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UNIÃO EDUCACIONAL DE BRASÍLIA

REVISTA

ESPAÇO ABERTO DISCENTE

INICIAÇÃO À PESQUISA ACADÊMICA

BRASÍLIA, DF.

2011

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EXPEDIENTE

A Revista Espaço Aberto Discente – Iniciação à Pesquisa - é um periódico semestral destinado a veicular a produção de conhecimentos acadêmicos de alunos da União Educacional de Brasília (UNEB). Eles foram escritos a partir dos Trabalhos de Conclusão de Curso dos alunos dos cursos de Gestão Hospitalar, Gestão de Negócios Internacionais e Ciências Contábeis. Diretora Geral: Profa. Layse de Campos Moreira Gome s Diretor Acadêmico: Prof. M.Sc. Carlos Antônio Ferre ira Dias Coordenação da Revista: Profª. Drª. Linda G. Reis Conselho Executivo da Revista: Profª. Drª. Linda G. Reis Prof. Dr. Edmilson de Jesus Costa Filho Editoração: Profª. Drª. Linda G. Reis Produção e Edição da Revista: Núcleo de Iniciação à Pesquisa (NIPq) Capa: Profª. Drª. Linda G. Reis Endereço para Correspondência União Educacional de Brasília SGAS Quadra 910 Conj. D – Tel.: (61) 2101 9900 Site: www.uneb.com.br

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ALUNOS COLABORADORES DESTE NÚMERO Curso de Ciências Contábeis

Marcos José Santana Ivanilda Camelo do Nascimento Fauwzi Wasef Raddad Antonieta de Souza Cruz

Curso de Administração Hospitalar

Luzimery de Menezes

Curso de Administração em Comércio Exterior

Lucia Alves Muniz Antônio Francisco dos Santos Tais Pereira Alves Thaise Pereira Braga

Rev. Espaço Aberto Discente – Ano 1* Nº 1 .jan./jul/2011 Periodicidade semestral 236 p. Semestral 1. Conhecimento. 2 União Educacional de Brasília. Iniciação à Pesquisa.

ISSN xxxxx CDU xxxx

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APRESENTAÇÃO

A Revista Espaço Aberto Discente – Revista de Iniciação à Pesquisa – é o resultado de um esforço da docência das disciplinas de Metodologia da Pesquisa ministrada no Módulo de Formação Geral e Humana e Estágio Supervisionado I, II, III e IV nos cursos de Ciências Contábeis, Administração em Comércio Exterior, Administração Hospitalar, oferecidos pela União Educacional de Brasília (UNEB).

A Revista Espaço Aberto Discente representa um estímulo e uma oportunidade para o aluno publicar, desde cedo, seus trabalhos acadêmicos desenvolvidos como requisitos parciais para a conclusão das diversas disciplinas cursadas durante o seu curso superior, bem como para a conclusão do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). A qualidade desses trabalhos levou o Conselho Executivo da Revista a classificá-los como trabalhos de iniciação à pesquisa lato sensu.

A Revista Espaço Aberto Discente consolida o compromisso de uma nova concepção de ensino, pesquisa e extensão como parte do processo didático-pedagógico, que torna prioridade absoluta o desenvolvimento de habilidades cognitivas de compreensão, análise, síntese, competências e aplicação necessárias à pesquisa construtiva de conhecimentos pelo aluno no ensino superior. Além disso, assinala o engajamento do corpo docente com o discente na nova abordagem pedagógica da UNEB centrada na aprendizagem por competência participativa.

Com a publicação desta Revista, a UNEB parte na frente das outras IES do Distrito Federal na corrida pela qualidade do

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ensino superior que se consolida com a produção de conhecimentos do seu corpo discente.

Profª. Dª. Linda G. Reis

Coordenadora de Iniciação à Pesquisa Acadêmica União Educacional de Brasília (UNEB)

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SUMÁRIO

ARTIGOS DE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

CIÊNCIAS CONTÁBEIS ........................... Erro! Indicador não definido.

A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NA GESTÃO DA MICRO E PEQUENA EMPRESA RURAL

Marcos José Santana ............................... ......................................... 9

A CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL NO DESENVOLVIMENTO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS... 2 5

Ivanilda Camelo do Nascimento ..................... ................................ 25

A CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE NOS RESULTADOS ORÇAMENTARIOS DO SETOR PÚBLICO .................... .................. 44

Fauwzi Wasef Raddad ............................... ...................................... 44

CONTABILIDADE AMBIENTAL: uma ferramenta de gestão ambiental da indústria química de cosmético ....... ........................ 64

Antonieta de Souza Cruz ........................... ..................................... 64

GESTÃO HOSPITALAR ........................... Erro! Indicador não definido.

A INFLUÊNCIA DO ACOMPANHANTE NA RECUPERAÇÃO DO PACIENTE INTERNADO ................................ .................................. 86

Luzimary de Menezes ............................... ....................................... 86

COMÉRCIO EXTERIOR ............................ Erro! Indicador não definido.

A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE ESTOQUE NA PEQUENA E MÉDIA EMPRESA DE EXPORTAÇÃO ....................... ................... 126

Antônio Francisco dos Santos ...................... ............................... 126

A INFLUÊNCIA DO AGRONEGÓCIO NA EXPORTAÇÃO DO CAFÉ ORGÂNICO ..................................................................................... 151

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Lúcia Alves Muniz ................................. ........................................ 151

LOGÍSTICA REVERSA DA EMBALAGEM PET: um processo mecânico de reciclagem ............................ ................................... 179

Thaise Pereira Braga .............................. ....................................... 179

A ADEQUAÇÃO DO PERFIL DO CANDIDATO A ESPECIFICIDADE DO CARGO ..................................................................................... 216

Tais Pereira Alves ................................ .......................................... 216

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A IMPORTÂNCIA DA CONTABILIDADE NA GESTÃO DA MICRO E PEQUENA EMPRESA RURAL *

Marcos José Santana*

RESUMO

O objetivo deste artigo é mostrar como a Contabilidade Rural pode contribuir para melhorar os resultados financeiros da micro e pequena empresa rural. Diante disso, foi analisado o tema Contabilidade Rural, dando atenção principalmente a sua aplicação em micro e pequenas propriedades rurais. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de estudo exploratório sobre os conceitos de Contabilidade, empresa rural, Contabilidade Rural, micro e pequena empresa rural e agronegócio, que possibilitou a revisão da literatura deste trabalho. A partir da análise da literatura estudada fica evidenciada a importância da Contabilidade para a micro e pequena empresa rural. A análise da literatura mostrou também que a partir da contabilização adequada das atividades agrícolas e pecuárias é possível alcançar melhores resultados financeiros, aprimorar as condições para permanência das empresas rurais no mercado e ainda criar condições para inserção das mesmas no agronegócio.

* Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis feito pela União Educacional de Brasília (UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010. * Bacharel em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília – UNEB.

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Palavras-chave: Contabilidade Rural, Empresa Rural, Agronegócio.

INTRODUÇÃO

A Contabilidade Rural no Brasil ainda é pouco utilizada devido ao desconhecimento da importância das informações geradas pela Contabilidade no processo de tomada de decisão e também pela mentalidade conservadora do Empresário Rural que continua a utilizar controles baseados em sua experiência adquirida. (CREPALDI, 2009, p.44).

O produtor rural de hoje é um empresário rural, porém ao contrário dos empresários de outros ramos eles, de acordo com a maioria dos casos, não utilizam técnicas e controles gerenciais em suas propriedades, contam apenas com informações guardadas em sua memória. Ainda em conformidade com as constantes mudanças no mercado o empresário rural que não adotar sistemas rigorosos de controle de custos, despesas e produtividade não conseguirá permanecer no mercado cada vez mais competitivo. (SANDER, 2005).

A Contabilidade existe há muito tempo e se desenvolveu com o decorrer dos anos, no entanto, muitos produtores rurais ainda não utilizam essa ferramenta que é de grande importância no processo de tomada de decisão, mesmo nas economias mais simples a Contabilidade é fundamental. (BARBOZA, 2005).

A Contabilidade surgiu na antiguidade, no início da civilização, devido à necessidade do homem em controlar e gerenciar seu patrimônio. No início da civilização, antes do surgimento da escrita, o homem se viu diante da necessidade de

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controlar seu patrimônio e para isso utilizava inscrições artísticas nas paredes de cavernas e tábuas de pedra, por meio das quais controlava quantitativamente e qualitativamente seus bens. O homem daquele tempo ao controlar seus bens conheceu a Contabilidade, mesmo sem ter nenhuma noção de que ali estava nascendo uma ciência que seria de grande importância para as gerações futuras. Na verdade, foi a partir destes registros primitivos que a Contabilidade se desenvolveu, tendo como objetivo principal o controle patrimonial. (MARQUES, 2009).

A Contabilidade sempre foi conhecida por ter a capacidade de medir e informar com objetividade os resultados decorrentes do planejamento e sua execução. Na empresa rural por menor que ela seja é necessário um controle eficiente para que as decisões administrativas permitam uma boa gestão. No entanto, atualmente a maioria das propriedades rurais não utiliza serviços contábeis, o empresário rural ainda guarda em sua memória as informações e com o passar do tempo as esquece. Na maioria das empresas rurais além de faltar organização financeira, não apuram adequadamente o lucro e consequentemente não conseguem analisar os resultados de suas atividades, através dos quais seria possível definir qual atividade é mais rentável e onde podem ser reduzidos os custos de produção. (CREPALDI, 2009, p.45).

Na década de 1990, a agricultura nacional foi atingida por uma crise. Esse fato fez com que muitos agricultores ficassem pelo caminho e apenas os produtores que adotaram uma gestão profissional no campo sobreviveram. (MIRANDA, 2009).

De acordo com Marion (2009, p.170) poderá ser considerada Microempresa “a pessoa jurídica que explora

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atividade rural que obtiver Receita Bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00”.

Ainda em conformidade com Marion (2009, p.170) “a pessoa jurídica que explora atividade rural que obtiver Receita Bruta igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 poderá ser considerada empresa de Pequeno Porte”.

1. As influências da Contabilidade Rural nos result ados financeiros das MPER

Em tempos de globalização da economia mundial e concorrência cada vez mais acirrada, é preciso que as MPER sejam administradas de forma profissional. Para tanto, a Contabilidade Rural é uma das ferramentas imprescindível para garantir uma gestão eficaz e permitir resultados financeiros satisfatórios para as mesmas.

A Contabilidade é a radiografia da empresa rural, ela transforma em números o desempenho do negócio e apresenta o nível de eficiência da administração. É através da Contabilidade que será possível saber se a empresa rural está alcançando seus objetivos, ou seja, o lucro. No balanço e nos livros de registros o empresário rural encontra o caminho para o sucesso em seu negócio, bem como as correções de rumo necessárias no processo evolutivo de qualquer empreendimento. (CREPALDI, 2009, p.87).

Callado e Callado (2004) enfatizam que

[...] a gestão financeira se constitui numa das mais importantes dentro do processo administrativo de qualquer organização, possuindo estes objetivos que focalizem lucros financeiros ou não. Desta feita,

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é importante que nós reconheçamos a relevância da Contabilidade.

Analisando detalhadamente a utilização da Contabilidade no processo de tomada de decisão em empresas rurais será demonstrada sua importância para o sucesso das mesmas. É indispensável que as empresas rurais possuam uma organização contábil clara, de maneira a permitir o acompanhamento permanente de suas alterações patrimoniais e para que isso ocorra é preciso que os gestores rurais compreendam a relevância da Contabilidade para o desenvolvimento de seu negócio. (CALLADO; CALLADO, 2004).

Crepaldi (2009, p. 47) afirma que a Contabilidade aplicada na atividade rural atividade pode demonstrar toda a vida da empresa. Por isso é imprescindível que também na agropecuária se faça a contabilização dos fatos e que seja estruturado com base no conhecimento, não apenas técnico e operacional, respeitando as peculiaridades da atividade.

A Contabilidade garante ao empresário rural uma adequada apropriação dos custos dos produtos existentes em sua propriedade, em especial dos gastos gerais que devem ser rateados corretamente com os demais produtos de forma a garantir o equilíbrio financeiro das contas da empresa, sem comprometer seus preços de mercado. O administrador rural deve estar focado no planejamento, controle, processo decisório e avaliação dos resultados, objetivando a maximização de seu negócio, nesse contexto, a Contabilidade Rural é uma das ferramentas indispensáveis para uma gestão bem-sucedida. (CALLADO; CALLADO, 2004).

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2. As contribuições da Contabilidade Rural para a permanência da MPER no mercado

As transformações tecnológicas, políticas, econômicas, culturais e sociais estão ocorrendo em grande velocidade e isso tem levado a um ambiente de turbulências que ao mesmo tempo gera novas demandas, riscos, incertezas e oportunidades para as organizações em geral e para o setor rural em especial. Para que as organizações rurais consigam se manter competitivas fazem-se necessárias reformulações amplas em suas estruturas e a adoção de novas posturas, por parte do administrador rural, frente aos novos desafios que tem levado todos a repensarem seu estilo de vida, seus valores e principalmente sua maneira de administrar. (SOUKI; SALGADO, 2000).

Ferreira (2009, p. 3) esclarece que a Contabilidade tem duas funções, a primeira é a função administrativa, ou seja, o controle do patrimônio e a segunda é a função econômica, que consiste na apuração dos lucros ou prejuízos das empresas, apura o resultado econômico.

Ainda em conformidade com Ferreira (2009, p. 4) o patrimônio

[...] de uma determinada empresa, a partir do momento em que passe a ser administrado, com o objetivo de lucro, ele irá sofrer modificações significativas. Surge, então, a Contabilidade como instrumento necessário ao controle e a informação dos efeitos provocados pelos fatos decorrentes da gestão patrimonial.

O empresário rural, diferentemente de outras atividades onde a comercialização é distribuída ao longo dos doze meses

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do ano, tem suas receitas concentradas em um determinado período, que pode ser durante a colheita de cereais, o período de desmame dos bezerros, da safra de frutas, enfim, dependerá das atividades desenvolvidas na propriedade. Diante disso, para que os resultados sejam satisfatórios se faz necessário um controle eficaz, que será garantido por uma Contabilidade adequada de suas atividades produtivas, de maneira a permitir que o empresário rural conheça o resultado de suas operações e tenha condições de decidir com segurança os investimentos para o próximo período produtivo. (MARION, 2009).

Para Sander (2005) o empresário rural deve

[...] deixar de lado as técnicas primitivas de controle, nas quais as informações são guardadas em sua memória e partir para um controle mais rigoroso através de sistemas informatizados que irão proporcionar dados exatos dos seus custos, despesas, produtividade, entre outros, e que facilitarão a sua permanência no mercado.

Tomando como exemplo a atividade agrícola, pode-se considerar como custo de cultura todos os gastos que puderem ser identificados, diretamente ou indiretamente, com a cultura, tais como: sementes, adubos, mão de obra (direta ou indireta), combustível, depreciação das máquinas e equipamentos empregados na cultura e também serviços de agronomia, topografia e etc. Já as despesas de um período são todos os gastos que não são identificáveis com a cultura, ou seja, são os gastos com as vendas, administrativos e financeiros. (MARION, 2009, p. 15).

A crescente concorrência e busca por qualidade na atividade rural exige uma Contabilidade diferenciada, que

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ofereça informações precisas e sólidas possibilitando o conhecimento do real desempenho do negócio. Sendo assim, a Contabilidade desenvolvida e aplicada às empresas rurais é uma ferramenta indispensável, inclusive para aqueles que não possuem uma estrutura muito desenvolvida. A união entre a experiência prática do produtor rural com uma Contabilidade bem elaborada proporcionará um excelente desempenho às empresas rurais garantindo que os resultados financeiros destas correspondam às expectativas de seus gestores e consequentemente sua permanência no mercado. (CREPALDI, 2009, p. 47).

3. Contribuições da Contabilidade Rural para inserç ão da MPER no Agronegócio

O agronegócio brasileiro é um terreno fértil, produtivo, muito competitivo, e demanda investimentos em tecnologias de produção e de gestão. Para que a MPER possa se inserir nesse mercado precisa da Contabilidade Rural, pois, esta fornecerá todas as ferramentas de gestão necessárias para que a empresa seja bem-sucedida nesse campo de oportunidades.

O agronegócio brasileiro é responsável por “33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros”. O agronegócio no Brasil responde também por um em cada três reais gerados no país e possui uma das melhores taxas de crescimento no comércio internacional, se mostra moderno, competitivo e eficiente, ou seja, é a principal locomotiva da economia nacional. (PORTAL DO AGRONEGÓCIO).

De acordo com Crepaldi (2009, p.48) a atividade agropecuária tem grande importância na economia de países

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com grandes extensões territoriais e condições climáticas favoráveis como o Brasil, levando a geração de empregos e transformando algumas regiões do país em polos econômicos.

Gonçalves e Brandt (2006, p. 15) esclarecem que nem todas

[...] as pessoas têm uma compreensão exata de como a Contabilidade se insere no mundo do agronegócio. Entretanto, é uma necessidade imperiosa para quem exerce alguma atividade, seja comercial, industrial, bancária, de serviços, agrícola ou qualquer outra. Ao contrário do que muitos empresários pensam, Contabilidade não é luxo nem é burocracia: é uma necessidade para qualquer empreendimento. No agronegócio, inclusive, a Contabilidade é um imperativo para bem controlar as atividades e os resultados, seja uma grande propriedade, um minifúndio ou até mesmo um fundo de quintal.

O uso de tecnologia esta deixando de ser privilégio de grandes propriedades rurais, graças a soluções tecnológicas disponibilizadas por institutos de pesquisas como a EMBRAPA, cada vez mais, pequenos produtores rurais têm buscado novas tecnologias que possibilitem às mesmas melhorias produtivas, sustentabilidade e lucro. (REVISTA BRADESCO RURAL, 2008, p. 9).

Gonçalves e Brandt (2006) afirmam que o

[...] agronegócio há muito tempo deixou de ser uma atividade para amadores, onde estes ainda persistem as probabilidades de fracasso são muito grandes, porém, onde há preocupação de gestão o cenário muda e entra em cena a Contabilidade

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como ferramenta de auxílio no processo decisório e de gestão.

Crepaldi (2009, p. 50) enfatiza que “os resultados dos empreendimentos devem satisfazer ao empresário rural e permitir a ele lutar por seu espaço, em um mundo cada vez mais competitivo”. O empresário rural precisa perceber que a união entre atividade rural e Contabilidade vem dando certo e que planejamento e controle corretos proporcionam excelentes resultados financeiros. (CIPALDI, 2009).

No agronegócio como em qualquer outro negócio as mudanças ocorrem com grande velocidade e podem gerar incertezas, graças às variáveis econômicas e à concorrência voraz, que juntas podem influenciar significativamente os resultados dos negócios de maneira geral. Nesse contexto, o empresário rural deve estar atento às variações no mercado, às novidades tecnológicas e estar sempre buscando melhorar suas técnicas produtivas e financeiras. A Contabilidade pode garantir ao empresário rural as condições para competir no agronegócio e sobreviver no mercado, através do direcionamento na tomada de decisões e um controle de custos eficaz e a consequência disso são melhores resultados econômicos. (CREPALDI, 2009, p. 49).

4. O papel da Contabilidade Rural no desenvolviment o do Agronegócio

Rodrigues (2004, p. 22) afirma que “o agronegócio está por trás do processo de desenvolvimento dos países mais avançados do mundo”. Ainda em conformidade com Rodrigues (2004, p. 22) a “[...] riqueza de um país vem da agricultura e da pecuária, já que nenhuma nação nasceu industrial. Todas

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começaram com a agropecuária, desenvolveram os serviços e depois suas indústrias”.

De acordo com Massilon (2003, p. 26 apud MIRANDA, 2004) o agronegócio brasileiro tem grande importância na balança comercial do país, possui histórico de resultados superavitários, ou seja, contribui significativamente para a diminuição dos déficits comerciais do Brasil. O agronegócio é um dos maiores geradores de emprego no país e possui expressiva participação no mercado consumidor interno.

Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) “aproximadamente 45% do consumo das famílias brasileiras é em produtos oriundos do agronegócio”.

A Contabilidade aplicada ao agronegócio irá proporcionar ao empresário rural maior grau de segurança na hora de tomar suas decisões e irá garantir resultados melhores e mais consistentes em um menor tempo. (GONÇALVES; BRANDT, 2006).

Em conformidade com Crepaldi (2009, p. 48) “o agronegócio gira a roda de toda a nossa economia” e que estudos da UNETAD, órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável pelo desenvolvimento do comércio internacional, projetam o Brasil como líder mundial na produção de alimentos em poucos anos.

Diante desse cenário promissor e desafiador o empresário rural necessita de uma contabilização correta de suas atividades, que proporcione ao mesmo segurança no processo decisório, conhecimento dos resultados de suas

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atividades e condições para enfrentar a concorrência acirrada presente no mercado. A Contabilidade ainda permite o desenvolvimento de planejamentos operacionais e estratégicos que irão manter o empresário rural competitivo no agronegócio, mesmo diante das frequentes mudanças desencadeadas sejam por incertezas de mercado sejam por variáveis econômicas decorrentes de um mercado globalizado. (CREPALDI, 2009).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo como base a revisão de literatura realizada, fica explícita a importância da utilização da Contabilidade na gestão da Micro e Pequena Empresa Rural (MPER), assim como em qualquer outro segmento econômico. Quando as empresas rurais ou propriedades rurais adotam uma Contabilidade adequada de suas atividades seus resultados financeiros podem ser aumentados significativamente, através de um melhor controle de seus custos e por meio de tomadas de decisões mais precisas, seguras e em conformidade com as necessidades e exigências do mercado.

Com relação à permanência da MPER no mercado, a Contabilidade Rural contribui de forma decisiva, pois, ao melhorar os resultados financeiros das mesmas cria-se um ambiente mais favorável à permanência daqueles produtores em suas atividades. Oferece também condições para que possam competir em igualdade de condições no mercado, consequentemente, assegura que enfrentem com maior tranquilidade as constantes mudanças de rumo da economia moderna.

O agronegócio brasileiro possui grande importância para a economia nacional, possui histórico de crescimento e está em

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desenvolvimento contínuo, associado a esses fatores ainda temos a globalização econômica, além de outros fenômenos que devem ser considerados, para que a MPER possa se inserir no agronegócio. Diante disso é indispensável que utilizem todas as informações e ferramentas que a Contabilidade Rural possui e disponibiliza ao empresário rural, para que esse tenha condições de gerir seus negócios de forma eficaz e lucrativa.

Devido à concorrência acirrada e o grande desenvolvimento tecnológico presente no agronegócio, a Contabilidade possui papel de gerar informações precisas e fornecer ferramentas necessárias para que o empresário rural possa ter segurança no processo decisório, tenha condições de aproveitar as oportunidades e se mantenha competitivo no mercado.

Atualmente, mesmo com a maioria das propriedades rurais utilizando métodos ultrapassados na gestão de suas atividades, o setor rural possui grande importância para economia brasileira. Porém, é possível perceber que com a competição acirrada imposta pelo agronegócio foi dado início a um movimento rumo à modernização da gestão rural no país. Diante de tudo isso, pode-se afirmar que quando a maioria da Micro e Pequena Empresa Rural passarem a utilizar adequadamente a Contabilidade, os bons resultados de hoje serão multiplicados e alcançarão níveis de excelência administrativa e produtiva.

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A CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE GERENCIAL NO DESENVOLVIMENTO DAS

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS *

Ivanilda Camelo do Nascimento†

RESUMO

Este artigo de revisão bibliográfica tem como objetivo mostrar a importância da Contabilidade Gerencial para as empresas de pequeno porte, mostrando a necessidade de se ter acesso a informações úteis que possibilitem ao gestor administrar seu negócio de maneira eficiente. A Contabilidade Gerencial está voltada exclusivamente para a administração de empresa, procurando suprir informações que se encaixem de maneiras válidas e efetivas no modelo decisório do administrador. A Contabilidade Gerencial é caracterizada como um enfoque no fornecimento de informações para os administradores, no caso, uma ferramenta para a administração. Sendo uma ferramenta necessária dentro dos procedimentos contábeis na Contabilidade financeira, Contabilidade de custos, na análise financeira, etc. de modo a auxiliar os gerentes na tomada de decisões. O foco atual está centrado em criar valores consideráveis pelo fornecimento de informações necessárias para o sucesso das organizações, de um modo geral a Contabilidade Gerencial se vale de outros campos de

* Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis feito pela União Educacional de Brasília (UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010. † Bacharel em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília – UNEB.

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conhecimentos, entre eles o conceito da administração da produção, da estrutura organizacional e da administração financeira, campo mais amplo de toda a Contabilidade empresarial.

Palavras-chaves: Contabilidade Gerencial, Informação, Tomada de Decisão, PMEs.

INTRODUÇÃO

A necessidade de gerenciar de maneira eficaz para obter rápido feedback propicia o aprendizado contínuo e a melhoria das atividades, além de minimizar perdas e potencializar os resultados. Essa preocupação existe desde o início das civilizações e foi nesse contexto que surgiu a Contabilidade. Conceituada como sendo um sistema de informações e avaliação, capaz de prover seus usuários com demonstrações de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, devidamente estruturadas, tem se constituído, ao longo dos tempos, ferramenta indispensável à gestão eficaz e efetiva das organizações.

De acordo com Marques (2009), no início das civilizações, mesmo antes do surgimento da escrita, o homem se viu diante da necessidade de controlar seu patrimônio. Para tanto, utilizava inscrições artísticas nas paredes de cavernas e tábuas de pedra, por meio das quais podia controlar qualitativa e quantitativamente seus bens.

Marques (2009) enfatiza ainda que

o homem daquele tempo ao controlar seus bens conheceu a Contabilidade, mesmo sem ter nenhuma noção de que ali estava nascendo uma

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ciência que seria de grande importância para humanidade e a partir destes registros primitivos foi se desenvolvendo sempre com o objetivo de maximizar o aproveitamento do patrimônio.

Todavia é difícil afirmar com precisão quando surgiu a Contabilidade. Para Parma (2009), a civilização suméria foi uma das primeiras a utilizar a Contabilidade rudimentar. Assim, a origem seria o ano 6.000 a.C, também chamado de período empírico da Contabilidade, quando o que existiam eram “anotações” mentais referentes às entradas, o consumo ou a cessão de cereais ou animais. À medida em que as civilizações foram evoluindo, a Contabilidade acompanhou, passando pela pictografia, na qual era representada pelos desenhos toscos feitos nas cavernas com figuras de bois, peixes, aves, espigas de cevada, dentre outros. Posteriormente, os registros eram feitos em escrita cuneiforme na Mesopotâmia, hieróglifos no Egito e mais tarde com a escrita alfabética dos fenícios até chegar ao período romano onde foi muito utilizada para taxação de impostos.

Na medida em que o homem começava a possuir uma quantidade maior de posse a preocupação aumentava, pois ele precisava saber o quanto as suas posses poderiam render e quais as formas de aumentá-las, tais informações não eram de fácil memorização, o que requeria registros. Contabilidade, desde sua origem, esteve a serviço do homem fornecendo informações para que o mesmo pudesse melhor gerir seus bens.

Ainda para Parma (2009), a

Contabilidade continua sua evolução acompanhando as necessidades das civilizações em controlar seus bens, passando pelo período da

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sistematização, depois pelo período moderno até chegar ao período científico ou contemporâneo, que iniciou em 1840 e segue até os dias atuais.

No final do século XIX, com o advento das grandes companhias de produção industrial, tornaram-se necessárias novas técnicas de controle e custeio dos produtos. Para Schmidt (2000), foi nesse momento que uma das primeiras contribuições à Contabilidade Gerencial foi realizada, com a apresentação de algumas formas utilizadas para calcular o custo de produção real.

Apesar de a Contabilidade Gerencial enfocar a demanda por informações, ela fornece tratamento abrangente e habilidades contábeis consideradas importantes no controle e na avaliação de desempenho, o que leva a ser apontada como a razão mais frequente para o fracasso de tantas PMEs.

A Contabilidade Gerencial produz informações financeiras e operacionais para as organizações. Tal processo deve ser dirigido pelas necessidades de informações e deve guiar as decisões operacionais e de investimentos.

Para Resnik (1991), o empresário da pequena empresa parece não estar convencido da importância da administração contábil como instrumento administrativo e menos ainda como parte do processo decisório. O autor justifica a não apreciação pelos proprietários-gerentes das funções e do processo de um sistema eficaz de Contabilidade e não pelo desdém. Mas atribui a uma simples insensibilidade ao que eles não conhecem ou não se sentem à vontade.

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A pergunta surge espontaneamente. Como a Contabilidade Gerencial pode contribuir na tomada de decisão das PMEs?

A importância da Contabilidade Gerencial para a tomada de decisões acelera a evolução do ambiente econômico e tecnológico, gerando mudanças de maneira natural e estabelece normas para enfrentá-las. As PMEs precisam estar preparadas para esse novo desafio e procurar entender que é necessário uma mudança de mentalidade na forma de tratar as informações geradas no dia a dia da empresa. E aí surge o auxílio da Contabilidade Gerencial que se encaixa de maneira válida e efetiva na geração de informações para suporte na tomada de decisão. Com base no conhecimento das situações passadas ou presentes, a Contabilidade Gerencial passa a constituir-se em estimativa válida daquilo que poderá acontecer no futuro.

Kaplan (1997) argumenta que a Contabilidade Gerencial tem se preocupado muito com informações para decisões de curto prazo voltadas para o ambiente interno das empresas, não contribuindo para o seu futuro de longo prazo, ou seja, no aspecto estratégico. Dada a importância atribuída à estratégia no atual contexto de competitividade global crescente, este comportamento estaria colocando a Contabilidade numa posição de pouca relevância para o processo de gestão.

Portanto, a visão holística que a Contabilidade Gerencial procura expressar em seus relatórios as orientações para o futuro, a preocupação com impacto e a tempestividade das informações, permitindo a utilização de técnicas e teorias pela administração das empresas.

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1. Conceitos de Contabilidade Gerencial

A Contabilidade Gerencial pode receber diversas definições. Para Ludícibus (1998) a Contabilidade Gerencial é

[...] um enfoque especial conferido às várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados na Contabilidade financeira, na Contabilidade de custos, na análise de balanços, etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhes mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório.

A definição de Anthony (1972) é mais sintética, porém não menos significativa, caracterizando a Contabilidade Gerencial como sendo aquela destinada a prover informações úteis para a administração.

Anthony e Govindarajan (2001) destacam que a Contabilidade gerencial tem três divisões: Contabilidade de custo total, responsável pelo custeio de produtos e serviços para fins de avaliação de estoques, da precificação e da lucratividade dos produtos; Contabilidade diferencial, responsável por estimar os custos existentes em condições alternativas; e controle gerencial, responsável pelo controle e mEd. das variáveis estratégicas, bem como de unidades de negócios, dentre outros.

A Contabilidade, em sua origem, era gerencial, haja vista que era realizada para que os gestores pudessem ter controle sobre seus bens e orientar suas ações em vista do futuro. Além de estar composta em conformidade com o modelo de gestão adotado. A Contabilidade Gerencial é voltada para a administração de empresa e objetiva gerar informações úteis ao

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processo de gestão empresarial. Não se condiciona às imposições legais; tem o objetivo único de fornecer subsídios para o processo de tomada de decisões.

2. Conceito de Pequenas e Médias Empresas

As pequenas empresas têm características de empresas familiares. Muitos empresários adotam técnicas administrativas com base em experiências empíricas. Por outro lado, é difícil para o microempresário por si só conscientizar-se das vantagens da utilização da Contabilidade para tomada de decisão.

Para Resnik (1990), não existe nenhuma boa definição de “pequena” empresa. Talvez a melhor definição prática seja um critério funcional: pequenas empresas são aquelas que o proprietário-gerente controla pessoalmente, enquanto o tamanho ainda não ditou uma estrutura administrativa substancialmente descentralizada. Para Gonçalves (1994),

as pequenas empresas, de um modo geral, são definidas como aquelas que, não ocupando uma posição de domínio ou monopólio no mercado, são dirigidas por seus próprios donos, que assumem o risco do negócio e não estão vinculados a outras grandes empresas ou grupos financeiros.

3. Conceito de Tomada de Decisão

Na antiguidade o homem sempre procurou algo que o auxiliasse no processo decisório. As diversas culturas antigas buscavam em pessoas com “poderes místicos” o auxíilio para as suas decisões. Quando a decisão tomada não proporcionava o resultado esperado, atribuía-se os erros às divindades que não estavam felizes com a pessoa ou com a civilização.

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A evolução da decisão no começo do século era centrada no executivo principal, em geral o proprietário, que detinha as prerrogativas de escolher o que julgasse melhor para a empresa e para os trabalhadores.

Também foi nesta década que se passou a identificar a organização como um sistema aberto, em estreita relação com o meio ambiente. Ficou provado que os sentimentos, as atitudes e os valores do homem afetam, positiva ou negativamente, o processo de decisão. Assim, as decisões passaram a ser centralizadas no cumprimento de metas.

Para Shimizu (2006) a palavra decisão é formada pelo prefixo de (prefixo latino aqui com o significado de parar, extrair, interromper) que se antepõe à palavra decisão significa “parar de cortar” ou “deixar fluir”.

Tomada de decisão, segundo Oliveira (2004), nada mais é do que a conversão das informações tomada com base na apreciação de informações. Decidir é recomendar entre vários caminhos alternativos que levam a determinado resultado.

Chiavenato (1997) elucida ao definir decisão como “o processo de análise e escolha entre várias alternativas disponíveis do curso de ação que a pessoa deverá seguir”.

4. A contribuição da Contabilidade para as PMEs

A Contabilidade nos dias de hoje está relacionada à capacidade de antever cenários adversos ou favoráveis a realizar mudanças. Por isso é fundamental para orientar o gestor nas decisões que precisam ser tomadas, e é uma ferramenta imprescindível para os resultados financeiros e sociais das

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Pequenas e Médias Empresas. Isso porque propicia um trabalho profissional que pode agregar valor e, acima de tudo, expressar sua responsabilidade na área. Tendo um potencial enorme de informação, a Contabilidade reúne fatos que são passíveis de expressão monetária, objetivando as PMEs uma visão sistêmica da situação contribuindo positivamente para o seu sucesso. (RESNIK, 1991).

Para Bortoli (2007) todo trabalho embasado numa pesquisa que tenha como conhecer a realidade das pequenas e médias empresas, justifica-se por si só, pois a carência de informação nesta área é inversamente proporcional à sua importância na economia nacional e regional.

Segundo Marion (1993) a função do Contador é produzir informações úteis aos usuários para a tomada de decisão. A empresa, para ter sucesso, precisa possuir conhecimento do mercado, ter um bom administrador e fazer uso de fatores importantes como informações contábeis para ter sucesso na empresa. (GONÇALVES, 1994).

Ainda para Warren (2001) na medida em que a administração usa esses demonstrativos contábeis para dirigir operações atuais e planejar operações futuras auxilia os gerentes em seu processo decisório. Segundo Beuren (2000) o desafio maior da informação é o de habilitar os gestores a alcançar os objetivos propostos para a organização, por meio dos recursos disponíveis.

Para Padoveze (1997) a Contabilidade Gerencial

[...] pode ser caracterizada, superficialmente, como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis já conhecidos e tratados

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na Contabilidade Financeira, na Contabilidade de Custos, na Análise Financeira e de Balanços, etc., colocados numa perspectiva diferente, num grau de detalhe mais analítico ou numa forma de apresentação e classificação diferenciada, de maneira a auxiliar os gerentes das entidades em seu processo decisório.

Sendo assim, a Contabilidade apresenta-se como um importante instrumento de gestão, por ser considerada uma ferramenta que tem o papel de gerar informações para o empresário. Com isso, ele pode tomar decisões mais acertadas e em tempo hábil, e é um sinalizador apontando variações, desempenhando uma função relevante na identificação de alternativos para a escolha mais adequada para a organização. (RESNIK, 1991).

5. O papel das subdivisões da Contabilidade Gerenci al nas PMEs

O ambiente econômico exige excelência dos sistemas corporativos da Contabilidade Gerencial, precisando fornecer informações oportunas e precisas para facilitar os esforços para controlar os custos. Com esse papel vital no planejamento, na comunicação, motivação e avaliação é um componente necessário na estratégia da empresa.

O empresário tem que equipar-se de todos os recursos tecnológicos e humanos disponíveis da melhor forma, melhor qualidade, menos custo, máximo aproveitamento e sem desperdícios. (PADOZEVE, 1997). A habilidade da Contabilidade Gerencial para avaliar decisões passadas, reagir à situação presentes e predizer eventos futuros é um fator crítico de sucesso.

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O Balanço Patrimonial, Demonstrativo Financeiro, um Fluxo de Caixa, Custos têm como objetivo único fornecer subsídios para o processo de tomada de decisão. (RICARDINO, 2005). Para Frezatti (1982) a necessidade de desenvolver demonstrativos financeiros decorre do aumento da complexidade das atividades operacionais que são as principais atividades geradoras da receita da empresa.

Para Santi Filho (2004) é possível que uma empresa apresente lucro líquido e um bom retorno sobre investimentos e ainda assim vá a falência. O péssimo fluxo de caixa é o que acaba com a maioria das empresas que fracassam.

Conforme Campos Filho (1999) os

(...) administradores, contadores, gestores precisam ter informações que estejam disponíveis em tempo hábil, podendo elaborar orçamentos de caixa em menor tempo e trazendo bons resultados permitindo visualizar com antecedência as necessidades financeiras.

De acordo com Marion (2008) todo mundo tem seu fluxo de caixa, por mais simples que uma pessoa seja, ela tem de memória quanto entrou de dinheiro no mês e quanto saiu, quanto foi gasto.

As subdivisões da Contabilidade Gerencial são uma ferramenta que auxilia a empresa a controlar a situação financeira; são essenciais para que as mesmas tenham sucesso, de ter uma administração de sucesso e sadia. (OLIVEIRA, 2004).

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6. Influência da Contabilidade Gerencial nos result ados financeiros das PMEs

A Contabilidade Gerencial passou a ter um papel especial perante as PMEs, quanto da necessidade de tratar os custos para a tomada de diferentes decisões, pois as empresas buscam redução de custos com aumento da lucratividade, caracterizado como um enfoque especial a várias técnicas e procedimentos contábeis. É fundamental que o empresário de PMEs tenha um conhecimento de técnicas administrativas e contábeis para garantir uma boa gestão, dada a simplicidade de funcionamento da empresa. (WARREN, 2001).

Atkinson (2000) reconhece que com as devidas adaptações e com o reconhecimento de sua utilidade por parte do empresário, a Contabilidade, em seu foco gerencial, poderá transformar-se na principal ferramenta estratégica para o desenvolvimento e até mesmo para sobrevivência da pequena empresa.

Para Ricardino (2005) o ponto fundamental da Contabilidade Gerencial é o uso da informação contábil para a Administração, pois os dados contidos em seus relatórios propiciam fortes influências no planejamento estratégico das empresas.

A Contabilidade Gerencial definirá todo o fluxo de informações da empresa, garantindo que as informações corretas cheguem aos interessados dentro de prazos adequados. (WARREN, 2001).

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Segundo Padoveze (1997) a Contabilidade Gerencial está relacionada com o fornecimento de informações para os administradores.

Ainda para Ludícibus (1998), a Contabilidade Gerencial, para ser utilizada como processo de decisão necessita de integração com a Contabilidade de custos, e por sua vez com os procedimentos contábeis, financeiros e orçamento empresarial.

Para Sá (1999) o desenvolvimento da função gerencial depende fundamentalmente do desempenho do contador em interagir-se com os diversos níveis da empresa, para estabelecer metas e objetivos a serem alcançados, podendo assim provocar o crescimento e um aumento na lucratividade da empresa.

Dessa forma, a Contabilidade Gerencial para as PMEs é um instrumento de apoio na gestão dos negócios, uma vez que são utilizadas em diferentes atividades empresariais e processos decisórios. (SÁ, 1999).

7. A contribuição da Contabilidade Gerencial na tom ada de decisão

A competição está cada vez mais acirrada, exigindo que as empresas se adaptem rapidamente. As informações estão sendo providenciadas de uma forma que possam ajudar a administração a identificar, priorizar e resolver problemas para a tomada de decisão.

A Contabilidade Gerencial tem como objetivo enxergar e corrigir problemas, ajudar a empresa a crescer e gerar lucros e diminuir custos (citação).

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O objetivo da Contabilidade Gerencial é de fazer a conexão entre as ações locais e a lucratividade da empresa para que eles possam saber quais ações levam a empresa em direção a metas. (SHIMIZU, 2006).

Conforme Ludícibus (1998), um contador gerencial deve

(...) saber tratar, refinar e apresentar de maneira clara, resumidas e operacionais dados esparsos, contidos nos registros da Contabilidade financeira, de custos etc., bem como juntar tais uniformes com outros conhecidos não especificamente ligados à área contábil, para suprir a administração em seu processo decisório. Deve estar ciente de certos conceitos de microeconomia e observar as reações dos administradores quanto à forma e conteúdo dos relatórios. Deve ser elemento com formação bastante ampla, inclusive de conhecimento, senão das técnicas, pelo menos dos objetivos ou resultados que podem ser alcançados com métodos quantitativos.

Para Ludícibus (1998) dados são números ou descrição de objetivos ou eventos que, isoladamente, não provocam nenhuma reação no leitor. Informação representa, para quem as recebe, uma comunicação que pode produzir reação ou decisão, frequentemente acompanhada de um efeito surpresa.

Para Peres Júnior (1995) a

Contabilidade gerencial é altamente qualificada, pois definirá e controlará as informações da empresa, fazendo com que as informações corretas cheguem aos interessados dentro do prazo adequado e que a administração superior receba informações úteis à tomada de decisão.

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Segundo Padozeve (1997) a Contabilidade Gerencial é relacionada com o fornecimento de informações para que os gerentes possam decidir qual o melhor caminho para a empresa.

O processo de tomada de decisão termina com a escolha da melhor ação a ser implementada. Para alcançar esse ponto é necessário que passe pelas fases de definição do problema, obtenção dos fatos, formulação das alternativas, ponderação e decisão. Em todas essas etapas a informação contábil é de suma importância. Alguns problemas existem somente quando os relatórios contábeis são analisados regulamente e, com o orçamento elaborado com base nas informações contábeis. Auxiliando bastante no fornecimento de informações para decisões, cujo conhecimento e tratamento auxiliam a empresa a chegar às metas desejadas. (KAPLAN, 1997).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Contabilidade é um instrumento de apoio aos micros e pequenos empresários na gestão dos negócios. No contexto globalizado, onde os concorrentes são altamente competitivos, torna-se imprescindível ao pequeno empresário conhecer sua empresa e administrá-la de maneira eficiente e eficaz, usando todas as ferramentas disponíveis.

A Contabilidade, como ciência que estuda a riqueza das entidades, mais do que nunca se torna vital para a sobrevivência destas, pois é através da Contabilidade que se identifica a situação financeira e econômica da empresa.

Nesse sentido, faz-se necessário que o pequeno empresário tenha conhecimento da importância da realização de

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uma Contabilidade completa e eficiente que reflita a realidade da empresa, possibilitando elaborar demonstrações contábeis que sirvam de base para gerar informações úteis para a gestão dos negócios.

O desenvolvimento que a Contabilidade Gerencial pode ter com o uso inteligente de métodos quantitativos e com a difusão de sistema de informações gerenciais em processamento eletrônico é difícil de dimensionar, mas certamente parece enorme. Conquanto que a Contabilidade auxilie bastante no fornecimento de informações para decisões.

O objetivo da Contabilidade Gerencial é fazer a conexão entre as ações locais dos gerentes e a lucratividade da empresa, para que eles possam saber quais ações suas levam a empresa em direção à sua meta.

A Contabilidade Gerencial é a ferramenta fundamental e indispensável para permanência de uma entidade no mercado. Sendo assim um instrumento que gera conhecimento sobre uma organização, nada mais justo que afirmar que a empresa que não detiver o conhecimento, ou seja, a Contabilidade como instrumento de elaboração de informação não sobreviverá.

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A CONTRIBUIÇÃO DA CONTABILIDADE NOS RESULTADOS ORÇAMENTÁRIOS DO SETOR PÚBLICO *

Fauwzi Wasef Raddad‡

RESUMO

O objetivo deste artigo de revisão bibliográfica é mostrar como a Contabilidade pode contribuir para melhorar o resultado orçamentário no setor público. Em primeiro lugar a pesquisa evidencia a comparação entre Contabilidade Pública e a Empresarial, conceituando-as, descrevendo sobre seus objetivos, campo de aplicação e as leis vigentes. Apresenta também as dificuldades que o governo tinha para consolidar as informações sobre a Administração dos recursos públicos, surgindo a partir daí a necessidade de um sistema que fosse informatizado e que trouxesse informações padronizadas e em tempo hábil. Descreve ainda a criação do Siafi com seu projeto lógico, objetivos e características e seus principais documentos de entrada de dados, que veio integrar e padronizar as informações com seus registros contábeis, orçamentários, financeiros e patrimoniais. Nesse contexto enfatiza as vantagens que esse Sistema trouxe para a Administração Pública com a criação da conta única e também com a transparência nas informações dos gastos das despesas do Governo Federal. Outra vantagem da informatização do controle dos recursos

*Artigo de Revisão de Literatura que publica o Trabalho de Conclusão Curso apresentado como requisito parcial para conclusão do curso de Ciências Contábeis da União Educacional de Brasília (UNEB), sob a orientação da Profª. Drª. Linda G. Reis, Brasília- DF, 2010. ‡ Bacharel em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília – UNEB.

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públicos é poder emitir relatórios gerenciais confiáveis, a partir do Siafi Gerencial, para serem utilizados como auxiliadores na tomada de decisões, dos quais os gestores podem administrar com eficiência, eficácia e transparência os recursos do governo.

Palavras-chave : Recursos Públicos, Contabilidade Pública, Siafi.

INTRODUÇÃO

A história do orçamento quase se confunde com a própria historia do homem. Mas só com a organização do Estado é que se tornou necessário ditar regras, que objetivaram dar consistência ao cumprimento de sua principal finalidade. Essas regras tiveram importância na história financeira, que beneficiou as instituições públicas. (MORSELI, 1965). O orçamento é um dos mais antigos e tradicionais instrumentos utilizados na gestão dos negócios públicos. Foi concebido inicialmente como um mecanismo eficaz de controle político e sofreu ao longo do tempo mudanças no plano conceitual e técnico para acompanhar a própria evolução. (GIACOMONI, 2000).

Desde seus primórdios a instituição orçamentária foi cercada de uma série de regras com a finalidade de aumentar a consistência no cumprimento de sua finalidade: a Lei. Essas condições, denominadas princípios orçamentários, foram definidas, implantadas e consolidadas, no intuito de tornar o processo orçamentário mais racional e eficiente.

Os primeiros orçamentos que se tem notícia eram orçamentos tradicionais, que concebiam apenas ênfase ao gasto do setor público, eram simples documentos de previsão de receita e autorização de despesas sem nenhuma ligação com

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um sistema de planejamento governamental. (CASA GRANDE, 2004).

Criou-se o princípio da legalidade, que foi o primeiro a ser definido e dispõe que o orçamento tem que ser necessariamente objeto de uma lei nº resultante de um processo legislativo completo. Essa lei orçamentária já teria sido instituída na primeira constituição brasileira de 25 de março de 1824. (DEBUS, 2004).

Esse princípio também fala das limitações ao poder de tributação do estado, atende o que determina o art.5 inciso II que menciona que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa em virtude de Lei. Esse princípio visa a combater as arbitrariedades emanadas do poder público.

Somente por meio de normas legais podem ser criadas obrigações aos indivíduos. (CARVALHO, 2000). O princípio da racionalidade nos fala que sendo os recursos orçamentários escassos e as necessidades humanas cada vez maiores tornam-se mais eficientes o número de alternativas apresentadas ao orçamento, com o objetivo de torná-lo cada vez mais eficaz. (CARVALHO, 2005).

O princípio da previsão procura estabelecer a necessidade de diagnosticar e antever as ações num certo lapso de tempo, em função dos objetivos a serem atingidos, ou almejados com recursos disponíveis e o efetivo controle dos gastos. (CARVALHO, 2005).

O início da não afetação das receitas define que nenhuma parcela da receita geral poderá ser reservada ou comprometida para atender a certos e determinados gastos.

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Dentro da gestão orçamentária todo gasto tem que ser definido conforme as Leis de Diretrizes Orçamentárias determinam. (GIACOMONI, 2001).

Na elaboração do orçamento há que se obedecer a determinadas classificações orçamentárias previamente existentes. Faz-se necessário identificar e obedecer a função que a instituição governamental é pertencente para que seja feita a distribuição orçamentária, no entanto nem sempre os valores distribuídos são aplicados de forma correta. (CASA GRANDE, 2004).

1. Conceito de Orçamento Público

Para Carvalho (2000) foi a Constituição Federal da República, de 1988, que apresentou um dos maiores avanços a respeito do orçamento público, foi através dela que se sedimentou a ideia de que é inconcebível a elaboração de um orçamento desvinculado de um sistema de planejamento e orçamento que devem estar em estrita consonância.

A Constituição Federal trata de estabelecer o orçamento público como ato administrativo revestido de força legal que estabelece um conjunto de ações a serem realizadas (BRASIL, 1988).

Para Debus e Vaz (2004), as vantagens do orçamento-programa sobre a sistemática anterior são inúmeras, mas a principal delas é a possibilidade de se conjugar a formulação e a execução dos orçamentos ao planejamento governamental e a avaliação das ações do governo nas diversas funções e programas de sua responsabilidade.

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Em decorrência de trabalhos desenvolvidos por consultores patrocinados pela Organização das Nações Unidas (ONU), o sistema orçamentário adotou a ideia e as concepções do orçamento consistem na vinculação do gasto do recurso orçamentário do planejamento governamental.

De acordo com Giacomoni (2000), um orçamento é aquele que apresenta os propósitos e os objetivos para os quais os créditos se fazem necessários bem como os custos do programa proposto [...]. Portanto, faz-se necessário explicitar de forma mais precisa possível os objetivos básicos de cada programa, já que ele objetiva avaliar a honestidade dos agentes governamentais e a legalidade no cumprimento do orçamento.

2. Conceito de Contabilidade

Para Carvalho (2005), o objeto da Contabilidade é o patrimônio, entretanto, pelas suas peculiaridades, a Contabilidade Pública não está interessada somente no patrimônio e suas variações, mas também no orçamento e execução, previsão e arrecadação da receita e a fixação e a execução da despesa. A Contabilidade Pública,além de registrar todos os fatos contábeis, modificativos, permutativos e mistos registra também os atos potenciais praticados pelo gestor que poderão alterar qualitativa e quantitativamente o patrimônio.

Segundo Marion (2006) a Contabilidade é o fornecimento de informação de caráter relevante sobre o patrimônio da empresa de ordem e econômica e financeira, facilita na tomada de decisão, tanto por parte dos administradores ou proprietários, como por parte dos usuários externos e também para atender a exigência do governo.

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De acordo com Carvalho (2000) o objetivo da Contabilidade Pública é de fornecer à administração e à sociedade informações atualizadas e exatas para subsidiar a tomada de decisão, principalmente aos órgãos de controle interno e externo para o cumprimento da sua missão institucional.

3. O auxílio do processo de Lei Orçamentária no res ultado do orçamento público

O processo de lei do orçamento público é tão importante quanto as questões conceituais e de estruturas, são os aspectos ligados ao seu processo, à sua dinâmica.

O documento orçamentário, apresentado na forma de lei, caracteriza apenas um momento de um processo complexo, marcado por etapas que foram cumpridas antes e por etapas que ainda deverão ser vencidas. É o desenrolar integral desse processo que possibilita ao orçamento cumprir seus múltiplos papéis e funções. GIACOMONI (2009).

Assim como acontece nas demais funções administrativas, a função orçamentária compreende um sistema orçamentário e um processo orçamentário que se completam e que devem ser estudados concomitantemente, já que a compreensão de um é indispensável para o entendimento do outro. GIACOMONI (2009).

O orçamento público nem sempre foi como é hoje. Aliás, o documento formal intitulado orçamento público é recente, tem cerca de cento e oitenta anos. Entretanto o processo dos governos arrecadarem recursos para serem revertidos em benefício da população é bastante antigo e o direito dos

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governantes de recolherem recursos visando ações públicas remonta à razão de ser dos governos uma parcela do povo, escolhido para atuar em seu benefício e que tem como fonte os recursos do próprio povo. (UNICEF).

Para alcançar o estágio em que se encontra atualmente o orçamento público, precisou de muito derramamento de sangue muita disputa política nos parlamentos. Embora cada país tenha sua própria história, a evolução do orçamento tem uma história própria, que vem evoluindo com as mudanças ocorridas nas principais nações ocidentais ao longo da história moderna. (UNICEF, 2006).

A lei do orçamento com seus anexos é a expressão mais clara que se pode denominar de sistema orçamentário. Ao contrario do que acontecia no passado, hoje o orçamento deve ser visto como parte de um sistema maior, integrado por planos e programas de onde saem as definições e os elementos que vão possibilitar a própria elaboração orçamentária. (GIACOMONI, 2009).

4. A evidenciação do acompanhamento e avaliação da execução orçamentária pela gestão contábil

A partir da lei nº. 4320/1964 e com o advento da lei complementar nº. 101/2000, o orçamento ganhou mais status com a implementação do orçamento integrado aos sistemas de Contabilidade Pública. O orçamento público é um ato administrativo através do qual o poder legislativo autoriza o poder executivo a executar determinadas despesas públicas, destinadas a cobrir o custeio do estado ou a seguir a política econômica do país. (WIKIPEDIA, 2009).

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De acordo com a Lei nº 4.320/64, os projetos e atividades devem ser classificados de acordo com a função, o programa e o subprograma em que se enquadram. Com essa classificação, é possível obter um panorama global da distribuição dos recursos orçamentários conforme os setores sociais. (NIIMI, 1999).

Também segundo a Lei nº 4.320/64 a Lei Orçamentária deve apresentar classificação dos gastos de acordo com o elemento de despesa, que estabelece a destinação dos recursos. Nesse caso, cada projeto deve estar acompanhado do tipo de gasto e do valor correspondente necessário à sua viabilização. (NIIMI, 1998).

5. Os processos básicos para elaboração orçamentári a

O orçamento é elaborado pelos três poderes da república e consolidado pelo poder executivo. Ele precisa ser equilibrado. Ou seja, não pode fixar despesas em valores superiores aos recursos disponíveis. Essa limitação obriga o governo a definir prioridades na aplicação dos recursos estimados. As metas para elaboração orçamentária são definidas pelo plano plurianual (PPA), e priorizadas pela Lei nº. de diretrizes orçamentária (LDO) (MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2002).

O orçamento público precisa ser elaborado pelo governo e encaminhado ao congresso, para ser discutido e votado até o dia 31 de agosto do primeiro ano do mandato de cada presidente, como determina a constituição.

Depois de aprovado o plano plurianual é válido para os quatro anos seguintes. O plano plurianual estabelece as

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diretrizes, objetivos e metas de capital e outras despesas de capital e para as relativas aos programas de duração continuada, da administração pública federal.

A finalidade do plano plurianual em termos orçamentários é a de estabelecer objetivos e metas que comprometam o poder executivo e o poder legislativo a dar continuidade aos programas na distribuição dos recursos. (Execução orçamentária financeira e contábil, MINISTÉRIO DA FAZENDA, 2002).

A credibilidade do orçamento depende do critério com que se elabora a estimativa de receita para o ano seguinte. Esse processo é relativamente complicado, porque envolve variáveis como desempenho da economia, que possibilita mudanças na legislação tributária e a atuação direta do poder público tanto na fiscalização como na negociação de recursos, que estão sujeitos a diversos tipos de influência.

De acordo com Niimi (1998) a

(...) alta de critérios mais rigorosos pode levar a se montar um orçamento excessivamente otimista ou com moedas podres isto é recursos possíveis, mas que certamente não se confirmarão em virtude de dificuldade políticas ou administrativas para sua obtenção. Nesse caso, há grande chance de, no momento de execução orçamentária ocorrer déficit, pois a autorização para o gasto se mantém, apesar de, na pratica, não corresponder a uma receita realista.

6. A contribuição da Contabilidade na execução do p rojeto de Lei Orçamentária

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O orçamento público percorre diversas etapas, que se iniciam com a apresentação de uma proposta que se transforma em projeto de lei a ser apreciado, emendado aprovado, sancionado e publicado, passando pela sua execução, quando se observa a arrecadação da receita e a realização da despesa dentro do ano civil, até o acompanhamento e avaliação da execução caracterizada pelo exercício dos controles interno e externo. (JUND, 2007).

Nesse contexto, é possível agrupar as etapas que compõem o ciclo orçamentário da seguinte forma:

• elaboração do projeto de lei orçamentária;

• apreciação, estudo e proposição de emendas;

• votação, sanção e publicação da lei orçamentária;

• execução da lei orçamentária; e acompanhamento e avaliação da lei orçamentária.

Assim, torna-se necessário o estabelecimento de uma programação para utilização das dotações autorizadas na lei, visando ao acompanhamento das receitas que estão sendo arrecadadas com o intuito de que seja mantido o equilíbrio orçamentário, evitando-se a ocorrência de déficit na execução. (FEIJO, 2007).

Para que o orçamento seja a expressão fiel de um governo, como também um elemento para a solução dos problemas na instituição pública ou na comunidade, ele vai contribuir eficazmente na ação que busca o desenvolvimento econômico e social. Isso para que seja um instrumento de

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administração do governo que reflete nas aspirações da sociedade. Isso na medida em que dá condições imperantes; disponibilizando recursos indispensáveis para determinados princípios.

Portanto, faz-se necessário que cada orçamento se ajuste ao princípio da unidade em seu conteúdo, metodologia e expressão, e com isto contribuirá para evitar a duplicação de funções ou superposição de entidade na realização de atividades correlatas, colaborando de maneira valiosa para racionalização na utilização dos recursos. (KOHAMA, 1996).

7. A contribuição dos mecanismos de Contabilidade n a melhoria dos resultados alcançados pelo Orçamento Público

A Contabilidade Pública representa o principal instrumento de controle dos atos e fatos dos recursos públicos, onde estuda, registra, controla e demonstra: o orçamento aprovado e acompanhado da sua execução, os atos administrativos da fazenda pública, o patrimônio público e suas variações.

A Contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões, pois por meio da coleta de dados econômicos mensurados, registrados e sumarizados em forma de relatórios ou de comunicados, contribui para a tomada de decisões.

De acordo com Marion (2004) o

objetivo da Contabilidade pode ser estabelecido como sendo o de fornecer informação estruturada de natureza econômica, financeira e,

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subsidiariamente física de produtividade social aos usuários internos e externos à entidade objeto da Contabilidade.

A Contabilidade Pública é o ramo da ciência contábil que aplica na administração pública as técnicas de registro dos atos e fatos administrativos, apurando os resultados e elaborando os relatórios periódicos, considerando as normas de direitos financeiros (Lei nº. 4320/64), os princípios gerais de finanças públicas e os princípios de Contabilidade. (MOTA, 2006).

Pode-se definir a Contabilidade Pública como sendo o ramo da Contabilidade que coleta, registra e controla os atos e fatos da administração pública, mostra o valor do patrimônio público e suas variações, bem como acompanha, controla e demonstra a execução do orçamento. (PIRES, (2005).

Entende-se, nos tempos atuais, a Contabilidade como uma técnica capaz de produzir, com oportunidade e fidedignidade, relatórios que sirvam à administração no processo de tomada de decisões e de controle de seus atos, demonstrando, por fim os efeitos produzidos por esses atos de gestão no patrimônio da entidade. (KOHAMA, 2000).

A Contabilidade Pública possui normas e características próprias de contabilização que regem apresentando certas peculiaridades que a diferencia da Contabilidade empresarial, começando pela sua legislação.

A Contabilidade Pública é conceituada por Mota (2006) como ”o ramo da ciência contábil que aplica na administração as técnicas de registros dos atos e fatos administrativos apurando os resultados e elaborando os relatórios”.

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O objetivo maior da Contabilidade Pública é produzir as informações exigidas por lei para auxiliar os gestores dos recursos públicos e também com a preocupação de como foram gastos os recursos públicos sempre com a visão voltada para a obtenção de resultados, isto quer dizer que a Contabilidade Pública deve abastecer de informações todo o processo de planejamento e orçamento e, em especial, as etapas que compõem o ciclo orçamentário como sejam: a elaboração, o estudo e a aprovação, a execução e a avaliação dos resultados, assim como o controle e o processo de divulgação da gestão realizada.

Conforme as orientações de execução orçamentária e financeira do Ministério da Fazenda (2005) o

(...) regulamento de Contabilidade Pública, em seu art. nº. 227, estabelece que os estágios da despesa sejam: empenho, liquidação e pagamento. Isso é válido quando estamos nos referindo aos estágios da execução da despesa orçamentária. Mas considerando que a despesa também deve ser prevista, isto é fixada, então podemos ainda incluir naquele rol o estágio da fixação. Nesse estágio, ocorre a dotação de despesas, que é o momento em que se estabelece o limite de gastos a serem efetuados pelos órgãos e entidades públicos, materializado na elaboração e aprovação da lei orçamentária.

A Contabilidade Pública é reconhecida cada vez mais no sentido absoluto da palavra, como um instrumento a serviço da administração e, como tal, deverá ser desenvolvida para satisfazer não somente os requisitos da contabilização, mas proporcionar os vários tipos de dados financeiros de grande importância para a planificação, análise e seleção de programas,

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elaboração de orçamento, administração eficaz nos diversos níveis de governo e controle de custos e atividades em relação aos planos aprovados. KOHAMA (1996).

De acordo com Lyra (1980),

a fiel companheira dos negócios registra o patrimônio social; ausculta-lhe o movimento; descreve-lhe o giro; grava-lhe a transformação e evidencia-lhe os resultados: previne riscos: acautela prejuízos: revela confidências, pune o ilícito: exalta a lisura: denuncia a ganância: aconselha no presente e orienta para o futuro.

A Contabilidade Governamental está intimamente ligada com o regime democrático adotado nos Estados Modernos, pois quando o poder se exerce em nome do povo, todos os aspectos da Contabilidade encontram ambiente propício para suas elaborações teóricas e para suas aplicações práticas. Assim todo avanço da autocracia e do despotismo implica um retrocesso da Contabilidade como integrante do sistema de informação do governo.

A Contabilidade é um dos meios fundamentais de controle e deve ser o canal para a introdução da sistemática do controle, pois sem ela as mudanças estão condenadas ao fracasso, principalmente os dirigentes não acreditam nas novas técnicas ou não as compreendem. A ideia advém de que a Contabilidade Pública através de informação necessária pode contribuir em ordenar, programar e controlar. (SILVA, 1988).

8. Comparação entre a Contabilidade Pública e Contabilidade Empresarial

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A Contabilidade Pública possui normas e características próprias que a regem, apresentando certas peculiaridades que a diferenciam da Contabilidade empresarial, começando pela sua legislação.

Na opinião de Castro; Garcia (2004), os registros dos atos administrativos são peculiares da Contabilidade Pública

[...] atribuição peculiar da Contabilidade Pública de verificação da autorização dos atos administradores, que são limitados pelo autorizado em lei. Essa situação é essencialmente diferente da empresa privada, onde esse tipo de preocupação praticamente não existe e as ações estão limitadas pelo que é proibido e não que é autorizado.

A grande diferença na Contabilidade Pública para a Empresarial é o registro de todos os atos praticados pelo administrador, que poderão afetar qualitativa e quantitativamente o patrimônio, haja vista que na Contabilidade empresarial não se registra o controle do orçamento e nem contabiliza atos administrativos, pois geralmente são feitos através de notas explicativas.

Também se pode relatar outra diferença em relação aos resultados que cada uma procura obter: A Contabilidade Pública por meio de apuração dos seus balanços orçamentários tem como resultado, quando for positivo, denominado de superávit (quando a receita arrecadada for maior que a despesa), enquanto na Contabilidade empresarial o resultado obtido pode-se chamar de lucro (resultado que representa acréscimo ao patrimônio) ou prejuízo (resultado que representa o decréscimo patrimonial).(PIRES, 2002).

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A Contabilidade aplicada à administração pública, seja na área Federal, estadual, municipal, seja no Distrito Federal tem como carro chefe a Lei nº. 4.320 de 17 de março de 1964, que estatui normas gerais de direitos financeiros para a elaboração e o controle dos orçamentos e balanços da união, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. (PIRES, 2002).

A Contabilidade registra a previsão da receita e a fixação da despesa estabelecida no orçamento público aprovado para o exercício, escritura a execução orçamentária da receita e da despesa, faz a comparação entre a previsão e a realização das receitas e despesas, controla as operações de créditos, a dívida ativa, os valores, os créditos e obrigações, revela as variações patrimoniais e mostra o valor do patrimônio. Seguindo os dispositivos da lei nº. 4320/64 podemos definir a Contabilidade Pública e suas variações, bem como acompanha e demonstra a execução do orçamento. (PIRES, 2002).

Diante de vários conceitos para a Contabilidade Pública, conclui-se que ela é uma ferramenta muito importante dos registros e controles dos atos e fatos do patrimônio público.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com dificuldades de gerar as informações financeiras, contábeis e orçamentárias, com rapidez e segurança, a Contabilidade Pública necessitava de uma reformulação para modificar a imagem que havia sido deteriorada nos últimos anos.

Os anos de 1985 e 1986 foram marcados pelo início da redemocratização. Nas finanças era preciso resolver uma série de problemas, mas o principal, o mais viável e urgente, era a da

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falta de informações confiáveis. O governo não tinha noção dos gastos da Administração Pública, pois o seu “caixa” era controlado por meio de contas bancárias no Banco do Brasil. Era necessário urgentemente corrigir a falta de informações sobre as finanças do País.

Um dos motivos que levava à falta de informações ou inconsistência dos dados financeiros era a inflação extremamente elevada, o que fazia com que a moeda deixasse de ser uma referência. A Contabilidade Pública e o orçamento utilizavam a moeda como base e com isso perdiam a capacidade de informação.

Além do regime inflacionário em que o país se encontrava, outro ponto que impedia a Contabilidade de ser uma referência para a informação na área pública era o fato de o governo utilizar outra base de dados para gerar suas informações. O Banco do Brasil informava a utilização dos recursos diários e o Banco Central fazia a cobertura da diferença para financiamento das ações do governo e manutenção da máquina administrativa. Resumindo, o governo utilizava o sistema bancário que era utilizado como forma de controle e documento de prestação de contas.

Também, contribuía para a inconsistência das informações, o fato de certos pagamentos não serem considerados como despesas de orçamento como, por exemplo, os convênios, empréstimos ao setor agrícola, etc., dessa forma deixava-se de registrar parte dos fatos dessas informações no sistema contábil. A falta dos registros feria o princípio orçamentário de que nenhuma despesa poderia existir sem constar do orçamento que, de acordo com a Lei nº. 4.320/64 deve ser único, anual e universal.

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Ainda existia a falta de envolvimento político, pois os congressistas não podiam fazer alterações no orçamento. O orçamento era enviado ao Congresso Nacional e ficava retido nas comissões que tinham interesse em discuti-lo e acabava sendo aprovado automaticamente por decurso de prazo.

Outro problema que o governo enfrentava era a estrutura governamental, pois diversos órgãos cuidavam das finanças que arrecadava, vários executavam e cada um com seus critérios e conceitos diferentes, tornando difícil a consolidação e padronização das informações.

A falta de consistência das informações era gerada, também, do ponto de vista operacional, pois muitas vezes o ato era praticado em um local e registrado em outro, por meio de envio de documentos que nem sempre chegavam e cada um, ainda tinha critérios diferentes, o que dificultava o fechamento dos relatórios consolidados.

Diante de toda essa problemática foram criados grupos de trabalho para preparar o Ministério da Fazenda para executar em orçamento unificado, já em 1987. Nesse processo de reorganização das contas públicas criou-se a Secretaria do Tesouro Nacional-STN, do Ministério da Fazenda, por meio do Decreto nº. 95.452/1986, com o objetivo de promover a modernização e a integração dos sistemas orçamentários e de Contabilidade dos órgãos e entidades públicas do Governo Federal.

A credibilidade das informações geradas nessa sistemática era deficiente por várias razões: primeiro podia haver uma Contabilidade analítica correta, outra errada, sistemas diferentes, técnicas diferentes, contas e conceitos diferentes.

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Fazer somatórios diferentes implicava fechar tudo dentro de um conceito padrão, o que era impossível. Diante desse quadro demonstrou-se que era necessário modificar a sistemática de registro da despesa.

Portanto, o sistema surgiu da necessidade da administrar e controlar os recursos públicos com informações confiáveis e em tempo hábil, com integração dos sistemas orçamentários, financeiros e contábeis do Governo Federal, tendo como benefício o controle do seu caixa, em conta única e ainda aumentando a transparência e auxiliando na tomada de decisões.

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CONTABILIDADE AMBIENTAL: uma ferramenta de gestão ambiental da indústria química de cosmético *

Antonieta de Souza Cruz§

RESUMO

Este artigo de revisão bibliográfica tem como objetivo mostrar a importância da Contabilidade na perspectiva da gestão ambiental aplicada à indústria química de cosmético. A Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas (ONU) define desenvolvimento sustentável como um fator importante na satisfação das necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras. A educação, como eixo de um desenvolvimento sustentável, é vista como uma tecnologia no sentido de minimizar custos e garantir a preservação do meio ambiente. Nesse contexto, analisou-se o tema Contabilidade Ambiental, dando especial atenção às perspectivas da gestão ambiental em função da produção de produtos na indústria de cosméticos. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de um estudo exploratório sobre os conceitos de Contabilidade ambiental, gestão ambiental exercida na indústria de cosmético, bem como os conceitos de desenvolvimento sustentável e da educação ambiental, e possibilitou a discussão teórica deste trabalho. A partir da análise da literatura, conclui-se que a Contabilidade pode

* Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis feito pela União Educacional de Brasília (UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010. §Graduada em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília (UNEB).

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contribuir na gestão ambiental da indústria de cosméticos, como também as ações da Legislação Ambiental são essenciais no amparo ao meio ambiente em função do uso de matérias-primas na produção de produtos de beleza.

Palavras-chave : Contabilidade, Contabilidade Ambiental, Gestão Ambiental, Indústria de Cosméticos, Educação Ambiental e Tecnologia.

INTRODUÇÃO

A Contabilidade surgiu e se desenvolveu no cenário social, institucional e econômico com o desenvolvimento embrionário das entidades comerciais e industriais, com uma duração usualmente limitada dos empreendimentos, apesar de alguns exemplos de empresas com longos anos de existência.Tendo o proprietário como figura central da ação empresarial, em vez da entidade e da gerência. Com relativa estabilidade de preços em mercados perfeitamente delimitados e, também de mudanças provocadas pelas ciências e tecnologias, qualidade e nas características operacionais dos produtos. (IUDÍCIBUS; MARTINS; GELBCKE, 2007).

Complementam Palhares e Castro (1990, p.17), a Contabilidade surgiu da necessidade do homem de controlar seu patrimônio, evoluindo lentamente até o surgimento da moeda. Os negociantes anotavam as obrigações, os direitos e os bens perante terceiros, porém tratava-se de um elenco de inventário físico, sem avaliação monetária. (IUDÍCIBUS, 1994, p. 30).

Com a evolução da industrialização vários problemas ambientais foram aparecendo, como: alta concentração populacional, devido à urbanização acelerada; consumo

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excessivo de recursos naturais, sendo que alguns não renováveis (petróleo e carvão mineral, por exemplo); contaminação do ar, do solo, das águas; desflorestamento, entre outros. (DIAS, 2006).

Portanto, as discussões sobre as questões ambientais têm em geral dois temas: as consequências negativas do crescimento e os fracassos na gestão do nosso ambiente. Como marco principal, tem-se a Reunião de Estocolmo em 1972 – a primeira grande Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente; o Relatório Brundtland, de 1987, resultado de uma comissão de estudos que cunhou as bases e o conceito de Desenvolvimento Sustentável; a “Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento” – CNUMAD (mais conhecida por “Rio-92” ou “Eco-92”, que propôs a Agenda 21) que buscou o consenso internacional para a operacionalização do conceito do Desenvolvimento Sustentável. (TAYRA, 2002).

Neste contexto a Contabilidade Ambiental pode estimular as empresas a medir não só os gastos, mas também os recursos para a produção de bens de consumo. Essa concepção surge com a crise do petróleo, em 1974, mas a alavancagem da conscientização surge quando o Clube de Roma divulgou um relatório chamado “Limites de Crescimento”, que mostrava uma preocupação com a natureza por parte da sociedade e das empresas. Maior (2001, p. 1). Atuante nas questões ambientais o enfoque de Tinoco e Kraemer (2006). Baseia-se na concepção de que “essa Contabilidade é mais ambiciosa que a Contabilidade tradicional, visto que busca as extremidades negativas, além de registrar, avaliar e divulgar todos os eventos ambientais”.

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1. O conceito de Contabilidade e Contabilidade Ambi ental

A Contabilidade é uma ciência que permite, através de suas técnicas, manter um controle permanentemente do patrimônio da empresa. Portanto, sua finalidade é fornecer informações sobre o patrimônio, informações essas de ordem econômica e financeira, que facilitarão as tomadas de decisões, tanto por parte dos administradores ou proprietários, quanto por parte daqueles que pretendem investir na empresa. (RIBEIRO, 1996, p. 14).

A Contabilidade para Gouveia (2001, p. 1) trata-se de um sistema muito bem idealizado que permite registrar as transações de uma entidade que possam ser expressas em termos monetários e informar os reflexos dessas transações na situação econômico-financeira dessa entidade em uma determinada data.

No tocante à concepção de Sá (1999, p. 41), a Contabilidade deve ser uma ciência que estuda os fenômenos patrimoniais, preocupando-se com realidades, evidências e comportamentos destes, em relação à eficácia funcional das células sociais, permitindo, por meio de suas técnicas, manter um controle permanente do patrimônio da empresa.

Hoje, a Contabilidade é considerada um sistema de informações que tem como objetivo auxiliar o gerenciamento das entidades para que estas possam garantir sua continuidade. Para Marion e Iudícibus (2000, p. 53), “O objetivo da Contabilidade pode ser estabelecido como sendo o de fornecer informação estruturada de natureza econômica, financeira e, subsidiariamente, física, de produtividade e social, aos usuários internos e externos à entidade objeto da Contabilidade”.

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Devido à necessidade de se registrar e mensurar economicamente as variáveis ambientais, Kraemer (2002, p. 72), define a Contabilidade como um sistema de informação da evolução patrimonial, econômica e financeira da empresa, deve incluir, em seus relatórios, todos os danos relacionados ao meio ambiente, facilitando o acesso a mais esta informação ao seu grande número de usuários, auxiliando-os no processo de tomada de decisão.

Nesta perspectiva a Contabilidade Ambiental estuda o patrimônio ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais) das entidades. Onde seu objetivo se estabelece em fornecer informações sobre os eventos ambientais que modificam a situação patrimonial, e também realizar sua identificação, mensuração e evidenciação**.

2. A definição de Gestão Ambiental

Em sua contextualização Braga (2007, p. 14) sinaliza que praticar a gestão ambiental significa incorporar à Gestão estratégica da organização princípios e valores que visem ao alcance de um modelo de negócio focado no Desenvolvimento Sustentável.

Já Seiffert (2009, p. 54) aborda a Gestão Ambiental de uma forma holística. Para ele é uma área que “envolve diretamente as questões estratégicas das organizações, abrangendo itens que, apesar de demandarem uma carga

** PAIVA, P.R. Contabilidade Ambiental: evidenciação dos gastos com transparência e

focada na preservação. São Paulo, Atlas, 2003.

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conceitual significativa, são efetivamente materializados através de posturas e ações altamente objetivas”.

Já para Donaire (2007, p. 14) “a Gestão Ambiental significa incorporar a temática Ambiental ao planejamento estratégico e operacional da entidade”.

3. O conceito de Desenvolvimento Sustentável

Em 1987, quando o Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, denominado Relatório Brundland††, propagou a expressão desenvolvimento ecologicamente sustentado definiu o desenvolvimento sustentável como

o desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, significa possibilitar que as pessoas, agora e no futuro, atinjam um nível satisfatório de desenvolvimento social e econômico e de realização humana e cultural, fazendo, ao mesmo tempo, um uso razoável dos recursos da terra e preservando as espécies e os habitats naturais.‡‡

††

Em 1987, a Comissão Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas, na Noruega, elaborou um documento denominado “Nosso Futuro Comum” conhecido como Relatório Brundtland, onde os governos signatários se comprometiam a promover o desenvolvimento econômico e social em conformidade com a preservação ambiental. (Nosso Futuro Comum, 1991). ‡‡

Relatório Brundtland. Usa pela 1ª vez, em 1987, a definição de Desenvolvimento Sustentável.

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Assim, a expressão desenvolvimento sustentável designa uma forma de desenvolvimento capaz de responder às necessidades do presente sem prejuízo das gerações futuras. Nesse sentido, o Desenvolvimento Sustentável tem como objetivo a melhoria das condições de vida dos indivíduos, mas preservando, simultaneamente, o meio envolvente a curto, médio e, sobretudo longo prazo. Tal pode ser conseguido através de um modelo de desenvolvimento economicamente eficaz, socialmente equitativo e ecologicamente sustentável. (NUNES, 1998).

Descreve Donaire (1999, p. 40) que o conceito de desenvolvimento sustentável tem três vertentes principais: crescimento econômico, equidade social e equilíbrio ecológico e mais, induz a responsabilidade comum como processo de mudança no qual a exploração de recursos materiais, os investimentos financeiros e as rotas do desenvolvimento tecnológico deverão adquirir sentido harmonioso, no qual o desenvolvimento tecnológico deverá ser orientado para metas de equilíbrio com a natureza e de aumento da capacidade de inovação dos países em desenvolvimento e maior benefício social equitativo e equilíbrio ecológico.

4. A definição de Educação Ambiental

Após 1940 a expressão “estudos ambientais” começava a ser difundida na Grã-Bretanha, e em seguida nos Estados Unidos mediante artigos sobre a ética da terra de Aldo Leopold§§, até 1950 praticamente não havia nenhuma

§§

Aldo Leopold nasceu em Burlington, Iowa/USA, em 11 de janeiro de 1887. Formou-se em Engenharia Florestal, pela Universidade de Yale, terminou seu mestrado em

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preocupação com os efeitos ambientais provenientes da industrialização. Depois de alguns incidentes catastróficos é que começaram os debates ambientalistas acerca do meio ambiente, segundo Dias (2004, p. 15).

Ocorre que na Conferência Rio-92, em relação à Educação Ambiental, destacam-se dois documentos produzidos. O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis que trata do "o compromisso da sociedade civil para a construção de um modelo mais humano e harmônico de desenvolvimento, onde se reconhecem os diretos humanos da terceira geração, a perspectiva de gênero, o direito e a importância das diferenças e o direito à vida, baseados em uma ética biocêntrica e do amor". Na Agenda 21, se estabeleceu uma proposta de ação para os próximos anos, procurando assegurar "o acesso universal ao ensino básico, conforme recomendações da Conferência de Educação Ambiental (Tbilisi, 1977) e da Conferência Mundial sobre Ensino para Todos: Satisfação das Necessidades Básicas de Aprendizagem (JOMTIEN, 1990)"***.

A Educação Ambiental, de acordo com o Congresso de Belgrado (1975), nada mais é que um processo que objetiva formar uma população mundial consciente e preocupada com o ambiente e com os problemas que lhe dizem respeito, uma população que tenha os conhecimentos, as competências, o estado de espírito, as motivações e o sentido de participação e

1909, trabalhou no Serviço Florestal dos EEUU. Publicou mais de 350 artigos, a sua obra mais conhecida foi o Sand County Almanac, onde lançou as bases para a Ética Ecológica. ***

NEIMAN, Zysman (Org.) et al. Texto tirado do livro Meio Ambiente: educação e ecoturismo. Tema “Um sonho e trabalho para construção de outro futuro” Barueri, São Paulo; Manole, 2002, p. 109

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engajamento que lhe permitam trabalhar individual e coletivamente para resolver os problemas atuais e impedir que se repitam (UNESCO, 1975).

5. A participação da indústria química e de cosméti co na Gestão Ambiental

Na concepção de Salomão et al (2008, p.5), a indústria tipicamente química no Brasil é aquela que trabalha com os segmentos: químico inorgânicos; resinas e elastômeros; fibras, fios, cabos e filamentos contínuos artificiais sintéticos; defensivos agrícolas; produtos de limpeza em geral; farmoquímicos e farmacêuticos; artigos de perfumaria e cosméticos; tintas, vernizes, esmaltes e afins; e produtos de preparação química diversos. Essa classificação de Indústria Química é brasileira, mas baseado nos critérios estabelecidos pela ONU. Logo, cosmético tem por definição os produtos de higiene pessoal, perfumes e cosméticos (HPPC). (Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 211, de 14 de julho de 2005)†††.

6. O papel da Contabilidade na gestão sustentável d a indústria química de cosméticos

Ao longo do tempo evidenciou-se na evolução das entidades uma preocupação centrada na eficácia e eficiência dos sistemas produtivos. Mais recentemente, essa visão mostrou evidente que a atuação das empresas torna-se mais complexa e o processo decisório sofre restrições cada vez mais severas. Um dos componentes mais importantes dessas

††† ANVISA na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 211, de 14 de julho de 2005

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mudanças foi o crescimento da consciência ecológica, na sociedade, nos governos e nas próprias empresas, salientam TINOCO e ROBLES (2006). ‡‡‡.

Com isto, o papel da Contabilidade foi enfatizado devido a necessidade humana de controlar suas riquezas, principalmente com a revolução industrial quando surgem novos métodos e técnicas científicas que deram suporte à produção de máquinas, processos e produtos. (HOSS et a, 2008, p.4). Para Paiva (2003, p. 47), coube à “Contabilidade, o papel de desagregar os gastos e despesas relativas ao meio ambiente, efetuando sua classificação e quantificação, com transparência e de acordo com sua ocorrência, essência e finalidade”.

A Contabilidade, no século XX, foi atingida por modificações de base. O consagrado objeto desta ciência, ou seja, a riqueza das células sociais passou, instintivamente, por uma ampliação negativa. Rompeu-se a barreira do ambiente interno das empresas e instituições e passou-se a buscar conexões com fatos de maior amplitude. Tal rompimento, todavia, exigiu mudanças de métodos científicos e de óticas de observação para que pudesse, inclusive, utilizar racionalmente os progressos e atender com maior adequação às novas necessidades das empresas e instituições. (SÁ, 2002, p. 48).

Efetivamente a sociedade passou a cobrar das empresas informações sobre a questão ambiental. Assim, a Contabilidade, além do registro de transações econômicas,

‡‡‡

TINOCO, João Eduardo Prudêncio e ROBLES, Léo Tadeu. A Contabilidade da gestão ambiental e sua dimensão para a transparência empresarial: estudo de caso de quatro empresas brasileiras com atuação global. Rev. Adm. Pública vol.40 nº 6 Rio de Janeiro Nov./Dec. 2006.<http://www.scielo.br/scielo.php/>

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passa a apresentar eventos ambientais, assumindo o papel de divulgação das ações de gestão ambiental, tendo em vista prevenir e corrigir danos, bem como salvaguardar os patrimônios empresarial e nacional. Essa imposição independe da entidade ser ou não ambientalmente íntegra§§§.

Em suma a Contabilidade Ambiental pode e vai oferecer, ainda, muitos mecanismos, técnicas e tecnologias no tratamento das relações econômicas e de riqueza ligada ao meio ambiente.****

7. Atuação da ISO na Gestão Ambiental da Indústria Química de cosmético

O surgimento das normas da série ISO 14.000†††† veio como uma proposta concreta para a Gestão Ambiental durante a ECO-92‡‡‡‡, como também, surgiram como uma resposta à perspectiva neoliberal de que as dinâmicas do mercado podem

§§§

LIMA, D. V.; Viegas, W. Tratamento contábil e evidenciação das externalidades ecológicas. Revista Contabilidade & Finanças, São Paulo: USP, n. 30, p. 46-53, set./dez. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php? Acesso em 21/4/2010. ****

KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. A Contabilidade como instrumento de gestão ambiental<http://<www.gestaoambiental.com.br/.../ACONTABILIDADECOMOINSTRU

MENTO.pdf> ††††

O ISO 14.000 é um conjunto de normas que definem parâmetros e diretrizes para a gestão ambiental para as empresas (privadas e públicas). Estas normas foram definidas pela International Organization for Standardization - ISO (Organização Internacional para Padronização). ‡‡‡‡

ECO-92 - Realizada de 3 a 14 de junho de 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento (também conhecida como Cúpula da Terra ou Eco-92) reuniu 108 chefes de Estado para buscar mecanismos que rompessem o abismo norte-sul preservando os recursos naturais da Terra.

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contribuir para aprimorar o processo de Gestão Ambiental, a partir da implantação de normas de natureza voluntária. (SEIFFERT, 2009, p. 192).

A atuação das normas da série ISO 14000 objetivou levarem ao surgimento de diferentes focos em sua aplicação, os quais se agregam a duas formas básicas: organização e produto e processo. Consequentemente,

essas normas são fundamentais para o processo de Gestão Ambiental organizacional, apresentando funções complementares e não excludentes. Por isso, as normas relacionadas à avaliação da organização apresentam uma aplicação mais abrangente que as focadas no produto e no processo mais abrangente que as focadas no produto e no processo produtivo. (SEIFFERT, 2009, p. 193).

Contextualizando, ainda a autora foca a importância das normas da série ISO 14.000, e particularmente da ISO 14.001, reside no fato de que estabelecem uma base comum para a Gestão Ambiental.

Em suma, as empresas com visão de futuro e que fazem da implementação do Desenvolvimento Sustentável um objetivo estratégico são as mais beneficiadas com as normas da Série 14.000. (BRAGA, 2007, p. 20).

8. Interação da Indústria Química e o meio ambiente

A interação das indústrias químicas com o meio ambiente está ligada diretamente à transformação da matéria-prima e à eliminação de resíduos provenientes do processo

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produtivo, cabendo assim a implantação de um sistema de Gestão Ambiental.§§§§

Do ponto de vista ambiental Tinoco e Kraemer (2004, p. 109) descrevem a definição da Gestão Ambiental como o sistema que inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental. É o que a empresa faz para minimizar ou eliminar os efeitos negativos provocados no ambiente por suas atividades.

8.1 Sistemas de Informações Contábeis e a Tecnologi a Ambiental

No que se refere a sistema pode ser definido como um complexo de elementos em interação. Assim, conforme Bio (1984, p. 180 apud PADPVEZE, 2007, p. 8) sistema é um conjunto de elementos interdependentes ou um todo organizado, ou ainda partes que interagem formando um todo unitário e complexo. Como uma resultante do enfoque sistêmico, o todo deve ser mais que a soma das partes*****.

Portanto, a Contabilidade, como sistema de informações, gera o registro de todas as transações ocorridas nas empresas, formando-se num grande “banco de dados”.

§§§§

Neiva, Edna e Marines. O registro contábil das ações ambientais nas Empresas do setor de curtimento do estado de São Paulo. <http://www.facef.br/novo/públicacoes/IIforum/Textos%20IC/Neiva,%20Edna%20e%20Marines.pdf> *****

PADOVEZE, Clóvis Luís. Sistemas de Informações Contábeis: fundamentos e análise, Atlas, p.8

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Dados que são úteis à administração, além de representarem um instrumento gerencial para o processo decisório. (MATARAZZO, 1998, p.18).

Verifica-se que a tecnologia da informação é todo o conjunto tecnológico à disposição das empresas para efetivar o subsistema de informação e suas operações, pois esse arsenal tecnológico está normalmente ligado à informática e à telecomunicação, bem como a todo o desenvolvimento científico do processo de transmissão espacial de dados. (PADOVEZE, 2007, p. 29).

9. Legislações: Ambiental e de Cosméticos

Em sua Resolução RDC nº. 332, de 01/12/2005, da ANVISA, “determina que as empresas fabricantes e/ou importadoras de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes instaladas no território nacional devem implementar um sistema de vigilância. Logo o Código de Defesa do Consumidor, Lei nº. 8.078/90, objetiva “atender às necessidades dos consumidores, respeitar a dignidade, saúde e segurança, proteger seus interesses econômicos, melhorar sua qualidade de vida, bem como manter a transparência e harmonia nas relações de consumo. (MANUAL DE COSMETOVIGILÂNCIA, 2008, p. 6).

Legislação é o conjunto de normas jurídicas que se destinam a disciplinar a atividade humana, para torná-la compatível com a proteção do meio ambiente, tem exercido papel fundamental para estimular a prática de procedimentos operacionais, social e ambientalmente corretos. (RIBEIRO, 2005, p. 26).

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No que diz respeito à Legislação Ambiental brasileira acha-se contemplada nos níveis federal, estadual e municipal, para atingir seus objetivos de preservação determinar a criação de direitos e deveres para o cidadão; a institucionalização de instrumentos de conservação do meio ambiente; a criação de normas de uso dos diversos ecossistemas para disciplinar as atividades relacionadas à ecologia; e a criação de diversos tipos de unidades de conservação†††††.

Consequentemente, a existência de uma legislação que atua no combate às agressões ao meio ambiente, no qual se observa é que estas são incalculáveis, pois a materialização destes fatos parte dos conceitos científicos às ações de preservação legal. (BRAGA, 2007, p. 7).

10. Comprometimento da Indústria Química no Desenvolvimento Sustentável

A crescente importância da atividade industrial, verificada a partir da Revolução Industrial está associada ao aumento do contingente populacional, gerou uma demanda crescente sobre a produção de bens e serviços e um dos acentuados impactos ambientais. (SEIFFERT, 2009, p.146)

Medir o desempenho econômico, ambiental e social de uma empresa é um desafio para quem tem a incumbência de fazê-lo. Trata-se de um processo em andamento, expressa-se Almeida (2002, p.151). Várias empresas, instituições acadêmicas e organizações não governamentais (ONG) de todo o mundo estão refletindo e pesquisando o tema à procura da

††††† Braga, 2007, p.7

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elaboração de uma matriz global para a avaliação da responsabilidade social corporativa.

A perspectiva ambientalmente sustentável da indústria química foca o desempenho na produção de serviço e produto motivado pelo desenvolvimento sustentável sob as três pilastras da responsabilidade social e ambiental: capital social, emprego e renda para gerar cidadania mediante cadeia produtiva agregativa e includente que permita o crescimento econômico local; contando com o retorno econômico: que beneficie todos os stakeholders, principalmente investimento em ciência e tecnologia que permita produzir mais com menor quantidade de matéria-prima e que reduza o volume de resíduos e mais, respeito ao meio ambiente: gestão ambiental na entidade para impedir impactos negativos para a sociedade e o meio ambiente como cita Braga (2007, p.4).

10.1 A Educação Ambiental: a base para o Desenvolvi mento Sustentável

A evolução do conhecimento humano proporcionou um amplo desenvolvimento das ciências e da tecnologia, ocorrendo com isto mudanças nos valores e modo de vida da sociedade, que, com o surgimento do processo industrial e o crescimento das necessidades, fez com que houvesse a utilização sem nenhum controle ou planejamento dos recursos naturais e também a produção de resíduos. Assim, todas essas ocorrências geraram uma profunda mudança na cultura, afetando principalmente a percepção do ambiente pelo homem, que passou a vê-lo como um objeto de uso para atender suas vontades, sem se preocupar em estabelecer limites e critérios apropriados (site do Programa de Gestão Ambiental).

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A Educação no planeta sustentável deve primar pela formação integral do ser humano, ou seja, contemplar seus aspectos culturais, éticos, morais, sociais, profissionais e espirituais, “intermediados pelo mundo” (PAULO FREIRE).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Contabilidade e a Gestão Ambiental em suas perspectivas reconhecem os elementos fundamentais para o enquadramento das questões ambientais nas indústrias químicas de cosméticos. Essa nova dimensão da Contabilidade se dá, tanto em função de exigências externas (legais e de mercado) quanto internas, pela adoção de políticas explícitas do enfrentamento da questão ambiental no prisma da sustentabilidade.

Desta feita, a Contabilidade Ambiental, para o qual tem o objetivo de preservar o meio ambiente tem a Educação Ambiental como aliada. Isso no intuido de se conservar o meio ambiente. Nesta convergência a pesquisa mostra que a indústria química de cosméticos se enquadra nas perspectivas constantes na Gestão Ambiental e na exploração de novos procedimentos e indicadores que, a partir dos seus registros contábeis, contribuam para a tomada de decisão.

Os conhecimentos sobre o risco ambiental decorrente da degradação do meio ambiente vêm sendo demandados pela sociedade, organização pública. Nessas atuações e ações geradas por aplicações indevidas ao meio ambiente por indústrias e pela própria sociedade causam prejuízos, e, assim produzindo uma Contabilidade com um resultado imensurável.

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A Gestão Ambiental aliada a um Sistema de Informações Contábeis sinergicamente unidos à tecnologia ambiental tende a mensurar um resultado positivo para se contabilizar e, assim, provocar alterações nos procedimentos do uso da matéria-prima natural nas indústrias de cosméticos. Portanto, o desenvolvimento sustentável atrelado à educação ambiental fortalecido pela Legislação Ambiental, que coibira ações predatórias do meio ambiente, tanto por parte das indústrias como por parte da própria sociedade.

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A INFLUÊNCIA DO ACOMPANHANTE NA RECUPERAÇÃO DO PACIENTE INTERNADO *

Luzimary de Menezes‡‡‡‡‡

RESUMO

Este artigo tem o objetivo mostrar como a presença do acompanhante auxilia na recuperação do paciente internado. Foi verificado que o acompanhante auxilia a recuperar e identificar os conflitos nas relações entre a equipe de enfermagem e paciente, com ênfase na humanização hospitalar, que deveria existir em prol da recuperação da saúde do paciente e a sua metodologia é uma pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa e descritiva, elaborada por meio de coleta de informações e dados secundários publicados em artigos de revisão, artigos de pesquisa, relatórios de pesquisa (dissertações e teses) e documentos extraídos de revistas científicas, jornais, web-sites da internet, livros e outros. Ele foi realizado em três etapas do Método Educar pela Pesquisa (MEP): a primeira consistiu no estudo exploratório sobre os conceitos de paciente, acompanhante, cuidador leigo e enfermagem. Na segunda etapa foi desenvolvida a redação das partes constitutivas do artigo, onde constam os elementos estruturais que fundamentam o estudo proposto. A terceira e última etapa na apresentação escrita. As instituições

* Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração Hospitalar feito pela União Educacional de Brasília (UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010. ‡‡‡‡‡

Bacharel em Ciências Contábeis pela União Educacional de Brasília – UNEB.

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hospitalares, em geral, preocupam-se apenas em impor normas, tantas vezes sem fundamento legal ou humano, onde deveriam estar pautados e centrados, tendo como seu maior instrumento de trabalho, o paciente. A insegurança, que é gerada no paciente e acompanhante, devido à internação ou aos procedimentos de enfermagem deve ser eliminada, para que toda a equipe médica e de enfermagem desenvolva um trabalho profissional, ético e humanizado. Para tanto, se faz necessária a atenção do gestor hospitalar, a fim de dirimir conflitos existentes entre estes, tornando a instituição um modelo de humanização no atendimento aos serviços de saúde.

Palavras-chave : Paciente, Enfermagem, Acompanhante, Humanização.

INTRODUÇÃO

A atuação da enfermagem precisa ser ampla. Primeiro, deve observar o paciente sob vários aspectos, e isso inclui o acompanhante, o familiar, o cuidador leigo e todos que de alguma forma estão envolvidos no processo de recuperação desse paciente. Para uma melhor compreensão, o termo acompanhante para Scottini (1999, p. 32) é definido como “aquele que acompanha que vai junto”.

De acordo com Ferreira et al. (1986), acompanhante é a “pessoa que acompanha, acompanhador, pessoa que faz companhia ou dá assistência a indivíduo doente, idoso, inválido, etc”.

A educação continuada proporciona à enfermagem recursos mais do que suficientes para que as suas funções sejam exercidas e que se possam ter alternativas de tratamento

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desse paciente. Enfermagem para Scottini (1999, p.179) são os “cuidados com enfermos, trabalho com doentes”.

Segundo Nigthingale (1991), enfermagem é a

[..] atividade de cuidar e também uma ciência cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano, individualmente, na família ou em comunidade de modo integral e holístico, desenvolvendo de forma autônoma ou em equipe atividades de promoção e proteção da saúde e prevenção e recuperação de doenças.

A recuperação do paciente no seu período de internação pode ser amenizada para todos os envolvidos, fazendo com que sua recuperação possa tornar-se menos complexa. O paciente não é um número de prontuário, um número de quarto ou leito. Conforme Scottini (1999, p. 331), paciente é a “pessoa que recebe atendimento médico”.

Para Playle et al. (1988, p. 151), paciente é “uma pessoa dotada de inteligência, de motivação, de desejos e que também tem necessidades”. Mesmo que o paciente venha a óbito, os familiares, o acompanhante ou o cuidador leigo irão lembrar-se dessa instituição de saúde de maneira saudável, ou seja, sem ódio, rancor ou desprezo.

Conforme Watanabe (2005, p. 29), o cuidador leigo é “a pessoa que presta o cuidado ao doente – tanto no âmbito institucional quanto no familiar –, atuando sem remuneração e/ou formação profissional especializada”.

Se as atitudes do administrador hospitalar, chefe de setor, enfermagem, nutricionista e médico forem humanizadas e

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participantes do processo de dor desses pacientes os seus familiares poderão reconhecer o valor da instituição e lhes dar um retorno positivo no auxílio da recuperação do paciente internado. O cuidador leigo, o familiar ou o acompanhante são fundamentais no processo de recuperação do paciente internado, mesmo a internação na emergência. Esse grande colaborador e não reconhecido como tal, é normalmente alguém da família e que não possui familiaridade com os processos de cuidados feitos pela enfermagem, torna-se um alvo fácil, que está sujeito ao sistema único de saúde e sua estrutura arcaica e um sistema debilitado. O acompanhante do paciente internado tem desgaste emocional, físico e psíquico, que são advindos do cuidar. Ao enfermeiro e demais envolvidos da instituição cabe a tarefa de identificar os futuros conflitos e resolver os que surgem. (BACKES et al, 2006; LEPARGNEUR, 1987). “Luta consciente e pessoal, entre indivíduos ou grupos, em que cada um dos contendores almeja uma condição que exclui a desejada pelo adversário” é a definição de conflito dada por Osborne (2009).

Segundo Carvalho (2009, p. 1), o conflito “é a noção central da teoria das neuroses, e suas modalidades clínicas são relativamente fáceis de serem descritas”.

Não é mais cabível o profissional com postura autoritária ou que se restringe às tarefas por trás da mesa da enfermagem. O trabalho do administrador hospitalar é andar pelo hospital e observar absolutamente tudo, colher dados, chamar os envolvidos e buscar soluções. O acompanhante passa vários dias no hospital, um lugar normalmente frio sob os dois aspectos e encontra uma estrutura de acomodação muito aquém do que necessita para acompanhar seu ente. Além de se deparar com uma situação delicada, sentimentos de impotência em relação

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ao prognóstico do paciente e preocupação, ainda terá que lidar com uma alimentação insuficiente ou inadequada para o acompanhante e acomodações inexistentes e sem ergonomia alguma. (HEINCKEMAIER et al, 2002). (SHIOTSU et al. 2004).

Como o acompanhante pode auxiliar na recuperação do paciente internado? O acompanhante encontra diversos obstáculos principalmente junto a enfermagem, que deveria se basear no conceito de humanização, para que essa ajuda ao paciente se efetivasse; e isso infelizmente ocorre na maioria das instituições hospitalares. Conforme Henchkemaier et al, (2002) “o profissional de saúde, por vezes, se esquece que o acompanhante de paciente tem direitos e necessita, além de informações, do apoio para suas dificuldades”.

De acordo com Oliveira (2005) e Gastaldo (1997), a experiência profissional nos mostra que o cuidador é fonte fundamental no tratamento e diagnóstico da doença do seu ente; necessita de condições mais humanas de tratamento e orientação nos cuidados feitos por este.

Reafirma-se que a educação em saúde ao cuidador leigo seria uma das estratégias oportunas para que se possa alcançar o paradigma holístico de atenção à saúde das pessoas. (SOUZA et al., 2005). A enfermagem precisa buscar na essência, na sua origem, o sentido para fazer o melhor possível, tornando o seu ambiente de trabalho saudável, humanizado e próspero tanto para o paciente, acompanhante, quanto para a própria enfermagem, que deveria se relacionar entre eles de forma mais humana e respeitosa.

Para Backes et al (2006) o

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(...) profissional da saúde, ao refletir sobre as condições e relações de trabalho e o seu modo de agir, pode inserir-se na realidade, de uma maneira mais crítica e consciente. Problematizar e concretizar a humanização do ambiente, mais especificamente a partir do trabalhador, implica uma reflexão crítica e dialógica acerca dos princípios e valores que norteiam a prática dos profissionais, de modo a assumirem sua condição de sujeitos e agentes de transformação. Para obter resultados de qualidade e relações humanas favoráveis entre os trabalhadores, é preciso que haja qualidade nas condições e no ambiente de trabalho, respeito ao ser humano, atendimento às necessidades humanas básicas, atenção às opiniões, honestidade e clareza na definição de papéis. Sendo valorizado como pessoa, o profissional reconhecerá a importância do seu desempenho não apenas para a instituição, mas também para o seu próprio crescimento e sua autorealização.

Ainda conforme Backes et al (2006 apud CHIAVENATO, 1992) o

(...) hospital, por se tratar de um local onde os funcionários permanecem e dedicam a cada dia grande parte do seu tempo, passa a ser considerado por muitos, como a sua segunda casa/família. Logo, quanto mais aconchegantes e acolhedores os múltiplos ambientes coletivos se constituírem, tanto mais próximas poderão ser as relações afetivas e humanas.

A qualidade no atendimento do paciente sofre influência também pela forma como a estrutura hospitalar é montada e gerida, fazendo com que o profissional de saúde não ofereça seu melhor desempenho na assistência à saúde.

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Backes et al (2006) enfatiza que a

instituição hospitalar se constitui em um ambiente onde o ser humano trabalhador libera suas potencialidades e compartilha uma meta coletiva. Nesta, as pessoas dão algo de si mesmas e esperam algo em troca. A maneira pela qual esse espaço é moldado e estruturado influencia significativamente a qualidade de vida e a satisfação dos trabalhadores. Influencia o próprio comportamento e os objetivos pessoais de cada profissional e esse modo de ser do profissional pode afetar diretamente o modo de prestar assistência ao paciente.

1. A humanização entre acompanhante e enfermagem: u ma questão de normas?

As decisões tomadas pela equipe de enfermagem precisam ser compartilhadas com o paciente, que tem todo direito de ser esclarecido sobre os procedimentos executados nele, sendo respeitado como cidadão e ser humano – isso vai além de qualquer norma institucional. Muitas vezes as normas escritas são apenas palavras vazias, que acabam no fundo de alguma gaveta do posto de enfermagem. O exercício dos direitos do paciente é imprescindível e inadiável. (RIOS, 1993; HENCKMAIER, 1999; TARABOLSI, 2004; BRASIL, 1988).

Para Rios (1993) os “problemas éticos na saúde e nas ciências biológicas vêm se acentuando e demonstrando que não mais estão restritos aos grupos de profissionais especializados, mas como uma problemática que atinge toda a humanidade”.

Conforme o Conselho Regional de Enfermagem do R. G. do Sul (1996) a “assistência prestada necessita ser humanizada,

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respeitosa, justa, favorecendo a comunicação e a interação entre a equipe de enfermagem e os pacientes, de modo que o respeito aos seus direitos como cidadão sejam assegurados”.

Mesmo que o paciente reclame do atendimento, o tratamento da enfermagem tem de ser humanizado, profissional e ético. Assim, nunca se deve diferenciar, por exemplo, o atendimento em decorrência do plano de saúde e até mesmo, no caso dos hospitais militares, por patente ou força armada. Afinal, a enfermagem atende a pacientes e não importa se possui título de mestrado, doutorado, se são civis, soldados ou generais. (RIOS, 1993; CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM, 1996; BRASIL, Art.5º, 1988).

Desse modo, o acompanhante desempenha um papel fundamental no cuidado com o paciente, mas é necessário lembrar que ele não faz parte do quadro de funcionários das instituições e isso é constantemente “esquecido pela enfermagem”. (HENCKEMAIER, 1999; SANTOS et al, 2001).

Segundo Henckemaier (1999)

medidas de higiene e de conforto, comumente, são realizadas nos pacientes pelos auxiliares de enfermagem. Segundo as enfermeiras, os pacientes são estimulados a realizarem seu próprio banho sozinhos, quando já se encontram em condições de fazê-lo. Porém, durante as observações realizadas nas duas unidades, percebemos uma aparente "transferência da execução de cuidados" aos acompanhantes dos pacientes. Entretanto, as enfermeiras referiram que o acompanhante e/ou o familiar é para estar com o paciente e não para executar cuidados de enfermagem (ES1). O reconhecimento do familiar acompanhante como

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cliente da enfermagem e da instituição de saúde, e não como extensão dos trabalhadores e/ou "mão de obra" gratuita, vem sendo enfatizado por diferentes autores.

Para Santos et al, (2001) à

(...) medida que a enfermeira assumir como prioridade seu papel no esclarecimento do paciente em relação ao seu processo saúde-doença, aos seus direitos, incentivando-o a exercer e reconhecer sua cidadania poderá, concomitantemente, provocar mudanças em si, em sua prática profissional, na assistência como um todo, uma vez que mudanças podem se dar a partir de pequenas transformações, de pequenas rupturas.

A humanização não depende de normas, mas de pessoas comprometidas com a qualidade dos serviços prestados e de maneira humanizada. Para Pilares (1989) a “forma como alguns clientes são atendidos desde quando chegam ao estabelecimento de saúde é de extrema importância”.

De acordo com Lepargneur (1987), o “cliente de saúde é o bem mais valioso que um hospital possa ter, é a razão da existência do estabelecimento de saúde”. Segundo Tarabolsi (2004), “humanizar é uma mudança que não causa pânico nem medo; requer somente percepção e fé para transformar comportamento e condutas”.

Para modificar o atual quadro de falta de humanização nos serviços de saúde em geral, faz-se necessário o comprometimento dos profissionais de saúde sob vários aspectos, como ética, profissionalismo, aperfeiçoamento de suas

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técnicas de abordagem junto aos pacientes e acompanhantes a fim de obter resultados satisfatórios nos tratamentos oferecidos pela instituição, tornando sua estada menos sofrida, cansativa ou irritante. (MEZZOMO, 2001; MELO; CAMARGO, 1998).

De acordo com Mezzomo (2001) é

preciso fortalecer as pessoas pela educação e pela capacitação permanente. Só assim elas terão segurança, serão criativas, terão senso crítico responsável, avaliarão os processos, dando-lhes mais eficácia, e garantirão os resultados previstos.

A comunicação é fator chave no processo de recuperação do paciente internado e esse papel deve ser desempenhado pelas instituições visando obter um clima de confiança e respeito. (ZANON, 2001).

Melo e Camargo (1998) entendem

[...] que voltamos a pensar na importância de um equilíbrio entre o conhecimento racional e intuitivo, na importância da natureza subjetiva, no conceito de saúde. Aceitamos os princípios atuais de física de que a matéria é uma manifestação de energia e de que cada porção contém o todo do qual fazemos parte. Não somos peças isoladas e jamais seremos; daí a importância de aprendermos a estar com outras pessoas, já que o resultado do todo é sempre maior do que o trabalho de qualquer uma das partes, de qualquer um de nós.

De acordo com Zanon (2001), em

[...] relação ao público interno (empregados), a comunicação visa ao estabelecimento de um clima de confiança mútua, que estimula o bom

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desempenho no trabalho. Em relação ao público externo (clientes), a comunicação tem por objetivo divulgar o papel da instituição em relação às necessidades da comunidade para obter adesão a seus propósitos.

A administração hospitalar precisa estar voltada para o bem-estar do paciente, de maneira ampla. (GODOI, 2004). Segundo Godoi (2004) é preciso repensar as formas de tratamento de toda a equipe para com o paciente e seus acompanhantes, lembrando sempre que humanização diz respeito à defesa dos valores do paciente e atendimento de suas necessidades como um todo.

Ainda para Godoi (2004) os

administradores se voltam para os grandes problemas e não obtêm informações reais do que está acontecendo nos escalões mais baixos e menos importantes do hospital. A área de atendimento que tem contato direto com o cliente vivencia o momento da verdade, e costuma ser negligenciada. Os que atuam no contato direto com o cliente devem receber um suporte constante e um canal de comunicação sempre aberto com a diretoria.

2. As formas de relações entre acompanhante e enfer magem em prol da humanização

As formas de tratamento de toda a equipe de enfermagem para com o paciente e seus acompanhantes são, no mínimo, questionáveis, deveriam lembrar sempre que a assistência prestada ou a demora no atendimento, ou sua omissão, a falta de informações para o acompanhante ou o

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paciente, tornam a recuperação mais complexa e onerosa para o hospital, além de deixar o paciente em segundo plano.

Apesar de existirem problemas de falta de materiais para procedimentos, limitação do quantitativo de funcionários, burocracia excessiva e outros problemas, as soluções encontradas devem ser simples e eficazes. Pode-se resgatar o caráter público dos usuários dos serviços de saúde, de maneira humanizada e atendendo às necessidades dos pacientes e resgatando sua cidadania.

Embora esteja implícita a utilização de normas pelos hospitais, pode-se observar que o que tem peso no atendimento é a humanização e não as normas em si. As normas para os acompanhantes são praticamente as mesmas em outros hospitais.

O acompanhante é tratado com descaso, desrespeito, principalmente no seu direito constitucional de ir, vir e permanecer e com risco de ser contido, caso não fique sentado junto ao paciente.

O paciente sofre com a adaptação à rotina do hospital e tem necessidade da presença do acompanhante, que o auxilia na diminuição de suas ansiedades e em sua recuperação mais rápida e menos estressante. (HUERTA, 1985).

Huerta (1985) relatou que

[...] na pesquisa sobre as mães que acompanham seus filhos hospitalizados, relatou que elas não se sentem bem como acompanhantes apesar de considerarem importante a sua presença para ajudar na recuperação da criança. Esta experiência

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foi percebida por elas como uma prova difícil, por envolver expectativas, ansiedades, medos, preocupações, incertezas e receios, além de depararem com uma falta de recursos necessários à sua permanência, diurna e noturna, na unidade de internação.

O paciente internado sofre com o stress gerado em decorrência da própria internação, podendo surgir outras patologias ou agravar as já existentes. (FRANCO, 1988).

Franco (1988) observou em seu estudo que

[...] o paciente adulto, quando internado, vivencia situações de estresse e pode vir a apresentar um quadro de regressão na sua idade cronológica, apresentando comportamentos infantis. Segundo o autor, estas manifestações precisam ser atendidas por pessoas da família e de sua confiança para que possa se sentir seguro e protegido, pois o relacionamento com os profissionais da saúde é muito técnico e distante sem um envolvimento afetivo. Ainda, segundo o autor, o acompanhante ao permanecer com o paciente também manifesta sentimentos e emoções como expectativas, ansiedades, medos, preocupações e receios, que vão de encontro ao que Huerta (1985) encontrou nas mães que permaneceram com seus filhos. Ele considera que os acompanhantes necessitam da atenção da equipe para que sejam minimizados esses sentimentos.

A presença da família é fundamental para sua recuperação, minimizando a insegurança gerada pela hospitalização. (REGEANNI, 1973). De acordo com Regeanni (1973)

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[...] doença por si constitui um trauma psíquico para o paciente, que é acentuado pelo medo da morte, da incapacitação física, do abandono de suas atividades e de seu lar no caso de hospitalização e a presença da família junto ao paciente ajuda a minimizar os temores e inseguranças ocasionados pela ruptura brusca de sua rotina, possibilitando um suporte emocional necessário para que se recupere o mais rapidamente possível.

A importância da presença da família foi referida também por Takito (1985), que encontrou junto aos pacientes respostas como "não gosto daqui porque não posso ver minha família". Frente a isso, ela considera importante analisar a questão, rever normas e rotinas para proporcionar um ambiente confortável, que favoreça a sua recuperação.

Na busca para contornar os conflitos, a enfermagem, familiar e paciente devem procurar o entendimento, com ética, moral e respeito aos diversos aspectos que envolvem o tratamento médico e a internação.

Para Bub (2005, p.1)

[...] cliente, familiares e profissional expõem suas perspectivas acerca de uma situação, concordam, discordam, enfrentam conflitos e aliviam tensões, num esforço para a fusão de horizontes, a compreensão mútua e a decisão compartilhada. No entanto, entre o real e o ideal o caminho é no mínimo longo, senão infinito.

A enfermagem precisa refletir sobre suas condutas e tentar responder às perguntas:

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[...] como devem ser os enfermeiros e enfermeiras na sua prática profissional? Como devem agir em relação aos outros e a si mesmos? Porque é na prática profissional cotidiana que se integram os elementos próprios da conduta moral profissional. [...] é no dia a dia da prática em saúde que exercemos nossa moralidade e nos deparamos com a finalidade e o sentido da vida humana, obrigações e deveres, e nos posicionamos acerca do bem e do mal.

De acordo com Popper (1989, p. 0181)

[...] deve começar a nossa reforma ético-prática. Pois que a antiga atitude ético-profissional leva a que se dissimulem, a que se encubram os erros e as esquecê-los tão rapidamente quanto possível. Isto implica em assumir uma atitude de abertura e de aprendizado em relação aos nossos próprios erros e aos erros dos outros, pois, frequentemente, a intolerância com os outros esconde uma tolerância demasiada para consigo mesmo. Assim que nossa intolerância com os outros pode ser um alerta para refletirmos sobre nossos agir e ser como pessoa e profissional de saúde.

3. Fatores que geram conflitos na relação acompanha nte e enfermagem

Os fatores que geram conflito entre o acompanhante e a equipe de enfermagem são de toda ordem. O grande problema são as implicações no cuidado prestado ao paciente e essa forma inadequada de tratamento mútuo gera mais conflitos, não há, portanto, porque brigar com acompanhante para demarcar espaços e posições ocupados pela enfermagem. (COLLET, 2004).

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Para Squassante (2009),

[...] ter uma "boa relação" com o acompanhante significa, por vezes,"não atrapalhar o serviço", "não reclamar", "auxiliar ou realizar o cuidado junto ao cliente". Do ponto de vista do familiar, a mesma afirmativa traduz-se sempre como "tratar bem" e "ser atencioso" com ele (o familiar) e com o cliente internado. Atenção aqui é entendida na sua dimensão tanto expressiva, como a presença de zelo, preocupação e carinho; quanto, também, técnico-instrumental: estar medicado, bem alimentado e higienizado.

O sofrimento psíquico demonstrado pelas famílias e pacientes principalmente as crianças mostra como estão expostas às pressões do ambiente hospitalar, gerando momentos de tensão entre enfermagem, paciente, acompanhantes e familiares.

De acordo com Milanesi (2006, p.1) a

mãe está exposta a pressões geradoras de sofrimento psíquico, expressando-o em atitudes agressivas, sentimentos de culpa, preocupações, medo. O sofrimento é desencadeado tanto pela estrutura física quanto pela organização do trabalho. As estratégias defensivas são evitar falar da hospitalização, chorar, desabafar, afastar-se do local gerador do sofrimento. Percebe-se a necessidade de implantar novas condutas na organização do trabalho para construir uma prática assistencial que atenda às necessidades da criança e família.

Segundo Collet (2004)

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Ocorre que, o hospital não foi devidamente planejado, do ponto de vista físico nem preparado no que tange à compreensão da dinâmica das relações sociais que ali acontecem. A inserção do familiar acompanhante nesse contexto causa alterações ou transtornos tanto na caracterização física da instituição, quanto nas atitudes dos profissionais de saúde no que se refere a estabelecer formas de envolvimento desse familiar no cuidado e na própria qualidade da assistência. Esses aspectos resultam em demarcação de espaços e posições ocupados por cada qual no contexto hospitalar, profundamente marcados por suas características historicamente situadas.

O acompanhante auxilia muito na recuperação do paciente internado, contudo, muitas vezes é impedido de ajudar, pela enfermagem, que se acha dona do paciente, que decide quem deve ou não participar dos processos de cuidado. Collet (2004) enfatiza que nem

sempre há por parte da equipe de enfermagem, por diferentes razões e circunstâncias, tolerância e atenção requeridas por este familiar e ela acaba exercendo posição autoritária impondo ao familiar que ele não poderá exercer nenhuma resistência quanto às determinações ou decisões, inclusive no cuidado ao familiar internado. Outras vezes, no entanto, em uma demonstração de preocupação e zelo para com o cliente cuidado, a equipe impede inclusive a ação do familiar, sempre quando esta, de alguma forma, significa risco ou prejuízo para o cliente: "Aquela família que, às vezes, abandona, que está ali por obrigação, tem algumas que é por obrigação! Aí, eu não deixo nem botar a mão, entendeu?"

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O estresse é outro fator de peso na relação da equipe de enfermagem com o acompanhante ou o paciente. Os conflitos gerados pela comunicação inadequada colocam em risco o restabelecimento do paciente, e essa não é a finalidade da enfermagem. (GRAZZIANO, 2004).

Para Grazziano (2004) o

ambiente externo possui fatores estressantes quando exige do indivíduo uma adaptação. O ambiente hospitalar, com suas regras estabelecidas, obriga a sua comunidade (funcionários, clientes, médicos, familiares) a adaptar-se às situações geradoras de ansiedade. O convívio com a doença, sofrimento e morte leva à constante adaptação dos profissionais e dos familiares que dividem esses ambientes.

De acordo com Camacho (1998) “há necessidade de um trabalho recíproco e de participação em prol de um objetivo comum – a plena recuperação do cliente”.

Segundo Takito (1985) a “doença traz transtornos para toda a família, principalmente para aquele que está como acompanhante, ocasionando mudanças no ritmo de trabalho, nas atividades domésticas, no sono e no repouso”. Para Milanesi et al., (2006),

partindo do pressuposto de que o ambiente hospitalar é desencadeador de sofrimento psíquico decorrente de variados aspectos, acreditamos que com a identificação de tais aspectos estaremos contribuindo para a melhoria da assistência prestada à criança hospitalizada, ampliando-a no sentido da integralidade, incluindo a família nessa assistência, tentando amenizar seu sofrimento

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frente à hospitalização de um filho e contribuindo para uma melhor aceitação da doença e seu envolvimento no processo terapêutico.

4. O acompanhante: um auxiliar da recuperação do pa ciente internado

A família é um fator fundamental no processo de recuperação e controle das doenças, quer sejam as doenças simples ou complexas, a presença da família facilita a aceitação das dietas, medicações administradas e procedimentos no paciente, além de envolver o paciente em uma esfera de otimismo, cooperação, alegria e distração das questões hospitalares estressantes. (GRAZZIANO, 2004; URIZZI, 2005). Para Urizzi (2005) a

rede social que envolve o hipertenso tem a função de incentivar atitudes pessoais que se associam positivamente no monitoramento da saúde, com o compartilhamento de informações, auxílio em momentos de crise e cuidados com a saúde em geral, incluindo cuidados com a dieta, exercícios físicos, sono e adesão ao regime medicamentoso. A presença da família junto ao doente é capaz de lhe transmitir tranquilidade, força e coragem, o que o faz sentir-se seguro e amparado no convívio com a doença.

Segundo Oliveira (2002), a “família representa, para a maioria das pessoas, uma importante fonte de apoio e segurança, permitindo troca de amor, afeto, respeito e valor”.

De acordo com Silva et al. (2002) a dificuldade na adesão e o desinteresse pelo tratamento aumentam quando não

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há envolvimento da família no cuidado diário com o doente e o relacionamento entre seus membros é conflituoso.

A família e o cuidador desse paciente são a base para que seu tratamento e recuperação dêem certo, apesar de a doença sendo considerada simples ou incurável. A equipe de enfermagem e a família do paciente devem realizar um esforço conjunto para melhorar sua interação e estabelecer estratégias para controle e cuidados da doença. (COSTA, 2008; CERIBELLI, 1997).

Para Jardim (2005)

[...] a influência sociopsicológica na adesão ao tratamento do cliente hipertenso, e, consequentemente, no controle da doença em relação tanto a fatores emocionais quanto físicos e defendem a premissa de que o indivíduo é uma unidade mente-corpo, suas emoções são fenômenos físicos e as alterações fisiológicas possuem o comprometimento emocional. Isto demonstra que a alteração emocional é hoje um aspecto que deve ser valorizado na prática clínica pela sua influência direta na saúde e, consequentemente, na qualidade de vida.

O aspecto emocional do paciente internado é de suma importância ser observado pela enfermagem; esses sentimentos sofrem influência em sua recuperação como um todo, em qualquer doença, mesmo a mais simples. JARDIM, (2005).

Para Costa (2008)

[...] o envolvimento da família, voltado para a colaboração no controle da pressão arterial do hipertenso, apesar de essencial, ainda se constitui

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um desafio, pois a sua ausência é capaz de desestruturar todo o plano de tratamento elaborado para este paciente. Dessa forma, o presente estudo pretende trazer subsídios à reflexão dos profissionais de saúde, dentre eles o enfermeiro, sobre a interação da família com os cuidados necessários ao controle da hipertensão e no estabelecimento de estratégias junto aos familiares dos hipertensos, de forma que seja possível melhorar a adesão ao tratamento desses doentes.

A doença traz insegurança, medos, quebra de rotinas na vida do paciente e dos familiares e causa mais preocupações a todos os envolvidos, gerando, assim, uma atmosfera de incerteza e estresse no ambiente hospitalar. A comunicação, portanto, entre enfermagem, paciente e acompanhante, se faz fundamental para que os procedimentos de enfermagem e nutrição possam obter resultados satisfatórios na recuperação do paciente. (CERIBELLI, 1997; COSPER, 1997 et al; 1997; LITTE, 198); ROGERS, 1982). Nesse sentido, Ceribelli (1997) afirma que

[...] ao ser hospitalizado, o paciente deixa sua família, trabalho e meio ambiente para adentrar em um mundo diferente, sendo obrigado, inclusive, a ter seus hábitos modificados para se ajustar às rotinas do hospital. [...] que este indivíduo traz conceitos advindos de suas relações com vizinhos, conhecidos, leituras de jornais ou revistas, ou mesmo por experiências anteriores de hospitalizações que favorecem a fuga da realidade ou a sua distorção.

Estudiosos como Cosper (1997) e Skipper et al. (1964) ressaltam que

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[...] a importância da comunicação entre o profissional e a pessoa hospitalizada tanto no que se refere à compreensão do jargão local quanto da segurança necessária ao paciente nessas condições. Diante dessas possibilidades, a equipe de enfermagem procura amenizar as sensações de desequilíbrio bio-psico-sócio-espirituais apresentadas pelo paciente, aumentando sua confiança e auto-estima. A relação interpessoal que se dá entre o enfermeiro e a pessoa hospitalizada está calçada na comunicação entre ambos.

Segundo Little (1982) “[...] a comunicação interpessoal se dá através da troca de mensagens codificáveis (verbal e não verbalmente) entre os envolvidos, marcadas pela informalidade e flexibilidade”. De acordo com Rogers (1982) “[...] a relação de ajuda é uma relação na qual pelo menos uma das partes procura promover na outra o crescimento, o desenvolvimento, a maturidade, o melhor funcionamento e maior capacidade de enfrentar a vida”.

A comunicação entre a equipe, paciente e acompanhante precisa ser simples, objetiva, clara e que o enfermeiro assuma a sua função de maneira humanitária e eficaz. (RODRIGUES, 1993; RODRIGUES, 1996; PAULA et al 2000).

Para Rodrigues (1993; 1996)

[...] a ajuda prestada pelo enfermeiro ao paciente se dá de duas formas: no desempenho das tarefas de enfermagem e no seguimento de pacientes ou grupos, dentro ou fora do contexto hospitalar. Assim, em todas as situações de contato com o paciente está presente a comunicação. Esta comunicação poderá ser impessoal (robótica) ou

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pessoal (compreensiva) e, portanto, terapêutica ou não. Terapêutica será toda interação na qual o enfermeiro esteja voltado para atender às reais necessidades de quem precisa de ajuda. Essa ajuda pode se dar junto a uma pessoa e aos seus familiares ou a grupos específicos da população”.

De acordo com Paula (1995) “o enfermeiro possui formação pedagógica que facilita sua interação com o paciente”. Segundo Paula et al. (2000)

[...] os enfermeiros são estimulados a avaliar sua conduta profissional diante das mais variadas situações do cotidiano. Esta avaliação promove profundas reflexões sobre o exercício de sua prática, sobre o suporte no qual é baseada, sobre as possibilidades terapêuticas do desempenho humanista e sobre a responsabilidade que recai sobre sua conduta profissional em respeito ao ser humano sob seus cuidados.

A criança hospitalizada sofre um desgaste psíquico ainda maior que o adulto, necessitando de cuidados mais individualizados onde a enfermagem pode lançar mão de diversos artifícios para realizar seus cuidados, sem tornar o atendimento uma tortura. Milanesi et al (2006) enfatizam que

[...] no ambiente hospitalar, para amenizar significativamente o sofrimento psíquico de um acompanhante cujo filho está hospitalizado, é necessário o preparo desse acompanhante para compreender o porquê seu filho encontra-se internado, qual é a sua doença e de que maneira ele pode participar dos cuidados prestados a criança contribuindo para seu tratamento. Para isso, a equipe de saúde deve centrar o foco de sua assistência na humanização.

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As relações interpessoais estabelecidas no ambiente hospitalar apresentam consequências positivas e negativas para seus sujeitos. São sentimentos que podem desencadear sofrimento como também bem-estar.

A enfermagem pode adotar outros métodos que tornem o impacto da hospitalização menos estressante. Conforme Milanesi et al. (2006), cabe

[...] à equipe de saúde adotar uma terapêutica que proporcione mudanças significativas na hospitalização infantil adotando uma modalidade de assistência que possibilite o envolvimento da família no processo terapêutico. Assim, faz-se necessário garantir o seu direito de ser informada e orientada atendendo a suas necessidades, valorizando a confiança estabelecida e identificando os sentimentos de insegurança, condutas que demonstram cansaço físico e mental, irritação e que podem prejudicar o relacionamento da família com a equipe.

Ainda para Rodrigues (1996), “na relação de ajuda, o enfermeiro utiliza-se tanto de seus conhecimentos gerais de enfermagem e os específicos da situação em questão como dos procedimentos técnicos e principalmente de si próprio, como instrumento terapêutico”.

A ação do enfermeiro na abordagem aos usuários dos serviços de saúde deve ir além de suas habilidades técnicas, pois o cuidado com o paciente é mais importante, devendo haver outra maneira em suas abordagens. Para Machado et al.(2005 apud CESTARI , s.d) muitas

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vezes o enfermeiro possui uma visão mecanicista, compreendendo o indivíduo a partir de uma abordagem biológica, sem atentar para as dimensões psicológicas, históricas e culturais. Nesse sentido, torna-se necessário uma abordagem em que a comunicação entre enfermeiro e usuários dos serviços de saúde possa ser realizada de forma mais compreensiva e participativa. Esse estudo tem como objetivo apresentar os conceitos sobre a linguagem e comunicação na consulta de enfermagem, utilizando, como marco teórico conceitual, a teoria da pragmática universal de Jürgen Habermas. Na prática cotidiana do enfermeiro, torna-se importante a mediação e adequação do conhecimento e habilidades técnicas para uma atuação eficaz no cuidado humanizado do indivíduo e coletividade. A prática dialógica, por meio da ação comunicativa reflexiva e participativa do enfermeiro, é necessária para uma atenção mais humanizada.

De acordo com Cestari et al. (2002), uma

[...] das características da Enfermagem é lidar com diferentes questões emocionais não só do cliente como do próprio profissional. Para isso, deve lançar mão de instrumentos básicos da relação de ajuda tais como: o diálogo e os procedimentos técnicos capazes de permitir ao cliente desfrutar bem-estar, compreensão de seus problemas e ter razões para atingir a cura.

O enfermeiro pode diminuir o sofrimento do paciente utilizando-se de técnicas terapêuticas. (STEFANELLI, 1993; ANTÔNIO et al., 1995; PEREIRA, 1992; NOVELLI, 1992).

Como medidas terapêuticas, o oferecimento de apoio e o estabelecimento de limites consistem em

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conjunto de procedimentos com o objetivo de diminuir os níveis de ansiedade da criança a níveis suportáveis e oferecer-lhe um ambiente seguro no qual se sente livre para brincar e experimentar situações favoráveis ao seu crescimento. [...]. Ao desenvolver as medidas de apoio e estabelecimento de limites, serão usadas estratégias que favorecerão a comunicação terapêutica, ao ajudar a criança a descrever a sua experiência, os seus sentimentos e pensamentos, assim como a clarificar e a validar a compreensão das suas mensagens. (STEFANELLI, 1993).

Conforme Pereira (1992), a “[...] utilização do brinquedo como forma de comunicar-se com uma criança hospitalizada de dois anos. A enfermagem lança mão de outro artifício para que o processo difícil no qual o paciente é submetido se torne mais ameno”.

Para Antônio et al (1995) a criança hospitalizada

[...] vivencia experiências dolorosas e desagradáveis, em ambiente estranho e muitas vezes agressivo, o que geralmente repercute no seu desenvolvimento psicossocial e intelectual, caracterizando uma situação de crise. Na situação de crise vemos a ajuda como o oferecimento de oportunidade à criança para que expresse os seus sentimentos a respeito das experiências traumáticas assim como a ansiedade, a raiva, a hostilidade. Ao fazê-lo poderá reelaborar a forma de viver essas situações, voltando ao seu nível anterior do desenvolvimento psicossocial e intelectual.

Esta ajuda poderá ser proporcionada dentro de um relacionamento seguro e construtivo, dadas as características de dependência que a criança apresenta com relação ao outro.

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Durante a hospitalização, "o outro" são os profissionais que a rodeiam e, neste trabalho, nos referimos especificamente à enfermeira, que poderá ajudá-la a reconquistar as capacidades próprias da sua fase de desenvolvimento e a vivenciar experiências que estimulem o seu crescimento.

De acordo com Novelli (1992)

[...] analisando relacionamento com paciente pediátrico, mostra o uso do brinquedo e das técnicas e medidas terapêuticas como modos eficientes de compreender o mundo da criança e estimular a expressão verbal e não-verbal dos seus sentimentos de ansiedade.

Possibilitando uma reflexão sobre o cuidado à família de criança hospitalizada, cuja tarefa é difícil, mas importante, pois a criança se desgasta física e emocionalmente com a internação, dificultando a sua alta e a família não pode adoecer junto com o seu ente. (LACAZ & TYRREL, 2003, p. 33, apud FERNANDES et al, 2006, p. 108).

Segundo Fernandes et al., (2006)

[...] para que a assistência de enfermagem às crianças e adolescentes bem como de suas famílias tenha qualidade, é necessário que os profissionais façam uma revisão de conceitos e atitudes perante si e àqueles que recebem seus cuidados.

Para Lacaz et al. (2003) o

cuidado de enfermagem não deve ser desvinculado da família e de suas necessidades, o que implica no domínio de informações teóricas específicas e ao desenvolvimento de uma sensibilidade especial

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para lidar com esta clientela. (LACAZ & TYRREL, 2003).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cabe ao administrador hospitalar a coordenação dos serviços executados, através de seus colaboradores, chefes de setores, médicos, enfermeiros e sua equipe de enfermagem, respeitando-se cada categoria profissional. Caso não haja parceria entre esses, surgirão conflitos de toda ordem, incluindo os mais graves que são os judiciais. A interação das equipes, o atendimento humanitário ao paciente, seus familiares e acompanhantes, depende muito mais de bom senso, ética e profissionalismo do que de normas.

O paciente internado sofre com a hospitalização, tem insegurança sobre vários aspectos como tipo de tratamento adequado, prognóstico da doença e outros. Não há lógica em fazê-lo sofrer mais ainda com um atendimento sem humanização, incoerente, desorganizado ou omisso; o processo de internação envolve todo círculo de pessoas: o administrador hospitalar, o atendente, o familiar, o acompanhante, a equipe de enfermagem, enfermeiros, chefia de setor e médicos.

O acompanhante é uma fonte rica de dados para a equipe médica e de enfermagem, é colaborador e não funcionário da instituição, seus deveres para com o paciente são de trazer alegria, otimismo, fé, aconselhamento, companhia do paciente internado nas diversas horas de agonia. É ele que, juntamente com o tratamento adequado, fará com que a recuperação da doença seja mais rápida e seu sofrimento amenizado; mesmo nos casos de prognóstico fatal, a sua conduta de auxílio ao paciente é impecável, pois é ele quem

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está à beira da cama, com o paciente, em suas horas finais ou aguardando o passar de dias para o seu restabelecimento e alta.

Rever os processos de atendimento ao paciente, seus acompanhantes, familiares, se mostra hoje, para a enfermagem e demais, ser vital para a recuperação do verdadeiro sentido do cuidar.

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Revista O Mundo da Saúde , São Paulo, v. 29, n. 4, p. 639-644, out./dez. 2005.

ZANON, U. Qualidade de assistência médico-hospitalar : conceito, avaliação e discussão dos indicadores de qualidade. Rio de Janeiro: Médica e Científica, 2001.

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A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE ESTOQUE NA PEQUENA E MÉDIA EMPRESA DE EXPORTAÇÃO *

Antônio Francisco dos Santos**

RESUMO

Este artigo de revisão bibliográfica tem como objetivo mostrar a importância do controle de estoque na tomada de decisão do gestor da pequena e média empresa de exportação. O controle de estoque quando é analisado de forma qualitativa busca agregar valor ao produto e prover um serviço de melhor qualidade ao cliente. Porém no Brasil o controle de estoque é uma estratégia pouco utilizada por pequenos e médios empresários para obter vantagem competitiva, limitado a companhias de maior porte. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de um estudo exploratório dos conceitos de controle de estoque, tomada de decisão, eficácia, e processo que possibilita a discussão teórica deste trabalho. A partir da análise da literatura conclui-se que a armazenagem de mercadorias prevendo seu uso futuro exige investimento por parte da organização. O ideal seria a perfeita sincronização entre oferta e demanda, de maneira a tornar a manutenção de estoques desnecessária. Entretanto, como é impossível conhecer exatamente a demanda futura e como nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer momento, deve-se

* Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração em Comércio Exterior feito pela União Educacional de Brasília (UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010. **Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Exterior.

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acumular estoque para assegurar a disponibilidade de mercadorias e minimizar os custos totais de produção e distribuição.

Palavras-chave: Controle de Estoque, Estratégia, Pequena e Média Empresa.

INTRODUÇÃO

O estoque é um item que deve ser bem administrado dentro de uma organização e quando não administrado adequadamente pode trazer sérios danos às finanças da empresa, pondo em risco a saúde financeira da mesma. Há empresários que não conseguem responder algumas perguntas ou, quando respondem, não têm certeza do que dizem. Você controla o seu estoque? Qual o tipo de controle permanente ou periódico? Alguns empresários administram o estoque no ¨olhômetro¨ ficando difícil responder àquelas perguntas. Outras questões surgem: como vocês sabem qual o valor do seu estoque hoje? Vocês sabem quantas unidades de cada produto existem hoje em seu estoque? Vocês sabem qual é o seu estoque mínimo e máximo? Todos estes questionamentos são pertinentes e a má administração dos estoques pode levar uma empresa a enfrentar sérios problemas financeiros, como a falta de Capital de Giro em dinheiro que afeta diretamente o Fluxo de Caixa, obrigando o empresário a tomar capital de terceiros para honrar compromissos. Ou seja, transformou disponibilidade em estoque sem saber de quanto em quanto tempo é o Giro do Estoque, sem saber qual o Estoque Mínimo que deveria ter daquela mercadoria ou qual o Estoque Máximo tolerável daquele produto sem comprometer as disponibilidades da empresa. Conhecendo-se os Estoques Mínimos e Máximos de cada

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produto, além do Giro, tornar-se-á mais fácil administrar uma parte das finanças de uma empresa.

O estoque de uma empresa pode ser monitorado através do Controle Permanente ou do Controle Periódico. O Controle Permanente, como o próprio nome diz, monitora o estoque permanentemente. Isso quer dizer que a qualquer momento que se desejar saber o saldo existente de uma determinada mercadoria em estoque é só acessar o sistema e identificar a quantidade existente, pois ele faz um controle individual das quantidades existentes de cada item do estoque através da Ficha Controle de Estoque. É como se você estivesse em sua empresa em um dado momento e desejasse saber qual a quantidade do item tal que tem no estoque; você acessaria o sistema e o mesmo lhe diria a quantidade existente no momento.

A partir desse momento, é só fazer a contagem e ver se está batendo com a informação obtida no sistema. O controle permanente utiliza uma ficha para cada produto, onde está identificada a data da movimentação, o histórico (compra, venda ou devolução), entradas, saídas e saldo existente. Este sistema necessita de um controlador de estoque para atualizá-lo constantemente, dando entrada das mercadorias que foram adquiridas e entraram para o estoque, bem como fazendo as baixas das mercadorias que foram vendidas e ou devolvidas. Caso o sistema não seja abastecido com as informações de entrada e saída de mercadoria, de nada adianta o sistema.

Na década de 1960, um grupo de cientistas sociais nos Estados Unidos desenvolveu certos trabalhos que dão ênfase ao desenvolvimento planejado das organizações. Desde então muita coisa foi escrita sobre o assunto, principalmente por profissionais ligados às ciências do comportamento e que

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exercem funções de consultores de organização. O assunto tem sido entendido de modos bastante diferentes pelos numerosos autores, não havendo um consenso geral definido sobre o que é o Desenvolvimento Organizacional. (CHIAVENATO 1989, p. 274).

O movimento de desenvolvimento organizacional surgiu a partir de 1962, não com um único autor, mas com um complexo conjunto de ideias a respeito do homem, da organização e do ambiente, no sentido de propiciar o crescimento e o desenvolvimento organizacional, segundo as suas potencialidades. Em consideração a isso, Chiavenato (1989, p. 275) classifica o desenvolvimento organizacional como um desenvolvimento prático e operacional da teoria Comportamental a caminho da abordagem sistêmica.

Neste sentido é necessário que as organizações busquem cada vez mais mão de obra qualificada. Em função disso, Drucker (1984, p. 565) orienta que o que precisamos conhecer não são todas as operações que a gente imagina que a estrutura organizacional deve conter. O que precisamos conhecer são as partes que sustentam as estruturas, as atividades básicas.

De acordo com Silva (2006, p. 17) a logística é “uma das ferramentas de gestão moderna que no contexto atual de globalização pode assegurar a competitividade das corporações frente ao processo de abertura de mercado e formação de blocos econômicos”.

Segundo Leard e Roy (1995 apud SANTOS;

RODRIGUES 2006, p. 223) o controle de estoque é “[...] estudado desde 1913 com Harris ao introduzir a fórmula do lote

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econômico de compra. Para uma organização, a otimização do fluxo de materiais é de vital importância, pois os estoques representam grande parte dos seus custos logísticos”.

Ainda conforme Santos e Rodrigues (2006, p. 223) “a produção tem um ritmo que não deve ser interrompido e o custo de manutenção dos estoques representa capital parado que poderia estar sendo utilizado para outros fins”. Já Krever, Wunderiink, Dekker, Schorr (2003, apud SANTOS; RODRIGUES 2006, p 224) ”mostraram que um gerenciamento eficiente de estoques balanceia a disponibilidade de produto, o nível de serviço e os custos de manutenção”.

Segundo Partovi e Anandarajan (2002 apud SANTOS; RODRIGUES 2006, p.224) em

ambientes com centenas de itens de estoque para controle, o gerenciamento se torna mais complexo devido à diversidade. Uma alternativa é a separação dos itens em subgrupos, permitindo a escolha e adoção da política mais adequada para cada um deles.

De acordo com Buzzacott e Shanthikumar (1994, apud SANTOS; RODRIGUES 2006, p. 224)

uma alternativa para reduzir estas incertezas é o tempo de segurança que é aplicável quando se tem uma previsão bem acurada, variando apenas o lead time. Entretanto flutuações da demanda durante o lead time diminuem sua atratividade por considerar a demanda constante.

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Lenard e Roy (1995 apud SANTOS; RODRIGUES 2006, p. 225.) apresenta algumas críticas referentes aos modelos clássicos de estoque:

• os custos de pedido, de manutenção e de falta são difíceis de serem mensurados;

• a complexidade para serem compreendidos requer um relaxamento na implementação, o que enfraquece o realismo dos modelos; e

• são inflexíveis e fazem uma confusão entre variáveis de ação (níveis de ressuprimento e lotes de compra) e de monitoramento ( níveis de estoque, nível de serviço ao cliente e carga de trabalho) no controle de estoques. Portanto, para os autores, existe uma grande lacuna entre teoria e prática.

Para Zomerdijk e Vries (2003, apud SANTOS E RODRIGUES 2006, p. 225) esses modelos e técnicas normalmente são baseados em modelagem matemática e são bons na determinação de parâmetros de estoques e planejamento de recursos, porém, quando os modelos são confrontados com o mundo real, apresentam grandes limitações.

Atualmente, é reconhecido pelas empresas que o desempenho dos sistemas de estoque não planejados ou controlados, mas também da arquitetura organizacional. Por isso, muitas delas, com o intuito de melhorá-lo, implementam simultaneamente, avançados sistemas com o uso de medidas organizacionais (Vries, 2004).

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1. Conceitos de decisão

Segundo Chiavenato (1993, p. 217) é “o processo de análise e escolha, entre várias alternativas disponíveis, do curso de ação que a pessoa deverá seguir”. Para James (1985, p.184) ”decisão são programadas soluções para problemas rotineiros, determinadas por regras, procedimentos ou hábitos”.

Ainda James (1985, p. 184) ”decisões não programadas soluções específicas criadas através de um processo não estruturado para resolver problemas não rotineiros. Como afirma Kortland (1996, p. 675) tomada de decisão pode ser compreendida como a maneira racional de escolha entre meios alternativos de ação (relativas a questões pessoais ou públicas), os quais requerem um julgamento em termos de seus valores.

[...] se trata de decidir, numa situação sempre particular, o que é justo, o educador não pode propor ou impor ao aluno um modelo definitivo, que este poderia se contentar em seguir. Não pode designar-lhe, a fortiori, o indivíduo, grupo ou partido que detém a verdade política. Pode indicar precisamente quais são as decisões irracionais ou contrárias ao direito. Mas não pode substituir o “juízo comum” dos cidadãos, que se elabora no debate coletivo, por um modelo teórico da ação, cientificamente fundado. Porque tal modelo não existe. Disso resulta que a educação do juízo político é, fundamentalmente, uma educação para a discussão.

De certa forma, os modelos apresentados parecem reproduzir os modelos tecnocráticos e decisionistas, no qual a decisão é tomada de forma racional, guiada objetivamente por aspectos técnicos que indicam o caminho da opção a seguir. Em

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uma perspectiva do modelo pragmático-político, a abordagem curricular para o desenvolvimento da capacidade de tomada de decisão não poderia ser reduzida a seguir tais passos, uma vez que a decisão vai passar também pela discussão de aspectos valorativos, culturais e éticos.

Para Canivel (1991) a tomada de decisão em uma sociedade democrática

[...] pressupõe o debate público e a busca de uma solução que atenda ao interesse da maior parte da coletividade. Para isso o cidadão precisa desenvolver a capacidade de julgar a fim de poder participar do debate público.

A faculdade de julgar relaciona-se a dois tipos de juízos, o crítico e o político: Conforme (CARNIVEZ, 1991) o

primeiro refere-se ao julgamento daquilo que é universal, como o julgamento das leis e dos princípios universais dos direitos humanos. O segundo refere-se ao julgamento para a tomada de decisão frente a uma situação particular. (...) No julgamento crítico, os critérios já estão estabelecidos e, portanto, para a sua realização só é necessário o conhecimento das leis e dos princípios éticos universais.

No julgamento político, os critérios não se limitam aos estabelecidos universalmente. Trata-se de tomar decisões que se destinam a resolver problemas, adotando-se outros critérios além dos jurídicos e morais, pois tais critérios visam a ajustar os interesses particulares aos gerais. Nesse caso, a solução é dada pela discussão da pluralidade de ideias a respeito do encaminhamento da possível solução do problema.

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Conforme discutem Santos e Schnetzler (1997) a

[...] educação para a cidadania não seria aquela que apresentaria já de pronto as soluções para os estudantes. Não se trata de fornecer a fórmula determinada da justiça, mas de apontar os critérios negativos do juízo, permitindo ao indivíduo que ele determine o que é inaceitável. A decisão, no entanto, é do indivíduo inserido no grupo.

2. Definição e importância econômica de Média e Peq uena Empresa

Kuglianskas (1996 citado por CEZARINO; CAMPOMAR, 2006, p. 3) classifica como pequenas empresas as que possuem menos de 100 funcionários, incluindo as microempresas. Nas médias empresas, o número de funcionários é de 100 a 500. Para facilitar a comparação entre empresas de países com características intrínsecas mais intensas, algumas organizações internacionais como a OCDE e o BIT delimitaram um total de até 100 funcionários por negócio (GONÇALVES, 1994 apud CEZARINO; CAMPOMAR 2006, p. 3). Para o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), a classificação é ilustrada no Quadro abaixo:

Classificação SEBRAE sobre porte de empresas brasileiras:

Número de funcionários Tamanho relativo

De 1-19 Microempresa

De 20-99 Pequena empresa

De 100-199 Média empresa

Mais de 500 Grande empresa

Fonte: SEBRAE, 2004

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3. A importância do controle de estoque na tomada d e decisão da PME

O conceito do planejamento organizacional tem suas raízes na ideia de que uma organização é um sistema social. O desenvolvimento da organização é um processo planejado visando a institucionalizar uma série de tecnologias sociais, de tal forma que a organização fique habituada a diagnosticar, planejar e implementar essas modificações com ou sem assistência externa.

De acordo com Souza et al (1978, p. 16 apud BERNARDES, 1988, p. 256) desenvolvimento organizacional é

a mudança planejada da cultura e das subculturas da organização com a meta de que ela melhor atenda as finalidades para as quais foi criada e, também, as necessidades de seus participantes, levadas a efeito pelos seus próprios integrantes com auxílio da intervenção externa de consultores habilitados.

Para que esses processos venham a tornar-se rotinas dentro da organização é necessário que os colaboradores conheçam a arquitetura organizacional que de acordo com Araújo (2001, p. 169) “é uma abordagem radicalmente diferente, que entende que os sistemas e processos básicos que guiam o universo dos negócios estão obsoletos e que propõe métodos inovadores”.

4. Os critérios adotados pelos gestores no controle de estoque da pequena e média empresa

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Na Administração, a palavra controle segundo Bernardes (1988, p.174) é diferente do empregado na linguagem do dia a dia. Assim, frases como “a situação esta sob controle”, ou então, “eu sou uma pessoa controlada” não serão utilizadas neste trabalho. Para o mesmo, o controle consiste na: verificação da ocorrência de desvios da meta prevista; e medidas corretivas que se fizerem necessárias.

De acordo com SEBRAE (MANUAL 2006, p. 133) “estoque é a parte da logística responsável pela guarda de produtos e uma das atividades da armazenagem”.

Para Ballou (1993, p. 204) “Deve-se sempre ter o produto de que você necessita, mas nunca podemos ser pegos com algum estoque” é uma frase que descreve bem o dilema da administração de estoques.

Ainda Ballou (1993, p. 204) comenta que o

controle de estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem absorver de 25 a 40% dos custos totais, representando uma porção substancial do capital da empresa. Portanto, é importante a correta compreensão do seu papel na logística e de como devem ser gerenciados.

5. Razões para manter estoques

A armazenagem de mercadorias prevendo seu uso futuro exige investimento por parte da organização. O ideal seria a perfeita sincronização entre oferta e demanda, de maneira a tornar a manutenção de estoques desnecessária. Entretanto, como é impossível conhecer exatamente a demanda futura e como nem sempre os suprimentos estão disponíveis a qualquer

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momento, deve-se, portanto acumular estoque para assegurar a disponibilidade de mercadorias e minimizar os custos totais de produção e distribuição. (BALLOU 1993, p. 204).

O papel desempenhado pela função controle e avaliação para o analista de sistema, organização e métodos é basicamente acompanhar o desempenho dos sistemas de informações gerenciais, da estrutura organizacional e das rotinas e procedimentos administrativos, através da comparação entre as situações alcançadas e as previstas; neste sentido, a função controle e avaliação é destinada a assegurar que o desempenho real possibilite o alcance dos padrões que foram anteriormente estabelecidos. (OLIVEIRA 1992, p. 430).

Segundo Oliveira (1992, p. 431) controle

é uma função do processo administrativo que, mediante a comparação com padrões previamente estabelecidos, procura medir e avaliar o desempenho e o resultado das ações, com a finalidade de realimentar os tomadores de decisões, de forma que possam corrigir ou reforçar esse desempenho ou interferir em funções do processo administrativo, para assegurar que os resultados satisfaçam aos desafios e aos objetivos estabelecidos.

Para cada organização a criação de estoque depende da destinação que para Azevedo (2007, p. 37) o estoque inicial de um mini mercado depende da clientela a que se destina. Existem vários níveis de sofisticação tanto na variedade quanto na qualidade dos produtos que serão postos à venda, depende do poder aquisitivo médio do consumidor.

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6. Por que o controle é necessário?

Para que o controle de estoque de produção seja viabilizado com menor custo e maior produtividade é preciso ser projetado com base no que foi projetado e no que está sendo realmente executado. O controle de produção deve acusar as falhas e distorções e estabelecer as medidas corretivas visando à normalidade do processo produtivo (SILVA, 1982, p. 99).

Para Stoner e Freeman (1985, p. 441) uma

razão, obviamente, é poder monitorar o processo e corrigir erros. Mas o controle também ajuda os administradores a monitorar mudanças ambientais e seus efeitos sobre o progresso da organização. Dado o ritmo das mudanças ambientais nos últimos anos, este aspecto do controle tem se tornado cada vez mais importante. Algumas das mudanças ambientais mais prementes são a natureza mutável da competição, a necessidade de acelerar o ciclo de pedido à entrega, a importância de “adicionar valor” aos produtos e serviços como um meio de criar a demanda por parte do cliente, as mudanças nas culturas dos trabalhadores e das organizações, e a necessidade crescente de delegação e de trabalho em equipe nas organizações.

De acordo com Stoner e Freeman (1985, p. 440) controle “é o processo de garantir que as atividades realizadas se igualem às atividades planejadas”. Na definição de Ferreira (1986 apud GARCIA et al., p. 4), o termo Logística provém do francês Logistique e significa a

[...] parte da arte da guerra que trata do planejamento e da realização de atividades de projeto e desenvolvimento, obtenção,

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armazenamento, transporte, distribuição, reparação, manutenção e evacuação de material, tanto para fins operativos como administrativos.

“Neste sentido, a logística é utilizada em vários setores e um deles é o estoque que, para Ferreira (1986 apud GARCIA et al., p. 4)” entende-se todo e qualquer depósito de mercadoria ou matéria-prima para produção ou venda em data futura ".

Conforme Corrêa et al. (2000, p. 45, apud GARCIA et al., p. 5), “estoques são acúmulos de recursos materiais entre fases específicas de processos de transformação”.

Por que os estoques existem? Segundo Corrêa et al., (2000, apud GARCIA et al., p. 5),

os estoques são a impossibilidade ou inviabilidade de coordenar suprimento e demanda, quer por incapacidade, pelo alto custo de obtenção ou por restrições tecnológicas; com fins especulativos, pela escassez ou pela oportunidade; com a finalidade de gerenciar incertezas de previsões de suprimento e/ou demanda, na formação de estoque de segurança.

Tendo em vista as razões para existência de estoque, há que se preocupar com o controle da produção o que conforme Kwasnicka (1981, p. 95) “consiste em um conjunto de procedimentos bem definidos que tem por objetivo a coordenação de todos os elementos de produção a fim de obter o melhor resultado de produção, por um baixo custo”.

Para conseguir baixar o custo é necessário que o administrador esteja atento não só ao controle, o que de acordo com Newman (1973, p. 376), o controle depende de outras fases

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da administração. Um administrador não pode pretender controlar eficazmente sua empresa ou departamento sem adotar, em suas outras atividades, sólidos princípios administrativos.

Contudo, o controle de outras atividades deverá ser tratado de tal importância quanto o de um estoque, o que segundo Bernardes (1991, p. 174) o controle consiste na verificação de ocorrência de desvios da meta prevista; e medidas corretivas que se fizerem necessárias.

Ainda Bernardes (1991, p. 270) orienta que uma solução para baixar o custo seria reduzir os estoques fazendo pedidos aos fornecedores de pequenos lotes, mas aí surge o risco de faltar mercadoria e com isso afugentar clientes, além de aumentar os custos pelos pedidos constantes de quantidades diminutas.

7. Os princípios estratégicos adotados pelos gestor es de Logística

De acordo com Ballou (1993, p. 308) um dos princípios estratégicos é

fazer com que bens ou serviços corretos cheguem no instante e lugar exatos e na condição desejada é o objetivo da logística.O profissional da área traduz esse objetivo numa série de decisões, algumas delas tomadas de modo pouco freqüente (estratégicas) e outras que podem ocorrer várias vezes por dia ( operacional).

Com a globalização, o mercado se mostra mais competitivo e isso leva a empresa a buscar nova alternativa de

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sobrevivência o que segundo Lalkaka (1998, p. 11) a fusão de processos modernos com os meios tradicionais de produção agrícola em pequena escala pode ajudar a melhorar os níveis de agregação de valor por unidade de capital aplicado.

As organizações vivem um momento muito delicado, tendo em vista o grande número de concorrentes que leva as mesmas a continuar criando estratégia que segundo o professor Eduardo (2007, p. 53) conclui-se que incorporações, fusões e cisões continuarão sendo cada vez mais utilizadas em ações estratégicas válidas e necessárias para o fortalecimento de empresas, quaisquer que sejam seus portes, setores e localizações geográficas.

Para Fortes (1999, p. 65) a administração estratégica

[...] analisa, desenvolve e modifica os processos, orientando a instituição sobre o futuro, “não no sentido de que cada condição deva ser antecipada, mas no sentido de que a empresa possa dirigir-se consciente e sistematicamente para seus objetivos”.

Para que a empresa possa dirigir-se consciente e sistematicamente para seus objetivos, as estratégias lidam segundo Fortes (1999, p. 67) fundamentalmente, com uma série de premissas e de ações relacionadas são estabelecidas para colher os resultados pretendidos pelos centros decisórios da organização.

Segundo Newnam (1973, p. 90), a estratégia foi reconhecida, durante séculos, como um aspecto vital da administração dos negócios, do governo e das operações militares, recebeu muito pouca atenção sistemática, a não ser em conexão com as operações militares.

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Para que uma empresa torne-se competitiva, o mercado exige uma série de estratégias, e são inúmeros os pontos de vista sobre a magnitude das vantagens e o que representa a aglomeração territorial de empresas do mesmo setor para diferentes autores. Segundo Porter (1990, apud CEZARINO; CAMPOMAR 2006, p. 8), algumas facilidades podem ajudar o desenvolvimento das empresas, como fluxo de informação intensa, a presença das instituições de apoio, a infraestrutura e a formação de competências. Regiões ou determinadas localidades podem oferecer essas condições às empresas em maior ou menor intensidade. As regiões onde existem esses fatores oferecem vantagem competitiva às empresas ali localizadas.

A Figura 1 mostra que as vantagens podem ser divididas em duas: as que geram benefícios em termos de força e poder da rede com seu ambiente, aqui chamadas de vantagens de poder de aglomeração, e as que contribuem para a competitividade interna através de compartilhamento de atividades e processos.

Figura 1 - Arquétipo das vantagens competitivas de MPME participantes de clusters e APLs.

8. A influência do controle de estoque no processo decisório da pequena e média empresa de exportação

Fluxo de informações sobre o segmento

Formação de massa de trabalhadores qualificados

Fornecedores Especializados

Fornecedores de Bens Substitutos

Renda de reinvestimento na atividade

Compartilhamento de ônus e riscos de P&D

Troca de experiências em novas oportunidades

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Linhas de produtos Com qualidade superior

Pressão no mercado

Compartilhamento de recursos

Fortalecimento do poder de compra

Força para atuação em mercados internacionais

Especialização da Produção

Formação de massa De trabalhadores qualificados

O controle de estoque é necessário para toda e qualquer organização, pois o mesmo influencia diretamente no processo decisório o que segundo Pozo (2004, p. 153), essa ligação direta com a logística, produção e vendas proporciona rapidez na tomada de decisões, fluxos contínuos, custos reduzidos e, principalmente, satisfação do cliente. Logicamente, a operação eficiente e eficaz depende da habilidade e da capacidade de organizar e de relacionar-se do pessoal envolvido. A organização do setor de compras ou suprimento visa não só a seu desempenho como um sistema, mas também, principalmente, a sua interação com os demais setores da empresa e com o mercado; fornecedores, entidades governamentais, públicas, privadas e classes sociais.

O processo decisório no setor privado torna-se a cada dia mais complexo, pois as decisões precisam ser tomadas rapidamente, mas sem expor a organização a riscos financeiros e perdas de mercado, de qualidade ou de imagem frente a seus clientes. Para Motta (1999 apud MORITZ; PEREIRA, 2006, p. 127), os tomadores de decisão decidem pelas interações diversas, quase sempre envoltas em grandes incertezas, em ambientes turbulentos, sob grande pressão e sem tempo para levantar informações, pois a maioria das decisões demanda soluções quase imediatas.

Conforme Oliveira (1992, p. 42) o

[...] executivo em suas tarefas diárias, tem de ajustar os dados, pois, em geral, os dados nunca

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são insuficientes ou abundantes de forma absoluta; o que ocorre é a escassez de alguns dados relevantes e o excesso de outros dispensáveis.

A administração e a tecnologia têm sido, de fato, fatores determinantes para o atendimento das necessidades sociais. As empresas por sua vez necessitam promover inovações tecnológicas e administrativas para melhorar a qualidade de seus produtos e serviços e manterem-se competitivas em seus segmentos de mercado. Destaca-se então a importância do processo decisório nas empresas para implementar os processos administrativos e a inovação tecnológica. Drucker (1999 apud MORITZ; PEREIRA, 2006, p.125) ressaltam a importância do poder como necessário para uma organização, pois ela precisa dele para tomar decisões a respeito de pessoas, para estabelecer as regras e a disciplina necessária à produção de resultados ou para decidir que produto irá desenvolver, entre outros desafios empresariais.

Segundo Oliveira (1992, p. 45) “Decisão pode ser conceituado como escolha entre vários caminhos alternativos que levam a determinado resultado”. Para Stoner e Freeman (1985, p. 185), o modelo racional de tomada de decisão “é um processo de quatro etapas que ajudam os administradores a pesar alternativas e escolher a que tiver melhor chance de sucesso”. Ainda que o administrador verifique e analise as quatro etapas do processo.

De acordo com Stoner e Freman (1985, p. 186) nenhuma abordagem do processo decisório pode garantir que o administrador tome sempre a decisão certa, mas os administradores que usam uma abordagem racional, inteligente e sistemática têm mais probabilidade de chegar a soluções de

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alta qualidade. O processo genérico de tomada de decisão racional envolve o diagnóstico, a definição e a determinação das origens do problema, a coleta e a análise dos fatos relevantes ao problema, o desenvolvimento e a avaliação de alternativa e soluções mais satisfatórias e a conversão dessa alternativa em ação. Tomada de decisão é um processo que visa a identificação de um problema específico com o objetivo de criar uma linha de ação para resolvê-lo.

Para o gestor da pequena e média empresa, tomar a decisão de exportar é um grande desafio o que de acordo com Lalkaka (1998, p. 18) as pequenas empresas são mais vulneráveis a flutuações de câmbio e ao protecionismo nos mercados de exportação.

O que é o Registro de Exportadores e Importadores (REI)? Segundo SEBRAE (MANUAL 2006, p. 29), o REI é um cadastro de empresa que desejam realizar operações de comércio exterior.

A pequena e a média empresas podem contribuir e muito na balança comercial brasileira o que conforme Oliveira (1990, p. 50) é necessário a suspensão da moratória e o restabelecimento do diálogo com os círculos financeiros mundiais, inclusive o FMI. Para o Brasil, efetivamente, meios para manter o ótimo índice de crescimento das exportações registrado em 1987 basta seguir a receita básica dos competidores internacionais: taxa de câmbio atualizada, financiamentos adequados e isenção de impostos. (OLIVEIRA, 1990).

Conforme Maximiano (2000 apud MORITZ; PEREIRA, 2006, p. 90), a outra forma de classificar as decisões refere-se

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ao grau de participação de pessoas. Certas decisões são individuais, outras são por grupos ou por meio de consultas a grupos.

É importante lembrar que o processo de tomada de decisão passou por duas fases características de evolução. Inicialmente dominava uma visão tradicional, onde as decisões estavam centralizadas num único tomador de decisão, que não era exercida como uma ação global.

Numa segunda fase, a decisão começou a ser realizada em etapas, envolvendo diversos aspectos de cunho qualitativo. Atualmente, torna-se cada vez mais uma ação descentralizada e coletiva, destacando-se, no contexto mundial, a importância de decisões tomadas em grupo.

9. Fases da tomada de decisão

Conforme Newman (1973, p. 108) A tomada de decisão implica em quatro fases básicas. Cada fase possui sua própria necessidade que deve ser satisfeita se aquela parte do processo de planejamento é bem feita. Ainda Newman (1973, p. 108) para que um administrador possa fazer uma decisão sábia e racional, ele deve:

• Diagnosticar propriamente o problema.

• Conceber uma ou mais soluções boas.

• Projetar e comparar as consequências de tais alternativas.

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• Pesar esses diferentes conjuntos de consequências e selecionar um curso de ação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No Brasil o controle de estoque pelo pequeno e médio empresário é pouco utilizado. Isso faz com que a pequena e média empresa se torne menos competitiva, uma vez que a armazenagem exige investimento por parte da organização. O que em muitos casos é um fator que a impede de se inserir no mercado e se tornar mais competitiva.

Sendo assim, o gestor terá que buscar dados e informações que possam auxiliar na tomada de decisão e na criação nas empresas de um processo que busque novas abordagens de produção e consequentemente a um novo caminho que o leve ao seu desenvolvimento e sustentabilidade no mercado interno.

Para isso, o pequeno e o médio empresário podem contar com o auxílio e orientação do SEBRAE, em várias etapas do processo de criação, implantação e desenvolvimento de projeto de empreendedorismo comercial, cultural, ambiental.

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A INFLUÊNCIA DO AGRONEGÓCIO NA EXPORTAÇÃO DO CAFÉ ORGÂNICO *

Lúcia Alves Muniz**

RESUMO

Este artigo de revisão bibliográfica tem como objetivo mostrar como o uso do agrotóxico pode influenciar na exportação do café orgânico, em detrimento do desenvolvimento sustentável do agronegócio. O café orgânico é analisado sob dois ângulos de aplicação: primeiro, busca oferecer alimentos com isenção de agrotóxicos à qualidade e à preservação do meio ambiente e à saúde humana. O segundo mostra que a informação sobre o café orgânico à população pode acelerar o seu consumo. Nesse contexto, analisou-se o tema alimentos orgânicos, dando especial atenção ao café orgânico. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio de um estudo sobre conceitos de agricultura orgânica, café orgânico, exportação, desenvolvimento sustentável e de agronegócio, que possibilitou a discussão teórica deste trabalho considerando que as características do café orgânico são as mesmas do café convencional. As contradições da ideia do café orgânico quando adotado pela agricultura familiar, desde a década de 70. E que atualmente para dar sustentabilidade econômica está com grande incentivo de diversas transformações econômicas sociais, e de

* Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração em Comércio Exterior feito pela União Educacional de Brasília (UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010. **Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Exterior.

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conscientização do homem do campo. Esta ideia quebrou paradigmas na área degradada que, após três anos de manejo, já está pronta para começar a plantação de café sem agrotóxico. A preocupação com os impactos causados ao meio ambiente se contradiz com o modelo de produção agrícola moderno, que utiliza alto grau de mecanização como insumos químicos no processo produtivo dos alimentos orgânicos, que vai da produção à comercialização. Um dos pontos cruciais é informar os consumidores sobre os alimentos orgânicos que estão substituindo o café convencional.

Palavras-chave: Café Orgânico, Meio Ambiente e Sustentabilidade.

INTRODUÇÃO

O café foi introduzido no Brasil no começo do século XVIII e foi cultivado para fins de consumo local. A partir de então, o café assume importância comercial no fim desse século, quando ocorre a alta de preços causada pela desorganização do grande produtor que era a colônia francesa do Haiti. No primeiro decênio da independência o café já contribuía com 18 por cento do valor das exportações do Brasil, colocando-se em terceiro lugar depois do açúcar e do algodão. Nos “dois decênios seguintes já passa para primeiro lugar, representando mais de quarenta por cento do valor das exportações”. (FURTADO, p. 121).

Fische (1993, p.19) afirma que

as aplicações cada vez mais de agrotóxicos e de outros produtos químicos na agricultura resultam na contaminação do solo, da água e do meio ambiente de forma generalizada além de apresentar um dos

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problemas atuais para a saúde dos trabalhadores, principalmente daqueles que lidam diretamente com tais substâncias, quer seja na formulação industrial, transporte, e /ou na aplicação nas lavouras, entre outras atividades.

A exposição a agrotóxicos pode ocasionar à saúde problemas agudos (respiratório, gastrintestinais, musculares, dermatológicos, e outros) e crônicos, sendo que nestes casos a reversibilidade do quadro clínico, em geral, é bastante difícil uma vez que os sintomas costumam aparecer somente após anos de exposição. (SOARES et al., 2003).

Para Spadotto et al. (2004), depende da sua ecotoxicidade a organismos terrestres e aquáticos e das concentrações atingidas nos diferentes compartimentos ambientais (solo, água, planta e atmosfera), que por sua vez dependem do modo e das condições de aplicação, da quantidade ou dose usada e do comportamento e destino do agrotóxico no meio ambiente.

Por outro lado, se o agrotóxico tem uma alta afinidade pela matéria orgânica ou pela matéria sólida e baixa afinidade com a solução aquosa do solo, então o composto pode ser transportado por carregamento superficial ou absorvido nas partículas do solo, para os corpos de água superficiais e dessa forma contaminá-los. (PARAIBA et al., 2005).

Outro aspecto negativo com relação aos equipamentos é a maneira como ele vem sendo introduzido no setor agrícola, do mesmo modo que os pesticidas foram, ou seja, sem esclarecimentos aos agricultores das formas corretas ou seguras de utilizá-los, incluindo como determinar sua necessidade e ocasião de emprego (GARCIA, 2001, p. 73).

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Agricultura orgânica é um conjunto de processos de produção agrícola que parte do pressuposto básico de que a fertilidade é função direta da matéria orgânica contida no solo. A ação de microorganismos presentes nos compostos biodegradáveis existentes ou colocados no solo possibilita o suprimento de elementos minerais e químicos necessários ao desenvolvimento dos vegetais cultivados. Complementarmente, a existência de uma abundante fauna microbiana diminui os desequilíbrios resultantes da intervenção humana na natureza. Alimentação adequada e ambiente saudável resultam em plantas mais vigorosas e mais resistentes a pragas e doenças. (ORMOND et al., 2002, p. 5).

Conforme Caixeta (2000) a

[...] procura por alimentos saudáveis, isentos de resíduos e demais contaminantes químicos capazes de colocar em risco a saúde humana e a conservação do meio ambiente é uma realidade em todo o mundo. Por isso, a agricultura orgânica tornou-se um mercado em expansão, com grandes perspectivas para o produtor. O café orgânico é um produto diferenciado, de maior valor agregado, cujo mercado tem crescido e se fortalecido ao longo dos anos.

Para Theodoro et al. (2002), o café orgânico é produzido no Brasil desde a década de 70 e é comercializado para Japão, Estados Unidos e Europa.

De acordo com SEBRAE & Pensa (2001) o

[...] setor de beneficiamento, torrefação e moagem, responsável pelo processamento dos grãos para consumo, notadamente relacionado ao mercado

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interno, identifica vantagens significativas na comercialização dos cafés especiais, com destaques ao diferencial maior de preço praticado sobre a agregação de valor ao produto. No entanto, a restrição de mercado decorrente da dificuldade do consumidor identificar os atributos superiores do café diferenciado, aliado a escassez de encontrar matéria-prima adequada disponível no mercado nacional, são agentes desestimuladores para investir no segmento.

Segundo Caixeta (2000) “o café orgânico é um produto diferenciado, de maior valor agregado, cujo mercado tem crescido e se fortalecido ao longo dos anos”.

Conforme Theodoro (2003) uma “das mais importantes é que os produtores de café orgânico restringem o uso de fertilizantes químicos e proíbe o uso de agrotóxicos, já os produtores de café tradicional utilizam intensamente os produtos citados”.

De acordo com Batalha (1997) o agronegócio opera

[...] em sistema de cadeias produtivas complexas, que envolvem processos que estão em constante modernização e otimização. Esta cadeia tem passado por mudanças visando à competitividade e à expansão no mercado nacional e internacional. Entre os indutores dessa modernização estão as pesquisas realizadas por universidades e instituições públicas, iniciativas do setor privado e ações articuladas com o governo.

Pedini (2000 apud XLIV CONGRESSO DO SOBER, 2006) o

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[...] consumo dos cafés especiais como orgânicos tem aumentado na medida em que a sociedade vem questionando a sustentabilidade do modelo agrícola atual. Utilizando-se de grandes quantidades de insumos, a agricultura comum é responsável por uma série de intoxicações a seres humanos (diretas ou indiretas), aos animais e ao meio ambiente.

Segundo Pedini (2000),

[...] mesmo com o aumento no consumo interno dos produtos orgânicos, a comercialização de café orgânico é direcionada principalmente para a exportação, uma vez que a população brasileira ainda precisa ser mais conscientizada sobre o produto, pois é mais caro e há pouca divulgação e promoção do segmento.

Como o uso do agrotóxico pode influenciar na exportação do café orgânico em detrimento do desenvolvimento sustentável do agronegócio? Segundo Carmo (2004) as

[...] pessoas estão procurando ter uma vida mais saudável, buscando alternativas para uma boa alimentação e saúde. A qualidade de vida repercute em todos os setores da sociedade, com a busca constante de informações sobre atividades físicas, prevenindo doenças e buscando uma alimentação saudável. Alimentar-se corretamente fornece ao organismo os nutrientes necessários para uma manutenção da saúde.

Ehlers (1999) enfatiza que além

[...] de proteger a qualidade da água, a fertilidade do solo e a vida silvestre. O sistema de cultivo orgânico observa as leis da natureza, respeita as diferentes

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épocas de safra e todo o manejo agrícola está baseado na preservação dos recursos naturais.

Conforme Vieira (2008) a

[...] diversidade e qualidade dos alimentos estão atreladas à questão da melhoria da qualidade de vida e está sendo colocada em pauta na mesa de cada consumidor. Cada vez mais estudos comprovam que a alimentação saudável é pré-requisito fundamental para vida longa. Na visão atual do consumidor, o conceito de qualidade do alimento engloba não só as características do sabor, aroma, aparência e padronização de alimento, mas também a preocupação em adquirir alimentos que não causem dano à saúde.

Os agricultores estão tendo uma visão sobre o manejo do solo, em conservar os recursos naturais, para receber os alimentos orgânicos sem agrotóxico, e preocupando-se cada vez mais com o impacto ambiental destes elementos entre si e nos seres humanos. No qual evitam problemas de saúde causada pela ingestão de substâncias química tóxicas.

De acordo com Darolt (2002) e Paschal (1994) um

dos pioneiros do movimento orgânico no Brasil, o Prof. Adilson Paschal, na apresentação do seu livro “Produção Orgânica de Alimentos: agricultura sustentável para os séculos XX e XXI” comenta que, apesar dos esforços de muitos idealistas, a agricultura orgânica ainda se consolida no Brasil.

Conforme Darolt (2002) é

que apesar da maioria da produção brasileira ser destinada ao mercado externo, está vendo um

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aumento rápido da demanda interna,impulsionando pelo crescente número de consumidores que tem procurado alimentos mais saudáveis,de melhor sabor e que preservem o meio ambiente.

A Lei nº 10.831/2003 Brasil (2003)

[...] estabelece que o processo possa ser efetivado através de certificações por auditoria (inspeções de um técnico capacitado que verifica se a unidade de produção pode ou não ser considerada orgânica), ou através da certificação participativa, em que essa avaliação é feita pelos atores da cadeia. Na certificação do café, não só as lavouras são inspecionadas, mas também todo o processo de beneficiamento (torrefadoras, embaladoras, etc.).

Segundo Moreira (2005) "surgiram cafés com certificados orgânicos, que respeitam direta e indiretamente os indivíduos e o meio ambiente, cafés com certificados sociais do faire tarde”. Conforme Pedini (2000) mesmo

[...] com o aumento no consumo interno dos produtos orgânicos, a comercialização de café orgânico é direcionada principalmente para a exportação, uma vez que a população brasileira ainda precisa ser mais conscientizada sobre o produto, que é mais caro e há pouca divulgação do segmento.

De acordo com a Gazeta Mercantil (2005), a “[...] comercialização se unem em Cooperativas e Associações para formar grandes ofertas e deixando toda parte de comercialização nessas organizações que já tem contatos com os compradores”.

De acordo com Pegurier (2005) o

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[...] consumo e o mercado de cafés especiais, como os orgânicos, gourmets e socialmente justos, cresce no mundo todo oferecendo preços atraentes para o produtor, ao contrário do mercado de café commodity, desse modo, esta pode ser uma oportunidade de mercado para o café orgânico.

1. A inferência da exportação na produção do café o rgânico no desenvolvimento sustentável do agronegócio

O cafeeiro é uma planta originária do continente Africano, das regiões altas da Etiópia (Cafa e Enária) podendo ser a região de Cafa, que é responsável pela origem do nome café. Essa é uma planta de sub-bosque, de nome café, a qual produz o fruto, a semente, a bebida e alguns estabelecimentos que a comercializam. (GRANER; GODOY JUNIOR, 1967).

Não se tem nenhum documento ou indício histórico sobre o conhecimento do café antes do século XV, nem sequer se conhece o local de origem do cafeeiro. A bebida existia ainda de forma oculta usada pelo povo nativo no interior daquele país (DRENPKPOL, 1927 ROMERO; ROMERO, 1997).

De acordo com Oliveira (2006) afirma que em 2004

[...] o Brasil produziu cerca de 200.000 sacas de café de 60kg de café orgânico, sendo grande parte destinada à exportação. No mesmo ano a produção mundial de orgânico esteve em torno de um milhão de sacas, o que representa apenas 1% do total de café produzido.

O consumidor brasileiro está se conscientizando e dando importância aos alimentos orgânicos, o que está valorizando o café orgânico no mercado brasileiro. Apesar de

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representar apenas 7% do mercado total de alimentos principalmente em supermercados, o café orgânico é responsável por um crescimento anual de 20% em vendas em 70% em giro de produtos. (MAZZO, 2004).

O mercado de alimentos orgânicos é um mercado em expansão em todos os elos de sua cadeia de valor, representada pelo: processamento, armazenamento, distribuição e comercialização (BRASIL, 2003).

Conforme Raghuramulu e Naidu (1994), a

qualidade do café representa o fator chave para obtenção de altos preços no mercado livre, e o sistema de produção de café orgânico é propício para atender às preferências deste tipo de mercado e dos consumidores conscientes de questões ligadas à saúde em todo o mundo.

Segundo Theodoro e Guimarães (2003), observam que a

agricultura orgânica requer maior utilização de adubo um dos insumos da cafeicultura, e isto faz com que utilize uma quantidade maior de mão de obra, e também utilizam em ate 95% dos casos insumos nacionais, o que permite que o capital de giro e os investimentos fiquem no próprio país.

Para Lombard, Morri e Sato (2004) à medida que os produtores passaram a ter interesse no mercado exportador surgiu também a necessidade de certificação dos produtos por instituições de reconhecimento internacional. Análise da competitividade dos custos do café orgânico sombreado irrigado.

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Fonte: Nicoleli, M.; Moller, H. D.

Segundo Porter (1989) há “também a preocupação do produto sair orgânico da propriedade rural e contaminar-se no processo de beneficiamento ou comercialização, o que requer forte controle das transações verticais”.

A partir do momento em que os produtores aprimoram a qualidade do seu café orgânico eles sentiram a necessidade de um selo para exportar o seu produto e garantir a qualidade no mercado Internacional. “À medida que os produtores passaram a ter interesse no mercado exportador, surgiu também a necessidade de certificação dos produtos por instituições de reconhecimento internacional”. (LOMBARDI; MORRI; SATO, 2004).

2. A influência do uso do agrotóxico na produção de café na degradação ambiental

Com o uso do agrotóxico no solo, na produção de grãos pode afetar a saúde humana e a degradação ambiental.

Segundo a Embrapa Agro biologia (2005)

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cafezal equilibrado nutricionalmente apresenta defesa própria contra o ataque de pragas e doenças, reforçando a ideia de que o princípio básico é a prevenção. Outro ponto importante é a alimentação do solo e o fortalecimento da fertilidade do sistema com matéria orgânica, com o solo sempre coberto, para reduzir a necessidade de controles. Após a colheita os grãos são levados para campo e expostos ao sol para a secagem do grão, e o terreiro de secagem deve ser revestido para conseguir maior facilidade na operação de limpeza.

A prática da roçada e a cobertura morta sob o pé de café contribuem para a melhoria da fertilidade do solo e da retenção de água. (LIMA et.al.2002). De acordo com a EMBRAPA (2002) “na agricultura orgânica e banido o uso de fertilizante químico industrializado tem alta concentração e solubilidade, tais como ureia, salitres, superfostatos, cloreto de potássio e outros”.

Conforme Pesticidas (2002) para “cada novo medicamento ou agrotóxico desenvolvido pelo homem, bactérias e pragas respondem com um rápido processo de evolução seletiva que os tornam mais resistentes”.

Conforme Omoto (2002), a “resistência é o desenvolvimento de habilidade, em uma linhagem de um organismo em tolerar doses de agrotóxicos, que seriam letais para a maioria da população normal susceptível da mesma espécie”.

De alguma forma o uso do agrotóxico tanto em quantidade pequena prejudica totalmente a produção de orgânicos. Mesmo que suas quantidades sejam mínimas em comparação às dos minerais do solo seu impacto no meio ambiente pode ser considerável. (ZAKRZEWSKI, 1991).

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Segundo Pegurier (2005) observa que a importância do cultivo do café orgânico se dá pela preservação do solo e do lençol freático atingidos pela adubação química é agrotóxicos.

Conforme Guedes (2002) “são poucos os relatos de inimigos naturais resistentes a inseticidas, e nenhum deles proveniente do Brasil”.

Conforme Kiehl (1999) “a parte da decomposição dessa massa vegetal repleta de microorganismos vivos, vermes, insetos e outros pequenos animais, há formação de húmus e liberação de sais minerais contendo os indispensáveis nutrientes das plantas”.

De acordo com Guedes (2002), há duas hipóteses relacionadas a explicar a evolução da resistência a inseticida em inimigos naturais. Ele apresenta duas hipóteses:

Hipótese da alimentação complementar: enfatiza que a baixa ocorrência de resistência a inseticidas inimigos naturais de insetos pragas se deve ao fato de que populações residuais desses organismos que sobreviveram a aplicações de inseticidas se deparam com pequena disponibilidade de presas e passam fome, não se reproduzem, ou migram para fora da área tratada onde se acasalam com indivíduos susceptíveis. [...] Hipótese de susceptibilidade diferencial e refere-se ao fato de que as pragas estariam potencialmente melhor pré-adaptadas a sobreviver à aplicação de inseticidas convencionais, ao contrário de seu inimigo natural, devido à inerente capacidade das primeiras em lidar com estresse bioquímico associado as suas fontes naturais de alimentos, desenvolvidos durante a evolução da relação planta-hospedeira x insetos-praga.

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Para Deuber (1992) na realidade,

o que se pretende é viabilizar a manutenção de uma forma de convivência da cultura com as plantas daninhas pela utilização do sistema de manejo integrado, consistindo da combinação de diferentes práticas, com aproveitamento melhor dos recursos disponíveis, visando à maior eficácia, redução de custos maior segurança para o homem e mínima contaminação ambiental.

Segundo o SENAI (2004) vale destacar que se considera requisito importante, para que deseja ingressar no mercado internacional, a comprovação da isenção de contaminação do produto por períodos químicos, como resíduos de defensivo agrícolas.

Essa comprovação leva o mercado orgânico no Brasil a crescer favoravelmente. Segundo os dados da Agrianual (2000), “no Brasil calcula-se que a área ocupada com o cultivo orgânico esteja em torno de 100 mil hectares registrando-se altas taxas anuais de conversões”.

3. O agronegócio pode influenciar no resultado fina l da produção de café orgânico?

O café surgiu no mundo nos monastérios islâmicos do Iêmen, no Oriente Médio. A cultura do café chegou no continente europeu a partir de 1615 trazido por viajantes em suas frequentes viagens ao Oriente. Até o século XVII, somente os árabes produziam o café. Em partida os alemães, franceses e italianos procuravam desesperadamente uma maneira de desenvolver plantio de café em suas colônias. No Brasil a primeira muda de café entrou pelo estado Belém-PA, pelas

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mãos do Sargento Mor Francisco de Mello Palheta. (NAVES, s.i).

O diferencial do café convencional do café orgânico é que este último passa pelo processo de revitalização da lavoura pelo menos por três anos para que o solo esteja preparado sem o uso de defensivos químicos. O café orgânico é o único tipo de café certificado que tem alguma relevância no mercado doméstico. (PEREIRA et al., 2006).

Segundo Darolt (2005) um

cafezal equilibrado nutricionalmente apresenta defesa própria contra o ataque de pragas e doenças, reforçando a ideia de que o princípio básico é a prevenção. Outro ponto importante é a alimentação do solo e o fortalecimento da fertilidade do sistema com matéria orgânica, com o solo sempre coberto, para reduzir a necessidade de controles.

Com o processo de canalização de água na agricultura cafeeira, Mendonça (2000) “relata que ela exige nível tecnológico e planejamento consistente, para que a atividade seja rentável, interferindo-se que os cafeicultores estudados necessitam aprimorar a aplicação das técnicas de irrigação, repercutindo em uma maior racionalidade no uso da energia e da água”.

Após a colheita os grãos são levados para campo e expostos ao sol para a secagem do grão. Segundo a Embrapa Agro biologia (2005) o terreiro de secagem deve ser revestido para conseguir maior facilidade na operação de limpeza.

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Segundo SENAI (2004), no processo de secagem, e armazenagem do café há preocupação de controlar o índice de umidade adequada. Entretanto, é preciso que se introduza o protocolo de análise de risco pós-colheita, principalmente quanto à ameaça de fungos que produzem metabolitos tóxicos ou mico-toxinas, considerados perigos químicos críticos de produção.

De acordo com Suplicy (2007) o

processo de separação do café é feito através de uma máquina chamada de separador eletrônico, que elimina tudo o que não é visualmente homogêneo. Afirmo que não existe fazenda que produza um café tão ruim quanto o que o brasileiro bebe; acontece que o importador quer uma matéria-prima homogênea, bonita e sem defeitos, e ,quando o café passa no separador eletrônico,o que sobra tem que ter algum destino.

No processo de lavagem ou separação hidráulica do café a parte que não flutua proporciona o melhor café. A parte que submerge é composta de frutos maduros e de meia maturação com maior valor agregado. EMBRAPA AGROBIOLOGIA (2005). De acordo com Pegurier (2005) o “cultivo sem uso de agrotóxicos preserva o solo, a biodiversidade da lavoura e polpa a saúde dos trabalhadores”.

Conforme Ormond (1999), o “preço pago pelo café orgânico chega a ser duas vezes o praticado no mercado tradicional em virtude do crescimento da demanda e da pouca oferta, o café orgânico está bastante valorizado”.

De acordo com Darolt (2000) aproximadamente 70% da produção encontram-se nos estados do Paraná, São Paulo, Rio

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Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo. Conforma a Lei nº 10.831/2003 no Brasil estabelece que

[...] o processo pode ser efetivado através de certificações por auditoria (inspeções de técnico capacitado) ou por meio de certificação participativa (avaliação realizada pelos integrantes da cadeia produtiva específica). Com esse objetivo, lavouras e processo de beneficiamento (torrefadoras, embaladoras etc.) são avaliados.

Os consumidores estão procurando alimentos saudáveis sem agrotóxicos, no qual se preocupam com a saúde e a segurança alimentar; o crescimento do consumo de produtos com valor agregado e o desejo de participar das tendências do consumo. (GIOVANUCCI et al, 2007).

A crescente demanda, particularmente em países desenvolvidos, por produtos saudáveis e corretos sob o aspecto social, possibilita a incorporação de novos atributos de qualidade. (SAES et al, 2001).

Os cafés especiais têm o diferencial, pois possuem todas as informações desde a pé até a chegada às prateleiras. Segundo o site terra verde (2006 p. 1) as

árvores das atuais variedades brasileiras de café de boa qualidade, como a mundo novo e acaiá, têm porte médio de 4 metros de altura. As árvores do tipo catuaí atingem 2 metros de altura. As do tipo bourbon - muito usado para os cafés especiais e presente em 5% das lavouras do país - chegam a 3 metros de altura. As variedades citadas estão presentes em mais de 80% das lavouras brasileiras plantadas com grãos arábicas, de um total estimado de 4,5 bilhões de pés.

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Conforme Darolt (2003) “a busca da qualidade alimentar está se tornando uma das principais preocupações dos consumidores conscientes”. Os cafeicultores valorizam a prática da poda do café. Segundo (Toledo et al., 2001)

isto é importante para lavoura cafeeira tanto na fase produtiva, ocorrendo eliminação de ramos ladrões e determinação de crescimento das plantas, quanto na fase de depauperação, que possibilita o revigoramento de cafeeiros improdutivos e renovação de cafezais.

Conforme Suplicy (2007),

o Brasil segue como o mundo todo, uma classificação universal do produto, que utiliza uma amostra de 300g de café cru representativa do lote que será vendido. São feitas duas análises: uma é inquestionável, e a contagem visual dos defeitos. Para quem não conhece conta os defeitos contidos naqueles 300g de café, sendo que, para ilustrar: o tipo 2, ou melhor, tem até 5 defeitos por 300g e o pior, o tipo 8 tem ate 360 defeitos por 300g. Os brasileiros bebem café que lá fora é chamado de “desligado grade”, ou seja, fora da escala, pois tem de 600 a 800 defeitos por 300g.

4. O agronegócio do café orgânico auxiliando a sustentabilidade do meio ambiente.

O conceito de agro ecologia e agricultura sustentável lançadas em 1972 na Conferência de Estocolmo na Suécia consolidou-se na conferência da Eco 92 realizada no Rio de Janeiro, quando foram reafirmadas as bases para um desenvolvimento sustentável no planeta. Nos dias de hoje, o termo é entendido como um conjunto de princípios e técnicas

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que visam reduzir a dependência de energia externa e o impacto ambiental da atividade agrícola e industrial, produzindo alimentos mais saudáveis e valorizando o homem do campo, sua família, seu trabalho e sua cultura.

Conforme relata Carmo (2004), a agro ecologia originou-se como a disciplina que procurava as bases científicas para a agricultura alternativa e firmou-se em 1980 com a preocupação de integrar as técnicas com o homem, procurando estabelecer estreita ligação social para a produção agropecuária.

Conforme relatório Brasil do Ministério do Meio Ambiente (2000), a ideia de uma ‘agricultura sustentável’ revela, antes de tudo, a crescente insatisfação com o status quo da agricultura moderna. Indica o desejo social de sistemas produtivos que, simultaneamente, conservem os recursos naturais e forneçam produtos mais saudáveis, sem comprometer os níveis tecnológicos já alcançados de segurança alimentar.

Segundo Canuto (2004), a noção de agricultura sustentável busca abarcar todos os sistemas nos quais haja uma clara inversão no sentido ecológico da agricultura convencional, com construção de sistemas de mínima entropia.

Por outro lado, há várias maneiras de se obter uma produção limpa, em direção a uma agricultura sustentável, que segundo Carmo (2004), “o importante é manter os princípios básicos que norteiam uma produção ecologicamente equilibrada, entre eles a abolição de insumos químicos solúveis e a presença da biodiversidade dos agros ecossistemas”.

De acordo com Sanchs (1993), “há cinco dimensões de sustentabilidade que devem ser observadas para planejar o

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desenvolvimento sustentável: social, econômica, ecológica, espacial e cultural”.

Pesquisa do Hartman Group (citado por KEVIN, 2004) conduzido para identificar os fatores motivadores do consumo de orgânicos, verificou que entre as primeiras citações estão as questões relacionadas à saúde e nutrição, paladar e segurança. As outras razões mais citadas foram: alimento sem pesticidas e resíduos químicos e também questões relacionadas ao meio ambiente. Há uma percepção geral que questões relacionadas ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável são fatores-chave para os consumidores orgânicos.

Segundo Savitz (2007),

defende que a sustentabilidade traz benefícios financeiros para a empresa, afirmando que a forma como uma empresa administra as questões sociais, ambientais e econômicas está relacionado à própria qualidade gerencial necessária à sua competitividade no mercado.

Conforme Theodoro (2003) a

principal diferença entre o café produzido de forma tradicional e o café produzido organicamente, está no fato de que os produtores de café orgânico restringem o uso de fertilizantes químicos e não utilizam agrotóxicos, enquanto os produtores de café da forma tradicional utilizam intensamente estes insumos de produção.

De acordo com o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, em dezembro de 2000 foi aprovado o projeto de Lei nº 659/99, que dispõe sobre procedimentos relativos à

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produção, processamento, certificação, comercialização e diversos outros aspectos, necessários à regulamentação e ao desenvolvimento da agricultura orgânica no Brasil.

Segundo Pegurier (2005), “o cultivo sem o uso de agrotóxicos preserva o solo, a biodiversidade da lavoura e poupa a saúde dos trabalhadores”. Conforme a Embrapa (2002) o “processo de certificação do café não só as lavouras são inspecionadas, assim como também todo restante do processo do beneficiamento de café (torrefadoras, etc.)”.

Para Thedoro et al. (2001, p. 14), dificilmente uma propriedade de grande porte será convertida totalmente em cultura orgânica no curto período de tempo, devido principalmente por questões econômicas. A recomendação é feita, principalmente, em intervalos de 1,5 a 3 anos até que o solo possa ser recuperado dos maus tratos produzidos pelas técnicas convencionais.

Ainda Thedoro et al., (2001), afirma que a “utilização da arborização da cafeicultura pode ser um componente importante no equilíbrio ecológico e está sendo apontada como a saída para manutenção da sustentabilidade da lavoura”.

De acordo com Souza (1989), a

matéria orgânica atua como a reserva de nutrientes e melhora das condições físicas, químicas e biológicas do solo. Os adubos minerais (químicos) podem suprir o solo em termos de nutrientes; entretanto como melhores condições do solo não há adubo químico que substitua a adubação orgânica.

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De acordo com o relatório do Ministério do Meio Ambiente (2000), a

ideia de uma ‘agricultura sustentável’ revela, antes de tudo, a crescente insatisfação com o status quo da agricultura moderna. Indica o desejo social de sistemas produtivos que, simultaneamente, conservem os recursos naturais e forneçam produtos mais saudáveis, sem comprometer os níveis tecnológicos já alcançados de segurança alimentar.

Darolt (2000, p. 2) afirma que

[...] as várias correntes citadas (biodinâmica, biológica, natural, permacultura ecológica, agroecológica, regenerativa e em alguns casos, a agricultura sustentável) são consideradas como uma forma de agricultura orgânica, desde que estejam de acordo com as normas técnicas para produção e comercialização, apesar das pequenas particularidades existentes. Em síntese, podemos destacar que o ponto comum entre as diferentes correntes que formam a base da agricultura orgânica é a busca de um sistema de produção sustentável no tempo e no espaço, mediante o manejo e a proteção dos recursos naturais, sem a utilização de produtos químicos agressivos à saúde humana e ao meio ambiente, mantendo o incremento da fertilidade e a vida dos solos, a diversidade biológica e respeitando a integridade cultural dos agricultores.

A expansão da área cultivada de orgânicos cresce mundialmente, pelos dados da IFOAM (figura 3), pode se comparar o desempenho nos anos 2000 com o ano de 2006 nota-se que a área plantada duplicou em todo continente.

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Fonte: IFOAM, 2 Fonte: DAROLT, (2000).

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O quadro acima mostra as correntes biodinâmica, biológica, natural e a orgânica da agricultura alternativa e apresenta a definição e os princípios básicos das suas particularidades nos anos 70, conforme Darolt (2000).

Esta afirmação de Darolt (2000) coloca em segundo plano a discussão dos modelos de produção e suas peculiaridades, abrindo espaço para a discussão sobre o potencial que esses modelos apresentam na geração de alimentos confiáveis.

Embora haja um crescimento da área cultivada, a agricultura orgânica, quando comparada com a agricultura convencional representa apenas 1% de toda a agricultura mundial, fator que revela o espaço que existe para o desenvolvimento deste tipo de agricultura. (DAROLT, 2002, p. 45).

No Brasil, pode-se dizer que os produtos orgânicos estão em fase de introdução no mercado, pelo fato de que apenas 15% do que é produzido organicamente ser destinado para este mercado, o restante vai para o mercado externo. Com isso, a oferta tem sido bem pequena o que vem gerando além da falta do produto desconhecimento dos consumidores sobre os benefícios destes produtos. (DAROLT, 2002).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A agricultura orgânica também contribui para segurança alimentar na medida em que passa a disponibilizar alimentos mais saudáveis à população. O café orgânico tem crescido em todo mundo e o Brasil tem sido destacado como um dos grandes produtores em área plantada. O resultado mostrou que as

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maiorias dos consumidores estão mais conscientes que o alimento orgânico vai da produção à comercialização.

Um dos aspectos mais importantes no composto do produto orgânico é o selo de certificação, cuja função é atestar a origem e a qualidade do produto. Essa é uma maneira de respeitar o consumidor e obter dele a credibilidade para o consumo. No Brasil os produtos orgânicos são credenciados por órgãos internacionais como International Federation of Organic Agriculture Moviments (IFOAM) criada em 1972.

Por outro lado, para a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), Associação de Agricultores Biológicos (ABIO) e Ecocert Brasil, para que os produtores orgânicos possam se posicionar no mercado e adquirirem novos consumidores deve promover um conjunto de ações internas e externas para conhecer melhor o comportamento dos consumidores. O esperado é que os orgânicos tenham um grau de qualidade na comercialização e posicionamento no mercado próximo ao dos seus compradores (consumidores).

A pesquisa demonstra o perfil dos consumidores orgânicos, identificando o público feminino como o principal consumidor de alimentos orgânicos, adquiridos nos supermercados e feiras. Isso porque na maioria das vezes é da mulher a responsabilidade de fazer as compras da casa. Foi também mostrado que as pessoas na faixa etária de 20 a 45 anos são mais interessadas em saber sobre das propriedades dos produtos orgânicos, na medida em que estes consumidores procuram os selos de certificação nos alimentos orgânicos.

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LOGÍSTICA REVERSA DA EMBALAGEM PET: um processo mecânico de reciclagem*

Thaise Pereira Braga**

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo mostrar como a Logística Reversa pode contribuir para revalorização da reciclagem das embalagens PET. A Logística Reversa é analisada sob dois ângulos de aplicação. O enfoque qualitativo busca mostrar a importância da Logística Reversa para o processo de revalorização das garrafas PET (Polietileno Terefalato), que busca amenizar o impacto ambiental provocado pelo descarte inadequado. Por outro lado, foi analisada a importância da reciclagem das garrafas PET. Bem como a cadeia reversa do retorno de materiais ao ciclo produtivo, o que se transforma em uma nova matéria-prima secundária, que traz não só benefícios econômicos, sociais sustentáveis não só para as empresas que a recicla como também para os catadores, e consequentemente para o meio ambiente. A pesquisa bibliográfica foi realizada por meio do estudo exploratório sobre os conceitos de Logística Reversa, reciclagem, impacto ambiental e marketing verde, cuja função foi possibilitar a discussão teórica deste trabalho. A partir da análise da literatura conclui-se que as características da Logística Reversa são as mesmas da logística empresarial e que

* Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração em Comércio Exterior feito pela União Educacional de Brasília (UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010. **Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Exterior.

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a Logística Reversa não supre totalmente o impacto do meio ambiente, pois é preciso o apoio e ação tanto do governo, como da população e das empresas.

Palavras-Chave : Logística Reversa, Reciclagem, Meio Ambiente, Marketing Verde.

INTRODUÇÃO

A embalagem é o produto da ação de uma cadeia produtiva que começa na matéria-prima com os fabricantes de vidro, papel, resinas plásticas, folha de flandres, alumínio, madeira, tecidos industriais, entre outros. Representa para a indústria embaladora um componente importante no custo de produção e na composição do custo final dos produtos, assim como é um fator crítico na proteção e na logística de distribuição de seus produtos. (MESTRINER, 2002).

O PET (Polietileno tereftalato) chegou ao Brasil em 1988 sendo utilizado primeiramente na indústria têxtil. Apenas a partir de 1993 passou a ter forte expressão no mercado de embalagens, notadamente para os refrigerantes. Atualmente o Pet está presente em vários produtos como frascos de refrigerantes, produtos farmacêuticos e de limpeza, mantas de impermeabilização, fibras têxteis, entre outras. Em termos econômicos, oferece ao consumidor um produto substancialmente mais barato, seguro e moderno. As embalagens PET são 100% recicláveis e o processo pode ser mecânico, energético ou químico. Dentre os três, o mais utilizado é o mecânico por se tratar de um processo mais barato (ABIPET).

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Segundo dados da ABIPET (2006), as embalagens Pets passam por três etapas de reciclagem:

• Recuperação: Nesta fase, as embalagens que seriam atiradas no lixo comum ganham o status de matéria-prima. As embalagens recuperadas serão separadas por cor e prensadas. A separação por cor é necessária para que os produtos que resultarão do processo tenham uniformidade de cor, facilitando, assim, sua aplicação no mercado. A prensagem, por outro lado, é importante para viabilizar o transporte das embalagens.

• Revalorização: As garrafas são moídas, ganhando valor no mercado. O produto que resulta desta fase é o floco da garrafa. Pode ser produzido de maneiras diferentes e, os flocos mais refinados, podem ser utilizados diretamente como matéria-prima para a fabricação dos diversos produtos que o PET reciclado dá origem na etapa de transformação. No entanto, há possibilidade de valorizar ainda mais o produto, produzindo os grãos de PET reciclado. Desta forma o produto fica muito mais condensado otimizando o transporte e o desempenho na transformação.

• Transformação: Fase em que os flocos, ou o granulado, será transformado num novo produto, fechando o ciclo. Os transformadores utilizam PET reciclado para fabricação de diversos produtos, inclusive novas garrafas para produtos não alimentícios.

O PET tem sido considerado um vilão ambiental por demorar séculos para se degradar e ocupar grande parte do volume dos aterros sanitários, interferindo de forma negativa nos processos de compostagem e de estabilização biológica (FORLIN; FARIA, 2002; SANTOS et al., 2004).

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Depois que as embalagens Pets passam por todos estes processos surge um novo produto matéria-prima secundária que é vendida no mercado e tem como objetivo amenizar a degradação ambiental, contribuindo assim para a sustentabilidade econômica por meio da geração de renda e emprego.

Conforme Brito e Dekker (2003) como canais reversos ou fluxos reversos têm sido usados desde os anos 1970. Estes termos, em princípio, têm sido mais usados em operações ligadas a reciclagem de materiais e gerenciamento ambiental, sendo menos associados aos objetivos de redução de custo e aumento de valor econômico.

De acordo com a primeira definição conhecida de Logística Reversa foi publicada pelo então denominado Conselho de Gerenciamento Logístico (Council of Logistics Management, CLM), precursor do atual Conselho de Profissionais de Gerenciamento de Cadeias de Suprimentos (Council of Supply Chain Management Professionals, CSCMP), no início dos anos 1990 (STOCK, 1992 apud BRITO; DEKKER, 2003, p. 2).

[...] Logística Reversa é o termo geralmente usado para referir o papel da logística na reciclagem, disposição de resíduos e gerenciamento de materiais perigosos; uma perspectiva mais ampla se relaciona com atividades logísticas de redução de fontes de abastecimento, reciclagem, substituição, reuso de materiais e disposição. (LOGITICS MANAGEMENT COUNCIL).

A Logística Reversa era vista somente pelas empresas como uma forma de conservação do meio ambiente; a partir de

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1992, verificou-se que fluxo reverso também estava relacionado a toda cadeia produtiva.

Lacerda (2003, p. 477) afirma que “muitos produtos se tornam obsoletos, danificados, ou não funcionam e devem retornar ao seu ponto de origem para serem adequadamente descartados, reparados ou reaproveitados”. Nota-se que se esses produtos fossem descartados sem qualquer cuidado, poderiam poluir o meio ambiente e causar muitos transtornos.

Para Lacerda (2004) os

[...] processos de Logística Reversa têm trazido consideráveis retornos para as empresa. O reaproveitamento de materiais e a economia com embalagens retornáveis têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas e esforços em desenvolvimento e melhoria nos processos de Logística Reversa.

De acordo com Leite (2003)

[...] afirma que o objetivo econômico de implantação da Logística Reversa de pós-consumo se deve às economias relacionadas com o aproveitamento das matérias-primas secundárias ou provenientes de reciclagem, bem como da revalorização dos bens pela reutilização e reprocesso.

Atualmente as empresas estão preocupadas com o ciclo de vida do seu produto pós-consumo, e para amenizar o problema que seus produtos provocam no meio ambiente, transforma o seu em material em produto reciclável.

Segundo Leite e Pawlowsky (2005), a preocupação ambiental é cada vez maior em todos os setores da sociedade, o

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respeito que uma empresa tem pelo meio ambiente está diretamente relacionado à sua aceitação pública.

Os autores Gaither e Frazier (2002) "[...] apresentam exemplos de empresas que mudaram estratégias de manufatura e logística e obtiveram benefícios econômicos e ambientais”.

Segundo o autor Leite (2003) a Logística Reversa traz alguns benefícios;

• Consolidação da imagem corporativa;

• Responsabilidade social: geração de novas atividades econômicas, empregos e renda; incentivo à pesquisa de desenvolvimento de tecnologias de materiais, de reuso e reciclagem;

• Responsabilidade ambiental: diminuição do volume de deposição final de produtos que possam ser revalorizados; redução do consumo de matérias-primas virgens;

• Retornos financeiros apreciáveis;

• Melhoria da competitividade devido ao nível de serviço diferenciado.

1. Conceito da Logística Reversa

Para Leite (2003, p. 16), Logística Reversa é

[...] a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo

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produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, legal, logístico, de imagem corporativa, entre outros.

Conforme Pardo et al., (2008) a Logística Reversa é

o estudo dos canais de distribuição reverso,se destacam como uma nova área de estudo da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ciclo produtivo, por meio de canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico de imagem corporativa, entre outros.

Rogers e Tibben e Lembke (2001) descreveram a Logística Reversa como

[...] o processo de planejamento, implementação e controle de fluxos de matérias-primas, inventário em processo, bens acabados e informações, desde o ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recuperar valor ou fazer uma apropriada disposição ambiental.

Talvez por ser uma visão inicial, esta definição ainda estava mais ligada à gestão ambiental. Pohlen e Farris (1992) introduzem a direcional idade de fluxo e define Logística Reversa como o movimento de bens que partem do consumidor e seguem em direção ao produtor, em um canal de distribuição que opera na direção oposta à original.

Leite e Brito (2003) apontam a Logística Reversa como “[...] a oportunidade de gerar valor a clientes, seja pela coleta e

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processamento de resíduos potencialmente perigosos, seja dando nova destinação a bens já utilizados, mas que ainda possuem algum tipo de valor”.

Uma das primeiras conceituações da Logística Reversa foi dada por Kroon e Vrijens (1995) é definido como “a operação que faz referência aos talentos da gestão da logística e as atividades requeridas para reduzir, gerir e dispor os desperdícios perigosos e não perigosos que provêm do material de embalagem e os produtos”.

2. Conceito de reciclagem

A reciclagem é o canal reverso de revalorização em que os materiais constituintes dos produtos descartáveis são extraídos industrialmente e transformado-se em matérias-primas secundárias ou recicladas, que serão reincorporadas à fabricação de novos produtos. (LEITE, 2003, p.71).

De acordo com Lacerda (2007) o

[...] escopo e a escala das atividades de reciclagem e o reaproveitamento de produtos e embalagens, tem aumentado consideravelmente nos últimos anos por causa das questões ambientais, principalmente pela clara tendência de que a legislação ambiental caminha no sentido de tornar as empresas mais responsáveis pela concorrência e na diferenciação por serviços, os varejistas acreditam que os clientes valorizam as empresas que possuem políticas mais liberais de retorno de produtos e redução de custos, onde são notórias as economias com a utilização de embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para a produção, que tem trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas.

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3. O Conceito de impacto ambiental

A Legislação Ambiental, ao responsabilizar a empresa pelo controle do ciclo de vida do produto, responsabiliza legalmente a empresa pelos impactos ambientais causados por seus produtos. (TRIGUEIRO, 2003).

A avaliação de impacto ambiental tem por fim identificar, prever, interpretar e transmitir informações, acerca das consequências de qualquer ação antrópica (embora se possa adaptar a processos naturais) sobre a saúde e o bem-estar do homem, numa perspectiva espaço-temporal definida. (OLIVEIRA, 2005).

4. O conceito de marketing verde

Marketing Verde ou Ambiental consiste em todas as atividades desenvolvidas para gerar e facilitar quaisquer trocas com a intenção de satisfazer os desejos e necessidades dos consumidores, desde que a satisfação de tais desejos e necessidades ocorra com o mínimo de impacto negativo sobre o meio ambiente. (POLONSKY, 1994).

Marketing ambiental pode ser conceituado como uma modalidade que visa enfocar as necessidades de consumidores ecologicamente conscientes e contribuir para a criação de uma sociedade sustentável. (VALÉRIO, 2005).

Destaca que o marketing ambiental contribui para o desenvolvimento de “produtos e serviços direcionados a um segmento específico, que valoriza e consome produtos ecologicamente corretos”. (LAVORATO, 2006).

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5. O estímulo da Logística Reversa no processo de revalorização das garrafas PET

Devido ao grande crescimento populacional, o Brasil possui uma grande demanda de resíduos sólidos que são descartados de forma inadequada, normalmente a população lança estes produtos nos rios e lagos ou em sacos plásticos.

Outro grande problema é que estes resíduos são lançados em aterros sanitários prejudicando o solo e consequentemente vão trazer doenças para a população. E quando são incinerados pelas empresas e feito de maneira incorreta, para solucionar este problema e revalorizar as embalagens e reciclar estes produtos tornando-se um novo material secundário que tanto beneficiaria ao meio ambiente e a sustentabilidade econômica.

Para Weschsler e Morillas (2006) “as oportunidades de novos negócios podem surgir da reciclagem, como por exemplo, o desenvolvimento de novos produtos utilizando material reciclado o que pode em alguns casos reduzir custos e resultar em preços mais atrativos”.

Leite afirma que (2003, p.71) a

reciclagem é o canal reverso de revalorização em que os materiais constituintes dos produtos descartáveis são extraídos indústria, transformando-os em matérias-primas secundárias ou reciclados, que serão reincorporados à fabricação de novos produtos. Estes produtos se transformam em outro bem como tecidos, tintas, bandejas, malas, mochilas entre outros e consequentemente ameniza o impacto ambiental destes produtos no meio ambiente.

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A compra de materiais reciclados ou produtos que se fabricam com estes pode ter vantagens financeiras e ambientais. (KOPOCKI, 1993). A preservação da natureza tem na reciclagem uma forma de conter o desperdício de materiais e fontes de energia contida nos resíduos dispostos no meio ambiente, sendo uma mercadoria que tanto e fator de degradação ambiental no lugar que está acumulada, como é fator de economia com a reciclagem. (RODRIGUES, 1998 p.139).

Segundo Leite (2003, p.42) o

produto pós-consumo é classificado em função de sua vida útil, podendo ser: durável, de vida média variando de alguns anos algumas décadas, apresentando a possibilidade de reutilização; semidurável, com vida útil variando de poucas anos, ainda com possibilidade de reutilização; e descartável, com vida útil de horas ou semanas e sem a possibilidade de reutilização.

Conforme Spinacé, Paoli (2005) no caso das embalagens Pet, as motivações econômicas aumentam o ciclo de vida útil dos aterros, gerando empregos, reinserção social dos catadores, economia de energia, matéria-prima, redução dos custos de coleta, transporte e disposição final do lixo, além da reutilização adequada dos resíduos e proteção do meio ambiente.

A transparência, resistência a impactos, maior leveza em relação às embalagens tradicionais, brilho intenso e impermeabilidade ao gás carbônico são vantagens, que levaram a substituição dessa resina ao vidro em embalagens para refrigerantes (LEITE, 2003).

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Existem três processos de reaproveitamento da resina PET: reciclagem química; reciclagem energética, e a reciclagem mecânica. O polietileno reciclado é um dos materiais mais usados em toda a indústria de transformação, chega a ser, em média, 30% mais barato que o material virgem, e em muitos dos casos, com qualidade similar e satisfatória. (ABIPLAST, 2005).

Segundo Cortez, Milfionte e Belo (2001), nos

últimos percebem-se uma tendência mundial em reaproveitar cada vez mais os produtos descartados pela sociedade para fabricação de novos objetos, através do processo de reciclagem, que deve basear em dois objetivos bem definidos: diminuição do volume de resíduos depositados nos lixões e aterros e obtenção de um novo valor para os resíduos sólidos, através da economia de matéria-prima e energia.

Conforme os dados da Plastivida (2006)

Mesmo sem incentivos governamentais ou leis ambientais mais específicas, o Brasil possui índice de reciclagem mecânica de 16,5%, mas possui uma estrutura para coleta seletiva com ociosidade de cerca de 26,4%. Para se ter dimensão destes índices, caso o país ocupe nos próximos anos essa ociosidade, provavelmente irá superar países como Alemanha, Áustria, hoje com 31,1% e 19,1%, respectivamente. A região Sudeste se destaca no cenário nacional em relação à reciclagem de plásticos pós-consumo, apresentando um índice de 58%, seguida pela região Sul com 24,9% e pela Nordeste com 14,5%%.

Segundo a Revista Tecnologística (2002a), no

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Brasil o potencial para a atuação da Logística Reversa em indústrias de material reciclável é espantoso: por exemplo, entre os anos de 1994 e 2000 a produção de garrafas do tipo PET foi incrementada em mais de 300%; no mesmo período a reciclagem anual passou de 290 mil para 1,5 milhões, este último representando apenas 26% do total colocado no mercado.

Conforme Rodrigues (1999, p. 139) a

preservação da natureza tem na reciclagem uma forma de conter os desperdícios de materiais e fontes de energia contidas nos resíduos dispostos no meio ambiente sendo uma mercadoria que tanto é fator de degradação ambiental no lugar em que está acumulada, como é fator de economia a reciclagem.

“As tecnologias estão produzindo muitos produtos inovadores, controlando a energia renovável, materiais orgânicos ou de base biológica, ingredientes menos tóxicos, componentes mais recicláveis ou feitos apenas com menos materiais.” (MAKOMWER, 2009).

Para Rodrigues (1998), o que mais chama a atenção, para os que realizam a separação dos materiais recicláveis para a reciclagem, é o próprio resíduo sólido, pois o “lixo” foi introduzido no cotidiano. Os indivíduos passam a viver e se relacionar diariamente com os resíduos, tomando uma nova postura.

Há uma grande movimentação urbana acelerada nas cidades e consequentemente teve um grande aumento do lixo nas grandes metrópoles. “Calcula-se que o País perca quatro

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bilhões de dólares anuais com materiais que deixam de ser reaproveitados.” (COZETTI, 2001).

No qual demonstra que a população não tem a preocupação em separar o lixo, pois coloca em sacos plásticos os resíduos domésticos que depois são transportados pelo serviço de coleta seletiva. O morador fica satisfeito por ter se desvencilhado dos resíduos gerados no domicilio e a responsabilidade ante os resíduos acaba na porta de sua casa. (BERRÍOS, 2002, p.9).

O sistema da coleta seletiva no Brasil é feito de porta a porta, tem sido um processo mais utilizado tanto na coleta do lixo domiciliar como na coleta seletiva. Os garis correm em média oito horas por dia atrás dos caminhões, carregando sacos de lixo, que podem chegar a pesar até 20kg. Da quantidade de resíduos coletados em nosso país, apenas 1,7% recebe algum tipo de tratamento antes de ser conduzido para a destinação final. (RIBEIRO; LIMA, 2000, p.60).

Para Leite (2003) cerca de 76% dos municípios brasileiros utilizam lixões, enquanto que 24% ora utilizam aterros sanitários adequados, ora utilizam aterros semiadequados, ou seja, locais não totalmente preparados para escoamento de lixo. Conforme Mandelli (1997) a

frequência com que é comentado que a população é incapaz de participar, pela falta de educação, ou até mesmo pela falta de vontade de participar, revela que a administração pública age como se esses problemas fossem de responsabilidade da população e, se ocorrem falhas no sistema, a população é o principal alvo de críticas.

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No Brasil diferentemente, existem alguns programas de coleta seletivas domiciliares experimentais em algumas cidades, porém processando em quantidades baixas, que não interferem, até o momento, na quantidade total do lixo urbano descartado. (LEITE, 2003 p.46).

Ainda afirma Leite (2003), que os produtos pós-consumo, de uma maneira geral, devem ser coletados nos mesmos locais em que foram entregues pela distribuição direta, nos domicílios urbanos, no comércio em geral, nos escritórios e nas indústrias de certas regiões.

Segundo Cortez (2002), a coleta seletiva é o modelo mais empregado nos programas de reciclagem, consiste na separação de materiais que podem ser recuperados, na própria fonte geradora, mediante um acondicionamento distinto do componente.

Para que essa reintegração se realize, são necessárias as etapas de coleta, seleção, preparação, reciclagem industrial e a reintegração ao ciclo produtivo. CLM (1993, p. 3 apud LEITE, 2003 p. 7).

Para Silva (2005, p.34) “devem participar do projeto da coleta seletiva: o governo, a população e os empresários, pois é interesse de todos”. De acordo com Ribeiro e Lima (2000, p. 51) os projetos de coleta seletiva justificam-se sobre o aspecto atual de nossa economia, que é o desemprego, podendo ser utilizada na geração de postos de trabalho, absorvendo os catadores de materiais recicláveis dentro de uma atividade mais rentável e com condições de salubridade controlada.

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Segundo Spinacé et al. 2005), no caso das embalagens PET, as motivações econômicas são: aumento de vida útil dos aterros, geração de empregos, reinserção social dos catadores, economia de energia e matéria prima, redução dos custos de coleta, transporte e disposição final do lixo, reutilização adequada dos resíduos e proteção do meio ambiente.

O catador de materiais recicláveis faz parte do cenário das cidades brasileiras há mais de 50 anos, mas foi só na década de 90 que este trabalhador saiu das sombras das ‘cidades de papelão’ para ocupar seu lugar na história, se colocando, hoje, como agente ambiental nato, e mola propulsora da indústria da reciclagem (CALDERONI, 1998).

6. Revitalização das garrafas pet na micro e média empresa

A Logística Reversa adotada por algumas empresas trouxe benefícios como revitalização do processo através da reciclagem e também fortalecimento de sua imagem no mercado. Para Stock (1998), um bom programa de Logística Reversa pode ser um diferenciador entre empresas por fornecer meios de se alcançar vantagem competitivas no mercado.

Segundo Lacerda (2003, p. 476), “os processos de gerenciamento dos fluxos reversos tem trazido consideráveis retornos para as empresas”.

De acordo com o CEMPRE (2005),

registra no Brasil, negócios de reciclagem promovidos por associações empresariais ou empresas isoladas que vêm nessa alternativa uma maneira de reduzir custos de matéria-prima ou de seus processos, preservar os recursos naturais,

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promover a inclusão social e, conforme o material reciclado, evitar ou reduzir emissões gasosas e fluentes líquidos.

Leite (2003) enfatiza que “as estratégias de gestão do meio ambiente passaram a ser parte integrante da reflexão empresarial, pelo menos nas empresas líderes e ditas excelentes em seus setores”.

No entanto, além das oportunidades econômicas de retornar produtos ao ciclo de negócios, a questão de preservação ambiental dirige esforços das empresas para defesa de sua imagem corporativa e seus negócios. (LEITE, 2003 p.21).

Lambert et al., (1998, p. 28) “apontam a logística desempenhando importante papel no Planejamento Estratégico, e como arma de Marketing nas organizações”.

Leite (2003, p. 88) afirma que

as empresas da cadeia direta organizam,elas próprias ou em parceria,as diversas etapas de suas cadeias reversas e nelas atuam fortemente, incentivando a coleta de produtos ,ativando programas de reciclagem e melhorando as condições técnicas de reciclagem dos produtos, entre outras atitudes.

Conforme Almeida (2002, p. 57),

as empresas mais pressionadas pela opinião pública buscam tomar “banho verde” recorriam às pressas a ajuda de especialistas em marketing, na tentativa de mudar a imagem comprometida por décadas, às vezes séculos,de descaso ambiental.

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Faltavam as empresas formular o seu papel no mundo da sustentabilidade.

A empresa Coca-Cola lançou projetos junto com comunidades e com cooperativas de catadores de materiais recicláveis, e fez parcerias com outras empresas para solucionar os problemas em que seus produtos pós-consumo possam fazer com meio ambiente. Um dos projetos é Reciclou Ganhou, no qual tem como objetivo de dar todo o suporte técnico para os catadores reciclarem as embalagens pet, e com isto proporcionando a sustentabilidade econômica. Com o passar dos anos, aprendemos que a forma mais eficiente de fomentar a reciclagem de materiais é ajudar as cooperativas de catadores, especialmente em seu início. (INSTITUTO).

Já a Nike utilizou outra estratégia como incentivar o consumidor a devolver os sapatos sem condições de uso para a loja em que foi comprado, depois de coletados e enviados para a empresa Nike, são rasgados e transformados em basquete e pista de corrida.

Leite (2003) afirma que a empresa McDonalds assinou um contrato formal com uma organização de defesa do meio ambiente para a solução dos problemas relativos à embalagem dos seus produtos.

Conforme Tachizawa (2006, p. 21) “o consumidor do futuro, inclusive do Brasil, passará a privilegiar não apenas o preço e qualidade dos produtos, mas principalmente o comportamento social e ambiental das empresas fabricantes destes produtos”.

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Lacerda (2003) argumenta que alguns dos motivos para que a Logística Reversa atue nas empresas, são:

• as questões ambientais, com uma nova legislação ambiental que responsabiliza a empresa por todo ciclo de vida de seus produtos, principalmente no que diz respeito ao destino dos produtos após a entrega aos clientes e ao impacto que estes produzem no meio ambiente; além disso, com o aumento da consciência ecológica dos consumidores que procuram produtos de empresas que estejam preocupadas em reduzir os impactos negativos de sua atividade ao meio ambiente, com uma visão ecologicamente correta;

• a concorrência cada vez mais acirrada, fazendo com que as empresas busquem formas de diferenciação por serviço. Uma boa política de Logística Reversa mostra aos clientes o quão mais liberal a empresa pode ser quando se trata de questões de retorno de produtos, já que existem possibilidades de obtenção de produtos danificados e as leis de defesa dos consumidores garantem o direito de devolução ou troca de produtos com problemas; e

• a redução de custos pela adoção da Logística Reversa, podendo trazer consideráveis retornos para as empresas. Economias com a utilização de embalagens retornáveis ou com o reaproveitamento de materiais para produção têm trazido ganhos que estimulam cada vez mais novas iniciativas. Além disto, os esforços em desenvolvimento e melhorias nos processos de Logística Reversa podem produzir também retornos consideráveis, que justificam os investimentos realizados.

Segundo Borger (2006 p. 32), as

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empresas investiram e têm investido em procedimentos e processos para a gestão socioambiental, especialmente em práticas de planejamento, controle e em sistemas de gestão ambiental. Atualmente existem inúmeros modelos, instrumentos e ferramentas de gestão ambiental e social; há uma concordância de que não existe um modelo ou padrão único que sirva a todas as empresas porque seu comportamento social difere de organização para organização.

De acordo com Kotlhe (2004) muitas empresas desenvolvem projetos ambientais que envolvem pensar desde o início do projeto e criar produtos fáceis de recuperar, reutilizar e reciclar.

Voltolini (2009) “também reforça que as empresas mais inteligentes já compreenderam que não devem desconsiderar a sustentabilidade em suas estratégias de gestão e relacionamento com os consumidores”.

6.1 O nível impacto ambiental causado pela não revalorização da garrafa Pet

Com a tecnologia cada vez mais avançada há um grande surgimento acelerado de novos produtos, consequentemente os ciclos de vida destes produtos estão cada vez mais curtos. Por isso algumas empresas preocupadas com sua imagem e o fim dos seus produtos pós-consumo possam prejudicar o meio ambiente, utilizam estratégias para amenizar a degradação ambiental.

Para Leite (2003), a revalorização ecológica dos produtos de pós-consumo é entendida como uma maneira de a

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empresa recapturar valor, por meio da Logística Reversa, reduzindo o impacto de seus produtos no meio ambiente.

Segundo Leite (2003) com

os constantes avanços tecnológicos,melhoria de níveis de produção, barateamento de insumos, lançamentos de milhares de novos produtos, obsolescência precoce e o alto custo do reparo ao preço de um bem novo, tem aumentado a quantidade de bens descartáveis, isso faz com que o volume de produtos sem finalidade a sociedade aumenta significativamente e, por consequência, acarrete em um aumento na preocupação como os danos que possam causar ao meio ambiente.

A poluição ambiental pode ser definida como toda ação ou omissão do homem que através da descarga de material ou energia atuando sobre as águas, solo e o ar causem desequilíbrio nocivo, ou seja, de curto ou longo prazo no meio ambiente. (VALLE, 1995, p. 6).

Para Faria et al (2007) a questão ambiental não é mais um assunto somente dos ambientalistas e se converteu em um sistema de gestão ambiental, uma estratégia de negócio.

Segundo Farias et al (2007) a preocupação ambiental por parte da empresa pode significar boas oportunidades competitivas,levando a organização a adotar políticas estruturadas visando a diminuir o impacto ambiental, contribuindo para o desenvolvimento sustentável.

Segundo Silva et al. (2002), a preocupação dos consumidores com a degradação do meio ambiente trouxe um novo segmento de consumidores: os consumidores verdes ou

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ecológicos, que manifestam na hora de sua compra a preocupação com o meio ambiente e buscam produtos que causam menor impacto sobre o meio ambiente.

Segundo Leite (2003, p.124) o destino do produto em seu fim de vida, que na maior parte dos casos causa impactos ambientais e sofre pressões e criticas dos ambientalistas ao consumo sem responsabilidade empresarial, induzem cada vez mais as empresas a incluírem em sua Contabilidade os custos ecológicos.

Segundo Braga et al (2006), de forma contraria ocorre com os meios aquáticos e atmosférico ,o Brasil ainda não possui uma Política Nacional que trate a questão dos resíduos sólidos de maneira integrada.

Leite (2003) afirma que a legislação é apresentada como um fator de restrição a maiores níveis de reciclagem, em função da falta de uma política tributaria condizente com o setor.

Conforme Reichert (2006) a série de normas ISO 14000 foi desenvolvida pela comissão técnica 207 da ISO (TC 207), para atender a uma necessidade mundial de uma gestão ambiental mais confiável e padronizada, introduzindo o meio ambiente com um item de grande importância nas estratégias empresariais.

De acordo com Leite (2003) afirma que as

legislações regulamentam a produção de selos verdes para identificar produtos amigáveis ao meio ambiente, os produtos pós-consumo que podem ou não ser depositados em aterros sanitários, a

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restrição ao uso de produtos com conteúdos de matérias-primas secundárias, entre outros aspectos.

Segundo Leite (2003), como reação aos impactos dos produtos sobre o meio ambiente, a sociedade vem criando leis e novos conceitos sobre como progredir sem comprometer as gerações futuras, minimizando os impactos ambientais.

Segundo Lacerda (2003, p. 476) um aspecto diz respeito ao aumento da consciência ecológica dos consumidores, que esperam que as empresas reduzam os impactos negativos de sua atividade ao meio ambiente. Isso tem gerado ações por parte de algumas empresas que visam comunicar ao público a sua imagem institucional ecologicamente correta.

De acordo com Miles e Munilla (1995 p. 29 apud LEITE, 2003, p. 140) alguns

(...) indicadores caracterizam empresas com orientação ecológica: embalagens em recipientes recicláveis; embalagens fabricadas com materiais recicláveis; a empresa ter um ativo programa de reciclagem e está comprometida a adquirir artigos que tenham certo conteúdo de materiais recicláveis. Variáveis ambientais nas reflexões estratégicas da empresa; o abandono da obsolescência planejada; a procura de modificações ambientais por meio de inovações.

De acordo com Medeiros (1995 apud BAENAS; CASTRO, 2007, p.6), a

avaliação do impacto ambiental deve ser concebida antes de tudo como instrumento preventivo de política pública e só se toma eficiência quando pode se constituir num elemento de auxílio de decisão,

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uma ferramenta de planejamento e concepção de projetos para que se efetive um desenvolvimento sustentável como forma de sobrepor ao viés econômico do processo de desenvolvimento, aparecendo como sinônimo de crescimento econômico, que ignora os aspectos ambientais, culturais, políticos e sociais.

7. Marketing “Verde” estratégia ecológica sustentáv el

Segundo Ferrel (2001, p. 66), marketing verde se refere, especificamente, ao desenvolvimento, apreçamento, promoção e distribuição de produtos que não agridem o ambiente natural.

“A logística verde permite que o papel essencial da produção seja o de transformar os recursos limitados do meio ambiente em algo útil para o estilo de vida e a cultura das pessoas”. (MOURA, 2000).

Nesta nova era de marketing, os produtos passam a ser avaliados não apenas com base em desempenho ou preço, mas na responsabilidade social dos fabricantes (OTTMAN, 1994, p. 8).

Está cada vez mais comum encontrarmos consumidores que escolhem produtos que prejudicam menos o meio ambiente, pois eles preferem aqueles que estão classificados na chamada linha verde. Diante dessa consciência ecológica, surge marketing verde que é uma forma encontrada pelas empresas para convencer os consumidores “verdes”, ou seja, que estão preocupados em consumir, a maior quantidade possível de produtos que não causem danos ao meio ambiente.

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“O marketing verde é, em essência, um ajuste das estratégias mercadológicas de empresas às exigências de um novo tempo no qual consumidores desejam, mais do que produtos, compromissos firmes”. (VOLTOLINI, 2006, p. 368).

Para Kotler (2002, p. 94), no marketing verde os consumidores desejam encontrar a qualidade ambiental nos produtos e serviços que adquirem. Percebe-se assim, que nenhum esforço por parte das empresas tem sentido, se os consumidores insistirem em continuar consumindo determinados bens que agridam a natureza.

De acordo com Kotler (2000), o marketing verde ou ecológico consiste, portanto, na prática de todas aquelas atividades inerentes ao marketing, porém, incorporando a conscientização ecológica que está centrada na preocupação ambiental que contribui para o mercado consumidor.

Segundo Tachizawa (2002, p. 26), “o novo contexto econômico caracteriza-se por uma rígida postura dos clientes, voltada para a expectativa de interagir com organizações, que sejam éticas, com boa imagem institucional no mercado e que atuem de forma ecologicamente responsável”.

Segundo Teixeira (2006), o

objetivo principal da comunicação verde é mostrar ao consumidor que um artigo ecologicamente correto é também mais saudável para o consumo, a partir do momento em que reduzindo o dano ambiental, a qualidade de vida das pessoas, indiretamente, sofre melhorias. Ou seja, o Marketing Verde, divulga o que tem feito em prol do meio ambiente e, desse modo, procura sensibilizar o consumidor para que ele também participe deste

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processo, já que a responsabilidade de preservar os recursos escassos é de todos.

Conforme Pereira (2004, p. 6 apud SMITH, 2009) afirma “que o consumidor ecologicamente consciente seria aquele que tem consciência do impacto dos seus hábitos de consumo no meio ambiente e que se empenharia em comprar produtos que não agredissem o meio ambiente.

De acordo com Chamorro (2001), “os consumidores verdes ou ecológicos são aqueles que manifestam sua preocupação pelo meio ambiente em seu comportamento na hora da compra, buscando produtos que são percebidos como de menor impacto sobre o meio ambiente”.

De acordo com Dinato (1998), os consumidores ainda têm dificuldade de perceber os benefícios que podem ser gerados por uma gestão mais eficiente dos recursos existentes e que esse comportamento pode tornar-se uma fonte poderosa de incentivos para processos de inovação e de desenvolvimento.

Para Kotler (1999), o marketing verde é “um movimento das empresas para criarem e colocarem no mercado produtos ambientalmente responsáveis em relação ao meio ambiente”.

Conforme Starke (1991, p. 98), a mudança de comportamento dos consumidores tem atraído a atenção de um número crescente de empresas, que estão descobrindo as vantagens estratégicas de marketing ecológico.

Conforme Heap; Kent (2000)

consumo sustentável representa o consumo de bens e serviços com respeito aos recursos

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ambientais, de forma que garanta o atendimento das necessidades das presentes gerações sem comprometer o atendimento das gerações futuras.

Cooper (2000) explica o significado de consumo sustentável, que traduz como os “padrões de consumo através da compra e uso dos bens e serviços que atendam às necessidades básicas das pessoas em conjunto com a minimização da degradação ambiental”. Para atender estas premissas o consumo sustentável.

Em relação aos consumidores verdes e o consumo sustentável tem aspectos diferentes no qual alguns autores explicar de forma clara e concisa sobre estes conceitos.

Abordagens do consumo “verde” e do consumo sustentável

“CONSUMO VERDE” “CONSUMO SUSTENTÁVEL”

Consumir produtos diferentes Consumir menos

Essencialmente positivo em relação ao consumidor.

Consumo além das necessidades básicas é negativo

Mudança no padrão tecnológico Mudança no estilo de vida e no padrão do consumo

Foco no lado da oferta: produção Foco na demanda “usuário final”

Consumidores respondem as informações adequadas

Consumidores querem alternativas de aquisição

Mudança gradual Mudança radical: urgente e essencial

Crescimento ”verde” no local do crescimento econômico.

Alta qualidade de vida sem degradação Ambiental

Fonte: a partir de Cooper (2002).

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Para que se obtenha uma estratégia de marketing sustentável é necessário a participação das empresas e também regulamentações governamentais. De acordo com Sheth e Parvatiya (1995 p.10 apud LEITE, 2003 p.140) propõem um modelo para uma estratégica de marketing sustentado dividido em dois aspectos: a estratégia corporativa, analisando os aspectos internos a organização, e a ação governamental, na forma de intervenção do governo. Conforme o autor esta estratégica de marketing corporativo ou empresarial se resume em quatro “R” reconsumo, redirecionamento das necessidades dos consumidores, reorientação do mix de produtos e reorganização.

Estratégias para o marketing sustentado

Fonte: Polonsky e Mintu-Wimsatt (1995:10)

• Reconsumo. Implica considerar a possibilidade de reutilização do produto, em parte ou totalmente, por vários ciclos de vida ou gerações, fazendo com que a fabricação, o uso e o

Reorganização Regulamenta

Marketing

sustentado

Intervenção

governamental

Reconsumo Reforma

Promoção

Reorientação Participação

Redirecionamento

Estratégias

corporativas

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modo de desembaraço e sua reutilização sejam mais compatíveis com as ideias de desenvolvimento sustentável.

• Redirecionamento das necessidades dos consumidores. Envolve pesquisar novos hábitos de consumo e comportamento, para satisfazer essas novas necessidades ou promovê-las quando necessário.

• Reorientação do mix de produtos. Visa identificar oportunidades de redução dos impactos das diversas fases.

• Reorganização. Significa a aplicação de técnicas de conscientização requeridas nas mudanças de paradigmas nas organizações.

Segundo Cairncross (1992 apud LEITE, 2003), afirma que para obter condições de sustentabilidade à estratégia de marketing é necessário a participação do governo, no qual está divido em quatro aspectos que são intervenção: regulação, reforma, promoção e participação.

• Regulação. Por meio de normalizações e do estabelecimento de padrões de performance em tecnologia e produtos.

• Reforma. No sentido de legislar sobre as atitudes industriais e investir em educação ambiental, gerando mudanças e hábitos.

• Promoção. No sentido de incentivar tecnologia, sistema tributário, créditos, imposição de taxas ou retirada delas para produtos considerados ‘limpos’ pelos padrões estabelecidos anteriormente.

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• Participação. No sentido de dar preferência, em suas aquisições, a materiais ou produtos de acordo com o desenvolvimento sustentável, de apoiar a pesquisa de empresas com estratégias ‘limpas’ e negócios empresariais internacionais.

Segundo Manzini e Velozzolli (2002), o melhor caminho para a sustentabilidade é aquele em que cada indivíduo passe a consumir de uma maneira mais consciente e sustentável, fazendo com que suas escolhas sejam compatíveis com as necessidades ambientais existentes.

A teoria do desenvolvimento sustentável prega a necessidade de se encontrar maneiras de alcançar o desenvolvimento econômico, preservando as condições ambientais corretas a novas gerações (LEITE, 2003, p. 142).

“A sustentabilidade é uma questão de sobrevivência no mundo coorporativo, pois há cada vez menos espaço no mercado para empresas que não respeitam o meio ambiente.” (GERAÇÃO SUSTENTÁVEL, 2009).

Conforme Savitz (2006, p. 2) “empresa sustentável é aquela que gera lucro para os acionistas, ao mesmo tempo em que protege o meio ambiente e melhora a vida das pessoas com que mantém informação”.

O segundo desafio para implantar com êxito uma estratégia de marketing verde é conseguir fazer com que as políticas ambientais organizacionais sejam valorizadas por todos os níveis hierárquicos (GONZAGA, 1995).

Conforme Barbieri (2006, p. 77), a

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[...] meta da educação ambiental é desenvolver uma população consciente e preocupada com o meio ambiente para atuar individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas atuais e para a prevenção de novos problemas.

De acordo com Connolly e Prothero et al., (2003) em

relação ao marketing verde no Brasil tem um problema em que os consumidores não percebem totalmente a importância da conservação do meio ambiente, é necessário que se tenha uma Educação Ambiental para conscientizar e informar as pessoas sobre como os produtos pós-consumo possam prejudicar o meio ambiente. Os consumidores acreditam que a escolha de produtos “verdes” e o aumento da reciclagem sejam sua contribuição, sendo que o atual nível de consumo não é identificado como um problema.

Conforme Abreu (2001, p. 57) afirma que para receber contribuição das pessoas em iniciativas voltadas para preservação ambiental, é preciso fazê-las entender que isso beneficiara também a qualidade de vida delas mesmos e de seus familiares.

De acordo com Barbieri (2006), a educação ambiental deve estimular as pessoas a serem portadoras de soluções, deve produzir mudanças nas suas próprias condutas, modificando, por exemplo, seus hábitos de consumo.

Nalini (2001) afirma que o grande desafio da humanidade em preservação do Meio Ambiente ainda é responsabilidade do homem, que deve tomar uma postura consciente para deixar um legado às gerações futuras e apagar

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as marcas de uma história na qual a dominação foi mais importante que a própria miscigenação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido aos produtos pós-consumo agredirem o meio ambiente, houve a necessidade de pesquisas de como este produto retornarem a cadeia de distribuição reversão amenizando o impacto ambiental. As empresas tiveram a necessidade em adotar a Logística Reversa, pois pressionadas por organizações governamentais e consumidores mais exigentes, regulamentações ambientais, tiveram que modificar as suas ações referentes à preservação do meio ambiente e os recursos naturais no qual realizando o tratamento adequado dos resíduos sólidos.

Em relação à revisão de literatura na qual foi realizada verificou-se que as empresas preocupadas com a sua imagem e a competitividade no mercado utilizam-se estratégia como o Marketing Verde, também fez parcerias com outras empresas para reciclar os produtos pós-consumo, dando todo o suporte técnico.

A literatura nos mostra que a revalorização das embalagens pets traz economia para as empresas, também responsabilidade social é, favorece os catadores de matérias recicláveis dando sustentabilidade.

Por outro lado, o estudo indicou a necessidade em obter uma Educação Ambiental da população, pois não tem conscientização e pouca informação a respeito da separação dos Resíduos Sólidos domésticos.

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É necessário que o governo participe junto com a população com folhetos informativos, propagandas, sobre a maneira correta da separação do lixo que normalmente joga nos rios e lagos e com isto provoca a degradação ambiental, pois as embalagens demoram anos para se decompor. Pergunta-se: de que serve a preocupação com o meio ambiente se muitos não fazem ações para resolver os problemas dos danos ao mesmo.

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A ADEQUAÇÃO DO PERFIL DO CANDIDATO À ESPECIFICIDADE DO CARGO *

Tais Pereira Alves**

RESUMO

Este artigo de revisão bibliográfica tem por objetivo mostrar as implicações das adequações do perfil dos candidatos às especificidades do cargo. Busca analisar os processos seletivos de pessoas e como são realizados nas organizações. Na primeira mostra a grande importância de pessoas competentes realizando e envolvidas nesse processo. Nesta parte pode-se entender como é feito um diagnóstico da empresa e quais são suas necessidades. A segunda parte mostra as técnicas para se organizar um processo seletivo de pessoas. Por fim, a pesquisa trata da integração normativa que é a busca da adaptação do candidato ao seu cargo dentro da organização, para que ambos atinjam seus objetivos. Essa ferramenta é utilizada pelas grandes organizações para analisar o perfil de cada candidato. A partir da análise da literatura conclui-se que todos mostram aquilo que querem e desejam, muitas vezes sem precisar falar. E é isso que todo entrevistador deve perceber, adequar da melhor forma possível o candidato com o cargo que é compatível com suas qualidades e ambições.

* Artigo de Revisão Bibliográfica que publica o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Comércio Exterior feito pela União Educacional de Brasília (UNEB) sob a orientação da: Profª. Drª. Linda G. Reis, dezembro 2010. **Bacharel em Administração com Habilitação em Comércio Exterior.

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Palavras-chave : Processo Seletivo, Cargo, Integração Normativa, Organização.

INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea registra um alto índice de desemprego. Todos os anúncios e processos seletivos apresentam filas enormes de pessoas procurando se colocar no mercado de trabalho. Quantas vezes achamos currículos extraordinários, candidatos com especialização, mestrado, doutorado, competindo uma vaga de atendente ou vendedor. E qual é o parâmetro de uma empresa para contratação. Será que a melhor escolha é o candidato que tem mais títulos acadêmicos?

De acordo com Silveira (2009) existe

(...) uma homogeneização das orientações oferecidas aos candidatos, bem como do comportamento destes durante a entrevista de seleção. Tal homogeneização resulta de modos de subjetivação ou modos de produção de estilo de vida que, diante do medo da exclusão fomentada pelos altos índices de desemprego, constroem sujeitos camaleônicos, que se apresentam ao saber das exigências do mercado.

Em contrapartida encontramos as empresas querendo sempre gerar lucro e isso dentro de um contexto organizacional. Isso mostra que na maioria das vezes o candidato perfeito é aquele que mais produz.

Para Miguel (2001) a

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crescente exigência do mercado de trabalho impõe a busca de candidatos que melhor possam cumprir as tarefas dos cargos a serem ocupados, bem como contribuir para que a organização atinja seu objetivo. Na maioria dos casos, o principal objetivo das empresas do setor privado é a geração de lucro, já que tais empresas só sobrevivem se geram lucro.

Gatewood e Field (1998) afirmam que “neste contexto, o objetivo do processo de seleção de pessoal é escolher o candidato com melhores conhecimentos e habilidades para desempenhar determinada tarefa”.

Para Nunes (2010) cada

tarefa que faz parte de uma descrição de cargo precisa ser considerada em termos das qualificações e das competências que requer. É nessa etapa que o perfil do indivíduo a ser contratado deve ser desenvolvido. Assim como a definição do cargo, o perfil deve ser compatível, e real em relação às expectativas específicas da empresa.

O procedimento a ser avaliado é o tipo de oferta com o tipo de demanda. O papel mais importante dos contratantes nesse processo de adequação do candidato à vaga ofertada é o fato de detalhar e descrever o tipo de pessoa capaz de preencher as exigências do cargo.

Nunes (2010) afirma que candidatos “que indicam forte desejo de crescerem dentro de uma empresa não irão adaptar-se bem a um cargo em que existe pouca mobilidade ou possibilidade de ascensão. Se esse é o caso, isso deve ser discutido com o candidato”.

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Miguel (2001) pondera que o fato de ser realista sobre as oportunidades que se tem para oferecer. A honestidade é a maior aliada para evitar contratar um funcionário frustrado, que deixa a empresa depois de um ano.

Nesse contexto, podemos analisar que tanto a empresa quanto o candidato deve estar de comum acordo na hora da contratação. Os dois devem ser honestos e estarem cientes de que a escolha de ambos é um fator determinante para o sucesso de todos.

Gibson (1981) afirma que as

pessoas são os recursos essenciais para a elaboração e implementação das estratégias, viabilizando a transposição deste processo para o contexto organizacional. Estas pessoas precisam desempenhar diferentes papéis, ou seja, responsabilidades e tarefas lhe são atribuídas conforme o cargo que ocupam, a fim de que a organização funcione adequadamente. Assim, ao fazer parte de uma determinada organização o indivíduo está sob as exigências deste papel para agir e se comportar de determinada forma, de acordo com as atividades prescritas ou padronizadas. A partir do momento em que existe a definição clara quanto ao desempenho de papéis podem-se direcionar melhor as habilidades individuais, estabelecendo uma relação de integração com o sistema normativo, a fim de diminuir as divergências entre o papel esperado e o realizado.

Os procedimentos de um processo seletivo segundo Pagés e Tavares (1993) permitem

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objetivar as características de cada indivíduo e avaliar não apenas suas competências técnicas, mas, sobretudo, sua capacidade de trabalho, suas motivações profundas, suas reações em face das regras preconizadas pela empresa e sua capacidade de integração.

Para Enriquez (1997), “o objetivo maior é adaptação ou ajustamento entre as pessoas e o trabalho. Para isto, as empresas buscam engajar os indivíduos cujos comportamentos parecem mais adequados ao estilo da empresa”.

Segundo Santos (1985) “os escolhidos nem sempre são os que revelam os melhores resultados em teste e sim os mais adequados a uma situação predeterminada”. Para a busca da adaptação do indivíduo aos papéis que lhe são atribuídos pela organização, afim de que os objetivos organizacionais sejam atingidos, também é grande. Isso pode ser chamado também de integração normativa.

Segundo Maanen (1992), este processo pode ocorrer formalmente, agindo na preparação do indivíduo para ocupar um determinado status, e de maneira informal, preparando uma pessoa para desempenhar um determinado papel na organização.

É muito complexa a relação dos recursos humanos com a contratação de pessoal. Assim, o artigo procurou mostrar como adequar o perfil do candidato à especificidade do cargo.

1. A adequação das técnicas de administração em rec ursos humanos para a execução do recrutamento de pessoas

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O recrutamento de pessoas, realizado nas organizações, tem como base os conceitos e técnicas da Administração de Recursos Humanos (ARH). Chiavenato (2004) define recrutamento como “um conjunto de técnicas e procedimentos que visa a atrair candidatos potencialmente qualificados e capazes de ocupar cargos dentro da organização”.

Segundo Carvalho e Nascimento (1997): “todo procedimento de recrutar está baseado em informações oriundas da análise, descrição, avaliação e classificação do cargo a ser preenchido, aí incluído, obviamente, o aspecto salarial”.

A Administração de Recursos Humanos utiliza três técnicas, sendo assim o caminho mais rápido e eficaz. Mas como todo processo a ser desenvolvido, precisa de um planejamento. Esse planejamento tem como principal objetivo diagnosticar as reais necessidades da organização, para que assim, o objetivo seja alcançado.

Castellan (1987) afirma que o, “recrutamento requer um cuidadoso planejamento, que constitui uma sequência de três fases, a saber: o que a organização precisa em termos de pessoas, o que o mercado de RH pode oferecer, e quais as técnicas de recrutamento a aplicar”.

Pode-se afirmar que o recrutamento pode ser executado de três formas: o recrutamento interno, recrutamento externo e o recrutamento misto.

Segundo Carvalho e Nascimento (1997) o

recrutamento interno acontece quando na organização surge uma vaga e a mesma tende a

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preenchê-la através do remanejamento de seus empregados. Isso pode acontecer, quando seus colaboradores são promovidos (movimentação vertical), transferidos (movimentação horizontal) ou transferidos com promoção (movimentação diagonal).

Chiavenato (2004) define o recrutamento interno em, “um processamento ou movimentação de recursos humanos. E para que possa funcionar bem, o recrutamento interno exige interna coordenação do órgão de RH com os demais da empresa”.

Quando o processo seleção de pessoas for administrado incorretamente, pode levar à situação que Peter e Hull (apud CHIAVENATO, 2004, p. 310) denominou o

princípio de Peter, as empresas ao promoverem incessantemente seus empregados, leva-os sempre à posição onde demonstram o máximo de sua incompetência; à medida que um empregado demonstra, em princípio, competência em algum cargo, a organização, a fim de premiar seu desempenho e aproveitar sua capacidade, promove-o, sucessivamente, até o cargo em que o empregado, por se mostrar incompetente, estaciona, uma vez que a organização pode não ter meios de retorná-lo à posição anterior.

Para Carvalho e Nascimento (1997), o recrutamento externo é necessário quando surge

uma vaga e a organização decide preenchê-la com pessoas vindo de fora, ou seja, com candidatos externos atraídos pelas técnicas de recrutamento. Esse recrutamento incide em candidatos reais ou

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potenciais, disponíveis ou aplicados em outras organizações.

As técnicas são utilizadas conforme o tempo e o gasto que cada organização terá disponível no seu planejamento. E se o tempo de recrutamento for muito reduzido esse processo sairá bem oneroso para a organização. Vale lembrar que na maioria das vezes o uso delas se faz necessário conjugadamente com outra, com o objetivo de um resultado eficaz.

Portanto, a finalidade de executar um recrutamento externo é trazer “sangue novo” e experiências novas para a organização. Com o recrutamento externo, a organização, como um sistema, mantém-se atualizada.

Carvalho e Nascimento (1997) definem que “recrutamento Misto veio com a finalidade de equilibrar essas diversas situações e inseguranças que podem existir no recrutamento de pessoal. E na prática é isso que acontece as empresas nunca utilizam somente uma técnica”.

Por fim Chiavenato (2004) enfatiza que em

face das vantagens e desvantagens dos recrutamentos interno e externo, uma solução eclética tem sido preferida pela maioria das empresas: o recrutamento misto, ou seja, aquele que aborde tanto fontes internas como fontes externas de recursos humanos. “Porque ambos se complementam e se completam”.

2. As técnicas usadas no processo seletivo de pesso as na organização: uma breve análise

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Após a escolha do tipo de recrutamento a ser executado para atender as necessidades da organização, é hora de planejar quais as técnicas de seleção de pessoas serão usadas para a escolha do candidato mais preparado para o cargo a ser ocupado.

Chiavenato (2004) enfatiza que, “a seleção busca entre os candidatos recrutados aqueles mais adequados aos cargos já existentes na empresa, visando manter ou aumentar a eficiência e o desempenho do pessoal, bem como a eficácia da organização”.

Segundo Carvalho e Nascimento (1997), o

processo de seleção de RH está apoiado em três insumos interdependentes: A análise, avaliação e classificação de cargos informam ao recrutador as descrições de cargos da empresa, proporcionam dados importantes sobre as exigências físicas e psicológicas dos ocupantes desses cargos, bem como transmitem seus padrões de desempenho.

Para Katz e Kahn (1973), a seleção de pessoas acontece após

o levantamento de informações a respeito do candidato e sobre os dados referentes ao cargo, inicia-se a utilização das técnicas de seleção, que são as entrevistas individuais e/ou grupais, provas de conhecimento, testes psicrométricos, testes de personalidade e técnicas de simulação ou “cases”. A seleção de pessoas seria um processo composto de várias etapas, na qual os candidatos que vão obtendo êxito numa determinada etapa vão sendo encaminhados para a seguinte, e quando não se saem tão bem num determinado ponto não eliminados. “Sendo que o processo seletivo como

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um todo se constitui de combinações das várias técnicas utilizadas.

A principal mudança nas organizações em relação ao treinamento desses entrevistadores é a participação dos mesmos na equipe que irá receber esses novos candidatos. Ou seja, o poder do recrutamento e seleção de pessoas é descentralizado do setor de RH da empresa, e passa a ser uma responsabilidade para os gerentes, coordenadores, diretores de cada setor.

Para eles essa pequena mudança de organização nos papéis faz com que se sintam ainda mais estimulados a realizar um bom trabalho e realmente poder decidir o futuro da sua equipe.

Santos (1985) afirma que como

todo processo de comunicação, a entrevista sofre de todos os males – como ruído, omissão, distorção, sobrecarga e barreiras – de uma comunicação humana. Com isso descobriu-se que duas coisas poderiam ser feitas para melhorar todo esse quadro problemático: treinamento adequado dos entrevistadores e uma melhor construção do processo de entrevista.

Mas todas as instruções de como realizar uma boa entrevista, como se desprender de seus preconceitos, aprender a ouvir, tudo relacionado ao treinamento dessas pessoas ainda faz parte do RH. Bertoni (2000) diz que existe

uma enorme variedade de procedimentos nas etapas do recrutamento e seleção que podem ser combinados de diversas maneiras, para tanto cada organização precisa determinar quais são os

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procedimentos mais adequados e que proporcionam os melhores resultados. Sendo assim os processos de recrutamento e seleção devem apresentar-se de maneira eficiente e eficaz, tentando sempre minimizar os custos e alavancar os benefícios, sempre se mantendo adaptável, ágil e flexível.

Para toda seleção tem que haver pessoas preparadas para selecioná-las, pessoas que saibam realmente o que estão procurando candidatos que querem como novos colaboradores da organização. Afinal, toda seleção tem um alto custo, um planejamento a ser seguido, tempo e disponibilização de pessoal etc., uma infinidade de coisas que serão decisivas para este processo. E hoje vemos que para cargos simples tem que se fazer várias provas e entrevistas, o que muitas vezes pode atrapalhar. Como tudo, as técnicas de seleção de pessoas têm que serem aplicadas com muita inteligência, conhecimento e atitude por parte de quem irá executá-las.

3. O papel da integração normativa adotada pela organização no processo seletivo de pessoas

O recrutamento e o processo seletivo têm como objetivo encontrar candidatos com qualidades e qualificações para ocuparem vagas de trabalho. Uma pessoa que necessita de um emprego, e que aceitaria qualquer vaga que lhe aparecer. Essa pessoa vai sempre transmitir uma imagem que ela de fato não é. É a imagem que o entrevistador quer ver. Isso muitas vezes impossibilita que a organização possa adequar o candidato certo para a vaga disponível.

Nickel (2001) afirma que nesse

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período o novo ingressante, na organização ou no cargo, quer adquirir comportamento apropriado, ajustando-se aos valores do grupo e desenvolvendo perícia e habilidade para o trabalho. Na socialização os membros assimilam e incorporam as normas/regras da organização mediante o processo de aprendizagem.

Nesse momento o indivíduo se anula como pessoa e passa a ser mais um dentro de uma organização, com o objetivo de poder participar, ou seja, se integrar aquele grupo. Pagés e Tavares (1993) afirmam que a

[...] integração normativa refere-se à busca da adaptação do indivíduo as atividades que lhe são atribuídas pela a organização, para que os objetivos de ambas sejam realizados. Na integração normativa temos aquilo que chamamos de “papel”, “o papel que a pessoa representa”. Isso diz exatamente aquilo que um indivíduo faz para agradar, satisfazer, preencher uma reação social, um agrado comum. Essa atitude não espontânea nos mostra o quanto estamos “treinados”, para determinadas situações.

Segundo Gatewood e Field (1989), o

[...] processo informal faz parte da realidade organizacional, podendo ser classificado como a interação emergente, ou seja, como as atividades, normas de comportamento e formas de funcionamento não formalmente prescritas. O desempenho de papéis é presente desde o início da vida do indivíduo, em diferentes situações, com diferentes níveis de profundidade. A palavra papel refere-se à “atividade não espontânea”, fixada antecipadamente por determinação social, em um conjunto de outras atividades sociais.

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Para Katz e Khan (1973), a

[...] pessoa, ao desempenhar um determinado papel em uma organização, está sob exigência deste papel para agir de determinada forma, de acordo com as atividades prescritas ou padronizadas. Entretanto, o indivíduo é capaz de desempenhar uma infinidade de papéis (pluralidade de papéis), ultrapassando e reinterpretando o papel estabelecido e prescrito.

Para Castellan (1987), “o papel esperado tem relação com o papel percebido, sendo que os papéis bem definidos e percebidos claramente pelo individuo facilitam atingir os objetivos organizacionais”.

Para Chiavenato (2004) existe

o papel objetivo que diz respeito àquilo que os outros esperam, e o subjetivo, que se refere à forma como cada indivíduo assume os seus papéis. E é toda essa subjetividade que faz com que a integração normativa seja elemento de grande ajuda na avaliação dos candidatos em um processo seletivo. É a leitura perfeita do que o indivíduo está querendo dizer com o que ele diz. E para qualquer organização essa decisão é crucial.

4. A importância da adequação do cargo ao perfil do candidato para o exercício da função

Muitas organizações vivem um dos problemas que mais afetam o crescimento e sua lucratividade. A questão da falta de afinidade do funcionário com o serviço a ser executado. O que realmente ajuda é a prevenção, essa prevenção é feita como falamos anteriormente no recrutamento e seleção. Por isso, é de

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suma importância a certeza da adequação do candidato à especificidade do cargo.

Para Inácio (2008), a

adequação do cargo ao ocupante melhora o relacionamento interpessoal dentro do trabalho e visa novas oportunidades de mudanças para uma melhor qualidade de vida no trabalho. O que se espera é um aumento de produtividade e redução das taxas de rotatividade e de absenteísmo do pessoal, para isso precisará introduzir uma nova estratégia que faça uma reeducação dos cargos de gerente e chefia, descentralização das pessoas dando empowerment e maiores oportunidades de participação.

Para haver um “casamento perfeito” entre o candidato e o cargo a ser ocupado, não basta haver um estímulo organizacional, como foi falado anteriormente, participação nos lucros, estímulo ao crescimento profissional dos funcionários e etc. A análise é feita também no que diz respeito às relações, ao dia a dia do funcionário, às relações. Todos esses requisitos são avaliados para uma boa contratação, com a consciência de que todos estão envolvidos, pensando sempre no sucesso dos mesmos.

Nunes (2010) afirma que os

gerentes contratantes devem ir o mais longe possível no sentido de detalhar e descrever o tipo de pessoa capaz de preencher as exigências do cargo. Porque, outros fatores pessoais relacionados com a adequação de uma pessoa precisam ser delineados para que possa ocorrer o melhor "casamento" possível. Um grande número desses

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fatores pode ser descrito como "química", que inclui a relação entre a personalidade do gerente e do candidato, a cultura da empresa e seu ambiente, os pontos fortes e áreas de vulnerabilidade de uma equipe já formada e como esse candidato se encaixa nessa equipe, podendo exercer um papel importante na determinação do sucesso ou do fracasso.

É muito comum hoje vermos as maiores empresas do país oferecer porcentagem de lucros aos seus colaboradores. Para que todos se sintam motivados em fazer o melhor. É claro que esse é só um dos benefícios que são oferecidos. Isso faz com que todos vistam a camisa da empresa, se realizem como profissionais e façam o melhor que podem.

Para Chiavenato (2004) de modo geral

o recrutamento e o processo de seleção devem ser entendida como um instrumento de comparação e o responsável pelo processo precisa trabalhar dentro de certa precisão e de certa validade,tal como um instrumento de medida confiável. Logicamente, sua margem de erro é muito maior, dada sua condição humana. Ele deve funcionar como o fiel da balança que compara objetivamente as características oferecidas pelo candidato com os requisitos exigidos pelo cargo a ser preenchido.

Portanto, essa é a importância da adequação do cargo ao perfil do candidato. Conseguir “diagnosticar” o candidato, aquilo que ele tem de melhor para doar à empresa, e encaixá-lo em uma função onde ele exercite essa aptidão e cresça junto com a empresa.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este trabalho foi possível identificar os principais fatores na escolha do candidato adequado para a ocupação do cargo na organização. Visto que as organizações hoje visam à procura de novos candidatos com as qualificações necessárias para obter êxito na organização. Adequar às expectativas profissionais e seus desejos pessoais com as especificações do cargo em questão são a melhor forma de executar um recrutamento de pessoas.

A maioria das organizações ainda trabalha com o conceito de que a quantidade de funcionários na mesma função é a melhor saída para o aumento da produtividade. Para muitos o importante é obter lucro, não se importando com o prejuízo real que a empresa tem com a alta rotatividade de funcionários. Para isso é preciso fazer uma identificação clara e concreta do problema, e essa identificação pode ser feita com as ferramentas essenciais da Administração de Recursos Humanos apresentadas neste estudo.

O diagnóstico das reais necessidades da organização deve ser o primeiro passo para o sucesso de todo o processo de recrutamento. É essencial para a organização conhecer e vislumbrar qual objetivo quer atingir. E também é o que norteia e identifica pontos para efetivar-se uma melhora, que nem mesmo os envolvidos no processo poderiam observar em sua particularidade.

A escolha da melhor técnica a ser utilizada facilita e planeja como todo o processo irá acontecer, e assim, organizando todos os envolvidos, para que, todos possam

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participar ativamente e conseguir mudar para melhor dentro dos padrões definidos.

E o preparo dos recrutadores que utilizam a integração normativa para diagnosticar se aquele candidato realmente se encaixa ao cargo disponível. Esse preparo é essencial para o objetivo ser atingido. Não adianta a organização montar uma estrutura de recrutamento, objetivando a adequação do cargo aos perfis dos candidatos, se os próprios recrutadores não conseguem observar o jeito camaleônico com que os candidatos se mostram para conseguirem um emprego. Portanto, esse processo é o mais demorado e o que requer maiores cuidados.

Por fim, é possível identificar como as organizações atuais e melhor preparadas para o mercado de trabalho atual, podem analisar e concretizar um excelente recrutamento de pessoas, com todos esses indicadores explorados ao longo deste trabalho. Portanto, o grande viéis da Administração de Recursos Humanos no mercado de trabalho atual é a adequação do cargo ao perfil do candidato as especificidades do cargo como forma de sucesso da empresa e do empregado no mundo organizacional.

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