro de 2012, com o interesse apenas de diversão e treinamentos dos atuais pro-fessores. O envolvimento das crianças no grupo, que inicialmente era formado apenas por adultos, aconteceu de forma despreten-siosa, dentro do próprio centro de cultura, onde já aconteciam outras práticas artísticas, como o teatro, a capoeira e a dança. As crianças que já frequenta-vam o local se interessaram e hoje fazem parte das aulas de tecido e acrobacias.Com o grande número de cri-anças interessadas nas aulas de circo, os coordenadores do grupo resolveram criar um projeto que ampliasse as condições para um melhor de-senvolvimento das atividades para as crianças.O projeto circense dos alunos da UFRB possui objetivos so-ciais, dentre eles a reutilização do centro de São Félix como um disseminador de cultura, não apenas de técnicas circens-es, mas também da tradição do Recôncavo, estimando uma maior integração da comuni-dade nas atividades realizadas no local.RecuperaçãoO Centro de Cultura de São Felix já foi considerado um polo de referência cultural, mas durante algum tempo

houve o declínio da sua utiliza-ção. Fábia Pedroso Silva, con-hecida como Dona Bibi, co-ordenadora do local, explicou que existe um projeto de recu-peração do espaço através da utilização das práticas artísti-cas que envolva a comunidade.O grupo circense busca o auxílio da Prefeitura Munici-pal de São Felix para colocar em prática o projeto para dis-ponibilizar aulas gratuitas para um número maior de crianças.A coordenadora do grupo ex-plicou que o objetivo do pro-jeto é colocar em prática um grande ciclo que envolva a arte do palhaço, as acrobacias, teci-do e contorcionismo, um circo tradicional que dialogue com as tradições do Recôncavo e tenha características regionais.O trabalho está sendo desen-volvido sem os recursos ne-cessários, mantendo as aulas voluntárias de tecido e acroba-cias, que tem uma maior quan-tidade de integrantes a cada dia. “Poder fazer parte de um grupo que trabalha com práti-cas que além de promover o desenvolvimento corporal trabalha com a interação dos jovens, adultos e crianças é gratificante para um profis-sional”, contou Carlos Rober-to, estudante de artes visuais e integrante do Grupo de Práti-cas Circenses.A coordenadora Fábia Pedrosa anunciou que pretende fazer, no meio do ano, um espetáculo para a comunidade municipal e das cidades vizinhas, onde apresentarão os trabalhos real-izados por eles no centro. Esta também será uma forma de di-vulgação do projeto e convite para a participação e interação da sociedade com o Centro de Cultura de São Félix.

Fotos: Wiliane Passos

Fotos: Jaqueline Suzart

A estudante de jornalismo e professora de dança Naiara Moura abriu em Ca-choeira uma escola de Dança do Ventre como mais uma opção cultural na cida-de. “Na verdade eu não vim trazendo a atividade pela primeira vez. Já havia uma professora aqui, mas a gente veio complementar. Começamos aos poucos

e fomos ganhando força gradativamen-

te”, ressaltou.

O curso funciona no Espaço de Dança

Ághata e oferece aulas para os níveis

básico e iniciante, divididas em três

momentos. Primeiro, alguns exercícios

prévios preparando o corpo para a

execução da dança. Naiara contou que,

para estes exercícios, sempre faz analo-

gias a movimentos executados no dia-a-

-dia, assim a memória corporal facilita

o aprendizado. Em seguida, as alunas aprendem e praticam a dança do ventre ao som de música árabe e também pop. A intenção é que elas a enxerguem em tudo no seu dia-a-dia. Por fim, alguns exercícios de fortalecimento da muscu-latura, relaxamento e alongamento da coluna, principalmente.

Namastê

Entre os intervalos, as alunas aprendem sobre a história da Dança do Ventre e dos movimentos. Para encerrar a aula, um cumprimento oriental: Namastê ou Salaam Aleikum, para mixar um pouco com a cultura ocidental.A maioria das alunas se interessa pela Dança do Ventre por sua beleza e sensualidade e pela maneira como trabalha o corpo. Segundo Eliana Leôncio, aluna há dois anos, “a gente passa a conhecer o nosso corpo quando começa a dançar”. Contando um pouco sobre a Dança do Ventre em sua vida, Naiara afirmou: “É um hobby que virou trabalho. Quando eu estou dançando não escuto mais nada. É um momento de entrega, como se fosse outra pessoa dançando”.

Um pouco da história

A dança do ventre tem uma origem muito confusa devido à pouca quanti-dade de registros a respeito. Porém, a teoria que a professora Naiara costuma acolher e divulgar para as alunas é a de uma dança que surge no Oriente Mé-dio e Ásia Meridional para as deusas da fertilidade, e cujas bailarinas eram con-sideradas semideusas. Após a revolução árabe, passa a ser uma dança executada

pelas esposas para entretenimento dos seus maridos. Na invasão france-sa, em 1798, Napoleão a leva para os cabarés e então há uma vulgarização da Dança do Ventre. Inclusive essa nomenclatura vem do francês, mas originalmente é chamada de Raqs Sharqī, que quer dizer Dança do Les-te. No Brasil, ela chega nos anos 70, em São Paulo. Com o tempo foi se popularizando, principalmente após a novela “O Clone”, da TV Globo em 2001. A visibilidade que a nove-la deu às pessoas é de uma dança de

sedução, mas há muito mais a ser visto por trás dela, afinal, é uma arte, uma terapia e uma atividade física.

Festival de dança de Cachoeira

Em julho deste ano, em data ainda não confirmada, acontecerá em Cacho-eira um festival de dança organizado por alguns estudantes da UFRB. As atrações ainda estão sendo fechadas, mas a programação já está elaborada. Ocorrerá em três momentos: Uma mesa redonda com profissionais de dança para um debate, workshops de Jazz, Dança do Ventre, Dança Fla-menca e danças populares regionais, e para finalizar o festival, uma amostra de dança com os grupos de Cachoei-ra, São Félix, Muritiba, Santo Amaro e toda a região. O principal objetivo do evento é promover uma interiori-zação da dança, mostrando o trabalho que é feito no Recôncavo da Bahia e divulgá-lo pelo Brasil.

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CACHOEIRA | BAHIA Maio 2013www.ufrb.edu.br/reverso

REGIÃO 9CACHOEIRA | BAHIA Maio 2013 www.ufrb.edu.br/reverso8 ARTIGO

Promotoria pública de São Félix discute improbidade administrativa

Rodrigo Daniel Silva

Improbidade administrativa, você já ouviu esse termo? “Não”, disse a costureira Beatriz Souza. Imagina o que isso significa? “Tam-bém não”, ela respondeu rindo. A improbidade administrativa é um termo jurídico usado para definir atos de agentes públicos ou de par-ticulares envolvidos com a Admi-nistração Pública que, no exercício da função, desrespeitem a lei de forma grave, conforme esclareceu o promotor de justiça Millen Castro.

Entre os exemplos de improbida-de estão a contratação de servidor público sem concurso, o desvio de verbas de um setor para outro sem autorização legal e a realização de despesas em valor superior ao mer-cado. Mas isso não é corrupção? “Não exatamente”, garante Castro. “A corrupção”, explicou o promo-tor, “é apenas uma das formas de improbidade administrativa. O gestor público pode estar pratican-do um ato de improbidade e não ser corrupto. A corrupção ocorre quando se desvia o dinheiro para beneficiar alguém indevidamente”.

O agente público (prefeito, go-vernador etc.) que pratica impro-bidade administrativa pode ser punido com diversos tipos de pena, como o pagamento de multa de até 100 vezes o seu salário, perda dos direitos políticos, devolução do va-lor desviado, entre outras. Se a ação também for considerada corrupção, a pessoa pode responder igualmen-te por este crime, cuja pena é prisão de até 12 anos.

E a pessoa que exerce função pú-blica sem remuneração (como os mesários, jurados e voluntários)? Ela pode ser punida por improbi-dade administrativa se violar os deveres de legalidade ou obtiver vantagem indevida no exercício do cargo? “Sim”, assegura Castro. Para ele, “a pessoa também é con-siderada funcionário público, para efeito de responsabilidades”. Ain-da segundo o promotor, até mesmo empregado de empresa privada que preste serviço ao Poder Públi-co é também, segundo a lei, tratado como servidor público.

Jeitinho

No início de janeiro deste ano, o jornal britânico Financial Times publicou que um estrangeiro, antes de vir para o nosso país, tem que aprender uma palavra: jeitinho. Na definição do jornal, jeitinho brasi-leiro é “um hábito nacional de con-tornar regras ou convenções atra-vés de táticas criativas e às vezes ilegais”.

Mas será que o jeitinho pode ser um ato de improbidade administra-tiva? “Sim, embora nem todo ato de improbidade seja um jeitinho brasi-leiro, e nem todo jeitinho brasileiro seja ato de improbidade”, ressaltou o promotor. Ainda segundo ele, o jeitinho brasileiro só pode ser con-siderado ato de improbidade se for praticado por um servidor públi-co ou agente político no exercício da função. Ele exemplificou com o caso de um fiscal de concurso pú-blico que dê um jeitinho para que o amigo saiba antecipadamente o gabarito de uma prova.

São Félix

O Ministério Público, como de-fensor dos direitos da coletividade, possui a função de combater a im-

probidade administrativa, por meio de investigações que poderão resul-tar em ações civis públicas contra os agentes públicos desonestos, con-forme o promotor Millen Castro. Ainda segundo ele, na Comarca de São Felix, onde atua há mais de três anos, foram instaurados inquéritos civis (que são investigações feitas pelo Ministério Público) referentes a atos de improbidade adminis-trativa praticados por agentes pú-blicos de gestões anteriores, como contratações de funcionários sem concurso e suspeita de desvios de recursos.

O que nem todo mundo sabe é que qualquer cidadão pode denun-ciar atos de improbidade adminis-trativa. É preciso, entretanto, ter fatos e indícios concretos e levá-los até a promotoria. “Eu não sabia dis-so não, se eu soubesse, ave-maria”, brincou Beatriz Souza. “A maioria das investigações se inicia a partir de relatos feitos por cidadãos que procuram a promotoria. Essa de-núncia, contudo, deve ter funda-mento e apontar provas; não pode ser vaga”, concluiu o promotor Castro.

O promotor Castro há mais de três anos atua na Comarca de São Félix

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A criação da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) em 2006 possibilitou a diversas comunidades tradicio-nais da região a chance de resga-tar elementos de suas culturas há muito esquecidas, inclusive pelos entes de governo. Um exemplo é o povoado de Maragojipinho, distrito da cidade de Aratuipe, que passou a ser também muito procurado para servir de base para inúmeras pesquisas de estu-dantes e professores dos centros de ensino da universidade.

Maragojipinho é um povoado que gira em torno da produ-ção dos artefatos de barro nas dezenas de olarias espalhadas pelo lugar, que abriga uma população simples, mas que com sua atividade artesanal conseguiu transformá-lo um dos pontos mais visitados do Estado e o maior pólo cerâmico da América Latina. Esses aspectos sócio-cul-turais atraíram imediatamente os

pesquisadores da UFRB, prin-cipalmente oriundos do Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), sediado em Cachoeira e de onde estudantes e professo-res convergem constantemente para proceder às pesquisas.

Os próprios moradores con-firmam que a criação da uni-versidade aumentou o interesse pela comunidade. “Essas visitas ampliaram o conhecimento que já se tinha da comunidade”, afir-mou Marijose Pinto dos Santos, presidente da Associação de Au-xílio Mútuo dos Oleiros de Ma-ragojipinho (Aamom). Primeira artesã a presidir a associação, Jose, como é conhecida entre os oleiros, disse que a presença da universidade contribui para o fortalecimento da cultura local ao passo que divulga as tradições do povoado.

A opinião da representante legal é partilhada entre os oleiros mais tradicionais de Maragojipi-nho, a exemplo de Almerentino Macário de Souza, 78 anos, o mais velho artesão em atividade

no povoado. Para ele, a presença dos estudantes não só fortalece a cultura local como contribui em nível de negócio, já que é da tradição de produzir os caxixis e outras peças de barro que a maioria dos moradores retira os recursos para o sustenta das famílias. “Para mim a vinda dos estudantes aqui é uma graça de Deus porque vocês podem mostrar o que nós produzimos”, ressaltou.Além de divulgarem o que Maragojipinho tem para mostrar aos turistas, os oleiros afirmaram que os estudantes da UFRB – e de outras universidades que também visitam o local – in-fluenciam na criação de novas peças que passam a ser inseridas no “portfólio” dos artesãos. Mas tornar o trabalho ainda mais conhecido é um dos principais objetivos dos oleiros. “Mesmo tendo consciência de que Mara-gojipinho é conhecida mundial-mente, a divulgação do trabalho é o que nos interessa”, afirmou Marijose dos Santos.

Retorno

O reconhecimento de que a presença dos estudantes e pro-fessores da UFRB tem contri-buído com o desenvolvimento da comunidade devido à maior divulgação da cultura de Ma-ragojipinho é notório entre os artesãos, mas eles têm uma crítica unânime quanto aos trabalhos elaborados a partir das pesquisas. Segundo os oleiros, não há um feedback por parte dos estudan-tes quanto aos resultados obtidos nas pesquisas.

A crítica é feita pela Aamom, que já levou a demanda à recém criada Secretaria de Cultura do município. “São feitas aqui entre-vistas, toda a parte institucional colocada pelos alunos, e depois nãwo há o retorno e a apresenta-ção do material produzido pelos estudantes para que outras insti-tuições ao vir já tenham também esta referência”, alertou o secretá-

Pesquisas da UFRB redescobrem Maragojipinho,

comunidade tradicional do RecôncavoOs caxixis produzidos nas olarias do povoado representam um dos principais patrimônios culturais da Bahia

rio Emanoel Cardoso.Apesar da tradição como

espaço produtor dos artefatos de barro, Maragojipinho nunca con-tou com um suporte institucional da cidade de Aratuipe, já que não existia a Secretaria de Cultura, que foi criada pela atual gestora do município, a prefeita Sandra Lago, e que tem como uma das prioridades exatamente ampliar a divulgação dos trabalhos produ-zidos em Maragojipinho. “Como está embrionária a secretaria a gente tem atentado para ter o contato com o maior patrimônio que a gente tem aqui que são eles, são os oleiros”, afirmou o secretário.

Primeiro secretário de Cultura

Reginaldo Silva

Oleiros são entrevistados na visita

Presidente da associação elogiou as visitas da UFRB

Estudantes da universidade visitam as olarias em Maragojipinho

de Aratuipe, Emanoel Cardoso disse que considera de relevância o trabalho que a universidade tem realizado em Maragojipinho. “A gente agradece, pois infelizmente o município não havia atentado para o potencial da riqueza que temos aqui, mas algumas insti-tuições (como a UFRB) notaram isso e vem tentando divulgar de certa forma o trabalho da gente”, ressaltou.

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CACHOEIRA | BAHIA Maio 2013 www.ufrb.edu.br/reversoREGIÃO10 CACHOEIRA | BAHIA

Maio 2013www.ufrb.edu.br/reverso 11O POVO FALA

Instalação de termelétricas mobiliza população de Governador Mangabeira

Thacio Machado

Como uma das obras da segunda etapa Programa de Aceleração Crescimen-to (PAC 2), uma termelétrica movida a óleo está prevista, desde 2008, para a cidade de Governador Mangabeira, com um orçamento que ultrapassa os R$ 300 milhões. No entanto, a inicia-tiva só veio ao conhecimento da popu-lação no final do ano passado, quando membros da empresa entraram em con-tato com as comunidades próximas ao local onde a usina vai ser instalada. “A empresa esteve no local pegando docu-mentos das pessoas, escrituras, identi-dade, CPF. Sem dizer do que se tratava a visita. Chegaram até perguntar a quan-tidade de terra que cada dispunha”, afirmou Davi da Mangueira, vereador do município e morador da localidade. Parte da população se uniu contra a instalação, por meio do movimento Recôncavo Limpo que declarou buscar debater a possível instalação. Algumas reuniões foram realizadas na cidade

para mostrar, segundo eles, os riscos que uma usina deste porte traria. A Prefeitura Municipal de Governador Mangabeira também realizou, em 20 de dezembro de 2012, uma reunião para dar esclarecimentos à população, no clube cultural da cidade, com a participação de técnicos da Petrobrás.

I m p a c t o a m b i e n t a l

Para Luis Antonio Lima, professor mestrando em Gestão de políticas pú-blicas e um dos líderes do Recôncavo Limpo, “o movimento está contra a implantação das termelétricas porque o estudo de impacto ambiental e o re-latório de impacto ambiental de algu-mas usinas apontam que estas devem estar a uma distância mínima de 30 km de qualquer aglomeração huma-na”, esclareceu. Segundo ele, porém, não existe documento nenhum que comprove a instalação da termelétrica a gás. Para Albano Fonseca, vereador

e líder da oposição, “o único documen-to que se tem notícia é um que foi lido na reunião do clube cul-tural, porém nenhu-ma cópia foi repassa-da para os presentes”.O vereador também afirmou que “isso pode ser uma mano-bra deles, em lançar uma usina a óleo, que é mais prejudicial, impactando a popu-lação. Depois mudar para gás o que supos-tamente seria menos nocivo. No entanto, pelo que eu venho pesquisando, a dife-rença de poluição en-tre essas duas usinas é algo muito pequeno”. Segundo o presidente da Câmara de Vere-

O que é uma Termelétrica

É uma usina em que a geração de ele-tricidade feita a partir da energia libe-rada em forma de calor, normalmente por meio da combustão de algum tipo de combustível renovável ou não renová-vel. Existem diversos tipos de termelétri-cas, que se diferenciam de acordo com o que é queimado para produzir a energia: usinas a gás, óleo, carvão e nucleares.A liberação de dióxido de carbono (Co2) aumenta o efeito estufa e contribui para formação de chuvas ácidas. A água utili-zada no processo é liberada ainda quente nos rios e mares, gerando uma série de problemas para a biodiversidade do lo-cal. Além das cinzas que são liberadas pela chaminé, que poluem rios, florestas e cidades na redondeza.Território onde será instalada, no povoado de Governador Mangabeira.

O vereador Albano Fonseca manifesta-se contra a instalação.adores, Edgard Hen-rique, que também era o secretário de governo na gestão passada, ”a prefeitu-ra já entrou em contato com empresa, porém todo contato pessoal que tive-mos foi com a Petrobrás, que apenas reconhece a instalação da termelétrica a gás. No entanto, até o dia 20 de de-zembro do ano passado, quando ainda era secretário de governo, a prefeitura não tinha recibo toda relação do estu-do de impacto ambiental”, esclareceu. O vereador Edgard também alegou que “a termelétrica a óleo não vem mais ao município”. O poder do Le-gislativo e Prefeitura Municipal de Governador Mangabeira não foram formalmente notificados, “por isso qualquer medida do poder legislativo ou da prefeitura dependerá dessa for-malidade do governo federal”, reforçou.

Foto: Naiara Moura

FelipãoDepois de 11 anos do título de pentacampeão mundial na Copa do Mundo com o

técnico Luiz Felipe Scolari, a seleção brasileira se prepara mais uma vez para a compe-tição com Felipão no comando. Após os primeiros amistosos disputados, o povo solta voz e diz se Scolari é o melhor técnico para comandar a seleção.

Jaqueline Suzarte

Paulo da Silva Pinto, 77, aposentado

“É ruim, bom era Zagalo. Não está va-lendo nada, por mim ele sai. Não está trei-nando os jogadores como pode treinar. O esquema tático está errado. Não está bom, não. O melhor que tem ali é Kaká.”.

Sérgio Roberto Costa Lima, 29, Comentarista Esportivo da Magnífica FM

“É um cara que está fazendo um bom trabalho. Na verdade ele já começou a tirar aquela marra que tinha e mostrando para gente que está conseguindo fazer Ney-mar jogar para o grupo. Já mudou a cara da seleção. Felipão já tem certa experiência e pelo que eu entendo e vejo de futebol, a seleção já esta chegando no cami-nho que gostamos de ver, jogando um futebol para cima, um futebol alegre, que é o futebol brasileiro”.

Eike Dheime, 14, estudante

“Ele está um pouquinho bom, mas pre-cisa melhorar. Está dando pouca chance aos que jogam mais e muita a alguns joga-dores de menos qualidade. Ele precisava colocar mais uns jogadores de time do in-terior. Ele poderia chamar para jogar esse Sheik. A gente consegue vencer”.

Maria Alves, 46, camelô em Feira de Santana

“Não tinha outro melhor, então tinha que ser ele mesmo. Com certeza, tem tudo para melhorar ainda mais e ganhar uma copa”.

Edlangela Carvalho Gonçalves, 36, vendedora de sorvete

“Para mim até agora foi um nome bem escolhido, porque já ganhou. No mo-mento é ele mesmo. Vamos ver os joga-dores, não é só ele, depende também dos jogadores”.

Geraldino Pereira Santana (Tião), 57, mestre de ca-poeira

“Acho uma boa. Ele está precisando trocar algumas pe-ças, umas peças como Neymar. Esse negócio de só ficar jogando o tempo todo, tinha que tirar ele para dar espa-ço para outros jovens que precisa mais. O esquema táti-co foi bom, mais ofensivo e está segurando. Realmente o melhor nome, bem escolhido.”

Erivaldo Nascimento, 33, microempre-sário de São Félix

“Não acompanho muito futebol, mas acho que está bom, está melhor do que o outro, do que Mano Menezes. Bem me-lhor! Falta agora só fazer algumas modifi-cações. Tem que mudar o esquema dele, se não, não vai conseguir nada.

Fábio Gomes dos Santos, 35, técnico em segurança do trabalho

“Vimos lá os técnicos que passaram na seleção e praticamente não surtiram efeito algum. Só a seleção perdendo, perdendo e nada de chegar um êxito. Está agradando o povo brasileiro. Com certeza, é uma fase de experiência para quando chegar à copa. Com certeza, ele vai preparar a seleção para 2014. Melhor nome indicado. Ele vem con-vocando o time certo, porque o Brasil é um país seleto de jogadores”.

Fotos: Naiara Moura

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A temporada de inverno se aproxima e é chegada a hora de atualizar o guarda-roupa. Para a próxima estação, aposte no estilo militar, com casacos pesados e variações de verde-oliva. Para quem não abre mão do preto, a tendência gótica é uma boa. Com referências na idade média, os crucifixos e transparências tomam conta do cenário, juntamente com o folk, uma mistura dos estilos indígena, hippie e country. Peças com tons do terra ao vermelho-tomate, miçangas, franjas e as famosas ankle boots também são bons investimentos no momento das compras. O veludo está de volta, assim como o xadrez e o esti-lo grunge dos anos 90. O couro, por sua vez, sempre tem seu lugar na temporada mais fria do ano. Já para os adeptos da simplicidade, basta livrar-se dos excessos ao apostar nos looks mais enxutos, com linhas e formas geométricas.A boa notícia é que, com tantas opções, não é preciso muito esforço para andar na moda. Basta inserir algumas peças-chave na produção e adaptar as tendências que melhor se encaixam ao seu corpo e estilo.

É hora de escolher o melhor do invernoJenypher Pereira

Vitrines já exibem as tendências para o inverno dos tons em vermelho e o couro

Botas de couro remetem ao estilo folk e barroco Tendências podem ser utilizadas também em looks mais frescos

Fotos: Larissa Molina