Retirantes
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Quando lhes tiraram a lavoura,e o sistema se voltou para os pastos,eles partiram deixando para traz,naquelas terras tão somente os rastros.que apontavam para as cidades
grandes,gado humano em procissão,brancos escravos e negros servistangidos para longe do seu chão.
3
E se a juriti abandonou o campo,
com medo do gavião,
quem ficou o fez por não ver,
vida longe da plantação.
Nas cidades cresceram as favelas,
e os bois engordaram nas invernadas,
as riquezas do País foram ficando,
nas mãos de poucos... Concentradas.
4
Depois vieram as indústrias,
como vaga-lumes iluminando o apogeu,
mas o País continuou injusto,
com a sorte dos filhos seu.
que em desatino elegem a esperança,
como forma de punir maus governantes,
afinal ela trazia na sua pele,
as chagas dos retirantes.
5
E o destino que teceu a trama,daquele que assumiu o seu papel,se pos como um enorme vazio,tal como uma nuvem no céu.E esperando pelo incertonum tempo que está a passar,quando a Asa-Pau se faz ouvir,esse povo se põe a rezar.
6
E olha que nem seria preciso
essas preces levadas a Deus,
se no planalto se ouvisse
a voz rouca dos votantes ateus.
gente de todos os matizes
que não encontram a saída,
que os faça retornar pela estrada
que lhes pareceu ser um caminho de vida.
7
E se o gado agora geme no curral
alguém está sofrendo no cativeiro,
o mau feitor no conforto da sua cela
com segurança aplica nosso dinheiro.
O que pode esperar esse povo?
Feito galinha solta no terreiro,
cada um com um galo de plantão
a lhe fustigar o traseiro.
8
Como bicho solto na seca
busca salvar-se procurando emprego,
vive com um pé no ócio
e o outro no desapego.
Andam cobras pelas esquinas
a encantar passarinhos
suas bocas quando agarram não soltam
e os meninos deixam de ser anjinhos.
9
Ninguém mais é o mesmo
e hoje já não é como antes,
somos todos nesse caminho do medo
apenas e tão somente...Retirantes!
Em busca do melhor da vida
quando essa é feita de instantes,
falta-nos aquele rancor cívico
que sufoca os governantes.
10
Esses deitados estão,
à sombra dos Jequitibás.
E pouco sobra dessa espécie
Nos campos de que estou falando.
Ainda tem gente minha por lá,
E para lá estou querendo voltar
Já não me vejo mais aqui
Pois lá sempre foi o meu lugar.
11
Será um reencontro com tudoQue passou a florescer,Tão somente nos sonhosDe quem cresceu sem esquecer,Quem eu sou,De onde vim,Para onde vou,Esperar o fim.
12
As margens do grande rioque sempre correu em mim,A sombra das mangueirasque adocicaram o meu jardim.Tem gente minha por cátambém querendo voltar.tem gente minha morrendosem esse sonho realizar.
13
Preciso me apressar
Para que eu não morra também assim,
Preciso voltar para a minha terra
O melhor lugar de mim.
Retirantes é dedicada a Antonio Corrêa Branco – Meu avôPatativa do Assaré (autor) e Luiz Gonzaga (intérprete) dessa maravilhosa página da Música Popular Brasileira, que sempre esteve presente na minha vida.
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CELSO CORRÊA DE FREITAS
Poeta e Articulista, nascido em Itaperuna-RJ, aos 26 de Agosto de 1954. Presidente (O sexto) da Casa do Poeta Brasileiro de Praia Grande-SP até 2010. Membro dessa Associação desde 26/08/2004 (...Entrei no dia do meu aniversário, foi um presente que me dei...). Reside em Praia Grande, onde ampliou sua família desde Fevereiro de 1996. Colaborador ativo nos jornais e demais meios de comunicação (Blogs e Sites), através dos seus artigos e inserções. Sua classificação honrosa no primeiro concurso de Poesias Fernando Pessoa lhe permitiu participar da Antologia “Poesia e Liberdade” que lhe abriu as portas para sua segunda antologia “Poesia e Amor” e sedimentou a sua posição no cenário poético Nacional com o livro “Poeta-Profissão Homem!”, “Destino em Transição(Livro solo)”, e a antologia “São Paulo-450 anos em Prosa e Verso”. É autor também dos livretos “Sitio do Campo em Cordel”, “Os Portais de Mim”, e colaborou ativamente no projeto educacional da Escola Carlos Roberto Dias que gerou o livreto “OS POETAS DA EJA”.
CCF
ACESSE: WWW.OPINIAOCCF.COM.BR e PORTALPOETICOCCF.BLOGSPOT.COM