Resumo teorias karl

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1) A interpretação econômica da História. Todos os grandes movimentos políticos, sociais e intelectuais da História têm sido determinados pelo ambiente económico em que surgiram. Marx não pretendia que o motivo económico fosse a única explicação do comportamento humano, mas afirmava que toda a transformação histórica fundamental, sejam quais forem as suas características superficiais, têm resultado de alterações nos métodos de produção e de troca. Assim, a revolução protestante foi, na essência, um movimento económico; as discordâncias quanto a credos religiosos não passavam de "véus ideológicos" a ocultarem as causas reais. 2) O materialismo dialético. Cada sistema econômico particular, baseado em padrões definidos de produção e de troca, cresce até alcançar um ponto de máxima eficiência, após o que começam a desenvolver-se contradições e fraquezas internas que trazem consigo a sua rápida decadência. Enquanto isso, vão-se estabelecendo pouco a pouco os fundamentos de um sistema oposto, o qual acaba por substituir o antigo. Esse processo dinâmico de evolução histórica prosseguirá por meio de uma série de vitórias da nova ordem sobre a antiga, até que seja atingida a meta perfeita do comunismo. Depois disso, sem dúvida que haverá ainda mudanças, mas serão mudanças dentro dos limites do próprio comunismo. 3) A luta de classes. Toda a história é feita de lutas entre as classes. Na Antiguidade tratava-se de uma luta entre senhores e escravos, entre patrícios e plebeus; na Idade Média, de um conflito entre os senhores e os servos; nos tempos modernos, o choque ocorre entre a burguesia e o proletariado. A primeira compreende aqueles cuja renda principal resulta da posse dos meios de produção e da exploração do trabalho alheio. O proletariado inclui aqueles cuja subsistência depende principalmente de um salário, os que necessitam de vender a sua força de trabalho para viver. 4) A doutrina da mais-valia. Toda a riqueza é criada pelo trabalhador. O capital nada cria, mas é ele próprio criado pelo trabalho. O valor de todos os produtos é determinado pela quantidade de trabalho necessário para as produzir. O trabalhador, porém, não recebe o valor total do que o seu trabalho cria: pelo contrário, recebe um salário que, geralmente, é suficiente apenas para o capacitar a subsistir e a reproduzir a sua espécie. A diferença entre o valor que o

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1) A interpretação econômica da História. Todos os grandes movimentos políticos, sociais e intelectuais da História têm sido determinados pelo ambiente económico em que surgiram. Marx não pretendia que o motivo económico fosse a única explicação do comportamento humano, mas afirmava que toda a transformação histórica fundamental, sejam quais forem as suas características superficiais, têm resultado de alterações nos métodos de produção e de troca. Assim, a revolução protestante foi, na essência, um movimento económico; as discordâncias quanto a credos religiosos não passavam de "véus ideológicos" a ocultarem as causas reais.

2) O materialismo dialético. Cada sistema econômico particular, baseado em padrões definidos de produção e de troca, cresce até alcançar um ponto de máxima eficiência, após o que começam a desenvolver-se contradições e fraquezas internas que trazem consigo a sua rápida decadência. Enquanto isso, vão-se estabelecendo pouco a pouco os fundamentos de um sistema oposto, o qual acaba por substituir o antigo. Esse processo dinâmico de evolução histórica prosseguirá por meio de uma série de vitórias da nova ordem sobre a antiga, até que seja atingida a meta perfeita do comunismo. Depois disso, sem dúvida que haverá ainda mudanças, mas serão mudanças dentro dos limites do próprio comunismo.

3) A luta de classes. Toda a história é feita de lutas entre as classes. Na Antiguidade tratava-se de uma luta entre senhores e escravos, entre patrícios e plebeus; na Idade Média, de um conflito entre os senhores e os servos; nos tempos modernos, o choque ocorre entre a burguesia e o proletariado. A primeira compreende aqueles cuja renda principal resulta da posse dos meios de produção e da exploração do trabalho alheio. O proletariado inclui aqueles cuja subsistência depende principalmente de um salário, os que necessitam de vender a sua força de trabalho para viver.

4) A doutrina da mais-valia. Toda a riqueza é criada pelo trabalhador. O capital nada cria, mas é ele próprio criado pelo trabalho. O valor de todos os produtos é determinado pela quantidade de trabalho necessário para as produzir. O trabalhador, porém, não recebe o valor total do que o seu trabalho cria: pelo contrário, recebe um salário que, geralmente, é suficiente apenas para o capacitar a subsistir e a reproduzir a sua espécie. A diferença entre o valor que o trabalhador produz e o que ele recebe é a mais-valia, que vai para as mãos do capitalista. Em geral, ela consiste em três elementos diversos: juros, renda e lucros. Como o capitalista não cria qualquer destas coisas, segue-se que ele é um ladrão que se apropria dos frutos da fadiga do trabalhador.

5) A teoria da evolução socialista. Quando o capitalismo tiver recebido o golpe de morte das mãos dos operários, seguir-se-á uma fase de socialismo que terá três características: a ditadura do proletariado, a remuneração de acordo com o trabalho realizado e a posse e a administração pelo Estado de todos os meios de produção, distribuição e troca. O socialismo, porém destina-se a ser mera transição para algo superior. Em tempo oportuno seguir-se-á o comunismo, meta final da evolução histórica. O comunismo significará, antes de mais nada, uma sociedade sem classes. Ninguém viverá da propriedade, mas todos viverão unicamente do trabalho. O Estado desaparecerá então e será relegado para o museu de antiguidades "juntamente com o machado de bronze e a roda de fiar". Nada o substituirá, excepto as associações voluntárias para controlar os meios de produção e suprir as necessidades sociais. Mas a essência do comunismo é o pagamento segundo as necessidades. O sistema de salários será completamente abolido. Cada cidadão deverá trabalhar de acordo com as suas capacidades e terá direito a receber do monte total das riquezas produzidas uma quantia proporcional às suas necessidades.»