Revelações Do Apocalipse - Vol.1 - Samuel Ramos

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  • Vol. 1

    AS SETE IGREJAS OS SETE SELOS O JUZO CELESTIAL

    Samuel [email protected]

  • Edio - 2006 Copyright 2006

    Todos os direitos de publicao desta edio reservados Samuel Ramos

    Diagramao e capaSERGRAF - Servios Grficos e Editora Ltda.

    Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou duplicada sem autorizao expressa do autor e do editor.

    Ramos, Samuel

    Revelaes do Apocalipse / Samuel Ramos. -

    Curitiba : 2006.

    324p. ; 21cm

    2. Religio. Teologia - Paran. I. Ttulo

    CDD (1 ed.)

    356.193

    SERGRAF - SERVIOS GRFICOS E EDITORA LTDA.Rua O Brasil para Cristo, 495 - BoqueiroCEP 81650-110 - Curitiba - ParanFone/Fax: (41) 3277-3213e-mail:[email protected]

  • Sumrio

    Prefcio/ Introduo.........................................................05Captulo 1

    Revelaes do Apocalipse................................................17Captulo 2

    Cartas do Cu s Igrejas (1 parte)..................................55feso........................................................................55Esmirna....................................................................63Prgamo...................................................................72A Pscoa...................................................................88O Natal....................................................................90O Domingo..............................................................91Tiatira....................................................................100Joo Wycliffe.........................................................118John Huss...............................................................120Os Albigenses........................................................123O Massacre da Noite de So Bartolomeu..............124

    Captulo 3Cartas do Cu s Igrejas (2 parte)................................129

    Sardes.....................................................................129Filadlfia.................................................................146Uma Porta Aberta para as Misses.........................152Laodicia................................................................161

    Captulo 4A Sala do Juzo Celestial............................................183

    A Porta Aberta no Cu..........................................192Vinte e quatro Tronos e Vinte e quatro Ancios....195

  • Captulo 5O Livro do Juzo e o Leo-Cordeiro.............................209

    A natureza do Livro Selado com Sete Selos...........209O Leo-Cordeiro...................................................225Trs Hinos de Louvor.............................................229A Bblia e o Esprito de Profecia apiam esta

    interpretao...........................................................230Captulo 6

    Os Sete Selos e o Juzo Pr-Advento............................235O Primeiro Selo.....................................................245O Segundo Selo.....................................................251O Terceiro Selo.......................................................256O Quarto Selo........................................................264O Quinto Selo........................................................271O Sexto Selo...........................................................280

    Captulo 7O Juzo dos Vivos e o Selamento...................................287

    O Sbado e a obra do Selamento............................290O Selamento em duas Fases...................................292

    Captulo 8O Silncio no Cu.........................................................301

    O Stimo Selo........................................................301O Anjo do Concerto..............................................304O Silncio no Cu..................................................307

    Estudo AdicionalO Silncio no Cu.........................................................312

    Que Mensagem? A mensagem do Terceiro Anjo...321

  • PREFCIO

    O Apocalipse um livro aberto, a revelao de Jesus para os ltimos dias. Mais do que qualquer outro livro da Bblia, o Apocalipse mostra como funciona o processo da revelao progressiva de Deus. Mesmo os profetas que eram favorecidos com iluminao especial do Esprito, no compreendiam plenamente a significao das revelaes a eles confiadas. O sentido deveria ser desvendado de sculo em sculo, medida que o povo de Deus necessitasse das instrues nelas contidas. Com freqncia, a mente do povo, e mesmo dos servos de Deus, se acha to cegada pelas opinies humanas, as tradies e falsos ensinos, que apenas pode parcialmente apreender as grandes coisas que Ele revelou em Sua Palavra.

    A revelao progressiva de Deus significa que hoje ns podemos entender melhor as verdades divinas reveladas no passado. O grande princpio to nobremente advogado por Robinson e Rogrio Williams, de que a verdade progressiva, de que os cristos devem estar prontos para aceitar toda a luz que resplandecer da santa Palavra de Deus, foi perdido de vista por seus descendentes.

    Joo Robinson e Rogrio Williams sustentavam ser impossvel que toda a luz da Palavra de Deus j houvesse sido

    4recebida , e eles estavam certos, porque a partir de 1798 as profecias de Daniel e Apocalipse comearam a ser entendidas e ainda no so entendidas totalmente. Nenhum homem, 1 Ellen G. White, O Grande Conflito, 344.2 Ibidem, 345.3 Ibidem, 297.4 Ibidem, 293.

    05Prefcio

  • porm, ainda que honrado pelo Cu, j chegou a compreender completamente o grande plano da redeno, ou mesmo a aquilatar perfeitamente o propsito divino na obra para o seu prprio tempo. Os homens no compreendem plenamente o que Deus deseja cumprir pela misso que lhes confia; no abrangem, em todos os apectos, a mensagem que proclamam em Seu nome.

    Revelaes do Apocalipse volume I uma expresso consciente dessa verdade, pois nesse livro nos propomos, humildemente, a estudar uma vez mais as profecias reveladas na ilha de Patmos. A compreenso da histria das Sete Igrejas, e especialmente, as cenas comoventes do Juzo Celestial expostas nos captulos quatro a oito, enchem a minha alma de gozo e alegria. Primeiro as cenas do captulo cinco nos fazem chorar assim como a Joo, porm, a histria no termina em choro, as lgrimas do discpulo amado se transformaram em cntico de alegria quando seus olhos contemplaram o Leo da tribo de Jud, o Cordeiro que foi morto mas reviveu. Esse o mesmo sentimento que toma conta dos filhos de Deus hoje quando percebem a solenidade, a seriedade e o envolvimento das cenas do Juzo Celestial.

    O Autor

    1 Ibidem, 341.

    06 Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • Revelaes do Apocalipse

    Introduo

    H necessidade de mais ntimo estudo da Palavra de Deus; especialmente devem Daniel e Apocalipse merecer a ateno como nunca antes na histria de nossa obra.

    No Apocalipse so descritas as profundas coisas de Deus. O prprio nome dado a suas pginas, 'revelao,' contradiz a afirmao de que um livro selado. Uma revelao alguma coisa revelada. O prprio Senhor revelou a Seu servo os mistrios contidos neste livro, e prope que seja aberto ao estudo de todos. Suas verdades so dirigidas aos que vivem nos ltimos dias da histria da Terra . . .

    Que ningum pense que, por no poder explicar o significado de cada smbolo do Apocalipse, -lhe intil investigar este livro numa tentativa de conhecer o significado da verdade que ele contm. Aquele que revelou esses mistrios a Joo dar ao diligente pesquisador da verdade um antegozo das coisas celestiais.

    No Apocalipse todos os livros da Bblia se encontram e se cumprem. Ali est o complemento de Daniel. Um uma profecia; o outro, uma revelao. O livro que foi selado no o Apocalipse, mas a poro da profecia de Daniel relativa aos 1 Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, 112.2 Ellen G. White, Atos dos Apstolos, 584.3 Ibidem.

    07Introduo

  • ltimos dias. O anjo ordenou: 'E tu, Daniel, fecha estas palavras, e sela este livro, at ao fim do tempo' (Dan.12:4).

    Quando os livros de Daniel e Apocalipse forem bem compreendidos, tero os crentes uma experincia religiosa inteiramente diferente. Ser-lhes-o dados tais vislumbres das portas abertas do Cu . . . O livro de Daniel descerrado na revelao a Joo, e nos transporta para as ltimas cenas da histria da Terra. . . Lede Apocalipse em conexo com Daniel. Ensinai essas coisas.

    Estamos no limiar de grandes e solenes acontecimentos. Muitas das profecias esto prestes a se cumprir em rpida sucesso. . . . Repetir-se- a histria passada... Estudai o Apocalipse em ligao com Daniel; pois a histria se repetir.

    Ao nos aproximarmos do fim da histria deste mundo, devem as profecias relativas aos ltimos dias exigir especialmente nosso estudo. O ltimo livro dos escritos do Novo Testamento est cheio de verdades que precisamos compreender. Satans tem cegado o esprito de muitos, de modo que se tm contentado com qualquer escusa por no tornarem o Apocalipse motivo de seu estudo. Mas Cristo, por intermdio de Seu servo Joo, declara aqui o que ser nos

    4ltimos dias.

    Os livros de Daniel e Apocalipse deviam ser encadernados 1 Ibidem., 584, 585.2 Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, 114, 115. 3 Ibidem., 116, nfase minha.4 Ibidem.

    08 Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • juntos e publicados... O alvo unir esses livros, mostrando que ambos se relacionam com os mesmos assuntos... Se nosso povo estivesse meio desperto, se reconhecesse a proximidade dos acontecimentos descritos no Apocalipse, operar-se-ia uma reforma em nossas igrejas, e muitos mais creriam a mensagem.

    O estudo do Apocalipse encaminha o esprito s profecias de Daniel, e ambos apresentam importantssimas instrues, dadas por Deus ao homem, relativas a fatos a acontecerem no final da histria deste mundo. Foram reveladas a Joo cenas de profundo e palpitante interesse na experincia da igreja. Viu ele a posio, os perigos, os conflitos e o livramento final do povo de Deus. Ele registra as mensagens finais que devem amadurecer a seara da Terra... Assuntos de vasta importncia lhe foram desvendados, especialmente para a ltima igreja . . .

    Somos ns a ltima igreja? Estamos vivendo no tempo do fim? Ento precisamos, urgentemente, estudar o Apocalipse em conexo com Daniel, pois estes dois livros contm revelaes especialmente para os nossos dias.

    No Devemos Temer a InvestigaoNo h escusas para algum tomar uma posio de que no h mais verdade para ser revelada, e que todas as nossas explanaes da Escritura esto sem um erro. O fato de que certas doutrinas tm sido defendidas como verdade por muitos

    1 Ibidem., 117, 118, nfase minha.2 Ellen G. White, O Grande Conflito, 341, 342, nfase minha.

    09Introduo

  • anos pelo nosso povo no uma prova de que nossas idias so infalveis. O tempo no deixar permanecer o erro na verdade, e a verdade pode ser esclarecida. Nenhuma verdadeira doutrina perder alguma coisa pela inteira investigao.

    Ns no defendemos que nas doutrinas descobertas por aqueles que tm estudado a Palavra da Verdade no exista algum erro, porque nenhum homem que vive infalvel.

    Temem alguns que, se reconhecerem estar em erro, ainda que seja num simples ponto, outros espritos sero levados a duvidar de toda a teoria da verdade. Tm portanto achado que no se deve permitir a investigao; que ela tenderia para a dissenso e a desunio. Mas se tal o resultado da investigao, quanto mais depressa vier, melhor. Se h aqueles cuja f na Palavra de Deus no suportar a prova de uma investigao das Escrituras, quanto mais depressa forem revelados, melhor... No podemos manter a opinio de que uma posio, uma vez assumida, uma vez advogada a idia, no deve, sob qualquer circunstncia, ser abandonada. H apenas Um que infalvel: Aquele que o Caminho, a Verdade e a Vida.

    Freqentemente o Senhor trabalha onde menos O esperamos; surpreende-nos pela revelao de Seu poder em instrumentos de Sua prpria escolha, ao mesmo tempo que passa por alto os homens a quem temos olhado como sendo

    4aqueles por cujo intermdio deve vir a luz.1 Ellen G. White, Review and Herald, 20/12/1892, nfase minha.2 Ellen G. White, Review and Herald, 25/03/1890.3 Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, 105.4 Ibidem., 106.

    10 Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • No deve a Bblia ser interpretada para agradar s idias dos homens, por mais longo que seja o tempo em que tm considerado verdadeiras essas idias. No devemos aceitar a opinio de comentaristas como sendo a voz de Deus; eles eram mortais, sujeitos ao rro como ns mesmos. Deus nos tem dado a faculdade do raciocnio tanto como a eles. Devemos tornar a Bblia o seu prprio expositor.

    Ns cremos que a revelao divina progressiva e que profecias tais como os Sete Selos e as Sete Trombetas deveriam ser constantemente reestudadas em busca de maior luz. Na Lio da Escola Sabatina do segundo trimestre de 1989 lemos: Os selos de Apocalipse 6:1 a 8:1 esto sendo reestudados constantemente pelos Adventistas do Stimo Dia. Reconhecemos que esta uma parte das Escrituras que requer cuidadosa investigao. Precisamos abrir o corao e a mente para o ministrio de ensino do Esprito Santo ao procurarmos a aplicabilidade especial dessa profecia Igreja e ao mundo hoje em dia.

    Sobre as Sete Trombetas tambm se afirma: Os Adventistas do Stimo Dia esto constantemente estudando a profecia das

    trombetas. Como admitimos que no possumos toda a luz, precisamos volver-nos para o Senhor e pedir a iluminao do Esprito Santo ao procurarmos compreender esta profecia.

    A Ordem Seqencial dos Eventos inegvel o fato de que os ltimos captulos, Apocalipse 19 a

    1 Ibidem.2 o a Joseph J. Battistone, Lio da Escola Sabatina, 2 trimestre, 1 parte, 1989, 85.3 Ibidem, 127.

    11Introduo

  • 22, apresentam uma seqncia de eventos que tm sido detalhadamente confirmada pelos escritos de Ellen G. White:

    A Volta de Jesus (Apoc. 19); O Milnio e o Juzo Executivo dos mpios

    (Apoc. 20; A Nova Terra (Apoc. 21 e 22).A ordem seqencial desses eventos claramente cronolgica.

    Os eventos so revelados na ordem em que acontecem. Essa mesma seqncia de eventos pode, tambm, ser vista nos trs primeiros captulos de Apocalipse:

    Jesus aparece para Joo (Apoc. 1:12-19); Jesus revela as coisas que so e as que depois destas ho de

    acontecer (Apoc. 1:19); A profecia das Sete Igrejas, na sua ordem (Apoc. 2 3):

    o feso (31 -100); o Esmirna (100 - 313); o Prgamo (313 - 538); o Tiatira (538 - 1517); o Sardes (1517 - 1798); o Filadlfia (1798 -1844); o Laodicia (1844 at a volta de Jesus).

    Se os trs ltimos, e os trs primeiros captulos de Apocalipse seguem precisamente uma ordem na seqncia dos eventos, seria bastante coerente entender as profecias que esto no meio do livro, a saber, os Sete Selos, as Sete Trombetas, e as Sete Pragas, como sendo eventos que seguiro tambm uma ordem seqencial. evidente a ordem natural dos eventos que

    12 Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • aparecem nas profecias dos Sete Selos, Sete Trombetas e Sete Pragas.

    Trs Diferentes Teorias de Interpretao ProfticaA seguir apresentamos trs diferentes teorias de

    interpretao, lembrando que no foram os profetas bblicos que criaram tais teorias. Elas representam diferentes opinies de telogos e de estudiosos da Bblia, mas que, em hiptese alguma deveriam limitar e restringir nossa compreenso das profecias bblicas. Deus no est limitado a estas ou a outras teorias, mas, ao mesmo tempo, Ele utiliza certos padres profticos que se mostram constantes, porque Ele constante. Essa constncia divina de grande ajuda na compreenso das Suas profecias. Preterismo: Luiz de Alcazar (1554 1613), jesuta espanhol, usou a teoria do preterismo para enfrentar os protestantes e neutralizar as suas acusaes contra a Igreja Romana. Em traos gerais, Alcazar apresentou a seguinte interpretao das profecias:

    Apoc. 1 a 11 aplicam-se rejeio dos judeus e destruio de Jerusalm pelos romanos; Apoc. 12 a 19 significam a vitria sobre o paganismo romano e a converso do imprio igreja; Apoc. 20 aplica-se perseguio final do anticristo, e o dia do juzo; Apoc. 21 22 refere-se Nova Jerusalm, e descreve o glorioso triunfo da Igreja Romana; Apoc. 12 era a Igreja Apostlica da qual surgiu a Igreja Romana; em Apoc. 13 a

    13Introduo

  • 1 LeRoy E. Froom, The Prophetic Faith of our Fathers vol. 2, 506-509.2 Ibidem., 495-502.3 Ibidem., 463.

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    primeira besta refere-se perseguidora Roma pag, e a segunda besta interpretada como sendo a sabedoria carnal; Apoc. 17 a idolatria mstica da antiga Roma pag; e Apoc. 18 sua converso f catlica. O milnio da igreja comea com a queda da Roma pag, antes de Constantino.

    Futurismo: Francisco Ribera (1537 1591), jesuta espanhol; Roberto Bellarmino (1542 1621), Jesuta italiano. O futurismo no adota o princpio dia-ano; o anticristo um indivduo judeu e no um sistema cristo apostatado; portanto, a durao do anticristo no pode ser de 1260 anos, mas de trs anos e meio literais; a vinda do anticristo ainda est no futuro, e isto s acontecer no fim do mundo; sendo que o anticristo s reinar trs anos e meio, no pode se referir ao Papa, pois este j est no poder durante muito tempo.

    Historicismo: Os reformadores protestantes, de um modo geral, adotaram o historicismo. Os reformadores descobriram a ntima semelhana que existia entre a apostasia descrita na profecia e a histria da Igreja Romana. Por isso, apontaram o papado como sendo a apostasia, o homem do pecado, o anticristo, o perseguidor chifre pequeno, a corrupta mulher de Babilnia.

    Neste presente estudo, utiliza-se um sistema de interpretao proftica considerado como uma variante da interpretao histrica. Este comentrio no destri e nem lana dvidas sobre nenhuma das 28 doutrinas fundamentais

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, Evangelismo, 222.

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    ensinadas pela Igreja Adventista do Stimo Dia. Todas as 28 doutrinas bsicas so mantidas intactas. A data de 1844 e o Juzo Investigativo permanecem como verdade slida e proftica que expande a nossa compreenso da doutrina do Santurio Celestial. O ano 1798 mantido como o incio do tempo do fim. Este livro tambm no faz nenhuma tentativa de marcar o dia e a hora da volta de Jesus. Nenhuma data sugerida para o Decreto Dominical ou para o Fechamento da Porta da Graa.

    O Apocalipse Centraliza-se no Santurio CelestialO livro de Daniel introduz o assunto do santurio, e o

    Apocalipse expande-o. Como povo, devemos ser estudantes diligentes da profecia; no devemos sossegar sem que entendamos claramente o assunto do santurio apresentado nas vises de Daniel e de Joo. O Apocalipse a Revelao de nosso Senhor Jesus Cristo no Santurio Celestial. Algumas das interpretaes feitas por estudiosos da Bblia antes de 1844 no esto centralizadas no Santurio Celestial. Eles no puderam entender o Apocalipse da maneira como ns o entendemos hoje porque viveram antes do desselamento do livro de Daniel. A poro selada do livro de Daniel desselada no Apocalipse, no tempo do fim. A doutrina do Santurio Celestial seria restaurada somente no tempo do fim.

    Ao nos aproximarmos do fim da histria dste mundo, devem as profecias relativas aos ltimos dias exigir

    Introduo

  • 1 Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, 116.2 Ellen G. White, O Grande Conflito, 13.

    16

    especialmente nosso estudo. O ltimo livro dos escritos do Novo Testamento est cheio de verdades que precisamos compreender... Estudai o Apocalipse em ligao com Daniel; pois a histria se repetir. No grande conflito final, como em todas as eras anteriores, Satans empregar os mesmos expedientes, manifetar o mesmo esprito, e trabalhar para o mesmo fim. Aquilo que foi, ser, com exceo de que a luta vindoura se assinalar por uma intensidade terrvel, tal como o mundo jamais testemunhou.

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol.7, 722.2 Ibidem.

    17Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

    Captulo 1

    Revelaes de Jesus Cristo

    Passaram-se sessenta anos desde que Joo vira a Jesus pela ltima vez. Ele era o nico sobrevivente dos doze homens escolhidos por Jesus para serem Seus discpulos. Joo havia enfrentado duras provas: fora aprisionado; lanado em leo fervente e milagrosamente libertado; e finalmente fora banido para a colnia penal de Patmos.

    Patmos era uma pequena ilha rochosa no arquiplago grego conhecido hoje por Patino. Est diante da costa sudoeste da sia Menor, aproximadamente a 60 km. de Mileto. A ilha mede cerca de 16 km. de comprimento e 10 km. de largura. Quase no tem rvores. Possui uma montanha com cerca de 270 metros de altura. Patmos era usada pelos romanos como lugar de exlio dos criminosos da mais baixa classe.

    Gaio Calgula (37-41) foi o primeiro imperador a exigir a adorao de si mesmo. O prximo imperador a reivindicar

    adorao foi Domiciano (81-96).Suetonio diz que Domiciano enviou uma carta circular aos seus procuradores, comeando com essas palavras: Nosso Mestre e nosso Deus ordena que isto seja feito. Isso reflete as condies de presso e de perseguio

  • 18

    que os cristos enfrentaram nos dias de Joo. O apstolo Joo, em virtude de sua f e testemunho da verdade, foi convocado para comparecer diante das autoridades em Roma. Joo deu razo de sua f de uma maneira clara e convincente. O imperador Domiciano estava cheio de ira. Joo foi lanado dentro de um caldeiro leo fervente, mas nada lhe aconteceu. Ento, como ltima soluo para fazer silenciar a voz daquele ltimo dos discpulos de Jesus, o imperador Domiciano

    decretou o seu desterro. Deveria ser banido para a ilha de Patmos, sob condenao por causa da Palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo (Apoc. 1:9). Ali, pensavam os seus inimigos, sua influncia no mais seria sentida, e finalmente o apstolo morreria em privaes e em sofrimentos.

    Porm, quo diferentes foram os resultados. Ao mesmo tempo que a ilha rida e rochosa no mar Egeu era, para os criminosos, realmente uma tortura, para o servo de Deus, aquela solitria habitao tornou-se a porta do Cu.

    Ali, afastado das cenas da vida e dos ativos labores dos primeiros anos, Joo teve a companhia de Jesus e dos anjos celestiais, e deles recebeu instruo para a Igreja de Deus por todo o tempo futuro. Foram esboados diante de Joo os acontecimentos que teriam lugar no final da histria deste mundo. Entre as rochas e recifes de Patmos, Joo manteve comunho com o Criador. Embora o cenrio que o rodeava fosse desolado e rido, o cu azul que o cobria era to luminoso e

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, Atos dos Apstolos, 568-577. 2 Ibidem., 584.

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    belo como o cu de sua amada Jerusalm. Na voz de muitas guas o profeta ouvia a voz do Criador. As rochas que o cercavam, faziam-no lembrar-se de Cristo, a Rocha de Sua fortaleza, em cujo abrigo podia ele refugiar-se sem temor.

    Revelao de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu, para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo Seu anjo as enviou, e as notificou a Joo Seu servo; o qual testificou da Palavra de Deus, e do Testemunho de Jesus Cristo, e de tudo o que tem visto (Apoc. 1:1-2).

    Revelao, (Gr. Apokalupsis). No Apocalipse so pintadas as coisas profundas de Deus. O prprio nome dado a suas inspiradas pginas, 'revelao,' contradiz a afirmao de que um livro selado. Revelao alguma coisa que foi revelada. O prprio Senhor revelou a Seu servo os mistrios contidos neste livro, e prope que seja aberto ao estudo de todos. Suas verdades so dirigidas aos que vivem nos ltimos dias da histria da Terra, como o foram aos que viviam nos dias de Joo. O Apocalipse uma complementao dos Evangelhos. Enquanto os Evangelhos relatam o ministrio de Jesus na terra, o Apocalipse revela o ministrio de Jesus no Cu.

    Na revelao a ele dada foram desdobradas cena aps cena de empolgante interesse na experincia do povo de Deus, e a histria da igreja foi desvelada at o fim dos sculos. Em figuras e em smbolos, assuntos de vasta importncia foram

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Ibidem., 583.2 Ellen G. White, Profetas e Reis, 547-548.

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    apresentados a Joo para que os relatasse, a fim de que o povo de Deus do seu sculo e dos sculos futuros tivesse inteligente compreenso dos perigos e conflitos diante dles. Esta revelao foi dada para guia e confrto da igreja atravs da dispensao crist.

    Bem-aventurado aquele que l, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela esto escritas; porque o tempo est prximo (Apoc. 1:3).

    Ao nos aproximarmos do fim da histria deste mundo, as profecias registadas por Daniel demandam nossa especial ateno, visto relacionarem-se com o prprio tempo em que estamos vivendo. Com elas devem-se ligar os ensinos do ltimo livro das Escrituras do Novo Testamento. Satans tem levado muitos a crer que as pores profticas dos escritos de Daniel e Joo o revelador no podem ser compreendidas. Mas a promessa clara de que uma bno especial acompanhar o estudo dessas profecias. 'Os sbios entendero' (Dan. 12:10), foi dito com respeito s vises de Daniel que deveriam ser abertas nos ltimos dias; e da revelao que Cristo deu a Seu servo Joo para guia do povo de Deus atravs dos sculos, a promessa : 'Bem-aventurado aquele que l, e os que ouvem as palavras desta profecia, e guardam as coisas que nela esto escritas' (Apoc.1:3).

    O livro de Apocalipse se abre com uma ordem para

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, 113.2 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Naes, 212.3 Ellen G. White, Evangelismo, 196-197.

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    compreendermos a instruo que ele contm. 'Bem-aventurado aquele que l e os que ouvem as palavras desta profecia' declara Deus, 'e guardam as coisas que nela esto escritas; porque o tempo est prximo.' Quando ns, como um povo, compreendermos o que este livro para ns significa, ver-se- entre ns grande reavivamento. No compreendemos plenamente as lies que ele ensina, no obstante a ordem que nos dada de examin-lo e estud-lo.

    Foi Gabriel, o anjo que ocupa a posio imediata ao Filho de Deus, que veio com a divina mensagem a Daniel. Foi Gabriel 'Seu anjo', que Cristo enviou a revelar o futuro ao amado Joo; e proferida uma bno sobre os que lem e ouvem as palavras da profecia, e observam as coisas ali escritas.

    pronunciada uma bno sbre quem presta a devida considerao a esta comunicao. A bno prometida para estimular o estudo desse livro. No devemos, de maneira alguma, cansar-nos de examin-lo por motivo de seus smbolos aparentemente msticos. Cristo nos pode oferecer a compreenso.

    Joo, s sete igrejas que esto na sia: Graa e paz seja convosco da parte daquele que , e que era, e que h de vir, e da dos sete espritos que esto diante do Seu trono (Apoc.1:4).

    A sia Menor, atualmente, Turquia, era uma provncia romana. Nos tempos do helenismo, nesta regio tinha se

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Clement de Alexandria, Who Is the Rich Man That Shall Be Saved?, XLII; ANF, vol. 2, 603.2 Ellen G. White, Testimonies for the Church, vol. 8, 270.

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    desenvolvido o importante reino de Prgamo, era um centro da cultura helnica. No tempos do Novo Testamento, a sia Menor ainda continuava sendo um forte centro da cultura greco-romana. O apstolo Paulo dedicou muito tempo do seu ministrio nessa regio (Atos 18:19-21; 19:1, 10), e o sucesso dos seus labores nessa regio pode ser visto atravs das trs epstolas que ele enviou aos cristos que viviam ali (Efsios, Colossenses, Filemom). A sia Menor tornou-se um forte centro cristo, principalmente aps o ano 70 d.C. quando Jerusalm foi destruda. A tradio diz que Joo vivia em feso e viajava por toda aquela rea ao redor, instituindo e ordenando bispos e colocando ordem nas Igrejas Sem dvida, a liderana de Joo muito contribuiu para o crescimento do cristianismo na sia Menor.

    Daquele que - uma expresso aparentemente tirada da LXX de xodo 3:14, onde essa expresso usada para traduzir o nome de Deus, o Eu Sou. Assim como no Hebraico, essa expresso indica que Deus eterno, existente por Si mesmo e incriado.

    E que era - Deus existia desde a eternidade (Salmos 90:2).E que h de vir - essa srie que , que era, que h de vir,

    indica que a ltima frase poderia ser entendida como o que ser, mas, tambm aplica-se segunda vinda de Jesus, aquele que h de vir. Na Palavra, fala-se de Deus como 'o Deus eterno.' Este nome abarca o passado, o presente, e o futuro. Deus de eternidade a eternidade. Ele o Eterno.

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 7, 732

    23

    Os sete Espritos - no Apocalipse os sete Espritos relacionam-se tambm com as sete lmpadas de fogo (Apoc.4:5) e os sete olhos do Cordeiro (Apoc.5:6). Essa associao dos sete Espritos com o Pai e com o Filho, implica que eles representam o Esprito Santo. O termo sete uma expresso simblica da Sua perfeio.

    O Nmero Sete na BbliaGen. 2:2Semana de sete diasGen. 7:2 Animais limpos foram tomados para a arca de sete em seteExo. 25:37 Sete lmpadas para o candieiroLev. 4:6 O sangue era espargido sete vezesLev. 14:16 O leo era espargido sete vezesLev. 23:15 Sete sbadosLev. 23:39 Festa de sete diasNum. 12:15Miriam ficou sete dias fora do acampamentoDeut. 15:1 Servos eram libertos dos credores depois de sete anosJos. 6:4 Sete sacerdotes diante da arca, com Sete TrombetasJos. 6:15 Jeric foi rodeada sete vezes, no Stimo DiaRute 4:15 Sete filhosJ 42:8 Sete bezerros e sete carneirosSal. 119:164 Louvor a Deus sete vezes ao diaAtos 6:3 Sete Diconos

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Henry H. Halley, Halley's Bible Handbook, (Grand Rapids, MI.: Zondervan, 1962), 688.2 Ellen G. White, Atos dos Apstolos, 585.

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    O Nmero Sete no ApocalipseApoc. 1:4 Sete Igrejas Apoc. 1:4 Sete EspritosApoc. 1:12 Sete CandieirosApoc. 1:16 Sete EstrelasApoc. 4:5 Sete LmpadasApoc. 5:1 Sete SelosApoc. 5:6 Sete PontasApoc. 5:6 Sete OlhosApoc. 8:2 Sete AnjosApoc. 8:2 Sete TrombetasApoc. 10:3 Sete TrovesApoc. 12:3 Sete CabeasApoc. 12:3 Sete CoroasApoc. 15:1 Sete Anjos Apoc. 15:1 Sete PragasApoc. 17:9 Sete MontesApoc. 17:9 Sete ReisApoc. 1:3 Sete Bem-aventuranas (14:13; 16:15; 19:9; 20:6; 22:7, 14)

    Sete a palavra favorita no alfabeto de Deus. H sete dias na semana; sete notas na msica; sete cores no arco-ris. O nmero sete a prpria assinatura de Deus. O nmero sete indica plenitude, e perfeio.

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Wim Malgo, Seven Letters From Heaven (West Columbia, SC: Midnight Call, 1984), 5, 6.

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    Sete Revelaes da Natureza e Obra do Cordeiro1. O Sangue do Cordeiro (Apoc. 5:8-9; 7:14; 12:11)2. O Livro da Vida do Cordeiro (Apoc. 13:8; 21:27)3. Os Apstolos do Cordeiro (Apoc. 21:14)4. A Noiva do Cordeiro (Apoc. 21:9)5. As Bodas do Cordeiro (Apoc. 19:7)6. O Trono do Cordeiro (Apoc.22:3)

    7. A Ira do Cordeiro (Apoc. 6:16)

    A palavra Cordeiro aparece no Apocalipse pelos menos 28 vezes (4x7). A mensagem central deste livro a Revelao do Cordeiro de Deus e Sua obra no Santurio do Cu.

    E da parte de Jesus Cristo, que a Fiel Testemunha, o Primognito dos mortos e o Prncipe dos reis da terra. Aquele que nos ama, e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados (Apoc. 1:5).

    Fiel Testemunha - Jesus representa perfeitamente o carter, a mente, e a vontade de Deus o Pai. Sua vida sem pecado em meio aos pecadores e Sua morte sacrifical testifica da santidade e amor do Pai ( Joo 1:1, 14; 14:10).

    Primognito dos mortos a palavra grega usada para primognito prototokos, e aplicada a Jesus sete vezes no Novo Testamento. Tem dois significados, literal e espiritual:

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 26

    Literal: o primeiro filho. Neste sentido aplicado a Jesus duas vezes, Lucas 2:7 e Mateus 1:25 E deu luz a seu Filho primognito, e envolveu-O em panos, e deitou-O numa manjedoura. E no a conheceu at que deu luz seu Filho, o primognito, e ps-Lhe o nome de Jesus.

    Espiritual: nas cinco outras vezes a palavra prototokos usada no sentido espiritual, simblico significando: Escolhido, Superioridade, Excelncia de Carter, Supremacia, Dignidade, Importncia. Neste caso, levava-se em conta a excelncia de carter, e indicava Preeminncia Espiritual. A Bblia d alguns exemplos de Primogenitura Espiritual com base na Excelncia e Dignidade do Carter de Jesus:

    O Primognito entre muitos irmos (Rom. 8:29).O Primognito de toda a criao (Col. 1:15).O Primognito dentre os mortos, para que em tudo tenha a Preeminncia (Col. 1:18)E quando outra vez introduz no mundo o Primognito, diz: e todos os anjos de Deus O adorem (Heb. 1:6).O Primognito dos mortos (Apoc. 1:5).

    A Bblia d diversos exemplos de Primogenitura Espiritual com relao a outros personagens bblicos:

    Jos - Ruben, era o primognito, porm deu-se a primogenitura a Jos (I Cron.5:1-2).

    Efraim - Manasss, filho de Jos era o primognito, porm

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 27

    Jac escolheu Efraim (Gen. 41:51; 48:18-19; Jer. 31:9); Jac - Esa era o primognito, porm Deus escolheu a Jac

    (Exo. 4:22); Davi - Eliabe era o primognito de Jess, mas Deus escolheu

    a Davi (I Sam. 17:13; 16:12; Sal. 89:20-27); Salomo - Amnon era o primognito de Davi, mas foi morto

    (II Sam. 3:2) e Salomo foi constitudo rei e no Adonias, o mais velho (I Reis 1:5, 32, 43; II Sam. 3:4).

    Cinco vezes a palavra primognito aplicada a Jesus no sentido figurativo, simblico; uma referncia ao Escolhido de Deus, o Primeiro na classificao da raa humana. Reala Sua Dignidade, Supremacia e Primazia Espiritual.

    Jesus Se tornou o Primognito entre muitos irmos na Sua encarnao, quando outra vez introduz no mundo o Primognito (Heb. 1:8), por causa de Sua Excelncia de Carter e Dignidade.

    Primognito dos mortos, significa que Jesus as primcias dos mortos, o mais importante dentre todos os que passaram pela morte, cuja ressurreio o tipo e penhor da ressurreio de todos os mortos. Jesus aquele de quem todos os mortos dependem, porque Ele a ressurreio e a vida. Jesus no foi o primeiro a morrer; no foi o primeiro a ressuscitar, mas o Primognito dos mortos por ser o Deus encarnado ( Joo 1:14); a fonte da vida ( Joo 1:4, 3; 14:6); a ressurreio e a vida ( Joo

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Naes, 754, nfase minha.

    28

    11:25). luz destes textos bem podemos nos regozijar em que Jesus tenha alcanado a Preeminncia entre os irmos, conforme Colossenses 1:18.

    Cristo ressurgiu dos mortos como as primcias dos que dormem.Era representado pelo molho movido, e Sua ressurreio teve lugar no prprio dia em que o mesmo devia ser apresentado perante o Senhor. Por mais de mil anos esta simblica cerimnia fora realizada. Das searas colhiam-se as primeiras espigas de gros maduros, e quando o povo subia a Jerusalm, por ocasio da pscoa, o molho das primcias era movido como uma oferta de ao de graas perante o Senhor. Enquanto essa oferenda no fosse apresentada, a foice no podia ser metida aos cereais, nem estes serem reunidos em molhos. O molho dedicado a Deus representava a colheita. Assim Cristo, as primcias, representava a grande messe espiritual a ser colhida para o reino de Deus. Sua ressurreio o tipo e o penhor da ressurreio de todos os justos mortos.

    O Prncipe dos reis da terra - o domnio deste mundo pertence a Jesus. Embora Satans tenha se proclamado o prncipe deste mundo (Mateus 4:9; Joo 14:30), Jesus o legtimo Miguel, o grande Prncipe (Dan. 12:1); a Ele se erguem todos os louvores e honra (Apoc.5:13).

    Ado deveria reinar em sujeio a Cristo. Ao atraioar Ado Sua soberania, entregando-a s mos de Satans, Cristo

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ibidem., 113.2 Ibidem., 710.3 Ibidem., 255, nfase minha.

    29

    permaneceu ainda, de direito, o Rei. Satans s pode exercer sua autoridade usurpada segundo Deus lho permita. Quando o tentador ofereceu a Cristo o reino e a glria do mundo, estava propondo que Ele renunciasse verdadeira soberania do mesmo e mantivesse o domnio em sujeio a Satans.

    Quando Cristo volver de novo Terra, no como Preso rodeado pela plebe, ho de v-Lo os homens. Ho de v-Lo ento como o Rei do Cu. Cristo vir em Sua prpria glria, na glria do Pai e na dos santos anjos.

    O Prncipe do Cu estava entre Seu povo. O maior dom de Deus fora concedido ao mundo. Regozijo para os pobres; pois Cristo viera torn-los herdeiros de Seu reino. Regozijo para os ricos; pois lhes ensinaria a obter as riquezas eternas. Regozijo aos ignorantes; torn-los-ia sbios para a salvao. Regozijo aos instrudos; desvendar-lhes-ia mistrios mais profundos do que os que j haviam penetrado.

    Aquele que nos ama e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados (Apoc. 1:5).

    Cristo foi tratado como ns merecamos, para que pudssemos receber o tratamento a que Ele tinha direito. Foi condenado pelos nossos pecados, nos quais no tinha participao, para que fssemos justificados por Sua justia, na qual no tnhamos parte. Sofreu a morte que nos cabia, para que recebssemos a vida que a Ele pertencia. 'Pelas Suas pisaduras

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Ibidem., 21, nfase minha.2 Ellen G. White, Filhos e Filhas de Deus, 11, nfase minha.

    30

    fomos sarados.'... Ao tomar a nossa natureza, o Salvador ligou-Se humanidade por um lao que jamais se partir. Ele nos estar ligado por toda a eternidade. 'Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unignito.' No O deu somente para levar os nossos pecados e morrer em sacrifcio por ns; deu-O raa cada... Deus deu Seu Filho unignito a fim de que Se tornasse membro da famlia humana, retendo para sempre Sua natureza humana.

    A ddiva celestial foi to grande, to perfeita, que em si mesma elimina todas as dvidas e desconfianas do amor de Deus. No pode haver nenhuma sombra de dvida em relao a quanto e quo profundamente Deus nos ama. Deus no Se props a simplesmente resolver o problema do pecado, antes deu-Se a Si mesmo, envolveu-Se a tal ponto com a famlia dos pecadores, que ficou impossvel voltar atrs. Tornou-Se para todo sempre membro da famlia humana.

    Por Sua relao humana para com os homens, Cristo os atraiu bem achegados a Deus. Revestiu Sua natureza divina da vestidura humana, e demonstrou perante o universo celeste, perante os mundos no cados, quanto ama Deus aos filhos dos homens. O dom de Deus ao homem excede a toda estimativa. No foi retida coisa alguma. Deus no permitiria que se dissesse, que Ele poderia haver feito mais ou revelado humanidade maior amor. No dom de Cristo, deu Ele todo o Cu.

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Naes, 21, 22, nfase minha.2 Ellen G. White, Filhos e Filhas de Deus, 22, nfase minha.3 Ibidem, 242.

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    Em Cristo se acham ligadas a famlia da Terra e a do Cu. Cristo glorificado nosso irmo... A Terra, o prprio campo que Satans reclama como seu, ser no apenas redimido, mas exaltado. Nosso pequenino mundo, sob a maldio do pecado, a nica mancha escura de Sua gloriosa criao, ser honrado acima de todos os outros mundos do universo de Deus. Aqui, onde o Filho de Deus habitou na humanidade; onde o Rei da glria viveu e sofreu e morreu, aqui, quando Ele houver feito novas todas as coisas, ser o tabernculo de Deus com os homens...

    Este o mistrio da piedade. Haver Cristo tomado a natureza humana, e por uma vida de humilhao elevado o homem na escala do valor moral para com Deus; o levar Ele a natureza que adotara ao trono do Senhor, e a apresentar Seus filhos ao Pai; o ser conferida a les uma honra maior que a dos anjos, eis a maravilha do universo celeste, o mistrio para o qual os anjos desejam atentar.

    Aqueles que, no poder de Cristo, vencerem o grande inimigo de Deus e do homem, ocuparo nas cortes celestes uma posio acima dos anjos no cados.

    E nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai; a Ele glria e poder para todo o sempre. Amm (Apoc. 1:6).

    Durante os mil anos entre a primeira e a segunda ressurreio, ocorre o julgamento dos mpios. O apstolo Paulo

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Ellen G. White, O Grande Conflito, 660, 661.2 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Naes, 754.

    32

    indica este juzo como um acontecimento a seguir-se ao segundo advento... (I Cor. 4:5). Daniel declara que quando veio o Ancio de Dias, 'foi dado o juzo aos santos do Altssimo' (Dan. 7:22). Nesse tempo os justos reinam como reis e sacerdotes de Deus. Joo, no Apocalipse diz: 'Vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar.' 'sero sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinaro com Ele mil anos' (Apoc. 20:4, e 6).

    Deus constituiu Sua igreja para ser um reino de sacerdotes (xo.19:6; Apoc. 5:10; I Pedro 2:5, 9). Cada cristo um sacerdote; este o sacerdcio de todos os crentes. Porm, no somente durante o Juzo dos mil anos; no somente no sacerdcio de todos os crentes do Novo Testamento, mas especialmente no Juzo Investigativo existe um reino de sacerdotes constitudo.

    Dentre aqueles que compunham a multido que ressuscitou com Jesus (Mateus 27:50-53), e ascenderam com Ele ao cu como primcias dos mortos, dentre estes, Deus escolheu os vinte quatro ancios que se assentam sobre os vinte e quatro tronos como sacerdotes (Apoc. 4:4; 5:9, 10), e participam do Juzo Investigativo iniciado em 1844. Eles foram comprados da terra e constitudos sacerdotes para Deus e o Cordeiro. Joo os viu com salvas de ouro nas mos, cheias de incenso, e esta uma indicao de que eles so seres humanos glorificados:

    Tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que so

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ibidem., 711, nfase minha.

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    as oraes dos santos. E cantavam um novo cntico, dizendo: Digno s de tomar o Livro, (selado com sete selos) e de abrir os seus selos (iniciar o Juzo Investigativo); porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e lngua, e povo, e nao; e para o nosso Deus os fizestes reis e sacerdotes; e eles reinaro sobre a terra (Apoc. 5:8, 9, 10).

    Eis que vem com as nuvens, e todo o olho O ver, at os mesmos que O traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentaro sobre Ele. Sim. Amem (Apoc.1: 7).

    Ento Se assentar no trono de Sua glria, e diante Dele se congregaro as naes. Ento todo olho O ver, e tambm os que O traspassaram. Em lugar de uma coroa de espinhos, ter uma de glria, uma coroa dentro de outra. Em lugar do velho vestido real de prpura, trajar vestes do mais puro branco, 'tais como nenhum lavandeiro sobre a Terra os poderia branquear.' E nas vestes e na Sua coxa estar escrito um nome: 'Rei dos reis, e Senhor dos senhores.' Os que Dele zombaram e O feriram, ali estaro. Os sacerdotes e prncipes contemplaro novamente a cena do tribunal. Cada circunstncia h de aparecer diante deles, como se escrita com letras de fogo.

    Eis que vem com as nuvens - Ao subir mais e mais, os assombrados discpulos, numa tenso visual, buscam um ltimo vislumbre de seu Senhor assunto. Uma nuvem de glria O oculta aos seus olhos; e, ao receb-Lo o carro da nuvem de anjos,

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Ibidem., 794, 795, nfase minha.2 Ellen G. White, Primeiros Escritos, 35.3 Ellen G. White, O Grande Conflito, 640, 641.

    34

    soam-lhes ainda aos ouvidos as palavras: 'Eis que Eu estou convosco todos os dias, at a consumao dos sculos.'

    Assim como Cristo ascendeu em nuvens de anjos, assim Ele tambm voltar acompanhado por uma nuvem de anjos.

    Logo apareceu a grande nuvem branca. Pareceu-me mais adorvel que nunca antes. Nela assentado estava o Filho do homem. A princpio no vimos a Jesus na nuvem, mas, ao aproximar-se da Terra, pudemos contemplar Sua amorvel pessoa. Esta nuvem, quando no princpio apareceu, era o sinal do Filho do homem no cu.

    Surge logo no Oriente uma pequena nuvem negra, aproximadamente da metade do tamanho da mo de um homem. a nuvem que rodeia o Salvador, e que, a distncia, parece estar envolta em trevas. O povo de Deus sabe ser esse o sinal do Filho do homem. Em solene silncio, fitam-na enquanto se aproxima da Terra mais e mais brilhante e gloriosa, at se tornar grande nuvem branca, mostrando na base uma glria semelhante ao fogo consumidor e encimada pelo arco-ris do concerto. Jesus, na nuvem, avana como poderoso vencedor.

    E todo o olho O ver - E, demais, no ser permitido a Satans imitar a maneira do advento de Cristo. O Salvador advertiu Seu povo contra o engano neste ponto, e predisse

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ibidem., 625, nfase minha.2 Ibidem., 637, nfase minha.

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    claramente o modo de Sua segunda vinda... (Mateus 24:24-27). No h possibilidade de ser imitada esta vinda. Ser conhecida universalmente, testemunhada pelo mundo inteiro.

    Apoc. 1:7 e Daniel 12:2 falam de uma Ressurreio Especial. Um pouco antes da volta de Jesus ocorrer uma Ressurreio Especial que inclui todos os justos mortos desde 1844, isto , aqueles que morreram crendo na mensagem do terceiro anjo, mais aqueles mpios que participaram dos sofrimentos e crucifixo de Jesus.

    Abrem-se sepulturas, e 'muitos dos que dormem no p da terra ressuscitaro, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno' (Dan.12:2). Todos os que morreram na f da mensagem do terceiro anjo saem do tmulo glorificados para ouvirem o concerto de paz, estabelecido por Deus com os que guardaram a Sua lei. 'Os mesmos que O traspassaram' (Apoc.1:7), os que zombaram e escarneceram da agonia de Cristo, e os mais acrrimos inimigos de Sua verdade e povo, ressuscitam para contempl-Lo em Sua glria, e ver a honra conferida aos fiis e obedientes.

    Eu sou o Alfa e o mega, o princpio e o fim, diz o Senhor, que , e que era, e que h de vir, o Todo-poderoso (Apoc. 1:8).

    O Eu Sou - do grego, ego eimi. Esta expresso encontrada repetidamente na LXX como a traduo do hebraico, ani hu', Eu Sou. Joo relata que Jesus, nos momentos cruciais de Sua

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Naes, 454.

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    vida, usou diversas vezes essa expresso. Para afirmar Sua pr-existente divindade Jesus declarou: Antes que Abrao existisse, Eu Sou (Joo 8:58). Os judeus entenderam muito bem que Jesus estava Se proclamando Deus, por isso pegaram pedras para apedrej-Lo.

    Com solene dignidade respondeu Jesus. 'Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abrao existisse, Eu Sou.' Fez-se silncio na vasta assemblia. O nome de Deus, dado a Moiss para exprimir a idia da presena eterna, fora reclamado como Seu pelo Rabi da Galilia. Declarara-Se Aquele que tem existncia prpria, Aquele que fora prometido a Israel, 'cujas sadas so desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.'... Porque Ele era e confessava ser o Filho de Deus, intentavam mat-Lo. Ento, muitos dentre o povo, pondo-se do lado dos sacerdotes e rabinos, apanharam pedras para Lhe atirarem.

    Por isso Eu vos disse que morrereis nos vossos pecados; porque se no credes que Eu Sou morrereis nos vossos pecados (Joo 8:24).

    Porque agora vo-lo digo, antes que acontea, para que, quando acontecer, acrediteis que Eu Sou (Joo 13:19).

    Responderam-Lhe: a Jesus Nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou Eu... Quando, pois, lhes disse: Sou Eu, recuaram e cairam por terra (Joo 18:5, 6). Jesus disse: Sou Eu. Ao serem proferidas essas palavras, o anjo que h pouco estivera confortando a Jesus

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ibidem., 666, nfase minha.2 Ibidem., 20.

    37

    interps-se entre Ele e a multido. Uma luz divina iluminou o rosto do Salvador, e uma como que pomba pairou sobre Ele. Em presena dessa divina glria, a turba assassina no pde permanecer um momento. Cambalearam em recuo. Sacerdotes, ancios, soldados e o prprio Judas caram como mortos por terra.

    Eu Sou significa que o seu possuidor o Eterno, Existente por Si mesmo, Incriado. Este foi o nome pelo qual Deus Se revelou a Moiss no deserto (xo. 3:14).

    Foi Cristo que do Monte Horebe falou a Moiss, dizendo: 'Eu Sou o que Sou'... Assim dirs aos filhos de Israel: 'Eu Sou me enviou a vs.' Foi este o penhor da libertao de Israel. Assim quando Ele veio 'semelhante aos homens,' declarou ser o Eu Sou. O infante de Belm, o manso e humilde Salvador, Deus manifestado 'em carne.' A ns nos diz: 'Eu Sou o Bom Pastor; Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida; - Me dado todo poder no cu e na terra; Eu Sou a certeza da promessa; Sou eu, no temais; 'Deus conosco (Emanuel) a certeza da nossa libertao do pecado, a segurana de nosso poder para obedecer a Lei do cu.

    Alfa e mega, o princpio e o fim, o Senhor que , que era, e que h de vir (Apoc. 1:8).

    A primeira e a ltima letra do alfabeto grego, e tem o mesmo significado de o princpio e o fim, ou o primeiro e o ltimo

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, 382.2 Henry H. Halley, Halley's Bible Handbook, 686. Ibidem.

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    (Apoc. 22:13). Jesus era a luz de Seu povo, a luz do mundo, antes que viesse

    Terra sob a forma humana. O primeiro raio de luz a penetrar a sombra em que o pecado envolveu o mundo, veio de Cristo. E Dele tem vindo todo raio do fulgor celestial que tem incidido sobre os habitantes da Terra. No plano da redeno, Cristo o Alfa e o mega, o Primeiro e o Derradeiro.

    Eu, Joo, que tambm sou vosso irmo, e companheiro na aflio, e no reino, e pacincia de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa da Palavra de Deus, e pelo Testemunho de Jesus Cristo (Apoc. 1:9).

    A primeira perseguio imperial contra os cristos foi a de Nero (64-67 d.C.); a segunda foi a de Domiciano (95 d.C.). De acordo com Suetnio, o imperador Domiciano chamava-se a si mesmo de Deus et Dominus, Deus e Senhor. Plnio declara que Domiciano tomava qualquer desconsiderao para consigo como uma ofensa contra sua divindade. Em razo de os cristos recusarem reconhec-lo como deus, dito que ele teria declarado: Eu os aniquilarei. Essa perseguio foi curta mas muito severa. Calcula-se que mais de 40.000 cristos foram torturados e mortos nessa perseguio; essa foi a perseguio em que Joo foi banido para a ilha de Patmos. A terceira perseguio imperial foi a de Trajano (98 d.C.).

    Sou vosso irmo e companheiro na aflio - Todos quantos

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Naes, 614.2 o a Joseph J. Battistone, Lio da Escola Sabatina, 2 trimestre, 1 parte, 1989, 18.3 Ibidem4 Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 7, 954-955.

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    nasceram na famlia celestial so, em sentido especial, irmos de nosso Senhor. O amor de Cristo liga os membros de Sua famlia, e onde quer que esse amor se manifeste, a se revela a relao divina. 'Qualquer que ama nascido de Deus' (I Joo 4:7).

    Na ltima dcada do primeiro sculo d.C., Joo, o discpulo amado, pastoreou as igrejas da sia Menor, e sua sede ficava em feso. Posteriormente, ele foi preso, levado a Roma, julgado pelo imperador Domiciano e lanado num caldeiro de azeite fervente. Foi tirado ileso de l e exilado para a ilha de Patmos.Escrevendo aproximadamente cem anos mais tarde, Tertuliano, presbtero de Cartago, afirmou o seguinte: J que, alm disso, est perto da Itlia, voc tem Roma, da qual nos chega s mos a prpria autoridade [dos apstolos] . . ., onde o apstolo Joo foi primeiro lanado, ileso, em azeite fervente, e enviado de l ao seu exlio na ilha.

    Joo foi enviado para a ilha de Patmos, onde, separado dos seus companheiros de f, seus inimigos supunham que ele morreria pela privao e pelo abandono. Porm Joo fez amigos e conversos mesmo l. Seus inimigos pensaram que tinham posto a fiel testemunha num lugar onde ele no mais poderia perturbar Israel ou os mpios governantes do mundo. No entanto, todo o universo celestial viu os resultado do conflito com o idoso discpulo e a sua separao dos companheiros de f. Deus e Cristo e as hostes celestiais foram os companheiros de

    4Joo na ilha de Patmos.

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Ibidem. 2 Ellen G. White, Atos dos Apstolos, 570.3 Ibidem., 597.

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    Os servos de Cristo que so fiis e verdadeiros podem no ser reconhecidos e honrados pelos homens..., mas o Senhor os honrar. Eles no sero esquecidos por Deus. Ele os honrar com Sua presena porque eles foram achados fiis e verdadeiros.

    Naquela rida e desolada ilha Joo foi deixado a ss com Deus e sua f. Em meio s rochas e penhascos ele manteve comunho com o seu Criador.

    Joo foi lanado dentro de um caldeiro de leo fervente; mas o Senhor preservou a vida de Seu fiel servo, da mesma maneira como preservara a dos trs hebreus na fornalha ardente... E Joo foi retirado do caldeiro pelos mesmos homens que ali o haviam lanado. De novo a mo da perseguio caiu pesadamente sobre o apstolo. Por decreto do imperador foi Joo banido para a ilha de Patmos.

    Estvo foi apedrejado; Tiago morto espada; Paulo foi decapitado; Pedro, crucificado; Joo, exilado. Contudo a igreja cresceu. Novos obreiros tomaram o lugar daqueles que caram, e pedra sobre pedra foi acrescentada ao edifcio.

    Na ilha chamada Patmos - uma priso mais cruel no poderia ter sido encontrada no Imprio Romano para um homem com mais de 90 anos, de instintos sociais plenamente desenvolvidos, moral refinada, inteligncia cultivada e elevadas aspiraes religiosas. Sua vida, no clculo do tirano Domiciano, seria curta,

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 o Lio da Escola Sabatina, 2 trimestre, 1974, 9.2 Ellen G. White, Atos dos Apstolos, 581.

    41

    porm, penosa, exposto s severas privaes e durezas de um tal exlio.

    Eu fui arrebatado em esprito no dia do Senhor, e ouvi detrs de mim uma grande voz, como de trombeta (Apoc. 1:10).

    Embora Joo estivesse na ilha de Patmos, Jesus no o encontrou na ilha de Patmos, mas no Cu, para onde ele foi arrebatado em esprito.

    No dia do Senhor - expresso grega kuriake hemera. Considerando que a Bblia a melhor intrprete de si mesma, prudente e sbio permitir que a Bblia explique qual o Dia do Senhor. Em Isaas 58:13-14 lemos:

    Se desviares o teu p do Sbado, e de fazer a tua vontade no meu Santo Dia, e se chamares ao Sbado deleitoso, e Santo Dia do Senhor, digno de honra, e o honrares no seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua prpria vontade, nem falar as tuas prprias palavras, ento te deleitars no Senhor, e te farei calvalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herana de teu pai Jac; porque a boca do Senhor o disse.

    Foi no sbado que o Senhor da glria apareceu ao exilado apstolo. O sbado era to religiosamente observado por Joo em Patmos como quando estava pregando ao povo nas cidades e vilas da Judia.

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Ellen G. White, Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol.7, 955.2 Henry H. Halley, Halley's Bible Handbook, 687, 688.

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    Patmos tornou-se resplendente com a glria do Salvador ressurrecto. Joo tinha visto Cristo na forma humana, com as marcas dos pregos nas mos e nos ps, que para sempre sero Sua glria. Agora, foi-lhe permitido novamente contemplar o seu Salvador ressuscitado, revestido com uma glria muito maior do que a que um ser humano poderia contemplar e viver.

    Que sbado no foi aquele para o solitrio exilado, sempre precioso aos olhos de Cristo, mas agora, mais do que nunca exaltado! Nunca tinha ele aprendido tanto de Jesus. Nunca tinha ele ouvido sobre to elevada verdade.

    Que dizia: O que vs, escreve-o num livro, e envia-o s sete igrejas que esto na sia: a feso, e a Esmirna, e a Prgamo, e a Tiatira, e a Sardo, e a Filadlfia, e a Laodicia (Apoc. 1:11).

    Estas sete cidades estavam ligadas por uma grande estrada triangular, e elas so mencionadas de acordo com a sua ordem geogrfica. feso era a principal cidade, enquanto Prgamo era a capital poltica. Somente feso aparece como uma das igrejas no Novo Testamento, mas Tiatira mencionada como sendo o lar de Ldia (Atos 16:14); e Laodicia mencionada tambm como uma igreja para a qual Paulo escreveu uma epstola, que foi perdida (Col. 4:13-16). As outras no so mencionadas no Novo Testamento.

    Foi Cristo quem ordenou ao apstolo relatar o que lhe deveria ser revelado... Os nomes das sete igrejas so smbolos da

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, Atos dos Apstolos, 585.2 Ibidem., 583.

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    igreja em diferentes perodos da era crist. O nmero sete indica plenitude, e simboliza o fato de que as mensagens se estendem at o fim do tempo, enquanto os smbolos usados revelam o estado da igreja nos diversos perodos da histria do mundo.

    As sete igrejas so a primeira srie de sete no Apocalipse. Existiam outras igrejas crists na provncia da sia Menor. O fato de ter Deus escolhido especificamente estas sete leva-nos a concluso de que estas sete igrejas, com seus respectivos nomes e caractersticas, simbolizavam as condies do cristianismo como um todo, tanto na era apostlica como tambm nas eras futuras, estendendo-se at os ltimos dias. As sete igrejas, portanto, significam:

    1. Sete igrejas locais na sia Menor2. Sete diferentes perodos da Igreja de Deus na Terra3. Sete condies que a Igreja Crist enfrentaria

    Na revelao a ele dada foram desdobradas cena aps cena de empolgante interesse na experincia do povo de Deus, e a histria da igreja foi desvelada at o fim dos sculos. Em figuras e smbolos, assuntos de vasta importncia foram apresentados a Joo para que os relatasse, a fim de que o povo de Deus do seu sculo e dos sculos futuros tivesse inteligente compreenso dos perigos e conflitos diante deles. Esta revelao foi dada para guia e conforto da igreja atravs da dispensao crist.

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 44

    E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiais de ouro; e no meio dos castiais um semelhante ao Filho do homem, vestido at aos ps de um vestido comprido, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro (Apoc. 1:12-13).

    Os sete castiais, que representam as igrejas, esto no cu, ou seja, no Santurio Celestial. As revelaes do Apocalipse esto centralizadas no Santurio do Cu, e no so somente revelaes que vem de Jesus, mas, especialmente sbre Jesus e Seu Ministrio Celestial. Ele a figura central; o livro revela quem Ele ; o Apocalipse um testemunho referente ao papel, funo e posio de Jesus na grande controvrsia contra Satans. Os ttulos e nomes aplicados a Jesus no Apocalipse sempre so descritivos; em Apoc. 1:5 e 6, por exemplo, a nfase colocada em Cristo como a fiel testemunha, o primognito dos mortos, e Aquele que nos ama e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados, o Prncipe dos reis da terra, e nos fez reis e sacerdotes para Deus. Todos sses ttulos tem a ver com o ministrio de Jesus no Santurio Celestial, mas o fundamento de tudo a cruz de Cristo. A cruz o fundamento e alicerce do ministrio de Jesus no Santurio do Cu. A cruz de Cristo d consistncia e a razo de ser do Seu Ministrio Celestial.

    Assim como no santurio terrestre do Antigo Testamento, o cordeiro era morto e oferecido em sacrifcio no ptio do santurio, Jesus tambm deveria ser sacrificado no ptio exterior do Santurio do Cu. Em Apoc. 11:1-2 Deus mostrou a Joo o

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Clifford Goldstein, Between the Lamb and the Lion (Nampa, Idaho: Pacific Press, 1995), 32.

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    Santurio do Cu, e ordenou-lhe que medisse o santurio, mas deixasse de fora o ptio para ser pisado pelas naes. O ptio do Santurio do Cu o planeta Terra, e o altar de sacrifcio o monte do Calvrio onde Jesus foi crucificado.

    Tanto o Antigo como o Novo Testamento ensinam que o trabalho de Jesus pela famlia humana no terminou na cruz do Calvrio. O sacrifcio de Jesus foi completo e todo suficiente para salvao de todo aquele que cr, mas ali cumpriu-se unicamente a primeira fase da expiao, a morte do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo; Jesus ascendeu ao Cu para dar incio segunda fase da expiao, representada pelo ministrio intecessrio realizado pelos sacerdotes, diariamente, no Lugar Santo do santurio terrestre (Hebreus 9:11-12, 24; 8:1-2; 4:14-16). Tudo no Apocalipse gira em torno do Santurio Celestial. Na primeira cena vista por Joo (Apoc.1:12) foi-lhe mostrado os sete castiais. J no primeiro captulo Jesus conduz a mente do profeta ao Santurio do Cu, onde Ele aparece vestido como Sumo Sacerdote, no meio dos sete castiais, uma referncia ao Lugar Santo.

    A expresso vestes talares ou vestido comprido constituem a traduo de uma palavra grega que designa o longo manto azul usado pelo sumo sacerdote israelita em seu ministrio dirio no Lugar Santo (Exo. 28:4, 31; 29:5; 39:22). O peito do sumo sacerdote israelita era coberto pela estola sacerdotal, pelo cinto de ouro dessa estola e pelo peitoral. Cada um destes artigos do

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 o a Joseph J. Battistone, Lio da Escola Sabatina, 2 trimestre, 1 parte, 1989, 22.2 Ellen G. White, O Grande Conflito, 431, 489.3 Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, 117.

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    vesturio estava entretecido de fios de ouro.

    Quanto mais importante no que neste dia antitpico da expiao compreendamos a obra de nosso Sumo Sacerdote, e saibamos quais os deveres que de ns se requerem... A intercesso de Cristo no Santurio Celestial, em prol do homem, to essencial ao plano da redeno, como o foi Sua morte sobre a cruz. Pela Sua morte iniciou essa obra, para cuja terminao ascendeu ao Cu, depois de ressurgir. Pela f devemos penetrar at o interior do vu, onde nosso Precursor entrou por ns... Ali podemos obter intuio mais clara dos mistrios da redeno.

    As revelaes feitas a Joo apontam para as atividades de Jesus no Santurio Celestial. O livro de Daniel introduz o assunto do santurio e o Apocalipse expande-o. Se os livros de Daniel e Apocalipse so um e falam dos mesmos assuntos, ento de se esperar que o assunto do santurio seja, de fato, a mensagem central do Apocalipse. prudente usar de cautela para no transformar o Apocalipse num livro somente histrico, pois no o .

    Quando Jesus ascendeu ao Cu, a primeira fase da expiao estava completa e perfeita. Jesus iniciou ento, no dia do Pentecostes, cinqenta dias aps Sua ressurreio, a segunda fase da expiao. Neste exato dia Jesus foi entronizado no Santurio Celestial como nosso Sacerdote, obra que se

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, Evangelismo, 222, 223.

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    estenderia por todo o perodo coberto pelas Sete Igrejas. Temos que ficar atentos para ver o exato momento em que Jesus d incio terceira fase da expiao, o Juzo, representado no santurio terrestre pela entrada do sumo sacerdote no Lugar Santssimo (Hebreus 9:1-7). Se o Juzo Investigativo, a Purificao do Santurio Celestial, o assunto central no livro de Daniel, com certeza tambm o no Apocalipse.

    Como povo, devemos ser estudantes diligentes da profecia; no devemos sossegar sem que entendamos claramente o assunto do santurio, apresentado nas vises de Daniel e de Joo. Este assunto verte muita luz sobre nossa atitude e nossa obra atual, e d-nos prova irrefutvel de que Deus nos dirigiu em nossa experincia passada. Explica nosso desapontamento de 1844 . . .

    Um semelhante ao Filho do homem, vestido at aos ps de um vestido comprido e cingido pelos peitos com um cinto de ouro (Apoc. 1:13).

    Filho do Homem no grego Huios anthropou. a mesma expresso aramaica kebar 'enash encontrada em Daniel 7:13. Em Daniel 7:13 o Filho do Homem mencionado no contexto do Santurio Celestial, e mais especificamente, no contexto do incio do Juzo Investigativo. Em Apoc. 1:13 o contexto tambm o Santurio Celestial. A expresso Filho do homem aplicada a Jesus mais de 80 vezes no Novo Testamento.

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Ellen G. White, Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 5, 1131.2 Ibidem3 Ellen G. White, Spiritual Gifts, vol. 4, 119.4 Ibidem., 115.

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    Quando Jesus glorificado apareceu a Joo em Seu esplendor, Ele ainda Se revelou na semelhana de um ser humano. Jesus tem uma pr-existncia eterna como a segunda Pessoa da Divindade. Jesus assumiu a natureza humana, sem perder, e sem renunciar a natureza divina. Ambas esto misteriosamente unidas na mesma Pessoa para todo o sempre. No entanto, Jesus ainda prefere Se revelar como nosso Irmo na Sua humanidade, embora Ele seja, ao mesmo tempo Deus Eterno.

    Jesus gosta de ser identificado como Filho do homem. Ele podia ter vindo Terra como algum com notvel aparncia, diferente dos filhos dos homens. . . . Isto no estava, porm, de acordo com o plano elaborado nas cortes de Deus. Ele devia possuir as caractersticas da famlia humana e da raa judaica. Em todos os aspectos o Filho de Deus devia ter as mesmas feies que os outros seres humanos.

    A beleza de Seu semblante, a amabilidade de Seu carter e, sobretudo, o amor expresso no olhar e na voz, atraam para Ele todos quantos no estavam endurecidos na incredulidade.Sua forma perfeita e porte cheio de dignidade, Seu semblante que expressava bondade, amor e santidade, no eram igualados por pessoa alguma que ento vivia sobre a Terra.

    Ele s era um pouco mais alto do que o tamanho comum dos 4homens que ento viviam sobre a Terra.

    Fsica bem como espiritualmente, Ele era... 'imaculado e incontaminado'. No corpo e na alma, era um exemplo do que

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, A Cincia do Bom Viver, 51.2 Ellen G. White, Testimonies for the Church, vol. 8, 265.3 Ellen G. White, Atos dos Apstolos, 585.

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    Deus designava que fosse toda a humanidade por meio da obedincia a Suas leis.

    Jesus Se revela em Apoc. 1:13 no como Rei dos reis, mas como o Sumo Sacerdote do Santurio Celestial. Jesus est vestido com vestes sacerdotais, vestidos compridos, e um cinto de ouro (Exo.28:4). Como um Salvador pessoal Ele intercede nas cortes celestiais. Diante do trono de Deus ministra em nosso favor 'Um semelhante ao Filho do homem' (Apoc. 1:13). Ellen G. White aplica Apoc. 1:13 como uma introduo ao ministrio de Jesus como nosso Sacerdote.

    dito de Cristo que anda no meio dos castiais de ouro. Assim simbolizada a Sua relao para com as igrejas. Ele est em constante comunicao com Seu povo. Conhece seu verdadeiro estado. Observa-lhe a ordem, piedade e devoo. Conquanto seja Sumo Sacerdote e Mediador no Santurio Celestial, apresentado andando de um para outro lado entre as Suas igrejas terrestres.

    Os sete castiais simbolizam no somente as Sete Igrejas, mas tambm introduzem o ministrio de Jesus no Lugar Santo do Santurio Celestial. Foi ali que Jesus continuou Seu ministrio aps Sua ascenso.

    E a Sua cabea e cabelos eram brancos como l branca, como a neve, e os Seus olhos como chama de fogo; e os Seus ps, semelhante a

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 50

    lato reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a Sua voz como a voz de muitas guas. E Ele tinha na Sua dextra sete estrelas; e da Sua boca saa uma aguda espada de dois fios; e o Seu rosto era como o sol, quando na sua fora resplandece. E eu, quando O vi, ca a Seus ps como morto; e Ele ps sobre mim a Sua dextra, dizendo-me: No temas; Eu sou o primeiro e o ltimo (Apoc. 1:14-17).Existe uma notvel semelhana entre a descrio feita de Jesus, pelo profeta Daniel e pelo profeta Joo.

    Daniel Joo

    Um certo homem Um semelhante ao Filho do homemVestido de linho Vestido at aos psLombos cingidos Um cinto de ourocom ouro finoFace como relmpago Semblante como o solOlhos como lmpadas Olhos como chama de fogode fogoPs semelhantes a lato Ps semelhantes a lato reluzentereluzenteVoz semelhante a de Voz como o som de muitas guasuma multidoNenhuma fora, rosto Caiu aos Seus ps como mortoem terraUma mo lhe tocou Ps sobre ele a mo direitaDisse: No temas Disse: No temas

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Naes, 507.2 Ibidem., 302, 303.

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    E o que vivo, e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amem. E tenho as chaves da morte e do inferno (Apoc. 1:18).

    Em Cristo h vida original, no emprestada, no derivada. 'Quem tem o Filho, tem a vida.' A divindade de Cristo a certeza de vida eterna para o crente. Jesus transformou a dor da me em alegria quando lhe devolveu o filho; todavia, o mancebo foi simplesmente chamado a esta vida para lhe suportar as penas, as labutas e perigos, tendo de passar novamente pelo poder da morte. O pesar pelos mortos, porm, Ele conforta com a mensagem de infinita esperana: 'Eu sou (. . .) o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. (. . .) E tenho as chaves da morte e do inferno.' 'Visto como os filhos participam das carne e do sangue, tambm Ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o imprio da morte, isto , o diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos servido.' Satans no pode reter os mortos em seu poder quando o Filho de Deus lhes ordena que vivam. No pode manter em morte espiritual uma alma que, com f, recebe a poderosa palavra de Cristo.

    Mas Cristo igual a Deus, infinito e onipotente. Ele poderia pagar o resgate para a liberdade do homem. Ele eterno Filho, existente por Si mesmo, sobre Quem nenhum jugo havia; e quando Deus perguntou, 'A quem deverei enviar?,'

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 1 Ellen G. White, Seventh-day Adventist Bible Commentary, vol. 5, 1136.2 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Naes, ed. Popular, 303.

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    Ele respondeu: 'Eu estou aqui, envia-Me.' Ele (somente Ele) poderia entregar-Se para Se tornar o refm do homem; pois Ele podia dizer aquilo que o mais honrado entre os anjos no poderia dizer: 'Eu tenho poder sobre a minha prpria vida, poder para a dar, e poder para tornar a tom-la.

    A ressurreio espiritual e a ressurreio literal so possveis em virtude da morte e ressurreio de Jesus. Ele quem ressuscita os que esto espiritualmente mortos, e Ele quem tirar finalmente os justos mortos da sepultura. Satans no pode reter os mortos em seu poder quando o Filho de Deus lhes ordena que vivam. No pode manter em morte espiritual uma alma que, com f, recebe a poderosa palavra de Cristo. Deus est dizendo a todos quantos se acham mortos em pecado: 'Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos.' Efesios 5:14. Essa palavra vida eterna.

    Escreve as coisas que tens visto, e as que so, e as que depois destas ho de acontecer: o mistrio das sete estrelas, que viste na minha dextra, e dos sete castiais de ouro. As sete estrelas so os anjos das sete igrejas, e os sete castiais, que viste, so as sete igrejas (Apoc. 1:19-20).

    As revelaes feitas a Joo tinham a ver com a situao da igreja nos seus dias e no futuro. O mistrio do Apocalipse algo que pode ser entendido pelos filhos de Deus. Jesus disse aos discpulos: Porque a vs dado conhecer os mistrios do reino dos

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, Obreiros Evanglicos, 13, 14.2 Ellen G. White, Atos dos Apstolos, 585.

    53

    cus (Mat. 13:11). Estes dois textos so a ponte que introduz o estudante da Bblia mensagem das sete igrejas.

    Anjos - (Gr. Aggeloi) tem o sentido de mensageiros tanto celestiais como humanos. Aggeloi aplicado a seres humanos em Mateus 11:10; Marcos 1:2; Lucas 7:24, 27; 9:52. Os anjos das sete igrejas so entendidos como os respectivos ancios e bispos.

    Desde Sua ascenso, Cristo, a grande Cabea da igreja, tem levado avante Sua obra no mundo mediante embaixadores escolhidos, por meio dos quais fala aos filhos dos homens, e atende-lhes s necessidades. A posio dos que foram chamados por Deus para trabalhar por palavra e doutrina em favor do levantamento de Sua igreja, de extrema responsabilidade... Os ministros de Deus so simbolizados pelas sete estrelas que Aquele que o primeiro e o ltimo tem sob Seu especial cuidado e proteo... As estrelas do cu acham-se sob a direo de Deus. Ele as enche de luz. Guia e dirige-lhes os movimentos. Se no o fizesse, essas estrelas viriam a ser estrelas cadas. O mesmo quanto a Seus ministros.

    Sete igrejas - Os nomes das sete igrejas so smbolos da igreja em diferentes perodos da era crist. O nmero sete indica plenitude, e simboliza o fato de que as mensagens se estendem at o fim do tempo, enquanto os smbolos usados revelam o estado da igreja nos diversos perodos da histria do mundo.

    Captulo 1 - Revelaes de Jesus Cristo

  • 54 Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 55

    Captulo 2

    Cartas do Cu s Igrejas (1 Parte)

    fesoEscreve ao anjo da igreja que est em feso: isto diz aquele que

    tem na sua dextra as sete estrelas, que anda no meio dos sete castiais de ouro; Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua pacincia, e que no podes sofrer os maus; e puseste prova os que dizem ser apstolos e o no so, e tu os achaste mentirosos.

    E sofreste, e tens pacincia; e trabalhaste pelo meu nome, e no te cansaste.

    Tenho, porm, contra ti que deixaste o teu primeiro amor.Lembra-te, pois, donde caste, e arrepende-te, e pratica as

    primeiras obras; quando no, brevemente a ti virei, e tirarei do seu lugar o teu castial, se no te arrependeres.

    Tens, porm, isto: que aborreces as obras dos nicolatas, as quais eu tambm aborreo.

    Quem tem ouvidos, oua o que o Esprito diz s igrejas: ao que vencer dar-lhe-ei a comer da rvore da vida, que est no meio do paraso de Deus. (Apoc. 2:1-7).

    A Cidade feso localiza-se na Ldia, na Costa Ocidental da sia

    Menor. Era um excelente porto, e era a porta de entrada da provncia romana da sia. feso era a capital da sia Menor,

    Captulo 2 - Cartas do Cu s Igrejas (1 Parte)

  • 56

    com uma populao estimada em 225.000 no segundo sculo a.C. Era a metrpole da idolatria. Ali estava o templo da deusa Diana (Atos 19), que levou duzentos anos para ser construdo; uma das Sete Maravilhas do Mundo antigo. Esse templo foi queimado pelos Godos em 262 d.C. A importncia dessa cidade exigiu do ministrio do apstolo Paulo trs anos de pregao (52 d.C.) para implantar uma igreja crist. Diferente de outras cidades da sia Menor, de feso, atualmente restam somente runas.

    O significado e o perodo feso significa desejvel e representa muito bem a

    condio espiritual da igreja no perodo de 31 a 100 d.C.

    A igreja Por mais de trs anos feso foi o centro do trabalho de Paulo

    (Atos 19:1-41; 20:1, 16-38; I Cor. 16:8; Epstola aos Efsios). Uma florescente igreja foi estabelecida ali, e dessa cidade o evangelho espalhou-se por toda provncia da sia. A tradio indica que Joo, o discpulo amado, tornou-se o lder dessa igreja, provavelmente aps a dissoluo da sede crist em Jerusalm cerca de 68 d.C. No tempo em que Joo escreveu o Apocalipse, a igreja de feso j era um dos importantes centros do cristianismo. A condio espiritual dessa igreja representa a condio espiritual da Igreja Crist durante o perodo apostlico. Esse perodo pode ser, apropriadamente, chamado de a Era da Pureza Apostlica, um atributo altamente desejvel aos olhos de Deus.

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

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    A mensagem Para cada uma das sete igrejas Jesus declara: Eu sei as tuas

    obras. Jesus Se revela como um Deus muito pessoal e familiarizado com os problemas e dificuldades que a Sua igreja enfrenta na grande controvrsia.

    No podes sofrer os maus, e puseste prova os que dizem ser apstolos e o no so (Apoc. 2:2).

    No final da era apostlica, j as primeiras heresias cristolgicas comearam a surgir. A preocupao de Joo em combat-las pode ser vista no contedo do seu Evangelho. Esse Evangelho foi escrito em reao aos movimentos herticos, e o seu propsito era afirmar e exaltar a pessoa de Jesus como Deus-Homem.

    Os Ebionitas negavam a divindade de Jesus. O lder deles era Cerinto (107 d.C.).

    Os Docetistas negavam a humanidade de Jesus. Eles ensinavam que Jesus tinha somente a aparncia humana, mas no era humano. Esse grupo floresceu por volta do ano 70 at 170 d.C.

    Os Gnsticos negavam tanto a divindade como a humanidade de Jesus. Negavam a realidade da encarnao de Jesus, e promoviam a libertinagem. Joo combate fortemente o gnosticismo que comeava a florescer no seio do cristianismo.

    Captulo 2 - Cartas do Cu s Igrejas (1 Parte)

  • 1 Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol. 3, 55-56.2 Ellen G. White, Testemunhos Seletos, vol. 2, 210.3 Ellen G. White, Testimonies, vol. 8, 26.

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    A Igreja Crist no perodo de feso sabia discernir entre a verdade e o rro, e tomou um posio firme contra o erro.

    Os membros da igreja estavam unidos em sentimento e ao. O amor de Cristo era a corrente urea que os vinculava entre si. Prosseguiam conhecendo o Senhor sempre e sempre com maior perfeio, e revelavam em sua vida alegria, conforto e paz. Visitavam as vivas e os rfos em suas tribulaes e mantinham-se incontaminados do mundo.

    Deus escolheu nestes ltimos dias um povo a quem fez depositrio de Sua lei; e ste povo ter sempre desagradveis tarefas a executar. 'Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua pacincia, e que no podes sofrer os maus; e puseste prova os que dizem ser apstolos e o no so, e tu os achaste mentirosos. E sofreste, e tens pacincia; e trabalhaste pelo Meu nome, e no te cansaste.' (Apoc. 2:2-3). Exigir muita diligncia, e contnua luta o manter o mal fora de nossas igrejas. preciso haver rgido e imparcial exerccio de disciplina; pois, alguns que tm uma aparncia de religio procuraro minar a f de outros e, s ocultas, trabalharo para se exaltar a si mesmos.

    Tenho porm contra ti que deixaste o teu primeiro amor (Apoc.2:4).

    Numa s gerao foi o evangelho levado a toda nao debaixo do cu. Pouco a pouco, ocorreu, porm, uma mudana. A igreja perdeu seu primeiro amor. Ela tornou-se egosta e amante da comodidade. Foi acalentado o esprito de mundanismo.

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, Atos dos Apstolos, 586, 587.2 Ellen G. White, Review and Herald, 25/02/1902.

    59

    Cedo na histria da igreja o mistrio da iniquidade predito pelo apstolo Paulo iniciou sua calamitosa obra; e quando os falsos ensinadores, a cujo respeito Pedro advertiu os crentes, exibiram suas heresias, muitos foram seduzidos pelas falsas doutrinas. Alguns tropearam sob as provas e foram tentados a abandonar a f. Ao tempo em que foi dada esta revelao a Joo, muitos haviam perdido seu primeiro amor da verdade evanglica. Mas, em Sua misericrdia, Deus no permitiu que a igreja continuasse em estado de apostasia. Numa mensagem de infinita ternura, Ele revelou Seu amor por eles, e Seu desejo de que fizessem segura obra para a a eternidade. 'Lembra-te pois donde caste,' apelou, 'e arrepende-te, e pratica as primeiras obras' (Apoc. 2:5). A igreja era defeituosa e necessitava de severa reprovao e advertncia; e Joo foi inspirado a registar mensagens de advertncia e reprovao e a apelar aos que, tendo perdido de vista os princpios fundamentais do evangelho, estavam pondo em perigo sua esperana de salvao.

    Fui instruda a dizer que estas palavras (Apoc. 2:4-5) so aplicveis s Igrejas Adventistas do Stimo Dia na condio em que se encontram atualmente. O amor de Deus foi perdido, e isto significa ausncia de amor de uns para com os outros. Egosmo, egosmo, egosmo nutrido e se bate por conseguir supremacia... Deve haver uma reforma e um reavivamento, sob a ao do Esprito Santo... Ento uma multido, no de sua f, vendo que Deus est com Seu povo, unir-se- a ele em servir ao Senhor.

    Captulo 2 - Cartas do Cu s Igrejas (1 Parte)

  • 1 Roy Allan Anderson, O Apocalipse Revelado, 26-27.2 Seventh-Day Adventist Bible Commentary, vol. 7, 745.3 Ellen G. White, Review and Herald, 07/06/1887.

    60

    Trs palavras resumem a mensagem (Apoc. 2:5): lembrar, arrepender, praticar. O Mestre est dizendo: 'Lembra-te do teu gozo anterior, quando o verdadeiro amor enchia o teu corao. Arrepende-te de teus pecados; compreende o perigo de tua condio. Pratica as obras do teu primeiro estado, ou ento Eu te removerei.' As obras no produzem amor, nem podem tomar o lugar do amor. As obras so apenas a evidncia do amor.

    Tens porm isto: que aborreces as obras dos nicolatas, as quais Eu tambm aborreo (Aoc.2:6).

    Muitos tm tentado, com dificuldade, mostrar que os nicolatas formavam um grupo hertico que invadiu a igreja de feso e Prgamo. Irineu identifica os nicolatas como uma seita gnstica. Alguns Pais da Igreja identificam Nicolau, um dos sete diconos (Atos 6:5), como o fundador desta seita. Porm, toda essa argumentao muito duvidosa, pois no encontramos na histria da igreja os nicolatas como sendo realmente um grupo hertico como os Ebionitas, Docetistas e outros.

    No dizer de Clemente de Alexandria, os nicolatas mantinham o princpio pernicioso de que as paixes baixas devem ser permitidas. Viviam uma vida impura e imoral. Ellen G. White pergunta: o nosso pecado o pecado dos nicolatas, transformando a graa de Deus em licensiosidade? Essa doutrina tem sido atualmente amplamente ensinada, de que o

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, Signs of the Times, 01/02/1912.2 Ellen G. White, Becho, 08/02/1897.

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    evangelho de Cristo tornou a lei de Deus sem nenhum efeito; que por crermos em Cristo estamos livres da necessidade de sermos praticantes da Palavra. Mas esta a doutrina dos nicolatas, a qual Cristo fortemente condenou.

    Aqueles que ensinam esta doutrina (nicolasmo) hoje tem muito a dizer sobre a f e a justia de Cristo; mas eles pervertem a verdade, e a tornam a causa do rro. Eles dizem que a nica coisa que temos que fazer crer em Jesus Cristo, e que a f toda suficiente: que a justia de Cristo deve ser a credencial do pecador; que esta justia imputada cumpre a lei por ns, e que ns no estamos sob a obrigao de obedecer a lei de Deus. Esta classe proclama que Cristo veio para salvar os pecadores, e que Ele os salvou. 'Eu estou salvo,' eles repetem de novo e de novo. Mas, esto eles salvos enquanto transgridem a lei de Jeov? No; pois as vestimentas da justia de Cristo no so uma capa para a iniquidade. Tal ensino uma grotesca decepo, e Cristo Se torna para essas pessoas uma pedra de tropeo como Ele foi para os judeus; para os judeus, porque eles no O receberam como o Salvador pessoal, e para estes professos crentes em Cristo, (Jesus Se torna pedra de tropeo) porque eles separam Cristo e a Lei, e consideram a f substituta da obedincia. Eles separam o Pai e o Filho, o Salvador do mundo. Em verdade, eles ensinam por preceito e exemplo, que Cristo, atravs de Sua morte, salva os pecadores nos seus pecados.

    Os nicolatas praticavam os pecados de Balao (Apoc. 2:14-15). Quais eram os pecados de Balao? A Bblia revela os pecados de Balao como sendo: avareza, hipocrisia, idolatria e

    Captulo 2 - Cartas do Cu s Igrejas (1 Parte)

  • 1 Ellen G. White, Review and Herald, 7 de Junho de 1887.

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    imoralidade (Nm. 22-24; 25:1-2; 31:8 e 16; II Ped. 2:15; Judas 11).

    So os membros da igreja, hoje em dia, culpados dos pecados dos nicolatas?

    Nosso dever conhecer os nossos defeitos e pecados especiais, que causam trevas e debilidade espiritual, e extinguiram nosso primeiro amor. o mundanismo? o egosmo? o amor ao prprio eu? a luta pela supremacia? o pecado da sensualidade que est intrensamente ativo? o mau uso e o abuso de grande luz e oportunidades e privilgios, fazendo afirmaes jactanciosas de sabedoria e conhecimento religioso, ao passo que a vida e o carter so incoerentes e imorais?

    H tambm uma outra interpretao dos nicolatas, que tambm deveria ser considerada. A prpria palavra nicolatas, tem, em si mesma, um significado claro e direto. Ela significa governar o povo. A ltima parte da palavra Laos a palavra grega para povo, e a palavra da qual se deriva o termo leigos. Nesse sentido, os nicolatas eram aqueles que j na primeira fase da Igreja Crist, tentaram subjugar e dominar os leigos, a grande massa de cristos, a fim de governar sobre eles. A igreja de feso condenou tal prtica, enquanto que na igreja de Prgamo eles foram coniventes, permitindo a institucionalizao do clero. Para Deus, s existe um ministrio, formado por leigos e pastores. No de Deus essa discriminao que exalta o clero como sendo uma classe superior e mais santa do que os leigos.

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

  • 1 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, 56, nfase minha.

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    Quem tem ouvidos, oua o que o Esprito diz s igrejas: Ao que vencer dar-lhe-ei a comer da rvore da vida, que est no meio do paraso de Deus (Apoc. 2:7).

    A rvore da vida uma referncia ao Jardim do den que foi retirado da terra antes do Dilvio, mas que ser restaurado com todo seu esplendor na Nova Terra.

    O Jardim do den permaneceu sobre a Terra muito tempo depois que o homem fora expulso de suas deleitveis veredas (Gen. 4:16). Foi permitido raa decada por muito tempo contemplar o lar da inocncia, estando a sua entrada vedada apenas pelos anjos vigilantes. porta do Paraso, guardada pelos querubins, revelava-se a glria divina. Para ali iam Ado e seus filhos a fim de adorarem a Deus. Ali renovaram seus votos de obedincia quela lei cuja transgresso os havia banido do den. Quando a onda de iniquidade se propagou pelo mundo, e a impiedade dos homens determinou sua destruio por meio de um dilvio de gua, a mo que plantara o den o retirou da Terra. Mas, na restaurao final de todas as coisas, quando houver 'um novo cu e uma nova Terra,' ser restabelecido, mais gloriosamente adornado do que no princpio.

    EsmirnaE ao anjo da igreja que est em Esmirna, escreve: Isto diz o

    Primeiro e o ltimo, que foi morto, e reviveu: Eu sei as tuas obras, e tribulao, e pobreza (mas tu s rico), e a

    blasfmia dos que se dizem judeus, e no o so, mas so a sinagoga de

    Captulo 2 - Cartas do Cu s Igrejas (1 Parte)

  • 1 Henry H. Halley, Halley's Bible Handbook, 696.

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    Satanz.Nada temas das coisas que hs de padecer. Eis que o diabo lanar

    alguns de vs na priso, para que sejais tentados; e tereis uma tribulao de dez dias.

    S fiel at a morte, e dar-te-ei a coroa da vida.Quem tem ouvidos, oua o que o Esprito diz s igrejas: O que

    vencer no receber o dano da segunda morte (Apoc. 2:8-11).

    A cidade uma das mais lindas cidades da sia Menor. O clima

    agradvel e a vegetao abundante. Localiza-se a 52 km de feso. O local onde Esmirna foi construda foi ecolhido por Lismaco, um dos quatro generais e sucessores de Alexandre, o Grande. Politicamente, Esmirna era uma cidade honrada, pois foi escolhida pelos romanos como sede em todas as guerras civis, e tornara-se um grande centro de adorao a Csar. Esmirna pediu permisso ao imperador Tibrio para construir um templo em honra a sua divindade ( c. 26 d.C.). A permisso foi dada, e eles construiram o segundo templo ao imperador na sia. A cidade j adorava Roma como um poder espiritual desde 195 a.C., e tinha orgulho por liderar o culto a Csar.

    O culto ao imperador tornou-se obrigatrio em todo o territrio dominado pelos romanos. Todos deveriam queimar incenso ao Imperador em algum altar pblico, enquanto proferiam as palavras: Kaisar Kurios, Csar senhor. Os cristos recusavam-se a fazer isso, e eram considerados desleais e traidores. At o final da primeira Guerra Mundial Esmirna era

    Revelaes do Apocalipse - Vol. 1

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    considerada a segunda maior cidade da sia Menor, com uma populao de 250.000 habitantes. Como a moderna Esmirna foi construda em cima da cidade antiga, somente poucas runas podem ser vistas atualmente. Os antigos habitantes de Esmirna orgulhavam-se de ter nascido ali, Homero, o mais famoso poeta grego. A moderna Esmirna, cujo nome Iz-mir, possui hoje cerca de 200.000 habitantes, e a maior cidade da sia Menor.

    O significado e o perodo O nome Esmirna vem de uma goma aromtica derivada de

    uma rvore rabe, Balsamodendron myrrha. Essa goma era usada para embalsamar os mortos, e tambm como um ungento ou pomada medicinal; esse ungento tambm era usado para ser queimado como incenso. Esmirna sinnimo de sofrimento; vem da palavra mirra, que foi uma das ddivas feitas a Jesus pelos magos do Oriente: e entrando na casa acharam o menino com Maria sua me, e, protrando-se, O adoraram; e, abrindo os seus tesouros, Lhe ofertaram ddivas: ouro, incenso e mirra (Mat. 2:11). Mirra tinha que ser esmagada para exalar seu perfume e fragrncia, assim tambm, a Igreja Crist seria perseguida e esmagada nesse perodo, porm, exalaria o perfume