Resumo Plano Diretor Aps Mg

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 Conceitos básicos sobre o Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde em Minas Gerais. 1  Leonardo Félix de Oliveira 2  O PDAPS nasce a partir de um diagnóstico estadual da situação da APS em Minas. Esse diagnóstico aponta as seguintes situações:  A TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA ACELERADA baseada principalmente no fato de que até 2030 a população idosa saltará de 9% (em 2005) para 15%;   A MORTALIDADE CONCENTRADA NAS CONDIÇÕES CRÔNICAS: aponta para grande incidência de mortes por causas sensíveis ao cuidado primário ou atenção ambulatorial onde 23% dessas mortes são por complicações cardiovasculares.   A MORBIDADE CONCENTRADA NAS CONDIÇÕES CRÔNICAS: carga de doenças compõe-se de 9% ligada a condições maternas ou perinatais e 66% por doenças crônicas, por assim ser, sensíveis ao cuidado ambulatorial. O SUS tem 33% de suas internações hospitalares ligado a essas condições.   A QUEDA DA MORTALIDADE INFANTIL MAS COM ELEVADO NÚMERO DE CAUSAS EVITÁVEIS.  A DUPLA CARGA DAS DOENÇAS COM 2/3 DETERMINADA POR CONDIÇÕES CRÔNICAS:  Minas hoje convive com a presença de doenças agudas (ex.: Dengue), concomitante a doenças crônicas (ex.: Chagas), o que leva as ações a serem divididas entre ambas as situações.  AS DESIGUALDADES EM SAÚDE:  a grande desigualdade de índices de necessidades de saúde entre municípios mineiros, sendo mais evidente a necessidade quanto mais ao norte o município esteja.  1  Todo o texto que se segue baseia-se em: IMPLANTAÇÃO do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde: Redes de atenção à Saúde/ Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais    Belo Horizonte: ESPMG, 2008. 2  Enfermeiro, Residência em Saúde da Família, esp. Ensino na Área da Saúde, esp. Clínica Psicanalítica. Docente da UNIMONTES, FASI e FUNORTE.

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Conceitos básicos sobre o Plano Diretor da Atenção

Primária à Saúde em Minas Gerais.1 

Leonardo Félix de Oliveira2 

O PDAPS nasce a partir de um diagnóstico estadual da situação da APS em Minas.

Esse diagnóstico aponta as seguintes situações:

•  A TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA ACELERADA baseada principalmente no fato de

que até 2030 a população idosa saltará de 9% (em 2005) para 15%; 

•  A MORTALIDADE CONCENTRADA NAS CONDIÇÕES CRÔNICAS: aponta para

grande incidência de mortes por causas sensíveis ao cuidado primário ou atenção

ambulatorial onde 23% dessas mortes são por complicações cardiovasculares. 

•  A MORBIDADE CONCENTRADA NAS CONDIÇÕES CRÔNICAS: carga de doenças

compõe-se de 9% ligada a condições maternas ou perinatais e 66% por doenças

crônicas, por assim ser, sensíveis ao cuidado ambulatorial. O SUS tem 33% de

suas internações hospitalares ligado a essas condições. 

•  A QUEDA DA MORTALIDADE INFANTIL, MAS COM ELEVADO NÚMERO DE

CAUSAS EVITÁVEIS.

•  A DUPLA CARGA DAS DOENÇAS COM 2/3 DETERMINADA POR CONDIÇÕES

CRÔNICAS: Minas hoje convive com a presença de doenças agudas (ex.: Dengue),

concomitante a doenças crônicas (ex.: Chagas), o que leva as ações a serem

divididas entre ambas as situações.

•  AS DESIGUALDADES EM SAÚDE: a grande desigualdade de índices de

necessidades de saúde entre municípios mineiros, sendo mais evidente a

necessidade quanto mais ao norte o município esteja. 

1 Todo o texto que se segue baseia-se em: IMPLANTAÇÃO do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde:Redes de atenção à Saúde/ Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais  –  Belo Horizonte: ESPMG,2008.2 Enfermeiro, Residência em Saúde da Família, esp. Ensino na Área da Saúde, esp. Clínica Psicanalítica.Docente da UNIMONTES, FASI e FUNORTE.

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•  O SISTEMA DE SAÚDE FRAGMENTADO: Ainda impera a concepção de

organização da prestação de serviços de saúde na lógica piramidal verticalizada e

hierarquizada dividida em atenção básica, atenção de média complexidade e

atenção de alta complexidade. 

•  O SISTEMA DE SAÚDE ORGANIZADO PARA ATENÇÃO ÀS CONDIÇÕES AGUDAS:

O sistema de saúde utiliza modelo de atenção aguda para trabalhar com todas as

condições existentes, inclusive as crônicas. 

Todas essas situações3, além de outras, levaram o governo do estado de Minas

gerais à implantação do PDAPS com vistas a reorganizar a APS.

Essa organização baseia-se nos seguintes pontos:

1.  Implantação de instrumentos de normalização da SES/MG:

Manual de atenção primária à saúde;

Prontuário de saúde da família;

Linhas-guias de atenção à saúde.

2. 

Implantação de demais instrumentos de gestão da clínica:

Diagnóstico local: baseado em ferramentas de territorialização

(solo e processo), baseada em dados geográficos e sócio sanitários.

Programação local e municipal: com base em estratificação de

agravos com classificação de risco individual, seguido de

classificação de risco familiar, seguido de cálculo automatizado de

necessidade de procedimentos e atividades necessárias para atenção

às demandas programadas e espontâneas

Contrato de gestão: a ser firmado, inicialmente, entre gestão e

equipe de saúde da APS, com base em pactuações municipais com o

Estado. Dadas as pactuações entre todas as ESF4 e SMS, cria-se a

pactuação municipal com o Estado.

Sistema de monitoramento: baseado em planilhas automatizadas

que apontam metas e quantitativo a atingir para alcançar metas.

3 FONTE: comitê de assuntos estratégicos da SESMG (2005)4 Neste texto será utilizado ESF para Estratégia Saúde da Família e EqSF para equipe de saúde da família.

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Como ações efetivas do Estado na busca pelo combate à situação atual

destacam-se5:

PARA A SITUAÇÃO A AÇÃO

A mortalidade infantil e materna elevadas A rede viva vida de atenção às mulheres e

crianças.

A mortalidade por causas externas e por

agudizações de condições crônicas

elevadas 

A rede de atenção às urgências e

emergências.

A morbi-mortalidade elevada por doenças

cardiovasculares e diabetes

A rede hiperdia de atenção às doenças

cardiovasculares e ao diabetes.

A elevada incapacidade funcional dos

idosos 

A rede mais vida de atenção aos idosos.

Com base no exposto, define-se o problema principal da organização da saúde

em Minas e a proposta de enfrentamento:

PROBLEMA PRINCIPAL: a incoerência entre uma situação de saúde de dupla carga

de doença, com predominância das condições crônicas, e um sistema fragmentado de

saúde, voltado para as condições aguda.

A SOLUÇÃO DO PROBLEMA: o restabelecimento da coerência entre a situação de

saúde e um sistema integrado de saúde, voltado para a atenção às condições agudas e

crônicas, o que exige a implantação das redes de atenção à saúde, coordenadas pela

atenção primária à saúde.6 

5 FONTE: Comitê de Assuntos Estratégicos da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (2006).6FONTE: Comite de Assuntos Estratégicos da SESMG (2003) 

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Nesta concepção, o conceito de Redes de atenção à saúde se dá por:

“As redes de atenção à saúde são organizações poliárquicas de um

conjunto de serviços de saúde que permitem ofertar uma atenção

contínua e integral a determinada população, coordenada pela

atenção primária à saúde, prestada no tempo certo, no lugar certo,

com o custo certo, com a qualidade certa e com responsabilidade

sanitária e econômica sobre esta população” MENDES (NO PRELO)

Especificamente em relação à análise da situação da atenção primária à saúde em

Minas Gerais, segundo o Comitê de Assuntos Estrategicos da SESMG (2003), temos as

seguintes situações problema:

  O privilegiamento do modelo de atenção à saúde voltado para as condições agudas;

  A fragilidade das funções resolutiva e coordenadora da atenção primária à saúde;

  As desigualdades nas necessidades de saúde e no acessso aos serviços básicos;

  A ausência de diretrizes clínicas;

  As deficiências quantitativas e qualitativas dos recursos humanos;

  O sistema de educação continuada fragmentado;

  A deficiência da assistência farmacêutica básica;

  A infra-estrutura física inadequada das unidades básicas de saúde;

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  As deficiências do trabalho;

o  a ausência de parâmetros de remuneração;

o  a rotatividade de profissionais;

o  a precarização das relações de trabalho;

  O subfinanciamento da atenção primária à saúde;

  A concepção ideológica da atenção primária à saúde.

Figurando como uma proposta para a melhoria da eficiência e da qualidade da

atenção primária à saúde em Minas Gerais, o Governo do Estado propõe o programa Saúde

em Casa, semelhante ao Programa Saúde da Família, porém, contextualizado com as

possibilidades e potencialidades da APS Mineira.

O Programa Saúde em Casa traz como propostas:

  A normalização da atenção primária à saúde:

o  Manual da atenção primária à saúde

  O diagnóstico local:

o A territorialização (solo e processo)

o  O cadastramento das famílias com base na ficha A da ESF e sua por riscos

com base em proposta do Estado de Minas Gerais (SES/MG), que considera

tanto fatores de saúde quanto fatores sociais, ambos pontuais.

o  A análise situacional da atenção primária à saúde, com base em questionário

proposto pela SES/MG (Oficina 1, pg.101)

  A organização dos processos de trabalho:

o  A humanização e o acolhimento dos usuários trabalhadas em oficina

específica.

o  Os critérios para a identificação dos sinais de alerta segundo classificação de

risco dos usuários, como forma de organização da demanda espontânea de

urgência e emergência. Embasado em protocolo de Manchester.

o  A atenção programada:

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  A atenção programada às famílias por ciclos de vida, tendo por base

organizacional, planilha automatizada para explanação quantitativa

das ações a serem realizadas.

  A vigilância em saúde:

o  As ações de vigilância epidemiológica desenvolvidas no cotidiano das EqSF.

  As ações de vigilância sanitária

  As ações de vigilância ambiental

  Os sistemas logísticos:

o  O cartão de identificação dos usuários (cartão SUS);

o  Os prontuários clínicos que serão informatizados e ganharão formato

eletrônico, figurando como fonte segura de referência e contra-referência.

o  O sistema de acesso regulado, através da Central de regulação de leitos local,

micro e macro regional.

o  Os sistemas de transporte sanitário

  O módulo de transporte das EqSF, já viabilizado pelo Estado para

municípios não contemplados pelo PROESF;

  Os módulo de transporte intermunicipal e interestadual de pacientes,

amostras e resíduos;

o  Os sistemas de informação em saúde

  Os sistemas de apoio:

  O sistema de apoio diagnóstico:

  A carteira de exames da atenção primária à saúde, figurando

como um mínimo completo, racional e resolutivo;

  A coleta local

  O uso racional da patologia clínica, normalizado por manuais.

o  O sistema de atenção farmacêutica:

  A relação estadual de medicamentos básicos figurando como um

mínimo completo, racional e resolutivo;

  O guia terapêutico dos medicamentos básicos

  O uso racional dos medicamentos básicos

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  A gestão da clínica:

  As diretrizes clínicas

  A gestão de patologias: refere-se à conduta da EqSF em

relação às ações frente a indivíduos com agravos crônicos de

nível moderado no qual o auto cuidado assistido tem grande

apoio na atuação profissional.

  A gestão de casos: refere-se à conduta da EqSF em relação às

ações frente a indivíduos com crônicos graves onde o cuidado

baseia-se muito mais na ação profissional que no auto cuidado

assistido.

  A lista de espera

  A auditoria clínica

  O PEP:

  Figurando como Programa de Educação Permanente, iniciado

com profissionais médicos e com plano de expansão para

outros membros da EqSF.

A partir dessas intervenções, a SES/MG tem como Meta síntese:

o  redução das internações por condições sensíveis à atenção ambulatorial em

15% até 2010

o  Cobertura da ESF atingindo 75% até 2010

o  Implantação dessa estratégia através da implantação do plano diretor de

atenção primária à saúde em todas as microrregiões sanitárias até dezembro

de 2009, sendo:

  10 oficinas de 16 horas (total de 169 horas presenciais)

  Oficinas microrregionais: capacitação de facilitadores

  Oficinas municipais: capacitação dos profissionais de todas as equipes

da atenção primária

  Períodos de dispersão intercalados com as oficinas, para implantação

dos instrumentos e produtos

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