Resumos história

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De todas as regiões europeias as cidades italianas foram as que melhor preservaram as ligações mercantis, depois da destruição do império romano e das conquistas do islão. Assim as cidades italianas tornaram-se rivais, concorriam entre si nas rotas comerciais que levavam á Ásia Menor, á Siría e ao Egipto (domínio do comércio mediterrâneo) . Por essas rotas chegavam: - aos mercados europeus: as especiarias, os tecidos (panos orientais), as pedras preciosas e o alúmen; As especiarias eram o que acentuava mesmo a sua riqueza pois era algo leve e fácil de transportar no entanto tinham sempre venda garantida. Um sinal que realmente mostrava a prospriedade destas cidades industriosas e mercantis eram as suas moedas de ouro, as primeiras a serem conhadas na Europa, e a coragem dos seus mercadores, pois foram os primeiros a conhecer a india e a imagem do oriente e das suas riquezas naturais. As feiras de champane eram as que mais se destacavam de todas as feiras medievais, favorecidas pela sua localização geográfica (entre o Norte flamengo e o Sul italiano), era o ponto de encontro entre os mercadores da europa e de tudo o q eles tinham pra oferecer. O calendario das feiras era mt preenchido, estendiam se ao longo do dia (6 feiras que duravam 50 dias cada uma), o q tornava a champ. um mercado contínuo. Feiras medievais: Feiras periódicas que se desenvolviam em algumas regiões, favorecidas pela sua localização geográfica. Os reis e senhores como forma de atração ofereciam boas condições de alojamento e armazenamento assim como redução dos impostos costumeiros. E garantiam a segurança dos mercadores na feira e viagem ida e volta através de um conduto (salvo-conduto). Com todo este desenvolvimento comercial e económico na idade média, criaram se novas técnicas de negócio. Com as trocas comerciais realizavam se grandes investimentos e grandes pagamentos e para assegurar segurança e facilidade nas transações criaram se as sociedades comerciais, os seguros e os primeiros pagamentos em papel (cheque e a letra de câmbio - empréstimo pagavel noutro lugar e noutra moeda).

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De todas as regiões europeias as cidades italianas foram as que melhor preservaram as ligações mercantis, depois da destruição do império romano e das conquistas do islão. Assim as cidades italianas tornaram-se rivais, concorriam entre si nas rotas comerciais que levavam á Ásia Menor, á Siría e ao Egipto (domínio do comércio mediterrâneo). Por essas rotas chegavam:

- aos mercados europeus: as especiarias, os tecidos (panos orientais), as pedras

preciosas e o alúmen;

As especiarias eram o que acentuava mesmo a sua riqueza pois era algo leve e fácil

de transportar no entanto tinham sempre venda garantida.

Um sinal que realmente mostrava a prospriedade destas cidades

industriosas e mercantis eram as suas moedas de ouro, as primeiras a

serem conhadas na Europa, e a coragem dos seus mercadores, pois foram

os primeiros a conhecer a india e a imagem do oriente e das suas riquezas

naturais.

As feiras de champane eram as que mais se destacavam de todas as feiras

medievais, favorecidas pela sua localização geográfica (entre o Norte flamengo e o

Sul italiano), era o ponto de encontro entre os mercadores da europa e de tudo o q

eles tinham pra oferecer. O calendario das feiras era mt preenchido, estendiam se

ao longo do dia (6 feiras que duravam 50 dias cada uma), o q tornava a champ. um

mercado contínuo.

Feiras medievais: Feiras periódicas que se desenvolviam em algumas regiões,

favorecidas pela sua localização geográfica. Os reis e senhores como forma de

atração ofereciam boas condições de alojamento e armazenamento assim como

redução dos impostos costumeiros. E garantiam a segurança dos mercadores na

feira e viagem ida e volta através de um conduto (salvo-conduto).

Com todo este desenvolvimento comercial e económico na idade média, criaram se novas técnicas de negócio. Com as trocas comerciais realizavam se grandes investimentos e grandes pagamentos e para assegurar segurança e facilidade nas transações criaram se as sociedades comerciais, os seguros e os primeiros pagamentos em papel (cheque e a letra de câmbio - empréstimo pagavel noutro lugar e noutra moeda).Assim, nas feiras começou a haver a participação de cambistas e banqueiros, onde trocavam a moeda, e aceitavam depósitos e faziam transferências de dinheiro.

A fragilidade do equilibrio demográfico:Na idade média a morte era algo sempre resente. Quem mais morria eram as crianças, que morriam á nascença com grande frequência. Chegar á idade adulta era algo admiravel e quem chegasse á velhice era olhado com respeito e admiração. Isto era causa da falta de higiene e falta de conhecimentos da puericultura e medicina, mas principalmente por causa da fome e das pestes.Nesta altura um má temporada agrícola levava á subida de preços e condenava á

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fome os mais necessitados. Com isto veem as epidemias pois as pessoas tão mais fracas para resistir a doenças. Tudo isto junto com os devastadores efeitos da guerra as mortes ultrapassavam o numero de nascimentos e a população diminuia.Mas entre os séculos XI e XIII, viviam se tempos felizes e prosperos, no entanto esta multidão de gente vinda de todos os cantos do mundo, “este mundo cheio”, levantava sérios problemas. No fim do século XIII não era possivel produzir alimentos para tantos homens. E com as lavras intensas tinham se esgotado os solos, somando ainda as mudanças climáticas (período de chuvas e muito frio) que apodereciam os sementes, houve um regresso da fome ao Ocidente (Provença: um em cada 3 anos era de escassez; Navarra: quase todo o sec. 14 é de escassez e subalimentação; Portugal: em meados do sec 14 e finais do sec 15 houve 21 crises de subsistências nas cidades e na provincia). Surge então em 1348 a terrivel epidemia da Peste Negra, trazida pelos marinheiros genoveses. E propagou-se para Sicilia e Toscana, França, Península ibérica, Inglaterra, Alemanha, Escandinávia. Esta doença altamente contagiosa, transmitida pelo ar, era provocada pela picada da pulga do rato negro e fazia com que nascessem bubões negros e azulados nas virilhas, pescoço e axilas e matava em 2 ou 3 dias. As pessoas desesperadas, abandonavam as suas casas, aldeias e até os próprios familiares e queimavam os seus pertences para tentarem escapar a esta epidemia. (tudo isto causado pela falta de higiene, o facto de coabitarem com animais e os seus dejectos diariamente q se acumulavam nas suas roupas que raramente eram mudadas; agravado com a fome.). A peste persistiu durante meses causando uma elevada mortalidade. Nas cidades e nos mosteiros era onde a maior parte da população se encontrava foram particularmente atingidos. Matou 1/3 da população que apenas desapareceu da europa no sec. 18.Outro factor que contribuiu para a quebra demográfica foi a Guerra. A guerra provocava uma grande destruição sobre as populações, em termos estruturais e psicologicos. Tudo isto elevou a queda demográfica. “A trilogia mortifera”.

A fixação do território: A reconquista:

Processo da Reconquista (Séculos VIII-XV), foram as campanhas militares que os reinos cristãos da Península Ibérica dirigiram contra os muçulmanos que a invadiram em 711. Os Cristãos que se refugiaram no Norte da Península Ibérica (Astúrias) iniciaram uma luta para reconquistar os seus domínios. Em 722, Pelágio derrotou os Muçulmanos na Batalha de Covadonga e criou o Reino das Astúrias que foi crescendo até se dividir em vários reinos. No século XI os reinos de Castela e Leão continuavam a Reconquista ajudados por cavaleiros cristãos -cruzados- enviados por outros reinos europeus. O rei D. Afonso VI, recebeu a ajuda de cavaleiros franceses dos quais se destacaram D. Raimundo e D. Henrique de Borgonha. Como recompensa pelos seus feitos, o rei de Leão concedeu a D. Henrique o Condado Portucalense e a sua filha D. Teresa. Seria a partir deste pequeno condado que mais tarde nasceria Portugal. Entretanto, D. Henrique começou a lutar para conquistar terras aos Mouros. Quando D. Henrique morreu, D. Teresa assumiu o governo do

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condado mas aliou-se à Galiza. Descontentes, os nobres portucalenses apoiaram D. Afonso Henriques numa luta contra sua mãe e os galegos. Em 1128, D. Teresa foi derrotada na Batalha de S. Mamede pelo filho que passou a governar o Condado Portucalense. Mas foi apenas em 1143 no Tratado de Zamora que Afonso VII reconheceu D. Afonso Henriques como rei de Portugal, mesmo assim lembrando lhe da sua condição de vassal. A total libertação surgiu definitivamente em 1179 quando o papa alexander III atendeu aos repetidos pedidos do rei do condado portucalense através da bula manifestis probatum, no entanto tinha de dar uma contribuição anual de ouro e assim a santa sé tomou este, agora reino, sob a sua protecção. Assim afonso henriques continuous com a expansão do territorio. 1147- consolidou a linha do tejo, com as conquistas de Lisboa e Santarém (e a seguir a posse de Sintra, Almada, Palmela, para assegurar a segurança de Lisboa)1158 – Afirmou a presence portuguesa na linha do Sado com a conquista de Alcácer do Sal1162 e 1165- Conquistaram Beja e Évora.1185 - Morre o 1º rei de Portugal (o conquistador)

D. Sancho I continua a conquista do seu pai, sendo menos sucedido, perdendo todas as posições a sul do tejo, excepto évora. Já D. Afonso II (1211-1223) não teve um poder military tão participativo, mantendo se mais na organização de administração e na consolidação do poder real. No entanto as suas tropas lutaram ao lado dos Castelhanos, Aragoneses e Franceses na defesa da Península Ibérica contra os mouros, derrutando os na batalha de Navas de Tolosa e conseguiram ficar com os territories de Alcacer de sal, castelo de vieiros, monforte, borba, vila viçosa e moura.

D. Afonso II avançou vitoriosamente a fronteira do Alentejo. Conquistou Serpa, Moura, Beja, Aljustrel e mértola. Entre 1234 e 1239 chegou ao algarve oriental.

D. Afonso III concluiu a conquista do Algarve em 1249, conquistando Faro, Albufeira, Porches e Silves. A Reconquista chegara ao fim

Do termo da Reconquista ao estabelecimento e fortalecimento de fronteiras:

As fronteiras Portugueses foram definitivamente estabelecidas pelo Tratado de Alcanices, no ano de 1297, com o Rei D. Dinis.Quase meio século haveria de decorrer entre o termo da Reconquista (1249) e o estabelecimento definitivo das fronteiras portuguesas (1297). Com Leão e Castela outra luta se travaria. Em 1252, Afonso X de Leio e Castela, acabado de chegar ao trono, reivindicou o ex-reino algarvio de Niebla (onde se incluía Silves), alegando que a sua soberania lhe havia sido cedida pelo respectivo rei mouro. Pelo Tratado de Alcanises, celebrado em 1297, entre D. Dinis e Fernando IV de Castela, ao mesmo tempo que se projectavam casamentos reais e uma paz de 40 anos baseada na «amizade e defesa mútuas», fixavam-se os limites territoriais dos dois remos hispânicos. Com pequenas excepções, o território português adquiria a sua configuração definitiva, o que faz de Portugal o Estado europeu com as fronteiras mais antigas e estáveis.

O CARÁCTER POLÍTICO E RELIGIOSO DA RECONQUISTA Referimos, há pouco, o carácter político da Reconquista, que serviu aos monarcas ibéricos de meio de

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afirmação e engrandecimento. Aliás, logo em 718-22, quando se inicia, a Reconquista foi uma questão de sobrevivência política para o pequeno reino das Astúrias. Posteriormente, do século X em diante, os reis ibéricos passaram a considerar-se como os legítimos descendentes dos antigos monarcas visigóticos, cujo reino os invasores muçulmanos tinham usurpado em 711. Toda a terra que ganhavam mais não era do que a recuperação de algo que legitimamente lhes pertencia. Este pensamento viria a ser comum entre os reis de Portugal. Desde finais do século XI, os aspectos religiosos adquirem um carácter mais vincado na luta que opôs os cristãos aos muçulmanos. A relativa tolerância, que parece ter existido e que era fruto de um convívio de quatro séculos, esvai-se perante o fanatismo religioso de almorávidas e almóadas, o qual fomenta, por sua vez, a radicalização dos cristãos. A Reconquista assume, então, contornos de guerra santa, merecedora de tanta consideração como as cruzadas à Palestina. A designação de cruzadas do Ocidente para a Reconquista peninsular confirma aquele facto. Foi assim que os reis peninsulares usufruíram de várias bulas papais que exortavam à expulsão dos muçulmanos da Península Ibérica, concedendo indulgências aos que participavam na luta. Por várias vezes, os reis de Portugal puderam mesmo contar com a ajuda dos cruzados que estacionavam na nossa costa a caminho da Palestina: em 1147, para a conquista de Lisboa; em 1189, para a conquista de Alvor e Silves; em 1197, para nova tentativa de conquistar Silves; em 1217, na conquista definitiva de Alcácer do Sal. Para o fortalecimento do ideal de cruzada muito contribuíram, também, as ordens militares e religiosas introduzidas na Península no século XII: os Templários em 1128; os Hospitalários cerca de 1150; os monges de Calatrava e de Santiago cerca de 1170. Todos eles se revelaram auxiliares preciosos na conquista de terras alentejanas e algarvias, que tão bem defenderam e povoaram. 

OS SENHORIOS – SUA ORIGEM, DETENTORES E LOCALIZAÇÃO Tal como na Europa além-Pirenéus, o senhorio peninsular configurou uma área territorial, mais ou menos extensa e nem sempre contínua, cujo detentor — o senhor —, exercia poderes sobre a terra e sobre os homens que nela residiam. No caso português, os senhorios pertenciam ao rei — o chamado Dominus Rex (Senhor Rei) —, à nobreza e ao clero e a sua origem remonta à apropriação do território pelos cristãos. Denominou-se esta de presúria e mais não era do que a simples ocupação das terras consideradas vagas pela expulsão dos muçulmanos. Claro que a maioria dos territórios obtidos por presúria pertenciam ao rei. Chamavam-se reguengos e, com o tempo, viram-se reduzidos em virtude de amplas doações à nobreza e ao clero. Ocupar o território, recompensar serviços prestados e obter o favor divino foram os principais motivos que conduziram os nossos primeiros monarcas a alienarem significativas parcelas de propriedade territorial. O Norte atlântico tornou-se a terra de eleição do senhorialismo nobre. Aí tiveram lugar as presúrias da fidalguia hispânica, reconhecíveis nos abundantes topónimos de origem germânica do Entre Douro e Minho (Leomil, Lalim, Roriz, Atães...). Aí também se exerceram os mais antigos cargos públicos, delegados pelos reis de Leão na nobreza condal. Tais cargos faziam-se acompanhar de dotações territoriais que os retribuíam; ambos eram conhecidos pelo nome de honores. Eis a origem do termo honras com que são, vulgarmente, designados os senhorios nobiliárquicos. O clero constituiu outro protagonista do senhorialismo do Norte atlântico. Se os castelos, torres e solares expressam o poder nobre, os mosteiros e as sés são o símbolo do poder clerical. No Norte atlântico, sobressaíram as casas das ordens religiosas dos Beneditinos, tal como as sés de Braga e Porto. Outro mosteiro famoso foi o de S. Salvador de Grijó, a sul do rio Douro. Pertencia aos cónegos regrantes de Santo Agostinho. É costume designar de coutos os senhorios da Igreja. Tal se deve à sua origem. Criados por uma carta de couto, gozavam, perante o rei, de isenção judicial, fiscal e militar. Resultado de doações régias e de legados à hora da morte, da parte de nobres e

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até de populares, os bens fundiários da Igreja ultrapassavam, nos começos do século XIII, os de qualquer outro proprietário do país. O Centro e o Sul converteram-se, mesmo, na zona dos grandes senhorios da Igreja. Com efeito, eram bem extensos os domínios que bispos, mosteiros e ordens religiosas militares possuíam a sul do Mondego. Nas vertentes ocidentais da serra da Estrela estabeleceram-se os monges de Santa Cruz de Coimbra, o cabido e o bispo da cidade. Na Estremadura Central, os cistercienses de Alcobaça, mosteiro surgido entre 1148 e 1153, transformaram terrenos inóspitos em terras altamente produtivas. O núcleo do seu couto estendia-se da serra dos Candeeiros até ao mar, numa largura de 20 km. Entre as entidades religiosas de maior projecção económica, situavam-se as ordens religiosas militares, que, sobretudo no Sul, à medida que a Reconquista progredia, foram encarregadas da defesa da fronteira portuguesa com doações imensas. Os Templários estabeleceram-se na Beira Baixa e no Alto Alentejo. Em 1198, receberam perto de 100 km de extensão, em terras dos dois lados do Tejo! Também aqui dispunham os Hospitalários de domínios, embora mais modestos; a sua sede foi transferida de Leça para o Crato, no século XIV. Calatrava recebeu vastas doações na região de Évora e Avis, vindo os seus elementos a designar-se de «freires de Avis». Outra ordem foi Santiago da Espada, com enorme implantação dominial na planície alentejana, península de Setúbal, no Baixo Alentejo e no Algarve. O EXERCÍCIO DO PODER SENHORIAL: PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES* Graus de nobreza A origem do poder senhorial encontra-se no Norte atlântico e teve como principal protagonista a nobreza senhorial do Entre Douro e Minho. No sangue (nascimento), no poder económico, na força das armas e na autoridade sobre os outros homens residiam as bases da superioridade social dos nobres. Nas suas fileiras encontramos, de início, os infanções, em quem os condes de Portucale delegaram funções públicas de governação de terras (unidades administrativas) e castelos. Foi com o apoio e a força dos infanções que o conde D. Henrique governou o Condado Portucalense e Afonso Henriques concretizou a sua independência e alargou o território. De entre os infanções, destacaram-se cinco famílias que atingiram o topo da escala social no século XII, conforme nos elucida o Livro Velho de Linhagens. Foram as famílias da Maia, de Riba Douro, de Sousa, de Baião e de Bragança; a sua base territorial situava-se entre o Lima e o Douro, com extensões para a terra de Santa Maria e a região de Arouca. Passam, desde então, a integrar o grupo dos ricos-homens, espécie de alta nobreza que é chamada a intervir nos assuntos da corte. Os ricos-homens distinguiam-se pela posse de avultados domínios, onde exerciam a jurisdição e gozavam de isenções fiscais. Eram também conhecidos por «senhores de pendão e caldeira», em alusão aos séquitos militares que comandavam e sustentavam. Em meados do século XIII, os ricos-homens constituíam o estrato dominante da sociedade portuguesa. Os infanções, que se lhes seguiam, viam já os seus poderes consideravelmente diminuídos; no século XIV, o termo infanção cairá mesmo em desuso, dando lugar ao de fidalgo. Outros graus de nobreza medieval eram preenchidos com os cavaleiros e escudeiros. Chamavam-se cavaleiros todos os que eram admitidos à ordem militar da Cavalaria; dedicavam-se à guerra e deviam cumprir um rigoroso código de honra e de cortesia. Em Portugal, como nos restantes rei- nos cristãos ibéricos, o estado permanente da guerra levou a que, na cavalaria, se misturassem indistintamente nobres com indivíduos oriundos dos estratos populares Ldoc.23-B1. Talvez por isso, o código de honra dos cavaleiros nem sempre fosse cumprido. Em momentos de crise social, como aqueles que Portugal viveu de 1220 a 1245, os cavaleiros foram deveras perturbadores, assaltando igrejas e mosteiros, viajantes e peregrinos. Quanto aos escudeiros, tinham a particularidade de nem todos serem nobres. O escudeiro não fidalgo deveria acompanhar o seu cavaleiro, ajudá-lo a vestir as armas e combater na sua retaguarda.* A natureza do poder senhorial O poder senhorial caracterizava-se não tanto pela posse e exploração de terras mas, sobretudo, pelo exercício de funções militares,

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jurisdicionais e fiscais. Mais do que económica, a sua natureza foi política. O poder senhorial corresponde, assim, ao poder banal (bannus) da Europa além-Pirenéus, que conferia aos senhores o comando, a punição, a coacção sobre os habitantes do senhorio. Trata-se de autênticos poderes públicos que, no nosso território, a nobreza senhorial obteve, na origem, por delegação da autoridade régia ou condal (como administradores de terras e castelos). Com o tempo, usurpou aqueles poderes, não prestando contas a quem lhos delegou, e, no cúmulo dos abusos, estendeu-os aos seus domínios pessoais e, inclusive, à propriedade livre (simples alódios ou, até, territórios de outros senhores). O poder senhorial comportava vários privilégios. Baseava-se, em primeiro lugar, na posse das armas e no comando militar. No século XI, os infanções portucalenses tinham já os seus cavaleiros e peões armados, que lhes permitiam organizar expedições ofensivas e controlar fortificações em lugares estratégicos, assim como as respectivas populações. Em segundo lugar, o poder senhorial fazia-se sentir na exigência de multas judiciais. Relacionavam-se com o exercício de justiça por parte do senhor. Finalmente, o poder senhorial afirmava-se na cobrança de crescentes e arbitrárias exigências fiscais, entre as quais poderemos referir: — as banalidades, pelo uso dos instrumentos de produção (forno, moinho e lagar) e sobre as actividades comerciais e os transportes (peagens e portagens); — o jantar, dever de alimentar o senhor e o seu séquito; — a lutuosa e a manaria, espécie de impostos de sucessão; — as osas ou gaiosas, prestações pagas por quem casasse fora do domínio senhorial. O poder senhorial converteu-se, pois, em factor de prestígio e de enriquecimento para infanções e ricos-homens, que, desde o século XI, assumiram os mecanismos do poder local na região do Norte atlântico. Com o avanço da Reconquista, o poder senhorial expandiu-se ao Centro e Sul de Portugal, em virtude da constituição de senhorios nobres e, sobretudo, de grandes senhorios da Igreja. Referimos já que os senhorios da nobreza eram as honras, enquanto os eclesiásticos são conhecidos pelo nome de coutos. Ambos eram considerados territórios imunes, pois neles não entravam funcionários régios no desempenho das suas funções militares, judiciais e fiscais. Pelo contrário, conforme vimos, eram os senhores que exerciam esses poderes. A diferença entre uma honra e um couto deve-se ao modo como a imunidade foi conquistada. No caso dos coutos, foi através de uma carta de couto. Pelo facto de a maior parte das cartas de couto terem sido atribuídas à Igreja, couto tornou-se a expressão generalizada para designar os seus senhorios. Embora muitos nobres também tivessem sido contemplados com cartas de couto, a verdade é que o seu património era maioritariamente constituído, e daí conhecido, por honras. A imunidade de uma honra resultava de o seu senhor ser um nobre que exercia os poderes públicos (por delegação, usurpação e herança, com o tempo) e que, por isso, «honrava» o respectivo território. Não admira pois que os senhores procurassem estender a imunidade aos seus simples domínios ou à propriedade livre (alódios), começando a exigir neles as exacções cobradas nas honras. Um dos processos utilizados para o efeito consistia em pôr o filho de um nobre na casa de um camponês, para ser «criado». Imediatamente a terra se considerava «honrada» pela presença, ainda que breve, do jovem nobre. Era o chamado amádigo, que deu lugar a abusos. A EXPLORAÇÃO ECONÓMICA DO SENHORIO Para além do poder senhorial, a propriedade de bens fundiários constituía outro dos sustentáculos das classes nobre e eclesiástica. Esses bens chamavam-se domínios senhoriais e, no caso do Norte atlântico, jamais adquiriram a extensão dos latifúndios de além-Pirenéus, quer devido à densidade populacional, quer à morfologia do solo. Resumiam-se, frequentemente, a um conjunto de parcelas territoriais dispersas, que dificilmente ultrapassavam os 600 ha de área, distribuídos por campos de cereais, vinhas, pomares, pastos, bosques. Tomemos, como exemplo de exploração económica do senhorio, os domínios nobres do Norte atlântico. Tal como no Ocidente medieval, compreendiam uma reserva, conhecida por quintã, e as unidades de exploração

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arrendadas, que eram os casais. Ambas eram a fonte de direitos dominiais, provenientes da exploração do solo pela massa de camponeses. A quintã, também chamada de paço por nela se encontrar a morada do senhor, para além dos estábulos, celeiros e igreja, incluía uma porção diminuta de terras, o que nos prova o desinteresse da nossa nobreza pela administração directa dos seus domínios. Na verdade, os senhores preferiam o arrendamento das suas propriedades, divididas em casais ou vilares, que correspondiam aos mansos europeus; a área de cada casal, subdividido, por sua vez, em glebas, que podiam distar umas das outras, dificilmente ultrapassava a média de 10 ha. A exploração da quintã cabia aos escravos, servos e colonos livres dos casais que aí prestavam serviços gratuitos e obrigatórios durante um certo número de dias por ano: eram as jeiras. Em Portugal, esta forma de exigência jamais foi tão gravosa como as corveias de outras regiões da Europa, e nem sequer forneceu o essencial da mão-de-obra. Por sua vez, no âmbito da exploração dos casais, celebravam-se contratos entre os senhores e os colonos, também chamados de “caseiros”. Esses contratos podiam ser perpétuos, mas a tendência foi para o emprazamento, isto é, o arrendamento por duas ou três vidas. As rendas neles consignadas eram de dois tipos: fixas ou de parceria, correspondendo, neste último caso, a uma fracção das colheitas. Quanto aos domínios eclesiásticos, salienta-se o facto de a exploração económica ser aí mais rigorosa e o controlo senhorial mais absorvente. Nas suas granjas praticava-se, de preferência, a administração directa. E em bons pergaminhos se anotavam as rendas que cada casal devia pagar. Nos começos do século XIII, estava já instituído o pagamento da dízima à Igreja. Recaía em 10% de toda a produção bruta (agrícola, pecuária) e nem os rendimentos régios dele estavam isentos! A SITUAÇÃO SOCIAL E ECONÓMICA DAS COMUNIDADES RURAIS DEPENDENTES Nos seus domínios e senhorios (honras e coutos), a classe senhorial controlava uma multiplicidade de homens — os dependentes. Exigia-lhes tributos e prestações, que temos vindo a especificar: uns provenientes da exploração do solo (rendas e jeiras), os chamados direitos dominiais; outros resultantes do exercício do poder político, isto é, os verdadeiros direitos senhoriais. No século XIII, mais precisamente em 1211, uma lei de Afonso II afirmava que todo o homem livre devia depender de um senhor (nobre, clérigo ou o rei), a menos que já vivesse inserido num senhorio. Isto significou, antes de mais, que os herdadores, proprietários de terras alodiais, passaram a ser sujeitos a prestações senhoriais, como o jantar, a lutuosa, a ramada, a entroviscada, a anúduva, a «voz e coima», a «ossadeira». Prestações que eram pagas a um senhor ou ao rei. Existiu, pois, uma degradação do estatuto dos herdadores. Quanto aos colonos (chamados de foreiros, malados, vilãos), homens livres que trabalhavam em terra alheia, viram, desde o século XIII, os contratos a prazo prevalecerem sobre os arrendamentos perpétuos, misturando-se neles as prestações dominiais com novas imposições de cariz senhorial. A confusão entre domínio e senhorio era cada vez maior. A sociedade senhorial comportava a existência de servos: eram os descendentes de escravos libertos, a quem foram entregues casais para exploração e que eram especialmente sobrecarregados com as jeiras. Deixaram de se distinguir dos colonos, no século XII, tanto mais quanto as jeiras também incidiram sobre estes. Se a servidão regredia, a escravatura aumentava. Tal aconteceu desde a segunda metade do século XI, através do crescente afluxo de cativos mouros, empregues em trabalhos domésticos, no artesanato e até na agricultura. Restavam os assalariados (cabaneiros, moços de lavoura...), que viviam do aluguer do seu trabalho, demasiado na época das colheitas, escasso no Inverno. À semelhança dos caçadores, colmeeiros e pastores (sobreviventes de antigas formas de organização económica), achavam-se mal integrados na lógica do sistema senhorial.