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CONHEÇA MURITIBA, UM LUGAR RICO EM HISTÓRIA (Pág.8) Rotary quer reformar todas as ruínas até 2015 O Rotary de Cachoeira apresentou à Camara de Vereadores o projeto Ruína Zero, cujo objetivo é restaurar todos os imóveis em situação de ruína da cidade num período de até cinco anos. A iniciativa pretende usar o dinheiro do PAC das Cidades Históricas, que substituirá no ano que vem o Programa Monumenta do governo federal. (Confira na página 3) Toni Caldas Conheça as rendeiras de Saubara (pag. 9) Repórteres do Reverso desnudam o universo dos bordéis (Páginas 6 e 7) Joaquim Bamberg Lixo e sujeira trazem problemas à comunidade do Caquende (pag. 5) Fundação Vampeta mantém ações sociais em Nazaré (pag. 10) Gabrielle Alano Suely Alves

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Jornal laboratório do curso de Jornalismo da UFRB

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CONHEÇA MURITIBA, UM LUGAR RICO EM HISTÓRIA (Pág.8)

Rotary quer reformar todas as ruínas até 2015

O Rotary de Cachoeira apresentou à Camara de Vereadores o projeto Ruína Zero, cujo objetivo é restaurar todos os imóveis em situação de ruína da cidade num período de até cinco anos. A iniciativa pretende usar o dinheiro do PAC das Cidades Históricas, que substituirá no ano que vem o Programa Monumenta do governo federal. (Confira na página 3)

Toni Caldas

Conheça as rendeiras de Saubara (pag. 9)

Repórteresdo Reverso desnudam o universo dos bordéis (Páginas 6 e 7)

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Lixo e sujeiratrazem problemas à comunidade do Caquende(pag. 5)

Fundação Vampeta mantém ações sociais em Nazaré (pag. 10)

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Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Reitor: Paulo Gabriel Soledad Nacif

Coordenação Editorial: J. Péricles Diniz e Robério Marcelo

Coordenação de Editoração Gráfica: Juliano Mascarenhas

Redação e edição: Gabrielle Alano (página 11) e Toni Caldas (páginas 6 e 7)

Centro de Artes Humanidades e Letras (CAHL)Quarteirão Leite Alves, Cachoeira/BA - CEP - 44.300-000 Tel.: (75) 3425-3189

Acesse o Reverso Online: www.ufrb.edu.br/reverso

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INEDITORIAL

CARTA AO LEITOR

O nosso jornal Reverso chega à sua edição 40 com a certeza de que, aproximando-nos do final do ano e do semestre letivo, vanos colhendo os frutos amadurecidos de um trabalho que, por sua própria natureza e especificidades acadêmicas, envolve certos riscos e experimentação.

A reportagem especial que ocupa as páginas centrais desta edição está aí para não nos deixar mentir. Confira.

Afinal, não podemos esquecer de que se trata de um jornal laboratório e, assim sendo, precisa ex-perimentar, ousar, atraver-se a errar e, se for o caso, reconhecer o erro e aprender com ele a fazer melhor.

Com isto em mente, você, leitor atento, já deve ter-se questionado sobre o porquê de alguns erros or-tográficos nos textos das matérias nas últimas edi-ções. Então, vamos esclarecer. A impressão de nosso jornal é feita em uma gráfica externa às instalações da universidade e que, ultimamente, tem enfrentado problemas técnicos de incompatibilidade com o tipo das fontes (o formato e desenho dos caracteres) que nós utilizamos. Essa incompatibilidade fez muitas pa-lavras saírem sem acentuação e até mesmo com le-tras comidas.

Sim, o Reverso passa por longos processos de revisão, feitos por toda sua equipe, para evitar ao má-ximo qualquer tipo de falha. Mas os erros às vezes acontecem, pois (perdoe o clichê, exigente leitor) errar é humano!

Boa leitura!

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Projeto do Rotary quer reformartodas ruínas de Cachoeira até 2015

O Rotary Club de Cacho-eira apresentou à Camara de Vereadores o projeto Ruína Zero, que pretende restaurar todos os imóveis em situação de ruína da cidade de Cacho-eira num período de até cinco anos. A iniciativa pretende usar o dinheiro do Programa de Aceleração do Crescimen-to das Cidades Históricas (PAC das Cidades Históri-cas), que em 2011 substituirá o Programa Monumenta do governo federal, para refor-mar os prédios.

O Ruína Zero ainda deve estudar parcerias a serem fir-madas com os institutos do Patrimônio Histórico Artís-tico e Natural (Iphan) e do

Patrimônio Artístico Cultural (Ipac), mas também com o governo do estado e prefeitu-ra local. Contudo, de acordo com o presidente da sessão rotariana, Pedro Borges, a ins-tituição tem autonomia pra caminhar sozinha.

O critério de seleção do projeto também promete ser mais brando que o do Monumenta, que não restaurou os imóveis cujos proprietários não conseguiram ob-ter empréstimo junto à Caixa Econômica Fede-ral. Pedro Borges classificou como falha a seleção do programa federal e disse que é pre-ciso classificar os imóveis e não os seus donos. “O nosso projeto visa justamente isso, a restauração de todas essas ruí-nas. Que Cacho-eira passe a não

ter estas manchas urbanas”, afirmou.

Os recursos do PAC das Cidades Históricas podem ser destinados a qualquer imóvel, tanto do centro quanto dos distritos de Cachoeira. Depois de reformados, esses imóveis podem ter qualquer destina-ção, não precisando servir ex-clusivamente a moradia.

Segundo dados do histo-riador e pesquisador Heraldo Cachoeira, 262 imóveis cacho-eiranos precisam de reforma ou restauração urgentemente e se encaixariam, portanto, nos requisitos do Ruína Zero. Porém, disse não acreditar no prazo estipulado pelo projeto. Segundo ele, a real situação dos imóveis é mais delicada do que se tem notícia.

Tanto para Pedro quan-to para Heraldo, o fato de Cachoeira ser tombada difi-culta a realização do projeto. Os dois também criticaram as licenças concedidas pelo Iphan a alguns empresários da cidade, que puderam me-xer livremente em estruturas e fachadas, descaracterizando casarões históricos.

Texto de Eliandson Santos

Casarões vizinhos a pontos turísticos também sofrem com o abandono

Toni Caldas

Toni

Cal

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Turistas espanhóis se impressionam com o es-tado de alguns prédios

O povo fala!Andando pela cidade não é difícil encontrar imóveis que oferecem risco a população que transita livremente embaixo das sacadas e marquises prestes a desabar. E o povo exige reparação imediata nas casas.

“Eu acho que tem que reformar o prédio. Eu passo porque não tem jeito, tem que passar mesmo. Mesmo corren-do risco”. (Ivan, 27 anos)

“O problema existe. Deveriam concertar tudo antes que caia na cabeça da gente”. (Ro-bson, 24 anos)

“Às vezes eu atraves-so, mudo de lado (na rua) para não passar embaixo. Uma vez eu passei aqui por essa rua e quando esta-va na esquina uma muralha desse pré-dio caiu. Faltou pou-co para me atingir”. (José, 20 anos)

Jornalismo ganhará força com a democratização do acesso à web

Joaquim Bamberg

Rachel Severo Alves Neuberger¹

O jornalismo é um meio imprescindível de garantir a democracia de um país. Por este motivo, uma das primeiras ações de regi-mes totalitários é calar a imprensa livre, principal-mente de veículos de co-municação tradicionais, como é o caso de jornais, revistas, canais de televi-são e emissoras de rádio.

Sabe-se que em casos como o da China, até mes-mo a Internet sofre sanções que impossibilitam aos ci-dadãos comuns navegar em universos de informa-ções restritas na visão de governantes centralizado-res e ditatoriais.No entan-to, esta não é a realidade brasileira, principalmente

no que tange ao acesso à rede mundial de compu-tadores, que nasceu livre e assim deve permanecer.

Este universo complexo, multifacetado e plural é aberto a todos e, assim que políticas públicas compro-metidas com o desenvolvi-mento forem verdadeira-mente adotadas, um maior número de pessoas poderá fazer parte da democracia tecnológica, ou melhor, da tecnodemocracia, como afirma o pesquisador Pier-re Lévy.

Neste processo de am-pliação do universo de conectados e, principal-mente, de produtores de conteúdos textuais e até mesmo de áudio e vídeo,, a comunicação acontecerá de forma mais horizontal. Isso se dará pela multipli-cação de tecnologias mul-

tifuncionais e, obviamen-te, do preço mais acessível dos equipamentos, como é o caso do celular

O jornalismo sofreria com um processo tão des-conexo de produção quan-to o que se apresenta pela web, com sites, blogs e as inúmeras redes sociais? De forma alguma. O cibe-respaço é um local onde nos encontramos virtual-mente, geralmente reali-zando aquilo que fazemos na “vida real”, com a di-ferença de que podemos ampliar nosso universo de interação, independente no espaço geográfico em que estamos situados fisi-camente.

Desta forma, não há sentido temer o fim do jornalismo que, como ser-viço profissional de inte-resse público, atinge cada vez mais pessoas neste ambiente. Na verdade, o jornalista encontra terre-no fértil de trabalho com a Internet e, se souber agir eticamente utilizando de maneira eficaz as possibi-lidades hipermidiáticas, sempre haverá usuários conectados e interativos, ajudando-o a lutar por uma sociedade mais justa.

¹ Professora de Jornalismo Online e Radiojornalismo do curso de Jornalismo da UFRB – Universidade Federal do Re-côncavo da Bahia.

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Moradores do Caquende jogam lixo no rio mesmo com a coleta regularA poluição trouxe mau cheiro e proliferação de mosquitos ao bairro

A coleta de lixo é feita de segunda a sábado, duas vezes por dia, mas ain-da assim os habitantes do bairro do Caquende des-

pejam resíduos diretamen-te no rio. Casas próximas ao curso d’água também não possuem sistema de esgoto, tornando o local uma fossa a céu aberto. A maioria dos moradores não parece demonstrar

Texto de Gabrielle Alano

interesse sobre o assunto. Para alguns, o problema deve ser resolvido pela Prefeitura ou pela Empre-sa Baiana de Águas e Sa-neamento (Embasa).De acordo com Eneo So-ares dos Santos, subse-cretário de Obras e Meio Ambiente, já foram feitas três limpezas na área, mas os moradores continuam jogando o lixo no rio. Ele afirma que as casas ribei-rinhas foram construídas pela própria população, sem infraestrutura de sa-neamento básico ou pre-ocupação ambiental. O projeto de urbanização e limpeza do Riacho Ca-quende, estudado pela prefeitura, visa desocupar

a área e criar um espaço de lazer e turismo, assim como foi feito no distrito de Belém. Até o presente, obras próximas ao rio es-tão embargadas.A contaminação do rio comprometeu as condi-ções sanitárias da área, ocasionando aos mora-dores das proximidades doenças como diarréia, esquistossomose, hepatite e febre tifóide. Segundo Bruno Souto, enfermeiro-chefe do Posto de Saúde do Caquende, a população utiliza a água do rio para lavar as roupas e a casa, além das necessidades fi-siológicas. Com isso, al-guns casos de esquistosso-mose, doença causada por

Gabrielle Alano

São Félix desenvolve váriasações de vigilância sanitária

A vigilância sanitária de São Félix intensificou, nestes últimos meses, a fiscalização sobre o con-trole de qualidade da água consumida pela po-pulação. Agora, são feitas 18 coletas de amostras por mês.

Outra preocupação anunciada pelo órgão é o combate à praga dos ra-tos, motivo de inúmeras solicitações por parte da população. Para enfren-tar o problema, os técni-cos da vigilância sanitária

têm buscado localizar, atra-vés de mape-amentos, os ninhos des-tes roedores e aplicam ratici-da em pontos estratégicos.

S e g u n d o a veterinária Elisa Márcia Morais Dias, diretora da vigilância sa-nitária local, o trabalho também foi i n t e n s i f i c a -do em outros campos de Os agentes de vigilância sanitária em ação

Auto-escolas de Cachoeira têm altaaprovação nos exames de habilitação

Estudantes do IAENE são os maiores interessados

atuação, como vistorias de estabelecimentos de alimentação, promoção do saneamento básico e preservação do meio am-biente.

Além deste trabalho ostensivo, a vigilância sa-nitária tem promovido oficinas técnicas destina-das a profissionais que trabalham com alimentos (padarias, bares e restau-rantes e outros) e salões de beleza. Eles são instru-ídos na esterilização dos instrumentos de trabalho, como alicate de unhas, te-souras, pentes e o cuidado na manipulação de pro-dutos químicos.

Texto de André Gustavo Cardoso

Foto Divulgação

O fluxo de pessoas em busca da Carteira Nacio-nal de Habilitação (CNH) gira em torno de 80 alunos por mês na cidade de Ca-choeira. De acordo com as auto-escolas locais, 70% destes alunos são homens jovens, na faixa de 18 a 30 anos de idade. As turmas variam de 20 a 28 alunos, registrando cerca de três a quatro reprovados. Em

geral, as mulheres são as mais inseguras.

Estudantes do Institu-to Adventista de Ensino do Nordeste (IAENE) são os maiores requisitantes, mas a cidade atende tam-bém moradores de muni-cípios próximos, como São Felix, Muritiba, Governa-dor Mangabeira, Marago-gipe e Conceição da Feira. Os preços variam de R$ 700,00 à R$ 790,00 pela habilitação tipo AB e R$ 800,00 para o modelo D.

Para tirar ou renovar a carteira de motorista, o interessado deve primei-ramente comprar o Laudo na Circunscrição Regio-nal de Trânsito (Ciretran), mediante apresentação do RG, CPF e Comprovan-te de Residência; prestar exames de vista e psi-coteste. Posteriormen-te, cada aluno precisará comparecer a 45 horas de aulas teóricas e 20 aulas práticas. De acordo com a nova legislação, 40% das

aulas práticas devem ser cumpridas à noite.

Os exames podem ser realizados na própria Ci-retran de Cachoeira. De acordo com Alda Olivei-ra, gerente administrativa do Centro de Formação de Condutores Karys, o nível de dificuldade das provas na região pode ser supe-rior do que em Salvador, uma vez que a cidade não apresenta sinalização nem organização no trânsito de pedestres.

Outras Informações:CIRETRAN Cachoeira Rua Ana Nery, nº 2 – CentroCachoeira-BA Telefone: (75) 3425-8506 Fax: (75) 425-1057POLICLIN - Consultório de PsicologiaRua 13 Maio, nº 44 – CentroCachoeira-BATelefone: (75) 3425-4248DETRAN BA www.detran.ba.gov.brABCtran – Associação Baiana de Clínicas de Trânsitowww.abctran.com.br

Texto de Gabrielle Alano

vermes encontrados na urina e fezes do homem, foram registrados no pos-to. Às margens do Riacho Ca-quende, afluente do Rio Paraguaçu, foram constru-ídos engenhos de açúcar que deram origem à cida-de de Cachoeira. Junta-mente com o Pitanga, o rio fornecia peixes e mariscos à população pobre. Até cerca de 18 anos atrás, era possível tomar banho em suas águas. Com a invasão e as práticas predatórias da população, a vegetação local foi dizimada e o rio tornou-se apenas um file-te de água. Atualmente, o riacho é conhecido como “banheiro do Caquende”.

Posto de saúde do Caquende atende necessidade da população A exemplo do que ocorre com toda unidade básica, ele faz atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

Com o objetivo de prestar serviços gratuitos à comunida-de, o posto de saúde do bairro do Caquende, na cidade de Cachoeira, tem realizado um bom trabalho para a popula-ção desde que foi implantado, há cerca de quatro anos.

Ele oferece serviços como exame preventivo, pré-natal, tratamentos odontológicos, planejamento familiar e acom-panhamento de crianças, além de uma atenção especial a hi-pertensos e diabéticos.

Segundo o enfermeiro res-

ponsávelm Bruno Souto, são atendidas uma média de 600 pessoas por mês. Bruno disse que a prioridade da unidade é prevenir a população através de orientação. Com o auxílio de 10 agentes de saúde, cerca de 1.200 famílias são acompa-nhadas de perto por meio de visitas domiciliares, quando são atualizados ou feitos no-vos cadastros, sempre que ne-cessário..

Rita de Cássia dos Santos, moradora do Caquende, afir-ma que depois do posto muita coisa melhorou. Além de exa-mes mais acessíveis, manter a saúde em dia também ficou mais fácil, já que o posto dis-

ponibiliza serviços como pre-ventivos e tratamentos odon-tológicos, dos quais ela utiliza periodicamente.

Ela disse ainda que o nú-mero de mulheres grávidas tem diminuído significativa-mente, graças ao planejamen-to familiar. E as gestantes têm o acompanhamento necessá-rio para uma gravidez saudá-vel.

Além dos demais serviços, as vacinas estão disponíveis o ano inteiro, mesmo fora das datas de campanhas. Vacinas para crianças e idosos são as mais procuradas. Uma no-vidade deste ano foi a cam-panha de vacinação contra a

raiva para cães e gatos. O pos-to dispõe de um clínico geral todos os dias da semana. Os

atendimentos são feitos de se-gunda à sexta das 8h às 12h e das 14h às 17h.

Texto de Mariana Vilas Bôas

Gabrielle A

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Muita sujeira e detritos tem se acumulado nas margens do rio

mplantada há quatro anos, a unidade oferece serviços médicos e odontológicos

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Com abordagens libertinas e visitas noturnas aos bordéis da cidade, desvendamos alguns mitos e o histórico dos bastidores da prostituição local

AMOR exposto para CONSUMO

A garota de mini-saia caminha pela sala à meia-luz. Sorrindo, carrega em uma das mãos uma bebida para o seu acompanhante da noite. No canto do salão, ao lado uma máquina que cobra por músi-cas que o cliente escolha para embalar a noite, dois homens permanecem sentados, um de-les girando o copo de conha-que sobre a mesa, a conversar. Aproximo-me junto com meu colega de reportagem e busco sutilmente me envolver na dis-cussão. “Mulher daqui não tem amor, não”, dizia Jonathan, que revelava também que entrou pela primeira vez em um bor-del quando ainda tinha onze anos de idade.

“Nem sempre é assim, o carinho também existe”, dis-corda Netinho, funcionário da casa, que reforçava sua afirma-ção dizendo que já morou com muitas mulheres que conhe-ceu naquele exato lugar, o bor-del de Cabeluda, um dos mais conhecidos de Cachoeira. Os dois foram interrompidos por Voador, um moto-taxista sen-tado em outra mesa no salão, afirmando que “se sentir bem com o cliente é muito diferente de amar”. Assim se inicia nossa investigação sobre os bastido-res do mundo meretrício.

Texto de Toni Caldas

Sonhos de meretrizes

Mudamos de mesa e nos sentamos abaixo da imagem de Santa Bárbara sob uma luz avermelhada, a protetora espi-ritual da casa. Shirley* então se aproxima, acreditando que eu e meu companheiro somos clien-tes em busca de uma boa com-panhia. Após conhecer nossos reais interesses, a moça acabou se interessando em conversar conosco. De cabelos castanhos, saia rodada e blusa decotada, revelando a tatuagem em ho-menagem ao filho, a garota de 27 anos relata que a profissão atual não foi o que desejou para sua vida, mas tempos difíceis a forçaram a encarar o cenário,

quase sempre nebuloso, da prostituição.

Em pouco tempo de um bate-papo agradável Amanda* se aproxima, a única garota da casa que acreditava que a du-pla sóbria em meio ao salão lotado de homens a flertar e beber eram na verdade curio-sos a fim de conhecer o espaço. Agora sentada, ocupando o lu-gar de Shirley, a jovem deixava fluir seus sentimentos. “Eu já fiquei de caso com um cliente, sim. Não é vergonha admitir, sempre tem aquele que trata melhor, agrada e por esse é que a gente se apega”. A garota de 23 anos demonstra ser mais so-nhadora que Shirley, e por ve-zes chega a cogitar, com olhos

cheios de esperança, a possibi-lidade de estudar e sustentar seus custos como garota de programa.

Observando a conversa, Voador faz questão de pedir mais uma cerveja e dar seu depoimento. “Acima de tudo, esse é um bar de respeito. Um palavrão alto aqui e Dona Ca-beluda bota você na rua”, con-ta. “E digo mais, o respeito é ta-manho que eu mesmo me sinto mais seguro em ter uma mulher daqui do que da rua. Quem te garante que as de fora só enca-ram um homem na cama se ele for prevenido?”, concorda Ne-tinho, já acompanhado de uma das cinco garotas que atuam na casa.

Sempre com poucas palavras, Dona Cabeluda, como é conheci-da a responsável por um dos tradi-cionais bordéis de Cachoeira, conta que muitas garotas passaram pelo local com suas diferentes histórias. “Gente de todo canto do país, se eu for contar passamos a noite inteira conversan-do”, relata. Segui-mos a orientação de Dona Cabeluda e fomos à busca de pistas sobre como a zona meretrícia de

Cachoeira começou a ganhar fama na região.

Luxúria de longa data

Existe um dito popular que afirma que a mais antiga profissão do mundo seria a prostituição. Mas por mais que seja vista na atualidade como um ofício, o histórico da vida das meretrizes nunca foi isen-to de preconceitos, agressões, violência e marginalização. Em meio ao século XIX, viajantes que vinham do sertão baiano através da ferrovia aguarda-vam em diversos hotéis, bares e restaurantes de Cachoeira a chegada do antigo Vapor, para assim continuar viagem até o porto da capital baiana. Com esse intenso fluxo, o aqueci-mento da zona meretrícia local então se inicia.

Ao longo de todo cais era comum a presença de mo-radores de rua, vagabundos, magarefes, falsos babalorixás, comerciantes e também muitas prostitutas, que ocupavam as estreitas e perigosas ruas, for-mando um palco de epidemias e prazeres que atendia aos ne-cessitados de companhia. Sa-lões de jogos de azar, bares fa-mosos pela boemia, sobrados inteiros utilizados como prostí-bulos, constituíam a dinâmica noturna do porto de Cachoeira.

Segundo o historiador Ca-cau Nascimento, a prática me-retrícia vem desde os tempos áureos da cidade. Muitas das

prostitutas vinham do sertão, e raras eram as mulheres nativas da cidade. “Embora tivesse um grande fluxo comercial, São Fé-lix nunca teve zonas de prosti-tuição, já Cachoeira, uma cida-de hoteleira e boêmia, manteve até cerca de sessenta anos uma tradição muito forte neste sen-tido. Para se ter noção, a inicia-ção sexual dos jovens era rea-lizada nesses ambientes, onde belas mulheres atraiam inclusi-ve homens de cidades vizinhas. Com a banalização do sexo essa prática hoje deixou de existir”, analisa.

Resquícios dos prostíbulos

Entre as décadas de 1940 e 1950, com o crescimento ur-

bano da cidade, as zonas me-retrícias foram perdendo sua característica original. “Todos esses becos que vão em direção ao porto, antes eram ocupados por sobrados alugados para a prática da prostituição. A par-tir de 1960, a zona portuária ga-nhou então o caráter de espaço residencial, sendo ocupada por famílias inteiras”, diz Cacau.

Atualmente, apenas o último quarteirão do porto, co-nhecido pelos moradores mais antigos como “beco das ga-nhadeiras”, permanece como zona meretrícia à disposição de clientes em busca de romances de aluguel. Por conta da sua carga histórica e dos conflitos gerados nas discussões de gê-

nero dentro da própria cidade, o jornalista Jadson Ribeiro, em seu estudo intitulado “Corpos Periféri-cos”, se dispõe a observar as apre-sentações dos cor-pos no cotidiano das prostitutas ainda atuantes em Cachoeira. “Nesse trabalho eu busquei tra-tar da sexualida-de, da estética do corpo, com o an-seio de entender melhor como se dão os processos

performáticos e as vivências sexo-afetivas dessas mulheres”, diz Jadson.

Por fim, conversando com um dos mais antigos frequentadores do estabele-cimento de Cabeluda, pude compreender como os clien-tes do local apreciam a vida regada à prazeres e luxúria. “Brega não quer dizer sa-canagem, nunca significou isso. É um estilo, uma filo-sofia que eu, cliente de car-teirinha, não deixo de viver mesmo hoje sendo casado”, analisa profundamente Jona-than, que dizia naquela noite ter vindo apenas beber algu-mas cervejas, pois a compa-nhia da noite anterior o dei-xou totalmente inválido.

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A identidade real das meretrizes é um dos maiores segredos na profissão

Histórias de vida tristes e cicatrizes são comuns entre estas mulheres

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Conheça Muritiba

Enquadrado na Zona Fi-siográfica do Recôncavo, Muritiba é um município rico em historia e cultura re-gional e que contribuiu subs-tiancialmente para a identifi-cação do Estado da Bahia.

Fundada em 8 de agosto de 1919, a cidade tem como base econômica a agricultu-ra, com a produção de man-dioca, fumo, laranja e limão. Dentre os episódios e nomes importantes estão a partici-pação na Independência do país, com as tropas chefiadas

pelo o major José Antonio da Silva Castro, avô de Castro Alves.

O município faz fronteira com Cachoeira, Cruz das Almas, São Félix, Cabaceiras do Paraguaçu e Governador Mangabeira. Possui, além dos seus distritos e povoa-dos, inúmeras localidades rurais, relevo caracterizado pela existên-cia de tabuleiros pré-litorâneos e clima sub-úmido.

Entre os destaques locais estão a Lira Cinco de Março e a Filar-mônica Lira Popular Muritibana, instituições sem fins lucrativos, que mantêm, cada uma, escolas de música com ensino gratuito e uma banda de musica formada por jo-vens na cidade.

Possui construções antigas

como o prédio do INSS; o Arma-zém de Fumo Carl Leoni; o Posto Puericultura; o Prédio de Lions Club; o Prédio Escolar Castro Al-ves e do Alcides Almeida; Casa da Fazenda Dendê, Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, Matriz de São Pedro, além das ruínas de algu-mas fábricas de charutos.

Além de restaurantes, bares, outras igrejas e pousadas, há al-gumas áreas livres para eventos artísticos e culturais, como a Praça da Matriz, Vila Residencial e o co-reto, mas é culturalmente famosa pela tradicional Festa do Senhor do Bonfim, que acontece todos os anos na cidade e tem duração de 10 dias e termina com a procissão do Senhor do Bonfim, na última

segunda-feira de festa.No setor turístico o referencial

da cidade é a Praça de São Pedro, localizada no centro e que tem um valor significativo para a popula-ção muritibana e de demais regi-ões, em conjunto com a Igreja de São Pedro, padroeiro da cidade.

Outro ponto importante é a Ca-choeirinha, local tranqüilo e acon-chegante. Este é um dos melhores pontos turísticos da região, ideal para realização de trilhas e pas-seios ecológicos. Dois dos prin-cipais pontos mais visitados é a Cachoeira do Pinga e a ponte do “Buraco do Inferno”. Em conjun-to com a Fonte da Caixinha, Fonte do Caquende, Fonte dos Padres e a Lagoa do Palame.

Texto de Fernanda Rocha

TÁ NA NET: Muritiba

Ao digitar Muritiba na internet logo irá aparecer em sua telinha uma infinidade de sites com noticias e informações relaciona-das à cidade. O município fica localizado na microrregião de Santo Antonio de Jesus e, na internet, o site da prefeitura disponi-biliza dados históricos, símbolos e outras informações que auxiliam na busca sobre a localidade.

Também é possível encontrar sites que mostram informações turísticas, localiza-ção dos principais pontos da cidade e onde o turista pode ficar. Há um blog sobre a tradicional festa do Senhor do Bonfim.

Para quem gosta de música, Muritiba possui um site relacionado às filarmônicas da cidade, que conta desde sua criação a eventos realizados por ela. Há um outro endereço outro sobre o cantor Lui Muri-tiba, conterrâneo da cidade, que mostra todo o seu trabalho na vida musical.

A internet possibilita conhecer a cidade antes mesmo de visitá-la, mas para quem tiver interesse de saber um pouco mais so-bre Muritiba pode acessar alguns desses sites:

Prefeitura Municipalhttp://www.muritiba.ba.gov.br/portal1/intro.asp?iIdMun=100129269Sites sobre Turismohttp://citybrazil.uol.com.br/ba/muritiba/in-dex.phphttp://www.bahia.com.br/node/8691http://www.ferias.tur.br/informacoes/859/muritiba-ba.htmlBlog Primogênio - Festa do Senhor do Bonfim 2010http://primogenio.blogspot.com/2010/01/fes-ta-do-bonfim-2010-bandeira-chega-ao.htmlLira Popular Muritibana e Cantor Lui Muritibahttp://www.lirapopularmuritibana.org.br/principal.htmhttp://www.luimuritiba.com.br/

Texto de Josiane Nascimento

Artesãs em Saubaralutam para manter tradição

Embora sofrendo uma perda de prestígio por conta dos atrativos da melhor condição de vida do sécu-lo XXI, os trançados de palha e as rendas de bilros que as escravas fa-ziam para adornarem as roupas das senhoras na época da colônia ainda sobrevivem no município de Sau-bara, graças a um grupo de artesãs que mantém viva a tradição local.

Aos 81 anos, dona Odete conta que aprendeu a costurar com sua

tia, pois sua mãe era trançadeira. Ela disse que é importante os filhos prosseguirem esse trabalho dos mais antigos, para que o ofício se perpetue e os netos o conheçam e passem adiante. Fica comovida ao falar que sua filha até começou a costurar, porém não seguiu com a atividade. Disse ainda que nem incentiva mais os seus filhos a aprender, pois “essas meninas no-vas não ligam mais pra isso não, só querem computador, vem aqui passear, mas não se interessam”, garantiu.

Para a rendeira Lidiane, essa falta de interesse dos jovens em aprender a tradição se explica pelo fato de seus pais, antes de serem ar-tesãos, têm que sobreviver da maré. Na localidade, a maioria das mu-lheres trabalha como marisqueira. “Quem não deseja continuar nesta situação, sai da cidade e vai geral-mente para grandes centros, tentar um emprego melhor ou estudar”, avaliou. Mas comenta ainda que considera necessário desenvolver um trabalho de conscientização junto à população, falando da im-portância, do valor cultural desse artesanato na região e que ele não pode ser visto só como uma renda complementar.

Associação

A associação de Artesãos de Sau-bara foi legitimada em 31 de agosto de 1999, mas existia há mais de 50 anos. Atende hoje a cerca de 120 ar-tesãs associadas, sendo 95 rendeiras de bilros e 25 trançadeiras. O objeti-vo da entidade é difundir a cultura local através do fazer antigo, de for-ma a contribuir com a permanência da tradição e melhorar a vida sus-tentável dessa população.

Os responsáveis pela associação afirmaram que “ter uma parceria é fundamental para fortalecimento do grupo, pois beneficia os artesãos,

Joaq

uim

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berg detentores de uma sabedoria man-

tida através das gerações, ajuda na manutenção da associação, divulga o trabalho em feiras artesanais pelo Brasil e no exterior, como o Festival de Mariscada em Saubara que é um forte atrativo turístico da região, além de proporcionar um melhor reconhecimento tanto da produção como na comercialização”.

Matéria-prima

Eles garantem que “saber que a natureza lhes dá o sustento de cada dia e que é preciso tratá-la com cuida-do já faz parte do conhecimento dessa comunidade”. Os artesãos locais ex-traem da folha da palmeira de ouricu-ri, planta originária da Mata Atlântica brasileira, o material necessário para produção do trançado de palha mais expressivo de Saubara, do qual é con-feccionado o famoso chapéu de pa-lha, bolsas e objetos decorativos.

As rendeiras de Saubara afirmam existir uma diferença das outras ren-das, pois são confeccionados por uma linha especial de puro algodão. Os bilros vêm de uma fruta da região, o buri, que serve para apoiar a linha presa por alfinetes na almofada, que é feita de folhas de bananeiras enrola-das e costurada com um tecido dan-do uma forma redonda. Essa renda é customizada em roupas, toalhas de mesa e banho.

Texto de Laiana Matos

Grupo de Negros de São Gonçalorealizou atividades em novembro

Palestras, debates e muitos shows fizeram parte da pro-gramação do Grupo de Negros e Negras de São Gonçalo no mês de novembro último. Liderado pelo jovem Claudo-miro Araújo, o grupo vem promovendo eventos diversos, há mais de 10 anos, sempre em novembro. Desta vez, ele preparou mais de 12 horas ininterruptas de atividades,

que incluíram palestras nos colégios da cidade.O objetivo do evento, segundo seus organizadores, “é

levar ao povo um dia de entretenimento e reflexão sobre tudo que fomos, que somos e que seremos daqui para frente”. Para Ismael Ferreira, outro integrante do grupo, “com ou sem o apoio da prefeitura o evento vai acontecer, a cultura negra é a base da cultura brasileira, portanto celebrar a cultura dessa raça é mais do que justo, foram os negros que construíram este país sem receber nada em troca”, completou.

As rendas de bilro são tradição desde o tempo da escravatura

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www.ufrb.edu.br/reverso www.ufrb.edu.br/reverso

Ginásio de São Gonçaloestá desativado há 10 anosAlunos do Colégio Polivalente não encontram lugar para praticar esportes

Comentando a situação do único ginásio de esportes da cidade, a vice-diretora do Colégio Polivalente de São Gonçalo dos Campos, Lucia-na Barreto Tavares, disse que “há mais de 10 anos o giná-sio não recebe manutenção e não temos onde praticar

esportes e promover eventos do colégio”.

Segundo ela, que é profes-sora do colégio desde 1991 e há dois anos ocupa a vice-di-retoria, a possível causa para as condições inadequadas de uso em que a quadra se en-contra é que, desde que foi firmado um convênio técni-co entre prefeitura e gover-no do estado, as chaves do

ginásio foram passadas para a administração municipal e, com elas, a responsabilidade pelo uso.

Inicialmente, havia um diretor de espor-tes, que toda semana realizava eventos jun-to à comunidade. Os alunos do colégio esta-dual só poderiam usar a quadra três vezes na semana, e aos finais

de semana o local fica-ria por conta de usos para a prefeitura, que tinha como proposta inicial promover eventos de esporte e entrete-nimento para a comunidade de São Gonçalo.

Mas, segundo Luciana Tavares, isso não ocorria, pois a prefeitura não daria a manutenção devida, contri-buindo para o estado atual do ginásio. Voltando a posse

do centro de esportes para o colégio, a cooperação técnica perdeu a validade. Há mais de um ano, dois engenheiros foram fazer uma vistoria no local para uma possível re-forma. A vice-diretora informou que, na verdade, a verba que foi liberada no Diário Oficial para reformas estava destinada apenas ao colégio, excluindo o ginásio. Hoje, o ginásio foi completa-mente vedado para impedir entrada de curiosos e evitar acidentes. Com isso, os 1.420 alunos do Colégio Polivalen-te realizam aulas de educa-ção física em sua maior parte dentro das salas de aula, pois a quadra também não está em condições de manter as atividades.

Em exercício desde 18 de agosto deste ano, o secretário de Cultura e Esportes Narci-so Amâncio da Silva disse

que há mais de 20 anos não vê uma reforma estrutural naquele local, que conhece desde criança. Ele informou que há projetos que podem entrar em vigor no próximo ano, mas nada que tenha uma resolução de imediato para o problema.

Já Luciana Da Silva Quei-roz Santos, diretora do Colé-gio Municipal Nelson Fonse-ca, declarou sua tristeza em não ter uma boa estrutura física no colégio, mas acres-centou que apesar das pés-simas condições estruturais os planos pedagógicos são todos cumpridos ao final do ano letivo. “Estrutura física não impede o corpo docente de fazer um bom trabalho”, afirma a diretora. Ela espera para breve a transferência do colégio para um novo pré-dio, que atenderá a demanda da escola.

Texto de Taiane Nazaré

Raquel Pimentel

Fundação do ex-jogador Vampetadesenvolve ações sociais em Nazaré

Uma série de medidas inovadoras vem surtindo efeito no acolhimento e apoio às crianças de baixa renda da cidade de Naza-ré. Criada pelo ex-jogador Vampeta, que é filho da terra, a fundação que leva o seu nome tem investido no incentivo à prática do desporto e no resgate das

manifestações culturais do município, como músi-ca, teatro, literatura e es-porte.

A instituição assiste hohe a 80 crianças na faixa etá ria de sete a 12 anos, matriculadas na rede pú-blica municipal de ensino e oriundas de famílias be-neficiadas do Programa Bolsa Família.

Para Ivani Nogueira, professora de música e es-porte, a prática das ativi-

dades desenvolvidas pela fundação “é importante na formação do cidadão e uma forma de acolhimen-to social”.

Contando desde 2009 com o apoio financeiro da Petrobrás da Prefeitu-ra Municipal de Nazaré, a entidade busca estabele-cer parcerias com órgãos públicos e privados para continuar o papel de fo-mentadora do esporte no município.

Texto de Suely Alves

suely alves

São péssimas as condições atuais do antigo ginásio

As crianças têm aulas de música na fundação

Caderno Literário

Foram cinco suspiros. Um a cada vai-e-vem do balanço no parque, àquela hora da madrugada. No primeiro suspiro, subia em direção ao céu. Olhos fechados e cabelos que corriam atrás do resto do corpo, sempre num ritmo mais lento. Sentia o cheiro do orvalho e do sol se aproximando. Apertava as correntes do balanço com força e sentia as mãos escorregarem nelas, supondo serem viscosas; elas estavam frias e úmidas e cheiravam a ferrugem. As correntes aos pou-cos se curvavam de volta. O frio na barriga prenunciava o percurso para trás. Era um segundo suspiro demasiadamente absorto em lembranças; tão distraído a ponto de esquecer de ser concluído: o nariz inspirara, mas relutava em expi-rar de volta. Ao chegar à ponta daquela segunda pará-bola, abriu os olhos espantados com o ar que sobrava. Soprou. Ao terceiro suspiro, já com olhos bem abertos e o coração acelerado o suficiente para encarar a paisagem que se movimentava à frente, rumou mais uma vez no caminho do céu, dessa vez tão alto que conseguia ver somente as estrelas brilharem diante de si; pontos lu-minosos e um imenso fundo negro que se aproximava. Agora as estrelas se afastavam. Agora via no horizonte o resto do parque dividindo a paisagem com a noite. O frio na barriga não aconteceu mais. Sabia exatamente o que fazer. As correntes também não escorregavam, nem as pernas se mantinham vítimas do balançar, mas se movimentavam impulsionando um voar cada vez mais alto. Quarto suspiro. As plantas dos canteiros cor-riam rápidas na sua visão periférica. Corriam para frente, mesmo imóveis. E o balanço carregava o corpo já cansado do vai-e-vem para trás de novo. Não sentia mais as mesmas sensações, nem via a mesma graça na brincadeira; mas a experiência fazia querer chegar mais alto. O suspiro saiu seco. Último suspiro agudo: o impulso ultrapassara o esperado, agora o corpo voava literalmente em direção ao céu. Soltara as correntes, despregara-se do assento e, reto, alcançava as estrelas.

MovimentosPor Jana Cambuí

A menina estava a ir ao armazém a pedido da mãe...

Na hora que ela estava no balcão passando as compras, o moço do armazém, reparando seus enormes olhos verde alga, perguntou porque olhos de meni-na dela escondiam tanta coisa sobre seu ser.

Ela respondeu que seus olhos de menina não escondiam nada... eles só eram as janelas pra sua alma!

O moço do armazém, não satisfeito com a resposta da me-nina, falou que os seus olhos eram sim a janela da alma, mas que elas não estavam totalmente abertas, já que, ele não conseguia ver através dos olhos dela.

Ela respondeu, com toda sua simplicidade infantil, que o seu ser era complexo demais para ser visto a olho nu e simples demais para que alguém desse importância, porque quase ninguém dá importância as coisas simples atualmente!

Aí o moço do armazém ficou quieto...

Por Janaína França

A Menina...C

aiã Pires

Eu sinto a fé desta gente toda

Que crê em um mundo novoeu ando no meio do povo

eu sinto a energia da vida!

Eu tenho fépor isso também vou a pé

por isso também enfrento o caminho

enfrento a dureza do espinhoe me maravilho com a suavi-

dade da florAh! Eu sinto este amor!

e desejo este mundo novo

eu sou parte deste povoeu rezo, eu canto e confioeu não tenho medo do caminho

eu vou nos passos de Frei Galvão

eu sigo a letra da cançãoeu levo a fé no coração!

Nos Passos de Frei GalvãoPor Marilene Gonçalves

Por Gabrielle Alano

AUTORES

Janaína França

Jana Cambuí

Estudante do 4º semestre de Jornalismo da UFRB.

http://oinfinitopublico.blogspot.com

Estudante do 4º semestre de Jornalismo da UFRB.

http://prolixidades.blogspot.com

Estudante do 6º semestre de Jornalismo da UFRB.

http://marilenegoncalves.blogspot.com

Marilene Gonçalves

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Bar é ambiente de socialização entreprofessores e estudantes da UFRBO PQTRLV, em Cachoeira, tornou-se um local alternativo de descontração e lazer para professores e estudantes do CAHL durante a semana

Localizado na Praça Dr. Aristi-des Milton, o bar PQTRLV tem 23 anos de tradição e oferece um servi-ço alternativo, diferente da maioria dos bares da cidade e é frequentado por estudantes, professores, turis-tas e pessoas da comunidade. Seu dono, José Raimundo Alves, mais conhecido como Zé Miúdo, sempre trabalhou com esse tipo de comér-cio e diz que não se vê fazendo ou-tra coisa.

A sigla da placa que fica na parte superior do estabelecimento e sem-pre desperta muita curiosidade sig-nifica Pedro Quer Ter Renda, Lucro e Vantagem, nome criado pelo antigo

dono – que chamava-se Pedro – e mantido por Zé Miúdo. Mas existe ainda um outro significado, pejora-tivo e impronunciável, criado pelos moradores.

No local, além do PQTRLV exis-tiam mais outros dois bares, mas somente esse permaneceu. Zé acre-dita que, pela competência de seus serviços, o bar virou tradição na cidade, principalmente pelos tira-gostos que são oferecidos, como filé de carne, camarão a alho e óleo e peixe.

O filé é o mais pedido da casa e agrada a todos os paladares. O segredo, ele não contou, mas nin-guém mexe na cozinha do bar. Sua filha, Adriana Silva - que desde criança acompanha a jornada de seu pai no bar, convivendo e ser-

vindo os clientes - diz que o que ele faz é muito particular. “A cozinha é dele, o tira-gosto é dele”, senten-ciou.

Durante os finais de semana, a praça fica bastante agitada e o bar cheio. Zé Miúdo acredita tanto na importância do seu estabelecimen-to que ainda complementa: “Se eu fechar o bar, acaba essa praça”, diz ele.

O bar passou a ser muito fre-quentado na época da construção da Pedra do Cavalo, quando vie-ram muitos trabalhadores de fora. Com isso, teve que ampliar os ser-viços, como a produção dos tira-gostos, atraindo um público maior. Contudo, Zé acredita que a chegada da UFRB distanciou alguns clientes da cidade, mas trouxe outros. “An-

tes da universidade o público era diverso. Com a chegada da UFRB, o pessoal da cidade se distanciou um pouco mais e quem passou a frequentar foram os estudantes e professores”, disse.

O professor de Cinema Gui-lherme Maia, sempre que passa as noites em Cachoeira, vai ao bar apreciar o filé de carne – que é seu tira-gosto favorito – e to-mar uma cerveja. Guilherme afirmou adorar o ambiente e diz: “O bar é referência na cidade. Vejo como um ambiente de so-cialização”. Zé planeja abrir um novo serviço na parte superior do prédio. Um restaurante que pretende oferecer um atendi-mento alternativo e diferencia-do, como é o bar.

Texto de Lorena Morais

“O mais importante do bar é dono”, diz Zé Miúdo, ao destacar o sucesso do seu serviço

A localização do bar oferece aos clientes um amplo espaço de interação

Laiana Matos Marília Marques

Laiana Matos