Resumos de Português: Os Maias

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Os Maias Romance onde, através do fio condutor da família Maia, se apanha Portugal de três gerações histórico-político e culturais diferentes: desde o avô do protagonista (Afonso), até ele próprio (Carlos). Neste romance são desfiladas três histórias individuais distintas: a de Afonso da Maia; a de Pedro da Maia, seu filho; a de Carlos da Maia, filho de Pedro e neto de Afonso. Admitindo que Carlos da Maia é o protagonista, e que toda a narrativa gira à volta do seu caso, podemos organizar o romance como se segue: As origens de Carlos - o Ramalhete; histórias de Afonso e de seu filho Pedro (Cap. I e II); A educação de Carlos (Cap. III e IV); Vida em Lisboa até ao encontro com Maria Eduarda (Cap. V); O idílio , com projetos de vida em comum (Cap. XII e XIII); A verdadeira identidade de Maria Eduarda (Cap. XIV a XVII); Epílogo da tragédia - Carlos como vencido da vida (Cap. XVIII). Podemos ainda induzir este resumo a uma versão reduzida, em que se traduzem as traves mestras do drama: A história de Carlos até ao seu encontro com Maria Eduarda (Cap. I a XI); O idílio entre ambos (Cap. XII e XIII); A tragédia do incesto na revelação da identidade de Maria Eduarda e as suas consequências para ambos (Cap. XIV a XVIII). Esta é uma estrutura do romance enquanto realização do desígnio de Eça de estudar uma "paixão ou drama excecional", no caso do incesto. Na perspetiva dos "costumes gerais da nossa sociedade", podemos apontar: Afonso da Maia Maria Eduarda Pedro da Maia Maria Monforte Carlos da Maia Maria Eduarda da

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Os Maias

Romance onde, através do fio condutor da família Maia, se apanha Portugal de três gerações histórico-político e culturais diferentes: desde o avô do protagonista (Afonso), até ele próprio (Carlos). Neste romance são desfiladas três histórias individuais distintas:

a de Afonso da Maia; a de Pedro da Maia, seu filho; a de Carlos da Maia, filho de Pedro e neto de Afonso.

Admitindo que Carlos da Maia é o protagonista, e que toda a narrativa gira à volta do seu caso, podemos organizar o romance como se segue:

As origens de Carlos - o Ramalhete; histórias de Afonso e de seu filho Pedro (Cap. I e II); A educação de Carlos (Cap. III e IV); Vida em Lisboa até ao encontro com Maria Eduarda (Cap. V); O idílio, com projetos de vida em comum (Cap. XII e XIII); A verdadeira identidade de Maria Eduarda (Cap. XIV a XVII); Epílogo da tragédia - Carlos como vencido da vida (Cap. XVIII).

Podemos ainda induzir este resumo a uma versão reduzida, em que se traduzem as traves mestras do drama:

A história de Carlos até ao seu encontro com Maria Eduarda (Cap. I a XI); O idílio entre ambos (Cap. XII e XIII); A tragédia do incesto na revelação da identidade de Maria Eduarda e as suas consequências para

ambos (Cap. XIV a XVIII).

Esta é uma estrutura do romance enquanto realização do desígnio de Eça de estudar uma "paixão ou drama excecional", no caso do incesto.

Na perspetiva dos "costumes gerais da nossa sociedade", podemos apontar:

O viver dos notáveis rurais (Cap. III); O ambiente académico de Coimbra (Cap. IV); O ambiente da alta burguesia lisboeta (a partir do Cap. V).

Afonso da Maia

Maria Eduarda Runa

Pedro da Maia

Maria Monforte

Carlos da Maia

Maria Eduarda da Maia

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Estrutura trágica:

Momentos da tragédia:1) peripécia - mudança súbita e radical do curso dos acontecimentos;2) reconhecimento - revelação de dados novos;3) catástrofe - desenlace com punição, geralmente morte física ou moral

Presença do destino Presságios Temática do incesto

Personagens:

Pedro da Maia (Personagem naturalista) - Apresentado pelo narrador na infância e adolescência, apresenta uma enorme instabilidade emocional que deixa entrever uma psique pouco equilibrada, fruto da hereditariedade não corrigida pela educação (fraco como a mãe e fruto de uma educação portuguesa). Alia a valentia física à cobardia moral (o suicídio face à fuga da mulher);

Carlos da Maia (Personagem realista) - Rico, bem educado, adivinha-se culto, de gostos requintados, e é o resultado de uma educação à inglesa, em contraposição à figura de Pedro (seu pai). Não teme o esforço físico, é corajoso e frontal - forte como os Maias. Sofre, no entanto, de diletantismo (é incapaz de se fixar num projeto sério).

Maria Eduarda (Personagem híbrida) - Bondosa, culta e requintada no gosto. Herda a beleza da mãe, resulta de uma educação de convento e vem de um meio ambiente decadente e boémio.

Afonso da Maia - A personagem mais duradoura no romance: a sua figura acompanha toda a história, enquanto que a figura de Carlos só entra verdadeiramente em cena depois de esgotada a história de Pedro (Cap I e II). Homem de carácter, culto e requintado. Partidário das ideias liberais, ama o progresso. Tem altos e firmes princípios de que não abdica.

Maria Monforte - "Pobre, formosa, doida, excessiva. " - Pobre apenas na fase final da vida, é nela que radicam todas as desgraças da família Maia (pelo menos o drama em causa, note-se que faz o mal não por maldade mas por paixão).

A obra está repleta de figurantes, usados por Eça para representar os defeitos caracterizadores da sociedade da segunda metade do séc. XIX.

João da Ega e Tomás de Alencar (Literatura Portuguesa) 1) Ega - boémio, excêntrico, exagerado. Anarquista sem Deus e sem moral. É o companheiro

inseparável de Carlos e sofre com ele o diletantismo. Revela-se um romântico.2) Alencar - protótipo do poeta romântico. Figura as discussões de escola entre naturalistas e

românticos. Dâmaso (Corrupção/Decadência Moral) - presumido e cobarde. Não tem dignidade, é uma fonte de

traição. Eusebiozinho (Educação Portuguesa) - educado por um padre e pela mãe, leva uma existência

doentia. Mais velho, procurava a sordidez dos bordéis ou pensões reles para se distrair.

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Craft (Aristocracia Inglesa) - impõe-se como o arquétipo do que deve se um homem. Cohen (Alta Finança) Steinbroken e filho de Sousa Neto (Diplomacia) Cruges (Talento não reconhecido) Sousa Neto (Administração Pública) Conde de Gouvarinho (Política) Rufino (Oratória "balofa") Pala "Cavalão" e Neves (Jornalismo) Mulheres da alta sociedade (Mulher Portuguesa)

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Resumo do Romance

No Outono de 1875 fixa-se em Lisboa Afonso da Maia e o seu único neto, Carlos, que após se ter formado em medicina, regressa de uma longa viagem e traz grandes projetos de trabalho profissional.

Carlos era o último descendente dos Maias. Após o casamento de seu pai, Pedro da Maia, (contra a vontade de Afonso) com a negreira Maria Monforte, de quem tem dois filhos (um menino e uma menina), a esposa acabaria por o abandonar para fugir com um Napolitano, levando consigo a filha, de quem nunca mais se soube o paradeiro. Carlos da Maia viria a ser entregue aos cuidados do avô, após o suicídio de Pedro da Maia.

Carlos passa a infância com o avô, formando-se depois, em Medicina em Coimbra. Carlos regressa a Lisboa, ao Ramalhete, após a formatura, onde se vai rodear de alguns amigos, como o João da Ega, Alencar, Dâmaso Salcede, Palma de Cavalão, Euzébiozinho, o maestro Cruges, entre outros. Seguindo os hábitos dos que o rodeavam, Carlos envolve-se com a Condessa de Gouvarinho, que depois irá abandonar. Um dia fica deslumbrado ao conhecer Maria Eduarda, que julgava ser mulher do brasileiro Castro Gomes. Carlos seguiu-a algum tempos sem êxito, mas acaba por conseguir uma aproximação quando é chamado a Maria Eduarda para a visitar, como médico da governanta. Começam então os seus encontros com Maria Eduarda, visto que Castro Gomes estava ausente. Carlos chega mesmo a comprar uma casa onde instala a amante.

Castro Gomes descobre o sucedido e procura Carlos, dizendo que Maria Eduarda não era sua mulher, mas sim sua amante e que, portanto, podia ficar com ela.

Entretanto, chega de Paris um emigrante, que diz ter conhecido a mãe de Maria Eduarda e que a procura para lhe entregar um cofre desta que, segundo ela lhe disse, continha documentos que identificariam e garantiriam para a filha uma boa herança. Essa mulher era Maria Monforte – a mãe de Maria Eduarda era, portanto, também a mãe de Carlos. Os amantes eram portanto irmãos.

Contudo, Carlos não aceita este facto e mantém abertamente, a relação – incestuosa – com a irmã. Afonso da Maia, o velho avô, ao receber a notícia morre de desgosto.

Ao tomar conhecimento, Maria Eduarda, agora rica, parte para o estrangeiro; e Carlos, para se distrair, vai correr o mundo.

O romance termina com o regresso de Carlos a Lisboa, passados 10 anos, e o seu reencontro com Portugal e com Ega, que lhe diz: - "falhamos a vida, menino!".