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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM LÍNGUA PORTUGUESA VI JORNADA DO GRUPO DE PESQUISA DISCURSOS NA MÍDIA ESCRITA - DiME RESUMOS ______________________________________________________________________

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM LÍNGUA PORTUGUESA

VI JORNADA DO GRUPO DE PESQUISA DISCURSOS NA MÍDIA ESCRITA -

DiME

RESUMOS

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PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM LÍNGUA PORTUGUESA

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Sumário

O GÊNERO NOTÍCIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA

MATERNA ................................................................................................................................... 4

A REFERENCIAÇÃO E O SENSACIONALIMO: UM ESTUDO DE TEXTOS DA COLUNA

JORNALÍSTICA “OLHAR CIDADÃO” ..................................................................................... 6

CONSTRUÇÃO DOS DISCURSOS DA VIOLÊNCIA: ESTRATÉGIAS LINGUÍSTICO-

DISCURSIVAS EM DIÁRIO DE SÃO PAULO ........................................................................... 7

A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO FEMININO PARTILHADO EM

BORDADOS DE MARJANE SATRAPI ...................................................................................... 8

“DOUTOR BARRIGA” E “O FUTEBOL”: O ETHOS FIADOR DE ROTA 66 ........................ 9

CENAS DA ENUNCIAÇÃO EM TEXTOS JORNALISTICOS: A CRIMINALIZAÇÃO SEM

CRIME ........................................................................................................................................ 10

ENTRE A TRANSPARÊNCIA E A OPACIDADE: A CONSTRUÇÃO DISCURSIVA DAS

CLASSES (SOCIAIS?) NA MÍDIA ........................................................................................... 11

V DE VINAGRE - A PRODUÇÃO DE IMAGENS HUMORÍSTICAS SOBRE AS

MANIFESTAÇÕES BRASILEIRAS ......................................................................................... 12

A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO FEMININO NO CONTO “CINCO

MULHERES” DE MACHADO DE ASSIS ............................................................................... 13

A PRESENÇA DA ORALIDADE NO TEXTO JORNALÍSTICO: MANIFESTAÇÕES

POPULARES PARA OBTENÇÃO DO FENÔMENO ENVOLVIMENTO ............................. 14

QUESTÕES DE GÊNERO E ESTILO NA CRÔNICA CONTEMPORÂNEA ........................ 15

EXPRESSÕES MULTIMODAIS DE TEXTOS JORNALÍSTICOS PARA A CONSTRUÇÃO

DO ESCÂNDALO: IMPLÍCITOS E CONTEXTOS ................................................................. 16

NOTAÇÕES ACERCA DE TRÊS EXEMPLOS DO DISCURSO DA IRRACIONALIDADE

NO JORNALISMO ESPORTIVO: TEXTO, IMAGEM E HINO DE TORCIDA ..................... 17

ARGUMENTAÇÃO E INTERSUBJETIVIDADE: QUANDO PARTIR DO ZERO É

VANTAGEM .............................................................................................................................. 18

GÍRIA E METÁFORA NO JORNAL POPULAR: ESTRATÉGIAS DO DISCURSO DA

VIOLÊNCIA NA MÍDIA ........................................................................................................... 19

ANÁLISE SEMIÓTICA DA NARRATIVA BÍBLICA “A PARÁBOLA DOS TALENTOS” 20

DA ADESÃO AO ARREPENDIMENTO: A RELAÇÃO DE O GLOBO COM O REGIME

MILITAR BRASILEIRO POR MEIO DA LSF ......................................................................... 21

O RISO DE ZOMBARIA: UMA ABORDAGEM DA VIOLÊNCIA NOS BORDÕES DE

FÉLIX, PERSONAGEM DE MATEUS SOLANO, NA NOVELA AMOR À VIDA. (118) ...... 22

A TEORIA NA PRATICA: O ENSINO DE REFERENCIAÇÃO E ORIENTAÇÃO

ARGUMENTATIVA EM TEXTOS JORNALISTICOS ESCRITOS ....................................... 23

O ETHOS ADOLESCENTE E OS SENTIDOS DE BELEZA NA ESCRITA SOBRE SI ........ 24

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ANÁLISE DE PIADAS NA PREVISÃO DO TEMPO DO TELEJORNAL AQUI

AGORA E PIRIRI, PORORÓ .................................................................................................... 25

O ATO DE INFORMAR: BREVE ANÁLISE DE UMA NOTÍCIA DA FOLHA E DO AGORA

SÃO PAULO .............................................................................................................................. 26

O PAPEL DOS HIPERLINKS NA CONSTITUIÇÃO DO GÊNERO REVIEW DE

TECNOLOGIAS: UM ESTUDO DE CASO .............................................................................. 27

O ARGUMENTO DA PESSOA E SEU ATO ............................................................................ 28

MÍDIA E DISCURSO NO TECIDO DA COMPLEXIDADE ................................................... 29

O HERÓI POLIFÔNICO: UM ESTUDO SEMIÓTICO ............................................................ 30

A FIGURA DA MULHER NAS CAPAS DE REVISTAS FEMININAS: ENTRE O PLANO

DO CONTEÚDO E O PLANO DA EXPRESSÃO .................................................................... 31

FANZINES PUNKS NO BRASIL, PRÁTICAS E DISCURSOS .............................................. 32

A CONSTITUIÇÃO ETHOS DISCURSIVO NA REVISTA CARTA CAPITAL: “QUE DEUS

SE APIEDE” ............................................................................................................................... 33

POLÍCIA VS BANDIDO - RELAÇÕES DE PODER NA CONSTRUÇÃO DA IMAGEM NO

JORNAL MEIA HORA DE NOTÍCIAS: UMA ANÁLISE DISCURSIVA ................................ 34

CRÔNICA: CONSTRUTORA DE OPINIÕES E CONDUTORA DAS MASSAS .................. 35

DISCURSO DA DIVERSIDADE NO HUMOR: DOIS GUMES DE UMA LÂMINA ............ 36

REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE: A POLÊMICA DA INTERINCOMPREENSÃO

INSTAURADA NO DISCURSO DE REGULAMENTAÇÃO DA MACONHA, DO

PRESIDENTE DO URUGUAI, JOSÉ MUJICA ........................................................................ 37

O LÉXICO NA FORMAÇÃO DO ETHOS DE MARINA SILVA ........................................... 38

COTAS RACIAIS, ERRO OU ACERTO? BREVE PROPOSTA DE ANÁLISE EDITORIAL

DA FOLHA DE S.PAULO .......................................................................................................... 39

DESVENDANDO O DISCURSO JORNALÍSTICO DO SÉCULO XVIII E XIX NO DITO

RELATADO DE NASCIMENTO DE MORAES ...................................................................... 40

A REPRESENTAÇÃO DAS MULHERES AFEGÃS PELA IMPRENSA BRASILEIRA ....... 41

O DISCURSO DA VIOLÊNCIA NA CONSTITUIÇÃO DA NOTÍCIA .................................. 42

FACES DA VIOLÊNCIA NOS JORNAIS................................................................................. 43

DE GENI PARA TIETA: UMA LEITURA INTERTEXTUAL DA REPRESENTAÇÃO DA

MULHER .................................................................................................................................... 44

ANÁLISE CRÍTICA DA IMAGEM DE UM FOLDER BANCÁRIO ...................................... 45

JORNAL MACKNÍFICO: O DISCURSO MIDÍATICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA E NA

EDUCAÇÃO UNIVERSITÁRIA ............................................................................................... 46

OS ESTEREÓTIPOS E A VIOLÊNCIA ENQUANTO LINGUAGEM: DIÁLOGOS E

REFLEXÕES A PARTIR DE GÊNEROS ................................................................................. 47

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O GÊNERO NOTÍCIA NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE

LÍNGUA MATERNA

Alciene Carvalho Silva

Este trabalho tem como objetivo analisar as propostas de ensino-aprendizagem do

gênero notícia, domínio da esfera jornalística, nos livros didáticos de Língua Portuguesa

do Ensino Fundamental, selecionados pelo PNLD de 2011. O corpus escolhido é a

coleção do 6° ao 9° ano, intitulado Português linguagens, dos autores William Roberto

Cereja e Thereza Cochar Magalhães. O foco será a análise das atividades didáticas

propostas ao ensino do gênero notícia e as possíveis habilidades e competências que o

aluno possa desenvolver, por meio das quais o gênero é abordado, assim como, as

possíveis alterações provenientes da transposição de seus suportes originais (jornais

e/ou revistas) para o livro didático. Para tal, recorremos ao suporte teórico de autores

como: Bakhtin (2010), Marcuschi (2008), Dionísio e Bezerra (2005), Rojo e Batista

(2003), Bonini (2007, 2011), Lage (2005) e dos pressupostos dos Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN, 1998) e das políticas públicas direcionadas para uma

maior democratização e qualidade do livro didático, em especial, o Programa Nacional

do Livro Didático (PNLD, 2011), o que reforça a responsabilidade da escola de

educação básica na formação do cidadão crítico, capaz de intervir na sua própria

realidade. Com isso, buscaremos identificar nas atividades direcionadas ao aluno, quais

habilidades e competências foram proporcionadas, se contempla as atividades de leitura,

linguagem e produção textual, assim como, o domínio do gênero noticia desde a

produção a circulação no seu âmbito social.

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PODE HAVER BELEZA NA DOR? A COBERTURA IMAGÉTICA DA

TRAGÉDIA DA BOATE KISS, EM SANTA MARIA, PELA REVISTA VEJA

Alexandre Huasdy Torres Guimarães

No dia 06 de fevereiro de 2013, a Editora Abril lançou a edição especial da Revista Veja

que tratou, com destaque, da tragédia ocorrida no dia 27 de janeiro de 2013, na cidade

gaúcha de Santa Maria, em que, em uma primeira contagem, 235 pessoas morreram em

virtude da fumaça proveniente do incêndio que tomou conta de uma casa noturna, a

Boate Kiss. Além da capa, a edição 2307 da Revista Veja dedicou trinta e quatro

páginas à fatalidade ocorrida durante a madruga. Destas, seis páginas duplas são

compostas por fotografias jornalísticas que tratam tanto do momento do resgate das

vítimas do incêndio quanto de momentos subsequentes. Diante da forma captada pelo

discurso dos fotógrafos jornalistas e das matérias em si, a edição da Revista Veja

subsequente, 2308, de 13 de fevereiro de 2013, em sua seção denominada Leitor, abriu

três de suas quatro páginas para comentários de seu público leitor a respeito da

cobertura. Pretende-se, a partir da cobertura jornalística dessa tragédia, tomando como

corpus as duas edições citadas da mídia jornalística brasileira, a Revista Veja, da Editora

Abril, discutir a presença ou não do discurso sensacionalista no texto fotojornalístico

levando em consideração, para tanto, as questões relativas à sintaxe da imagem

fotográfica.

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A REFERENCIAÇÃO E O SENSACIONALIMO: UM ESTUDO DE TEXTOS

DA COLUNA JORNALÍSTICA “OLHAR CIDADÃO”

Aline Vieira de Sousa

Ana Rosa Ferreira Dias

Um dos exemplos mais atuais da representação da violência em mídia impressa

encontra-se no jornal de distribuição gratuita no Metrô. Nas primeiras páginas do jornal,

há a coluna denominada “Olhar Cidadão”, cuja autoria é de José Luis Datena, na qual o

jornalista dá seu ponto de vista sobre algum caso de violência que teve repercussão na

mídia.

Observando os textos da coluna, verifica-se que os agentes apresentados pelo autor

(principalmente os meliantes), são denominados de forma muito diferente uns dos

outros, o que contribui para a construção de sentido e a orientação argumentativa do

texto. As denominações, no entanto, não são escolhidas aleatoriamente e referem-se a

uma atividade discursiva denominada referenciação/progressão referencial.

Este trabalho analisa os processos de referenciação construídos por Datena ao longo dos

textos. Dado o fato de que a prática da referenciação está inserida numa realidade

discursiva, ao redigir um texto, o autor, dentre a variedade lexical da língua, faz

escolhas significativas, a fim de atender aos seus propósitos argumentativos. Veremos

que, para exarcebar a emoção do leitor a fim de que este se comova e/ou se revolte com

a situação descrita, o jornalista faz uma escolha lexical significativa ao introduzir ou

retomar os agentes dos textos para que seu objetivo seja alcançado. Esta escolha tende a

acusar o agressor enquanto a vítima é tratada de forma individualizada.

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CONSTRUÇÃO DOS DISCURSOS DA VIOLÊNCIA: ESTRATÉGIAS

LINGUÍSTICO-DISCURSIVAS EM DIÁRIO DE SÃO PAULO

Allan de Andrade Linhares

Ana Rosa Ferreria Dias

A matéria discursiva liga o enunciador ao enunciatário e vice-versa, referenciando os

lugares e os tempos discursivos, as imagens e os sentidos em circulação, em disputa na

mídia. Assim, o processo enunciativo se produz por uma articulação de dupla operação,

ou seja, cria-se um universo discursivo e uma situação de comunicação. Assim, este

trabalho tem o objetivo de investigar as estratégias linguístico/discursivas utilizadas na

construção da notícia divulgada no Jornal Diário de São Paulo de 20/10/2013, cuja

manchete é Vira-latas das causas justas. Esse objetivo partiu da seguinte inquietação:

Como o Jornal Diário de São Paulo de 20/10/2013 constrói os discursos da violência?

A fim de alcançar o objetivo pretendido dialogamos com autores que caracterizam como

a violência é veiculada pela mídia impressa, como os jornais assumem o papel de

construtores de discursos de manipulação, considerando o nosso foco, aqueles que

incidem sobre leitores populares, os quais são vítimas de estados de violência. Para

tanto, faremos uma discussão sobre o que seja ato e estado de violência a partir de

contribuições de Michaud (1989); caracterização da linguagem da violência a partir de

Rondeli (2000); uma abordagem midiática da violência a partir de Ramos e Paiva

(2007); caracterizações de aspectos linguístico-discursivos para a construção da

violência a partir de Dias (2008); Charaudeau (2012); , dentro outros. Discorremos,

ainda, a uma sucinta abordagem sobre a multimodalidade discursiva a partir de

Santaella (1992); Dionísio (2005). Nossa análise se deu sobretudo a partir da eleição de

algumas categorias de análise do Contrato de Informação Midiático de Charaudeau

(2012). A análise do corpus evidencia que estratégias linguístico-discursivas para a

construção da violência nesse jornal de cunho popular, tendo em vista a linguagem que

o caracteriza o os leitores a que se destina, centraliza recursos expressivos a partir, por

exemplo, de variação sinonímia, redes metafóricas.

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A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO FEMININO PARTILHADO EM

BORDADOS DE MARJANE SATRAPI

Ana Paula Pento

Como a novela gráfica autobiográfica tem grande notoriedade hoje em dia, tanto pelo

conteúdo confessional quanto pelo formato em HQ, a obra Bordados (2010) de Marjane

Satrapi compõe o corpus da pesquisa. O objetivo é identificar os mecanismos

linguísticos utilizados pela autora que permitem a constituição do ethos discursivo das

personagens femininas, a partir de seus relatos confessionais. Através de uma

perspectiva teórico-metodológica adotada neste projeto, acreditamos que esta pesquisa

traga uma contribuição na formação de professor da escola básica, e também para o

trabalho com textos multimodais no processo de ensino-aprendizagem da língua

materna e suas literaturas, uma vez que o estudo de discurso na formação inicial do

professor leva-o a ter uma visão mais crítica do ato de ler e que, de certa forma, implica

a visão de leitura que ele levará para a sala de aula para desenvolver suas atividades

docentes na formação de leitores mais críticos, capazes de entender a realidade que se

configura por meio de linguagem verbal e não-verbal, caracterizando o processo de

interação social do homem, promovendo diálogos necessários para que se torne um ser

ativo e presente em seu grupo social. O estudo está pautado em Maingueneau (2001;

2008; 2010), Dionisio (2011), García (2012), Ramos (2012), Koch & Elias (2009) e

Bakhtin (2011). A pesquisa ainda está em desenvolvimento, mas é possível perceber

que a compreensão do ethos discursivo é importante para entender o discurso presente

no texto.

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“DOUTOR BARRIGA” E “O FUTEBOL”: O ETHOS FIADOR DE ROTA 66

Ana Paula Santos Moura

O discurso jornalístico se propõe a levar conhecimento ao público de forma mais

objetiva possível. Portanto, apregoa que o jornalista não deve ter lado, sentimentalismo,

opinião ou qualquer atitude que possa deixar marcado na materialidade textual o seu eu

(salvo o editorial e similar). Entretanto, a reportagem em livro anda por caminhos

opostos aos ditames do jornalismo tradicional. O livro, por ter maior amplitude de

espaço, possibilita um fazer jornalístico com muito mais possibilidade de

aprofundamento dos fatos. Nele o autor/jornalista mergulha nos acontecimentos para

depois os reconstituir de modo quase literário, assim, a subjetividade do enunciador se

torna um importante diferencial para despertar o interesse do leitor. Sendo assim, esse

gênero jornalístico nos incita a compreender quais as estratégias discursivas que podem

torná-lo tão instigante para o publico leitor. Diante disso, tomando como corpus de

análise o capítulo 2 – Doutor Barriga e o 4 – O futebol, do Livro Rota 66 de Caco

Barcellos (2010), objetiva-se destacar as estratégias de construção do ethos discursivo

que afiança e autoriza o dito do enunciador de tal discurso na busca de uma possível

adesão do leitor. Para tanto, tomou-se como aparato teórico, principalmente, Edvaldo

Pereira Lima (2009) e A Análise do Discurso da linha francesa, mais precisamente, as

contribuições de Dominique Maingueneau (1997, 2004, 2005, 2008 e 2009). Assim,

pode-se perceber, por meio da tríade cena englobante, cena genérica e cenografia, que

no corpus citado emerge um ethos de engajamento, um sujeito pertencente a o grupo ao

qual se dirige e, portanto, está autorizado a falar dele e para ele na materialidade

discursiva veiculada em todo o livro-reportagem Rota 66.

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CENAS DA ENUNCIAÇÃO EM TEXTOS JORNALISTICOS: A

CRIMINALIZAÇÃO SEM CRIME

Anderson Ferreira

O presente artigo visa a examinar a constituição da cenografia em notícias de violência

urbana. Objetiva-se revelar as estratégias linguístico-discursivas no interior do

enunciado para validação das cenas de enunciação. Privilegiamos como aporte teórico-

metodológico a Análise do Discurso de linha francesa, em particular, os estudos

propostos por Dominique Maingueneau sobre a noção de cenas de enunciação.

Selecionou-se a mesma notícia em dois jornais populares de grande circulação na cidade

de São Paulo e grande São Paulo. Trata-se do caso das cinco pessoas de uma mesma

família que foram encontradas mortas em um apartamento na cidade de Ferraz de

Vasconcelos, na grande São Paulo, em setembro de 2013. À época dos acontecimentos,

as notícias veiculadas pelos jornais Agora e Diário de São Paulo tendiam a criminalizar

o boliviano Alex Guinones Pedrazza como autor das mortes. Apresentada como „crime‟

nos supracitados jornais, a notícia foi repercutida como um ato de violência e explorada

pelo viés sociocultural dos envolvidos, desencadeando outros tipos de violências

materializadas linguisticamente. A cenografia construída afastou a cena genérica para

enlaçar o leitor de jornal e colocá-lo em outra cena. O leitor é posto na cenografia

estereotipada que, para ser legitimada, apoia-se em cenas validadas socialmente por

meio de enunciados que reproduzem esses estereótipos. São, pois, as análises sociais

feitas pela mídia do suposto autor do crime que a levam a acionar os estereótipos para

criminalizar, de forma velada, Alex Guinones Pedrazza, já que, conforme foi apurado

pelo Instituto de Criminalística (IC), as vítimas morreram por causa do vazamento de

gás no apartamento onde moravam.

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ENTRE A TRANSPARÊNCIA E A OPACIDADE: A CONSTRUÇÃO

DISCURSIVA DAS CLASSES (SOCIAIS?) NA MÍDIA

André Fernandes

Sheila Elias de Oliveira

Inscritos na perspectiva teórica da Análise de Discurso Francesa, procuramos

compreender a construção discursiva das classes (sociais?econômicas?sócio-

econômicas?) a partir de um corpus de textos de mídia brasileira. O trabalho se justifica

porque nos permite refletir sobre as condições sócio-históricas de construção dos

referentes de classe em nossa sociedade e sobre o modo como o social aparece recortado

nas diferentes materialidades textuais-discursivas. Tomamos a mídia como um lugar

privilegiado de observação das determinações sociais/econômicas/culturais que incidem

sobre os objetos referidos discursivamente. A partir de 2006, percebemos uma grande

produção de sentidos acerca da identificação do brasileiro em cinco classes nomeadas

por letras – A, B, C, D e E -, ganhando destaque a classe C, que funciona como símbolo

da ascensão social e aparece reescriturada também por nova classe média em discursos

oficiais e da mídia. Observamos o modo como o nome “classe C”, por designar a classe

mediana na estrutura social, dá visibilidade aos sujeitos que identifica e àqueles

identificados, por meio da estratificação, como pertencentes às outras classes.

Recortamos, para análise, as reportagens “O sonho começou”, da Revista Istoé, de 11 de

agosto de 2008; “Ela empurra o crescimento”, veiculada na revista Veja, de 02 de abril

de 2008 e “A classe C vai ao paraíso”, publicada na Revista Istoé, de 20 de agosto de

2010. Um primeiro olhar analítico nos revela que a sustentação imaginária das classes

sociais se dá a partir de formulações que trabalham o efeito da transparência sobre o real

da história, criando a ilusão da homogeneidade social. Mas, a partir de nossa posição,

que conjuga língua e história, atentamos para a não-estabilidade dos referentes e, logo,

para o fato de que essas formulações se mostram profundamente opacas.

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V DE VINAGRE - A PRODUÇÃO DE IMAGENS HUMORÍSTICAS SOBRE AS

MANIFESTAÇÕES BRASILEIRAS

André Luis Portes Ferreira Coelho

Ao longo de 2013, os protestos tomaram conta do território brasileiro, e as redes sociais

não foram uma exceção. Houve uma grande produção de conteúdo, mas paralelamente à

cobertura ao vivo dos protestos, outros usuários aproveitaram a situação para criar

imagens descontraídas, divulgando e discutindo a situação de uma forma leviana e

irônica. Esse texto busca explorar e analisar a produção de conteúdo e imagens,

chamadas por vezes de “memes de internet”, em canais de redes sociais que abordaram

os protestos que tomaram conta da mídia em 2013. Pretendo realizar uma análise

discursiva de conteúdo das imagens, buscando a de-superficialização da imagem

enquanto texto, buscando assim compreender o processo de produção de sentidos nas

imagens. Através da perspectiva francesa de analise de discurso, representada por

autores como Eni Orlandi e Michel Pechêux, confirmamos que tais imagens são textos,

justamente por serem capazes de levantar e negociar sentidos, o que nos leva além da

imagem e da legenda, buscando o que mais é dito, por quem é dito, e o que é silenciado,

mas continua gerando significados. Pretendo levar em conta as condições de produção

das imagens, no espaço virtual por usuários que também são produtores de conteúdo, e

investigar quais as aproximações discursivas com as manifestações e sua cobertura

jornalística.

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A CONSTITUIÇÃO DO ETHOS DISCURSIVO FEMININO NO CONTO

“CINCO MULHERES” DE MACHADO DE ASSIS

Beatriz Silva Rocha

Pesquisa realizada sob orientação do Prof°. Dr°. Sandro Luis da Silva do departamento

de Letras da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. O objetivo do projeto de

pesquisa é propor uma investigação sobre a construção do ethos discursivo feminino no

conto Cinco Mulheres (1865) de Machado de Assis, explicitando a construção das

personagens de modo a revelar a representação feminina através do discurso. O

problema de pesquisa procura elucidar quais são os mecanismos linguísticos presentes

no conto que evidenciam o ethos discursivo feminino presente na narrativa. A pesquisa

assume os pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso, tal como vem

sendo desenvolvido por Dominique Maingueneau (2008,2012) e aspectos relativos à

análise das personagens conforme os desdobramentos propostos por Beth Brait (1985).

A análise do ethos feminino no conto volta-se para a descrição das cenas enunciativas.

A pesquisa se vale da abordagem qualitativa, uma vez que procura-se, a partir do

levantamento bibliográfico e análise textual-discursiva, verificar a constituição do ethos

discursivo das personagens no conto machadiano, corpus de análise. Espera-se mostrar

com a pesquisa, como os procedimentos linguísticos e discursivos são utilizados para a

construção de um ethos discursivo feminino na narrativa, além de analisar o ethos que

emerge das personagens individualmente, evidenciando dessa forma, a relação entre a

linguística e literatura, e a delineação da imagem feminina na obra de Machado de

Assis; compreendendo os sentidos criados a partir da linguagem.

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A PRESENÇA DA ORALIDADE NO TEXTO JORNALÍSTICO:

MANIFESTAÇÕES POPULARES PARA OBTENÇÃO DO FENÔMENO

ENVOLVIMENTO

Catia Regina Ribeiro Artur

Este trabalho propõe analisar o emprego de expressões populares, no texto jornalístico,

como elemento do discurso da violência e de captação de leitores. Procuraremos

demonstrar a metáfora e os vocábulos populares, bem como os efeitos hiperbólicos

decorrentes de seus usos, no trato de um assunto violento, o que favorece sua

intensificação. Nesse contexto, o jornal busca compactuar com a ideologia do povo e

assume a função de seu porta-voz, demonstrando sua indignação ou insatisfação. Por

outro lado, procura manter suas características próprias, como a objetividade na

linguagem e a apresentação de fontes, para garantir a credibilidade. A mescla de

aspectos do discurso jornalístico e da oralidade popular revela-se como uma estratégia

de construção da notícia. Os principais objetivos desta pesquisa são: 1) examinar a

construção do discurso da violência no texto jornalístico; 2) demonstrar a relação entre

o tema da violência e o uso da linguagem popular para facilitar a captação de um

público leitor específico. O corpus selecionado para a análise foi a matéria jornalística

intitulada “Roubalheira de parar o trânsito”, de Ivan Ventura, do jornal Diário de São

Paulo, de 5 de novembro de 2013. A relevância do estudo está em evidenciar processos

de construção do discurso da mídia impressa atrelados a um tema e um público leitor.

Os principais referenciais teóricos que embasam a análise são: Yves Michaud, quanto à

conceituação da violência; Patrick Charaudeau, para verificação do modo de

organização do discurso e o ordenamento temático; e Ana Rosa Ferreira Dias, para

análise dos aspectos linguístico-discursivos. Quanto aos resultados, indicaram que a

linguagem popular aparece mesclada com os modelos cultos da língua no texto

jornalístico, no entanto, estes são utilizados para informar e comentar os fatos enquanto

aquela é, geralmente, destacada para chamar a atenção do leitor, facilitando sua

captação.

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QUESTÕES DE GÊNERO E ESTILO NA CRÔNICA CONTEMPORÂNEA

Daniele de Lima Mesquita

O artigo a ser exposto tem por objetivo refletir a respeito das diferenças de estilo, que

permeiam as escritas de homens e mulheres e permitiriam, num primeiro momento, a

identificação de marcas de gênero nas crônicas de Martha Medeiros, Mônica

Waldvogel, Moacyr Scliar e Rubem Alves. Para tanto, foram escolhidos textos que

versam sobre o mesmo tema, a tristeza, e que foram publicados em jornais de grande

circulação (O Globo e Folha de São Paulo). O intuito é analisar aspectos que selam

pontos de diferenciação e de identificação entre os universos discursivos feminino e

masculino, a partir de uma prática de escritura bastante popular, como é a crônica,

caracterizada por manter elementos provenientes da prosa jornalística e da literária. O

trabalho, no entanto, não empreende comprovar singularidades excludentes, mas sim

abordar distinções que levantem o questionamento sobre a manutenção irremediável das

diferenças, em qualquer tempo, ou a sua provável neutralização; conforme ocorre,

igualmente, a neutralização das disposições que definem como diferentes os papéis

sociais desempenhados por homens e mulheres. Necessariamente por se considerar o

gênero como um signo que caracteriza e define o estar e o ser no mundo, é possível

perceber que sua natureza antecede o estilo individual, posto que prenuncia o modo de

ver o mundo, fonte da expressividade do cronista. Ainda assim, é curioso observar até

que ponto o gênero feminino ou masculino restringe o olhar do sujeito ou simplesmente

valida este olhar, no âmbito histórico-temporal, que dita mudanças comportamentais

dentro de nossa sociedade. A análise respalda-se em teóricos do discurso como Mikhail

Bakhtin e Michael Halliday, e em pensadores das condições do gênero como Simone de

Beauvoir e Virgínia Woolf, entre outros.

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EXPRESSÕES MULTIMODAIS DE TEXTOS JORNALÍSTICOS PARA A

CONSTRUÇÃO DO ESCÂNDALO: IMPLÍCITOS E CONTEXTOS

Deborah Gomes de Paula

Esta comunicação situa-se na Análise Crítica do Discurso (ACD) e tem por tema a relação

texto e contexto para a representação do escândalo em textos jornalísticos multimodais.

Tem-se por objetivo geral contribuir com os estudos do discurso jornalístico e por

objetivos específicos: 1. examinar a seleção e a combinação de expressões visuais e

verbais, em textos jornalísticos brasileiros para representação do escândalo; 2. verificar os

contextos e suas funções, na produção/compreensão de textos multimodais (visual e

verbal). O material analisado é constituído de textos jornalísticos brasileiros multimodais

impressos. As análises buscaram examinar as relações contextuais entre imagens, cores e

expressões verbais, assim como os contextos de sua produção discursiva, para a

representação do escândalo, no texto. Entende-se que é necessário analisar de forma crítica

as representações ideológicas e culturais, para verificar os valores ideológicos contidos

nelas, já que eles propiciam a manifestação de crenças, relativas a questões sociais, na

caracterização do escândalo. A mudança social ocorrida com o fenômeno da globalização

pôs em uso privilegiado os textos multimodais, principalmente os produzidos com o verbal

e o visual (imagens e cores). Assim, é importante investigar a produção desses textos.

Kress e Leeuwen (1996), preocupados com a multimodalidade, ao tratarem da mudança

social ocorrida durante a globalização, definem o texto multimodal como um produto do

discurso, visto como uma ação, que combina o verbal com imagens e cores em uma

semiose. Conclui-se que os elementos selecionados pelo produtor participam de sistemas

de conhecimento, armazenados na memória social e individual, assim, considera-se que a

ativação do armazenado nem sempre é consciente, pois a ideologia do „‟Poder‟‟, que tem

acesso ao público, pelos discursos, passa a influenciar as pessoas, levando-as a sustentar

essa ideologia por sua reprodução textual, no e pelo discurso.

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17

NOTAÇÕES ACERCA DE TRÊS EXEMPLOS DO DISCURSO DA

IRRACIONALIDADE NO JORNALISMO ESPORTIVO: TEXTO, IMAGEM E

HINO DE TORCIDA

Douglas Sáppia

O presente exame toma como objeto de estudo três produções textuais que pertencem a

sistemas semióticos distintos, mas que se aproximam em função de seu aspecto

discursivo, isto é, procura-se observar em que medida o jornalismo esportivo, na mídia

impressa e na internet, está sujeito à presença de uma prática social da linguagem à qual

perpassa a irracionalidade. Para tanto, optou-se por selecionar uma reportagem do jornal

"O ESTADO DE SÃO PAULO", uma imagem da web e um hino de torcida organizada

ao passo que se verifica sua condição de discurso irracional, sob uma perspectiva

foucaultiana de análise do discurso. Por ser um epistemologista, Michel Foucault

ocupou-se dos problemas da linguagem pautado em uma pluralidade de vieses

analíticos, das diversas esferas das ciências humanas, sobretudo no concernente ao

processo que se delineia do texto ao discurso, à medida que destaca a relação entre

indivíduo e palavra. Esforçar-se-á, portanto, em compreender a constituição do homem

em detrimento da estrutura de seus produtos textuais de modo que evidenciem a

arquitetura de seu discurso. Em síntese, por se configurarem como gêneros comumente

presentes em veículos de comunicação de grande circulação, os objetos de estudo em

questão são formadores de opinião; sustenta-se dessa forma a tese de que a ausência de

razão coletiva resulta no apagamento do indivíduo discursivo.

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ARGUMENTAÇÃO E INTERSUBJETIVIDADE: QUANDO PARTIR DO ZERO

É VANTAGEM

Eliana da Silva Tavares

Exploro a relação entre como o Jornal Correio do Povo apresentou as primeiras notícias

relativas à renúncia do Papa Bento XVI, a partir do texto EUA: católicos querem partir

do zero (14/02/2013: 08), e o texto apresentado pelo publicitário Alexandre Periscinoto,

durante encontro da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, em 1977

(Periscinoto: 1995). Para tanto, valho-me da noção de intersubjetividade, tal como a

apresenta Benveniste (1995:293), no final do capítulo da subjetividade na linguaguem,

buscando relacioná-la à noção de argumentação, como a apresenta Tavares (2003).

Enquanto a manchete do jornal, na medida em que apresenta um desejo de renovação,

constitui a Igreja Romana, e seus 2000 anos de História, como um passado a ser

superado, o texto de Periscinoto, ao estabelecer uma analogia entre o marketing e essa

Igreja, evoca seu equivocado eixo de atuação, por deixar de propagar o que seria seu

produto mais precioso: a fé.

Periscinoto (1995) chama a atenção para o quanto a Igreja Romana, e o Papa de então,

Paulo VI, sabiam se valer do sentido promocional de uma imagem. Assim, em que crise

tal encontra-se a Igreja para que o argumento de um de seus representantes veja

“recomeçar do zero” como uma “oportunidade”.

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GÍRIA E METÁFORA NO JORNAL POPULAR: ESTRATÉGIAS DO

DISCURSO DA VIOLÊNCIA NA MÍDIA

Fernando Leite Morais

A violência, por vezes, passa despercebida aos nossos olhos, isso por não se tratar

somente de violência física, mas sim, transgressão a nossos costumes culturais e ao

nosso sagrado. Como nos ensina Michaud (1989), há violência quando, numa situação

de interação, um ou vários atores agem causando danos a uma ou várias pessoas em

vários graus, sejam física ou moral esses graus, participações simbólicas ou culturais. A

respeito dessa violência simbólica, Michaud (Idem, Ibidem: 10) diz que „‟Como dano

físico, a violência é facilmente identificável; como violação de normas, quase qualquer

coisa pode ser considerada violência.’’ A esse conceito de violência, como violação às

normas, é que iremos nos ater para análise do Jornal Popular. O jornal que iremos

analisar é o Agora São Paulo, e o foco principal da análise é o discurso da violência no

mesmo, assim percebendo as gírias e metáforas utilizadas para construção do discurso

da violência. Como arcabouço teórico utilizaremos os conceitos acerca de violência de

Michauld (1989); as estratégias de construção do discurso das mídias de Charaudeau

(2012) - fazer-saber, fazer-sentir, fazer-fazer; as gírias de grupo e vulgar de Dino Preti

(2004) construídas no discurso midiático como estratégia de violência e, por fim, a

metáfora utilizada no jornal como recurso para dar ênfase à violência também, veremos

em Ana Rosa (2003). Esses conceitos serão nossa fundamentação teórica para legitimar

a análise do jornal. Ao decorrer da análise se pretende explicitar as ocorrências de

violência geradas pelo jornal popular, tornar visível a violência contida no discurso

midiático, em específico no jornal popular Agora São Paulo. A gíria e metáfora irão

esclarecer que o jornal pesquisado não apenas transmite a violência, mas contribui com

a mesma em seu discurso.

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ANÁLISE SEMIÓTICA DA NARRATIVA BÍBLICA “A PARÁBOLA DOS

TALENTOS”

Fernando Luis Cazarotto Berlezzi

O presente trabalho pretende demonstrar a teoria do significado proposta pelo linguista

lituano Algirdas Julien Greimas, que considera o trabalho de construção do sentido

como um percurso gerativo, que vai do mais simples e abstrato ao mais complexo e

concreto, em que cada um dos três níveis de profundidade é passível de descrições

autônomas. Para exemplificar a teoria semiótica greimasiana, escolheu-se o texto

bíblico descrito no Evangelho de Mateus, denominado “A parábola dos talentos”.

Parábolas são consideradas narrativas figurativas e foram utilizadas constantemente por

Jesus Cristo durante seu ministério. A palavra portuguesa "parábola" vem diretamente

do grego "parabolé", um vocábulo composto que significa "pôr ao lado de", com o

sentido de "comparar", a fim de servir especificamente como uma ilustração de alguma

verdade ou ensino. Uma parábola é uma forma de discurso para ilustrar uma lição que

se deseja ensinar. Usando uma definição bem conhecida, poderíamos dizer que uma

parábola é “uma história terrena com um significado celestial”, pois usa elementos

conhecidos para explicar algo desconhecido. Originalmente, a parábola era uma

narrativa curta, usando detalhes da vida cotidiana para ilustrar noções morais, sendo um

eficaz recurso pedagógico porque exprimia as coisas em termos compreensíveis e

facilitavam a sua recordação. Desta forma independente do tempo e da época poderiam

ser compreendidas por seus ouvintes ou leitores. A parábola dos talentos, escolhida

para esta análise, trata–se de uma narrativa curta, mas rica – com uma estrutura

narrativa bem desenvolvida, que possibilita examinar, ainda que sucintamente, os

componentes sintáxico e semântico de cada um destes três níveis: nível fundamental,

nível narrativo e nível discursivo. Serão explicitados os mecanismos implícitos de

estruturação e de interpretação de texto.

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DA ADESÃO AO ARREPENDIMENTO: A RELAÇÃO DE O GLOBO COM O

REGIME MILITAR BRASILEIRO POR MEIO DA LSF

Flávia Ferreira da Silva

O Regime Militar brasileiro implantado em março de 1964 é visto como uma fase

obscura da história política do Brasil. No entanto contou com grande apoio dos jornais

da época. O jornal O Globo é um desses veículos. Hoje, 49 anos depois, este jornal

declara ter sido um engano o apoio por ele dado ao Regime. Dessa forma, o presente

trabalho investiga comparativamente dois editoriais veiculados pelo jornal O Globo. O

primeiro, publicado em 02 de abril de 1964, em adesão ao Regime Militar e o segundo,

publicado em 31 de agosto de 2013 em que o jornal se arrepende por esse apoio.

Interessa-nos saber qual o papel da transitividade nesses editoriais, buscando identificar

a contribuição deste sistema na construção de sentido de cada um dos dois editoriais

analisados, conforme os pressupostos da Linguística Sistêmico-Funcional. Como aporte

teórico, utilizamos os pressupostos da Gramática Sistêmico-Funcional de Halliday e nos

apoiaremos nos estudos de Halliday (1985); Halliday& Matthiessen (2004). Dentre os

resultados da análise, podemos observar que a) o processo material é o de maior

ocorrência nos editoriais analisados; b) o processo existencial é o menos presente. Tal

resultado nos possibilita afirmar que a grande ocorrência do processo material propicia

ao leitor um conhecimento do mundo físico, deixando em segundo plano o mundo

interior dos participantes.

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O RISO DE ZOMBARIA: UMA ABORDAGEM DA VIOLÊNCIA NOS

BORDÕES DE FÉLIX, PERSONAGEM DE MATEUS SOLANO, NA NOVELA

AMOR À VIDA. (118)

Hamilton Fernandes de Souza

Este ensaio apresenta uma discussão sobre a construção da violência sob o viés do

humor por intermédio dos bordões usados pelo personagem Félix (Mateus Solano).

Partiremos de alguns referenciais sobre o humor em Bergson (2001), Propp (1976) e

sobre a violência em Michaud (1989), Charaudeau (2006), Charaudeau (2012),

Maingueneau e Charaudeau (2004), sobre estereótipos em Possenti (1998, 2010) com o

intuito de discutir as estratégias apresentadas nos bordões que de um lado, nos leva ao

riso, depois à violência, no momento em que refletimos sobre o texto. A análise do texto

focará a ironia, utilização de termos bíblicos, desprezo e juízo de valor altamente crítico,

que agride os seus oponentes, sem escrúpulos. O personagem homossexual é motivo de

piada, tanto em programas de humor, quanto em revistas pela caracterização, gestos, a

passividade diante da violência, porém o personagem Félix rompe com a noção de

estereótipo do homossexual, visto que é agressor, busca humilhar o seu oponente,

despreza a relação pessoal/familiar, ele deixa claro a sua homossexualidade, desejos. A

problemática sobre a homossexualidade fica em segundo plano na novela, uma vez que

o foco principal desdobra-se nas maldades e nos bordões. O personagem tem grande

aceitação do público, sendo criados novos bordões pelos internautas nas páginas sociais,

como no Facebook, como Félix, a bicha má. Concluímos com este trabalho que o

personagem tem o telespectador como cúmplice em relação ao humor, porém em

relação ao Outro, surge a ideia da violência.

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A TEORIA NA PRATICA: O ENSINO DE REFERENCIAÇÃO E

ORIENTAÇÃO ARGUMENTATIVA EM TEXTOS JORNALISTICOS

ESCRITOS

Karina Menegaldo Dias

Este trabalho tem por objetivo demonstrar como a análise de textos jornalísticos de

mídia impressa pode ser utilizada no ensino da referenciação, a graduandos em Letras e

Linguística, demostrando inclusive como identificar as marcas de argumentatividade

presentes na construção dos objetos de discurso. Para isso serão apresentadas as

explicações sobre os pressupostos teóricos citados, pertencentes ao escopo da

Linguística Textual, baseando-se primordialmente nos estudos de Koch (1999; 2004;

2005; 2009), Marcuschi (2008) e Cavalcante (2003; 2011; 2012; 2013), através do

exame de textos, explicitando a prática de análise. As matérias recortadas e expostas

neste estudo pertencem a textos verbais, veiculados na mídia impressa e digital, que

foram experimentados em cursos de curta duração ministrados a estudantes de

graduação e pós-graduação, de diversas áreas, nos quais as estratégias de referenciação

e a argumentatividade foram ensinadas por meio da análise de textos verbais de mídia

impressa e digital. Pretende-se, através do exame das matérias, demonstrar de maneira

aplicada, ou seja, dentro de textos, como ocorre a construção destes objetos e as

estratégias envolvidas no processo. Tem-se como objetivo primordial mostrar aos

docentes como ensinar referenciação partindo de análise de textos de mídia impressa,

buscando, além do aprendizado da teoria, a familiarizar o aluno com metodologias

utilizadas em pesquisas acadêmicas. Procurando, por fim, possibilitar ao aluno a

transposição da aplicação observada nos textos expostos em sala para outros textos.

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O ETHOS ADOLESCENTE E OS SENTIDOS DE BELEZA NA ESCRITA

SOBRE SI

Luana Ferreira de Souza

O assunto da beleza atravessa os indivíduos, levando a corporeidade a ocupar

bastante espaço no debate midiático. É possível perceber por meio das representações

sociais em torno do feminino que os sentidos de beleza, no que tange à construção

social dos sujeitos, afetam de modo diferenciado e contundente as imagens de mulher.

Não se pode negar, nesse espaço, o papel que o funcionamento da mídia impressa

possui na consolidação e deslocamentos desses sentidos. Nesse sentido, objetivo, com

este trabalho, refletir sobre a influência das representações de beleza e o cuidado de si

na construção das imagens de si das adolescentes que escrevem para uma seção da

revista Capricho, a saber: a seção Tudo de Blog. Para tanto, percorri um caminho

teórico-analítico em que fosse possível perceber como se dão essas relações na

representação feminina na escrita de si na adolescência. Nesse percurso, pude observar a

construção de diversos ethé pautados em diversas representações que recobrem o

imaginário da beleza e pude ainda observar que as imagens das adolescentes que

escrevem para a seção analisada revelam uma preocupação com o corpo e a imagem,

recobertos pelo discurso da alimentação saudável ou mesmo pela questão da

personalidade e do estilo. O quadro teórico da pesquisa está inscrito na Análise do

Discurso (AD) e as reflexões se pautam, sobretudo, na abordagem empreendida por

Amossy (2010) e Maingueneau (2005). O empreendimento teórico se deu também na

compreensão dos estudos de gênero social como possibilidade de fomentar a discussão

entre gênero e linguagem e perceber como se estabelecem essas relações e como elas

são materializadas na linguagem. O gesto analítico deste trabalho permitiu compreender

o modo como a imagem da beleza atribuída às mulheres adolescentes constrói um ideal

de beleza inesgotável, interpelando-as fortemente. Nesse construto, a naturalização da

beleza feminina é resultado, pois, de um empreendimento cultural.

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ANÁLISE DE PIADAS NA PREVISÃO DO TEMPO DO TELEJORNAL AQUI

AGORA E PIRIRI, PORORÓ

Luis Octavio Rogens de Melo Alves

Esta comunicação pretende analisar, dentro da perspectiva da Linguística Textual e das

Teorias do Humor, a presença de piadas no quadro Previsão do Tempo do telejornal

Aqui Agora, transmitido na década de 90 pelo Sistema Brasileiro de Televisão (SBT). O

informativo bem-humorado apresentado por Felisberto Duarte, alcunhado como "Feliz",

é marcado pela presença de bordões, recurso usado de forma recorrente em programas

humorísticos e no meio publicitário. O jornalístico Aqui Agora, veiculado entre os anos

de 1991 e 1997, foi um programa popular de grande sucesso que se autonomeava como

“um Jornal vibrante, que mostra, na tevê, a vida como ela é” (Ramos, 1998), fazendo

explicitamente uma clara referência à obra rodriguiana em seu lema. Conhecido pelo

seu traço popularesco e sensacionalista, no ano de 2008, foi feita a tentativa de uma

releitura do programa com novos integrantes, mas permaneceu apenas dois meses no ar.

Tomará como foco, nesta apresentação, a análise do texto oral retextualizado

(Marcuschi, 2008). Destacar-se-á na exposição a presença de piadas prontas e

conversacionais. A análise tem em seu escopo teórico os trabalhos de Ramos (2007),

Possenti (1998), Gil (1991), Preti (2001) e Koch (2009). Este trabalho integra-se ao

Grupo de Pesquisa Discursos na Mídia Escrita (DiME) da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo.

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O ATO DE INFORMAR: BREVE ANÁLISE DE UMA NOTÍCIA DA FOLHA E

DO AGORA SÃO PAULO

Maiara Pereira de Santana

A natureza do ato de informar foi discutida por Patrick Charaudeau na obra Discurso

das Mídias e despertou o interesse sobre o processo de informar a alguém. No processo,

o informante é visto como um benfeitor inquestionável. Ressaltando que a natureza da

informação remete à linguagem, o teórico a descreve não apenas como um “sistema de

signos”, mas, como um sistema de valores que comanda um sistema de signos. Dessa

forma, o ato de informar deve-se considerar: fonte de informação, instância de

transmissão e o receptor. Entretanto, em tal processo a intersubjetividade (tanto do

redator, quanto do receptor) é desconsiderada.

Problema de pesquisa: Como o ato de informar pode atender aos interesses diferentes

em textos escritos para jornais (Folha de São Paulo e Agora São Paulo)?

Objetivo: realizar uma breve análise de uma notícia sobre fato comum entre os jornais:

Folha de São Paulo e Agora São Paulo.

Fundamentação teórica: a pesquisa tem por base os estudos de Patrick Charaudeau e

como corpus de análise, duas notícias, versando sobre um acontecimento comum dos

jornais Folha de São Paulo e Agora São Paulo.

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O PAPEL DOS HIPERLINKS NA CONSTITUIÇÃO DO GÊNERO REVIEW DE

TECNOLOGIAS: UM ESTUDO DE CASO

Marcela Lima

Inserido no campo aplicado dos estudos da linguagem, e lançando mão dos conceitos

bakhtinianos de gênero discursivo, dialogismo e relações intergenéricas, este trabalho

tem o objetivo de descrever e analisar o papel dos hiperlinks digitais na constituição do

gênero Review de Tecnologias. O corpus de pesquisa é composto pelos 8 Reviews

produzidos e publicados entre 23/10/2009 e 31/03/2012 por dois estudantes da área da

Ciência da Computação. O blog a partir do qual geramos nossos dados é mantido por

seus idealizadores de maneira independente (sem patrocínios) e visa ao

compartilhamento gratuito, via Internet, de informações técnicas, estéticas e funcionais

sobre smartphones e tablets, constituindo-se como uma mídia característica das

chamadas Culturas Participativas do século XXI. Cada Review analisado é tomado aqui

como um enunciado concreto que, na condição de elo da cadeia discursiva, remete

tanto ao projeto enunciativo dos blogueiros-autores, ou seja, à situação social mais

imediata de produção, recepção e circulação desses enunciados, quanto ao contexto

social mais amplo, a chamada mídia participativa. Ao adotarmos uma perspectiva

enunciativa de base dialógica para a análise de nossos dados, assumimos que todas as

escolhas (temáticas, estilísticas e composicionais) realizadas - das quais os hiperlinks

digitais fazem parte - estarão em diálogo constante com esses dois contextos. Dessa

forma, buscamos compreender o que o uso de hiperlinks digitais tem a nos revelar

acerca do posicionamento dos autores-blogueiros em relação ao seu projeto enunciativo

- cujo foco é produzir, e publicar via blog, enunciados pertencentes ao gênero Review

de Tecnologias, que sejam capazes de contemplar necessidades específicas de uma

audiência presumida - e às práticas participativas nas quais se engajam ao longo do

processo.

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O ARGUMENTO DA PESSOA E SEU ATO

Marcelo Cesar Cavalcante

Este trabalho segue a Teoria da Argumentação de Perelman & Tyteca ao analisar o

Argumento da pessoa e seu ato. A solidariedade entre a pessoa e seu ato é fundamental

na medida em que a pessoa é conhecida e julgada pelos seus atos, o que torna

praticamente impossível sua dissociação. A tentativa de dissociar o ato da pessoa

sempre é parcial e precária. Perelman (PERELMAN, 1997, p.228) afirma que o valor

que atribuímos ao ato nos estimula a atribuir um certo valor à pessoa. Deste modo, esta

comunicação visa analisar a dissociação entre a pessoa e seus atos no discurso do Pastor

Marco Feliciano quando se refere aos homossexuais. Ao negar seu preconceito aos

homossexuais, o Pastor, por intermédio de seu discurso, acaba por afirmar ainda mais a

repulsa que sente por tal grupo. A dissociação que apresenta em seu discurso acaba por

traí-lo nas tramas do discurso. O texto escolhido foi uma entrevista publicada na Revista

Veja, páginas amarelas, em 20 de março de 2013. Como sabemos que o discurso é

opaco e não-transparente, o entrevistado se perde e se contradiz nas malhas do discurso,

afirmando seu preconceito quando, na verdade, pretende negá-lo.

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MÍDIA E DISCURSO NO TECIDO DA COMPLEXIDADE

Marcelo Furlin

O início do século XXI, ricamente matizado pela transição do locus físico para o locus

virtual, revela inesperadas transformações no ser e no estrar no mundo, com a releitura

de paradigmas sociais, culturais e éticos, e coloca em evidência inúmeras formas de

manifestação no domínio da linguagem – a verbal, a imagética, a sonora, entre outras.

Mais substancialmente, tal cenário compreende o discurso midiático como espaço

privilegiado para a reflexão sobre a linguagem em sua dimensão pragmática e criativa.

Nesse recorte inspirador, será desenhada uma interface, de caráter introdutório, entre

mídia, discurso e o Pensamento Complexo (MORIN: 2005), que sublinha a

multidimensionalidade da informação e do conhecimento em contraste à configuração

linear e estática da apreensão do mundo empírico. Morin fundamenta a noção de

sistema como uma unidade complexa, que não abriga a mera soma de suas partes

constitutivas. Antes, prioriza a relação parte-todo sob o olhar da complementaridade

entre a ordem e a desordem, na perspectiva da construção de sentidos ad infinitum. Com

tal acento, o objetivo da comunicação é promover um diálogo mais refinado entre o

sistema complexo e o sistema midiático, uma vez que ambos nutrem a

plurissignificação livre e dialógica da palavra. Em síntese, entende-se que a

comunicação oferecerá contribuições em consonância com o repertório de estudos

orientados para a Comunicação, no sentido de circunstanciar as pesquisas que

investigam o tecido complexo de signos em movimento no(s) discurso(s) da mídia.

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O HERÓI POLIFÔNICO: UM ESTUDO SEMIÓTICO

Marcos Rogério Martins Costa

O conceito de polifonia, mais que qualquer outro conceito bakhtiniano, vem suscitando

objeções e mal-entendidos. Essa observação pode ser confirmada pela ampla difusão

editorial das obras de Bakhtin e de seus comentadores em várias partes do mundo. O

que o romance polifônico instaura de mais notório no cenário literário é a descoberta de

uma personagem independente, imiscível e equipolente (cf. COSTA, 2013).

Independente, porque, diferente do que acontece no romance monológico, na

arquitetônica do romance polifônico, o autor não fala do personagem, nem sobre o

personagem, mas com o herói. Conforme Bakhtin (1997); temos, portanto, um

excedente de visão que não subestima o herói. Imiscível, porque o autor, no romance

polifônico, dá voz ao herói para que ele conte, sob seu ponto de vista próprio, o fato em

andamento, para isso a voz do narrador se distingue da voz da personagem e vice-versa,

essa diferenciação é possível pelo uso exacerbado de aspas, parênteses e outras

estratégias discursivas. Equipolente, porque o autor e o herói polifônico não constituem

uma unidade englobante e outra englobada, mas dialogam entre si de maneira que uma

voz não subjuga à outra: elas dialogam em pé de igualdade. A partir da semiótica

francesa, objetivamos perscrutar essas três características do herói polifônico por meio

do percurso gerativo de sentido, proposto por Greimas e Courtés (2008), e da semiótica

tensiva, desenvolvida por Fontanille e Zilberberg (2001). Desse modo, procurando as

vizinhanças entre a filosofia bakhtiniana e a semiótica francesa – mas respeitando as

diferenças que sustentam as epistemologias dessas teorias –, este estudo, em andamento

sob a orientação da Profa. Dra. Norma Discini, pretende operacionalizar o conceito

bakhtiniano de polifonica por meio do instrumental semiótico. Portanto, consideramos a

polifonica como um efeito de sentido que não escapa de um campo de presença e, como

tal, passível de análise semiótica e operacionalização.

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A FIGURA DA MULHER NAS CAPAS DE REVISTAS FEMININAS: ENTRE O

PLANO DO CONTEÚDO E O PLANO DA EXPRESSÃO

Marcos Rogério Martins Costa

Patrícia Margarida Farias Coelho

Neste estudo, propomos compreender, a partir da teoria da semiótica francesa

(GREIMAS, COURTÉS, 2008), os aspectos sincréticos que criam e produzem os

efeitos de sentido na capa de revistas brasileiras. Para compor o nosso corpus,

escolhemos três revistas brasileiras, a saber: Nova, Marie Claire e Criativa. Essas

revistas foram escolhidas, porque, em suas capas, está ilustrada a mesma protagonista: a

atriz Paloma Duarte. O objetivo deste estudo é verificar, a partir do estudo da capa

dessas revistas, como elas criaram a identidade da figura feminina Paloma Duarte em

acordo com a proposta da revista. Para isso, consideramos, conforme Floch (1987), os

aspectos topológicos, eidéticos e cromáticos que compõem o simbolismo e o

semissimbolismo presentes na função semiótica entre o plano do conteúdo e o plano da

expressão. Investigando essa semiose, pudemos compreender que cada revista utiliza o

corpo da modelo e os seus valores sociais e culturais de personalidade pública para

confirmar e propagar os valores ratificados pela própria revista, bem como os

requeridos pela leitora-consumidora dessa determinada revista. A presença dessa leitura

do corpo feminino na capa se sustenta desde os níveis mais profundos do percurso

gerativo do sentido, posto que, a partir do arsenal semiótico, podemos depreender da

superficialidade do texto as oposições mínimas de sentido e a enunciação enunciada que

subjaz à textualização, bem como a que impulsiona para os níveis mais concretos e

complexos do discurso. Por isso, este estudo, em desenvolvimento, vem contribuir

positivamente para o estudo das estratégias discursivas presentes na publicidade

brasileira que sustentam os valores de consumo e reiteram a identidade de seus

enunciadores (revista e suas publicidades) e enunciatários (leitoras-consumidoras).

Portanto, atentos às transformações que a mídia impressa difunde em nosso cotidiano,

este trabalho busca verificar as relações entre mídia impressa e leitora-consumidora,

bem como entre feminilidade e mídia impressa.

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FANZINES PUNKS NO BRASIL, PRÁTICAS E DISCURSOS

Marco Antonio Milani

Durante as décadas de 1980 e 1990, os punks brasileiros lançaram mão dos fanzines

para divulgar seu pensamento dentro e fora de seu grupo. Eram impressos compostos a

partir de desenhos, textos a mão ou datilografados e recortes de jornais e revistas. As

matrizes provindas desse processo eram fotocopiadas e distribuídas de mão em mão ou

por via postal para todo país. A pesquisa compreende, dessa maneira, uma seleção de

publicações existentes na Coleção Movimento Punk no CEDIC, da PUC-SP. A partir

das mesmas, são buscadas as práticas de leitura e escrita com referência na história da

leitura em combinação com um estudo dos discursos, segundo Michel Foucault. Através

da noção deleuzeana de limiares discursivos, é possível estabelecer enunciados com

base na relação entre imagens e palavras, fundamental para a compreensão das colagens

existente nos fanzines punks. A pesquisa explora o extremo a tensão entre o pensamento

foucaultiano e o do historiador da leitura Roger Chartier, pondo em ressonância os

limites de sentido estabelecidos pelo impresso – redundante em si mesmo e a

continuidade do sentido no texto – independente do suporte. Dessa maneira, constata-se

que os fanzines transpõem elementos de diversos outros impressos, inserindo-os em um

novo discurso, de acordo com as relações que estabelecem com outros enunciados e

imagens no próprio suporte. Os fanzines analisados conferiram uma visão muito própria

em relação aos acontecimentos daqueles anos turbulentos para o Brasil, da mesma

maneira que se tornaram uma ferramenta imprescindível para consolidar o punk, como

forma de comportamento, estilo musical e, quiçá, forma discursiva.

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33

A CONSTITUIÇÃO ETHOS DISCURSIVO NA REVISTA CARTA CAPITAL:

“QUE DEUS SE APIEDE”

Marta Silva

Os veículos midiáticos são meios de comunicação em massa que produzem enunciados

os quais visam a abordar informações sobre diversos assuntos, a fim de produzir uma

fidelidade factual em relação aos acontecimentos de mundo, a fim de conquistar a

confiança de seu público-alvo e torná-lo fiador de seus enunciados. Para isso, o sujeito

enunciador apropria-se de estratégias discursivas, as quais levam em consideração os

possíveis interesses sociais e ideológicos tanto da recepção quanto da produção de

enunciados, com objetivo de persuadir/influenciar/manipular o seu leitor/ouvinte alvo.

Durante o processo de enunciação, o enunciador busca conduzir o leitor/ouvinte a

constituir uma “imagem” do sujeito referido na enunciação e, simultaneamente, a

“imagem” do sujeito enunciador no processo discursivo. Porém, a “imagem” constituída

pode não ser a requerida pelo enunciador. Tal “imagem” é definida por Dominique

Maingueneau (2003, 2008, 2012) como ethos discursivo. Assim, com base nessas

concepções: ethos discursivo, objetiva-se estudar a constituição ethos discursivo na

“capa” da revista Carta Capital publicada no dia 20 de fevereiro de 2013, a qual tem

como notícia destaque a renúncia ao papado realizada por Bento XVI (Joseph

Ratzinger). Tais estudos serão desenvolvidos a partir das escolhas linguísticas, verbais e

não-verbais, utilizadas pelo seu enunciador. Servirão como respaldo teórico os estudos

desenvolvidos pela Análise do Discurso (AD), ancorando-se com as concepções

discursivas de Maingueneau (2012) e com os conceitos de comunicação de massa de

Morin (1997).

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34

POLÍCIA VS BANDIDO - RELAÇÕES DE PODER NA CONSTRUÇÃO DA

IMAGEM NO JORNAL MEIA HORA DE NOTÍCIAS: UMA ANÁLISE

DISCURSIVA

Mayara Suellen de Sousa

Este trabalho tem o objetivo de analisar os campos lexicais utilizados na construção dos

sujeitos: polícia e bandido em notícias de crimes cometidos por ambos, no jornal

popular carioca Meia Hora de Notícias. Verifica-se o uso do humor na construção do

campo lexical referente ao bandido como mecanismo de dominação do leitor do jornal,

como estratégia para dissimular os leitores sobre os crimes cometidos pela polícia e

ressaltar os feitos cometidos pelos criminosos. A mídia, aqui representada pelo jornal

popular, é importante na organização da vida da sociedade, pois reproduz crenças,

constrói e valida ideologias, garantindo, portanto, a dominação em seus espaços

discursivos em favor dos controladores desse discurso. Assim, quando se estuda textos

referentes à comunicação de massa pensa-se no controle exercido por esses órgãos na

manutenção ou na formação de opinião o que, por conseguinte, pode pressupor controle

ideológico. As concepções fundamentais utilizadas para o trabalho baseiam-se em

trabalhos de van Dijk (1999, 2003, 2005 e 2008) sobre os mecanismos de dominação e

poder; e uma breve apresentação da teoria do humor e riso, para a qual utilizamos os

escritos de Propp (1992) e Bergson (2001).

Assim, consideramos que a escolha lexical aliada ao uso do humor serve com um

funcional mecanismo de dominação utilizado pelo jornal, que consegue criar a partir de

um mesmo tema o crime, dois sujeitos antagônicos: a polícia e o bandido. Tal

distinção pode ser observada por meio da escolha lexical na criação da imagem de um e

de outro e do uso do humor para a construção da imagem do bandido. Tal escolha

lexical e mecanismo de dominação gera a construção de uma ideologia que coloca a

polícia carioca e os bandidos em lados totalmente opostos, o que dissimula a verdade, a

prática comum de crimes por policiais.

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35

CRÔNICA: CONSTRUTORA DE OPINIÕES E CONDUTORA DAS MASSAS

Milton Gabriel Junior

Esta comunicação está situada na área da Análise Crítica do Discurso, Linguística

Textual-Discursiva e da sócio-retórica, e tem por objetivo analisar as sequências

textuais nos textos denominados colunas, a fim de verificar se esses textos pertencem ao

gênero crônica; além de investigar e apresentar em como as crônicas jornalísticas se

organizam no plano textual-discursivo verificando se esses textos se tipificaram em um

novo conjunto de gêneros. Tem-se por pressupostos inter-relacionar os postulados de

Bazerman (2009), os esquemas textuais-discursivos de Adam (2010) e as categorias

analíticas do Discurso, Sociedade e Cognição da Análise Crítica do Discurso, van Dijk

(1990, 1997, 2012). Focaliza-se no material utilizado, colunas dos jornais paulistanos; o

método adotado para análise é o teórico-analítico. Justifica-se a análise, uma vez que os

estudos realizados sobre as crônicas nacionais apenas trataram de sua organização

textual ou da materialidade linguística “guiada” pela situação de enunciação, não há um

estudo que inter-relacione a linguística textual e a linguística do discurso buscando

apresentar a construção textual-discursiva das crônicas jornalísticas, apresentando assim

a composição do plano descritivo da estrutura composicional, das tipologias, das

sequências típicas e assim compreender os aspectos da materialidade linguística, o que

levou a re-categorização do gênero crônica. Os resultados obtidos indicam que a crônica

esta em mutação, agindo e interagindo no meio social ao criar realidades ou fatos

sociais. As crônicas jornalísticas se constituem ações sociais construídas pela

linguagem, uma vez que cria um sistema de valores e significações através do texto

produzido, ao analisar as ações sociais conseguimos verificar os mecanismos de

textualização delimitando o interdiscurso, o intertexto e o gênero, constatando que a

crônica possui função e lugar social específico, com valor recorrente, ao criar um

sistema de valores e significações construídas na sua organização textual-discursiva.

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36

DISCURSO DA DIVERSIDADE NO HUMOR: DOIS GUMES DE UMA

LÂMINA

Nilton Tadeu Alonso de Queiroz

Este artigo surge como adaptação e recorte de nossa tese de doutorado e tem por

objetivo analisar as características das estratégias discursivas responsáveis pela

construção do humor como caracterizador do discurso homofóbico, do discurso da

exclusão e do discurso de grupo como caracterizadoras de um estado de violência

social, utilizando categorias como fato relatado, dito relatado e discurso relatado de

Charaudeau (2007-2012) para compreensão da composição e criação da encenação

humorística, com base nos estudos de Possenti (2010) no que concerne à relação entre

humor, linguagem e discurso, e os efeitos responsáveis pela manutenção de

preconceitos e tabus, demonstrando as nuances semânticas que oscilam entre o riso e a

exclusão, gerando um estado de violência, nem sempre facilmente identificável, pois o

termo que provoca o riso, algumas vezes, gera adesão inclusive por parte do grupo

excluído, possivelmente, pela força de um discurso constituinte preconceituoso que faz

com que os sujeitos do discurso não percebam imediatamente o grau de agressividade e

violência que esse “humor” pode gerar, perpetuando preconceitos.

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REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE: A POLÊMICA DA

INTERINCOMPREENSÃO INSTAURADA NO DISCURSO DE

REGULAMENTAÇÃO DA MACONHA, DO PRESIDENTE DO URUGUAI,

JOSÉ MUJICA

Ricardo Celestino

Márcio R. O. Cano

Em contribuição aos estudos enunciativo-discursivos propostos pela Análise do

Discurso de linha francesa, de Dominique Maingueneau, temos a proposta de analisar o

discurso jornalístico Crônicas do Jornal, de Arnaldo Jabour, veiculados pelo suporte

televisivo da Rede Globo, no telejornal Jornal da Globo, e o discurso de regulamentação

da maconha, do presidente uruguaio José Mujica, com os objetivos de examinar a

polêmica da interincompreensão que se instaura nos discursos supracitados. A escolha

pelo tema justifica-se, por se tratar de um assunto que evidencia inúmeros pontos de

vista, pautados em formações discursivas distintas em um mesmo tempo histórico.

Identificamos que a polêmica da interincompreensão instaura-se ao problematizarmos a

palavra regulamentação, em uma alternativa política de controle do consumo e venda da

maconha no Uruguai. Para compreendermos como se instaura a polêmica da

interincompreensão nos discursos em análise, recorremos às categorias de interdiscurso

e competência discursiva, uma vez que na AD pressupomos que a prática discursiva só

é possível ao estabelecer diálogos e constituir-se de práticas discursivas anteriores,

inseridas em um universo, campo e espaço discursivos. Ainda, o discurso em análise

insere-se em um campo discursivo específico e institucionalizado na sociedade, no caso

o jornalístico, e para que seja efetiva a prática enunciativo-discursiva, há exigência de

uma competência discursiva tanto do enunciador quanto do co-enunciador, em legitimar

o discurso na prática social. O estabelecimento desse discurso em sociedade pode

acarretar na polêmica da interincompreensão, ao passo que enunciar a partir das regras

de um determinado campo discursivo pode incidir na não-compreensão dos sentidos

enunciados a partir de um campo discursivo distinto que detém outros posicionamentos.

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O LÉXICO NA FORMAÇÃO DO ETHOS DE MARINA SILVA

Rita de Cássia da Silva SOARES

Neste trabalho, pretende-se discutir a noção de ethos tal como apresentado na Retórica

de Aristóteles e retomado por Chaim Prelman, na teoria postulada como Teoria da

Argumentação, a fim de analisar como o léxico foi selecionado e organizado no

discurso jornalístico que pauta sobre a ex-senadora da República, Marina Silva, que,

atualmente, é focalizada como possível e forte candidata à presidência da república nas

próximas eleições. Sabe-se que jornalismo, por definição, é uma prática social voltada

para o “contar história” e para a “informação” ao público leitor. O jornalista capta o

mundo, conforma-o e informa-o por meio de um dizer. Esse dizer é, muitas vezes, sobre

o mundo ou alguém e denota um ponto de vista específico e, por vezes, direcionado.

Para análise, utilizar-se-á dois artigos publicados nas revistas Veja e Época, no segundo

semestre de 2013. Também propõe-se uma reflexão sobre o jornalismo de revista e a

sua relação com a formação de um ethos. Na Retórica, o ethos refere-se à ideia de que

qualquer orador cria uma imagem de si próprio através do seu discurso. Para a

constituição desse discurso, o sujeito faz escolhas lexicais que melhor constituirão sua

imagem, e refletirá suas intenções para persuadir seu público a aderir as suas opiniões.

Os estudos lançados pela Retórica e pela Teoria da Argumentação nos auxiliarão na

análise do discurso jornalístico apresentado na mídia impressa.

Sugerimos aqui que, ao lado do estudo da enunciação, a semiótica nos faz entender

como o ethos funciona do ponto de vista da audiência e, portanto, como audiências

consomem o discurso público na mídia por meio do ethos.

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39

COTAS RACIAIS, ERRO OU ACERTO? BREVE PROPOSTA DE

ANÁLISE EDITORIAL DA FOLHA DE S.PAULO

Ronaldo Pimentel Baptista

A presente pesquisa se propõe a realizar uma breve análise de editorial publicado no

“Caderno de Opinião”, da Folha de S.Paulo, de 27 de abril de 2012, que trata da

questão das cotas raciais. Considera-se o contexto histórico, visto que o Supremo

Tribunal Federal, em abril de 2012, no governo da Presidenta Dilma Rousseff, aprovou

por unanimidade a constitucionalidade da política de cotas socais e raciais para o

ingresso nas universidades públicas brasileiras. Além disso, a imprensa brasileira tem

noticiado constantemente manifestações acerca de tão relevante questão, bem como

demarcado também seu posicionamento frente a este tema. Assim, nosso objetivo é

refletir sobre o posicionamento assumido pelo jornal, com base na identificação de

vozes com as quais o texto dialoga, evidenciando sua posição social. Para tanto, o

trabalho apresenta, além de uma contextualização do tema, uma breve caracterização da

Folha de S.Paulo, de modo que fiquem claras algumas de suas características

institucionais, manifestas no pensamento do autor. Posteriormente, procedemos a uma

breve análise linguística, propriamente. Isto feito, algumas considerações conclusivas

constam no desfecho do trabalho. Em seguida, a exposição na íntegra do texto editorial,

a fim de que o objeto da análise esteja explícito e acessível. O instrumental utilizado

envolve conceitos propostos por Bakhtin, principalmente dialogismo e polifonia,

amplamente estudados por especialistas como: Izidoro Blikstein, José Luiz Fiorin,

Diana Luz Barros, Fátima Andreia Tamanini, Janice Brito Mansur, Maria Letícia de

Almeida Rechdan e Vera Lucia Pires. Enfim, entendemos que, por mais que muitos

venham sendo os avanços no que diz respeito ao combate ao racismo existente no

Brasil, é evidente que esse conjunto de ações ainda não foi suficiente para combatê-lo

nem, tampouco, para convencer grande parte da população de que o Brasil é um país

racista.

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40

DESVENDANDO O DISCURSO JORNALÍSTICO DO SÉCULO XVIII E XIX

NO DITO RELATADO DE NASCIMENTO DE MORAES

Rosângela Aparecida Ribeiro Carreira

Este artigo tem por objetivo analisar as características dos textos jornalísticos de

Nascimento de Moraes, autor maranhense, como uma primeira tentativa de análise da

obra jornalística do autor, enquanto corpus que servirá para desvendar o universo

discursivo-jornalístico no final do século XVIII, início do século XIX, pautando-se na

Análise do Discurso de Linha Francesa (AD), utilizando categorias como fato relatado,

dito relatado e discurso relatado de Charraudeau (2007-2012) e universo, campo e

espaço discursivos de Maingueneau (2007) para compreensão do topos jornalístico na

construção do espaço discursivo e da encenação genérica para verificar como o dito

relatado revela o contexto da época por meio das estratégias linguísticas, que constroem

a encenação e revelam características sócio-culturais do período abolicionista, bem

como, estabelecem um processo de construção da imagem do negro naquela época,

revelando, assim, a ideologia de diferentes classe sociais em relação à posição do negro

na sociedade abolicionista.

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A REPRESENTAÇÃO DAS MULHERES AFEGÃS PELA IMPRENSA

BRASILEIRA

Rosângela Oliveira Cruz Pimenta

O presente artigo trata sobre a representação das mulheres afegãs, através dos discursos

jornalísticos impressos. Nosso objetivo é analisar o discurso da imprensa brasileira

sobre a ocidentalização da cultura afegã feminina, através das fortes críticas aos hábitos

islâmicos impostos às mulheres e da incorporação de padrões de comportamentos

ocidentais ao longo do tempo. O referencial teórico utilizado é da Análise de Discurso

Francesa, com estudos de Michel Pêcheux (2009), Eni Orlandi (2005), Mikhail Bakhtin

(1986), Ana Gama Florêncio (2009), Bethania Mariani (2003) entre outros. Na

metodologia utilizada, a constituição do corpus analisado se deu a partir da seleção de

um editorial da Revista Veja, publicado em agosto de 1998 e uma notícia publicada no

Jornal do Commercio, de 09 de dezembro de 2012, sobre as mulheres afegãs. As

categorias de análise foram as condições amplas e restritas de produção e a formação

discursiva e ideológica. Nas materialidades discursivas analisadas foi possível constatar

que na primeira há um forte direcionamento do autor para negativar a imagem da

condição das mulheres afegãs, no intento de ocidentalizar um padrão feminino de

comportamento e, na segunda, é possível constatar que o comportamento das mulheres

mudou, a partir da busca dos padrões ocidentais de beleza.

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O DISCURSO DA VIOLÊNCIA NA CONSTITUIÇÃO DA NOTÍCIA

Rudney Soares de Souza

Márcio Rogério de Oliveira Cano

Neste artigo, discutimos, com fundamento teórico nos estudos da Análise do Discurso,

os atos e os estados de violência em notícias, ou seja, a presença de uma violência mais

sutil e que, portanto, não se manifesta claramente na notícia aos olhos desatentos.

Tomamos como amostra notícias publicadas em revistas e jornais.

O objetivo é mostrar que em uma notícia sobre um assassinato, por exemplo, é patente

que se trata de violência, entretanto, o exagero nos detalhes, a hiperbolização e o tipo

linguagem constroem uma narrativa que beira a ficção para tratar do mesmo assassinato,

atinge, portanto, outros patamares de violência mais sutis que já não se referem

simplesmente ao ato, mas à constituição de uma violência por meio da linguagem que

diz respeito não somente ao ato, mas principalmente a um estado de violência.

As notícias escolhidas como amostra foram Morto a tiros tem genitália arrancada,

publicada em 19 de outubro de 2009; Medo de sequestro faz estudantes mudarem de

rotina, publicada em 17 de outubro de 2009; Nova lei de mídia é vingança em dobro

para Cristina, diz analista, publicada em 13 de outubro de 2009.

O artigo justifica-se pelo fato de intentar analisar as escolhas feitas durante a construção

da notícia, o que nos parece ligado a um tipo de violência velada, ou seja, a um estado

de violência, em que a violência não é legitimada por quem noticia e muito menos por

quem lê. A notícia não se denomina violenta, mas os indícios linguísticos, presentes no

discurso, permite-nos inferir que há violência no discurso.

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43

FACES DA VIOLÊNCIA NOS JORNAIS

Sandra Coimbra da Silva Tavares

O presente estudo se insere na linha de pesquisa: “O discurso da violência na imprensa”,

do Programa de Estudos Pós-graduados em Língua Portuguesa da PUC-SP , e tem por

tema : Atos e estados de violência na mídia impressa. A violência é um tema que já faz

parte do cotidiano do Ser Humano e, cada vez mais, diversos meios de comunicação e

centros acadêmicos debatem o assunto, torna-se necessário refletir sobre o tema. Sendo

assim, este trabalho está norteado pela seguinte questão: Os textos jornalísticos e as

imagens que os acompanham, na mídia impressa, demonstram algum tipo de violência?

Tem como objetivo comparar e analisar imagens e textos de jornais e verificar como se

apresenta o discurso relatado nestes veículos de informação. A justificativa para este

estudo será compreender como podemos perceber os atos e os estados de violência nas

matérias e imagens apresentadas. Segundo Elizabeth Rondelli (2000) a criminalidade e

a violência são entendidas como o uso da força para causar dano físico à outra pessoa.

De modo geral, a veiculação dessa violência pela mídia não tem sido discutida com

profundidade e evidenciando diferenças entre a violência mostrada nos veículos de

informação e a realidade das ruas. As cenas mostram a violência de modo desordenado,

levando muitas vezes a explicações socioeconômicas e não às causas políticas da

violência que tem sido mostrada como fato jornalístico escandaloso, cruel ou inusitado

e, a partir dessas imagens construídas e incorporadas pelo imaginário popular,

é possível identificar os conflitos sociais decorrentes da desigualdade social. Susan

Sontag (2003) observa que numa era sobrecarregada de informação, a fotografia oferece

um modo rápido de apreender algo e uma forma compacta de memorizá-lo. As câmeras

são consideradas como os olhos da história, aproximando o espectador cada vez mais,

portanto os resultados obtidos com essa pesquisa poderão revelar novos olhares diante

do que nos é apresentado pelos jornais.

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DE GENI PARA TIETA: UMA LEITURA INTERTEXTUAL DA

REPRESENTAÇÃO DA MULHER

Siomara Ferrite Pereira Pacheco

Esta comunicação situa-se na área da Análise Crítica do Discurso com vertente sócio-

cognitiva e tem por tema a leitura das formas e representação discursiva da mulher em

texto narrativo do tipo crônica e de texto jornalístico do tipo artigo. Tem-se por objetivo

geral contribuir com os estudos do texto opinativo. Tem-se por objetivos específicos: 1)

examinar a partir da materialidade linguística as estratégias utilizadas para representar a

mulher na sociedade; 2) analisar as semelhantes e/ou diferentes representações por uma

leitura intertextual. Justifica-se a pesquisa na medida em que as crônicas, textos

narrativos do cotidiano, instaurados como textos do tipo opinativo, expressam em língua

os valores culturais e ideológicos presentes na formação discursiva do locutor, guiando

a orientação de leitura do leitor. Da mesma forma, o texto jornalístico constrói a opinião

do público leitor sobre temas sociais, que, no caso, relaciona-se à discriminação da

mulher que ideologicamente contrapõe-se ao modelo instituído socialmente. Tem-se

por base teórica a Análise Crítica do Discurso na interrelação das categorias analíticas

Discurso, Cognição e Sociedade (Van Dijk,1997). O material coletado para análise é

referente a texto da área musical produzido por Chico Buarque, considerado crônica de

texto jornalístico produzido para o jornal O Estado de São Paulo. Os resultados obtidos

são parciais e indicam que as estratégias do sujeito, na construção de textos opinativos,

revelam a polaridade entre o ponto de vista do cronista e/ou do jornalista e os marcos de

cognição social. Conclui-se que os conhecimentos sociais caracterizam o tratamento do

tema mulher de acordo com os contextos sociais representados e estes variam com os

marcos de cognição social, construindo expectativas na interação sócio-comunicativa e

estas são representadas em língua, de forma a produzir estrategicamente a

recontextualização como denúncia social.

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45

ANÁLISE CRÍTICA DA IMAGEM DE UM FOLDER BANCÁRIO

Silas Gutierrez

Com base nos estudos sobre a Análise Crítica do Discurso, ACD, realizados por

Norman Fairclough, analisaremos o folder bancário como elo dialógico entre a

instituição financeira e o imaginário social, como também, formador de identidades na

constituição de sujeitos e reprodutor de valores sociais.

Os modos de produção, distribuição e consumo de textos são práticas discursivas que,

além de determinadas socialmente, interferem na interpretação textual. As formas de

recepção de um texto pelo leitor determinam seu modo de leitura, pois envolvem

padrões de expectativa e interação.

Os analistas, desta vertente, entendem que os modos de produção, distribuição e

consumo são controlados, politicamente, para preservar a hegemonia de um

determinado grupo. Este controle mantém comportamentos sociais, desenvolve

posturas, cria identidades; configurando uma sociedade cujo saber é permitido e

divulgado de acordo com interesses muito específicos. A ACD centraliza-se na

interação assimétrica, caracterizada pelo poder nas relações sociais e refletida nos

discursos que permeiam a sociedade.

Atualmente, os trabalhos dos analistas críticos do discurso voltam-se, principalmente,

para a mídia impressa e televisiva, tema este, que deve ser tratado, cuidadosamente, nas

aulas de interpretação de texto. Discutiremos, durante nosso trabalho, questões

pertinentes relacionadas ao ensino de leitura, por meio do folder bancário,

demonstrando como determinados textos necessitam de um entendimento sócio-

cultural, além do linguístico, para que haja uma compreensão efetiva.

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JORNAL MACKNÍFICO: O DISCURSO MIDÍATICO NA EDUCAÇÃO BÁSICA

E NA EDUCAÇÃO UNIVERSITÁRIA

Valéria Bussola Martins

A educação brasileira ainda encontra-se distante de seu papel cidadão. Infelizmente, e

de forma geral, poucas escolas valem-se da interdisciplinaridade, que poderia ser

atingida, dentre outras formas, por meio da relação entre mídias e educação. Afastando-

se dessa realidade fundamental, mas poucas vezes detectada, o presente trabalho,

nascido no campo da Comunicação, em especial a jornalística, com suas particulares

linguagens, mídias e discurso, objetivou a criação, nas aulas de Língua Portuguesa, de

um jornal escolar impresso, intitulado Macknífico que uniu o cotidiano escolar de

professores do Ensino Fundamental II, etapa da Educação Básica brasileira, ao dia a dia

acadêmico de um professor do Ensino Superior. Como resultado, os doze jornais

impressos, distribuídos entre os estudantes da Educação Básica, foram utilizados como

ferramenta de formação crítica, interdisciplinar e cidadã de alunos do 9o. ano da

Educação Básica, que elaboraram o jornal, e, no Curso de Letras, como instrumento na

formação reflexiva no que diz respeito à inter-relação entre a área da Comunicação e a

prática pedagógica nas aulas de Língua Portuguesa em diferentes níveis educacionais.

Como fundamentação teórica para o presente trabalho foram utilizados os pensamentos

de Paulo Freire, Ivani Fazenda, Adilson Citelli e Maria Alice Faria.

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OS ESTEREÓTIPOS E A VIOLÊNCIA ENQUANTO LINGUAGEM:

DIÁLOGOS E REFLEXÕES A PARTIR DE GÊNEROS

Wagner Santos Araujo -Doutorando

O discurso da violência é um discurso que potencializa a relação entre um “querer”, um

“fazer” e um “acontecer”. Tal relação, além de evidenciar os diferentes modos de ser e

agir do homem na realidade projetada pelos diferentes discursos, potencializa e constrói

a necessidade dos estereótipos como elementos para a compreensão dessa dinâmica

enunciativa contada e divulgada por meio de diferentes gêneros e por diferentes

formações discursivas. Este trabalho visa promover a reflexão da formação dos

estereótipos “clássicos”- herói, vilão, testemunha e as representações do ser homem e do

ser mulher circunscritos em diferentes gêneros, a fim de refletir e compreender “como”

elucidam a violência e como eles se convergem à mídia impressa. Por meio da análise

da notícia de jornal e a relação com a teoria da jornada do herói e análise das músicas

Faixa Amarela e Oitavo andar será possível compreender a importância dos

estereótipos na compreensão do fenômeno da violência. Como metodologia do trabalho,

têm-se a análise do discurso, sob a perspectiva dos pressupostos teóricos de Patrick

Charaudeau. Por se tratar da metodologia da análise do discurso, o trabalho tem um teor

multidisciplinar e abordagem teórico-analítica, objetivando-se promover diferentes

leituras de mundo sobre o tema violência e sua materialização enquanto linguagem nos

diferentes gêneros do discurso.

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